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O ABANDONO AFETIVO INVERSO DA PESSOA IDOSA DO BRASIL E SEUS

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Fred Silva

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MISSÃO SALESIANA DE MATO GROSSO – MANTENEDORA 
 
UNISALESIANO LINS – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – CEP 16400-505 – Fone (14) 3533-5000 
Site: www.unisalesiano.edu.br - E-mail: encontrocientifico@unisalesiano.edu.br 
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O ABANDONO AFETIVO INVERSO DA PESSOA IDOSA DO BRASIL E SEUS 
ASPECTOS RELEVANTES À LUZ DO ESTATUTO DO IDOSO 
THE ABANDONED AFFECTIVE REVERSE THE ELDERLY PERSON OF BRAZIL 
AND ITS RELEVANT IN THE LIGHT OF THE ELDERLY STATUS 
 
 
Cristina Aparecida da Silva – Bacharel em Direito – Instituição Toledo de Ensino- ITE 
crystina.advogada@gmail.com 
 
Prof.ª Juliana Izar Soares Da Fonseca Segalla – Ite/Bauru 
juizar@uol.com.br 
 
 
 
RESUMO 
 
O tema no âmbito das pessoas idosas acalora na sociedade a constatação de 
que a Constituição também lhes confere direitos e garantias. Em atendimento ao texto 
constitucional surge o Estatuto do Idoso, essencial para a proteção desse grupo de 
pessoas. Porém, sua implementação vem sendo vagarosa e conservadora, conforme 
demonstram os resultados de pesquisas feitas pelo IBGE. Diante de tal cenário torna-
se necessária discussão sobre o abandono dos idosos pelos familiares. Já não se 
espera um comportamento passivo da sociedade e são importantes políticas públicas 
nessa área. É necessário garantir a inclusão e bem estar social das pessoas idosas. 
Neste estudo iremos abordar como a doutrina e a jurisprudência têm se comportado 
diante do abando afetivo do idoso, a fim de contribuirmos com a reflexão acerca do 
que pode ser feito para que se alcance uma sociedade mais igualitária. 
 
Palavras-chave: Afeto; Idoso; Estatuto do Idoso. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Antes de adentramos no assunto, é importante uma visão panorâmica sobre o 
aspecto do tema “envelhecimento no Brasil”, para entendimento do estudo. 
No cenário brasileiro estima-se que em 20251 os idosos representarão 15,1% 
 
1 IBGE. Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios. Endereço 
eletrônico:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm. Acesso em : 10 de 
set. 2014 
 
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da população do país, assim, o Brasil estará em 2025 na sexta posição. 
Entre os países com maior número de idosos do mundo, cerca de 31,8 milhões 
de indivíduos com idade superior a sessenta anos. 
Em consequência dessa demanda populacional é lógica e esperada a 
preocupação com as pessoas idosas, que possuem seus direitos fundamentais não 
apenas da Constituição, mas, também em outros diplomas legais, destacando-se o 
Estatuto do Idoso, que foi promulgado com a intenção de ser um instrumento de 
garantia ao envelhecimento digno, devendo este ser proporcionado solidariamente 
pelo Estado, pela família e pela sociedade. 
É relevante nesse momento, entendermos quem é o idoso para a Organização 
Mundial da Saúde: 
A Organização Mundial da Saúde considera o idoso todo individuo com 65 anos 
de idade ou mais, que reside nos países desenvolvidos e com 60 anos ou mais, os 
residentes em países em desenvolvimento. Essa definição de idoso da Organização 
Mundial de Saúde está diretamente ligada à qualidade de vida propiciada pelo país 
aos seus cidadãos. 
Ainda, segundo, SANTANA, 20142 pode-se dividir o envelhecimento nas 
seguintes etapas: 
1- Meia idade- que compreende a faixa que vai dos 45 aos 65 anos de idade, 
também chamado do pré-senil. Nesta fase eventos biológicos importantes 
ocorrem, sendo para a mulher a menopausa, e para o homem a 
andropausa. 
2- Senescência gradual – entre 65 a 75 anos, sendo esta a fase em que 
facilmente potenciais patologias manifestam-se. 
3- Senescência propriamente dita entre 75 e 90 anos, é ser ancião no sentido 
estrito da palavra. 
4- Longevidade- após os 90 anos. Nesta fase o indivíduo apresenta mudanças 
fisiopatológicas, com uma reduzida reserva funcional associada a um 
equilíbrio biológico frágil e instável. 
 Além das classificações de envelhecimento mencionadas, tem-se classificação 
da Organização das Nações Unidas ou por meio da resolução 39/129, decompôs o 
 
