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Mª HELENA
R E S U M O S 
DIREITO
CIVIL II
O resumo aborda detalhadamente sobre o conceito introdutório de direito das obrigações
e obrigações quanto a natureza do objeto
SÍNTESE
01 ESTÁGIO
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
EVOLUÇÃO HISTÓRICA BRASILEIRA
Código Civil de 1916: patrimonilalidade e conservadorismo; 
Constituição Federal de 1988 e a repersonalização do Direito Civil; 
Código Civil de 2002: superação do estrito formalismo; compreensão dos deveres de
cooperação, informação e proteção.
SISTEMA PRIVADO OBRIGACIONAL
Direito Empresarial: refere-se ao conjunto de normas que regulam as relações entre
entidades jurídicas, como empresas e organizações comerciais; 
Direito do Consumidor: é o ramo jurídico que protege os direitos da parte
considerada mais vulnerável na relação de consumo, ou seja, o consumidor;
Direito Civil: abrange as normas que regem as relações entre indivíduos, tanto em
aspectos pessoais quanto patrimoniais, como contratos, propriedade, família e
sucessões. 
Diante do contexto apresentado, percebemos que para cada tipo de relação jurídica existe
um direito específico para regulamentar as condutas dos envolvidos. Nos fixaremos no
Direito Cívil, especialmente no Direito das Obrigações, que é a parte que estuda os vínculos
jurídicos criados entre pessoas em que o patrimônio do devedor poderá responder por seu
inadimplemento. 
Sentido vulgar/amplo: corresponde a um compromisso, ou seja, um ato que vincula
um acordo a submissão a algo. Como por exemplo a obrigação de acordar cedo.
Nesse sentido, inexiste responsabilização legal em caso de descumprimento dessa
obrigação;
Sentido jurídico/estrito: refere-se a um acordo regido por normas técnicas, o qual
existe um vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do
devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. E em caso de
descumprimento os particulares poderão recorrer em vias judiciais para exigir o
cumprimento de determinada obrigação. 
SENTINDOS DA PALAVRA “OBRIGAÇÃO”
Mª HELENA
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02Direito Civil II • Direito das Obrigações
CONCEITO GERAL
A Obrigação, segundo Washington de Barros Monteiro, “é uma relação jurídica transitória
estabelecida entre credor e devedor, cujo objeto consiste em uma prestação pessoal
econômica, garantida através do patrimônio do devedor.” 
Vejamos a interpretação dessa conceituação a luz do direito das obrigações:
a) Relação Jurídica Transitória: corresponde a um acordo legal que dura por um intervalo
de tempo entre duas pessoas. Essa "transitoriedade" significa que existe um período
necessário para que a obrigação seja cumprida corretamente. Lembrando que, a
obrigação nasce com a finalidade de extinguir-se, sempre, em algum momento toda a
obrigação se extinguirá;
b) Pessoal: a obrigação somente vincula aqueles que estão postos no contrato, não sendo
possível afetar o patrimônio de um terceiro nada tem haver com a obrigação constituída;
c) Credor e Devedor: credor é quem tem direito a receber um valor ou algo. Devedor é
quem tem a obrigação de pagar um valor ou algo ao credor;
d) Garantia através do Patrimônio do Devedor: o patrimônio do devedor serve como
garantia geral do adimplemento. Caso o devedor deixe de entregar a prestação, o credor
irá atrás do patrimônio do devedor para obter a sua satisfação.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
Obrigação é um vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do
devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Nota-se que a
obrigação é uma via de mão dupla, envolvendo tanto a prestação do devedor quanto a do
credor. 
O Direito das Obrigações possui efeito Inter partes, que são efeitos vinculados apenas
àquelas que são parte da relação jurídica. Com isso, há a existência de elementos
essenciais da obrigação são o sujeito, objeto e vínculo jurídico. Na ausência de algum dos
elementos, não se configura a obrigação.
