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Instrumentos operatórios Silvia Almeida Humberto muniz Para estabelecer o Preparo cavitário são necessários Instrumentos que proporcionem acesso a lesão cariosa; A estrutura dentária em especial o esmalte possui grande dureza o que implica na necessidade de instrumentos resistentes; Cortar/ desgastar com eficiência; Os instrumentos operatórios para o preparo de cavidades podem ser agrupados nas seguintes categorias: Instrumentos cortantes manuais Instrumentos rotatórios Instrumentos cortantes manuais São instrumentos empregados para cortar, clivar e planificar a estrutura dentária, ou complementar a ação dos instrumentos rotatórios, durante o preparo das cavidades Podem ser simples (A) ou duplos (B) Os instrumentos cortantes manuais são constituídos por três partes: cabo, intermediário e lâmina ou ponta ativa A maioria dos instrumentos apresenta um cabo octavado e serrilhado, de modo a evitar deslizamentos quando em função. Entretanto, instrumentos de cabo circular oco são mais leves e de melhor empunhadura. Os instrumentos auxiliares, de inserção e de acabamento, não apresentam fórmula, apenas um número de identificação, como por exemplo a espátula de inserção no 1 Tipos de instrumentos cortantes manuais Cinzéis Enxadas Machados Recortadores de margem gengival Formadores de ângulo Colher de dentina •Cinzéis: instrumentos usados principalmente para planificar e clivar o esmalte. Podem ter diferentes formas e angulações e são denominados: Cinzéis retos: têm o intermediário e a lâmina retos e apresentam bisel em apenas um dos lados da lâmina (A) ▶Cinzéis monoangulados: têm um ângulo intermediário. Podem ser usados para alisar as paredes de esmalte e dentina ▶Cinzéis biangulados: têm duas angulações no intermediário. Podem ser usados também para planificação das paredes cavitárias em dentes superiores (B) ▶Cinzéis de Wedelstaedt: têm o intermediário e a lâmina ligeiramente curvos. São os mais versáteis dos instrumentos manuais de corte, servindo para diferentes propósitos (Figura C) Enxadas: As enxadas são usadas para alisar as paredes cavitárias, principalmente as de classe V, em dentes anteriores. Seu uso é principalmente indicado para o acabamento final das paredes internas das cavidades, apesar de também serem empregadas para planificar as paredes de esmalte; Machados: a lâmina do machado é paralela ao eixo longitudinal do instrumento. São usados para clivar, aplainar esmalte e planificar as paredes vestibular e lingual das caixas proximais de cavidades de classe II Machados: biangulados (A); triangulado (B). Recortadores de margem gengival: são usados especialmente para planificação do ângulo cavossuperficial gengival, arredondamento do ângulo axiopulpar e determinação de retenção na parede gengival/cervical de cavidade de classe II As lâminas dos recortadores de margem gengival são curvas e anguladas para aplicações dos lados direito e esquerdo, tanto nas superfícies mesial como distal, do dente Formadores de ângulo: São usados para acentuar ângulos diedros e triedros e determinar forma de retenção, principalmente em cavidades de classes III e V Colher de dentina: é um instrumento escavador usado para a remoção de tecido cariado. Esse instrumento tem um desenho semelhante ao de machado, sendo a lâmina ligeiramente curva e com a extremidade arredondada. A colher de dentina pode apresentar a extremidade em forma de disco. A escolha da forma desse instrumento depende do caso em particular e da preferência do profissional (Figura 3.8). de Black (A); de Gillet (B), de Darby-Perry (C); com intermediário longo para pulpotomia (D). Afiação mecânica e Afiação Manual Afiação mecânica Para a afiação mecânica é possível empregar motores elétricos especiais, com pedras de Arkansas, cilíndricas ou em forma de roda, montadas em seu próprio eixo. Alguns profissionais preferem afiar os instrumentos em pedras de Arkansas ou discos de granulação fina montados em mandril para peça de mão. Alternativas de afiação mecânica, empregando pedra de Arkansas montada em mandril (A) ou disco de granulação fina (B). Técnica. Cinzéis, machados, enxadas, recortadores de margem gengival e formadores de ângulo devem ser colocados, de acordo com