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METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA

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METODOLOGIA DO 
ENSINO DE FILOSOFIA
Autores: Silvio Wonsovicz
 Geverson Luz Godoy
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra Bárbara Götzinger 
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Prof. Fernando Scheeffer
 Revisão Gramatical: Profa. Márcia Maria Junkes
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
107
W87299m Wonsovicz, Silvio
 Metodologia do Ensino de Filosofia/ 
Silvio Wonsovicz [e] Geverson Luz Godoy. 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – 
Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.x; 
109 p.: il.
 Inclui bibliografia. 
 ISBN 978-85-7830-779-0
 1. Filosofia 2. Estudo e Ensino de Filosofia 
 I. Centro Universitário Leonardo da. Vinci II. Núcleo 
 de Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2010
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Geverson Luz Godoy
Possui graduação em Filosofia pela 
Fundação Educacional de Brusque (2002). Atua 
como professor e assessor filosófico-pedagógico do 
Sistema de Ensino Reflexivo. – S.E.R. 
Silvio Wonsovicz
Graduado em Filosofia e Letras pela 
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras 
Dom Bosco (1985). Mestre em Antropologia 
Filosófica pela Pontifícia Universidade Católica 
de Porto Alegre (1990). Doutor em Educação pela 
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 
– (2004). Atua como professor e presidente do 
Sistema de Ensino Reflexivo – S.E.R. (Educação 
- Filosofia, Crianças - Filosofia, Pensamento, 
Filosofia - Projeto pedagógico). Mais informação 
acesse o site: http://www.portalser.net/. Algumas 
das publicações pela editora Sophos: Filosofar: 
os primeiros passos: 1º ano; Partilhar, brincar e 
aprender a filosofar: 2º ano; Juntos pensamos 
e filosofamos melhor: 3º ano; A filosofia e o 
entendimento do mundo: 4º ano; Filosofar e 
o encantamento: 5º ano; Vamos filosofar? 
entre outros. 
Sumário
APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Filosofia e Educação: Desdobramentos na 
Educação Brasileira ............................................................. 9
 
CAPÍTULO 2
Variações na Metodologia de Ensino de Filosofia ......... 37
CAPÍTULO 3
Caminhos e Metodologia de Ensino de Filosofia ............ 87
7
APRESENTAÇÃO
Seríamos audaciosos ao tentar dar uma resposta a pergunta: Para que serve 
a Filosofia?, sabendo que ela possui um valor intrínseco, em si e por si.
O que parece é que na sociedade em que vivemos, quando se deseja 
justificar algo, exige-se algumas atitudes práticas. Que tudo esteja envolto por 
uma ideologia essencialmente materialista, na qual o pensar possui um caráter 
prático e objetivo e esteja imbuído de reconhecimentos lucrativos, dando um 
embasamento para um pensamento pragmático-materialista. Cabe-nos fazer 
menção ao pensamento de Marilena Chauí, em seu livro Convite à Filosofia (1997, 
p. 10), que: “Em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar 
que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática 
muito visível e imediata”. 
No entanto, percebendo estas variações em nosso cotidiano, que está 
sobrecarregado de diversos valores, a Filosofia precisa manter a sua missão de 
ser fonte de todo e qualquer conhecimento, tornando justa a busca pela verdade, 
para libertar os que ainda se sentem presos pela massificação e alienação. 
Ela vem demonstrar que ainda estamos sonolentos, ou melhor, muitos estão 
dormentes diante da realidade. Realidade na qual alguns acordaram e zelam 
pelo sono da massa alienada. Estes que já acordaram, são minorias que detém 
o poder nas mãos e, para eles, se todo o povo acordar da ignorância será um 
grande problema, talvez até sem solução.
Bem sabemos, que a Filosofia em si, não proporciona a ninguém ter poder 
sobre outras pessoas, tão pouco adquirir riquezas, bens materiais e lucros 
econômicos. A Filosofia deve ser vista e encarada como na primeira visão 
platônica e aristotélica, em que devemos desvelar os nossos “assombros” perante 
a realidade, tendo o dever de descobrir o que se oculta por detrás dos dogmas 
sócio-econômico-religioso-culturais que as classes dominantes impõem às 
classes dominadas. Tomando posse do conhecimento, nos é permitido livrar-nos 
de algumas amarras que foram trançadas pela dominação ideológica opressora.
A Filosofia não possui uma receita mágica para resolver os problemas, 
porém, pode ser instrumento interessante para entendermos melhor as 
situações pelas quais passamos, possibilitando que façamos escolhas bem 
pensadas. O papel da Filosofia é de questionar, interrogar, causar incômodo; 
no entanto, o dia em que não houver mais questionamentos, não haverá mais 
razão de a Filosofia existir.
CAPÍTULO 1
Filosofia e Educação: Desdobramentos 
na Educação Brasileira
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer a Filosofia relacionada com a Educação a partir da concepção 
reflexiva e emancipatória. 
 3 Relacionar os marcos históricos e as principais concepções e representações 
conceituais da Filosofia com o ensino na tradição da educação brasileira. 
 3 Conhecer as identidades e diretrizes decorrentes dos sujeitos históricos e 
movimentos sociais que sustentaram sua presença ou ausência no sistema 
educacional brasileiro. 
 3 Conhecer os aspectos legais e curriculares da presença ou 
da ausência da Filosofia na educação brasileira.
11
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
Contextualização
Uma vida que não é examinada
não merece ser vivida.
(Sócrates)
Damos início aos estudos desta disciplina de Metodologia do Ensino de 
Filosofia com uma interrogação: Por que, para que e como filosofar? 
Poderíamos responder a essa pergunta de inúmeras maneiras. Respostas 
favoráveis ou contrárias, com sentido ou somente levando em conta a sua 
validade, numa sociedade que é imediatista e prática. Porém, utilizando a 
afirmativa de Sócrates apresentamos uma resposta extremamente significativa e 
importante para cada um de nós, seres racionais. Ao não examinar, questionar e 
investigar sobre si mesmo, sobre o outro e o mundo, não há muito interesse em 
viver (no sentido pleno do que seja viver). Nossa racionalidade garante pensar 
nas causas e efeitos; nas vantagens e desvantagens; nos ganhos e perdas; no 
que posso ou no que não posso fazer; no bem e no mal; enfim, numa vida melhor 
tanto para mim quanto para aqueles que vivem comigo.
No processo do filosofar posso fazer inúmeras outras perguntas. Muitas com 
respostas, outras que me deixam perplexo e sem uma resposta objetiva. Assim, 
perguntamos num ou noutro momento da vida:
• Por que preciso comer certos alimentos?
• Por que devo praticar atividades físicas?
• Tenho de respeitar as regras de convivência em sociedade ou posso fazer o 
que quero?
• O que me leva a buscar aperfeiçoamentos em minha atividade profissional? É 
um direito, uma obrigação ou um privilégio?
• Quem garante que tudo tem de ser como é e que não poderia ser de outra 
forma?
• O que devo fazer para ser feliz e viver bem?
• Por que devemos ser éticos? É fácil ser ético no mundo em que vivemos?
• As pessoas são realmente livres ou as suas ações são determinadas pela 
genética e pelo meio ambiente?
Você já deve ter feito inúmeras outras perguntas. Para algumas, você teve 
12
 Metodologia do Ensino de Filosofia
respostas, outras podem ter deixado você pensando. Como você está vendo, há 
vários tiposde questionamentos que somos capazes de fazer e, só nós é que 
fazemos tais perguntas -, portanto filosofamos.
Somos convidados e desafiados a pensarmos bem. A tarefa não é fácil, ainda 
mais quando tudo e todos que estão à nossa volta preferem o caminho mais fácil. 
Querem respostas prontas, pensam pouco e não têm o hábito de investigar, de 
refletir e discutir ideias.
Por tudo isso é que respostas à pergunta “Por que, para que e como 
filosofar?” Está em nós mesmos. Somos racionais e queremos investigar sobre 
o mundo, sobre as ideias, sobre as nossas ações e as ações daqueles que 
vivem conosco. Queremos poder viver bem, viver em comunidade, ser cidadãos 
participantes e ativos.
Este capítulo apresentará alguns fatores históricos da entrada da Filosofia no 
currículo escolar brasileiro. Além disso, conceitos de Filosofia e Educação farão 
parte de nossos estudos para o entendimento e busca da Paideia, como forma que 
os gregos concebiam a Educação, ou seja, formação do homem como um todo, 
do homem integral. Não podemos esquecer que para compreendermos os fatores 
educacionais, também faremos resgates históricos e políticos de nossa história. 
