Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Contribuições do latim e do grego ao português
Profª. Fernanda Lemos de Lima   Profª. Márcia Regina de Faria da Silva
Descrição
Presença e influência do latim e do grego na língua portuguesa.
Propósito
Compreender a presença do latim e do grego na língua portuguesa para
ampliar a competência linguística.
Preparação
Tenha em mãos um dicionário de Linguística para consultar os termos
específicos da área. Na Internet, você pode acessar o Dicionário de
Termos Linguísticos, hospedado no Portal da Língua Portuguesa.
Objetivos
Módulo 1
A in�uência da língua grega
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 1/49
Reconhecer os elementos de origem grega no português.
Módulo 2
A in�uência da língua latina
Identificar a influência da língua latina na língua portuguesa.
A língua portuguesa que falamos no Brasil veio de Portugal.
Entretanto, até se consolidar como língua de Portugal e de lá ser
levada para outros continentes, ela passou por vários estágios
anteriores, tendo se originado do latim, com influência de outras
línguas, como o grego. Ou seja, é uma longa história de encontros e
transformações que tem sua origem numa família de línguas muito
antiga, a indo-europeia.
Neste conteúdo, você conhecerá um pouco da história das línguas,
dos seus contatos e, sobretudo, refletirá sobre a presença do grego
e do latim no português que você fala no dia a dia.
Introdução
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 2/49
1 - A in�uência da língua grega
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os elementos de
origem grega no português.
A in�uência do grego
“Como assim?” você poderá se perguntar. Essa ideia é problemática!
Ideia é uma palavra que vem da língua grega antiga (idea) e está ligada
ao verbo eidein, que significa “saber”. Problemática está ligada à palavra
“problema”, que temos em português e indica aquilo que projeto, que
está diante de mim e, por consequência, pode ser um obstáculo: pro é
uma preposição grega e ballo é o verbo lançar.
Como você pode perceber, há uma relação entre o grego e o português
que vale a pena conhecer!
A presença da língua grega no uso
cotidiano do português
"A economia em crise é o assunto de maior polêmica entre políticos".
Esse é um enunciado que poderíamos facilmente ouvir em um noticiário
do dia a dia. E nessa fala cotidiana, temos quatro vocábulos que são
originários da língua grega e chegaram ao português por meio do latim.
A palavra economia também é grega e é formada a partir dos vocábulos
oikos (casa/lar) e nomos (ordenação/lei). Ou seja, economia é a
ordenação do lar.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 3/49
Crise também é uma palavra grega e significa decisão, dificuldade.
Polêmica, por sua vez, também é uma palavra grega e está ligada à ideia
de guerra.
Por último, política é igualmente uma palavra grega e está ligada à ideia
de pólis, cidade, e se refere a tudo que diz respeito à gestão da cidade.
Agora você percebeu que fala grego de fato!
A resiliência da língua grega
A língua grega, helleniká em grego, a língua falada pelos helenos,
definitivamente é um idioma resistente. Vem sendo falada há mais de
3.000 anos e passou a produzir literatura em torno do século VIII a.C.
As primeiras obras da Literatura Ocidental — A Ilíada e A Odisseia —
tiveram a língua grega como idioma de expressão. Note que, mesmo
depois da queda do império Romano do Oriente em 1453 — um império
que se expressava em grego — a língua continuou sendo falada, escrita
e cantada.
Ulisses e as sereias, por Herbert James Draper (1909).
A língua grega, no decorrer de sua história, passou por várias fases. A
língua grega contemporânea é também chamada de grego-moderno.
O grego moderno é a língua da Grécia e também do Chipre. Além disso,
segue ativa, mesmo em outros idiomas, como no próprio português, não
apenas pela permanência de palavras nessas línguas, mas por ter suas
raízes, prefixos e sufixos utilizados em novas elaborações vocabulares,
como você verá ao longo deste módulo.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 4/49
O indo-europeu, o grego e o latim
A língua grega é de origem indo-europeia, como é o caso do latim.
Mas o que é o indo-europeu? O indo-europeu é uma família linguística
que congrega línguas e dialetos da Europa, da Índia, da Ásia Central e da
Anatólia.
A concepção de uma família linguística começa a ser gestada pelos
estudos históricos comparativos que viriam a ser realizados por
viajantes europeus, os quais passam a observar as semelhanças entre
as línguas da Índia, o grego e o latim. Destaca-se a figura do linguista
holandês Van Boxhorn (1612-1653), cujos estudos levaram à proposição
da existência de um idioma originário comum para o grego, o latim, o
holandês, o persa e o alemão.
Retrato de Marcus Zuerius van Boxhorn, por autor desconhecido.
Outros estudiosos seguiram a pista de comparação entre as línguas,
mas o termo Indo-europeu foi empregado apenas no século XIX, pelo
cientista e egiptólogo britânico Thomas Young (1773-1829). Mais tarde,
na obra do linguista alemão Franz Bopp (1791-1867), Gramática
Comparada da Linguística Indo-europeia, um marco nos estudos da
linguística histórica comparada, o termo indo-europeu foi consagrado.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 5/49
Comparando aspectos lexicais e morfológicos dessas línguas, os
pesquisadores chegaram à conclusão de que um tronco linguístico,
chamado indo-europeu, gerou outros troncos que também evoluíram e
geraram línguas antigas da Europa e da Ásia. Sendo assim, várias
línguas, entre elas o grego e o latim, pertencem a uma única família
linguística.
O indo-europeu, como não possui qualquer registro escrito, é hipotético,
mas tem sua existência atestada pelo método histórico-comparativo.
A presença do grego na língua latina
A Literatura Grega no ambiente romano foi uma referência indelével. Ela
era uma espécie de modelo a ser emulado, copiado pelos autores
posteriores. Isso fez com que muitos termos gregos da Literatura e de
diversas outras áreas, como Filosofia, Matemática e Medicina, por
exemplo, fossem transcritos em latim. Esses termos foram fartamente
utilizados na literatura latina e, igualmente, na língua cotidiana, vindo a
permanecer presentes no latim vulgar, fase que dará origem aos
romances ou línguas que gerarão as línguas neolatinas.
Todavia, os termos gregos chegaram ao português não apenas pelo
latim vulgar. Muitos textos da cultura grega foram redescobertos
durante o Renascimento, e outros vocábulos helênicos se tornaram
correntes nas áreas de Arte, Filosofia e Medicina.
Diante desse pequeno histórico, você pode perceber a complexidade do
processo de constituição do português e a importância do grego como
elemento de formação da língua portuguesa.
Romances
Romance ou romanço são termos que designam as várias línguas que se
desenvolveram a partir da introdução do latim na Península Ibérica e em
outras regiões que o Império Romano abrangia.
Não confunda romance ou romanço, que precedeu as línguas neolatinas,
com o romance, como forma ou gênero literário.
A formação das palavras em
português e a presença do
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 6/49
grego
Quando vemos um pouco da formação da língua portuguesa, fica mais
fácil aceitar a ideia de que, de certo modo, falamos grego em nosso
cotidiano. Entretanto, à diferençado latim, que será estudado no
próximo módulo, você verá que a presença da língua grega no português
se dará na formação das palavras.
Vale lembrar que toda língua em uso, ou seja, falada e escrita
atualmente, é dinâmica e forma novos vocábulos o tempo todo. Nesse
processo, vamos identificar alguns elementos da língua grega que
continuam formando palavras novas — neologismos — no português.
Você verá que, em algumas áreas mais específicas, como as ciências
biológicas, matemáticas e da natureza, o uso de raízes, prefixos e
sufixos de origem grega é muito utilizado para criação de novas
nomenclaturas e conceitos.
