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PARASITOLOGIA MALÁRIA: Básicos: 1. Espécie: Plasmodium • Doença: malária • Fonte de infecção: humanos • Forma de transmissão: esporozoíto • Veículo de transmissão: anopheles • Via de penetração: sistema tegumentar • 2. Classificação taxonômica: PARASITO: • Reino: protozoa ◦ Filo: apicomplexa→possui um complexo apical – ◦ complexo de proteínas que interage com a membrana celular do hospedeiro Ordem: haemosporida→esporozoítos livre em oocistos, ◦ microgametócitos produz 8 microgametas flagelados Família: Plasmodidade ◦ Gênero: Plasmodium ◦ Espécie: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, ◦ Plasmodium malariae, Plasmodium ovale, Plasmodium knowlesi HOSPEDEIRO INVERTEBRADO: • Reino: animalia ◦ Filo: arthropoda ◦ Ordem: diptera ◦ Família: culicidae ◦ Subfamília: anophelinae ◦ Gênero: anophelines → são HEMATÓFAGOS ◦ Espécie: Anopheles darlingi e Anopheles aquasalis ◦ ✓ Hematófagos ✓ Fêmeas→fazem o repasso sanguíneo ✓ Coleção de água limpa, quente, sombreada e de bom fluxo Área endêmica • Febre alta • Dor muscular • Dor de cabeça • 3. Aspectos da doença: Agente etiológico: protozoários do gênero • Plasmodium. Vetores: mosquitos do gênero Anopheles. • Hospedeiros vertebrados: mamíferos aves e • répteis (mais de 150 espécies). ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA: Plasmodium vivax → mais frequente no Brasil • Plasmodium falciparum→mais patogênica • Plasmodium malariae; • Plasmodium ovale; - apenas em áreas restritas do • continente africano Plasmodium knowlesi → encontrado infectando • macacos, e hoje em dia já tem humanos que são infectados por essa espécie. É uma antropoozonose. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS: quanto maior a pobreza no local, maior a chance de contração da malária. Ou seja, incidência em • países pobres, principalmente áfrica. Situação da doença no Brasil: nos anos 60 havia todo o brasil infectado. Já hoje, o principal foco é na • Amazônia legal. Amazonificação da malária nos anos 80: houve combate para acabar com a malária em todo o país, • com uso de DDT e cloroquina. Mas, não conseguiu eliminar na Amazônia. Principal espécie P. vivax • Tem o vetor em todo o território nacional, existindo o risco de surtos. • Não foi eliminado na Amazônia devido as condições de vida nesse local: casas pertos dos matos, de • rios e de baixa estrutura 2019: pequenos casos de malária na mata atlântica, causada pelo Plasmodium simium e • Plasmodium. brasilianum → parasitas de primatas, pode ser uma antropozoonose • Em Minas há casos também, mas autotanes (vieram de outro lugar) 4. Formas de vida: ESPOROZOÍTOS • Alongado, núcleo central ◦ Membrana mais externa – proteína CSP e TRAP → importantes para adesão e reconhecimento ◦ da célula que vai invadir FORMA EXO-ERITROCÍTICA: fora do ciclo sanguíneo • Esporozoíto perde organelas do complexo apical → expõe as organelas, e assim expõe proteínas ◦ que interagem com a célula do hospedeiro, formando esquizontes teciduais Arredondado ◦ Esquizonte tecidual (formados nos hepatócitos, >10mil merozoítos) ◦ MEROZOÍTOS • Células arredondadas, presença do complexo apical ◦ Invadem os eritrócitos ◦ FORMAS ERITROCÍTICAS (espécie dependente) → o merizoíto invade a célula do sangue, se • desenvolve primeiro em trofozoíto jovem. Trofozoíto jovem (forma de anel) ◦ Trofozoíto maduro ◦ Gametócito ◦ Esquizonte ◦ FORMAS ENCONTRADAS NO ANOPHELES • Ovo ou zigoto: após fecundação do ◦ macrogameta (masculino) pelo micro (feminino) Oocineto: forma móvel, contrações até se ◦ prender ao epitélio do intestino médio do Anopheles, transforma em oocisto Oocisto: ocorre a esporogonia – 9 a 14 dias; ◦ ruptura da parede do oocisto – liberação de esporozoítos Os esporozoíto tem a capacidade de atravessar as células hospedeiras sem nelas se desenvolverem, o • que propicia a migração por diferentes células antes que ocorra a infecção de um hepatócito 5. Ciclo biológico: • Heteroxênico Hospedeiro vertebrado (intermediário): ciclo assexuado ◦ Hospedeiro invertebrado (definitivo): ciclo sexuado ◦ São morfologicamente distintas entre as espécies, servindo para o diagnóstico CICLO NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO: • ETAPA EXOERITROCÍTICA: OCORRE NO FÍGADO → NÃO HÁ SINTOMATOLOGIA. ◦ ETAPA ERITROCÍTICA: OCORRE NO SANGUE → HÁ SINTOMATOLOGIA. ◦ 1- Ocorre o repasso