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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNOS DO HUMOR 
 
 
 
 
 
 
2 
 
TRANSTORNOS DO HUMOR 
 
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES 
Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 
 
ATENDIMENTO AO ALUNO 
editorafamart@famart.edu.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Sumário 
 
Introdução .................................................................................................................. 4 
Conceituação de Ansiedade ...................................................................................... 4 
Classificação dos transtornos de ansiedade e de humor ........................................... 9 
Classificação dos Transtornos de Ansiedade ............................................................. 9 
Classificação dos Transtornos de Humor ................................................................. 11 
Causas dos Transtornos do Humor .......................................................................... 14 
Dimensões psicológicas ........................................................................................... 15 
Dimensões socioculturais......................................................................................... 15 
Diagnóstico .............................................................................................................. 16 
TIPOS DE TRANSTORNOS DO HUMOR ............................................................... 18 
Hipomania ................................................................................................................ 26 
Transtorno Bipolar ................................................................................................... 26 
Transtorno Ciclotímico ............................................................................................. 27 
Referências .............................................................................................................. 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Introdução 
 
Os Transtornos do Humor ou Afetivos são aqueles cujo sintoma principal é a 
alteração do humor ou do afeto, da energia (ânimo) e do jeito de sentir, pensar e se 
comportar. Acontecem com crises únicas ou se repetem, oscilando ao longo da vida. 
Podem ser episódios de depressão ou de mania (difere da “mania de fazer as coisas” 
ou “tique” – nome dado à fase de euforia do transtorno bipolar). 
Quando a alteração de humor é causada por outra doença ou por 
medicamentos, não é considerado como transtorno do humor e sim um sintoma 
secundário da doença estabelecida ou consequência do uso da medicação. 
 
https://www.ufba.br/ufba_em_pauta/hupes-mantem-ambulat%C3%B3rio-de-
transtorno-de-humor-e-ansiedade 
 
Conceituação de Ansiedade 
 
A origem da palavra ansiedade é derivada do alemão, cuja raiz angh, significa 
estreitamento ou constrição, aperto. O radical Grego Anshein, significa: estrangular, 
sufocar, oprimir. No latim, seu sinônimo seria angustus, que expressa desconforto ou 
5 
angor que significa falta de ar, opressão ou ainda angere significando constrição, 
sufocação, pânico (Nardi, 2006). 
Para os gregos o termo depressão recebia o nome de melancolia, cunhado por 
Hipócrates (400 a.C.), sendo utilizado para descrever uma síndrome ou variações 
negativas de humor. Hipócrates, que deu início à busca de bases naturais para os 
transtornos mentais, ligou a melancolia ao acúmulo da denominada “bile negra” no 
organismo dos pacientes (de melános negro + cholé, bile). A depressão, desde essa 
época, caracterizava-se por tristeza profunda, o afastamento da realidade externa, 
sentimentos de culpa e tendência ao suicídio. Pensava-se que era preciso expulsar 
do organismo o humor daninho, e para isto utilizavam-se purgativos (Nardi, 2006). 
No século XIX, o estabelecimento do humor como uma função mental, a 
valorização dos sentimentos e emoções reforçadas pelo romantismo, o fracasso do 
modelo anátomo-clínico, que é a busca de correspondência entre lesões cerebrais e 
sinais e sintomas mentais e o nascimento da Psicopatologia, deram origem ao ímpeto 
classificatório dos transtornos mentais (Nardi, 2006). 
A segunda metade do século XX destacou-se quanto à prática psiquiátrica no 
que diz respeito ao diagnóstico e ao tratamento dos transtornos mentais. Este último 
recebeu uma ajuda fundamental, pois na década de 1950, houve a descoberta de 
duas classes de medicamentos antidepressivos (Nardi, 2005) 
A ansiedade é uma emoção cujos componentes são psicológicos e fisiológicos, 
fazendo parte do espectro normal das experiências humanas. É um sinal de alerta, 
permitindo ao indivíduo ficar atento a um perigo iminente e utilizar 
recursos necessários para lidar com esta ameaça. Ela permite ao indivíduo 
reunir os comportamentos eficientes para lidar da melhor maneira com uma 
determinada situação. Em outras palavras é um sentimento útil, nem sempre é a vilã 
da história. Foi ela que preservou nossa espécie até os dias atuais (Nardi, 1998). 
Segundo Nardi, “sem ansiedade estaríamos vulneráveis aos perigos e ao 
desconhecido, sendo algo que está presente no desenvolvimento normal, nas 
mudanças e nas experiências inéditas.” 
Certos graus de ansiedade podem ser considerados benéficos, preparando o 
indivíduo adequadamente para tarefas cotidianas. No início do século XX, esse 
6 
princípio foi proposto através da Lei de Yerkes-Dodson (1908), que diz o seguinte: 
existe um ponto ótimo de ansiedade necessário para a melhor execução de uma 
determinada atividade. A figura 2.1 ilustra graficamente que a relação entre ansiedade 
e desempenho toma a forma de uma curva em “U” invertido; ou seja, até um 
determinado ponto, o aumento da ansiedade tem a capacidade de aumentar o 
desempenho. Em contrapartida, aumentar ansiedade além de um determinado grau 
provoca a redução de desempenho. A Lei de Yerkes-Dodson sugere ainda que o 
ponto ótimo para a execução de uma determinada tarefa depende do seu grau de 
dificuldade. Assim, tarefas mais fáceis necessitam níveis maiores de ansiedade em 
relação a tarefas mais difíceis. Todavia, níveis exageradamente elevados de 
ansiedade sempre prejudicam a execução de uma tarefa, seja ela fácil ou difícil, 
caracterizando-se assim o seu aspecto patológico (Cristian, 2007; Yerkes e Dodson, 
1908). 
 
