Prévia do material em texto
PROBLEMA 4 - CAFÉ TEM CHEIRO DE FUMAÇA E A BANANA TEM GOSTO DE GASOLINA OBJETIVO 1 - RELACIONAR A ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA CAVIDADE NASAL E DA LÍNGUA COM: OLFATO O olfato é o menos compreendido dos nossos sentidos, em parte porque o sentido de olfação é um fenômeno subjetivo, que não pode ser estudado facilmente em animais inferiores. Outro problema complicador é que o olfato é pouco desenvolvido nos seres humanos, em comparação com muitos outros mamíferos. ANATOMIA E HITOLOGIA: CAVIDADE NASAL: · É toda cavidade, incluindo metade direita e esquerda. · A entrada da cavidade nasal é anterior, através das narinas. · Abre-se posteriormente na parte da faringe através dos cóanos · É revestida por túnica mucosa, com exceção do vestíbulo nasal, que é revestido por pele. · A túnica mucosa do nariz está firmemente unida ao periósteo e pericôndrio dos ossos e cartilagens que sustentam o nariz. · A túnica mucosa é contínua com o revestimento de todas as câmaras com as quais as cavidades nasais se comunicam: a parte nasal da faringe na parte posterior, os seios paranasais nas partes superior e lateral, e o saco lacrimal e a túnica conjuntiva na parte superior. · Os dois terços inferiores da túnica mucosa do nariz correspondem a área respiratória e o terço superior é a área olfatória. · A área olfatória contém o órgão periférico do olfato, onde a aspiração leva ar até essa área. · As cavidades nasais têm teto, assoalho e paredes medial e lateral. · As conchas nasais superior, média e inferior curvam-se em sentido inferomedial, pendendo da parede lateral como persianas ou cortinas curtas. São estruturas muito convolutas, semelhantes a rolos, que oferecem uma grande área de superfície para troca de calor. · Em sua constituição temos o recesso ou meato nasal, que corresponde a passagem na cavidade nasal, sob cada formação óssea. · a cavidade nasal é dividida em cinco passagens: um recesso esfenoetmoidal posterossuperior, três meatos nasais laterais (superior, médio e inferior) e um meato nasal comum medial, no qual se abrem as quatro passagens laterais. HISTOLOGIA: EPITÉLIO OLFATÓRIO: · O epitélio olfatório é recoberto por um muco (substituído a cada 10 min) que consiste em uma substância aquosa contendo proteoglicanos e uma variedade de proteínas (incluindo anticorpos, enzimas e proteínas ligadoras de odorantes) e sais. · os anticorpos presentes nesse muco são: · IgA (mucosas) · IgE (processos alérgicos) · IgG (cronicidade) · tais anticorpos são extremamente importantes pois o epitélio olfatório possui neurônios, sendo assim uma via direta para a entrada de patógenos no encéfalo. · As proteínas ligadoras são importantes, porque auxiliam na concentração dos odorantes no muco. · As narinas possuem a superfície revestida por epitélio escamoso queratinizado e conforme adentra no canal nasal torna-se não queratinizado. · A porção respiratória é revestida por epitélio cilíndrico pseudoestratificado ciliado com células caliciformes, sustentando pela lâmina própria, que consiste em tecido conjuntivo com glândulas seromucosas · A lâmina própria tem um plexo venoso superficial rico ( tecido cavernoso erétil) e é contínua com o periósteo do osso etmóide e com o pericôndrio da cartilagem, formando assim as paredes das cavidades nasais · As secreções das células caliciformes do epitélio respiratório e das glândulas seromucosas mantêm a superfície mucosa das conchas nasais sempre úmidas. · O ar é aquecido pelo sangue do plexo venoso, que flui na direção oposta do ar inspirado (fluxo contracorrente) · As conchas nasais causam turbulência no fluxo de ar facilitando o contato entre ar e o muco que recobre a região respiratória. · É um neuro epitélio colunar pseudoestratificado, formado por três tipos celulares: · Células de sustentação: semelhantes às células da glia têm a capacidade de produzir o muco que dissolve as substâncias odorantes, lubrifica e protege os neurônios olfatórios. · são prismáticas (também chamada de colunar ou cilíndrica), largas no seu ápice e mais estreitas na sua base. Apresentam, na sua superfície, microvilos que se projetam para dentro da camada de muco que cobre o epitélio. · são células eiteliais não sensoriais com muitas microvilosidades apicais e granulos secretórios que liberam seu conteudo sobre a superfície mucosa · Células olfatórias: são neurônios bipolares que se distinguem das células de sustentação porque seus núcleos se localizam em uma posição mais inferior. · Células basais: são pequenas, arredondadas, e situam-se na região basal do epitélio, entre as células olfatórias e as de sustentação · atuam como uma célula-tronco que se diferenciam em células olfatórias, sendo assim responsaveis pela regeneração dos neurônios do epitélio olfatório que acontece a cada 30 ou 60 dias. · As células basais são células-tronco mitoticamente ativas, que produzem células-filhas que se diferenciam primeiro em NSO imaturos e depois em NSO maduros. · O NSO é um neurônio bipolar, muito polarizado, que apresenta uma região apical, voltada para a superfície da mucosa e que consiste em um dendrito especializado com uma terminação similar a um botão (vesícula olfatória ou botão olfatório) e cerca de 10-20 cílios emergem dessa terminação, enquanto a região basal desse NSO origina um único axônio. · O conjunto dos axônios dos NSOs formam feixes nervosos não mielinizados (os filamentos olfatórios), circundados por células da glia. Esses feixes nervosos formam o primeiro nervo craniano, cujos axônios cruzam a placa cribriforme do osso etmoide e entram em contato com os dendritos das células mitrais, localizadas nos glomérulos do bulbo olfatório, estabelecendo as conexões sinápticas. · As glândulas de Bowman (glândulas serosas) estão presentes na lâmina própria abaixo do epitélio e secretam um fluido seroso no qual são dissolvidas as substâncias odorantes. Além disso, o produto secretado pelas glândulas de Bowman contém substâncias protetoras como a lisozima e o IgA secretado pelos plasmócitos. · O fluido secretório contém a proteína ligadora de odorantes (OBP) com alta afinidade de ligação a uma grande quantidade de moléculas odorantes. Essas OBP levam os odorantes para a superfície dos cílios modificados e os removem após terem sido detectados. · NEURÔNIOS RECEPTORES OLFATÓRIOS: os neurônios receptores olfatórios possuem um único e fino