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Mª HELENA R E S U M O S DIREITO CIVIL II O resumo aborda detalhadamente sobre o conceito introdutório de direito das obrigações e obrigações quanto a natureza do objeto SÍNTESE 01 ESTÁGIO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS EVOLUÇÃO HISTÓRICA BRASILEIRA Código Civil de 1916: patrimonilalidade e conservadorismo; Constituição Federal de 1988 e a repersonalização do Direito Civil; Código Civil de 2002: superação do estrito formalismo; compreensão dos deveres de cooperação, informação e proteção. SISTEMA PRIVADO OBRIGACIONAL Direito Empresarial: refere-se ao conjunto de normas que regulam as relações entre entidades jurídicas, como empresas e organizações comerciais; Direito do Consumidor: é o ramo jurídico que protege os direitos da parte considerada mais vulnerável na relação de consumo, ou seja, o consumidor; Direito Civil: abrange as normas que regem as relações entre indivíduos, tanto em aspectos pessoais quanto patrimoniais, como contratos, propriedade, família e sucessões. Diante do contexto apresentado, percebemos que para cada tipo de relação jurídica existe um direito específico para regulamentar as condutas dos envolvidos. Nos fixaremos no Direito Cívil, especialmente no Direito das Obrigações, que é a parte que estuda os vínculos jurídicos criados entre pessoas em que o patrimônio do devedor poderá responder por seu inadimplemento. Sentido vulgar/amplo: corresponde a um compromisso, ou seja, um ato que vincula um acordo a submissão a algo. Como por exemplo a obrigação de acordar cedo. Nesse sentido, inexiste responsabilização legal em caso de descumprimento dessa obrigação; Sentido jurídico/estrito: refere-se a um acordo regido por normas técnicas, o qual existe um vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. E em caso de descumprimento os particulares poderão recorrer em vias judiciais para exigir o cumprimento de determinada obrigação. SENTINDOS DA PALAVRA “OBRIGAÇÃO” Mª HELENA R E S U M O S 02Direito Civil II • Direito das Obrigações CONCEITO GERAL A Obrigação, segundo Washington de Barros Monteiro, “é uma relação jurídica transitória estabelecida entre credor e devedor, cujo objeto consiste em uma prestação pessoal econômica, garantida através do patrimônio do devedor.” Vejamos a interpretação dessa conceituação a luz do direito das obrigações: a) Relação Jurídica Transitória: corresponde a um acordo legal que dura por um intervalo de tempo entre duas pessoas. Essa "transitoriedade" significa que existe um período necessário para que a obrigação seja cumprida corretamente. Lembrando que, a obrigação nasce com a finalidade de extinguir-se, sempre, em algum momento toda a obrigação se extinguirá; b) Pessoal: a obrigação somente vincula aqueles que estão postos no contrato, não sendo possível afetar o patrimônio de um terceiro nada tem haver com a obrigação constituída; c) Credor e Devedor: credor é quem tem direito a receber um valor ou algo. Devedor é quem tem a obrigação de pagar um valor ou algo ao credor; d) Garantia através do Patrimônio do Devedor: o patrimônio do devedor serve como garantia geral do adimplemento. Caso o devedor deixe de entregar a prestação, o credor irá atrás do patrimônio do devedor para obter a sua satisfação. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES Obrigação é um vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Nota-se que a obrigação é uma via de mão dupla, envolvendo tanto a prestação do devedor quanto a do credor. O Direito das Obrigações possui efeito Inter partes, que são efeitos vinculados apenas àquelas que são parte da relação jurídica. Com isso, há a existência de elementos essenciais da obrigação são o sujeito, objeto e vínculo jurídico. Na ausência de algum dos elementos, não se configura a obrigação. Sujeitos da Obrigação (elemento subjetivo). São eles: A) Sujeito Ativo: credor, que tem o direito de exigir a prestação; B) Sujeito Passivo: devedor, que tem o dever de prestar determinado ato ou objeto. ELEMENTO SUBJETIVO 03Direito Civil II • Direito das Obrigações Mª HELENA R E S U M O S Os sujeitos podem ser: A) Individuais ou coletivos, ou seja, pode ser só o credor ou devedor ou várias pessoas em ambos os polos da relação; B) Determinados ou determináveis: um sujeito que possui