Mesmo no seu cotidiano, você poderá se deparar com novas palavras
que trazem elementos gregos.
Vamos ver um exemplo?
Anti
Prefixo que vem do
grego e significa algo
que é contrário.
Depressivo
Palavra que remete ao
substantivo depressão.
Assim, antidepressivo trata de algo que combate (é contra) a depressão.
Para que você possa perceber melhor a presença desses elementos
gregos no seu cotidiano de falante do português, vamos observar como

19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 7/49
se dá, na língua portuguesa, o processo de formação de palavras com
acréscimos de elementos de origem grega.
Palavras simples, compostas e
derivadas
Em português, encontramos palavras simples, compostas e derivadas.
As palavras simples apresentam uma única raiz, ou seja, um único
núcleo de significado.
Exemplo: Na forma verbal “bebemos”, o núcleo de significado está em
bebe-, enquanto -mos é a desinência que indica número e pessoa, ou
seja, 1ª pessoa do plural.
Palavras
Compostas
As palavras compostas
são aquelas que
apresentam duas ou
mais raízes ou núcleos
de significado, por
exemplo, “guarda-
chuva”, que apresenta a
ideia do verbo guardar e
o substantivo chuva.
Palavras Derivadas
As palavras derivadas,
como o nome indica,
derivam de outra, ou
seja, vêm de outra
palavra já existente pelo
acréscimo de prefixos
ou de sufixos, ou ainda
dos dois elementos.
Elas podem apresentar
um prefixo e uma raiz,
como o caso do verbo
“antever”, em que há o
prefixo latino ante
(antes) e o verbo ver, ou
seja, ver algo antes.
Acrescentou-se,
portanto, uma nuança
de significado ao verbo
ver.
Os sufixos guardam um significado de modificação da palavra original e
criam um novo vocábulo que pode ser da mesma classe ou de outra.
Veja um exemplo: “livraria” é derivada da palavra livro. Nela, você
encontra a raiz livr- acrescida do sufixo -ia, que pode indicar coleção,
qualidade. Ou seja, uma livraria seria uma coleção de livros. Vale

19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 8/49
ressaltar que, curiosamente, livro é uma palavra que vem do latim e o
sufixo -ia é de origem grega, ou seja, houve a formação de uma palavra
em português, a partir do latim e do grego.
Vamos observar mais detalhes para poder perceber melhor a presença
da língua grega no vocabulário do português.
Os pre�xos gregos na língua portuguesa
Agora que você já relembrou os modos de formação de palavras em
língua portuguesa, vai observar alguns dos prefixos gregos mais
utilizados em português. Afinal, talvez você não tenha se dado conta,
mas ao falar que vai ao hipermercado, você está usando uma palavra
com prefixo grego. Isso porque hiper- (super, acima) é um prefixo
grego... e você talvez jamais tivesse pensado nessa hipótese. Aliás,
temos novamente uma palavra de origem grega — hipótese — com o
prefixo hipo- (sob), além da raiz tese (lugar, posição).
Agora, você estudará alguns dos principais prefixos de origem grega e
poderá conferir exemplos para cada um deles:
PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO
a/na- a/an privação, negaç
anti- anti- posição contrár
dis- dys- dificuldade
epi- epi- sobre, acima
eu-/ev- eu- bem, bom
hiper- hyper- sobre, superior
hipo- hypo- abaixo, inferior
meta- meta- depois, meio
para- para- ao lado, junto
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 9/49
PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO
peri- peri- em torno
sin-/sim- syn-
simultâneo,
companhia
Quadro: prefixos de origem grega.
É importante compreender que, independentemente de a raiz ou o
prefixo serem de origem grega ou latina, ou ainda de outra língua, eles
poderão se combinar na formação de uma nova palavra em português.
Vamos ver um exemplo!
No enunciado anterior, é mencionada uma nova lei que passou a vigorar
no Brasil há alguns anos. A lei tem por nome um neologismo, uma
palavra nova formada de um prefixo grego anti- unido ao vocábulo inglês
bullying. Ou seja, você percebe como os elementos gregos continuam
ativos no português e, ao mesmo tempo, como o processo de formação
combina elementos de diferentes origens para formar novos vocábulos
no português.
Su�xos gregos na língua portuguesa
Os sufixos são elementos formadores de vocábulos cuja versatilidade é
imensa. Isso porque, como já foi dito, eles podem criar palavras
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 10/49
diferentes e ainda modificar a classe de palavras no processo de
derivação.
E quais seriam os sufixos gregos no português? Vamos ver!
Vamos começar pelos formadores de nomes:
PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO
-ia ia
coleção, acúmu
qualidade
-ismo -ismos
crença, sistema
conceito, prática
-ista -ista
agente de uma
ação, relação de
pertencimento
-ite -ite inflamação
-ose -osis
alteração
patológica,
modificação
Quadro: sufixos de origem grega.
O sufixo formador de verbo de origem grega é -izar. Ele indica a
realização do processo da palavra ao qual se liga.
Exemplos:
problematizar, tornar algo problemático.
martirizar, tonar algo ou alguém alvo de martírio.
Em uma linguagem mais chula, temos o neologismo “escrotizar”, agir de
maneira errada, em palavra de baixo calão, “escrota”. Esse sufixo tem
enorme utilização na criação vocabular da língua portuguesa.
Atenção!
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 11/49
A partir do conhecimento desses elementos de formação de origem
helênica, você pode começar a perceber com mais facilidade os
significados de palavras desconhecidas. Ou seja, se você conhece os
elementos de modo separado, poderá reconhecer com mais facilidade
sua combinação em palavras desconhecidas!
Raízes gregas na língua portuguesa
As raízes gregas dos vocábulos da língua portuguesa são bastante
numerosas e, uma vez que você passe a observar como elas aparecem
nas palavras, sua compreensão vocabular será bastante ampliada.
Mesmo que você nunca tenha ouvido ou lido a palavra, por conhecer os
elementos que a compõem, poderá deduzir o seu significado primeiro.
Observe a seguinte frase:
“O autódromo de Jacarepaguá receberá mais uma prova
automobilística.”
Autódromo e automobilística são palavras que trazem raízes gregas. E
note: não havia ainda o automóvel na Grécia antiga, mesmo assim, são
as raízes de origem grega que serão tomadas para as elaborar!
Vamos entender:
autos
autos significa
”mesmo”, “próprio”.
Automóvel é algo que
se move por si mesmo,
não precisa ser puxado
para andar.
Automobilismo é o
esporte realizado com
automóveis.
dromo
E dromo aparece em
outras palavras da
língua portuguesa? Sim!
Em hipódromo, em que
hipo (hyppo) é a palavra
cavalo (e não deve ser
confundida com o
prefixo hypo-) acrescida
à dromo, ou seja, o lugar
em que os cavalos
correm. Dromo aparece
ainda em kartódromo.
Assim, autódromo é uma palavra que traz a ideia de lugar onde se corre
(dromo) e a palavra auto já está ligada à ideia de automóvel, mas com a
eliminaçãoda raiz “móvel”, o que é bem curioso.

19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 12/49
Vamos ver mais exemplos?
Em uma reportagem de jornal, você se depara com a notícia sobre
estratégias de repressão ao narcotráfico. Será que o grego também está
nessa reportagem?
Veja:
Perceba que há várias raízes gregas na língua portuguesa. “Narco” e
“estratégia” são palavras de origem helênica. Então você já identificou
dois elementos gregos em nosso exemplo. Mas ainda há a palavra
“problema”, outro vocábulo de origem grega. Ou seja, você viu
novamente que, no cotidiano, continuamos falando grego. Agora, como
usar esse conhecimento para enriquecer nosso vocabulário?
