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Janeiro a março de 2023 
 
DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL 
E-book de transcrições 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
1. FONTES FORMAIS E MATERIAIS ......................................................................... 8 
2. FONTE NORMATIVA PRIMÁRIA ....................................................................... 10 
3. FONTE NORMATIVA SECUNDÁRIA ................................................................... 11 
3.1. Analogia ............................................................................................................ 11 
3.2. Costumes .......................................................................................................... 12 
3.3. Princípios Gerais de Direito ................................................................................ 13 
4. PRECEDENTES JUDICIAIS .................................................................................. 14 
5. QUESTÃO DE CONCURSO ................................................................................. 15 
6. RESUMO DO TEMA ......................................................................................... 16 
7. Roteiro da aula ............................................................................................... 16 
8. Normas fundamentais do CPC/15: Princípios ................................................... 17 
8.1. Art. 1° - Modelo de processo civil constitucional ................................................. 17 
8.2. Art. 2° - Princípio do impulso oficial.................................................................... 18 
8.3. Art.3° - Princípio da inafastabilidade .................................................................. 18 
8.4. Art. 4° Princípio do tempo razoável para a solução do Mérito ............................. 19 
8.5. Art. 5° - Princípio da boa fé ................................................................................ 20 
8.6. Art. 6° - Princípio da cooperação ........................................................................ 20 
8.7. Art. 7° - Princípio da isonomia ............................................................................ 21 
8.8. Art. 8° - Sugestão de interpretação teleológica ................................................... 22 
8.9. Art. 9° - Princípio do contraditório...................................................................... 23 
8.10. Art. 10 - Princípio da vedação de decisão “surpresa” .......................................... 23 
8.11. Art. 11 – Princípios da fundamentação das decisões e da publicidade ................. 24 
8.12. Art. 12 – Ordem preferencial para prolação de decisões ..................................... 24 
 
 
 
 
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9. Questão de concurso ....................................................................................... 25 
10. Resumo final ............................................................................................... 26 
11. Dúvidas dos alunos ...................................................................................... 26 
12. Aplicação e Interpretação das Normas Processuais. ..................................... 29 
13. Legislação Pertinente: CPC/15 e CRFB/88..................................................... 31 
14. Conteúdo da Aula ........................................................................................ 32 
14.1. Interpretação Literal .......................................................................................... 32 
14.2. Interpretação Autêntica ..................................................................................... 34 
14.3. Interpretação Lógico-sistemática ....................................................................... 35 
14.4. Interpretação Teleológica .................................................................................. 35 
15. Questão(ões) de Concurso. .......................................................................... 36 
16........................................................................................................................... 36 
17. Resumo: Final .............................................................................................. 37 
18. JURISDIÇÃO ................................................................................................. 40 
18.1. Conceito ............................................................................................................ 40 
18.1.1. Inércia ............................................................................................................................ 42 
18.1.2. Substitutividade ............................................................................................................. 43 
18.1.3. Definitividade ................................................................................................................. 44 
19. QUESTÃO DE CONCURSO ............................................................................. 44 
20. RESUMO DA AULA ....................................................................................... 45 
21. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS .................................................................. 51 
21.1. AUTOTUTELA ..................................................................................................... 51 
21.2. AUTOCOMPOSIÇÃO ........................................................................................... 52 
21.3. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ............................................................................... 52 
21.4. ARBITRAGEM .................................................................................................... 54 
 
 
 
 
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22. QUESTÃO DE CONCURSO ............................................................................. 57 
23. RESUMO DA AULA ....................................................................................... 58 
24. DÚVIDAS ..................................................................................................... 58 
24. Tema ........................................................................................................... 61 
25. Regras dos Limites da Jurisdição Nacional ................................................... 62 
26. Questão de concurso ................................................................................... 69 
27. Resumo do tema ......................................................................................... 70 
28. Respondendo dúvidas.................................................................................. 70 
29. Cooperação internacional ............................................................................ 73 
30. Questão de concurso ................................................................................... 81 
31. Resumo do tema ......................................................................................... 81 
32. Considerações finais .................................................................................... 81 
33. Resolução de dúvidas .................................................................................. 82 
34. Condições da ação ....................................................................................... 84 
35. Questão(ões) de concurso ............................................................................ 90 
36. Resumo final ............................................................................................... 91 
37. Dúvidas sobre o Tema ................................................................................. 91 
38. Processo, Conceito e Natureza Jurídica ........................................................ 95 
39. Questão(ões) de concurso .......................................................................... 100 
40. Resumo do Tema ....................................................................................... 10141. Dúvidas sobre o tema ................................................................................ 101 
42. Introdução ................................................................................................ 103 
43. Pressupostos processuais ........................................................................... 103 
 
 
 
 
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44. Questão de concurso ................................................................................. 109 
45. Considerações finais .................................................................................. 110 
46. Respondendo dúvidas................................................................................ 110 
47. TUTELA JURISDICIONAL ............................................................................. 113 
47.1. COGNIÇÃO JURISDICIONAL .............................................................................. 114 
47.2. TUTELA PROVISÓRIA ........................................................................................ 116 
48. QUESTÃO .................................................................................................. 117 
49. TUTELA ANTECIPADA E TUTELA CAUTELAR ................................................ 120 
50. TUTELA DA EVIDÊNCIA .............................................................................. 123 
51. REQUISITOS ............................................................................................... 123 
51.1. TUTELA DA URGÊNCIA ..................................................................................... 124 
51.2. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE .................................................................... 129 
51.3. PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECEDENTE ANTECIPADA ................................. 132 
52. QUESTÃO DE CONCURSO ........................................................................... 136 
53. DÚVIDAS ................................................................................................... 138 
54. TUTELA DA EVIDÊNCIA .............................................................................. 139 
55. TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ................................... 144 
56. QUESTÃO .................................................................................................. 147 
57. DÚVIDAS ................................................................................................... 149 
58. Apresentação e considerações iniciais ....................................................... 151 
59. Neoprocessualismo ................................................................................... 151 
60. Processo estrutural .................................................................................... 151 
61. Características do litígio estrutural ............................................................ 153 
62. Processo flexível ........................................................................................ 155 
 
 
 
 
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63. Questão .................................................................................................... 159 
 
 
 
 
 
 
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FONTES FORMAIS E MATERIAIS 
 
 
Olá, meus caros. Eu sou o professor Rodolfo Kronemberg Hartmann. Para os que não 
conhecem, eu sou Juiz federal há mais de 20 anos, atualmente estou convocado no 
Tribunal Regional Federal da segunda região, na terceira câmara que trata sobre matéria 
processual, e matéria tributária também, eu sou mestre em direito, eu estou concluindo 
o doutorado, só falta defender a tese, tenho algumas obras no direito processual civil, 
tenho o meu manual curso completo, que está na sua sétima edição, por sinal está 
esgotada, também tenho outros livros publicados, como Livro de Petições e Prática, em 
coautoria com o meu irmão, o professor Guilherme Kronemberg Hartmann, enfim, mas 
isso para aqueles que já me conhecem, e me apresentado também aos que estão 
começando a aula hoje. Nós vamos ter a disciplina de Direito Processual Civil, a nossa 
aula tem alguns tópicos que nós vamos trabalhar, então vou falar, ela é fragmentada, 
eu vou começar falando um tema, vou compartilhar o material com vocês em slide, e o 
que eu vou pedir a vocês, no final da aula, eu entro no chat e vejo as perguntas que 
eventualmente foram apresentadas para não perder muito a dinâmica, porque o nosso 
tempo é relativamente curto, para falar de assuntos é muito importante. Então, fica 
melhor dessa forma, quando terminar o primeiro bloco, eu vou enfrentar uma questão, 
eu vou também fazer um resumo da matéria com vocês, que nós trabalhamos e a partir 
daí eu vou no chat, tirando a dúvida de cada um de vocês, e se persistir eventualmente 
alguma dúvida, claro, ela pode ser encaminhada ao curso ênfase, que depois vai me 
repassar, como de praxe é isso, ou eventualmente diretamente comigo, nas redes 
sociais, no Instagram. Rodolfo_Kronemberg_Hartmann, eu só peço que se identifiquem, 
porque, para saber que são vocês, alunos aqui do ênfase, para as dúvidas em direito 
processual civil, tá bom. 
 
 
 
 
 
 
 
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1. FONTES FORMAIS E MATERIAIS 
 
Então vamos começar, então sem mais delongas, o nosso primeiro bloco, nós vamos 
trabalhar a disciplina direito processual civil e as fontes formais e materiais, nesse nosso 
primeiro encontro. Vamos ter, assim, como roteiro da aula, vamos, vamos trabalhar 
essas fontes formais e materiais, também vamos verificar a legislação pertinente, a aula 
de hoje tem alguns tópicos que estão no Código de Processo Civil e também na 
Constituição, vamos abordar o conteúdo da aula, enfrentar questão ou questões, e 
ainda fazer um resumo para depois tirarmos eventuais dúvidas. Então só peço isso que 
a comunicação fosse feita pelo chat, já que está tendo a gravação em curso, são muitos 
alunos, são mais de 300, então às vezes se for tirar a dúvida um a um, teríamos problema 
com a dinâmica da aula, então eu peço desculpas, quem estiver eventualmente com a 
mão aparecendo, coloca a dúvida no chat que eu vou lendo, para não quebrar a 
dinâmica da aula, tá bom. Meus caros, vamos lá. Fontes normativas do Direito 
Processual Civil, fonte normativa do Direito Processual Civil, só quero parar o 
compartilhamento, aqui, um minutinho, pronto a gente volta com a aula, com o campo 
da aula. Bem, o nosso tema então, Direito Processual Civil, o direito processual civil tem 
suas normas jurídicas, tem o Código de Processo Civil, mas temos outras leis que tratam 
de matéria processual, mas a questão é, o que difere uma fonte normativa material e 
uma fonte normativa, por exemplo, formal ou processual, aqui são duas coisas 
diferentes. Uma delas é a intenção do legislador regulamentar a relação de direito 
material, então, por exemplo, o que é necessário para que um contrato exista para que 
o contrato tenha a validade e eficácia, isso a legislação material vai estabelecer quais 
são os requisitos, por sua vez, temos também as fontes formais ou fortes processuais, 
que vão estabelecer as regras processuais para que o processo se inicie, para que ele 
possa se desenvolver, para que ele possa ter uma conclusão. Então, essas seriam as 
normas processuais, repito temos as normas materiais, normas de direito material 
regulamentando, como é disciplinado a relação jurídica material, contrato, por exemplo, 
requisitos para um casamento, para uma união estável, e ao mesmo tempo, temos 
 
 
 
 
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também as normas processuais que tratam da relação jurídica processual. São duas 
relações distintas, cada uma regulada numa legislação própria ou até mais de um ato 
normativo. Vale dizer, nas normas materiais, elas costumam estar compendiadas, por 
exemplo, no Código Civil, as normas processuais civis no código de processo civil. Mas 
nós temos às vezes as chamadas normas heterotópicas, por vezes o código de processocivil vai conter não apenas normas processuais, normas formais, mas também normas 
de direito material, já tivemos muitas por sinal no nosso código anterior, e da mesma 
forma o Código Civil, eventualmente tem também algumas normas processuais, vale 
dizer que há muito tempo atrás, o professor Fredie Didier, inclusive, ele publicou um 
livro chamado Regras Processuais no Código Civil, mas a aprovação do nosso CPC novo 
no último artigo do artigo 1072, o CPC novo acabou revogando algumas normas do 
Código Civil, que tratavam de matéria processual, quando nós temos uma norma que 
não parece muito bem situada, por exemplo, a norma de direito material no Código de 
Processo Civil, ou o contrário, uma norma processual no Código Civil, nós usamos uma 
expressão normas heterotópicas, normas heterotópicas são aquelas que, digamos 
assim, não estão bem situadas, o nosso CPC, por exemplo, ele tem norma heterotópica, 
vejam vocês, o artigo 240, 240, parágrafo 1º do Código de Processo Civil, e nesse ponto, 
240 parágrafo 1º do Código Processo Civil. Nós temos, então, o cite-se interrompendo a 
prescrição. Então, como tem o cite-se interrompendo uma prescrição, isso significa que 
você tem uma norma material, mas ela está prevista dentro do Código de Processo Civil. 
Meus caros, eu tirei o compartilhamento do PowerPoint, porque tem momentos em que 
eu falo lendo PowerPoint, quando bota também as questões de aula e tem outros, 
então, que o que eu tirei, o PowerPoint vai ficar uma coisa mais intimista, professor e 
aluno, alguns estão com a câmera ligada também, mas eventualmente, se for praxe do 
curso ênfase, que haja o compartilhamento do recorte o tempo todo me avisa pelo chat, 
que eu compartilho de novo, eu pensei em compartilhar só eventualmente quando eu 
estivesse usando PowerPoint, esse é nosso primeiro encontro então só me passa depois 
a informação pelo chat, se for para deixar o arquivo. Depois eu vou mandar então para 
o curso ênfase os arquivos do PowerPoint no intervalo da aula, mas dando 
 
 
 
 
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prosseguimento. Então nós temos as normas materiais, normalmente no Código Civil, 
normas processuais, normalmente no CPC, temos legislação que tem os dois tipos de 
normas, não se pode dizer que ela tem ênfase em norma processual ou norma material 
como Código de Defesa do Consumidor, ele tem tanto normas materiais do direito do 
consumerista, e também normas processuais, isso também teria no nosso Código de 
Defesa do Consumidor. Ele teria, então, os dois tipos de normas, e passamos então 
agora, o ponto importante que já sabemos, o que são as normas materiais e processuais. 
Mas temos que verificar também não apenas isso, temos que verificar também as fontes 
normativas, de onde surgem essas normas processuais, por exemplo, então aqui o nosso 
tópico, ele muda um pouco. Nós vamos falar agora não mais de normas materiais ou 
normas formais, e vamos trabalhar em realidade, a chamada fonte de normativas, de 
onde vêm as normas processuais. E esse é um ponto que merece muita reflexão 
atualmente, eu vou começar fazendo uma abordagem bem tradicional, bem tradicional 
e depois entramos numa abordagem mais moderna. Tradicionalmente, nós vamos ter 
as fontes normativas primárias e secundárias, fontes normativas primárias e 
secundárias, as fontes normativas primárias, pelo menos quanto às normas processuais, 
nós teríamos tradicionalmente a lei, daqui a pouco falo de precedente, de súmula 
vinculante. 
 
2. FONTE NORMATIVA PRIMÁRIA 
 
Mas inicialmente a lei é a fonte normativa principal ou primária, a lei criada pelo 
legislador federal, você não pode ter o Legislativo Estadual ou Municipal criando, por 
exemplo, normas processuais. A nossa Constituição é muito clara, prevendo como 
atribuição do Congresso Nacional, a criação de normas processuais no artigo 22, inciso 
1º da Constituição, o Poder Executivo Federal não poderia criar norma processual, nem 
mesmo, por exemplo, por edição de medida provisória, no passado, isso já foi possível, 
atualmente, a nossa Constituição proíbe, e o Judiciário, também o Judiciário não cabe 
criar norma processual. É fato que alguns regimentos de tribunais até têm previsão de 
 
 
 
 
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normas processuais, o que não deveria acontecer, mas isso se justifica porque alguns 
regimentos são muito antigos, muito antigos mesmo, e já tivemos Constituição 
autorizando que normas processuais fossem previstas dentro de regimentos de 
tribunais. No momento atual, isso não seria recomendável. Então, ainda dentro dessa 
perspectiva tradicional, nós só temos as fontes normativas primárias, como lei, a lei 
criada pelo legislador, ali surgiriam as normas processuais, mas ao lado dessa fonte 
principal, nós temos as fontes secundárias. Lembrando, ainda estou apresentando uma 
visão tradicional. 
 
3. FONTE NORMATIVA SECUNDÁRIA 
 
As fontes normativas secundárias seriam o quê? Onde poderia surgir além da norma 
processual? Aí essas fontes normativas secundárias seriam o costume, analogia, e 
princípios gerais de direito, costumes, analogia, e princípios gerais de direito, poderiam 
então também trazer normas processuais, embora sejam fontes secundárias, vamos 
pegar, por exemplo, analogia. 
 
3.1. Analogia 
 
Analogia é uma situação em que a lei normatiza um caso, e você tem um caso parecido, 
então, se as situações são semelhantes, por que não pegar a solução criada pelo 
legislador, a uma delas e dar também na outra hipótese? Gosto de dar como exemplo a 
forma da inquirição em, a prova oral, em audiência de instrução, julgamento, porque no 
código atual, o artigo 459, artigo 459, ele prevê que nós vamos ter a inquirição das 
testemunhas realizadas diretamente pelo membro do Ministério Público, pelo 
advogado, pelo defensor. Esse é o modelo previsto no artigo 459 do Código de Processo 
Civil, conhecido como Cross Examination, diferente de como era no código anterior, e 
diferente do que era no código anterior no código anterior. No código anterior, o 
advogado, o Ministério Público perguntavam para o juiz, e o juiz repetia a pergunta para 
 
 
 
 
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a testemunha, era um modelo presidencialista, agora, o nosso código aboliu o modelo 
presidencialista, e prevê no artigo 459, esse modelo do Cross Examination, o advogado 
perguntando direto para a testemunha, embora o juiz possa fazer um filtro, o juiz, por 
exemplo, pode indeferir uma pergunta que já foi efetuada nesse processo, para aquela 
testemunha antes, é um caso de indeferimento da pergunta, mas na AIJ não tem só 
prova testemunhal, na AIJ você pode ter uma prova consistente, um depoimento 
pessoal, pode ter esclarecimento do perito, e por essa razão, o nosso legislador, ele não 
trata de como é feita a colheita da prova nesses dois casos, ele diz muito claramente 
que o modelo do Cross Examination pode ser usado quando nós estamos diante de 
produção de prova testemunhal. Mas ele não fala quanto à inquirição de um 
depoimento pessoal da parte, ou do esclarecimento do perito. Não há menção quanto 
a isso. Então, aqui nós fazemos uma analogia. Pegamos uma situação normatizada pelo 
CPC, como é a oitiva das testemunhas, e usamos uma situação análoga, a mesma AIJ 
como é feito o depoimento pessoal, e também a inquirição do perito para 
esclarecimentos técnicos. Além da analogia, nós temos os costumes. 
 
3.2. Costumes 
 
E temos os costumes, e claro que o costume não pode ser contra a lei, não pode ser 
contra legem, mas o costume acaba também servindo para normatizar certas situações 
processuais, ou seja, quando elabora uma petição inicial, a maior parte dos advogados 
logo depois do cabeçalho, dá um palmo de distância entre o cabeçalho e começa a 
escrever o texto. Aluno: Mas qual é a necessidade disso? De você ter um cabeçalho, e 
um palmo depois começar o texto, ela poderia fazer o cabeçalho e já colocar o texto? 
Professor: Éporque isso é um costume, é um costume, porque tempos atrás o juiz 
despachava, quando o processo era físico naquele espaço ali, historicamente, é dessa 
forma, por isso tem aquele espaço de um palmo, tem o cabeçalho, começa a petição 
inicial, um palmo depois, e o juiz dava a liminar negava naquele espaço, historicamente, 
era assim, acabou sendo um costume, também é um costume dar nome na petição 
 
 
 
 
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inicial. Vocês sabem que os requisitos da petição inicial se encontram no artigo 319 do 
Código de Processo Civil, porém, no artigo 319, não há menção que você deve dar nome 
à petição, e é um hábito, os advogados, promotores costumam dar nome na petição 
inicial em processo civil, então, isso também seria um costume, e para concluir, temos 
os princípios gerais de direito, que não se confundem com princípios constitucionais. 
 
3.3. Princípios Gerais de Direito 
 
Isso, nós falaremos em outro momento, sobre os princípios constitucionais em outro 
bloco, mas os princípios gerais de direito, eles funcionam como fonte normativa e 
secundária, tanto de normas materiais, como de normas processuais, nos casos das 
normas processuais, temos até alguns princípios que são positivados na lei, vocês já 
ouviram falar do princípio que veda a reforma para pior, ele não está previsto no CPC, o 
princípio que veda reforma para pior, mas o princípio pode ser implícito, ele não está na 
Constituição, é um princípio que busca estimular a parte recorrer se está descontente 
com o aspecto da prestação jurisdicional, então é um princípio implícito. Outros 
princípios gerais de direito são expressos, vejam todos conhecem no artigo 336 do CPC 
o princípio da eventualidade, o que impõe o princípio da eventualidade, ele impõe que, 
na contestação, você traga todas as teses defensivas, todas, exceto algumas matérias 
que podem ser alegadas a qualquer momento, são aquelas indicadas no artigo 342 do 
Código de Processo Civil. Mas eu comentei, quando nós falamos em fontes, fontes 
primárias, ou fontes secundárias das normas processuais, como elas são criadas, 
normalmente a fonte primária é Lei e fonte secundária são costumes, analogia, e 
princípios gerais de direito, mas há muito tempo há uma discussão se a doutrina, se a 
jurisprudência, se, seriam formas também de criação do direito, ou se doutrina e se 
jurisprudência são formas de, ou, de revelação, ou de criação, uma coisa é criar, outra 
coisa é demonstrar o alcance, revelar algo que já existia. A doutrina, ela é tratada até 
hoje como uma fonte, uma forma de revelar o direito, ela descobre o direito, ela não 
está criando, é o tratamento dado à doutrina. 
 
 
 
 
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4. PRECEDENTES JUDICIAIS 
 
Mas, por outro lado, quanto a precedentes judiciais, nós temos passado por uma 
mudança de paradigmas, afinal, nós temos uma herança calcada no modelo civil law, 
pelo modelo da civil law, as fontes normativas, normalmente as primárias são lei, direito 
decorre da lei. Mas, ao mesmo tempo, há uma aproximação com outro modelo usado 
em alguns países, que é o modelo da common law e pelo modelo da common law, há 
uma valorização das decisões judiciais, aliás, em apertada síntese, eu gostaria de dizer 
com vocês que nós temos diferenças entre súmula, jurisprudência e precedente. Muito 
rapidamente esta distinção, a súmula é uma síntese de uma orientação, então, de tanto 
o tribunal decidir naquele sentido, ele cria uma súmula, que é a síntese de uma 
obrigação. Por exemplo, súmula vinculante número 25 do STF, não cabe a prisão civil do 
depositário infiel, pronto, é uma síntese e um resumo, uma conclusão. A jurisprudência 
é um conjunto reiterado de decisões, jurisprudência é o conjunto reiterado de decisões. 
E o chamado precedente, pode ser um, podem ser dois, três, alguns precedentes têm 
caráter meramente persuasivo, alguns precedentes podem ter caráter vinculante. Uma 
súmula pode ter caráter persuasivo, mas também pode ter caráter vinculante, 
dependendo do caso, e há uma clara valorização das decisões judiciais nos precedentes 
judiciais, e hoje, alguns autores apontam que, dependendo, as decisões do Judiciário 
também poderiam ser visualizadas como fontes normativas primárias. Por exemplo, ter 
um professor que é promotor de Justiça do Estado do Espírito Santo, chamado Hermes 
Zaneti, professor Hermes Zaneti, também leciona Direito Processual Civil há bastante 
tempo, coautor de algumas obras do processo civil, até autor de outros também, e ele 
defende que nós passamos por uma mudança de paradigmas, que, dependendo das 
decisões proferidas pelo Judiciário, quando elas têm caráter vinculante, elas também 
poderiam criar o direito, ser uma fonte normativa. Mas digo ainda é um tema bastante 
debatido, ainda é uma mudança muito grande que está em curso, afinal, o nosso Código 
de Processo Civil está em vigor há poucos anos e tem uma diretriz lá no artigo 927, 
dizendo, artigo 927, que os juízes, que os magistrados atuantes em tribunais eles devem 
 
 
 
 
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seguir os precedentes, jurisprudência, súmula, etc. Bom, bem, então nós vimos essa 
parte das fontes normativas, e vou voltar com vocês, agora no nosso, a compartilhar a 
tela, porque temos então, que também enfrentar o nosso, a nossa questão. Nós vimos 
que as fontes formais e materiais são, as formais que são as que regulam a relação 
jurídica processual, que materiais disciplinam a relação de direito material, e que as 
fontes formais podem ser primárias e secundárias, essa discussão que nós acabamos de 
apresentar. 
 
5. QUESTÃO DE CONCURSO 
 
 Vamos enfrentar uma questão de concurso, vejam: 
Assinale a alternativa a correta, que representa uma norma heterotópica 
constante no CPC de 2015: 
Letra A - Requisitos da petição inicial. (Artigo 319) 
Na verdade, está tratando de um ato processual. Então, esse artigo 319 cuida de uma 
norma processual, não de uma norma de direito material. 
Letra B - Interrupção da prescrição pelo CITE-SE 
A letra B é a alternativa correta, é uma norma de direito material dentro do Código de 
Processo Civil, artigo 240, parágrafo 1º. 
C - O conceito de sentença. 
Sentença ato importante, é conceituado no artigo 203 parágrafo 1º do CPC, também é 
ato processual, é a norma processual. 
D - Espécie de carta do CPC de 2015 (O artigo 237) 
Também cuida de normas processuais, são quatro tipos de cartas que nós temos: carta 
precatória, carta rogatória, carta de ordem e carta arbitral. Também tratam de normas 
processuais, a única norma material dessas quatro opções seria a letra B, o artigo 240 
parágrafo primeiro. 
 
 
 
 
 
 
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6. RESUMO DO TEMA 
 
E quanto ao nosso resumo, nós trabalhamos o conteúdo da aula, falamos o que são 
fontes materiais e fonte formais, perdão, normas materiais e normas formais. Falamos 
quais são as fontes das normas processuais ou formais, das primárias e secundárias 
também. Enfrentamos questão de concurso, e agora estamos justamente concluindo 
(com esse recurso), com esse resumo. Meus caros, nós temos bastante assunto, ainda 
não os outros tópicos, mas vocês têm alguma dúvida a respeito da questão, se quiserem 
colocar no chat, ou se por ventura também quiserem levantar a mão pra trabalhar, estou 
tentando apresentar de uma forma bem objetiva os assuntos que nós estamos tratando, 
do contrário, eu já vou passar com vocês para o próximo tópico. Tá bom. 
 
 
 
NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL: PRINCÍPIOS 
CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS DO PROCESSO 
 
7. Roteiro da aula 
 
Hoje iremos falar mais uma vez sobre direito processual civil e precisamente sobre as 
normas fundamentais do CPC de 2015 (CPC/15), trabalharemos a legislação pertinente, 
comentando ainda sobre o CPC de 2015 e também sobre algumas normas da 
constituição, vamos apresentar o conteúdo da aula, questões de concurso e depois um 
resumofinal. 
 
 
 
 
 
 
 
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8. Normas fundamentais do CPC/15: Princípios 
 
As chamadas “normas fundamentais” estão previstas logo no início do nosso código de 
processo civil. São 12 artigos tratando das Normas Fundamentais do CPC/15. Alguns 
deles até representam princípios constitucionais, na verdade grande parte são princípios 
constitucionais e outros podem ser princípios gerais de direito ou até normas que estão 
com finalidade gerencial, como acontece, por exemplo, no artigo 12 do nosso código de 
processo civil. Vamos na ordem, entender essas normas fundamentais, que nada mais 
são do que um “cartão de visitas” do atual CPC de 2015, que entrou em vigor em 2016. 
Vale dizer que alguns podem até pensar: “mas qual a necessidade de nós termos esse 
“cartão de visitas”, essas normas fundamentais? Já que muitos princípios já estão na 
constituição.” E é verdade, eles até estão na constituição, a maior parte deles. Mas ainda 
assim, quando o legislador ordinário reproduz o que está na constituição, isso acaba 
permitindo um sentimento de fortalecimento do respeito à constituição, para que ela 
não seja uma mera folha de papel. Então vamos lá! 
 
8.1. Art. 1° - Modelo de processo civil constitucional 
 
São 12 artigos do código de processo civil que compõem as normas fundamentais. O 
primeiro deles, o artigo 1°, diz que “O processo civil será ordenado, disciplinado e 
interpretado conforme os valores e normas fundamentais estabelecidas na constituição 
da República Federativa do Brasil, também observando as disposições desse código.” Ou 
seja, o nosso modelo de processo civil, é um modelo de processo civil constitucional, 
nós seguimos diversos princípios constitucionais, como por exemplo, devido processo 
legal, motivação de decisões judiciais e etc. Não poderia de outra maneira uma lei 
infraconstitucional estar acima da constituição. Então é isso que reproduz e deixa bem 
claro o nosso artigo 1°. 
 
 
 
 
 
 
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8.2. Art. 2° - Princípio do impulso oficial 
 
O artigo 2°, trata do princípio do impulso oficial. Na verdade, isso não é um princípio 
constitucional, mas ainda assim é muito importante, pois a jurisdição possui algumas 
características. Uma das características é a inércia. É necessário você provocar o 
Estado-Juiz para que o Estado-Juiz preste a jurisdição estatal nos limites da 
provocação e a partir daí o processo segue impulso oficial. Claro que às vezes o autor 
pode abandonar o processo. E é algo que apenas ele, autor, poderia dar movimento. 
E o processo pode ser extinto por abandono da causa por parte do autor ou até 
abandono da causa por ambas as partes. Isso são hipóteses de extinção do processo 
sem resolução do mérito, mas não sendo caso de abandono, cabe ao juiz tocar o 
processo, e a demora do tempo do processo não pode ser prejudicial às partes. Se 
não foram elas as responsáveis, elas não podem sofrer consequências por uma 
demora em razão do impulso oficial. Então esse é o artigo 2° do código de processo 
civil. 
 
8.3. Art.3° - Princípio da inafastabilidade 
 
O artigo 3°, cuida do princípio da inafastabilidade. Esse princípio tem sede 
constitucional, e ele deixa claro “não será excluída da apreciação jurisdicional 
ameaça ou lesão ao direito.” Então, o princípio da inafastabilidade, também 
chamado de “livre acesso ao judiciário” está aqui reproduzido no artigo 3°. E uma 
coisa interessante: os parágrafos do artigo 3°, estimulam a solução consensual 
por outros institutos, estimula a conciliação, a mediação e também o uso da 
arbitragem. Uma coisa curiosa: eu fiz faculdade nos anos 90, entre 94 e 98, tenho 
46 anos e o mundo era muito diferente. Naquele tempo, nos anos 90, o princípio 
da inafastabilidade era como se fosse o mais debatido de todos. O judiciário 
estava sendo mais procurado, você tinha um código de defesa do consumidor 
que deu direito material, uma legislação até hoje muito avançada, criaram os 
 
 
 
 
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juizados, foi um momento em que os cursos de direito cresceram muito, o 
número de advogados, membros do judiciário, membros do ministério público, 
da defensoria pública, servidores e etc. Então foi um ciclo muito virtuoso no 
crescimento das instituições jurídicas no Brasil. E naquele tempo, a jurisdição era 
vista como algo apenas estatal, nós falávamos que conciliação, mediação e 
arbitragem eram métodos alternativos de solução do litígio, porque em 
princípio, para resolver o litígio tem que ser com a jurisdição estatal, se não for 
isso são métodos alternativos, e isso hoje está completamente superado. 
Quando você fala em arbitragem, conciliação e mediação, você não fala mais em 
métodos alternativos, fala em métodos equivalentes. Há até uma expressão na 
“moda” em processo civil, denominada “justiça multiportas” que significa que o 
fim do litígio não se dá apenas no judiciário, pode ser na arbitragem, na 
conciliação e na mediação também. Já existem até algumas decisões do STJ 
(Superior Tribunal de Justiça) se referindo à arbitragem como jurisdição arbitral. 
Então são pequenos detalhes que às vezes na hora de elaborar uma resposta 
podem ajudar você bastante. Então esse é o princípio da inafastabilidade de sede 
constitucional previsto no artigo 3° do CPC/15. 
 
8.4. Art. 4° Princípio do tempo razoável para a solução do Mérito 
 
O artigo 4°, muda um pouco o que está na constituição. A constituição fala em 
princípio do tempo razoável para a duração do processo. O artigo 4°, claro, não 
pode uma norma infraconstitucional querer mudar a constituição, mas ele 
propõe uma releitura. Ao invés de ser “o tempo razoável para a duração do 
processo”, melhor seria “o tempo razoável para a solução do mérito”. O nosso 
código vem forte nessa ideia. Claro que ele quer uma jurisdição de qualidade, 
com agilidade, mas vocês já ouviram falar do princípio que busca a primazia da 
resolução do mérito. A ideia é o judiciário tocar o processo sempre que possível, 
convalidando vícios para enfrentar o mérito da causa. Então, o artigo 4° faz um 
 
 
 
 
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pequeno trocadilho, é legal o tempo razoável de duração do processo, mas é 
muito melhor o tempo razoável para a solução do mérito. 
 
 
8.5. Art. 5° - Princípio da boa fé 
 
O artigo 5°, diz que “aquele que de qualquer forma participa do processo, deve 
se comportar de acordo com a boa fé.” Por sua vez, o artigo 5° também inspira 
o princípio da cooperação, que está previsto no artigo 6°. E essa boa fé, deve ser 
manifestada de maneira concreta, é o que nós falamos em boa fé objetiva, não 
ter subterfúgios, não ter estratégias com intenção de prejudicar a outra parte 
com má fé e etc. Esse seria então também um vetor interpretativo muito 
interessante. 
 
8.6. Art. 6° - Princípio da cooperação 
 
O artigo 6°, fala do princípio da cooperação, e diz que “todos os sujeitos do 
processo devem cooperar entre si para que se obtenha em tempo razoável 
decisão de mérito justa e efetiva”. Então, o princípio da cooperação é um dos 
mais importantes do direito processual civil moderno. O código busca até punir 
aqueles que não se comportam de maneira adequada no processo, e por isso 
temos tantas multas no código novo, temos multa por litigância de má fé, multa 
por ato atentatório à dignidade da justiça que busca então esse modelo de 
processo operativo, e isso vale dizer, não se aplica apenas às partes mas também 
quanto a órgãos, órgãos também devem cooperar entre si, nós temos a 
cooperação jurídica internacional, que pode se dar por carta rogatória, por 
auxílio direto, e temos a cooperação nacional, por exemplo, carta precatória que 
um juiz cumpre pro outro de outra localidade. Então a cooperação jurídica, que 
 
 
 
 
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pode se dar em plano internacional e nacional, também está inspirada nesse 
princípio que se encontra no artigo 6°do código de processo civil. 
 
 
 
8.7. Art. 7° - Princípio da isonomia 
 
O artigo 7°, traz o princípio da Isonomia, e por esse princípio você deve tratar de 
maneira igual aqueles que são iguais, e de maneira desigual aqueles os desiguais, 
na medida da desigualdade. É claro que alguns sujeitos do processo têm direito 
a tratamento diferenciado, e isso não fere o princípio da isonomia porque são 
argumentos que se justificam, por exemplo, a fazenda pública tem muito mais 
processos do que qualquer um de nós, muito mais. Em razão disso, a fazenda 
pública acaba necessitando de um tratamento processual diferenciado, ela tem, 
por exemplo, prazo em dobro para sua manifestação em juízo. Claro que nem 
sempre haverá o prazo em dobro, não haverá prazo em dobro quando a lei 
proíbe. É o que acontece nos juizados federais ou fazendários, o prazo para a 
União recorrer no juizado federal são 10 dias, como nós particulares. Tem vezes 
que também o prazo não é dobrado porque ele já é específico da fazenda 
pública, quando o artigo fala que o prazo é da fazenda pública esse prazo não é 
dobrado. Veja, no artigo 910 do CPC/15 diz que “fazenda pública tem 30 dias 
para embargar”. É pra ela os 30 dias, não vai dobrar para 60. Então, nem sempre 
o princípio da isonomia tem aplicação irrestrita, às vezes há um tratamento 
processual diferenciado. E para não ficar apenas nesse exemplo da fazenda 
pública, eu cito ainda o artigo 1048 do código de processo civil que diz quem 
possui prioridade de tramitação, então temos lá pessoas com idade, pessoas 
portadoras de alguma doença, temos os casos regidos pela lei 8069/90 (estatuto 
da criança e do adolescente) e etc. Então, são situações assim que exigem um 
tratamento processual diferenciado, justamente para que a pessoa possa 
 
 
 
 
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usufruir eventualmente o ganho da causa. Enfim, isso foi apenas para mostrar o 
princípio da isonomia, que tem sede constitucional. 
 
 
 
8.8. Art. 8° - Sugestão de interpretação teleológica 
 
O artigo 8°, diz que ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins 
sociais e exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade 
da pessoa humana e observando proporcionalidade, razoabilidade, legalidade e 
etc. Esse artigo 8° não é um princípio, ele traz uma sugestão para uma 
interpretação teleológica das normas processuais, que também falaremos em 
outro bloco, são vários métodos interpretativos, um deles é a interpretação 
teleológica, que busca, por exemplo, verificar qual é o escopo social da norma. 
Gosto de dar o seguinte exemplo: a lei 8009/90 fala da impenhorabilidade do 
bem de família, agora, a pessoa que mora sozinha tem direito a 
impenhorabilidade? Porque a lei é muito clara, a lei 8009/90 diz 
“impenhorabilidade do bem de família”, e aquele que mora sozinho, também 
tem direito? As regras sobre impenhorabilidade buscam preservar a dignidade 
da pessoa humana, e nesse caso, parece muito razoável, a finalidade é preservar 
a dignidade da pessoa humana, manter o lar para família e também manter o lar 
para aquele que mora sozinho. Isso é uma interpretação que busca verificar a 
finalidade social da norma, então nem sempre nós vamos adotar uma 
interpretação literal das normas, são vários métodos interpretativos. Está aí a 
sugestão feita por esse modelo interpretativo no artigo 8°. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8.9. Art. 9° - Princípio do contraditório 
 
O artigo 9°, fala do contraditório, a possibilidade de uma das partes se manifestar 
sobre o que a outra afirmou. Esse princípio do contraditório tem sede 
constitucional, artigo 5° inciso 55, foi reproduzido no artigo 9° do código de 
processo civil e esse artigo 9° no seu parágrafo único, vai trazer algumas 
exceções ao contraditório prévio. Então, tem casos no artigo 9° parágrafo único 
em que o juiz ao invés de prestigiar o contraditório ouvindo a outra parte, ele 
primeiro decide, e o contraditório passa a ser postergado. Só que tem um 
detalhe, algumas situações do artigo 9° parágrafo único permitem o 
contraditório postergado, mas isso não é rol taxativo, existem outras normas do 
código de processo civil que também permitem o contraditório postergado, dou 
como exemplo, o artigo 854, que fala do requerimento de penhora online, se o 
credor faz um requerimento de penhora online, você não vai primeiro escutar o 
devedor para decidir, se você for intimar o devedor para manifestação, o 
devedor retira o dinheiro da conta. Então, existem outras normas do CPC que 
autorizam o contraditório postergado. Então aí está o artigo 9°, princípio 
constitucional que está no CPC como norma fundamental. 
 
8.10. Art. 10 - Princípio da vedação de decisão “surpresa” 
 
O artigo 10 é uma novidade, ele fala do princípio que veda a decisão “surpresa”. 
O que o código quer, é que antes de o juiz decidir, ainda que se trate de matéria 
de ordem pública, que ele juiz, primeiro consulte as partes sobre aquela 
possibilidade. “Olha, eu sou o juiz, eu vislumbro a presença da prescrição, mas 
antes de eu decidir, matéria de ordem pública, quero que o autor e o réu se 
manifestem sobre a possibilidade da prescrição.” Então isso é pra evitar a 
decisão surpresa. As partes serão intimadas, irão trazer argumentos, e às vezes 
eu olhando aqueles argumentos vou olhar e falar “pô, eu estava achando que 
 
 
 
 
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estava prescrito e não está prescrito nada, caramba!”. Então quando o juiz 
consulta as partes, em tese, a decisão tem uma qualidade melhor, e também, 
dependendo do teor da decisão, a parte nem vislumbra interesse em recorrer 
“pô, mas eu já usei um argumento, o juiz tirou esse argumento muito bem 
fundamentado, eu não vou nem recorrer.” Então essa é a ideia por trás do 
princípio que veda a decisão “surpresa”. 
 
 
8.11. Art. 11 – Princípios da fundamentação das decisões e da publicidade 
 
O artigo 11 traz dois princípios constitucionais, princípio da fundamentação das 
decisões, isso se encontra no artigo 93 inciso 9° da constituição, no CPC é artigo 
489 § 1° e ao mesmo tempo ele também traz o princípio geral de direito da 
publicidade. No nosso código de processo civil a regra é que os atos processuais 
sejam públicos, porém tem vezes que há restrição. No nosso código de processo 
civil, a restrição à publicidade dos atos processuais se encontra no artigo 189. 
 
8.12. Art. 12 – Ordem preferencial para prolação de decisões 
 
O artigo 12 não cuida de princípio, ele cuida de uma ordem preferencial para que 
os magistrados possam proferir sentenças ou acórdãos. É muito positivo isso, e 
eu vou sendo muito franco com vocês, eu sou magistrado há mais de 20 anos, já 
trabalhei em capital, já trabalhei em juízo de cível, criminal, execução fiscal, 
turma recursal, juizado, previdenciário, já trabalhei no interior e é chato pra 
caramba falar isso mas existem bons profissionais e maus profissionais e você 
entra então num lugar que é vara única, todas as matérias, e aí você vê lá no 
cartório: “ah, doutor, que bom que o senhor veio de vara criminal, porque o juiz 
anterior não fazia sentença criminal.” “ah, o juiz anterior só fazia sentença de 
danos morais, as sentenças difíceis de usucapião foram ficando pra cá, ele para 
 
 
 
 
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fazer número, só pegava os processos fáceis.” Então, o nosso CPC de maneira 
correta coloca uma ordem cronológica para que os magistrados possam prolatar 
as suas decisões. Com o processamento eletrônico é muito mais fácil fiscalizar o 
cumprimento disso, mas eu repito, essa ordem é preferencial, ela não é uma 
ordem absoluta, uma ordem restrita, eu as vezes faço audiência e no curso da 
audiência de instrução julgamento há uma proposta de acordo, as partes fazem 
um acordo, o que eu vou fazer? Vou mandar o processo para ser concluso pra 
sentença? Pra homologar o acordo daqui a 2 meses? Não! Eu já doua sentença 
na hora. “ah, mas tá furando a fila”, a fila não é absoluta, é uma ordem 
preferencial prevista nesse artigo 12 do nosso código de processo civil. 
 