dendrito, que termina com uma pequena dilatação na superfície do epitélio, por onde os cílios longos e finos que se estendem para dentro da camada de muco. · As substâncias odoríferas no muco ligam-se à superfície dos cílios e ativam o processo de transdução. · No lado oposto da célula receptora olfatória, há um axônio muito fino e não mielinizado que, coletivamente, formam o nervo olfatório (NC I). · Os axônios olfatórios não se juntam todos em um único feixe para formarem o NC I, mas depois de deixar o epitélio formam pequenos grupos de axônios que penetram na placa cribriforme, seguindo então para o bulbo olfatório. FISIOLOGIA OLFATÓRIA TRANSDUÇÃO OLFATÓRIA: · todas as moléculas de transdução estão nos cílios. · VIA OLFATÓRIA: substâncias odoríferas → ligação aos receptores odoríferos na membrana → estimulação da proteína G (Golf) → ativação da adenilato-ciclase → formação do AMPc → ligação do AMPc ao canal catiônico ativado por nucleotídeo cíclico → abertura de canais catiônicos e influxo de Na+ e Ca+2 → abertura de canais de Cl- ativados por Ca+2 → fluxo de corrente e despolarização da membrana (potencial receptor). MECANISMO DE EXCITAÇÃO DAS CÉLULAS OLFATÓRIAS · A substância odorífera, ao entrar em contato com a superfície da membrana olfatória difunde-se no muco que recobre os cílios e em seguida ligam-se a proteínas receptoras na membrana de cada cílio que estão ligadas a uma proteína G (golf), estimulando a liberação de subunidades da proteína, mais especificamente a alfa. · A subunidade alfa estimula uma adenilato-ciclase, causando um aumento na concentração de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc). · O AMPc é responsável pelaabertura de canais de cátions modulados por nucleotídeos cíclicos, sendo que íons Na+ e Ca+2 fluindo por esses canais despolarizam o neurônio olfatório. · A entrada de Ca+2 também induz a abertura de canais de cloreto, provocando o efluxo desse ânion. · A combinação da entrada de íons positivos com a saída de íons negativos leva à despolarização completa da célula, gerando um potencial de ação. A despolarização acontece quando o potencial basal de -55mV passa para -30mV ou menos. · A concentração interna de Cl- nas células olfatórias deve ser alta, uma vez que a saída desse íon deve provocar a despolarização e não a hiperpolarização (como de costume). · A resposta olfatória pode ser encerrada por diferentes razões. As substâncias odoríferas difundem-se para longe, as enzimas na camada de muco podem degradá-las, e o AMPc na célula receptora pode ativar outras vias de sinalização que encerram o processo de transdução. Mesmo na presença continuada de um odorante, a intensidade percebida para um odor normalmente desaparece, uma vez que a resposta da célula receptora se adapta a um odorante dentro de cerca de um minuto. A diminuição da resposta, apesar da presença continuada de um estímulo, é chamada de adaptação. Tem sido postulado que, após o início do estímulo olfatório, o sistema nervoso central desenvolve rapidamente forte feedback inibitório, de modo a suprimir a transmissão dos sinais olfatórios através do bulbo olfatório. · Os canais presentes nos cílios dos neurônios olfatórios são canais dependentes de AMPc, ou seja, são ativados por AMPc. Cada proteína receptora liga diferentes substâncias odoríferas com maior ou menor facilidade e, portanto, a célula receptora é mais ou menos sensível a esses estímulos. Algumas células são mais sensíveis à estrutura química das substâncias odoríferas às quais elas respondem, mas, em geral, cada receptor apresenta especificidade bastante ampla. Uma conclusão disso é que cada estímulo ativa muitos receptores. A concentração do odorante também é importante. Uma maior quantidade de odorante tende a gerar respostas mais fortes até que a força da resposta sature. Portanto, cada célula olfatória produz informação bastante ambígua sobre o tipo e a intensidade do estímulo odorífero. · VIAS CENTRAIS DO OLFATO: a estreita relação entre as células olfatórias e o bulbo se dá pelos curtos axônios que os NSO têm e esses axônios terminam nos glomérulos, que são pequenas estruturas globulares que ficam dentro do bulbo olfatório. Cada um dos dois bulbos olfatórios apresenta milhares de glomérulos, que são recebem cerca de 25 mil terminações axônicas das células olfatórias. Cada glomérulo também possui terminações dendríticas de cerca de 25 células mitrais e 60 células tufosas, que possuem seus corpos celulares residindo superiormente ao glomérulo, ainda no bulbo olfatório. Esses glomérulos também são rodeados por células periglomerulares (interneurônios). · A primeira sinapse que leva a informação olfativa acontece entre os neurônios olfatórios e as células MT (mitrais e tufosas) e entre os neurônios olfatórios e as células periglomerulares. As células MT processam e enviam suas informações para o bulbo olfatório, mas essas informações não passam direto para a via de transmissão com o encéfalo, porque precisam sofrer um processo de seleção ainda no bulbo. As células granulares (interneurônios) são capazes de fazer a seleção das informações que vão passar das células MT para o glomérulo, seja pela estimulação (liberação de glutamato) ou pela inibição (liberação de GABA). Depois dessa seleção, as células periglomerulares, que são células que têm capacidade de inibir as sinapses das células MT e de fazer a conexão entre as informações de um glomérulo e outro, ou seja, essas células periglomerulares podem selecionar qual informação passa para o encéfalo. Por isso, a informação olfatória começa a ser processada antes mesmo de chegar ao encéfalo. · A informação olfatória é modificada por interações inibitórias e excitatórias dentro e entre os glomérulos e entre os dois bulbos. Os neurônios nos bulbos também estão sujeitos à modulação por sistemas de axônios descendentes, oriundos de áreas superiores do encéfalo. É provável que eles comecem a separar sinais odoríferos em categorias amplas, independentemente de suas intensidades e possíveis interferências de outros estímulos odoríferos. A identificação precisa de um odor provavelmente requer um processamento posterior nos próximos estágios do sistema olfatório. TRANSMISSÃO DE SINAIS OLFATÓRIOS PARA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL · Registros eletrofisiológicos de células mitrais e tufosas revelam que as células granulares e periglomerulares