2 SANTANA, Christiane. Aspectos clínicos na prática geriátrica. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. 
 
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ciclo da vida sob o aspecto econômico, avaliando o indivíduo, como força de trabalho, 
que produz e consome bens, em 3 idades. 
1- Primeira Idade: Constituída pelas pessoas que só consomem e estão 
em idade improdutiva (crianças e adolescentes); 
2- Segunda Idade: Refere-se às pessoas que produzem e consomem e 
estão em idade ativa (jovens e adultos). 
3- Terceira Idade: Formada por pessoa que já produzem e consumiram, 
mas que, pela aposentadoria não produzem mais e só consomem idade 
inativa (idosos). 
Na atualidade, dentre os idosos que possuem um nível econômico mais baixo, 
apresenta-se comum o abandono pela família e muitas vezes pelos próprios asilos 
que os discriminam e maltratam, esquecendo o dever solidário para com os mesmos. 
Portanto, o Poder Judiciário vem se manifestando sobre as ações que tem 
como causa de pedir o abandono moral dos idosos que condenam os parentes por 
faltarem com assistência moral e afetiva. 
Desta forma o Estatuto do Idoso, Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003 em seu 
artigo 3º acentua a obrigação da família, da sociedade e do poder público, 
assegurando ao idoso a efetivação do direito ao bem maior, assim como a saúde, 
educação, ao esporte, ao lazer, a cultura, ao trabalho, a cidadania, a liberdade, a 
dignidade, ao respeito e a convivência familiar e comunitária, enfim, o dever de 
cuidado, o qual se inobservado, gera uma conduta lesiva ao idoso. 
No artigo 98 da Lei 10.741, Estatuto do Idoso, há um dever determinado de 
respeito e de afeto entre os laços familiares. Apesar disso, muitos idosos sofrem por 
abandono material e afetivo sem a mínima satisfação de suas necessidades básicas, 
ficando latente a falta de zelo e proteção ao idoso. 
Ao sofrer com o desafeto da família, o idoso tem como consequência uma 
aceleração no processo de degradação do organismo, podendo também adoecer 
mais rapidamente. 
 Segundo a nossa Constituição Federal, em seu artigo 229, fica evidente que 
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou 
enfermidade; 
No artigo 230 da Carta Magna encontra-se disciplinado o amparo ao idoso, 
defendendo sua dignidade e bem estar, garantindo-lhe o direito à vida, reconhecendo 
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ser dever da família, da sociedade e do Estado seu amparo, assegurando sua 
participação na comunidade. 
Nessa toada, analisar-se-á a possibilidade de o idoso obter indenização por 
danos morais em caso de abandono afetivo pelos familiares, em virtude da ausência 
de previsão legal no Estatuto do Idoso, visto que a responsabilidade civil corresponde 
ao descumprimento de um dever de cuidado. 
 
1 DANO MORAL NO CONTEXTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Em nossa Carta Magna, no artigo 5º, em seus incisos V e X, encontra-se a 
previsãode indenização por dano moral ou material. Da mesma forma, o Código Civil, 
nos artigos 186, 187 e 927 dispõem sobre a violação do direito e o dano causado por 
ato ilícito, bem como sobre a obrigação de repará-lo. 
O dano moral incide contra a pessoa, atingindo o que ela é em sua 
profundidade, pois é um dano pessoal, insuscetível de reposição por ser 
financeiramente imensurável, pois a pecúnia não retira a dor, podendo tão somente 
amenizá-la. 
Segundo, José de Aguiar Dias3 enfatiza que o dano moral “não decorre da 
natureza do direito, bem ou interesse lesado, mas do efeito da lesão, do caráter da 
sua repercussão sobre o lesado.” 
No dano moral são atingidos os sentimentos da vítima, a sua vida, sua honra, 
sua imagem e seu reconhecimento social, assim como sua integridade física e 
psíquica. 
O ordenamento jurídico voltando-se para a ótica de proteção fundamentada na 
vulnerabilidade e principalmente em quem se encontra em situação de 
hipossuficiência, dispensou especial atenção ao idoso através da Lei 10.741/03, 
Estatuto do Idoso, discussões, principalmente acerca de seus direitos. 
Infelizmente no Brasil a maioria dos idosos sofre os mais variados tipos de 
abandono e maus tratos, muitos cometidos pelos próprios familiares. O caso mais 
comum é de abandono de idoso em casa de saúde ou em asilos. 
Os parentes simplesmente não cumprem com sua obrigação de visitá-lo, 
 
