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Ventilação não invasiva 1. Defina a ventilação não invasiva (VNI). Método de suporte mecânico ventilatório artificial e extracorpóreo, ou seja, sem a necessidade de tubo endotraqueal, desenvolvido em meados do século XX para tratamento de insuficiência respiratória devido a falência muscular. É um método espontâneo e parcial, ou seja, onde o paciente necessita estar consciente e com algum controle do seu ritmo respiratório, podendo tolerar períodos sem o suporte ventilatório. Indicada para diminuição da dispneia, do trabalho respiratório, melhora e estabilidade das trocas gasosas, maior conforto ao paciente, melhora do sono, da qualidade de vida, da funcionalidade, evitar ou diminuir a taxa de intubação reduzir mortalidade. 2. Cite e justifique 3 vantagens da VNI sobre o tratamento com a ventilação mecânica Invasiva (VMI). 1- A VNI reduz os níveis de mortalidade se comparada a VMI. A Diretriz Oficial para a Prática Clínica da VNI em casos de insuficiência respiratória, publicada em 2017, indica que na maioria dos casos apresentados há uma associação positiva para a redução dos níveis de mortalidade na utilização da VNI em comparação com a VMI. 2- A VNI reduz a necessidade de intubação e tempo de internação. A principal evidência dessa vantagem está no tratamento do DPOC descompensado, em que a maior parte dos grandes estudos comprovam a sua eficácia na diminuição da necessidade de intubação 3- A VNI pode ser usada de modo a diminuir as chances de reintubação por VMI. Mesmo para pacientes que preenchem todos os critérios clássicos para uma extubação segura, os riscos de reintubação nos primeiros dois dias são significativos e podem ser ainda maiores em pacientes que passaram longo tempo em VMI. Devido a isso, alguns estudos indicam o uso imediato da VNI pós extubação objetivando evitar a insuficiência respiratória e a necessidade de reintubação. 3. Cite e justifique 3 desvantagens da VNI sobre o tratamento com a ventilação mecânica Invasiva (VMI). 1- A VNI só pode ser utilizada em casos em que os pacientes são capazes de manter o estado de consciência. Por ser um método que não utiliza de tubos endotraqueais, o paciente necessita apresentar colaboração, além de integridade dos mecanismos de deglutição e a capacidade de mobilizar secreções 2- A distensão gástrica é uma das complicações mais comuns causadas pela VNI. Em casos de distensão gástrica é desaconselhável o uso ou continuação da VNI, pois não é rara a broncoaspiração de conteúdo gástrico, sendo uma complicação grave 3- A característica da VNI é a presença de máscara e não o tubo traqueal. E por mais que a VNI apresente diferentes interfaces, algumas complicações do uso de máscaras podem aparecer, como o incômodo e o desconforto do paciente com o uso, vazamentos de ar e até presença de lesões na pele do rosto e nos olhos. 4. Quais as principais interfaces utilizadas para realização da VNI (cite 5)? Comente sobre as suas características quanto a possibilidade de reinalação de CO2, risco de broncoaspiração e ocorrência de lesões cutâneas causadas por pressão. 1- Cushion: são bem pequenas e indicadas para pacientes que necessitem de pouca pressão positiva. Apesar de grandes devido ao fixador cefálico, geram pouco incômodo e conectam-se diretamente às narinas, sendo bem específicas. 2- Máscara nasal: um pouco maior e conecta-se ao nariz inteiro. São as mais toleradas e cômodas visto que permitem falar, tossir, expectorar e diminuem a sensação de claustrofobia, visto que deixam a região da boca livre, além de evitar a reinalação de CO2. Entretanto, o fato de a região bucal estar livre também prejudica a manutenção da pressão positiva a que se quer alcançar. 3- Máscara oronasal: está conecta-se ao nariz e a boca, dificultando a fala e a deglutição e pode gerar lesões na pele. Diferente da máscara nasal conseguem manter a pressurização no pulmão. Permitem um pouco de fuga aérea para evitar a reinalação de CO2, mas podem causar broncoaspiração. 4- Máscara facial total: possui o mesmo sistema da máscara oronasal, funcionando da mesma maneira, assim como apresenta as complicações da possibilidade de reinalação e broncoaspiração. Entretanto, por cobrirem o rosto inteiro e não encostarem na face evitam as lesões na pele, mas ao mesmo tempo expõem os olhos ao ar em pressão positiva o que pode causar lesão córnea. São indicadas em casos de descompensações de pacientes portadores de DPOC, visto que a dispnéia faz com que esses pacientes respirem quase que exclusivamente pela boca. 5- Capacete ou sistema Helmet: cobre toda a região cefálica. Por não encostar no rosto evita as lesões faciais, mas gera as mesmas inconveniências das máscaras faciais (reinalação de CO2 e broncoaspiração). Por causa da grande possibilidade de reinalação de CO2 geralmente há necessidade de valores mais elevados de pressão inspiratória. Esta também está associada a grande desconforto do paciente devido ao barulho interno do ar. 5. Defina o que é o modo de ventilação CPAP. CPAP - Continuous Positive Airway Pressure (pressão contínua positiva nas vias aéreas). A principal característica da ventilação por CPAP é a manutenção de uma pressão positiva de modo contínuo durante todo o ciclo respiratório. O método é capaz de exerce ação sobre o fechamento precoce das vias aéreas gerando maior recrutamento alveolar e reduzindo o trabalho respiratório na insuficiência respiratória. 