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OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 11 1. CONSTITUIÇÃO CONCEITO Sentido sociológico: principal defensor Ferdinand Lassalle. Constituição, para ser efetiva, deve representar a soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade. Sem essa representação, a Constituição é uma simples “folha de papel”. Sentido Político: Carl Schimitt. Constituição é “decisão política fundamental de um povo”. Corresponde às normas materialmente constitucionais. Sentido Jurídico: Hans Kelsen. Constituição é a norma jurídica no seu mais alto grau hierárquico Sentido culturalista: Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir CLASSIFICAÇÃO Quanto ao Conteúdo: a) material: matéria tipicamente constitucional, como forma de estado, forma de governo e regime de governo; b) formal: são regras que não se referem à matéria tipicamente constitucional. Quanto à Forma: a) escrita (documento solene); b) não-escrita: usos e costumes. Regras não estão fixadas em um texto único. (Exemplo: Inglaterra). Quanto à Extensão: a) analítica (expansiva): abriga assuntos que não são essenciais para o Estado; b) sintética (concisa): é reduzida, priorizando os assuntos essenciais do Estado. Quanto ao modo de elaboração: a) histórica (costumeira): lenta evolução histórica; b) dogmática: decorre de trabalho legislativo específico (todas as constituições brasileiras foram dogmáticas). Quanto à Alterabilidade: a) rígida: procedimento mais rigoroso para a alteração de suas normas do para as demais leis; b) flexível: Não possui sistema diferenciado para alteração das normas constitucionais; c) semirrígida (semiflexível): procedimento diferente apenas para a alteração das normas materialmente constitucionais; d) super-rígidas: procedimento mais rígido para a alteração de suas normas e dispositivos que não podem ser alterados (cláusulas pétreas), como no caso da Constituição de 1988 e e) Imutáveis: não admitem alteração. Quanto à Origem: a) outorgadas: impostas pela vontade do governante, sem oportunidade de representação popular. Chama-se, tecnicamente, Carta e não Constituição; b) promulgadas: São elaboradas pelos representantes do povo; c) cesarista (Bonapartistas): elaborada pelo governante, mas referendada posteriormente por meio de referendo. Quanto à Função: a) garantista: limita o poder do Estado, fixando garantias e direitos fundamentais ao povo; b) dirigente: organiza o Estado e estabelece normas de ação (programáticas) a serem seguidas pelo Estado. Quanto à Ideologia: a) ortodoxa: fundada em apenas uma ideologia; b) eclética: formada por diversas ideologias, como a Constituição Federal de 1988. ELEMENTOS Orgânicos: regras materialmente constitucionais, como as normas de organização do Estado e do Poder; Limitativos: limitam o poder do Estado, como os direitos e garantias fundamentais; Sócioideológicos: revelam o compromisso entre o Estado individualista e o Estado Social, como os princípios da ordem econômica e social; De Estabilização Constitucional: normas destinadas a solucionar os conflitos da própria constituição, como as regras referentes ao processo de emenda à Constituição a ao controle de constitucionalidade Formais de Aplicabilidade: normas que se referem à aplicação das normas constitucionais, como o preâmbulo e as disposições constitucionais transitórias. 2. PODER CONSTITUINTE PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO Inaugura uma nova constituição. Características: inicial, autônomo, ilimitado, incondicionado e inalienável. PODER CONSTITUINTE DECORRENTE Responsável pela elaboração das constituições estaduais. Princípio da Simetria: o poder constituinte derivado deve observar os princípios fundamentais e as regras de organização existentes na Constituição Federal, para que não haja incongruências desarrazoadas PODER CONSTITUINTE DERIVADO Poder de reforma da constituição. Características: Secundário, Condicionado (as formas e condições estabelecidas na constituição federal) e limitado (cláusulas pétreas). bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 22 Limites Para Reforma da Constituição Limites Procedimentais: apenas os seguintes legitimados podem propor projeto de emenda constitucional: 1) o Presidente da República; 2) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e 3) mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Limites Circunstanciais: de acordo com o art. 60, § 1º, da CF/88, a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. Limites temporais: a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (§5º do art. 60 da CF/88). Limites materiais: divididas em limitações materiais expressas (cláusulas pétreas) e implícitas (Ex: exercício do poder de reforma e procedimento de Emenda da CF). Cláusulas Pétreas: núcleo duro da CF, não pode ser abolido por Emenda. São Cláusulas Pétreas (art. 60, §4º da CF): I) forma federativa de Estado; II) voto direto, secreto, universal e periódico (voto obrigatório não é cláusula pétrea); III) Separação dos poderes; IV) direitos e garantias individuais. Mutação Constitucional: ocorre quando há uma alteração do sentido da norma constitucional sem qualquer mudança no seu texto, adequando-a aos novos valores e costumes da sociedade. A título de exemplo, o conceito de casa, previsto no art. 5º, XI, da CF/88, limitava-se inicialmente à ideia de residência/domicílio. Entretanto, em razão da mutação constitucional, o conceito é atualmente ampliado para abranger outros locais, como escritórios e demais ambientes de trabalho, quarto de hotel, trailer, etc. 3. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA Normas de eficácia plena: possuem todos os elementos necessários e suficientes para a produção de seus efeitos, ou seja, não precisam de outra lei que as complemente. São normas de aplicabilidade direta, imediata e integral. Normas de eficácia contidas: possuem aplicabilidade direta e imediata, mas o legislador pode restringir a sua eficácia, por isso também são chamadas de normas redutíveis. Exemplo: do art. 5º, LVIII, da CF/88, que dispõe: “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Normas de eficácia limitada: dependem de regulamentação legal posterior para produzirem todos os seus efeitos, como no caso do art. 7º, XI, da CF/88, que dispõe que, independentemente do salário, o trabalhador tem direito “a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei”. As normas de eficácia limitada são divididas em: a) normas de princípio institutivo: o legislador constituinte estabelece o conteúdo geral de estruturação de órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário os estruture em definitivo, como no caso dos artigos 33 e 88 da CF/88 e b) normas de princípio programático: estabelecem programas e diretrizes que devem ser buscados e alcançados pelo poder público, como a valorização do trabalho, o direito à saúde, o combate ao analfabetismo, etc. RECEPÇÃO CONSTITUCIONAL Com o advento de uma nova constituição, há o fenômeno da ab-rogação, em que aConstituição anterior é revogada pela nova Constituição. No entanto, se uma lei ordinária anterior se mostrar compatível materialmente com a nova constituição, ela será recebida por esta, fenômeno conhecido como recepção constitucional. Por outro lado, se a lei não for compatível materialmente com a nova constituição, a norma não será recepcionada (“não recepção”). Compatibilidade material: o mais importante em relação ao fenômeno da recepção é a compatibilidade material, já que eventual incompatibilidade formal será superada (ex: CTN). ADPF: o Supremo Tribunal Federal passou a admitir a ADPF como instrumento capaz de decidir abstratamente se uma lei foi recepcionada ou não pela Constituição. REPRISTINAÇÃO A repristinação é o fenômeno pelo qual a constituição, expressamente, prevê a restauração da vigência de uma lei que havia sido revogada pela constituição anterior. Deve-se atentar que a Constituição não possui força repristinatória automática, ou seja, uma lei revogada pela constituição anterior não volta a entrar em vigor automaticamente com a nova constituição. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO A teoria da desconstitucionalização dispõe que as normas da constituição anterior seriam rebaixadas à categoria de normas infraconstitucionais com o advento de uma nova constituição, desde que sejam com ela compatíveis formalmente. Essa teoria não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que existe o fenômeno da ab-rogação, salvo se a nova norma constitucional for expressa nesse sentido. User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Highlight User Underline User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Highlight User Ink User Ink User Ink User Underline User Underline User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Ink User Highlight User Ink User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Highlight User Ink User Ink User Underline User Underline User Underline User Ink User Ink User Ink User Ink User Underline User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 33 4. NEOCONSTITUCIONALISMO E CONSTITUCIONALISMO CONSTITUCIONALISMO Movimento jurídico e político deflagrado com o objetivo de limitar o Poder do Estado por meio de uma constituição escrita. NEOCONSTITUCIONALISMO Tem origem no período histórico pós 2ª Guerra Mundial, e objetiva garantir a maior eficácia possível da constituição, sobretudo a maior eficácia dos direitos fundamentais. Suas principais características são: a) proclama a primazia do princípio da dignidade da pessoa humana, b) enaltece a força normativa da constituição, c) extensão da constituição em todas as áreas jurídicas (constitucionalização do direito) e d) reaproximação entre direito e moral, superando a ideia clássica do positivismo. 5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Recomenda-se a leitura do art. 1º ao 4º da CF/88 6. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º, caput, da CF/88: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”. Estrangeiros: o art. 5º diz que os direitos e garantias são garantidos “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, entende-se que os estrangeiros que estão temporariamente no Brasil também são salvaguardados pelo artigo 5º da CF/88. Principais direitos previstos no art. 5º: PREVISÃO CONSTITUCIONAL COMENTÁRIO I - Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Igualdade material: muitas vezes o tratamento diferenciado é que garante a igualdade material. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; A identificação é importante para assegurar eventual responsabilidade civil/penal. XII – É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Apesar de o Brasil ser um Estado Laico, assegura- se o direito de prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Assegura a negativa de cumprimento de uma obrigação legal por motivo de convicção filosófica ou política, mas, nesse caso, se a pessoa não cumprir prestação alternativa, poderá ser punida. X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Possibilidade de cumulação do dano moral e material . XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Segundo jurisprudência do STF, o conceito de casa compreende qualquer compartimento habitado. A prisão obedecendo a mandado judicial pode ocorrer apenas no período diurno. Além disso, se houver consentimento do morador, não há que se falar em violação de domicílio. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; A inviolabilidade não é absoluta. STF já decidiu ser possível a interceptação de comunicação epistolar do preso se houver razões de segurança pública. Além disso, a Constituição Federal autoriza a restrição do sigilo epistolar durante o Estado de Defesa e no Estado de Sítio. User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Underline User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Underline User Highlight User Highlight User Underline User Ink User Ink User Highlight User Underline User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 44 XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; AConstituição Federal assegura o direito de reunião pacífica sem necessidade de autorização. Entretanto, a reunião depende de comunicação prévia e não pode frustrar reunião anteriormente convocada para o mesmo local. XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; A Constituição Federal veda expressamente a associação de caráter paramilitar, considerada aquela cujos membros se valem de armas e técnicas policiais ou militares para a realização de seus objetivos, sem, contudo, pertencerem ao Estado. XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; Criação de associação e cooperativas não precisam de autorização para serem criadas. XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; As associações podem ter suas atividades suspensas por decisão judicial, mas para serem dissolvidas exige-se decisão transitada em julgado. XX - Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; Veda-se a associação compulsória. XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; A representação pela associação depende de autorização dos filiados. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; Trata-se de requisição administrativa: Ocorre em situações emergenciais, como no caso de um policial que ocupa uma casa para investigar um sequestro ocorrido na residência vizinha. A indenização só é devida posteriormente e caso haja dano. XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; Apenas a pequena propriedade rural que for trabalhada pela família não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva. Débitos que não estejam relacionados com a atividade produtiva poderão ensejar penhora. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; O direito à informação não é absoluto, uma vez que pode ser negado nas hipóteses em que o sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Não depende, entretanto, de qualquer autorização excepcional. XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; A alínea “a” se refere ao direito de petição, que pode ser exercido por brasileiro, estrangeiro, pessoa física ou jurídica, capazes e incapazes. Se houver recusa acerca das informações solicitadas, caberá Mandado de Segurança, sem prejuízo da responsabilidade civil. O direito de petição é exercido independentemente do pagamento de taxa. A Alínea “b” se refere ao direito de obter certidão, que também será gratuito. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Consagra o princípio da inafastabilidade ou indeclinabilidade jurisdicional. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; a) Ato jurídico perfeito: aquele capaz de produzir seus efeitos por respeitar todos os requisitos exigidos em lei, b) Direito adquirido: direito subjetivo já definitivamente incorporado ao patrimônio jurídico de alguém e C) Coisa Julgada: é qualidade da sentença que torna imutáveis e indiscutíveis seus efeitos após o trânsito em julgado da decisão. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; Tribunal de exceção é aquele criado temporariamente para julgar um caso após o crime ter sido cometido, como no caso do Tribunal de Nuremberg. User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Ink User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Underline User Highlight User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Underline User Underline User Underline User Underline User Underline User Underline User Underline User Highlight User Highlight User Highlight User Underline User Underline User Underline User Ink OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 55 XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; São os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor previstos na Lei nº 7.716/1989. XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Formas de renúncia estatal do poder de punir. ANISTIA: dada por lei de competência do Congresso Nacional, com sanção do Presidente da República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do qual se apaga todos o os efeitos penais e extrapenais de eventual condenação. INDULTO: dado pelo Presidente da República por decreto para destinatários indeterminados. Pressupõe o trânsito em julgado. Extingue ou comuta a pena, mas não apaga outros efeitos penais ou extrapenais. Graça: dada pelo Presidente da República por decreto para pessoa determinada, com as mesmas características do indulto (indulto individual). O presidente da república pode delegar o decreto de graça/indulto para o Procurador Geral da República; Advogado Geral da União e Ministros de Estado. XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; A figura do banimento representa o envio compulsório do brasileiro ao estrangeiro, o que foi institucionalizada pelo Ato Institucional n. 13, de 05/09/1969. LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; Brasileiro nato nunca será extraditado. Já o Brasileiro naturalizado será extraditado quando: (a) em caso de crime comum, praticado antes da naturalização e (b) depois da naturalização, em caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Independentemente da nacionalidade, ninguém será extraditado pela prática de crime político ou de opinião. LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento, no final de 2019, que o início da execução da pena condenatória somente pode ocorrerapós trânsito em julgado da decisão. . LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; O inciso sob análise dispõe que ninguém será preso por dívida civil, salvo nos casos do depositário infiel e da dívida alimentar. Entretanto, o Pacto de São José da Costa Rica admite a prisão civil apenas na hipótese de dívida alimentar. Assim, levando-se em conta o caráter supralegal do Pacto de São José da Costa Rica, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que a prisão do depositário infiel não será mais aplicada no Brasil, já que o Pacto internacional teria revogou toda a legislação infraconstitucional que regulamentava a matéria. LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; A isenção, de acordo com o texto constitucional, se aplica apenas àqueles reconhecidamente pobres. LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. A Constituição Federal, além de assegurar o acesso ao Poder Judiciário, garante a efetividade do trâmite dos processos judiciais e administrativos por meio da duração razoável do processo e da celeridade. User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Underline User Underline User Ink User Ink User Underline User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Underline User Highlight User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Highlight User Highlight User Underline User Underline User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Highlight User Underline User Underline User Underline User Highlight User Highlight User Highlight User Ink User Ink User Underline User Underline User Underline User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink User Ink OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 66 DIREITOS SOCIAIS Conceito: os direitos sociais impõem ao Estado não apenas a abstenção, mas a necessidade de atuação, ou seja, são direitos prestacionais. Art. 6º da CF/88: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. NACIONALIDADE Conceito: vínculo jurídico-político entre um indivíduo e determinado Estado. A nacionalidade pode ser primária (originária) ou secundária (adquirida) NACIONALIDADE PRIMÁRIA 1) Critério Ius sanguinis: considera- se nacional o descendente de pais nacionais, independentemente do local de nascimento. 2) Critério Ius soli: considera-se nacional aquele que nasce no território do Estado, independentemente da nacionalidade de seus pais. NACIONALIDADE SECUNDÁRIA Diz respeito à naturalização, que decorre de um fato voluntário: o pedido de naturalização. Nacionalidade Primária no Brasil Brasileiro nato (art. 12, I, da CF/88): a) toda pessoa nascida no Brasil (critério ius soli), salvo se os seus pais forem estrangeiros e ambos estiverem a serviço de seu país de origem; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil (critério ius sanguinis); c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (Ius sanguinis + registro ou Ius sanguinis + vínculo territorial + “opção”). Brasileiro naturalizado (art. 12, II, da CF/88): a) para os estrangeiros originários de países de língua portuguesa são exigidos apenas dois requisitos: residir no país há mais de um ano ininterrupto e ter idoneidade moral; b) para os portugueses, basta que tenham residência permanente no Brasil e, desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros, eles terão os mesmos direitos, salvo em alguns casos previstos na Constituição; c) para os estrangeiros de qualquer nacionalidade, devem residir no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO Acesso a cargos: São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas, VII - de Ministro de Estado da Defesa. Propriedade de empresa jornalística (art. 222 da CF/88): apenas brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos podem ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Além disso, ao menos 75% do capital total e do capital votante dessas empresas deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação. PERDA DA NACIONALIDADE Duas hipóteses: a) brasileiro naturalizado que pratica atividade nociva ao interesse nacional, caso em que terá sua naturalização cancelada por meio de sentença judicial; b) perda da nacionalidade por quem adquire outra voluntariamente, admitindo-se duas exceções: I) quando houver o reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira e II) quando houver a imposição de naturalização no país estrangeiro, como condição para o exercício de direitos civis. DIREITOS POLÍTICOS Voto obrigatório: maiores de 18 anos e menores de 70 anos. Voto facultativo: pessoas entre 16 e 18 anos, maiores de 70 anos e analfabetos. Inalistáveis (não podem tirar título de eleitor): além dos estrangeiros, os conscritos, durante o serviço militar obrigatório, não podem se alistar como eleitores, ou seja, são inalistáveis. Elegibilidade: direito de ser votado (capacidade eleitoral passiva). A Constituição Federal estabelece limites etários para determinados cargos, conforme quadro abaixo elaborado. PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA E SENADOR 35 ANOS GOVERNADOR E VICE-GOVERNADOR DE ESTADO E DO DISTRITO FEDERAL 30 ANOS DEPUTADO FEDERAL, DEPUTADO ESTADUAL OU DISTRITAL, PREFEITO, VICE-PREFEITO E JUIZ DE PAZ 21 ANOS VEREADOR 18 ANOS Inelegíveis: são os dos analfabetos e os inalistáveis (estrangeiros, à exceção dos portugueses, e conscritos durante o serviço militar obrigatório). Assim, são inalistáveis e inelegíveis apenas os estrangeiros e os conscritos. Inelegibilidade por parentesco: são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. User Highlight User Highlight User Highlight bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna diasbruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 77 PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. PARTIDOS POLÍTICOS Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (art. 1º da Lei nº 9096/1995), possuem abrangência nacional, não podem ser organizados para fins paramilitares, são proibidos de receber recursos financeiros de governo estrangeiro, prestam contas à Justiça Eleitoral e têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. 7. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS MANDADO DE SEGURANÇA Conceito: utilizado para proteger direito líquido e certo (capaz de ser demonstrado independente de dilação probatória) violado por ato de autoridade governamental ou de agente de pessoa jurídica privada que esteja, por delegação, no exercício de atribuição do Poder Público, contra o qual não seja oponível habeas corpus ou habeas data (caráter residual). Súmula nº 625 do STF: controvérsia sobre matéria de direito NÃO impede concessão de mandado de segurança. Legitimidade ativa: pessoa física ou jurídica titulares do direito violado. Legitimidade passiva: autoridade pública de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das respectivas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Prazo decadencial: 120 dias. Hipóteses em que não cabe MS: de acordo com o art. 5º da Lei nº 12.016/2009, o mandado de segurança não será concedido quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo e III - de decisão judicial transitada em julgado. Prioridade: os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. Liminar: não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza (§ 2º do art. 7º da Lei nº 12.016/2009). Observação: não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé (art. 25 da Lei nº 12.016/2009). MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO Possui previsão apenas na legislação infraconstitucional (art. 21 da Lei nº 12.016/09) e poderá ser impetrado por: partido político com representação no Congresso Nacional e organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Súmula 629 do STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes”. Súmula 630 do STF: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria”. Liminar: só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas (§ 2º do art. 22 da Lei nº 12.016/2009). Sentença: a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. Além disso, ele não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva (§ 1º do art. 22 da Lei nº 12.016/2009). HABEAS CORPUS Conceito: remédio constitucional, cujo ajuizamento é gratuito, que objetiva cessar a ameaça ou coação à liberdade de ir, vir e permanecer do indivíduo, podendo ser repressivo ou liberatório (alvará de soltura), preventivo (salvo conduto), ou suspensivo. Legitimidade ativa: universal (qualquer um, nacional ou estrangeiro). Súmula n. 693 do STF: “não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”. O exemplo de crime que não tem pena de prisão é o delito de porte de drogas para uso pessoal (art. 28, da Lei n. 11.343/06). Súmula n. 695, do STF: “não cabe HC quando já extinta a pena privativa de liberdade.” HABEAS DATA Conceito: objetiva proporcionar ao impetrante acesso ou retificação de dados de sua pessoa, constantes de bancos de dados de caráter público, pouco importando se a natureza jurídica da entidade é pública ou privada. Ampliação do conceito: o art. 7º, III, da Lei nº 9.507/97 dispõe que o habeas data poderá ser impetrado “para a anotação nos assentamentos do interessado, bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 88 de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável”. Habeas data em favor de terceiro: o habeas data objetiva tutelar direito relativo à pessoa do impetrante e, por isso, não pode ser manejado em favor de terceiro. Entretanto, doutrina e jurisprudência consideram possível que cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos (CADI, para decorar) impetrem Habeas Data em nome do impetrante já falecido, ausente ou incapacitado, para proteger a honra da família. Gratuidade: tanto o procedimento administrativo do habeas data, quanto a respectiva ação judicial são gratuitos, não havendo que se falar em custas ou honorários de sucumbência. Prioridade: de acordo com o art. 19 da Lei nº 9.507/97, “os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator”. AÇÃO POPULAR Conceito: ação de natureza coletiva destinada a anular ou declarar a nulidade de ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, podendo ser repressiva ou preventiva. Legitimidade ativa: somente o cidadão poderá propor ação popular, ou seja, ela não pode ser proposta por pessoa jurídica e inalistáveis. Ministério Público: não pode propor, mas pode assumir o andamento e dar execução a decisão da ação popular, conforme previsto no art. 9º da Lei nº 4.717/65: “Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.” Competência: o prazo para ajuizamento da ação é de 05 a contar da realização do ato impugnado, e a competência para processar e julgar a ação popular é definida pela origem do ato a ser anulado (Verba federal – Justiça Federal, Verba Estadual – Justiça Estadual). Gratuidade: a gratuidade da justiça se aplica à ação popular apenas para o autor da ação, mas haverá pagamento de custas e ônus sucumbenciais se demonstrada má-fé. MANDADO DE INJUNÇÃO Conceito: objetiva conferir efetividade ao texto constitucional. Terá cabimento quando não for possível exercer um direito ou liberdade constitucional, ou prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania e à cidadania, decorrente de falta de norma regulamentadora. De acordo com a Lei n. 13.300/2016, a omissão poderá ser total ou parcial. Decisão em mandado de injunção: a Lei n. 13.300/2016 estabelece a possibilidade de duas etapas, devendo a decisão: I - determinar prazo razoável para que o impetrado (Poder, órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora) promova a edição da norma; II - caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado, estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los. Dispensa da primeira fase: será dispensada a determinação da primeira etapa quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Pode-se dizer que a primeira etapa é a adoção da teoria não concretista (o Poder Judiciário apenas comunica a omissão) e a segunda etapa é aplicação da teoria concretista (o judiciário edita regras para viabilizar o direito). 8. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Incorporação e subdivisão dos Estados: os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar, conforme § 3º do art. 18 da CF/88. Criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios: serão feitas por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei, conforme § 4º do art. 18 da CF/88. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA Competência dos Estados-Membros: possuem competências remanescentes. Ex: transporte público intermunicipal (ADI 845). Competência dos Municípios: assuntos de interesse local, como coleta do lixo, ordenação do solo urbano, transporte público intramunicipal, horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais. Competência do Distrito Federal: a competência do Distrito Federal é cumulativa, pois envolve atribuições Estaduais e Municipais. Competências da União: União possui competências materiais (administrativas) e legislativas. As competências materiais subdividem-se em exclusivas (art. 21) e comuns (art. 23), enquanto que as competências legislativas subdividem-se em privativas (art. 22) e concorrentes (art. 24). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 99 COMPETÊNCIAS MATERIAIS Exclusivas: art. 21 da CF/88 – não podem ser delegadas. Comuns: art. 23 da CF/88 – não exclui a atuação dos demais entes federados, devendo lei complementar fixar normas para a cooperação entre eles. COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS Privativas: art. 22 da CF/88 – Lei Complementar poderá autorizar os Estados a legislarem sobre questões específicas. Concorrentes: art. 24 da CF/88. Competência da União limita-se a estabelecer normas gerais. 9. INTERVENÇÃO FEDERAL Conceito: a União terá competência para intervir nos Estados membros, Distrito Federal e Municípios dos Territórios Federais, se estes assim forem divididos. Em munícipios localizados em Estados, eventual intervenção deve ser promovida pelo Estado, conforme art. 35 da CF/88 Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - Manter a integridade nacional; II - Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; V - Reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI - Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA (INCISOS I, II, III E V) – PODE SER FEITA DE OFÍCIO I - Manter a integridade nacional; II - Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; V - Reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; INTERVENÇÃO PROVOCADA (INCISOS IV, VI E VII) - FEITA POR SOLICITAÇÃO OU REQUISIÇÃOIV - Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação. VI - Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Procedimento Intervenção Espontânea: apesar de ser decretada de ofício, há necessidade de se ouvir o Conselho da República e o Conselho da Defesa Nacional, que emitirão parecer, com natureza meramente opinativa (não vinculatória). Além disso, a intervenção está sujeita à autorização do Congresso Nacional no prazo de 24 horas (art. 36, § 1º). Se o Congresso não aprovar, a intervenção estará suspensa e, se o Presidente não cumprir a decisão de suspensão da intervenção, haverá crime de responsabilidade. Procedimento Intervenção Provocada: a) se a coação ocorrer no Poder Legislativo ou no Poder Executivo, o poder coacto deve encaminhar solicitação de intervenção federal ao Presidente da República, que avaliará a necessidade da intervenção e, se for caso, a decretará; b) se a coação for exercida contra o Poder Judiciário, o órgão prejudicado solicitará a intervenção ao Supremo Tribunal Federal que, avaliará o caso e, se entender necessário, encaminhará requisição de intervenção ao Presidente OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1010 da República que, neste caso, fica obrigado a decretar a intervenção, sob pena de crime de responsabilidade. Em ambas as hipóteses a intervenção ficará sujeita à avaliação do Congresso Nacional, que decidirá no prazo de 24 horas. Procedimento para a segunda parte do Inciso VI: no que se refere à execução de ordem ou decisão judicial, caberá requisição do STF, STJ ou TSE, a depender da matéria, e o presidente será obrigado a decretar a intervenção, não havendo controle posterior do Congresso Nacional. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva: nos casos dos incisos VI, primeira parte (promover a execução de lei federal), e VII (princípios constitucionais sensíveis), deve-se promover a ADIN Interventiva (§ 3º do art. 36 da CF/88). Trata-se de ação ajuizada no STF (controle concentrado concreto) e que tem como único legitimado ativo o Procurador-Geral da República. Nessas hipóteses, o Presidente da República somente poderá decretar a intervenção após o provimento da Representação Interventiva pelo Supremo Tribunal Federal. 10. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas: competência do Congresso Nacional, exercida por meio de lei que será de iniciativa privativa do Presidente da República quando se tratar de Administração Direta e Autárquica Extinção de funções ou cargos vagos: competência privativa do Presidente, exercida por decreto autônomo. Concurso Público: A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos. Exceções: agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público (sem concurso), cargo em comissão e função de confiança (atribuições de direção, chefia e assessoramento). Acumulação de cargos: é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, nos seguintes casos: a) a de dois de professor; b) um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; d) a de vereador; e) a de magistrado ou promotor com a de magistério, e) Militares das Forças armdas com alínea “c” do inciso XVI do art. 37 da CF/88, f) Militares Estaduais com todos os cargos do inciso XVI do art. 37 da CF/88. Direito de Greve dos servidores: STF, julgando mandado de injunção, decidiu aplicar a Lei n. 7.783/99, que regulamenta o direito de greve dos trabalhadores celetistas da iniciativa privada. Militares: é vedada a sindicalização e o direito de greve, conforme art. 142, § 3º, IV, da CF/88. 11. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 11.1. PODER LEGISLATIVO Poder Legislativo Federal: bicameral (Câmara dos Deputados e Senado Federal). CÂMARA Composição: • Idade mínima: 21 anos • Brasileiro nato ou naturalizado • Presidente da Câmara: Brasileiro NATO • Quantidade: mínimo 8 e máximo 70 • Representação: PROPORCIONAL • Mandato: 4 anos, 1 legislatura e 4 sessões legislativas • Renovação a cada eleição → TOTAL Sistema Eleitoral: Proporcional SENADO Composição: • Idade mínima: 35 anos • Brasileiro nato ou naturalizado • Presidente do Senado: Brasileiro Nato • Quantidade: cada estado e o DF tem 3 senadores. •Representação: PARITÁRIA •Mandato: 8 anos, 2 legislaturas e 8 sessões legislativas •Renovação a cada eleição → PARCIAL → 1/3 e 2/3 Sistema Eleitoral: Majoritário Simples Poder Legislativo Estadual: unicameral (Assembleia Legislativa), sendo os deputados estaduais eleitos pelo sistema proporcional para um mandato de 4 anos. No Distrito Federal, o sistema também é unicameral (Câmara Legislativa) e os Deputados Distritais também são eleitos pelo sistema proporcional para um mandato de 4 anos. Poder Legislativo Municipal: é composto pela Câmara Municipal e os vereadores são eleitos pelo sistema proporcional para um mandato de 4 anos. O número de vereadores deve ser fixado na lei orgânica do Munícipio, observando-se os limites fixados no art. 29 da Constituição Federal. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) Criação: serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros, para apuração de fato determinado (o que não impede a investigação de outros conexos durante os trabalhos) e por prazo certo (que pode ser prorrogado dentro da legislatura), sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao MP para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Poderes da CPI: poderes de investigação próprios OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1111 das autoridades judiciais, salvo as cláusulas da reserva de jurisdição (ex: interceptação telefônica e a determinação de indisponibilidade de bens). Atribuições: convocar investigados e testemunhas; determinar as diligências que entender necessárias; requisitar de repartições públicas documentos e informações de seu interesse; investigar negócios realizados entre particulares; determinar a condução coercitiva de testemunha, diante de recusa de comparecimento; determinar a quebra de sigilo bancário (deve ser aprovada por maioria absoluta dos membros da CPI), fiscal e telefônico (relativo a dados e registros o que é diferente de interceptação telefônica). A CPI não possui atribuição para: decretar a busca e apreensão domiciliar de documentos; decretar a indisponibilidade de bens; decretar a prisão do depoente, salvo em caso de flagrante; determinar a interceptação telefônica; apurar a responsabilidade civil ou criminal do investigado. PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO Iniciativa: Poderá ser parlamentar ou extraparlamentar. Em regra, a iniciativa de lei será exercida junto à Câmara dos Deputados. O Senado Federal somente será a casa iniciadora quando o projeto de lei for apresentado por um senador ou por uma comissão do senado. PARLAMENTAR EXTRAPARLAMENTAR • Qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados,do Senado Federal ou do Congresso Nacional • Presidente da República • Procurador Geral da República • STF e Tribunais Superiores e cidadãos • 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos que 0,3% dos eleitores de cada um deles Iniciativa Privativa do Presidente da República: leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI (decreto autônomo); f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. Fase Constitutiva: esta fase compreende três atuações distintas: 1) deliberação, 2) votação, 3) sanção ou veto (15 dias, senão ocorrerá sanção tácita). Projeto rejeitado: se o projeto for rejeitado, será arquivado, aplicando-se o princípio da irrepetibilidade (art. 67 da CF/88), isto é, somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. Veto: Presidente terá 15 dias para a sanção ou veto. Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção tácita. O veto pode ser derrubado em sessão conjunta do Congresso Nacional pelo voto da maioria absoluta de Deputados Federais e Senadores, devendo a votação ser aberta. Caso o veto seja derrubado o projeto será encaminhado ao Presidente da República para promulgação. Fase complementar: Compreende a promulgação e a publicação da lei. PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO Hipótese: O regime de urgência constitucional pode ser requerido apenas pelo Presidente da República nos projetos de lei de sua própria iniciativa. Cada uma das Casas Legislativas terá o prazo de 45 dias para se manifestar sobre a proposição sob pena de trancamento de pauta, com exceção das demais matérias que tenham prazo constitucional determinado (ex. Medidas Provisórias). Se houver emenda no Senado o projeto retorna à Câmara, que terá 10 dias para se manifestar. PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS Emenda Constitucional LEGITIMADOS • 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; • Presidente da República; • Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus membros. LIMITAÇÕES limitações circunstanciais (intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa), materiais (cláusulas pétreas – art. 60, §4º, da CF – voto secreto e universal, forma federativa de Estado, repartição dos poderes, e direitos e garantias individuais). TRAMITAÇÃO Deliberação em 02 turnos em cada uma das Casas Legislativas, considerando-se aprovada quando obtiver em ambas, pelo menos 3/5 dos votos dos membros de cada uma delas (maioria qualificada), após o que deverá ser promulgada pelas Mesas da Câmara e do Senado. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1212 Medida Provisória PRESSUPOSTOS Elaborada e editada pelo Presidente, sem a interferência de qualquer outro poder, produzindo efeitos imediatamente São pressupostos constitucionais da medida provisória a relevância e urgência. ENCAMINHAMENTO Deve ser imediatamente submetida ao Congresso Nacional, que terá o prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias, para apreciá- la. Se não for apreciada em 45 dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência. REJEIÇÃO Se houver rejeição, expressa ou tácita (decurso do prazo de 60 dias + 60 dias), deve-se aguardar por 60 dias a elaboração de um Decreto Legislativo pelo Congresso Nacional regulamentando as situações decorrentes da Medida Provisória. Se o Decreto Legislativo não for feito, a Medida Provisória seguirá regulamentando apenas as relações jurídicas dela decorrentes. LIMITES Podem ser implícitos (competências exclusivas do Congresso Nacional e privativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, conforme artigos 49 a 52, da CF/88) ou explícitos, conforme art. 62, §1º, art. 25, §2º e art. 246 da CF/88. Art. 62. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; II – Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; III – reservada a lei complementar; IV – Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (...) Art. 25. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive. Leis Delegadas (art. 68 da CF/88): elaboradas pelo Presidente da República, que para tanto, deve solicitar delegação ao Congresso Nacional, que será concedida por meio de resolução onde deverá ser especificado o conteúdo e os termos para seu exercício (art. 68, §2º, da CF). Os limites materiais das leis delegadas são muito semelhantes aos das Medidas Provisórias. Alguns itens, todavia, são distintos, destacando-se os direitos individuais, que não podem ser objeto de lei delegada, mas não há qualquer vedação que impeça Medida Provisória de tratar do assunto. Decretos Legislativos: são atos exclusivos do Congresso Nacional (realizados obrigatoriamente por meio da atuação de suas duas Casas) para o tratamento de matérias da sua competência exclusiva, para os quais a Constituição Federal dispensa sanção presidencial como a aprovação definitiva de tratados, acordos e atos internacionais celebrados pela República Federativa e a apreciação do decreto interventivo. IMUNIDADES DOS CONGRESSISTAS Imunidade material: afasta a responsabilidade civil (dano moral), penal (crimes contra a honra), disciplinar ou política por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, desde que guardem relação com o exercício da atividade legislativa. Imunidade Formal: divide-se em a) imunidade formal relativa à prisão (art. 53, §2º, da CF/88), em que o parlamentar, desde a expedição do diploma, não poderá ser preso, salvo na hipótese de flagrante de crime inafiançável, hipótese em que a manutenção da prisão dependerá de autorização por voto aberto da maioria absoluta dos membros da Casa Legislativa respectiva -para onde os autos deverão ser remetidos no prazo de 24 horas e b) imunidade formal relativa ao processo, prevista no art. art. 53. § 3º, da CF/88, segundo o qual “recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.” OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1313 11.2. PODER EXECUTIVO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ELEGIBILIDADE • Brasileiro nato; • Idade mínima de 35 anos; • Filiação partidária há pelo menos 1 ano; • Pleno exercício dos direitos políticos; ELEIÇÃO Sistema majoritário absoluto IMPEDIMENTO Representa o afastamento temporário. Em caso de duplo impedimento (Presidente e Vice), a linha de substituição presidencial é a seguinte: (1) Presidente da Câmara dos Deputados; (2) Presidente do Senado Federal; (3) Presidente do Supremo Tribunal Federal VACÂNCIA Representa a impossibilidade definitiva de exercício do mandato. Em caso de dupla vacância, se esta ocorrer nos primeiros 2 anos do mandato, serão realizadas eleições diretas em 90 dias e, se ela ocorrer nos dois últimos anos do mandato, serão realizadas eleições indiretas pelo Congresso Nacional em 30 dias. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Crimes comuns relacionados à função – será julgado pelo STF, mas depende de autorização prévia de 2/3 da Câmara. Crimes de responsabilidade – será julgado pelo Senado Federal, mas quem preside o julgamento é o presidente do STF. Depende de autorização prévia de 2/3 da Câmara. CRIME COMUM ESTRANHO À FUNÇÃO Será criminalmente processado somente após o término do mandato, vigorando a denominada “irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República” (art. 86, § 4º, da CF/88). 11.3. PODER JUDICIÁRIO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) Finalidade: pertence à estrutura do Poder Judiciário, mas não possui competência jurisdicional, tendo como finalidade garantir o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como a fiscalização do cumprimento dos deveres funcionais por parte dos magistrados. Atribuições: estão previstas no art. 103-B da CF/88, dentre as quais se destaca “rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano”. Composição: 15 membros, com mandato de 2 anos, sendo permitida uma única recondução. Dentre os membros, haverá 2 (dois) advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e 2 (dois) cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) Composição: composto por 33 Ministros, dos quais, 1/3 são juízes do TRF; 1/3 Desembargadores dos Tribunais de Justiça; 1/6 de advogados e 1/6 de membros do MP. Principais competências: COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA • Crimes comuns os Governadores dos Estados e do Distrito Federal. • Crimes comuns e de responsabilidade: Desembargadores dos TJs, TRTs, TRFs e TREs, membros dos Tribunais de Contas e do MPU que oficiem perante tribunais. • Conflitos de competência entre quaisquer tribunais, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos (se o conflito envolver o STJ a competência será do STF). • Homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. COMPETÊNCIA EM GRAU DE RECURSO Julgar em recurso ordinário: As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País (a competência originária é do juiz federal e o recurso é julgado pelo STJ). SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) Composição: 11 Ministros, todos brasileiros natos (art. 12, § 3º, inc. IV, da CF/1988) com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101 da CF/1988), e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 101, parágrafo único, da CF/1988). Principais Competências: OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1414 COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA • Crimes comuns: o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República. • Crimes comuns e de Responsabilidade: Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, da CF/88, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. • O litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território, • As causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta. • Reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. • Os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal. • As ações contra o CNJ e contra o CNMP. COMPETÊNCIA EM GRAU DE RECURSO Julgar em Recurso Ordinário: o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; SÚMULA VINCULANTE Conceito: o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar SÚMULA que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá EFEITO VINCULANTE em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Efeito Vinculante: a súmula vinculante, como o nome sugere, possui efeito vinculante, o que a torna de observância obrigatória para os demais órgãos do Poder Judiciário, Administração Pública direita e indireta nas três esferas, bem como para o Poder Legislativo. No entanto, os Poderes Executivo e Legislativo não ficam vinculados quando estão exercendo atividade legislativa de produção normativa (confecção de norma), para evitar a chamada “fossilização da Constituição”. Legitimidade: possuem legitimidade para propor a edição, revisão e cancelamento de súmula vinculante os legitimados à propositura das ações do controle concentrado, bem como os seguintes: (1) o Defensor Púbico Geral da União, (2) os Tribunais e (3) os Municípios – que têm legitimidade incidental (só podem apresentar proposta se antes forem parte em processo que discuta o tema da proposta), enquanto os demais têm legitimidade autônoma (art. 3º, VI e XI e §1º da Lei nº 11.417/06). 12. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONTROLE DIFUSO CONTROLE Feito de forma concreta, uma vez que a questão da constitucionalidade deve ser analisada como pressuposto para o julgamento do objeto principal do processo. A inconstitucionalidade, portanto, é declarada de forma incidental. JULGAMENTO Pode ser feito por qualquer juiz ou Tribunal. PROCESSO é subjetivo, ou seja, existe uma lide (autor e réu) e a inconstitucionalidade é analisada incidentalmente. EFEITOS ex tunc e inter partes. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO Os tribunais somente poderão declarara inconstitucionalidade de leis e atos normativos pelo voto da maioria absoluta de seus membros (do pleno) ou pelo órgão especial. Órgão especial é aquele instituído nos tribunais com mais de 25 julgadores para o exercício das funções administrativa e jurisdicionais que seriam do pleno. CONTROLE CONCENTRADO CONTROLE O controle é realizado abstratamente diretamente pelo STF (ou pelos tribunais de justiça, no caso de análise de compatibilidade da norma com a constituição estadual) e o julgamento terá efeito vinculante. A questão da inconstitucionalidade, portanto, é o objeto principal do processo. JULGAMENTO Reservado ao STF (tutela da Constituição Federal), ou aos Tribunais de Justiça Estaduais (tutela das constituições estaduais). PROCESSO Processo é objetivo, ou seja, não existe uma lide propriamente dita, uma vez que a ação objetiva assegurar a supremacia da ordem constitucional. EFEITOS Erga omnes e ex tunc. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1515 Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) OBJETIVO Controle abstrato da norma diretamente no Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de se declarar a inconstitucionalidade da norma. LEGITIMADOS Universais (não precisam demonstrar pertinência temática): Presidente da República, Mesas do Senado e da Câmara, Procurador Geral da República, Conselho Federal da OAB, Partido político com representação no Congresso Nacional. Especiais (precisam demonstrar pertinência temática): - Governador estadual e do Distrito Federal, Mesa da Assembleia Legislativa e da Câmara Legislativa e Confederação sindical. OBJETO • Emendas constitucionais; • Leis complementares; • Leis ordinárias; • Leis delegadas; • Medidas provisórias; • Decretos legislativos; • Resoluções; • Regulamentos autônomos; • Legislação estadual (Constituição estadual, legislação ordinária e regulamentos autônomos); • Legislação distrital (da competência legislativa estadual); • Tratados internacionais incorporados. NÃO PODEM SER OBJETO DE ADI • Normas anteriores à CF/88 (devem ser objeto de ADPF) • Atos normativos secundários • Leis Municipais • Súmulas EFEITOS Os efeitos são erga omnes, ex tunc (retroage) e vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital, mas não vincula o Poder Legislativo sob pena de “fossilização” da Constituição Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) OBJETIVO Controle abstrato da norma diretamente no Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de se declarar a constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo. LEGITIMADOS Os legitimados para a ADC são os mesmos da ADI. CARÁTER DÚPLICE Se uma lei é questionada ao mesmo tempo por uma ADI e por uma ADC, as duas ações devem ser reunidas e julgadas conjuntamente e, se uma ação for julgada procedente, a outra ação vai ser julgada necessariamente improcedente, já que a mesma lei não pode ser, ao mesmo tempo, constitucional e inconstitucional. EFEITOS Os mesmos da ADI Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) OBJETIVO Controle abstrato da norma diretamente no Supremo Tribunal Federal, para proteger preceitos fundamentais. LEGITIMADOS Os legitimados para a ADPF são os mesmos da ADI. OBJETO a) lei ou ato normativo municipal, b) atos anteriores à Constituição e c) todo e qualquer ato do Poder Público. SUBSIDIARIEDADE caberá apenas se não for hipótese de ADI. ADI por Omissão (ADO) OBJETIVO Controle abstrato da norma diretamente no Supremo Tribunal Federal, para tornar efetiva norma constitucional de eficácia limitada. LEGITIMADOS São os mesmos da ADI. OBJETO Falta de Lei ou ato normativo que regulamente dispositivo constitucional que tenha eficácia limitada. EFEITOS a) Efeito declaratório, pois o Supremo declara a inconstitucionalidade da omissão e b) Efeito mandamental: O Supremo dá ciência de sua decisão ao Poder ou órgão competente para sanar a omissão. Se o omisso for órgão administrativo, a própria constituição prevê que o Supremo fixará o prazo de 30 dias para que a omissão seja resolvida. AMICUS CURIAE Conceito: trata-se de um auxiliar do juízo, que trará informações relevantes que ajudarão o Supremo Tribunal Federal a julgar o caso. O ingresso do amicus curiae é definido pelo Relator do processo, que levará em consideração 3 (três) requisitos (os dois primeiros OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1616 são legais, o terceiro, jurisprudencial): 1. Relevância da matéria; 2. representatividade do postulante e 3. Pertinência temática: demonstração de que a entidade/ órgão tem relação com o tema. Possibilidade: cabível em todas as ações do controle concentrado (ADI, ADC, ADP e ADO) MEDIDA CAUTELAR A cautelar é cabível em todas as ações do controle concentrado (ADI, ADC, ADO e ADPF), desde que presentes os pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in mora. A decisão cautelar possui efeitos erga omnes, vinculante e ex nunc. Além disso, provocará a suspensão dos processos que tramitam no controle difuso com o mesmo objeto da ação principal, bem como a suspensão da vigência da norma atacada, com efeito repristinatório, ou seja, a concessão da cautelar torna aplicável a legislação anterior, acaso existente, salvo expressa manifestação do STF em sentido contrário. 13. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA MINISTÉRIO PÚBLICO Princípios Institucionais: unidade, e independência funcional. Garantias dos membros do Ministério Público: vitaliciedade, inamovibilidade, salvo no caso de interesse público, após decisão por voto da maioria absoluta do Conselho Superior do MP, e irredutibilidade de subsídio. ADVOCACIA PÚBLICA Cabe à Advocacia Geral da União representar judicial e extrajudicialmente a União, bem como prestar as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do poder Executivo. 14. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ESTADO DE DEFESA HIPÓTESES Incumbência do Presidente da República, após oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, com o objetivo de preservar ou o restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave ou iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidade de grandes proporções na natureza (art. 136, caput, da CF/88). DECRETO O decreto do Presidente da República determinará as áreas atingidas, bem como o tempo de duração e as medidas coercitivas a serem adotadas e será submetido dentro de 24 horas ao Congresso Nacional, que rejeitará ou aprovará a decretação do estado de defesa por votação da maioria absoluta de seus membros, no prazo de dez dias. PRAZO E RESTRIÇÃO DE DIREITOS Durante o estado de defesa, que não poderá ser superior a 30 dias, podendo ser prorrogado 1 (uma) vez por igual período, permite-se restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio das associações; de sigilo de correspondência e de sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. Permite-se ainda a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. ESTADO DE SÍTIO Se o prazo de decretação do estado de defesa, mesmo com a prorrogação de 30 dias, não for suficiente para pôr termo à situação que o ensejou, poderá ser decretado o estado de sítio, respeitadas as formalidades do art. 137 da CF/88. ESTADO DE SÍTIO HIPÓTESES Incumbência do Presidente da República, sendo que a decretação do estado de sítio, além da oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, depende de autorização prévia do Congresso Nacional e se justifica nas hipóteses de:I) comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa, devendo durar no prazo máximo de 30 dias e II) no caso declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, hipótese em o estado de sítio por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. PRAZO não poderá ser decretado por mais de trinta dias, podendo ser prorrogado por igual período. Em caso de guerra, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. RESTRIÇÃO DE DIREITOS Permite-se a restrição de uma gama maior de direitos em comparação ao estado de defesa, conforme art. 139 da CF/88. ESTADO DE SÍTIO Se o prazo de decretação do estado de defesa, mesmo com a prorrogação de 30 dias, não for suficiente para pôr termo à situação que o ensejou, poderá ser decretado o estado de sítio, respeitadas as formalidades do art. 137 da CF/88. 15. ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA ORDEM ECONÔMICA Princípios: A ordem econômica, fundada na OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO CONSTITUCIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1717 valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: a) soberania nacional; b) propriedade privada; c) função social da propriedade; d) livre concorrência; e) defesa do consumidor; f) defesa do meio ambiente; g) redução das desigualdades regionais e sociais; h) busca do pleno emprego; i) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país Atividade econômica pelo Estado: a exploração direta de atividade econômica pelo Estado somente será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (art. 173 da CF/88). POLÍTICA URBANA Função social da propriedade: a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, obrigatório para os Municípios com mais de 20.000 habitantes (art. 182, §2°, da CF). Adequado aproveitamento: de acordo com o § 4º do art. 182 da CF/88, é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E REFORMA AGRÁRIA Função social: a propriedade rural cumpre sua função social, segundo o disposto no art. 186, da CF, quando, simultaneamente, preenche os seguintes requisitos: a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação ambiental; c) observância das disposições que regulam as relações de trabalho; d) exploração que favoreça o bem- estar dos proprietários e dos trabalhadores. Desapropriação: caso a propriedade não cumpra sua função social, compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei, devendo as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro (art. 184, caput e §1º, da CF/88). 16. ORDEM SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL: abrange saúde, previdência e assistência social. SAÚDE: direito de todos e dever do Estado, livre à assistência privada. As instituições privadas podem participar de forma complementar ao sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. É vedada, entretanto, a destinação de recursos públicos para as instituições privadas com fins lucrativos, bem como a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. Acesso à saúde pública: a Lei nº 13.714/2018 acrescentou um parágrafo único ao art. 19 da Lei nº 8.742/93 (LOAS), estabelecendo que as pessoas em situação de vulnerabilidade ou risco social deverão ter acesso integral à saúde pública mesmo que não apresentem documentos ou inscrição no SUS. ASSISTÊNCIA SOCIAL: destinada a atender, independentemente de contribuição, as necessidades básicas dos indivíduos que não podem prover o próprio sustento, como no caso da garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei . EDUCAÇÃO: o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo e o seu não oferecimento, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. Não poderá ser feita qualquer cobrança, inclusive de matrícula, nos estabelecimentos oficiais de ensino público, conforme inclusive sedimentado na Súmula Vinculante nº 12. O art. 208 da CF/88 estabelece que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. O § 1º do art. 210 da CF/88, por sua vez, estabelece que o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. Além disso, os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (art. 211, §2º, da CF/88) e os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio (art. 211, §3º, da CF/88). Na prestação do ensino fundamental, além da utilização obrigatória da língua portuguesa, é assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 11 PARTE GERAL 1. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL PARA A PROVA DA OAB Princípio da Intervenção Mínima: a legislação penal deve se restringir a fatos graves relativos a bens jurídicos importantes, que não possam ser protegidos pelos outros ramos do Direito. Derivam desse princípio: PRINCÍPIO DE SUBSIDIARIEDADE PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE O Direito Penal é utilizado apenas em caráter subsidiário (ultima ratio). Apenas quando os demais ramos do Direito nãoconseguirem resolver a contento o conflito gerado A intervenção do Direito Penal, além de subsidiária, deve ser restrita à lesão ou o perigo de lesão mais graves aos bens jurídicos selecionados Princípio da Legalidade (art. 1º do CP, art. 5º, XXXIX, da CF/88): para alguém ser condenado, o crime cometido deve ter previsão e cominação de pena expressa em lei escrita, anterior à prática da infração. Princípio da Anterioridade: a lei incriminadora deve ter sido elaborada e estar em vigência antes da prática criminosa. Por esse princípio, veda-se que a lei penal retroaja para prejudicar o réu (princípio da irretroatividade da lei penal). O princípio da irretroatividade não se aplica na esfera processual penal, mas sim o princípio da imediatidade da lei processual. NORMA PENAL EM BRANCO Possuem cominação de pena, mas têm o preceito primário indeterminado, dependendo de complementação de outra norma (norma penal em branco homogênea), ou ato administrativo (norma penal em branco heterogênea), sob pena de ofender o princípio da legalidade (ex: crimes previstos na Lei de Drogas - dependem de complementação em relação ao conceito de droga (portarias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Princípio da Responsabilidade Pessoal do Agente (art. 5º, XLV, da CF/88): nenhuma pena passará da pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens podem ser estendidas aos sucessores até o limite do valor do patrimônio transferido. Princípio da Insignificância ou Bagatela: em que pese a conduta do agente se enquadre no tipo penal, o fato será materialmente atípico por não afetar o bem jurídico tutelado de modo relevante para justificar a intervenção do Direito Penal. Princípio da Culpabilidade: para que o sujeito ativo da infração penal seja responsabilizado, deve ter agido com dolo ou culpa. Se restar provado que o agente não tinha consciência de seus atos, não poderá ser penalizado. Também não haverá aplicação da pena em caso de existência de excludentes de culpabilidade (inimputabilidade, potencial consciência de ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa). Princípio da Adequação Social: determina a necessidade de atualização da norma penal incriminadora apenas em face daquelas condutas socialmente reprovadas. OBS.: o princípio da adequação social, de acordo com a jurisprudência majoritária, não incide em relação aos crimes de exploração da prostituição e venda de CDS e DVDs piratas. 2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL Lei Penal no Tempo: “considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado” (teoria da atividade). Regra geral, a lei penal a ser aplicada é aquela referente ao momento da prática do crime. São exceções: • Abolitio criminis: nova lei torna atípica uma conduta até então considerada proibida. A nova lei retroage para beneficiar o réu, extinguindo-se sua punibilidade (art. 107, inciso III, do CP). • Novatio legis in mellius: a lei posterior beneficia de alguma forma a situação do agente, sendo que a alteração legislativa deve retroagir para beneficiar o réu. LEI EXCEPCIONAL E LEI TEMPORÁRIA Nesses casos, ainda que mais favoráveis ao réu, essas leis não retroagirão. Cessado o tempo de vigência da lei temporária ou excepcional, elas continuarão produzindo efeitos, mesmo que prejudiciais ao réu (ultratividade), conforme art. 3º do CP Crimes continuados e permanentes: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência (Súmula n. 711 do STF). Lei Penal no espaço: o CP adotou a teoria da territorialidade mitigada: regra geral, deve-se aplicar a lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional, mas é possível a aplicação de norma estrangeira ao crime praticado no território nacional, quando houver previsão em convenções, tratados e regras de direito internacional (art. 5º do CP). TERRITÓRIO NACIONAL a) embarcações e aeronaves estrangeiras privadas no território nacional b) embarcações e aeronaves brasileiras no território nacional c) embarcações públicas ou a serviço do Brasil onde quer que estejam Alto-mar: no crime praticado em alto-mar, deve-se aplicar a legislação do país de matrícula da embarcação (princípio do pavilhão ou da bandeira). Extraterritorialidade: o CP prevê situações em que a lei penal brasileira deve ser aplicada a crimes cometidos no estrangeiro. Existem duas espécies de extraterritorialidade: OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 22 Extraterritorialidade incondicionada: o agente é punido pela lei brasileira mesmo que tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro pela prática de determinados crimes (p. ex.: contra a vida ou a liberdade do Presidente da República, dentre outros). Extraterritorialidade condicionada: o agente pode ser punido pela legislação brasileira no caso de certos crimes e preenchidos alguns requisitos, conforme segue: CRIMES a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir, b) praticados por brasileiro ou c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados REQUISITOS a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável (§ 2º do art. 7º do CP). Extraterritorialidade hipercondicionada: o § 3º do art. 7º do CP permite a aplicação da lei penal brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições do § 2º do art. 7º CP, acima destacadas, e desde que: a) não seja pedida ou seja negada a extradição; b) haja requisição do Ministro da Justiça. Pena cumprida no estrangeiro: para evitar o bis in idem, o art. 8º do CP dispõe que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Lugar do crime: o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, considerando-se o crime praticado no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (art. 8º do CP). Conflito aparente de normas penais: ocorre quando é possível a aplicação de duas ou mais normas a um mesmo fato. O conflito é meramente aparente e pode ser resolvido pela aplicação dos seguintes princípios: Princípio da especialidade: a norma especial prevalece sobre a norma geral, considerando-se especial aquela que, além de englobar os elementos da norma geral, possui elementos específicos, considerados “especializantes”. Princípio da subsidiariedade: a incidência do tipo penal mais grave afasta a do tipo penal menos grave, que só é aplicado de forma subsidiária, funcionando como um “soldado de reserva”. Princípio da Consunção: haverá a absorção do crime meio pela prática do crime fim (ex.: o crime de lesão corporal é absorvido pelo crime de homicídio doloso). 3. TEORIA DO CRIME Infração penal é o gênero, do qual crime e contravenção penal são espécies, sendo ambas abarcadas pela teoria geral do crime. Teoria finalista tripartida: consideramos esta a teoria mais adequada para definir o conceito de crime. De acordo com ela, existem três elementos principias para a caracterização do delito: FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE 4. FATO TÍPICO O fato típico é composto por conduta, dolo ou culpa, resultado e relação de causalidade (nexo causal). Conduta: todo ato humano voluntário, omissivo oucomissivo, que produziu resultado penalmente relevante. Assim, se a conduta não tiver sido praticada em decorrência da vontade do agente, não haverá crime. Conduta comissiva: o crime é praticado em razão de um agir. Conduta omissiva: o crime é praticado porque o agente deixou de praticar uma conduta, conforme a lei penal exigia, sendo divido em crime omissivo próprio e crime omissivo impróprio (ou comissivo por omissão). Crime doloso: aquele que foi praticado com a intenção livre e consciente do agente, ou seja, com a intenção de praticar a conduta tipificada. O dolo pode ser: a) direto, b) indireto (dividido em alternativo e eventual), c) genérico ou d) específico (intenção adicional). Crime culposo: deriva de conduta voluntária que gera um delito não querido pelo agente, mas que era previsto (culpa consciente) ou ao menos previsível (culpa inconsciente). Decorre da inobservância de um dever de cuidado por imprudência, negligência e imperícia do agente. A culpa ainda pode ser classificada como própria ou imprópria. Crime preterdoloso (crime híbrido): praticado com dolo, mas que, posteriormente, há uma conduta culposa do agente que agrava o resultado (resultado agravador culposo). Não há tentativa no crime preterdoloso, pois o resultado mais gravoso é cometido de forma culposa. Resultado: pode ser classificado em jurídico (própria ofensa à norma penal) ou naturalístico (alteração do mundo exterior). Com base no resultado naturalístico, é possível a existência de 3 tipos de crime: a) crime material (depende do resultado naturalístico), b) crime formal (a consumação do crime independe da obtenção do resultado), e c) crime de mera conduta (consuma- se pela simples prática da conduta ilícita, não havendo resultado naturalístico possível). Nexo causal: ligação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. O CP adotou, como regra geral, a teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non), analisada em conjunto com dolo e a culpa (causalidade psíquica), a fim de se evitar o regressus ad infinitum. bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 33 Teoria da imputação objetiva: o agente apenas será responsabilizado pela prática de um crime se ele criou ou incrementou um risco proibido ao bem penalmente tutelado. Concausas: são causas paralelas à conduta do agente, que concorrem para a produção do resultado. Podem ser dependentes ou independentes. Concausas dependentes: encontram-se no desdobramento normal e previsível da conduta, sendo esperadas. Concausas independentes: são aquelas não desejadas e imprevisíveis que acabam produzindo um resultado penalmente relevante. Podem ser relativamente ou absolutamente independentes e, em ambos os casos, ainda podem ser classificadas como preexistentes, concomitantes ou supervenientes. Tipicidade: é o enquadramento do fato concreto ao tipo penal, que representa a descrição do crime em abstrato (tipicidade legal). O tipo penal é composto pelo núcleo do tipo (verbo), bem como por elementares e circunstâncias, objetivas (que se comunicam aos demais coautores ou partícipes do crime que delas sabiam) ou subjetivas (que não se comunicam, salvo quando elementares do crime). Erro de tipo: o agente tem uma percepção equivocada da realidade em relação a algum elemento constitutivo do tipo legal, sendo excluído o dolo, mas sendo possível a punição por crime culposo, se previsto em lei. O erro de tipo é dividido em “erro de tipo essencial” e “erro de tipo acidental”. Erro sobre o objeto (error in re): existe uma falsa percepção sobre o objeto do crime, já que o agente pretende atingir determinada coisa, mas atinge coisa diversa, respondendo pelo crime como se tivesse atingido a coisa realmente desejada. Erro sobre a pessoa (error in persona): existe uma falsa percepção sobre a vítima do crime, sendo atingida terceira pessoa diversa daquela realmente pretendida. O agente responde pelo crime como se tivesse matado a pessoa desejada. Erro na execução (aberratio ictus): o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, respondendo como se tivesse praticado o crime contra a pessoa desejada. Atingida a pessoa desejada e pessoa diversa (resultado duplo), aplica-se a regra do concurso formal próprio. Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis): o agente desejava cometer um crime, mas por erro na execução, acaba por cometer outro. Se o crime cometido em erro de execução não possuir a modalidade culposa, o agente responderá por tentativa do crime que queria praticar. Erro no nexo causal (aberratio causae): o agente acredita ter cometido um crime de um modo, quando na verdade foi outro o meio por ele empregado que causou o delito. A aberratio causae não possui muita relevância prática, devendo o agente responder pelo seu dolo genérico. 5. ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE) É a ofensa da conduta típica ao ordenamento jurídico, sendo considerada elemento essencial para a caraterização do crime. Algumas condutas, apesar de serem típicas, não caracterizam crime, porque acobertadas por excludentes de antijuridicidade ou de ilicitude: a) estado de necessidade, b) legítima defesa, c) estrito cumprimento de dever legal ou d) exercício regular de direito (art. 23 do CP). Estado de necessidade: situação de perigo atual de determinado bem, cuja preservação depende do sacrifício inevitável de outro bem (colisão de bens protegidos) de igual valor ou de valor inferior (teoria unitária). Requisitos: a) perigo atual, b) situação de perigo não causada voluntariamente pelo agente, c) ação deve ocorrer para salvar direito próprio ou alheio, d) inexistência do dever legal de enfrentar o perigo, e) inevitabilidade do comportamento lesivo. Estado de necessidade putativo: o agente imagina uma situação de perigo que caracterizaria o estado de necessidade, mas ele de fato não acontece. Se o erro for escusável exclui-se o dolo/culpa, se inescusável, responde pelo crime culposo se houver previsão. Legítima defesa: entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Requisito: a) agressão injusta; b) atualidade ou iminência da agressão; c) direito próprio ou alheio; d) uso dos meios necessários; e) uso moderado. Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19): inseriu o parágrafo único no art. 15 do CP, dispondo oque “o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.” O novo parágrafo único apenas deixou expressa uma hipótese que já era considerada legítima defesa. Legítima defesa putativa: o agente se defende de uma agressão acreditando que está em legítima defesa, mas sua percepção é falsa. Seo erro for escusável, exclui- se o dolo/culpa, se inescusável, o agente será condenado por crime culposo, se houver previsão. Legítima defesa sucessiva: ocorre quando o próprio agressor se defende do excesso praticado em legítima defesa. Havendo excesso, permite-se a legítima defesa sucessiva. Legítima defesa subjetiva: o agente comete um excesso na sua reação, por meio de um erro escusável (“excesso acidental”). Legítima defesa preordenada: para a FGV, os ofendículos caracterizam legítima defesa preordenada. Ofendículos são obstáculos ou instrumentos utilizados proposital e moderadamente para a proteção de bens jurídicos, geralmente patrimoniais (ex.: cerca elétrica, cacos de vidro, etc.). Estrito cumprimento do dever legal: excludente de antijuridicidade em que o agente pratica fato típico em razão do exercício de uma obrigação imposta pela lei. O agente, além de cumprir o seu dever legal, deverá agir com proporcionalidade/razoabilidade. Exercício regular do direito: quem exerce regularmente um direito não pode ser punido pela prática de infração penal (ex.: lesões ocorridas dentro da prática regular desportiva, intervenções cirúrgicas autorizadas pelos pacientes, etc.). Tais condutas devem ser utilizadas bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias bruna dias OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 44 com moderação e nos termos autorizados pela legislação. 