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Ementa e Acórdão 30/08/2019 PLENÁRIO EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 511.961 SÃO PAULO RELATORA : MIN. ROSA WEBER EMBTE.(S) :FENAJ- FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS ADV.(A/S) : JOÃO ROBERTO EGYDIO PIZA FONTES EMBDO.(A/S) :SINDICATO DAS EMPRESAS DE RÁDIO E TELEVISÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO - SERTESP ADV.(A/S) :RONDON AKIO YAMADA EMBDO.(A/S) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :UNIÃO ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO CONSTITUCIONAL. EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE JORNALISTA. EXIGÊNCIA DE DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR. LIBERDADES DE PROFISSÃO, EXPRESSÃO E INFORMAÇÃO. ARTS. 5º, IX E XIII, E 220, CAPUT, § 1ª, DA LEI MAIOR. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. CARÁTER INFRINGENTE. DECLARATÓRIOS OPOSTOS SOB A VIGÊNCIA DO CPC/1973. 1. Inocorrência de descompasso lógico entre os fundamentos adotados e a conclusão do julgado, circunstância que afasta a tese veiculada nos embargos declaratórios de que contraditório ou obscuro o decisum. 2. Não se prestam os embargos de declaração, não obstante sua vocação democrática e sua finalidade precípua de aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, para o reexame das questões de fato e de direito já apreciadas no acórdão embargado. 3. Ausentes contradição, omissão e obscuridade justificadoras da oposição de embargos declaratórios, nos termos do art. 535 do CPC, a Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 94C2-D688-9EF4-B470 e senha AB8D-A25A-BA0B-2D92 Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 20 Ementa e Acórdão RE 511961 ED / SP evidenciar o caráter meramente infringente da insurgência. 4. Embargos de declaração rejeitados. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto da Relatora e por unanimidade de votos, em sessão virtual do Plenário de 23 a 29 de agosto de 2019, na conformidade da ata do julgamento. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Brasília, 30 de agosto de 2019. Ministra Rosa Weber Relatora 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 94C2-D688-9EF4-B470 e senha AB8D-A25A-BA0B-2D92 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP evidenciar o caráter meramente infringente da insurgência. 4. Embargos de declaração rejeitados. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto da Relatora e por unanimidade de votos, em sessão virtual do Plenário de 23 a 29 de agosto de 2019, na conformidade da ata do julgamento. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Brasília, 30 de agosto de 2019. Ministra Rosa Weber Relatora 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 94C2-D688-9EF4-B470 e senha AB8D-A25A-BA0B-2D92 Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 20 Relatório 30/08/2019 PLENÁRIO EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 511.961 SÃO PAULO RELATORA : MIN. ROSA WEBER EMBTE.(S) :FENAJ- FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS ADV.(A/S) : JOÃO ROBERTO EGYDIO PIZA FONTES EMBDO.(A/S) :SINDICATO DAS EMPRESAS DE RÁDIO E TELEVISÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO - SERTESP ADV.(A/S) :RONDON AKIO YAMADA EMBDO.(A/S) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :UNIÃO ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO RELATÓRIO A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Contra o acórdão da relatoria do Ministro Gilmar Mendes pelo qual este Plenário conheceu e deu provimento aos recursos extraordinários, declarando a não recepção do art. 4º, V, do Decreto-lei nº 972/1989, opõem embargos de declaração a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Com amparo no art. 535 do CPC, reputam omisso, obscuro e contraditório o julgado. Alegam, em síntese, que: 1. “o r. acórdão do Pleno dessa Colenda Corte padece do vício de julgamento "extra petita" pois teria determinado a vedação à criação de ordem ou conselho profissional para fiscalização da profissão de jornalista sem que houvesse pedido nesse sentido na petição inicial e a declaração de não recepção pela CF do dispositivo legal que exige diploma para o exercício da profissão de jornalista também não faria parte dos pedidos deduzidos na exordial da ACP”; 2. “o aresto sofre de omissão inconstitucional ao não se manifestar sobre a previsão das figuras dos provisionados e Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 685C-D014-A16C-F02C e senha 8E8A-A21A-8726-DDF9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 46A6-C26A-3F0A-0A72 e senha 8430-3F3D-E2F2-E89E Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 30E0-4802-2E2F-4325 e senha 0DE9-6991-E499-5C6D Supremo Tribunal Federal 30/08/2019 PLENÁRIO EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 511.961 SÃO PAULO RELATORA : MIN. ROSA WEBER EMBTE.(S) :FENAJ- FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS ADV.(A/S) : JOÃO ROBERTO EGYDIO PIZA FONTES EMBDO.(A/S) :SINDICATO DAS EMPRESAS DE RÁDIO E TELEVISÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO - SERTESP ADV.(A/S) :RONDON AKIO YAMADA EMBDO.(A/S) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) :UNIÃO ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO RELATÓRIO A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Contra o acórdão da relatoria do Ministro Gilmar Mendes pelo qual este Plenário conheceu e deu provimento aos recursos extraordinários, declarando a não recepção do art. 4º, V, do Decreto-lei nº 972/1989, opõem embargos de declaração a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Com amparo no art. 535 do CPC, reputam omisso, obscuro e contraditório o julgado. Alegam, em síntese, que: 1. “o r. acórdão do Pleno dessa Colenda Corte padece do vício de julgamento "extra petita" pois teria determinado a vedação à criação de ordem ou conselho profissional para fiscalização da profissão de jornalista sem que houvesse pedido nesse sentido na petição inicial e a declaração de não recepção pela CF do dispositivo legal que exige diploma para o exercício da profissão de jornalista também não faria parte dos pedidos deduzidos na exordial da ACP”; 2. “o aresto sofre de omissão inconstitucional ao não se manifestar sobre a previsão das figuras dos provisionados e Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 685C-D014-A16C-F02Ce senha 8E8A-A21A-8726-DDF9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 46A6-C26A-3F0A-0A72 e senha 8430-3F3D-E2F2-E89E Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 30E0-4802-2E2F-4325 e senha 0DE9-6991-E499-5C6D Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 20 Relatório RE 511961 ED / SP colaboradores que poderiam escrever livremente em jornal sem ter o diploma de jornalista e sobre o argumento dos embargantes segundo o qual da interpretação sistemática dos artigos 5°, XIII e 220, caput e § 1 ° da CF seria impossível enxergar vedação à exigência legal de diploma para o exercício do jornalismo”; e 3. “a decisão padeceria de obscuridade e contradição (note-se que as fls. 2182 e 2183 dos autos estão invertidas) ao se manifestar sobre a possibilidade de o exercício da profissão de jornalista causar ou não prejuízos e sobre a exigência ou não de técnicas específicas para o exercício da profissão de jornalismo”. Declaratórios opostos sob a vigência do Código de Processo Civil de 1973. Substituição da relatoria (art. 38 do RISTF). É o relatório. 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 685C-D014-A16C-F02C e senha 8E8A-A21A-8726-DDF9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 46A6-C26A-3F0A-0A72 e senha 8430-3F3D-E2F2-E89E Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 30E0-4802-2E2F-4325 e senha 0DE9-6991-E499-5C6D Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP colaboradores que poderiam escrever livremente em jornal sem ter o diploma de jornalista e sobre o argumento dos embargantes segundo o qual da interpretação sistemática dos artigos 5°, XIII e 220, caput e § 1 ° da CF seria impossível enxergar vedação à exigência legal de diploma para o exercício do jornalismo”; e 3. “a decisão padeceria de obscuridade e contradição (note-se que as fls. 2182 e 2183 dos autos estão invertidas) ao se manifestar sobre a possibilidade de o exercício da profissão de jornalista causar ou não prejuízos e sobre a exigência ou não de técnicas específicas para o exercício da profissão de jornalismo”. Declaratórios opostos sob a vigência do Código de Processo Civil de 1973. Substituição da relatoria (art. 38 do RISTF). É o relatório. 