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Atos Processuais e Tutela Direito Processual Civil Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ELLEN THAYNNÁ MARA DELGADO BRANDÃO MILENA BARBOSA DE MELO AUTORIA Ellen Thaynná Mara Delgado Brandão Eu, Ellen, tenho graduação em Direito pela Unifacisa – Universidade de Ciências Sociais Aplicadas e pós-graduanda em Docência do Ensino Superior. Atualmente sou professora conteudista e elaboradora de cadernos de questões. Como jurista, atuo nas áreas de Direito Penal, Direito do Trabalho e Direito do Consumidor. Milena Barbosa de Melo Eu, Milena, tenho graduação em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de Coimbra. Mestre e Especialista em Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Atualmente, sou professora universitária e conteudista. Como jurista, atuo, principalmente, nas seguintes áreas: Direito à Saúde, Direito Internacional público e privado, Jurisdição Internacional, Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da Propriedade Intelectual e Direito Digital. Desse modo, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Atos Processuais ......................................................................................... 12 Conceito ................................................................................................................................................. 12 Prática Eletrônica de Atos Processuais ......................................................................... 13 Classificação dos Atos Processuais ................................................................................... 18 Do Pronunciamento do Juiz ................................................................................. 18 Sentença ........................................................................................................ 18 Decisões Interlocutórias ..................................................................... 19 Despacho ......................................................................................................................... 20 Os Atos Meramente Ordinários .................................................... 20 Tempos dos Atos Processuais ............................................................................................... 21 Lugar e os Prazos dos Atos Processuais ............................................23 Lugar da Prática dos Atos Processuais ...........................................................................23 Prazo Processual .............................................................................................................................24 Prazos Próprios e Impróprios ..............................................................................24 Espécies de Prazos Processuais ..........................................................................................25 Atos Praticados Antes do Início da Contagem do Prazo....................................27 Contagem do Prazo .......................................................................................................................28 Suspensão e Interrupção do Prazo ............................................................... 31 Preclusão .............................................................................................................................................33 Extinção de Direito de Emendar o Ato Processual .................................................34 Comunicação dos Atos Processuais.................................................... 35 Cartas ......................................................................................................................................................35 Requisitos .........................................................................................................................37 Prazo para Cumprimento ..................................................................................... 38 Citação ................................................................................................................................................... 39 Espécies de Citação...................................................................................................42 Intimação ..............................................................................................................................................45 Espécies de Intimação .............................................................................................45 Tutela no Processo Civil ...........................................................................48 Tutela Provisória .............................................................................................................................. 48 Tutela Provisória: Pela sua Natureza ............................................................. 49 Tutela Antecipada .................................................................................. 49 Tutela Cautelar ........................................................................................... 50 Tutela Provisória: Pela Fundamentação ..................................................... 51 Tutela de Urgência ................................................................................... 51 Tutela de Evidência ................................................................................ 51 Tutela Provisória: Pelo Momento de Requerimento ...........................53 Tutela de Urgência: Tutela Antecipada Requerida em Caráter Antecedente e Tutela Cautelar Requerida em Caráter Antecedente .......................................54 Tutela Antecipada Requerida em Caráter Antecedente .................54 Tutela Cautelar Requerida em Caráter Antecedente ........................55 9 UNIDADE 04 Direito Processual Civil 10 INTRODUÇÃO O Direito é um ramo com uma grande uma extensão de disciplinas, todas tendo fundamental importância. Estudaremos nesta Unidade uma dessas disciplinas, o Processo Civil. Entre os variados conteúdos dessa disciplina, nesta Unidade iremos tratar dos atos processuais e da tutela. Para entender o processo, devemos compreender em que consistem os atos processuais, dessa forma, iremos ver em que consistem os atos das partes e o pronunciamento do juiz e, ainda, o tempo para os prazos processuais. Devemos tratar qual é o lugar e os prazos para os atos processuais e, ainda, como se dá a execução desses atos. Outro ato importante no processo civil são as tutelas, tutelas provisóriasque podem ser de urgência e evidência, garantindo o direito da parte no processo. Vamos juntos embarcar nesse conhecimento! Direito Processual Civil 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Atos processuais e tutela. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término Dessa etapa de estudos: 1 Compreender os atos das partes, pronunciamento do juiz e o tempo dos atos processuais. 2 Identificar o lugar e os prazos dos atos processuais. 3 Executar a comunicação dos atos processuais. 4 Aplicar a tutela no processo civil. Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto fascinante e inovador como esse? Vamos lá! Direito Processual Civil 12 Atos Processuais OBJETIVO: Com a inovação, os atos processuais, agora, ocorrem pelos meios eletrônicos, assim, mostraremos o que a lei dispõe sobre esse novo método. Mas iremos também explicar o que vem a ser a classificação desses atos tão importantes para o processo. Empolgados? Vamos lá!. Para que haja o desenvolvimento do processo, é necessária uma sucessão de atos, atos esses com uma ordem lógica, visando alcançar ao provimento jurisdicional. Assim, para que o processo possa encaminhar, é necessária a prática de todos os atos praticados pelos sujeitos. É sobre esses atos que vamos estudar neste Capítulo. Conceito Vimos uma introdução sobre a importância dos atos processuais, mas o que são esses atos? Esse conceito é elencado por Gonçalves (2018), que retrata que o ato processual pode ser definido como a conduta humana voluntária que tem relevância para o processo. Assim, ele afasta os atos irrelevantes e os que não se relacionem com o processo. De acordo com o art. 189 do Código de Processo Civil, os atos processuais são públicos, mas como toda regra, tem exceção. Esse mesmo artigo menciona que existem casos em que esses atos podem tramitar em segredo de justiça, sendo os seguintes casos nos termos do artigo supramencionado: • Em que o exija o interesse público ou social. • Que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de criança e adolescente. Direito Processual Civil 13 • Em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade. • Que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. Quando o processo tramitar em segredo de justiça, só quem terá direito de consultar os seus autos e de solicitar certidão de seus atos, são as partes e os seus procuradores. Um fato importante que deve ser citado é que todos os atos e termos do processo devem ser redigidos em língua portuguesa, caso existam documentos em língua estrangeira, ele só poderá ser juntado ao processo quando estiver acompanhado de versão para a língua portuguesa, devendo ser tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado, de acordo com o art. 192 do Código de Processo Civil. Prática Eletrônica de Atos Processuais Existe uma seção inteira do Código de Processo Civil dedicada à prática eletrônica de atos processuais. Esta começa com o art. 193, que dispõe que os atos processuais podem ser totais ou parcialmente digitais, de modo que possa permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados através de meio eletrônico. O processo eletrônico surgiu trazendo um grande avanço para