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O local de crime é o berço da Criminalística
O local do crime pode ser definido de maneira geral, como a área aonde aconteceu o fato e que expõe características ou configuração de um crime. Cada local de crime tem suas peculiaridades, qualquer lugar pode ser local de ato criminoso. Cada ambiente é único e exige do profissional pericial uma série de cuidados na sua preparação e na organização de suas funções buscando alcançar a veracidade dos fatos. Durante o decorrer do exame pericial, os requisitos podem mudar conforme novos indícios sejam reconhecidos e o Perito Criminal terá que se adaptar ao novo cenário.
A preservação do local de crime mediante seu isolamento e demais cuidados com os vestígios é uma garantia de que o Perito encontrará a cena do crime condizente com o que ocorreu de fato, devido à ação do infrator, assim, como pela vítima, tendo com isso, a possibilidade de analisar todos os vestígios seguramente. O processo bem-sucedido de um caso pode depender do estado da evidência física no momento em que são coletadas. A proteção da cena começa com a chegada do primeiro oficial de polícia na cena do crime e termina quando a cena é liberada da custódia da polícia.
O primeiro profissional a chegar na ocorrência, deve ter em mente que, em uma cena bem preservada, a análise pericial pode definir autorias e indicar elementos probatórios.
O policial, de acordo o artigo 6º do CPP, irá até ao local do delito caso seja noticiado do crime. Caso seja o primeiro na cena, sugere-se tomar as seguintes providências:
· Penetrar no local do crime e dirigir-se ao corpo de delito (cadáver, vítima, veículos colididos e poças de sangue por exemplo), percorrendo, se possível, o menor caminho e em linha reta.
· Constatado o delito, retornar à origem percorrendo a mesma trajetória da ida, fazendo-se consignar o trajeto ao perito que irá proceder ao exame pericial posterior.
· Identificar, ao longo do trajeto, os vestígios do delito; essa ação delimitará o local imediato.
· Isolar o local imediato e parte do local mediato, de forma a preservar o corpo de delito, os vestígios visíveis pelo policial e, porventura, àqueles não captados por esse profissional não especializado o isolamento deve ser efetuado por meio de fitas de zebradas e/ou cones, de forma a evitar a circulação de populares.
· Acionar a equipe de peritos e, se houver, a autoridade policial.
· Aguardar os especialistas, sempre efetuando a segurança do local, de forma a impedir quaisquer adulterações ou invasão de populares.
Nem sempre é possível manter o isolamento da área e preservar os vestígios até a chegada da perícia, pois a primeira preocupação dos profissionais da segurança pública é com o socorro à vítima, momento em que muitas vezes o local é descaracterizado ante a necessidade de salvar uma vida ou evitar algum perigo iminente. Nesse caso, deve-se constatar primeiro a real condição da vítima. Sugere-se a aferição de pulsação pela carótida e pulso utilizando preferencialmente luvas. Caso o indivíduo esteja vivo, prioriza-se o seu salvamento em detrimento da preservação do local. O bem maior é a vida, portanto, deve-se sobrepor a qualquer outra ação naquele momento. Caso se trate de um cadáver, deve-se prosseguir com a rotina sugerida acima, atentando-se em fazer uma acurada observação do corpo sem tocá-lo. Não mexer nos bolsos, documentos, dinheiro, joias etc, pois toda informação pode ser pertinente para elucidação do fato delituoso.
O isolamento do local de crime faz-se importante para impedir que a população e, até mesmo policiais, adentrem tal região sensível, e que aguarda a ação dos peritos. Dependendo do tipo de delito, a comoção que gravita em torno da cena é grande. A delimitação deve envolver o local imediato e parte do local mediato. Assim, reduz-se as chances de alguns vestígios, de difícil percepção, serem ignorados. Feito o isolamento, somente a autoridade policial e os peritos são autorizados a adentrarem o local a partir desse momento, até os próprios policiais que isolaram a cena devem evitar a entrada. Em algumas situações, no entanto, podem ocorrer invasões caso ocorra, tal fato deve ser noticiado à autoridade policial e peritos, fazendo-se consignar onde ocorreram as alterações. Assim, evita-se prováveis erros na análise pericial, propagados pela adulteração decorrente da invasão.
A não alteração do local é fundamental para que os peritos criminais possam elaborar laudos úteis ao esclarecimento da verdade real. Se alguém, por exemplo, mover o cadáver de lugar, está comprometendo, seriamente, muitas conclusões a respeito da ação criminosa e mesmo na busca do autor. A preservação do local do crime é essencial para a perícia criminal, pois além de concretizar a materialidade do crime fornece fortes elementos de sua autoria e é de grande importância observar as condições ambientais devendo a autoridade policial proteger as peças a fim de evitar que essas se degradem através do contato com os agentes ambientais, que somente os peritos criminais são competentes para manusear peças na cena e que são exemplos de vestígios, indícios ou provas encontradas em local de crime: projéteis de armas de fogo, faca, manchas de sangue, impressões digitais, documentos, sinais de arrombamento, objetos pessoais, etc.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm>. Acesso em: 09 fev. 2023.
ESPINDULA, Alberi; colaboradores. Local de crime: isolamento e preservação, exames periciais e investigação criminal. Brasília: Alberi Espíncula ed., 2002.
INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS – IGP. Atividades. Disponível em: <http://www.igp.sc.gov.br>. Acesso em: 09 fev. 2023.
MALLMITH, Décio de Moura. Local de crime. 3.ed. Porto Alegre: Luzes, 2007.
SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA – SENASP. Ministério da Justiça. Preservação de Local de Crime. Brasília, 2009.

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