Sujeitos da Obrigação (elemento subjetivo). São eles: 
A) Sujeito Ativo: credor, que tem o direito de exigir a prestação;
B) Sujeito Passivo: devedor, que tem o dever de prestar determinado ato ou objeto. 
ELEMENTO SUBJETIVO
03Direito Civil II • Direito das Obrigações
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Os sujeitos podem ser: 
A) Individuais ou coletivos, ou seja, pode ser só o credor ou devedor ou várias pessoas em
ambos os polos da relação;
B) Determinados ou determináveis: um sujeito que possui determinada qualificação,
como nome, localização, estado civil, etc. E um sujeito determinável, refere-se a aquele
sujeito que no início da obrigação não sabe bem quem é a pessoa, mas deve ser
constituída até a fase executória da obrigação. O necessário é que, no ato de se executar
a obrigação (isto é, realizar a prestação), os sujeitos já estejam determinados. 
O objeto da obrigação é a prestação. O objeto pode ser classificado como mediato e
imediato: 
Objeto Imediato da obrigação: é a prestação, podendo ser positiva (conduta
comissiva do devedor, ou seja, dar ou entregar e fazer) ou negativa (conduta omissiva
do devedor, portanto, não fazer); 
EXEMPLO: fui contratada pela Coca-Cola e eu tenho uma conduta de não fazer em
relação a não revelação do segredo do sabor do refrigerante. 
EXEMPLO: na compra e venda de um carro, o objeto imediato é a prestação de “dar” o
carro, e o objeto mediato é o próprio carro.
Objeto Mediato: se trata da própria coisa, pode ser uma coisa ou tarefa a ser feita
(positiva) ou vedada (negativa).
O objeto deve ser:
Lícito;
Possível juridicamente e fisicamente: a prestação deve ser algo que seja
fisicamente possível de ser feito ou entregue e também legalmente p ossível;
Determinado ou determinável: a prestação será determinado quando possuir gênero,
quantidade e qualidade, ou seja, a prestação precisa ser clara e específica, ou pelo
menos possível de ser definida e está perfeitamente designada no contrato. E será
determinável pois a admite-se a venda de coisa incerta, desde que indicada pelo
gênero e pela quantidade;
ELEMENTO OBJETIVO
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04Direito Civil II • Direito das Obrigações
Economicamente apreciável: isso significa que a prestação deve ter um valor
econômico, ou seja, estar relacionada ao patrimônio das p artes envolvidas. Por
exemplo, pagar uma quantia em dinheiro ou entregar um objeto valioso;
Caso contrário, não é suscetível de cumprimento. 
Por exemplo, se uma obrigação trata da entrega da herança de alguém vivo, trata-se de
um contrato nulo, pois o objeto é impossível.
ELEMENTO ABSTRATO - VÍNCULO JURÍDICO
Para a constituição da obrigação, é necessário que haja uma relação jurídica entre os
sujeitos, com obrigações para ambas as partes. Esse vínculo jurídico pode ter origem em
um contrato, em uma declaração unilateral de vontade, ou até mesmo em um ato ilícito.
EXEMPLO: um vendedor de livros e uma pessoa conversam em uma loja, não há nenhuma
obrigação entre elas. Agora, se ambas contratam a compra e venda de um livro, o
vendedor tem a obrigação de entregar a mercadoria mediante o pagamento pelo
comprador, sendo este obrigado a dar sua prestação.
O vínculo jurídico é composto por dois elementos: 
Débito (debitum): é o dever imposto ao devedor de que ele deve cumprir uma
obrigação no prazo e forma pactuados;
Responsabilidade (obligatio): é o direito do credor de exigir judicialmente o
adimplemento da obrigação. 
Além disso, é submetido à obrigação o patrimônio do devedor (princípio da
responsabilidade patrimonial do devedor), conforme dispõe o art. 391 do Código Civil, que
firma o seguinte: pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do
devedor.
