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Contribuições do latim e do grego ao português Profª. Fernanda Lemos de Lima Profª. Márcia Regina de Faria da Silva Descrição Presença e influência do latim e do grego na língua portuguesa. Propósito Compreender a presença do latim e do grego na língua portuguesa para ampliar a competência linguística. Preparação Tenha em mãos um dicionário de Linguística para consultar os termos específicos da área. Na Internet, você pode acessar o Dicionário de Termos Linguísticos, hospedado no Portal da Língua Portuguesa. Objetivos Módulo 1 A in�uência da língua grega 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 1/49 Reconhecer os elementos de origem grega no português. Módulo 2 A in�uência da língua latina Identificar a influência da língua latina na língua portuguesa. A língua portuguesa que falamos no Brasil veio de Portugal. Entretanto, até se consolidar como língua de Portugal e de lá ser levada para outros continentes, ela passou por vários estágios anteriores, tendo se originado do latim, com influência de outras línguas, como o grego. Ou seja, é uma longa história de encontros e transformações que tem sua origem numa família de línguas muito antiga, a indo-europeia. Neste conteúdo, você conhecerá um pouco da história das línguas, dos seus contatos e, sobretudo, refletirá sobre a presença do grego e do latim no português que você fala no dia a dia. Introdução 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 2/49 1 - A in�uência da língua grega Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os elementos de origem grega no português. A in�uência do grego “Como assim?” você poderá se perguntar. Essa ideia é problemática! Ideia é uma palavra que vem da língua grega antiga (idea) e está ligada ao verbo eidein, que significa “saber”. Problemática está ligada à palavra “problema”, que temos em português e indica aquilo que projeto, que está diante de mim e, por consequência, pode ser um obstáculo: pro é uma preposição grega e ballo é o verbo lançar. Como você pode perceber, há uma relação entre o grego e o português que vale a pena conhecer! A presença da língua grega no uso cotidiano do português "A economia em crise é o assunto de maior polêmica entre políticos". Esse é um enunciado que poderíamos facilmente ouvir em um noticiário do dia a dia. E nessa fala cotidiana, temos quatro vocábulos que são originários da língua grega e chegaram ao português por meio do latim. A palavra economia também é grega e é formada a partir dos vocábulos oikos (casa/lar) e nomos (ordenação/lei). Ou seja, economia é a ordenação do lar. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 3/49 Crise também é uma palavra grega e significa decisão, dificuldade. Polêmica, por sua vez, também é uma palavra grega e está ligada à ideia de guerra. Por último, política é igualmente uma palavra grega e está ligada à ideia de pólis, cidade, e se refere a tudo que diz respeito à gestão da cidade. Agora você percebeu que fala grego de fato! A resiliência da língua grega A língua grega, helleniká em grego, a língua falada pelos helenos, definitivamente é um idioma resistente. Vem sendo falada há mais de 3.000 anos e passou a produzir literatura em torno do século VIII a.C. As primeiras obras da Literatura Ocidental — A Ilíada e A Odisseia — tiveram a língua grega como idioma de expressão. Note que, mesmo depois da queda do império Romano do Oriente em 1453 — um império que se expressava em grego — a língua continuou sendo falada, escrita e cantada. Ulisses e as sereias, por Herbert James Draper (1909). A língua grega, no decorrer de sua história, passou por várias fases. A língua grega contemporânea é também chamada de grego-moderno. O grego moderno é a língua da Grécia e também do Chipre. Além disso, segue ativa, mesmo em outros idiomas, como no próprio português, não apenas pela permanência de palavras nessas línguas, mas por ter suas raízes, prefixos e sufixos utilizados em novas elaborações vocabulares, como você verá ao longo deste módulo. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 4/49 O indo-europeu, o grego e o latim A língua grega é de origem indo-europeia, como é o caso do latim. Mas o que é o indo-europeu? O indo-europeu é uma família linguística que congrega línguas e dialetos da Europa, da Índia, da Ásia Central e da Anatólia. A concepção de uma família linguística começa a ser gestada pelos estudos históricos comparativos que viriam a ser realizados por viajantes europeus, os quais passam a observar as semelhanças entre as línguas da Índia, o grego e o latim. Destaca-se a figura do linguista holandês Van Boxhorn (1612-1653), cujos estudos levaram à proposição da existência de um idioma originário comum para o grego, o latim, o holandês, o persa e o alemão. Retrato de Marcus Zuerius van Boxhorn, por autor desconhecido. Outros estudiosos seguiram a pista de comparação entre as línguas, mas o termo Indo-europeu foi empregado apenas no século XIX, pelo cientista e egiptólogo britânico Thomas Young (1773-1829). Mais tarde, na obra do linguista alemão Franz Bopp (1791-1867), Gramática Comparada da Linguística Indo-europeia, um marco nos estudos da linguística histórica comparada, o termo indo-europeu foi consagrado. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 5/49 Comparando aspectos lexicais e morfológicos dessas línguas, os pesquisadores chegaram à conclusão de que um tronco linguístico, chamado indo-europeu, gerou outros troncos que também evoluíram e geraram línguas antigas da Europa e da Ásia. Sendo assim, várias línguas, entre elas o grego e o latim, pertencem a uma única família linguística. O indo-europeu, como não possui qualquer registro escrito, é hipotético, mas tem sua existência atestada pelo método histórico-comparativo. A presença do grego na língua latina A Literatura Grega no ambiente romano foi uma referência indelével. Ela era uma espécie de modelo a ser emulado, copiado pelos autores posteriores. Isso fez com que muitos termos gregos da Literatura e de diversas outras áreas, como Filosofia, Matemática e Medicina, por exemplo, fossem transcritos em latim. Esses termos foram fartamente utilizados na literatura latina e, igualmente, na língua cotidiana, vindo a permanecer presentes no latim vulgar, fase que dará origem aos romances ou línguas que gerarão as línguas neolatinas. Todavia, os termos gregos chegaram ao português não apenas pelo latim vulgar. Muitos textos da cultura grega foram redescobertos durante o Renascimento, e outros vocábulos helênicos se tornaram correntes nas áreas de Arte, Filosofia e Medicina. Diante desse pequeno histórico, você pode perceber a complexidade do processo de constituição do português e a importância do grego como elemento de formação da língua portuguesa. Romances Romance ou romanço são termos que designam as várias línguas que se desenvolveram a partir da introdução do latim na Península Ibérica e em outras regiões que o Império Romano abrangia. Não confunda romance ou romanço, que precedeu as línguas neolatinas, com o romance, como forma ou gênero literário. A formação das palavras em português e a presença do 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 6/49 grego Quando vemos um pouco da formação da língua portuguesa, fica mais fácil aceitar a ideia de que, de certo modo, falamos grego em nosso cotidiano. Entretanto, à diferençado latim, que será estudado no próximo módulo, você verá que a presença da língua grega no português se dará na formação das palavras. Vale lembrar que toda língua em uso, ou seja, falada e escrita atualmente, é dinâmica e forma novos vocábulos o tempo todo. Nesse processo, vamos identificar alguns elementos da língua grega que continuam formando palavras novas — neologismos — no português. Você verá que, em algumas áreas mais específicas, como as ciências biológicas, matemáticas e da natureza, o uso de raízes, prefixos e sufixos de origem grega é muito utilizado para criação de novas nomenclaturas e conceitos. Mesmo no seu cotidiano, você poderá se deparar com novas palavras que trazem elementos gregos. Vamos ver um exemplo? Anti Prefixo que vem do grego e significa algo que é contrário. Depressivo Palavra que remete ao substantivo depressão. Assim, antidepressivo trata de algo que combate (é contra) a depressão. Para que você possa perceber melhor a presença desses elementos gregos no seu cotidiano de falante do português, vamos observar como 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 7/49 se dá, na língua portuguesa, o processo de formação de palavras com acréscimos de elementos de origem grega. Palavras simples, compostas e derivadas Em português, encontramos palavras simples, compostas e derivadas. As palavras simples apresentam uma única raiz, ou seja, um único núcleo de significado. Exemplo: Na forma verbal “bebemos”, o núcleo de significado está em bebe-, enquanto -mos é a desinência que indica número e pessoa, ou seja, 1ª pessoa do plural. Palavras Compostas As palavras compostas são aquelas que apresentam duas ou mais raízes ou núcleos de significado, por exemplo, “guarda- chuva”, que apresenta a ideia do verbo guardar e o substantivo chuva. Palavras Derivadas As palavras derivadas, como o nome indica, derivam de outra, ou seja, vêm de outra palavra já existente pelo acréscimo de prefixos ou de sufixos, ou ainda dos dois elementos. Elas podem apresentar um prefixo e uma raiz, como o caso do verbo “antever”, em que há o prefixo latino ante (antes) e o verbo ver, ou seja, ver algo antes. Acrescentou-se, portanto, uma nuança de significado ao verbo ver. Os sufixos guardam um significado de modificação da palavra original e criam um novo vocábulo que pode ser da mesma classe ou de outra. Veja um exemplo: “livraria” é derivada da palavra livro. Nela, você encontra a raiz livr- acrescida do sufixo -ia, que pode indicar coleção, qualidade. Ou seja, uma livraria seria uma coleção de livros. Vale 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 8/49 ressaltar que, curiosamente, livro é uma palavra que vem do latim e o sufixo -ia é de origem grega, ou seja, houve a formação de uma palavra em português, a partir do latim e do grego. Vamos observar mais detalhes para poder perceber melhor a presença da língua grega no vocabulário do português. Os pre�xos gregos na língua portuguesa Agora que você já relembrou os modos de formação de palavras em língua portuguesa, vai observar alguns dos prefixos gregos mais utilizados em português. Afinal, talvez você não tenha