Prévia do material em texto
Competência Conceito de Competência • Jurisdição e Competência: Competência é a limitação legal imposta ao exercício válido e regular do poder jurisdicional (limite à jurisdição); • Crítica ao Conceito Tradicional: “Competência é a medida da jurisdição”; No entanto, a competência não quantifica a jurisdição, apenas traça limites. Art. 42/CPC: As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. Fontes Art. 44/CPC: Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal , a competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados. A competência é prevista na Constituição, no CPC, em leis especiais e em normas de organização judiciária; Além disso, também é fonte de competência os regimentos internos dos tribunais e os negócios jurídicos processuais. Normas que regem a Competência • Princípio do Juiz Natural: Dimensão formal/objetiva; É a atribuição prévia do juiz competente pela lei, sendo vedados os tribunais de exceção ou ad/hoc (temporário, excepcional, parcial). • Regra da Kompetenz-Kompetenz: Todo juiz tem, mesmo que seja absolutamente incompetente, tem uma competência mínima de se dizer incompetente; • Regra da Perpetuação da Competência: Depois do registro e/ou distribuição da petição inicial, firma-se e perpetua-se a competência, sendo irrelevantes alterações no estado de fato ou de direito, para evitar que o processo seja itinerante. Art. 43/CPC: Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. → Exceções à Regra da Perpetuação: ❶ Supressão do Órgão (exceção legal); ❷ Alteração da Competência Absoluta (exceção legal); ❸ Alteração da Competência Relativa por mudança de domicílio do responsável pelo menor (exceção do STJ). OBSERVAÇÃO: STJ / Polêmica do desmembramento de uma comarca em razão da qual se registrou o processo – NÃO É EXCEÇÃO à perpetuação de competência por si só, salvo se houver alteração da competência absoluta. Ex.: Competência em razão do local do imóvel. Metodologia para Fixação da Competência ❶ Verificação da competência da Justiça Brasileira: Verificar se é competência, exclusiva ou concorrente, da Justiça Brasileira. ❷ Análise da competência dos tribunais de superposição ou de órgão jurisdicional atípico: Verificar se a causa é de competência do STJ ou STF (órgãos de superposição) segundo a definição dos arts. 102 e 105 da CF/88, se sim, pode-se finalizar o processo. → Órgão Jurisdicional Atípico: Quem exerce atividade jurisdicional mormente são os órgãos do judiciário, mas é possível o seu exercício pela jurisdição extraordinária (Senado - art. 52, CF/88); arbitragem) ❸ Aferição se é caso de competência da justiça especial ou comum Caso a causa não seja de órgão jurisdicional de superposição ou atípico; Verificar se a causa é de questão eleitoral, trabalhista ou militar (jurisdição especializada). ❹ Sendo comum, definir se a competência é da Justiça Federal Analisando os arts. 108 e 109 da CF/88, é possível ver se a causa compete a justiça federal ou estadual (residual), ambos da justiça comum; Passa-se ao passo abaixo, qualquer uma das duas. ❺ Verificar se a competência é originária do tribunal respectivo (TRF ou TJ) ou de órgão de primeira instância Se a competência for originária dos tribunais, dependerá das hipóteses da constituição (TRF) ou regimento interno dos tribunais (TJ); Se a competência for de primeira instância, passa-se ao passo abaixo. ❻ Sendo de primeira instância, determinar a competência de foro Foro é a unidade territorial onde o processo deve tramitar; No caso da justiça estadual, denomina-se comarca; No caso da justiça federal, denomina-se seção judiciária. ❼ Definir a competência de juízo: É definir qual vara, cartório e unidade administrativa que irá julgar a causa. Competência Internacional O legislador busca limitar o exercício da jurisdição nacional, que só poderá ocorrer em causas relevantes para o Brasil, efetíveis e exequíveis, a partir de hipóteses. • Competência Internacional Concorrente: Art. 21/CPC: Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 22/CPC: Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Na hipótese da competência concorrente, tanto a jurisdição brasileira quanto estrangeira poderão ser exercidas, daí decorrendo certas consequências. → Competência Concorrente: Réu domiciliado no Brasil (pessoa física ou jurídica); cumprimento da obrigação no Brasil; fato ocorrido ou ato praticado no Brasil; alimentos (credor domicílio/residência no Brasil/ réu com vínculos patrimoniais no Brasil); relações de consumo (consumidor domicílio/residência Brasil), cláusula de eleição de foro internacional. • Competência Internacional Exclusiva: Art. 23/CPC: Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Nos casos de competência exclusiva, os processos precisam tramitar necessariamente no Brasil. → Competência Exclusiva: Imóveis no Brasil: conhecer; confirmar testamento, inventário e partilha de sucessão hereditária; proceder a partilha de bens em divórcio/separação/dissolução de união estável. • Litispendência e Coisa Julgada: Art. 24/CPC: A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. A decisão proferida no estrangeiro poderá produzir efeitos no Brasil depois de homologada pelo STJ, salvo caso de divórcio consensual puro ou simples (onde não se discute guarda, alimentos e partilha de bens; → Caso a ação seja ingressada no estrangeiro, se poderá ingressar com a mesma ação novamente no Brasil, e vice-versa? A resposta mais imediata é sim. É possível ingressar com a ação e haver ineficácia da litispendência, desde que não exista coisa julgada estrangeira eficaz no Brasil/ ou a sentença não tenha sido homologada ainda; A sentença primeiro homologada prevalecerá, extinguindo sem resolução de mérito os processos pendentes; Se, enquanto pendente o pedido de homologação, a decisão brasileira transita em julgado, o processode homologação será extinto sem resolução de mérito. • Cláusula de Eleição de Foro em Contrato Internacional (Transnacional): Art. 25/CPC: Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. § 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º. As partes podem, no exercício da autonomia privada, eleger o foro de tramitação do processo; É possível que as partes excluam a jurisdição de um país, como o Brasil, no caso de competência concorrente; Se a ação é ingressada no Brasil, contrariando o contrato, será preciso que a cláusula de eleição de fora seja arguida em contestação (sob pena de preclusão); O silêncio da parte torna ineficaz a cláusula fazendo ser competente a jurisdição nacional. → Cláusula de Eleição de Foro Abusiva: O magistrado pode conhecer ex officio a cláusula de eleição de foro abusiva e extinguir o processo; O autor pode invocar a abusividade em sede de réplica (pena de preclusão); O réu, a parte contrária, ao ser vítima da cláusula abusiva, pode alegar na contestação; O réu poderá entrar com uma ação no Brasil pedindo declaração de invalidade da cláusula abusiva ou inexistência da relação contratual; Caso tal ação proceda e transite em julgado, poderá impedir a homologação; Se o réu nada fizer (ficar inerte), é possível ainda que o STJ reconheça a incompetência/invalidade e não homologue a sentença. Cooperação Internacional Em razão da intensificação das relações internacionais, é possível que os Estados Soberanos cooperem entre si para realização de determinados atos processuais; A cooperação ocorre através de tratados internacionais de que o Brasil faça parte, e em sua ausência, com base em reciprocidade diplomática; A autoridade central é o órgão que recepciona e transmite os pedidos de cooperação (Ministério da Justiça, em regra; Ministério Público Federal e a Advocacia Geral da União). • Objeto: Rol exemplificativo e não taxativo. Art. 27/CPC: A cooperação jurídica internacional terá por objeto: I - Citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; II - Colheita de provas e obtenção de informações; III - homologação e cumprimento de decisão; IV - Concessão de medida judicial de urgência; V - Assistência jurídica internacional; VI - Qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. • Formas/Técnicas: → Auxílio Direto: É uma técnica de cooperação mais simples e informal, que dispensa homologação do STJ, são feitos perante a autoridade central, ou seja, não há sentença ou decisão estrangeira que precise passar por juízo de delibação para ser cumprida e produzir efeitos no Brasil. → Carga Rogatória: É uma ferramenta de comunicação internacional necessária para a prática de atos contidos no Art. 27 quando se exigir juízo de deliberação, como decisões e sentenças; Implica a criação de procedimento contencioso específico (exequatur) para análise do cumprimento dos requisitos formais pelo STJ; Veda-se a análise do mérito da decisão. Critérios para Determinação da Competência • Critério Objetivo: Levam-se em conta os elementos da ação/demanda. → Objetivo em Razão da Matéria: Analisa-se a natureza da relação sendo discutida (afere-se pela análise da causa de pedir); Ex.: Se a demanda é de uma relação trabalhista, cível, criminal, de família etc. → Objetivo em Razão da Pessoa: Levam-se em conta as partes da causa; Ex.: Se uma das partes é a fazenda pública, a competência é de vara da fazenda pública; Ex.: Se o processado é o Presidente da República, a competência é do STF. → Objetivo em Razão do Valor da Causa: Aqui a fixação ocorre no valor do pedido; Tal definição levava ao procedimento sumário ou comum; Não existe mais esse critério no CPC para delimitação de competência, mas é possível que normas judiciárias criem foros especializados baseados no valor da causa; A subsistência dessa matéria continua no Sistema Processual para identificar matérias do Juizado Especial Estadual (até 20 salários mínimos), Juizado Especial Federal e de Fazenda Pública (até 60 salários mínimos); O critério para o Juizado Especial Federal define competência absoluta; Ex.: Escolha dos foros centrais ou regionais. • Critério Funcional: Levam-se em conta as funções dos órgãos e servidores que são exercidas no processo. → Visualizado em Perspectiva Horizontal: Levam-se em conta a mesma instância, mas havendo funções distintas/órgãos distintos (ex.: ao se reportar a inconstitucionalidade/constitucionalidade de lei, será remetido o processo ao tribunal pleno para decidir). → Visualizado em Perspectiva Vertical: Levam-se em conta instâncias diversas, por hierarquia ou graus (ex.: recurso). A competência funcional é absoluta, exceto nos casos de competência para cumprimento da sentença condenatória. • Critério Territorial: Define onde em que território/comarca a causa deve ser julgada; Em regra, a competência territorial é relativa, e permite a disposição pelas partes; A competência territorial não pode ser conhecida de ofício pelo Juiz (Súmula n° 33/STJ). → Foro Geral (Domicílio do Réu): Art. 46/CPC: A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. § 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. RESUMO: Domicílio do réu; qualquer dos domicílios do réu; onde o réu for encontrado; no domicílio do autor; em qualquer foro; no foro de domicílio de qualquer dos réus. → Foros Especiais: ◦ Situação da Coisa: Define como foro o local onde se acha a coisa, ou seja, onde ela está; Em regra a competência territorial é relativa, podendo os autores dela dispor ou convencionar, exceto nas hipóteses do §1°, em que a competência é absoluta. Art. 47/CPC: Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. RESUMO DE FORO ESPECIAL (SITUAÇÃO DA COISA): Ações de direito real sobre imóveis; competência do foro de situação da coisa; cabe eleger o domicílio do réu ou foro de eleição. Se o litígio recai sobre propriedade, vizinhança, servidão, divisão, demarcação e terras, nunciação de obra nova; ação possessória imobiliária: o foro de situação da coisa tem competência absoluta. ◦ Domicílio do Autor da Herança: Art. 48/CPC: O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. RESUMO DE FORO ESPECIAL (DOMICÍLIO DO AUTOR DA HERANÇA): Domicílio do autor da herança– Ações de inventário, partilha, testamento, e ações em que o espólio for réu (independe do local do óbito). Autor sem domicílio certo – Foro de situação dos bens imóveis, qualquer dos foros em que haja imóveis ou bens do espólio se inexistirem imóveis. ◦ Último Domicílio do Ausente: Art. 49/CPC: A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. ◦ Domicílio do Representante/Assistente: Art. 50/CPC: A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. ◦ Fazenda Pública: Art. 51/CPC: É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. Art. 52/CPC: É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. ◦ Domicílio de quem detém a guarda de incapaz: Art. 53/CPC: É competente o foro: I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (lei Maria da Penha); ◦ Domicílio ou residência do alimentando: Art. 53/CPC: É competente o foro: II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; ◦ Pessoa Jurídica ou ente despersonalizado: Art. 53/CPC: É competente o foro: III - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; ◦ Local onde a obrigação deve ser satisfeita: Art. 53/CPC: É competente o foro: III - do lugar: d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento ◦ Residência do Idoso: Art. 53/CPC: É competente o foro: III - do lugar: e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; ◦ Sede da serventia notarial ou registral: Art. 53/CPC: É competente o foro: III - do lugar: f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício; ◦ Lugar do ato/fato: Art. 53/CPC: É competente o foro: IV - do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; ◦ Domicílio do autor ou do local do fato: Art. 53/CPC: É competente o foro: V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. Classificação da Competência • Competência de Foro x Competência de Juízo: → Competência de Foro: A competência de foro é responsável por definir em qual unidade territorial ocorrerá a tramitação do processo (comarca/seção judiciária); → Competência de Juízo: Uma vez definido o foro, a competência de juízo é a análise da vara/cartório no qual o processo irá tramitar. • Competência Originária x Competência Derivada: → Competência Originária: É aquele atribuída para conhecer da causa originariamente, ou seja, pela primeira vez; → Competência Derivada: É a competência para conhecer da causa em grau de recurso. • Competência Absoluta x Competência Relativa: → Competência Absoluta: É aquela firmada para atender interesses públicos e, consequentemente, as partes não podem deliberar sobre elas, tampouco modifica-las; Em caso de violação das regras de competência absoluta, haverá uma incompetência absoluta; A incompetência absoluta é vício insanável (não há possibilidade de convalidação), que pode ser conhecido ex officio (independe de provocação); Não ocorre preclusão (perda de poder processual), poderá ser alegada a qualquer tempo; A incompetência absoluta pode ser objeto de ação rescisória contra sentença proferida por juízo absolutamente incompetente, mesmo que exista decisão com trânsito em julgado; São casos de competência absoluta: competência em razão da pessoa, da matéria e da função. → Competência Relativa: É aquela firmada para atender a interesses privados; Sua violação gera vício sanável; Deve ser alegada pela parte em sede de contestação ou pelo Ministério Público no momento oportuno (exceto em caso de cláusula de eleição de foro abusiva, que pode ser alegada de ofício antes da citação do réu); Art. 63, § 3º/CPC: Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. Submete-se a preclusão (perda de poder processual) e pode ser modificada por vontade das partes, ou seja, o juízo inicialmente incompetente torna-se competente; São casos de competência relativa: competência em razão do valor da causa (salvo quando superior ao teto de salários mínimos dos juizados especiais) e territorial (exceto nos casos do Art. 47, §§1° e 2° do Código de Processo Civil; Art. 80 do Estatuto do Idoso; Lei de Ação Civil Pública → a competência é absoluta nesses casos); Não pode ser objeto de ação rescisória (se as partes não alegam ocorre a preclusão). Art. 47, §§ 1º e 2º/CPC: 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. → Modo de Alegação da Incompetência: A incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, inclusive de ofício; A incompetência relativa deve ser alegada pela parte em sede preliminar de contestação; Se não há alegação, o juízo inicialmente incompetente torna-se competente para julgar a causa; Em regra, reconhecida a incompetência do Juízo, os autos serão remetidos ao juízo competente. Art. 340/CPC: Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. → Atos Decisórios de Juízo Incompetente: Os atos do juízo incompetente, inclusive os decisórios (incompetência absoluta ou relativa) mantém sua validade, produzindo efeitos, e vão depender da ratificação (ou não) do juízo competente, para serem considerados válidos ou inválidos; Nesse aspecto ocorre a aplicação da teoria das invalidades processuais. Art. 64, § 4º/CPC: Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. Modificação ou Prorrogação de Competência Ocorre quando se modifica a competência de um órgão para julgar uma causa que não seria, a princípio, de sua competência; Logo, um órgão inicialmente incompetente torna-se incompetente; A modificação de competência só é possível nos casos de competência relativa. • Legal: → Conexão e Continência: É uma relação de identidade entre as demandas; Levando em conta a semelhança das ações, um dos efeitos possíveis é a reunião delas para evitar decisões conflitantes, modificando a competência. → Ausência de Alegação de Incompetência Relativa: Art. 65/CPC: Prorrogar-se-á a competência relativa seo réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. Deve ser a incompetência relativa ser alegada pelas partes, pois não é determinada ex officio; Caso não seja contestada, o órgão originalmente incompetente torna-se competente para julgar a causa. • Voluntária ou Convencional: Modificação de competência pela vontade das partes. → Eleição de Foro: Trata-se de uma disposição negocial em que as partes modificam a competência relativa (territorial e em razão do valor), elegendo um foro para propositura da ação, através de um instrumento escrito; O juiz poderá reconhecer ex officio, antes da citação, a abusividade da cláusula de eleição de foro. → Vontade Unilateral do Autor: O autor pode renunciar ao foro especial benéfico, a fim de litigar no foro geral (domicílio do réu). Conexão e Continência Art. 55/CPC: Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. • Conexão: Existe quando há identidade de pedido ou da causa de pedir entre duas ou mais ações, podendo ser reconhecida ex officio pelo juiz; Art. 56/CPC: Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. • Continência: Quando há identidade entre as partes e a causa de pedir, contudo, um dos pedidos (continente) é mais amplo que o outro (contido); Se há continência, necessariamente houve conexão. • Consequências: A conexão e a continência podem levar a reunião dos processos em uma só comarca para possibilitar