Lei de Yerkes-Dodson 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ansiedade 
 
Figura - Lei de Yerkes-Dodson (Cristian, 2007). 
Ponto ótimo 
da ansiedade 
para tarefas 
difíceis 
Ponto ótimo 
da ansiedade 
para tarefas 
médias 
Ponto ótimo 
da ansiedade 
para tarefas 
fáceis 
P
e
rf
o
rm
a
n
ce
 
7 
 
 
 
 
 
Segundo Nardi (1998) a ansiedade permite a um estudante que terá seus 
conhecimentos testados, estudar o suficiente para ter maior segurança e, 
conseqüentemente, menor ansiedade; ou, então, que um jovem se prepare 
demoradamente e com vários detalhes irrelevantes para um encontro amoroso. Após 
algum tempo, a preparação para o encontro com uma antiga namorada torna-se 
quase desnecessária, já que não há mais ansiedade (Nardi, 1998). 
Dessa maneira, a ansiedade parece ser, em determinados níveis, um 
fenômeno adaptativo, uma vez que ela tem a capacidade de aperfeiçoar ou 
potencializar recursos do indivíduo frente a exigências do meio. Nessa mesma linha 
de pensamento, Levenson (1999) define a ansiedade como uma emoção capaz de 
organizar comportamentos eficientes para atender às exigências dinâmicas do 
ambiente. 
A ansiedade é uma sensação difusa, desagradável, de apreensão, 
acompanhada por várias sensações físicas: mal-estar gástrico, dor precordial, 
palpitações, sudorese excessiva, cefaléia, etc. Os padrões individuais físicos de 
ansiedade variam amplamente. Alguns indivíduos apresentam como sintomas 
cardiovasculares, outros apenas sintomas gastrintestinais, e há aqueles que 
apresentam apenas um sintoma, como sudorese excessiva (Nardi, 1998). A 
ansiedade é considerada patológicaquando é desproporcional à situação que a 
desencadeia, ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione 
(Andrade e Gorestein, 1998). 
Entre os diversos transtornos emocionais conhecidos, o da ansiedade vem 
afetando e incapacitando inúmeros indivíduos em diferentes níveis. “Os transtornos 
de ansiedade estão entre os transtornos psiquiátricos mais freqüentes na população 
geral, com prevalências de 12,5% ao longo da vida e 7,6% no ano” (Andrade e 
Gorestein, 1998). Uma característica importante desse transtorno é a distorção da 
percepção da realidade, acarretando interpretações alteradas em situações diárias. 
8 
 
Essas interpretações alteradas ocorrem tanto nos níveis cognitivos (se expressando 
por meio de preocupações excessivas, sensação de fracasso iminente, confusão 
mental), como alterações comportamentais (agitação psicomotora, tremores 
musculares) e também sintomas fisiológicos (náusea, sudorese, palpitação) 
(Landeira, 1998). Tanto as escalas de Beck como as de Hamilton (estudadas no 
presente trabalho), utilizadas para quantificação dos sintomas apresentados por 
pacientes portadores de transtornos de humor e ansiedade, possuem questões que 
avaliam alterações cognitivas, comportamentais e fisiológicas. 
Assim como a ansiedade, o humor também tem uma função adaptativa para a 
sobrevivência humana. Quando o humor é normal, a capacidade de interpretar os 
estímulos externos e internos de maneira adequada está preservada, ou seja, o 
indivíduo é capaz de compreender de forma adequada se o ambiente lhe é favorável 
ou não, e também de modular suas respostas. Quando o ambiente é favorável, as 
pessoas de humor normal agirão de forma mais confiante e segura, da mesma forma 
que se retrairão quando o ambiente for hostil (Nardi, 2006). 
A tristeza é um sentimento normal e faz parte do espectro das emoções 
humanas. Ela se manifesta diante de uma à frustração, decepção, perda ou fracasso. 
A tristeza não compromete a capacidade de raciocinar, de desempenhar atividades 
normais ou de reagir de forma favorável a uma boa notícia. Normalmente, com o 
passar do tempo, a tristeza diminui, e retorna somente quando o episódio que a 
desencadeou é lembrado (Nardi, 2006). 
A depressão é uma doença com sintomas físicos e psíquicos bem claros, 
definidos e intensos, que ocorrem na ausência de um fator ambiental desencadeante, 
ou que é de desproporcional e anormalmente duradoura quando relacionada a um 
evento estressante ou entristecedor. Na depressão, mesmo eventos agradáveis, são 
percebidos como hostis. As pessoas acometidas por esta doença, não têm forças para 
buscar estímulos prazerosos e ao perceberem tal incapacidade, tornam-se irritáveis, 
aumentando a sensação de mal-estar (Nardi, 2006). 
 
9 
 
Classificação dos transtornos de ansiedade e de humor 
 
“Embora seja possível falar em doenças em grande parte das patologias 
cerebrais, a rigor não é adequado fazer o mesmo na maioria das condições mentais 
mórbidas” (Lent, 2008). Isto porque o mecanismo fisiológico que leva às doenças 
(fisiopatologia) destes transtornos, embora venha crescendo bastante, ainda é 
insuficiente. Daí a necessidade de criar outro termo para designar estas condições. 
Tanto o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição, texto 
revisado (DSM-IV-TR, 2000), da Associação Americana de Psiquiatria quanto a 
Classificação Internacional de Doenças, 10ª edição (CID – 10), da Organização 
Mundial de Saúde, adotam “transtornos mentais” para descrever condições mentais 
mórbidas (Lent, 2008). Constam no DSM-IV-TR dez classificações dos transtornos de 
humor e quatorze classificações dos transtornos de ansiedade. 
 