se dado conta, mas ao falar que vai ao hipermercado, você está usando uma palavra com prefixo grego. Isso porque hiper- (super, acima) é um prefixo grego... e você talvez jamais tivesse pensado nessa hipótese. Aliás, temos novamente uma palavra de origem grega — hipótese — com o prefixo hipo- (sob), além da raiz tese (lugar, posição). Agora, você estudará alguns dos principais prefixos de origem grega e poderá conferir exemplos para cada um deles: PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO a/na- a/an privação, negaç anti- anti- posição contrár dis- dys- dificuldade epi- epi- sobre, acima eu-/ev- eu- bem, bom hiper- hyper- sobre, superior hipo- hypo- abaixo, inferior meta- meta- depois, meio para- para- ao lado, junto 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 9/49 PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO peri- peri- em torno sin-/sim- syn- simultâneo, companhia Quadro: prefixos de origem grega. É importante compreender que, independentemente de a raiz ou o prefixo serem de origem grega ou latina, ou ainda de outra língua, eles poderão se combinar na formação de uma nova palavra em português. Vamos ver um exemplo! No enunciado anterior, é mencionada uma nova lei que passou a vigorar no Brasil há alguns anos. A lei tem por nome um neologismo, uma palavra nova formada de um prefixo grego anti- unido ao vocábulo inglês bullying. Ou seja, você percebe como os elementos gregos continuam ativos no português e, ao mesmo tempo, como o processo de formação combina elementos de diferentes origens para formar novos vocábulos no português. Su�xos gregos na língua portuguesa Os sufixos são elementos formadores de vocábulos cuja versatilidade é imensa. Isso porque, como já foi dito, eles podem criar palavras 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 10/49 diferentes e ainda modificar a classe de palavras no processo de derivação. E quais seriam os sufixos gregos no português? Vamos ver! Vamos começar pelos formadores de nomes: PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO -ia ia coleção, acúmu qualidade -ismo -ismos crença, sistema conceito, prática -ista -ista agente de uma ação, relação de pertencimento -ite -ite inflamação -ose -osis alteração patológica, modificação Quadro: sufixos de origem grega. O sufixo formador de verbo de origem grega é -izar. Ele indica a realização do processo da palavra ao qual se liga. Exemplos: problematizar, tornar algo problemático. martirizar, tonar algo ou alguém alvo de martírio. Em uma linguagem mais chula, temos o neologismo “escrotizar”, agir de maneira errada, em palavra de baixo calão, “escrota”. Esse sufixo tem enorme utilização na criação vocabular da língua portuguesa. Atenção! 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 11/49 A partir do conhecimento desses elementos de formação de origem helênica, você pode começar a perceber com mais facilidade os significados de palavras desconhecidas. Ou seja, se você conhece os elementos de modo separado, poderá reconhecer com mais facilidade sua combinação em palavras desconhecidas! Raízes gregas na língua portuguesa As raízes gregas dos vocábulos da língua portuguesa são bastante numerosas e, uma vez que você passe a observar como elas aparecem nas palavras, sua compreensão vocabular será bastante ampliada. Mesmo que você nunca tenha ouvido ou lido a palavra, por conhecer os elementos que a compõem, poderá deduzir o seu significado primeiro. Observe a seguinte frase: “O autódromo de Jacarepaguá receberá mais uma prova automobilística.” Autódromo e automobilística são palavras que trazem raízes gregas. E note: não havia ainda o automóvel na Grécia antiga, mesmo assim, são as raízes de origem grega que serão tomadas para as elaborar! Vamos entender: autos autos significa ”mesmo”, “próprio”. Automóvel é algo que se move por si mesmo, não precisa ser puxado para andar. Automobilismo é o esporte realizado com automóveis. dromo E dromo aparece em outras palavras da língua portuguesa? Sim! Em hipódromo, em que hipo (hyppo) é a palavra cavalo (e não deve ser confundida com o prefixo hypo-) acrescida à dromo, ou seja, o lugar em que os cavalos correm. Dromo aparece ainda em kartódromo. Assim, autódromo é uma palavra que traz a ideia de lugar onde se corre (dromo) e a palavra auto já está ligada à ideia de automóvel, mas com a eliminaçãoda raiz “móvel”, o que é bem curioso. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 12/49 Vamos ver mais exemplos? Em uma reportagem de jornal, você se depara com a notícia sobre estratégias de repressão ao narcotráfico. Será que o grego também está nessa reportagem? Veja: Perceba que há várias raízes gregas na língua portuguesa. “Narco” e “estratégia” são palavras de origem helênica. Então você já identificou dois elementos gregos em nosso exemplo. Mas ainda há a palavra “problema”, outro vocábulo de origem grega. Ou seja, você viu novamente que, no cotidiano, continuamos falando grego. Agora, como usar esse conhecimento para enriquecer nosso vocabulário? Vamos tomar a palavra “estratégia”, que se refere à logística de combate. Em grego, strategós é o general, aquele que determina os procedimentos em batalha. Você pode tanto puxar pela sua memória, quanto buscar em um dicionário on-line, para identificar outras palavras que utilizem essa raiz. Vamos experimentar? Podemos encontrar, a partir de estratégia, o adjetivo “estratégico”, o advérbio “estrategicamente” e o substantivo “geoestratégia”, que significa utilizar dados geográficos para determinar uma estratégia militar. Justamente porque você sabe que geo- é uma palavra ligada à ideia de terra, de espaço na terra, você pode inferir que se trata de uma estratégia ligada à compreensão do espaço em determinado terreno. Atenção Na prática, quanto mais você souber determinar a origem de uma palavra, mais fácil será compreender o significado de palavras desconhecidas, aumentar sua precisão vocabular e, evidentemente, seu domínio da língua portuguesa. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 13/49 Os vocabulários gregos nas diversas áreas de conhecimento Em muitas áreas específicas, há uma larga utilização de raízes, prefixos e sufixos gregos. Entretanto, por mais que sejam determinadas, como medicina, economia, matemática, geografia, linguagem ou artes, elas aparecem em leituras cotidianas, como jornais e revistas. Algumas palavras que estarão em vários domínios de conhecimento são logos (palavras, discurso); o que estará na ideia de estudo (logia ). Por exemplo, na palavra metodologia, você encontrará a junção de meta-, que é a preposição que indica meio, odo (de odós), a raiz, que significa “caminho”, com a palavra logia. Assim, metodologia (meta + odo + logia) é o caminho que eu uso para estudar algo. Morfologia também é um termo usado em várias áreas e significa estudo da forma. Logia, você já sabe, significa estudo. Morfo carrega a ideia de forma. Então, morfologia verbal é o estudo das formas verbais. Além das áreas específicas de estudo, você também pode ouvir esses termos em veículos de comunicação. Vejamos algumas raízes gregas em áreas específicas! O próprio nome da área pode ser Geografia ou Geopolítica. Essa última nomenclatura já apresenta duas raízes gregas: geo- e política. Política você já estudou em nosso módulo. A segunda está ligada à ideia de terra, em grego gaia/ge, que resulta “geo-”em português. Geografia é a escrita (grafia) da terra. Geologia é o estudo (logia) da terra. E geometria? É a medida (metria) da terra, do espaço, e será utilizada nos estudos geográficos e, evidentemente, na Matemática, pois implica cálculos. Novamente, o nome da área de conhecimento é de origem helênica. Bíos, “bio-” em português, significa vida. Assim, Biologia é a área de estudos da vida. Na Geografia Na Biologia 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 14/49 Quer ver mais alguns termos? Ecossistema. Eco se liga à palavra oikos, a mesma que forma o vocábulo economia em português. Se economia é a ordem da casa, o que é um ecossistema? É o sistema da casa? Mais ou menos. Se entendermos que o planeta é a nossa “casa” primeira, sim. Logo, ecologia será o estudo da “casa” ou do nosso planeta como um todo. O ecossistema é o sistema de funcionamento do planeta como uma inteireza, em que todos os elementos estão correlacionados e se afetam mutuamente. Esse termo você já conhece! Mas em que outros conceitos de economia o vocabulário de origem helênica surge? Você já ouviu falar em Criptomoeda? Vamos ver esse verbete a partir do seguinte texto: Criptomoeda: Criptomoeda é um tipo de moeda virtual que utiliza a criptografia para garantir mais segurança em transações financeiras na Internet. Em todo o mundo existem diversos tipos de criptomoeda, sendo o bitcoin a mais conhecida delas. (TAJRA, 2021, s.p.) Moeda você sabe o que é... mas cripto? Cripto, em grego, é algo escondido. Daí, uma mensagem criptografada é uma mensagem escrita de modo a não se dar a ver facilmente, logo, a mensagem está escondida. O termo “física”, do grego fysis, está relacionado à natureza. E, justamente por isso, é uma área de estudos que remete a vários termos cunhados na antiguidade helênica, como átomo, algo que é não (a- negação) divisível (tomos- divisão). Outra palavra é termodinâmica. Nele, termo- traz a ideia de calor/temperatura, acrescida à ideia de forca (dynamis). Aerodinâmica é uma palavra que será cunhada a partir da mesma ideia de força, acrescida da ideia de aer, em aéreo. Nós poderíamos passar muito tempo procurando exemplos e encontrando neologismos com a utilização de raízes gregas. Afinal, para além de ter contribuído para a construção do vocabulário do português, Na Economia Nas áreas de Engenharia e Física 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 15/49 elas continuam a gerar novos vocábulos, de acordo com as demandas da comunidade falante da língua portuguesa. A in�uência do grego no português Assista agora a um vídeo que trata da contribuição do grego para a formação de palavras em português. Mão na massa Questão 1 A partir do que você estudou sobre a formação da língua portuguesa e os estágios anteriores a ela, é possível afirmar: A A língua grega, mesmo com sua origem indo- europeia, não tem grande importância para o português. B A língua grega faz parte do indo-europeu e não tem relação com o latim ou com a língua portuguesa. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 16/49 Parabéns! A alternativa C está correta. A língua grega foi incorporada ao português por meio do latim. As demais alternativas estão incorretas porque o grego tem sua importância na língua portuguesa, sendo a língua grega também parte do indo-europeu e tendo ainda relação com o latim. Questão 2 Indique a opção em que todas as três palavras apresentam elementos de origem grega. Parabéns! A alternativa C está correta. C A língua grega teve grande influência no latim e tem presença importante na língua portuguesa. D A língua grega não faz parte do indo-europeu e não é importante para a formação da língua portuguesa. E A língua grega pertence ao grupo de línguas indo- europeias e não chegou pelo latim à língua portuguesa. A Arte, tecnologia, biodança B Antissemita, metamorfose, agronegócio C Geografia, etnografia, antissocial D Livraria, biblioteca, desinformação E Economia, ecologia, escola 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 17/49 Na única opção em que os três vocábulos apresentam algum elemento de origem grega, há o sufixo -ia nas duas primeiras palavras e o prefixo anti- na terceira. As demais alternativas apresentam tanto palavras com elementos de origem grega quanto de origem latina. Questão3 Estudando o processo de derivação, você aprendeu que há um sufixo grego formador de verbos. Indique a opção que apresenta um verbo com esse sufixo. Parabéns! A alternativa C está correta. O sufixo de origem grega que é formador de verbos é -izar. Assim, dramatizar é a única alternativa correta. Questão 4 A partir do que você estudou sobre os prefixos gregos, assinale a alternativa que apresenta a dupla de palavras com prefixos gregos que indicam posição superior: A Roubar B Nadar C Dramatizar D Mudar E Inundar A Hipocrisia, hipérbato 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 18/49 Parabéns! A alternativa C está correta. A resposta correta é a dupla hipermercado e epiderme, em que os dois prefixos indicam superioridade. Nas outras opções, há a presença de prefixos hipo-, meta- e ev-, que não trazem a ideia de superioridade ou de posição superior. Questão 5 Há um sufixo grego que pode indicar o pertencimento ou o agente de uma ação. Partindo da palavra “social”, indique a palavra que traz o sufixo grego o qual atribui à palavra a ideia de pertencimento. B Hipoderme, supermercado C Hipermercado, epiderme D Metaplasia, episódio E Epicentro, evangelho A Socialmente B Socialista C Socialite D Sociedade E Sócio 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 19/49 Parabéns! A alternativa B está correta. Apenas a palavra socialista é composta da raiz social acrescida do sufixo -ista, que indica o pertencimento. Questão 6 Você estudou o processo de formação de palavras em língua portuguesa, com o acréscimo de sufixos e prefixos de origem helênica. A partir do que foi estudado, podemos dizer que: Parabéns! A alternativa B está correta. A O processo de prefixação acrescenta significado à raiz e pode mudar a classe da palavra original à qual se acrescenta. B O processo de sufixação acrescenta significado à raiz e pode mudar a classe da palavra original à qual se acrescenta. C O processo de prefixação não acrescenta significado à raiz e pode mudar a classe da palavra original à qual se acrescenta. D O processo de sufixação acrescenta significado à raiz e não pode mudar a classe da palavra original à qual se acrescenta. E O processo de prefixação não acrescenta significado à raiz e não pode mudar a classe da palavra original à qual se acrescenta. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 20/49 A sufixação, além de acrescentar um novo significado à raiz original, pode modificar a classe da palavra original, mudando-a, por exemplo, de substantivo em verbo. Teoria na prática Muito bem! Depois de estudar o conteúdo do módulo I, você começou a perceber melhor como a língua grega está presente em sua fala cotidiana. Entretanto, como se valer desse conhecimento e perceber melhor esse vocabulário em seu dia a dia? Tomando o trecho de uma notícia publicada em jornal na Internet, você pode começar a verificar o que há de grego no texto em português. Quer ver? “Lojistas querem que Estado construa ‘rolezódromos’ em São Paulo.” (Fonte: Folha de S. Paulo, 22 jan. 2014.) Esse título, retirado de uma notícia da Folha de S. Paulo, oferece para nós exemplo precioso da versatilidade do português e da permanência dos termos gregos no idioma. Você já sabe que temos radicais da língua grega antiga que permaneceram no latim e chegaram à língua portuguesa. Isso fica evidente quando você lê o pedido de lojistas para que se construa “rolezódromos”. O que está sendo chamado de “rolezódromos”? Trata-se de um espaço dedicado aos “rolezinhos”, encontros com grande aglomeração de jovens. Aqui, você percebe, na prática, como funciona a dinâmica da língua para formar palavras novas. Ou seja, a palavra de origem grega dromo, originalmente espaço para as corridas, em que passam carros, no caso da palavra autódromo, passa a ser um espaço de realização de algo que guarde ainda a ideia de algum movimento. O rolezinho pressupõe o encontro de jovens que ficarão circulando. A partir desse neologismo, podemos pensar em outros usos da palavra grega dromo em português? _black Mostrar solução 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 21/49 