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Direito 
Internacional dos 
direitos humanos
 
SST
Zolotar, Márcia
Direito internacional dos direitos humanos / Márcia Zolotar
Local: 2020
nº de p. : 10
Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Direito internacional dos 
direitos humanos
3
Apresentação
Atualmente as discussões sobre os refugiados e seus direitos são vistas de modo 
praticamente diário nos noticiários. O grande número de refugiados no mundo 
se deve a diversos fatos como as guerras, perseguições de minorias étnicas e 
religiosas, dentre muitos outros fatores. 
Os direitos dos refugiados não são um tema recente, visto que ao longo da história 
da humanidade basicamente as mesmas motivações que vemos hoje forçaram a 
fuga de populações de determinados territórios que habitavam. Vamos conhecer 
agora mais sobre a história dos direitos dos refugiados. 
Origem do direito dos refugiados na 
antiguidade
O direito ao asilo era reconhecido desde os mais remotos tempos na Grécia, Egito 
e Roma. Iniciaremos nossa história pela Grécia. Lá o perseguido poderia achar um 
local inviolável, onde sua vida certamente seria protegida. Segundo Andrade (2001), 
uma vez que o perseguido tivesse, em mãos, o busto portável de uma divindade, 
estaria protegido.
Muitos dos princípios hoje existentes no Direito Internacional dos Refugiados 
podiam ser encontrados, de alguma forma, na Antiguidade Clássica. 
[...] “As Suplicantes”, escrita por Ésquilo há quase 2.500 anos. Ela contém 
referências à existência de um procedimento determinado a se seguir 
no que respeita à solicitude de refúgio; à já mencionada inviolabilidade 
de asilo; à impossibilidade de se seguir, quando se está fugindo […]. 
(ANDRADE, 2001)
O Egito, da mesma forma, estendia a proteção aos escravos fugitivos, aos soldados 
derrotados e aos acusados de crimes. Os templos de adoração eram os locais 
escolhidos para abrigar esses asilados.
4
Podemos observar uma diferença em relação ao tratamento oferecido por Roma. O 
asilo, nesse caso, acabou por sofrer uma influência jurídica e religiosa. Os romanos, 
diferentemente dos gregos e dos egípcios, não desejavam quaisquer prejuízos à 
tranquilidade e segurança públicas.
Dessa forma, o asilo somente era concedido àqueles que fossem injustamente 
perseguidos pelo Poder Público ou por interesses particulares. A cristianização de 
Roma trouxe um grande impulso para o instituto do asilo. Constantino determinou 
que edificações católicas fossem transformadas em locais de asilo.
Edificação Romana
Fonte: Deduca (2020)
Desenvolvimento do direito dos 
refugiados após a antiguidade
Após a Antiguidade, dois momentos históricos na Europa tiveram um impacto 
profundo no aumento de asilados: (i) do século X ao XIII – a sociedade perseguidora 
fez com que milhares de judeus, leprosos e hereges fossem extintos, isolados ou 
exilados, e (ii) do século XIII ao século XV – com a expulsão dos judeus da Inglaterra, 
França, Espanha e Portugal.
Esse movimento começou a refrear somente no século XVI com a decadência do 
poder eclesiástico e o início da Reforma Protestante. 
A reforma ensejou o surgimento de asilados de praticamente todos os 
países europeus, tendo sido Genebra, provavelmente, o maior centro de 
5
protestantes franceses, ingleses e italianos perseguidos após a fuga de 
Calvo, da França, em 1541. A filosofia política universalista caminhava, 
então, pari passu com a ideia da liberdade de opção religiosa, a qual se 
impregnava do princípio da tolerância. (ANDRADE, 2001)
Hugo Grotius teve um papel fundamental no desenvolvimento do instituto do asilo 
como conhecemos hoje. Ele entendia que os indivíduos expulsos de seus países 
tinham o direito de pedir asilo e adquirir residência permanente em outro lugar, 
submetendo-se ao governo e às respectivas leis.
O asilo, segundo ele, decorria de uma lei natural e de uma obrigação do Estado. 
Também defendia que o asilo somente deveria ser concedido aos que sofressem 
perseguições políticas e religiosas, e não àqueles que cometessem crimes comuns.
Hugo Grotius (1583-1645) foi um jurista holandês, considerado um 
dos fundadores do Direito Internacional. Foi também diplomata, 
poeta, dramaturgo e historiador. É o autor da obra “O Direito da 
Guerra e Paz”. Desenvolveu a doutrina da guerra justa.
Curiosidade
Esse entendimento, porém, não foi seguido, pois fugitivos de crimes comuns ainda 
recebiam asilo. Apenas a partir do século XIX, de forma gradual e crescente, os 
indivíduos condenados ou acusados de crimes passaram a ser entregues aos países 
onde esses crimes tinham sido cometidos.
Outra importante mudança ocorrida no século XVII diz respeito à perda da 
competência da exclusividade da Igreja para a concessão de asilo. Tal fato se deu 
pela organização dos Estados soberanos e da própria sociedade civil.
Passando para o campo do direito positivo, a Constituição Francesa de 1793 foi o 1º 
instrumento normativo a reconhecer o direito de asilo, conforme podemos constatar 
nos artigos abaixo:
Art. 118 – O povo francês é amigo e aliado natural dos povos livres. Art. 
119 – […] dá asilo aos estrangeiros asilados de sua pátria por causa da 
liberdade. Recusa-os aos tiranos. (FRANÇA, 1793, tradução nossa).
6
Até agora, referimo-nos única e exclusivamente à palavra “asilo”. Em nenhum 
momento utilizamos “refúgio” ou “refugiados”. Essa divisão começou a surgir a 
partir do século XIX, mais precisamente na América Latina. O instituto do asilo se 
subdividiu no referido continente em: (i) asilo territorial – quando o solicitante está 
no âmbito territorial do Estado ao qual solicita proteção; e (ii) asilo diplomático – 
quando o asilo é concedido em extensões do território do Estado solicitado.
O asilo foi criado por meio dos Artigos 15-19 do Tratado de Direito Penal de 
Montevidéu de 1889. Além desse instrumento, podemos citar outros de igual 
importância em termos de concessão de asilo:
• Convenção sobre Asilo Territorial.
• Convenção sobre Asilo Político.
Convenção sobre asilo diplomático
O desenvolvimento do direito ao asilo na América Latina se deu, prioritariamente, 
devido à existência de regimes ditatoriais com a violação sistemática de direitos 
humanos e a instabilidade democrática da região. Por isso que se fala em um asilo 
político latino-americano, próprio dessa região.
Além do asilo político, outra modalidade começou a surgir a partir do século XX o 
chamado refúgio. Esse instituto surgiu e se desenvolveu à luz da Liga das Nações.
Tanto o instituto do refúgio quanto o do asilo visam à proteção da pessoa 
humana, em face da sua falta no território de origem ou de residência do 
solicitante, a fim de assegurar e garantir os requisitos mínimos de vida e 
de dignidade, residindo em tal fato a sua principal semelhança, traduzida 
por meio do caráter humanitário de ambos. (JUBILUT, 2007, p. 43).
No panorama anterior à 1ª Guerra Mundial, não existiam elementos suficientes que 
justificassem a criação de um órgão ou um sistema normativo próprio para lidar 
com os refugiados. A simples concessão de asilo ou as normas de direito penal 
internacional eram satisfatórias para as questões existentes.
Com o advento da 1ª Guerra, esse cenário mudou drasticamente. 
Nos anos que precedem e durante este conflito, grandes contingentes de 
refugiados dos impérios russo e otomano dirigiram-se à Europa central 
e à do Oeste, assim como para a Ásia. Após a Guerra dos Balcãs (1912-
7
1924), teve início a transferência involuntária de grupos de minorias 
étnicas naquela região: 250.000 búlgaros da Romênia, Sérvia e Grécia, 
50.000 gregos da Bulgária e 1.200.000 da Turquia […]. (ANDRADE, 2011)
Após o fim da 1ª Guerra, a questão dos refugiados alcançou uma importância única 
na Europa. Uma massa de indivíduos se encontrava sem proteção estatal em um 
cenário de caos econômico, político e social. Nesse momento, cobrou-se da Liga das 
Nações um papel mais eficiente na proteção aos refugiados. 
Criada após a Primeira Guerra Mundial, a Liga das Naçõestinha como 
finalidade promover a cooperação, paz e segurança internacional, 
condenando agressões externas contra a integridade territorial e a 
independência política dos seus membros. (PIOVESAN, 2015)
A Liga das Nações, em um primeiro momento, recebeu um grande número de 
asilados provenientes da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). 
Constatou-se, em pouco tempo, a necessidade de um órgão próprio para lidar com a 
questão dos refugiados. Em 1921, foi criado o Alto Comissariado para os Refugiados 
Russos. Foi o começo da proteção internacional dos refugiados. Esse comissariado 
tinha competência para tratar apenas de refugiados russos.
Fridtjof Nansen foi cientista, explorador, diplomata e humanitário. 
Dirigiu a 1ª grande operação humanitária da Liga das Nações, que 
foi a repatriação de 450 mil prisioneiros de guerra. Atuou como 
1º Alto Comissário para Refugiados da Liga das Nações de 1920 
a 1930. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1922 pelo trabalho 
realizado na Rússia em 1921-1922 quando organizou um programa 
de ajuda para milhões de vítimas.
Saiba mais
Em 1936, foi criado o Alto Comissariado para os Refugiados Judeus, vindos 
principalmente da Alemanha e, em 1938, passou a receber judeus provenientes da 
Áustria. Os dois Comissariados possuíam data para término de atividades
– final de 1938. A Noruega propôs a criação de um único órgão para tratar da 
questão dos refugiados. A Liga das Nações instituiu o Alto Comissariado da Liga das 
Nações para Refugiados.
8
Com o advento da 2ª Guerra Mundial, a incapacidade da Liga das Nações em lidar 
com a complexidade e o número de refugiados, bem como as questões decorrentes 
da guerra levaram a sua extinção em 1946. O mesmo ocorreu com o Alto 
Comissariado da Liga das Nações para os Refugiados. A Organização das Nações 
Unidas sucedeu a Liga das Nações em sua totalidade.
Guerra Mundial
Fonte: Deduca (2020)
Ainda durante a existência do Alto Comissariado da Liga as Nações para os 
Refugiados, foi criado, em 1938, o Comitê Intergovernamental para os Refugiados, 
que atuava de forma complementar à referida instituição. Sua grande conquista foi 
a Conferência de Evian, em 1938, durante a qual se fez referência às causas da fuga 
dos refugiados e condicionou a concessão do refúgio à existência de uma dessas 
causas.
Esse Comitê assumiu as funções do Alto Comissariado da Liga das Nações para 
Refugiados até sua extinção em 1947. A responsabilidade passou a ser da Comissão 
Preparatória da Organização Internacional para Refugiados vinculada ao Conselho 
Econômico e Social da ONU. Um dos objetivos dessa comissão era os preparativos 
para a criação da Organização Internacional para os Refugiados, que entrou em vigor 
9
em 1948. Com término previsto para 30 de junho de 1950, encerrou suas atividades 
em 28 de fevereiro de 1952.
Finalmente, após anos de preparação, foi criado o Alto Comissariado das Nações 
Unidas para Refugiados – ACNUR, em 1º de janeiro de 1950, tendo como objetivo 
principal o apoio e a proteção aos refugiados no mundo inteiro.
Fechamento
Como foi possível observar, o tema dos direitos dos refugiados não é recente, visto 
que os lamentáveis fatos que obrigam a fuga de populações de determinados 
territórios remonta a Antiguidade. Conhecer a origem histórica e o desenvolvimento 
desse debate favorece a compreensão do que se considera, na atualidade, como 
direito dos refugiados. 