organizam circuitos locais inibitórios. · O córtex olfatório é subdividido em cinco áreas principais: núcleo olfatório anterior, que parece mediar, por meio da comissura anterior, a comunicação entre regiões bilateralmente simétricas dos dois bulbos olfatórios; córtex piriforme, que se constitui na principal área envolvida na discriminação olfatória; tubérculo olfatório, que envia projeções ao núcleo mediodorsal do tálamo que, por sua vez, se projeta ao córtex orbitofrontal, envolvido na percepção olfatória consciente; núcleo cortical da amígdala e córtex entorrinal, os quais se projetam para o hipotálamo e o hipocampo e parecem estar envolvidos nos atributos afetivos que acompanham um estímulo olfatório. · Projeções convergentes ao bulbo olfatório partem de várias regiões do sistema nervoso, incluindo áreas corticais olfatórias, prosencéfalo basal, locus ceruleus e núcleos da rafe. Por meio desse controle eferente, o bulbo olfatório pode ser modulado por essas diversas áreas, permitindo a atribuição de diferentes significados a um mesmo odor, dependendo das circunstâncias fisiológicas e comportamentais do organismo. TRANSMISSÃO DE SINAIS OLFATÓRIOS PARA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL → Parte do cérebro que originalmente se relacionava ao olfato evoluiu posteriormente, dando origem a estruturas cerebrais basais que controlam as emoções e outros aspectos do comportamento humano; chamamos esse sistema de sistema límbico. Transmissão de sinais olfatórios para o bulbo olfatório. → As fibras nervosas que se projetam dos receptores olfatórios e atravessam a lâmina cribriforme do crânio são chamadas, em conjunto, de nervo olfatório (I par craniano). Os nervos olfatórios se dirigem ao bulbo olfatório, de onde emerge o trato olfatório. Na realidade, tanto o trato quanto o bulbo olfatório são uma extensão anterior do tecido cerebral da base do encéfalo; o alargamento bulboso em sua extremidade, o bulbo olfatório, localiza-se sobre a lâmina cribriforme, que separa a cavidade cerebral das partes superiores da cavidade nasal. → A lâmina cribriforme tem múltiplas pequenas perfurações, através das quais um número igual de pequenos nervos ascende da membrana olfatória, na cavidade nasal, para entrar no bulbo olfatório, na cavidade craniana. → Cada bulbo tem vários milhares de glomérulos (estruturas globulares), cada um dos quais é o término de cerca de 25 mil axônios provenientes das células olfatórias. Cada glomérulo também é o término dos dendritos de cerca de 25 grandes células mitrais e de cerca de 60 células em tufo menores, cujos corpos celulares se encontram no bulbo olfatório superior aos glomérulos. Esses dendritos recebem sinapses dos neurônios das células olfatórias; as células mitrais e em tufo enviam axônios por meio do nervo olfatório (que, na verdade, é um conjunto de nervos) para transmitir sinais olfatórios para níveis superiores no sistema nervoso central. Algumas pesquisas sugerem que glomérulos diferentes respondam a odores diferentes. É possível que glomérulos específicos sejam a verdadeira pista para a análise de diferentes sinais olfatórios transmitidos ao sistema nervoso central. Vias olfatórias primitivas e mais recentes para o sistema nervoso central → O trato olfatório entra no cérebro na junção anterior entre o mesencéfalo e o cérebro, onde se divide em duas vias, como mostrado nafigura, uma passando medialmente para a área olfatória medial do tronco encefálico e a outra passando lateralmente para a área olfatória lateral. → A área olfatória medial representa um sistema olfatório muito primitivo, ao passo que a área olfatória lateral é a entrada para: (1) um sistema olfatório menos antigo; e (2) um sistema recente Sistema olfatório primitivo | Área olfatória medial. → A área olfatória medial consiste em um grupo de núcleos localizados nas porções mediobasais do cérebro, imediatamente anteriores ao hipotálamo. Os mais conspícuos são os núcleos septais, que são núcleos da linha média que alimentam o hipotálamo e outras porções primitivas do sistema límbico do cérebro. Essa é a área do cérebro que mais se relaciona com o comportamento básico. → É mais fácil entender a importância dessa área olfatória medial ao se observar o que acontece em animais quando as áreas olfatórias laterais de ambos os lados do cérebro são removidas e apenas o sistema medial permanece. A remoção dessas áreas dificilmente afeta as respostas mais básicas do olfato, como lamber os lábios, salivação e outras respostas relacionadas à alimentação provocadas pelo cheiro da comida ou por impulsos emocionais básicos associados ao olfato. Sistema olfatório menos antigo | A área olfatória lateral. → A área olfatória lateral é composta principalmente pelo córtex pré-piriforme, pelo córtex piriforme e pela porção cortical dos núcleos amigdaloides. A partir dessas áreas, as vias de sinalização passam para quase todas as porções do sistema límbico, especialmente para as porções menos primitivas, como o hipocampo, que parece ser o mais importante para o aprendizado relacionado a gostar ou não de certos alimentos, dependendo das experiências prévias com eles. Por exemplo, acredita-se que essa área olfatória lateral e suas muitas conexões com o sistema límbico façam com que uma pessoa desenvolva uma aversão absoluta a alimentos que lhe tenham causado náuseas e vômito. → Uma característica importante da área olfatória lateral é que muitas vias de sinalização dela também se projetam diretamente para uma parte mais primitiva do córtex cerebral chamada de paleocórtex, que se localiza na porção anteromedial do lobo temporal. Essa área é a única de todo o córtex cerebral em que os sinais sensoriais passam diretamente para ele, sem passar primeiro pelo tálamo. Sistema olfatório recente. → Foi encontrada uma via olfatória filogeneticamente mais recente que passa pelo tálamo, passando para o núcleo talâmico dorsomedial e, então, para o quadrante posterolateral do córtex orbitofrontal. Com base em estudos em macacos, esse sistema mais recente provavelmente auxilia na análise consciente do odor. Controle centrífugo da atividade do bulbo olfatório pelo sistema nervoso central. → Muitas fibras nervosas que se originam nas porções olfatórias do cérebro partem dele em direção ao exterior, passando pelo trato olfatório e para o bulbo olfatório (ou seja, centrifugamente do cérebro para a periferia). Essas