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COMPREENDER a anatomia e histologia do Sistema Nervoso Central – formado pelo encéfalo (cérebro – diencéfalo e telencéfalo, tronco encefálico - mesencéfalo, ponte e bulbo e o cerebelo) e medula espinal; COMPREENDER a anatomia e histologia do Sistema Nervoso Periférico: •Nervos (Espinhais e Cranianos); •Gânglios e terminações nervosas; ESTUDAR a anatomia e histologia dos neurônios e da neuroglia, EXPLICITAR os tipos de neurônios; ENTENDER a fisiologia das sinapses e suas classificações quanto a morfologia; ESTUDAR os mecanismos de transmissão sináptica, tipos e funções dos neurotransmissores ; O sistema Nervoso é responsável por controlar as ações voluntárias (correr, falar, andar, etc) e ações involuntárias (batimentos cardíacos, respira- ção, digestão, respiração, etc) que o corpo realiza. Esse sistema está relacionado com a captação, interpretação e resposta a estímulos, além de armazenar informações na forma de memória. Ele permite que nosso corpo seja capaz de responder a estímulos internos e externos. Ele divide-se, nos critérios anatômicos em: Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico. (GUYTON, 2017) *Sistema Nervoso Central é aquele que se localiza dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral); Sistema Nervoso Periférico é aquele que se encontra fora do esqueleto axial; (MACHADO, 2007) *OBS: Esta distinção, embora geralmente utilizada, não é perfeitamente exata, pois como é óbvio, os nervos e raízes nervosas, para fazer conexão com o sistema nervoso central, penetram no crânio e no canal vertebral. Além disso, alguns gânglios localizam-se dentro do esqueleto axial. Encéfalo é a parte do sistema nervoso central situada dentro do crânio: a medula se localiza dentro do canal vertebral. No encéfalo temos cérebro, cerebelo e tronco encefálico. A ponte separa o bulbo, situado caudalmente, do mesencéfalo, situado cranialmente. Dorsalmente à ponte e ao bulbo, localiza-se o cerebelo. Nervos são cordões esbranquiçados que unem o sistema nervoso central aos órgãos periféricos. Se a união se faz com o encéfalo, os nervos são cranianos; se com a medula, espinhais. (MACHADO, 2007) Em relação com alguns nervos e raízes nervosas existem dilatações constituídas sobretudo de corpos de neurônios, que são os gânglios. Do ponto de vista funcional, existem gânglios sensitivos e gânglios motores viscerais (do sistema nervoso autônomo). Na extremidade das fibras que constituem os nervos situam-se as terminações nervosas que, do ponto de vista funcional são de dois tipos: sensitivas (ou aferentes) e motoras (ou elerentes). Nesta divisão, as partes do sistema nervoso central recebem o nome de vesícula encefálica primitiva, onde se desenvolvem três dilatações do tubo neural: Prosencéfalo, Mesencéfalo e Rombencéfalo (ordem craniossacral). Essas três vesículas darão origem respectivamente ao cérebro (diencéfalo e telencéfalo), mesencéfalo, metencéfalo (cerebelo e ponte) e mielencéfalo (bulbo). (MACHADO, 2007) Pode-se dividir o sistema nervoso em sistema nervoso da vida de relação, ou somático, e sistema nervoso da vida vegetativa, ou visceral. é aquele que relaciona o organismo com o meio ambiente. Apresenta um componente aferente e outro eferente. O componente aferente conduz aos centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos, informando-os sobre o que se passa no meio ambiente. O componente eferente leva aos músculos estriados esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando, pois, em movimentos voluntários. (MACHADO, 2007) é aquele que se relaciona com a inervação e controle das estruturas viscerais. É muito importante para a integração das diversas vísceras no sentido da manutenção da constância do meio interno. Assim como no sistema nervoso da vida de relação, distingui-se em uma parte aferente e outra eferente. O componente aferente conduz os impulsos nervosos originados em receptores das vísceras (visceroceptores) a áreas específicas do sistema nervoso central.O componente eferente leva os impulsos originados em certos centros nervosos até as vísceras, terminando em glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco. (MACHADO, 2007) O componente eferente do sistema nervoso visceral é denominado sistema nervoso autônomo e pode ser subdividido em simpático e parassimpático. O sistema Nervoso Entérico também é um componente do Sistema Nervoso Autônomo, Ele está localizado fora do SNC. Pode-se dividir o sistema nervoso em sistema nervoso segmentar e sistema nervoso suprassegmentar A segmentação no sistema nervoso é evidenciada pela conexão com os nervos. Pertence, pois, ao sistema nervoso segmentar todo o sistema nervoso periférico mais aquelas partes do sistema nervoso central que estão em relação direta com os nervos típicos, ou seja: a medula espinhal e o tronco encefálico. O cérebro e o cerebelo pertencem ao sistema nervoso suprassegmentar. Os nervos olfatório e óptico se ligam diretamente ao cérebro, mas estes não são nervos típicos. Esta divisão põe em evidência as semelhanças estruturais e funcionais existentes entre a medula e o tronco encefálico, órgãos do sistema nervoso segmentar, em oposição ao cérebro e ao cerebelo, órgãos do sistema nervoso suprassegmentar. Assim, nos órgãos do sistema nervoso suprassegmentar existe córtex, ou seja, uma camada fina de substância cinzenta situada fora da substância branca. Já nos órgãos do sistema nervoso segmentar não há córtex, e a substância cinzenta pode localizar-se dentro da branca, como ocorre na medula. O sistema nervoso segmentar surgiu, na evolução, antes do suprassegmentar e, funcionalmente, pode-se dizer que lhe é subordinado. (MACHADO, 2007) Como já vimos, Sistema Nervoso Central é aquele localizado dentro do esqueleto axial, sendo formado pelo encéfalo e medula espinal. O encéfalo e a medula constituem o neuroeixo. O encéfalo é a parte do sistema nervoso central situado dentro do crânio; e a medula é localizada dentro do canal vertebral. No encéfalo temos cérebro, cerebelo e tronco encefálico. O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro. O cérebro é o centro de integrações e comando do sistema nervoso. É constituído por duas partes: o telencéfalo e o diencéfalo. O telencéfalo (grego telos ,extremidade, enkephalos – encéfalo), desenvolveu-se rapidamente, formando duas grandes massas que ocupam quase que toda a cavidade craniana. Essas massas são denominadas de hemisférios cerebrais. O desenvolvimento do diencéfalo (do grego dia – entre, enkephalos – encéfalo), foi mais restrito, limitando-se à região mediana do cérebro. O telencéfalo e o diencéfalo apresentam amplas conexões, tanto motoras, quanto sensitivas. (KANDEL, 2014) O telencéfalo é o centro superior, local de controle motor geral, tomadas de decisão e interpretação sensitiva. O diencéfalo atua modelando o movimento, algumas sensibilidades se tornam conscientes no diencéfalo, controla a parte autônoma, regulação endócrina e circo circadiano. No interior está distribuída a substância branca. Essa região não apresenta corpos celulares de neurônios e sim seus prolongamentos (axônios). A substância cinzenta está localizada externamente, formando o córtex cerebral (do latim córtex – casca). Os corpos celulares dos neurônios se encontramnessa área. (NOBESCHI, 2021) : é formado por corpos de neurônios, células da neuróglia e fibras nervosas amielínicas. O córtex cerebral é heterogêneo, apresentando áreas com seis camadas celulares (neocórtex), enquanto que outras áreas apresentam três camadas celulares (paleocórtex e arquicórtex). O córtex cerebral se distribui nos giros do telencéfalo, apresentando em cada região uma função específica. (substância branca): constituído por axônios mielínicos, aferentes e eferentes ao córtex cerebral. O diencéfalo é uma parte importante do encéfalo localizada acima do tronco cerebral e abaixo do telencéfalo. É composto por várias estruturas que desempenham papéis importantes na regulação de funções vitais, como a temperatura corporal, a sede, a fome e o sono, bem como em processos sensoriais e motoras. As principais estruturas do diencéfalo são: Tálamo, Hipotálamo, Epitálamo, Subtálamo e Metatálamo (considerado por muitos autores como uma área pertencente ao tálamo). (NOBESCHI, 2021) São duas massas ovaladas localizadas lateralmente ao IIIº ventrículo. Sua porção anterior é denominada de tubérculo anterior do tálamo, e está localizada próxima ao forame interventricular (forame que comunica os ventrículos laterais com o IIIº ventrículo). A parte posterior do tálamo é dilatada, denominada de pulvinar do tálamo. Inferiormente ao pulvinar do tálamo está localizado o metatálamo. O tálamo é constituído, internamente, por vários núcleos. A maior parte dos núcleos talâmicos está relacionada com estímulos sensitivos tornando o tálamo “um relé” para as vias sensitivas. Ele atua como uma “estação de retransmissão” para os principais sistemas sensitivos (exceto a via olfatória). O tálamo está associado ao controle somático, visceral e emocional. (MACHADO, 2007) Grupo anterior Recebem o trato mamilotalâmico proveniente dos corpos mamilares. Os núcleos anteriores do tálamo também recebem conexões recíprocas do giro do cíngulo e hipotálamo. A função dos núcleos anteriores do tálamo está estreitamente associada à do sistema límbico, e está relacionada com o tom emocional e os mecanismos da memória recente. (BEAR, 2017) Grupo medial A parte medial do tálamo contém o grande núcleo medial dorsal e vários núcleos menores. O núcleo medial dorsal possui conexões bidirecionais com todo o córtex pré-frontal do lobo frontal do hemisfério cerebral, possui também conexões semelhantes com os núcleos hipotalâmicos. Está interconectado com todos os outros grupos de núcleos do tálamo. A parte medial do tálamo é responsável pela integração de uma grande variedade de informações sensitivas, incluindo informações somáticas, viscerais e olfatórias, e pela relação dessas informações com as sensações emocionais e estados subjetivos do indivíduo. (BEAR 2017) Grupo lateral Os núcleos desse grupo são subdivididos em fileira dorsal e fileira ventral. Fileira dorsal: A fileira dorsal inclui o núcleo dorsolateral, o núcleo postero- lateral e o pulvinar. Os detalhes das conexões desses núcleos não são claros. Entretanto, sabe-se que eles possuem interconexões com outros núcleos do tálamo e com o lobo parietal, o giro do cíngulo e os lobos occipital e temporal. (BEAR, 2017) Fileira ventral A fileira ventral consiste nos seguintes núcleos em sequência craniocaudal. 1 – Núcleo ventral anterior. Esse núcleo está conectado à formação reticular, à substância negra, ao corpo estriado e ao córtex pré-motor, bem como a muitos dos outros núcleos do tálamo. Como ele se situa no trajeto entre o corpo estriado e as áreas motoras do córtex frontal, esse núcleo provavelmente influencia as atividades do córtex motor. 