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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS ESTRUTURA ATÔMICA ELEMENTOS DE QUÍMICA • Professora: Cristiane Martins Veloso 2 ESTRUTURA ATÔMICA - MODELOS ATÔMICOS ❖ Modelo atômico de Dalton Dalton retomou o conceito grego da existência de átomos indivisíveis para propor uma teoria que permitisse explicar, entre outras generalizações químicas, as leis da conservação da massa e da composição definida. A massa dos átomos determinava o comportamento macroscópico das substâncias. 1. Os elementos são formados por pequeníssimas partículas, os átomos. 2. Todos os átomos de um determinado elemento são idênticos entre si. 3 //upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3f/Dalton_John_desk.jpg 3. Os átomos de um determinado elemento são diferentes dos átomos de outro elemento e o que os diferencia são suas massas relativas. 4. Os átomos de um elemento podem se combinar com átomos de outros elementos formando os compostos. Um dado composto possui sempre o mesmo número relativo de tipos de átomos. 5. Os átomos não podem ser criados, divididos ou destruídos através de processos químicos. Uma reação química simplesmente altera o modo de agrupamento dos átomos. Regra da máxima simplicidade - Lei de Dalton das proporções múltiplas: Quando dois elementos formam diferentes compostos, a proporção da massa dos elementos em um composto está relacionada à proporção da massa do outro através de um número inteiro pequeno. Não contemplava a natureza elétrica da matéria. 4 ❖ Os Raios Catódicos Benjamin Franklin (1706 – 1790) constatou que os relâmpagos eram de origem elétrica. A eletricidade fluía no ar! 5 6 As “sombras” formadas por obstáculos mostravam que, o que quer que estivesse se deslocando, o fazia em linha reta e ia do catodo para o anodo. Por esse motivo, os raios foram chamados de raios catódicos, isto é, originados no catodo. 7 Thomson (1856-1940) - Fez meticulosas medições, interferindo na trajetória dos raios através de campos elétrico e magnético controlados. Thomson determinou a relação massa/carga (m/e) bem como a velocidade v das partículas. O valor de m/e era independente do gás utilizado, bem como do material do catodo e ainda era muito inferior ao de íons de hidrogênio em movimento, o que sugeria partículas com carga maior e/ou massa menor do que o íon de hidrogênio. 8 Robert Millikan (1868 – 1953) mediu a carga do elétron (e) em seu famoso experimento da gota de óleo em queda. Como já se sabia a relação e/m, pôde-se determinar também a massa do elétron. Um dos resultados mais impressionantes desse experimento é a quantização da carga elétrica. i. Nada pode possuir carga menor do que a do elétron (chamada carga fundamental e); ii. Toda a carga elétrica é um múltiplo inteiro da carga fundamental, ou seja, Q = N.e (N é um inteiro). 9 Em 1904, Thomson sugere o modelo do pudim de ameixas: De acordo com o modelo, o átomo seria constituído de elétrons que girariam em círculos imersos em uma bolha esférica de uma substância carregada positivamente. 10 ❖ Modelo Atômico de Rutherford Radioatividade A radioatividade, que foi descoberta em 1896 pelo cientista francês Antoine Henri Becquerel (1852 – 1908), consiste na emissão de partículas ou/radiação eletromagnética por certos materiais chamados radioativos. Além dele, o casal Pierre Curie (1859 – 1906) e Marie Curie (1867 – 1934), além de Rutherford, foram grandes estudiosos da radioatividade. 11 12 Radiação - carregada positivamente e de massa alta Radiação - carregada negativamente e com massa baixa - radiação neutra ou eletromagnética 13 //upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d6/Alfa_beta_gamma_radiation.svg Experimento de Geiger-Marsden Bombardear uma folha finíssima de ouro com radiação alfa e medir o espalhamento dessas partículas. 14 Para fazer com que a maioria das partículas α passe através de um pedaço de chapa sem sofrer desvio, a maior parte do átomo deve consistir de carga negativa difusa de massa baixa - o elétron. Para explicar o pequeno número de desvios das partículas α, o centro ou núcleo do átomo deve ser constituído de uma carga positiva densa. 