9. Questão de concurso 
 
Nossa questão é a seguinte: 
Assinale a alternativa que indica um princípio infraconstitucional que não 
foi mantido no CPC/15: 
a) Princípio da eventualidade; 
b) Princípio da identidade física do juiz; 
c) Princípio da congruência; 
d) Princípio da menor onerosidade ao executado. 
 
A letra “a”, princípio da eventualidade, esse princípio continua entre nós, é 
aquele princípio previsto no artigo 336 do código de processo civil que prevê que 
o réu deve trazer na contestação todas as suas teses defensivas. Esse foi 
mantido. 
 
Letra “b”, princípio da identidade física do juiz, esse deixou de existir. O princípio 
da identidade física do juiz, no código anterior, era aquele em que o juiz que 
terminasse a audiência de instrução e julgamento (AIJ), ficava pessoalmente 
 
 
 
 
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vinculado para sentenciar. O princípio da identidade física do juiz não existe mais 
no código de processo civil, ele existe no código de processo penal, mas no 
código de processo civil não existe mais. O argumento é porque com o avanço 
do processamento eletrônico as audiências estão sendo gravadas por meio de 
vídeo e áudio. Então se eu sou o juiz, eu faço a AIJ e depois eu sou promovido, 
isso não é absoluto. O juiz que estiver lotado lá, ele pode fazer a sentença. Então 
esse princípio da identidade física do juiz não foi mantido no CPC/15 e 
dependendo do tribunal, temos até os chamados “grupos de sentença”, que são 
juízos com algum problema de processamento e alguns magistrados são 
chamados só para prolatar a sentença, para aumentar a estatística. 
 
Letra “c”: o princípio da congruência continua, em diversas normas o magistrado 
tem que decidir nos limites da provocação sobre pena de o ato ser, por exemplo, 
citra petita, ultra petita, extra petita. Então foi mantido entre nós. 
 
Letra “d”: da mesma forma, também foi mantido o princípio da menor 
onerosidade ao executado, que está no artigo 805 do código de processo civil. A 
execução quando puder ser feita de mais de uma forma, deve ser realizada de 
forma menos onerosa para o executado. 
 
10. Resumo final 
 
Então, meus caros, nesse bloco nós falamos justamente sobre o conteúdo da 
aula, sobre as normas fundamentais do CPC/15, acabamos falando de princípios 
constitucionais, princípios gerais de direito e até outras normas, normas, por 
exemplo, impregnadas de aspectos burocráticos como no artigo 12, que fala de 
uma ordem preferencial para que a sentença possa ser prolatada. 
 
 
11. Dúvidas dos alunos 
 
 
 
 
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-Devemos considerar os precedentes enumerados no artigo 927 como fontes 
normativas de entendimento minoritário? 
 
Isso depende muito do doutrinador que você estiver estudando, porque o que 
eu tenho visto de uma forma geral, a fonte normativa primária continua sendo a 
lei, a lei criada pelo legislador. Mas de fato existem precedentes que são 
vinculantes, existem súmulas que são vinculantes que, por exemplo, eu juiz 
posso deixar de aplicar a lei, você pode recorrer, mas por outro lado se eu deixo 
de aplicar um precedente vinculante, além do recurso, ainda pode ser usado uma 
reclamação, que também é uma ação autônoma de impugnação. Então por esse 
motivo, você poderia interpretar que os precedentes poderiam ser considerados 
como fonte normativa primária, mas é porque o nosso modelo tradicional é o 
Civil Law e eventualmente estamos passando para o modelo da Common Law 
como alguns doutrinadores apontam. 
 
-O princípio da boa fé no processo civil impede o (inaudível) de alegar a não 
ocorrência dos fatos afirmados pelo autor embora saibam que de fato 
ocorreram? O princípio da boa fé e da cooperação impedem a parte de mentir 
no processo como forma de defender? 
 
Quanto a primeira dúvida, isso me parece na verdade que pode ser usado como 
estratégia processual, e quanto a segunda, a parte não poderia mentir, isso 
poderia falsear a verdade dos fatos podendo gerar condenação, por exemplo, 
por litigância de má fé ou dependendo do comportamento até ato atentatório à 
dignidade da justiça. 
 
-Os fundamentos do artigo 10 abrangem os fundamentos de direito? 
 
 
 
 
 
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De fato, em regra, são os fundamentos de direito. Porque são até matérias que 
ele juiz, na maioria das vezes pode pronunciar de ofício, daí ele questiona as 
partes, mas temos matérias fáticas também, a prescrição invoca uma matéria 
fática, embora possa ser pronunciada de ofício pelo juiz, sem qualquer parte 
alegar, ela por sua vez invoca um fato. Então você poderia ter o artigo 10 tanto 
em um quanto em outro também. 
 
-Professor, temos uma questão objetiva de um concurso para procurador da 
república sobre decisão de reconhecimento de prescrição de ofício sem ouvir as 
partes, o gabarito ainda não foi publicado. 
 
Em regra, pelo artigo 10, o juiz tem que primeiro consultar as partes para depois 
decidir a matéria, inclusive é uma prescrição, e nós temos precedentes do STJ, 
pelo menos os que eu li, não eram precedentes vinculantes e sim precedentes 
persuasivos, no sentido de anular o processamento porque teria que realmente 
pôr a matéria prescrição para ouvir previamente as partes. Mas eu chamo 
atenção para um detalhe, porque nós temos uma situação chamada 
improcedência liminar, e um dos motivos da improcedência liminar é quando o 
juiz pronuncia a prescrição ou a decadência. E olha que interessante, eu não sei 
como foram os termos da questão, mas de acordo com o artigo 487 parágrafo 
único, eu juiz, posso julgar improcedente liminarmente a pretensão autoral pela 
prescrição sem ouvir o autor. O artigo 487 parágrafo único permite, nesse caso, 
improcedência liminar pela prescrição a decadência ele juiz pronunciar a matéria 
de ordem pública sem consultar previamente o autor. Então eu teria que ver os 
termos do enunciado para verificar se algum está melhor. 
 
-A não observância causa nulidade absoluta? 
 
 
 
 
 
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Tem casos em que o STJ vem decidindo reconhecendo a nulidade, um dos meus 
livros é o “CPC comentado” e nesse livro eu trago alguns artigos, alguns julgados 
e inclusive eu vou fazer uma menção ao artigo 10 uma decisão do STJ nesse 
sentido, se vocês quiserem procurar depois, decisão recurso especial 1676027 
do Paraná, ministro Herman Benjamin, decisão de setembro de 2017: a não 
aplicação do artigo 10 é caso de nulidade e tornar o processamento de novo do 
início. 
 
APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS 
 
Vamos falar mais uma vez sobre direito processual civil, aplicação e interpretação das 
normas processuais. O que nós vamos trabalhar nesse nosso encontro hoje? Nós vamos 
falar da aplicação e interpretação das normas. Vamos falar, mais uma vez, de regras do 
código de 2015. Eventualmente, podemos falar do código anterior e até da Constituição. 
Vou apresentar com vocês o conteúdo da aula. Fazemos uma questão e depois temos o 
nosso resumo ao final. Tá bom? 
Então vamos começar e eventualmente, mais uma vez, no final do bloco, eu tirar a 
dúvida com vocês pelo chat. Ou então aqueles que levantaram a mão para não quebrar 
a dinâmica da aula. 
 
12. Aplicação e Interpretação das Normas Processuais. 
 
A aplicação das normas processuais pode estar em relação ao tempo ou em relação ao 
espaço. Em relação ao tempo, em relação ao espaço. Bem, aí a aplicação da lei 
processual. É tópico, que no Código de Processo Civil está entre o Art. 13 ao artigo 15. 
Do Art. 13 ao Art. 15 a disciplina sobre a aplicação das normas processuais. Então, temos 
aqui o Art. 14, que prevê o seguinte: quanto ao tempo. 
Quanto ao tempo, a norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente 
aos processosem curso. Respeitados os atos processuais praticados e as situações 
 
 
 
 
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jurídicas consolidadas sob a vigência da norma, revogadas para entender, então, esse 
Art. 14 do CPC, ele cuida da chamada Teoria do Isolamento dos Atos Processuais, Teoria 
do Isolamento dos Atos Processuais. Art.14 do nosso Código de Processo Civil. Teoria do 
isolamento dos Atos Processuais. Como estava dizendo o Art.14, ele cuida da teoria do 
isolamento, dos atos processuais. Significa lei processual que tem aplicação imediata. 
Quando entra em vigor uma determinada lei, ela já se aplica aos processos pendentes. 
E há também aqueles outros processos que ainda serão iniciados. Então temos aí a 
aplicação do tempo. Aplicação imediata, só que tem situações e situações. Você tem 
atualmente o nosso CPC de 2015 em vigor, mas em algumas hipóteses, em algumas 
hipóteses, certos processos ainda recebem a aplicação de normas do código anterior. 
Então, eu costumo dizer a você que tem que saber quando isso acontece. Quando o 
código anterior ainda é aplicável e ao mesmo tempo, e se na prova for possível, levar 
legislação, você não pode levar apenas o código atual. Você ainda deve levar o código e 
isso é importante. Nas várias regras do código antigo, que ainda estão em vigor. Como 
eu disse, a regra geral é o Art.14. A lei processual tem aplicação imediata respeitados os 
atos praticados pela lei anterior. Mas, em algumas hipóteses, o legislador quis que ainda 
fosse aplicado o código antigo. 
Nós temos várias situações assim dentro do nosso CPC. Ele fala isso, sabe onde? Nas 
disposições penais, disposições finais e transitórias. E, se quiser, anote aí vou falar com 
vocês quais são essas normas? Que dizem quando ainda se aplicam o código anterior? 
Anote aí vou falar para você tem o Art.1.406, §1º (parágrafo primeiro), você tem o 
Art.1.047, 1.046 § 1º (parágrafo primeiro), 1.047. 
Você tem o Art.1.052. Uma dica gente, vocês vão ver que as normas que manda aplicar 
o código anterior, elas falam que segue a Lei 5.869 de 1973. Então são aquelas que estão 
falando isso, serão as que você vai seguir o código anterior: 1.046 § 1º (parágrafo 
primeiro), 1.047, 1.052, 1.054, 1.056, 1.057, 1.063, então são algumas normas que 
tratam de direito intertemporal de direito processual com aplicação do tempo. 
Vamos dar um exemplo disso. Você propôs a demanda antes do código entrar em vigor. 
Você propôs a demanda em fevereiro de 2016, uma demanda de usucapião, usucapião 
 
 
 
 
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no código anterior era procedimento especial no código novo, não tem mais 
procedimento especial de usucapião. Você até pode pedir hoje, 2023, o usucapião, mas 
você vai seguir o procedimento como se não tem procedimento especial segue o 
procedimento comum. Você pede danos morais, mas danos morais não têm 
procedimento especial. Segue procedimento comum. Agora, quando você entra com a 
demanda, foi na vigência do código anterior. No código anterior, existia procedimento 
de usucapião, sabe qual o problema? O problema é que o legislador quis que até o juiz 
da sentença continuasse aplicando o código anterior. Então, como já não tem mais o 
procedimento de usucapião como especial, o seu processo de fevereiro de 2016 vai 
continuar aplicando o procedimento do código anterior quando tiver a decisão, a 
sentença, o recurso já será pelo código novo. A execução já é pelo código novo, recurso 
pelo código novo e execução pelo código novo. Mas a aplicação do procedimento segue 
o código anterior, que não existe mais usucapião em procedimento especial. Mesma 
coisa o Art.1.047, se você pediu a prova testemunhal na vigência do código anterior, o 
processo foi lento. Agora que vai fazer a audiência, você vai perguntar para o juiz, e o 
juiz vai perguntar para a testemunha, porque a regra de direito probatório. Se você 
pediu a prova na vigência do código anterior é a prova produzida pelo código anterior! 
Se você pedir uma prova testemunhal em 2023, o advogado pergunta para a 
testemunha, o MP (Ministério Público) pergunta para a testemunha, se você pedir uma 
prova pela prova testemunhal em fevereiro de 2016, fez o código antigo. O juiz que 
pergunta para a testemunha. 
Então é para mostrar que temos algumas regras do código anterior que ainda são 
aplicadas numa prova de concurso, se o edital permite levar a legislação, você tem que 
ter o código atual e tem que ter também o código antigo para saber que normas são 
essas, que muitas vezes são mencionadas nas disposições finais. 
 
13. Legislação Pertinente: CPC/15 e CRFB/88 
 
 
 
 
 
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Agora, o segundo tópico e a aplicação das normas quanto ao espaço? Bem aqui a 
resposta é o Art. 15, pelo Art. 15 a lei processual aplicável no Brasil é a produzida no 
Brasil é basicamente o que nós temos aqui. Você vai aplicar no Brasil, desculpa, é o Art. 
13, desculpa! Art. 13 você irá aplicar no Brasil as normas produzidas internamente. É o 
que diz o Artigo 13 Jurisdição Civil será regida pelas normas processuais brasileiras, as 
normas criadas no Brasil, Art.13 é que vão ser adotadas pelo juiz. Então, qual é a lei 
processual que o Juiz aplica? Eu, como juiz, eu aplico aquelas que foram produzidas no 
espaço brasileiro. Então, está aí a aplicação da lei processual no espaço, mas uma 
ressalva ou uma ressalva. O nosso código avançou muito no tema chamado cooperação 
internacional. O nosso código avançou muito em cooperação internacional e aí 
cooperação internacional pode ser regida por tratado. 
Então, cuidado, as vezes pode ser um tratado que vai versar sobre matéria processual e 
existe uma cooperação jurídica entre o Brasil e o outro Estado. Podemos ter, sim, um 
tratado fazendo matéria processual. Tem situações, inclusive que o tratado pode ser 
dispensado na cooperação internacional. Isso fica claro no Art. 26 § 1º (parágrafo 
primeiro), Art. 26 § 1º (parágrafo primeiro). Pode até ter ausência de tratado e a 
cooperação internacional será realizada com base em reciprocidade manifestada por via 
diplomática. Então, em resumo, lei processual aplicada no espaço brasileiro é a lei 
processual produzida internamente, Art. 13 e entramos agora para o segundo ponto. 
 
14. Conteúdo da Aula 
 
A Interpretação das Normas Processuais a interpretação das normas processuais pode 
se dar nas mais variadas formas. Você pode ter interpretação chamada de literal, a 
interpretação autêntica, a interpretação lógica-sistemática, e também a interpretação 
teleológica são algumas das mais citadas. São métodos interpretativos. Cada um deles 
tem vantagens e desvantagens. 
 
14.1. Interpretação Literal 
 
 
 
 
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Interpretação literal. A grande vantagem da interpretação literal é que você 
basicamente ler. E já que você consegue subsumir o fato à norma. Então o trabalho do 
juiz não é só um trabalho muito criativo. Ele entende o fato de ver o que a lei prevê caso 
um com o outro. 
E aí o juiz, como não tem muito espaço criativo, usando a interpretação literal, eu sigo 
aquilo que o legislador quis e tem vezes que a interpretação literal é fantástica, porque 
ela dá uma segurança jurídica absurda. Então, essa é a vantagem da interpretação literal. 
Ela dá uma segurança jurídica quando o juiz aplica E dentro do nosso regime 
democrático, o direito é criado pelo legislador e, eventualmente, pelo Executivo como 
Medida Provisória. 
E o juiz aplica as normas jurídicas. Agora, o problema é que todos nós falhamos. Todos 
nós falhamos, inclusive o legislador e o nosso CPC. Ele tem um monte de contradição. 
Eu vou dar um exemplo para vocês. Eu falei sobre prioridade e tramitação. O Art. 1.048, 
quem tiver com o código em mãos, verá o §2º (parágrafo segundo) do 1.048. Deferida a 
prioridade deferida, o juiz tem que analisar e tem que deferir. 
Art. 1.048 §3º (Parágrafo terceiro) concedida a prioridade que o juiz avalizou,deferiu ou 
cedeu a prioridade. Aí veio o §4º (parágrafo quarto) do Art. 1.048, a tramitação 
prioritária independe de deferimento. É completamente contraditória, completamente 
contraditória as normas falam que ora, que tem que deferir e ora falam que independe 
de conhecimento. Você, por exemplo, olha o absurdo maior. O código veio estimulando 
a prática por ato eletrônico e o ato processual a prática por meio eletrônico. 
Aí veio a pandemia, a pandemia que expandiu porque os advogados juízes têm que 
trabalhar aí que expandiu tudo. Não é só a audiência que passou a ser online com mais 
frequência. Processamento eletrônico surgiu com mais força, advogado despachar com 
o juiz muito mais por aplicativo, tem advogado que prefere. Eu, como falei para vocês, 
eu estou convocado no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, e muitos advogados são 
de outros estados. 
 
 
 
 
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Então, eles querem conversar com você no dia do julgamento da sessão ou na véspera. 
Eles querem trazer memoriais e não vai ter deslocamento físico, às vezes, eles acabam 
preferindo alguns fazer online. E o nosso código, ele veio estimulando a prática por ato, 
por meio eletrônico. A Fazenda Pública hoje é citada e intimada por meio eletrônico. Só 
que veja como o legislador falha com uma interpretação literal pode estar errada. 
Nós tivemos uma lei que foi aprovada há algum tempo. A Lei nº 14.195 de 2021, 
repetindo Lei nº 14.195 de 2021, que alterou algumas normas do CPC, inclusive o 
Art.246 e 247. O Art.246 dizia que a modalidade preferencial de citação é a postal, agora 
ficando no Art.246 que a modalidade preferencial é por meio eletrônico. Então, hoje a 
modalidade preferencial é por meio eletrônico. 
Só que o 247 dizia quando não é cabível a citação postal e, ali dizia não cabe citação por 
fala da Fazenda Pública. E aí agora atualizaram 247 dizendo que não cabe a citação 
postal e eletrônica nesses casos. Então, se nós pegarmos o que a Lei nº 14.195 fez com 
o artigo 247, ela criou uma enorme contradição, ou seja, literalmente está dizendo que 
não cabe mais citação por meio eletrônico da Fazenda Pública. Olha, que retrocesso 
seria. Isso foi o grande equívoco do legislador. Equívocos acontecem e mexeram no 
caput sem analisar o que estava nos incisos. Enfim, nem sempre a interpretação literal 
é a que mais vai ser a mais adotada. Então, nós temos que verificar outros métodos, 
interpretar ativos para solucionar a situação. 
Vamos adiante. 
 
14.2. Interpretação Autêntica 
 
Interpretação Autêntica: A Interpretação Autêntica é aquela em que o próprio legislador 
ele conceitua certos institutos. Então, olha eu, o legislador, estou dizendo que tem o 
cumprimento de sentença. Eu estou dizendo que tipo de sentença cabe apelação, mas 
o que é uma sentença? Então o legislador vem e ele coloca o conceito de sentença, para 
você saber o que é? Quando ele fala, que cabe o cumprimento de sentença, que cabe 
recurso de sentença, apelação de sentença. Mas o que é uma sentença? Então ele é 
 
 
 
 
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legislador ou quer dar margem ao doutrinador ou acadêmico ou ao jurista criar 
institutos. Ele quer deixar claro, olha a citação e isso, intimação e aquilo, decisão 
interlocutória é esse negócio, eu não quero dar margem a vocês interpretarem 
diferente. Se não meu o código que foi montado em algumas premissas e vocês estão 
deturpando o significado disso. Temos aí uma interpretação autêntica, ela na verdade, 
é literal, mas ela se diferencia porque o legislador quer estabelecer certos conceitos. 
 
 
14.3. Interpretação Lógico-sistemática 
 
A Interpretação lógico-sistemática, é um reconhecimento de que o ato normativo não 
está sozinho. Nós falamos que o modelo atual é o do processo civil constitucional, as 
normas processuais devem ser interpretadas à luz da Constituição. 
Nós temos também, por exemplo, o microssistema do processo coletivo. Nós temos um 
código de processo coletivo. Temos leis antigas, criadas em momentos diferentes e 
temos o processo coletivo hoje, como uma colcha de retalho. Eu tenho a Lei de Ação 
Popular, que na década de 1960, eu tenho a Lei de Ação Civil Pública da década de 1980. 
Eu tenho a lei do mandado de segurança que pode ser individual, ou coletivo. 
Eu tenho o Código Defesa do Consumidor, que tem norma de processo coletivo muito 
boas por sinal. Mas você às vezes vai aplicar o CDC, norma de processo coletivo numa 
ação civil pública e às vezes, a ação civil pública não fala nada de consumidor. Mas, 
estamos falando de microssistema do processo coletivo. Então, acaba sendo necessário 
realizar essa interpretação que não vira uma lei isolada, mas uma lei que participa de 
todo o sistema. Daí a interpretação lógico-sistemática. 
 
14.4. Interpretação Teleológica 
 
A interpretação literal teleológica é aquela recomendada no Art. 8º (oitavo) do CPC, que 
são situações em que você tem que verificar a finalidade das normas. Então temos, por 
 
 
 
 
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exemplo, eu já trabalhei esse caso com vocês, a lei da inviolabilidade do bem de família, 
isso é para preservar a dignidade da pessoa humana. Então, se você não pode penhorar 
uma casa que mora uma família. Mas aí vem a dúvida e o sujeito que mora sozinho, ele 
que mora sozinho, pode ter a penhora. E os que moram com a família? Não. Isso não é 
razoável. Então, não é proteger a dignidade da pessoa humana. A interpretação 
teleológica ampliaria a proteção da impenhorabilidade também para quem mora 
sozinho. 
Eu já havia julgados no passado, há mais de dez anos atrás. Olha como a sociedade 
mudou mais de dez anos atrás que o desembargador dizia no julgamento do recurso: 
 Poxa, coitado, ele já é um solitário e, além de ser solitário, não vai perder 
a casa. Não, o pior dos males, a solidão (...). 
 
E hoje em dia já está totalmente diferente, tem muita gente que prefere ser solitário 
hoje a ficar com determinadas pessoas, com determinados grupos e antes, como se 
solitário fosse diferente. 
Agora não. Todo mundo tem seu jeito. Você prefere ficar sozinho com alguém, com o 
não sei o que? Eu, por exemplo, como eu tenho lido com pessoas do dia inteiro, lido com 
trabalho como magistrado, lido como professor. Eu tenho uma vida social intensa por 
conta de amigos. Eu gosto de ficar sozinho. Adoro o final do dia, quando fico sozinho, 
adoro. Bota uma musiquinha, leio alguma coisa. Eu gosto, mas, enfim, cada um tem seu 
perfil. Então, isso demonstra bem essa interpretação teleológica. 
 
15. Questão(ões) de Concurso. 
16. 
Agora vamos fazer a questão de que nós poderíamos resolver hoje. 
Assinale a alternativa, que indica uma situação que ainda permanece 
sendo regulada temporariamente pelo CPC/73. 
Bem, mas não acho que a regra é que nos processos nós vamos aplicar o código novo e, 
eventualmente, ainda aplicar o CPC/73 1973. 
 
 
 
 
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A) Os requisitos da petição inicial para demandas apuradas. Já sobre a 
vigência do CPC de 2015; 
Não. Você, para os processos novos, tem que observar o CPC de 2015, o artigo 319, 
então letra A está errada. 
B) Regras sobre o direito probatório e se a prova foi requerida pela parte 
na vigência do código anterior; 
Aqui você ainda aplica o código anterior, assim essa é a alternativa correta, Art. 1.047 
do CPC. 
C) Necessidade de contestação e a reconversão estarem peças 
separadas; 
Isso era no código anterior. No código novo, não, elas devem estar na mesma peça é o 
Art.343 para os atos praticados na vigência do código atual tem que ser na mesma 
peça, Art.343, não aplico o anterior. 
 
D) Desnecessidade de argumentação específica para a petição de 
agravo interno. 
 
Para os agravos internos interpostos, já na vigência do Código Novo você não basta o 
peticionar fazendo o agravo. Você deve trazer a argumentação específica o que é uma 
exigência do Art. 1.021. Então, oÚnico caso de processo que está tramitando que você 
ainda aplica o código anterior aí quanto a direito probatório. Se a prova foi requerida 
na vigência do código anterior, tão bom. 
 
17. Resumo: Final 
 
E como resumo do tema, nós vimos, avaliamos o conteúdo de algumas questões de 
concurso. Vimos basicamente sobre a aplicação da lei processual no tempo e no espaço 
e métodos interpretativos. E com isso já estou chegando para dizer agora vou parar o 
 
 
 
 
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compartilhamento e vou verificar se temos algumas perguntas para que possam ser 
apresentadas. 
Temos aqui uma da Juliana. Prescrição é decorrente do aumento de sentença que estava 
em curso pelo CPC/73? Leva em consideração hoje o CPC? 
Enfim, Juliana, quanto à primeira dúvida da professora que é a corrente, eu citei o artigo 
do CPC, as disposições finais CPC, que fala o Art. 1.056 quando você tem. Vamos pensar 
pelo código novo, pelo código novo. Você tem um caso em que o juiz suspende a 
execução pela falta de bens penhorados e quando ele suspende pela falta de bens e 
horários, o processo suspenso começa um ano para o credor negligenciar bens. 
Então, se suspender o processo pode ser útil, mas se suspendeu na vigência do código 
novo. Tem um ano para o credor diligenciar bem. Se o credor não localizar em um ano, 
começa o prazo da prescrição e depois para um ano, mais três ou mais quatro depende 
da prescrição. Não importa se o processo foi anteriormente ajuizado ou atualmente o 
processo está andando, hoje o juiz suspende e começa o ano ao ano para o credor 
diligenciar dentro o processo suspenso. O ano se passou começa a prescrição 
intercorrente. Agora, Juliana. Se o processo já estava suspenso quando entrou o código 
novo então não tem ou não entrou o código novo em vigor e o processo já estava 
suspenso na vigência do código anterior. Agora já começa a prescrição em ter ocorrido 
direto no mesmo dia que o código entra em vigor. Então essa regra também de direito 
temporal que está no Art. 1.056, quando o processo já estava suspenso na vigência do 
código anterior. Agora, quando ele é suspenso com a vigência do código novo, tem um 
ano de suspensão e começa o prazo da prescrição ainda intercorrente, sendo assim, 
tanto faz o processo antigo ou o processo novo. 
A Juliana também perguntou quando sai a próxima edição do seu livro, Juliana tem uma 
péssima notícia momentânea. O manual, esse é o curso completo do novo processo civil. 
O problema é que a editora está encerrando as atividades e já tem o arquivo pronto. 
Tem atualização para caramba, coisa de precatório que mudou a data de requisição. 
Já tinha feito toda a atualização. Só que em dezembro a editora disse ao professor seu 
livro está esgotado, de alguns vendendo na Amazon ainda por lá. Mas temos esse 
 
 
 
 
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problema. A editora vai encerrar as atividades e nesse momento, de uma forma geral, o 
mercado de livros ficou bem. Poxa, não foram sete edições vendidas. É um livro novo. 
Mas eu estou buscando com alguns por algumas editoras. 
Eu estou trabalhando com três editoras. Acaba de saber o que é melhor, o meu perfil e 
o perfil delas também. Então, acredito, eu vou conseguir. Só que livro que nem carro do 
ano normalmente você entrega o livro em outubro para ele sai em janeiro e nesse 
momento ainda se eu fecho com a editora. Ainda vou ter três meses para botar no 
mercado. 
Já está virando o ano, enfim. Mas ele está atualizado e eu estou. Mas estou pensando 
mesmo em ter cuidado para o ano que vem. Aí sai uma oitava edição, bem bacana. 
O Francis perguntou aqui, professor tem o continuamento o entre o parágrafo do Art. 
332 e o parágrafo único do artigo 487, tendo em vista que um faz ressalva ao outro? No 
caso Francis, me parece que não. Você pode ter uma improcedência da liminar 
reconhecendo a prescrição, só que o 487 parágrafo único não que seja uma ultimaria. 
Ele está dizendo que o juiz, ele pode fazer uma improcedência liminar de cada sem 
previamente consultar as partes a respeito e, na verdade, para fazer a improcedência 
liminar não tem nem citação do réu. Então me parece que há uma incompatibilidade. 
Não está bom para apreciar. 
Não sei se a Poliana e o José Aldenite têm alguma pergunta a fazer porque eles estão 
com a mão levantada levantadas também se tiver, podem fazer. Não, então vou 
encerrar com vocês esse bloco, está bom. 
 
 
CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E NATUREZA JURÍDICA DA JURISDIÇÃO 
 
Muito bem, pessoal. Então vou começar com vocês agora mais um bloco. Vamos 
começar agora e deixar compartilhado com vocês a tela, tá? 
 
 
 
 
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Esse é um tema bem tradicional nosso aqui. Nós vamos falar sobre jurisdição, então esse 
é o nosso bloco. 
Agora vamos falar sobre jurisdição e o que trabalharemos. Vamos falar o conceito de 
jurisdição, natureza jurídica, algumas características da jurisdição, a legislação 
pertinente e, principalmente, o CPC de 2015. Vamos falar do conteúdo da aula, questões 
de um concurso e ainda um breve resumo ao final. 
 
18. JURISDIÇÃO 
Jurisdição, começando com o conceito, natureza jurídica e características. 
18.1. Conceito 
Bem, quanto ao conceito de jurisdição, jurisdição vem da palavra iurisdictio, iurisdictio, 
de jurisdição e dizer o direito. O particular, ele provoca o Estado Juiz para que haja a 
jurisdição estatal e vai narrar uma situação, vai provar uma situação e o juiz vai dizer o 
direito aplicável ao caso concreto da jurisdição é dizer o direito. Mas a jurisdição não é 
apenas isso. Nós temos a atividade desempenhada na execução. Quando temos uma 
execução, o cumprimento de sentença é uma atividade jurisdicional, mas na execução 
o juiz, em regra, não diz o direito. 
Vocês já viram sentença em execução? Na execução o juiz não dá uma sentença, julga 
procedente. Ele não julga. Você para começar uma execução já deve ter um título 
executivo, judicial ou extrajudicial. Você, na execução, em regra, não produz prova. Em 
regra, não se produz prova em execução. Então, por que isso? Prova é para convencer 
alguém e você não quer convencer o juiz que está com a razão porque você não aguarda 
uma sentença favorável. Você aguarda o cumprimento da obrigação. Então, tem o 
mérito na execução, mas o mérito não é um julgamento. O mérito é a satisfação da 
obrigação. A execução é diferente. Então, para executar a jurisdição, ela tem que ser um 
 
 
 
 
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pouquinho diferente do conceito. Jurisdição é dizer o direito, mas jurisdição também é 
efetivar o direito. Jurisdição é dizer o direito e efetivar o direito. 
Então, com isso, você poderia entender a jurisdição tanto na fase de crescimento como 
também na fase de execução. Tá legal? Então é isso. 
Conceito: dizer o direito, efetivar o direito. 
Mas qual é a natureza jurídica? Olha, a jurisdição estatal, jurisdição estatal, ela é uma 
atividade pública, é uma função própria de Estado soberano. A jurisdição estatal é uma 
atividade pública própria, direito soberano. 
Eu falei aqui, modernamente, até tratamos a arbitragem, a conciliação e a mediação 
como equivalentes jurisdicionais. Existe a expressão justiça multiportas, mas temos 
diferenças. Ainda que se fala que a arbitragem, ela é a jurisdição arbitral, você pode 
dizer isso, o STJ diz, mas que tem diferenças, tem. 
Já pararam para se perguntar por que a sentença arbitral é um título executivo judicial? 
Sim, você pode ter arbitragem ou pode ter a jurisdição estatal, mas quando o árbitro 
profere a sentença arbitral, ele, árbitro, pode dizer o direito. Mas a questão é que o 
árbitro não pode efetivar o direito. Não pode. Então, se o vencido não cumprir 
voluntariamente o que está na sentença arbitral, se ele não cumprir, o que venceu tem 
que executar a sentença arbitral perante o Poder Judiciário. 
Por mais que se diga: Não, mas o árbitro tem jurisdição arbitral, tudo bem JustiçaMultiportas, ok. Mas tem algumas diferenças. 
O árbitro não tem poder de efetivação. Por isso é que o vencedor vai ter que executar a 
sentença arbitral no Judiciário. Pode ser o Judiciário Estadual, pode ser o Judiciário 
federal, depende de quem participou da arbitragem. Se for uma arbitragem envolvendo 
a Caixa Econômica Federal, empresa pública federal, isso vai ser na Justiça Federal. Se 
 
 
 
 
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for entre dois particulares, vai ser na Justiça estadual. Então, meus caros, quanto a essa 
questão do conceito de jurisdição, que, por exemplo, é dizer o direito, é efetivar o 
direito, mas é aquele papo também, você, na arbitragem tem diferenças. O árbitro, para 
alguns presta a jurisdição arbitral, mas ela tem diferenças com jurisdição estatal. A 
jurisdição estatal é dizer o direito, é efetivar o direito, é uma atividade, uma função 
própria de outro soberano. 
Essa é a jurisdição estatal. E a jurisdição estatal, e estou me referindo a essa, tá? e o 
próximo encontro nós vamos falar de equivalentes jurisdicionais e justiça multiportas, 
mas a jurisdição estatal ela costuma apresentar algumas características. Ela, por 
exemplo, tem em regra, em regra, inércia, substitutividade, definitividade, lide. Em 
regra, são essas características que nós detectamos na jurisdição estatal. 
 
18.1.1. Inércia 
A primeira delas, inércia, é o juiz não presta jurisdição de ofício. Você provoca, você 
exerce o direito de ação e você delimita a atuação do juiz. Olha só, eu quero o pedido 
de danos materiais. Você faz a inicial, você distribui ou registra onde eu for faraônica é 
registros, com mais de um juiz com a mesma competência é distribuição. E a partir daí, 
o juiz vai prestar jurisdição nos limites da provocação. É o princípio da congruência. 
Então, isso é uma carta branca para o juiz sair decidindo qualquer coisa. Você pediu 
danos materiais, o máximo que o juiz pode dar são os materiais porque é um consectário 
da inércia, eu juiz não presto jurisdição de ofício, como regra. Como regra, não tem que 
ter essa provocação. Agora, tem casos que a lei autoriza. Tem casos que autoriza a 
jurisdição sendo prestada de ofício. Um caso muito lembrado, habeas corpus, habeas 
corpus, seja de prisão penal, seja de prisão civil, o magistrado pode dar o habeas corpus 
de ofício. Imagina lá o desembargador tem um habeas corpus de um réu que foi preso, 
ele dá o habeas corpus, às vezes até de ofício, deu uma notícia em algum meio de 
 
 
 
 
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comunicação e ele estende o habeas corpus para os mesmos acusados naquele prazo, 
para os outros acusados naquele processo. Então, o habeas corpus é uma exceção. Está 
lidando com a liberdade humana, próprio do ser humano, a liberdade. Então, você pode 
ter uma mitigação da característica da inércia. 
Hoje, o Código de Processo Civil tem mais uma hipótese também em um procedimento 
especial de jurisdição contenciosa chamado restauração de autos, restauração de autos, 
temos aqui o artigo 712. 
Diz o artigo 712: 
Verificando o desaparecimento dos autos eletrônicos ou não, pode o juiz 
de ofício, qualquer das partes ou MP, se for o caso, promover a 
restauração. 
Então, a restauração de autos pode ser iniciada de ofício. Eu tenho metas do CNJ para 
cumprir, metas de prazo, enfim, e se porventura o processo desaparecer e o advogado 
peticionário, eu próprio de ofício, começo esse processo de restauração de autos. Então 
esse é um exemplo de mitigação da característica da inércia. 
18.1.2. Substitutividade 
A substitutividade é muito simples. Significa que no processo de conhecimento a 
jurisdição estatal substitui a vontade das partes. O autor, ele quer o direito dele 
reconhecido, o réu acha que é ele que está com a razão, o juiz substitui a vontade das 
partes ao decidir, ao prestar jurisdição. Na execução também tem substitutividade. O 
autor quer receber 100 mil, o réu não quer pagar 100 mil, só que na execução nós 
falamos em substituição, não da vontade, mas da atividade. “Ah! Você e até com o título 
executivo, você não vai pagar isso até tal prazo não? Não.” Então, você sofre a penhora. 
Você sofre a possibilidade da prisão civil para te constranger a pagar o tal. Na execução 
tem substitutividade, mas é a da atividade, da atividade, não dá vontade. 
 
 
 
 
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18.1.3. Definitividade 
Outra característica é a definitividade que se entende como definitividade a atividade 
jurisdicional. Ela busca encerrar litígios e ela busca paz social e, por isso, é fundamental 
a definitividade. Uma hora o processo tem que acabar. A decisão tem que ser definitiva, 
a definitividade, ela fica clara quando o processo gera a coisa julgada. Então, a presença 
da coisa julgada, que torna aquela situação definida e que seria a definitividade e se é 
próprio da atividade jurisdicional. Embora a coisa julgada não seja algo absoluto, tem 
vezes que a coisa julgada pode ser afastada, pode ser relativizada. Uma ação rescisória, 
por exemplo, que é de competência originária dos tribunais, permite afastar a coisa 
julgada e também normalmente na jurisdição, que é o litígio, que é uma lide. Então, se 
alguém provoca o Estado, o juiz, é porque não conseguiu resolver a situação e tem um 
ponto de vista diferente daquela outra pessoa. Um acha que tem direito à revisão de 
um contrato o outro acha que não, temos o litígio, um conflito de interesses qualificado 
quando uma pretensão revestida, então não cabe outra saída a não ser provocar o 
Estado o juiz. 
 
19. QUESTÃO DE CONCURSO 
Vamos parar essa questão de concurso: 
Assinale a alternativa que uma hipótese em que a jurisdição estatal pode 
ser prestada de ofício. 
A) Ação popular; 
B) Restauração de autos; 
C) Processos instaurados perante os Juizados Especiais; 
D) Ação monitória. 
 
 
 
 
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Letra A, ação popular, errado. Ação popular, o processo coletivo é regulado por lei 
própria. A lei 4348 de 64, o cidadão é o autor da ação popular, mas ele tem que ter 
advogado. Ele tem que ter advogado e não pode ser de ofício. Letra A, errada. 
Letra B, restauração de autos, por exemplo, que nós não nos artigos 712. Esse é um caso 
que você pode ter jurisdição estatal de ofício. Letra B, alternativa correta. 
Letra C, processos instaurados perante o juizado. Você pode ter caso até que o advogado 
é dispensado, mas no juizado também não pode o juiz estar de ofício. Ele julga os limites 
da provocação e tem que ser provocado. 
E a ação monitória idem. A ação monitória é um procedimento especial que busca 
formar rapidamente o título executivo e, no caso, a ação monitória, regida pelo CPC 
artigo 700 ao 702, também é algo que o juiz não dá de ofício. É necessária a parte ter 
um advogado, ter um defensor, para iniciar esse procedimento especial. 
 
20. RESUMO DA AULA 
E o nosso resumo da aula foi exatamente esse. 
Falamos sob jurisdição, conceito, natureza jurídica e características. E também fizemos 
uma questão de o curso, além desse resumo agora. 
Vou analisar agora os fatos, se eventualmente temos alguma pergunta sobre o nosso 
tema. 
Por exemplo, a Bianca fez uma pergunta sobre o caso de execução por artigo de 
liquidação. Não seria a hipótese de produção de provas na execução? Estou com o 
processo e terei que ouvir testemunha na fase de liquidação por artigos, o processo está 
substabelecido. Bianca, o que acontece é que a liquidação, a liquidação, é anterior à 
execução. Você para começar a execução, você tem que ter um título executivo. O título 
 
 
 
 
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executivo tem que ter uma obrigação certa, líquida exigível. Quando termina a fase de 
conhecimento que a sentença é líquida, nós temos o quê? Nós temos uma etapa 
anterior que seria a etapa de liquidação. E o que acontece? Nessa hipótese, Bianca, 
ainda não tem execução. Outro ponto a chamar atenção, Bianca, a não ser a liquidaçãoe trabalhista etc. Nós estamos em liquidação. Liquidação pode ter produção de prova. A 
liquidação pode. Agora não temos mais a liquidação por artigo. Nós temos no CPC a 
liquidação por arbitramento ou a liquidação em procedimento comum. Não há mais 
esse nome em liquidação por artigo. E quando começa a execução, Bianca, as vezes na 
execução são produzidas provas. Normalmente, em execução não se produz prova, mas 
pode ser que tenha produção. Você pode ter uma alegação de fato na execução como, 
por exemplo, a transferência de um bem por fraude à execução e se você alega que 
houve fraude, execução, você tem que provar. Se você pedir a desconsideração da PJ 
também tem que alegar o fato e provar. Então, às vezes na execução existe a produção 
de prova. Está bom? 
O Francisco pediu o PPT nas duas últimas horas. Eu vou mandar, Francisco. É porque eu 
fico preocupado em estar atendendo aqui vocês ainda na gravação, então é por isso que 
eu não mandei as duas últimas. Como as demais eles vão sim. Pode ter certeza disso. 
Professor, se o processo estava prescrito, prescrição intercorrente na égide do código 
anterior, mas não foi declarada. O tempo rege o ato. Então, há de ser declarada a 
prescrição do CPC de 2015? Juliana, o que eu posso falar, para que haja prescrição, ela 
tem que ser formalmente reconhecida pelo juiz. Se, porventura, no código anterior a 
execução foi proposta, já estava suspensa, tem que estar suspensa. O lapso do prazo já 
se consumou. Isso, estava arquivado o processo. Você pode desarquivar e você pode 
postular o reconhecimento já pelo código anterior. Se, porventura, ainda não estava 
fluindo esse prazo, nosso código deixou, agora, aquela regra de direito intertemporal, a 
partir do momento em que o código entrou em vigor, aí começa a prescrição 
intercorrente, como se lê no código, tá? Agora, muito importante, qualquer que seja o 
caso, processo antigo ou processo novo, é fundamental que o juiz tenha suspendido a 
 
 
 
 
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execução. Tem muito processo que está abandonado, não está nem arquivado, eles 
estão abandonados, mas falta o juiz formalmente suspender por decisão. Se ele não 
suspende, o processo está correndo. É um recurso oficial. Então, a jurisprudência segue 
nessa linha para que haja prescrição recorrente formalmente. O juiz tem que suspender 
a execução. “Ah! não suspendeu. Passaram 50 anos.” Não está tendo prescrição 
intercorrente. 
Vou mandar para vocês, tá, o material de vocês, está bom. 
 A Bianca explicou que o dela é trabalhista. Então, no caso trabalhista, pode ter algumas 
nuances na CLT. No CPC que nós temos liquidação em procedimento comum e por 
arbitramento. 
Ricardo perguntou sobre característica de jurisdição coletiva. Na verdade, Ricardo, 
temos muitas questões interessantes quanto a processos coletivos, mas a jurisdição é a 
mesma. A jurisdição estatal é a mesma. Ela pode recair sobre processos individuais ou 
processos coletivos. 
Enfim, Veronice pediu para explicar sobre substitutividade. Substitutividade, no caso da 
fase de conhecimento é substituir a vontade das partes para o juiz aplicar a lei ao 
prolatar a sentença na fase de execução, o juiz substitui a atividade. Se o devedor não 
quiser pagar, o juiz manda penhorar. Uma penhora online e uma penhora por oficial de 
justiça. Então, substitui a atividade. 
Claudio perguntou, sentença que extingue a execução que reconhece como válido o 
comprovante de pagamento, faz coisa julgada material? Claudio, você encontrar autores 
que defendem que a sentença da execução não faz coisa julgada. Muitos defendem 
desse jeito porque eles falam que na execução, como não produz prova, em regra, não 
tem aprofundamento da cognição. A coisa julgada é para dar certeza, é quando tem 
prova na execução, em regra, não se produz prova. Então, a cognição não se aprofunda, 
a sentença da execução não julga procedente ou improcedente, daí esse argumento. 
 