Vamos tomar a palavra “estratégia”, que se refere à logística de
combate. Em grego, strategós é o general, aquele que determina os
procedimentos em batalha. Você pode tanto puxar pela sua memória,
quanto buscar em um dicionário on-line, para identificar outras palavras
que utilizem essa raiz.
Vamos experimentar? Podemos encontrar, a partir de estratégia, o
adjetivo “estratégico”, o advérbio “estrategicamente” e o substantivo
“geoestratégia”, que significa utilizar dados geográficos para determinar
uma estratégia militar. Justamente porque você sabe que geo- é uma
palavra ligada à ideia de terra, de espaço na terra, você pode inferir que
se trata de uma estratégia ligada à compreensão do espaço em
determinado terreno.
Atenção
Na prática, quanto mais você souber determinar a origem de uma
palavra, mais fácil será compreender o significado de palavras
desconhecidas, aumentar sua precisão vocabular e, evidentemente, seu
domínio da língua portuguesa.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 13/49
Os vocabulários gregos nas diversas
áreas de conhecimento
Em muitas áreas específicas, há uma larga utilização de raízes, prefixos
e sufixos gregos. Entretanto, por mais que sejam determinadas, como
medicina, economia, matemática, geografia, linguagem ou artes, elas
aparecem em leituras cotidianas, como jornais e revistas.
Algumas palavras que estarão em vários domínios de conhecimento são
logos (palavras, discurso); o que estará na ideia de estudo (logia ).
Por exemplo, na palavra metodologia, você encontrará a junção de
meta-, que é a preposição que indica meio, odo (de odós), a raiz, que
significa “caminho”, com a palavra logia. Assim, metodologia (meta +
odo + logia) é o caminho que eu uso para estudar algo.
Morfologia também é um termo usado em várias áreas e significa
estudo da forma. Logia, você já sabe, significa estudo. Morfo carrega a
ideia de forma. Então, morfologia verbal é o estudo das formas verbais.
Além das áreas específicas de estudo, você também pode ouvir esses
termos em veículos de comunicação. Vejamos algumas raízes gregas
em áreas específicas!
O próprio nome da área pode ser Geografia ou Geopolítica. Essa
última nomenclatura já apresenta duas raízes gregas: geo- e
política. Política você já estudou em nosso módulo. A segunda
está ligada à ideia de terra, em grego gaia/ge, que resulta
“geo-”em português. Geografia é a escrita (grafia) da terra.
Geologia é o estudo (logia) da terra. E geometria? É a medida
(metria) da terra, do espaço, e será utilizada nos estudos
geográficos e, evidentemente, na Matemática, pois implica
cálculos.
Novamente, o nome da área de conhecimento é de origem
helênica. Bíos, “bio-” em português, significa vida. Assim, Biologia
é a área de estudos da vida.
Na Geografia 
Na Biologia 
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 14/49
Quer ver mais alguns termos? Ecossistema. Eco se liga à palavra
oikos, a mesma que forma o vocábulo economia em português.
Se economia é a ordem da casa, o que é um ecossistema? É o
sistema da casa? Mais ou menos. Se entendermos que o planeta
é a nossa “casa” primeira, sim. Logo, ecologia será o estudo da
“casa” ou do nosso planeta como um todo. O ecossistema é o
sistema de funcionamento do planeta como uma inteireza, em
que todos os elementos estão correlacionados e se afetam
mutuamente.
Esse termo você já conhece! Mas em que outros conceitos de
economia o vocabulário de origem helênica surge? Você já ouviu
falar em Criptomoeda? Vamos ver esse verbete a partir do
seguinte texto:
Criptomoeda: Criptomoeda é um tipo de moeda virtual que utiliza
a criptografia para garantir mais segurança em transações
financeiras na Internet. Em todo o mundo existem diversos tipos
de criptomoeda, sendo o bitcoin a mais conhecida delas.
(TAJRA, 2021, s.p.)
Moeda você sabe o que é... mas cripto? Cripto, em grego, é algo
escondido. Daí, uma mensagem criptografada é uma mensagem
escrita de modo a não se dar a ver facilmente, logo, a mensagem
está escondida.
O termo “física”, do grego fysis, está relacionado à natureza. E,
justamente por isso, é uma área de estudos que remete a vários
termos cunhados na antiguidade helênica, como átomo, algo que
é não (a- negação) divisível (tomos- divisão).
Outra palavra é termodinâmica. Nele, termo- traz a ideia de
calor/temperatura, acrescida à ideia de forca (dynamis).
Aerodinâmica é uma palavra que será cunhada a partir da
mesma ideia de força, acrescida da ideia de aer, em aéreo.
Nós poderíamos passar muito tempo procurando exemplos e
encontrando neologismos com a utilização de raízes gregas. Afinal, para
além de ter contribuído para a construção do vocabulário do português,
Na Economia 
Nas áreas de Engenharia e Física 
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 15/49
elas continuam a gerar novos vocábulos, de acordo com as demandas
da comunidade falante da língua portuguesa.
A in�uência do grego no
português
Assista agora a um vídeo que trata da contribuição do grego para a
formação de palavras em português.
Mão na massa
Questão 1
A partir do que você estudou sobre a formação da língua
portuguesa e os estágios anteriores a ela, é possível afirmar:

A
A língua grega, mesmo com sua origem indo-
europeia, não tem grande importância para o
português.
B
A língua grega faz parte do indo-europeu e não tem
relação com o latim ou com a língua portuguesa.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 16/49
Parabéns! A alternativa C está correta.
A língua grega foi incorporada ao português por meio do latim. As
demais alternativas estão incorretas porque o grego tem sua
importância na língua portuguesa, sendo a língua grega também
parte do indo-europeu e tendo ainda relação com o latim.
Questão 2
Indique a opção em que todas as três palavras apresentam
elementos de origem grega.
Parabéns! A alternativa C está correta.
C A língua grega teve grande influência no latim e tem
presença importante na língua portuguesa.
D
A língua grega não faz parte do indo-europeu e não
é importante para a formação da língua portuguesa.
E
A língua grega pertence ao grupo de línguas indo-
europeias e não chegou pelo latim à língua
portuguesa.
A Arte, tecnologia, biodança
B Antissemita, metamorfose, agronegócio
C Geografia, etnografia, antissocial
D Livraria, biblioteca, desinformação
E Economia, ecologia, escola
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 17/49
Na única opção em que os três vocábulos apresentam algum
elemento de origem grega, há o sufixo -ia nas duas primeiras
palavras e o prefixo anti- na terceira. As demais alternativas
apresentam tanto palavras com elementos de origem grega quanto
de origem latina.
Questão3
Estudando o processo de derivação, você aprendeu que há um
sufixo grego formador de verbos. Indique a opção que apresenta
um verbo com esse sufixo.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O sufixo de origem grega que é formador de verbos é -izar. Assim,
dramatizar é a única alternativa correta.
Questão 4
A partir do que você estudou sobre os prefixos gregos, assinale a
alternativa que apresenta a dupla de palavras com prefixos gregos
que indicam posição superior:
A Roubar
B Nadar
C Dramatizar
D Mudar
E Inundar
A Hipocrisia, hipérbato
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 18/49
Parabéns! A alternativa C está correta.
A resposta correta é a dupla hipermercado e epiderme, em que os
dois prefixos indicam superioridade. Nas outras opções, há a
presença de prefixos hipo-, meta- e ev-, que não trazem a ideia de
superioridade ou de posição superior.
