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05/08/24 - AULA 1 - PROF. FRANCISCO BUDAL
Contexto internacional:
Em 1924, surge a Declaração de Genebra, elaborada pela Liga das Nações, à época, que
corresponde à atual ONU. Foi o primeiro documento sobre o tema, envolvendo a
questão da “menoridade”, como um ser humano especial. Ainda não são sujeitos de
direitos e deveres, mas seres especiais. Antes disso, cada país construía sua forma de
entender a menoridade.
- No Brasil, em 1927, vem o Código de Menores (Código Mello Mattos) que trata de
forma prioritária sobre a questão dos menores de idade. Menoridade total até os 16
anos e parcial dos 16 aos 21 anos. Prioriza o desenvolvimento dentro de uma
família.
Primeira vez que se normatiza a adoção através de instituições (credenciadas e
reconhecidas como um ente transitório entre um menor que não tem família-
principalmente os órfãos, abandonados - para uma estrutura legalizada de
construção de núcleo familiar).
Em 1959 (pós 2ª GM), surge a Declaração Universal dos Direitos das Crianças, pela
ONU. Havia um nº de órfãos e abandonados muito grande. É a primeira legislação
internacional a tratar os infantes como sujeitos de direitos e deveres (cidadãos). Foi a
semente da teoria da proteção integral.
- Até 1962, a mulher, mesmo com 21 anos, se estivesse casada, era relativamente
incapaz, estava vinculada e subordinada ao seu marido, pelo CC de 16. Se não
fosse casada, estaria subordinada ao seu pai.
Em 1969, surge a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, pela OEA (Pacto de
São José da Costa Rica). Nesse pacto, no art. 19, pela primeira vez vem a ideia da
expressão “proteção”. Busca-se entender a questão prática de tudo isso. Documentos
internacionais que digam ao julgador quais são as medidas protetivas para serem
colocadas em prática. Até então era uma questão apenas para crianças e adolescentes
que estavam numa situação diferenciada (órfãos, abandonados), mas a partir daqui serve
para qualquer infante, não apenas aqueles em situação ruim. Todos passam a ter
proteção.
Em 1979, tem o ano internacional da criança, proclamado pela ONU. É um marco, porque
ali se começa a debater de forma estruturada normas de direitos a serem difundidas a todos
os países membros ou não da ONU, sobre a atenção efetivamente jurídica e jurisdicional
para todos e qualquer tema que envolva a menoridade. Esse debate demorou 10 anos.
Em 1989, surge a Convenção dos Direitos da Criança, pela ONU, que implica a Teoria da
Proteção Integral, que envolve a proteção especial, de absoluta prioridade (Teoria da
Absoluta Prioridade), do desenvolvimento humano. Foi o pontapé final para que
provocássemos, dentro da sociedade brasileira, a necessidade da mudança da estrutura do
direito especial da menoridade que existia até então. Com a convenção, há um baque no
poder judiciário de cada país.
Ainda em 1989, houve uma reunião na China pela ONU, em que se elaboraram as Regras
Mínimas para Administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras de
Beijing). Não é uma convenção, resolução nem normatização convencional (tratado,
documento mais formal). Só que as regras mínimas servem para a constituição de uma
estrutura dentro do poder judiciário de cada país para se colocar em prática a
Convenção dos Direitos da Criança. Ideia de Justiça infanto-juvenil especializada.
- No Brasil, a partir de 1990, vem a distinção entre criança e adolescente. No ECA, já
havia um dispositivo sobre adoção internacional, inclusive criando uma autoridade
central - Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional/CEJAI (diferente da
Comissão Estadual Judiciária de Adoção/CEJA, que ocorre dentro do território
nacional).
Em 1990, surgem as Regras das Nações Unidas para proteção dos Jovens Privados
de Liberdade, pela ONU. Regras de segurança dos jovens privados de sua liberdade
(apreendidos, não presos).
- No Brasil, jovens recebem medidas socioeducativas (medidas aplicadas a
adolescentes que praticaram ato infracional, seguem os crimes e contravenções
penais do CP), e não pena. Embora o ECA vá de 0 a 18 anos, no ponto das medidas
socioeducativas só será aplicado a maiores de 18 anos até 21 anos incompletos
(pelo juiz da Infância e da Juventude, não é o da VEP).O que define é se o ato
infracional foi cometido entre 16 e 18 anos. Se for após isso, vai para VEP.
Em 1993, a Convenção Internacional de Haia trata da adoção internacional. Envolve
sequestro internacional de crianças, crimes de guerra em relação aos menores de idade,
proteção de etnias que em certos países já foram o grande elemento social e, atualmente,
precisam de outro grau de proteção (aborígenes, esquimós, indígenas). Essa convenção
proporcionou a oportunidade do judiciário internacional criar normas comparativas e que
construíssem as pontes entre os países, para facilitar o julgador a tomar determinadas
decisões.
Em 2020, surgem as Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência
Juvenil - Diretrizes de RIAD, pela ONU. Medidas práticas de segurança dos infratores
apreendidos.
- No Brasil, não usar o termo “delinquência”, que está muito ligado à situação
irregular, ou seja, uma mancha dentro de toda o histórico de normatizações
brasileiras. A delinquência se vincula ao código de menores.
Em 2023, surge o Compilado dos Comentários Gerais do Comitê dos Direitos da
Criança, pela ONU. Prof. recomenda ler porque tem caído nos concursos.
Histórico brasileiro:
Em 1927, surge o Direito Penal do Menor, por meio do Código Mello Mattos (normas
para penalizar os menores/delinquentes).
Mesmo em 1924, Mello Mattos (juiz) trouxe os conceitos minimamente admissíveis naquela
época sobre o tema da menoridade.
O CP era meio confuso em relação à menoridade. Já havia a inimputabilidade, tratada de
forma estranha, um CP com muita influência do Imperialismo e da Monarquia. Assim, o
Código Mello Mattos buscou normatizar a institucionalização dessa criança/adolescente
quando viesse a cometer o crime. Havia alguns artigos direcionados aos abrigos/instituições
que recebiam órfãos/abandonados. Sem ambientes para receber crianças ou adolescentes
em situação de risco social, apenas para órfãos/abandonados absolutamente reconhecidos
Em 1979, surge o Código de Menores, que trata da Teoria da Situação Irregular. Por
essa teoria, o menor da idade só interessa ao sistema judicial, sendo um sujeito de
direitos, quando ele estiver potencialmente numa situação irregular, ou seja, (i)
quando ele tiver cometido um delito, (ii) prestes a cometer um delito, (iii) fora dos
padrões sociais que aquela sociedade espera de comportamentos e (iv) questões
sobre orfandade, abandono.