2 – Núcleo ventral lateral. Esse núcleo possui conexões semelhantes às do núcleo ventral anterior; todavia, além disso, apresenta um importante aporte do cerebelo e um pequeno aporte do núcleo rubro. Suas principais projeções seguem para as regiões motora e pré-motora do córtex cerebral. 3 – Núcleo ventral posterior. Esse núcleo é subdividido em núcleo ventral posteromedial e núcleo ventral posterolateral. O núcleo ventral posteromedial recebe as vias trigeminal e gustatória ascendentes; Enquanto o núcleo ventral posterolateral recebe os importantes tratos sensitivos ascendentes, os lemniscos medial e espinal. As projeções talamocorticais desses núcleos importantes atravessam o ramo posterior da cápsula interna e a coroa radiada até as áreas sensitivas somáticas primárias do córtex cerebral no giro pós-central (áreas 3, 1 e 2). (NOBESCHI, 2021) Outros núcleos do tálamo incluem os núcleos intralaminares, os núcleos medianos, o núcleo reticular, e os corpos geniculados medial e lateral. 1 – Os núcleos intralaminares do tálamo são pequenas coleções de células nervosas dentro da lâmina medular medial. Acredita-se que esses núcleos influenciem os níveis de consciência e vigília do indivíduo. 2 – Os núcleos medianos do tálamo consistem em grupos de células nervosas adjacentes ao terceiro ventrículo e na aderência intertalâmica. Recebem fibras aferentes da formação reticular. Suas funções precisas não são conhecidas. 3 – O núcleo reticular situa-se entre a lâmina medular lateral, e o ramo posterior da cápsula interna. A função desse núcleo não está totalmente elucidada, mas pode estar relacionada com um mecanismo pelo qual o córtex cerebral regula a atividade do tálamo. 4 – O corpo geniculado medial forma parte da via auditiva e consiste em uma tumefação na face posterior do tálamo, embaixo do pulvinar do tálamo. Convém lembrar que o colículo inferior recebe a terminação das fibras do lemnisco lateral. O corpo geniculado medial recebe informações auditivas de ambas as orelhas, mas predominantemente da orelha oposta. 5 – O corpo geniculado lateral forma parte da via visual e consiste em uma tumefação da face inferior do pulvinar do tálamo. Constitui a terminação de todas as fibras do trato óptico (exceto as fibras que seguem para o núcleo pré-tetal). Cada corpo geniculado lateral recebe informações visuais do campo visual oposto. As fibras eferentes deixam o corpo geniculado lateral para formar a radiação óptica, que segue para o córtex visual do lobo occipital. Está localizado inferiormente ao tálamo, separado deste pelo sulco hipotalâmico. -O hipotálamo é constituído por: Quiasma óptico (cruzamento das fibras nasais da retina); Corpos mamilares (duas dilatações localizadas na fossa interpeduncular, formada por núcleos mamilares); Túber cinéreo (formação triangular localizada entre o quiasma óptico e os corpos mamilares); Infundíbulo (estende-se do túber cinério até a hipófise); Neuro-hipófise. (MACHADO, 2007) No interior do hipotálamo são encontrados diversos núcleos. O fórnice divide os núcleos hipotalâmicos em grupos lateral e medial. -O hipotálamo está envolvido com diversas funções orgânicas, como: Controle da parte autônoma do sistema nervoso, sede, fome, saciedade, regulação da temperatura, controle endócrino, sono, vigília, regulação da diurese e sensações relacionadas ao prazer e raiva. (BEAR, 2017) Ao exame microscópico, o hipotálamo compõe- se de pequenas células nervosas dispostas em grupos ou núcleos, muitos dos quais estão claramente segregados uns dos outros. Por motivos funcionais, a área pré-óptica está incluída como parte do hipotálamo. Na zona medial, podem ser identificados as seguintes áreascom seus respectivos grupos de núcleos do hipotálamo, de anterior para posterior: 1 – Área Pré-óptica Núcleo pré-óptico – Relacionado com termorregulação, lesões nesta área podem causar Hipertermia; 2 Área supra-óptica Núcleo supra-quiasmático – Relacionado com ritmos circadianos; Núcleo supra-óptico – Relacionado com ritmos circadianos e liberação de ocitocina; Núcleo paraventricular – Relacionado com liberação de ADH. Área tuberal Núcleo Arqueado / tuberal – Relacionado com liberação de GH e prolactina; Núcleos Ventro-medial e Dorso-medial – Relacionados com a saciedade. Área Mamilar / posterior Núcleo Posterior – Relacionado com termorregulação, lesões nesta área podem causar Hipotermia; Núcleo Mamilar (dentro do corpo mamilar) – Relacionado com emoções, comportamento e memória. (NOBESCHI, 2021) Localizado superiormente ao mesencéfalo e, separado deste pela comissura posterior. Apresenta formações endócrinas e não endócrinas. A principal formação endócrina é a glândula pineal (localizada inferiormente o esplênio do corpo caloso). A glândula pineal atua sobre as gônadas (testículos ou ovários), e produção cíclica de melatonina. (MACHADO, 2007) O órgão subcomissural é outra formação endócrina do epitálamo, está localizado abaixo da comissura posterior e participa do controle da glândula suprarrenal. -As formações não endócrinas do epitálamo são: Trígono das habênulas (contendo os núcleos habenulares); Comissura das habênulas; Estrias medulares; E a comissura posterior. Com exceção da comissura posterior, todos os outros estão relacionados com o sistema límbico. A comissura posterior apresenta fibras nervosas provenientes do núcleo parassimpático do nervo oculomotor (“núcleo de Edinger Westphal”), influenciando no reflexo consensual. Localizado inferiormente ao pulvinar do tálamo, apresenta duas formações os corpos geniculados lateral e medial. No corpo geniculado lateral está localizado o quarto neurônio da via visual, que envia fibras nervosas para o lobo occipital (cúneo e giro occipitotemporal medial). O corpo geniculado lateral estabelece conexão com o colículo superior do mesencéfalo, por meio do braço do colículo superior. O corpo geniculado medial estabelece conexão com o colículo inferior do mesencéfalo por meio do braço do colículo inferior. No corpo geniculado medial está localizado o quarto neurônio da via auditiva. Localizado entre o tálamo (superiormente) e o mesencéfalo (inferiormente), e entre a cápsula interna (lateral) e hipotálamo (medial). O subtálamo é a menor formação diencéfalica, sua principal formação é o núcleo subtalâmico, relacionado com o controle do movimento somático. Formado por duas massas laterais, denominadas de hemisférios cerebrais direito e esquerdo. São separados parcialmente pela fissura longitudinal do cérebro. (MACHADO, 2007) Os hemisférios cerebrais apresentam as mesmas características anatômicas, embora variações e alterações de massas (volume e posição) podem ser encontradas ao se comparar os hemisférios, tornando-se assimétricos. Funcionalmente é mais distinto, o hemisfério esquerdo está relacionado com a lógica e raciocínio, enquanto que o direito com percepção, abstração e musicalidade. *O padrão motor da maior parte das pessoas é comandado pelo hemisfério cerebral esquerdo, que controla os músculos da metade direita do corpo. Os hemisférios cerebrais se comunicam, a principal estrutura inter-hemisférica de comunicação é o corpo caloso (comissura), formado exclusivamente por fibras nervosas mielinizadas. No interior do telencéfalo estão localizados os ventrículos laterais (direito e esquerdo), em seus respectivos hemisférios cerebrais. No telencéfalo encontramos circunvoluções denominadas de giros. Os giros permitiram aumentar a superfície para os neurônios, e ao mesmo tempo diminuir o tamanho do telencéfalo. Os giros do telencéfalo são separados por sulcos. O telencéfalo é dividido em partes denominadas lobos. São cinco lobos anatômicos do telencéfalo e um lobo considerado funcional. (MOORE, 2019) Dos cinco lobos anatômicos, quatro deles se relacionam com os ossos do crânio, recebendo a mesma denominação. Os lobos anatômicos do telencéfalo são: Frontal, parietal, temporal, occipital e insular. O lobo insular não se relaciona com os ossos do crânio. O lobo funcional do telencéfalo é o lobo límbico, que abrange parte dos lobos frontal, parietal e temporal. Lobo límbico em verde: O estudo do telencéfalo pode ser realizado de forma didática levando em consideração as suas três faces: Dorso ou Súpero-lateral, inferior e medial. Na face súpero-lateral identificamos os quatro lobos do telencéfalo (frontal, parietal, temporal e occipital). Dois grandes sulcos são visíveis: sulco central e sulco lateral. Sulco central (“sulco de Rolando”): separa os lobos frontal e parietal. Inicia-se na face medial do telencéfalo, terminando no sulco lateral. Sulco lateral (“sulco de Sylvius”): separa os lobos frontal do temporal e, o temporal do parietal. Inicia-se profundamente na base do crânio, dirigindo-se para a face súpero- lateral. Profundamente ao sulco lateral está localizado o lobo insular. Para a maioria dos sulcos a nomenclatura obedece a localização e posição. Exemplo: sulco frontal superior ou sulco temporal inferior. Poucos são os sulcos que fogem do exemplo, como no caso do sulco intraparietal (sulco no sentido ântero-posterior, que divide o lobo parietal em dois lóbulos: superior e inferior). Os giros da face súpero-lateral serão descritos abaixo: A face inferior do telencéfalo apoia-se na base do crânio (com exceção do polo occipital). -Os lobos frontal, temporal e occipital são visualizados nessa face. Localizam-se nessa região os giros: temporal inferior, occipitotemporal lateral, occipitotemporal medial (giro lingual), parahipocampal e o únco. Cada giro apresenta funções específicas que serão mais aprofundadas nas próximas APGs. A face medial do telencéfalo é estudada nos cortes sagitais medianos do encéfalo. Evidencia os lobos frontal, parietal e occipital, além de estruturas não corticais, a substância branca, sendo: corpo caloso, fórnice, comissura anterior, lâmina terminal e o septo pelúcido. Nessa face, também fica evidente as estruturas corticais do lobo límbico, localizadas nos lobos frontal e parietal (no lobo temporal estão localizadas na face inferior). Abaixo está descrito as estruturas do telencéfalo da face medial em uma sequência mais simples para o estudo. formado por fibras nervosas mielinizadas, é o principal feixe de associação inter-hemisférico. O corpo caloso é dividido de anterior para posterior em: rostro, joelho, tronco e esplênio. (do latim fornix – arco): formado por fibras mielínicas, que se projetam do córtex do hipocampo para os núcleos dos corpos mamilares (integra parte do sistema límbico – “circuito de Papez”). Será aprofundado nos próximos resumos. O objetivo dessa APG é realizar uma introdução, cada APG seguinte aprofundará em um tema específico! Os pilares se unem para formar o corpo do fórnice (inferior ao corpo caloso) e, separa-se anteriormente, formando as colunas do fórnice, que se projetam