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1 
 
 
CORPO HUMANO E PSICOLOGIA DO ESPORTE 
 
 
1 
Sumário 
CORPO HUMANO E PSICOLOGIA DO ESPORTE ............................... 
NOSSA HISTÓRIA ................................Erro! Indicador não definido. 
INTRODUÇAO ...................................................................................... 7 
1 CONHECENDO O ATLETISMO ........................................................ 8 
1.1 BREVE HISTÓRIA DO ATLETISMO ........................................... 8 
1.2 DIVISÕES DO ATLETISMO ...................................................... 10 
1.2.1 PROVAS DE PISTA ............................................................ 11 
1.2.2 PROVAS DE CAMPO ......................................................... 13 
1.2.3 SALTOS HORIZONTAIS .................................................... 13 
1.2.4 SALTOS VERTICAIS .......................................................... 14 
1.2.5 LANÇAMENTO DE DARDO ............................................... 15 
1.2.6 LANÇAMENTO DE DISCO ................................................. 16 
1.2.7 LANÇAMENTO DE MARTELO ........................................... 17 
1.2.8 ARREMESSO DE PESO .................................................... 19 
1.2.9 PROVAS COMBINADAS .................................................... 20 
2 ETAPAS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E TREINAMENTO 
DO ATLETISMO ............................................................................................ 21 
2.1 METODOLOGIA PARA O ENSINO E DESENVOLVIMENTO .. 24 
2.1.1 MÉTODO DO JOGO ........................................................... 25 
2.1.2 MÉTODO GLOBAL ............................................................. 25 
2.1.3 MÉTODO ANALÍTICO ........................................................ 26 
file:///C:/Users/DEDECA/Documents/FACUMINAS/RAPHAEL/Atletismo/Metodologia%20do%20atletismo/ATLETISMO%20CORPO%20HUMANO%20E%20PSICOLOGIA%20DO%20ESPORTE.docx%23_Toc53692747
 
 
2 
3 PROVAS DE PISTA: CORRIDAS .................................................... 27 
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS DE CORRIDAS ....................... 29 
3.1.1 QUANTO À ORGANIZAÇÃO ................................................. 29 
3.1.2 QUANTO AO DESENVOLVIMENTO .................................. 30 
3.1.3 QUANTO AO RITMO .......................................................... 30 
3.1.4 QUANTO AO ESFORÇO FISIOLÓGICO ........................... 30 
3.1.5 CORRIDAS EM PISTA COBERTA (200 METROS) OU DE 
COMPETIÇÕES INDOOR ...................................................................... 31 
3.1.6 QUANTO AO PISO ............................................................. 32 
3.2 TÉCNICA DAS CORRIDAS RASAS ......................................... 32 
3.2.1 AÇÃO TOTAL DO CORPO ................................................. 35 
3.2.2 ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DO CORPO ........................... 35 
3.2.3 MOVIMENTO DOS BRAÇOS ............................................. 36 
3.2.4 MOVIMENTO DAS PERNAS .............................................. 36 
3.3 TÉCNICA DAS CORRIDAS DE VELOCIDADE ........................ 37 
3.3.1 TÉCNICA DA CORRIDA ..................................................... 38 
3.3.1.1 SAÍDA – 1ª FASE ............................................................ 38 
3.3.1.2 DESENVOLVIMENTO – 2ª FASE ................................... 41 
3.3.1.3 CHEGADA – 3ª FASE...................................................... 42 
3.5 METODOLOGIA PARA ENSINO, DESENVOLVIMENTO E 
TREINAMENTO DA VELOCIDADE ........................................................... 47 
3.6 REGRAS DE COMPETIÇÃO .................................................... 49 
 
 
3 
3.7 TÉCNICA DAS CORRIDAS DE MEIO FUNDO ......................... 50 
3.7.1 SAÍDA – 1ª FASE ............................................................... 50 
3.7.2 DESENVOLVIMENTO – 2ª FASE ...................................... 51 
3.7.3 CHEGADA – 3ª FASE ........................................................ 51 
3.8 TÉCNICA DAS CORRIDAS DE FUNDO ................................... 52 
3.9 TÉCNICA DAS CORRIDAS COM OBSTÁCULOS .................... 53 
3.10 TÉCNICA DAS CORRIDAS COM BARREIRAS...................... 54 
3.11 METODOLOGIA PARA O ENSINO E DESENVOLVIMENTO DA 
TÉCNICA ................................................................................................... 65 
3.11.1 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO ........................... 70 
4 CORRIDAS DE REVEZAMENTO .................................................... 72 
4.1 TÉCNICA DES REVEZAMENTOS ............................................ 76 
4.1.1 Técnica de revezamento 4x100 metros .............................. 81 
4.1.2 TÉCNICA DE REVEZAMENTO 4X400 METROS .............. 82 
4.2 METODOLOGIA PARA ENSINO DA TÉCNICA DOS 
REVEZAMENTOS ..................................................................................... 83 
4.2.1 MÉTODO DO JOGO ........................................................... 83 
4.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO .................................... 87 
4.4 MARCHA ATLÉTICA ................................................................. 88 
4.4.1 ANÁLISE TÉCNICA ............................................................ 92 
4.4.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO E DESENVOLVIMENTO 
DA TÉCNICA ........................................................................................ 100 
4.5 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO .................................. 103 
5 SALTOS HORIZONTAIS ............................................................ 110 
 
 
4 
5.1 Salto em distância ................................................................... 112 
5.1.1 CORRIDA DE IMPULSO .................................................. 112 
5.1.1.1 Método das tentativas .................................................... 113 
5.1.1.2 Método da corrida inversa ............................................. 113 
5.1.1.3 MÉTODO MATEMÁTICO .............................................. 113 
5.1.2 IMPULSÃO ....................................................................... 114 
5.1.3 FASE AÉREA ................................................................... 115 
5.1.4 QUEDA OU ATERRISSAGEM ......................................... 116 
5.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO DA TÉCNICA .................. 118 
5.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO .............................. 122 
5.4 SALTO TRIPLO ................................................................... 124 
5.4.1 Técnica de salto ................................................................ 125 
5.4.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO DA TÉCNICA DO SALTO
 ............................................................................................................. 128 
5.4.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO ........................... 130 
6 SALTOS VERTICAIS ................................................................. 131 
6.1 SALTO EM ALTURA ............................................................ 131 
6.1.1 TÉCNICA DE SALTO ....................................................... 133 
6.1.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO DA TÉCNICA DO SALTO
 ............................................................................................................. 141 
6.1.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO ........................... 144 
6.2 SALTO COM VARA ............................................................. 146 
 
 
5 
6.2.1 TÉCNICA DE SALTO ....................................................... 152 
6.2.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO E DESENVOLVIMENTO DA 
TÉCNICA ................................................................................................. 158 
OS LANÇAMENTOS ........................................................................ 166 
ARREMESSO DE PESO .................................................................. 170 
7.1.1 TÉCNICA DE ARREMESSO .......................................... 174 
7.1 FASES DA TÉCNICA NO ESTILO DE COSTAS OU PARRY 
O’BRIEN 174 
7.1.1 EMPUNHADURA........................................................... 175 
7.1 FASES DA TÉCNICA NO ESTILO COM ROTAÇÃO ........... 179 
7.1.1 METODOLOGIA PARA ENSINO E DESENVOLVIMENTO DA 
TÉCNICA DE ARREMESSO DE PESO................................................... 183 
7.1.2 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO ......................... 185 
7.1 LANÇAMENTO DE DARDO.............................................. 187 
8 LANÇAMENTO COM ROTAÇÃO .................................................. 211 
8.1 LANÇAMENTO DE DISCO ..................................................... 212 
8.1 LANÇAMENTO DE MARTELO ............................................ 226 
9 PSICOLOGIA DO ESPORTE ........................................................ 244 
REFERÊNCIAS ................................................................................ 287 
 
 
 
 
 
6 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e 
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma 
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela 
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
7 
 
 
INTRODUÇAO 
 
Este livro-texto tem como objetivo estudar as técnicas e regras básicas 
de competição das provas que compõem o atletismo, bem como a metodologia 
para o ensino dessa modalidade esportiva com seus respectivos estilos. 
Os alunos deverão ser capazes de atuar na área da educação física 
escolar (licenciatura), aprofundando os conhecimentos básicos que são 
exigidos na formação do professor, tanto para atuar no esporte para saúde e 
lazer, quando em outros seguimentos do esporte não escolar, e, finalmente, 
nas bases do esporte em nível de rendimento (graduação). 
 
Após estudar o conteúdo deste livro-texto, você deverá ser capaz de: 
• Conhecer os principais fatos históricos que deram origem ao 
atletismo; 
• Valorizar o atletismo como esporte de base e reconhecer seu valor 
filosófico, educacional, social, na saúde e também como esporte de 
rendimento; 
• Explorar os vários métodos de ensino do atletismo na busca de 
soluções pedagógicas mais adequadas às condições de trabalho oferecidas; 
• Conhecer as diferentes provas que compõem essa modalidade 
esportiva e as regras básicas de competição; 
• Estudar os movimentos técnicos e estilos das corridas, saltos e 
lançamentos; 
 
 
8 
• Entender os exercícios apresentados como exemplos para se 
ensinar as técnicas das provas desse esporte e também o condicionamento 
físico específico para cada uma delas; 
• Entender as regras básicas que regem as competições nos níveis 
escolares, lazer e alto nível; 
• Atuar como pesquisador em atletismo. 
1 CONHECENDO O ATLETISMO 
 
1.1 BREVE HISTÓRIA DO ATLETISMO 
 
A origem do atletismo remonta aos tempos de nossos ancestrais, que, 
para sobrevivência, usavam no dia a dia algumas formas de atividades 
naturais: andar longas distâncias em busca de alimentos, correratrás de vários 
tipos de animais ou para fugir deles; saltar obstáculos da natureza selvagem e 
arremessar ou lançar diferentes armas utilizadas para caçar. Essas ações 
rotineiras aos poucos foram transformadas em atividades de competição em 
festas religiosas, nas quais os participantes demonstravam suas habilidades 
naturais de marchar, andar, correr, saltar e lançar, que mais tarde se 
converteriam no atletismo. 
As primeiras provas foram disputadas na Grécia Antiga em jogos 
religiosos praticados pelos gregos 
em honra aos deuses mitológicos. Dentre esses jogos, o mais importante, em 
homenagem a Zeus, teve início no ano de 776 a.C. na cidade grega de Olímpia. 
Os jogos eram disputados de quatro em quatro anos e até hoje são realizados 
dessa maneira. 
 
 
9 
Inicialmente, as provas eram disputadas em quatro tipos de corridas 
com distâncias variadas: 
• estádio: corrida de 192 metros (comprimento do estádio); 
• diaulós: corrida de 384 metros; 
• dolichos: variava entre 7 e 24 estádios; 
• corrida das armas: atletas corriam 2 e 4 estádios, levando capacete, 
escudo e um tipo de arma, que podia ser um gládio ou arco e flecha; 
• pentatlo: composto de cinco provas disputadas por um atleta na 
seguinte ordem: lançamento de disco, lançamento de dardo, salto em 
distância, corrida do estádio e luta. Esse modo de disputa deu origem às provas 
combinadas do atletismo atual: o heptatlo e o decatlo. 
Com a invasão e conquista da Grécia pelos romanos, os gregos 
perderam o interesse pelos jogos olímpicos, extintos definitivamente em 394 
d.C. pelo imperador romano Teodósio. Durante toda a Idade 
Média, as atividades físicas e os esportes passaram por um período 
obscuro. Somente no início do século XIX, na Inglaterra, os esportes voltaram 
a ser praticados e foram regulamentados, passando a ser usados como modelo 
de socialização. Essa ideia foi aos poucos se espalhando por todo o mundo; 
os esportes adquiriram um formato moderno e continuam em evolução até 
hoje. 
Com o atletismo não foi diferente: a modalidade passou por uma série 
de transformações. A princípio, era praticada apenas por homens; mais tarde, 
gradativamente, as mulheres iniciaram a sua participação, mas limitadas a 
competirem em apenas algumas das provas. Aos poucos, elas foram 
ganhando mais espaço e, com a ajuda da ciência do esporte, alguns tabus 
 
 
10 
foram quebrados. Atualmente, todas as provas que compõem o atletismo são 
disputadas por homens e mulheres, sem distinção. 
A partir desses acontecimentos, o atletismo se tornou, e permanece, 
como principal modalidade olímpica dos tempos modernos, sendo também 
considerado o “esporte de base” e o único na “categoria 1” estabelecida pelo 
Comitê Olímpico Internacional. 
No Brasil, a prática do atletismo foi consolidada nas três primeiras 
décadas do século XX. Em 1914, a Confederação Brasileira de Desportos 
(CBD) filiou-se à International Association of Athletics Federations (Associação 
Internacional de Federações do Atletismo – IAAF), com sede em Londres. Em 
1924, enviou a sua primeira equipe de atletismo aos Jogos Olímpicos da 
França; no ano seguinte, foi instituído o Campeonato Brasileiro de Atletismo, e 
em 1931 começa a participar dos campeonatos sul-americanos. 
 
 
 
 
1.2 DIVISÕES DO ATLETISMO 
 
Como já vimos, o atletismo é composto de grupos de provas, nos quais 
o praticante é desafiado a demonstrar o melhor de suas capacidades e 
habilidades naturais para correr, saltar, lançar e marchar de forma individual. 
Por ser uma atividade individual, pode ser praticado por todos, por prazer ou 
lazer ou pelo desejo de autossuperação. 
 
 
11 
Quando se trata de competição, um mesmo atleta não é capaz de render 
o máximo de suas potencialidades para se tornar um vencedor completo, já 
que isso exigiria condições específicas em todas as capacidades físicas e 
motoras em cada prova. Assim, os praticantes se especializam apenas em 
algumas modalidades. 
As opções são muito variadas. Em razão da complexidade e por uma 
questão de organização, todas as provas são distribuídas em grupos conforme 
suas característicastécnicas e físicas. Dessa maneira, a composição do 
atletismo é dada pelos seguintes grupos: 
 
• provas de pista; 
• provas de campo; 
• provas combinadas; 
• provas de competição indoor; 
• marcha atlética; 
• corridas de rua. 
 
1.2.1 PROVAS DE PISTA 
Esse grupo é composto de corridas. Possui essa denominação por se 
tratar de provas disputadas em pista de corridas com distâncias de 100 metros 
até 10.000 metros: 
• corridas rasas: 100, 200, 400, 800, 1500, 5000 e 10.000 metros; 
• corridas com barreiras: 100 metros (feminino), 110 metros (masculino), 
400 metros (masculino e feminino); 
• corridas com obstáculos: 3000 metros. 
 
 
12 
• corridas de revezamento: 4 x 100 metros e 4 x 400 metros. 
A pista oficial é oval e formada por duas retas opostas e duas curvas 
com raios iguais. Possui no mínimo oito raias, com 1,22 metros de largura 
cada, marcadas por linhas brancas de 5 cm de largura. A raia interna é 
denominada raia um (1), de onde se tira a medida do comprimento da pista, 
que deve ser de 400 metros – tomados a 30 cm da borda interna dessa raia. 
Para todas as provas, existe uma única linha de chegada, que está 
situada no fim da reta principal. 
Nesta, são realizadas as corridas de 100 e 110 metros rasos e sobre 
barreiras. 
As linhas de partida, para todas as provas, devem ser brancas, com 5 
cm de largura e marcadas da linha de chegada para trás (medindo-se a 
distância de cada prova). 
 
 
 
 
13 
 
1.2.2 PROVAS DE CAMPO 
Este grupo de provas corresponde àquelas disputadas na parte interna 
da pista, que são as provas de saltos e arremesso ou lançamentos: 
• saltos horizontais: salto em distância e triplo; 
• saltos verticais: salto em altura e salto com vara; 
• arremesso de peso; 
• lançamentos do dardo, disco e martelo. 
Cada uma dessas provas é disputada em uma área específica do campo 
e possui um nome de identificação. 
 
1.2.3 SALTOS HORIZONTAIS 
Os saltos horizontais (distância e triplo) são realizados em uma zona 
localizada paralelamente à reta principal da pista, que é formada por um 
corredor de 40 m de comprimento até o fim da tábua de impulsão, com 1,25 m 
de largura. Esse corredor termina em uma caixa de areia, denominada área de 
queda, de 2,75 a 3 metros de largura. O comprimento deve ser de, no mínimo, 
10 metros da tábua de impulsão até o fim da caixa de areia. A tábua de 
impulsão é feita de madeira ou outro material rígido, com 1,22 m de 
comprimento por 20 cm de largura e 10 cm de altura abaixo do nível da pista. 
 
 
14 
 
1.2.4 SALTOS VERTICAIS 
 
Os saltos verticais (altura e vara) são realizados em uma zona própria 
para cada um, na qual o saltador deve correr para acumular forças e conseguir 
impulsionar para cima e ultrapassar, o mais alto possível, uma barra (sarrafo) 
horizontal apoiada em dois postes. 
A área para o salto em altura é composta de um corredor em forma de 
leque com 15, 20 ou 25 m de comprimento, que termina na região de queda, 
com 5 m de largura por 3 m de fundo, onde é colocado o colchão ou outra coisa 
similar para amortecer a queda do saltador. Os postes para suporte da barra 
transversal deverão estar situados logo no início da área de queda e ser 
separados por uma distância de 4 m. 
 
 
15 
 
No salto com vara, para realizar sua tentativa, o saltador, portando nas 
mãos uma vara própria, utiliza um corredor marcado por linhas brancas de 5 
cm de largura, com 40 a 45 m de comprimento por 1,22 metros de largura. No 
fim desse corredor, é colocado o encaixe para a vara enterrado no chão ao 
nível da pista, que deve possuir 1 m de comprimento por 60 cm de largura na 
parte inicial e 40 cm na parte final, em sua parte alta, e 15 cm na parte baixa. 
Ao fim do corredor, logo em seguida ao encaixe, está situada a zona de queda, 
com 6 m2, onde se encontra um colchão com 80 cm de altura para queda. 
1.2.5 LANÇAMENTO DE DARDO 
A prova de lançamento de dardo é disputada em uma área formada por 
um corredor de, no mínimo, 30 m de comprimento, marcado por duas linhas 
paralelas de 5 cm de largura e afastadas a 4 m uma da outra. 
No fim desse corredor, existe um arco de círculo traçado com um raio 
de 8 m. Esse arco é pintado de branco, tem 7 cm de largura e pode ser de 
madeira. Em cada extremidade do arco, há um prolongamento de 75 cm das 
linhas em ângulo reto com o corredor. O setor de queda do dardo é demarcado 
 
 
16 
com duas linhas brancas de 5 cm de largura, que, teoricamente, se iniciam no 
centro do corredor a 8 m de distância do fim do corredor de lançamentos. 
Ligando as duas linhas do setor de quedas, são traçados arcos de 10 em 10 
metros a partir dos seus 40 m iniciais. 
 
 
1.2.6 LANÇAMENTO DE DISCO 
Essa prova consiste em se lançar um disco de 2 kg, para os homens, e 
1 kg, para as mulheres, do interior do círculo de 2,5 m de diâmetro interno, 
contornado por um aro branco de 6 mm de espessura. 
A partir do centro do círculo, iniciam-se duas linhas brancas com 5 mm 
de largura, que se estendem para fora e se prolongam para determinar o setor 
de queda a uma distância de vários metros, de acordo com o nível da 
competição. 
O círculo é dividido em duas metades (denominadas anterior e posterior) 
que são marcadas por uma linha divisória, estendendo-se em 75 cm pelos 
lados de fora e formando um ângulo reto com o eixo central do setor de queda 
no centro do círculo. 
 
 
17 
Para agilizar a medição da distância do lançamento, são marcados 
arcos de 10 em 10 mm, unindo as linhas demarcatórias do setor de queda. 
Envolvendo o círculo, como modo de proteção em caso de desvio da 
trajetória do implemento a ser lançado, existe uma gaiola em forma de U, que 
evita a saída do disco para outra direção que não seja a desejada pelo 
competidor. 
 
 
1.2.7 LANÇAMENTO DE MARTELO 
O lançamento de martelo é, tecnicamente, a prova mais complexa dos 
lançamentos, uma vez que envolve uma série de giros velozes executados pelo 
corpo do atleta e também do implemento (martelo) de uma forma muito rápida 
e coordenada dentro de um espaço relativamente pequeno, que é o círculo de 
lançamento. 
O martelo é composto de três partes: cabeça, cabo e empunhadura. 
A cabeça de metal é uma esfera de ferro maciço ou outro metal não 
menos macio, cheio de chumbo ou outro material sólido. O cabo é feito de 
 
 
18 
arame de aço inteiriço com 3 mm de diâmetro, que pode ter alça em uma ou 
ambas as extremidades como meio de conexão com a cabeça e a 
empunhadura. A cabeça deverá ser rígida e sem nenhum tipo de conexão 
articulada. 
 
 
 
A competição se desenvolve em uma área composta de um círculo de 
2,135 m de diâmetro, que pode ser de concreto, asfalto ou outro material firme, 
mas não escorregadio. Ao redor do círculo deve haver um aro de ferro pintado 
de branco com 5 cm de largura. 
O círculo é dividido em duas metades, posterior e anterior, marcadas 
por uma linha branca de 5 cm, que é marcada a partir do aro em sua parte 
lateral – com 75 cm de comprimento. 
Teoricamente, partem do centro do círculo duas linhas brancas de 5 cm 
de largura que são marcadas a partir da parte externa do aro e se prolongam 
por, no mínimo, 75 m em cada lado do círculo para definir o setor de queda do 
martelo após seu lançamento. 
 
 
19 
Ao redor do círculo, deve haver uma gaiola de proteção em forma de U, 
tendo a parte aberta voltada para frente na direção do lançamento. 
 
1.2.8 ARREMESSO DE PESO 
Essa prova consiste em arremessar uma bola de ferro maciço de 7,26 
kg e diâmetro de 110 a 130 mm para os homens; para as mulheres, 4 kg e com 
95 a 110 mm de diâmetro. 
Esse arremesso é realizado no interior de um círculo idêntico ao usado 
no lançamento de martelo, com apenas uma diferença: a existência de um 
anteparo de madeira com 1,22 m de largura colocada na frente do círculo, no 
início do setor de queda. Não há necessidade de possuir uma gaiola de 
proteção como existe para o discoe o martelo. 
 
 
Na tabela a seguir, é mostrado um resumo geral dos pesos oficiais de 
cada implemento conforme as regras da Iaaf e da Confederação Brasileira de 
Atletismo (CBAt). 
 
 
 
20 
 
1.2.9 PROVAS COMBINADAS 
As provas combinadas no atletismo são representadas por desafios nos 
quais um mesmo atleta participa de uma combinação de várias provas, como 
corridas, saltos e lançamentos. A disputa se desenvolve em dois dias seguidos 
de competições. 
Essas provas são realizadas em várias categorias, masculinas e 
femininas, e as mais conhecidas são o decatlo (dez provas para homens 
adultos) e o heptatlo (sete provas para mulheres adultas). 
O decatlo compreende dez provas, disputadas em dois dias 
consecutivos, na seguinte ordem: 
 
• primeiro dia: 100 m rasos, salto em distância, arremesso de peso, salto 
em altura e 400 m rasos; 
• segundo dia: 110 m com barreiras, lançamento de disco, salto com 
vara, lançamento de dardo e 1500 m. 
O heptatlo feminino compreende sete provas, disputadas em dois dias 
consecutivos entre as mulheres, na seguinte ordem: 
• primeiro dia: 100 m sobre barreiras, salto em altura, arremesso de peso 
e 200 m rasos; 
 
 
21 
• segundo dia: salto em distância, lançamento de dardo e 800 m rasos. 
Os competidores recebem uma pontuação em cada uma das provas. 
Essa pontuação é somada, sendo declarado vencedor aquele que obtiver mais 
pontos. 
 
2 ETAPAS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E 
TREINAMENTO DO ATLETISMO 
 
Como todos os esportes, o ensino e o desenvolvimento do atletismo 
envolvem um processo a longo prazo dividido em etapas e que atendem a um 
processo natural de promoção das capacidades físicas e morfológicas dos 
indivíduos. Nesse contexto, deve ser explorado tudo o que é mais adequado à 
faixa etária e às solicitações mecânicas exigidas na prática dessa modalidade 
esportiva. 
Considerando essas necessidades, cada etapa que compõe esse 
processo tem uma denominação própria conforme especialistas, e neste livro-
texto vamos utilizar uma ideia bem adequada à visão. 
Frometa e Takahashi (2004) dividem todo o processo de aprendizagem 
e evolução do atletismo em etapas: 
 
• Etapa de iniciação (dos 9 aos 13 anos de idade e composta de duas 
fases): 
— período de formação inicial multilateral; 
 
 
22 
— período de formação inicial multilateral especial em uma área do 
atletismo. 
• Etapa de desenvolvimento (de 14 a 19 anos de idade). 
• Etapa de alto rendimento (acima de 19 anos de idade). 
• Etapa de “destreinamento”. 
 
A etapa de iniciação multilateral compreende a fase em que a criança 
está em pleno desenvolvimento de suas capacidades físicas e motoras, em 
especial a coordenação motora. Portanto, é favorável a aquisição das mais 
variadas experiências de movimentos, que compõem a base para a 
aprendizagem da técnica esportiva em geral. 
A partir dessas considerações, os objetivos a serem perseguidos são: 
 
• Familiarizar-se com o treinamento da etapa de formação básica do 
processo de evolução física 
 e técnica multilateral, adquirindo hábitos e habilidades motoras que permitem 
sustentar uma futura especialização em uma área do atletismo. 
• Executar os exercícios motores básicos que sustentam a técnica de 
iniciação nas corridas, nos saltos horizontais e verticais, no lançamento da 
pelota e na marcha atlética. 
• Fomentar hábitos para fazer da prática do atletismo uma atividade 
consciente e sistemática. 
• Solucionar medidas didáticas e pedagógicas durante o processo de 
formação inicial. 
 
 
23 
• Familiarizar-se com o progresso de qualidades volitivas que os 
preparem para submeter-se a níveis de carga de treinamento cada vez maiores 
em volume e intensidade. 
 
Na etapa de iniciação multilateral especial em uma área do atletismo, 
com a base adquirida no período anterior, o trabalho começa a ser dirigido para 
uma especialidade ou grupo de provas, já começando a explorar o potencial 
da criança para que naturalmente ela comece a gostar e a praticar 
sistematicamente aquela modalidade. 
A partir dos 14 anos, o adolescente, com uma base já solidificada e com 
identidade direcionada para uma das áreas do atletismo, começa a praticar 
uma atividade mais específica, de preferência não apenas em uma prova. Essa 
é a característica da etapa do desenvolvimento, que dura, em média, de cinco 
a seis anos. No fim dessa etapa, o jovem já estará completamente identificado 
com uma ou mais provas do atletismo; chega o momento de decidir em qual 
prova ele se especializará, em que nível seguirá praticando o esporte e quais 
serão as suas pretensões. 
A partir dos 19 anos, se a opção for pela continuidade, inicia-se uma 
nova etapa, que visa ao preparo para competições de alto nível e alto 
rendimento, daí o nome etapa de alto rendimento. É o momento da busca 
incansável pela perfeição, que depende das exigências predominantes no tipo 
de prova praticado. 
A duração desse período áureo está condicionada às exigências da 
modalidade, por exemplo, em provas predominantemente de velocidade, os 
melhores resultados da vida atlética chegam, no máximo, até os 28 anos de 
 
 
24 
idade; para cada especialização existe um período variável de melhor 
performance. 
Após esse período áureo, inicia-se um novo período denominado 
“destreinamento” (FROMETA; TAKAHASHI, 2004), que poderia ser 
considerado como uma fase de manutenção para prolongar a vida útil do atleta. 
Independentemente do nome dado a cada etapa, fase ou estágio, o mais 
importante é entender o que deve ser trabalhado ou treinado em cada 
momento ou espaço de tempo ao longo do processo. Essa é a compreensão 
necessária para a aplicação correta de uma metodologia adequada a cada 
objetivo, sem queimar etapas e dando uma continuidade natural a todos os 
critérios que envolvem o ensino e desenvolvimento do atletismo. 
 
2.1 METODOLOGIA PARA O ENSINO E 
DESENVOLVIMENTO 
É essencial iniciarmos esse assunto perguntando: como o professor 
ensinará o atletismo? Saber ensinar é, provavelmente, a maior virtude do 
professor; nela, está envolvida uma série de atributos imprescindíveis, e um 
deles é conhecer e escolher as metodologias adequadas para a faixa etária, 
os objetivos e as condições em que irá trabalhar. 
Os métodos aplicados podem ser muito variados, mas nas disciplinas 
esportivas alguns deles são praticamente universais e simples de entender e 
aplicar. 
Vamos então conhecer esses métodos, que são os mais utilizados e 
eficientes. 
 
 
25 
EXEMPLO DE APLICAÇÃO 
O atletismo é considerado o esporte de base porque reproduz as 
atividades naturais dos humanos, que são: andar (marcha), correr, saltar e 
arremessar. Reflita a respeito das provas que compõem o atletismo moderno 
e de que forma sua prática poderá contribuir para o desenvolvimento das 
capacidades físicas e motoras das pessoas, em especial na idade escolar. 
2.1.1 MÉTODO DO JOGO 
Esse método é muito importante, especialmente na faixa etária entre 8 
e 10 anos de idade, porque tem um caráter lúdico que motiva a criança. É 
promovido através de jogos adaptados aos componentes técnicos e físicos do 
atletismo. Como todos os métodos, possui vantagens e desvantagens para o 
resultado final: 
 
• vantagens: caráter lúdico, motivação, espírito de equipe, inclusão de 
todos e também favorece a criatividade; 
• desvantagens: não trabalha a coordenação bilateral (a menos que 
sejam incluídas regras obrigando o uso de ambos os lados do corpo), 
imprecisão do aprendizado. 
 
 
2.1.2 MÉTODO GLOBAL 
Como o próprio nome sugere, com este método a aprendizagem 
acontece através da prática da modalidade como um todo, ou seja, a técnica é 
aprendida e promovida com a prática sistemática do gesto técnico global. Por 
 
 
26 
exemplo, aprende-se a saltar triplo, correr sobre barreiras, arremessar peso 
etc., executando a ação técnica dessas provas, ou seja, salta triplo, arremessa, 
correcom barreiras e assim por diante. Aprende-se as corridas, correndo; os 
saltos, saltando e lançar, lançando. 
 
• vantagens: grande motivação, liberdade, solicitação natural da 
criatividade e do talento; 
• desvantagens: não desenvolve a coordenação bilateral, possibilita a 
aprendizagem com deficiências técnicas. 
 
 
2.1.3 MÉTODO ANALÍTICO 
O método analítico também é conhecido como método das partes. 
Ocorre passo a passo: a aprendizagem se dá por meio da aplicação de uma 
sequência pedagógica (sequência de exercícios educativos exercida em 
dificuldade progressiva). 
 
• vantagens: o aprendizado é mais eficiente devido ao grande número 
de repetições do movimento 
e favorece o desenvolvimento da coordenação bilateral (lado direito e 
esquerdo do corpo); 
• desvantagens: pode ser desmotivador, muito mecânico e não envolve 
a criatividade. 
Mais adiante, quando for estudada cada uma das provas, serão 
apresentados exemplos de exercícios 
 
 
27 
e atividades correspondentes a cada um desses métodos. 
 
Observação 
A escolha e a utilização ou preferência por algum dos métodos fica a 
critério do professor, porém, alguns cuidados devem ser tomados, como: 
quantidade e tipo de material disponível, local, quantidade de alunos etempo 
para desenvolver a aprendizagem. 
 
3 PROVAS DE PISTA: CORRIDAS 
 
Para o estudo das provas de atletismo, começaremos pelas corridas de 
pista e finalizaremos com as corridas de rua. 
As corridas representam uma das formas naturais do homem de se 
locomover de modo mais rápido possível. Por isso, sempre foi uma atividade 
muito importante, usada como forma de sobrevivência por nossos ancestrais 
para caçar, guerrear e ainda como brincadeira pelas crianças nas aldeias. 
Para os gregos antigos, a corrida era admirada pela beleza plástica de 
seus movimentos; estes foram reproduzidos em muitos utensílios domésticos, 
como vasos de cerâmica e metais, que marcaram a antiga cultura grega. 
Como competição, as corridas aconteceram já nos primeiros jogos 
olímpicos da Grécia Antiga, em 776 a.C. A prova de velocidade possuía 192 
metros, o que correspondia à volta do estádio; mais tarde foram acrescidas a 
prova do dualo (ida e volta) e também as provas de resistência, que 
correspondiam de 8 a 24 estádios, ou seja, 4600 metros. 
 
 
28 
Na ocasião, já havia uma série de preocupações com a técnica da 
corrida, que era refletida nas obras de arte da época. Nelas, observam-se 
detalhes técnicos da postura para correr, movimentar os braços e para a 
colocação dos pés no chão. 
Os espartanos avaliavam os homens de acordo com sua capacidade de 
correr nas competições. As mulheres competiam longas distâncias, já as 
crianças atuavam em distância curtas. 
Nos tempos modernos, os ingleses foram os primeiros a mostrar 
interesse pelas corridas de longa duração: utilizavam mensageiros bem 
preparados que percorriam grandes distâncias para a entrega de 
correspondências e que, como corredores, participavam de competições 
profissionais. Essas competições envolviam grandes apostas. 
Surgem, assim, os primeiros nomes de corredores que fizeram a história 
do atletismo a partir do século XVIII. As corridas começaram a ser praticadas 
em outros países e em outros continentes, originando extraordinários 
corredores, como Paavo Nurmi e Emil Zatopeke, imbatíveis nas corridas de 
longas distâncias. Os ingleses começaram a incursionar nas provas mais 
curtas, como a milha, e ainda na velocidade, o que contribuiu para as 
constantes adaptações até se chegar ao formato atual. 
Hoje as corridas oficiais realizadas na pista começam com a velocidade 
de 100 metros e vão até os 10.000 metros, as mais longas. Já as corridas com 
distâncias superiores são identificadas como corridas de rua. Para entender as 
características particulares de cada uma das provas de corridas, é necessário 
classificá-las de acordo com os padrões de regulamento, técnica e aspectos 
fisiológicos envolvidos no tipo de esforço empreendido. 
 
 
 
29 
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS DE CORRIDAS 
3.1.1 QUANTO À ORGANIZAÇÃO 
 
• Balizadas: são as provas curtas de até uma volta na pista, 
representadas pelas distâncias de 100,200 e 400 metros rasos; 100 m (F) e 
110 m (M), mais os 400 m (M e F), que se completam com o revezamento 4 x 
100 m (M e F). Além dessas provas, existem outras parcialmente balizadas, 
são as corridas de 800 m, balizada apenas até o fim da primeira curva, e o 
revezamento 4 x400 m, que é balizada para o primeiro corredor da equipe e 
até o fim da primeira curva para o segundo corredor. 
• Não balizadas: são as provas de 1500 m rasos, 3000 m com 
obstáculos, 5000 m e 10.000 m rasos. 
 
 
 
30 
3.1.2 QUANTO AO DESENVOLVIMENTO 
• Rasas: são as corridas em que o atleta corre toda a prova sem ter que 
suplantar nenhum tipo de obstáculo durante todo o percurso da corrida; são as 
provas de 100, 200, 400, 800, 1500, 5000 e 10.000 m rasos. 
• Com obstáculos: correspondem às provas de 100 m (F), 110 m (M) e 
400 m (M e F) com barreiras, nas quais o corredor deve ultrapassar dez 
barreiras, e à prova de 3000 m com obstáculos com quatro obstáculos pesados 
em cada volta, na qual o quarto obstáculo tem um fosso de água na frente. 
 
3.1.3 QUANTO AO RITMO 
• velocidade pura: 100 e 200 metros; 
• velocidade prolongada: 400 metros; 
• meio fundo: 800 e 1500 metros; 
• fundo: 5000 e 10.000 metros; 
• grande fundo: maratona (42.195 metros). 
 
3.1.4 QUANTO AO ESFORÇO FISIOLÓGICO 
 
 
 
31 
São provas que envolvem as capacidades predominantes no tipo de 
esforço solicitado: 
• velocidade pura: 100 e 200 metros; 
• velocidade prolongada: 400 e 800 
metros; 
• resistência anaeróbica: 5000, 10.000 
metros e a maratona. 
3.1.5 CORRIDAS EM PISTA 
COBERTA (200 METROS) OU DE COMPETIÇÕES 
INDOOR 
 
• corridas: 60, 400, 800, 1500 e 3000 metros rasos; 60 metros com 
barreiras e revezamento 4 x 400m; 
• saltos: distância, triplo, altura e com vara; 
• arremesso de peso; 
• provas combinadas: pentatlo e heptatlo. 
 
 
 
32 
 
 
3.1.6 QUANTO AO PISO 
 
• Pistas: piso sintéticos, ao ar livre (abertas) e recintos fechados 
(cobertas ou indoor); 
• Em terrenos variados: corridas de rua e cross-country. 
 
3.2 TÉCNICA DAS CORRIDAS RASAS 
 
Como visto anteriormente, a corrida é uma forma natural do homem se 
locomover com mais rapidez que o caminhar, que é a maneira mais comum. 
 
 
33 
Todos os humanos possuem uma maneira ou estilo próprio para 
utilizarem esses recursos naturais de locomoção, porém, quando se trata de 
correr em disputas esportivas, alguns detalhes técnicos devem ser observados 
porque proporcionam uma forma mais eficiente e produtiva para percorrer a 
distância desejada e chegar mais rápido ao destino final. 
Analisando a ação de andar e correr, a diferença principal está no fato 
de que, ao caminhar, um dos pés estará sempre em contato com o chão, 
enquanto que, correndo, durante o ciclo da passada, o corpo passa por uma 
fase aérea, ou seja, o pé de trás deixa o chão antes que o da frente toque o 
solo para efetuar o contato anterior da passada. 
Na figura a seguir, observamos o ciclo completo da passada na corrida. 
O ciclo se inicia com a impulsão realizada no pé esquerdo (a) – sapato 
preto –, enquanto a perna direita – sapato branco – é projetada flexionada (a, 
b) para cima e à frente. 
Nesse instante, o pé de trás deixa o solo e acontece o momento aéreo 
da corrida (b), os dois pés estão no ar, e na sequência a perna direita se 
estende (c), buscando alcançar a maior distância possível para tocar o solo 
mais longe e ampliar a passada. 
Depois, começa a passada seguinte a partir da letra (e) observada na 
figura. 
 
 
 
34 
 
 
Além desse detalhe vital, para fazer uma análise completa de toda a 
técnica da corrida, outras regras precisam ser levadas em consideração. 
Uma técnica correta para correr deve satisfazer quatroregras 
importantes: descontração, equilíbrio, coordenação e eficácia. 
• Descontração: o ato de correr solicita a participação de alguns 
músculos ou grupos musculares, enquanto que os demais músculos devem 
estar mais descontraídos possível para que não haja um desgaste 
desnecessário do uso de energia, que melhora as condições de esforços para 
a realização da técnica. 
• Equilíbrio: a cabeça é de grande importância para o equilíbrio geral do 
corpo e, consequentemente, tem grande influência para o equilíbrio do 
corredor; com isso, deve ser posicionada de forma a favorecer a estabilidade 
do corpo durante a corrida. Para isso, ela deve estar em linha com o eixo do 
corpo com o olhar dirigido aproximadamente a 15 m à frente. 
• Coordenação: todos os movimentos do corpo devem estar em sintonia 
para proporcionar uma técnica refinada sem desgastes desnecessários, 
 
 
35 
porém, a colocação e a movimentação dos braços estão intimamente ligadas 
ao das pernas, em que se busca coordenar a movimentação dos braços ao 
ritmo das passadas. 
• Eficácia: a amplitude dos movimentos executados pelo corredor deve 
estar relacionada ao uso racional das possibilidades do corpo, o que resulta 
num gesto orgânico mínimo adequado ao ritmo desejado. 
Para atingir esses importantes requisitos e adquirir uma boa técnica, 
alguns pontos devem ser observados, como a ação total do corpo, bem como 
seu ângulo de inclinação, movimento dos braços e das pernas e colocação dos 
pés. 
 
3.2.1 AÇÃO TOTAL DO CORPO 
Esse requisito técnico não é decisivo para o resultado final da corrida, 
mas pode contribuir desde que o conjunto de todos os movimentos do corpo 
sejam realizados no sentido da corrida, ou seja, para frente e em linha reta. 
Para isso, os pés devem estar apontados para frente, os braços se 
movimentando flexionados e sem cruzar exageradamente na frente do corpo 
e, finalmente, sem oscilações nos ombros e nos quadris. 
 
3.2.2 ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DO CORPO 
O ângulo de inclinação do corpo para frente deve ser natural, 
determinado em razão do ritmo da corrida. O ponto ideal da inclinação pode 
ser identificado observando-se a formação de uma linha reta composta pela 
perna que está apoiada atrás, o tronco e a cabeça. 
 
