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Janeiro a março de 2023 
 
DIREITO CIVIL 
E-book de transcrições 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
1. LINDB (Dec.-Lei n° 4657/42) ............................................................................ 10 
1.1. Dec.-Lei n° 4657/42 - o que é? ............................................................................ 11 
1.1.1. Escola brasileira de civil law ............................................................................................... 12 
1.1.2. E a common law? ................................................................................................................ 12 
1.1.3. Norma e lei ......................................................................................................................... 13 
1.1.4. Artigos 1° e 2°: ideias centrais ............................................................................................ 15 
1.1.5. Da vacatio legis e a contagem dos prazos .......................................................................... 16 
1.1.6. A norma revogada e sua produção de efeitos .................................................................... 18 
1.1.7. Princípio da obrigatoriedade norma/inescusabilidade ...................................................... 21 
1.1.8. Da integração da norma ..................................................................................................... 23 
1.1.9. Da analogia ......................................................................................................................... 26 
1.1.10. Da interpretação da norma pelo juiz ............................................................................. 26 
1.1.11. Das antinomias .............................................................................................................. 28 
1.1.12. Das antinomias reais ou insolúveis ................................................................................ 30 
1.1.13. Da aplicação da norma no tempo .................................................................................. 31 
1.1.14. Regras de direito internacional privado......................................................................... 34 
2. Resumo do Tema ............................................................................................ 38 
3- LINDB – arts. 20 a 30 ....................................................................................... 39 
3.1. Lei nº 13.655/18 ................................................................................................................. 40 
3.2. Demais aspectos ................................................................................................................. 42 
3.3. Aplicação de sanções – art. 22............................................................................................ 43 
4- Outras considerações ...................................................................................... 43 
5- Resumo do tema ............................................................................................. 44 
6. Direito Civil ..................................................................................................... 45 
7. Princípios Estruturantes do Código Civil ........................................................... 47 
7.1. Concretude ou operabilidade ............................................................................. 47 
7.2. Socialidade ........................................................................................................ 48 
7.3. Boa-fé objetiva ou eticidade .............................................................................. 50 
7.4. Boa-fé objetiva e suas funções ........................................................................... 51 
 
 
 
 
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7.5. Boa-fé objetiva e jurisprudência ......................................................................... 53 
7.6. Eticidade e valorização do ser humano e sua dignidade ...................................... 54 
8. RESUMO DO TEMA ......................................................................................... 54 
9. Direito Civil Constitucional, também conhecido como eficácia horizontal dos 
direitos fundamentais ............................................................................................ 56 
9.1 Na doutrina ....................................................................................................... 58 
9.2 Decisões do Supremo Tribunal Federal ............................................................... 59 
9.2.1. Primeiro recurso extraordinário ......................................................................................... 60 
9.2.2. O segundo caso, recurso extraordinário 161.243............................................................... 60 
9.2.3. O terceiro caso .................................................................................................................... 61 
10. Eficácia vertical ........................................................................................... 61 
11. Eficácia diagonal ou transversal dos direitos fundamentais? ........................ 62 
12. Caso Luth .................................................................................................... 63 
13. Resumo ....................................................................................................... 64 
14. Apresentação e considerações iniciais ......................................................... 65 
15. Estruturação da parte geral ......................................................................... 65 
16. Da pessoa natural ....................................................................................... 66 
17. Teorias que explicam o início da personalidade (Teoria concepcionista, mista e 
da personalidade condicional) ................................................................................ 68 
18. Questão extremamente polêmica ................................................................ 69 
19. Questão ...................................................................................................... 72 
20. Continuando ............................................................................................... 74 
21. Emancipação ............................................................................................... 79 
22. Da morte - término da existência da pessoa natural .................................... 82 
23. Questão ...................................................................................................... 85 
 
 
 
 
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24. Dos animais e seu status jurídico ................................................................. 86 
25. Resumo do tema ......................................................................................... 88 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LINDB (DEC. – LEI N° 4657/42) 
 
Esta aula está sendo gravada. Boa noite! É um prazer estar aqui nessa noite do dia 18 de 
janeiro às 19:30 em ponto. É um prazer falar com vocês, oi Luciano, oi Keila, Marinho, 
Lucas, é um prazer falar com todos vocês. Vamos entrando, vamos puxar a cadeira para 
a gente começar a falar de direito civil Jefferson, Gislaine e Débora, Marcio. 
Então vamos puxar a cadeira, vamos entrar. É um prazer falar. Oi, Francisco, oi Jéssica, 
Oi Genivaldo, Paulo, Guiomar então vamos lá, vamos começar as apresentações. Quem 
já teve aula comigo aqui levanta a mão? Quem me conhece? Alguém já foi meu aluno 
aqui no curso? Ah bastante gente! Oi, Natália, oi Samir tudo bem? É um prazer tê-lo 
aqui. 
OPA! Francine, Muita gente então vamos lá. Ótimo é um prazer tê-los aqui. Então vocês 
me conhecem e para quem não me conhece meu nome é Luciano Masson,eu sou 
defensor público aqui no Estado de São Paulo, lá se vão 11 anos de Defensoria Pública, 
mais ou menos cinco anos de Ênfase e tenho alguns anos trabalhando nessa área de 
concursos públicos que muito me muito me agrada. 
Como primeira aula, eu quero dar para vocês algumas informações e algumas ideias 
sobre essa primeira aula. Primeiro que é muito bom ter vocês aqui conosco na ênfase e 
uma honra ter você aqui meu amigo, minha amiga. E você está aqui em um momento 
muito feliz da sua vida, um momento de concursos em profusão temos inúmeros 
concursos abertos, concursos saindo, mais concursos saindo. Então, só para você ter 
uma ideia, eu não vou conseguir mensurar todos. Procurador da Fazenda Nacional 
aberto e AGU Aberto. Procurador Federal Aberto, Defensoria de São Paulo, e quem 
quiser ser meu amigo em São Paulo tem concurso aberto, e a Magistratura de São Paulo 
sai hoje vocês viram? Saiu hoje a magistratura de São Paulo, mais de duzentas vagas 
para a magistratura de São Paulo. Parece que saiu hoje também para delegado, quem 
quer ser delegado no Estado de Alagoas? Então muito concurso público, muito concurso 
público em andamento para você. Nos seus estudos existe um caminho que você deve 
trilhar e que você já está trilhando rumo a aprovação. 
 
 
 
 
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Como tem aluno novato, como tem aluno que já teve aulas comigo e como tem aluno 
no meio eu vou falar para todo mundo. Às vezes, o que eu vou falar aqui agora antes de 
entrar em direito civil você já tenha ouvido, mais são conselhos de quem já esteve ai no 
seu lugar e que eu acho que são válidos. Às vezes você nunca ouviu parte desses 
conselhos e é um conselho de quem quer que você, muito em breve, seja mais um 
aprovado em concursos públicos. 
O que une todos os que são aprovados em concursos públicos? O que existe em comum 
com os meus colegas defensores, com juiz que eu converso com o promotor e com o 
delegado? Todos têm algumas características que são comuns. 
 Primeiro: a organização, o estudo para concurso público exigem do candidato e 
candidata organização, organização de tempo, cronogramas de estudo, separação das 
matérias que você estudará a cada dia, duas matérias, três no máximo, disciplina quanto 
aos seus horários, porque é muito comum turma que você trabalhe, que você seja um 
oficial de justiça, que você tenha um escritório, que você tenha uma padaria e isso é 
impeditivo para você ser aprovado em concurso público? Não. Evidentemente, não. 
Desde que, você seja uma pessoa organizada, você tem 24 horas por dia, você também 
tem sete dias na semana e dá para estudar. Eu conheço aprovados nos mais variados 
concursos, advogados, profissionais liberais, escrevente, oficiais de justiça, analistas e 
recém-formados. Trabalhei com um juiz que foi aprovado com 50 anos, um juiz que 
tinha acabado de ser aprovado com 50 anos e três filhos, então veja, a organização dos 
seus estudos, da sua hora de assistir as aulas, hora de ler os informativos, hora de ler a 
Lei Seca. Você tem que ter isso na sua vida. O que eu vou estudar hoje? Não sei. Você 
precisa organizar. Você precisa parar e definir as suas metas de estudo. Está certo? Saiba 
que na segunda-feira você estuda civil, na terça-feira você estuda processo civil, no 
sábado você estuda constitucional você tem que funcionar como um relógio, ter os seus 
estudos organizados. Todos aqueles que são aprovados em concurso público são 
pessoas organizadas, quanto ao tempo, quanto a forma de estudo. 
Você tem que ter também muita disciplina: ser aprovado em concurso público, meus 
amigos, é algo que demanda tempo, dois anos, três anos, quatro anos. 
 
 
 
 
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Eu fui aprovado com quatro anos, aí me chamaram com quatro anos e meio, e está tudo 
bem, o salário é o mesmo, a alegria é a mesma, mas você tem que ter disciplina. Você 
está começando agora, então você vai iniciar uma caminhada com começo, meio e fim. 
Então, controle a sua ansiedade, controle o seu nervosismo. 
É algo a médio prazo, muitos aqui estão no meio da caminhada, outros estão no fim da 
caminhada, outros estão começando hoje e está tudo bem. Saiba que você precisa ter 
disciplina. 
 A outra característica que eu acho muito importante é ter foco: O que você quer? Qual 
a sua área? Qual concurso você almeja? Porque os editais, você concorda comigo? Os 
editais eles têm ali um filtro de 60% das matérias em comum ou 70% dependendo do 
edital, mas existem outras matérias específicas determinando a área. Vou te dar um 
exemplo sai o concurso para o fiscal do trabalho, você vai lá e presta para fiscal do 
trabalho, depois de dois meses, sai um concurso para delegado federal, você presta para 
delegado federal. Qual o seu foco? fiscal no trabalho? Delegado federal? Cartório? 
Defensoria? Procuradoria? Você tem que definir isso, definindo a partir das áreas que 
te atraem, a partir das matérias que você tem muito gosto, muita predileção. O foco é 
você focar em alguns concursos e a partir desses editais, esses concursos batem em cima 
dessas matérias. 
‘Ah eu prestei para analista do DF e agora eu quero seguir carreira diplomática’ Veja são 
carreiras muito nobres, mas, na minha opinião, são áreas absolutamente distantes do 
direito. E como você fica em questão de matéria? Você não fica, né? Aí você vai fazer a 
prova não tendo contato com a matéria contato com matéria e isso é muito complicado. 
Então, você ter um foco. Muitos querem carreiras policiais, então você tem o foco nas 
carreiras policiais, você sabe que tem que estudar medicina legal, por exemplo. Eu, 
como defensor público e as matérias que eu prestava, eu nunca tive contato com 
medicina legal, e está tudo certo, porque nas áreas que eu estudava não exigia medicina 
legal. 
Teria como eu conseguir fazer uma prova de delegado sem estudar medicina legal? De 
forma alguma. Então tenham foco, e peça paciência porque eu já te disse que faz parte. 
 
 
 
 
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Estude muito, estude todo dia, todo dia, suba um degrau sozinho só não passa quem 
não estuda, passa homem, mulher, novo, velho, passa casado, solteiro com filho sem 
filhos eu conheço todo o tipo de aprovado, mas que estudou muito. Se você não estuda, 
se você leva nas coxas, se você não é organizado, se você não se dedica, às coisas vão 
ficar um pouquinho mais complicadas para você. Está certo? Eu precisava trazer essas 
informações para vocês. Como o primeiro encontro, nós teremos vários encontros. 
Direito civil está dividido entre mim e o professor José Renato um grande professor 
também. E eu precisava ter essas primeiras palavras com você, porque pode ser que 
algumas coisas sejam redundantes, para você outras podem ser que caiam bem e sirvam 
de ânimo. O ano começou agora quer algo mais promissor do que um ano novo e que 
as vezes você vinha claudicante, vinha pingando nos estudos. O ano é agora e tem muito 
edital para sair. 
O edital não olha para concorrente, quando você estuda muito e cumpre o seu papel, 
você não começa olhando pra concorrência, você para olhar pra concorrência você 
precisa de uma vaga, eles é quem tem que olhar para você, está certo? E é isso, está 
certo? Tudo bem? Ótimo. 
Como estudar? É um outro conselho que eu dou para os meus alunos, como estudar? 
Muita gente estuda de forma errada, quando eu estudava para as objetivas, eu 
estruturava os meus estudos num tripé. Quem é meu aluno já me ouviu falar disso. 
 O meu tripé era aulas, mais livros, ou e-books, dependendo do que você, lei Seca muita 
lei seca e questões. Fazer questões de prova, fazer questão e igual andar de bicicleta, 
não existe um curso como andar de bicicleta? Você não comprou um curso de como 
andar de bicicleta? Você aprendeu a andar de bicicleta na prática, fazendo ralando, 
batendo o joelho. 
São aulas, lei seca e questões, uma vez uma aluna me disse “nossa Luciano eu estou 
superpreparada para questões discursivas,”de segunda fase, eu falei “que ótimo! você 
está lendo a Lei Seca?” ela falou “não, não estou lendo a Lei Seca” Então nós temos um 
problema! Você está se preparando para a segunda fase, antes da segunda fase tem o 
que? Primeira fase, tem concursos que a quantidade de questões que envolvem lei seca, 
 
 
 
 
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equivale a 60% das questões. O artigo 205 do código Civil, que traz os prazos e o artigo 
tal do código Penal, que traz um tipo penal. Então, tenha o hábito de estudar a Lei Seca, 
de ler Lei Seca, no seu caderno, no site do Planalto e enxertando nas aulas. 
É um estudo que você deve ter mais “ah Luciano, o estudo da Lei Seca eu tenho críticas”. 
Sim, eu também tenho críticas, mas não é a gente que elabora um regulamento e nem 
um edital, na primeira fase, cairá questões de lei seca. Então aulas, livros ou ebooks, Lei 
seca e questões. Evidentemente que você associa com informativos, no mínimo do STJ 
e do STF. 
Livros tem muita coisa boa de direito civil, livros volume um único tá? Pelo amor de 
Deus. Sete volumes da Mariana Diniz, são lindos os sete volumes, mas deixa para o 
mestrado ou doutorado para concurso público não! e outra coisa a não fica trocando de 
livro não, viu? pega um livro e bate nele, malha nele está certo? ler duas, ler três vezes 
está certo? Livros em Direito Civil, volume único. Temos muita coisa boa temos o Tartuce 
volume único, adoro o Cardoso, temos o Pablo Stolze também um volume único, temos 
também o livro do Rosenvald, de direito civil volume único temos também aquelas 
coleções, sinopses, poemas do espólio mais resumidas, está certo? Agora veja, deixa 
para lá coleções você não tem tempo para isso. É ler um volume único ou sinopse “Ah 
Luciano, eu tenho muito caderno, tenho muita anotação” vai com seus cadernos então, 
vai com as suas anotações está certo? Saiba estudar. Não fica trocando de livro está 
certo? Pegue aquele livro de leitura agradável, Tartuce, muita jurisprudência, Pablo 
Stolze também tem uma leitura agradável, Rosenvald idem, e tem muita coisa boa por 
aí no mercado, e bate nesse livro, está certo? Então, essas são as indicações 
bibliográficas feitas por mim, pode ser que o professor José Renato traga outros e tudo 
bem. Um Código Civil comentado tem um comentado da Método também um código 
civil comentado que me foge o nome do autor também, tudo bem, é ótimo um volume 
único, está certo? Então essa é a referência bibliográfica. Ficou com alguma dúvida na 
aula? Você tem o contrato aqui do curso Ênfase para mandar qualquer coisa, me chama 
lá no Instagram, me adiciona no Instagram, eu troco muita figurinha com os alunos lá no 
Instagram. O meu Instagram é @luciano.masson, tem aluno que já me mandou 
 
 
 
 
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mensagem essa semana perguntando como estudar? Qual livro? Aproveitei e já falei 
“Olha, vou responder lá no primeiro contato, na primeira aula.” Então, às vezes ficou 
uma dúvida, chama aqui no Ênfase chama lá no Instagram, inclusive quem tiver a 
curiosidade, eu tinha esse tipo de curiosidade, de saber como tinha sido a caminhada 
do meu professor. Então, quando eu fiz cursinho, num outro curso o qual eu estudava, 
via o cara, e nossa ele é promotor, juiz, ele é AGU como será que foi a história dele? Qual 
a história de vida dele? Se você quiser saber disso, tem uma entrevista que eu dei em 
um podcast, você entra lá no meu Instagram @luciano.masson, você vai rolar e vai ver 
o link de um podcast que eu gravei, foi uma conversa de mais ou menos uma hora e 
meia, eu conto a minha história desde a época da faculdade, como estudava? O que eu 
fazia? Foi um bate papo bem interessante sobre essa caminhada até a aprovação. Do 
concurso que eu passei, eu fui aprovado em outro concurso também, além da 
Defensoria, então, se você quiser lá no Instagram tem o link para você assistir a esse 
podcast também. 
 
1. LINDB (Dec.-Lei n° 4657/42) 
 
 Decreto Lei n° 4657 de 1942 Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro. LINDB 
Sempre que a gente fala de direito civil, a gente começa a falando de LINDB. Em uma 
primeira informação, é uma mudança de nome a LINDB. Ela se chamava até pouco 
tempo ‘lei de introdução ao Código Civil’ não sei se você se lembra disso, e agora ela foi 
rebatizada e chama-se Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro. Aqui nós temos 
alguns tópicos de assuntos que quero falar um pouquinho com vocês. 
1. TEMA: Lei de introdução às normas do direito brasileiro (Civil Law ou o direito 
escrito positivado, vacatio legis, repristinação, obrigatoriedade e integração da 
norma, as antinomias das soluções, antinomia real, antinomia de segundo grau, 
regras de direito internacional privado, dentre outros). 
2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE: DEC.-Lei n°4657/42, com alteração dada pela Lei 
n°13.655/1 
 
 
 
 
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3. QUESTÕES DE CONCURSO 
4. RESUMO FINAL 
Tudo isso na LINDB. A LINDB tem hoje, com a alteração promovida pela Lei 13655/18, 
você tem aqui aproximadamente 30 antigos cuja leitura é obrigatória. A esmagadora 
maioria dos assuntos desses artigos serão trabalhados hoje, aqueles que não tiverem, 
eventualmente os menos importantes que nós não teremos contato hoje, não deixem 
de ter contato com eles. 
 
1.1. Dec.-Lei n° 4657/42 - o que é? 
 
Professora Maria Helena Diniz diz que é uma lei de introdução às leis, pois 
contém princípios gerais sobre as todas as normas (não somente direito civil). 
Trata, assim, da vigência e da obrigatoriedade da lei, da sua aplicação, casos 
de extraterritorialidade, casos de conflitos entre leis, etc. 
Novidade: Lei n° 13.655/18 (arts. 20 à 30): disposições sobre segurança jurídica 
e eficiência na criação e na aplicação do direito público. 
 O que é a LINDB? É uma lei de introdução aplicável a todas as demais normas não 
apenas ao direito civil. Então, ela possui regras, princípios e institutos que se espalham 
pelo ordenamento jurídico, veja uma lei penal tem vacatio legis, o prazo entre a sua 
publicação e a sua vigência. O Código de Processo Civil teve vacatio legis de 1 ano. A 
LINDB trabalha em institutos para todos, para todo o sistema jurídico brasileiro. 
Então a professora Maria Helena Diniz, ela diz que a LINDB, o decreto Lei 4657/42 é uma 
lei de introdução as leis, pois contém princípios gerais sobre todas as normas, não 
apenas do direito civil. Tanto é que ela foi rebatizada de Lei de Introdução ao Código 
Civil para Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro. 
Novidade Lei 13.655 de 2018 introduziu os artigos 20 a 30, então, se o senhor Valdemar 
for anterior a 2018, cuidado porque o seu estudo pode estar defasado. E na segunda 
parte do nosso encontro de hoje, nós vamos ver os principais aspectos da lei 13.655 
 
 
 
 
 
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1.1.1. Escola brasileira de civil law 
 
 A ideia de nós temos uma LINDB, ela reforça a nossa escola da civil law. Logo, aquelas 
aulas clássicas de direito civil law como a que é a necessidade de uma. Essa escola de 
civil law que nós integramos o Brasil integra. Ela é de origem romano-germânica e 
considera a lei como fonte primária do nosso sistema jurídico. então termos uma LINDB 
e termos um decreto Lei 4657 no nosso DNA de sermos adeptos de escola, de civil law. 
Nós temos uma tara por leis. Uma vez um pesquisador quis compilar todas as leis do 
país. Ele não ia conseguir nunca! São milhares e milhares de leis, lembrando vocês que 
esse material é disponibilizado na plataforma, foi disponibilizado um pouco antes que 
você quiser imprimir o jeito que você quiser. Esse material é seu e está na plataforma. 
Fontes do sistema jurídico: lei (principal); analogia, costumes, princípios gerais do 
direito, jurisprudência, súmulas vinculantes e precedentes (secundárias). 
Então nós temos uma inclinação para jurisprudência que é um pouco mais novo no 
nosso ordenamento jurídico, tanto que em processo civil tem autores quejá trazem 
tópicos nos seus livros como do direito jurisprudencial, dos precedentes, então eles 
passam a ser considerados as fontes secundárias do nosso ordenamento jurídico. 
 
