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Prof. Dr. Valmir Pozzetti Prof. Esp. Geraldo Uchôa CENTRO DE MÍDIAS DIREITO BIOÉTICA AULA 2.1 TEMAS - Microbioética e biodireito - Princípios da bioética - Transplante de face e de órgãos e legislação correlata AULA 2.1 OBJETIVOS Abordar e discutir os assuntos dos temas da aula. MICROBIOÉTICA É a área relacionada aos avanços médico-científico- tecnológicos, que se têm utilizado dos termos “microbioética” e “biodireito”, no sentido de proteção da vida humana, principalmente com o intuito de proteger todos os seres humanos que estejam direta, ou indiretamente, envolvidos em experimentos científicos. BIOÉTICAAULA 4 CONCEITO DE BIODIREITO É a positivação – ou a tentativa de positivação – das normas bioéticas. Biodireito seria, portanto, a positivação jurídica de permissões de comportamentos médico-científicos e de sanções pelo descumprimento dessas normas. Biodireito é um termo que pode ser entendido, também, no sentido de abranger todo o conjunto de regras jurídicas já positivadas e voltadas a impor – ou proibir – uma conduta médico-científica e que sujeitem seus infratores às sanções por elas previstas. BIOÉTICAAULA 5 CONCEITO DE BIODIREITO Ou seja, biodireito é o conjunto de leis positivas que visam estabelecer a obrigatoriedade de observância dos mandamentos bioéticos e, ao mesmo tempo, é a discussão sobre a adequação – necessidade de ampliação ou restrição – dessas legislações. Por exemplo: clonagem de seres humanos; utilização de seres humanos em experimentos como a lobotomia etc. BIOÉTICAAULA 6 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA O que são princípios? São a base da formação das leis, da construção do ordenamento jurídico de um povo. O que eles refletem? Aquilo que determinada sociedade entende como correto, como justo, como honesto. Alguns doutrinadores o consideram como “norma”. Os princípios possuem previsão legal? BIOÉTICAAULA 7 POSSUEM PREVISÃO LEGAL? Sim, artigo 4.º da LINDB – DL n.º 4657/1942 Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. BIOÉTICAAULA 8 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA De forma geral, a doutrina majoritária concorda que os principais princípios da bioética – e, portanto, do biodireito – seriam os seguintes: 1) da autonomia; 2) do consentimento informado; 3) da beneficência; 4) da não maleficência, 5) da sacralidade da vida humana; 6) da justiça; e 7) da dignidade da pessoa humana. BIOÉTICAAULA 9 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA Como a bioética se divide em macro (meio ambiente) e microbioética (vida), pode-se dizer que o biodireito seria uma restrição do objeto do direito ambiental – apesar de com ele não se confundir – de forma que existiriam outros princípios comumente aceitos no âmbito do direito ambiental, e que também deveriam ser considerados como princípios ligados ao biodireito, tais como: BIOÉTICAAULA 10 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA 1) da ubiquidade; 2) da cooperação entre os povos; 3) do desenvolvimento sustentável; 4) da preservação da espécie humana; 5) da precaução; e 6) da prevenção. BIOÉTICAAULA 11 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA • Refere-se à capacidade da pessoa de se dar à própria lei, de decidir o que é “bom”, o que é adequado para si, de acordo com seus valores, necessidades e interesses. Imagem: Gerado por IA - Adobe Firefly BIOÉTICAAULA 12 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA • A pessoa autônoma, equilibrando razão, emoção e sentimentos, delibera e escolhe livremente entre as opções possíveis e é capaz de agir conforme suas deliberações, tornando-se responsável pelas consequências de seus atos. Rebeca Cerqueira: se estou doente com muita dor, tenho autonomia? Se estou com fome, tenho autonomia? Imagem: Gerado por IA - Adobe Firefly BIOÉTICAAULA 13 1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA Conforme Varella, Fontes e Rocha (2015, p. 228), o princípio da autonomia “[...] refere-se à capacidade de autogoverno do homem, de tomar suas próprias decisões, de o cientista saber ponderar, avaliar e decidir sobre qual método ou qual rumo deve dar a suas pesquisas para atingir os fins desejados, sobre o delineamento dos valores morais aceitos e de o paciente se sujeitar àquelas experiências, ser objeto de estudo, utilizar uma nova droga em fase de testes, por exemplo. BIOÉTICAAULA 14 1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA O centro das decisões deve deixar de ser apenas o médico, e passar a ser o médico em conjunto com o paciente, relativizando as relações existentes entre os sujeitos participantes [...]”. O paciente sempre terá autonomia para decidir? BIOÉTICAAULA 15 1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA Como esclarece Almeida (2014, p. 7) , “o princípio da autonomia está diretamente ligado ao livre consentimento do paciente na medida em que este deve ser sempre informado; em outras palavras, o indivíduo tem a liberdade de fazer o que quiser, mas, para que esta liberdade seja plena, é necessário oferecer a completa informação para que o consentimento seja realmente livre e consciente.” Por exemplo: vou usar uma droga que pode te curar, mas trará o efeito colateral de não te permitir andar mais. BIOÉTICAAULA 16 Diedrich, citada por Santos (2016, p. 219), acrescenta que esse princípio, segundo o Relatório Belmont publicado em 1978, "[...] abrange ao menos duas convicções éticas: 1. os indivíduos devem ser tratados como agentes autônomos e 2. as pessoas com autonomia diminuída têm direito à proteção (se eu estou com muita dor, tenho condições de decidir?). BIOÉTICAAULA 17 Salientando que pessoa autônoma é aquela “capaz de deliberar sobre seus objetivos pessoais e agir sob a orientação dessa deliberação”. A comissão que compôs o Relatório Belmont reconheceu que nem todo ser humano é capaz de se autodeterminar, necessitando de mais proteção. BIOÉTICAAULA 18 “Considera-se que, na maioria das pesquisas envolvendo seres humanos, o princípio da autonomia determina que os seres humanos só participem da pesquisa ‘voluntariamente e com informação adequada’” (in Maria Celeste Cordeiro Leite Santos, Biodireito, pág. 219). Exemplo: aquele que está com câncer sofrendo dores lancinantes tem autonomia para decidir entre parar a dor e ter problemas de diabetes mais tarde? BIOÉTICAAULA 19 “O princípio da autonomia está diretamente ligado ao livre consentimento do paciente na medida em que este deve ser sempre informado; ou seja, o indivíduo tem a liberdade de fazer o que quiser, mas, para que esta liberdade seja plena, é necessário oferecer a completa informação para que o consentimento seja realmente livre e consciente”. Por exemplo: sobre coquetéis para amenizar os efeitos da AIDS testados pelos laboratórios americanos, na África, ainda em fase de experimentação, as cobaias não foram informadas. BIOÉTICAAULA 20 2. PRINCÍPIO DO CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO A informação na relação entre médico e paciente, no momento em que envolve procedimentos, qualquer deles, inclusive receita de medicamentos, é requisito de grande valor jurídico. BIOÉTICAAULA 21 2. PRINCÍPIO DO CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO O paciente deve ter em seu conhecimento todas as