3 DIAS, José de Aguiar. O Dano Moral e sua Reparação. Revista Forense, v. 49, n. 144, p. 41-5. 
nov./dez. 1952 
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deixando o idoso totalmente desamparado. Na hipótese em que os parentes convivem 
com o idoso, muitas vezes, recebem os seus proventos e não alcançam sequer 
alimentos ao idoso. 
Embora a reparação civil não esteja prevista no Estatuto do Idoso, entende-se 
que a garantia de uma compensação de um desgosto, pelo sofrimento ou vexame 
deste, representa uma sanção ao culpado. 
Verifica-se que a inclusão da pessoa idosa deveria ser feita principalmente pelo 
seus familiares, já que praticamente dedicou-se aos seus durante a vida toda. 
Todavia, não é o que ocorre na realidade, a pessoa idosa é esquecida e isolada, 
é um retrato vergonhoso do cenário brasileiro. 
 
1.1 Provas do dano moral 
A prova do dano moral é uma questão bastante polêmica, pois se trata de algo 
imaterial e, portanto, não pode ser nos moldes empregados para a comprovação do 
dano material. 
Nota-se uma situação delicada exigir da vítima a comprovação de sua dor, 
tristeza ou humilhação, através de documentos periciais, e somar a esta atitude outro 
constrangimento e dano. 
Por outro lado, alguns doutrinadores entendem que o dano moral está ínsito na 
própria ofensa, derivando da gravidade do ato ilícito. 
É o entendimento de Rui Stoco4 “a causação de dano moral independe de 
prova, ou melhor, comprovada a ofensa moral o direito à indenização desta decorre, 
sendo dela presumido”. 
Diante de um ato de dano moral não existe fórmula exata e nem a materialidade 
no mundo físico. Sendo assim, é necessário o relato de um resultado danoso, ou seja, 
humilhação, dor, pânico, angústia, medo e outros. 
Nesta esteira, o Código Civil Brasileiro, nos artigos 186 e 927 estendem a sua 
tutela, efetivando uma satisfação de indenização compensatória. 
 
4 STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2004. 
 
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O conforto do ofendido é a efetividade do amparo legal fornecido, ou seja, a 
reparação, ainda mais se a ofensa é de grave repercussão, resultando uma satisfação 
pecuniária para o ofendido. 
Cabe destacar que o ressarcimento do dano moral, além da função protetiva e 
punitiva, possui também o condão de inibir, evitando a pena tanto na área cível quanto 
na penal. 
O dano moral surge, portanto, do próprio fato ofensivo, desta forma se a ofensa 
for provada, está configurado o dano moral, ou seja, não se prova o dano, prova-se 
sim o fato. 
Sendo dialético o caráter na reparação econômica do dano moral, ou seja, tem 
caráter compensatório para a vítima e punitivo para o ofensor, de forma a atenuar o 
sofrimento ocorrido e repreender o lesador, desestimulando seus atos. 
Na legislação brasileira não existe um critério de tabelamento, elencando o 
quantum nas indenizações, somente o artigo 944 do Código Civil menciona que a 
indenização mede-se pela extensão do dano, ou seja, esta medida é julgada pela ótica 
do juiz, atendendo em cada caso, às suas peculiaridades e sua repercussão 
econômica, a qual não deve ser tão grande a ponto de se transformar em 
enriquecimento e nem tão ínfimo que se torne inexpressivo. 
 
2 O ABANDONO AFETIVO DO IDOSO 
 
As pesquisas dos institutos como IBGE5, dentre outros, demonstram que hoje 
se tem uma melhor qualidade de vida, destacando o aumento da expectativa de vida, 
os idosos se tornaram um grande desafio para a sociedade brasileira. 
Torna-se necessário que a sociedade mobilize as políticas públicas, dando 
prioridade absoluta no trato com o idoso, protegendo-o da violência doméstica e 
familiar, garantindo dessa forma sua dignidade. 
Cabe ressaltar que a Alemanha foi pioneira em iniciar um estudo especializado 
sobre a velhice, mais precisamente em 1939, e em 1945 nos Estados Unidos foi criada 
uma sociedade de Gerontologia com o objetivo de estudar os processos de 
 