fibras nervosas terminam em um grande número de pequenas células granulares, localizadas no bulbo olfatório, entre as células mitrais e as células em tufo. → As células granulares enviam sinais inibitórios para as células mitrais e para as células em tufo. Essa retroalimentação inibitória pode ser um meio para refinar a capacidade específica de uma pessoa de distinguir um odor de outro. PALADAR Esse sentido é responsável pela detecção de íons ou moléculas presentes principalmente (não exclusivamente) nos alimentos ingeridos. Nos humanos, os receptores gustativos são encontrados principalmente na língua, faringe, epiglote, porção superior do esôfago e palato e são agrupados em botões gustativos, que se agrupam em papilas gustativas. A maioria das papilas gustativas se distribui pela língua. O botão gustativo também tem diferentes tipos de células, que servem tanto para fornecer suporte para as células receptoras quanto para promover sua contínua renovação. ANATOMIA E HISTOLOGIA DA LÍNGUA · A língua é um órgão muscular móvel recoberto por túnica mucosa que pode assumir vários formatos e posições. Uma parte da língua está situada na cavidade oral e a outra na parte oral da faringe. · Um sulco mediano divide a parte anterior da língua em metades direita e esquerda. · Os dois terços anteriores da língua são formados por uma massa central de músculo esquelético orientado em três direções (longitudinal, transversal e oblíquo). O terço posterior (raiz da língua) apresenta no tecido conjuntivo agregados de tecido linfoide (tonsilas linguais). A superfície dorsal da língua é coberta por uma mucosa especializada, que consiste em epitélio escamoso estratificado não queratinizado (geralmente), apoiado em uma lâmina própria próxima ao músculo esquelético. Glândulas serosas e mucosas se distribuem pela lâmina própria e se estendem entre os feixes do músculo. Seus ductos se abrem em criptas e sulcos das tonsilas linguais e das papilas circunvaladas, respectivamente. A superfície dorsal da língua contém numerosas projeções de mucosa, as papilas linguais, sendo que cada papila lingual é formada por uma área central de tecido conjuntivo altamente vascularizado recoberto por epitélio escamoso estratificado. · A túnica mucosa da parte anterior do dorso da língua é relativamente fina e está bem fixada ao músculo subjacente. Tem textura áspera por causa de numerosas pequenas papilas linguais: · Papilas circunvaladas: estruturas grandes em formato de cúpula que são encontradas na mucosa. · A língua humana contém 8 a 12 dessas papilas. Cada papila é circundada por uma invaginação semelhante a uma vala revestida por epitélio estratificado pavimentoso, que contém numerosos botões gustativos. · Os ductos das glândulas salivares linguais (de von Ebner) liberam suas secreções serosas na base das valas. Essa secreção presumivelmente elimina o material da vala para possibilitar que os botões gustativos respondam rapidamente a mudanças de estímulos. · Papilas folhadas: pequenas pregas laterais da túnica mucosa lingual. São pouco desenvolvidas nos seres humanos · Papilas filiformes: são as menores e as mais numerosas nos humanos. · São projeções cônicas e alongadas de tecido conjuntivo, que são recobertas por epitélio estratificado pavimentoso altamente queratinizado. · Esse epitélio é desprovido de botões gustativos. · As papilas desempenham apenas um papel mecânico. · Papilas fungiformes: pontos em formato de cogumelo, rosa ou vermelhos, dispersos entre as papilas filiformes, porém mais numerosos no ápice e nas margens da língua. Os botões gustativos são encontrados no epitélio estratificado pavimentoso da superfície dorsal dessas papila · · Cada papila lingual é formada por uma parte central de tecido conjuntivo altamente vascularizado e uma camada de revestimento de epitélio pavimentoso estratificado. · Glândulas serosas, ou glândulas de von Ebner, no tecido conjuntivo, em contato com a musculatura adjacente, estão associadas às papilas circunvaladas. Os ductos das glândulas de von Ebner se abrem no fundo dos sulcos circulares. · Os corpúsculos gustativos são encontrados em todas as papilas linguais, exceto nas papilas filiformes. são estruturas epiteliais em formato de barril comendo células quimiossensoriais chamadas células receptoras gustativas. As células receptoras gustativas estão em contato sináptico com as terminações dos nervos gustativos. · As células receptoras gustativas têm um tempo médio de vida de 10 a 14 dias. As células precursoras dão origem às células de sustentação (ou células gustativas imaturas) que, por sua vez, se tornam células receptoras gustativas maduras. · Uma sensação específica de um sabor é gerada por uma célula receptora gustativa específica. O nervo facial transmite as cinco sensações de sabores; o nervo glossofaríngeo transmite as sensações dos sabores doce e amargo. · INERVAÇÃO DA LÍNGUA · Para sensibilidade geral (tato e temperatura), a túnica mucosa dos dois terços anteriores da língua ésuprida pelo nervo lingual, um ramo do NC V3 · Para sensibilidade especial (paladar), essa parte da língua, com exceção das papilas circunvaladas, é suprida pelo nervo corda do tímpano, um ramo do NC VII. → O nervo corda do tímpano une-se ao nervo lingual na fossa infratemporal e segue anteriormente em sua bainha. → A mucosa do terço posterior da língua e as papilas circunvaladas são supridas pelo ramo lingual do nervo glossofaríngeo (NC IX) para sensibilidade geral e especial. → Brotos do nervo laríngeo interno, um ramo do nervo vago (NC X), são responsáveis sobretudo pela sensibilidade geral, mas também por parte da sensibilidade especial, de uma pequena área da língua imediatamente anterior à epiglote. → Esses nervos basicamente sensitivos também conduzem fibras secretomotoras parassimpáticas para as glândulas serosas na língua. SENSAÇÕES PRIMÁRIAS DA GUSTAÇÃO Diagrama dos receptores gustativos e seu mecanismo de sinalização. A.mecanismo de sinalização dos receptores de sabor amargo,doce e umami nas células neuroepiteliais. Essas células expressam seletivamente apenas uma classe de proteínas receptoras; todos os três receptores gustativos são mostrados na membrana celular apical. B. sensação gustativa de azedo é gerada por prótons H + que bloqueiam principalmente os canais de K +. Os prótons H + entram na célula por meio de canais de Na + sensíveis à amilorida e por canais