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Tendo estudado a presença da língua grega no português e os elementos formadores de palavras, dentre as opções a seguir, indique aquela cuja palavra apresente um prefixo de origem grega. Parabéns! A alternativa A está correta. O prefixo anti- é de origem grega e significa contra. As outras palavras não apresentam elementos gregos em sua formação. Questão 2 “A Crise econômica e política geram discursos polêmicos.” A frase acima traz palavras de origem grega que você estudou ao longo do conteúdo. Assinale a alternativa que apresenta apenas os vocábulos de origem helênica. A Antibacteriano B Argênteo C Felicidade D Intolerância E Premonição 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 22/49 Parabéns! A alternativa A está correta. As palavras de origem grega presentes na frase são “crise”, “econômica”, “política” e “polêmica”. A forma verbal “geram” e o substantivo “discursos” são de origem latina. 2 - A in�uência da língua latina Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a in�uência da língua latina na língua portuguesa. A Crise, política, polêmicos. B Crise, geram, polêmicos. C Crise, economia, geram. D Crise, geram, discursos. E Crise, política, geram. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 23/49 A mãe do português Você já ouviu falar que nossa língua materna veio do latim? Isso mesmo! Poderíamos dizer que o latim é a mãe do português. E você deve se perguntar: como sabemos disso? A resposta não é simplesmente porque ainda usamos muito do latim na língua portuguesa e podemos encontrar inúmeros exemplos de palavras usadas em latim no nosso cotidiano, como habeas corpus (“que tenhas o teu corpo”); o caput (cabeça) de uma lei; o corpus (conteúdo escolhido para análise) de um trabalho. Também utilizamos muito do inglês em português nos dias atuais e nem por isso podemos dizer que o português veio do inglês ou sequer que ambos vieram do latim. Quando pensamos, em geral, nas influências linguísticas, olhamos apenas para um lado: o léxico. O que isso quer dizer? Que identificamos apenas a estrutura superficial da língua: suas palavras, onde é fácil ver as influências. Contudo, quando afirmamos que o português veio do latim é porque a correspondência não se limita, como processo formador da língua, apenas ao léxico, mas também a estruturas morfológicas profundas. A língua falada no Lácio 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 24/49 Região do Lácio em mapa de Gerardus Mercator (1589). A língua latina é muito antiga. Os primeiros escritos são datados do século VIII antes da nossa era. Foi usada como língua oficial do Império Romano até o século V d.C., quando se costuma estabelecer sua queda. Você percebeu que o latim deixou de ser língua oficial de uma comunidade linguística há muito tempo? Mas como será que ele influencia as línguas ocidentais até os nossos dias? Para responder, precisaremos descobrir um pouco mais sobre a origem do povo que tinha o latim como sua língua. As fontes históricas e arqueológicas são poucas e não permitemque tenhamos um relato muito coerente dos primeiros romanos, mas nos dá muitas pistas. Na mesma época em que os romanos, vários povos habitavam a Itália: etruscos, oscos, umbros, samnitas, gregos e muitos outros. Cada povo vivia de forma independente e possuía sua própria língua. À língua do povo que se fixou na região do Latium chamou-se latim. Esse povo, depois da fundação de Roma, em 753 a.C., passou por muitas guerras e durante um longo período foi dominando os povos vizinhos e disseminando sua língua. Em 272 a.C., com a queda de Tarento, cidade grega no sul da Itália, o latim se torna língua oficial de toda a Península Itálica. O domínio romano dos povos para além da Itália tem início e a língua latina é levada para praticamente todo o mundo conhecido da época — Europa, norte da África e parte da Ásia, regiões conquistadas até o século II d.C. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 25/49 Rômulo e Remo, por Peter Paul Rubens (1616). De onde veio o latim? Antes de entender como o latim gerou o português, precisamos observar de onde veio essa língua. Tudo tem uma origem. O latim falado pelos romanos do Latium, na região central da Itália, também tem sua história. Apesar de o latim ser muito antigo, ele também veio de outra língua. É verdade que não havia documentos escritos na época. As línguas eram apenas faladas. Também não havia como gravar. Então, como podemos ter certeza de onde veio o latim? Os linguistas e filólogos levaram muito tempo para descobrir. Eles fizeram isso por meio de estudos comparativos entre as línguas mais antigas, como o grego, o sânscrito e o hitita, como vimos no módulo I. O método histórico-comparativo usado por esses estudiosos permitiu descobrir o indo-europeu e o latim como uma de suas línguas. Saiba mais Linguistas e filólogos acreditam que, para a formação das línguas conhecidas, aconteceu um processo evolutivo intermediário. O indo- europeu teria se dividido em outros troncos linguísticos. Um deles, o ítalo-céltico, foi levado para a Itália pelas migrações. Este tronco teria 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 26/49 originado as línguas célticas posteriores, como o irlandês, o gaulês e o bretão; e as