Questão 5
Há um sufixo grego que pode indicar o pertencimento ou o agente
de uma ação. Partindo da palavra “social”, indique a palavra que traz
o sufixo grego o qual atribui à palavra a ideia de pertencimento.
B Hipoderme, supermercado
C Hipermercado, epiderme
D Metaplasia, episódio
E Epicentro, evangelho
A Socialmente
B Socialista
C Socialite
D Sociedade
E Sócio
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 19/49
Parabéns! A alternativa B está correta.
Apenas a palavra socialista é composta da raiz social acrescida do
sufixo -ista, que indica o pertencimento.
Questão 6
Você estudou o processo de formação de palavras em língua
portuguesa, com o acréscimo de sufixos e prefixos de origem
helênica. A partir do que foi estudado, podemos dizer que:
Parabéns! A alternativa B está correta.
A
O processo de prefixação acrescenta significado à
raiz e pode mudar a classe da palavra original à qual
se acrescenta.
B
O processo de sufixação acrescenta significado à
raiz e pode mudar a classe da palavra original à qual
se acrescenta.
C
O processo de prefixação não acrescenta
significado à raiz e pode mudar a classe da palavra
original à qual se acrescenta.
D
O processo de sufixação acrescenta significado à
raiz e não pode mudar a classe da palavra original à
qual se acrescenta.
E
O processo de prefixação não acrescenta
significado à raiz e não pode mudar a classe da
palavra original à qual se acrescenta.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 20/49
A sufixação, além de acrescentar um novo significado à raiz
original, pode modificar a classe da palavra original, mudando-a, por
exemplo, de substantivo em verbo.
Teoria na prática
Muito bem! Depois de estudar o conteúdo do módulo I, você
começou a perceber melhor como a língua grega está presente em
sua fala cotidiana. Entretanto, como se valer desse conhecimento e
perceber melhor esse vocabulário em seu dia a dia?
Tomando o trecho de uma notícia publicada em jornal na Internet,
você pode começar a verificar o que há de grego no texto em
português. Quer ver?
“Lojistas querem que Estado construa ‘rolezódromos’ em São Paulo.”
(Fonte: Folha de S. Paulo, 22 jan. 2014.)
Esse título, retirado de uma notícia da Folha de S. Paulo, oferece para
nós exemplo precioso da versatilidade do português e da
permanência dos termos gregos no idioma. Você já sabe que temos
radicais da língua grega antiga que permaneceram no latim e
chegaram à língua portuguesa. Isso fica evidente quando você lê o
pedido de lojistas para que se construa “rolezódromos”.
O que está sendo chamado de “rolezódromos”? Trata-se de um
espaço dedicado aos “rolezinhos”, encontros com grande
aglomeração de jovens. Aqui, você percebe, na prática, como
funciona a dinâmica da língua para formar palavras novas. Ou seja, a
palavra de origem grega dromo, originalmente espaço para as
corridas, em que passam carros, no caso da palavra autódromo,
passa a ser um espaço de realização de algo que guarde ainda a
ideia de algum movimento. O rolezinho pressupõe o encontro de
jovens que ficarão circulando.
A partir desse neologismo, podemos pensar em outros usos da
palavra grega dromo em português?
_black
Mostrar solução
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 21/49
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Tendo estudado a presença da língua grega no português e os
elementos formadores de palavras, dentre as opções a seguir,
indique aquela cuja palavra apresente um prefixo de origem grega.
Parabéns! A alternativa A está correta.
O prefixo anti- é de origem grega e significa contra. As outras
palavras não apresentam elementos gregos em sua formação.
Questão 2
“A Crise econômica e política geram discursos polêmicos.”
A frase acima traz palavras de origem grega que você estudou ao
longo do conteúdo. Assinale a alternativa que apresenta apenas os
vocábulos de origem helênica.
A Antibacteriano
B Argênteo
C Felicidade
D Intolerância
E Premonição
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 22/49
Parabéns! A alternativa A está correta.
As palavras de origem grega presentes na frase são “crise”,
“econômica”, “política” e “polêmica”. A forma verbal “geram” e o
substantivo “discursos” são de origem latina.
2 - A in�uência da língua latina
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a in�uência da língua
latina na língua portuguesa.
A Crise, política, polêmicos.
B Crise, geram, polêmicos.
C Crise, economia, geram.
D Crise, geram, discursos.
E Crise, política, geram.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 23/49
A mãe do português
Você já ouviu falar que nossa língua materna veio do latim? Isso
mesmo! Poderíamos dizer que o latim é a mãe do português.
E você deve se perguntar: como sabemos disso?
A resposta não é simplesmente porque ainda usamos muito do latim na
língua portuguesa e podemos encontrar inúmeros exemplos de palavras
usadas em latim no nosso cotidiano, como habeas corpus (“que tenhas
o teu corpo”); o caput (cabeça) de uma lei; o corpus (conteúdo escolhido
para análise) de um trabalho. Também utilizamos muito do inglês em
português nos dias atuais e nem por isso podemos dizer que o
português veio do inglês ou sequer que ambos vieram do latim.
Quando pensamos, em geral, nas influências linguísticas, olhamos
apenas para um lado: o léxico. O que isso quer dizer? Que identificamos
apenas a estrutura superficial da língua: suas palavras, onde é fácil ver
as influências. Contudo, quando afirmamos que o português veio do
latim é porque a correspondência não se limita, como processo
formador da língua, apenas ao léxico, mas também a estruturas
morfológicas profundas.
A língua falada no Lácio
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 24/49
Região do Lácio em mapa de Gerardus Mercator (1589).
A língua latina é muito antiga. Os primeiros escritos são datados do
século VIII antes da nossa era. Foi usada como língua oficial do Império
Romano até o século V d.C., quando se costuma estabelecer sua queda.
Você percebeu que o latim deixou de ser língua oficial de uma
comunidade linguística há muito tempo?
Mas como será que ele influencia as línguas ocidentais até os nossos
dias?
Para responder, precisaremos descobrir um pouco mais sobre a origem
do povo que tinha o latim como sua língua. As fontes históricas e
arqueológicas são poucas e não permitemque tenhamos um relato
muito coerente dos primeiros romanos, mas nos dá muitas pistas.
Na mesma época em que os romanos, vários povos habitavam a Itália:
etruscos, oscos, umbros, samnitas, gregos e muitos outros. Cada povo
vivia de forma independente e possuía sua própria língua. À língua do
povo que se fixou na região do Latium chamou-se latim.
Esse povo, depois da fundação de Roma, em 753 a.C., passou por
muitas guerras e durante um longo período foi dominando os povos
vizinhos e disseminando sua língua. Em 272 a.C., com a queda de
Tarento, cidade grega no sul da Itália, o latim se torna língua oficial de
toda a Península Itálica.
O domínio romano dos povos para além da Itália tem início e a língua
latina é levada para praticamente todo o mundo conhecido da época —
Europa, norte da África e parte da Ásia, regiões conquistadas até o
século II d.C.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 25/49
Rômulo e Remo, por Peter Paul Rubens (1616).
De onde veio o latim?
Antes de entender como o latim gerou o português, precisamos
observar de onde veio essa língua. Tudo tem uma origem. O latim falado
pelos romanos do Latium, na região central da Itália, também tem sua
história.
