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Fundações Tipos de fundações e metodologias executivas Prof. Msc. Gabriel Trindade Caviglione • Unidade de Ensino: 2 • Competência da Unidade: Apresentar os tipos de fundações disponíveis bem como o processo executivo de cada uma delas. • Resumo: Apresentar os tipos de fundações que podem ser utilizados em um projeto. • Palavras-chave: Fundação direta, fundação profunda, processo executivo. • Título da Teleaula: Tipos de fundações e metodologias executivas. • Teleaula nº: 2 Contextualização da aula • Fundações transmitem carga ao solo. Podem ser definidas de acordo com o tipo de transmissão: Fundações Direta Indireta Fonte: Melo (2019). Contextualização da aula • Tipos de fundações: Fonte: o autor. Comportamento das Fundações Formas de ruptura, segurança e tensão admissível Efeito Tschebotarioff 0:05 Formas de ruptura das fundações • O elemento estrutural de fundação interage com o elemento de solo; • No projeto, cabe a engenheiro decidir qual elemento é o adequado para não haver ruptura do sistema; • Ruptura – colapso • Do solo • Tombamento • Deslizamento • Estrutural Fonte: Velloso e Lopes (2010). Solo Tombamento COMPORTAMENTO DAS FUNDAÇÕES • FUNDAÇÃO DIRETA -> PONTA • FUNDAÇÃO PROFUNDA -> LATERAL OU MISTA Segurança das fundações • Além da análise de projeto (tipo de solo, carga dos pilares, edificações vizinhas, presença de NA etc) o engenheiro pensa no fator de segurança global ou parcial • Global: método de valores admissíveis • Parcial: método de valores de projeto Tensão admissível • Tensão na qual o elemento de fundação é projetado, considerando o fator de segurança; • Pode-se utilizar cargas de catálogo que indicam as tensões do ponto de vista estrutural; • Ou cargas já pré-estabelecidas pela literatura. Efeito Tschebotarioff • Quando a superfície do terreno é carregada, como por um aterro, vai recalcar, gerando um esforço contrário à resistência do elemento de fundações; • Uma das formas de evitar é executando serviços de melhoramento de solos, como colunas de solo-cimento (jet grouting), drenos verticais, reforço com geogrelhas, ou utilizar estacas reforçadas capazes de absorver os esforços de flexão ou lajes estaqueadas. Efeito Tschebotarioff • Deve ser considerado para evitar problemas em fundações profundas em solos compressíveis; • Se a sobrecarga estiver sendo aplicada de forma assimétrica em relação às estacas, estas sofrerão esforços de flexão; • O efeito pode ocorrer também em muros de arrimo sobre estacas, em muros de encontro de pontes e em aterro de acesso a pontes. • O recalque do solo promove o carregamento da estaca até ponto neutro, no qual o atrito se inverte Atrito negativo Colapsibilidade • Solo perde capacidade de suporte em função do aumento do teor de umidade sem que se altere sua sobrecarga • Solo colapsa gerando recalques significativos nas fundações Sapatas, blocos e radiers Tubulões e SP 0:20 Fundações diretas • Transferência de carga ocorre pela base da fundação; • Por esse motivo, as bases são alargadas para aumentar a eficiência dos elementos; • Segundo NBR 6122(2019): • A profundidade das fundações rasas não deve exceder duas vezes a menor dimensão em planta (B); • A profundidade das fundações profundas têm no mínimo 3 metros. Fundações diretas Fonte: Melo (2019). • Utilizadas em obras de pequeno porte ou no subsolo próximo ao topo rochoso. Fundações diretas - execução • 1 – Escavação das cavas • Manual ou mecânica • 2 – Preparação para a concretagem • Verificar se o fundo da escavação está limpo e se o solo tem a resistência de projeto • 3 – Concretagem • 4 – Reaterro • Após a cura do concreto Sapatas • Elementos de fundação em concreto armado dimensionados de forma que a armadura resista às tensões de tração; • Isoladas: recebem a carga concentrada de apenas um pilar e distribuem a carga em duas direções; • Associadas: recebem as cargas de dois ou mais pilares alinhados; • Alavancadas: quando um dos pilares está posicionado na divisa; • Corridas: recebe