informações possíveis sobre seu estado de saúde, para tomar a decisão que lhe seja mais conveniente, diante do quadro apresentado pelo médico. Além do seu estado de saúde, o paciente tem o direito de saber os efeitos e as consequências de qualquer intervenção médica, para que tenha o poder de decidir por conta própria. BIOÉTICAAULA 22 2. PRINCÍPIO DO CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO O requisito da informação determina ao médico que esclareça quais os caminhos e as consequências de eventual decisão do paciente. Mas o paciente deve, obrigatoriamente, ser capaz, do ponto de vista civil, para decidir. De nada adiantará haver consentimento de paciente absolutamente incapaz. O efeito jurídico será irrelevante e o médico acabaria sendo responsável por eventual consequência negativa. BIOÉTICAAULA 23 2. PRINCÍPIO DOCONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO É importante registrar do discernimento do paciente: capacidade de compreender, perfeitamente, as condições de saúde em que se encontra, para que possa tomar decisão com validade jurídica. BIOÉTICAAULA 24 TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO (MODELO que pode ser lido pela paciente e gravado por vídeo ou gravador de voz) Maria Fonseca, brasileira, solteira, empresária, inscrita no CPF sob o n.º ................., ID n.º ....................., com endereço na rua .............................., n.º 10, bairro Centro, CEP 69045-100, Manaus/AM, DECLARA, por meio do presente instrumento de CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO, ter sido informada pelo médico Dr. ......................, brasileiro, casado, médico cirurgião, inscrito no CPF sob o n.º ..........................., ID n.º ....................., com clínica médica no endereço Av. ...................., n.º 2, sala 3, bairro Belvedere, Manaus/AM, a respeito de todas as repercussões que envolve a cirurgia bariátrica, bem como sobre todos os efeitos, indicações e contraindicações referentes ao consumo do medicamento XYZ, não havendo qualquer dúvida a ser sanada, em virtude da prestação médica ocorrida dia X/Y/Z, na própria clínica onde exerce seu trabalho. A signatária concorda com todos os procedimentos, sabendo das consequências e dos efeitos positivos e negativos. Pagou pela prestação de serviços o valor de R$ 60.000,00. BIOÉTICAAULA 25 DECLARA para todos os efeitos, tendo em vista o princípio do consentimento livre e informado, que concorda, espontaneamente, em submeter-me à cirurgia bariátrica, bem como com o consumo dos medicamentos WTQ. Assume total responsabilidade pelos riscos de eventuais efeitos não desejáveis, provenientes de tratamento e uso de medicamentos indicados pelo médico. Manaus/AM, 18 de abril de 2021. _______________________________ Maria Fonseca BIOÉTICAAULA 26 • Assinar este “termo de consentimento informado” no dia da cirurgia é válido ou há vicio? • Qual orientação, como advogado, você daria a um cliente seu? BIOÉTICAAULA 27 3. PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA Varella, Fontes e Rocha (2015, pág. 228) esclarecem que “o presente princípio está intimamente ligado ao juramento de Hipócrates”, que afirma: “aplicarei os regimes para o bem dos doentes, segundo o meu saber e a minha razão, e nunca para prejudicar ou fazer o mal a quem quer que seja”, e significa “a ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos [...]” (2015, pág. 227). BIOÉTICAAULA 28 3. PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA Esse princípio também é identificado, por alguns autores, como princípio da não maleficência, uma vez que ordena a médicos e cientistas que se abstenham de realizar qualquer atividade que venha, ou possa vir, a causar mal despropositado ao paciente. Mas a doutrina majoritária diferencia os princípios da beneficência do princípio da não maleficência. BIOÉTICAAULA 29 4. PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA • O que é maleficência? Substantivo feminino com característica do que é maléfico; qualidade daquilo que faz mal. Tendência para fazer o mal. • O princípio nos faz buscar minimizar o risco e/ou o dano ao paciente. • Esse princípio abarca regras morais específicas, como as de não matar; não causar dor ou sofrimento, incapacitação e/ou ofensa a outros e não despojar alguém dos prazeres da vida. BIOÉTICAAULA 30 4. PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA • Trata-se de proibir condutas que, apesar de poderem gerar algum conhecimento novo ou alguma descoberta revolucionária, sejam igualmente capazes de gerar algum malefício ao paciente. Ex.: usar coelhos como cobaias. BIOÉTICAAULA 31 4. PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA Enquanto o princípio da não maleficência é o que determina a obrigação de não infligir danos a quem quer que seja de maneira intencional, o princípio da beneficência não nos diz como distribuir o bem e o mal. Só nos manda promover o primeiro (bem) e evitar o segundo (mal). Por exemplo, devo aplicar NM nas pesquisas com animais em clínicas veterinárias que lhes quebra a espinha dorsal para fins de estudo; o uso de coelhos para testar maquiagem feminina etc. BIOÉTICAAULA 32 4. PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA (profissional/comunitária) • Conter a violência em nome do bem (parto humanizado). • Respeitar a individualidade, o diferente (respeitar o idoso). • A vida não é privilégio de alguns nem depende de “tempo de duração” ou de lugar (médico sem medicamento pode optar por qual vida?). Imagem: Blue Jean Images - AdobeStock BIOÉTICAAULA 33 4. PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA (profissional/comunitária) • Não relativizar a compreensão do direito à vida, mesmo que vegetativa (a medicina avança). • Hipossuficiência, inocência e diferença – não transaciona (povos indígenas). Imagem: Blue Jean Images - AdobeStock BIOÉTICAAULA 34 5. PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA Esse princípio envolve a questão da vida humana como sendo um valor em si mesma. A vida humana é sagrada (sacro, no sentido religioso: só Deus pode tirá-la). Presente de forma clara no meio científico desde Kant, para quem o ser humano é um fim, e nunca um meio, esse princípio toma vulto após as atrocidades nazifascistas cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. BIOÉTICAAULA 35 5. PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA Por esse princípio, portanto, a vida humana deve ser, sempre, respeitada e protegida contra agressões. Trata-se de respeitar a vida, decorrência lógica do princípio da dignidade da pessoa humana, o qual considera o ser humano como valor em si mesmo. BIOÉTICAAULA 36 5. PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA “[...] são os princípios norteadores da bioética, na medida em que consideram a vida como sagrada e inviolável. Nesse sentido, não se justifica a causa do sofrimento e da dor desnecessária, a imputação de ônus superior ao que a pessoa possa suportar, ainda que, por decisão sua e mesmo que para realização de pesquisas ou qualquer atividade científica” (Varella, 1998, p. 230). BIOÉTICAAULA 37 CF/1988 PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Alguns doutrinadores destacam que o preâmbulo da CF não autoriza a eutanásia e o aborto no Brasil. O que você acha? BIOÉTICAAULA 38 O QUE É PREÂMBULO DE UMA LEI? As leis já publicadas trazem em seu corpo o PREÂMBULO, localizado entre a ementa e o artigo inicial da norma. Porém, a aposição do preâmbulo não acontece no ato da proposição do projeto de lei e, sim, durante a sua fase de promulgação. Também chamado de fórmula de promulgação, tem como finalidade indicar: - a autoridade ou a instituição competente para a prática do ato; - a base constitucional ou legal; - a ordem de execução ou mandado de cumprimento. BIOÉTICAAULA 39 O QUE É PREÂMBULO DE UMA LEI? José Afonso da Silva (Comentário contextual à Constituição. