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Conteudista: Prof. Me. Douglas Zampar Revisão textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Contextualização Construindo seu Repertório Think, Pair, Share Peer Instruction GV-GO Método Trezentos Fórum Wiki Mais sobre Construir seu Repertório Material Complementar Referências Metodologias Ativas para Promover o Debate e a Colaboração entre os Alunos e Aprendizes Imagine um estudante que tem um celular, acesso à internet e muita curiosidade para aprender. Esse estudante gosta muito de séries de TV e, além de assistir, lê muito a respeito delas. Esse aluno está acostumado a interagir com os textos pelo celular, a pular de um link para outro, a parar quando quer para ligar a TV e assistir um episódio da série sobre a qual estava lendo. Porém, quando chega em sala de aula, precisa se sentar por cerca de uma hora e ouvir uma pessoa contando para ele sobre um conteúdo que não o interessa e que não parece ter utilidade alguma. Como você acha que será a aprendizagem desse aluno nesse contexto? E o engajamento? E o comportamento? E se eu disser a você que há um jeito de transformar sua aula em uma experiência de aprendizagem com potencial de conquistar esse aluno, e de mostrar para ele que há conexão entre o que ele estuda e o exercício da cidadania e da profissão, mostrar para ele que muitas vezes a gente aprende não apenas pelo conteúdo, mas para nos tornarmos mais inteligentes, mais aptos a lidar com os problemas que a vida nos joga? Essa é justamente a proposta das Metodologias ativas que você encontra nesta Unidade de Aprendizagem. Depois de conhecer as Metodologias, escolha a mais apropriada e comece a fazer parte da tão necessária transformação de nossa Educação. 1 / 11 Contextualização Esta introdução é bem curta, pois já passamos pela fase de teoria, preparação e sensibilização. Como você já sabe, para ser um(a) professor(a) que inova e agrega valor ao que entrega em sala de aula por meio das Metodologias Ativas, você precisa de repertório. Esta Unidade tem como objetivo de impacto ampliar seu repertório em Metodologias Ativas. Vamos lá? 2 / 11 Construindo seu Repertório A metodologia Think, Pair, Share pode ser utilizada em diversos momentos, e tem grande potencial para gerar aprendizagem sustentada na reflexão e na colaboração. Trata-se de “um procedimento cooperativo de aprendizagem desenvolvido por Frank Lyman na University of Maryland, em 1981. Muitos educadores que apoiam a aprendizagem cooperativa adotaram o procedimento ou métodos de ensino similares” (SHIH, REYNOLDS, 2015, tradução nossa). Além disso, vale destacar, com Bes (2019, p. 203) que: Esquema Simplificado Esquema 1: Preparação Você vai precisar de uma pergunta, provocação ou situação-problema para apresentar aos seus estudantes. Essa pergunta pode ser lida em voz alta, ser projetada, estar anotada em uma folha que você entrega ao aluno ou estar em um arquivo digital que você disponibiliza. 3 / 11 Think, Pair, Share Preparação: Pergunta, provocação ou situação-problema; Aplicação: Passo 1: estudantes refletem individualmente e fazem anotações; Passo 2: estudantes refletem em duplas ou pequenos grupos e anotam o que aprenderam; Passo 3: estudantes e professores abrem a discussão para o grande grupo, estudantes anotam o que aprenderam. Avaliação: Professor realiza a leitura das anotações dos estudantes e, se adequado, atribui nota. “ A think pair share pode ser direcionada a qualquer situação, área, público-alvo ou contexto. Na Educação, pode ser aplicada desde a Educação básica até cursos técnicos, graduação, pós-graduação e Educação informal. Sua amplitude permite algumas variações em relação às ações que podem ser adotadas em sua aplicação. ” Você também vai precisar de uma maneira para coletar o registro produzido pelo aluno, a resposta à sua pergunta, provocação ou situação-problema. A maneira mais fácil é entregando uma folha com alguns campos para o aluno preencher ou criando esses campos nos arquivos digitais que você compartilha. Para esse material para registro, você pode utilizar a base a seguir. Aplicação Em aula, você deverá seguir os seguintes passos para aplicação da Metodologia: Caro