DIREITOS REAIS X DIREITOS PESSOAIS
 Provêm dos direitos patrimoniais o direito real, também conhecido como “direito das
coisas”, e o direito pessoal.
Direito Real: quando se fala de coisa, refere-se ao poder que nós seres humanos
temos sobre o objeto. O Direito Real é um conjunto de princípios e regras que
disciplinam uma relação jurídica entre pessoas tendo em vistoseus bens. Quanto ao
objeto, o direito real se refere à propriedade, ao direito sobre um bem alheio.
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05Direito Civil II • Direito das Obrigações
FIGURAS HÍBRIDAS
A doutrina menciona figuras híbridas ou intermédias, que se situam entre os direitos
pessoais e os direitos reais. São eles: 
Obrigação Propter Rem: é uma palavra em latim que trata da obrigação própria da
coisa, é uma obrigação que recai sobre uma pessoa por força de um direito real de
propriedade. Ou seja, ao adquirir uma propriedade, se adquire também as obrigações
financeiras (direito pessoal) referentes a esse imóvel, como a taxa de condomínio;
Ônus Reais: são obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade. 
EXEMPLO: João está devendo R$ 5.000,00 para Maria, só que João está sem dinheiro para
que ele possa adimplir-se com Maria. João fez uma proposta a Maria de alugar o
apartamento que ele possui em João Pessoa, e todos os aluguéis por um ano seria de
Maria. O apartamento de João não deixou de ser dele, mas ele não pode usufruir dos lucros
com a propriedade por força de uma obrigação feita com Maria. 
Obrigações de Eficácia Real: são as que, sem perder seu caráter de direito a uma
prestação, transfere-se a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. Ou seja,
há uma transferência de propriedade. 
EXEMPLO: locação de imóvel urbano.
Direito Pessoal: corresponde ao Direito das Obrigações numa forma que trata das
relações dos sujeitos passivos e ativos. Quanto ao objeto, o do direito pessoal será
sempre uma prestação do devedor. 
FONTES OBRIGACIONAIS
Lei;
Contrato: geram direitos e deveres entre as partes;
Ato Ilícito: isso se refere à responsabilidade civil extracontratual, na qual não existe um
contrato formal entre as partes, mas uma obrigação de indenizar surge devido a um
nexo causal entre o ato do responsável e o dano causado à vítima. Essa
responsabilidade pode coexistir com outras formas de responsabilidade, como a penal,
e visa compensar a vítima pelo prejuízo sofrido. 
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06Direito Civil II • Direito das Obrigações
 
EXEMPLO: um motorista embriagado colide com uma motocicleta, resultando na morte do
piloto. Devido ao nexo causal entre a embriaguez do motorista e o acidente, a família da
vítima tem direito a uma indenização, conforme a obrigação de ressarcimento econômico
em casos de violação de direitos irreparáveis.
Declarações Unilaterais da Vontade: é a partir da vontade de uma pessoa que gera
uma obrigação. São elas:
Mediante anúncio público, pode alguém prometer recompensa ou gratificação a quem
preencha certa condição ou desempenhe determinado serviço. Tal promessa cria, por
declaração unilateral de vontade, a obrigação de recompensar ou de gratificar.
PROMESSA DE RECOMPENSA
GESTÃO DE NEGÓCIOS
Gerir significa cuidar, tomar conta ou administrar. Refere-se ao ato unilateral de vontade
por meio do qual alguém, SEM autorização do dono do negócio ou coisa, pratica atos no
lugar do titular, segundo os seus interesse e vontade presumíveis, e fica responsável tanto
perante o dono quanto em relação aos terceiros no tocante aos atos que praticar e às
obrigações que assumir. Quem gere negócio alheio, nessas condições, chama-se
gestor. A outra parte é denominada dono do negócio.