5 IBGE. Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios. Endereço eletrônico: 
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm. Acesso em : 10 de set. 2014 
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envelhecimento, a partir daí seguiram publicações em todos os países, tornando-se o 
envelhecimento uma das mais importantes fontes de interesse dos pesquisadores. 
A indenização por danos morais passou a ser acolhida a partir da Constituição 
Brasileira de 1988, e atualmente, com o Código Civil de 2002, é assegurada nos 
dispositivos 186 e 927, caput. 
Normalmente o idoso é vítima de um tipo de preconceito pela sociedade, (às 
vezes é visto como imprestável), pois, com o envelhecimento surge a degradação 
física, mental e outros. 
Nesse contexto, o artigo 230 da Constituição Federal, prevê que a família, a 
sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua 
participação na comunidade, defendendo sua dignidade e garantindo-lhe o direito à 
vida. 
Dessa maneira, caso o Estado não ampare ao idoso, a sociedade e família, 
claramente descrito, no artigo 98 do Estatuto do Idoso, cabe aplicar a obrigação pelo 
respeito e por laços afetivos que não necessitam de regulamentação, por outro lado, 
existam idosos que vivem a mercê da caridade alheia, abandonados por seus 
familiares que há muito deixaram de cumprir com o seu dever de solidariedade e 
proteção. 
Certamente é uma atitude condenável, tendo em vista que o idoso dedicou a 
vida parasustentar seus familiares e, quando este agora necessita de amparo, é 
excluído do seu seio familiar. 
 O Estatuto do Idoso, em seu artigo 3º esclarece que é obrigação da família, da 
comunidade, da sociedade e do Poder Público, assegurar ao idoso com absoluta 
prioridade, seus direitos de cuidado, respeito, saúde, alimentação e convivência 
familiar, fazendo necessário o convívio deste com diferentes gerações, a fim de 
preservar os laços afetivos. 
O maior pesar da maioria dos idosos é depender financeiramente de seus 
familiares, visto que, numa cultura consumerista como a atual, não ter dinheiro não é 
apenas um sinal de prestígio social, mas sim um requisito para viver com dignidade. 
 Entende-se que o maior temor do ser humano é a dependência do outro para 
sua subsistência e, nesse sentido, quando isso acontece ao idoso, ele pode acabar 
“vagando”, por não possuir um “teto” para abrigar-se, resultando em exclusão e 
abandono. 
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Sendo assim, como resultado do abandono material a consequência é também 
o abandono moral e afetivo, pois aquele que se encontra em situação de 
miserabilidade está afetivamente esquecido e abandonado pelos familiares. 
Cabe destacar um acórdão do STJ, o qual nos trouxe um parâmetro 
interessante. 
Vejamos, o entendimento do STJ sobre esse assunto: 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. 
COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE. 
 
1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à 
responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no 
Direito de Família. 
 
2. O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no 
ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com 
locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se 
observa do art. 227 da CF/88. 
 
3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida 
implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de 
omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente 
tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia – de 
cuidado – importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, 
a possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por 
abandono psicológico. 
 
4. Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a possibilidade de pleno 
cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo 
mínimo de cuidados parentais que, para além do mero cumprimento da 
lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para 
uma adequada formação psicológica e inserção social. 
 
5. A caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, 
ainda, fatores atenuantes – por demandarem revolvimento de matéria fática 
– não podem ser objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial. 
 
6. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais é 
possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada 
pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 
 
7. Recurso especial parcialmente provido. 
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(STJ, 3ª Turma, REsp 1159242/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, j. 
24.04.2012, DJe 10.05.2012). 
 
