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FILOSOFIA A Filosofia Contemporânea teve início no do século XIX e perdura até os dias atuais. Entre as características predominantes da filosofia contemporânea está a maneira de pensar racionalmente, característica de tal período, que teve como marco a Revolução Francesa. Bons estudos. AULA 07 FILOSOFIA COMTEMPORÂNEA https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/revolucao-francesa Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. ▪ Compreender o conceito de psicologia ▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia ▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. Neste capítulo vamos falar sobre a filosofia contemporânea que possui características bem distintas das filosofias anteriores. Questiona quanto a validade do conhecimento, a ideia de verdade e a tradição filosófica. Além disso, se dedica a novas questões sobre a existência, a subjetividade, o relacionamento, os conflitos sociais, econômicos, científicos e político. As principais correntes filosóficas da filosofia contemporânea são: Marxismo, Positivismo e Racionalismo. São objetivos desta aula: • Conceituar as questões filosóficas contemporâneas • Reconhecer a filosofia na infância e filosofia na contemporaneidade • Explanar os desafios do ensino de filosofia na contemporaneidade 7 A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEAS A filosofia contemporânea se desenvolveu a partir do século XX. Mais especificamente, considera-se como filosofia contemporânea as diversas linhas de pensamento que foram desenvolvidas desde a metade do século XX até os dias atuais. As décadas que fecharam o século XX foram notáveis por acelerar os avanços da tecnologia e no subsequente desenvolvimento nas comunicações de todos os tipos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o incrível poder da mídia de massa, especialmente a televisão, estimulou o crescimento da cultura popular com seus concomitantes ideais anties-tablishment, o que, por sua vez, estimulou mudanças sociais e políticas. A partir da década de 1960, a antiga ordem foi sendo questionada na Europa e Estados Unidos, e a dissensão ganhou ímpeto no leste europeu. Por volta da década de 1980, as tensões entre o leste e o Oeste se abrandaram e a Guerra Fria caminhou para o fim: a queda do Muro de Berlim, em 1989, acenou para novos cenários na década seguinte. Mas os anos 1990 acabaram sendo de inquietação étnica e religiosa, culminando com a declaração da "guerra contra o terror" pelos Estados Unidos no início do novo milênio (KIM, 2016, p. 288). Os pensadores contemporâneos desenvolveram variadas correntes de pensamento, e muitas vezes ao mesmo tempo, quase que simultaneamente. Esse período é marcado pelas releituras do marxismo somadas a novas propostas. A antropologia ganhou espaço, bem como a fenomenologia, descrevendo coisas percebidas pela consciência humana. Nesse sentido, a existência humana também ganhou espaço a partir do existencialismo (REZENDE, 2020). 7.1 Cultura de massa e indústria cultural A indústria cultural nasceu do ventre da cultura de massa e esta, por sua vez, segue desordenadamente em direção ao mercado de consumo, que dita as regras do que vai ser consumido. Nos bastidores, há uma organização bem afinada de pessoas em busca de expansão para seus produtos. Essas pessoas jogam as regras e as mudam conforme a situação econômica e política do país, do estado, da cidade, da comunidade. O termo "indústria" é bem sugestivo, pois indica que a cultura que consumimos surge por meio de uma produção cuja distribuição ficaria a cargo das mídias (televisão, rádio, revistas, jornais, internet). O divisor de águas do século XX talvez tenha sido a internet. Com a possibilidade de encontrarmos na rede canções, filmes, documentários, livros que podemos "baixar", a relação entre o público e os artistas passou a ser mediada pela midiatização da cultura, dando a impressão de que a cultura nasceria no cerne midiático. Todos já ouvimos aquela história de que algum "artista" é "bom" por que apareceu na televisão. Contudo, a indústria cultural não produz somente músicas, filmes, livros ou telenovelas. Na medida em que precisa reinventar-se, ou melhor, lançar novas mercadorias, a indústria cultural revisita tudo aquilo que se materializou como objeto de cultura de forma a alterar suas "cores" e, na representação de um contexto, tornar objeto de consumo fácil. Logo, "a cultura de massas passa a existir quando a sociedade de massas se apodera dos objetos culturais" (ARENDT, 2007, p. 260). O que pode