OBSERVAÇÕES: 
Se o dono não concordar com a gestão, os atos que foram praticados pelo gestor
são considerados como ilícitos desde o começo;
Se o gestor não concordar com a gestão a partir de determinada conduta, os atos
serão considerados ilícitos a partir desta conduta de que ele discordou. 
Em ambos os casos, a discordância do dono não pode dar-se por mero capricho, deve
manifestar motivo legítimo para recusar a intervenção do gestor.
Se a gestão foi iniciada contra a vontade presumida do dono, ou seja, se era de se
presumir que o dono não queria que providências fossem tomadas para o seu negócio,
o gestor responderá pelos danos. A menos que demonstre que o dano ocorreria
independentemente de sua atuação;
Caso os atos do gestor tragam danos, ou tragam mais prejuízos que benefícios, será
obrigado a indenizar o dono ou restituir o negócio para como estava antes. O dono do
negócio pode escolher entre desfazer tudo o que o gestor fez, ou que o gestor lhe
pague os prejuízos.
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07Direito Civil II • Direito das Obrigações
OBRIGAÇÕES QUANTO A NATUREZA DO OBJETO
Ocorre quando alguém, obtém vantagem patrimonial sem causa, isto é, sem que tal
vantagem se funde em dispositivo de lei ou em negócio jurídico anterior.
Constitui fonte autônoma de obrigações. Refere-se a aquele que recebeu o que lhe não
era devido fica obrigado a restituir. Baseia-se no pagamento voluntário feito por erro.
PAGAMENTO INDEVIDO
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO / SEM CAUSA
OBRIGAÇÕES DE DAR
Obrigação de dar é um tipo de obrigação civil em que uma das partes se compromete a
entregar algo à outra parte. Isso pode incluir bens materiais, dinheiro, serviços ou qualquer
outra coisa que possa ser objeto de transação. Dividindo-se em: Obrigação de Dar Coisa
Certa e Coisa Incerta.
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
Acontece no momento em que o credor estabelece os três elementos essenciais da coisa,
que são a quantidade, gênero e qualidade. Desta forma, a coisa certa é conhecida e
determinada. Por exemplo, o devedor se obriga a entregar um carro de tal marca, com tais
especificações. Essa obrigação ainda se subdivide em: 
A) Entrega: nessa modalidade de obrigação, o devedor, deve fazer a entrega do objeto
que foi anteriormente especificado.
B) Restituição: refere-se a devolução, pois existem obrigações que uma das partes precisa
devolver, no final do contrato, o bem/objeto. Como por exemplo, em empréstimos, locação. 
CARACTERÍSTICAS
Nessa modalidade, há a impossibilidade de entrega de coisa diversa ainda que 
seja da mais valiosa (art. 313, CC): não é permitido ao devedor, entregar objeto
diferente do que foi anteriormente especificado, podemos usar como exemplo, o
quadro “tal”, do pintor “tal”, o que faz que esse bem seja insubstituível, ou como a
doutrina prefere apelidar por bem infungível;
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08Direito Civil II • Direito das Obrigações
Caso o credor queira receber o objeto diverso, é possível, desde que tenha consenso e
comunhão de interesse entre as partes. 
Entrega por partes (art. 314, CC): ainda que a obrigação tenha por objeto prestação
divisível/parcelada, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor
obrigado a pagar, por partes, se assim não se ajustou;
Abrangência dos Acessórios (art. 233, CC): possibilidade do bem acessório
acompanhar o bem principal ainda que não esteja mencionado no contrato, para que
melhore a sua funcionalidade;
Tradição (art. 237, CC): até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço, se o credor
não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
A) Assim, como a coisa há de ser entregue na sua integralidade, ou seja, com todos os
melhoramentos e acrescidos, poderá o devedor exigir aumento no preço ou mesmo resolver
a obrigação se o credor não concordar em pagar pela valorização decorrente dos
acréscimos;
Para o Direito Civil significa entrega e a mesma diz respeito aos bens móveis e refere-se a
entrega ou a transferência da coisa, sendo que, não há necessidade de expressa
de claração de vontade no contrato, basta que haja a intenção, por parte daquele que
opera a tradição e daquele que recebe a coisa, de efetivar tal transmissão;
Lembrando que os bens imóveis são transferidos através de registro e os bens móveis
apenas com a entrega/tradição.