Como assinala Valéria Silva Galdino Cardin6 realmente, o afeto não é algo que 
pode ser “monetarizado”, contudo, a falta dele acarreta inúmeros danos psicológico a 
uma criança, adolescente ou idoso, que se sente rejeitado, humilhado perante os 
outros amigos em que os “pais são presentes”, ou “filhos que são presentes” dentre 
outras situações. É óbvio que esta criança, adolescente ou até um idoso terá 
dificuldades em se relacionar. Logo, a indenização teria como proporcionar que esta 
“pessoa” recebesse auxílio psicológico para tratar das sequelas oriundas da falta de 
visitação, do descaso, da não orientação ética, moral e intelectual etc. 
3 ABANDONO AFETIVO INVERSO PODE GERAR INDENIZAÇÃO? 
Questiona-se: e o que é abandono afetivo inverso? E se os males advindos da 
falta de amor, cuidado e atenção vitimizam os pais? 
Segunda a Ministra Fátima Andrighi da 3ª Turma do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ), no acórdão de REsp 1159242/SP 7 , em julgado de 2012 diz “Amar é 
faculdade, cuidar é dever”. 
Desta forma, ser possível exigir indenização por dano moral decorrente de 
abandono afetivo pelos pais. No acórdão de REsp 1159242/SP cita que a condenação 
foi de R$ 200 mil, imposta ao pai por abandonar a filha material e afetivamente 
durante a sua infância e adolescência. 
 No entanto, apesar de ser um tema polêmico, desde esse julgamento ficou 
estabelecido o entendimento, na jurisprudência, de que cabe pena civil em razão do 
abandono afetivo. 
Como podemos conceituar abandono afetivo inverso, segundo o 
desembargador Jones Figueirêdo Alves (PE), diretor nacional do Instituto Brasileiro 
 
6 CARDIN, Valéria Silva Galdino. Dano moral no Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2012 
 
7 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Recurso Especial de n. 1159242 de São Paulo/SP. Endereço 
eletrônico:https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200901937019&dt_publicacao=10/0
5/2012, Acesso em : 10 de maio de 2014 
http://www.unisalesiano.edu.br/
mailto:encontrocientifico@unisalesiano.edu.br
https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200901937019&dt_publicacao=10/05/2012
https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200901937019&dt_publicacao=10/05/2012
 
 
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de Direito de Família (IBDFAM)8, “a inação de afeto ou, mais precisamente, a não 
permanência do cuidar, dos filhos para com os genitores, de regra idosos”. Segundo 
o diretor, esta falta do cuidar serve de premissa de base para a indenização. 
(IBDFAM/2014) 
Interessante destacar, que na China, desde o dia 1 de julho de 2013, vigora lei 
que obriga os filhos a visitarem os pais idosos, prevê multa e até prisão. E no Brasil? 
Qual o preço do abandono afetivo inverso? Existe Lei que regulamente a matéria? 
Primeiramente, é necessário entendermos o que é abandono afetivo inverso. 
Conforme entendimento do Desembargador Jones Figueirêdo9, diz-se “abandono 
afetivo inverso a inação de afeto, ou mais precisamente, a não permanência do cuidar, 
dos filhos para com os genitores, de regra idosos, quando o cuidado tem o seu valor 
jurídico imaterial servindo de base fundante para o estabelecimento da solidariedade 
familiar e da segurança afetiva da família”. 
Por que o uso do vocábulo “inverso”? Essa expressão do abandono 
corresponde a uma equação às avessas do binômio da relação paterno-filial, dado 
que ao dever de cuidado repercussivo da paternidade responsável, coincide valor 
jurídico idêntico atribuído aos deveres filiais, extraídos estes deveres do preceito 
constitucional do artigo 229 da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “..os 
filhos maiores tem o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência e 
enfermidade”. 
Aliás, o princípio da solidariedade, “marco paradigmático que caracteriza a 
transformação do Estado liberale individualista em Estado democrático e social” 
(Paulo Luiz Netto Lobo, 201410), tem servido como questão de direito de fundo na 
diretiva de sua aplicação nas relações familiares, nomeadamente quando perante os 
mais vulneráveis (crianças, adolescentes, idosos, carentes alimentares, etc.). 
Sendo assim, não há negar que, axiologicamente, o abandono constitui um 
desvio desconcertante do valor jurídico estabilidade familiar, recebendo aquele uma 
 
8 IBDFAM. Abandono afetivo inverso pode gerar indenização. Disponível 
em:http://www.ibdfam.org.br/noticias/5086/+Abandono+afetivo+inverso+pode+gerar+indeniza%C3%A
7%C3%A3o. Acesso em: 17.abril.2014 
 
9 Idem ao item 8 
 
10 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Constitucionalização do Direito Civil. Jus 
Navigandi, Teresina, ano4, n.33, 1 jul.1999 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/507>. 
Acesso em: 16 set 2014. 
http://www.unisalesiano.edu.br/
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http://www.ibdfam.org.br/noticias/5086/+Abandono+afetivo+inverso+pode+gerar+indeniza%C3%A7%C3%A3o
http://www.ibdfam.org.br/noticias/5086/+Abandono+afetivo+inverso+pode+gerar+indeniza%C3%A7%C3%A3o
file:///C:/Users/Cristina/AppData/Local/Temp/ano4
file:///C:/Users/Cristina/AppData/Local/Temp/n.33
http://jus.com.br/revista/edicoes/1999/7/1
http://jus.com.br/revista/edicoes/1999/7
http://jus.com.br/revista/edicoes/1999/7
http://jus.com.br/revista/texto/507/constitucionalizacao-do-direito-civil
 