 
36 
 
3.2.3 MOVIMENTO DOS BRAÇOS 
Os braços se movimentam de forma paralela, flexionados 
aproximadamente em 90º, sem se cruzarem adiante do tronco. Os movimentos 
são realizados exclusivamente nas articulações dos ombros e nunca na dos 
cotovelos. 
Na falta de condição das pernas, já no fim da corrida, a movimentação 
dos braços é de grande importância, a tal ponto que alguns corredores, ao 
encerrarem a prova, dizem que terminaram correndo com os braços. 
3.2.4 MOVIMENTO DAS PERNAS 
As pernas possuem uma movimentação que se caracteriza pelo ritmo 
empregado na corrida. 
Nas corridas de ritmo mais cadenciado, como nas de longas distâncias, 
as pernas se movimentam ligeiramente flexionadas, porque as passadas são 
mais curtas e por isso não há necessidade de se elevar tão alto os joelhos. 
Assim, o apoio dos pés no chão é feito com predomínio dos calcanhares, 
caracterizando a técnica pendular de movimentação das pernas. 
Nas corridas de médias distâncias, que no atletismo correspondem às 
provas de meio-fundo, 800 e 1500 metros, os braços se colocam um pouco 
mais flexionados e as mãos totalmente descontraídas. 
Como o ritmo da prova é mais rápido, as passadas se tornam mais 
amplas e, com isso, os joelhos se elevam um pouco mais alto que nas corridas 
de fundo. Dessa forma, os pés devem fazer o contato com o chão pela sua 
parte média. 
 
 
37 
Finalmente, nas corridas de velocidade, que são realizadas em máxima 
intensidade, as passadas devem ser mais amplas possíveis, o que exige uma 
grande elevação dos joelhos. Por isso, o contato no chão é feito pela parte 
anterior dos pés (ponta), enquanto que as mãos se colocam espalmadas, mais 
contraídas que os outros tipos de corridas. 
 
 
3.3 TÉCNICA DAS CORRIDAS DE VELOCIDADE 
 
As corridas de velocidade, no atletismo, envolvem as provas de 
velocidade pura, 100 e 200 metros rasos, e de velocidade prolongada, os 400 
metros rasos, para adultos. Nas categorias inferiores, 50 e 75 metros. 
São classificadas como provas de velocidade pura, que é a velocidade 
inata de um indivíduo, o que a torna fundamental na seleção de futuros 
corredores. Significa a máxima capacidade de deslocamento na unidade de 
tempo sem perdas aparentes de energias, que, segundo muitos estudos, é 
conseguida entre 40 a 70 metros. 
Além da velocidade pura, essas provas envolvem uma série de 
variantes, como a velocidade de reação, velocidade em relação aos 
movimentos cíclicos, em relação a movimentos acíclicos e velocidade de força. 
A velocidade de movimentos cíclicos é alta e a movimentação se repete 
sempre da mesma maneira. 
Caracteriza-se nos movimentos técnicos, sempre iguais e precisos, que 
o corredor realiza durante toda a distância percorrida. 
 
 
38 
A velocidade de movimentos acíclicos é alta e a movimentação é 
repetida de maneira diferente, como é o caso da efetivação de um drible, uma 
finta e outras formas muito comuns nos esportes. 
Já a velocidade de força tem relação com a capacidade da realização 
de trabalhos de alta intensidade contra uma determinada resistência; está 
presente na fase de aceleração no início da corrida, o que a torna muito 
importante e até decisiva nas corridas de 100 e 200 m. 
Todas essas variantes devem ser trabalhadas na preparação dos 
velocistas e devem ser completadas com o treinamento técnico. 
A técnica das corridas de velocidade envolve dois componentes, que 
são a técnica da corrida e a técnica para correr em velocidade. 
 
3.3.1 TÉCNICA DA CORRIDA 
A técnica da corrida é dividida em três fases: saída, desenvolvimento e 
chegada. Todas elas estão fortemente relacionadas entre si e são decisivas no 
resultado final, assim, todos os detalhes de cada uma delas devem ser muito 
bem trabalhados. 
3.3.1.1 SAÍDA – 1ª FASE 
 
Diferentemente das corridas de meio fundo e fundo, as corridas de 
velocidade são provas curtas aplicadas em velocidade máxima. Essa fase da 
corrida é decisiva para o resultado final, visto que a definição do vencedor é 
concretizada por décimos de segundo, o que reveste de grande importância os 
detalhes técnicos da partida. É conhecida como saída baixa, porque os 
 
 
39 
corredores partem de uma posição agachada e apoiam os pés em um bloco 
de partida. 
Uma técnica correta requer o posicionamento ideal dos apoios dos pés 
no bloco de partida com uma adequada distância entre eles que possibilite 
conforto para o corredor quando ele estiver posicionado para efetuar a largada, 
além da preocupação com a posição do corpo, braços e cabeça. 
 
A distância entre o apoio dos pés no bloco caracteriza três tipos de 
saída, que podem ser identificadas como saída curta, média e longa. 
 
• Saída curta: pouco usada, caracteriza-se pela proximidade em que os 
pés estão posicionados nos apoios do bloco de partida; a ponta do pé de trás 
fica na direção do calcanhar do pé da frente e os quadris mais elevados, acima 
da linha dos ombros no momento do comando “prontos”. 
• Saída média: a mais aplicada, é identificada pela colocação do joelho 
da perna de trás na direção da ponta do pé da frente. Ao comando de “prontos”, 
os quadris se elevam pouco acima da linha dos ombros. 
• Saída longa: mais utilizada por corredores longilíneos, nela se observa 
que o joelho da perna de trás é posicionado na direção do calcanhar da perna 
da frente e os quadris se elevam na altura da linha dos ombros. 
 
 
 
40 
 
 
Ressaltamos os aspectos da figura anterior destacando-os com as 
respectivas letras indicadas. 
• “Às suas marcas” (A): posicionar-se no bloco de partida com o joelho 
da frente no chão e ficar imóvel. 
• “Prontos” (B): eleva o quadril e aguarda o tiro de partida,imóvel. 
• “Tiro” (C): é dada a largada impulsionando-se para frente. 
• Iniciada a corrida (D). 
 
Os procedimentos para a realização da partida em uma competição 
devem estar de acordo com as regras oficiais comandadas pelo juiz de partida, 
os quais consistem no seguinte: 
• Os corredores têm um tempo para preparar e testar a posição do seu 
bloco. Após esse procedimento, todos se colocam em pé atrás do bloco 
aguardando a voz de comando do juiz. 
• O juiz, colocado no lado de dentro da pista, diz “às suas marcas”, e 
todos os corredores ocupam sua posição no bloco. 
 
 
 
41 
• Após todos estarem imóveis nos seus blocos, o juiz diz: “prontos”, e os 
corredores elevam os quadris; quando todos estiverem completamente 
imóveis, o juiz aciona sua arma e, assim, é dado o tiro de partida. 
 
3.3.1.2 DESENVOLVIMENTO – 2ª FASE 
Essa fase corresponde à realização da corrida propriamente dita; então, 
a preocupação se volta para a técnica para correr em velocidade, que veremos 
em sequência. 
A velocidade da corrida é um produto da distância e da frequência das 
passadas, cuja proporção varia nos diferentes momentos de uma mesma 
corrida e entre um atleta e outro (DYSON, 1978). 
A amplitude da passada se refere à distância desta na corrida e depende 
de alguns fatores, como a constituição, o peso, a potência, a flexibilidade e a 
coordenação do corredor; a maioria desses fatores pode ser melhorada através 
de exercícios específicos e educativos. 
Um dos fatores que tornam Usain Bolt um fenômeno na história do 
atletismo é a amplitude de suas passadas. Estudos mostram que a amplitude 
delas é de 2,45 metros em média, enquanto seus maiores adversários têm, em 
média, 2,20 a 2,23 metros, o que significa uma diferença decisiva para o 
sucesso desse corredor. Em cada passada, ele tira uma vantagem de 20 cm, 
que por si só já garante, praticamente, a vitória em qualquer disputa. 
 
 
 
42 
 
 
Contrariamente, a frequência das passadas pode ser minimamente 
melhorada por depender de fatores inatos relacionados à constituição física do 
atleta. Dependendo dessa constituição, ele já nasce com mais ou menos 
capacidade de velocidade, principalmente em relação à quantidade ou 
proporção de fibras musculares brancas de contração veloz na composição de 
sua musculatura. 
Portanto, para melhorar o desempenho na fase do desenvolvimento da 
corrida, os exercícios devem visar ao treinamento que possa aumentar a 
distância e a frequência das passadas. 
 
3.3.1.3 CHEGADA – 3ª FASE 
 
 
 
43 
Essa fase, principalmente nas corridas mais rápidas (100 e 200 metros), 
na maioria das competições, decide a classificação dos participantes. 
Devido a esse detalhe, é preciso haver uma justa preocupação com a 
técnica de finalizar a corrida, em especial as de velocidade, uma vez que a 
maioria dos oito concorrentes termina praticamente junto e, assim, a definição 
fica por conta de uma melhor utilização da técnica de chegada. 
Pela regra oficial, a chegada é definida pela passagem do tronco do 
corredor no plano vertical da linha de chegada. Assim, uma boa técnica é 
aquela que possibilita ao corredor, no momento exato, projetar em primeiro 
lugar o seu tronco (excluindo a cabeça, pescoço, braços, mãos, pernas ou os 
pés), além da linha de chegada. 
Para tal, a técnica mais aplicada é a chegada com projeção do tronco à 
frente, que consiste na ação pela qual, ao aproximar-se da linha de chegada, 
o corredor projeta seu tronco adiante de todo o corpo, muito antes dos pés 
atingirem a linha final, o que possibilita ao corredor, em um momento de 
decisão, tirar vantagem de uma boa utilização de sua maestria técnica. 
 
 
 
44 
 
Muitas vezes torna-se difícil definir a olho nu qual foi o vencedor e, por 
isso, nessas provas, é utilizado o sistema de foto finish, que não possibilita 
nenhum tipo de dúvida. 
 
 
 
Todos os meios fundamentais de corrida, desde o sprint mais curto até 
as distâncias mais longas, atêm-se a princípios mecânicos básicos, cujo 
 
 
45 
conhecimento é importante não somente para entender a corrida em si, como 
também para analisar outras provas atléticas e desportivas que derivam dos 
movimentos inatos da corrida. 
 
O movimento de corrida é produzido por uma combinação de forças: 
internamente, a força muscular, que produz uma troca na reação do solo 
evence a resistência devido à viscosidade dos músculos, a tensão das fáscias, 
ligamentos e tendões, etc.; externamente, a força da gravidade, a resistência 
do ar e as forças exercidas pelo solo contra o calçado do corredor e por isso o 
corredor usa calçados com cravos na sola para assegurar o máximo de força 
para frente (DYSON, 1978). 
 
 
Para correr em velocidade, tecnicamente falando, é preciso considerar 
alguns fatores essenciais, que se resumem na ação total do corpo, o que 
envolve uma unidade formada pela linha de inclinação do corpo, posição da 
cabeça, direção do olhar, movimentação das pernas e forma de colocar os pés 
no chão. 
Esse conjunto de ações deve contribuir para a realização de 
movimentos para frente em linha reta, feitos sem perda aparente de energia 
usada desnecessariamente. 
• Inclinação do corpo para frente 
O ângulo de inclinação do corpo durante a corrida de velocidade é uma 
característica natural utilizada para tomada de equilíbrio. Nos metros iniciais, é 
mais inclinado e, à medida que se acelera a corrida, a inclinação também 
diminui. A inclinação ideal é aquela em que todo o corpo forme uma linha reta 
 
 
46 
a partir do ponto de apoio no chão do pé que está atrás, quadril, tronco e 
cabeça. 
No caso das corridas de velocidade, essa inclinação é pouco mais 
acentuada que nas demais corridas por causa da amplitude das passadas, que 
são maiores. 
• Movimentação das pernas 
A forma de movimentação das pernas também é definida pelo ritmo da 
corrida e pela distância das passadas. Dessa forma, nas corridas de 
velocidade, em que as passadas são mais amplas, ocorre maior elevação do 
joelho da perna da frente e o calcanhar se aproxima mais da parte posterior da 
coxa, o que sugere que o movimento dos pés descreva um círculo (por isso, é 
conhecida como técnica circular de movimentação das pernas). Esses 
detalhes influenciam a colocação dos pés no chão, já que nessas corridas o 
contato do pé é feito com sua parte anterior e com a lateral externa, o que 
justifica a colocação dos cravos apenas na parte da frente das sapatilhas para 
correr em velocidade. 
• Movimento dos braços 
A movimentação dos braços se constitui em um papel fundamental nas 
corridas de velocidade. 
Eles devem estar flexionados no máximo em 90º e se movimentar no 
sentido da corrida, coordenados com a movimentação das pernas; são úteis 
para equilibrar o movimento, compensando a rotação dos quadris e 
absorvendo as reações provocadas pelo impulso das pernas sobre o solo. 
 
 
 
47 
 
 
3.5 METODOLOGIA PARA ENSINO, 
DESENVOLVIMENTO E TREINAMENTO DA 
VELOCIDADE 
 
Neste tópico serão mostrados exemplos de exercícios para que o aluno 
possa entender a metodologia utilizada em várias finalidades. 
Na etapa de iniciação, com crianças de até 10 anos de idade, não se 
deve ter preocupação com os aspectos técnicos, mas, sim, despertar o senso 
de velocidade. 
Para isso, devem ser utilizados todos os tipos de jogos e brincadeiras 
que envolvam velocidade. Muitas dessas brincadeiras as crianças já fazem 
 
 
48 
naturalmente com seus amigos, nas ruas, recreios nas escolas, festas, etc. 
Quando aplicadas por um professor, deve haver organização e regras. 
 A partir dos 14 anos, na etapa de desenvolvimento, tem início a 
evolução e a melhora da técnica. 
Para isso, começam a ser empregados os exercícios educativos, 
também conhecidos como exercícios de coordenação para velocidade. 
Vejamos os exercícios educativos para corridas de velocidade: 
• Trotar 15 metros em linha elevando o joelhoda perna direita flexionada 
na altura da cintura e voltar caminhando para o ponto inicial para repetir o 
exercício. Fazer uma série de dez repetições. 
• Repetir a série elevando o joelho esquerdo. 
• Repetir o exercício trocando a cada dois tempos a perna que eleva o 
joelho. 
• Repetir, só que agora fazer a elevação do calcanhar contra a parte de 
trás da coxa. 
• Repetir, alternando uma elevação do joelho e uma de calcanhar 
tocando na parte de trás da coxa. 
• Aumentar para 20 metros a distância a ser percorrida para repetir todos 
esses exercícios em duas partes, sendo que na primeira executa-se apenas a 
metade do exercício, na segunda, deve-se correr em ritmo moderado o 
restante do percurso. A corrida deve ser feita levando em consideração os 
aspectos técnicos. 
• Fazer o skipping, que é como correr sem sair do lugar, durante um 
tempo curto, observando as posições corretas da técnica. 
 
Observação 
 
 
49 
Todos esses exercícios devem ser realizados em linha rigorosamente 
reta, com os braços flexionados em 90º, linha do corpo inclinada ligeiramente 
à frente e sempre usar a ponta dos pés para fazer o contato com o chão. 
 
 
3.6 REGRAS DE COMPETIÇÃO 
 
As corridas de velocidade, quanto à organização, são classificadas 
como provas balizadas, o que implica que o corredor deve se manter correndo 
em sua raia do início ao fim da prova. 
Para chegar à final nas provas balizadas, serão realizadas fases 
preliminares (séries) de acordo com o número de participantes. 
O corredor deverá se manter em sua raia durante toda a corrida. Caso 
ele cometa uma invasão da raia vizinha, será desclassificado. 
Se cometer alguma irregularidade durante a saída, o atleta será 
desqualificado e receberá um cartão vermelho. Exceção será feita no caso das 
provas combinadas, nas quais ele receberá um cartão amarelode advertência 
e será d esqualificado na reincidência. 
Em todas as provas de pista deve ser medida a velocidade do vento 
para homologação de recordes. 
 
A chegada será definida quando o corredor ultrapassar seu tronco no 
plano vertical da linha de chegada, ficando excluídos o pescoço, cabeça, 
braços, pernas e pés. 
 
 
50 
Essas regras são apenas aquelas mais comuns para a orientação de 
qualquer participante. 
 
3.7 TÉCNICA DAS CORRIDAS DE MEIO FUNDO 
 
As corridas de meio fundo, também conhecidas como corridas de meias 
distâncias, são representadas oficialmente no atletismo pelas provas de 800 e 
1500 metros rasos. 
Essas provas envolvem resistência e velocidade, em especial os 800 
metros. Segundo Mansilla (1994), um corredor dessa prova precisa ter uma 
ótima velocidade (principalmente nos 400 metros rasos) e ser capaz de correr 
os 1500 metros com dignidade. São provas que, além dos fatores fisiológicos, 
envolvem capacidade tática e predisposição psicológica. 
 
3.7.1 SAÍDA – 1ª FASE 
Diferentemente das corridas de velocidade, a saída dessas provas não 
é decisiva para o resultado final e, por isso, os corredores fazem a saída em 
pé (sem uso dos blocos de partida). 
As vozes de comando do juiz de partida são as mesmas das demais 
corridas. O corredor se coloca em pé, atrás da linha de partida e, ao ouvir a 
voz de “às suas marcas”, o corredor se aproxima da linha, coloca um pé à 
frente e fica com as pernas ligeiramente flexionadas e com o braço contrário 
também adiantado. Após todos os corredores se posicionarem e ficarem 
imóveis, é dado o tiro de partida. 
 
 
51 
A prova de 800 metros é uma prova balizada até o fim da primeira curva 
da pista, quando acaba o balizamento; portanto, correm oito corredores em 
cada série. Para os 1500 metros não há balizamento. 
3.7.2 DESENVOLVIMENTO – 2ª FASE 
As técnicas para correr essas provas são parecidas com as de 
velocidade, mas por serem desenvolvidas em um ritmo menos veloz, as 
passadas não são tão amplas. Assim, a ação total do corpo envolve 
algunsaspectos particulares para a técnica dessas corridas: 
• O corpo deve estar bastante relaxado e menos inclinado que nas 
corridas de velocidade para que não haja um desgaste desnecessário de 
energia. 
• Os braços se movem com naturalidade em coordenação com o 
movimento das pernas. 
Descontraídos e flexionados, juntamente com as mãos relaxadas, seus 
movimentos devem ser para frente, no sentido da corrida. 
• Como o corpo não se inclina muito à frente, as passadas não são tão 
amplas. Devido a isso, o apoio dos pés no chão é feito na parte média do pé. 
 
3.7.3 CHEGADA – 3ª FASE 
Essa fase não é tão decisiva quanto nas corridas de velocidade, porém 
é vital estar muito atento aos metros finais da prova; no caso de precisar 
disputar a colocação na linha de chegada, o corredor deve optar pela técnica 
mais adequada para o momento, que pode ser a chegada normal ou a com 
projeção do tronco à frente. 
 
 
52 
 
3.8 TÉCNICA DAS CORRIDAS DE FUNDO 
 
As corridas de fundo são representadas oficialmente pelas provas de 
5000 e 10.000 metros rasos. São provas de longa duração e intensidade 
média, portanto denotam esforços de natureza, predominantemente, aeróbica. 
Como são corridas longas, é necessário que o corredor utilize da melhor 
maneira possível todas as suas reservas, o que torna muito importante a 
técnica para correr: 
• Braços: flexionados em um ângulo inferior a 90º, devem se movimentar 
de forma paralela no sentido da corrida e bem relaxados. 
• Tronco: em posição ereta ou pouco inclinado para frente. 
• Pernas: devem se movimentar de forma pendular, porque as passadas 
são mais curtas devido à longa distância da prova. Com isso, os joelhos não 
se elevam tanto e o calcanhar também não se aproxima muito da parte de trás 
da coxa. 
• Pés: por conta da menor amplitude das passadas, o contato dos pés 
com o chão é feito inicialmente pelo calcanhar e se distribui por toda sua 
extensão, terminando na ponta. 
Nesse grupo de corridas ainda se acrescentam as corridas de grande 
fundo, que são as provas mais longas do atletismo não classificadas como 
provas de pista, pois são praticadas em outros ambientes com pisos variados, 
como asfalto, calçamentos, estradas de terra etc.; sendo classificadas como 
provas de rua e o exemplo clássico dessas são a maratona (42 quilômetros) e 
a meia maratona com 21 quilômetros. 
 
 
53 
A colocação ideal dos pés no solo ainda é assunto de muitas pesquisas 
nos laboratórios de biomecânica, patrocinados especialmente pelas grandes 
indústrias de calçados esportivos na busca constante do melhor tipo de calçado 
para cada distância de corridas. 
Na figura a seguir, são apresentadas as formas de pisada utilizadas na 
técnica das principais distâncias de competições oficiais. 
 
 
 
Considerando as respectivas letras da figura anterior, temos: (A) 
corridas de velocidade – 50 a 400 metros; (B) corridas de meio fundo – 800 e 
1500 metros; (C) corridas de fundo – acima de 1500 metros. 
 
3.9 TÉCNICA DAS CORRIDAS COM OBSTÁCULOS 
Como foi visto na classificação das provas de corridas, essas provas 
são compostas de dois tipos de obstáculos: as corridas com barreiras e 
aquelas com obstáculos propriamente ditos. 
As corridas com barreiras – 100 m (F), 110 m (M) e 400 m (M e F) – são 
as provas clássicas dessa especialidade, desenvolvidas com muita beleza 
plástica. 
 
 
54 
Dentre todas as provas do atletismo, são as mais recentes que 
compõem a modalidade, cujas primeiras referências, de acordo com 
Fernandes (2003a), falam sobre uma celebração que foi executada no Ethon 
College, nos Estados Unidos, em 1837. Há ainda outro destaque, o de uma 
competição na qual afeiçoados do atletismo disputaram em 1853 uma corrida 
com 50 obstáculos com 1,06 m de altura, queé a mesma de hoje para a prova 
dos 110 m. Mais tarde, ficou instituído que essa prova deveria constar de dez 
barreiras com 1,06 m de altura. Essas barreiras eram coletivas, tomavam toda 
a largura da pista e eram fixas no chão. Causavammuitas quedas com lesões 
graves quando os corredores esbarravam nelas, o que levou os organizadores 
a substituirem esse tipo de barreira por outra individual e em forma de cavalete, 
que caía ao ser tocada,mas mesmo assim causava lesões. 
Apenas no ano de 1935 foi utilizada a barreira em forma L (letra ele), 
que contribuiu definitivamente para o sucesso e evolução dessa prova até 
chegar na forma oficial atual. 
De acordo com as regras da Iaaf, a barreira deve ser de metal ou 
material parecido, com uma haste de madeira ligando suas extremidades 
superiores e com um peso. Ainda, caso seja tocada pelo corredor, deve ser 
derrubada com uma força de apenas 3,6 a 4,0 kg. 
A partir daí, com essa definição, as mudanças passaram a acontecer na 
técnica usada pelos corredores para passarem sobre as barreiras. 
 
3.10 TÉCNICA DAS CORRIDAS COM BARREIRAS 
As corridas com barreiras, quando comparadas a outras disciplinas do 
atletismo como as corridas rasas, o lançamento de disco e o salto em distância, 
apresentam um histórico relativamente novo, pois essas disciplinas eram 
 
 
55 
praticadas desde a época da Grécia Antiga (FERNANDES, 2003a; SANTOS; 
MATTHIESEN, 2013). 
Assim como diversas disciplinas do atletismo, não se sabe certamente 
o início desse tipo de prova, porém as primeiras referências sobre as corridas 
com algum tipo de barreira ou obstáculos são do início do século XIX, da 
Universidade de Oxford, na Inglaterra (SANTOS; MATTHIESEN, 2013). 
Esse tipo de corrida era bastante popular entre os estudantes ingleses. 
A história descrita é que Halifax Wyatt, um aluno do colégio D’Exeter, após 
participar de uma prova hípica, decidiu refazer o percurso da prova a pé, 
saltando os obstáculos que realizou com seu animal (SANTOS; MATTHIESEN, 
2013). 
A ideia foi disseminada entre os jovens de Oxford, e em 1850 foi 
celebrado um grande evento chamado de Steeple-chase pedestre, que era 
uma corrida com 2 milhas de distância e possuía 24 obstáculos. A prova ocorria 
em um campo com muita dificuldade de mobilidade, pois o trajeto foi concebido 
em uma área com lama quase intransponível, e somente era possível vencê-
la sobre um cavalo (SANTOS; MATTHIESEN, 2013). 
Em 1853, houve uma prova de corrida com 50 obstáculos, com altura 
de 1,06 metros entre Oxford e Cambrigde. Pouco tempo depois, em 1888, na 
França, foi aceita uma prova em que era preciso efetuar a passagem sobre dez 
barreiras com 1,06 metros de altura (FERNANDES, 2003a). 
Mesmo com a padronização da altura dos obstáculos, eles eram fixados 
no chão, e ainda causavam muitos acidentes e contusões nos atletas. Os 
obstáculos formavam uma barreira única que transpassava a pista toda. Alguns 
anos depois, as barreiras passaram a ser individuais, mas continuavam fixas 
 
 
56 
ao solo, exibindo os mesmos problemas e perigos aos competidores 
(FERNANDES, 2003a). 
No início do século XX, o interesse por esta disciplina cresceu, assim os 
obstáculos foram trocados por um implemento mais leve. Então, em qualquer 
contato do atleta com ele, o aparelho cairia no chão. 
Com isso, o esportista não poderia derrubar mais que três barreiras, pois 
isso causaria sua desclassificação (FERNANDES, 2003a). 
Além da alteração do peso das barreiras, em 1930, as barreiras que 
apresentavam um padrão “T” foram substituídas pelas barreiras em formato de 
“L”, inventada pelo treinador H. Hillman, contribuindo para uma maior confiança 
dos atletas, que não tinham mais a preocupação em se machucar ao bater nas 
barreiras. Tais fatores promoveram o aumento da velocidade das provas 
(FERNANDES, 2003a; SANTOS; MATTHIESEN, 2013). 
A prova masculina de 110 metros com barreira faz parte do programa 
olímpico desde 1986, e a prova feminina (com 100 metros) foi inserida em 
1932, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (MATTHIESEN, 2004). 
 
Já a prova de 400 metros ocorre desde os Jogos Olímpicos de Paris 
(1900), e a prova feminina de mesma distância foi incorporada somente em 
1984, nos Jogos de Los Angeles (MATTHIESEN, 2014). 
Atualmente, os recordes nas provas são: 
 
 
57 
 
Sobre a análise técnica, com as modificações das barreiras no início do 
século XX, a passagem sobre elas também passou por algumas alterações, 
principalmente devido à maior velocidade que os atletas desenvolveram. 
Então, alguns deles criaram características peculiares, destacando-os na 
evolução técnica da disciplina (FERNANDES, 2003; SANTOS; MATTHIESEN, 
2013). 
Vejamos alguns exemplos: 
• 1886 – Arthur Crome, de Oxford: utilizava a perna com o joelho 
estendido no ataque à barreira. 
• 1891 – A. F. Copland: realizava a flexão de joelho da perna de ataque. 
• 1898 – A. Kraenzlein, da Universidade da Pensilvânia: deslocava-se 
com muita velocidade, transpondo a barreira com a perna de ataque estendida, 
adotando três passadas entre as barreiras. 
• 1920 – E. Thomson, Canadá: usava uma acentuada inclinação de 
tronco e extensão dos braços à frente durante a transposição da barreira. 
• 1941 – F. Walcott: corredor de baixa estatura, utilizava os braços 
estendidos à frente, porém sem grande inclinação do tronco. Sua perna de 
passagem era o ponto principal de sua técnica, e isso também foi adotado por 
outros atletas de mesma característica. Quando passava pela barreira, ele 
 
 
58 
trazia a perna em direção ao tronco, e com este movimento consegue imprimir 
uma velocidade maior. 
Com essas descrições, é possível identificar alguns elementos técnicos 
que compõem o atletismo. 
As provas de barreira são provas de velocidade. Ao ultrapassar uma 
sequência de barreiras, o esportista procura realizar essa tarefa sem a mínima 
perda de velocidade e ainda tentando conservar seu centro de gravidade 
paralelo ao solo, mesmo no momento da transposição. 
 
As provas de barreiras podem ser divididas em suas distâncias, com 
100, 110 e 400 metros. Apesar de apresentarem algumas similaridades 
técnicas, o ritmo empregado entre as barreiras varia devido àsdiferentes 
alturas, e é preciso fazer algumas alterações técnicas. 
Uma prova de corridas com barreiras possui quatro fases em comum: 
• Saída: é utilizada uma saída baixa, semelhante às provas de 
velocidade. 
• Da saída ao ataque à primeira barreira: nesta etapa, o corredor deve 
vencer determinada distância, que irá variar de prova para prova. 
• Entre as barreiras: todas as barreiras estão dispostas uniformemente 
dentro da respectiva raia, ou seja, as barreiras têm a mesma distância entre si. 
De acordo com as distâncias, esses espaços são alterados. 
• Da última barreira à chegada: ao passar pela última barreira, o corredor 
precisa terminar a distância da até a linha de chegada. Semelhante às provas 
rasas, o atleta deve manter a maior velocidade possível. 
 
 
 
59 
 
Antes de investigarmos os aspectos técnicos, é importante destacar que 
a barreira deve ser transposta mantendo o movimento em um plano horizontal 
e mais paralelo ao solo, e não saltar sobre ela, ou seja, tendo uma 
movimentação com predominância no plano vertical. Além disso, é essencial 
cumprir três regras básicas (FERNANDES, 2003): 
• abordar a barreira sem diminuir a velocidade; 
• ao fazer a transposição, permanecer em suspensão sobre a barreira o 
menor tempo possível por meio de uma elevação da pelve; 
• após a transposição, colocar-se na melhor posição para dar 
continuidade à corrida sem qualquer tipo de velocidade. 
Para transpor as barreiras, é preciso manter os movimentos básicos de 
uma corrida rasa, tendo como ponto principal o devido equilíbrio do velocista 
com o contato com o solo, e também a cada novo contato após a transposição, 
devendo permanecer o menor tempo possível com o corpo no ar. 
É óbvio que não podemos nos esquecer de outros fatores, como: a 
forma como o corpo sai do chão para iniciar o ataque à barreira, a inclinação 
do tronco à frente do obstáculo, a rapidez com que a perna atinge o solo e se 
dirige a eleapós a passagem, e, por fim, a perna de passagem. Desse modo, 
 
 
60 
vimos que representa uma ação acíclica dentro de um ciclo de passadas de 
corrida. 
Diante dessas alegações, é necessário ter atenção ao ponto de 
impulsão para o início da passagem, o que varia de atleta para atleta 
dependendo da estatura, flexibilidade, mobilidade e velocidade. A segunda 
parte está relacionada à forma pela qual se passa a barreira, que ressalta os 
seguintes componentes: 
• Perna de ataque: vai à frente e é lançada em direção da barreira para 
depois ser estendida quando estiver sobre ela. Quando o centro de gravidade 
do corredor passar a barreira, a perna de ataque vai seguir em direção ao solo, 
buscando a recuperação. 
 
 
• Perna de passagem: é a perna de trás, e esta, ao sair do contato com 
o solo, o joelho se flexiona no plano horizontal para a lateral, deslizando no ar, 
 
 
61 
tendo a mesma trajetória do corpo. Após a passagem do centro de gravidade 
pela barreira e apoio da perna de ataque, a perna de passagem segue à frente 
para dar prosseguimento da corrida com uma passada ampla. 
• Braços: são utilizados na forma de oposição às pernas de ataque e de 
passagem. Assim, a perna que vai à frente (ataque) e o braço contrário 
acompanha a perna que está atrás (passagem). 
• Tronco: quando a perna de ataque busca seu posicionamento para 
iniciar a transposição, o tronco começa a se inclinar sobre esta perna, 
formando um movimento do tipo canivete. Quanto mais fechado for esse 
ângulo, mais facilitada será a transposição. Após a passagem, o tronco volta a 
se elevar, buscando a posição para a corrida. 
A descrição realizada de cada componente tem como objetivo saber 
como cada segmento do corpo atua durante a transposição, porém é 
impreterível saber que eles estão ligados e que a movimentação errônea de 
um deles vai interferir na cadeia de movimentos. 
Na imagem adiante, é possível observar desde a impulsão com a 
elevação da perna de ataque e a oposição de braços (A). Então, nota-se o 
ataque sendo efetuado com a perna que está estendida à frente junto à 
inclinação do tronco em direção à perna de ataque e extensão do braço à frente 
(B). Depois, a perna de ataque segue em direção ao solo, e a perna de 
passagem avança com o joelho flexionado, em uma abertura lateral paralela 
ao solo, passando rente à barreira (C). Ao terminar a transposição, a perna de 
ataque continua a percorrer em direção ao solo, enquanto a perna de 
passagem é trazida rumo ao tronco para iniciar o movimento para uma próxima 
passada (D). Por fim, a perna de ataque toca o solo, o tronco volta para a 
 
 
62 
posição ereta a fim de realizar a corrida, e a perna de passagem vai à frente 
do tronco para efetuar o apoio para a corrida (E). 
 
 
 
Para as provas de 100 e 110 metros, com o início da saída baixa até a 
transposição da primeira barreira, é preciso atentar para alguns detalhes: o 
atleta tem que estar ciente do número de passadas que ele tem que executar 
até a primeira barreira para garantir desde a primeira transposição que o 
ataque seja feito com a perna de ataque. 
Normalmente a perna que vai à frente na saída baixa é a mesma perna 
de ataque. Em alto nível, a quantidade varia entre sete a oito passadas. Se o 
esportista realizar sete passadas, é essencial fazer a inversão das pernas na 
saída baixa. A última passada é fundamental para o desenvolvimento 
dorestante da prova. 
A segunda parte da prova é a sequência de transposições entre as 
barreiras, que tem um total de dez transposições. 
 
 
63 
Com a definição da perna de ataque e a perna de passagem, nesta 
etapa da prova é primordial que o atleta consiga manter um ritmo, 
principalmente coordenando o número de passadas entre cada barreira, 
tentando garantir uma manutenção de velocidade. 
Esse ritmo entre as barreiras, para esportistas de alto nível, é realizado 
com três passadas, pois ele atacará a barreira com a mesma perna de ataque. 
Lembrando que as distâncias entre as barreiras são de 8,50 e 9,14 metros, ou 
seja, dependendo da altura do atleta, ele pode sentir desconforto para 
desenvolver essa distância em três passadas. Poderá executar quatro 
passadas, porém ele terá que alternar a perna de ataque e passagem em cada 
passagem por barreira, além de realizar mais movimentos, comparando-se a 
esportistas que fazem três passadas, resultando em um gasto energético 
maior. 
 
Além da coordenação das passadas entre as barreiras, durante a 
transposição é vital que o competidor mantenha sua movimentação o mais 
próximo possível do plano horizontal, pois esta é uma prova com grande 
velocidade. Se ele não projetar seu corpo durante a transposição no plano 
horizontal, e sim para o plano vertical, ele vai perder velocidade e tempo na 
transposição, resultando um tempo maior de seu corpo no ar, ou seja, não 
tendo aceleração. 
O fato é que o atleta deve desenvolver e treinar bastante essa fase da 
corrida com barreira para obter um ótimo ritmo na prova. 
A última etapa é a transposição da última barreira até a linha de 
chegada. Nesta fase, é como se fosse uma prova de corrida rasa, na qual o 
atleta não tem mais barreiras para transpor. Após esta última transposição, é 
 
 
64 
essencial que ele execute algumas passadas com menor comprimento para 
conseguir mais aceleração e assim ir aumentando gradualmente o 
comprimento até a linha de chegada. 
Para as provas de 400 metros, em que se tem a saída baixa também, 
deve-se ter consistência, ou seja, diferente das provas mais curtas, nas quais 
a velocidade é crucial, neste tipo de prova a consistência de um ritmo é muito 
importante. 
Na fase de saída até a primeira barreira, que tem 45 metros, o número 
de passadas varia entre 21 a 24 passadas, dependendo da estatura do 
indivíduo. 
Na segunda parte da prova, a distância entre as barreiras é de 35 
metros. A prova apresentará duas curvas, pois nos 400 metros realiza-se uma 
volta completa na pista. Nesta prova, o atleta precisa criar a capacidade de 
efetuar a transposição com ambas a pernas, pois, devido à fadiga que a prova 
impõe, deve-se alternar o ritmo das passadas. 
Nesta segunda etapa, por causa da distância, não é obrigatória uma 
transposição tão vigorosa como nas provas de 100 e 110 metros. O esportista 
não precisa fazer uma transposição com grande componente no plano 
horizontal justamente por não haver a necessidade de uma velocidade grande. 
A última etapa tem a mesma situação descrita para as provas de 100 e 
110 metros, nas quais é indispensável uma pequena aceleração e aumento 
gradativo da velocidade até a linha de chegada. 
Para Matthiesen (2014), os principais erros são: 
 
 
 
 
65 
 
 
 
3.11 METODOLOGIA PARA O ENSINO E 
DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA 
 
No atletismo, é necessário um bom aprendizado das especificidades 
técnicas. Para tal, é vital que os alunos e atletas tenham um desenvolvimento 
paralelo à flexibilidade, coordenação, velocidade e ao ritmo. 
 
 
66 
A introdução das barreiras propriamente ditas se faz somente quando 
os alunos tenham o domínio do aspecto técnico. Antes, o trabalho é exercido 
com o auxílio de cordas e obstáculos. 
Ambos os instrumentos não apresentam uma altura elevada para sua 
transposição e a altura será aumentada progressivamente. 
Os exercícios e atividades descritas a seguir obedecem às observações 
já relatadas, assim há umaprogressão na complexidade em relação aos 
movimentos e às técnicas empregadas para cada atividade. 
Vejamos como são as atividades: 
• Exercício 1: fixam-se vários obstáculos, como bancos, colchões, 
plintos de ginástica, e o aluno terá que se deslocar de um para outro saltando 
sem cair no chão. Além de saltar, pode rastejar, saltitar e trepar nos obstáculos, 
ou seja, utilizar suas habilidades fundamentais. 
• Exercício 2: distribuem-se bambolês no local da aula, e o aluno deverá 
entrar no bambolê saltandoum pé para dentro dele. Também há uma variação 
para esta atividade: ao invés de entrar no bambolê, o aluno terá que saltar para 
o outro lado do bambolê passando por cima dele. 
• Exercício 3: empregam-se diversos obstáculos de diferentes tamanhos 
pelo espaço, como bolas, bolas medicinais, bancos, colchões e bastões, e os 
alunos precisam saltar tais barreiras. 
• Exercício 4: em uma competição, há duas equipes, uma ao lado da 
outra. Os alunos ficam sentados e são divididos em duas partes, formando 
duas colunas (uma de frente para a outra). Com isso, o primeiro deve sair 
correndo, passar pelo obstáculo que está no meio do caminho e sentar no fim 
da coluna à frente. O obstáculo pode ser uma bola, uma corda, um pequeno 
banco ou um cone. 
 
 
67 
 
 
 
Quando esse aluno sentar, o primeiro da coluna na qual ele sentou 
deverá sair e realizar a mesma tarefa. 
 
 
Exercício 5: vários bambolês são dispostos pelo espaço, e três deles 
ficam em linha reta para que os alunos corram e coloquem o pé dentro de cada 
um deles, efetuando as três passadas que serão utilizadas entre as barreiras. 
Pode-se fazer uma variação: ao invés de ficarem em linha reta, os 
bambolêssão fixados em zigue-zague. 
Exercício 6: faz-se uma linha reta no chão com giz ou corda, e o aluno 
deve transpor correndo a linha que está no chão. O foco dessa atividade é 
fazer que o aluno execute as três passadas antes de realizar a transposição. 
 
 
68 
É preciso observar se os passos são iguais, não apresentando nenhum tipo de 
aceleração ou retardamento do ritmo das passadas. 
É interessante introduzir os conceitos de perna de ataque e perna de 
passagem: a perna que vai à frente fica estendida, a outra fica flexionada. 
 
 
Exercício 7: aqui temos o mesmo exercício anterior, mas agora o aluno 
terá que transpor as duas linhas. Deverá apresentar uma maior amplitude de 
movimento, principalmente em relação à extensão perna de ataque, trazendo 
a perna de passagem. 
 
 
 
69 
 
 
Exercício 8: temos a mesma ideia dos exercícios anteriores, mas nesta 
atividade dois alunos seguram as cordas nas extremidades e a elevam até 
determinada altura, e os outros alunos têm que transpor esta barreira feita com 
a corda. Ela também poderá ser colocada na parte superior do cone para fica 
presa. É preciso lembrar ao aprendiz que ele deve coordenar o ritmo que 
antecede a transposição e a utilização das pernas de ataque e passagem. 
Exercício 9: com as barreiras, o aluno deverá se posicionar ao lado da 
barreira e realizar a movimentação somente da perna de ataque, passando 
sobre ela. Se a perna de ataque for à direita, o aluno se posiciona do lado 
esquerdo da barreira, se for à esquerda, ficado lado direito dela. Depois é vital 
fazer o mesmo para a perna de passagem. É importante analisar a 
movimentação da perna de ataque (flexão e extensão em direção à barreira e, 
após a transposição, o direcionamento para o solo) e da perna de passagem 
(abdução lateral, ficando paralela ao solo durante a transposição e, em 
seguida, a preparação para passada). Trabalhe também a movimentação de 
braços. 
 