Essa tradição pode ser de três tipos: 
A) Real: quando ocorre a entrega de fato do bem;
B) Simbólica: o ato é representativo da transferência, ou seja, entrega-se simbolicamente
o bem. EXEMPLO: entrega das chaves, simbolizando a entrega da casa;
C) Ficta: a entrega do bem é feita de forma ficta para o adquirente. O vendedor continua
na posse do imóvel. Exemplo: quando o proprietáriose torna locatário de um bem. A
propriedade continua sendo do vendedor, mas ele acordou em alugá-lo para o locatário.
Enquanto não houver a transferência do bem, o bem continua sendo do titular. Na
tutela das responsabilidades civis, existem 03 tipos de responsabilidades: 
A) Responsabilidade por fato próprio: quando alguém, com a sua própria atuação,
prática fato que causa dano a outrem;
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09Direito Civil II • Direito das Obrigações
B) Responsabilidade por fato de terceiros: é um conceito no direito civil que estabelece
que uma pessoa pode ser responsabilizada por danos causados por ações de terceiros,
mesmo que ela não tenha agido diretamente para causar esses danos. Isso ocorre quando
existe uma relação jurídica entre a pessoa responsabilizada e o terceiro que cometeu o ato
danoso. 
EXEMPLO: responsabilidade dos pais por atos dos filhos menores, responsabilidade do
empregador por atos de seus empregados.
C) Responsabilidade pelo fato da coisa: significa que mesmo que o proprietário ou
possuidor da coisa não tenha agido com negligência ou culpa direta, ele ainda pode ser
responsabilizado pelos danos causados por essa coisa a terceiros.
EXEMPLO: responsabilidade do proprietário de um edifício ou uma árvore em caso de
desabamento. Se um prédio desaba ou uma árvore cai e causa danos a propriedades
vizinhas, o proprietário pode ser responsabilizado pelos danos, mesmo que não tenha agido
de forma negligente na manutenção do edifício ou da árvore.
TEORIA DOS RISCOS
A teoria do risco no direito civil é um princípio jurídico que estabelece que aquele que, em
razão de sua atividade ou em decorrência da posse de determinada coisa, cria um risco
para terceiros, deve ser responsável pelos danos causados por esse risco,
independentemente de culpa. 
Essa teoria é frequentemente aplicada em casos de responsabilidade civil,
especialmente em situações em que a atividade exercida representa um perigo para
terceiros, como é o caso de atividades industriais, comerciais, ou mesmo em situações
cotidianas, como a posse de animais de estimação. Existem alguns conceitos acerca disso:
Perecimento: significa perda total da coisa. Ou seja, o objeto deixa de existir ou
existindo o objeto não serve para mais nenhuma finalidade;
Deterioração: significa perda parcial da coisa. Ou seja, o objeto existe mas ele está
danificado;
Perdas e danos: consiste em indenização, a mesma será posta diante as condutas
culposas do devedor. O artigo 402 do Código Civil descreve que as perdas e danos
abrangem: 
 Dano emergente: o prejuízo efetivamente sofrido; 1.
 Lucros cessantes: o que o prejudicado deixou de lucrar em razão do fato.2.
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10Direito Civil II • Direito das Obrigações
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR
E se acontecer algo com a coisa que deveria ser entregue? No caso da obrigação de
dar coisa certa, a danificação ou perecimento gera consequências específicas. As
consequências também se diferenciam em razão do momento: 
EXEMPLO: um taxista sofre uma colisão, na qual o outro motorista é o culpado pelo
acidente. O dano emergente é o prejuízo direto, ou seja o valor do conserto do carro e
eventuais despesas de hospital. Já os lucros cessantes representam os valores que o taxista
deixou de receber enquanto seu carro, que é seu instrumento de trabalho, estava sendo
reparado.
