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Malária → Também conhecida como: • Paludismo • Febre palustre • Febre intermitente • Maleita • Sezão • Tremedeira • Batedeira Introdução → Doença muito antiga: Hipócrates 460 a.C. → Século XIX: origem do termo malária → Italianos: doença causada por vapores exalados dos pântanos tiberianos ‘mal aria’ → ‘mal ar’ → 1880 - descoberta da hemoparasitose → Morfologia: Romanowsky Epidemiologia → 228 milhões de casos de malária no mundo em 2018; → Sendo 213 milhões, 93%, na África; → 405 mil óbitos ocorridos no mesmo período, a imensa maioria aconteceu no continente africano, em crianças menores de 5 anos; África, América central e do sul, sul e sudeste asiático e ilhas da Oceania → Doença de área tropical e subtropical → Nas Américas – 2018 - ocorreram 753.700 casos e 338 óbitos → América Latina: maior número de casos na Amazônia → Brasil, Colômbia e Venezuela respondem por 80% de todos os casos estimados Malária no Brasil → Na América Latina o maior número de casos está na Amazônia brasileira → 99% da transmissão (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins – Áreas endêmicas) → Região extra-amazônica - 1% casos → Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo são os que apresentam maior número de notificações de malária fora da região amazônica → Casos importados de estados ou países endêmicos → Retardo no diagnóstico e tratamento: evolução para a forma grave/óbito e maior risco de transmissão em caso de presença do vetor → Clima → Regiões endêmicas com frequentes epidemias → Expansão da doença: má condições de habitação + migração (Área de garimpo, extração de madeira e minério, construção de estradas, atividade agropecuária próximo a florestas, construção de hidrelétricas → PNCM 2019: Brasil notificou 157.454 casos Agente Etiológico → Filo: Apicomplexa → Família: Plasmodiidae → Gênero: Plasmodium → Plasmodium vivax → Plasmodium falciparum – mais patogênico e perigoso → Plasmodium malariae → Plasmodium ovale – Continente Africano → Plasmodium knowlesi – Ásia Vetor → Gênero Anopheles (pernilongo, muriçoca, mosquito prego, carapanã) → Hábitos noturnos com temperatura entre 20ºC – 30ºC → Fêmeas hematófagas → Aproximadamente 430 espécies → 80 espécie são transmissores → 45 espécie de vetores potenciais Formas evolutivas → De acordo com seu estágio de desenvolvimento, varia de tamanho e forma: Esporozoíto, Trofozoíto e Merozoíto → formas evolutivas extracelulares (ciclo hepático) Trofozoíto jovem, Trofozoíto maduro, Esquizonte e Gametócito → formas eritrocitárias (sangue periférico) Microgameta, Macrogameta, Oocineto, Oocisto → vetor Ciclo Biológico → Reprodução assexuada esquizogônia: protozoário começa a multiplicar dentro de uma célula (esquizonte) rompe essa célula liberando o protozoário inteiro. → Reprodução assexuada merogonia forma o meronte, a célula cheia de protozoário e o merozoíto são os protozoários que serão liberados. → Gametogonia: forma gametas (feminino e masculino) → Esporogonia: no final vamos tem esporozoíto → Anopheles contaminado com esporozoítos → picada → puxa o sangue e regurgita as formas infectantes → caem direto no sangue → esporozoítos chegam ao fígado → internalizadas no hepatócito → trofozoíto pré-eritrocitário → divisão assexuada → multiplicam dentro do hepatócito → rompe → libera o esquizonte (esquizogonia do tipo merogonia) → Infectou o hepatócito → reprodução assexuada esquizogonia do tipo merogonia → multiplicação de núcleo dentro do hepatócito → rompimento → libera parasitos (merozoítos) → sangue → infecta hemácia na tentativa de escapar do sistema imunológico → destrói ferro → Merozoíto na hemácia dá origem a trofozoíto jovem → trofozoíto maduro → pode fazer novamente uma reprodução assexuada (esquizogonia do tipo merogonia) → rompimento da célula → parte dos merozoítos voltam e reinfectam novas hemácias → ciclo eritrocitário → outra parte desses merozoítos evoluem para gametas → mosquito → gametas sofrem modificação e são