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 685C-D014-A16C-F02C e senha 8E8A-A21A-8726-DDF9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 46A6-C26A-3F0A-0A72 e senha 8430-3F3D-E2F2-E89E Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 30E0-4802-2E2F-4325 e senha 0DE9-6991-E499-5C6D Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER 30/08/2019 PLENÁRIO EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 511.961 SÃO PAULO VOTO A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Satisfeitos os pressupostos extrínsecos, passo à análise do mérito dos embargos de declaração. O acórdão embargado está assim ementado: “JORNALISMO. EXIGÊNCIA DE diploma de curso superior, registrado pelo Ministério da Educação, para o exercício da profissão DE JORNALISTA. LIBERDADES DE PROFISSÃO, DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO. CONSTITUIÇÃO DE 1988 (art. 5º, IX e XIII, e art. 220, caput e § 1º). NÃO RECEPÇÃO do art. 4º, inciso V, do Decreto-Lei n° 972, de 1969. 1. RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. art. 102, III, a, da constituição. Requisitos processuais intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade. Os recursos extraordinários foram tempestivamente interpostos e a matéria constitucional que deles é objeto foi amplamente debatida nas instâncias inferiores. Recebidos nesta Corte antes do marco temporal de 3 de maio de 2007 (AI-QO nº 664.567/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence), os recursos extraordinários não se submetem ao regime da repercussão geral. 2. Legitimidade ativa do ministério público para propositura da ação civil pública. O Supremo Tribunal Federal possui sólida jurisprudência sobre o cabimento da ação civil pública para proteção de interesses difusos e coletivos e a respectiva legitimação do Ministério Público para utilizá-la, nos termos dos arts. 127, caput, e 129, III, da Constituição Federal. No caso, a ação civil pública foi proposta pelo Ministério Público com o objetivo de proteger não apenas os interesses individuais homogêneos dos profissionais do jornalismo que atuam sem diploma, mas também os direitos fundamentais de Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal 30/08/2019 PLENÁRIO EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 511.961 SÃO PAULO VOTO A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Satisfeitos os pressupostos extrínsecos, passo à análise do mérito dos embargos de declaração. O acórdão embargado está assim ementado: “JORNALISMO. EXIGÊNCIA DE diploma de curso superior, registrado pelo Ministério da Educação, para o exercício da profissão DE JORNALISTA. LIBERDADES DE PROFISSÃO, DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO. CONSTITUIÇÃO DE 1988 (art. 5º, IX e XIII, e art. 220, caput e § 1º). NÃO RECEPÇÃO do art. 4º, inciso V, do Decreto-Lei n° 972, de 1969. 1. RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. art. 102, III, a, da constituição. Requisitos processuais intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade. Os recursos extraordinários foram tempestivamente interpostos e a matéria constitucional que deles é objeto foi amplamente debatida nas instâncias inferiores. Recebidos nesta Corte antes do marco temporal de 3 de maio de 2007 (AI-QO nº 664.567/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence), os recursos extraordinários não se submetem ao regime da repercussão geral. 2. Legitimidade ativa do ministério público para propositura da ação civil pública. O Supremo Tribunal Federal possui sólida jurisprudência sobre o cabimento da ação civil pública para proteção de interesses difusos e coletivos e a respectiva legitimação do Ministério Público para utilizá-la, nos termos dos arts. 127, caput, e 129, III, da Constituição Federal. No caso, a ação civil pública foi proposta pelo Ministério Público com o objetivo de proteger não apenas os interesses individuais homogêneos dos profissionais do jornalismo que atuam sem diploma, mas também os direitos fundamentais de Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MPn° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP toda a sociedade (interesses difusos) à plena liberdade de expressão e de informação. 3. CABIMENTO da ação civil pública. A não-recepção do Decreto-Lei n° 972/1969 pela Constituição de 1988 constitui a causa de pedir da ação civil pública e não o seu pedido principal, o que está plenamente de acordo com a jurisprudência desta Corte. A controvérsia constitucional, portanto, constitui apenas questão prejudicial indispensável à solução do litígio, e não seu pedido único e principal. Admissibilidade da utilização da ação civil pública como instrumento de fiscalização incidental de constitucionalidade. Precedentes do STF. 4. âmbito de proteção da liberdade de exercício profissional (art. 5º, inciso XIII, da Constituição). Identificação das restrições e conformações legais constitucionalmente permitidas. Reserva legal qualificada. PROPORCIONALIDADE. A Constituição de 1988, ao assegurar a liberdade profissional (art. 5º, XIII), segue um modelo de reserva legal qualificada presente nas Constituições anteriores, as quais prescreviam à lei a definição das condições de capacidade como condicionantes para o exercício profissional. No âmbito do modelo de reserva legal qualificada presente na formulação do art. 5º, XIII, da Constituição de 1988, paira uma imanente questão constitucional quanto à razoabilidade e proporcionalidade das leis restritivas, especificamente, das leis que disciplinam as qualificações profissionais como condicionantes do livre exercício das profissões. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: Representação nº 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, DJ , 2-9-1977. A reserva legal estabelecida pelo art. 5º, XIII, não confere ao legislador o poder de restringir o exercício da liberdade profissional a ponto de atingir o seu próprio núcleo essencial. 5. JORNALISMO E LIBERDADES DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO. INTEPRETAÇÃO do art. 5º, inciso XIII, em conjunto com os preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição. O jornalismo é uma profissão diferenciada 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP toda a sociedade (interesses difusos) à plena liberdade de expressão e de informação. 3. CABIMENTO da ação civil pública. A não-recepção do Decreto-Lei n° 972/1969 pela Constituição de 1988 constitui a causa de pedir da ação civil pública e não o seu pedido principal, o que está plenamente de acordo com a jurisprudência desta Corte. A controvérsia constitucional, portanto, constitui apenas questão prejudicial indispensável à solução do litígio, e não seu pedido único e principal. Admissibilidade da utilização da ação civil pública como instrumento de fiscalização incidental de constitucionalidade. Precedentes do STF. 4. âmbito de proteção da liberdade de exercício profissional (art. 5º, inciso XIII, da Constituição). Identificação das restrições e conformações legais constitucionalmente permitidas. Reserva legal qualificada. PROPORCIONALIDADE. A Constituição de 1988, ao assegurar a liberdade profissional (art. 5º, XIII), segue um modelo de reserva legal qualificada presente nas Constituições anteriores, as quais prescreviam à lei a definição das condições de capacidade como condicionantes para o exercício profissional. No âmbito do modelo de reserva legal qualificada presente na formulação do art. 5º, XIII, da Constituição de 1988, paira uma imanente questão constitucional quanto à razoabilidade e proporcionalidade das leis restritivas, especificamente, das leis que disciplinam as qualificações profissionais como condicionantes do livre exercício das profissões. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: Representação nº 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, DJ , 2-9-1977. A reserva legal estabelecida pelo art. 5º, XIII, não confere ao legislador o poder de restringir o exercício da liberdade profissional a ponto de atingir o seu próprio núcleo essencial. 5. JORNALISMO E LIBERDADES DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO. INTEPRETAÇÃO do art. 5º, inciso XIII, em conjunto com os preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição. O jornalismo é uma profissão diferenciada 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de informação. O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, inciso XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral. 6. DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR COMO EXIGÊNCIA PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE JORNALISTA. RESTRIÇÃO INCONSTITUCIONAL ÀS LIBERDADES DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO. As liberdades de expressão e de informação e, especificamente, a liberdade de imprensa, somente podem ser restringidas pela lei em hipóteses excepcionais, sempre em razão da proteção de outros valores e interesses constitucionais igualmente relevantes, como os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à personalidade em geral. Precedente do STF: ADPF n° 130, Rel. Min. Carlos Britto. A ordem constitucional apenas admite a definição legal das qualificações profissionais na hipótese em que sejam elas estabelecidas para proteger, efetivar e reforçar o exercício profissional das liberdades de expressão e de informação por parte dos jornalistas. Fora desse quadro, há patente inconstitucionalidade da lei. A exigência de diploma de curso superior para a prática do jornalismo – o qual, em sua essência, é o desenvolvimento profissional das liberdades de expressão e de informação – não está autorizada pela ordem constitucional, pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de informação. O jornalismo é a própria manifestação e difusãodo pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, inciso XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral. 6. DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR COMO EXIGÊNCIA PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE JORNALISTA. RESTRIÇÃO INCONSTITUCIONAL ÀS LIBERDADES DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO. As liberdades de expressão e de informação e, especificamente, a liberdade de imprensa, somente podem ser restringidas pela lei em hipóteses excepcionais, sempre em razão da proteção de outros valores e interesses constitucionais igualmente relevantes, como os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à personalidade em geral. Precedente do STF: ADPF n° 130, Rel. Min. Carlos Britto. A ordem constitucional apenas admite a definição legal das qualificações profissionais na hipótese em que sejam elas estabelecidas para proteger, efetivar e reforçar o exercício profissional das liberdades de expressão e de informação por parte dos jornalistas. Fora desse quadro, há patente inconstitucionalidade da lei. A exigência de diploma de curso superior para a prática do jornalismo – o qual, em sua essência, é o desenvolvimento profissional das liberdades de expressão e de informação – não está autorizada pela ordem constitucional, pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP 1º, da Constituição. 7. PROFISSÃO DE JORNALISTA. ACESSO E EXERCÍCIO. CONTROLE ESTATAL VEDADO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO CONSTITUCIONAL QUANTO À CRIAÇÃO DE ORDENS OU CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e o art. 220, não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, inciso IX, da Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF: Representação nº 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, DJ , 2-9-1977. 8. JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. POSIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS – OEA. A Corte Interamericana de Direitos Humanos proferiu decisão no dia 13 de novembro de 1985, declarando que a obrigatoriedade do diploma universitário e da inscrição em ordem profissional para o exercício da profissão de jornalista viola o art. 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos, que protege a liberdade de expressão em sentido amplo (caso La colegiación obligatoria de periodistas - Opinião Consultiva OC-5/85, de 13 de novembro de 1985). Também a Organização dos Estados Americanos – OEA, por meio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, entende que a exigência de diploma universitário em 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP 1º, da Constituição. 7. PROFISSÃO DE JORNALISTA. ACESSO E EXERCÍCIO. CONTROLE ESTATAL VEDADO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO CONSTITUCIONAL QUANTO À CRIAÇÃO DE ORDENS OU CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e o art. 220, não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, inciso IX, da Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF: Representação nº 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, DJ , 2-9-1977. 8. JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. POSIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS – OEA. A Corte Interamericana de Direitos Humanos proferiu decisão no dia 13 de novembro de 1985, declarando que a obrigatoriedade do diploma universitário e da inscrição em ordem profissional para o exercício da profissão de jornalista viola o art. 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos, que protege a liberdade de expressão em sentido amplo (caso La colegiación obligatoria de periodistas - Opinião Consultiva OC-5/85, de 13 de novembro de 1985). Também a Organização dos Estados Americanos – OEA, por meio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, entende que a exigência de diploma universitário em 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP jornalismo, como condição obrigatória para o exercício dessa profissão, viola o direito à liberdade de expressão (Informe Anual da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, de 25 de fevereiro de 2009). RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS CONHECIDOS E PROVIDOS.” Não há vícios a sanar. Constato não se ressentir o julgado do vício da omissão que se lhe imputa, devidamente explicitadas as razões de decidir e enfrentadas as questões necessárias e suficientes consideradas aquelas assertivas recursais capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador ao deslinde da controvérsia. Consabido, ademais, não se encontraro magistrado, na esteira do entendimento jurisprudencial pacificado por esta Excelsa Corte, obrigado a responder a todos os argumentos veiculados pelos litigantes. Precedentes: AR 2393 AgR, Tribunal Pleno, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Dje 23.3.2015; Rcl 5783 ED-ED, 1ª Turma, Relator Min. Luiz Fux, DJe 29.10.2014; AR 2397 AgR, Tribunal Pleno, Relator Min. Ricardo Lewandowski, DJe 21.8.2014; Pet 4071 AgRED, Tribunal Pleno, Relator Min. Eros Grau, DJe 21.8.2009, e RE 465739 AgR-ED, 1ª Turma, Relator Min. Carlos Britto, DJ 24.11.2006. Destaco, por oportuno, acerca do tido por omisso, expressamente registrado o entendimento de que “a interpretação do art. 5º, inciso XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral”. Afastada, portanto, no acórdão recorrido, a tese de que, “da interpretação sistemática dos artigos 5°, XIII e 220, caput e § 1 ° da CF seria impossível enxergar vedação à exigência legal de diploma para o exercício do jornalismo”. Quanto ao aspecto do exercício profissional por “figuras dos provisionados e colaboradores que poderiam escrever livremente em jornal sem ter o diploma de jornalista”, explicitado que