cargas lineares e transfere para o solo em uma direção. Sapatas Sapata isolada Sapata alavancada Sapata associada Sapata corrida Fonte: Bastos (2016) e Melo (2019). Blocos • Estruturas que não contêm armaduras e, por isso, são elementos mais robustos e dimensionados para o concreto resistir às tensões de tração; Bloco cônico Bloco escalonado Fonte: Melo (2019). Radiers • Estrutura similar a uma laje que recebe os pilares da obra; • Tem um bom desempenho quando é necessário uniformizar os recalques da estrutura; • Principal atenção com solos colapsíveis! Fonte: Velloso e Lopes (2010). Radier liso Radier com pedestais Radier nervurados Radier em caixão Tubulões • Fundação direta profunda • Atendem obras de pequeno a grande porte • Elemento de fundação em que, em pelo menos na sua etapa final de escavação, há a entrada de trabalhador. Especial atenção, pois oferece perigo ao trabalhador. Tubulões • Formado pelo fuste com ou sem abertura de base • Tubulão a céu aberto – acima do lençol freático • Tubulão a ar comprimido – abaixo do lençol freático. Fonte: Melo (2019). Tubulão a céu aberto • A escavação do fuste poderá ser manual ou mecanizada por meio de perfuratriz; • Se o solo for granular e as paredes da escavação estiverem instáveis, o fuste poderá ser revestido por um tubo metálico ou por revestimento de concreto moldado in loco; • O engenheiro deverá verificar se o solo da cota de apoio está com a resistência prevista em projeto antes da concretagem. Tubulão a céu aberto Escavação manual Escavação mecânica Fonte: Velloso e Lopes (2010). Tubulão a ar comprimido • É necessário um equipamento chamado campânula acima do revestimento do fuste; • Esse equipamento permite a pressurização do espaço de trabalho para que a água não invada a escavação e a concretagem; • A pressurização é realizada por dois compressores trabalhando em paralelo e um conjunto de filtros e resfriadores para melhorar a condição de trabalho. Tubulão a ar comprimido Escavação mecânica Escavação manual Fonte: Velloso e Lopes (2010). Situação Problema 1 Seu primeiro desafio é uma obra residencial, localizada em um condomínio da cidade, com muito potencial de crescimento, com cargas de aproximadamente 30 tf por pilar e com solo descrito no perfil: Fonte: adaptado de Cintra, Aoki e Albiero (2011). Pensando no porte da obra, nas cargas envolvidas e nas características do subsolo, você deverá escolher o melhor tipo de fundação. Por isso, você decidiu começar sua análise pelas fundações diretas, que são mais simples e que, consequentemente, refletem um menor custo, além de elencar, com base na sondagem apresentada, as vantagens e as desvantagens do uso de sapatas, radier e tubulão para a obra residencial, destacando as limitações executivas de cada processo. Resolução SP1 • As fundações diretas rasas (sapatas, blocos e radiers) necessitam apenas da escavação das cavas, preparo da base, instalação ou não de armadura e concretagem; • Pela sondagem, o solo de apoio das fundações diretas (da cota 0 à cota -3 m) é uma areia fofa a pouco compacta, pela correlação com Nspt. Este solo tem baixa resistência, mesmo para obras de pequeno porte podendo apresentar alguma instabilidade durante a escavação das cavas. Resolução SP1 • Já nas fundações diretas profundas, temos o tubulão céu aberto, que poderá ser escavado até a cota -10 m, acima do lençol freático, com o uso de revestimento, mas necessitando de atenção na análise de recalques. • Por fim, temos o tubulão ar comprimido que, pelas dificuldades executivas, torna-se economicamente inviável. Estacas pré moldadas Estacas moldadas in loco SP 0:40 • Fundações indiretas profundas; • São executados por equipamentos de perfuração ou de cravação; • Transmitem as cargas para o solo pela ponta, pelo atrito lateral ou pela combinação de ambos; • Estacas pré moldadas • Estacas moldadas in loco. EstacasEstacas pré moldadas • Podem ser executadas em madeira, concreto ou estruturas metálicas; • São estacas de deslocamento, pois empurram o solo para baixo