Eram objetos de direito, e não sujeitos .
Nessas situações, o jovem seria imediatamente afastado da sociedade, tratado, para depois
ser devolvido à sociedade.
Ex: menor de idade morando na rua. No lugar de analisar o motivo dele estar na rua, na
época do Código de Menores, só se buscava institucionalizar o menor de idade.
Por isso que houve a estruturação de uma forma equivocada da FEBEM, FUNABEM.
Em 1990, com o ECA surge a Teoria da Proteção Integral. Dentro da estrutura
constitucional do Brasil, era importante ter essa matéria colocada na CF. Assim, no art. 227
da CF (base de qualquer raciocínio envolvendo infantes, sendo a tradução da Teoria da
Proteção Integral) fala-se da menoridade, não apenas no sentido da inimputabilidade, mas
sim a estruturação da natureza jurídica de toda organização de direitos
infanto-juvenis no Brasil.
Cidadãos de direitos e deveres, pela Teoria da Proteção Integral.
a) Criança: do nascimento até 12 anos incompletos (11 anos, 11 meses e 30 dias).
Entre os direitos fundamentais, há o direito à vida e à saúde, ou seja, há, pela 1ª vez
no Brasil, um documento jurídico que trata da questão da proteção daquele que
ainda não nasceu, ou seja, do nascituro.
Trata-se do direito da mulher gestante, no sentido de proteção do nascituro, que
será futura criança.
b) Adolescente: entre 12 e 18 anos incompletos
c) Jovem: entre 15 e 29 anos incompletos (art. 1º, p. 1º, Lei Federal nº 12.852/13 -
Estatuto da Juventude).Porém, até 18 anos, será tratado pelo ECA no que concerne aos direitos de infância
e juventude. Além disso, o penalmente adulto (acima de 18 anos) também será
tratado pelo ECA excepcionalmente àqueles que cometeram ato infracional antes de
completar 18 anos, mas que recebem medidas socioeducativas que ultrapassam os
18 anos, mas que não podem passar dos 21 anos. Aos 21 anos se encerra. Art.1º,
p. 2º, do Estatuto da Juventude.
Não tem aplicabilidade às normas do estatuto da juventude no que diz respeito aos
temas que são tratados no ECA. Mas é possível chamar quem tem entre 15 e 21
anos de jovens, ainda que dentro do ECA.
- Art. 2º EJ
- Art. 3º ECA: objetivo da teoria da proteção integral.
- Art. 4º e p.u. ECA: Teoria da Absoluta Prioridade.
- Art. 7º ECA.
CASOS CONCRETOS:
01ª QUESTÃO: Trata-se de ação de obrigação de fazer com pedido de tutela ajuizada
por TONHO DA LUA, representado por sua genitora, RUTINHA, em face do ESTADO
DO RIO DE JANEIRO, na qual aduz que o autor tem 13 (treze) anos e é portador de
Transtorno do Espectro Autista. Afirma, assim, que o infante necessita de
atendimento mediador em tempo regular, assim como apoio com equipe
multidisciplinar, conforme descrição médica. Aduz, também, que o menor está
matriculado no Colégio Estadual Central do Brasil. Relata que foram feitas
solicitações aos responsáveis ??pelo colégio estadual para que fosse disponibilizado
mediador para acompanhamento do menor, sendo que os pedidos foram indeferidos.
Sendo assim, pleiteia, em sede de tutela, a contratação de profissional
mediador/cuidador para estar em sala de aula com o autor, sob pena de aplicação de
multa diária a ser fixada pelo juízo. O magistrado deferiu, em sede de tutela, o pedido
e determinou ao ESTADO DO RIO DE JANEIRO que proceda à realização de plano de
educação individualizado, no prazo de 30 dias, sob pena de multa única, no valor de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), assim como a imediata disponibilização/contratação de
profissional mediador/cuidador para atendimento ao autor durante o período letivo de
2023, no turno da manhã do Colégio Estadual Central do Brasil, no prazo de 10 dias,
sob pena de multa diária de R$ 500,00, limitada a 60 dias. O ESTADO DO RIO DE
JANEIRO interpôs recurso de agravo de instrumento contra a r. decisão, no qual
sustentou a nulidade da decisão liminar devido à ausência de prévia oitiva da
Fazenda Pública, assim como a violação aos princípios da reserva do possível,
princípio da separação de poderes, além de violação ao princípio fundamental do
concurso público e concessão de exíguo prazo para o cumprimento da decisão e
ilegalidade da multa cominatória. A partir da situação hipotética acima descrita,
esclareça, fundamentadamente, se assiste razão ao ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
indicando, para tanto, o(s) dispositivo(s) constitucional(is) e infraconstitucional(is)
aplicável(is) ao caso em comento.
02ª QUESTÃO: MARIA ÍSIS, adolescente com 13 (treze) anos, ajuizou ação ordinária
em face do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na qual postulou a concessão
de benefício de salário-maternidade, na qualidade de segurada especial, em razão do
exercício de atividade rural. A demanda foi julgada improcedente, uma vez que, na
data do parto, a autora da ação não detinha a condição de segurada especial por ser
menor de 16 anos de idade, em violação ao disposto no art. 7º, XXXVIII, CRFB. Com
base na situação hipotética acima descrita, esclareça, a partir dos princípios e
direitos conferidos aos adolescentes, se o magistrado agiu corretamente. Justifique a
resposta a partir da legislação brasileira em vigor e do entendimento dos Tribunais
Superiores.
01ª QUESTÃO: Esclareça, fundamentadamente, em que consiste o princípio da
incompletude institucional.
02ª QUESTÃO: Durante inspeção da entidade governamental de execução de medida
socioeducativa de internação em estabelecimento educacional, foi apurado que a
instituição inspecionada não propicia escolarização e profissionalização. A partir da
situação ora descrita, esclareça, fundamentadamente, se a instituição poderá ser
penalizada, indicando, em caso positivo, qual(is) medida(s) pode(m) ser aplicada(s).
AULA 2 - 06/08/24 - PROF. DANIEL KONDER
O direito infanto-juvenil passou por 3 fases:
- Fase da indiferença: a criança não era defendida juridicamente, não havia nenhum
instrumento de proteção para ela. Ela era vista como propriedade dos pais. Se
houvesse algum problema, era o direito de família.