1.1.2. E a common law? 
 
Common law: de tradição anglo-americana, que está fundamentada na jurisprudência e 
nos costumes. Já o sistema da civil law tem origem romano-germânica e é 
fundamentado em um conjunto de leis. 
Isso não significa que nós estamos migrando para um sistema de common law, pelo 
menos eu entendo que não. O sistema da common law de origem anglo americana é 
aquele fundado na jurisprudência e nos costumes. Lembra quando em incondicional 
você estuda o caso Melbourne vs Madison? para estudar controle de funcionalidade, 
aquilo é o sistema da common law com base em precedentes, costumes aquilo que os 
tribunais dizem. 
 
 
 
 
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Então como definimos? Nós somos uma escola de civil law, tanto que nós temos na 
constituição o artigo 5° inciso II princípio da legalidade, ninguém é obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. 
Isso é carimbo de civil law, nós temos e somos o modelo civil law. Mas nós estamos em 
uma tendência, a valorização dos procedentes, das súmulas vinculantes, das decisões 
de judiciais com efeito vinculativo. 
Questão na súmula vinculante começou na primeira constitucional 45. O que indicaria 
um caminho para um sistema híbrido, estamos nesse sistema híbrido? Ainda não, mas 
saiba que nós temos pitadas de common law no nosso ordenamento, os incidentes de 
resolução de demanda repetitiva no Código de Processo Civil, súmula vinculantes as 
decisões do STF do STJ que vinculam as demais situações, então nós temos essas pitadas 
de common law. 
 
1.1.3. Norma e lei 
 
1- A norma está presente em todo lugar. Padrões comportamentais, inclusive éticos-
religiosos. Exs.: normas de etiqueta, normas religiosas; etc. 
2 - Já lei é a norma escrita, onde assim se pode positivar e regular o que pode e o que 
não se pode fazer, e com seu descumprimento haverá sanções - decorre do Estado 
(Poder Legislativo). 
4 - Características das leis: generalidade, imperatividade e autorizamento. 
3 - Portanto, podemos concluir com a seguinte premissa de que toda lei é uma norma, 
mas nem toda norma é uma lei. 
Há uma diferença, a norma é padrão de comportamento. Toda vez que eu falo de norma, 
eu lembro da minha mãe me ensinando a mastigar de boca fechada, isso é uma norma 
de comportamento uma norma de etiqueta ‘não mastigar com a boca aberta’, dar bom 
dia, boa noite, pedir com licença, posso entrar? Então você tem modelos de 
comportamento espalhados por toda a sociedade: éticos, religiosos, padrões 
 
 
 
 
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comportamentais dentro de determinada igreja, dar o dízimo são normas de 
comportamento. 
 Agora veja, a lei é a norma escrita e editada pelo Poder Legislativo, que é um órgão do 
Estado, determinando o que você pode ou não fazer, impondo a nós uma sanção pelo 
descumprimento. Então aquela máxima que a doutrina traz, toda a lei é uma norma, 
mas nem toda a norma é uma lei. Quando você fala de lei, aquele ato normativo editado 
pelo Poder Legislativo que traz padrões de conduta que, se não forem observados, 
levam a uma punição, a uma sanção. Então, eu precisava falar disso com você também, 
porque às vezes aqui mesmo no encontro, algumas horas eu vou falar norma, algumas 
horas, eu vou falar a lei às vezes usando como expressões sinônimas. Mas saiba que, 
tecnicamente, essa separação é tênue e isso tem que ficar muito claro na sua cabeça. 
As vezes em um concurso, prova, no exame oral fala “doutor, quando você fala norma, 
lei não é a mesma coisa?” então saiba disso. 
Lembrando que a lei, essa não é uma aula de teoria geral do Estado, mas eu preciso falar 
disso. A lei ela tem algumas características: generalidade, imperatividade e 
autorizamento. A lei ela é geral, aplica-se a todos de forma uniforme, geralmente, a lei 
é imperativa, impositiva aos comportamentos, ela é um ato superior, editado pelo 
Estado que impõe comportamentos. Veja, o artigo 186 do Código Civil, ato ilícito. Algum 
de nós aqui foi relativizado? Pode praticar um ato ilícito que não vai ter sobre si a 
caracterização do artigo 186? Alguém aqui pode bater no carro do outro e não ser 
penalizado civilmente por isso? Não. Aplica-se a todos, é imperativa e sob pena de ser 
uma alma penada. A lei traz sob si a característica do autorizamento, é a possibilidade 
de você ser sancionado, ao fazer o que a lei veda ou não fazer o que a lei manda. Alguém 
aqui pode sair pelas ruas andando sem roupa? Não pode, sob pena de você ser 
sancionado com as punições civis, penais decorrentes da lei. Então esse slide aqui, 
norma e lei, características da lei embora isso remeta muito a teoria geral do Estado, 
aquelas aulas de primeiro ano de faculdade são informações clássicas que nós temos 
que ter. 
 
 
 
 
 
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1.1.4. Artigos 1° e 2°: ideias centrais 
 
I - A lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada, salvo previsão em sentido contrário (princípio da vigência sincrônica); 
II - Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se 
inicia três meses depois de oficialmente publicada; 
III - Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a 
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova 
publicação; 
IV - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique 
ou revogue; 
V - Princípio da continuidade da lei a lei posterior revoga a anterior quando 
expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
A doutrina vem dar o nome bonito a esse a regra dos 45 dias. Em todo o território 
nacional se dá o nome de Princípio da Vigência Sincrônica ou do Prazo Único, porque de 
norte a sul, de leste e oeste, a mesma lei o mesmo ato de soberania editado pelo Poder 
Legislativo entrará em vigor no mesmo momento. 
Regra 45 dias depois de oficialmente publicada, “ah Luciano isso é uma obviedade”. Não. 
Na LINDB anterior, os prazos eram diferentes a depender do estado da Federação. Por 
quê? Como era a comunicação em 1900? não era pelo WhatsApp, não era pelo 
computador, era pelo correio, por mensagens ela era física e mecânica. 
Você concorda se uma lei que fosse publicada no Rio de Janeiro, que na época era a 
capital do Império, para essa lei chegar ao conhecimento lá no estado do Amazonas 
demandava meses? Então, os prazos eram diferentes de vigência. Hoje não, 45 dias 
depois de oficialmente publicada no silêncio da norma, mesmo falando já estou usando 
como sinônimo de lei 45 dias depois de oficialmente em todo o território nacional. 
Nos estados estrangeiros em que a obrigatoriedade da lei brasileira for admitida, ela se 
iniciará três meses depois de oficialmente publicada o artigo 1° parágrafo primeiro da 
 
 
 
 
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LINDB. Pegadinha de prova: sabe que eu já vi examinador maldoso colocar 90 dias e não 
é 90 dias, porque no território nacional o prazo é em dias, mas quando admitida fora do 
território nacional o prazo é em meses. 
Se antes de entrar a lei em vigor, nesse período de vacatio legis o período entre a 
publicação da lei e o início da sua vigência, esse espaço de tempo recebe o nome de 
vacatio legis. Se antes de entrar em vigor ocorrer uma nova publicação do texto da lei 
destinada a corrigir o prazo do artigo e dos parágrafos, começará a correr da nova 
publicação. 
 Então vamos lá no silêncio da lei 45 dias, no vigésimo dia então estamos dentro do 
vacatio. Houve uma correção da norma, corrigir um erro. O novo prazo de 45 dias 
começará a correr a partir da segunda publicação posterior a correção. 
 Se a lei não for umalei temporária, terá vigor até que outra a modifique ou revogue. É 
aquela ideia “doutor o desuso revoga a norma?” Não, lei posterior revoga a lei anterior 
ou, se ela for declarada inconstitucional, desuso não. 
 Então, nós temos aqui um outro princípio. O princípio da continuidade da lei: a lei 
posterior temporalmente falando, ela revoga a anterior quando expressamente o 
declare. Então, esta lei revoga a lei tal, declarou expressamente, quando com ela seja 
incompatível, me parece que aconteceu isso com a Lei de Licitação. Tivemos uma lei 
nova que passou a trabalhar o tema em licitação, ela revogou a Lei 8666, quando era 
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria que tratava a lei anterior, nós 
temos um critério temporal aqui, os efeitos da lei e da norma. 
 
 
1.1.5. Da vacatio legis e a contagem dos prazos 
 
§ 1°, art. 8°, LC n° 95/1998, diz que deve ser incluído o dia da publicação e o 
último dia do prazo, devendo a lei, então, entrar em vigor no dia seguinte. 
Espécies de leis: 
 
 
 
 
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. Lei com "vacatio legis" expressa: é a lei de grande repercussão, que, de 
acordo com o art. 8° da Lei Complementar n° 95/98, tem expressa disposição 
do período de vacatio legis. Como exemplo, temos a expressão contida em lei 
determinando "entra em vigor um ano depois de publicada". 
. Lei com "vacatio legis" tácita: é aquela que continua em consonância com o 
art. 1° da Lei de Introdução, isto é, no silêncio da lei entra em vigor, no país, 
45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada ou, no 
estrangeiro, quando admitida, três meses após a publicação oficial. 
. Lei sem "vacatio legis": é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra 
em vigor na data de publicação, devendo esta estar expressa ao final do texto 
legal. 
Vacatio legis aqui nós vamos pegar emprestado um pouquinho dos conceitos da Lei 
Complementar n° 95 de 1998 que ela fala da publicação das normas de Vacatio legis e 
como são contados esses prazos da lei nova, que são de 45 dias? Como que conta? Então 
o que diz o artigo 8° por meio da Lei Complementar n° 95/1998? Ele diz que você inclui 
o dia da publicação, inclui o último dia do prazo, mas temos 45 dias devendo a lei, então, 
entrar em vigor no dia seguinte. Inclui o começo e o fim no dia seguinte. Cuidado! Já vi 
isso em prova não tem nada de dia útil aqui não é prazo processual, forma de contagem 
de prazo de vacatio legis. 
Nós temos três espécies de normas no que tange a vacatio legis: Lei com vacatio legis 
expressa, Lei com vacatio legis tácita e Lei sem vacatio legis. 
Lei com vacatio legis expressa e aquela lei de grande repercussão nos termos do artigo 
8°, porque a vacatio legis é uma presunção de que a norma chegará ao conhecimento 
da população, então se existem alterações substanciais, se são muitas as alterações você 
concorda comigo que esse prazo de vacatio legis tem que ser maior? Dois diplomas com 
o de vacatio legis de um ano, o Código Civil de 2002 e o Código de Processo Civil de 2015, 
vacatio legis de um ano. E para que seja de um ano ou outro prazo, ela deve ser expressa 
lá na norma, no finalzinho. 
 
 
 
 
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Essa lei entra em vigor um ano depois de publicada, porque se for um silêncio, não se 
falou nada, qual é o prazo? de 45 dias. Então norma de grande repercussão, quanto 
maior a repercussão das modificações da norma, maior o seu prazo de vacatio. 
Relembre que por trás da vacatio nós temos a possibilidade dessa norma chegar ao 
conhecimento de toda a população. 
Lei com vacatio Legis tácita: é aquela em que não tem menção a vacatio. E a aplicação é 
imediata? Não, no silêncio de 45 dias. Então, se a norma, se a lei não falou nada, se 
aplica ao artigo primeiro da LINDB 45 dias no território nacional ou três meses fora do 
território. 
Leis sem vacatio é possível? Sim, leis de pequena repercussão, mas deve ser expresso. 
Consta assim no final: Esta lei entrará em vigor na data da sua publicação lei sem vacatio 
Lei que não alterou nada, absolutamente nada. Então essa lei, sem vacatio é uma 
menção expressa que precisa estar no final da norma porque não silenciou a lei com o 
vacatio legis. 
 
1.1.6. A norma revogada e sua produção de efeitos 
 
A norma jurídica revogada perde a validade e a vigência, deixando de fazer parte do 
ordenamento. Contudo não perde o vigor, pois pode conservar a força obrigatória em 
situações consolidadas durante sua vigência, como o ato jurídico perfeito, a coisa 
julgada e o direito adquirido. 
Observação: lei temporária (ex. Lei n° 14.010/20): fala-se em caducidade de seus efeitos. 
Uma lei posterior revoga a anterior. Saiba o que isso é uma baita de uma pegadinha 
terminológica, a norma jurídica revogada, vamos pensar no Código Civil de 1916 foi 
revogado totalmente, ab-rogado, porque a derrogação é a revogação parcial. A norma 
jurídica revogada, ela perde a sua validade e sua vigência, ela deixa de fazer parte do 
ordenamento jurídico, é como se ela fosse tirada de cena. Olha a norma, olha a lei, foi 
revogada então sai de cena e deixa de fazer parte do ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
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Cuidado com essa norma revogada, ela não perde o vigor, pois ela conserva a força 
obrigatória das situações já consolidadas durante a sua vigência. Como ato jurídico 
perfeito, direito adquirido e a coisa julgada. Veja um contrato celebrado sob a égide do 
Código Civil de 16, pacta sunt servanda, o contrato que tem força obrigatória entre as 
partes, sob pena de responsabilização patrimonial. O código 16 foi revogado, então 
aquele contrato deixa de ser obrigatório? OPA! Claro que não porque ele é um ato 
jurídico perfeito. Ele foi realizado sob aquela norma que, mesmo revogada, ainda geraria 
esses efeitos, então ela perde a validade, perde a vigência, mas ela não perde seu vigor. 
Para regulamentar situações já consolidadas naquele período, porque senão seria uma 
bagunça, um caos jurídico. 
E uma outra observação lei temporária, elas são feitas a partir de determinadas 
situações concretas ou para disciplinar determinados fatos jurídicos, como por exemplo, 
lei 14.010 de 2020, disciplina as relações de direito privado decorrentes da pandemia 
quando a lei temporária deixa de gerar efeitos é terminologia. Você não fala em 
revogação você fala em caducidade dos efeitos da lei temporária. Pelo amor de Deus, 
não fala em revogação de lei temporária, ela não precisa ser revogada, ela perde os seus 
efeitos a partir do momento em que aquela situação excepcional deixa de existir. Eu 
preciso de uma lei nova revogando a lei de 14.010? Não preciso, porque 
automaticamente ela vai perdendo seus efeitos, a esse instituto você dar o nome de 
Caducidade dos efeitos, que é atrelado a Lei temporária. Pergunta de prova: Doutor o 
princípio da continuidade da lei. A lei continua a gerar efeitos até que uma posterior a 
modifique/revoga ou seja com ela incompatível. Doutor qual que é uma exceção ao 
princípio da continuidade da lei? A Lei temporária. Por que é uma exceção? Porque ela 
não precisa ser revogada, ela automaticamente vai definhando, vai perdendo seus 
efeitos caducidade de efeitos. 
Questão 1 
(2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: FUNPRESP-EXE Prova: 
CESPE / CEBRASPE - 2022 - FUNPRESP-EXE - Analista de 
 
 
 
 
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Previdência Complementar - Área Jurídica - Edital n° 1). A respeito da Lei 
de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB), da pessoa jurídica, 
do negócio jurídico e da prescrição, julgue o item a seguir. 
Caso a lei B, que revogou a lei A, venha a ser revogada, a primeira volta a 
reger a matéria. 
Alternativas 
() Certo 
() Errado 
 
 A revogação de uma norma não faz ressurgir automaticamente a norma revogada. 
Então vamos lá com as canetinhas do professor. Tem três canetas: Imaginemos que a 
caneta do meio chamada de revogadora, revogou a primeiralei, a qual era incompatível, 
deixou de existir no ordenamento, surgiu a norma revogadora. Posteriormente, surge 
uma terceira lei que revoga a norma revogadora, ao revogar a revogadora, faz ressurgir 
a primeira lei automaticamente? 
Resposta não. A primeira lei só vai renascer se a terceira o fizer expressamente. Então, 
existe a reapreciação automática no nosso ordenamento jurídico? Não e era isso que a 
CEBRASPE queria saber, o que caiu a respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito 
brasileiro, a Pessoa jurídica, negócio, prescrição, que era um campo de direito privado 
julgue o item: 
Caso a lei B que revogou uma lei A, venha a ser revogada, a primeira volta a reger a 
matéria? Certo ou errado? Tem repristinação automática? Resposta errado. 
Art. 2°, § 3, LINDB - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter 
a lei revogadora perdido a vigência. 
Trata-se do instituto da repristinação, que não é automático, devendo, para sua 
existência, estar disposto expressamente na norma revogadora da norma B. 
Gabarito – Errado 
Atenção: não confundir com efeito repristinatório - Lei n.º 9868/1999 no art. 11 (casos 
de questionamento de uma lei em sede de ADI em que há decisão liminar no sentido de 
 
 
 
 
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declarar a inconstitucionalidade da lei.) § 2º A concessão da medida cautelar torna 
aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido 
contrário (também decisão definitiva). 
Isso vem lá do direito constitucional porque aquilo que é inconstitucional é aquilo que 
se choca com o ordenamento jurídico, aquilo que é inconstitucional não tem aptidão 
para gerar efeitos. Então, o efeito repristinatório que decorre da inconstitucionalidade 
da norma, torna aplicável a legislação anterior acaso existente. Salvo manifestações em 
sentido contrário. “Luciano, por que aqui é diferente?” Porque se uma lei é 
inconstitucional, ela não tem aptidão para produzir efeitos. E dentro dessa inaptidão na 
produção de efeitos, nós concluímos que, ela não gera efeitos, tanto que ela não 
revogaria a norma anterior. Então, com efeito, repristinatório aquela primeira lei volta 
a ser aplicável? Sim, salvo manifestação em sentido contrário. Então, uma é 
repristinação, e a outra é o efeito repristinatório que tem consequências jurídicas 
diferentes. 
 
1.1.7. Princípio da obrigatoriedade norma/inescusabilidade 
 
Artigo 3° - Ninguém pode deixar de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
Teoria da necessidade social: Profa. Maria Helena Diniz - as normas devem ser 
conhecidas para melhor serem observadas. O conhecimento é imprescindível à 
coexistência social e à segurança jurídica. 
Atenção: 1 - não é princípio absoluto. Ex: artigo 139, inciso III, CC - anulabilidade do 
negócio por erro de direito. Ex2: erro de proibição no direito penal. 
Para nós vivemos em sociedade, nós não estamos em um naufrágio, não estamos em 
uma ilha nós temos que respeitar regras ditadas pelo Estado. Então como funciona isso? 
Você sabe que se tem um sinal vermelho, você tem que parar. Porque se você causar 
um dano não observando o sinal vermelho, você será responsabilizado por isso. Essa 
necessidade de observância da lei, ela é imprescindível para a coexistência social e para 
a segurança jurídica. 
 
 
 
 
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O princípio da obrigatoriedade da norma ou da irresponsabilidade do seu cumprimento 
(já vi isso em prova também) não é princípio absoluto, te trago dois exemplos. Um aqui 
no direito civil e um direito penal. No Direito Civil, o artigo 1393, que admite a anulação 
do negócio jurídico por erro de direito, devidamente comprovado, e o segundo exemplo 
que eu acho mais famoso que o primeiro lá no Direito Penal, o erro de proibição é uma 
exceção ao princípio da obrigatoriedade da norma lá no Direito Penal, são as duas 
exceções. Via de regra, na esmagadora maioria dos casos, devemos cumprir as normas 
sob pena de sancionamento geral. Ela é imperativa e a lei traz em si a marca do 
autorizamento. 
Questão 2 
Questão de concurso (Funde, 2022 - assertiva errada - pessoas de baixa 
escolaridade podem se escusar de cumprir a lei, alegando que não a 
conhecem). 
Era o gabarito errado. Pessoas de baixa escolaridade, elas também se submetem ao 
páreo do artigo 3° as suas imposições, o princípio da obrigatoriedade da norma. 
 
Questão 3 
(2022. Banca: FCC Órgão: MPE-PE Prova: FCC - 2022 - MPE-PE - Promotor 
de Justiça e Promotor de Justiça Substituto). De acordo com o que 
disciplina o ordenamento jurídico em relação à vigência de lei brasileira, 
considere as assertivas abaixo: 
1. Constitui regra obrigatória que a vigência de lei brasileira se 
inicia com a sanção. 
II. Não há vedação para que lei brasileira, em seu texto, estabeleça sua 
vigência imediata. 
III. A lei brasileira, em regra, terá efeito imediato e geral no território 
nacional, após 45 dias da sua publicação oficial. 
IV. A lei brasileira, em regra, terá efeito imediato e geral nos estados 
estrangeiros, após 60 dias da sua publicação oficial. 
 