uma decisão conjunta e evitar decisões conflitantes, em face disso ocorre a modificação da competência relativa; É possível que não haja a reunião de processos: ausência de competência material para julgamento das duas causas; processo já sentenciado; etc.; Reconhecida a competência e não havendo reunião de processos, a ação de um destes poderá ser suspensa, para priorizar o julgamento da ação que influenciará o processo suspenso; Súmula n° 235/STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. Na hipótese de uma ação com pedido menor ser ajuizada posteriormente ao processo com pedido maior (continente), deverá a ação menor (contida) ser extinta sem resolução de mérito. → Hipótese de Reunião sem Conexão ou Conexão Atípica: Art. 55, § 3º/CPC: Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Critério de Prevenção Art. 59/CPC: O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. É um critério de exclusão de competência, o qual determina que, no caso de conexão (conexão e continência), os processos serão reunidos no juízo prevento; Juízo em que primeiro houve o registro ou a distribuição da petição inicial. Conflito de Competência Art. 66/CPC: Há conflito de competência quando: I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência; III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. • Positivo x Negativo: → Conflito de Competência Positivo: É positivo quando mais de um juízo se declara competente para julgar a causa; → Conflito de Competência Negativo: Conflito mais comum, em que dois ou mais juízos se declaram incompetentes para julgar a causa. • Legitimidade: Legitimidade é saber quem pode suscitar o conflito de competência; O conflito de competência entre juízos vinculados ao mesmo tribunal é julgado por um tribunal pleno; Se o conflito se dá em tribunais diferentes (federal ou comum), o conflito é julgado pelo STJ; Se o conflito se dá entre tribunais superiores, o conflito é julgado pelo STF; Qualquer das partes, o Ministério Público ou o Juiz tem legitimidade para suscitar o conflito de competência. Súmula n° 59/STJ: Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos juízos conflitantes. Competência da Justiça Federal • Características: Taxatividade e Possibilidade de Delegação → Taxatividade: A competência da Justiça Federal é absoluta e está elencada numerous claus; → Delegação: Pode investir em juiz estadual para função federal por ausência de vara de justiça federal em uma determinada comarca (juiz estadual investido de função federal). • Competência da Justiça Federal em 1ª Instância: → Em Razão da Pessoa: União, entidades autárquicas, empresas públicas federais, fundações e conselhos de fiscalização de atividade profissional, Estado estrangeiro, organismo internacional, município, pessoa domiciliada ou residente no país, autoridade federal. (Art. 109/CF + Art. 45/CPC) Se essas partes ingressaram no processo após o início de sua tramitação, o processo que tramitava na justiça estadual é remetido para a justiça federal; Art. 109: Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; → Em Razão da Matéria: Art. 109: Aos juízes federais compete processar e julgar: III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional. V-A as causas relativas a direitos humanos XI - a disputa sobre direitos indígenas. X - Causas referentes à nacionalidade e naturalização → Em Razão da Função: Art. 109: Aos juízes federais compete processar e julgar: X- a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação → Competência Territorial da Justiça Federal: Art. 109: Aos juízes federais compete processar e julgar: § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal. • Competências dos Tribunais Regionais Federais (2ª Instância): → Originária: São as ações ingressadas diretamente do TRF. Art. 108: Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; → Derivada: Competência em grau de recurso. Art. 108: Compete aos Tribunais Regionais Federais: II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. Súmula n° 55/STJ: Tribunal Regional Federal não é competente para julgar recurso de decisão proferida por juiz estadual não investido de jurisdição federal. OBS: Se um ente federal interfere como um terceiro interessado no feito ou interpola recurso após decisão judicial estadual, não há deslocamento de competência para o TRF. Cooperação Judiciária Nacional É a cooperação que se dá entre os órgãos do Poder Judiciário no âmbito do territórionacional; Segundo Fredie Didier Jr., é um complexo de atos e instrumentos por meio dos quais os órgãos judiciais brasileiros podem interagir entre si, incluindo tribunais arbitrais e órgão da Administração Pública, com o intuito de melhorar a prestação da atividade jurisdicional, dando celeridade, efetividade e eficiência; Para ele, existe um dever geral de recíproca cooperação. Art. 67/CPC: Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em todas as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e servidores. Art. 68/CPC: Os juízos poderão formular entre si pedido de cooperação para prática de qualquer ato processual. • Tipos de Cooperação: → Cooperação por Solicitação: O órgão ativo solicita a realização ou colaboração em um ato processual a um órgão passivo, não existindo hierarquia entre eles; → Cooperação por Delegação: Um órgão delega a realização de um ato processual a um órgão de menor hierarquia; → Cooperação por Concertação: Instrumento por meio do qual os juízes concertam a prática de certas atividades, funcionando através de negócios jurídicos firmados pelos próprios órgãos judiciários (atos concertados). • Instrumentos de Cooperação: Modo pelo qual se realiza a cooperação e se instrumentaliza. → Típicos: São os instrumentos de cooperação elencados no Código de Processo Civil; ◦ Cartas: Carta precatória, carta de ordem, etc.; ◦ Atos Concertados: Negócios jurídicos por meio dos quais se instrumentaliza a cooperação por concertação, que são firmados pelos órgãos judiciários, geralmente em relações duradouras; ◦ Auxílio Direto: É uma forma mais simples de colaboração, porque não existe necessidade de firmar um acordo (ex.: telefonema). → Atípicos: Permite que a cooperação seja realizada por instrumentos não previstos no Código de Processo Civil, ou seja, é uma margem de criatividade concedida ao magistrado. • Atos de Cooperação: Os atos de cooperação são os objetos da cooperação (ex.: intimação, citação, notificação, obtenção de provas, coleta de depoimentos, etc.); O objetivo de cooperação é atípico, ou seja, há possibilidade de alteração da competência relativa por meio de atos concertados. Art. 69/CPC: O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde de forma específica e pode ser executado como: I - auxílio direto; II - reunião ou apensamento de processos; III - prestação de informações; IV - atos concertados entre os juízes cooperantes. § 1º As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código. § 2º Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de outros, no estabelecimento de procedimento para: I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato; II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos; III - a efetivação de tutela provisória; IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de empresas; V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial; VI - a centralização de processos repetitivos; VII - a execução de decisão jurisdicional. § 3º O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos jurisdicionais de diferentes ramos do Poder Judiciário. Competência Adequada • Regras de Competência x Juiz Natural: Por vezes, as regras de competência trazidas pelo Código de Processo Civil facultam a possibilidade de escolha do Juiz que irá julgar a causa, atribuindo competência a mais de um juízo (ex.: fórum shopping); Questiona-se se isso violaria o princípio do Juiz Natural, o qual define a não possibilidade de as partes escolherem o juiz. • Fórum Shopping: Opção legislativa onde a parte direciona o processo a um juízo específico dentre aqueles previstos em lei (multiplicidade de foros abstratamente competentes para escolha daquele concretamente competente); • Fórum Non Convenies: É uma construção doutrinária em que se evita o cometimento de abuso e controla o exercício na escolha do juiz competente (controla o exercício abusivo de fórum shopping), com base no que se chama de competência adequada; A competência adequada está intimamente atrelada ao princípio da eficiência, porque o magistrado afirma que sua competência concreta escolhida através de fórum shopping não fará com que o feito tramite eficientemente; A jurisprudência tem certa resistência em relação a essa doutrina. _______________________________________________________________________________________ Sujeitos do Processo Partes • Conceito: Partes são todos aqueles que agem com parcialidade no processo, submetendo-se ao contraditório, sendo atingidos pela coisa julgada; • Distinções Necessárias: → Parte em Sentido Material x Parte em Sentido Processual: Parte em sentido material são os sujeitos do conflito; Parte em sentido processual são os sujeitos do processo; É possível haver coincidência ou não entre partes em sentido material e partes em sentido material. → Parte Legítima x Parte Ilegítima: A parte é legítima quando há pertinência subjetiva na demanda; A parte é ilegítima quando não há pertinência subjetiva na demanda. → Parte Principal x Parte Auxiliar: As partes principais são os autores e os réus, ou seja, quem propõe a ação em face de quem é proposta; As partes auxiliares são os terceiros interessados. → Parte na Causa Principal x Parte em Incidente Processual: Parte na causa principal são as partes que figuram no feito (autor e réu); Parte em incidente processual são as partes que figuram os autos apartados em incidentes processuais (réu e juiz suspeito). Procuradores (Advogados) • Capacidade Postulatória: É a capacidade de postular em juízo (jus postulandi); O advogado é indispensável na administração da Justiça (Art. 133/CF); Em regra, é obrigatória a procuração outorgada pela parte para atuação do advogado em juízo, entretanto, é possível que o advogado atue no processo sem procuração para evitar prescrição, decadência, preclusão e atos reputados urgentes. • Mandato/Procuração: A constituição do mandato ao advogado se dá por procuração; O advogado não poderá defender os interesses do cliente sem que lhe seja concedido o mandato; Os atos praticados por advogado sem mandato serão ineficazes. Art. 105/CPC: A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. § 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei. § 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. § 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. § 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença. → Cláusula ad judicia: É a cláusula geral do foro, que permite que o advogado defenda seus interesses em juízo; → Requisitos: Nome do advogado, inscrição na OAB, endereço profissional e nome da sociedade de advogados a qual faz parte; → Revogação e Renúncia: A procuração dada no início do processo abrange todo o processo, exceto se for revogada ou renunciada; Em caso de renúncia, deverá ser comunicado o cliente, podendo permanecer ainda 10 dias no processo, a fim de não o prejudicar (Art. 112/CPC). • Direitos dos Advogados: Art. 107/ CPC: O advogado tem direito a: I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração, autos de qualquer processo, independentemente da fase detramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos; II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias; III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles lhe couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. • Responsabilidade: Art. 32/EOAB: O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa. Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria. • Advocacia Privada x Advocacia Pública: Os entes da Fazenda Pública são representados judicialmente pelos advogados públicos, que possuem algumas benesses em relação aos advogados privados (ex.: prazos maiores e contados a partir da intimação pessoal). → Município: É representado judicialmente pelo procurador do município; → Estado: É representado judicialmente pelo procurador do estado; → União: É representada pela Advocacia Geral da União (advogados da União + procurados da fazenda nacional + procurador federal + procurador do Bando Central); ◦ Advogados da União: Responsáveis por defender causas em geral; ◦ Procurador da Fazenda Nacional: Responsável pelas causas tributárias e fiscais; ◦ Procurador Federal: Responsável por defender as autarquias, fundações e empresas públicas federais; ◦ Procurador do Banco Central. Juiz Atualmente, vige o sistema cooperativo, e não mais o sistema inquisitivo ou dispositivo, ou seja, o processo deve contar com cooperação mútua de todos os nele envolvidos; Nesse sentido, o juiz é atuante, o que não significa que este seja superior ao advogado. • Sistemas de Recrutamento: → Voto Popular, ocorrido em alguns países (ex.: Suíça); → Livre Nomeação do Poder Executivo; → Livre Nomeação do Executivo (com necessidade de aprovação posterior do Poder Legislativo); → Concurso Público de Provas e Títulos, que é o sistema adotado no Brasil, exceto no que se refere aos ministros. • Requisitos de Atuação: → Jurisdicionalidade ou Investidura: O juiz deve estar regularmente investido da atividade jurisdicional, passando por concurso público; → Competência: O magistrado deve ser competente para julgar as causas a ele distribuídas; → Imparcialidade: O magistrado não deve ter relação direta com as partes ou interesse no processo; → Independência: O magistrado deve ser subordinado apenas à lei, sem valores externas que o influenciem. • Garantias: Art. 95/CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. → Vitaliciedade: O magistrado não deixa de ser magistrado, salvo com existência de decisão judicial com trânsito em julgado que o exonere dessa posição; → Inamovibilidade: O magistrado é imune a transferências compulsórias, com exceção nos casos de interesse público, com maioria votante do tribunal ou CNJ; → Irredutibilidade de Subsídio: O magistrado não pode ter seu salário diminuído; → Governança da Serventia: Cabe ao juiz governar e gerir as práticas dos atos cartorários, porque ele é o condutor do processo, e deve conduzi-lo com a máxima eficiência. • Vedações: Art. 95, parágrafo único/CF: Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária. IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. • Impedimentos e Suspeição: São casos em que o legislador determina a impossibilidade de o Juiz julgar o processo, a fim de preservar o princípio do Juiz Natural; Parte da doutrina entende que as hipóteses de impedimento estão disciplinadas em rol taxativo, enquanto a suspeição teria rol exemplificativo, tomando como base o sistema processual penal. → Impedimentos: São hipóteses objetivas e graves, gerando presunção absoluta; O impedimento gera ação rescisória contra sentença julgada por juiz impedido. Art. 144/CPC: Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. → Suspeição: A suspeição incide através de instauração de uma presunção relativa; As hipóteses de suspeição não ensejam ajuizamento de ação rescisória, submetendo-se à preclusão. Art. 145/CPC: Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. • Poderes e Deveres: → Poderes de Polícia: É o poder para utilizar da polícia, a fim de manter a ordem, no exercício de autoridade judiciária e não como parte no processo; → Poderes Jurisdicionais: Os poderes jurisdicionais se subdividem em: ◦ Poder Ordinatório ou de Direção: Consiste no poder de movimentar, conduzir e dar andamento ao processo, desenvolvendo de maneira regular o processo, de modo a garantir a celeridade do processo; ◦ Poder Instrutório: Consiste no poder de determinar a produção e colheita de provas pertinentes, e julgar necessárias ou não para formação do seu convencimento (art. 370 e 371 CPC); ◦ Poder Decisório: O juiz tem o poder-dever de decidir, sendo vedado o não julgamento (vedação do non liquet, art. 140/CPC) e o seu julgamento será limitado ao que foi pedido (princípio da congruência, art. 141/CPC); ◦ Poder Satisfativo: É o poder que torna o juiz dotado de meios para satisfazer/efetivar sua decisão. Art. 139/CPC: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento;II - velar pela duração razoável do processo; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quan do necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 , para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. • Responsabilidade: Art. 143/CPC: O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. Auxiliares da Justiça • Escrivão e Serventuários: São responsáveis por documentar os atos do processo, e dar-lhes andamento, dirigindo o cartório; • Oficial de Justiça: É o responsável pelos atos de comunicação e constrição judicial (ex.: penhora); • Perito: É um auxiliar eventual, que atua quando solicitado, para dirimir dúvidas técnicas; • Depositário e Administrador: São responsáveis pela manutenção, conservação e guarda de um bem que esteja à disposição do juiz, sendo o diferencial do administrador a gestão do bem; • Intérprete e Tradutor: Têm a função de traduzir atos em língua estrangeira ou em linguagem de sinais (o intérprete faz tradução simultânea); • Conciliador e Mediador: São responsáveis por realizar as sessões de concessão e mediação, nas quais se busca a resolução por autocomposição; • Partidor: É responsável por individualizar os quinhões em caso de partilha judicial; • Contabilista: É responsável por realizar cálculos aritméticos, tanto do montante principal e quanto do montante de juros nas condenações; • Regulador de Avarias: É um perito responsável apurar ou ajusta perdas e danos nas avarias ocorridas em acidentes de navegação; • Distribuidor: É responsável por realizar as distribuições de processos. Ministério Público É um ente previsto pela Constituição Federal como permanente e essencial à função jurisdicional; Sua função é a de promover a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. • Natureza Jurídica: Questiona-se se o Ministério Público estaria inserido no poder executivo, judiciário etc.; Na verdade, o MP está vinculando, em questões orçamentárias, ao executivo, e da mesma maneira liga-se ao judiciário para a prática da função jurisdicional; Entende-se, por fim, que o Ministério Público é um 4º Poder, já que não faz parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou mesmo do Poder Judiciário. • Formas de Participação: → Como Parte: Pode atuar como parte, estando sujeito a todos os ônus de uma parte normal, contando com as benesses que detém (ex.: prazo em dobro; intimação pessoal); → Como Fiscal da Ordem Jurídica: Atuando como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público não será parte no processo, mas será responsável por fiscaliza-lo; Nesse caso, sua intervenção será, em princípio, obrigatória e necessária em termos de validade. Art. 178/CPC: O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. • Princípios que regem o Ministério