os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP jornalismo, como condição obrigatória para o exercício dessa profissão, viola o direito à liberdade de expressão (Informe Anual da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, de 25 de fevereiro de 2009). RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS CONHECIDOS E PROVIDOS.” Não há vícios a sanar. Constato não se ressentir o julgado do vício da omissão que se lhe imputa, devidamente explicitadas as razões de decidir e enfrentadas as questões necessárias e suficientes consideradas aquelas assertivas recursais capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador ao deslinde da controvérsia. Consabido, ademais, não se encontrar o magistrado, na esteira do entendimento jurisprudencial pacificado por esta Excelsa Corte, obrigado a responder a todos os argumentos veiculados pelos litigantes. Precedentes: AR 2393 AgR, Tribunal Pleno, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Dje 23.3.2015; Rcl 5783 ED-ED, 1ª Turma, Relator Min. Luiz Fux, DJe 29.10.2014; AR 2397 AgR, Tribunal Pleno, Relator Min. Ricardo Lewandowski, DJe 21.8.2014; Pet 4071 AgRED, Tribunal Pleno, Relator Min. Eros Grau, DJe 21.8.2009, e RE 465739 AgR-ED, 1ª Turma, Relator Min. Carlos Britto, DJ 24.11.2006. Destaco, por oportuno, acerca do tido por omisso, expressamente registrado o entendimento de que “a interpretação do art. 5º, inciso XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral”. Afastada, portanto, no acórdão recorrido, a tese de que, “da interpretação sistemática dos artigos 5°, XIII e 220, caput e § 1 ° da CF seria impossível enxergar vedação à exigência legal de diploma para o exercício do jornalismo”. Quanto ao aspecto do exercício profissional por “figuras dos provisionados e colaboradores que poderiam escrever livremente em jornal sem ter o diploma de jornalista”, explicitado que os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP liberdade de expressão. Por essa razão, o acesso e o exercício da profissão de jornalista não estão sujeitos ao controle estatal, “pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da Constituição”. Nesse sentido, transcrevo o pertinente trecho: “[...] As liberdades de expressão e de informação e, especificamente, a liberdade de imprensa, somente podem ser restringidas pela lei em hipóteses excepcionais, sempre em razão da proteção de outros valores e interesses constitucionais igualmente relevantes, como os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à personalidade em geral. Precedente do STF: ADPF n° 130, Rel. Min. Carlos Britto. A ordem constitucional apenas admite a definição legal das qualificações profissionais na hipótese em que sejam elas estabelecidas para proteger, efetivar e reforçar o exercício profissional das liberdades de expressão e de informação por parte dos jornalistas. Fora desse quadro, há patente inconstitucionalidade da lei. A exigência de diploma de curso superior para a prática do jornalismo – o qual, em sua essência, é o desenvolvimento profissional das liberdades de expressão e de informação – não está autorizada pela ordem constitucional, pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da Constituição. 7. PROFISSÃO DE JORNALISTA. ACESSO E EXERCÍCIO. CONTROLE ESTATAL VEDADO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO CONSTITUCIONAL QUANTO À CRIAÇÃO DE ORDENS OU CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e o art. 220, não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP liberdade de expressão. Por essa razão, o acesso e o exercício da profissão de jornalista não estão sujeitos ao controle estatal, “pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da Constituição”. Nesse sentido, transcrevo o pertinente trecho: “[...] As liberdades de expressão e de informação e, especificamente, a liberdade de imprensa, somente podem ser restringidas pela lei em hipóteses excepcionais, sempre em razão da proteção de outros valores e interesses constitucionais igualmente relevantes, como os direitos à honra, à imagem, à privacidade e à personalidade em geral. Precedente do STF: ADPF n° 130, Rel. Min. Carlos Britto. A ordem constitucional apenas admite a definição legal das qualificações profissionais na hipótese em que sejam elas estabelecidas para proteger, efetivar e reforçar o exercício profissional das liberdadesde expressão e de informação por parte dos jornalistas. Fora desse quadro, há patente inconstitucionalidade da lei. A exigência de diploma de curso superior para a prática do jornalismo – o qual, em sua essência, é o desenvolvimento profissional das liberdades de expressão e de informação – não está autorizada pela ordem constitucional, pois constitui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercício da liberdade jornalística, expressamente proibido pelo art. 220, § 1º, da Constituição. 7. PROFISSÃO DE JORNALISTA. ACESSO E EXERCÍCIO. CONTROLE ESTATAL VEDADO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO CONSTITUCIONAL QUANTO À CRIAÇÃO DE ORDENS OU CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e o art. 220, não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, inciso IX, da Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF: Representação n.° 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, DJ , 2-9-1977.” No que diz com a alegação de que “acórdão do Pleno dessa Colenda Corte padece do vício de julgamento ‘extra petita’”, verifico proferido o julgado nos exatos limites em que proposta a lide, consoante se denota da causa de pedir e dos pedidos formulados na inicial da ação civil pública, verbis: “[...] 2.1 A NÃO-RECEPÇÃO DO DECRETO-LEI 972/69 EM FACE DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 O artigo 220 da Constituição de 1988, já mencionado, impede, em seu parágrafo primeiro, qualquer embaraço à plena liberdade do exercício do direito à informação. Por outro lado, há de se lembrar a previsão do artigo S", que, em seus incisos IX (é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença) e XIII ( é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer) estabelecem comandos normativos que devem ser interpretados em conjunto com o artigo 220. [...] Destarte, pacífica, na mais prestigiada doutrina, a não recepção do Decreto-lei no. 972/69 pela Carta de 1988. Não 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, inciso IX, da Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF: Representação n.° 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, DJ , 2-9-1977.” No que diz com a alegação de que “acórdão do Pleno dessa Colenda Corte padece do vício de julgamento ‘extra petita’”, verifico proferido o julgado nos exatos limites em que proposta a lide, consoante se denota da causa de pedir e dos pedidos formulados na inicial da ação civil pública, verbis: “[...] 2.1 A NÃO-RECEPÇÃO DO DECRETO-LEI 972/69 EM FACE DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 O artigo 220 da Constituição de 1988, já mencionado, impede, em seu parágrafo primeiro, qualquer embaraço à plena liberdade do exercício do direito à informação. Por outro lado, há de se lembrar a previsão do artigo S", que, em seus incisos IX (é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença) e XIII ( é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer) estabelecem comandos normativos que devem ser interpretados em conjunto com o artigo 220. [...] Destarte, pacífica, na mais prestigiada doutrina, a não recepção do Decreto-lei no. 972/69 pela Carta de 1988. Não 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP bastasse isso, mostraremos, a seguir, que aplicação das regras contidas naquele decreto fere de morte outras normas de ordem superior, incorporadas ao nosso ordenamento jurídico através da posterior ratificação de tratados firmados pelo Brasil. [...] a) seja obrigada a União Federal a não mais registrar ou fornecer qualquer número de inscrição no Ministério do Trabalho para os diplomados em jornalismo, informando aos interessados a desnecessidade do registro e inscrição para o exercício da profissão de jornalista. b) seja obrigada a União Federal a não mais executar fiscalização sobre o exercício da profissão de jornalista por profissionais desprovidos de grau de curso universitário de jornalismo, bem como não mais exarar os autos de infração correspondentes; c) sejam declarados nulos todos os autos de infração lavrados por auditores-fiscais do trabalho, em fase de execução ou não, contra indivíduos em razão da prática do jornalismo sem o correspondente diploma [...]”