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AUTOMEDICAÇÃO EM CRIANÇAS Gabrieli Silva Souza[footnoteRef:1] [1: ] Kassya Gusmão[footnoteRef:2] [2: ] Mayst Marcos Júnior Duarte dos Santos[footnoteRef:3] [3: ] Safira Clara Alves de Oliveira[footnoteRef:4] [4: ] RESUMO A automedicação é um hábito comum em nosso país e sempre foi um assunto muito discutido e controverso. Automedicação pode ser definida como uma prática da utilização de medicamentos com a ausência de prescrição de um profissional autorizado. Muitos medicamentos utilizados não necessitam de prescrição, porém não são isentos de riscos como possíveis intoxicações e efeitos adversos. O objetivo geral deste artigo é avaliar a pratica de automedicação em crianças por pais e/ou cuidadores através da realização de um estudo de caso. Este foi realizado através da aplicação de uma aplicação de um questionário estruturado que buscou investigar as práticas e as percepções dos pais e/ou responsáveis em relação à automedicação em crianças aplicado na cidade de São Luís, Maranhão, sendo eu 27 pais/responsáveis responderam e os resultados são apresentados a seguir, sendo as discussões embasadas em teóricos e publicações científicas. A automedicação é um fenômeno comum e preocupante, utilizado pelo pretexto de imediatismo da cura e da falta de informação profissional, que pode ocasionar condições iatrogênicas, agravar um quadro de saúde, associar o quadro clínico a reações adversas, e, culminar em óbito do paciente, dependendo do fármaco administrado. Portanto, urge implementar estratégias, sobretudo de cunho educativo, objetivando a conscientização dos pais e/ ou responsáveis acerca dos problemas oriundos da automedicação, a fim de evitar a perda da atividade terapêutica medicamentosa e, consequentemente, da segurança das crianças. Palavra-chave: Enfermagem; Automedicação; Crianças; Pais; Responsáveis. 1 INTRODUÇÃO A automedicação é o uso autodeterminado de medicamentos sem receita médica para aliviar desconfortos leves e de curto prazo ou para tratar condições médicas leves sem a orientação de médicos ou outros profissionais de saúde.Foi sugerido que aumentar ou diminuir arbitrariamente a dose de um medicamento prescrito sob a orientação de médicos também é considerada automedicação (Nunes de Melo, 2006). No Brasil, a automedicação envolve principalmente medicamentos vendidos sem receita médica (OTC). Previa-se que 2,5 bilhões de euros seriam gastos economizados por ano se 10% dos pacientes alemães se automedicassem com medicamentos OTC. Quase 50% dos residentes chineses com mais de 15 anos exibiram comportamentos de autotratamento, enquanto 43,5% se automedicaram num período de 6 meses. A maioria dos medicamentos utilizados para automedicação (66,2%) foi obtida em farmácias varejistas. A prevalência de automedicação foi maior tanto em mulheres urbanas quanto rurais, e a prevalência média de automedicação em indivíduos de meia-idade e idosos foi de 45,52%. Outro estudo constatou que 78,7% dos estudantes universitários se automedicavam quando não se sentiam bem (Bi et al., 2023). Automedicação pode ser definida como uma prática da utilização de medicamentos com a ausência de prescrição de um profissional autorizado. Muitos medicamentos utilizados não necessitam de prescrição, porém não são isentos de riscos como possíveis intoxicações e efeitos adversos (Arrais et al., 2016). Para tanto, algumas situações favorecem o desenvolvimento dessa prática, as quais são listadas em alguns estudos como a demora no atendimento, dificuldade ou falta de acesso ao serviço de saúde, solução ou alivio imediato de algum sinal ou sintoma, o acesso facilitado aos medicamentos nas farmácias, em que muitos não apresentam necessidade de prescrição (Silva et al., 2018). O objetivo geral deste artigo é avaliar a pratica de automedicação em crianças por pais e/ou cuidadores através da realização de um estudo de caso. 2 METODOLOGIA O ciclo de pesquisa, segundo Minayo (1994), compõe-se de três momentos: fase exploratória da pesquisa, trabalho de campo e tratamento do material. A fase do tratamento do material leva o pesquisador à teorização sobre os dados, produzindo o confronto entre a abordagem teórica anterior e o que a investigação de campo aporta de singular como contribuição. Vale ressaltar que após a coleta de dados, a fase seguinte da pesquisa é a de análise e interpretação. Este artigo foi realizado através da aplicação de uma aplicação de um questionário estruturado que buscou investigar as práticas e as percepções dos pais e/ou responsáveis em relação à automedicação em crianças aplicado na cidade de São Luís, Maranhão, sendo que 27 pais/responsáveis responderam e os resultados são apresentados a seguir, sendo as discussões embasadas em teóricos e publicações científicas. As publicações científicas foram selecionadas com os seguintes critérios: publicados entre os anos de 2017 e 2024; publicações em inglês e português; e textos publicados na íntegra. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A automedicação pode ser benéfica se a pratica for de forma responsável, benefícios como reduzir a duração dos sintomas, o recurso aos cuidados de saúde, assim permitindo aos profissionais da saúde maior disponibilidade para situação clinicas mais graves. Já na pratica da automedicação inadequada, pode ocorrer consequência nas quais são as interações medicamentosas, efeitos adversos, riscos de intoxicação. Em idade pediátrica a automedicação é habitualmente administrada pelos responsáveis, assim os ricos gerais da automedicação acrescem na pediatria, pois a posologia pediátrica exige frequentemente o ajuste ao peso e idade da criança (Belo et al., 2018). A maioria das automedicações irracionais das crianças se deve ao desconhecimento dos pais e / ou responsáveis, pois se sentem obrigadas a dar algum tipo de medicação para o alívio dos sintomas quando observam que a criança apresenta algum desconforto, geralmente quando a criança se sente melhor, ela vai desistir do tratamento, o que às vezes piora o problema. Em se tratando do responsável tomar ciência de que o filho e ou filha (criança) apresenta algum sintoma, mal-estar, queixa-se de dor, incomodo, os responsáveis preocupados, e na ânsia de socorrer a criança adoentada, usam de sua memória para absorver o que tem em casa que pode solucionar o problema (Lima et al., 2019). Primeiramente a pesquisa buscou averiguar a idade das crianças dos pais e/ou responsáveis, o gráfico 1 apresenta os apurados. Gráfico 1 – Idade das crianças. Fonte: o autor. Sobre o sexo das crianças em questão, apurou-se que do total de 27 pais/responsáveis, 17 eram do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Gráfico 2 – Sexo. Fonte: o autor. A fim de averiguar sobre o uso de medicamentos pelas crianças, apurou-se que do total de 27 pesquisados. Gráfico 3 – “O seu filho tomou algum medicamento no último ano? ” Fonte: o autor. Ainda persiste a concepção de que fazer o uso de medicamentos sem prescrição de um profissional habilitado não acarreta nenhum malefício. É de suma importância os responsáveis compreenderem que medicamentos mesmo sendo comercializados livremente possuem efeitos colaterais e o uso deve ser feito racionalmente. Para tanto é necessário que seja do conhecimento de todos os riscos atrelados à prática da automedicação, que em alguns casos são irreversíveis, sobretudo, nas crianças (Martins et al., 2017). Entre os principais motivos apresentados pelos pais sobre o uso de automedicação em seus filhos apresenta-se os resultados no gráfico 4, sendo que são agrupados na tabela respostas idênticas ou com o mesmo significado. Gráfico 4 – “Quais os principais motivos pelos quais você opta por automedicar o seu filho? “ Fonte: o autor. Tratando-se da automedicação em pediatria observam-se algumas questões como a febre, um dos principais motivos que leva à prática da automedicação, sendo os medicamentos mais utilizados o paracetamol e o dipirona. A mãe é a principal responsável por essa prática. Também traz a farmácia domiciliar como uma facilitadora douso da automedicação e que consequentemente pode ocorrer a intoxicação da criança. A automedicação é uma prática comum entre familiares/responsáveis, não estando esses cientes muitas vezes das consequências que essa pode ocasionar na saúde da criança (Belo et al., 2017). Posteriormente, buscou-se apurar se os medicamentos usados haviam sido previamente prescritos por médicos. O gráfico 5 apresenta os resultados. Gráfico 5 – “Os medicamentos usados todos foram prescritos pelo médico? “ Fonte: o autor. Nos casos onde o pai/responsáveis respondeu à pergunta anterior com não, foi pedido que respondesse quais as fontes de informação sobre o uso dos medicamentos sem prescrição. O gráfico 6 apresenta os dados apurados. Gráfico 6 – “Se a resposta da pergunta anterior foi ‘não’, quais as suas fontes de informação sobre o uso do medicamento? “ Fonte: o autor. Quanto à motivação da busca pela automedicação, observou-se diversos tópicos sugestivos desta prática. Em Matos et al. (2018), é afirmado que um fator muito presente na motivação das pessoas que fazem o uso indevido de medicamentos sem prescrição são as propagandas veiculadas nos meios de comunicação, pois elas não expõem todos os efeitos adversos das medicações que estão vendendo, deixando, assim, convenientemente o consumidor apenas com parte da informação totalmente verídica. Dentro deste contexto foi perguntada a frequência na qual os participantes utilizavam de medicamentos sem prescrição médica com suas crianças. O gráfico 7 apresenta os resultados. Vale ressaltar que os que responderam que não automedicam seus filhos não responderam essa pergunta. Gráfico 7 – “Com qual frequência você administra medicamento sem receita médica ao seu filho? “ Fonte: o autor. Posteriormente foi perguntado sobre a percepção dos pais após a administração da medicação sem prescrição, se os mesmos percebiam melhoras nos sintomas ou não. As respostas são apresentadas no gráfico 8. Gráfico 