o meio jurídico, pois elimina os atos humanos que são demorados, e que demandam mais gastos. Por meio do processo eletrônico, não há mais a necessidade de o serventuário da justiça formar os autos, juntar peças ou decisões, tudo isso acontece de forma eletrônica, diminuindo, assim, o tempo que o processo fica sem movimentação. Direito Processual Civil 14 Figura 1 – Processo eletrônico Fonte: Freepik Devido ao fato de os atos serem praticados de forma eletrônica, a assinatura do advogado é irrelevante, sendo necessário que ele tenha um certificado digital para que possa peticionar. Como vimos, os atos processuais devem ser públicos, desse modo, quando se trata dos atos eletrônicos, eles devem seguir essa mesma publicidade e, além disso, o art. 194 do Código de Processo Civil traz a seguinte disposição: Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional, acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. (BRASIL, 2015) Direito Processual Civil 15 Esse artigo, ao garantir, primeiramente, a publicidade, nos faz refletir. Atualmente, a maioria das pessoas têm internet, não é mesmo? Dessa forma, ao garantir que os processos eletrônicos sejam públicos, isso garante uma maior acessibilidade, pois as pessoas não terão que se locomover para a comarca para que possam realizar a consulta, podendo fazer de casa, por meio da internet. IMPORTANTE: As mesmas exceções para os atos processuais que vimos no item anterior também são aplicáveis aos atos eletrônicos. O artigo mencionado também garante o acesso e a participação das partes nos atos do processo, garantindo, inclusive, esse acesso nas audiências e nas sessões de julgamento. Por fim, esse artigo garante a disponibilidade, a independência da plataforma computacional, a acessibilidade e a interoperabilidade dos sistemas, os serviços, os dados e as informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções, mas o que quer dizer essas garantias? De acordo com Neves (2016), a disponibilidade é a qualidade de sistemas informáticos que permaneçam constantemente em funcionamento, com exceção de curtos períodos que fiquem fora do ar. Quando o sistema estiver indisponível, isto é, “fora do ar”, é impossível que sejam praticados atos processuais por todos os envolvidos no processo. IMPORTANTE: O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que caso ocorra indisponibilidade do sistema no dia que seja fatal para o prazo, será considerado tempestivo o ato praticado no primeiro dia útil subsequente. Direito Processual Civil 16 Com relação à independência da plataforma computacional, ela é a garantia de que o sistema não ficará subordinado a um determinado programa, o que torna os atos processuais mais democratizados. Por fim, a interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções, de acordo com Neves (2016), ainda é uma promessa trazida com o Código de Processo Civil de 2015, sendo uma expectativa distante, pois no Brasil há dezenas de sistemas, dependendo de cada tribunal, para a prática dos atos processuais. IMPORTANTE: É determinado pelo art. 195 do Código de Processo Civil que o registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, ou seja, o programa utilizado pelo Poder Judiciário não pode ter custo ou limitação de uso. Os atos processuais eletrônicos têm requisitos. Estes estão elencados no art. 195 do Código de Processo Civil, sendo eles os seguintes: • Autenticidade – identificação do autor do ato processual. • Integridade – impossibilidade de modificação do conteúdo do ato após ele ter sido praticado. • Temporalidade – identificação do dia e do horário da prática do ato. • Não repúdio – de origem, que protege o receptor da mensagem, indicando que esta, de fato, se originou do declarante, e de envio, que protege o declarante, comprovando que a mensagem foi, de fato, recebida pelo destinatário. • Conservação – preservação dos atos, devendo mantê-los em sua integralidade pelo tempo que for necessário.• Confidencialidade – haverá confidencialidade nos processos que tramitarem em segredo de justiça. Direito Processual Civil 17 Nos termos do art. 196 do Código de Processo Civil cabe ao Conselho Nacional de Justiça regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais eletrônicos, além de velar pela compatibilidade dos sistemas. Tendo sido incumbida essa competência ao Conselho Nacional, que instituiu o Sistema de Processo Judicial Eletrônico, conhecido como PJe, por meio da Resolução n° 185, de 18 de dezembro de 2013, como sendo o sistema informatizado de processo judicial no âmbito do Poder Judiciário. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, assista ao vídeo a seguir clicando aqui. De acordo com o art. 197 do Código de Processo Civil “os tribunais divulgarão as informações constantes de seu sistema de automação em página própria na rede mundial de computadores, gozando a divulgação de presunção de veracidade e confiabilidade” (BRASIL, 2015), trazendo, assim, a obrigatoriedade dos tribunais de divulgar as informações por meio eletrônico. Por fim, para terminamos as considerações sobre a inovação dos atos processuais eletrônicos, o Código de Processo Civil também dispõe que as Unidades do Poder Judiciário devem conter equipamentos necessários para à prática de atos e para consulta e acesso ao sistema. Esse artigo trouxe uma grande importância, pois, mesmo sabendo que nos tempos atuais a maioria das pessoas têm computador e acesso à internet, ainda existem pessoas que não tenha à sua disposição esses meios, Dessa forma, garante a todos o acesso. Além disso, a lei garante que o Poder Judiciário deve assegurar às pessoas com deficiência a acessibilidade aos seus sítios na rede mundial de computadores. Direito Processual Civil https://www.youtube.com/watch?v=FeXJEurdP0Y 18 Classificação dos Atos Processuais O Código de Processo Civil considera para a classificação dos atos das partes, a classificação quanto ao sujeito, fazendo uma distinção entre os atos das partes e os atos judiciais. Vamos estudar cada um deles. Atos das Partes De acordo com Neves (2016), as partes no processo praticam atos unilaterais, que são oriundos de manifestação de vontade de apenas uma das partes; e atos bilaterais, oriundos de manifestação de acordo de vontades das partes. Esses atos produzem, de forma imediata, a Constituição, a modificação ou a extinção de direitos processuais, conforme o art. 200 do Código de Processo Civil. Mas o que isso significa? Isso significa que esses efeitos não dependem da homologação do juiz para que possam gerar seus efeitos. EXEMPLO: Quando as partes celebrarem um acordo para suspender o processo, o efeito dessa suspensão se opera desde o momento em que as partes fizerem o acordo. No entanto, havendo desistência da ação, essa só produzirá efeitos após a homologação judicial. Do Pronunciamento do Juiz O art. 203 do Código de Processo Civil diz que os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. De início, é importante frisarmos que a sentença é ato exclusivo do juiz de primeiro grau; já as decisões interlocutórias e os despachos podem ser proferidos em qualquer grau de jurisdição. Vamos estudar o que vem a ser cada um desses pronunciamentos do juiz. Sentença Direito Processual Civil 19 Muito ouvimos falar sobre sentença, mas você sabe o que ela realmente vem a ser? Quem traz o conceito de sentença é o § 1°, do art. 203 do Código de Processo Civil. Esse artigo prevê que exceto as disposições expressas dos procedimentos especiais, a sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos artigos 485 e 487 (artigos que dispõem sobre quando o juiz não resolverá o mérito e quando haverá a resolução de mérito), põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, assim como extingue a execução. IMPORTANTE: Caso a decisão do juiz não resolva o mérito, haverá o fim do processo, todavia, no caso de haver resolução de mérito, haverá o fim da fase cognitiva em que a sentença foi proferida, devendo prosseguir com a fase de cumprimento de sentença. Gonçalves (2018) aponta que o conceito de sentença é determinado pela aptidão de pôr fim ao processo, ou à sua fase cognitiva. O juiz tem o prazo de 30 dias para proferir a sentença. Decisões Interlocutórias Então, o que são as decisões interlocutórias? A definição dessas decisões encontra-se no § 2° do art. 203 do Código de Processo Civil, que consta que as decisões interlocutórias constituem em qualquer pronunciamento decisório que não seja sentença. Gonçalves (2018) aponta que as decisões interlocutórias se diferenciam das sentenças devido ao seu caráter interlocutório, pelo fato de ser proferida no decurso de um processo, sem a aptidão de finalizá- lo. E sem, ainda, pôr fim à fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição. Direito Processual Civil 20 NOTA: As decisões interlocutórias se diferenciam dos despachos porque estes não têm conteúdo decisório, não trazendo qualquer prejuízo ou agravamento às partes. Dessa forma, caso o ato judicial seja capaz de provocar prejuízo e não pôr fim ao processo ou à fase de conhecimento, será considerado uma decisão interlocutória. Neves (2016) diz que a decisão interlocutória poderá ter como conteúdo questões incidentais e de mérito. O juiz tem o prazo de 10 dias para proferir a decisão interlocutória. Despacho Por fim, o último pronunciamento do juiz é o despacho. Sua definição está contida no § 3° do art. 203 do Código de Processo Civil. Dessa forma, o despacho consiste em todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. Gonçalves (2018) aponta que o despacho serve para impulsionar o processo, não tendo conteúdo decisório, assim, não causa prejuízo às partes. Dessa forma, se o juiz abre vista às partes, dá