 
 
 
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Mas eu, pessoalmente, Cláudio, já vi julgado em sentido oposto. Eu acho mais correto 
defender que a execução faz coisa julgada porque às vezes, você, quando extingue a 
execução, você mesmo, que não tem um julgamento no sentido tradicional, você gera 
reflexos na relação de direito material. Se a sentença fala que foi paga a dívida e não 
houve recurso, me parece que sim. Faz coisa julgada. Por que você não poderia executar 
novamente essa mesma dívida. Eu já vi decisões do STJ nesse segundo sentido, o que 
me parece mais correto autorizando a ação rescisória de sentença em execução. Se cabe 
a rescisória, porque ela faz coisa julgada material. 
Professor, minha dúvida é sobre prescrição. Se a parte a juros do processo, mas o 
despacho não termina, a citação ocorre após a prescrição? Retroage mesmo assim? 
Retroage. A parte não é prejudicada pela demora imputada ao Judiciário. Retroage à 
data da propositura da ação. 
Maria Leda, o que fazer após proferir, após proferir sentença, mas antes do trânsito em 
julgado, está numa nova lei que estabelece nova forma de pagamento das verbas 
constituídas nas normas anteriores que já estavam reconhecidas? Maria Leda, nesse 
caso, você tem que verificar os parágrafos finais do artigo 525 e 535 do CPC. Então, às 
vezes tem a decisão, ainda está antes do trânsito em julgado. Você pode recorrer, mas 
se já tem coisa julgada, aí uma questão sobre a perda da eficácia da sentença e também 
sobre a possibilidade do uso da rescisória. A sua pergunta é antes do trânsito. Antes do 
trânsito, você pode usar o recurso trazendo argumento novo. Agora, depois do trânsito, 
dá uma olhada nos parágrafos finais de 525 e 535 do Código de Processo Civil. 
A Júlia. Professor, em relação ao primeiro bloco da aula, [trecho não compreendido] em 
relação a fontes de direito. O artigo permite às partes estipular mudanças em relação 
ao procedimento? Júlia, isso também depende muito da forma que a pessoa visualiza 
esse tópico convenções processuais. Eu, por exemplo, sou extremamente restritivo 
quanto à convenção processual. Você não pode ter um código autorizando que as partes 
sejam legisladores que não foram eleitos para isso. Uma lei pode ser proporcional. É 
claro que eu reconheço que o nosso código ele tenta, no nosso código, estimular a 
 
 
 
 
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solução consensual, seja das partes, no plano material, no plano processual, mas nós 
não temos como permitir que a conversão processual crie, por exemplo, recurso 
violando o princípio da taxatividade, passando por cima do legislador. Tanto, Júlia, que 
esse tema convenções processuais, quando o código entra em vigor, ele foi um “oba! 
oba” danado. Agora, com o passar de alguns anos, a gente vê que é um tema que não 
pegou como se esperava. Ele acontece na prática, mas não acontece como o meio 
acadêmico achou. Em provas de concurso, eles são cobrados, mas no dia a dia é uma 
coisa que não aparece muito. É nítido que o CPC ele tentou pegar o direito processual 
civil, que é ramo do direito público, e aproximar do direito privado. Tanto que isso, antes 
do CPC, o próprio falecido Barbosa Moreira já dizia que “Nós passamos um momento de 
neoprivatismo no direito processual civil.” Então, é um tema muito polêmico mesmo. A 
gente podia ter uma aula só sobre isso para falar de condenações processuais 
E o Washington pergunta, professor, pode falar sobre caráter jurisdicional da sua 
jurisdição voluntária? Esse é outro tema polêmico. Eu comentei com vocês. Eu estudei 
na década de 90, na faculdade e na década de 90, autores da época, como Moacir 
Amaral Santos, defendiam que a jurisdição voluntária não é a jurisdição, é uma atividade 
administrativa desempenhada pelo magistrado. A maior parte do trabalho dos 
magistrados é trabalho administrativo, tenho certeza disso, mais trabalho 
administrativo do que o jurisdicional. Você, por exemplo, tem que assinar portarias, 
você tem que verificar livrode ponto de servidor, você é diretor de foro, então, se o 
elevador quebrar, você é o responsável quando é diretor do foro. Então, só para ilustrar 
aqui, nesse caso, assim, a jurisdição voluntária, numa visão antiga, é tratada como 
atividade administrativa. Só que os autores mais modernos costumam dizer que a 
jurisdição voluntária é jurisdicional. Você tem, por exemplo, Fred Didier defendendo 
isso. Mas eles também defendem que a arbitragem é a jurisdição. Eles defendem que 
conciliação é a jurisdição. Então, são os mesmos autores que costumam dar uma visão 
mais ampla da expressão jurisdição, não sendo apenas a jurisdição estatal. Então é isso, 
doutrinariamente, existe uma polêmica, uma visão mais moderna vê jurisdição 
voluntária como jurisdição e a mais antiga trabalha com uma atividade administrativa 
 
 
 
 
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desempenhada pelo juiz. Acho importante vocês conhecerem as duas porque o 
examinador de concurso provavelmente é um sujeito de 45 anos, 55, 60, então, ele 
aprendeu o processo civil não foi pelo Fred Didier e não foi pelo Daniel Amorim. Não foi 
pelo meu livro. Ele aprendeu pelo Cândido Dinamarco, pelo Humberto Theodoro, por 
doutrinadores assim. É claro que ele vai estudar e tem que estar atualizado para 
participar de banca, mas ele tem uma visão antiga porque certamente estudou por 
autores mais tradicionais. Eu sempre digo isso para os alunos. Vale a pena estudar por 
livro, muito mais do que material. Você nem sabe quem fez o material. Se foi o professor, 
se foi o aluno que resumiu. Depende do curso. Tem curso, eu sempre brinco, eu estou 
com a barba maior, eu odeio barba, mas é porque tinha curso que vendia minhas aulas 
que eu gravei há quatro anos atrás. Às vezes tem o barato que sai caro. Você pega o 
curso x tudo, aula velha, contida, desatualizada. Eu não vou dizer o nome dos cursos 
aqui, mas o motivo de eu ter deixado a barba crescer, foi para que o aluno soubesse 
como estava o professor no momento. 
Então, é só para concluir, seria bom que vocês tivessem pelo menos dois livros por 
disciplina. Um livro com um autor bem tradicional e um livro já com um autor mais 
moderno que você pode até gostar mais da redação. Mas é para saber as duas formas 
de pensamento, porque provavelmente o examinador, ele já tem uma faixa etária 
maior. Tá legal? Bem, então, já vou agora. Parei aqui, vou carregar o último bloco para 
que a gente possa dar a nossa no último bloco. E ainda, quando terminar, encaminho os 
três blocos restantes também para vocês não perderem tempo aqui na aula. 
 
 
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS 
 
 
Muito bem meus caros, começando então o nosso último bloco agora. Vamos falar a 
respeito de equivalentes jurisdicionais, concluindo a anterior que foi sobre jurisdição. 
 
 
 
 
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21. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS 
 
Equivalentes jurisdicionais. Bem, então o que nós vamos trabalhar? Equivalentes 
jurisdicionais; a legislação pertinente, principalmente o CPC de 2015 e a Lei 9.307/26, 
que é a Lei de arbitragem; vamos apresentar o conteúdo da aula; questões de concurso; 
e ainda o nosso resumo final. 
Foi dito há anos, anos 80, anos 90, era muito arraigada essa ideia de que a jurisdição era 
apenas estatal. Você só podia resolver o litígio com segurança, por meio da jurisdição 
estatal. Quantas vezes, em alguns exemplos, que as partes faziam o acordo, mas elas 
queriam ir ao judiciário só para homologar o acordo. Mas para que? Às vezes já é um 
contrato com duas testemunhas, mas elas querem entrar na Justiça para homologar, 
como se isso desse mais segurança. 
E nós tínhamos autotutela, autocomposição, conciliação, mediação e arbitragem, que 
eram vistas como métodos alternativos, que é uma expressão que você não pode mais 
colocar hoje em uma prova. Chamar arbitragem, por exemplo, de método alternativo. 
Esses métodos são equivalentes, eles encerram o litígio. Então, assim como tem a 
jurisdição estatal, nós temos os equivalentes jurisdicionais que servem para encerrar o 
litígio. 
 
21.1. AUTOTUTELA 
 
Um exemplo, o primeiro deles, a autotutela, quando é autorizada. Quando é autorizada, 
a autotutela é como se fosse assim, por exemplo: olha, eu resolvo o problema sem ter 
que ir ao juiz. Mas quando isso pode ser autorizado? Uma autotutela? Você tem um 
exemplo do desforço possessório que é previsto no Código Civil. Quando você sofre uma 
lesão à sua posse, você pode sofrer uma ameaça, você pode sofrer a chamada turbação 
da posse, uma limitação, você pode sofrer um esbulho, quando está ocorrendo alguma 
lesão à sua posse, você pode usar os meios próprios para afastar essa agressão. Isso é o 
 
 
 
 
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desforço possessório, é quando a legislação autoriza. No direito penal, por exemplo, 
você tem, às vezes, estado de necessidade. Você, às vezes, está autorizado a matar uma 
pessoa, em estado de necessidade, e não vai ser punido. Então, às vezes, a lei autoriza 
a chamada autotutela. Se for fora da lei, se for fora da lei, aí não, aí inclusive é crime. 
Ah, eu tenho uma dívida a receber do sujeito. Vou contratar um pessoal para ir dar uns 
tabefes nele, para a gente entrar na casa dele, sair pegando carro, sair pegando... Isso é 
exercício arbitrário das próprias razões, isso pode ser lesão corporal, pode ser invasão 
de domicílio, pode ser um monte de coisa. A autotutela resolve o litígio, mas só quando 
a lei autoriza. 
 
21.2. AUTOCOMPOSIÇÃO 
 
Segundo equivalente jurisdicional: temos a autocomposição. A autocomposição é 
quando tem um problema, tem uma dívida, e o A e o B se sentam, conversam, e eles 
chegam a um denominador comum. Isso seria a autocomposição. A e B chegam ao 
acordo, uma novação, uma transação, às vezes, até com advogados ou defensor público, 
mas eles próprios chegaram e resolveram o litígio. 
 
21.3. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO 
 
Agora, nós também temos como equivalentes jurisdicionais: a conciliação e a mediação, 
conciliação e mediação. Cuidado! A conciliação e mediação podem ser feitas antes do 
processo, mas elas também podem ser feitas no processo. Então, conciliação e 
mediação, quando feitas antes do processo, se resolverem o litígio, são equivalentes 
jurisdicionais. Resolvendo o litígio, são equivalentes jurisdicionais, foi antes do processo. 
Mas, às vezes, nós temos o processo, e no processo tem audiência de conciliação e 
mediação, aí não é equivalente jurisdicional, porque a jurisdição está sendo prestada. 
Você, mesmo na atividade jurisdicional, pode ter conciliação e mediação, mas quando 
 
 
 
 
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elas são feitas previamente ao processo, aí sim tem esse caráter de equivalente 
jurisdicional. 
E vocês sabem qual é a diferença entre a conciliação e a mediação? Porque aqui você 
tem duas pessoas, tem o A e o B, só que agora tem um terceiro, um terceiro que vai 
ajudar. E aí temos a diferença entre conciliação e mediação: o trabalho feito pelo 
conciliador e pelo mediador. É importante que vocês conheçam o artigo 165, artigo 165, 
parágrafos segundo e terceiro. 165, parágrafos segundo e terceiro, porque esses artigos 
vão falar da postura do conciliador e do mediador. Por exemplo, 165, parágrafo 
segundo: 
O conciliador, que atua preferencialmente nos casos em que não houver 
vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, 
sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou 
intimidação. 
Então, você tem, na conciliação, o A e o B, e tem um conciliador. E o conciliador vai 
chegar e falar: Qual é o valor da dívida? A dívida são 100 mil. Se você entrar na Justiça, 
isso pode demorar um ano, dois anos, você não pode parcelar para ele em seis meses 
não? Você recebe mais rápido. Então está bom, concordo com você. Aí ele vai para o B. 
Olha só, ele está permitindo que você parcele em seis meses. Se ele entrar na justiça, 
você vai ter que pagar custas, honoráriosadvocatícios, às vezes você vai ter que pagar 
tudo de uma vez só. Então eu gostei da sugestão, legal. Então, o conciliador atua dessa 
forma. Ele tenta sugerir ao credor, ao devedor, meios, vantagens. Você tem vantagem 
aqui, e desvantagem aqui, mas veja que vale mais. Então, o conciliador acaba agindo 
dessa forma. 
Agora, o mediador é um pouco diferente. O mediador tem o trabalho dele mencionado 
no artigo 165, parágrafo terceiro: 
O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver 
vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender 
as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo 
 
 
 
 
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restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções 
consensuais que gerem benefícios mútuos. 
Olha só, aconteceu isso, eu sou o mediador. Vocês tinham uma relação, aconteceu um 
problema, uma traição, um problema de incompatibilidade, um vício de um dos dois, 
mas vocês têm que saber que tem um patrimônio e, acima de tudo, tem os filhos. Os 
filhos são menores e em vez de entrar numa situação em que um está brigando com 
outro, um quer a guarda. Não será possível vocês perceberem que para os filhos é 
melhor os pais com a guarda compartilhada, em vez dessa coisa muito rígida? E a 
questão do imóvel? Então, o mediador tenta agir quando já há um contato prévio entre 
as partes, e fazendo com que elas compreendam o que está acontecendo. Vocês estão 
vendo o que vai acontecer? O filho vai ficar com um, em vez de ficar com o outro? Não 
pode ficar com os dois? Um vai mudar de estado e vai levar o filho, como é isso? A 
melhor coisa não é nem o juiz decidir, é melhor vocês dois tentarem restabelecer o 
diálogo e, por meio de concessões, chegarem a um denominador comum. Então, isso já 
é um trabalho mais próprio da mediação. 
Nós temos a audiência que pode tentar qualquer uma das duas. No procedimento 
comum, você pode ter de conciliação e mediação. Pode ser, em um caso, mais adequada 
a mediação, e, em outro caso, mas adequada a conciliação. Então, ela pode ser feita em 
caráter extrajudicial, elas podem ser feitas em caráter extrajudicial, mas também podem 
ser realizadas judicialmente. 
 
21.4. ARBITRAGEM 
 
E temos ainda a arbitragem. A arbitragem, que é regida por lei própria, lei 9307/96. A 
arbitragem é muito boa, é um instituto muito bom, mas ela ainda está muito amarrada 
e é por isso que, talvez, ela não tenha dado assim tão certo no Brasil. Ela podia ser mais 
usada, mas a legislação é da década de 90, ainda era aquela coisa da jurisdição estatal 
muito forte. 
 
 
 
 
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Enfim, o que nós temos que saber sobre a arbitragem? Primeiro, existe um gênero na 
arbitragem, chamada convenção de arbitragem. Então, importante, tem um gênero: 
convenção de arbitragem. Esse gênero tem duas espécies. Você tem, além do gênero, 
convenção de arbitragem, duas espécies: cláusula compromissória e compromisso 
arbitral, cláusula compromissória e compromisso arbitral. Elas podem vir, as duas, no 
mesmo instrumento contratual, a cláusula compromissória e o compromisso arbitral, 
mas, às vezes, são instrumentos diferentes. 
Você pode ter um contrato, e no contrato tem uma linha: se houver litígio, as partes, de 
comum acordo, escolhem a arbitragem. Isso é a cláusula compromissória: as partes, de 
comum acordo, escolhem a arbitragem. Essa é a cláusula compromissória. Então, 
acabou que nós fizemos um contrato, tem a cláusula compromissória, e se der ruim 
vamos na arbitragem. Depois de seis meses, aconteceu o problema, aconteceu o evento, 
o acidente. Aí, o A e o B se sentam para conversar. Olha só, a gente está nesse contrato, 
dizendo que se desse problema, a gente ia na arbitragem. Pois é, vamos. Bem, para 
começar a arbitragem é necessário o compromisso arbitral. Para começar uma 
arbitragem tem que ter o compromisso arbitral. O compromisso arbitral vai estabelecer 
as regras da arbitragem. Não há arbitragem sem o compromisso arbitral. Mas o que tem 
no compromisso arbitral? Tem que falar quem são os envolvidos, estou dando alguns 
exemplos. Tem que falar quem são os envolvidos, tem que falar o que vai ser analisado 
na arbitragem. Qual é o pedido? Qual é o fato? Tem que saber o que é que vai julgar, o 
árbitro. Tem que constar se o árbitro vai aplicar a lei ou se ele pode decidir por equidade. 
Ele pode dar a solução mais justa, não necessariamente a que a lei prevê. Pode ter 
calendarização, pode ter calendarização. Pode ter alteração de procedimento. 
Calendarização é o artigo 191. Mudança de procedimento é o artigo 190. Não são 
novidades do CPC? Não são novidade nenhuma. Isso já está na Lei de Arbitragem desde 
1996. O professor Sérgio Bermudes, no último manual dele, ele coloca como nota de 
autor. Esse é o velho novo Código de Processo Civil, porque tem muita coisa que parece 
novidade, mas que não são novidades. O nosso código anterior falava de conversões 
processuais, mas falava mais contido. A conversão processual, do 190 e do 191, foi 
 
 
 
 
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inspirada na arbitragem. Porque a arbitragem é uma coisa que envolve o lado privatista 
muito claro, muito claro isso. Então, são situações que já existiam na arbitragem. Você 
criar o procedimento, você dizer se o árbitro decide por equidade, criar a calendarização. 
Você pode ter até mais de um árbitro, sempre um número ímpar. Você pode escolher o 
árbitro, os dois podem escolher o árbitro. Isso já não é possível no judiciário. Você não 
pode escolher o juiz. Eu tive aula com o Rodolfo, gostei do Rodolfo. Vamos fazer uma 
conversão processual com o meu processo decidido pelo Rodolfo, isso viola o juiz 
natural que é um princípio constitucional. 
Então, o compromisso arbitral é que vai dizer como a arbitragem vai se desenvolver. Foi 
instaurada a arbitragem, depois, ao final da instrução, foi dada a sentença arbitral. O 
único recurso se chama embargo de declaração. A sentença arbitral só comporta um 
recurso, chamado embargo de declaração. Mas, se tiver algum vício na arbitragem, um 
vício na sentença arbitral, um vício no procedimento, não cabe recurso. Mas você pode, 
no judiciário, ajuizar uma ação anulatória do procedimento arbitral. Repito, deu a 
sentença arbitral, a arbitragem estava toda viciada, não cabe recurso na arbitragem, 
exceto embargo de declaração, mas você pode promover uma ação anulatória do 
procedimento arbitral no judiciário. Isso em um prazo de 90 dias, 90 dias para promover 
essa ação no Judiciário. 
E mais, foi dito também, em certo momento, que o árbitro não tem poder de efetivação. 
Como o árbitro não tem poder de efetivação, o que acontece? Toda hora ele tem que 
pedir ajuda para o juiz togado. Então, se tem uma AIJ, audiência de instrução e 
julgamento, na arbitragem e a testemunha falta, o árbitro não pode mandar a condução 
coercitiva. Ele tem que mandar uma carta arbitral para o juiz, para o juiz marcar a AIJ. E 
se a testemunha faltar com o juiz, o juiz manda conduzir coercitivamente. A atividade 
do árbitro é muito diferente da atividade do juiz. Então, estou falando isso porque a 
arbitragem, entre nós, é usada, mas ela podia ser melhor e ela fica muito amarrada ainda 
no Judiciário. Se quiser anular o procedimento arbitral, é no Judiciário. Se é algo que o 
árbitro não consegue efetivar, tem que mandar uma carta arbitral para o Judiciário. Se 
não cumprir a sentença, a execução é no Judiciário. Então, por que eu vou na 
 
 
 
 
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arbitragem? Vai dar mais processo do que se eu fosse direto no juiz. Então, repito, o 
instituto é bom, mas ele foi criado... a lei é de 96, então ela poderia ser atualizada em 
alguns aspectos. Essa seria uma sugestão, nada contra o instituto em si. 
 
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS 
1) AUTOTUTELA (QUANDO AUTORIZADA); 
2) AUTOCOMPOSIÇÃO; 
3) CONCILIAÇÃO; 
4) MEDIAÇÃO; 
5) ARBITRAGEM. 
 
 
22.QUESTÃO DE CONCURSO 
 
Vamos para a questão de concurso. 
Assinale a alternativa correta sobre o instituto da arbitragem. 
Letra A: sentença arbitral é um título executivo extrajudicial. Errada, é um título judicial. 
Ela está no artigo 515 do CPC. 
Letra B: é possível que a decisão seja proferida por mais de um árbitro, sempre em 
número ímpar. Perfeito, isso está previsto na Lei 9.307/96. A arbitragem pode ter mais 
de um árbitro, sempre em número ímpar. 
Letra C: o procedimento arbitral não pode ser anulado no Poder Judiciário. Errado, ele 
pode ser anulado no Poder Judiciário com essa ação anulatória, proposta em 90 dias. 
Letra D: a arbitragem pode envolver direito indisponível segundo a lei regente. Errado, 
o primeiro artigo da Lei da Arbitragem deixa claro: na arbitragem nós podemos ter 
direitos disponíveis. Não é qualquer direito que pode ser questionado na arbitragem. 
 
QUESTÃO 
 
 
 
 
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ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE O INSTITUTO DA 
ARBITRAGEM: 
A) A sentença arbitral é um título executivo extrajudicial; 
B) É possível que a decisão seja proferida por mais de um árbitro embora 
sempre em número ímpar. 
C) O procedimento arbitral não pode ser anulado perante o Poder 
Judiciário; 
D) A arbitragem pode envolver direito indisponível segundo a lei regente. 
 
23. RESUMO DA AULA 
 
E o resumo da aula foi isso: falamos sobre autotutela, autocomposição, conciliação, 
mediação e sobre arbitragem. Enfrentamos uma questão e fizemos esse resumo. 
 
24. DÚVIDAS 
 
Professor, como fica o atendimento aos precedentes do Poder Judiciário por parte dos 
árbitros? Eles são obrigados a cumprir, por exemplo, súmulas vinculantes? Eu tenho um 
artigo muito recente, dizendo que os árbitros também devem seguir os precedentes do 
Poder Judiciário. Um texto que é feito pelo Rodrigo Fux, que é filho do Ministro Luiz Fux, 
e o tema é: sistema de precedentes deve ser analisado e aplicado por árbitros. Isso é de 
30/01/2023. Rodrigo Fux: sistema de precedentes deve ser analisado e aplicado por 
árbitros, 30/01/2023. Vocês encontram esse texto no J. Então você encontraria esse 
sentido, que deveria também seguir regularmente. 
 
Esse prazo de 90 dias para anular a sentença arbitral é decadencial? A lei não diz qual é 
a natureza desse prazo. Tem um texto antigo, do professor Fred... eu não queria imiscuir 
nessa ideia porque eu não concordo muito com o entendimento dele nesse ponto, que 
ele diz que essa ação anulatória lembra muito uma ação rescisória. Ele diz isso, que a 
 
 
 
 
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ação rescisória é para afastar a coisa julgada. Você, na arbitragem, ele vê a arbitragem 
como jurisdição, ele fala que a arbitragem faz coisa julgada. Essa ação de 90 dias seria, 
para ele, equivalente a uma rescisória. Então, se o prazo da rescisória é decadencial, 
mutatis mutandis, também seria o prazo de 90 dias. Mas é um tema bem polêmico, 
porque eu acho essa ação anulatória, bem diferente de uma ação rescisória. A começar, 
a rescisória é de tribunal, são dois anos. A anulatória é de primeiro grau, 90 dias. É bem 
diferente. 
 
Cabe a arbitragem, para direitos indisponíveis, passíveis de transação? Pela literalidade 
da Lei 9.307/26, a resposta seria negativa. Então, em princípio, não, mas um dos temas 
polêmicos que existem é sobre arbitragem em direitos coletivos. Existe essa discussão 
se os direitos sociais são disponíveis, se não são disponíveis. Mas, em regra, a arbitragem 
no Brasil é só para direitos disponíveis, só direitos disponíveis. Embora reconheça, como 
foi demonstrado, que tem indisponíveis que admitem entrar na arbitração. 
 
Professor, a conciliação cuida de partes sem vínculo afetivo, e a mediação cuida de 
partes com vínculo afetivo? Não necessariamente. Você, na conciliação, 
preferencialmente, as partes não tinham relações anteriores, não relação afetiva, pode 
ser relação contratual, por exemplo. E a mediação, eles têm vínculos. Na mediação, sim. 
 
Negociação direta é equivalente jurisdicional? Eu diria que sim, porque nós temos hoje 
uma visão muito ampla do que são equivalentes jurisdicionais. 
 
Professor, [trecho não compreendido] procedimento, mesmo quando a arbitragem não 
é de direito? Aí já é um pouco diferente, porque as partes podem negociar que seja uma 
arbitragem de equidade. Se for uma arbitragem de equidade, me parece que seria um 
argumento para que o árbitro não seguisse o precedente, mas isso só se as duas partes 
concordarem. 
 
 
 
 
 
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Pode recorrer ao Judiciário sempre que esgotar a arbitragem, ou seja, só depois que 
houver a sentença? Pela Lei de arbitragem, você só poderia ir depois da sentença 
arbitral, e só para anular o procedimento arbitral. Mas no Judiciário, nós temos casos de 
partes propondo ação anulatória durante o procedimento arbitral. Me parece a melhor 
visão. A Lei é antiga, da década de 90, o instituto foi debatido, o instituto amadureceu, 
e nós temos visto no Judiciário ações anulatórias antes da sentença arbitral ser 
proferida, embora a Lei diga só após a sentença. 
 
Ramon falou sobre prescrição intercorrente [trecho não compreendido]. Ramon, na 
realidade, não necessariamente acho que há uma inconstitucionalidade por conversão 
da MP, em referido da Lei. Isso não está sendo questionado no momento. Então, em 
princípio, a Lei 14195 teve seus efeitos regulares aprovados, tem até situações que o 
nosso CPC tem regras de inconstitucionalidade formal. A versão aprovada na Câmara 
não foi a mesma enviada ao Senado. Existe inconstitucionalidade formal em alguns 
artigos. Mas, nesse caso, isso está sendo admitido, está sendo permitido. 
 
A arbitragem pode ser realizada antes e depois do evento? Exato. Você pode falar, 
colocar a cláusula compromissória e acontecer o evento. E aí vamos fazer o 
compromisso arbitral para fazer a arbitragem. Ou, às vezes, já deu o evento e a gente 
prefere ir à arbitragem no Judiciário. Aí nós temos que fazer de qualquer maneira o 
compromisso arbitral. Pode ser antes ou depois do evento. 
 
Se for anulado o procedimento arbitral, há uma nova sentença arbitral ou o Judiciário 
decide? Não se anulou o procedimento arbitral no Judiciário, tem que ser feito um novo 
procedimento arbitral. O Judiciário não pode se imiscuir nessa seara. 
 
Mediação e conciliação no curso do processo não são equivalentes? Não, porque já teria 
a jurisdição em curso e, às vezes, a conciliação e mediação acabam sendo realizadas pelo 
próprio servidor do Judiciário. Então, só quando fosse antes é que seria. 
 
 
 
 
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Enfim, chegamos ao fim das dúvidas. Até o próximo encontro. 
 
 
LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL 
 
Olá meus caros, tudo bem com vocês? Estou novamente aqui no curso Ênfase com 
todos. Nós temos mais uma aula de direito processual civil. Já falamos anteriormente, 
eu sou professor Rodolfo Kronemberg Hartmann e temos tópicos bem interessantes 
hoje sobre essa disciplina, e qualquer dúvida que você tenha, por favor, você coloca no 
chat no final do bloco eu vou votar acompanhado e vou estar tirando a dúvida de vocês. 
Só lembrando que isso é necessário porque às vezes a aula se perde um pouco, são 
muitas pessoas assistindo ao vivo. Então nós fazemos dessa forma. No final, vejo o chat 
e eventualmente, quando eu consigo encaixar durante a aula com o chat aberto, até já 
tento responder, se não quebrar o ritmo da aula. 
 
24. Tema 
 
Pois bem, meus caros, vamos começar o nosso tópico de hoje e eu vou compartilhar 
com vocês a tela sobre o nosso assunto. Nosso assunto é sobre a respeito de limites da 
jurisdição nacional. Então esse é um tópico muito, muito bacana, porque houve um 
acréscimo substancial no tratamento em relação do código atual, quanto ao anterior. O 
anterior falava muito pouco sobre esse assunto, e até de outros que nós falaremos no 
encontro de hoje também. Então, vamosver que o nosso código trata a respeito. 
Sempre que for proposta uma demanda, essa demanda logo deve se perquirir. Essa 
demanda vai ser proposta perante qual o país soberano? Esse é o ponto de partida, 
definir se aquele determinado processo pode ser instaurado perante a jurisdição 
brasileira. Temos regras no Código de Processo Civil, temos regras e em outros atos 
normativos e, eventualmente, na Constituição que trabalham esse assunto. 
 
 
 
 
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Aliás, até nesse início, já que o nosso tema é limite da jurisdição, frisando isso, nós falar 
na hora de hoje, não só esse tópico limite da jurisdição nacional. A legislação pertinente, 
sobretudo, as regras do Código de Processo Civil. Vamos abordar o conteúdo da aula, 
enfrentar a questão de concurso e fazer um breve resumo final. Então, justamente o 
tópico inicial é esse. Será que a demanda pode ser proposta perante a jurisdição 
brasileira? 
 
 
 
25. Regras dos Limites da Jurisdição Nacional 
 
A dúvida é essa. O nosso Código de Processo Civil eventualmente vai trazer algumas 
regras, quando a demanda pode ser proposta no Brasil, quando a demanda pode ser 
proposta em outro país, inclusive. Em algumas situações a jurisdição brasileira é 
exclusiva. A demanda só pode ser proposta ao Brasil. Ah, Rodolfo, mas e se 
hipoteticamente uma ação idêntica a essa do Brasil, ela foi proposta na Itália, Portugal, 
no México, na República Dominicana, na Austrália...? Bem, uma vez esse processo 
tramitando no país estrangeiro, esse processo, ainda que tenha uma sentença, ainda 
que tenha o equivalente a coisa julgada, ele não tem qualquer efetividade dentro do 
nosso território nacional. Então, é até possível que nós tenhamos duas ações idênticas, 
propostas perante países diferentes. Às vezes, o nosso ordenamento jurídico autoriza 
isso. Tem casos que ele prevê a jurisdição nacional brasileira, como jurisdição exclusiva. 
Em outros ele até permite, a nossa legislação até permite que a mesma demanda possa 
ser proposta em mais de um país. Só que o detalhe é que esse processo no exterior é 
como se fosse um nada jurídico, ele não tem qualquer relevância para o Brasil até 
determinado momento. Você pode propor a demanda na Nova Zelândia, na China e 
Japão, e já pode ter a sentença e ela não tem eficácia nenhuma no Brasil como regra, 
como regra não tem eficácia alguma. Aí é necessário homologar a decisão estrangeira. 
Você tem que pegar a decisão estrangeira, cumprir os requisitos que nós temos hoje no 
 
 
 
 
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Código de Processo Civil e também, além do CPC, também no Regimento Interno do STJ. 
Então, essa decisão estrangeira pode ser homologada perante o STJ, e aí sim, a decisão 
estrangeira, então, ela passa a ter efeitos dentro do território brasileiro. Então, repito, 
temos situações para definir onde deve ser a proposta demanda, o passo inicial é 
identificar o país, o país, com a jurisdição para resolver aquela questão. Tem casos de 
jurisdição brasileira exclusiva. Tem a hipótese de jurisdição brasileira concorrente para 
o Estado estrangeiro. Só que a demanda proposta no exterior, ela por enquanto, é um 
nada jurídico. Não temos nem mesmo um estado de litispendência. Vocês sabem que 
uma ação é idêntica a outra, pelo menos aqui em território nacional, no Brasil, uma ação 
é idêntica à outra quando temos os mesmos elementos da ação, partes de pedido e 
causa de pedido, são os elementos de ação. Então, você realmente pode ter um 
processo no Brasil e um processo na Itália idênticos, ou duas ações idênticos. Mas a 
questão é, essa demanda na Europa, ela não tem qualquer eficácia. No Brasil, por 
enquanto, não. Mas, havendo uma decisão estrangeira, ela pode ser homologada pelo 
STJ e, a partir daí, ter eficácia dentro do território nacional. 
Então, mais uma vez, se o ponto de partida é identificar se o caso é da jurisdição 
brasileira. Identificando o que é da jurisdição brasileira, passamos agora a verificar a 
competência da Justiça, se é da Justiça Federal, se é da Justiça Trabalhista, se é da Justiça 
Eleitoral, Militar, ou se cai na competência residual da Justiça Estadual. Identificando 
que a jurisdição brasileira, que é a Justiça Federal, Estadual, etc., passamos a verificar a 
base territorial, o foro e a nomenclatura muda. Na Justiça Federal, o foro, ele se chama 
a Seção Judiciária, artigo 110 da Constituição e a seção judiciária equivale a um Estado. 
Na Justiça Estadual nós usamos, em comparação, a expressão comarca. O foro se chama 
comarca. Muitas vezes a comarca tem os limites de um município, dependendo da 
comarca abrange mais de um município. 
E aí chegamos no último ponto. Você identificou que o caso é da jurisdição brasileira, já 
sabe também qual é a Justiça, já sabe o foro, e agora resta identificar qual é o juízo. Ah, 
por exemplo, é uma execução fiscal, tem vara de execução fiscal? É uma demanda que 
busca o benefício previdenciário. Tem vara previdenciária? Ah, é vara única. A Vara 
 
 
 
 
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Única, pega criminal, previdenciário, execução fiscal. Eu já trabalhei algumas vezes 
assim, em juízo de competência única. Imagina a maravilha. Dia de audiência, começa 
uma audiência penal, a próxima audiência é carta precatória cível, depois é uma 
audiência de procedimento especial, depois de uma audiência de embargos e execução 
fiscal que demandou dilação probatória. É uma maravilha. Você se sente lembrando 
tudo da época do concurso, porque o normal é você acabar passando e ficando no juízo, 
por exemplo, competência criminal, competência cível. Mas é muito bacana o juízo de 
competência, juízo único, porque ele pega todas essas matérias. Então, esse é o caminho 
para chegar ao órgão competente: jurisdição, justiça, foro e juízo. 
E o ponto de partida é sobre o tema da nossa aula de hoje Limites da Jurisdição Nacional. 
Conhecemos essas regras dentro do CPC, que por vezes coloca a jurisdição brasileira 
como exclusiva, em outras, como jurisdição concorrente. 
Veja: Limite da Jurisdição Nacional. Existem determinadas situações que somente a 
Jurisdição Brasileira poderá resolver. Artigo 23. 
Então nós temos no artigo 23, que, por exemplo, 
Compete a autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer 
outra, conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil. 
Se é uma demanda que envolve imóvel, isso, de certa maneira, interfere a soberania 
nacional. Imagina, por exemplo, o Panamá, os Estados Unidos, a Rússia, o Japão, 
julgando causas envolvendo o território dentro do Brasil. Isso interfere realmente na 
autonomia de cada ente soberano e a legislação brasileira. A legislação interna disse: 
Olha, imóvel situado no Brasil somente pode ser um processo no Brasil. O que é 
usucapião do bem imóvel no Brasil, tem que ser uma demanda proposta do Brasil. Ah, 
mas, na Austrália nós tivemos uma demanda de usucapião de imóvel brasileiro. Como 
eu disse antes, esse processo na Austrália por enquanto. Por enquanto, ele não tem 
qualquer relevância. Por enquanto, ele é como se fosse um nada jurídico. Então, essa 
decisão proferida no exterior para que tenha a validade e eficácia no Brasil, precisa ser 
homologada no STJ. Só que aí o STJ, quando tem diante de si um processo como esse, 
de homologação de decisão estrangeira, o STJ, então, faz o que nós chamamos de juízo 
 
 
 
 
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de delibação. Juízo de delibação, em um momento posterior, voltaremos a falar sobre 
isso. Juízo de delibação é como se fosse o filtro. Será que a decisão estrangeira ela fere 
a ordem jurídica nacional? Imagine, por exemplo, vou dar um exemplo meio chocante, 
que você conseguiu em um país estrangeiro o direito a ser humano como escravo. E 
você quer fazer valer isso dentro do território brasileiro. Isso não tem como ser 
homologado pelo STJ. Então, o STJ faz um juízo de delibação, e se verifica, por exemplo, 
opa, aqui éum processo no exterior, é um processo na França que dispõe sobre imóvel 
no Brasil, uma usucapião de imóvel situado no Brasil. Não. Isso não pode ser francês 
com processo francês. Nós, do STJ não vamos homologar essa decisão estrangeira. A 
Justiça brasileira é que tem jurisdição exclusiva sobre imóveis situados no Brasil. Essa 
decisão estrangeira não vai ser homologada. Ela continua sem gerar qualquer tipo de 
eficácia dentro do nosso território nacional. Então, voltando ao artigo 23, nós temos 
isso, por exemplo, 
Em situações de imóveis situados no Brasil, situações envolvendo matéria 
de sucessão hereditária para proceder à confirmação de testamento e ao 
inventário e partilha de bens situados no Brasil. 
Olha a preocupação, são bens situados no Brasil, soberania do Estado brasileiro. E 
cuidado com o artigo 23, inciso terceiro, porque ele diz assim. 
Artigo 23, inciso terceiro. Também compete à autoridade brasileira, por 
difusão de qualquer outra, decidir sobre divórcio, separação judicial ou 
dissolução de união estável. Bem como proceder à partilha de bens 
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira 
ou ter domicílio fora do território nacional. 
Opa! Esse artigo 23, inciso terceiro, ele parece colidir com o artigo 961, parágrafo quinto. 
Artigo 23, inciso terceiro, com 961, parágrafo quinto, porque o artigo 23, inciso terceiro 
diz que quando se trata de divórcio, separação, dissolução com partilha de bens no 
Brasil, só o Estado brasileiro é que pode julgar essa demanda. Só que vem o artigo 961, 
parágrafo quinto e esse dispositivo prevê, 961, parágrafo quinto, que 
 
 
 
 
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A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, 
Independentemente de homologação pelo STJ. 
Rodolfo, os artigos são contraditórios. O artigo 23, inciso terceiro, fala que divórcio, 
separação, dissolução de união e com bens no Brasil tem que ser na jurisdição brasileira. 
E está dizendo o artigo 961, parágrafo quinto, que sentença estrangeira de divórcio 
produz efeitos imediatamente, independentemente de homologação da decisão pelo 
STJ. Meus caros, não há contradição nesse exemplo. 
Se você está com uma decisão estrangeira apenas de divórcio, uma decisão de divórcio, 
como por exemplo, um divórcio consensual, não tem nada de bens no Brasil. Você é 
brasileiro, casou na Suíça, separou da Suíça, divorciou na Suíça, consensual, não tem 
patrimônio nenhuma para partilhar que esteja no Brasil. A sentença de divórcio 
consensual na Suíça vale no Brasil imediatamente. Sem a homologação de decisão 
estrangeira. Mas, se for o caso de divórcio, em que envolva a partilha de bens situados 
no Brasil, o nosso artigo 23, inciso terceiro enumera essa hipótese como sendo de 
jurisdição brasileira exclusiva. Se tiver no exterior uma decisão nesse naipe, ela não gera 
efeitos no Brasil. Nem mesmo vai ser homologada pelo STJ. Acrescento ainda que, de 
acordo com o artigo 21 e 22 do Código de Processo Civil, temos algumas situações em 
que a jurisdição brasileira ela é concorrente com a jurisdição estrangeira. E aí vale dizer 
que quando ocorre isso, jurisdição concorrente, você pode ter as duas ações em trâmite 
simultaneamente. Isso pode estar tramitando ao mesmo tempo no Brasil e no outro 
país, nos Estados Unidos, no México. Enfim, na Costa Rica... Isso, inclusive, não gera 
litispendência. É o que prevê o artigo 24. Se houver duas ações idênticas ou no Brasil, 
outra superior. Isso não gera litispendência, exceto se o Brasil tiver firmado tratado em 
sentido contrário. Então, esse artigo 24 já existia no código anterior, mas não havia essa 
ressalva, que o tratado como do Brasil, com o Estado estrangeiro, ele pode reconhecer 
que há litispendência. Do contrário, se não houver tratado, as duas ações tramitam e 
não há litispendência entre elas. Muito embora a decisão estrangeira tenha que ser 
posteriormente homologada no STJ para que possa gerar efeitos. 
 