Caso Mary Hellen - menina que era espancada e ninguém podia fazer nada para
proteger a criança. O Estado não intervinha, até que uma sociedade protetora dos
animais pensou: se até animal merece proteção, a criança também. Logo, ingressou
na justiça para tirar a criança dos pais. A partir disso, vem a segunda fase:
- Fase Tutelar: paradigma do menor em situação irregular ou em situação de risco. A
criança merece certa tutela para que possa ser protegida de forma geral. Só que ela
deixa a desejar. Ela tutela apenas parte da criança: vulnerável, delinquente,
patologia social da infância. Não era para toda e qualquer criança. Quem não
estivesse nesse cenário, o direito civil que regulava. Criança como objeto de direitos.
A pretexto de educar, por vezes restringe direitos fundamentais da criança. Tem foco
na recuperação (havia violação do direito para apenas após recuperar esse direito).
Tem foco na figura do juiz (Código de Menores).
Caso Bernardinho: ele era um menino engraxate. Após desentendimento, joga a
graxa no cliente. Ele é trancado numa cela a fim de ser “educado”, no meio de 20
homens adultos. Ele foi violentado.
Obs. mas se nem um adulto seria preso por tacar grava em alguém, por que uma
criança deveria ser?
- Fase da proteção integral: há ruptura paradigmática. Criança se torna sujeito de
direitos. Ela se torna centro do ordenamento jurídico, sendo para ela que o
ordenamento trabalha. Ela sai de uma posição de objeto para titular de direito
subjetivo. Envolve os direitos fundamentais de participação, opinião, família,
liberdade, patrimônio. Proteção plena dela. Penalidade deve ser justa e razoável
pelo ato praticado. Universalidade do direito para toda e qualquer criança, diferente
da segunda fase. Tem foco na promoção de direitos. O juiz é mais um dos atores,
em meio ao Conselho Tutelar, MP, DP, ou seja, é multissetorial e interdisciplinar.
Passa a ser de execução municipal, ou seja, é acionado o juízo mais próximo da
criança.
O ECA é dividido em sistemas de garantias:
1º sistema: feito para todo e qualquer criança, seja ela pobre ou rica. Inclui até a criança
que não existe. A concepção imaculada de infância deve ser protegida. Por isso existem
ações civis públicas para incentivar a redução da obesidade infantil, por exemplo. É um
direito de prevenir violência para todas, estimular direitos para todas. Se esse sistema não
funcionar, vem o segundo sistema.
Ex: locadoras tinham sala separada com filmes impróprios. A ideia é proteger todo mundo.
2º sistema: art. 98 do ECA. Toda vez que uma criança estiver com violação ou ameaça de
direitos, seja por ação ou omissão do Estado/família, ou porque ela se coloca em situação
de risco, devem ser usadas as medidas protetivas do art 101 (rol exemplificativo).
3º sistema: por vezes, muito mais do que precisar de proteção, ela começa a lesionar bem
jurídico previsto em lei. Surge a aplicação de medidas socioeducativas.
Obs: é errado falar “menor”, porque remete a ideia de objeto de direitos, de patologia. Por
isso que FEBEM é fundação do bem estar do menor. As crianças iam para lá quando
estavam em risco, eram abandonadas, órfãs ou delinquentes. Logo, até quem nem tinha
cometido fato típico, ilícito e culpável iam lá. Normalmente iam porque eram pobres. Tem
que falar criança e adolescente.
Obs: é errado falar abrigo, orfanato, mas sim entidade para acolhimento institucional.
Para fins de prova, observar os seguintes gatilhos:
- Bom senso.
- Informativos.
- Doutrina da proteção integral.
- Prioridade absoluta.
- Melhor interesse da criança na esfera protetiva,mas na parte penal é ruim usar. É
um cavalo de troia.
Questão foto: Criança que veio com a mãe do Congo, fugindo de conflito armado, mas a
mãe falece na viagem. Ela sem documentos, com fome. Com fica?
R: A criança deverá fica no Brasil, porque o país dela está passando por um conflito
armado. Ainda que o direito à origem seja importante, no caso não se aplica. Isso em razão
da Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1941, bem como da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, que emitiu o Parecer Consultivo sobre as crianças
migrantes (Parecer consultivo 21).
Ela não tem documentos, mas faz jus ao direito de identidade.
Ela precisará de atendimento no CAPS, escolas.
Súmula 235 do STJ.
Instrumentos normativos: contexto histórico
Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) nº 05 1919 - (idade mínima).
Trabalho de crianças no período noturno e outra que vedava o trabalho de crianças
menores de 14 anos na indústria. Direito fundamental de segunda dimensão. Foi o primeiro
instrumento normativo que veio a proteger essas crianças. Isso foi replicado no ECA e na
EC 20/98 houve modificação.
O ECA permitia que o trabalho aos menores de 14 anos seria possível ao aprendiz. A EC
mudou isso, disse que é proibido trabalho infantil aos menores de 14 anos. Entre os 14 e
16, é possível sendo jovem aprendiz, desde que não seja trabalho insalubre.
OIT nº 182 regulamenta as piores formas do trabalho infanto-juvenil: escravo, forçado,
exploração sexual, atividades ilícitas, conflitos armados e tráfico de drogas.
Ex. Luiz tem 15 anos, ato infracional análogo ao tráfico. Vai ser denunciado.
Defensoria: Só que ele não deve estar submetido ao 3º sistema de garantias, mas sim ao
2º. Ele merece ser protegido, ele foi usado como ferramenta do tráfico, com base na OIT
182 é uma das piores formas de trabalho. Súmula 92 não pode aplicar internação para esse
caso.
MP e MAGIS: dizer que foi 3º sistema, a não ser que seja muito óbvio que a criança foi
usada como instrumento (caso em que se ativaria o 2º sistema).
Declaração de Genebra 1924 - (decorrências das atrocidades da primeira guerra, órfãos).
Necessidade de garantir à criança proteção especial
Preocupação com os órgãos da 1ª GM.
Código Mello Mattos - Encampou a doutrina do menor em situação de risco, cuja concepção
teórico normativa vinculou o ordenamento jurídico até surgir o ECA. Representa toda a
concepção do menor em situação de risco. Tendo a criança cometido o crime ou não,
jogavam no FEBEM. A ideia primordial era a institucionalização.
Hoje esse Código é muito criticado.
Declaração Universal dos Direitos da Criança 1959 - institui a doutrina da Proteção Integral.