No estudo desse tema, foi apresentado um breve histórico sobre o surgimento dos 
debates sobre os refugiados. Foram apresentados também os dados históricos de 
diversas intuições dos Estados nacionais e internacionais que passaram a ter um 
olhar atento aos refugiados, inclusive buscando meios de acolhê-los.
10
Referências
__________. Breve reconstituição histórica da tradição que culminou na proteção 
internacional dos refugiados. in O Direito Internacional dos Refugiados: uma 
perspectiva brasileira. Coordenadores: Nádia de Araújo e Guilherme Assis de 
Almeida. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. FRANÇA. Constitución Francesa de 1793. 
ANDRADE, J. H. F. Breve reconstituição histórica da tradição que culminou na 
proteção internacional dos refugiados. In: ARAÚJO, N. & ALMEIDA, G. A. (coords.). 
O Direito Internacional dos refugiados: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2001
JUBILUT, L. L. O Direito Internacional dos Refugiados e sua Aplicação no 
Ordenamento Jurídico Brasileiro. São Paulo: Método, 2007.
PIOVESAN, F. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2013.
Direitos Humanos 
e cidadania no 
Brasil
SST
Rascke, Karla Leandro
Direitos Humanos e cidadania no Brasil / Karla Leandro 
Rascke
Local: 2020
nº de p. : 11
Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Direitos Humanos e 
cidadania no Brasil
3
Apresentação
Enquanto seres humanos, somos agentes sociais, culturais e políticos. Convivemos 
com outras pessoas e grupos em nossas relações no âmbito do privado e do 
público. Assim sendo, nossa formação em cidadania ajuda na construção de 
relações que pautem formas de bem viver, de estabelecer regras e normas de 
convívio social para uma sociedade mais humana, efetivamente justa e solidária. 
Vamos conhecer um pouco mais sobre a construção e conquista dos direitos 
humanos no Brasil. Quando se analisa criticamente a história brasileira, é possível 
concluir que ela foi marcada por diversas lutas e reivindicações de direitos, conheça 
um pouco mais dessa história.
O caminho para os direitos humanos e 
a cidadania no brasil
No Brasil, muitos são os processos que permitiram alcançarmos alguns direitos 
e cidadania, alguns não estendidos e efetivos para todos nos dias atuais. A 
Constituição de 1988 foi importante, junto ao processo de redemocratização no país, 
para a formação de uma proposta de direito e cidadania. Nossa vivência histórico 
democrática é muito recente. 
A democracia é:
“fator de coesão que pode ser avaliado a partir 
da capacidade que um país tem de responder às 
expectativas de seus cidadãos em termos de seus 
direitos, de suas necessidades socioeconômicas e de 
seu desenvolvimento”. (BRASIL, 2013)
Curiosidade
4
Serviços de saúde, moradia, educação, terra, água, alimentação e segurança pública, 
entre outros, compõem direitos que precisam ser efetivados para a população, bem 
como, é necessário que seja possível concretizar tais condições para que estes 
direitos possam ser implementados. Como bem aponta o Caderno de Educação em 
Direitos Humanos, elaborado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência 
da República em 2013, “a realização da pessoa não pode acontecer à margem da 
integração social e na ausência de uma sociedade que permita aos seus membros 
desenvolverem-se plenamente”. 
Em 1988, a “Constituição Cidadã”, como ficou conhecida a Constituição de 1988, 
institucionalizou os direitos humanos no país, sobressaindo a cidadania e a 
dignidade da pessoa humana como princípios fundamentais do Estado. De acordo 
com o Caderno de Educação em Direitos Humanos, lutar pelos direitos humanos 
significa batalhar, resistir e reivindicar melhores condições de vida, exigindo, 
portanto, moradia, trabalho, educação e saúde, acreditando num futuro melhor e 
mais igualitário.
Pensemos na narrativa construída sobre a história de nosso país e vejamos como 
tem sido contada uma versão oficial da história e da memória desta terra chamada 
Brasil, observando como a exclusão da cidadania é invisibilizada nesta narrativa e 
impede, ainda hoje, que muitos brasileiros tenham acesso a direitos básicos como 
saúde, educação e moradia.
Para conhecer mais sobre o assunto, acesse o vídeo produzido pela 
Associação Nacional de Direitos Humanos, material que apresenta 
reflexões importantes sobre o tema. https://www.youtube.com/
watch?v=9aIcaj3VSfQ. 
Saiba mais
Visão tradicional da história brasileira
No contexto do século XIX, a fundação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro 
(IHGB) possuía como um dos principais objetivos, a publicaçãoe o arquivamento de 
documentos relacionados à Geografia e História brasileira, e também, dos “grandes 
https://www.youtube.com/watch?v=9aIcaj3VSfQ
https://www.youtube.com/watch?v=9aIcaj3VSfQ
5
nomes” da política, das artes, das letras, da magistratura, do magistério e das 
atividades produtivas do país. Este Instituto e suas sedes regionais, criadas logo em 
seguida, tinham como objetivo contar a história do nosso país. A questão central é 
que história seria contada e como seria contada?
Durante muito tempo, fomos formados sobre uma histórica única de nosso país, 
que “nascia” com a vinda dos portugueses, na “descoberta” em 1500, engatinhava 
no Brasil Colônia, adolescente no Brasil Império e finalmente adulta quando 
chegamos à República. No entanto, esta história, que ainda hoje faz parte, de certo 
modo de nossas vidas e que muitos ainda acreditam, não permitia termos dimensão 
dos diferentes povos, culturas e projetos de vida desenvolvidos neste país. 
Início da história brasileira a partir da descoberta do Brasil
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Você deve estar se perguntando: mas o que isso tem de relação com direitos 
humanos e cidadania? Os chamados “grandes feitos” e a figura de “grandes heróis” 
da história do Brasil fazem parte de nossa memória escolar, reforçada em espaços 
distintos de educação para além dos muros da escola: nas famílias, nas igrejas, 
6
nas rodas de conversa, no grupo de dança ou de futebol, nas mídias sociais e 
audiovisuais. 
Somos, a todo momento, bombardeados por este tipo de abordagem. O problema 
disso é que os únicos sujeitos ativos dessa história eram os vencedores, as elites, os 
governantes, os colonizadores. Os únicos portadores de direitos e cidadania eram 
estas figuras, homens livres, brancos, cristãos.
Pobres, indígenas, africanos e seus descendentes não estavam no rol de sujeitos de 
direitos, logo, não eram cidadãos, e não poderiam alcançar os benefícios que a 
cidadania poderia oferecer. Educação pública e gratuita, saúde, alimentação digna, 
trabalho, moradia e tantos outros direitos não estavam na pauta do dia sobre o povo 
para as elites governantes. 
As chamadas “revoltas” existentes no Brasil Colônia e no Brasil Império, contra o 
regime escravista, contra a posse de terras e a matança de indígenas, contra formas 
alternativas de viver e compreender o mundo, foram todas sufocadas, abatidas, 
dizimando povos, ideias e sonhos. A nação foi construída sobre muito sangue 
derramado. Que direitos humanos eram estes? A quem os direitos serviam e para 
quê? Como a educação contribui ou não para a perpetuação de uma narrativa única 
e vencedora sobre o nosso país? Como nós educadores podemos questionar esta 
história e construir cidadãos críticos? Como formar educandos conscientes de seus 
direitos e deveres e de suas memórias? 
Repensando a história e a luta pelos 
direitos humanos e pela cidadania
Os Estados-Nação, formações construídas ao longo do século XIX, deparam-se com 
a problemática da igualdade e da diferença, questões sobre as quais não haviam se 
preparado para discutir e resolver, mas que irrompem em forma de demandas e lutas 
sociais, simbólicas, materiais e culturais constantes. Na pauta estão as tensões e 
sob quais medidas estas serão resolvidas, se é que o serão. 
Neste sentido, as lutas constantes são por políticas públicas que deem conta da 
diversidade existente no Estado-Nação, ou seja, quando falamos de Brasil, podemos 
pensar na diversidade de povos e maneiras de viver existentes neste território assim 
nomeado; e quais os desafios em termos de extensão de direitos e cidadania e todos 
7
estes grupos, dentro de suas lógicas de vida e formas de se relacionar uns com os 
outros.
Diversidade cultural
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Os direitos que temos não nos foram conferidos pelas elites governantes ou 
grupos de poderes, mas conquistados por meio de lutas e demandas políticas, 
de vivência em sociedade. Não podemos confundir direitos com algum tipo de 
concessão, algo que vêm de algum governo ou dirigente. A construção de uma 
sociedade democrática é feita por meio de organização, participação, intervenção 
e mobilização da sociedade civil, que, em busca de melhores condições de vida, 
conquista direitos e cidadania. Trata-se de ação e uma conquista cotidiana. 
A luta por direitos históricos e a luta por direitos que assumiram peso 
político, na atualidade, não se excluem. Pelo contrário, são lutas que se 
acrescentam e que se enriquecem reciprocamente. Quando se quer que 
a tortura acabe, luta-se pela dignidade humana. Quando se pede que os 
deficientes sejam ouvidos, luta-se pela dignidade humana. Quando se 
deseja que o homossexual seja respeitado, luta-se pela dignidade humana. 
Quando se pleiteia pelos Direitos dos povos, luta-se pela dignidade 
humana. [...] A luta pela dignidade humana é uma luta única e solidária. 
Apenas assume aspectos particulares em face de situações específicas. 
(HERKENHOFF, 1996)
Apesar das contradições sociais, das desigualdades econômicas e sociorraciais, o 
Brasil possui uma história de lutas no que se refere à defesa dos direitos humanos, 
8
notadamente os direitos civis e políticos. A história de nosso país é marcada por 
embates e conflitos, nem sempre apresentados de forma a fazer ouvir a voz dos 
sujeitos que participam destes processos, mas isso não significa que grupos 
culturais e sociais fiquem aguardando a resolução de problemas e demandas sem se 
manifestar, sem protestar, sem lutar pelos seus direitos. 
A defesa em torno da noção de cidadania e direitos humanos foi 
incrementada a partir do golpe militar ocorrido em 1964, início do 
período ditatorial, quando muitas violações em termos de direitos 
humanos foram cometidas e chocaram o mundo ao serem expostas 
em diferentes suportes midiáticos e literários. Claro que a violação 
de direitos humanos já existia antes deste período da história de 
nosso país, mas a partir de então, e depois com as mobilizações 
de familiares pela busca de seus parentes desaparecidos políticos, 
fato recente na história do Brasil, a questão ganhou ainda mais 
destaque.
Atenção
Nas últimas décadas o Brasil tem ratificado inúmeros instrumentos globais e 
regionais de proteção dos direitos humanos, mas ainda passamos por um processo 
conflituoso, visto a situação de pobreza de parte da população do país, questão que 
vem sendo transformada por meio de programas sociais de combate à fome e de 
distribuição de renda.
Diante dessa realidade, o direito de conquistar direitos é legítimo e só 
poderá ser realizado na medida em que as pessoas conheçam seus 
direitos e saibam exigir do Estado. Um vínculo jurídico é necessário para 
que tais direitos possam ser exigidos judicialmente. Para que possam ser 
efetivados, entretanto, é necessário algo mais: é necessário garantir o 
acesso ao espaço público.
A efetivação dos Direitos Humanos passa, necessariamente, pela prática 
cotidiana em que a educação é um fato social essencial. A Constituição 
Federal de 1988 dá sentido diferente em relação à participação e ao 
controle social, uma vez que contempla, no plano jurídico, direitos que 
garantam aos cidadãos uma vida mais digna, baseada em princípios de 
igualdade de justiça social e de equidade. (BRASIL, 2013)
9
Na década de 1980, o país começou um processo longo de lutas pela 
redemocratização política e a pauta em torno dos direitos humanos tornou-se mais 
visível e intensa em vários setores da sociedade. Não à toa, neste período, temos a 
gestação da nova constituição, com participação ativa da população brasileira, dos 
movimentos sociais em pleno vigor pela luta democrática. 