 
 
 
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 E aqui nós termos no artigo 21 e no artigo 22, casos em que a jurisdição brasileira é 
concorrente estrangeira. Por exemplo, 
Quando no Brasil tiver que ser cumprida a obrigação. 
Você pode propor a demanda no Brasil ou pode propor no exterior. 
Quando o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, tem domicílio no 
Brasil. 
Você pode propor a demanda no Brasil ou, eventualmente, no exterior. 
O fundamento, seja o fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Estou lendo o artigo 21 com vocês. Agora, o artigo 22 é muito interessante. Muito 
interessante o artigo 22, que ele também fala da jurisdição concorrente. Caso que você 
pode escolher a tema da proposta no Brasil ou no exterior, principalmente o artigo 22, 
inciso segundo e terceiro. 
Artigo 22, inciso segundo. Você pode propor a demanda no Brasil 
decorrente de relação de consumo quando o consumidor tiver domicílio 
ou residência no Brasil. 
Eu costumo dizer e sem aulas, até porque já conheci casos assim. Já conheci casos assim. 
A pessoa vai viajar pelo exterior A pessoa viaja para os Estados Unidos. Ela leva só a 
roupa do corpo. Ela leva a roupa do corpo porque ela chega nos Estados Unidos compra 
uma mala nova, e vai para aqueles outlets, compram um monte de roupa bonita e fala 
assim “pô, eu não levei mala, agora vou voltar com uma mala cheia de roupa, não é para 
vender não, é para renovar o guarda roupas. E aí você pega, está no hotel, você vai 
jogando fora as embalagens, e às vezes no hotel os funcionários estão vendo que você 
comprou muita coisa. E aí, quando você sai para turistar, conheço casos assim, e até nos 
Estados Unidos. Você sai para turistar, e nesse momento, os próprios funcionários vão 
até o seu quarto, verificam que você compra um monte de coisa e eles roubam tudo. 
Roubam tudo mesmo. Aí você vai chamar a polícia local, e você pensa assim “eu vou 
querer ser indenizado pelo hotel”. É um hotel grande. Só que o que acontece? Você 
percebe que, “poxa, tive prejuízo, roubaram todas as coisas do meu quarto de hotel, 
estão achando que eu vou entubar o prejuízo, que eu não posso processar o hotel 
 
 
 
 
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estrangeiro, e posso”. Aqui está dizendo, no artigo 22, inciso segundo, que pelo menos 
no Estado brasileiro, você consumidor, pode propor a demanda no Brasil. E aí, claro, o 
hotel vai ser citado por carta rogatória, por auxílio direto. E aí você vai ter a chamada 
cooperação jurídica internacional. Mas o consumidor que mora no Brasil pode propor a 
demanda no Brasil, ainda que o fato tenha ocorrido no exterior. E no artigo 22, inciso 
terceiro outra questão interessante. Você também pode ter a jurisdição brasileira 
quando as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Então, 
nós falamos muito em foro de eleição, foro de eleição, “olha, eu vou fazer um contrato 
com você. É uma obrigação pessoal. Eu moro no Rio e você mora em São Paulo, vamos 
colocar que se houver litígio, vamos colocar um território neutro”, Se houver um litígio, 
eu moro no Rio, você mora em São Paulo, vamos colocar que a demanda vai ser proposta 
em Minas Gerais e em Belo Horizonte. Então é possível ajustar a base territorial, o foro 
de eleição, nos termos do artigo 63. Isso já existia na vigência do código anterior. Foro 
de eleição, escolha a comarca nos termos do artigo 63. O artigo 22, inciso terceiro, 
permite que sendo hipótese de jurisdição concorrente, que eu e você possamos pactuar 
até a escolha da Justiça. Só que, claro, não pode ser uma cláusula abusiva para uma das 
partes. O próprio artigo vinte e cinco, parágrafo segundo diz, aplica-se na hipótese do 
caput, que é modificar a cláusula de eleição de jurisdição brasileira ou estrangeira, 
aplica-se o 63 parágrafos primeiro ao quarto. 
E aí tivemos uma hipótese muito interessante em que um jogador de futebol famoso, 
que já jogou a Copa do Mundo. Nesse momento, eleestá aposentado, ele contratou pro 
time europeu, e ele fez uma cláusula de jurisdição internacional com o time europeu. 
Não vou lembrar o país, mas tipo, olha, vamos fingir que ele jogou na Itália, que ele 
jogou na Alemanha, e colocar uma cláusula de jurisdição estrangeira que se houvesse 
litígio eles iriam na Holanda. Só que deu litígio e o jogador brasileiro entrou na Justiça 
brasileira. Ele entrou na jurisdição brasileira, ele disse que o time é muito poderoso, que 
o time é riquíssimo e que ele então era rico suficiente. E ele não teve... Ele se sente 
melhor defendido na jurisdição brasileira do que nunca na cláusula de eleição de 
jurisdição que colocava na Holanda. Esse tema ficou bem famoso alguns anos atrás e 
 
 
 
 
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chegou até o STJ. E o STJ, ele vendo já com o CPC, quando fala esse artigo 25, parágrafo 
segundo, que observa 63 de parágrafo primeiro ao quarto, o STJ não viu nenhuma 
abusividade. Nenhuma. Constou, olha, o time é rico, mas você também é rico, jogador. 
E você está assessorado com excelentes advogados. E você não tem nenhum prejuízo, 
nem nada abusivo de você ter que cumprir a cláusula de jurisdição holandesa. Então, 
dependendo, pode ser que no Brasil, até essa cláusula possa ser deixada de lado, 
tornada ineficaz. Nós estamos acostumados a pensar em eleição de foro, comarca, base 
territorial, mas o nosso código permite também uma cláusula escolhendo a jurisdição 
brasileira naqueles casos em que há jurisdição concorrente. 
 
26. Questão de concurso 
 
Bem, dando sequência aqui. Então, nós temos uma questão por enfrentar bem simples, 
por sinal. 
Assinale a alternativa correta que indica uma situação em que a jurisdição 
brasileira é exclusiva. 
Nós já vimos o artigo 21, 22 e 23. 
Letra a) quando no Brasil tiver que ser cumprida a obrigação; 
Isso é jurisdição concorrente. 
Letra b) Numa ação de alimentos, quando o credor tiver domicílio no 
Brasil; 
Também a jurisdição concorrente. O artigo 22, inciso primeiro. 
Letra c) decorrente de relação de consumo, quando o consumidor tiver 
domicílio no Brasil. 
Temos até o exemplo do hotel, do furto. Então, temos aí também o artigo 22, inciso 
segundo, está errado. E a letra d, a alternativa correta. 
Letra d) O Brasil tem jurisdição exclusiva quando conhece de matérias 
relativas à imóveis situados no Brasil. 
 
 
 
 
 
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27. Resumo do tema 
 
Então, meus caros, nosso resumo desse encontro, trabalhamos o conteúdo da aula, 
limites da jurisdição, jurisdição brasileira exclusiva, jurisdição brasileira concorrente, a 
questão da litispendência, entre processos que tramitam simultaneamente mais no país. 
A necessidade da decisão estrangeira a ser homologada pelo STJ. Na maioria das vezes, 
aquela exceção do divórcio consensual que não fale sobre o patrimônio situado no 
Brasil, tal como consta no artigo 961, parágrafo quinto, do Código de Processo Civil. 
 
 
 
28. Respondendo dúvidas. 
 
O Gabriel perguntou “Professor, é viável que a união eleja foro internacional em algum 
contrato que ela assine?”. Gabriel é um tema ainda muito novo, porque o nosso código 
está em vigor apenas a partir de 2016. E bem, a Fazenda Pública, tem sido permitida a 
ela estabelecer convenções processuais. A Fazenda Pública pode, sim, participar de 
convenções processuais. Esse é um exemplo de cooperação processual. Acontece que 
nós temos, vemos ainda uma resistência muito grande, e esse tema, a conversão 
processual, ele não acontece com a frequência que se esperava quando o código entrou 
em vigor, em 2016. Era o assunto mais falado atualmente naquele tempo, e hoje já não 
se fala tanto. Tem uma importância sim, é cobrado em curso, objeto de estudos, 
mestrado ou doutorado, mas não acontece com tanta frequência. Gabriel, como é 
possível que a União possa celebrar a convenção processual, como a legislação não 
proíbe, em um primeiro momento, sim, a União poderia estabelecer um foro de eleição. 
Agora, é claro, não poderia ser uma hipótese que a própria legislação interna vislumbra 
como jurisdição exclusiva no Brasil. Tá bom?! Repito, a Fazenda Pública ela tem uma 
resistência muito grande em elaborar convenções processuais. Pelo menos eu que lido 
com a área federal tenho observado isso. 
 
 
 
 
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Gilmar: “Se a pessoa casou no Brasil, a situação de divórcio não precisa ser homologada 
no STJ?”. Bem, Gilmar, esse artigo 961, parágrafo quinto, você pode ver que ele diz 
sentença estrangeira de divórcio consensual. Ele não está falando sobre se o casamento 
foi no Brasil, se o casamento for no exterior, está dizendo sentença de divórcio prolatada 
por um Estado estrangeiro. Não havendo qualquer problema quanto a imóveis situados 
no Brasil, aí nós teríamos, sim, a possibilidade de ela não ser homologada e já gerar 
efeitos imediatamente. 
A pergunta dos Isaque: Professor, a competência territorial é absoluta pelo CDC. Ela 
pode ser declarada de ofício independente de o consumidor estar no polo passivo ou 
ativo? 
Essa primeira afirmação que você faz, ela merece algumas questões. Na verdade, a 
competência no CDC ela é favorável ao consumidor. Esse é o ponto de partida. Se o 
consumidor está no polo ativo, se o consumidor está no polo passivo, em princípio, é 
uma competência que deve proteger o consumidor. Quando as empresas fazem o 
contrato de adesão e colocam o foro de eleição fora do local em que o consumidor ele 
mora. Então, vou dar um exemplo desses. Eu próprio já fui fazer um contrato e moro no 
Rio de Janeiro e colocaram o foro de eleição no Distrito Federal. Isso é óbvio. E para 
prejudicar, caso o consumidor queira juízo, ou se a empresa processar o consumidor, eu 
teria dificuldade em me defender. Então, nesse caso, é que se costuma dizer que a 
competência é absoluta. Agora, é uma norma protetiva ao consumidor. Em princípio, o 
juiz ele vai tornar a cláusula ineficaz a qualquer momento do processo, ele pode fazer 
isso no caso do consumidor, você pode pegar até livros de jurisdição, competência, atos 
com João Carneiro para ver como a coisa é recente. Ele fala que, no caso do CDC, o 
magistrado pode agir a qualquer momento. Não é caso de competência relativa, é 
competência absoluta porque viola o acesso à Justiça, viola o exercício do contraditório 
e da ampla defesa do consumidor. Então, nessa hipótese do CDC, essa competência seria 
considerada como absoluta. Eu, pessoalmente, gosto de ver dessa forma, Isaque. E 
estou sugerindo até um livro o autor é parecido, Athos Gusmão Carneiro, foi um ministro 
do STJ. É um livro conhecido de processo civil, jurisdição e competência. 
 
 
 
 
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O Gabriel até complementou do foro de eleição, quanto a Fazenda Pública como 
precatório. Gabriel, acho que algumas questões que a Fazenda Pública até pode celebrar 
em termos de convenção processual, não vejo problema, honestamente, não vejo 
problema em, dependendo, uma questão relativa a foro de eleição, no caso envolvendo 
o Estado do Rio de Janeiro com o estado do Espírito Santo. São duas fazendas públicas 
e elas pactuando na obrigação pessoal ou uma outra base territorial, não me parece 
problema. Agora, quanto ao precatório, não tem como, porque precatório para ser pago 
depende de Lei Orçamentária aprovada pelo respectivo ente. Não teria como, me 
parece, uma convenção processual mexendo no sistema do precatório, até porque o 
precatório RPV são disciplinados no artigo 100 da Constituição. Então essa seria a grande 
dificuldade. 
No caso, o Felipe perguntou sobre a possibilidade de homologação parcial da sentença 
estrangeira. É possível tá?! Você pode homologar parcialmente uma decisão 
estrangeira. Isso está previsto inclusive na disciplina de homologação de decisão 
estrangeira 960 ao 965 do Código de Processo Civil. 
O Ramon perguntou se uma arbitragem internacional pode fazer uso do 22, incisoterceiro da Constituição do CPC. 
Bem, o primeiro vai se chamar atenção. Nós podemos ter arbitragem estrangeira, 
inclusive homologação de decisão arbitral estrangeira no Brasil. Isso já tem previsão na 
Lei de Arbitragem. No finalzinho dela, da nova lei 9307 parágrafo 96, a previsão de 
homologação de decisão arbitral estrangeira para que ela possa gerar efeito no Brasil. E 
o nosso Código de Processo Civil, ele agora fala expressamente. Ele expressamente fala 
no artigo 960, parágrafo terceiro. Então eu diria que decisão arbitral estrangeira pode 
ser homologada e passando pela homologação de decisão estrangeira no STJ. Inclusive, 
Ramon, concluí o doutorado e meu texto de uma das últimas disciplinas foi sobre a 
jurisdição internacional, com o desembargador federal Ricardo, e o meu tema foi sobre 
isso, sobre o meu artigo final da disciplina foi sobre homologação de decisão arbitral 
estrangeira, peculiaridades que nós temos. Porque, claro, nem tudo pode ser objeto de 
uma arbitragem internacional. Isso é importante frisar, nem tudo pode ser objeto de 
 
 
 
 
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arbitragem no Brasil, quem dirá lá fora para homologar. Aqui no Brasil você não pode 
ter arbitragem pra direito indisponível, como é que eu vou homologar uma decisão 
arbitrária, arbitral estrangeira sobre direito indisponível? Se não pode no Brasil, também 
não poderia por violar a ordem jurídica interna. Tá bom? 
O general fala no artigo 23, inciso segundo, que fala da matéria de citação editada com 
o artigo 10 da LINDB, que está em princípio. Nesse caso, a jurisdição brasileira é que vai 
responder. E ainda não pode continuar falando a homologação desse tipo de divórcio. E 
isso, Ana Paula, tem interpretação que caiu. Caiu porque o código CPC é mais recente e 
ele diz que não precisa homologar, que já gera efeitos imediatamente. Não teria que 
aguardar mais um ano, nem nada assim. 
Enfim, meus caros, acho que pelo que eu estou lendo aqui, está falando o Vinicius, no 
caso do parágrafo do 24 homologada decisão estrangeira o processo judicial será 
automaticamente extinto? Sim. Se o processo no Brasil ainda não teve decisão, não teve 
coisa julgada. No momento que a decisão estrangeira é homologada, nesse caso gera o 
estado de litispendência. O processo brasileiro seria extinto. 
Enfim, Priscila até comentou sobre súmula sobre cláusula de adesão em contrato de 
consumo. Na verdade, Priscila, isso está no próprio CDC. O próprio CDC que fala que 
você não poderia incluir a cláusula de um contrato de adesão. Mas, enfim, isso é algo 
que as empresas, elas desrespeitam a todo momento. Tá legal, gente?! 
Então eu vou encerrar esse bloco com vocês. Até breve para o próximo bloco. 
Continuem aí. Valeu! 
 
 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
 
 
29. Cooperação internacional 
 
 
 
 
 
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Então vamos começar segunda parte da aula. Sou o professor Rodolfo Kronemberg 
Hartmann e vamos começar a trabalhar nesse bloco. A respeito da cooperação 
internacional. Isso é uma questão interessante, porque o nosso Código de Processo Civil, 
ele tem as suas normas fundamentais e entre elas temos o artigo sexto. Artigo sexto, 
esse artigo prevê que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que 
se obtenha em tempo razoável a decisão de mérito é justa e efetiva. 
Bem, a cooperação não se dá apenas entre autor, entre demandado. A cooperação pode 
se dar entre órgãos que integram o Poder Judiciário aqui no Brasil, então, nós temos a 
chamada cooperação nacional, é um tópico que não existia no código anterior. Temos 
hoje, entre o artigo 67 e 69, do artigo 67 e o artigo 69, um capítulo dispondo sobre a 
cooperação nacional, que acontece muito no dia a dia. Por exemplo, eu tenho que ouvir 
uma testemunha. Só que a testemunha não está no estado que eu me localizo, a 
testemunha está, por exemplo, em Rondônia, então é necessário que haja a expedição 
de uma carta precatória para a inquirição da testemunha em Rondônia. Você pode até 
dizer assim,” mas Rodolfo não poderia inquirir ela por meio eletrônico”? Sim. Hoje 
temos previsão até da possibilidade de você ser juiz, por exemplo, em Porto Alegre e 
você inquirir uma testemunha por meio eletrônico lá em Rondônia, isso pode acontecer. 
Mas, às vezes, a testemunha em questão mora em local que não tem uma boa rede 
móvel de dados. Às vezes, é uma pessoa que, dependendo da idade, dos recursos, é o 
que nós chamamos de excluídos digitalmente. Ela não vai saber se conectar, manusear 
um zoom, por exemplo, ou uma Microsoft Teams... Então, tem casos que não tem jeito. 
A carta precatória continuará a ser utilizada. Estou dando o caso da carta precatória, 
porque ela, na verdade, é um exemplo de cooperação jurídica nacional. A carta 
precatória é comunicação entre órgãos jurisdicionais. 
E se me permitem só fazer um comentário, muitos e muitos anos atrás eu estava com 
um processo criminal de sonegação... Na verdade, era um processo que estava comigo, 
eu recebi uma carta precatória e quando chegou a carta precatória a todo físico, naquele 
momento, uma mulher estava, naquele tempo, 15, 20 anos atrás, ela sonegou 
aparentemente quatrocentos mil de tributos. E eu estava do lado do servidor, nós 
 
 
 
 
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acabamos as audiências do dia, estávamos fazendo a pauta das próximas audiências e 
era uma casa precatória. Quando ele leu o nome da ré, ele falou “Dr. Rodolfo, essa ré 
que está devendo 400 mil, ela é aquela apresentadora de TV”. Eu falei “não brinca? É 
aquela apresentadora? Mas ela ganha mais que isso por mês, porque ela está devendo 
R$ 400 mil? Espera aí, vamos procurar”. Era a apresentadora de TV. Pessoa muito 
famosa, muito famosa. Não vou dizer o nome, não vou falar isso, já está antigo. Aí eu 
falei, o nome do servidor era Joel, “Joel, eu vou te contar o que vai acontecer. Quando 
ela for inquirida no interrogatório, ela vai falar que é culpa do contador. Tenho certeza. 
Vai botar a culpa no contador. E na minha cabeça ela vai pagar isso, porque crime contra 
a ordem tributária, se você paga o tributo, extingue a punibilidade”. Gente, não deu 
outra. Eu marquei a audiência, um dia antes da audiência, o advogado veio. O advogado 
peticionou “ Doutor Rodolfo, a ré pagou o tributo. Então, nós queremos que Vossa 
Excelência se digne de pronunciar a sentença extinguindo a punibilidade”. Só que eu 
estava em série de carta precatória, eu era deprecado. Deprecado, e nesse caso, eu só 
posso agir nos limites do que foi objeto da carta precatória. Se houve o pagamento do 
tributo, quem tem que prolatar sentença, extinguindo punibilidade, não sou eu 
deprecado. É o deprecante. Então, a operação jurídica nacional não é para me dar uma 
carta branca que eu posso fazer qualquer coisa em um processo que não é meu. Eu sou 
deprecado. O deprecante é o juiz natural. Eu simplesmente peguei a petição, devolvi a 
carta precatória informando que aparentemente houve o pagamento. Se é para 
extinguir ou não a punibilidade, o juízo deprecante é que vai fazer. Não o juízo 
deprecado que sou eu. Então, isso é uma dica para você quando for aprovado em 
magistratura. Nem sempre você, como deprecado, pode fazer tudo. Você pode agir nos 
limites do objeto da carta precatória, porque nós estamos inseridos dentro da 
cooperação nacional. E no final das contas, eu pelo menos fico com essa história para 
contar para meus alunos, que já teve uma mulher que pagou 400 mil para não vir na 
minha frente, para não me ver na frente. É a lembrança que eu tenho desse caso, mas 
eu não posso dizer quem é a pessoa, porque ela já é famosa há muitos anos. Podia tirar 
 
 
 
 
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foto, pegar autógrafo e eu não tive nada disso, só pagou para não me ver. Mas, voltando 
agora o nosso tópico sobre cooperação internacional. 
Esse tema já existia no código anterior, mas de uma maneira muito perfunctória. Muito 
perfunctória sobrecooperação internacional, e justamente por isso vamos ver o que o 
nosso Código de Processo Civil traz de novidade sobre o tema, que era muito 
perfunctória no código anterior e agora nós temos uma disciplina bem mais ampla 
cooperação internacional entre o artigo 26 e o artigo 41. 
Então, vamos lá. Bem, Cooperação internacional, vamos ver normas do CPC que tratam 
do tema. Eventualmente, podemos ter normas na Constituição também sobre essa 
temática. Vamos apresentar o conteúdo da aula e, ao final, enfrentarmos uma questão 
e também o resumo final. 
Bem, a cooperação internacional será dirigida, redigida e regida preferencialmente por 
tratados. Então, para que haja cooperação internacional entre países, devemos ter o 
tratado. Mas esse tratado pode ser dispensado. Ele pode ser dispensado. Veja vocês, 
por exemplo, o artigo 26, caput. 
Art. 26 A cooperação jurídica internacional será regida por tratado. 
De que o Brasil faça parte. Em princípio, tem que ter tratado. Como se fosse muito, entre 
aspas, um contrato entre um país brasileiro e um país estrangeiro. Só que vem o 
parágrafo primeiro, que diz 
I - na ausência de tratado, a cooperação internacional pode ser realizada 
com base em reciprocidade. 
Com base em reciprocidade, podemos ter a cooperação internacional. Não tem o 
tratado, mas tem reciprocidade manifestada por via diplomática. E ainda vem o 
parágrafo segundo do artigo 26 que, 
II - para homologação de decisão estrangeira, nem mesmo precisa do 
tratado. 
Nem mesmo isso. Então, repetindo, cooperação internacional tem que ter tratado. Se 
não tiver tratado, basta a manifestação de reciprocidade por via diplomática. E para 
homologação de decisão estrangeira, nem mesmo é necessário isso. É uma exceção 
 
 
 
 
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realmente, a homologação de decisão estrangeira. Aliás, tem até países como por 
exemplo, do Mercosul, que as decisões desses países nem passam pelo STJ. É o chamado 
Protocolo de las lenhas. Protocolo de las lenhas, então, têm determinados países que 
nem mesmo as decisões deles são homologadas pelo STJ. O protocolo dispensa, já 
valendo imediatamente. Enfim, já é um protocolo antigo que estou mencionando para 
ilustrar como que esse termo é regido. A cooperação internacional ela pode estar de 
várias maneiras. O nosso Código de Processo Civil, ele trata de pelo menos três espécies, 
embora possa existir eventualmente outras. Mas o nosso código fala em auxílio direto, 
artigo 28 ao 34 do CPC. Ele fala de carta rogatória, artigo 36 do CPC. E também fala da 
homologação de decisão estrangeira entre o artigo 960 e 965. E nós temos diferenças 
entre elas. Por exemplo, no código anterior nós tínhamos a carta rogatória e a 
homologação de decisão estrangeira. Pouco a pouco foi sendo admitido o chamado 
auxílio direto. O auxílio direto, em alguns aspectos, lembra uma carta rogatória, mas 
têm diferenças. Então, quando entrei na Justiça, eu entrei... Já são mais de 20 anos, 
quase 21 anos que eu estou trabalhando, e a minha primeira votação foi o juízo criminal. 
E quando tomei posse, eu gosto de contar essa história, eu era novinho, novinho. Eu 
passei com vinte e cinco anos. Eu passei novinho. A minha última opção foi a vara 
criminal e eu fui o único juiz do concurso que caiu em vara criminal. E eu não entendia 
porque eu caí em Vara Criminal. E eu estava lá na vara criminal, aí o juiz da outra vara 
saiu de férias e me colocaram como substituto, como tabelar do juiz que saiu de férias, 
e naquele tempo era um caso chamado propinoduto. Um processo chamado 
propinoduto. Era o maior escândalo que tinha na época. E se você falar de Lava Jato, de 
não sei o que, de mensalão, esquece. Naquele tempo era... Hoje, é pequeno perto de 
um outro, mas era o maior escândalo do propinoduto. E o juiz titular saiu de férias e caiu 
a bola no juiz de 25 anos. E os deputados, os vereadores queriam conhecer o juiz e foram 
lá despachar comigo. Quando me viram, muito tempo atrás, mais de 20 anos atrás, eles 
me olharam assim, era o caso Casa da Moda. “Doutor Rodolfo, com todo respeito, o 
senhor tem quantos anos?” aí eu “25”. “Doutor Rodolfo, o senhor é juiz há quanto 
tempo?” “Há dois meses”. Aquilo foi, até quebrou o gelo. Eu falei “olha o procurador do 
 
 
 
 
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Estado, o tal foi meu professor”. Eles trouxeram um procurador do Estado para 
despachar comigo, tipo, quando você leva lá... Enfim, eu estou falando esse caso porque 
até então era carta rogatória. Nós precisávamos de carta rogatória para expedir na Suíça 
para verificar se lá tem certos documentos na Suíça. E quando eu fiz o pedido da carta 
rogatória, que é muito mais formal, a carta rogatória tramita entre Poder Judiciário 
brasileiro e estrangeiro. Lá de Brasília, me ligaram. ‘Doutor Rodolfo, nós temos tratado 
a Suíça, fizemos há pouco tempo. As informações que o senhor quer podem ser obtidas 
por auxílio direto. Não precisa ser por carta rogatória, que é mais morosa. Por auxílio 
direto nós conseguimos diretamente com a empresa, tal qual, um ou outro país. Não 
tem que passar o Judiciário por Judiciário.” Eu tinha acabado de passar, aí eu falei “Olha, 
vamos fazer o seguinte, você que está me ligando, você me passa fax dizendo isso. Qual 
é o seu nome e sua matrícula, que tem o auxílio direto por conta do tratado, o número 
tal que o Brasil firmou com a Suíça, porque eu vou juntar isso no processo. Eu vou juntar 
no processo. E aí eu peço o cancelamento da carta rogatória e mando expedir o auxílio 
direto para conseguir isso”. Eu estava preocupado só por uma questão que eu não era 
vitaliciado. E olha outra coisa de 20 anos atrás, 20 anos atrás. Não vejo isso como uma 
crítica que eu estou fazendo. A imprensa, por favor, tem bons juízes, tem mal juízes. 
Tem bons advogados, maus advogados. Bons policiais, maus policiais. Bons jornalistas e 
maus jornalistas, que às vezes querem criar uma mídia de uma chamada para vender e 
dane-se as consequências. Imagina sair, por exemplo, juiz substituto do propinoduto 
cancela a carta rogatória. Só que às vezes eu estou cancelando a carta rogatória porque 
teria uma coisa mais rápida chamada auxílio direto. Por isso eu pedi “me passa o fax, 
naquele tempo era fax, dizendo que existe o tratado, qual tratado, seu nome, sua 
matrícula, porque eu vou juntar ao processo. Porque se fizerem na mídia, a mídia ruim, 
tem a mídia boa, fizerem uma mensagem tendenciosa, eu estou vitaliciando. Eu não vou 
ser vitaliciado se bobear. Gente, vocês quando passarem no concurso para juiz, lembrem 
de um detalhe, a vara criminal e de crime. Vara federal criminal é de crime. Você está 
ali. Você pega do dia para a noite, um caso que o Brasil inteiro fala. Então, às vezes, no 
caso de vitaliciamento, se você não tem preferência, você às vezes pega o juízo que te 
 
 
 
 
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exponha tanto. Um juízo cível, uma execução fiscal. Você passa o vitaliciamento ali. 
Agora, o que eu tenho de alunos ao longo dos anos que me contam, “professor, eu estou 
em vitaliciamento. Sabe o caso daquela mulher que matou o cara que ganhou uma mega 
sena? Está comigo. O tempo inteiro está saindo notícia na imprensa durante algum 
tempo.” Eu falei assim “Olha você como juiz tem prazo. Se você ao invés de decidir 
petição, decisão, se você espera uma hora, mais tempo, um dia, a lei te dá prazo. Até lá 
já aconteceu outra tragédia e eles já estão divulgando uma outra tragédia e já 
esqueceram da morte desse cara aqui. E você está fazendo seu trabalho, você não quer 
ser pressionado. Você não quer que fiquem criando narrativas que não aconteceram. 
Você quer fazer o correto e quer que divulgue o correto. Se você errou no seu trabalho, 
você errou. É esse ponto. 
Então eu quero dizer que nós temos vários tipos de cooperação internacional. O auxílio 
direto parece com a carta rogatória. O auxílio direto até acaba sendo mais utilizado 
atualmente. Oauxílio direto pode ser por meio administrativo. Você pode ter, por 
exemplo, a polícia de um país falando com a empresa do outro país. Ele é bem mais 
prático em alguns aspectos, mas o auxílio direto também pode envolver a prática de ato 
jurisdicional. 
Nesse caso, quando o Brasil pede o auxílio direto é ativo, quando o país estrangeiro pede 
o auxílio direto é passivo. O ativo pede, o passivo o Brasil tem que cumprir. Se no auxílio 
direto passivo houver necessidade de prática de ato jurisdicional, esse auxílio direto vai 
ser distribuído perante a Justiça Federal. Então vocês vão perceber que artigo 34, 
Art. 34 Compete ao Juízo Federal do lugar em que deva ser executada a 
medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação 
de atividade jurisdicional. 
Então, às vezes, tem um caso de atividade jurisdicional em auxílio direto. Vai ser 
requerida na Justiça Federal. Se não houver necessidade de atividade jurisdicional, o 
auxílio direto passivo pode ser realizado de maneira administrativa. A Carta rogatória já 
envolve a atividade jurisdicional, mas a carta rogatória, quando ela é passiva, a diferença 
que ela passa pelo STJ primeiro, o auxílio direto não passa pelo STJ, mesmo sendo 
 
 
 
 
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passivo. A carta rogatória passa e na carta rogatória é feito o chamado juízo de 
derivação. O STJ vai verificar se aquilo que é pedido na carta rogatória pode ser 
concluído no Brasil. Nós chamamos de juízo de derivação. O STJ tem que falar “cumpra-
se a carta rogatória”. Quando o STJ diz cumpra-se a carta rogatória, o STJ concedeu o 
exequatur, e essa carta rogatória cumprida na Justiça Federal de primeiro grau. Artigo 
109, inciso dez da Constituição. Já peguei carta rogatória passiva. Eu estava ainda em 
juízo criminal nos primeiros anos. Já peguei outros casos também, mas eu vou dar esse 
exemplo, até porque o outro caso, se eu falar, tenho que falar de personagens 
conhecidos, não é nem do Brasil, e eu não quero mexer nisso. Até porque, às vezes o 
aluno interpreta de um jeito que estou falando de política. Não vou falar de política, até 
porque eu não posso e também não quero aqui também. Eu posso ser eleitoral, eu não 
posso também externar coisa nenhuma. Então, tem que entender que eu não estou 
isentando, tem que seguir o processo civil. Mas um caso de carta rogatória envolve uma 
pessoa falecida, não posso dar esse exemplo, mas esse outro eu posso dar. Outro 
exemplo foi uma primeira carta rogatória. O STJ deu o exequatur, na época era o STF 
que deu exequatur e depois mudou pela emenda Constitucional 45 do STJ. No meu caso 
era mais antigo, era o STF e a Alemanha estava querendo descobrir nazistas no Brasil. E, 
em tese, descobriram uma mulher que foi casada com um nazista de alta patente. Ele já 
não estava mais vivo, mas a Alemanha tinha a preocupação de identificar esses nazistas 
e por esse motivo, a carta rogatória era para inquirir a suposta esposa do nazista. Ela já 
estava com muita idade. Ela estava senil e, na verdade, eu acabei inquirindo ela, com a 
ajuda do filho e o filho, falando que na verdade ela não era casada. Ele me disse que ela 
na verdade teve muito problema na vida, inclusive a ser enterrada viva com dezenas de 
outros cadáveres. Então eram valas comuns e ela conseguiu sobreviver e conseguiu fugir 
do Brasil. Então, quer dizer, a carta rogatória, a primeira carta rogatória passiva que eu 
fiz. Uma preocupação da Alemanha ainda no pós guerra. Como é importante quantificar 
para que não ocorra novamente eventos como esse. E, além da carta rogatória que tem 
que ter o exequatur no STJ, nós temos a homologação de decisão estrangeira. Um 
processo de competência do brasileiro, de competência originária dos tribunais começa 
 
 
 
 
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no STJ. Apesar de estar no CPC artigo 960 e 965, ela também é regulada pelo Regimento 
Interno do STJ. E, uma vez homologada a decisão estrangeira, se o vencido não honrar 
voluntariamente, então essa decisão estrangeira acaba sendo executada no primeiro 
grau da Justiça Federal. É o que diz o artigo 109, inciso 10, da Constituição. 
Então, esse tema cooperação internacional acabou avançando muito no nosso Código 
de Processo Civil. 
 
30. Questão de concurso 
 
E sobre a questão a ser enfrentada, é bem fácil. 
Assinale a alternativa correta que indica inicialmente o órgão jurisdicional 
brasileiro que deva tramitar uma homologação de decisão estrangeira e, 
na sequência, aquele que deve ocorrer a ulterior execução. 
Como nós acabamos de ver a letra D, de dado. A homologação de decisão estrangeira é 
proposta perante o STJ e após a homologação, a execução ocorre na Justiça Federal de 
primeiro grau. Então é isso. 
 
31. Resumo do tema 
 
Nesse nosso resumo de fim de aula, trabalhamos o conteúdo proposto, cooperação 
jurídica internacional, carta rogatória, auxílio direto, a homologação de missão 
estrangeira. Enfrentamos uma questão e estamos fazendo esse resumo. Sou o professor 
Rodolfo Hartmann. Se você tiver alguma dúvida, fique à vontade para colocar no nosso 
chat, eu estou aqui também analisando com vocês. 
 
32. Considerações finais 
 
Bem, meus caros, sobre a questão envolvendo o caso, a cooperação internacional. Eu 
chamo a atenção que, muitas vezes o auxílio direto passivo, por exemplo, passa pela 
 
 
 
 
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autoridade central. E aí eu queria destacar que, no caso do artigo, o artigo 26, parágrafo 
quarto, ele prevê que o Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central 
na ausência de designação específica. Então, havendo uma designação específica, você 
poderia ter no caso, uma outra autoridade central, não havendo designação específica, 
você teria que ter o Ministério da Justiça. 
 
33. Resolução de dúvidas 
 
O Marco perguntou sobre o tema. Se é importante ter o regimento do STJ, sim. Ter de 
passar os artigos aqui. Você pode ver o que o artigo 960. Ele fala que a homologação de 
decisão pode ser requerida. A decisão do STJ pode ser requerida para a criação de 
homologação e aí vem o parágrafo segundo. Parágrafo segundo, do artigo 960 que, 
segundo a homologação, obedecerá a tratados por igual no Brasil e regimento Interno 
do STJ. Então, para entender melhor a homologação de decisão estrangeira não é só o 
CPC ou tratado. Também o Regimento Interno do STJ. Fica a dica. Regimento Interno do 
STJ, artigo 216 A ao artigo 216 N dentro do Regimento Interno STJ 216 A ou ao 216 N. 
Vocês vão ver nesse momento a questão é relativa ao procedimento da homologação 
de decisão estrangeira. Então teria que sim, ajudaria ler o regimento Interno do STJ. Até 
a sigla dele RISTJ. O nome da carta rogatória na homologação de decisão estrangeira. O 
nome seria juízo de delibação. O faz o juízo de delibação tanto na carta rogatória até o 
exequatur, como também na homologação de decisão estrangeira. 
O Murilo perguntou como se opera, do ponto de vista prático, o auxílio direto? Então, 
no caso de auxílio direto passivo, isso é recebido, em regra, pelo Ministério da Justiça. E 
aí tem que verificar que tipo de informação no país estrangeiro quer. O país estrangeiro 
quer uma quebra de sigilo ou informação de prova que está em procedimento 
administrativo. Dependo do que o país estrangeiro quer. Às vezes ele chega no 
Ministério da Justiça e o auxílio direto envolve uma diligência requerida pelo Ministério 
Público Estrangeiro, aí isso é encaminhado ao Ministério Público Federal para requerer 
em juízo. Às vezes, não. Às vezes é o Estado estrangeiro que requer. Não tem processo, 
 
 
 
 
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nenhum recurso meramente administrativo, enfim, depende muito do caso concreto. 
Que tipo de diligência é que está sendo buscada. 
O Ramon perguntou se tem alguma novidade caso o seu objeto fosse realizado sem a 
existência do tratado, sem reciprocidade, com base na cooperação. Existe o risco devício. Então, se há um bom exemplo de cooperação internacional, sem tratado e sem 
manifestação de reciprocidade pela via diplomática, existe a possibilidade de ser viciado. 
Às vezes, a prova que o Brasil requereu é auxílio direto. Ela é produzida e juntada no 
processo. E aí depois, o tema chega a um tribunal e o tribunal anula tudo. O caso como 
mencionei do propinoduto, nós tivemos informações obtidas por auxílio direto e, 
naquele tempo, como um esquema de 20 anos como auxílio direto, era muito recente. 
Em dado momento, o STF falou não poderia usar o auxílio direto para uma visão que 
hoje está superada. Não teria que se omitir da prova daquele tempo por carta rogatória. 
Esse caso não podia ser auxílio direto Era o início do auxílio direto. Então, Ramon, 
resposta é sim. Poderia ter vício eventualmente. 
 A questão também do Felipe sobre alimentos internacionais de auxílio direto, alguma 
especificidade? Também depende. No caso, se for execução de alimentos você pode ter 
a decisão estrangeira homologada no Brasil e executada no Brasil. Então, em situações 
assim, pode ser do polo ativo do polo passivo, em princípio, segue essa cooperação na 
forma proposta. 
Enfim, gente. Então vou começar agora com vocês. Encerrar para que a gente possa dar 
início ao próximo bloco. Até mais. 
 
 
CONDIÇÕES DA AÇÃO 
 
Muito bem, meus caros, eu sou o professor Rodolfo Hartmann, novamente com vocês 
aqui. E vamos enfrentar hoje um tema muito tradicional no Direito Processual Civil, 
sobre direito de ação. O direito de ação compõe, juntamente com a jurisdição, 
juntamente com o processo, o que nós convencionamos chamar de trilogia estrutural 
 
 
 
 
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do direito processual civil. Então você fala de um lado em jurisdição, jurisdição que é 
uma atividade focada em encerrar litígios, em momento anterior nós vimos, temos a 
jurisdição estatal, temos hoje o que se fala de justiça de multiportas, jurisdição não 
estatal, que também serve para eliminar litígios, mas também temos a ação, também 
temos o processo. E, além desses três pilares, jurisdição, ação e processo, trilogia 
estrutural do direito processual civil, também falamos, eventualmente, em um quarto 
pilar. Na verdade, isso já é falado há algum tempo. Para aqueles que estudam pelo 
professor Luiz Guilherme Marinoni, professor Luiz Guilherme Marinoni é um que 
defende o quarto pilar, que seria o contraditório. Contraditório, o quarto pilar existe. 
Mas vamos focar hoje sobre o direito de ação. Vamos falar sobre o conceito de ação. 
Vamos falar também sobre as condições da ação e sobre os elementos da ação. É uma 
aula bem teórica. Vamos começar com ela aqui. 
 
34. Condições da ação 
 
Começando pelo conceito. Nosso código não faz um conceito sobre o direito de ação. O 
direito de ação pode ser entendido como direito público, subjetivo, autônomo e 
abstrato de invocar o Estado a prestar jurisdição estatal, mediante a presença da 
legitimidade e do interesse. 
Então, vamos fragmentar esse conceito. 
Por que ação é direito público? Porque envolve uma atividade pública. A jurisdição 
estatal é uma atividade pública. Por isso, estamos diante de um direito público. Você 
provocar o Estado-juiz a prestar jurisdição estatal é um direito público, envolve atividade 
pública. 
Por que ele é subjetivo? Ele é um direito de ação que é promovido contra o Estado. Ele 
não é contra o réu, é contra o Estado. É até um erro na petição inicial colocar que o 
processo é contra o réu, não é contra o réu. A demanda é contra o Estado. O Estado, de 
forma geral, tem o monopólio da jurisdição estatal. Você não pode, diante de um litígio: 
ah, emprestei 500 reais para o cara, o cara não me pagou, eu vou lá dar uns tapas na 
 
 
 
 
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cara dele. Você não pode fazer isso. Você não pode chegar na casa dele, dar três tapas 
na cara e pegar o carro dele. Isso pode ser crime. Pode ser, por exemplo, invasão de 
domicílio. Você pode estar fazendo exercício arbitrário das próprias razões. Então, se 
houver litígio, calma, nada de três tapas na cara. Você vai lá e entra na Justiça. O Estado 
tem o monopólio da jurisdição estatal. Você não pode fazer justiça de mão própria. 
Então, todo direito subjetivo tem um correspondente dever jurídico. Se o Estado 
reservou para si ele prestar jurisdição estatal para resolver em litígio, você exerce o 
direito de ação contra o Estado, em face do réu. A todo o direito subjetivo existe um 
correspondente dever jurídico. O Estado tem um dever jurídico de prestar jurisdição 
quando prestado. Então, a ação é um direito público. Ele é subjetivo, porque é contra o 
Estado. E ele também é autônomo. O direito de ação é autônomo em relação ao direito 
material. Por exemplo, eu faço um contrato com você. Hipoteticamente, você 
descumpra uma cláusula. Eu quero que você cumpra a cláusula. Então, aqui tem uma 
relação de direito material. Se você não cumprir, eu tenho que exercer o direito de ação. 
E o direito de ação é autônomo. Você tem, uma coisa é o direito material entre A e B, 
outra coisa é o direito de ação. São dois direitos diferentes. O direito material e o direito 
de ação. 
Eu estudei na faculdade entre 1994 e 1998, sou um dinossauro já, eu, por exemplo, 
quando aprendi na faculdade, era o Código Civil de 2016. O art. 75 do já revogado Código 
Civil de 2016 tinha uma redação mais ou menos assim, para todo direito, há uma ação 
correspondente. Isso é resquício de um tempo em que o direito de ação ainda não era 
visualizado como um todo. O direito material, quando lesionado, você podia vir em juízo. 
A visão moderna não é essa. O direito material é uma coisa, regida pelo Código Civil, por 
exemplo, o direito de ação é outro direito. Ele é autônomo. Tem o direito material e tem 
o direito de ação. O direito material você pode exigir uma prestação da outra parte, mas 
se ele não cumprir voluntariamente, você não pode fazer justiça de mão própria, você 
tem que vir no Poder Judiciário para tentar compelir o devedor a cumprir. Então, repito, 
o direito de ação é um direito autônomo. Ele não se confunde com o direito material. 
Ele não está contido no direito material. 
 