de H + específicos do paladar (PKD1L3 e PKD2L1) expressos exclusivamente nas células envolvidas na transdução do sabor azedo. C. o sabor salgado deriva dos íons Na + que entram nas células neuroepiteliais por meio dos canais de Na + sensíveis à amilorida. O Na + intracelular causa despolarização da membrana e ativação de canais de Na + e Ca + sensíveis à voltagem adicionais. → Sabor azedo: é gerado por prótons H + que são formados pela hidrólise dos componentes ácidos. O próton primário H + bloqueia os canais de K + , que são responsáveis pela geração do potencial de membrana da célula que causa despolarização da membrana celular. Além disso, os prótons H + entram na célula através dos canais de Na + sensíveis à amilorida e por meio de canais de especificação, denominados PKD1L3 e PKD2L1, encontrados nas células neuroepiteliais envolvidas exclusivamente na transdução do sabor azedo. A entrada de H + na célula receptora ativa os canais de Ca 2+ sensíveis à voltagem. O influxo de Ca 2+ desencadeia a migração das vesículas sinápticas, sua fusão e a liberação de transmissores, resultando na geração de potenciais de ação da fibra nervosa sensitiva aposta → Sabor salgado: é estimulado pelo sal de cozinha (NaCl), deriva essencialmente do sabor dos íons sódio. O Na + entra nas células neuroepiteliais por meio dos canais de Na + sensíveis à amilorida (os mesmos que estão envolvidos na transmissão do sabor azedo). Esses canais são diferentes dos canais de Na + sensíveis à voltagem que geram potenciais de ação nas células nervosas ou musculares. A entrada de Na + em uma célula receptora provoca despolarização de sua membrana e ativação de canais de Na + sensíveis à voltagem e de canais de Ca 2+ sensíveis à voltagem adicionais. Conforme descrito anteriormente, o influxo de Ca 2+ desencadeia a migração e a liberação do neurotransmissor das vesículas sinápticas, resultando em estimulação da fibra nervosa gustatória → Sabor amargo: é detectado por cerca de 30 tipos diferentes de receptores quimiossensoriais T2R. 1. Cada receptor representa uma única proteína transmembrana acoplada à sua própria proteína G. 2. Após a ativação do receptor pelo saborizante, a proteína G estimula a enzima fosfolipase C, levando à produção intracelular aumentada de inositol 1,4,5 trifosfato (IP3 ; do inglês, inositol 1,4,5trisphosphate), uma molécula de segundo mensageiro. 3. Por sua vez, o IP3 ativa canais de Na + específicos do paladar, causando o influxo de íons Na + , com consequente despolarização da célula neuroepitelial. 4. A despolarização da membrana plasmática provoca a abertura dos canais de Ca 2+ regulados por voltagem nas células neuroepiteliais. 5. O aumento dos níveis intracelulares de Ca 2+ , seja pelo influxo de Ca 2+ extracelular para dentro da célula (o efeito da despolarização) ou pela sua liberação das reservas intracelulares (estimulação direta pelo IP3), resulta na liberação de moléculas de neurotransmissores, que geram impulsos nervosos ao longo da fibra nervosa aferente gustativa → Sabor doce: Os receptores gustativos do sabor doce também são acoplados à proteína G. Diferentemente dos receptores gustativos do sabor amargo, eles apresentam duas subunidades proteicas, T1R2 e T1R3. Os saborizantes doces ligados a esses receptores ativam a mesma cascata de reações do sistema de segundo mensageiro dos receptores do sabor amargo · Algumas substâncias que apresentam sabor inicialmente doce têm um gosto amargo. Essa característica ocorre com a sacarina, o que torna essa substância questionável para algumas pessoas. Altas concentrações de sais também podem resultar em um sabor amargo. → Sabor umami: Umami, uma palavra japonesa que significa “delicioso”, designa uma sensação de sabor agradável que é qualitativamente diferente de azedo, salgado, doce ou amargo. Está ligado a determinados aminoácidos (p. ex., Lglutamato, aspartato e compostos relacionados) e é comum nos aspargos, tomates, queijo e carne. Os receptores do sabor umami são muito semelhantes aos receptores do sabor doce; eles também são compostos de duas subunidades. Uma subunidade, T1R3 é idêntica ao do receptor do sabor doce; no entanto, a segunda subunidade formada pela proteína T1R1 é exclusiva dos receptores de sabor umami. O processo de transdução é idêntico ao descrito anteriormente para as vias do sabor amargo. O glutamato monossódico, adicionado a muitos alimentos para realçar o seu sabor (e o principal ingrediente do molho de soja), estimula os receptores umami. TRANSMISSÃO DE SINAIS DE SABOR PARA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL → Os impulsos de sabor dos dois terços anteriores da língua passam inicialmente pelo nervo lingual e, então, através do ramo corda do tímpano para o nervo facial e, finalmente, para o trato solitário, no tronco encefálico. → As sensações gustativas das papilas circunvaladas na parte posterior da língua e de outras regiões posteriores da boca e da garganta são transmitidas por meio do nervo glossofaríngeo também para o trato solitário, mas em um nível ligeiramente mais posterior. → Por fim, alguns sinais gustativos são transmitidos para o trato solitário a partir da base da língua e de outras partes da região faríngea por meio do nervo vago. 1. Todas as fibras gustativas fazem sinapse nos núcleos do trato solitário no tronco encefálico posterior. Esses núcleos enviam neurônios de segunda ordem para uma pequena área do núcleo ventral posteromedial do tálamo, localizado ligeiramente medial às terminações talâmicas das regiões faciais do sistema da coluna dorsal-lemnisco medial. 2. Do tálamo, os neurônios de terceira ordem são transmitidos para a extremidade inferior do giro pós-central no córtex cerebral parietal, onde penetram profundamente no sulco lateral e na área insular opercular adjacente. Essa área fica ligeiramente lateral, ventral e rostral em relação à área para os sinais táteis da língua na área somática cerebral I. Por essa descrição das vias gustativas, fica evidente que elas são estreitamente paralelas às vias somatossensoriais da língua. Os reflexos do paladar são integrados no tronco encefálico. → Do trato solitário, muitos sinais gustativos são transmitidos dentro do próprio tronco encefálico, diretamente para os núcleos salivares superior e inferior. → Essas áreas transmitem sinais às glândulas submandibulares, sublinguais e parótidas para ajudar a controlar a secreção de saliva durante a ingestão e a digestão dos alimentos. Adaptação rápida do paladar. → O grau final de adaptação extremo que ocorre na sensação gustativa quase certamente ocorre no sistema nervoso central, embora os mecanismos sejam desconhecidos.