nos corpos mamilares do hipotálamo. (do latim septum – cerca, e pellucidus –transparente): é uma parede triangular, ligado superiormente no tronco e joelho do corpo caloso, até o fórnice, inferiormente. O septo pelúcido é formado por duas lâminas, separadas uma cavidade estreita (cavidade do septo pelúcido, essa cavidade pode se apresentar dilatada, constituindo o Vº ventrículo). O septo pelúcido separa os ventrículos laterais. (machado, 2007) (do latim cingula – cintura): localizado superiormente ao corpo caloso. Seu limite superior é o sulco do cíngulo. O giro do cíngulo tem início no lobo frontal, segue para o lobo parietal, contornando superiormente o corpo caloso. Em seu trajeto origina o sulco subparietal e o ramo marginal do sulco do cíngulo. com início no sulco lateral, o sulco central cruza toda a face súpero-lateral do telencéfalo, terminando na parte superior da face medial. Separa o lóbulo paracentral em duas áreas: anterior (motora) e posterior (sensitiva). sulco vertical que termina no sulco do cíngulo, separando o lóbulo paracentral do giro frontal superior. Próximo ao rostro do corpo caloso é possível identificar a comissura anterior, lâmina terminal e a área septal. Comissura anterior: fibras de associação inter-hemisféricas, localizada inferiormente ao rostro do corpo caloso. Estabelece união entre os lobos temporais. Lâmina terminal: lâmina fina de tecido nervoso localizada entre a comissura anterior (superiormente) e o quiasma óptico (inferiormente). No desenvolvimento embrionário, o prosencéfalo se divide em duas vesículas, o telencéfalo e o diencéfalo. As vesículas telencefálicas são unidas medialmente pela lâmina terminal. Área septal: localizada no lobo frontal, anteriormente a lâmina terminal. Estabelece conexões com o hipotálamo e formação reticular. É considerada uma área cerebral relacionada com o prazer. Lobo insular (do latim insula – ilha): lobo de localização profunda ao sulco lateral, sendo recoberto pelos lobos frontal, parietal e temporal. Está relacionado com funções emocionais (fobias), sensoriais e motoras viscerais, vestibulares, movimentos somáticos e fala (apraxia). Hipocampo (do grego hippokampos – cavalo-marinho): é uma formação profunda, localizada no lobo temporal, formando um arco sobre o corno temporal do ventrículo lateral. É formado pelo córtex mais antigo (arquicórtex). (KANDEL, 2014) A porção anterior do hipocampo é dilatada, e denominada de pé do hipocampo (“corno de Ammon”). A porção súpero-medial do hipocampo é constituída pelo giro denteado. Entre o pé do hipocampo e o giro parahipocampal está localizado o subículo (do latim subiculum – que suporta). O hipocampo está envolvido com função de memória de curto prazo. É constituído por estruturas nervosas que formam um limbo na face medial do telencéfalo (nos lobos frontal, parietal e temporal). É formado por estruturas corticais e subcorticais. O lobo límbico está envolvido com o comportamento emocional,sexual e processamento de memorização. Componentes corticais do lobo límbico: giro do cíngulo, giro parahipocampal e o hipocampo. Componentes subcorticais do lobo límbico: corpo amigdalóide, área septal, núcleos mamilares, núcleos anteriores do tálamo e núcleos habenulares. William James foi o primeiro a propor a teoria das emoções. Após o indivíduo receber um estímulo, o cérebro gera as emoções (taquicardia, dispneia, angústia, medo, etc.). (BEAR, 2017) Posteriormente, Walter Cannon propôs outra teoria, com a hipótese de que o tálamo seria o centro fundamental das emoções, e a partir dele os estímulos elétricos seriam enviados ao córtex cerebral e ao hipotálamo (ocorrendo alterações viscerais, via parte autônoma do sistema nervoso). James Papez demonstrou que não havia apenas um centro cerebral envolvido com as emoções. Sua teoria é a mais importante contribuição no estudo funcional das emoções. Seu trabalho demonstrou um circuito cerebral reverberativo, que utiliza de estruturas corticais e subcorticais. A direção dos impulsos no circuito proposto por Papez é: hipocampo – fórnice – núcleos mamilares – fascículo mamilotalâmico – núcleos anteriores do tálamo – cápsula interna – giro do cíngulo – giro parahipocampal – hipocampo. Contribuições do trabalho de Paul MacLean incluíram outras estruturas encefálicas que se conectam com o circuito de Papez, sendo: área pré-frontal, corpo amigdalóide, área septal e tronco encefálico. (BEAR, 2017) Esse centro é formado por fibras nervosas mielínicas, divididas em dois grupos: fibras nervosas de associação e fibras nervosas de projeção. Fibras nervosas de associação: conectam áreas corticais entre si, podendo ser intra- hemisféricas ou inter-hemisféricas. Fibras de associação intra-hemisféricas: fascículo do cíngulo (conecta os lobos frontal e temporal), fascículo longitudinal superior (conecta os lobos frontal, parietal e occipital), fascículo longitudinal inferior (conecta os lobos occipital e temporal), fascículo uncinado (conecta os lobos frontal e temporal), e cápsula extrema (localizada entre o córtex insular e o claustro, conecta o córtex insular ao córtex do giro frontal inferior). Fibras de associação inter-hemisféricas: comissura anterior (conecta os lobos temporais), corpo caloso (conecta áreas simétricas do córtex cerebral), e comissura do fórnice (conecta os hipocampos). Fibras nervosas de projeção: conectam áreas corticais com áreas subcorticais. Cápsula interna: ampla faixa branca, em forma de letra “V”, cujo vértice se dirige medialmente. É constituída por um ramo anterior (entre os núcleos caudado e lentiforme), um joelho, e um ramo posterior (entre o tálamo e o núcleo lentiforme). Acima da margem superior dos núcleos da base, a cápsula interna se continua como coroa radiada, projetando-se para o córtex cerebral. Inferiormente aos núcleos da base a cápsula interna forma os pedúnculos cerebrais (no mesencéfalo). (MOORE, 2019) Cápsula externa: localizada entre o claustro e o núcleo lentiforme (putamen). -O tronco encefálico é constituído por três partes: Mesencéfalo, ponte e o bulbo (de superior para inferior). Está localizado na fossa craniana posterior, apoiado no clivo do osso occipital. *O tronco encefálico está no compartimento infra- tentorial (abaixo da tenda do cerebelo), junto ao cerebelo, enquanto que o cérebro está localizado no compartimento supra-tentorial (acima da tenda do cerebelo). *Dez dos doze pares de nervos cranianos possuem seus núcleos no tronco encefálico. É a parte superior do tronco encefálico. É atravessado pelo aqueduto do mesencéfalo, que conecta o IIIº ventrículo com o IVº ventrículo. O mesencéfalo fica interposto ao diencéfalo (superiormente), e a ponte (inferiormente). O mesencéfalo fica interposto ao diencéfalo superiormente e o sulco pontino separa o mesencéfalo da ponte, inferiormente. (MOORE, 2019) O mesencéfalo é constituído pelos pedúnculos cerebrais, fossa interpeduncular, colículos superiores e inferiores e braços dos colículos superiores e inferiores. são duas massas brancas, formadas por axônios mielínicos, provenientes do giro pré-central, com trajeto descendente pela coroa radiada e ramo posterior da cápsula interna. As fibras nervosas são motoras (cada pedúnculo possui fibras nervosas homolaterais aos giros pré-centrais). As fibras nervosas dos pedúnculos passam pela base da ponte, pirâmides bulbares, cruzando, parcialmente, para o lado oposto no bulbo (formando a decussação das pirâmides). espaço localizado entre os pedúnculos cerebrais. Na fossa interpeduncularestão localizados os corpos mamilares (hipotálamo). juntos são denominados de lâmina quadrigêmea. Os colículos superiores são inferiores à glândula pineal e, estão relacionados com reflexos motores do bulbo do olho (movimentos verticais). Os colículos inferiores são formados por neurônios da via auditiva (terceiro neurônio da via). Em secção horizontal, o mesencéfalo é dividido em: base do pedúnculo, tegmento e tecto. contém as fibras nervosas provenientes do giro pré- central. São as fibras corticospinais e corticonucleares (as primeiras atuam nos neurônios da coluna anterior da medula espinal, enquanto que as segundas atuam nos núcleos dos nervos cranianos). apresenta núcleos da formação reticular, núcleos dos nervos cranianos (oculomotor, troclear e trigêmeo), núcleo rubro (participa da motricidade somática para os músculos distais) e a substância negra. A substância negra é formada por neurônios dopaminérgicos (o neurotransmissor é a dopamina), exercendo conexões com o corpo estriado, participando do programa motor. É a parte média do tronco encefálico, localizada entre o mesencéfalo e o bulbo. O limite superior da ponte é o sulco pontino superior. Inferiormente é limitada pelo sulco bulbopontino (emergência dos nervos cranianos: abducente, facial e vestíbulococlear). Na face anterior da ponte está localizado o sulco basilar (ocupado pela artéria basilar). A ponte apresenta uma base e um tegmento. Base da ponte: é a maior porção da ponte, sendo atravessada pelas fibras do trato corticospinal, corticonuclear e corticopontinas. Apresenta fibras transversas. Tegmento da ponte: apresenta fibras ascendentes, descendentes e transversas. O núcleo dos nervos abducente, facial e vestibulococlear são encontrados no tegmento da ponte. Núcleos parassimpáticos como os núcleos salivatório superior e lacrimal (que constituem parte do nervo facial), têm origem no tegmento. (MACHADO, 2007) O nervo trigêmeo apresenta núcleos que se originam na ponte. . O bulbo é a parte inferior do tronco encefálico, continua-se inferiormente com a medula espinal. A emergência do primeiro par de nervos espinal é o marco do término do bulbo. Admiti-se que o limite ósseo para o bulbo fosse o forame magno, contudo, o bulbo pode invadir o canal vertebral. A disposição de sulcos e fissuras no bulbo é muito semelhante a da medula espinal, sendo: fissura mediana anterior (atravessada pela decussação das pirâmides), sulco antero- lateral, posterolateral, sulco intermédio posterior e sulco mediano posterior. Na região anterior do bulbo, lateralmente à fissura mediana anterior estão localizadas as pirâmides bulbares (formadas por fibras nervosas mielínicas provenientes dos giros pré-centrais). As fibras nervosas das pirâmides bulbares cruzam o plano mediano, constituindo a decussação das pirâmides. Nas regiões laterais do bulbo estão localizadas as olivas bulbares (formadas por neurônios do núcleo olivar inferior, relacionadas com o movimento). (MACHADO, 2007) Anteriormente as olivas bulbares emergem as fibras dos nervos hipoglossos. Nos sulcos póstero-laterais do bulbo emergem os nervos glossofaríngeo, vago e acessório. Na região posterior do bulbo, entre o sulco póstero-lateral e o sulco intermédio posterior, localiza-se o fascículo cuneiforme (conduz impulsos proprioceptivos conscientes, originados dos membros superiores