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1 Série Cartilha Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Volume 2 RECURSOS HÍDRICOS CENTRO DE AGROECOLOGIA, ENERGIAS RENOVÁVEIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CAERDES RECURSOS HÍDRICOS UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB José Bites de Carvalho Reitor Carla Liane N. dos Santos Vice-Reitora DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS/CAMPUS III - JUAZEIRO/BA Jairton Fraga Araújo Diretor CENTRO DE AGROECOLOGIA, ENERGIAS RENOVÁVEIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CAERDES Jairton Fraga Araújo Coordenador EDUNEB Salvador 2014 Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável - Caerdes Série Cartilha Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Volume 2 RECURSOS HÍDRICOS Jairton Fraga Araújo (Organizador) Ilustrado por Gilmário Noberto de Souza © Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável - Caerdes Direitos para esta edição cedidos à Editora da Universidade do Estado da Bahia. Esta editora adota o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009. Proibida a reprodução total ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada, em Língua Portuguesa ou qualquer outro idioma. Depósito Legal na Biblioteca Nacional Impresso no Brasil 2014. O conteúdo desta Cartilha é de inteira responsabilidade do Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável - Caerdes. Ficha Catalográfica - Sistema de Bibliotecas da UNEB Editora da Universidade do Estado da Bahia – EDUNEB Rua Silveira Martins, 2555 – Cabula 41150-000 – Salvador – BA editora@listas.uneb.br www.uneb.br CENTRO DE AGROECOLOGIA, ENERGIAS RENOVÁVEIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CAERDES Kallinca Almeida Artuso Saullo André de Souza Leite Melo Elaboradores EDITORA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – EDUNEB Maria Nadja Nunes Bittencourt Diretora Ricardo Baroud Coordenador Editorial Sidney Silva Coordenador de Design Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável Recursos hidricos / Organizado por Jairton Fraga Araújo, elaborado por Kallinca Almeida Artuso; Saullo André de Souza Leite Melo, ilustrado por Gilmário Noberto de Souza . - Salvador: EDUNEB, 2014. 24p. : il. color. – (Cartilha meio ambiente e desenvolvimento sustentável, v.2) ISBN 9788578872472 1. Recursos hídricos. 2. Abastecimento de água. 3. Recursos hídricos - Proteção. I. Araújo, Jairton Fraga. II. Artuso, Kallinca Almeida. III. Melo, Saullo André de Souza Leite. IV. Souza, Gilmário Noberto. de. CDD: 551.48 Série Cartilha Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável A ‘Série Cartilha Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável’ inicia com três títulos, reunindo conteúdos de gestão e uso da água, gestão e lei de resíduos sólidos e a política nacional de meio- ambiente, e objetiva contribuir para a capacitação e qualificação da população acerca de problemas ambientais de sobrevivência dos seres vivos no planeta terra. Utiliza uma linguagem criativa, crítica, acessível e ilustrada que permitem identificar os principais problemas, contextualizados para o semiárido Brasileiro, enfatizando o Bioma Caatinga, uso dos solos, das águas, na gestão de resíduos sólidos e na produção de alimentos orgânicos. Esta publicação é mais uma contribuição para educadores, pesquisadores e técnicos, empreguem metodologias de cursos e oficinas voltados para o ensino e à prática da educação ambiental. Esta publicação é resultado do projeto Integração ensino-pesquisa-extensão em agricultura orgânica e agroecologia no sub-médio São Francisco, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e conduzido pelo Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e desenvolvimento Sustentável - Caerdes, órgão da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, vinculado ao Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais em Juazeiro- BA, cujo papel fundamental é desenvolver estudos e pesquisas, promover ações de extensão, realizar capacitação e fomentar nos cidadãos a importância da conservação dos recursos naturais para possibilitar a vida em abundância. Sumário Água: fonte de vida 11 Bacia hidrográfica 12 Água subterrânea 13 Água no planeta 14 Água no Brasil 15 Poluição da água 16 Desperdício da água 17 Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) 18 Por que a PNRH foi criada? 18 Princípios e objetivos da PNRH 19 Os instrumentos da PNRH 20 Referências 22 11 Água: fonte de vida O Planeta Terra abriga um complexo sistema de organismos vivos no qual a água é elemento fundamental insubstituível. Ela é um insumo indispensável à produção e recurso estratégico para o desenvolvimento econômico. Todas as atividades humanas dependem da água. Navegação, turismo, indústria, agricultura, geração de energias etc. Figura 1 – Rio São Francisco. Oásis no sertão, gerador de riqueza para a população da região, Juazeiro-BA, 2014 Fonte: Foto de Kallinca Artuso. 