estudante, para auxiliá-lo nesta atividade THINK | PAIR | SHARE, faça download deste documento editável. https://cruzeirodosul.instructure.com/files/1278900/download?download_frd=1 Avaliação Você tem várias anotações de seus alunos e deve fazer uma leitura atenta. Dependendo do momento e do recorte proposto, você pode atribuir uma nota ao que o aluno registrou. Além da aprendizagem que a troca proporcionou, você tem uma forma de visualizar a aprendizagem de seus alunos. Passo 1: apresente a pergunta, a provocação ou a situação-problema para os alunos, peça que reflitam a respeito durante um ou dois minutos, anotando na primeira coluna o que pensaram; Passo 2: forme duplas ou grupos pequenos e peça que, em cada grupo, os estudantes compartilhem com os pares o que pensaram e anotem o que aprenderam com essa discussão na segunda coluna. Três a cinco minutos costumam ser suficientes aqui; Passo 3: abra a discussão para a turma toda, incentivando ou mesmo indicando alunos para compartilharem com a turma o que aprenderam no passo 2. Os alunos devem anotar na terceira coluna o que aprenderam nesse passo. A metodologia Peer Instruction foi criada pelo professor Eric Mazur, que a apresenta da seguinte forma: 4 / 11 Peer Instruction - MAZUR, 2015, p.27 Como eu gosto muito de conhecer e contar as histórias das Metodologias, não poderia deixar de indicar um vídeo do Eric Mazur, criador do Peer Instruction. Peer Instruction for Active Learning - Eric Mazur “Os objetivos básicos da Peer Instruction são: explorar a interação entre os estudantes durante as aulas expositivas e focar a atenção dos estudantes nos conceitos que servem de fundamento. Em vez de dar a aula com o nível de detalhamento apresentado no livro ou nas notas de aula, as aulas consistem em uma série de apresentações curtas sobre os pontos-chave, cada uma seguida de um teste conceitual – pequenas questões conceituais abrangendo o assunto que está sendo discutido. A princípio é dado um tempo para os estudantes formularem suas respostas e, em seguida, eles devem discuti-las entre si. Esse processo (a) força os estudantes a pensar com base nos argumentos que estão sendo desenvolvidos e (b) dá-lhes (o professor incluído) um modo de avaliar a sua compreensão do conceito.” https://www.youtube.com/watch?v=Z9orbxoRofI Esquema Simplificado Esquema 2: Preparação Uma maneira simples de preparar uma aula com Peer Instruction é partir de uma aula que você já tenha ministrado de maneira expositiva. O segredo é identificar os pontos centrais do conteúdo e organizá-los em blocos. Imagine que cada um desses blocos terá duração de 15 minutos, sendo cerca de metade desse tempo dedicada à exposição do conteúdo e a outra metade ao trabalho com a questão. O tempo pode variar, dependendo da complexidade da questão, mas procure não ultrapassar muito 20 minutos em apenas um bloco. Depois desse período, você deve preparar uma ou duas questões para cada bloco. Você certamente utilizará uma, sendo a segunda reservada para o caso de os estudantes obterem um índice de acertos muito baixo na primeira questão. Suas questões devem seguir as seguintes orientações, conforme apresentadas por Mazur (2015, p. 40): Devem focar um único conceito; Não devem depender de equações para serem resolvidos; Devem conter respostas adequadas de múltipla escolha; Uma vez prontas as questões, você precisa de uma maneira para que os alunos registrem suas respostas nas questões. As soluções que eu mais usei para aplicar Peer Instruction foram o Socrative, quando os alunos tem possibilidade de utilizarem seus celulares para lerem e responderem as questões, e Plickers, quando a possibilidade não existe. De qualquer maneira, tenha as questões prontas para a realização da Metodologia com seus alunos. Outro ponto importanteque acompanha o Peer Instruction é a atribuição de leituras prévias aos alunos. Podem ser textos em suas mais diversas modalidades, como o texto escrito, vídeo, podcast, resumo, mapa mental ou qualquer outro material de estudo que seja adequado aos objetivos de aprendizagem e aos alunos. A ideia é que o estudante de fato estude o material e, para isso, devemos operar um trabalho de sensibilização, de convencimento. Também é