Nos anos de 1990, tendo em cena compromissos já firmados em 
âmbito internacional, o “Governo Federal se envolveu diretamente 
no tema, colocando-se como um novo ator ao elaborar políticas 
públicas voltadas à Educação em Direitos Humanos”. (BRASIL, 
2013) 
Reflita
A partir de então, novas temáticas de demandas da sociedade civil organizada 
têmvindo à tona, pautando direitos sociais, culturais, econômicos, simbólicos e 
materiais.
Como forma de sistematizar alguns pontos chaves em torno do debate sobre 
cidadania, analise o fluxograma a respeito de termos fundamentais quando tratamos 
deste assunto. A cidadania deve ser perpassada por temáticas como a dignidade da 
pessoa humana, a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia e a 
ética, como meio de atingirmos a plenitude de uma vida digna.
10
Fluxograma da Cidadania
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
A cidadania é reforçada, demarcada e efetivada no dia a dia, através das relações 
que estabelecemos enquanto seres sociais, agentes da coisa pública, no meio 
ambiente onde vivemos. Assim, é necessário que a possibilitemos e exercitemos 
cotidianamente, em todas as esferas de nossa vida, permitindo a todo o corpo social 
poder atingi-la e dela usufruir com plenitude.
Fechamento
Neste estudo, aprendemos diferentes conceitos e noções envolvendo a temática 
dos direitos humanos, da cidadania e da importância destes debates na sociedade. 
É possível constatar como alguns discursos confundem ou amenizam fatos e lutas 
importantes e necessárias para a conquista e reconhecimento de direitos humanos e 
relacionados à cidadania.
A partir disso é possível verificar que a história nacional deve ser pensada e 
analisada criticamente, como uma forma reconhecer o caminho histórico da 
conquista de direitos. É por essa análise que se constata que os direitos e a 
cidadania são conquistados e, se são conquistados, podem ser perdidos. Assim, 
a atenção à história é uma atenção também a nosso tempo e na constante 
reivindicação necessária à manutenção de direitos.
11
Referências
BRASIL. Caderno de Educação em Direitos Humanos. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-
educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192> Acesso em: out. 2020.
HERKENHOFF, J. B. Ética, educação e cidadania. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
1996. 152 p. 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192
CAPITALISMO E 
DESIGUALDADE SOCIAL 
 
SST
SOUZA, Joana Darc
Capitalismo e desigualdade social / Joana Darc Souza
Ano: 2020
nº de p. 13
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CCAPITALISMO E 
DESIGUALDADE SOCIAL 
Apresentação
Neste momento, trataremos de um assunto relacionado ao Capitalismo e desigualdade 
social. Estudaremos sobre a formação da pobreza, contextualizando- a na história e 
seus principais indicativos para evidenciar que as pessoas possam estar em situação 
de pobreza. Também estudaremos sobre o capitalismo seus pressupostos e a 
condição para a formação do acúmulo que por sua vez gera a desigualdade social. 
E, por fim, iremos estudar a respeito das concepções sobre a pobreza 
contextualizando-as em um cenário de capitalismo concorrencial. Fique atento a 
todas as informações presentes aqui, e vamos juntos ao processo de conhecimento 
e aprendizagem a respeito da relevância desses assuntos para a compreensão de 
sociedade e das necessidades sociais e humanas, mormente das pessoas mais 
vulneráveis social e economicamente. 
Bons estudos. 
CONCEITO DE POBREZA X 
DESIGUALDADE SOCIAL = EXCLUSÃO 
SOCIAL
A pobreza não pode ser caracterizada de forma única e universal, uma vez que ela 
faz referência à situação de desprovimento em que os indivíduos não obtêm um 
padrão mínimo de vida condizente com as referências socialmente estipuladas em 
um determinado contexto histórico. 
Assim, verificamos que existem famílias e indivíduos que sobrevivem com uma 
renda per capita abaixo da renda mínima, não conseguindo satisfazer suas 
necessidades básicas humanas. Conceituada nos países de primeiro mundo, a 
pobreza está associada:
• ao baixo consumo;
• à desnutrição;
• às condições precárias de vida e baixa escolaridade.
4
O que acarreta, como resultado, exclusão social, cultural e política, definição 
organizada após a reconstrução do pós-guerra (ROCHA, 2006). A pobreza teve 
maior visibilidade com o fim do feudalismo, isso aconteceu para os grandes 
burgueses construírem as plantações de algodão para a fábrica têxtil e para a 
criação de ovelhas para a indústria de lã, fato que deixou as famílias desamparadas 
e obrigadas a se abrigarem ao redor das indústrias, em busca de meios e de 
condições de se manterem e manterem as famílias.
Pobreza
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Essas famílias agora estavam sem terras e alimentos, dependendo da venda de sua 
mão de obra. Encontravam-se em situação de pobreza e eram vistas como um fato 
natural, um problema individual de caráter de ajustamento social, vivendo em uma 
sociedade dita perfeita e precisavam se adaptar a ela.
Vivenciando essas condições precárias, a população se obrigava a trabalhar 
dentro das condições impostas pelos senhores burgueses donos dos minérios das 
grandes tecelagens: 
• Sem benefícios aos trabalhadores
Sujeitos a longas jornadas de trabalhos, condições insalubres e sem seguros 
• Gestantes e idosos
As mulheres durante a gravidez ou os trabalhadores em sua velhice não tinham 
nenhum benefício. 
• Pensão por morte
Ao morrer no trabalho, os dependentes não recebiam pensão por morte, ficavam 
desamparados.
5
Por fim, precisamos ter o entendimento e compreensão de que a pobreza está 
associada a processos de exclusão social como: acesso nulo e/ou precário a 
bens e serviços, a escolarização básica, a oportunidades de cultura e lazer, a baixa 
comunicação, precariedade nos vínculos trabalhistas condições de moradia entre 
outros problemas sociais. 
Para saber mais sobre os conceitos de exclusão social e 
seus subtipos, deixamos aqui algumas informações para seu 
conhecimento e apreensão:
Exclusão territorial: 
Se refere ao local em que a pessoa resida, isso geralmente ocorre 
quando a pessoa mora em um bairro muito distante dos grandes 
centros urbanos, e o território ao qual reside, tem aspectos de 
periferia. 
Exclusão Econômica: 
É determinada pela exclusão de pessoas que possuam rendas 
inferior, ou até mesmo quem sequer possui uma renda mínima.
Saiba mais
Contudo, esses problemas, podem ser minimizados quando o Estado passa a 
fomentar ações de políticas públicas sociais que visam a inclusão social com 
vistas a atender as pessoas na perspectiva da totalidade social objetivando o 
abarcamento das pessoas com vistas a superação dos efeitos dos processos de 
desigualdades sociais. 
Surgimento do sistema capitalista 
Entretanto, com a chegada do sistema capitalista, o cenário da sociedade até então 
passa a ser completamente alterado e, agora, além dos bens que eram produzidos 
de forma manufatureira, passam a ser industrializados e há uma necessidade de 
consumir aquilo que é produzido pelas indústrias. 
Porém, esse novo sistema alterou não só a forma de consumo, mas, também, 
a forma de produção e de vida. Com isso, em meio às muitas transformações 
ocorridas, surge uma sociedade com divisão diferente da divisão do sistema feudal. 
6
Agora, a sociedade se dividia em duas classes: a burguesia e a classe trabalhadora, 
iniciando um processo de acumulação de capital pela classe dominante.
A revolução industrial foi um movimento organizado pela classe 
operária na Inglaterra, que custou a vida de alguns trabalhadores, 
mas deu origem ao reconhecimento de uma nova classe social: a 
classe operária.
Atenção
Desse modo, o ser humano, ao longo da história, ao organizar-se em sociedade, 
estabeleceu formas diversas de produzir os bens necessários para sua existência e, 
em meio à ordem feudal, nascia um novo sistema social e econômico, o capitalismo.
CapitalismoFonte: Plataforma Deduca (2020)
Após a Revolução Industrial, o capitalismo se tornou o sistema predominante. Isso 
porque houve um momento de acumulação primitiva do capital, pois só por meio 
desta apropriação foi possível os burgueses derrubarem os senhores feudais e 
fazerem os servos de trabalhadores. 
Por outro lado, os industriais estimulavam os fazendeiros a investir na produção 
agrária, expulsando as famílias de suas terras, ficando em pequenos espaços. Como 
essas terras eram poucas e não tinham mais como plantar para sua subsistência, os 
camponeses saíam à procura trabalho para seu sustento e o de sua família. Assim, 
eram obrigados a trabalhar por longas jornadas e receber salários.
Observamos que o desenvolvimento industrial acabou com a produção dos artesãos, 
uma vez que as fábricas produziam mais rapidamente e em grande escala.
7
Para maiores detalhes e aprofundamento no tema a respeito do 
sistema capitalista, deixamos aqui algumas sugestões de leitura:
A primeira oferta se refere ao processo histórico que originou o 
capitalismo.Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/
origem-capitalismo.htm>. Acesso em: 19 set. 2020
Saiba mais
Nesse cenário de grande migração do campo para as cidades em busca de uma 
forma para sobreviver, os camponeses começaram a se alojar nos centros urbanos 
(DIAS, 2005). Com a evasão dos agricultores para as cidades, houve uma grande 
degradação nos centros urbanos, e estes começaram a ser um espaço vulnerável 
de risco para a população, em função da contaminação das águas e do acúmulo de 
detritos humanos e das fábricas (DIAS, 2005).
Nesse contexto, inúmeras doenças começaram a surgir, muita fome, entre outros 
problemas. Com isso, identificamos as primeiras expressões da questão social na 
nova sociedade, a sociedade capitalista.
CONCEPÇÕES SOBRE A POBREZA NO 
CAPITALISMO CONCORRENCIAL
O grande processo de desenvolvimento socioeconômico humano foi um marco 
para toda a humanidade, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em 
desenvolvimento. 
Mudança no trabalho
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
8
Entre os países latino-americanos, o Brasil foi o que teve maior crescimento após 
a Segunda Guerra, até os anos 1980. Essa década obteve o pior crescimento na 
América Latina de forma geral, ou seja, todos os países tiveram um crescimento 
baixo, porém continuavam crescendo. 
Com isso, houve um maior número de pessoas desempregadas, submetendo-se a 
subempregos para suprir suas necessidades, além de aumentar a marginalização 
de forma generalizada (ARBEX, 2009).
A macroeconomia divulgada em 1936 foi criação de John Maynard Keynes, 
trazendo em seu conceito a teoria geral do emprego, propunha uma decomposição 
diferenciada dos fenômenos econômicos, a qual ficou denominada como economia 
monetária de produção. No entanto, o exercício econômico na situação e âmbito 
monetário de produção comprometeu uma sequência de características.
Características do exercício econômico no âmbito monetário
Características do âmbito monetário
Indecisão
Contratos nomeados em moedas
Estima por liquidez
Não imparcialidade da moeda
Direção casual do investimento para a poupança
Fonte: Elaborada pela autora (2020)
 No universo clássico, a economia é gerada operando pelas organizações de 
equilíbrio automático. Isso será possível com a existência de um mercado livre, 
permitindo que as forças desse mercado sejam alocadas com eficácia sobre os 
recursos, de modo a fazer o reajuste do produto ao nível do pleno emprego.
Com a crise econômica dos anos de 1930, foi necessário criar força política Estatal 
e institucional capaz de regulamentar e manter o controle, pois essas ações o 
capitalismo por si só era incapacitado de fazer, surgindo, então, um novo padrão de 
acumulação capitalista.
Com isso, a partir desta teoria keynesiana, surgiu o Welfarestate, buscando garantir 
alguns direitos sociais à classe trabalhadora. Esses direitos agora adquiridos 
contribuíram para o crescimento, ampliação e progresso econômico, sustentados 
pelos governos. Sendo assim, a economia internacional precisou se reformular. 