sanguineo, onde o mosquito vetor inocula os esporozoítos na pele do individuo. Esse esporozoíto migra pela corrente sanguínea (pode cair na corrente linfática, mas não é o principal, na linfa ele morre). Assim, chega ao fígado, anda entre os hepatocitos ate encontrar um viavel para se desenvolver, invadindo e começando sua evolução. -Os plasmodium vivax e ovali fazem hipnozoíto, que é uma forma tecidual que o parasito fica latente, parado, e por algum motivo ele volta a se desenvolver meses ou anos após a inoculação, sendo responsável pelas “recaídas da doença”,sendo importante o tratamento-. No hepatócito o parasito começa a se desenvolver, e por esquizogonia ele forma os esquizontes teciduais. A forma esquizonte vira merozoíto e enche as células (cerca de 10-40.000). Sai dos hepatocitos por vesículas chamadas merossomas que se rompem e liberam os merozoítos na corrente sanguínea, começando os sintomas. 2- Começa quando os merozoítos originados no fígado invadem uma célula sanguínea, no caso do P. vivax os reticulócitos (hemácias jovens) e P. falciparum são as hemácias. O parasito invade as células através de interação de proteínas de membrana. Os merozoítos se desenvolvem em trofozoítos jovens e depois em maduros. Logo, se transformam em esquizontes formando de 8-32 merozoítos. A célula se rompe e liberam os merozoítos, que invadem novas células e completam mais ciclos. Após várias gerações de merozoítos, eles se formam em gametócitos, que são ingeridos pelo vetor e começa o ciclo no hospedeiro invertebrado. CICLO NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO: ocorre primeiro a formação do zigoto • os gametocitos se desenvolvem em micro e macro gametas, o micro sofre esflagelação que ◦ consegue fecundar o macro gameta, formando o zigoto – o zigoto se forma em oocineto, uma forma móvel que encontra a parede do intestino médio do mosquito. Lá ele adere e se desenvolve em oocisto, que por esporogonia forma os esporozoítos, e quando a parede se rompe liberando-os, eles migram para o aparelho bucal do mosquito vetor, esperando para ser inoculado no homem. 6. Imunidade: RESISTÊNCIA INATA: Ausência de receptores específicos na superfície de eritrócitos que impede a • interiorização dos merozoítos (P. vivax – Antígeno sanguíneo Duffy). Assim, o plasmodium vivax não conseguem invadir. No caso do falciparum, ele tem várias vias de interação, então ele usa outros receptores. IMUNIDADE ADQUIRIDA: • Ocorre após a infecção. Varia com a espécie de Plasmodium, com o estado nutricional e é espécie ◦ específica. Passiva: via placenta ou colostro. ◦ Ativa: adquirida gradualmente, contra as formas sanguíneas. ◦ 7. Sintomatologia e patogenia: Acesso malárico: conjunto de sintomas que acontece quando o parasito completa o ciclo • eritrocítico→febre, calafrio e sudorese. Paroxismo febril: ruptura das hemácias pelos esquizontes. Liberação de citocinas inflamátorias que • produzem febres e calafrios característicos da doença. Pode ocorrer destruição dos eritrócitos • Supressão da eritropoiese→diminuição da produção de hemácias na medula óssea → anemia • A remoção das hemácias infectadas ou cptação do pigmento malárico (hemozoína) circulante por • macrófagos esplênicos resulta na ativação de receptores da resposta imune intata do paciente e consequentemente liberação de várias citocina. Essas citocina vão induzir os paroxismos inflamatórios clássicos, conhecidos como ataque malárico e a expressão de moléculas de adesão que que irão mediar o sequestro das hemácias parasitadas nos capilares. no geral,esses acessos contribuem para um desconforto respiratório agudo, a insuficiência renal • aguda e a malária cerebral. Os acessos maláricos se repetem com intervalos diferentes, de acordo com a espécie do plasmódio: P. falciparum - com intervalos de 36 a 48 horas (terçã maligna → espécie mais patogênica) ◦ P. vivax - acessos em dias alternados, 48 em 48 horas (terçã benigna→esse nome porque ◦ antigamente não estava relacionada a morte); P. malariae - os acessos se repetem a cada 72 horas (febre quartã). ◦ Hoje: FEBRE IRREGULAR porque há um tratamento eficaz, entao o parasito não consegue ◦ fazer tantos ciclos. mecanismos determinantes das formas clínicas: • Destruição dos eritrócitos parasitados ◦ Na maioria das vezes mnão esta relacionado com a anemia ‣ toxicidade resultante da liberação de citocina ◦ Febre e mal-estar / lesão endotelial / hipoglicemia ‣ Sequestro dos eritrócitos parasitados na rede capilar ◦ Lesão capilar por deposição de imunocomplexos ◦ Síndrome nefrótica ‣ SINTOMATOLOGIA: • Mal estar • Cefaleia • Vômito • Diarreia • Dor abdominal • Mialgia • Fadiga • Hipoglicemia • Insuficiência renal • Convulsão MALÁRIA GRAVE: Anemia grave e trombocitopenia – diminuição na quantidade de plaquetas • levando a hemorragias (vivax) e malária cerebral (falciparum) Eventos associados à patogênese da malária cerebral: ◦ 1- Sequestramento de hemácias nos capilares periféricos; 2- Produção excessiva de citocinas pró-inflamatórias→com a ruptura dos esquizontes no sangue tem-se uma grande carga de antígenos, tendo uma grande liberação de citocinas inflamatórias 3- Produção de Vesículas Extracelulares. 1. A hemácia infectada sofre grande diferença em sua membrana. Além disso, há nobs ◦ (espículas na membrana), que estão cheios de moléculas responsáveis por adesão celular, fazendo com que hemácias saudáveis sofram adesão as hemácias infectadas, formando rosetas. Essas rosetas são complexos grandes que no capilar começam a impedir o fluxo sanguíneo. Acontece em vários órgãos, inclusive no cérebro, gerando hipóxia, dores de cabeça, comportamento alterado, convulsões e coma. No vivax achavam que não acontecesse isso, porque há incapacidade de se aderir ao endotélio microvascular. Mas, nos últimos anos alguns eritrócitos infectados são capazes de se aderirem a células endoteliais do pulmão, mas permanece pouco esclarecido. 2- Inflamação disseminada (sistêmica). A célula parasitada libera antígenos na corrente ◦ sanguínea, e nisso o corpo reage com a inflamação sistêmica. Mas, essas citocinas geram endoteliotoxicidade (lesão endotelial), que gera coagulação intravascular disseminada para “trabalhar” na endoteliotoxicidade, gerando fenômenos hemorrágicos 3- VEs derivadas do hospedeiro: associadas à patogênese da malária grave, liberadas por vários ◦ tipos celulares (endotélio e plaquetas – induzem a citoaderência no cérebro). VEs de origem parasitária: contém material do parasito, induzem respostas pró-‣ inflamatórias. 8. Diagnóstico: • MICROSCOPIA: padrão ouro ✓ Limitações: Baixas parasitemias, Infecções mistas, Plasmódios simianos X plasmódios humanos, Microscopista especialista ✓ feito por GOTA ESPESSA: falciparum vs. vivax • OUTROS DIAGNÓSTICOS: ✓ RDT: teste rápido, consegue diferenciar vivax de falciparum → ✓ Moleculares: são caros então geralmente menos usados. • LIMITES DE DETECÇÃO: Tratamento→seleção de drogas segundo: Espécie parasitária ◦ Grau de parasitemia/gravidade do caso ◦ Idade do pacienteSe feminino, gestante? ◦ Experiência prévia do paciente com malária ◦ Local de residência: Amazônia ou fora da Amazônia ◦ MALÁRIA POR VIVAX. OVALE OU MALARIE: cloroquina por via oral por 3 dias + primaquina via oral por 7 dias. (porque consegue matar hipnozoíto) MALÁRIA NÃO COMPLICADA POR P. FALCIPARUM: MALÁRIA GRAVE: • Potencialmente fatal – UTI • Exame neurológico minucioso (escala de coma de Glasgow). • Início imediato (doses altas de ataque) • Negativação da parasitemia • PRIMEIRA ESCOLHA: Derivados da artemisina (EV ou IM) + clindamicina • SEGUNDA ESCOLHA: Quinina (EV) + clindamicina (EV) ✓ Gestantes no primeiro trimestre; Crianças com idade inferior a um mês, quinino em monoterapia, clindamicina não pode ser usada nesta faixa etária) Tafenoquina: • Nova droga aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration) para tratar recaídas; • Dose única, diferente da primaquina por 14 dias; • Nova opção para recaídas após 40 anos; • Efeitos colaterais importantes: anemia grave em G6PD; • Os estudos no Brasil foram realizados em 100 pacientes em Manaus de 2014-2016; ▪ O uso do medicamento no Brasil foi aprovado em 2019! • Resta apenas um teste de viabilidade em pacientes com G6PD conduzido pelo Dr. Marcus Lacerda, em Manaus e Porto Velho denominado TRuST – conclusão prevista para 2021. ANTIMÁLARICOS E SUAS ATUAÇÕES: 8. Profilaxia: • Tratamento do homem doente • Proteção ao homem sadio • Combate ao vetor • Uso de quimioprofiláticos (cloroquina, amodiaquina, proguanil e pirimetamina) proibido no Brasil . ✓ Início: 1 semana antes de entrar na área malarígena ✓ Término: 30 dias após ter saído da área • Repelentes, cortinados/mosquiteiros ou telas inseticidas • desenvolvimento de vacinas: em teste