transformados em micro e macrogameta → fecundação → ovo ou zigoto → oocineto → oocisto que faz esporogonia que é um tipo de reprodução assexuada no mosquito → libera esporozoítos → Algumas espécies de plasmodium, como vivax e ovale, chega no fígado e parte dos protozoários que infectou o paciente dá continuidade ao ciclo e outra parte forma os hipnozoitos, que não multiplicam no hepatócito ficam guardados em estágio de latência, e depois de meses reativandom, multiplicam e o ciclo começa novamente Formas evolutivas encontradas no sangue periférico Transmissão → Fêmea do mosquito Anopheles parasitada com esporozoítos em suas glândulas salivares, inoculam essa forma infectante durante o repasto sanguíneo → Acidentalmente por transfusão sanguínea → Compartilhamento de seringas → Acidentes laboratoriais → Congênita Fontes de infecção: • Humanos doentes ou assintomáticos que apresentam gametócitos em seu sangue periférico • Primatas não humanos Patogenia → O ciclo exoeritrocitário (fígado) não é patogênico → Apenas o ciclo assexuado nos eritrócitos é responsável pelas manifestações clínicas e patogenia → Hemólise (destruição de células vermelhas) + liberação de parasitos + liberação de metabólitos = resposta no hospedeiro Destruição dos eritrócitos parasitados → Ocorre em infecção por todas as espécies → A hemólise é o principal motivo que leva anemia, mas não é o único ANEMIA • Em alguns pacientes a queda de hemoglobina não é diretamente proporcional ao aumento da parasitemia: Aumento da destruição de hemácias não parasitadas pelo sistema imune ou baço Presença de auto anticorpos contra as hemácias, que deveriam ser direcionados apenas contra o protozoário Disfunção da medula óssea → processo inflamatório → citocinas → Redução da Eritropoiese Toxicidade resultante da liberação de citocinas → Ativação das células imunocompetentes que produzem citocinas: • Febre: destruição das hemácias → libera conteúdo parasitário → ativa monócito ou macrófago → liberam pirogênio endógenos • Mal estar: devido a inflamação • Lesão endotelial: extravasamento de líquido para o rim e alvéolos • Hipoglicemia: bloqueia a gliconeogênese → gravidade na gestação • Aumento de oxido nítrico: reduz a função das células • Coma Sequestro de eritrócitos parasitados na rede capilar → P. falciparum (modificação na superfície da célula infectada) → Adesão ao endotélio → Knobs: proteínas do parasito são expressas na parede das células infectadas (começa a grudar hemácia com hemácia) → Hemácias rosetas: ocorre principalmente em vênulas de órgãos vitais → Obstrução parcial ou total do vaso → hipóxia, anóxia e necrose → gravidade da doença → Mecanismo de escape da destruição no baço Lesão Capilar por Deposição de Imunocomplexos → P. malariae → Glomerulonefrite por deposição de Imunocomplexos no rim → Altera sua permeabilidade (rim perde a capacidade de filtrar) → Eliminação de proteínas → Ferro da hemoglobina é tóxica para o parasito, por isso o ferro é cristalizado formando um composto chamado hemozoína, pigmento malárico (que resultou da digestão da hemoglobina e será depois digerido por macrófagos do fígado, baço) → Acúmulo de hemozoína: pigmentação escura nos órgãos ricos em células do sfm. → Ferro em excesso no corpo vira radical livre e leva a destruição de lipídios e proteínas principalmente, começa a ter morte celular Quadro Clínico → Período de incubação depende da espécie (pode variar de 9 até 40 dias) P. falciparum: 8 -12 dias P. malarie: 18 – 30 dias P. vivax: 13 – 17 dias → Pode variar de acordocom a espécie, parasitemia, imunidade, etc. → Inicialmente: Mal-estar Cefaleia Cansaço Mialgia Náusea e Vômito → Acesso malárico: sudorese (extremamente alta), febre e calafrio Esquizogonia eritrocitária: → Calafrios e Sudorese → 15 – 60min → Febre (pode atingir 41°C ou mais) → 2-6 horas: redução da febre → Sudorese e fraqueza → Melhoria dos sintomas → A febre tem caráter intermitente → A febre é resultado da ruptura das hemácias: o tempo de aparecimento dos