 
 
 
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Alternativas 
A - Il e III. 
B – l e IV. 
C – I e Il. 
D - Ill e IV. 
E- l e IlI. 
 
Quais estão corretas? 2 e 3. Não há vedação para que ela, em seu texto, estabeleça a 
vigência imediata. Essa lei entrara em vigor na data da sua publicação. Pode isso, 
Arnaldo? É claro que pode. E a 3, 45 dias. A quarta, 45 dias, exclui 60. Quarta, está 
errada. Constitui regra obrigatória que a vigência da lei brasileira se inicia com a sanção? 
Não 45 dias depois de ser oficialmente publicada, essa é a regra geral. Para ser na data 
da publicação tem que mencionar expressamente. A letra a é a alternativa correta!!! 
 
1.1.8. Da integração da norma 
 
Art. 4° Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito (nessa ordem - STJ). 
Crítica: jurisprudência e súmulas. É a chama vedação ao non liquet (não está claro). E a 
equidade? É o ideal de justiça que norteia todo o ordenamento jurídico. Não é meio 
supletivo da lacuna legislativa - é prevista no CPC (art. 140), não na LINDB. 
Art. 5° Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
exigências do bem comum (solidariedade social). 
Por que a aplicação da norma da lei ela se dirige ao jurisdicionado ao aplicador do 
direito, mas também ela se dirige ao juiz? E nem sempre o legislador ele consegue se 
antever a todas as situações. Eu penso assim a sociedade evolui numa velocidade 
gigantesca. A sociedade evolui e atrás em passos de tartaruga vem o legislador. Tem 
fenômenos sociais e que nós já vivenciamos e depois de décadas, o legislador vem 
disciplinar ou a doutrina falar, ou a jurisprudência vou te dar um exemplo: 
 
 
 
 
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 União estável homoafetiva o que acontecia elas existiam, eram claras são formas de 
entidade familiar só que o Código Civil só falava da união estável entre pessoas de sexo 
diferente. Depois de anos e anos e anos, o legislador e o Supremo vem corrigir um erro 
então a sociedade evolui e o operador do direito vem atrás, caminhando em passo de 
tartaruga. 
Então, quando a lei for omissa, o artigo 4° o juiz não pode cruzar os braços, não vou 
liquidar, não vou julgar. Não, vou te dar ferramentas para você integrar a norma juiz. 
Então, quando a lei for omissa, juiz, você pode se valer da analogia, dos costumes e dos 
princípios gerais do direito, analogia, costumes e princípios gerais do direito. Segundo o 
STJ, o juiz deve se utilizar desse instrumental, nessa ordem, primeira analogia, pegar 
emprestado casos semelhantes, depois, os costumes e, por fim, os princípios de direito. 
Haveria uma hierarquia na aplicação dessas formas de integração da norma. Críticas, 
tem doutrinador que fala que essa redação é defasada que essa, porque não fala de 
jurisprudência,não fala de súmulas. Então, o que eu acho? Que é defasado mesmo. 
No comecinho do nosso encontro a gente falou da escola da common law, naquele 
modelo de caminhar do nosso sistema. Tem como você negar que o juiz se vale da 
jurisprudência ou de súmulas para a entregar a norma em caso de anomia? Ausência de 
normas? Não. Tem faculdades que tem na graduação estudo do direito celular sumular 
de súmulas. Ramo do direito então crítica. Olha, saiba o artigo 4°, mas saiba que ela é 
defasada. Falta jurisprudência e faltam súmulas. 
Segunda crítica que se faz e a equidade? o ideal de justiça que norteia todo o 
ordenamento jurídico, evitando o local completamente ilícito etc. Para o artigo 4°, a 
equidade não é meio de superação de lacuna legislativa, do artigo 4° não temos a 
aplicação obrigatória da equidade. O CPC fala da equidade lá no artigo 140 do Código de 
Processo. Aqui nós não falamos expressamente de equidade. Embora o juiz ao aplicar a 
lei, ele vai, ao objetivar a correção de injustiças, pelo menos na sua perspectiva 
subjetiva, porque aquilo que é justo ou injusto é variável dependendo das pessoas. 
Então a equidade expressamente aqui não. Mas a doutrina diz que ela é válida, o CPC 
manda aplicá-la expressamente e, ao aplicar a norma, aplicar a lei, o juiz deve atender 
 
 
 
 
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aos fins sociais a que ela se dirige. Finalidade social da norma, o interesse coletivo se 
sobrepõe ao interesse individual. Imaginemos que eu e meu xará Luciano, nós vamos 
dar uma festa em um apartamento, nós podemos ligar o som às duas horas da manhã e 
fazer uma algazarra, porque nós queremos nos divertir com os nossos amigos? Não. 
porque você tem o interesse de todos os vizinhos e todos os demais apartamentos. 
Temos o interesse daquela coletividade em que após as 10 da noite, as pessoas dormem, 
descansam, repousam. Então, o que é isso? O nosso interesse individual a ele se 
sobrepõe ao interesse coletivo, no interesse da coletividade. O que é isso? Finalidade 
social da norma. Isto lá em contratos é o princípio da função social dos contratos, lá em 
contratos você enxerga isso também. 
E ao aplicar a lei, juiz deve buscar as exigências do bem comum a ideia de solidariedade 
social, o bem do todo, o bem da coletividade isso está no artigo quinto. Uma dica de 
leitura para você temos um julgado do STJ em que o ministro fala expressamente, temos 
esse recurso especial em que o ministro Humberto Martins expressamente destaca a 
finalidade social da norma. Leitura obrigatória. 
 
STJ, REsp 1.367.923: confirmou acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de 
Janeiro que condenou três empresas em R$ 500 mil por dano moral 
ambiental em razão do armazenamento inadequado de produtos 
danificados confeccionados em amianto. 
- Ao concluir, Min. Humberto Martins ressaltou que as normas ambientais 
"devem atender aos fins sociais a que se destinam, ou seja, necessária a 
interpretação e integração de acordo com o princípio hermenêutico in 
dubio pro natura". 
‘Pergunta da aluna: O que significa non liquet?’ Significa não está claro. O juiz não pode 
se valer da ausência de Norma para não decidir, ele não pode cruzar os braços. Não 
tenho norma, então eu não decido. Isso não pode, nós temos os meios de supressão de 
lacunas. Non liquet significa não está claro Meio o juiz não pode se valer desse 
expediente. 
 
 
 
 
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1.1.9. Da analogia 
 
A analogia é a aplicação de uma norma próxima pela ausência de outra. A evolução da 
sociedade nem sempre é acompanhada pela simetria evolutiva legislativa. 
Ex: ADPF 132, STF - determinou-se a aplicação das regras da união estável para a união 
homoafetiva. 
Espécies analogia: 
A - Analogia legis: aplicação de norma mais próxima, de assunto correlato. B - Analogia 
iuris: aplicação de conjunto de normas próximas. Ex: ADPF 132. 
Então a gente viu aqui a analogia, costumes, princípios gerais do direito é uma das 
formas de supressão de audiência de numa analogia, a aplicação de uma norma mais 
próxima pela ausência de outra, você pega emprestado. Como disse, a evolução da 
sociedade, nem sempre é acompanhada pela assimetria evolutiva do legislador. Então 
para mim é uma das decisões mais importantes em matéria de direito civil. 
ADPF 132 do Supremo Tribunal Federal determinou a aplicação das regras da união 
estável para pessoas de sexo diferente para a união homoafetiva. Porque veja, nós não 
tínhamos norma, mas nós tínhamos essa forma de composição familiar. Então vamos 
pegar emprestado as normas da união estável entre pessoas de sexos diferentes. A 
doutrina fala em duas espécies de analogias, a analogia legis quando você aplica uma 
norma mais próxima de um assunto correlato, e você tem também a analogia iuris que 
é quando você aplica um conjunto de normas, exatamente aconteceu na ADPF 132. 
 
1.1.10. Da interpretação da norma pelo juiz 
 
Objetiva buscar o real alcance da norma. Ao interpretar, o intérprete busca o sentido 
objetivo da lei(mens legis), e não a intenção do legislador - mens legislatoris. 
- Origem: autêntica (lei - ex: conceito de funcionário público 
no CP), doutrinária e jurisprudencial. 
 
 
 
 
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2 - Métodos: gramatical, lógica (reconstrução pensamento legislador), histórica, 
sistemática (harmonização com o sistema jurídico) e teleológica ou social (análise fins 
lei). 
3 - Resultado: declarativa, restritiva e extensiva. 
O intérprete ele busca realizar a finalidade social da norma, ele busca entender o alcance 
solidário da norma, mas, em última análise, o intérprete da norma é o magistrado, tanto 
que tem aquela expressão em latim ‘NARRA MIHI FACTUM DABO TIBI JUS’ você dar os 
fatos para o juiz, e o juiz aplica o direito no caso concreto, dentro de um processo. Então, 
o intérprete último da norma dentro de um processo é o magistrado. E nem sempre nós 
teremos uma clareza certa de interpretação, nem sempre a norma é clara. 
Em alguns momentos que nós identificamos, inclusive, erros de grafia na lei. Então, o 
papel do intérprete, do aplicador da norma do magistrado em última análise era 
extremamente importante. Então, ele interpreta para definir o real alcance da norma. 
O que a norma quis dizer? Onde a norma quer chegar? E nós temos aqui uma 
diferenciação, que é uma discussão hermenêutica, mas, não vou entrar nisso. 
Mas eu quero que você saiba dessas informações. Isso, ao interpretar o intérprete, deve 
buscar o sentido objetivo da lei, chamada de mens legis e não a intenção do legislador, 
a chamada mens legis. Então, se a intenção subjetiva do legislador foi um mas, o que foi 
trazido na norma, compilado na norma foi outro. O intérprete deve alcançar e buscar a 
perspectiva objetiva a mens legis. 
Não o desejo o âmago do legislador Isso aqui é um conflito hermenêutico tremendo, 
mas saiba o intérprete busca a mens Legis o que está na norma de forma objetiva. Ponto. 
Sem subjetivismo, essa interpretação, ela é dividida quanto a sua origem, quanto aos 
seus métodos e quanto ao seu resultado. A interpretação da norma pode ser autêntica 
quanto a sua origem? Autêntica é aquela feita pela própria lei, a própria lei interpreta e 
explica a própria lei conceitua. Exemplo, lá no Código Penal você tem o conceito de que? 
De funcionário público, é uma forma de interpretação autêntica. A interpretação pode 
ser doutrinária quanto a sua origem e pode ser jurisprudencial quanto a sua origem. 
 
 
 
 
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Então interpretação quanto a origem, autêntica, doutrinária e jurisprudencial. 
Interpretação da norma ou da lei quanto aos métodos, formas de interpretação da 
norma forma de se alcançar o objetivo da norma gramatical. No vernáculo, no uso das 
palavras essa interpretação pode ser lógica é aquela que refaz o pensamento do 
legislador a reconstrução do pensamento do legislador. Esse método interpretativo 
pode ser histórico como a evoluçãoda norma ao longo dos tempos. Esse método 
interpretativo pode ser sistemático, você interpretar a norma dentro do sistema em que 
ela é inserida, você analisar a posse dentro dos direitos reais em que ela está inserida. 
Esse método de interpretação pode ser teleológico ou social, para você analisar os fins, 
a finalidade da lei, a finalidade da norma. Então, quanto aos métodos de interpretação 
gramatical e lógica, histórico, sistemático, teleológico ou social. E os resultados da 
interpretação e o alcance maior ou menor é a partir da interpretação feita pelo aplicador 
da lei. 
Essa interpretação pode ser declarativa, e explicar o alcance da norma. Essa 
interpretação pode ser restritiva, restringindo o âmbito de aplicações da norma. Ou essa 
interpretação pode ser extensiva, ampliando o aspecto de efeitos da norma. 
 
1.1.11. Das antinomias 
 
O que é? É a oposição que ocorre entre duas ou mais normas (total ou parcialmente 
contraditórias). 
Critérios de solução das antinomias aparentes: 
1 - O critério hierárquico, por meio do brocardo lex superior derogat legi inferiori (norma 
superior revoga inferior), de forma a sempre prevalecer a lei superior no conflito -> 
forte, prevalece. 
II - O critério cronológico, por intermédio do brocardo lex posterior derogat legi priori 
(norma posterior revoga anterior), conforme expressamente prevê o art. 2. ° da LINDB. 
 
 
 
 
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III - O critério da especialidade, por meio do postulado lex specialis derogat legi generali 
(norma especial revoga a geral), visto que o legislador, ao tratar de maneira específica 
de um determinado assunto seria mais preciso. 
Então, é mais fácil a gente sofrer de antinomia do que a gente sofrer de anomia e mais 
fazendo sofrer por excesso de normas do que pela falta de normas, você tem lei para 
tudo. Então, antinomia são normas aparentemente contraditórias normas que se 
chocam. 
Temos que ter critérios para a solução das antinomias. Primeiro critério claro e evidente, 
critério hierárquico, Lex Superior derogat legi inferior, lembra da pirâmide de Kelsen? 
Clássica, quem está no topo? A Constituição, agora com os tratados de direitos humanos 
se uma lei infraconstitucional se choca com a Constituição, qual vai prevalecer? A 
Constituição, porque o primeiro critério mais forte prevalente é o critério hierárquico. 
Lembra da pirâmide de Kelsen, no topo da pirâmide constituição e tratados de direitos 
humanos. Imaginemos criaram um tipo penal, criaram a no Código de Processo Penal, 
uma forma de interrogatório que se admite a tortura. A Constituição veda a tortura, essa 
lei, esse artigo é claramente inconstitucional. Um critério hierárquico de superioridade. 
Então, nesse aparente conflito, a norma superior revoga a inferior , Lex Superior derogat 
legi inferior. 
Segundo critério para resolver a antinomia, nós estamos nos critérios para a solução das 
autonomias. O segundo critério, que tem por base a própria lei e o critério cronológico, 
por intermédio do brocardo locado lex posterior, derogat leg priori. Norma posterior 
revoga a anterior exatamente, conforme diz o artigo 2°, da LINDB. Então, se você tem 
duas normas de mesma hierarquia, porque se tem problema de hierarquia você vai para 
o critério um, duas normas de uma mesma hierarquia a lei posterior revoga a anterior. 
Porque há uma presunção que com a evolução no tempo a lei nova ela é melhor, melhor 
redigida, melhor formatada do que a lei anterior. Então, o segundo critério é o 
cronológico, para normas de mesma hierarquia. 
 O terceiro critério para a solução de antinomia. Então, vimos o um, dois e três é o 
critério da especialidade, aquele postulado lex especialis derogat legi generali derrogat. 
 
 
 
 
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Norma especial revoga a norma geral, porque o legislador ao tratar de maneira 
específica de um determinado assunto, ele seria mais preciso do que aquele assunto 
trabalhado de forma genérica. Então, o terceiro critério é o critério da especialidade. 
 
1.1.12. Das antinomias reais ou insolúveis 
 
São as antinomias que não possuem regra pronta no nosso ordenamento para solução. 
Nestas encontram-se as chamadas antinomias de 2° grau. 
Ex.: norma geral posterior conflitando com a norma especial anterior (o hierárquico 
sempre prevalecerá). 
Soluções: 1 - caso a caso; 2 - prevalecerá critério cronológico (linha adotada pelo artigo 
2° LINDB); 3 - artigo 4°, LINDB. 
Ex: direito real de habitação união estável (Lei 9278/96, art. 7°, §único) X art. 1831, CC 
 
São antinomias que os critérios trazidos anteriormente de forma isolada. O 2 e o 3 eles 
não nos auxiliam de forma precisa, você não tem solução imediata para eles. 
Então, o exemplo clássico de uma antinomia real ou insolúvel ou também a chamada de 
segundo grau. Norma geral posterior versus norma especial anterior, para falar de 
antinomia real ou insolúvel ou de segundo grau, nós não podemos nos valer do critério 
hierárquico, porque se a norma posterior constitucional resolveu, revogou, agora a 
norma geral posterior e norma especial anterior, normas de mesma hierarquia, e aí? 
Três formas para você resolver isso? 
Maria Helena Diniz fala que ‘antinomia de segundo grau você tem que resolver caso a 
caso’, você não tem uma fórmula pré definida. Outros falam, nesse caso você deve se 
valer pelo critério cronológico, aquela que é posterior, mesmo que seja geral, ela revoga 
a anterior, porque é uma presunção que o legislador atualmente pensa dessa forma. 
E temos um terceiro critério que diz que a doutrina fala aplica o artigo 4°, quando a lei 
for omissa, mas, na verdade a gente não está falando de omissão, é pegar emprestado 
a analogia, costumes e princípios gerais de direito. Embora aplicar o artigo 4° aqui é um 
 
 
 
 
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sambarilove jurídico, o artigo 4° é por omissão e aqui nós estamos falando do confronto 
de duas normas. “Luciano, Isso aqui é sexo dos anos” não, vou te dar um caso concreto, 
direito real de habitação, na união estável você sabia que o direito real de habitação, 
aquele deixado para o cônjuge após o falecimento do seu cônjuge, era previsto no artigo 
1831 do Código Civil, só para quem é casado. Acontece que a lei anterior especial a 9278 
de 1996 que disciplinava a união estável ela prevê, no artigo sétimo parágrafo único, o 
direito real de habitação para o companheiro, aquele que vive em união estável. Então 
o que você tem? O direito de habitação na união estável, você tem uma lei especial 
anterior 9278 de 1996, versos uma lei geral posterior, Código Civil artigo 1831. E, nesse 
caso, considerando o caso a caso, o STJ diz ‘Ah, o direito real de habitação para a união 
estável”, mesmo no silêncio do Código Civil que é uma lei posterior você aplica a lei 
anterior numa perspectiva ampliativa. 
O que é isso aqui, direito de habitação da união estável? Isso aqui é um exemplo clássico 
de antinomia de segundo grau. O que o STJ diz? Existe no nosso ordenamento jurídico o 
direito real de habitação para aquele que viveu em união estável, a despeito do silêncio 
do artigo 1831. Então antinomias e antinomias reais insolúveis ou de segundo grau. 
 
1.1.13. Da aplicação da norma no tempo 
 
Artigo 6° norma em vigor possui efeito imediato e geral, respeitados o 
direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. (redação 
semelhante artigo 5°, inciso XXXVI, CF). 
Atenção: LINDB adotou a Teoria Subjetiva de Gabba: irretroatividade 
e a regra e comporta exceções. 
• Imediato: temporal 
•Geral: "erga omnes" 
§1°. Ato jurídico perfeito: aquele já consumado segundo a lei anterior. 
Ex: contrato celebrado e que esteja gerando efeitos. 
 
 
 
 
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§2°. Direito adquirido: já incorporado ao patrimônio jurídico do seu 
titular, mesmo que ainda não exercido (RE 630.501, STF). Não confundir 
com expectativa de direito. 
§3°. Coisa julgada: é a decisão judicialque não caiba mais recurso. 
 
Como resolver em caso de sucessão de normas, uma norma posterior? Efeitos 
imediatos, quando a gente fala de efeito imediato é a perspectiva temporal 
evidentemente observada pela vacatio legis se for o caso, eficácia temporal e geral. A 
nova norma se aplica a todos, ‘Erga omnes’, esse modelo de segurança jurídica em caso 
de surgimento de uma nova norma, isso tem um nome é a chamada teoria subjetiva de 
Gabba, prazer teoria subjetiva de Gabba, isso já caiu em prova., imagine quando isso 
cai em prova, o índice de erros em teoria subjetiva, isso é quase uma maldade quando 
cai isso em uma prova. 
O que traz a teoria subjetiva de Gabba? Ela objetiva dar segurança jurídica a partir da 
aplicação de uma nova norma no tempo, ela diz que a irretroatividade é a regra, a nova 
norma gerará efeitos daqui para frente. Mas, excepcionalmente, ela pode revogar, 
então, a regra de efeitos imediatos erga omnes pra frente. Excepcionalmente ela pode 
revogar, ela pode retroagir agora a nova norma ela pode retroagir, desde que ela 
respeite os três parâmetros. Então, regra é retroatividade, excepcionalmente, a nova 
norma pode retroagir para atingir fatos anteriores mas nessa retroatividade, ela não 
será absoluta, você tem que respeitar três parâmetros. 
Respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Então, de novo a 
regra e retroatividade da lei nova gera efeitos daqui pra frente, teoria subjetiva de cada 
regra. Excepcionalmente, a norma pode atingir fatos anteriores, mas essa retroatividade 
excepcional não é absoluta, deve respeitar o direito adquirido, ato jurídico perfeito e a 
coisa julgada. 
Ato jurídico perfeito, aquele já consumado segundo a lei anterior. Exemplo: um contrato 
celebrado pela lei revogada e que esteja gerando defeitos, já consolidado. Segurança 
jurídica ela pode alterar os efeitos desse contrato? Não, pode retroagir para buscar esse 
 
 
 
 
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contrato celebrado sob a égide do código 16, plenamente gerando efeitos. O novo 
código pode mudar aqueles efeitos? Aqueles requisitos de validade? Não pode, porque 
aquele contrato anterior é um ato jurídico perfeito. 
A lei nova pode retroagir para atingir a coisa julgada? Olha, a segurança jurídica. 
Também não. O que é a coisa julgada? É a decisão judicial em relação a qual não caiba 
mais recurso, ela deve ser respeitada. A lei nova não pode retroagir também para atingir 
o direito adquirido. Você preencheu os requisitos numa determinada situação de 
aposentadoria, você já completou o tempo de serviço, já completou a idade, já 
completou contribuição, você preencheu todos os requisitos. 
Veio uma lei nova de forma que agora, tem que trabalhar mais 15 anos “Bate na 
Madeira”, “que não nos ouçam”. Mas eu completei os requisitos já, essa lei nova me 
atinge? Não, você já tem o direito adquirido, que não é a expectativa de direito, você 
preencheu todos requisitos, você pode se aposentar com base na lei revogada, porque 
essa retroatividade ela esbarra no direito adquirido. 
Veja, más você já preencheu todos requisitos, não apenas alguns, o recurso 
extraordinário 630.501, isso aqui é tão importante para a segurança jurídica e 
ordenamento que ele é direito fundamental lá no artigo quinto da Constituição, sem 
isso aqui, nós viveríamos o caos jurídico, imaginemos lei nova que pode revogar coisa 
julgada e aí vai discutir tudo de novo? Quem está preso vai solto, quem paga não paga 
mais, não. Ato jurídico perfeito também não, muito menos direito adquirido. Que bom 
que seja assim. 
Atenção: 
-> A irretroatividade é a regra, mas não absoluta, pois comporta exceções -> não é 
cabível, contudo, a retroatividade total e completa (restitutória), sob pena de 
insegurança jurídica. 
Art. 2035, CC 
Exceções? 
1 - Lei penal mais benéfica; 
2 - Lei tributária mais benéfica. 
 