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 22.), destaca que “o preâmbulo vale para orientação e aplicação das normas constitucionais, reconhecendo, assim, sua eficácia interpretativa e integrativa”. Vai além, dispondo que, quando contiver uma declaração de direitos não reproduzida por norma constante da Constituição, o preâmbulo vale, a esse respeito, como se tratasse de uma regra ou princípio articulado no texto magno. BIOÉTICAAULA 40 6. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA No âmbito da “justiça”, diferencie isonomia,igualdade e equidade. Os diferentes tipos de justiça: • Distributiva (garante que cada pessoa receba uma parte justa dos recursos públicos). • Procedimental (garantia de processo justo de tomada de decisões e solução de disputas). • Retributiva (garante punição aos transgressores). BIOÉTICAAULA 41 6. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA • Reparadora (tenta reparar danos cometidos no passado). Há uma corrente que defende a necessidade de o Brasil indenizar afrodescendentes pela escravidão. Qual é a tua opinião, baseada na justiça reparadora? • Social (combinação dos tipos anteriores, aplicada a uma sociedade na qual os indivíduos e os grupos recebem tratamento justo e uma parte justa dos benefícios da sociedade). BIOÉTICAAULA 42 CF/1988 Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; BIOÉTICAAULA 43 CF/1988 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. • Como você interpreta o inciso I, no tocante a “uma sociedade justa”? BIOÉTICAAULA 44 6. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA Pode-se dividir o princípio da justiça em três questões básicas: 1. o ônus do encargo da pesquisa científica; 2. a aplicação dos recursos destinados à pesquisa; e 3. a destinação dos resultados práticos obtidos dessas pesquisas. BIOÉTICAAULA 45 6. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA Sobre o primeiro ponto, todos os membros da sociedade devem, de forma igualitária, e na medida de suas forças, arcar com o ônus da manutenção das pesquisas e da aplicação dos resultados. Ex.: inoculação do vírus da AIDs em mulheres e homens africanos. Por que só neles? BIOÉTICAAULA 46 6. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA Pelo segundo tópico, segundo Varella, Fontes e Rocha (2015, pág. 228) esse princípio implica em “[...] distribuição justa e equitativa dos recursos financeiros e técnicos da atividade científica e dos serviços de saúde, não só para a solução dos problemas do “primeiro mundo”, mas também para a busca de soluções para problemas típicos dos países subdesenvolvidos”. BIOÉTICAAULA 47 6. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA E, pelo terceiro ponto, a ciência deve ser aplicada de forma igual para todos os membros da espécie humana, não devendo existir distinção em função de classe social ou capacidade econômica daquele que necessita de tratamento médico. Mudança de sexo só para quem pode pagar? BIOÉTICAAULA 48 7. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Há autores que defendem como princípio bioético o da vida humana digna (ou dignidade da pessoa humana). Segundo esses autores, só seria merecedora de proteção a vida humana que conferisse dignidade ao ser humano que a possui. Os argumentos trazidos por esses estudiosos são no intuito de se autorizar condutas como a do abortamento e da eutanásia. BIOÉTICAAULA 49 7. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Conforme Marcelo Varella, Eliana Fontes e Rocha (2015, p. 231), “[...] muitos teóricos consideram admissível o sacrifício de vidas humanas, quando não possam viver em iguais condições às dos demais homens, como no caso dos excepcionais e idosos inconscientes. O debate renasce a cada fórum de discussões [...]” (2015, págs. 230 e 231). Porém, o correto seria considerar que toda vida humana, por si só, já é um componente que confere dignidade àquele que a possui, mesmo porque, conforme corretamente indagam Varella, Fontes e Rocha (2015, pág. 231) “o que seria vida com qualidade?”. BIOÉTICAAULA 50 Admitir-se a hipótese da possibilidade do sacrifício de “vidas sem qualidade" (ciganos, negros e judeus eram considerados “vidas” sem qualidade) seria autorizar condutas como as praticadas durante a Segunda Guerra Mundial pelas forças nazifascistas, onde deficientes físicos, idosos, homossexuais e até judeus jovens, fisicamente perfeitos e heterossexuais, eram considerados objetos absolutamente descartáveis, servindo, quando muito, como cobaias humanas para experimentos científicos de toda sorte. BIOÉTICAAULA 51 O entendimento de que toda vida humana merece ser respeitada como finalidade e jamais como meio já é, há algum tempo, pacífico no mundo jurídico – salvo breves espaços temporais, como na época da citada Segunda Guerra Mundial –, principalmente na era pós-kantiana. BIOÉTICAAULA 52 CF/1988 Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. BIOÉTICAAULA 53 VÍDEO RESPONDA: O QUE VÊM PRIMEIRO, O DIREITO À VIDA (SACRALIDADE) OU O DIREITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA? VEJAM O FILME “UM ATO DE ESPERANÇA”. Um Ato de Esperança - Trailer Fonte: A2 Filmes - YouTube Duração: 2:19 https://www.youtube.com/ watch?app=desktop&v=VcVkHH3hLF4 https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=VcVkHH3hLF4 https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=VcVkHH3hLF4 OUTROS PRINCÍPIOS ATRELADOS AO MACROBIODIREITO E QUE SE CONECTAM COM O BIODIREITO BIOÉTICAAULA 55 8. PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE No âmbito do direito ambiental, tem-se que, pelo princípio da ubiquidade, o bem ambiental é onipresente, de forma que uma agressão ao meio ambiente em determinada localidade é capaz de causar reflexos negativos para todo o planeta Terra e, consequentemente, a todos os povos e a todos os indivíduos; não só para os membros da espécie humana, mas para todas as espécies habitantes do planeta. Ex.: vimos recentemente o fogo na floresta canadense que avançou limites dentro dos EUA. BIOÉTICAAULA 56 9. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS Édis Milaré (2016, p. 125) afirma que a Declaração sobre o Ambiente Humano elaborada pela 1.ª Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, “[...] enfatizou a necessidade do livre intercâmbio de experiências científicas e do mútuo auxílio tecnológico e financeiro entre os países, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais” (2016, pág. 126), ressalvando pouco mais adiante que “[...] a implementação do princípio não importa em renúncia à soberania do estado ou à autodeterminação dos povos [...]”. BIOÉTICAAULA 57 CF/1988: Art. 4.