determinada qualificação, como nome, localização, estado civil, etc. E um sujeito determinável, refere-se a aquele sujeito que no início da obrigação não sabe bem quem é a pessoa, mas deve ser constituída até a fase executória da obrigação. O necessário é que, no ato de se executar a obrigação (isto é, realizar a prestação), os sujeitos já estejam determinados. O objeto da obrigação é a prestação. O objeto pode ser classificado como mediato e imediato: Objeto Imediato da obrigação: é a prestação, podendo ser positiva (conduta comissiva do devedor, ou seja, dar ou entregar e fazer) ou negativa (conduta omissiva do devedor, portanto, não fazer); EXEMPLO: fui contratada pela Coca-Cola e eu tenho uma conduta de não fazer em relação a não revelação do segredo do sabor do refrigerante. EXEMPLO: na compra e venda de um carro, o objeto imediato é a prestação de “dar” o carro, e o objeto mediato é o próprio carro. Objeto Mediato: se trata da própria coisa, pode ser uma coisa ou tarefa a ser feita (positiva) ou vedada (negativa). O objeto deve ser: Lícito; Possível juridicamente e fisicamente: a prestação deve ser algo que seja fisicamente possível de ser feito ou entregue e também legalmente p ossível; Determinado ou determinável: a prestação será determinado quando possuir gênero, quantidade e qualidade, ou seja, a prestação precisa ser clara e específica, ou pelo menos possível de ser definida e está perfeitamente designada no contrato. E será determinável pois a admite-se a venda de coisa incerta, desde que indicada pelo gênero e pela quantidade; ELEMENTO OBJETIVO Mª HELENA R E S U M O S 04Direito Civil II • Direito das Obrigações Economicamente apreciável: isso significa que a prestação deve ter um valor econômico, ou seja, estar relacionada ao patrimônio das p artes envolvidas. Por exemplo, pagar uma quantia em dinheiro ou entregar um objeto valioso; Caso contrário, não é suscetível de cumprimento. Por exemplo, se uma obrigação trata da entrega da herança de alguém vivo, trata-se de um contrato nulo, pois o objeto é impossível. ELEMENTO ABSTRATO - VÍNCULO JURÍDICO Para a constituição da obrigação, é necessário que haja uma relação jurídica entre os sujeitos, com obrigações para ambas as partes. Esse vínculo jurídico pode ter origem em um contrato, em uma declaração unilateral de vontade, ou até mesmo em um ato ilícito. EXEMPLO: um vendedor de livros e uma pessoa conversam em uma loja, não há nenhuma obrigação entre elas. Agora, se ambas contratam a compra e venda de um livro, o vendedor tem a obrigação de entregar a mercadoria mediante o pagamento pelo comprador, sendo este obrigado a dar sua prestação. O vínculo jurídico é composto por dois elementos: Débito (debitum): é o dever imposto ao devedor de que ele deve cumprir uma obrigação no prazo e forma pactuados; Responsabilidade (obligatio): é o direito do credor de exigir judicialmente o adimplemento da obrigação. Além disso, é submetido à obrigação o patrimônio do devedor (princípio da responsabilidade patrimonial do devedor), conforme dispõe o art. 391 do Código Civil, que firma o seguinte: pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. DIREITOS REAIS X DIREITOS PESSOAIS Provêm dos direitos patrimoniais o direito real, também conhecido como “direito das coisas”, e o direito pessoal. Direito Real: quando se fala de coisa, refere-se ao poder que nós seres humanos temos sobre o objeto. O Direito Real é um conjunto de princípios e regras que disciplinam uma relação jurídica entre pessoas tendo em vistoseus bens. Quanto ao objeto, o direito real se refere à propriedade, ao direito sobre um bem alheio. Mª HELENA R E S U M O S 05Direito Civil II • Direito das Obrigações FIGURAS HÍBRIDAS A doutrina menciona figuras híbridas ou intermédias, que se situam entre os direitos pessoais e os direitos reais. São eles: Obrigação Propter Rem: é uma palavra em latim que trata da obrigação própria da coisa, é uma obrigação que recai sobre uma pessoa por força de um direito real de propriedade. Ou seja, ao adquirir uma propriedade, se adquire também as obrigações financeiras (direito pessoal) referentes a esse imóvel, como a taxa de condomínio; Ônus Reais: são obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade. EXEMPLO: João está devendo R$ 5.000,00 para Maria, só que João está sem dinheiro