Classificação dos Transtornos de Ansiedade 
 
Dentre os Transtornos de Ansiedade a seguir, os mais abordados no presente 
trabalho, assim como os relacionados com este, compreendem: Ataque de Pânico, 
Transtorno de Pânico com ou sem agorafobia, Transtorno de Ansiedade Generalizada 
(TAG), Agorafobia sem história de Transtorno de pânico, Fobia Social, Fobia 
Específica, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno do Estresse Pós-
Traumático (TEPT). A seguir é apresentada uma breve descrição destes exemplos de 
transtornos de ansiedade que foram referidos. 
Em um ataque de pânico, o indivíduo tem sintomas físicos como: desconforto 
no peito, vertigem, falta de ar, palpitação, dormência, sudorese, tremores entre outros 
e também experimenta uma sensação de morte iminente, pensa que está tendo um 
ataque cardíaco, “enlouquecendo”. Os ataques duram em média 10 minutos. Ele pode 
ser inesperado (não-provocado), situacionalmente limitado (provocado) ou 
situacionalmente predisposto. Segundo o DSM- IV- TR, o Transtorno de Pânico está 
subdivido em: 1) Transtorno de Pânico com agorafobia e 2) Transtorno de Pânico sem 
agorafobia. O diagnóstico de Transtorno de Pânico é feito, quando o indivíduo tem 
10 
 
ataques de pânico inesperados e recorrentes seguidos por um mês de ansiedade 
antecipatória persistente ou mudança de comportamento (esquiva). O quadro clínico 
da agorafobia consiste em medos múltiplos e comportamento de esquiva centralizado 
em três temas principais: medo de sair de casa, medo de ficar sozinho e medo de 
estar fora de casa em situações em que pode se sentir ameaçado. O paciente passa 
a ter pavor de ter um novo ataque, então nos intervalos entre as crises ele desenvolve 
um comportamento de esquiva fóbica com o intuito de se preservar do ataque 
seguinte. 
O TAG tem como característica principal uma ansiedade crônica e persistente 
e preocupação excessiva, presentes há pelo menos seis meses. Os sintomas dessa 
categoria diagnóstica dividiram-se em dois grupos: 1) expectativa e preocupação 
apreensivas e 2) sintomas físicos. Esses pacientes são constantemente preocupados 
com questões triviais, são medrosos e esperam sempre o pior. Tensão muscular, 
inquietação, insônia, dificuldade de concentração, irritabilidade, são sinais típicos do 
TAG. 
Na Agorafobia sem história de Transtorno de Pânico têm que existir os 
sintomas de agorafobia e o indivíduo não pode preencher os critérios diagnósticos de 
Transtorno de Pânico. 
O principal medo na Fobia Social é o de agir de maneira em que possa ser 
humilhado ou ficar embaraçado diante de outrem. Esses indivíduos temem e muitas 
vezes evitam situações sociais ou evitam realizar tarefas na frente dos outros. As 
fobias sociais típicas são: falar, comer ou escrever em público, usar banheiro público, 
comparecer a reuniões. Seu maior medo é o das pessoas perceberem sua ansiedade 
e por conta disso serem ridicularizados. 
Fobia Específica é definida como o medo persistente e irracional de um objeto, 
atividade ou situação específica que resulta em um desejo incontrolável de evitá-los 
(estímulo fóbico). Essa característica é observada em outros transtornos psiquiátricos, 
porém esse diagnóstico só é feito quando a fonte de sofrimento é o estímulo fóbico e 
não o resultado de outro transtorno mental. 
No que se refere ao TOC as características principais são obsessões e 
compulsões. Obsessões são idéias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes 
11 
 
que são vivenciados como intrusivos. O conteúdo da obsessão é estranho e não está 
dentro do seu próprio controle. Os temas mais comuns giram em torno de 
contaminação (por ex: ser contaminado em apertos de mão), dúvidas repetidas (por 
ex: imaginar se forem executados certos atos como machucar alguém em um acidente 
de trânsito), uma necessidade de organizar as coisas (por ex: intenso sofrimento 
quando os objetos estão desorganizados). 
O indivíduo com obsessões em geral tenta suprimi-los ou neutralizá-los com 
algum outro pensamento ou ação (comportamento). As compulsões são 
comportamentos repetitivos (por ex: lavar as mãos) ou atos mentais (por ex: orar, 
contar) cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade ou sofrimento. 
No TEPT tem queexistir antes do desenvolvimento do transtorno, o que lhe faz 
diferente dos outros transtornos do grupo, um fator de estresse ou trauma precipitante. 
Então o indivíduo é exposto a um extremo estressor traumático, envolvendo 
experiência pessoal direta de um evento real ou ameaçador que envolve morte, sério 
sofrimento ou outra ameaça à própria integridade física. O evento pode ser revivido 
de várias formas. Normalmente a pessoa tem recordações recorrentes e intrusivas do 
fato, podem ocorrer sonhos agonizantes trazendo um intenso sofrimento. 
 