º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. No âmbito do biodireito, encontra fundamentos na necessidade de proteção global contra experimentações indevidas, sobretudo as que envolvam alteração de células germinativas humanas. Por outro lado, trata-se de princípio que decorre de outro princípio também aplicável ao biodireito, o princípio da justiça. BIOÉTICAAULA 58 Ex. 1: quebra de patente do coquetel da AIDs por Lula e distribuição gratuita aos países pobres. Ex. 2: poluição transfronteiriça. Ex. 3: rios voadores da Amazônia, que beneficiam Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile etc. BIOÉTICAAULA 59 10. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA Quanto ao desenvolvimento sustentável do direito ambiental, Édis Milaré (2016, p. 122) esclarece tratar-se de duplo direito: “[...] o direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as suas potencialidades, quer individual quer socialmente, e o direito de assegurar aos seus pósteros as mesmas condições favoráveis. Nesse princípio, talvez mais do que em outro, surge tão evidente a reciprocidade entre direito e dever, porquanto o desenvolver-se e usufruir de um planeta plenamente habitável não é apenas direito, é dever precípuo das pessoas e da sociedade. Direito e dever como contrapartidas inquestionáveis”. BIOÉTICAAULA 60 Assim, na esfera dobiodireito, esse princípio significa que o ser humano é livre para realizar as pesquisas que julgue úteis para seu aprimoramento enquanto espécie, sem, entretanto, esquecer-se, jamais, de sua responsabilidade perante as futuras gerações, o que implica no dever de preservação das características essenciais da espécie humana, impondo-se limites objetivos às experimentações científicas que sejam capazes de alterar o ser humano, não apenas como indivíduo, mas também como espécie: criar clone com 10 cabeças. BIOÉTICAAULA 61 11. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO No âmbito do biodireito, tal princípio implicaria na impossibilidade de se efetuarem toda e qualquer pesquisa científica até que se comprovem a inexistência de consequências maléficas – diretas ou indiretas – para o ser humano. Não se trata de se provar o risco da atividade para, só depois, impedir sua continuação. Muito mais do que isso, trata-se de impor ao interessado na realização da atividade o dever de comprovar a inexistência de risco, sob pena de proibição da prática da atividade científica que se deseja praticar. BIOÉTICAAULA 62 11. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO Esse princípio, no âmbito do biodireito, decorreria dos princípios da preservação da espécie humana, da dignidade da pessoa humana, da sacralidade da vida e da ubiquidade, uma vez que, em decorrência desses princípios, todos os membros da espécie humana estão obrigados, em decorrência da dignidade intrínseca de todo ser humano e da vida humana como objeto sagrado, a garantir a preservação das condições de vida necessárias à preservação da espécie humana. Ex.: clonagem (o que fará meu clone?), eutanásia (quem me garante que morrer é melhor do que enfrentar as dores do agora?) BIOÉTICAAULA 63 11. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO O ponto de maior aplicação desse princípio seria o da problemática relacionada à questão dos organismos geneticamente modificados, também chamados de transgênicos. Eles fazem bem ou mal à saúde humana? E ao meio ambiente? BIOÉTICAAULA 64 VÍDEO CRIANÇA CRIADA EM LABORATÓRIO GATTACA | Não existe gene para o espírito humano Fonte: Elegante - YouTube Duração: 13:20 https://www.youtube.com/watch?v=TlB- XIVb5dg https://www.youtube.com/watch?v=TlB-XIVb5dg https://www.youtube.com/watch?v=TlB-XIVb5dg 12. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO No âmbito ambiental, conforme o professor Marcelo Abelha (2014, p. 36), a aplicação desse princípio depende da “existência de riscos para o meio ambiente, de forma que a autorização para o exercício da atividade só poderá ser concedida em caso de o meio ambiente ser capaz de suportar os riscos e, ainda, se o responsável pela atividade se comprometer a evitar ao máximo possível as externalidades negativas que possam advir da atividade desenvolvida”. BIOÉTICAAULA 66 12. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO Assim, transportando-se o princípio da prevenção para o biodireito, ter-se-ia que a pesquisa científica só poderá ser realizada se existirem meios de impedir a sua irreversibilidade e, nesse caso, os membros das equipes envolvidas com a pesquisa em questão estão obrigados a tomar todas as medidas possíveis e necessárias para impedir que ocorram problemas decorrentes da pesquisa a ser realizada. BIOÉTICAAULA 67 12. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO Pode-se considerar esse princípio como um reforço do princípio da precaução, de forma que é necessário que os interessados comprovem a inexistência de riscos para a espécie humana na pesquisa a ser realizada para, só depois, poderem praticar a pesquisa, tomando, ainda, todos os cuidados para minimizar as consequências adversas das pesquisas a serem realizadas. BIOÉTICAAULA 68 13. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Correlaciona-se com a pesquisa de qualidade. a) Preservar o meio ambiente com qualidade de vida (alimentos transgênicos e prejuízo à saúde). b) Produzir alimentos que proporcionem saúde e qualidade de vida. c) Não explorar, como escravos, clones humanos. d) Nanotecnologia (para onde irão as bactérias de despoluição?). BIOÉTICAAULA 69 13. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CF/1988: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. BIOÉTICAAULA 70 BIODIREITO No âmbito da microbioética é preciso destacar que os princípios estão ligados às atividades médicas, como: TRANSPLANTE DE FACE E RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO. BIOÉTICAAULA 71 TRANSPLANTE DE FACE E RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO Imagem: AIDigitalart - AdobeStock BIOÉTICAAULA 72 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO Definição de erro médico dada por Júlio Cezar Meirelles Gomes: • "Erro médico é a conduta profissional inadequada que supõe inobservância técnica, capaz de produzir dano à vida ou à saúde de outrem, caracterizada por imperícia, imprudência ou negligência". • A culpa médica se expressa numa ação ou omissão consciente, ou seja, uma maneira de deliberadamente procurar por meio de certa conduta obter um resultado desejado ou quando se manifestar presente imperícia, negligência ou imprudência na conduta profissional de um médico. BIOÉTICAAULA 73 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO • Imperícia é um tipo de culpa – por ação – que pode ocorrer quando o médico se conduz de maneira errada ou equivocada, seja por falta de experiência, por despreparo técnico ou por falta de conhecimento específico, em determinada área. • “Consiste, portanto, a imperícia na falta de cabedal normalmente indispensável ao exercício de uma profissão ou arte. Na imperícia o agente, embora diplomado médico, é, ao menos parcialmente, falto de conhecimentos técnicos, teóricos ou práticos ao executar um ato profissional”. BIOÉTICAAULA 74 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO • Negligência: é a omissão daquilo que razoavelmente se faz, ajustadas as condições emergentes