interessante utilizar uma estratégia que funciona bem quando seus estudantes ainda estão se acostumando ao uso de Metodologias Ativas, que é a criação de antecipação. Você pode passar algumas aulas anunciando o dia em que fará uma atividade diferente e trabalhando na mente dos alunos que, nesse dia, você conta com a participação ativa deles na aula. Anuncie, também, que essa participação vai envolver estudo prévio. Aplicação No dia da aplicação do seu Peer Instruction, você deverá seguir os passos descritos a seguir: Devem estar redigidos de forma não ambígua e Não devem ser nem fáceis demais, nem difíceis demais. Explicar um ponto do conteúdo por cerca de 7 minutos;1 Aplicar uma questão sobre o tópico estudado e analisar o índice de acertos dos alunos;2 Analisar o índice de acertos para definir a próxima ação: Se estiver a seguir de 30%: o índice indica baixa compreensão da turma acerca do tópico. Nesse caso, não adianta realizar a discussão, pois poucos alunos serão capazes de ensinar os demais. A ação aqui é revisar o conteúdo. Caso você tenha uma questão extra sobre o tópico, pode aplicá-la após a revisão, o que representa um retorno ao passo 2. Caso você não tenha mais questões sobre o tópico, após a revisão, você inicia o próximo tópico, o que representa um retorno ao passo 1; Se o índice estiver entre 30% e 70%, o que é desejável, você conseguirá efetivamente aplicar o Peer Instruction. Para tanto, peça que os alunos se organizem em pares ou pequenos grupos para discutirem a questão. O objetivo é que quem acertou consiga, por ter mais argumentos, convencer os demais de que sua resposta está correta. Após o tempo para discussão, estamos falando poucos minutos, os alunos deverão registrar suas respostas novamente. Após o registro, você pode partilhar os resultados com os alunos, comentar a questão, e passar para o tópico seguinte, o que representa um retorno ao passo 1; Se o índice estiver acima de 70%, você explica a questão rapidamente e passa para o tópico seguinte, o que representa um retorno ao passo 01. 3 Avaliação Caso você atrele uma nota ao número de acertos em um Peer Instruction, o foco dos estudantes pode recair justamente sobre ela, e muitos, ao invés de se dedicar à questão, buscarão um colega referência de quem copiar as respostas. Portanto, no geral, uma aplicação de Peer Instruction não gera nota. Gera, entretanto, dados sobre a aprendizagem, que podem ser utilizados para definir estratégias para que você atue nas fragilidades dos estudantes. Em primeiro lugar, GV significa grupo de verbalização e GO significa grupo de observação. Trata-se de uma Metodologia sustentada no debate: Esquema Simplificado Esquema 3: Preparação A preparação para utilizar a Metodologia GV-GO é bastante simples. Você precisa identificar um momento em que é relevante uma discussão entre seus estudantes na qual você praticamente não participa. Pode ser um debate sobre um tema polêmico ou uma discussão sobre um assunto que já foi estudado. A partir do tópico levantado, você deve criar um disparador: uma pergunta, uma provocação, uma situação-problema ou outra forma de iniciar a discussão entre os alunos do GV. 5 / 11 GV-GO - BES, 2019, p. 88-9 Preparação: Pergunta, provocação ou situação-problema; Aplicação: Passo 1: organização do espaço e/ou distribuição de papéis; Passo 2: GV discute o disparador de acordo com as instruções; Passo 3: GO tece seus comentários de acordo com as instruções. Avaliação: Observação e anotação. “Ao utilizar a estratégia educacional do GV/GO, o professor ocupa a posição de mediador do processo, observando como seus alunos conduzem suas narrativas, como defendem suas ideias e argumentam a favor ou contra os temas que norteiam a discussão. A técnica também é muito útil para proporcionar um espaço para que os alunos possam esclarecer suas opiniões aos colegas e produzir um diálogo respeitoso e ético, mesmo quando possuírem opiniões contrárias ou divergentes das demais.” Além disso, você precisa criar instruções para o GO, podem ir desde simplesmente anotar os pontos principais e as dúvidas, até uma proposta mais sofisticada e atrelada às competências em foco. A discussão GV-GO pode durar poucos minutos, com apenas