15 Suponha que o átomo é esférico mas a carga positiva deve estar localizada no centro, com uma carga negativa difusa em torno dele. De acordo com a teoria do eletromagnetismo, cargas aceleradas emitem energia. Elétrons orbitando em torno do núcleo (o movimento circular é acelerado) deveriam perder energia mecânica e, de acordo com a física clássica, sua trajetória seria uma espiral em direção ao núcleo. Se os átomos fossem como Rutherford sugeria, toda a matéria se desintegraria em fração de segundo! 16 ❖ Partículas Subatômicas O núcleo é maciço ou possui alguma estrutura? Quantos elétrons há em um átomo? Existe alguma relação entre a massa e a carga do núcleo? Percebeu-se que no núcleo dos átomos existiria mais do que um único próton. Rutherford passou a admitir a existência, no núcleo, de partículas com massa semelhante à dos prótons, mas sem carga elétrica. Essas partículas serviriam para diminuir a repulsão entre os prótons, aumentando a estabilidade do núcleo. Além disso, essas partículas justificariam a massa maior que os núcleos apresentavam. 17 Essas partículas foram descobertas, em 1932, durante experiências com material radioativo, por James Chadwick, que as denominou de nêutrons. Com a evolução, introduzida por Rutherford, do modelo atômico, podemos relacionar as cargas elétricas com as partículas constituintes do átomo: os prótons apresentam carga positiva; os elétrons, negativa e os nêutrons apresentam carga nula. Assim, num átomo: número de prótons = número de elétrons 18 ❖ Conceitos relacionados aos átomos Número atômico (Z) – número de prótons do átomo. Número de massa (A) – é o número de prótons + o número de nêutrons de um átomo. Íons – é a espécie química que apresenta o número de prótons diferente do número de elétrons. • Cátions: Formam-se quando um átomo perde um ou mais elétrons, resultando num sistema eletricamente positivo, onde o n.º de prótons é maior que o n.º de elétrons. Exemplo: Fe2+; Ca2+ ;Na+. • Ânions: Formam-se quando um átomo ganha um ou mais elétrons, resultando num sistema eletricamente negativo, onde o n.º de prótons é menor que o n.º de elétrons. Exemplo: S2- ; N3- ;Br- 19 Simbologia do elemento químico. XA Z qA Z X Isótopos - são átomos que apresentam o mesmo número atômico (Z) por pertencerem ao mesmo elemento químico, mas apresentam diferentes números de massa (A). O16 8 O17 8 O18 8 Isoeletrônicos - São os átomos e íons que apresentam a mesma quantidade de elétrons. 7N -3, 8O -2 , 9F -1 , 10Ne, 11Na+ 20 ❖ Modelo de Bohr Propôs a idéia de que as leis da Física clássica não se aplicariam ao átomo e suas partículas constituintes. Teoria proposta por Max Planck, denominada teoria dos quanta, relacionada à propagação de energia luminosa (a energia seria emitida em quantidades discretas, constituindo “pacotes de energia” que ele chamou de quanta de energia). hE = Onde: h é a constante de Planck, h = 6,6256 x 10-34 J s (no SI) é freqüência de radiação (s-1 = Hertz, Hz). 21 i. Para o elétron em um átomo, somente é permitido que ele se encontre em certos estados estacionários, sendo que cada um deles possui uma energia fixa e definida; ii. Estando o elétron em um dos estados, ele não pode emitir luz. Contudo, quando ele passar do estado de maior energia para um de menor, emitirá um quantum de radiação, cuja energia “hν” é igual à diferença de energia entre os dois estados; iii. Estando em qualquer dos estados estacionários, o elétron estará se movimentando segundo uma órbita circular em torno do núcleo; 22 Cada uma dessas órbitas permitidas foi denominada nível ou camada de energia. Dentre os elementos conhecidos,aquele que contém maior número de elétrons apresenta-os distribuídos no máximo em 7 camadas, designadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q. 23 ❖ Evolução do modelo de Bohr Modelo de Sommerfeld (1916) Um dado nível de energia é constituído por subníveis de energia, aos quais estão associadas várias órbitas diferentes, onde uma dessas órbitas é circular e as demais são elípticas. Estas órbitas possuem planos bem definidos. Experiências posteriores, envolvendo a passagem de átomos por campos magnéticos, mostraram um comportamento peculiar; havia um desvio, em sentidos opostos do campo magnético, dos átomos utilizados. 