 
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modelagem jurídica e jurisdicional capaz, agora, de defini-lo para os fins de 
responsabilização civil. O abandono afetivo afeta, sensivelmente, o perfil da família, 
cuja unidade é a representação melhor do sistema. 
Efetivamente, recentes decisões judiciais cuidam de inibir, impedir ou punir a 
“negligência intolerável” como conduta inaceitável à luz do ordenamento jurídico. A 
mais significativa delas, resultou da 3ª Turma do STJ, que obrigou um pai a indenizar 
o filho, na quantia de R$ 200 mil, por abandono moral. A relatora ministra Fátima 
Nancy Andrighi, constante no acórdão de REsp 1159242/SP11 . 
No Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Pessoa Idosa, instituído 
desde 2007 pela ONU e celebrado em 15 de junho de 2012,12 Na composição dos 
dados, o abandono afetivo inverso se constitui, de fato, como a violência mais 
gravosa. 
Assim, mais chocante do que a violência física ou financeira, a negligência pelo 
abandono impõe ao idoso uma negação de vida, quando lhe é subtraída a 
oportunidade de viver com qualidade. Pior ainda é que as maiores violências contra 
os idosos assumem o território próprio da família, nela acontecendo as mais severas 
agressões. 
Alguns dados para elevar o debate sobre o tema discutido, cerca de 22,3 
milhões de idosos13, atualmente no país, apenas 2,7 milhões com mais de 60 anos, 
moram sozinhos (1,8 milhão de mulheres e 938 mil homens) enquanto que na 
composição familiar 15,5 milhões daqueles ainda chefiam suas famílias a geração de 
idosos sob abandono inverso assume índice preocupante. É um contingente ancião 
da recente tendência de menor prole que por isso mesmo fica a depender, uma vez 
alcançada a faixa etária provecta, de menos guardiões. 
Causa-nos surpresa saber que o abandono mais acontece dentro da família; 
ou seja, nada obstante esteja o idoso na companhia familiar falta-lhe a assistência 
 
11 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Recurso Especial de n. 1159242 de São Paulo/SP. 
Endereço 
eletrônico:https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200901937019&dt_publicacao=10/0
5/2012, Acesso em : 10 de maio de 2014 
 
12IBDFAM- ESTATUTO DO IDOSO. Estatuto do Idoso completa 10 anos e sua aplicação ainda é 
um desafio. Através do endereço: http://ibdfam.jusbrasil.com.br/noticias/100697981/estatuto-do-
idoso-completa-10-anos-e-sua-aplicacao-ainda-e-um-desafio. Acesso em 16.set. 2014 
 
13 MINAYO.; Maria Cecília de Souza. Prefácio à obra de TRENCHI, Belkis; ROSA, Tereza Etsuko da 
Costa (Orgs.) Nós e Outros: envelhecimento, reflexões, práticas e pesquisa. São Paulo: Instituto 
de Saúde, 2011, p. 08. 
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material e moral dos devidos cuidados, importando o déficit afetivo em sério 
comprometimento de vida. 
 Esse tipo de violência não tem maior visibilidade: 
 Dados do Ministério da Saúde14 também apontam outros tipos de 
agressões. Uma delas é aquela cometida contra idosos. Das 626 
notificações de violências contra idosos, atendidos em serviços 
de Saúde de referência, 338 foram de vítimas dos próprios filhos. 
O dado representa 54% das notificações de agressões a pessoas 
com 60 anos ou mais, dentro de casa. Entre os tipos de agressões, 
a violência moral ou psicológica, aquela que fere a honra ou a 
intimidade, foi a mais relatada (55%), seguida da física (27%), do 
abandono (22%) e, por último, do dano financeiro ou patrimonial 
(21%). 
 
