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Ead - Slides Aula 01 - Direito das Obrigacoes - Introducao ate Modalidades

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14/03/2021
1
Direito das Obrigações
Professor Alex Ribeiro Campagnoli
FIPAR - 2021
– Introdução -
Além de disciplina mais extensa, peço licença aos colegas
professores para afirmar que o Direito Civil é também a
matéria mais importante do curso jurídico por duas
grandes razões:
Primeiro: porque o Direito em si, como ciência, passou a ser
estudado através do Direito Civil.
Foi a evolução do Direito Civil que levou à Teoria Geral do
Direito e à Introdução ao Estudo do Direito.
Segundo: porque o Direito Civil é o direito de nós todos, de
João, José, de Maria e de cada cidadão.
14/03/2021
2
Explico:
- o Direito Tributário e Administrativo é o direito do governo,
- o Direito Penal é o direito do bandido,
- o Direito Comercial é o direito do empresário,
- o Direito Processual é mais processo do que direito,
- o Direito do Trabalho é o direito do trabalhador, e de qualquer
modo, o Direito do Trabalho é filho do Direito Civil.
- Igualmente o Direito do Consumidor, é filho também do
Direito Civil. O próprio Direito Comercial teve muitas de suas
normas incorporadas pelo Código Civil de 2002.
Finalmente,
- o Direito Constitucional tem mais princípios gerais do que
normas de aplicação direta.
Já as atividades do nosso cotidiano são todas reguladas pelo
Direito Civil.
Nós todos hoje, para estarmos aqui agora, já celebramos
alguma relação civil, até porque nós todos temos nome, família
e domicílio.
E usamos um transporte para chegar de casa até a universidade.
E somos proprietários de nossas roupas e objetos pessoais.
E falamos no telefone e compramos um chiclete antes de entrar
na sala de aula.
Quer dizer, alguém pode viver décadas e nunca se enquadrar no
Código Penal, Processual ou na CLT, mas com certeza nossas
vidas passam pelo Código Civil.
O que vocês acham? Reflitam!
14/03/2021
3
Bem, voltando ao cível, hoje vocês começam o estudo da parte
especial do Direito Civil, e durante quatro anos serão
estudados os quatro grandes temas cíveis: obrigações, reais,
família e sucessões.
� 1º ano – parte geral
� 2º ano – obrigações e contratos
� 3º ano – direitos reais
� 4º ano – direito de família
� 5º ano – sucessões e resp. civil
I - O direito pode ser dividido em dois grandes ramos:
a) os direitos não patrimoniais - concernentes à pessoa
humana, como os direitos da personalidade (CC, arts. 11 a 21) e
os de família;
b) os direitos patrimoniais - que, por sua vez, se dividem
em.
- Reais (direito das coisas);
- Obrigacionais, pessoais ou de crédito;
O Direito das Obrigações, o Direito das Coisas e o Direito das 
Sucessões integram a chamada autonomia privada, ou seja, é o 
campo do Direito Civil onde os particulares se relacionam entre 
si, com grande liberdade, na celebração de contratos e na 
apropriação de bens que lhes interessam, para a formação de 
um patrimônio que será transferido aos familiares após a 
morte.
14/03/2021
4
Se no Direito Público só se pode fazer o que a lei permite,
no Direito Civil pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe,
ou seja, a liberdade aqui é bem maior.
Dos quatro ramos do Direito Civil, só o Direito de Família sobra
deste raciocínio. Uma vez que no Direito de Família as questões
econômicas não predominam tanto quanto no resto do Direito
Civil, afinal o que alimenta a família é o afeto, vínculos pessoais
e não o patrimônio.
Em suma, o Direito de Família integra o Direito Civil, mas não
integra a autonomia privada.
Teoria Geral das Obrigações
O desenvolvimento do Direito das Obrigações liga-se mais
proximamente às relações econômicas, é por meio das “relações
obrigacionais que se estrutura o regime econômico, sob formas
definidas de atividade produtiva e permuta de bens”, como já
salientou ORLANDO GOMES.
Em objetiva definição, trata-se do conjunto de normas e
princípios jurídicos reguladores das relações
patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um
devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de
cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de
dar, fazer ou não fazer.
14/03/2021
5
Evolução Histórica
No Direito Romano não se conhecia o termo “obrigação”,
mas o equivalente: nexum (uma forma primitiva de
empréstimo) que era o ato que legitimava o credor cobrar
o devedor.
Havia normas regulamentares que autorizavam a
“coisificação” do devedor, sua redução à escravização pelo
credor, que poderia vendê-lo pelo valor da dívida,
obtendo assim o ressarcimento.
No caso de pluralidade de credores, a lei autorizava a
partilha do seu corpo em tantos pedaços quanto se
dividisse o débito.
Lei das XII TÁBUAS - TÁBUA TERCEIRA Dos direitos de crédito
- l. Se o depositário, de má fé, praticar alguma falta com relação ao
depósito, que seja condenado em dobro.
- 2. Se alguém colocar o seu dinheiro a juros superiores a um por
cento ao ano, que seja condenado a devolver o quádruplo.
- 3. O estrangeiro jamais poderá adquirir bem algum por usucapião.
- 4. Aquele que confessar dívida perante o magistrado, ou for
condenado, terá 30 dias para pagar.
- 5. Esgotados os 30 dias e não tendo pago, que seja agarrado e
levado à presença do magistrado.
- 6. Se não pagar e ninguém se apresentar como fiador, que o
devedor seja levado pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés
com cadeias com peso máximo de 15 libras; ou menos, se assim o
quiser o credor.
- 7. O devedor preso viverá à sua custa, se quiser; se não quiser, o
credor que o mantém preso dar-Ihe-á por dia uma libra de pão ou
mais, a seu critério.
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6
8. Se não houver conciliação, que o devedor fique preso
por 60 dias, durante os quais será conduzido em três dias
de feira ao comitium, onde se proclamará, em altas vozes,
o valor da dívida.
9. Se não muitos os credores, será permitido, depois do
terceiro dia de feira, dividir o corpo do devedor em tantos
pedaços quantos sejam os credores, não importando
cortar mais ou menos; se os credores preferirem poderão
vender o devedor a um estrangeiro, além do Tibre.