Só que como declaração, ela não tem força cogente (não tem força obrigatória). O mundo
começou a perceber que precisava haver uma norma internacional com força cogente. Em
1979, foi montada em convenção internacional para analisar sobre a doutrina da proteção
integral. Só que enquanto isso, no Brasil, a reedição do Código de Menores, em 1979,
porque estava passando por uma redemocratização. A CF traz a doutrina da proteção
integral em 1988. Em 1989, vem a promulgação da ordem internacional (Convenção
Internacional dos Direitos da Criança e do adolescente), materializando a doutrina da
proteção integral. Em 1990, vem o ECA com a doutrina da proteção integral.
Pacto São José da Costa Rica 1969 - também versa sobre proteção das crianças.
CONVENÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA (Decreto 99710)
Não especifica como os países signatários vão tratar crianças e adolescentes. Além disso,
fica a cargo de cada país decidir a maioridade penal.
Respeito pelos valores culturais da comunidade da criança.
Cooperação internacional para que os direitos da criança sejam realizados.
Art. 12 - direito de participação. Em todo procedimento judicial ou administrativo, a criança
tem que ser ouvida (seja em adoção, adoção tardia e guarda), seja diretamente ou por meio
de seu representante legal. Por isso há o depoimento especial. Capacidade civil sui generis.
Assistência material aos pais que não tenham condições financeiras. Visa preservar a
convivência familiar. Ex: antes disso, era possível institucionalizar, só por ser pobre. Com a
convenção, a ausência de dinheiro na família, por si só. Não pode gerar o afastamento dela
da família.
Art.20.
PROTOCOLOS IMPORTANTES PARA CONCURSOS
A) Protocolo faculttivo sobre a venda de crianças, prostituição e pornografia infantil.
B) Protocolo facultativo sobre o envolvimento de crianças em conflitos armados.
C) Protocolo facultativo das comunicações, denúncias ou petições individuais (2011 -
Decreto legislativo 85).
CONVENÇÃO DE HAIA (Decreto 3087/99) - Adoção Internacional
Art. 30. Direito à origem. = art. 48 do ECA.
Cada país tem uma ACAF (Autoridade Central Administrativa Federal).
O art. 51 do ECA incorpora esse sistema de adoção internacional.
A convenção dispensa a necessidade de homologação pelo STJ da sentença que concede
a adoção no país estrangeiro. Há trâmite apenas entre as autoridades federais.
Obs: os recursos no ECA têm efeito regressivo, ou seja, o juiz pode se retratar da decisão.
Em regra, tem efeito suspensivo e devolutivo, mas há exceções.
Na adoção internacional, prestar atenção onde é a residência dos adotantes.
CONVENÇÃO SOBRE OS ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO INTERNACIONAL
DE CRIANÇAS, de 1980 (decreto 3413/2000).
O limite etário é de 16 anos. Ela trabalha com a transferência ilícita de uma criança par
outro país seja porque houve violação do rito de guarda ou porque o direito de guarda vinha
sendo exercido e foi rompido.
O objetivo é assegurar o retorno imediato de crianças ilicitamente transferidas para qualquer
estado contratante ou nele retidas indevidamente.
Por óbvio, há direito de defesa.
Quem discute a violação de tratado internacional é o juiz federal (por exemplo, sequestro
internacional). Se o juiz federal disser que não houve descumprimento, passa a ser questão
de guarda, ou seja, juiz estadual.
DEPOIMENTO ESPECIAL (Lei nº 13431/2017)
Resolução nº 20/2005 - Conselho Econômico e Social da ONU(ECOSOC)
Visa evitar a vitimização secundária das vítimas e testemunhas de crime, evitar que a
criança ou adolescente que foi vítima ou testemunha de um crime sofra novo dano.
“Depoimento sem dano” - medida adotada no Rio Grande do Sul. A oitiva é feita com
psicólogos, sem a participação direta do juiz, MP e defensor. Atualmente, é o chamado
depoimento especial.
Informativo nº 556 STJ: o STJ entende que é válida nos crimes sexuais contra criança
e adolecente, a inquirição da vítima na modalidade”DEPOIMENTO SEM DANO”
COMPLETAR.
A ideia é ouvir não apenas a vítima, mas também a testemunha de violência.
A evocação das memórias deve ocorrer de forma espontânea, livre.
Qual a diferença entre escuta especializada e depoimento especial: A escuta especializada
não visa obtenção de prova, sendo feita pelo sistema de garantias. A criança, quando revela
espontaneamente o que ocorreu (às vezes para professora), essa pessoa precisa estar
preparada para colher o máximo de informações e, por conseguinte, encaminhar a criança
para eventual delegacia, hospital, familiares. Visa superar as consequências da violência.
Já no depoimento especial, há cunho probatório.
Entre o direito do adulto e o da criança, prevalece o da criança (prioridade absoluta).
E se a criança não quiser prestar depoimento especial? É um direito dela, ela tem direito ao
silêncio. Porém, tem que ter cuidado se o representante legal não está impedindo
propositalmente.
MARCO LEGAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA (Lei 13257/2016)
Art. 2º. Seis anos, 11 meses e 30 dias ou 72 meses de vida.
Trabalha com a prioridade da prioridade.
Nesse momento há maior neuroplasticidade. Forma a arquitetura cerebral da criança. É o
ápice do desenvolvimento humano. existem momentos da primeira infância que se chamam
janela de oportunidades que, se perdidos, diminui as chances de melhor desenvolvimento
da criança.
Até eventual trauma da criança, em razão da sua neuroplasticidade, será possívelcontornar.
James, fazendo um estudo social, notou que crianças bem desenvolvidas nessa fase, têm
mais chances de se dar bem na vida. A cada dólar investido na primeira infância, há uma
economia de 7 dólares ao Estado (prisão, benefício assistencial, moradia, emprego). O
Estado tem que afastar situações de estresse tóxico (violências físicas/sexuais, catástrofes
e violência institucional - que é tirar a criança da família e botar num local de acolhimento,
gera estresse, porque ali ninguém tem vínculo com ela).
A criança aprende brincando. Por isso que há um cuidador de referência nas instituições de
acolhimento na primeiríssima infância (até 3 anos), para brincar com afeto.
A criança tem o direito de brincar, de ser nutrida. Vai além do viver, do se alimentar.
Formas de reparação:
Capacitação permanente.
Apoio familiar: a família é a primeira rede de socialização do eu.
Intervenção multissetorial e interdisciplinar .
Com essa lei, houve a introdução no CPP da prisão domiciliar para determinadas mães.
Entre o direito de punir essa mãe e o direito da criança de se desenvolver bem, valerá o da
criança.