Público: → Princípio da Unidade/Coesão Vertical: Esse princípio assevera que o Ministério Público é um órgão uno, de forma que, em caso de mais de um membro atuar em um mesmo processo, o farão em nome da instituição; → Princípio da Indivisibilidade/Coesão Horizontal: Esse princípio consiste na possibilidade de haver substituição dos membros do Ministério Público ao longo do processo, sem que represente qualquer prejuízo ao processo; → Princípio da Independência Funcional: Segundo esse princípio, os membros do Ministério Público não estão subordinados às posições de outros, mas sim à ordem jurídica e as suas próprias consciências, de forma que pode acontecer que membros tenham posicionamentos diferentes. • Ministério Público Estadual e da União: → União: MPF (Ministério Público Federal), MPT (Ministério Público do Trabalho), MPM (Ministério Público Militar) e MPDF (Ministério Público do Distrito Federal); → Estadual: Promotor de Justiça (atua no tribunal e é recrutado por concurso público) e Procurador de Justiça (é um cargo por ascensão de carreira, sendo hierarquicamente maior ao do promotor); O procurador aqui dito não tem relação com o Procurador do Estado e com o Procurador Federal, tratando-se de um membro de Justiça; O membro do ministério público federal designa o Procurador da República. Defensoria Pública Art. 185/CPC: A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita. A Defensoria Pública é um órgão previsto na Constituição Federal, cujo objetivo é de garantir a assistência jurídica integral e isenta de custas; Por vezes, as pessoas não podem arcar com as custas do processo etc. devendose promover o amparo jurídico das pessoas hipossuficientes pela atuação da Defensoria Pública, prioritariamente; A Defensoria Pública também exerce a função de proteger interesses de grupos específicos e vulneráveis (crianças e adolescentes; mulheres vítimas de violência e abuso; idosos); • Legitimidade para Proporção de Ação Civil Pública: A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública, mas não tem para propor ações de constitucionalidade (ADIN, ADPF, ADI, etc.); • Prazo em Dobro: A Defensoria Pública goza da prerrogativa do prazo em dobro, sendo a ela aplicáveis os deveres determinados ao juiz e os princípios que regem o Ministério Público. _______________________________________________________________________________________ Litisconsórcio O litisconsórcio é caracterizado sempre que houver pluralidade de sujeitos figurando no polo passivo, no polo ativo ou em ambos os polos. Classificação Não são classificações excludentes, de forma que geralmente se combinam. • Quando à Posição que Ocupa: → Litisconsórcio Ativo: Ocorre quando há mais de um autor e apenas um réu; → Litisconsórcio Passivo: Ocorre quando há apenas um autor e mais de um réu; → Litisconsórcio Misto: Ocorre quando há mais de um autor e mais de um réu. • Quando ao Momento de sua Formação: → Litisconsórcio Inicial/Originário: É quando o litisconsórcio se forma concomitantemente ao início do processo (é a regra); → Litisconsórcio Ulterior/Superveniente: É quando o litisconsórcio se forma ao longo do processo, sendo uma situação excepcional, podendo ocorrer em três situações: ◦ Conexão ou Continência (Arts. 55 e 58/CPC); ◦ Sucessão Processual (caso uma parte seja sucedida por pluralidade de sujeitos) (Art. 110/CPC); ◦ Intervenção de Terceiros (fenômeno jurídico por meio do qual um terceiro ingressaem um processo já em andamento e passa a integra-lo com status de parte). • Quanto à Obrigatoriedade de sua Formação: → Litisconsórcio Necessário/Obrigatório: Ocorre quando é imprescindível a presença de todos os litisconsortes é essencial para que o processo se desenvolva regularmente rumo ao provimento de mérito, ou seja, quando a relação jurídica de direito material é indivisível (ocorre legitimidade conjunta/complexa); Art. 114/CPC: O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. → Litisconsórcio Facultativo: Ocorre quando não se impõe a formação do litisconsórcio, embora ele possa acontecer, cabendo a escolha a critério dos litigantes. • Quanto ao Regime de Tratamento dos Litisconsortes: Trata-se de uma fase posterior, referente a prolação da decisão, passada a formação do litisconsórcio. → Litisconsórcio Unitário/Especial: Ocorre quando a decisão é necessariamente a mesma/ uniforme para todos os litisconsortes; Nesse sentido, não poderá haver uma decisão x para um dos litisconsortes, e uma decisão y para outros, de forma que será uma mesma decisão. Art. 116/CPC: O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. Art. 117/CPC: Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar → Litisconsórcio Simples/Comum: Ocorre quando existe a mera possibilidade de decisões diferentes para cada um dos litisconsortes; Para analisar tal situação, Daniel Assumpção propõe analisar a viabilidade de se efetivar a decisão, caso seja divergente para os litisconsortes; A análise é feita em abstrato, independentemente de o juiz ter proferido decisões diferentes ao final. Hipóteses de Cabimento Art. 113/CPC: Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; Ex.: Condôminos que litigam para a proteção de um interesse/direito comum. II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; Ex.: Vários passageiros interponham ação contra empresa de ônibus por conta de acidente de transporte– há conexão. III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. Ex.: Vários servidores ingressam com ação contra Administração por conta de ato legislativo; nesse caso não há conexão, apenas afinidade. Litisconsórcio Unitário Art. 116/CPC: O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. O litisconsórcio é unitário quando a decisão de mérito é necessariamente a mesma para todos os litisconsortes, ou seja, a sentença não pode der procedente para um e improcedente para outro. • Relação Jurídica Única e Indivisível: É preciso que exista uma única relação jurídica, de forma que se houver duas ou mais relações jurídicas, não é configurado litisconsórcio unitário; Além disso, essa relação jurídica deve ser indivisível, não permitindo fracionamento. • Solidariedade: A solidariedade de uma relação jurídica não implica automaticamente em sua unitariedade; • Legitimação Concorrente/Co-Legitimação: Sendo mais de um sujeito legitimado para discutir a mesma relação jurídica (legitimação concorrente), o litisconsórcio é unitário; • Litisconsórcio Facultativo Unitário e Coisa Julgada: Sempre que houver legitimidade concorrente, seja ela ordinária ou extraordinária, haverá litisconsórcio unitário (ex.: ação civil pública proposta pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública); Divergência doutrinária: → Extensão Ultra Partes dos Efeitos da Coisa Julgada: Esse posicionamento entende que a coisa julgada gera efeitos para o litisconsorte que não participou do processo, porque não há como cindir a relação jurídica; Mesmo não participando do processo, os litisconsortes facultativos precisam ser comunicados da existência da ação através de intimação para que tenham ciência que serão atingidos pela coisa julgada e não possam questionar os efeitos. → Extensão Secundum Eventum Litis: Esse posicionamento entende que a coisa julgada só irá atingir o litisconsorte que não participou do processo se esta o beneficiar; → Efeito Inter Partes: Esse posicionamento entende que a coisa julgada não pode atingir e gerar efeitos para aqueles que não participaram do processo. Litisconsórcio Necessário • Litisconsórcio Necessário Pela Natureza da Relação Jurídica: Nesse caso, o litisconsórcio necessário também será, em regra, litisconsorte unitário; • Litisconsórcio Necessário Por Imperativo Legal: Nesse caso, o litisconsórcio será, em regra, simples, sendo raro que seja um litisconsórcio unitário; Art. 114/CPC: O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. • Consequência da Não Integração do Contraditório: → Unitário: A decisão torna-se nula; → Simples: A decisão torna-se ineficaz para os não citados. Art. 115/CPC: A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo; II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. • Litisconsórcio Necessário Ativo: Quando o litisconsórcio necessário se dá no polo ativo, a doutrina questiona se será possível exercer o direito de demanda por apenas um dos litisconsortes; Nesse sentido, a discussão é formada acerca da sobreposição do direito de não demandar ou do direito de demandar; Acerca desse assunto, existem correntes: ❶ª Corrente: Segundo essa corrente, não há que se falar em litisconsórcio necessário ativo, de forma que o litisconsórcio necessário apenas se refere ao polo passivo; ❷ª Corrente: Segundo essa corrente, o terceiro que se nega a ingressar em juízo deve ser convocado pelo autor a integrar a relação jurídica processual através de uma “citação atípica” ou de intimação; Esse terceiro pode assumir uma posição de aceitação, fazendo parte do polo ativo, ou pode assumir uma posição de negação, não fazendo parte do polo ativo; Nesse sentido, o terceiro tem a opção de escolher figurar como autor, como réu ou manter-se inerte; ❸ª Corrente: Segundo essa corrente, o autor, ingressando com a ação, coloca o sujeito que não quis litigar no polo passivo e, a partir da sua citação, ele tem a possibilidade de escolher se continua figurando como réu ou passa a figurar no polo ativo, como autor; ❹ª Corrente: Segundo essa corrente, é ilógico imaginar que uma pessoa possa escolher o polo que irá demandar, de forma que o terceiro que não quis ingressar como autor ficará no polo passivo, figurando como réu, por todo o processo, devendo ser notificado antes. Litisconsórcio Multitudinário Art. 113, §§ 1º e 2º: § 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. § 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. O litisconsórcio multitudinário se dá quando muitos sujeitos figuram no polo passivo ou no polo ativo, atrapalhando o andamento processual de alguma forma, causando tumulto ou prejuízo; • Procedimento: O Código de Processo Civil nãoestabelece a limitação de pessoas figurando em litisconsorte, de forma que uma posição doutrinária defende que o juiz, no caso concreto, deve excluir os litigantes excedentes, enquanto outra posição doutrinária defende que deve haver o desmembramento da ação. Regime de Tratamento dos Litisconsortes • Conduta Determinante x Conduta Alternativa: A conduta determinante é aquela que causa algum prejuízo ao processo, pois possuem potencial lesivo; A conduta alternativa é aquela que podem trazer alguma melhoria ao processo. • Regras (Art. 117/CPC): Art. 117/CPC: Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. A conduta determinante de um litisconsorte não afeta o outro (seja simples ou unitário); A conduta alternativa de um beneficia o outro no litisconsórcio unitário; A conduta alternativa de um não beneficia o outro no litisconsórcio simples (há exceções). Litisconsórcio e Cumulação de Pedidos Cumulação de pedidos é a formação de pedidos de maneira acumulada, poderá ela ser: ◦ Própria: Vários pedidos para serem todos acatados; ◦ Imprópria: Vários pedidos para que um deles seja deferido (alternativa) ou para que um pedido seja acolhido se outro não for possível (eventual). • Litisconsórcio Sucessivo: É quando cada litigante formula um pedido, sendo que o pedido de um será acolhido se o pedido do outro for, ou seja, um pedido requer a procedência do outro (ex.: ressarcimento do parto e investigação de paternidade); • Litisconsórcio Eventual: É quando cada pedido é dirigido a uma pessoa, mas o segundo será analisado se o primeiro não for possível (ex.: João quer condenar Maria, não sendo possível, João quer condenar Sara); • Litisconsórcio Alternativo: É quando há indefinição do sujeito legitimado (ex.: ação de consignação em pagamento). Autonomia dos Litisconsortes Art. 118/CPC: Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e todos devem ser intimados dos respectivos atos. Prazos e Despesas Processuais • Prazos: Sempre que houver litisconsortes com advogados distintos e de escritórios distintos, há benefício de prazo em dobro; No entanto, esse benefício apenas aplica-se para processos físicos, não se aplicando aos processos eletrônicos; Súmula n° 641/STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido. Esse prazo em dobro também não se aplica aos recursos, exceto embargos de declaração; Além disso, a benesse do prazo em dobro não é possível se um dos litisconsortes for revel. Art. 229/CPC: Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. • Despesas: São arcadas proporcionalmente entre os litisconsortes; Se não houver proporção de despesa constante na decisão, a dívida é solidária. Art. 87/CPC: Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários. § 1º A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput. § 2 o Se a distribuição de que trata o § 1º não for feita, os vencidos responderão solidariamente pelas despesas e pelos honorários. _______________________________________________________________________________________ Intervenção de Terceiros Conceito Todo aquele que não figurar como parte no processo, funciona como terceiro; A intervenção de terceiros se dá quando um terceiro ingressa em um processo já pendente, ou seja, é um ato jurídico em que o terceiro ingressa como parte em um processo em curso. Aspectos Gerais A intervenção de terceiros pode ser: • Espontânea/Voluntária: Se dá quando o próprio terceiro opta ingressar no processo; • Provocada: Se dá quando através da provocação do autor e/ou do réu. Para que haja a intervenção de terceiros, é preciso que haja pelo menos uma vinculação advinda de interesse do jurídico do terceiro na causa; Entretanto, existem determinadas modalidades atípicas de intervenção de terceiros que admitem uma vinculação advinda de interesses não necessariamente jurídicos (ex.: interesse econômico; interesse afetivo). Natureza Jurídica A intervenção de terceiros tem natureza de incidente processual, porque não é criado um novo processo. Efeitos Os efeitos (eficácia) decorrentes da intervenção do terceiro são de duas ordens: • Subjetivo: Traz um sujeito novo para o processo, modificando/ampliando os sujeitos processuais; • Objetivo: Há ampliação do objeto litigioso do processo por inserir fatos novos no processo. A eficácia objetiva estará presente a depender do tipo de intervenção de terceiro; No caso do assistente, por exemplo, não há eficácia objetiva (ampliação do objeto litigioso), apenas eficácia subjetiva. Cabimento O cabimento da intervenção varia a depender da modalidade, mas em geral, é cabível na fase de conhecimento, podendo ocorrer também na fase de execução (não são todas modalidades, apenas em intervenção do amicus curiae, intervenção de desconsideração da personalidade jurídica e assistência); • Juizados Especiais: A Lei dos Juizados veda a intervenção de terceiros, com exceção da desconsideração da personalidade jurídica; • Ações de Controle de Constitucionalidade: Nas ações de controle de constitucionalidade cabe a figura do amicus curiae; Há uma parcela da doutrina que defende que caberia assistências nessas ações de controle de constitucionalidade, sob alegação de que quem pode ajuizar a ação pode também ajudar os colegitimados (quem pode mais pode menos). Modalidades • Típicas: → Assistência (Simples e Litisconsorcial); → Amicus Curiae; → Chamamento ao Processo; → Denunciação da Lide; → Desconsideração da Personalidade Jurídica. As figuras do amicus curiae e da desconsideração da personalidade jurídica já existiam, mas não eram regulamentadas como modalidade de intervenção de terceiros no Código de Processo Civil de 1873; A nomeação à autoria e a oposição eram modalidades de intervenção de terceiros existentes no Código de Processo Civil de 1973 que não mais constam no Código de Processo Civil de 2015 como intervenção de terceiros. • Atípicas: → Intervenção de Entes Públicos (prevista na Lei n° 9.469/1997); → Intervenção na Ação de Alimentos; → Intervenção na Execução. Intervenção de Origem Negocial Não há óbices legislativos à criação de modalidade de intervenção de terceiros através de negócios jurídicos processuais, como características de modalidades de intervenção já existentes. Assistência • Aspectos Gerais: É um tipo de intervenção espontânea de terceiros, ou seja, o próprio terceiro opta por ingressar no processo para assistir e auxiliar uma das partes; Esse terceiro não cria um pedido novo, de forma que há o efeito subjetivo, mas não o efeito objetivo; É preciso que haja alguma vinculação jurídica para que esse terceiro ingresse no processo; Uma vez que ele ingressa no processo, não retroação de atos, de forma que ele recebe o processo na forma que ele está naquele momento. • Pressupostos: → Relação Jurídica entre uma das partes e o Terceiro; → Possibilidade de a Sentença influenciar na Relação Jurídica; Art. 119/CPC: Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. • Procedimento: Art. 120/CPC: Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente serádeferido, salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. • Espécies: → Interesse Direto/Imediato = Assistência Litisconsorcial/Qualificada: Ocorre quando há um interesse direto e imediato do terceiro na causa, ou seja, o terceiro faz parte da relação jurídica de Direito Material discutida entre autor e réu, sendo colegitimado (poderia ingressar na ação, mas não ingressou); → Interesse Reflexo/Mediato = Assistência Simples/Adesiva: Ocorre quando o terceiro não faz parte da relação jurídica de Direito Material discutido com o adversário do assistido, mas possui uma relação conexa (dependendo do resultado, o terceiro pode ser afetado), possuindo um interesse reflexo e mediato (ex.: sublocação). • Assistência Simples: → Relação Jurídica Conexa à Discutida: O terceiro ingressa no processo afirmando ser titular de relação jurídica conexa à relação jurídica discutida entre autor e réu; → Parte Auxiliar: O terceiro ingressa no processo auxiliando o assistido, porque a procedência ou não da ação pode trazer-lhe benefícios ou malefícios; Não há nada que vincule o assistente ao adversário do assistente. → Poderes: Por não fazer parte da relação jurídica discutida, o assistente fica sujeito à vontade do assistido; Nesse sentido, se o assistido renunciar ao prazo recursal, o assistente nada poderá fazer. Art. 121/CPC: O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. Art. 122/CPC: A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. A substituição processual é causa de legitimidade extraordinária subordinada (defesa de interesse alheio em nome próprio) e ocorrerá diante da omissão do assistido. → Eficácia Preclusiva da Intervenção: Não poderá, após trânsito em julgado da sentença do processo em que o assistente interveio, haver discursão em processo posterior acerca da justiça da decisão, ou seja, acerca dos fundamentos decisivos. Art. 123/CPC: Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que: I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. • Assistência Litisconsorcial/Qualificada: → Interesse Imediato na Causa: O assistente afirma-se titular da relação jurídica