e metade superior do tronco). Entre o sulco intermédio posterior e o sulco mediano posterior está localizado o fascículo grácil (fascículo que conduz impulsos proprioceptivos conscientes, originados dos membros inferiores e metade inferior do tronco). Superiormente a cada fascículo são encontradas elevações, denominadas de tubérculos dos núcleos: cuneiforme e grácil (formado pelo segundo neurônio da via proprioceptiva consciente). A fossa rombóide é o assoalho do IVº ventrículo. Ocupa a região posterior do bulbo e ponte. No centro da fossa rombóide está o sulco mediano. Mais lateralmente está localizado o sulco limitante. Medialmente ao sulco limitante estão estruturas motoras originadas da lâmina basal do tubo neural. Lateralmente ao sulco limitante se localizam estruturas sensitivas, originadas da lâmina alar do tubo neural. (MOORE, 2019) A parte medial ao sulco limitante é denominada de eminência medial. Em sua parte superior estão os colículos faciais (formados pelo núcleo do nervo abducente, circundados pelas fibras do nervo facial). Inferiormente, na eminência medial, estão localizados os trígonos do nervo hipoglosso (medialmente) e do nervo vago (lateralmente). Os trígonos são formados pelos núcleos dos respectivos nervos. A parte lateral ao sulco limitante é denominada de área vestibular e contém os núcleos do nervo vestibulococlear. (DRAKE, 2015) É um agregado de núcleos que se dispõem em forma de rede, no interior do tronco encefálico. A formação reticular apresenta conexões com o cérebro, cerebelo, medula espinal e o núcleo dos nervos cranianos. -Está envolvido com as funções: Controle vasomotor: localizado no bulbo, coordena o calibre dos vasos sanguíneos e o ritmo cardíaco. Controle da ventilação: localizado no bulbo, controla a inspiração e expiração, mantendo o movimento automático para a ventilação. Centro do vômito: localizado no bulbo. Estímulos provenientes da mucosa gastrointestinal aferem o centro do vômito por meio do nervo vago, desencadeando o reflexo do vômito. Controle do movimento somático: localizado no bulbo e na ponte. Controle neuroendócrino: localizada no mesencéfalo, estimulando a secreção dos hormônios adenocorticotrófico (ACTH, pela adenohipófise), e antidiurético (ADH, pela neurohipófise). Interação com a parte autônoma do sistema nervoso: a formação reticular estabelece conexões com as divisões simpática e parassimpática da parte autônoma do sistema nervoso. Interação com o controle do movimento somático: a formação reticular recebe informações provenientes do cérebro, influenciando no controle motor dos músculos axiais, apendiculares proximais e os movimentos automáticos. Controle sensitivo: a formação reticular é capaz de selecionar informações sensitivas. Ativação cortical cerebral: parte da formação reticular um conjunto de fibras nervosas com destino ao tálamo, e posteriormente, ao córtex cerebral. Essas fibras nervosas ativam o córtex cerebral (sistema ativador reticular ascendente – SARA). Regulação do sono: localizado na ponte, a formação reticular contém mecanismos para regular o sono. (KANDEL, 2014) Está localizado na fossa cerebelar do osso occipital (fossa craniana posterior). O cerebelo está separado do lobo occipital (localizado superiormente), por uma prega da dura- máter, denominada de tentório do cerebelo. Anteriormente ao cerebelo localizamos a ponte e o bulbo. Os pedúnculos cerebelares (superior, médio e inferior) conectam o cerebelo ao tronco encefálico. O cerebelo apresenta uma camada cortical externa (córtex do cerebelo), homogênea, constituída por três camadas celulares. Internamente, se distribuem a fibras mielínicas, compondo o centro medular branco do cerebelo. No interior do centro medular branco do cerebelo são encontrados núcleos específicos (núcleos do cerebelo). (MACHADO, 2007) Anatomicamente o cerebelo é dividido em dois hemisférios cerebelares (direito e esquerdo), e uma porção mediana,denominada de verme cerebelar. -O cerebelo é dividido em lobos: Flóculo-nodular – VESTIBULOCEREBELO (relacionado com o equilíbrio); Anterior- ESPINOCEREBELO (funções relacionadas ao tônus muscular e propriocepção); Posterior – NEOCEREBELO OU CEREBROCEREBELO (coordenação dos movimentos); (BEAR, 2017) -Os lobos do cerebelo são divididos por fissuras, formando lóbulos. Lobo flóculo-nodular: constituído por dois flóculos (cada flóculo está localizado abaixo do pedúnculo cerebelar inferior), unidos pelo nódulo. Lobo anterior do cerebelo: forma parte da porção superior do cerebelo. A fissura primária separa o lobo anterior do lobo posterior. Lóbulo quadrangular anterior está localizado anteriormente a fissura primária. Lobo posterior do cerebelo: o maior lobo do cerebelo apresenta uma porção superior, que se estende formando a porção inferior do cerebelo. -Os lóbulos e fissuras são (partindo da fissura primária): Lóbulo quadrangular posterior; fissura pós-clival; lóbulo semilunar superior; fissura horizontal; lóbulo semilunar inferior; fissura pré-piramidal; lóbulo biventre. A tonsila do cerebelo é uma porção dilatada, localizada no lobo posterior, em sua parte ântero- inferior (superiormente ao forame magno e posteriormente ao bulbo). O verme do cerebelo apresenta sua divisão, com denominação diferente dos hemisférios cerebelares, sendo: língula, lóbulo central, cúlmen, declive, folha do verme, túber, pirâmide, úvula e nódulo. Os núcleos do cerebelo são: denteado, emboliforme, globoso e fastigial. O núcleo denteado é o maior deles, localizado lateralmente. O núcleo fastigial assume uma posição medial. (MACHADO, 2007) Entre os núcleos denteado e fastigial estão localizados os núcleos emboliforme e globoso (denominados como núcleo interpósito). Os núcleos do cerebelo exercem influencia no controle motor dos músculos estriados esqueléticos, o núcleo fastigial controla os músculos axiais e proximais dos membros (postura e equilíbrio), os núcleos interpósito e denteado controlam os músculos distais. A medula espinal é a parte do tubo neural que sofreu menos alterações durante o desenvolvimento. (MOORE, 2019) A medula ocupa parcialmente o canal vertebral, terminando em uma porção cônica, o cone medular, na altura de LI nos adultos (variações anatômicas podem ocorrer, e o término pode ser em TXII ou LIII). No recém nascido, a medula espinal se estende até a altura do disco intervertebral LII-LIII. Seu início é abaixo do bulbo, na altura do forame magno do osso occipital. (MOORE, 2019) Em duas regiões, a medula espinal apresenta dilatações: sendo na região cervical (entre os segmentos LII e SIII), dilatação denominada de intumescência cervical e; na região lombossacral (entre os segmentos CIV e TI), denominada de intumescência lombossacral. As intumescências contêm um maior número de neurônios, destinados a inervação dos membros. (MOORE, 2019) A medula espinal apresenta 31 segmentos, em cada um dos segmentos se origina um par de nervos espinais. A divisão dos segmentos para cada região da medula espinal é: 8 segmentos cervicais: o primeiro par de nervos espinais emerge entre o osso occipital e a margem superior do atlas, desta forma entre as vértebras CVII e TI está localizado o oitavo par de nervos cervicais. 12 segmentos torácicos: que originam 12 pares de nervos espinais torácicos, que emergem nos forames intervertebrais, inferiormente a sua vértebra correspondente. 5 segmentos lombares: que originam cinco pares de nervos espinais lombares, que emergem nos forames intervertebrais, inferiormente a sua vértebra correspondente. 5 segmentos sacrais: que originam cinco pares de nervos espinais sacrais. 1 segmento coccígeo:que origina um par de nervos espinais coccígeo. A medula espinal não tem o mesmo tamanho que a coluna vertebral, desta forma, seus segmentos não são totalmente correspondentes com as regiões da coluna vertebral. A diferença de tamanho da medula espinal em relação à coluna vertebral influencia na emergência dos nervos espinais. Os nervos espinais mais superiores (cervicais e torácicos altos) apresentam emergência da medula em um plano quase que perpendicular, enquanto que, os nervos mais inferiores (torácicos baixos, lombares, sacrais e coccígeos) emergem obliquamente. Os nervos lombares, sacrais e coccígeos formam a cauda equina, dentro do revestimento meníngeo. Na região cervical os segmentos da medula espinal são praticamente correspondentes as vértebras cervicais. Na região torácica os segmentos medulares estão localizados dois níveis acima em relação as vértebras (exemplo: segmento medular T6 está na altura da vértebra TIV), desta forma os segmentos medulares T11 e T12 estão na altura das vértebras TIX e TX. Os segmentos lombares da coluna vertebral estão localizados na altura de TXII e TXII. Os segmentos sacrais e coccígeos na altura de LI. (MACHADO, 2007) Na medula espinal a substância branca está localizada externamente, enquanto que, a substância cinzenta é interna. A substância branca é constituída por fibras nervosas mielínicas que possuem direção ascendente ou descendente. Está separada por funículos, pelos sulcos da superfície da medula. Nos funículos encontramos os principais tratos ou fascículos (vias) de condução de estímulos: localizado entre a fissura mediana anterior e o sulco ântero- lateral. Tratos ou fascículos: o Trato espinotalâmico anterior (via para o tato protopático e pressão); o Trato corticospinal anterior (via motora, não cruzada na decussão das pirâmides); o Trato tetospinal (movimento reflexos da cabeça por estímulos visuais); o Trato reticulospinal anterior (relacionado com movimentos posturais); o Trato vestibulospinal anterior (controle sobre a musculatura para a manutenção do equilíbrio). o o localizado entre os sulcos ântero-lateral e póstero-lateral. Tratos ou fascículos: o Trato espinotalâmico lateral (temperatura e dor); o Tratos espinocerebelares anterior e posterior (propriocepção inconsciente); o Trato corticospinal lateral (via motora, cruzada na decussação das pirâmides); o Trato reticulospinal lateral (relacionado com movimentos posturais e marcha); o Trato rubrospinal (controle dos músculos distais). localizado entre os sulcos póstero-lateral e mediano Esse funículo é subdividido pelo sulco e septo intermédio posterior em duas áreas, fascículo grácil (medialmente), e o fascículo cuneiforme (lateralmente). O fascículo grácil (do latim gracilis – delgado) estende-se por toda a medula espinal, carregando informações proprioceptivas conscientes e tato epicrítico dos membros inferiores e metade inferior do tronco. O fascículo cuneiforme (do latim cuneos – cunha, e formis – forma de) se forma na região torácica alta, seguindo para a região cervical da medula. Conduz estímulos proprioceptivos conscientes e tato epicrítico da parte superior do tronco e membros superiores. A substância cinzenta da medula é constituída por corpos de neurônios, fibras