A lex Poetelia Papiria (326 A.C) - afastou a carga da pessoa do
devedor, transferindo-a aos seus bens, passando ao Estado o
exercício da jurisdição, substituindo-se o direito da força pela
força do Direito.
Não resta dúvida de que, já no Direito Romano, a imputação de
penalidade sobre o corpo e a vida do devedor foi abominada,
levando à uma reflexão sobre os limites da punibilidade em
casos de inadimplência.
A grande evolução do conceito moderno de “obrigação” é
exatamente a não responsabilização do corpo do credor
pela sua dívida, deslocando-se a garantia da pessoa do
devedor para o seu PATRIMÔNIO.
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7
Essa modificação, muito bem vinda, valoriza a dignidade
humana e possibilitou a transmissibilidade das obrigações, ato
esse, não admitido pelos Romanos.
CÓDIGO DE NAPOLEÃO DE 1804
Art. 2.093. Os bens do devedor são a garantia comum de seus
credores (“les biens du débiteur sont le gage commun de ses
creanciers”).
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos
os bens do devedor.
DIREITOS PESSOAIS X DIREITOS REAIS:
No Direito das Obrigações vocês vão conhecer as normas que
tratam das relações das pessoas entre si, é por isso que o Direito
das Obrigações é também conhecido como Direito Pessoal. As
obrigações entre as pessoas se originam de vários
modos, especialmente do contrato.
Já no Direito Real serão estudadas as normas que tratam
das relações das pessoas com os bens, sendo também
chamado de Direito das Coisas. Existem vários direitos
reais (art. 1.225) e o principal deles é a propriedade.
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8
DIREITOS REAIS DIREITOS OBRIGACIONAIS
a) Quanto ao sujeito Há somente sujeito ativo (proprietário). Sujeito
passivo é toda a comunidade. Oponibilidade erga
omnes.
Sujeito determinado ou determinável.
Sujeito ativo = credor.
Sujeito passivo = devedor (solvens).
a) Quanto ao objeto Incidem sobre uma coisa (res). Objeto de
propriedade. Objeto: material e intelectual, por ex.,
autoria, marca etc.
Há direito de sequela, ex. art. 1.228, CC.
Exigem o cumprimento de determinada prestação.
Uma obrigaçãode dar, fazer ou não fazer.
a) Quanto à duração São perpétuos, não se extinguem pelo não uso, exceto
os casos previstos em lei. Ex.: desapropriação,
usucapião etc.
Propriedade: plena e exclusiva (art. 1.231, CC/2002).
São transitórios e se extinguem pelo cumprimento
ou por outros meios, ex. morte.
a) Quanto à formação Só podem ser criados pela lei, sendo seu número
limitado e regulado por esta (numerus clausus), vide
art. 1. 225, CC/2002.
Resultam da vontade das partes, sendo ilimitado o
número de contratos inonimados (numerus
apertus). Pode resultar também da lei.
a) Quanto ao exercício São exercidos diretamente sobre a coisa, sem
necessidade de existência de um sujeito passivo.
Exige uma figura intermediária, que é o devedor.
a) Quanto à ação Pode ser exercida contra quem quer que detenha a
coisa.
A ação pessoal é dirigida somente contra quem
figura na relação jurídica como sujeito passivo.
Oponibilidade intra partes.
Figuras híbridas entre Direitos Pessoais e Reais (também
denominadas obrigações ambulatórias ou de cunho real)
Obrigação propter rem: é a que recai sobre uma pessoa, por
força de determinado direito real.
Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular
do domínio ou de detentor de determinada coisa (Vide art.
1.277, CC/2002).
Exemplos: 1) obrigação imposta aos proprietários e inquilinos
de um prédio de não prejudicarem a segurança, o sossego e a
saúde dos vizinhos (CC, art. 1.277); 2) pagamento de
condomínio (cota condominial); 3) a obrigação de o
proprietário de um imóvel de indenizar o terceiro que, de boa-
fé, realizou benfeitorias sobre o mesmo; 4) IPTU, IPVA etc.
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- OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL
- Obrigações com eficácia real são as que, sem perder seu
caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são
oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado
bem.
- Exemplo de eficácia real é a que resulta de compromisso de
compra e venda, em favor do promitente comprador, quando
não se pactua o arrependimento e o instrumento é registrado
no Cartório de Registro de Imóveis, adquirindo este direito
real à aquisição do imóvel e à sua adjudicação compulsória
(CC, arts. 1417 e 1418).
- Título de crédito ao portador: o crédito adere ao título
passando a ser exigível por quem o porte. Então o portador
tem a determinação inicial do credor. O credor será aquele
que, portando o título no momento oportuno, exige aquele
crédito. Por isso, diz-se que há ambulatoriedade excepcional.
Importância do direito das obrigações
É por meio das relações obrigacionais que se estrutura o regime
econômico.
O direito das obrigações retrata a estrutura econômica da
sociedade e compreende as relações jurídicas que constituem
alicerce para a autonomia privada na esfera patrimonial,
estendendo-se a todas as atividades de natureza patrimonial,
desde as mais simples às mais complexas.
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Características principais do direito das obrigações
O direito das obrigações tem por objeto direitos de natureza
pessoal, que resultam de um vínculo jurídico estabelecido
entre:
I) o credor, como sujeito ativo;
II) o devedor, na posição de sujeito passivo...
...liame este que confere ao primeiro o poder de exigir do
último uma prestação.
Também denominados direitos de crédito, os direitos pessoais
ou obrigacionais regem vínculos patrimoniais entre pessoas,
impondo ao devedor o dever de prestar, isto é:
I) “de dar”;
II) “de fazer”;
III) ou “não fazer” ...
Fonte das Obrigações são os fatos jurídicos que dão origem aos
vínculos obrigacionais, em conformidade com as normas
jurídicas.