8 – “Você perceber melhoras nos sintomas após o uso do medicamento sem prescrição? “ Fonte: o autor. Seguindo foi perguntado sobre o tempo em que os entrevistados persistem com o uso do medicamento após o início. O gráfico 9 apresenta os resultados. Gráfico 9 – “Quando ocorre o uso de medicamentos sem prescrição médica, por quanto tempo permanece o uso do medicamento? “ Fonte: o autor. Com respeito as experiências negativas com o uso de automedicação infantil, o gráfico 10 apresenta o resultado. Gráfico 10 – “Você já teve experiências negativas com automedicação infantil? “ Fonte: o autor. Por fim, foi questionado se os pais/responsáveis tem conhecimento que a automedicação pode causar algum tipo de reação adversa. O gráfico 11 apresenta os resultados. Gráfico 11 – “Você tem conhecimento das reações adversas que a automedicação pode causar? “ Fonte: o autor. Em 2016, a OMS estimou que metade dos medicamentos são prescritos ou vendidos de forma inadequada, e desses, em 50% há o consumo impróprio. Essa prática pode levar a intoxicações medicamentosas com sérios agravos à saúde, principalmente tratando-se de crianças, que exigem uma atenção especial nessa administração devido à farmacocinética ainda mais acentuada (Silva et al., 2018). A metabolização hepática dos indivíduos na fase da infância possui uma taxa diminuída, principalmente em recém-nascidos, o que acarreta uma vida média prolongada do medicamento no organismo. Deve-se manter em consideração que a faixa etária estudada está em desenvolvimento e constante mudança, podendo apresentar alterações na velocidade do peristaltismo, pH, concentração de albumina, concentrações enzimáticas e taxa de concentração glomerular, fatores que estão diretamente correlacionados com a absorção dos medicamentos e exigem adequação conforme idade, estado clínico e peso (De Oliveira Higa et al., 2022). CONSIDERAÇÕES FINAIS A automedicação se tornou um grave problema de saúde pública no Brasil, atingindo com mais severidade a população infantil. No caso da população infantil, a situação se agrava pelas peculiaridades do organismo infantil e também pelo alto risco de intoxicação a que as famílias brasileiras estão expostas. O uso de medicamentos sem prescrição médica apresenta uma série de perigos, independentemente da idade de quem está fazendo seu uso. A automedicação é um fenômeno comum e preocupante, utilizado pelo pretexto de imediatismo da cura e da falta de informação profissional, que pode ocasionar condições iatrogênicas, agravar um quadro de saúde, associar o quadro clínico a reações adversas, e, culminar em óbito do paciente, dependendo do fármaco administrado. A literatura evidencia que a automedicação em crianças e adolescentes é uma prática comum no Brasil e no mundo. Embora seja considerada um problema de saúde global, a automedicação quando retratada no público jovem (crianças e adolescentes) pouco é debatida. Portanto, urge implementar estratégias, sobretudo de cunho educativo, objetivando a conscientização dos pais e/ ou responsáveis acerca dos problemas oriundos da automedicação, a fim de evitar a perda da atividade terapêutica medicamentosa e, consequentemente, da segurança das crianças. Desta forma, e a despeito das limitações acima citadas, o presente estudo permitiu concluir que a automedicação é uma prática frequente na população investigada, sendo geralmente mais comum em casos de febre e realizada principalmente pelas mães. REFERÊNCIAS ARRAIS, Paulo Sérgio Dourado et al. Prevalence of self-medication in Brazil and associated factors. Revista de saude publica, v. 50, p. 13s, 2016. BELO, Nídia; MAIO, Patrícia; GOMES, Susana. Automedicação em idade pediátrica. Nascer e crescer-birth and growth medical journal, v. 26, n. 4, p. 234-239, 2017. BI, Bingqing et al. Systematic review and meta-analysis of factors influencing self-medication in children. INQUIRY: The Journal of Health Care Organization, Provision, and Financing, v. 60, p. 00469580231159744, 2023. DE OLIVEIRA HIGA, Marisa Alves et al. Automedicação em crianças e adolescentes. Revista Multidisciplinar da Saúde, v. 4, n. 3, p. 166-177, 2022. LIMA, M. F. P. et al., A prática da automedicação em criança por pais e responsáveis. HOLOS, v. 35, n. 5, p. 1-13, 2019. MARTINS, G. et al. Impacto dos medicamentos nas intoxicações em crianças. Revista da Universidade Ibirapuera, São Paulo, 2017; 13(13):98-112. MATOS, J. F. et al. Prevalência, perfil e fatores associados à automedicação em adolescentes e servidores de uma escola pública profissionalizante. Cadernos Saúde Coletiva, v. 26, n. 1, p. 76–83, 2018. NUNES DE MELO, Magda et al. Prevalence of self-medication in rural areas of Portugal. Pharmacy World and Science, v. 28, p. 19-25, 2006. SILVA, Jéssica Gama da et al. A prática da automedicação em crianças por seus pais: atuação da enfermagem. Rev. enferm. UFPE on line, p. 1570-1577, 2018. Vendas SIM NÃO 20 3.2 image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png image10.png image1.png image2.png image3.png