 
 
 
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Ao mesmo tempo, o direito de ação é abstrato. Você tem direito de ação, mesmo que 
não tenha o direito material. Isso é para explicar, por exemplo, um banco me negativou, 
eu quero entrar com um processo, exercer direito de ação, para falar que eu não tenho 
dívida com o banco. Eu nunca tive vínculo com aquele banco. Se o juiz acolhe o meu 
pedido, o juiz diz: Julgo procedente, o Rodolfo nunca teve vínculo com aquele banco. 
Olha, eu tive direito de ação. O juiz deu a decisão dizendo que eu não tenho vínculo com 
o banco. E vejam que eu tenho o direito de ação mesmo sem ter direito material. Então, 
não é só falar que o direito de ação é autônomo, uma coisa é direito material, outra 
coisa é direito de ação, o direito de ação, além de ser autônomo, é abstrato. O direito 
de ação existe mesmo onde não há o direito material. Claro que se eu peço para você 
me pagar 100 mil e eu ganho, eu tenho o direito material e eu tenho o direito de ação. 
Mas quando eu peço para o juiz declarar inexistência de dívida com o banco, eu tive o 
direito de ação, mas não tenho o direito material, porque ele é abstrato. Só que você, 
para exercer o direito de ação de maneira legítima, você tem que ter a legitimidade e 
interesse No código anterior, nós tínhamos uma expressão “condições da nação”, você, 
para exercer o direito de ação de maneira aceitada, você tem que ter as condições da 
ação, tais como legitimidade, interesse e possibilidade jurídica do pedido. 
Acontece com o nosso CPC atual, no art. 17, no art. 485, inciso VI, ele só fala em 
legitimidade e interesse. Então, o nosso código acabou com a possibilidade jurídica do 
pedido. Agora, nós temos apenas legitimidade e interesse. Você, para exercero direito 
de ação de forma legítima, deve ter legitimidade e interesse. A possibilidade jurídica do 
pedido ela passa a ser mérito. Se você quer usucapião, digamos, um imóvel na rua, isso 
é para julgar improcedente em mérito. Eu quero cobrar uma dívida de jogo. Aqui no 
Brasil e para julgar improcedente. O nosso código agora trabalha com o mérito. Mas 
gente, esse papo de condições da ação, de legitimidade, interesse, possibilidade jurídica, 
isso quem criou no Brasil foi um italiano chamado Enrico Tullio Liebman. Ele veio pra cá, 
ele foi professor, por exemplo, do Cândido Rangel Dinamarco. Então, ele fez história no 
Brasil, uma escola paulista de processo civil, por exemplo. Liebman, em vida, ele próprio, 
em vida, chegou a escrever, chegou a defender que não devia ser mais legitimidade, 
 
 
 
 
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interesse e possibilidade jurídica do pedido que, para ele, em vida, a possibilidade 
jurídica do pedido devia ser mérito, que estava errado. Ele reformulava a teoria dele que 
o código anterior adotou. E, depois de décadas, o nosso código foi atualizado e 
acabaram com a possibilidade jurídica do pedido. Então, agora temos apenas 
legitimidade e interesse. Mas o leitor atento vai verificar que lá no art. 17, no art. 485, 
inciso VI, não tiraram só a possibilidade jurídica do pedido, que acabaram com a 
expressão “condições da ação”. O código manteve a legitimidade e interesse 
necessários, mas não tem mais a expressão “condições da ação”. E aí criou uma 
briguinha, uma divergência doutrinária. Alguns autores, como o professor Fredie Didier, 
em 2016, quando o código entrou em vigor, estavam defendendo: Não, o código agora 
não tem mais condição da ação. O código tem legitimidade e interesse. Mas, na visão 
dele, legitimidade e interesse passavam a ser pressupostos processuais, não mais 
condições da ação. O Código não usa essa expressão, passava a ser pressupostos 
processuais. 
Por outro lado, vários doutrinadores permanecem usando a expressão “condições da 
ação”. Minha impressão é que a maioria continua usando. Alguns colocam entre aspas. 
O professor Alexandre Freitas Câmara, desembargador do TJ, ele tem um livro chamado 
O Novo Processo Civil. Tem um manual de processo civil, lançado em 2002. Enfim, nos 
dois livros, ele usa a expressão Condições da ação. Humberto Theodoro Júnior fala em 
condições da ação. Professor Afrânio Silva Jardim, que é de processo penal, foi meu 
professor no mestrado, muitos anos atrás, ele próprio chegou a escrever sobre o tema, 
se acabaram as condições da ação. Isso foi publicado em 2016 na revista eletrônica 
REDP, Revista Eletrônica do Direito Processual, da UERJ. Ele disse assim, mais ou menos: 
Peraí, que papo é esse? Isso aqui é teoria geral do processo. Quer dizer que o CPC acabou 
com condições da ação? Então isso vai afetar o processo penal, porque processo penal 
ainda tem mais coisa, processo penal ainda tem justa causa. Na visão dele, ainda tem 
uma outra condição da ação chamada Originalidade. Então, peraí, o processo civil 
acabou com condições da ação, isso vai afetar o processo penal, que é a área que eu 
leciono? Ele também disse assim: Esquisito. Quer dizer que, historicamente, a ação é 
 
 
 
 
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uma coisa e o processo é outra? Normalmente, são coisas diferentes. Tem as condições 
próprias para a ação e os requisitos próprios para o processo se desenvolver. E agora, 
depois de anos, nós vamos misturar. O que era uma coisa, a condição da ação, virou 
pressuposto processual. 
Enfim, eu tenho visto que a doutrina que diz que permanece as condições da ação, ela 
vem ganhando cada vez mais força. No início do CPC foi muito forte esse papo: 
Acabaram as condições da ação. O código não usa mais a expressão. Só que o código 
continua falando em legitimidade e interesse. Continuam sendo condições da ação. 
Então está aí, condições da ação de acordo com nosso Código de Processo Civil. 
Outra coisa são os elementos da ação. Os elementos da ação servem para identificar 
quando uma ação é idêntica à outra. Como eu sei que uma ação idêntica a outra? Eu 
vou analisar identidade de partes, pedido e causa de pedir. Se você tem a tríplice 
identidade, as mesmas partes, pedido e causa de pedir, você tem, se os processos estão 
em curso, você tem um fenômeno chamado Litispendência. Esses elementos da ação, 
que servem para identificar quando uma ação é idêntica à outra, são muito úteis 
justamente para questões relativas à, por exemplo, Litispendência, ofensa ou não a coisa 
julgada, também fenômenos como conexão. Você, lá no art. 55, tem um conceito de 
conexão e, eventualmente, você vai analisar os elementos da ação para verificar se as 
causas são conexas. Uma continência também analisada à luz desses elementos da ação. 
A continência é chamada de Litispendência parcial. A continência é quando você tem as 
mesmas partes, pedido e causa de pedir, mas o pedido de uma ação é mais amplo e 
abrangente o da outra. 
Vimos o conceito da ação. Vimos que o código exige, para legitimar o exercício do direito 
de ação, a legitimidade e o interesse, as condições da ação. Vimos os elementos da ação, 
partes, pedido e causa de pedir. E outro tópico importante é sobre a desistência da ação. 
Até que momento o autor pode desistir da ação, por exemplo, no processo de 
conhecimento. E aí nós temos o art. 485 do CPC. Esse art. 485 prevê as hipóteses de 
extinção do processo sem resolução do mérito. Art. 485, hipóteses de extinção do 
processo, sem resolução do mérito. E uma delas, justamente é quando o juiz homologa 
 
 
 
 
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a desistência da ação. É o art. 485, inciso VIII, o juiz homologa a desistência da ação e o 
processo é extinto sem resolução do mérito. 
Nesse caso, a questão é: até quando o autor pode desistir da ação, por exemplo, em um 
processo de conhecimento, em um procedimento comum? A resposta está no parágrafo 
quarto e no parágrafo quinto desse art. 485. 
Diz o art. 485: 
Se o réu já foi citado e se o réu já ofereceu contestação, se ele já foi citado 
e se ele ofereceu contestação, o autor só pode desistir se tiver o 
consentimento do réu. 
Então, por mais que a ação tenha sido provocada pelo autor, quando o réu é citado e 
quando o réu apresenta a defesa, ele, réu, demonstra que tem interesse em uma 
definição dessa situação. Excelência, ele está falando que eu estou devendo a ele 100 
mil. Agora ele quer desistir da ação? Não. Eu, por exemplo, os porteiros do prédio me 
conhecem, quando veio oficial de Justiça me citar todo mundo ficou me olhando feio. 
Aqui um parêntese que eu falo com vocês, por incrível que pareça, eu trabalho como 
juiz, os vizinhos sabem, os porteiros sabem, eu trato, cumprimento. Quando eu faço um 
churrasquinho eu dou uma carninha para os porteiros, numa boa. Mas quando é bairro 
pequeno e você fica muito tempo no bairro, vão conhecendo você. Uma vez eu estava 
no prédio anterior e ligou um condômino. Ligou e o porteiro tocou na minha portaria: o 
cara quer falar contigo. Não, olha só, é porque eu estou tendo um vazamento, está 
caindo aqui no meu apartamento. Eu estava achando que o meu apartamento estava 
vazando, molhando o do vizinho de baixo, e ele falando, falando. E eu assim, claro. Qual 
o seu apartamento? É o que está em embaixo? Ah, não, doutor, eu não moro no seu 
prédio, não. Eu moro há dois prédios daqui. E eu assim, por que você está ligando para 
mim? Você está falando que está com problema no seu prédio, você tem que procurar 
o seu síndico. Ah, mas é porque aqui na rua o pessoal fala que o senhor é juiz, o senhor 
dá um jeito na situação. Que o senhor é juiz. Então eu vou falar para vocês, promotor, 
juiz, advogado, as pessoas ficam conhecendo o teu entorno, e tem as fofoquinhas, a 
gente tem que tomar cuidado com a exposição. Então, estou falando isso porque se vem 
 
 
 
 
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um Oficial de Justiçame incitar, é fofoca aqui no prédio. Não, Dr. Rodolfo está devendo 
a não sei quem, está devendo tributo. Aí o resultado, aí depois vem o autor e desiste? 
Não, eu não concordo. Eu já contestei. Eu quero que o juiz analise o mérito. Eu quero 
que o juiz diga que eu não estou devendo nada, porque se tiver a desistência, vai ficar 
aquela dúvida no ar. Está devendo ou não está devendo? Praticou crime ou não praticou 
crime? Não. Eu quero enfrentamento do mérito. Então, quando o réu já foi citado e o 
réu oferta a defesa, ele, réu, tem que concordar com a desistência formulada pelo autor. 
E o parágrafo quinto do art. 485 estabelece que essa desistência não pode ser quando a 
sentença já foi dada. Muito boa essa regra. 485, parágrafo quinto. Imaginem, por 
exemplo, eu peço 100 mil, o juiz me dá 20 mil. Eu peço 100 mil, o juiz me dá 20 mil. Aí 
eu recorro e o réu também recorre. Eu recorro para aumentar de 20 mil para 100 mil. O 
réu recorre para diminuir de 20 mil para zero. No dia da sessão, começa a votação, vem 
o primeiro desembargador: Dou provimento ao recurso do réu. Tem que baixar para 
zero. Vem o segundo desembargador: Dou provimento, reduzo para zero. Aí eu vejo que 
vou perder e falo assim: Excelência, antes de concluir a votação no tribunal, eu quero 
desistir da ação. Não é desistir do recurso, eu quero desistir da ação em grau recursal, 
porque se eu desisto da ação, depois de uma semana eu posso entrar com a mesma 
ação novamente. Vai que nesse meio tempo mudou o juiz. Então, se eu tenho uma 
sentença de desistência, ela não enfrenta o mérito, do contrário, corria o risco de eu ter 
um acórdão de mérito que não me reconhecia direito nenhum. 
Felizmente veio o CPC e coloca isso no art. 485, § 5º. 
A desistência da ação só pode ser manifestada enquanto não tiver sido 
prolatada a sentença. 
 Então, em primeiro grau eu posso pedir a desistência da ação antes do juiz dar a 
sentença. Mas se o réu já tiver citado e contestado, eu dependo da concordância do réu. 
 
35. Questão(ões) de concurso 
 
E a nossa pergunta é exatamente sobre isso. 
 
 
 
 
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Até o momento processual, é possível a desistência da ação? 
a) A qualquer momento, sendo irrelevante a anuência ou não do 
demandado; 
Errado. Pode desistir antes da sentença e, se o réu contestou, tem que ter a anuência 
dele. 
b) O CPC não autoriza a desistência da ação após a sua propositura; 
Autoriza. Está errado. Artigo 485, § 4º e 5º. 
c) Somente até o saneamento do processo; 
Errado. É até a sentença. 
d) A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença, mas o réu 
terá que consentir caso tenha apresentado contestação. 
Alternativa correta. 
 
36. Resumo final 
 
E é exatamente isso. Então, nós fizemos o nosso resumo de tema. Falamos o conteúdo 
da aula, direito de ação, condições da ação, elementos da ação e tópicos sobre 
desistência. Bem como enfrentamos questão de concurso. E assim concluímos. 
E aí, meus caros, caso vocês tenham alguma dúvida, fiquem à vontade para colocar 
agora no chat. É o momento de nós enfrentarmos alguns questionamentos. 
 
37. Dúvidas sobre o Tema 
 
Muitas perguntas. Permaneço ou não as condições da ação? 
 Bem, como vamos seguir um posicionamento? Maicon, isso depende muito realmente 
do enunciado da questão. Então a pergunta tem questões de banca. Você tem, por 
exemplo, FCC. FCC, em direito processual civil, é uma banca muito acadêmica. Muito 
acadêmica. E os enunciados dessa banca muitas vezes fazem menção: De acordo com o 
entendimento do professor Fredie Didier diga a alternativa correta. Então, às vezes, a 
 
 
 
 
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própria banca cita um doutrinador. A FCC, repito, é muito acadêmica em direito 
processual civil. Estou falando em direito processual civil. Às vezes ela já cita o 
examinador. Às vezes, o enunciado da questão cita um termo que é usado por aquele 
examinador, por aquele doutrinador. Então isso já pode sinalizar. Mas eu acho difícil 
uma pergunta sobre isso, Maicon, numa objetiva, porque é uma questão que, em tese, 
pode ser anulada na Justiça. Quando você faz uma questão objetiva, ela tem que ser 
muito fechada justamente para evitar esse tipo de discussão. Essa pergunta melhor seria 
numa prova discursiva do que propriamente numa questão objetiva, com risco de gerar 
nulidade. 
A pergunta sobre equivalente jurisdicional. 
Nós já gravamos essa aula. Já falamos sobre jurisdição, sobre equivalentes em momento 
anterior. No nosso primeiro encontro. Então já foi gravado esse tema. 
 Pergunta do Gilmar: Se o réu já citado, ainda está no prazo da contestação, não tem 
que concordar com a desistência? 
Pela interpretação literal, não. Pela interpretação literal só tem que ter a anuência dele 
se ele já tiver contestado. Então, em princípio, desistiu antes dele contestar, pela 
interpretação literal, não. Isso era diferente no código anterior. 
Pergunta do Bruno: Professor tem uns casos que, após a contestação, o autor pede a 
desistência, o réu somente consente com a renúncia pelo autor do direito de ação. 
Neste caso, como proceder? 
Bruno, são duas coisas diferentes. Desistência da ação e renúncia ao direito. A 
desistência da ação gera uma sentença terminativa. A renúncia ao direito gera uma 
sentença de mérito. Se houver renúncia, o autor não pode entrar novamente. Em casos 
assim, se o autor pede a desistência e o réu fala: só se ele renunciar. Aí depende agora 
do autor. Autor, você vai renunciar? Não, eu não vou renunciar. Se você não vai 
renunciar é porque o réu não concordou. Então, vida que segue. Ele só aceitou se você 
renunciar. Se você não quer renunciar, então o processo segue. 
Chama a atenção, eu já peguei um caso, eu não era o juiz do caso, eu peguei o final da 
hipótese, o autor pediu a desistência, era o INSS, aí o réu disse: Só concordo se o autor 
 
 
 
 
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pagar honorários e custas, porque ele entrou com a ação, tive advogado. Concordo se 
ele pagar honorários e custas. O juiz anterior, que eu conheço, é meu amigo, deu vistas 
ao autor, INSS, que disse: Não aceito pagar custas nem honorários. Aí o processo veio 
concluso comigo. Eu acolhi a desistência, porque o réu concordou, mas o réu disse: Mas 
o autor tem que pagar custas e honorários. O autor não pode desistir e ficar isento disso. 
Pelo princípio da causalidade, quem deu causa é que vai arcar com essa desistência. 
Então, só para mostrar, nesse exemplo vocês teriam um caso em que o autor desistiu, 
mas, se o réu concordar, ele arca com sucumbência. 
A Rosana fez o comentário do art. 1.040, § 3º, eu até sobre eles no meu livro, que é o 
Manual do Curso Completo, tem até uns alunos perguntando: Professor, e a edição 
2023? É que ela está saindo por outra editora, por isso que não saiu ainda, ela está por 
outra editora. Quando eu falo em desistência da ação, eu falo sobre o 1.040, § 1º e 3º. 
Aqui tem, no 1.040, § 1º e 3º, uma exceção, que o autor pode desistir da ação sem a 
anuência do réu. É caso de recurso repetitivo. Quando tem recurso repetitivo, fica tudo 
parado no Brasil inteiro, no Brasil inteiro tudo parado e tem que aguardar o Supremo ou 
o STJ criar o precedente vinculante. Quando eles criam, os juízes vão aplicar o 
precedente vinculante em cada caso. Diz o art. 1.040, § 1º e 3º, que o autor pode desistir 
da ação em primeiro grau e não precisa da anuência do réu. Eu, para falar a verdade, 
acho esse artigo 1.040, § 1º e 3º, totalmente contrário à boa fé, a cooperação, a lealdade 
que norteia o CPC. Porque, por exemplo, a ideia do CPC é criar um precedente vinculante 
para aplicar no Brasil inteiro. O teu processo está parado em primeiro grau, aguardando 
um recurso extraordinário repetitivo. Aí cria um precedente vinculante desfavorável ao 
autor. O autor, então, fala o quê? Ah, quer saber, se o juiz enfrentar o mérito aplicando 
o precedente eu vou perder. Então eu, que souo autor, eu desisto, desisto da ação para 
evitar o precedente vinculante. Aí o autor, depois que eu desisti, porque não tem que 
ter a anuência do réu, depois disso, eu simplesmente espero, vai que tem um chamado 
overruling, o Supremo Tribunal derruba o precedente vinculante, e, como eu não tenho 
coisa julgada, eu já posso, então, entrar com a mesma ação novamente. Então, eu, 
pessoalmente, não gosto da redação do Art. 1.040, § 1º e 3º. Parece uma artimanha. 
 
 
 
 
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Uma artimanha para evitar a aplicação do precedente vinculante, o que conspira contra 
a primazia da resolução do mérito que o Código prevê. 
Enfim, gente, o tempo está passando, eu vou entrar com vocês agora sobre a questão 
relativa aos próximos tópicos e aí vou dar prosseguimento e qualquer outra dúvida que 
vocês tenham encaminha essas dúvidas, por favor, para o curso Ênfase, o curso Ênfase 
entra em contato comigo, eu vou responder cada um de vocês as dúvidas. E também, se 
preferir, você manda pelo meu Instagram, que é rodolfo@kronenberg@hartmann, que 
eu também vou respondendo aos poucos e esclarecendo tudo. Só não posso falar de 
caso real, porque caso real a Loman veda. Ah, professor, eu estou com um caso assim. 
Eu não posso falar sobre caso real, mas dúvida processual eu estou aqui para ajudar 
vocês, está bom? 
Então vou encerrar esse terceiro bloco. Vamos para o quarto. Continuando falando 
sobre trilogia estrutural. Até breve! 
 
 
CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
 
Olá, meus caros, sou professor o Rodolfo Kronemberg Hartmann, novamente com vocês 
aqui. Vamos trabalhar hoje um tópico sobre processo. O processo está inserido dentro 
da trilogia estrutural do Direito Processual Civil. Nós falamos do lado de jurisdição, 
falamos de ação e também falamos em processos. Tá? Então justamente esse é o nosso 
tópico, falar sobre processos, conceito e também a sua natureza jurídica. 
Bem, no nosso encontro de hoje vamos abordar, justamente, esses temas: processo, 
conceito e natureza jurídica. Falaremos sobre a nossa legislação pertinente, 
principalmente o código de processo civil. Além do conteúdo da aula vamos enfrentar 
questões de concurso e também o nosso resumo final. 
 
 
 
 
 
 
 
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38. Processo, Conceito e Natureza Jurídica 
 
Pois bem, conceito de processos: o nosso código não traz, não traz o conceito de 
processo. Basicamente, podemos dizer que o processo é um instrumento e é nesse 
instrumento, o processo, que o Estado presta à denominada Jurisdição Estatal. É nesse 
instrumento, o processo, que o estado presta jurisdição. Eu, pessoalmente, vou dizer 
que isso também é um pouco polêmico, mas quando se fala: ah, mas o inquérito policial. 
O inquérito policial lembra o processo. O inquérito policial tem o início, tem produção 
de provas e tem uma conclusão. Eu sigo aquela visão que aquilo não é um processo, que 
o inquérito é um procedimento administrativo. Ah, mas o auditor tem que apurar o fato 
gerador do tributo, se tem que pagar ou não o tributo, constitui o crédito tributário. Isso 
tem o início, desenvolvimento, prova, conclusão. Isso não é um processo. Isso é um 
procedimento administrativo. Eu sei que alguns autores falam em processo 
administrativo, conheço a teoria, mas eu vou seguir uma linha muito tradicional de que 
processo, em direito processual civil, ele é um instrumento, é uma sequência de atos 
ordenados, em que o Estado presta a Jurisdição Estatal. Então, para ser processo, tem 
que ter uma Jurisdição Estatal. Enfim, esse processo, uma vez instaurado pela parte 
interessada, em regra, você não tem processo iniciado de ofício, em momento anterior 
nós vimos, a jurisdição não costuma ser prestada de ofício, é necessário provocar o 
Estado juiz para prestar a Jurisdição Estatal, poucos casos a jurisdição pode ser de ofício, 
aí inicia o processo. Eu daria como exemplo o habeas corpus. Habeas corpus pode ser 
dado de ofício, restauração de autos, restauração de autos que está no nosso Código de 
Processo Civil, lá no artigo 712, também pode ser prestada de ofício, mas em todos os 
casos o processo se inicia normalmente com a provocação, às vezes de ofício, mas a 
Jurisdição Estatal vai ser prestada nesse instrumento. 
A finalidade do processo é obter uma providência jurisdicional, uma tutela jurisdicional. 
Eu sou de um tempo que se dizia: a finalidade do processo é conseguir uma sentença. 
Falava-se isso: finalidade do processo é conseguir uma sentença. Mas hoje já não é bem 
assim. Vocês sabem muito bem que até depois da sentença ser prolatada, ainda assim 
 
 
 
 
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temos processo. O fim do processo vai dar uma sentença. Ah, a finalidade é dar uma 
sentença. Não. Mesmo depois que a sentença é dada, tem recurso. Tem etapa de 
cumprimento de sentença. O processo, então, tem outro fim. O fim do processo não é 
uma sentença. O que se busca com o processo é uma tutela jurisdicional, é uma 
proteção jurisdicional. E hoje, mesmo depois da sentença, o processo continua. O 
processo não acaba com a sentença, ele segue até a efetiva satisfação do direito 
material. Então é isso, o processo é um instrumento em que o Estado presta à jurisdição. 
O processo tem como finalidade obter uma tutela jurisdicional. E esse processo ele 
segue o rito, uma ordem sequencial para a prática dos atos. Uma das coisas que eu 
aprendi na faculdade, principalmente em prática, naquele tempo era tudo processo 
físico, o nosso código não fala processo físico, ele fala processo não eletrônico, mas cito 
processo físico com vocês, mais fácil entender, naquele tempo, você pegava às vezes o 
processo físico, você ia nas últimas páginas e você já imaginava o estágio que o processo 
se encontra. Porque o procedimento, o rito, é sequenciado. Vamos pegar, por exemplo, 
não precisa anotar isso, vamos ter aula no futuro sobre esse tópico, nós vamos falar em 
breve, não hoje, mas em breve, sobre procedimento comum. O procedimento comum 
ele substitui o antigo rito ordinário. Como é hoje a estrutura do procedimento comum? 
Vou falar rapidamente numa nota, a gente vai ter no futuro. Tem a petição inicial, réu é 
citado, tem uma audiência de conciliação e mediação. Se não houve o acordo, começa 
o prazo para contestar. Às vezes, o autor tem direito a réplica e o processo vem concluso. 
Às vezes, o juiz já pode sentenciar. Se não for possível ao juiz sentenciar naquele 
momento, então, ele faz o saneamento do processo. E, havendo provas orais a serem 
produzidas, ele vai designar uma AJ, e depois ter a sentença. Então, por exemplo, se eu 
pego o processo, um procedimento comum, vou lá nas últimas páginas e o juiz acabou 
de fazer o saneamento, eu já vislumbro que o processo está caminhando pro final. Ah, 
o réu contestou. Opa, se o réu contestou é a última página, o processo ainda está meio 
no início, lá pela metade. Então, é importante. O processo estabelece uma ordem para 
a prática dos atos processuais. E, em regra, essa ordem deve ser observada sob pena de 
um erro de procedimento. Hoje, o nosso processo de conhecimento, no CPC, nós temos 
 
 
 
 
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o procedimento comum e os procedimentos especiais. Então, a sequência é 
determinada pelo rito, pelo procedimento. Nós temos o processo de conhecimento que 
tem, repito, procedimento comum e procedimentos especiais. 
Os procedimentos especiais podem estar dentro do CPC ou podem estar em leis 
específicas, juizados especiais. Juizados especiais, procedimentos especiais em leis 
específicas. Mandado de segurança, procedimento especial e lei própria. Ação 
monitória. Ação monitória é um procedimento especial dentro do CPC. Ele tem uma 
sequência diferente. Consignação em pagamento; procedimento especial dentro do 
CPC, também traz uma sequência diferente. 
 Então, o processo tem um rito e esse rito pode ser o comum ou os especiais, tratando-
se de processo de conhecimento.Só que ao lado do processo de conhecimento, nós 
também temos o processo de execução. Esse processo de execução é muito diferente. 
Quando você inicia um processo de execução ou um cumprimento de sentença, você 
tem que ter um título executivo. Você pode ter título executivo judicial, eles estão 
descritos no artigo 515 do CPC. Ou você pode ter títulos executivos extrajudiciais, 
indicados no artigo 784 do CPC. Toda execução tem que ter um título executivo. E é uma 
coisa curiosa, a atividade na execução é muito diferente. Não é que nem na fase de 
conhecimento que você tem que produzir prova para convencer o juiz. No processo de 
conhecimento todo mundo está preocupado com isso, arrolar testemunha, a perícia. A 
execução pode ter prova, mas normalmente não tem. Na execução, você já tem um 
título executivo, você não tem que convencer o juiz que está com a razão. O que você 
quer na execução é que a obrigação constante do título seja cumprida. Essa é a 
finalidade: cumprir a obrigação constante do título. É isso que você busca na execução. 
Eventualmente, você produz prova. Por exemplo, uma desconsideração da 
personalidade jurídica. Às vezes, tem que produzir prova sobre esse tema na execução, 
mas a execução é diferente, ela tem um mérito. O mérito é satisfazer a obrigação 
constante do título. E a execução também tem procedimentos. Você tem o 
procedimento de cumprimento de sentença, obrigação de pagar, obrigação de fazer. 
Você tem execução de título extrajudicial. Você tem execução fiscal, execução de 
 
 
 
 
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alimentos. Então, o processo de execução também tem diversos procedimentos. Então, 
repito, podemos ter o processo de conhecimento; o foco é produzir prova, o foco 
convencer o juiz. O processo de conhecimento segue o rito comum, ritos especiais. E 
temos a execução, a execução busca satisfazer a obrigação constante do título. A 
execução também tem rito. Você pode ter um rito para cumprimento de sentença, para 
execução de título extrajudicial. Quando a Fazenda é credora, quando a Fazenda é 
devedora. Quando é a obrigação de fazer/não fazer uma entrega de coisa. Quando é 
uma insolvência civil. Quando é uma execução fiscal. Então a execução também tem 
vários procedimentos. 
Então, vimos o conceito de processo e vimos as espécies de processo. 
O nosso código atual não mantém processo cautelar autônomo. Não mantém. O 
anterior tinha conhecimento, execução e cautelar. O nosso código atual não mantém as 
cautelares autônomas. Você pode ter hoje, no próprio processo de conhecimento ou no 
próprio processo de execução, medidas cautelares. Então, ao invés de ter um processo 
autônomo para providências cautelares, elas podem ser deferidas dentro do processo 
de conhecimento ou dentro do processo de execução. Então não houve prejuízo, não 
tivemos vedação do retrocesso, não acabaram com algo e não deixaram nada no seu 
lugar. Acabou a cautelar autônoma, mas as providências cautelares ainda podem ser 
dadas dentro do processo de conhecimento ou dentro do processo de execução. 
Acrescento, ah, Rodolfo, mas o CPC fala, no artigo 381 ao 383, em produção antecipada 
de prova. Então tem uma cautelar no CPC, produção antecipada de prova. Olha, tem 
doutrinadores que falam que a produção antecipada de prova é cautelar. Verdade, 
porque era no código anterior, por que vai mudar agora no novo? Então, ela seria um 
exemplo de cautelar que restou, cautelar autônoma, mas eu vejo muito o autor falando 
que não temos cautelares autônomas, que ela seria, na realidade, uma ação probatória 
autônoma. Não uma ação cautelar, mas uma ação probatória autônoma. 
Na verdade, isso é discussão teórica. Não acho que vamos ter uma pergunta de prova 
de concurso com a natureza jurídica da produção antecipada de provas. Então acho que 
 
 
 
 
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seria isso, uma discussão teórica, se é uma cautela autônoma ou se é uma ação 
probatória autônoma. 
Curiosidades: eu estive atuando no mês passado, convocado no Tribunal Regional 
Federal da 2ª Região, em turma que trabalha a competência tributária, e na turma nós 
pegávamos vários casos de julgamento, porque essa cautela autônoma persiste, ela é 
chamada de cautelar fiscal, ela não está no CPC. A chamada cautelar fiscal é quando a 
Fazenda Pública tenta, nessa cautelar autônoma, conseguir arrestar bens do devedor, 
isso antes dela promover a execução fiscal. Ela é imprópria, então, ainda temos 
cautelares autônomos, pelo menos esse exemplo, na chamada cautelar fiscal. 
Bem, mas, além do processo de conhecimento e além do processo de execução, já que 
o cautelar, em tese, não está mais no CPC como processo, você também tem o chamado 
processo sincrético. O processo sincrético é aquele que une o processo de 
conhecimento de execução em apenas um. O processo é um, tem uma fase de 
conhecimento e tem uma fase de execução. Esse seria o processo sincrético. Ele também 
está previsto no nosso Código de Processo Civil. Um único processo, fase 1: 
conhecimento. Fase 2: execução. 
A nossa aula ainda fala sobre natureza jurídica do processo. Tudo bem, está aí o 
processo, mas o que o processo seria? Então eu coloco para vocês no material, 
majoritariamente, a natureza do processo é de relação jurídica processual. O 
doutrinador que criou esse conceito, Oscar Von Bülow, diz que uma coisa é a relação de 
direito material, você tem um contrato entre A e B, no Código Civil tem os requisitos 
para o contrato existir, para o contrato ser válido, para o contrato gerar efeitos, isso no 
Código Civil, mas o processo cria outra relação jurídica, uma relação jurídica envolvendo 
autor, réu e Estado juiz. Se de um lado a relação entre o A e B no plano material é uma 
relação linear, A aqui e B aqui, a relação processual é angular ou triangular, envolvendo 
o Estado juiz, o autor e o réu. Então, essa seria a natureza jurídica. O processo é uma 
relação jurídica processual. Mas há entendimento antigo que vislumbrava o processo 
como contrato, então as partes aceitavam a decisão, porque tinha um litígio, só que para 
fazer o contrato, tem que ter o ajuste de vontade. E você não tem isso no processo. O 
 
 
 
 
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réu não escolhe ser réu. Então vem uma: ah, então processo não é contrato, é quase 
contrato, palavra que é diferente. 
 Tivemos a visão que o processo é uma situação jurídica, que A e B não conseguem 
resolver o litígio, então o processo é uma situação jurídica que eles se encontram 
aguardando a decisão do juiz. Nenhuma dessas visões foi adotada. A majoritária é que 
o processo é relação jurídica, processual. 
E no Brasil nós também tivemos doutrinadores defendendo que o processo possa ser 
uma categoria autônoma, e outros como entidade complexa. No caso de categoria 
autônoma, essa visão é apresentada pelo professor Afrânio Silva Jardim, que dá aula de 
processo penal, acho que nem dá aula no momento, mas deu aula no passado, foi 
examinador de vários concursos, tinha um nível de direito processual penal muito bom, 
e quando ele fala que processo é categoria autônoma, porque ele diz que há um erro de 
metodologia quanto à insistência em classificar o contrato como algo que já existe. Ah, 
o processo é um contrato, o processo é uma relação jurídica. É uma insistência de 
classificar o processo como algo já existente. E ele diz que não. Processo não é contrato, 
processo não é relação jurídica, processo é processo. Ele fala isso, processo é processo. 
Processo é uma categoria autônoma. Enfim, estou citando, é um entendimento 
interessante, mas não é o mais adotado. E Dinamarco diz que processo é uma entidade 
complexa. Dinamarco vê um pouquinho de contrato, um pouquinho de relação jurídica, 
um pouquinho de categoria autônoma, um pouquinho de várias coisas. Então, na visão 
de Dinamarco, o processo é uma entidade complexa. Repito, há o entendimento 
majoritário, isso é doutrinário, que processo éuma relação jurídica processual. 
 
39. Questão(ões) de concurso 
 
 Bom, vamos à questão que foi apresentada aqui. 
O atual Código de Processo Civil prevê quantos processos distintos entre 
si? 
A) Apenas processos de conhecimento; 
 
 
 
 
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B) Processo de conhecimento e probatório autônomo; 
C) Conhecimento, execução e cautelar; 
D) Conhecimento, execução e sincrético. 
Na verdade, o processo vê conhecimento, execução e sincrético. São os processos que 
nós temos hoje adotados pelo nosso CPC, de 2015. 
 
40. Resumo do Tema 
 
Na aula hoje falamos sobre o conceito de processos, também sobre a natureza jurídica 
do processo, as divergências existentes. Falamos sobre os tipos de processos, sobre 
procedimentos. E enfrentamos questão de curso. Esse é o resumo, por sinal. 
 
41. Dúvidas sobre o tema 
 
Diferença entre processo de conhecimento e processo sincrético. 
Uma coisa é o processo só de conhecimento, você quer produzir prova para convencer 
o juiz de que está com a razão, de que ter um julgamento favorável. Uma coisa é a 
execução de título extrajudicial. Você começa a execução, você já tem um título 
extrajudicial, um cheque, uma nota promissória, um contrato com duas testemunhas. 
Na execução, em regra, não se produz prova. Você não está preocupado em convencer 
o juiz a respeito de nada, você já tem um título executivo. Agora, às vezes, o nosso 
código junta os dois em um só processo que, inicialmente, a primeira fase, você quer 
convencer o juiz para ter uma sentença favorável para depois entrar na fase 2. Então, 
nessa hipótese, você tem um processo sincrético. Ele tem fase 1: Conhecimento. Fase 2: 
Execução. 
Gabriele falou sobre Nomenclatura do processo cautelar da Fazenda. 
Costuma ser chamada de cautelar fiscal. Não tem um nome fechado, mas se for 
pesquisar depois sobre ela, cautelar fiscal. Ela ainda é uma cautelar autônoma e 
acontece com bastante frequência. 
 
 
 
 
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Gilmar perguntou sobre cautelar satisfativa de busca, apreensão de veículo e 
alienação fiduciária. Ainda é ação autônoma? 
Cuidado, GIlmar! No código anterior, nós tínhamos uma busca e apreensão cautelar, do 
código anterior. No Decreto-Lei 911/69, nós temos uma ação de busca e apreensão 
quando se trata de contrato de propriedade fiduciária. Então, quando é um contrato de 
propriedade fiduciária é o devedor, fiduciante, não paga, o credor fiduciário pode 
executar a dívida ou pode promover a busca e apreensão para apreender um bem. 
Repito, no código anterior nós tínhamos a busca e apreensão cautelar. O Decreto-Lei 
911/69 usa o termo busca e apreensão, mas só o nome que é igual. Essa busca e 
apreensão do Decreto-Lei 911/69, é processo de conhecimento. Ela não é cautelar. Ela 
é processo de conhecimento. Então, nesse Decreto-Lei 911/69, bem nos primeiros 
artigos, no artigo terceiro, alguns parágrafos, deixa claro, ela não tem natureza cautelar. 
O nome lembra a antiga cautelar de busca e apreensão, mas, apesar do nome, ela não 
é cautelar. 
Outra pergunta também, do Daniel. Após sentença que homologa acordo 
extrajudicial, mas que não foi cumprido, tem que entrar com uma execução do título 
ou pode questionar no mesmo processo para converter em execução? 
 Daniel, eu, pessoalmente, não vejo problema em executar nos mesmos autos. Teve um 
acordo, foi homologado em juízo, então até chama a atenção, o que o Daniel perguntou 
foi quando homologa acordo extrajudicial. Isso é até um procedimento de jurisdição 
voluntária. Você vem na Justiça só para homologar o acordo extrajudicial. Homologou 
acordo extrajudicial, isso está no 725, um dos casos de jurisdição voluntária, não é litígio, 
só entraram na Justiça pra homologar, o juiz homologou. Se não cumprir o acordo, não 
vejo problema nenhum em executar nos próprios autos. 
Também pergunta, professor, sincrético sempre vai ocorrer quando tem dois 
processos em um? 
Sim. Quando eu tenho um processo de conhecimento. E depois, quando você tem a fase 
de execução, está aí o processo sincrético. 
Professor, como é o nome do protocolo que permite a eficácia dos atos de remoção? 
 
 
 
 
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Pesquisa, Lucas, protocolo de Las Leñas. Isso envolve alguns estados do Mercosul. 
Então, meus caros, vou encerrar por aqui. Temos mais um bloco ainda para falarmos a 
respeito de pressupostos processuais. Até breve. Valeu! 
 
 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
 
42. Introdução 
 
Olá, meus caros. Sou o professor Rodolfo Kronemberg Hartmann. Busco novamente com 
vocês aqui para tratarmos de um tema muito interessante de direito processual civil. 
Nós já falamos, de certa maneira, sobre a trilogia estrutural do direito processual civil. 
Já falamos anteriormente de jurisdição em ação e em processos. 
Mas o tópico hoje a respeito da nomenclatura pressupostos processuais, o que é 
interessante o nosso CPC ele fala que temos os pressupostos processuais, e que, na 
ausência deles, o processo é extinto sem resolução do mérito. 
Não havendo pressupostos processuais, o processo é extinto sem resolução do mérito. 
Mas essa nomenclatura está correta? Quais são os pressupostos processuais? O que são 
os pressupostos processuais? Enfim, quais são? O que são eles? realmente o processo 
tem que ser extinto? Então é isso que nós vamos trabalhar agora. Tópico sobre 
pressupostos processuais. Temos aqui pressupostos processuais. Vamos abordar o 
tema. 
Vamos citar os dispositivos pertinentes, principalmente do Código de Processo Civil. 
Vamos ter o conteúdo da aula, vamos ter o enfrentamento de uma questão e ainda o 
resumo final. 
 