discutida; O assistente afirma-se colegitimado extraordinário (mais de um sujeito com legitimidade para em nome próprio defender interesse alheio), tendo uma relação/vínculo com o adversário do assistido; Vislumbra -se também um caso em que o assistente poderia ter ingressado na ação como litisconsorte do assistido. → Litisconsórcio Unitário Facultativo Ulterior: Art. 124/CPC: Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. → Poderes ao Assistente Litisconsorcial: Aqui, o assistente faz parte da relação jurídica, sendo considerado litigante diverso do assistido; Portanto, não ficará sujeito/subordinado aos atos do assistido; Ex.: se o assistido não quiser recorrer, poderá o assistente recorrer. Denunciação da Lide • Aspectos Gerais: É uma modalidade de intervenção de terceiros provocada, onde o terceiro não ingressa na ação de livre e espontânea vontade; A provocação pode ser formulada pelo autor, na petição inicial, ou pelo réu, em sede de contestação; O denunciado não tem relação com a parte adversa do denunciante; → Existência de duas Demandas: A demanda principal (autor x réu) e a demanda incidental (denunciante x denunciado); → Demanda Incidente, Regressiva, Eventual e Antecipada: Essa demanda incidental é regressiva porque veicula uma pretensão regressiva, eventual porque a demanda só será apreciada se o denunciante perder na demanda principal, e antecipada porque o denunciante se antecipa a uma eventual condenação para não precisar ingressas com ação autônoma de regresso. → Denunciação Sucessiva: Ocorre quando o denunciado denuncia outra pessoa (uma “quarta parte”). A denunciação da denunciação só é permitida pelo legislador uma vez, para que não seja tumultuado o processo. → Denunciação Per Saltum: A denunciação é per saltum é vedada, ou seja, não se pode denunciar quem não tem relação jurídica direta com o denunciante; → Facultatividade da Denunciação: Se a parte optar por não denunciar a lide, não há perda do direito de regresso em ação autônoma. • Hipóteses de Cabimento: Evicção e ação regressiva. → Evicção: Art. 125/CPC: É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; ↓ Podemos discutir o artigo em um exemplo de denunciação feita pelo autor, em que o autor é o denunciante. Vejamos em um caso prático: A comprou um imóvel da mão de B (alienante imediato) sendo que na verdade o imóvel era de C. Nesse caso, A (que comprou o bem) pode ingressar em ação com C, e denunciar B para se precaver caso haja evicção (indenização em face de perda da coisa por sentença que atribui a coisa a outra pessoa); Podemos também visualizar a ação de denunciação feita pelo réu: No caso de C ingressa em ação contra A, que comprou o imóvel, poderá A, para se precaver em caso de evicção, denunciar a lide e chamar B (alienante) ao processo, para arcar com as mesmas consequências (possível evicção) Nessa situação, a demanda principal será C x A; e a demanda incidental será A x B. → Ação Regressiva: II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. ↓ ◦ Concepção Restritiva: Afirma que só possível a denunciação da lide nos casos em que há transferência de direito pessoal (cedente e cessionário); ◦ Concepção Ampliativa: Afirma que é possível a denunciação da lide nos casos que se englobam a garantia própria, o direito de reembolso, a sub-rogação, o direito a indenização, repetição de pagamento, indenização por enriquecimento ilícito, ou seja, qualquer ação que tenha como objeto bem patrimonial. Fredie entende que não deve adotar nenhuma dessas concepções e sim ser realizada análise do tumulto processual causado no caso concreto. § 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. → Denunciação ao Servidor pelo Estado: Ocorre quando o Estado denuncia a lide ao servidor que causou o dano em ação de responsabilidade civil (a responsabilidade é subjetiva). • Procedimento da Denunciação da Lide: Art. 126/CPC: A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131. → Formulado pelo Autor: Art. 127/CPC: Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. Primeirocita-se o denunciado e depois se cita o réu; O denunciado pelo autor pode assumir a posição de: negar a denunciação; assumir a posição de litisconsorte ativo (litisconsórcio inicial eventual) para propor ação junto com o denunciante, podendo, inclusive, editar a petição inicial sem alterar substancialmente o pedido; ou permanecer inerte e ser revel, de forma que haverá continuidade no processo (se o denunciante perder na ação principal, o juiz julgará ação regressiva). → Formulado pelo Réu: Formação de litisconsórcio ulterior. Art. 128/CPC: Feita a denunciação pelo réu: I - Se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - Se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. • Condenação e Cumprimento de Sentença Diretamente contra o Denunciado: Quando a denunciação é formulada pelo réu, o cumprimento de sentença, diretamente contra o denunciado. Art. 128, parágrafo único/CPC: Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. Súmula n° 529/STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano. • Julgamento da Denunciação e Honorário Sucumbenciais: → Lides Principal e Secundária Julgadas Procedentes: Denunciante arca com ônus sucumbenciais da demanda principal e o denunciado arcará com os da lide secundária, ressalvado o caso em que este não ofereceu desistência. Enunciado n° 122/FPPO: Vencido o denunciante na ação principal e não tendo havido resistência à denunciação da lide, não cabe a condenação do denunciado nas verbas de sucumbência. → Lide Principal Procedente e Lide Secundária Improcedente: O denunciante responde pelo ônus sucumbenciais de ambas. → A Denunciação não é conhecida em razão do Julgamento Favorável ao Denunciante Principal: O denunciante arcará com os ônus sucumbenciais em favor do denunciado. Art. 129/CPC: Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. Chamamento ao Processo • Aspectos Gerais: É uma intervenção de terceiro provocada pelo réu na contestação (não tem como ser em uma fase posterior). • Hipóteses de Cabimento: O chamamento ao processo busca alargar o campo de defesa dos fiadores e dos devedores solidários, porque caso eles sejam condenados, fazendo o chamamento ao processo, estão possibilitados de requerer do devedor principal ou dos demais devedores a sua quota parte; Ou seja, o chamamento ao processo só acontece em relações jurídicas de fiança e dívida solidária; Vale salientar que o fiador pode chamar o devedor principal ao processo, mas o devedor principal nunca pode chamar o fiador; O chamamento ao processo forma um litisconsórcio ulterior passivo facultativo. Art. 130/CPC: É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. • Procedimento: Art. 131/CPC: A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. Art. 132/CPC: A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar. Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica • Aspectos Gerais: É uma intervenção de terceiro provocada que visa à responsabilização dos sócios administradores da pessoa jurídica em hipóteses de fraude e abuso de direito; O juiz não pode determinar de ofício a desconsideração da personalidade jurídica, tendo que ser requerida pela parte autora ou pelo Ministério Público; A desconsideração da personalidade jurídica gera uma intervenção de terceiro porque o sócio que não era parte no processo passa a figurar como réu. • Requisitos: → Requisito Objetivo: Insuficiência patrimonial da pessoa jurídica; → Requisito Subjetivo: Desvio de finalidade ou confusão patrimonial, causada por fraude ou abuso de direito. → Teoria Maior x Teoria Menor: A Teoria Maior, utilizada no Código Civil para as relações cíveis de uma maneira geral, afirma que, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica, é preciso que haja uma cumulação do requisito objetivo e do requisito subjetivo; A Teoria Menor, utilizada nas relações de consumo e nas relações que envolvem danos ambientais, basta o requisito objetivo para que haja a desconsideração da personalidade jurídica. • Legitimidade: Art. 133/CPC: O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. § 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. • Cabimento: A desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer em todas as fases do processo, sendo, inclusive, mais comum que aconteça no cumprimento de sentença; É uma modalidade de intervenção de terceiro que cabe no procedimento de juizados. Art. 134/CPC: O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. § 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. § 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. § 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º. § 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. • Desconsideração Inversa: Acontece quando uma pessoa física passa todos os bens para uma pessoa jurídica, de forma que a parte pede a execução do patrimônio da pessoa jurídica; Também é possível a execução do patrimônio de pessoa jurídica que faça parte do mesmo grupo societário da pessoa jurídica ré no processo. Art. 133, §2º/CPC: Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. • Procedimento: O sócio será citado, sendo abrido prazo para exercício de contraditório e ampla defesa; O STJ vem entendendo que a pessoa jurídica teria legitimidade para impugnar a decisão que desconsidera a personalidade jurídica; No entanto, a legitimidade recursal irá se ater a regular administração e autonomia da pessoa jurídica, não podendo ingressar na esfera dos sócios. Art. 135/CPC: Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. • Efeitos: → Eficácia Subjetiva e Objetiva: O incidente de desconsideração amplia subjetivamente e objetivamente, ampliando o objeto litigioso do processo, trazendo novo pedido (desconsideração); → Acolhida da Desconsideração:A sentença que desconsidera a personalidade jurídica gera efeitos ex tunc, ou seja, retroage à data em que houve o pedido de desconsideração. Art. 137/CPC: Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. Amicus Curiae • Aspectos Gerais: É a figura do “amigo da corte”, que busca prestar esclarecimentos para garantir a qualidade ou aprimorar a prestação jurisdicional, podendo ser em qualquer tempo (desde que o processo não tenha sido incluído em pauta), em temas específicos (colocada como modalidade intervenção de terceiros no CPC de 2015); Essa modalidade pode ser espontânea ou provocada. • Requisitos: → Relevância da Matéria: A questão jurídica sendo debatida deve extrapolar os interesses subjetivos das partes, ou seja, deve interessar a terceiros; → Especificidade do Tema: O tema debatido deve ser específico e de conhecimento do amicus curiae; → Repercussão Social da Controvérsia: O julgador deve observar os reflexos que a controvérsia pode gerar no âmbito da coletividade; Os requisitos acima são alternativos (basta que exista um dos três), enquanto o requisito abaixo é obrigatório; → Representatividade Adequada: O objeto do processo deve ter relação com os fins institucionais do amicus curiae. Art. 138/CPC: O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. § 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. § 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae . § 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. • Procedimento: O legislador não especifica como se dará o procedimento, destinando ao magistrado a condução dessa intervenção de terceiro; Depois que o amicus curiae se manifesta dentro do prazo de 15 dias, cabe ao julgador definir quais são os poderes do amicus curiae (ex.: se é possível realizar sustentação oral ou não); É possível que haja mais de um amicus curiae no processo. • Poderes/Legitimidade Recursal: A intervenção do amicus curiae, embora seja interessante para enriquecer o processo, não vincula o magistrado; A intervenção do amicus curiae não tem o condão de alterar a competência; A necessidade de acompanhamento de advogado ao amicus curiae é objeto de discussão doutrinária; No entanto, mesma para quem defende que a figura do advogado não é necessária, existem alguns atos que podem ser praticados pelo amicus curiae que necessitam de representação postulatória de advogado (ex.: interpor recurso; fazer sustentação oral ou não; incidente de repercussão geral em recurso especial); A doutrina majoritária e o STF vêm entendendo que não é possível recorrer à decisão judicial que inadmite a intervenção processual do amicus curiae; Por outro lado, Elpídio Donizetti entende que cabe agravo; O próprio STF, em ações de controle de constitucionalidade, vem sendo permitido agravo às decisões que inadmitem amicus curiae; As partes, por negócio jurídico processual, não podem convencionar limitação dos poderes do amicus curiae, porque isso iria de encontro ao próprio instituto. Intervenções Atípicas • Intervenção Especial dos Entes Públicos (Lei n° 9.469/1997): Art. 5º/Lei n° 9.469/1997: A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autores ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas. Parágrafo único. As pessoas jurídicas de Direito Público poderão, nas causas suja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes. As causas que envolvem sociedade de economia mista são de competência estadual, de forma que, a intervenção da União e de pessoas jurídicas de Direito Público descola a competência para a Justiça Federal, salvo se ocorrer em instância recursal. • Intervenção Especial no Processo da Ação de Alimentos: É uma modalidade atípica de intervenção terceiro provocada que pode ocorrer até o saneamento do processo; Por exemplo, se ficar comprovado que o pai não tem condição de conceder a totalidade dos alimentos, a quota parte poderá ser pedida ao avô (deve ser comprovado que o devedor comum não tem condições de pagar a totalidade); Nesse tipo de intervenção de terceiro não há solidariedade (há subsidiariedade), de forma que essa modalidade não se caracteriza como chamamento ao processo; Além disso, não há direito de regresso, de forma que não se encaixa como denunciação da lide (o avô não pode regredir em ação face ao pai); Nesse caso, forma-se um litisconsórcio facultativo ulterior simples eventual, porque a decisão não vai ser a mesma para todos os envolvidos; Segundo Fredie Didier Jr., o réu (devedor comum citado incialmente) não pode promover o chamamento do terceiro em face de quem o autor deveria propor a demanda; O STJ autoriza que os coobrigados em alimentos chamem os outros coobrigados; Daniel Assunção acredita que o chamamento pode ser realizado pelo réu, dependendo da anuência do autor; Essa intervenção pode ser requerida pelo Ministério Público Art. 1.698/CC: Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. → Alimentos do Estatuto do Idoso: Art. 12/CC: A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores. O caso de ação de alimentos específica do Estatuto do Idoso se encaixa em chamamento ao processo. Intervenção Iussu Iudicis Era uma figura existente no CPC/39, tratando-se de modalidade de intervenção por determinação do juiz, por sua conveniência; Discute-se se ainda existe tal figura, havendo duas correntes; A primeira corrente defende que esse instituto não existe mais (o fundamento é a imposição da lei); A segunda corrente defende que existe ainda tal modalidade no art. 115 parágrafo único; Ainda, há quem diga que essa intervenção existe no Ordenamento Jurídico tanto em situações típicas quanto em situação atípicas (Fredie Didier Jr.). Oposição e Nomeação à Autoria São modalidades que existiam no CPC/73 e não existem mais como intervenção de terceiro, mas sim como questão especial prevista no Art. 682 do CPC de 2015 (tratados como procedimentos especiais); Na nomeação à autoria buscava-se corrigir a ilegitimidade, em que o detentor da coisa iria indicar o proprietário ou possuidor da coisa demandada. _______________________________________________________________________________________ Deveres e Responsabilidades das Partes Deveres das Partes • Aspectos Gerais: Os deveres das partes refletem a atual fase processual, o Neoprocessualismo ou Formalismo Valorativo, que é marcada pela preocupação com aspectos éticos do processo: lealdade processual, boa-fé, cooperação, etc.; O processo atual é cooperativo, impondo que as partes colaborem para seu regular andamento; É importante ressaltar que são deveres que não se restringem apenas às partes, estendendo-se a todos aqueles que, de alguma forma, participam do processo (Princípio da Cooperação);O Art. 77 do Código de Processo Civil não configura um rol taxativo, sendo um rol exemplificativo; Art. 77/CPC: Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; Esse inciso nos traz um conceito extremamente fluido de verdade, de forma que não há impedimento a omissão de determinados fatos que venham a prejudicar a parte; II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; No Direito, temos fundamentações de diversas correntes, inclusive entendimento minoritário, inédito ou contrário à jurisprudência dos órgãos de superposição; Tais alegações não são impedidas, desde que fundamentadas (o posicionamento minoritário requer fundamentação muito maior); III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito; Essa previsão busca resguardar a duração razoável do processo; IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; A parte não pode deixar de cumprir decisão judicial, porque a jurisdição é imperativa e inescapável, de forma que se busca resguardar a dignidade da justiça e efetividade da prestação jurisdicional; É possível, tão somente, a busca pelas vias recursais ou pedido de efeitos suspensivos. V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. A violação de tais deveres enseja a condenação por litigância de má-fé (consequência do descumprimento dos deveres). • Dever de não Empregar Expressões Ofensivas: Existe a possibilidade de sanção disciplinar ao juiz nos casos de emprego de expressões ofensivas; Se na forma escrita, o juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a riscagem das palavras; Se na forma oral, o juiz adverte, se isto não solucionar, ele cassa a palavra da parte (perda do direito de fala no momento), persistindo, chama as autoridades policiais. Art. 78/CPC: É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados. § 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra. § 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada. • Ato Atentatório à Dignidade da Justiça: Sempre que houver violação aos deveres previstos nos incisos IV e VI do Artigo 77 do Código de Processo Civil, será considerado ato atentatório à dignidade da justiça, cabendo punição mais grave (multa de cunho punitivo revertida para o Estado); Essa multa pode ser até de 20% o valor da causa ou, em sendo o valor da causa muito baixo, até 20 salários mínimos; Isso porque, nesse caso, não há ofensa à parte contrária, mas sim à própria figura da Jurisdição; Os advogados, os membros do Ministério Público e os membros da Defensoria Pública não são submetidos à multa, sendo punidos administrativamente. Art. 77, §§ 1º, 2º, 3º , 4º, 5º, 6º, 7º e 8º/CPC: § 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça. § 