 
70 
Exercício 10: com as cordas duplas dispostas em linha reta, o aluno 
deverá transpor uma sequência de no mínimo três cordas, realizando a 
movimentação completa no momento da transposição e a manutenção do 
ritmo, de preferência três passadas entre cada conjunto de corda. 
 
 
 
Exercício 11: aplica-se o mesmo exercício anterior, porém com as 
cordas suspensas. 
Exercício 12: realiza-se o mesmo exercício, porém com as barreiras. 
Exercício 13: executa-se o mesmo exercício, mas com o início sendo 
efetuado com a saída baixa. 
 
3.11.1 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO 
 
As provas de corrida com barreiras são determinadas pela regra 168 da 
Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT, 2015). De acordo com esta regra, 
as provas para essa disciplina são: 
• masculino – 110 e 400 metros; 
 
 
71 
• feminino – 100 e 400 metros. 
Em cada prova é preciso transpor dez barreiras, por isso é necessário 
que cada prova tenha distâncias diferentes para as barreiras. 
 
 
 
As categorias que têm provas de corridas com barreiras são: Adulto, 
Sub-20 e Sub-18. 
 
 
 
 
72 
 
As barreiras são colocadas de modo que a base fique apontada para o 
lado em que o atleta se aproxima, pois, caso o corredor encostar em uma delas, 
vão cair sem atrapalhá-lo. 
Cada esportista terá que transpor todas as barreiras, caso contrário será 
desqualificado da prova. 
Além disso, é obrigatório passar sobre a barreira: se passar o pé ou a 
perna abaixo do plano horizontal da barreira, também será desqualificado 
(Regra 168, 7a). O último motivo para ele ser desqualificado é derrubar 
propositalmente a barreira (Regra 168, 7b). As barreiras apresentam alturas 
diferentes para cada categoria. 
 
A tolerância para a altura das barreiras não pode superar 3 mm, para 
baixo ou para cima. 
A barra superior da barreira deverá ser pintada em preto e branco ou em 
cores em contraste à pista e ao espaço da prova. 
 
4 CORRIDAS DE REVEZAMENTO 
 
 
 
73 
As corridas de revezamento foram concebidas pelos norte-americanos, 
que se basearam em vários tipos de atividades que praticavam, tais como: 
competições de cavalos puxando diligências, que iam se revezando pelo 
caminho devido às longas distâncias que tinham que percorrer; as atividades 
do corpo de bombeiros de Massachusetts, dentre outras. 
A ideia de se revezar nessas atividades mais tarde foi aplicada no 
atletismo. As provas nessa modalidade são indispensáveis nas competições, 
e atualmente são as únicas do atletismo disputadas por equipes, em que o fator 
coletivo é decisivo para as vitórias. 
Oficialmente, são duas as provas de corridas de revezamento 
disputadas em pista: revezamento curto: 4x100 metros; revezamentos longos: 
4x400 metros. 
Além das provas de pista, hoje os revezamentos de longas distâncias 
disputados nas ruas já são uma realidade. Funciona do seguinte modo: cada 
componente corre uma distância diferente, conforme a estratégia da equipe, 
para totalizar a longa distância percorrida que foi estabelecida no regulamento 
dessa prova. 
Tradicionalmente essas duas provas são as mais conhecidas e 
tecnicamente as mais complexas, sendo praticadas por homens e mulheres. 
Neste livro-texto faremos uma análise técnica delas. 
As equipes de revezamento são compostas de quatro corredores, os 
quais percorrem uma distância semelhante (100 ou 400 metros) conduzindo 
um bastão oco de 28 a 30 cm de comprimento. O bastão tem uma 
circunferência de 12 a 13 cm e deve pesar 50 gramas, e deve ter uma cor que 
possa ser vista facilmente durante a corrida. Esse bastão deve passar de mão 
em mão pelos quatro corredores, o que caracteriza o revezamento. 
 
 
74 
A passagem do bastão deve ser realizada no interior de uma área 
especial dentro da pista, que é denominada zona de passagem ou zona de 
revezamento. É marcada dentro da raia na qual cada equipe está correndo. 
Essa região tem uma distância de 20 metros, que é medida a 10 metros antes 
e 10 metros depois da distância a ser percorrida por cada um dos atletas. 
Portanto, na prova de 4x100 metros, existem três zonas de passagem: a 
primeira é utilizada pelo primeiro e segundo corredor; a segunda, pelo segundo 
e terceiro corredor; a última, para a entrega do bastão do terceiro para o quarto 
corredor, que finaliza a prova. 
Ao corredor que vai receber o bastão, é permitido iniciar sua corrida a 
10 metros antes do início da zona de passagem. Essa zona de 10 metros que 
antecede à de passagem é chamada de zona opcional. 
Antes da zona opcional, existe uma marca pessoal feita por cada 
corredor usando uma fita adesiva, que foi definida com treinamento e serve 
como referência para o receptor como um sinal para ele iniciar sua corrida 
dentro da zona opcional. 
O receptor prepara-se no início da zona opcional,em posição de 
arranque, e fica olhando para o companheiro que está chegando, e quando 
este passar pelo handcap, ele inicia sua corrida e não olha mais para trás. É 
uma zona de aceleração. Quando os dois atletas estão na zona de passagem, 
eles estão em velocidade idêntica para realizar a passagem sem perder tempo, 
ou seja, na maior velocidade entre ambos. Isso envolve muito treino. 
A prova de 4x100 metros é totalmente balizada, o que determina que a 
equipe deve correr a prova inteira dentro de sua própria raia. Já a prova de 
4x400 metros é parcialmente balizada. O primeiro corredor da equipe corre 
seus 400 metros dentro de sua raia, e o segundo corre balizado até o fim da 
 
 
75 
primeira curva da sua raia. Então, a prova deixa de ser balizada e os demais 
corredores da equipe (terceiro e quarto) correm livremente pela pista para 
concluírem a prova. 
 
 
Nos 4x400 metros existe apenas uma zona de passagem (cada corredor 
corre uma volta inteira na pista, que tem 400 metros de perímetro), que é 
marcada a 10 metros antes da linha de chegada e 10 metros depois da saída, 
 
 
76 
totalizando os 20 metros regulamentares da zona de passagem para essa 
prova. 
 
 
 
4.1 TÉCNICA DES REVEZAMENTOS 
 
O revezamento de 4x100 metros é considerado uma das provas 
clássicas do atletismo e das mais aguardadas pelo público, pois em uma 
equipe normalmente estão presentes quatro dos homens mais rápidos do 
mundo. 
Por ser uma prova muito rápida, o entrosamento técnico entre os quatro 
corredores da equipe deve ser apurado, pois um erro, por menor que seja, 
pode comprometer o resultado na competição. 
 
 
77 
Assim, no ajuste de todos os detalhes, que fazem da técnica um 
componente decisivo, é preciso levar em consideração um conjunto de ações 
que compõe a técnica como um todo. 
Há duas formas de passagem do bastão, uma utilizada nos 
revezamentos rápidos, a outra, nos menos velozes. 
• Passagem não visual ou “às cegas” 
Recebe essa denominação porque a passagem e a recepção do bastão 
são feitas sem que o corredor da frente olhe para seu companheiro que está 
chegando para lhe entregar o bastão. É usada nos revezamentos rápidos, 
como é o caso do 4x100m. Os dois atletas correm em velocidade máxima, e 
se o indivíduo da frente precisar olhar para trás, terá que diminuir a velocidade, 
comprometendo o resultado da equipe. 
• Passagem visual 
É utilizada nos revezamentos mais longos, haja vista a troca não exigir 
uma rapidez máxima como no caso anterior. O corredor que está chegando 
com o bastão faz sua aproximação mais lenta porque se desgasta após o 
esforço despendido durante sua corrida. Ele chega mais lentamente, e assim 
o receptor do bastão também começa sua corrida de modo mais lento. Para 
não “escapar”, olha para trás e observa o companheiro que está chegando com 
o fito de ter tempo suficiente para acelerar e receber o bastão dentro dos limites 
da zona de passagem. 
Além da forma como é feito o revezamento, é imperioso considerar os 
movimentos efetuados pelos dois atletas para realizar a passagem do bastão 
sem perder tempo e também não correr o risco de o bastão cair da mão ao ser 
entregue. 
 
 
78 
Para evitar essa situação, deve-se avaliar qual é o estilo de passagem 
mais adequado para o entrosamento dos corredores. 
Diversos estilos foram aplicados, mas sempre outros são testados em 
busca da perfeição. 
Hoje são feitos três tipos ou estilos de passagem: a ascendente, com 
troca de mãos; a descendente; e a passagem horizontal. 
 
• Passagem ascendente 
É o estilo mais antigo dos três. As equipes profissionais quase não o 
utilizam, mas ele é mais fácil para os iniciantes. 
Recebe esse nome porque o movimento da mão do corredor que faz a 
entrega é de baixo para cima, é um movimento ascendente que identifica o 
estilo. 
Para receber o bastão, o corredor da frente estende o braço para trás, 
colocando a mão com a palma voltada para o companheiro. Fica com os dedos 
unidos e apontados para o chão, menos o polegar, que fica voltado para dentro. 
Quando a mão estiver preparada, o corredor de trás estende seu braço 
e faz um movimento de baixo para cima, colocando a extremidade do bastão 
na mão do companheiro entre o dedo indicador e o polegar. Imediatamente 
após estar com o bastão na mão, esse corredor o transfere para a outra mão 
para posicioná-lo de forma adequada e entregá-lo ao corredor seguinte. 
 
 
 
79 
 
 
Dessa maneira, se o primeiro corredor estiver correndo com o bastão na 
mão direita, entrega-o na mão esquerda do segundo, e este troca de mão e 
também vai correr com o bastão na mão direita, e assim sucessivamente, até 
o último corredor. Todos correm com o bastão na mão direita. 
Portanto, todos os corredores fazem o mesmo gesto em uma mesma 
sequência, ou seja, a ação é uniforme entre os quatro atletas. Esse mecanismo 
identifica o método de passagem do bastão, conhecido como método 
uniforme. 
• Passagem descendente 
É a mais usada pela maioria das equipes e recebe essa denominação 
porque o movimento de entrega do bastão é feito de cima para baixo, ou seja, 
através de um movimento descendente do bastão, até a mão do receptor. 
Para receber o bastão, o corredor da frente estende seu braço para trás, 
colocando-o voltado para seu companheiro, com a palma da mão voltada para 
 
 
80 
cima e com os dedos unidos apontados para trás, exceção do polegar, que fica 
voltado para dentro. 
Quando isso acontece dentro da zona de passagem, o corredor de trás 
coloca a extremidade livre do bastão na mão do corredor da frente, que agarra 
o bastão e segue correndo com ele, e não precisa transferi-lo para a outra mão 
como na técnica anterior. 
 
 
Como não há a troca de mão ao transportar o bastão durante a corrida, 
a sequência das entregas e recepções do bastão é feita de forma alternada, 
ou seja, se o primeiro atleta correr com o bastão na mão direita, deverá 
entregá-lo na mão esquerda do segundo, que corre com o bastão na mão 
esquerda e o entrega na mão direita do terceiro, e assim até o último corredor, 
sempre alternando a mão que leva o bastão. 
Essa sequência define o método de passagem utilizado pela equipe, 
que é denominado método alternado. 
 
 
81 
• Passagem horizontal 
É semelhante à passagem descendente em quase todos os sentidos. A 
única diferença é que, ao entregar o bastão, o movimento do braço de quem o 
entrega é feito como se estivesse empurrando o bastão para a mão do 
companheiro, portanto, através de um movimento de trás para frente no sentido 
horizontal. 
 
 
Lembrete 
Em todas as técnicas de passagem, a entrega do bastão ao 
companheiro da frente deve ser sempre não mão contrária em relação àquela 
usada pelo corredor que transporta o bastão. Exemplo: se o primeiro corredor 
está com o bastão na mão esquerda, deve entregá-lo na mão direita do 
segundo, e assim sucessivamente. 
 
4.1.1 Técnica de revezamento 4x100 metros 
O revezamento 4x100 metros é uma grande atração no atletismo. 
 
 
82 
Exige um entrosamento perfeito entre os atletas. Para efetivá-lo, 
entretanto, é preciso que seja escolhida a técnica que melhor se adapte aos 
corredores. 
Nesse caso, a forma de passagem deve ser a não visual ou “às cegas”, 
e o tipo de passagem aplicado será o mais adequado entre os três utilizados: 
passagem ascendente, descendente ou a horizontal. 
• Desenvolvimento da corrida 
Por ser uma prova balizada, cada equipe corre em uma raia durante 
todo o percurso. A saída é feita no início da primeira curva da pista. O segundo 
corredor corre na reta oposta, o terceiro, na segunda curva, e o quarto fecha o 
revezamento correndo na reta principal para fazer a chegada. 
 
4.1.2 TÉCNICA DE REVEZAMENTO 4X400 METROS 
É uma clássica representante dos revezamentos longos. Essa prova 
possui quatro voltas na pista, e cada atleta corre 400 metros, totalizando 1600 
metros. 
Devido ao longopercurso da corrida, é uma prova parcialmente 
balizada. O primeiro competidor corre balizado, o segundo apenas até o fim da 
primeira curva, completando sua participação de forma não balizada como os 
outros componentes da sua equipe. 
Corredores se realiza de modo mais vagaroso. Isso ocorre por causa do 
cansaço do corredor que está chegando com o bastão. 
Devido a essa condição, o tipo de passagem utilizado é o visual. Nesse 
caso, o corredor que vai receber o bastão inicia sua corrida de forma morosa 
no início da zona de passagem, sempre olhando para o companheiro que vem 
 
 
83 
chegando, para que este tenha tempo de alcançá-lo dentro da área de 
passagem. Para essa prova, o regulamento não permite que o receptor do 
bastão inicie a corrida antes da zona de passagem como nos revezamentos 
rápidos, em que é aplicada a zona opcional. 
 
4.2 METODOLOGIA PARA ENSINO DA TÉCNICA DOS 
REVEZAMENTOS 
 
4.2.1 MÉTODO DO JOGO 
No sistema para o ensino das corridas de revezamento, o uso do método 
do jogo é muito eficiente e motivador para crianças durante o período de 
formação inicial multilateral especial. 
Os jogos utilizados para essa finalidade devem conter os elementos que 
compõem esse tipo de corrida, como o fator equipe, velocidade, entrega do 
 
 
84 
bastão ou coisa semelhante, velocidade de reação e o fator competição 
aplicado de forma pedagógica. 
Para entender como devem ser elaborados esses jogos, também 
conhecidos como estafetas, vamos destacar alguns exemplos que possuem a 
maioria das solicitações presentes nas competições desse tipo de corrida. 
Em relação à organização, deve-se fazer o seguinte: 
• Dividir a turma em equipes e subdividi-las em duas partes, lado a lado, 
no espaço utilizado para o jogo. 
• Colocar cones para marcar o ponto de saída e de chegada (de 10 a 15 
metros de distância) do corredor que faz a ação. Todos os participantes ficam 
de pé, formando uma coluna atrás dos cones, de modo que uma parte da 
equipe esteja de frente para a outra. 
Na execução, os primeiros componentes de cada equipe seguram o 
bastão em uma das mãos, aguardando o sinal de início da corrida. Dado o 
sinal, o corredor parte em velocidade para entregar o bastão ao companheiro 
que está aguardando à frente do grupo atrás do cone. 
Assim, um entrega e o outro recebe, até que todos tenham executado 
essa ação. 
Vence a equipe que não cometeu erros e terminou rigidamente na 
mesma posição na qual iniciou o exercício. 
Dependendo do número de equipes, devem ser atribuídos pontos para 
cada colocação. No caso de três equipes, temos o seguinte: primeiro lugar: três 
pontos; segundo: dois; terceiro: um ponto. Todas as equipes devem ser 
pontuadas. 
Agora vamos apresentar quatro figuras e suas respectivas explicações. 
 
 
 
85 
 
 
Cada equipe está dividida em duas partes, cada uma fica de pé atrás 
dos cones, uma de frente para a outra. O primeiro integrante corre com o 
bastão e o entrega ao companheiro da equipe, que está do outro lado. 
Vence a equipe que terminar primeiro e na mesma posição em que 
iniciou a disputa. 
 
 
86 
 
A equipe fica sentada atrás do cone. O primeiro corredor parte em 
velocidade com o bastão na mão, contorna um cone distante – a 10/15 metros 
– e na volta o entrega ao seguinte componente da equipe,que está esperando 
em pé. 
Vence a equipe que terminar primeiro com todos os integrantes 
sentados e de braços cruzados sobre os joelhos. 
 
 
 
87 
Do mesmo modo como o exemplo anterior, modifica-se a posição inicial 
e final da equipe, que deve completar o percurso com todos de pé e formando 
uma coluna. 
 
 
 
4.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO 
Acentuaremos oito regras básicas: 
• Cada zona de passagem deve ter 20 m de comprimento e com as 
seguintes medidas: 10 m antes e 10 m depois da linha de saída e chegada de 
cada distância a ser percorrida. 
• A prova do revezamento 4x100m é corrida inteiramente em raias. 
• No revezamento 4x400m, a primeira volta é corrida totalmente balizada 
e a segunda até o fim da primeira curva, onde deve haver uma linha inclinada 
indicando o fim do balizamento (raia livre). 
 
 
88 
• No revezamento de 4x100m, com exceção do primeiro corredor, todos 
os atletas podem começar a correr até 10 m (zona opcional) antes da zona de 
passagem. 
• No revezamento 4x400m, não será permitido o início da corrida antes 
da zona de passagem do bastão. 
• O bastão deve ser um tubo liso oco, de forma circular, feito de material 
rígido, com o comprimento mínimo igual a 28 cm e o máximo de 30 cm, com 
50 gr de peso. 
 
• O bastão deve ser carregado na mão durante toda a prova. Se for 
derrubado, deverá ser recuperado pelo integrante que o derrubou. Ele pode 
sair de sua raia para pegar o bastão, desde que não atrapalhe o adversário a 
continuar a corrida. 
• Os competidores, antes de receber ou após a passagem do bastão, 
deverão permanecer em suas raias ou zonas até que o curso esteja livre para 
não prejudicar outros integrantes. Caso fique comprovado algum prejuízo 
nessa situação, a equipe será desclassificada. 
 
4.4 MARCHA ATLÉTICA 
 
Normalmente, quando se fala de atletismo, são lembradas as principais 
provas de corridas, saltos e de lançamentos e arremessos. Todavia, como o 
atletismo propõe uma diversidade de disciplinas, cada uma com suas 
características específicas, a marcha atlética apresenta questões fisiológicas, 
biomecânicas e pedagógicas peculiares (CARNEIRO, 2001). 
 
 
89 
A marcha atlética muitas vezes é esquecida ou renegada pelos 
profissionais de Educação Física, atuando em ambiente escolar ou não 
(MATTHIESEN, 2004). Uma característica desta prova são os movimentos 
específicos de ombros e quadril, que não são observados em outras disciplinas 
do atletismo, tornando-a motivo de ironia e chacota (DUCAL, 1998). 
Segundo Granell e Lazcorreta (2004), a marcha atlética é uma 
progressão na qual se efetua passo por passo, de modo que o contato com o 
solo se mantenha sem interrupção. 
Oficialmente as provas de marcha atlética são divididas em duas 
distâncias: 20 km para homens e mulheres, com os 50 km apenas para 
homens. Caracterizam-se pela execução de passos, de modo que um dos pés 
do marchador (competidor) mantenha obrigatoriamente contato com o solo, 
enquanto o outro pé se movimenta (VIEIRA, 2007). 
A marcha é utilizada com meio de locomoção pelo homem desde o fim 
do período neolítico. Como esporte, há registros de seu uso em jogos olímpicos 
na Antiguidade. Também era usada por mensageiros, que andavam ou corriam 
para levar as mensagens a seus destinos (SANT, 2005). 
Segundo Viera (2007), as provas masculinas com a distância de 50 km 
são disputadas desde os Jogos Olímpicos de Los Angeles (1932), já as provas 
com distância de 20 km desde os Jogos Olímpicos de Sidney (2000) (DARIDO; 
SOUZA JUNIOR, 2007). 
Na história dos Jogos Olímpicos, a marcha atlética apresentou uma 
série de modificações em sua estrutura de realização, principalmente em 
relação a suas distâncias. Ela teve sua primeira aparição nos Jogos Olímpicos 
de Atenas (1906). Na Antuérpia (1920), houve a única prova com distância de 
3000 metros. Em Londres (1908), foram executadas as provas de 3500 metros 
 
 
90 
e a prova de 10 milhas, que equivale a mais ou menos 16 km. A prova 
masculina de 10 km começou a ser efetuada em Estocolmo (1912) e teve sua 
última participação nos Jogos de Helsinque (1952) (VIEIRA, 2007; GOMES, 
2007). 
Somente nas Olímpiadas de Melbourne (1956) que foram realizadas as 
provas de 20 e 50 km. A prova feminina passou a compor o calendário da Iaaf 
em 1992 com a prova de 10 km, que teve sua primeira competição regular nos 
Jogos Olímpicos de Barcelona (1992). Em Sidney (2000), a marcha atlética 
feminina passa a ter 20 km (SANT, 2005). 
No Brasil, segundo a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT, 
2016), as provas oficiais para a marcha atlética são:As melhores marcas, ou seja, os recordes homologados pela Iaaf 
(2016), nas principais provas de marcha atlética são: 
 
 
91 
 
 
 
O objetivo deste livro-texto é ensinar como trabalhar com a marcha 
atlética. Para tal, baseamo-nos em parâmetros como: análise técnica, 
metodologia para o ensino e desenvolvimento da técnica e as principais regras 
que compõem esta disciplina. 
 
 
 
92 
4.4.1 ANÁLISE TÉCNICA 
A marcha pode ser considerada uma atividade natural e cíclica. Para 
utilizá-la com maior eficiência, é preciso respeitar as regras internacionais que 
regem a modalidade. Então, os atletas são obrigados a adotar uma técnica 
diferente dos corredores. Isso ocorre porque na marcha atlética não se pode 
correr, essa parte é chamada de fase de voo (o corpo perde 
momentaneamente o contato com o solo), nem caminhar, pois tal medida não 
é eficiente para obter um bom rendimento esportivo (SANT, 2005). 
Apesar do movimento da marcha atlética ser muito peculiar dentro do 
atletismo, é possível verificar seu emprego no dia a dia. Quando uma pessoa 
está com pressa para chegar a determinado lugar, passar a andar rápido pela 
rua, ou seja, apresentará um padrão de marcha. 
A dificuldade de conciliar o padrão técnico com as exigências físicas que 
o movimento impõe é outro elemento que torna o movimento da marcha mais 
complexo. Por causa da fadiga, qualquer adulto com um bom preparo físico 
terá muita dificuldade em completar a distância de 1 km sem cometer qualquer 
tipo de irregularidade técnica (SANT, 2005). 
Conforme Matthiesen (2014), o movimento técnico da marcha 
representa uma progressão de passos na qual o atleta sempre deverá manter 
um contato com o solo, não sendo permitida a perda deste contato. O autor 
relata, ainda, que a observação do cumprimento desta regra deve ser feita a 
olho nu, ou seja, sem auxílio de recursos eletrônicos. 
Além desse contato contínuo com o solo, a perna do competidor que 
avança deve estar reta (em extensão), sem exibir qualquer grau de flexão, 
tendo como referência o primeiro contato com o solo até a posição ereta 
vertical (MATTHIESEN, 2014). 
 
 
93 
De acordo com as regras que regem a disciplina, com o passar dos 
anos, é possível observar algumas modificações nos padrões técnicos dos 
atletas, como: 
• Aumento da frequência gestual dos movimentos de quadril, pernas e 
braços. 
• Contato com a perna de avanço (que toca o solo à frente) mais próximo 
ao centro de gravidade. 
• Fase de apoio duplo mais dinâmico, ou seja, quando ambas as pernas 
se encontravam, as duas estavam completamente estendidas, porém no 
momento a perna que estava apoiada (que irá começar o movimento) 
encontra-se flexionada, diminuindo a ação da inércia. 
A técnica da marcha atlética é uma especialidade para se atingir o 
melhor rendimento possível, e qualquer tipo de deficiência técnica pode causar 
a desclassificação de um marchador nas competições. 
As características antropométricas e biológicas de um atleta de marcha 
atlética são muito semelhantes às de corredores de longas distâncias, porém 
a diferença entre ambos se encontra na capacidade técnica dos marchadores, 
prática que exige alta capacidade para realizar os gestos (técnica) em altas 
velocidades, maior concentração de fibras musculares brancas que os 
corredores de fundo e a capacidade de manter a técnica em níveis elevados 
de fadiga (SANT, 2005). 
Durante a prova, o esportista não pode fazer o seguinte: 
• Perder o contato com o solo. 
• Desde o primeiro contato da perna com o solo, esta deve estar 
totalmente estendida (articulação do joelho) até o momento em que a perna se 
encontra na vertical com o centro de gravidade. 
 
 
94 
A figura a seguir destaca que no primeiro contato com o solo a perna 
tem que estar estendida. Na imagem ao lado, a segunda etapa descrita, vimos 
que a perna tem que permanecer estendida até o plano vertical. 
 
Desse modo, o atleta é punido assim que perde o contato com o solo ou 
realiza uma flexão de joelhos no momento do contato com o solo até a posição 
vertical da perna. 
 
 
O movimento da marcha é composto de quatro fases: 
 
 
95 
• Fase de apoio duplo: o marchador tem os dois pés em contato com o 
solo. 
• Fase de tração: inicia quando o calcanhar toca o solo e termina quando 
a perna fica perpendicular ao solo, entrando na fase de apoio. 
• Fase de apoio: a perna de apoio se encontra perpendicular ao solo, 
desde o momento de contato com o solo. Nesta fase é imprescindível que 
desde o contato com o solo até a posição vertical da perna, o joelho permaneça 
em total extensão. 
• Fase de impulsão: instaura-se quando a perna do atleta passa o plano 
vertical, o que vai gerar a velocidade para o deslocamento. 
Nas figuras a seguir observamos a técnica completa desenvolvida por 
um atleta de marcha atlética(SANT, 2005, p. 57). 
Observando a figura adiante, é possível identificar as fases descritas? 
 
 
 
 
96 
 
 
Como destacamos, é importante salientar as ações dos membros 
superiores, ação do tronco e membros inferiores. 
Em relação aos membros superiores, os braços são flexionados a 90º, 
tendo um movimento no sentido anteroposterior (indo para frente e para trás), 
sempre em consonância com o ritmo e amplitude (distância) da passada que 
o marchador utiliza para se deslocar. Com isso, quanto maior for a velocidade 
de deslocamento empregada pelo atleta, mais rápida será a movimentação dos 
 
 
97 
membros superiores. Desse modo, o movimento dos membros superiores 
deve ser o mais natural possível e seguir até o centro do tórax. Ainda, é preciso 
evitar o encolhimento dos ombros para não haver uma fadiga elevada (erro 
técnico). 
 
 
 
 
Já o tronco fica ligeiramente inclinado à frente, havendo um movimento 
contrário à ação do quadril, portanto ocorre uma rotação. Contudo, destaca-se 
que esta não pode ser exagerada. 
Por fim, temos os membros inferiores. Como vimos, os movimentos 
dos membros inferiores apresentam as fases de tração e impulsão, e a perna 
deve tocar no solo somente estendida e permanecer assim até que o segmento 
esteja no plano vertical. 
 
 
 
98 
 
 
As passadas na marcha atlética têm que ser realizadas sobre uma linha 
reta imaginária, que é traçada tendo como referência o calcanhar e a ponta do 
pé, auxiliando o trabalho no quadril. 
 
 
 
 
 
99 
Os movimentos da região pélvica ou quadril são essenciais para o 
desenvolvimento de uma marcha eficiente, pois eles estão relacionados à 
frequência e amplitude das passadas, o que, por consequência, vai gerar uma 
marcha rápida, fluida e econômica. 
Segundo Lopes, Torres e Filho (2012), o movimento do quadril tem duas 
funções: 
• fazer um movimento no plano horizontal acompanhando a perna que 
está em atraso. 
• fazer um movimento no plano vertical (cima/baixo) ao descer ao lado 
da perna que será impulsionada e se elevar coordenadamente com a perna 
que está em tração. 
 
 
 
A ação mecânica da marcha atlética permite desenvolver uma 
velocidade três vezes maior que uma pessoa andando normalmente. Este fator 
é determinado pela frequência elevada de passadas e por sua amplitude. É 
interessante observar que a frequência de passadas de um marchador é 
superior à de um corredor de velocidade ou maratonista (SANT, 2005). 
 
 
100 
 
 
 
 
4.4.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO E 
DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA 
 
É difícil encontrar uma sequência pedagógica ou metodologia para o 
ensino dos movimentos técnicos que compreendem esta prova, mesmo nos 
livros sobre atletismo (MATTHIESEN, 2014). 
Apesar de reunir componentes que possam causar uma impressão de 
dificuldade inicialmente, o ensino da marcha atlética é relativamente simples, 
pois ela é muito semelhante ao andar do ser humano e pode ser inserida em 
diversas tarefas do cotidiano. 
Para incorporar o aluno na marcha atlética, o professor utiliza como 
parâmetroseu próprio andar, aumentando progressivamente a velocidade, até 
a inserção das especificidades técnicas que foram discutidas anteriormente, e 
depois atuar diretamente no desenvolvimento da marcha. 
 
 
101 
Antes disso, entretanto, o aluno deve compreender quais são as 
principais diferenças entre o andar, o marchar e o correr tanto lentamente como 
em velocidade (MATTHIESEN, 2014). Em especial, precisa observar as 
diferenças de ritmo (frequência e comprimento da passada) e os tipos de apoio 
proporcionados em cada situação. 
Para o início da aprendizagem, é necessário que as atividades tenham 
curta duração, caso contrário a fadiga vai diminuir o aprendizado técnico. 
Deve-se explorar atividades que envolvam o andar rápido, até que seja 
possível fixar os movimentos técnicos específicos da marcha. Antes, é vital 
desenvolver as habilidades de movimentos fundamentais (andar, marchar e 
correr) e atentar para os seguintes aspectos (MATTHIESEN, 2014): 
• diferenças de ritmo na realização do deslocamento; 
• intensidade do movimento; 
• frequência e amplitude dos passos; 
• existência ou não da fase aérea (de voo) durante o deslocamento. 
A ideia básica para uma progressão metodológica para o ensino da 
marcha atlética pode ser a seguinte (CND, 1998): 
• Caminhada natural: em uma superfície lisa, deve-se caminhar e ir 
aumentando a velocidade de modo gradual, porém sem correr. Caminha-se de 
forma confortável com um ritmo suave por pelo menos 100 metros. 
• Introdução da técnica da marcha atlética: usando as mesmas 
características da caminhada natural, porém tendo uma impulsão mais forte, 
utiliza-se o quadril à frente (em direção à perna de tração). Mantém-se sempre 
o contato da planta do pé com o solo, juntamente com a extensão do joelho até 
o momento em que ela está na posição vertical, conservando um ritmo por pelo 
menos 100 metros. 
 
 
102 
• Caminhando na linha: aplicam-se os conceitos ensinados no último 
quesito, porém executando os movimentos sobre uma linha, e os pés têm que 
manter o contato na mesma linha. 
• Marcha atlética por uma distância: faz-se a junção dos dois primeiros 
aspectos, porém com distâncias de aproximadamente 400 metros, de modo 
que o aluno mantenha uma velocidade constante, conservando a técnica do 
movimento. Pede-se para que eles fiquem atentos às sensações musculares 
após a prática, principalmente dos músculos anteriores da perna. 
Matthiesen (2014) elenca algumas atividades que podem inserir essa 
sequência trabalhada anteriormente. 
Na atividade 1, os alunos ficam dispostos pelo espaço e começam a 
andar com o objetivo de fitar o apoio dos pés no solo. Devem aumentar 
progressivamente a velocidade do andar e continuar a observar as alterações 
que este aumento provoca no ritmo e na frequência. Precisam notar as 
diferenças do comportamento das pernas, do quadril, do tronco, dos braços e 
da cabeça em velocidades mais lentas e mais rápidas. 
Na atividade 2, aplica-se a mesma dinâmica da atividade anterior. 
Contudo, em vez de andar livremente, eles devem marchar seguindo o ritmo 
ditado pelo professor através de palmas. 
Na atividade 3 os alunos são dispostos em colunas, de preferência com 
a mesma quantidade de alunos em cada uma, ficando de frente para uma linha. 
Após o sinal, eles devem iniciar o deslocamento sobre a linha utilizando a 
técnica da marcha atlética. Pode ser feito em formato de competição, e vence 
a equipe que chegar primeiro no fim da linha. É preciso lembrar que não se 
deve realizar as faltas da marcha atlética, principalmente a falta de contato com 
o solo (fase aérea). 
 
 
103 
A atividade 4 é um pega-pega. Os alunos são colocados em duplas, 
definindo-se quem é o pegador e quem é o fugitivo. Ao comando do professor, 
o fugitivo tem que marchar o mais rápido possível para não ser apanhado pelo 
pegador (da sua dupla), que também estará marchando. 
Na atividade 5 monta-se um circuito no local disponível para fazer a 
prova de marcha atlética propriamente dita. Nela, o aluno deve percorrer 
determinada distância. Será avaliado por árbitros, que as ações técnicas 
pertinentes à modalidade e aplicam as advertências plausíveis segundo as 
regras. 
 
 
4.5 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO 
A técnica da marcha atlética é desenvolvida tendo como base as regras 
que a IAAF (2015), determina como requisito para a modalidade. 
 
 
104 
As provas de marcha atlética são divididas em duas categorias: provas 
de pista e de rua (regra 230.1). 
 
 
 
Nas provas de pista, para um melhor controle, os atletas em provas de 
3000 metros percorrem a pista (7,5 voltas). Nos 5000 metros, eles fazem 12,5 
voltas. É importante lembrar que uma volta na pista oficial de atletismo tem 400 
metros. 
Já a regra 230.2 determina a técnica que se deve empregar durante toda 
a prova de marcha atlética, independentemente da distância que será 
percorrida, ou se é uma prova de pista ou uma prova de rua. 
A marcha atlética é uma progressão de passos, executados de tal modo 
que o atleta mantenha um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer 
(a olho nu) a perda do contato com o mesmo. A perna que avança deve estar 
reta (ou seja, não flexionada no joelho) desde o momento do primeiro contato 
com o solo, até a posição ereta vertical (CBAT, 2015, p. 105). 
Como se pode perceber, essa regra determina os movimentos (técnica) 
bases da marcha atlética. É preciso observar um aspecto: o atleta deve manter 
contato contínuo com o solo, conforme a figura a seguir, na qual ele exibe um 
contato de pelo menos um dos pés com o solo. 
 
 
 
105 
 
 
Já a figura a seguir destaca uma situação na qual o atleta perde o 
contato com o solo, o que caracteriza uma fase aérea, ou seja, uma corrida, o 
que é proibido. 
 
 
 
A perna que toca o solo na passada tem que ter este contato sem 
extensão, não podendo haver nenhuma flexão de joelho até que a perna tenha 
passado pela posição vertical. 
 
 
 
106 
 
 
A característica da marcha atlética é manter uma técnica que promova 
um deslocamento o mais horizontal possível, pois, se a força aplicada durante 
o movimento for vertical, poderá ocorrer a perda de contato com o solo. Para 
identificar tais infrações (perda do contato com o solo e a perna flexionada), os 
juízes somente podem observar sem qualquer auxílio de recurso tecnológico 
como um replay. 
No tocante às punições existentes nas provas de marcha atlética, 
existem duas possíveis: a placa amarela e o cartão vermelho. 
A placa amarela, que é a regra 230.5, está associada a uma advertência 
dada ao atleta, que é aplicada caso o árbitro não esteja satisfeito com os 
movimentos técnicos executados pelo competidor, e essa infração é 
relacionada à perda de contato com o solo e à perna flexionada. 
 
 
 
107 
O atleta não pode receber uma segunda advertência – placa amarela – 
de uma mesma infração de um mesmo árbitro. 
Já o cartão vermelho, que está previsto na regra 230.6, ocorre quando 
o árbitro identifica visualmente que o competidor apresentou a perda de contato 
com o solo ou a flexão de joelho durante qualquer parte do trajeto da prova. 
Para o atleta sofrer uma desqualificação da prova, precisa receber três 
cartões vermelhos de árbitros diferentes. Assim, ele recebe a plaqueta 
vermelha, que lhe informa que está desqualificado da prova. 
Conforme a regra 230.7(b), não pode receber dois cartões vermelhos de 
árbitros distintos, somente se forem de mesma nacionalidade. 
Desqualificação: 
7. (a) Exceto conforme previsto na Regra 230.7 (c), quando três cartões 
vermelhos de três árbitros diferentes são enviados ao ÁRBITRO CHEFE, o 
atleta será desqualificado e informado de sua desqualificação pelo Árbitro 
Chefe ou seu assistente mostrando a plaqueta vermelha. A ausência da 
notificação não implicará a colocação do Atleta desqualificado no resultado 
final. 
(b) Em todas as competições[,] segundo as Regras1.1 (a), (b), (c) ou 
(e)[,] em nenhuma circunstância cartões vermelhos de dois Árbitros de mesma 
nacionalidade têm o poder de desqualificar um Atleta (CBAT, 2015, p. 106). 
Em provas de pista ou de ruas, o atleta que for desqualificado de uma 
prova deve imediatamente deixar o local (a pista ou o percurso na rua). Depois, 
seu número é retirado e assim encerra sua prova. 
Desse modo, vem à luz a seguinte questão: como o competidor sabe 
quantas punições já recebeu? 
 
 
108 
Durante o percurso são colocados um ou mais placares de advertência 
e próximos à chegada para que os atletas sempre permaneçam informados 
sobre o número de advertências que foram aplicadas, assim com o símbolo da 
infração cometida é destacado. 
 
 
 
Resumo 
 
As corridas no atletismo representam uma das formas naturais de o 
homem se locomover do modo mais rápido possível. Como uma competição, 
as corridas foram praticadas em 776 a.C. nos primeiros jogos olímpicos da 
Grécia Antiga. 
Houve uma prova de velocidade de 192 metros, que correspondia a uma 
volta no estádio, e nos jogos seguintes os organizadores foram acrescentando 
outras distâncias e a modalidade foi evoluindo. Nos tempos modernos, os 
 
 
109 
ingleses foram os primeiros a demonstrar interesse pela prática das corridas 
longas, e a partir do século XVIII começaram a ser praticadas em outros 
países. Hoje as corridas oficiais, disputadas em pista, variam de 100 a 10.000 
metros e são organizadas de acordo com suas características técnicas e 
fisiológicas, o que envolve uma classificação especial. Essa classificação é 
identificada quanto à organização, ao desenvolvimento, ao ritmo, ao esforço 
fisiológico, além das provas de rua, que são as mais longas, as corridas em 
pista coberta (indoor) e, finalmente, as provas de marcha. 
Todos os seres humanos possuem uma maneira própria para usar 
esses recursos naturais de locomoção porém, quando se trata de correr em 
disputas esportivas, alguns detalhes técnicos devem ser observados, porque 
proporcionam uma forma mais produtiva de se percorrer a distância desejada. 
Comparando a corrida com a marcha (andar), a diferença principal é: ao andar, 
o corpo sempre está em contato com o chão através dos pés; quando corre, 
há um momento em que o corpo está totalmente no ar, o que caracteriza uma 
fase aérea em cada passada. Além desse detalhe, algumas regras importantes 
devem ser observadas, como a descontração, o equilíbrio, a coordenação e a 
eficácia. 
Para utilizá-las com uma boa técnica de corrida, alguns pontos são 
fundamentais, como a ação total do corpo, seu ângulo de inclinação, o 
movimento dos braços e das pernas e a colocação dos pés no solo. Na técnica 
das corridas de velocidade, que compreendem distâncias de 50 a 400 metros 
e que envolvem a velocidade pura (inata), é preciso considerar outras 
variantes, como: a velocidade de reação, de movimentos cíclicos e a de força. 
O treinamento dessas variantes compõem a preparação do velocista, 
que se completa com a preparação técnica. A técnica de todas as corridas é 
 
 
110 
dividida em fases e o treinamento deve contemplar todas elas, como a saída, 
o desenvolvimento e a chegada. 
Essas mesmas ponderações são também observadas para as corridas 
de meio fundo, fundo e grande fundo. Cada uma dessas provas é disputada 
com regras oficiais específicas, as quais devem ser de conhecimento do 
professor, do técnico e do próprio corredor. 
Na metodologia para o ensino, a execução e preparação do corredor, 
são selecionados exercícios voltados para a melhora do desempenho técnico 
e físico, daí a necessidade do conhecimento técnico de cada uma das provas 
para poder analisar as deficiências. Então, com base nas observações, é 
possível destacar exercícios adequados às devidas exigências. 
 