Para iniciarmos esse capítulo e nossos estudos sobre a Metodologia do 
Ensino da Filosofia, apresentamos o pensamento de Edgar Morin (1986, p.11):
Saber pensar não é algo que se obtém por técnica, receita ou 
método.
Saber pensar não é só saber aplicar a lógica e a verificação 
aos dados da experiência.
Precisamos, pois, compreender que regras, que princípios 
regem os pensamentos que nos fazem organizar o real, isto é, 
selecionar/privilegiar certos dados, eliminar/subalternar outros.
Precisamos adivinhar a que impulsos obscuros, a que 
necessidades de nosso ser, a que idiossincrasia de nosso espírito 
obedece ou responde aquilo que consideramos como verdade. 
Em uma palavra, saber pensar significa, indissociavelmente, 
saber pensar o seu próprio pensamento. Precisamos pensar-
nos ao pensar, conhecer-nos ao conhecer.
É essa a existência reflexiva fundamental, que não é só do 
filósofo profissional e não deve estender-se apenas ao homem 
de ciência, mas deve ser a de cada um e de todos. 
A partir destas primeiras ponderações sobre o porquê, para que e como 
filosofar; e, impulsionados pelo pensamento de Edgar Morin, inicialmente vamos 
entender a Filosofia e a Educação como Paideia.
13
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
A Filosofia e a Educação como Paideia
A Lei 9.394/96 (LDB) fala da abrangência da Educação da seguinte forma em 
seu artigo 1º:
A educação abrange os processos formativos que se 
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no 
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos 
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações 
culturais. (BRASIL, 1996).
Tendo continuidade no artigo 2º afirmando que esta educação é dever da 
família e do Estado, porém não é o dever de educar que queremos abordar 
neste momento e sim os seus princípios que são: “De liberdade nos ideais, 
de solidariedade humana, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento do 
Educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação no 
trabalho. (BRASIL, 1996).
Assim ratificamos que Filosofia e Educação possuem mais 
afinidades do que imaginamos. O tema é a Filosofia, o campo é a 
Educação. O objetivo é investigar a possibilidade e realização de uma 
educação reflexiva emancipatória. A Filosofia aqui, é aceita como o 
máximo de consciência possível que uma época ou sociedade pode 
alcançar. O ponto de partida é a premissa de que todo homem produz, 
ou se sustenta sobre uma determinada filosofia de vida ou conjunto de 
ideias e valores.
Para tanto, apresentamos análises históricas e educacionais 
da experiência curricular e social e, também uma metodologia de 
educação filosófica especialmente desenvolvida já com crianças, 
adolescentes e jovens, em busca de uma educação emancipatória. 
Um ensino filosófico e reflexivo entendido num conceito de autonomia, 
crescimento cultural e enriquecimento pedagógico dos educadores, 
educandos e todos envolvidos neste processo. 
Assim, como a Filosofia a Educação também não possui um 
conceito universal, pois os princípios sobre os quais estes conceitos 
se apoiam modificam-se conforme o tempo, lugar e circunstâncias, 
apresentando variáveis conforme concepções políticas e ideológicas 
do tempo em que se está sendo pensado.
No sentido comum que as pessoas utilizam em seu dia a dia, 
o conceito educação, significa cortesia, gentileza, polidez, respeito 
e civilidade. Num sentido de ciência temos outros entendimentos e, 
houve vários modelos educacionais que perpassaram a história de 
nosso país.
A Filosofia aqui, 
é aceita como 
o máximo de 
consciência possível 
que uma época ou 
sociedade pode 
alcançar.
Conceitua-se 
educação como 
transmissão de 
geração para 
geração dos 
valores culturais de 
uma comunidade 
social em que se 
está inserido e da 
qual se recebe 
um conjunto de 
técnicas normativas 
que satisfaça as 
necessidades 
físicas, biológicas e 
culturais, integrando 
o indivíduo à 
sociedade.
14
 Metodologia do Ensino de Filosofia
De maneira geral, conceitua-se educação em toda e qualquer civilização 
como: transmissão de geração para geração dos valores culturais de uma 
comunidade social em que se está inserido e da qual se recebe um conjunto de 
técnicas normativas que satisfaça as necessidades físicas, biológicas e culturais, 
integrando o indivíduo à sociedade.
A Filosofia foi sempre encarada como uma forma racional de compreender 
o mundo e a realidade na qual estamos inseridos. Sendo realizada dentro das 
condições materiais, econômicas e ideológicas da sociedade. A Filosofia como 
saber e método de investigação da realidade, assume uma expressão peculiar. 
Dentre as possíveis definições de Filosofia, destaca-se “a construção histórica 
que acentua uma determinada concepção de conhecimento e uma forma de 
entender a realidade, a partir do concurso da razão e dos processos racionais”. 
(WONSOVICZ, 2004, p. 22).
O ensino de Filosofia passa, continuamente, por um processo avaliativo, bem 
como por críticas. É um movimento importante de permanente avaliação de seus 
pressupostos, formas e métodos, objetivos e contradições.
É preciso entender que, historicamente, há um ethos paternalista que exclui 
as crianças, adolescentes e jovens da participação dos processos políticos 
decisórios. Parece também evidente que, na Filosofia, do ponto de vista histórico, 
há pouco interesse e disposição em pensar a questão da infância e adolescência 
em suas implicações na educação. Esta visível indiferença da Filosofia para com 
a educação das crianças é um problema intrínseco da Filosofia. Portanto, temos a 
criança como um problema oculto que está presente no discurso filosófico desde 
a antiguidade. Filosofia e Educação e paideia se pertencem mutuamente, porque 
comungam do mesmo interesse, isto é da formação do homem.
Ethos: do grego que significa costumes humanos quanto à 
bondade ou maldade deles. Este termo foi o que deu origem a 
palavra Ética que estuda a bondade e a maldade de qualquer ato 
humano, em qualquer sociedade, sendo este conceito ética universal 
e atemporal.
Paideia: do grego pais, paidos: a educação de uma criança. 
Relacionado a pedagogia. O pedagogo é o responsável pela 
orientação da educação das crianças. Em sentido lato, equivale ao 
Latim Humanitas (daí “as humanidades”), significando a aprendizagem 
geral que deve ser patrimônio de todos os seres humanos.
Promover a aproximação da infância, adolescência e juventude com a Filosofia 
é questionar o conceito de filosofar. Prova disto é a tendência formal da Filosofia, 
de acreditar na existência de uma incompatibilidade entre infância e Filosofia. 
A liberdade de pensar é, desde Sócrates, um bem inegociável. Em sua 
15
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação BrasileiraCapítulo 1 
origem na Grécia Antiga, a Filosofia foi voz da liberdade do pensamento, por outro, 
resultado da falta e da negação de tal liberdade. Por isto pensar nas razões do 
silêncio, no preconceito, no impedimento do filosofar na infância e adolescência 
tem sido objeto de análises e reflexões de filósofos e educadores contemporâneos. 
O que corrobora com a ideia de que há uma relação intrínseca entre Filosofia e 
Educação, ou melhor, entre as Ciências da Educação e a Filosofia.
A Filosofia surgiu das condições materiais, econômicas e 
ideológicas da sociedade grega antiga. Desta forma de saber e de 
método de investigação da realidade foi que, nossa cultura ocidental 
assumiu uma linguagem especial. Por isto, dentre as definições de 
Filosofia, destacamos a que afirma que “[...] é uma concepção de 
conhecimento e uma forma de entender a realidade a partir da ampliação 
da razão e de seus processos racionais”. (WONSOVICZ, 2005, p. 44).
Há outras perspectivas que apontam ser a Filosofia uma 
orientação moral, uma conduta de vida; existem os que entendem 
Filosofia como uma doutrina ético-religiosa ou um saber esotérico e há ainda 
aqueles que entendem como uma forma racional de compreender a realidade a si 
mesmo e ao mundo.
São concepções que surgiram na Grécia Clássica do século IV a.C. e estão 
presentes na história da cultura ocidental. Diante desta construção histórica, a 
Filosofia foi quase sempre definida como oposição às demais formas de saber e 
compreender a realidade.