Não há dúvida, portanto, que essa estatística revela, com maior visibilidade, 
severa realidade infratora dos direitos humanos contra o idoso e que deve ser 
combatida por urgente compromisso social. 
No considerar o idoso como “pessoa em situação especial”, suscetível de 
cuidados compatíveis ao elevado espectro de sua dignidade e ante realidades fáticas 
diversas, reclamam-se novas tutelas jurídicas especificas. 
 Desde quando o afeto juridicamente passou a ter a sua valoração, no efeito de 
ser reconhecido como vinculo familiar (João Baptista Vilela, 1980)15, em significado 
amplo de proteção e cuidado, no melhor interesse da família, a sua falta constitui, em 
contraponto, gravame odioso e determinante de responsabilidade por omissão ou 
negligência. 
A autonomia da pessoa idosa exige a assistência filial, moral e afetiva, como 
imprescindível instrumento de respeito aos seus direitos existenciais de consolidação 
de vida. 
 O abandono afetivo como falta grave ao dever de cuidar, para além de 
constituir ilícito civil, será caracterizado como crime, nos termos do Projeto do Senado, 
de nº 700/2007, já aprovado, dezembro 2012, pela Comissão de Constituição, Justiça 
e Cidadania, daquela casa parlamentar. 
 
14Ministério Público- VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS. Endereço eletrônico: 
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/violencia_contra_idosos.pdf. Acesso em : 15.set.2014 
 
15 Vilela- João Batista. Desbiologização da paternidade. Revista Forense. Rio de Janeiro n. 271 p. 45-
51 julho/set. 1980. 
http://www.unisalesiano.edu.br/
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http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/violencia_contra_idosos.pdf
 
 
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 Entretanto, o projeto apenas cuida de modificar a Lei nº 8.069, de 13 de julho 
de 1990 (Estatuto da Criançae do Adolescente) para caracterizar o abandono (moral) 
como ilícito civil e penal; não cogitando, todavia, do abandono inverso, no pólo 
contrário do composto da relação (filhos/pais), o que reclama alteração legislativa 
pontual do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003). Aquele projeto está pronto (desde 
11.07.2012), para a pauta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação 
Participativa do Senado. 
 Como abandono afetivo inverso, na mesma dimensão jurídico-axiológica que 
reclama os cuidados de proteção na relação paterno-filial, devemos considerar que a 
falta do cuidar serve de premissa de base para a indenização. 
 Não é demais admitir que o abandono afetivo inverso, em si mesmo, como 
corolário do desprezo, do desrespeito ou da indiferença filiais, representa fenômeno 
jurídico que agora deve ser tratado pela doutrina e pelo ordenamento legal carecido 
de um devido preenchimento, seja por reflexões jurídicas, seja por edição de leis. 
A sua presença na ordem jurídica servirá, no espectro da ilicitude civil, como 
nova espécie de comportamento ilícito, pautado por uma configuração jurídica 
específica, tal como sucede com a dogmatização jurídica do abuso de direito. 
 Não é suficiente a lei impor a visitação obrigatória dos filhos, como a recente 
lei chinesa determina (sem especificar, sequer, o mínimo necessário) ou estabelecer 
sanções civis e penais. 
 Ademais são necessárias políticas públicas devem destinar emprego de 
esforços, inclusive de assistência social, para monitorar, continuadamente, a 
qualidade de vida da pessoa idosa, sob pena de o abandono afetivo inverso ser 
apenas um instituto jurídico de efeito reparatório civil ou repressivo penal, sem 
qualquer profilaxia sócio-criminal que o impeça acontecer. 
Não adianta tipificar ilicitudes civis e crimes, para as imputações cabíveis, sem 
que o Estado aparelhe a dignidade e a sobrevivência das pessoas idosas de 
estruturas adequadas a serviço de uma tutela integral protetiva e preventiva. 
 No caso, a lei servirá, de imediato, como um aviso eloquente para que possa 
ser estabelecida, afinal, uma sociedade mais solidária. 
Não se pode precificar o afeto ou a falta dele, na exata medida que o amor é 
uma celebração permanente de vida e como tal, realidade espontânea e vivenciada 
do espirito; todavia o abandono moral e material, como instrumento de desconstrução 
de vida pode ser mensurado em níveis de quantificação indenizatória. Os parâmetros 
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são os circunstanciais de vida dos próprios atores envolvidos, sinalizando uma 
reparação civil adequada e necessária. 
O princípio do “neminem laedere” (“não causar dano a ninguém”) que serve de 
fundamento para toda a doutrina da responsabilidade civil. Demais disso, cuidando-
se de ilicitude civil de conduta, exorta-se a regra geral do art. 186 do Código Civil, 
onde ínsito o princípio, segundo a qual “aquele que por, ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprududência violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito.” 
Segue-se, então, a aplicação do artigo 927 do mesmo estatuto civilista, 
indicando que aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo; sendo certo que dita reparação pela via da indenização, deve medir-se pela 
extensão do dano, na forma do artigo 944 do Código Civil. 
Sendo assim, o idoso também pode se ater essa opção como proteção legal, 
afinal seu papel como provisor foi cumprido integralmente, após anos, quando é 
necessário a reciprocidade dos filhos, o idoso é encarado como problema e entregue 
a asilos e instituições. O que nos envergonha como cidadãos o tratamento que é 
dispensado ao ente querido de nossa própria família ser tratado dessa forma. 
 
