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Equipe MeuBizu – Aula 02 – Poder Constituinte 
 
“Aprenda e aprenda rápido” 
Tópicos dessa aula: 
Poder Constituinte 
Origem 
A teoria do poder constituinte foi introduzida por Emmanuel Sieyès no século XVIII em sua obra 
"O que é o Terceiro Estado?". Esta teoria desafiou a ideia tradicional de que o poder tinha uma 
origem divina, preparando o terreno para a Revolução Francesa. 
Definição 
O poder constituinte, aplicável apenas a estados com Constituições escritas e rígidas, difere dos 
poderes constituídos. O poder constituinte é responsável por criar ou atualizar a Constituição, 
enquanto os poderes constituídos derivam da Constituição. 
Paulo Bonavides argumenta que o poder constituinte, considerado formalmente como um 
instrumento para estabelecer a Constituição e a estrutura política de um Estado, sempre existiu 
e sempre existirá. No entanto, do ponto de vista material, ele representa uma ideologia 
específica sobre o poder, sendo um conceito novo e incompreensível sem seu contexto 
ideológico. 
Titularidade 
A titularidade do Poder Constituinte é do povo. 
Formas de exercício 
O poder constituinte pode ser exercido de duas maneiras: de forma democrática, quando é 
exercido pelo povo, ou de forma autocrática, quando é imposto por usurpadores do poder. Em 
ambas as formas, o poder pertence ao povo; a diferença está na maneira como é exercido. 
O poder constituinte democrático ocorre de duas formas simples: diretamente, com o povo 
votando em plebiscitos, referendos ou propostas, ou indiretamente, por meio de uma 
assembleia constituinte com representantes eleitos. 
Assembleia Constituinte 
Uma Assembleia Constituinte é soberana quando pode criar uma Constituição sem necessitar 
de consulta ou ratificação popular, pois já representa a vontade do povo. Pode ser chamada de 
exclusiva quando seus membros não têm afiliações partidárias. A Assembleia Constituinte de 
1988 foi soberana, mas não exclusiva. 
Tipos de Poder Constituinte 
Pode ser originário, derivado, difuso e supranacional. 
Poder Constituinte Originário 
O poder constituinte originário (instituinte ou de primeiro grau) é aquele que cria uma 
Constituição e possui seis características distintivas: político, inicial, incondicionado, 
permanente, ilimitado juridicamente e autônomo. 
 
1. Político: O poder constituinte originário é um poder de fato (não é um poder de direito). É 
extrajurídico, não se sujeita ao Direito existente, sendo responsável por criar a estrutura jurídica 
de um Estado. 
2. Inicial: Ele dá início a uma nova ordem jurídica, substituindo a anterior e criando um novo 
Estado. 
3. Incondicionado: Sua manifestação não segue forma ou procedimentos pré-determinados. 
Comumente exercido por meio de uma revolução (grupo de pessoas assume o poder, destituir 
os atuais ocupantes e impõe uma nova constituição) ou por meio de uma assembleia 
constituinte. 
4. Permanente/Latente: O poder constituinte originário pode ser exercido a qualquer momento, 
não se esgotando após a elaboração de uma nova Constituição. 
5. Ilimitado juridicamente: Não está sujeito a restrições do Direito anterior, podendo alterar 
profundamente a estrutura do Estado e os direitos dos cidadãos sem contestações baseadas no 
ordenamento jurídico anterior. 
6. Autônomo: Possui a liberdade para determinar o conteúdo da nova Constituição, sendo 
frequentemente considerado sinônimo de ilimitado. 
O Poder Constituinte Originário, quanto ao momento de sua manifestação, pode ser: 
histórico/fundacional (cria a 1ª Constituição) e pós-fundacional/revolucionário (substitui a 
anterior). Ele também é dividido em dimensões: material (determina os valores) e formal 
(recebe a validade jurídica). O momento material precede o formal e envolve a determinação 
dos valores a serem protegidos pela Constituição, incluindo a decisão de estabelecer um novo 
Estado. O momento formal ocorre posteriormente, quando o texto constitucional recebe 
validade jurídica. 
Poder Constituinte Derivado 
A Constituição brasileira confere ao Congresso Nacional o poder de emendar a Constituição, 
chamado de poder constituinte derivado/de segundo grau/instituído/constituído. Isso é 
necessário para evitar convocar o poder constituinte originário sempre que emendas 
constitucionais forem necessárias. O poder de emenda é concedido pelo poder constituinte 
originário e é usado para fazer modificações na Constituição, sendo jurídico, derivado, 
limitado/subordinado e condicionado. 
O Poder Constituinte Derivado é: 
a) Jurídico: Regulado pela Constituição atual. 
b) Derivado: Originado do poder constituinte originário. 
c) Limitado ou subordinado: Sujeito às regras da Constituição, não pode violá-la. 
d) Condicionado: Seu exercício segue procedimentos definidos na Constituição, como o artigo 
60 da Constituição Federal (CF/88) para emendas constitucionais. 
O Poder Constituinte Derivado se divide em três categorias: 
a) Poder Constituinte Reformador: Responsável por fazer emendas na Constituição Federal. 
Poder de alterar a constituição existente. 
b) Poder Constituinte Decorrente: Poder que cada Estado-Membro possui para elaboração da 
sua Constituição Estadual. O DF é possuidor desse poder, pois a sua Lei Orgânica tem status de 
Constituição Estadual, quando trata de matérias de competência estadual. Alguns autores 
 