um grupo de verbalização, ou um tempo maior, se você desejar alternar os grupos. Aplicação O primeiro passo é organizar os alunos. Se for um encontro presencial, organize as cadeiras de modo que cerca de 5 estudantes se sentem em um círculo menor no centro, será o GV, e os demais estudantes sentem em volta do GV, formando o GO (observe a imagem a seguir). Se for um momento on-line síncrono, defina quem serão os alunos a comporem cada grupo. Após a organização inicial, respeite os passos a seguir: Apresentar a cada grupo as instruções: disparador para o GV e instruções de observação para o GO; 1 Peça para que os estudantes do GV discutam a partir do disparador durante um tempo pré-determinado. Recomendo discussões com duração de cerca de 5 minutos; 2 Peça para que os estudantes do GO façam as observações a partir das instruções que receberam. Em turmas maiores, você pode dividir o GO em grupos, com uma tarefa diferente para cada um; 3 Após as discussões, faça o fechamento da atividade, sempre alinhado aos objetivos.4 Avaliação A princípio, a avaliação da atividade GV-GO não gera nota. Você deve observar atentamente as discussões e utilizar essa observação como uma forma de validar o que foi estudado até o momento e traçar planos para a continuação da Disciplina. O Método Trezentos foi criado pelo professor Ricardo Fragelli e tem grande potencial para impactar positivamente a aprendizagem dos estudantes ao criar uma rede de relações que estreita os laços entre eles, a partir de um objetivo de aprendizagem comum. Leia o que ele nos conta sobre a base da Metodologia: Esquema Simplificado Esquema 4: Preparação Como exemplo, imagine que você está terminando um bimestre e precisa aplicar uma avaliação e alguma forma de reavaliação (recuperação, exame, substitutiva). A avaliação será o primeiro elemento de preparação da Metodologia, e você a aplicará normalmente. Depois dessa aplicação, você faz uma lista com todos os alunos em ordem, da maior para a menor nota. Essa lista é a base para você estruturar os grupos. 6 / 11 Método Trezentos - FRAGELLI, 2019, p. 2-3 Preparação: Avaliação inicial; Estruturação dos grupos; Definição das metas; Aplicação: Passo 1: estudantes conhecem os grupos e as metas; Passo 2: estudantes cumprem as metas estabelecidas. Avaliação da melhora dos ajudados e autoavaliação dos ajudantes. “Nós, professores, sabemos que uma das melhores formas de aprender é ensinando. Contudo, não aproveitamos esse irrefutável argumento para os nossos próprios aprendizes, o utilizamos tão somente para nós mesmos e nos tornamos cada vez melhores nos conteúdos que ensinamos (...) Temos de nos encorajar a perceber que o aluno é capaz de ensinar e, ao ensinar, aprende muito mais! Ao ensinar, os educandos elaboram estratégias próprias, criam esquemas, comunicam suas descobertas, fazem a ancoragem de conceitos e refletem sobre o processo de aprendizagem.” Para tanto, defina o número de grupos (não faça grupos muito grandes, no geral, trabalhamos em torno de 5 alunos por grupo), e comece a numerar os alunos. Vamos imaginar que você tenha 5 grupos, os 5 primeiros serão numerados de 1 a 5 e, depois deles, você começa a numerar de 5 a 1, repetindo os números até acabar a lista. Estudantes com o mesmo número compõem um único grupo. Defina, também,uma nota limite. Pode ser a média para aprovação ou outro valor que faça sentido. Nos grupos, os estudantes que estão acima desse valor serão chamados de ajudantes, sendo os 5 primeiros ajudantes os líderes dos grupos, e os que estiverem com nota a seguir desse limite serão ajudados. No exemplo que estamos utilizando para ilustrar, a média seria a nota de corte ideal, pois você consegue integrar a prática do Trezentos às regras de avaliação da Instituição, visto que, na aplicação do método, os ajudados devem fazer uma segunda avaliação, e os ajudantes não. Além disso, no processo de preparação, defina metas para os grupos. Alguns exemplos de metas são: refazer a avaliação inicial, estudar determinado material (páginas de um livro, artigo, vídeo), resolver uma lista de exercícios. O objetivo aqui é fornecer um guia básico de estudos a partir do qual os grupos deverão se envolver no estudo do conteúdo, de