para que ele possa adimplir-se com Maria. João fez uma proposta a Maria de alugar o apartamento que ele possui em João Pessoa, e todos os aluguéis por um ano seria de Maria. O apartamento de João não deixou de ser dele, mas ele não pode usufruir dos lucros com a propriedade por força de uma obrigação feita com Maria. Obrigações de Eficácia Real: são as que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transfere-se a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. Ou seja, há uma transferência de propriedade. EXEMPLO: locação de imóvel urbano. Direito Pessoal: corresponde ao Direito das Obrigações numa forma que trata das relações dos sujeitos passivos e ativos. Quanto ao objeto, o do direito pessoal será sempre uma prestação do devedor. FONTES OBRIGACIONAIS Lei; Contrato: geram direitos e deveres entre as partes; Ato Ilícito: isso se refere à responsabilidade civil extracontratual, na qual não existe um contrato formal entre as partes, mas uma obrigação de indenizar surge devido a um nexo causal entre o ato do responsável e o dano causado à vítima. Essa responsabilidade pode coexistir com outras formas de responsabilidade, como a penal, e visa compensar a vítima pelo prejuízo sofrido. Mª HELENA R E S U M O S 06Direito Civil II • Direito das Obrigações EXEMPLO: um motorista embriagado colide com uma motocicleta, resultando na morte do piloto. Devido ao nexo causal entre a embriaguez do motorista e o acidente, a família da vítima tem direito a uma indenização, conforme a obrigação de ressarcimento econômico em casos de violação de direitos irreparáveis. Declarações Unilaterais da Vontade: é a partir da vontade de uma pessoa que gera uma obrigação. São elas: Mediante anúncio público, pode alguém prometer recompensa ou gratificação a quem preencha certa condição ou desempenhe determinado serviço. Tal promessa cria, por declaração unilateral de vontade, a obrigação de recompensar ou de gratificar. PROMESSA DE RECOMPENSA GESTÃO DE NEGÓCIOS Gerir significa cuidar, tomar conta ou administrar. Refere-se ao ato unilateral de vontade por meio do qual alguém, SEM autorização do dono do negócio ou coisa, pratica atos no lugar do titular, segundo os seus interesse e vontade presumíveis, e fica responsável tanto perante o dono quanto em relação aos terceiros no tocante aos atos que praticar e às obrigações que assumir. Quem gere negócio alheio, nessas condições, chama-se gestor. A outra parte é denominada dono do negócio. OBSERVAÇÕES: Se o dono não concordar com a gestão, os atos que foram praticados pelo gestor são considerados como ilícitos desde o começo; Se o gestor não concordar com a gestão a partir de determinada conduta, os atos serão considerados ilícitos a partir desta conduta de que ele discordou. Em ambos os casos, a discordância do dono não pode dar-se por mero capricho, deve manifestar motivo legítimo para recusar a intervenção do gestor. Se a gestão foi iniciada contra a vontade presumida do dono, ou seja, se era de se presumir que o dono não queria que providências fossem tomadas para o seu negócio, o gestor responderá pelos danos. A menos que demonstre que o dano ocorreria independentemente de sua atuação; Caso os atos do gestor tragam danos, ou tragam mais prejuízos que benefícios, será obrigado a indenizar o dono ou restituir o negócio para como estava antes. O dono do negócio pode escolher entre desfazer tudo o que o gestor fez, ou que o gestor lhe pague os prejuízos. Mª HELENA R E S U M O S 07Direito Civil II • Direito das Obrigações OBRIGAÇÕES QUANTO A NATUREZA DO OBJETO Ocorre quando alguém, obtém vantagem patrimonial sem causa, isto é, sem que tal vantagem se funde em dispositivo de lei ou em negócio jurídico anterior. Constitui fonte autônoma de obrigações. Refere-se a aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir. Baseia-se no pagamento voluntário feito por erro. PAGAMENTO INDEVIDO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO / SEM CAUSA OBRIGAÇÕES DE DAR Obrigação de dar é um tipo de obrigação civil em que uma das partes se compromete a entregar algo à outra parte. Isso pode incluir bens materiais, dinheiro, serviços ou qualquer outra coisa que possa ser objeto de transação. Dividindo-se em: Obrigação de Dar Coisa Certa e Coisa Incerta. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA Acontece no momento em que o credor estabelece os três elementos essenciais da coisa, que são a quantidade, gênero e qualidade. Desta forma, a coisa certa é conhecida e determinada. Por exemplo, o devedor se obriga a entregar um carro de tal marca, com tais especificações. Essa obrigação ainda se subdivide em: A) Entrega: nessa modalidade de obrigação, o devedor, deve fazer a entrega do objeto que foi anteriormente especificado. B) Restituição: refere-se a devolução, pois existem obrigações que uma das partes precisa devolver, no final do contrato, o bem/objeto. Como por exemplo, em empréstimos, locação. CARACTERÍSTICAS Nessa modalidade, há a impossibilidade de entrega de coisa diversa ainda que seja da mais valiosa (art. 313, CC): não é permitido ao devedor, entregar objeto diferente do que foi anteriormente especificado, podemos usar como exemplo, o quadro “tal”, do pintor “tal”, o que faz que esse bem seja insubstituível, ou como a doutrina prefere apelidar por bem infungível; Mª HELENA R E S U M O S 08Direito Civil II • Direito das Obrigações Caso o credor queira receber o objeto diverso, é possível, desde que tenha consenso e comunhão de interesse entre as partes. Entrega por partes (art. 314, CC): ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível/parcelada, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor obrigado a pagar, por partes, se assim não se ajustou; Abrangência dos Acessórios (art. 233, CC): possibilidade do bem acessório acompanhar o bem principal ainda que não esteja mencionado no contrato, para que melhore a sua funcionalidade; Tradição (art. 237, CC): até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço, se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. A) Assim, como a coisa há de ser entregue na sua integralidade, ou seja, com todos os melhoramentos e acrescidos, poderá o devedor exigir aumento no preço ou mesmo resolver a obrigação se o credor não concordar em pagar pela valorização decorrente dos acréscimos; Para o Direito Civil significa entrega e a mesma diz respeito aos bens móveis e refere-se a entrega ou a transferência da coisa, sendo que, não há necessidade de expressa de claração de vontade no contrato, basta que haja a intenção, por parte daquele que opera a tradição e daquele que recebe a coisa, de efetivar tal transmissão; Lembrando que os bens imóveis são transferidos através de registro e os bens móveis apenas com a entrega/tradição. Essa tradição pode ser de três tipos: A) Real: quando ocorre a entrega de fato do bem; B) Simbólica: o ato é representativo da transferência, ou seja, entrega-se simbolicamente o bem. EXEMPLO: entrega das chaves, simbolizando a entrega da casa; C) Ficta: a entrega do bem é feita de forma ficta para o adquirente. O vendedor continua na posse do imóvel. Exemplo: quando o proprietáriose torna locatário de um bem. A propriedade continua sendo do vendedor, mas ele acordou em alugá-lo para o locatário. Enquanto não houver a transferência do bem, o bem continua sendo do titular. Na tutela das responsabilidades civis, existem 03 tipos de responsabilidades: A) Responsabilidade por fato próprio: quando alguém, com a sua própria atuação, prática fato que causa dano a outrem; Mª HELENA R E S U M O S 09Direito Civil II • Direito das Obrigações B) Responsabilidade por fato de terceiros: é um conceito no direito civil que estabelece que uma pessoa pode ser responsabilizada por danos causados por ações de terceiros, mesmo que ela não tenha agido diretamente para causar esses danos. Isso ocorre quando existe uma relação jurídica entre a pessoa responsabilizada e o terceiro que cometeu o ato danoso. EXEMPLO: responsabilidade dos pais por atos dos filhos menores, responsabilidade do empregador por atos de seus empregados. C) Responsabilidade pelo fato da coisa: significa que mesmo que o proprietário ou possuidor da coisa não tenha agido com negligência ou culpa direta, ele ainda pode ser responsabilizado pelos danos causados por essa coisa a terceiros. EXEMPLO: responsabilidade do proprietário de um edifício ou uma árvore em caso de desabamento. Se um prédio desaba ou uma árvore cai e causa danos a propriedades vizinhas, o proprietário pode ser responsabilizado pelos danos, mesmo que não tenha agido de forma negligente na manutenção do edifício ou da