o ângulo da extremidade cortante e o bisel do instrumento, em contato com a pedra, ligando-se em seguida o motor, exercendo-se leve pressão sobre a pedra cilíndrica ou o disco em movimento Afiação Manual Para a afiação manual emprega-se, de preferência, uma pedra de Arkansas plana e previamente lubrificada, colocada sobre uma superfície plana e lisa. Segura-se o instrumento com uma das mãos e adapta-se o bisel sobre a pedra; com a outra mão desliza-se a pedra em um movimento de vaivém, deixando-se o instrumento fixo (Figura 3.10) Instrumentos Rotatórios Os equipamentos mais utilizados com os instrumentos rotatórios são: os motores de velocidade convencional, nos quais o movimento é transmitido à peça de mão por meio de roldanas e cordas ou por ar comprimido (micromotores); turbinas de alta velocidade movidas a ar comprimido, que giram diretamente na extremidade da peça de mão contra-angulada ou angulada. Encontram-se ainda turbinas com cabeça reduzida para atuar em locais de difícil acesso, e com luz LED transmitida por fibra ótica ou com luz gerada por dínamo, que favorece a visualização durante o preparo cavitário Em motores de baixa velocidade as peças de mão são utilizadas individualmente, no caso de instrumentos rotatórios de haste longa, ou acopladas a contra-ângulos e ângulos, com os instrumentos de haste curta. As peças de mão retas são usadas geralmente nos casos de preparos de cavidades em dentes anteriores, com acesso vestibular; para os demais, são empregadas as peças anguladas ou contra-anguladas. As turbinas de alta velocidade são utilizadas para a rápida redução da estrutura dentária e determinação das formas de contorno As brocas utilizadas nas turbinas têm haste lisa e diâmetro menor do que as utilizadas em rotação convencional. Existem no comércio contra-ângulos especiais, empregados em rotação convencional, que possibilitam a utilização de brocas para alta rotação. Adaptadores metálicos ou plásticos permitem a utilização de brocas para alta rotação em contra-ângulo com rotação convencional em micromotor mas não possibilitam a mesma precisão (maior vibração) e preensão da broca Classificação das rotações A velocidade de giro do instrumento recebe a denominação de rotação por minuto (rpm). Baixa ( menos de 6.000) profilaxia/ remoção de cárie/ acabamento e polimento ( menos geração de calor Média ( mais de 40.000) preparos de cavidades em dentes anteriores, sulcos de retenção e biséis ( melhor visão guiada, senso tátil) Alta ( mais de 100.000) remoção de restaurações antigas, obtenção da forma de contorno (interna e externa), redução de cúspides e desgastes axiais para coroas totais. Canetas de alta e baixa rotações com iluminação Diversos fabricantes de altas rotações odontológicos têm oferecido soluções com um dispositivo de iluminação integrado, podendo ser divididos em 2 tipos: iluminação via fibra ótica ou LED com gerador interno Via fibra ótica depende da instalação de uma fibra ótica no equipo odontológico, sendo geralmente mais caro do que a solução com o LED integrado, porém apresenta como vantagem a opção de manter a iluminação ligada mesmo com a caneta não acionada. A segunda opção apresenta como vantagens o fato de ser mais versátil, visto que não é necessária nenhuma instalação adicional, podendo ser utilizada em qualquer cadeira odontológica,além do menor custo. Como desvantagem, a iluminação só funciona quando a caneta de alta rotação está acionada. Uma outra tendência é a utilização de canetas de alta rotação que têm duas opções de iluminação por LED, sendo uma branca e outra violeta (fluorescente). Neste sistema, produzido pela Gnatus (Cobra LED Ultra Vision), com a luz branca o aparelhofunciona como uma caneta de alta rotação com LED convencional Na segunda opção, o LED azul é capaz de evidenciar a fluorescência de materiais resinosos, desde que a resina apresente esta propriedade. Clinicamente esta evidenciação possibilita a remoção seletiva de: restaurações em resina composta, resinas empregadas para colagem de dispositivos ortodônticos e cimentação de restaurações indiretas, Reduzindo a possibilidade de danos desnecessários às estruturas dentárias e/ou cerâmicas (Figura A). Apesar de não se indicar a remoção de tecido cariado com