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UNIVERSIDADE DE VASSOURAS PRÓ-REITORIA DE SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Denilson Gomes Sabadin de Souza, Evelyn dos Santos Macedo, Flavia Cardoso Gomes Canella, Géssica da Conceição Vicente, Hanna Catharina Ribeiro da Silva, Jonathan Silva de Alencar, Rayane Rodrigues Cirilo da Silva, Vanessa da Silva Rocha Resenha Crítica Resenha Crítica apresentado à Universidade de Vassouras campus Maricá referente à disciplina de Enfermagem na Atenção Psicossocial, do Curso de Graduação em Enfermagem, ministrada pelo Prof.ª Me. Alciléia Sora. Maricá 2022 O presente trabalho trata de uma resenha crítica desenvolvida a partir do documentário “Holocausto Brasileiro” e do filme “O Bicho de 7 Cabeças” assistidos. O documentário “Holocausto Brasileiro” realizado em Barbacena MG, dirigido por Daniela Arbex e Armando Mendz, relata como eram tratados os pacientes psiquiátricos na época com relatos de enfermeiros, diretores, médicos psiquiatras e até mesmo pacientes que sobreviveram a este grande massacre. Considerado como local de história e extermínio entre os anos de 1930 e 1980, o Hospital Colônia, um imenso complexo criado em 1903 lotado de pacientes esquecidos pela sociedade, dentre eles mais de 60 mil mortos. O trem que levava os pacientes ao hospital tinha o nome de vagão de loucos, e nele somente os pacientes poderiam entrar. Os relatos são inúmeros e dentre eles, de pessoas que viveram na época, esses dizem que muitos policiais judiavam dos loucos e outros até o prato de comida doavam para que não morressem de fome. Um dos funcionários da ferrovia relata que uns loucos cantavam, outros conversavam normalmente e tinha ainda aqueles que nem loucos eram, estavam ali porque as autoridades policiais preferiam joga-los lá, pessoas em situação de rua, com problemas com alcoolismo, etc. A sua maioria sem documentos e morriam como indigentes. “Depósito de gente que dava trabalho nas ruas” disse um dos funcionários que vivenciou esse terrível tempo. Eram ônibus cheios de pacientes provenientes de hospitais da cidade grande, as pessoas que trabalhavam na colônia não tinham preparo, não precisavam saber ler, nem escrever, os medicamentos tinham cores e por essas cores que eram identificados e distribuídos. Pacientes especiais recebendo tratamento de pessoas despreparadas, o resultado não poderia ser diferente. Uma das maiores tragédias do Brasil não divulgada e sem punição. O filme “O Bicho de 7 Cabeças”, que recebeu diversos prêmios, conta a história de um adolescente que se encontrava numa fase de descobertas, igual a todo adolescente, e nesse período de descobertas, o adolescente ele começa a descobrir o mundo, e nesta fase ele acaba por agir de forma rebelde o que também é uma manifestação normal entre os jovens. Entretanto, o que piora a situação na trama é o modo como os pais do adolescente generalizam suas atitudes, levando-as muito a sério. Durante o filme vão sendo mostradas cenas em que a relação entre adolescente e seu pai, é extremamente complexa e um tanto quanto tóxica, onde o pai se mostra ser completamente controlador, e esse ambiente tóxico que ele vive em casa, acaba por potencializar a rebeldia do personagem Neto. Ao acharem um cigarro de maconha nas coisas do adolescente, os pais começam a achar que estão perdendo o controle das atitudes de seu filho, e então eles o internam em uma clínica psiquiátrica. Acontece que dentro dessa clínica as condições são extremamente precárias. E o tratamento ofertado aos pacientes eram de zero cuidado e responsabilidade médica, onde em uma das cenas o protagonista chega a questionar o motivo de sua internação sem ao menos ele ter passado por uma consulta médica antes, ou ter feito alguns exames. O tratamento desumano na qual os pacientes eram ali tratados, o adolescente que até então não possuía problemas psicológicos, passa então a tê-los, devido as condições precárias os tratamentos irresponsáveis que os deixaria marcado de forma negativa para o resto de sua vida. Casos como esses, de clínicas que deixam seus pacientes em condições precárias são muito comuns, na história brasileira mesmo temos o caso do Hospital Colônia de Barbacena, onde sua história ficou popularmente conhecida como o “holocausto brasileiro”, devido as condições em que os pacientes se encontravam. E por isso esse filme se faz relevante a todos, mas principalmente aos profissionais de saúde atuantes nesse campo de clinicas psiquiátricas de reabilitação, onde devem estar sempre atentos a esses tipos de irregularidades e então promover denuncias para que a saúde e o bem estar do paciente seja sempre prioridade. Existem algumas diferenças entre o documentário e filme: enquanto os pacientes eram recolhidos pelo governo e dirigidos para Barbacena (em Holocausto Brasileiro), no bicho de sete cabeças, a família internou seu familiar e não o abandonou. Em Barbacena, local que se passa o documentário, não havia alimentação descente, quando tinha era comida estragada. No bicho de 7 cabeças existia falta de alimentos no local de internação de seus pacientes. Tanto o documentário, quanto o filme apresentam-se de forma bastante atual mediante aos riscos no campo da saúde mental. Fornece também elementos expressivos para a compreensão e problematização da constituição e o funcionamento das relações que sustentam os processos de inclusão e exclusão social. Visto isso, nos tempos atuais tem-se uma grande evolução destes paradigmas, como a criação do Caps, onde o atendimento psiquiátrico é gratuito. O atendimento é realizado diariamente por uma equipe interdisciplinar, sem internação obrigatória. O novo modelo inclui terapia envolvendo oficinas terapêuticas, aconselhamento em grupo e equipes multidisciplinares que buscarão a autonomia das pessoas com transtornos mentais. O objetivo da terapia multidisciplinar é assistir esses indivíduos em um ambiente aberto, ou seja, seu foco passa a não ser só abrigar o paciente, mas sim, integra-lo novamente na comunidade. A sociedade é higienista, e o discurso da periculosidade dá suporte ao higienismo. Ela usa a agressividade para cometer violência (Roseli Cordeiro – fala da Enfermeira no documentário “Holocausto Brasileiro”). Referências Bibliográficas HOLOCAUSTO BRASILEIRO. Direção de Daniela Arbex e Armando Mendz. Minas Gerais: Vagalume Filmes e Brasil Distribution, LLC, 2016. (130 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5eAjshaa-do. Acesso em: 23 fev. 2022. O BICHO DE 7 CABEÇAS. Direção de Laís Bodanzky. Rio de Janeiro: Columbia TriStar e Rio Filme, 2001. (124 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=F6Yky54edpo. Acesso em: 30 fev. 2022.