e para o lado na execução; • Esse processo diminui o índice de vazios do solo, por conta da compactação e isso melhora a capacidade de carga e reduz os efeitos dos recalques; • São introduzida no solo por cravação. Estacas pré moldadas • Equipamentos de cravação: bate estacas, martelos de queda livre e hidráulicos, martelos a diesel e vibradores; • Atenção: as estacas cravadas por bate-estacas geram vibrações que muitas vezes extrapolam o perímetro da obra; • Necessário cuidado na escolha da fundação por conta das edificações presentes no entorno do terreno. Estacas de madeira • São confeccionadas com os troncos das árvores, podendo ou não ter uma proteção na ponta; • No Brasil esse tipo de estacas é utilizado quase que exclusivamente em obras provisórias; • A durabilidade pode ser comprometida quando houver variação do NA, mas submersa funciona bem! • Elementos de 6 m de comprimento, acima disso, emendas. Estacas metálicas (ou de aço) • São comercializadas em diversos formatos, como os perfis (laminados ou soldados), tubos ou até mesmo trilhos usados de ferrovias; • Apresenta seções variadas, resistência elevada, fácil transporte e longa durabilidade; • Elementos de 6 ou 12 m de comprimento, acima disso, emendas. Estacas de concreto • Muito utilizadas no Brasil; • Apresenta alto controle de fabricação e custo acessível – confeccionado na fábrica e transportado até o local da obra; • Podem ser fabricadas com concreto armado, protendido ou centrifugado; • Diversas geometrias de seção; • Elementos de 6 a 12 m de comprimento, acima disso, emendas. Estacas escavadas • São executadas retirando o solo e substituindo pelo material previsto, que normalmente é o concreto moldado in loco; • Podem ser estacas de deslocamento (estaca Franki), sem deslocamento (estaca Raiz) e de substituição (Broca, Strauss, Escavada com lama e Hélice Contínua). Estacas escavadas • Podem ser escavadas manualmente ou de maneira mecânica; • Trado manual – dificuldade de atingir grandes profundidades e de garantir a qualidade da concretagem; • Usadas em obras com cargas reduzidas • Trado mecânico – não pode ser utilizado abaixo do NA; • Quando abaixo do NA: necessidade do uso de fluido estabilizante como lama bentonítica, por exemplo. ESCAVAÇÃO – INSERÇÃO DA ARMADURA - CONCRETAGEM Estacas hélice contínua • Rapidez de execução e aumento de produtividade na obra; • Pode ser executada abaixo do NA; • O trado contínuo é introduzido no solo em velocidade constante até atingir a profundidade; • Em seguida o trado é retirado injetando o concreto simultaneamente por um tubo interno ao trado; • Concreto deverá ser fluido para inserção da armadura. Estacas hélice contínua ESCAVAÇÃO E CONCRETAGEM – INSERÇÃO DA ARMADURA Fonte: Christoni (2019). Estacas Strauss • Escavadas por sonda ou piteira apoiada em tripé, com a inserção de revestimento metálico provisório e retirada durante o apiloamento do concreto. Fonte: Velloso e Lopes (2010). ESCAVAÇÃO – INSERÇÃO DA ARMADURA - CONCRETAGEM Estacas Franki • Cravação, com bate-estacas, de um tubo de ponta fechada com uma bucha de solo seco; • Ao atingir a cota de apoio estimada, esta bucha é apiloada formando um bulbo como base da estaca; • Na sequência, é inserida a armadura e efetuada a concretagem com a retirada do tubo metálico. ESCAVAÇÃO – INSERÇÃO DA ARMADURA - CONCRETAGEM Estacas Franki Fonte: Velloso e Lopes (2010). Estacas Raiz • Estaca argamassada in loco e de elevada tensão de trabalho do fuste. Executada com emprego do revestimento, que permite atingir grandes comprimentos, em rocha ou em solo; • Perfuratriz rotativa com circulação de água. Fonte: Christoni (2018). PERFURAÇÃO – INSERÇÃO DA ARMADURA – INJEÇÃO DA ARGAMASSA Estacas Mega • Consistem na prensagem de pequenos elementos de concreto pré- moldado por meio de macaco hidráulico apoiado na edificação existente; • Muito utilizadas para reforço de fundações. Situação Problema 2 Como talvez as fundações diretas não atendam à capacidade de carga necessária neste projeto de uma obra