às considerações que regem a conduta normal dos negócios humanos. É, portanto, negligência a omissão dos deveres que as circunstâncias exigem. BIOÉTICAAULA 75 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO Imprudência: é denominada pela doutrina como forma ativa ou militante de culpa; é uma atitude em que o agente exerce determinada atividade, que guarda necessariamente relação com arte ou profissão, com intempestividade, precipitação, afoiteza ou insensatez, deixando de empregar as precauções indicadas pela experiência como capazes de prevenir possíveis resultados lesivos. BIOÉTICAAULA 76 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO Portanto, para responsabilizar o médico por erro em paciente, que cause danos a ele, é necessário que uma destas formas tradicionais de culpa em sentido estrito esteja presente, e devidamente comprovado, na sua conduta. A responsabilidade do profissional liberal é subjetiva cabendo ao lesado comprovar a ação ou omissão que desencadeou o dano, por meio da inobservância de um dever, por negligência, imprudência ou imperícia no desempenho da atividade contratada e cabendo ao profissional provar que não agiu culposamente. BIOÉTICAAULA 77 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO Código Civil de 2002: Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Conclui-se que a responsabilidade do profissional liberal é subjetiva, cabendo ao lesado comprovar a ação ou a omissão que desencadeou o dano, por meio da inobservância de um dever, por negligência, imprudência ou imperícia no desempenho da atividade contratada e cabendo ao profissional provar que não agiu culposamente. BIOÉTICAAULA 78 CASO 1 Connie Culp BIOÉTICAAULA 79 PACIENTE QUE PASSOU PELO PRIMEIRO TRANSPLANTE DE ROSTO NOSEUA A americana Connie Culp, com 46 anos, teve parte da face destruída por um tiro disparado pelo próprio marido em 2004. Como a bala atingiu seu nariz, as bochechas, o maxilar e um olho de Culp, ela vivia com centenas de fragmentos do projétil e de ossos alojados no rosto. Para respirar, teve de ser feita uma abertura na traqueia. BIOÉTICAAULA 80 PACIENTE QUE PASSOU PELO PRIMEIRO TRANSPLANTE DE ROSTO NOS EUA Após passar por 30 procedimentos médicos nos últimos cinco anos, ela recebeu o transplante no dia 10 de dezembro de 2004, numa clínica de Cleveland. Hoje, Culp voltou a falar, sentir cheiros, provar alimentos e também sorrir. https://www.dailymail.co.uk/ news/article-8581843/Woman- underwent-face-transplant-U-S- died-age-57.html BIOÉTICAAULA 81 https://www.dailymail.co.uk/news/article-8581843/Woman-underwent-face-transplant-U-S-died-age-57.html https://www.dailymail.co.uk/news/article-8581843/Woman-underwent-face-transplant-U-S-died-age-57.html https://www.dailymail.co.uk/news/article-8581843/Woman-underwent-face-transplant-U-S-died-age-57.html https://www.dailymail.co.uk/news/article-8581843/Woman-underwent-face-transplant-U-S-died-age-57.html Imagem mostra a estrutura facial de Connie Culp antes e depois da cirurgia https://g1.globo.com/Noticias/ Ciencia/0,,MUL1384247-5603,00-MUL HER+QUE+PASSOU+POR+TRANSPLA NTE+DE+ROSTO+EVOLUI+BEM.html BIOÉTICAAULA 82 https://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1384247-5603,00-MULHER+QUE+PASSOU+POR+TRANSPLANTE+DE+ROSTO+EVOLUI+BEM.html https://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1384247-5603,00-MULHER+QUE+PASSOU+POR+TRANSPLANTE+DE+ROSTO+EVOLUI+BEM.html https://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1384247-5603,00-MULHER+QUE+PASSOU+POR+TRANSPLANTE+DE+ROSTO+EVOLUI+BEM.html https://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1384247-5603,00-MULHER+QUE+PASSOU+POR+TRANSPLANTE+DE+ROSTO+EVOLUI+BEM.html PACIENTE QUE PASSOU PELO PRIMEIRO TRANSPLANTE DE ROSTO NOS EUA Connie Culp, com 46 anos, teve parte da face destruída em 2004 por um tiro disparado pelo marido; a cirurgia realizada em dezembro/2004 fez ela voltar a falar, cheirar e sorrir. https://www.atlantico.net/ articulo/sociedad/connie-culp- evoluciona-someterse-trasplante- facial/20090716204811067865.html BIOÉTICAAULA 83 https://www.atlantico.net/articulo/sociedad/connie-culp-evoluciona-someterse-trasplante-facial/20090716204811067865.html https://www.atlantico.net/articulo/sociedad/connie-culp-evoluciona-someterse-trasplante-facial/20090716204811067865.html https://www.atlantico.net/articulo/sociedad/connie-culp-evoluciona-someterse-trasplante-facial/20090716204811067865.html https://www.atlantico.net/articulo/sociedad/connie-culp-evoluciona-someterse-trasplante-facial/20090716204811067865.html PACIENTE QUE PASSOU PELO PRIMEIRO TRANSPLANTE DE ROSTO NOS EUA “Eu não sou um monstro”, afirmou a paciente durante a coletiva de imprensa na qual foi apresentada. http://www.huffingtonpost. com/2009/05/05/connie-culp- nations-first_n_197187.html, Fair use, https://en.wikipedia.org/w/ index.php?curid=22707697 BIOÉTICAAULA 84 http://www.huffingtonpost.com/2009/05/05/connie-culp-nations-first_n_197187.html, Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=22707697 http://www.huffingtonpost.com/2009/05/05/connie-culp-nations-first_n_197187.html, Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=22707697 http://www.huffingtonpost.com/2009/05/05/connie-culp-nations-first_n_197187.html, Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=22707697 http://www.huffingtonpost.com/2009/05/05/connie-culp-nations-first_n_197187.html, Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=22707697 http://www.huffingtonpost.com/2009/05/05/connie-culp-nations-first_n_197187.html, Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=22707697 Equipe de médicos olha para um modelo do rosto de Connie durante a cirurgia. https://istoedinheiro.com.br/primeira-receptora- de-transplante-facial-nos-eua-morre-12-anos- apos-cirurgia/ BIOÉTICAAULA 85 https://istoedinheiro.com.br/primeira-receptora-de-transplante-facial-nos-eua-morre-12-anos-apos-cir https://istoedinheiro.com.br/primeira-receptora-de-transplante-facial-nos-eua-morre-12-anos-apos-cir https://istoedinheiro.com.br/primeira-receptora-de-transplante-facial-nos-eua-morre-12-anos-apos-cir Ainda existem grandes massas de pele pendendo do rosto dela, o que será corrigido com outras futuras cirurgias plásticas de cunho estético e corretivo. https://hypescience.com/ paciente-de-transplante-facial- conta-sua-historia-e-comenta-os- resultados/ BIOÉTICAAULA 86 https://hypescience.com/paciente-de-transplante-facial-conta-sua-historia-e-comenta-os-resultados/ https://hypescience.com/paciente-de-transplante-facial-conta-sua-historia-e-comenta-os-resultados/ https://hypescience.com/paciente-de-transplante-facial-conta-sua-historia-e-comenta-os-resultados/ https://hypescience.com/paciente-de-transplante-facial-conta-sua-historia-e-comenta-os-resultados/ • A cirurgia na qual Connie recebeu 80% da face de uma doadora levou 22 horas. Os médicos precisaram transplantar ossos, músculos, nervos, pele e vasos sanguíneos. Na época, foi a quinta vez que esse tipo de procedimento foi realizado no mundo, mas o primeiro com essa proporção. • Morreu aos 57 anos, em 30/08/2020, em uma clínica em Ohio. A causa da morte não foi revelada. As informações foram publicadas pela NBC. BIOÉTICAAULA 87 O que ocorreu com o MARIDO dela? BIOÉTICAAULA 88 RESPOSTA: Ele ficou preso por