. De mais a mais, enfatizo que a contradição sanável por aclaratórios é aquela intrínseca à decisão embargada, vale dizer, a que se revela no confronto entre os fundamentos do julgado embargado e a respectiva conclusão. Nesse sentido, recordo o seguinte precedente: “Embargos de declaração no agravo regimental no agravo de instrumento. Matéria criminal. Questões afastadas nos julgamentos anteriores. Não há omissão, contradição ou obscuridade. Embargos rejeitados. 1. No julgamento do agravo regimental, as questões postas pela parte embargante foram devidamente enfrentadas, nos limites necessários ao deslinde do feito. Inexiste, portanto, qualquer dos vícios do art. 337 do RISTF. 2. Segundo a jurisprudência desta Corte, a contradição que autoriza opor o recurso declaratório deve ser interna à decisão, verificada entre os fundamentos do julgadoe a sua conclusão, o que não ocorreu no caso em tela. 3. Embargos de 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP bastasse isso, mostraremos, a seguir, que aplicação das regras contidas naquele decreto fere de morte outras normas de ordem superior, incorporadas ao nosso ordenamento jurídico através da posterior ratificação de tratados firmados pelo Brasil. [...] a) seja obrigada a União Federal a não mais registrar ou fornecer qualquer número de inscrição no Ministério do Trabalho para os diplomados em jornalismo, informando aos interessados a desnecessidade do registro e inscrição para o exercício da profissão de jornalista. b) seja obrigada a União Federal a não mais executar fiscalização sobre o exercício da profissão de jornalista por profissionais desprovidos de grau de curso universitário de jornalismo, bem como não mais exarar os autos de infração correspondentes; c) sejam declarados nulos todos os autos de infração lavrados por auditores-fiscais do trabalho, em fase de execução ou não, contra indivíduos em razão da prática do jornalismo sem o correspondente diploma [...]”. De mais a mais, enfatizo que a contradição sanável por aclaratórios é aquela intrínseca à decisão embargada, vale dizer, a que se revela no confronto entre os fundamentos do julgado embargado e a respectiva conclusão. Nesse sentido, recordo o seguinte precedente: “Embargos de declaração no agravo regimental no agravo de instrumento. Matéria criminal. Questões afastadas nos julgamentos anteriores. Não há omissão, contradição ou obscuridade. Embargos rejeitados. 1. No julgamento do agravo regimental, as questões postas pela parte embargante foram devidamente enfrentadas, nos limites necessários ao deslinde do feito. Inexiste, portanto, qualquer dos vícios do art. 337 do RISTF. 2. Segundo a jurisprudência desta Corte, a contradição que autoriza opor o recurso declaratório deve ser interna à decisão, verificada entre os fundamentos do julgado e a sua conclusão, o que não ocorreu no caso em tela. 3. Embargos de 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP declaração rejeitados” (AI 853.653-AgR-ED, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 09.8.2012). Por seu turno, ausente descompasso lógico entre os fundamentos adotados e a conclusão do julgado, afasta-se a tese veiculada nos embargos declaratórios de que contraditório ou obscuro o decisum. Por fim, uma vez que a jurisprudência desta Suprema Corte chancela o uso da técnica da motivação per relationem, adoto, ainda, como razões de decidir, os fundamentos do órgão ministerial em parecer da lavra do eminente Sub-Procurador-Geral da República Paulo de Tarso Braz Lucas, em que opina pela Rejeição dos embargos declaratórios: “ [...] Os embargos não merecem prosperar, devendo-se desde logo, descartar quaisquer considerações quanto a ocorrência de julgamento "extra petita". Note-se que uma simples leitura da petição inicial leva à conclusão de que a decisão dessa Colenda Corte está dentro das balizas contidas na causa de pedir e no pedido feitos pelo Ministério Público Federal, pois não foi determinada providência diversa daquela que fora originariamente postulada. Com efeito, colhe-se da inicial os seguintes trechos, que conferem ampla legitimidade à decisão embargada para decidir como decidiu em relação aos conselhos profissionais, in verbis (fls. 10/11 e 29/30): ‘O legislador infra-constitucional não pode impor restrições indevidas ou irrazoáveis, como é o caso presente para o exercício da profissão de jornalista. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de 1969, ratificada pelo Brasil em 1992, estatui uma série de garantias a liberdade pessoas e a justiça social, sempre tendo como base o respeito aos direitos humanos. Em seu artigo 13 está a liberdade de expressão e a proibição de qualquer forma de obstáculo a sua difusão ou circulação: Artigo 13: Liberdade de pensamento e expressão 9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP declaração rejeitados” (AI 853.653-AgR-ED, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 09.8.2012). Por seu turno, ausente descompasso lógico entre os fundamentos adotados e a conclusão do julgado, afasta-se a tese veiculada nos embargos declaratórios de que contraditório ou obscuro o decisum. Por fim, uma vez que a jurisprudência desta Suprema Corte chancela o uso da técnica da motivação per relationem, adoto, ainda, como razões de decidir, os fundamentos do órgão ministerial em parecer da lavra do eminente Sub-Procurador-Geral da República Paulo de Tarso Braz Lucas, em que opina pela Rejeição dos embargos declaratórios: “ [...] Os embargos não merecem prosperar, devendo-se desde logo, descartar quaisquer considerações quanto a ocorrência de julgamento "extra petita". Note-se que uma simples leitura da petição inicial leva à conclusão de que a decisão dessa Colenda Corte está dentro das balizas contidas na causa de pedir e no pedido feitos pelo Ministério Público Federal, pois não foi determinada providência diversa daquela que fora originariamente postulada. Com efeito, colhe-se da inicial os seguintes trechos, que conferem ampla legitimidade à decisão embargada para decidir como decidiu em relação aos conselhos profissionais, in verbis (fls. 10/11 e 29/30): ‘O legislador infra-constitucional não pode impor restrições indevidas ou irrazoáveis, como é o caso presente para o exercício da profissão de jornalista. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de 1969, ratificada pelo Brasil em 1992, estatui uma série de garantias a liberdade pessoas e a justiça social, sempre tendo como base o respeito aos direitos humanos. Em seu artigo 13 está a liberdade de expressão e a proibição de qualquer forma de obstáculo a sua difusão ou circulação: Artigo 13: Liberdade de pensamento e expressão 9 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP 3. não se pode restringir o direito de informação por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais.’ ‘A liberdade de expressão requer que os meios de comunicação social estejam virtualmente abertos a todos sem discriminação, ou mais exatamente, que não haja indivíduos ou grupos que, a priori, estejam excluídos do acesso a tais meios, exige igualmente certas condições de respeito a eles, de maneira que, na prática, sejam instrumentos dessa liberdade e não veículos para restringi-la. A Corte [Interamericana de Direitos Humanos] salientou, também, que são os meios de comunicação social os que servem para materializar o exercício da liberdadede expressão, de modo que suas condições de funcionamento devem adequar-se aos requisitos dessa liberdade. Para isso, de acordo com a Corte, é indispensável a pluralidade de meios e a proibição de todo monopólio, qualquer que seja a forma tentada. Na esteira do pensamento da Corte, conclui-se que quaisquer formas de limitações ao direito de comunicação, expressão de pensamento ou ideias, mostram-se totalmente incompatíveis com os valores e preceitos contidos na Convenção Americana sobre Direitos Humanos.’ 