Classificação dos Transtornos de Humor 
 
Em relação aos Transtornos de Humor, os diagnósticos abordados neste 
trabalho são: Transtorno de Depressão Maior (TDM) e Transtorno Bipolar, apesar de 
também estarem descritos o Transtorno Distímico e a Depressão Psicótica. 
O que caracteriza o TDM são a presença de anedonia (prazer) e tristeza assim 
como alteração do sono, do apetite, uma sensação de estar sendo punido, culpa. 
Compreende também sintomas físicos como falta de energia, cansaço podendo estar 
presentes dores musculares. Os sintomas têm que estar presente por duas semanas. 
O Transtorno Distímico apresenta semelhanças com o TDM no sentido de 
apresentarem os mesmos sintomas com exceção no que diz respeito ao número de 
sintomas presentes e o tempo mínimo de duração. Enquanto para o diagnóstico de 
TDM é necessária a presença de quatro sintomas persistentes durante duas semanas, 
12 
 
no Transtorno Distímico é preciso que existam apenas 2 sintomas num período de 2 
anos. 
A Depressão Psicótica se refere ao episódio depressivo maior somado de 
sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. 
O Transtorno Bipolar é caracterizado pela presença de sintomas depressivos e 
sintomas maníacos. A paciente alterna seu humor indo de um pólo ao outro. Além de 
apresentarem sintomas depressivos, como os descritos acima, apresentam também 
mania onde está presente o humor exaltado, sono diminuído, pressão para falar, 
pensamento muito acelerado (taquipsiquismo), ocasionando a perda da linha de 
raciocínio (fuga de idéias), agitação psicomotora entre outros. 
 
Neurobiologia da Ansiedade e da Depressão 
 
Neurobiologia da Ansiedade 
 
Toda emoção é uma experiência subjetiva acompanhada de manifestações 
fisiológicas detectáveis por métodos da neurociência. Esses correlatos fisiológicos, 
que são respostas do Sistema Nervoso Autônomo, podem ser detectáveis também 
por meio de manifestações comportamentais (respostas motoras), e, portanto 
observáveis e quantificáveis. Nos seres humanos, a experiência subjetiva é de difícil 
acesso dificultando a exata identificação destas manifestações (Lent, 2005). 
A expressão das emoções é inata e tem um valor de sobrevivência do indivíduo 
e da espécie e funciona como comunicação social, por isso ela foi mantida e passada 
de uma geração para outra. 
Os psicofisiologistas têm utilizado indicadores comportamentais e fisiológicos 
das emoções para estudar a sua base neurobiológica (Lent, 2005). Normalmente são 
utilizados animais normais e outros com alguma lesão no sistema nervoso, o animal 
é treinado a realizar tarefas sob condições ansiogênicas e então é registrado seu 
comportamento ou reações autonômicas. 
O medo, a ansiedade e o estresse são emoções negativas, pois provocam 
desprazer aumentando a freqüência cardíaca, a sudorese, empalidecimento entre 
13 
 
outras manifestações fisiológicas. Esses sintomas são comuns caso o indivíduo se 
sinta ameaçado por algum estímulo. Ele pode ser rápido e passageiro quando uma 
pessoa ao caminhar pela rua, repentinamente, ouve o som de uma buzina e tem uma 
reação de sobressalto levando um susto, essa sensação desaparece logo em 
seguida. Outras vezes o estímulo é realmente ameaçador, prolongando o medo. 
Quando isso acontece durante muito tempo, esse medo e estado de tensão tornam- 
se crônicos transformando essa emoção em um transtorno de ansiedade que pode 
gerar também problemas físicos como gastrite e úlcera (Lent, 2005). 
O termo ansiedade é geralmente reservado a um estado de tensão ou 
apreensão cujas causas não são necessariamente produtoras de medo, mas sim da 
expectativa de alguma coisa, nem sempre ruim, que acontecerá no futuro próximo 
(Lent, 2005). 
Na ansiedade e no estresse os ajustes fisiológicos extrapolam o âmbito do 
Sistema Nervoso Autônomo e atingem o sistema endócrino e imunitário (Lent, 2005). 
A ativação do Sistema Nervoso Simpático causa taquicardia, sudorese entre outros 
sintomas, mas também causa a estimulação da supra-renal, cujas células secretam 
adrenalina e noradrenalina. A liberação desses hormônios na corrente sanguínea 
torna os sintomas mais prolongados. 
 
Neurobiologia da Depressão 
 
Embora flutuações do humor ao longo do dia sejam normais, em alguns 
indivíduos elas podem se tornar excessivas em intensidade e/ou duração, 
caracterizando um transtorno do humor (Lent, 2008). 
As causas da depressão ainda não estão claras, mas existe um componente 
hereditário, e os familiares de primeiro grau apresentam um risco 1,5 a 3 vezes maior 
do que a população geral. Além disso, a exposição a estressores tem papel muito 
importante no desenvolvimento de quadros depressivos (Lent, 2008). 
O termo estresse é de difícil definição, mas pode ser entendido como uma 
ameaça ao equilíbrio dinâmico essencial à sobrevivência dos seres vivos. O 
pesquisador austríaco Hans Seyle (1907-1982) autor de um trabalho pioneiro em 
14 
 
Montreal, reconheceu que a exposição repetida a estímulos lesivos produzia uma 
reação corporal que incluía o aparecimento de úlceras pépticas, aumento das supra-
renais e atrofia de tecidos linfáticos. Essa reação foi denominada originalmente 
“síndrome geral de adaptação” e, mais tarde, “estresse”. Existe o aumento significativo 
na incidência de eventos estressantes incontroláveis no trimestre que precede o início 
de quadro depressivo. Além disso, existem sugestões da presença, na depressão, de 
sensibilização crescente a estressores (Lent, 2008). 
Embora não esteja claro se a depressão está associada a uma redução na 
neurogênese, que é a capacidade que o sistema nervoso central tem de formar novos 
neurônios, ou se mudanças no volume hipocampal fazem parte da fisiopatologia da 
depressão. Estudos com animais têm mostrado que o estresse reduz a neurogênese 
nessas regiões e que diversas classes de antidepressivos aumentam a taxa de 
neurogênese no hipocampo. A hipótese resultante é que o estresse crônico reduz a 
neurogênese em um importante grupo de neurônios do cérebro, levando a um 
episódio depressivo em indivíduos geneticamente vulneráveis (Lent, 2008). 
A primeira medicação antidepressiva produzida foi a imipramina. Ela faz parte 
do grupo dos antidepressivos tricíclicos e tem a função de bloquear a recaptação de 
norepinefrina e serotonina (neurotransmissores) pelos terminais axônicos pré-
sinápticos, melhorando os sintomas da depressão (Lent, 2008). Sinapses são 
estruturas altamente especializadas, que fazem a transmissão de um impulso nervoso 
de um neurônio para outro. 
Pouco se sabe sobre os mecanismos responsáveis pelas flutuações de humor 
nos transtornos bipolares. No entanto, a semelhança entre os sintomas maníacos e 
aqueles provocados por substâncias que facilitam a neurotransmissão dopaminérgica 
sugere o envolvimento desse neurotransmissor (Lent, 2008). 
 