9
Para saber, trataremos aqui dos conceitos de Welfare State e 
do conceito neoliberalismo, pois são conceitos cruciais para o 
entendimento da conjuntura da formação do sistema capitalista:
• Welfare State - Estado de bem estar social (tradução de 
Welfare State)- Conjunto de beneficios sociais de alcance 
universal, promovido pelo Estado. tem por responsabili-
dade ofertar condições mínimas de sobrevivência para a 
população e contribuir para uma melhor qualidade de vida. 
• Neoliberalismo - Política econômica em que orienta a di-
minuição do Estado nas várias decisões, sobretudo nas 
áreas social e econômica; tendo como direcionamento 
para o campo social, políticas fragmentadas e por critério 
de elegibilidade, e na economia deixando o mercado ser 
livre e se autorregular sem interferência estatal. 
Atenção
Sobre o sistema clássico, como explica Carvalho (2002, p. 27), “Keynes não 
concordava com a inadequação da base quantitativa, e com a insignificância prática 
ao se centralizar em posição de coerência de extenso prazo”. Assim, o autor apresenta 
uma visão diferente dos clássicos que viam a moeda como uma conveniência, e não 
como uma ação ativa. Seu pensamento foi tão forte que mudou este quadro. 
Por outro lado, surgem novos modelos de produção do trabalho realizado pelo 
homem como o sistema de produção fordista. O fordismo surgiu no Japão e em 
países da Eurásia, mas só após a II Guerra Mundial, nos Estados Unidos, que 
começou a ganhar forças. 
Para isso, Henry Ford organizou o trabalho implantando a linha de montagem, 
através de sua invenção patenteada da esteira em T. A invenção consistia em 
plataformas volantes que conduziam as peças de um departamento para outro na 
linha de produção, com a finalidade de atingir a economia de escala e a fabricação 
eficiente a baixo custo. 
Desse modo, o sistema buscava colocar toda a vida do trabalhador voltada para os 
interesses da empresa, sua vida pessoal, social e até seu lazer. Consequentemente, as 
transformações tecnológicas do século XX mudaram, mais uma vez, o mundo do trabalho 
e a produtividade do capitalismo, alterando, assim, a produção da riqueza social. 
10
Automação
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Foi um período em que a automação, a robótica e a microeletrônica entraram no 
mundo das fábricas, desenvolvendo as relações de produção e trabalho, o que deu 
início a um modo de produção mais intenso, consolidado, tendencial e embrionário.
Essas mudanças marcaram a vida dos operários e do setor de produção a ponto de 
ficarem conhecidas como a Segunda Revolução Industrial, desta vez nos Estados 
Unidos, visto que a nova difusão do modo taylorista/fordista de organização do 
trabalho requer do trabalhador um conhecimento especializado para executar as 
tarefas e operacionalizar as máquinas.
Única função
Nessa organização, cada um só podia executar uma única função para aumentar o 
sistema de produção. 
Produção em sequência
O modelo seguia a administração científica da elaboração de Frederick 
WislowTaylor e foi iniciado pela produção em sequência de Henry Ford.
Aumentar a produtividade
Com isso o Taylorismo e/ou administração cientifica do trabalho nasceu com o 
proposito de aumentar a produtividade que estava em baixa, pois, mas fábricas no 
modelo antigo existia uma inconstância de tempo e de proveito no trabalho 
individual dos empregados 
11
Uniformidade
Nesse contexto, este modelo trouxe, uma organização do trabalho referente ao 
pessoal que exigia normas e procedimentos disciplinados, por meio da observação, 
da descrição e da medição dos operários. 
Contudo, os operários continuavam sem direito, ou seja, precisavam se adequar às 
novas normas a eles impostas sem direito de escolha, Dessa forma, o trabalhador 
vai sendo cada vez mais alienado de seu produto, sem o poder de decisão, sem ao 
menos poder entender esse processo no qualestá inserido. 
Por isso, o trabalhador sofre interferências em seus meios de relações sociais, 
adquirindo um adoecimento psicossocial, uma vez que suas relações sociais são 
bruscamente modificadas. O operário, então, assume a posição de máquina que 
opera outra máquina.
Assim, os países que já tinham um capitalismo avançado pós- anos 1980, 
vivenciaram grandes transformações no mundo do trabalho, ou seja, sua maneira 
de inserção e suas estruturas de produção. Essas mudanças se estenderam para as 
representações sindicais e políticas.
Nesse contexto, com a crise do sistema de produção, o taylorismo/fordismo passou 
por um reordenamento por parte do capital para organizar o sistema político de 
dominação, o qual buscou um novo modelo econômico, o Toyotismo. Então, com o 
objetivo de aumentar sua dominação sem a interferência do Estado, planejava-se o 
neoliberalismo, pela privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do 
trabalho e a desmontagem do setor produtivo. 
Assim, houve mais uma vez a reestruturação da produção e do trabalho (ANTUNES, 
2011). Com isso, verificamos que a delimitação do trabalho do pós fordismo 
demonstra a carência do sistema capitalista ao tentar controlar a classe operária 
e continuar produzindo para o acúmulo da mais-valia. Desse modo, observamos 
que as indústrias pós-fordistas se tornam grandemente competitivas e maleáveis, 
sendo preciso desenvolver, assim, uma espécie de iniciativa, atividade cognitiva, 
a inteligência de discurso lógico, bem como desenvolver a criatividade para dar 
respostas diretas aos funcionários.
 Por essa óptica, compreendemos que a maneira de contensão aderida no 
toyotismo busca atingir um espaço psicossocial do seu corpo funcional. Em termos 
gerais, pode-se analisar que esse sistema de produção é o fordismo/taylorismo 
com uma nova roupagem.
12
Fechamento 
Aprendemos a respeito do conceito de pobreza, seus fatores determinantes e a 
compreensão de como se constitui nas sociedades. Também estudamos sobre a 
desigualdade social e os diversos tipos de exclusão social. Estudamos a formação 
do sistema capitalista e a respeito de conceitos que tangenciam o capitalismo. 
Estudamos o conceito de Estado de Bem-estar social e conceitos a respeito do 
modelo Keynesiano. Por fim, podemos também ter acesso ao conhecimento sobre 
os diversos tipos de modelo de produção no sistema capitalista e seus atenuantes 
na vida dos trabalhadores e da sociedade de modo geral. 
13
Referências
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho: ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade 
do mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
ARBEX, M. A. Economia política: Serviço Social. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 
2009.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
BRASÍLIA, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil. O longo caminho. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2002.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Assembleia Geral das Nações 
Unidas em Paris. 10 dez. 1948. 
DIAS, R. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
ROCHA, S. Pobreza no Brasil: afinal de que se trata? 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
MUDANÇAS NA 
QUESTÃO SOCIAL: A CRISE 
CONTEMPORÂNEA DO 
CAPITALISMO
 
SST
SOUZA, Joana Darc
Mudanças na questão social: a crise contemporânea do 
capitalismo / Joana Darc Souza 
Ano: 2020
nº de p. 13
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
3
MUDANÇAS NA QUESTÃO 
SOCIAL: A CRISE CONTEMPORÂNEA 
DO CAPITALISMO
Apresentação
Neste momento, trataremos de um assunto relacionado a mudanças na questão 
social a crise contemporânea do capitalismo. Estudaremos sobre a formação do 
liberalismo e o seu conceito de livre mercado. Também estudaremos sobre os 
governos federais que se estabeleceram na década de 1990 com a abertura da 
economia do Brasil para o novo liberal (neoliberalismo), destacando os governos de 
Fernando Collor, seu sucessor Itamar Franco e, Fernando Henrique Cardoso – FHC 
com seus dois mandatos. 
Por fim, estudaremos sobre as legislações sociais que foram sancionadas nos 
anos de 1990, tendo como marco a consolidação da Constituição Federal de 
1988 e destacando essas legislações no cenário de mínimos sociais provocados 
pelos ditames capitalistas. Fique atento a todas as informações presentes aqui, 
e vamos juntos ao processo de conhecimento e aprendizagem a respeito da 
relevância desses assuntos para a compreensão de sociedade e da importância 
de compreender a questão social e o contexto neoliberal em que a questão 
social se deflagra. 
Bons estudos. 
CONCEITO DE MERCADO LIVRE E O 
SISTEMA CAPITALISTA 
O desenvolvimento agora parte do ponto de quem dita as normas e as regras, é 
a filosofia do liberalismo clássico, em que toda a legalidade e autoridade são do 
mercado. Assim, surge um mercado livre e o capitalista tem a liberdade de mercado, 
sem que o Estado enquanto nação interfira nas decisões de mercado, de acordo 
com o seu monopólio e/ou categoria em que se insira no mercado. 
Diante desta nova realidade, verificamos que a política social exercida pelo 
Estado também sofre modificações. Isso porque viviam na transição, para uma 
“democracia” e uma política representativa (IAMAMOTO, 2013).
4
No entanto, conforme Schons (2008), foi o contrário do que estava acontecendo 
anteriormente, pois o mercado passava de regulado para autorregulável. Sendo 
assim, a época do liberalismo clássico do “laissez-faire” do mercado promoveu um 
novo modelo de economia mudando completamente a sociedade do século XVIII. 
Essa expressão é uma expressão francesa utilizada para referenciar o sistema 
econômico liberal, esse sistema capitalista teve seu início no final do século XIX e 
durou até o início do século XX.
Laissez-faire: Sistema capitalista que teve início no final do 
século XIX e durou até o início do século XX. A expressão francesa 
simboliza o liberalismo econômico, em que o comércio funciona 
livremente. 
Curiosidade
GOVERNOS BRASILEIROS DA DÉCADA 
DE 1990 E O NEOLIBERALISMO 
BRASILEIRO 
Em meados dos anos 1990 (1990 – 1992), com a posse do presidente alagoano 
Fernando Affonso Collor de Mello. O país vivenciava uma crise econômica política 
e social e, com esse governo, ela não se estabilizou, uma vez que houve muitas 
tentativas de estabilizar o mercado financeiro e econômico, porém fracassando 
em todas elas. 
Cabe destacar que foi no governo Collor que o país passa a adotar 
concretamente o neoliberalismo enquanto política econômica e monetária 
e que se tinha a ideia de que com essa política pudesse diminuir o tamanho 
do Estado, acirrar competições no mercado e com isso aquecer a economia, 
e ainda conseguir lucrar com as vendas das estatais já que para diminuir o 
Estado em termos de tamanho e responsabilidade, as privatizações eram um 
dos caminhos a percorrer. 
5
O neoliberalismo refere-se à retomada de forma intensa do 
ideário liberal, o qual apregoa a liberdade dos mercados, as 
liberdades individuais, a auto-regulação dos mercados, ou seja, 
a não interferência do Estado na economia. O projeto neoliberal 
defende a retração da intervenção do Estado no campo social. Há 
a valorização da área econômica em detrimento da social. 
Atenção
No entanto, ainda no final do ano de 1990, a imagem do presidente começava a 
ruir, isso porque começaram a ser divulgadas, nos principais jornais nacionais, 
denúncias de corrupções que envolviam o presidente, e foi formada uma Comissão 
parlamentar de inquérito - CPI, para investigar as denúncias.
Nesse contexto, os jovens levantaram a bandeira brasileira e se fomentou um 
movimento popular que levou milhares de pessoas às ruas, pedindo moralização e ética 
na política. Esse movimento ficou conhecido como “caras-pintadas”. Diante disso, deu-
se o “impeachment” e o presidente foi afastado, assumindo, assim, Itamar Franco. 
Neste período, como descreve Iamamoto (2013), retomava-seo 
neoconservadorismo profissional e a Assistência Social era coordenada pela 
primeira dama Rosane Collor, por meio da LBA (Legião Brasileira de Assistência). 
Com isso, visualizamos uma refilantropização do social, que vinha conduzida pela 
LBA desde o governo de Getúlio Vargas.