1 – Fontes Imediatas (primária)
Lei – pois todos os vínculos obrigacionais são relação jurídica
2 – Fontes Mediatas – Fatos Jurídicos
2.1 - Fato Natural – ocorre sem intervenção da vontade humana
2.2 - Vontade Humana – decorre de contrato (vontade conjugada) ou de
ato unilateral da vontade (promessa de recompensa, titulo ao portador.).
Pode ser:
2.2.1 - Voluntário – produz fatos queridos pelo agente.
Ato Jurídico (em sentido estrito) – mera realização da vontade do
agente;
Negócio jurídico – cria normas que regula os interesses entre as partes –
autonomia privada.
2.2.2 - Involuntário – consequência jurídica alheia a vontade do agente.
Ato Ilícito – se constituem através de uma ação ou omissão culposa ou
dolosa do agente, causando dano a outrem. Diretas do comportamento
humano infringente de um dever legal ou social.
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São três as fontes segundo o Código Civil, vejamos:
1 – Contratos: esta é a principal e maior fonte de obrigação. Através
dos contratos as partes assumem obrigações (ex: compra e venda,
onde o comprador se obriga a pagar o preço e o vendedor se obriga a
entregar a coisa).
No próximo semestre serão estudados com detalhes os inúmeros
contratos (ex: locação, doação, empréstimo, seguro, transporte,
mandato, fiança, etc).
2 – Atos unilaterais: segundo nosso Código, são os quatro
capítulos entre os arts. 854 e 886, com destaque para a promessa de
recompensa (ex: perdi meu cachorro e pago cem a quem encontrá-
lo, obrigando-me perante qualquer pessoa que cumpra a tarefa). Não
temos aqui um contrato, mas um ato unilateral gerador de
obrigação, como será visto no próximo semestre.
3 – Atos ilícitos: já estudados no semestre passado, revisem o art. 186
(ex: João bate no carro de Maria e se obriga a reparar os prejuízos). O
estudo dos atos ilícitos deve ser aprofundado na importante
disciplina Responsabilidade Civil (927).
Conceito:
Todos temos obrigações na nossa vida, seja para com o país (ex: 
serviço militar, votar nas eleições, pagar impostos) seja para 
com a família (1.566). 
O vocábulo obrigação, deriva do Latim Obligatio, Obligationis, 
que significa ato de obrigar; o fato de estar obrigado a; dever; 
preceito; lei. Vínculo jurídico em que uma pessoa está obrigada 
a dar, a fazer ou não fazer alguma coisa, em proveito de outra 1 .
Mas a obrigação que nos interessa neste curso é a obrigação 
civil. 
Num conceito mais simples, a obrigação é o direito do credor 
contra o devedor. 
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Num conceito mais completo, a obrigação é um vínculo
jurídico transitório em virtude do qual uma pessoa fica sujeita a
satisfazer uma prestação econômica em proveito de outra.
Expliquemos:
- vínculo jurídico: o vínculo é o motor da obrigação e
precisa interessar ao Direito; um vínculo apenas moral (ex: ser
educado, ser gentil, dar “bom dia”) ou religioso (ex: ir a missa
todo Domingo) não tem relevância jurídica;
- transitório: a obrigação é efêmera, tem vida curta (ex:
uma compra e venda de balcão dura segundos), podendo até
ser duradoura (ex: alugar uma casa por um ano), mas não dura
para sempre.
Inclusive um direito de crédito se extingue quando é exercido
(ex: José bate no carro de Maria, quando Maria cobra o prejuízo
e José paga, a obrigação se extingue).
Já os Direitos Reais são permanentes, e quanto mais exercidos
mais se fortalecem (ex: a propriedade sobre uma fazenda passa
por gerações de pai para filho, e quanto mais a fazenda for
usada mais cumprirá sua função social, ficando livre de
invasões e desapropriação).
- prestação: é o objeto da obrigação e se trata de uma
conduta ou omissão humana, ou seja, sempre é dar uma coisa,
fazer um serviço ou se abster de alguma conduta. Dar, fazer e
não-fazer, estas três são as espécies de obrigação, voltaremos a
elas abaixo.
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13
- econômica: toda obrigação precisa ter um valor
econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do
inadimplente se não for espontaneamente cumprida.
Em outras palavras, se uma dívida não for paga no vencimento
o credor mune-se de uma pretensão e a dívida se transforma em
responsabilidade patrimonial.
Que pretensão é esta de que se arma, de que se mune o credor?
É a pretensão a executar o devedor para atacar/tomar seus bens
através do Juiz (391, 942).
E se o devedor/inadimplente não tiver bens?
Então não há nada a fazer pois, como dito, a
responsabilidade é patrimonial e não pessoal.
Ao credor só resta espernear, é o chamado na brincadeira“jus sperniandi”.
Realmente já se foi o tempo em que o devedor poderia ser
preso, escravizado, esquartejado e morto por dívidas, pois
isto hoje atenta contra a dignidade humana.
O único caso atual de prisão por dívida e na pensão
alimentícia, assunto de Direito de Família.
14/03/2021
14
Em objetiva definição, O Direito das Obrigações trata-se do
conjunto de normas (regras e princípios jurídicos)
reguladoras das relações patrimoniais entre um credor
(sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem
incumbe o dever de cumprir, espontânea ou
coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer.
Elementos das obrigações
As obrigações são constituídas de elementos subjetivos,
objetivos e de um vínculo jurídico.
I - elemento subjetivo: formado pelos envolvidos:
credor(sujeito ativo) e devedor(sujeito passivo).
II - elemento objetivo: formado pelo objeto da obrigação: a
prestação a ser cumprida.
III - vínculo jurídico: determinação que sujeita o devedor a
cumprir determinada prestação em favor do credor.
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15
Elementos da obrigação: são três:
a) duplo sujeito: o Direito das Obrigações trata das 
relações entre pessoas, então toda obrigação tem dois sujeitos, 
um ativo, chamado credor, e um passivo, chamado devedor. 
Não existe relação obrigacional com apenas um sujeito (381). 
Pode haver num dos pólos mais de um credor e mais de um 
devedor (257). 
Ambos podem ser pessoa natural como jurídica.