 5 SALTOS HORIZONTAIS 
 
Os saltos representam um dos grupos de provas de campo que fazem 
parte do atletismo – saltos horizontais (distância e triplo) e saltos verticais (em 
altura e com vara). O ensino de cada de cada uma dessas provas envolve o 
conhecimento da técnica e seus respectivos estilos, bem como as regras 
básicas de competição e os processos pedagógicos utilizados pelo professor 
ou técnico no ensino, desenvolvimento e treinamento para competições. 
Quando se estuda a técnica, é preciso conhecer cada movimento que ela 
possui. Para isso, divide-se o salto em fases e cada uma delas é estudada 
separadamente, e no fim todas são unidas. Teremos, assim, a técnica 
completa. Cabe lembrar que uma mesma técnica pode ser realizada de 
 
 
111 
maneira particular por cada saltador, o que identifica um estilo próprio para 
saltar. 
 A técnica ou mecânica dos saltos é composta de quatro fases comuns, 
que devem ser analisadas isoladamente: 
• corrida de impulso; 
• impulsão; 
• fase aérea (elevação, suspensão ou flutuação); 
• queda ou aterrissagem. 
O conhecimento de cada fase permitirá que o professor ou técnico 
observe possíveis defeitos e virtudes na execução dos saltos nas competições, 
auxiliando-o na escolha dos exercícios para correção e aperfeiçoamento. 
A aprendizagem da técnica pode ser feita através da prática repetitiva 
do salto completo usando o método global, ou pela aprendizagem de cada uma 
das fases separadamente, através de exercícios educativos específicos, para 
unidos formarem o salto como um todo. 
 Essas diferentes maneiras de ensinar caracterizam a metodologia 
utilizada pelo professor, que são os métodos conhecidos universalmente como 
global e analítico. 
Inicialmente avaliaremos o salto em distância, que é a prova mais 
praticada nas competições escolares. Todas as técnicas analisadas serão 
descritas para saltadores que usam o pé esquerdo para impulsão. 
 
 
112 
5.1 Salto em distância 
Para conhecer e identificar a técnica do salto, precisamos analisar cada 
uma das fases que compõem o salto completo. 
 5.1.1 CORRIDA DE IMPULSO 
A técnica do salto em distância começa com a execução de uma corrida 
preparatória, conhecida como corrida de impulsão, que tem como objetivo 
buscar a velocidade ótima e acumular força para fazer a impulsão. É realizada 
no corredor de saltos e deve ser suficientemente longa para que o saltador 
alcance a velocidade ideal para chegar com bastante energia na tábua de 
impulsão (FERNANDES, 2003, p. 80). 
Dependendo da capacidade do atleta em atingir sua velocidade ótima 
para fazer o impulso, a corrida poderá variar de 30 a 45 metros, 
aproximadamente 100 a 150 pés, que é a maneira prática de os saltadores 
medirem a distância total da sua corrida para marcar onde ela deve começar. 
Em resumo, ela deve ter a menor distância que o saltador necessita para atingir 
sua velocidade máxima e deve ser aproveitada no momento da impulsão. 
Conforme a regra, o saltador não pode ultrapassar a tábua de impulso de 20 
cm de largura para não cometer uma falta. Deve usar o máximo dessa medida, 
pois é a partir da borda da frente dessa tábua que é feita a medição do salto. 
Para definir a distância ideal da corrida, considerando todos esses fatores, são 
utilizados três métodos: das tentativas, da corrida inversa e o método 
matemático, conforme Fernandes (2003, p. 80). 
 
 
 
113 
5.1.1.1 Método das tentativas 
Nesse método, a distância da corrida é detectada com a realização de 
várias tentativas da corrida, partindo de uma marca aleatória além de 30 
metros. Essa marca inicial é ajustada a cada corrida, até que seja identificado 
o ponto inicial que permita fazer o saltador chegar à tábua na velocidade ideal 
com o seu pé de impulso e sem cometer falta. É um método utilizado mais por 
iniciantes. 
5.1.1.2 Método da corrida inversa 
Como o próprio nome sugere, para encontrar a distância da sua corrida 
de impulso, o saltador faz a corrida no sentido contrário partindo da tábua de 
impulsão. Então, no ponto em que atinge a maior velocidade, marca-seo toque 
do pé de impulso no chão. 
Após várias execuções para confirmar essa marca, é medida a 
distância, que passa a ser a definitiva. Em seguida é feita a corrida no sentido 
normal. Se necessário, devem ser efetuados ajustes para frente ou para trás e 
assim definir a distância da corrida. 
 
5.1.1.3 MÉTODO MATEMÁTICO 
Aplicado por atletas mais experientes, porque exige uma técnica precisa 
para correr mantendo a uniformidade das passadas. Para encontrar a medida 
da corrida, pede-se para o saltador, partindo em pé, executar a corrida na reta 
da pista de atletismo. Normalmente o ritmo da corrida é crescente até chegar 
ao ponto de estabilidade, quando se atinge sua velocidade máxima, por volta 
 
 
114 
dos 25/30 metros. Quando isso ocorre, as passadas se tornam uniformes e 
com sua máxima frequência. Nesse momento, marca-se a pisada do pé de 
impulso no chão considerando a quarta ou quinta passada (FERNANDES, 
2003, p. 81). 
Em seguida, mede-se a distância do início da corrida até essa marca, e 
depois ela é transferida para o corredor de saltos a partir da tábua de impulsão. 
Então, tem-se a distância que o saltador vai utilizar para saltar. Embora esse 
método seja o mais eficiente, não se pode garantir que alguma falha não possa 
ocorrer, pois há fatores que podem influenciar, como clima, questões 
psicológicas e os próprios torcedores. Também é preciso revisar 
periodicamente essa distância a fim de corrigir possíveis alterações 
necessárias. 
5.1.2 IMPULSÃO 
A impulsão ocorre quando o saltador chega à tábua de impulso com seu 
pé de impulso. Nesse momento toda a força acumulada durante a corrida de 
impulso é transferida para a perna de impulsão, enquanto a perna livre é 
lançada para cima e para frente. O propósito dessa ação é projetar o centro de 
gravidade para cima e para frente ao mesmo tempo. Para isso, a distância da 
última passada deve ser um pouco menor que as anteriores para facilitar a 
saída do saltador do chão sem perda aparente de energias. No instante em 
que o saltador se desprende do chão, o corpo começa a se elevar, iniciando-
se a fase aérea do salto. 
 
 
 
115 
5.1.3 FASE AÉREA 
 
Assim que o pé de impulso perde o contato com o chão, é inaugurada a 
fase aérea ou fase do voo. A trajetória do corpo ou do seu centro de gravidade 
é composta de um momento de elevação para ganhar a máxima altura, depois 
há a flutuação, que deve ser mantida o maior tempo possível para que o atleta 
caia o mais distante que puder. 
Os movimentos do corpo no ar ajudam a dar equilíbrio e favorecem o 
voo do corpo. Os movimentos feitos pelo saltador nesse momento caracterizam 
o estilo de salto usado por ele, que pode ser: salto grupado, carpado, em arco 
e passadas no ar. 
• Salto grupado 
Nesse estilo, que é o mais natural entre todos, o corpo se coloca em 
uma posição na qual as pernas se elevam flexionadas no momento da 
flutuação, e o tronco se aproxima delas, adquirindo uma posição grupada, que 
é mantida até a aterrissagem. 
• Salto carpado 
Contrariamente ao salto grupado, aqui as pernas se elevam estendidas 
no ar e o tronco se flexiona sobre elas. Isso é feito para que as pernas se 
mantenham à frente da cabeça até a chegada à areia da caixa de saltos. Essa 
posição possibilita que os pés retardem sua chegada ao solo, promovendo uma 
queda mais distante. 
 • Salto em arco 
 
 
116 
Nessa forma de salto, ao fazer a elevação do corpo após a impulsão, o 
saltador faz uma extensão completa do corpo no ar, adquirindo uma posição 
arqueada, até terminar a flutuação. Quando começa a se aproximar da queda, 
as pernas se elevam e o tronco se flexiona sobre elas – posição carpada –, 
como se o atleta estivesse sentado no ar. É preciso se manter nessa posição 
até chegar à areia. 
 
• Salto com passadas no ar 
 
É o salto mais complexo e só é eficiente quando se consegue saltar 
muito longe. É utilizado apenas por saltadores de nível elevado, pois eles 
pernas como se o saltador estivesse caminhando no ar. 
Assim, quanto mais tempo ele permanecer no ar, mais passadas se 
consegue fazer, normalmente uma e meia a duas passadas e meia. 
 
5.1.4 QUEDA OU ATERRISSAGEM 
 
 
 
117 
Após a flutuação do corpo no ar durante a fase aérea, inicia-se a fase 
descendente da trajetória que o corpo descreve no ar, momento em que os pés 
devem buscar a areia e finalizar o salto. 
Nesse instante, quanto mais tempo ou mais alto forem mantidos os pés, 
mais longe eles deverão atingir o solo. Para isso, usando a força abdominal, 
as pernas se mantêm estendidas em elevação, enquanto o tronco se flexiona 
à frente, posicionando a cabeça entre os joelhos e os braços para frente. Nessa 
posição, quando os pés chegarem ao chão, o primeiro contato deve ser pelos 
calcanhares para em seguida flexionar as pernas, para que os glúteos sejam 
projetados à frente sobre os calcanhares. 
Caso contrário, se as pernas não forem mantidas elevadas durante o 
maior tempo possível, a descida dos pés na areia é antecipada, tornando a 
queda prematura, o que diminui a medida final alcançada com o salto. 
 
 
 
 
Essa ação faz com que todo o corpo seja projetado à frente, adiante da 
marca que os calcanhares deixaram na areia da caixa de saltos, e é lá que 
será o ponto de medida da distância atingida pelo saltador. 
 
 
118 
Alguns saltadores, quando os calcanhares tocam o chão, imediatamente 
flexionam apenas uma das pernas, o que provoca uma rotação lateral, 
projetando o corpo todo para o lado. Então, o salto finaliza com o saltador 
deitado lateralmente adiante da marca no primeiro contato com os pés na areia. 
Ao término, o saltador deve sair da caixa de areia, pela frente ou pela 
lateral, adiante da marca de sua queda, que ficou na areia, como exige a regra. 
 
5.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO DA TÉCNICA 
 
Para os saltos horizontais, na etapa de iniciação multilateral, a criança 
deve executar atividades que envolvam todos os tipos de experiências 
relacionadas com saltos, principalmente empreendidas em recreação e 
desafios. 
Citamos alguns exemplos: 
• Fixar no local da aula vários tipos de obstáculos, como cones deitados, 
bastões, bolas medicinais, gavetas de plinto etc. e pedir para que os alunos 
saltem todos os obstáculos com impulso em apenas um dos pés. 
• Desenhar no chão uma linha e, paralelamente a ela, dois alunos 
seguram uma corda elevada a 30 cm do chão. Então, as crianças realizam uma 
curta corrida, devendo tomar impulso antes da linha e saltar sobre a corda 
elevada que está colocada a 1 m de distância (figura a seguir). 
 
 
119 
 
 
• Colocar no chão a parte de cima de um plinto e pedir para que os 
alunos façam uma corrida de três passadas, de forma que a última seja com 
o pé sobre o plinto, para fazer a impulsão e saltar para longe, com queda em 
colchões colocados adiante (figura a seguir). 
 
 
 
• Mesmo exemplo que o anterior, mas aqui adiante do plinto deve ser 
colocada uma corda suspensa em um ponto mais alto para que, ao saltar, o 
aluno o faça por cima desse obstáculo, a fim de ganhar altura para cair mais 
longe. 
 
 
120 
Nesses exercícios, o professor deve pedir às crianças que percebam 
com qual pé elas conseguem impulsionar melhor para que cada uma descubra 
qual será sua perna de impulsão. 
Os exercícios que destacaremos (resumidamente) a seguir têm como 
finalidade ressaltar como se pode ensinar a técnica do salto em distância e 
seus respectivos estilos, que devem ser estimulados a partir dos 12 anos de 
idade. 
A sequência é desenvolvida através da aplicação de exercícios 
educativos realizados com dificuldade técnica progressiva. 
Acentuamos a sequência pedagógica para aprendizagem da técnica 
com seus respectivos exercícios: 
• Aluno de frente para dois plintos, sendo o primeiro com duas partes e 
o outro com três, separados com 1,0 m de distância. 
— Execução: fazer uma corrida prévia de cincopassadas, sendo as três 
primeiras antes do plinto, a quarta sobre o primeiro e a quinta sobre o segundo, 
que deve ser feita com o pé de impulso (perna forte), para realizar o salto para 
cima e para frente com queda na caixa de areia ou colchões colocados no 
chão. 
 
 
 
 
 
121 
• Exercício igual ao anterior, mas neste é preciso retirar uma das partes 
dos plintos. O professor se coloca adiante do segundo plinto, segurando um 
bastão posicionado mais alto para que o aluno salte por cima e realize a 
aterrissagem na caixa de areia ou colchão. 
• De modo similar, agora vai tirando gradativamente as partes do plinto 
até que a impulsão passe a ser feita no chão. 
• Continuando de forma similar, aqui a impulsão deve ser feita sobre a 
tábua de impulso. 
À medida que as partes do plinto vão sendo retiradas, devem ser 
acrescidas mais duas passadas na corrida. 
A fase aérea do salto em cada um dos exercícios deve ser realizada 
inicialmente com o corpo grupado, depois na posição carpado e termina 
fazendo o arco. 
 
Após o domínio na efetivação desses exercícios, começam a ser feitos 
os movimentos mais complexos para a aprendizagem do salto com passadas 
no ar. Para tal, deve ser executada a mesma série de exercícios utilizados na 
sequência anterior e com mudanças na fase aérea da seguinte maneira: 
• Feita a impulsão, a perna contrária deve ser lançada para frente e 
nessa posição o corpo deve permanecer até a aterrissagem, que deve ser feita 
com essa perna à frente e a de impulso atrás. 
• Mesmo exercício, só que as pernas são trocadas de posição no ar para 
que a aterrissagem seja feita com a perna de impulsão à frente e a outra atrás. 
• De modo equivalente, aqui devem ser feitas duas trocas da perna que 
vai adiante, e a aterrissagem deve ser executada com as pernas unidas. 
 
 
122 
• Exercício igual, só que agora a corrida prévia é aumentada 
gradativamente para ganhar velocidade até o corredor chegar à distância 
definitiva, que será utilizada para fazer o salto completo em todas as suas 
fases. 
 
5.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO 
Como vimos, o salto em distância é realizado em uma área especial, 
composta de um corredor de 40 m de comprimento por 1,22 m de largura. Esse 
corredor de saltos termina em uma caixa de areia denominada área de queda, 
com 2,75/3,00 m de largura por 10 m de comprimento, no mínimo. 
No fim do corredor, está localizada a tábua de impulsão, que fica 
enterrada no chão ao nível do terreno, a 10 cm de profundidade. Deve ser 
retangular, pintada de branco, com 1,22 m de comprimento por 20 cm de 
largura e 10 cm de profundidade. A borda mais próxima da área de queda é 
denominada linha de impulsão, que é o limite máximo permitido para a 
execução do impulso e local da medição do salto. Logo adiante dessa borda 
da tábua, há uma faixa de plasticina macia, que auxilia o árbitro acusando 
qualquer toque do pé do saltador adiante da linha de impulsão, o que anula o 
salto. 
 
 
123 
 
 
Na competição, o salto é anulado se o atleta cometer as seguintes 
falhas: 
• Passar correndo pela tábua de impulsão sem saltar. 
• Realizar o impulso fora da tábua de impulsão, à frente ou atrás do 
prolongamento da linha de medição. 
• Após a queda na areia, ao sair, tocar o solo em um ponto mais próximo 
da linha de medição da tábua de impulsão em relação à marca de sua queda 
deixada na areia. É obrigado a sair adiante da marca mais próxima da linha de 
medição. 
• Utilizar qualquer tipo de salto mortal durante a corrida ou ao saltar. 
Ao finalizar a tentativa, o árbitro indicará com uma bandeira branca a 
validade do salto ou com uma bandeira vermelha se a tentativa for falha. 
Os saltos devem ser medidos a partir da marca mais próxima do setor 
de queda feita por qualquer parte do seu corpo até a linha de medição. 
Quando participarem mais de oito concorrentes, cada atleta terá direito 
a três tentativas. Então, são classificados os oito melhores saltadores. 
 
 
124 
Subsequentemente, eles têm direito a mais três tentativas adicionais (para que 
seja definido o vencedor), valendo a melhor das seis tentativas realizadas. 
Quando participarem até oito concorrentes, todos terão direito a seis 
tentativas, já válidas como uma avaliação final. 
 
 
 
5.4 SALTO TRIPLO 
 
É considerado uma das provas mais complexas do atletismo por exigir 
uma sucessão de ações com características próprias, porém interdependentes 
entre si, que requerem uma combinação de força, velocidade, agilidade e 
flexibilidade para a realização dos três saltos sucessivos que compõem a 
técnica, bem como a relativa importância que se dá a cada um deles. 
No início da sua trajetória, apresentou um domínio dos saltadores norte-
americanos, em seguida se destacaram os atletas do norte da Europa e, por 
fim, os competidores japoneses e realizaram grandes conquistas nesta 
modalidade. 
Para os brasileiros, é uma prova que marcou fortemente nossa história 
no atletismo. Isso ocorreu porque despontaram talentos que marcaram de 
 
 
125 
forma contundente seus nomes na galeria de campeões nas mais diversas e 
importantes competições mundiais do gênero. 
Trata-se, inicialmente, de Adhemar Ferreira da Silva, tricampeão 
mundial (1950, 1951, 1952) e campeão olímpico nos Jogos de Helsinque 
(1952) e no Pan-Americano da Cidade do México (1955). 
Mais tarde, nos Jogos Olímpicos do México (1968), Nelson Prudêncio 
coloca o Brasil no pódio novamente. Depois, João Carlos de Oliveira (João do 
Pulo) estabeleceu um novo recorde, que perdurou por dez anos, quando foi 
superado pelo norte-americano Willie Banks, com a marca de 17,97 metros. 
Essas conquistas destacam bem o sucesso que esta prova representa 
para o atletismo brasileiro. 
 
5.4.1 Técnica de salto 
Para a realização correta de um salto, é preciso levar em consideração 
uma série de aspectos básicos, como: 
 • completa continuidade de todas as ações do salto, sem descuidar de uma 
fase em proveito da outra, para não prejudicar o conjunto final. 
• no segundo salto, denominado passo, é crucial ganhar altura em sua 
execução. 
• entre todas as provas de campo, o salto triplo é uma das que mais 
exige um elevado grau de relaxamento e muita elasticidade em cada uma das 
aterrissagens. 
 
Analisando a técnica do salto, consideramos as seguintes fases: 
 
 
 
126 
• corrida de impulso 
Tem as mesmas características que o salto em distância. Para 
determinar sua distância, usam-se marcas auxiliares, a descontração e o 
acúmulo de força para realizar a impulsão e manutenção do ímpeto da corrida 
nas últimas passadas antes de o atleta chegar à tábua de impulso. 
 
• impulsão 
Para fazer o salto completo, são necessárias três impulsões 
consecutivas, visto que é uma prova em que são executados três saltos 
consecutivos, cada um com características próprias, o que exige cuidados 
especiais para cada um dos impulsos. 
 
• primeiro salto (hop) 
A impulsão para esse salto é feita sobre a tábua de impulsão, de 
maneira semelhante àquela que se faz no salto em distância, com uma 
pequena diferença relacionada à posição do tronco, que deve ser posicionado 
mais na vertical para não perder o ímpeto para os saltos subsequentes. 
O impulso deve ser realizado sobre a perna mais forte, que, no momento 
da batida, se flexiona ligeiramente, para depois se estender e impulsionar o 
corpo para cima e para frente. 
Ao perder o contato com a tábua, o corpo inicia a sua fase aérea. Pouco 
antes de a perna de impulso terminar a sua ação, a outra perna é lançada à 
frente, estendida e com muita força para no ar trocar de posição com a perna 
de impulso, que passa à frente, ou seja, as pernas fazem um movimento de 
“tesoura” no ar, para que o pé da perna de impulso faça a aterrissagem, porque 
 
 
127 
a impulsão ao segundo salto deve ser feita com o mesmo pé usado no primeiro 
salto. Assim, a aterrissagem do primeiro salto é feitaem apenas um pé. 
 
• segundo salto (step) 
Inicia-se no local onde aconteceu a aterrissagem do primeiro e sobre o 
mesmo pé que tinha feito o impulso anterior. Portanto, lá é realizada a impulsão 
para o segundo salto, que é semelhante a uma ampla passada de corrida 
efetuada no ar. 
O movimento das pernas executado dessa maneira na fase aérea tem 
por objetivo preparar o corpo para finalizar a queda seguinte, que 
obrigatoriamente deve ser feita com o pé contrário. 
 
• terceiro salto (jump) 
O último dos três saltos tem semelhança com o salto em distância 
normal em todos os sentidos, porém é realizado com impulso mais reduzido, 
haja vista a energia gasta na execução dos dois saltos anteriores. 
 
 
128 
 
5.4.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO DA TÉCNICA 
DO SALTO 
 
Todos os exercícios vistos neste livro-texto para a etapa de iniciação ao 
salto em distância servem igualmente ao salto triplo, porém os exercícios para 
impulsão devem ser feitos não apenas com a perna forte, mas também com a 
outra. É preciso desenvolver a capacidade de impulsão de ambas as pernas, 
pois a efetivação da técnica do salto envolve impulsos realizados 
alternadamente com as duas pernas. 
De uma forma resumida, a sequência pedagógica que será 
apresentada a seguir pode ser utilizada para a aprendizagem do salto. Deve 
ser feita de modo fragmentado, sempre buscando começar pelos exercícios 
mais simples e depois dificultar gradativamente, à medida que cada ação seja 
executada com segurança de aprendizado. 
 
 
129 
Primeiro, deve-se traçar uma longa linha reta e pedir ao aluno para 
realizar uma série de saltos de duas impulsões sucessivas em cada perna. 
Ao trocar a perna de impulso, deve-se observar que a ação da mudança deve 
ser feita através de um salto, e não simplesmente com um pequeno passo. 
Depois, do mesmo modo, fixam-se cordas ou bastões ao longo do trajeto 
para que as impulsões sejam realizadas no espaço entre eles. Então, 
igualmente, substituindo os bastões por cones deitados para obrigar que cada 
salto seja mais alto. Ainda de forma igual, os impulsos devem ser feitos em 
sequência de dois (um com a perna forte e o outro com a perna mais fraca), e 
assim sucessivamente. 
Subsequentemente, colocam-se três aros alinhados no chão e um 
colchão de ginástica de solo adiante. O intervalo entre esses objetos deve ser 
separado de acordo com a capacidade de impulsão dos executantes. 
Em relação à execução, é preciso fazer uma corrida prévia de cinco ou 
sete passadas. O pé da primeira impulsão deve ser colocado no interior do aro, 
e o atleta deve saltar e aterrissar no aro seguinte com o mesmo pé que fez a 
impulsão; realiza novo impulso nesse segundo aro para aterrissar no outro com 
o pé trocado; nova impulsão nesse pé e queda com ambos os pés no colchão. 
Então, se a perna forte for a esquerda, a sequência será: E, E, D e DE sobre o 
colchão. 
Continuando no mesmo exercício, deve-se substituir o terceiro aro pela 
parte de cima de um plinto para que a queda do pé trocado e o último impulso 
sejam feitos sobre o cone para o competidor aterrissar com os dois pés no 
colchão. 
Por fim, retiraram-se os objetos utilizados e no lugar do primeiro aro 
desenha-se a tábua de impulsão. 
 
 
130 
Isso é feito para que a corrida preparatória seja ajustada de forma que 
o pé de impulso para o primeiro salto toque sobre ela e seja feito o salto 
completo, sendo finalizado sobre o colchão. Caso exista uma pista com a área 
de salto, esse exercício deve ser feito nesse local. 
À medida que o salto completo já estiver sendo empreendido com 
desembaraço, o ajuste seguinte deve ser feito com a corrida de impulso, até 
que ela seja realizada na sua totalidade, e assim a técnica do salto estará 
concluída. 
5.4.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO 
 
As regras básicas de competição do salto triplo são praticamente as 
mesmas do salto em distância, somente sendo acrescentadas algumas 
particularidades. 
O corredor de saltos e a área de queda são as mesmas, apenas a tábua 
de impulsão está colocada a 13 m (para os homens) e 11 m (para mulheres) 
de distância da área de queda. 
O salto deve ser feito com impulso em um só pé, uma passada e mais 
um salto. 
 
Em competições, o salto triplo deverá ser executado de forma que a 
queda do primeiro salto seja realizada sobre o mesmo pé que fez a impulsão 
inicial; o segundo, com impulso no mesmo pé do primeiro salto e queda no 
contrário e, por fim, o impulso final usando o mesmo pé que fez a queda do 
segundo salto. 
O salto é anulado se o atleta cometer as seguintes falhas: 
• Passar correndo pela tábua de impulsão sem saltar. 
 
 
131 
• Executar o impulso fora da tábua de impulsão, à frente ou atrás do 
prolongamento da linha de medição. 
• Após a queda na areia, ao sair, tocar o solo em um ponto mais próximo 
da linha de medição da tábua de impulsão em relação à marca de sua queda 
deixada na areia. É obrigado a sair adiante da marca mais próxima da linha de 
medição. 
• Utilizar qualquer tipo de salto mortal durante a corrida ou ao saltar. 
Ao finalizar a tentativa, o árbitro indicará com uma bandeira branca a 
validade do salto ou com uma bandeira vermelha se a tentativa for falha. 
Os saltos devem ser medidos a partir da marca mais próxima do setor 
de queda feita por qualquer parte do seu corpo até a linha de medição. 
Quando participarem mais de oito concorrentes, cada atleta terá direito 
a três tentativas. 
Então, são classificados os oito melhores saltadores. 
Subsequentemente, eles têm direito a mais três tentativas adicionais (para que 
seja definido o vencedor), valendo a melhor das seis tentativas realizadas. 
Quando participarem até oito concorrentes, todos terão direito a seis 
tentativas, já válidas como uma avaliação final. 
 
6 SALTOS VERTICAIS 
6.1 SALTO EM ALTURA 
 
O salto em altura, prova muito praticada nas aulas de educação física 
escolar, é uma especialidade do atletismo que passou por constantes 
evoluções técnicas, principalmente a partir do ano de 1895, quando surgiu o 
 
 
132 
chamado estilo do leste, usado pelo norte-americano Michael Sweeney, que 
alcançou a marca de 1,97 metros realizando uma corrida de frente para o 
sarrafo. 
Foi o início de uma história da modalidade, que passou por várias 
modificações em sua técnica e estilo. 
Em 1917, o também norte-americano Larson ampliou o recorde para 
2,07 metros, seguido por seu compatriota George Spitz, em 1933, com o novo 
estilo – cortado, saltando 2,03 metros. Nesse mesmo período, muitos estilos 
surgiram, mas sem que seus praticantes conseguissem melhorar os recordes. 
Todavia, obtendo marcas expressivas com as novidades apresentadas, como 
o estilo a cavalo a partir de 1930, que foi sendo aperfeiçoado e utilizado por 
muitos anos até surgir o estilo cravado a cavalo, com o qual o soviético Yuri 
Stepanov fixou um novo recorde mundial em 1957, com 2,16 metros. Esse 
estilo passou a ser exercido por muitos saltadores, que atingiram excelentes 
resultados com o nova forma. 
Pouco depois, com pequenas modificações do novo estilo, que passou 
a ser chamado de tesoura, o soviético Valery Brumel conquistou novo recorde 
mundial com a fantástica marca de 2,28 metros em 1963, que durou até 1971. 
Nesse meio tempo, surge uma técnica revolucionária nas Olimpíadas do 
México (1968) que surpreendeu o mundo do atletismo. Foi aplicada pelo norte-
americano Richard Fosbury, que realizou uma corrida de impulsão para saltar 
de forma circular, elevando o corpo em rotação para se colocar de costas para 
o sarrafo e nessa posição efetuar a passagem do aparelho. 
Esse novo e surpreendente estilo passou a ser chamado de Fosbury 
Flop, apenas flop ou estilo de costas. 
 
 
133 
A partir daí os recordes passaram a ser batidos constantemente, e os 
principais destaques ficaram por conta do alemão Gerd Wessig, com 2,36 
metros – recorde olímpico e mundial; em seguida,no ano de 1988, o ucraniano 
Gennadi Avdeyenko, com 2,38 metros – Jogos de Seul. 
Entretanto, o grande nome dessa prova ainda é o cubano Javier 
Sotomayor, que desde 1993 detém a marca histórica de 2,45 metros. 
 
 
6.1.1 TÉCNICA DE SALTO 
 
Para entender a técnica de salto em altura, analisaremos as duas 
técnicas hoje praticadas, que são o estilo rolo ventral e o flop. 
 
 
 
134 
 
 
O rolo ventral é aplicado nas escolas, já o flop é usado em diversos 
locais. 
Começamos pelo rolo ventral, analisando cada fase que compõe esse 
estilo. Usaremos como exemplo a figura a seguir, com suas respectivas letras 
quanto às posições dos atletas. 
Para melhor entender a técnica, devemos dividi-la em fases, com suas 
características particulares, que se unem como um todo para realizar o salto. 
 
• Corrida de impulso (a, b, c, d, e, f, g, h, i, j) 
Para que a corrida seja bem executada, devem ser observados alguns 
fatores importantes, como velocidade, direção e extensão. 
A corrida de impulso é feita em linha reta no sentido diagonal em relação 
ao sarrafo, com 7 a 11 passadas. Qualquer que seja a extensão e a velocidade 
empregada, é indispensável muita técnica e ritmo para efetivá-la. 
Em seu início, deve ser feita uma marca que permita ao saltador chegar 
próximo da barra no melhor ponto para fazer a impulsão. Alguns saltadores 
costumam partir com 3 a 4 passadas preliminares antes de tocar a marca 
inicial, para assim conseguirem desenvolvê-la com mais exatidão. 
 
 
135 
O ângulo ou direção da corrida é pessoal, variando de 30 a 40 graus. 
Quanto mais se aproxima da linha perpendicular do sarrafo, mais fácil se torna 
saltar verticalmente, porém isso dificulta a impulsão, porque a perna contrária 
se eleva estendida nesse estilo, o que pode fazer com que toque e derrube o 
sarrafo. Ao contrário, se o ângulo for mais aberto – com o saltador correndo 
mais paralelamente ao sarrafo –, será possível fazer uma impulsão mais 
distante, facilitando o chute, mas a impulsão vertical será executada com mais 
dificuldades. 
Quanto maior for a altura a ser ultrapassada, maior será a força a ser 
acumulada durante a corrida, o que reveste de importância essa fase. Quando 
não for realizada de forma ideal, prejudicará as fases seguintes. 
 
• Impulsão (l, m, n, o) 
Determina a direção e a força ascendente do salto, combinando o 
ímpeto horizontal com a ascensão do corpo à vertical. 
Para isso, as três últimas passadas da corrida devem ser suaves e 
rápidas e cada vez mais amplas para provocar uma ligeira inclinação do corpo 
para trás e aproximar o centro de gravidade do chão, para que o pé de impulso 
se apoie à frente do corpo, colocando-o em uma posição favorável ao chute da 
outra perna na direção vertical. 
Feito o apoio do pé de impulso, começa a ação do chute da perna 
contrária, que deve ser lançada para cima, estendida e com muita explosão. 
Quanto mais estendida ela estiver, maior será a energia transmitida para o 
impulso e elevação ascendente do corpo. 
 
• Elevação (p, q, r, s) 
 
 
136 
Corresponde à subida do corpo em direção ao sarrafo. 
Após o chute da perna livre, a perna de impulso se estende 
vigorosamente e assim o pé de impulso deixa o chão. Nesse momento se inicia 
a fase aérea do salto, com o corpo se elevando verticalmente na direção da 
barra (sarrafo). Todos os movimentos executados nessa fase têm sua origem 
ainda no solo. 
Desse modo, a perna de chute se mantém em extensão até sua 
chegada acima da barra, enquanto a perna de impulso vai se flexionando e 
afastando o joelho para fora, o que provoca um giro do corpo em torno do seu 
eixo longitudinal. O braço correspondente à perna de chute deve ser projetado 
juntamente com ela para o outro lado do sarrafo, enquanto o corpo vai se 
posicionando paralelamente a ele e, nessa posição, quando a perna de chute 
já estiver totalmente do outro lado da barra, termina a elevação com o corpo 
posicionado com o ventre e o peito voltado para ela. Assim, finaliza-se a fase 
da elevação. 
 
• Suspensão (t) 
Concluída a fase da elevação, o corpo se encontra sobre a barra. Esse 
é o momento exato em que o corpo terminou a sua elevação e, como se 
estivesse parado no ar, começa a girar em torno do seu eixo longitudinal, que 
está paralelo ao sarrafo, iniciando a transposição. 
 
• Passagem sobre a barra (u, v, x, z) 
Com o corpo sobre e de frente para o sarrafo, com a perna de chute 
estendida e a de impulsão flexionada, começa o giro em torno do seu eixo 
longitudinal, que é provocado pelo afastamento do joelho da perna de impulsão 
 
 
137 
para fora, o que faz o corpo girar para o outro lado da barra como se estivesse 
rolando para o outro lado. Daí o nome rolo ventral, que identifica esse estilo de 
salto. 
 
• Queda (z) 
Assim que o corpo contorna completamente a barra (v, x), com a barra 
ultrapassada, está encerrado o salto. O corpo, completamente relaxado, deixa-
se cair naturalmente em direção ao colchão e finaliza a tentativa. 
 
• Fosbury (flop) 
 
 
138 
A figura a seguir apresenta a sequência completa das fases do salto. 
Faremos sua análise de modo similar ao salto anterior, destacando as 
respectivas letras da figura. 
 
 
• Corrida de impulso (A) 
A corrida de impulso nesse estilo de salto é particular, diferente de todos 
os outros estilos de salto em altura. 
Feita com 9 a 13 passadas, a corrida é realizada em curva para 
aproveitar a força centrífuga para projetar o corpo ao outro lado do sarrafo. O 
fim da corrida é o momento mais importante porque ocorre a preparação para 
a impulsão. Para isso, há um aumento da velocidade no fim das três últimas 
passadas, momento em que a curva é mais fechada do que no início da corrida. 
Alguns saltadores, para melhorar a velocidade inicial, fazem a partida 
em linha reta para terminar em curva, enquanto outros já iniciam em uma curva 
de raio maior para finalizar na curva de raio menor na preparação para a 
impulsão, momento em que ocorre uma acentuada inclinação do corpo para o 
centro do círculo. 
 
 
139 
 
• Impulsão (B) 
Especialistas em biomecânica consideram que a impulsão é a fase mais 
importante do salto. 
Devido à forma circular em que é realizada a corrida, a impulsão é feita 
nas proximidades do poste de suporte do sarrafo em um ponto situado a 1 m 
de distância do aparelho. 
A perna de impulso é a externa em relação à barra, portanto, se o 
saltador usa a perna esquerda para a impulsão, deve fazer a corrida no lado 
direito da pista. 
Diferentemente do salto rolo ventral, no momento da impulsão – no flop, 
a perna não se flexiona tanto, permanece quase que estendida para uma 
melhor transformação da velocidade horizontal da corrida e velocidade vertical, 
o que proporciona um impulso superior. 
Em seguida, o corpo se posiciona verticalmente e o tronco começa a 
elevar-se com ajuda dos braços, que são projetados para cima. Nesse mesmo 
instante, a perna livre se flexiona em 90º e projeta o joelho para o alto 
simultaneamente com o tronco e os braços, e se move em direção do centro 
do círculo em movimento contrário ao da cabeça, que permanece voltada com 
o olhar dirigido para a barra. 
A partir da combinação dessas ações, o corpo inicia sua trajetória aérea 
na direção da barra a ser ultrapassada. 
 
• Elevação (B, C) 
Quando o pé de impulso perde o contato com o chão, o corpo começa 
a se elevar verticalmente. 
 
 
140 
Com uma rotação criada com o pé ainda no solo, o joelho da perna 
contrária, que foi projetado energicamente para cima no momento da impulsão, 
gira para o centro do círculo utilizado na corrida. Essa ação provoca uma 
rotação de todo o corpo em torno do seu eixo longitudinal, majudado pela 
projeção enérgica do braço contrário à perna de impulso, o que faz com que 
as costas do saltador se coloquem voltadas para a barra. 
Todas essas ações, realizadas conjuntamente durante a elevação docorpo, preparam o saltador para se posicionar de costas sobre a barra, quando 
termina a elevação e inicia a transposição da barra (sarrafo). 
 
• Passagem sobre o sarrafo ou barra (D, E) 
Terminada a elevação do corpo, que é proporcional à força de impulso 
aplicada, o tronco do saltador, em total descontração, está posicionado de 
costas sobre a barra como se estivesse suspenso no ar, e então começa a 
manobra para a superação do sarrafo. 
A passagem sobre a barra começa pela cabeça e pelo braço contrário 
à perna de impulso. Assim que estiverem do outro lado, os quadris chegam 
sobre a barra e são projetados para cima, enquanto as pernas se mantêm 
relaxadas e o corpo adquire uma posição em arco ou ponte. 
Logo que os quadris ultrapassam a barra, essa posição arqueada deve 
ser desmanchada rapidamente. 
Isso se faz através da flexão da cabeça sobre o peito juntamente com 
as pernas, que são projetadas para cima, o que faz com que o corpo passe 
totalmente para o outro lado da barra e conclua a passagem. 
 
• Queda ou aterrissagem (F) 
 
 
141 
Concluída a passagem, o corpo está na trajetória descendente em 
direção ao colchão, que amortecerá a queda. 
Para não correr o risco de as pernas tocarem na barra durante a descida 
do corpo, as pernas devem se manter afastadas (estendidas na vertical) e ser 
lançadas para trás da cabeça, provocando um ligeiro rolamento para trás. 
O primeiro contato no colchão é feito pelos braços, que ficam afastados 
lateralmente para absorver o primeiro impacto, seguido dos ombros e da nuca. 
Todos esses procedimentos eliminam qualquer risco de contusão 
provocada pela queda, concluindo-se com sucesso o salto. 
 
6.1.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO DA 
TÉCNICA DO SALTO 
 
Dentre os métodos utilizados para o ensino da técnica, os mais 
aplicados são o analítico (passo a passo ou das partes) e o global 
(aprendizagem através da repetição do salto completo). 
Destacaremos um exemplo resumido, uma sequência pedagógica para 
a aprendizagem da técnica do salto no estilo flop para que você possa entender 
o método e como essa técnica pode ser ensinada através do método analítico. 
Todos os exercícios acentuados aqui devem ser realizados para 
aqueles que usam o pé esquerdo de impulso. 
• Executar corridas em volta de um círculo de vários tamanhos, com 
raios variados entre 5 a 10 metros. 
 
 
142 
• Mesmo exercício. Ouvindo um sinal do professor, o aluno salta para 
cima com impulso no pé esquerdo, elevando o joelho da perna direita 
flexionado. Deve manter esse joelho elevado até voltar para o chão apoiando-
se no mesmo pé que fez o impulso (esquerdo). 
• Mesmo exercício. Contudo, ao elevar-se, deve ser feito um giro de 90 
graus no ar e a queda no mesmo pé que fez o impulso. • Em duplas (um de 
frente para o outro). Na execução, um dos alunos fica em pé voltado para seu 
companheiro, com o braço direito elevado lateralmente à horizontal. O parceiro 
faz uma corrida de três passadas para tomar impulso, elevando o joelho 
flexionado da perna contrária para tentar atingir a mão do companheiro com 
esse joelho. 
• Exercícios para adaptação à queda de costas: em pé sobre um plinto 
com quatro partes, colocado à frente do colchão de quedas, com as costas 
voltadas para o colchão. Sem tomar impulso, o aluno deixa o corpo cair para 
trás, soltado as costas no colchão. Os braços devem apoiar-se lateralmente na 
queda. 
• Mesmo exercício. Agora ocorre uma pequena impulsão para cima e 
para trás, para cair sobre os ombros com os braços afastados do corpo, a fim 
de evitar a queda sobre eles. 
• Mesmo exercício, mas com a barra ou sarrafo colocado nos postes na 
altura dos quadris do aluno. Na execução, o aluno deve saltar por cima da barra 
tomando cuidando para não tocar os quadris ou outra parte do corpo na barra 
e assim derrubá-la dos postes. Finaliza-se com as pernas elevadas à vertical. 
 
 
143 
• Repete-se o exercício anterior. Retira-se, gradativamente, uma parte 
do plinto, para que seja aumentada a distância entre o ponto de impulsão e a 
barra, até que o impulso passe a ser realizado do chão. 
• Executa-se uma corrida em curva com três passadas para fazer a 
impulsão no pé esquerdo logo após o poste do lado direito. Quando o corpo 
sair do chão elevando-se à vertical, deve ser produzido um giro de 90º para o 
lado esquerdo, colocando-se as costas voltadas para o colchão. Não se deve 
saltar a barra e, ao voltar ao chão, o contato deve ser com o mesmo pé que 
fez o impulso, para em seguida fazer uma corrida para o centro do círculo. 
• Mesmo exercício, mas aqui se deve saltar realizando a passagem da 
barra utilizando a técnica de passagem da forma que foi treinada nos exercícios 
anteriores. 
• Mesmo exercício. Aumenta-se gradativamente a distância da corrida 
para 5, 7, 9 até 11 ou 13 passadas, saltando com a técnica final do estilo flop 
ou salto de costas. Essa sequência de exercícios pode ser aumentada 
conforme as necessidades ou cada movimento ser treinado isoladamente, 
através de exercícios educativos, para corrigir ou melhorar as ações técnicas 
do salto. 
 