24 25 Dois elétrons com spins iguais se repelem elétrica e magneticamente, já que o campo magnético gerado é igual enquanto que dois elétrons com spins contrários se atraem magneticamente e se repelem eletricamente mantendo equilíbrio dinâmico no orbital. Princípio da exclusão de Pauli – Se dois elétrons estiverem num mesmo nível, em orbitais de mesmo tipo e num mesmo plano, terão necessariamente spins contrários. Em 1924, o físico francês Louis de Broglie mostrou que o elétron, além de partícula, podia ser considerado uma onda eletromagnética O elétron, então, apresenta um comportamento duplo (dual), isto é, pode ser interpretado como partícula (massa) ou onda, conforme o fenômeno estudado. 26 Werner Heisenberg mostrou, em 1926, que não se pode determinar com exatidão a posição de um elétron. Seu princípio da incerteza diz que é impossível determinar simultaneamente a posição e a velocidade de um elétron num átomo. Heisenberg substituiu o conceito de posição de um elétron por probabilidade de posição. 27 ❖ Modelo Atual Não se afirma que, em dado instante, o elétron efetivamente está em um ponto determinado. No máximo, podemos delimitar a região de máxima probabilidade para encontrar-se o elétron. O físico austríaco Erwin Schrödinger, em 1927, conseguiu adaptar ao elétron as teorias de Heisenberg e de Broglie. Utilizando equações de movimento de ondas, em coordenadas cartesianas, ele conseguiu deduzir equações matemáticas que determinam regiões no espaço, onde temos a máxima probabilidade de encontrar determinado elétron. Esta região é denominada orbital do elétron. 28 ▪ Camada – distância do orbital ao núcleo do átomo ▪ Subníveis – formato do orbital: • s – sharp • p – principal • d – diffuse • f – fundamental • Estes subníveis têm energias diferentes entre si: s<p<d<f 29 30 Orbitais s • Todos os orbitais s são esféricos. • À medida que n aumenta, os orbitais s ficam maiores. • À medida que n aumenta, aumenta o número de nós. • Um nó é uma região no espaço onde a probabilidade de se encontrar um elétron é zero. • Em um nó, 2 = 0 • Para um orbital s, o número de nós é n-1. 31 32 Orbitais p • Existem três orbitais p, px, py, e pz. • Os três orbitais p localizam-se ao longo dos eixos x-, y- e z- de um sistema cartesiano. • As letras correspondem aos valores permitidos de ml, -1, 0, e +1. • Os orbitais têm a forma de halteres. • À medida que n aumenta, os orbitais p ficam maiores. • Todos os orbitais p têm um nó no núcleo. 33 34 Orbitais d e f • Existem cinco orbitais d e sete orbitais f. • Três dos orbitais d encontram-se em um plano bissecante aos eixos x-, y- e z. • Dois dos orbitais d se encontram em um plano alinhado ao longo dos eixos x-, y- e z. • Quatro dos orbitais d têm quatro lóbulos cada. • Um orbital d tem dois lóbulos e um anel. t 35 36 37 Orbitais e números quânticos - Hidrogênio Degenerados – tem a mesma energia 38 Orbitais e suas energias – Átomos polieletrônicos 39 ❖ Configuração eletrônica dos átomos De acordo com o princípio de exclusão de Pauli, em um átomo, dois elétrons não podem possuir o mesmo estado quântico. A natureza sempre busca o estado de menor energia possível. O princípio da energia mínima garante que o átomo atinge sua estabilidade quando está no chamado estado fundamental que é o estado de energia mínima. Um par de elétrons (ou elétrons emparelhados) num orbital não apresenta campo magnético, pois o magnetismo devido ao spin de um elétron é anulado pelo magnetismo do elétron de spin oposto. Os átomos que possuem pelo menos um orbital no qual se encontra apenas um elétron (denominado elétron desemparelhado) apresentam campo magnético, pois o magnetismo proveniente do spin do elétron não é anulado. 40 Spin eletrônico e o princípio da exclusão de Pauli ms = -1/2 ms = +1/2 41 4242 ❖ Distribuição dos elétrons dos átomos A disposição dos elétrons de um átomo foi proposta por Linus Pauling e denominada configuração eletrônica. Para distribuir os elétrons pelos subníveis é fundamental considerar que os elétrons devem entrar no átomo segundo a ordem crescente de energia dos subníveis. Deve-se respeitar, também, o número máximo de elétrons permitido em cada subnível. Diagrama de Pauling - permite fazer a configuração eletrônica para os átomos dos 118 elementos conhecidos. 