Devem ser:
- determinados ou, ao menos, determináveis (no momento do 
cumprimento devem ser conhecidos) (promessa de 
recompensa C.C. art. 854; - contrato de doação - o donatário, às 
vezes, é indeterminado, mas determinável no momento de seu 
cumprimento, pelos dados nele constantes, etc.). 
- Capazes - se não forem, deverão ser representados ou 
assistidos por seus representantes legais, dependendo ainda, 
em alguns casos, de autorização judicial.-
- Legitimados.
Numa relação simples, sabe-se exatamente qual das partes é a 
credora e qual é a devedora (ex: José bate no carro de Maria, 
então José é devedor e Maria é credora), mas numa relação 
complexa ambos os sujeitos são simultaneamente credores e 
devedores (ex: contrato de compra e venda, onde o comprador 
deve o dinheiro e é credor da coisa, e o vendedor deve a coisa e é 
credor do dinheiro).
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16
Tais obrigações complexas são também chamadas
de sinalagmáticas.
Os sujeitos precisam ser bem identificados para que o
devedor saiba a quem prestar, e o credor saiba de quem
receber.
Excepcionalmente o devedor pode ser desconhecido (ex:
qualquer pessoa que adquira imóvel hipotecado responde pela
dívida, apesar de não ter originariamente assumido a
obrigação; 303, mais detalhes em Civil 5) e o credor também
pode ser desconhecido (ex: o credor faleceu ou desapareceu,
deve então o devedor pagar na Justiça para se livrar da
obrigação, 334; outro ex: 855).
b) vínculo jurídico: o vínculo liga os sujeitos ao objeto da
obrigação. O vínculo é a força motriz da relação obrigacional.
O vínculo seria qualquer acontecimento relevante para o
direito capaz de fazer nascer uma obrigação (ex: um
acidente de trânsito gera um ato ilícito, um acordo de vontades
produz um contrato, etc).
Divide-se em:
- débito: também chamado de vínculo espiritual ou pessoal,
une o devedor ao credor e exige que aquele cumpra
pontualmente a obrigação.
- responsabilidade: também chamado de vínculo material,
confere ao credor não satisfeito o direito de exigir judicialmente
o cumprimento da obrigação, submetendo àquele os bens do
devedor.
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17
c) objeto: atenção com o objeto!
O objeto da obrigação não é uma coisa, mas um fato
humano/uma conduta ou omissão do devedor
chamada prestação.
Esta é o objeto imediato.
Ocorre que, podemos verificar também a existência do
objeto da prestação (que se descobre indagando: dar,
fazer ou não fazer o quê?) este é o objeto mediato da
obrigação.
A prestação possui três espécies: dar, fazer, ou não-fazer.
Na obrigação de dar o objeto da prestação é uma coisa (ex:
dar dinheiro, dar uma TV), mas o objeto da obrigação é a
ação de entregar a coisa, não a coisa em si.
Na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço
(ex: o cantor realiza um show, o advogado redige uma
petição, o professor ministra uma aula).
Finalmente, na obrigação de não-fazer, o objeto da
prestação é uma omissão/abstenção (ex: o químico da
fábrica de perfume é demitido e se obriga a não revelar a
fórmula do perfume).
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18
EX: Como o objeto da obrigação é a prestação, mesmo na 
obrigação de dar o credor não tem poder sobre a coisa, mas sim 
sobre a prestação (ex: compro uma geladeira e a loja promete 
me entregar em casa, mas a loja não cumpre, não posso por isso 
invadir a loja e pegar a geladeira à força, devo sim exigir perdas 
e danos, 389 – trata-se da responsabilidade patrimonial do 
devedor, como dito acima). 
As obrigações de dar e de fazer são positivas, e a de não-
fazer é a chamada obrigação negativa.
O objeto da obrigação para ser válido precisa ser:
- lícito (ex: comprar drogas, contratar o serviço de um
“pistoleiro”, etc),;
ser lícito: objeto lícito é o que não contraria a lei, a moral e
os bons costumes.
Quando o objeto jurídico da obrigação é imoral os tribunais por
vezes aplicam o princípio de direito que ninguém pode valer-se
da própria torpeza. (art. 150 e 883 do C.C.)
Ex.: Estado da federação outorgou concessão a um particular
para exploração de jogos de azar no respectivo território;
contratos que tenham por objeto a comercialização de órgãos
humanos para transplante.
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19
- possível (ex: viagem no tempo, procurar um anel no mar,
encontrar um dinossauro vivo),
- se impossível, o negócio é nulo. Lembrando que a
impossibilidade pode ser:
I - física: emana de leis físicas, naturais, ultrapassa as forças
humanas.
CUIDADO: a impossibilidade deve ser absoluta!!! ou seja,
alcançar a todos indistintamente, a relativa, que atinge
somente o devedor e não outras pessoas não é obstáculo à
realização do negócio. C.C. art. 106 (Ex.: Colocar toda a água
dos oceanos em um copo d’água; aeronave que leve passageiros
(seres humanos) a plutão; venda de pedaço de terra no céu,
etc.);
II - jurídica: quando o ordenamento jurídico proíbe,
expressamente, negócio a respeito de determinado bem, como
a herança de pessoa viva (C.C. art. 426), o bem público (C.C.
art.100) e os gravados com cláusula de inalienabilidade, por
exemplo.
A ilicitude é mais ampla.
- determinado ou determinável: (a coisa devida precisa ser
identificada, 243) e;
- será determinada a prestação quando perfeitamente
individualizado o objeto (Ex.: automóvel x, chaci número
xxxxx licença xxxxxx).
- Será determinável quando a identificação é relegada
para o momento do cumprimento, existindo critérios
fixados na lei ou na convenção para identificação.
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20
Obrigações genéricas (C.C. art. 243 e 874).
Admite-se contrato a respeito de safra futura cuja extensão e
valor serão apurados posteriormente (C.C., arts. 458 e 459).
De qualquer forma, a generalização comporta limitações
porque, de outro modo, inexistiria a obrigação, como no caso
em que o devedor se obrigasse a dar algum café, sem precisar,
no entanto, o gênero e a quantidade.
NULA será a obrigação se o objeto for ilícito, impossível ou
indeterminável (art. 166, II do C.C.)