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. § 3 o Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2º será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97 . § 4º A multa estabelecida no § 2º poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º , e 536, § 1º . § 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2º poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. § 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. § 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2º. § 8º O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar. Responsabilidade das Partes por Dano Processual A violação aos deveres de lealdade e cooperação é considerada litigância de má-fé, de forma que o dano causado precisa ser ressarcido; • Litigância de Má-Fé: Art. 80/CPC: Considera-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. • Consequências da Prática de Ato por Litigância de Má-Fé: → Indenização por Perdas e Danos: Se a minha conduta gera prejuízo para a outra parte, cabe indenização por perda e danos, sendo o valor fixado pelo juiz. Art. 79/CPC: Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente. → Incidência de Multa: Essa multa é revertida para a parte contrária e não para o Estado, sendo fixada de ofício ou a requerimento da parte; Essa multa varia de 1% a 10% do valor da causa e, em sendo o valor irrisório, até 10 salários mínimos. Art. 81/CPC: De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. § 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. § 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. → Condenação em Honorários Advocatícios e Despesas Efetivadas: Essa condenação não se confunde com a condenação decorrente da sucumbência, porque é possível que a parte vencedora seja considerada litigante de má-fé durante o processo. _______________________________________________________________________________________ Custos do Processo Despesas Processuais • Pagamentos das Despesas Processuais: → Ônus de Adiantamento das Despesas: Os ônus de adiantamento são despesas que, se não forem pagas, impõe a não realização do ato, sendo direcionadas ao autor; Em regra, o ônus não é exigível pela parte contrária, ou seja, o ônus do pagamento é de quem pede a realização do ato; Os beneficiários da Justiça Gratuita, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Fazenda Pública são isentos do pagamento; Se oato for requerido de ofício ou a requerimento do Ministério Público, incumbe ao autor da ação o adiantamento do pagamento das despesas; Em recusa do autor ao pagamento, o Fundo de Modernização do Poder Judiciário arca com o ônus. Art. 82/CPC: Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título. § 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. → Dever de Pagar as Despesas: O vencido pagará ao vencedor as despesas da realização de atos que requisitou; No caso de o Fundo de Modernização do Poder Judiciário ter pago as despesas processuais antecipadas, há dever de ressarcir o Estado ao fim do processo. Art. 82, § 2º/CPC: § 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. • Divisão dos Ônus Sucumbenciais: → Princípio da Sucumbência: Esse princípio prega que os custos e os gastos do processo devem ser atribuídos à parte vencida, de forma que, em regra, quem perde paga. ◦ Sucumbência Recíproca e Sucumbência de Parcela Mínima: Existem casos em que a ação é julgada procedente em parte dá-se a sucumbência recíproca; Nesses casos, as verbas sucumbenciais serão distribuídas proporcionalmente entre os litigantes; Nos caos de sucumbência de parcela mínima, as despesas serão arcadas pela parte sucumbente. Art. 86/CPC: Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários. ◦ Litisconsórcio: Nos casos de litisconsórcio, os vencidos respondem de maneira proporcional, tendo a divida natureza solidária. Art. 87/CPC: Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários. § 1º A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput . § 2° Se a distribuição de que trata o § 1º não for feita, os vencidos responderão solidariamente pelas despesas e pelos honorários. ◦ Jurisdição Voluntária: Já que as vontades são convergentes, não há que se falar em sucumbência, de forma que o adiantamento das despesas é pago pelo requerente e, ao final do processo, é distribuído proporcionalmente entre os interessados. Art. 88/CPC: Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo requerente e rateadas entre os interessados. ◦ Juízos Divisórios: Nesses casos, os interessados pagam as despesas de maneira proporcional ao seu quinhão. Art. 89/CPC: Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as despesas proporcionalmente a seus quinhões. ◦ Assistência: Nos casos de assistência, se o assistido for vencido, o assistente será condenado ao pagamento de custas na proporção da atividade que desenvolveu. Art. 94/CPC: Se o assistido for vencido, o assistente será condenado ao pagamento das custas em proporção à atividade que houver exercido no processo. → Princípio da Causalidade: Esse princípio assevera que será responsável pelo pagamento das despesas não necessariamente quem perdeu a ação, mas aquele que deu causa ao ajuizamento da ação. Art. 90/CPC: Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu. § 1º Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesas e pelos honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da qual se desistiu. § 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente. § 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver. § 4º Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir integral0mente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade. Art. 85, § 10/CPC: § 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo. Art. 93/CPC: As despesas de atos adiados ou cuja repetição for necessária ficarão a cargo da parte, do auxiliar da justiça, do órgão do Ministério Público ou da Defensoria Pública ou do juiz que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição. A condenação do pagamento das custas processuais independe de pedido explícito da parte, tratando-se de pedido implícito; Se o juiz é omisso quando da decisão, é necessário que se interponha embargos de declaração; Caso a parte vencedora não embargue, esta está aceitando que a parte vencida não ressarça as custas processuais; A condenação do pagamento das custas processuais incide tanto em casos de extinção do processo com resolução do mérito quanto em casos de extinção do processo sem resolução do mérito; Nos casos em que há acordo, as despesas são rateadas entre as partes; Nos casos de renúncia da ação antes da citação do réu não há que se falar em condenação em honorários sucumbenciais, desde que nenhum ato tenha sido praticado pela parte. • Cautio Pro Expensis: São casos em que o autor da ação reside fora do Brasil e não deixa, em território nacional, renda para a eventualidade de pagar as despesas processuais; Por isso, é obrigatório que o autor deixe caução antes de sair do país. Art. 83/CPC: O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento. § 1º Não se exigirá a caução de que trata o caput : I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz parte; II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença; III - na reconvenção. § 2º Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garantia, poderá o interessado exigir reforço da caução, justificando seu pedido com a indicação da depreciação do bem dado em garantia e a importância do reforço que pretende obter. • Despesas com Perícia: Em regra, quem pede a perícia paga com os custos do perito; Nos casos em que a perícia é requerida pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, são estes órgão que arcam com as custas periciais; Quando a perícia for determinada de ofício, a prova pericial será rateada; Se requerida pelo beneficiário da Justiça Gratuita, a prova pericial será custeada pelo ente público (fundo previsto no Art. 97). Art. 91, §§ 1° e 2°/CPC: § 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova. § 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público. Art. 95/CPC: Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes. § 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente. § 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida monetariamente e paga de acordocom o art. 465, § 4º . § 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser: I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado; II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça. § 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2º . § 5º Para fins de aplicação do § 3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da Defensoria Pública. Honorários Advocatícios • Honorários Contratuais x Honorários Sucumbenciais: Honorários contratuais são provenientes do negócio jurídico entre parte e seu advogado, onde o Poder Judiciário não interfere; Honorários sucumbenciais são os honorários pagos pelo vencido ao advogado da parte vencedora. • Titularidade, Natureza Alimentar e Compensação: Os titulares do honorário sucumbencial não a parte vencedora, e sim o seu advogado; Essa verba sucumbencial tem natureza alimentar; O novo Código de Processo Civil veda a compensação de honorários sucumbenciais, porque os titulares dos créditos são pessoas distintas; Nos casos que envolvem a Fazenda Pública, que realiza pagamentos via precatório, o pagamento imediato de honorários sucumbenciais não foi previsto pelo legislador; O entendimento doutrinário que prevalece estabelece que a exigibilidade dos honorários sucumbenciais depende do pagamento do crédito (precatório). Art. 85, §14/CPC: Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. • Cabimento: É possível majoração de honorários advocatícios nos casos de interposição de recuso (maneira de desestimular recursos indevidos); Não cabe condenação de honorários sucumbenciais em mandados de segurança e ações civis públicas. Art. 85, §§ 1° e 17/CPP: § 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. § 17 Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria. • Valor-Parâmetro e Percentual: Art. 14, § 2°/CPC: § 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. • Omissão: O juiz tem a obrigação de fixar os honorários advocatícios na decisão; Nos casos em que há omissão do juiz quanto à fixação dos honorários advocatícios, o advogado pode entrar com embargos de declaração ou ação autônoma de cobrança. Art. 85, § 18/CPC: § 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança. • Pagamento à Sociedade de Advogados: O pagamento de honorários advocatícios, quando feito diretamente a uma sociedade de advogados, pode ser mais vantajoso, por conta dos altos tributos cobrados. Art. 85, § 15/CPC: § 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no § 14. • Fazenda Pública: Se aumenta o valor da condenação, diminui o percentual dos honorários sucumbenciais; Se o valor da condenação for acima do teto, o que ultrapassar é aplicado na segunda faixa, e o que não ultrapassa é aplicado na primeira faixa. Art. 85, §§ 3°, 4°, 5°/CPC: § 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais: I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos; III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos; V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos. § 4º Em qualquer das hipóteses do § 3º : I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a sentença; II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado; III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa; IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação. § 5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente. • Advogados Públicos: Art. 85, § 19/CPC: Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei. • Fixação por Apreciação Equitativa: Há a fixação por apreciação equitativa quando o valor da causa é inestimável ou irrisório; Nesses casos, o juiz a fixação dos honorários sucumbenciais é fixada por equidade. Art. 85, § 8/CPC: Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º. → Tema 1.076/STJ: Trata-se de uma decisão que possui caráter vinculante. _______________________________________________________________________________________ Gratuidade da Justiça Aspectos Gerais, Beneficiários e Causa para Concessão A gratuidade da justiça envolve a justiça gratuita, a assistência judiciária e outros aspectos envolvidos com o acesso à justiça; É um instituto designado para aqueles que não têm condições de pagar as custas do processo; O simples pedido de gratuidade gera presunção juris tantum para a parte, ou seja, a presunção relativa de que a pessoa não tem como pagar as custas do processo, devendo a contraparte ou o juiz afastá-la; Contudo, a lei não trazia parâmetro específico, havendo certa discricionariedade do magistrado a partir da subjetividade da questão, até o novo Código de Processo Civil trazer certa regulação; Tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas podem ser beneficiárias da gratuidade da justiça; A jurisprudência define que as pessoas jurídicas têm que provar a insuficiência de recursos para pagar as custas do processo. Art. 98/CPC: A pessoa naturalou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. § 1º A gratuidade da justiça compreende: I - as taxas ou as custas judiciais; II - os selos postais; III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço estivesse; V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais; VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira; VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido. Condenação do Beneficiário da Gratuidade A gratuidade da justiça não exime o beneficiário do pagamento das despesas processuais e eventuais responsabilizações em casos de condenação, de forma que a obrigação de pagar fica sob condição suspensiva em um prazo de 5 anos; Depois de 5 anos, deixa de existir a obrigação de pagamento de honorários sucumbenciais. Art. 98, § 2°, 3° e 4°/CPC: § 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. § 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. § 4º A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas. Concessão Parcial e Parcelamento O benefício de gratuidade da justiça é bem flexível, não precisando necessariamente abranger todos os atos processuais, podendo até ser parcelada; Nesse sentido, é possível também que a concessão seja revogada. Art. 98, §§ 5º e 6º/CPC: § 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. § 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. Procedimento Normalmente, o pedido é feito de imediato pelo autor ao ingressar na ação (petição inicial), mas não é o único momento onde pode ser feito; Também é possível que o réu peça na contestação; Além disso, nada impede que o pedido pelo benefício ocorra supervenientemente, por meio de petição simples, o que não acarretará a suspensão do processo; Se o juiz indefere o benefício de gratuidade de justiça, a parte pode recorrer por meio de agravo, sendo em decisão interlocutória, ou por meio de apelação, sendo na sentença. Art. 99/CPC: O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. § 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. Art. 100/CPC: Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso. Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa. Recurso A parte contrária pode impugnar a decisão beneficiária do juiz a outra parte; A partir disso, o juiz pode acatar a impugnação ou não, ou seja, revogar o benefício ou não. Art. 101/CPC: Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. § 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso. § 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso. _______________________________________________________________________________________ Petição Inicial Conceito e Relação com o Direito de Ação A petição inicial é um o ato inaugural do procedimento, responsável por fixar os elementos objetivos e subjetivos da lide, bem como tirar o Poder Judiciário da inércia; A petição inicial é o ato por meio do qual se efetiva o direito de ação, ou seja, é o ato mais importante do processo; A petição inicial é o instrumento da demanda (“a sentença é o espelho da petição inicial”); Alguns doutrinadores defendem que, esse sentido, a petição inicial em si seria um pressuposto de existência. Função ❶ Romper a inércia da Jurisdição; ❷ Identificar e individualizar a demanda (elementos da ação: partes, pedido e causa de pedir). Importância A petição inicial, sendo o ato mais importante do processo, tem suma importância para individualizar a demanda, (identificar conexão, continência e litispendência), limitar o juiz ao pedido, fixar a competência, estipular o valor da causa, entre outros aspectos processuais. Requisitos da Petição Inicial O legislador traz, no Arts. 319 e 320 do Código de Processo Civil, os requisitos da petição inicial; Tais requisitos são os mínimos, de forma que é possível que sejam exigidos outros requisitos em ações específicas, a exemplo do pedido de tutela provisória, ação possessória, etc.; Além disso, a petição inicial deve ser escrita em português, datada e assinada; A petição inicial deverá também ser acompanhada de procuração, quando necessário. Art. 319/CPC: A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; Quando há dificuldade na qualificação do réu, o legislador traz uma flexibilização (parágrafos 1º, 2º e 3º do Art. 319). Art. 319, §§ 1º, 2º e 3º/CPC: § 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; • Causa de Pedir: → Causa de Pedir Próxima: São os fundamentos jurídicos da causa depedir; → Causa de Pedir Remota: São os fundamentos fáticos da causa de pedir; → Causa de Pedir Ativa: Seria o fato constitutivo do direito; → Causa de Pedir Passiva: Seria a atitude do réu que lesiona o direito e gera o interesse de agir. • Teoria da Individualização x Teoria da Substanciação: A teoria da substanciação divide a causa de pedir em fundamentos fáticos e fundamentos jurídicos; Nesse sentido, é preciso que haja os dois fundamentos, porque a causa de pedir se perfaz nesses dois requisitos; Para a teoria da individuação, a causa de pedir seria apenas a fundamentação jurídica (o direito que a parte autora alega ter); No Brasil, é a dotada a teoria da substanciação; A adoção de uma ou outra teoria, para fins de individualização, observação do princípio da congruência e estabilização da demanda, gera consequências práticas distintas. • Fundamento Jurídico x Fundamento Legal: Fundamento jurídico não se confunde com fundamento legal; Enunciado n° 281/FPPC: Indicação de dispositivo legal na petição inicial. Dispensável à propositura da ação, pois não se trata de requisito elencado no CPC/2015, art. 319. Enunciado n° 282/FPPC: Julgamento fundamentado em enquadramento normativo diverso daquele estipulado pelas partes. IV - o pedido com as suas especificações; • Conceito de Pedido: Pedido é o núcleo da petição inicial, sendo o que se pede. “O pedido é o que se pede; não o fundamento ou a razão de pedir, a causa petendi. É o objeto imediato e mediato da demanda. Aí está o motivo da discórdia, que o juiz vai desfazer, declarando quem está com a verdade” (Pontes de Miranda) • Característica/Importância: → Princípio da Congruência (Arts. 141 e 492/CPC): O magistrado está adstrito àquilo que é pedido na petição inicial, de forma que sentenças extra petitas, ultra petitas e citra petitas são nula. ◦ Sentença Extra Petita: O juiz concede algo distinto do que foi pedido na petição inicial, o que resulta em nulidade do julgamento; ◦ Sentença Ultra Petita: É aquele sentença em que o juiz ultrapassa o que foi pedido, ou seja, vai além dos limites do pedido contido na petição inicial; ◦ Sentença Citra Petita: É a sentença em que o magistrado deixa de apreciar pedido formulado ou deixa de examinar questão de vital importância para a parte. A decisão condicional, ou seja, aquela que condiciona o reconhecimento do direito, também é nula; Vale ressaltar que o juiz pode condicionar a produção de efeitos da existência do direito, mas não o reconhecimento dele em si; Art. 141/CPC: O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492/CPC: É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. ◦ Exceções ao Princípio da Congruência: ▪ Pedidos Ex Officio: Existem questões que o magistrado pode conhecer de ofício (ex.: prescrição e decadência); ▪ Pedidos Implícitos: São os chamados “efeitos anexos da decisão” (ex.: atualização monetária e juros); ▪ Inconstitucionalidade por Arrastamento: São artigos que não são objetos de controle de constitucionalidade, mas, por decorrerem diretamente de artigos declarados inconstitucionais, são considerados inconstitucionais por arrastamento. → Individualização da Demanda: → Fixação do Valor da Causa: • Pedido Imediato x Pedido Mediato: Pedido imediato é o provimento jurisdicional pleiteado (declaração, reconhecimento de constituição ou desconstituição de situação jurídica, etc.); Pedido mediato é o bem da vida pretendido, ou seja, o que efetivamente se quer. • Requisitos do Pedido: O pedido precisa ser certo, determinado, claro e coerente. → Certeza: O pedido precisa ser expresso, de forma que a parte precisa dizer o que está pedindo. ◦ Pedido Implícito (exceção): Os pedidos implícitos são exceções ao requisito de certeza do pedido, pois são efeitos anexos à decisão; No entanto, vale deixar claro que não existe condenação implícita, devendo o magistrado manifestar-se acerca dos pedidos implícitos (ex.: correção monetária; juros legais; honorário sucumbenciais; etc.). Art. 322, § 2º/CPC: A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. Enunciado n° 285/FPPC: A interpretação do pedido e dos atos postulatórios em geral deve levar em consideração a vontade da parte, aplicando-se o art. 112 do Código Civil. Enunciado n° 286/FPPC: Aplica-se o § 2º do art. 322 à interpretação de todos os atos postulatórios, inclusive da contestação e do recurso. → Determinação: O pedido deve ser determinado, ou seja, deve-se dizer a qualidade e a quantidade do que se quer. ◦ Pedido Genérico (exceção): Em relação ao pedido imediato, o pedido deve ser invariavelmente determinado; Em relação ao pedido mediato, é possível que o pedido seja genérico, em casos que não há como quantificar; Pedido genérico, em termos legislativos, é aplicável nos seguintes casos: ações universais; ações indenizatórias, quando no momento da propositura da demanda não há como quantificar o dano, haja vista que ele se protrai no tempo. Art. 324/CPC: O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. O STJ admite que o pedido seja genérico quando for difícil quantificar o dano, quando se requer perícia, etc.; O STJ vinha aceitando a formulação de pedido genérico em caso de danos morais, mas tal entendimento encontra-se superado, porque o legislador previu expressamente que o valor da causa é o valor pretendido. → Clareza: O pedido tem que ser claro, tendo a parte o dever de esclarecimento em decorrência do Princípio da Cooperação; → Coerência: O pedido é uma decorrência lógica da causa de pedir, ou seja, o pedido deve ser coeso em relação à causa de pedir, ou seja, com os fundamentos fáticos e com os fundamentos jurídicos. Esses requisitos são cumulativos e não alternativos. • Estabilização Objetiva do Pedido: O autor pode modificar o pedido e a causa de pedir até a citação do réu, momento onde é desprezada a anuência deste; O autor pode modificar o pedido quando já tiver ocorrido a citação do réu, a depender da anuência deste, até a fase de saneamento; O legislador asseverou que, após a fase de saneamento, há impossibilidade de alteração do pedido e da causa de pedir, mesmo com a anuência do réu; Existem autores que defendem a possibilidade de redução do pedido; Há casos excepcionais em que o legislador autoriza a modificação do pedido em momento posterior. Art. 329/CPC: O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. • Cumulação de Pedidos: → Espécies: ◦ Cumulação de Pedidos Própria: Na cumulação de pedidos própria são formulados vários pedidos e almeja-se que todos eles sejam acolhidos; ▪ Cumulação de Pedidos Própria Simples (A e B): Não existe relação de interdependência entre os pedidos (ex.: danos morais e danos materiais); ▪ Cumulação de Pedidos Própria Sucessiva (B só se A): Há relação de interdependência entre os pedidos (ex.: reconhecimento de paternidade e pagamento de alimentos; nulidade de um contrato por vício e indenização decorrente do vício); ◦ Cumulação de Pedidos Imprópria: Na cumulação de pedidos imprópria são formulados vários pedidos para que algumdeles seja acolhido; ▪ Cumulação de Pedidos Imprópria Subsidiária/Eventual (Só B se não A): O autor estabelece uma ordem de preferência entre os pedidos; Nesses casos, há interesse recursal do autor quando o magistrado não acolhe o pedido principal, mesmo que tenha sido acolhido o pedido subsidiário; Se o magistrado acolhe o pedido principal do autor, o réu apela, e o Tribunal de Justiça acolhe o recurso, este deve decidir tão logo quanto ao mérito do pedido subsidiário. Enunciado n° 102/FPPC: O pedido subsidiário (art. 327) não apreciado pelo juiz – que acolheu o pedido principal - é devolvido ao tribunal com a apelação interposta pelo réu. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, Apelação e Agravo) ▪ Cumulação de Pedidos Imprópria Alternativa (A ou B): O autor não estabelece uma ordem de preferência entre os pedidos, não existindo hierarquia entre eles. → Requisitos da Cumulação de Pedidos: Existe uma certa lógica para que haja a cumulação de pedidos. Art. 327/CPC: É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. § 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: I - Os pedidos sejam compatíveis entre si; II - Seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. ◦ Compatibilidade: Os pedidos precisam ser compatíveis entre si, de forma que pedidos incompatíveis não podem ser cumulados (isso não se aplica à cumulação imprópria); ◦ Competência: O juiz precisa ter competência absoluta para julgar todos os pedidos; ◦ Identidade de Procedimento: É preciso que haja identidade de procedimentos entre os pedidos, de forma que não há como cumular pedidos que tenham procedimentos diversos, a não ser que haja como reuni-los sob o rito do procedimento comum; As ações que possuem procedimentos especiais obrigatório e, obviamente, não podem ser reunidas sob o rito do procedimento comum, não podem ter seus pedidos cumulados. → Cumulação de Pedidos x Concurso de Ações: A cumulação de ações pode ser subjetiva (ex.: colegitimação/litisconsórcio) ou objetiva (ex.: cumulação de pedidos e/ou cumulação de causas de pedir); O concurso de ações é uma lide pode admitir mais de um tipo de composição/solução; → Concurso de Ações Subjetivo: Co-legitimados. → Concurso de Ações Objetivo: ◦ Próprio: Existem várias causas de pedir e um único pedido, sendo uma delas suficientes para julgar o pedido; ◦ Impróprio: Uma única causa de pedir pode ensejar várias pedidos e somente um dos pedidos pode ser acolhido. A cumulação de pedidos imprópria é uma técnica para resolver a questão do concurso objetivo de ações. V - o valor da causa; Toda causa precisa ter um valor, de forma que é um requisito indispensável da petição inicial; O pagamento das custas são pagas com base do valor atribuído à causa; Existem ações nas quais não há proveito econômico, mas, mesmo assim, são estipulados valores para a causa por estimativa. • Regras para a Fixação do Valor da Causa: Art. 292/CPC: O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. § 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. § 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. § 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes. • Valor da Causa no Novo Código de Processo Civil: → Fixado em moeda nacional; → Fixado no momento do ajuizamento da ação; → Legal ou por estimativa; → Fixado levando em conta o proveito econômico; → Desse valor depreende-se o valor das custas processuais, inclusive eventuais multas processuais. • Impugnação ao Valor da Causa: O valor da causa pode ser impugnado pelo réu ou corrigido ex officio pelo magistrado; O prazo fatal para o réu impugnar o valor da causa é a sede preliminar de contestação, sob pena de preclusão; Uma parcela da doutrina defende que o valor da causa pode ser corrigido de ofício pelo juiz até a fase de saneamento; Outra parcela da doutrina defende que o valor da causa só pode ser corrigido de ofício pelo juiz até o oferecimento da contestação pelo réu. VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; É preciso que o autor indique quais são as provas que demonstrará, sem necessariamente especifica-las, fazendo pedido genérico de produção de provas; Isso porque, normalmente, há uma fase específica para produção de provas, sendo possível sua determinação de ofício; O pedido genérico de produção de provas é necessário porque existem causas em que o magistrado determina que não é necessária a instrução, proferindo julgamento antecipado VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. O autor deve dizer na petição inicial se há interesse ou não na audiência de conciliação; O silêncio do autor indica interesse na realização da audiência de conciliação; A audiência de conciliação só não se realiza se as duas partes não quiserem; O não comparecimento à audiência de conciliação enseja ato atentatório à dignidade da justiça. • Documentos (Requisito da Petição Inicial): Art. 320/CPC: A petição inicial será instruída com os documentos Esses documentos são essenciais para o desenvolvimento do processo; No entanto, esses documentos não são indispensáveis à propositura da ação, não tendo relação com a vitória do autor ou do réu; → Documentos Substanciais x Documentos Fundamentais x Documentos Essenciais: Documentos substanciais são indispensáveis para o desenvolvimento do processo (comprovante de pagamento de custas); Documentos fundamentais são aqueles aos quais a parte se reporta como sua causa de pedir (ex.: contrato de consumo). Posturas do Magistrado Diante da Petição Inicial Ao receber a inicial o magistrado pode adotar algumas posturas: emenda da petição inicial, indeferimento da petição inicial, improcedência da petição inicial, designação de audiência de conciliação e mediação. • Emenda da Petição Inicial: Se o juiz constatar que existe algum vício sanável ou irregularidade que impeça o julgamento de prazo, este dá um prazo de 15 dias para que o autor corrija a petição inicial; Nesse ato do magistrado, ele precisa dizer o que especificamente precisa ser corrigido, complementado ou emendado na petição inicial. Art. 321/CPC: O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. → Natureza Jurídica do Ato: Alguns doutrinadores defendem que se trata de decisão interlocutória, de forma que, se o juiz não disser com precisão oque deve ser corrigido, é cabível embargos de declaração; O STJ manifestou-se defendendo que esse ato se trata de despacho, onde não é cabível recurso. → Emendas Sucessíveis: A doutrina e a jurisprudência permitem emendas sucessíveis, quando o Juiz constatar irregularidade ou defeito, mesmo após a emenda ser realizada, podendo o juiz limitar a quantidade de emendas diante do caso concreto; → Preclusão pro iudicato: Ao determinar que a petição inicial seja emendada, o Juiz não pode mudar de ideia, de forma que, em acontecendo, ocorre a preclusão pro iudicato (preclusão para o juiz); → Emenda a Destempo: É possível a emenda da petição inicial a qualquer tempo, desde que não se altere o pedido ou a causa de pedir. • Indeferimento da Petição Inicial: O indeferimento da petição inicial é uma decisão que irá obstar liminarmente o prosseguimento da causa; Nesses casos, o processo é extinto sem resolução de mérito e sem condenação em honorários sucumbenciais; O indeferimento da inicial se dá antes da ouvida do réu, tecnicamente falando; Acontece quando não é possível processar a demanda, seja porque o vício é insanável, seja porque a parte não sanou o vício, cumprindo o comando judicial de correção da petição inicial. Art. 330/CPC: A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. A ocorrência de indeferimento após ser ouvido o réu não se chama propriamente indeferimento e, mesmo assim, a causa será extinta sem resolução de mérito, com base no Art. 485; A consequência prática disso é que nesse caso o autor será condenado em honorários advocatícios, porque houve citação e gastos com advogados. → Espécies de Indeferimento e Recurso Cabível: ◦ Indeferimento Total: É rejeitada a demanda como um todo, havendo extinção do processo sem resolução do mérito; Esse deferimento total, quando vindo de um juiz de primeiro grau, tem natureza de sentença, sendo cabível apelação; Quando vindo de um desembargador monocraticamente, é cabível agravo interno; Quando vindo de órgão colegiado, são cabíveis Recurso Especial, Recurso Ordinário e Recurso Extraordinário. ◦ Indeferimento Parcial: É rejeitada apenas uma parcela da demanda, não havendo extinção do processo sem resolução do mérito; Esse indeferimento parcial, quando vindo de um juiz de primeiro grau, tem natureza de decisão interlocutória, sendo cabível agravo de instrumento; Quando vindo de um desembargador monocraticamente, é cabível agravo interno; Quando vindo de órgão colegiado, são cabíveis Recurso Especial, Recurso Ordinário e Recurso Extraordinário. → Apelação e Juízo de Retração: O juiz, a partir de uma apelação da parte autora, pode se retratar do indeferimento da petição inicial, seguindo o processo rumo a uma decisão de mérito; Não havendo a retratação do juiz, ele cita o réu para apresentação de contrarrazões ao recurso; Se o tribunal reforma a decisão de indeferimento, descem os autos ao primeiro grau; O tribunal não pode julgar de imediato a causa, porque o processo não está pronto para ser sentenciado e haveria supressão de instância; Contudo, alguns doutrinados, como Elpídio Donizetti, defendem que o Tribunal de Justiça julgue a causa se as contrarrazões tiverem caráter de contestação; Fredie Didier Jr. entende que não é cabível retratação do juiz de ofício, enquanto Daniel Assunção entende que é possível; Não interposta apelação pela parte autora, o réu será intimado pelo cartório do trânsito em julgado para ciência de que tramitou um processo em seu desfavor. Art. 331/CPC: Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. Atualmente, o juiz não analisa admissibilidade de apelação, de forma que este recurso sobe direto para o Tribunal de Justiça; Não é possível a retratação do juiz se a apelação for intempestiva. Enunciado n° 2/STJ: → Hipóteses de Indeferimento: ◦ Inépcia da Petição Inicial: A inépcia diz respeitos ao elementos objetivos da demanda (pedido e causa de pedir); Art. 330, §§ 1º, 2º e 3°: § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. ◦ Parte manifestamente ilegítima; ◦ Autor carecer de interesse de agir; ◦ Não atendimento às prescrições dos artigos 106 e 321/CPC. • Improcedência Liminar do Pedido: Nesse caso, o juiz julga improcedente o pedido, ou seja, há resolução do mérito antes da citação do réu, formando coisa julgada. → Pressupostos/Requisitos: Se for necessária a fase instrutória, ou seja, a produção de provas, não é possível a improcedência liminar do pedido; Além de ser dispensada a fase instrutória, o pedido precisa se encaixar em uma das seguintes hipóteses: Art. 332/CPC: Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. Daniel Assunção defende que a prescrição pode ser acolhida de ofício pelo juiz até a citação do réu, porque se presume que o réu, a não apontar a prescrição, está renunciando a ela tacitamente. ◦ Espécies de Improcedência Liminar e Recurso Cabível: ▪ Improcedência Liminar Total: É considerada improcedente a demanda como um todo, havendo extinção do processo com resolução do mérito; Essa improcedência total, quando vinda de um juiz de primeiro grau, tem natureza de sentença, sendo cabível apelação; Quando vinda de um desembargador monocraticamente, é cabível agravo interno; Quando vinda de órgão colegiado, são cabíveis Recurso Especial, Recurso Ordinário e Recurso Extraordinário. ▪ Improcedência Liminar Parcial: É considerada improcedente apenas uma parcela da demanda, havendo extinção do processo com resolução do mérito apenas no que refere aquela parcela rejeitada; Essa improcedência parcial, quando vinda de um juiz de primeiro grau, tem natureza de decisão interlocutória, sendo cabível agravo de instrumento; Quando vinda de um desembargador monocraticamente, é cabível agravo interno; Quando vinda de órgão colegiado, são cabíveis Recurso Especial, Recurso Ordinário e Recurso Extraordinário. ◦ Apelação e Juízo de Retribuição: O juiz, a partir de uma apelação da parte autora, pode se retratar da improcedência liminar do pedido, seguindo o processo rumo a uma decisão de mérito; Há uma corrente doutrinária que deve ser citado o réu para apresentação de contrarrazões ao recurso; Uma segunda corrente defende que o processo não deve voltar para o primeiro grau, pois as contrarrazõespossuem natureza de contestação. ◦ Improcedência Liminar do Pedido em Hipótese Atípica: Se a improcedência do pedido é macroscópica, o juiz desde logo pode julgar pela improcedência liminar do pedido. Enunciado n° 36/FPPC: As hipóteses de impossibilidade jurídica do pedido ensejam a improcedência liminar do pedido. _______________________________________________________________________________________ Audiência de Conciliação e Mediação Posturas do Magistrado diante da Petição Inicial • Declarar Incompetência; • Declarar Impedimento ou Suspeição; • Determinar Emenda à Petição Inicial; • Indeferir a Petição Inicial; • Declarar a Improcedência Liminar do Pedido; • Designação de Audiência de Conciliação ou Mediação. Aspectos Gerais no Novo Código de Processo Civil De acordo com o novo Código de Processo Civil, a audiência de conciliação ou mediação é realizada antes da apresentação de contestação pelo réu, como um estímulo à autocomposição; No entanto, essas audiências podem causar um atraso imenso no processo, porque sua realização pode demorar muito; Em muitos casos, essa obrigatoriedade da designação da audiência viola o Princípio da Duração Razoável do Processo. Quando a Audiência não será Designada • Quando ambas as partes expressamente se manifestem pelo desejo de não conciliar; • Quando o tipo de direito material discutido