 
 
 
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Retroage em benefício do réu, atinge fatos anteriores. Então, uma lei hoje que diga que, 
para você progredir de regime você precisa cumprir dez dias de pena, ela vai atingir todo 
mundo e ficou para trás. Para beneficiar o Paulo que cometeu um crime faz 15 anos, ele 
pode progredir com esse regime? Claro que pode. É uma lei penal mais benéfica, então 
para você ver que nós temos possibilidade de retroatividade da norma, na nova lei. 
E a lei tributária mais benéfica, parece que o CTN que fala disso que na lei tributária 
mais benéfica também retroage para atingir fatos anteriores. 
Questão 
(2016. FCC). José cumpriu todos os requisitos para a aposentação, 
inclusive o temporal. Contudo, apesar de poder se aposentar, optou por 
continuar trabalhando. Passado algum tempo, entrou em vigência lei que 
ampliou o prazo necessário à aposentação. De acordo com a Lei de 
Introdução às Normas do Direito brasileiro, referida lei possui efeito: 
- imediato, porém não atingirá José, que tem direito adquirido a se 
aposentar no prazo da lei anterior. 
Direito adquirido não significa, meus amigos, que ele já usufruiu desse direito. O direito 
adquirido é aquele que já faz parte da esfera jurídica do cidadão, embora ele ainda não 
o tenha exercido. O José quis continuar trabalhando, mesmo preenchendo todos 
requisitos, o direito adquirido o resguarda. Porque, para que essa lei não retroaja, para 
atingir a sua situação. 
 
1.1.14. Regras de direito internacional privado 
 
Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras 
sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os 
direitos de família. 
§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira 
quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. 
 
 
 
 
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§ 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades 
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 
§ 30 Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade 
do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. 
§ 40 O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em 
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro 
domicílio conjugal. 
 
Esse artigo sétimo, artigo oitavo e os demais têm uma incidência diminuta. E quando 
cai, cai em redação tanto que eu gritei as palavras chaves para você não cair nas 
pegadinhas são regras de direito internacional, privado na LINDB. Então, aqui tem que 
tomar muito cuidado com a redação, a LINDB tem erro também como no artigo 15. 
O artigo 15 fala da homologação de sentença estrangeira, saiba onde está o erro? na 
letra E quem homologa essa sentença estrangeira, a partir da Emenda 45 é o STJ. O que 
o legislador fez? O legislador esqueceu de alterar o artigo 15 da LINDB? Sim, sim. Aí uma 
vez me perguntaram, “Luciano se cair de acordo com o artigo 15 da LINDB. O que eu 
faço? Tem o STF ou STJ”. Eu colocaria o STJ o artigo 15 está defasado. Quem homologa 
a sentença estrangeira é o STJ, risca o STF e coloca assim STJ legislador ordinário não 
quis alterar. 
 Regra de direito internacional privado. Vamos a ela, lei do país em que domiciliado a 
pessoa, residência da pessoa com um ano definitivo, determina as regras sobre o 
começo e fim da personalidade, nome, capacidade e direitos de família. 
Apesar de ser um estrangeiro, está domiciliado no Brasil. Regras do nosso ordenamento 
realizando o casamento no Brasil, para primeiro ser aplicada a lei brasileira quanto aos 
impedimentos dirimentes e as formalidades da celebração. Imaginem que um Árabe 
quer se casar no Brasil e no país dele, os irmãos podem se casar. Ou o pai pode casar-se 
com a mãe, enfim, isto pode no Brasil? Não pode, impedimento matrimonial é aplicada 
a lei brasileira 1521 do Código Civil aplica os impedimentos daqui, no país dele pode, 
então fala assim, ‘volta para lá e casa lá’ para casar aqui regras daqui. Imaginemos que 
 
 
 
 
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www.cursoenfase.com.brno país dele você pode casar com 10 anos, vai desejar o mal para pessoas assim tão cedo 
10 anos de idade, a idade mínima aqui é 16 não é muito baixo. Lá no país dele ele pode 
casar com dez, aqui ele vai casar com dez? Não vai, Idade núbio no país, no Brasil 
mínimo é 16 anos. 
Parágrafo segundo, o casamento de estrangeiros pode celebrar a espera de autoridades 
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 
Parágrafo terceiro, tendo os nubentes domicílio diverso, em geral, os casos de 
invalidade do matrimônio, além do primeiro domicílio conjugal. Essas palavras em 
negrito eu já vi isto em prova, pegadinha em prova, cobrando isso em prova. O regime 
de bens legal, o convencional, obedece a lei do país em que tiverem os nubentes 
domicílio, se esse for diverso, o primeiro domicilio. Então, nosso regime de bens legal 
aqui, na ausência de pacto é o regime da comunhão parcial. 
Então vieram morar aqui, o primeiro domicílio do casal aqui, mesmo estrangeiros o 
regime da comunhão parcial, que é o regime legal. 
 
§ 5° - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante 
expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do 
decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de 
comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta 
adoção ao competente registro. § 6° O divórcio realizado no estrangeiro, 
se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no 
Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido 
antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a 
homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições 
estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país (EC 66 e 
art. 226, CF). 
 
O divórcio hoje, a partir da emenda constitucional 66 que alterou o 226 da Constituição, 
você não tem mais lapso temporal, sabia disso? “Luciano eu posso casar no domingo e 
 
 
 
 
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me divorciar na segunda-feira?" Claro que pode, precisa discutir culpa? Não precisa. 
Então, essa questão de um ano, para que esse divórcio no estrangeiro gere efeitos no 
Brasil, Isto confronta o próprio 226 da Constituição Federal. Nós não temos mais que 
esperar dois anos, antes de você divorciar você tinha que se separar. 
Mas saiba que a LINDB traz esse prazo de um ano aqui para você. 
 
 
- Adotou-se, assim, o sistema da territorialidade moderada, ou seja, o 
direito pátrio é eficaz, mas em determinadas situações, poderá haver 
coexistência, no território nacional, com o sistema alienígena, no 
chamado "estatuto pessoal" dos sujeitos -> baseado na lei da 
nacionalidade ou do domicílio. 
Ex: artigo 7°: a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as 
regras sobre o começo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os 
direitos de família (lex domicili). 
- Lex rei sitae ou MOBILIA SEQUUNTUR PERSONAM: significa a 
aplicação da situação da coisa. Ex artigo 8°: para qualificar os bens e 
regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que 
estiver situados. 
 
 Últimas informações. A doutrina quando fala do artigo sétimo, fala que nós adotamos 
o sistema da territorialidade operada no sistema da territorialidade moderada. O direito 
pátrio é eficaz, mas em determinadas situações você pode aplicar o direito que se chama 
o direito de alienígena ou o estatuto pessoal do sujeito com base na sua nacionalidade 
ou com base no seu domicílio, por exemplo, da Lex domicili, lei do país em que é 
domiciliada a pessoa, determina regras sobre começo e fim da personalidade, nome, 
capacidade e direitos de família, a chamada Lex domicili, o artigo sétimo traz para nós a 
Lex domicili. 
 
 
 
 
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 E o artigo oitavo traz para nós a chamada Lex rei sitae, ou MOBILIA SEQUUNTUR 
PERSONAM é a aplicação da situação da coisa, até isso a LINDB trata, para qualificar os 
bens e regular as relações a eles concernentes. Aplica-se a lei do país em que estiverem 
situados os bens. 
Imaginemos que um cavalo no Paraguai, que lá é considerado um bem imóvel, eles 
trazem esse cavalo para o Brasil. O cavalo é bem imóvel aqui? Não, porque ele é um ser 
movente, está situado. Então muda essa natureza jurídica do bem, a partir do local em 
que ele está situado, no local em que está localizado? Sim. 
 
2. Resumo do Tema 
 
1 - LINDB é uma lei de introdução às leis, pois contém princípios gerais sobre as todas as 
normas (não somente direito civil); 
2 - A razão de existência de uma lei de introdução ao ordenamento jurídico reforça a 
escola brasileira do civil law, de origem romano-germânica, segundo a qual a lei é fonte 
primária do sistema jurídico; 
3 - Toda lei é uma norma, mas nem toda norma é uma lei; 
4 - a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada, salvo previsão em sentido contrário (princípio da vigência sincrônica) e nos 
Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três 
meses depois de oficialmente publicada; 
5 - Ninguém pode deixar de cumprir a lei, alegando que não a conhece; 
6 - A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o 
fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
Domiciliado e onde a pessoa se estabelece com a sua residência e ânimo definitivo, 
residência, mais ânimo definitivo. E saiba que o Código Civil admite a pluralidade 
domiciliar. 
Então, a lei que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da 
personalidade, o nome, a capacidade civil e os direitos de família. 
 
 
 
 
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LINDB - ARTS. 20 a 30 
 
3- LINDB – arts. 20 a 30 
 
Ainda falando sobre a LINDB, agora, num contexto um pouco mais restrito, eu quero 
falar para vocês de algumas novidades e eu preciso te contar uma história. A história é 
a seguinte, há poucos anos, esse fenômeno é um fenômeno recente. Nós tivemos no 
nosso ordenamento jurídico, certo ou errado, condenações de altas autoridades 
políticos, empresários por grandes esquemas de desvio de dinheiro o que não é uma 
novidade em nosso país, infelizmente. Surgiu um contra movimento a essas punições, 
contra movimento, que desaguou na alteração da LINDB com a inclusão dos artigos 20 
a 30, tornando a punição do gestor público mais difícil. 
Agora, sabe o que é o problema? 
Essas normas do artigo 20 a 30 você mata o professor de Direito Civil. 
Isso tinha que estar na lei de improbidade, isso é direito administrativo. 
Por que colocaram na LINDB esse troço? 
Eu acho que eles pensaram assim: vamos colocar na lei de introdução porque isso aqui 
vai ter uma importância maior, vai ter uma hierarquia maior, vai estar no começo do 
ordenamento. Poderia colocar isso aqui em lei especial. Colocar na lei 8429. Botaram, o 
que que nós temos? 
Regras de direito público, regras de direito administrativo introduzidas na Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, para arrepio dos cabelos do professor de 
Direito Civil. 
Então é isso que está nesse contra movimento, lei 13.655 de 2018. Inclusive, quando ela 
estava tramitando, teve um parecer do Ministério Público Federal, contrário à sanção 
da lei 13.655 de 2018, que significaria um retrocesso na punição dos agentes públicos, 
que ela tornaria mais dificultosa a punição de agentes públicos que incorrer em erros. 
 
 
 
 
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Deram ouvidos pelo MPF? Não. A lei foi sancionada. E cá estamos nós nesses minutos 
falando, trazendo os principais aspectos dessa novidade legislativa que está dentro do 
decreto lei, mas não tem nada a ver com LINDB, mas está aqui dentro. Tanto que tem 
professores de administrativo que voltam nesse tema, mas eu vou trabalhar com você 
as principais características desses artigos. 
Você não vai ter non liquet aqui, não vou cruzar os braços. Nós vamosanalisar os principais 
aspectos. Tá certo? 
Então, temos um conteúdo legal e doutrinário, não deixe de ler esses artigos 20 a 30. Quando 
cai na prova, cai a redação legal. Até porque nós temos um problema da forma desses 
artigos, são artigos de enunciados muito extensos. Olha o tamanho do caput do artigo 
26., abre ai no 26. Tem uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, dez linhas. Você 
chega na última linha, isso aqui eu falo para os meus alunos da graduação, você chega 
na última linha e não sabe nem o que você tá lendo mais. Isso aqui é uma falta de 
técnica, isso aqui é um atecnismo. Boa redação é quatro linhas por parágrafo. Olha o 
tamanho desse troço, olha como os enunciados são grandes. Tá certo? Isso aqui é um 
horror. 
 
3.1. Lei nº 13.655/18 
 
Vamos lá, artigo 20, porque é o seguinte, o gestor público, ele pode ser fiscalizado e 
sancionado sobre três perspectivas. A esfera administrativa pensa em um prefeito, o 
prefeito ele pode ser fiscalizado pela Câmara de Vereadores, ele pode ser fiscalizado 
pelo Tribunal de Contas e ele pode ser fiscalizado pelo poder Judiciário, após provocação 
do Ministério Público ou de algum cidadão. 
Então, são as esferas administrativa, controladora, dos Tribunais de Contas do Estado, 
da União, dos municípios onde tem e há o controle judicial clássico. São essas esferas 
administrativa, controladora, e judicial. 
 
 
 
 
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Diz o artigo 20, nas esferas administrativa, a controladoria judicial, vai valer para o 
processo judicial? 
Vale. Não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos, sem que sejam 
consideradas as consequências práticas da decisão. 
A essa ideia de considerar as consequências da decisão, a doutrina tem chamado de 
consequencialismo decisório ou consequencialismo da imposição ou não de sanção ao 
gestor público. Esse é o tal de consequencialismo. 
O que ao declarar aquele contrato nulo, quais as consequências que isso gerará para a 
sociedade? 
Então, isso deve ser levado em conta e a motivação dessas decisões deverá demonstrar 
a necessidade e adequação da medida imposta ou da invalidação do ato, do contrato, 
do ajuste, do processo ou da nova iniciativa, inclusive em face das possíveis alternativas. 
O dever de motivação dessa decisão, na esfera administrativa, controladora ou judicial, 
você deve levar em conta também a necessidade e a adequação da medida da sanção 
que você quer impor. 
“Ah! Luciano, você está tornando dificultosa a punição do gestor.” Bingo! Bingo! 
Era isso que eles queriam? Sim, ou com certeza? 
É isso. São filtros, camadas que você tenta porque a crítica que eles fazem é que estava 
bem no ativismo judicial, muito grande na gestão pública. Aquela discussão de horas e 
horas. 
O dever de motivação das decisões judiciais está na Constituição. Não precisava falar 
em 93, IX da Constituição e essa decisão, também judicial ou controladora ou 
administrativa, deverá considerar as consequências práticas não abstratas. 
A alteração da Lei de Improbidade, embora não seja a minha área, ela também 
representa uma dificuldade na punição do gestor é o mesmo movimento. A Lei de 
Improbidade foi muito alterada. É o mesmo movimento que teve num primeiro 
 
 
 
 
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momento com 13.655, o refluxo de movimento contra a punição de gestores ou 
tornando essa punição mais dificultada. 
 
3.2. Demais aspectos 
 
Artigo 21, a decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a 
invalidação de um ato de um contrato, de um ajuste, processo ou norma, a iniciativa 
deverá indicar, de modo expresso, suas consequências jurídicas e administrativas. 
O juiz vai suspender o contrato de fornecimento, o contrato da concessão de 
recolhimento de lixo. O contrato foi feito sem licitação. Ele pode suspender o contrato 
pelo 21? Não. Por que quais serão as consequências? Vai deixar de recolher lixo. É isso 
que você tem que pensar. É isso que o 21 quis. 
No 22, na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os 
obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu 
cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados, do cidadão. Sabe como é que cai 
numa prova da CEBRASPE? Olha que maldade, cai essa redação e a alternativa errada era a 
seguinte. Era essa a redação. E o que tinha na parte final? 
Para mim, isso aqui não avalia conhecimento de ninguém, mas é o que estava na prova 
da CEBRASPE. Ela tinha o enunciado do 22, trabalhando LINDB e no final ela falava assim: 
Ainda que possa causar prejuízo ao administrado. 
E se você não prestar atenção, se você não tiver lido o 22, pode causar prejuízo? Não. Sem prejuízo 
dos direitos dos administrados. Então, por isso, mede o conhecimento? Nenhum, mas 
acabou de cair uma prova da CEBRASPE para você ver que esses artigos novos da LINDB 
cai em prova. 
 
 
 
 
 
 
 
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3.3. Aplicação de sanções – art. 22 
 
Demais alguns outros aspectos, aplicação de sanções, sanção pelo orgão fiscalizatório, 
sanção pela câmara, pela assembleia, sanção pelo poder judiciário também. 
Na aplicação de sanções serão consideradas natureza e gravidade da infração cometida, 
os danos que dela prover para a administração pública, circunstâncias agravantes ou 
atenuantes e o antecedente do agente. Ao gestor nunca teve nenhuma sanção. Isso 
deve ser considerado. E essas sanções aplicadas ao agente e ao gestor serão levadas em 
conta na dosimetria das demais sanções da mesma natureza e relativo aos mesmos 
fatos. 
Então, ele foi punido pela Câmara Municipal e isso deve ser considerado como 
abatimento lá na sanção penal, do 59 do Código Penal, por exemplo, deve ser levado 
em conta lá pelo mesmo fato. 
 
4- Outras considerações 
 
Traz critérios para você tomar a decisão com base em normas abstratas; 
A decisão deverá considerar as consequências jurídicas e administrativas; 
Na aplicação das sanções, serão considerados a natureza e a gravidade da 
infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, 
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente; 
Regras de transição para a tomada das decisão administrativa, judicial e 
controladoras; 
Autoridade poderá celebrar compromisso com particulares, após audiência 
pública; 
 
 
 
 
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O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões 
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro (art. 28); 
As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na 
aplicação das normas. 
O governador poderá celebrar compromisso com os particulares após audiência pública, 
chamar todo mundo para ouvir. Olha, quero fazer uma praça, quer alterar a forma da 
coleta de lixo, chama lá os moradores. Aqui é democracia. Isso está nos artigos 
introduzidos, compromissos com particulares após a audiência pública. Cuidado com o 
28. 
Olha a novidade, tudo é novo, o agente público responderá pessoalmente por suas 
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. O que saiu? A culpa. 
Se ele foi imprudente, se ele foi negligente ou se ele foi imperito, ele vai responder 
pessoalmente? Não. Artigo 28 - Dolo ou erro grosseiro. Sabe aquela regra do 37, VI da 
Constituição? A culpa não aplica para o gestor, não aplica para esse agente público aqui. 
Dolo ou erro grosseiro! Isso é novidade. 
E, por fim, uma outra grande novidade, as autoridades públicas devem atuar para 
aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas. Ativismo judicial vai devagar. 
Está certo? É um recado claro que decorre da Lei 13.655 de 2018. Não deixe de lê-la. 
 
5- Resumo do tema 
 
Resumo desse segundo grande tema de LINDB, a norma, como eu te disse, punição 
apenas em caso de dolo ou erro grosseiro. A possibilidade de audiência pública para 
tomada de decisões particulares. Consequencialismodecisório, artigos 21 e 22 do 
decreto lei. As regras de transição para tomar a decisão administrativa e o escopo, a 
finalidade, o aumento da segurança jurídica e fim. 
 
 
 
 
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Terminamos duas horas de LINDB para você. Se passou alguma informação, assiste de 
novo. 
Ficou alguma dúvida? Manda para o curso, manda para mim lá no Instagram. 
@LucianoMasson. 
Que 2023 seja o seu ano e lembre-se: ninguém pode botar tamanho no seu sonho. 
Ninguém pode dizer para você que você não é capaz, que você não será aprovado. Seja 
organizado, tenha disciplina, tenha paciência. Tenha foco e muito em breve você 
chegará lá. 
 
PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
6. Direito Civil 
Boa noite, pessoal! Boa noite! Sejam bem vindos! Hoje, dia 8 de fevereiro, 19 horas e 31 
minutos. Vamos entrar, vamos puxar a cadeira. A melhor aula de direito civil da sua vida 
está prestes a começar. Nosso segundo encontro, nosso segundo encontro. Oi, pessoal, 
tudo bem? Vamos entrar, vamos puxar a cadeira ao vivo, ao vivaço. Faço aqui, dia 8 de 
fevereiro, hoje é uma quarta feira. Vamos conversar um pouco de Direito Civil. Estou 
vendo Damaris. Oi, Damaris. Oi, Sérgio. Oi, Guilherme. Tudo bem? É um prazer vê-los. 
Não ouço vocês, vocês estão desligados, mas estou vendo. Já está... É muito bom. Vamos 
lá, vamos puxar a cadeira. Vamos daqui... As aulas estão sendo gravada. Tá? Então, 
quem perder, entra mais tarde. Oi, Lucas. Oi, Davi, Priscila, Aparecida, Francisco, 
Aguinaldo, Vinicius, Ana Paula Nogueira, Rodrigo, Damaris, Tarsila, Afonso, Natália, Davi. 
Obrigado, Davi. Arnaldo. Eu que sou fã de vocês! Heloísa e Juliana, Dulce. Vamos lá. 
O que que nós vamos conversar hoje? É o nosso segundo encontro. Deixa eu fechar aqui 
o chat. Ótimo! Chat fechado porque a aula tem que andar. O nosso segundo encontro, 
 
 
 
 
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a minha relatora do dia hoje, que eu estou vendo aqui, é a Damaris. Segundo encontro, 
Damaris, segundo encontro. Isso. 
Primeiro encontro, trabalhamos a LINDB decreto Lei 4.657 em 1942. Hoje... Turma, tá 
com som, viu, Gabriel. Todo mundo me ouvindo e me vendo, né? Ótimo! Então, Gabriel, 
dá aquela velha saidinha e entrada, viu, que se resolve. Hoje, nós vamos... Vou pedir pra 
fechar o chat, o chat vai ser fechado pra aula ter uma evolução boa porque tem muita 
gente na sala, graças a Deus, então, o chat fechado. Boa! 
Hoje, turma, o que que nós vamos ver? A nossa aula vai se dividir em três grandes partes: 
Princípios estruturantes do Código Civil, eficácia horizontal dos direitos fundamentais, 
também conhecido como direito civil condicional, e vamos mergulhar na parte geral 
falando da pessoa natural. Tá certo? Para quem não ouve o professor, favor, alterar a 
saída de áudio na setinha ao lado do microfone. É um recado para vocês, para quem não 
ouve. Tá certo? Então, três grandes assuntos hoje. O material já foi disponibilizado para 
você, os slides já estão disponíveis para vocês, para você fazer um bom uso deles. Ao 
longo, ao longo dessa aula de hoje, vou fazer referência à jurisprudência, vou fazer a 
diferença de doutrina, vou trazer um link de um artigo de apoio, de um assunto que está 
bombando no momento. Não sai daí. Daqui a pouquinho você vai ver qual é o assunto 
que está bombando no momento. Me senti o João Kléber, “Ó! Depois dos comerciais, o 
assunto que está bombando”. 
Vamos mergulhar na parte geral hoje. Vou compartilhar os slides já, imediatamente. 
Coloquei aqui e agora vou compartilhar. A Tamires, que é relatora, vai me dizer se está 
vendo e se os slides estão indo pra frente e para trás. Então, deixa eu começar a passar 
aqui. Indo pra frente e para trás, Tamires, os slides? Foi para o teu roteiro? Então, 
perfeito! Está visível, né? Ótimo, obrigado. Então, vamos lá. 
 
 
 
 
 
 
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7. Princípios Estruturantes do Código Civil 
Primeiro grande tema dessa noite. Princípios Estruturantes do Código Civil. O Código 
Civil, turma, é a Lei 10.406 de 2002. Um dos grandes pensadores do Código Civil é o 
professor Miguel Reale, e nós temos aquilo que a doutrina chama, cai em concurso 
público, de princípios estruturantes do Código Civil. São três grandes princípios, três 
grandes vigas mestras, sobre as quais foi pensado, sobre as quais foi estruturado o 
Código Civil de 2002. 
O que é um princípio? O princípio, ele é um conhecimento básico. O princípio é o 
conhecimento elementar de determinada área. O princípio, ele facilita a absorção do 
conhecimento. São normas gerais, abstratas em determinada área do conhecimento. 
Tanto que, quando conceito de qualquer matéria, qualquer ciência, antes de tudo, você 
faz uma abordagem principiológica porque você passa a conhecer os elementos 
estruturantes daquela área do conhecimento para, a partir dali você desenvolver o 
raciocínio. E aqui no Código Civil não é diferente. O Código Civil, Lei 10.406 de 2002, está 
na lousa, que o professor Miguel Reale, curiosamente, chamou da Constituição do 
homem comum. Então, ele deu esse nome para o Código Civil, embora de 2002 ele já, 
ele já tramitava há algum tempo, alguns anos. 
7.1. Concretude ou operabilidade 
O primeiro grande princípio, são três, são três grandes princípios estruturantes do 
Código Civil. O primeiro grande princípio é o princípio da concretude ou da 
operabilidade, concretude ou operabilidade. O legislador quis facilitar o manuseio do 
código. O legislador quis facilitar o entendimento das disposições espalhadas pelo 
Código Civil. Ele quis tornar o código mais próximo do cidadão, mais próximo do sujeito 
de direito. Então, essa ideia de concretude ou operabilidade. 
Temos dois grandes conceitos doutrinários, um do próprio professor Miguel Reale e 
outro da professora Lísia Carla. Professor Miguel Reale, quando ele fala desse princípio, 
 
 
 
 
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ele fala o seguinte, que ele representa a obrigação que tem o legislador de não legislar 
em abstrato para essa referência, ela é muito boa, para um sujeito perdido na 
estratosfera, mas quanto possível legislar por indivíduo situado. Legislar para o homem 
marido, para mulher enquanto esposa, atendendo os anseios, atendendo as 
necessidades sociais de cada um. Tornar o código de fácil manuseio, tornar o código de 
fácil entendimento. E aqui eu te dou dois grandes exemplos para você anotar que você 
vislumbra claramente a aplicação da ideia de concretude ou operabilidade. Primeiro, e 
aqui não é uma novidade desse código, a divisão do código em parte a parte especial 
que já é meio clássico dos diplomas. A segunda, para mim é a melhor, o melhor dos 
exemplos, é a concentração dos prazos prescricionais nos artigos 205 e 206. O código 
anterior, que era o Código de 1916, os prazos prescricionais, os prazos decadenciais, no 
código anterior, eles eram todos espalhados e misturados pelo código. Olha a 
preocupação que teve o legislador de 2002. Para facilitar o entendimento, vamos 
concentrar os prazos prescricionais nos artigos 205 e 206 do Código Civil. Logo, todos os 
demais prazos espalhados, quer pela parte geral, quer pela parte especial do Código, 
são prazos decadenciais. Então, essa é uma ideia de operabilidade do Código Civil. 
A professora Lísia Carla traz uma outra ideia de operabilidade que ela manifesta se esse 
princípio, segundo ela, no cuidado da comissão, a comissão redatora do código, é 
estabelecer, já na norma, soluções facilitadoras na sua interpretação e aplicação, 
notadamente quanto à precisão dos conceitos. Então, esse é o primeiro grande princípio 
estruturante do Código Civil. 
7.2. Socialidade 
O segundo grande princípio é o princípio da socialidade. Esse princípio, ele tem no seu 
DNA uma ideia de interpretação do Código Civil segundo a Constituição Federal. E aqui 
é preciso que você faça um exercício temporal. A Constituição, ela é de 1988. Ela é pré 
código civil. E o queacontece? A nossa Constituição, ela é pródiga na previsão de 
direitos, notadamente, direitos coletivos, direitos sociais, direitos que pertencem a 
todos nós enquanto sociedade. Então, a ideia, o princípio da socialidade, presta atenção 
 
 
 
 
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no que eu vou te falar, ele rompe com o individualismo do código de 16. No código de 
16, se você fosse proprietário de um bem, você poderia fazer em relação a esse bem o 
que bem entendesse. Ninguém tinha nada a ver com isso. O Estado não tinha nada a ver 
com isso. Tá certo? Agora, a socialidade não. Sempre que houver um conflito entre o 
interesse individual e o interesse coletivo, o interesse coletivo ou social se sobrepõe ao 
interesse individual. 
O que que é Socialidade? Ela busca minorar, limitar o individualismo. Por exemplo, você 
pega o direito de propriedade 1.220... Vou ler, vou abrir o artigo para você. 220... 1228. 
Artigo 1228 do Código Civil. Ele traz o direito real de propriedade. O parágrafo primeiro 
diz o seguinte: 
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas 
finalidades econômicas e sociais. 
Econômicas e sociais. E traz aqui uma série de, um norteamento para o Direito. O que é 
isso? O meu direito de propriedade não é absoluto. Imaginemos, isso já foi o caso do TJ 
de São Paulo, eu tenho um apartamento pequeno. Eu posso ter 30 gatos no meu 
apartamento? Lembra das relações de vizinhança, saúde, segurança, sossego? Se os 30 
gatos atrapalham as relações de vizinhança, eu não posso ter, não posso ter. Eu moro 
num condomínio. Imaginemos, pode, e é o outro caso que já foi para à jurisprudência 
condômino antissocial, ele pode andar nas áreas comuns seminu? Teve um caso desse 
que foi o Tribunal de Justiça de São Paulo que julgou. Não! Nossa, mas ele não é 
proprietário? Sim, mas o direito dele é minorado em benefício do interesse da 
coletividade. O que é isso? Princípio da socialidade. E você enxergar, ao longo do Código 
Civil, a função social dos institutos, o interesse coletivo do instituto. Veja, função 
socioambiental da propriedade, função social do contrato. Até o contrato, que é algo 
mais marcante no direito privado do que o contrato, até o contrato tem uma função 
social. 
Olha o que diz o 421 do Código Civil, a liberdade contratual, 421: 
 
 
 
 
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A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do 
contrato. 
Então, essa ideia de socialidade, função social do casamento, função social da família, 
função social das obrigações. Então, os direitos e valores coletivos, nesse segundo 
grande princípio, eles devem prevalecer, se sobrepor aos interesses individuais. Isso 
tem, como te disse, um DNA condicional, artigo terceiro da Constituição. Você pega, por 
exemplo, os objetivos da República. Promover o bem de todos para uma sociedade mais 
justa, mais solidária. Então, essa é uma ideia de socialidade. Como eu disse pra vocês, 
então, tal princípio trouxe para o código uma perspectiva diferente da adotada pelo 
código 16 que tinha uma visão um pouco mais individualista. O atual código objetiva 
limitar o individualismo. 
Antes de ir para o terceiro princípio, uma observação. Eu não falei no começo. Se você 
tiver alguma dúvida, se você tiver alguma dúvida quanto a algum aspecto da aula, você 
pode mandar para o curso Ênfase ou você pode tirar essa dúvida diretamente comigo lá 
no Instagram. O Instagram @luciano.masson. Muita gente tira a dúvida por lá também. 
Você tem esses canais, tira dúvidas. 
Então esse é o segundo grande princípio. 
7.3. Boa-fé objetiva ou eticidade 
Terceiro grande princípio é o princípio da boa-fé objetiva ou da eticidade. Dos três, esse 
parece pra mim que é ele, ele é o irmão mais famoso, a ideia de boa-fé objetiva ou 
etnicidade. O código, ele almejou definir padrões comportamentais, padrões éticos a 
serem cumpridos pelos sujeitos nas suas relações de direito privado. E aqui, muito 
cuidado, boa-fé objetiva, que é o relacionado a eticidade, são os padrões de 
comportamento, de lealdade, honestidade, de probidade, informação. Boa-fé objetiva 
não se confunde, eu já vi isso em prova, com boa-fé subjetiva. 
 
 
 
 
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A boa-fé sobre subjetiva, ela representa a ignorância, o desconhecimento acerca de 
determinada situação. Você desconhecer que pode, por exemplo, fruir de algum direito. 
A boa-fé subjetiva, ela é muito trabalhada lá na usucapião, na posse, que é a forma de 
aquisição originária da propriedade. Aqui, a boa-fé, esses padrões comportamentais é a 
boa-fé objetiva. 
Os professores Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves, eles trazem algumas ideias da boa-
fé objetiva pra nós, que é o terceiro grande princípio. Falou “Olha! Boa-fé objetiva 
pressupõe uma relação jurídica de duas pessoas impondo-lhes deveres mútuos de 
conduta, padrões de comportamento exigíveis de um profissional competente naquilo 
que se traduz como um bônus pater famílias e a reunião de condições suficientes para 
ensejar na outra parte um estado de confiança no negócio celebrado.” 
7.4. Boa-fé objetiva e suas funções 
A boa-fé objetiva, a doutrina quando trabalho, ela fala dessa forma. Ela pega o princípio 
da boa-fé objetiva ou eticidade e fala em funções da boa-fé objetiva. Então, cuidado se 
você ver isso em prova, funções da boa-fé objetiva. 
Primeira função, ela é critério para a interpretação dos negócios jurídicos. A boa-fé 
objetiva é critério para você interpretar os negócios jurídicos. O artigo 113 diz o 
seguinte: 
Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos 
do lugar e de sua celebração. 
Então, a boa-fé como critério para você interpretar os negócios jurídicos. 
Observação aqui. Cuidado! Artigo 113, 421-A, novo artigo 50 do Código Civil, foram 
alterados pela Lei 13.874 de 2019. Número da Lei, Lei 13.874 de 2019. Então, ela alterou 
113, ela alterou 50 do Código Civil, ela alterou o 421. Ataca ainda em prova a chamada 
Lei da Liberdade Econômica. Então, cuidado com isso. 
 
 
 
 
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Então, essa ideia de interpretar os negócios jurídicos, o Código Civil valoriza o 
comportamento leal, probo dos sujeitos. Que aquilo que a doutrina chama de deveres 
anexos ou laterais que, uma vez desrespeitados, geram a responsabilidade civil por 
violação positiva do contrato. Então, eu deixo nos nossos, nas nossas tratativas, eu deixo 
de dar uma informação importante. Eu silencio sobre um elemento essencial do nosso 
negócio. Isso é desonesto, isso é desonesto. Deveria trazer para o outro negociante 
todas as informações. Eu não dou essas informações. Eu não explico como manusear o 
produto adquirido, tá certo, como montá-lo e isso é deslealdade no trato das relações. 
Outra informação sobre boa-fé objetiva é a sua aplicação em todas as fases do contrato. 
Quando você pega o artigo 422, veja misturando muitos artigos com o 422, ele fala o 
seguinte, olha: 
Os contratantes são obrigados a guardar, assim, na conclusão do 
contrato como em sua execução, na conclusão do contrato, como em sua 
execução, os princípios da probidade e da boa-fé. 
Observação aqui também. Nós temos uma timidez do legislador porque essa ideia de 
boa-fé, você tem que, você tem que... Você... O contratante deve exercê-la nas 
tratativas. O que que é tratativa? Fase pré contratual antes mesmo de celebração do 
contrato e também na fase pós contratual. Ou seja, a boa-fé objetiva você aplica em 
todas as fases do contrato, fase pré processual, celebração do contrato, execução do 
contrato e pós-contratual. E é exatamente isso o que fala o enunciado 170 do Conselho 
da Justiça Federal, do CJF. 
Quer um exemplo? Olha que interessante isso! Boa-fé objetiva na fase pós contratual. 
Depois eu quero que você leia esse recurso especial que está no item 3 na lousa. Recurso 
Especial 1.149.998, Resp. STJ, 1.149.998. 
O que que aconteceu? O sujeito teveo nome negativado no Serasa, SPC, Serasa. Sabe o 
cadastro de maus pagadores? Teve o nome negativado por uma dívida devida, uma 
 
 
 
 
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dívida devida. E o que acontece? Depois de algum tempo ele cumpriu a obrigação, pagou 
a dívida. Sabe o que o credor fez de forma desonesta? Olha, esse sujeito me deu tanta 
canseira para receber que eu vou deixar o nome dele um pouquinho mais no Serasa, 
mesmo com a dívida quitada. Pode isso, Arnaldo? Não pode, não pode porque isso é 
desonesto. É você dolosamente, intencionalmente, gerar um prejuízo a outro quando a 
dívida que está cumprida. O que o STJ falou? Falou “Olha, uma vez cumprida 
integralmente a dívida, o credor tem cinco dias para retirar o nome do outro da 
negativação, sob pena de dano moral, viu, sob pena de dano moral.”. Sabe o que que é 
isso? Boa-fé objetiva na fase pós-contratual. Por quê pós-contratual? Porque o negócio 
já foi cumprido, o contrato já foi cumprido, a obrigação já foi extinta. Mesmo assim, ela 
tem a obrigação extinta, o pagamento, mesmo assim o que que subsiste? O dever de 
lealdade ou honestidade entre os contratantes. 
E a boa-fé objetiva, também ela serve como parâmetro para vedação ao ato emulativo, 
abuso de direito. Artigo 187. Diz assim pra nós o artigo 187: 
Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Então, esse é mais um que mais um recorte da boa-fé objetiva. 
 
7.5. Boa-fé objetiva e jurisprudência 
Eu trago uma jurisprudência pra vocês. Eu não vou ler toda a jurisprudência. É um 
julgado, dentre vários julgados, para você entender como a prudência tem enfrentado 
a questão da boa-fé objetiva. O que me interessa é a parte final desse acórdão do TJ do 
DF, que diz o seguinte, ainda falando da boa-fé objetiva, agora na jurisprudência, na 
doutrina, na lei e na jurisprudência. Para fechar o pacote. E diz o desembargador que, 
dentre os deveres que decorrem da boa-fé objetiva, o dever de cooperação que 
 
 
 
 
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pressupõe ações recíprocas de lealdade dentro da relação contratual que, uma vez 
descumprido, implicará o inadimplemento contratual de quem lhe tenha dado causa. 
Aquilo que é chamado de violação positiva do contrato. Já ouviu falar disso? Violação 
positiva do contrato é ofensa aos deveres anexos ou laterais que decorrem da 
observância da boa-fé objetiva. Essa violação é um ato ilícito que gera o dever de 
reparação. 
7.6. Eticidade e valorização do ser humano e sua dignidade 
A doutrina, ela faz um link também entre essa ideia de valorização do ser humano, da 
dignidade e da eticidade desejada. Ela fala que há uma ideia e, aqui, se você quiser 
anotar, alguns doutrinadores chamam isso de despatrimonialização do direito civil. Não 
fica bravo comigo. Não sou eu que dou esse nome, esses nomes de doutrina da, o 
legislador faz cair na prova e tem que explicar para vocês. Despatrimonialização do 
direito civil. O que é isso? O novo código, dentro dessa ideia de comportamento ético, 
honesto, ele objetivou a valorização do ser humano, a valorização da dignidade da 
pessoa humana colocando as coisas no seu lugar, ou seja, a subordinação do objeto em 
relação ao sujeito de direito à pessoa, ao titular de direitos. Então, é uma ideia de 
despatrimonialização com a valorização da conduta humana, da dignidade da pessoa 
humana e desses comportamentos éticos ou leais desejados pelo legislador. Tá certo? 
 
8. RESUMO DO TEMA 
Então, esse é o primeiro grande tema. Princípios estruturantes do Código Civil. Pra gente 
fechar só, princípios são elementos estruturantes de determinada área do 
conhecimento que facilitam seu aprendizado. 
Falamos do princípio da concretude, que objetiva a facilitação do conhecimento das 
regras. 
 
 
 
 
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O princípio da socialidade que no conflito de interesse social ou coletivo e o interesse 
individual, o interesse social se sobreporá ao interesse individual. 
E o princípio da boa-fé que são esses padrões comportamentais desejados pelo 
legislador que apresentam padrões de conduta e são chamados deveres anexos ou 
laterais. 
Esses são os três grandes princípios estruturantes do Código Civil. 
Posto isso, meus amigos e minhas amigas, nós vamos para o segundo grande tema dessa 
noite. Eu acho que você trabalhar os temas de forma compartimentada, assim, fica 
melhor para o entendimento. Então, a gente fecha esse primeiro grande tema. 
 