Só que como fica a mãe menor de idade que comete ato infracional? O ECA não tem as
cautelares diversas da prisão. O CPP serve para mãe maior de idade. Só que ainda assim,
a adolescente também não poderá ser internada, porque ela não pode ter um tratamento
pior do que o do adulto. É proibido o tratamento mais gravoso. Tem que falar da doutrina da
proteção integral, SEMPRE.
Obs: o ideal é falar: adolescente em conflito com a lei, nunca delinquente, extraviado etc.
Como resolver?
- Até delinquir: Diretrizes de RIAD.
É natural que na adolescência haja comportamento imaturo, e com o tempo a pessoa vai
seguindo os padrões ético-comportamentais da sociedade.
- Está sendo processado por um ato infracional: Regras de Beijing.
Trata da administração da justiça infanto-juvenil. Necessidade de ter varas especializadas,
instrumentos processuai
- Foi preso: Regras de Havana.
Dignidade, direito à religião, visita, profissionalização.
É possível a internação de adolescente em decorrência do art. 28 da lei de drogas?
Não se pode aplicar ao adolescente medida socioeducativa privativa de liberdade
(semiliberdade e internação), pois não é previsto para adultos.
Se para o adulto não tem como prender, não tem como fazer isso com o adolescente. Art.
54 c/c art. 35, I, da lei do SINASE.
O que ocorre se uma menina de 14 anos tem conjunção carnal com menino de 13 anos?
Pela doutrina da proteção integral, o fato é típico, ilícito, mas não tem essa reprovabilidade
social, porque é natural que os adolescentes estejam descobrindo a sua sexualidade. Se a
menina engravida, ela precisará de assistência, e não de medida socioeducativa. Logo, não
vai ser aplicado o art. 217-A do CP e Súmula 593 do STJ (por distinguishing). No direito
comparado, muitos ordenamentos utilizam a teoria do romeu e julieta, dizendo ser comum
isso. Porém, aqui no Brasil não tem isso.
Medidas socioeducativas só são aplicadas aos adolescentes. Se fossem duas crianças de
13 anos, em tese há dois atos infracionais, mas não será culpável. Crianças não são
penalizadas com medidas socioeducativas, só sendo possível a aplicação de medidas
protetivas.
E a audiência de custódia?
Não há previsão de audiência de custódia no ordenamento jurídico para infância e
juventude.A audiência de apresentação supriria essa audiência de custódia, já que não se
faz coleta de provas, apenas dados biopsicossociais. Diretrizes de RIAD art. 54, I.
O ECA, no art.88, estabelece política de atendimento integrado, em que o adolescente é
apreendido, com a equipe multissetorial (judiciário, delegacia, MP, DP) lá e já realiza a
audiência de apresentação tudo junto.
Adolescente e adulto são apreendidos juntos praticando ato infracional e crime,
respectivamente.
O adolescente será encaminhado para a delegacia especializada, regras de beijing. Depois
ouvida pela promotoria especializada,regras de beijing. Vara da infância, regras de beijing,
mesmo sendo ato infracional análogo ao crime eleitoral. Já o adulto seguirá outro caminho.
A competência da infância está no art. 5º, XXVIII, da CRFB. Até se for homicídio doloso,
não prevalece o tribunal do júri, mas sim a justiça da infância.
Pode visita íntima?
Para menores, regras de Havana.
Para os maiores de 16 anos: Art. 62 da lei do SINASE
Conselho Tutelar: é órgão autônomo, independente, não contencioso, não jurisdicional,
decide por último nas questões da infância. É um órgão democrático.
Resolução 231 do CONAM.
O Conselho Tutelar pode acolher crianças e adolescentes? Emergencialmente, sim.
Reserva de jurisdição. Ao tirar uma criança da sua família, seja para colocar em
acolhimento ou em família substituta, restringe o direito fundamental dela do art. 227 da CF.
Apenas o poder judiciário pode fazer isso.
O Conselho de Direito, art. 204, é democrático. porém, tem caráter deliberativo e
normativo. Tem por função, além de elaborar normas, programas, projetos. Organizam as
eleições dos conselhos tutelares. CONANDA.
Tem que ler em conjunto:
ECA
Lei Henry do Borel
Decreto 9603/18 ECOSOC
Resolução 299 do CNJ
CASOS CONCRETOS:
01ª QUESTÃO: É possível a aplicação de medida protetiva de acolhimento
institucional pelo Conselho Tutelar? Resposta objetivamente fundamentada.
Art. 93 c/c 101. Emergencialmente, sim. Reserva de jurisdição. Ao tirar uma criança da sua
família, seja para colocar em acolhimento ou em família substituta, restringe o direito
fundamental dela do art. 227 da CF. Apenas o poder judiciário pode fazer isso.
02ª QUESTÃO: Pergunta-se: Conselho Tutelar pode acolher emergencialmente uma
criança/adolescente, conforme prevê o art. 93 da Lei 8.069/90, devendo notificar a
autoridade judiciária em até 24h. Será que ele pode, ao invés de acolher, entregar a
alguém da família extensa?
ECA proíbe que o CT coloque em família substituta. Nada disse sobre a família extensa.
Logo, seria possível sim, desde que comunique ao juízo como medida de acolhimento.
Enunciado 4 do Fórum Nacional de Justiça Protetiva. Isso para Emerj. em tese, para
concursos, não poderia não.
01ª QUESTÃO: Com base no sistema especial de proteção à infância, pensado pelo
legislador constituinte, o Brasil adotou no texto constitucional de 1988 a chamada
doutrina da proteção integral, estatuindo-a em seu art. 227. É possível, com base em
referida doutrina e no princípio da prioridade absoluta, com assento constitucional,
inclusive, declarar a validade de interceptação telefônica obtida sem autorização
judicial em ação de destituição de poder familiar? Justifique sua resposta, explicando
a forma pela qual poderá suposto conflito ser resolvido, dado o quanto previsto no
art. 5º, LVI, da CF. Conceitue também em sua resposta a doutrina da proteção integral
sem repetir o texto legal/constitucional atinente à espécie, trazendo ainda seus
conhecimentos sobre a evolução e/ou antecedentes históricos do instituto no Brasil.
Doutrina da proteção integral, prioridade absoluta.
02ª QUESTÃO: Qual foi a primeira normativa internacional a garantir direitos e uma
proteção especial a crianças e adolescentes?
Declaração de Genebra.
Falar sobre tudo dos tratados.