árvore. TEORIA DOS RISCOS A teoria do risco no direito civil é um princípio jurídico que estabelece que aquele que, em razão de sua atividade ou em decorrência da posse de determinada coisa, cria um risco para terceiros, deve ser responsável pelos danos causados por esse risco, independentemente de culpa. Essa teoria é frequentemente aplicada em casos de responsabilidade civil, especialmente em situações em que a atividade exercida representa um perigo para terceiros, como é o caso de atividades industriais, comerciais, ou mesmo em situações cotidianas, como a posse de animais de estimação. Existem alguns conceitos acerca disso: Perecimento: significa perda total da coisa. Ou seja, o objeto deixa de existir ou existindo o objeto não serve para mais nenhuma finalidade; Deterioração: significa perda parcial da coisa. Ou seja, o objeto existe mas ele está danificado; Perdas e danos: consiste em indenização, a mesma será posta diante as condutas culposas do devedor. O artigo 402 do Código Civil descreve que as perdas e danos abrangem: Dano emergente: o prejuízo efetivamente sofrido; 1. Lucros cessantes: o que o prejudicado deixou de lucrar em razão do fato.2. Mª HELENA R E S U M O S 10Direito Civil II • Direito das Obrigações OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR E se acontecer algo com a coisa que deveria ser entregue? No caso da obrigação de dar coisa certa, a danificação ou perecimento gera consequências específicas. As consequências também se diferenciam em razão do momento: EXEMPLO: um taxista sofre uma colisão, na qual o outro motorista é o culpado pelo acidente. O dano emergente é o prejuízo direto, ou seja o valor do conserto do carro e eventuais despesas de hospital. Já os lucros cessantes representam os valores que o taxista deixou de receber enquanto seu carro, que é seu instrumento de trabalho, estava sendo reparado. PERDA NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA ANTES DA TRADIÇÃO (antes da entrega da coisa): Perda total (ou perecimento): caso não haja culpa do devedor, o contrato resolve- se para ambas as partes. Devolve-se o que já foi pago pelo credor, regressando as partes ao estado em que estava antes. Caso haja culpa do devedor, resolve-se a obrigação, devolve-se o que já foi pago e há pagamento de perdas e danos pelo culpado; Perda parcial (ou deterioração): caso não haja culpa do devedor, o credor terá o direito potestativo de escolher se fica com o bem, abatido do preço o valor que perdeu o u se resolve a obrigação. Caso haja culpa do devedor, o mesmo direito potestativo, acrescido em qualquer escolha das devidas perdas e danos. EXEMPLO: imaginemos que um cachorro de raça seja vendido e por descuido do vendedor ele morre de fome (perda total ou perecimento) ou, em outro exemplo, por descuido do vendedor, o cachorro pegasse uma doença e ficasse cego (perda parcial ou deterioração). Em ambos os casos, como houve responsabilidade, há indenização equivalente aos prejuízos sofridos pelo credor, que podem ser de ordem patrimonial ou moral. Se não houvesse responsabilidade do devedor, ele estaria obrigado apenas a restituir ao credor o valor pago, voltando ao estado anterior. No caso da perda parcial (deterioração), há uma outra opção, que seria entregar a coisa deteriorada, com abatimento proporcional no preço - quem faz essa escolha é o credor. Mª HELENA R E S U M O S 11Direito Civil II • Direito das Obrigações DEPOIS DA TRADIÇÃO (depois da entrega da coisa): Se já houve a tradição, a coisa perece para o dono (res perit domino), ou seja, para o atual proprietário. São exceções ao res perit domino, por um princípio geral de garantia concedido ao adquirente: Vícios ocultos, também chamados de redibitórios (art.441, CC);1. Vícios jurídicos, também conhecidos como evicção (art. 447, CC). 