A seguir citamos sete exemplos para o condicionamento físico 
específico para o saltador: 
• Em decúbito dorsal, fazer a ponte: elevar o quadril mantendo o apoio 
dos pés e das mãos no chão por cima dos ombros. 
 
 
144 
• Saltos à vertical: elevando o joelho da perna livre flexionada e tentando 
colocar a cabeça em uma bola suspensa no ar. 
• Saltos no mesmo lugar com pequenos halteres nas mãos, usando 
apenas a perna forte para fazer a impulsão. A perna livre se eleva flexionada. 
• Saltos em progressão para cima e para frente, alternando o pé de 
impulso. 
• Ficar em pé, com halteres nos ombros e a ponta dos pés apoiada em 
um plano elevado. Na execução, elevar o corpo impulsionado pela extensão 
dos pés, subir e voltar. 
• Meio agachamento com halteres nos ombros. 
• Com halteres nos ombros, fazer a posição a fundo alternando a perna, 
que se afasta para frente. 
 
6.1.3 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO 
A ordem em que os saltadores farão suas tentativas será definida por 
um sorteio ou conforme regulamento da competição. Para começar a prova, o 
árbitro anuncia a altura inicial e as alturas subsequentes nas quais a barra 
(sarrafo) será elevada. Cada saltador terá direito a três tentativas no local em 
que a barra estiver colocada, e ele poderá iniciar suas tentativas em qualquer 
altura em que a barra estiver fixada. Independentemente da altura em que 
estiver saltando ou das falhas que cometer, o saltador não poderá ter mais de 
três falhas consecutivas. 
 
 
145 
Dessa forma, após ter falhado uma vez em uma determinada altura, ele 
poderá deixar de saltar os demais saltos a que tem direito para usar as 
tentativas restantes na próxima altura. Mesmo depois que todos os demais 
atletas já tenham terminado suas participações, um único saltador tem direito 
a continuar suas tentativas até perder o direito a continuar saltando, isto é, após 
três falhas consecutivas. 
As alturas nas quais a barra será elevada nunca deverão ser inferiores 
a dois centímetros, e a impulsão para o salto deverá ser feita em apenas um 
pé. Será considerada falha se o saltador, de alguma forma, derrubar a barra 
ao realizar sua tentativa ou tocar o solo além do plano dos postes, incluindo a 
área de queda, antes de ter feito o salto. Se a barra for derrubada por algum 
fator externo, vento, por exemplo, a tentativa não será classificada como falha. 
A distância entre os postes de suporte da barra não deverá ser inferior 
a 4 metros. Será vencedor o saltador que ultrapassar a maior altura. Em caso 
de empate, devem ser adotados alguns procedimentos. 
Será considerado vencedor o saltador que: 
• 1º – Tiver o menor número de saltos realizados na altura em que 
ocorreu o empate. 
• 2º – Tiver o menor número de saltos falhos em toda a competição. 
• 3º – Se aindapersistir o empate, devem permanecer na mesma 
colocação, a não ser quando se trata do primeiro colocado. Neste caso, a barra 
será elevada ou abaixada, com direito a apenas uma tentativa, até que alguém 
falhe. 
 
 
146 
Exemplo: 
 
Os atletas C, D, A, E (tabela anterior) terminaram empatados, com 2,00 
m ultrapassados. Aplicando os critérios de desempate, chegamos à 
classificação final. 
Pelo primeiro critério de desempate, o competidor D e A continuam 
empatados, já o C e o E na mesma altura falharam duas vezes. Aplicando o 
segundo critério, o D vence o A por ter menor número de falhas em toda a 
competição, sendo o vencedor, e o A fica em segundo. 
No terceiro lugar houve empate entre C e E em 2,00 m, porém o C fica 
em terceiro porque tem menos falhas que E em toda a competição. 
Finalmente, o saltador B ficou em último lugar porque saltou menos que 
os demais. 
 
6.2 SALTO COM VARA 
Assim como outras disciplinas do atletismo, o salto com vara não 
apresenta uma origem exata, pois acaba se confundindo com diversos 
 
 
147 
movimentos usados para a sobrevivência de muitos povos na Antiguidade 
(FREITAS, 2009). 
Os primeiros relatos sobre o salto com vara provêm de várias partes do 
mundo, tendo funções e objetivos específicos, mas é na Grécia Antiga que são 
registradas as primeiras provas em que se utilizava uma vara para a execução 
de um salto em competições. 
Na Espanha destaca-se uma atividade muito semelhante aos saltos 
praticados pelos gregos. Todavia, em vez de cavalos, são realizados saltos 
sobre touros. Há informações de que são praticados desde o século XVIII e 
XIX, como podemos notar na imagem a seguir (FREITAS, 2009). 
 
 
Esse tipo de exibição ainda ocorre no festival de San Firmin (São 
Firmino), juntamente com as touradas, em que os competidores saltam sobre 
os touros com auxilio ou não de uma vara. Além do intento esportivo ou para 
atividades como travessia de rios e lagos, o salto com vara era utilizado para 
fins militares (FREITAS, 2009). 
 
 
148 
Segundo o autor, na Antiguidade o salto com vara poderia ser agrupado 
com as seguintes características e objetivos: 
• Primeiros relatos com os povos gregos e celtas como prática esportiva. 
• Com o fito de aspecto utilitário – para transpor obstáculos naturais 
como valas e rios. 
• Usados como forma de defesa ao ataque de animais ferozes ou em 
uma perseguição, além de exibição acrobática com animais. 
• Treinamento de jovens gregos, que utilizavam as próprias lanças como 
implemento para o salto – para ser usado com recurso em batalhas, tanto em 
fugas como em ataques. 
• Fazia parte de rituais religiosos do povo celta. 
• Aplicado pelos irlandeses para vencer distâncias como altura. 
Seguindo para a Idade Moderna, na Holanda havia um esporte chamado 
de fierljeppen, que pode ser considerado uma evolução do uso diário da vara 
para saltar lagos, muros e rios. Neste esporte, o objetivo é saltar sobre um 
canal com água, atingindo a maior distância possível (FREITAS, 2009). O 
atleta faz uma corrida sobre uma plataforma de madeira, sem a vara ou o 
implemento, que estava no fim da plataforma, já com sua ponta apoiada dentro 
da água. Então, com o impulso da corrida, o saltador tinha que tentar chegar 
até a outra margem. Eles poderiam alcançar distâncias de mais de 20 metros 
(FREITAS, 2009). 
 
 
149 
 
 
 
 
A técnica inglesa era um pouco diferente do que conhecemos hoje, o 
atleta se deslocava em baixa velocidade, e quando apoiava o implemento no 
solo, ele o escalava até transportar o sarrafo (obstáculo) por completo e jogava 
a vara para trás (FREITAS, 2009). 
Inicialmente as varas eram de madeira, o que as tornava muito pesadas, 
e carregá-las tornava-se um trabalho com muita dificuldade. Esse tipo de vara 
 
 
150 
foi utilizado somente na primeira edição de Jogos Olímpicos (1896), pois nos 
Jogos de Paris (1900) passaram a ser de bambu (FREITAS, 2009). 
Na década de 1950, as varas de metal foram aplicadas. Não 
apresentavam uma melhora significativa nos resultados obtidos em 
comparação à vara de bambu, mas promoviam maior acessibilidade ao 
implemento aos atletas. 
Os materiais sintéticos surgem como opção para a substituição do metal 
nas varas, principalmente a fibra de carbono, fibra de vidro, epóxi ou uma 
combinação dessas substâncias, que começaram a ser usadas pelos 
americanos em 1956. 
 
 
 
Esse material assegurou uma nova fase à disciplina. Observou-se que 
não era necessário que somente atletas altos e velozes participassem da 
prova, pois o utensílio possuía flexão extraordinária, proporcionando uma 
espécie de efeito de estilingue, o que é explicado pela utilização da energia 
cinética produzida pelo movimento da vara. 
 
 
 
151 
 
 
A mudança de material, juntamente com algumas alterações técnicas, 
viabilizaram alterações significativas nos resultados alcançados. Isso pode ser 
observado no estudo realizado por Froes e Haake (2001), que analisaram as 
marcas de 1896 até 1996. 
 
 
 
152 
6.2.1 TÉCNICA DE SALTO 
O salto com vara é uma modalidade do atletismo que possui técnica 
muito complexa, que é composta de várias fases e subfases que se interligam 
e apresentam uma estrutura rítmica (PEREIRA, 2002). 
Além do aspecto rítmico, o salto exige um conjunto de habilidades 
motoras e capacidades físicas, o que requer um equilíbrio entre tais faculdades 
e aptidões no mesmo indivíduo, que deve ter uma boa estrutura psicológica 
(MARTINS, 2007). 
Muitas vezes a disciplina de salto com vara é comparada às atividades 
desenvolvidas pela ginástica, ou seja, uma atividade gímnica, o que ocorre por 
conta das características do movimento que acontecem principalmente na fase 
aérea (MARTINS, 2007; FREITAS, 2009). 
De acordo com a literatura, não há um consenso a respeito de uma 
nomenclatura uniforme ou padronizada para essas fases. 
 
 
 
 
153 
 
 
 
 
154 
 
 
Além da complexidade do movimento, a diferença entre a vara rígida e 
a flexível provoca alterações técnicas no movimento, por isso vamos descrever 
as técnicas para ambas. 
Apesar de a vara flexível ser usada em competições de alto rendimento, 
nem todos os locais terão acesso a ela. Isso ocorre devido ao seu alto custo, 
por isso muitos optam pela vara rígida. Matthiesen (2014) considera que as 
fases do salto com vara são: empunhadura, corrida, preparação para o encaixe 
e o salto, que envolve as fases de impulsão, elevação, giro e transposição e, 
por último, a fase da queda. 
 
 
155 
• Empunhadura: é preciso manter a vara na posição horizontal, com a 
ponta em ligeira elevação. O braço que está à frente deve estar em um ângulo 
de 90º, quase que paralelo ao solo, sendo que a mão apanha a vara por cima, 
principalmente utilizando o polegar e indicador (com a palma da mão voltada 
para baixo). O outro braço que estará atrás também apresenta uma flexão de 
90º, com o cotovelo para cima, e segura firmemente bem próximo à 
extremidade da vara. A posição de mão de trás pode variar de acordo com o 
aluno ou atleta, e o ideal é que a palma da mão esteja voltada para cima. 
• Corrida: deve ter uma velocidade progressiva, e, quanto maior for a 
velocidade final, com maior altura será o salto. Contudo, mais difícil será o 
controle da impulsão. Com a vara posicionada do lado contrário à perna de 
impulsão, com a ponta da vara elevada, ela é abaixada à medida que vai se 
aproximando do encaixe para realizar esta próxima fase. 
• Preparação para encaixe: durante a corrida, ocorre a troca da posição 
da vara. Nos últimos três passos, a vara começa a ser abaixada suavemente 
em direção à área de encaixe. Um detalhe relevante é que a velocidade de 
corrida não pode ser diminuída nem haver nenhum tipo de frenagem, e sim o 
preparo para a impulsão. 
• Encaixe, impulsão e elevação: em relação ao encaixe, o principal é 
ter uma boa colocação davara, com coordenação da movimentação de braços, 
deslocamento do peso do corpo e a velocidade sendo transferida para a vara 
com a menor desaceleração possível. Com a execução do encaixe, neste 
instante é realizada a elevação. 
 
 
156 
Esta ação deverá ser feita de modo suave: a perna contrária da mão 
que está à frente deverá elevar o joelho, ou seja, a perna de impulsão é a que 
está do mesmo lado da mão que vai à frente. Se todas as fases anteriores 
forem bem executadas, a elevação, principalmente em direção ao sarrafo, vai 
produzir um bom salto. O trabalho dos membros inferiores é essencial nesta 
fase. A vara estará ao lado dos ombros, com a impressão de que o corpo está 
enrolado, ou seja, em uma posição grupada. 
À medida que ocorre a elevação, as pernas são estendidas, ficando 
praticamente paralelas à vara e junto ao corpo. Então, há uma inversão do 
corpo: as pernas ficam estendidas para cima e a cabeça para baixo. A 
diferença entre a vara rígida e a vara flexível é que, devido às forças que atuam 
na vara flexível, este trabalho de elevação é muito mais intenso. 
 
 
• Giro: vai ocorrer no fim da fase de impulsão, na qual o corpo executa 
uma rotação em 180º cruzando uma perna sobre a outra, não realizando 
nenhum tipo de movimento lateral. Com esse giro, é efetuado o último impulso 
 
 
157 
para conseguir fazer a transposição da barra, estendendo os braços e dando 
um empurrão para cima. 
• Transposição: quando se solta a vara. Se todos os movimentos 
anteriores forem bem executados, o soltar a vara é simples e natural, 
empurrando-a na direção contrária ao salto para que ela não derrube a barra. 
Lembrando que a transposição é uma consequência da fase de giro, 
anteriormente descrita. Poderá ser feita de uma maneira lateral ou ventral 
(sobre o abdome). 
• Queda: operada após a transposição da barra, hoje é feita sobre um 
colchão, com isso os atletas caem de costas nele. No início da modalidade, a 
queda era feita em pé, pois não havia um colchão para cair, mas sim uma caixa 
de areia fofa. 
 
 
 
 
 
158 
 
Como discorrido até o momento, o salto com vara é um conjunto de 
movimentos inserido em diversas fases. 
Atualmente os recordes são: 
 
 
O atleta brasileiro de destaque nesta disciplina é Tiago Braz, que 
conquistou a inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 
(2016), atingindo a marca de 6,03 metros. 
6.2.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO E 
DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA 
 
O ensino da técnica do salto com vara, mesmo apresentando uma 
complexidade elevada, pode e deve ser ensinado a crianças. O ideal é primeiro 
usar a vara rígida e em seguida realizar a transição para a vara flexível. O 
 
 
159 
ensino com a vara rígida ocorre pela facilidade a materiais como cabos de 
vassoura e bambus com tamanhos menores. É necessário ter atenção com a 
integridade do aluno para não haver acidentes nas quedas. Assim, é essencial 
fazer a correta adaptação no uso do material e destacar bem os aspectos 
técnicos. 
O primeiro ponto a ser trabalhado é o conhecimento do aluno sobre a 
vara, pois ele deve criar consciência de que é um instrumento que deve ser 
manipulado com confiança e, se bem utilizado, vai ajudá-lo a desenvolver a 
disciplina. Recomenda-se deixar o aluno manipular a vara de diversas formas 
possíveis. 
Destacaremos a seguir dez exercícios. 
• 1º exercício: para iniciação desta manipulação, já com introdução do 
salto, o aluno deve colocar a vara apoiada no chão na vertical, mantendo um 
braço estendido mais alto que a cabeça ou o braço flexionado à frente do 
queixo. Depois, faz uma rápida elevação (impulsão) de joelho contrário ao 
braço que está à frente do queixo, e assim faz um salto sem soltar a vara. A 
aterrissagem se dá com os pés unidos. 
• 2º exercício: ainda com pensamento de manipulação do implemento, 
os alunos agora devem efetuar o deslocamento com a vara. Eles correm com 
ela ao lado do corpo em direção a um cone, depois o contornam e voltam 
correndo. 
• 3º exercício: a mesma ideia de deslocamento do exercício anterior, 
porém com atenção para a execução correta da empunhadura. 
 
 
160 
• 4º exercício: uma junção dos três exercícios anteriores, em que o 
aluno vai realizar o deslocamento. Já com a empunhadura correta, o aluno 
deve operar o encaixe em um local determinado e fazer um salto em distância. 
Para tal, precisa fazer a elevação do joelho para execução de uma impulsão 
vertical e cair com as pernas unidas. 
• 5º exercício: nesta etapa o aluno já está familiarizado com o utensílio 
e com a mecânica do movimento, então é necessário tratar da questão da 
altura, que muitas vezes pode gerar medos e apreensão no aluno. Este 
exercício é semelhante ao 1º: parado, o aluno faz um salto para frente 
realizando a impulsão do joelho, mas nesta etapa esse salto será efetuado em 
uma altura mais elevada – sobre plintos ou sobre um degrau superior ao plano 
em que a vara está apoiada. Portanto, o aluno deverá posicionar a vara sobre 
seu ombro (com a mão que está mais alta na vara), inclinar seu corpo à frente, 
fazer o movimento com o joelho contrário à mão que está acima e realizar o 
salto caindo com as duas pernas unidas. 
• 6º exercício: o mesmo exercício anterior, porém na queda o aluno irá 
executar o giro, ou seja, anteriormente o aluno fazia a queda caindo de costas 
para onde ele tinha saltado. Assim, deverá efetuar um giro passando uma 
perna sobre a outra e cair de frente, olhando para onde ele saltou. 
• 7º exercício: agora com deslocamento, será necessário saltar uma 
área determinada. Dependendo da idade do aluno, essa atividade pode ser 
chamada saltar o rio ou saltar a água. O aluno deve correr com a 
empunhadura correta e empreender o salto sobre esta área onde ele não pode 
cair, ou seja, deve cair depois dela. 
 
 
161 
• 8º exercício: nesse instante, é preciso fazer os exercícios 5 e 6 (nesta 
ordem), porém com deslocamento, tendo atenção para a empunhadura, o 
encaixe, a elevação e a impulsão. 
 • 9º exercício: com auxílio do professor, deve-se processar o salto 
sobre o sarrafo. Para tal, o aluno faz o encaixe vindo em deslocamento, e o 
professor auxilia na impulsão, tracionando a vara enquanto o aluno realiza a 
elevação, impulsão, transposição e queda. 
• 10º exercício: compreende a efetivação do salto com vara completo. 
Caso não haja colchão ou material para queda, deverá ser operada com os 
pés, com as duas pernas realizando o amortecimento. Caso tenha o material 
para queda, deve-se executá-la sobre as costas. Segundo Matthiesen (2014), 
os erros mais comuns são: 
 
A área em que a disciplina do salto com vara é desenvolvida possui o 
encaixe, o suporte para barra, a área de queda e, por fim, a vara. A área de 
encaixe tem como função ser o ponto de apoio para o atleta encaixar seu 
artefato e assim obter a impulsão para a realização do salto. 
 
 
162 
 O material deve ser confeccionado para que o competido adquira 
estabilidade e não enfrente percalços durante as fases do salto nas quais não 
há contato com o solo. 
A determinação para provas oficiais de como esta área e o aparelho de 
encaixe devem ser confeccionados está descrito na regra 183.8 da CBAt. 
 
Após o atleta utilizar o encaixe para a impulsão, deve ultrapassar a barra 
que está apoiada em um suporte, que também leva o nome de poste. Os postes 
devem ser rígidos e suas partes mais baixas devem ser cobertas por um 
material acolchoado para sua segurança no momento da queda. 
 A barra que os esportistas devem ultrapassar sem derrubá-la deve estar 
apoiada em um suporte. Se houver qualquer tipo de toque do saltador, ela 
deverá cair com facilidade em direção à área de queda. Antes do início da 
prova, o atleta pode solicitar a alteração da altura da barra, mas deve fazê-lo 
comunicando o árbitro responsável. 
 
 
163 
Quando se inicia o tempo de contagem parao salto, a altura da barra 
não poderá ser alterada. 
 
A barra transversal que deverá ser ultrapassada será feita de fibra de 
vidro ou material similar, jamais de metal. Deve ter comprimento de 4,50 metros 
e pesar no máximo 2,25 kg. O último instrumento que está presente na área 
do salto com vara é a área de queda, que deve ter no mínimo 6 metros de 
comprimento e 6 metros de largura, mais a proteção das regiões laterais da 
área de encaixe. 
A área de queda tem como função o amortecimento da queda do atleta 
após a transposição da barra, sendo ela superada ou não. Está área deve ser 
coberta por um colchão com 80 cm de espessura para evitar que o indivíduo 
se machuque no momento da queda. 
 
 
164 
 
A regra para a confecção da vara (183.11) não determina que tipo de 
material possa ser aplicado e ainda abre a possibilidade de combinação de 
materiais. 
Como vimos, pode haver uma combinação entre fibra de vidro, fibra de 
carbono e epóxi. O diâmetro e comprimento da vara também não são fixados 
pela regra, pois o atleta pode alterar a vara a ser usada para cada altura que 
saltar. O competidor ainda pode cobrir a vara com fitas adesivas para proteção 
da mão e proteção da vara, desde que este revestimento não provoque 
alterações bruscas do diâmetro do utensílio em alguma região. Ele deve usar 
suas varas, só podendo utilizar as varas de outros competidores com o 
consentimento deles. 
Nesse contexto, é imprescindível conhecer as regras que compreendem 
as ações durante a prova. 
 
 
165 
A regra 181 dispõe as condições gerais para as provas de saltos 
verticais, ou seja, salto em altura e salto com vara. O atleta tem até três 
tentativas para conclusão correta do salto, ou seja, deve ultrapassar a barra 
sem cair do suporte, com a altura estabelecida antes dos saltos. 
Independentemente da altura nas quais as falhas ocorram, ele é 
desclassificado da prova com três falhas consecutivas. O esportista que 
concluiu o salto em determinada altura não poderá saltar novamente naquela 
altura. 
A altura da barra no salto com vara poderá ser elevada a cada 5 cm. 
Vence aquele que ultrapassar a maior altura da barra. 
Caso houver empate, os procedimentos a serem adotados são 
(regra 181.8): 
• Vence o atleta com o menor número de saltos na altura na qual ocorreu 
o empate. 
• Caso o empate persista na condição anterior, será considerado 
vencedor o atleta que tiver a menor quantidade de saltos falhos, incluindo a 
última altura ultrapassada pelos competidores. 
A tabela de pontuação deve exibir todos os saltos realizados pelos 
atletas, mesmo os que foram considerados falhos. 
 
 
166 
 
 
OS LANÇAMENTOS 
 
Para encerrar o estudo do atletismo, nesta última unidade vamos 
abordar os aspectos técnicos, pedagógicos e regras básicas de competição 
que fazem parte deste grupo de provas. Os lançamentos envolvem as provas 
menos populares do atletismo e por isso as menos praticadas pela população 
de uma forma geral e pouco divulgadas em nosso país, mas são tão 
importantes como todas as outras. 
 
 
167 
Essa modalidade possui notabilidade pelos desafios físicos envolvidos 
na prática e por ser uma das mais antigas, como pode ser visto na figura da 
estátua do discóbolo de Myrón, que representa um valioso suporte iconográfico 
para relacionar certos acontecimentos desportivos de grande repercussão 
mundial como os Jogos Olímpicos. 
Além de elemento para divulgação de eventos da 
educação física, é utilizado como símbolo da própria Educação 
Física. 
 
Figura 72 – Famosa estátua grega do discóbolo de Myrón 
de Euléteras, 445 a.C., símbolo da Educação Física 
Estudamos a técnica dos lançamentos através de uma 
análise da mecânica dos movimentos que são efetuados em 
sequência. 
Cada ação que compõe a sequência tem um início, um desenvolvimento 
e um fim, cada uma delas com uma finalidade específica. Assim, na soma de 
todos os movimentos exercidos em cadeia, são definidas as técnicas e estilos 
de cada um dos lançamentos. Para entender melhor a técnica de lançamento 
completo, o conjunto das ações realizadas é dividido em fases. 
Cada etapa tem uma denominação técnica própria e fito particular, 
portanto, para estudar a técnica, precisamos analisar cada uma delas para 
compreender os lançamentos. Todos eles são compostos de fases comuns e 
que têm o mesmo nome, porém os movimentos executados são diferentes. 
 
 
168 
Assim, para fazer a análise da técnica dos lançamentos, devemos 
identificar em cada um as seguintes fases: empunhadura; posição inicial; 
deslocamento; posição final; arremesso ou lançamento; troca de pés ou 
reversão. A empunhadura consiste na maneira pela qual o implemento é 
agarrado ou manuseado, como a mão segura o peso, o dardo, o disco e o 
martelo. Ela é determinada segundo a forma de cada um dos utensílios. 
 
Posição inicial 
 
Agora dentro do círculo para peso, disco e martelo ou corredor de 
lançamento para dardo, após fixar o artefato na mão, dependendo do tipo de 
lançamento que vai ser realizado, o atleta se coloca concentrado em uma 
posição favorável ao início de lançamento e, quando se sentir confortável, inicia 
o deslocamento. 
 
Deslocamento 
O deslocamento tem o intuito de movimentar o corpo para quebrar a 
inércia utilizando da melhor maneira possível o espaço do círculo ou corredor 
e, com isso, adquirir velocidade e acumular força, que serão utilizadas no 
momento de lançamento. 
 
Posição final 
 
 
169 
Ao encerrar o deslocamento, o corpo deve terminar em uma posição 
que favoreça o equilíbrio e faça com que a velocidade e força acumuladas 
possam ser transmitidas a partir do chão, passando por todo o corpo e 
encerrando na mão que vai arremessar ou lançar. 
 
Arremesso ou lançamento 
Essa fase é decisiva para o resultado da marca conseguida pelo 
arremessador. Se todas as etapas anteriores foram operadas com perfeição 
ou muito bem coordenadas, a possibilidade de sucesso é muito elevada. Troca 
de pés ou reversão Executado o lançamento, após a saída do implemento da 
mão do arremessador, o corpo se desequilibra para frente devido à ação da 
força centrífuga atuante nesse instante. Como isso acontece no limite final do 
círculo ou do corredor de lançamento, para não cometer uma falta e perder sua 
tentativa, o atleta realiza uma troca rápida dos pés, colocando o pé de trás no 
lugar do que está à frente. 
 Essa ação possibilita o controle do equilíbrio do corpo. O competidor 
pode sair do círculo ou do corredor somente quanto estiver parado. 
Com base nos movimentos feitos em cada uma das fases, podemos 
definir os exercícios. Uma técnica eficaz depende não apenas de uma 
excelente execução dos movimentos técnicos, mas também de velocidade e 
força. 
Técnica de lançamento eficaz é toda aquela na qual o atleta aplica 
as forças de todo o seu corpo durante a maior distância possível (força x 
distância = trabalho) e, portanto, durante o maior tempo possível (força x tempo 
 
 
170 
= impulso), já que a velocidade com que o objeto lançado abandona a mão é 
proporcional à média da força aplicada sobre o centro de gravidade do objeto. 
Em igualdade de circunstâncias, uma força total do corpo maior 
produzirá uma maior velocidade e uma maior distância, já que força = massa x 
aceleração (DYSON, 1978, p. 189). 
Na sequência, vamos analisar cada um dos lançamentos com as suas 
características técnicas, metodologia para ensino e desenvolvimento. 
Todas as técnicas a serem avaliadas serão feitas para lançamentos 
realizados por indivíduos destros. 
 
 
ARREMESSO DE PESO 
 
Visão histórica 
 
Iniciamos falando sobre alguns aspectos que marcaram a história do 
arremesso de peso. 
Não existe nenhum registro sobre a prática do arremesso de peso nos 
Jogos Olímpicos na Antiguidade. Há apenas menções de competições de 
arremessos de pedras entre os soldados gregos,relatadas por Homero durante 
o cerco da cidade de Tróia. 
 
 
171 
O primeiro registro de competições com arremessos vem da Escócia e 
remontam ao século I da Era Cristã. No século XVI, o rei Henrique VIII da 
Inglaterra já participava de competições de lançamento de martelo. Na Idade 
Média ocorreram os primeiros eventos semelhantes ao arremesso de peso 
moderno: soldados, em várias partes da Europa, competiam arremessando 
bolas de canhão o mais longe possível. 
No século XIX, os escoceses promoviam torneios de arremesso de 
cubos de pedras a distância por trás de uma linha traçada no chão. Também 
na Escócia, no início do século XIX, chegaram os primeiros registros da 
competição que conhecemos hoje, que mais tarde passaram a fazer parte do 
Campeonato Britânico do Atletismo Amador, que começou em 1866. 
Desde os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna realizados na 
cidade de Atenas, em 1896, o arremesso de peso já era disputado pelos 
homens, e somente a partir de 1948 passou a contar com a participação das 
mulheres. 
Hoje o arremesso é uma prova regular do atletismo, disputada em todos 
os níveis de competição e em qualquer parte do mundo. 
Até o momento, o recorde mundial masculino pertence ao norte-
americano Randy Barnes – com 23,12 m, e o feminino é da soviética Natalya 
Lisovskaya – com 22,63 m. 
No início dessa forma de disputa, apenas indivíduos fortes participavam. 
No decorrer dos tempos, com o avanço da ciência do esporte, da tecnologia, e 
dos praticantes, dotados de grande estatura e respeitável peso corporal. 
 
 
172 
Hoje essas características não bastam, é preciso melhorar a velocidade, 
a resistência e aumentar a força em todas as suas possibilidades. 
Além dessas exigências, ao longo do tempo, a técnica evoluiu muito com 
a descoberta de novos estilos. Até então, o arremesso era feito atrás de uma 
linha traçada no chão. A partir de 1896, passou a ser executado dentro de um 
círculo de 2,13 m de diâmetro, que era o espaço máximo para o atleta se 
deslocar e arremessar. 
Em 1920, desenvolveu-se um grande interesse por essa prova e na 
década de 1940 inaugurou-se um período auspicioso para essa atividade, que 
marcou o uso do estilo ortodoxo, cuja posição inicial, deslocamento e posição 
final eram realizados com o corpo na posição lateral. 
Nessa época, Jim Fuchs, além de quebrar o recorde mundial, contribuiu 
para uma evolução técnica utilizando um novo estilo: iniciava o arremesso com 
o corpo na posição lateral e terminava com as costas voltadas para a direção 
do arremesso. 
Esse novo estilo revelou um nome que marcou a história dessa 
modalidade, o norte-americano Parry O’Brien, a partir de 1952. Ele estudou 
muito esse estilo praticado por todos e concluiu o seguinte: se, ao arremessar, 
o atleta terminava de costas após o deslocamento, então seria melhor começar 
de costas para a direção do arremesso, fazendo com que o peso percorresse 
maior distância durante o deslocamento do indivíduo no círculo, o que 
possibilitaria a ele adquirir maior impulsão e velocidade e com isso cair mais 
longe ao ser arremessado. 
 
 
173 
Esse novo estilo propiciou a quebra seguida de recordes até o início dos 
anos 1970, quando um russo inovou a modalidade com um estilo revolucionário 
cujo deslocamento no círculo era idêntico ao giro de lançamento de disco, que 
passou a dominar o cenário e hoje divide com o estilo de costas a preferência 
dos praticantes dessa prova. 
Como vimos, tal evolução promoveu a quebra constante das melhores 
marcas para a prova. Era de 15,54 metros em 1896, e hoje já registramos os 
respeitáveis 22 metros, tanto no masculino quanto no feminino. 
Para se ter um panorama geral sobre a evolução dos índices, 
apresentamos na tabela adiante os principais resultados que marcaram a 
história do arremesso de peso. Nota-se que, desde 1950, os esportistas mais 
altos e mais velozes foram aumentando suas marcas de forma expressiva. 
 
Tabela 15 – Evolução das marcas do arremesso de peso 
Ano Melhor marca Atleta País Estilo 
1896/1920 15,54 m Ralph Rose Eua Lateral 
1910/1920 15,73 m Pat McDonald Eua Lateral 
1920/1930 15,26 m Bud Houser Eua Lateral 
1940/1950 17,95 m Jim Fuchs Eua Lateral 
1950/1960 19,25 m Parry O’Brien Eua Costas 
1968 21,78 m James Randel Eua Costas 
1973 22,00 m Aleksandr Rússia Rotacional 
 
 
174 
Baryshnikov 
1990 23,12 m Randy Barnes Eua Rotacional 
Hoje ainda os estilos de costas (Parry O’Brien) e o rotacional continuam 
sendo os praticados. 
 
7.1.1 TÉCNICA DE ARREMESSO 
 
Estudamos que todos os lançamentos são compostos de seis fases e 
que cada um é realizado de acordo com o tipo de lançamento. 
Para se conhecer a técnica de arremesso, faremos uma análise 
mecânica das ações que compõem o conjunto de todos os movimentos, feitos 
em cadeia, para proporcionar o melhor resultado. Para isso, vamos analisar os 
estilos predominantes que são o de costas, também conhecido como estilo 
Parry O’Brien e o estilo com rotação ou rotacional. 
Como vimos anteriormente, todos os lançamentos são compostos de 
seis fases onde cada uma é efetuada de acordo com o tipo de lançamento. 
 
7.1 FASES DA TÉCNICA NO ESTILO DE COSTAS OU 
PARRY O’BRIEN 
 
 
 
175 
7.1.1 EMPUNHADURA 
 
É a forma com que o peso é segurado ou empunhado pelo 
arremessador. 
Após a entrada, o arremessador prepara o implemento para ser 
arremessado. Para isso, o peso deve ser colocado sobre a mão, que fica 
flexionada no punho. O utensílio é suportado pelos três dedos internos 
(indicador, médio e anular) e fixado lateralmente pelo mínimo e o polegar. A 
palma da mão fica por baixo. 
Empunhado, o peso deve ser colocado sobre o ombro em contato com 
o pescoço. Com um pequeno giro da cabeça para a lateral, coloca-se o queixo 
sobre o objeto e assim ele ficará fixado e posicionado para ser arremessado. 
 
 
Figura 73 – Empunhadura do peso e posição inicial 
 
7.1.1 Posição inicial 
 
 
176 
Com o peso empunhado corretamente, o atleta se coloca em pé no início 
da metade de trás do círculo com as costas voltadas para a direção do 
arremesso, com o outro braço estendido elevado à vertical. Os pés são fixados 
em pequeno afastamento para frente com o pé correspondente ao braço de 
arremesso posicionado atrás, tocando o chão apenas com a ponta dos 
artelhos. 
Observação: Usaremos as letras correspondentes aos movimentos da 
figura a seguir (de “a” a “g”) para estudar suas devidas descrições. 
 
7.1.2 Deslocamento (a, b, c) 
 
Colocado nesta posição, o corpo iniciará o deslocamento para trás, em 
linha reta, através de uma ação conjunta de todo o corpo. 
Para isso, o corpo se inclina em direção ao solo, o que projeta o tronco 
para fora do círculo. Ao mesmo tempo, eleva-se a perna de trás, que fica na 
posição horizontal. Dessa posição, com um movimento de flexão de ambas as 
pernas, o corpo se agrupa (posição b), e depois, através de uma extensão 
simultânea e veloz das duas pernas para trás, desloca-se para a retaguarda 
arrastando o pé que estava à frente até o centro do círculo ao mesmo tempo 
em que o pé de trás, ainda elevado, busca o contato com o chão no fim do 
círculo, próximo ao anteparo. 
 
7.1.3 Posição final (d) 
 
 
177 
Após esse deslocamento, o corpo se posiciona ligeiramente na lateral, 
com o pé direito no centro do círculo e o esquerdo no fim, junto à parte interna 
do anteparo, já preparado para arremessar. 
 
7.1.4 Arremesso (e, f) 
Com o corpo na posição final após o deslocamento, o peso de todo o 
conjunto do corpo está situado sobre a perna direita semiflexionada no centro 
do círculo. Dessa posição, o corpo se estende com velocidade, ao mesmo 
tempo em que o tronco gira para ficar na posição de arremesso. 
Simultaneamente, o braço que vai arremessar começa a ser estendido e a 
empurrar o peso do pescoço para cima e para frente em um ângulo de 
aproximadamente 45 graus. Após o braço se estendertotalmente, o peso 
abandona a mão. 
Em resumo, o peso é arremessado após uma ação de extensão em 
cadeia de todo o corpo, iniciando pelas pernas, passando pelo tronco e 
encerrando no braço, o que irá transferir toda a força e velocidade, criada no 
deslocamento, para o peso, que abandona a mão e assim se dá o arremesso. 
 
7.1.5 Troca de pés ou reversão (g) 
Após o peso ser arremessado, devido à força centrífuga criada, ocorre 
um grande desequilíbrio do corpo para frente. Como isso acontece nos limites 
finais do círculo, para não cometer uma falta de invasão dos limites e ficar 
 
 
178 
parado para sair do local pela metade de trás, o arremessador faz uma troca 
rápida do pé que está atrás pelo da frente, o que possibilita o controle do corpo. 
A ação completa do arremesso está representada nas figuras a seguir. 
 
Figura 74 – Fases do arremesso no estilo Parry O’Brien 
 
 
 
 
 
179 
 
Figura 76 – Representação da técnica completa do arremesso de peso;podemos 
observar: deslocamento (A, B, C), posição final (D) arremesso (E, F) e troca de pés ou 
reversão. 
 
7.1 FASES DA TÉCNICA NO ESTILO COM 
ROTAÇÃO 
 
A técnica do arremesso de peso no estilo rotacional é a mais recente 
entre todos os outros estilos. Trata-se de uma inovação utilizada a partir dos 
anos 1970 pelo atleta russo Alexandr Baryshnikov, que passou a realizar esse 
novo estilo, cujo deslocamento no círculo deixou de ser retilíneo (como era 
usado no estilo de costas) e passou a ser executado com giros idênticos ao 
lançamento de disco, mantendo o peso junto ao pescoço, como exige o 
regulamento dessa prova. 
Por causa desses movimentos circulares, a nova técnica passou a ser 
conhecida como rotacional ou arremesso com rotação. 
Segundo Fernandes (2003a), o emprego desse estilo é mais apropriado 
para competidores de altura superior a 1,90 m, o que o torna, nessas 
condições, mais eficaz que o estilo Parry O’Brien. 
 
 
180 
Para entender essa técnica, vamos estudar suas fases. 
 
• Empunhadura 
A empunhadura é a mesma utilizada no estilo 
de costas. 
Figura 77 – Empunhadura do peso 
• Posição inicial 
 
A partir dessa fase, começa a diferença principal entre os dois estilos. 
Nesse tipo de arremesso, após entrar no círculo, o atleta se posiciona 
de costas para a direção do arremesso com o peso do corpo distribuído sobre 
as duas pernas com os pés em afastamento lateral. 
Então, concentra-se para iniciar o giro (caso para o arremessador 
destro). 
 
• Giro 
A partir da posição inicial, o movimento para o giro começa com uma 
leve rotação do tronco para o lado, ao mesmo tempo em que as pernas se 
flexionam levemente, transferindo o peso do corpo para o lado direito. 
Dessa posição começa o giro com eixo no pé esquerdo. O pé direito é 
lançado para o lado esquerdo em forma de um chute até chegar ao centro do 
 
 
181 
círculo, onde se apoiará para se transformar em eixo para a continuação do 
giro do corpo. 
Ao tocar o chão no centro do círculo, o pé esquerdo, que está se 
movendo no ar, é projetado para o fim do círculo para apoiar-se no chão 
próximo ao anteparo. 
Depois, o corpo realiza em sequência dois giros: o primeiro feito sobre 
o é esquerdo no começo do círculo, e o segundo sobre o pé direito, que está 
no centro do círculo. 
Assim, são efetuados os dois semicírculos ou giros, que caracterizam o 
estilo rotatório ou arremesso com rotação. 
 
• Posição final 
 
Os giros são concluídos com o corpo se posicionando lateralmente e se 
preparando para a execução do arremesso. Nesse momento, o peso do corpo 
está distribuído sobre os dois pés, acentuadamente no direito, com as pernas 
ligeiramente flexionadas. 
 
• Arremesso 
 
Da posição final, o peso começa a ser arremessado. Isso ocorre com a 
extensão completa do corpo para cima e para frente. Toda a força e velocidade 
 
 
182 
criadas durante os giros são transferidas para o peso, e assim ele é projetado 
para o espaço através da extensão veloz do braço e dos dedos. 
 
• Troca de pés ou reversão 
 
O arremesso provoca um desequilíbrio para frente do tronco do 
arremessador, que precisa retomar o controle para não cometer uma falta e 
também poder deixar o círculo completamente recuperado. 
Para obter êxito, deve ser feita uma troca da posição dos pés: o que está 
atrás toma o lugar do que está à frente através de uma reversão rápida entre 
eles. Essa ação elimina a influência da força centrífuga que está atuando, 
paralisa o giro e possibilita o controle do corpo para que seja concluída a ação 
de arremessar. 
 
 
Figura 78 – Sequência completa do arremesso com rotação. 
 
 
 
183 
7.1.1 METODOLOGIA PARA ENSINO E 
DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA DE ARREMESSO 
DE PESO 
 
Agora vamos destacar uma sequência pedagógica reduzida, através do 
método analítico, acentuando os exercícios desenvolvidos a partir dos 
movimentos isolados da técnica do arremesso completo. 
Esses exercícios devem ser operados em um campo ou terreno com 
piso de terra. Também podem ser praticados em uma quadra, substituindo o 
peso por uma pequena bola medicinal. Vejamos a sequência de exercícios. 
• Aluno em pé com as pernas em pequeno afastamento lateral, 
empunhando corretamente o peso junto ao pescoço e acima do ombro, com o 
outro braço estendido à vertical. 
— Execução: arremessar o peso verticalmente: fazer uma ligeira 
flexão das pernas seguida de uma rápida extensão delas, juntamente com o 
braço de arremesso, que, através da sua extensão, projetará o peso no ar em 
uma trajetória vertical; enquanto isso, com um movimento contrário, o outro 
braço, que está elevado, é abaixado lateralmente. 
Deixar o peso cair diretamente no chão. 
• Mesmo exercício, só que o peso deve ser arremessado para 
frente em uma trajetória parabólica com ângulo de 45º. Se o exercício for feito 
com bola medicinal, pode ser realizado em duplas com um aluno 
arremessando para o outro. 
 