PERDA NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
ANTES DA TRADIÇÃO (antes da entrega da coisa):
Perda total (ou perecimento): caso não haja culpa do devedor, o contrato resolve-
se para ambas as partes. Devolve-se o que já foi pago pelo credor, regressando as
partes ao estado em que estava antes. Caso haja culpa do devedor, resolve-se a
obrigação, devolve-se o que já foi pago e há pagamento de perdas e danos pelo
culpado;
Perda parcial (ou deterioração): caso não haja culpa do devedor, o credor terá o
direito potestativo de escolher se fica com o bem, abatido do preço o valor que perdeu
o u se resolve a obrigação. Caso haja culpa do devedor, o mesmo direito potestativo,
acrescido em qualquer escolha das devidas perdas e danos.
EXEMPLO: imaginemos que um cachorro de raça seja vendido e por descuido do vendedor
ele morre de fome (perda total ou perecimento) ou, em outro exemplo, por descuido do
vendedor, o cachorro pegasse uma doença e ficasse cego (perda parcial ou deterioração).
Em ambos os casos, como houve responsabilidade, há indenização equivalente aos
prejuízos sofridos pelo credor, que podem ser de ordem patrimonial ou moral. 
Se não houvesse responsabilidade do devedor, ele estaria obrigado apenas a restituir ao
credor o valor pago, voltando ao estado anterior. No caso da perda parcial (deterioração),
há uma outra opção, que seria entregar a coisa deteriorada, com abatimento proporcional
no preço - quem faz essa escolha é o credor.
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11Direito Civil II • Direito das Obrigações
DEPOIS DA TRADIÇÃO (depois da entrega da coisa): 
Se já houve a tradição, a coisa perece para o dono (res perit domino), ou seja, para o
atual proprietário. São exceções ao res perit domino, por um princípio geral de
garantia concedido ao adquirente: 
 Vícios ocultos, também chamados de redibitórios (art.441, CC);1.
 Vícios jurídicos, também conhecidos como evicção (art. 447, CC). 2.
Ou seja, se depois de entregue o bem, este vem a perecer ou se danificar, isto é
responsabilidade do credor. Contudo, ele está protegido pelo princípio acima citado, caso
o bem já tenha lhe sido entregue com algum problema que levou àquela situação de
perecimento (os conhecidos vícios).
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
Apesar de ser subespécie da obrigação de dar, ela terá um regramento próprio no que diz
respeito à perda da coisa, conforme os arts. 238 a 240, CC. Lembrando que, neste tipo de
obrigação, não há transmissão do direito de propriedade, mas sim devolução da posse
direta do bem. Antes ou depois da restituição, quem sofre a perda é o credor, já que
ele nunca deixou de ser proprietário da coisa (res perit domino).
Antes da restituição:
Perda total (ou perecimento): caso não haja culpa do devedor, o credor sofrerá a
perda e o contrato se resolve (art. 238, CC). Caso haja culpa do devedor, o credor
sofrerá a perda, mas o devedor responderá pelo equivalente e m dinheiro, mais a
indenização por perdas e danos (art. 239, CC);
Perda parcial (art. 240): caso não haja culpa do devedor, o credor receberá a coisa
tal qual se ache, sem direito a indenização. Caso haja culpa do devedor, o devedor
responderá pelo equivalente em dinheiro, mais a indenização por perdas e danos.
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12Direito Civil II • Direito das Obrigações
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
F altará o atributo da qualidade ao objeto designado para a prestação. A prestação será
definida apenas pelo gênero e pela quantidade (art. 243, CC). A coisa incerta é
indeterminada, mas determinável. 