Os primeiros filósofos preocuparam-se com um tipo de saber que fosse capaz 
de superar o pensamento mitológico, que é um estilo primário de conhecimento. 
Definiam-no como doxa, como um saber ingênuo, simplista, e também como 
opinião, pois não queriam confundir a Filosofia com o dogmatismo das doutrinas 
e adivinhações mitológicas vigentes. O ponto que delimitava a intencionalidade 
do saber filosófico que ora surgia, era a distância de um saber primário, o senso 
comum, e a negação do saber mitológico. Assim lemos em Aristóteles na tradução 
de seu livro Política (1985 p. 982):
[...] foi pela admiração que os homens começaram a filosofar, 
tanto no princípio como agora; perplexos de início, ante 
as dificuldades mais obvias, avançaram pouco a pouco e 
enunciaram problemas a respeito das dificuldades ainda 
maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol, e das estrelas, 
assim como da gênese do universo; [...], portanto, como 
filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam 
a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária. 
Filosofar continua sendo questionar os fundamentos da realidade, os 
processos históricos e as ações e contradições do ser humano. Nos séculos IV e 
III a.C., no auge do esplendor da experiência política de Atenas, a investigação era 
Filosofia é uma 
concepção de 
conhecimento e uma 
forma de entender a 
realidade a partir da 
ampliação da razão 
e de seus processos 
racionais.
16
 Metodologia do Ensino de Filosofia
sobre o que era o homem, quais eram as suas determinações, suas identidades, 
peculiaridades, potencialidades e natureza. Filosofar tinha uma função social e 
ideológica: explicar racionalmente o agir do homem no mundo e determinar os 
fundamentos do seu existir moral, de sua natureza política e visão estética, não 
havia mais o interesse em perguntar sobre o problema do mundo. A questão 
central da pólis e da Filosofia grega clássica era a investigação da identidade e da 
essência do homem. Temos, assim, reflexões de todos os filósofos do século IV e 
III, com destaque para Sócrates, Platão e Aristóteles. 
A educação, a persuasão pela palavra, como os sofistas 
queriam, o conhecimento, as origens da virtude e do poder, tal como 
preconizava Sócrates – considerando o pensador que inaugurou 
a reflexão ética na Filosofia: logo, acompanhada da reflexão sobre 
virtude, o saber, a alma, a dialética ou ascese das coisas sensíveis ao 
sumo bem, no pensamento idealista de Platão, ou ainda, a brilhante 
original formulação do axioma clássico, o homem como animal 
político, na célebre definição de Aristóteles, todas estas questões 
estão superpostas na investigação reflexiva da dimensão humana e 
sua realidade ética, estética e política inaugurada pela pólis de Atenas, 
constituindo temático antropológico ou clássico. (NUNES, 2000, p. 60). 
No campo educacional, reflexões racionais da ação educativa vieram de 
filósofos e estas que propuseram a máxima de que toda a Filosofia encerra-se 
numa paideia, no resgate deste clássico conceito grego de formação plena do 
homem para a vida na pólis.
Com a prática dos filósofos educadores, o conceito de paideia ia além da 
simples instrução da criança. Era a formação do homem integral, para a vida 
na pólis. Aplicava-se à vida adulta, à formação e a cultura, à sociedade e ao 
universo espiritual do homem; propunha a investigação da natureza humana a fim 
de compreendê-la e oferecia possibilidade de participação política. A verdadeira 
educação consistia em proporcionar ao homem as condições para o fim autêntico 
da vida. Diz-nos Jaeger (1984, p. 407):
A história da paidéia, encarada como a morfologia genética 
das relações entre o homem e a pólis, é o fundo filosófico 
indispensável no qual se deve projetar a compreensão da 
obra platônica. Para Platão, ao contrário dos grandes filósofos 
da natureza da época pré-socrática, não é o desejo de 
resolver o enigma do universo que justifica todos os esforços 
pelo conhecimento da verdade, mas sim a necessidade do 
conhecimento para a conservação e estrutura da vida. Platão 
aspira realizar a verdadeira comunidade, como o espaço 
dentro do qual se deve consumar a suprema virtude do 
homem. A sua obra de reformador está animada do espírito 
educador da socrática, que não se contenta em contemplar a 
essência das coisas, mas quer criar o bem. Toda a obra escrita 
17
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
de Platão culmina nos dois grandes sistemas educacionais, 
que são a República e as Leis, e o seu pensamento gira 
constantemente, em torno das premissas filosóficas de toda 
a educação, e tem consciência de si próprio como a suprema 
força educadora de homens.
A atitude filosófica ocidental, articulada como um conhecimento humano 
fez uma conexão entre o fazer filosofia e a ação de educar. Isto conferiu uma 
identidade entre Filosofia da Educação (Paideia) e a reflexão ética e política, que 
ficou patente na concepção da Educação como fundamento da sociedade. 
Foi Sócrates quem promoveu a mudança temática na Filosofia, tornando-se 
a representação tipológica do “filósofo”, e mostrou na prática o que era filosofar. 
Lemos em Jerphagnon (1992, p. 23):
[...] Conhece-te a ti mesmo, proferia o Oráculo a que Sócrates 
gostava de se referir. O que não significava entrega-te às 
delícias da introspecção, mas um “sabe que não és um deus”, 
que és um homem, consciente de suas capacidades e de 
seus limites. O homem não tem a medida de todas as coisas, 
o poder sobre todas as coisas, como pretendia Protágoras, e 
não se arranja tudo com palavras. Há uma realidade exterior 
ao discurso e que julga o discurso; o pensamento tem um 
objeto que julga o pensamento; a ação tem a norma que 
domina a ação. [...] Se Sócrates tornou-se a imagem do 
filósofo, sem dúvida foi porque simbolizou bem cedo a unidade 
da consciência benfeitora, fazedora de bem. O saber e o não 
saber são tão perigosos um quanto o outro, e a ação é cega. 
Há um saber verdadeiro e uma ação boa; em cada homem, 
pensa Sócrates, a filosofia tem como fim último, adquirir 
aquele e consumar esta numa vida unificada.
Podemos ainda compreender a Paideia como cultura. Este termo é atribuído 
em alguns autores como a formação do homem, o refinar-se, polir-se. A pessoa 
que possui cultura é uma pessoa requintada, fina e de boa postura. Quem não 
gostaria de ser reconhecido por sua cultura adquirida?
Atividade de Estudos: 
1) Conforme o Art.2º da LDB, Lei 9.394/96, quais são os princípios 
da Educação?
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 ______________________________________________________
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18
 Metodologia do Ensino de Filosofia
2) Por que Filosofia e Educação não possuem um único conceito?
 ______________________________________________________
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3) O que significa afirmar que historicamente existe um ethos 
paternalista?
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4) Qual o significado de Paideia dentro da Educação e para a 
Filosofia grega?
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5) Qual foi a preocupação dos primeiros filósofos?
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Metodologia do Ensino da Filosofia: 
Crítica e Dialética
Assim como todo procedimento filosófico traça sua história e tem um 
passado, a luta pelo espaço da Filosofia no currículo escolar desde a Educação 
Infantil até o Ensino Médio, com professores, crianças, adolescentes e jovens, 
também fez a sua. 
Seria muita pretensão querer fazer com que, pela primeira vez, 
começássemos a filosofar sozinhos. Filosofar é, em primeiro lugar, colocar-se 
diante de uma Filosofia anterior, considerando-se aqui a tradição filosófica. As 
correntes filosóficas, as grandes filosofias são bem diferentes das insuperáveis 
obras primas que veneramos e respeitamos quando as visitamos num museu.
19
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
A tradição histórica da Filosofia deve servir como meio para descobrirem-
se pensamentos vivos e atuais, para encontrar-se a Filosofia em atitude, por 
meio da qual se torne possível dar ao próprio pensar um suporte, uma bússola 
para orientá-lo.
Uma Metodologia do Ensino da Filosofia condizente com os dias atuais e 
realidades sociais que vivemos, pressupõem uma releitura dos textos e escritos 
dos filósofos ou seus comentadores. É preciso aprender a ler, interpretar e 
comentar os entendimentos e os frutos das reflexões resultantes de tais leituras.
A partir desta prática, dialética em sua estrutura, é preciso reconstruir, 
escrupulosamente, o trabalho do pensamento dos outros participantes, evitando-
se os estereótipos escolares que simplificam as obras e contornam os obstáculos 
apresentados pelas palavras e pela aparência simplista e enganosa das fórmulas 
prontas. Com isto torna-se possível situar as ideias em contextos, sistemas 
coerentes, libertando-as de todo peso histórico e tornando-as um pensamento vivo, 
atual e condizente com as faixas etárias e com a situação real de cada indivíduo.