4. Igualmente improcedentes os argumentos levantados para tentar afastar a declaração de não recepção do artigo 4°, inciso V, do Decreto-Lei nº 972/1969 pela CF/88, pois, ainda que referida providência não tivesse sido aventada como causa de pedir da ação civil pública, não haveria óbice para que o Supremo Tribunal Federal, como Corte Constitucional, declarasse, no bojo de recurso extraordinário, a compatibilidade ou não de determinado dispositivo legal com a Constituição Federal. De mais a mais, note-se que tal decisão está de acordo com a tendência esposada por essa Colenda Corte de objetivação do recurso extraordinário, que tem deixado de ter caráter meramente subjetivo "para assumir, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional objetiva". A esse respeito, confiram-se os arestos prolatados no 10 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP 3. não se pode restringir o direito de informação por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais.’ ‘A liberdade de expressão requer que os meios de comunicação social estejam virtualmente abertos a todos sem discriminação, ou mais exatamente, que não haja indivíduos ou grupos que, a priori, estejam excluídos do acesso a tais meios, exige igualmente certas condições de respeito a eles, de maneira que, na prática, sejam instrumentos dessa liberdade e não veículos para restringi-la. A Corte [Interamericana de Direitos Humanos] salientou, também, que são os meios de comunicação social os que servem para materializar o exercício da liberdade de expressão, de modo que suas condições de funcionamento devem adequar-se aos requisitos dessa liberdade. Para isso, de acordo com a Corte, é indispensável a pluralidade de meios e a proibição de todo monopólio, qualquer que seja a forma tentada. Na esteira do pensamento da Corte, conclui-se que quaisquer formas de limitações ao direito de comunicação, expressão de pensamento ou ideias, mostram-se totalmente incompatíveis com os valores e preceitos contidos na Convenção Americana sobre Direitos Humanos.’ 4. Igualmente improcedentes os argumentos levantados para tentar afastar a declaração de não recepção do artigo 4°, inciso V, do Decreto-Lei nº 972/1969 pela CF/88, pois, ainda que referida providência não tivesse sido aventada como causa de pedir da ação civil pública, não haveria óbice para que o Supremo Tribunal Federal, como Corte Constitucional, declarasse, no bojo de recurso extraordinário, a compatibilidade ou não de determinado dispositivo legal com a Constituição Federal. De mais a mais, note-se que tal decisão está de acordo com a tendência esposada por essa Colenda Corte de objetivação do recurso extraordinário, que tem deixado de ter caráter meramente subjetivo "para assumir, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional objetiva". A esse respeito, confiram-se os arestos prolatados no 10 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP RE-AgR nO 475.8121SP (ReI. Exmo. Sr. Min. Eros Grau, DJ 04.08.2006) e na SE-AgR n° 5.206/EP (ReI. Exmo. Sr. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 30.04.2004), o primeiro a seguir ementado e o segundo com excertos do voto do Min. Relator, verbis: ‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. ALTERAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. LEI N. 9.718/98. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 239 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O Supremo Tribunal Federal tem entendido, a respeito da tendência de não-estrita subjetivação ou de maior objetivação do recurso extraordinário, que ele deixa de ter caráter marcadamente subjetivo ou de defesa de interesse das partes, para assumir, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional objetiva. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.’ ‘E a experiência demonstra, a cada dia, que a tendência dominante - especialmente na prática deste Tribunal- é no sentido da crescente contaminação da pureza dos dogmas do controle difuso pelos princípios reitores do método concentrado. Detentor do monopólio do controle direto e, também, como órgão de cúpula do Judiciário, titular da palavra definitiva sobre a validade das normas no controle incidente, em ambos os papéis, o Supremo Tribunal há de ter em vista o melhor cumprimento da missão precípua de 'guarda da Constituição', que a Lei Fundamental explicitamente lhe confiou. Ainda que a controvérsia lhe chegue pelas vias recursais do controle difuso, expurgar da ordem jurídica a lei inconstitucional ou consagrar-lhe definitivamente a constitucionalidade contestada são tarefas essenciais da Corte, no interesse maior da efetividade da Constituição, cuja realização não se deve subordinar à estrita necessidade, para o julgamento de uma determinada causa, de solver a questão constitucional nela 11 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP RE-AgR nO 475.8121SP (ReI. Exmo. Sr. Min. Eros Grau, DJ 04.08.2006) e na SE-AgR n° 5.206/EP (ReI. Exmo. Sr. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 30.04.2004), o primeiro a seguir ementado e o segundo com excertos do voto do Min. Relator, verbis: ‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. ALTERAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. LEI N. 9.718/98. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 239 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O Supremo Tribunal Federal tem entendido, a respeito da tendência de não-estrita subjetivação ou de maior objetivação do recurso extraordinário, que ele deixa de ter caráter marcadamente subjetivo ou de defesa de interesse das partes, para assumir, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional objetiva. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.’ ‘E a experiência demonstra, a cada dia, que a tendência dominante - especialmente na prática deste Tribunal- é no sentido da crescente contaminação da pureza dos dogmas do controle difuso pelos princípios reitores do método concentrado. Detentor do monopólio do controle direto e, também, como órgão de cúpula do Judiciário, titular da palavra definitiva sobre a validade das normas no controle incidente, em ambos os papéis, o Supremo Tribunal há de ter em vista o melhor cumprimento da missão precípua de 'guarda da Constituição', que a Lei Fundamental explicitamentelhe confiou. Ainda que a controvérsia lhe chegue pelas vias recursais do controle difuso, expurgar da ordem jurídica a lei inconstitucional ou consagrar-lhe definitivamente a constitucionalidade contestada são tarefas essenciais da Corte, no interesse maior da efetividade da Constituição, cuja realização não se deve subordinar à estrita necessidade, para o julgamento de uma determinada causa, de solver a questão constitucional nela 11 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP adequadamente contida. Afinal, não é novidade dizer - como, a respeito da cassação, Calamandrei observou em páginas definitivas (Casación Civil, trad., EJEA, BsAs, 1959, 12 ss.) - que no recurso extraordinário - via por excelência da solução definitiva das questões incidentes de inconstitucionalidade da lei -, a realização da função jurisdicional, para o Supremo Tribunal, é um meio mais que um fim: no sistema de controle incidenter em especial no recurso extraordinário, o interesse particular dos litigantes' como na cassação, é usado "como elemento propulsor posto a serviço de interesse público", que aqui é a guarda da Constituição, para a qual o Tribunal existe.’ 