43. Pressupostos processuais 
 
 
 
 
 
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Desde o início, eu chamo a atenção de vocês que não há uniformidade na doutrina sobre 
a mais escorreita classificação sobre os pressupostos processuais, doutrinadores podem 
criar as mais variadas. Usualmente são apresentados os pressupostos processuais de 
existência de validade. 
Por vezes, também temos os pressupostos processuais negativos. E nem sempre a 
ausência de um pressuposto processual vai acarretar automaticamente a extinção do 
processo sem resolução do mérito. 
Bem, vamos entender melhor isso. Vamos pensar no processo. O processo tem uma 
sequência de atos ordenados. Então você tem a petição inicial, você tem a citação, você 
tem audiência e você tem a contestação. 
Cada ato compõe o processo, cada ato processual. Então a petição inicial, o ato 
processual. Citação, ato processual. Nós estamos fazendo aqui uma visão micro, uma 
visão individual de cada ato que compõe o processo. Vamos pegar a sentença, a 
sentença. A sentença é um ato processual. A sentença tem relatório, fundamentação e 
dispositivo. Não é essa a estrutura da sentença, relatório, fundamentação, dispositivo? 
Pois bem, imaginem que a sentença foi dada pelo juiz e ela não tem dispositivo. Além 
de não ter dispositivo, ela não está assinada pelo juiz. Esse é um vício tão grave. Você 
não sabe à decisão qual é, porque não tem dispositivo, não tem assinatura. Então, na 
verdade, esse ato não existe juridicamente. É o vício da inexistência. Mas, Rodolfo é uma 
folha de papel. 
Tudo bem, tem relatório, tem fundamentação, mas não tem dispositivo, não tem 
assinatura eletrônica do juiz ou assinatura manual. Isso não é uma sentença, é uma folha 
de papel, concorda? Mas não é uma sentença. Não existe no mundo jurídico, beleza? A 
sentença, então, foi feita com relatório, fundamentação, dispositivo e foi assinada. Pois 
é. Só que o juiz não fundamentou bem. Eram três pedidos e o juiz só jogou um pedido. 
A sentença é mal fundamentada. Nesse caso, a sentença existe, mas a sentença é nula. 
Nula, porque é mal fundamentada. Ah Rodolfo, essa outra sentença aqui o juiz 
enfrentou os três pedidos, pois é. O juiz enfrentou os três pedidos, só que houve o 
recurso e o recurso tem efeito suspensivo. A sentençaexiste, primeiro degrau, é válida, 
 
 
 
 
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segundo degrau, mas não gera efeitos, terceiro degrau, porque o recurso tem efeito 
suspensivo. 
Então, quando eu pego qualquer ato processual, visão micro. Sentença existe? Primeiro 
degrau. Segundo degrau, é válida? O terceiro degrau, gera efeitos? Isso é uma visão 
micro. Agora, vamos fazer uma visão macro. Uma visão macro o que é necessário para 
o processo existir? Primeiro degrau. e o processo existe, o que é necessário para ele ser 
válido? Segundo degrau. 
Mais uma vez. Não é propaganda, não. Isso aqui? Por que isso é um livro e não um 
processo? Ele tem capa, ele tem miolo, ele tem conclusão. Mas por que ele é um livro e 
não um processo? Porque para ser processo tem que ter os pressupostos processuais 
de existência. Para o processo desenvolver validamente tem que ter os pressupostos 
processuais de validade. Que nem um ato processual visão micro tem que existir, ser 
válido e gerar efeitos. 
O processo como um todo tem que existir. O processo como um todo tem que ser válido. 
Enfim. Então é aí que está a doutrina ela não é uníssona quanto à classificação de 
pressupostos processuais. Vou trazer com vocês uma que me parece correta, que ela 
fala assim. O que é necessário para o processo existir? Por que isso não é papel e é 
processo? Ou não é um livro, é um processo? Para ser o processo tem que ter órgão 
jurisdicional, tem que ter partes e tem que ter demanda. Então, em regra, é isso. Você 
tem que ter órgão jurisdicional você tem que ter partes e você tem que ter demanda, 
demanda é provocar o Estado, exercer o direito de ação. Se tiver isso, parte autora 
acionou o Judiciário com direito de ação. Órgão judicial iniciou o processo. O processo 
existe, já não é um livro, já não são algumas folhas de papel, não é um arquivo PDF. 
Aquilo já é um processo. Porque tem órgão jurisdicional tem partes que tem demanda. 
Mas o processo como um todo ele só vai chegar no segundo degrau. Ele só vai se 
desenvolver se os pressupostos de validade. Então voltando ao órgão jurisdicional. O 
órgão jurisdicional ele tem o juiz. Para o processo se desenvolver validamente, o juiz não 
pode ser suspeito nem impedido. Então, repito, órgão jurisdicional o processo existe. 
Agora pressuposto de validade. Dentro do órgão, tem que ter um juiz. O juiz não pode 
 
 
 
 
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ser impedido e nem suspeito, porque isso deixa o juiz parcial. Repito, o órgão tem o juiz, 
o juiz tem que ser imparcial, não pode ser impedido, não pode ser suspeito. 
Mas, Rodolfo o processo está naquela vara, o juiz está o tempo todo no processo, depois 
de dez meses o tribunal disse que o juiz é impedido, é suspeito. Tem diferenças, 
impedimento 144; suspeição 145. Se o tribunal diz que o juiz é impedido ou suspeito, o 
tribunal vai dizer que os atos que o juiz fez, os atos foram atingidos. 
Sabe o juiz que decidiu ali, fez a decisão aqui, colheu o depoimento da testemunha, que 
faz uma pergunta. Tudo o que aquele juiz fez foi atingido. Por isso nós não estamos 
numa visão micro. A afasta o juiz é resolveu. Não os atos que o juiz fez, todos eles são 
atingidos. Por isso é pressuposto de validade. Visão macro. Vários atos foram 
contaminados por esse juiz. Da mesma maneira não basta o juiz pessoa física, ele ser 
imparcial. O juízo ainda estamos em órgão jurisdicional, além do juiz ser imparcial, o 
juízo órgão deve ser competente. Rodolfo, tem alguma coisa errada aí? Você explicou 
que uma coisa é ver o processo, visão micro, ato por ato, outra coisa é ver o processo 
como todo visão macro. Competência é pressuposto processual? É. 
Porque se o processo está na Federal, está há dois anos na Federal, é aí eu juiz vejo que 
não deveria estar na Federal, que deveria ser na Estadual. Eu declino da competência, 
declino da competência. E quando chegar o juiz Estadual, se ele quiser ele pode revogar 
todas as minhas decisões. Visão macro. Ao longo do processo, nesses dois anos, eu dei 
20 decisões. O juiz Estadual pode receber o processo e anular todas as minhas decisões. 
Por isso, a competência não é uma visão micro, é macro. Ela pode atingir vários atos. A 
competência também é um pressuposto de validade. Então, existência órgão 
jurisdicional, validade. Juiz imparcial, órgão competente porque acarreta uma 
consequência macro. Quanto às partes, as partes devem existir para o processo existir. 
Agora, para o processo ser válido as partes devem ser capazes. Capacidade de ser partes, 
capacidade de estar em juízo, capacidade postulatória, capacidade de ser parte. Ela 
equivale à capacidade de direito. No direito civil, embora a capacidade de ser parte do 
processo seja mais ampla, porque você pega entes despersonalizados com o 
condomínio, como espólio. 
 
 
 
 
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Tivemos um caso triste mais recente que um vizinho maltratou um cachorro. Eu não vou 
lembrar o nome do cachorro qual é. Não sei se era Beethoven, Bartolomeu, foi um 
cachorro bonitinho. O vizinho, bateu no cachorro. Ai, o dono, ele entrou com uma ação 
querendo danos morais. Só que o dono entrou como se o autor fosse o cachorro. O 
cachorro era o autor da ação. Então entra aquela discussão. Mas o cachorro tem 
personalidade jurídica ou não? O cachorro pode ser titular de direitos? O juiz ele deu 
uma decisão dizendo “olha pera aí. Eu gosto de cachorro, respeito o cachorro, mas o 
cachorro não tem personalidade jurídica, hoje, pela legislação, há discussão teórica 
sobre isso. Mas, hoje não tem”. Então você pode emendar inicial para que saia o 
cachorro do polo ativo e entre o dono do cachorro. O dono do cachorro pede os danos 
morais. E aí, se ganhar 30 mil, o que pediu, não lembro quanto pediu. Gasto o dinheiro 
aí com biscoitos para o cachorro. 
Então, veja, eu sei que tem discussões sobre a questão da personalidade jurídica de 
animais e vegetais. Quando essa discussão estava no grupo de acesso do WhatsApp. Aí 
teve até um professor que falou assim “inclusive tem um artigo interessantíssimo sobre 
a personalidade jurídica das árvores”. Mandou lá. Então o pessoal fica discutindo esses 
tópicos. 
Mas numa visão mais tradicional, você tem que ter parte, mas a parte tem que ter 
capacidade ser parte, tem que ter personalidade jurídica. Quem não tem não pode ser 
parte do processo. Não basta ter a capacidade de ser parte e ter capacidade de estar 
juízo. Então, por exemplo, aquele que é relativamente capaz tem que estar assistido. 
Aquele que é absolutamente incapaz tem que estar representado. 
Um menor quando o processo pai querendo alimentos à parte, é o menor. Ele tem a 
capacidade de ser parte, mas ele não tem capacidade de estar em juízo. Ele tem que 
estar representado pela mãe, por exemplo. 
E além da capacidade de ser parte da capacidade para o juízo, tem a capacidade 
postulatória. Que é, por exemplo, o advogado quem vai fornecer o defensor que vai 
fornecer, ele que tem conhecimento técnico para se dirigir ao juiz. É muito diferente 
quando tem um advogado, um defensor ou quando a lei dá a capacidade de postulatória 
 
 
 
 
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para a parte. Juizado Especial, dependendo, a parte, tem capacidade postulatória. 
Habeas corpus, a parte que a capacidade postulatória. 
Normalmente, essas petições não costumam ser de boa técnica. Normalmente você fez 
faculdade de direito 5 anos, você faz o curso, você está estudando. Agora, imagina 
aquele que nunca estudou nada, que acha que vai botar no Google para pegar o modelo. 
Eu chamo de bigodeiro do direito. Bigodeiro do direito chega lá, fica procurando e tá 
achando que é o esperto que está economizando dinheiro. Várias vezes eu faço a 
audiência em juizado e eu vejo que ele não sabe nada. Pois, o senhor é a parte? Sou. O 
senhor tem advogado? Não estou em causa própria. Bem, a testemunha é sua. O senhor 
tem perguntas? Ué? Não é o senhor que faz perguntas? Eutambém faço. Mas você pode 
fazer perguntas. Mas eu não sabia. Então, tá bom. Vou fazer as perguntas. Aí eu dou a 
sentença. Aí quando eu dou a sentença, já aconteceu uma vez, o cara peticiona. Eu 
quero que saia o Dr. Rodolfo, eu quero outro juiz porque eu perdi a causa pro Dr. 
Rodolfo. Se eu fosse o juiz tal, o Marcos de três anos atrás, o doutor Marcos. Ele é legal. 
Ele me dava ganho de causa. Então, quando a pessoa não tem conhecimento jurídico, é 
isso que dá, você tem que ficar explicando que o outro juiz foi removido, aposentou, a 
pessoa não entende. 
Então é interessante que a parte tem que ter capacidade postulatória para ter 
capacidade processual, mas às vezes, a lei dá capacidade postulatória ao próprio 
interessado. 
E além das partes capazes. A demanda tem que ser regular, não basta provocar o estado 
do você tem que provocar e você tem que seguir aquilo que a lei estabelece. Uma 
petição inicial tem que observar o artigo 319 º. 
Então não é só demandar, provocar, é demandar regularmente. De acordo com a lei, de 
acordo com procedimentos estatuído em lei. Esse então são os pressupostos de 
existência e validade. 
Os pressupostos negativos são aqueles indicados no artigo 485º, inciso V. Porque, se 
eles estiverem presentes, o processo tem que ser extinto. Por isso, são negativos. Eles 
não podem estar presentes se estiverem presentes o processo é extinto. 
 
 
 
 
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Agora, uma última coisa antes dos exercícios. O código diz, 485º, inciso IV que 
a ausência de pressupostos processuais, extingue o processo sem a 
resolução do mérito. 
Depende do caso. Às vezes, falta pressuposto processual mais dá pra convalidar o erro, 
convalidar o vício. Quando o processo está na Federal e o processo deveria estar 
estadual. Em vez do Federal extinguir, ele declina para o Estadual, convalida. Então, em 
vez de extinguir, você consegue consertar. 
Quando, por exemplo, o autor, ele tem um advogado que se desligou do processo, o 
advogado renunciou. O advogado está sem capacidade postulatória. Resultado num 
caso assim, advogado sem capacidade por postulatória, o juiz vai suspender o processo 
e vai dar prazo para ele regularizar. Se ele regularizar, o processo continua. Se ele não 
regularizar, aí sim, o processo é extinto, porque o autor ficou sem advogado. 
O réu, agora, ao contrário. O réu é citado, o réu apresenta defesa. O advogado do réu 
renuncia, o juiz suspende o processo para o réu nomear outro advogado. Se o réu não 
nomear, o processo segue. Não é caso extinção. Se não todo o réu fazia isso. Eu sou réu 
e só vou renunciar o advogado que o processo é extinto. O que não pode é o autor ficar 
sem advogado. Aí o processo é extinto, por falta de pressuposto processual. O réu pode 
ficar sem, o réu vira revel. 
Então, só quero mostrar que tem exemplos de pressupostos processuais que, quando 
estão ausentes, o processo acaba. 
Um autor que não tem mais advogado, o processo é extinto por falta de pressuposto 
processual. Em outras hipóteses, mesmo sendo um pressuposto processual ausente, o 
vício pode ser convalidado e o processo continuar, como acontece no exemplo do réu 
que ficou sem advogado depois de contestar, ou do Juiz Federal que declinou para a 
Justiça Estadual. 
 
44. Questão de concurso 
 
Meu caros, vamos enfrentar nossa questão. 
 
 
 
 
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Verificada a incapacidade processual do réu, que já tinha sido citado e, se 
após suspender o processo, não houve regularização no prazo fixado, qual 
é a consequência? 
Como nós vimos a letra D de Dado, o réu será considerado revel. Isso se 
encontra no artigo 76º do Código de Processo Civil. 
 
45. Considerações finais 
 
Nosso tema hoje então, trabalhamos o que são os pressupostos processuais. As 
classificações existentes e ainda enfrentamos também uma questão informando a 
diferença que poderia ter no caso concreto. 
Às vezes, a ausência de um pressuposto processual gera o fim do processo e, às vezes, 
não, vício convalidado e vida que segue. Tá legal? 
 
46. Respondendo dúvidas 
 
Enfim, meus caros, estamos chegando ao final do nosso encontro. Então, está aberto 
novamente para eventuais perguntas. Também lembrando se, porventura, alguma 
pergunta não foi respondida adequadamente. Vocês podem encaminhá-la ao curso 
Ênfase que vai entrar em contato comigo posteriormente, ou também você pode me 
adicionar no Instagram @Rodolpho_kronemberg_hartmann que estarei lá para ajudar 
pouco a pouco a responder. Eu só falo às vezes, assim. Às vezes eu fico com os horários 
meio corridos também por conta dos trabalhos. Nem sempre dá para responder 
imediatamente. Mas tenho certeza que passado um dia ou dois eu respondo lá e resolvo 
isso com vocês. 
Às vezes eu mando áudio também, porque a visão está ficando mais cansada e fica 
prático. Mas eu sei que nem todo mundo gosta de áudio também. Enfim, a Débora falou 
sobre a questão do livro também. Débora, o arquivo está pronto do livro, tá pronto. A 
editora deu sinal verde, é uma editora que tem um vade mecum muito conhecido. Dizem 
 
 
 
 
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que é o melhor vade mecum do mercado no momento. Então é a editora que vai seguir. 
Ela não tem doutrinador de processo civil. Tudo está caminhando para correr bem, acho 
que ficou legal, enfim. 
O Ramon perguntou se teremos pressupostos processuais de eficácia. Não, não teremos 
pressupostos processuais de eficácia. Eu dei um exemplo do ato processual, que é visto 
como um ato jurídico pela existência, a validade e eficácia. 
Quanto aos pressupostos processuais, visão macro, falamos em existência e validade. 
Não falamos em pressupostos de eficácia. Tá bom. 
Então acho que é isso gente, vou me despedir de vocês. Foi ótimo estar com vocês 
aqui até a próxima aula. Valeu, até mais. 
 
 
TUTELA JURISDICIONAL 
 
Olá, minhas amigas e meus amigos. Muito boa noite para todos vocês, para todas vocês. 
Meu nome é Erick Navarro. Confesso que eu estava ansioso para estar aqui com vocês 
hoje. Pessoal, muito boa noite, de verdade mesmo. Eu vou me apresentar, é a primeira 
aula que eu dou para vocês aqui. O meu nome é Erick, eu sou Juiz Federal aqui no Rio 
de Janeiro, é duro falar isso, mas já há quase 20 anos, o que denota a minha idade, 
infelizmente, mas assim é a vida. Eu sou professor aqui do Curso Ênfase desde 2005, eu 
acho, alguma coisa assim. Ou seja, faz muito tempo. Acompanhei muitos de vocês, 
porque são pessoas absolutamente iguais a vocês que passaram no concurso, que 
viraram meus colegas, ou que viraram colegas servidores públicos em outras profissões. 
A minha principal característica é ser uma pessoa extremamente objetiva, quem 
conhece um pouco da minha história sabe disso. A objetividade acabou me salvando de 
muitas circunstâncias que existiam na minha vida, que aí sim, eram circunstâncias talvez 
um pouco específicas, por assim dizer. 
No entanto, dei muita sorte, porque o único caminho para se passar no concurso bem, 
sem tanto sofrimento, é o caminho da objetividade. Então, eu fui Analista Judiciário do 
 
 
 
 
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TRF da 3ª Região, fui Procurador do Bacen, do Banco Central, tive uma rápida passagem 
na AGU e depois me tornei Juiz Federal, em 2004. Passei nesses concursos sempre ou 
em primeiro, ou em segundo lugar. E foi simplesmente pelo fato de que eu acreditei que 
eu tinha que ser extremamente objetivo, extremamente objetivo, eu não podia, em 
hipótese alguma, sair da extrema objetividade, por conta de um déficit cognitivo que eu 
tenho, de TDH e de dislexia. No entanto, essa é a forma que todos aqueles que passaram 
no concurso, muito bem, muito rápido, nas primeiras posições utilizaram. O que significa 
que tem algo nisso. Claro que dá para passar de outras formas também, mas por que a 
gente vai encontrar ou buscar a forma mais difícil, se a gente pode buscar a fórmula mais 
fácil? Então, essaé a dica. 
Outra coisa que eu queria também falar, que eu comecei no Ênfase dando aula de 
Direito Constitucional, não de Processo Civil. Mas, tinha um professor de Constitucional 
que era muito bom, não dava para competir com ele, um tal de João Mendes. Não sei 
vocês o conhecem! Eu falei: “deixar eu ir para o Processo Civil, porque eu acho que está 
mais fácil, o mercado está menos competitivo”. Eu fui para o Processo, enfim, acabei 
fazendo minha carreira acadêmica toda em Processo Civil, mestrado, doutorado. Mas 
eu nunca perdi o contato dos meus pés com o chão. Nada do que se aprende no 
mestrado, ou no doutorado, é, basicamente, útil para o concurso público. Não é. Assim 
eu já respondo várias dúvidas também. 
Acho que gente vai ter outros momentos em que a gente pode se encontrar para falar 
um pouquinho de técnicas de estudo, que é o meu tema predileto. Mas, pelo menos 
essas aqui, rapidamente, eu tenho que trazer, porque, de verdade, objetividade é tudo. 
E eu quero dizer também para vocês que vocês, de alguma forma, serão uma espécie de 
cobaia para mim, mas eu estou brincando. Na verdade, não é cobaia não, tem a ver com 
o que a Andressa acabou de colocar ali. 
Já foi disponibilizado o PDF da aula? Pois é, não foi, porque eu resolvi fazer um negócio 
diferente. Estudando neurociência do aprendizado, e tentando ser o mais simples 
possível, eu resolvi transformar a aula de vocês em um grande mapa mental. Eu vou 
disponibilizar um mapa mental, que é um negócio diferente, mas, aproveitando aquilo 
 
 
 
 
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que que eu ensino em outras, como que eu posso dizer, em outros ambientes, que é 
utilizar a técnica do design para facilitar a transmissão da informação jurídica. E, como 
o Processo Civil é muito chato, é muito melhor colocar os tópicos em chaves, e fazer a 
coisa de uma maneira que fique um pouco mais visual. Essa é a verdade. 
A gente tem que lidar com o Processo Civil e, aqui no caso, nós temos que lidar com o 
Processo Civil para passar em um concurso. Alguém falou aqui de idade, e a questão da 
idade não é nenhum empecilho, todo mundo me pergunta isso. A questão da idade não 
tem nada a ver. Hoje, o Juiz, em média, os Juízes Federais passam com 35 anos. Essa é a 
média. Mas, tem muita gente com mais do que isso, tem gente com 50, eu tenho 45. 
Estaria em plenas condições de começar uma preparação para um concurso público, 
então, de verdade, não tem essa. 
A gente não vai usar nada como desculpa para achar que não dá. A única coisa que vai 
fazer com que não dê, é você, efetivamente, não levar isso aqui a sério. Ou, como disse 
o Daniel, não estudar com discernimento e objetividade. É isso mesmo. Então, essa 
introdução foi porque foi a nossa primeira conversa. Esse é o nosso primeiro encontro, 
e eu achei que fosse simpático e útil trazer algumas coisinhas dessas aqui para vocês. 
 
47. TUTELA JURISDICIONAL 
 
O que a gente vai fazer agora? Eu vou começar falando de tutela jurisdicional, mais 
especificamente, eu vou começar falando de tutela provisória. E, assim, a gente vai 
aprofundando. 
A introdução é importante. A introdução é importante, porque, antes de falar de tutela 
provisória, eu quero falar de tutela jurisdicional. Que, na verdade, de uns 20, 30 anos 
para cá, se tornou o grande polo metodológico do Processo. O polo... sabe aqueles livros 
de Teoria Geral do Processo que você não vai estudar para o concurso? Então, você vai 
nos italianos, e eles falam: “o polo metodológico do Processo é a ação”. Depois, mais à 
frente, o professor Cândido Rangel Dinamarco: “o polo metodológico do Processo é a 
tutela”. Por quê? Porque o Processo tem que ser efetivo. Ninguém ajuíza a ação por 
 
 
 
 
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fetiche, ninguém vai ao fórum porque sente prazer, não. As pessoas ajuízam ações 
porque elas têm problemas para resolver. 
E qual é a cápsula que tem lá dentro? O remedinho que resolve o problema, ou que 
deveria resolver o problema? É a tutela jurisdicional. A tutela jurisdicional vai acontecer 
a partir da cognição judicial. Agora, começam a vir os termos que podem cair em prova, 
e esses termos que eu vou usar aqui com vocês podem ser utilizados, inclusive, em 
provas discursivas. 
O Ênfase não prepara você apenas para a prova objetiva. A gente quer que você passe 
em primeiro lugar na prova objetiva, claro. Mas, a gente já traz aqui as sementes para 
que você possa se virar na prova discursiva. E aqui, essa é uma semente que eu queria 
plantar, principalmente para provas de Processo do tipo MPF, por exemplo. 
 
47.1. COGNIÇÃO JURISDICIONAL 
 
A cognição jurisdicional pode ser vertical ou horizontal. A cognição jurisdicional pode ser 
estudada, ela pode ser vertical, ou ela pode ser horizontal. 
A cognição vertical pode ser exauriente ou pode ser sumária. Ou seja: eu, Juiz, posso 
analisar o processo como um todo, com todas as informações possíveis e imagináveis 
para dar uma sentença. Então, a cognição exauriente, como, em tese, eu não tenho nada 
mais para conhecer, ela produz uma sentença. E essa sentença faz coisa julgada, tem 
ares de definitividade, exatamente porque eu exauri, do ponto de vista de mergulhar no 
conteúdo do processo, a minha cognição. Está certo? 
Por outro lado, isso leva um tempo, isso pode demorar. E, às vezes, o Direito não pode 
esperar. As pessoas não podem esperar, porque elas têm problemas que estão 
acontecendo hoje. O alicate está apertando o dedo do meu pé nesse exato momento, e 
eu preciso de uma solução para isso, porque senão eu vou perder o dedo. 
Por isso que existe a cognição vertical sumária, quando, ao invés de eu me aprofundar 
no processo, eu dou apenas uma olhadinha. Está certo? Da cognição vertical sumária 
não poderia, obviamente, vir uma sentença, porque a sentença tem ares de 
 
 
 
 
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definitividade, ela tem potencial para produzir coisa julgada. A cognição sumária não 
pode ser assim. Ela tem que emitir um tipo de tutela que, ao invés de definitiva, seja, na 
verdade, o que: provisória. E se ela é provisória, ela não pode fazer coisa julgada, porque 
ela será, em algum momento, substituída por uma tutela do tipo definitiva. Então, 
quando a gente vai estudar a tutela antecipada, a tutela cautelar e, de certa forma, a 
tutela da evidência, nós estamos no campo da cognição vertical sumária, que não tem 
potencial de fazer coisa julgada. 
Erik, mas e a estabilização da tutela antecipada? Calma, a gente vai chegar, mas, por 
enquanto, apenas anotem, acreditem, naquilo que eu estou falando. Bem, se eu disse 
que a cognição pode ser vertical ou horizontal, então, eu tenho que mostrar para você 
a tal da cognição horizontal. 
A gente costuma dizer que a cognição horizontal, ela pode ser plena ou limitada, a 
depender do procedimento. Então, um processo que tramite pelo rito comum é um 
processo que permite uma cognição plena a priori. Mas, um processo de mandado de 
segurança, por exemplo, tem um procedimento que não permite uma cognição plena. 
Ele tem, por premissa, a impossibilidade de você produzir prova oral, por exemplo. Pode 
fazer audiência em mandado de segurança? Não, não pode. Não é o tal do direito líquido 
e certo? Do direito que tem que ser provado documentalmente? Ora, então, essa 
cognição é horizontalmente limitada. Então, isso daqui é muito importante, é fácil, e é 
chique. Por que eu digo que é chique? Porque a maioria das pessoas não se vira muito 
bem nisso aqui. Então, você pode utilizar essa terminologia em uma prova dissertativa, 
por exemplo, para introduzir o tema da cognição, o tema da tutela jurisdicional. Esse é 
o famoso nariz de palhaço, nariz de cera do palhaço. Nariz de cera do boneco, como diz 
um amigo meu. 
Em relação a tal da distribuição do ônus temporal do processo, eu quero dizer para você 
que esse negócio de cognição vertical, exauriente e sumária, também tem a sua 
importância. Por quê? Porquea Constituição Federal quando ela fala assim: “eu garanto 
o acesso à Justiça, e o processo tem que ter duração razoável”. Ela está, basicamente, 
dizendo também que se o processo for demorar muito, e você não tiver nenhum jeito 
 
 
 
 
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de proteger aquele direito, ou garantir aquele direito até que o processo possa terminar, 
basicamente, você não está dando acesso à Justiça, e o processo não está gerando 
efeitos dentro de um tempo razoável. 
Então, meus caros, por conta desses dispositivos aqui, o legislador também criou essa 
técnica. E aqui eu quero citar o Marinoni, o professor Luiz Guilherme Marinoni, 
brilhante, dentro do Direito Processual. O que é que diz o Marinoni, ele fala: “o processo, 
ele não pode ser rápido demais, porque eu tenho que dar contraditório”. Então, não é 
a garantia do processo rápido, é a garantia da duração razoável. Mas, se eu tenho uma 
situação de urgência, esse tempo, essa dilatação do procedimento que leva um tempo, 
isso é um ônus, isso é um ônus para alguém. Se você já foi parte em algum processo, 
você sabe que o processo é um ônus, porque é ruim. E fora que quem está, em tese, 
com o direito lesado, está correndo atrás de defender o próprio direito que está 
sangrando. 
Então, o que é que vai dizer o Marinoni? Olha: “se você preencher determinados 
requisitos, você pode pedir para o Juiz, ao invés de levar o tempo todo da cognição 
exauriente, para ele dar uma espiadinha. Conceder, ou antecipar, efeitos de um 
provimento final para quem, aparentemente, detém o direito, e corre algum risco de 
que esse direito pereça com o tempo”. 
 
 
 
 
47.2. TUTELA PROVISÓRIA 
 
Então, a tutela provisória, por exemplo, ela é uma técnica de cognição vertical sumária, 
que redistribui, de maneira mais racional, dadas as circunstâncias do caso concreto, esse 
ônus temporal do processo. Porque, de novo, a garantia não é do processo rápido, a 
garantia é da duração razoável. E isso traz, sim, o ônus, por que não? 
 
 
 
 
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E, para fechar a introdução sobre tutela jurisdicional, eu queria dizer que a tutela 
provisória, especificamente, essa modalidade, ou essa técnica cognitiva, essa técnica 
cognitiva vertical sumária, ela está no Código de Processo Civil de 2015, regulada em um 
livro específico, que é o livro cinco, artigo 294. Eles pretenderam, aqui, fazer um trabalho 
excepcional, dada toda a confusão que existia no Código anterior, e ainda no Código 
anterior ao Código anterior. E no final aqui dessa aula, vocês vão julgar se eles fizeram 
um bom trabalho, ou não. Quem dirá isso são vocês, serão vocês mesmos. Está certo? 
 
48. QUESTÃO 
 
Agora, o que eu quero fazer? Agora, eu quero “descompartilhar”, não sei se existe essa 
palavra, essa tela, e compartilhar uma outra, para nós estudarmos já a primeira questão 
de concurso, sobre tutela jurisdicional, porque é isso que a gente faz no Ênfase. Como 
nós aprendemos que nós temos que ser extremamente objetivos, vocês sabem que a 
principal ferramenta da objetividade é entender para que que você está fazendo alguma 
coisa. 
Então, você me fala assim: “Erik, o que você está fazendo? Estou estudando Processo 
Civil”. Ou, às vezes me perguntam: como é que eu estudo Processo Civil? A primeira 
coisa que eu falo é: “para que? É para o Mestrado? É para o Doutorado? você fala. Para 
que, né? E para o mestrado? E o doutorado? É para a advocacia? É para o concurso 
público?”. Se é para o concurso público, parta disso aqui. Parta da questão da prova que 
você quer resolver. 
Então, assim, se o Ênfase se propõe a preparar vocês, a pegar vocês, literalmente, pela 
mão, porque é isso que a gente faz, por isso que essas aulas são ao vivo, por isso que 
essas aulas têm interação, por isso que o professor João Mendes está com você todos 
os dias, tão pertinho, porque eu sei que ele faz isso, a gente tem que cumprir o nosso, o 
nosso mister. 
A gente tem que que dar a vocês aquilo que vocês vieram pedir. Então, a gente tem que 
fazer questões de concursos públicos de alto desempenho. Então, concursos do 
 
 
 
 
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Ministério Público Estadual, ou os vários Ministérios Públicos estaduais, do Ministério 
Público Federal, de Juiz Estadual, de Juiz Federal, e por aí vai. 
Então, sobre tutela jurisdicional... e, de preferência, questões recentes. Então, eu queria 
muito pedir isso para vocês também, já estou me alongando, mas eu não queria deixar 
de pedir para vocês fazerem questões de provas. Aqui, a gente vai fazer sempre com 
vocês, basicamente, de 20 em 20 minutos a gente faz uma questão de prova. Se você 
for ver, você vai ter feito um monte de questão conosco ao longo do tempo, mas é 
pouco, eu quero que você faça mais. Eu quero que você pegue todo o tempo, uma vez 
por semana pelo menos, mais, se possível, sente-se na cadeira e faça questões daquela 
carreira para a qual você quer ser aprovado. 
Erik, mas eu vou ter que fazer quantas? Mil questões? Duas mil questões? Três mil 
questões? Minha amiga, meu amigo, se a gente pensar que o tempo razoável para você 
passar no concurso são uns três anos, se você levar isso a sério, vai chegar um ponto em 
que não vai ter questão que você não viu. Sabe por quê? Porque a criatividade do nosso 
querido examinador é limitada, tem hora que não tem muito o que perguntar, porque 
senão a questão é anulada. Mas vamos seguir, para fechar essa primeira parte aqui, de 
tutela jurisdicional. 
Prova do CESPE. Todos adoram essa banca, eu sei disso. Ministério Público de Santa 
Catarina. 
Alisson deixou de cumprir sua parte em obrigação de dar coisa certa 
firmada com Nicolas, razão por que este ajuizou ação cabível, juntando 
as devidas provas do incumprimento. Citado, Alison se desfez da coisa 
objeto da obrigação. Nicolas, então, requereu tutela provisória em 
caráter incidental, com a intenção de resguardar seu direito. 
A partir dessa situação hipotética, julgue o item seguinte, à luz das 
disposições do Código de Processo Civil. 
E o item é esse aqui: 
A tutela provisória incidental requerida por Nicolas depende do devido 
pagamento de custas. 
 
 
 
 
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Por que eu coloquei essa questão aqui? Eu coloquei essa questão aqui, porque é óbvio 
que a gente não vai falar ipsis litteris, tudo o que pode cair no concurso. A gente vai te 
dar as ferramentas para você acertar todas as questões, é diferente. Mas você precisa 
partir daquilo que a gente estudou. 
Então, veja: se eu falei para você que a tutela jurisdicional é de cognição exauriente ou 
de cognição sumária, em razão da necessidade de distribuir o ônus do processo de uma 
forma razoável. Eu te pergunto: se o sujeito ajuizou uma ação, buscando uma tutela 
condenatória em obrigação de, de fazer, não, perdão, em obrigação de dar, e, no meio 
do processo, o réu simplesmente desaparece com a coisa, você acha que é razoável, ao 
pedir uma tutela provisória, uma tutela antecipada ou uma tela cautelar, não importa, 
você acha que é razoável exigir do autor o pagamento de novas custas? Por acaso isso é 
uma nova ação? Não, isso é apenas um rearranjo do processo a partir de um novo 
modelo cognitivo. Então, claro que a resposta é errada. A resposta é errada. 
Então, quer dizer, a gente entende o básico. E nós, seres inteligentes que somos, a gente 
caminha com essa ferramenta e nós vamos, do ponto de vista daquilo que faz sentido, 
a gente vai acertando as questões de concurso. 
Erik, mas, às vezes, tem exceção, tem coisa que é diferente... é verdade. Quando isso 
acontecer, a gente vai trazer aqui a exceção, a gente vai trazer aquilo que é diferente, e 
eu vou dizer: “cuidado, porque aqui pode ter uma pegadinha”. Mas aqui, no caso, não, 
porque a questão é realmente muito teórica. 
 
 
TUTELAS PROVISÓRIAS DE URGÊNCIA 
 
Bem, meus amigos, então, a partir de agora, nós vamos entrar em um estudo mais 
profundo da tutelaprovisória, ou seja, a gente vai analisar todos os artigos do nosso, do 
nosso livro, que trata da tutela provisória no Código do Processo Civil, Livro 5, artigos 
294 e seguintes. 
 
 
 
 
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Bom, rápido “disclaimer” aqui. Para quem é como eu, vou dizer mais antigo, digamos 
que mais experiente, lembra daquelas obras, daqueles processualistas canônicos, tipo o 
professor Ovídio Baptista, que escreveram, inclusive, sob a égide do código de 39. Eles 
tinham livros, livros, assim, volumes inteiros apenas sobre tutela cautelar, porque a 
tutela cautelar tinha várias espécies. E, nessas grandes coletâneas, tinha um livro só para 
diferenciar, porque que depois veio o Código de 73 e depois vieram as reformas ao 
Código de 73, só para separar, conceitualmente, a tutela cautelar da tutela antecipada. 
E aí, às vezes, o advogado pedia uma tutela cautelar e o juiz entendia que era caso de 
tutela antecipada e indeferia. Enfim, muito sangue escorreu por conta disso, e muita 
tinta de caneta também. 
Aí o Código novo, a minha amada e eterna orientadora de mestrado e doutorado, 
professora Tereza Arruda Alvim, meu querido professor Cassio Scarpinella Bueno, 
falaram assim: “vamos simplificar, e vamos dizer, como já dizia o professor Dinamarco 
mesmo, ainda na vigência do Código anterior, que o que a gente tem aqui é uma 
fungibilidade. Os requisitos de cautelar e antecipada são os mesmos e nós temos aqui 
uma fungibilidade”. O projeto vai para o Senado, aí tem um substituto ao projeto, aí ele 
vai para a Câmara, e aí é assim, aquela árvore bonitinha que você montou acaba virando 
uma planta carnívora toda esquisita, e foi isso que aconteceu com esse livro do Código 
de Processo Civil. 
Bom, Erik, como é que ficou? Ficou assim: eles dividiram as tutelas provisórias, 
provisórias, cognição não exauriente, lembra? Em dois tipos: a tutela provisória de 
urgência e a tutela provisória da evidência. Eu quero que vocês não se preocupem agora 
com a tutela provisória da evidência. A gente vai se preocupar só com a tutela provisória 
da urgência. E, estão aqui os nossos dois velhos conhecidos: a tutela antecipada e a 
tutela cautelar. 
 
49. TUTELA ANTECIPADA E TUTELA CAUTELAR 
 
 
 
 
 
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Apesar de eu achar que é ridículo, em 2023 que nós estamos, que algum legislador 
pergunte qual a diferença de uma para a outra, eu sei que isso eventualmente acontece 
e, também, pode ser útil para introduções, de novo, de questões dissertativas. Então, a 
diferença é basicamente a seguinte: na tutela antecipada, eu usufruo, agora, de um dos 
efeitos que decorrem do provimento final do meu pedido. 
Simples assim. 
Então, vamos imaginar aqui que o Luciano Alves pegou, em comodato, o meu celular e 
não devolveu. Eu estou querendo meu celular de volta. Ajuízo uma ação, pedindo que 
ele seja condenado em me entregar coisa certa, mas, como eu estou achando que ele 
está tratando mal do meu telefone, porque, afinal de contas, eu vi no Instagram que ele 
estava mergulhando com o meu telefone no mar de Maceió, e aí eu peço uma tutela 
antecipada. Para que? Para ele me entregar esse celular agora. Veja, eu estou pedindo 
a antecipação do efeito do provimento final, que é me entregar a coisa, isso é uma tutela 
antecipada. Vou usufruir agora. Agora, eu vou usufruir, agora, do meu celular, vou poder 
entrar no meu Instagram, eu vou poder mandar mensagem para as pessoas pelo 
WhatsApp e assim por diante. 
Se eu pedisse para o juiz apenas arrestar o celular, ou pedir que ele deixasse o celular 
em depósito na unidade jurisdicional, isso deixaria de ser uma tutela antecipada, porque 
eu não ia poder mandar mensagens de WhatsApp do celular. Isso passaria a ser uma 
tutela cautelar. Está certo? Então, na tutela antecipada, eu usufruo agora daquilo que 
eu usufruiria só o final, pode ser de tudo ou pode ser de uma parte. Não tem problema. 
Agora, na tutela cautelar, não. Na tutela cautelar, eu peço para o Judiciário abraçar o 
meu direito e evitar que o meu direito pereça. Então, se ele está perecendo pelas mãos 
do Luciano Alves, eu quero que ele o tire das mãos do Luciano Alves, mas, não 
necessariamente, que vá para as minhas mãos. Essa é a grande diferença. 
Bom, tanto a tutela antecipada, quanto a tutela cautelar, podem ser concedidas de 
maneira antecedente ou durante o processo. Aqui, pessoal, nós temos bastante coisa 
para falar, mas por enquanto, eu estou apenas tratando da classificação. Então não 
fiquem ansiosos, apenas entendam o seguinte: eu ajuizei a minha ação de pedido de 
 
 
 
 
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condenação de dar coisa certa contra o Luciano, porque eu tinha emprestado o meu 
celular para ele, e ele falou que ia me devolver em janeiro e não devolveu, está até hoje 
com o meu telefone. Agora, a partir do dia que eu entrei no Instagram do Luciano e eu 
o vi fazendo um mergulho em Barra de São Miguel com meu telefone, eu fiquei 
preocupado. Aí eu pedi uma tutela antecipada, ou uma tutela cautelar, porque eu falei: 
ele não pode continuar com o meu telefone, porque ele vai estragar o telefone. 
Concordam que esse pedido de tutela é incidental ao processo? O processo já tinha 
começado. Correto, ou não? Muito bem. Agora imaginem o seguinte: imaginem que 
quando eu falei para você que o Luciano estava mergulhando com o meu celular, ele 
está mergulhando, mas ele estava mergulhando dentro daqueles pacotinhos que, em 
tese, não molham o celular, mas, de vez em quando, entra um pouco de água. Tudo 
bem? Mas agora não, agora eu vi o Luciano alucinado, entrando com o celular na mão, 
sem nenhuma proteção na água. Eu falei: “Meu Deus, ele vai destruir o meu celular 
hoje”. Então, eu vou entrar aqui no PJE, que é o Programa de Gestão de Processos da 
Justiça Estadual, que é um bom programa, mas poderia ser melhor, mas é um bom 
programa..., mas, enfim, eu estou desesperado, porque eu quero tirar o celular da mão 
dele hoje. Só que para tirar da mão dele hoje, não dá tempo de juntar a documentação 
toda, de fazer uma petição adequada, completa. Então, o que eu faço? Eu faço uma 
petição simples, dizendo o básico, juntando o que eu tenho dos documentos, e dizendo 
assim: “Juiz, eu sei que isso aqui não é tudo, mas vai ter mais. Mas já tem aqui elementos 
para você considerar uma tutela provisória de urgência. E peço, e a minha primeira 
petição, é o pedido de tutela, não tem nem ação ainda. Ela é uma tutela, a gente dizia 
assim antigamente, preparatória da ação principal. Hoje, a gente usa antecedente a ação 
principal. Para que? Para o Juiz poder conceder a tutela hoje, mandar um oficial de 
justiça enquanto ele ainda está na praia, antes do sol se pôr, e pegar o celular da mão 
dele. Se não, não dá tempo, ia estragar o meu telefone. 
E aí sim, uma vez que a tutela seja cumprida, eu tenho um prazo para complementar a 
minha petição inicial. Mas aí é a parte do procedimento que a gente vai ver daqui a 
pouco. Tudo isso é a tal da tutela provisória de urgência. 
 