2. Ou seja, se depois de entregue o bem, este vem a perecer ou se danificar, isto é responsabilidade do credor. Contudo, ele está protegido pelo princípio acima citado, caso o bem já tenha lhe sido entregue com algum problema que levou àquela situação de perecimento (os conhecidos vícios). OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR Apesar de ser subespécie da obrigação de dar, ela terá um regramento próprio no que diz respeito à perda da coisa, conforme os arts. 238 a 240, CC. Lembrando que, neste tipo de obrigação, não há transmissão do direito de propriedade, mas sim devolução da posse direta do bem. Antes ou depois da restituição, quem sofre a perda é o credor, já que ele nunca deixou de ser proprietário da coisa (res perit domino). Antes da restituição: Perda total (ou perecimento): caso não haja culpa do devedor, o credor sofrerá a perda e o contrato se resolve (art. 238, CC). Caso haja culpa do devedor, o credor sofrerá a perda, mas o devedor responderá pelo equivalente e m dinheiro, mais a indenização por perdas e danos (art. 239, CC); Perda parcial (art. 240): caso não haja culpa do devedor, o credor receberá a coisa tal qual se ache, sem direito a indenização. Caso haja culpa do devedor, o devedor responderá pelo equivalente em dinheiro, mais a indenização por perdas e danos. Mª HELENA R E S U M O S 12Direito Civil II • Direito das Obrigações OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA F altará o atributo da qualidade ao objeto designado para a prestação. A prestação será definida apenas pelo gênero e pela quantidade (art. 243, CC). A coisa incerta é indeterminada, mas determinável. EXEMPLO: a compra de uma cabeça de gado de um rebanho específico, pode ser qualquer animal daquele determinado rebanho. O art. 244 fala sobre a concentração, que para o Direito Civil significa escolha. E determina que a escolha da qualidade na obrigação caberá ao devedor porque fa cilita o adimplemento da obrigação. Porém, como essa é uma norma dispositiva, o credor, caso assim as partes queiram, pode fazer a escolha da qualidade. Como se dará a escolha, diz respeito ao Princípio da Qualidade média (art. 44, CC), se tratando de coisa incerta, o devedor não é obrigado a dar a melhor, mas também não poderá dar a coisa pior. O sensato é optar pela qualidade média. PERDA NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA As consequências específicas aplicadas à perda da coisa certa só se aplicam à coisa incerta se a perda ocorrer com todos os elementos do conjunto. Pois, se um óculos de sol da ótica se perde, sobram todos os outros para serem entregues. Somente se a ótica inteira pegar fogo, e não sobrar nenhum óculos de sol para ser entregue é que as consequências se aplicam. E se eu já tiver escolhido o óculo de sol que eu quero? Neste caso, já se qualifica comocoisa certa e aplicam-se as consequências estudadas. Depois da restituição: Após a devolução da coisa ao credor, o tratamento será idêntico ao fornecido à obrigação de dar coisa certa. Antes da tradição (antes da entrega da coisa): genus non perit, isto é, o gênero não perece. Mesmo em caso fortuito ou de força maior, não poderá o devedor alegar a perda do bem (art. 246, CC), já que ao menos o gênero existirá, sendo impensável a sua perda por completo. Por exemplo, o devedor se compromete a entregar 10 cães ao credor. Não poderá alegar perda do objeto antes da tradição, pois o gênero cão não pereceu, quaisquer outros 10 cães poderão ser entregues. Após a tradição: após escolha da qualidade e respectiva tradição da coisa, o tratamento será idêntico ao fornecido à obrigação de dar coisa certa, ou seja, perece para o dono. Isso porque a coisa deixou de ser incerta no momento em que sua qualidade foi escolhida. Mª HELENA R E S U M O S 13Direito Civil II • Direito das Obrigações OBRIGAÇÕES DE FAZER A obrigação de fazer consiste no desempenho de uma atividade ou na prestação de um serviço. Classifica-se, a depender da possibilidade de ser executada por pessoa diversa daquela inicialmente indicada (caráter personalíssimo da obrigação de fazer), em: Obrigação de fazer fungível: também chamadas de impessoais, o que interessa é o serviço e não quem irá fazer o serviço, ela pode ser executada por um sujeito diverso do devedor. Não é personalíssima; Obrigação de fazer infungível: executável apenas e tão somente pelo devedor, tendo em vista suas qualidades pessoais, técnicas e científicas. É personalíssima. Ex.: contrato com um pintor famoso; Emitir Declaração de Vontade: refere-se produção de documento. No Direito Civil, emite-se vontade através de documento. Pode o credor exigir por via judicial que o devedor emita declaração de vontade, se assim ficou expresso em contrato. EXEMPLO 01: quando alguém assina um contrato de compra e venda de um imóvel, essa assinatura representa a emissão