AULA 3 -
CASOS CONCRETOS:
01ª QUESTÃO: ZÉ ALFREDO e MARIA MARTA foram casados por 15 (quinze) anos e,
da relação conjugal, tiveram um filho chamado JOÃO LUCAS. Após a separação, ZÉ
ALFREDO passou a residir na cidade do Rio de Janeiro, enquanto MARIA MARTA
permaneceu residindo na cidade de São Paulo. Diante disso, MARIA MARTA ajuizou
ação na qual requereu a guarda unilateral do infante, sob o fundamento de que a
distância da residência de ZÉ ALFREDO inviabilizaria a fixação da guarda
compartilhada, uma vez que não seria possível a divisão equânime das
responsabilidades afetas ao menor. Em sua defesa, ZÉ ALFREDO sustentou que a
regra no sistema jurídico brasileiro é a fixação da guarda compartilhada, sendo certo
que o fato de os genitores manterem residências em cidades distintas não impede a
fixação da guarda compartilhada.Além disso, afirmou que a guarda compartilhada
independe do consenso dos genitores. Com base na situação hipotética acima
descrita, decida fundamentadamente a questão, estabelecendo, ainda, a distinção
entre as modalidades de guarda sustentadas pelas partes. Aponte, por fim, o(s)
dispositivo(s) legal(is) aplicável(eis) ao caso em comento.
02ª QUESTÃO: MARIA JOAQUINA, criança de 10 (dez) anos, é filha de HELENA, não
havendo informação acerca do registro do pai da infante. Consta a informação de
que, no período de 01/08/2019 a 25/05/2020, MARIA JOAQUINA permaneceu em
acolhimento institucional em razão da negligência de cuidados por parte de sua
genitora. Em 26/05/2020, MARIA JOAQUINA foi entregue à sua mãe, que se
comprometeu a seguir as orientações do serviço social. Outrossim, HELENA não
seguiu as orientações, tendo a infante sido encontrada sozinha nas ruas do Município
do Rio de Janeiro. Assim, em junho de 2020, MARIA JOAQUINA foi novamente
colocada em acolhimento institucional. Passados 2 (dois) anos, a genitora visitou a
infante tão somente 5 (cinco) vezes e, quando questionada sobre suas ausências,
HELENA afirmou que & ldquo;estava perdida no mundo & rdquo;, vale dizer, fazendo
o uso de entorpecentes. Sendo assim, em 07/07/2022, foi elaborado um Plano de
Atendimento Individual, no qual foi recomendada a suspensão das visitas da
genitora, bem como a colocação de MARIA JOAQUINA em uma família substituta o
mais breve possível. Como fundamento, foi destacado que a genitora não tem
emprego formal e parecia visitar a filha apenas por pressão do órgão da Defensoria
Pública, e não por vontade própria. Além disso, foi destacado que, nas visitas,
HELENA demonstrou desprezo pela filha, com comentários inapropriados e falta de
atenção às atividades da criança. Diante disso, o magistrado da Vara da Infância e
Juventude acolheu o pedido de suspensão das visitas, alinhado com o parecer
elaborado pelo Ministério Público. Logo depois, a equipe técnica informou que,
respeitando a ordem cronológica, foi encontrado um casal no próprio município
habilitado para a adoção. A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro interpôs
agravo de instrumento contra a decisão que determinou o início do processo de
adoção. Para tanto, alegou que a suspensão do direito de visitas da genitora, ora
agravante, era uma forma de dissimular a antecipação dos efeitos da sentença na
ação de destituição do poder familiar, sendo certo que o processo de destituição do
poder familiar ainda está em tramitação. Por essa razão, seria incabível que se
iniciassem as buscas de pretendentes à adoção. Do contrário, estarse-ia violando o
ordenamento jurídico pátrio, o qual exige expressamente a decretação da destituição
do poder familiar para que se possa iniciar o processo de adoção. Com base na
situação hipotética acima descrita, esclareça, fundamentadamente, se o recurso
defensivo deve ser provido.
01ª QUESTÃO: Trata-se de ação de adoção cumulada com pedido de destituição do
poder familiar, por meio da qual pretendem FLORINDA e GIRAFALES a
regulamentação jurídica da situação de fato vivenciada atinente à criança CHAVES, a
qual lhes fora entregue pela própria genitora desde o nascimento, sendo
desconhecido o pai biológico do infante. Na petição inicial, GIRAFALES alega ser
parente do infante por afinidade, pois a genitora da criança é sua sobrinha (filha da
irmã de sua cunhada), sendo certo que esta assina todas as laudas da petição e
concorda com a destituição do seu poder familliar, em caráter irrevogável,
manifestando a renúncia ao seu direito de arrependimento. Narram os autores, ainda,
que a mãe biológica do menor é genitora de outros cinco filhos e dois netos, tendo
apenas 36 anos de idade, e que, em razão de relacionamentos efêmeros acabou por
engravidar e dar à luz a CHAVES, sendo que, desde o princípio, não tinha a intenção
de manter o vínculo maternoafetivo com a criança, oportunidade na qual, tendo
tomado conhecimento do desejo de adoção do casal, envidou esforços para a
concretização da adoção intrafamiliar. A ação foi distribuída ao Juizado da Infância,
Juventude e do Idoso da Comarca de Duque de Caxias - RJ, tendo o Ministério
Público exarado parecer pela extinção do processo sem resolução do mérito, por
considerar existente adoção intuitu personae sem vínculo de parentalidade entre os
adotantes e o adotado. O magistrado proferiu sentença extintiva do feito, sem
resolução do mérito, considerando inexistente eventual parentesco civil ou de
afetividade e suposta burla ao cadastro de adoção. Os autores interpuseram recurso
de apelação, no qual aduziram que o infante restou acolhido em 28/08/2021, e que o
procedimento adotado pelo juízo viola o melhor interesse da criança, notadamente
quando absolutamente viável a adoção intrafamiliar decorrente do inegável vínculo
de parentesco e afinidade dos adotantes para com o menor e sua genitora. Com base
na situação hipotética acima descrita, esclareça se é possível conceder a adoção de
CHAVES a FLORINDA e GIRAFALES. Justifique a resposta com base na legislação
brasileira em vigor e no entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
02ª QUESTÃO: LUMIAR, por ser Defensora Pública estadual, é beneficiária do plano
de saúde administrado pela Camarj - Caixa de Assistência aos Membros da
Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. LUMIAR foi designada judicialmente
como guardiã de seu neto, LUI LORENZO, que conta com 3 (três) meses de vida, dada
a hipossuficiência econômica dos pais da criança. Após a decisão judicial, LUMIAR
tentou inscrever seu neto na condição de beneficiário natural do plano de saúde,
entretanto, o pedido foi negado pela Camarj, que disponibilizou a opção de inscrever
o infante na condição de beneficiário agregado, na qual é necessário o pagamento de
mensalidade pelo beneficiário agregado. Diante da negativa, LUI LORENZO,
devidamente representado por sua guardiã, LUMIAR, ajuizou ação de obrigação de
fazer em face da Caixa de Assistência aos Membros da Defensoria Pública do Estado
do Rio de Janeiro, na qual pretende a sua inclusão como dependente natural do plano
de saúde de titularidade da avó, que detém a sua guarda judicial, isentando-a, assim,
das cobranças advindas da condição de beneficiário agregado. A partir da situação
hipotética acima descrita, esclareça, fundamentadamente, se o pedido formulado por
LUI LORENZO deve ser julgado procedente, indicando, para tanto, o posicionamento
do Superior Tribunal de Justiça acerca da questão.