o uso de alta rotação, a luz violeta deste sistema pode ser empregada para a evidenciação das lesões e diferenciação do tecido sadio (Figura B). Instrumentos rotatórios Os instrumentos rotatórios podem ser classificados em dois grupos, segundo o seu modo de ação: •Por corte: representados pelas brocas •Por desgaste: representados pelas pontas diamantadas, pedras montadas de carborundum e outros abrasivos. Instrumentos rotatórios de corte As brocas apresentam três partes: haste, intermediário e ponta ativa (Figura 3.17). Instrumentos rotatórios de corte A haste é a porção da broca que é conectada à peça de mão, ao contra-ângulo ou à turbina. Ela pode ser longa, para peça de mão (A); curta, com encaixe, para contra-ângulo (B); curta, sem encaixe e com menor diâmetro, para turbina (C). São utilizados diversos materiais para a fabricação das brocas, a saber: •Aço (liga ferro-carbono): mais empregado em brocas para os procedimentos de remoção de dentina cariada e acabamento das cavidades com baixa rotação •Carbide (carboneto de tungstênio): mais resistente que o aço, constitui a base das brocas que são utilizadas para o preparo de cavidades, tanto em baixa quanto em alta rotação. As formas básicas de ponta ativa das brocas utilizadas para preparos cavitários são: Esféricas remoção de tecido cariado, confecção de retenções e acesso em cavidades de dentes anteriores •Cilíndricas: c confecção de paredes circundantes paralelas avivar ângulos diedros; a maioria dessas brocas tem corte na extremidade e nas partes laterais da ponta ativa •Troncocônicas: utilizadas para dar forma e contorno em cavidades com paredes circundantes expulsivas determinar sulcos ou canaletas em cavidades para restaurações metálicas fundidas; determinar retenções nas caixas proximais, em cavidades para amálgama •Cone invertido: determinar retenções adicionais, planificar paredes pulpares avivar ângulos diedros 33 •Roda: utilizada para determinar retenções, especialmente em cavidades de classe V. Outros tipos de brocas encontradas no comércio são utilizados para a confecção de formas cavitárias especiais, para amálgama ou restaurações metálicas fundidas . As brocas para acabamento apresentam formas variadas e têm lâminas lisas, menores e em número maior que as brocas comuns algumas brocas especiais para preparos cavitários com ângulos internos arredondados (557R e 331L); broca tipo trépano spiral bur (A); broca para ombro (957); broca para acabamento (B) Instrumentos rotatórios de desgaste 1 - Instrumentos abrasivos aglutinados: confeccionados de pequenas partículas abrasivas fixadas com uma substância aglutinante à haste metálica 2 - Instrumentos abrasivos de revestimento: confeccionados com uma fina camada de abrasivo cimentado em base flexível. Instrumentos abrasivos aglutinados pontas diamantadas, pedras e pontas de carborundum, de óxido de alumínio, de carboneto de silício ou de abrasivo impregnado com borracha. Principais formas de pontas diamantadas. A.Cilíndricas de extremo plano. B. Troncocônicas de extremo plano. C. Troncocônica de extremo arredondado. D. Cilíndricas de extremo arredondado. E. Cilíndrica de extremo ogival. Instrumentos abrasivos aglutinados Além das pontas diamantadas convencionais, encontram-se no comércio pontas diamantadas para acabamento superficial em resinas compostas, que apresentam diamantes de granulação fina (45 µm) e ultrafina (15 µm) Os demais instrumentos abrasivos são empregados para dar acabamento às paredes cavitárias ou para remover excessos mais grosseiros das restaurações. São apresentados em várias formas e tamanhos diversos graus de abrasividade e em diferentes materiais (carborundum e óxido de alumínio) Instrumentos abrasivos aglutinados Além dessas formas, existem ainda os discos e as rodas para montar (diamantadas ou de carborundum), utilizados para diferentes finalidades e cujo uso requer um mandril Instrumentos montados em mandril (M): disco diamantado plano (A) e convexo (B); roda diamantada (C); disco de lixa de papel (D) Instrumentos abrasivos de Revestimento Instrumentos abrasivos de revestimento: confeccionados com uma fina camada de abrasivo cimentado em base flexível. Representados pelos discos, têm uma camada fina de abrasivos cimentados em