nervosas amielínicas e células gliais. Apresenta a forma da letra H, a parte transversal do H é denominado de coluna intermédia, enquanto que, as barras do H são as colunas anteriores e posteriores. (MACHADO, 2007) As colunas anteriores e posteriores são encontradas em todos os segmentos da medula espinal, as primeiras são motoras e, as segundas sensitivas. Nas regiõestorácica e lombar alta é encontrada a coluna lateral (contém neurônios pré-ganglionares simpáticos). Coluna anterior: apresenta um grande número de neurônios das regiões cervical e lombossacral, nessas regiões as colunas anteriores apresentam dois grupos de neurônios, o grupo medial (para os músculos proximais dos membros), e o grupo lateral (para os músculos distais dos membros). Na região torácica, as colunas anteriores apresentam um único agrupamento de neurônio (medialmente), para os músculos axiais. Coluna posterior: recebe estímulos sensitivos. As diferentes categorias sensitivas alcançam a coluna posterior em pontos determinados. No ápice da coluna posterior as aferências são do trato espinotalâmico, para a modulação de dor (área conhecida como substância gelatinosa). Coluna lateral: localiza nas regiões torácica e lombar alta. (MACHADO, 2007) Formada pelos corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares simpáticos. O SNP, a partir de um viés fisiológico, pode ser dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso visceral. Enquanto o primeiro está relacionado com a forma que o organismo interage com o meio ambiente externo a ele, o segundo está relacionado com o controle das vísceras para homeostasia corpórea. Tanto a divisão somático, como a divisão visceral, possuem um componente aferente e um outro eferente. (NOBESCHI, 2021) Um nervo é um feixe de fibras nervosas provenientes de muitas células nervosas. As fibras se agrupam para obter força contra lesões. São cranianos se possuem ligação com o encéfalo e espinhais se conectados diretamente com a medula. Os nervos espinais são formados por um conjunto de axônios mielínicos, com origem nos segmentos da medula espinal. São 31 pares de nervos espinais (8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo). Os nervos espinais atravessam o forame intervertebral. Nas regiões cervicais e lombossacral os nervos espinais se comunicam amplamente, formando uma rede denominada de plexo. O nervo espinal é formado por duas raízes (anterior e posterior), conectadas com a medula espinal. Assim, todos os nervos espinhais são MISTOS. Raiz anterior: é formada por fibras nervosas mielínicas (radículas) provenientes de corpos celulares localizados nas colunas anteriores da medula espinal. Esses neurônios são denominados de neurônios motores inferiores (“via motora de Sherrington”). Os neurônios motores inferiores recebem informações dos neurônios provenientes do giro pré-central (neurônios motores superiores). Raiz posterior: nessa raiz está localizado o gânglio sensitivo do nervo espinal, formado por corpos celulares de neurônios pseudounipolares. O prolongamento central desses neurônios se dirige para a medula espinal, na altura do sulco postero- lateral, comunicando-se com os neurônios da coluna posterior da medula espinal. Os prolongamentos periféricos convergem com os prolongamentos da raiz anterior para constituir o nervo espinal. Nervo espinal: formado pela união das fibras nervosas provenientes das raízes anterior e posterior (função motora e sensitiva – misto). No interior do nervo cada fibra nervosa é revestida por tecido conjuntivo denominado de endoneuro. O conjunto de fibras nervosas forma o fascículo nervoso, revestido pelo perineuro. A reunião dos fascículos nervosos constitui o nervo espinal, revestido externamente pelo epineuro. No interior do nervo espinal há vasos sanguínos para sua irrigação (vasa nervorum – vasos dos nervos). O nervo espinal formado atravessa o forame intervertebral, até esse ponto, o nervo recebe o revestimento da dura-máter. Após atravessar o forame intervertebral, o nervo espinal se divide em dois ramos (anterior e posterior). Ramo anterior do nervo espinal: os ramos anteriores dos nervos espinais formam os plexos nervosos nas regiões cervical e lombossacral. Na região torácica o ramo anterior do nervo espinal não forma plexo, constituindo o nervo intercostal. Ramo posterior do nervo espinal: se dirige posteriormente, para inervar a musculatura do dorso e região cutânea. Os ramos posteriores não formam plexos. Apenas os três primeiros ramos posteriores cervicais são nominados (C1 – n. suboccipital, C2 – n. occipital maior e C3 – n. occipital terceiro). Os 31 pares de nervos espinais (em seus ramos anteriores e posteriores) apresentam fibras nervosas pré-ganglionares simpáticas (fibras autônomas), que estimulam a contração dos vasos sanguíneos, músculo eretor do pelo e de glândulas sudoríparas. Desta forma, os nervos espinais apresentam componentes somáticos e viscerais (simpáticos). Os ramos anteriores dos nervos espinais constituem os plexos nervosos. -Os plexos nervosos são: Plexo cervical: formado pelos ramos anteriores de C1 até C4. Plexo braquial: formado pelos ramos anteriores de C5 até T1. Plexo lombar: formado pelos ramos anteriores de L1 até L4. Plexo sacral: formado pelos ramos anteriores de L4 até S5. A função dos nervos cranianos é conduzir, por meio de suas fibras, impulsos nervosos do sistema nervoso central para a periferia (impulsos eferentes – nervo motor), e da periferia para o sistema nervoso central (impulsos aferentes – nervo sensitivo). Assim, eles são classificados em nervos motores, sensitivos ou mistos (quando possuem as duas funções – motora e sensitiva). I – Nervo olfatório O primeiro par craniano possui uma função essencial, que é a olfação, sendo assim classificado como nervo aferente somático especial. Ele é um dos que não se originam no tronco encefálico, pois sua origem se dá na região olfatória das fossas nasais. II – Nervo óptico O segundo par craniano é o nervo óptico, um nervo aferente somático especial, responsável pelo sentido da visão. Assim como o anterior, não se origina no tronco encefálico. Sua origem se dá na retina, nos fotorreceptores, e as fibras formadas seguem em direção ao disco óptico. III – Nervo oculomotor O terceiro par craniano é classificado como nervo eferente motor devido à sua principal função, que é a movimentação do bulbo do e classificado também como eferente visceral geral, por inervar o esfíncter da pupila e o músculo ciliar. Sua função é desempenhada juntamente a dois outros nervos, os IV e VI pares. IV – Nervo troclear O quarto par craniano, o nervo troclear, participa também da movimentação do bulbo do olho, atuando sobre o músculo oblíquo superior. V – Nervo trigêmeo O quinto par craniano, o nervo trigêmeo, é um nervo misto, ou seja, possui tanto função sensitiva quanto motora. Possui importantes funções, como a sensibilidade geral da face, de parte da língua e até mesmo da meninge dura-máter e, além disso, possui sua função motora, sendo importantíssimo para a inervação de músculos responsáveis pela mastigação. O trigêmeo possui algumas divisões: em nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular. VI – Nervo abducente O sexto par craniano, o nervo abducente, também participa da movimentação do bulbo do olho, juntamente ao III e IV pares, inervando o músculo reto lateral. VII – Nervo facial O sétimo par craniano, o nervo facial, é um nervo misto, que possui funções sensitivas, sensoriais e motoras. Além do nervo facial propriamente dito, que é o responsável pelas funções motoras, há também o nervo intermédio, que realiza as funções sensoriais. Ramos terminais do nervo facial A sua funçãosensitiva se dá pela inervação das glândulas salivares. Já a sua função sensorial corresponde a inervação dos 2/3 anteriores da língua, conferindo a gustação. E, por fim, a função motora, realizada pela inervação dos músculos da mímica facial. VIII – Nervo vestibulococlear O oitavo par craniano, o nervo vestibulococlear, é um nervo sensitivo, em que a porção vestibular é a responsável pelo equilíbrio, enquanto a porção coclear está relacionada à audição. IX – Nervo glossofaríngeo O nono par craniano, o nervo glossofaríngeo, é um nervo misto, pois promove a inervação sensitiva especial e geral do 1/3 posterior da língua. Também inerva a faringe e suas estruturas. X – Nervo vago O décimo par craniano, o conhecido nervo vago, é um nervo misto importantíssimo. Realiza a inervação das vísceras, garante a inervação parassimpática aos órgãos, além de inervar partes da laringe e da faringe. XI – Nervo acessório O décimo primeiro par craniano, o nervo acessório, também é um nervo misto. Sua principal função é motora, sendo responsável pela inervação de alguns músculos próximos ao ombro, por exemplo. Mas, além dessa função motora, possui ação sensitiva especial por auxiliar o nervo vago na inervação de algumas vísceras. XII – Nervo hipoglosso O décimo segundo e último par craniano, o nervo hipoglosso, é um nervo motor, cuja função se relaciona principalmente à movimentação da língua. Gânglios são conjuntos de corpos de neurônios que podem ser encontrados nos ramos somáticos e autonômicos do sistema nervoso periférico (SNP). (KANDEL, 2014) Os gânglios podem ser considerados pontos de sinapse entre os neurônios. As informações chegam aos gânglios através dos neurônios pré-sinápticos, excitam os neurônios pós-sinápticos, que por sua vez deixam os gânglios. Os gânglios podem ser amplamente categorizados em dois grupos: Gânglios sensoriais (relacionados com o sistema nervoso somático (SNS); Gânglios autonômicos (relacionados com o sistema nervoso autônomo (SNA). https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/histologia-do-neuronio https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-nervoso-periferico https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-nervoso-periferico https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-nervoso-autonomo Os gânglios têm estrutura oval e contêm corpos de neurônios (somas), células satélites (um tipo de célula glial) e uma camada protetora de tecido conjuntivo. Os gânglios autonômicos e sensoriais são histologicamente semelhantes, entretanto os gânglios autonômicos contêm neurônios multipolares e os gânglios sensoriais geralmente contêm neurônios unipolares ou pseudo- unipolares. Os gânglios autonômicos são formações bulbosas dos nervosos do SNA, localizados no interior de determinados órgãos, como na parede do tubo digestivo. Não apresentam cápsula conjuntiva e seu estroma é a continuação do próprio estroma do órgão em que estão situados. Geralmente esses neurônios são multipolares, aparecendo com aspecto estrelado nos cortes histológicos, com camada incompleta de células satélites envolvendo o neurônio. As terminações nervosas, localizadas na extremidade das fibras constituintes dos nervos, também segue a mesma divisão: Motora, formada pela placa motora; Sensitiva, composta pelos exteroceptores (recebem estímulos do meio externo), visceroceptores (recebem estímulos dos órgãos internos) e proprioceptores (informam o SNC sobre a posição do corpo ou sobre a força necessária para a coordenação). Na via eferente do sistema nervoso visceral, estudamos o simpático e o Parassimpático, componentes do Sistema Nervoso Autônomo. Este regula o funcionamento do organismo nas diversas situações. Em geral, o simpático controla atividades de fuga, medo e euforia. Diferentemente, o parassimpático, faz com que o organismo restabeleça o funcionamento após vivenciar uma situação mencionada anteriormente. Em resumo, enquanto um ativa o outro inibe. O sistema nervoso entérico, por sua vez, regula e modula as funções de movimento, de secreção e das atividades das células endócrinas do trato gastrintestinal (TGI), de forma independente do sistema nervoso central, dessa forma o sistema nervoso entérico pode ser chamando de “pequeno encéfalo”. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/histologia-visao-geral As células constituem as partes central e periférica do sistema nervoso. -São compostas por dois grupos celulares distintos: Neurônios (do grego neuronon, diminutivo de neuron – nervo): considerado a unidade anátomo-funcional do sistema nervoso. Possui propriedades de gerar, receber e propagar o estímulo elétrico para outros neurônios ou outras células. Os neurônios formam o parênquima do sistema nervoso. (ROSS, 2019) Neuróglia ou células gliais (do grego glia – cola): esse grupo inclui diversos tipos celulares. São células capazes de se multiplicar e são muito mais numerosas que os neurônios. As células gliais são: astrócitos, oligodendrócitos, micróglia, células ependimárias e neurolemócitos e células de Schwann. As células gliais constituem o estroma do sistema nervoso. *Estrutura do Neurônio: *Corpo celular, soma ou pericário Contém o núcleo do neurônio, citoplasma e organelas citoplasmáticas. Recebe e integra os estímulos elétricos (excitatórios ou inibitórios). O corpo do neurônio geralmente é esférico. Alguns neurônios apresentam o corpo em forma de uma pirâmide, esses são denominados de neurônios piramidais (são neurônios motores). Dendritos Do grego dendro – árvore: são prolongamentos ramificados que se ligam ao corpo do neurônio, aumentando a superfície de contato do corpo celular. Os dendritos recebem e integram diversos estímulos elétricos recebidos de outros neurônios. Neurônios específicos apresentam apenas um único dendrito (neurônios bipolares). Axônio Do grego axon – eixo: é um prolongamento que se destaca do corpo celular (pode ser denominado de fibra nervosa), de comprimento e diâmetro variável. Os axônios estão ligados no corpo do celular por meio do cone de implantação (local onde inicia o potencial de ação). Os axônios podem ser revestidos pela bainha de mielina (axônios mielínicos), ou não apresentar o revestimento (axônios amielínicos). Os axônios são capazes de gerar, receber e conduzir estímulos elétricos. Os axônios lesionados no SNP geralmente regeneram, enquanto os axônios seccionados no SNC não são capazes de sofrer regeneração. Essa diferença está relacionada com a incapacidade dos oligodendrócitos e das células da micróglia de fagocitar eficientemente os resíduos de mielina No SNP, a lesão neuronal induz inicialmente uma degeneração completa de um axônio distal ao local de lesão (degeneração walleriana). A degeneração traumática ocorre na parte proximal do nervo lesionado, seguida de regeneração neural, em que as células de Schwann se dividem e desenvolvem bandas celulares que orientam os brotos axônicos em crescimento para o local efetor. (ROSS, 2019) Os nódulos de Ranvier representados no neurônio acima são os espaços entre as bainhas de mielina que envolvem o axônio. No sistema nervoso periférico, mielina é encontrada nas membranas de células de Schwann. No sistema nervoso central, oligodendrócitos são responsáveis pela insulação. A bainha de mielina permite a condução dos impulsos elétricos ao longo da fibra nervosa com velocidade e precisão. No entanto, quando a bainha de mielina é lesionada, os nervos não conduzem os impulsos de forma adequada. Essespequenos trechos propiciam a propagação do impulso em "saltos". O impulso nervoso vai "saltitando" e assim torna-se mais rápido. Os neurônios podem ser classificados quanto a sua forma. O fator que influencia na forma é o número de prolongamentos. Os tipos de neurônios são:Unipolar, bipolar, multipolar e pseudounipol ar . Unipolar: Possuem apenas um prolongamento, o axônio. Bipolar: Dois prolongamentos deixam o corpo do neurônio, sendo um o axônio e outro o dendrito (não ramificado). Pseudounipolar: Do seu corpo celular destaca-se apenas um prolongamento. Não há dendritos ramificados. Esse prolongamento se divide em T, formando dois ramos (um central e outro periférico). Multipolar: Apresenta um corpo com diversos dendritos. Do seu cone de implantação estende-se um axônio. (TORTORA, 2018) Quanto à categoria funcional os neurônios podem ser: motores, sensitivos ou de associação. Neurônios motores transmitem informações para os órgãos efetores (m. estriado esquelético, m. liso, m. estriado cardíaco ou glândulas). Neurônios sensitivos enviam informações captadas por terminações nervosas. Neurônios de associação são numerosos nos vertebrados, realizam a conexão de neurônios localizados em diferentes áreas do sistema nervoso. (TORTORA, 2018) A neuróglia ou glia constitui cerca de metade do volume do SNC. Seu nome deriva da ideia dos primeiros histologistas de que ela era a “cola” que mantinha o tecido nervoso unido. Diferentemente dos neurônios, as células da glia não geram ou propagam impulsos nervosos e podem se multiplicar e se dividir no sistema nervoso maduro. As células gliais são numerosas e estão envolvidas com diversas funções: sustentação, proteção, produção do líquido cerebrospinal e formação da bainha de mielina. São as células mais numerosas da neuroglia. Sua forma é estrelada. Seus prolongamentos unem os neurônios aos capilares (pés vasculares dos astrócitos). Os astrócitos protoplasmáticos, que têm muitos processos de ramificação curtos e são encontrados na substância cinzenta (conforme será descrito a seguir); e os fibrosos, que têm muitos processos longos não ramificados e estão localizados principalmente na substância branca (que também será descrito a seguir). Os processos dos astrócitos entram em contato com os capilares sanguíneos, neurônios e a pia-máter (uma membrana fina ao redor do encéfalo e da medula espinal). Os astrócitos modulam as atividades neuronais pelo tamponamento da concentração de K+ no espaço extracelular do encéfalo. As funções dos astrócitos são: sustentação dos neurônios, formação da barreira hematoencefálica (controlando a composição do meio extracelular) e são os principais sítios de armazenamento de glicogênio. (TORTORA, 2018) São células menores e com poucos prolongamentos. São células responsáveis pela formação da bainha de mielina nas fibras da parte central do sistema nervoso. O corpúsculo de Nissl são manchas biofílicas espalhadas ao redor dos corpos celulares onde estão presentes numerosas cisternas de reticulo endoplasmático rugoso e polir ribossomos. Devido a presença do corpúsculo de Nissl os neurônios tem uma grande capacidade sintética de proteínas. São células epiteliais, localizadas nos ventrículos (assoalho dos ventrículos laterais e teto do IIIº e IVº ventrículos). Essas células são revestidas por capilares e tecido conjuntivo, constituindo o plexo coróide, responsáveis pela formação do líquido cerebrospinal. (JUNQUEIRA, 2017) São células pequenas e alongadas, originadas da medula óssea. São células com função de fagocitose. Os neurônios do SNC e a glia central, com exceção das células microgliais, são derivados das células neuroectodérmicas do tubo neural. Os neurônios do SNC e a glia central, com exceção das células microgliais, são derivados das células neuroectodérmicas do tubo neural. As células ganglionares do SNP e a glia periférica são derivadas da crista neural. Também conhecidos como ”Neurolemócitos”. São células gliais localizadas na parte periférica do sistema nervoso. As células de Schwann também se originam das células migratórias da crista neural que se tornam associadas aos axônios dos nervos embrionários iniciais. Formam a bainha de mielina das fibras nervosas periféricas. Na substância cinzenta são encontrados pericários de neurônios em grande quantidade, dos quais se destacam os núcleos (setas). Estão presentes também as células da neuróglia, reconhecidas pelos seus núcleos de dimensões menores que os dos neurônios. Prolongamentos individualizados de neurônios, exceto os mais espessos, e de células da neuróglia dificilmente podem ser observados. Os prolongamentos delgados de neurônios e das células da glia, assim como seu citoplasma, constituem o “fundo” cor-de-rosa que se observa entre os núcleos. Substância cinzenta – córtex cerebral A substância branca tem um aspecto fibrilar, devido ao grande número de axônios presentes. Observam-se também núcleos de células da glia, em grande parte pertencentes a oligodendrócitos, formadores de bainhas de mielina em axônios do sistema nervoso central. Substância Branca Substância cinzenta Substância Branca Além do córtex, ilhotas de substância cinzenta, denominadas núcleos, são encontradas nas porções profundas do cérebro e cerebelo. O tronco encefálico não está claramente organizado em regiões de substância cinzenta e de substância branca. No entanto, os núcleos dos nervos cranianos localizados no tronco encefálico são vistos como ilhas circundadas por tratos mais ou menos distintos de substância branca. Os núcleos contêm os corpos celulares dos neurônios motores dos nervos cranianos e representam os equivalentes morfológicos e funcionais dos cornos anteriores da medula espinal. Em outros locais do tronco encefálico, como na formação reticular, a distinção entre a substância branca e a substância cinzenta é ainda menos evidente. *Camadas córtex cerebral: -As seis camadas do córtex são designadas e descritas da seguinte maneira: I.A camada plexiforme (ou camada molecular) consiste, em grande parte, em fibras, cuja maioria segue um trajeto paralelo à superfície, e em um número relativamente pequeno de células, principalmente células neurogliais e células de Cajal horizontais ocasionais. II.A camada de células piramidais pequenas (ou camada granulosa) consiste principalmente em pequenas células piramidais e em células granulosas, também denominadas células estreladas. III.A camada de células piramidais de tamanho médio (ou camada de células piramidais externas) não é nitidamente demarcada da camada II. No entanto, as