Causas dos Transtornos do Humor 
 
Dimensões biológicas 
 
15 
 
As pesquisas demonstram que os achados relacionados a alterações em 
sistemas de neurotransmissão tornam-se pouco representativos se avaliados de 
forma isolada, entretanto, modelos genéticos, neuroanatômicos, neuroquímicos e de 
neuroimagem têm apresentado importantes referenciais teóricos e conceituais que 
permitem maior compreensão acerca do funcionamento de determinados 
mecanismos biológicos quanto a apresentação clínica, o curso e a resposta 
farmacológica.Dimensões psicológicas 
 
Os acontecimentos estressantes da vida, entre eles, o estresse e o trauma 
contribuem grandemente para o desencadeamento do transtorno de humor. É 
importante identificar os aspectos psicossociais que antecederam o quadro clinico 
como: o contexto, o sentido e o significado que o paciente atribui ao momento. Isso é 
importante, pois as situações estressantes, como a perda do emprego, não é aspecto 
suficiente para provocar sintomas depressivos. Barlow (2009) afirma que as pessoas 
ficam ansiosas e deprimidas quando decidem ou são obrigadas a fazer algo em que 
elas não têm controle. 
A depressão pode resultar da tendência de interpretar os acontecimentos 
cotidianos de forma negativa ou a generalização excessiva (por ex.: ficar reprovado 
por que tirou uma nota baixa, mesmo que as outras notas sejam boas ou ainda há 
tempo de recuperar as notas). Desta forma, a depressão pode estar associada a 
explicações e pensamentos negativos dos fatos da vida (MÁXIMO, 2010). 
 
Dimensões socioculturais 
 
Relações matrimoniais insatisfatórias ou rompimentos de laços afetivos podem 
frequentemente contribuir para o surgimento da depressão. As mulheres divorciadas 
apresentam quadro de depressão grave três vezes maior que as mulheres casadas. 
Por outro lado, a depressão pode contribuir para a separação matrimonial, pois a 
tendência é buscarmos ficar longe de alguém negativo, pessimista ou doente, pois as 
16 
 
emoções são contagiosas e o parceiro começa a sentir-se mal, precipitando 
discussões e por fim, a separação (BARLOW, 2009). 
Em todo o mundo, o Transtorno Bipolar é dividido igualmente entre homens e 
mulheres, entretanto a Depressão Maior é 70% mais frequente em mulheres devido 
estarem mais expostas a pobreza, discriminação, assédio sexual e moral, dupla 
jornada de trabalho e salários menores. Por outro lado, mulheres que trabalham fora, 
tem independência financeira, exercem papel de autoridade no trabalho e no lar 
apresentam os mesmos índices de depressão que os homens (BARLOW, 2009). 
Basear-se em explicações isoladas acerca dos Transtornos do Humor não 
justifica o surgimento da doença. É necessário perceber como se integram as 
dimensões biológicas, físicas e socioculturais para a compreensão das causas e o 
desencadeamento do transtorno de humor. 
 
Diagnóstico 
 
Os Transtornos do Humor, entretanto, violam o critério de normalidade, no que 
diz respeito à intensidade, a duração e a qualidade do estado emocional que nem 
sempre coincide com a situação vivenciada. (HOCKENBURY, 2003) O transtorno de 
humor segundo o DSM IV constitui-se do agrupamento daquilo que é chamado de 
transtornos depressivos, transtornos afetivos ou neuroses depressivas. 
17 
 
 
 
Os Transtornos do Humor segundo o DSM IV dividem-se em: 
Os transtornos severos podem ou não ser acompanhados de delírios, de 
alucinações e de alterações da consciência do eu. Além dessa característica 
semiológica, os Transtornos do Humor têm uma característica evolutiva importante: 
evoluem por fases, em cujos intervalos o paciente recupera toda a integridade 
psíquica anterior ao seu adoecimento. 
Os indivíduos que apresentam depressão ou mania sofrem de Transtornos do 
Humor unipolar, pois a alteração de humor fica apenas em um polo. É raro acontecer 
casos de mania unipolar e frequente os casos de depressão unipolar. Há aqueles que 
o humor varia entre a depressão e a mania, nesse caso são chamados de transtorno 
bipolar. E há ainda aqueles que mesmo com sintomas maníacos pode sentir-se 
deprimido ao mesmo tempo, a esses casos são chamados de disforia ou episódio 
misto. (SOLOMON, 2003) 
A depressão e a mania variam de pessoa para pessoa no que se refere a 
gravidade e frequência que os episódios se repetem e até nos sintomas manifestados. 
18 
 
Desta forma os sintomas característicos apresentados no DSM IV e no CID 10 servem 
como marcadores que nos auxiliam no diagnóstico, mas tomados isoladamente pode 
conduzir a equívocos. 
 