 
 
 
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50. TUTELA DA EVIDÊNCIA 
 
Mas aí, como nada pode ser simples, no Brasil, porque a gente não gosta. Então, a gente 
resolveu complicar, e criou a tal da tutela da evidência. Você vê pouquíssimo no dia a 
dia da jurisdição, mas, infelizmente, a gente encontra em prova. Bom, a tutela da 
evidência é, também, uma tutela provisória, mas ela é uma tutela provisória que não 
está baseada no risco de perecimento do meu direito, mas sim, no fato de eu tenho 
muita razão nesse negócio aqui. Está muito claro que eu tenho razão. 
Ou então, vamos dizer que eu sou o autor e o meu amigo Daniel de Morais aqui, é o réu. 
O Daniel está abusando do direito de defesa dele, entendeu? Ele está cheio de chicana 
processual, está mentindo e isso está ficando claro. Então, ou porque isso aqui tem 
muita cara de que eu tenho razão, ou porque o réu não está se comportando de maneiraadequada, eu redistribuo, lembra do Marinoni, eu redistribuo, de outra forma, o ônus 
temporal do processo. Eu falo: “Juiz, já que tem tanto jeitão de eu estar certo, ou já que 
o réu não está se comportando da maneira adequada, eu quero que você redistribua o 
ônus do processo, e jogue o ônus do processo para o réu. Como? Me dando uma tutela 
provisória agora”. Que nós não vamos chamar de tutela antecipada, para não confundir, 
nós vamos chamar de tutela da evidência. 
E isso pode ter a ver com os fatos, ou com o direito, ou, então, com o mau 
comportamento do réu, que é a tutela da evidência punitiva. A gente vai depois 
descrever cada uma delas e, obviamente, analisar todos os requisitos. 
 
 
 
51. REQUISITOS 
 
 
 
 
 
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Bom, então, agora que nós já temos a base, nós podemos fazer a parte chata, mas a 
parte que cai na prova, infelizmente, que é olhar os requisitos de cada uma dessas 
tutelas provisórias: as tutelas de urgência e a tutela da evidência. 
 
51.1. TUTELA DA URGÊNCIA 
 
Começando, então, com a tutela da urgência. 
O Erik, porque você não dividiu, aqui nos requisitos, tutela antecipada e tutela cautelar? 
Porque dava tanto trabalho entender quando e quando era outra, e já tinha toda a 
doutrina, a partir do Cândido Dinamarco, que eu falei: “quer saber, olha só, os requisitos 
têm que ser os mesmos, é uma fungibilidade de mão dupla, que o legislador falou: bom, 
o negócio é o seguinte, os requisitos são os mesmos, os requisitos são os mesmos”. 
E os requisitos são, os tais: fumus boni juris e periculum in mora, e pode cair na prova, 
tanto o nome em latim, o fumus boni juris e o periculum in mora. O “fumus boni juris” 
é a probabilidade do direito, e o “periculum in mora” é a dor que o sujeito sente, é o 
perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Então, é aquela coisa: tutela de 
urgência, onde é que está a urgência? Está aqui no periculum in mora. Mas só porque é 
urgente, quer dizer que eu posso pedir a tutela provisória? Não, porque pode ser 
urgente, mas você não tem nenhuma razão, você está pedindo um negócio absurdo, 
não tem plausibilidade, não tem probabilidade grande de que você tenha razão. Então, 
não tem fumus boni juris, e eu não vou conceder. Então, eu preciso do fumus boni juris, 
e eu preciso do periculum in mora, tanto para a tutela antecipada, quanto para a tutela 
cautelar. 
E o Código diz, então, que os requisitos são esses aqui no artigo 300. Mas, ele diz o 
seguinte: olha, tudo bem, só que o Juiz pode exigir caução real ou fidejussória. O que é 
isso? Por que que o Juiz pode exigir um tipo de garantia? Que pode ser um imóvel, ou 
pode ser um dinheiro, uma joia, ou alguma coisa que fique guardada, mas que tenha 
valor para, eventualmente, recompor danos. Porque a tutela é provisória. Então, assim: 
“eu sou Juiz, eu estou analisando o caso. Eu vi que tinha urgência, me parecia que o 
 
 
 
 
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sujeito, o autor, assim, o que ele falou fazia sentido, os documentos faziam sentido, mas 
depois, com a instrução probatória, o réu trouxe testemunhas que destruíram a tese do 
autor, e eu percebi que não, eu estava errado. O autor não tinha razão, não”. Já 
aconteceu comigo, Erik, várias vezes, sim, já aconteceu. E aí? 
O autor já está usufruindo do direito, o réu já ficou sem a coisa. Você manda o réu sair 
do imóvel, já pensou? Uma ação de reintegração de posse. Você manda o réu sair do 
imóvel, aí leva, infelizmente a justiça brasileira é meio demorada, um ano depois tem 
audiência, vem as provas e eu percebo que eu estava errado, o réu deveria ter ficado no 
imóvel. Quem vai pagar por isso? Um ano, ficou um ano pagando aluguel. Mas agora o 
autor não tem dinheiro para recompor o dano e tal. Então, se o Juiz perceber que isso 
pode acontecer, ele pode se precaver. Como que ele se precave? Exigindo uma caução 
real ou fidejussória, depositada pelo autor para que, caso isso aconteça, a gente já tem 
a garantia material que vai possibilitar a recomposição do dano. Está certo? Porque, 
quem responde objetivamente pelos danos causados pela tutela provisória, quando ela 
é revertida ao final, é o autor. Você quer pedir tutela provisória? Beleza, mas é por sua 
conta e risco. Se no final você perder, você vai ter que pagar pelos danos causados. E a 
responsabilidade é objetiva, não tem que provar culpa, não tem que provar nada, só 
mostrar o dano. No exemplo que eu dei, o tempo de aluguel que o indivíduo teve que 
pagar em outro lugar, enquanto ele deveria estar na casa dele, que foi retirada na ação 
de reintegração de posse. 
Então, caução real ou fidejussória. Mas, e eu tenho certeza de que isso passou pela sua 
cabeça, que é: Erik, mas e se o autor não tiver dinheiro? Só porque ele é pobre, ele vai 
ter a tutela antecipada negada? Não, aí vem aquela coisa da ponderação, dos interesses 
e tal, e o Juiz pode conceder. Se o indivíduo provar que não tem dinheiro, que não tem 
bens, e, mesmo assim, parece que ele tem o dinheiro, então nós vamos arriscar, nós 
vamos arriscar prejudicar alguém. Eu vou arriscar prejudicar o réu, porque a 
probabilidade maior, olha aqui, é que o autor vença a ação. Por isso que o fumus boni 
juris é tão importante. 
 
 
 
 
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Agora, qual é o problema? O problema é a irreversibilidade. Porque veja: se eu tiro o 
sujeito da casa, então, se na ação de reintegração de posse, eu tiro o sujeito da casa. 
Beleza. Se no final a gente perceber que ele tinha que ter ficado, a gente o manda de 
volta. Tudo bem, vai ter um prejuízo e tal, mas dá para recompor a situação anterior. A 
gente tira o autor e devolve a casa para o réu. Agora, e se for uma ação de reintegração 
de posse, uma ação, por exemplo, em que eu sou um importador de... eu sou um 
frigorífico, eu estou importando carne, e carne ficou... esse exemplo nem é tão bom, 
esse exemplo é até bom, mas não para agora. 
Vamos dizer que eu sou um importador de telefones celulares, trago telefones celulares 
da China, e quero comercializar esses telefones, Brasil afora. A Receita vai lá e apreende 
o meu contêiner, porque enxerga algum tipo de irregularidade. Eu vou e falo: “seu Juiz, 
é o seguinte, eu preciso que você me libere essa mercadoria, estão aqui os documentos, 
não tem nada de errado, e eu preciso colocar esses telefones no mercado, porque se 
não eu não vou conseguir pagar o importador chinês, e eu vou quebrar”. O Juiz fala: 
“bom, tem fumus boni juris, tem periculum in mora, concedo a tutela antecipada”. A 
partir do dia que ele conceder aquela tutela antecipada e o importador distribuir 
aqueles telefones, Brasil afora, você concorda que não tem mais como os telefones 
voltarem? Não tem como recompor essa situação. E aí se ele não tem... vamos dizer que 
tivesse alguma coisa naqueles telefones, e a importação fosse proibida, por exemplo. 
Não tem o que fazer. Não é nem uma questão de recomposição financeira, não é uma 
questão tributária, é uma questão de que não podia distribuir aquele tipo de telefone, 
violava alguma patente, não sei, qualquer coisa. Aí nós temos um problema de 
irreversibilidade do provimento. 
Então, existe um terceiro requisito aqui, que é o que a gente chama de requisito, ou 
pressuposto, negativo. Que é: além de fumus boni juris e periculum in mora, que são 
dois requisitos que tem que estar presentes, eu tenho uma terceira situação que tem 
que estar ausente, que é a tal da irreversibilidade, ou também chamada de periculum in 
mora invertido. Periculum in mora invertido. 
 
 
 
 
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E aí, eu também tenho certeza de que passou pela sua cabeça, porque os nossos alunos 
são os alunos mais inteligentes que existem, prestando concurso público, por isso que 
eles passam, que você já pensou na dupla irreversibilidade. Porque, pode ser irreversível 
no sentido de que, de repente, aquele produto não podia ser distribuído, mas, também,pode ser irreversível para o autor. Porque, como eu disse no começo, se ele não puder 
colocar isso no mercado agora, ele vai quebrar, quebrar, quebrar. 
E aí, o juiz se vê em um dilema. Qual é o dilema? Ele tem dois direitos. Os dois são, em 
tese, perecíveis, e ele vai ter que escolher um lado. Sabe aquela coisa: tem três pessoas 
no bote, eu sou a única pessoa que pode remar e só cabe mais uma, porque se não o 
bote vai afundar e vão morrer os três, eu preciso escolher um. Quem eu escolho? Então, 
aqui, o que diz a doutrina e a jurisprudência é que, se os direitos forem da mesma 
estatura constitucional, você olha para quem tem mais chance de vencer a ação. Então, 
se o autor, por exemplo, provou o fumus boni juris, você concede a tutela antecipada e 
reza para que, no final, essa probabilidade se confirme. Agora, quando os direitos são 
de estatura diversa e existe plausibilidade para os dois lados, enfim, você protege o 
direito mais importante. Então, se, de um lado, você tem um direito fundamental e, de 
outro lado, você tem, simplesmente, um direito patrimonial, você protege o direito 
fundamental. 
Então, vamos voltar para o problema da ação que eu quero tirar o sujeito da casa. Então, 
eu sou um empresário, eu aluguei um imóvel para uma determinada pessoa, e eu estou 
dizendo aqui que ela está descumprindo as regras e eu quero o despejo. Na verdade, eu 
quero o despejo e, assim que eu a despejar, eu vou demolir a casa, porque eu quero 
construir um prédio, e essa pessoa, simplesmente, não tem onde morar. E, assim, tem 
plausibilidade e tal, mas a outra pessoa também. Então, eventualmente, eu não vou 
conceder a tutela antecipada, porque se eu estou dizendo que eu quero o imóvel para 
demolir, depois não vai ter como eu colocar o sujeito lá. Erik, mas ele pode indenizar e 
tal! Pode. 
Mas imagine um caso real, esse caso aconteceu. O sujeito era um descendente indígena, 
ele morava em um sítio, e tinha toda uma tradição indígena que, para a pessoa era 
 
 
 
 
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absolutamente fundamental, que ela vivesse lá e que ela morresse lá, na terra dos seus 
antepassados. E aí, o fazendeiro do lado disse: “não, esse pedaço de terra aqui é meu, 
eu comprei há muito tempo”. Então ele ajuíza uma ação para ter reconhecido o seu 
direito de propriedade e pede uma tutela antecipada, porque ele tem urgência de tirar 
o sujeito de lá, porque ele está estendendo a plantação dele, para o negócio dele aquilo 
vai ser super importante. Será que o Juiz vai conceder essa tutela antecipada? Não, 
porque a primeira coisa que o fazendeiro vai fazer é derrubar a casa, e vai destruir toda 
a tradição e toda a identidade, o direito identitário daquela pessoa. Isso você não 
recompõe nunca mais. Então, aplicando o princípio da proporcionalidade, você não 
concede a tutela antecipada. Então você vai aplicar o princípio para conceder, ou para 
não conceder, quando os direitos forem da mesma estatura, você protege o direito mais 
provável. Tudo bem? Tranquilos? 
Aqui, a essa altura do campeonato, vocês já entenderam que a fungibilidade é de mão 
dupla. E, agora, nós vamos ver aqui alguns detalhes da tutela de urgência. E não importa 
se é cautelar ou antecipada, incidental e, depois, da antecedente. 
Bom, como eu disse para vocês, a tutela de urgência é uma tutela fruto de uma cognição 
provisória. Então, se ela é uma cognição provisória, ela é dada rebus sic stantibus. O que 
significa isso? Ela é dada de acordo com a situação de momento. Então pode ser que, 
no início do processo, eu tenha pedido uma tutela antecipada e o juiz tenha dito: “pelos 
documentos que estão aqui, eu não vejo, eu não vejo plausibilidade do direito”. Mas, 
depois o processo avança, eu consigo documentos novos e eu junto, e o juiz fala: “agora, 
eu vejo, eu considero tutela antecipada, até porque continua tendo periculum in mora”. 
Ou pode acontecer o contrário. Ele pode ter concedido a tutela antecipada em um 
primeiro momento, e aí o réu vem na contestação, junta um monte de documento e 
derruba essa plausibilidade. O juiz vai lá e revoga a tutela antecipada. 
Então, o que eu quero dizer para vocês aqui, é o seguinte: um, a tutela provisória de 
urgência pode ser concedida a qualquer momento do processo, sempre que for 
necessário. Isso pode ser já na petição inicial, então chamamos essa tutela de liminar. 
Por que que é liminar? Liminar é a tutela concedida “in limine”, no início, por isso que 
 
 
 
 
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chama assim, liminar. Ou, ela pode ser concedida no meio do processo, ou ela pode ser 
concedida até na sentença, porque a apelação não tem efeito suspensivo, como regra? 
Tem ou não tem? Tem. 
Então, não adianta nada ter uma sentença de procedência se eu tenho urgência, sem 
ter uma tutela, uma tutela de urgência, porque o autor vai apelar e vai suspender os 
efeitos da minha, da minha sentença. Então, eu peço a concessão da tutela antecipada 
na sentença. É possível. Posso pedir um recurso, posso pedir em qualquer momento 
processual, mas é sempre rebus sic stantibus. Então, a tutela concedida, lá na frente, ela 
pode ser negada. A tutela negada, lá na frente, ela pode ser concedida, e assim por 
diante. 
 
 
51.2. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE 
 
Agora, como eu disse para vocês, se a urgência for muito grande, eu posso pedir a minha 
tutela provisória em caráter antecedente. E aí, isso aqui, que não precisava no Código, 
não precisava ter feito isso legislador, não precisava ter feito isso, mas fez. Aí, ele criou 
um procedimento para a tutela provisória antecedente de natureza cautelar, e outro 
procedimento para a tutela provisória antecedente de caráter antecipado. Então, vamos 
lá. O procedimento para a tutela cautelar antecedente está entre os artigos 305 e 310, 
enquanto para a tutela antecipada está no artigo 304 e no 305. 
Vamos, primeiro, olhar a cautelar. Vocês já devem imaginar, aliás eu já falei aqui, de 
certa forma, o autor vai apresentar uma petição simplificada, seja lá o que for isso, numa 
boa, seja lá o que for isso. Porque, isso aqui é igual mula sem cabeça, a gente não vê na 
prática, mas pode cair na prova. Então, vamos lá, petição simplificada, dizendo lá o 
básico, juntando o que eu tenho, tentando demonstrar alguma plausibilidade e, 
principalmente, a urgência. O réu será citado para contestar em cinco dias e indicar 
provas. O réu é citado para contestar em cinco dias e indicar provas. Se o réu não 
 
 
 
 
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contestar, acontece uma revelia. E se ele contestar? Se ele contestar, segue pelo 
procedimento comum. 
Erik, mas para que raios, então, serve a tutela cautelar antecedente se o réu vai ser 
citado? Não, porque o Juiz vai poder conceder a tela cautelar de cara. Ele concede e cita 
o réu para contestar. Erik, o réu contestou em cinco dias, vai seguir o procedimento 
comum. Na contestação, o réu trouxe documentos que fizeram o Juiz mudar de ideia. 
Rebus sic stantibus, não tem problema nenhum, ele revoga. 
Bom, se a cautelar for efetivada, o autor, ele precisa apresentar o pedido principal em 
um prazo de 30 dias, nos mesmos autos, sem pagar custas, como nós já havíamos falado 
na incidental, mas isso também vale para a antecipada. Então veja, as custas são pagas 
no ajuizamento da petição inicial simplificada, pedindo a tutela antecedente. Depois, eu 
só preciso complementar a minha petição inicial, a minha petição inicial, trazendo o 
pedido principal, mas eu não preciso pagar novas custas, porque elas já foram pagas. 
Agora, se você quiser formular o pedido principal já de cara, que eu recomendo muito, 
porque o juiz vai querer saber o que você quer ao final das contas, não tem problema, 
você pode fazer isso e, ainda assim, pedir uma cautelar antecipada. Por quê? Porque vai 
ser mais fácil convencer o juiz mostrando aonde você quer chegar. 
Agora, pode ser que, em razão da urgência, você não tenha, ainda, tão claraa causa de 
pedir, não tem problema, [trecho inaudível], no momento da formulação do pedido 
principal. Então, assim, em tese, isso realmente pode acontecer. Imaginem, por 
exemplo, uma ação de família em que eu quero a guarda provisória. E eu soube de 
algumas coisas ruins que estão acontecendo com os meus filhos, em razão do 
comportamento do outro cônjuge, eu soube de uma coisa. Pode ser, então, que eu faça 
a ação com a petição simplificada e peço uma tutela cautelar, sei lá, e depois eu adite a 
petição inicial. Eu digo: “olha, eu quero a guarda, por causa disso, mas também por 
causa disso, disso, disso, disso, disso. Um monte de outras coisas, um monte de outras 
circunstâncias”. Tá bom? 
Então, a verdade é: o autor vai ter 30 dias para complementar essa petição inicial. 
Apresentado o pedido principal, as partes são intimadas para a audiência do 334. Bom, 
 
 
 
 
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aí a Lei vem e diz assim: concedida a medida cautelar antecipada, ela vai cair, ou seja, 
você vai perder a cautelar se acontecerem algumas coisas. Um: se ela não for efetivada 
em 30 dias, o Código não fala mais, é por culpa do autor, se ela não for efetivada em 30 
dias por culpa do autor, se o autor não apresentou o pedido principal após os 30 dias da 
efetivação, como a gente viu lá em cima que ele tem que apresentar; ou, então, se o 
pedido principal for julgado improcedente, ou o processo for extinto sem resolução do 
mérito. Claro, toda tutela provisória vai cair se o pedido principal for julgado 
improcedente e, o que é muito interessante, se a cautelar cair, ele não pode renovar o 
pedido cautelar pelo mesmo fundamento. Ou seja, se eu estou dizendo que o Luciano 
está entrando na água com o meu telefone e eu consegui um cautelar antecedente por 
conta disso, mas depois, não sei, ela caiu, porque eu não fiz o pedido principal, eu não 
posso renovar, depois, pelo mesmo fundamento. Quer dizer, até posso conseguir uma 
outra cautelar, mas eu vou ter que dizer que é por um outro motivo, sei lá, ele está 
utilizando o meu telefone para cometer crimes. Certo? Muito bem. 
Se a cautelar for indeferida, obviamente, ela não faz coisa julgada e nem proíbe a 
formulação do pedido principal. Isso é óbvio. Por quê? Porque é uma tutela provisória, 
de cognição provisória, cognição sumária. Mas, aí sim, a gente tem que ser bem 
expresso, o juiz sempre pode reconhecer a decadência, ou a prescrição, do direito de 
fundo. Se ele fizer isso, eu não tenho como renovar a minha cautelar. Por quê? Porque, 
na verdade, o que ele vai fazer aqui é extinguir o processo com resolução do mérito. 
Então, o caso clássico: o sujeito pediu um determinado benefício previdenciário e está 
provando uma situação de urgência e tal. Mas, esse benefício tinha prazo para ser 
solicitado, e o prazo era de cinco anos. Ele queria pedir dez anos depois. Então, o direito 
de pedir o benefício decaiu, e eu vou negar a cautelar, porque eu estou vendo, isso já 
está na petição, dá para ver, tem o documento, por mais que seja um cautelar 
antecedente, eu consigo ver que o direito de fundo decaiu. Então, infelizmente, o que 
eu vou fazer aqui? Eu vou indeferir, não só a cautelar, mas como toda a petição. E essa 
minha decisão é, na verdade, uma sentença, e essa sentença, na verdade, é de mérito, 
 
 
 
 
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porque ela reconhece a decadência e, portanto, ela transita em julgado, ela faz coisa 
julgada material. 
Então, aqui é uma exceção. Bom, exceção sempre pode cair na prova. Tem sempre uma 
chance maior de cair exceção, do que o básico. Então, obviamente, isso aqui se torna 
um ponto importante. Não se preocupem, vocês receberão esse material. Está certo? 
 
51.3. PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECEDENTE ANTECIPADA 
 
E nós temos ainda o procedimento da tutela antecedente antecipada. Está lá entre os 
artigos 303 e 304. Tem algumas coisas iguais, mas tem algumas coisas bem diferentes. 
O que nós temos de igual? A tal da petição inicial simplificada, em que você requer a 
tutela antecipada, mas que, diferentemente da cautelar antecipada, você é obrigado a 
indicar o pedido final. Lembra: na cautelar, você não é obrigado a indicar o pedido final, 
na antecipada você é obrigado a indicar o pedido final. Expõe o fumus boni juris e o 
periculum in mora, claro, lá também; indica o valor da causa e recolhe as custas; e indica, 
expressamente, que é um pedido antecedente. 
Se ela for concedida, aqui vem a parte mais interessante: se ela for concedida, você tem 
15 dias para aditar a petição e complementar com argumentos e com documentos. O 
juiz pode fixar um prazo maior, mas é, no mínimo, 15 dias. Se o juiz perceber que o caso 
é muito complexo, por exemplo, ele está falando de um atracamento de um navio. Eu 
preciso de mais um... ele pode dar um prazo maior, mas, ele tem que dar, no mínimo 
15, dias. Após isso, quer dizer, aditada a petição e juntados os documentos, o réu é 
citado, e segue-se o procedimento comum. Se a petição não for aditada, no prazo que 
o juiz determinou, adivinha? Extingue o processo sem resolução do mérito. 
Aqui, isso aqui é importante, porque isso aqui é jurisprudência do STJ. O STJ vai dizer 
que: 
Esse prazo só flui após o término do prazo do réu para impugnar a medida, 
exigindo-se intimação específica para o autor. 
 
 
 
 
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Então, vamos lá. Eu ajuizei a petição simplificada, pedindo uma tutela antecipada. A 
tutela antecipada foi concedida. Em tese, eu contaria 15 dias para aditar, não aditou, 
extingue. O STJ vai falar assim: não. Se o réu foi citado para impugnar a medida, eu tenho 
que esperar passar o prazo de resposta do réu para, então, extinguir. Entenderam, ou 
não? E, mais do que isso, eu vou ter que intimar o autor para dizer assim: “vou extinguir. 
Você vai aditar, ou não?”. Então, aqui, o STJ deu uma super “colher de chá” para o autor, 
porque em vez de ter 15 dias, ele pode ter muito mais, ele pode ter, pelo menos, 30, na 
verdade. Porque se o prazo só flui depois do término do prazo para o réu impugnar, o 
réu vai ter 15 dias para impugnar, aí vai passar a fluir o prazo de 15 dias, desde que haja 
uma ação específica. Então, ele tem, no mínimo, 30 aqui. 
Mas, a parte mais polêmica, pessoal, vem agora. De novo, é uma super complicação, 
tem páginas e páginas de doutrina escritas sobre isso, para não acontecer na prática. 
Mas, enfim, é a vida. O artigo 304, ele prevê uma situação de estabilização da tutela 
antecipada antecedente, e isso tem uma inspiração lá no direito francês. Basicamente, 
a tutela antecipada antecedente é concedida, o réu não impugna, então, ela se torna 
instável. O autor, assim, de maneira muito simplificada, ele não precisa fazer mais nada, 
ele meio que já tem aquilo, e se ele se contentar com aquilo, está beleza, vamos fechar 
a página do processo, e vamos para o jogo. 
No direito brasileiro, e, também, tem no direito português, que eles chamam de técnica 
de inversão do contencioso, enfim, basicamente, é o seguinte: se a tutela for concedida 
e não houver impugnação por agravo de instrumento, mas a doutrina diz que é qualquer 
tipo de defesa do réu, a tutela se estabiliza. Isso quer dizer que o processo termina? Em 
tese, mas o autor pode pedir que o processo continue para obter uma cognição 
exauriente e uma coisa julgada, que é um negócio mais forte do que uma estabilização 
da tutela antecipada. 
O que é que o STJ diz sobre isso, nos poucos casos que chegaram até lá? Bem. A Terceira 
e a Quarta Turma dizem que: só há a estabilização da tutela antecipada se não houver 
qualquer movimento de defesa do réu. Então não é só que o réu não agravou do 
instrumento. O réu não agravou de instrumento, o réu não peticionou impugnando, o 
 
 
 
 
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réu não apresentou contestação, o réu não fez nada. Enquanto a Segunda Turma dá a 
interpretação literal, fala: “não, se o réu não agravou de instrumento,a tutela se 
estabiliza”. Dito isso, eu quero que vocês saibam que uma vez que a tutela se torne 
estável, o processo será extinto, se o autor não pediu o prosseguimento. Bem? 
Mas, no entanto, todavia, pode haver uma estabilização parcial da tutela, porque, vamos 
imaginar, que o juiz concedeu a tutela antecipada antecedente para obrigar o réu a sair 
do imóvel e a devolver um determinado bem que estava com ele. E aí, o réu agrava de 
instrumento para dizer assim: “olha, eu vou até devolver o bem, mas eu não vou sair 
imóvel”. Então, nesse caso, a gente teria uma estabilização parcial. Se eu tenho uma 
estabilização parcial, necessariamente, o processo continua. Para que? Para julgar o 
restante, para julgar a parte que não se estabilizou. Então, eu teria, nesse caso, uma 
sentença, ou uma decisão interlocutória, a depender do que é que foi impugnado. Quer 
dizer, se eu tenho uma extinção do processo completo, eu posso ter uma apelação 
contra essa extinção. Mas, se ela foi só parcial, eu posso ter um agravo de instrumento, 
porque o réu pode se rebelar, concorda? 
Vamos imaginar que o réu não agravou de instrumento da tutela antecipada, mas ele se 
manifestou nos autos. Ele falou assim: “mas o STJ tem entendimento dizendo que nesse 
caso não estabiliza”. O juiz fala: “não, se estabiliza sim”. Bom, se a gente está falando de 
toda a tutela concedida, o réu vai ter que apelar. Vai ter uma sentença, e ele vai ter que 
apelar, porque o juiz vai extinguir por sentença. Mas, se ele agravou de uma parte, e não 
agravou da outra parte, ele pode se opor a essa estabilização via agravo de instrumento 
também. 
É possível que isso se rediscuta em uma outra ação, se essa aqui foi extinta? Sim. Em 
tese, o único jeito de rediscutir isso é através de uma outra ação, mas essa ação tem que 
ser ajuizada em um prazo de dois anos. Então, após a extinção pela estabilização, você 
teria dois anos para rever a decisão. Só que, depois de dois anos, você não pode rever 
por outra ação. 
E aí, eu te pergunto, qual é a diferença entre estabilização e coisa julgada? Porque, a 
coisa julgada, você pode rever também por outra ação, que é a ação rescisória. 
 
 
 
 
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Concordam comigo? E, depois de dois anos, também não cabe mais ação rescisória. 
Então, não seria a mesma coisa? Resposta: não é a mesma coisa. Não é a mesma coisa, 
porque é mais difícil rediscutir, via ação rescisória, a coisa julgada, do que, via qualquer 
outra ação, a tutela estabilizada. Por quê? Porque a coisa julgada, ela tem causa de pedir 
fechada, perdão, a ação rescisória tem causa de pedir fechada. Você só pode rediscutir 
a coisa julgada em ação rescisória, em determinadas hipóteses, que são de nulidades 
muito graves que aconteceram com o processo. E aqui não, aqui eu posso ajuizar 
qualquer ação e rediscutir esse negócio em qualquer outro processo. Então, estabilidade 
não é coisa julgada. 
E tem outra coisa também, quando eu tenho coisa julgada, ela se projeta para fora do 
processo. Eu não posso rediscutir aquele tema em uma outra ação que tem um outro 
objeto, por exemplo, graças ao chamado efeito negativo da coisa julgada, ou o efeito 
positivo da coisa julgada. Isso aqui não, isso aqui eu posso rediscutir em um outro 
processo que trate de um outro tema. Então, assim, se eu tenho coisa julgada, dizendo 
que esse celular é meu, esse celular é meu. E, mesmo que haja alguma outra discussão, 
em alguma outra ação, sobre esse celular, entre Luciano e eu, por exemplo, agora eu 
estou ajuizando uma ação para pedir perdas e danos, porque ele usou meu telefone de 
maneira equivocada, ele entrou no meu Instagram e me difamou. Ele não pode vir e 
falar assim: “não, espera aí, esse celular nem era dele, ele era meu”. Se for coisa julgada, 
ele não pode fazer isso. Mas, se for estabilização da tutela antecipada, ele pode. Está 
certo? Então, essas são as principais diferenças entre estabilização da tutela antecipada 
antecedente e coisa julgada. 
A estabilização da tutela antecipada antecedente, ela pode ser rediscutida em qualquer 
outro tipo de ação, com qualquer outro tipo de argumento. A coisa julgada tem uma 
causa de pedir muito restrita na ação rescisória, para que ela venha a ser rediscutida, e 
ela projeta os seus efeitos para outros processos em que aquele tema não vai poder ser 
rediscutido em caráter incidental, graças à eficácia positiva da coisa julgada. Está certo? 
Tem um professor da USP, que eu gosto muito dele, o meu amigo, o Heitor, ele diz assim: 
“se o direito em jogo for indisponível, não haveria a estabilidade da tutela antecipada, 
 
 
 
 
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porque, para esses mesmos casos, não se aplicariam os efeitos da revelia nem cognição 
exauriente”. Se você parar para pensar, faz sentido. 
Porque, se eu não tenho como considerar verdadeiros os fatos trazidos pelo autor, 
porque o réu não contestou para fins de produção de revelia e para fins de sentença. 
Por que que sentença geraria coisa julgada? 
Por que que essa falta de impugnação da tutela antecipada, via agravo de instrumento, 
geraria algum tipo de instabilidade? Enfim, isso é [trecho não compreendido]. Tem 
também uma posição interessante do professor, grande amigo meu, Antônio do Passo 
Cabral, professor da Uerj, estava na minha banca de doutorado, o Cabral. Ele diz o 
seguinte: ele fala que a gente tem que abrir a nossa cabeça e entender que estabilidade 
de uma tutela não é, necessariamente, coisa julgada. 
Eu posso ter vários níveis de estabilização. Eu posso ter o nível de estabilização: coisa 
julgada. Eu posso ter o nível de estabilização: dois anos depois, a coisa julgada, em que 
nem vi a ação rescisória, eu consigo mexer naquilo. E eu posso ter níveis mais light de 
estabilização, como esse, a estabilização da tutela antecipada. Ou, por exemplo, tão 
somente a estabilização via preclusão temporal de um direito da parte ao longo do 
processo. E por aí vai. Certo? Então, essa ideia de níveis diferentes de estabilização de 
acordo com a necessidade do processo, ou a necessidade das partes, ou com aquilo que 
é razoável para aquele momento processual, é uma ideia defendida pelo professor 
Antônio do Passo Cabral no seu livro sobre coisa julgada, que, por sua vez, foi a sua tese 
de doutorado. 
E quando a tal da tutela antecipada antecedente for negada? Quando ela for negada, eu 
tenho cinco dias para emendar a petição inicial, sob pena de extinção do processo sem 
resolução do mérito. Está certo? Tranquilos? Maravilha! Com isso, a gente termina de 
ver a tutela antecipada provisória, e vai estudar a tutela da evidência. 
 
52. QUESTÃO DE CONCURSO 
 
 
 
 
 
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Agora eu vou fazer uma questão de concurso sobre tutela antecipada, porque, assim, 
depois a gente estuda a tutela da evidência, e depois a gente estuda como esse negócio 
fica quando a Fazenda Pública for parte do processo, quer dizer, a Fazenda Pública for 
autora, ou a Fazenda Pública for ré. 
Vamos ver o que nos espera aqui. O que nos espera aqui é uma questão da prova de Juiz 
Substituto, da última prova de Juiz Substituto, do TJ do Paraná, 2021, Banca FGV, banca 
relativamente tranquila. Vamos lá: 
Tutelas Provisórias de Urgência 
(A) as tutelas de evidência concedidas liminarmente demandam a 
comprovação da urgência pela parte interessada. 
Não, se não seria a tutela... bom, vamos ver todas. 
(B) o indeferimento da tutela cautelar não obsta que a parte formule o 
pedido principal nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do 
indeferimento for o reconhecimento da decadência ou da prescrição. 
(C) em relação à tutela cautelar requerida em caráter antecedente, não 
poderá haver alteração da causa de pedir no momento da formulação do 
pedido principal. 
(D) na tutela antecipada requerida em caráter antecedente, a decisão que 
concede a tutela não faz coisa julgada, mas pode ser desafiada por ação 
rescisória.(E) em caso de revogação da tutela de urgência, a parte será 
responsabilizada por dano processual, além de responder pelo prejuízo 
causado à parte contrária em ação própria. 
Tudo o que está aqui, praticamente, a gente já viu, e é fácil de entender que a letra 
correta é a letra (B). Quer dizer: o indeferimento da tutela não obsta a formulação do 
pedido principal nem influi no julgamento desse, salvo se o juiz reconhecer a decadência 
e a prescrição. A gente já viu isso. 
A única coisa que eu não falei, então vou aproveitar para falar agora, é que, como eu 
disse para você, eu até disse que as tutelas provisórias, elas são concedidas a risco do 
 
 
 
 
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próprio autor. Ou seja, o autor vai assumir o dever de recompor esses danos, assumindo 
a responsabilidade objetiva... conta e risco, é a expressão que me faltou aqui. A conta e 
risco do autor. Ou seja, o autor vai assumir os riscos e, se ele perder, ele vai ter que 
recompor os danos. E aí, faltou eu dizer, de fato, onde é que o réu vai pedir essa 
recomposição de danos? Na própria ação principal. Não é em ação própria, então, na 
própria ação principal, ele vai pedir uma liquidação para apurar a quantificação desses 
danos. Então, você não vai precisar de declaração de responsabilidade, porque o Código 
já diz que a responsabilidade existe, ele apenas vai pedir para que haja a liquidação, o 
cálculo dos danos, e, finalmente, a execução. Certo? 
Então, com isso, a gente termina aqui o estudo da tutela provisória de urgência. E nós 
vamos estudar a tutela provisória da evidência. 
 
53. DÚVIDAS 
 
Eu vou aproveitar e vou abrir um pouquinho o chat para que vocês possam tirar algumas 
dúvidas. Que tal? Eu vi que tinha gente levantando a mão. Então eu vou abrir aqui o 
chat. 
“Professor, se o pedido de tutela cautelar antecedente for indeferido, qual é o prazo 
para o pedido principal? O artigo 308 fala apenas que o prazo para o pedido principal 
conta da efetivação da medida, mas não diz o termo inicial se ela for indeferida. Seria 
da ciência do indeferimento?”. Não, o prazo é de 15 dias. Eu acho que a sua dúvida não 
é qual é o prazo, é quando o prazo começa a fluir. Se ela for indeferida, é da data em 
que eu for intimado do indeferimento. Está certo? 
“No caso de estabilização da tutela, essa ocorrerá só se houver pedido expresso ou 
efeito automático?”. Pois é, essa é uma excelente discussão, porque não se exige pedido 
expresso do autor para a estabilização. Isso é fonte de crítica da doutrina. Mas, ainda 
assim, entende-se que o efeito é automático, mas, o autor pode pedir a continuidade 
do processo. Então é automático, porque não prejudica ele, mas ele pode pedir a 
continuidade do processo para buscar a coisa julgada, que é um nível maior de 
 
 
 
 
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estabilidade e que vai dar mais segurança jurídica para ele. Ele tem esse direito. Aqui 
vale muito a posição do professor Antônio do Passo Cabral. 
“Não ficou clara a diferença, no exemplo do celular, da tutela antecipada e da tutela 
cautelar”. A diferença é a seguinte: se o juiz deferiu o meu pedido de tutela e eu posso 
voltar a usar o meu telefone celular, isso é uma tutela antecipada. Por quê? Porque, no 
fim, o que eu quero é o meu celular de volta, então, se eu estou podendo usar o celular, 
é porque um dos efeitos, ou todos os efeitos, do provimento final, foi antecipado. Se eu 
só quero tirar o celular da mão do meu amigo e deixar em outro lugar, mas eu também 
não vou ter acesso a ele naquele momento, vai ficar em depósito, em juízo, por exemplo, 
nesse caso, é uma tela cautelar. Por quê? Porque, nesse caso, eu não vou ter acesso ao 
telefone. Eu estou protegendo o meu direito, quer dizer, ele não vai quebrar o meu 
telefone, ele não vai fazer mau uso do meu telefone, mas eu também não vou poder 
usar. Essa é a grande diferença. É usufruir, a partir de agora, de algum dos efeitos do 
provimento final, ou não. 
“Ainda há crítica quanto a exigir do autor que antecipe o pedido final? Isso não é 
entregar o jogo para a defesa?” Não, muito pelo contrário. Eu acho que a defesa tem 
todo o direito de saber qual é o provimento final. Acho que a crítica deveria ser a 
contrária. Beleza pessoal. 
 
 
TUTELAS PROVISÓRIAS DA EVIDÊNCIA 
 
Muito bem, pessoal. Então, a partir de agora, nós vamos falar da tutela da evidência, 
tudo bem? 
 