 
DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL 
 
Vamos para o segundo grande tema que quando eu começar a explicar, você vai, você 
vai linkar com essa ideia de dignidade da pessoa humana, direito civil constitucional que 
eu te, que eu te disse que são coisas que caminham de mãos dadas. Aqui, esse segundo 
grande tema da noite é o princí..., é a ideia do direito civil constitucional, também 
conhecido por alguns como eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
Então, esse é o segundo grande tema, que é a ideia de direito civil constitucional. Aqui 
ainda não mergulhamos na parte geral. Ainda não mergulhamos. Isso aqui é, tem que 
passar por isto para mergulhar na parte geral. Porque quando você começar a estudar 
o Código Civil, quando a gente fala ainda da função social dos contratos, da função social, 
do bem de família. 
Você vai, nossa, isso aqui é um princípio estruturante. Então você vê antes os princípios 
estruturantes para depois mergulhar propriamente nos institutos do Código Civil. Aqui 
eu preciso trazer um raciocínio para vocês, que é o seguinte: Até pouco tempo atrás e 
 
 
 
 
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nós estamos falando de uma história recente sempre se pensou no Direito como o 
direito em dois grandes grupos o direito público e privado. 
Tanto que até as cadeiras das faculdades de Direito, elas, elas, elas ainda se dividem 
dessa forma. Isso aqui é cadeira de direito público, isso aqui é direito privado, com as 
ramificações, onde você alocaria o direito civil? Qual caixinha? Você colocaria o direito 
civil? Na caixinha do direito privado ao lado do direito empresarial ao lado do CDC, 
enfim, você colocaria na caixinha do direito privado. 
Ocorre que, a partir da Constituição de 88, passou-se a enxergar. E aqui, no que toca ao 
direito civil, que é o nosso objeto de análise. Que o direito civil não pode ser entendido 
sem uma lupa constitucional. O direito civil ele tem zonas de intersecção com o direito 
constitucional, direito constitucional e direito civil não são dois mundos totalmente 
apartados. 
Direito civil. Direito Constitucional não é água e óleo. A essa, a esse entendimento do 
Direito Civil com a lupa segundo os princípios, princípios constitucionais, a doutrina dá 
o nome de 
 
9. Direito Civil Constitucional, também conhecido como eficácia horizontal dos 
direitos fundamentais 
 
Então, veja, não são dois ramos absolutamente separados. E eu te dou um exemplo: 
Sabe o direito de família ou direito das famílias, quer algo mais clássico do direito civil 
do que gente família? temos aqui no Código Civil o direito de família ou para aquele, a 
professora Maria Berenice Dias chama direito das famílias, que é um conceito mais mais 
arrojado. 
O direito de família, sabe onde você tem princípio de direito de família? No 226 da 
Constituição Federal, no 226 da Constituição. Está lá dentro. Falando do divórcio, 
Emenda Constitucional 66 alterou o 226 gerou reflexo na separação judicial. A união 
estável está no 1723 do Código Civil, mas está no 226 da Constituição Federal. 
 
 
 
 
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Então, não tem como você imaginar entender o direito civil mais como dois, como 
absolutamente apartado do direito constitucional. Então a isso você dá um primeiro 
nome de eficácia horizontal dos direitos fundamentais. O que é isso? As relações 
contratuais de direito defamília, associativas, ou seja, particulares em geral 
disciplinadas pelo Código Civil, lei 10.406. Devem ser interpretadas e limitadas à luz dos 
direitos fundamentais disposto na Constituição Federal te dou um outro exemplo: o bem 
de família, o bem de família. 
Um dos regimes jurídicos do bem de família é a lei 8.009 de 90, lei 8.009 de 90 que 
despenca em concurso se sabe o que está por trás do bem de família? a proteção da 
dignidade da pessoa humana, a proteção da família que tem regulamentação 
constitucional, o direito fundamental social à moradia que está no artigo sexto da 
Constituição Federal. 
Então, veja, é você interpretar, entender os institutos de direito privado, direito civil à 
luz da Constituição Federal ou aquilo que nós chamaremos de 
1. zonas de intersecção 
Código Civil, Constituição Federal. Até porque, diz a doutrina que os 
● atos jurídicos em geral, como esses atos disciplinados pelo direito civil, eles não 
podem contrariar a ordem pública, não podem ir de encontro à Constituição 
Federal. 
Então, essa é a primeira ideia. Essa é uma ideia embrionária. E ela foi , ela, ela vem sendo 
redefinida, então a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Se perguntarem pra 
você, doutor, o que é eficácia horizontal de direitos fundamentais? Excelência é a 
interpretação dos institutos do Código Civil de direito privado à luz da Constituição 
Federal, à luz da dignidade da pessoa humana. 
Entender que ambos têm zonas de intersecção, está certo? 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9.1 Na doutrina 
 
Mais dois grandes doutrinadores que falam dessa ideia de eficácia horizontal ou do 
direito civil constitucional. O primeiro deles a gente vai falar de 
● Flávio Tartuce, que diz que essa ideia de eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais, 
gente, Flávio Tartuce, existe muita gente boa em Direito Civil, mas aí você vê Flávio 
Tartuce falar de alguma coisa, para para escutar que que você estiver vivendo lá no jus. 
Nesses sites, que tem artigo tem muita gente boa. Você vê um artigo do Flávio Tartuce 
para para ler, está no YouTube, tem uma palestra do Flávio Tartuce para para dar uma 
olhada, em Direito Civil, existem outros também, evidentemente. Ele é um dos grandes 
nomes no direito civil da atualidade. Tem uma palestra dele sobre incapacidade civil, 
interdição, uma palestra de uma hora e meia no YouTube também, que é uma palestra 
assim belíssima. 
Salvo engano, é um curso que ele deu no STJ. Tem uns três, quatro anos também, então 
sempre que você ouvir, falou Flávio Tartuce por Direito Civil para dar uma lida porque 
vale a pena. Então, o que o Flávio diz sobre a eficácia horizontal do direito fundamental? 
Ele falou: olha, ela implica a aplicação de princípios constitucionais que protegem a 
pessoa humana nas relações entre particulares. 
E ele busca um fundamento na Constituição também. O outro falou: Olha, um 
fundamento para você fazer essa simbiose, o artigo quinto primeiro da CF da própria 
Constituição, que diz que as normas que definem os direitos fundamentais têm 
aplicação imediata e vou além e se aplicam a todos os institutos. Então, essa é uma ideia 
que o Flávio Tartuce traz para falar de eficiência horizontal. 
● O professor Paulo Lobo, ele, ele trouxe para vocês, ele já está, um recorte mais 
histórico. Ele fala: Olha, essa ideia de constitucionalização do direito civil no 
Brasil ele é um fenômeno proveniente da migração de princípios fundamentais 
do direito civil para a constituição, que é uma ideia que já desde a Constituição 
de trinta e quatro. Ele fala apenas da década de 90, passou a ser, então a partir 
 
 
 
 
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de então veja que não é um fenômeno muito antigo, apenas da década de 90 
passou a ser estudado de modo sistemático pela doutrina, irradiando-se para 
aplicação pelos tribunais. 
● Função, você falar em função sócio ambiental da propriedade também é uma 
ideia de eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Está certo?! Porque a ideia 
de propriedade, a ideia de função social da propriedade, está na Constituição, 
está no artigo quinto da Constituição. Está ali, a partir do artigo 182 da 
Constituição Federal. 
Então, quando se fala em função sócio ambiental da propriedade, também é você 
enxergar essa ideia de eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
● O ministro Joaquim Barbosa, antigo ministro do Supremo Tribunal Federal, 
também já falou dessa constitucionalização que ele fala que essas relações 
privadas não se acham inteiramente fora do alcance das limitações impostas 
pelos direitos fundamentais. 
Então, é muita gente falando sobre isso e eu trago para vocês esse aqui é o para casa, 
três grandes 
 
9.2 Decisões do Supremo Tribunal Federal 
 
Aplicando a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, ou seja, aplicando a 
interpretação dos institutos do direito privado à luz da Constituição Federal existem 
outros, está certo?! Existem outros precedentes no âmbito do STF, mas eu trago três 
para vocês, três recursos extraordinários. 
Depois, leia com calma para casa antes de dormir, para você dormir bem. Está certo?! 
Você lê lá um recurso extraordinário, você lê lá um enunciado. Está certo? Você dorme 
bem. Está certo? 
Então, vamos lá, 
 
 
 
 
 
 
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9.2.1. Primeiro recurso extraordinário 
 
Esse eu acho que é o leading case, esse é o primeiro caso, salvo engano. 
Recurso Extraordinário 158.215, determinou a observância do direito e a 
ampla defesa na exclusão de um associado de uma cooperativa. 
O que aconteceu? O sujeito ele era associado a uma associação, o que é uma 
associação? Uma pessoa jurídica de direito privado e ele foi excluído sem qualquer 
direito de defesa. O Supremo mandou garantir a esse associado garantindo o 
contraditório e a ampla defesa, contraditório e ampla defesa estão no artigo 5° da 
Constituição. Então, uma primeira ideia dessa eficácia horizontal. 
 
9.2.2. O segundo caso, recurso extraordinário 161.243 
 
Ele tem uma pegada trabalhista que o Supremo determinou a 
aplicação a empregados brasileiros do estatuto de uma empresa que 
previa benefícios a empregados de nacionalidade francesa. Em 
homenagem à isonomia, 
o que acontecia? A empresa ela ofendendo a isonomia, isonomia é artigo 5° caput da 
Constituição. Ela pagava os seus funcionários na mesma função, de acordo com a 
nacionalidade. Tal era uma empresa francesa ela pagava aos funcionários franceses de 
forma melhor do que os funcionários brasileiros na mesma função. Pode isso, Arnaldo? 
Não pode, isso é ofender a isonomia. É você tratar os iguais de forma desigual. O 
Supremo falou nananina não empresa, paga os funcionários brasileiros da mesma forma 
que você paga os funcionários franceses, está certo? Foi isso decidido no segundo caso 
e 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9.2.3. O terceiro caso 
 
Para a casa que ele tem, ele tem mais ou menos uma, a mesma linha do caso um, recurso 
extraordinário 201.819. O Supremo Tribunal Federal. São recursos extraordinários. Ele 
interveio sobre uma relação privada para garantir também o 
contraditório e a ampla defesa. A exclusão de um sócio da chamada União 
Brasileira de Compositores, que é uma sociedade civil sem fins lucrativos, 
então, olha, pode excluir, mas garante o contraditório e a ampla defesa 
para esse sujeito. Recurso ordinário 201.819. Eficácia horizontal dos 
direitos fundamentais. 
Aí sabe que o legislador, o doutrinador, faz?! Não fica bravo comigo eu te falei eu sou só 
o portador das informações. O doutrinador que gosta de dar nomes para as coisas gosta 
de complicar as coisas. Ele criou a 
 
10. Eficácia vertical 
 
Então, a gente estava falando da eficácia horizontal. Ele criou a eficácia vertical dos 
direitos fundamentais e criou a eficácia diagonal dos direitos fundamentais. 
Então tem, se você teve aula até, disso atéuns cinco anos atrás, você parava na eficácia 
horizontal. Criou a vertical, que, na verdade, ele deu nome para algo que já existia. E 
criou a horizontal, também conhecida como diagonal. Tá certo?! E eu vou trazer para 
vocês a culpa não é minha mas você não vai ficar sem essa informação. Ficou certo? 
Então, a eficácia horizontal acabamos de ver. 
Eficácia vertical dos direitos fundamentais são, nada mais é e aqui nós, a explicação é 
simples, é a oponibilidade dos direitos fundamentais em relação ao Estado, numa 
relação de hierarquia, numa relação de subordinação, veja, eu estou na minha casa, 
você está na sua ou no seu escritório, o Estado, um agente policial não pode agora entrar 
na sua casa, no nosso escritório, sem um mandado judicial salvo o flagrante, ele não 
pode entrar aí dentro, sabe o que é isso? 
 
 
 
 
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É a inviolabilidade do direito à privacidade do seu domicílio, da sua intimidade. O Estado 
não pode tomar o meu celular sem um processo de desapropriação. O Estado não pode 
tomar o seu apartamento sem um processo de desapropriação. Sabe o que é isso? Eu 
vou se opor em relação ao Estado a tutela de direitos fundamentais próprios, a sua 
honra, a sua imagem, a sua propriedade, a sua vida privada. 
Isso nada mais é do que eficácia vertical dos direitos fundamentais é oponibilidade em 
relação ao Estado, numa relação de hierarquia ou subordinação relacionada aos limites 
impostos ao Estado, inviolabilidade da intimidade da vida privada, a doutrina gostou da 
eficácia horizontal, falou, então isso aqui é eficácia vertical está certo?! Então, essa é a 
tal da eficácia vertical do direito, lembra, a oponibilidade em relação ao Estado na tutela 
de direitos. 
Isso aqui tem muito mais a ver com o direito constitucional do que com o direito civil é 
que só para um raciocínio nosso não ficar, só para fechar. Eu já que estou falando da 
horizontal, eu falo da vertical e vou falar da diagonal também. E por fim, o que seria essa 
 
11. Eficácia diagonal ou transversal dos direitos fundamentais? 
 
Essa aqui caiu numa prova de delegado de primeira fase não faz muito tempo. 2018 eu 
acho, caiu uma questão sobre esta em Direito Civil, numa primeira fase para delegado, 
aí você pensa tudo a ver com o exercício da função do delegado, saber sobre eficácia 
diagonal ou transversal, mas saiba que ela existe. E qual que é a ideia aqui? O professor 
Tiago Fensterseifer meu colega defensor público em São Paulo, ele traz uma ideia boa 
para ela: olha, eficácia diagonal ou transversal ela foi utilizada em um primeiro momento 
para você trabalhar relações privadas em que os sujeitos relações privadas de 
particulares, de sujeitos que estão em uma situação de desigualdade então sabe o que 
ele diz? Olha, a ideia de eficácia diagonal ou transversal de oponibilidade de direitos 
fundamentais foi pensada num primeiro momento, nas relações trabalhistas, relações 
trabalhistas, que é uma ideia de desigualdade entre o patrão e o empregado. Então, 
 
 
 
 
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entre particulares, não é em relação ao Estado mais, entre particulares e há uma 
desigualdade entre eles. 
Aí, qual é o gancho que eles falam? Esse mesmo raciocínio dessa eficácia, essa 
oponibilidade transversal ou diagonal dos direitos fundamentais esse mesmo raciocínio, 
você pode aplicar onde? nas relações de consumo, no Código de Defesa do Consumidor. 
Concorda comigo? Porque há uma ideia de desigualdade econômica, técnica, 
informacional entre o fornecedor e o consumidor. Então, você pode pensar nessa 
oponibilidade de direitos fundamentais diagonal ou transversal na relação do 
consumidor e do fornecedor no Código de Defesa do Consumidor. Lei 8.078, de 90. 
Última informação quando a gente fala direito civil constitucional. Isso aqui é muito 
interessante pra você entender a origem disso, porque a gente viu os precedentes do 
Supremo. A gente falou de eficácia horizontal, vertical e diagonal. E quando você pega 
os acórdãos ou para quem estuda sobre isso, principalmente quem fala muito de, o 
ministro Gilmar Mendes, por exemplo. O ministro Gilmar Mendes, ele tem uma pegada 
bem do direito alemão. Eles buscam no famoso 
 
12. Caso Luth 
 
Você tem. E qual que é a ideia? É um caso. E eles buscam um parâmetro aqui, isso aqui 
é no direito internacional. É um caso que ocorreu na Alemanha na década de 50, que 
era um caso de um caso de boicote a uma obra, um a um filme que na época foi 
divulgado na Alemanha e ela era ali, foi difundida, isso aqui nós estamos no contexto do 
nazismo na época do filme. E esse, esse filme ele sofria um boicote e o sujeito é, o 
tribunal de Hamburgo ele tira o boicote. Ele fala que não, que você não poderia boicotar 
o filme. O filme que está em alemão não me furto falar essa palavra. 
Quem souber alemão fica à vontade. E esse caso ele chegou na corte constitucional 
alemã. E a corte constitucional ela deu provimento à possibilidade do boicote. E ela, e 
ela falou: Olha, embora essa ideia seja um campo do direito privado, você deve 
interpretá-lo segundo valores fundamentais, segundo direitos fundamentais. Mesmo 
 
 
 
 
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quando a pauta assistir ou não o filme boicotar ou não o filme seja uma relação 
claramente de direito privado. 
Então, esse é o grande leading case no direito alemão. E por que eu te falo isso? Porque 
quando você pega os acórdãos do Supremo, alguns deles falam do caso Luth, que é 
exatamente isso. O grande leading case na aplicação da eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais. Muita gente bebe nessa fonte. Está certo? E agora pode cair na tua prova. 
Tomara que caia. Isso aqui é cara da questão do MPF, Procurador da República, eles 
adoram esses negócios. Mas o estatuto é federal. Então, se cair, é isso aqui. E tem tudo 
a ver com eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Assim, turma, nós terminamos 
o segundo grande tema. 
 
13. Resumo 
 
Então, nós falamos da 
1) eficácia horizontal dos direitos fundamentais que é a aplicação da Constituição 
dos institutos do Código Civil à luz da Constituição. 
2) Falamos da eficácia vertical dos direitos fundamentais, que é a oponibilidade dos 
direitos fundamentais em relação ao próprio Estado. 
3) Falamos da eficiência diagonal, que são as relações, as relações entre 
particulares quando houver uma que eles não tiverem uma situação de isonomia 
e o 
4) Caso Luth e o tribunal alemão. 
Esse é o segundo grande tema da noite. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PESSOAS NATURAIS 
 
14. Apresentação e considerações iniciais 
 
Terceiro grande tema. Agora mergulhamos de cabeça no Código Civil. Tudo o que tinha 
de princípios, ideias, eficácias, leituras e interpretação vimos. Quer falando de LINDB, 
aula passada, quem perdeu assiste, quer falando de princípios estruturantes e eficácia 
horizontal, vertical e diagonal dos direitos fundamentais. 
 
15. Estruturação da parte geral 
 
Agora, nós vamos mergulhar no Código Civil. Parte geral, Lei 10.406, de 2002. 
Como é estruturado a parte geral? 
Fiz aqui uma estrutura. Quis fazer um esqueletinho para você. Como é a parte geral do 
Código Civil? 
Pessoa natural. Artigos 1º a 39º. 
Pessoa jurídica. Artigo 40º ao 69º. Olha que interessante, o Código se preocupou até o 
artigo 69, isso tem uma lógica, com os grandes sujeitos de direito, os grandes titulares 
de direito, que são as pessoas naturais e as pessoas jurídicas. 
Depois, na parte geral, artigos 70º a 78º, nós temos o domicílio. 
Ele fala dos bens na parte geral do 79º ao 103º. 
Fatos e negócios jurídicos, 104º a 188º. 
Depois, 189º ao 21º, prescrição e decadência. 
E no último assunto da parte geral do Código Civil, da prova, artigo 212º a 232º. A parte 
geral do Código Civil tem disposições sob prova. 
Então esse é um esqueletinho da parte geral do Código Civil. Nós vamos, se Deus quiser, 
passar por todosesses tópicos. Todos esses tópicos. Seu caderno, suas anotações, eles 
ficaram muito bons, muito bons. Eu não tenho dúvida. Pelo menos assim, espero, 
 
 
 
 
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desejo, que você saia do nosso curso, das nossas aulas, num outro patamar, no 
conhecimento do direito civil. 
16. Da pessoa natural 
 
Então, pessoa natural. 
 
Artigo 1º, 
 
Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem jurídica. 
 
Animal é sujeito de direitos? Resposta, não. Não negando a importância dos 
animaizinhos, dos pets na nossa vida. Hoje, quando você confronta o artigo 1º, toda 
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Toda pessoa humana. Então, de vez 
em quando você lê que o macaco que entrou com mandado de segurança. Leram essa 
pataquada? Macaco entrou com mandado de segurança. Pede para o dono da arte 
explicar isso à luz do artigo 1º. Fala meu amigo explica, o que você fez? Ou os gatinhos 
que entraram com uma ação possessória. Sabe o que é isso? O papel aceita tudo. Eu 
chamo esses negócios de aventuras jurídicas. Como é que você explica? 
Eles são, veja, não ser titular de direitos não significa que eles não mereçam a proteção 
jurídica. Agora, veja a proteção dos animais lá no zoológico, você tem outro, você os 
legitimados a isso. Pessoas jurídicas. Pessoas naturais. Uma ação popular você pode até 
dependendo do caso. Agora, o próprio, enquanto não fizer uma alteração legislativa, 
não. Então toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem jurídica. Pessoa natural 
e mais para frente no código, a pessoa jurídica. 
E quando que nós temos o start? Quando que começa, quando tem início essa aptidão 
para ser titular de direitos e de obrigações? 
Esse start, esse início, é a personalidade civil e o artigo 2º diz para nós, ó, 
 
 
 
 
 
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Personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Daqui a pouco a gente vota nisso porque a grande celeuma, hoje, no direito civil, está 
aqui nessa parte final do artigo 2º. E eu vou te explicar por quê? 
Então, o que essa personalidade, veja, o artigo 2º, exige viabilidade jurídica para ter 
personalidade? Não. Vai nascer, vai viver poucos dias. 
Tem personalidades? Tem. Respirou, foi separado do ventre materno, nasceu? Teve 
personalidade. Ou também a forma, precisa ter uma forma humana pré-definida 
clássica? Não, nasceu, respirou, teve personalidade, teve, contraiu direitos. Está certo. 
Então, o que é essa personalidade jurídica definida pelo artigo 2º, 
 
É a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em 
outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direitos. 
 