→ Esse mecanismo de adaptação é diferente do de muitos outros sistemas sensoriais, que se adaptam principalmente nos receptores RELAÇÃO ENTRE OLFAÇÃO E GUSTAÇÃO INTEGRAÇÃO OLFAÇÃO-GUSTAÇÃO E O SABOR DOS ALIMENTOS → As qualidades gustativas são percebidas por meio da estimulação de receptores que constituem a sensibilidade somestésica da cavidade oral (mecanoceptores e termoceptores). Mesmo nociceptores (que também fazem parte da sensibilidade somestésica) contribuem para o sabor de um alimento, por serem ativados por substâncias, como a capsaicina, encontrada em algumas pimentas, e que tanto contribuem para a riqueza de nosso paladar. → As dimensões “gustatórias/olfatórias” desses estímulos são veiculadas ao córtex insular, como já mencionamos. Note-se que essas regiões corticais ficam muito próximas umas das outras, o que favorece a sugestão de que funcionam de forma cooperativa para propiciar ao indivíduo uma percepção simultaneamente gustatória e somestésica dos gustantes que chegam à boca. A. Imagem de ressonância magnética funcional que mostra a ativação do córtex insular em ambos os lados, após a administração, a um voluntário, de um composto viscoso mas sem gosto. A área ativada é representada em amarelo-claro sobre um corte coronal (à esquerda) e sobre um corte parassagital (à direita). B. Imagem semelhante da ativação do córtex insular após a estimulação com um composto doce (sacarose). HD = hemisfério direito. → Dados obtidos por métodos de neuroimagem dão suporte a essa ideia de composição multissensorial do sabor dos alimentos. Imagens de ressonância magnética funcional mostraram que estímulos gustativos, olfatórios e somestésicos, provenientes da cavidade oral, causam ativações neurais que se superpõem em várias áreas corticais, tais como ínsula, córtex orbitofrontal e giro do cíngulo. → Tais evidências sugerem que essas estruturas corticais têm um papel central na integração de informações sensoriais distintas, mas que cooperam para a percepção de um sabor. O sabor de um alimento, portanto, é apenas mais um exemplo de uma integração sensorial multimodal, sujeito a modulações impostas pelo aprendizado, por processos de retroalimentação sensorial e também pela atenção que prestamos àquilo que ingerimos. OBJETIVO 2 - DEFINIR OS PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DE OLFATO E PALADAR RELACIONADOS A COVID-19 DISTÚRBIOS DO OLFATO · Hiposmia: diminuição do olfato · Anosmia: abolição do olfato · Hiperosmia: aumento do olfato. Pode surgir na gravidez, no hipertireoidismo e em pacientes neuróticos. Pode ser também decorrente de lesões na ponta do lobo temporal. Por vezes, a hiperosmia e, também, a parosmia podem surgir como aura epiléptica (i. e., precedem as crises) ou como equivalente da crise convulsiva. · Cacosmia: sentir mau cheiro, distinguindo-se duas variedades: subjetiva e objetiva. Na subjetiva, somente o indivíduo percebe o mau cheiro, como acontece na sinusite purulenta crônica; na objetiva, tanto o indivíduo como as pessoas que dele se aproximam percebem. A cacosmia objetiva pode ser atribuída à sífilis nasal com sequestros, tumores, corpo estranho. Na rinite atrófica ozenosa, a cacosmia em geral é só objetiva, devido à atrofia das terminações do nervo olfatório ou à fadiga do nervo em consequência da estimulação contínua pelos odores fétidos que se formam nesse tipo de rinite · Parosmia: interpretação errônea de uma sensação olfatória. É a perversão do olfato. Surge em pacientes com afecção neurológica. Pode ocorrer também como aura na epilepsia DISTÚRBIOS DO PALADAR · Disgeusia: qualquer tipo de distúrbio do paladar, terminologia geral; · Parageusia: comprometimento qualitativo do paladar, que delineia uma distorção desencadeada do paladar (percepção do amargo, metálico ou outro quando se come/bebe); · Fantogeusia: comprometimento qualitativo, distorção do paladar, como gosto metálico ou gosto permanente amargo, azedo, salgado ou (mais raro) doce; · Hipogeusia: distúrbio quantitativo, causa redução da função gustativa; · Ageusia: ausência de paladar. OBJETIVO 3 - JUSTIFICAR FISIOLOGICAMENTE AS ALTERAÇÕES DE OLFATO E PALADAR EM PACIENTES PÓS COVID-19 → Pacientes com diagnóstico de COVID-19 positivo tem apresentado casos de anosmia, disgeusia e ageusia; → os mecanismos de ação do vírus no olfato e paladar, todavia não são precisos; →Os pesquisadores propuseram cinco mecanismos possíveis para a patogênese da anosmia associada à COVID-19 (1) afeição dos receptores da enzima conversora de angiotensina 2 “ACE2”, (2) dano às células de suporte do epitélio olfatório, (3) acometimento do lobo frontal (centros olfatórios), (4) obstrução inflamatória das fendas olfatórias (5) efeito da deficiência de zinco. 1. Afeição dos Receptores da Enzima Conversora de Angiotensina 2 “ACE2” → A entrada do vírus SARS-CoV-2 nas células depende da expressão de ACE2. e protease transmembrana serina 2 (TMPRSS2) pelas células alvo. → ACE2 e TMPRSS2 são expressos em células de sustentação do epitélio olfatório → O vírus SARS-CoV-2 utiliza esses receptores para entrar sem induzir uma resposta inflamatória local; portanto, mais de 50% dos pacientes infectados apresentam disfunção do olfato → Sugere-se que o vírus SARS-CoV-2 cause anosmia ao se ligar aos receptores ACE2, células de sustentação e glândulas de Bowman, levando a danos e perturbações funcionais 2. Danos às células de sustentação do epitélio olfatório → As células sustentaculares são células de suporte para os neurônios olfatórios e fornecem nutrientes às células neuronais, eliminando proteínas residuais de ligação a odores e mantendo a integridade estrutural do epitélio olfatório → Pode haver resposta inflamatória liberada contra o vírus, incluindo a liberação de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), levando a danos no epitélio olfatório, o que resulta na disfunção dos neurônios sensoriais odoríferos 3. Afeição do lobo frontal (centros olfativos) → O vírus SARS-CoV-2 invade o sistema nervoso central ligando-se ao receptor ACE2; no entanto, a fisiopatologia exata da neuroinvasividade do SARS-CoV-2 em diferentes tecidos cerebrais durante a infecção ainda não é completamente compreendida → As manifestações neurológicas expandidas associadas à infecção levaram alguns investigadores a acreditar que o SARS-CoV-2 é neurotrópico → No entanto, atualmente faltam provas experimentais precisas da neuroinvasividade do SARS-CoV-2 em vários tecidos cerebrais. Na verdade, ainda não se sabe se e como o SARS-CoV-2 infecta partes distintas do cérebro após cruzar a barreira hematoencefálica 4. Obstrução inflamatória de fendas olfativas → A maioria dos pacientes com COVID-19 sofre de obstrução total das fendas olfatórias, o que causa disfunção olfatória, mas a causa exata da obstrução das fendas olfatórias permanece desconhecida. Foram encontraram fendas olfatórias acompanhadas de edema leve e bulbos olfatórios em ambos os lados na ressonância magnética de um paciente com COVID-19. 