6. CULPABILIDADE A culpabilidade está relacionada à reprovabilidade da conduta do agente, ou seja, a existência de circunstâncias capazes de influenciar a liberdade do agente entre adotar uma conduta lícita ou ilícita. A culpabilidade é formada pelos seguintes elementos: a) imputabilidade, b) potencial consciência da ilicitude e c) exigibilidade de conduta diversa. Imputabilidade: como regra geral, é verificada de acordo com o critério biopsicológico: aspecto biológico (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto) e aspecto psicológico (capacidade de entendimento ou de autodeterminação do agente no momento da conduta). O agente pode ser considerado inimputável ou semi- imputável. INIMPUTÁVEL SEMI-IMPUTÁVEL Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato Sujeito à medida de segurança Não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato Redução da pena de um a dois terços, podendo ser substituída por medida de segurança nos casos do art. 98 do CP. OBS.: o CP adotou o critério biológico em relação ao menor de 18 anos (a inimputabilidade é presumida de forma absoluta, independentemente do entendimento do agente sobre a ilicitude do fato). Embriaguez: a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos não exclui a culpabilidade (teoria da actio libera in causa). No caso embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, dependendo do grau de consciência do agente, pode haver a exclusão da culpabilidade. Emoção e paixão: a emoção ou a paixão não são capazes de excluir a culpabilidade, mas podem possuir efeitos diferentes sobre a pena: a) emoção: sentimento abrupto e passageiro, pode atenuar a culpabilidade; b) paixão: sentimento duradouro e profundo, que pode caracterizar torpeza ou vingança, aumentando a reprovação da conduta. Potencial consciência de ilicitude: embora o conhecimento da lei seja obrigatório para todas as pessoas, existem situações em que o agente atua conscientemente, mas acreditando que não há qualquer ilicitude na sua conduta (sabe o que está fazendo, mas acredita que não é crime), o que se denomina de erro de proibição. Duas situações são possíveis: Erro de proibição inevitável (escusável): haverá exclusão da culpabilidade e o agente será isento de pena. Erro de proibição evitável (inescusável): haverá redução da pena de 1/3 a 1/6, conforme art. 21 do CP. Inexigibilidade de conduta diversa: se, no caso concreto, não se puder exigir, do agente, conduta diferente daquela que ele tomou, ele não poderá ser censurado pelo que fez, excluindo-se sua culpabilidade. Há duas hipóteses: Coação moral irresistível: o coagido realiza conduta delituosa em razão de pressão psicológica irresistível feita pelo coator. Coação física irresistível: a coação moral irresistível exclui a culpabilidade, enquanto a coação física irresistível exclui o fato típico. Obediência hierárquica: o agente realiza a conduta delituosa em cumprimento a uma ordem de um superior hierárquico. São exigidos dois requisitos: a) relação de hierarquia pública, e b) ordem não pode ser manifestamente ilegal. 7. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO RESULTADO Crime material: aquele que exige resultado naturalístico (ex.: homicídio). Crime formal: o resultado material é previsto, mas não é exigido para a consumação do crime (ex.: extorsão, conforme Súmula n. 96 do STJ). Crime de mera conduta ou de simples atividade: o tipo penal não faz nenhuma referência a um resultado naturalístico (ex.: crime de porte ilegal de armas). QUANTO À INTENÇÃO DO AGENTE Crime de dano: aquele em que há efetiva “destruição” do bem protegido (ex.: homicídio e lesão corporal). Crime de perigo: exige apenas a probabilidade de dano. É subdividido em: a) crime de perigo concreto (ex.: homicídio) e b) crime de perigo abstrato (perigo presumido pela lei, como por ex.: tráfico ilícito de drogas). QUANTO AO MOMENTO DA CONSUMAÇÃO Crime instantâneo: a consumação tem momento definido (ex.: morte da vítima no crime de homicídio). Crime permanente: a conduta e a consumação se alongam no tempo por vontade do agente (ex.: sequestro). Crime a prazo: exige o decurso de um tempo para a sua caracterização (Ex.: crime de lesão corporal grave pela incapacidade das ocupações habituais por mais de 30 dias). QUANTO AO SUJEITO ATIVO Crime comum: aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa (ex.: furto e roubo). Crime próprio: exige-se qualidade especial do sujeito ativo (ex.: no infanticídio, o sujeito ativo deve ser a mãe). Crime de mão própria: o que somente pode ser praticado pessoalmente pelo agente designado no tipo, não se admitindo coautoria (ex.: falso testemunho e bigamia). Crime vago: o sujeito passivo é destituído de personalidade jurídica, ou seja, a vítima é indeterminada OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 55 (ex.: crimes de ato obsceno e tráfico). QUANTO AOS VESTÍGIOS DEIXADOS Crime transeunte: aquele que não deixa vestígios (ex.: ato obsceno). Crime não transeunte: aquele que deixa vestígios, sendo obrigatória a elaboração de exame de corpo de delito (ex.: lesão corporal). QUANTO À ESTRUTURA DA CONDUTA Crime simples: aquele formado por um único fato típico (ex.: furto). Crime complexo: aquele formado por dois ou mais fatos típicos, que se transformam em elementares, qualificadoras ou causas de aumento do crime (ex.: extorsão mediante sequestro e latrocínio). QUANTO À AUTONOMIA DO CRIME Crime principal: não depende de outro crime (ex.: estupro). Crime acessório, parasitário ou delito de fusão: depende de outro crime, chamado de crime antecedente ou pressuposto (ex.: receptação). OUTRAS CLASSIFICAÇÕES Crime habitual: exige reiteração da mesma conduta para a sua caracterização, já que a prática de um ato isolado é considerada fato atípico (Ex.: curandeirismo). O crime habitual não admite tentativa. Crime remetido: aquele que faz menção a outro tipo penal em sua descrição, que passa a integrá-la (ex.: crime de uso de documento falso). Crime inominado: aquele que afronta a moral, mas não está tipificado em lei como crime (ex.: incesto que, apesar de imoral, não é crime). Crime deatentado ou empreendimento: aquele em que consumação e tentativa são apenadas da mesma maneira (adotada a teoria voluntarista ou subjetiva. Pune- se a intenção do agente, independentemente do resultado (ex.: crime de evasão de preso mediante violência). Quase-crime: nome doutrinário do crime impossível. 8. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consumação: crime consumado é aquele que reúne todos os elementos de sua definição legal. Para tanto são necessárias 4 etapas (iter criminis): a) cogitação (não punível), b) preparação (em regra, não é punível), c) execução (pune-se a tentativa), e d) consumação (punição pelo crime). Tentativa (“conatus”): o crime é considerado tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Em regra, o agente é punido com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. OBS.: quanto mais próximo o infrator chegar à consumação, menor a redução, e vice-versa. Infrações penais que não admitem tentativa: Crime culposo: nesse caso o agente causa o resultado involuntariamente, enquanto que na tentativa, o agente quer causar o resultado (exceção: culpa imprópria quando o erro é evitável). Crime preterdoloso ou preterintencional: não admite tentativa, porque o resultado mais gravoso é involuntário. Crime omissivo puro ou próprio: não há tentativa no caso de omissão. Crime habitual: como exige reiteração da mesma conduta para a sua caracterização, impossível a tentativa nesses casos. Contravenção penal: existe tentativa de contravenção, mas não é punida por questões de política criminal (art. 4º da LCP). Classificações: Tentativa branca ou incruenta: a vítima não é atingida; Tentativa vermelha ou cruenta: a vítima é atingida. Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: o infrator consegue esgotar os meios de execução possíveis, embora não consiga consumar o crime. Tentativa imperfeita ou inacabada: o infrator não consegue esgotar os meios de execução por circunstâncias alheias à sua vontade. Desistência voluntária: na desistência voluntária, o infrator, sem esgotar os meios de execução (tentativa imperfeita), desiste voluntariamente de prosseguir na execução do crime, ainda que influenciado por terceiro. Responderá apenas pelos atos praticados. Arrependimento eficaz: o agente esgota todos os meios disponíveis para executar o crime (tentativa perfeita), mas, posteriormente, toma providências para que o crime não seja consumado. O agente responderá apenas pelos atos praticados. FÓRMULA DE FRANK Na tentativa, o agente quer consumar o crime, mas não pode Na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, o agente pode consumar o crime, mas não quer Arrependimento posterior: nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, se o dano for reparado ou se for restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços (não confundir com o arrependimento eficaz, no qual o crime não se consuma). Crime impossível: aquele que não pode ser consumado em razão da ineficácia absoluta do meio (ex.: furtar algo com o poder da mente), por absoluta impropriedade do objeto (ex.: matar um cadáver) ou em razão de obra do agente provocador (delito de ensaio). Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 66 9. CONCURSO DE PESSOAS Quando mais de uma pessoa concorre para a prática do mesmo crime, devendo ser preenchidos os seguintes requisitos: a) pluralidade de agentes, b) liame subjetivo, c) relevância causal e d) unidade de crime. AUTORIA: autor do crime, para a teoria restritiva, é aquele que pratica as elementares do tipo penal ou, para a teoria do domínio do fato, é aquele tem o domínio sobre a ação criminosa. Autoria mediata: o autor mediato não realiza diretamente a conduta típica, valendo-se de terceira pessoa como um instrumento para a prática delitiva (ex.: coação moral irresistível). Não se trata de concurso de pessoa, uma vez que o executor não deseja praticar o crime. Autoria colateral: o crime é praticado ao mesmo tempo por mais de um agente, sem, entretanto, haver liame subjetivo entre eles. Autoria incerta: no caso de autoria colateral, quando não for possível determinar qual dos agentes foi responsável pelo crime, ambos respondem por tentativa, em virtude do princípio in dubio pro reo. Coautoria: ocorre quando duas ou mais pessoas exercem elementares do tipo penal, segundo a teoria restritiva, ou têm o controle da ação criminosa, segundo teoria do domínio do fato. Participação: ocorre quando alguém, de qualquer modo, concorre para o crime sem exercer elementares do tipo (teoria restritiva) ou sem ter o domínio da ação criminosa (teoria do domínio do fato). A participação pode ser: a) moral (induzimento ou instigação) ou b) material (auxílio prático). O código penal adotou a teoria monista, unitária ou igualitária para o concurso de pessoas: todos respondem pelo mesmo crime e com as mesmas penas, salvo no caso de: Cooperação dolosamente distinta: quando o agente quis participar de crime menos grave do que aquele efetivamente praticado. Previsão especial em sentido contrário: quando o legislador prevê crimes diferentes para aqueles que atuaram em concurso de agentes, como nas hipóteses dos crimes de corrupção ativa (art. 333 do CP) e passiva (art. 317 do CP). Comunicabilidade das circunstâncias e elementares no concurso de pessoas: no concurso de pessoas (I) as circunstâncias objetivas comunicam-se entre os agentes, (II) as circunstâncias subjetivas não se comunicam entre os agentes, e (III) as elementares do crime comunicam-se entre os agentes 10. CONCURSO DE CRIMES No concurso de crimes uma pessoa pratica, por meio de uma ou mais condutas, dois ou mais crimes. As espécies de concurso de crimes são: Concurso material (ou concurso real): ocorre quando o agente, mediante duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes. Pode ser: a) concurso material homogêneo (resultados dos crimes são idênticos) ou b) concurso material heterogêneo (resultados são distintos). As penas são aplicadas para cada um dos crimes cometidos e, posteriormente, somadas (sistema do cúmulo material de penas). Concurso formal: no concurso formal o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes. Também apresenta duas espécies: a) concurso formal próprio ou perfeito (delitos decorrem de uma única vontade ou desígnio do agente) ou b) concurso formal impróprio ou imperfeito (decorrem de desígnios autônomos). CONCURSO FORMAL PERFEITO CONCURSO FORMAL IMPERFEITO Único desígnio Pena do crime mais grave é aumentada de 1/6 até a metade (sistema da exasperação da pena), salvo se resultado obtido for maior do que aquele obtido pela soma das penas (concurso material benéfico) Mais de um desígnio As penas são somadas, assim como no concurso material Crime continuado: o agente, mediante duas ou mais condutas, pratica crimes da mesma espécie que, em razão da semelhança de tempo, lugar e modo de execução, são considerados atos de continuação do crime principal. Há duas espécies: a) crime continuado comum (crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa) e b) crime continuado específico (crimes dolosos, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa). CRIME CONTINUADO COMUM CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO Sem violência ou grave ameaça Aplica-se a pena mais grave, que poderá ser aumentada de 1/3 a 2/3 Com violência ou grave ameaça. Aplica-se a pena mais grave, que poderá ser aumentada até o triplo 11. SANÇÕES PENAIS Reação do Estado em face do agente que cometeu uma infração penal, subdividindo-se em medida de segurança e pena. MEDIDA DE SEGURANÇA: sanção penal cabívelao inimputável e, excepcionalmente, ao semi-imputável. Há duas espécies: a) detentiva (internação em hospital de custódia e tratamento psicológico) ou b) restritiva (tratamento ambulatorial sem restrição da liberdade do agente). A medida de segurança tem prazo mínimo de 1 a 3 anos, mas perdura por tempo indeterminado, até a cessação de periculosidade. O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado (Súmula n. 527 do STJ. Fase de Execução: se a inimputabilidade for verificada OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 77 na fase de execução da pena, esta poderá ser substituída por medida de segurança. Recuperado o condenado, ele deverá voltar a cumprir a pena imposta na sentença. PENA: o CP prevê 3 espécies de pena: Pena privativa de liberdade: representa a restrição do direito de locomoção do condenado, podendo assumir uma das seguintes espécies: a) reclusão (regime fechado, semiaberto ou aberto), b) detenção (regime semiaberto ou aberto, sendo o fechado possível apenas em caso de regressão de regime) e c) prisão simples (reservada às contravenções penais, devendo ser cumprida, sem rigor penitenciário). Progressão de regime: o sistema progressivo para cumprimento de pena privativa de liberdade determina que o condenado, cumpridas determinadas condições legais ou estabelecidas pelo juízo, tenha o direito de progredir do regime mais rigoroso para o regime imediatamente menos rigoroso (é vedada a progressão “por salto”). OBS.: nos crimes contra a administração pública, a progressão é condicionada, além dos requisitos legais, à reparação do dano ou à devolução do produto do ilícito praticado. Requisitos (Pacote Anticrime): Primário que praticou infração comum sem violência ou grave ameaça: 16% da pena. Primário que praticou infração comum com violência ou grave ameaça: 20% da pena. Reincidente que praticou infração comum sem violência ou grave ameaça: 25 % da pena. Reincidente que praticou infração comum com violência ou grave ameaça: 30% da pena. Primário que praticou crime hediondo sem resultado morte: 40% da pena. Primário que praticou crime hediondo com resultado morte: 50% da pena, sendo vedado livramento condicional. Reincidente específico que praticou crime hediondo ou equiparado sem resultado morte: 60% da pena. Reincidente específico que praticou crime hediondo ou equiparado com resultado morte: 70% da pena. Primário ou reincidente que praticou crime de organização criminosa destinada a prática de crimes hediondos ou equiparado: 50% da pena vedado o livramento condicional. Remição: o condenado em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena: Cada 12 horas de frequência escolar = 1 DIA DE PENA Cada 3 três dias de trabalho Trabalho do preso: o trabalho é um dever do preso e a negativa injustificada de prestá-lo representa falta grave (o preso que, por acidente, não puder prosseguir no trabalho/ estudos continua a beneficiar-se com a remição). Detração: cálculo que computa, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, (i) o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, (ii) o de prisão administrativa e (iii) o de internação em hospital de custódia, tratamento psiquiátrico ou outro estabelecimento semelhante. Regressão de regime: passagem de regime menos rigoroso para um mais rigoroso, podendo ser “por salto” (ex.: do aberto para o fechado). Ocorre em caso de (i) prática de falta grave ou (ii) condenação, por crime anterior, cuja pena, somada à anterior, torne incabível o regime atual. Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19): Houve alteração do art. 75 do CP, ampliando o prazo máximo de cumprimento da pena privativa de liberdade de 30 anos para 40 anos. Unificação das penas: quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 anos, devem elas ser unificadas para atender a esse limite máximo. Prazo máximo e demais benefícios: a jurisprudência majoritária entende que o prazo máximo de 40 anos não se aplica para a concessão dos demais benefícios previstos em lei, conforme disposto na Súmula n. 715 do STF. Penas restritivas de direito: representam restrições ou supressão de um ou mais direitos do condenado e são aplicadas em substituição à pena privativa de liberdade. Existem 5 espécies de penas restritivas de direito: 1) Prestação pecuniária, 2) Perda de bens e valores, 3) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, 4) Interdição temporária de direitos e 5) Limitação de fim de semana. REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DA PENA QUANTIDADE DE PENA Crime culposo: qualquer pena imposta admite a substituição, Crime doloso: para que haja a substituição, o crime deve ser cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa e a pena imposta deve ser inferior a 4 anos REINCIDÊNCIA O réu não pode ser reincidente em crime doloso, salvo se a reincidência não for específica no mesmo tipo penal e a medida for socialmente recomendável, A reincidência em crime culposo não impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito CIRCUNSTÂNCIAS FAVORÁVEIS Culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do condenado, motivos e circunstâncias devem indicar que a substituição é suficiente. Violência e Grave Ameaça: Nos crimes dolosos praticados com violência ou grave ameaça não é possível a substituição por pena restritiva de direitos. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 88 CRITÉRIOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DA PENA CONDENAÇÃO IGUAL OU INFERIOR A 1 ANO Multa ou uma pena restritiva de direito CONDENAÇÃO SUPERIOR A 1 ANO Uma pena restritiva de direito e multa ou Duas penas restritivas de direito Prestação pecuniária: pagamento em dinheiro à vítima, seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, valor este deduzível de eventual condenação em ação de reparação civil. Prestação de outra natureza: se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza (ex.: doação de cestas básicas), salvo nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, onde essa substituição é vedada. Perda de bens e valores: bens e valores pertencentes aos condenados revertidos em favor do Fundo Penitenciário Nacional, no montante do prejuízo causado ou do provento obtido. Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas: aplicável no caso de penas superiores a seis meses de privação da liberdade, consiste na atribuição, ao condenado, de tarefas gratuitas em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. PENA DE ATÉ 1 ANO A pena restritiva de direito deve ser cumprida no mesmo tempo da pena privativa de liberdade substituída PENA SUPERIOR A 1 ANO A pena restritiva de direitos de prestação de serviços pode ser cumprida em menor tempo, desde que não inferior à metade da pena privativa de liberdade substituída. Interdição temporária de direitos: são as seguintes: 1) proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo, 2) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público, 3) suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, 4) proibição de frequentar determinados lugares e 5) proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. Limitação de fim de semana: obrigação de o condenado permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ououtro estabelecimento adequado, quando poderão ser ministrados cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. A pena restritiva de direitos pode ser revogada, de forma obrigatória ou facultativa, convertendo-se novamente em pena privativa de liberdade: CONVERSÃO OBRIGATÓRIA CONVERSÃO FACULTATIVA Quando ocorrer descumprimento injustificado da restrição imposta Deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias Sobrevindo nova condenação a pena privativa de liberdade, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão Se o cumprimento da nova pena for compatível com o da restritiva de direitos, esta não será convertida. Multa: fixada em sentença com base em dois critérios: a) fixada em dias-multa e b) atribui-se um valor para cada dia multa, conforme a situação econômica do condenado. Pacote Anticrime (Lei 13.964/19): Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição (art. 51). Lei Maria da Penha: em crimes abarcados pela Lei Maria da Penha, a multa não pode ser aplicada de forma isolada. 12. APLICAÇÃO DA PENA O CP adotou, para aplicação da pena, o sistema trifásico: PRIMEIRA FASE: pena-base Fixada observando-se os limites mínimos e máximos cominados em abstrato pelo tipo penal, levando- se em consideração eventuais qualificadoras e as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstâncias e consequências do crime e comportamento da vítima). SEGUNDA FASE: pena intermediária Agravantes e atenuantes: o juiz leva em consideração as atenuantes e as agravantes previstas em lei, que vão atenuar ou agravar a pena-base, não podendo, entretanto, extrapolar o limite mínimo e máximo da pena em abstrato do crime (Súmula n. 231 do STJ). OBS.: 1) a circunstância que prepondera sobre todas as demais é a circunstância atenuante da menoridade (menor de 21 anos na data dos fatos) ou da senilidade (maior de 70 anos na data da sentença); 2) a agravante da reincidência, salvo no caso das atenuantes da menoridade ou da senilidade, prepondera sobre todas as demais atenuantes; 3) o STJ pacificou entendimento de que a agravante da reincidência se compensa com a atenuante da confissão espontânea, salvo se o réu for multirreincidente; 4) atenuantes e agravantes subjetivas prevalecem sobre atenuantes e agravantes objetivas ATENÇÃO: a agravante não agrava a pena: 1) se já constitui ou qualifica o crime, 2) se a pena base já foi fixada no máximo e 3) se houver concurso de agravante OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 99 com atenuante que seja preponderante. Reincidência: ocorre quando (i) o agente comete novo crime e (ii) depois de transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Não há reincidência quando o agente é condenado por decisão irrecorrível pela prática de contravenção penal e depois pratica novo crime, pois não há previsão legal nesse sentido. ATENÇÃO: crime militar próprio e crime político não geram reincidência. CRIME CRIME REINCIDÊNCIA CRIME CONTRAVENÇÃO REINCIDÊNCIA CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO REINCIDÊNCIA CONTRAVENÇÃO CRIME NÃO HÁ REINCIDÊNCIA CRIME MILITAR OU POLÍTICO CRIME NÃO HÁ REINCIDÊNCIA PERDÃO JUDICIAL PERDÃO JUDICIAL NÃO HÁ REINCIDÊNCIA Prescrição da reincidência: não haverá reincidência se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação. TERCEIRA FASE: pena definitiva Causas de aumento e diminuição: o juiz não está atrelado aos limites abstratos da pena, podendo aumentar ou diminuir a pena além do máximo ou do mínimo previstos para o crime. Havendo concurso de causas de aumento e de diminuição, o juiz deverá observar que: DUAS OU MAIS CAUSAS DE AUMENTO Deve aplicar todas, salvo se as causas de aumento estiverem previstas na parte especial do CP, podendo aplicar apenas uma causa, desde que seja a causa que mais aumenta a pena DUAS OU MAIS CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA Deve aplicar todas, salvo se as causas de diminuição estiverem previstas na parte especial do CP, podendo aplicar apenas uma causa, desde que seja a causa que mais diminua a pena CAUSA DE AUMENTO E CAUSA DE DIMINUIÇÃO O juiz deve primeiro aplicar a causa de aumento e depois a de diminuição 13. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (SURSIS) ATENÇÃO: Não confundir suspensão condicional da pena com a suspensão condicional do processo prevista na Lei n. 9.099/95. O sursis, ou suspensão condicional da pena, representa o direito do condenado de ter suspensa a execução da sua pena privativa de liberdade por um determinado período (período de prova), em que ficará sujeito a determinadas condições que, se cumpridas, acarretarão a extinção da punibilidade do agente. REQUISITOS: Pena privativa de liberdade: condenação a pena privativa de liberdade não superior a 2 anos (salvo sursis etário, sursis humanitário ou em se tratando de crimes ambientais). Não ser reincidente em crime em doloso: salvo se a condenação anterior for a pena de multa. Circunstâncias favoráveis: a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias devem autorizar a concessão do benefício. Não indicada ou incabível a substituição prevista no art. 44 do CP: se for possível a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito não haverá aplicação do sursis. Reparação do dano: no caso de sursis especial, além dos requisitos anteriores, o condenado deve reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. Pena Restritiva de Direito e de Multa: A pena restritiva de direitos e a de multa não admitem sursis. PERÍODO DE PROVA: tempo em que o condenado será submetido a certas condições para que a suspensão da sua pena privativa de liberdade seja considerada válida. O período de prova será de 2 a 4 anos, salvo nos casos de sursis etário e sursis humanitário (período de prova de 4 a 6 anos). CONDIÇÕES DO SURSIS: as condições impostas no período de prova são classificadas em (i) legais, quando expressamente previstas em lei e (ii) judiciais, quando determinadas pelo juiz. Em todas as espécies de sursis, o juiz tem liberdade para fixar as condições que entender necessárias, desde que sejam razoáveis e proporcionais. ESPÉCIES: Sursis simples: é o mais rigoroso, sendo imposto ao condenado que podia ter reparado o dano causado, mas não o fez. No primeiro ano do período, é condição obrigatória a prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana. Sursis especial: menos grave porque o condenado reparou o dano ou não podia repará-lo. O juiz fixará as seguintes condições: a) proibição de se ausentar da Comarca sem autorização judicial; b) proibição de frequentar determinados lugares e c) comparecimento mensal à juízo para comprovar e justificar atividades. Sursis etário: condenado maior de 70 anos de idade, desde que a sua pena privativa de liberdade não seja superior a 4 anos. O período de prova será 4 a 6 anos. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1010 Sursis humanitário: previsto para os casos em que as condições de saúde do condenado justificam a suspensão da pena, podendo ser beneficiado o condenado a pena não superior a 4 anos e o período de prova será de 4 a 6 anos.REVOGAÇÃO: REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA REVOGAÇÃO FACULTATIVA Se, durante o período de prova, o beneficiário: 1) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 2) frustra a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; 3) descumpre a condição de prestar serviços à comunidade ou de limitação de fim de semana no sursis simples Se, durante o período de prova, o beneficiário descumpre qualquer outra condição imposta ou é condenado por sentença irrecorrível, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA: se o beneficiário do sursis passa a responder a novo processo pela prática de outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo do sursis até o julgamento definitivo. 14. LIVRAMENTO CONDICIONAL Benefício legal concedido na fase de execução da pena, consistente no direito público subjetivo do agente, que cumpre alguns requisitos objetivos e subjetivos, de ter e sua liberdade antecipada. REQUISITOS OBJETIVOS • Pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos, sendo considerada, para tanto, a somatória das penas decorrentes de outras condenações; • Reparação do dano, salvo motive justificado • Não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses (pacote anticrime) • Cumprimento de parte da pena: 1/3, 1/2 ou 2/3, dependendo dos antecedentes e de eventual reincidência do condenado (OBS.: condenado reincidente específico em crime hediondo ou assemelhado, ou com com morte da vítima nesses crimes, não tem direito ao livramento condicional). ATENÇÃO: a) não cabe livramento condicional para penas restritivas de direito nem de multa e b) Com a Lei 13.964/19 (pacote anticrime), aquele que cometeu falta disciplinar grave nos últimos 12 meses não terá direito ao livramento condicional. REQUISITOS SUBJETIVOS • Comportamento carcerário satisfatório; • Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; • Aptidão para prover a sua subsistência, mediante trabalho honesto; • Em se tratando de crime doloso praticado com violência ou grave ameaça, é necessário exame para constatação que não voltará a delinquir. Condições: a manutenção do livramento condicional depende do cumprimento, por parte do beneficiário, de determinadas condições: CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS • Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho; • Comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; • Não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste. CONDIÇÕES FACULTATIVAS • Não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção; • Recolher-se à habitação em hora fixada; • Não frequentar determinados lugares. REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO A revogação do livramento condicional pode ser obrigatória ou facultativa: REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA REVOGAÇÃO FACULTATIVA Se o liberado vier a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: a) por crime cometido durante a vigência do benefício; b) por crime anterior, caso a soma das penas impeça a concessão do livramento; O liberado deve ser ouvido antes da decisão de revogação. Se o liberado deixar de cumprir obrigações impostas na sentença, ou se for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade; Em caso de condenação, por prática de contravenção penal, a pena de prisão simples, a revogação será facultativa, por falta de previsão legal; O liberado deve ser ouvido antes da decisão de revogação. ATENÇÃO: em todos os casos, se a condenação OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1111 ocorrer por delito praticado antes do benefício, será descontado o tempo do livramento, ao passo que, se a condenação se referir a delito cometido na vigência do benefício, não haverá o desconto. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA: o período de prova será prorrogado se, ao término do seu prazo, o beneficiado estiver sendo processado por crime cometido durante sua vigência, sendo que o beneficiado não fica sujeito a cumprir as obrigações impostas para o livramento condicional: se houver condenação pela prática do crime, o livramento será revogado; caso haja absolvição, a pena será extinta. EXTINÇÃO DA PENA: se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. 15. EFEITOS DA CONDENAÇÃO Efeito primário: é a aplicação da sanção penal pelo Estado (medida de segurança ou pena). Efeitos secundários: podem possuir natureza penal ou extrapenal: NATUREZA PENAL a) reincidência; b) impede, em regra, o sursis e causa a sua revogação; c) causa a revogação do livramento condicional; d) aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória e e) causa a revogação da reabilitação. NATUREZA EXTRAPENAL GENÉRICOS a) torna certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime e b) confisco dos instrumentos e produtos do crime NATUREZA EXTRAPENAL ESPECÍFICOS a) perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, b) incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outro titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha, outro descendente, contra tutelado ou curatelado e c) inabilitação para dirigir veículo, se utilizado como meio para a prática de crime doloso. Efeitos extrapenais específicos: os efeitos extrapenais específicos não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) - O art. 91-A do CP passou a prever um novo efeito extrapenal para os crimes com pena máxima superior a 6 anos, como forma de tentar combater a corrupção. O efeito extrapenal previsto é a perda dos bens do condenado incompatíveis com os valores de seus rendimentos, mesmo que esses bens não estejam diretamente relacionados com a prática do crime. 16. REABILITAÇÃO REQUISITOS • Decurso de 2 anos a partir do cumprimento da pena ou da extinção da punibilidade por qualquer outra forma (o tempo do período de prova do sursis e do livramento condicional, sem revogação, devem ser computados); • Domicílio no Brasil durante esse período de 2 anos; • Bom comportamento público e privado; • Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo ou inexigência. REVOGAÇÃO: a reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por sentença definitiva, salvo se a pena imposta for de multa. Com a revogação, os efeitos extrapenais que estavam suspensos voltam a incidir. Reabilitação e Reincidência: a reabilitação não extingue a reincidência, cujos efeitos desaparecem apenas decorridos 5 anos do cumprimento da pena. 17. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Morte do agente: como a pena não pode passar da pessoa do condenado, havendo a morte do agente, comprovada pela certidão de óbito, e após a oitiva do Ministério Público, sua punibilidade será extinta. Anistia, graça e indulto: formas de clemência soberana que extinguem a punibilidade do agente, salvo no caso dos crimes hediondos e assemelhados, em que não podem ser concedidas. ANISTIA É o esquecimento jurídico de determinada infração penal mediante lei específica. Refere-se apenas a fatos, não interferindo na previsão genérica do tipo penal. Compete ao Congresso Nacional. GRAÇA Ato espontâneo dado um grupo de pessoas, mediante decreto do Presidente da República, que pode ser delegado a Ministro de Estado, Advogado Geral da União e Procurador Geral da República. INDULTO Medida de caráter individual, por isso é denominada de indulto individual, concedida por decreto do Presidente da República, que pode delegar esse poder ao Ministro de Estado, Advogado Geral da União e Procurador Geral daRepública. Abolitio criminis: ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar uma conduta como crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória anteriormente proferida. A lei posterior que deixa de prever o fato como típico deve retroagir, beneficiando o réu e extinguindo a sua punibilidade. Decadência: representa a perda do direito de representação (ação penal pública condicionada) ou queixa (ação penal privada) pelo decurso do tempo, em regra 6 meses, sem o seu exercício. Importante lembrar que o OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1212 prazo decadencial não se interrompe nem é se suspende. Perempção: sanção processual aplicada ao querelante inerte, que tem como consequência a extinção da punibilidade do agente (ex.: querelante que deixa de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos). A perempção causa a extinção da punibilidade apenas na ação penal privada, pois na ação penal privada subsidiária da pública o Ministério Público assume a titularidade da ação em caso de inércia do querelante. Renúncia: representa o ato unilateral de vontade do ofendido de não ingressar com ação penal privada, podendo ser expressa ou tácita (prática de ato incompatível com a vontade de exercer o direito de ação). Aplica-se apenas à ação penal privada, salvo no Juizado Especial Criminal, onde aplica-se também à ação penal pública condicionada à representação. Perdão aceito: o perdão é um ato bilateral, dependendo de aceitação do querelado. Ocorre após iniciada a ação penal privada e antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, podendo ser expresso ou tácito e ocorrer dentro ou fora do processo. Retratação: será considerada causa extintiva da punibilidade quando a lei expressamente admitir (ex.: crimes de calúnia e difamação). Perdão judicial: causa extintiva da punibilidade, ocorre quando, apesar de comprovada a prática da infração penal culposa pelo agente, o juiz deixa de aplicar a pena para evitar um mal injusto ao agente, uma vez que a própria prática do crime já serviu de pena para o agente (ex.: pai que atropela o filho ao manobrar o carro na garagem). Cabível nas hipóteses expressamente previstas em lei, como no homicídio culposo, na lesão corporal culposa e na receptação culposa (art. 180, § 3º), não gerando efeitos para fins reincidência. Natureza da sentença: natureza declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório (Súmula n. 18 do STJ). Prescrição: representa a perda do direito de o Estado punir (prescrição da pretensão punitiva – PPP) ou executar punição imposta (prescrição da pretensão executória – PPE), em razão do decurso do tempo. Crimes Imprescritíveis: a Constituição Federal prevê dois crimes imprescritíveis: 1) racismo e 2) as ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático. Em direito penal, há duas espécies de prescrição: 1) prescrição da pretensão punitiva (PPP) e 2) prescrição da pretensão executória (PPE). PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (PPP): ocorre antes do trânsito em julgado e impede qualquer feito de eventual condenação (efeitos penais e extrapenais), que se subdivide em 4 subespécies: a) prescrição da pretensão punitiva em abstrato (PPPA), b) pretensão da prescrição punitiva retroativa (PPPR), c) prescrição da pretensão punitiva superveniente (PPPS) e d) prescrição da pretensão punitiva virtual (PPPV). Prescrição da pretensão punitiva em abstrato (PPPA) ou prescrição propriamente dita: como não se sabe qual será a pena imposta na sentença, o Estado adotou o critério da pior hipótese possível, ou seja, a pena máxima imposta em abstrato para o crime, conforme abaixo: PENA MÁXIMA PREVISTA EM ABSTRATO PRAZO DA PPP Superior a 12 anos 20 anos Superior a 8 anos e não excedente a 12 anos 16 anos Superior a 4 anos e não excedente a 8 anos 12 anos Superior a 2 anos e não excedente a 4 anos 8 anos Igual ou superior a 1 ano, não excedendo a 2 anos 4 anos Inferior a 1 ano 3 anos Crimes do art. 28 da Lei de Drogas 2 anos Para o cálculo da pena máxima deve ser observado o seguinte: ENTRAM NO CÁLCULO NÃO ENTRAM NO CÁLCULO • Qualificadoras • Causas de aumento e de diminuição, prevalecendo a fração que mais aumenta e a que menos diminui. • Atenuantes da menoridade e da senilidade • Agravantes e atenuantes (salvo as atenuantes da menoridade e senilidade) • Circunstâncias judiciais • Concurso de crimes Termo inicial da PPPA: em regra, começa a correr do dia em que o crime se consumou (teoria do resultado), variando nas seguintes situações: a) tentativa (dia em que cessou a atividade criminosa); b) crimes permanentes (dia em que cessou a permanência); c) crimes de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil (data em que o fato se tornou conhecido), e d) crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes (data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal). Há situações que suspendem ou interrompem o prazo prescricional. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1313 CAUSAS SUSPENSIVAS CAUSAS INTERRUPTIVAS • Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; • Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro; • Réu citado por edital que não comparece nem constitui advogado; • OBS.: no caso de suspensão, cessada a hipótese suspensiva, o prazo retoma o seu curso normalmente. • Recebimento da denúncia ou da queixa; • Pronúncia; • Decisão confirmatória da pronúncia; • Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. • OBS.: na hipótese de interrupção, o prazo prescricional começa a correr do zero, ou seja, inicia- se novo prazo. Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime): Duas novas causas impedtivas ou suspensivas da prescrição: a) na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019); b) enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR): leva em conta a pena fixada na sentença irrecorrível para a acusação, quando não é mais possível aumenta-la por recurso da defesa (non reformatio in pejus). Chama-se retroativa porque é um cálculo “para trás”, levando-se em conta a pena fixada na decisão irrecorrível para a acusação, tendo como termo inicial a denúncia ou queixa (ex.: fixada uma pena de 6 anos, a PPPR será de 8 anos, assim, se entre a denúncia e a sentença transcorreu período superior a 8 anos, o processo estará prescrito). Prescrição da pretensão punitiva superveniente (PPPS): assim como a prescrição retroativa (PPPR), possui como base a pena concreta, mas, ao invés de ser contada “para trás”, será contada “para frente”, durante o período de tempo necessário para a análise dos recursos interpostos, até o trânsito em julgado da decisão para a defesa. O prazo da PPPS, portanto, é o mesmo da PPPR, aplicando-o, entretanto, “para a frente” (ex.: fixada uma pena de 6 anos, a PPPS será de 8 anos, ou seja, o Estado terá o prazo de 8 anos para julgar todos os recursos da defesa, sob pena de prescrição). Prescrição da pretensão punitiva virtual (PPPV): também chamada de hipotética, ideal ou antecipada, a PPPV não possui previsão legal, sendo criada pela doutrina e jurisprudência. É uma espécie de antecipação do cálculo da prescrição retroativa (PPPR) antes da condenação do réu: o juiz, analisando o tempo já transcorrido no processo e as circunstâncias que seriam levadas em conta para graduar a pena no casode condenação, percebendo que haverá a incidência da prescrição retroativa, por economia processual, já poderia extinguir a punibilidade do agente. A prescrição virtual, entretanto, não é aceita pelos Tribunais Superiores, conforme previsto na Súmula n. 438 do STJ. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (PPE): tem como pressuposto o trânsito em julgado da decisão para as duas partes, levando em conta a pena imposta na decisão definitiva, sendo que o transcurso do seu prazo implica na perda do direito de o Estado executar a pena imposta. O prazo prescricional será aumentando de 1/3 em caso de reincidência, ou reduzido pela metade quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos. Termo inicial: a PPE começa a correr: a) do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional, e b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. ATENÇÃO: evadindo-se o condenado, ou revogado o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. Interrupção da PPE: são causas que interrompem o prazo da PPE: a) o início ou continuação do cumprimento da pena e b) a reincidência. PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA: a prescrição da pena de multa obedece às seguintes regras: a) prescreve em 2 anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada e b) prescreve no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V 11 DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV PARTE ESPECIAL E LEGISLAÇÃO ESPECIAL 1. CRIMES CONTRA A PESSOA 1.1. CRIMES CONTRA A VIDA HOMICÍDIO Conceito (art. 121 do CP): matar alguém (pena: reclusão 6 a 20 anos). Sujeitos: a) ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) passivo: qualquer pessoa nascida com vida. Homicídio privilegiado (§ 1º do art. 121): se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção (homicídio emocional), logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (OBS.: o privilégio não se comunica aos coautores e partícipes do crime). Homicídio qualificado (§ 2º do art. 121): considerado crime hediondo, é apenado com pena de reclusão de 12 a 30 anos. Ocorre quando o homicídio é praticado: I - mediante paga ou promessa de recompensa (homicídio mercenário ou assassínio), ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil (motivo insignificante e desproporcional em relação à conduta adotada); III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio); VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF/88 (autoridades das forças armadas e da segurança pública), integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. Feminicídio: o feminicídio (inciso VI) ocorre quando o homicídio é praticado em virtude da condição de sexo feminino, ou seja, por razões de gênero. Se o homicídio for praticado contra mulher, mas não ocorrer por razões de gênero, não será feminicídio, mas sim homicídio. Homicídio qualificado privilegiado: prevalece o entendimento que as hipóteses de privilégio, por possuírem natureza subjetiva, são incompatíveis com as qualificadoras de natureza subjetiva (121, §2°, I, II e V). Entretanto, nada impede aplicação do privilégio com qualificadora de natureza objetiva (art. 121, §2°, III e IV). OBS.: o homicídio qualificado privilegiado não é crime hediondo. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NO HOMICÍDIO DOLOSO Se praticado contra menor de 14 ou maior de 60 anos de idade 1/3 Se praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio 1/3 até a metade Se praticado: I - durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60, com deficiência, ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima e IV – em descumprimento de medidas protetivas de urgência 1/3 até a metade Homicídio culposo: ocorre quando o agente atua com negligência, imprudência ou imperícia (pena: 1 a 3 anos de detenção). OBS.: o crime culposo praticado com veículo automotor não é tratado pelo código penal e sim pelo Código de Trânsito (art. 302 do CTB). CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NO HOMICÍDIO CULPOSO Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício 1/3 Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima Se o agente não procura diminuir as consequências do seu ato Se o agente foge para evitar prisão em flagrante Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a morte do agente, ainda que encefálica (crime material). A tentativa é plenamente possível. Perdão judicial: no homicídio culposo, o juiz pode deixar de aplicar a pena (extinção da punibilidade) se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. OBS.: não há disposição expressa, mas entende-se que o perdão judicial também se aplica ao homicídio culposo do CTB. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO Conceito (art. 122 do CP): innduzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos Importante: Com a Lei 13.968/19 o crime sob análise passou a ser formal. Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa. Apenas na forma dolosa. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 22 Consumação e tentativa: a consumação do crime ocorre com o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação, sendo possível a tentativa. Causas de aumento de pena: a pena será duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico e II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. A Lei n. 13.968/19 acrescentou os parágrafos 6º e 7º ao art. 122, estabelecendo que, se o crime for praticado contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio (art. 121), se resultar morte, ou de lesão corporal (art. 129 do CP). Pacto de morte ou ambicídio: quando duas ou mais pessoas firmam um pacto para morrerem ao mesmo tempo, mediante suicídio. Neste caso, a responsabilidade de cada envolvido ficará caracterizada pelos atos praticados por cada um. INFANTICÍDIO Conceito (art. 123 do CP): matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,durante o parto ou logo após (pena: detenção, de 2 a 6 anos). Trata-se de crime doloso contra a vida que será julgado pelo Tribunal do Júri. Estado puerperal: conjunto de alterações físicas e psicológicas sofridas pela mulher em razão do parto. Por tratar-se de elementar do crime, se comunica aos demais participantes, que também responderão por infanticídio. Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa. Se a mãe, culposamente e sob a influência do estado puerperal, matar seu filho recém-nascido, deverá responder por homicídio culposo (alguns doutrinadores entendem que o fato é atípico). Sujeitos: a) sujeito ativo: apenas a mãe pode praticar infanticídio (crime próprio) e b) sujeito passivo: apenas o filho que está nascendo ou acabou de nascer (se a mãe, sob influência do estado puerperal, mata filho de outra pessoa achando ser seu, responderá por infanticídio putativo). Consumação e tentativa: considera-se o crime consumado com a morte do nascente ou do neonato. Admite-se a tentativa. ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO Conceito (art. 124 do CP): provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque (Pena: detenção, de 1 a 3 anos). Trata-se de crime doloso contra a vida que será julgado pelo Tribunal do Júri. Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado apenas pela gestante e b) sujeito passivo: produto da concepção, feto. Consumação e tentativa: consuma-se com a morte do feto. Admite-se tentativa. Concurso de Agentes: no caso de concurso de agentes a gestante responderá pelo crime do art. 124 e o terceiro que a ajudou responderá pelo crime do art. 126 do CP. ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE Conceito (art. 125 do CP): provocar aborto, sem o consentimento da gestante (pena - reclusão, de 3 a 10 anos). Trata-se de crime doloso contra a vida que será julgado pelo Tribunal do Júri. Falta de consentimento: consideram-se as seguintes situações: a) ausência de concordância ou ciência da gestante, b) quando a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental e c) o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa. Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: possui duas vítimas: a gestante e o feto. Consumação e tentativa: consuma-se com a morte do feto. Admite-se tentativa. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Se em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave 1/3 Se, por qualquer dessas causas, a gestante morre A pena é duplicada ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA VÍTIMA Conceito (art. 126 do CP): provocar aborto com o consentimento - válido - da gestante (pena - reclusão, de 1 a 4 anos). Trata-se de crime doloso contra a vida que será julgado pelo Tribunal do Júri. Invalidade da concordância: a concordância dada por gestante menor de 14 anos, alienada ou débil mental, ou obtida mediante fraude, grave ameaça ou violência, não é válida. O agente responde como se não houvesse concordância (art. 125 do CP). Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa. Consumação e tentativa: Consuma-se com a morte do feto. Admite-se tentativa. Causas de aumento de pena: são as mesmas aplicáveis ao aborto sem o consentimento da gestante. ABORTO LEGAL Conceito (art. 128 do CP): não se pune o aborto praticado por médico: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante (aborto terapêutico) e II - aborto no caso de gravidez resultante de estupro, desde que haja o consentimento da vítima (aborto humanitário). Feto Anencéfalo: o STF considerou que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo não é considerado crime (ADPF 54). 1.2. LESÕES CORPORAIS OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 33 LESÃO CORPORAL: ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa e b) sujeito passivo: em regra, qualquer pessoa (salvo nas hipóteses do art. 129, §1º, IV e §2º V, e art. 129, §§ 9º, 10, 11). Tipo subjetivo: pode ser doloso, culposo e preterdoloso. Consumação e tentativa: consuma-se com a efetiva ofensa à integridade corporal ou a saúde da vítima, é crime material. Admite-se tentativa na modalidade dolosa. Lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP): pena de detenção de 3 meses a 1 ano. O crime é configurado por exclusão, ou seja, será lesão corporal leve quando não se tratar de lesão grave (§1º), gravíssima (§2º) ou lesão seguida de morte (§3º). Crime de menor potencial ofensivo. Ação penal pública condicionada à representação, salvo se a vítima for mulher no âmbito doméstico, hipótese em o crime será processado mediante ação penal pública incondicionada, conforme previsto na Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006). Lesão corporal grave (art. 129, §1º, do CP): a lesão corporal é de natureza grave, com pena de reclusão de 1 a 5 anos, se resulta: I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias (o inciso não se refere a trabalho, mas a ocupações habituais), II - perigo de vida (probabilidade imediata de morte, comprovada por laudo pericial), III - debilidade permanente de membro, sentido ou função (redução da capacidade funcional, que deve ser permanente, comprovada por laudo pericial) e IV - aceleração de parto (sem acarretar a morte do feto). Ação Penal: processada mediante ação penal pública incondicionada. Possível aplicar a suspensão condicional do processo, prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/95. Lesão corporal gravíssima (art. 129, §2º, do CP): a denominação é doutrinária e não legal. Pena de reclusão de 2 a 8 anos, se resulta: I - incapacidade permanente para o trabalho (trabalho em geral e não especificamente o trabalho realizado pela vítima), II - enfermidade incurável, III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função, IV - deformidade permanente (quebra da harmonia corporal da vítima de forma permanente) e V – aborto (crime preterdoloso, ou seja, o agente atua com intenção de praticar lesão corporal, mas com culpa em relação ao aborto). Lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, do CP): crime preterdoloso, apenado com 4 a 12 anos de reclusão. Ocorre quando o agente possui intenção de lesionar a vítima, mas, em razão de conduta culposa, acaba matando-a. Lesão corporal privilegiada (art. 129, §4º, do CP): trata-se de causa de diminuição da pena de 1/6 a 1/3 e pode ser aplicada quando o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos 1/3 Se se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio 1/3 até a metade Se a lesão for praticada contra autoridades das forças armadas e da segurança pública, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau. 1/3 a 2/3 No caso de lesão corporal grave, gravíssima ou seguida de morte, praticada no âmbito doméstico ou familiar 1/3 Lesão corporal culposa (art. 129, § 6°, do CP) pena: detenção, de 2 meses a 1 ano, pouco importando se a lesão é leve, grave ou gravíssima. Aumento de pena: a pena é aumentada de 1/3 se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato ou se foge para evitar prisão emflagrante. Ação Penal: pública condicionada à representação da vítima, salvo quando se tratar de lesão praticada contra mulher no âmbito doméstico, em que a ação será pública incondicionada. Perdão judicial: o juiz pode deixar de aplicar a pena se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Lesão corporal doméstica (§ 9º do art. 129 do CP): é a lesão corporal decorrente de violência praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Pena: detenção de 3 meses a 3 anos, aumentada de 1/3 se a lesão for praticada contra pessoa com deficiência. Ação penal: pública condicionada à representação se a vítima for homem, e pública incondicionada no caso de a vítima ser mulher, já que a Lei Maria da Penha veda a aplicação da Lei n. 9.099/95. 1.3. LIBERDADE PESSOAL PERSEGUIÇÃO (STALKING) Conceito (art. 147-A do CP): Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 44 O tipo penal prevê a conduta de “perseguir”, o que significa importunar constantemente a vítima. O tipo exige a reiteração da conduta (perseguição reiterada) e estará caracterizado em uma das seguintes formas: 1) ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica: é um tipo especial em relação à ameaça (art. 147do CP), já que exige adicionalmente a perseguição. 2) restringindo-lhe a liberdade de locomoção: não há efetiva privação da liberdade, e sim mera restrição, senão estaria caracterizado o crime de sequestro ou cárcere privado (art. 148 do CP).. 3) ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade: como no caso do paparazzi que persegue a vítima invadindo a sua privacidade, situação típica do stalking. Ação Penal: pública condicionada à representação 1.4. CRIMES CONTRA A HONRA Honra objetiva: diz respeito à reputação, ou seja, refere-se ao juízo de valor feito por terceiros sobre os atributos de alguém. Honra subjetiva: diz respeito à autoestima, ou seja, refere-se ao juízo de valor de determinada pessoa sobre os seus próprios atributos. Os crimes de calúnia e difamação atingem a honra objetiva, enquanto que o crime de injúria atinge a honra subjetiva. CALÚNIA Honra OBJETIVA Imputação de FATO definido como CRIME (ou divulgação dessa informação) Imputação deve ser FALSA É cabível EXCEÇÃO DA VERDADE, exceto nos casos previstos Consumação: quando a ofensa chega ao conhecimento de TERCEIRO É punível quando praticada contra os MORTOS Cabível a RETRATAÇÃO NÃO admite PERDÃO JUDICIAL DIFAMAÇÃO Honra OBJETIVA Imputação de FATO ofensivo à REPUTAÇÃO, que não seja definido como crime. Imputação falsa ou verdadeira Não cabe exceção da verdade, salvo funcionário público no exercício da função Consumação: quando a ofensa chega ao conhecimento de TERCEIRO NÃO é punível quando praticada contra os MORTOS Cabível a RETRATAÇÃO NÃO admite PERDÃO JUDICIAL INJÚRIA Honra SUBJETIVA Não há imputação de fato algum Formas qualificadas: a) injúria REAL e b) injúria PRECONCEITUOSA. Nunca cabe exceção da verdade (pois não se refere a fatos) Consumação: quando a ofensa chega ao conhecimento da VÍTIMA NÃO é punível quando praticada contra os MORTOS NÃO é cabível a RETRATAÇÃO ADMITE PERDÃO JUDICIAL Diferenças entre a injúria racial (modalidade de injúria preconceituosa) e o racismo: INJÚRIA RACIAL RACISMO Art. 138, §2º, do CP Art. 20 da Lei 7.716/89 (Lei de Racismo) A ofensa é direcionada a uma pessoa específica ou a um grupo específico de pessoas A ofensa é dirigida a todo o grupo de pessoas Prescritível Imprescritível Ação pública condicionada à representação da vítima injuriada ou de quem a represente Ação pública incondicionada Injúria contra funcionário público x desacato: no desacato a ofensa é feita na presença do funcionário, enquanto que, na injúria, a ofensa é feita na sua ausência. Ação penal: será privada. Existem, entretanto, as seguintes exceções: No caso de injúria real se a violência causar lesão corporal. Ação penal pública incondicionada. Quando o crime for cometido em face do Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro. Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 55 No caso de injúria preconceituosa e no caso de crime cometido contra funcionário público, em razão de suas funções. Ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Neste caso, o STF entende que o ofendido tem legitimidade concorrente para oferecer queixa (Súmula 714 do STF). 2. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO Conceito (art. 155 do CP): subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Situações Especiais : a) coisa móvel: equiparam- se, a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico, b) ligação clandestina para obter sinal de internet ou de televisão: para o STF não á considerada furto, pois o sinal de televisão ou internet não é considerado energia e c) objeto deve ser alheio: se determinada pessoa empenha um bem e depois o subtrai, não haverá crime de furto. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Se o agente não tem a intenção de ficar com a coisa ou entrega-la para terceiro, mas apenas usá-la, a conduta será considerada atípico (furto de uso). Consumação e tentativa: o crime se consuma quando o objeto é retirado da esfera de disponibilidade da vítima, ainda que por curto espaço de tempo. A tentativa é possível quando o agente não conseguir ficar, de fato, com a posse do bem. Formas qualificadas: pena de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa e IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. A Lei n. 13.654/18 acrescentou mais duas formas de furto qualificado, ambas com pena de reclusão de a 4 a 10 anos e multa: 1) se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (ex.: furto de caixa eletrônico) e 2) se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Furto mediante fraude: o agente emprega fraude para enganar a vítima e subtrair o bem sem que ela perceba (ex.: agente que se faz passar por técnico de TV a cabo, entra na casa da vítima e, sem que ela perceba, furta determinado bem). A Lei n. 14.155/21 acrescentou o § 4º-B ao art. 155 do CP, prevendo a qualificadora de furto mediante fraude cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático. Causa de aumento de pena: a pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante o repouso noturno (período em que a coletividade se recolhe para o descanso de um dia para o outro, o que pode variar de uma cidade para outra). Prevalece o entendimento de que a majorante é aplicada mesmo que a moradia esteja desabitada ou que os moradores não estejam repousando. Furto privilegiado (ou furto mínimo): se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada (não ultrapassa um salário mínimo), o juiz podesubstituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. Prevalece o entendimento de que é possível o furto qualificado-privilegiado, desde que o réu seja primário e a qualificadora seja de ordem objetiva (Súmula n. 511 do STJ). A ação penal, em regra, é de ação penal pública incondicionada. Dependerá de representação, contudo, quando cometido o furto em prejuízo I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo e III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. ROUBO Roubo próprio (art. 157, caput, do CP): subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. Pena: reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. Roubo impróprio (art. 157, § 1º): na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro (ex.: o agente subtrai o relógio da vítima e depois a agride para garantir que ela não tenha tempo para chamar a polícia). Formas qualificadas: a) se da violência resulta lesão corporal grave. Pena: reclusão de 7 a 18 anos, e multa; b) se resulta morte (latrocínio). Pena: reclusão é de 20 a 30 anos, e multa. LATROCÍNIO É crime hediondo (lei n. 8.072/90) A competência para o processo e julgamento do latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri (Súmula 603 do STF), já que se trata de crime contra o patrimônio. A morte da vítima pode ser causada por dolo ou culpa. Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima (Súmula 610 do STF). Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime próprio) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Tipo subjetivo: Apenas na modalidade dolosa. Consumação e tentativa: consuma-se quando o sujeito ativo consegue a inversão da posse do bem, mesmo que essa não seja mansa e pacífica (Súmula n. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 66 582 do STJ). A tentativa é possível quando, mesmo com a violência ou grave ameaça, o agente não consegue subtrair o bem. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 1) se há o concurso de duas ou mais pessoas, 2) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância, 3) se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior e 4) se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade; 5) se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego; 6) se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 1/3 até a metade 1) se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo, 2) se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum 2/3 Violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido Dobro Pacote Anticrime: passou a prever as seguintes modalidades de roubo como crimes hediondos: a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) (Atenção: roubo com arma branca não é hediondo) e c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); DANO Conceito (art. 163 do CP): destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. Pena: detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Situações especiais: a) res nullius (coisa que nunca teve dono): não pode ser objeto de crime de dano, já que não é considerada coisa alheia; b) res derelicta (coisa abandonada): idem e c) coisa perdida: como tem dono, quem a danificar pode responder pelo crime de dano. Formas Qualificadas: o crime de dano será qualificado se: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave; III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima. Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: proprietário do bem. Tipo subjetivo: apenas a modalidade dolosa. Não existe, portanto, crime de dano culposo. Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o bem é danificado. Se o agente objetiva destruir, mas apenas danifica o bem, o crime será consumado. Tentativa é possível. AÇÃO PENAL PRIVADA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA • Dano simples • Dano qualificado por motivo egoístico ou prejuízo considerável • Demais hipóteses de dano qualificado APROPRIAÇÃO INDÉBITA Conceito (art. 168 do CP): apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção (a entrega do bem é livre e consciente pela vítima). Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum), mas é muito comum a prática por agiota e b) sujeito passivo: proprietário, usufrutuário ou possuidor do bem. Apropriação indébita contra idoso: haverá o crime específico previsto no art. 102 do Estatuto do Idoso. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. O tipo penal contém o dolo específico do agente de se apropriar da coisa para si de forma definitiva, ou seja, a intenção do agente em não devolver o bem (a “apropriação de uso” é fato atípico). Consumação e tentativa: consuma-se o crime quando o agente começa a se comportar como dono do bem que lhe foi entregue ou quando se recusa a devolver o bem. A tentativa é possível, salvo na hipótese de recusa de devolução. Causas de aumento de pena: a pena é aumentada de 1/3 quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial e III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Apropriação indébita privilegiada (causa de diminuição de pena): se o criminoso for primário e de pequeno valor o bem apropriado, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA Conceito (art. 168-A do CP): deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Formas equiparadas: nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 77 à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. Sujeitos: a) sujeito ativo: responsável por recolher a contribuição à Previdência Social e b) sujeito passivo: Estado (Previdência Social). Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Extinção da punibilidade: extingue-se a punibilidadese o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Perdão judicial: facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. ESTELIONATO Conceito (art. 171, caput, do CP): obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Consumação: consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita, com prejuízo alheio. A tentativa é possível. Regras Importantes: a) crime material: o estelionato exige a obtenção da vantagem ilícita para se consumar; b) crime de duplo resultado: exige o prejuízo da vítima e a vantagem do agente e c) não se confunde com o crime de furto mediante fraude: no estelionato, a vítima, após ser enganada, entrega voluntariamente o bem ao agente, enquanto no furto mediante fraude o agente emprega fraude para enganar a vítima e subtrair o bem. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência 1/3 Se o crime for cometido contra idoso Dobro da pena A Lei n. 14.155/21 inseriu o § 2º-A ao art. 171 do CP, tratando da qualificadora do estelionato mediante fraude eletrônica (pena 4 a 8 anos) Ação: crime de ação penal condicionada à representação, salvo quando a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz (Alterado pelo Pacote Anticrime). RECEPTAÇÃO Conceito (art. 180 do CP): adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Regras Importantes: a) a receptação é considerada um crime parasitário ou acessório, já que depende de um crime anterior e b) a receptação exige que a coisa seja produto de crime (se for produto de contravenção penal não haverá o crime de receptação). Formas qualificadas: adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial (regular, irregular ou clandestina) ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. Pena: reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), salvo no caso da receptação qualificada, em que o sujeito ativo deve ser comerciante (crime próprio) e b) sujeito passivo: qualquer empresário. Tipo subjetivo: único crime contra o patrimônio que admite a forma dolosa e culposa. Receptação culposa (§ 3º): adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. Pena: detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas. Causas de aumentos: tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. Consumação e tentativa: a receptação própria é crime material e se consuma com a produção do resultado (adquirir, transportar, etc.), admitindo tentativa. Já a receptação imprópria é um crime formal, se consuma quando o agente influiu terceiro de boa-fé, e não admite tentativa. IMUNIDADES Imunidades absolutas ou escusas absolutórias (art. 181 do CP): é isento de pena quem comete qualquer dos crimes contra o patrimônio, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Imunidades relativas (art. 182 do CP): somente se procede mediante representação, se o crime contra o patrimônio é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 88 Exclusão das imunidades (art. 183): não se aplicam as imunidades ora estudadas (absoluta e relativa): I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime e III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. 3. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 3.1. CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL ESTUPRO Conceito (art. 213 do CP): constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena: reclusão, de 6 a 10 anos. Forma qualificada: I - se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos. Pena: reclusão, de 8 a 12 anos, II - se da conduta resulta morte. Pena: reclusão, de 12 a 30 anos. Regras Importantes: a) vítima menor de 14 anos: configura crime de estupro de vulnerável, mesmo que não haja emprego de violência ou grave ameaça (violência presumida) e b) o crime de estupro, na forma simples ou qualificada, é considerado crime hediondo. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA • Se o crime é cometido com o concurso de 2 ou mais pessoas 1/4 • Se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela 1/2 • Se do crime resultar gravidez 2/3 • Se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência; • Se o crime é praticado: a) mediante concurso de 2 ou mais agentes (estupro coletivo); b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima (estupro corretivo). 1/3 a 2/3 Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a conjunção carnal ou com a prática do ato libidinoso. A tentativa é possível se, apesar da violência ou grave ameaça, não há a conjunção carnal ou o ato libidinoso. VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE Conceito (art. 215 do CP): ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Pena: reclusão, de 2 a 6 anos e, se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (ver tabela acima). Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a conjunção carnal ou com a prática do ato libidinoso. A tentativa é possível se, apesar da violência ou grave ameaça, não há a conjunção carnal ou o ato libidinoso. IMPORTUNAÇÃO SEXUAL Conceito(art. 215-A do CP): praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, se o ato não constitui crime mais grave. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (ver tabela acima). Além disso, a pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 anos. Consumação e tentativa: A consumação ocorre no momento da conduta do ato libidinoso. A tentativa é possível. ASSÉDIO SEXUAL Conceito (art. 216-A do CP): constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena: detenção, de 1 a 2 anos Sujeitos: a) sujeito ativo: superior hierárquico da vítima (crime próprio) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (ver tabela acima). Além disso, a pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 anos. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento da conduta do assédio, independentemente do resultado (crime formal). A tentativa é possível, como no caso do assédio praticado por bilhete interceptado. EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL Conceito (art. 216-B do CP): produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes. Pena: detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa. Forma equiparada: na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 99 Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento da conduta do registro da cena ou da sua montagem, na forma equiparada. A tentativa é possível. 3.2. CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL ESTUPRO DE VULNERÁVEL Conceito (art. 217-A do CP): ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. Pena: reclusão, de 8 a 15 anos. Forma equiparada: incorre nas mesmas penas quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Conceito de vulnerável: abrange os menores de 14 anos, os que, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, assim como os que, por qualquer outra causa, não podem oferecer resistência (idade avançada, pessoa desmaiada, pessoa embriagada completamente, em coma, etc.). Consentimento da vítima: o crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente (Súmula n. 593 do STJ). Forma majorada: I - se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave. Pena: reclusão, de 10 a 20 anos, II - se da conduta resulta morte. Pena: reclusão, de 12 a 30 anos. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); b) sujeito passivo: qualquer pessoa vulnerável. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (ver tabela acima). Além disso, aumenta-se a pena em até 1/3 se a vítima é menor de 18 anos. Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a conjunção carnal ou com a prática do ato libidinoso. A tentativa é possível se, apesar da violência ou grave ameaça, não há a conjunção carnal ou o ato libidinoso. CORRUPÇÃO DE MENORES Conceito (art. 218 do CP): Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: menor de 14 anos de idade. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (ver tabela acima). Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que o ato é realizado, mesmo que o terceiro não tenha ficado sexualmente satisfeito. A tentativa é possível. ECA: não confundir o crime de corrupção de menores previsto no art. 218 do CP com o crime de corrupção de menores previsto no art. 244-B do ECA, já que neste último caso o crime se caracteriza quando o agente corrompe pessoa menor de 18 anos para praticar infração penal. SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE Conceito (art. 218-A do CP): praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer a lascívia própria ou de outrem. Pena: reclusão, de 2 a 4 anos. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), b) sujeito passivo: menor de 14 anos de idade. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (ver tabela acima). Consumação e tentativa: A consumação ocorre no momento em que o ato é realizado na presença do menor de 14 anos. A tentativa é possível quando, por exemplo, o agente induz a vítima a presenciar determinado ato sexual, mas o ato não é praticado por circunstâncias alheias a sua vontade. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL Conceito (art. 218-B do CP): submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone. Pena: reclusão, de 4 a 10 anos. Formas equiparadas: incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e maior de 14 anos na situação descrita no caput do artigo (se a vítima for menor de 14 anos, haverá o crime de estupro de vulnerável); II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput do artigo (pune-se, portanto, os envolvidos na casa de prostituição ou show). Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: menor de 18 anos de idade. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (ver tabela acima). Consumação e tentativa: a consumação ocorre quando a vítima passa a ser explorada sexualmente. A tentativa é possível. DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA Conceito (art. 218-C): oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, se o OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1010 fato não constitui crime mais grave. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa, mas, se a vítima for criança ou adolescente haverá a prática do crime do art. 241 ou o do art. 241-A do ECA. Causas de aumento: pena é aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação (“revenge porn”). Consumaçãoe tentativa: a consumação ocorre no momento em que um dos atos previsto no tipo é praticado. Excludente de ilicitude: não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput do artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 anos. CARACTERÍSTICAS COMUNS CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODOS OS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL • todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a ser de ação pública incondicionada • os processos correm em segredo de justiça • tipo subjetivo de todas as condutas: apenas na modalidade dolosa 4. CRIMES CONTRA A FAMÍLIA ABANDONO MATERIAL Conceito (art. 244 do CP): deixar, sem justa causa, de prover à subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo. Pena: detenção, de 1 a 4 anos, e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. Forma equiparada: nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser o cônjuge, genitor, ascendente ou descendente (crime próprio) e b) sujeito passivo: pode ser o cônjuge, o filho enfermo, menor de dezoito anos ou inapto para o trabalho, ascendente enfermo, maior de sessenta anos de idade ou inválido. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a recusa de prestar assistência. Não cabe tentativa. ABANDONO INTELECTUAL Conceito (art. 246 do CP): deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar. Pena: detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: pais do menor (crime próprio), e b) sujeito passivo: filho em idade escolar obrigatória. Tipo subjetivo: Apenas na modalidade dolosa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre quando o sujeito ativo, por tempo relevante, deixa de providenciar a instrução primária do filho. Não cabe tentativa. 5. CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (art. 288 do CP): associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. Pena: reclusão, de 1 a 3 anos. Se não houver combinação ou liame subjetivo entre os sujeitos que cometeram os crimes, não há que se falar em associação criminosa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: coletividade. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Exige- se, ainda, o dolo específico consubstanciado na expressão “para o fim específico de cometer crimes” Causa de aumento: a pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que três ou mais pessoas se associam para o fim específico de cometer crimes, não se exigindo que o crime de fato ocorra, tratando-se, portanto, de crime formal. A tentativa não é possível porque a associação deve ser permanente. Regras Importantes: a) a associação de pessoas para o fim específico de cometer contravenções penais (jogo do bicho, por exemplo) não constitui crime de associação criminosa (prática de crimes), b) para a caracterização das associação criminosa basta a associação estável e permanente para a prática de crimes (crime formal) e c) a associação criminosa não se confunde com a organização criminosa prevista na Lei n. 12.850/2013. 6. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA MOEDA FALSA Conceito (art. 289 do CP): falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro. Pena: reclusão, de 3 a 12 anos, e multa. Forma equiparada: nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa (§ 1º do art. 289). Forma privilegiada: quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1111 Forma qualificada: É punido com reclusão, de 3 a 15 anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), salvo na forma qualificada (crime próprio) e b) sujeito passivo: Estado e pessoas prejudicadas. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa Consumação e tentativa: a consumação ocorre com fabricação ou alteração da moeda, desde que não haja erro grosseiro. A tentativa é possível quando o agente é pego antes de terminado a falsificação ou alteração. Regras Importantes: a) falsificação grosseira: aquela imediatamente perceptível pela vítima, configura crime impossível e b) se a falsificação, mesmo grosseira, enganar a vítima, a conduta poderá configurar o crime de estelionato (Súmula n. 73 do STJ). FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO Conceito (art. 297 do CP): falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro. Pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Regras Importantes: a) a falsidade de documento público também é chamada de falsidade material e b) a “falsificação grosseira”, que não é capaz de atingir a fé- pública do documento e enganar terceiro, não caracteriza o crime de falsificação de documento. Forma equiparada: pune-se com as mesmas penas quem insere ou faz inserir dados falsos na CTPS ou documento que deva produzir efeito perante a previdência social. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), b) sujeito passivo: Estado e pessoas prejudicadas. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Causa de aumento: se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a falsificação ou alteração do documento público, independentemente do seu uso (crime de perigo). A tentativa é possível quando o agente é pego antes de terminada a falsificação ou alteração do documento. COMPETÊNCIA Se o documento falsificado é de atribuição de autoridade federal, a competência é da Justiça Federal Justiça Federal Se o documento falsificado devia ter sido emitido por funcionário público estadual ou municipal, a competência é da Justiça Estadual Se a finalidade da falsificação é prejudicar a previdência social, a competência será da Justiça Federal, ao passo que, se a falsificação for para fins particulares, a competência é da Justiça Estadual (Súmula n. 62 do STJ) Justiça Estadual FALSIDADE DE DOCUMENTO PARTICULAR Conceito (art. 298 do CP): falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e multa Documento particular: o conceito é obtido por exclusão, ou seja, todo documento que não for público ou a ele equiparado para fins penais será documento particular, inclusive os cartões de crédito e de débito. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: Estado e as pessoas prejudicadas. Tipo subjetivo: Apenas na modalidade dolosa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a falsificação ou alteraçãodo documento público, independentemente do seu uso (crime de perigo). A tentativa é possível quando o agente é pego antes de terminada a falsificação ou alteração do documento. FALSIDADE IDEOLÓGICA Conceito (art. 299 do CP): omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 a 3 anos, e multa, se o documento é particular. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: Estado e as pessoas prejudicadas. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Causa de aumento: se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Consumação e tentativa: a consumação ocorre quando o documento fica pronto com a omissão ou alteração dos seus dados. A tentativa é possível apenas se a conduta por comissiva. USO DE DOCUMENTO FALSO Conceito (art. 304 do CP): fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302. Pena: a cominada à falsificação ou à alteração. ATENÇÃO: a) fazer uso: significa apresentar o OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1212 documento a alguém, sendo que a mera posse do documento não caracteriza o crime, b) se a pessoa que falsificou o documento depois o utiliza, responde apenas pelo crime de falsificação e c) o agente que usa documento falso para cometer estelionato responde apenas pelo estelionato, uma vez que o uso é considerado apenas crime-meio. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), menos quem praticou a falsificação e b) sujeito passivo: Estado e as pessoas prejudicadas. Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre com o uso, a apresentação, do documento, ainda que o agente não obtenha qualquer vantagem (crime formal). A tentativa não é possível, porque se o agente não apresenta o documento o fato é atípico. 7. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 7.1. CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL CARACTERÍSTICAS CONCEITO Considera-se funcionário público, para efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública; Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. CONCURSO DE PESSOAS A condição de funcionário público é elementar do tipo, ou seja, desde que conhecida, comunica-se aos demais particulares envolvidos no delito. EFEITO DA PENA Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública (efeito não automático, devendo ser motivadamente declarado na sentença). PROGRESSÃO DE REGIME A progressão de regime é condicionada à reparação do dano causado ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública (Súmula n. 599 do STJ), salvo no caso de crime de descaminho. PECULATO Conceito (art. 312, caput, do CP): apropriar-se, o funcionário público, de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Peculato próprio: a figura típica do caput do art. 312 do CP contempla o peculato próprio, que abrange o denominado peculato-apropriação (primeira parte do tipo: “apropriar-se”) e o peculato-desvio (segunda parte do tipo penal: “desviá-lo”). Peculato impróprio (ou peculato-furto): aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário (§ 1º do art. 312 do CP). Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário público (crime próprio), exceto os prefeitos que respondem pelos crimes específicos do Decreto-Lei n. 201/67 e b) sujeito passivo: Estado e, em algumas situações, as pessoas prejudicadas. Tipo subjetivo: admite a modalidade dolosa e culposa. Peculato culposo: se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano. Regras Importantes: a) se houver reparação do dano, antes da sentença irrecorrível, haverá extinção da punibilidade, b) se a reparação for posterior ao trânsito em julgado, a pena imposta será reduzida pela metade. Consumação e tentativa: a consumação no peculato próprio ocorre quando o funcionário passa a agir como proprietário do bem (peculato-apropriação) ou o desvia (peculato desvio), no peculato impróprio quando o funcionário retira o bem da esfera de vigilância da vítima e no peculato culposo quando houver a consumação do crime do terceiro. A tentativa não é possível apenas na modalidade peculato culposo. PECULATO ELETRÔNICO Conceito: a Lei nº 9.983/2000 acrescentou os artigos 313-A e 313-B ao código penal, que punem a conduta do funcionário público referente à inserção de dados falsos, alteração ou modificação de dados no sistema de informações da administração pública, o que é denominado pela doutrina de peculato eletrônico. CONCUSSÃO OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1313 Conceito (art. 316 do CP): exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Regras Importantes: a) deve haver “exigência” pelo funcionário (uma ameaça, direta ou indireta), b) no caso de mero pedido, há o crime de corrupção passiva, c) a vantagem deve ser indevida, se for devida, poderá caracterizar o crime de abuso de autoridade. Excesso de exação (forma qualificada): se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. Pena: reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário público (crime próprio) e b) sujeito passivo: Estado e a pessoa prejudicada. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que a exigência chega ao conhecimento da vítima, mesmo que o funcionário público não consiga a vantagem indevida (crime formal). A tentativa é possível, como no caso de exigência feita por carta interceptada. CORRUPÇÃO PASSIVA Conceito (art. 317 do CP): solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário público (crime próprio) e b) sujeito passivo: Estado e a pessoa prejudicada. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Causa de aumento de aumento: a pena é aumentada de 1/3, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou opratica infringindo dever funcional. Forma privilegiada: se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que o funcionário solicita, recebe ou aceita a vantagem indevida (crime formal). A tentativa é possível na modalidade solicitar, quando feita por escrito. Já na corrupção passiva privilegiada, o crime se consuma quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda o ato (crime material). PREVARICAÇÃO Conceito (art. 319 do CP): retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. Regras Importantes: a) satisfazer interesse ou sentimento pessoal: elemento essencial para a caracterização da prevaricação e b) a prevaricação não se confunde com corrupção passiva privilegiada. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário público (crime próprio) e b) sujeito passivo: Estado e a pessoa eventualmente prejudicada. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que o funcionário omite, retarda ou pratica o ato (crime formal). A tentativa é possível na modalidade comissiva. Prevaricação imprópria (art. 319-A do CP): prevê a punição de Diretor de Penitenciária e/ou agente público que deixar de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. 7.2. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL CORRUPÇÃO ATIVA Conceito (art. 333 do CP): oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná- lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa e b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Causa de aumento de pena: a pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que o funcionário público toma conhecimento da oferta ou promessa feita pelo agente. A tentativa é possível na forma escrita. DESCAMINHO Conceito (art. 334 do CP): iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. Forma equiparada: incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei, II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho, III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem e IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1414 de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. Regras Importantes: atividade comercial, para efeitos do artigo, representa qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa e b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Causa de aumento de pena: a pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento da passagem alfandegária sem o pagamento do tributo. A tentativa é possível. Princípio da insignificância: aplica-se o princípio da insignificância, incidindo, segundo o STJ, para os valores sonegados até R$ 10.000,00 e, para o STF, para os valores até R$ 20.000,00. CONTRABANDO Conceito (art. 334-A do CP): importar ou exportar mercadoria proibida. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos. Formas equiparadas: incorre na mesma pena quem: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente; III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira e V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa, b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Causa de aumento de pena: a pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento da passagem alfandegária ou na entrada ou saída irregular do país. A tentativa é possível. Princípio da insignificância: não se aplica ao crime de contrabando. TABELA COMPARATIVA DESCAMINHO CONTRABANDO Bem lícito Bem ilícito Entrada ou saída de produtos permitidos, mas que não passaram pelos trâmites burocrático- tributários devidos. Entra e saída de produtos vedados por lei (armas, drogas, etc.). Aplica-se o princípio da insignificância. Não se aplica o princípio da insignificância. 8. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA Conceito (art. 339 do CP): Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020). Imputação de crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo: Com a nova lei, além da imputação de crime, poderá também configurar denunciação caluniosa a imputação de infração ético-disciplinar ou ato ímprobo a alguém que se sabe que é inocente. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa e b) sujeito passivo: Estado e, em segundo plano, a pessoa inocente. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. O sujeito ativo deve saber que a pessoa a quem o crime é imputado é inocente. Causa de aumento de pena: a pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. Causa de diminuição de pena: a pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a instauração dos procedimentos de investigação. A tentativa é possível. Ação Penal: pública incondicionada. Denunciação Caluniosa com finalidade Eleitoral: o agente pratica o crime específico do art. 326-A do CE. COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO Conceito: (art. 340 do CP): provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. Pena: detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Difere da denunciação caluniosa uma vez que não se imputa a alguém a prática de crime, mas apenas comunica-se falsamente a ocorrência de crime ou contravenção, provocando a ação de autoridade. Sujeitos:a) sujeito ativo: qualquer pessoa, mas se for funcionário público pode configurar o crime de abuso de autoridade e b) sujeito passivo: Estado e, em segundo plano, a pessoa prejudicada. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1515 Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Ação Penal: se o crime for praticado sem violência, o delito se processa mediante ação penal privada. Se o crime for praticado com violência, a ação será pública incondicionada. FAVORECIMENTO PESSOAL Conceito (art. 348 do CP): auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e multa. Se ao crime não é cominada pena de reclusão, a pena é de detenção, de 15 dias a 3 meses, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa, mas se for funcionário público pode configurar o crime de abuso de autoridade e b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Ação Penal: pública incondicionada. Escusa absolutória: se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. FAVORECIMENTO REAL Conceito (art. 349 do CP): prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime. Pena: detenção, de 1 a 6 meses, e multa. Favorecimento real impróprio (art. 349-A do CP): conduta praticada por quem ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa, mas se for funcionário público pode configurar o crime de abuso de autoridade e b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Ação Penal: pública incondicionada. TABELA COMPARATIVA FAVORECIMENTO PESSOAL FAVORECIMENTO REAL Busca ajudar o autor de crime anterior Busca tornar seguro o proveito do crime Admite escusa absolutória Não admite escusa absolutória. PATROCÍNIO INFIEL Conceito (art. 355, caput, do CP): trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: advogado devidamente inscrito na OAB (crime próprio); b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Consumação e tentativa: o crime se consuma com o efetivo prejuízo à vítima (crime material). A tentativa é possível apenas na forma comissiva. Ação penal: pública incondicionada. PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO Conceito (art. 355, parágrafo único, do CP): advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. Mesmo processo: não há necessidade que o patrocínio ocorra no mesmo processo, desde que seja relativo à mesma causa. Sujeitos: a) sujeito ativo: advogado devidamente inscrito na OAB (crime próprio); b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Consumação e tentativa: o crime se consuma quando o agente pratica qualquer ato processual relativo ao patrocínio simultâneo de partes contrárias (crime formal), não se exigindo o prejuízo. A tentativa é possível. Ação penal: Pública incondicionada. 9. LEGISLAÇÃO ESPECIAL 9.1. LEI DE DROGAS (LEI N. 11.343/2006) Os crimes previstos na Lei de Drogas são previstos em normas penais em branco, dependendo de complementação em relação ao conceito de droga, devendo-se utilizar o regramento dado pelas portarias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PRÓPRIO Conceito (art. 28): quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Nos casos II e III, serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses, salvo no caso de reincidência em que o prazo máximo poderá ser 10 meses. Não há imposição de pena privativa de liberdade para o crime previsto no art. 28 da Lei de Drogas. Formas equiparadas: às mesmas medidas submete- se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: coletividade. Tipo Subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Consumação e tentativa: o crime se consuma quando OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1616 o agente adquire ou, no caso de trazer consigo, guardar ou ter em depósito, quando o agente obtém a posse da droga, prolongando-se no tempo enquanto ele a detiver (crime permanente). A tentativa é possível apenas na modalidade adquirir. Regras importantes: a) não é possível a prisão em flagrante do usuário e b) trata-se de infração de menor potencial ofensivo, devendo ser submetida ao rito sumaríssimo previsto na Lei n. 9.099/95, permitindo-se a transação penal e a suspensão condicional do processo. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS Conceito (art. 33): importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena: reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-multa. Formas equiparadas: nas mesmas penas incorre quem: I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria- prima para a preparação de drogas e III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. Pacote Anticrime: acrescentou o inciso IV ao § 1º do art. 33 da Lei de Drogas, para dispor que se considerada forma equiparada ao crime de tráfico ilícito de drogas quem “vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente”. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); b) sujeito passivo: coletividade. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Causas de aumento da pena: a pena pode ser aumentadas de 1/6 a 2/3, se: I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; II - o agente praticar o crime prevalecendo- se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediaçõesde estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação e VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. Regra Importante: é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre Estados da Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual (Súmula n. 587 do STJ). Tráfico privilegiado: as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. Consumação e tentativa: o crime se consuma quando o agente realiza um as condutas descritas no tipo penal, havendo algumas condutas instantâneas (vender, adquirir, oferecer, etc.) e outras permanentes (transportar, guardar, etc.). A tentativa é possível apenas nas condutas instantâneas. Crime Hediondo: o crime de tráfico de drogas é considerado hediondo, salvo quando se tratar de tráfico privilegiado. 9.2. LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS (LEI N. 9.613/98) Lavagem de capitais: conjunto de atos destinados a mascarar a natureza ilícita de determinados bens ou valores, advindos de condutas criminosas, para reintroduzi-los na economia formal, com aparência lícita. CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS Conceito (art. 1º da lei n. 9.613/98): ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e multa. Formas equiparadas: nas mesmas penas incorre quem: I – para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal: a) os converte em ativos lícitos; b) os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere; c) importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros; II- utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal e III - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes de lavagem de capital. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); b) sujeito passivo: Estado. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Causas de aumento de pena: a pena será aumentada de 1/3 a 2/3, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1717 organização criminosa. Forma privilegiada (colaboração premiada): a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. Pacote Anticrime: acrescentou o § 6º ao art. 1º da Lei nº 9.613/98, que passou a permitir a utilização da ação controlada e da infiltração de agentes para os crimes de “Lavagem” ou ocultação de Bens, Direitos e Valores 9.3. LEI DE CRIMES HEDIONDOS (LEI N. 8.072/90). São Crimes Hediondos: Homicídio (art. 121 do CP): quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII). Regras importantes: a) o homicídio simples será crime hediondo apenas quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, b) não confundir grupo de extermínio com concurso de pessoas: no grupo de extermínio a vítima é atacada em razão de alguma característica determinada (ex.: ser mendigo, ex- presidiário, etc.). Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º, do CP) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º): quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. Lesão corporal grave: a lesão corporal grave, ainda que praticada contra agentes de segurança, não é crime hediondo. Roubo: a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º) - (Pacote Anticrime) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º) (Pacote Anticrime) Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º, do CP) Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º, do CP) Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º, do CP) Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º, do CP) Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, do CP) Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º, do CP) Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º- A). (Pacote Anticrime) Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido (art. 16 da Lei nº 10.826/ 2003) (Pacote Anticrime) Comércio ilegal de armas de fogo (art. 17 da Lei nº 10.826/03); (Pacote Anticrime) Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição (art. 18 da Lei nº 10.826/03) (Pacote Anticrime) Organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. (Pacote Anticrime) Crimes equiparados a hediondos (“regra do triplo T”): 1) Tortura (Lei 9.455/97), 2) Tráfico (Lei 11.343/2006) e 3) Terrorismo (Lei n. 13.260/2016). TABELA COMPARATIVA CRIMES COMUNS CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS Suscetíveis de anistia, graça e indulto NÃO são suscetíveis de anistia, graça e indulto Admitem, como regra geral, fiança NÃO admitem fiança A prisão temporária de 5 dias, prorrogável por igual período A prisão temporária de 30 dias, prorrogável por igual período Livramento condicional depende do cumprimento de 1/3 (primário) ou 1/2 (reincidente) da pena. Livramento condicional será concedido se o apenado não for reincidente específico e se a vítima não tiver morrido, e depende do cumprimento de 2/3 da pena. A pena do crime de associação criminosa (art. 288 do CP) é de 1 a 3 anos. A pena do crime de associação criminosa (art. 288 do CP) é de 3 a 6 anos. 9.4. TORTURA (LEI N. 9.455/97) Tortura Própria: apenada com reclusão de 2 a 8 anos, ocorre quando o agente praticas as seguintes condutas:I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1818 discriminação racial ou religiosa (inciso I do art. 1º); II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (inciso II do art. 1º) e III - submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal (§ 1º do art. 1º). Tortura imprópria: apenada com detenção de 1 a 4 anos, ocorre quando o agente se omite em face das condutas da tortura própria, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las. Trata-se, portanto, de crime omissivo e próprio. 9.5. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI 9.503/97) HOMICÍDIO CULPOSO NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR Conceito (art. 302 do CTB): praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor. Penas: detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Forma qualificada: se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. Penas: reclusão, de 5 a 8 anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade culposa, já que na modalidade dolosa o crime será o previsto no art. 121 do CP. Causas de aumento de pena: a pena é aumentada de 1/3 à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento da morte da vítima. A tentativa não é possível, já que se trata de modalidade culposa. Prisão em flagrante: ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela (art. 301 do CTB). LESÃO CULPOSA NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR Conceito (art. 303 do CTB): praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Penas: detenção, de 6 meses a 2 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Regras Importantes: em regra, aplica-se a Lei n. 9.099/95. Excetuam-se as hipóteses em que o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente e III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h. Forma qualificada: a pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade culposa, já que na modalidade dolosa o crime será o previsto no art. 129 do CP. Causas de aumento de pena (as mesmas previstas para o crime de homicídio culposo na condução de veículo automotor - art. 302 do CTB). Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que a vítima sofre a lesão. A tentativa não é possível, já que se trata de modalidade culposa. Prisão em flagrante: ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. Ação penal: pública condicionada à representação, salvo nos casos previstos no § 1º do art. 291 do CTB. OMISSÃO DE SOCORRO Conceito (art. 304 do CTB): deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública. Penas: detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Regra Importantes: o condutor do veículo responderá por sua omissão, ainda que o socorro seja prestado por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea. Sujeitos: a) sujeito ativo: condutor do veículo que se envolveu em acidente com vítima; b) sujeito passivo: vítima do acidente. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento da omissão. A tentativa não é possível, já que se trata de crime omisso próprio. Ação penal: pública incondicionada. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO P EN AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1919 ALTERAÇÃO IMPORTANTE A Lei n. 13.804/2019 acrescentou o art. 278-A ao CTB, estabelecendo, no caso de condutores de veículos pegos praticando contrabando, descaminho, furto, roubo e receptação, as seguintes medidas de prevenção: CONDENAÇÃO JUDICIAL DEFINITIVA Cassação do documento de habilitação ou proibição de obter a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 anos (efeito extrapenal da pena). PRISÃO EM FLAGRANTE Suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção (medida cautelar). 9.6. LEI DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (LEI N. 12. 850/2013) Organização criminosa: associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional. REQUISITOS Reunião de ao menos 4 pessoas, estruturada com divisão de tarefas, ainda que a divisão seja informal Obtenção da vantagem de qualquer natureza Prática de duas ou mais infrações penais com penas superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional (ultrapassam o território de um país). TABELA COMPARATIVA CRIME DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA Na associação criminosa exige-se a reunião de ao menos três pessoas com intenção de praticar crime. Reunião de ao menos 4 pessoas, estruturada com divisão de tarefas, ainda que a divisão seja informal Obtenção da vantagem de qualquer natureza Prática de duas ou mais infrações penais com penas superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional (ultrapassam o território de um país). Meios de obtenção de prova: em qualquer fase da persecução penal é possível obter provas pelos seguintes meios: a) colaboração premiada; b) captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; c) ação controlada; d) acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais oucomerciais; e) interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; f) afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; g) infiltração, por policiais, em atividade de investigação; h) cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. Pacote Anticrime: a) As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima, b) passou a tratar expressamente do acordo de colaboração premiada e c) tratou da infiltração de agentes. 9.7. LEI MARIA DA PENHA (LEI N. 11.340/2006) Violência doméstica e familiar contra a mulher: qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, inclusive em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação (art. 5º, III, da Lei Maria da Penha). Alteração Importante: a Lei n. 13.772/2018 alterou o inciso II do art. 7º da Lei Maria da Penha, dispondo que a violação da intimidade da mulher também é considerada violência doméstica, na modalidade violência psicológica. Aplicação da Lei n. 9.099/95: a Lei dos Juizados Especiais não se aplica aos crimes praticados no ambiente doméstico e familiar contra a mulher, independentemente da pena do crime. Assim, não se admitem as medidas despenalizadoras de referida lei (composição civil, transação penal e suspensão condicional do processo). Lesão corporal: todos os tipos de lesão corporal praticados no ambiente doméstico e familiar contra a mulher são processados mediante ação penal pública incondicionada. Renúncia à representação: nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata a Lei Maria da Penha, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Cesta básica: é vedada a aplicação de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. Medidas Protetivas: com a vigência da Lei nº 13.827/2019, as medidas protetivas devem ser aplicadas imediatamente se houver risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher ou seus dependentes. Nesses casos, a medida protetiva poderá ser aplicada pelo Delegado de Polícia (quando o Município não for sede de Comarca) ou pelo policial (quando não houver delegado disponível). OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 11 1. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL PARA A PROVA DA OAB PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: dois aspectos importantes: a) Proíbe juízo ou Tribunal de Exceção e b) Assegura que apenas o Magistrado constitucionalmente competente possa analisar o processo. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO (FAVOR REI): havendo a possibilidade de duas interpretações antagônicas no processo, deve prevalecer aquela que seja favorável ao réu. Exemplos no CPP: a) Não havendo provas suficientes, o réu será absolvido (art. 386, VI, do CPP); b) A revisão criminal existe apenas a favor do réu (art. 621 do CPP); c) É proibida a reformatio in pejus (art. 617 do CPP) e d) Existem recursos exclusivos para o réu: protesto por novo júri, embargos infringentes de nulidade, etc. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL: estabelece uma postura mais ativa do magistrado, exigindo-se a busca pela verdade dos fatos, e não apenas daquilo constante no processo. Exemplos de aplicação: a) o art. 156 do CPP dispõe que o juiz poderá de ofício determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante; b) o artigo 4º, § 16, da Lei n. 12.850/2013, que trata das famosas delações premiadas, estabelecendo que nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: conforme previsto no art. 5º, LVII, da CF/88, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ: exige- se que a sentença seja proferida pelo magistrado que presidiu a instrução probatória. Há, entretanto, situações em que o princípio é excepcionado, como no caso de férias, aposentadoria ou promoção do juiz que instruiu o processo. PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO: o réu tem o direito a não se incriminar, ou seja, o réu não é obrigado a fazer qualquer declaração contra si mesmo, oral ou documentalmente, bem como de não se submeter a exame ou perícia que possa produzir prova contrária à sua defesa, sem que isso importe em confissão dos fatos. 2. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL LEI PROCESSUAL NO TEMPO: vigora o princípio tempus regit actum (o tempo rege o ato), ou seja, as normas processuais penais possuem aplicação imediata DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PENAL A norma processual penal possui aplicação imediata, independentemente se gravosa ou não ao réu. A norma penal retroage se for mais benéfica ao réu, ou seja, a norma poderá ser aplicada às infrações cometidas antes de sua vigência. Exceções à aplicação imediata: a) normas heterotópicas: aquelas que estão no código de processo penal, mas possuem conteúdo de direito material; b) normas mistas: aquelas que possuem aspecto processual e material. LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO: vigora o princípio da territorialidade, de modo que as normas processuais penais são aplicadas apenas aos processos em trâmite no Brasil. Exemplificando: Se um juiz brasileiro expedir uma carta rogatória para ouvir uma testemunha nos EUA, o interrogatório deve ser regido com base na lei norte americana. ATENÇÃO: De acordo com o art. 3º do CPP, a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 3. JUIZ DAS GARANTIAS Com o Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), houve uma mudança substancial no processo penal, estabelecendo- se a atuação de um juiz na fase de investigação e de outro juiz na fase processual propriamente dita. O juiz das garantias atua exclusivamente na fase de investigação, decidindo, por exemplo, sobre interceptação telefônica, prisão temporária/preventiva, audiência de custódia, legalidade do flagrante, etc., ficando esse juiz de garantia impossibilitado de participar na fase processual. PP. Crimes de Menor Potencial Ofensivo: Não se aplica o juiz das garantias. Decisão do STF: Os artigos referentes ao juiz das garantias estão suspensos até que haja nova decisão do STF. 4. INQUÉRITO POLICIAL Conceito: procedimento administrativo de investigação, instaurado pela autoridade policial (Delegado de Polícia), por meio do qual são realizados atos investigatórios para apurar a autoria e a materialidade de infrações penais, com o objetivo de fornecer elementos suficientes para a propositura da ação penal. Infrações penais de menor potencial ofensivo: para as infrações de menor potencial ofensivo, não caberá instauração de inquérito policial, mas sim a lavratura de termo circunstanciado, conforme art. 69 da Lei n. 9.099/95. Principais características do IP: a) escrito: todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito, conforme art. 9 do CPP; b) dispensável: o inquérito policial não é obrigatório para a propositura da ação penal; c) oficiosidade: tratando- se de crime de ação penal pública incondicionada, o delegado de polícia deve instaurar o inquérito policial de ofício, ou seja, independentemente de requerimento; d) indisponibilidade:a autoridade policial não pode dispor do inquérito policial, já que o seu arquivamento depende de pedido feito pelo Ministério Público à autoridade judicial, conforme art. 17 do CPP; e) sigiloso: de acordo OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 22 com o caput do art. 20 do CPP, Cabe a autoridade policial assegurar no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Além disso, o seu parágrafo único estabelece que nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes; f) inquisitivo: o inquérito policial é procedimento inquisitivo, não havendo contraditório e ampla defesa; Pacote Anticrime: houve a inserção do art. 14-A no CPP, exigindo-se a participação de defensor nas investigações criminais que envolvam membros de segurança pública ou das forças armadas que estejam sendo acusado de prática de conduta com caráter letal, na forma tentada ou consumada. (48 horas para o investigado nomear defensor. Se não o fizer, a instituição deverá nomear em 48 horas). Súmula Vinculante nº 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Valor Probante do IP: as provas colhidas durante sua instrução possuem caráter relativo, devendo ser confirmadas em juízo, já que foram produzidas sem a observância do contraditório, da ampla defesa e sem a presença do juiz. Entretanto, como exceção à regra geral, as provas cautelares não repetíveis e antecipadas (uma perícia realizada na cena do crime, por exemplo), não precisam ser repetidas em juízo, conforme disposto no art. 155 do CPP. Prazos para a conclusão do IP: JUSTIÇA ESTADUAL Prazo de 10 dias, se o investigado estiver preso, sendo vedada a prorrogação, ou 30 dias, se o investigado estiver solto, permitindo- se prorrogação. JUSTIÇA FEDERAL Prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias, se o investigado estiver preso, ou 30 dias, se estiver solto, permitindo-se a prorrogação. LEI DE DROGAS Prazo de 30 dias, se o investigado estiver preso, ou 90 dias, se estiver solto, admitindo-se em ambas as hipóteses uma única prorrogação (art. 51 da Lei n. 11.343/2006). CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10 dias, estando o investigado preso ou solto (art. 10°, §1°, da Lei n. 1.521/51) ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL ARQUIVAMENTO: a autoridade policial, ainda que convencida da inexistência do crime, não poderá mandar arquivar os autos do inquérito já instaurado (art. 17 do CPP), devendo encaminhá-lo ao Ministério Público, que poderá adotar uma das seguintes medidas: a) requerer a devolução do inquérito policial, requisitando novas diligências imprescindíveis ao delegado de polícia, se entender que não há elementos suficientes para a propositura da ação penal. Neste caso, o delegado tem o dever de cumprir a requisição do membro do Ministério Público; b) oferecer a denúncia, quando o inquérito policial contiver elementos suficientes para caracterizar a autoria e materialidade do crime ou c) requerer o arquivamento do inquérito policial ao juiz nas seguintes hipóteses: atipicidade, extinção da punibilidade, excludentes de ilicitude e de culpabilidade, ou ausência de provas. Decisão do juiz: concordando com os fundamentos apresentados pelo Ministério Público, o juiz determinará o arquivamento do inquérito policial, que não poderá ser desarquivado, salvo em situações excepcionais, como na hipótese de o arquivamento ter sido baseado na ausência de provas (justa causa) e posteriormente surgirem novas provas contra o indiciado. Arquivamento por ausência de provas: a decisão judicial de arquivamento por falta de provas não transita materialmente em julgado, de modo que será possível o desarquivamento do inquérito policial para a apuração de novas provas, conforme art. 18 do CPP e Súmula n. 524 do STF. Arquivamento pela atipicidade do fato: se o arquivamento do inquérito policial estiver pautado na atipicidade do fato, na extinção da punibilidade ou ausência culpabilidade, a decisão fará coisa julgada material e formal, sendo vedado o desarquivamento do inquérito policial. Decisão irrecorrível: decisão que determina o arquivamento do inquérito policial é irrecorrível, salvo quando se tratar de crime contra a economia popular (Lei n. 1.521/51) ou das contravenções penais previstas nos artigos 58 e 60 do Decreto – Lei n. 6.259/44. Juiz discorda do pedido de arquivamento feito pelo MP: se o juiz não concordar com o pedido de arquivamento feito pelo Ministério Público, o magistrado fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender (art. 28 do CPP). Pacote Anticrime: a Lei n. 13.964/19 anterou substancialente o contéudo do art. 18 do CPP, mas a aplicação do artigo alterado está suspensa até que haja nova decisão do STF. Arquivamento Implícito: não se admite o denominado arquivamento implícito do Inquérito Policial. Considera-se implícito o pedido de arquivamento, quando o Ministério Público deixa de incluir na denúncia autor ou partícipe investigado no inquérito policial, sem ter formulado pedido de arquivamento expresso (parcial) nesse sentido. Nesse caso, o Juiz deve devolver os autos ao Ministério Público indicando a omissão, podendo o membro do MP aditar a inicial para incluir o autor/partícipe que dela não constava, ou ainda requerer o arquivamento em relação ao investigado ausente, fazendo-o de forma expressa. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 33 5. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL Conceito: trata-se -se negócio jurídico firmado pelo Ministério Públicio com o investigado, para que não haja o oferecimento da denúncia, desde que seja admitida a prática da infração penal e que o investigado cumpra as condições fixadas no acordo. Passou a ser previsto expressamente no CPP (art. 28-A) com a vigência do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19) Requisitos: a) Não deve ser caso de arquivamento (MP entende que é caso de denúncia), b) Confissão formal e circunstancialmente (o investigado precisa trazer elementos que convençam o MP a respeito da prática do crime), c) Infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos. Hipóteses de não aplicação: a) se cabível transação penal, b) investigado reincidente, c) investigado ter sido beneficiado nos últimos 5 anos com outro acordo de não persecução penal, d) crime violência doméstica ou familiar, ou praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. Formalidades: formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. Homologação: o acordo de não persecução penal deve ser homologado pelo juiz. Para tanto, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade e legalidade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor. 6. AÇÃO PENAL A ação penal é classificada de acordo com o seu titular, ou seja, conforme aquele que possui legitimidade para propô-la, podendo ser de inciativa público ou privada. AÇÃO PENAL PÚBLICA Considerada a regra geral, é aquela promovida exclusivamente pelo Ministério Público, sendo regida pelos seguintes princípios:OBRIGATORIEDADE Havendo indícios da materialidade e autoria do crime, o Ministério Público é obrigado a propor a ação penal. Como exceção a esse princípio, o art. 76 da Lei n. 9.099/95 prevê, para os crimes de menor potencial ofensivo, o instituto da transação penal. OFICIALIDADE Cabe a um órgão oficial (Ministério Público) promover, privativamente, a ação penal pública. A exceção a esse princípio é a ação privada subsidiária da pública INDISPONIBILIDADE: O Ministério Púbico não pode desistir da ação após oferecida a denúncia (art. 42 do CPP), nem desistir do recurso por ele interposto, conforme art. 576 do CPP. Exceção ao princípio da indisponibilidade é a suspensão condicional do processo, previsto no art. 89 da Lei n. 9.099/95. INDIVISIBILIDADE Havendo indícios de autoria ou participação, a ação penal deve ser proposta em face de todos os envolvidos no crime (autores e partícipes), não podendo o Ministério Público deixar de denunciar nenhum dos envolvidos propositalmente. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA O oferecimento da denúncia fica a critério unicamente do Ministério Público, não dependendo da manifestação de vontade de terceiro. Como regra geral, para identificar se o crime é de ação penal pública incondicionada, o texto legal não faz qualquer referência sobre a necessidade de representação, ou seja, permanece em silêncio sobre o tema. LESÃO CORPORAL GRAVE E GRAVÍSSIMA São processados mediante ação penal pública incondicionada. LESÃO CORPORAL LEVE E LESÃO CORPORAL CULPOSA Como regra geral, são crimes de ação penal pública condicionada, isto é, dependem de representação. VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA A MULHER NO ÂMBITO DOMÉSTICO Qualquer lesão corporal praticada em face da mulher no âmbito doméstico será processada mediante ação penal pública incondicionada, conforme art. 41 da Lei Maria da Penha AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA O oferecimento da denúncia depende da manifestação da vontade alheia, que pode ser a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça. Representação: a representação deve ser formulada pela própria vítima e dirigida à autoridade policial ou membro do Ministério Público, salvo quando se tratar de menor de 18 (dezoito) anos, mentalmente enfermo, ou retardado mental, quando a representação deverá ser formulada pelo seu representante legal (art. 24 do CPP). Curador especial: não havendo representante legal, ou se os interesses desse colidirem com o da vítima, o juiz nomeará curador especial, que decidirá sobre a necessidade e conveniência da representação (art. 33 do CPP). Morte do ofendido: em caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, § 1º, do CPP), tratando-se de OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 44 rol taxativo e devendo-se observar a ordem de preferência. Prazo: o prazo para a representação é de 6 meses, a partir do momento em que a vítima tem conhecimento da autoria do fato (art. 38 do CPP). Trata-se de prazo decadencial que, uma vez esgotado, acarretará a extinção da punibilidade (art. 107, IV, do CP). A requisição do Ministro da Justiça não se sujeita ao prazo decadencial de 6 meses. Retratação: a vítima pode se arrepender, ou seja, se retratar até o oferecimento da denúncia, conforme art. 25 do CPP. Prevalece ainda que é possível a retratação da retratação. AÇÃO PENAL PRIVADA Apenas o particular possui legitimidade para propor a ação penal, mediante queixa-crime. Para identificar se o crime é processado mediante ação penal privada, o legislador se vale normalmente da expressão “somente se procede mediante queixa”. • Princípio da oportunidade ou conveniência: cabe ao ofendido avaliar se pretende ou não propor a ação penal privada, podendo renunciar ao direito de queixa ou simplesmente permanecer inerte pelo prazo decadencial de 6 (seis) meses, sendo que, em ambos os casos, haverá extinção da punibilidade do fato. • Princípio da Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação penal proposta, mediante perdão, que depende da aceitação do querelado, ou ainda por meio da perempção, quando o querelante deixa de dar seguimento à ação penal nos casos previstos no art. 60 do CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá (art. 49 do CPP). A perempção acarreta a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, com a extinção da punibilidade do réu nos seguintes casos: I - quando o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 do CPP, III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. • Princípio da Indivisibilidade: a ação penal privada deve ser proposta em face de todos os envolvidos no crime (autores e partícipes), não podendo o ofendido escolher contra quem irá propor a ação. . • Princípio da Intransmissibilidade: a ação penal privada não pode atingir terceiros não envolvidos no fato delituoso. ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA AÇÃO PENAL PRIVADA PROPRIAMENTE DITA Pode ser promovida pelo ofendido ou por seu representante legal, e que se admite a transferência da titularidade da ação para o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, em caso de morte ou ausência do ofendido. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA Apenas o ofendido pode promover a ação penal, não se admitindo a sucessão processual, nem mesmo a possibilidade de o representante da vítima oferecer a queixa-crime. Assim, em caso de morte do ofendido, haverá obrigatoriamente a extinção do processo. O único crime de ação penal privada personalíssima é o previsto no art. 236 do CP. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Nos crimes de ação penal pública, havendo inércia por parte do Ministério Público para oferecimento da denúncia no prazo legal, o ofendido poderá ingressar com a ação penal. Apenas no caso de inércia do Ministério Público é que se permite a ação penal privada subsidiária da Pública DENÚNCIA E QUEIXA PRAZO PARA A DENÚNCIA PRAZO PARA A QUEIXA CRIME • Justiça comum: 5 dias (réu preso) e 15 dias (réu solto). • Lei de Drogas: 10 dias, réu preso ou solto. • Lei de Abuso de Autoridade: 48 h, réu preso ou solto. Os prazos para oferecimento da denúncia são impróprios, ou seja, ainda que não cumpridos permitem que o Ministério Público ofereça posteriormente a denúncia, desde que respeitado o prazo prescricional. No entanto, o não oferecimento na denúncia no prazo legal permitirá ao réu preso impetrar habeas corpus e ao ofendido ingressar com ação penal subsidiária da pública. • Ação Penal Privada:– 6 meses do conhecimento da autoria do crime. • Ação Penal Privada Personalíssima: 6 meses contados do trânsito em julgado da sentença que reconheceu o impedimento do casamento. • Ação Penal Privada Subsidiária da Pública 6 meses contados da perda do prazo de oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. Se o ofendido permanecer inerte nesse prazo, o MP poderá ainda oferecer denúncia, desde o crime não esteja prescrito. Os prazos acima são decadenciais e, se não observados, acarretam a extinção da punibilidade. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV55 7. AÇÃO CIVIL EX DELITO Nos casos em que o crime possui repercussão na esfera civil é que se destaca a ação civil ex delito, ajuizada pela vítima do crime para obter reparação dos danos sofridos em razão da infração penal. SENTENÇA CRIMINAL QUE FAZ COISA JULGADA NA ESFERA CIVIL SENTENÇA CRIMINAL QUE NÃO FAZ COISA JULGADA NA ESFERA CIVIL • Sentença condenatória (art. 63, caput, do CPP) – a vítima será indenizada na esfera civil. • Sentença absolutória que reconhece a inexistência do fato (art. 66 do CPP) – a vítima não será indenizada na esfera civil. • Sentença penal absolutória que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito (art. 65 do CPP) – a vítima não será indenizada na esfera civil. • Sentença absolutória que não reconhecer categoricamente a inexistência material do fato (ausência de provas). • De acordo como art. 67 do CPP, não impedirão igualmente a propositura da ação civil: I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. Nesses casos, a vítima irá discutir o seu direito à indenização na esfera civil, sem interferência da decisão penal. 8. COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI: compete ao Tribunal do Júri julgar os crimes dolosos contra a vida (art. 5, XXXVIII, da CF/88), consumados ou tentados, ou a ele conexos. Súmula n. 603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri”. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL: a competência da Justiça Federal é extraída dos incisos IV, V, V-A, VII, IX, X e XI do art. 109 da CF/88. Crimes políticos (inciso IV, primeira parte): entende- se por crime político aquele que lesa ou expõe a perigo a estrutura institucional, a soberania ou o regime político de um país, ou atenta contra a pessoa dos Chefes dos Poderes da União, conforme art. 1º da Lei n. 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional). Crimes contra bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (inciso IV, segunda parte): crimes e infrações cometidas contra interesse de empresa Pública (Caixa Econômica Federal, por exemplo) são de competência da Justiça Federal, mas quando praticados contra Sociedade de Economia Mista (Banco do Brasil, por exemplo) são de competência da Justiça Estadual. Além disso, importante ressaltar que as contravenções penais serão julgadas pela Justiça Estadual mesmo que ofenderem interesses da União, conforme Súmula n. 38 do STJ. Crimes previstos em tratado ou convenção internacional (inciso V): são de competência da Justiça Federal os crimes que iniciaram sua a execução no País e o resultado ocorrer ou tiver que ocorrer no estrangeiro, e vice-versa, desde que o crime esteja previsto em tratado ou convenção internacional. Causas relativas à grave violação de Direitos Humanos (inciso V-A e § 5º): nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira (inciso VI): em relação aos crimes contra organização do trabalho, deve haver violação genérica a vários trabalhadores para que a competência seja da Justiça Federal. Quando o crime envolver apenas um trabalhador, a competência será da Justiça Estadual. Importante ressaltar ainda que o STF firmou entendimento de que o crime de redução a condição análoga a de escravo (art. 149 do CP), apesar de não estar no título dos crimes contra organização do trabalho do Código Penal, é de competência da Justiça Federal. Os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição (inciso VII): se o ato de constrangimento ilegal for praticado por autoridade federal, o habeas corpus deve ser julgado na Justiça Federal. Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar (inciso IX): se o crime for cometido em pequena embarcação, entende-se que a competência é da Justiça Estadual, tendo em vista que o inciso IX se valeu da palavra �navio�, que se trata de embarcação de grande porte. Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro (inciso X); Crimes envolvendo direitos dos índios: para que o crime seja da Competência da Justiça Federal, deve ser praticado contra direitos indígenas, como na hipótese de crime praticado na disputa de terras ou que possa comprometer a cultura do índios (exemplo: crime praticado contra uma coletividade de índios, em razão de preconceito ou para tentar dominar território). Assim, se o crime não envolver direitos do índio (terra, cultura, preconceito, etc.), a competência será da Justiça Comum (art. 142 do STJ). COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL: a justiça Estadual possui competência residual, isto é, será competente para apreciar todos os crimes que não foram expressamente colocados como de competência da Justiça Federal, Militar ou Eleitoral. É importante registrar ainda que, se houver conexão entre crimes da justiça Federal e Estadual, será competente para o OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 66 julgamento da Justiça Federal (Súmula n. 122 do STJ). COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS: inicialmente deve-se verificar a natureza da infração penal: tratando-se de contravenção penal, a competência será do JECRIM Estadual (art. 109, IV, da CF/88); tratando-se de crime, a competência poderá ser do JECRIM estadual ou federal, dependendo se o fato típico estiver ou não previsto em uma das hipóteses do art. 109 da CF/88. Após analisada a competência em razão da natureza da infração, a competência territorial será determinada pelo local onde tiver sido consumado o delito, conforme art.70 da Lei nº 9.9099/95 COMPETÊNCIA TERRITORIAL COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LOCAL : dentre os vários órgãos da primeira instância, a competência se estabelece, via de regra, pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução, conforme previsto no art. 70, caput, do CPP. Principais Exceções à regra geral: a) infrações penais de menor potencial ofensivo: de acordo com o art. 63 da Lei n. 9.099/95, a competência do Juizado Especial Criminal será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal, ou seja, local da conduta (ação ou omissão) e não do resultado, como previsto no Código de Processo Penal, b) crime à distância: I) se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução (§ 1º do art. 70 do CPP), II) quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado (§ 2º do art. 70 do CPP). COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DURAÇÃO: a competência por prerrogativa de função perdura enquanto o agente estiver no respectivo cargo ou função. Se houver perda do cargo, término do mandato ou aposentadoria, os autos deverão ser remetidos ao Juízo que teria competência para julgaro agente sem prerrogativa de função. IMPORTANTE: a competência por prerrogativa de função estabelecida na Constituição Federal prevalece sobre a competência do Tribunal do Júri. Entretanto, a competência do Tribunal do Júri prevalece sobre a competência por prerrogativa de função estabelecida na Constituição Estadual (Súmula Vinculante 45 do STF). COMPETÊNCIA DO STF COMPETÊNCIA DO STJ COMPETÊNCIA DO TJ/TRF/ TRE PODER EXECUTIVO: Presidente da República, Vice-Presidente da República e Advogado-Geral de União. PODER JUDICIÁRIO: Membros do Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, TSE e STM). PODER LEGISLATIVO: Membros do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e do Senado Federal); Outros: Procurador Geral da República, Ministros de Estado, Comandante das Forças Armadas, Membros do Tribunal de Contas da União, Chefes de Missão Diplomática de caráter permanente e Presidente do Banco Central. PODER EXECUTIVO: Governadores do Estado e do Distrito Federal PODER JUDICIÁRIO: Membros dos TJs, TRFs, TRTs, TREs. PODER LEGISLATIVO: NÃO HÁ Outros: Membros do Ministério Público da União que atuam em segunda Instância e Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e Distrito Federal. PODER EXECUTIVO: Prefeitos (TRF se o crime for de competência da Justiça Federal e TJ se o crime for de competência da Justiça Estadual). PODER JUDICIÁRIOS: Juízes de Direito, Juízes Federais, Juízes do Trabalho e Juízes Militares. PODER LEGISLATIVO: Deputados Estaduais e Vereadores, desde que haja previsão na respectiva Constituição Estadual (TRF se o crime for de competência da Justiça Federal e TJ se o crime for de competência da Justiça Estadual). Outros: Membros do Ministério Público Estadual (TJ) e do Ministério Público da União (TRF) que atuam em primeira instância. 9. QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES ESPÉCIES DE INCIDENTES RESTITUIÇÃO DA COISA APREENDIDA: tem lugar para o interessado reaver objeto apreendido no curso da investigação ou do processo penal. Como regra geral, antes do trânsito em jugado, a restituição é cabível apenas quando se tratar de objeto lícito que não interessa OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 77 mais ao processo (art. 118 do CPP). A restituição, quando cabível e quando não houver dúvida sobre o direito do reclamante, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou pelo juiz, mediante termo nos autos. Dúvida sobre o objeto a ser restituído: se houver dúvida acerca do direito do reclamante, apenas o juiz poderá decidir sobre a restituição. Nesse caso, o incidente será autuado em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova e, após ouvido o ministério Púbico, o juiz irá decidir. Entretanto, se permanecer a dúvida quem seja o verdadeiro dono, não superada no incidente, o juiz remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas (art. 120, § 4º, do CPP). MEDIDAS ASSECURATÓRIAS: as medidas assecuratórias são providências cautelares que objetivam assegurar o ressarcimento pecuniário do ofendido, pagamento de despesas processuais ou penas pecuniárias ao Estado, evitando o enriquecimento ilícito por parte do criminoso. As medidas assecuratórias são divididas em: sequestro, hipoteca legal, e arresto. SEQUESTRO É cabível quando houver indícios veementes da proveniência ilícita dos bens (móveis ou imóveis), mesmo que estes já tenham sido transferidos a terceiros (artigos 125 e 126 do CPP). O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa (art. 127 do CPP). Levantamento: o art. 131 do CPP prevê as hipóteses em que haverá o levantamento do sequestro, a saber: I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar concluída a diligência; II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure a aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal; III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado. ARRESTO Incide sobre o patrimônio lícito do agente. É cabível arresto de bens móveis ou imóveis, sendo neste último caso utilizado como medida preparatória para uma posterior hipoteca legal. HIPOTECA LEGAL Destinada a assegurar prioritariamente a reparação do dano causado, recai sobre bens imóveis de origem lícita do réu ou indiciado, exigindo-se certeza da infração e indícios suficientes da autoria (art. 134 do CPP). É concretizada por meio da inscrição no registro público do bem da intransferibilidade, a fim de proteger eventuais interessados de boa-fé. INCIDENTE DE FALSIDADE: poderá ser arguido por escrito a falsidade do documento sendo que, se a arguição for feita por advogado, este deverá possuir poderes especiais para tanto (art. 146 do CPP). Se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, o juiz mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL: quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal, que poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente. Inimputabilidade no momento do crime: o processo continuará com a presença do curador e, se condenado, o réu será submetido à medida de segurança (art. 151 do CPP). Inimputabilidade posterior ao crime: entretanto, caso a inimputabilidade seja posterior à prática do crime, o processo deverá ser suspenso até que o acusado se restabeleça, sendo que, se for posteriormente condenado, será submetido à aplicação da pena normalmente (art. 152 do CPP). 10. PROVA PROVAS EM ESPÉCIE EXAME DE CORPO DE DELITO: exame obrigatório para apurar os vestígios físicos deixados pela prática de uma infração penal. CORPO DE DELITO DIRETO CORPO DE DELITO INDIRETO Quando realizado diretamente sobre os vestígios da ação delituosa ocorre quando, por não existir mais os vestígios, há colheita de prova testemunhal afirmando ter presenciado o crime ou os seus vestígios, ou ainda pela análise de documentos periféricos (prontuário médico, fichas de internação, etc.). INTERROGATÓRIO DO ACUSADO: a autodefesa no processo penal é exercida principalmente pelo interrogatório, que é o momento processual em que o réu poderá apresentar sua versão sobre os fatos. Assim, o interrogatório possui natureza híbrida, podendo ser considerado tanto um meio de defesa como um meio de prova. Silêncio: um dos dispositivos mais importantes OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 88 sobre o interrogatório é o art. 186 do CPP, que garante ao acusado o direito de permanecer calado durante o interrogatório (direito ao silêncio), o que não caracteriza confissão e não lhe trará qualquer prejuízo para a defesa. Videoconferência: excepcionalmente, juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma finalidades previstas no § 2º do art. 185 do CPP: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outrarazão, possa fugir durante o deslocamento; II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 do CPP; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. PROVA TESTEMUNHAL PESSOAS QUE PODEM SE RECUSAR A DEPOR PESSOAS PROIBIDAS DE DEPOR Ascendente, descendente, afim em linha reta, companheiro ou cônjuge, ainda que separado judicialmente, irmão e filho do acusado. As pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo. Exceção: Serão ouvidas como informantes quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar- se a prova do fato e de suas circunstâncias. Exceção: Poderão ser ouvidas como testemunhas se, após serem desobrigadas a guardar o sigilo pela parte interessada, quiserem depor. PROCEDIMENTO NÚMERO MÁXIMO DE TESTEMUNHAS Comum ordinário 8 testemunhas Comum sumário 5 testemunhas Sumaríssimo 3 testemunhas Procedimento do Júri 1ª fase: 8 testemunhas 2ª fase: 5 testemunhas Carta Precatória: a expedição de carta precatória não suspende a instrução criminal e apenas o juiz deprecante (que expediu a carta) deverá intimar as partes. Não há, portanto, nenhuma obrigação por parte do juízo deprecado de informar as partes sobre a data da oitiva da testemunha deprecada, conforme entendimento sedimentado na Súmula n. 273 do STJ. BUSCA E APREENSÃO A busca e a apreensão, prevista no art. 240 e seguintes do CPP, é considerada um meio cautelar de obtenção de prova para evitar o desaparecimento de pessoa ou coisa, sendo classificada em domiciliar ou pessoal. Busca Domiciliar: ocorrerá quando houver fundada suspeita da existência de provas importantes para a elucidação de um crime e, representando uma exceção à inviolabilidade do domicílio, devendo ocorrer durante o dia e por determinação judicial (mandado judicial), conforme previsto no art. 5º, XI, da CF/88. Escritório de advocacia: a realização de busca e apreensão em escritório de advocacia depende da presença de indícios de autoria e materialidade de crime por parte do advogado; decretação motivada de quebra da inviolabilidade por autoridade judiciária; expedição de mandado de busca e apreensão específico e pormenorizado a ser cumprido na presença de representante da OAB, no termos do artigo 7º, § 6º, do EAOAB. Busca pessoal: a busca pessoal é realizada diretamente no corpo, vestimentas e objetos pessoais em posse da pessoa investigada e será admitida mediante mandado judicial. Entretanto, excepcionando a regra geral, o art. 244 do CPP dispensa o mandado judicial no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. PROVA ILÍCITA PROVA ILÍCITA PROVA ILEGÍTIMA Violação à norma de caráter material. Violação à norma de direito processual. Gravação Clandestina: trata-se da gravação ambiental ou telefônica feita por um dos interlocutores da conversa. O Supremo tribunal Federal vem admitindo esse tipo de gravação, não sendo, portanto, considerada prova ilícita. Interceptação Telefônica: é a gravação da comunicação feita por um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores (grampo telefônico), dependendo de autorização judicial. A prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização judicial é considerada ilícita (art. 5º, XII, da CF/88). Hipóteses em que a interceptação telefônica não é admitida: o art. 2° da Lei n. 9.296/96 estabelece as hipóteses em que a interceptação telefônica não será admitida, vejamos: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Além disso, o parágrafo único estabelece que, em qualquer hipótese, deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. Teoria dos frutos da árvore envenenada: que o § 1º do art. 157 do CPP também considera como inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (teoria dos frutos da árvore envenenada), salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras (teoria da prova inevitável). OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 99 CADEIA DE CUSTÓDIA Pacote anticrime: A Lei n. 13.964/19 acrescentou os artigos 158-A e 158-B ao CPP para tratar da denominada cadeia de custódia. Conceito: considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte, o que compreende, segundo o art. 158-B, também acrescido pela Lei 13.964/19, o reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte, recebimento, processamento, armazenamento e descarte dos vestígios. 11. PRISÕES CAUTELARES As prisões cautelares são medidas excepcionais, porque restringem a liberdade do acusado antes do trânsito em julgado da decisão penal condenatória, podendo ser concedidas apenas se estiverem presentes os requisitos do fumus commissi delicti e periculum libertatis. Existem basicamente 3 (três) espécies de prisões cautelares: prisão em flagrante, prisão preventiva e prisão temporária. Prisão domiciliar: a Lei n. 12.403/11 passou a prever a possibilidade da prisão domiciliar, em substituição preventiva, muito em voga atualmente em razão da operação lava jato. PRISÃO EM FLAGRANTE FLAGRANTE PRÓPRIO O agente está praticando a infração penal ou acabou de praticá-la FLAGRANTE IMPRÓPRIO OU QUASE FLAGRANTE O agente é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração. Para o flagrante impróprio ser válido, é necessário que a perseguição seja ininterrupta FLAGRANTE PRESUMIDO OU FICTO O agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração Crimes permanentes: nos crimes permanentes, como no caso do crime de sequestro, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Flagrante preparado ou provocado: ocorre quando alguém provoca ou induz o sujeito à prática do delito e toma as medidas idôneas para que não haja consumação da infração. Trata-se de flagrante inválido, conforme Súmula n. 145 do STF: – não há crime quando a preparação do flagrante torne impossível sua consumação. Flagrante esperado: ocorre quando a autoridade policial, por informações legítimas, limita-se a aguardar o momento da prática do delito para realizar a prisão. Como não há qualquer induzimento para que o agente pratique o crime, o flagrante é considerado válido. Flagrante forjado: o agente é vítima de uma encenação, como no caso de policial ou terceiro que planta provas (drogas) no carro do suposto agente. Trata- se de flagrante ilícito e criminoso. Flagrante protelado, prorrogado ou retardado: a polícia retarda o flagrante, aguardando o momento mais oportuno para reunir provas, como no caso envolvendo crimes de tráfico de drogas (art. 53, II, da Lei n. 11343/06) e organização criminosa (art. 2º, II, Lei n. 9034/95). Trata- se de flagrante com previsão legale, portanto, válido. Procedimento: deverá ocorrer a formalização da prisão em flagrante, conforme o seguinte procedimento: O preso é apresentado à autoridade policial, que ouvirá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este, cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, a autoridade policial procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, e, ao final, lavrando o auto de prisão em flagrante. Lavratura: da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Comunicação: a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada e, em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. Nota de Culpa: no mesmo prazo de 24h, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. Conduta do juiz: como o acusado não pode ficar preso por prazo indeterminado, ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente, de acordo com o art. 310 do CPP, tomar uma das seguintes condutas: I - relaxar a prisão ilegal; II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 do CPP, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; III conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. PRISÃO PREVENTIVA Nos termos do art. 311 do CPP, em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial, sendo cabível como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, para assegurar a aplicação da lei penal, ou em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares. Pacote Anticrime: a Lei n. 13.964/19 alterou o art. 311 do CPP, para deixar claro que não é possível a aplicação da OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1010 prisão preventiva de ofício pelo magistrado. A revogação, no entanto, pode ser de ofício (art. 316 do CPP), além do que deve ser revista a cada 90 dias. Pressupostos: a) fumus commissi delicti: prova da existência do crime e indícios de sua autoria e b) periculum libertatis: representa o perigo que a liberdade do acusado pode gerar. Hipóteses: a) crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; b) se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Código Penal (nova condenação após 5 anos do trânsito em julgado da decisão anterior – sistema da temporariedade da reincidência); c) o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; d) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. Prisão domiciliar: a Lei nº 12.403/2011 passou a prever a possibilidade de conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV - gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos (art. 318 do CPP). Alteração Importante: a Lei nº 13.769/2018 acrescentou o art. 318-A do CPP, passando a dispor que a prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será obrigatoriamente substituída por prisão domiciliar, desde que: I “ o crime não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça a pessoa e II “ o crime não tenha sido cometido contra seu filho ou dependente. PRISÃO TEMPORÁRIA Conceito: pode ser decretada apenas no curso da fase de investigação criminal, e tem como principal objetivo permitir que se finalizem as investigações nos crimes previstos no inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89. A prisão temporária pode ser requerida pala autoridade policial ou pelo Ministério Público, mas não pode ser decretada de ofício pelo juiz. Hipóteses: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade e III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 7.960/89. Prazo: a prisão temporária terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade Crime hediondo: em se tratando de crime hediondo ou equiparado o prazo da prisão temporária será de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias REVOGAÇÃO E RELAXAMENTO DA PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA Revogação da prisão: a revogação da prisão ocorre quando ficar constatado que não mais subsistem os motivos que fundamentaram sua decretação, sendo possível nos casos de prisão preventiva e temporária. Relaxamento da prisão: cabível nos casos em que ocorrer prisão ilegal, em qualquer modalidade (flagrante, preventiva e temporária), inclusive em se tratando de crime hediondo, conforme súmula n. 697 do STF: “A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo”. Liberdade provisória: a liberdade provisória é instituto processual que substitui a prisão em flagrante (art. 5º, LXVI, CF/88 e art. 310, III, do CPP), sendo concedida quando, analisando-se o auto de prisão em flagrante, ficar demonstrado que não se trata de caso de relaxamento de prisão, nem existem os pressupostos para a concessão de prisão preventiva. RELAXAMENTO DA PRISÃO LIBERDADE PROVISÓRIA Prisão ilegal Prisão legal Cabível em qualquer espécie de prisão cautelar Cabível apenas no caso de prisão em flagrante O acusado terá liberdade ampla Acusado fica sujeito ao cumprimento de certas condições ATENÇÃO: a) sobre o tema do uso da força no ato da prisão, lembrar o contido na Súmula Vinculante n. 11 do STF; b) a Lei n. 13.434/2017 acrescentou o parágrafo único ao art. 292 do CPP, para vedar o uso de algemas (i) em mulheres grávidas durante o parto ou (ii) durante a fase de puerpério imediato. 