de uma declaração de vontade, indicando que a pessoa está de acordo com os termos estabelecidos no contrato e deseja efetivar a transação imobiliária. EXEMPLO 02: o vendedor se compromete a transferir para o nome do comprador um veículo ao término do pagamento das prestação, neste caso, se o vendedor não transferir, pode o credor exigir tal ação na justiça, dessa forma o juiz expedirá documento considerado similar a declaração de vontade do vendedor, este tipo de ação é denominada ação de obrigação de fazer. OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER A prestação nas obrigações de não fazer tem um conteúdo negativo que consiste na abstenção do devedor em realizar certa conduta. É um comportamento omissivo, de tal modo que o inadimplemento da obrigação se dá justamente quando executa-se aquilo que se obrigou a não fazer. EXEMPLO: vizinhos convencem o proprietário do terreno da frente não fazer edificações, pois isso prejudicaria a visão da propriedade do outro vizinho. Ainda, há obrigações de não fazer que decorrem da própria lei (são impostas pela lei, independentemente da vontade das partes), como no caso do art. 1147 do Código Civil, o qual proíbe que o vendedor do ponto comercial faça concorrência com o adquirente. Mª HELENA R E S U M O S 14Direito Civil II • Direito das Obrigações IMPOSSIBILIDADE DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO A obrigação de não fazer limita apenas o devedor, isto é, apenas o devedor fica pessoalmente sujeito a abstenção firmada (a abstenção vincula-se ao devedor, não ao imóvel). EXEMPLO: Imagine que você fez um acordo com seu vizinho. Nesse acordo, você prometeu que não vai construir nada que obstrua a vista da casa dele. Esse tipo de promessa é o que chamamos de "obrigação de não fazer". Quem é obrigado? Só você, que fez a promessa. Isso significa que você, pessoalmente, tem que cumprir o que prometeu e não pode construir nada que obstrua a vista. 1. E o que acontece com o imóvel? A obrigação de não fazer está ligada a você, não ao seu terreno ou imóvel. Se você vender a sua casa, o novo dono não é automaticamente obrigado a seguir a mesma promessa, a menos que ele faça um novo acordo com o vizinho. 2. Portanto, a "obrigação de não fazer" limita apenas você, o devedor. A promessa é pessoal e não acompanha o imóvel se ele for vendido. POR ATO VOLUNTÁRIO (com culpa): o credor pode ir a juízo requerer que se desfaça o ato praticado ou que um terceiro o desfaça às custas do devedor, sem prejuízo de compensação por perdas e danos (art. 251 do Código Civil); Além disso, o Código Civil traz aqui também uma excepcional hipótese de autotutela, como se vê em seu art. 251, § único, segundo o qual, em caso de urgência, o credor pode desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, o ato praticado, sem prejuízo do ressarcimento devido. EXEMPLO: você prometeu ao seu vizinho que não construiria um muro alto que bloqueie a vista dele. Mas você decidiu, por conta própria, construir esse muro. CONSEQUÊNCIAS: 01) Juízo: o vizinho (credor) pode ir ao tribunal e pedir que o muro seja demolido. O tribunal pode ordenar que você ou outra pessoa demolam o muro, e você terá que pagar por isso; 02) Compensação: além de demolir o muro, você também pode ter que compensar o vizinho por qualquer prejuízo que ele tenha sofrido por causa do muro (perdas e danos); Mª HELENA R E S U M O S 15Direito Civil II • Direito das Obrigações BONS ESTUDOS! Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 03) Autotutela: em casos urgentes, o vizinho pode demolir o muro ou contratar alguém para fazê-lo sem precisar de autorização judicial, mas você ainda terá que ressarci-lo pelos custos. POR ATO INVOLUNTÁRIO (sem culpa): o contrato é extinto sem perdas e danos, conforme previsão do art. 250 do Código Civil. EXEMPLO: você prometeu ao seu vizinho que não cortaria uma árvore que dá sombra à casa dele. Um dia, uma tempestade derruba a árvore. CONSEQUÊNCIAS: 01) Extinção do Contrato: a obrigação de não fazer (não cortar a árvore) é extinta (termina) porque foi impossível evitar que a árvore fosse derrubada e isso não foi culpa sua. 02) Sem Perdas e Danos: como você não teve culpa, não há necessidade de compensar o vizinho por perdas e danos. Mª HELENA R E S U M O S 16Direito Civil II • Direito das Obrigações