5. Efeito da deficiência de zinco → A deficiência de zinco é um fator predisponente da COVID-19 porque sua deficiência causa atrofia e depressão do timo nas respostas imunes adaptativas e inatas, o que aumenta a suscetibilidade à infecção. O vírus SARS-CoV-2 causa deficiência de Zn após a infecção através da utilização de Zn celular para replicação e quelação viral. → O nível de Zn diminui em 60% dos pacientes com infecção viral e permanece baixo por várias semanas. A deficiência de Zn é uma causa comum de anosmia devido à diminuição da função da metaloenzima dependente de zinco chamada anidrase carbônica (CA), que é uma enzima crítica para manter a função do olfato. · A presença da SARS-CoV e seu vírus RNA foi detectado em células dos pulmões e outros órgãos do corpo humano, todos que possuem a presença da enzima conversora da angiotensina 2 (ECA2). Esse achado indica que essas células são os principais ativos da infecção por SARS-CoV em humanos, sendo a ECA2 o seu receptor funcional, e tanto os distúrbios olfatórioscomo os distúrbios de paladar estão relacionados a uma ampla gama de infecções virais. · A entrada do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nas células se dá pela ligação da proteína S (de spike, espícula) a receptores da enzima conversora da angiotensina 2 (ECA2), que ficam na sua superfície. · Na gustação, verificou-se a expressão de ECA 2 nos tecidos orais, com maior presença na língua em comparação aos tecidos bucais e gengivas. · Dentre as células com expressão da ECA 2, é possível destacar os linfócitos T, linfócitos B, fibroblastos e, com um maior enriquecimento, células epiteliais da língua (células de sustentação) , o que pode explicar os casos de perda da gustação. O epitélio olfatório tem a capacidade de se regenerar, ou seja, a anosmia é considerada reversível, contudo, os pacientes com recuperação lenta dessa disfunção podem apresentar outro distúrbio, a parosmia, na qual os sabores (doce, amargo, salgado, azedo) são recuperados, mas determinados odores e aromas tornam-se desagradáveis (Nishioka, 2020). · DOPA-descarboxilase tem papel importante nas rotas metabólicas da serotonina e de dopamina - ela permite a conversão da L-DOPA em dopamina e da L-5-hidroxitripitofano em serotonina. isso indica que a via de sintese desses neurotransmissores são afetadas pelo virus O vírus do COVID19 causa lesão nas células neurais olfatórias, pois no epitélio nasal encontram-se quantidade elevada das enzimas que facilitam a difusão e replicação dele. Em resposta à infecção o sistema imunológico “ativa” o sistema de defesa por citosinas (proteínas), o chamado efeito citopático, o que pode comprometer o processo de neurotransmissão, causando a perda olfativa. Isso também ocorre com a gustação, onde o processo inflamatório (efeito citopático) diminui o tempo de vida das células receptoras das papilas gustativas (Cardoso et al., 2020; Felipe et al., 2021) · Perfil neurotrópico de outros betacoronavirus ja voi bastante estudado e descrito, destacando duas vias de infecção: · Disseminação hematogênica: · Transporte sináptico retrógrado: · A hipótese da neuroinflamação está associada a quebra de barreira hematoencefálica promovida pela ação de citocinas pró inflamatórias, de maneira a facilitar o acesso do vírus ao encéfalo. Atuariam sobre as células da glia e teriam então uma ação desmielinizante OBJETIVO 4 - APRESENTAR O EXAME CLÍNICO PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DE PALADAR E OLFATO E OS POSSÍVEIS TRATAMENTOS EM PACIENTES QUE TIVERAM COVID-19 EXAMES OLFATÓRIOS: · TESTES SUBJETIVOS: Dependem de fatores como idade, graus de compreensão e cooperação do examinado, duram de 20 a 30 min · Teste de detecção: Esses testes são realizados na busca da menor concentração do odorífero capaz de ser detectado (1). São realizados oferecendo ao paciente dois ou mais estímulos, sendo que apenas um possui substância com odor. Esse tipo de investigação mostrou-se mais efetiva que simplesmente perguntar se um odor pode ou não ser sentido. · Teste de reconhecimento: São efetuados na busca da menor concentração do odor capaz de ser reconhecido. O mais utilizado na clínica é o método ascendente de limiar. Nesse teste, os odores são apresentados seqüencialmente da menor para a maior concentração e assim estima-se o ponto de reconhecimento do odor · Olfatometria: Consiste de pequenos frascos contendo diluições de 5 diferentes odores. O kit básico é utilizado para determinar o limiar de detecção e o reconhecimento de cada estímulo, obtendo-se um valor médio do limiar. · Disquetes de odor: teste de screening da olfação utilizando oito disquetes contendo diferentes odores. eliminar o risco de contaminação das mãos do examinador e do paciente pelo odor. mínimo o risco de contaminação do disquete por secreções nasais. No entanto, ocorre uma intensa liberação do odor ao se abrir o disquete, sendo portanto um teste supralimiar, · Tomografia Computadorizada com Emissão Única de Fótons (SPECT): baseia-se no incremento de perfusão cortical que ocorre após estimulação sensorial. · TESTES SEMI-OBJETIVOS: São testes de reflexos neurais · Reflexo olfatório-pupilar: Baseia-se no fato de que um estímulo olfatório puro provoca uma miose que dura cerca de meio segundo e é seguido por midríase. · Reflexo olfatório-tensional ou cardiovascular: Odores muito fortes são capazes de produzir aumento na pressão arterial e alterações na freqüência cardíaca durante o sono. · Reflexo cutâneo ou psicogalvânico: Fisiologicamente, ocorre uma diminuição da resistência