ciência de um documento juntado aos autos, determina o cumprimento do acórdão ou concede prazo para que as partes indiquem quais as provas que pretendem produzir, haverá um despacho e, contra esse despacho não cabe recurso, pois não há interesse para a interposição. O prazo para que o juiz profira despacho no processo é de cinco dias. Os Atos Meramente Ordinários Nos cabe fazer uma observação sobre o § 4° do art. 203 do Código de Processo Civil, que diz respeito aos atos meramente ordinários. Eles não são atos de pronunciamento do juiz, sendo eles praticados pelo servidor e só revistos pelo juiz quando necessário. Os atos meramente ordinários constituem em atos como a juntada e a vista obrigatória e independem de despacho. Direito Processual Civil 21 Tempos dos Atos Processuais O art. 212 do Código de Processo Civil determina que os atos processuais devem ser realizados em dias úteis, das 6h às 20h. Além disso, não serão praticados atos em feriados. Existindo exceção no § 2° do art. 212 supramencionado, em que pode, independentemente de autorização judicial, as citações, intimações a serem realizadas no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário citado. No que diz respeito aos atos eletrônicos, estes podem ocorrer em qualquer horário até as 24 horas do último dia do prazo, conforme o art. 213 do Código de Processo Civil. Direito Processual Civil 22 RESUMINDO: Começamos este Capítulo conceituando os atos processuais, sendo eles a conduta humana voluntária que tem relevância para o processo. Vimos que os atos processuais são públicos, mas, como toda regra, têm exceção; existem casos em que esses atos podem tramitar em segredo de justiça. Em seguida, estudamos a evolução que trouxe os atos processuais eletrônicos, em que vimos que os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de modo a que possa permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados através de meio eletrônico,sendo garantido a disponibilidade, a independência da plataforma computacional, a acessibilidade e a interoperabilidade dos sistemas, os serviços, os dados e as informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. Estudamos que os atos processuais eletrônicos têm requisitos, sendo eles: autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e confidencialidade. Em seguida, estudamos a classificação dos atos processuais, sendo classificados quanto ao sujeito em atos das partes onde as partes no processo praticam atos unilaterais, oriundos de manifestação de vontade de apenas uma das partes; e atos bilaterais, oriundos de manifestação de acordo de vontade das partes. E o pronunciamento do juiz, que consiste em sentenças, decisões interlocutórias e despachos, estudando o conceito de cada um deles. Por fim, vimos que os atos processuais devem ser realizados em dias úteis, das 6h às 20h e, no que diz respeito aos atos eletrônicos, estes podem ocorrer em qualquer horário até as 24 horas do último dia do prazo. Direito Processual Civil 23 Lugar e os Prazos dos Atos Processuais OBJETIVO: Sabendo que existem os atos processuais e os prazos para serem cumpridos, devemos saber como se dá a contagem desses prazos, assunto importante para que não haja a preclusão do Direito. Preclusão que também iremos conceituar neste Capítulo. Vamos lá!. Dando prosseguimento ao estudo sobre os atos processuais, vamos estudar o lugar e os prazos dos atos processuais. Lugar da Prática dos Atos Processuais O art. 217 do Código de Processo Civil dispõe que os atos processuais devem ser realizados na sede do juízo, ou, de forma excepcional, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. Como exemplo de excepcionalidade, podemos trazer o rol do art. 454 do Código de Processo Civil, que dispõe sobre as pessoas que devem ser inquiridas em sua residência ou onde exercem sua função, sendo elas: o presidente e o vice-presidente da República; os ministros de Estado; os ministros do Supremo Tribunal Federal, os conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e os ministros do Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; o procurador-geral da República e os conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público; o advogado-geral da União, o procurador-geral do Estado, o procurador- geral do Município, o defensor público-geral federal e o defensor público- geral do Estado; os senadores e os deputados federais; os governadores dos Estados e do Distrito Federal; o prefeito; os deputados estaduais e distritais; os desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Direito Processual Civil 24 Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal; o procurador-geral de justiça; o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa a agente diplomático do Brasil. No que se refere ao interesse da justiça, o art. 483 do Código de Processo Civil traz as hipóteses em que o juiz deverá ir onde se encontra a pessoa ou a coisa, sendo elas as seguintes: • Julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar. • A coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificuldades. • Determinar a reconstituição dos fatos. Ainda, de acordo com Neves (2016), se o interessado arguir algum obstáculo para que o ato seja praticado, o juiz poderá, conforme o caso, acolher o pedido e assim proceder. Prazo Processual O art. 218 do Código de Processo Civil dispõe que os atos processuais devem ser realizados nos prazos estabelecidos por lei. Gonçalves (2018) diz que existem os prazos próprios e impróprios. Vamos estudar o que vem a ser cada um desses tipos de prazos processuais. Prazos Próprios e Impróprios Os primeiros tipos de prazos tratados por Gonçalves (2018) são os prazos próprios e os impróprios. Você sabe em que consistem esses dois tipos de prazos? Diz-se que, em regra, os prazos próprios são aqueles praticados pelas partes e por terceiros intervenientes. Esses prazos devem ser respeitados sob pena de preclusão temporal, de perda da faculdade processual de praticar aquele ato (GONÇALVES, 2018). Direito Processual Civil 25 No entanto, existem atos no processo que não são preclusivos. Podemos citar como exemplo o prazo de restituir os autos que são retirados do cartório. No que tange os prazos impróprios, eles são os prazos dos juízes, de seus auxiliares e do Ministério Público (quando atuar como fiscal da ordem jurídica). São considerados impróprios porque não implicam na perda da faculdade, nem o desaparecimento da obrigação de praticar o ato, mesmo depois de superados (GONÇALVES, 2018). Acentuando isso, podemos dizer que nenhum juiz pode se eximir de proferir uma sentença, nem muito menos o promotor de Justiça de se manifestar, somente pelo fato de o prazo estabelecido pela lei ter se esgotado. IMPORTANTE: O promotor de Justiça, mesmo sendo fiscal da lei, caso deseje recorrer da decisão do juiz, deve fazer no prazo estabelecido pela lei, sob pena de preclusão, tendo em vista que o prazo para a interposição de recurso é próprio. Dessa forma, essa é a diferença dos prazos próprios para os impróprios, em que o próprio é o das partes e o impróprio é o do juiz, auxiliares e Ministério Público. Espécies de Prazos Processuais Vimos que Gonçalves (2018) afirma que existem dois tipos de prazos, os próprios e os impróprios. No entanto, Neves (2016) retrata que existem três espécies de prazos, sendo eles os seguintes: • Legais – que são os prazos fixados em lei. • Judiciais – que são os prazos fixados pelo juiz. • Convencionais – que são os prazos fixados por acordo procedimental celebrado entre as partes. Direito Processual Civil 26 A regra é que a lei traga os prazos que tanto as partes quanto o juiz e servidores devem cumprir. Como vimos no item anterior, os prazos das partes são próprios, onde devem cumprir, caso não cumpra, haverá a preclusão; já o do juiz é impróprio, de modo que os atos que ele pratique fora do prazo são válidos e eficazes. Mas existem casos em que a lei é omissa com relação aos prazos. Dessa forma, o que acontece quando não consta o prazo para que os atos sejam cumpridos? Quem responde essa pergunta é o § 1° do art. 218 do Código de Processo Civil, que estabelece que no caso de omissão da lei, quem determinará os prazos é o juiz, devendo levar em consideração a complexidade do ato. No entanto, caso haja omissão na lei referente ao prazo, e o juiz também não o determine, o prazo será de cinco dias para a prática do ato processual. Além disso, o § 2° do art. 218 do Código de Processo Civil, estabelece que quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão o comparecimento após decorridas 48 horas. Assim, a lei dá um prazo mínimo para que a pessoa intimada se prepare para comparecer em juízo. Importante destacarmos que esse prazo de 48 horas elencado nesse parágrafo segundo é diferente do prazo de cinco dias mencionados anteriormente, pois o prazo de cinco dias é para a prática do ato processual, já esse de 48 horas é para comparecimento em juízo. Direito Processual Civil 27 Atos Praticados Antes do Início da Contagem do Prazo Sabemos que todo prazo tem um termo inicial e um termo final, isto é, o dia de início e o dia de término. No processo civil, o termo inicial, em regra, é o momento da intimação da parte; já o termo final é calculado tendo como base o prazo previsto em lei ou o que seja indicado pelo juiz no caso concreto. Neves (2016) aponta: Apesardo termo inicial do prazo se dar, ao menos em regra, com a intimação das partes, não se pode aceitar a tese criada nos tribunais superiores de ato prematuro, ou de intempestividade ante tempus, especialmente utilizada para não se conhecer do recurso por intempestividade. A tese afirma que o ato processual intempestivo é aquele interposto fora do prazo, o