AULA 4
CASOS CONCRETOS:
01ª QUESTÃO: JONAS MARRA praticou ato infracional análogo ao crime de
estelionato, aos 17 anos de idade, sendo-lhe aplicada a medida de semiliberdade.
Com o advento da maioridade civil e penal do adolescente, o Ministério Público
requereu a extinção da medida. Diante do exposto, responda:
a) O posicionamento do Ministério Público encontra-se em consonância com o
entendimento jurisprudencial?
b) A resposta seria a mesma se a medida imposta fosse a de liberdade assistida?
Respostas devidamente justificada.
02ª QUESTÃO: O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro representou o
adolescente ARI pela suposta prática de ato infracional análogo ao crime do art. 33,
caput, da Lei 11.343/2006. Ao receber a representação, o magistrado determinou a
citação do adolescente para que apresentasse resposta à representação, em 3 (três)
dias, seguindo-se os atos de saneamento, audiência de instrução com apresentação
do adolescente, alegações finais e sentença. Contra essa decisão, o Ministério
Público interpôs recurso de agravo de instrumento, no qual requereu que a audiência
de apresentação e oitiva do adolescente ARI fosse o primeiro ato processual
instrutório, de acordo com o previsto nos arts. 184 e 186 da Lei 8.069/90. A partir da
situação hipotética acima descrita, esclareça, fundamentadamente, se o recurso
ministerial deve ser provido. Aborde, para tanto, a evolução jurisprudencial acerca do
tema em debate, bem como o(s) dispositivo(s) legal(is) aplicável(eis) ao caso.
01ª QUESTÃO: O Ministério Público estadualofereceu representação contra RUDÁ,
adolescente de 14 (catorze) anos de idade, pela suposta prática de ato infracional
análogo ao crime previsto no art. 33 da Lei 11.343/2006. A juíza da Vara da Infância e
da Juventude da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro julgou procedente
a representação ministerial e determinou o cumprimento de medida socioeducativa
de internação pelo adolescente infrator RUDÁ, pelo prazo máximo de 3 (três) anos,
com reavaliação em 6 (seis) meses, nos termos do art. 121, §§ 2º e 3º, da Lei 8.069/90.
No dia 01/02/2023, RUDÁ iniciou o cumprimento da medida socioeducativa imposta. A
equipe multidisciplinar do Centro Socioeducativo, em 10/03/2023, elaborou parecer
favorável ao adolescente, no qual sugeriu a extinção da medida socioeducativa, de
acordo com o plano individual de atendimento, tendo apontado, na ocasião, a boa
capacidade de responsabilização de RUDÁ, que tem concreto planejamento para a
mudança de vida. O membro do parquet manifestou-se no sentido da concordância
da extinção da medida socioeducativa de internação. A magistrada, entretanto,
manteve a internação sob o fundamento de que o período de internação de RUDÁ não
seria suficiente para a compreensão dos atos que cometeu. A defesa de RUDÁ
interpôs recurso contra essa decisão, no qual alegou que a sugestão da extinção da
medida socioeducativa é oriunda da equipe multidisciplinar do centro
socioeducativo, uma vez satisfeitos pelo adolescente os eixos propostos na medida.
Além disso, ressaltou que a decisão da magistrada carece de fundamentação, sendo
ilegal a manutenção da medida socioeducativa de internação. Com base na situação
hipotética acima descrita, esclareça, fundamentadamente, se o recurso defensivo
deve ser provido, abordando, para tanto, o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça.
02ª QUESTÃO: O Ministério Público ofereceu representação pela prática de ato
infracional equiparado ao crime previsto no artigo 157, § 2º, II, do Código Penal em
face de CHAVES, tendo o magistrado julgado procedente a representação e aplicado
medida de internação ao adolescente. Posteriormente, CHAVES, já com 20 (vinte)
anos, passou a responder a processo por crime de roubo triplamente majorado,
praticado quando já atingida a maioridade penal, tendo sido decretada a prisão
preventiva nesse processo. Diante da notícia do envolvimento do jovem adulto em
nova prática delitiva, o juízo de 1º grau determinou a extinção da medida
socioeducativa de internação, já que os esforços da socioeducação não lograriam
êxito na reeducação de CHAVES, não restando presentes os objetivos pedagógicos
da execução da medida socioeducativa. O Ministério Público estadual interpôs
recurso de apelação perante o Tribunal de Justiça, que foi provido para desconstituir
a sentença e determinar o retorno dos autos à origem, estabelecendo a suspensão da
execução da medida de internação enquanto CHAVES estiver preso preventivamente
pela prática do crime. Com base na situação hipotética acima descrita, esclareça,
fundamentadamente, se o tribunal de origem decidiu corretamente, apontando, ainda,
o(s) dispositivo(s) legal(is) aplicável(eis) ao caso em comento.
AULA 5
CASOS CONCRETOS:
01ª QUESTÃO:
a) O que se entende por justiça restaurativa, quais são as suas características e qual
a base legal para a sua aplicação?
b) Quem é o público-alvo e quais os critérios de atendimento na justiça restaurativa
do núcleo de justiça juvenil?
c) Qual a metodologia aplicada?
02ª QUESTÃO: ANA CLARA, criança de 10 anos, diariamente passava por
constrangimentos perpetrados por seus colegas de escola pelo fato de possuir
massa corporal acima do peso apresentado pelas demais crianças de sua faixa etária.
Ofendida por ser chamada de "gorda" e excluída dos círculos de amizade por
considerarem que não tinha condições físicas de participar das brincadeiras, a
criança passou a apresentar transtornos de comportamento, fato que ocasionou,
inclusive, seu afastamento temporário das atividades escolares. Tal situação
atualmente é denominada bullying.