Então, logo após, durante o governo Itamar, a inflação continuou subindo e o 
presidente passou sem deixar marcas significativas para o país. No entanto, 
o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC), elaborou um plano 
econômico, o Plano Real, o qual lhe proporcionou a vitória na eleição para 
presidente da república em 1994. 
Plano real
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
6
Durante estes dois governos anteriores, o neoliberalismo vinha lentamente entrando 
no país. Com a posse de FHC, houve um aceleramento na implementação do 
sistema neoliberal, o que transformou o mundo do trabalho no país. Outros marcos 
do governo FHC foram:
• a descentralização dos serviços públicos, responsabilizando em maior pro-
porção o Estado e os municípios;
• a privatização das grandes estatais, quando em que vendeu várias empresas 
brasileiras, e/ou foram unidas a outras empresas.
A partir das privatizações, a população passou a se movimentar pacificamente com 
o slogan “O Brasil está à venda”. Com isso, a política neoliberal de privatizações 
do setor público aumentou o patrimônio privado de muitas empresas do setor 
bancário, industrial e da construção civil. Quando O presidente Fernando Henrique 
Cardoso, assumiu a presidência da República, seu governo enquanto metas, tinha 
alguns objetivos para alcançar, e que foram alcançados ao longo dos seus dois 
mandatos, sobretudo o primeiro mandato, dentre esses objetivos um deles era 
o de fortalecer a nova moeda brasileira – Real e, consequentemente aprofundar 
as privatizações das empresas estatais. As mudanças ocorridas no mercado de 
trabalho refletem até os dias atuais no Brasil. 
O filme Real – o plano por trás da história apresenta como se deu 
todo o processo de estudo e implantação do plano real. 
Vale a pena assistir!
Saiba mais
Mudanças do mercado de trabalho
Iniciou o trabalho 
terceirizado 
Diminuindo os processos de concursos 
públicos para carreiras nas empresas 
governamentais.
Abertura de empresas 
de recursos humanos 
Para prestar serviços ao Estado nas grandes 
estatais.
Precarização da 
mão de obra
Postos de trabalhos antes ocupados por 
servidores públicos concursados e efetivos 
agora passam a ser ocupados por pessoas 
contratadas por uma empresa terceirizada 
pelo governo federal, estadual e/ou municipal.
Fonte: Elaborada pela autora (2020)
7
Com base nas informações delineadas na tabela acima, podemos perceber que 
é retirada da classe trabalhadora a estabilidade de servidor público, os salários 
ficam mais baixos e, em muitos casos, trabalhadores celetistas são contratados 
temporariamente ou prestadores de serviços. Assim, na década de 1990, o terceiro 
setor começa a crescer, pois, com o novo modelo de sistema capitalista, o Estado 
torna mínimo o investimento no setor social, e com um agravante, visto que em 
países de capital tardio que adotam o neoliberalismo, é notório que as condições de 
vida dos mais pobres, sofrem seus reflexos.
Contudo asseveramos que, as demandas das desigualdades apresentadas pelas 
expressões da questão social na vida dos trabalhadores e seus familiares não 
encontram espaço nos serviços públicos ofertados e a sociedade civil fica organizada 
por meio das associações, que são responsabilizadas a atender essas demandas.
Para contribuir ainda mais com seu conhecimento sobre a 
assistência social deixamos como sugestão alguns textos com 
seus links de acesso.
Artigo: Neoliberalismo: crise econômica, crise de representa-ti- 
vidade democrática e reforço de governamentalidade. Disponível em: 
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101 
-33002019000100007>. Acesso em: 18 set. 2020. 
Artigo: A política social no período FHC e o sistema de proteção social. 
Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex 
t&pid=S0103-20702003000200004>. Acesso em: 18 set. 2020. 
Saiba mais
PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES SOCIAIS 
DO FINAL DOS ANOS 1980 A 1990 E 
CONTEXTO NEOLIBERAL CAPITALISTA
Percebemos, então, que a Constituição de 1988, a lei do Sistema Único de Saúde 
(SUS), a lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) e outras leis que foram criadas não eram suficientes para 
minimizar as desigualdades sociais vivenciadas nos anos 1990, o que fazia o 
sistema neoliberal crescer cada vez mais. 
8
A Constituição Cidadã, que traz a garantia dos direitos sociais, tem dificuldades de 
se materializar em sua concretude devido as ações de políticas neoliberais. 
Contudo, houve mudanças em todas as políticas sociais no setor público e uma 
nova segmentação básica, em que os serviços públicos eram designados à 
população pobre e os serviços privados em todas as áreas sociais para a população 
de renda média e alta. 
Isto aconteceu principalmente nas áreas de saúde e educação. Surgindo, assim, 
uma “nova burguesia de serviços”, que explora principalmente as políticas sociais 
de saúde e de educação e a política neoliberal no país, além de abrir espaço a 
outro setor privado.
Portanto, com a reforma previdenciária, uma política privada de previdência foi 
designada por meio do setor bancário. Desse modo, houve um crescimento da nova 
burguesia de serviços privados, os quais são um subproduto que foi retirado, por 
causa da redução dos gastos e da garantia dos direitos sociais constitucionais 
(BOITO JUNIOR, 1999).
Artigo: Inflexões nas políticas sociais brasileiras nos anos 90: as 
transformações societárias e o impacto nas políticas sociais no Brasil
Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8273/8273_3.
PDF>. Acesso em: 18 de set. de 2020 
Saiba mais
Outro fato que marca o país, até os dias atuais, é a política neoliberal que estimula 
a desregulamentação do mercado de trabalho, fomentando a negação dos direitos 
trabalhistas, pela contratação dos trabalhadores sem carteira assinada. A partir 
desta política neoliberal, a precarização da mão-de-obra aumentou em 53% e a 
violação de direitos da população trabalhadora em 1990 (IAMAMOTO, 2013). 
Então, têm início os contratos temporários, que reduzem as contribuições 
obrigatórias e suspendem os direitos trabalhistas. Neste contexto, o 
assistente social é um trabalhador assalariado, o qual tem a sua mão de obra 
também precarizada e as políticas públicas sociais fragilizadas. Isso porque 
teve menos investimentos para a execução dos programas, dos projetos, dos 
serviços e dos benefícios.
9
Esse cenário econômico e político vivenciado pelo país gera 
um problema estrutural, apresentando como consequências às 
expressões da questão social, vivenciada pelos trabalhadores, 
acarretando:
• no aumento da violência, da fome e do uso de drogas;
• no aumento no desemprego;
• de pessoas nas cidades sem teto; e 
• pessoas na zona rural sem-terra para morar e trabalhar.
Atenção
A desigualdade social toma uma nova proporção, segundo Behring, 2000.
Suas garantias foram podadas pelo novo sistema neoliberal, que deixou o Estado 
sem empresas e automaticamente com menos recursos financeiros para investir 
nas políticas públicas e sociais (BOSCHETTI,2009). 
O que acarretou uma nova configuração dos serviços ofertados dentro dessas 
políticas. Com o mínimo do Estado para o social, os serviços, os programas 
e os benefícios se tornam precarizados também, e apresentam um caráter 
descontinuado, não sendo mais permanentes.
Então, o foco desses serviços é apenas para aquele público em situação de 
miserabilidade. Situações pontuais por um determinado período e para algumas 
situações específicas e com condições de traçar um perfil dos usuários que terão 
direito a receber os benefícios.
Políticas sociais
À medida que há um investimento contínuo para acelerar o crescimento dos lucros 
do capitalismo,é necessário que as políticas sociais também cresçam.
Exploração da mão de obra
Pois, cada vez mais, a exploração da mão de obra aumenta e o salário torna-se 
menor, não sendo suficiente para suprir as carências do trabalhador.
10
Assistências aos operários 
Desse modo, o Estado precisa ofertar assistências à classe operária, por meio 
dessas políticas.
Simultaneamente, os problemas ou sequelas sociais, antes sob a 
responsabilidade do Estado, agora são vistos de forma diferente. 
A questão social se mostra com uma natureza privada das suas 
manifestações individuais, como se fosse uma situação redefinida, 
com uma face antes escondida.
Atenção
O Estado burguês, no capitalismo monopolista, converte as refrações da questão 
social em problemas sociais, pois veem agora os problemas coletivos como 
problemas individuais, tornando-os, assim, privados e não mais públicos. É claro 
que as estratégias de classe implantadas pelo Estado burguês no capitalismo 
monopolista englobam diferencialmente as vertentes públicas e privadas em 
relação às intervenções da questão social. 
Assim, segundo Netto (1996) relata, há contradição do Capitalismo Monopolista 
em relação às sequelas da questão social, pois, neste sistema, o Estado agia 
como um mediador entre o mercado e a classe operária, controlando a atuação 
do capitalismo monopolista e atendendo às demandas sociais causadas por ele. 
Para evitar um movimento social da classe subalterna em busca da garantia de 
seus direitos sociais, neste movimento de articulação, o Estado começou a delegar 
situações públicas como privadas, tendo a finalidade de não ser responsabilizado 
em sua totalidade pelas expressões da questão social geradas neste sistema.
Ao analisar o processamento do desenvolvimento das economias 
nacionais da América Latina, nas suas relações com o mercado 
mundial, é necessário apontar se existem mudanças que indicam 
situação de erradicação da pobreza e, consequentemente, 
minimização da desigualdade social.
Atenção
11
A aceitação do liberalismo e, em seguida, do neoliberalismo foi uma negação 
ao bem-estar social, iniciado em dois grandes países: Inglaterra, na Europa, e 
nos Estados Unidos, na América do Norte, nas décadas de 1980. Por meio de 
ações monetaristas, esses países em busca de equilíbrio orçamentário e fiscal, 
para combater a inflação simboliza uma nova modalidade do capitalismo 
(financeiro) em oposição as proposições de John Keynes e às ações de 
direitos sociais.
Foi colocada em discussão a mudança de lugar do Estado em relação aos menos 
beneficiado se suas deficiências sociais revelam o abandono das políticas de 
proteção aos carentes, financiadas pelos impostos sobre os afortunados. 
Estado mínimo no investimento público
NEOLIBERALISMO
Menos Educação
Menos Saúde
Menos Assistência Social
Menos Segurança Pública
Menos Previdência Social
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
Em resumo, o hiato visível entre a massa subalterna que vende sua força de 
trabalho para a classe que pode comprar é problema de cada sujeito, não da 
sociedade e/ou do Estado. O neoliberalismo monetarista é essencialmente 
antagônico ao estado do bem-estar social instalado pós-crise de 1929, pela 
proposta de Keynes. Um modelo criado com o monetarismo além das outras 
mudanças sofridas em todo o mundo, a exemplo das reformas nos sistemas 
de aposentadoria da classe trabalhadora. Contudo, percebemos que as 
consequências das mudanças neoliberais nas políticas foram indicadores do 
desemprego, que se assemelhou com a época da Grande Depressão, com o 
declínio acentuado do PIB mundial. 
12
Para mais conhecimento e aprofundamento a respeito do tema 
trabalhado aqui, deixamos alguns textos como sugestão de leitura 
complementar: 
GASPAROTTO, G. P.; GROSSI, P. K.; VIEIRA, M.S. O ideário neoliberal: 
a submissão das políticas sociais aos interesses econômicos. 
Anais XI Seminário Internacional de Demandas Sociais e Políticas 
Públicas na Sociedade contemporânea e VII Mostra de trabalhos 
científicos. Mestrado e doutorado em Direito. UNISC. Disponível em: 
<http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/8153/2/
evento_006%20-%20Patr%C3%ADcia%20Krieger%20Grossi.pdf>. 
Acesso em: 18 de set. de 2020
Boa leitura!
Saiba mais
Fechamento 
Com os estudos apresentados, vimos uma correlação entre as mudanças ocorridas 
no país e no mundo após a década de 1980. Aprendemos sobre o conceito 
do neoliberalismo, bem como apresentamos os governos brasileiros que se 
consolidaram nos anos de 1990: governo Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando 
Henrique de Cardoso – FHC. 