que pode ocorrer depois de finda ou antes de iniciada a contagem. Com esse raciocínio, tem-se por intempestivo o ato processual interposto antes da intimação das partes, considerando que o termo inicial para a contagem do prazo ainda não se verificou. E ainda mais extravagante, trata-se de uma intempestividade sanável, porque se a parte que praticou o ato prematuramente o reiterar após sua intimação, o ato processual será considerado tempestivo. (NEVES, 2016, p. 358) Esse entendimento era totalmente lamentável, pois contrariava os princípios da duração razoável do processo e da cooperação. Para acabar com esse entendimento é que o Código de Processo Civil trouxe em seu § 4° do art. 218 a previsão de que é tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. Direito Processual Civil 28 NOTA: O princípio da duração razoável do processo diz respeito ao direito que as partes têm de um processo célere, de modo que seja resolvido o mais rápido possível. O princípio da cooperação garante que todas as pessoas envolvidas no processo devem cooperar entre si para que se possa obter, em tempo razoável, uma decisão justa e efetiva. Desse modo, é garantido que as partes podem praticar qualquer ato antes de iniciar a contagem do prazo. Contagem do Prazo De acordo com Neves (2016), os prazos podem ser fixados em minutos (como por exemplo o prazo de 20 minutos), por meses (podendo citar como exemplo o prazo 2 meses para pagamento de RPV), por dias (podendo citar os prazos recursais) ou anos (exemplo o prazo de 1 ano de paralisação do processo para sua extinção por abandono bilateral). No entanto, a regra dos prazos contidos no Código de Processo Civil é a contagem em dias. Desse modo, dispõe o art. 219 que na contagem dos prazos em dias, sendo esses prazos estabelecidos por lei ou pelo juiz, deverá ser computado somente os dias úteis. Todavia, essa contagem somente se aplica aos prazos processuais, assim, os prazos de cumprimento de obrigações determinados por decisão judicial devem ser contados de forma contínua, inclusive em férias, feriados e finais de semana. Mas, como ocorre a contagem desse prazo? O art. 224 do Código de Processo Civil estabelece que não havendo disposição em contrário, os prazos deverão ser contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. Ainda, os dias do começo e do vencimento serão transferidos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com o dia em que o expediente da justiça for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou no caso de haver indisponibilidade Direito Processual Civil 29 da comunicação eletrônica. Por fim, para que se considere o primeiro dia útil para contagem do prazo, esse dia será o da data da publicação no primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. EXEMPLO: O prazo para a resposta inicial no processo civil é de 15 dias. Como deve ocorrer então a contagem para a interposição da contestação? A data de publicação da inicial foi dia 4 de junho de 2020 (quinta-feira); deve-se excluir esse dia da contagem do prazo, devendo iniciar a contagem no dia 5 de junho. Como vimos que a contagem deve ser somente dos dias úteis, não deverá se computar o sábado e o domingo, voltando a contagem na segunda-feira. Dessa forma, o prazo irá acabar no dia 25 de junho de 2020, para que seja interposta a contestação. Para uma melhor visualização do exemplo analise o calendário: Figura 2 – Contagem do prazo do exemplo Fonte: Elaborada pela autora (2020). Direito Processual Civil 30 Na imagem, as datas em vermelho são as que não são computadas na contagem do prazo, as em verde são as que devem ser levada em conta na contagem e a em amarelo é o último dia do prazo. Deu para visualizar como ocorre a contagem do prazo? Espero que tenha fica claro. Ainda, dispõe o art. 231 do Código de Processo Civil que: Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria; IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na forma prevista na mensagem de citação, do recebimento da citação realizada por meio eletrônico. (BRASIL, 2015) Essa regra do artigo 231 diz respeito à fluência do prazo, devendo ele seguir a regra mencionada de que não se computa a data de início de fluência na contagem do prazo. Direito Processual Civil 31 Suspensão e Interrupção do Prazo Começaremos diferenciando o que vem a ser suspensão do prazo e interrupção do prazo. De acordo com Gonçalves (2018), na suspensão o prazo fica paralisado, no entanto, volta a correr do ponto em que parou quando incidiu a causa suspensiva. Já no que diz respeito à interrupção, ela provoca o retorno do prazo à estaca zero, como se nada tivesse corrido até então. O art. 220 do Código de Processo Civil dispõe que suspenderá o prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. EXEMPLO: O advogado é intimado para responder à inicial, no dia 15 de dezembro de 2019. Já mencionamos que para a resposta à inicial é de 15 dias. Dessa forma, o prazo deverá ser suspenso a partir do dia 20 de dezembro, só voltando a ser contado no dia 20 de janeiro. Assim, o advogado terá até o dia 4 de fevereiro de 2020 para apresentar a resposta à acusação. Outra forma de suspensão do prazo vem descrita no art. 221 do Código de Processo Civil, que consta: Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que faltava para sua complementação. Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa instituído pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos. (BRASIL, 2015) Dessa forma, de acordo com esse artigo, caso surja algum obstáculo que impeça a parte de cumprir com o prazo processual, não tendo sido esse obstáculo criado por ela, o prazo para o devido cumprimento desse ato será suspenso, tendo a parte o direito ao saldo do prazo que ainda não foi utilizado, quando o obstáculo cessar. Direito Processual Civil 32 SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, acesso o artigo a seguir clicando aqui. De acordo com Neves (2016), o termo inicial da suspensão da contagem do prazo no caso desse artigo mencionado deve ser a data em que se criou o obstáculo, e o termo final équando houver o afastamento definitivo desse obstáculo. Existe, ainda, a possibilidade de prorrogação do prazo, que é no caso elencado no art. 222 do Código de Processo Civil, que consta que caso a comarca, seção ou subseção judiciária seja de difícil acesso, o juiz poderá prorrogar os prazos por até dois meses, podendo esse prazo ser ainda maior caso haja calamidade pública. IMPORTANTE: É vedado ao juiz reduzir os prazos peremptórios sem que haja a anuência das partes. Os casos de interrupção são mais raros. Já sabemos que nesse caso, quando encerrado o período que deu a interrupção para o ato, a parte receberá o prazo na íntegra, desconsiderando o período antes do início de interrupção. Podemos trazer como exemplo a interrupção que ocorre do prazo recursal com a interposição dos embargos de declaração, em que a parte terá 5 dias para interpor os embargos e só após a interposição dele é que começa a contagem dos 15 dias para interpor apelação. Direito Processual Civil http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm 33 Preclusão Já falamos nessa Unidade várias vezes sobre preclusão, mas não falamos o que, de fato, ela vem a ser. Primeiramente, vimos que os atos processuais existem para que sejam realizados de forma ordenada, para que assim possam atingir a sua finalidade. Dessa forma, para que o processo possa atingir a finalidade desejada, ele deve seguir um desenvolvimento ordenado, devendo ser coerente e regular, tendo, inclusive, que assegurar a certeza e a estabilidade das situações processuais, sob pena de retrocessos desnecessários e onerosos. Esse retrocesso coloca em risco tanto o interesse das partes como a atividade jurisdicional. Dessa forma, Neves (2016) aponta que a preclusão é o instrumento para evitar abusos e retrocessos, além de prestigiar a entrega de prestação jurisdicional com a devida qualidade. Sendo ela, então, a perda do direito de manifestação no processo por qualquer uma das partes. Esse autor aponta que a preclusão é classificada em três tipos, sendo o seguinte: • Preclusão consumativa – é verificada sempre que realizado o ato no processo. Assim, no neste só existe uma oportunidade para realização de um ato. Uma vez consumado o prazo, o interessado não poderá realizá-lo novamente, tampouco completá-lo ou emendá-lo. • Preclusão lógica – o impedimento de realização do ato processual advém da realização de ato anterior incompatível de forma lógica com o que se pretende realizar. • Preclusão temporal – ocorre quando um ato não pode ser praticado devido ter decorrido ao prazo previsto para sua prática sem que tenha ocorrido manifestação da parte. No que se refere à preclusão temporal, a parte pode alegar justa causa, devendo prová-la e, assim, podendo praticar o ato. É considerada justa causa, de acordo com o § 1° do art. 223 do Código de Processo Civil, o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. Direito Processual Civil 34 Extinção de Direito de Emendar o Ato Processual Por fim, devemos trazer que de acordo com o art. 223 do Código de Processo Civil, após decorrido o prazo para o ato, será extinto o direito de praticar ou emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, sendo assegurado à parte provar a justa causa, mencionada no item anterior. RESUMINDO: Estudamos neste Capítulo que os atos processuais devem ser realizados na sede do juízo, ou, de forma excepcional, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. Vimos exemplo de pessoas que podem ter o lugar dos atos alterados devido à sua condição. Em seguida, estudamos sobre os prazos próprios e impróprios, os conceituando: os prazos próprios