EXEMPLO: a compra de uma cabeça de gado de um rebanho específico, pode ser
qualquer animal daquele determinado rebanho. 
O art. 244 fala sobre a concentração, que para o Direito Civil significa escolha. E
determina que a escolha da qualidade na obrigação caberá ao devedor porque fa cilita o
adimplemento da obrigação. Porém, como essa é uma norma dispositiva, o credor, caso
assim as partes queiram, pode fazer a escolha da qualidade. 
Como se dará a escolha, diz respeito ao Princípio da Qualidade média (art. 44, CC), se
tratando de coisa incerta, o devedor não é obrigado a dar a melhor, mas também não
poderá dar a coisa pior. O sensato é optar pela qualidade média.
PERDA NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
As consequências específicas aplicadas à perda da coisa certa só se aplicam à coisa
incerta se a perda ocorrer com todos os elementos do conjunto. Pois, se um óculos de sol
da ótica se perde, sobram todos os outros para serem entregues. Somente se a ótica
inteira pegar fogo, e não sobrar nenhum óculos de sol para ser entregue é que as
consequências se aplicam. E se eu já tiver escolhido o óculo de sol que eu quero? Neste
caso, já se qualifica comocoisa certa e aplicam-se as consequências estudadas.
Depois da restituição: 
Após a devolução da coisa ao credor, o tratamento será idêntico ao fornecido à obrigação
de dar coisa certa.
Antes da tradição (antes da entrega da coisa): genus non perit, isto é, o gênero não
perece. Mesmo em caso fortuito ou de força maior, não poderá o devedor alegar a
perda do bem (art. 246, CC), já que ao menos o gênero existirá, sendo impensável a
sua perda por completo. Por exemplo, o devedor se compromete a entregar 10 cães ao
credor. Não poderá alegar perda do objeto antes da tradição, pois o gênero cão não
pereceu, quaisquer outros 10 cães poderão ser entregues. 
Após a tradição: após escolha da qualidade e respectiva tradição da coisa, o
tratamento será idêntico ao fornecido à obrigação de dar coisa certa, ou seja, perece
para o dono. Isso porque a coisa deixou de ser incerta no momento em que sua
qualidade foi escolhida. 
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13Direito Civil II • Direito das Obrigações
OBRIGAÇÕES DE FAZER
A obrigação de fazer consiste no desempenho de uma atividade ou na prestação de um
serviço. Classifica-se, a depender da possibilidade de ser executada por pessoa diversa
daquela inicialmente indicada (caráter personalíssimo da obrigação de fazer), em:
Obrigação de fazer fungível: também chamadas de impessoais, o que interessa é o
serviço e não quem irá fazer o serviço, ela pode ser executada por um sujeito diverso
do devedor. Não é personalíssima;
Obrigação de fazer infungível: executável apenas e tão somente pelo devedor, tendo
em vista suas qualidades pessoais, técnicas e científicas. É personalíssima. Ex.: contrato
com um pintor famoso;
Emitir Declaração de Vontade: refere-se produção de documento. No Direito Civil,
emite-se vontade através de documento. Pode o credor exigir por via judicial que o
devedor emita declaração de vontade, se assim ficou expresso em contrato.
EXEMPLO 01: quando alguém assina um contrato de compra e venda de um imóvel, essa
assinatura representa a emissão de uma declaração de vontade, indicando que a pessoa
está de acordo com os termos estabelecidos no contrato e deseja efetivar a transação
imobiliária.
EXEMPLO 02: o vendedor se compromete a transferir para o nome do comprador um
veículo ao término do pagamento das prestação, neste caso, se o vendedor não transferir,
pode o credor exigir tal ação na justiça, dessa forma o juiz expedirá documento
considerado similar a declaração de vontade do vendedor, este tipo de ação é
denominada ação de obrigação de fazer.