modo que os ajudados possam se preparar para a reavaliação e os ajudantes possam avançar ainda mais no domínio do conteúdo. Aplicação O primeiro passo para a aplicação do Trezentos é colocar os alunos em grupos a partir da sua estruturação. Indique quem são os integrantes de cada grupo e quem são os ajudantes e os ajudados. Uma vez organizados os grupos, debata e alinhe as metas e indique o prazo que terão para trabalhar juntos. Esse prazo será, provavelmente, de alguns dias, o período entre a primeira e a segunda avaliação. A maioria das atividades será desenvolvida pelos estudantes fora da sala de aula e cabe ao professor, portanto, o trabalho de organização inicial (dos grupos e das metas) e de sensibilização. O segundo passo, em sua grande parte, é executado pelos estudantes, com os ajudantes ensinando o que aprenderam aos ajudados. Avaliação Para os ajudados, em nosso exemplo, a avaliação será a recuperação, o exame, a substitutiva que eles fariam de qualquer forma. Para os ajudantes, você pode criar uma ficha de autoavaliação em que eles indiquem o quanto acreditam que conseguiram ajudar seus colegas. Perceba que os ajudados terão a chance de aumentar sua nota a partir da segunda avaliação. O ponto aqui é que se a nota deles aumentou, isso provavelmente se deve à ajuda dos colegas, os ajudantes, que deverão receber bônus de nota atrelados ao quanto a nota dos ajudados subiu. Um exemplo simples, em uma escala avaliativa, que vai de 0 a 10, é atribuir 0,1 ponto extra para os ajudantes do grupo a cada 1 ponto de melhora na nota de cada um dos ajudados. O fórum é um espaço de interação assíncrona muito utilizado no Ensino a Distância. Não é, entretanto, exclusivo dela, podendo ser utilizado como espaço de interação virtual que complementa atividades presenciais. Independente do contexto, o fórum pode ser um espaço muito valioso de construção do conhecimento, isso porque está sustentado na interação, tendo, portanto, possibilidade de ser pensado pelo prisma das Metodologias Ativas. Esquema Simplificado Esquema 5: 7 / 11 Fórum - ZWICKER, 2021, p. 3 “O fórum no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é um instrumento importante de mediação na Educação a Distância e tem o objetivo de atender às demandas contemporâneas dessa modalidade de ensino, promovendo autonomia e protagonismo dos estudantes.” Os termos síncrono e assíncrono são muito usados na Educação on-line. A aula ou atividade on-line síncrona é aquela em que estudantes e professor(a) se encontram virtualmente, todos no mesmo link, ao mesmo tempo, com possibilidade de interação momentânea. O exemplo é uma aula ao vivo pelo Google Meet. Já a aula ou atividade assíncrona é aquela em que o professor(a) grava ou prepara em um momento e cada estudante acessa a seu tempo, respeitando os prazos estabelecidos. A interação ocorre, mas após uma postagem é preciso esperar por uma resposta. O exemplo é uma aula gravada. Preparação A preparação para um fórum consiste em lançar um disparador para debate: podem ser perguntas, provocações, situações-problema ou outros disparadores que fizerem sentido para os objetivos de aprendizagem. Quando falamos de fórum, precisamos ter foco em interação, portanto, o disparador não deve ser uma pergunta que tenha uma única resposta, pois, dessa forma, depois que o primeiro aluno responder corretamente, aos demais caberá apenas concordar com a resposta. Você pode tomar como exemplos os fóruns de que participou até aqui, nesta Disciplina. Na primeira Unidade, o disparador foi uma pergunta, e eu pedi para que você compartilhasse uma experiência incrível que vivenciou na Educação. Além da pergunta, eu compartilhei uma experiência minha para esquentar a discussão. Perceba que, por ser experiência de vida, todos poderão contribuir. Podem até aparecer experiências parecidas, mas com a individualidade de cada um. Além disso, e o mais importante, se você entrou, compartilhou sua experiência e leu as dos outros, você se viu imerso em experiências de aprendizagem incríveis e, certamente, com vontade de promover esse tipo de experiência, o que pode ser feito por meio das Metodologias Ativas. Em outras palavras, eu criei uma experiência com potência