são aqueles praticados pelas partes e por terceiros intervenientes; e os prazos impróprios são os prazos dos juízes, de seus auxiliares e do Ministério Público. Posteriormente, estudamos sobre as espécies de prazos processuais: legais (prazos fixados em lei), judiciais (prazos fixados pelo juiz) e convencionais (prazos fixados por acordo procedimental celebrado entre as partes). Vimos que os atos praticados antes do início da contagem do prazo são válidos. No que se refere à contagem do prazo, vimos que os prazos podem ser fixados em minutos, meses, dias ou anos. Para a contagem dos prazos deverão ser contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. No que se refere à suspensão e à interrupção do prazo, são mais comuns as causas de suspensão, nas quais o prazo volta a ser contado de onde parou; caso o prazo seja interrompido, o prazo volta a ser contado do início. Por fim, estudamos o que vem a ser a preclusão, sendo ela a perda do direito de manifestação no processo por qualquer uma das partes. Direito Processual Civil 35 Comunicação dos Atos Processuais OBJETIVO: Sabendo o que são os atos processuais, você precisa, então, entender como se dá a comunicação desses atos para os envolvidos no processo, pois é com a comunicação que o processo poderá continuar seu prosseguimento. Empolgados para continuar o estudo? Vamos lá! Existem duas formas de comunicação dos atos processuais de acordo com o Código de Processo Civil, sendo elas: intimação e citação. Gonçalves (2018) aponta que é necessário haver a comunicação devido ao fato de determinados atos judiciais exigirem a colaboração de outros juízos, já que têm de ser praticados em outra comarca ou país. O art. 236 do Código de Processo Civil dispõe que os atos processuais serão cumpridos por meio de ordem judicial. Quando os atos forem praticados fora dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da sessão ou da subseção judiciária, deverá ser expedida carta. É admitido, também, a prática de atos processuais por meio de videoconferência ou de qualquer outro recurso tecnológico que tenha transmissão de sons e imagens em tempo real. Cartas Como mencionamos, os órgãos do Judiciário devem expedir cartas para que sejam praticados atos fora dos seus limites territoriais. Essas cartas devem ser transmitidas pelos meios eletrônicos ou pelos meios convencionais. Existem quatro espécies de carta, elencadas no art. 237 do Código de Processo Civil, sendo elas as seguintes: • Carta de ordem – esse tipo de carta está tipificada no art. 237, inciso I do Código de Processo Civil. De acordo com Gonçalves (2018), ela é emitida por um tribunal jurisdicional a ele vinculado, podendo ser para colheita de provas, atos de execução, a prática de qualquer outro ato que houver de ser realizado fora dos limites territoriais do local de sua sede. Direito Processual Civil 36 Neves (2016) diz que no que se refere aos tribunais de segundo grau, eles também podem expedir carta de ordem aos juízos a eles vinculados, isto é, que estejam dentro de seus limites de competência. • Carta rogatória – a carta rogatória vem contida expressamente no art. 237, II do Código de Processo Civil, que traz que será expedida carta rogatória para que o órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro. Existem dois tipos de carta rogatória segundo Neves (2016), as cartas rogatórias passivas e as ativas. A passiva é aquela expedida por juízo estrangeiro, em que visa a prática do ato no Brasil. No entanto, para que haja o cumprimento de sentença, nesse caso, é necessário que haja a homologação da sentença pelo Superior Tribunal de Justiça. Já a ativa se refere àquela expedida pelo juízo nacional para a prática de ato no exterior, sendo enviada ao país estrangeiro por meio do ministro das Relações Exteriores. • Carta precatória – a carta precatória encontra-se prevista no inciso III, do art. 237 do Código de Processo Civil. De acordo com esse artigo, essacarta é expedida para que o órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive de competência territorial diversa. Primeiramente, devemos apontar que na carta precatória existe o deprecante, que é quem expede a carta; e o deprecado, que é quem recebe a carta. Gonçalves (2018) aponta que a carta precatória é utilizada para comunicação processual, como citação e intimação de pessoas que residem em outra comarca; para colheita de provas, como a ouvida de testemunhas que residem fora; e para a realização de atos de apreensão judicial em outra comarca. Sintetizando, na carta precatória o juízo pede a ajuda de outro juízo que tenha mesmo grau de jurisdição para a prática do ato, que deve ser praticado no lugar em que o juízo deprecado tem competência. Direito Processual Civil 37 Sabendo que um juízo não é subordinado a outro, você pode se perguntar, o juízo deprecado é obrigado a cumprir a carta precatória? O juízo deprecado é obrigado sim a cumprir a carta precatória, só podendo se recusar nas hipóteses contidas no art. 267 do Código de Processo Civil, que são: na hipótese da carta não estar revestida dos requisitos legais; faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia; o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade. Nesses casos, deve o juiz deprecado devolver a carta com a decisão motivada. • Carta arbitral – o inciso IV, do art. 237 traz a última espécie de carta, sendo ela a carta arbitral. Esse artigo dispõe que essa carta será expedida para que o órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. Dessa forma, Neves (2016) traz que é por meio da carta arbitral que o árbitro pede auxílio do juízo para a efetivação de alguma decisão proferida no processo arbitral. Isso acontece porque, frequentemente, o juízo arbitral não terá como tornar efetivas as suas determinações, tampouco como impor o cumprimento das ordens dele emanadas, senão com a cooperação do Poder Judiciário, que será assim solicitado por meio da carta arbitral. Requisitos O art. 260 do Código de Processo Civil estabelece os requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória, trazendo que deve constar nelas o seguinte: • Indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato – sendo esse requisito essencial para a identificação do juízo que pede e do que realizará o ato. • Inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado – é indispensável que haja a juntada da petição se o ato for determinado de ofício pelo juiz. • Menção do ato processual que lhe constitui o objeto. • Encerramento com a assinatura do juiz. Direito Processual Civil 38 IMPORTANTE: No que diz respeito à carta rogatória, esses requisitos só são aplicáveis à carta rogatória ativa, isto é, na carta rogatória expedida pelo juiz nacional para a realização de ato no exterior. Falamos que esses requisitos são para as cartas de ordem, precatória e rogatória. O que acontece, então, com a carta arbitral? O mesmo artigo supramencionado, em seu § 3°, dispõe que no que diz respeito à carta arbitral, ela deverá atender, no que couber, aos requisitos que citamos, sendo instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação da função. É importante mencionarmos que com o avanço tecnológico, agora, existe o processo por meio eletrônico, assim, as cartas podem também ser expedidas por esse meio. Com relação a esse tema, o art. 263 do Código de Processo Civil, menciona que as cartas deverão, preferencialmente, ser expedidas por meio eletrônico. Prazo para Cumprimento O juiz determinará o prazo para o cumprimento da carta, devendo atender à facilidade das comunicações e à natureza da diligência (art. 261 do Código de Processo Civil). Além disso, deverá o juiz, em cumprimento do princípio do contraditório, intimar as partes do ato de expedição da carta e, após expedida a carta, as partes poderão acompanhar o cumprimento de diligência perante o juiz destinatário. É importante ressaltarmos que a carta tem caráter itinerante, o que admite, de acordo com Neves (2016), que as cartas sejam encaminhadas à juízo diverso do que dela consta. Neves (2016) ainda aponta que existem três situações que justificam esse caráter itinerante das cartas, sendo elas as seguintes: Direito Processual Civil 39 1. Eventual erro de endereçamento em decorrência de confusão ou modificação das regras de estrutura judicial. 2. Correção de vício quanto à competência do juízo deprecado, que poderá reconhecer sua incompetência e encaminhar a carta para o juízo competente, com excesso dos casos de incompetência absoluta, que poderá, dependendo do ato, devolver a carta sem o cumprimento. 