- ter valor econômico - para viabilizar o ataque ao patrimônio
do devedor em caso de inadimplemento (947).
Acrescentem “valor econômico” ao art. 104, II, do CC.
- exige-se, também, que o objeto da prestação seja
economicamente apreciável.
Obrigações jurídicas, mas sem conteúdo patrimonial (como o
dever de fidelidade entre os cônjuges e outros do direito de
família), são excluídas do direito das obrigações.
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21
- Elemento objetivo: a prestação
Neste ponto, chegamos ao coração da relação
obrigacional.
Em princípio, deve-se salientar que a obrigação possui
dois tipos de objeto:
a) objeto direto ou imediato;
b) objeto indireto ou mediato.
O objeto imediato da obrigação(e, por consequência, do
direito de crédito) é a própria atividade positiva (ação) ou
negativa (omissão) do devedor, satisfativa do interesse do
credor.
Tecnicamente, essa atividade denomina-se prestação, que
terá sempre conteúdo patrimonial.
Nesse sentido, já advertia ANTUNES VARELA:
“Tendo principalmente em vista as obrigações com
prestação de coisas, os autores costumam distinguir entre
o objeto imediato e o objeto mediato da obrigação. O
primeiro consiste na atividade devida (na entrega da
coisa, na cedência dela, na sua restituição etc.); o
segundo, na própria coisa, em si mesma considerada, ou
seja, no objeto da prestação”17.
Conforme já mencionamos, o objeto indireto ou mediato
da obrigação é o próprio bem da vida posto em circulação
jurídica. Cuida-se, em outras palavras, da coisa, em si
considerada, de interesse do credor.
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Tecnicamente, essa atividade denomina-se prestação, que terá
sempre conteúdo patrimonial.
Sobre o tema, conclusivas são as palavras de ANTUNES
VARELA:
“A prestação consiste, em regra, numa atividade, ou numa ação
do devedor (entregar uma coisa, realizar uma obra, dar uma
consulta, patrocinar alguém numa causa, transportar alguns
móveis, transmitir um crédito, dar certos números de lições
etc.). Mas também pode consistir numa abstenção, permissão
ou omissão (obrigação de não abrir estabelecimentos de certo
ramo de comércio na mesma rua ou na mesma localidade;
obrigação de não usar a coisa recebida em depósito;
obrigações de não fazer escavações que provoquem o
desmoronamento do prédio vizinho)”10.
Posto isso, já se pode observar que as prestações, que
constituem o objeto direto da obrigação, poderão ser:
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Dentre as prestações de dar coisa certa, poderíamos referir
aquela pactuada para a entrega de determinado veículo (um
caminhão, por exemplo), por força de um contrato de compra e
venda.
Já a prestação de dar coisa incerta, por sua vez, existirá quando
o sujeito se obriga a alienar determinada quantidade de café,
sem especificar a sua qualidade.
A prestação de fazer, por sua vez, se refere a uma
prestação de conduta comissiva, como, por exemplo,
pintar um quadro ou cantar uma ária italiana em
apresentação pública.
Finalmente, temos, ainda, as prestações de não fazer, que
consistem, sinteticamente, em abstenções juridicamente
relevantes.
Assim, quando, por força de um contrato, uma parte se
obriga perante o seu vizinho a não realizar determinada
obra em seu quintal ou um ex-empregado se obriga a não
manter vínculo empregatício com outra empresa
concorrente da ex-mpregadora (cláusula de não
concorrência), estaremos diante de uma prestação de fato
negativa.
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Elemento ideal: o vínculo jurídico entre credor e devedor
Cuida-se do elemento espiritual ou abstrato da obrigação,
consistente no vínculo jurídico que une o credor ao devedor.
Consoante já se disse, a obrigação só poderá ser
compreendida, em todos os seus aspectos, se a considerarmos
como uma verdadeira relação pessoal — originada de um fato
jurídico (fonte) —, por meio da qual fica o devedor obrigado
(vinculado) a cumprir uma prestação patrimonial de interesse
do credor.
O fato jurídico, fonte da obrigação, por sua vez, não deverá
integrar esse elemento ideal, uma vez que, por imperativo de
precedência lógica, é anterior à relação jurídica obrigacional.
Aliás, a obrigação é a própria consequência jurídica do fato,
com ele não se confundindo. Assim, o contrato de compra e
venda, por exemplo, é o fato jurídico determinante do vínculo
obrigacional existente entre credor e devedor. É, portanto, a
causa genética da obrigação em si.
Assim, nas relações obrigacionais mais simplificadas, o sujeito passivo
(devedor) obriga-se a cumprir uma prestação patrimonial de dar, fazer ou
não fazer (objeto da obrigação), em benefício do sujeito ativo (credor).
Note-se, outrossim, a existência de relações jurídicas complexas, nas quais
cada parte é, simultaneamente, credora e devedora uma da outra. É o caso
da obrigação decorrente do contrato de compra e venda: o vendedor é
credor do preço e devedor da coisa; ao passo que o comprador é credor da
coisa e devedor do preço.
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CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
Preferimos apresentá-la em duas partes.
Primeiramente, a classificação básica, presente em toda e qualquer
modalidade de relação jurídica obrigacional, segundo a prestação
que as integra.
Depois, uma classificação especial, que leva em consideração
modalidades específicas de obrigações, independentemente da sua
positivação.
CLASSIFICAÇÃO BÁSICA
As obrigações, apreciadas segundo a prestação que as integra,
poderão ser:
Essa é a classificação básica das obrigações, que, inspirada no Direito 
Romano (dare, facere, non facere), foi adotada pela legislação 
brasileira desde o esboço de Teixeira de Freitas.
SÍLVIO DE SALVO VENOSA observa que:
“Ambos os Códigos brasileiros ativeram-se, sem dúvida, a essa
classificação romana, tendo distribuído as obrigações
igualmente em três categorias: obrigações de dar (coisa certa
ou coisa incerta), obrigações de fazer e obrigações de não fazer.