12 Bacia hidrográfica Figura 2 – Ilustração de uma bacia hidrográfica Fonte: Disponível em: <http://geoconceicao.blogspot.com.br/>. É muito importante entender o conceito de bacia hidrográfica. Ele é a base de toda a gestão das águas no Brasil. Ao adotar a bacia hidrográfica como delimitação territorial para a gestão das águas, está se respeitando a divisão espacial que a própria natureza fez. É uma área da superfície terrestre delimitada pelos pontos mais altos do relevo, na qual a água proveniente das chuvas escorre para os pontos mais baixos do relevo, formando um curso de água (rio ou lago). 13 Água subterrânea Figura 3 – Ilustração da localização do Aquífero Guarani Fonte: Brasil Escola, adaptado por Kallinca Artuso. Estima-se que 51% do suprimento de água potável do Brasil seja originário de águas subterrâneas. O Aquífero Guarani, maior reservatório subterrâneo de água doce das Américas e um dos maiores do mundo, está localizado na Bacia Sedimentar do Paraná, no Centro-Leste da América do Sul, abrangendo quatro países: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A água da chuva pode ter vários destinos após atingir a superfície da terra. Inicialmente, uma parte se infiltra. Quando o solo fica encharcado, ou seja atinge seu ponto de saturação, a água passa a escorrer sobre a superfície em direção aos vales. Dependendo da temperatura ambiente, uma parte da chuva volta à atmosfera na forma de vapor. A água que se infiltra vai dar origem à água subterrânea. 14 Água no planeta Aproximadamente 70% da superfície terrestre encontra-se coberta por água. No entanto, menos de 3% deste volume é de água doce, cuja maior parte está concentrada em geleiras polares e neves das montanhas, restando uma pequena porcentagem de águas superficiais para as atividades humanas. A água está distribuída da seguinte forma no planeta Terra: 97,5% da água do mundo estão nos oceanos, ou seja, água salgada. E os 2,5% de água doce restante do planeta está distribuída da seguinte forma: • 29,7% aquíferos • 68,9% calotas polares • 0,5% rios e lagos • 0,9% outros reservatórios (nuvens, vapor d’água etc.) A água doce utilizada para consumo humano é proveniente das represas, rios, lagos, reservas subterrâneas e, em certos casos, do mar. Figura 4 – Usina Hidrelétrica de Itaipu, localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai Fonte: Disponível em: <Revista Veja/Editora Abril>. 15 Água no Brasil O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito ao volume de água disponível em sua superfície. Tem a maior reserva de água doce do planeta, ou seja, 12% do total mundial. Sua distribuição não é uniforme em todo o território nacional. A Amazônia, por exemplo, é uma região que detém a maior bacia fluvial do mundo. O volume de água do rio Amazonasé o maior do globo terrestre, sendo considerado um rio essencial ao Planeta. Ao mesmo tempo, é também uma das regiões menos habitadas do Brasil. Em situação oposta, as maiores concentrações populacionais do país encontram-se nas capitais e nos centros urbanos de maior porte, distantes dos grandes rios brasileiros como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná. Figura 5 – Detalhe de uma severa seca no semiárido Fonte: Foto de Leo Nunes. Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/>. O maior problema de escassez ainda é no Nordeste, cuja a falta de água por longos períodos tem contribuído para o abandono das terras e para a migração para os centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro. 16 Poluição da água A contaminação da água é um problema presente em muitos lugares. O descarte de resíduos em rios, a contaminação dos lençóis freáticos nos aterros sanitários, os vazamentos de tanques de armazenamento subterrâneo de gasolina, os rejeitos de aterros industriais e o despejo de esgoto sem tratamento estão entre as principais causas da poluição da água nos grandes centros urbanos. Os produtos químicos que muitas indústrias despejam na rede de esgoto e nos rios também provocam a morte de peixes e de outros tipos de vida que costumam habitar as águas dos rios. A poluição da água indica que um ou mais de seus usos foram prejudicados, podendo atingir o homem de forma direta, pois ela é usada por este para ser bebida, para tomar banho, para lavar roupas e utensílios e, principalmente, para sua alimentação e dos animais domésticos. Além disso, abastece nossas cidades, sendo também utilizada nas indústrias e na irrigação de plantações. 