resultar dessa apropriação como fator de risco é a destruição da cultura para produção de entretenimento. Isso não significa que não precisamos de entretenimento, considerando que o mesmo faz parte do processo vital biológico. No entanto, esse processo instaura uma condição cultural padronizada, ou seja, pode-se entender que não é o artista que aparece na televisão todos os dias nem o filme que está em cartaz em todos os cinemas que influenciam a cultura em dada sociedade. Trata-se de uma falsa consciência e um ocultamento da realidade, que impõem às pessoas "um conjunto de valores como se fossem dogmaticamente positivos" (ADORNO, 1995, p. 80). O conceito de indústria cultural procura se diferenciar, segundo Adorno e Horkheimer (1985), da expressão cultura de massa, por esta última soar como uma forma espontânea de arte popular. De forma que a indústria cultural nada tem a ver Ecléa Bosi (1977) já apontava, na década de 1970, uma posição mercadológica que dificultava a separação da cultura popular da cultura de massa. O problema se dá quando tentamos separar outras manifestações que aparecem no cerne da cultura popular. Tais manifestações tendem a ser, segundo a autora, pseudopopulares ou popularescas ao se dirigirem às massas. Para Chauí (2000), arte popular é aquela oriunda das classes trabalhadoras e arte de massa é aquela financiada pela indústria cultural, englobando grandes empresas interessadas em lucros. Essa parece ser uma discussão bastante sutil para tratar em aula, mas podemos iniciá-la por um caminho bastante trilhado pelo pensamento crítico. Para tanto, sugerimos um exemplo palpável aos alunos brasileiros: a emergência do funk carioca como ritmo musical. Assim como o rap, o funk alicerça seu aspecto estético em colagens musicais, dialogando com outros movimentos musicais, mormente, movimentos advindos da cultura negra estadunidense e brasileira. No caso do rap, desde seu início, na década de 1980, essas colagens estéticas foram coadjuvantes em relação ao discurso contra hegemônico que o movimento incitava. Dessa forma, minorias antes sem voz puderam fazer mediações culturais e reorganizar um pensamento cultural em relação às mídias. Acontece que o rap foi se "profissionalizando" e suas portas de entrada ficaram mais rígidas e reforçadas, fazendo com que seus poctas e músicos se organizassem em detrimento de um discurso do "contra quem?", já que o movimento estava consolidado como cultura e, por conseguinte, como cultura de consumo. O funk, contemporâneo do rap, tomou a frente de modo mais radical para posicionar-se como contracultura. Contudo, seu discurso revela outras dimensões do social. Trata-se de um discurso que vive nas sombras, um discurso clandestino, que, ao abandonar a estética das colagens em seu primeiro momento, pode reinventar-se pelo baixo custo de sua produção na sociedade capitalista. Esse discurso "proibido", sexista, pornográfico,racista, homofóbico, antirreligioso, que tem o sexo como forma de libertação, não poderia adentrar pela porta das mídias tradicionais nem pleitear o apoio da indústria cultural. Todavia, por meio de novas formas, produção e circulação, assim como fez o rap, o funk se expandiu pela internet, no som dos carros e nos bailes e ganhou boa parte do territorial nacional. Entretanto, a indústria cultural está atenta a todas as formas de manifestação cultural massificada. Esse discurso não nos parece mais clandestino nem contra hegemônico. O funk foi transformado, em relação ao seu discurso, para poder entrar nas contas da industrial cultural. Na verdade, conquistou essa entrada quando foi repercutido por meios independentes pelo território brasileiro. A internet, de certa forma, tornou tudo isso possível. Os MCs de hoje são artistas adaptados ao estrelato, como ocorreu com RAP estadunidense. São celebridades, mas precisam adaptar-se às exigências de uma indústria cultural sempre alerta. Estudar filosofia é ter um pensamento crítico sobre o mundo. Porém, a filosofia não é uma condição apenas formal, ou seja, vista na escola em determinado período escolar. O filosofar pode começar bem antes, já na infância, mesmo que seja na escola. 