5. Nesse mesmo sentido se manifesta abalizada doutrina, verbis: Uno de los fenómenos más relevantes de los ordenamientos constitucionales de nuestro tiempo ha sido el de la universalización de la justicia constitucional. Esta expansión sin límites de la justicia constitucional, como no podía acontecer de otro modo, ha incidido frontalmente sobre la clásica contraposici- ón bipolar a la que durante bastante tiempo trataron de ser reconducidos los distintos sistemas de justicia constitucional: el sistema americano y el europeokelseniano, o si se prefiere, el modelo de la judicial review of Legislation y el de la Verfassungsgerichtsbarkeit. La enorme expansión de la justicia constitucional ha propiciado uma mixtura e hibridación de modelos, que se ha unido ai proceso preexistente de progresiva convergencia entre los elementos, supuestamente contrapuestos antano, de los dos tradicionales sistemas de control de la constitucionalidad de los actos dei poder. Más aún, incluso desde una perspectiva histórica resulta que la completa vigencia práctica de los postulados teóricos en que se sustentaba la bipolaridad sistema difuso / sistema concentrado o, con más rigor,judicial review of 12 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP adequadamente contida. Afinal, não é novidade dizer - como, a respeito da cassação, Calamandrei observou em páginas definitivas (Casación Civil, trad., EJEA, BsAs, 1959, 12 ss.) - que no recurso extraordinário - via por excelência da solução definitiva das questões incidentes de inconstitucionalidade da lei -, a realização da função jurisdicional, para o Supremo Tribunal, é um meio mais que um fim: no sistema de controle incidenter em especial no recurso extraordinário, o interesse particular dos litigantes' como na cassação, é usado "como elemento propulsor posto a serviço de interesse público", que aqui é a guarda da Constituição, para a qual o Tribunal existe.’ 5. Nesse mesmo sentido se manifesta abalizada doutrina, verbis: Uno de los fenómenos más relevantes de los ordenamientos constitucionales de nuestro tiempo ha sido el de la universalización de la justicia constitucional. Esta expansión sin límites de la justicia constitucional, como no podía acontecer de otro modo, ha incidido frontalmente sobre la clásica contraposici- ón bipolar a la que durante bastante tiempo trataron de ser reconducidos los distintos sistemas de justicia constitucional: el sistema americano y el europeokelseniano, o si se prefiere, el modelo de la judicial review of Legislation y el de la Verfassungsgerichtsbarkeit. La enorme expansión de la justicia constitucional ha propiciado uma mixtura e hibridación de modelos, que se ha unido ai proceso preexistente de progresiva convergencia entre los elementos, supuestamente contrapuestos antano, de los dos tradicionales sistemas de control de la constitucionalidad de los actos dei poder. Más aún, incluso desde una perspectiva histórica resulta que la completa vigencia práctica de los postulados teóricos en que se sustentaba la bipolaridad sistema difuso / sistema concentrado o, con más rigor,judicial review of 12 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP Legislation / Verfassungsgerichtsbarkeit, fue más bien escasa, produciéndose muy pronto una cierta relativización de algunos de sus rasgos más característicos. No será necesario esperar a la nueva concepción sustentada por los constituyentes europeos de la segunda postguerra, si bien a partir de este momento el proceso relativizador de los binomios precedentemente citados se acentuará de modo notable. Em efecto, ya la muy relevante reforma constitucional austríaca de 1929 (la Zweite Bundesverfassungsnovelle, de 7 de diciembre de 1929) agrietará la supuesta solidez de las diferencias binomiales. A juicio de Cappelletti, que compartimos, tras la Novelle, el sistema austríaco-kelseniano presenta ya un carácter hibrido. Por lo demás, una opinión doctrinal muy extendida en nuestros días, si es que no casi generalizada, subraya la existencia de una clara tendência convergente entre los dos clásicos modelos. Es el caso, entre otros muchos, de CappeIletti, para quien el control jurisdiccional de las leyes, en su funcionamiento en el mundo contemporáneo, revela el hundimiento de las antiguas dicotomías, hallándose los dos modelos en vías de Ilegar a uno sólo, en proceso, en defInitiva, de unifIcación." (SEGADO, Francisco Femández. La Obsolescencia de la Bipolaridad Tradicional (Modelo Americano - Modelo Europeo-Kelseniano) de los Sistemas de Justicia Constitucional. In: Direito Pú- blico, Brasília: mP/Síntese, ano 1, n.o 2, out./dez. 2003). 6. No mais, quanto aos outros argumentos levantados na peça recursal, não é possível vislumbrar omissão, obscuridade ou contradição. Na verdade, o que pretendem os embargantes é rediscutir o mérito do acórdão, providência que não é compatível com a natureza dos embargos declaratórios. O certo é que o aresto recorrido, longe de padecer de qualquer vício 13 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP Legislation / Verfassungsgerichtsbarkeit, fue más bien escasa, produciéndose muy pronto una cierta relativización de algunos de sus rasgos más característicos. No será necesario esperar a la nueva concepciónsustentada por los constituyentes europeos de la segunda postguerra, si bien a partir de este momento el proceso relativizador de los binomios precedentemente citados se acentuará de modo notable. Em efecto, ya la muy relevante reforma constitucional austríaca de 1929 (la Zweite Bundesverfassungsnovelle, de 7 de diciembre de 1929) agrietará la supuesta solidez de las diferencias binomiales. A juicio de Cappelletti, que compartimos, tras la Novelle, el sistema austríaco-kelseniano presenta ya un carácter hibrido. Por lo demás, una opinión doctrinal muy extendida en nuestros días, si es que no casi generalizada, subraya la existencia de una clara tendência convergente entre los dos clásicos modelos. Es el caso, entre otros muchos, de CappeIletti, para quien el control jurisdiccional de las leyes, en su funcionamiento en el mundo contemporáneo, revela el hundimiento de las antiguas dicotomías, hallándose los dos modelos en vías de Ilegar a uno sólo, en proceso, en defInitiva, de unifIcación." (SEGADO, Francisco Femández. La Obsolescencia de la Bipolaridad Tradicional (Modelo Americano - Modelo Europeo-Kelseniano) de los Sistemas de Justicia Constitucional. In: Direito Pú- blico, Brasília: mP/Síntese, ano 1, n.o 2, out./dez. 2003). 6. No mais, quanto aos outros argumentos levantados na peça recursal, não é possível vislumbrar omissão, obscuridade ou contradição. Na verdade, o que pretendem os embargantes é rediscutir o mérito do acórdão, providência que não é compatível com a natureza dos embargos declaratórios. O certo é que o aresto recorrido, longe de padecer de qualquer vício 13 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP capaz de justificar essa investida recursal, constitui pronunciamento jurisdicional válido, imune, portanto, às alterações pretendidas pela embargante. A esse respeito, confiram-se os arestos prolatados na Pet-AgR-ED n° 4.0711DF (ReI. Exmo. Sr. Min. Eros Grau, DJe 21.08.2009), no MS-ED n° 23.1911PB (ReI. Exmo. Sr. Min. Eros Grau, DJe 14.11.2008) e na Ext-ED n° 1.1221IL (ReI. Exmo. Sr. Min. Carlos Britto, DJe 20.11.2009), assim respectivamente ementados: ‘EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. NOTIFICA- çÃO JUDICIAL. DEVER DE DAR RESPOSTA A TODOS OS FUNDAMENTOS DO RECORRENTE. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. 1. O magistrado não está vinculado pelo dever de responder todos os fundamentos alegados pela parte recorrente [AgR-AI n. 511.581, de que fui Relator, DJe de 14.8.08 e AI n. 281.007, Relator o Ministro OCTÁVIO GALOTTI, Dl de 18.8.00]. 2. Os embargos de declaração têm pressupostos certos [art. 535, I e 11, do CPC]. Não configuram via processual adequada à rediscussão do mérito da causa. São admissíveis em caráter infringente somente em hipóteses, excepcionais, de omissão do julgado ou de erro material manifesto. [EDAgR-AI n. 177.313, Relator o Ministro CELSO DE MELLO, Dl de 13.9.96]. Embargos de declaração rejeitados’ ‘EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Os embargos de declaração têm pressupostos certos [art. 535, I e 11, do CPC]. Não configuram via processual adequada à rediscussão do mérito da causa. São admissíveis em caráter infringente somente em hipóteses, excepcionais, de omissão do julgado ou erro material manifesto. Precedente [RE n. 223.904-ED, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ 18.02.2005]. 