CONCLUSÃO 
Atualmente a população idosa está em crescimento contínuo, inclusive com o 
aumento da expectativa do tempo de vida do ser humano. A humanidade não está 
preparada para acolher as pessoas idosas, tornando-se, em alguns casos, um 
problema tanto para as políticas governamentais (saúde pública e previdenciária) 
colocando em discussão a estrutura assistencial do Estado, quanto para as próprias 
famílias. 
Em Nossa Carta Magna, em seu artigo 229, que os filhos maiores têm o dever 
de assistir os pais na velhice, carência ou enfermidade, proporcionando um convívio 
familiar baseado no afeto e reconhecimento ao princípio da solidariedade. 
Deveras, como alternativa de algumas famílias surge o “asilo”, o qual nem é a 
melhor opção, tornando-se uma das grandes barreiras encontradas pela família, 
caracterizando muitas vezes como abandono pelas mesmas. 
Infelizmente, não houve nenhuma previsão legal no Estatuto do Idoso quanto à 
possibilidade de indenização por danos morais em caso de abandono afetivo por seus 
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familiares, porém muitos doutrinadores entendem que a dor, o vexame, o sofrimento 
ou humilhação, quando interferem de maneira intensa no comportamento psicológico 
do indivíduo, são reputados como dano moral baseando-se em nossa Constituição 
Brasileira. 
Entende-se, portanto, que enquanto não houver ofensa ao ordenamento 
jurídico, e em consequência prejuízo, não haverá responsabilidade. 
O descaso entre pais e filhos é considerado grave abandono moral, 
necessitando de severa punição do Poder Judiciário, para que se conserve não a 
obrigação de amar, esta não se impõe, mas a responsabilidade pelo descumprimento 
do dever de cuidar. 
Entendendo que no abuso de direito a culpa deva ser afastada, de modo que 
os pressupostos deste são por demais assemelhados aos da responsabilidade civil, 
ou seja, estão intimamente ligados. 
O Poder Judiciário já revela ações que tem como ensejo de pedir o abandono 
moral dos idosos, condenando os familiares que faltaram com o dever de assisti-los 
moralmente, como os casos de ações de alimentos, abandono em hospitais, falta de 
cuidado com a higiene e saúde, apropriação indébita de seus proventos. 
Desta forma que o dano moral decorre da gravidade do ilícito, ou seja, de 
grande repercussão, por si só já justificará o consentimento de uma satisfação 
pecuniária ao lesado. E o que a vítima deseja é ser compensada, afinal pelo o que 
ocorreu. 
Todavia não houve nenhuma previsão legal no Estatuto do Idoso quanto à 
possibilidade de indenização por danos morais em caso de abandono afetivo por seus 
familiares, desta forma procura-se acatar ao clamor na forma de um Direito que 
acompanha a evolução dos tempos, partindo da dignidade da pessoa humana como 
fundamento da República. 
Através da indenização pelo abandono afetivo dos familiares será uma forma 
de coibi-los de tal atitude, servindo como punição, já para o idoso trará, de certa forma 
um acalanto para a alma ou quem sabe o alcance para o próprio alimento. 
Desta maneira entende-se que embora a reparação civil não esteja presente 
no Estatuto do Idoso, mas que seus pressupostos estejam, já haverá formas para tal 
intento. 
E um panorâmico atual sobre a indenização do abandono afetivo inverso, 
embora recente decisão do STJ, trouxe um paradigma interesse para o sistema, o que 
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pode ser utilizado em outros casos análogos. Enfim, o debate está somente no início 
a muito a ser feito nessa seara, porém o intuito do trabalho é trazer alguns argumentos 
e reflexões sobre o assunto. Esperamos que o trabalho tenha introduzido alguns 
questionamentos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/violencia_contra_idosos.pdf
https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200901937019&dt_publicacao=10/05/2012
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