Apesar de o latim ser muito antigo, ele também veio de outra língua. É
verdade que não havia documentos escritos na época. As línguas eram
apenas faladas. Também não havia como gravar. Então, como podemos
ter certeza de onde veio o latim? Os linguistas e filólogos levaram muito
tempo para descobrir. Eles fizeram isso por meio de estudos
comparativos entre as línguas mais antigas, como o grego, o sânscrito e
o hitita, como vimos no módulo I. O método histórico-comparativo
usado por esses estudiosos permitiu descobrir o indo-europeu e o latim
como uma de suas línguas.
Saiba mais
Linguistas e filólogos acreditam que, para a formação das línguas
conhecidas, aconteceu um processo evolutivo intermediário. O indo-
europeu teria se dividido em outros troncos linguísticos. Um deles, o
ítalo-céltico, foi levado para a Itália pelas migrações. Este tronco teria
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 26/49
originado as línguas célticas posteriores, como o irlandês, o gaulês e o
bretão; e as línguas itálicas, dentre as quais o osco, o umbro e o latim.
O latim, como sabemos, tornou-se língua oficial da Península Itálica no
século III a.C., mas o osco e o umbro ainda foram falados até o século I
d.C.
O período considerado o mais significativo da língua latina, no qual
encontramos os principais autores latinos, como Cícero, César, Virgílio,
Horácio, Ovídio, se estendeu do século I a.C. até o início do século I da
nossa era.
Porém, mesmo depois desse período, o latim continuou se expandindo
pelo mundo por meio das conquistas romanas.
Primeira página da obra De Oratore, de Cícero, em edição do século XV.
A romanização
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 27/49
Quando os romanos dominavam uma região, a língua latina tornava-se
língua oficial. E o que isso quer dizer? Que era preciso aprender o latim.
Imagine que alguma coisa sua foi roubada. Você precisa fazer uma
queixa, certo? Em que língua? Exatamente, na língua do lugar em que
você está. Se o latim era a língua oficial, então tinha que ser em latim.
Para participar da vida pública, a língua latina se torna necessária. Isso
levou a um processo chamado de romanização.
Muitos dos povos conquistados pelos romanos assimilaram e adotaram
a língua latina e a cultura romana, deixando de lado sua própria língua e
cultura. Lógico que os romanos não conseguiram isso em todas as
regiões do Império. Algumas foram romanizadas, como a Gália, atual
França, e Hispânia, onde temos Portugal e Espanha. Em outras regiões
do império, como a Grécia, a África ou o Egito, não houve o processo de
romanização. Os povos, apesar de usarem o latim como língua oficial,
não abandonaram sua língua e cultura originais.
A evolução do latim
Sabemos que em 476 d.C. o Império Romano caiu sob as hordas
bárbaras. Isso quer dizer que outros povos dominaram as regiões antes
dominadas pelos romanos. Com a invasão de outros povos, houve o
fechamento das escolas e a descentralização do poder político. Mas,
em muitos lugares, em vez de os novos povos imporem suas línguas,
eles adotaram o latim. Assim, cada região vai ter um desenvolvimento
diferente da língua latina.
O saque de Roma, por Johannes Lingelbach (1527).
Pense em uma região. O povo que mora ali fala uma língua. Os romanos
chegam, dominam essa região e tornam a língua latina oficial. O povo
deixa de falar sua língua e passa a falar o latim. Mas observe que o
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 28/49
latim vai sofrer influência da língua que era falada ali. Chamamos de
substrato linguístico aos vestígios da língua do povo conquistado na
língua do povo conquistador que prevaleceu.
Mas não parou por aí. Depois da queda do Império Romano, um outro
povo dominou aquele lugar. Consequentemente, o latim falado ali sofreu
também influência da nova língua. Aos vestígios da língua abandonada
pelo povo conquistador na língua latina, denominamos superstrato
linguístico.
Você já deve ter concluído que todo esse processo faz com que o latim
se transforme, de forma diferente, em cada região e que, por isso,
teremos a formação do português, do espanhol, do italiano, por
exemplo. Você está no caminho certo!
Mas antes de chegar lá, houve um período de transição, no qual as
línguas faladas nas regiões já não tinham mais unidade para serem
consideradas latim, mas também não tinham adquirido características
suficientes que as pudessem identificar como novas línguas.
Atenção
A estas línguas que não eram mais o latim, mas também ainda não
eram línguas novas, chamamos de Romances ou Romanços. Havia
muitas delas, algumas, por questões geográficas e políticas,
conseguiram se desenvolver e ganhar status de língua. São as
chamadas línguas Neolatinas ou Românicas. Ao todo, o latim gerou
nove línguas faladas ainda hoje: o português, o espanhol, o catalão, o
francês, o provençal, o rético ou reto romano, o italiano, o sardo e o
romeno, e uma já extinta, o dálmata ou dalmático.
Existiam, paralelamente, um latim literário, o sermo urbanus ou língua da
cidade, que era o registro culto usado pelos autores latinos em suas
obras e em situações formais, e o latim vulgar, o sermo uulgaris ou
língua vulgar, de vulgus (povo), ou seja, a língua coloquial, falada pelo
povo no dia a dia, que sofria inúmeras influências linguísticas e se
transformava de região para região e de época para época. Foi esse
latim que originou as línguas Neolatinas.
É verdade que o latim foi usado como língua escrita, depois da queda do
Império Romano do Ocidente por inúmeros autores durante muitos
séculos. No período Renascentista, muitas obras foram escritas em
latim. Até o século XIX, os textos científicos também eram escritos em
latim.
O Vaticano ainda utiliza a língua latina para escrever documentos
oficiais. E isso nos mostra como o latim clássico e o latim vulgar são
aspectos diferentes da mesma língua que nos deixou um enorme legado
linguístico e cultural.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 29/49
Basílica de São Pedro, por Viviano Codazzi (1630).
Se o latim vulgar era apenas falado, como se chegou até ele?
Da mesma forma que se chegou ao indo-europeu: pela comparação de
palavras usadas nas mais diversas línguas em busca de chegar à
mesma palavra do latim vulgar. Foi assimque os linguistas viram que
vaca, em português, vacca, em italiano, vaca, em romeno, vache, em
francês, vaca, em espanhol, bacca, em sardo, vieram de vacca no latim
vulgar.
Esse método permite que se chegue a conclusões bem exatas das
formas originais das palavras. Muitas foram inclusive encontradas em
textos que são utilizados como fontes do latim vulgar. Quanto maior é o
número de línguas comparadas que apontam para uma determinada
forma, tanto mais confiável ela será.
Do latim ao português
Como vimos, a língua portuguesa é proveniente do latim vulgar levado
pelos romanos à região da Lusitânia, no ocidente da Península Ibérica. O
processo de romanização do que atualmente denominamos Portugal
ocorreu entre o século II a.C. e o I de nossa era, com a convivência de
vários povos, especialmente celtas e fenícios.
A Romanização, que a princípio sofreu uma certa resistência, foi
facilitada não só pela proximidade linguística entre o latim e o céltico,
mas também pelo prestígio que a língua latina tinha enquanto língua
oficial.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 30/49
Como em todo o Império, o latim falado pelo povo da Ibéria foi se
modificando com o tempo, tendo como influência o substrato das
línguas célticas e o substrato de vândalos, suevos, visigodos.
O romance falado, nessa região, diferia bastante dos falados em outras
regiões da Península, por ter sido o local ocupado pelos celtas e suevos.
Desse romance, aparece, no norte de Portugal, o dialeto galeziano ou
galaico-português, que foi ganhando terreno para a parte meridional,
indo até o Algarve, em 1250.
Após a independência de Portugal, aconteceu gradativamente a
diferenciação entre o português e o galego, até o português constituir
um idioma totalmente diferente do galego.