de mover você ao uso efetivo das Metodologias Ativas, o que é um dos objetivos dessa Disciplina. Aplicação Uma vez preparado o disparador, você deve inseri-lo no ambiente do fórum e delimitar um tempo para a participação dos estudantes. A partir daí, a maior responsabilidade pela participação é deles, porém, o professor pode trabalhar em prol da sensibilização e do envolvimento dos participantes. Esse trabalho do professor consiste em interagir com os alunos. Delimite alguns momentos dentro do intervalo que os estudantes têm para interagir e acesse o fórum. Você pode comentar cada postagem individualmente, ou fazer um post com um comentário geral, agradecendo nominalmente quem participou. Seus posts podem conter breves ensinamentos, mas focam em promover interação. Avaliação O fórum pode ser avaliado de modo a gerar nota. Em grande escala, muitas vezes, é necessário contar com uma avaliação quantitativa, que foca no número de postagens feito pelo aluno (geralmente, há um mínimo que, quando atingido, converte-se em nota), e que pode incorporar outros elementos, como número de curtidas. Essa contagem só vale a pena quando há suporte técnico e ela é feita automaticamente pelo Sistema. Porém, deixa a desejar em termos de qualidade da avaliação, especialmente, quando desejamos ter nossos estudantes como protagonistas e valorizamos a interação, que é o caso do uso do fórum na lógica das Metodologias Ativas. Para além da avaliação quantitativa, você pode fazer a leitura dos posts do aluno e atribuir uma nota. Minha sugestão, aqui, é construir uma rubrica de avaliação, que pode ser bastante simples, pois isso torna o processo mais ágil, transparente e objetivo. Sempre que trabalho com rubricas, eu as apresento aos estudantes antes de eles fazerem o trabalho. Dependendo do contexto, você pode construir a rubrica junto com eles. Para saber mais sobre rubricas e ver um excelente modelo, você pode pesquisar o artigo Avaliação de um Web Fórum por meio de Rubricas, que está na lista de Materiais Complementares desta Disciplina. A construção de wikis está sustentada na produção colaborativa. Wikis são textos construídos coletivamente pelos estudantes em um ambiente virtual que, em condições ideais, geram um relatório para o professor, identificando quem fez o que dentro do texto. Para tanto, há ferramentas embarcadas nos principais Ambientes Virtuais de Aprendizagem e, caso você não tenha essa possibilidade, pode utilizar um Documento do Google para a realização da atividade. Nas wikis, Esquema Simplificado Esquema 6: Preparação Mais uma vez, o que você precisa, de início, é um bom disparador. Pode ser uma pergunta, uma provocação, uma situação-problema ou outra proposta que tenha como objetivo a criação de um texto. 8 / 11 Wiki - NOGUEIRA et al., 2020, p. 22 Preparação: Pergunta,provocação ou situação- problema; Regras gerais; Rubrica. Aplicação: Passo 1: professor explica a atividade e apresenta o disparador e a rubrica para os estudantes; Passo 2: estudantes escrevem a primeira versão do texto; Passo 3: professor faz a revisão do texto de acordo com a rubrica; Passo 4: estudantes constroem a versão final do texto. Avaliação: Batimento entre a produção e a rubrica “[...] os estudantes podem construir coletivamente o próprio texto sobre determinado assunto, utilizando para isso a wiki, que é a produção colaborativa de material. O docente também pode participar na elaboração do texto, contribuindo com críticas e sugestões.” Além disso, eu proponho como prática básica a criação de algumas regras. Por regras, eu me refiro a questões mais técnicas, como prazo, limite mínimo e máximo para o tamanho do texto (wikis são mais relevantes quando são curtas) e formato do texto. Por fim, construa e disponibilize aos alunos a rubrica de avaliação. Se você nunca trabalhou com rubricas, eu o(a) convido a fazer um teste, pois elas podem fazer muita diferença para você, possibilitando correções melhores e mais rápidas. Um detalhe relevante é: diferente dos fóruns, nos quais a turma toda interage, as wikis devem ser construídas por um número menor de alunos: recomendo no máximo 5, portanto, você terá vários textos sendo produzidos coletivamente. Vale muito a