não comporte conciliação. Sem o enquadramento dessas hipóteses o comparecimento é obrigatório, a representação por procuração sendo possível; O réu será intimado da audiência 20 dias antes da sua realização, tendo até 10 dias antes para atravessar petição que demonstre seu desinteresse no acordo; A partir da interposição dessa petição começa a contar o prazo de contestação. Consequência do Não Comparecimento da Parte O não comparecimento injustificado é considerado ato atentatório à dignidade da justiça, cabendo multa de 2% sobre o valor da causa, que é revertida em favor do Estado. Autocomposição Frutífera e Infrutífera Sendo frutífera, há acordo que será homologado pelo juiz, sendo que o processo se extingue com a análise do mérito; Sendo infrutífera, não há acordo, a partir disso começa a contar o prazo para contestar. _______________________________________________________________________________________ Formação do Processo Inércia da Jurisdição Art. 2º/CPC: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Petição Inicial como Instrumentos para a Propositura da Ação A ação se instrumentaliza com a petição inicial; A ação está proposta quando a petição inicial é protocolada (depende única e exclusivamente da parte); No entanto, não existe a triangularização da relação jurídica processual, porque o réu ainda não foi citado; Após a propositura da ação, haverá o registro ou distribuição do processo, coisa que depende unicamente do Poder Judiciário. Art. 312/CPC: Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado. _______________________________________________________________________________________ Distribuição e Registro Registro x Distribuição • Efeitos do Registro e Distribuição: Uma vez protocolada, a ação será necessariamente submetida a registro; A ação será inserida no livro próprio onde serão registrados os dados do processo; Quando houver mais de um juízo no local, será feito um sorteio para distribuição da demanda; A distribuição nada mais é que o sorteio que definirá qual dos juízos competentes julgará a ação, sob pena de violação ao Princípio do Juiz Natural; Essa distribuição se dá de maneira aleatória e alternada; O registro é obrigatório, enquanto a distribuição acontece se houverem mais de um juízo para julgar a demanda. Art. 284/CPC: Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz. Art. 285/CPC: A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alternada e aleatória, obedecendo-se rigorosa igualdade. Distribuição por Dependência A distribuição por dependência não é exatamente uma distribuição, sendo, na verdade, um encaminhamento dos autos de um processo para o juízo prevento. Art. 286/CPC: Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza: I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, § 3º, ao juízo prevento. _______________________________________________________________________________________ Comunicação dos Atos Processuais Aspectos Gerais Os atos processuais precisam ser públicos, de forma que as partes precisam ser notificadas acerca dos atos processuais. • Cartas: É o meio de comunicação de atos processuais entre juízos. → Carta de Ordem: Atos de publicação de ordem de realização de diligências do órgão jurisdicional hierarquicamente superior ao inferior (tribunal dá ordem ao juiz de direito); → Carta Precatória: Atos de cooperação entre juízos de comarcas, seções ou subsecções judiciárias distintas dentro de um mesmo país; → Carta Rogatória: Atos de cooperação entre juízos de países distintos (precisa de homologação do STJ); → Carta Arbitral: Atos de interação entre juízes togados e juízos arbitrais. • Citação; • Intimação. Citação É o ato que dá ciência do processo ao réu, tendo a finalidade de convoca-lo para integrar a ação e formar a triangularidade da relação jurídica processual; Até a citação, o processo não produz nenhum efeito para o réu; A não ocorrência da citação viola o Contraditório e a Ampla Defesa, sendo considerado um vício transrescisório; A citação é um pressuposto de validade do processo. Art. 238/CPC: Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45 (quarenta e cinco) dias a partir da propositura da ação. • Comparecimento Espontâneo do Réu: Quando o réu não citado ou invalidamente citado comparece espontaneamente ao processo, defendendo-se, de forma que não são gerados prejuízos para ele ou para o processo, não há que se falar em invalidade. Art. 239, §1º/CPC: § 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. • Efeitos da Citação: → Litispendência: A litispendência já existe para o autor, mas se constitui para o réu com a citação; → Litigiosidade da Coisa: O réu não poderá, de maneira geral, dispor da coisa caracterizada como litigiosa; → Constituição em Mora do Demandado: Os juros de mora não retroagem, começam a contar a partir da citação, como se a partir dali o réu soubesse que a obrigação era devida. Art. 240/CPC: A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) . • Interrupção da Prescrição: O despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, e não a citação propriamente dita; Dessa forma, não é qualquer despacho liminar do início do processo, e sim apenas o que ordena a citação; Esse despacho faz retroagir a data da propositura da ação; Mesmo que o processo futuramente seja extinto sem resolução do mérito não impede que se consumo a interrupção do prazo prescricional. Art. 240, §§1º, 2º, 3º e 4º/CPC: § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o dispostono § 1º. § 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. § 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. • Comunicação Pessoal: A citação, sendo um ato extremamente importante, é feita de maneira pessoal, podendo ser feita na figura do seu represente legal ou procurador. Art. 242/CPC: A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado. § 1º Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. § 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o locador em juízo. § 3º A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. • Local: A citação pode ser realizada em qualquer lugar em que o réu se encontre. Art. 243/CPC: A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. Parágrafo único. O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado. • Impedimento para Citação: Art. 244/CPC: Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - De quem estiver participando de ato de culto religioso; II - De cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - De doente, enquanto grave o seu estado. Art. 245/CPC: Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. § 1º O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência. § 2º Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3º Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2º se pessoa da família apresentar declaração do médico do citando que ateste a incapacidade deste. § 4º Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa. § 5º A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando. • Formas de Citação quando ao Conhecimento dos Termos da Demanda (Real x Ficta): → Citação Real x Citação Ficta: A citação é real quando é certa a ciência do réu (ex.: oficial de justiça entregou a citação ao réu); A citação é ficta quando se presume, por uma ficção jurídica, que o réu foi citado, mesmo que ele não tenha ciência certa (ex.: citação por hora certa; citação por edital); Nesses casos, sendo o réu revel não contestando a petição inicial, é nomeado um curador especial, podendo ser exercida a negativa geral. → Nomeação de Curador Especial: Art. 82/CPC: O juiz nomeará curador especial ao: I - Incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; II - Réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado. Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei. • Meios para Realização da Citação: O meio eletrônico é preferencial, mas existem outros meios, a exemplo do correio e do oficial de justiça; A citação por oficial de justiça ou correios é um ato complexo, o prazo só começará a contar com a juntada do Aviso de Recebimento ou assinatura de recebimento nos autos. → Citação por Meio Eletrônico: Art. 246, caput/CPC: A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça. ◦ Aspecto da Lei n° 14.195/2021: Foi responsável por mudar a forma preferencial de citação, que passou a ser por meio eletrônico. ▪ Necessidade de cadastro: É dever de todos os partícipes do processo manter atualizados seus endereços eletrônicos; ▪ Dever de fornecer o endereço eletrônico: Alguns doutrinadores entendem que endereço eletrônico é e-mail e não Whatsapp, mas isso não se visualiza na prática, sendo a definição é incerta. ▪ A consequência do não fornecimento do endereço eletrônico: A lei não trouxe sanção para isso, de forma que alguns doutrinadores dizem que seria ato atentatório a dignidade da justiça, mas isso seria interpretar uma sanção extensivamente, o que deve ser afastado. ▪ Necessidade de confirmação do recebimento; ▪ Ausência de confirmação e multa por Ato Atentatório à Dignidade da Justiça: A ausência de confirmação do recebimento resulta em multa de até 5% do valor da causa, se não houver justa causa; Contudo não há definição do que é tal justa causa. Art. 246, § 1º-A/CPC: § 1º-A A ausência de confirmação, em até 3 (três) dias úteis, contados do recebimento da citação eletrônica, implicará a realização da citação: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital. ▪ Compartilhamento de cadastro da REDESIM com órgãos do Poder Judiciário; ▪ ADI 7005: Ação Direta de Inconstitucionalidade que argui a inconstitucionalidade dessa lei; A Lei n° 14.195/2021 surgiu como uma Medida Provisória para tratar sobre a facilitação para abertura de empresas e acabou sendo inseridos nela dispositivos que alteraram o Código de Processo Civil, ocorreu inconstitucionalidade formal; Além disso, Media Provisória não pode tratar sobre lei processo e não há qualquer pertinência temática entre a citação eletrônica e o teor da lei (jabuti); Por isso, a declaração de inconstitucionalidade dessa lei é provável. ▪ Citação Eletrônica x Citação por Meio Eletrônico: A citação eletrônica ocorre por meio dos painéis dos tribunais, não devendo ser confundida com a citação por meio eletrônico. → Citação pelos Correios: Art. 247/CPC: A citação será feita por meio eletrônico ou pelo correio para qualquer comarca do País, exceto: I - Nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3º ; II - Quando o citando for incapaz; III - quando o citando for pessoa de direito público; IV - Quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; V - Quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. ◦ Exceções Correios e Eletrônica: Ação de Estado, quando o réu for incapaz ou pessoa de Direito Público, quando o local não atendido pelos correios, quando a citação for requerida de outra forma; ◦ Pessoa Jurídica de Direito Público: A citação é recebida pelo procurador (letra morta, porque, na prática, o Estado é citado por meio eletrônico); ◦ Quem recebe: Pessoa jurídica, Condomínios Edilícios e Loteamentos com Controle de Acesso A citação para pessoa jurídica é recebida pelo gestor, administrador ou funcionário que tiver tal atribuição; No caso do condomínio, o funcionário da portaria pode receber e a citação será válida. → Citação por Oficial de Justiça: Ocorre quando não é possível citação por correio ou meio eletrônico. ◦ Requisitos: Art. 250/CPC: O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá: I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ou residências; II - a finalidade da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar,sob pena de revelia, ou para embargar a execução; III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da ordem, se houver; IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento; V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que deferir tutela provisória; VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz Art. 251/CPC: Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde o encontrar, citá-lo: I - Lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; II - Portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; III - obtendo a nota de cinte ou certificando que o citando não a apôs no mandado. ◦ Citação com Hora Certa: Art. 252/CPC: Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência. Art. 253/CPC: No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. § 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. § 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado. § 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. § 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia. Art. 254/CPC: Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. → Citação realizada por Escrivão ou Chefe de Secretaria; → Citação por Edital: É uma modalidade excepcional de citação ficta, sendo necessário o esgotamento de todos os outros meios de citação. É possível que o edital seja publicado em jornais de grande circulação. ◦ Essencial x Acidental: Art. 256/CPC: A citação por edital será feita: I - Quando desconhecido ou incerto o citando; II - Quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei. ◦ Requisitos do Edital: Art. 257/CPC: São requisitos da citação por edital: I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras; II - a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos; III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou, havendo mais de uma, da primeira; IV - a advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia. Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias. ◦ Multa: Se constatado dolo na citação por edital, a parte pode ser multado em até 5 vezes o valor do salário mínimo, valor que será revertido para o citando. Intimação É a forma de comunicação pela qual se dá ciência de todos os atos do processo a todos aqueles que participam do processo; Será feita preferencialmente por meio eletrônico e se dá na pessoa do advogado. Art. 269/CPC: Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. • Meios para Realização da Intimação: → Meio Eletrônico: Art. 270/CPC: As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei. Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública o disposto no § 1º do art. 246. → Órgão Oficial: Art. 272/CPC: Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão oficial. ◦ Requisitos: Nome das partes, de seus advogados/sociedade de advogados, número da OAB. → Escrivão ou Chefe de Secretaria: Pessoalmente ou por carta registrada. Art. 273/CPC: Se inviável a intimação por meio eletrônico e não houver na localidade publicação em órgão oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo os advogados das partes: I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo; II - por carta registrada, com aviso de recebimento, quando forem domiciliados fora do juízo. → Oficial de Justiça (inclusive com hora certa); → Edital: Art. 275/CPC: A intimação será feita por oficial de justiça quando frustrada a realização por meio eletrônico ou pelo correio. § 1º A certidão de intimação deve conter: I – A indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o número de seu documento de identidade e o órgão que o expediu; II - A declaração de entrega da contrafé; III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a apôs no mandado. § 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com hora certa ou por edital. _______________________________________________________________________________________ Resposta do Réu Aspectos Gerais Existem diversas maneiras de um réu se manifestar a partir da citação, para além da contestação; Na reconvenção, por exemplo, o réu não simplesmente contesta as alegações do autor, afirmando ter um direito em face do autor. Acepções do Termo Exceção • Acepção Pré-Processual: Direito de defesa de maneira abstrata que todos possuem; • Acepção Material/Substancial: A defesa seria uma espécie de contradireito do réu em face do autor; • Acepção Processual: É o exercício concreto do direito de ação. Tipologia das Defesas • Defesa de Admissibilidade/Processual x Mérito: Defesas de admissibilidade ou defesas processuais são feitas com o objetivo de impedir que o juiz analise o mérito da ação, sendo conhecida como defesas preliminares (ex.: alegação incompetência do juízo); Defesas de mérito são feitas contra o acolhimento do pedido. • Defesa Direta x Defesa Indireta: A defesa direta é aquela em que o réu não traz nenhum fato novo ao processo, atendo-se a negar os fatos trazidos pelo autor; A partir da defesa direta, o réu pode até confirmar as alegações do autor, porém alegando que daquele fato não decorre as consequências jurídicas pretendidas (“confissão qualificada”); A defesa indireta é aquela em que o réu traz um fato novo ao processo que é capaz de modificar, impedir ou extinguir o pedido do autor. • Objeção x Exceção: Objeção é toda defesa que pode ser conhecida de ofício, independendo de provocação da parte (incompetência absoluta); Exceção é toda defesa que não pode ser conhecida de ofício, sendo necessária a provocação da parte (ex.: incompetência relativa). • Defesa Peremptória x Defesa Dilatória: O objetivo da defesa peremptória é pôr fim ao processo; O objetivo da defesa dilatória é dilatar no tempo o exercício da prestação jurisdicional (ex.: alegação de impedimento ou suspeição). • Defesa Interna x Defesa Instrumental: A defesa interna é toda defesa que pode ser formulada dentro dos próprios autos do processo em peça única, sendo a regra geral (ex.:impugnação ao valor da causa); A defesa instrumental é toda defesa que exige a formação de autos próprios afastados (ex.: alegação de impedimento ou suspeição). Contestação • Aspectos Gerais: A contestação é a peça de defesa por excelência (a contestação está para o réu assim como a petição inicial está para o autor). • Forma e Prazo: Deve se dar de maneira escrita em um prazo de 15 dias, exceto quando o sujeito contar com prazo em dobro; Se for designada a audiência de conciliação e esta foi infrutífera, o prazo para contestar começa a contar a partir deste momento. Art. 335/CPC: O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - Da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso I; III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. § 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. § 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência. → Alegação de Incompetência Absoluta ou Relativa: Quando o réu alegar essa situação, a contestação poderá ser apresentada antes da audiência de conciliação e poderá ser protocolada no foro do réu. Art. 340/CPC: Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. § 1º A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa. § 2º Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento. § 3º Alegada a incompetência nos termos do caput , será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada. § 4º Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação. Esse artigo comporta uma exceção, onde a contestação será realizada antes da audiência. • Defesas Processuais: Por conta do Princípio da Primazia da Decisão de Mérito, não deve haver primazia