No caso especifico, é possível a aplicação do programa de Justiça Restaurativa para
crianças? Sendo positivo, como se daria essa aplicação, o atendimento e os agentes
envolvidos? Em caso ser apurado ato infracional, é possível o adolescente ser
inserido no programa?
01ª QUESTÃO: CIRILO, adolescente, devidamente representado por seu pai, propôs
ação em que pretendeu a obtenção de uma autorização para atuar como DJ, até que
atinja a maioridade civil. O juízo do Juizado da Infância e Juventude julgou
improcedente o pedido, uma vez que o Estatuto da Criança e do Adolescente veda a
concessão de autorizações em sentido amplo, geral e irrestrito, exigindose o exame
casuístico e fundamentado de cada evento em que CIRILO porventura pretender
realizar apresentações, de modo que a autorização deverá ser sempre requerida
perante a Vara da Infância e da Juventude do local de cada evento. A defesa de
CIRILO interpôs recurso de apelação na qual insistiu na tese de que seria admissível
a autorização ampla, na medida em que as circunstâncias específicas de cada evento
seriam sempre examinadas previamente, por ocasião da concessão do alvará de
funcionamento do próprio evento. Além disso, a defesa sustentou a possibilidade de
a autorização concedida pelo juízo da comarca do domicílio do adolescente
disciplinar a participação, sem que haja a necessidade de requerimento individual em
cada comarca da apresentação. A partir da situação hipotética acima descrita,
analise, fundamentadamente, se os argumentos defensivos merecem acolhimento.
02ª QUESTÃO: O Ministério Público ofereceu representação contra TERTULINHO,
adolescente, pela suposta prática de ato infracional equiparado ao delito previsto no
art. 33 da Lei 11.343/2006. O magistrado da Vara da Infância e da Juventude rejeitou a
representação, por ausência de justa causa, uma vez que se trata de delito
impossível, pela existência de flagrante preparado pela autoridade policial, assim
como pela falta de materialidade, já que não houve a apreensão de entorpecente
algum. O parquet interpôs recurso de apelação, entretanto, o Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro não conheceu do recurso, por ser intempestivo,
sobrevindo, assim, o trânsito em julgado da decisão. Em seguida, o Ministério
Público ajuizou ação rescisória contra a decisão absolutória, sob o fundamento de
que a contagem do prazo teria sido equivocada, sendo tempestivo o apelo acusatório.
Como base na situação hipotética acima descrita, esclareça, fundamentadamente, se
é cabível o ajuizamento de ação rescisória para desconstituir coisa julgada
absolutória no procedimento de apuração de ato infracional.
AULA 6 -
CASOS CONCRETOS:
01ª QUESTÃO: MORETTI foi denunciado pela suposta prática do crime previsto no
art. 217-A do Código Penal contra a sua filha CHIARA, de 4 (quatro) anos, sendo a
ação penal distribuída para a 1ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias/RJ. O
Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias suscitou conflito
negativo de competência, sob o fundamento de que o fato decorre de gênero, o que
justificaria o afastamento da sua competência. Em contrapartida, o Juízo do Juizado
da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Duque de Caxias,
ora suscitado, entendeu que no caso vertente não se observa a violência de gênero,
pois, para sua caracterização, esta deve vir carregada de sentimento de superioridade
por parte do agressor, em razão da condição feminina. Sendo assim, os crimes
praticados contra crianças e adolescentes são da competência da Vara Criminal
comum. A partir da situação hipotética acima descrita, esclareça qual é o órgão
competente para apreciação do crime praticado contra a infante, apontando, ainda,
o(s) dispositivo(s) infraconstitucional(is) aplicável(eis) ao caso.
02ª QUESTÃO: FERNANDO, residente em Petrópolis, envia por Whatsapp uma
fotografia de uma criança nua, em pose sensual, para seu amigo CARLOS, residente
na mesma cidade. CARLOS, por sua vez,imediatamente se comunica, também pelo
Whatsapp, com ANDREA, sua sobrinha, que tem 10 (dez) anos de idade, pedindo que
ela encene a mesma pose sensual para sua contemplação, sem o conhecimento de
FERNANDO. ANDREA, porém, recusa-se a partir da encenação. Dados esses fatos,
pergunta-se:
a) quais crimes foram praticados por FERNANDO e CARLOS?
b) qual juízo (federal ou estadual) é competente para o julgamento de cada crime?
c) o fato de FERNANDO ter enviado uma única fotografia a CARLOS enseja o
reconhecimento de uma causa de diminuição da pena?
d) se ANDREA concordasse, além da encenação inicialmente pedida por CARLOS, em
também ser fotografada nua, em pose sensual, e CARLOS efetivamente a
fotografasse, haveria alteração no quadro jurídico?
01ª QUESTÃO: BRIAN BENSON propõe ao adolescente JONAS MARRA participar de
roubo a uma residência, sendo certo que o produto do crime seria dividido entre eles.
No dia da ação, BRIAN BENSON e JONAS MARRA foram interceptados pela Polícia e
conduzidos à delegacia. Após a investigação, o Ministério Público denunciou BRIAN
BENSON, entre outros crimes, pela prática de corrupção de menores prevista no
artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, mesmo sabendo que o
adolescente já havia participado de outras situações delituosas, possuindo, inclusive,
antecedentes infracionais. Com base na situação hipotética acima descrita, esclareça
se foi correta a decisão do Ministério Público. Responda, fundamentadamente, a
questão.
02ª QUESTÃO: RUBINHO interpôs recurso ordinário constitucional contra a decisão
proferida pela Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, que denegou a ordem em habeas corpus impetrado com o objetivo de
trancar a ação penal. Esclareceu o recorrente que fora denunciado por suposta
infração ao art. 243 da Lei 8.069/90, apesar de não ter vendido ou oferecido bebida
alcoólica ao adolescente SAMUCA. Salientou, ainda, que a circunstância de estar ele
no interior do estabelecimento comercial não significa que tivesse autorizado a
entrada do adolescente. Além disso, ressaltou que não pode ser responsabilizado
objetivamente pelo simples fato de ser proprietário de um bar, tendo em vista que, no
Direito Penal, a responsabilidade é pessoal. Dessa forma, requereu a concessão do
habeas corpus e o consequente trancamento da ação penal. O Ministério Público
Federal opinou pelo desprovimento do recurso. Com base na situação hipotética
acima descrita, esclareça, fundamentadamente:
a) Se o recurso deve ser provido.
b) Se RUBINHO responde por mais alguma infração.

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