 
184 
• Posicionado de lado para onde será feito o arremesso, com as 
pernas afastadas, empunhando corretamente o peso. 
— Execução: arremessar o peso para frente fazendo um giro de 90º 
do tronco com eixo sobre o pé da perna contrária. Este pé não deve perder o 
contato com o chão. 
 
• Com o peso empunhado corretamente, posicionar-se em pé com 
as pernas unidas e o corpo voltado de lado para a direção do arremesso, com 
o braço esquerdo elevado estendido à vertical. 
— Execução: fazer uma queda lateral através do afastamento do pé 
direito, o qual deverá suportar o peso do corpo que recairá sobre ele. 
Imediatamente essa perna se estende, seguida pelo tronco e pelo braço, que 
completa o arremesso com giro do corpo para frente, como no exercício 
anterior. 
 
• Na mesma posição inicial do exercício anterior, mas com as 
costas voltadas para a direção do arremesso. 
— Execução: fazer um movimento “a fundo”, transferindo o peso do 
corpo para a perna que se afastou para frente. Dessa posição, estender com 
vigor o corpo para cima, girando simultaneamente o corpo para frente (giro de 
180º) e arremessar como nos exercícios anteriores. 
 
 
185 
7.1.2 REGRAS BÁSICAS DE COMPETIÇÃO 
O peso deve ser uma bola de metal maciço com superfície lisa e 
satisfazer às seguintes especificações: 
Tabela 16 
Peso Feminino Masculino 
menores 
Masculino 
juvenil 
Masculino 
adulto 
Mínimo para ser 
admitido em competição 
e homologação de recorde 
4,00 kg 5,00 kg 6,00 kg 7,260 kg 
Diâmetro 
mínimo 
95 mm 100 mm 105 
mm 
110 mm 
Diâmetro 
máximo 
110 mm 120 mm 125 
mm 
130 mm 
 
 
O arremesso deve ser realizado dentro do círculo de 2,135 mm com uma 
borda superior de 6 mm de espessura, e esta deve ser pintada de branco. 
Na parte da frente do círculo, deve haver um anteparo de madeira 
pintado de branco, em forma de arco, acompanhando o lado interior do círculo, 
com 1,22 m de comprimento x 10 cm de altura em sua parte interna. 
 
 
186Vejamos outras características a seguir. 
 
• A competição: o peso pode ser arremessado com uma só mão, 
partindo do ombro e encostado no pescoço, abaixo do queixo. Não pode ser 
arremessado de trás da linha dos ombros, isto é, deve ser empurrado 
diretamente da posição que está colocado para iniciar o arremesso. 
• Tentativas: quando participarem mais de oito concorrentes, cada 
um deles terá direito a três tentativas. Classificam-se os oito atletas com os 
melhores resultados, e então cada um fará mais três arremessos. Nesta fase, 
se ocorrer empate no oitavo lugar, todos os empatados vão à final. Portanto, 
os finalistas farão seis arremessos no total, valendo o melhor deles como 
resultado final da competição. Se a final for realizada em outro período, esses 
oito classificados farão diretamente seis arremessos para que possam ser 
definidos os vencedores. 
 
Tentativas falhas – o arremesso será anulado quando: 
 
— for feito atrás da linha do ombro; 
 
 
187 
— ao terminar sua tentativa, o atleta sair do círculo sem estar 
completamente em posição de equilíbrio ou não sair pela metade de trás do 
círculo de arremesso; 
— após o arremesso, o peso cair no chão fora das linhas que limitam 
a área de queda; 
— o competidor demorar mais de um minuto para realizar sua 
tentativa. 
 
• Medição: a medida da distância do arremesso será feita a partir 
da marca mais próxima deixada no chão na queda do peso, até a parte interna 
do anteparo. Para isso, o ponto zero da trena deverá estar na marca da queda 
e a outra extremidade no centro do círculo. 
 
Após ser arremessado, o peso deverá ser trazido de volta e colocado 
próximo do círculo, e nunca arremessado ou rolado de volta. 
 
7.1 LANÇAMENTO DE DARDO 
 
O lançamento de dardo, juntamente com o lançamento de disco, está 
entre as provas mais antigas do atletismo, pois já eram disputadas nos Jogos 
Olímpicos da Grécia Antiga. 
 
 
188 
Nos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896, foi 
estabelecida a primeira marca oficial para a prova, através do sueco A. Wiger, 
com 35,81 metros. 
A partir de 1906, durante os Jogos Olímpicos de Atenas, outro sueco, 
Eric Lemming, marcou extraordinários 53,89 metros e depois subiu para 62,32 
metros. Ele se manteve imbatível até 1920, quando três finlandeses 
terminaram nos três primeiros lugares nos Jogos Olímpicos e também com o 
recorde, conseguindo a distância de 66,10 metros. 
Essa supremacia da Suécia e Finlândia durou até o início de 1953, 
quando o norte-americano Bud Helder, com novidades na técnica, estabeleceu 
um novo recorde mundial – com 80,41 metros. 
Além da novidade técnica no estilo de lançamento, os dardos receberam 
algumas modificações aerodinâmicas, permitindo um melhor deslizamento no 
ar. Isso possibilitava o ganho de três metros a mais a cada ano. Com essas 
constantes novidades de estilo e mudanças na forma do dardo, foi atingida a 
marca de 98,48 metros, o que levou a discussões sobre a redução da potência 
aerodinâmica até se chegar ao tipo de implemento usado nos dias atuais. 
A tabela adiante mostra um panorama da evolução das marcas mais 
significativas para comprovar a importância dos estudos, que divulgam as 
novidades atuais. 
Tabela 17 – Evolução das marcas de lançamento de dardo na 
história dessa prova 
Ano Marca Atleta País Dardo 
 
 
189 
(metros) 
1896 35,81 A. Wiger Suécia 
1906 53,89/62,32 Eric Lemming Suécia 
1925 69,87 Eino Pentila Finlândia 
1955 81,75 Bud Helder EUA 
1956 85,71 Egil Danielsen Noruega planador 
1984 91,72 Terje Pedersen Noruega 
– 85,76 Klaus Fangmeier Alemanha picador 
1996 98,48 Jan Zelezny República 
Checa 
planador 
 
7.1.1 Técnica de lançamento 
 
Para conhecer a técnica de lançamento, faremos a análise das fases 
que compõem a técnica e o estilo. Usaremos como exemplo as figuras 
seguintes. 
7.4.1.1 Empunhadura 
Para empunhar o dardo, o arremessador o agarra pela corda, que fica 
na parte central do dardo, e este fica envolto por uma fina corda. 
Existem três tipos de empunhadura, que são escolhidas conforme a 
adaptação do arremessador. 
 
 
 
190 
• Empunhadura finlandesa ou normal 
— O dardo é colocado na palma da mão e agarrado atrás do início da 
empunhadura com os dedos polegar e indicador (parte “a” da figura adiante), 
e os demais ficam sobre a corda. 
 
• Empunhadura americana 
— Os dedos polegar e médio seguram o dardo por trás da corda, e 
o dedo indicador fica estendido ao longo do dardo, enquanto o anular e o 
mínimo seguram na corda (parte “b”). 
 
• Empunhadura sueca 
— Na empunhadura sueca, os dedos indicador e médio pressionam 
o dardo atrás da empunhadura em forma de alicate, e os demais dedos 
agarram-no sobre a corda (parte “c”). 
 
Figura 80 – Técnicas de empunhadura do dardo: normal ou finlandesa (A); americana 
(B) e sueca (C) 
7.4.1.1 Posição inicial 
 
 
 
191 
O arremessador entra no corredor de lançamentos para fazer sua 
tentativa. Para tal, coloca-se em pé na marca inicial da sua corrida preparatória, 
com o dardo empunhado e posicionado sobre o ombro e na altura da cabeça, 
com a ponta voltada para frente (figura a seguir). Então, concentra-se e parte 
dessa posição para lançar. 
 
Figura 81 – Empunhadura e posição inicial, primeira fase da técnica de lançamento de dardo. 
7.4.1.1 Corrida preparatória 
A corrida é dividida em duas partes e cada uma é identificada por uma 
marca no chão feita pelo atleta, portanto é individual. A primeira marca é 
colocada no início e define a corrida inicial utilizada para aceleração em busca 
da velocidade ideal, que vai até a marca intermediária. 
A segunda parte começa na marca intermediária, na qual se inicia a 
preparação do dardo e do corpo para realizar o lançamento. Nessa marca o 
arremessador chega com o pé contrário ao braço de arremesso, e a ação do 
corpo para a execução dessa segunda parte é determinada pelo estilo de 
 
 
192 
lançamento, que pode ser o finlandês ou o americano (que são os mais 
utilizados). 
No estilo finlandês, são feitas cinco passadas a partir da marca 
intermediária: as três primeiras são para preparar o dardo e o corpo 
ligeiramente à lateral; as duas últimas, através de um salto rasante e rápido, 
para finalizar estancando ambos os pés no chão, o que transfere toda a 
velocidade e força acumuladas durante a corrida para o braço que encerra o 
lançamento. 
 
Figura 82 – Passo cruzado e lançamento no estilo finlandês 
 
 
 
193 
No estilo americano, são sete passadas na segunda parte da corrida. 
As três iniciais são usadas para preparar o corpo. As quatro finais são 
realizadas com duas passadas cruzadas: a primeira é rasante, e a segunda 
ocorre no ar, terminando com os dois pés tocando o solo simultaneamente 
para frear a corrida e transferir toda a força acumulada para o dardo a ser 
lançado. 
7.4.1.1 Posição final 
Completado o passo cruzado, acontece um duplo apoio dos pés no 
chão, com o corpo ligeiramente à lateral e o dardo atrás, com a ponta na altura 
da cabeça e dirigida para frente. A partir dessa posição, começa a ação de 
lançamento. 
 
7.4.1.2 Lançamento 
No momento do duplo apoio, na posição final, a maior parte do peso do 
corpo está concentrada sobre a perna de trás. Assim, a perna direita começa 
a se estender e o dardo é puxado simultaneamente para frente, enquanto o 
corpo também se volta adiante. Dessa forma, toda a força que estava 
concentrada nos pés é transferida para a perna, o tronco e o braço, e 
finalmente chega ao dardo, que então é lançado. 
 
7.4.1.3 Troca de pés ou reversão 
A ação de lançamento, que acontece no fim do corredor, provoca um 
grande desequilíbrio do corpo à frente. Para se recuperar sem cometer uma 
 
 
194 
falta e sair do corredor da maneira exigida pelo regulamento, o atleta faz a troca 
do pé que estava atrás pelo da frente. Isso possibilita a retomada de controle 
do corpo, e assim ele completasua tentativa. 
 
Figura 83 – No corredor, o fim da corrida preparatória, o lançamento e a troca dos pés ou 
reversão. 
Figura 84 – Segunda parte da corrida preparatória com o passo cruzado, posição final, 
lançamento e troca dos pés. 
 
 
195 
 
 
 
Observando a figura anterior (e considerando sua respetiva numeração 
para análise), destacamos: 
 
• primeira parte da corrida até a marca intermediária (1); 
• segunda parte da corrida com o passo cruzado (2, 3, 4, 5, 6); 
• posição final (7, 8); 
• lançamento (9, 10); 
• troca dos pés ou reversão (11). 
 
7.1.1 Metodologia para o ensino da técnica 
 
 
 
196 
O ensino da técnica de lançamento de dardo, na etapa de iniciação 
multilateral (dos 8 aos 10 anos de idade), é favorecido pela grande motivação 
das crianças, uma vez que muitas brincadeiras e jogos podem ser utilizados. 
Os jogos podem ser aplicados através de desafios organizados ou com 
atividades envolvende lançamentos com pedras, pedaços de madeira, 
pequenos bastões, bolinhas de tênis, galhos de árvores e muitas outras coisas. 
Tais configurações de atividades estão presentes na vida das crianças. 
Elas naturalmente brincam arremessando ou lançando objetos em muitos tipos 
de alvos, que podem ser adaptados com a finalidade de iniciar a aprendizagem 
da técnica e o gosto pelo lançamento. 
 
Vejamos alguns exemplos a seguir: 
 
• Lançar galhos de árvores, pedaços de madeira, cabos de 
vassoura etc. o mais longe possível, ou em algum alvo, em forma de 
competição entre as crianças. 
• Arremessar pequenas bolas de borracha ou de tênis tentando 
acertar uma bola grande colocada no chão ou dentro de um aro de ginástica 
pendurado em algum ponto do local da aula, por exemplo, amarrado no 
travessão do gol na quadra, ou ainda acertar a tabela do basquetebol. 
• Alunos ficam com uma bolinha de tênis e são colocados a uma 
distância de 30 metros de um paredão alto. A bola deve ser lançada ao paredão 
e voltar de rebote ao aluno que fez o lançamento. 
 
 
197 
• Em duplas, sendo um aluno de frente para o outro – a 15 ou 20 
metros de distância. São colocadas em fileira, uma dupla ao lado da outra. Um 
aluno com a bolinha de tênis a lança fazendo-a quicar dentro de um corredor 
composto de duas cordas estendidas no chão entre os dois alunos. A força de 
lançamento deve ser calculada de modo que, após quicar no chão, a bola 
chegue às mãos do companheiro que está adiante. 
• Mesmo exercício, só que o aluno se posiciona lateralmente ao 
paredão. 
• Mesmo exercício, mas agora partindo da posição lateral, o aluno 
dá um salto rasante para frente e cruza as pernas no ar e apoia novamente os 
pés no chão para finalizar o lançamento. Essa forma proporciona mais 
velocidade para lançar. 
• Executar o exercício anterior realizando uma corrida prévia de 5 
a 10 metros, antes de fazer o lançamento. 
Os exercícios que acentuamos também podem ser aplicados em formas 
de jogos. 
Exemplos: 
 
• Queimada 
 
É uma forma de brincadeira muito praticada por crianças. Usando uma 
bola de meia, as crianças se reúnem em um espaço qualquer, limitado de 
algum modo para definir os limites do local do jogo. 
 
 
198 
— Execução: o jogo começa reunindo todos os praticantes no local 
e um deles lança a bola à vertical. Quando a bola cair, quem pegá-la deve 
lançá-la para atingir aqueles que fogem. O fugitivo que for tocado pela bola 
deverá sair do jogo até que todos sejam atingidos. Ao atingir alguém, a bola 
deve ser apanhada por outro, que vai tentar acertar alguém, e assim 
sucessivamente. 
 
• A guerra 
 
Possui dois grupos com igual número de participantes. Um dos grupos 
é colocado dentro de uma área demarcada por um círculo, quadrado ou de 
outra forma, e o outro fica fora dessa área com uma bola de meia, de tênis ou 
de borracha. 
— Execução: o jogo começa com o apito dado pelo professor. Nesse 
momento, o aluno do lado externo, que tem a bola, deve lançá-la contra os 
alunos do centro do círculo. Aquele que foi atingido deve se retirar. É marcado 
um tempo para o grupo de fora atingir e eliminar o maior número de oponentes 
em um determinado tempo (definido pelo professor). Finalizada a rodada, os 
grupos se invertem, e aquele que conseguir atingir um maior número de 
adversários será considerado vencedor. 
 
 
 
199 
 
• Tiro ao alvo móvel I 
 Há dois grupos. Um fica com bolas de meia ou tênis espalhadas do lado 
de fora de um corredor marcado no chão, e o outro grupo reúne-se em uma 
das extremidades do corredor. 
Execução: ao sinal do professor, o grupo sem bolas deve atravessar o 
corredor correndo, e o grupo de fora lança as bolas tentando acertar quem está 
correndo. Vence ou faz um ponto a equipe que conseguir acertar o maior 
número de adversários. 
 
 
200 
 
Figura 87 – Jogo para iniciação ao lançamento de dardo: tiro ao alvo móvel 
 
• Tiro ao alvo fixo 
Uma corda é estendida na extremidade de dois postes e nela deverão 
estar presas folhas de jornais. 
— Execução: os alunos, com bolas de tênis ou de meia, são fixados 
em uma distância definida, e, ao sinal do professor, devem lançar a bola contra 
os jornais até que todas as folhas sejam totalmente rasgadas. Quando 
realizado em forma de competição, o grupo é dividido em equipes e será a 
vencedora aquela que demorar menos tempo para destruir todas as folhas. 
 
 
201 
 
Figura 88 – Jogo para iniciação ao lançamento de dardo: tiro ao alvo fixo 
 
• Tiro ao alvo móvel II 
Traça-se no chão um corredor de 2 metros de largura por 10 metros de 
comprimento. Então, colocam-se do lado de fora os alunos com bolas de 
borracha ou de tênis, e são distribuídos dos dois lados ao longo do corredor. 
 
 
202 
— Execução: o professor lança uma bola de basquete ou futebol, que 
deve rolar pela extensão do corredor, e os alunos devem tentar acertá-la em 
movimento. 
Cada aluno que acertar a bola faz 
um ponto. 
Vence quem atingir mais vezes o 
alvo móvel. 
Figura 89 – Jogo para iniciação ao 
lançamento de dardo: tiro ao alvo móvel I 
• Lançar o míssil 
Partindo atrás de uma linha demarcada no chão, os alunos deverão 
realizar uma pequena corrida e lançar a bola de tênis o mais longe possível. 
Vence quem, em dez tentativas, conseguir mais vezes lançar a bola mais longe 
durante mais vezes. 
 
Esses exercícios são aplicados na etapa de iniciação multilateral geral, 
que envolve a faixa de 8 a 10 anos de idade. Após essa etapa, na qual a criança 
passou por experiências variadas de lançamentos, começa a etapa de 
 
 
203 
iniciação multilateral em um grupo de provas do atletismo, dos 11 aos 13 anos 
de idade, e aí tem início o ensino da técnica de lançamento. 
Agora vamos destacar uma sequência pedagógica (método analítico) 
reduzida, que pode ser utilizada para a aprendizagem dessa técnica. Vejamos 
as ações a serem aplicadas: 
• Mostrar os tipos de empunhadura utilizados para segurar o dardo: 
normal, finlandesa, americana ou sueca. Após as explicações, o aluno coloca 
o dardo à sua frente na posição vertical, com a ponta no chão, e segura na 
empunhadura (experimentando todos os tipos). Aquela que promover mais 
conforto deverá ser utilizada em todos os exercícios seguintes. 
• Empunhar o dardo com o braço elevado à vertical ligeiramente 
apontado para baixo, com as pernas em afastamento anteroposterior, com a 
perna contrária ao braço de lançamento postada à frente. 
— Execução: lançar o dardo contra um alvo imaginário que está no chão 
a 3 ou 5 metros de distância. No ato de lançamento, todo o corpo deve 
acompanhar o movimento feito para lançar para frente, passando o peso do 
corpo da perna de trás para a da frente. 
Fazer o mesmo exercício, mas é preciso partir com os pés unidos, 
caminhar três passos e lançar o dardo diretamente no alvo imaginário. 
 
 
204 
 
Figura 90 – Exercício educativo para o lançamento de dardo. 
 
• Colocar-se de lado para a direçãodo arremesso, com as pernas 
unidas e o dardo empunhado sobre a cabeça. 
— Execução: partindo dessa posição, iniciar o movimento afastando 
a perna direita para trás, que fica ligeiramente flexionada para suportar todo o 
peso do corpo, que gravitará sobre ela. Junto com esse movimento, o dardo, 
que está empunhado acima da cabeça, deve ser posicionado para o 
lançamento: é levado para trás com a calda quase tocando no chão e a ponta 
é dirigida para cima. Na sequência, o dardo é lançado sob um ângulo de 30º a 
mais ou menos 20 metros de distância, com uma trajetória parabólica. Quando 
o dardo sai da mão, o tronco se desequilibra para frente, passando a perna de 
trás (direita) à frente para frear o ímpeto do desequilíbrio produzido. 
• Ficar de frente, com os pés unidos e o dardo empunhado 
corretamente acima do ombro. 
— Execução: o exercício é feito em quatro tempos: 
 
 
205 
— tempo 1: dar um passo adiante com o pé esquerdo, levando o 
dardo para frente. 
— tempo 2: outro passo com o pé direito, levando o dardo 
ligeiramente para trás. 
— tempo 3: mais um passo com o pé esquerdo, colocando o corpo 
lateralmente e levando o dardo para trás com o braço estendido e a palma da 
mão voltada para cima. 
Observação: Essas três passadas são para a preparação do dardo. 
— tempo 4: lançar o dardo à distância sem se preocupar com a 
força, mas sim com precisão técnica. 
 
 
Figura 91 – Exercício educativo para o lançamento de dardo. 
 
• Mesmo exercício. Contudo, ao lançar o dardo, fazer com mais 
velocidade, efetuando a troca dos pés ou reversão, portanto finalizando com o pé 
direito à frente para frear a velocidade e paralisar o deslocamento do corpo. 
 
 
206 
• Exercício para o “passo cruzado”: posicionar-se com o corpo de lado, 
pernas em afastamento lateral, peso do corpo sobre a perna direita, dardo atrás com 
o braço estendido e colocando a ponta do dardo próxima da cabeça, apontando-o 
para frente e ligeiramente para cima. 
— Execução: partindo dessa posição, realizar um passo cruzado rasante e 
rápido, terminando na mesma posição da partida. Depois lançar o dardo fazendo a 
troca dos pés ou reversão para finalizar o exercício. 
O “passo cruzado” é feito para a preparação do corpo. 
 
Figura 92 – Exercício educativo para o lançamento de dardo. 
 
• Unir os movimentos dos exercícios, o quinto e o sétimo, o que vai 
ocasionar um exercício com cinco passadas para fazer o lançamento. 
• Repetir o exercício anterior e acrescentar uma corrida lenta e 
ritmada antes do início dessas cinco passadas. 
 
 
 
207 
• Agora temos o lançamento completo, proporcionado pela 
realização de todos os movimentos, que foram treinados separadamente e 
unidos no fim. 
Os exercícios apresentados a seguir (formativos) são utilizados para o 
condicionamento físico específico do arremessador, nos quais são trabalhados 
os músculos e as articulações mais exigidas na efetivação desse tipo de 
lançamento. 
 
Destacaremos dez passos. 
• Alunos em duplas, colocados em pé e de costas um para o outro, 
com as pernas unidas, os braços elevados à vertical e as mãos dadas. 
— Execução: em dois tempos: no tempo um, eles afastam o pé 
esquerdo para frente, colocando o corpo na posição arqueada, no tempo dois, 
voltam à posição inicial. 
 
• Alunos em duplas, um de frente para o outro, pernas afastadas e 
estendidas lateralmente, o tronco flexionado na horizontal e as mãos nos 
ombros do companheiro. 
— Execução: partindo dessa posição, eles devem forçar os ombros 
com uma flexão maior em direção ao chão, com três insistências consecutivas, 
e voltar para a posição inicial para repetir a operação dos movimentos. 
 
 
 
208 
• Duplas em pé, com alunos encostados um no outro, com as 
pernas em pequeno afastamento lateral e as mãos dadas com os braços 
elevados na vertical. 
— Execução: um flexiona o tronco à frente, levando o outro deitado 
em suas costas, voltam na posição inicial e invertem as funções. 
 
• Alunos em duplas na posição de cócoras, um de costas para o 
outro e as mãos dadas com os braços na posição vertical. 
— Execução: ao mesmo tempo, os dois se elevam na posição em 
pé, projetando o quadril para frente para arquear o corpo e, em seguida, voltam 
à posição inicial, de cócoras. 
• Agarrar com as duas mãos um dardo ou bastão apoiado com a 
ponta no chão, as pernas afastadas lateralmente, o tronco flexionado e os 
braços estendidos. 
— Execução: apoiado no dardo, fazer a flexão do tronco para baixo 
com insistências, exigindo principalmente as articulações dos ombros. 
 
• Posiciona-se em pé, com as pernas em afastamento lateral e um 
dardo ou bastão apoiado na nuca e nos ombros. Os braços devem estar 
apoiados por cima do dardo. 
— Execução: fazer a rotação do tronco para ambos os lados, 
sempre olhando para a extremidade do dardo no lado da rotação do tronco. 
 
 
209 
 
• Mesmo exercício: fazer a flexão do tronco à frente mantendo as 
pernas estendidas o tempo todo. 
• Mesmo exercício, mas fazendo a flexão lateral do tronco para os 
lados. 
• Deitar no chão com as pernas flexionadas, os pés no chão e os 
braços estendidos para trás com uma bola medicinal nas mãos. 
— Execução: com uma rápida elevação do tronco para a posição 
sentada, arremessar a bola para cima e para frente o mais longe possível. 
 
• Posiciona-se em pé, com o corpo inclinado à frente, segurar uma 
bola medicinal no chão. 
— Execução: dessa posição a bola deve ser lançada para trás, por 
cima da cabeça e o mais longe possível com as duas mãos. O corpo todo deve 
participar do arremesso, estendendo-se completamente. O olhar deve estar 
dirigido para a bola no momento em que ela abandona a mão ao ser lançada. 
 
7.1.1 Regras básicas de competição 
 
Já estudamos como as regras determinam o local onde se desenvolvem 
as competições de lançamento de dardo. Essa área é composta de um 
corredor de 30 metros de comprimento (no mínimo), marcado por duas linhas 
 
 
210 
paralelas com 4 metros distante uma da outra. No fim do corredor, existe um 
arco de círculo que não pode ser tocado nem ultrapassado quando o dardo é 
lançado. Nas extremidades desse corredor, partem as linhas que definem a 
área de queda, onde o dardo deve tocar o chão após o seu lançamento. 
 
Figura 93 – Corredor de lançamento e sua respectiva área de queda do dardo. 
 
O dardo consiste de três partes: cabeça, corpo e uma empunhadura de 
corda. O corpo deverá ser de material sólido ou oco, feito de metal ou outro 
material similar. A cabeça deve ser metálica, terminando em uma ponta aguda; 
a cauda, uniformemente afilada. No centro de gravidade do dardo, deve ser 
colocada a empunhadura de corda com espessura máxima de 8 mm. 
Na competição, o dardo deve ser seguro na empunhadura e ser lançado 
acima do ombro, sem que em nenhum momento sejam feitos movimentos 
rotatórios, o que significa que o atleta jamais poderá ter as costas voltadas para 
a direção de lançamento. Este, por sua vez, só será válido se a ponta do dardo 
tocar o solo antes de qualquer outra parte do objeto. 
Quando houver mais de oito concorrentes, cada um terá direito a três 
tentativas, e os oito melhores classificados terão direito a três tentativas 
 
 
211 
adicionais. Com até oito participantes, cada um terá direito a seis. Se houver 
empate, o segundo melhor resultado entre os empatados decidirá o vencedor. 
Por exemplo, em uma competição com trinta competidores, cada um 
fará três lançamentos de forma alternada, valendo o melhor para classificação. 
De todos os participantes, os oito melhores seguirão na competição e terão 
direito a mais três tentativas, totalizando seis lançamentos para esses oito 
finalistas. Caso a final não seja realizada na sequência e os oito melhores 
tenham que voltar em outro período, terão direito a fazer seis tentativas, pois 
neste caso estão participando oito atletas. 
 
Destacaremos aspectos que podeminvalidar uma tentativa: 
• se o atleta tocar com qualquer parte do seu corpo as linhas 
demarcatórias do corredor ou as áreas externas; 
• se o esportista soltar de maneira imprópria o dardo; 
• após ser lançado, o dardo tocar primeiro o solo fora do setor de 
queda; 
• se o participante sair do corredor antes do dardo cair no solo; 
• após cada tentativa, o dardo deve ser trazido de volta para as 
imediações do corredor, e nunca lançado de volta. 
8 LANÇAMENTO COM ROTAÇÃO 
 
 
 
212 
8.1 LANÇAMENTO DE DISCO 
 
O lançamento de disco é a prova mais antiga do atletismo. Criada pelos 
gregos nos tempos mitológicos e imortalizado por muitos artistas da época em 
várias esculturas do discóbolo, até hoje encontradas em vários museus 
importantes espalhados pelo mundo. 
Essas estátuas nos dão uma ideia de como era realizado o lançamento 
na época e serviram de base para a evolução da técnica ao longo da história. 
Passaram por várias mudanças, que permitiram a quebra de marcas, até terem 
o formato executado nos dias atuais. 
No início, o lançamento era feito de uma plataforma denominada Balbis, 
e o disco era supostamente feito de pedra. Se caísse durante o lançamento, o 
competidor seria desclassificado. 
Nos primeiros Jogos Olímpicos da Idade Moderna, em 1896, o atleta 
ficava em um pedestal no qual ele devia saltar para efetuar sua tentativa, e não 
era permitido realizar giros. 
Por não ser muito prática essa maneira de lançar, logo em 1897, com a 
introdução da prova nos Estados Unidos, o lançamento passou a ser feito a 
partir de um círculo de 2,13 metros de diâmetro, quando começaram a surgir 
grandes lançadores. O primeiro deles foi Martin Sheridan, que entre 1901 e 
1911 quebrou o recorde mundial (com 43,08 metros) em sete ocasiões e foi 
várias vezes campeão nacional e olímpico. 
 
 
213 
A partir daí, a técnica e as regras foram mudando e tornaram as provas 
mais atraentes, trazendo melhores resultados. 
Para diminuir as dificuldades, o diâmetro do círculo foi expandido para 
2,50 metros. Com isso, um novo recorde foi estabelecido por James Duncan 
em 1912, com 47,58 metros. 
A técnica continuou evoluindo com o aparecimento de novos estilos e 
as marcas foram aumentando sem parar. 
Para termos uma ideia concreta da evolução das marcas e recordes, 
apresentaremos a seguir alguns exemplos mais significativos que contribuíram 
para a evolução técnica dessa especialidade do atletismo. 
Tabela 18 – Quadro da evolução das marcas mais significativas no 
lançamento de disco. 
Ano Marca 
(metros) 
Atleta País 
1911 43,08 Martin Sheridan Eua 
1912 47,58 James Duncan Eua 
1939 52,53 Phil Fox Eua 
1968 64,78 Al Oerter Eua 
1986 74,08 Jürgen Schult Alemanha Oriental 
 
TÉCNICA DE LANÇAMENTO 
 
 
 
214 
8.1.1.1 Empunhadura ou forma de segurar o disco 
O disco deve ser disposto na palma da mão na posição vertical e ser 
sustentado pelos dedos em suas articulações distais, colocados na aresta do 
disco, com exceção do polegar, que é posicionado no corpo ou na face do disco 
para ajudar no equilíbrio. 
O dedo polegar é o fixador do disco, e é pela ponta do dedo que o peso 
do disco gravitará. 
A separação entre os dedos, indicador e polegar, depende do tamanho 
da mão. Quanto maior a mão, maior poderá ser a separação entre ambos. 
 Figura 94 – Forma de empunhar o disco 
8.1.1.2 Posição inicial 
 
 
215 
Para iniciar o lançamento, com o disco empunhado, o atleta se posiciona 
em pé no início do círculo – na metade de trás – e fica de costas para a direção 
que vai lançar. O peso do corpo fica distribuído sobre os dois pés, com as 
pernas afastadas lateralmente e os braços naturalmente ao lado do corpo. 
Então, ele começa a concentração mental para iniciar o deslocamento. 
 
8.1.1.3 Deslocamento 
Feita a concentração, inicia-se o deslocamento no interior do círculo de 
2,50 metros de diâmetro. 
Para quebrar a inércia da posição inicial e começar o deslocamento, são 
feitos de um a três balanceamentos preparatórios, e o disco é levado de um 
lado para o outro do corpo. O tronco acompanha os movimentos dos braços, o 
que resulta em uma participação total do corpo durante os balanceamentos. 
São realizados de um a três balanceamentos para começar o 
deslocamento, que é feito através de dois giros, que são iniciados quando o 
disco está atrás do corpo no último balanceamento efetuado. 
Nesse momento, mantendo o disco atrás, o corpo inicia o primeiro giro 
com eixo no pé esquerdo, enquanto o pé direito é lançado para o centro do 
círculo. Quando ele toca no chão, passa a ser o eixo do segundo giro para dar 
sequência ao deslocamento, que termina com a chegada do pé esquerdo 
tocando o chão junto à borda final do círculo. 
 
 
216 
Assim, o atleta termina o deslocamento com os dois pés apoiados no 
chão, com o corpo na posição lateral e o disco atrás. Essa posição em duplo 
apoio dos pés no chão caracteriza a posição final. 
 
8.1.1.4 Posição final 
Nessa posição, o competidor fica em duplo apoio com o pé direito no 
centro do círculo e o esquerdo no fim. O disco é posicionado atrás e o peso do 
corpo fica sobre a perna direita, e então o atleta prepara-se para lançar. 
 
8.1.1.5 Lançamento 
A partir da posição final, o disco começa a ser puxado de trás, sempre 
com o braço estendido. Sob a ação da extensão da perna direita e do tronco, 
o corpo gira e se volta para frente, arrastando o disco de trás até passar adiante 
do corpo, mantendo o braço sempre estendido até a mão soltar o disco na 
direção para a qual ele será lançado. O conjunto de todos esses movimentos 
provoca uma extensão completa de todo o corpo, e no momento que o disco 
sai da mão ao ser lançado ocorre um desequilíbrio do tronco para frente, 
acompanhando a trajetória do disco que saiu da mão. Assim, efetiva-se o 
lançamento. 
 
8.1.1.6 Troca dos pés ou reversão 
 
 
 
217 
Esse desequilíbrio causado pelo lançamento precisa ser controlado para 
que o atleta fique parado e depois saia do círculo, concluindo sua tentativa. 
Para conseguir êxito, deve ser feita uma troca entre os pés: o que está 
atrás (direito) é lançado para frente no mesmo momento que o outro é levado 
para trás. 
Assim, o desequilíbrio é controlado, e, de uma posição parada, o atleta 
deixa o círculo pela parte de trás, como exige o regulamento. 
 
Figura 95 – Sequência da técnica de lançamento de disco. 
8.1.2 METODOLOGIA PARA O ENSINO DA TÉCNICA DE LANÇAMENTO 
 
Como vimos, a técnica de lançamento de disco é complexa. 
 
 
218 
 
Os giros do corpo realizados no círculo exigem muita coordenação e 
equilíbrio, o que dificulta a iniciação à aprendizagem de lançamento, em 
especial para crianças até os 10 anos de idade. Para que o aprendizado se 
torne eficiente, é necessário adotar uma metodologia especial para criar a base 
do aprendizado técnico. 
Devido ao grande sentido da posição e do equilíbrio que a prova de 
lançamento de disco requer, a metodologia escolar deve buscar o 
desenvolvimento do sentido de equilíbrio, assim como fazer as crianças 
vivenciarem os movimentos com giros em torno do eixo do corpo e, em 
especial, o eixo longitudinal. Nesse aspecto destaca-se a necessidade de 
exercícios preparatórios generalizados (FERNANDES, 2003, p. 93). 
Em razão dessa exigência, para crianças escolares, a metodologia deve 
ser composta basicamente de exercícios que possam explorar a realização de 
uma diversificada forma de giros, em pé, sobretudo em torno do eixo 
longitudinal do corpo, com contínuas mudanças de posição no momento da 
execução para o desenvolvimento do equilíbrio. 
Para introduzir o lançamento propriamente dito, nessa faixa etária 
podem ser utilizados jogos de lançamentos. Assim, aplicam-se implementos 
improvisados, por exemplo: usa-se uma pequena sacola com uma bola de 1 
kg no seu interior. Então, é amarrada uma corda em forma de alça para segurar 
o instrumento ao ser lançado, e,se as condições permitirem, deve ser utilizada 
bola com alça própria para essa finalidade. 
 
 
 
219 
Vejamos uma sequência de alguns exercícios: 
 
• Divide-se a turma em equipes. Usa-se a sacola ou bola com alça 
e pede-se para os componentes de cada equipe lançarem a bola ou sacola 
improvisada na cesta de basquetebol a uma distância de até 20 metros. Vence 
a equipe que acertar mais vezes o aro (1 ponto) e encestar (2 pontos). 
 
• Mesmo caso anterior, mas agora ganha a equipe que conseguir 
o melhor resultado computando a maior distância alcançada pela soma da 
maior e menor distância obtida. 
 
• Estende-se uma corda na extremidade superior dos postes da 
rede de voleibol e os membros de cada equipe são fixados atrás de uma linha 
de 10 metros de distância. 
— Execução: lançar a bola ou sacola por cima da corda. Atribui-se um 
ponto a cada aluno que ultrapassar a bola para o outro lado no lançamento. 
Vence a equipe que somar mais pontos. 
 
• As duplas são dispostas uma ao lado da outra, com uma bola 
medicinal para cada dupla. O aluno que tem a bola medicinal fica voltado de 
lado para o seu companheiro, colocado a 15 metros de distância, segurando a 
bola com o braço direito flexionado para prender a bola entre o braço e o 
antebraço e mão, com ajuda da mão esquerda. 
 
 
220 
— Execução: lançar a bola para o companheiro, com a mão direita 
auxiliada pela mão esquerda, realizando um movimento pendular dos braços. 
O lançamento deve ganhar altura e distância ao mesmo tempo. 
Com base nos exemplos apresentados, o professor poderá criar outros 
jogos. Para tal, sempre deve ter em mente que os lançamentos nunca devem 
ser feitos com alvos baixos, e sim com o fito de ganhar altura e distância o 
máximo possível. 
Nesse instante destacamos uma sequência pedagógica para a 
aprendizagem da técnica de lançamento completo, que deve ser iniciada a 
partir dos 12 anos de idade. 
Para essa série, devem ser usadas a bola com alça, as sacolas com 
uma bola de 1 kg no seu interior, sendo fechada por uma pequena alça para 
ser segurada ou empunhada com uma mão, uma bola medicinal e o próprio 
disco. 
 
Exemplos: 
 
• Crianças ficam em pé, com as pernas afastadas lateralmente e o 
corpo de lado para a direção de lançamento. 
— Execução: lançar lateralmente a bola medicinal de 1 kg para cima 
e para frente contra uma parede de pelo menos três metros de altura, partindo 
do lado direito em direção ao lado esquerdo. 
 
 
 
221 
• Mesmo exercício, porém o lançamento deve ser feito com um giro 
de 90º com eixo no pé esquerdo. 
 
Ressaltamos a seguir os exercícios para adaptação ao disco: 
• Posiciona-se em pé, é preciso empunhar corretamente o disco de 
acordo com a forma anteriormente descrita no estudo da técnica de 
lançamento. Deve-se ficar de frente para um companheiro colocado a 10 
metros de distância. 
— Execução: fazer uma pequena flexão das pernas em afastamento 
anteroposterior e rolar o disco para frente em linha reta pelo chão. O objeto 
deve chegar ao companheiro colocado à frente sem desviar para os lados. 
 
• Deve-se ficar em pé, com o disco empunhado corretamente. 
— Execução: lançar o disco verticalmente. Para tal, o objeto deve 
sair da mão empurrado pelo dedo indicador para girar no ar durante sua 
trajetória ascendente. 
 
• Em pé, empunha-se o disco com o braço estendido ao longo do 
corpo. 
— Execução: realizar movimentos do braço, de um lado para o outro 
do corpo, fazendo o disco descrever a figura de um número oito na frente do 
corpo. Quando é levado da direita para a esquerda, ele deve estar com a face 
 
 
222 
voltada para o chão por baixo da mão e, na volta, com a face voltada para cima, 
com a mão por baixo. Fazer movimentos sucessivos e descontraídos, 
melhorando cada vez mais a habilidade de empunhar o disco. 
 
• Também em pé, é preciso fazer o afastamento lateral das pernas 
e ficar com o lado esquerdo voltado para a direção para a qual o disco vai ser 
lançado. 
— Execução: com uma ligeira flexão das pernas, levar o disco do 
lado direito para o lado esquerdo, com a palma da mão por baixo; depois, volta 
para a direita, com o braço estendido e a mão por cima do disco. O tronco deve 
acompanhar o movimento do disco, e quando ele for levado para trás no lado 
direito, o peso do corpo recai sobre essa perna e o disco é lançado para o lado 
esquerdo através de um movimento de extensão de todo o corpo, que 
acompanha o movimento do disco até que ele deixe a mão ao ser lançado. 
 
• Em pé, com as pernas unidas e o corpo posicionado lateralmente, 
prepara-se para a direção de lançamento. 
— Execução: fazer o balanceamento do disco de um lado para outro 
do corpo. Quando o disco estiver sendo levado para o lado direito, a perna 
direita se afasta lateralmente para esse lado junto com o movimento do disco. 
Nesse momento, o disco é lançado da mesma forma que no exercício anterior. 
 
 
 
223 
• Pernas afastadas lateralmente, com o disco empunhado na mão 
direita. 
— Execução: fazer os balanceamentos do disco (duas a três vezes) 
e lançá-lo com o corpo terminando de frente para a direção de lançamento. 
Isso deve ser feito sem levar o pé de trás para frente, obrigando, dessa forma, 
o movimento do quadril e extensão completa do corpo na ação de lançamento. 
 