células piramidais são ligeiramente maiores e apresentam formato piramidal típico. IV.A camada granulosa (ou camada granulosa interna) caracteriza-se pela existência de muitas células granulosas pequenas (células estreladas). V.A camada de células piramidais grandes (ou camada interna de células piramidais) contém células piramidais que, em muitas partes do cérebro, são menores que as células piramidais da camada III; no entanto, na área motora, são extremamente grandes e recebem o nome de células de Betz. VI.A camada de células polimórficas contém células com diversos formatos, muitas das quais fusiformes. Essas células são denominadas células fusiformes. (ROSS, 2019)O córtex cerebelar tem três camadas: a molecular, mais externa; a central, formada por neurônios de grandes dimensões chamados de células de Purkinje; e a granulosa, que é a mais interna. A ramificação dos dendritos das células de Purkinje é muito exuberante, assumindo o aspecto de um leque, Esses dendritos ocupam a maior parte da camada molecular; por esse motivo, as células dessa região são muito esparsas. A camada granulosa é formada por neurônios muito pequenos (os menores do organismo) e organizados de modo muito compacto. Em cortes transversais da medula espinal, observa-se que as substâncias branca e cinzenta localizam-se de maneira inversa à do cérebro e cerebelo: externamente está a substância branca, e internamente, a substância cinzenta, que, em cortes transversais da medula, tem a forma de uma borboleta ou da letra H. O traço horizontal desse “H” tem um orifício, o canal central da medula. Ele é revestido pelas células ependimárias (pertencentes ao grupo de células da neuróglia) e é um remanescente do lúmen do tubo neural embrionário. (ROSS, 2019) É uma barreira estrutural e funcional que dificulta a passagem de diversas substâncias, como antibióticos, agentes químicos e toxinas, do sangue para o tecido nervoso. A barreira hematencefálica se deve à menor permeabilidade dos capilares sanguíneos do tecido nervoso. Seu principal componente estrutural são as junções oclusivas entre as células endoteliais. Essas células não são fenestradas e mostram raras vesículas de pinocitose. É possível que os prolongamentos dos astrócitos, que envolvem completamente os capilares, também façam parte da barreira hematencefálica. Além de uma possível participação direta na barreira, há estudos que mostram que a formação das junções oclusivas desses capilares é induzida pelos prolongamentos dos astrócitos. (TORTORA, 2018) Já a barreira hematoliquórica é um mecanismo semelhante à barreira hematoencefálica, mas que protege o fluido cerebrospinal do sangue periférico. Ela é composta por células especializadas na parede dos ventrículos cerebrais, conhecidas como plexo coroide. A barreira hematoliquórica também regula a composição química do fluido cerebrospinal, garantindo que ele forneça aos neurônios os nutrientes e a proteção necessários para seu bom funcionamento. Em conjunto, essas barreiras são vitais para a saúde e integridade do sistema nervoso central. (TORTORA, 2018) Os nervos não contêm os corpos celulares dos neurônios; esses corpos celulares localizam-se no sistema nervoso central ou nos gânglios nervosos, que podem ser observados próximos à medula espinhal. Quando partem do encéfalo, são chamados de cranianos; quando partem da medula espinhal, denominam raquidianos. Os nervos permitem a comunicação dos centros nervosos com os órgãos receptores (sensoriais) ou, ainda, com os órgãos efetores (músculos e glândulas). De acordo com o sentido da transmissão do impulso nervoso, os nervos podem ser: Sensitivos ou aferentes: quando transmitem os impulsos nervosos dos órgãos receptores até o sistema nervoso central; Motores ou eferentes: quando transmitem os impulsos nervosos do sistema nervoso central para os órgãos efetores; Misto: quando possuem tanto fibras sensitivas quanto fibras motoras. São os mais comuns no organismo. As fibras nervosas são constituídas por um axônio e suas bainhas envoltórias. O tecido conjuntivo que reveste um axônio e suas bainhas envoltórias é chamado de endoneuro. Um grupo de fibras nervosas formam os feixes ou tratos do SNC e os nervos do SNP. As fibras nervosas organizam-se em feixes. Cada feixe, por sua vez, é envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo, chamada epineuro. (JUNQUEIRA, 2017) Os acúmulos de pericários de neurônios localizados fora do SNC são chamados de gânglios. A maioria é de órgãos esféricos, envolvidos por cápsulas conjuntivas e associados a nervos. Alguns gânglios reduzem-se a pequenos grupos de células nervosas situados no interior de determinados órgãos, principalmente na parede do sistema digestório, constituindo os gânglios intramurais. Conforme o tipo de informação que retransmitem, os gânglios podem ser sensoriais ou do sistema nervoso autônomo (SNA). Conforme a direção do impulso nervoso, os gânglios podem ser sensoriais (aferentes) ou gânglios do sistema nervoso autônomo (eferentes). Um potencial de ação é definido como uma alteração súbita, rápida e transitória do potencial de repouso da membrana, que se propaga. Somente neurônios e células musculares são capazes de gerar potenciais de ação, uma propriedade chamada de excitabilidade. Confere a um neurônio a capacidade de transmitir informação para um ou mais neurônios e/ou músculos, glândulas. (TORTORA, 2018) O potencial de ação se forma pela entrada súbita de íons Na+ em um local da membrana, alterando a polarização local. Na maioria das vezes, ele é gerado no segmento inicial dos axônios, e sua propagação resulta da entrada sequencial de íons Na+ ao longo da membrana. No entanto, em cada parte da membrana, logo após a passagem do potencial de ação e a entrada local de Na+, ocorre a reversão do potencial, com seu retorno ao potencial de repouso, e os íons Na+ rapidamente são transportados para fora da célula por meio de bombas e transportadores. A reversão do potencial de ação em um potencial de repouso também se propaga ao longo da membrana em seguida à onda de propagação do potencial de ação. A duração de todo esse processo é de cerca de 5 s. A chegada do potencial de ação à terminação axonal provoca vários eventos, que resultam na transmissão de informação a outra célula por intermédio de uma estrutura denominada sinapse. As sinapses são locais de grande proximidade entre neurônios, responsáveis pela transmissão unidirecional de sinalização. Há dois tipos: sinapses químicas e sinapses elétricas. As sinapses elétricas são constituídas por junções do tipo comunicante, que possibilitam a passagem de íons de uma célula para a outra, promovendo, assim, uma conexão elétrica e a transmissão de impulsos. Elas existem em vários locais do SNC, e a transmissão de informação por meio delas é mais rápida, porém com menor possibilidade de controle. Na sinapse química, também chamada simplesmente de sinapse, que predomina sobre o outro tipo, um sinal representado pela chegada de um potencial de ação (impulso nervoso) ao terminal axonal é transmitido a outra célula por sinalização química. Esta consiste em moléculas denominadas neurotransmissores, que são liberadas para o meio extracelular por exocitose. Os neurotransmissores geralmente são sintetizados no corpo celular do neurônio e transportados até os botões sinápticos, onde são armazenados em pequenas vesículas chamadas de vesículas sinápticas. A maioria dos neurotransmissores são aminas, aminoácidos ou pequenos peptídios (neuropeptídios). Porém, outros tipos de moléculas e até compostos inorgânicos, como o gás óxido nítrico, são utilizados pelos neurônios como neurotransmissores. (GUYTON, 2019) Os neurotransmissores são exocitados em um estreito espaço situado entre as células que formam a sinapse e, para que possam agir, devem ser reconhecidos por receptores situados na membrana da célula que recebe a informação. Nessa membrana, os neurotransmissores promovem abertura ou fechamento de canaisiônicos, ou desencadeiam uma cascata molecular no citoplasma, que resulta na produção de segundos mensageiros intracelulares. A sinapse de um axônio com o corpo celular de outro neurônio chama-se axossomática; a sinapse com um dendrito chama-se axodendrítica; e entre dois axônios chama-se axoaxônica. Após ser liberado, são muitos os destinos que um neurotransmissor pode tomar. O mais comum, e o que ocorre inicialmente, é a ligação do neurotransmissor ao seu receptor pós – sináptico, promovendo, assim, o efeito esperado, que pode ser em um outro neurônio ou em um órgão efetor. A resposta celular uma hora precisa chegar ao fim, e, para isso, dois processos podem ocorrer, e isso varia de acordo com o tipo de terminal, tipo de neurotransmissor, e etc. Uma das formas de encerrar a resposta celular é por meio de recaptação neuronal. Assim, o neurotransmissor volta ao terminal pré-sináptico, onde pode ser reutilizado. Isso ocorre com alguns neurotransmissores, como a serotonina e o glutamato. Outra forma é por degradação enzimática na própria fenda sináptica, como ocorre com a acetilcolina, ao ser degradada na fenda sináptica pela enzima acetilcolinesterase. Um outro destino a ser tomado é quando o neurotransmissor se liga ao próprio terminal que o liberou, o terminal pré – sináptico, e, assim, modula a liberação de neurotransmissores, em um processo conhecido como automodulação. Também podem se difundir pela corrente sanguínea e atuar em locais mais distantes. A reação desencadeada pela liberação de neurotransmissores pode excitar ou ativar o neurônio pós-sináptico, ou inibir ou bloquear sua atividade. Neurônios pós-sinápticos recebem múltiplos sinais de neurotransmissores e sinais elétricos de muitos neurônios. O neurônio receptor por fim reúne os inputs e, se mais sinais excitatórios são recebidos, o neurônio dispara e envia sinais para outros neurônios. Se a soma dos sinais é inibitória, o neurônio não dispara nem influencia a atividade de outros neurônios. Esse acréscimo de respostas é chamada soma. Assim, os neurotransmissores facilitam a comunicação rápida entre os neurônios alterando o disparo do potencial de ação. (TORTORA, 2018) Quando o impulso nervoso alcança o botão sináptico, a reversão da voltagem através da membrana produzida pelo impulso (denominada despolarização) provoca a abertura dos canais de Ca2+ regulados por voltagem na membrana plasmática do botão. O influxo de Ca2+ do espaço extracelular faz com que as vesículas sinápticas migrem, se ancorem e sofram fusão com a membrana pré-sináptica, liberando, por exocitose, o neurotransmissor na fenda sináptica. Um outro processo que libera neurotransmissor após a fusão da vesícula chamado de porocitose, no qual as vesículas ancoradas nas zonas ativas liberam neurotransmissores através de um poro de fusão temporário, que conecta o lúmen da vesícula com a fenda sináptica. Ao