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1) Estão, entre os principais escritores da prosa na segunda fase do modernismo: a) Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Augusto de Campos e Dalton Trevisan. b) Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Jorge Amado. c) Graciliano Ramos, Fernando Sabino, Érico Veríssimo e Mário de Andrade. d) Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Dionélio Machado e Hilda Hilst. e) Lúcio Cardoso, Roberto Drummond, Jorge Amado e Adélia Prado. 2) As obras FOGO MORTO, O QUINZE, SÃO BERNARDO, O TEMPO E O VENTO, GABRIELA CRAVO E CANELA foram escritas, respectivamente, por: a) Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Érico Veríssimo e Dionélio Machado. b) Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Luis Fernando Veríssimo e Graciliano Ramos. c) José Lins do Rego, Rachel De Queiroz, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado. d) Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Aluísio Azevedo, Raul Pompéia e José de Alencar. Texto para as questões 3 a 9 Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. – Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés. Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 1938. Aió- bolsa trançada típica do Nordeste Cambaio- de pernas tortas Juazeiro- tipo de árvore 3) A que movimento literário pertence esse texto? Justifique com aspectos estilísticos presentes no texto. 4) Responda sobre o espaço da narrativa. Observe as duas primeiras frases. Nelas, o narrador introduz informações sobre o espaço e as personagens. Que espaço é esse? 5) Explique por que o uso dos adjetivos é importante para caracterizar o espaço da narrativa. Releia o sétimo parágrafo e analise o que as novas informações sobre o espaço sugerem a respeito da vida nesse local. 6) O que fazem as personagens nesse espaço? 7) A primeira identificação das personagens é feita por um adjetivo substantivado. Transcreva-o. Qual o efeito da escolha desse adjetivo substantivado para designar as personagens? 8) Retire um exemplo de discurso indireto livre. 9) Comente a linguagem empregada pelas personagens em sua comunicação familiar. Sobre a obra Morte e Vida Severina, responda 10) Identifique o autor de “Morte e Vida Severina”. Explique o uso do adjetivo severina no título e o motivo da sequência morte-vida (e não vida-morte). 11) Por que a obra recebe o subtítulo “Auto de Natal pernambucano”? 12)Leia as seguintes afirmações sobre Morte e Vida Severina: I) O nascimento do filho do compadre José é antagônico em relação aos outros fatos apresentados na obra, já que esses são marcados pela morte. II) Podemos dizer que o conteúdo é completamente pessimista, considerando-se que a jornada é marcada pela tragédia da seca, o que leva Severino à tentativa de suicídio. III) Mais do que a seca, as desigualdades sociais do Nordeste são o tema da obra. Assinale a alternativa correta sobre as afirmações: a) Somente I e II estão corretas. b) Somente I e III estão corretas. c) Somente II e III estão corretas. d) As três estão corretas. e) As três estão incorretas. Texto para as questões 13 a 15 Poema Moderno Solitário Solidário Soli ário Solitário Solitário Soli ário Solidário Solitário Soli ário Solidário Solidário Soli ário (AZEVEDO, Ronaldo. In: Poesia Concreta) 13) Leia o poema acima O signo linguístico é formado por significante(forma) e significado. Explique como se faz a distinção entre as palavras formadoras no poema em relação ao significante. Quanto ao significado, que relação se estabelece entre as palavras? 14) Em que projeto literário do Pós-Modernismo o poema se filia? Cite características estilísticas que o localizem nesse projeto literário. 15) Interprete a ausência de letras na terceira coluna. Ferreira Gullar, em seus poemas, expressa a necessidade de escrever uma poesia de cunho social. Sua poesia engajada é indispensável para a compreensão da moderna literatura brasileira. Leia um de seus poemas. O açúcar O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola, homens que não sabem ler e morrem aos vinte e sete anos plantaram e colheram a cana que viria a ser o açúcar. Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. 16) Identifique figuras de linguagem empregadas pelo poeta. Metáforas Antíteses Comparações 17) Explique a oposição básica do poema. De que maneira essa oposição reflete uma crítica social? Outro poeta da geração pós-modernismo é Manuel de Barros. Leia o poema abaixo. A namorada Havia um muro alto entre nossas casas. Difícil de mandar recado para ela. Não haviae-mail. O pai era uma onça. A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão E pinchava a pedra no quintal da casa dela. Se a namorada respondesse pela mesma pedra Era uma glória! Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira E então era agonia. No tempo da onça era assim. Manoel de Barros.Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010. 18) O pai era uma onça. (v. 4) Nesse verso, a palavra onça está empregada em um sentido que se define como: A) enfático B) antitético C) metafórico D) metonímico Cabeludinho Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei aler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003. 19) No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e sobre os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, o autor destaca A) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto. B) a importância de certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da língua portuguesa. C) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades linguísticas. D) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias. E) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da linguagem. Página 1 Página 2 Página 3 Página 4