43 44 Ao fazermos a distribuição eletrônica utilizando o diagrama de Pauling, anotamos a quantidade de elétrons em cada subnível no seu lado direito superior. Genericamente, temos: ▪A distribuição eletrônica para o hidrogênio (Z=1) é: 1s1 ▪A distribuição eletrônica para o oxigênio (Z=8) é: 1s2 2s2 2p4 ▪A distribuição eletrônica para o sódio (Z=11) é: 1s2 2s2 2p6 3s1 Podemos ter, portanto, não só o número de elétrons por subnível, mas também o número de elétrons por nível ou camada: 454545 ❖ Nível ou camada de valência É o nível mais afastado do núcleo e que corresponde sempre ao maior valor de n, encontrado na distribuição eletrônica de um átomo ou de um íon. Cátions ou íons positivos - inicialmente devemos fazer a distribuição eletrônica do átomo e, a seguir, "retirar" os elétrons necessários para formar o cátion, sendo que os primeiros a serem retirados são os da camada de valência. ❖ Distribuição eletrônica dos íons O átomo de sódio (11Na) origina o cátion 11Na+ pela perda de um elétron, o que é indicado pelo sinal +. átomo : 11 Na 1s2 2s2 2p6 3s1 cátion : 11 Na + 1s2 2s2 2p6 46 Ânions ou íons negativos- inicialmente devemos fazer a distribuição eletrônica do átomo e, a seguir, “acrescentar" os elétrons necessários para originar o ânion. O ânion enxofre (16S 2-) é formado a partir do átomo de enxofre (16S) pelo “ganho” de 2 elétrons, o que é indicado pelo sinal 2-. O átomo de ferro (26Fe) origina os cátions 26Fe2+ e 26Fe3+ pela perda de 2 e 3 elétrons respectivamente: 26Fe: 1s22s22p63s23p64s23d6 26Fe2+ : 1s22s22p63s23p64s03d6 26Fe3+ : 1s22s22p63s23p64s03d5 16S: 1s22s22p63s23p4 16S 2-: 1s22s22p63s23p6 47 Experimentalmente constata-se que os primeiros elétrons a ocupar um subnível apresentam os menores valores de energia. ❖ Regra para preenchimento de elétrons num subnível Isto significa que, por convenção, devem-se colocar setas para cima ( ), da esquerda para a direita. Ainda, todos os orbitais receberão um elétron e, só depois, é que completaremos os orbitais da esquerda para a direita (ordem crescente de energia) com as setas para baixo ( ). Regra de Hund: Em um subnível, enquanto todos os orbitais não receberem o 1º elétron, nenhum deles receberá o 2º. O preenchimento deve ser feito de modo que tenhamos o maior número possível de elétrons desemparelhados. 48 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM SALA DE AULA 1. Identifique a alternativa que corresponde à maior liberação de energia quando o elétron excitado retorna ao seu nível (camada) original : a) de L para K b) de P para O c) de Q para P d) de Q para K e) de M para L. 49 2. Utilizando o diagrama de Pauling e considerando o elemento Ósmio (Os), de Z= 76 e A=190,23, responda: a) Qual a distribuição eletrônica por subníveis energéticos (ordem energética e geométrica)? b) Qual a distribuição eletrônica por níveis? c) Qual o seu subnível mais energético?d) Qual o seu subnível mais externo? e) Quantos elétrons desemparelhados ele possui? Represente-os. f) Qual a distribuição por subníveis de seu cátion tivalente (carga 3+)? 3. Se um átomo, no estado fundamental, apresenta distribuição 4p3 no último nível de energia, qual é o seu número atômico? 50 4. O íon X2- tem 35 nêutrons e é isoeletrônico do gás nobre argônio (Ar, A = 40, Z = 18). Qual o número atômico e o de massa de X? 5. Qual o número atômico de um elemento que apresenta somente dois pares de elétrons (emparelhados) nos orbitais d do quarto nível? 6. Os íons A2+ , B1- , C3+ , D2- , E1+ são isoeletrônicos. Coloque-os em ordem crescente de seus números atômicos, demonstrando seus cálculos. 7. Quantos elétrons podem ter os seguintes números quânticos, se todos os orbitais da subcamada estão preenchidos: a) n=2, l=1 b) n=4, l=2, ml = -2 c) n= 2 d) n=3, l=2, ml = +1 51 8. Dê os valores numéricos de n e l correspondentes a cada uma das seguintes designações: a) 3p b) 2s c) 4f d) 5d 9. Dentre os conjuntos de quatro números quânticos {n, l, ml, ms}, identifique os que são proibidos para um elétron em um átomo e explique por quê: a) {4, 2, -1, +1/2} b) {5, 0, -1, +1/2} c) {4, 4, -1, +1/2}