3. Rápido deslocamento de pessoas ou coisas, inclusive contra o fato de frustrar a prática do ato, devendo a carta ser encaminhada para o local em que deva ser praticado o ato. Essas características permitem, também, que o ato que será cumprido em decorrência dela seja desmembrado em diferentes juízos deprecados. Por fim, aponta o art. 268 do Código de Processo Civil que, após cumprida a carta, ela será devolvida ao juízo de origem no prazo de 10 dias, independentemente de translado, devendo as custas serem pagas pela parte. Citação Vimos que existem duas formas de comunicação dos atos processuais de acordo com o Código de Processo Civil, sendo elas: intimação e citação. Vamos estudar o que vem a ser a citação. Você já deve ter ouvido falar que uma pessoa foi intimada, mas você sabe o que vem a ser isso? O art. 238 do Código de Processo Civil traz que citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. É a partir da citação que a relação processual se completa. Ainda, nos termos do parágrafo único do art. 238, a citação deverá ser efetivada em até 45 dias a partir da propositura da ação. Direito Processual Civil 40 IMPORTANTE: Sempre que houver processo, haverá citação, sendo o processo de conhecimento ou de execução. O único caso que não ocorre mais citação é no cumprimento de sentença, pois não há formação de um novo processo. Gonçalves (2018) aponta que a citação deve ser realizada na forma e com todas as formalidades determinadas por lei. Caso haja descumprimento de alguns dos requisitos formais, poderá haver a invalidade do ato, tornando necessária a sua repetição. Contudo, se apesar do vício ou da falta de citação, o réu comparecer em juízo, o ato terá alcançado a sua finalidade, não sendo necessária a sua repetição. A citação pode ser direta ou indireta. No que se refere à citação direta, ela é feita na pessoa do réu ou de seu representante legal; já a citação indireta é feita a um terceiro, que tem os poderes de recebê-la com efeito vinculante em relação ao réu (GONÇALVES, 2018). NOTA: O nosso ordenamento jurídico traz como regra a citação direta. Ocorre a citação indireta quando o réu for pessoa jurídica ou incapaz, em que ela é feita na pessoa de seu procurador que é legalmente habilitado ou de terceiro que, devido ao estabelecido em lei ou em contrato, tem poderes para recebê-la, sendo essa pessoa vinculada ao réu. Direito Processual Civil 41 Você sabe onde deve ser realizada a citação? O art. 243 do Código de Processo Civil, responde essa pergunta dizendo que a citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. Entretanto, o art. 244 do referido diploma legal traz uma série de exceções com relação à citação de onde não se fará a citação, sendo essas exceçõesas seguintes: • De quem estiver participando de ato de culto religioso. • De cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes. • De noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento. • De doente, enquanto grave o seu estado. Além disso, também não deverá ser realizada a citação quando for verificado que o citado é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la, onde o oficial de juiz deverá descrever e certificar de forma minuciosa a ocorrência e, o juiz deverá nomear médico para que examine o citado, que deverá apresentar um laudo no prazo de cinco dias (art. 245 do Código de Processo Civil). IMPORTANTE: O juiz deixará de nomear o médico para examinar o citado quando a família apresentar declaração do médico do citado que ateste a sua incapacidade. Sendo reconhecida a incapacidade, o juiz deverá nomear curador ao citado, onde este que será o citado e a quem incumbirá a defesa dos interesses do incapaz. Direito Processual Civil 42 Espécies de Citação Nos termos do art. 246, após a alteração promovida pela Lei n° 14.195, de 26 de agosto de 2021, a citação deverá ser feita de forma preferencial por meio eletrônico, em até dois dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário. De acordo com o art. 246, § 1°, se a citação eletrônica não for confirmada no prazo de três dias úteis, implicará na realização das seguintes citações: • Pelo correio – ela é a forma prioritária de citação das pessoas naturais, das microempresas e das empresas de pequeno porte. O legislador prestigiou a citação pelo correio devido à sua rapidez, sobretudo quando dirigida a outras comarcas ou Estados (GONÇALVES, 2018). No entanto, o art. 247 do Código de Processo Civil traz as hipóteses em que não poderá haver citação pelo correio, sendo elas: nas ações de estado; quando o citando for incapaz; quando o citando for pessoa de Direito Público; quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. Fora essas possibilidades a citação será feita por carta, onde essa deverá ser encaminhada com aviso de recebimento. Quando ocorre a citação por carta, quando é que se inicia a contagem do prazo? Deve-se iniciar a contagem do prazo a partir do dia em que for juntado aos autos o aviso devidamente firmado pelo destinatário citado. • Por oficial de justiça – a citação será realizada pelo oficial de justiça nas hipóteses previstas no Código de Processo Civil. Podemos citar como exemplo o caso de o autor requerer a citação por oficial de justiça. Em que o oficial de justiça deverá procurar o citando e, onde o encontrar, realizar a citação, devendo ler-lhe o mandato e entregar-lhe a contrafé. Direito Processual Civil 43 É importante ressaltar o art. 250 do Código de Processo Civil, que traz o seguinte: Art. 250. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá: I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ou residências; II - a finalidade da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da ordem, se houver; IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento; V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que deferir tutela provisória; VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz. (BRASIL, 2015) Na citação pelo oficial de justiça o prazo para a resposta começa a fluir da data de juntada aos autos do mandado de citação devidamente cumprindo. Caso haja mais de um citado, o prazo só começará a correr da data da juntada do último mandado de citação. Dentro da citação por oficial de justiça existe a citação com hora certa. De acordo com Gonçalves (2018), ela deve ser utilizada quando o citando, tendo sido procurado por duas vezes pelo oficial de justiça em seu domicílio ou residência, não for encontrado, havendo suspeita de ocultação. Nessa espécie de citação é essencial que o oficial de justiça suspeite da ocultação, devendo consignar na certidão os dias e os horários em que realizou as diligências. Assim, esse tipo de citação ocorrerá com o oficial de justiça intimando qualquer pessoa da família ou vizinho do citando, de que no próximo dia útil ele voltará a fim de cumprir a citação na hora designada. Direito Processual Civil 44 • Pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório – esse é o meio mais simples, pois ao comparecer ao cartório o servidor pode de logo efetuar a citação, começando a correr o prazo para a resposta. • Por edital – o art. 256 do Código de Processo Civil traz as hipóteses em que poderá ser feita a citação por edital, sendo elas: quando desconhecido ou incerto o citando; quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; nos casos expressos em lei. O edital será publicado nos sites, devendo ser certificado nos autos. Deverá o juiz fixar o prazo do edital, que poderá variar entre 20 a 60 dias, a contar da data da publicação (GONÇALVES, 2018). • Por meio eletrônico – por fim, a citação por meio eletrônico. Essa inovação trouxe que todas as citações devem ser realizadas por meio eletrônico, devendo só ser realizada pelos meios convencionais quando por motivos técnicos for inviável a sua realização pelo meio eletrônico. É o que já vimos com o avanço do processo eletrônico e com a implantação do PJe, que nos dias atuais a preferência é que os autos sejam efetuados todos por meios eletrônicos. É importante, ainda, mencionarmos que as pessoas jurídicas, as empresas públicas e privadas, devem ser citadas, sempre, preferencialmente, pela via eletrônica. Direito Processual Civil 45 Intimação Outra espécie de comunicação dos atos processuais é a intimação, como vimos. Mas o que vem a ser essa espécie? Ela é conceituada no art. 269 do Código de Processo Civil, que consta que intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. A intimação se diferencia da citação em vários aspectos, principalmente, no fato de que pode ser dirigida a qualquer uma das partes, como também a seus advogados, auxiliares da justiça ou a terceiros, a quem deverá realizar algum ato no processo. Em regra, a intimação deverá ser dirigida ao advogado das partes, e de forma preferencial por meio eletrônico, ou por meio de publicação no órgão oficial de imprensa. Espécies de Intimação Assim como a citação, a intimação também tem espécies, sendo elas de acordo com Gonçalves (2018): • Por meio eletrônico – essa é a forma preferencial de intimação. É dito por Gonçalves (2018) que as pessoas jurídicas públicas ou privadas, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Advocacia Pública deverão manter cadastro junto ao Poder Judiciário, que deverá ser aberto no prazo estabelecido em lei. • Pela publicação no Diário Oficial – caso não tenha como ocorrer a intimação por meio eletrônico, ela deve ser realizada pelo Diário Oficial. Essa publicação deverá conter o nome das partes e dos seus advogados. Direito Processual Civil 46 IMPORTANTE: O art. 273 do Código de Processo Civil dispõe que se for inviável a intimação por meio eletrônico e não houver na localidade publicação em órgão oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo osadvogados das partes: pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo; por carta registrada, com aviso de recebimento, quando forem domiciliados fora do juízo. • Pelo correio – não havendo outro modo, as partes, seus representantes legais e advogados serão intimados pelo correio. No entanto, só ocorrerá a citação do advogado pelo correio excepcionalmente, tendo em vista que nos dias atuais todos os advogados devem utilizar do procedimento eletrônico. • Por oficial de justiça – só haverá esse tipo de intimação quando a intimação eletrônica ou a por correio tenha sido frustrada, podendo ocorrer por hora certa, devendo seguir o mesmo processo que estudamos com relação à citação. Assim acontece a comunicação dos atos do processo, espero que tenha conseguido compreender como isso acontece e a diferença de intimação para citação. Direito Processual Civil 47 RESUMINDO: Estudamos neste Capítulo que existem duas formas de comunicação dos atos processuais de acordo com o Código de Processo Civil, sendo elas: intimação e citação, e que quando os atos forem praticados fora dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da sessão ou da subseção judiciária, deverá ser expedida carta. Vimos que existem quatro tipos de cartas, sendo elas: carta de ordem, carta rogatória, carta precatória e carta arbitral. Estudamos os requisitos que devem conter nas cartas, sendo eles: indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato, inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado, menção do ato processual que lhe constitui o objeto e encerramento com a assinatura do juiz. Vimos que o juiz determinará o prazo para o cumprimento da carta, devendo atender à facilidade das comunicações e à natureza da diligência. Em seguida, vimos que a citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual, estudando como se dá a citação e, posteriormente, os modos de realizar a citação, que são: pelo correio, por oficial de justiça, pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório, por edital, por meio eletrônico. Por fim, estudamos a intimação, que é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo, acontecendo ela: por meio eletrônico, pela publicação no Diário Oficial, pelo correio e por oficial de justiça. Direito Processual Civil 48 Tutela no Processo Civil OBJETIVO: É um assunto importante no processo civil, sendo utilizado para garantir direitos. Neste Capítulo, estudaremos sobre as tutelas no processo civil. Você deverá saber qual a tutela e qual o momento de aplicação de cada uma das tutelas. Empolgados? Vamos lá! O nosso Código de Processo Civil traz um Capítulo referente à tutela provisória, em que há divisão entre a tutela provisória de urgência e a de evidência. Vamos começar o estudo desse Capítulo tratando da tutela provisória para, em seguida, falarmos sobre a sua divisão. Tutela Provisória Você sabe o que vem a ser a tutela provisória? Quem traz o conceito dela é Gonçalves (2018, p. 328), que diz que a tutela provisória é: A tutela diferenciada, emitida em cognição superficial e caráter provisório, que satisfaz antecipadamente ou assegura e protege uma ou mais pretensões formuladas, e que pode ser deferida em situação de urgência ou nos casos da evidência. (GONÇALVES, 2018, p. 328) Dessa forma, ao analisarmos esse conceito elaborado por Gonçalves, podemos dizer que a tutela provisória pode ser proferida pelo juiz, mesmo ele não tendo todos os elementos de convicção com relação à demanda jurídica. Sendo a decisão do juiz fundada em um juízo de probabilidade, em que ainda não há certeza da existência do direito da parte. De acordo com Gonçalves (2018), a tutela provisória serve para se dar mais efetividade ao processo, trazendo a possibilidade de o juiz conceder antes aquilo que só concederia ao final ou que determine as medidas necessárias para assegurar e garantir a eficácia do provimento principal. Essa tutela poderá ser fundada em urgência ou emergência. Direito Processual Civil 49 A tutela provisória tem uma classificação, podendo ser pela sua natureza, pela fundamentação ou pelo momento de requerimento. Vamos estudar em que consiste cada uma dessas classificações. Tutela Provisória: Pela sua Natureza A classificação da tutela provisória pela sua natureza pode ser antecipada ou cautelar. Gonçalves (2018) aponta que o critério que diferencia essa classificação é a satisfatividade, pois tanto a tutela antecipada quanto a cautelar constituem tutelas provisórias e têm requisitos muitos semelhantes que são relacionados à urgência, porém somente a tutela antecipada tem natureza satisfativa, permitindo que o juiz defira os efeitos que, sem ela, só poderia conceder ao final do processo. IMPORTANTE: Tanto a tutela cautelar quanto a antecipada podem ser úteis para afastar uma situação de perigo de prejuízo que seja irreparável ou de difícil reparação. Vamos estudar de forma mais detalhada em que consiste cada uma dessas espécies de classificação. Tutela Antecipada Neves (2016) aponta que a tutela antecipada é caracterizada por satisfazer, de forma antecipada, no todo ou em parte, a pretensão formulada pelo autor, concedendo-lhe os efeitos ou as consequências jurídicas que ele pretendeu obter com o ajuizamento da ação. EXEMPLO: O típico exemplo de pedido de tutela antecipada é quando o plano de saúde nega o pedido de um dos seus associados a uma cirurgia que ele necessita com urgência. Sabendo que a pessoa precisa da cirurgia com urgência, ela ingressa com o pedido na justiça para que o plano cubra o valor da cirurgia, formulando um pedido de tutela antecipada devido ao caráter urgente da cirurgia. Dessa forma, mesmo sem julgar a demanda, o juiz analisando o caso pode, desde logo, Direito Processual Civil 50 mandar o plano cobrir a cirurgia, e, posteriormente, ao julgar a demanda, verá se a pessoa realmente tinha direito à cirurgia ser coberta pelo plano ou não. Caso não tenha o dinheiro, deverá cobrir os gastos que o plano pagou quando o juiz deferiu a tutela. Assim, na tutela antecipada o juiz concede aquilo que da condenação resultaria, não devendo então o juiz conceder coisa que tenha natureza diversa da pretensão do autor. O juiz concede em caráter provisório, o que precisará ser substituído posteriormente por decisão em um provimento definitivo. Tutela Cautelar Vimos o que é a tutela antecipada, que como o próprio nome já diz, é concedida de forma anterior. Mas em que consiste, então, a tutela cautelar? Diferentemente da tutela antecipada, a tutela cautelar não satisfaz em todo ou em parte a pretensão do autor da demanda. Gonçalves (2018) aponta que na tutela cautelar o juiz não concede desde logo o que só seria deferido ao final da demanda, no entanto, ele determina providências de resguardo, proteção e preservação dos direitos que estão no litígio. EXEMPLO: João postula ação de cobrança contra Marcos. Notando que Marcos está se desfazendo dos seus bens para não cumprir com a sua obrigação de pagamento, João pode ingressar no juízo com pedido de tutela cautelar, em que o juiz poderá deferir que os bens no valor da dívida de Marcos sejam bloqueados da sua conta, garantido que, ao fim do processo, se Marcos for considerado devedor da quantia, ela tenha o dinheiro para pagar a dívida. Assim, de forma mais sintetizadora, podemos dizer que para identificar se a tutela é antecipada ou cautelar, basta olhar para a satisfação imediata do autor. Se o juiz conceder de forma antecipada a pretensão futura do autor, será uma tutela antecipada; no entanto, se a medida do juiz apenas proteger, preservar o direito, sem assim antecipar os efeitos da futura sentença, será uma tutela cautelar. Direito Processual Civil 51 Tutela Provisória: Pela FundamentaçãoA classificação da tutela provisória quanto à sua fundamentação traz que ela pode ser de urgência ou evidência. O art. 294 do Código de Processo Civil já dispõe que a tutela provisória pode ser fundamentada em urgência ou evidência, mas o que isso quer dizer? Quer dizer que essa classificação levará em consideração os fundamentos que o juiz pode deferir a tutela provisória, assim, ao conceder a tutela, o juiz deverá fundamentar se a sua decisão é na urgência ou na evidência. Vamos, então, ver em que consiste cada um desses tipos de tutela. Tutela de Urgência O art. 300 do Código de Processo Civil dispõe que será concedida a tutela de urgência quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Assim, os requisitos para a tutela de urgência é o chamado fumus boni iuris, que significa a fumaça do bom direito, isto é, a probabilidade do direito, e também o chamado periculum in mora, que significa o perigo na demora, isto é, o risco que o autor sofrerá com a demora no julgamento da demanda, sendo esse risco um perigo de prejuízo irreparável para a parte ou de difícil reparação. Tutela de Evidência O art. 311 do Código de Processo Civil retrata que a tutela de evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, nas seguintes hipóteses: • Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte – quando a conduta da parte mostra que ela estar protelando o julgamento ou buscando auferir vantagens indevidas, pelo decurso do tempo. Assim, essa Direito Processual Civil 52 hipótese visa sancionar à atitude abusiva, de má-fé, de abuso da parte (GONÇALVES, 2018). • Quando as alegações, de fato, puderem ser comprovadas apenas com documentos e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em alguma súmula vinculantes – hipótese que se pode falar em evidência, pois os elementos dos autos trazem um forte grau de probabilidade de que o seu direito venha a ser reconhecido. • Quando se tratar de pedido de reivindicação de posse ou de propriedade sobre uma coisa que pertence ao patrimônio do autor, mas se encontra em poder de terceiro ou na esfera patrimonial do réu que não cumpriu com a obrigação contratual, pedido esse fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob aplicação de multa. • Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável – hipótese em que há também a clara evidência do direito do autor, onde os elementos constantes nos autos já evidenciam o direito ao autor, não devendo este que suportar os eventuais ônus derivados da demora do processo. Desse modo, Gonçalves (2018) aponta que a tutela de evidência não tem a finalidade de afastar um perigo, devendo ser deferida mesmo que ele não exista. Assim, para que possamos compreender a finalidade da tutela de evidência, devemos lembrar que é normalmente o autor a parte que sofre com a demora do processo, pois é ele o encarregado por formular a pretensão, pretensão essa que não é atendida até o final da demanda. Dessa forma, cabe ao autor, em regra, suportar o ônus da demora. Surge então a tutela de evidência que intervém nesse ônus, seja na hipótese de o réu agir de forma abusiva