• Iniciar o giro em pé, com as pernas unidas e o disco empunhado 
na mão direita ligeiramente para trás. O corpo fica de frente para a direção de 
lançamento. 
— Execução: deslocar-se em linha reta, dando um passo à frente 
com o pé direito. Em seguida, fazer um giro do corpo com eixo nesse pé para 
levar o pé esquerdo adiante do pé direito, terminando de lado, com o peso do 
corpo distribuído sobre as duas pernas, e a partir dessa posição fazer o 
lançamento como foi feito no exercício anterior, para terminar de frente. 
 
• Posiciona-se em pé, com o corpo de lado para a direção de 
lançamento, com as pernas afastadas lateralmente e o disco empunhado na 
mão direita. 
— Execução: deslocar-se em linha reta na direção que vai lançar o 
disco, levando o disco para trás fazendo uma pequena flexão das pernas. Na 
sequência, mantendo o disco atrás e com eixo no pé esquerdo, fazer meio giro 
do corpo lançando o pé direito para o outro lado em um movimento rotatório, 
 
 
224 
com eixo no pé esquerdo. Quando o pé direito tocar o solo, ele passará a ser 
o eixo de mais um giro para que o pé esquerdo, ao sair do chão, seja colocado 
à frente. Assim, deve-se encerrar os dois giros com deslocamento do corpo em 
linha reta, terminando com o corpo de lado para lançar o disco. 
Essa ação provoca um desequilíbrio para frente, e é preciso fazer a troca 
dos pés ou reversão. 
 
Figura 96 – Exercício educativo para lançamento de disco com giro e lançamento 
• Mesmo caso anterior. Contudo, para iniciar o giro, o corpo deve 
estar voltado com as costas para a direção de lançamento, o que vai 
acrescentar mais um quarto na trajetória inicial do pé direito. 
 
8.1.2 Regras básicas de competição 
 
Quando fazemos referência às regras básicas, o intuito é destacar 
apenas o necessário para orientar os alunos para que possam participar de 
uma competição sabendo como devem se portar, e o que pode ou não ser feito. 
 
 
225 
O lançamento deve ser feito de dentro de um círculo de 2,50 m de 
diâmetro interno, contornado por um aro metálico de 5 cm de largura, pintado 
de branco. 
O disco é um implemento em forma de um círculo, composto de um 
corpo sólido de madeira ou outro material adequado, sendo envolto por um aro 
de metal com bordas circulares. 
Vejamos suas especificações: 
 
Tabela 19 
Disco Feminino Masculino 
menores 
Masculino 
juvenil 
Masculino 
adulto 
Peso mínimo exigido em 
competição 
1,0 kg 1,5 kg 1,75 kg 2,0 kg 
 
 
Se houver mais de oito participantes, cada um terá direito a três 
tentativas. Classificam-se as oito melhores marcas. Esses atletasfarão mais 
três tentativas (seis lançamentos cada), valendo o melhor de todos como 
resultado final. Se a competição for paralisada para ter continuidade em outro 
período ou dia, cada um dos oito finalistas terá direito a seis tentativas. Para 
iniciar sua tentativa, o competidor deverá começar de uma posição estática 
dentro do círculo. Ele pode tocar a parte interna do aro do círculo, mas nunca 
a parte superior. 
 
 
226 
 
A tentativa será falha quando ocorrerem as seguintes situações: 
 
• O atleta soltar de forma imprópria o disco; 
• Após estar dentro do círculo e ter iniciado sua tentativa, o 
esportista tocar qualquer parte do corpo sobre o aro ou fora do círculo; 
• O primeiro contato do disco com o solo ocorrer sobre a linha ou 
fora do setor de queda; 
• O competidor pode ter uma tentativa interrompida e reiniciá-la, 
desde que coloque o disco no chão e deixe o círculo pela metade posterior 
para começar de novo, caso contrário, não; 
• Ele deixar o círculo antes de o disco tocar no chão (deve estar 
parado, equilibrado e sair pela metade de trás). 
 
As medidas devem ser realizadas a partir do ponto de queda do disco 
até o centro do círculo, fazendo a leitura do resultado na borda interna do aro 
do círculo. 
 
8.1 LANÇAMENTO DE MARTELO 
 
 
 
227 
O lançamento de martelo é uma prova muito antiga, já era praticada 
pelos irlandeses por volta de 2000 anos a.C., mas tornou-se conhecida apenas 
no século XIX com os imigrantes irlandeses radicados nos Estados Unidos. 
No início não havia um regulamento e a prova era efetuada e partir do 
interior de círculos de tamanhos variados, e às vezes nem havia círculo. O 
martelo também era diferente, com o cabo feito de madeira rígida, no qual era 
fixado o projétil em uma de suas extremidades, e só mais tarde passou a ter 
um cabo flexível. 
Apenas em 1907 o círculo foi regulamentado (com 2,135 metros de 
diâmetro). Com ele, os atletas realizavam uma ou duas voltas para fazer o 
lançamento. Mais tarde, em 1920, a técnica evoluiu para três giros e assim 
permanece até hoje. 
A partir dessas mudanças, as maiores novidades técnicas ocorreram na 
forma de executar o giro, principalmente na maneira de se colocar o pé que 
serve de eixo para o giro, no caso o pé esquerdo para lançadores destros. 
As novidades continuaram a surgir com o desenvolvimento das ciências 
do treinamento, a biomecânica, o treinamento de força e a periodização. 
No quadro a seguir são 
apresentados alguns dos resultados 
mais expressivos, que contam a 
evolução das marcas nessa modalidade. 
Tabela 20 – Evolução das 
marcas de lançamento de martelo 
 
 
228 
 
Ano Marca 
(metros) 
Atleta País 
1909 56,18 John Flanagan Eua 
1950/60 63,19 
1960 70,33 Harold Connolly Eua 
1960/70 79,30 Walter Schimidit Alemanha 
1980 80,00 Yuriy Sedych Rússia 
1986 86,04 Sergey Litvinov Rússia 
1986 86,74 Yuryy Sedych Rússia 
 
 
8.2.1 Técnica de lançamento 
 
A técnica de lançamento de martelo é complexa. Segundo Fernandes 
(2003), consiste basicamente em combinar o ímpeto máximo que se possa dar 
à cabeça do martelo sem perder seu controle, com o máximo movimento 
ascendente realizado pelas forças do corpo ao terminar as voltas e soltar o 
martelo. 
Para conhecer e entender a técnica, devemos fazer a análise mecânica 
de lançamento para visualizar cada parte que compõe o conjunto de 
movimentos. 
 
 
229 
Cada fase tem o mesmo nome dos lançamentos já estudados, apenas 
elaboradas de forma diferente. 
 
• Empunhadura 
O martelo deve ser empunhado com muita firmeza em sua alça ou 
manopla, com as duas mãos sobrepostas, com a direita sobre a esquerda. 
• Posição inicial 
Para fazer sua tentativa, o atleta entra no círculo de lançamento 
posicionando-se junto à borda posterior do círculo, com os pés afastados 
lateralmente e o corpo voltado de costas para a direção de lançamento. O peso 
do corpo deve estar distribuído igualmente sobre os dois pés. 
A partir dessa posição, o martelo empunhado corretamente é colocado 
no chão ao lado direito do lançador, com a cabeça dentro ou fora do círculo, 
para que sejam iniciados os molinetes, que consistem em movimentar o 
martelo fazendo-o girar em círculos ao redor do corpo e acima da cabeça do 
atleta. 
 
• Deslocamento ou giros 
Com a realização dos molinetes, o martelo adquire grande velocidade 
após dois giros, ou três, para iniciantes. Os braços devem se manter 
estendidos ao máximo. Quando a cabeça do martelo estiver do lado direito 
após o último molinete, começa o primeiro giro de impulsão. O giro tem seu 
 
 
230 
eixo baseado no pé esquerdo, que nunca abandona o chão e passa a ser o 
eixo de todos os giros, iniciando-se o deslocamento. 
Durante os três giros feitos em velocidade crescente, o martelo é 
conservado sempre do lado direito do corpo. Para manter-se equilibrado, o 
corpo deve estar com seu peso apoiado sobre as pernas semiflexionadas, em 
especial à esquerda. 
 
• Posição final 
Após o último giro, quando o pé direito chega ao chão, o martelo ainda 
está atrás alinhado com o tronco. Nesse instante, finaliza-se o deslocamento 
com os giros, e o corpo está com as costas voltadas para a direção de 
lançamento, com seu peso gravitando sobre as duas pernas ligeiramente 
flexionadas. Então, começa o lançamento propriamente dito. 
 
• Lançamento 
A partir da posição final, que encerra os giros e deslocamento, é iniciado 
o lançamento, que não é feito com os braços, e sim através da extensão rápida 
das pernas, que estavam semiflexionadas. Os pés continuam girando para a 
esquerda por mais 90º. Essa ação, combinada com a extensão de pernas, 
quadris e tronco, traz o martelo, que ainda se mantinha atrasado e no ponto 
mais baixo de sua trajetória circular. Depois é largado no ar na direção que 
deve ser lançado. Assim, efetiva-se o lançamento e o corpo continua girando 
sobre o pé esquerdo. Para frear esse movimento, o lançador faz uma troca do 
 
 
231 
pé esquerdo, que está no chão, substituindo-o pelo direito, que estava no ar, 
permitindo a retomada do equilíbrio e a finalização de lançamento. 
 
• Ação final (troca de pés ou reversão) 
 
Quando o martelo sai das mãos, o corpo segue girando sobre o pé 
esquerdo devido à grande velocidade. Para frear esse movimento, o lançador 
faz uma troca do pé esquerdo, que está no chão, substituindo-o pelo direito, 
que estava no ar, ocorrendo a reversão. Tal ação promove a retomada do 
equilíbrio e a finalização de lançamento. 
 
 
232 
 Figura 97 – Fases da técnica de lançamento de 
martelo. 
 
8.2.1 Metodologia para ensino da técnica de lançamento 
 
 
 
 
 
 
233 
Dentre as provas de lançamentos, a do martelo é aquela cuja iniciação 
à aprendizagem da técnica começa mais tarde, pois exige elevada 
complexidade motora. Por causa das exigências mecânicas de grande 
dificuldade, é preciso preparar a criança no início do processo de 
aprendizagem com um trabalho de base voltado para o desenvolvimento das 
capacidades físicas gerais, como a força, a velocidade, a resistência e a 
agilidade, complementando com experiências variadas de todos os tipos de 
lançamentos. 
Esta prova requer um bom desenvolvimento do sentido de equilíbrio e 
distribuição do peso, o que não é muito fácil de se conseguir em crianças de 
12 anos, que[,] além de tudo[,] não alcançaram] experiência suficiente nos 
movimentos de giro. Por esse motivo, a metodologia inicial do processo de 
aprendizagem é constituída de exercícios que têm por objetivo acostumar a 
criança a realizar movimentos de giro em torno de um eixo transversal e, em 
especial, do eixo longitudinal do corpo, bem como a manutenção do equilíbrio 
e a orientação no espaço (FERNANDES, 2003, p. 113). 
Com a base construída na etapa de preparação geral, inicia-se a 
aprendizagem da técnica a partir dos 14 anos de idade utilizando-se um 
martelo improvisado, que pode seruma sacola contendo no seu interior uma 
bola medicinal pequena. Essa sacola deve ser fechada com uma corda 
amarrada em sua entrada, tomando-se o cuidado para que essa corda tenha 
uma sobra de 1 metro para que seja usada como cabo do martelo improvisado. 
Em sua extremidade, será feita uma alça em forma de empunhadura, que deve 
suportar as duas mãos, para segurar o martelo. 
 
 
 
234 
Vejamos os exercícios: 
• Em pé, com as pernas afastadas lateralmente, empunha-se o 
martelo improvisado em sua alça segurando-o com as duas mãos, uma sobre 
a outra e os braços ficam estendidos na frente do corpo. 
— Execução: girar algumas vezes o martelo sobre a cabeça fazendo 
movimentos dos quadris para o lado oposto à extremidade do martelo. 
 
• Mesmo caso anterior, mas girando o martelo e o corpo 
simultaneamente, dando pequenos passos para frente. 
• Com o martelo empunhado e os braços estendidos, deve-se fazer 
um giro do martelo sobre a cabeça. Em seguida, recomeça-se o movimento 
com dois giros do martelo. Realizam-se várias repetições com essa sequência. 
• Agora, sem o uso do martelo, é preciso praticar giros de 180º 
sobre o calcanhar do pé esquerdo e ponta do pé direito, que na sequência 
deixa o solo fazendo uma trajetória circular ao redor da perna esquerda para 
fazer novo apoio paralelo ao pé esquerdo, preparando-se para novo meio giro, 
encerrando uma volta completa através dos dois giros. 
• Mesmo esquema do exercício anterior, acrescentando mais um 
giro, totalizando três giros. Para tal, desloca-se de forma lenta em linha reta, 
com os braços posicionados como se tivessem com o martelo empunhado nas 
mãos. 
• Segura-se nas mãos uma bola medicinal ou um peso com alça 
de 5 kg para aumentar gradativamente a velocidade dos três giros. Isso é feito 
 
 
235 
para sentir os efeitos da força centrífuga proporcionada pelo peso extra durante 
os giros do corpo. 
• Substitui-se o peso pelo próprio martelo ou o improvisado (feito 
de sacola com a bola de 5 kg). 
Execução: realizar combinações variadas entre molinetes (giro do 
martelo sobre a cabeça) e giros do corpo, que podem ser feitos em séries da 
seguinte forma: 
— dois molinetes e um giro do corpo; 
— três molinetes e dois giros; 
— dois molinetes e três giros. 
Terminada essa série, tem-se uma pausa para recomeçar nova 
repetição. Os movimentos feitos nesse exercício são muito próximos do gesto 
técnico completo de lançamento, por isso devem ser repetidos por mais tempo 
até que sejam efetivados com segurança e desenvoltura. 
A partir desse momento, os exercícios passam a ser realizados dentro 
do círculo de lançamentos. 
Uma observação técnica a ser considerada na elaboração dos próximos 
exercícios deve ser direcionada para a posição do corpo, em especial para a 
postura da curvatura lombar, o que se consegue fazendo uma ligeira inclinação 
da cabeça para trás em oposição à cabeça do martelo. Ambos fazem tração 
contrária. 
 
 
 
236 
• O aluno deve ficar em pé dentro do círculo junto à borda inicial, 
com os pés afastados lateralmente e as costas voltadas para a direção do 
arremesso (posição inicial para o lançamento). 
— Execução: iniciar com o peso do corpo distribuído sobre os dois 
pés. Depois, movimentar o tronco para o lado esquerdo, transferindo todo o 
peso do corpo para essa perna. Então, deve-se fazer o mesmo para o lado 
direito, balançando o corpo de um lado para o outro. 
 
• Repete-se o exercício anterior com uma bola medicinal nas mãos. 
— Execução: ao transferir o peso do corpo para um dos lados, é 
preciso levar a bola medicinal para o mesmo lado em um movimento de baixo 
para cima, com extensão total do corpo. Aplica-se tal ação sucessivamente, de 
forma que a bola descreva um movimento pendular ao ir de um lado para o 
outro. 
• Mesmo exercício que o anterior, mas neste a bola medicinal é 
lançada para o lado esquerdo, fazendo um giro de 90º sobre a planta dos pés. 
• Usando o martelo improvisado, o aluno deve efetuar um giro na 
planta do pé direito e calcanhar do pé esquerdo, para depois lançar o 
implemento. 
• Realiza-se o mesmo exercício: deve-se usar o martelo real após 
a aplicação de dois giros da forma descrita no exercício anterior. 
• Executam-se dois molinetes (giro do martelo sobre a cabeça) e 
três giros, terminando com o lançamento de martelo. 
 
 
237 
Com essa sequência de exercícios educativos, chega-se de uma forma 
gradativa e dificuldade progressiva, ao lançamento completo realizado no 
último exercício. 
O exemplo que estudaremos agora resume uma orientação sobre os 
cuidados com os grupos musculares envolvidos na preparação do lançador de 
martelo. Com base nesse conteúdo, você poderá buscar muitas opções na 
literatura para encontrar as soluções desejadas para essa finalidade. 
 
Ressaltamos os exercícios específicos a seguir. 
 
• Em pé, com as pernas afastadas lateralmente, deve-se segurar 
na mão uma bola medicinal com os braços estendidos para baixo. 
— Execução: lançar a bola para o mais alto possível com um 
movimento explosivo e estendendo completamente o corpo, acompanhando a 
trajetória da bola para o alto. 
 
• Mesmo caso que o exercício anterior, porém o lançamento é feito 
para trás da cabeça, com um ângulo de 45º, buscando atingir a maior distância 
possível. Olha-se para a bola até onde for possível para obrigar a extensão 
total do corpo ao lançá-la. 
 
 
 
238 
• Exercício igual, partindo de uma posição lateral para o sentido de 
lançamento. 
— Execução: levar a bola medicinal em um movimento para o lado 
direito ao mesmo tempo em que as pernas se flexionam ligeiramente. Na 
sequência, lançar a bola para o lado esquerdo, em um movimento de baixo 
para cima, com extensão vigorosa das pernas e extensão total do corpo. 
 Figura 98 – Exercício específico para 
lançamento de martelo 
 
• Em pé, com as pernas afastadas lateralmente, o aluno segura na 
mão uma bola medicinal com os braços estendidos para baixo. 
— Execução: realizar movimentos circulares com a bola medicinal 
sobre a cabeça – da direita para a esquerda. 
• É preciso ficar em decúbito dorsal, com as pernas estendidas com 
um companheiro segurando nos tornozelos para imobilizá-las. 
— Execução: elevar o tronco do chão com rotação para um dos 
lados e colocar as mãos no chão. Retorna-se à posição inicial e efetiva-se o 
 
 
239 
movimento para o outro lado, e assim sucessivamente. É um exercício 
abdominal feito com rotação para os lados de modo alternado. 
 
• Posicionar-se de costas pendurado em um espaldar com o corpo 
bem estendido e relaxado. 
— Execução: fazer movimentos balanceados com todo o corpo, 
para direita e esquerda, como se fosse um pêndulo. 
 
• Em pé, com as pernas afastadas lateralmente, as mãos devem 
segurar uma barra de halter sobre os ombros com anilhas não muito pesadas. 
— Execução: fazer movimentos de rotação para os lados, com o 
olhar acompanhando o movimento do corpo, sem tirar os pés do chão. 
 
• Exemplo idêntico ao anterior. 
— Execução: fazer uma rotação do tronco para um dos lados, 
seguida de uma flexão profunda das pernas e voltar à posição inicial por 
extensão enérgica das pernas. 
 
• Mesmo caso, mas a barra de peso deve ser elevada à vertical 
com os braços estendidos, e a partir dessa posição é preciso fazer a rotação 
alternada do corpo para os lados. 
 
 
240 
 
• Em pé, com as pernas afastadas lateralmente, as mãos devem 
segurar uma bola medicinal pesada ou um saco de areia no chão do lado 
esquerdo do corpo. 
— Execução: estender vigorosamente o corpo e pernas levantando 
o peso do chão, estendendo os braços para cima, pela frente do corpo, 
terminando com o peso elevado no alto para o lado direito. Após retornar à 
posição inicial, o movimento deve ser repetido. 
 
• Em pé, com as pernas afastadas lateralmente e ligeiramente 
flexionadas, as mãos devem segurar uma bola medicinal no chão no lado 
direito.— Execução: partindo dessa posição, lançar a bola para o lado 
esquerdo através de uma extensão completa das pernas, tronco e braços. 
 
• Em pé, com as pernas afastadas lateralmente e ligeiramente 
flexionadas, as mãos seguram um peso com alça. 
— Execução: lançar o aparelho através de um movimento idêntico 
ao gesto técnico final de lançamento. 
 
8.2.3 Regras básicas de competição 
 
 
 
241 
O martelo é composto de três partes: cabeça de metal, corpo e 
empunhadura. 
Para iniciar sua tentativa, o atleta poderá colocar a cabeça de metal no 
solo, dentro ou fora do círculo. 
Se o martelo quebrar durante o lançamento, não será considerada uma 
tentativa falha, desde que o competidor não tenha cometido nenhuma outra 
infração. 
Tabela 21 
Peso Feminino Masculino 
menores 
Masculino 
juvenil 
Masculino 
adulto 
Mínimo permitido em 
competições 
4,000kg 5,000 kg 6,000 kg 7,260 kg 
 
Em uma competição com mais de oito atletas, cada um terá direito a 
realizar três tentativas, valendo o melhor resultado. Os oito melhores 
classificados seguirão competindo e terão direito a mais três tentativas. Ao 
todo, são seis lançamentos para cada um deles, e o melhor resultado obtido 
será a marca para a classificação final. 
 
Se a final para esses oito classificados for realizada em outro período, 
cada um terá direito a seis tentativas. Sempre que houver até oito 
concorrentes, cada um terá direito a seis lançamentos. 
A tentativa será falha quando ocorrerem as seguintes situações: 
 
 
242 
 
• Ao ser lançado, a cabeça do martelo tocar primeiro sobre a linha 
ou fora do setor de quedas; 
• Se o atleta sair do círculo de lançamento antes de o martelo tocar 
o chão no setor de quedas; 
• Após entrar no círculo, o competidor tocar com o pé ou qualquer 
parte do corpo sobre o aro ou fora do círculo; 
• Após o lançamento, ele só pode deixar o círculo com o corpo em 
completo equilíbrio e sair pela metade posterior do círculo, caso contrário, terá 
agido incorretamente. 
A medida de lançamento deve ser feita a partir da marca deixada no 
chão pela cabeça do martelo, mais próxima do centro do círculo. A trena é 
colocada com início nesse local, estendida até o centro do círculo, e a leitura 
da medida é feita na borda interna do círculo. 
Após cada tentativa, o martelo deve ser trazido de volta para um local 
próximo do círculo. 
 
Exemplo de aplicação 
Os lançamentos do atletismo são provas pouco desenvolvidas nas 
escolas por causa do espaço físico exigido para sua prática. Porém, com 
criatividade, o professor poderá adaptar espaços e material para trabalhar esse 
importante conjunto de lançamentos. 
 
 
243 
Pense e busque soluções para todos os tipos de adaptações simples 
que podem ser utilizadas para essa finalidade. 
 
Resumo 
No atletismo, os lançamentos correspondem a um grupo de provas de 
campo muito tradicional e praticado no mundo esportivo, mas pouco popular e 
difundido no Brasil, o que leva nosso País a não conseguir resultados 
expressivos nas principais competições internacionais. 
Dentro dessa categoria de provas do atletismo, uma das mais antigas e 
tradicionais da modalidade é praticada desde os Jogos Olímpicos da Grécia 
Antiga. Estamos falando de lançamento de disco, que é representado pela 
famosa estátua do discóbolo de Myrón e réplicas espalhadas por muitos 
museus notáveis ao redor do mundo. 
Esse conjunto de provas é formado pelos lançamentos de disco, de 
dardo, de martelo e pelo arremesso de peso. Todos eles passaram por 
evoluções técnicas, que proporcionaram ao longo da história mudanças 
constantes nos resultados e recordes. 
Para o professor de Educação Física, bem como treinadores, é vital 
possuir o conhecimento da técnica. Assim, poderá avaliar o desempenho e o 
progresso de seu aluno ou atleta, bem como programar os exercícios 
adequados para a evolução do praticante. 
Os quatro lançamentos estudados possuem as mesmas fases: 
empunhadura, posição inicial, deslocamento, posição final, lançamento e troca 
 
 
244 
de pés ou reversão. Contudo, são realizadas com movimentos próprios e 
diferentes em cada uma delas. 
Com base nessa análise, descrevemos exemplos de exercícios 
educativos e formativos que compõem a metodologia para o ensino e 
desenvolvimento da técnica. 
Para concluir o estudo dos lançamentos, exibimos um resumo das 
regras de competição com suas principais informações. Destacamos, ainda, os 
procedimentos adequados, as faltas e as incorreções da modalidade que o 
aluno ou atleta precisa saber para participar de competições. 
 
9 PSICOLOGIA DO ESPORTE 
 
1. Introdução 
O esporte, fenômeno de grande influência na sociedade, além de formar 
atletas de alto rendimento, mostra-se extremamente relevante por promover 
melhoria da saúde física e mental. Segundo o estudo de Balbinotti et al. (2011), 
a atividade física regular diminui os níveis de estresse do cotidiano, fortalece 
amizades, aumenta a autoestima quanto à estética e, ainda, permite 
desenvolver o crescimento pessoal por meio da competitividade. Ela está 
arraigada na vida cotidiana e é um poderoso fator mobilizador, capaz de 
influenciar o comportamento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e 
idosos, que se espelham em seus ídolos e transformam-nos em ícones 
capazes de criar e modificar padrões, moldar comportamentos e ditar modas 
 
 
245 
que se espalham com uma enorme velocidade (SOUZA FILHO apud 
MIRANDA, 2009). A psicologia do exercício e do esporte1 consiste no estudo 
científico do comportamento humano em contextos esportivos e de exercício, 
bem como na aplicação prática desse conhecimento nos ambientes de 
atividade física (GILL; WILLIAMS, 2008). Na atualidade, com a evolução da 
psicologia geral, e da psicologia do exercício e do esporte em particular, é 
reconhecido o valor dos métodos e das técnicas de avaliação dos parâmetros 
psicológicos, consideradas atividades altamente especializadas, com ênfase 
na avaliação e não na testagem. O objetivo principal dessas atividades é 
avaliar a uniformidade de indivíduos em aspectos essenciais e, por meio de 
classificação comparativa, observar um indivíduo quanto aos parâmetros da 
faixa etária a que pertence. Para a Federação Europeia de Psicologia do 
Esporte (European Federation of Sports Psychology – FEPSAC), o foco da 
investigação da psicologia do exercício e do esporte encontra-se nas diferentes 
dimensões psicológicas da conduta humana: afetiva, cognitiva, motivadora ou 
sensório-motora (BECKER JÚNIOR, 2000). 
 
2. História da psicologia do esporte 
A trajetória histórica da psicologia do exercício e do esporte pode ser 
sintetizada em seis períodos, conforme Weinberg e Gould (2008): 
a) os primeiros anos (1895-1920) – o psicólogo Norman Triplett (1861-
1931) foi o precursor da psicologia do esporte na América do Norte. Em 1897, 
ele investigou em que ocasião os ciclistas pedalavam mais rápido, se 
acompanhados ou sozinhos; 
 
 
246 
b) a era Griffith (1921-1938) – Coleman Griffith (1893-1966) é 
considerado o pai da psicologia do esporte nos Estados Unidos. Ele 
desenvolveu o primeiro laboratório desse ramo da psicologia e publicou dois 
livros clássicos: “Psychology of Coaching” (1926), no qual discutiu os 
problemas levantados pelos métodos de treinamento da época, e “Psychology 
of Athletics” (1928); 
c) preparação para o futuro (1939-1965) – no Brasil, a psicologia do 
esporte teve início na década de 1950, quando o psicólogo João Carvalhaes 
implementou uma unidade de seleção de candidatos, de natureza 
psicotécnica, na Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol (FPF). 
Após esse trabalho, Carvalhaes iniciou o acompanhamento psicológico dos 
jogadores do São Paulo Futebol Clube (COSTA, 2006). No plano mundial, o 
primeiro Congresso Internacional de Psicologia do Esporte foi realizado em 
Roma, na Itália, em 1965; 
d) o estabelecimento da psicologia doesporte como disciplina 
acadêmica (1966-1977) – com o estabelecimento do curso superior de 
educação física, a psicologia do esporte passou a ser considerada uma 
disciplina desse curso, separando-se da disciplina de aprendizagem motora. 
Nessa época, surgiram as consultorias de psicólogos direcionadas a atletas e 
a equipes. Nos Estados Unidos, foram estabelecidas as primeiras sociedades 
científicas da área; 
e) ciência e prática multidisciplinar na psicologia do exercício e do 
esporte (1978-2000) – a psicologia do exercício ganhou espaço. Nesse 
período, houve um aumento do número de eventos e de publicações científicas 
na área, que passou a contar com mais estudantes e profissionais. 
 
 
247 
As pesquisas e as intervenções começaram a apresentar um viés 
multidisciplinar, à medida que os estudantes realizavam mais trabalhos de 
curso relacionados a aconselhamento e psicologia; 
 f ) psicologia do exercício e do esporte contemporânea (2000 até o 
presente) – no Brasil, psicólogos passaram a integrar equipes olímpicas e 
paraolímpicas. No nível mundial, observou-se um aumento da importância 
conferida às pesquisas em psicologia do exercício e do esporte, em virtude dos 
benefícios que o esporte traz à saúde e à qualidade de vida. 
 
3. Objetivos da psicologia do esporte 
Grande parte dos estudos experimentais em psicologia do exercício e 
do esporte tem em vista dois objetivos, segundo Weinberg e Gould (2008): 
a) entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico 
de um indivíduo; por exemplo, como a ansiedade afeta a precisão de um 
jogador de basquetebol em um arremesso de lance livre; 
b) entender como a participação em esportes e exercícios afeta o 
desenvolvimento psicológico, a saúde e o bem-estar de uma pessoa; por 
exemplo, se existe uma relação entre o ato de correr e a redução da ansiedade 
e da depressão. 
 
 
248 
 
4. Áreas de atuação da psicologia do esporte 
Quanto às áreas de atuação do psicólogo do exercício e do esporte, são 
elas (Figura 1): 
 
a) esporte de rendimento – a psicologia do exercício e do esporte é 
mais atuante no esporte de alto nível ou de alto rendimento. Nessa área, são 
investigados os fenômenos psicológicos determinantes do rendimento, ou seja, 
 
 
249 
a psicologia é utilizada como uma ferramenta para aperfeiçoar o processo de 
recuperação e para otimizar o desempenho do atleta; 
b) esporte educacional ou escolar – nessa área, a psicologia analisa 
os processos de ensino e de aprendizagem, bem como os processos de 
educação e de socialização. Aqui, enfoca a questão socioeducativa do esporte 
e do exercício; 
c) esporte recreativo – tem em vista o bem-estar do indivíduo. Nessa 
área, a psicologia estuda os motivos, as atitudes e os interesses de grupos 
recreativos de diferentes faixas etárias, atuações profissionais e classes 
socioeconômicas; 
d) esporte de reabilitação – engloba o trabalho tanto de atletas 
lesionados quanto de atletas deficientes físicos ou mentais. Nessa área, a 
psicologia investiga os aspectos preventivos e terapêuticos do esporte e do 
exercício. 
5. Motivação 
Inicialmente, pergunta-se: por que um grupo de crianças que pratica 
futebol treina três vezes por semana, enquanto outro grupo treina duas vezes 
por dia? Por que alguns atletas somente conseguem atingir níveis elevados de 
desempenho quando sabem que receberão uma premiação em dinheiro, ao 
passo que outros atletas apresentam bons resultados apenas quando jogam 
com a torcida a favor? 
As respostas a essas perguntas estão relacionadas a um fator 
psicológico chamado motivação. 
 
 
250 
Para Samulski (1995), a motivação caracteriza-se como um processo 
ativo e intencional dirigido a uma meta. Esse processo depende de fatores 
pessoais (intrínsecos) e de fatores ambientais (extrínsecos). O termo 
motivação é derivado do verbo movere, em latim, que traduz a ideia de 
movimento. 
Assim, a motivação relaciona-se ao fato de uma pessoa ser influenciada, 
por estímulos internos ou externos, a fazer ou realizar algo, mantendo a pessoa 
na ação e ajudando-a a completar tarefas (PINTRICH; SCHUNK, 2002). Dessa 
forma, Sage (apud WEINBERG; GOULD, 2008) entende que a motivação pode 
ser definida simplesmente como a direção e a intensidade dos esforços 
humanos. 
A direção do esforço refere-se à busca, à aproximação ou à atração de 
um indivíduo por certas situações, enquanto que a intensidade refere-se à força 
– maior ou menor – que uma pessoa ou atleta investe no esforço em uma 
determinada situação. 
De acordo com Weinberg e Gould (2008), as abordagens da 
personalidade da psicologia do esporte conceituam a motivação sob três 
orientações típicas: a visão centrada no participante (traço2), a visão centrada 
na situação e a visão interacional. Segundo a visão centrada no participante 
(traço), o comportamento motivacional orienta-se primariamente em função 
das características individuais, tais como a personalidade, as necessidades e 
os objetivos do indivíduo. 
A visão centrada na situação sustenta que o nível de motivação é 
determinado principalmente pelas condições e influências do meio. Contudo, a 
 
 
251 
visão mais aceita pelos psicólogos do exercício e do esporte é a visão 
interacional, que examina o modo como indivíduo e situação interagem. 
Para Weinberg e Gould (2008), o modelo interacional de motivação 
fundamenta cinco diretrizes para a prática profissional da educação física, 
como se pode ver no Quadro 1, a seguir. 
 
A motivação é importante para a compreensão da aprendizagem e do 
desempenho de habilidades motoras, pois desempenha um papel essencial na 
iniciação, na manutenção e na intensidade do comportamento do aprendiz 
(MAGGIL, 1984). 
 
 
252 
Muitos estudos sobre a motivação mostram que os indivíduos que 
apresentam um elevado grau de estímulo de realização não somente 
aprendem mais rápido, como também respondem melhor e mais depressa em 
relação àqueles que apresentam baixo grau de motivação (PEREIRA, 2006). 
Uma das teorias na área da motivação está apoiada na teoria da 
autodeterminação e sustenta que o comportamento pode ser motivado 
intrinsecamente, motivado extrinsecamente ou desmotivado (RYAN; DECI, 
2000). 
Dessa forma, o indivíduo motivado intrinsecamente é aquele cujo 
envolvimento e constância na atividade acontecem porque a tarefa em si é 
interessante e produz satisfação. Quando a pessoa é motivada 
intrinsecamente, ela manifesta tal comportamento de modo voluntário, sem a 
ocorrência de recompensas materiais e/ou de pressões externas (RYAN; 
DECI, 2000). 
No contexto esportivo, são considerados atletas intrinsecamente 
motivados aqueles que vão aos treinos e aos jogos porque os consideram 
interessantes e se satisfazem em aprender mais sobre sua modalidade, bem 
como aqueles que têm prazer de constantemente procurar superar seus limites 
e aqueles que têm o propósito de experimentar sensações estimulantes 
(PELLETIER et al., 1995). 
Isso sugere a existência de pelo menos três tipos de motivação 
intrínseca. Nessa mesma linha de pensamento, o sujeito motivado 
extrinsecamente é aquele que desempenha uma atividade ou tarefa tendo em 
 
 
253 
vista recompensas externas ou sociais, tais como receber elogios ou apenas 
evitar punições. 
No esporte, os atletas extrinsecamente motivados caracterizam-se pelo 
interesse em recompensas externas e sociais, como troféus, medalhas, 
premiações em dinheiro, reconhecimento público e fama. Por fim, os indivíduos 
amotivados encontram-se em um estado de ausência de intenção para agir, 
desvalorizam a tarefa, não se sentem competentes para realizá-la e não 
esperam alcançar o resultado desejado (RYAN; DECI, 2000). 
Assim, os alunos ou atletas que apresentam essas características não 
encontram boas razões para continuar treinando e competindo; devido a isso, 
eles podem chegar ao limite de abandonar oesporte (PELLETIER et al., 1995). 
Com isso, os professores devem ter cuidado para que, em suas aulas, 
a motivação extrínseca não se sobreponha à motivação intrínseca: quanto 
mais o indivíduo for motivado extrinsecamente, menos ele será motivado 
intrinsecamente, pois “recompensas externas percebidas como controladoras 
do comportamento de uma pessoa ou que sugerem que o indivíduo não é 
competente diminuem a motivação intrínseca” (WEINBERG; GOULD, 2008, p. 
154). 
A motivação extrínseca vem de outras pessoas por meio de reforços 
positivos e negativos. Os reforços positivos aumentam a probabilidade de 
ocorrerem comportamentos positivos, enquanto os reforços negativos 
diminuem a frequência desses mesmos comportamentos. Os reforços 
positivos incluem medalhas, elogios, reconhecimento e dinheiro, enquanto os 
reforços negativos incluem zombaria, dificuldades, punições, brigas etc. 
 
 
254 
Assim, os atletas são motivados geralmente por uma combinação de 
motivação intrínseca e extrínseca, que pode variar de pessoa para pessoa. 
Recompensas extrínsecas excessivas ou exageradas que não são 
acompanhadas da realização da tarefa tendem a perder efetividade e podem 
reduzir a motivação intrínseca. 
Por outro lado, quando acompanhadas de recompensas intrínsecas, 
aquelas podem ser extremamente motivadoras. 
 
6. Estresse, overtraining e burnout 
 
O estresse pode ser definido como um estado de desestabilização 
psicofísica ou uma perturbação do equilíbrio que ocorre entre a pessoa e o 
meio ambiente (FLETCHER; SCOTT, 2010). 
Portanto, o atleta experimenta o estresse – físico e mental – quando não 
consegue lidar com ou reagir a determinadas situações ocasionadas pelo 
ambiente esportivo em que vivem. Explicando de forma didática, o estresse – 
físico e mental – no esporte se manifesta em quatro estágios, desenvolvidos a 
partir do processo de estresse de McGrath (apud BRANDÃO, 2000), a saber: 
a) no primeiro estágio, chamado demanda ambiental, o atleta se 
depara com uma demanda ameaçadora no meio em que se encontra, por 
exemplo: uma ofensa do atleta adversário, desentendimentos com a 
arbitragem, pressão da torcida e da imprensa, perda de um jogo nos minutos 
finais etc.; 
 
 
255 
b) o segundo estágio, conhecido como percepção da demanda 
ambiental, ocorre no momento em que o esportista, após tomar conhecimento 
de sua situação, avaliaa cognitivamente, podendo percebê-la como 
ameaçadora (no caso de uma avaliação negativa), ou como estimulante (no 
caso de uma avaliação positiva). Em uma partida de futebol, por exemplo, 
determinada demanda ambiental, como estar perdendo o jogo nos minutos 
finais, pode levar o jogador a realizar uma avaliação negativa (“a partida está 
quase perdida, resta pouco tempo para a reação”) ou positiva (“nada está 
perdido, vamos partir com tudo para chegarmos ao empate”); 
c) no terceiro estágio, surgem respostas físicas e psicológicas ao 
estresse. Reagindo aos agentes estressores, o atleta pode apresentar dois 
tipos de consequências: os sintomas biológicos, como, por exemplo, a 
elevação da frequência cardíaca e da pressão arterial, e os sintomas 
psicológicos, como a elevação da ansiedade-estado; 
d) no estágio final, denominado consequências comportamentais, são 
observados os efeitos da avaliação cognitiva da demanda ambiental, bem 
como as alterações físicas e psicológicas sobre o desempenho e o resultado 
da atividade esportiva. Ainda com respeito desse estágio, as consequências 
comportamentais podem ser positivas ou negativas para o atleta. Quando ele 
busca superar a demanda estressora para se tornar mais ativo e melhorar seu 
desempenho, esse processo se caracteriza como eustresse ou estresse 
positivo. 
Por outro lado, quando a situação causa prejuízos ao desempenho do 
atleta, fala-se de distresse ou estresse negativo. No exemplo citado 
anteriormente, a partida de futebol tanto pode terminar com a derrota do time 
 
 
256 
que estava “atrás” no placar (distresse), quanto pode ocorrer uma reação nos 
minutos finais, com o empate ou a virada do jogo (eustresse). A síndrome de 
sobretreinamento (overtraining), por sua vez, pode ser entendida como um 
estado de fadiga crônica ocasionado pela dosagem incorreta das cargas 
aplicadas e pelo excesso de treinamento, combinado com a ação de 
estressores externos ao processo de treinamento, como o excesso de viagens 
e de competições, que podem intensificar o efeito das cargas de trabalho 
(BONETE; SUAY, 2003; GLEESON, 2002). 
Nesse ponto, deve-se fazer uma consideração importante em relação à 
carga de trabalho: apesar de geralmente ser considerada sob o ponto de vista 
fisiológico, sabe-se que, juntamente à carga física aplicada ao atleta, existe 
também uma carga psicológica envolvida no processo. Esse aspecto pode ser 
observado em casos de competições sucessivas (carga física), que provocam 
o afastamento do esportista de seus familiares e amigos (carga psicológica). 
Portanto, o termo dosagem deve ser compreendido sob o ponto de vista 
de ambas as cargas. 
Além das características citadas, o sobretreinamento também ocasiona 
a piora do desempenho competitivo, mesmo após diversas tentativas de 
melhora da condição física (GLEESON, 2002). 
Em geral, quando um atleta encontra-se em estado de 
sobretreinamento, a comissão técnica dificilmente reconhece a síndrome e 
avalia a queda no desempenho como falta de treinamento adequado e, com 
isso, aumenta sua carga de trabalho. Essa conclusão equivocada acaba por 
levar o esportista a um patamar de rendimento extremamente reduzido. Tal 
 
 
257 
situação pode ser exemplificada quando um jogador de futebol apresenta 
rendimento abaixo do esperado durante várias partidas, e a comissão técnica 
aumenta o volume e a intensidade dos treinos na tentativa de melhorar o 
condicionamento desse atleta. Essa decisão pode promover a piora do nível 
atlético, pois a estratégia de controle do sobretreinamento consiste no 
equilíbrio entre o esforço (treinos e competições) e a recuperação (sono e 
alimentação adequados, convívio social). 
Para o monitoramento do sobretreinamento em atletas, um dos 
principais instrumentos psicométricos utilizados é o “Recovery-Stress 
Questionnaire for Athletes” (RESTQ-76- Sport), elaborado por Kellmann e 
Kallus (2001), e validado para o idioma português por Kellmann et al. (2009). 
Trata-se de um questionário de 76 itens – cada item é composto por 
uma situação para a qual o sujeito deverá informar a frequencia com que a tem 
feito, por exemplo: eu tenho lido jornais nos últimos três dias – e um item a 
mais de aquecimento ou preparação da aplicação do questionário. Para cada 
uma das 19 dimensões são apresentados quatro itens. Dentre as dimensões 
apresentadas, sete são referentes ao estresse geral, cinco são referentes à 
recuperação geral, três estão relacionadas ao estresse específico do esporte 
e quatro estão associadas à recuperação específica do esporte. 
Associado ao sobretreinamento pode-se encontrar a síndrome de 
burnout ou síndrome do esgotamento. Esta pode ser definida como uma 
reação ao estresse crônico, ou como o desinteresse por uma atividade 
anteriormente considerada motivadora e prazerosa para o indivíduo, no caso, 
o esporte. 
 