Com destaque a alguns pontos que impactaram a história e o modo de vida da 
sociedade brasileira, no social, na política e na economia, observando a partir do marco 
divisor chamado neoliberalismo, que alargou a desigualdade social e trouxe à tona 
novas expressões da questão social, antes não vivenciadas pela população no país.
13
Referências
BEHRING, E. R. Principais abordagens teóricas da política social e da cidadania. 
Capacitação em serviço social e política social. Módulo, v. 3, p. 21-40, 2000.
BOITO, J. A. Política neoliberal e sindicalismo no Brasil. São Paulo: Xamã VM, 1999.
BOSCHETTI, I. et. al (Orgs.). Política social no capitalismo. Tendências 
contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2009.
BRASIL. LEI Nº 10.219, DE 11 DE ABRIL DE 2001. Cria o Programa Nacional de 
Renda Mínima vinculada à educação - “Bolsa Escola”, e dá outras providências, 
Brasília, DF, Abr. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/LEIS/
LEIS_2001/L10219.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
______. LEI Nº 10.458, DE 14 DE MAIO DE 2002. Institui o Programa BolsaRenda 
para atendimento a agricultores familiares atingidos pelos efeitos da estiagem 
nos Municípios em estado de calamidade pública ou situação de emergência, e dá 
outras providências, Brasília, DF, mai. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10458.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
______. LEI Nº 10.836, DE 9 DE JANEIRO DE 2004. Cria o Programa Bolsa Família e 
dá outras providências, Brasília, DF, jan. 2004. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.836.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
______. LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993. Dispõe sobre a organização da 
Assistência Social e dá outras providências, Brasília, DF, DEZ. 1993. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L8742compilado.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Política Nacional 
de Assistências Social/PNAS. Resolução CNAS nº 145, de 15 de outubro de 2004. 
Disponível em: <http://www.sesc.com.br/mesabrasil/doc/ Política-Nacional.pdf>. 
Acesso em: 25 fev. 2019.
IAMAMOTO, M. V. O Brasil das desigualdades:“questão social”, trabalho e relações 
sociais. Revista Ser Social, v. 15, n. 33, p. 326-342, 2013.
NETTO, J. P. Capitalismo monopolista e serviço social. 8. ed. São Paulo: Cortez, 1996.
SCHONS, C. H. A contribuição dos wikis como ferramentas de colaboração no 
suporte à gestão do conhecimento organizacional. Informação & Sociedade: 
Estudos, v. 18, n. 2, 2008.
QUESTÃO SOCIAL 
NA ATUALIDADE
 
SST
SOUZA, J. D.
Questão social na atualidade / Joana Darc Souza
Ano: 2020
nº de p. 13
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
3
QUESTÃO SOCIAL NA 
ATUALIDADE
Apresentação
Neste momento, trataremos de um assunto relacionado a Questão social na 
atualidade. Estudaremos sobre a questão social, buscando compreender seu 
conceito, como ela se forma e o quanto ela interfere na vida das pessoas, 
principalmente aquelas mais vulneráveis e/ou em situação de risco social e 
pessoal. Também estudaremos sobre o as ações dos governos em relação ao 
enfrentamento ou não da questão social, e, por fim, as ações mais recentes de 
combate a exclusão e pobreza na era do governo Lula. 
Fique atento a todas as informações presentes aqui, e vamos juntos ao processo 
de conhecimentoe aprendizagem a respeito da relevância desses assuntos para 
a compreensão de sociedade e da importância de compreender a questão social 
e suas expressões para a apreensão da realidade a partir de uma totalidade social 
em que os sujeitos mais vulneráveis vivenciam e dependem do atendimento de 
profissionais e intervenção do Estado para atender as necessidades sociais e 
humanas. 
Bons estudos. 
QUESTÃO SOCIAL NA ATUALIDADE: 
PERMANÊNCIAS E AS NOVAS 
AGENDAS SOCIAIS
O desenvolvimento social marca, nos últimos anos, a expansão do capitalismo 
e o agravamento das expressões da questão social. A naturalização de algumas 
realidades sociais apresenta, também, conceitos sobre as novas agendas 
sociais do Estado. O enfretamento de questões ambientais sociais e econômicas 
para responder a nível mundial as desigualdades tem o objetivo de diminuir o 
analfabetismo, a degradação ao meio ambiente e a retirada de famílias da situação 
de extrema pobreza.
4
Diante da realidade do sistema capitalista, 
a acumulação de capital vem associada 
à produção da mais-valia, o crescimento 
econômico se controla por um aparelho o qual 
estabelece e ao mesmo tempo esconde uma 
relação de poder social.
Este processo só é possível porque a acumulação 
do capital se vincula com a exploração da mão 
de obra, a qual acontece de forma estruturada 
(BOSCHETTI, 2009).
Questões ambientais sociais e econômicas
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Para isso, abordaremos as estratégias do Estado para o enfrentamento das 
desigualdades sociais, pois é mediante as políticas públicas que são distribuídos 
e redistribuídos os bens e os serviços, como resposta à sociedade civil, sendo o 
estado o responsável na tomada de decisões.
5
A questão social na atualidade
A contradição essencial do sistema capitalista é a contradição capital x trabalho. 
O capital só se sustenta na exploração do trabalho
Sem está, não existe sistema capitalista de produção da vida social. Nesse sentido, 
é imprescindível reconhecer o papel do Estado nesse processo. Entretanto, os 
serviços ofertados não podem ser reduzidos às políticas estatais, pois, para sua 
elaboração e execução, há a participação de muitos atores, tanto na elaboração 
como na implementação e execução.
Para compreender mais sobre a desigualdade social, assista 
o filme “Garapa”. Esse filme é um documentário e vai auxiliá-
lo na compreensão da crise em tempo de luta e resistência, e 
compreenda que a desigualdade social é o grande problema, 
até para os países ricos do mundo. Acesse o link: <https://www.
youtube.com/watch?v=0HUW_MICVVg>. Acesso em: 19 set. 2020.
Saiba mais
QUESTÃO SOCIAL E SUA 
CONSIDERAÇÃO A PARTIR DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A questão social, após a Constituição Federal de 1988, passa a ser compreendida 
como responsabilidade do Estado. Vitória concedida depois de longas décadas sob 
a responsabilidade do indivíduo, conquistada através da reivindicação popular.
Nessa perspectiva, para falar de direitos sociais, é preciso considerar as expressões 
da questão social, que cresceram no país como a miséria, a pobreza, os conflitos de 
classe, a exclusão social, entre outras situações que se tornaram palco da questão 
social no Brasil. De forma já explicitada, a questão social surge da relação capital-
trabalho e teve sua visibilidade a partir da Revolução Industrial. Mas, no Brasil, foi 
vista como caso de intervenção do estado já no governo de Getúlio Vargas.
6
Governo de Getúlio Vargas
Fonte: Flick (2020).
Assim, a estratégia que o estado tem para intervir junto às expressões da questão 
social é por meio das políticas sociais, que nascem de reivindicações das classes 
trabalhadoras rurais e urbanas, classes que lutam por direitos na vivência da 
contradição capital X trabalho, pois não se apropriam das riquezas socialmente 
produzidas, visto que a produção é coletiva, mas a riqueza é privada, configurando a 
situação de miséria entre os trabalhadores (IAMAMOTO, 2013).
Com isso, verificamos que a década de 1990 foi um período de muitos movimentos 
sociais, que sequenciou a criação de leis, decretos e organização das políticas 
sociais de educação, saúde, assistência social, habitação e previdência social, o que 
aconteceu mesmo com a entrada do neoliberalismo, mas ofertadas minimamente 
como investimento das políticas sociais.
Desse modo, com a contextualização do neoliberalismo, o país vivenciou, na década de 
1990, uma situação difícil com grande parte da população trabalhadora desempregada, 
somando um dos piores períodos vivenciados no país. No governo de FHC, as políticas 
sociais tiveram uma direção de repressão com o slogan de “combate à pobreza”. 
A Assistência Social como um direito
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
7
O país necessitava da resposta em nível mundial a fim de baixar os indicadores 
de pobreza. Com isso, logo após assumir a presidência da república, FHC tomou 
algumas providências.
1995 
Em 1995, extinguiu a LBA e criou o Programa Comunidade Ativa, que era 
coordenado por sua esposa. 
1996
Em seguida, em 1996, criou o Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil.
1997 
Em 1997, criou outro programa de transferência de renda, o Bolsa Escola, 
que foi direcionado à implementação em 1999 e se tornou lei em 2001 (Lei 
10.219/2001).
2001
Em 2001, também foi implementado o programa de transferência de renda 
Bolsa Alimentação, no mesmo ano esse Programa foi unificado ao Bolsa 
Escola. Ainda foi criado o Bolsa Renda regulamentado pela Lei 10. 458/2002.
Para contribuir ainda mais com seu conhecimento sobre a 
assistência social deixamos como sugestão alguns textos com 
seus links de acesso.
<https://www.gesuas.com.br/blog/historia-da-assistencia-social/>. 
Acesso em: 19 set. 2020.
Boa leitura!
Saiba mais
8
AS AÇÕES DO GOVERNO LULA E A 
QUESTÃO SOCIAL 
Em janeiro de 2004, por meio da Lei 10.836, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva 
criou o Programa de transferência de Renda Bolsa Família, o qual unificou os 04 
(quatro) programas anteriores e implantou definitivamente o Cadastro Único dos 
Programas sociais do Governo Federal.
Até aqui, identificamos a criação de vários programas dentro da política de 
Assistência Social, sendo estruturada para atender à população em situação 
de pobreza e de extrema pobreza, política que foi desenhada dentro do tripé da 
seguridade social na Carta Magna de 1988, regulamentada pela lei Orgânica da 
Assistência Social – LOAS Lei 8.742/93. 
Além disso, em 2004, foi criada a Política Nacional de Assistência Social 
(PNAS/2004) e, em seguida, em 2005, foi implantado o Sistema Único de 
Assistência Social (SUAS), que foi estruturado conforme a estrutura do SUS, 
dividido em Proteções.
Enquanto esses programas foram estruturados para o combate à pobreza, o 
Ministério da Educação também criava programas para erradicar o analfabetismo 
no país. Programas que se baseavam na oferta da educação para a primeira 
infância, promovendo a expansão das creches no país. Assim, muitos programas 
e políticas de atenção à saúde foram criados, como a organização das Unidades 
Básicas de Saúdes (UBS), as Políticas Nacionais de atenção à saúde da Mulher, de 
crianças e de adolescentes. 
Políticas para as mulheres, crianças e adolescentes
Fonte: Pixabay (2020)
9
Contudo, essa assistência prestada por meio das políticas sociais no Brasil não foi 
suficiente para acabar e/ou reduzir as desigualdades sociais. Isso porque, conforme 
já mencionamos, essas políticas foram ofertadas de modo precarizado, pois não 
atendia mais necessidades com eficiência, eficácia e efetividade. Sendo assim, a 
consequências dessa baixa oferta assistencial foram:
• o aumento no número de adolescentes envolvidos com a prática de atos in-
fracionais;
• muitas crianças sem acesso à escola por falta de vagas;
• de famílias sem o atendimento em Unidade Básica de Saúde;
• de famílias sem nenhum dos membros inserido no mercado de trabalho.
Além disso, aumentou o uso de drogas entre crianças, adolescentes e adultose a 
quantidade de pessoas em situação de rua nas grandes cidades. Nessa perspectiva, 
as expressões da questão social na atualidade agravam-se gradativamente, ao 
mesmo passo que a economia cresce e as cidades crescem desordenadamente sem 
planejamento e sem estrutura para oferecer condições dignas de habitação a população.
Descentralização: Transferência de poderes ou competências.
Equidade: Justiça e igualdade.