dividem em poder constituinte decorrente inicial (estabelece uma Constituição Estadual) e poder 
constituinte decorrente de revisão estadual (poder de rever e modificar a Constituição Estadual). 
c) Poder Constituinte Revisor: Encarregado de revisar a Constituição, se necessário. Na nossa 
constituição, o Poder Constituinte Revisor é estabelecido pelo artigo 3º do ADCT e permite 
alterações mais simplificadas na Constituição, exigindo maioria absoluta no Congresso Nacional 
em uma sessão unicameral. No entanto, sua aplicabilidade já se esgotou, pois passaram 5 anos 
desde a promulgação da Constituição de 1988. Prevalece o entendimento que não é possível 
uma nova Revisão Constitucional. 
Observação: Alguns autores entendem que a revisão e a emenda são modalidades do poder 
reformador. Assim, o poder derivado seria apenas o decorrente e o reformador. 
Emenda a Constituição 
A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
a) de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
b) do Presidente da República; 
c) de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de 
defesa ou de estado de sítio. 
A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos 
membros. 
A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, com o respectivo número de ordem. 
Cláusulas Pétreas 
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
a) a forma federativa de Estado; 
b) o voto direto, secreto, universal e periódico; 
c) a separação dos Poderes; 
e) os direitos e garantias individuais. 
Esses são limitações materiais ao poder constituinte reformador. 
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser 
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
Limitações ao poder constituinte reformador 
a) Materiais: matérias que não podem ser suprimidas (cláusulas pétreas). 
b) Formais ou procedimentais: procedimento mais rigoroso de aprovação (quórum de 3/5 para 
emenda constitucional) 
c) Circunstanciais: circunstâncias que não se de alterar a Constituição (intervenção federal, de 
estado de defesa ou de estado de sítio) 
d) Temporais: período que não se pode alterar. Essa limitação foi inserida na Constituição de 
1824. Não há previsão na CF/88. Mesmo considerando o caso da Revisão só poder ser feitaapós 
5 anos da promulgação da CF/88. 
 
e) Implícitos: não podem ser alteradas a regras de modificação da Constituição (ex: não pode 
ser alterado o quórum de 3/5 para aprovação de emenda). Segundo, Souza Sampaio, são 04 
limites implícitos: 
• Manutenção dos direitos fundamentais 
• Inalterabilidade do titular do Poder Constituinte Originário 
• Inalterabilidade do titular do Poder Constituinte Derivado 
• Proibição de alteração do processo de alteração constitucional 
Poder Constituinte Difuso (ou Mutação Constitucional) 
Trata-se de poder de fato (não de direito). Permite alterar o sentido da constituição, sem 
alteração do seu texto. A mutação constituição pode ocorrer de três maneiras: mudança da 
intepretação da constituição, praxe constitucional (reiterados atos políticos que alteram o 
sentido da constituição) e construção constitucional (criação doutrinária ou jurisprudencial que 
altera, de forma inovadora, o significado da constituição). 
Segundo Vargas, as limitações à mutação constitucional estão nas seguintes ideias: 
• Deve permanecer entre os sentidos possíveis do texto 
• Deve decorrer de genuína mudança na sociedade 
• Não deve avançar no campo da reforma constitucional 
Poder Constituinte Supranacional/Transnacional 
Trata-se da possibilidade de uma só constituição para vários países. O conceito de um poder 
constituinte supranacional existe na União Europeia, onde vários Estados cedem parte de sua 
soberania em favor de um poder central, conhecido como direito comunitário. Isso é 
hierarquicamente superior aos direitos internos de cada Estado. 
Até a próxima!

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