No século XIX, em alguns documentos em latim bárbaro, foram
encontradas algumas formas vulgares em português. Contudo, só no
século XII é que aparecem os primeiros textos totalmente em
português.
Essa língua portuguesa torna-se língua literária e se expande com as
conquistas marítimas, inclusive para o Brasil.
A sobrevivência do léxico latino
Como já foi dito, a forma mais fácil de reconhecer o latim na língua
portuguesa é por meio da observação das palavras, cuja grande maioria
veio do latim.
Muitas vieram sem qualquer alteração, como poeta de poeta(m), animal
de animal ou discípulo de discipulu(m), que encontramos no latim
clássico.
Outras nos chegaram com pequenas modificações, como mesa
demensa(m); fruto de fructu(m) ou tempo de tempus.
Outras com alterações mais expressivas, como treva de tenebra(m).
Algumas vieram de formas do latim vulgar que não existem no latim
clássico, como cavalo de caballu(m) ou porco de porcu(m), que
correspondem às formas equu(m) e sui(m) do latim clássico. Isso
lembra alguma coisa? Pois é! Equino e suíno. São os adjetivos
referentes a cavalo e porco que foram formados a partir do radical do
latim clássico.
Algumas vezes temos duas palavras formadas da mesma palavra latina.
Quer ver? O adjetivo integru(m) deu por evolução fonética inteiro, mas
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 31/49
também, por reconstituição erudita, temos a palavra íntegro, que é
utilizada mais abstratamente como integridade moral.
Atenção!
Você quer saber como acontecem as alterações? Existem algumas
tendências evolutivas tanto das vogais quanto das consoantes que
influenciam suas modificações, quedas ou mudança de lugar. O nome
dado a essas transformações, ocorridas na passagem do latim para o
português, é metaplasmos.
Os metaplasmos podem ocorrer por subtração, quando há a queda de
algum fonema (attonitu(m) > atônito), por acréscimo (ante > antes) ou
por transposição (semper > sempre).
Existem ainda transformações que ocorrem em função das vogais e
outras que decorrem de mudanças nas consoantes. Vamos conhecer
ambas as modalidades a seguir:
Vocalismo
Quando as transformações acontecem com as vogais,
chamamos de vocalismo. Elas acontecem de forma diferente
por três motivos básicos: a influência da sílaba tônica, a
adaptação a fonemas vizinhos e a perda da quantidade latina.
No latim clássico, as vogais podiam ser breves ou longas. Uma
longa equivalia ao tempo de pronúncia de duas breves. No
latim vulgar, contudo, especialmente a partir do século I,
começa a haver uma confusão do valor quantitativo das vogais,
o que vai resultar no desaparecimento da quantidade. Nota-se
que as vogais longas e as tônicas são mais resistentes a
mudanças, como segredo de secrētu.
Entre as vogais anteriores à sílaba tônica, pode acontecer a
queda, se forem iniciais e estiverem sozinhas (epigru > prego;
episcopu > bispo) ou se não forem iniciais, mas estiverem nas
adjacências da sílaba tônica (bonitate > bondade; laborare >
lavrar).
As vogais postônicas não finais, ou seja, localizadas no interior
da palavra, com exceção do -a, sofrem uma síncope (cal(i)du >
caldo; man(i)ca > manga).
Como vimos, são possíveis transformações nas vogais devido
à influência de fonemas vizinhos, como em confessione >
confissão, em que há a influência da semivogal.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 32/49
Outra modificação comum nas vogais é a contração. Na
passagem para o português, isso acontecerá para desfazer um
hiato (tenere > teer > ter; legere > leer > ler).
Na passagem para o português, o ditongo ae pode sofrer as
seguintes modificações:
• passar a i (aequale > igual);
• transformar-se em ê (aestivu > estio), quando pretônico;
• passar a é (caelu > céu), quando tônico.
Quanto ao ditongo au, ele se torna ou (tauru > touro) ou o
(auricula > orelha), transformação esta já atestada no latim
vulgar.
Consonantismo
Consonantismo é o nome dado às transformações das
consoantes. Elas podem ser iniciais, mediais e finais.
Normalmente, as consoantes iniciais não sofrem modificação
na passagem do latim para o português. As consoantes
mediais estão sujeitas a frequentes modificações ou quedas.
A este propósito pode-se formular o seguinte princípio: as
consoantes mediais surdas latinas, quando intervocálicas,
sonorizam-se em português nas suas homorgânicas (lupu(m) >
lobo), e as sonoras, geralmente, caem (legere > leer > ler)
(COUTINHO, 1976).
As consoantes são finais, em português, porque tinham
posição idêntica no latim, ou porque posteriormente se deu a
queda de algum fonema final.
Os grupos de duas consoantes iguais são chamados de
consoantes geminadas. Na passagem para o português,
haverá uma redução dessas duas consoantes a uma
consoante simples (attonitu(m) > tonto), não sofrendo
sonorização, quando for surda, nem apócope, quando for
sonora.
Síncope
Supressão de fonema no interior de uma palavra.
Contração
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 33/49
Redução de duas ou mais vogais contíguas a uma só vogal.
Saiba mais
Sonorização ou vozeamento é um processo fonético no qual uma
consoante surda passa a ser consoante sonora ou vozeada. Podemos
exemplificar a sonorização no processo evolutivo do latim para o
português em caecu > cego, e cattu > gato. Em ambos os casos, temos
o c surdo evoluindo para g sonoro.
A redução dos casos e declinações
Você deve ter notado que as palavras latinas estão todas em acusativo,
caso que corresponde à função sintática do objeto direto. Isso acontece
porque foi a partir desse caso que aconteceu a evolução e, por isso,
dizemos que o acusativo é o caso lexicogênico do português. É também
por isso que nosso plural é marcado pela desinência -s que é também a
desinência do acusativo plural latino.
No latimvulgar, houve uma redução tanto dos casos como das
declinações. Os seis casos do latim clássico — nominativo, vocativo,
acusativo, genitivo, dativo e ablativo — foram reduzidos a três:
nominativo, acusativo e genitivo-dativo. Tendo o nominativo absorvido
o vocativo, o acusativo se confundido com o ablativo, e o genitivo se
unido ao dativo. Isso ocorreu devido à ambiguidade existente entre as
desinências casuais que podiam representar mais de um caso, inclusive
em declinações diferentes e, além disso, aconteceu o aumento do
emprego das preposições.
Comentário
Na passagem para as línguas neolatinas, esses três casos foram
reduzidos a apenas um. Em português é o acusativo, que, sofrendo a
apócope do -m no singular, gerou um morfema zero (mensam > mesa) e
estabelecendo a permanência do -s no plural, sistematizou a desinência
de plural portuguesa (mensas > mesas).
Apócope
Supressão de um fonema no final da palavra.
O sermo uulgaris já não utilizava também as cinco declinações, mas
apenas as três primeiras. Isso aconteceu em decorrência de uma
tendência, já existente no latim clássico, de confundir a quarta com a
segunda declinação, como notamos na palavra domus, -us,
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 34/49
originalmente de quarta, mas que também podia figurar como de
segunda, domum, -i.
Havia vocábulo de quinta declinação, como plebes, -ei, que aparecia,
esporadicamente, também na terceira declinação (plebs, -is).
Essa tendência generalizou-se no latim vulgar, causando o
desaparecimento da quarta declinação, cujas palavras migraram para a
segunda, e da quinta declinação, que teve os substantivos absorvidos
pela terceira, como no exemplo dado (plebs), ou pela primeira, caso de
dies, -ei, que aparece em latim vulgar com a forma dia, -ae.
Foram esses três grupos de declinações que evoluíram até o português.