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER
A prestação nas obrigações de não fazer tem um conteúdo negativo que consiste na
abstenção do devedor em realizar certa conduta. É um comportamento omissivo, de tal
modo que o inadimplemento da obrigação se dá justamente quando executa-se aquilo que
se obrigou a não fazer.
EXEMPLO: vizinhos convencem o proprietário do terreno da frente não fazer edificações,
pois isso prejudicaria a visão da propriedade do outro vizinho.
Ainda, há obrigações de não fazer que decorrem da própria lei (são impostas pela lei,
independentemente da vontade das partes), como no caso do art. 1147 do Código Civil, o
qual proíbe que o vendedor do ponto comercial faça concorrência com o adquirente.
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14Direito Civil II • Direito das Obrigações
IMPOSSIBILIDADE DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO
 A obrigação de não fazer limita apenas o devedor, isto é, apenas o devedor fica
pessoalmente sujeito a abstenção firmada (a abstenção vincula-se ao devedor, não ao
imóvel).
EXEMPLO: Imagine que você fez um acordo com seu vizinho. Nesse acordo, você
prometeu que não vai construir nada que obstrua a vista da casa dele. Esse tipo de
promessa é o que chamamos de "obrigação de não fazer".
Quem é obrigado? Só você, que fez a promessa. Isso significa que você,
pessoalmente, tem que cumprir o que prometeu e não pode construir nada que
obstrua a vista.
1.
E o que acontece com o imóvel? A obrigação de não fazer está ligada a você, não
ao seu terreno ou imóvel. Se você vender a sua casa, o novo dono não é
automaticamente obrigado a seguir a mesma promessa, a menos que ele faça um
novo acordo com o vizinho.
2.
Portanto, a "obrigação de não fazer" limita apenas você, o devedor. A promessa é
pessoal e não acompanha o imóvel se ele for vendido.
POR ATO VOLUNTÁRIO (com culpa): o credor pode ir a juízo requerer que se desfaça
o ato praticado ou que um terceiro o desfaça às custas do devedor, sem prejuízo de
compensação por perdas e danos (art. 251 do Código Civil);
Além disso, o Código Civil traz aqui também uma excepcional hipótese de autotutela, como
se vê em seu art. 251, § único, segundo o qual, em caso de urgência, o credor pode
desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, o ato praticado,
sem prejuízo do ressarcimento devido.
EXEMPLO: você prometeu ao seu vizinho que não construiria um muro alto que bloqueie a
vista dele. Mas você decidiu, por conta própria, construir esse muro.
CONSEQUÊNCIAS:
01) Juízo: o vizinho (credor) pode ir ao tribunal e pedir que o muro seja demolido. O tribunal
pode ordenar que você ou outra pessoa demolam o muro, e você terá que pagar por isso;
02) Compensação: além de demolir o muro, você também pode ter que compensar o
vizinho por qualquer prejuízo que ele tenha sofrido por causa do muro (perdas e danos);
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BONS ESTUDOS!
 Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se
lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
03) Autotutela: em casos urgentes, o vizinho pode demolir o muro ou contratar alguém
para fazê-lo sem precisar de autorização judicial, mas você ainda terá que ressarci-lo
pelos custos.
POR ATO INVOLUNTÁRIO (sem culpa): o contrato é extinto sem perdas e danos,
conforme previsão do art. 250 do Código Civil.
EXEMPLO: você prometeu ao seu vizinho que não cortaria uma árvore que dá sombra à
casa dele. Um dia, uma tempestade derruba a árvore.
CONSEQUÊNCIAS:
01) Extinção do Contrato: a obrigação de não fazer (não cortar a árvore) é extinta
(termina) porque foi impossível evitar que a árvore fosse derrubada e isso não foi culpa sua.
02) Sem Perdas e Danos: como você não teve culpa, não há necessidade de compensar o
vizinho por perdas e danos.
Mª HELENA
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