Assim, afastou-se o Código somente das obrigações de ‘prestar’,
termo que era ambíguo. Essa estrutura é mantida
integralmente no novo Código”
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ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO
São três, duas positivas (dar e fazer) e uma negativa (obrigação de
não-fazer).
1 – obrigação de dar: conduta humana que tem por objeto uma
coisa, subdividindo-se em três: obrigação de dar coisa certa,
obrigação de restituir e obrigação de dar coisa incerta.
1.1 – obrigação de dar coisa certa: vínculo jurídico pelo qual o
devedor se compromete a entregar ao credor determinado bem
móvel ou imóvel, perfeitamente individualizado.
O que vai caracterizar a obrigação de dar coisa certa é porque o
objeto da prestação é coisa única e preciosa, ex: a raquete de Guga, o
capacete de Ayrton Senna, a camisa dez de Pelé, etc. (235). O
devedor obrigado a dar coisa certa não pode dar coisa diferente,
ainda que mais valiosa, salvo acordo com o credor (313 – mais uma
norma supletiva).
- A obrigação não gera direito real (jus in re – direito
sobre a coisa), mas apenas direito pessoal (jus ad rem –
direito à coisa) ( = sobre a conduta).
O contrato de compra e venda, por exemplo, tem natureza
obrigacional. O vendedor apenas se obriga a transferir o
domínio da coisa certa ao adquirente; e este, a pagar o preço.
A transferência do domínio depende de outro ato: a tradição,
para os móveis (CC, arts. 1.226 e 1.267); e o registro, que é uma
tradição solene, para os imóveis (arts. 1.227 e 1.245).
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Excepcionalmente, admite-se efeito real caso a coisa continue na
posse do devedor (ex: A combina vender a B o capacete de Ayrton
Senna, B paga mas depois A recebe uma oferta melhor e termina
vendendo o capacete a C; B não pode tomar o capacete de C, mas
caso estivesse ainda com A poderia fazê-lo através do Juiz; esta é a
interpretação do art. 475 do CC que vocês estudarão em Civil 3).
Então o 389 é a regra e o 475 (execução forçada do contrato) é a
exceção.
Artigo 389 - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por
perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução
do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em
qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
IMPOSSIBILIDADE DE ENTREGA DE COISA DIVERSA, AINDA
QUE MAIS VALIOSA
Na obrigação de dar coisa certa o devedor é obrigado a entregar
ou restituir uma coisa inconfundível com outra, está assim
adstrito a cumpri-la exatamente do modo estipulado, a
consequência fatal é que o devedor da coisa certa não pode dar
outra, ainda que mais valiosa, nem o credor é obrigado a recebê-la.
Dispõe, com efeito, o art. 313 do Código Civil:
“O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa”.
A entrega de coisa diversa da prometida importa modificação
daobrigação, denominada novação objetiva, que só pode
ocorrer havendo consentimento de ambas as partes. Do mesmo
modo, a modalidade do pagamento não pode ser alterada sem o
consentimento destas.
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Em contrapartida, o credor de coisa certa não pode pretender
receber outra ainda de valor igual ou menor que a devida, e
possivelmente preferida por ele, pois a convenção é lei entre as
partes.
A recíproca, portanto, é verdadeira: o credor também não pode
exigir coisa diferente, ainda que menos valiosa.
E se a obrigação não gera direito real, o que vai gerar?
Resposta: a tradição para as coisas móveis e o registro para as coisas
imóveis.
Tradição e registro são assuntos de Direitos Reais mas que já devo
adiantar.
Tradição é a entrega efetiva da coisa móvel (1226 e 1267), então
quando compro uma geladeira, pago a vista e aguardo em casa sua
chegada, só serei dono da coisa quando recebê-la. Ao contrário, se
compro um celular a prazo e saio com ele da loja, o aparelho já será
meu embora não tenha pago o preço (237).
Por sua vez, o registro é a inscrição da propriedade imobiliária no Cartório de 
Imóveis, de modo que o dono do apartamento não é quem mora nele, não é quem 
pagou o preço ou quem tem as chaves. O dono da coisa imóvel é aquele cujo nome 
está registrado no Cartório de Imóveis (1245 e § 1º). Mais detalhes sobre tradição e 
registro em Civil 4.
No direito brasileiro o contrato, por si só, não basta para a transferência do
domínio. Por ele criam-se apenas obrigações e direitos.
Dispõe, com efeito, o art. 481 do Código Civil que, pelo contrato de compra e
venda: “um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e, o
outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”.
Código Civil:
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos
entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos
referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Desse modo, enquanto o contrato que institui ou contém promessa de
transferência do domínio de imóvel, não estiver registrado no Cartório de
Registro de Imóveis, existirá entre as partes apenas um vínculo
obrigacional.
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1.2 – obrigação de restituir: é também chamada de obrigação de devolver.
Difere da obrigação de dar, pois nesta a coisa pertence ao devedor até a
tradição, enquanto na obrigação de restituir a coisa pertence ao credor,
apenas sua posse é que foi transferida ao devedor.
Posse e propriedade são conceitos que serão estudados em Direitos
Reais, mas dá para entender que quando se aluga um filme, a locadora
continua sendo proprietária do filme, é apenas a posse que se transfere ao
cliente. Então na locação o cliente/devedor tem a obrigação de restituir o
bem ao locador após o prazo acertado (569, IV).
Como se vê, na obrigação de restituir a prestação consiste em
devolver uma coisa cuja propriedade já era do credor antes do
surgimento da obrigação. Igualmente se eu empresto um carro a meu
vizinho, eu continuo dono/proprietário do carro, apenas a posse é que é
transferida, ficando o vizinho com a obrigação de devolver o veículo após o
uso.
Locação e empréstimo são exemplos de obrigação de restituir,
ficando a coisa em poder do devedor, mas mantendo o credor direito
real de propriedade sobre ela. Como a coisa é do credor, seu extravio
antes da devolução trará prejuízo ao próprio credor (240), enquanto na
obrigação de dar o extravio antes da tradição traz prejuízo ao devedor.