Temos, portanto, substantivos de vogal temática -a-, associados,
em sua maioria, à primeira declinação latina, podendo ser
femininos, como mesa, de mensa, ou masculinos, como poeta,
de poeta.
Vocábulos de vogal temática -o-, vindos, em grande parte, da
segunda declinação, como discípulo, de discipulo.
As palavras de vogal temática -e- provêm da terceira declinação
latina, como nave, de navi. É preciso lembrar, contudo, que a
maioria dos consonânticos da terceira declinação, na passagem
para o português, tornaram-se sonânticos, incluindo-se em um
dos temas já existentes. É o caso, por exemplo, de dente de
dentem ou integridade de integritatem, ou corpo de corpus,
acusativo neutro semelhante ao nominativo de segunda
declinação. Os substantivos em português terminados no
singular em consoante antecedida de vogal que fazem o plural
em -es devem ser consideradas como temáticos, pois a vogal
temática -e-, ausente no singular, aparece no plural. É o caso de
mulher, de muliere, ou de cônsul, de consule. Contudo, esses
Substantivos de vogal temática -a- 
Vocábulos de vogal temática -o- 
Palavras de vogal temática -e- 
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 35/49
nomes eram consonânticos, em latim, constituindo -e uma
desinência de caso.
Na formação do léxico português, por influência de outras línguas, como
as indígenas, acrescentou-se outro grupo de atemáticos, alheio ao latim,
constituído de palavras oxítonas, como jabuti ou Pará. Com isso,
percebemos que os substantivos em língua portuguesa, excetuando-se
as oxítonas, agrupam-se da mesma forma do latim vulgar, anexando-se
aos três grupos de temas -a, -o, -e, inclusive palavras de outras origens,
como alface, proveniente do árabe.
Noções de caso e gênero neutro
Vimos que os casos desapareceram do latim vulgar para o português.
Mas observe as frases a seguir:
1. Eu gosto de estudar.
2. A sabedoria me guia.
3. Traga um bom livro para mim.
Perceberam que eu, me e mim são todos pronomes pessoais de
primeira pessoa que mudam de forma de acordo com a função sintática
que exercem na oração (sujeito, objeto direto, objeto indireto)?
É exatamente isso que o caso latino faz. Mas, então, existe caso em
português? Há a sobrevivência da noção de caso nos pronomes
pessoais, mas chamamos isso de pronome reto e oblíquo.
Saiba mais
Outra noção que não desapareceu completamente do português,
embora só em alguns pronomes e, por isso, não pode ser considerado
como um aspecto morfológico de nossa língua, é a noção de gênero
neutro. Nos pronomes demonstrativos, temos, por exemplo, o emprego
de aquele para o masculino, aquela para o feminino. E aquilo é o quê?
Sobrevivência do neutro latino.
Formação das palavras
Sabemos que as palavras se compõem de morfemas, partes menores
que possuem significado gramatical ou semântico. Assim, temos,
normalmente, um morfema lexical, também chamado de radical, a ele
podem-se juntar afixos de flexão, como as desinências de gênero,
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 36/49
número, pessoa, tempo e modo, ou afixos de derivação, como os
prefixos ou os sufixos.
Vamos ver como ficaria a divisão de algumas palavras para ficar mais
claro?
PREF RAD
demarcavam de marc
pedrinhas - pedr
abnegação ab neg
bondade - bom
REF - prefixo; RAD - radical; VT - vogal temática;
DG - desistência de gênero para nomes; DN - desinência de número para nomes;
DMT - desinência modo temporal para verbos; DNP - desinência número-pessoal para verbos;
SUF - sufixo.
Já vimos que a grande maioria dos vocábulos em nossa língua veio
diretamente da evolução de palavras do latim vulgar e já
compreendemos como aconteceram as transformações dos morfemas
lexicais por meio dos metaplasmos.
Cabe ressaltar também que a estrutura verbal em português é
praticamente igual à da língua latina, tendo havido apenas a união da
terceira conjugação com a segunda.
Assim, das quatro conjugações latinas — amare (primeira), vendēre
(segunda), dicĕre (terceira), audire (quarta) —, temos apenas três em
português — amar (primeria), vender e dizer (segunda), ouvir (terceira).
Quanto aos prefixos e sufixos que vieram do latim e são usados para
formar novas palavras em português ao serem unidos ao radical,
precisaremos falar um pouco mais.
Os pre�xos
A maioria dos prefixos usados em português eram preposições latinas.
Muitas delas usadas também como prefixos no próprio latim.
Exemplo: As preposições latinas ab (a, abs), ex e de possuem uma
mesma tradução: de. Em latim, possuem valores semânticos diferentes:
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 37/49
ab é usado para indicar o ponto de partida das proximidades de algum
lugar (Venio a portu – venho do porto); ex indica a saída do interior de
algum lugar (Venio ex schola – venho da escola); enquanto de traz a
ideia de movimento de cima para baixo (cadere de muro – cair do muro).
Enquanto preposições, as duas primeiras não vieram para o português,
apenas a terceira preposição traz a noção generalizada de lugar.
Observe agora estas três palavras: abster, expulsar e decair.
Perceba que quando são usadas como prefixo, em português, elas
mantêm as noções das preposições latinas. Abster é ter algo afastado,
algo que já estava fora; expulsar é tirar algo que estava dentro; enquanto
decair mantém o significado de movimento de cima para baixo.
Trazemos, agora, um quadro com alguns prefixos e seus significados:
PORTUGUÊS LATIM NOÇÃO
a, ad ad aproximação
em, en, in, e in para dentro
im, in, i in negação, privaç
o ob oposição
per per movimento atra
re re
movimento para
trás
sobre super posição superio
Quadro: prefixos latinos e seus correspondentes em português.
Os su�xos
Os sufixos podemser usados para formar:
• Verbos, como alegrar, com a união do sufixo -ar, do latim -are, ao
adjetivo alegre;
• Advérbios, como antigamente (adjetivo antigo + sufixo -mente);
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 38/49
• Substantivos, como muralha (muro + alha do latim alia), trazendo a
ideia de grandeza;
• Adjetivos, como risonho (riso + nho do latim -neu), indicando
qualidade.
Confira um quadro de sufixos latinos que vieram para o português:
PORTUGUÊS LATIM NOÇÃO
-cho -sculu diminutivo
-do (a) -tu ação, cargo
-nça -ntia estado, qualidad
-ão -one agente, grandez
-ão, -ano -anu qualidade, orige
-ção -tione ação, resultado
-inho -inu diminutivo
Quadro: sufixos latinos e seus correspondentes em português.
Resumindo
Podemos concluir que a combinação desses elementos mórficos é que
faz a riqueza do nosso léxico.
Mão na massa
Questão 1
A respeito do método histórico-comparativo, podemos afirmar que:
A
Ajudou os linguistas e filólogos a descobrirem a
origem dos povos antigos.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 39/49
Parabéns! A alternativa B está correta.
Os linguistas e filólogos usaram o método histórico-comparativo
para identificar a origem das línguas antigas. Comparando o grego,
o latim, o sânscrito e o hitita, conseguiram chegar a uma língua
comum que as havia gerado, que chamaram de indo-europeu. O
mesmo método foi usado para chegar ao latim vulgar por meio da
comparação das línguas neolatinas.
Questão 2
Assinale a única alternativa em que todas as palavras apresentam
um prefixo latino.
B Foi fundamental para a descoberta do indo-europeu.
C
Por meio da comparação das línguas modernas,
descobriu que o inglês veio do latim.
D
Ajudou linguistas a identificarem que todas as
palavras do português vieram do latim.