54. TUTELA DA EVIDÊNCIA 
 
A tutela da evidência, a primeira coisa que você precisa saber, eu falei na parte anterior, 
mas acho que vale repetir, é que ela é uma tutela provisória. A questão toda é que ela 
 
 
 
 
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não está baseada no “periculum in mora”. Ela está baseada no fato de que o meu direito 
é muito evidente, ou, então, na má utilização, ou seja, no abuso do direito de defesa do 
réu. 
Ela está prevista no artigo 311: 
É uma adaptação do procedimento fundada na evidência do direito, e não 
na urgência. 
Como nós dissemos. Como eu também já falei, é uma redistribuição mais justa do ônus 
do tempo no processo. Mas o que eu queria falar está aqui, não é bem uma novidade, 
porque pensa, por exemplo, na ação monitória, em que eu tenho prova escrita da dívida. 
A ação monitória, ao me aproximar da execução, muito mais do que, rapidamente, do 
que uma ação que tramite pelo processo de conhecimento, ela também não é o tipo de 
alteração de procedimento para a redistribuição do ônus temporal do processo para 
quem parece ter mais direito, exatamente, razão, essa prova documental? É, sim. E 
lembra também muito o direito líquido e certo do mandado de segurança. Então, são 
formas de restrição, restrição até na cognição horizontal. Mas, aqui também tem 
restrição da cognição vertical, porque, no fim das contas, é uma tutela provisória. 
Quais são os pressupostos? Bom, aqui, pessoal, tem que decorar, mas é fácil de decorar. 
O nome da tutela é tutela da evidência, portanto, os pressupostos são a evidência do 
direito, mais alguma coisa. Esse, mais alguma coisa, são formas de mostrar que o direito 
é evidente, ou então, é o abuso do direito de defesa do réu, mas, ainda assim, a 
evidência do direito continua como requisito. Entendeu? Quer dizer, não é que eu estou 
concedendo a tutela da evidência por conta do abuso do direito de defesa do réu, que 
eu vou conceder uma tutela de evidência para um indivíduo, que não tem plausibilidade 
nenhuma do direito. Não. Então, é sempre a tutela da evidência, mais o que vai aparecer 
para vocês aqui. 
Como eu disse, o abuso do direito de defesa, que aqui a gente chama de tutela da 
evidência punitiva. Essa tutela da evidência punitiva é uma tutela de punição da parte 
ré, mas nada impede que o réu peça uma tutela da evidência em razão do mau 
comportamento do autor. Erik, então cabe tutela da evidência para o réu? Sim, se ele 
 
 
 
 
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estiver, por exemplo, fazendo um pedido contraposto, porque na reconvenção ele é o 
autor, mas se ele estiver, por exemplo, fazendo um pedido contraposto e o autor estiver, 
ele, abusando do seu direito de defesa, ou agindo de maneira protelatória, o réu pode 
pedir uma tutela da evidência. Erik, pode cumular com as penas por litigância de má-fé? 
Pode sim. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Está certo? Não está escrito em 
nenhum lugar que não pode. Então, pode sim cumular com as penalidades por litigância 
de má-fé. 
Tirando a hipótese do abuso do direito de defesa, as outras são situações que deixam 
mais clara como você vai demonstrar a tal da evidência. São formas de demonstração 
da evidência. Então, são os incisos. Então, o inciso II vai dizer: 
Alegações fáticas comprováveis documentalmente, mais tese firmada em 
julgamento de recurso repetitivo ou súmula vinculante. 
Então, eu tenho... Eu não preciso de dilação probatória para isso aqui, tipo um mandado 
de segurança. E, além disso, eu tenho precedente do STJ e do STF, em julgamentorepetitivo ou em súmula vinculante. Eu tenho direito, aliás esse é um direito subjetivo 
meu, basta pedir. Eu tenho direito à concessão da tutela da evidência. 
Erik, mas são apenas esses precedentes? Bom, a doutrina tem dito que isso valeria para 
todos os precedentes do artigo 927, do Código de Processo Civil. Então, no Conselho da 
Justiça Federal, eles fazem aquelas jornadas e tal, e eles têm enunciados dizendo que 
inclui-se todas as súmulas dos Tribunais Superiores e, além das teses firmadas em 
repercussão geral. Mas parte da doutrina entende que todos os precedentes do 927, e 
eu me incluo entre esses, deveriam autorizar a concessão da tutela da evidência. Por 
quê? Porque se eu posso indeferir, liminarmente, com base em súmula do Tribunal local, 
porque que eu não posso deferir, liminarmente, com base em súmula do Tribunal local? 
Erik, explica melhor? Explico. Eu não posso indeferir, liminarmente, a petição dizendo: 
“você está contrariando súmula do Tribunal local”? Então, por que que eu não posso 
conceder a tutela da evidência com base no mesmo argumento? 
Hipótese 3, que não precisaria existir, vocês vão ver por quê. A hipótese 3 fala em: 
 
 
 
 
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Pedido reipersecutório fundado em prova documental de contrato de 
depósito. 
Antigamente, quando eu tinha um contrato de depósito com alguém, e esse alguém 
tinha que me devolver o bem em uma certa data, e não devolvia, eu ajuizava uma ação 
de depósito. Agora eu não preciso mais da ação de depósito. Por quê? Porque eu ajuízo 
uma ação, pelo rito comum, com um pedido de condenação e obrigação de fazer, mas 
eu tenho direito a uma tutela de evidência. 
A doutrina, perdão, a Lei, diz que eu tenho que ter uma prova documental do contrato 
de depósito. A doutrina diz que isso abrange qualquer outra prova que demonstre a 
relação jurídica de direito material. Eu já acho que não, porque seria uma tutela 
antecipada de urgência, não de evidência. Você demonstraria situação de urgência 
também, e ponto. Aqui, a Lei foi muito clara em falar em prova documental, prova 
documental é prova documental. 
Mas o que é pedido reipersecutório? O pedido reipersecutório é o direito de perseguir 
o bem que foi objeto de um contrato de depósito. Apenas isso. Pedido reipersecutório 
é o direito de perseguir o bem que foi objeto de contrato de depósito. 
Erik, o réu tem que estar em mora? Tem, porque senão eu não tenho direito de 
perseguir o bem. Aí, é o réu que tem direito de usufruir o bem, do bem que está em 
depósito. Certo? Então, ou venceu o prazo, ou o réu foi notificado para devolver, nos 
termos do artigo 633, do Código Civil. 
E, tem a hipótese 4. A hipótese 4 diz... e talvez seja a hipótese mais, não quero falar 
revolucionária, mas para quem acha que a tutela de evidência é uma ferramenta bacana, 
aqui seria a hipótese mais revolucionária: 
Quando os fatos constitutivos do meu direito forem provados 
documentalmente. 
Como eu disse para vocês, estilo mandado de segurança. Direito líquido e certo. E, nem 
tem precedente, mas a contestação foi apresentada e ela não conseguiu gerar dúvida 
razoável. Então, aqui, a tutela nunca vai ser liminar. Por quê? Porque é preciso que haja 
a contestação. Só que, com as provas que eu trouxe, a contestação não gerou dúvida 
 
 
 
 
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razoável. Por outro lado, ainda há necessidade de produção de provas. Quer dizer, gerou 
uma plausibilidade, a contestação foi apresentada, essa plausibilidade continua 
existindo com base em prova documental, mas eu não tenho urgência. Tudo bem, eu 
posso pedir tutela da evidência. Pergunto: isso acontece na prática? Não, não acontece. 
Erik, não tem necessidade de pedir produção de provas, porque as provas documentais 
bastam. Bom, já teve contestação? Então é caso de julgamento antecipado da mídia. 
Por isso que eu acho que essa hipótese aqui nunca acontece, porque assim, 
normalmente, se há necessidade de produção de prova, é porque a gente tem dúvida. 
Se a gente não tem dúvida, e não tem mais a necessidade de produção de prova, eu não 
vou dar a tutela da evidência, eu vou julgar o processo com o julgamento antecipado da 
lide por sentença, nos moldes do 355, do CPC. Então, assim, para quando que vai sobrar 
essa hipótese? É raro, é muito raro. Mas, está na Lei, você tem que saber, pode cair na 
prova. 
Uma utilidade que a gente poderia dar para isso, é o seguinte: em casos como esse, o 
juiz poderia, por exemplo, claro, a pedido, deferir, na sentença, a tutela da evidência. 
Por quê? Porque, deferida na sentença, a apelação não teria efeito suspensivo. Uma vez 
que a apelação não tem efeito suspensivo quando a sentença confirma a tutela 
antecipada, ou a tutela cautelar, a apelação também não tem efeito suspensivo quando 
ela confirma a tutela da evidência, mesmo que a tutela da evidência tenha sido 
concedida na própria sentença. 
Então, quando você olha as hipóteses, você já consegue imaginar quais são as situações 
de concessão da tutela de evidência em caráter liminar. O examinador, às vezes, fala 
assim em uma pergunta, ou em um item, por exemplo: “a tutela da evidência nunca 
pode ser concedida liminarmente”. Não é verdade, porque nesse caso aqui do inciso II, 
e nesse caso aqui do inciso III, é possível conceder a liminar. Agora, no caso do inciso I e 
do inciso IV, não é possível mesmo, porque o IV exige, formalmente, a contestação, e o 
inciso I fala que tem que ter abuso dos direitos de defesa. Quer dizer, de alguma forma, 
o réu teve que se manifestar. Se ele teve que se manifestar, não dá para conceder 
 
 
 
 
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liminarmente. Então, é possível concessão liminar da tutela da evidência? É possível. 
Mas, apenas nos casos do inciso II e do inciso III. 
 
 
 
55. TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
 
E, para a gente terminar o estudo de toda a tutela provisória, a gente vai dar uma olhada 
rápida na tutela provisória contra a Fazenda Pública. Tem todo um histórico legislativo, 
muito disso se estuda quando realmente vai se estudar o direito processual da Fazenda 
Pública, Fazenda Pública em juízo, como o pessoal gosta de explicar. 
Mas, pessoal, eu vou fazer rapidamente uma introdução, e eu vou dizer o que você 
precisa saber de verdade. 
Tem todo um arcabouço histórico aqui de várias Leis que restringiam a concessão de 
liminares contra a Fazenda Pública, restringiam a concessão de cautelares, depois, a 
concessão de tutela da espada, depois, a concessão de liminares e mandados, antes, na 
verdade, a concessão de liminares e de mandado de segurança. Depois vem o CPC e cria 
a tutela antecipada de maneira geral. Depois vem uma Lei em 97, que também proíbe 
algumas, nas mesmas hipóteses, a concessão da tutela antecipada. Enfim, tem todo um 
histórico que vem das tutelas cautelares e vem do mandado de segurança, quando o 
legislador só tinha no seu radar a tutela cautelar. Quando vem para o sistema, a tutela 
antecipada, para aqueles mesmos casos em que havia restrições, o legislador foi e 
estendeu para a tutela antecipada. 
E foi uma confusão. Na época, em 97, com essa Lei 9494/97, e houve uma Ação 
Declaratória de Constitucionalidade, ADC nº 4, em que o Supremo Tribunal Federal 
disse: as restrições à concessão de liminares contra a Fazenda Pública são todas 
restrições legítimas. Só que, depois, o Supremo vai e retira dessas restrições matéria 
previdenciária, porque fica com pena dos velhinhos. Mas, basicamente, é isso aqui. 
 
 
 
 
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Depois, já em 2009, vem a nova Lei do mandado de segurança, que é a 12.016, de 2009. 
E nós temos também o CPC de 2015, que vem aqui no artigo 1.059 e no 1.072, dizendo 
expressamente que isso aqui está vigente. Então, basicamente, pela Lei, nós teríamos 
ainda as mesmas restrições que o Supremo julgou constitucional na ADC nº 4, menos 
em matéria previdenciária, por conta da Súmula 729. Issoaqui, assim, cansou de cair em 
concurso. 
E, quais são as restrições? É compensação, é concessão de liminar, é concessão de 
liminar, não importa se é cautelar, não importa se é tutela antecipada, não importa se é 
procedimento comum, não importa se é mandado de segurança, mas é proibido, de 
acordo com a Lei, a concessão de liminares contra a Fazenda Pública para compensação 
de créditos tributários ou previdenciários, de acordo com a Lei 8.437, de 92. E, de acordo 
com a Lei do Mandado de Segurança, além da proibição da compensação de créditos 
tributários, também é proibida a liminar para a liberação, ou seja, a entrega de 
mercadorias e bens vindos do exterior, muito possivelmente pelo periculum in mora 
invertido, é proibida a concessão de liminar para reclassificação ou equiparação de 
servidores públicos, concessão de aumento ou extensão de qualquer vantagem, de 
qualquer natureza. Então, é assim. Basicamente, a ideia aqui foi impedir que servidor 
público consiga a liminar para botar dinheiro no bolso, de alguma forma. No fim foi isso. 
Me lembro bem de toda a discussão que teve na época. Isso aqui não mudava desde a 
ADC nº 4 e da Súmula 729, do Supremo. 
Mas, recentemente, em 2021, veio a ADI 4.296 em que o Supremo julgou 
inconstitucional o artigo 7º, parágrafo 2º, da Lei do Mandado de Segurança, que é esse 
aqui. Isso aqui são os termos do parágrafo 2º, artigo 7º, da Lei do Mandado de 
Segurança. Então, se isso aqui é inconstitucional, isso aqui é inconstitucional também, 
concordam? Sim, ou não? Concordam comigo? Se isso aqui é inconstitucional, isso aqui 
é inconstitucional. Vem a doutrina, e vai dizer o seguinte: “será que esse entendimento 
não deveria ser ampliado para todas as limitações de concessão de tutela de urgência 
contra a Fazenda Pública?”. E, tem uma posição mais comedida, que diz assim: “deveria 
ser ampliado ao menos para o artigo 14, parágrafo 3º, da Lei do Mandado de Segurança, 
 
 
 
 
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que veda a execução provisória da sentença concessiva, nas mesmas hipóteses em que 
não cabe a liminar”. 
Então, assim: se, a Lei do Mandado de Segurança fala que não cabe liminar nesse caso 
aqui, e, também, não cabe execução provisória na sentença, da sentença que tiver esse 
teor. Está certo? Bom, se eu estou dizendo que eu não posso restringir isso aqui, eu não 
posso também impedir a execução provisória da sentença em mandado de segurança 
com esse teor. Então, tipo assim, 100% razoável, porque a única razão de ser, da tutela 
antecipada disso aqui, é poder fazer isso aqui agora. Então, eu, sem dúvida nenhuma, 
concordo com esse posicionamento. 
Mas, só para não dizer que não falei de flores e que eu não falei de doutrina, o melhor 
texto, na minha opinião, é do professor Cassio Scarpinella Bueno. O Cassio fez um longo 
texto a respeito desse assunto, e ele diz que: estudando a ratio decidendi da decisão, 
fica claro que isso deveria ser aplicado para absolutamente todas as hipóteses de 
restrições, quaisquer que sejam as restrições à concessão de liminares contra a Fazenda 
Pública. Certo? Mas, assim, nós não temos nenhuma decisão do Supremo ou do STJ, isso 
ainda vai amadurecer. O que nós temos é isso aqui. Não quero nem muito falar disso 
aqui, porque, assim, o que pode cair em prova hoje é isso. O que pode cair em prova 
hoje é isso. E isso aqui também. 
Na mesma, na mesma ADI, o Supremo também julgou inconstitucional o artigo 22, 
parágrafo 2º, que impõe, que diz o seguinte: “você não pode, você juiz, não pode 
conceder liminar em mandado de segurança coletivo, você precisa intimar a Fazenda 
Pública para que ela responda em 72 horas. E isso também valia para Ação Civil Pública”. 
Então, para Ação Civil Pública, em mandado de segurança coletivo, você não podia 
conceder liminar inaudita altera pars, que é sem a oitiva da parte contrária. 
Nossa Erik, mas a contestação demora muito, não, pois o juiz intimava, dava 72 horas 
para a Fazenda Pública se manifestar, a Fazenda Pública se manifestou, ele podia 
apreciar o pedido de liminar. A jurisprudência dizia: “não, mas se houver uma urgência 
urgentíssima...” Bom, agora, o Supremo julgou esse artigo inconstitucional. Então, não 
tem mais essa, essa restrição caiu. Caiu na ADI nº 4, caiu para a Lei do Mandado de 
 
 
 
 
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Segurança, mas me parece que não vale para nenhuma hipótese, que vale para as 
demais hipóteses de tutela coletiva também. Está certo? 
 
 
 
 
56. QUESTÃO 
 
Antes de terminar o estudo das tutelas provisórias, eu quero, rapidamente, compartilhar 
o outro documento que traz uma questão sobre tutela provisória da evidência, claro. 
Tutela provisória da evidência. Questão de 2022, prova de Juiz Substituto, do TJ do Rio 
Grande do Sul. 
Conforme o texto do CPC/2015, a assim chamada “tutela cautelar” pode 
fundamentar-se em situação de urgência ou na evidência do direito 
subjetivo acautelado. 
Bom, se fosse na evidência, não seria tutela cautelar, seria tutela da evidência. 
A tutela da evidência e o julgamento antecipado parcial do mérito são 
formas de tutela provisória: em ambos os casos, a decisão judicial está 
baseada em cognição sumária, não faz coisa julgada e pode ser revogada 
a qualquer tempo. 
Parece correto. Mas você nunca faz isso: é essa aqui! Não, você vai olhar todas. Você vai 
fazer uma cruzinha do lado, na melhor das hipóteses. 
No novo CPC, não há nenhuma previsão de cautelares típicas, podendo o 
juiz, em cada situação, criar a medida assegurativa que julgar mais 
adequada. 
Olha, de fato, no Código antigo, nós tínhamos as chamadas cautelares típicas. Então, o 
CPC previa algumas cautelares, e dizia assim: “olha, mas outros tipos de cautelares 
podem ser concedidas de acordo com a necessidade”. Que eram as cautelares atípicas. 
O Código atual preferiu trabalhar com a atipicidade das cautelares como regra, mas 
 
 
 
 
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existem algumas situações específicas em procedimentos especiais, em execução, por 
exemplo, o arresto na execução, é uma cautelar típica. Está certo? Está prevista no 
Código. Então, quando fala que não tem nenhuma, está errado. Aliás, essa é uma dica 
de como fazer prova de concurso de maneira esperta. Quase sempre que tem palavras 
como: nenhuma, sempre, tal e tal; está errado, porque tem alguma exceção, e o 
examinador quer pegar você no contrapé, porque ele quer pegar você exatamente na 
exceção. Letra D. 
O novo CPC conservou a autonomia procedimental das medidas 
cautelares. Por isso, cuidando-se de ação cautelar antecedente, o 
requerente terá 15 dias (ou outro prazo maior que lhe seja concedido) 
para ajuizar a ação principal, devendo fazê-lo por meio de nova petição 
inicial. 
Não. A gente viu que não é por meio de nova petição inicial, ele pode, apenas, 
complementar. Não é nem emendar que eles falam, é complementar a petição. E a Letra 
E. 
A existência de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos 
ou em súmula vinculante, aliada à probabilidade do direito e à prova 
documental de seus fatos constitutivos, autoriza a formulação de pedido 
de tutela da evidência, o que também é cabível contra a Fazenda Pública. 
Pois é, eu coloquei essa questão aqui de propósito, porque é pensar: as restrições à 
concessão da antecipação de tutela, as restrições à concessão da antecipação de tutela, 
contra a Fazenda Pública, também implicam restrições da tutela da evidência contra a 
Fazenda Pública? Resposta da doutrina e da jurisprudência, até aquela decisão do 
Supremo: Sim, sim. Depois, a gente não sabe como vai ficar. Mas me parece que não é 
razoável dizer que não cabe tutela da evidência nas hipóteses em que o Supremo já disse 
que é inconstitucional dizer que não cabe, a priori, a tutela de urgência, ou a tutela, ou 
a tutela antecipada. Então: “a existência de tese jurídica firmada em julgamento de 
casos repetitivos ou em súmula vinculante, aliadaà probabilidade do direito e à prova 
documental dos seus fatos constitutivos, autoriza a formulação de pedido de tutela da 
 
 
 
 
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evidência, o que também é cabível contra a Fazenda Pública”, mas isso aqui tem uma 
polêmica. Deixa uma polêmica: se cabe tutela da evidência contra a Fazenda Pública, ou 
não. 
Qual era a outra que a gente tinha falado que poderia estar certa? “A tutela da evidência 
e o julgamento antecipado parcial do mérito são formas de tutela provisória: em ambos 
os casos, a decisão judicial está baseada em cognição sumária, não faz coisa julgada e 
pode ser revogada a qualquer tempo”. Quando você começa a falar: “essa aqui também 
parece estar certa, e essa aqui também”. Você vai olhar com mais calma. Quando você 
vai olhar com mais calma, o que você percebe? Isso aqui: “julgamento antecipado parcial 
do mérito”. Julgamento antecipado parcial do mérito não é forma de tutela provisória, 
é forma de tutela definitiva. Lembra? Julgamento antecipado da lide, pode ser parcial 
ou total, mas o julgamento que for feito, ele é julgamento definitivo. Ele até assume a 
forma de decisão interlocutória, porque o processo continua. Se ele for antecipado 
parcial, o Código de Processo Civil permite isso, mas isso não transforma essa cognição 
em cognição sumária. Essa cognição é cognição exauriente, exemplo: se eu não 
interpuser agravo de instrumento, essa decisão faz coisa julgada material. Então, não 
era a letra B. É, sem dúvida alguma, a letra E, apesar de ter alguma discussão doutrinária 
a respeito, se cabe tutela da evidência contra a Fazenda Pública, ou não, mas, super 
majoritariamente, entende-se que sim. 
 
57. DÚVIDAS 
 
Muito bem, vamos então para o nosso... eu vou ter que seguir, a gente vai ter que 
caminhar. Depois vocês podem mandar as perguntas, eu respondo todas. Não tem, não 
tem problema nenhum. Se bem que já escaparam aqui algumas perguntas. 
Enfim, eu acho que a explicação que não ficou muito clara foi aquilo que falou o Felipe 
Boeira. Não, a dele é outra. 
Como responder a uma questão sobre tutela provisória contra a Fazenda Pública? É 
assim, como é que você vai responder? Você vai responder da seguinte forma: cabe 
 
 
 
 
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tutela da evidência contra a Fazenda Pública? Você vai responder que sim. Mas, se 
perguntarem assim: são constitucionais, são constitucionais as limitações da Lei do 
Mandado de Segurança à concessão de tutela contra a Fazenda Pública? Você vai 
responder que são inconstitucionais, inconstitucionais. Você vai dizer que cabe 
antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, naquelas hipóteses. 
Alguém vai perguntar: cabe tutela da evidência? Ninguém fala da tutela da evidência no 
Acórdão do Supremo. Eu posso estar errado, mas do que eu li, ninguém fala. Mas, é 
muito estúpido falar que não, é muito estúpido. Então, eu falaria que cabe, porque eu 
acho que, ou o examinador vai te dar essa dica na própria questão, ou vai ser uma 
pergunta aberta, e nessa você vai voar. Você vai dizer: cognição sumária, cognição 
exauriente, o Supremo está falando aqui de cognição sumária, de uma limitação 
inconstitucional por uma cognição sumária. A tutela da evidência é, também, uma 
cognição sumária, está na mesma família da tutela de urgência. A ratio decidendi é a 
mesma, você cita o professor Cassio Scarpinella Bueno, que é um professor sensacional 
de Processo Civil. Você tira dez. Agora, se era uma prova de múltipla escolha, que não 
dá nem uma dica, você diz a mesma coisa, e a resposta é outra, eu acho que tem bons 
motivos para impugnar a questão. Então, eu iria por aí, eu estenderia, tudo o que o 
Supremo decidiu na ADC contra a Lei do Mandado de Segurança, eu estenderia para a 
tutela da evidência. Fui claro? Sim? Não estava claro mesmo, antes. 
Vamos seguir. Vamos seguir. Acho que agora, acho que agora deu uma arredondada. 
Em prova de múltipla escolha seria anulado, diz o Cássio. 
O Tales: professor, busca e apreensão do bem imóvel, o objeto de translocação em que 
se encontra em poder do devedor inadimplente, o que é que ele ganha, liminarmente, 
no bojo da ação judicial em que também se pleiteia o pagamento dos aluguéis vencidos, 
seria uma hipótese de concessão da tutela da evidência fundada no 311? Não, porque 
não é ação de depósito. 
 
 
NEOPROCESSUALISMO, PROCESSO ESTRUTURAL E PROCESSO FLEXÍVEL 
 
 
 
 
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58. Apresentação e considerações iniciais 
Gente esse tema. Então vamos iniciar aqui um tema novo. Esse tema aqui, galera, é o 
tema neoprocessualismo, processo estrutural e processo flexível. 
 
59. Neoprocessualismo 
 
Neoprocessualismo é basicamente o estudo do direito processual através das lentes da 
constituição. Então, uma preocupação de olhar o direito processual através de garantias 
fundamentais, entender que boa parte das garantias processuais estão na Constituição 
e todo esse “lenga-lenga” que todo mundo já sabe. É isso, tá. 
Então numa prova que você vai dissertar, vai ser tudo aquela “lenga-lenga”, vai ser mais 
uma dissertação de direito constitucional do que de processo civil. Mas no final você 
pode ir lá para princípio do devido processo legal, falar de participação das partes, né, 
que o pessoal adora. E aí você pode, inclusive, falar um pouco de flexibilização de 
procedimentos de processo estrutural, que é o que vai agora então estudar. 
 
 
 
60. Processo estrutural 
 
O que é pessoal, o tal do processo estrutural? 
O processo estrutural é o seguinte. Você vê que eu vou falar primeiro aqui sem abrir 
nenhuma caixinha só para você entender do que se trata. E aqui, o melhor autor de 
todos é o meu amigo Edilson Vitorelli. 
Mas você não vai ler o Edilson Vitorelli, você vai ouvir o Erik Navarro, porque o que está 
aqui é o necessário para você passar em qualquer prova. 
O processo estrutural, ele, parte da seguinte premissa. Cara, existem coisas que são 
muito difíceis de resolver, em que você tem, você não tem autor e réu identificados, 
 
 
 
 
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você tem múltiplas partes com múltiplos polos de interesse. Você tem zonas de 
interesse para usar uma expressão do professor Antônio do Passo Cabral, você tem 
zonas de interesse. Você tem uma pluralidade de direitos violados e que não vão ser 
recompostos do dia para noite e você precisa de camadas de decisão que possam ser 
executadas aos poucos e ao longo do tempo, com a colaboração de várias pessoas. 
Bicho, o juiz não consegue resolver isso nem a pau considerando o processo, como a 
gente conhece hoje. Ele não tem nem competência. Competência que eu falo, não 
competência jurisdicional. Condição de fazer isso. Ele não tem. 
Então, como a gente soluciona esse troço? 
Então, principalmente os processualistas procuradores da República desenvolveram, né, 
trouxeram para o Brasil essa tese do processo estrutural. 
Então aqui, meu amigo Hermes Zaneti Junior, que é promotor de Justiça, meu amigo 
Edilson Vitorelli. Eles estão preocupados com isso aqui. 
E qual é o leading case? O leading case, o antecedente histórico. 
É aquele famoso caso que vocês estudam na aula do João Mendes. É o brown vs board 
of education. Lembra? Da segregação racial nas escolas americanas? Então, quando a 
Suprema Corte americana diz assim, ó, não, pode ter segregação racial nas escolas 
americanas. 
Cara, você não implementa isso de uma hora para outra. Porque as escolas existem, elas 
estão lá, as escolas, elas ficam em bairros distintos. Então, onde moravam as pessoas 
negras. Eu tinha um tipo de escola, onde moravam as pessoas brancas, tinha outro tipo 
de escola, mas agora a pessoa negra quer estudar na escola das pessoas brancas. Só que 
também se você não tiver o transporte eles conseguem chegar lá. Mas o transporte 
também é segregado. Tem várias camadas. 
O melhor exemplo aqui no Brasil, está rolando isso no Brasil, eu vou te falar. Issocomeçou a ser discutido no Brasil por conta daqueles rompimentos de barragem, 
lembra, do caso Mariana? E depois do outro caso que aconteceu. Não sei qual foi o 
primeiro. Foi aí que a gente percebeu esse problema. Tá bom. 
 
 
 
 
 
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61. Características do litígio estrutural 
 
Bom feita a introdução. Quais são, então, as características do litígio estrutural? Aqui eu 
vou ser bem doutrinário, tá bom, porque se cair na prova, é isso aqui. 
É a relevância transcendente do tema, como vocês perceberam. Caiu a barragem lá de 
Mariana, cara tem “n” direitos violados. Tem questão ambiental, tem direitos 
fundamentais das pessoas, tem direito de moradia, direito patrimonial, porra, tem tudo. 
Tem processo criminal envolvido, tem de tudo. 
Complexidade das causas exatamente pelos múltiplos interesses envolvidos. 
Essa agora terceira característica para ser a mais interessante. A necessidade de uma 
política pública para a implementação da decisão. Porque veja, o juiz não consegue 
numa canetada falar, beleza, então aqui ó, aqui você vai reconstruir essa floresta aqui 
que foi destruída. Você vai plantar tudo de novo. Aqui você vai construir as casas das 
pessoas que perderam as casas. Aqui você vai… 
Você precisa de política pública para implementar isso? No brown vs board of 
Education, fica claro, você precisa inclusive de transporte para as pessoas. 
E você tem uma necessidade de alteração ou de ruptura com um sistema instituído. 
Então lembra quando o Supremo decidiu que você não podia ter condições sub-
humanas nos presídios brasileiros? Lembram disso? O que aconteceu? Nada. Porque 
você precisa de uma política pública para isso. 
Então, a ideia aqui é você criar ferramentas processuais que viabilizem a construção 
dessas políticas públicas do que só uma tutela declaratória, reconhecendo um direito ou 
uma tutela condenatória dizendo o que tem que fazer. Então você teria um processo 
estrutural ou estruturante que teria características distintas. Teria características 
diferentes. 
Nesse processo, você tem o fortalecimento do poder e dever de gestão do juiz no 
processo. Com uma baita flexibilização processual, o juiz poderia, por exemplo, ir muito 
além do 1.394, que permite ele dilatar prazos e inverter o ônus da prova. Ele poderia, 
 
 
 
 
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aqui ele poderia combinar vários tipos de procedimentos distintos ou criar até mesmo 
um procedimento novo. 
Se tem uma flexibilização dos princípios da demanda e da congruência, quer dizer, o juiz 
poderia impor obrigações que não foram pedidas pelos autores para viabilizar a 
recomposição dos direitos. Porque essa complexidade meio que inviabiliza um pedido 
fechado. Então, aquilo que seria uma sentença ultra petita ou extra petita, ela deixa de 
ser uma sentença ultra petita ou extra petita. 
A fundamentação estaria até no 324, § 1º, inciso II, que autoriza pedido genérico quando 
você não tem como definir exatamente aquilo que vai ser pedido. 
Uma necessidade de abertura para a participação adequada no processo, aqui sem 
dúvida alguma, entraria a figura do amicus curiae. Sem dúvida alguma. E isso aconteceu 
efetivamente em Mariana, quer dizer, todo mundo que de alguma maneira 
representava alguma coletividade passou a se manifestar no processo e o amicus curiae, 
é uma intervenção de terceiros que está prevista no código. Então, tudo bem. 
Você teria um saneamento processual com participativo, com todas essas pessoas. E o 
357, § 3º, permite o saneamento compartilhado entre autor, réu e juiz. Então aqui você 
só incluiria, em tese, o amicus curiae. 
E você teria uma construção de uma decisão estrutural. A decisão estrutural é essa 
decisão que admite essa ampla participação, admitiria formas atípicas de intervenção 
de terceiros e funcionaria como uma cascata decisória, como eu falei lá no começo, eu 
vou decidindo várias coisas, enquanto algumas coisas são adimplidas eu decido outras. 
Eu chamo o poder público para conversar e para assinar aqui uns termos de 
compromisso de que ele vai cumprir aquilo. Eu chamo o poder público para ouvir o 
poder público e também ver se ele tem condição de cumprir. E eu posso mudar. Quer 
dizer, também não tem a coisa julgada aqui, ela é rebus sic stantibus, ela vai mudando 
de acordo com a situação. 
Ou seja, eu olho para o futuro e não só para o passado. Então eu tenho uma flexibilização 
grande aqui de coisa julgada também. E eu tenho uma decisão de mérito, de um múltiplo 
conteúdo, que é essa decisão de mérito que eu gosto de falar, né, em cascatas. Tá certo. 
 
 
 
 
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Por que em cascatas? Porque elas são, a cascata, ela é necessária para implementar a 
decisão ao longo do tempo e existe uma enorme carga cognitiva na fase de execução. 
E aqui eu botei a minha opinião, com eventuais flexibilizações, a coisa julgada, é, sem 
dúvida alguma, quem conhece, quem já viu um processo estrutural acontecer, sabe que 
isso tem que ser assim. 
Muito bem pessoal. Isso, basicamente, é mais até do que vocês precisam saber sobre o 
processo estrutural. De verdade, assim, é mais do que necessário. 
 
62. Processo flexível 
 
E o que é o processo flexível? O processo flexível é a possibilidade de flexibilização do 
procedimento. 
E aqui nós temos o próprio processo estrutural que nós já vimos, e o bê-á-bá. 
Qual é o bê-á-bá? O bê-á-bá é a possibilidade de flexibilização pelo juiz, nos termos do 
139. O inciso VI, diz que, 
 
O juiz pode dilatar prazos processuais e alterar a ordem de produção de 
provas. 
 
Basicamente, é isso que está dito que o juiz pode fazer. 
Se for um processo estruturante, como nós vimos, ele pode fazer muito mais do que 
isso. Mas aí já é doutrina. 
A grande sacada do processo flexível é, sem dúvida alguma, o chamado negócio jurídico 
processual. Isso aqui tem mais chance de cair em concurso, tá. O negócio jurídico 
processual. Não que os negócios jurídicos processuais sejam uma novidade, porque 
cláusula de eleição de foro é um negócio jurídico processual. 
Erik, o que é um negócio jurídico processual? 
Bom, quando as partes acordam em mudar o procedimento, é isso. 
Que que você tem que saber? 
 
 
 
 
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Você tem que saber que eles não são uma novidade, porque a lei antiga já previa várias 
hipóteses de negócio jurídico processual. Uma delas era a inversão do ônus da prova, 
que podia ser consensual. Lembram disso? A outra era a cláusula de eleição de foro, que 
as partes sempre podiam prever em contrato, né, então, era um negócio jurídico pré-
processual, inclusive. Convenção de arbitragem. Então, tinham várias. 
O que que não tinha? 
O que não tinha era cláusula geral. A cláusula geral de negócio jurídico processual, que 
está no artigo 190, que são os negócios jurídicos atípicos. Então, eu posso utilizar da 
minha criatividade para, se eu conseguir uma comunhão de vontades com a outra parte, 
criar vários negócios jurídicos processuais. 
Inclusive, eu posso fazer isso de maneira pré-processual, para viabilizar negócios de 
direito material. Então, assim, pô, eu quero fazer uma compra de você pagando no preço 
tal. Aí eu falo, pô, meu irmão, no preço tal não dá, porque também se a gente quer se 
desentender lá na frente, vai ter processo, o processo demora muito. Não, não, mas eu 
boto aqui uma cláusula de que a gente não pode apelar. Vai tudo se resolver em primeira 
instância. 
Pode? Pode. Não tem problema nenhum. 
Então essa atipicidade é que é bacana, né. E essa é a grande novidade. 
Qual que é grande controvérsia? 
A grande controvérsia são os limites, os requisitos do negócio jurídico, processual. 
Aqui eu coloquei alguma outra legislação que também traz algumas possibilidades de 
negócio jurídico processual. Tá certo, pessoal. Então está aqui, inclusive, uma que 
envolve a Fazenda Pública. Eu quero que vocês leiam depois em casa. 
Maso que cai mesmo está aqui. Quais são os requisitos do negócio jurídico processual? 
Você visa o objeto dele, a mudança de procedimento. As partes são partes capazes. Você 
pode mudar tudo o que diz respeito às partes, ônus, poderes, deveres e faculdades. E o 
juiz controla a validade do negócio. E a paridade de armas. Se ele vir, por exemplo, que 
“troço” é abusivo para uma das partes, não pode. Se for um contrato de adesão à própria 
 
 
 
 
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lei, fala, ó, o juiz controla a nulidade e também controla a inserção ou abusividade de 
uma cláusula dessa num contrato de adesão. 
Mas não precisa ser contrato de adesão. Se for uma situação de vulnerabilidade que o 
juiz está havendo ali, causada pelo negócio jurídico processual, que está violando um 
direito fundamental, também não pode. 
Outra coisa. Os direitos têm que ser disponíveis. Está certo, os direitos têm que ser 
disponíveis. 
Ah, mas a gente quer controlar. Essa é uma pergunta boa para prova. Anota aí. A gente 
quer controlar a cognição do juiz. A gente quer controlar os poderes do juiz, exemplo, o 
juiz não pode multar ninguém por litigância de má-fé. Não, aí impossível. Ou então eu 
quero ampliar o tempo de sustentação oral. Aí o tribunal precisa concordar, está certo. 
Então, negócios jurídicos processuais que mexam com poderes do juiz só valerão com a 
concordância do juiz. Os outros, não. Então, o que é mais importante aqui. É você 
entender que, via de regra, os negócios processuais não precisam da concordância do 
magistrado. Eles não precisam ser homologados pelo juiz. O juiz controla a sua validade. 
Como ele controla a validade de qualquer ato processual. 
Agora, negócios que mexam com os poderes e deveres do juiz, ele tem que concordar. 
Se ele não concordar, não vai rolar. Está bom. Então tá aqui, controle de validade pelo 
magistrado. 
Eu dei alguns exemplos aqui de negócios válidos só para vocês visualizarem bem e de 
alguns inválidos também. 
Exemplos de negócios variados. Pacto de impenhorabilidade de bens. Rateio de 
despesas processuais. Disponibilização prévia de documentação. Alteração de prazos 
processuais. Supressão de recursos. Novas formas de intervenção de terceiros, desde 
que o terceiro concorde, né, se ele for afetado e deixe que não tumultue o processo. 
Então, eu vou dar um exemplo para vocês, lá na minha vara, em processos 
previdenciários, nós temos uma proposta, uma minuta de negócio processual que o INSS 
já aceitou. E aí a gente intima o autor para saber se ele vai aceitar também que é de 
exclusão da audiência de instrução e julgamento. É a realização de uma entrevista ou 
 
 
 
 
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simplesmente juntadas de documentos e o processo vai para o INSS propor um acordo. 
Se o autor topar isso, beleza. Aí não faz audiência de instrução, vai só para quando 
acabou. Mas ele abre mão da audiência de instrução e julgamento. 
Exemplos de negócios inválidos. Alteração de competência absoluta, não pode. Ué, Erik, 
mas você não falou de cláusula de eleição de foro? Sim, mas cláusula de eleição de foro 
não pode alterar competência absoluta. Não pode alterar as causas de impedimento ou 
suspeição do juiz. Você não pode criar recursos, mas você pode subtrair recurso. Mas 
você não pode criar recurso porque você está alterando o sistema de justiça. E a 
supressão do juiz de primeiro grau, não pode. Tá certo. Você não pode suprimir o juiz 
de primeiro grau em hipótese alguma. 
Então, essas são algumas situações. Podem perguntar para vocês, ah, mas é possível o 
negócio processual que envolva a Fazenda Pública? 
É possível dentro dos limites da lei. Está certo. Ah, aqui, ó, tem jurisprudência do STJ 
dizendo que se for um negócio jurídico processual, que fale, por exemplo, sobre atos da 
titularidade do juiz, é o que eu disse, né, envolvendo poderes e deveres do juiz depende 
da concordância do juiz. Isso é bacana. 
Alguns negócios processuais típicos exigem um controle expresso do juiz de 
homologação porque está na lei. Não é o caso do saneamento compartilhado com a 
delimitação das questões fáticas ou jurídicas. Está lá no 357, § 2º. Enfim. 
É isso meus amigos e minhas amigas, aqui eu deixei alguma outra legislação. 
A Fazenda Pública pode fazer negócio processual? Pode. Desde que, obviamente, ela 
não faça nada ilícito ou nada fora daquilo que ela já poderia, de certa maneira, 
transacionar. Mas ela também pode transacionar dentro dos limites da lei e dos limites 
das portarias da própria instituição. É assim que funciona. A gente pode falar disso num 
outro dia. 
Não se pode admitir negócio para criar ato já limitado pela taxatividade legal. Um 
exemplo ótimo é o dos recursos. 
 
 
 
 
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Muitas vezes, pessoal, o objeto, assim, o objeto do processo, ele tem que admitir 
autocomposição, mas, eventualmente, alguma parte da relação processual pode ser 
disponível. Não tem problema. O que você não pode é prejudicar a defesa do direito. 
A observância dos direitos fundamentais é absolutamente fundamental, desde que não 
haja renúncia ao direito de ação. Isso é alguma coisa que a doutrina coloca. 
Mas isso aqui já está indo além daquilo que a gente precisa para provar, tá joia. 
É isso, basicamente, o que você não pode transacionar não pode ser objeto de negócio 
jurídico processual. 
O negócio pode ser pré-processual ou pode ser incidental. A Fazenda Pública pode 
participar dentro dos limites daquilo que ela pode transacionar. E os requisitos de 
validade são os requisitos de qualquer ato jurídico ou de qualquer negócio jurídico. E o 
juiz, via de regra, não precisa homologar, salvo como disse o STJ, quando ele, juiz, tiver 
os seus poderes alterados pelo negócio jurídico processual. 
 
63. Questão 
 
E aí, para terminar de vez, a gente vai fazer mais uma questão de concurso testando 
aqui a paciência e a resistência de todos, de todos vocês. Vamos lá! 
 
QUESTÃO 
Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-SE Prova: CESPE / 
CEBRASPE - 2022 - MPE-SE - Promotor de Justiça Substituto 
 
No que diz respeito aos atos processuais e às nulidades, assinale a opção 
correta 
 
A. O Código de Processo Civil somente permite às partes 
entabularem negócios processuais típicos, mesmo quando o processo 
versar sobre direitos que admitam autocomposição. 
 
 
 
 
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B. O negócio jurídico processual não se submete ao juízo de 
conveniência do juiz, que ficará adstrito à análise da legalidade, 
pronunciando-se, nos casos de nulidade ou abusividade em contrato de 
adesão, ou, ainda, quando alguma parte se revelar em clara situação de 
vulnerabilidade. 
C. O reconhecimento da incompetência absoluta resulta 
necessariamente na nulidade dos atos decisórios praticados até então no 
processo. 
D. Ainda que se possa decidir o mérito a favor da parte a quem 
aproveite a decretação da nulidade, deve o juiz pronunciar nulidade, 
fazendo repetir o ato ou suprir-lhe a falta. 
E. O juiz, na condição de parte integrante necessária à triangulação 
do processo, é sujeito de negócio jurídico processual. 
 
Letra A. Não. O 190, o grande barato dele é exatamente os negócios jurídicos atípicos. 
Letra B. É a letra da lei pessoal. Já vou antecipando que essa resposta é correta. 
Mas vamos ver as outras. 
Letra C. Não, porque nós temos hoje chama translatio iudicii. Então, os atos podem ser 
convalidados. Isso é um outro assunto. 
Letra D. Não. A gente sabe que nós temos o princípio do aproveitamento dos atos 
processuais. Isso a gente estuda quando for estudar nulidades. 
Letra E. Não. Via de regra, não. Ele só vai ser naquele caso que eu comentei com vocês, 
de que o próprio STJ disse, né, quer dizer, quando a gente está discutindo os poderes e 
deveres do juiz, aí, sim, isso se faz necessário. Tá certo, pessoal. 
Tem uma questão aqui do Isaac, eu vou responder, apesar do horário. 
Cara, o duplo graude jurisdição não é um direito fundamental implícito na constituição. 
Como pode o negócio processual impedir a apelação? Pode, ué. Se o meu direito é 
disponível, se após renunciar meu próprio direito, porque eu não poderia renunciar só 
o direito de apelar. Posso, sim, isso é tranquilo na doutrina. Tá certo. 
 
 
 
 
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O perigo, essa questão do processo estrutural, na realidade dota o juiz da condição de 
se imiscuir em políticas públicas. O Judiciário é quem diz o direito quanto à 
referentividade, mas quem possui o condão de estabelecer políticas públicas é o 
executivo. 
Não haverá harmonia entre os poderes, é o caos. Não se pode conceber em estado de 
direito e equilíbrio de forças nas condições, dariam uma aula de doutorado daquelas de 
quatro horas em que a gente terminaria a aula, iria para o bar, tomar chopp e 
continuaria discutindo e ninguém ia concordar. Mas eu estou na linha também de 
menos intervenção do Poder Judiciário nas políticas públicas a priori. 
É isso, libera aí o chat para a galera, só para a gente dar um tchau. Eu não sei se ele está 
liberado ou não. 
Agora, liberou. Agora, sim. Meus amigos, minhas amigas. Olha, bastante coisa para a 
aula de hoje. Não é fácil. Foi um desafio para mim também. Eu admito, mas obviamente 
eu me encontro à disposição de vocês. Mandem perguntas para mim. Podem mandar 
inbox lá no Instagram, também se quiserem. A gente tem a central Ênfase de dúvidas 
que a gente também responde, tá certo. 
Então contem comigo. A ideia é a gente estar junto com o máximo possível de pontos 
de contato até que a gente possa realmente chegar onde importa, que é na sua 
aprovação. Beleza galera. Contem comigo. Um forte abraço. Obrigado também, Luciana, 
Gislaine, Elisabete. Espero que vocês tenham uma excelente noite. Giane, Álvaro, Paulo, 
Fabiano, tem vários outros aqui. 
Fiquem com Deus! Boa noite para todos vocês! Tchau! Tchau! 
Oi… você chegou ao final. 
 
 
Parabéns. 
 
Agora que já leu tudo, está na hora de quê? 
 
Sim, isso mesmo. Está na hora de reler o que sublinhou ou o seu 
caderno de resumo. 
 
Não menospreze o poder das revisões. 
 
Estamos contigo até a aprovação. 
 
João Mendes.

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