base flexível. São utilizados para dar refinamento ao preparo cavitário ou à restauração. Instrumentos abrasivos de Revestimento Apresentam diferentes abrasividades, com granulação grossa, média e fina. Esses discos são encontrados em vários diâmetros, a saber; 1/2, 5/8, 3/4 e 7/8”, e com diferentes sistemas de encaixes nos mandris Utilização dos instrumentos rotatórios Para que o cirurgião-dentista aproveite ao máximo os benefícios dos instrumentos rotatórios, é imprescindível que ele conheça os fatores envolvidos no mecanismo de ação de cada um. Dessa forma, a capacidade de corte e a penetrabilidade de uma ponta nos tecidos dentários é definida por uma conjunção de fatores, dentre os quais destacam-se: o diâmetro e o desenho da ponta, a velocidade de rotação e o torque Pressão exercida e diâmetro da ponta Quanto maior o diâmetro/superfície da ponta em contato com a superfície dentária, menor a pressão exercida sobre os tecidos dentários e vice-versa. Dessa forma, uma ponta de grande diâmetro gera menor pressão sobre a superfície dentária e, portanto, tem menor penetrabilidade nos mesmos Velocidade axial e periférica A velocidade que se desenvolve seguindo o eixo longitudinal do instrumento rotatório é denominada velocidade axial. Quando se efetua um trabalho mecânico, ou seja, perfuração, corte ou desgaste de um elemento dentário ou outro qualquer, a velocidade periférica do instrumento é mais importante que a velocidade linear de superfície do instrumento rotatório. (uso muito a alta rotação) Torque Também denominado momento de torção, o torque representa a capacidade de o instrumento rotatório resistir à ação da pressão produzida pelo contato de superfície que está sendo submetido ao corte, se Nos motores convencionais, o torque é bastante elevado e podem ser exercidas cargas de até 1.000 g sem que o instrumento parem que seu movimento seja interrompido Não é aconselhável exercer pressões elevadas, que possam gerar desenvolvimento de calor excessivo, o que causaria reações pulpares indesejáveis Concentricidade É a simetria da ponta ativa da broca; a excentricidade, por outro lado, está relacionada com o intermediário e a haste da broca broca excêntrica tem menor efetividade de corte, desgasta irregularmente a estrutura dentária e promove maior efeito vibracional, com desconforto para o paciente Calor friccional e refrigeração Grande parte da energia cinética da broca , em contato com o dente, se transforma em calor Quando o instrumento rotatório gira a mais de 4.000 rpm, ele deve ser refrigerado para se evitarem danos aos tecidos pulpares A refrigeração mais adequada é o spray água-ar, que deve atuar diretamente sobre a parte ativa da ponta; dissipação de calor friccional, a refrigeração atua como agente de limpeza, removendo os detritos acumulados durante a redução da estrutura dentária, propiciando maior efetividade de trabalho Contaminação Durante a utilização de altas velocidades, partículas de restaurações antigas e fragmentos de estrutura dentária são deslocados vigorosamente da boca do paciente e podem atingiros olhos do profissional, provocando irritação. Isso pode ser evitado com o uso de óculos apropriados com lentes sem grau ( faltou óculos na foto) Contaminação vapores de água da refrigeração combinam-se com a saliva e retornam ao meio ambiente em forma de aerossol dentista pode aspirar microrganismos comuns presentes na saliva e outros não usuais (hepatite, tuberculose, meningite etc) Pode-se evitar a contaminação, utilizando-se máscaras cirúrgicas que impedem a aspiração desses vapores e funcionam como filtro Obrigada pela atenção image6.png image7.png image8.png image9.png image10.png image11.jpeg image12.jpeg image13.png image14.png image15.png image16.png image17.png image18.png image19.png image20.png image21.png image22.png image23.png image24.png image25.png image26.png image27.png image28.png image29.png image30.png image31.png image32.png image33.png image34.png image35.jpeg image36.png image37.png image38.png image39.png image40.png image41.png image42.jpeg image43.png image44.png image45.png image46.png image47.png image48.png image49.png image50.png image51.png image52.png image53.png image54.png image2.png image3.png image4.png image5.png