mesmo tempo, a membrana pré-sináptica do botão sináptico que liberou o neurotransmissor forma rapidamente vesículas endocíticas que retornam ao compartimento endossômico do botão para reciclagem ou recarga do neurotransmissor. Pelo menos 100 substâncias podem agir como neurotransmissores; aproximadamente 18 são de grande importância. Várias ocorrem em formas ligeiramente distintas. Os neurotransmissores podem ser agrupados em diferentes classes, como Moléculas pequenas (p. ex., glutamato, ácido gama-aminobutírico, glicina, adenosina, acetilcolina, serotonina, histamina, noradrenalina) Neuropeptídeos (p. ex., endorfinas) Moléculas gasosas (p. ex., óxido nítrico, monóxido de carbono) Endocanabinoides Glutamato e aspartato Os canais de Ca2+ regulados por voltagem na membrana pré-sináptica regulam a liberação de neurotransmissor. A ligação dos neurotransmissores induz uma mudança na conformação dessas proteínas do canal, causando a abertura de seus poros. A resposta que acaba sendo gerada depende do tipo do íon que entra na célula. *Neurotransmissores: Os neurotransmissores atuam sobre receptores ionotrópicos para abrir os canais iônicos de membrana ou sobre receptores metabotrópicos para ativar a cascata de sinalização da proteína G. A seguir estão descritos os principais neurotransmissores: Esses aminoácidos são os principais neurotransmissores excitatórios no sistema nervoso central. Estão presentes no córtex cerebral, cerebelo e medula espinal. Em neurônios, a síntese de óxido nítrico aumenta em resposta ao glutamato. O glutamato em excesso pode ser tóxico, causando aumento de cálcio intracelular, radicais livres e atividade da proteinase. Esses neurotransmissores podem contribuir para a tolerância à terapia por opioides e mediar a hiperalgesia. O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório presente no encéfalo. É um aminoácido derivado do ácido glutâmico, o qual é descarboxilado por glutamato descarboxilase. Após interação com o seu receptor, o GABA é recaptado ativamente para o interior da terminação nervosa e metabolizado. A glicina, com ação similar ao GABA, ocorre principalmente nos interneurônios (células de Renshaw) da medula espinal e nos circuitos que relaxam os músculos agonistas. A serotonina (5-hidroxitriptamina, ou 5-HT) é produzida pelos núcleos da rafe e neurônios da linha mediana da ponte e da parte superior do tronco encefálico. O triptofano é hidroxilado pelo triptofano hidroxilase em 5-hidroxitriptofano e este, em seguida, é descarboxilado em serotonina. Os níveis de serotonina são controlados pela captação de triptofano e pela MAO intraneuronal que degrada a serotonina. Finalmente, a serotonina é excretada na urina como ácido 5-hidroxi- indoacético, ou 5-HIAA. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) também podem ser usados para tratar vários transtornos de saúde mental (p. ex., depressão, ansiedade, transtorno obsessivo- compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático). A acetilcolina é o principal neurotransmissor dos neurônios motores bulboespinais, fibras pré- ganglionares autônomas, fibras pós-ganglionares colinérgicas (parassimpáticas) e muitos outros neurônios do sistema nervoso central (p. ex., nos gânglios da base e no córtex motor). É sintetizada a partir da colina e da acetilcoenzima A pela colina acetiltransferase e sua ação encerra-se rapidamente por hidrólise local em colina e acetato pela acetilcolinesterase. Os níveis de acetilcolina são regulados pela colina acetiltransferase e pela captação de colina. Os níveis desse neurotransmissor são mais baixos em pacientes com doença de Alzheimer. Classificam-se os receptores colinérgicos como nicotínicos N1 (no musculatura esquelética e na junção neuromuscular) ou N2 (nos sistemas nervosos central e periférico, incluindo os sistemas nervosos parassimpático e simpático e a medula adrenal) ou muscarínicos M1 a M5 (amplamente distribuídos no SNC). O receptor M1 está presente no sistema nervoso autônomo, corpo estriado, córtex cerebral e hipocampo; o receptor M2 no sistema nervoso autônomo, coração, musculatura lisa do intestino, ponte, bulbo e cerebelo. A dopamina interage com alguns receptores em algumas fibras nervosas periféricas e muitos neurônios centrais (p. ex., na substância negra, mesencéfalo, área tegmentar ventral e hipotálamo). O aminoácido tirosina é captado por neurônios dopaminérgicos e convertido pela tirosina hidroxilase em 3,4-di-hidroxifenilalanina (dopa), que é descarboxilada por l-aminoácido aromático descarboxilase em dopamina. Após a liberação e a interação com os receptores, a dopamina é bombeada ativamente (recaptada) de volta à terminação nervosa. A tirosina hidroxilase e a MAO (que decompõem a dopamina) regulamos níveis de dopamina nas terminações nervosas. Os receptores dopaminérgicos são classificados como D1 a D5. Os receptores D3 e D4 atuam no controle do pensamento (limitando os sintomas negativos da esquizofrenia); a ativação do receptor D2 controla o sistema extrapiramidal. Entretanto, a afinidade do receptor não prediz a resposta funcional (atividade intrínseca). A noradrenalina é o neurotransmissor presente na maioria das fibras simpáticas pós-ganglionares e em muitos neurônios centrais (p. ex., no lócus cerúleo e no hipotálamo). O precursor tirosina é convertido em dopamina, que é hidroxilada pela dopamina beta-hidroxilase em noradrenalina. Após liberação e interação com receptores, uma parte da noradrenalina é degradada pela COMT e o restante é recaptado pela terminação nervosa, onde é degradada pela MAO. A tirosina hidroxilase, a dopamina beta-hidroxilase e a MAO regulam os níveis intraneuronais de noradrenalina. Os receptores adrenérgicos são classificados como alfa-1 (pós-sinápticos no sistema simpático), alfa-2 (pré-sinápticos no sistema simpático e pós- sinápticos no encéfalo), beta-1 (no coração) e beta- 2 (em outras estruturas inervadas pelo sistema simpático). As endorfinas são polipeptídeos que ativam muitos neurônios centrais (p. ex., no hipotálamo, nas tonsilas, no tálamo e no lócus cerúleo). O corpo celular contém um polipeptídeo extenso denominado pró-opiomelanocortina, o precursor de alfa, beta e gama-endorfinas. A pró- opiomelanocortina é transportada distalmente pelo axônio e clivada em fragmentos; uma é a beta- endorfina, presente em neurônios que se projetam para a substância cinzenta central (periaqueductal) do mesencéfalo, estruturas límbicas e principais neurônios catecolaminérgicos do encéfalo. Após liberação e interação com receptores, a beta- endorfina é hidrolisada por peptidases. Encefalinas incluem a met-encefalina e a leu- encefalina, que são pequenos peptídeos presentes em muitos neurônios centrais (p. ex., no globo pálido, tálamo, núcleo caudado e na substância cinzenta central). A proencefalina, seu precursor, é formada no corpo celular e, em seguida, é clivada por peptidases específicas em peptídeos ativos. Essas substâncias também estão presentes na medula espinal, onde atuam como neuromoduladores dos sinais de dor. Os neurotransmissores desses sinais, no corno posterior da medula espinal, são o glutamato e a substância P. As encefalinas diminuem a quantidade dos neurotransmissores liberados e hiperpolarizam (tornam mais negativa) a membrana pós-sináptica, reduzindo a geração dos potenciais de ação e percepção de dor no giro pós-central. Após liberação e interação com receptores peptidérgicos, as encefalinas são hidrolisadas em peptídeos menores inativos e aminoácidos. A inativação rápida impede que essas substâncias sejam clinicamente úteis. Por outro lado, moléculas mais estáveis (p. ex., morfina) são usadas como analgésicos. As dinorfinas são um grupo de 7 peptídeos com sequências similares de aminoácidos. São opioides, como as encefalinas. O peptídeo substância P está presente em neurônios centrais (habênula, substância negra, gânglios da base, bulbo e hipotálamo) e apresenta-se em alta concentração nos gânglios sensoriais dos nervos espinais. Sua liberação é disparada por estímulos dolorosos intensos. Modula a resposta neural à dor e ao humor; modula náuseas e vômito pela ativação dos receptores NK1A localizados no tronco encefálico. O óxido nítrico é um gás lábil mediador de muitos processos neuronais. É produzido a partir da arginina pela óxido nítrico sintase. Os neurotransmissores que aumentam o cálcio intracelular (p. ex., substância P, glutamato, acetilcolina) estimulam a síntese de óxido nítrico em neurônios que expressam a óxido nítrico sintetase. O óxido nítrico pode ser um mensageiro intracelular; pode difundir-se para fora de um neurônio, entrar em um 2º neurônio e produzir respostas fisiológicas, p. ex., potencialização a longo prazo (fortalecendo certas respostas pré-sinápticas e pós- sinápticas — uma forma de aprendizado), ou intensificar a neurotoxicidade mediada por receptor de glutamato NMDA (p. ex., na doença de Parkinson, acidente vascular encefálico ou doença de Alzheimer). O NO afeta outros neurotransmissores (p. ex., GABA e acetilcolina) alterando o influxo de cálcio nas células para aumentar a liberação de outros neurotransmissores. Neurotransmissores gasosos adicionais incluem o monóxido de carbono (CO) e o sulfeto de hidrogênio (H2S). Esses transmissores são produzidos nas células em todo o corpo (incluindo o encéfalo). O CO endógeno é produzido a partir do metabolismo do heme e pode atuar nos processos que envolvem a produção de febre, inflamação, sobrevivência celular e controle da dilatação dos vasos sanguíneos. Várias enzimas estão envolvidas na produção de H2S, que se acredita ser necessário para o encéfalo formar e reter memórias. Substâncias com funções não tão bem estabelecidas em neurotransmissão incluem histamina, vasopressina, peptídeo intestinal vasoativo, carnosina, bradicinina, colecistocinina, bombesina, somatostatina, fator liberador de corticotropina, neurotensina e, possivelmente, adenosina. Endocanabinoides são neurotransmissores endógenos à base de lipídios que modulam as funções encefálicas, endócrinas e do sistema imunitário. BEAR, Mark F. Neurociências. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. DRAKE, Richard L.; VOGL, A. Wayne; MITCHEL, Adam W. M.: Gray’s anatomia clínica para estudantes. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 13 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. KANDEL, E.R.; SCHWARTZ, J.H.; JESSELL, T.M. Princípios de Neurociência. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 7 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2018. NOBESCHI: L. Anatomia do Sistema Nervoso. 1 ed. São Paulo, 2010. MACHADO, Angelo B.M.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2021. MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. SOBOTTA: Sobotta J. Atlas de Anatomia Humana. 3 ed. traduzida. 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