TIPOS DE TRANSTORNOS DO HUMOR 
 
Transtornos depressivos 
 
O risco para depressão resulta da influência de múltiplos genes, agindo junto 
com fatores ambientais e outros não genéticos, tais como: [...] história familiar de 
depressão ou suicídio, experiências traumáticas na infância, fraco suporte social, 
baixo nível socioeconômico, abuso de drogas (lícitas ou ilícitas), puerpério, residir em 
área urbana, ser portador de condição clínica grave/crônica (câncer, diabetes, 
cardiopatia, Alzheimer, HIV), e eventos de vida estressores (perda de um ente 
querido, desemprego). (CHIAVERINI, 2011). 
 
https://zenklub.com.br/blog/saude-bem-estar/transtornos-de-humor-conheca-
os-principais-tipos/ 
 
O diagnóstico da depressão é clínico e baseado na história do paciente e nos 
sintomas apresentados. Os pacientes relatam redução das atividades, perda de 
iniciativa, tristeza, alterações do sono e apetite, alterações sexuais, falta de prazer, 
https://zenklub.com.br/blog/saude-bem-estar/transtornos-de-humor-conheca-os-principais-tipos/
https://zenklub.com.br/blog/saude-bem-estar/transtornos-de-humor-conheca-os-principais-tipos/
19 
 
rebaixamento da atenção e concentração, pensamento pode estar com curso 
lentificado, sem alteração da forma e com conteúdo depressivo de menos valia, de 
culpa e até de suicídio. 
A aparência pode ser descuidada, barba por fazer, cabelos em desalinho ou 
penteados parcialmente, pouco contato visual, cabeça baixa e lentidão psicomotora. 
Os subtipos podem apresentar predominância e gravidade variáveis de sintomas. 
 
Transtorno depressivo maior ou depressão Grave 
 
É um quadro que devemos ter muito cuidado em caracterizar, pois o atual 
modismo do diagnóstico de “depressão” leva muitas vezes a equívocos. Trata-se de 
diferenciar os quadros graves de depressão dos quadros moderados e leves. 
A diferença não é apenas a intensidade da depressão. O episódio depressivo 
grave pode ou não ser acompanhado de sintomas como delírios e, mais raramente, 
alucinações e alterações da consciência do eu. Quando o delírio está presente, 
costuma ter um conteúdo de autoacusação: o paciente sente desprezo por si mesmo, 
acusa-se de erros, pecados, ou mesmo crimes que teria cometido, acredita que será 
punido seja pela ruína financeira, pela morte, pela doença, pela condenação eterna, 
ou qualquer outro castigo terrível. (BARLOW, 2009). 
 
Sintomas comuns na Depressão Grave 
Sintomas emocionais 
• Sentimento de tristeza, desânimo, inutilidade, culpa, vazio ou 
insignificância; 
• Sentir-se emocionalmente distanciado dos outros; 
• Afastar-se das pessoas. 
• 
Sintomas Comportamentais 
20 
 
• Expressão facial de desalento; 
• Faz menos contato visual, olha para baixo; 
• Sorri com menos frequência; 
• Movimentos, fala e gestos lentos. 
• Choroso ou episódios espontâneos de choro; 
• Perda de interesse ou prazer em atividades usuais, incluindo 
sexo; 
• Auto exclusão de atividades sociais. 
Sintomas Cognitivos 
• Dificuldade para pensar, concentrar-se e lembrar-se; 
• Negativismo e pessimismo global; 
• Pensamentos suicidas ou preocupação com a morte. 
Sintomas físicos 
• Mudanças no apetite resultando em significativa perda ou ganho 
de peso; 
• Insônia, acordar muito cedo ou dormir demais; 
• Dores vagas, mas crônicas; 
• Diminuição do interesse sexual; 
• Perda de energia física ou mental; 
• Sentimentos gerais de ansiedade; 
• Inquietação e desassossego; 
 
O suicídio é um risco nos casos de depressão grave à medida que os 
pensamentos tornam-se totalmente pessimista em relação a si mesmo, ao mundo e 
ao futuro. 
O transtorno depressivo maior pode ser de episódio único ou recorrente, sendo 
este último caracterizado por dois ou mais episódios depressivos que se repetiram e 
foram separados por período de pelo menos 02 meses. As pessoas com esta doença 
geralmente têm familiares com histórico de depressão. 
Tiposde depressão melancólica: É caracterizada por uma lentificação geral 
e perda da capacidade de prazer ou de sentir emoções. Há um predomínio de insônia, 
21 
 
perda de apetite com eventual perda de peso, pensamento de culpa, ruína e 
pessimismo. A reversão do quadro pode levar semanas e o apoio psicoterápico é 
fundamental. 
Atípica: Sua principal característica é a hiperatividade emocional, excesso de 
sono e de apetite. 
Psicótica: Possui sintomas psicóticos como agravantes, quando há 
predomínio de delírios (com conteúdo coerente ou incoerente em relação ao humor). 
Mesmo com tratamento farmacológico a resposta é demorada e difícil. 
Sazonal: padrão de repetição de episódios depressivos, sempre na mesma 
época do ano, em especial em períodos frios ou chuvosos. Boa resposta terapêutica 
com fototerapia. 
Distimia: Se caracteriza por um humor persistentemente deprimido que dura 
cerca de 2 anos. Diferencia-se da depressão grave devido a menor intensidade dos 
sintomas. É uma depressão crônica de grau baixo (HOCKENBURY, 2003). Pode até 
não haver grande prejuízo na vida funcional, mas pode continuar por vários anos 
desencadeando episódios de depressão maior. 
 