 
258 
O esgotamento constitui-se em três dimensões (RAEDEKE; SMITH, 
2004): 
a) exaustão física e emocional – desgaste advindo da rotina de treinos 
e competições; 
b) reduzido senso de realização esportiva – discrepância entre os 
objetivos idealizados no início da carreira esportiva e os objetivos realmente 
conquistados; 
c) desvalorização esportiva – falta de interesse pela prática esportiva 
Desse modo, é importante detectar a ocorrência de esgotamento antes 
que o aluno ou atleta atinja os níveis mais altos da síndrome, pois, quando isso 
acontece, a probabilidade de abandono da atividade ou da carreira esportiva é 
bastanteelevada. 
O instrumento psicométrico mais utilizado internacionalmente para a 
mensuração das dimensões de esgotamento é o “Athlete Burnout 
Questionnaire” (ABQ) (RAEDEKE; SMITH, 2001). 
Esse questionário é composto por quinze itens que avaliam a frequência 
de sentimentos relativos à síndrome. Cada item se refere a uma das três 
dimensões do esgotamento mencionadas anteriormente: exaustão física e 
emocional, reduzido senso de realização esportiva e desvalorização esportiva 
(RAEDEKE, 1997). 
No Brasil, Pires, Brandão e Silva (2006) validaram a versão em 
português do ABQ, intitulada “Questionário de burnout para atletas” (QBA). De 
acordo com McCann (1995), o ponto comum entre os processos de 
 
 
259 
overtraining e de burnout é o estresse, que constitui elemento fundamental na 
etiologia6 de ambas as síndromes. 
Para Gimeno (2003), a diferença-chave entre essas duas síndromes 
reside no papel exercido pelos fatores cognitivos em caso de burnout. No 
overtraining, a atenção está voltada para a importância do agente estressor 
(treinamento) e para a resposta ou reação (sintomas), ignorando-se a 
interpretação que o atleta faz acerca do agente estressor. Entretanto, no 
burnout, é dada ênfase à interpretação subjetiva realizada pelo esportista sobre 
o agente estressor, o que mostra a importância dos mecanismos cognitivos 
nesse processo. 
Conforme a conclusão objetiva de Gimeno (2003), pode-se afirmar que 
existe um paralelismo geral entre os processos de overtraining e de burnout, 
representado pelo estresse, ao mesmo tempo em que elementos cognitivos 
diferenciam esses processos com clareza. Em outra abordagem (SILVA, 
1990), esses fenômenos são considerados dentro de um continuum de 
adaptações negativas sofridas pelo atleta, na seguinte ordem: em primeiro 
lugar, o estresse negativo ou distresse; em segundo lugar, o overtraining; e, 
por último, o esgotamento. 
A Figura 2 representa o continuum de adaptações negativas proposto 
por Silva (1990). 
 
 
 
260 
7. Coesão de grupo 
 
Na Copa do Mundo de 2002, a seleção brasileira pentacampeã de 
futebol apresentou uma característica interessante. O grupo de atletas e 
comissão técnica foi denominado “família Scolari”, uma referência ao técnico 
Luiz Felipe Scolari, que conseguiu unir todos os envolvidos com a seleção em 
torno de um ideal comum: a conquista do título. Esse fato representa a coesão, 
um processo dinâmico que reflete a tendência de um grupo de se entrosar e 
permanecer unido na busca por seus objetivos instrumentais e/ou na satisfação 
das necessidades afetivas de seus membros (CARRON et al., apud 
WEINBERG; GOULD, 2008). 
Weinberg e Gould (2008) complementam esse conceito, ao 
afirmarem que a coesão é: 
a) multidimensional – vários fatores determinam a união de um grupo; 
b) dinâmica – a coesão de um grupo se altera ao longo do tempo; 
c) instrumental – os grupos são criados para um propósito definido; 
d) afetiva – as interações sociais dos membros de um grupo produzem 
sentimentos entre seus participantes. 
O caráter multidimensional da coesão está associado à combinação das 
dimensões social e da tarefa, segundo Weinberg e Gould (2008): 
a) coesão social – reflete o grau de apreciação mútua que existe entre 
os membros de um grupo, assim como o sentimento de empatia e de 
pertencimento em relação aos colegas; 
 
 
261 
b) coesão da tarefa – reflete o grau de trabalho em equipe existente em 
um grupo que busca a obtenção de um objetivo comum. No esporte, esse 
objetivo comum pode ser vencer um campeonato, por exemplo. 
Com isso, apresenta-se uma questão importante para o assunto aqui 
abordado: o fato de uma equipe esportiva ser motivada tem como resultado um 
melhor desempenho? 
Em uma investigação que reuniu 46 publicações e envolveu quase 10 
mil atletas e mais de mil times, Carron et al. (2002) encontraram uma relação 
de moderada a forte entre coesão e desempenho, sendo que os maiores 
efeitos dessa relação foram obtidos em esportes coletivos. Os autores 
ressaltam a importância da formação da equipe para se elevar a coesão e 
demonstram que tanto a coesão social quanto a coesão para a tarefa são 
benéficas para o processo como um todo. 
A seguir, são abordadas as diretrizes que técnicos e líderes devem 
respeitar para a formação de um time coeso, conforme Weinberg e Gould 
(2008): 
a) comunicar-se de forma efetiva – deve ser criado um ambiente em que 
todos se sintam confortáveis para expressar pensamentos e sentimentos; 
b) explicar os papéis individuais para o sucesso da equipe – técnicos e 
professores devem ressaltar a importância do papel que cada jogador 
desempenha na equipe. Quando os atletas ou alunos têm consciência de suas 
funções e das tarefas de seus companheiros, eles passam a desenvolver apoio 
e empatia mútuos; 
 
 
262 
c) desenvolver o orgulho entre as diferentes funções – deve haver 
incentivo mútuo entre alunos ou atletas da mesma função tática e de funções 
táticas distintas. No futebol, por exemplo, os zagueiros se orgulham de evitar 
que a equipe adversária marque gols; por outro lado, os atacantes admiram os 
meios-campistas, pois grande parte dos gols marcados por aqueles têm origem 
nas jogadas destes; 
d) traçar metas desafiadoras para o grupo – objetivos específicos e 
desafiadores causam impactos positivos nos alunos ou atletas, bem como nas 
equipes, aumentando o padrão de produtividade e mantendo os times ou 
grupos focados no que é preciso fazer para alcançá-los. Ao atingir as metas, 
os grupos são incentivados a traçar novos objetivos; 
e) estimular a identidade do grupo – o grupo deve se sentir especial e 
se diferenciar de outras equipes ou times. A escolha dos números das camisas 
e a participação em eventos sociais são estratégias interessantes para a 
formação dessa identidade; 
f) evitar a formação de facções – conhecidas como “panelas” ou 
“panelinhas”, esses pequenos grupos tendem a causar a desagregação de 
uma equipe. A troca dos companheiros de quarto é uma das medidas a serem 
tomadas pelos técnicos e professores para combater a formação de “panelas”; 
g) evitar modificações excessivas – demasiadas alterações entre os 
integrantes de uma equipe tornam o ambiente pouco familiar, o que dificulta o 
rápido entendimento entre eles e diminui a coesão interna do grupo. Quando 
as trocas são inevitáveis – como pode ser o caso de espaços organizados 
como academias, escolas, projetos sociais, cujos ingressos e desistências são 
 
 
263 
registrados, nos quais podem ocorrer entradas e desistências de novos alunos 
–, os mais experientes devem apoiar os recém-chegados; 
h) promover encontros periódicos da equipe – reuniões de grupo são 
produtivas, pois viabilizam a resolução de conflitos internos, a mobilização de 
energias, a aprendizagem com base nos erros, a redefinição de metas e a 
manutenção do espírito esportivo; 
i) conhecer o ambiente da equipe – técnicos e professores devem 
reconhecer os atletas e alunos que são detentores de grande prestígio ou de 
aptidão interpessoal, e utilizá-los como meio de comunicação entre a comissão 
técnica e os jogadores. 
Da mesma forma, esses alunos podem auxiliar os técnicos a se manter 
em contato com os sentimentos e as atitudes dos integrantes da equipe ou do 
grupo; 
j) estimular a descoberta interpessoal – os valores são os principais 
determinantes do comportamento humano. Por isso, uma forma de se 
conhecer melhor os companheiros de uma equipe ou grupo consiste em 
identificar seus valores, tais como família, planos de realização pessoal e 
profissional, criatividade e preocupação com os outros. 
 
8. Liderança 
Os estudos sobre liderança têm sido bem desenvolvidos dentro da 
psicologia social. 
 
 
264 
Após uma revisão na literatura, Brandão, Agresta e Rebustini afirmaram 
que liderança significa “a capacidade de influenciar pessoas para trabalharem 
juntas, no alcance demetas e objetivos, de forma harmônica” (BRANDÃO; 
AGRESTA; REBUSTINI, 2002, p. 26). 
De acordo com Noce, Costa e Lopes (2009), um elemento norteador 
básico para o entendimento do processo de liderança consiste na classificação 
de seus estilos em autocrático e democrático: 
a) a liderança autocrática baseia-se na centralização de poder na 
pessoa do líder; cabe exclusivamente a ele a determinação dos objetivos a 
serem conquistados pelo grupo, e não há qualquer participação de seus 
subordinados na discussão das metas. O líder autoritário é inteiramente 
responsável pelo planejamento, pelas decisões e pelo controle de seus 
liderados. Nas aulas de esporte, o professor autoritário se caracteriza pelo 
excesso de comandos verbais, pela tomada de todas as decisões e pelo 
distanciamento em relação ao grupo de alunos (NOCE; COSTA;LOPES, 
2009); 
b) a liderança democrática tem uma orientação mais integrada e 
participativa, caracterizando-se pela descentralização dos processos de 
direção e de tomada de decisões. O técnico ou professor democrático, por 
exemplo, reúne-se com seus liderados com o objetivo de estimulá-los a discutir 
os problemas e a refletir coletivamente sobre as estratégias para a obtenção 
das metas (NOCE; COSTA;LOPES, 2009). 
Costa, Samulski e Costa (2009) apresentaram resultados de uma 
investigação que analisou o perfil de liderança de 109 treinadores das 
 
 
265 
categorias de base (sub-20, sub-17, sub-15 e sub-13) do futebol brasileiro, 
mostrando que os treinadores se percebem como mais autocráticos e voltados 
para os aspectos de treino-instrução de suas equipes. 
Esses treinadores exercem liderança autoritária na maioria das 
situações que demandam decisões e mostram uma grande preocupação com 
a conduta educativa e de instrução, o que sugere compromisso com o 
aperfeiçoamento dos desempenhos técnico, tático e motivacional das equipes. 
O estudo conclui também que os profissionais avaliados apresentam 
perfis de liderança semelhantes, independentemente da categoria na qual eles 
estão trabalhando em um dado momento (COSTA; SAMULSKI; COSTA, 
2009). 
Ambos os perfis de liderança (autocrático e democrático) apresentam 
vantagens e desvantagens. Por isso, pode-se concluir que existem momentos 
propícios para se exercer a liderança autocrática e que há ocasiões oportunas 
para se comportar como um líder democrático. Trata-se, portanto, da chamada 
liderança situacional, que também é influenciada pelas características do grupo 
de liderados. 
Alguns jogadores de futebol, por exemplo, confundem a orientação 
democrática do técnico com a possibilidade de fazer o que bem entendem, 
como chegar com atraso aos treinos e cometer atos de indisciplina. Nesse 
caso, a demonstração de liderança autocrática pode ser mais conveniente para 
a manutenção do foco no alcance das metas. Com o objetivo de desenvolver 
a autonomia dos alunos e atletas, bem como auxiliar no desenvolvimento de 
 
 
266 
líderes, Franco, Costa e Noce (2009) fazem as seguintes recomendações aos 
professores e técnicos: 
• permitir, com regularidade, a participação dos alunos e atletas na 
preparação e na condução dos treinos; 
• saber identificar até que ponto se deve conduzir uma tarefa e até que 
ponto se pode delegá-la aos atletas; 
• identificar as falhas quando a condução das atividades estiver sob 
responsabilidade de um aluno ou atleta; 
• conversar separadamente com cada liderado sobre suas falhas e 
procurar desenvolver atividades que o ajudem a corrigi-las. 
Os apontamentos acima permitem que se oriente a formação do 
professor tendo em vista a concepção de desenvolvimento humano adotada, 
ou seja, a escolha pelo tipo de liderança que deve estar presente na formação 
do professor. Isso não se constrói apenas com uma palestra: deve-se atentar 
para a formação continuada do professor de esporte da Fundação Vale, para 
que o tipo de liderança utilizado por ele seja coerente com os princípios 
norteadores do Programa. 
 
9. Comunicação 
 
Em um jogo de basquetebol, os participantes sinalizam com as mãos as 
jogadas defensivas e ofensivas a serem executadas; simultaneamente, o 
professor ou treinador verbaliza orientações para seus jogadores. Da mesma 
 
 
267 
forma, em uma partida de duplas de tênis, os tenistas parceiros conversam 
entre si antes do saque para combinar como vão se posicionar e em que 
direção vão sacar a bola. 
 Essas ações ilustram a comunicação no ambiente esportivo, que pode 
ser definida como a transferência de informações na forma de mensagens 
compreensíveis, ricas de sentido e significado, de um emissor para um 
receptor. É o intercâmbio de informações, pensamentos, ideias e emoções 
entre duas ou mais pessoas (LAIOS; THEODORAKIS, 2001). 
A comunicação efetiva, garantida pelo processo de interação social – 
com base na construção e na interpretação de sentidos e significados – entre 
os membros de um grupo direciona o esforço da equipe para a obtenção de 
seus objetivos. Por outro lado, a ausência de comunicação geralmente resulta 
em pouca cooperação e pouca coordenação, e provoca, assim, confusão entre 
os integrantes do time (LAIOS; THEODORAKIS, 2001). 
O entendimento do processo de comunicação por parte de professores 
e treinadores, e seus alunos e atletas, facilita a sua interação, visto que é por 
meio da comunicação que as pessoas compartilham pensamentos, costumes, 
comportamentos e atitudes, com sentidos e significados, o que favorece a 
criação e o desenvolvimento de relações interpessoais (SAMULSKI; LOPES, 
2009). 
Laios e Theodorakis (2001) afirmam que o processo de comunicação 
envolve quatro elementos: 
a) emissor – também chamado de transmissor, é a pessoa que lidera 
ou inicia o processo de comunicação. Na maioria das vezes, é o professor ou 
 
 
268 
técnico, quando envia uma mensagem ou estímulo para a turma, mas pode ser 
também um aluno ou atleta, um dirigente, um torcedor ou outra pessoa 
qualquer; 
b) mensagem – normalmente, ocorre sob forma de informação, 
direcionamento, sugestão ou orientação. É muito importante que a mensagem 
seja totalmente compreendida pelos participantes, assistentes e outros 
agentes, a fim de que possam entender exatamente o que fazer e como realizar 
as habilidades técnicas e táticas para a obtenção de seus objetivos; 
c) canal – é o meio de transmissão da mensagem. O professor ou 
técnico pode, por exemplo, utilizar mensagens verbais, símbolos, desenhos, 
sinais e expressões corporais. Os canais podem ser classificados em quatro 
categorias: verbais (orientações, ordens, sugestões, instruções); não verbais 
(gestos, expressões faciais); escritos (desenhos, planos) e sonoros (bater 
palmas, apitar). 
d) receptor – é o grupo ou indivíduo para quem a mensagem é 
direcionada. Em esportes de equipe, os receptores geralmente são os 
participantes ou atletas, os árbitros e os membros da comissão técnica. 
Um esquema simplificado do processo de comunicação pode ser 
visualizado na Figura 3, a seguir. 
 
 
 
269 
Para Laios (apud LAIOS; THEODORAKIS, 2001), os principais 
problemas de comunicação entre professores ou técnicos e alunos ou atletas 
são os descritos a seguir: 
a) tempo limitado – durante os jogos, o professor ou treinador tem 
pouco tempo para se comunicar com seus alunos ou atletas, como é o caso 
dos intervalos das partidas e os pedidos de tempo dentro da partida. Nesses 
curtos períodos de tempo, o professor ou treinador deve transmitir orientações 
e pensamentos, bem como assegurar que os alunos ou atletas tenham 
entendido a(s) mensagem(s), mesmo diante do cansaço; 
b) linguagem – em equipes “globalizadas”, compostas por jogadores de 
diferentes nacionalidades, é grande a probabilidade de ocorrer problemas de 
linguagem, visto que nem sempre todos os seus componentes compreendem 
o idioma local; 
c) habilidade de percepção – está relacionada ao fato de que uma 
mesma mensagemdo treinador ou professor pode produzir diferentes 
entendimentos para cada aluno ou atleta; 
d) atitude negativa – a atitude de jogadores jovens afeta decisivamente 
a maneira como eles percebem e colocam em prática as instruções do 
professor ou treinador. Atitudes negativas demonstradas pelos alunos ou 
atletas em aulas, treinos ou competições criam um clima pouco saudável e que 
prejudica o desempenho do grupo ou equipe; 
e) condição emocional – frequentemente, os alunos ou atletas não 
compreendem as mensagens enviadas pelo professor ou treinador, por não 
estarem em boas condições emocionais (problemas de relacionamento ou 
 
 
270 
fadiga são exemplos de fatores intervenientes que podem prejudicar o 
processo de comunicação); 
f ) fatores externos – fatores que não estão diretamente relacionados 
aos alunos ou atletas e aos professores ou treinadores, e que são difíceis de 
se controlar, como a reação dos torcedores ou espectadores, o apito dos 
árbitros e o comportamento dos adversários. Tais situações podem distrair os 
professores ou treinadores e os alunos ou atletas, tendo como resultado uma 
comunicação ineficaz e, em último caso, um mau desempenho. 
Após entrevistarem 13 técnicos profissionais de basquetebol na Grécia, 
Laios e Theodorakis (2001) sugeriram sete maneiras de melhorar as 
habilidades de comunicação esportiva: 
a) aumentar a confiança; 
b) projetar atitudes positivas; 
c) fornecer informações detalhadas; 
d) mostrar fidelidade; 
e) construir meios de comunicação; 
f ) ouvir ativamente; 
g) melhorar a comunicação não verbal. 
Além disso, deve-se ter em mente que, em geral, o ensino formal e 
tradicional não é caracterizado pelo estímulo ao diálogo e à comunicação em 
geral. Dessa forma, a prática pedagógica no Programa de Esporte da 
Fundação Vale deve conter e explicitar estratégias e intervenções que 
 
 
271 
estimulem o diálogo e a comunicação entre seus participantes. Para isso, é 
necessária uma prática pedagógica que considere o contexto de vida em que 
se insere cada indivíduo e como ele pode ter acesso a essa dinâmica de 
comunicação, o que demanda conhecimento sistemático da cultura local pelos 
dos professores. 
 
10. Atenção e concentração 
 
No esporte, o aluno ou atleta deve estar atento aos aspectos mais 
relevantes do jogo ou da prova, uma vez que a vitória é definida, na maioria 
das vezes, por pequenos detalhes. Por outro lado, deve-se prestar atenção em 
situações inicialmente consideradas irrelevantes para o desempenho, como as 
manifestações da torcida ou dos espectadores, mas que podem distrair o aluno 
ou atleta e determinar sua perda de ritmo. No caso do tênis, algumas partidas 
chegam a durar mais de três horas, o que exige que os jogadores mantenham-
se atentos por um longo período de tempo (SAMULSKI, 2009b). 
Para Samulski, atenção “é um estado seletivo, intensivo e dirigido da 
percepção; por sua vez, concentração é a capacidade de manter o foco de 
atenção sobre os estímulos relevantes do ambiente” (SAMULSKI, 2009b, p. 
86). Quando o ambiente se altera de forma rápida, consequentemente, o foco 
de atenção também será alterado. Nesse sentido, a concentração tem como 
elementos importantes a focalização dos estímulos relevantes, a manutenção 
do nível de atenção por um determinado período de tempo e a tomada de 
consciência sobre a situação (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 
 
272 
Determinadas variáveis interferem nos processos de atenção e de 
concentração. Uma delas, de acordo com Samulski (2009b), é o nível de 
ativação. Segundo o autor, estudos indicaram que o nível ótimo de 
desempenho e de atenção do aluno ou atleta ocorre por volta do meio-dia e 
atinge o pico quatro horas após um período de sono prolongado. Nideffer 
(1976) desenvolveu um modelo bidimensional da atenção baseado na 
amplitude e na direção. A amplitude pode ser ampla ou estreita, enquanto a 
direção pode ser externa ou interna, conforme descrições a seguir: 
a) amplitude ampla – atenção simultânea às diferentes informações 
percebidas; 
b) amplitude estreita – atenção a um único aspecto da situação; 
c) direção externa – atenção dirigida aos estímulos do ambiente; 
d) direção interna – atenção voltada às próprias percepções, 
sentimentos e pensamentos. 
O modelo de Nideffer (1976) sobre a atenção consiste na combinação 
da amplitude e da direção, resultando nas seguintes formas de atenção: ampla-
externa, ampla-interna, estreita-externa e estreita-interna (Figura 4, a seguir). 
 
 
273 
 
No cenário esportivo, as categorias apresentadas anteriormente na 
Figura 4 podem ser exemplificadas conforme as seguintes descrições, 
segundo Samulski (2009b): 
a) ampla-externa – o líbero do voleibol deve estar atento a diversos 
fatores do ambiente, tais como as movimentações do atacante e do 
bloqueador, a velocidade e a trajetória da bola, bem como sua posição em 
quadra, para realizar a defesa; 
b) ampla-interna – reflete o planejamento de ações táticas futuras. Por 
exemplo: ao idealizar o seu desempenho técnico e tático dos próximos jogos, 
o sujeito está exercitando o foco amplo e interno da atenção. As equipes 
costumam exibir sessões de vídeos de jogos de seus próximos adversários 
com o intuito de desenvolver estratégias de jogo; 
c) estreito-externo – o goleiro de handebol, ao tentar defender um tiro 
de 7 metros, deve focar especificamente no atleta arremessador e na bola; 
 
 
274 
d) estreito-interno – reflete a regulação do nível de tensão interna e do 
estado emocional antes de uma decisão (partida final de campeonato). 
De acordo com Samulski (2009b), esportistas que não dispõem de 
níveis ótimos de atenção e de concentração podem não alcançar altos índices 
de desempenho. Com o intuito de promover a capacidade de concentração, 
esse autor recomenda que os professores ou técnicos, bem como os alunos 
ou atletas identifiquem os estímulos relevantes das tarefas e analisem as 
características e exigências da situação, de modo a escolher a forma mais 
adequada de atenção. Além disso, o desenvolvimento do pensamento positivo 
é fundamental e, por isso, os professores devem orientar seus alunos a se 
concentrar nos aspectos positivos e a evitar pensamentos negativos e 
irrelevantes durante as aulas ou treinos ou mesmo nos jogos ou competições. 
Tendo em vista essa discussão sobre atenção e concentração, 
retomam-se algumas possibilidades do ensino de esporte no Programa Brasil 
Vale Ouro. Um princípio ou conceito tático desenvolvido em campo não deve 
ser empregado apenas no ensino do posicionamento dos participantes ou do 
controle do jogo, mas também deve estimular, por meio do esporte, habilidades 
cognitivas como a concentração e a atenção. Por fim, não se deve esperar que 
isso ocorra naturalmente pelo desenvolvimento da aula – deve ser um 
aprendizado intencional, retomado e discutido nas rodas finais e em situações 
extracampo do programa esportivo. 
 
11. Exercício e bem-estar psicológico 
 
 
 
275 
Atualmente, existe um forte apelo à utilização de equipamentos que 
favorecem o sedentarismo, como o controle remoto, a escada rolante, os 
automóveis e os portões eletrônicos. Além disso, os serviços de entrega – os 
famosos delivery – tornam fácil o acesso à alimentação e aos medicamentos, 
ao mesmo tempo que evitam o esforço físico. Apesar dos benefícios que esses 
bens e serviços agregam à vida moderna, tais avanços não são interessantes 
para a saúde, uma vez que o sedentarismo e a obesidade, associados às 
complexas e urgentes demandas da sociedade atual, podem levar a 
transtornos de humor, ansiedade e depressão (SAMULSKI et al., 2009). 
Guedes (1999) aponta que o termo saúde tem sido caracterizado de 
forma vaga e difusa. O autor relata que a Conferência Internacional sobre 
Exercício, Aptidão e Saúde, realizada no Canadá em 1988, produziu um 
documento com a finalidade de estabelecer um consenso quanto ao estadoatual do conhecimento sobre esse termo. 
Com certificação da Organização Internacional para Padronização 
(International Standardization Organization – ISO), esse documento definiu 
saúde como uma condição humana de dimensões física, social e psicológica, 
e que se caracteriza por um continuum com polos positivos e negativos. Apesar 
de se tratar de um construto multidimensional, a discussão a seguir tem como 
foco a dimensão psicológica da saúde. As pesquisas voltadas para os 
benefícios psicológicos da atividade física revelam que as pessoas que se 
exercitam regularmente apresentam tendência a ter melhor estado de humor, 
maior autoestima e melhor percepção de sua imagem corporal. 
Além disso, investigações como a desenvolvida por Craft (2005) 
ressaltam os efeitos antidepressivos do exercício físico. Esses efeitos ocorrem 
 
 
276 
devido à liberação, pelo organismo e durante o exercício, dos hormônios 
neurotransmissores beta-endorfina e dopamina, que propiciam um efeito 
tranquilizante e analgésico no praticante regular, que frequentemente se 
beneficia de um efeito relaxante pós-esforço e, em geral, consegue manter um 
estado de equilíbrio psicossocial mais estável frente às ameaças do meio 
externo (MARIN NETO et al. apud CHEIK et al., 2003). 
Para Samulski e outros, “a intensidade do exercício realizado com o 
objetivo de melhorar a saúde psicológica do indivíduo deve ser de nível 
moderado” (SAMULSKI et al., 2009, p. 364). 
 O autor faz essa recomendação como medida de segurança, pois 
existem divergências entre os estudos na área: certos pesquisadores 
recomendam intensidade alta, outros sugerem intensidade média e outros, 
ainda, indicam a baixa intensidade. 
Por fim, a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP apud 
SAMULSKI et al., 2009) publicou uma declaração afirmando que a prática de 
atividade física regular e controlada pode apresentar os seguintes benefícios 
psicológicos: 
• redução do estado de ansiedade; 
• redução do nível de depressão moderada; 
• redução da instabilidade emocional; 
• redução de vários sintomas de estresse; 
• produção de efeitos emocionais positivos 
 
 
 
277 
12. Psicologia do esporte infanto-juvenil 
 
Segundo Weinberg e Gould (2008), uma das áreas de atuação mais 
importantes da psicologia do esporte é o esporte infanto-juvenil, pois crianças 
e jovens compõem o maior grupo populacional de praticantes esportivos. 
Nessa faixa etária, o envolvimento com o exercício e o esporte vai desde as 
aulas de educação física na escola às atividades esportivas extraescolares, 
passando pelas “escolinhas” de iniciação esportiva, os jogos recreativos, até a 
participação em equipes de competição. 
A atividade esportiva, além de contribuir para o desenvolvimento físico, 
é fonte de muitos benefícios para o desenvolvimento psicológico e social de 
crianças e de adolescentes. A prática esportiva permite que eles estejam entre 
amigos, e é sabido que o convívio em grupo é muito importante nessa fase do 
desenvolvimento. O esporte também exige que sejam obedecidas certas 
regras que caracterizam as diferentes modalidades, constituindo assim um 
exemplo da importância da internalização de regras, processo que, se o jovem 
for capaz de generalizar para outras situações, contribuirá para o seu convívio 
social. 
A prática esportiva também leva o jovem a conhecer-se melhor, pois, ao 
desenvolvê-la, ele estará confrontando-se com seus limites, aprendendo a lidar 
com fracassos, bem como afirmando as suas potencialidades. Nesse sentido, 
o esporte também contribui para o desenvolvimento da autoestima e da 
autoeficácia do aluno. No meio esportivo, o jovem deve lidar ainda com as 
 
 
278 
expectativas dos pais, dos professores e com as suas próprias, o que auxilia 
no seu processo de amadurecimento (MACHADO, 1997). 
Segundo Weinberg e Gould (2008), as crianças e adolescentes 
participam das atividades esportivas pelos seguintes motivos: 
• aprendizado de novas habilidades; 
• diversão; 
• desejo de pertencer a um grupo ou formar amizades; 
• emoções e excitação; 
• exercício e condicionamento; 
• desafio da competição e desejo de vencer. 
Por outro lado, estudos indicam que, de cada dez crianças que iniciam 
uma temporada esportiva, de três a quatro terão desistido no intervalo de um 
ano. Conforme Weinberg e Gould (2008), os principais fatores que levam a 
essa desistência são: 
• falha em aprender novas habilidades; 
• falta de diversão; 
• falha em pertencer a um grupo ou formar amizades; 
• falta de emoções e de excitação; 
• falta de exercício e de condicionamento; 
• ausência de desafios ou fracasso. 
 
 
279 
Reforça-se, dessa forma, um dos elementos que subsidiam a escolha 
do modelo pedagógico a ser adotado nas ações dentro do compromisso da 
Fundação Vale com a promoção do desenvolvimento humano (FUNDAÇÃO 
VALE, 2013). 
Assim, algumas diretrizes e ações estratégicas podem ser seguidas 
para o ensino do esporte de crianças e adolescentes, com vistas à promoção 
do desenvolvimento humano: 
• em primeiro lugar, os professores ou técnicos devem elogiar e 
incentivar seus alunos ou atletas, pois o elogio direciona a atenção para as 
atitudes e ações positivas realizadas pelos praticantes. Para que produza 
benefícios, o elogio deve ser sincero, de modo a que seja mantida a 
credibilidade e a confiança mútua. Por outro lado, não surtirá efeito elogiar um 
adolescente afirmando que ele fez uma boa partida, quando ele próprio sabe 
que não desenvolveu todo o seu potencial (WEINBERG; GOULD, 2008); 
• em segundo lugar, é relevante o uso da técnica positivo-negativo-
positivo (PNP) para a correção de erros. Essa abordagem consiste em 
expressar uma consideração positiva (por exemplo: “boa tentativa”) antes de 
apontar o erro do jovem praticante e corrigi-lo (por exemplo: “agora procure se 
antecipar ao zagueiro para chutar”), e finalizar com um incentivo (por exemplo: 
“continue tentando, você vai conseguir”); 
• o terceiro aspecto diz respeito à variação e à modificação das 
atividades. Quanto mais diversificados forem os treinamentos ou as aulas, mais 
interessantes eles serão para o público infanto-juvenil. Atividades também 
podem ser adaptadas, tendo como objetivo a participação adequada e a 
 
 
280 
motivação, como, por exemplo, diminuir a altura da cesta de basquete ou da 
rede de vôlei quando crianças estiverem jogando. 
Com isso, vê-se que o foco do esporte para crianças e adolescentes 
deve ser a aprendizagem (processo), e não o resultado (produto). Ao final de 
um jogo ou treino, é mais oportuno perguntar ao jovem como ele se sente e 
como ele avalia a própria atuação (ênfase no processo), em vez de se 
preocupar com quanto foi o resultado e com a contribuição do aluno ou atleta 
para alcançá-lo (ênfase no produto). 
Esse é um ponto importante a se destacar, tendo em vista o foco deste 
Programa de Esporte da Fundação Vale, que tem o esporte como meio de 
aprendizagem seja das capacidades físicas e habilidades motoras específicas, 
seja da formação de valores e outros atributos nem sempre explicitados na 
prática esportiva convencional de abordagem tecnicista. 
 
13. Agressão no esporte 
 
No ambiente esportivo competitivo, o contato físico inerente à prática 
pode desencadear o surgimento de eventos de agressão, em especial nas 
modalidades que são caracterizadas pelo confronto físico, como o futebol, o 
basquetebol e o handebol. A maioria dos meios de comunicação utiliza-se de 
sensacionalismo para evidenciar a violência no esporte, sendo poucas as 
menções sobre os aspectos preventivos e educativos do tema. 
 
 
281 
De acordo com Samulski (2009a), a agressão é um comportamento 
físico ou verbal que está relacionado a uma lesão de ordem física ou 
psicológica; por isso, envolve intenções e motivos, e é direcionada à própria 
pessoa ou a outrem. Nesse sentido, uma lesão acidental nãoé considerada 
agressão, visto que o ato não foi intencional. O mesmo autor aponta fatores 
relevantes para a ocorrência de comportamentos agressivos durante os jogos 
(SAMULSKI, 2009a): 
• jogar em casa ou jogar como visitante; 
• importância do jogo; 
• nível de rendimento dos jogadores; 
• resultado parcial ou final do jogo; 
• posição e tarefa tática do aluno ou atleta; 
• comportamento do árbitro; 
• comportamento dos professores ou técnicos; 
• quantidade e comportamento do público presente (torcida ou 
espectadores); 
• regras das modalidades esportivas. 
Outro aspecto importante da agressividade no esporte é o fator imitação. 
Esse fator ocorre com mais frequência em jovens atletas ou alunos que se 
espelham no comportamento de atletas de alto nível. Com isso, eles aprendem 
a se comportar de modo agressivo com base na observação e na convivência 
com atletas profissionais que apresentam comportamentos violentos. 
 
 
282 
As estratégias de prevenção e controle da agressão no esporte 
envolvem o comprometimento de atletas ou alunos, treinadores ou 
professores, pais, torcedores ou espectadores, árbitros e profissionais da 
imprensa esportiva. Tenenbaum et al. (1996) elaboraram o posicionamento 
oficial da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (International 
Society of Sport Psychology – ISSP), que aponta nove recomendações para a 
redução da incidência de agressões e de violência no esporte: 
a) Recomendação 1 – as entidades esportivas devem revisar suas 
penalidades, ficando atentas para que os comportamentos transgressores 
sejam penalizados com ações que tenham valor punitivo maior do que o 
potencial de reforço; 
b) Recomendação 2 – as entidades esportivas devem assegurar o 
treinamento correto e apropriado das equipes, especialmente no esporte 
infanto-juvenil, dando ênfase ao jogo limpo (fair play) para todos os 
participantes; 
c) Recomendação 3 – as entidades esportivas devem banir o consumo 
de bebidas alcoólicas em eventos esportivos; 
d) Recomendação 4 – as entidades esportivas devem oferecer 
instalações físicas e materiais adequados; 
e) Recomendação 5 – os meios de comunicação devem noticiar de 
modo adequado os casos isolados de agressão no esporte, evitando colocá-
los em evidência, como nas manchetes dos jornais; 
f) Recomendação 6 – os meios de comunicação devem promover 
campanhas para reduzir a violência e a agressão no esporte. Tais iniciativas 
 
 
283 
devem contar com a participação e o comprometimento de atletas, alunos, 
professores, técnicos, dirigentes, árbitros, torcedores e espectadores; 
g) Recomendação 7 – professores, técnicos, dirigentes, atletas, alunos, 
jornalistas, árbitros e autoridades (por exemplo, policiais) devem participar de 
seminários sobre agressão e violência para compreender esse fenômeno: por 
que ocorre, quais as consequências dos atos de agressão e como o 
comportamento agressivo pode ser controlado; 
h) Recomendação 8 – professores, técnicos, dirigentes, árbitros e 
profissionais da imprensa devem incentivar o engajamento de alunos e atletas 
em comportamentos pró-sociais e punir os que cometem atos de hostilidade; 
i) Recomendação 9 – alunos e atletas devem participar de programas 
que os ajudem a reduzir tendências comportamentais agressivas. A revisão 
das regras, a imposição de penalidades severas e a mudança de padrões de 
reforço são apenas parte das soluções para coibir a agressão no esporte. Em 
última instância, alunos e atletas devem assumir a responsabilidade por seu 
comportamento. 
As recomendações acima incitam a reforçar outro ponto que foi 
destacado anteriormente: o conhecimento do contexto e da situação de vida 
dos alunos do Programa Brasil Vale Ouro em cada território. Situações de 
violência devem ser consideradas pelos professores do Programa Brasil Vale 
Ouro, independentemente da ocorrência de agressão em aulas. 
É importante destacar que os profissionais precisam estar preparados 
para identificar e lidar com situações de violência dentro ou fora das aulas de 
esporte, de forma a considerá-las no momento do planejamento 
 
 
284 
contextualizado das aulas com a realidade vivenciada pelos alunos, seja na 
família, na escola ou na comunidade, uma vez que ela se reflete nas atitudes 
diária dos alunos. 
Tais situações podem ser minimizadas por meio de um trabalho 
orientado por valores como a disciplina, o respeito ao próximo, a cooperação, 
entre outros, que o esporte pode fortalecer. 
 
14. Considerações finais 
 
Para finalizar este caderno, devem ser vistos alguns conceitos 
importantes sobre o caráter e o espírito esportivo a serem aplicados na prática 
esportiva e nas atividades do Programa. Segundo Weinberg e Gould (2008), o 
caráter, no esporte, pode ser definido como a inter- -relação de quatro virtudes: 
compaixão, imparcialidade, integridade e espírito esportivo. 
Compaixão é a capacidade de se compreender os sentimentos dos 
outros indivíduos. No caso do esporte, manifesta-se quando o aluno ou atleta 
procura analisar os sentimentos e as perspectivas de seus adversários e dos 
árbitros. A imparcialidade consiste na garantia de direitos iguais para todos os 
praticantes, ou seja, as regras das modalidades devem ser cumpridas por 
todos os envolvidos, sem violações ou exceções. Integridade é a capacidade 
de manutenção de um determinado comportamento ou julgamento mesmo 
diante de dilemas morais. 
 
 
285 
Um jogador de futebol íntegro, por exemplo, assume que utilizou a mão 
para marcar o gol, pois não tem a intenção de ludibriar a arbitragem. Por fim, 
espírito esportivo é um termo difícil de ser conceituado, mas pode ser descrito 
como a preocupação com a manutenção da ética, mesmo quando houver 
conflito com o interesse pela vitória. 
Portanto, no voleibol, quando a bola toca a linha da quadra, o defensor 
dotado de espírito esportivo reconhece que foi ponto do adversário, evitando 
discussões entre jogadores e árbitros. O espírito esportivo também é 
caracterizado por demonstrações de respeito e de cortesia, como o 
cumprimento dos tenistas à rede, ao final de uma partida. É importante 
ressaltar que tanto o caráter quanto o espírito esportivo não são alcançados de 
modo automático, pela simples prática esportiva. Um exemplo disso é o caso 
de uma aula de natação em que todos os alunos foram orientados a nadar 200 
metros. Ao verificar que o colega ao lado nadou uma distância menor e afirmou 
que cumpriu a tarefa, sem ser percebido ou alertado pelo professor, o aluno 
pode concluir que trapacear é aceitável. Por isso, tais comportamentos não são 
adquiridos, mas sim ensinados e aprendidos inclusive nas aulas de educação 
física e esportes (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Com o objetivo de intensificar o desenvolvimento do caráter, faz-se 
necessário que o espírito esportivo seja um tema frequentemente discutido 
entre professores, técnicos, alunos, atletas, árbitros e dirigentes. Os 
comportamentos representativos do espírito esportivo devem ser incentivados, 
enquanto as atitudes inadequadas devem ser desencorajadas e, dentro do 
possível, penalizadas. 
 
 
286 
O indivíduo deve reconhecer os princípios morais que norteiam a prática 
esportiva para definir o que é certo e o que é errado; portanto, o diálogo 
favorece a transmissão dos preceitos do código de esportividade. Um árbitro 
de futebol infanto-juvenil, ao penalizar um atleta com o cartão amarelo, deve 
explicar o motivo de sua punição, explicitando de modo didático a violação 
cometida e orientando o jovem praticante a modificar sua conduta, como 
estímulo ao desenvolvimento de valores coerentes com o novo conceito de 
desenvolvimento humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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