7.2 Filosofia na infância e filosofia na contemporaneidade O ensino de filosofia, antes de tudo, deve mirar seus olhos desde sempre nas crianças. Países mais desenvolvidos têm ampliado e estimulado o ensino de filosofia desde os primeiros contatos da criança com a educação formal. As crianças, nesse caso, são percebidas como filósofos espontâneos em decorrência de seus questionamentos sobre a vida e tudo o que a move. No entanto, é preciso acuidade para que essa inserção não seja um doutrinamento, por um lado, nem diminua o senso especulativo e crítico, por outro. Segundo relatórios da Unesco, na América Latina e no Caribe, já existem várias iniciativas importantes no campo de filosofia para crianças. São tanto experiências práticas em sala de aula quanto em instituições que trabalham para a promoção de novas práticas de ensino. Cada país vem contribuindo a sua maneira com iniciativas, o que tem dado subsidio à reflexão de especialistas da educação que são consensuais sobre o papel da educação neste século, qual seja: conferir a todos os seres humanos o pensamento livre (UNESCO, 2015). Parece-nos que esse movimento basilar tem sido linear no ensino de filosofia pelo mundo. Deve-se, pois, pensar esse ensino como cultura, amalgamado na própria formação do cidadão. Assim, deve-se pensar em não tirar da criança aquilo que ela traz consigo, isto é, o questionamento primeiro que motiva a atitude filosófica. Nesse sentido, algumas questões são levantadas, como: Educar crianças em filosofia é possível ou desejável? No Brasil, por exemplo, temos de considerar as diferentes orientações religiosas, os estratos sociais, as condições econômicas de cada família, entre outros aspectos. Nesse complexo desconforto de temas, propor uma reflexão às crianças sobre aspectos existenciais, psicológicos, entre outros, parece difícil, mas não impossível. Além desses aspectos individuais que apontamos, notamos que diferentes métodos e conteúdos no ensino brasileiro têm se tornado um empecilho para um consenso metodológico. Por outro lado, essa "liberdade de cátedra", trabalha com o argumento de que métodos muito homogêneos nada mais são que uma forma de doutrinamento. Contudo, é irrefutável o argumento de que o ensino de filosofia deva iniciar-se nos primeiros anos escolares. Logo, o que devemos pensar é de que forma tem sido ou deve ser essa inserção (UNESCO, 2015). Para isso, o relatório da Unesco dá uma pista. As perguntas existencialistas feitas por crianças na idade escolar podem e devem ser compartilhadas, ou melhor, socializadas. O intuito é fazer aquele indivíduo não se sentir só, sem respostas no mundo, não individualizar ainda mais suas emoções, mas sim fazer parte de um todo social, dividindo seu questionamento com o outro e descobrindo que o outro também tem suas indagações, o que reforça a ideia de comunidade (UNESCO, 2015). O relatório elaborado pela Unesco sobre o ensino de filosofia na Europa e América do Norte tem aspectos diferentes. Na Europa, constatou-se que o ensino de filosofia ou a apresentação de filosofia tem iniciações diferentes. Se países como Espanha, França, Portugal e Itália têm o ensino de filosofia inserido no currículo escolar como tradição, há países em que não acontece o mesmo. São diversos os motivos que levaram a tanta disparidade no ensino de filosofia, de conflitos religiosos a reformas intelectuais. Muitos países que incluem a Filosofia como disciplina curricular a usam como educação moral (UNESCO, 2015). Ainda segundo o relatório, os debates sobre o tema ocorrem muito em relação ao papel da escola e da educação na vida do cidadão. Na Europa, bem como no Brasil, já se constata que o ensino tem enfatizado meios mais práticos do que reflexivos. Em outras palavras, a escola tem estimulado o estudante a seguir um caminho menos íngreme em busca da profissionalização, procurando conteúdos técnicos que o insiram no mercado de trabalho. Na Europa, além desses fatores, o estudo descobriu, por meio de especialistas, que há uma crise da razão afetando a filosofia naquilo que tem de essencial. Contudo, a filosofia pode fazer a coesão social em decorrência da heterogeneidade de identidades hoje presentes na Europa. Estudos apontam que em razão da diversidade da população e, sobretudo, de estudantes residentes na Europa, também em decorrência da necessidade de adaptar a educação a essa nova realidade, a filosofia - dada sua natureza dialética e argumentativa - pode servir de condição propicia ao diálogo e às experiências de práticas pacificas nessas sociedades multiculturais. Segundo o relatório, há duas questões a considerar: como é que o ensino da filosofia mudou desde a fim da Guerra Fria? Em que medida a integração europeia influenciou a política de educação em geral, bem como as concepções de filosofia de ensino, os valores morais, a ética e a religião em particular? Como podemos observar, a situação do ensino de filosofia no mundo é bastante diferente se considerarmos, de um lado, a América Latina e o