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Tipos de violência contra a mulher no contexto indígena
A violência contra as mulheres indígenas na Amazônia tem assumido proporções assustadoras nos últimos anos. Mortes e agressões de mulheres constituem-se em elementos motivadores da organização política das mulheres indígenas, nos tempos atuais. Em 2006 ocorreu o Encontro Nacional de Mulheres Indígenas, realizado em Brasília, e a violência foi escolhida como área prioritária de atuação.
A violência doméstica no contexto indígena tem sido camuflada pelo silêncio das próprias mulheres e pelos significados culturais de cada grupo. Precisamos ter cuidado para não incorrermos no relativismo cultural que justifica todas as ações, inclusive aquelas abomináveis como o estupro e a curra, em nome da cultura e do acervo simbólico das etnias.
Curra é um termo popular para designar um tipo de crime sexual no qual dois ou mais homens, abusam sexualmente de uma mulher ou mesmo de um homem. Diferencia-se do estupro por haver mais de um agente (homens), o que torna a mulher currada mais indefesa ante as agressões sofridas.
É preciso questionarmos o conceito de cultura para não achar que há uma cultura do estupro ou da curra. Isso é um absurdo. A cultura não é para promover o mal, um certo passaporte para a degenerescência de caráter. Marin (2006) vê a cultura como uma armadilha, uma zona escura ou uma cratera, que pode ser usada para justificar coisas erradas.
Há indícios de degenerescência de valores indígenas que levam à agressão de mulheres indígenas, como é o caso do uso excessivo de bebida alcoólica pelos homens que chegam em casa embriagados e batem, agridem, suas mulheres. De acordo com Verdum (2008), as mulheres indígenas sofrem maus-tratos, são espancadas pelos companheiros embriagados, e elas não os denunciam.
A violência doméstica em contexto indígena é um tema que não tem visibilidade na mídia, nem na ciência. Poucas estudiosas têm se ocupado de pesquisas com mulheres indígenas, quase nunca com o tema da violência doméstica, porque é complexo e controverso. Meu grupo de pesquisa (GEPOS) é pioneiro no Amazonas em pesquisar o tema da violência doméstica no contexto indígena. Veja o meu livro sobre as mulheres Sateré-Mawé, publicado em 2014, fruto de uma pesquisa que teve aporte do CNPq.
Um outro tipo de violência é aquela que tem o objetivo de excluir a mulher do espaço político. A violência política é concebida como a agressão física, psicológica, econômica, simbólica ou sexual contra a mulher com a finalidade de impedir ou restringir o acesso e exercício de funções públicas e/ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, 2022).
A violência política divide-se em subtipos:
1. Violência Política Simbólica: 
Inexistência de banheiro feminino no Senado Federal até 2016; 
Falta de suporte para as mães como berçários e regras regimentais relacionadas à licença maternidade no Congresso Nacional.
2. Violência Política Psicológica: 
Interrupção da fala da mulher em ambientes políticos;
Evidente dispersão dos interlocutores quando a mulher está falando;
A clara sinalização de descrédito;
Induz a pensar que não possui competência para tal cargo (desqualificação);
Intimidação com agressividade com gestos e palavras;
Ameaças.
3. Violência Política Econômica:
Quando os recursos do fundo partidário são destinados de forma desproporcional, excluindo as mulheres da distribuição.
4. Violência Sexual:
Quando se faz comentário relacionado ao corpo da mulher, sensualizando e estereotipando;
Assédio sexual.
5. Violência Política Física:
Empurrão;
Bater;
Esbofetear;
Jogar objetos.
Enfim, a violência política pode ocorrer de forma aberta ou velada, para atingir finalidades específicas. É utilizada para deslegitimar, causar danos, obter benefícios e vantagens ou violar direitos com fins políticos. Ainda tem a violência eleitoral associada à disputa de espaço com candidatos, partidos, coligação e federação que sempre a mulher fica em desvantagem.
São vários os casos de violência contra a mulher e podemos ir debatendo com vocês ao longo do ano que vem.
Muito obrigada!
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