É de suma importância estabelecerem-se as distinções e as definições a 
respeito do termo dialética. Ele tem assumido diferentes significados no campo 
da pesquisa em Ciências Humanas. A Dialética, como mediação sócio-analítica, 
possui estruturas sólidas no campo da pesquisa em Educação. E na concepção 
dialética da pesquisa em Educação, a metodologia está intimamente envolvida 
com uma concepção de realidade, de mundo, de uma visão do homem e 
da história. A dialética é entendida então, a partir de suas matrizes filosóficas, 
encontradas nas origens do pensamento grego.
Heráclito de Samos (apud NUNES, 1996, p. 13) – século VI a.C. – afirmava 
que “tudo muda, nada permanece igual, como este fogo eternamente vivo, como 
a união dos contrários de amor e ódio”. Platão, com sua metodologia filosófica 
investigativa, definia a Filosofia como dialética, partindo das coisas sensíveis até 
atingir as verdades plenas e perfeitas. Sua dialética seria a transcendência da 
realidade sensível para se atingir, pelo pensamento e espírito, o mundo das ideias. 
Sua dialética está retratada no Diálogo intitulado, O Sofista, dedicado ao combate 
dos sofistas na cidade de Atenas. Platão apresenta a dicotomia entre verdade e erro; 
e, pretende pela dialética, desmascarar a falsidade verbal e retórica dos sofistas.
 
A dialética em Hegel é a lei que rege a realidade absoluta do mundo, portanto, 
uma força interna do espírito objetivo que se desenvolve progressivamente na 
realidade histórica e material. A partir do conceito de alienação, no qual o homem 
se reconhece como estranho ao meio natural social, tomando consciência de sua 
própria estranheza. No devir do processo histórico, ou seja, no acontecimento de 
sua vida dentro da história, o homem deve compreender, pela sua racionalidade, o 
que existe de universal e inteligível no mundo e aproximar-se disso, enriquecendo o 
seu espírito e evoluindo plenamente para o conhecimento objetivo – isto é Filosofia:
• um esforço consciente do homem em apropriar-se do mundo inteligível. O 
20
 Metodologia do Ensino de Filosofia
pensamento dialético, nascido do conceito de transformação e dinamismo do 
mundo, evolui para diferentes direções, a partir da lógica interna da contradição;
• tese, antítese, síntese, negando-se e afirmando-se plenamente. Não basta 
adquirir métodos de trabalho, que já mostraram seu valor em diferentes etapas 
de formação, com o simples objetivo de progredir na realização de trabalhos 
escritos ou orais. O essencial é que cada indivíduo seja capaz de acompanhar 
as exigências práticas de elucidação e de justificação de suas ideias;
• a metodologia não pode ser assimilada e limitada a um conjunto de técnicas 
genéricas, cuja aplicação levaria a um bom resultado, ela não é mera habilidade 
externa ao saber. Para adquirirem-se métodos de trabalho em Filosofia, há de 
se compreender que o método é inerente a própria Filosofia. Elaborar uma 
metodologia já é fazer Filosofia, visto que isto envolve necessariamente uma 
concepção filosófica da Filosofia.
Atingir a maturidade filosófica, dentro da aprendizagem que visa, a 
princípio, a autonomia intelectual é:
• apoderar-se de técnicas de leitura; 
• de interpretação de textos; 
• do espírito de investigação filosófica e,
• das condições de tratamento sistemático das questões clássicas. 
Portanto, crianças, adolescentes e jovens que venham a assimilar 
e a obrigar-se a tal prática estarão formando autenticamente o seu 
espírito e concretizando o desejo de pensar por si mesmos, que é o que 
os motiva. Neste sentido afirma Lipman (1990, p. 51):
Fazer investigação filosófica é estar, a vida toda, pondo-se as questões 
filosóficas e buscando corrigir, aprimorar ou produzir novas respostas a essas 
questões sem perder-se em ceticismos que nada indicam, ou em relativismos que 
indicam pobremente – porque são particulares. Fazer investigação filosófica é ter 
um estilo de viver envolvido na e com a construção de significações humanas, 
ainda que tenham que ser constantemente refeitas. [...]. O problemático é 
inesgotável e se reafirma desumanamente, quaisquer que sejam nossos esforços.
 Comoem qualquer método ou programa de ensino, a eficácia do trabalho 
de reflexão filosófica depende, em grande parte do:
• empenho pessoal;
• da capacidade de iniciativa dos professores e alunos;
• do desejo de investigar;
• de leituras; 
Atingir a maturidade 
filosófica, dentro 
da aprendizagem 
é: apoderar-se de 
técnicas de leitura; 
de interpretação de 
textos; do espírito 
de investigação 
filosófica e 
das condições 
de tratamento 
sistemático das 
questões clássicas.
21
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
• de discussões; 
• de produções de textos.
Um programa filosófico, com sua metodologia e programas de conteúdos, 
não tem como meta convidar o estudante, independente de sua idade, a contentar-
se em produzir esta ou aquela ideia filosófica, ou aquela receita para entender o 
mundo e a realidade.
Como um verdadeiro educador, um programa de ensino com seu rol de 
conteúdos, sua metodologia, não tem outro objetivo que o de tornar-se inútil tão 
logo desencadeie nos alunos a capacidade de terem, por si mesmos, o domínio 
do trabalho e do pensamento filosófico, o que implica em primeiro lugar, um desejo 
de filosofar; puro e simplesmente, pensar por si mesmo, decidir, tomar nas mãos a 
responsabilidade por sua história. Por isso, um Programa com sua metodologia e 
com uma estrutura de conteúdos precisa e deve ser crítico e dialético.
Atividade de Estudos:
1) Como é definido aqui, filosofar?
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2) Qual a utilidade da tradição histórica da Filosofia dentro do 
aprender a filosofar? 
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3) Como é entendida a dialética como mediação socioanalítica?
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4) De que depende a eficácia do trabalho de reflexão filosófica?
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22
 Metodologia do Ensino de Filosofia
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5) Qual é o objetivo principal de um programa ou método de ensino?
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Breve Histórico da Filosofia na 
Educação Brasileira: da Colônia à 
Atualidade
Foi no século XVI que a Filosofia passou a fazer parte dos currículos 
educacionais brasileiros. Com o desenvolvimento marítimo europeu de uma 
nação com traços predominantes cristãos, os portugueses chegaram ao Brasil 
através da ordem Jesuítica. Desembarcaram onde é, hoje conhecida, a cidade de 
Salvador, na Bahia, com a missão de catequizar e instruir os povos colonizados.
Preocupados em arrebanhar mais pessoas para a Igreja, os Jesuítas 
caracterizaram a Educação e o ensino da Filosofia, em seu princípio, como 
um modo propedêutico, preparatório. Sendo ensinado com base na doutrina 
aristotélica e no pensamento escolástico, pois era o que interessava ao clero, na 
época, para valorizar ainda mais a fé e a doutrina católica, em resposta à liberdade 
de religião advinda da Reforma Religiosa (Lutero).
A educação no Brasil Colônia era uma cópia da cultura da metrópole, pois havia 
uma afinidade de interesses entre a elite emergente e a coroa portuguesa, em que 
a educação, representada pela Igreja, tendo um saber estruturado em uma cultura 
clássica, tradicional, livresca e com o domínio da gramática, era para bem poucos.
O método pedagógico utilizado para o ensino da Filosofia era formado pelo 
23
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
processo de repetição e memorização, sendo estes considerados os únicos 
métodos válidos e eficientes na aprendizagem. Até hoje, ainda se ouve falar que 
a repetição é a mãe da aprendizagem. O que se ensinava como conteúdo era a 
História da Filosofia e os pensamentos filosóficos já existentes, sem haver uma 
preocupação maior com o desenvolvimento do pensamento reflexivo, sendo 
valorizado apenas a memorização dos sistemas filosóficos, e o pensar reflexivo, 
quando feito, era algo feito extraclasse.
Mesmo com a expulsão dos jesuítas em fins do século XVIII, a Filosofia não 
desapareceu, sendo que o seu ensino ainda apresentava uma forma precária, no 
entanto, manteve os mesmos aspectos livrescos e religiosos como método de ensino.