Quem fala isso é o Stolze e o Pamplona, que também são referências no direito civil. 
Nascimento com vida a ressalvadas os direitos do nascituro. Material genético 
congelado, embrião genético congelado, não tem personalidade. Não foi, não é o 
nascituro. 
Quem é o nascituro? É o ser concebido no organismo feminino. Está certo? Com a 
concepção do material genético masculino e feminino, este é o nascituro, é o produto 
da concepção no ventre materno. Aquele que está lá, congelado, o embrião congelado, 
ele não é nascituro, logo, ele não tem personalidade civil. Porque é até um contrassenso 
você pensar daqui a pouco, né, não pode nem descartar, porque tem o direito à vida do 
embrião. 
 
Uma vez adquirida a personalidade desse nascimento com vida, o sujeito 
passa a ser titular de posições jurídicas, praticando ato de negócios 
jurídicos. 
 
 
 
 
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Veja, se for menor de idade, representado ou assistido. Está certo, mas ele passa a poder 
usufruir de posições jurídicas. 
 
17. Teorias que explicam o início da personalidade (Teoria concepcionista, mista e da 
personalidade condicional) 
 
Aí, a partir desse artigo 2º, a coisa começa a ficar boa porque surgem três grandes 
teorias. 
Porque, você concorda comigo, seu código deve estar aberto, se a redação fosse a 
seguinte, olha, vamos raciocinar. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento, 
com vida, ponto. Começa do nascimento com vida, ponto. 
Se a redação do artigo 2º fosse essa, teoria natalista, clássica, clássica, teoria natalista 
clássica. Mas o bicho pega porque você tem a redação do artigo 2º, e não para aí. Então 
você tem três grandes teorias, três grandes teorias que explicam o início da 
personalidade, notadamente no que toca ao nascituro. 
De baixo para cima. 
A terceira teoria, chamada Teoria da personalidade condicional, o nascituro é uma 
pessoa sob condição suspensiva. Precisa de um evento futuro e incerto, que é o 
nascimento com vida para que, aí, sim, ele passe a ter direitos. 
A segunda teoria, que tem a grande professora Maria Helena Diniz como uma das 
pensadoras, chamada teoria mista. Professora Maria Helena Diniz, ela faz uma divisão. 
Ela fala em personalidade jurídica material e personalidade jurídica formal. Olha, 
personalidade jurídica material dependente de nascimento com vida. A personalidade 
jurídica formal, a pessoa tem desde a concepção, que é a proteção de alguns direitos ao 
nascituro. Como a vida, direitos como a vida. 
E a primeira teoria que é a teoria que o STJ tem se inclinado, é a chamada teoria 
concepcionista, que diz que o nascituro é sujeito de direitos, e alguns direitos. Pois a 
personalidade se iniciaria da concepção. 
 
 
 
 
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A teoria concepcionista ela é ampliativa. Ela amplia a tutela de direitos da personalidade 
ou do início da personalidade, lá para o nascituro, que é o produto da gestação no ventre 
materno. Se você for analisar o artigo 2º, a ferro e fogo, e eu não deixo de, embora seja 
teoria aplicada, ela me parece que o STJ vai além do artigo 2º. Ou você tem um problema 
de redação no artigo 2º, o que precisaria ser alterado. Ou você, o STJ, ele supre essa 
timidez legislativa. 
De toda forma, STJ, Teoria Concepcionista. O nascituro é titular de alguns direitos. 
Dois grandes julgados do STJ que adotam a teoria concepcionista. Agravo em recurso 
especial 150.297. Recurso especial 1.415.727. Nascituro é titular de alguns direitos. 
Os dois casos, um deles é o caso da ofensa à personalidade do nascituro. Tem um caso 
que chegou no STJ, é o caso do comediante. O comediante ele fez uma piada ofensiva à 
honra de uma mulher grávida. Não dá nem para repetir o que ele falou. Ele numa tacada 
só, ele ofendeu a honra da mulher e a mulher estava grávida e ofendeu a honra do 
nascituro. 
Sabe o que o STJ falou? O nascituro tem a personalidade jurídica protegida. Então 
haveria a possibilidade de reparação do dano. E tem o segundo caso. O que é isso? 
Teoria concepcionista. 
E tem o segundo caso, que é o caso do seguro DPVAT. A indenização também abarcou 
o nascituro. Teoria concepcionista. 
Então veja, só artigo 2º, já dá essa discussão toda. 
 
18. Questão extremamente polêmica 
 
E aí, meus amigos, essa é a polêmica do momento. Não sei se vocês já leram sobre isso, 
que é o seguinte. 
Em alguns casos de abortamento legal ou aborto legal, porque veja, existe o aborto legal 
que é lá no 128, no Código Penal naquelas hipóteses. Em alguns casos, alguns juízes eles 
estão nomeando curador especial para a tutela do nascituro. 
 
 
 
 
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Porque para você entrar com um alvará judicial para realizar o aborto, a mulher 
naqueles casos que são trazidos no Código Penal, você precisa de um alvará judicial em 
alguns casos. Uma autorização judicial. E alguns juízes eles estão nomeando dentro 
dessas ações curadores especiais para a proteção dos interesses do nascituro. 
O que acontece, faz dois dias, um aluno me mandou uma mensagem e o aluno ele está 
no exame oral da Defensoria Pública do Ceará, exame oral da Defensoria Pública do 
Ceará. E ele me mandou mensagem, Luciano, os colegas falaramque está sendo 
perguntado sobre isso, no oral, sobre a nomeação de curador especial para o nascituro 
nas ações de alvará judicial para o aborto. 
O que acontece, nós vamos aprofundar aqui. Eu preciso que você tenha esse 
conhecimento, que é o seguinte. 
A curadoria especial ela é trazida no artigo 72, do Código Civil, artigo 72, do Código Civil. 
Quem exerce a curadoria especial? A Defensoria Pública. Em casos que nós, em que se 
chamam casos de vulnerabilidade processual para garantir o contraditório, para garantir 
a ampla defesa. Então você tem a curadoria especial. E qual que é a discussão? Se, a 
despeito da redação do artigo 72, se, a despeito da redação do artigo 72, se o nascituro 
deve ou não ser defendido pela Defensoria Pública nessas ações em que se pede o 
aborto legal, nesses alvarás judiciais. 
Esse negócio vai dar pano para manga porque é o seguinte. Vamos aos fundamentos 
jurídicos. 
Primeira coisa que você tem que fazer aqui, você tem que se despir de qualquer 
discussão política, porque é um assunto que a pitada política não cai bem aqui, a nossa 
análise é jurídica. Mesmo esse artigo que é muito bom, esse artigo que você deve ler, 
são mais de 40 páginas. Esse artigo é muito bom, mas o que eu não faria, eu recortaria 
as críticas políticas. Quando você começa a ler, o autor começa a falar mal de deputado, 
você vê que ele começa a vestir uma carapuça, sabe? E eu acho que isso dá até uma 
preguiça de ler em alguns momentos. Mas o artigo é bom, com todas as vênias tirando 
esses recortes políticos. 
 
 
 
 
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O que acontece, o 72, prevê a curadoria especial do nascituro? Resposta. Não, não 
prevê. 
O STJ, ele vem adotando a teoria concepcionista? Vem adotando. 
O nascituro é titular de direito? Só para voltar, aqui os direitos, ele é protegido no 542 
do Código Civil. Quando você fala de alimentos gravídicos, você fala da proteção do 
nascituro. 
Quando você restringe, quando você tipifica o aborto, tipificação penal do aborto, sabe 
o que é isso aqui? Proteção do nascituro. 
Então, a despeito da redação do artigo 72, há uma lógica, na minha humilde opinião, em 
você nomear curador especial para o nascituro. Sabe qual é o problema? O que me 
preocupa, porque, você, se a gente está falando de teoria concepcionista, parece claro. 
O que me preocupa é o confronto quando você confronta esse interesse em relação a 
uma mulher, por exemplo, vítima de estupro. Que quer o alvará judicial para abortar. 
E aí? Porque não é só você nomear o curador especial, é você levar em conta os 
argumentos dele. Pode chegar o momento de uma decisão de um juiz que, afastando a 
hipótese do aborto legal. Por que, o que você tem? O interesse da mulher vítima de 
estupro, por exemplo, em relação aos interesses do nascituro. 
É uma discussão extremamente polêmica, extremamente polêmica, extremamente 
delicada. Extremamente delicada. Quando você pega o artigo, ele fala de tratados 
internacionais de proteção ao nascituro. O artigo juridicamente falando, ele é um artigo 
muito bom. Ele te traz fundamentos, pelo nome, pelo título, qual que é a posição dele? 
Pela nomeação de um curador ao nascituro. A insustentável pretensão de negar curador 
ao nascituro. 
Juridicamente tem como você defender isso? Tem como. 
Agora, o que preocupa? E a mim me preocupa? É se disse isso vira “festa do caqui”, e a 
juizada começar a indeferir o aborto legal. E você ter que subir para ir pro Supremo, para 
o STJ, porque o aborto legal, não sei se você se lembra, estupro, anencefalia, são 
situações gravíssimas, risco à gestação, risco à vida da mulher. Porque não é só curador 
 
 
 
 
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especial ao nascituro, é você confrontar os interesses e no final da sentença, um se 
sobrepõe ao outro. Tá certo? 
Então isso aqui tá caindo em prova. Está sendo cobrado. Eu quero que você leia 
juridicamente é um belíssimo artigo. 
Esse artigo tem dois dias. Esse artigo tem dois dias. Franklyn Roger já escreveu algum 
outro artigo também. 
Essa é a grande questão. 
Pela teoria concepcionista, sim, é viável, é viável. Agora, o que virá para a frente? Vamos 
aguardar, porque é uma discussão que ela transborda a abordagem jurídica. Você está 
me entendendo, ela vai para um viés político ideológico. Aí fica ruim, porque aí você, 
enquanto é argumento jurídico, a gente conversa sobre isso, agora quando vira viés 
político ideológico, aí, muita gente esquece do argumento jurídico e vira uma loucura. 
Está certo. 
Posto isso, não deixo de ler. São 40 páginas para você formar a sua opinião, porque isso 
aqui vai cair em prova. Tem projeto de lei querendo disciplinar isso. Tem projeto de lei 
querendo vedar isso. Tá certo. Agora, é o assunto que está na grande pauta do dia em 
relação ao nascituro. 
 
19. Questão 
 
Questão de concurso, que eu sei que você gosta. 
 
Falando sobre personalidade jurídica, vamos lá. 
 
QUESTÃO 
Como caiu em prova: (Banca: CESPE. Órgão: STM) Com a maioridade civil, 
adquire-se a personalidade jurídica ou a capacidade de direito, que 
consiste na aptidão para ser sujeito de direito, na ordem civil. 
 
 
 
 
 
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Assertiva Certa ou errada? 
 
Porque, ao lado da capacidade de direito, você tem a capacidade de fato ou de exercício. 
É com a maioridade civil, que adquire-se a personalidade jurídica? 
Certo ou errado? É isso que diz o artigo 2º? Resposta, não, está errado. Para você não 
confundir, a personalidade jurídica inicia-se do nascimento com vida. Esse start você 
chama de capacidade de direito. Como eu te disse. 
A capacidade de fato ou de exercício é aquela que o sujeito sozinho praticar atos da vida 
civil? 
É essa se adquire com a maioridade. A maioridade civil, que, nos termos da legislação, 
se dá com 18 anos de idade, então ao completar 18 anos de idade, reste atenção em 
mim, ao completar 18 anos de idade, o sujeito que já tem a capacidade de ter direito, 
porque ele nasceu com vida, ele passa a ter a capacidade de fato ou de exercício. 
Quando você toma as duas, capacidade de direito mais capacidade de fato, é aquilo que 
a doutrina chama de capacidade plena que, via de regra, capacidade plena, via de regra, 
quando o sujeito completa 18 anos de idade, ele passa a ter. 
Duas exceções. Para você botar no teu caderno. Então você coloca assim, via de regra 
ao completar 18 anos de idade, a pessoa natural adquire a capacidade plena, que é como 
se fosse uma equação matemática. Capacidade plena é igual, capacidade direito, mais 
capacidade de fato do exercício. Perfeito. 
Agora exceções, duas exceções. A pessoa emancipada, 16 anos e emancipada, ela já 
adquiriu a maioridade civil? 16 anos, emancipada, adquiriu a maioridade civil? Não. Já 
tem capacidade plena? Já. Segunda exceção, um exemplo comum, um idoso interditado. 
A interdição civil, em que você nomeia um curador especial. O idoso interditado, por 
exemplo, Alzheimer, tem capacidade de direito? Sim. Tem maioridade civil? Sim. Tem 
capacidade de fato ou de exercício? Não. Tanto que você nomeia para ele um curador 
para praticar os atos da vida civil. 
Bota isso no teu caderno, isso cai em prova. A banca, ela mistura esses conceitos. Tá 
certo. 
 
 
 
 
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20. Continuando 
 
Os artigos 3º e 3º, eles trazem para nós os incapazes. Artigo 3º, os absolutamente 
incapazes. E artigo 4º, relativamente incapazes. São aqueles que precisam ser 
representados, ou assistidos na prática dos atos da vida civil. Eles têm a capacidade de 
direito, mas não têm a capacidade de fato ou exercício. Precisam ser representados ou 
precisam ser assistidos. 
E aqui, turma, é o seguinte. Os artigos 3º e 4º, sofreram grandes alterações promovidas 
pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecido como 
Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
Lei 13.146, de 2015. Porque é o seguinte, antes você encontrarianos artigos 3º, você 
encontraria nos artigos 4º, referência a pessoas com debilidade mental, a pessoas com 
discernimento reduzido, ou seja, pessoas com deficiência. 
E o que a Lei Brasileira de Inclusão faz? O que a Lei 13.146 de 2015 faz? Uma belíssima 
lei. Ela rompe com essa ideia que alguns chamam de capacitismo, ela rompe com uma 
visão estigmatizada, uma visão retrógrada da pessoa com deficiência. Sabe o que a lei, 
sabe o que o estatuto fala de forma clara? A pessoa com deficiência é capaz para todos 
os atos da vida civil. O artigo 2º, ele fala do que, o artigo segundo da Lei Brasileira de 
Inclusão, ele traz um conceito de deficiência, impedimento de longo prazo, natureza 
física, mental, intelectual ou sensorial, ele diz, olha, a regra, pessoa com deficiência é 
capaz para os atos da vida civil. Se ele fala disso, e ele fala mais, ele fala, olha, a 
nomeação de um curador para pessoa com deficiência deve ser excepcional, 
excepcional. Deve ser motivada. Excepcional, motivada e restrita a atos de natureza 
negocial e patrimonial. Então, nomeação de um curador que alguns chamam de 
interdição para a pessoa com deficiência, excepcional, motivada e restrita a atos de 
natureza negocial ou patrimonial. 
Então, se a Lei Brasileira de Inclusão faz isso, o que ela precisou fazer? Adequar os artigos 
3º e 4º, do Código Civil, alterou questões sobre casamento, também, incluiu a tomada 
 
 
 
 
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de decisão apoiada no Código Civil. Então, hoje, é isso que estou te falando. É o que a 
doutrina chama de nova teoria das incapacidades. 
O que é a nova teoria das incapacidades? 
São as alterações promovidas no artigo 3º e 4º, do Código Civil, promovidas pela Lei 
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que, numa perspectiva emancipatória, 
traz que a regra é a capacidade civil da pessoa com deficiência. Ponto. 
Então, quem são hoje os absolutamente incapazes? Critério exclusivamente etário. São 
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, os menores de 
16 anos. Ponto. 
Os absolutamente incapazes, precisam ser representados na prática dos atos da vida 
civil, sob pena de, bota isso em vermelho que caiu em prova, nulidade do negócio 
jurídico. Se ele praticar, um mínimo, então com 15 anos, comprou e vendeu uma moto. 
Pode Arnaldo? Não pode. Negócio jurídico nulo, artigo 166, I, do Código Civil. Inclusive, 
o juiz pode conhecer de ofício da nulidade. 
Tá certo? 
Então esses são os absolutamente incapazes. 
Lembrem-se. Tem capacidade de direito? Tem, o nascimento com vida, artigo 2º. 
Tem a capacidade de fato ou de exercício? Não, ele precisa ser representado na prática, 
nos atos da vida civil. 166, I, nulidade, se ele praticar o negócio sozinho, juiz pode 
conhecer de ofício. 
Aí, até aqui, tudo bem. 
Muito cuidado naquilo que a doutrina chama de ato-fato jurídico. 
E eu vou de dar um exemplo. A Damares quando tinha 12 anos de idade, ela ia na escola. 
E ela comprava fiado na cantina. Comprava salgadinho, refrigerante, pastel. Veja o que 
é isso? Uma compra e venda. Isso é uma compra e venda. E todo final de mês, começo 
de mês, a Damares ou alguém por ela pagava a cantina da escola. 
Veja, se você fosse analisar tecnicamente essa compra e venda, seria um negócio nulo. 
Por quê? Porque a Damaris, com 12 anos de idade, realizava a compra e venda sem o 
genitor, sem a genitora, sem o tutor dela. Mas sabe o que a doutrina faz? Essas condutas 
 
 
 
 
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são chamadas como ato-fato jurídico. São condutas socialmente aceitas que devem ser 
reputadas como válidas no nosso ordenamento jurídico. O menor que compra lanche 
na escola. Quando você com 10 anos, vai na padaria e compra fiado para o teu pai e para 
tua mãe. É uma conduta socialmente aceita? Sim. E sabe o que a doutrina diz? Essa 
compra e venda é válida. Porque às vezes pergunta, a, o que é ato-fático jurídico, ato-
fato jurídico, tem gente que até treme. O que é ato-fato jurídico? É isso. 
São condutas socialmente aceitas, que a despeito de terem uma mácula, uma nulidade, 
são reputadas como válida. Porque são condutas comuns, são condutas do nosso dia a 
dia. Comprar lanche na escola e pagar. Veja se a Damaris não pagasse, o tio da cantina 
poderia cobrar. Poderia cobrar? Claro que poderia. É um contrato válido, porque é uma 
conduta socialmente aceita. Tá certo? 
Então esse é o famoso ato-fato jurídico que cai como uma luva nas condutas praticadas 
por absolutamente incapaz, sem a representação. Tá certo? 
Aí nós temos o artigo 4º. O artigo 4º, também sofreu mutação pela Lei Brasileira de 
Inclusão das Pessoas com Deficiência. 
Já o artigo 4º, ele traz para nós, os relativamente incapazes. 
 
São relativamente incapazes a certos atos ou à maneira de os exercer: I - 
maiores de 16 e menores de 18 anos; II - os ébrios habituais e os viciados 
em tóxico. 
 
Então, é comum, às vezes, a ação de interdição, ação de interdição em que os familiares 
eles levam um laudo médico na Defensoria Pública. Já peguei muito isso e o laudo 
médico fala, o seu João Paulo ele é incapaz para os atos da vida civil por conta do 
alcoolismo, por conta do uso imoderado de drogas. Aqui ó, artigo 4, inciso II, ele é um 
relativamente incapaz. Luciano, eu bebo uma tacinha de vinho todo dia, eu estou 
entrando aí? Eu vou, estou entrando aí? Não está não tá no inciso II. Luciano, eu bebo 
duas garrafas de vinho todo dia. Você está certo, viu? Você está com o pé lá, está certo. 
Essa é uma brincadeira, mas, evidentemente, as hipóteses do inciso II, são situações 
 
 
 
 
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patológicas, situações patológicas que impede a pessoa. A pessoa perde o 
discernimento para a prática dos atos da vida civil. 
 
 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir a sua vontade; IV - os pródigos. 
 
Sabe o que eu já vi em prova? Perguntaram se a pessoa com o pé quebrado, se ele era 
um relativamente incapaz. Um rapaz com 20 anos com o pé quebrado, ele não é 
relativamente um incapaz, porque a despeito de ele ter uma deficiência momentânea, 
ali, uma limitação, ele consegue exprimir a sua vontade. 
Os pródigos, a situação de gastar imoderadamente o patrimônio, levando à ruína. 
Também estamos falando de patologia. 
O inciso II, peguei alguns casos de interdição disso, uma tristeza. Pessoas, sediadas no 
período de pandemia. A pessoa está sedada, ela estava entubada e os familiares 
precisavam receber a aposentadoria no banco. Você precisava de um processo de 
interdição. Concorda comigo? Qual o fundamento? Artigo 4, inciso III. Aqueles que, por 
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir a sua vontade. O inciso II 
também é o caso de interdição do idoso com Alzheimer. Não consegue verbalizar, 
socializar, raciocinar na celebração de negócios jurídicos. 
Então o artigo 4º, a Lei Brasileira de Inclusão, ela alterou os incisos II e III, suprimindo, 
retirando referências à deficiência mental, discernimento reduzido, excepcionais, sem 
desenvolvimento mental completo. Toda essa tranqueraiada foi retirada do artigo 4º. 
Então, essa é a nova redação do artigo 4º. 
Já que falamos, estamos caminhando para a última meia hora da nossa aula. Já que 
falamos de, então como é que fica a pessoa com deficiência? Perfeito. Ela é capaz para 
os atos da vida civil, a interdição ou nomeação de curador é excepcional, motivada. Mas 
e quando, mesmo com a deficiência, a pessoa não consegue exprimir vontade? Aí 
surgem dois modelos da abordagem da pessoa com deficiência. 
 