Curiosidade
 A partir desse contexto, a pobreza começou a preocupar a classe burguesa, que 
se sentiu ameaçada pela situação e passou a se mobilizar mundialmente. Então, 
como forma de diminuir a expansão dessa classe, a burguesia passou a combater a 
pobreza, elevando as condições econômicas dessa população, pelo Estado. Então, 
aconteceu o investimento nas políticas sociais e públicas, criando programas de 
geração de renda, políticas de profissionalização e emprego.
Para tanto, Montaño (2012) apresenta a pobreza dividida em duas vertentes na 
visão da classe burguesa. Assim, a elite dominante afirma que essa adversidade 
é uma resistência de ordem moral-comportamental, colocada como uma forma 
errada de gastar seu salário, disposição ao ócio, aos vícios como o alcoolismo e a 
desocupação entre outros. 
10
Dentro desse pensamento burguês, verificamos que eles defendem a “cultura da 
pobreza”, de modo a responsabilizar o sujeito pelos seus limites culturais e de 
oportunidades. Com isso, identificamos que não responsabilizam o sistema capitalista 
pelas formas de trabalho escravo e trabalho precarizado, entre outras características do 
neoliberalismo, visto que ainda, em pleno século XXI, observamos o trabalho escravo, a 
exemplo da China, onde o trabalho escravo é o mais visível no mundo (MONTAÑO, 2012).
O grande lucro do burguês no neoliberalismo
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Nesse processo do sistema neoliberal, a classe operária possui os maiores 
prejuízos no mundo do trabalho e a questão social cresce cada vez mais. A seguir, 
veja dois exemplos dessas perdas:
• Caixas eletrônicos nas agências bancárias: máquinas que possibilitam ao cliente 
do banco realizar seu autoatendimento sem precisar de um trabalhador do banco. 
Máquinas que substituem o cobrador nos ônibus: o usuário chega e faz a transação 
do pagamento, sem a necessidade de um trabalhador para
Essa realidade causa um processo de desregulamentação nas 
relações de trabalho e na precarização do emprego, a partir do trabalho 
de tempo parcial, do trabalho temporário, do trabalho informal entre 
outros. Dessa forma, verificamos que essas são algumas questões 
da crise operária da atualidade, enquanto os impactos dessa crise na 
vida do trabalhador vêm reduzindo sua forma de consumo, devido ao 
menor poder aquisitivo que limita o acesso a objetos mercadorias e 
serviços para satisfazer suas necessidades. 
Atenção
11
Em continuidade com os projetos traçados pelo governo FHC, o governo do 
presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuou o novo desenvolvimento com a 
finalidade de combate à fome. Assim, foram construídas agendas das reformas 
sociais para seu governo, por meio de encontros, seminários, fóruns e visitas aos 
Estados e Municípios, trabalhando com o tema “Brasil Sem Miséria”.
Ex-presidente Lula
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Os ministros trabalharam no governo Lula, como toda sua equipe, dentro da 
reforma social e da redemocratização. Para isso, foi adotada a oposição ao regime 
autoritário, buscando o restabelecimento das liberdades civis, a partir da dívida 
social, sendo essa dívida considerada a precursora do empobrecimento de parte da 
população e multiplicadora das desigualdades na sociedade brasileira.
Portanto, a agenda da reforma social teria que percorrer incorporada na tendência 
da descentralização, promovendo a participação dos usuários dos serviços junto às 
decisões, objetivando o fim do clientelismo, para, assim, alcançar maior equidade 
na prestação dos programas, dos benefícios e dos serviços sociais, fazendo a 
diferença na oferta e no atendimento à população (POLANYI, 2000).
Outro ponto observado nessa reforma de agenda foi a carência de criar políticas 
emergenciais, com o objetivo de atender às classes sociais em situação de pobreza 
e extrema pobreza nas diversas regiões do país, uma vez que era necessário o 
atendimento em caráter de urgência a essa população até que o efeito planejado 
para que o desenvolvimento econômico começasse a dar resultados.
Nesse contexto, observamos que desde 1988, quando a reforma da agenda social 
foi iniciada com a promulgação da Constituição Federal, o governo que melhor 
seguiu a agenda foi o do Presidente Lula. 
12
Por conclusão, um dos pontos a destacar foi a mudança no modelo de proteção 
social, a partir da distribuição das responsabilidades para prover os bens e serviços 
às classes atendidas, em que foram expandidas as atribuições dos municípios, 
além das responsabilidades e das condições importas aos beneficiários dos 
serviços sociais, que precisam ser cumpridas para o ganho do benefício. 
Para maiores detalhes e aprofundamento no tema a respeito das 
ações da política de assistência social na era do governo Lula e 
Dilma, deixamos aqui algumas sugestões de leitura:
Disponível em: <https://cress-mg.org.br/hotsites/Upload/Pics/ 
51/514a6740-1dd0-41f4-816c-dab246355b89.pdf>. Acesso em: 
19 set. 2020. 
Saiba mais
Fechamento 
Estudamos que a desigualdade e a questão social são determinantes causadores 
do fenômeno da pobreza, que tem como principal característica a desigual 
distribuição de renda entre as classes sociais no sistema capitalista. Para tanto, 
vimos que a riqueza produzida coletivamente fica detida por uma pequena 
população que controla todo o sistema de bens e serviços de consumo.
Nesse contexto, identificamos como essencial fazer a leitura da pobreza como 
um processo histórico e estrutural de construção das desigualdades sociais, 
vivenciadas ao longo das décadas pela sociedade. Essa visão sobre a desigualdade 
social é primordial para não olhar a classe subalterna com uma classe responsável 
pela sua condição de pobreza, individualizando e culpabilizando o sujeito pelo seu 
insucesso e pela situação de pobreza vivenciada por esses.
Além disso, vimos a mudança na proteção social após a Constituição de 1988, com 
a nova agenda social, dando ênfase aos programas de transferência de renda ao 
longo dos anos e sendo consolidados de maneira a se tornar um mecanismo do 
sistema de proteção social. 
13
Referências
BOSCHETTI, I. et. al (Orgs.). Política social no capitalismo. Tendências 
contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2009.
BRASIL. LEI Nº 10.219, DE 11 DE ABRIL DE 2001. Cria o Programa Nacional de 
Renda Mínima vinculada à educação - “Bolsa Escola”, e dá outras providências, 
Brasília, DF, Abr. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/LEIS/
LEIS_2001/L10219.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
_________. LEI Nº 10.458, DE 14 DE MAIO DE 2002. Institui o Programa Bolsa Renda 
para atendimento a agricultores familiares atingidos pelos efeitos da estiagem 
nos Municípios em estado de calamidade pública ou situação de emergência, e dá 
outras providências, Brasília, DF, mai. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10458.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
_________. LEI Nº 10.836, DE 9 DE JANEIRO DE 2004. Cria o Programa Bolsa Família 
e dá outras providências, Brasília, DF, jan. 2004. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.836.htm>. Acesso em: 25 
fev. 2019.
_________. LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993. Dispõe sobre a organização da 
Assis-tência Social e dá outras providências, Brasília, DF, DEZ. 1993. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L8742compilado.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
_________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Política 
Nacional de Assistências Social/PNAS. Resolução CNAS nº 145, de 15 de outubro 
de 2004. Disponível em: <http://www.sesc.com.br/mesabrasil/doc/Política-
Nacional.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2019.
IAMAMOTO, M. V. O Brasil das desigualdades:“questão social”, trabalho e relações 
sociais. Revista Ser Social, v. 15, n. 33, p. 326-342, 2013.
MONTAÑO, C. Pobreza, “questão social” e seu enfrentamento. Serviço Social & 
Sociedade, São Paulo, n. 110, p. 270-287, abr./jun. 2012.
POLANYI, K. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: 
Campus, 2000.
Pobreza e exclusão social: 
do Estado de bem-estar 
social ao neoliberalismo
 
SST
SOUZA, Joana Darc
Pobreza e exclusão social: do Estado de bem-estar 
social ao neoliberalismo / Joana Darc Souza 
Ano: 2020
nº de p. 12.
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
3
Pobreza e exclusão social: 
do Estado de bem-estar 
social ao neoliberalismo
Apresentação
Neste momento, trataremos de um assunto extremamente importante na 
área de humanas que é estudar a respeito da pobreza e da exclusão social 
contextualizando-a a partir do Estado bem-estar social ao neoliberalismo. 
Começamos a estudar sobre o Toyotismo na linha de produção e como esse modelo 
reflete vários campos da vida humana em sociedade. 
Na sequência iremos estudar a respeito da pobreza, também estudaremos os 
pressupostos da exclusão social ambas situações dentro de um cenário neoliberalista. 
Fique atento a todas as informações presentes aqui, e vamos juntos ao processo de 
conhecimento e aprendizagem a respeito desses importantes assuntos. 
Bons estudos. 
Pobreza e exclusão social no contexto 
do Estado de bem-estar social
A disparidade entre a população que domina e a que é dominada, mostrando 
que quem domina apresenta um acúmulo de capital. Além da discriminação por 
parte da economia, que acontece quando os sujeitos que se diferem apenas por 
sexo, raça ou gênero recebem um salário diferente. Essa discriminação é fruto do 
preconceito de algumas pessoas sobre alguns grupos sociais que apresentam um 
comportamento social diferente do seu e/ou do seu grupo.
Figura alusiva a discriminação salarial em virtude do sexo/gênero:
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
4
Nesse contexto, a desigualdade social e a concentração de renda e riqueza ficaram 
enormes, provocando, assim, um grande estado de vulnerabilidade social, levando 
as pessoas a um desequilíbrio e a uma dependência externa. Assim, as políticas 
sociais ficaram mais enfraquecidas neste período, uma vez que o Estado precisava 
levantar a economia voltando a atenção para o desenvolvimento econômico.
Essa desigualdade social promove a exclusão social que atinge principalmente as 
classes sociais menos favorecidas socialmente e economicamente. E quando aludimos 
sobre exclusão social, aparece junto ao debate a inclusão social, embora sejam opostas 
uma à outra, estas expedem-se em colocações que podem ser contrárias. Há três 
componentes que formam a estrutura de onde nasce a exclusão social:
Componentes da exclusão social
Componentes da formação da exclusão social
O fim do esgotamento 
de um modelo e de uma 
inteligibilidade – pautado na 
invenção do social enquanto 
construção dos sistemas de 
proteção social.
A internacionalização das 
economias.
A importância do Estado, 
bem como a acumulação 
dos problemas sociais 
que formam uma 
verdadeira sociedade 
paralela.
Fonte: elaborada pela autora (2019)
No Brasil a diferença entre os salários pagos às diferentes pessoas se instaurou. 
Sendo uma variação referente às funções desenvolvidas pelas pessoas, em 
que as maiores discriminações estão entre os brancos e os negros e homens 
e mulheres, bem como a variação da renda, em função da mão de obra 
especializada do trabalho.
Com isso, destacamos o desenvolvimento econômico e o 
crescimento econômico de um país observando o Brasil. Como 
exemplo, é possível compreender as diferenças entre eficiência 
e equidade no que se refere à distribuição de renda. No país, é 
imprescindível abordar os temas crescimento e desenvolvimento 
econômico pois embora parecidos, são bem distintos em suas 
conjunturas (BOSCHETTI, 2009). 
Reflita
5
No que tange a mão de obra para o trabalho é exigida cada vez mais, a alta 
produtividade e assim, vários países conhecem o modelo Toyotista desenvolvido 
pelos japoneses e percebem que é um modo de produção que exige excelência da 
mão de obra do trabalhador e gera lucros altíssimos ao capitalista. Abaixo vamos 
conhecer um pouco mais a respeito de modo de produção Toyotista:
Sucesso do Toyotismo
Conforme Alves (2000), em decorrência do sucesso no mercado e junto 
com os operários que as fábricas japonesas vinham apresentando, muitos 
países que antes tinham suas indústrias dentro do modelo fordista/teylorista 
começaram a aderir ao modelo japonês/toyotismo, entre as décadas de 1970 
e 1980, utilizando as técnicas de produção criadas pela Toyota.