2 - Obrigação de Dar Coisa Incerta
1 – obrigação de dar coisa incerta: nesta espécie de obrigação a coisa não
é única, singular, exclusiva e preciosa como na obrigação de dar coisa certa,
mas sim é uma coisa genérica determinável pelo gênero e pela
quantidade (243).
Ao invés de uma coisa determinada/certa, temos aqui uma coisa
determinável/incerta (ex: cem sacos de café; dez cabeças de gado,
um carro popular, etc).
- Indicação –
É indispensável nas obrigações de dar coisa incerta a indicação de gênero e
quantidade, já que, sem qualquer desses elementos, a indeterminação
será absoluta e a avença não gerará obrigação eis que o devedor não
pode ser compelido à prestação genérica.
- Exemplos de Indeterminação absoluta
“... entregar sacas de café ...” (quantas????)
“...entregar dez sacas ...” (de quê???)
■ Faltam quantidade e gênero
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Essa indeterminação absoluta não pode ser objeto de prestação, e o
contrato, com tal objeto, não será capaz de gerar obrigação. Pois o
objeto tem que determinável.
- Obrigação de dar coisa incerta hígida.
“Obrigação de dar 10 bois”
■ A indeterminação é apenas relativa.
O objeto da prestação é incerto porém suscetível de
determinação futura.
Há determinação do gênero (bois) e de quantidade (dez)
Resta individualizar que bois serão entregues
A coisa incerta não é qualquer coisa, ou coisa completamente
indeterminada.
É coisa parcialmente determinada, suscetível de completa
determinação oportunamente, mediante a escolha da qualidade
ainda não indicada
Esta escolha chama-se juridicamente de concentração.
Conceito: processo de escolha da coisa devida, de média qualidade, feita via
de regra pelo devedor (244).
é aquilo que se realiza no ato de cumprimento da obrigação, aquele momento em
que é determinada ou individualizada a res debita.
A concentração implica também em separação, pesagem, medição,
contagem e expedição da coisa, conforme o caso.
O estado de indeterminação da coisa é transitório e cessa com essa escolha
Notificado o credor, a coisa que era indeterminada torna-se certa
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
A escolha da qualidade caberá ao devedor, se o contrário não for
convencionado
Pode-se, no contrato, convencionar que a escolha caberá ao credor ou a um
terceiro
Na omissão do contrato, a escolha pertencerá ao devedor
Tratando-se este artigo 244 de uma norma supletiva, que apenas completa a
vontade das partes em caso de omissão no contrato entre elas.
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- Critério da coisa intermediária –
Quando a escolha couber ao devedor, ele não poderá escolher a pior qualidade,
entretanto, também não será obrigado a entregar a melhor qualidade.
O legislador optou pelo princípio da qualidade média nos casos de escolha pelo
devedor.
E se houver apenas duas qualidades?
Se existirem apenas duas qualidades, e a escolha couber ao devedor, o critério
lógico seria poder escolher qualquer delas, entretanto a lei é omissa nesse caso.
As partes podem convencionar que um terceiro, alheio à relação obrigação, faça a
escolha, funcionando como um árbitro.
Cabendo a escolha ao credor, será ele citado para essa finalidade, sob pena de
perder o direito da escolha, que passará ao devedor.
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção
antecedente.
Qual era a seção antecedente? SeçãoIDas Obrigações de Dar Coisa Certa
Após a concentração a coisa incerta se torna certa (245).
Pela importância da concentração, o credor deve ser cientificado quando o
devedor for realizá-la, até para que o credor fiscalize a qualidade média da
coisa a ser escolhida.
- A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA E A TEORIA DO
RISCO -
A interrupção na relação jurídica obrigacional apontada no
Código Civil, no artigo 246, indica que não poderá o devedor
alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força
maior ou caso fortuito, pois o gênero não perece (genus
nunquam perit).
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda
ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso
fortuito.
Podemos citar como exemplo desta hipótese, quando o devedor
se obriga a entregar dez sacas de milho, ainda que se percam
todas as sacas, deverá obter o produto prometido ecumprir a
prestação estabelecida na avença.
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Adotamos o mesmo posicionamento de Caio Mário (2005, p. 57) quanto
à teoria dos riscos aplicada na obrigação de dar coisa incerta: entendemos
que tal teoria deve ser compreendida em duas fases distintas.
Na primeira fase, até que se efetive a concentração, por meio da
notificação ou pela oferta, a obrigação deve ser considerada de gênero, e
não versa objeto especificado.
Indicada a coisa apenas pela espécie, não comporta alegação de
perecimento ou deterioração, pois que o devedor tem de prestar uma coisa,
dentro da espécie acordada. A obrigação persiste, enquanto houver
possibilidade de ser encontrado exemplar da coisa, na quantidade
estipulada, sendo que apenas por via excepcional desaparece todo a
espécie.
Na segunda fase, realizada a escolha pelo credor, pelo devedor ou por
terceiro (indicado no título, como dispõe o artigo 485 do CC), perde a
prestação o caráter de indeterminação, que será considerada de dar coisa
certa. Esta alteração de categoria se dá no momento da escolha, e a coisa,
que indeteriorável e imperecível, por aquele fato se torna suscetível de
dano ou perda.
Antes da concentração a coisa devida não se perde pois genus
nunquam perit (o gênero nunca perece).
Se João deve cem laranjas a José não pode deixar de cumprir a
obrigação alegando que as laranjas se estragaram, pois cem laranjas
são cem laranjas, e se a plantação de João se perdeu ele pode
comprar as frutas em outra fazenda (246).
Todavia, após a concentração, caso as laranjas se percam (ex:
incêndio no armazém) a obrigação se extingue, voltando as partes ao
estado anterior, devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir
perdas e danos (234, 389, 402).
O risco é suportado pela parte que sofre o prejuízo proveniente
da prestação, caso esta venha se tornar impossível por caso
fortuito ou força maior (TELLES, 1997, p. 306).
O credor suportará o risco se a obrigação se extinguir, com a
consequente liberação do devedor. (após concentração)
Suportará o risco o devedor, caso continue vinculado ao
cumprimento do acordo, devendo, portanto, indenizar os danos
suportados pelo credor. (antes concentração)
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- Gênero limitado de coisas certas
Alertarmos, todavia, uma flexibilização à regra de que o gênero
(entende-se espécie) não perece, que é o caso das coisas de
existência limitada, como um vinho raro ou livros com edições
limitadas e que não mais existem no mercado.