Somente no século XIX que houve o surgimento dos cursos profissionalizantes 
e superiores, estes últimos a partir de 1930, sendo que o ensino secundário ficou 
incumbido de preparar os jovens como curso propedêutico para o ingresso nos 
cursos de nível superior.
Foi neste momento que a disciplina de Filosofia ganhou caráter de 
obrigatoriedade nos currículos do Ensino Médio. Entretanto, não foi sanada com a 
obrigatoriedade algumas dificuldades que resultavam da falta de organização dos 
conteúdos filosóficos, identificação de que conteúdos deveriam ser lecionados e 
em quais séries, dentre outros.
Houve uma grande mudança no sistema educacional brasileiro durante o 
século XX com o surgimento de novos movimentos ligados ao liberalismo. Estes 
novos movimentos defendiam uma educação desligada das influências da Igreja 
Católica em relação à formação da conduta humana. Para estes movimentos o 
que se fazia necessário era o desenvolvimento de forma objetiva da instrução 
científica e a busca pelo seu conhecimento. Esta busca era totalmente influência 
do pensar positivista de Auguste Comte, prevalecendo até os dias atuais em 
nossa realidade educacional. Estes movimentos criticaram então, a presença da 
Filosofia nos currículos do Ensino Médio, pois não entendiam a sua utilidade na 
formação do pensamento cultural brasileiro.
Liberalismo: Doutrina nascida e firmada na Idade moderna 
que defendeu e procurou realizar a liberdade no campo político. Foi 
dividida em duas fases, a primeira no século XVIII caracterisada pelo 
individualismo, e a segunda no século XIX caracterizada pelo estatismo.
Além do interesse no saber científico, houve também, um despertar de 
interesse na organização política. Após a proclamação da República, o Ensino 
Médio sofreu modificações, deixando o seu caráter propedêutico e assumindo 
uma postura mais científica, preparando os jovens para uma vida pública e para 
o mercado de trabalho, ou seja, era necessário fabricar mão de obra qualificada24
 Metodologia do Ensino de Filosofia
para o desempenho das atividades exigidas pelo Estado. Tendo em vista esta 
educação profissionalizante, muitos jovens perderam a oportunidade de ingressar 
em uma universidade.
Era necessária a ordem para haver o progresso, para isso se fazia 
também necessário construir uma única forma de pensar. Com as mudanças 
educacionais e a Filosofia esquecida, ou abandonada, a escolha de um curso 
superior ficou de lado e o que prevalecia eram as instruções práticas para a 
vida e uma instrução geral da cultura que levasse todos os indivíduos a terem o 
mesmo modo no pensar.
Foi a partir de 1915, com o decreto nº 11.530, que se definiu que o Ensino 
Médio teria a única função de ministrar conhecimentos e criar a possibilidade 
de qualquer educando ingressar mediante um rigoroso exame, em qualquer 
universidade. A Filosofia no Ensino Médio deixa o caráter complementar e passa 
a ser facultativa na escola pública. 
Em 1925, seguindo o decreto nº 16.782, no qual se afirmava que o 
Ensino Médio era o pilar fundamental para a cultura geral do país e era 
o meio mais eficaz para o ingresso aos cursos de nível superior, voltava 
a Filosofia, como caráter obrigatório nas grades curriculares brasileiras, 
tendo por objetivo preparar o homem para a vida e contribuir para a 
cultura geral do país. Houve um porém, de forma negativa, as aulas 
foram reduzidas ao quinto e sexto anos do colegial, ministradas três 
aulas por semana sendo utilizados sistemas nada reflexivos.
Duas mudanças se fizeram significativas no sistema educacional 
nas décadas de trinta e quarenta. A primeira na década de trinta, 
determinou através de decreto que o Ensino Médio deveria formar o 
homem para todos e quaisquer setores da vida e para o desenvolvimento 
da nação. A segunda mudança, ocorrida já na década de quarenta, 
intitulada como Lei Orgânica do Ensino Secundário, determinava a 
necessidade de fornecer conhecimento intelectual, formar a personalidade e a 
consciência patriótica dos educandos. 
Neste mesmo período surgiu outro movimento denominado Escola Nova, 
que defendia as ideias do filósofo John Dewey, colocando a instrução escolar 
como meio de desenvolvimento econômico e social. Para que isto acontecesse, 
os seguidores deste movimento, conhecidos como escolanovistas, defendiam 
a escola leiga, gratuita e obrigatória com direito de acesso a ambos os sexos. 
Este movimento ainda visava uma reformulação geral do Ensino Médio brasileiro, 
em que se valorizava a questão da consciência social do ser humano. Mesmo 
sendo mantida a disciplina de Filosofia como obrigatória por este movimento, 
ela foi perdendo o seu espaço, teve carga horária reduzida, incluiram-se temas 
genéricos, ou seja, não filosóficos à disciplina, tornando-a cada vez mais 
desorganizada e sem nexo como estudo filosófico propriamente dito.
Em 1925, seguindo 
o decreto nº 
16.782, a Filosofia, 
como caráter 
obrigatório nas 
grades curriculares 
brasileiras, tendo 
por objetivo 
preparar o homem 
para a vida e 
contribuir para a 
cultura 
geral do país.
25
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
Com a promulgação da lei Nº 4.024 em 1961, surgiu no Brasil a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, passando novamente a disciplina de 
Filosofia de caráter obrigatório a complementar na grade curricular do Ensino 
Médio. Até 1963 a disciplina de Filosofia era facultativa, podendo ser escolhida para 
compor a grade curricular ou não. Em 1964, com o golpe militar, nasceu um forte 
movimento de troca da Filosofia por disciplinas que elevassem o civismo nacional. 
Neste contexto em 1968, o MEC, recebendo orientações diretas dos 
EUA, que financiavam a nova organização educacional (acordo MEC – 
USAID), fez reformas universitárias (Lei 5.540/68), do ensino primário 
e médio (Lei 5.692/71). Estas leis estabeleceram uma estreita relação 
entre educação e produção como teoria do capital humano. 
Em 1971, com a reforma educacional, foram excluídas todas 
as disciplinas de caráter reflexivo da grade curricular, pois o mais 
importante era a formação profissional como meio concreto do 
conhecimento. Aqui tinha-se o objetivo de proporcionar ao educando 
a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades 
como elemento de auto-realização, qualificação para o trabalho e 
preparo para o exercício da cidadania. 
No governo Geisel (entre 1974–1979) a Filosofia voltou a grade curricular, 
porém de forma facultativa e a cargo de cada instituição de ensino ministrá-la. 
Devido a sua carga horária reduzida, poucas instituições de ensino optaram por 
lecionar Filosofia.
Durante os anos de regime militar, por vários motivos, o ensino 
no Brasil, não correspondeu às expectativas enquanto ensino 
profissionalizante, como as reformas queriam: a falta de orientação 
profissional, precariedade das escolas, descaso com a educação 
séria, deixando a preocupação com uma educação de qualidade na 
retórica, esquecendo-se da prática. 
O ensino de Filosofia sofre novas alterações em 1982, quando 
o Conselho Federal de Educação publicou e editou o parecer 
7.044/82, afirmando que a Filosofia passava a fazer parte do elenco 
das disciplinas do núcleo diversificado do currículo, e que caberia aos 
conselhos estaduais de educação a responsabilidade por este núcleo.
Em 1996 houve então, a aprovação da nova LDB – Lei de Diretrizes e Bases 
para a Educação Nacional, quando a Filosofia foi excluída de maneira inexplicável 
do quadro de disciplinas do Ensino Médio, sendo que as mesmas diretrizes se 
referiam ao Ensino Médio da seguinte forma: Seção IV – Do Ensino Médio Art. 35º:
O Ensino Médio, etapa final da educação básica, com duração 
mínima de três anos, terá como finalidades: 
§ 1º [...] III Domínio dos conhecimentos de filosofia e sociologia 
necessária ao exercício da cidadania. (BRASIL, 1996).
Em 1971, 
com a reforma 
educacional, foram 
excluídas todas 
as disciplinas de 
caráter reflexivo da 
grade curricular, pois 
o mais importante 
era a formação 
profissional como 
meio concreto do 
conhecimento.
Em 1982, quando o 
Conselho Federal de 
Educação publicou 
e editou o parecer 
7.044/82, afirmando 
que a Filosofia 
passava a fazer 
parte do elenco das 
disciplinas do núcleo 
diversificado 
do currículo.