Depressão em Populações específicas 
 
Depressão na infância e juventude 
 
É bastante complexo definir o quadro clínico da depressão entre as crianças e 
os adolescentes, devido às mudanças físicas e cognitivas que ocorrem nessa fase da 
vida. Entretanto crianças com depressão têm, com frequência, muitos problemas, 
como fracasso escolar, funcionamento psicossocial comprometido e transtornos 
psiquiátricos comórbidos, tais como transtornos de conduta, estados de ansiedade, 
problemas de aprendizagem, hiperatividade, anorexia nervosa e recusa a frequentar 
a escola (BAHLS, 2002; HARRINGTON, 2005; CALDERARO & CARVALHO, 2005) 
Por não ter, muitas vezes, consciência do perigo, a criança com depressão 
pode exibir comportamentos de risco como forma de chamar a atenção das pessoas 
para o seu sofrimento, por ter dificuldade de expressar o que sente. 
22 
 
É bastante comum que a criança depressiva se envolva em situações que 
tragam perigo à sua integridade física, inclusive tentativas de suicídio, no entanto, os 
meios escolhidos são menos eficazes e muitas vezes o gesto é identificado como 
sendo “coisa de criança”. Daí é necessário que os pais e profissionais da área da 
saúde estejam atentos que crianças também apresentam conflitos existenciais e que 
uma tentativa de suicídio não é “brincadeira de criança sadia. ” (CALDERARO & 
CARVALHO, 2005) 
Nos adolescentes o quadro da depressão é bastante preocupante e é mais 
frequente naqueles vindo de famílias com altas taxas de psicopatologia, podendo ter 
experimentado eventos vitais adversos. Normalmente, o primeiro episódio acontece 
entre 12 e 19 anos. Do ponto de vista clínico, os sintomas apresentados são muito 
similares aos dos adultos. (CALDERARO & CARVALHO, 2005) A baixa autoestima, a 
piora no desempenho escolar, a ideação e tentativa de suicídio (com altas taxas de 
letalidade – podendo chegar a 10% nos casos de depressão grave), bem como 
problemas graves de comportamento, uso abusivo de álcool e drogas tornam a 
depressão nessa fase da vida particularmente preocupante (BAHLS, 2007). 
Uma estrutura familiar adequada, uma relação materno-infantil saudável, num 
contexto social menos empobrecido, bem como o tratamento dos familiares com 
depressão é essencial para se prevenir o aparecimento do transtorno depressivo entre 
crianças e adolescentes (CALDERARO & CARVALHO, 2005). 
 
Transtorno depressivo na Gestação e Puerpério 
 
No que se refere à gestação, pode-se dizer que, mesmo quando desejada, ela 
é sempre fonte de stress. São considerados fatores de risco na etiologia da depressão 
na gravidez e no puerpério: pertencer a estratos econômicoeducacionais mais baixos, 
desemprego, ser mãe solteira e jovem, histórias familiar e pessoal de transtornos do 
humor, eventos de vida negativos, conflitos conjugais, falta de apoio social e 
ambivalência sobre a gestação. A depressão durante a gravidez estaria ainda 
associada ao tabagismo e ao abuso de drogas, sem relação de causa e efeito bem 
estabelecida (CHIAVERINI 2011). 
23 
 
Também se correlacionou pouco sono na gravidez com o desenvolvimento de 
quadro depressivo no período pós-parto. Portanto, investigar se a paciente está 
dormindo pouco e orientá-la no sentido de modificar tal situação, convocando a ajuda 
da família, se necessário, pode ser importante na prevenção de episódios 
depressivos. (CHIAVERINI 2011). 
 
Depressão em mulheres 
 
Vários estudos têm sido conduzidos com o intuito de se aferir os fatores 
explicativos para as diferenças observadas entre os sexos na depressão. Holmes 
(2001) apresenta algumas razões que explicariam a maior prevalência da depressão 
no sexo feminino. 
 
 Como resultado dos seus papéis sociais, elas costumam se sentir mais 
livres para expressar seus sentimentos em geral, e, em particular, aqueles 
sentimentos negativos associados à depressão, o que facilita o diagnóstico; 
 São frequentemente mais expostas aos tipos de situações que 
desencadeiam um processo depressivo: baixos níveis de escolaridade, baixa renda, 
doença atual e doença recente (depressão reativa); 
 Existem diferenças fisiológicas e hormonais entre os sexos que as 
predispõe à depressão. 
 
O matrimônio parece também explicar algumas diferenças observadas entre 
homens e mulheres na depressão. Almeida-Filho (2004) mostrou que entre as 
mulheres solteiras a taxa de prevalência da depressão era menor, se comparada à 
taxa das mulheres casadas, divorciadas ou viúvas. 
Outro subtipo de depressão associado às mulheres é o Transtorno Disfórico 
Pré-menstrual, que envolve a depressão que precede a menstruação. 
Sintomas como humor depressivo, irritabilidade, ansiedade, interesse reduzido, 
entre outros, deve estar presente por alguns meses para que a mulher seja 
24 
 
diagnosticada com esse transtorno. Estima-se que 3% a 5% da população feminina 
sejam acometidas por esse tipo de depressão (MÁXIMO, 2011). 
Não se deve confundir o Transtorno Disfórico Pré-menstrual com a Síndrome 
Prémenstrual. A Síndrome Disfórica Pré-Menstrual é um padrão de sintomas muito 
mais extremo e sério, que demanda tratamento e cuidados médicos, sendo, portanto, 
um transtorno que traz prejuízos consideráveis à vida das mulheres (HOLMES, 2001; 
YONKERS & STEINER, 2001). 
Tipos de Tratamentos 
 