cutânea após estímulo olfativo que é medida nas falanges do segundo e terceiros dedos da mão não dominante. · Reflexo olfatório-respiratório: A percepção de um odor é seguida de alterações na freqüência respiratória, na amplitude e no padrão do ciclo respiratório. · TESTES OBJETIVOS: São exames neurofisiológicos · Eletrolfatograma: constitui-se de gerador de potenciais de somação das células olfatórias, · Potencial evocado do nervo olfatório: Este teste constitui-se no registro das mudanças nos campos elétricos de uma população de neurônios antes, durante e após um estímulo sensorial ou psicológico. EXAMES GUSTATIVOS: · Teste das Três Gotas: É caracterizado por três gotas colocadas na língua, sendo uma gota de um dos gostos específicos e as outras duas de água, com sua identificação pelo examinado. São utilizadas as soluções de cloreto de sódio (sal), sacarose (doce), quinino (amargo) e ácido cítrico (azedo) nas gotas. O limiar é estabelecido na concentração que o paciente acertar por três vezes consecutivas. · É um teste tanto quantitativo quanto qualitativo. A língua deve permanecer fora da cavidade oral durante todo teste. Apresenta como desvantagens: o tempo gasto com seu preparo e sua realização; as soluções não possuem tempo de armazenamento longo e devem ser preparadas e utilizadas naquele momento; e é difícil diferenciar em que região da língua há alteração · Eletrogustometria: A eletrogustometria é baseada na fraca estimulação elétrica que gera um gosto azedo ou metálico quando aplicado sobre receptores gustatórios. Com correntes fracas, o estímulo atinge somente as fibras gustativas e não as aferências trigêminais. Como pontos positivos: é um método que garante controle quantitativo sobre a intensidade do estímulo; requer curto período para realização; e é de fácil realização15. Entretanto, é incapaz de avaliar qualquer outro gosto além do azedo, ou seja, é um teste quantitativo, mas não qualitativo3. Além disso, a relação entre limiar elétrico e químico ainda não foi totalmente estabelecida14. · Testes das tiras gustativas: é caracterizado pela apresentação dos quatro gostos em papel-filtro com quatro diferentes concentrações para cada gosto. É um teste tanto quantitativo quanto qualitativo, além de ser capaz de avaliar áreas específicas da língua. O examinado permanece com a língua fora da cavidade oral e aponta num quadro qual é o gosto que acha que lhe foi oferecido. Entre suas vantagens temos: a possibilidade de avaliação de cada lado da língua separadamente; utilização de material com tempo de armazenamento prolongado; e realização com diferentes concentrações, conseguindo quantificar o grau de perda. TRATAMENTOS: Olfação RESEARCH, SOCIETY AND DEVELOPMENT - Modalidades de tratamento para anosmia e hiposmia pós-COVID-19: umarevisão sistemática → Cinco ensaios clínicos → Treinamento Olfatório (TO) é uma abordagem segura e recomendada → A combinação do spray nasal de corticosteroide com TO pode aumentar a taxa de recuperação, no que se refere principalmente à gravidade da perda olfatória, em comparação com o TO isolado. → Os pacientes submetidos ao tratamento com prednisona sistêmica e irrigação nasal com betametasona recuperaram-se da disfunção olfatória de forma mais rápida e eficaz do que o grupo controle, sem efeitos adversos. Além disso, relata que o momento ideal para iniciar esse tratamento precisa de uma avaliação mais detalhada, mas, percebe-se que há uma maior eficácia dessa modalidade em pacientes com o sintoma há menos de 3 meses, uma vez que apósesse período já existe um intenso dano ao epitélio olfatório, com cronificação do infiltrado inflamatório. → O spray intranasal de furoato de mometasona pode ser benéfico ao acelerar, de forma segura, a recuperação da perda olfatória de longo prazo e, os pacientes que receberam metilprednisolona oral aumentaram significativamente a pontuação no teste olfatório em comparação com um aumento insignificante do grupo controle. → Também foi utilizado um suplemento oral de Palmitoelatanoamida (PEA) e Luteolina. A PEA é uma amida de ácido graxo endógeno, produzida e hidrolisada pela micróglia (célula do SNC) e tem a capacidade de diminuir a neuroinflamação por atenuar a ativação mastocitária. Já a Luteolina, é um flavonóide com propriedades anti-inflamatórias, anti-oxidantes e neuroprotetora. É um potencial tratamento adjuvante para o distúrbio olfatório pós-COVID-19. Gustação FACULDADE FACSETE - Fotobiomodulação no tratamento fonoaudiológico pós-COVID Após a revisão bibliográfica, foi elaborado e sugerido um protocolo para a reabilitação dos pacientes pós COVID com sequela de ageusia e anosmia. A reabilitação será realizada em três etapas: · Etapa 1: o paciente deverá estar sentado em uma cadeira, manter o tronco e a cabeça reta, formando um ângulo de 90º com o chão, sem apoio. O terapeuta ficará ao lado do paciente e posicionará o braço atrás da cabeça do mesmo para dar o apoio necessário e a cabeça não ficará pendente. Após o posicionamento do paciente, serão apresentados dois aromas alimentícios artificiais nos sabores morango e menta por 5 segundos em cada narina. Os aromas foram escolhidos de acordo com a disponibilidade encontrada e o tempo foi para o paciente identificar o cheiro. · Etapa 2: aplicação do laser infravermelho - comprimento de onda capaz de atingir estruturas mais profundas (nervo olfatório), 2J - dose baixa visando a bioestimulação, dentro de cada narina, com a ponteira do laser voltada para a glabela. O equipamento utilizado foi da marca DCM, modelo Therapy EC. · Etapa 3: Serão apresentados novamente os mesmos aromas, citados anteriormente,por cinco segundos, em cada narina. Sugere-se que este protocolo seja aplicado até recuperação do olfato com intervalo de 48 horas entre cada aplicação, visto que a ação do laser no organismo dura de 24 a 48 horas. Como normas de biossegurança, será utilizado plástico filme na ponteira do equipamento que emite a luz laser e após a aplicação o aparelho será higienizado com álcool 70%. É importante ressaltar que tanto o terapeuta, quanto o paciente deverão utilizar óculos de proteção para o comprimento de onda infravermelho. · image16.png image2.png image1.png image18.png image8.png image9.png image20.png image4.png image19.png image12.png image17.png image7.png image15.png image11.png image6.png image5.png image14.jpg image10.png image13.png image3.png