sete anos e ela o perdoou. “Ele foi o meu primeiro amor. Sempre vou amá-lo”, disse Connie, com seu novo rosto. BIOÉTICAAULA 89 CASO 2 Li Guoxing BIOÉTICAAULA 90 Chinês atacado por urso recebe transplante de face. https://www.mz.de/panorama/ china-mann-mit-fremden- gesicht-stirbt-2377624 BIOÉTICAAULA 91 https://www.mz.de/panorama/china-mann-mit-fremden-gesicht-stirbt-2377624 https://www.mz.de/panorama/china-mann-mit-fremden-gesicht-stirbt-2377624 https://www.mz.de/panorama/china-mann-mit-fremden-gesicht-stirbt-2377624 CHINÊS ATACADO POR UM URSO RECEBE TRANSPLANTE DE FACE Médicos chineses realizaram o primeiro transplante de face do país, a segunda cirurgia desse tipo no mundo. O paciente, de 30 anos, havia sido atacado por um urso e teve dois terços de sua face repostos em uma operação de 14 horas. https://www.fr.de/wissen/china- meldet-weltweit-zweite-gesichtst ransplantation-11666312.html BIOÉTICAAULA 92 https://www.fr.de/wissen/china-meldet-weltweit-zweite-gesichtstransplantation-11666312.html https://www.fr.de/wissen/china-meldet-weltweit-zweite-gesichtstransplantation-11666312.html https://www.fr.de/wissen/china-meldet-weltweit-zweite-gesichtstransplantation-11666312.html CASO 3 Isabelle Dinoire BIOÉTICAAULA 93 O PRIMEIRO TRANSPLANTE DE ROSTO NO MUNDO A primeira paciente de um transplante de rosto no mundo ainda não se acostumou com o novo visual. A francesa Isabelle, em 2005, foi atacada por sua cadela e teve o rosto destruído. Seis meses depois, recebeu o rosto de uma mulher que havia se suicidado. https://www.dailymail.co.uk/health/ article-3777666/Cancer-killed-world-s-face- transplant-recipient-NOT-caused-anti-rejection- drugs-unrelated-tumour-doctors-reveal.html BIOÉTICAAULA 94 https://www.dailymail.co.uk/health/article-3777666/Cancer-killed-world-s-face-transplant-recipient-NOT-caused-anti-rejection-drugs-unrelated-tumour-doctors-reveal.html https://www.dailymail.co.uk/health/article-3777666/Cancer-killed-world-s-face-transplant-recipient-NOT-caused-anti-rejection-drugs-unrelated-tumour-doctors-reveal.html https://www.dailymail.co.uk/health/article-3777666/Cancer-killed-world-s-face-transplant-recipient-NOT-caused-anti-rejection-drugs-unrelated-tumour-doctors-reveal.html https://www.dailymail.co.uk/health/article-3777666/Cancer-killed-world-s-face-transplant-recipient-NOT-caused-anti-rejection-drugs-unrelated-tumour-doctors-reveal.html PRINCÍPIOS BIOÉTICOS APLICADOS AO TRANSPLANTE DE ROSTO 1. Beneficência(maximizar o bem e minimizar o mal – no contexto da atuação do profissional médico, é agir sempre em favor do paciente). 2. Justiça (isonomia). 3. Autonomia (dar ao paciente a possibilidade de decidir sobre o que é melhor para si). BIOÉTICAAULA 95 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS Im ag em : O ra w an - A d ob eS to ck BIOÉTICAAULA 96 Transplante é procedimento cirúrgico que consiste na reposição de órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto. BIOÉTICAAULA 97 Pagar por órgão ou tecido é ato criminoso que tem que ser fortemente reprimido e denunciado. A venda de qualquer parte do corpo humano ataca todo o ideal de dignidade e leva a um cruel comércio ilegal que se baseia na discriminação social daqueles que, por falta de condições econômicas, são levados a agredir o próprio organismo em busca de melhor situação de vida. BIOÉTICAAULA 98 Em hipótese alguma a doação pode ser influenciada por fatores econômicos, seja no caso de doação pós-morte ou no caso de doação em vida. Tal ato é crime e atenta de maneira direta à dignidade humana e ao ideal de doação de órgãos sem discriminações. O tráfico de órgãos deve ser urgentemente denunciado. BIOÉTICAAULA 99 FONTES DO DIREITO • Legislação. • Costumes. • Jurisprudência. • Ato negocial. Miguel Reale Fontes e modelos do direito: para um novo paradigma hermenêutico. Imagem: Por Desconhecido - Arquivo Nacional, Domínio público, https:// commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=73412901 BIOÉTICAAULA 100 LEGISLAÇÃO Transplantes • Brasil. Lei n.º 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, dispõe sobre remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. • Os decretos que regulamentavam essa lei foram revogados duas vezes: o atual que rege os transplantes no Brasil é o DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017. BIOÉTICAAULA 101 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 – DOAÇÃO DE ÓRGÃOS (REGULAMENTA A LEI N.º 9.434/1997) Art. 17. A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano poderá ser efetuada após morte encefálica, com consentimento expresso da família, conforme estabelecido na seção II deste capítulo. § 1.º O diagnóstico de morte encefálica será confirmado com base nos critérios neurológicos definidos em resolução específica do Conselho Federal de Medicina – CFM. § 2.º São dispensáveis os procedimentos previstos para o diagnóstico de morte encefálica quando ela decorrer de parada cardíaca irreversível, diagnosticada por critérios circulatórios. BIOÉTICAAULA 102 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 – DOAÇÃO DE ÓRGÃOS (REGULAMENTA A LEI N.º 9.434/1997) § 3.º Os médicos participantes do processo de diagnóstico da morte encefálica deverão estar especificamente capacitados e não poderão ser integrantes das equipes de retirada e transplante. § 4.º Os familiares que estiverem em companhia do paciente ou que tenham oferecido meios de contato serão obrigatoriamente informados do início do procedimento para diagnóstico da morte encefálica. § 5.º Caso a família do paciente solicite, será admitida a presença de médico de sua confiança no ato de diagnóstico da morte encefálica. BIOÉTICAAULA 103 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 Art. 18. Os hospitais deverão notificar a morte encefálica diagnosticada em suas dependências à CET da unidade federativa a que estiver vinculada, em caráter urgente e obrigatório. (CET – Central Estadual de Transplante) Parágrafo único. Por ocasião da investigação da morte encefálica, na hipótese de o hospital necessitar de apoio para o diagnóstico, a CET deverá prover os profissionais ou os serviços necessários para efetuar os procedimentos, observado o disposto no artigo 13. BIOÉTICAAULA 104 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 Art. 19. Após a declaração da morte encefálica, a família do falecido deverá ser consultada sobre a possibilidade de doação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para transplante, atendido o disposto na seção II do capítulo III. Parágrafo único. Nos casos em que a doação não for viável, por quaisquer motivos, o suporte terapêutico artificial ao funcionamento dos órgãos será descontinuado, hipótese em que o corpo será entregue aos familiares ou à instituição responsável pela necropsia, nos casos em que se aplique. BIOÉTICAAULA 105 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 Consentimento familiar Art. 20. A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano, após a morte, somente poderá ser realizada com o consentimento livre e esclarecido da família do falecido, consignado de forma expressa em termo específico de autorização. § 1.