 
 
 
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A deficiência sem curatela, em que a pessoa sozinha pode praticar os atos da vida civil. 
Ela tem essa capacidade de autodeterminação. 
Exemplo, uma pessoa cadeirante, ela pode ser esportista, ela pode ser nadadora, pode 
ser política, pode ser cantora. Ela tem uma, pode celebrar contratos das mais variadas,ela tem uma, tínhamos ou temos até uma senadora da República, a Mara Gabrilli, ela é 
cadeirante, salvo engano, ela é plenamente capaz para os atos da vida civil. Então, é 
uma deficiência sem curatela. 
Precisa nomear um curador para ela entrar com interdição? De forma alguma, porque 
tem a possibilidade de autodeterminação. 
E de forma excepcional você tem a letra B, que é a deficiência com curatela, para aqueles 
que estão relativamente incapazes. 
Agora para você entender, fechar o raciocínio, o fundamento, nesse caso, não é a 
deficiência, mas sim, artigo 4º, inciso III. 
 
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
a sua vontade. 
 
Então, a causa de pedir para essa interdição ou a ação de nomeação de curador, não é 
a deficiência, é a impossibilidade de exprimir vontade, é a impossibilidade de praticar 
negócios jurídicos. Tá certo? 
Então estão os artigos 3º e 4º. 
O artigo 4º, relativamente incapaz. Vamos lá. 
O relativamente capaz precisa ser assistido na prática dos atos da vida civil. Se ele não 
for assistido, o negócio jurídico, o contrato, então vamos lá, um menino de 17 anos 
comprou uma motocicleta, 17 anos comprou motocicleta. Não é emancipado, 
evidentemente. Se ele não é assistido, o negócio jurídico será anulável, no prazo 
decadencial de quatro anos. Anulável, prazo decadencial de quatro anos que conta a 
partir de quando Luciano? 
 
 
 
 
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A partir do dia em que cessar a incapacidade, do dia em que ele completar 18 anos, 
começa a contar o prazo de quatro anos para a anulação. E veja, a legibilidade o juiz não 
conhece de ofício. 
Bota tudo isso no seu caderno. Está no artigo 171, inciso I; 178, inciso III; e 177, todos 
do Código Civil. 
Se você até agora quiser aquelas observações que eu te falei do absolutamente, você 
coloca de um lado depois do caderninho e do outro lado, os do relativamente. Um é 
nulo, o outro é anulável. Nulidade o juiz conhece de ofício. O outro, prazo decadencial 
de quatro anos. O que é nulo ele precisa ser representado. O anulado precisa ser 
assistido. 
O que é comum a ambos? Ambos têm capacidade direito. E podemos ir além. O que é 
outra coisa que é comum a ambos? Ambos não têm capacidade de fato O 
absolutamente precisa ser representado. O relativamente precisa ser assistido. Está 
certo? 
Eu espero que esteja ficado tudo claro na sua cabecinha. 
 
21. Emancipação 
 
Emancipação. O artigo 5º, do Código Civil fala da emancipação. Emancipação é um 
instituto jurídico que outorga a capacidade de fato ou de exercício, aquele que ainda 
não completou 18 anos. Pelo amor de Deus, emancipação não concede maioridade. Se 
o menino de 16 anos for praticar um ato criminoso, ele pratica um ato infracional, 
segundo o ECA. Ele ainda é menor de 18 anos. Assim como seria um contrassenso, veja, 
por que não se, parece uma bobeira, mas é assim que a gente aprende, por que você 
não emancipa quem tem 18 anos? Porque quem tem 18 anos já tem capacidade plena, 
já tem capacidade direito, mais capacidade de fato. Então, o que é a emancipação? É 
uma forma de cessação da incapacidade que também poderia ocorrer com a maioridade 
civil. Concede-se ao emancipado com 16 anos ou mais, a capacidade de fato ou de 
exercício, mas não a maioridade. 
 
 
 
 
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Então aquela, sabe, umas perguntinhas manjadas de prova, a turma erra, aluno meu não 
erra. O menino é 16 anos emancipado, e a sessão do cinema é só para maior de 18 anos. 
Ele pode assistir o filme? O filme, vamos lá, faixa etária, só pode assistir o filme maior 
de 18 anos. Lagoa Azul. Ele tem 16 anos emancipado, ele pode assistir o filme? Não 
pode. Ele é emancipado, mas ele ainda não atingiu a maioridade civil. Essa cai em prova, 
assim, agora, pararam com ela, mas era uma pegadinha. Então, veja, ele responde 
segundo o ECA. Está certo. Ele não tem a maioridade civil para fins penais, para fins 
eleitorais, tudo aquelas consequências clássicas. 
Espécie de emancipação. Temos três espécies de emancipação. 
 
Voluntária ocorrerá pela concessão dos pais ou por um deles na falta de 
outro, àquele que possuir no mínimo 16 anos de idade, mediante escritura 
pública lavrada no Tabelionato de Notas. 
 
Se os pais estão de acordo, ambos os pais, precisa, essa emancipação precisa ser 
judicial? Não, faz no cartório. Emancipação, muitos pais emancipam jogador de futebol. 
Menino com 16 anos para assinar contratos, pode? Tranquilamente. 
E aí? Vai praticar, sozinho, atos da vida civil. Não precisará mais de assistência. Quando 
fala pela concessão ou de um deles na falta do outro, é caso de ausência de filiação 
paterna. Então, a criança foi registrada, só com filiação materna ou o pai pré-morto, ou 
em local incerto não sabido. Porque se houver divergência, aí não dá para ser a 
voluntária. Se o pai quer emancipar e a mãe não, quer, aí tem que ser a emancipação 
judicial por meio de uma ação judicial ouvindo o Ministério Público. Está certo. 
Essa emancipação ou voluntária, cartório, escritura pública, viu? Temos uma vinculação 
da forma, não se faz com instrumento de forma particular, não se faz por contrato 
particular. Escritura pública feita no Tabelionato de Notas, artigo 9º, inciso II. Levada a 
registro. 
 
 
 
 
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Então se fizeram um contrato Tabajara, contrato particular de emancipação. Isso aí tem 
a validade de uma nota de três. Isso é nulo. Porque tem que ser por escritura pública, 
primeira forma. 
Segunda forma de emancipação. Judicial, por sentença. Hipótese para emancipação 
judicial? Divergência dos pais, aí você vai pedir um alvará judicial de emancipação, uma 
ação judicial para emancipação ouvindo o Ministério Público. 
Dois, quando o maior de 16, menor de 18 estiver sob tutela. Então os pais são mortos, 
falecidos. Os pais estão presos. Os pais foram embora do país e foi nomear a tutora a 
avó. Avó é a tutora daquele menino com 16 anos de idade. O tutor não consegue 
emancipar extrajudicialmente. Terá que ser, se a avó tutora quer emancipar o tutelado, 
tem que ser emancipação judicial, não pode ser a voluntária. 
É muita informação, turma, a aula está gravada, então depois você assiste de novo tá. 
Porque eu fico falando, falando, às vezes você perde uma coisinha, depois pode existir 
quantas vezes você quiser tá. Eu quero te abastecer com muita informação. 
Essa sentença da emancipação judicial será registrada em cartório nos termos do artigo 
91 da Lei 6.015, de 73, que é a Lei de Registros Públicos. 
E a terceira hipótese de emancipação, aquela que decorre da lei, por força de lei. 
Casamento emancipa. A idade núbio ela é de 16 anos. Então casou com 16, emancipação 
civil. 
E olha que interessante, você já parou para pensar, porque cai em prova. Casou com 16, 
divorciou com 17. Volta a ser incapaz? Não, mantém-se a emancipação legal. Está certo. 
O casamento, exercício de emprego público e efetivo, colação de grau em curso de 
ensino superior. Isso aqui são aqueles primos que você não quer encontrar no final do 
ano. Todo mundo tem uns primos desse, uma pressão absurda. Estabelecimento civil ou 
comercial, ou pela existência de uma relação de emprego, desde que, em função deles, 
o menor com 16 anos completos tenha economia própria. 
Aí, quando fala de exercício em cargo público, você fala, isso aqui não tem como. Quem 
passa num concurso público antes dos 18? Aí eu trago para você o caso do STJ. 
 
 
 
 
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A menina, uma moça emancipada, passou num concurso antes dos 18. Passou no 
concurso com 17 anos. Você queria ser primo dela? Prima dela? Não, né, de forma 
alguma. 
E o que aconteceu? Impediram. Ela foi emancipada, mas impediram ela de tomar posse 
porque ela não tinha 18 anos. Uma tolice, porque se ela é emancipada, ela já tem 
capacidade plena. 
O caso chegou no STJ, o STJ esse caso é de 2015, se eu não me engano,autorizou a 
posse. Acho que era para trabalhar em uma biblioteca, uma coisa assim, autorizou a 
posse, recurso especial, 1.462.659. 
Por quê? A despeito de não ter a maioridade civil, ela já era emancipada. Então ela já 
tinha capacidade plena. Autorizou-se a posse da menina prodígio aqui do nosso recurso 
especial. 
 
22. Da morte - término da existência da pessoa natural 
 
Temos o início, com o Start, o marco inaugural, e temos o fim, o término da existência 
da pessoa natural que ocorre com a morte. 
Mors omnia solvit. A morte tudo apaga. 
Então o fim da personalidade jurídica, da pessoa natural é com a morte. Nós temos 
alguns artigos centrais que quando caem, caem em redação legal. 
Você tem os artigos 6º, os artigo 7º e o artigo 8º, que fala da comoriência. 
Então o término da existência da pessoa natural com a morte. Essa morte, assim como 
o nascimento, se você depois quiser, o que é levado a registro em cartório, artigos 9º e 
artigos 10º. Artigos 9º e 10º, o que é registrado em cartório. 
O nascimento é registrado em cartório e é publicizado por meio de uma certidão de 
nascimento. A morte também registrada em cartório e é publicizada por meio de uma 
certidão de óbito. A morte, o término da existência da pessoa natural ocasiona que ela 
não será mais titular de direitos e de obrigações, porque cessa a personalidade da 
pessoa. 
 
 
 
 
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Esse término da existência da pessoa natural que ocorre com a morte, ele é 
diagnosticado, não sei se você sabe disso, através da morte encefálica, o término da 
atividade cerebral. Você busca, é um critério biológico, médico biológico, lá na Lei de 
Transplantes, lei 9.434de 97, que é a Lei de Transplantes, porque a partir da morte que 
se autoriza o transplante, se a pessoa manifestou nesse sentido. Então essa morte é o 
término da atividade cerebral. 
Então a morte encefálica ou término da atividade cerebral está para a morte, assim 
como respirar com vida estaria para o nascimento com vida. Tá certo. 
Temos duas espécies de morte, temos a morte real e temos a morte presumida, morte 
real e morte presumida. 
A morte presumida, artigo 7º, do Código Civil. 
Então artigo 6º, 
 
A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, 
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de 
sucessão definitiva 
 
É ausente, saiu de casa para comprar cigarro, não voltou mais, né, aí a sucessão 
definitiva, sucessão provisória, como se morto fosse. 
 
E o artigo 7º, 
 
Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de 
vida. 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for 
encontrado até dois anos após o termo da morte. 
 
O artigo 7º trata das hipóteses de morte presumida. Artigo 7º, morte presumida. 
 
 
 
 
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Não há o diagnóstico da morte encefálica porque não se encontra o corpo. 
E essa declaração de morte presumida, parágrafo único do artigo 7º, 
 
Nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as 
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do 
falecimento. 
 
Caso do artigo 7º, inciso I, desastres, queda de avião, naufrágio, tragédia de 
Brumadinho. Não sei se você sabe, alguns corpos ainda não foram encontrados. Aí como 
é que faz? Você entra com o procedimento de justificação de óbito. Procedimento de 
justificação de óbito, requerendo a declaração, a decretação da morte presumida. Artigo 
7º, inciso I. 
Aí a sentença do juiz vai fixar, olha que interessante, a sentença do juiz fixa a data 
provável da morte e essa sentença é levada a registro, expedindo-se uma certidão de 
óbito. Isso tem total importância para fins sucessórios. Abertura de inventário. 
Então procedimento de justificação de óbito para a decretação da morte presumida, nos 
termos do artigo 7º, inciso I. 
E termos o artigo 8º que se diz que, 
 
Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo 
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. 
 
Cai o avião, marido e mulher. Presume que ambos faleceram no mesmo instante. Há 
uma presunção de comoriência. Antes presumia que morreu o mais velho, antes. Agora 
não. Presunção de comoriência, ambos faleceram no mesmo instante. Tá. São vários 
artigos aqui para depois você ler. 
O que é levado a registro no cartório das pessoas naturais? Artigos 9º e 10º. 
 
 
 
 
 
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23. Questão 
 
E, por fim, questãozinha, de antes terminar, questão de concurso, uma segunda. 2022 
prova de procurador do Estado de Rondônia. Vamos lá em, todo o mundo acertando. 
Não vão cair em pegadinhas maldosas colocadas pelo examinador na sua frente. 
 
(2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PGE-RO Prova: CESPE / 
CEBRASPE - 2022 - PGE - RO - Procurador do Estado) O atributo da pessoa 
ao natural, conferido pela legislação civil, que a qualifica a firmar 
negócios de grandes riscos, sem auxílio ou intervenção de outra pessoa e, 
consequentemente, a assumir eventuais perdas refere-se à: 
a) Aptidão. 
b) titularidade. 
c) capacidade. 
d) vontade. 
e) maioridade. 
 
Auxilia que a pessoa pode celebrar negócios dos atos da vida civil ou assumir eventuais 
perdas. A, B, C ou D. Essa aptidão é a letra C, capacidade civil que é aptidão para contrair 
direitos e obrigações. 
Luciano, por que eu não posso falar que é a maioridade? Porque veja, maioridade é 
aqueles que completam 18 anos, maioridade não significa automaticamente capacidade 
civil. 
Lembra do interditado? O que é a maioridade? É um critério biológico daqueles que 
completam 18 anos. Via de regra, o maior de 18 anos tem capacidade plena. Mas nós 
temos exceção aqui? Temos. A interdição. 
Então, a letra C, capacidade civil que é aptidão para contrair direitos e obrigações. Firmar 
negócios. Capacidade de direito, artigo 2º. Capacidade de fato ou de exercício via de 
regra, quando adquire de 18 anos. 
 
 
 
 
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Aptidão, o que é a tal da aptidão? Possibilidade de fazer uma tarefa corretamente. 
Titularidade é o estado da pessoa que possui um direito ou um título. 
E a vontade é a intenção, na prática de determinados atos, determinadas condutas. 
 
24. Dos animais e seu status jurídico 
 
Último assunto também é uma discussão. Claro, eu falei um pouco disso, agora, colocar 
esse material, os animais e seu status jurídico. 
A, isso virou um grande problema que está sendo enfrentado pela jurisprudência, que é 
o seguinte. 
As brigas, as discussões familiares que envolvam pets. Existem ações de guarda de pets. 
Existem sentenças fixando visitas, casais que terminaram e foi fixado visitas alternadas 
para os animaizinhos, porque hoje em dia é cada vez mais comum na nossa sociedade 
casais, núcleos familiares que incorporam animais, gatinhos, papagaio e cachorrinho e 
não tem filho e a vida é assim mesmo. 
Agora, onde você encaixa? Esses dias, nós tivemos uma discussão na defensora, eu e 
uns colegas defensores que era o seguinte, um casal estava brigando pela guarda do 
animalzinho, guarda, visitas e a ração do animal. Primeira questão que nós enfrentamos, 
onde propõe essa ação? É a Vara de Família, é Vara Cível? Por que qual que é o status 
jurídico desse animalzinho? Dessa relação? Nós propusemos na Vara de Família e o juiz 
aceitou. 
Mas veja, os animais pela importância que eles têm na sociedade, eles estão sem, o 
status jurídico do animal, ele está sendo revisitado. 
Hoje, se você analisar friamente o Código Civil e há uma tendência que vem sendo 
deixada de lado, animal é coisa. Um animalzinho, ele é um semovente. Ele é um 
semovente. 
Mas o que acontece, você tem esse caso do STJ, além de outros, é o caso do papagaio, 
isso aqui é o caso do papagaio. Garantiu-se o direito do papagaio ficar como seu dono 
depois de 30 anos, o STJ, esse acórdão é do ministro Herman Benjamin, se eu não me 
 
 
 
 
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engano, isso aqui é do Herman Benjamin. Recurso especial 1.797.175. Não, esse é do Og 
Fernandes, Herman Benjamin é outro. Do Og Fernandes, reconheceu a dimensão 
ecológica da dignidade da pessoa humana e atribuiu dignidade e direitos a animais não 
humanos. Garantiu dignidade e direitos a animais não humanos. Então, esse recurso 
especial do ministro Og Fernandes, ele reconhece, inclusive, a dimensão ecológica da 
dignidade da pessoa humana. Então, é o caso do papagaio. Isso aqui é um rompimento 
com a ideia, uma ideia, que eles chamam de paradigma biocêntrico. É você reconhecer 
que são titulares de direitos e possuem dignidade, alguns animais. Animais com alguma 
sensibilidade, com sentidos. 
Nessa linha, para fechar, tem a rejeição a essa ideia de tratá-los como tão somente 
coisas Como somente semoventes. 
Há uma evolução nessa forma de pensar. Até pela própria proteção que eles têm na lei 
especial, lei ambiental, a proteção que se dá ao meio ambiente na Constituição Federal. 
E temos o PLC n.º 27. O PLC n.º 27, projeto de lei, está na Câmara dos Deputados. E ele 
objetiva trazer um novo artigo 3º para a Lei 9.605, que é a lei ambiental. E a redação fala 
se for aprovado, há um lobby muito grande para isso aqui. Disporá o seguinte, 
 
Os animais não humanos possuem natureza jurídica sui generis e são sujeitos de direitos 
despersonificados, dos quais devem gozar e obter tutela jurisdicional em caso de 
violação, vedado o seu tratamento como coisa. 
 
Os nossos tribunais já vêm caminhando nesse sentido. A “descoisificação” dos animais. 
Então tem esse PL, países, constituições europeias, países da América Latina, acho que 
a constituição do Equador, legislação do Equador já caminharam nesse sentido, em 
tratá-los como pessoas, como sujeito sui generis, titular de direitos. 
Eu acho que isso aqui é questão de tempo. Um dia você vai ler sobre isso e vai lembrar 
dessa aula. Isso aqui é questão de tempo, porque é uma realidade que veio para ficar. 
Porque o que nós temos hoje no nosso arcabouço normativo, principalmente o Código 
 
 
 
 
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Oi… você chegou ao final. 
 
 
Parabéns. 
 
Agora que já leu tudo, está na hora de quê? 
 
Sim, isso mesmo. Está na hora de reler o que sublinhou ou o seu 
caderno de resumo. 
 
Não menospreze o poder das revisões. 
 
Estamos contigo até a aprovação. 
 
João Mendes. 
 
Civil, é insuficiente para regulamentar a situação. E essa é uma tendência que passaram 
a ser entendidos como sujeitos de direitos, como a natureza sui generis. 
E fim. 
 
25. Resumo do tema 
 
Falamos nesse terceiro grande bloco que toda a pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil. 
Falamos que a pessoa, personalidade, começa do nascimento com vida, mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
Teoria concepcionista, que outorga direitos ao nascituro, aquele concebido no ventre 
materno, que é uma teoria que vem sendo referendada pelo STJ. 
Falamos dos absolutamente incapazes, que são aqueles do artigo 3º, do Código Civil, 
precisam ser representados na prática dos atos da vida civil, sob pena de nulidade. 
 Das Teorias das Incapacidades, que alterou os artigos 3º e 4º, 
E o artigo 4º, que trata dos relativamente incapazes, aqueles que precisam ser assistidos 
na prática dos atos da vida civil, sob pena de anulação, dentre outros assuntos. 
Falamos de emancipação do artigo 5º, falamos da morte e falamos do status jurídico do 
animal não humano. 
Turma, muita informação para vocês. Muita coisa. Terminamos por aqui. Um prazer. 
Ótimos estudos. Ótima semana. Ficou com alguma dúvida? Manda para nós aqui Ênfase. 
Manda para mim no Instagram. E fiquem com Deus! Ótimos estudos e até a próxima.

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