26
 Metodologia do Ensino de Filosofia
Reconhecida a importância da Filosofia no aprimoramento do educando 
como pessoa humana, na sua formação ética, no desenvolvimento da autonomia 
intelectual e do pensamento crítico do indivíduo; porém, não integrada na grade 
curricular obrigatória no Ensino Médio, e sim, como conteúdo a ser aplicado 
dentro das demais disciplinas. Com o parecer Nº 15/98 a Filosofia passa a 
assumir caráter interdisciplinar, devendo ser lecionada obrigatoriamente, não 
como disciplina única, mas dentro de outras disciplinas, como por exemplo, no 
campo da Matemática, Física, Português, entre outras. 
Alguns estados brasileiros como Paraná, Santa Catarina, Maranhão entre 
outros, assim como alguns municípios, São José/SC, Belmonte/SC, São Luís/MA 
entre outros, em suas diretrizes de educação, incluíram a Filosofia como disciplina 
obrigatória no Ensino Fundamental e Médio já há alguns anos. O Conselho 
Federal de Educação somente incluiu o ensino da Filosofia e Sociologia no Ensino 
Médio como disciplina obrigatória no ano de 2008.
Atividade de Estudos:
1) Quando e como a Filosofia foi introduzida no pensamento 
brasileiro?
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2) Qual era o método utilizado parase ensinar Filosofia no Brasil 
Colônia?
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3) Durante o século XX, com o surgimento de novos movimentos 
ligados ao liberalismo, houve algumas mudanças. Cite algumas. 
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Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
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4) O que se definiu com o decreto nº 11.530 de 1915?
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5) Nas décadas de 30 e 40 houve duas mudanças no sistema 
educacional. Quais foram?
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 Metodologia do Ensino de Filosofia
A Obrigatoriedade do Ensino da 
Filosofia no Projeto de Lei Nº 
1641/2003
Tendo presente que a juventude apresentava algumas características de 
desesperanças e poucas perspectivas futuras, como envolvimento com drogas, 
prostituição, desemprego, criminalidade, e também por ter vivenciado na sua 
adolescência e juventude o regime militar, o Deputado Federal Dr. Ribamar Alves, 
do PSB do Maranhão, questionava: o que poderia fazer enquanto representante 
político para modificar esta realidade? Dr. Ribamar queria apresentar um PL - 
Projeto de Lei, que desse aos jovens o direito ao questionamento, condições de 
lutar contra as adversidades, que tomassem consciência de si e dos outros, para 
que deixassem de ser presas fáceis dos vendedores de ilusão.
Com esta intenção, o Deputado Dr. Ribamar reapresentou o PL do ex-Deputado 
Padre Roque PT/PR. Depois de reelaborado o documento, foi apresentado como 
o PL nº 1641 em 07 de agosto de 2003, ficando o projeto sob proposição sujeita à 
apreciação pelas Comissões de Educação e Cultura, Constituição e Justiça e de 
Redação. A proposta do Projeto de Lei foi a de alterar a Lei Darcy Ribeiro, Lei de 
Diretrizes e Base da Educação Nacional – LDB Lei nº 9.394 de 20 de dezembro 
de 1996, alterando os dispositivos do artigo 36, incluindo as disciplinas de Filosofia 
e Sociologia no currículo escolar, como disciplinas obrigatórias do Ensino Médio.
Em 2 de Junho de 2008, o vice-presidente da República, no 
exercício do cargo de Presidente da República, José de Alencar Gomes 
da Silva fez saber que o Congresso Nacional decretara e sancionada 
por ele, a Lei 11.684, de 2 de junho de 2008:
 
Art. 1º O Art. 36 da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 
passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 36 [...]
IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas 
obrigatórias em todas as séries do ensino médio (BRASIL, 2008).
O artigo 2º revoga o inciso II do art. 36 da Lei nº 9.394 de 20 de 
dezembro de 1996, que tinha como objetivo do Ensino Médio o domínio dos 
conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. 
Já o artigo 3º afirma que presente Lei entra em vigor a partir de sua publicação 
no Diário Oficial da União, que no caso foi publicada no dia 03 de junho de 2008.
Para fins de pesquisa pode-se acessar a lei na íntegra no site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.
htm
Lei 11.684, de 2 de 
junho de 2008: Art. 
36 - 
IV – serão incluídas 
a Filosofia e 
a Sociologia 
como disciplinas 
obrigatórias em 
todas as séries do 
ensino médio.
29
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
Com esta atitude de apresentar o Projeto de Lei e lutar pela obrigatoriedade 
da Filosofia, o Deputado Ribamar Alves entra para a história da Filosofia e da 
Educação brasileira. Porém, ainda mantêm-se algumas preocupações com 
conteúdos a serem trabalhados, metodologias e a formação dos profissionais que 
irão desempenhar a disciplina, assuntos a serem tratados em capítulos seguintes.
Há um movimento acontecendo, liderado pelo Centro de Filosofia Educação 
para o pensar: Filosofia com Crianças, Adolescentes e Jovens, com sede em 
Florianópolis/SC, de inclusão da Filosofia como proposta de Educação para o 
Pensar no Ensino Fundamental. O Deputado Dr. Ribamar Alves, em seu parecer 
ao Centro de Filosofia, demonstra ser simpatizante desta proposta.
Pode-se acompanhar uma entrevista feita com o Deputado Dr. 
Ribamar Alves pelo Jornal Corujinha Ano XVI – Nº 59, 3º Trimestre – 
2007 que está disponível no site:
http://www.centro-filos.org.br/professores/?action=materiasCoruja&id
Coruja=28
Atividade de Estudos:
1) O que motivou o Dep. Dr. Ribamar Alves propor a volta da Filosofia 
e da Sociologia como disciplinas obrigatórias na grade curricular das 
escolas brasileiras?
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30
 Metodologia do Ensino de Filosofia
2) Qual é a proposta do Projeto de Lei Nº 1.641?
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3) Como fica constituída a LDB após a apresentação do PL 1.641?
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4) Como foi que Ribamar Alves Encontrou meios para inserir o seu 
PL?
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Ética, Política e Educação: 
Distinções e Possibilidades
Vivemos neste começo de século uma época de incertezas e de profundas 
transformações. A Filosofia, enquanto uma ciência histórica, oferece ao homem 
alguns parâmetros que ajudam na compreensão e entendimento de sua realidade 
pessoal e da sociedade por ele construída. 
31
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
Como vimos anteriormente, a característica da Filosofia, principalmente neste 
momento histórico, está em aproximar-se constantemente da atitude fundamental 
de compreender a realidade, aquela formulada por Heráclito como dinâmica e 
contraditória.
Perante tais constatações não é possível conceber diante da obrigatoriedade 
do ensino da Filosofia uma metodologia do Ensino da Filosofia de maneira 
reducionista, quer como um conjunto de verdades e definições, ou mesmo como 
um conjunto de técnicas, formas e métodos de conhecimento e pensamento. 
Quando a Filosofia oportuniza a apreensão sistemática da cultura, ela dá ao 
homem uma consciência crítica de seu tempo e uma responsabilidade pessoal 
e social. Gera uma ação ética, política e educacional que tem seu tempo de 
maturidade, que vivencia experiências a cada instante e que é responsável por si 
e pela comunidade.
Queremos que os educadores, as crianças, os adolescentes e os jovens, 
por meio de um programa filosófico-pedagógico, com conteúdos específicos 
para cada faixa etária, com metodologias e instrumentos de avaliação, pensem, 
reflitam e atuem no e sobre o ambiente em que vivem. 
Esta postura crítica de ensinar e aprender a filosofar vai ao sentido de 
uma abertura que se coloca contra qualquer dogmatismo. Queremos que os 
envolvidos no processo compreendam a realidade como dialética, que mantém 
uma correlação de forças conservadoras e transformadoras em todos os níveis e 
estruturas (mental, social, econômica e moral). Esta é uma apreensão crítica da 
realidade proposta pela Filosofia e que é o objetivo e busca de uma metodologia 
do ensino da Filosofia com um viés ético e político.
Uma reflexão filosófica engajada e atual deve considerar a contradição 
decorrente do duplo comprometimento que se traduz na compreensão de 
nossa época e também com a ação coerente, na direção de nossos sonhos que 
projetamos para o nosso futuro. Nessa linha afirma César Nunes (2003, p. 35):
A ação emancipatória torna-se efetiva quando articula a 
teoria, a reflexão analítica, com a ação consistente, metódica, 
politicamente determinada com a intencionalidade propositiva. 