ou com intuito protelatório, seja quando o direito cuja proteção o autor postula revista-se da evidência, o que ocorre na segunda e na quarta hipóteses citadas acima. Direito Processual Civil 53 Tutela Provisória: Pelo Momento de Requerimento A última classificação da tutela provisória é pelo momento de requerimento, em que ela pode ser antecedente ou incidental. O parágrafo único do art. 294 do Código de Processo Civil traz que a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Mas o que vem a ser esse caráter incidental e antecedente? O caráter incidental diz respeito ao fato de o autor da demanda poder formular o requerimento de tutela provisória na petição inicial, podendo o juiz conceder desde logo sem que seja ouvida a parte contrária (GONÇALVES, 2018). Como vimos, tanto a tutela de urgência quanto a de evidência podem ser concedidas em caráter liminar, ou seja, o juiz pode deferir sem ouvir o réu nas hipóteses em que se possa constatar, sem que haja dificuldade, a veracidade do que foi alegado na inicial. Já no que se refere ao caráter antecedente, ela só ocorrerá nas tutelas de urgência, devido ao fato de apenas nesse caso o juiz poder deferir o pedido de tutela sem que tenha sido formulado o pedido principal, ou antes dele ter sido formulado com todos os argumentos e documentos necessários. Dessa forma, o caráter antecedente é o fato de o juiz poder decidir a tutela sem que tenha ainda no processo o pedido principal ou ainda não tenham sido formulados todos os argumentos e documentos necessários para o julgamento da demanda. Ela acontece somente na tutela de urgência, devido à possibilidade de perda do direito ou de que o direito seja de difícil reparação. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, assista ao vídeo a seguir clicando aqui. Direito Processual Civil https://www.youtube.com/watch?v=aj3hbmWbZ3w 54 É importante ressaltar que, ainda que a tutela provisória seja antecedente, não haverá a formulação de um novo processo, mas sim, após formulado o pedido antecedente, deverá a parte oportunamente apresentar o pedido principal, ou aditar o já apresentado, ocorrendo, então, a complementação da argumentação da parte, tudo isso devendo ocorrer nos mesmos autos (GONÇALVES, 2018). Tutela de Urgência: Tutela Antecipada Requerida em Caráter Antecedente e Tutela Cautelar Requerida em Caráter Antecedente Separamos um tópico para falar da tutela de urgência, sendo ela requerida antecipadamente em caráter antecedente, e requerida cautelarmente em caráter antecedente, devido ao fato de já termos explicado o que vem a ser a tutela de urgência, o que significa ela ser antecipada e cautelar, e o seu caráter antecedente. Devemos explicar isso por cada um desses tipos ter um Capítulo próprio dentro da tutela de urgência. Tutela Antecipada Requerida em Caráter Antecedente O art. 303 do Código de Processo Civil dispõe que nos casos em que a urgência do pedido estiver presente na propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Dessa forma, esse artigo autoriza a apresentação de requerimento de tutela de urgência antecipada antes que seja apresentado o pedido de tutela final de maneira completa. No entanto, para que isso aconteça é preciso que haja situação de urgência, contemporânea à formação do pedido de antecipação (GONÇALVES, 2018). Direito Processual Civil 55 O autor, então, deverá apenas requerer a tutela antecipada, devendo se limitar à indicação da tutela final, para que o juiz possa verificar se existe correspondência entre o pedido de tutela e a indicação da tutela final. Devendo o autor também em seu requerimento de tutela fazer a exposição sumária da lide, do direito que ele busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo, caso o juiz não defira o pedido de tutela antecipada. O § 4° do art. 303 do Código de Processo Civil também traz que na petição inicial que haverá o requerimento da tutela antecipada, o autor deverá indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final. Devendo, também, indicar de formaexpressa na petição inicial que pretende se valer da tutela antecipada. O que acontece no caso de o juiz recusar o pedido de tutela antecipada em caráter antecedente? O autor perderá seu direito? O próprio Código de Processo Civil responde essa pergunta, em seu § 6° do art. 303, que dispõe que caso o juiz entenda que não há elementos suficientes para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial no prazo de cinco dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito. Tutela Cautelar Requerida em Caráter Antecedente O art. 305 do Código de Processo Civil traz que a petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, devendo indicar a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo ou o risco ao resultado útil do processo. Direito Processual Civil 56 IMPORTANTE: O procedimento desse tipo de tutela é diferente do que estudamos no item anterior. De acordo com Gonçalves (2018), mesmo sendo formulado em caráter antecedente, o pedido de tutela provisória cautelar jamais formará um processo autônomo. O autor acentua que a acessibilidade da pretensão cautelar exigirá a oportuna formulação da pretensão principal, mas nos mesmos autos, constituindo, assim, um processo único. Dessa forma, haverá uma fase antecedente, em que deverá ser discutida a pretensão cautelar; e uma fase posterior, que se refere à pretensão principal, devendo tudo constar nos mesmos autos, e em um único processo. Como vimos anteriormente, o art. 305 do Código de Processo Civil traz os requisitos da petição inicial, devendo ser aplicado em conjunto com o art. 319 que dispõe o que deve conter em todas as petições iniciais de forma geral. Assim, como no processo comum, o juiz deverá fazer o exame da admissibilidade da inicial, devendo determinar as emendas caso seja necessário. Quando o juiz verificar que tudo estiver em ordem, deverá mandar que seja citado o réu, para que ele apresente contestação ao pedido formulado pelo autor no prazo de cinco dias. O art. 307 do Código de Processo Civil dispõe que caso o réu não conteste o pedido, ficará presumido que os fatos alegados pelo autor tenham sido aceitos pelo réu, devendo o juiz decidir em cinco dias. Por fim, sendo efetivada a tutela cautelar, o pedido principal deverá ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, devendo ser apresentado nos mesmos autos em que fora deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais, de acordo com o art. 308 do Código de Processo Civil. Direito Processual Civil 57 RESUMINDO: Por fim, estudamos neste Capítulo que o nosso Código de Processo Civil traz um Capítulo referente à tutela provisória. Vimos que esta pode ser proferida pelo juiz, mesmo ele não tendo todos os elementos de convicção com relação à demanda jurídica. Assim, a tutela provisória serve para dar mais efetividade ao processo, onde ela traz a possibilidade de o juiz conceda antes aquilo que só concederia ao final ou que determine as medidas necessárias para assegurar e garantir a eficácia do provimento principal. Estudamos a classificação da tutela provisória, vendo que quanto à sua natureza, ela pode ser antecipada (caracterizada por satisfazer, de forma antecipada, no todo ou em parte a pretensão formulada pelo autor) ou cautelar (o juiz não concede desde logo o que só seria deferido ao final da demanda, no entanto, ele determina providencias de resguardo, proteção e preservação dos direitos que estão no litígio). Quanto à fundamentação, a tutela provisória pode ser de urgência (quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo) ou de evidência (será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, nas hipóteses elencadas no artigo 311 do Código de Processo Civil). Quanto ao momento de concessão, ela pode ser antecedente (é o fato de o juiz poder decidir a tutela sem que tenha ainda no processo o pedido principal ou ainda não tenha sido formulado todos os argumentos e documentos necessários para o julgamento da demanda) e incidental (o autor da demanda pode formular o requerimento de tutela provisória na petição inicial). Por fim, estudamos o que vem a ser a tutela antecipada requerida em caráter antecedente e a tutela cautelar requerida em caráter antecedente. Direito Processual Civil 58 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 26 out. 2021. BRASIL. Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2002. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 26 out. 2021. BRASIL. Lei n° 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 26 out. 2021. BRASIL. Lei n° 14.195, de 26 de agosto de 2021. Dispõe sobre a facilitação para abertura de empresas, sobre a proteção de acionistas minoritários, sobre a facilitação do comércio exterior, sobre o Sistema Integrado de Recuperação de Ativos (Sira), sobre as cobranças realizadas pelos conselhos profissionais, sobre a profissão de tradutor e intérprete público, sobre a obtenção de eletricidade, sobre a desburocratização societária e de atos processuais [...]. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019- 2022/2021/lei/L14195.htm. Acesso em: 26 out. 2021. BRASIL. Resolução n° 185, de 18 de dezembro de 2013. Institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico - PJe como sistema de processamento de informações e prática de atos processuais e estabelece os parâmetros para sua implementação e funcionamento. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2013. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/1933. Acesso em: 26 out. 2021. GONÇALVES, M. V. R. Direito processual civil esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2018. NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2016. Direito Processual Civil