E Por causa do céltico, o latim evolui.
A perseguir, retomar, agrupar
B procurar, morar, indicar
C guiar, demitir, produzir
D gritar, beber, indagar
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 40/49
Parabéns! A alternativa A está correta.
Os prefixos per-, re- e a- são de origem latina. Nas outras
alternativas, podemos destacar, pelo menos, uma palavra sem
prefixo: morar, guiar, gritar, dormir.
Questão 3
Síncope é a queda de um fonema no interior de um vocábulo.
Sabemos que, na evolução das palavras do latim para o português,
existiram muitos metaplasmos por subtração, como é o caso da
síncope. Assinale a alternativa em que podemos confirmar esse
processo evolutivo.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Na evolução de ovicula para ovelha, aconteceu a síncope ou
metaplasmo por subtração ou queda do fonema -u-. Nas outras
palavras das demais alternativas, houve transposição ou alteração
dos fonemas, mas nenhuma queda.
E comer, refazer, dormir
A pectu > peito
B folia > folha
C strictu > estrictu > estrectu > estreito
D ovicula > ovecula > ovecla > ovelha
E semper > sempre
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 41/49
Questão 4
Qual das alternativas a seguir relaciona corretamente o sufixo latino
ao seu significado na formação da palavra?
Parabéns! A alternativa E está correta.
Em casarão, o sufixo -ão indica aumento; em fogacho, o sufixo -cho
mostra o diminutivo; em capitão, temos a indicação de cargo; em
barquinho, de diminutivo. Apenas em criação, o sufixo -ão,
determina uma ação.
Questão 5
De acordo com o desenvolvimento linguístico evolutivo do latim
para o português, podemos afirmar sobre os Romances que:
A casarão - cargo
B fogacho - aumento
C capitão - diminutivo
D barquinho - aumento
E criação - ação
A É a transição entre o latim e as línguas neolatinas.
B É um outro nome dado para as línguas neolatinas.
C São composições literária dos povos latinos.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 42/49
Parabéns! A alternativa A está correta.
Romances ou Romanços é o nome dado ao processo de
modificações que o latim sofreu de forma diferente em cada uma
das regiões onde houve evolução, mas que ainda não tinha
características precisas que configurassem uma nova língua, sendo,
portanto, a transição entre o latim e as línguas neolatinas.
Questão 6
Os casos latinos identificavam as funções sintáticas das palavras
na oração, por meio de uma terminação morfológica. Sabemos que,
na evolução para o português, as terminações de caso
desapareceram e a posição das palavras passou a ser fundamental
para determinar a função sintática. Contudo, podemos observar
reminiscência dos casos latinos no seguinte exemplo:
Parabéns! A alternativa C está correta.
D É a denominação dada aos substratos linguísticos.
E
São os livros escritos pelos autores depois da queda
do Império Romano.
A Precisamos de alegria para viver.
B Os homens devem amar o próximo.
C Eu me dei um presente.
D Os livros transmitem conhecimento.
E Hoje está um lindo dia.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 43/49
O pronome de primeira pessoa possui uma forma como sujeito (eu)
e uma forma diferente na posição de objeto (me), a alteração de
forma, em função da mudança de função sintática, mostra a
sobrevivência na noção de caso latino em português.
Teoria na prática
As palavras que vieram do latim sofreram várias evoluções, mas não
foram aleatórias. Existe um padrão para as transformações
ocorridas tanto nas vogais como nas consoantes. Observe as
alterações no exemplo a seguir:
aequalitate > aequalitate > iqualitate > igualidade > igualdade
Neste exemplo, vemos a tendência à monotongação, ou seja, houve
a redução do ditongo ae a uma simples vogal i. Também vemos que
houve a sonorização de todas as consoantes surdas: o q e o t
viraram, respectivamente, g e d. Finalmente, temos a síncope ou
queda do -i interno.
Podemos, ainda, oferecer outro exemplo. Veja as etapas evolutivas
de aetate para idade:
aetate > itate > idade.
Por fim, lembramos que uma palavra latina pode não ter vindo direto
do latim para o português. Ela pode dar uma passadinha por outra
língua.
Quer ver? Você, certamente, costuma usar muito a palavra deletar, e
vai dizer que ela veio do inglês delete. Mas o que você talvez não
saiba é que delete veio do verbo delere (apagar, destruir) em latim.
Ela foi para o inglês e de lá veio para o português, formando um
verbo com o sufixo também latino -ar.
_black

19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 44/49
A in�uência do latim no
português
Assista agora a um vídeo em que são comentadas e exemplificadas as
contribuições do latim para o português.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A língua latina deu origem a várias línguas faladas atualmente.
Dentre as opções a seguir, assinale aquela que apresenta apenas
línguas que vieram do latim.
A Francês e Alemão.
B Inglês e Romeno.
C Italiano e Português.
D Sardo e Russo.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 45/49
Parabéns! A alternativa C está correta.
Ao todo, o latim gerou nove línguas faladas ainda hoje, o português,
o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o rético ou reto
romano, o italiano, o sardo e o romeno, e uma já extinta, o dálmata
ou dalmático.
Questão 2
A respeito da palavra criação, proveniente decriatione, podemos
afirmar que:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Conforme os quadros de prefixos e sufixos, o único que pode ser
identificado é o sufixo -ção, do sufixo latino -tione.
E Rético e Japonês.
A Não tem radical.
B Não é de origem latina.
C Possui o prefixo grego -cri.
D Possui prefixo e sufixo latinos.
E Possui o sufixo latino -ção
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 46/49
Considerações �nais
Você começou a conhecer um pouco mais das origens da língua
portuguesa, podendo interpretar melhor os significados presentes na
formação das palavras de origem grega e latina.
Esse é um conhecimento importante, não apenas para você se
expressar melhor em português, mas para analisar e explicar os
processos dessa língua.
Os profissionais que lidam, de algum modo, com a expressão verbal,
compondo textos ou expressando-se oralmente diante de um público ou
cliente, ao dominarem melhor os processos e significados do português,
terão sua capacidade de expressão e precisão na mensagem a ser
transmitida extremamente ampliada.
Aproveite!
Podcast
Ouça agora um podcast que apresenta uma síntese do conteúdo.

19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 47/49
Explore +
Leia os seguintes artigos:
Um estudo sobre a origem da língua portuguesa: do latim à
contemporaneidade, contexto poético e social, de Cristiane Boas e
Elizete Hunhoff, publicado pela UNEMT, para aprofundar suas
reflexões sobre o tema.
Helenismos no Léxico da Língua Portuguesa, de Brian Silva,
publicado na revista Anagrama, da USP, para uma breve abordagem
da influência do grego no léxico português.
Do grego antigo ao português contemporâneo: o sortilégio da língua
e a epifania da cultura, de Luís Cardoso, publicado na revista
Millenium.
Assista aos seguintes vídeos no YouTube:
O que o grego tem a ver com o português?, da BBC News Brasil,
abordando, de forma interessante e divertida, a influência grega na
nossa língua.
Latim! Cadê você?, da TV Cultura, que debate a atualidade do latim
com o professor Alexandre Hasegawa e o escritor Ignácio de Loyola
Brandão.
Referências
COUTINHO, I. de L. Gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,
1976.
TAJRA, A. Glossário: o que você quer saber de economia? In: Estadão,
São Paulo, 25 jun. 2021. Consultado na Internet em: 06 jul. 2021.
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 48/49
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
O que você achou do conteúdo?
Relatar problema
19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 49/49
javascript:CriaPDF()

Mais conteúdos dessa disciplina