Chamamos de emancipatória a perspectiva que visa produzir 
autonomia crítica, cultural e simbólica, esclarecimento 
científico, libertação de toda forma de alienação e erro, de toda 
submissão, engodos falácia ou pensamento colonizado, incapaz 
de esclarecer os processos materiais, culturais e políticos. Ao 
mesmo tempo que liberta, aponta que emancipação significa 
também a prática da autonomia ética, o ideal e propósito de 
constituir valores que justifiquem nossas condutas morais, 
indica ainda a responsabilidade social pelas escolhas e opções 
que fazemos, até constituir-se num ideal de elevação estética. 
[...] Por fim, emancipação significa coerência, autonomia, 
32
 Metodologia do Ensino de Filosofia
convicção e libertação política, a constituir-se em grupos e 
comunidades de pessoas esclarecidas pela ciência e motivadas 
pelos ideais e virtudes coletivas. 
 Vale aqui, trazer à tona a questão da ética, da política e da educação, 
atitudes que estão muito próximas no ser e no agir de quem busca uma postura 
reflexiva, filosófica e, uma ação coerente. Ao pensarmos a realidade, somos 
convidados a ver o mundo em sua dinamicidade histórica e, sendo a Filosofia 
a expressão do máximo de consciência possível que uma época ou período 
histórico tem sobre si mesmo, a Filosofia está convocada a dar razões para a 
manutenção da esperança e da causa do homem.
Levar os indivíduos envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem a desenvolver uma reflexão ética e uma ação condizente 
(política) é o nosso grande objetivo pedagógico, principalmente pela 
exigência atual de uma postura ética. 
Temos a convicção de que na nossa cultura, o destino da Ética está 
irrevogavelmente ligado ao destino da razão. Mesmo em uma época 
de perplexidades, de uma civilização que fez da razão seu emblema 
maior e caminhou ousada e dramaticamente na inversão de valores e 
na suspeita que se exprimem num niilismo ético radical.
Vivemos numa democracia. Ora, no sistema democrático, 
todos somos seres políticos. Quando delegamos o poder a alguém, 
escolhemos pelo voto, aquele que mais se parece conosco, com o 
qual simpatizamos por defendermos as mesmas posições, por termos 
ideias que favoreçam o desenvolvimento da cidade ou do país. Muitos escolhem 
seus representantes pela sigla partidária. Dentre os que se candidatam a ser 
representantes do povo, há os decentes e os indecentes e oportunistas, mas isso 
ocorre em todos os setores da sociedade. Diferenciamos então, a ação política da 
politicagem, definindo-se a segundo pelo comportamento indecente de políticos 
corruptos que pensam poder comprar a democracia. 
Desde Platão, nos últimos cinco séculos antes de Cristo, a Filosofia, a Ética e 
a Filosofia Política estão ligadas entre si. Tal ligação é tão forte que se considera o 
ideal da Filosofia Política como uma continuação da Filosofia Moral. Ambas têm a 
mesma finalidade - buscam o bem viver. 
O ser humano quando é livre em seu agir e criador do seu próprio destino, 
responde eticamente por sua ação. Ao mesmo tempo em que ele escolhe 
livremente, há uma série de contradições históricas que exigem sempre novas 
opções. A partir de tais escolhas, temos a ação política que é essencialmente 
ação e se compreende como tal dentro de uma determinada coletividadesocial. 
Qualquer pessoa que queira viver bem, portanto eticamente, não se pode omitir 
do seu papel político.
Levar os indivíduos 
envolvidos no 
processo de ensino-
aprendizagem a 
desenvolver uma 
reflexão ética e uma 
ação condizente 
(política) é o nosso 
grande objetivo 
pedagógico, 
principalmente pela 
exigência atual de 
uma postura ética.
33
Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
Atitude ética e atitude política são, portanto duas formas de se considerarem 
o que se vai fazer e como vamos usar nossa liberdade. A atitude ética é, antes 
de tudo, pessoal; por meio da qual, cada um escolhe o que melhor corresponde 
ao seu próprio bem-estar naquele momento específico de sua vida e não há a 
necessidade de convencer os outros de que essa opção é a melhor. Na atitude 
política há o outro a ser considerado, portanto há acordos e é preciso haver 
ordenação e organização, pois as ações políticas afetam grupos de indivíduos.
O momento histórico em que vivemos está marcado por contradições e 
desafios. Vivemos na era da globalização, um tempo cheio de novidades e 
também de voracidades institucionais e subjetivas. O século XXI despontou 
marcado pelos estigmas do século passado, guerras, acumulação de renda, 
totalitarismos e uso inadequado das ciências (dando-lhes fins destrutivos e 
elitistas), intolerância religiosa, relativismos morais, comercialização do sexo e 
da sexualidade, ampliação do poder massificante e desumanizador da indústria 
cultural. Toda essa realidade vivenciada pela sociedade marca nosso universo e 
interfere em nossos significados e em nosso agir.
Ao lado, e no contraponto de tal realidade, as sociedades carregam 
contradições e injustiças sociais, padece-se de fome, há doenças que já poderiam 
estar erradicadas, mas continuam a matar e a fazer miséria. As cidades crescem 
sobre relações frias e normas impessoais, a violência atinge índices nunca antes 
vistos, o progresso tecnológico não se acompanhou pelo progresso moral, pela 
elevação ética nem pelo desenvolvimento estético emancipatório e realizador.
As contradições são muito visíveis em nosso país. No século XX 
presenciamos o Brasil saindo de uma estrutura agrária e rural (de forte tradição 
colonial escravista, imperial e republicana, determinada por interesses elitistas 
e aristocráticos) para uma estrutura industrializada e urbanizada. Toda esta 
mudança ocorreu muito rapidamente, movida pelo espírito desenvolvimentista, 
pelos ideais de modernização conservadora, conduzida por experiências 
políticas alternantes entre o populismo e autoritarismo que culminaram em uma 
sociedade globalizada em processo de articulação cultural-econômico que nos faz 
dependentes e subservientes.
Diante deste cenário que trouxe consequências negativas tanto para o 
indivíduo como para a sociedade brasileira, coloca-se o desafio a todos os 
cidadãos, particularmente aos educadores. Trata-se da necessidade de se criar 
uma sociedade reflexiva, tanto sobre o comportamento moral, os costumes 
socialmente assumidos, quanto sobre os parâmetros internos de uma justificação 
racional de nossa ação e vivência.
Movidos por tal necessidade, lutamos por uma educação reflexiva por meio do 
ensino da Filosofia através de programas filosófico-pedagógicos, cujo fio condutor 
defende um rol de conteúdos em direção a uma reflexão filosófica emancipada. 
34
 Metodologia do Ensino de Filosofia
Os programas devem ser sempre objetos de investigação e discussão, por parte 
dos pensadores, educadores e cidadãos que continuam a nutrir os mais elevados 
sentimentos e parâmetros éticos. 
O ensino da Filosofia no terceiro milênio, a partir de nossa realidade 
educacional, deve produzir cidadania, consciência histórica, responsabilidade 
moral, elevação ética, participação política e sensibilização estética nas 
gerações presentes e futuras. Desde os primeiros anos escolares as crianças 
e os professores têm o direito de filosofarem e continuarem por todo processo 
educacional. Esta será a tônica de nossas reflexões daqui para frente em nossos 
estudos na Metodologia do Ensino da Filosofia.
Algumas Considerações
Durante o capítulo foram apresentados alguns pontos a serem refletidos. 
Um destes pontos é o exame da própria vida, sendo que este deve ser feito com 
consciência crítica, maturidade e qualidade.
Esta prática de refletir sobre os próprios atos parece ser impossível na 
sociedade hodierna, sendo que muitos “contra-valores” nos obrigam a correr atrás 
da máquina em busca do ter, deixando de lado o ser.
A Filosofia prima por uma educação reflexiva; e esta, por sua vez, busca a 
formação do homem integral, ou ainda, formação integral do homem. Questionar 
é uma das habilidades buscadas por esta metodologia, o que por muitas vezes é 
visto de forma inconveniente em uma sociedade que não sabe explicar o porquê 
das coisas.