Caribe e, de outro, a Europa e a América do Norte. No entanto, é consensual nos estudos sobre o tema que a filosofia deve fazer parte da vida do cidadão desde cedo. De acordo com essa visão, o relatório sugere que seria difícil discordar que um espirito crítico de uma cultura do questionamento fosse de maior interesse para os indivíduos se estimulado e sustentado desde cedo (UNESCO, 2015). Nos Estados Unidos, surgiram as primeiras teorias sobre filosofia para crianças. Atualmente, essas teorias transformaram-se em práticas e projetos espalhados por países europeus. Em países da América Latina, as teorias são disseminadas por meio de instituições e professores interessados, ou ainda por projetos custeados pelos Estados Unidos nesses países, geralmente no âmbito da inciativa privada. O relatório da Unesco ainda ressalta que as práticas que envolvem filosofia com as crianças podem ser vistas hoje como uma "inovação" real, susceptível de contribuir com a melhoria da "educação" e a formação de indivíduos capazes e responsáveis. Em todo o mundo, como vimos, parece consensual que o ensino de filosofia nos primeiros anos escolares tem sido mais eficaz na formação do cidadão, desde que não seja apenas pretexto para doutrinar este ou aquele grupo. Estimular a reflexão e o questionamento desde cedo tem sido reconhecidamente eficaz na educação. A ideia de formar cidadãos capazes de decidir, refletir, questionar e opinar parece-nos que está de acordo com a existência de sociedades multiculturais em muitos países da Europa. Em suma, além dos esforçosexigidos para o ensino de filosofia nos anos finais do ensino obrigatório e no ensino universitário, notamos um redirecionamento ao ensino nos primeiros anos escolares. Países da América Latina e do Caribe voltam-se a esse estágio sabendo que os resultados são a médio e longo prazos. No entanto, tais índices não serão vistos em números, mas em sociedades mais justas, criticas, democráticas e igualitárias. 7.3 Desafios do ensino de filosofia na contemporaneidade O ensino de filosofia tem enfrentado em diversos países um sentimento de descrédito em meio a exigências de resultados para o trabalho e do consumo do mundo atual. Na sociedade brasileira contemporânea não é diferente. Nos últimos vinte anos, nossa sociedade mudou drasticamente no que diz respeito a avanços tecnológicos e transformações na sociedade do trabalho. Somos hoje inseridos em uma sociedade virtual em que os meios de informação e comunicação são tão essenciais quanto volúveis. A escola, por sua vez, em virtude de suas práticas e culturas tradicionais e burocráticas, tem tido dificuldade para atender a essa nova demanda. O desafio é proporcionar a crianças e jovens um desenvolvimento humano pleno que contemple e responda às novas exigências do mundo contemporâneo. Para tanto, é necessário o esforço de todos em prol da educação, o que inclui gestores, funcionários, pais de alunos, sindicatos, governantes, grupos sociais e, sobretudo, professores, profissionais de extrema importância para repercutir na escola as exigências da sociedade contemporânea, devendo mover novos atores para que ajam na construção de uma nova escola. Assim, entendemos que a filosofia como saber e conhecimento pode contribuir para essa transformação. Nesse intuito, consideramos que os desafios do ensino de Filosofia no ensino médio devem ser enfrentados não só com políticas públicas para a educação como também com pesquisa e atuação efetiva do professor de filosofia na sala de aula, uma vez que o papel do professor é fundamental na democratização do ensino. Sua formação, valorização profissional e condições de trabalho são de extrema importância para que esse processo seja pleno. Hoje, não basta estudar filosofia como algo intrinsecamente subjetivo e encantador do espírito. Já há uma preocupação com a inserção desses estudantes no magistério. A pergunta que surge é como se apropriar daquilo que se teve contato na universidade e transformar em ferramenta da prática docente? As universidades estão buscando novos rumos de pesquisa e debatendo constantemente o tema. O problema é que tal debate ainda se mantém em um campo muito restrito, ou seja, as pesquisas sobre o tema acontecem ainda estritamente em fóruns, seminários, conferências e palestras dentro das próprias universidades. Em seu artigo "Discurso aos estudantes sobre a pesquisa em filosofia", o professor Porchat (2010, p. 19) põe uma questão preliminar atinente ao debate dissonante que ocorre no ensino de filosofia e na pesquisa dessa área: pesquisa em filosofia ou pesquisa em história da filosofia? Segundo Porchat, a história da filosofia é rica em termos de produção, qualidade, método, reconhecimento, expansão. Já a filosofia ainda é objeto de discussão, contudo, as duas concepções não se excluem (PORCHAT, 2010). É eficaz a um bom pesquisador em filosofia ter uma profunda abordagem da história da filosofia, ao mesmo tempo que ser um bom historiador da filosofia é "condição para que um estudante possa tornar-se "filósofo". 