pena trabalhar com temas diferentes para cada grupo, pois, assim, você pode socializar as produções, transformando-as em material de estudo para os alunos. Imagine uma turma com 40 alunos e um projeto bimestral no qual você tenha 4 grandes tópicos. Você pode distribuir esses 4 tópicos entre os 8 grupos, de modo que cada tópico gere 2 textos. Uma vez que o texto esteja pronto e antes da avaliação, você divulga os 8 trabalhos, ou seja, 8 resumos sobre os tópicos. Você percebe o potencial da colaboração e o quanto isso gera pertencimento? Aplicação Para utilizar wikis, o primeiro passo é explicar a atividade e apresentar o disparador para os alunos. Além disso, sugiro fortemente que, como parte dessa explicação, apresente a rubrica de correção, que dará um norte aos alunos. Caso opte pela construção coletiva da rubrica, este é o momento de fazê-lo. A sequência é bastante objetiva: os alunos acessam e constroem o texto. Em turmas presenciais, é possível pedir para que os alunos construam o texto se reunindo em grupos, porém, a ideia original de uma wiki é que cada aluno contribua a seu tempo. Se você constrói a wiki em uma ferramenta própria para isso, ou mesmo se utilizar um documento do Google, terá acesso a informações sobre as contribuições individuais do aluno. Uma sugestão é ter um critério na rubrica que apresenta, como nota máxima, a necessidade de todos contribuírem para a construção do texto. Na sequência, o professor corrige o texto utilizando a rubrica, e dá um retorno para os alunos. Depois disso, eles refazem o texto e apresentam a versão final. O professor, então, aplica a rubrica novamente, atribui uma nota ao texto e o socializa com a turma toda. Avaliação Com uma rubrica bem construída, basta comparar a entrega do aluno com os descritores e atribuir a nota a cada critério. Professor, agora você tem à sua disposição um cardápio de possibilidades. A ideia aqui é ir adicionando cada uma dessas possibilidades, ou outras que descobrir pelo caminho, ao seu repertório. Lembre-se sempre do roteiro Inovando em Sala de Aula, e encante seus alunos. 9 / 11 Mais sobre Construir seu Repertório LIVROS BES, Pablo. Metodologias para aprendizagem ativa. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029330>. Acesso em: 31/07/2021; MAZUR, Eric. Peer Instruction: a revolução da aprendizagem ativa. Porto Alestre: Penso, 2015. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788584290635>. Acesso em: 01/08/2021; FERREIRA, Danielle Mello; DA SILVA, Angela Carrancho. Avaliação de um Web Fórum por meio de Rubricas. Revista Meta: Avaliação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 4, p. 87-127, 2010. Disponível em: <https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/view/64>. Acesso em: 05/08/2021. SITE Trezentos A metodologia Trezentos foi criada em meados de 2013, é baseada em aprendizagem ativa e colaborativa e suas experiências na esfera acadêmica demostraram que o índice de aprovação melhorou de 50% para 95% em uma disciplina do ciclo básico da área das engenharias e foi possível despertar o olhar do estudante para o colega com dificuldades de aprendizagem! 10 / 11 Material Complementar http://www.metodo300.com/ BES, Pablo. Metodologias para aprendizagem ativa. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029330/>. Acesso em: 31/07/2021. FRAGELLI, Ricardo. Método trezentos: aprendizagem ativa e colaborativa, para além do conteúdo. Porto Alegre: Penso, 2019. MAZUR, Eric. Peer Instruction: a revolução da aprendizagem ativa. Porto Alegre: Penso, 2015. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788584290635/>. Acesso em: 31/07/2021. NOGUEIRA, Daniel Ramos et al. (org.). Revolucionando a Sala de Aula 2 – Novas Metodologias Ainda Mais Ativas. São Paulo: Grupo GEN, 2020. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597025835/>. Acesso em: 31/07/2021. SHIH, Ying-Chun; REYNOLDS, Barry Lee. Teaching adolescents EFL by integrating Think-Pair-Share and reading strategy instruction: A quasi- experimental study. RELC Journal, v. 46, n. 3, p. 221-235, 2015. ZWICKER, Melanie Retz Godoy dos Santos et al. O Fórum e a Aprendizagem Ativa na EAD. EaD em Foco, Rio de Janeiro v. 11, n. 1, 2021. 11 / 11 Referências