12. CITAÇÃO E INTIMAÇÃO CITAÇÃO: existem duas modalidades distintas de citação: a) a real, que constitui a regra no processo penal, podendo ser dividida em 5 espécies (citação por mandado, por carta precatória, por carta rogatória, por carta de ordem e por requisição); b) a ficta, realizada por meio de edital ou com hora certa, e cabível apenas quando não for possível efetivar-se a citação pessoal. INTIMAÇÃO:INTIMAÇÃO: diferentemente da citação, que é direcionada ao réu para que este possa se defender, a intimação é a comunicação de atos processuais, como por exemplo, a juntada de laudo pericial ou a realização de uma audiência, podendo ser direcionada a qualquer pessoa. Importante destacar ainda que a intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal (§ 4º do art. 370 do CPP). 13. SENTENÇA OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1111 Sentença Absolutória ABSOLUTÓRIA PRÓPRIA Decisão que julga improcedente a pretensão punitiva, com base em um dos incisos do art. 386 do CPP ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA é aquela que, apesar de reconhecer a existência do fato típico e ilícito, isenta o réu de pena em razão de sua inimputabilidade mental (art. 26, caput do CP), impondo medida de segurança. ABSOLUTÓRIA SUMÁRIA É aquela em que o réu é absolvido logo após a manifestação da defesa no procedimento comum (art. 397 do CPP), ou na primeira fase do procedimento do júri (art. 415 do CPP). Sentença Condenatória: julga procedente, no todo ou em parte, a pretensão punitiva deduzida na inicial, estabelecendo a quantidade da pena, o regime de cumprimento, sua substituição, se cabível, e ainda fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (art. 387 do CPP). Princípio da Correlação: a sentença condenatória deve se manter nos limites fixados pelos fatos narrados na inicial. Entretanto, esse princípio não impede a existência da emendatio libelli e da mutatio libelli. Emendatio libelli (art. 383 do CPP): o juiz, analisando os fatos trazidos pela vestibular, altera a capitulação jurídica do crime trazida na inicial. Exemplo: Promotor de Justiça descreve os fatos na denúncia e os capitula como estelionato e o juiz condena pelos mesmos fatos, mas pelo crime de furto mediante fraude. Mutatio libelli (art. 384 do CPP): necessidade de mudança da peça acusatória em virtude de provas e circunstâncias existentes nos autos. Exemplo: promotor oferece denúncia narrando que o réu subtraiu a carteira da vítima sem violência, capitulando o crime como furto. No entanto, na instrução do processo, a vítima e as testemunhas relatam a subtração ocorreu mediante violência. Nesse caso, o réu não pode ser condenado diretamente pelo crime de roubo, pois não se defendeu do emprego de violência, de modo que o Promotor de Justiça deverá aditar a denúncia, alterando os fatos, e o advogado do réu terá prazo de 5 dias para se manifestar, podendo as partes arrolar três testemunhas para o prosseguimento da instrução. Súmula nº 453 do TST: para assegurar a ampla defesa e o contraditório do réu, a mutatio libelli é permitida apenas na primeira instância, conforme Súmula n. 453 do STF. 14. PROCEDIMENTO COMUM Dividido em ordinário, sumário e sumaríssimo. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO PROCEDIMENTO SUMÁRIO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO Pena máxima igual ou superior a 4 anos Pena máxima superior a 2 anos e inferior a 4 anos Pena máxima inferior a 2 anos PROCEDIMENTO ORDINÁRIO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá- lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. No procedimento ordinário as partes podem arrolar até 8 testemunhas. DECISÃO DO JUIZ QUANTO À ADMISSIBILIDADE DA PEÇA INICIAL O juiz pode rejeitar a denúncia ou queixa nos casos previstos no art. 395 do CPP (I - manifestamente inepta, II- faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; III - faltar justa causa para o exercício da ação penal). Não sendo caso de rejeição, o juiz deve ordenar a citação do réu, a fim de que no prazo de 10 dias ofereça resposta escrita. A decisão de recebimento da denúncia ou queixa interrompe a prescrição (art. 117, I, CP). CITAÇÃO A citação pode ser real (mandado, carta precatória, carta rogatória, carta de ordem e requisição) ou ficta (edital ou com hora certa). No processo penal, o termo inicial para a contagem do prazo (dies a quo) é o dia da intimação e não o dia da juntada aos autos do mandado ou carta precatória. Além disso, a contagem do prazo é feita com a inclusão do dia do início e exclusão do dia do vencimento. RESPOSTA À ACUSAÇÃO O prazo para a apresentação da resposta à acusação é de 10 dias. Não apresentada a resposta, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1212 ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA O acusado poderá ser absolvido sumariamente, isto é, logo após a sua resposta à acusação, sem a necessidade de instrução do processo, nas seguintes hipóteses: a) Existência manifesta de excludente de ilicitude, b) Existência manifesta de excludente de culpabilidade, salvo inimputabilidade, que é causa de absolvição sumária, c) Fato narrado evidentemente não constitui crime, d) Extinta a punibilidade do agente: Morte do agente, prescrição, decadência, perdão judicial, etc. (art. 107 do CP). AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO Não se tratando de hipótese de absolvição sumária, o juiz deve designar audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias. Na audiência, serão realizados, nesta ordem, os seguintes atos: Tomada de declarações do ofendido, Inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa (8 testemunhas para cada parte), Esclarecimentos dos peritos, Acareações, Reconhecimento de pessoas e coisas e Interrogatório do acusado. ALEGAÇÕES FINAIS Não havendo requerimento de diligências complementares, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença (art. 403, caput, do CPP). O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais SENTENÇA A regra geral é que a sentença seja proferida na própria audiência. Entretanto, havendo necessidade de diligência complementar ou se o juiz conceder as partes a possibilidade de apresentação de memoriais, a sentença deve ser proferida no prazo de 10 dias. PROCEDIMENTO SUMÁRIO Procedimento: o procedimento sumário segue o mesmo trâmite do procedimento ordinário, com as seguintes adaptações: a) O prazo para a realização da audiência de instrução é de 30 dias, e não de 60 dias como no procedimento ordinário, b) As partes podem arrolar até 5 testemunhas (no procedimento ordinário são 8 testemunhas), c) Não existe a previsão de pedido de diligências e d) Não há previsão da possibilidade de alegações finais por memoriais. Aplicação excepcional: a regra geral é que o procedimento sumário é aplicável aos casos em que a sanção máxima da infração penal é inferior a 4 anos e superior ou igual a 2 anos. No entanto, ainda que se trate de infração penal de menor potencial ofensivo (pena máxima inferior a 2 anos), poderá ser adotado o rito sumário se o acusado não for encontrado para a citação (Juizado Especial não admite citação por edital), ou em razão da complexidade da causa (art. 66, parágrafo único e art. 77, § 2º, da Lei n. 9.099/95). PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO Aplicação: o procedimento sumaríssimo é adotado para as infrações de menor potencial ofensivo, aplicando- se as regras da Lei n. 9.099/95. Termo Circunstanciado: em se tratando de infração de menor potencial ofensivo, não haverá instauraçãode inquérito policial e sim de Termo Circunstanciado (registro sumário, mais célere), que será encaminhado ao Juizado Especial (art. 69 da Lei n. 9.099/95). Audiência Preliminar: recebido o Termo Circunstanciado, como providência inicial, haverá designação de audiência preliminar, oportunidade em que será ofertada a possibilidade de composição civil dos danos e transação penal. Composição Civil: tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação e havendo homologação da composição civil, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação (art. 74 da Lei n. 9.099/95). Transação penal: não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. No caso de representação, ou se tratando de crime de ação pena pública incondicionada, o Ministério Público poderá propor transação penal com o acusado, uma espécie de “acordo” em que o réu concorda em se declarar culpado, para evitar o ajuizamento da ação penal, sendo-lhe aplicada de imediato pena não privativa de liberdade (art. 72 e 76, Lei n. 9.099/95), como prestação de serviços à comunidade, pagamento de determinado valor para instituição de caridade, entre outras. Se o autor acolher a proposta do Ministério Público, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Hipóteses em que não é cabível a transação penal: não será admitida a transação penal se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida (§ 2º do art. 76 da Lei n. 9.099/95). Súmula Vinculante nº 35: “A homologação da OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1313 transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando- se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial”. Oferecimento da denúncia ou queixa: não ocorrendo a transação penal, haverá o oferecimento da denúncia ou queixa que, de acordo com o art. 77 da Lei n. 9.099/95, deve ser apresentada oralmente na própria audiência preliminar, sendo o acusado citado para comparecer à audiência de instrução e julgamento. Citação: a citação no Juizado Especial deve ser pessoal. Assim, se o acusado não for encontrado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para citação por edital (art. 66 da Lei n. 9.099/95). Suspensão Condicional do Processo: o Ministério Público poderá propor a denominada suspensão condicional do processo por 2 a 4 anos, nos casos em que a pena mínima cominada ao crime for igual ou inferior a 1 (um) ano, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro CRIME e que estejam presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena. Se aceita a proposta, o juiz determinará a suspensão do processo, e o acusado terá extinta a punibilidade se cumprir as condições impostas, dentre as quais: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de frequentar determinados lugares; III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; e IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Revogação da suspensão: a) obrigatória se, no curso da suspensão, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano, b) facultativa (poderá ser revogada) se o acusado vier a ser processado, no curso da suspensão, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. Audiência de Instrução e julgamento: aberta a audiência de instrução e julgamento, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa. Havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença (art. 81 da Lei n. 9.099/95). Provas: todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. Tratando-se de causa complexa que demande, por exemplo realização de perícia, o processo será remetido para a Justiça Comum (art. 77, § 2º, da Lei n. 9.099/95). Sentença: a sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz, sendo que da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, no prazo de 10 dias, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. Alteração Importante: a Lei n. 13.728/2018 acrescentou o art. 12-A à Lei n. 9.099/95, estabelecendo que os prazos no procedimento sumaríssimo serão contados em dias úteis. 15. TRIBUNAL DO JÚRI Competência: a competência do Tribunal do Júri depende da existência de dois requisitos cumulativos: 1) o crime deve ser doloso e 2) o crime deve ser contra a vida (homicídio; induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio; infanticídio e aborto). Latrocínio: é crime contra o patrimônio, por isso não é de competência do Tribunal do Júri. Procedimento: trata-se de procedimento especial bifásico, uma vez que é dividido em duas grandes fases: 1) Sumário da Culpa (Juízo da Acusação) e 2) Julgamento em Plenário (Juízo da Causa). PRIMEIRA FASE: SUMÁRIO DA CULPA Na primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, o juiz decidirá apenas sobre a admissibilidade da acusação. Principais atos: a) Oferecimento da denúncia ou queixa (neste último caso quando se tratar de ação penal subsidiária da pública), permitindo-se arrolar até 8 testemunhas; b) Recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa; c) Recebida a denúncia ou queixa, haverá a citação do Réu para se defender em 10 dias; d) Resposta à acusação, permitindo-se à defesa arrolar até 8 testemunhas; e) Ministério Público ou o querelante tem o direito de se manifestar, em 5 dias, sobre a resposta à acusação, se alegadas preliminares ou forem juntados documentos (art. 409 do CPP); f) Audiência de Instrução e Julgamento. As alegações finais serão orais (não há previsão sobre a utilização de memoriais); g) Sentença oral na própria audiência, ou por escrito em 10 dias. São possíveis quatro tipos de decisões. Decisão ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA Quando provada a inexistência do fato; provado não ser ele autor ou partícipe do fato; o fato não constituir infração penal; ou ainda demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Recurso: Cabe Apelação IMPRONÚNCIA Quando não houver indícios de autoria e materialidade. Recurso: Cabe Apelação DESCLASSIFICAÇÃO Quando se tratar de crime que não é da competência do Júri Recurso: Cabe RESE PRONÚNCIA Quando o juiz se convencer da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. Dará início à segunda fase do procedimento do Júri. Recurso: Cabe RESE OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSOPENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1414 SEGUNDA FASE DO JULGAMENTO DO JÚRI: JULGAMENTO EM PLENÁRIO Se o acusado for pronunciado, será iniciada a segunda fase do procedimento do Tribunal do Júri, que é o julgamento em plenário. DESAFORAMENTO: na segunda fase do Tribunal do Júri, é possível o desaforamento, ou seja, o deslocamento da competência territorial da sessão de julgamento para outra comarca da mesma região, nos casos previstos no art. 427 e 428 do CPP: interesse da ordem pública, houver dúvida sobre a imparcialidade do júri, a segurança pessoal do acusado e excesso de serviço julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. O desaforamento pode feito por requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, sendo o feito julgado pelo Tribunal. Tribunal do Júri: composto por 1 (um) juiz togado e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados. Na sessão de julgamento, para que os trabalhos sejam iniciados, devem comparecer ao menos 15 jurados, dentre os quais serão sorteados 7 jurados para compor o Conselho de Sentença. Instrução: o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado, mas os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presidente. Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes. Debates orais: encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público por 1h30min, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. Em seguida, iniciará a fala da defesa, também por 1h30min. A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, ambas pelo tempo de 1h (uma hora), sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. Se houver mais de um acusado, as falas iniciais, a réplica e a tréplica serão acrescidas de 1h (uma hora). Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder o tempo ora citado. Art. 478 do CPP: durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo (art. 478 do CPP). Art. 479 do CPP: durante o julgamento não será permitida a leitura de qualquer documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. Inclui-se nessa proibição jornais, vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui, etc. Decisão dos jurados: se os jurados estiverem em condição de julgar o processo, irão a uma sala secreta onde responderão os quesitos elaborados pelo juiz presidente. Juiz presidente: o Juiz presidente proferirá a sentença conforme decidido pelos jurados, fixando a pena em caso de condenação. Execução Provisória da Pena: a Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime) alterou a alínea “e” do art. 492 do CPP, passou-se a admitir a possibilidade de execução provisória da pena na hipótese de condenação no Tribunal do Júri quando a pena for igual ou superior a 15 anos. 16. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS LEI DE DROGAS Peculiaridades: a) Inquérito policial: 30 dias se o indiciado estiver preso e 90 dias se estiver solto, permitindo-se a duplicação do prazo pelo juiz, b) Enquanto nos demais procedimentos a defesa é feita após o recebimento da denúncia, no procedimento da Lei de Drogas a defesa é prévia, ou seja, antes do recebimento da denúncia, c) diferentemente do CPP, o interrogatório nos crimes de tráfico de drogas e correlatos é o primeiro ato na audiência de instrução e julgamento. ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS Colaboração Premiada: meio de obtenção de prova por meio da qual o coator ou partícipe de uma infração penal, em troca de benefícios processuais, confessa seu envolvimento no delito e fornece informações eficazes para potencializar as investigações, trazendo resultados importantes para combater as organizações criminosas. O juiz poderá, sendo efetiva a colaboração, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos. Ação controlada: prevista no art. 8º da lei n. 12.850/2013, é exemplo de flagrante esperado e ocorre quando há o retardamento da intervenção da autoridade policial ou administrativa para que a prisão seja realizada posteriormente, no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. A ação controlada será previamente comunicada ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. Infiltração de agentes: representa a inserção proposital e dissimulada de agente policial na organização criminosa com o fim de obter provas eficazes para combatê-la. A infiltração de agente depende de autorização judicial e exige os seguintes requisitos: a) Representação do Delegado de Polícia ou requerimento do Ministério Público, com demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração e b) Indícios da existência da organização criminosa e demonstração de que a prova não pode ser produzida por outros meios disponíveis. 17. RECURSOS PRINCÍPIOS RECURSAIS OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1515 Princípio da singularidade: permite que apenas um único recurso seja interposto para buscar a reforma/ anulação da decisão. Princípio da Voluntariedade: o recurso depende de manifestação impugnativa expressa da parte. A exceção mais conhecida a esse princípio é a possibilidade de recurso de ofício, como no caso da decisão em que o juiz concede a reabilitação, hipótese em que deverá encaminhar de ofício o processo para o Tribunal, conforme art. 746 do CPP, Princípio da Fungibilidade Recursal: esse princípio admite que o recurso inadequado seja recebido como adequado (recebido como outro recurso), desde que não haja má-fé por parte do recorrente (art. 579 do CPP). Princípio da Proibição da reformatio in pejus: não é possível que a situação do recorrente seja piorada com o julgamento do próprio recurso. Assim, se apenas o réu recorrer, sua situação não poderá ser agravada no julgamento do seu recurso, inclusive no que diz respeito a eventual nulidade não reconhecida pelo juízo de primeira instância, conforme previsto na Súmula n. 160 do STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvado os casos de recurso de ofício. Reformatio in pejus indireta: conforme jurisprudência do STF, é proibida a reformatio in pejus indireta, que ocorre “quando a sentença condenatória é anulada em recurso da defesa e o réu, submetido a novo julgamento, vem a ser condenado a pena superior àquela anteriormente fixada.” PRESSUPOSTOS OBJETIVOS Cabimento: deve haver previsão legal para a interposição do recurso, permitindo-se apenas um recurso para o fim buscado pelo recorrente (singularidade). Adequação: não basta a previsão legal, devendo o recurso interposto ser o recurso adequado para atacar a decisão. Regularidade formal: orecurso interposto deve cumprir as formalidades expressamente previstas em lei para a sua interposição. Tempestividade: o recurso deve ser interposto no prazo estabelecido pela lei, devendo-se recordar que o prazo para a interposição do recurso começa a fluir no dia da intimação das partes, sendo que, em relação à defesa, devem ser intimados tanto o réu quanto o seu defensor, começando o prazo a partir da data da última intimação. Ausência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer: os fatos impeditivos surgem antes da interposição do recurso (renúncia), enquanto que os fatos extintivos ocorrem após a interposição do recurso (desistência e deserção). FATO IMPEDITIVO FATO EXTINTIVO RENÚNCIA: Ato pelo qual a parte expressamente manifesta o desejo de não recorrer. O Ministério Público não pode renunciar, mas isso não significa que ele seja obrigado a recorrer de qualquer decisão. Não podemos esquecer que a renúncia do réu ao direito de recorrer, manifestada sem a anuência de seu defensor, não impede o reconhecimento do recurso por este interposto (Súmula n. 705 do STF). Assim, se o réu renunciar ao direito de recorrer, permite-se que o seu defensor interponha o recurso, caso não concorde com a renúncia D E S I S T Ê N C I A : Manifestação de vontade de não continuar com o recurso interposto. Atenção: O Ministério Público não é obrigado a recorrer, mas não pode desistir do recurso interposto (art. 576 do CPP). DESERÇÃO: Aplica-se apenas aos casos de ação penal privada, quando não houver o pagamento do preparo (art. 802, § 2º, do CPP). PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS Legitimidade: possuem legitimidade para recorrer, pela acusação, o querelante e o Ministério Público e, pela defesa, o acusado e o seu defensor. Na ação penal pública, a legitimidade recursal do ofendido, na condição de assistente de acusação, é subsidiária, ou seja, poderá recorrer apenas se o Ministério Público não o fizer. Interesse: admite-se o recurso apenas da parte que tiver interesse na reforma ou modificação da decisão (art. 577 do CPP). 18. RECURSOS EM ESPÉCIE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE) Conceito: utilizado, como regra geral, para impugnar decisões interlocutórias. Como peculiaridade, o RESE possui efeito regressivo (iterativo), permitindo que o juiz se retrate da decisão antes de encaminhar o processo para a instância superior. Principais hipóteses de cabimento (art. 581 do CPP): a) Da decisão que não receber a denúncia ou a queixa: Essa regra é excepcionada no caso do juizado especial criminal, onde, rejeitada a denúncia ou a queixa, o recurso cabível é a apelação (Contra a decisão que recebe a denúncia ou a queixa não cabe recurso específico, permitindo- se apenas o uso do habeas corpus), b) Que concluir pela incompetência do juízo, c) Que julgar procedente as exceções, salvo a de suspeição, d) Da decisão que pronunciar o réu (no caso de impronúncia o recurso cabível é a apelação), e) Que decretar a prescrição, ou por outro modo, julgar extinta a punibilidade, f) Que conceder ou negar a ordem de Habeas Corpus, g) Que incluir jurado da lista geral ou desta o excluir e f) Que denegar a apelação ou a julgar deserta: Como regra geral, contra a decisão que rejeita recurso, o recurso oponível é a carta testemunhável. Entretanto, no caso da decisão que rejeita a apelação, o recurso cabível é o RESE, g) que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A. A lei n. 13.964/19 (pacote anticrime) acrescentou o inciso XXV ao OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1616 art. 581, passando a prever que cabe RESE da decisão que negar a homologação do acordo de nãopersecução penal. Prazo: o prazo de interposição do RESE é de 5 dias, salvo em relação à decisão que inclui ou exclui jurado da lista geral (inciso XIV), em que o prazo será de 20 dias (art. 586, parágrafo único, do CPP). Efeitos: o RESE possui, além dos efeitos devolutivo e extensivo (comum a todos os recursos), efeito regressivo ou iterativo (juízo de retratação) e efeito suspensivo nos casos previstos no art. 584 do CPP. APELAÇÃO Cabimento: cabe apelação, no prazo de 5 (cinco) dias, nas seguintes hipóteses: I - Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular, II - Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos em que não se permite RESE, III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia, b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. Prazo: a apelação pode ser interposta por petição ou termo nos autos no prazo de 5 dias, perante o juízo que proferiu a decisão. Lei n. 9.099/95: tratando-se de infração de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95), a apelação deverá ser interposta no prazo de 10 dias, devendo ser apresentada a petição de interposição conjuntamente com as razões recursais. As contrarrazões também terão prazo de 10 dias. Retratação: não há juízo de retratação na Apelação, mas, se o juiz denegar o seu recebimento por não preencher os requisitos de admissibilidade, caberá a interposição de RESE no prazo de 5 dias. Efeitos: a apelação possui, além dos efeitos devolutivo e extensivo (comum a todos os recursos), efeito suspensivo quando se tratar de decisão condenatória. Tratando-se de decisão absolutória, a Apelação não terá efeito suspensivo, devendo o réu ser colocado imediatamente em liberdade, conforme previsto no art. 596 do CPP. Pacote Anticrime: A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri no caso de pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo, isso porque já é possível a execução provisória. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE Os embargos infringentes e de nulidade são recursos previstos no art. 609 do CPP, exclusivos da defesa, e oponíveis contra decisões não unânimes dos Tribunais, desfavoráveis ao réu. Prazo: O prazo para a interposição e juntada das razões de ambos os recursos será de 10 dias Quando a matéria veiculada no recurso for questão de mérito, são cabíveis embargos, ao passo que, tratando o recurso processual, caberão embargos de nulidade. EMBARGOS INFRINGENTES EMBARGOS DE NULIDADE Decisões não unânimes dos Tribunais desfavoráveis ao réu. Matéria de mérito Decisões não unânimes dos Tribunais desfavoráveis ao réu. Matéria processual EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Conceito: trata-se de recurso cabível contra decisão de primeira (art. 382 do CPP) ou de segunda instância (art. 619 do CPP), para combater ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão da decisão. Prazo: o prazo para oposição e apresentação das razões dos embargos de declaração é 2 dias, salvo no caso das infrações de menor potencial ofensivo (rito sumaríssimo da Lei n. 9.099/95), em que o prazo é de 5 dias. AGRAVO EM EXECUÇÃO Conceito: o agravo em execução é o recurso cabível para atacar as decisões proferidas pelo Juiz da Execução Penal, conforme previsto no art. 197 da LEP. Aplicação: como a Lei de Execução Penal é silente a respeito, aplicam-se ao agravo em execução as principais regras procedimentais do recurso em sentido estrito, incluindo o prazo de 5 dias para a interposição (súmula n. 700 do STF) e a possibilidade do juízo de retratação (efeito iterativo do recurso). Importante destacar ainda que o agravo em execução não possui efeito suspensivo. CARTA TESTEMUNHÁVEL Conceito: a carta testemunhável, prevista no art. 639 do CPP, é o recurso cabível contra a decisão que rejeita outro recurso, desde que a lei não preveja recurso específico, possuindo, portanto,caráter subsidiário. Exceção: contra decisão que rejeita apelação caberá RESE e contra a decisão que rejeita recurso extraordinário ou especial caberá agravo de instrumento. Prazo: o prazo para a interposição da carta testemunhável é 48 horas e ela não possui efeito suspensivo. 19. AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO HABEAS CORPUS Conceito: o habeas corpus é o remédio constitucional, de ajuizamento gratuito, que objetiva cessar ou impedir ofensa à liberdade de locomoção, em razão de ilegalidade ou abuso de poder. Qualquer do povo pode ingressar com habeas corpus, em benefício próprio ou alheio, sendo o único remédio constitucional que dispensa a presença de advogado. Principais hipóteses: I - quando não houver justa causa: quando inexistir um motivo legitimador para a continuidade da persecução penal, é possível a concessão OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O PE N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V PROCESSO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1717 de habeas corpus para trancar o inquérito policial ou a ação penal. II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei, III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo: Ordem de prisão decretada pelo Delegado de Polícia ou Promotor de Polícia, já que apenas o juiz pode expedir ordem de prisão (o delegado de polícia e o promotor de justiça podem determinar apenas a prisão em flagrante), IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação: Quando houver alteração do suporte fático que justificou a restrição da liberdade de locomoção do indivíduo, ou seja, quando não existir mais o motivo que justificou a coação, V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza, VI - quando o processo for manifestamente nulo, VII - quando extinta a punibilidade: Quando houver qualquer uma das hipóteses previstas no art. 107 do CPP (prescrição, decadência, abolitio criminis, perdão do ofendido, etc.). Súmula n. 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada, já que não haverá restrição à liberdade do acusado. REVISÃO CRIMINAL Conceito: é uma modalidade de ação autônoma impugnativa que visa desconstituir uma sentença penal condenatória já transitada em julgado. Não está sujeita a prazo prescricional, podendo ser requerida a qualquer tempo, inclusive após a morte do réu. Sentença absolutória: não pode ser objeto de revisão criminal, uma vez que não se admite revisão criminal pro societate. Competência: a competência para julgar a revisão criminal é originária do Tribunal, de modo que, da decisão que julga a revisão criminal não cabe apelação Cabimento: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. 20. NULIDADES NO PROCESSO PENAL NULIDADE RELATIVA NULIDADE ABSOLUTA Interesse das partes Interesse Público Alegação no momento oportuno, sob pena de preclusão Reconhecida a qualquer tempo Necessidade de comprovação do prejuízo Prejuízo presumido Princípio do prejuízo (art. 563 do CPP): nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. Princípio da instrumentalidade das formas (art. 566 do CPP): não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. Princípio do interesse (art. 565 do CPP): nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse. Princípio da Convalidação: se a parte não suscitar a nulidade relativa na primeira oportunidade que tiver para falar em audiência ou nos autos, haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa à condição de ato válido (trata-se, portanto, de princípio aplicável apenas às nulidades relativas). Princípio da Causalidade: pelo princípio da causalidade os atos que são dependentes ou consequência do ato considerado nulo também serão anulados. A título de exemplo, se a denúncia é considerada nula, o interrogatório realizado posteriormente também será eivado de nulidade. SÚMULAS IMPORTANTES Súmula 156 do STF - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório. Súmula 160 do STF - É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício. Súmula 351 do STF - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. Súmula 523 do STF - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Súmula 706 do STF - É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção. Súmula 707 do STF - Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. Súmula 708 do STF - É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro. Súmula 712 do STF - É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri sem audiência da defesa. OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 11 1. ATIVIDADE DE ADVOCACIA Atividade de Advocacia: exercem atividade de advocacia os advogados privados (trabalham para entes privados) e os advogados públicos (trabalham para entes públicos), sendo obrigados a se inscreverem na OAB para o exercício de suas atividades. Empresas Estatais: advogados privados. Os integrantes da advocacia pública são elegíveis e podem integrar qualquer órgão da OAB. Tempo de Advocacia: é participação anual mínima em cinco atos privativos previstos no artigo 1º do EAOAB, em causas ou questões distintas (Ex: Conselheiros Seccionais ou das Subseções - tempo mínimo de 3 anos). Características: o advogado é indispensável à administração da justiça, de modo que a advocacia representa verdadeiro múnus público, mesmo quando exercido no ministério privado do advogado. As principais características da advocacia são: a) Indispensabilidade, b) Inviolabilidade, c) Independência, d) Exclusividade, e) Parcialidade, f) Onerosidade mínima obrigatória, g) Singularidade (Lei n. 14.039/2020) Advocacia pro bono (exceção à onerosidade mínima obrigatória): prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos para a contratação de profissional, podendo ser exercida também em favor de pessoas naturais que, igualmente, não dispuserem de recursos para, sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado. Não poderá, entretanto, ser utilizada para fins político-partidários ou eleitorais, nem beneficiar instituições que visem a tais objetivos, ou como instrumento de publicidade para captação de clientela. Atividades Privativas de Advocacia: 1) Postulação em juízo, salvo nos seguintes casos: a) impetração de habeas corpus; b) nas causas até 20 salários mínimos no JEC (se houver recurso precisa de advogado); c) causas no Juizado Especial Federal (60 salários mínimos). Se houver recurso precisa de advogado;d) Processo Administrativo Disciplinar; e) Jus postulandi na Justiça do Trabalho. 2) Visar os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, salvo em relação às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. 3) Consultoria e assessoria jurídicas, bem como direção jurídica de empresa pública, privada ou paraestatal. Mandato: o mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, salvo se o contrário for consignado no respectivo instrumento. Entretanto, haverá extinção do mandato nas seguintes situações: RENÚNCIA A renúncia ao patrocínio deve ser feita sem menção do motivo que a determinou (art. 16 do CED), devendo o advogado comunicar ao cliente por escrito, preferencialmente, com aviso de recebimento (AR) e, posteriormente, ao juiz da causa (RGEAOAB). Além disso, o advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo. REVOGAÇÃO O cliente pode revogar os poderes dados ao advogado. A revogação não o desobriga o cliente do pagamento das verbas honorárias contratadas, assim como não retira o direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente em face do serviço efetivamente prestado (art. 17 do CED). SUBS. SEM RESERVAS DE PODERES No substabelecimento sem reserva de poderes, desde que haja concordância do cliente, o advogado originário transfere de forma definitiva os poderes que lhe foram concedidos, extinguindo o mandato. ARQUIVAMENTO DOS AUTOS OU CONCLUSÃO DA CAUSA (EXTINÇÃO PRESUMIDA) Concluída a causa ou arquivado o processo, presume-se cumprido e extinto o mandato (art. 13 do CED). Procuração: instrumento do mandato. Não pode ser outorgada de forma genérica para a sociedade. Urgência - juntada da procuração em 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias. Procuração ad judicia: foro em geral. Procuração ad judicia et extra: poderes especiais, como receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar, receber, dar quitação, firmar compromisso, etc. Substabelecimento: pode ser com reserva ou sem reserva de poderes: OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 22 COM RESERVA DE PODERES SEM RESERVAS DE PODERES • Ato pessoal do advogado. Não precisa da concordância do cliente. • Não extingue o mandato, mas permite que o substabelecente e o substabelecido atuem em favor do cliente. • Substabelecido não pode cobrar os honorários advocatícios diretamente do cliente. • Precisa da concordância do cliente (prévio e inequívoco conhecimento). • Gera a extinção do mandato. • Como há extinção do mandato originário, o substabelecido poderá cobrar os honorários devidos do cliente. 2. DIREITOS DO ADVOGADO A primeira ideia que se deve ter em relação a atuação do advogado é que não existe qualquer hierarquia entre o advogado e os demais operadores do direito, devendo todos se respeitarem reciprocamente. O art. 7º do EAOAB assegura uma série de direitos aos advogados, a saber: DIREITO ASSEGURADO COMENTÁRIO I - Exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional. Se o advogado exercer atividade de forma habitual (mais de 5 causas) em Estado diverso do qual tenha sua inscrição principal, deverá promover a inscrição suplementar no Conselho Seccional da OAB. II – Inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia. ATENÇÃO: A violação a este direito caracteriza crime, conforme art. 7º-B ao EAOAB, acrescido pela Lei nº 13.869/2019. Não se trata de inviolabilidade absoluta. Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, o juiz competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo vedada a utilização de documentos de clientes ou de instrumentos do advogado que contenham informações sobre clientes, salvo se o cliente estiver sendo formalmente investigado como partícipe ou coautor pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade, conforme §§s 6º e 7º do art. 7º do EAOAB. III - Comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis. ATENÇÃO: A violação a este direito caracteriza crime, conforme art. 7º-B ao EAOAB. O advogado, portanto, tem o direito de conversar com o seu cliente em qualquer situação, mesmo sem possuir procuração. IV - Ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB. ATENÇÃO: A violação a este direito caracteriza crime, conforme art. 7º-B ao EAOAB. O advogado poderá ser preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da profissão, apenas no caso de crime inafiançável (§ 3º do art. 7º do EAOAB) e desde que haja a presença de um representante da OAB. Nas demais hipóteses de prisão, não há necessidade da presença de representante da OAB, mas apenas a comunicação expressa à Seccional da OAB. V - Não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar (a expressão “assim reconhecidas pela OAB” foi suspensa pelo STF na ADIN 1.128). Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o advogado deverá ser recolhido à cela comum. ATENÇÃO: A violação a este direito caracteriza crime, conforme art. 7º-B ao EAOAB, acrescido pela Lei nº 13.869/2019. OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 33 VI - Ingressar livremente: a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares; c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais O advogado tem livre acesso a prédios públicos, incluindo as salas de sessões dos tribunais, mesmo na parte reservada aos magistrados. Entretanto, para participar de reuniões ou assembleias que deva participar o seu cliente, o advogado pode comparecer sozinho, mas deve possuir procuração com poderes especiais. VII - Permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença. O advogado não precisa prestar esclarecimentos ou pedir licença a qualquer autoridade, podendo permanecer em pé ou sentado, ausentando-se do recinto quando quiser. VIII - Dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcadoou outra condição, observando-se a ordem de chegada. O advogado tem direito de ser atendido pelos magistrados sem necessidade de marcar horário previamente, respeitando-se apenas a ordem de chegada. IX - Sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido”. No julgamento da ADIN 1.105-7, o STF declarou inconstitucional o conteúdo deste inciso, de modo que o advogado não tem o direito de fazer sustentação oral depois do voto do relator, e sim antes (art. 937 do CPC/2015), além do que o direito à sustentação oral está vinculado a sua previsibilidade recursal, ou seja, o recurso deve permitir a sustentação oral. X - Usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas. O advogado pode solicitar o uso da palavra em qualquer juízo ou tribunal para esclarecer dúvidas a favor do seu cliente ou para afastar acusação que lhe tenha sido feita, devendo solicitar que sua manifestação seja registrada em ata de audiência. XI - Reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento. Não havendo a intervenção sumária citada no item anterior, o advogado tem o direito de reclamar verbalmente ou por escrito contra o descumprimento de preceito legal, a fim de que a irregularidade não seja repetida. XII - Falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo. O advogado tem o direito de se manifestar sentado ou em pé, não podendo ser constrangido, por exemplo, a se manifestar obrigatoriamente em pé. XIII – Examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos. O advogado pode examinar processos já terminados ou em andamento, inclusive autos eletrônicos (Lei nº 13.793/2019), mesmo quando não estiver munido de procuração e sem atuar no processo, salvo aqueles sujeitos a sigilo, em que será exigida a procuração. XIV - Examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. Atenção: a violação a esse direito pode caracterizar o crime do art. 32 da Nova Lei de Abuso de Autoridade. O Advogado também tem direito de ter acesso aos autos, mesmo sem procuração, inclusive autos digitais (Lei nº 13.793/2019), devendo, entretanto, apresentar procuração se os autos forem sigilosos. Além disso, a autoridade competente poderá limitar o acesso do advogado apenas aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos (§§ 10 e 11 do art. 7º do EAOAB). OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 44 XV - Ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais. A vista pode ser limitada, no entanto, nos seguintes casos: 1) o processo estiver sob regime de segredo de justiça, devendo neste caso o advogado apresentar procuração; 2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou circunstância que justifique a permanência dos autos em cartório, 3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado. XVI - Retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias. Se o processo já tiver sido encerrado, o advogado pode retirá-lo para análise pelo prazo de 10 dias, não sendo necessário apresentar procuração. A vista pode ser limitada nas situações enumeradas no quadro anterior. XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela. O desagravo público é promovido pelo Conselho Seccional competente, de ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa. O desagravo não depende da concordância do advogado ofendido, tendo como função reestabelecer a dignidade do exercício da advocacia. Somente cabe desagravo quando houver ofensa ao advogado no exercício de sua função. XVIII - Usar os símbolos privativos da profissão de advogado. XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional. Cabe ressaltar que, além de direito, constitui dever do advogado guardar sigilo dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão, conforme art. 35 do CEDOAB. XX - Retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo. O direito de se retirar do recinto apenas ocorre quando, além do critério temporal de 30 minutos, o juiz não tiver comparecido para realizar a audiência. Se houver o comparecimento do juiz e a pauta de audiência estiver atrasada, não há o direito de retirada. A regra do inciso XX não se aplica ao processo do trabalho, uma vez que a CLT possui regra própria estampada no parágrafo único do art. 815 da CLT (15 minutos). XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração apresentar razões e quesitos. O advogado tem direito de participar de interrogatório ou depoimento em procedimentos de investigação, permitindo-se ainda ao advogado apresentar razões e quesitos, sob pena de nulidade absoluta dos elementos probatórios decorrentes. o § 2º do art. 7º do EAOAB garante ao advogado imunidade profissional, não constituindo injúria ou difamação puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. A redação original do § 2º do art. 7º do EAOAB previa incialmente a imunidade profissional também para eventuais atos que caracterizassem desacato. Entretanto, no julgamento da ADIN 1.127-8, o STF suspendeu a eficácia da expressão “desacato”, de modo que o advogado pode responder por atos que caracterizem desacato, ainda que no exercício de sua função. Além disso, a imunidade profissional do advogado não abrange eventuais atos que caracterizem calúnia. OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 55 Direitos da advogada gestante, lactante e adotante: A Lei nº 13.363/2016 acrescentou o art. 7-A ao EAOAB, estabelecendo direitos à advogada gestante, lactante, adotante ou que der à luz, conforme abaixo sintetizado: DIREITOS DA ADVOGADA GESTANTE Entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X; Reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;Preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição. DIREITOS DA ADVOGADA LACTANTE, ADOTANTE OU QUE DER À LUZ Acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê; Preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição. DIREITOS DA ADVOGADA ADOTANTE OU QUE DER À LUZ Suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente (período de suspensão será de 30 (trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção). Abuso de autoridade: a Lei nº 13.869/2019 (nova lei de abuso de autoridade) acrescentou o art. 7º - B ao Estatuto da OAB, prevendo como crime de abuso de autoridade a violação aos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º do Estatuto. 3. INSCRIÇÃO NA OAB Para exercer a advocacia é necessária a prévia inscrição nos quadros da OAB, exigindo-se, para tanto, o preenchimento dos seguintes requisitos (art. 8 do EAOAB): I - capacidade civil; II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada; III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro; IV - aprovação em Exame de Ordem; V - não exercer atividade incompatível com a advocacia; VI - idoneidade moral; VII - prestar compromisso perante o conselho. Inscrição principal: deve ser feita no Conselho Seccional do domicílio profissional do advogado, ou seja, a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado. Inscrição suplementar: o advogado possui liberdade para atuar em todo o território nacional. Entretanto, se pretender atuar de forma habitual (mais de 5 causas por ano) em Estado diverso do qual tenha sua inscrição principal, deverá promover a inscrição suplementar no Conselho Seccional da OAB do Estado que pretende atuar. Transferência da inscrição: no caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente. Cancelamento da Inscrição: trata-se de interrupção definitiva da inscrição, que pode ocorrer nos seguintes casos (art. 11 do EAOAB): I – se o advogado assim o requerer; II - sofrer penalidade de exclusão (o advogado pode requerer novamente a inscrição, comprovando a reabilitação, conforme art. 41 do EAOAB); III - falecer; IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia; V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição. O advogado que tiver sua inscrição cancelada poderá posteriormente solicitar nova inscrição, sem necessidade de ser aprovado novamente no Exame da Ordem, mas perderá o número antigo de inscrição. Licenciamento da Inscrição: trata-se de interrupção temporária da inscrição, que pode ocorrer nos seguintes casos (art. 12 do EAOAB): I – se o advogado assim o requerer, por motivo justificado; II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da advocacia (ex: exercício do cargo de prefeito e governador); III - sofrer doença mental considerada curável. No licenciamento, o advogado não perde o número de inscrição da OAB, podendo retomá-lo quando cessar a causa que gerou o licenciamento. Durante o período de licenciando, não há necessidade de pagamento da anuidade da OAB nem necessidade de votar. 4. ADVOGADO ESTRANGEIRO O advogado estrangeiro pode atuar no Brasil, mesmo sem a inscrição na OAB, desde que obtenha autorização do Conselho Seccional pelo prazo de 3 anos (renovável a cada período de 3 anos), mas apenas para os atos de consultoria/assessoria do direito estrangeiro referente ao seu país de origem, sendo vedadas a postulação judicial e/ou assessoria jurídica em direito brasileiro, mesmo que esses atos sejam realizados em conjunto com o advogado brasileiro (Provimento n. 91/2000 do CFOAB). 5. ESTAGIÁRIO A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize seu curso jurídico e, para ser deferida, o estagiário deve preencher os mesmos requisitos para a inscrição do advogado, salvo os referentes ao diploma de graduação e à aprovação no Exame da Ordem. OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 66 ATOS DO ESTAGIÁRIO EM CONJUNTO COM O ADVOGADO ATOS QUE O ESTAGIÁRIO PODE PRATICAR SEM A PRESENÇA DE ADVOGADO Postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; Atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas. Retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga; Obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos; Assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos. Atividade Incompatível: o aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, mas é vedada a inscrição na OAB. 6. SOCIEDADE DE ADVOGADOS Forma da sociedade: o EAOAB permite que o advogado constitua sociedade simples (reunido com outros advogados) ou sociedade unipessoal de advocacia (art. 15, caput), as quais adquirem personalidade jurídica com o registro de seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede (art. 15, § 1º). SOCIEDADE SIMPLES SOCIEDADE UNIPESSOAL A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo. O nome societário, portanto, exige a forma “firma”, isto é, o nome de ao menos um dos sócios, ainda que de forma abreviada ou pelo uso do sobrenome A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão ‘Sociedade Individual de Advocacia’. Registro: deve ser realizado no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede, ou seja, não se permite o registro de sociedade de advogado na Junta Comercial nem no Registro Civil. Principais Regras: a) nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, seja qual for a modalidade, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional; b) os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem representar, em juízo ou fora dele, clientes com interesses opostos (art. 19 do CEDOAB); c) o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer, conforme art. 17 do EAOAB. 7. ADVOGADO EMPREGADO Conceito: a relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia. Além disso, o advogado não é obrigado a prestar serviços de interesse pessoal de seu empregador e, se o fizer, será de forma desvinculada do emprego Jornada de trabalho: a) advogado sem dedicação exclusiva: 4 horas diárias e 20 semanais; b) advogado com dedicação exclusiva: 8 horas diárias e 40 semanais. Adicional de horas extras: 100% Horário noturno: das 20h às 5h, com adicional de 25% 8. ÉTICA DO ADVOGADO Principais deveres do Advogado (art. 2º do CEDOAB): estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauraçãode litígios; desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade jurídica; bem como abster-se de: I) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste; II) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as quais tenha vínculos negociais ou familiares; III) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes. Recusa de Patrocínio (art. 4º do CEDOAB): é legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente, conforme art. 4º do CED. Relações com o cliente: a) o fato de o cliente outorgar um mandato ao advogado, não lhe retira a sua liberdade e independência de atuação, devendo atuar de acordo com suas convicções para melhorar atender aos interesses de seu cliente, conforme art. 11 do CEDOAB; b) o advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo plenamente justificável ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis (art. 14 do CEDOAB); c) os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem representar, em juízo ou fora dele, clientes com interesses opostos (art. 19 do CED); d) sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes e não conseguindo o advogado harmonizá-los, caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado sempre o sigilo profissional (art. 20 do CEDOAB); e) é direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado; f) ao receber OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 77 uma procuração, o advogado não é obrigado aceitar que outro profissional atue ou interfira no curso do processo que patrocina; g) o advogado é proibido de atuar no mesmo processo, simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente (art. 25 do CEDOAB). Sigilo Profissional: o sigilo profissional decorre da lei, devendo ser respeitado independentemente de pedido expresso do cliente. Além disso, as comunicações feitas entre advogado e cliente (carta, telefonemas, e-mail, etc.) presumem-se confidenciais, não podendo ser violadas. Direito de não depor: para garantir o sigilo profissional, o art. 7º, XIX, do EAOAB e o art. 38 do CED asseguram ao advogado o direito de não depor, em processo ou procedimento judicial, administrativo ou arbitral, sobre fatos a cujo respeito deva guardar sigilo. O sigilo profissional, entretanto, não é absoluto, podendo ceder em face de circunstâncias excepcionais que configurem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam defesa própria (art. 37 do CED). Publicidade: considerando que a advocacia não pode assumir feição empresarial e que não pode ser instrumento de mera captação de clientela, a publicidade profissional do advogado deve ter caráter meramente informativo primando pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão, conforme art. 39 do CEDOAB. Cartões profissionais e materiais de escritório: o advogado fará constar seu nome ou o da sociedade de advogados, o número ou os números de inscrição na OAB, podendo ainda fazer menção aos seus títulos acadêmicos (doutor, mestre, especialidade, etc.) distinções honoríficas relacionadas à vida profissional, bem como as instituições jurídicas de que faça parte, e as especialidades a que se dedicar, o endereço, e-mail, site, página eletrônica, QR code, logotipo e a fotografia do escritório, o horário de atendimento e os idiomas em que o cliente poderá ser atendido. Entretanto, não poderá incluir nos cartões de visita fotografias pessoais ou de terceiros nem fazer menção a qualquer emprego, cargo ou função ocupado, atual ou pretérito, em qualquer órgão ou instituição, salvo o de professor universitário. Publicidade pela Internet: o CEDOAB passou a permitir a publicidade feita pela internet ou outros meios eletrônicos, estabelecendo em que a telefonia e a internet podem ser utilizadas como veículo de publicidade, desde que estas não impliquem o oferecimento de serviços ou representem forma de captação de clientela Boletins: permite-se a divulgação de boletins, por meio físico ou eletrônico, sobre matéria cultural de interesse dos advogados, desde que sua circulação fique adstrita a clientes e a interessados do meio jurídico (art. 45 do CEDOAB). Panfleto: o art. 40, VI, do CEDOAB veda a publicidade por meio de panfleto se houver finalidade de captação de clientela. Meios de Comunicação: o Código de Ética e Disciplina proíbe ainda que a publicidade seja veiculada em rádio, cinema, televisão, outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de publicidade, inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer espaço público, bem como a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos ou formas assemelhadas de publicidade, com o intuito de captação de clientela (art. 40 do CEDOAB). Programa de Televisão ou Rádio: o advogado que participar de programa de televisão ou de rádio deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão (art. 43, caput, do CED). 9. HONORÁRIOS DE ADVOGADO De acordo com o art. 22 do EAOAB, os honorários advocatícios podem ser: convencionados, arbitrados judicialmente, de sucumbência e assistenciais. Honorários Convencionados (contratuais): são aqueles recebidos em razão de contrato feito com cliente, valendo o contrato como título jurídico extrajudicial. Se não houver convenção sobre a forma de pagamento, os honorários serão pagos da seguinte forma: 1/3 no início do serviço, 1/3 até a decisão de primeira instância e 1/3 no final (§ 3º do art. 22 do EAOAB). A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente. Honorários arbitrados judicialmente: são arbitrados pelo Poder Judiciário por existir dúvida acerca do seu valor e não podem ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB. Além disso, o advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado. Honorários de sucumbência: são aqueles devidos pela parte vencida, sendo que, de acordo com o CPC/2015, serão fixados entre o mínimo de 10% e o máximo de 20% (art. 85, § 2º, do CPC/15). É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência (§ 3º do art. 24 do EAOAB). Honorários assistenciais: a Lei nº 13.725/2018 acrescentou os § §s 6º 7º ao art. 22 do EAOAB, tratando dos honorários assistenciais (fixados em ações coletivas para entidades de classe que atuam como substitutos processuais, como os sindicatos) e deixando claro: I) a possibilidade de cumulação entre honorários assistenciais fixados com entidade de classe e honorários de sucumbência, o que muitas vezes era vedado pela Justiça do trabalho em relação às ações dos sindicatos e II) a possibilidade dea entidade de classe firmar contrato de honorários advocatícios diretamente com os beneficiários da ação coletiva Crédito privilegiado: a decisão judicial que fixar ou OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 88 arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na recuperação judicial, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial, conforme art. 24 do EAOAB. Cláusula quota litis: considerada aquela que estipula participação do advogado sobre o ganho da demanda. Para ser válida, os honorários devem ser necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas a favor do cliente. Execução: a execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier. Em outras palavras, não há necessidade de um novo processo para que o advogado possa executar os honorários devidos. Prescrição: o prazo prescricional para que o advogado ajuíze a ação de cobrança dos honorários advocatícios é de 5 anos, contados: I - do vencimento do contrato, se houver; II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar; III - da ultimação do serviço extrajudicial; IV - da desistência ou transação; V - da renúncia ou revogação do mandato. Título de Crédito: o crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de crédito de natureza mercantil, podendo, apenas, ser emitida fatura, quando o cliente assim pretender, com fundamento no contrato de prestação de serviços, a qual, porém, não poderá ser levada a protesto. Compensação: permite-se a compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao cliente, quando o contrato de prestação de serviços a autorizar ou quando houver autorização especial do cliente para esse fim, devidamente firmada (art. 48, § 2º, do CEDOAB). Alteração Importante: a) a Lei nº 13.725/2018 revogou o art. 16 da Lei 5.584/1970, o que deixou claro que os honorários advocatícios, nas ações sindicais, devem ser revertidos para advogados habilitados na ação e não em favor da entidade sindical; b) a mesma lei acrescentou os §§ 6º e 7º ao art. 22 do EAOAB estabelecendo: I) a possibilidade de cumulação entre honorários assistenciais fixados com entidade de classe e honorários de sucumbência, o que muitas vezes era vedado pela Justiça do trabalho em relação às ações dos sindicatos e II) a possibilidade de a entidade de classe firmar contrato de honorários advocatícios diretamente com os beneficiários da ação coletiva. Sistema de cartão de crédito: é lícito ao advogado ou à sociedade de advogados empregar, para o recebimento de honorários, sistema de cartão de crédito, mediante credenciamento junto a empresa operadora do ramo (art. 53 do CEDOAB). 10. INCOMPATIBILIDADE E IMPEDIMENTO Incompatibilidade: a incompatibilidade representa a proibição total do exercício da advocacia, mesmo em causa própria, em razão da ocupação de determinado cargo. Inscrição será cancelada. Impedimento: a restrição parcial para o exercício da advocacia, ou seja, a própria lei delimita em quais situações o impedido não poderá exercer a advocacia. INCOMPATIBILIDADE (ART. 28 DO EAOAB) IMPEDIMENTO I - Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais II - Membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta III - Ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro. V - Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer natureza. VI - Militares de qualquer natureza, na ativa. VII - Ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais VIII - Ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas. I - Os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora. II - Os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. O advogado que atua impedido comete ato infracional punível com censura (art. 34, I, o EAOAB), já o advogado que mantém conduta incompatível com a advocacia comete infração punível com suspensão (art. 34, XXV, do EAOAB). 11. INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 99 CENSURA Representa a reprovação oficial da conduta do advogado, fazendo- se constar nos seus assentamentos a infração cometida, mas não se permite a divulgação/publicidade da censura. Quando houver circunstância atenuante, poderá ser convertida em advertência, por meio de um ofício reservado ao advogado, sem registro nos seus assentamentos. SUSPENSÃO Acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o território nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses, ou por tempo indeterminado até que o advogado cumpra determinada providência, como satisfação integral da dívida (incisos XXI e XXIII do art. 34) e nova habilitação (inciso XXIV do art. 34). EXCLUSÃO Aplicada quando o advogado cometer infração gravíssima ou quando houver reiteração, por três vezes, da pena de suspensão. Representa a exclusão do advogado dos quadros da OAB e somente será aplicada se houver voto de 2/3 dos membros do Conselho Seccional Competente. MULTA A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo de seu décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura ou suspensão, em havendo circunstâncias agravantes (art. 39 do EAOAB). Hipóteses de aplicação: Censura: cometer infrações mais leves, definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34 do EAOAB, quando houver violação a preceito do Código de Ética e Disciplina ou quando houver violação a preceito do EAOAB, e para a infração não se tenha estabelecido sanção mais grave. I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos; II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei; III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber; IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros; V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado; VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior; VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional; VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado contrário; IX- prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio; X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione; XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da renúncia; XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública: Desse modo, a recusa que caracteriza a infração disciplinar é aquela feita sem justo motivo quando não houver assistência da Defensoria Pública; XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas pendentes; XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa; XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de fato definido como crime; XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado; XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação. A censura pode ser convertida em advertência, quando houver, entre outras, as seguintes circunstancias atenuantes (art. 40 do EAOAB): I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional; II - ausência de punição disciplinar anterior; III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB e IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública. Suspensão: a sanção de suspensão é aplicável nos casos de infrações mais graves definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34, ou quando houver reincidência da prática de infração disciplinar. XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá- la; XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou desonesta; XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do mandato, sem expressa autorização do constituinte; XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta pessoa; XXI - recusar- se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele; XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança; XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo (Atenção: essa previsão passou a ser considerada inconstitucional pela STF desde abril de 2020 - RE 647885 - repercussão geral) ; XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional; XXV - manter conduta incompatível com a advocacia; Exclusão: é aplicável nos casos de infrações gravíssimas, definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34 do EAOAB, ou no caso de aplicação, por três vezes, de suspensão, não importando a infração cometida. O advogado excluído terá sua inscrição cancela, podendo voltar a advogar apenas se for reabilitado. OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1010 XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB; XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia; XXVIII - praticar crime infamante. Prescrição: de acordo com o art. 43 do EAOAB, a pretensão à punibilidade (prescrição da pretensão punitiva) das infrações disciplinares prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da constatação oficial do fato. Interrupção: o § 2º do art. 43 do EAOAB, por sua vez, estabelece que a prescrição será interrompida: I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao representado e II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB Prescrição Intercorrente: aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos, pendente de despacho ou julgamento (prescrição intercorrente), devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação. Reabilitação: de acordo com o artigo 41 do EAOAB, é permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano após seu cumprimento, a reabilitação, em face de provas efetivas de bom comportamento. Entretanto, se a sanção disciplinar tiver resultado da prática de crime, apenas após a reabilitação criminal decretada pelo Poder Judiciário poderá ser pleitear a reabilitação disciplinar na OAB. Nesse caso, não haverá necessidade de outras provas de bom comportamento, porque todas já foram apreciadas em sede judicial. Revisão disciplinar: a revisão do processo disciplinar é cabível quando houver erro de julgamento ou por condenação baseada em falsa prova e pode ser pedida a qualquer tempo, desde que haja o trânsito em julgado da decisão condenatória. Legitimidade: tem legitimidade para requerer a revisão o advogado punido com a sanção disciplinar. Competência: a competência para processar e julgar o processo de revisão é do órgão de que emanou a condenação final. 12. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL Vejamos cada um dos órgãos da OAB: 1) CONSELHO FEDERAL Composição: dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da República, é o órgão supremo da OAB e é composto por: a) Um Presidente: representa a OAB nacional e internacionalmente, em juízo ou fora dele, devendo promover a administração patrimonial e dar execução às suas decisões do Conselho; b) Conselheiros Federais integrantes das delegações de cada unidade: Cada Unidade da Federação (Conselho Seccional) envia três conselheiros federais para compor o Conselho Federal; c) Ex-presidentes: não possuem direito a voto, mas apenas direito a voz nas sessões. Assegura- se, como exceção, o direito de voto aos ex-presidentes que exerceram mandato antes da vigência do EAOAB ou que se encontravam em exercício naquela data. Órgãos: o Conselho Federal é formado pelos seguintes órgãos: Conselho Pleno, Órgão Especial do Conselho Pleno, Primeira, Segunda e Terceira Câmaras, Diretoria e Presidente. O voto em qualquer órgão colegiado do Conselho Federal é tomado por delegação. Principais atribuições: a) representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados; b) representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos internacionais da advocacia; c) editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários; d) intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave violação desta lei ou do regulamento geral; e) elaborar as listas (listas triplas) constitucionalmente previstas, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB; f) ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei e g) criar de novos Conselhos Seccionais por meio de resolução. 2) CONSELHOS SECCIONAIS Os Conselhos Seccionais possuem personalidade jurídica própria e têm jurisdição sobre os respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios. Para cada Estado e para o Distrito Federal, portanto, há um Conselho Seccional. Composição: o Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em número proporcional ao de seus inscritos, segundo critérios estabelecidos no regulamento geral: I – abaixo de 3.000 (três mil) inscritos, até 30 (trinta) membros e II – a partir de 3.000 (três mil) inscritos, mais um membro por grupo completo de 3.000 (três mil) inscritos, até o totalde 80 (oitenta) membros. Direito à voz: quando presentes às sessões do Conselho Seccional, o Presidente do Conselho Federal, os Conselheiros Federais integrantes da respectiva delegação, o Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados e os Presidentes das Subseções terão direito a voz na sessão. Os ex-presidentes do Conselho Seccional e o Presidente do Instituto dos Advogados local são membros honorários e também possuem direito à voz. Principais atribuições: a) criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados; b) julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados; c) fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual; d) realizar o Exame de Ordem; e) decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários; d manter cadastro de seus inscritos; * determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no exercício profissional; f) definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Disciplina, e escolher seus membros; g) eleger as listas (listas sêxtuplas), constitucionalmente previstas, vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB; h) intervir nas Subseções e na Caixa de OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1111 Assistência dos Advogados; i) ajuizar, após deliberação: I) ação direta de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais e municipais, em face da Constituição Estadual ou da Lei Orgânica do Distrito Federal; II) ação civil pública, para defesa de interesses difusos de caráter geral e coletivos e individuais homogêneos; III) mandado de segurança coletivo, em defesa de seus inscritos, independentemente de autorização pessoal dos interessados; IV) mandado de injunção, em face da Constituição Estadual ou da Lei Orgânica do Distrito Federal. 3) SUBSEÇÕES Não possuem personalidade jurídica própria. Podem ser criadas pelo Conselho Seccional, que fixa a área territorial e os seus limites de competência e autonomia. A área territorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios, ou parte de município, inclusive da capital do Estado, contando com um mínimo de quinze advogados, nela profissionalmente domiciliados (§ 2º do art. 60 do EAOAB). Principais atribuições: a) representar a OAB perante os poderes constituídos; b) instaurar e instruir processos disciplinares, os quais, após instruídos, são remetidos Tribunal de Ética e Disciplina para Julgamento; c) instruir e emitir parecer sobre pedido de inscrição de advogado e estagiário, para decisão do Conselho Seccional. Conflitos de Competência: os conflitos de competência entre subseções e entre estas e o Conselho Seccional são por este decididos, com recurso voluntário ao Conselho Federal (119 do RGEAOAB). 4) CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS As Caixas de Assistência dos Advogados possuem personalidade jurídica própria, adquirida com a aprovação e registro de seu estatuto pelo respectivo Conselho Seccional da OAB, e são criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com mais de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos, para prestarem assistência aos inscritos no Conselho Seccional a que se vincule, como serviços de livraria e farmácia, podendo ainda promover seguridade complementar. Eleições e mandatos Eleição na segunda quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante cédula única e votação direta dos advogados regularmente inscritos. O voto é obrigatório para todos os advogados inscritos na OAB. Para se canditar, o advogado deve ter 3 anos de advocacia (Conselho e Subseções) e 5 anos nos demais cargos. O mandato em qualquer órgão da OAB é de três anos, podendo ser extinto automaticamente, antes do seu término, quando: I - ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento do profissional; II - o titular sofrer qualquer tipo de condenação disciplinar; III - o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas de cada órgão deliberativo do conselho ou da diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período de mandato. Aquisição, oneração ou alienação de bens da OAB Compete à Diretoria de cada órgão decidir pela aquisição de qualquer bem (móvel ou imóvel) e dispor sobre os bens móveis. Já alienação ou a oneração de bens imóveis depende de aprovação do Conselho Federal (maioria das delegações) ou do Conselho Seccional (maioria dos membros efetivos), conforme art. 48 do RGEAOAB. 13. PROCESSO NA OAB Processo Disciplinar: para que as sanções disciplinares sejam aplicadas ao advogado infrator, deve ser instaurado prévio processo disciplinar, conforme a seguir estudado. Local de Tramitação do Processo Disciplinar: o poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o Conselho Federal (art. 70 do EAOAB). A competência territorial, portanto, é do local onde ocorreu a infração. Instauração: o processo disciplinar pode ser instaurado por representação, formulada ao Presidente do Conselho Seccional ou ao Presidente da Subseção, por escrito ou verbalmente, devendo, neste último caso, ser reduzida a termo, ou de ofício, em função do conhecimento do fato, quando obtido por meio de fonte idônea ou em virtude de comunicação da autoridade competente. Denúncia Anônima: o CEDOAB não admite a instauração de processo disciplinar em razão de denúncia anônima (§ 2º do art. 55). Portanto, a representação feita sem a identificação do representante não será aceita. Designação de Relator para Instrução do Processo: Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou o da Subseção, quando esta dispuser de Conselho, designa relator, por sorteio, um de seus integrantes, para presidir a instrução processual (art. 58, caput, do CED). Competência: A instrução do processo ocorre no Conselho Seccional ou na Subseção, quando esta dispuser de Conselho. Após a instrução, o processo será remetido ao Tribunal de Ética, que proferirá decisão. Designação de Relator para Instrução do Processo: recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou o da Subseção, quando esta dispuser de Conselho, designa relator, por sorteio, um de seus integrantes, para presidir a instrução processual. Análise de Admissibilidade: o relator, atendendo aos critérios de admissibilidade, emitirá parecer propondo a instauração de processo disciplinar ou o arquivamento liminar da representação, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de redistribuição do feito pelo Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção para outro relator, observando-se o mesmo prazo, conforme § 3º do art. 58 do CEDOAB. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos interessados para prestar esclarecimentos ou a do representado para apresentar defesa prévia, no prazo de 15 (quinze) dias, em qualquer caso (art. 59, caput, do CEDOAB). OA B N A M ED ID A | É TI CA P RO FI SS IO N AL | RE SU M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V ÉTICA PROFISSIONAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1212 Defesa Prévia: preenchidos os requisitos de admissibilidade, compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos interessados para prestar esclarecimentos ou a do representado para apresentar defesa prévia, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 59, caput, do CED). Revelia: se o representado não apresentar defesa prévia ele será considerado revel, mas o efeito da revelia é a nomeação de defensor dativo, não havendo presunção