O desejo de quem busca o domínio das massas é que não se tenha 
conhecimento do que e como as coisas acontecem. A Filosofia proporciona 
parâmetros que nos ajudam a compreender a realidade ocorrida em nossa 
dimensão pessoal e social. 
Atividade de Estudos:
1) O que oferece ao homem a Filosofia enquanto ciência histórica?
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Filosofia e Educação: 
Desdobramentos na 
Educação Brasileira
 Capítulo 1 
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2) Como a dialética é entendida neste contexto?
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3) Qual a relação feita no texto entre Filosofia, Política e Ética?
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4) Segundo o prof. Dr. César Nunes, o que deve se levar em 
consideração numa reflexão filosófica engajada e atual, para tornar-
se uma ação emancipatória?
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 Metodologia do Ensino de Filosofia
Refefências
ARISTÓTELES. Política. Brasília: Ed. da UNB, 1985.
BRASIL. Lei n. 11.684, de 2 de junho de 2008. Altera o art. 36 da Lei no 9.394, 
de 20 de dezembrode 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos 
currículos do ensino médio. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.htm#art1>. Acesso em: 10 nov. 2009.
______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes 
e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 15 set. 2009.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1997.
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem Grego. São Paulo: Herder, 1984. 
LIPMAN, Mattheu. A filosofia vai à escola. São Paulo: Summus, 1990.
MORIN, Edgar. Para Sair do Século XX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
NUNES, César Aparecido. As Origens da articulação entre filosofia e educação: 
matrizes conceituais e notas críticas sobre a paidéia antiga. In: LOMBRADI, J. C. 
(Org.) Pesquisa em Educação. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2000, p. 
57-75.
______. Educar para a Emancipação. Florianópolis: Sophos, 2003.
______. Filosofia, Sexualidade e Educação: As relações entre os ressupostos 
ético-sociais e histórico-culturais presentes nas abordagens institucionais sobre 
a educação sexual escolar. 1996. 319 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, 
Departamento da Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas, 1996.
WONSOVICZ, Silvio. Crianças Adolescentes e Jovens Filosofam. 
Florianópolis: Sophos, 2005. Vol. II
WONSOVICZ, Silvio. O Ensino de Filosofia na escola fundamental: O projeto 
de educação para o Pensar em Santa Catarina (1989-2003) – A proposta, a 
crítica, contradições e perspectivas. 313 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, 
Departamento de Filosofia e História da Educação, Unicamp, Campinas, 2004.
CAPÍTULO 2
Variações na Metodologia de 
Ensino de Filosofia
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer as variadas formas de ensino dos conteúdos filosóficos. 
 3 Compreender a Educação como ação prática de intervenção social destinada 
a fazer ligações concretas como as que levam em consideração a historicidade 
e a solidariedade do processo que instaura a humanidade no tempo. 
 3 Identificar a Filosofia como busca e não como saber pronto e acabado. 
 3 Conhecer as formas e critérios de avaliação no ensino da Filosofia. 
 3 Despertar nos estudantes o significado do que é filosofar e o que significa 
ensinar Filosofia. 
 3 Aprender formas de aplicar avaliações na disciplina de Filosofia. 
 3 Diferenciar aula de Filosofia de aula filosófica.
39
Variações na Metodologia 
de Ensino de Filosofia
 Capítulo 2 
Contextualização
No primeiro capítulo, relatamos um pouco da história da Filosofia no Brasil, 
seus entraves, presença e ausência no currículo, decisões e indecisões políticas, 
e a metodologia proposta em todo o período histórico do Ensino Médio ou 
Secundário como foi chamado em alguns períodos.
 Houve também, a presença do ensino da Filosofia em cursos superiores de 
Direito, Medicina, Pedagogia e cursos direcionados ao ensino propriamente dito 
de Filosofia, Sociologia e também de Psicologia.
Neste capítulo trataremos um pouco sobre a presença da Filosofia na estrutura 
curricular, destacando a sua importância, possibilidades e métodos de ensino, 
habilidades e competências. Ainda por meios históricos, daremos uma maior 
ênfase a um método que tem sido referência em educação para o pensar, assim 
como, será tratado sobre métodos de avaliação na disciplina de Filosofia desde a 
Educação Infantil, passando pelo fundamental, até chegar ao Ensino Médio. 
Presença da Filosofia na Estrutura 
Curricular 
Como vimos no primeiro capítulo, historicamente, o ensino de Filosofia 
nunca teve sua presença garantida na estrutura educacional brasileira. Por 
consequência, ficou uma lacuna na reflexão, na produção escrita sobre o seu 
ensino, na produção de material didático acessível para o seu entendimento e a 
sua tradução para a realidade.
Sempre que se discutiu sobre a importância e presença da Filosofia na 
educação, estendeu-se como preocupação com o Ensino Médio e a Universidade, 
sem contemplar a fase inicial da educação. Por este fato, houve também, um 
desencontro entre a teoria e a prática, sendo construída muitas vezes, uma 
reflexão filosófica superficial nas universidades sobre o ensino da Filosofia, 
preparando poucos profissionais para a discussão e valorização do ensino e de 
uma Pedagogia da Filosofia, apresentada como discussão filosófica.
Posições e decisões de educadores foram necessárias quando se referia ao 
o que e como trabalhar a Filosofia em sala de aula. Certas atitudes levaram ao 
desinteresse e desestímulo de educandos e educadores. Educadores expondo 
seu método de maneira impositiva como se fosse toda a Filosofia ou ainda pior, 
como se fosse à única. 
A Filosofia, em toda a sua história, mostra-se uma atividade humana que, na 
sua essência é educativa. Em essência somos reflexivos, e a atividade filosófica 
é natural ao ser humano. Desta forma, o ensino de Filosofia é condição básica, 
um fazer pedagógico constante para a formação humana, situado na história e na 
sociedade. A essência humana que almejamos passa pela valorização do sujeito 
enquanto indivíduo, que possui suas mediações históricas pela transformação 
da natureza (trabalho), pela participação social (grupo comunitário) e pelo 
40
 Metodologia do Ensino de Filosofia
desenvolvimento cultural (criatividade), lutando para que o trabalho não seja 
degradante, a comunidade não seja opressiva e a criatividade não seja alienação 
e massificação.
É por meio de uma educação reflexiva que se pode efetivar 
uma luta assídua contra tais falhas educacionais, entendendo tal 
ação como prática de intervenção social destinada a fazer ligações 
concretas da nossa vida e auxiliar na instauração de forças construtivas 
e emancipatórias. Estas ligações devem ser as que levam em conta a 
historicidade e a solidariedade do processo que instaura a humanidade 
no tempo. Formar as novas gerações por meio de um ensino reflexivo é 
inserir os educandos no mundo do trabalho, da cultura, da participação 
social através do conhecimento, pelo pensar per se (por si mesmo 
– emancipação) a partir de uma visão critica, criativa e criteriosa, 
abandonando o formato ingênuo, mecânico e dogmático, até então, 
dominante na educação.
A abordagem e a postura filosófica proporcionam o processo 
de produção do objeto conhecido, processo de construção de 
conhecimento, não importando em qual fase escolar o educando encontra-se, o 
importante é que o educando perceba o significado de sua existência histórica e 
de sua presença no mundo.
Faz-se necessário um ensino de Filosofia que não só valorize, mas que, 
priorize uma formação filosófica consistente e persistente, um ensino de Filosofia 
como postura, atitude de espírito humano diante da existência histórica, social 
e cultural, ensino que esteja presente em todos os segmentos escolares para o 
desenvolvimento de indivíduos emancipados.
É pela reflexão e pelo conhecimento que o homem pode sonhar e chegar 
aos caminhos de sua libertação, estando apto para a intervenção de sua história 
e realidade, com o objetivo de garantir respeito e dignidade. Por este e outros 
motivos que o conhecimento deve ser competente, criativo, crítico e criterioso, 
demonstrando-se um conhecimento alinhavado dentro de uma reflexão filosófica. 
O filósofo almejado dentro do universo educacional, é lançado para uma 
dimensão política e pedagógica. O individuo que ao emancipar-se, utiliza o 
conhecimento, poderá alcançar uma visão epistêmica e ética da realidade, pois 
a reflexão histórica estará ligada ao mundo do indivíduo coletivo, histórico e 
social. Portanto, a Filosofia é considerada paideia, a que forma o indivíduo para a 
coletividade humana.
Epistêmica vem de epistemologia que significa estudo crítico 
dos

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