residencial, você precisará estudar também a adoção de fundações por estacas. Você deve escolher três tipos de estacas que melhor atendem às necessidades do projeto (do local, estruturais e geotécnicas), listando as vantagens, as desvantagens e as limitações de cada processo. Areia fina a média, argilosa, marrom - Formação Rio Claro Areia fina, argilosa, avermelhada (solo residual) Linha de seixos Areia argilosa, variegada (saprolito de arenito) – Formação Itaqueri Silte argiloso NA = -10 Fonte: adaptado de Cintra, Aoki e Albiero (2011). Resolução SP2 • Pela sondagem, vemos que o solo mais resistente (compacto) está abaixo da cota -10,0 m, correspondente ao nível da água, desta forma, por exclusão, ficamos com as seguintes soluções: • Estacas de madeira • Estacas metálicas • Estacas pré-moldadas • Estacas hélice contínua • Estacas Strauss • Estacas Franki Possuem custo compatível com o porte da obra e melhor atendem tecnicamente aos requisitos. Escolha da fundação 1:00 Escolha da fundação • Com as informações da obra e as informações das tensões admissíveis, o engenheiro escolhe o tipo de fundação e estima a geometria da seção transversal; • Cada tipo de estaca tem padrões distintos de seções, diâmetros e qual a profundidade máxima que pode alcançar. Escolha da fundação através do Nspt • Estacas – atenção ao limite executivo, como por ex, a profundidade máxima que cada tipo de equipamento consegue alcançar e a resistência máxima do solo que cada metodologia é capaz de perfurar ou cravar. Alguns exemplos: Tipo de estaca Nspt Strauss 10 < Nspt ≤ 25 Hélice contínua 20 < Nspt < 45 Raiz Nspt > 60 (penetra rocha sã) Fonte: Cintra e Aoki (2010). Quadro resumo orientativo Situação Problema 3 Agora será necessário prever um tipo de fundação para a obra. Lembre- se de que foram previstas cargas de aproximadamente 30 tf por pilar e que a sondagem apresenta: • Da cota 0 a -6 m, areia fina, argilosa fofa a pouco compacta (NSPT de 2 a 5); • Da cota -6 a -11 m, areia fina, argilosa (solo residual) fofa a medianamente compacta (NSPT de 4 a 9); • Da cota -11 a -20 m, areia argilosa (saprólito de arenito) pouco compacta à compacta (NSPT de 7 a 35); Situação Problema 3 A sondagem apresenta: • Da cota -20 a -24 m, silte argiloso duro (NSPT de 40 a 60); • Topo rochoso na cota -24 m. Na pesquisa com os fornecedores dos materiais você obteve que as seções mínimas para estacas pré-moldadas maciças seria 17 x 17 cm para as seções quadradas ou f20cm para as circulares; para perfil metálico seria o tipo “I” W 150 x 13 kg/m. Resolução SP3 • Entre as fundações diretas, a única solução que temos para analisar é o tubulão céu aberto até a cota – 10 m (acima do lençol freático). Nessa cota temos que a tensão admissível é de aproximadamente 200 kN/m², pois, de acordo com a Tabela 2.1, para areia fina a tensão varia de 150 (fofa) a 500 kN/m² (muito compacta). O diâmetro de base mínimo para este elemento transferir 30 tf será: Resolução SP3 • No estudo da viabilidade das estacas, temos: Tipo da fundação Vantagem Desvantagem Tubulão a céu aberto Baixo custo Alto volume de concreto / Perigo na execução Estaca pré-moldada Alto controle de qualidade Necessitam de emendas Perfis metálicos Médio custo Necessitam de emendas Hélice contínua Alta produtividade Alto custo Escolha depende do orçamento! Edificações com uso de fundações diretas • MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (1968) • Fundação • Sapatas excêntricas; • Concreto armado e tela dupla de aço estrutural; • Base de 10 x 12,5 m e altura variável de 4 m; • Sapatas sobre o conjunto dos túneis Nove de Julho – 4 m acima do topo dos túneis. Edificações com uso de fundações diretas Fonte: https://goo.gl/JAaYqp.https://goo.gl/jHF7JA Recapitulando 1:15 Recapitulando • Transmissão da carga: direta ou indireta; • Processo executivo das fundações • Tipos de fundação • Fundações diretas rasas: sapata, radier e bloco • Fundações diretas profundas: tubulão • Fundações indiretas profundas: estacas • Escolha do tipo de fundação