º A autorização deverá ser do cônjuge, do companheiro ou de parente consanguíneo, de maior idade e juridicamente capaz, na linha reta ou colateral, até o segundo grau, e firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. BIOÉTICAAULA 106 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 § 2.º Caso seja utilizada autorização de parente de segundo grau, deverão estar circunstanciadas, no termo de autorização, as razões de impedimento dos familiares de primeiro grau. § 3.º A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano de falecidos incapazes, nos termos da lei civil, dependerá de autorização expressa de ambos os pais, se vivos, ou de quem lhes detinha, ao tempo da morte, o poder familiar exclusivo, a tutela ou a curatela. BIOÉTICAAULA 107 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 § 4.º Os casos que não se enquadrem nas hipóteses previstas no § 1.º ao § 3º dependerão de prévia autorização judicial. Art. 21. Fica proibida a doação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano em casos de não identificação do potencial doador falecido. Parágrafo único. Não supre as exigências do caput o simples reconhecimento de familiares se nenhum dos documentos de identificação do falecido for encontrado, exceto nas hipóteses em que autoridade oficial que detenha fé pública certifique a identidade. BIOÉTICAAULA 108 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 Da disposição do corpo vivo Art. 27. Qualquer pessoa capaz, nos termos da lei civil, poderá dispor de órgãos, tecidos, células e partes de seu corpo para serem retirados, em vida, para fins de transplantes ou enxerto em receptores cônjuges, companheiros ou parentes até o quarto grau, na linha reta ou colateral. Art. 28. As doações entre indivíduos vivos não relacionados dependerão de autorização judicial, que será dispensada no caso de medula óssea. Parágrafo único. É considerada como doação de medula óssea a doação de outros progenitores hematopoiéticos. BIOÉTICAAULA 109 DECRETO N.º 9.175, DE 18 DE OUTUBRO DE 2017 Da disposição do corpo vivo Art. 29. Somente será permitida a doação referida nesta seção quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos, células e partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e de sua saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável. § 1.º A retirada nas condições estabelecidas neste artigo somente será permitida se corresponder a uma necessidade terapêutica, comprovadamente indispensável para a pessoa receptora. BIOÉTICAAULA 110 § 2.º O doador vivo será prévia e obrigatoriamente esclarecido sobre as consequências e os riscos decorrentes da retirada do órgão, tecido, células ou parte do seu corpo para a doação. § 3.º Os esclarecimentos de que trata o § 2.º serão consignados em documento lavrado e lido na presença do doador e de duas testemunhas. § 4.º O doador especificará, em documento escrito, firmado por duas testemunhas: I - o tecido, o órgão, a célulaou a parte do seu corpo que doará para transplante ou enxerto; II - o nome da pessoa beneficiada; e III - a qualificação e o endereço dos envolvidos. BIOÉTICAAULA 111 DO TRANSPLANTE OU ENXERTO – DECRETO N.º 9.175/2017 Art. 32. O transplante ou o enxerto somente será feito com o consentimento expresso do receptor, após devidamente aconselhado sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento, por meio da autorização a que se refere o § 2.º. § 1.º Na hipótese de o receptor ser juridicamente incapaz ou estar privado de meio de comunicação oral ou escrita, o consentimento para a realização do transplante será dado pelo cônjuge, pelo companheiro ou por parente consanguíneo ou afim, de maior idade e juridicamente capaz, na linha reta ou colateral, até o quarto grau, inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes na assinatura do termo. BIOÉTICAAULA 112 DO TRANSPLANTE OU ENXERTO – DECRETO N.º 9.175/2017 § 2.º A autorização será aposta em documento que conterá as informações sobre o procedimento e as perspectivas de êxito, insucesso e as possíveis sequelas e que serão transmitidas ao receptor ou, se for o caso, às pessoas indicadas no § 1.º. § 3.º Os riscos considerados aceitáveis pela equipe de transplante ou enxerto, em razão dos testes aplicados ao doador, serão esclarecidos ao receptor ou às pessoas indicadas no § 1.º, que poderão assumi-los, mediante expressa concordância, aposta no documento referido no § 2.º. BIOÉTICAAULA 113 COMO FUNCIONA O SISTEMA DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS NO BRASIL? A equipe transplantadora que acompanha a situação clínica do receptor aceita o órgão, que é enviado pela Central de Transplantes ao hospital onde está o receptor, para que seja implantado; o receptor pode desistir de receber o órgão doado, que então passará ao próximo receptor compatível da lista única. BIOÉTICAAULA 114 COMO FUNCIONA O SISTEMA DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS NO BRASIL? O único que ainda não é possível é o cérebro. Será que conseguiremos passar o cérebro de uma pessoa para outra? Para o chefe do Serviço de Imunologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Luiz Fernando Jobim, o cérebro é o grande órgão que nunca foi e não vai ser tão cedo transplantado. Qual a idade limite para doação de órgãos? Em geral, aceita-se os seguintes limites, em anos: rim (75), fígado (70), coração e pulmão (55), pâncreas (50), válvulas cardíacas (65), córneas (sem limite), pele e ossos (65). BIOÉTICAAULA 115 QUAIS SÃO OS MOTIVOS PARA A RECUSA DE PERMITIR TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS? Quanto aos motivos de recusa da doação dos órgãos, foram revelados: 1. a crença religiosa; 2. a espera de um milagre; 3. a não compreensão do diagnóstico de morte encefálica e a crença na reversão do quadro; 4. a não aceitação da manipulação do corpo; 5. o medo da reação da família; 6. a inadequação da informação e a ausência de autorização. BIOÉTICAAULA 116 DOAÇÃO DE ÓRGÃOS DE CADÁVER Brasil, Lei n.º 10.211, 23 de março de 2001. Art. 4.º A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. BIOÉTICAAULA 117 LEGISLAÇÃO CONSTATAÇÃO DO ÓBITO Conselho Federal de Medicina Critérios para a caracterização de morte encefálica RESOLUÇÃO N.º 1.480, 8 DE AGOSTO DE 1997. CONSIDERANDO que a Lei n.º 9.434/1997, que dispõe sobre a retirada de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, determina em seu artigo 3.º que compete ao Conselho Federal de Medicina definir os critérios para diagnóstico de morte encefálica. Considerando que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial. BIOÉTICAAULA 118 LEGISLAÇÃO SISTEMA DE TRANSPLANTES O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lançou nesta quinta-feira (25/09/2008), um conjunto de medidas para ampliar o número de transplantes feitos no Brasil. Entre elas, o reajuste de até 40% no valor pago pelos transplantes, a bonificação de 100% na remuneração de procedimentos realizados pelas equipes hospitalares de captação de órgãos que resultarem efetivamente em transplante e a autorização para que hospitais particulares passem a retirar órgãos para doação com custeio pelo Sistema Único de Saúde (SUS). BIOÉTICAAULA 119 CONSTATAÇÃO DO ÓBITO Parecer do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA sobre morte encefálica Processo-consulta CFM n.