das defesas processuais (preliminares) em relação às defesas de mérito; Questiona-se se, caso as alegações preliminares e as alegações de mérito do réu forem vencedoras, o acolhimento da defesa processual violaria o princípio da primazia da decisão de mérito; Se o Juiz profere uma sentença de mérito, forma-se ia coisa julgada material, e a questão não seria mais discutida; Nesse sentido, é mais benéfico para o réu, e atende ao referido princípio, contudo, não é o que acontece na prática. Art. 337/CPC: Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da petição inicial; V – perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. → A Questão da Ilegitimidade Passiva: A nomeação à autoria deixou de existir como intervenção de terceiro; O réu irá alegar sua ilegitimidade passiva na contestação. Art. 338/CPC: Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º. Art. 339/CPC: Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. § 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. • Regras da Contestação: → Concentração da Defesa/Eventualidade: Cabe ao réu formular toda matéria de defesa, preliminar e de mérito, dentro da contestação, pois não poderá alegar posteriormente. ◦ Exceções: Existem matérias que excepcionam a regra da concentração da defesa. ▪ Fatos supervenientes; ▪ Matérias que o magistrado pode conhecer ex officio; ▪ Matérias alegáveis em qualquer tempo e qualquer grau de jurisdição (ex.: prescrição; ausência de condição da ação). Art. 342/CPC: Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. → Ônus da Impugnação Específica: Cabe ao réu impugnar especificamente todos os fatos trazidos pelo autor na petição inicial, sob pena de os fatos não impugnados serem reputados verdadeiros. ◦ Exceções: ▪ Casos de advogado dativo, curador especial ou defensor público: Cabe a defesa por negativa geral das alegações, não precisando ser específica (essa exceção não se estende ao Ministério Público e à Fazenda Pública); ▪ Fatos que não admitem confissão; ▪ Quando a petição vem desacompanhada de instrumento público essencial para provas existência do fato, ou seja, um documento indispensável (ex.: certidão de casamento); ▪ Fatos que estejam em contradição com a defesa em seu conjunto. Art. 341/CPC: Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. Reconvenção • Conceito: Modalidade de defesa em que o réu exerce o seu direito de ação contra o autor dentro da mesma demanda, na relação jurídica processual já instaurada; É formada uma pretensão contra o autor dentro da contestação; Não é um caso de contradireito, é efetivamente o exercício de um direito de ação; Nesse caso, há uma ampliação ulterior do objeto litigioso do pedido; Na demanda reconvencional, o réu se transforma em autor (reconvinte) e o autor se transforma em réu (reconvindo). Art. 343/CPC: Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias. § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o examede seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. § 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro. § 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. § 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual. § 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. • Aspectos Gerais: Com a reconvenção, amplia-se o objeto litigioso, em face da pretensão apresentada pelo réu; → Cabimento: A reconvenção cabe de maneira geral, havendo pontuais restrições; Não se permite reconvenção nos Juizados Especiais (Lei n° 9.099/95), mas permite-se pedido contraposto, que é de matéria mais restrita cognitivamente. → Prazo: O prazo da reconvenção é o mesmo da contestação (15 dias), a reconvenção é feita no corpo da contestação, mas são autônomos; Não é preciso apresentar contestação para ter reconvenção, embora seja habitual. → Preclusão: Não oferecida a reconvenção, há preclusão, não impedindo que o réu entre com ação autônoma; → Autonomia da Reconvenção: Ainda que o autor desista da ação principal, e esta seja extinta, o prosseguimento da análise da reconvenção prossegue; As partes da reconvenção devem guardar a mesma qualidade que tinham na ação originária. • Reconvenção x Litisconsórcio: → Litisconsórcio Passivo: O réu pode oferecer reconvenção em litisconsórcio com terceiro, caso em que haverá litisconsórcio passivo. ◦ Necessário: Nesse caso, o litisconsórcio é obrigatório, devendo haver sua formação; ◦ Facultativo: Nesse caso, alguns autores entendem que pode haver muito tumulto processual e o litisconsórcio não seria permitido, devendo acontecer apenas em situações de colegitimação ou ações conexas. → Litisconsórcio Ativo: Nesse caso, em regra, o litisconsórcio será facultativo, em face das discussões sobre o litisconsórcio ativo necessário. ◦ Unitário: Se o litisconsórcio for unitário, será permitido; O terceiro ingressa no processo com qualidade de parte, em específico, assistente. ◦ Simples: Nesse caso, a doutrina majoritária entende não ser possível; Afinal, o terceiro estaria escolhendo o juiz ao ingressar em demanda já distribuída (violação ao Princípio do Juiz Natural), devendo acontecer apenas em situações de ações conexas. • Reconvenção x Substituição Processual: A substituição processual é causa de legitimidade extraordinária (defesa de interesse alheio em nome próprio) e ocorrerá diante da omissão do assistido. Art. 343, § 5º/CPC: Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual. • Reconvenção x Curador Especial: O curador especial não é parte no processo, de forma que se entende que ele não teria legitimidade para ingressar com reconvenção. • Requisitos: → Lide instaurada; → Identidade Procedimental (a reconvenção ter o mesmo procedimento da ação); → Competência do Juízo (a reconvenção deve atender à competência do juízo da ação instaurada); → Conexão ou afinidade com a causa principal ou com os fundamentos da defesa; → Obediência ao prazo da contestação; → Interesse de Agir. • Interesse de Agir: A reconvenção deve ser conexa à ação principal ou algum dos fundamentos da defesa; Não se pode alegar em reconvenção, matéria totalmente estranha àquela que está sendo discutida. → Falta de Interesse de Agir: Em certos casos não haveria necessidade, utilidade e, por fim, interesse de agir na reconvenção: ◦ Se é possível obter a pretensão com o simples acolhimento das alegações na contestação; ◦ Se houver ação dúplice. • Procedimento: A reconvenção vem do corpo da contestação, mas é uma ação autônoma; Se o réu apresenta só a reconvenção, preclui o direito de apresentar contestação; As duas ações devem ser julgadas na mesma sentença, o que não impede o julgamento antecipado daquela madura. Revelia Art. 344/CPC: Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. • Conceito: É um ato fato processual que consiste na não apresentação da contestação; Nesse sentido, se houver apresentação da reconvenção ou qualquer outra petição, mas não a contestação, o réu continuará sendo revel. • Efeitos: A revelia não se confunde com os efeitos da revelia. → Fatos Reputados Verdadeiros (efeito material da revelia): Quando da revelia, os fatos alegados pelo autor não reputados verdadeiros, sendo necessária advertência expressa no mandado de citação; É um efeito que não acontece sempre, contendo exceções. ◦ Exceções: Nesses casos, o réu continua sendo revel, mas o efeito não se aplica. Art. 345/CPC: A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos. Além do que o legislador falou, é preciso frisar que a contestação do litisconsorte é aproveitada ao revel; Quando o réu não contesta, mas entra com uma reconvenção que impugna os fatos narrados pelo autor na petição inicial, estes não serão reputados verdadeiros. → Desnecessidade de Intimação: Quando o réu é revel, não é necessário intima-lo; Esse efeito ocorrerá se o réu não tiver advogado constituído, de forma que se houver advogado constituído dos autos, este deverá ser intimado; A desnecessidade de intimação não alcança os atos pessoais; Alguns doutrinadores entendem que em relação à sentença deverá haver a intimação ao réu revel. Art. 346/CPC: Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão oficial. Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. → Julgamento Antecipado do Mérito: É possível, em alguns casos, que o juiz, ao invés de determinar que o processo prossiga para a fase de produção de provas, julgue antecipadamente o mérito; Só há o julgamento antecipado do mérito se o réu for revel, houver a produção do efeito material da revelia e não existir requerimento de produção de provas formulado pelo réu. Art. 355/CPC: O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. • Intervenção do Réu Revel: O réu revel poderá intervir no processo em qualquer tempo, recebendo o processo no estado em que estiver. Arguição de Impedimento ou Suspeição É uma modalidade de defesa instrumental, gerando autos apartados caso o magistrado não acate a arguição de impedimento ou suspeição; Se o magistrado incide em uma das hipóteses de impedimento ou suspeição, incide em parcialidade no processo e violação ao Princípio do Juiz Natural; Hipóteses de Impedimento → Parcialidade Absoluta Hipóteses de Suspeição → Parcialidade Relativa As hipóteses de impedimento têm um regramento mais rígido, pois são mais gravosas, sendo presumida a parcialidade absoluta do magistrado; As hipóteses de suspeição geram indícios de parcialidade, pois são pautadas em conceitos jurídicos indeterminados, gerando uma presunção relativa de parcialidade; Por isso, alguns defendem que esse é um rol meramente exemplificativo; As hipóteses de impedimento podem ser alegadas a qualquer tempo e ensejam ação rescisória; As hipóteses de suspeição são sujeitas à preclusão e não dão azo à ação rescisória. • Procedimento: O impedimento e a suspeição podem ser alegados tanto pelo autor quanto pelo réu; O juiz é parte no incidente processual; O juiz possuicapacidade postulatória, não necessitando de advogado para apresentar sua defesa; Normalmente, o relator recebe o processo com efeito suspensivo. _______________________________________________________________________________________ Providências Preliminares e Julgamento conforme o estado do Processo Aspectos Gerais Com o fim da fase postulatória, os autos são conclusos ao Juiz, em que tomará providências preliminares, em que haverá algumas decisões, dando início à fase de saneamento; O objetivo principal dessa fase é sanear e preparar o processo para que se chegue ao julgamento conforme o estado do processo. Art. 347/CPC: Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as providências preliminares constantes das seções deste Capítulo. Providências Preliminares Moacyr Amaral divide as providências preliminares em quatro grandes campos: • Providências Preliminares Respeitantes a Vícios do Processo: O magistrado verifica se existe alguma irregularidade que pode ser sanado, abrindo-se prazo para saneamento do vício (ex.: falta de pressuposto processual; vício relacionado à capacidade processual; defeito na representação da parte; ausência de outorga; etc.). Art. 352/CPC: Verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias. • Providências Preliminares Decorrentes da Revelia: A revelia é a não apresentação da não apresentação da contestação; Ocorrendo a revelia, o magistrado deve: → Verificar a existência e a validade da citação; → Avaliar se o caso é de citação ficta e a necessidade de nomeação de curador especial; → Analisar a ocorrências dos efeitos materiais da revelia; → Intimar o autor para que este apresente as provas que pretende produzir. Art. 348/CPC: Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado. • Providências Preliminares Decorrentes da Contestação: O magistrado pode: → Abrir prazo para manifestação do autor acerca das alegações de preliminares (réplica); → Abrir prazo para que o autor conteste a reconvenção; → Decidir sobre a impugnação ao valor da causa, alegação de incompetência ou impugnação ao benefício da justiça gratuita. • Providências Preliminares Especiais: Nos casos de denunciação da lide, chamamento ou processo ou causa de intervenção obrigatória de alguns órgãos, o magistrado determinará a comunicação do terceiro. Julgamento conforme o estado do Processo • Introdução: Ultrapassada as providências preliminares, chega-se ao estágio de julgamento conforme o estado do processo, onde o juiz pode tomar uma decisão (sentença ou decisão interlocutória). Art. 354, caput/CPC: Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III , o juiz proferirá sentença. • Decisões Possíveis: → Extinção do Processo sem Resolução de Mérito: Nesses casos, se o vício for percebido já na petição inicial, e não há emenda, o processo é extinto sem resolução do mérito por indeferimento da petição inicial; → Extinção do Processo com Resolução do Mérito (Em Razão da Autocomposição ou em Razão de Prescrição/Decadência): Nesses casos, o processo não tem porque seguir, visto que os direitos discutidos prescreverem ou decaíram, ou porque as partes entram em acordo; → Julgamento Antecipado do Mérito (inclusive parcial): Ocorre quando não há necessidade de produção de provas, ou seja, não há que se falar em fase instrutória; → Decisão de Saneamento e Organização do Processo (com ou sem audiência de saneamento e organização): Delimitação e fixação das questões de fato e de direito sobre o que será julgado, para que a fase instrutória siga sem controvérsias. • Julgamento Antecipado do Mérito: → Técnica de Abreviamento do Processo: O magistrado analisa e constata que não há necessidade de produção de provas além daquelas já constantes nos autos, podendo julgar o processo ali mesmo; É uma decisão de mérito baseada em cognição exauriente, sendo um juízo aprofundado. → Julgamento Antecipado do Mérito x Improcedência por Ausência de Prova: O julgamento antecipado do mérito determina que não é mais necessária a produção de provas, portanto é contraditório a improcedência por ausência de provas; Ocorre preclusão pro judicato na modalidade de preclusão lógica. → Hipóteses: Art. 355/CPC: O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. → Julgamento Antecipado Parcial do Mérito: Art. 354, parágrafo único/CPC: Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. É possível o juiz julgar o mérito de um pedido que se encontra incontroverso e o continuar o trâmite processual no que diz respeito aos outros pedidos (capítulos de sentença), configurando uma decisão interlocutória de mérito; Se ninguém agravar essa decisão, será formada a coisa julgada material, de forma que o juiz não poderá modificar a resolução na sentença, quando julgar a outra parcela do mérito. Art. 356/CPC: O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; (julgamento parcial, mas não antecipado) II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. § 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. § 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto. § 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva. § 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. § 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. • Decisão de Saneamento e Organização do Processo: Não houve extinção do processo pelos motivos listados acima, de forma que o processo seguirá para a fase instrutória. Art. 357/CPC: Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. → Audiência de Saneamento e Organização do Processo: É a possibilidade de as partes, conjuntamente com o magistrado, em causas de maior complexidade, realizarem a atividade de saneamento do processo em audiência, manifestando o Princípio da Cooperação; Isso reduz consideravelmente a possibilidade de haver conflitos na fase instrutória; É a situação de um negócio jurídico processual plurilateral, celebrado entre as partes e o magistrado. → Pedidos de Esclarecimentos e Ajustes: Tomada a decisão de saneamento, as partes podem pedir ajustes e esclarecimentos, no prazo de 5 dias; Passado o prazo, a decisão se torna estável; Essa é uma decisão interlocutória, mas não agravável. → Delimitação Consensual das Questões de Fato e de Direito: As partes estabelecem o que é há de mais importante e excluir aquilo que não é necessário; A distinção entre questão de fato ou de direito dificilmente é determinada a priori; É uma discussão, uma questão controvertida. → Eficácia Preclusiva da Decisão de Saneamento: A decisão de saneamento pode proferir um juízo positivo ou negativo; Umavez proferida a decisão com um juízo positivo, questiona-se se o magistrado poderia, posteriormente, voltar atrás: ❶ Uma corrente minoritária que não cabe reexame das questões expressamente manifestadas pelo juiz, por preclusão pro iudicato na modalidade preclusão lógica; ❷ Uma corrente majoritária entende que é possível o reexame das questões, porque são matérias de ordem pública e apreciáveis a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, podendo inclusive ensejar ação rescisória. _______________________________________________________________________________________ Suspensão do Processo Aspectos Gerais • Suspensão Própria x Suspensão Imprópria: A suspensão própria paralisa o curso do procedimento como um todo, de forma que nenhum ato pode ser praticado; A suspensão imprópria paralisa o procedimento principal, mas alguns atos poderão ser praticados (ex.: alegação de impedimento e suspeição). • Suspensão Convencional x Suspensão Legal: A suspensão legal é aquela prevista em lei (ex.: admissão de IRDR); A suspensão convencional é aquela convencionada pelas partes. Natureza da Decisão que suspende o Processo A decisão que suspende o processo tem efeitos ex tunc, de forma que retroage ao dia que ocorreu a hipótese de suspensão, mesmo que seja decretada futuramente; • Divergência Doutrinária: ❶ª Corrente: Afirma que a natureza é declaratória, pois é declarado algo que já existe; ❷ª Corrente: Afirma que a natureza é constitutiva, pois decreta a suspensão do processo, criando uma nova situação jurídica no processo. Hipóteses de Suspensão Art. 313/CPC: Suspende-se o processo: I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; Se o direito for intransmissível, o processo é extinto; Portanto a suspensão depende da natureza do direito; Com a suspensão, o processo é suspenso para habilitação dos sucessores. Morto o réu, o autor precisará intimar o sucessor processual. II - pela convenção das partes; III - pela arguição de impedimento ou de suspeição; IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas; V - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo; VI - por motivo de força maior; VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo; VIII - nos demais casos que este Código regula. IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável pelo processo constituir a única patrona da causa; X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono da causa e tornar-se pai. Art. 315/CPC: Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal. Prática de Atos durante a Suspensão do Processo Prazo de Suspensão _______________________________________________________________________________________ Direito Processual Civil I Professora: Diana Perez Rios Aluna: Ana Flora Lima 2023.1 image1.png image2.png