Nestas hipóteses, poderá o devedor alegar perda ou deterioração
quando desaparecida a coisa.
Maria Helena Diniz (2004, p. 89) explicando o assunto adverte que
“se o genus (gênero) é assim delimitado, o perecimento ou
inviabilidade de todas as espécies que o componham, desde
que não sejam imputáveis ao devedor, acarretará a extinção da
obrigação”.
O perecimento de todas as espécies que componham o genus
acarretará a extinção da obrigação.
3 - Obrigação de Fazer
- conduta humana que tem por objeto um serviço.
Conceito: espécie de obrigação positiva pela qual o devedor se
compromete a praticar algum serviço lícito em benefício do
credor. (Maria Helena Diniz)
Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é uma coisa, na
obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço (ex: professor
ministrar uma aula, advogado redigir uma petição, cantor fazer um
show, pedreiro construir um muro, médico realizar uma consulta,
etc.).
E se eu quero comprar um quadro e encomendo a um artista, a
obrigação será de fazer ou de dar? Se o quadro já estiver pronto a
obrigação será de dar, se ainda for confeccionar o quadro a obrigação
será de fazer.
A obrigação de fazer tem duas espécies:
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2.1 – fungível: quando o serviço puder ser prestado por uma terceira
pessoa, diferente do devedor, ou seja, quando o devedor for
facilmente substituível, sem prejuízo para o credor, a obrigação é
fungível (ex: pedreiro, eletricista, mecânico, caso não possam fazer o
serviço e mandem um substituto, a princípio para o credor não há
problema). As obrigações de dar são sempre fungíveis pois visam a
uma coisa, não importa quem seja o devedor (304).
2.2 – infungível: ao credor só interessa que o devedor, pelas suas
qualidades pessoais, faça o serviço (ex: médico e advogado são
profissionais de estrita confiança dos pacientes e clientes). Chama-
se esta espécie de obrigação de personalíssima ou intuitu personae (
= em razão da pessoa). São as circunstâncias do caso e a vontade do
credor que tornarão a obrigação de fazer fungível ou não.
Em caso de inexecução da obrigação de fazer o credor só pode exigir
perdas e danos (247). Viola a dignidade humana constranger o
devedor a fazer o serviço por ordem judicial, de modo que na
obrigação de fazer não se pode exigir a execução forçada como na
obrigação de dar coisa certa (art. 475 – sublinhem exigir-lhe o
cumprimento).
Ex: Imaginem um cantor se recusar a subir no palco, não é razoável o
Juiz mandar a polícia para forçá-lo a trabalhar “manu militari”, o
coerente é o credor do show exigir perdas e danos (389). Ninguém
pode ser diretamente coagido a praticar o ato a que se obrigara.
Assim, a execução “in natura” do art. 475 do CC deve ser substituída
por perdas e danos quando for impossível (ex: a coisa devida não
está mais com o devedor) ou quando causar constrangimento físico
ao devedor (ex: obrigação de fazer).
Se ocorrer recusa do devedor de executar obrigação fungível, o
credor pode pedir a um terceiro para fazer o serviço, às custas
do devedor (249).
Havendo urgência, o credor pode agir sem ordem judicial, num
autêntico caso de realização de Justiça pelas próprias mãos (pú do
249, ex: consertar o telhado de casa ameaçando cair).
Mas se tal recusa decorre de um caso fortuito (ex: o cantor gripou e
perdeu a voz), extingue-se a obrigação (248).
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4 – Obrigação de não-fazer:
trata-se de uma obrigação negativa cujo objeto da prestação é uma omissão ou
abstenção.
Os romanos chamavam de obrigação ad non faciendum.
Conceito: vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a se abster de
fazer certo ato, que poderia livremente praticar, se não tivesse se obrigado
em benefício do credor.
O devedor vai ter que sofrer, tolerar ou se abster de algum ato em benefício do
credor.
Exemplos: o engenheiro químico que se obriga a não revelar a fórmula do perfume
da fábrica onde trabalha; o condômino que se obriga a não criar cachorro no
apartamento onde reside; o professor que se obriga a não dar aula em outra
faculdade; o comerciante que se obriga a não fazer concorrência a outro, etc. Pode
haver limite temporal para a obrigação (1.147).
Como na autonomia privada a liberdade é grande, as obrigações negativas podem
ser bem variadas, mas obrigações imorais e antissociais, ou que sacrifiquem
a liberdade das pessoas, são proibidas, ex: obrigação de não se casar, de não
trabalhar, de não ter religião, etc.
A violação da obrigação negativa se resolve em perdas e danos,
então se o engenheiro divulgar a fórmula do perfume terá que
indenizar a fábrica.
Mas se for viável, o credor poderá exigir o desfazimento pelo
devedor (ex: José se obriga a não subir o muro para não tirar a
ventilação do seu vizinho João, caso José aumente o muro, João
poderá exigir a demolição, 251).
Neste exemplo do muro, se José se mudar, o novo morador terá
que respeitar a obrigação? Não, pois quem celebrou o contrato
não foi ele.
Mas se João, ao invés de um simples contrato de obrigação
negativa, fizer com José uma servidão predial, todos os futuros
proprietários da casa não poderão aumentar o muro (1.378).
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Servidão predial é assunto de Civil 5, e por se tratar de um
direito real, já se percebe sua maior força em relação a um
direito obrigacional.
Enquanto uma obrigação vincula pessoas (João a José), uma
servidão predial vincula uma pessoa a uma coisa, então a
segurança para o credor é bem maior.
Ainda tratando do exemplo do muro, e se a Prefeitura obrigar
José a aumentar o muro por uma questão de estética ou
urbanismo?
José terá que obedecere João nada poderá fazer, pois o Direito
Público predomina sobre o Direito Privado (250 – é o chamado
“Fato do Príncipe”, em alusão aos monarcas que governavam os
países na Europa medieval).

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