6. Como ocorre a ventilação durante a VNI ajustada no modo CPAP? Comente sobre os parâmetros fisiológicos da ventilação. Ocorre através de máscara facial, de maneira espontânea. O método CPAP utiliza-se de uma resistência na expiração, causada pela válvula de PEEP, para que o volume residual nos pulmões seja maior, mantendo assim uma pressão positiva em todo o ciclo respiratório. Para que o volume de ar que chega aos pulmões seja grande e mantenha essa pressão positiva, o CPAP é ligado em um acelerador de fluxo, que pode chegar a quase 200 litros. No ajuste de pressão do CPAP, se trabalha apenas com a EPAP, que seria a pressão positiva no final da expiração (5-7 cmH2O) e o FiO2, isto é, a fração de oxigênio inspirado (variável ≤ 50% ). 7. Defina o modo de ventilação BiPAP. BiPAP: Bilevel Positive Airway Pressure (pressão positiva nas vias aéreas a dois níveis). Este método trabalha com o ajuste de dois modos ventilatórios, o EPAP (pressão positiva expiratória) e o IPAP (pressão positiva inspiratória). Apresentam ciclagem a fluxo e é recomendado na maioria dos casos clínicos de indicação de VNI, por exemplo: nas hipercápnicas agudas, para descanso da musculatura respiratória; no EAP cardiogênico e nas infecções de imunossuprimidos. 8. Como ocorre a ventilação durante a VNI ajustada no modo BiPAP? Comente sobre os parâmetros fisiológicos da ventilação A utilização do método também se dá por máscara facial e de modo espontâneo. Geralmente mais indicado em ambientes clínicos a paciente que necessitem de maior quantidade de ar para ventilar. Nesse método é necessário realizar dois parâmetros de modo ventilatório como supracitado. O parâmetro do EPAP é responsável principalmente pelo recrutamento alveolar e o parâmetro do IPAP está ligado principalmente à diminuição do trabalho respiratório. 9. A VNI é indicada para o tratamento da DPOC descompensada? Justifique sua resposta. A Diretriz Oficial para a Prática Clínica da VNI em casos de insuficiência respiratória, publicada em 2017, aponta as que a VNI para a DPOC descompensada deverá depender da situação clínica apresentada pelo(a) paciente. Em casos que se deseja prevenir a acidose respiratória, por exemplo, a evidência clínica demonstra que em comparação a VMI, a VNI nesses casos não diminui índices de mortalidade, porém ao pensarmos em contexto de UTI/CTI, a VNI poderia reduzir o tempo de internação. Entretanto, em casos em que há insuficiência respiratória hipercápnica aguda, a recomendação ouro é a utilização da VNI com dois níveis de pressão. AVNI nesse caso reduz a mortalidade, a necessidade de intubação e a diminuição da pneumonia nosocomial. Ademais, a maioria dos estudos recomenda que o uso do BiPAP, ou seja, VNI em dois níveis de pressão, é a melhor escolha para pacientes com DPOC que desenvolvem acidose respiratória aguda durante a internação hospitalar. 10. A VNI é indicada para o tratamento do Edema agudo pulmonar (EPA) ? Justifique sua resposta Há uma forte recomendação para o uso do BiPAP ou do CPAP para casos de Insuficiência Respiratória devido a Edema Agudo Pulmonar. Para esses casos, o uso da VNI se mostrou relevante na redução da mortalidade e da necessidade de intubação. Entre o BiPAP e o CPAP, há uma certa preferência na literatura pelo segundo, devido a sua tecnologia mais simples, uma sincronização mais fácil e por este ter o equipamento potencialmente mais barato. 11. A VNI é indicada para o tratamento do Infarto agudo do miocárdio (IAM) ? Justifique sua resposta Não, na verdade alguns estudos revelam que métodos de VNI podem ter como efeito adverso o Infarto Agudo do Miocárdio. REFERÊNCIAS: Rochwerg B, Brochard L, Elliott MW, et al. Official ERS/ATS clinical practice guidelines: noninvasive ventilation for acute respiratory failure. European Respiratory Society J 2017; 50. Disponível em <https://erj.ersjournals.com/content/50/2/1602426>. Acesso em 3 jan. 2022. Knobel, Elias. Condutas no paciente grave - 4. ed. - São Paulo : Editora Atheneu, 2016. SANCHO, Nelly Kazan. OXIGENOTERAPIA E VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA. Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro. p. 1-16, fev. 2010. DAVID, C. M. Ventilação Mecânica: da fisiologia à prática clínica. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. Quintão, Mônica; et al. Ventilação não Invasiva na Insuficiência Cardíaca. Rev SOCERJ. 2009;22(6):387-397 novembro/dezembro. Disponível em <http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2009_06/a2009_v22_n06_06atuschermont.pdf> Acesso em 3 jan. 2022. https://erj.ersjournals.com/content/50/2/1602426 http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2009_06/a2009_v22_n06_06atuschermont.pdf