sintomas está relacionado com o tempo de duração do ciclo eritrocitário (48 – 72 horas) → toda vez que o paciente tem febre alta significa que ele está na fase de hemólise → Intervalo apirético dura até que outro ciclo esquizogônico inicie. Plasmodium vivax - febre terçã benigna (48 horas) Plasmodium falciparum - febre terçã maligna (36 - 48 horas) Plasmodium malariae – febre quartã (72 horas) Plasmodium ovale – febre terçã benigna (48horas) → Não se deve aguardar esses padrões característicos para pensar em diagnóstico de malária Malária não complicada → Sintomas extremamente leves, com febre característica, mas sem nenhum sinal de evolução a gravidade. Malária complicada: → Gestante → Crianças → Primoinfectados → Infecção por P. falciparum Malária e Hb S Anemia falciforme → HbS (hemoglobina mutante) baixa afinidade com O2 → Pouco K+ intracelular → Morte do parasito Diagnóstico → O retardo no diagnóstico leva a gravidade da doença Clínico: • Pode ser assintomático; • Febre intermitente; • Anemia; • Baço aumentado e doloroso; • Residências/Visita em zona endêmica; Laboratorial: • Parasitológico • Imunológico • Direto – hematológico – pesquisa do parasito no sangue periférico Gota espessa e Camada delgada: diferenciação da espécie de parasito de acordo com a morfologia Simples, Baixo custo, Quantificação da Parasitemia, Mais fácil diferenciar a espécie no sangue periférico • PCR: complexidade e elevado custo • Nas infecções por P. falciparum, alta parasitemia pode significar maior risco de desenvolvimento de formas graves da doença • Indireto – imunológico Imunocromatografia Teste rápido (resultado em 15 – 20 minutos) Sensível (redução da parasitemia) e específico Confirmação diagnóstica Facilidade de execução e interpretação Não utilizar para monitorar o tratamento = falso positivo Utilizar quando o acesso ao diagnostico microscópico está prejudicado → Em regiões de difícil acesso pacientes com febre são considerados com malária → Os sintomas podem ser semelhantes a outras infecções agudas ou podem ser assintomáticos → Sempre considerar se há a possibilidade da doença: relato de viagem, área de residência... Tratamento → O tratamento da malária visa atingir o parasito em pontos-chaves de seu ciclo evolutivo: • Interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção; • Interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos). • Destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas Dificuldade de tratamento • Hipnozoítos • Variação morfológica • Diferentes habitates (livres no sangue, hepatócitos, hemácias) • Diferentes tempos para produção de gametas Medicamentos: • Protocolos variam de acordo com a espécie, idade, gestante, tempo de recaída Cloroquina – resistência do P. falciparum Primaquina - não pode em gestantes e crianças menores de 6 meses Quinina Tetraciclina Doxiciclina → P. vivax e ovale: primaquina e cloroquina – atividade contra hipinozoítos e formas assexuadas → P. malariae: cloroquina → P. falciparum: derivados de Artemisinina: Artesunato + mefloquina Artemeter + lumefantrina Primaquina Profilaxia Individual ou profilaxia de contato → Evitar aproximação com área de risco após entardecer → Repelentes → Telar portas e janelas → Dormir de mosquiteiros → Informações Coletiva → Borrifar inseticidas nas paredes → Uso de larvicidas → Medidas de saneamento básico → Melhoria nas condições de vida → Vacinas: Algumas já foram testadas Dificuldade de identificar antígeno de diferentes estágios do parasito que seriam responsáveis por induzir a imunidade Quimioprofilaxia → Recomendada para viajantes internacionais → Uso de antimaláricos com ação esquizonticida para prevenção das formas clínicas (são tóxicos e algumas espécies resistentes) → Pode causar resistência → Tratar uma semana antes da viagem e finalizar 4 semanas após o retorno → No Brasil, há predomínio de infecções por P. vivax: eficácia da profilaxia para essa espécie é baixa → não se indica a quimioprofilaxia para viajantes em território nacional.