7.4 Desafios nas avaliações Outro desafio diz respeito à avaliação. Sobre esse tema, Portugal e França têm sido palco de debates. O material criado em razão desses debates apresenta algumas iniciativas acerca da avaliação no ensino de filosofia. O modelo de documento elaborado pelos estudiosos Aires Almeida e António Paulo Costa, como sugere o gênero, propõe-se a estabelecer métodos sobre a avaliação de filosofia no Ensino Médio em Portugal. Os autores argumentam que as inúmeras discussões abordando esse tema geram, nos melhores casos, divergências que não têm animado à resolução da questão, ou seja, por falta de consenso em relação às questões de avaliação no ensino de filosofia, a arbitrariedade nesse âmbito ainda prevalece (ALMEIDA, 2002). O modelo constituído pelos autores citados tenta, de certa forma, mitigar caráter subjetivo da avaliação, propondo que a objetividade na avaliação do ensino de filosofia deve ser, tanto quanto possível, objetiva. Entretanto, essa objetividade implica algumas perdas, sobretudo, em longo prazo. Por outro lado, a rejeição de modelos avaliativos que sejam objetivos em qualquer disciplina denota certo grau de fluidez subjetiva - por parte dos envolvidos, professores e alunos - que a estrutura educacional de nosso país talvez não comporte. Nesse paradoxo, Almeida e Costa (2002) propõem um modelo de avaliação, partindo das seguintes questões: o que pode e deve ser avaliado na disciplina de Filosofia? E como deve isso ser feito? A proposta parte da inversão que geralmente se faz no ensino de filosofia, ou seja, primeiro as competências são avaliadas, depois as atividades são selecionadas, bem como os métodos para avaliar o estudante. Os autores estabelecem uma analogia com outras disciplinas para fundamentar o erro de estabelecer os instrumentos avaliativos em detrimento das competências filosóficas básicas a serem buscadas. Muito mais ligado às competências do que às atividades avaliativas, o estudo procura estabelecer um parâmetro para orientar o professor de filosofia do Ensino Médio. A primeira atitude, segundo os autores citados, é partir do vivido para o pensado, ou seja, parte-se do princípio que os alunos conseguirão formular problemas a partir de suas vivências e não a partir dos livros. Acrescentamos que no Brasil, no que tange ao ensino de filosofia no Ensino Médio, também é assim. Essa posição é combatida por muitos filósofos contemporâneos que defendem o contrário, especificamente no ensino superior. Assim, podemos notar que a metodologia não é consensual (ALMEIDA; COSTA, 2002). O professor poderia avaliar as competências e os conteúdos de filosofia que seus alunos apresentam sem trabalhar com eles um livro? Do vivido para o pensado? Almeida e Costa nos autorizam a pensar que sim, pois, segundo eles, "isto significa que também não se deve reduzir a filosofia à sua história, até porque não se pode fazer boa história da filosofia sem se saber filosofia" (ALMEIDA, COSTA 2002). Há muitos desafios no ensino de filosofia na contemporaneidade. Estamos em plena construção de propostas que contemplem metodologias, avaliações e temas a serem abordados. Toda contribuição teórica ou metodológica visa sua inserção como forma de debate. Cabe ao professor de filosofia participar mais ativamente desse debate e construir suas aulas por essa dialética. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. Tradução de Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas. In: Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. p. 99-138. ALMEIDA, Aires; COSTA, António Paulo. Avaliação das aprendizagens em filosofia: 10/11 anos. Lisboa: Ministério da Educação de Portugal, 2010/2011. ARENDT, Hannah. A crise na cultura: sua importância social e política. In: Entre o passado e o futuro. Tradução de Mauro W. Barbosa. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007. BOSI. Ecléa. Cultura de massa e cultura popular: leituras de operárias. Petrópolis: Vozes, 1977. CHAUÍ, Marilena Souza. Convite à filosofia. 7. ed. São Paulo: Editora Ática, 2000. DENNETT, Daniel Clement. 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