O tratamento da depressão pode se dar através de psicoterapia e/ou do uso de 
medicamentos antidepressivos. Existem vários tipos de psicoterapias que podem ser 
aplicadas para o tratamento da depressão (terapia cognitivo-comportamental, 
psicanálise, psicoterapia breve, etc.). 
 ESTÁGIOS DA MANIA 
ESTÁGIO I ESTÁGIO II ESTÁGIO III 
HUMOR Lábil, eufórico, irritável se 
contrariado. 
Disforia e 
depressão, hostil 
e irado. 
Claramente 
disfórico, em 
pânico, 
desesperado. 
PENSAMENTO E 
COGNIÇÃO 
Expansivo, grandioso; 
Hiperconfiante; 
Pensamento acelerado, 
corrente ou tangencial; 
Preocupações religiosas e 
sexuais. 
Fuga de ideias, 
desorganização, 
ideias deliróides. 
Inocente, 
associações 
frouxas, bizarro, 
idiossincrásico, 
alucinações, 
desorientação 
ideias de 
referência ideias 
deliróides. 
COMPORTAMENTO Aceleração psicomotora, 
maior iniciativa de 
discurso, gastos, 
tabagismo e 
telefonemas excessivos. 
Hiperatividade, 
maior pressão do 
discurso, 
agressões físicas. 
Atividade frenética 
e bizarra. 
25 
 
 
 
O tratamento medicamentoso da depressão, por sua vez, visa proporcionar, na 
maioria dos casos (especialmente nos leves a moderados), uma recuperação inicial 
do indivíduo permitindo que ele perceba a necessidade de continuar o tratamento para 
a manutenção do seu bem-estar e/ ou para prevenir futuras recaídas (Nardi, 2006). 
Cerca de dois terços dos pacientesmelhoram com o auxílio de antidepressivos. Num 
prazo de duas semanas, normalmente, a medicação começa a surtir algum efeito, 
mas a duração mínima de um tratamento é de seis meses. O uso de antidepressivos 
resulta em uma melhora de 60% a 70% dos sintomas no prazo de um mês, ao passo 
que a taxa de placebo gira em torno de 30% (VIERIA, 2008). 
 
Episódio de mania 
 
Constata-se uma exaltação vital bastante característica. A pessoa fala sem 
parar, mal escutando o que lhe dizem, muda rapidamente de um assunto para o outro. 
A pessoa encontra extremo prazer em cada atividade sendo caracterizada por 
aspectos de grandiosidade e expansividade, com diminuição da necessidade de sono, 
que podem culminar em exaustão. Age como se fosse todo-poderoso – por exemplo, 
adquirindo bens muito acima de suas posses. Toda sua vida psíquica encontrase 
acelerada, o que se revela nos gestos, na mímica, na fala. A sexualidade e o apetite 
costumam achar-se tão exacerbados quanto estão inibidos na melancolia. 
Assim como a depressão, a mania pode ou não ser acompanhada de delírios, 
e, mais raramente, de alucinações. Os delírios, quando presentes, estão em sintonia 
com a elevação do humor, com temas de grandeza e poder. De modo geral dura uma 
semana, se tratado. Nos casos graves podem necessitar de internação (envolver-se 
em situações auto ou hetero destrutivas). A irritabilidade também pode se fazer 
SINONÍMIA Hipomania Mania franca Mania delirante 
(Psicose 
indiferenciada) 
26 
 
presente, em especial no período final. Quando não tratados podem durar até seis 
meses. (SELLARO, 2000). 
 
Hipomania 
 
A hipomania caracteriza-se como um estado semelhante à mania, porém mais 
leve; em geral, é breve. Há mudança no humor habitual do paciente para euforia ou 
irritabilidade, reconhecida por outros, além de hiperatividade, tagarelice, diminuição 
da necessidade de sono, aumento da sociabilidade, atividade física, iniciativa, 
atividades prazerosas, libido e sexo e impaciência. O prejuízo ao paciente não é tão 
intenso quanto o da mania. A hipomania não se apresenta com sintomas psicóticos, 
nem requer hospitalização. 
 
Transtorno Bipolar 
 
O Transtorno bipolar é caracterizado pela oscilação extrema do humor entre 
uma fase maníaca caracterizada por sintomas de hiperatividade física e mental ou 
fase hipomaníaca constituída por sintomas como depressão, inibição, lentidão para 
conceber e realizar ideias, ansiedade ou tristeza. 
Quando atendemos um paciente em mania ou depressão, é importante 
pesquisar se já apresentou antes o quadro oposto. Na maioria dos casos, o transtorno 
bipolar é um transtorno recorrente e comumente ocorre a cada 2 anos, quando há a 
suspensão da medicação. (HOCKENBURY, 2003) 
Somente de 10% a 13% dos casos de transtorno bipolar I progridem para o tipo 
II. O suicídio é uma consequência comum no transtorno bipolar e quase sempre na 
fase depressiva. As estimativas de tentativas de suicídio são de 17% para o tipo I e 
24% para o tipo II. (Barlow, 2008). 
Os critérios para o Transtorno Bipolar tipo i apresentam os mesmos citados 
no episódio de mania. Mas a diferença está no fato que os indivíduos com transtorno 
bipolar I vivem episódios de mania completo. A idade média para o surgimento deste 
tipo de transtorno é a idade média de 18 anos. 
27 
 
No Transtorno Bipolar tipo ii os episódios depressivos se alternam com 
episódios hipomaníacos, em vez de episódios maníacos completos, sendo que 
normalmente começam por volta dos 22 anos. 
 
 Transtorno Ciclotímico 
 
Caracteriza-se por ser uma versão mais leve do transtorno bipolar. É uma 
alteração crônica da elevação de humor e da depressão que não atinge a gravidade 
dos episódios maníacos ou depressivos maiores. Eles alternam entre um sintoma 
depressivo leve e episódio hipomaníaco. Em grande parte do tempo são consideradas 
mal-humoradas. Apesar de ser crônico e mais leve deve ser tratado a fim de evitar a 
evolução para um transtorno bipolar I ou II. (BARLOW, 2009) 
 
 
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