Prévia do material em texto
GEOGRAFIA DO MUNDO CONTEMPORÂNEO Professor: André Santos Da Rocha Aluno: Pablo Fernandes Calazans Resumo crítico sobre o documentário “Por uma outra globalização” – Silvio Tendler O Cineasta Silvio Tendler criou esse filme a partir de uma entrevista com o geógrafo Milton Santos, onde discutem os problemas da globalização, da desigualdade social e das diferenças entre os países de primeiro mundo para os países de terceiro mundo, destacando os impactos multifacetados da globalização. Inicialmente Silvio Tendler começa a entrevista com perguntas pessoais da vida de Milton Santos, onde o mesmo diz que acredita que o movimento das populações que criou esse desejo de estudar Geografia e também pelo gosto de estudar a História do presente, que o levou a estudar processos vistos como paradoxais. Analisando a globalização podemos dividi-la em 2 fases, a primeira que vem da época da colonização com os países imperialistas dominando e ocupando territórios, o que resultou no desaparecimento de 70 milhões de nativos, cerca de 2000 línguas, além de seus costumes, religiões e formas de viver em um período de apenas um século. A segunda fase já no século XX é marcada pela fragmentação dos territórios, onde as revoluções tecnológicas aparecem como um sonho para um mundo melhor, dando vez para um modelo de consumo voraz e deixando de lado o humanismo como um motor do desenvolvimento e progresso da humanidade. Milton Santos além de dividir a globalização em 2 fases, faz a diferenciação em 3 tipos: A primeira seria o mundo como vemos: a globalização como fábula; a segunda seria o mundo como ele é: a globalização como perversidade; e a terceira, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização. É sabido que as grandes empresas lucraram e cresceram muito com o processo de globalização, agindo juntamente da omissão do Estado, com grande irresponsabilidade social e moral, desorganizando os territórios e alimentando cada vez mais a desigualdade social com táticas como contabilização do tempo de trabalho em frações de segundos, disfarçando os baixíssimos salários pagos, em torno de centavos, em produtos que valem centenas de dólares. Atualmente existem condições técnicas evoluídas suficientemente para construir um mundo com dignidade, porém percebe-se que a desigualdade social, o desemprego e a fome não são somente uma consequência, mas sim um projeto político, uma condição para que o sistema existente continue sendo alimentado, para que a globalização cresça cada vez mais e que essas empresas continuem assim tendo o domínio desse mundo perverso. Milton Santos acredita que a mídia também é culpada nesse formato vivido e critica o poder da mesma em controlar a interpretação dos acontecimentos globais, tornando-se uma intermediária da globalização. Ele destaca a influência das empresas de notícias na disseminação da ideia de que a globalização é inevitável. A mídia, portanto, desempenha um papel significativo na construção e na perpetuação dessa nova cultura global, transmitindo a mensagem de que a crise é inevitável e que a adesão ao novo mundo globalizado requer aceitação dessa realidade. Da mesma forma que existem condições técnicas para viver um mundo digno, produzimos mais comida do que conseguimos comer, mostrando que o problema da fome não é um problema de produção, mas sim de distribuição e desse próprio projeto de desigualdade imposto a sociedade, sendo, segundo Josué de Castro em Geopolítica da Fome, a humanidade dividida em dois grupos, o grupo dos que não comem e grupo dos que não dormem com receio da revolta dos que não comem É necessário recusar a situação em que os países ocidentais querem nos condenar, o colonialismo e imperialismo retiraram suas bandeiras e seus policiais de nossos territórios, porém deixaram um legado sombrio quando não deixaram nada em troca para a população que por séculos testemunharam os imperialistas agirem como verdadeiros criminosos em continentes como África e América Latina. Contudo, surge uma revanche e grupos marginalizados e massacrados ganham força com seus movimentos, desafiando a ordem estabelecida. A África e a América Latina despertam como gigantes, conscientes dos problemas que enfrentam e determinados a reverter essa realidade. O cientista acredita na existência da ética dos poderosos e a ética dos que não tem nada, como existe também uma ética dos desesperados que acabam por entrar no caminho da violência e percebe que é cada vez mais compreendida nas camadas periféricas a necessidade de grandes mudanças, mesmo que contra elas exista todo esse poder que advém da ética dos poderosos. A ideia é ver dentro da cidade, principalmente locais pobres, formas solidárias que tem expressão econômica e política em contrapartida com a produção da violência, onde Milton Santos acredita que os autores que vão mudar a história vêm da periferia, alterando de baixo pra cima, saindo de localidades e continentes pobres para os continentes ricos. Destacando o que o cientista dizia que é necessário descolonizar, olhar o mundo sobre os próprios olhos, pois o centro do mundo está em todo lugar, o mundo é o que se vê onde estar. Diante das reflexões sobre o legado do colonialismo, o imperialismo e a luta atual contra as injustiças globais, torna-se evidente a urgência de construir uma verdadeira democracia. É imprescindível que o poder seja devolvido ao povo, não ficando nas mãos de multinacionais e bancos mundiais, para que não continuemos a ser vítimas do totalitarismo do capital ou Globaritarismo como salienta Milton Santos, que é essencial resistir e promover uma ordem social onde as vozes daqueles marginalizados e massacrados pelos processos de globalização sejam ouvidas e respeitadas. Somente através de uma democracia verdadeira e inclusiva poderemos aspirar a um mundo mais justo e equitativo para todos.