2. Não há no acórdão embargado obscuridade, 14 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP capaz de justificar essa investida recursal, constitui pronunciamento jurisdicional válido, imune, portanto, às alterações pretendidas pela embargante. A esse respeito, confiram-se os arestos prolatados na Pet-AgR-ED n° 4.0711DF (ReI. Exmo. Sr. Min. Eros Grau, DJe 21.08.2009), no MS-ED n° 23.1911PB (ReI. Exmo. Sr. Min. Eros Grau, DJe 14.11.2008) e na Ext-ED n° 1.1221IL (ReI. Exmo. Sr. Min. Carlos Britto, DJe 20.11.2009), assim respectivamente ementados: ‘EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. NOTIFICA- çÃO JUDICIAL. DEVER DE DAR RESPOSTA A TODOS OS FUNDAMENTOS DO RECORRENTE. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. 1. O magistrado não está vinculado pelo dever de responder todos os fundamentos alegados pela parte recorrente [AgR-AI n. 511.581, de que fui Relator, DJe de 14.8.08 e AI n. 281.007, Relator o Ministro OCTÁVIO GALOTTI, Dl de 18.8.00]. 2. Os embargos de declaração têm pressupostos certos [art. 535, I e 11, do CPC]. Não configuram via processual adequada à rediscussão do mérito da causa. São admissíveis em caráter infringente somente em hipóteses, excepcionais, de omissão do julgado ou de erro material manifesto. [EDAgR-AI n. 177.313, Relator o Ministro CELSO DE MELLO, Dl de 13.9.96]. Embargos de declaração rejeitados’ ‘EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Os embargos de declaração têm pressupostos certos [art. 535, I e 11, do CPC]. Não configuram via processual adequada à rediscussão do mérito da causa. São admissíveis em caráter infringente somente em hipóteses, excepcionais, de omissão do julgado ou erro material manifesto. Precedente [RE n. 223.904-ED, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ 18.02.2005]. 2. Não há no acórdão embargado obscuridade, 14 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 20 Voto - MIN. ROSA WEBER RE 511961 ED / SP contradição ou omissão que autorizariam a integração do julgado com fundamento nos incisos I e 11 do artigo 535 do Código de Processo Civil. Embargos de declaração rejeitados.’ ‘EXTRADIÇÃO. ESTADO DE ISRAEL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. ALEGADA OMISSÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. SUPOSTA AUSÊNCIA DE CITAÇÃO VÁLIDA DO EXTRADITANDO. OBJETIVO MERAMENTE PROTELATÓRIO DOS EMBARGOS. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. PREJUÍZO DO PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA. 1. Não há omissão a suprir ou contradição a desfazer. Isto porque a alega- ção de cerceamento de defesa foi expressamente rechaçada pelo acórdão embargado. Ademais, a simples leitura dos autos revela pleno atendimento aos termos do artigo 85 da Lei n° 6.815/80. Pelo que não cabe falar em nulidade do processo extradicional. 2. Evidente a intenção de rejulgamento do mérito da extradição, finalidade para a qual não se prestam os embargos declaratórios, nos termos da pacífica jurisprudência do STF (Ext 947-ED e 936-ED, da relatoria do ministro Carlos Velloso; Ext 720- ED, da relato ria do ministro Celso de Mello). 3. Embargos declaratórios rejeitados. 4. Ante o propósito meramente protelatório destes embargos, fica determinado o imediato cumprimento do acórdão impugnado, independentemente de publicação. Precedentes:Ext 966- ED, da relatoria da ministro Sepúlveda Pertence; e Ext 984- ED, da minha relatoria. 5. Prejudicado o pedido de transferência do extraditando’." Não configuradas, portanto, quaisquer das hipóteses elencadas no art. 535 do CPC/1973, evidenciando-se tão somente o inconformismo da parte com a decisão que lhe foi desfavorável. Rejeito os embargos declaratórios. É como voto. 15 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Supremo Tribunal Federal RE 511961 ED / SP contradição ou omissão que autorizariam a integração do julgado com fundamento nos incisos I e 11 do artigo 535 do Código de Processo Civil. Embargos de declaração rejeitados.’ ‘EXTRADIÇÃO. ESTADO DE ISRAEL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. ALEGADA OMISSÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. SUPOSTA AUSÊNCIA DE CITAÇÃO VÁLIDA DO EXTRADITANDO. OBJETIVO MERAMENTE PROTELATÓRIO DOS EMBARGOS. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. PREJUÍZO DO PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA. 1. Não há omissão a suprir ou contradição a desfazer. Isto porque a alega- ção de cerceamento de defesa foi expressamente rechaçada pelo acórdão embargado. Ademais, a simples leitura dos autos revela pleno atendimento aos termos do artigo 85 da Lei n° 6.815/80. Pelo que não cabe falar em nulidade do processo extradicional. 2. Evidente a intenção de rejulgamento do mérito da extradição, finalidade para a qual não se prestam os embargos declaratórios, nos termos da pacífica jurisprudência do STF (Ext 947-ED e 936-ED, da relatoria do ministro Carlos Velloso; Ext 720- ED, da relato ria do ministro Celso de Mello). 3. Embargos declaratórios rejeitados. 4. Ante o propósito meramente protelatório destes embargos, fica determinado o imediato cumprimento do acórdão impugnado, independentemente de publicação. Precedentes: Ext 966- ED, da relatoria da ministro Sepúlveda Pertence; e Ext 984- ED, da minha relatoria. 5. Prejudicado o pedido de transferência do extraditando’." Não configuradas, portanto, quaisquer das hipóteses elencadas no art. 535 do CPC/1973, evidenciando-se tão somente o inconformismo da parte com a decisão que lhe foi desfavorável. Rejeito os embargos declaratórios. É como voto. 15 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 3393-C28B-9A49-DBD2 e senha 3F4E-58FF-8E27-0FA3 Inteiro Teor do Acórdão - Página 19 de 20 Extrato de Ata - 30/08/2019 PLENÁRIO EXTRATO DE ATA EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 511.961 PROCED. : SÃO PAULO RELATORA : MIN. ROSA WEBER EMBTE.(S) : FENAJ- FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS ADV.(A/S) : JOÃO ROBERTO EGYDIO PIZA FONTES (54771/SP) EMBDO.(A/S) : SINDICATO DAS EMPRESAS DE RÁDIO E TELEVISÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO - SERTESP ADV.(A/S) : RONDON AKIO YAMADA (157508/SP) EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : UNIÃO ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto da Relatora. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 23.8.2019 a 29.8.2019. Composição: Ministros Dias Toffoli (Presidente), Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes. Carmen Lilian Oliveira de Souza Assessora-Chefe do Plenário Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código EA5E-9741-A075-5A0B e senha 4492-12E2-D747-449F Supremo Tribunal Federal PLENÁRIO EXTRATO DE ATA EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 511.961 PROCED. : SÃO PAULO RELATORA : MIN. ROSA WEBER EMBTE.(S) : FENAJ- FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS ADV.(A/S) : JOÃO ROBERTO EGYDIO PIZA FONTES (54771/SP) EMBDO.(A/S) : SINDICATO DAS EMPRESAS DE RÁDIO E TELEVISÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO - SERTESP ADV.(A/S) : RONDON AKIO YAMADA (157508/SP) EMBDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : UNIÃO ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto da Relatora. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 23.8.2019 a 29.8.2019. Composição: Ministros Dias Toffoli (Presidente), Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes. Carmen Lilian Oliveira de Souza Assessora-Chefe do Plenário Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código EA5E-9741-A075-5A0B e senha 4492-12E2-D747-449F Inteiro Teor do Acórdão - Página 20 de 20 Ementa e Acórdão Relatório Voto - MIN. ROSA WEBER Extrato de Ata - 30/08/2019