17 Desperdício da água O desconhecimento, a falta de orientação e informação aos cidadãos são os principais fatores que levam ao desperdício, que ocorre, na maioria das vezes, nos usos domésticos, ou seja, na nossa própria casa. Como evitar o desperdício da água No uso das torneiras Na hora de escovar os dentes ou fazer a barba, não deixe a torneira aberta o tempo todo. Na limpeza da louça, feche a torneira quando for ensaboar. No uso das mangueiras de água Ao lavar o quintal, calçada ou garagem, não limpe a sujeira com a mangueira de água. Na lavagem de automóveis use o balde. Use a mangueira só para molhar e enxaguar o carro. No chuveiro Feche o chuveiro ao se ensaboar. Você pode se lavar bem sem des- perdiçar água. No vaso sanitário Nunca use o vaso sanitário como lixeira. Além de desperdiçar uma grande quantidade de água você irá provocar entupimentos e mui- tos transtornos. A descarga do vaso sanitário é responsável por até 50% de sua conta de água. 18 Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) O Brasil é privilegiado em relação à disponibilidade hídrica, porém, a distribuição da água é muito variada entre as regiões do país. Esta situação exige de toda a sociedade, e especialmente do Poder Público, uma adequada gestão dos recursos hídricos. O grande desafio é o de garantir a todos o acesso à água em quantidade e qualidade satisfatórias. A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Nº 9.433, de 1997), conhecida como a “Lei das Águas”, estabelece os fundamentos, as diretrizes gerais e os objetivos para o gerenciamento de recursos hídricos no território nacional. Por que a PNRH foi criada? As perspectivas de escassez e degradação da qualidade da água colocaram em discussão a necessidade de adoção do planejamento e do manejo integrado dos recursos hídricos. Por ser reconhecido como “País das águas”, o Brasil busca servir de exemplo na gestão e preservação deste bem inigualável para a humanidade. 19 Princípios e objetivos da PNRH A lei tem como fundamento a compreensão de que a água é um bem público (não pode ser privatizada), sendo sua gestão baseada em usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria etc.) e descentralizada, com participação de usuários, da sociedade civil e do governo. O consumo humano e de animais é prioritário em situações de escassez. Tem como principal objetivo assegurar a disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados, bem como promover uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos. 20 Os instrumentos da PNRH Planos de Recursos Hídricos O Plano Nacional de Recursos Hídricos e os Planos Estaduais de Recursos Hídricos são planos estratégicos que estabelecem diretrizes gerais sobre os recursos hídricos do País ou do Estado. O Plano de Recursos Hídricos por Bacia Hidrográfica é o instrumento de planejamento local onde se define como conservar, recuperar e utilizar os recursos hídricos daquela bacia. Enquadramento dos corpos de água em classes Tem o objetivo de assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à poluição da água. Outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos É o instrumento pelo qual o Poder Público autoriza o usuário a utilizar as águas de seu domínio por tempo determinado e condições pré-estabelecidas. Tem como objetivo, assegurar o controle quantitativo do uso da água superficial ou subterrânea e o efetivo exercício do direito de acesso à água. Cobrança pelo uso da água É um mecanismo educador, que reconhece a água como bem econômico e dá ao usuário uma indicação de seu real valor, incentivando a racionalização do uso da água. 21 22 Referências BRASIL. Agência Nacional de Águas - ANA. A evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil. Brasília, DF, 2002. Edição Comemorativa do dia Mundial da Água. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 brasileira: bases para discussão. Brasília, DF, 2000. GRANZIERA, M. L. M. Direito de águas. São Paulo: Atlas, 2001. LEAL, M. S. Gestão ambiental dos recursos hídricos: princípios e aplicações. Rio de Janeiro: CPRM, 1998. RESENDE, T. P. Gestão de recursos hídricos. Rio de Janeiro: [s.n.], 2003. Esta Cartilha é parte integrante da série de ações promovidas pelo projeto “Integração, Ensino, Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Agricultura Orgânica no Submédio São Francisco” CONTATOS CAERDES Av. Edgard Chastinet Guimarães, s/n. - bairro São Geraldo. 48905-680 - Juazeiro - Bahia - Brasil www.direitoverdeuneb.blogspot.com direitoverde@hotmail.com caerdes@uneb.br Telefone: (74) 3611-7363 - ramal 270 24 A cartilha Recursos Hídricos destaca problemas socioambien- tais que o mau uso da água pode acarretar para a sociedade. Apresenta referências de como a distribuição desigual da água afeta regiões onde há escassez. Salienta que a poluição causada pelo homem poderá gerar desequilíbrios ecológicos, que afeta- rão diretamente, os ambientes aquáticos. A Política Nacional de Recursos Hídricos estabeleceu normas para o uso racional da água e a disponibilidade e qualidade podem ser protegidas a partir da compreensão de que a água é um patrimônio público da humanidade. Financiamento ApoioRealização ISBN 978-85-7887-247-2