Racionalização do trabalho
Como explica Alves (2000. p. 32), “consideramos o toyotismo o que pode 
ser tomado como a mais radical e interessante experiência de organização 
social da produção de mercadorias, sob a era da mundialização do capital”. 
Isso porque esse sistema é visto de forma a apresentar flexibilidades e muita 
potencialidade sob o manuseio da subjetividade humana e faz uma ligação 
com o segmento da racionalização do trabalho.
Aumento da produtividade x bem-estar do operário
O toyotismo apresenta uma facilidade porque traz uma inovação participativa 
que traduz a realidade do mundo capitalista, o aumento da produtividade, em 
que a ideologia de melhorar as relações humanas interpessoais não visa ao bem 
do trabalhador, mas, sim, um aumento da mais-valia, em decorrência do bem-
estar do operário. Por esses motivos, foram criados programas de qualidade de 
relações humanas, as quais são aplicadas nas empresas até a atualidade.
Todo o processo de desigualdade social que desencadeia em exclusão social 
historicamente começou a ser analisada e estudada na Europa quando se observou 
o grande número de pessoas sem-teto, o crescimento da pobreza urbana e das 
expressões da questão social, consequentes ao paradigma do desemprego. Assim, 
esta situação-problema é relacionada à revolução tecnológica, ao avanço da 
globalização que a sociedade vem vivenciando, a qual diminui a mão de obra e torna 
cada vez mais milhares de pessoas sem posto de trabalho (IAMAMOTO, 2013).
6
Naturalização da sociedade sobre a exclusão social
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Então, surge o Welfare State ou Estado de bem-estar social, primeiro na Europa, 
como resultado das lutas dos movimentos dos trabalhadores para a implantação 
de uma política de redistribuição de renda. Sua implantação, com o surgimento do 
capitalismo, também dependeu das relações e do momento político, econômico e 
social de casa país. 
Bem-estar social
No Estado de bem-estar social, a perspectiva era de que se garantisse o 
acesso a um conjunto de serviços de acesso gratuito, como de educação, 
saúde, auxílio aos desempregados, por meio de uma renda mínima e recursos 
para os cuidados com os filhos. 
Conjunto de serviços
Serviços que seriam implantados direta ou indiretamente pelo Estado, 
dependendo do poder de regulamentação, sendo os gastos sociais uma parte 
significativa da demanda decidida por mecanismos políticos. 
Controle político
Assim, o Welfare State surge como um mecanismo de controle político 
das classes trabalhadoras pelas classes capitalistas: a intervenção no 
processo de barganha limita institucionalmente a capacidade de organização 
extraestatal dos trabalhadores. (BOSCHETTI, 2009).
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Por conclusão, verificamos que as desigualdades sociais foram geradas no sistema 
capitalista para o bem-estar social da classe que acumula o capital, visto que 
grande parte da sociedade ocupa o lugar de exclusão social pelo não acesso aos 
bens e serviços necessários à sua sobrevivência.
Pobreza e exclusão social no Brasil 
Veremos a pobreza e a exclusão social de forma específica no Brasil, buscando 
retratar as dificuldades vivenciadas pela população nopaís e seus enfrentamentos. 
A exclusão social está presente nos grandes centros urbanos brasileiros, sendo 
visualizada de várias formas. Está claro que é mais uma expressão da questão 
social que decorre da desigualdade social e do acesso aos direitos sociais: 
educação, saúde, alimentação, habitação, entre outros. 
Outra exclusão gritante da população que reside no campo é a falta de estrutura, 
para a implementação dos serviços de utilidade pública, a população fica à margem 
de muitos direitos sociais. Por exemplo, educação saúde e lazer. O agravante é que 
a exclusão não é relatada por muitos chefes de Estado, é como se fosse normal a 
falta de acesso desta população aos seus direitos sociais.
As formas pelas quais as desigualdades aparecem dividem a 
sociedade em classes. Atualmente, existem três categorias de 
classes, em que cada uma apresenta um poder aquisitivo diferente: 
• classe alta: a que mais possui capital acumulado;
• classe média: formada pelas pessoas e famílias que tra-
balham e apresentam condições de manter seu sustento; 
• classe pobre: formada por pessoas em condições de sub-
sistências precárias ou sub-humanas.
Atenção
Desse modo, fica claro que as desigualdades que foram potencializadas no início do 
capitalismo não acabaram, mas crescem cada vez mais e hoje é possível visualizar 
esta desigualdade de forma avassaladora entre as classes dos mais ricos e dos mais 
pobres, que frequentemente dependem das políticas sociais do setor público para 
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efetivação da garantia de seus direitos sociais, pois, ao contrário da classe rica, a 
classe pobre não consegue exercer sua cidadania sem a participação do Estado para 
acesso à educação, saúde, habitação, lazer, entre outros direitos sociais.
Dignidade
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Com isso, devido a essa situação de desigualdade socioeconômica, a população 
que está em situação de vulnerabilidade, pobreza ou extrema pobreza fica à 
margem da sociedade, sendo vítima de uma exclusão social, uma vez que essa 
classe não participa das mesmas atividades do que a classe rica, ficando, assim, 
esquecida pela sociedade. Entretanto, a pobreza não é algo definitivo, ou seja, não é 
uniforme, é uma situação que está em constante mudança, variando em número e 
características das famílias que pertencem a esta classe.
Pobreza e exclusão social no contexto 
do neoliberalismo
Da mesma forma que em outros países, grandes obstáculos são encontrados 
quando se refere à garantia da igualdade, pois se convive em sociedades de 
contradições e diferenças econômicas e sociais, não sendo possível julgar que 
todas as pessoas encontrem-se em igual posição, de forma a ter um acesso aos 
seus direitos sociais de forma independente.
Entretanto, o sistema capitalista tem como principal objetivo a acumulação da 
riqueza por parte de quem domina a classe trabalhadora. Por este motivo, uma 
parte da sociedade vive de forma inferior a outra parte, a classe dominante. Diante 
desta realidade, a Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 10 do mês de 
dezembro de 1948, realizou a promulgação da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos (DUDH), que tem como núcleo central o reconhecimento da igualdade a 
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todos os membros da família humana, sendo esses direitos centrados na igualdade 
de liberdade, de justiça e da paz no mundo, isso porque foi identificado que há 
uma grande desigualdade social. A DUDH dispõe de 30 artigos, os quais trazem a 
essência à dignidade da pessoa humana.
Você sabia que com a mudança do modo de produção nas 
fábricas, para o modelo Toyotista japonês, muitas pessoas 
ficaram desempregadas? Conforme Alves (2000), em decorrência 
do sucesso no mercado e junto com os operários que as fábricas 
japonesas vinham apresentando, muitos países que antes tinham 
suas indústrias dentro do modelo fordista/teylorista começaram a 
aderir ao modelo japonês/toyotismo, entre as décadas de 1970 e 
1980 utilizando as técnicas de produção criadas pela Toyota.
Outro processo que enfatiza a pobreza, desigualdade social 
e por conseguinte, contribui com a exclusão social é a falta de 
terra para plantar e morar. O conflito que é gerado entre os sem 
terra e os governos, é algo histórico no país e se agrava cada vez 
mais. É necessária a reforma agraria e que há décadas vem sendo 
requerida e o governo ainda não deu a devida atenção a essa 
situação, e cada vez mais a desigualdade social vem se acirrando 
em virtude dessa problemática. 
Saiba mais
Da mesma forma, a Organização das Nações Unidas (ONU) se preocupou com os 
direitos para garantir uma igualdade humana. Os constituintes que elaboraram a 
Carta Magna brasileira também realizaram uma parte da Constituição voltada para 
os direitos sociais, os quais chamaram de direitos fundamentais. 
Igualdade
Plataforma Deduca (2020)
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Os artigos, que vão do 6º ao 11º, fazem referências aos direitos sociais de forma 
direta, porém parte do texto constitucional refere-se a direitos sociais, ou seja, o 
artigo 5º, muito conhecido da nossa Constituição, também faz referências a direitos 
sociais que precisam ser efetivados por meio das políticas públicas na vida de 
milhões de brasileiros, que convivem em situação de desigualdade social e não 
conseguem exercer sua cidadania de forma independente.
Sendo assim, verificamos que a economia cada vez mais se globaliza e o capital 
continua acumulado nas mãos de poucos. Com isso, o sistema neoliberal prende 
o Estado que elabora suas políticas públicas de acordo com as necessidades 
do mercado, de forma que a acumulação do capital flexível trouxe situações 
que desfavorecem mais ainda a classe trabalhadora, pois são tirados direitos 
trabalhistas conquistados anteriormente, com o aumento da precarização da mão 
de obra, a partir dos contratos temporários e das prestações de serviços.
Logo, esse novo modelo de acumulação trouxe uma nova forma de vida em 
sociedade, mudando, mais uma vez, a organização do trabalho a que os 
trabalhadores têm de se submeter como a única forma de sobreviver. Verificamos, 
assim, o contexto em que está sendo disseminado o trabalho irregular, precário e 
sem garantia, que afeta diretamente a vida social e pessoal dos operários.
Acumulação do capital
Plataforma Deduca (2020)
Além disso, é necessário relatar que a política neoliberal destitui os direitos, uma 
vez que a política econômica se sobressai em conformidade à política social, com a 
proposição de restringir despesas. Desse modo, acontece o desmoronamento das 
políticas públicas universais, aumentando a seletividade por meio de programas 
especiais de combate, beneficiando o setor privado.
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Beneficiando a minoria
Plataforma Deduca (2020)
Para finalizarmos, verificamos que o desenvolvimento econômico predomina sobre 
o desenvolvimento social dentro do capitalismo neoliberal, uma vez que o modelo 
visa o superlucro sem avaliar os impactos sociais que gera. Assim, não são tomadas 
medidas de prevenção contra a formação de expressões da questão social. Com 
isso, para que o capital seja acumulado, a desigualdade social cresce sem controle. 
Fechamento 
Estudamos a pobreza, um fenômeno que tem como determinante a desigualdade 
na distribuição de renda de modo histórico no sistema capitalista. Dessa forma, 
compreendemos que a pobreza é resultado de um processo histórico e estrutural 
de construção das desigualdades sociais que se agravou no capitalismo devido à 
apropriação privada das riquezas socialmente produzidas.
Com isso, observamos que o conhecimento sobre as formas de exploração promove 
um entendimento sobre as desigualdades e a exclusão no sistema capitalista desde 
sua gênese, uma vez que o fim do feudalismo possibilitou o rompimento da visão 
de que o sujeito pobre é culpado pela situação vivenciada, e/ ou de quem “nasceu 
pobre, vai morrer pobre”, permitindo, então, o entendimento sobre a formação social, 
política e econômica da sociedade.
Além disso, a partir da pobreza no capitalismo concorrencial, foi possível identificar 
o processode evolução do sistema capitalista após a Segunda Guerra Mundial 
até o modelo atual, que é o neoliberalismo. Desse modo, verificamos que a classe 
operária sofreu inúmeras mudanças em suas vidas e em suas famílias. Mudanças 
que promoveram maior riqueza à classe burguesa, enquanto a classe operária ficou 
mais pobre. 
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Referências
ALVES, G. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise 
do sindicalismo. São Paulo: Boitempo, 2000.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
BRASÍLIA, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
BOSCHETTI, I. et. al. (Orgs). Política social no capitalismo: tendências 
contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2009.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Assembleia Geral das Nações 
Unidas em Paris. 10 dez. 1948. 
IAMAMOTO, M. V. O Brasil das desigualdades: “questão social”, trabalho e relações 
sociais. SER Social, Brasília, v. 15, n. 33, p. 261-384, jul./dez. 2013.

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