º 7.311/1997. INTERESSADO: Hospital São Lucas, da PUCRS. EMENTA: Os critérios para verificação de morte encefálica não se aplicam apenas às situações de transplantes de órgãos. Os médicos devem comunicar aos familiares a ocorrência e o significado da morte encefálica antes da suspensão da terapêutica. BIOÉTICAAULA 120 CONSTATAÇÃO DO ÓBITO PORTARIA GM/MS n.º 487, DE 2 DE MARÇO DE 2007. (Gabinete do Ministro/Ministério da Saúde) Dispõe sobre a remoção de órgãos e/ou tecidos de neonato anencéfalo para fins de transplante ou tratamento. Art. 1.º A retirada de órgãos e/ou tecidos de neonato anencéfalo para fins de transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de parada cardíaca irreversível. BIOÉTICAAULA 121 Tempo para retirada e transplante de órgãos (PCR = parada cardíaca respiratória) Órgãos Tempo/retirada Tempo/Tx. Córneas 6 h pós-PCR 7 dias Coração Antes PCR 4 a 6 h Pulmões Antes PCR 4 a 6 h Rins Até 30’ pós-PCR Até 48 h Fígado Antes PCR 12 a 24 h Pâncreas Antes PCR 12 a 24 h Ossos Após PCR Até 5 anos BIOÉTICAAULA 122 DINÂMICA LOCAL VÍDEO EXERCÍCIO AVALIATIVO SOBRE O DOCUMENTÁRIO “NÃO MATARÁS”, DE NINA ROSA Instituto Nina Rosa - Não Matarás Fonte: Instituto Nina Rosa - YouTube Duração: 1:03:35 https://www.youtube.com/ watch?v=CiaATsYM1qk https://www.youtube.com/watch?v=CiaATsYM1qk https://www.youtube.com/watch?v=CiaATsYM1qk O documentário é dividido em 2 partes: 1) o uso de animais no ensino; 2) o uso de animais na pesquisa. BIOÉTICA 125 AULA DL Exercício avaliativo em grupos de 3 alunos, com acréscimo de 1,0 ponto na 1.ª nota – AP1 1. O uso de animais no ensino provoca que reflexo na vida e na psiquê dos estudantes? (0,25) 2. Faça um comentário sobre o texto: “O depoimento de uma acadêmica e de um professor do curso de medicina veterinária da USP destacam que uma profissão que deveria zelar pela vida dos animais não pode permitir que eles sejam cortados vivos dessa forma”. (0,25) BIOÉTICA 126 AULA DL 3. Você tem o hábito de verificar a composição dos produtos que você usa, como batom, creme para o corpo ou cabelo? (0,25) 4. Você faz uma análise das empresas de quem compra, para saber quais são as técnicas de produção que ela utiliza para fornecer o produto que você consome? (0,25) BIOÉTICA 127 AULA DL TRANSPLANTE E DOAÇÃO • Aspectos religiosos Uso de sangue Restrição total • Testemunhas de Jeová "Quanto a qualquer homem da casa de Israel ou algum residente forasteiro que reside no vosso meio, que comer qualquer espécie de sangue, eu certamente porei minha face contra a alma que comer o sangue, e deveras o deceparei dentre seu povo." Levítico 17:10 BIOÉTICAAULA 128 Restrição parcial (origem do clã) • Islamismo. • Religiões indígenas (Guarani-Kaingang). BIOÉTICAAULA 129 MORAL CIRCUNSTÂNCIAS Aspectos religiosos Doador cadáver • Respeito pelo cadáver. • Judaísmo. • Islamismo. • Budismo. BIOÉTICAAULA 130 REFERENCIAL TEÓRICO PRINCÍPIOS NA DOAÇÃO Beneficência • Negativa: evitar o mal. • Positiva: fazer o bem. Respeito à pessoa • Privacidade. • Veracidade. • Autodeterminação. • Voluntariedade. BIOÉTICAAULA 131 REFERENCIAL TEÓRICO PRINCÍPIOS NA DOAÇÃO Justiça • Não discriminação. • Vulnerabilidade. • Controlesocial. The Belmont Report: Ethical Guidelines for the Protection of Human Subjects. Washington: DHEW Publications (OS) 78-0012, 1978 Beauchamp TL, Childress JF. The Principles of biomedical ethics. 4ed. New York: Oxford, 1978. Outro Indivíduo Deveres Direitos BIOÉTICAAULA 132 REFERENCIAL TEÓRICO PRINCÍPIOS NA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS Deveres prima facie • Beneficência. • Relação risco-dano/benefício. BIOÉTICAAULA 133 REFERENCIAL TEÓRICO PRINCÍPIOS NA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS Álcool e transplante de fígado Não transplantar Transplantar somente os regenerados História de alcoolismo como critério negativo menor Transplantar todos, inclusive os alcoolistas ativos BIOÉTICAAULA 134 REFERENCIAL TEÓRICO PRINCÍPIOS • Beneficência. • Relação risco-dano/benefício. Riscos voluntários à saúde e transplantes Alcoolismo – Fígado Tabagismo – Pulmão Dieta – Coração Sedentarismo – Coração Estilo de vida – Rins e pâncreas BIOÉTICAAULA 135 VÍNCULOS Doação de cadáver • 50% das mortes encefálicas não são comunicadas. • 20% das famílias concordam com a doação de órgãos. • 10% captação. Mortes encefálicas não comunicadas. Mortes encefálicas comunicadas. Doações de órgãos de cadáver. BIOÉTICAAULA 136 ALTERNATIVAS Transplantes de órgãos Outras formas de obtenção de órgãos • Doação intervivos. • Pena de “doação compulsória”. • Doação de anencéfalos. • Uso de condenados à morte. • Comercialização de órgãos. • Outras espécies animais. BIOÉTICAAULA 137 ALTERNATIVAS Outras formas de tratar • Células-tronco somáticas. • Células-tronco embrionárias. BIOÉTICAAULA 138 CONSEQUÊNCIAS Doação intervivos • Ato de amor por uma pessoa querida. • Atendimento adequado. • Constrangimento. • Conflitos. • Transplante preemptivo (doação de rim ou transplante em vida, antes da morte). BIOÉTICAAULA 139 CONSEQUÊNCIAS Pena de “doação compulsória” • Projeto de lei apresentado e arquivado em 2004. • Dois ou mais homicídios com pena superior a 30 anos de reclusão. • Rim, pulmão, córnea, 1/3 do fígado ou medula óssea. • “A escolha do órgão a ser compulsoriamente doado dependerá da necessidade das filas de transplante e da compatibilidade entre doador e receptor”. BIOÉTICAAULA 140 CONSEQUÊNCIAS Apropriação de órgãos de condenados à morte China permite: • transporte dos órgãos; • remoção do condenado. BIOÉTICAAULA 141 CONSEQUÊNCIAS Comercialização de órgãos Índia e China permitem: • compra e venda de órgãos; • apropriação – prisioneiros; • vulnerabilidade – coerção familiar. Outros países: • oferecimento de vantagens; • vulnerabilidade – coerção econômica. Imagem: Destina - AdobeStock BIOÉTICAAULA 142 CONSEQUÊNCIAS Xenotransplantes O xenotransplante (xenoTx), ou transplante interespécie, é definido como transplante de órgãos, tecidos ou células entre diferentes espécies e representa uma das propostas mais interessantes para resolver a escassez de doadores. Ilustração: freshidea - AdobeStock BIOÉTICAAULA 143 CONSEQUÊNCIAS • Problema de direito natural. • Problema dos direitos dos animais. • Problema das intervenções não terapêuticas. • Problema da alocação de recursos. • Problemas imunológicos (vírus/príons). Ilustração: freshidea - AdobeStock BIOÉTICAAULA 144 BIOÉTICA COMPLEXA Bioética Reflexão sobre a adequação das ações que envolvem a vida e o viver. Moral – respeito à regra Direito Legislação – Costumes – Jurisprudência – Ato negocial Ética Deveres – Direitos – Virtudes – Alteridade BIOÉTICAAULA 145 BIOÉTICA COMPLEXA Bioética Reflexão sobre a adequação das ações que envolvem a vida e o viver. Direito Política Economia Ciência Educação História PsicologiaBiologiaAmbiente Cultura Moral Sociedade Espiritualidade Ética Exercício profissional BIOÉTICAAULA 146 REFERÊNCIAS APCível. N. 230.209.06. Rel. Dês. Juiz Ferreira Esteves. 1Cam Criminal do TAMG. Diário do judiciário. Minas Gerais, n. 80, de 1 de maio de 1997. BARROSO, Luis Alberto. Gestação de fetos anencefálicos e pesquisas com células- tronco: dois temas acerca da vida e da dignidade na constituição. In: SARMENTO, Daniel, Galdino, Flávio (Org.). Direitos fundamentais. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. BITENCOURT, Cezar Roberto. 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