línguas itálicas, dentre as quais o osco, o umbro e o latim. O latim, como sabemos, tornou-se língua oficial da Península Itálica no século III a.C., mas o osco e o umbro ainda foram falados até o século I d.C. O período considerado o mais significativo da língua latina, no qual encontramos os principais autores latinos, como Cícero, César, Virgílio, Horácio, Ovídio, se estendeu do século I a.C. até o início do século I da nossa era. Porém, mesmo depois desse período, o latim continuou se expandindo pelo mundo por meio das conquistas romanas. Primeira página da obra De Oratore, de Cícero, em edição do século XV. A romanização 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 27/49 Quando os romanos dominavam uma região, a língua latina tornava-se língua oficial. E o que isso quer dizer? Que era preciso aprender o latim. Imagine que alguma coisa sua foi roubada. Você precisa fazer uma queixa, certo? Em que língua? Exatamente, na língua do lugar em que você está. Se o latim era a língua oficial, então tinha que ser em latim. Para participar da vida pública, a língua latina se torna necessária. Isso levou a um processo chamado de romanização. Muitos dos povos conquistados pelos romanos assimilaram e adotaram a língua latina e a cultura romana, deixando de lado sua própria língua e cultura. Lógico que os romanos não conseguiram isso em todas as regiões do Império. Algumas foram romanizadas, como a Gália, atual França, e Hispânia, onde temos Portugal e Espanha. Em outras regiões do império, como a Grécia, a África ou o Egito, não houve o processo de romanização. Os povos, apesar de usarem o latim como língua oficial, não abandonaram sua língua e cultura originais. A evolução do latim Sabemos que em 476 d.C. o Império Romano caiu sob as hordas bárbaras. Isso quer dizer que outros povos dominaram as regiões antes dominadas pelos romanos. Com a invasão de outros povos, houve o fechamento das escolas e a descentralização do poder político. Mas, em muitos lugares, em vez de os novos povos imporem suas línguas, eles adotaram o latim. Assim, cada região vai ter um desenvolvimento diferente da língua latina. O saque de Roma, por Johannes Lingelbach (1527). Pense em uma região. O povo que mora ali fala uma língua. Os romanos chegam, dominam essa região e tornam a língua latina oficial. O povo deixa de falar sua língua e passa a falar o latim. Mas observe que o 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 28/49 latim vai sofrer influência da língua que era falada ali. Chamamos de substrato linguístico aos vestígios da língua do povo conquistado na língua do povo conquistador que prevaleceu. Mas não parou por aí. Depois da queda do Império Romano, um outro povo dominou aquele lugar. Consequentemente, o latim falado ali sofreu também influência da nova língua. Aos vestígios da língua abandonada pelo povo conquistador na língua latina, denominamos superstrato linguístico. Você já deve ter concluído que todo esse processo faz com que o latim se transforme, de forma diferente, em cada região e que, por isso, teremos a formação do português, do espanhol, do italiano, por exemplo. Você está no caminho certo! Mas antes de chegar lá, houve um período de transição, no qual as línguas faladas nas regiões já não tinham mais unidade para serem consideradas latim, mas também não tinham adquirido características suficientes que as pudessem identificar como novas línguas. Atenção A estas línguas que não eram mais o latim, mas também ainda não eram línguas novas, chamamos de Romances ou Romanços. Havia muitas delas, algumas, por questões geográficas e políticas, conseguiram se desenvolver e ganhar status de língua. São as chamadas línguas Neolatinas ou Românicas. Ao todo, o latim gerou nove línguas faladas ainda hoje: o português, o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o rético ou reto romano, o italiano, o sardo e o romeno, e uma já extinta, o dálmata ou dalmático. Existiam, paralelamente, um latim literário, o sermo urbanus ou língua da cidade, que era o registro culto usado pelos autores latinos em suas obras e em situações formais, e o latim vulgar, o sermo uulgaris ou língua vulgar, de vulgus (povo), ou seja, a língua coloquial, falada pelo povo no dia a dia, que sofria inúmeras influências linguísticas e se transformava de região para região e de época para época. Foi esse latim que originou as línguas Neolatinas. É verdade que o latim foi usado como língua escrita, depois da queda do Império Romano do Ocidente por inúmeros autores durante muitos séculos. No período Renascentista, muitas obras foram escritas em latim. Até o século XIX, os textos científicos também eram escritos em latim. O Vaticano ainda utiliza a língua latina para escrever documentos oficiais. E isso nos mostra como o latim clássico e o latim vulgar são aspectos diferentes da mesma língua que nos deixou um enorme legado linguístico e cultural. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 29/49 Basílica de São Pedro, por Viviano Codazzi (1630). Se o latim vulgar era apenas falado, como se chegou até ele? Da mesma forma que se chegou ao indo-europeu: pela comparação de palavras usadas nas mais diversas línguas em busca de chegar à mesma palavra do latim vulgar. Foi assimque os linguistas viram que vaca, em português, vacca, em italiano, vaca, em romeno, vache, em francês, vaca, em espanhol, bacca, em sardo, vieram de vacca no latim vulgar. Esse método permite que se chegue a conclusões bem exatas das formas originais das palavras. Muitas foram inclusive encontradas em textos que são utilizados como fontes do latim vulgar. Quanto maior é o número de línguas comparadas que apontam para uma determinada forma, tanto mais confiável ela será. Do latim ao português Como vimos, a língua portuguesa é proveniente do latim vulgar levado pelos romanos à região da Lusitânia, no ocidente da Península Ibérica. O processo de romanização do que atualmente denominamos Portugal ocorreu entre o século II a.C. e o I de nossa era, com a convivência de vários povos, especialmente celtas e fenícios. A Romanização, que a princípio sofreu uma certa resistência, foi facilitada não só pela proximidade linguística entre o latim e o céltico, mas também pelo prestígio que a língua latina tinha enquanto língua oficial. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 30/49 Como em todo o Império, o latim falado pelo povo da Ibéria foi se modificando com o tempo, tendo como influência o substrato das línguas célticas e o substrato de vândalos, suevos, visigodos. O romance falado, nessa região, diferia bastante dos falados em outras regiões da Península, por ter sido o local ocupado pelos celtas e suevos. Desse romance, aparece, no norte de Portugal, o dialeto galeziano ou galaico-português, que foi ganhando terreno para a parte meridional, indo até o Algarve, em 1250. Após a independência de Portugal, aconteceu gradativamente a diferenciação entre o português e o galego, até o português constituir um idioma totalmente diferente do galego. No século XIX, em alguns documentos em latim bárbaro, foram encontradas algumas formas vulgares em português. Contudo, só no século XII é que aparecem os primeiros textos totalmente em português. Essa língua portuguesa torna-se língua literária e se expande com as conquistas marítimas, inclusive para o Brasil. A sobrevivência do léxico latino Como já foi dito, a forma mais fácil de reconhecer o latim na língua portuguesa é por meio da observação das palavras, cuja grande maioria veio do latim. Muitas vieram sem qualquer alteração, como poeta de poeta(m), animal de animal ou discípulo de discipulu(m), que encontramos no latim clássico. Outras nos chegaram com pequenas modificações, como mesa demensa(m); fruto de fructu(m) ou tempo de tempus. Outras com alterações mais expressivas, como treva de tenebra(m). Algumas vieram de formas do latim vulgar que não existem no latim clássico, como cavalo de caballu(m) ou porco de porcu(m), que correspondem às formas equu(m) e sui(m) do latim clássico. Isso lembra alguma coisa? Pois é! Equino e suíno. São os adjetivos referentes a cavalo e porco que foram formados a partir do radical do latim clássico. Algumas vezes temos duas palavras formadas da mesma palavra latina. Quer ver? O adjetivo integru(m) deu por evolução fonética inteiro, mas 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 31/49 também, por reconstituição erudita, temos a palavra íntegro, que é utilizada mais abstratamente como integridade moral. Atenção! Você quer saber como acontecem as alterações? Existem algumas tendências evolutivas tanto das vogais quanto das consoantes que influenciam suas modificações, quedas ou mudança de lugar. O nome dado a essas transformações, ocorridas na passagem do latim para o português, é metaplasmos. Os metaplasmos podem ocorrer por subtração, quando há a queda de algum fonema (attonitu(m) > atônito), por acréscimo (ante > antes) ou por transposição (semper > sempre). Existem ainda transformações que ocorrem em função das vogais e outras que decorrem de mudanças nas consoantes. Vamos conhecer ambas as modalidades a seguir: Vocalismo Quando as transformações acontecem com as vogais, chamamos de vocalismo. Elas acontecem de forma diferente por três motivos básicos: a influência da sílaba tônica, a adaptação a fonemas vizinhos e a perda da quantidade latina. No latim clássico, as vogais podiam ser breves ou longas. Uma longa equivalia ao tempo de pronúncia de duas breves. No latim vulgar, contudo, especialmente a partir do século I, começa a haver uma confusão do valor quantitativo das vogais, o que vai resultar no desaparecimento da quantidade. Nota-se que as vogais longas e as tônicas são mais resistentes a mudanças, como segredo de secrētu. Entre as vogais anteriores à sílaba tônica, pode acontecer a queda, se forem iniciais e estiverem sozinhas (epigru > prego; episcopu > bispo) ou se não forem iniciais, mas estiverem nas adjacências da sílaba tônica (bonitate > bondade; laborare > lavrar). As vogais postônicas não finais, ou seja, localizadas no interior da palavra, com exceção do -a, sofrem uma síncope (cal(i)du > caldo; man(i)ca > manga). Como vimos, são possíveis transformações nas vogais devido à influência de fonemas vizinhos, como em confessione > confissão, em que há a influência da semivogal. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 32/49 Outra modificação comum nas vogais é a contração. Na passagem para o português, isso acontecerá para desfazer um hiato (tenere > teer > ter; legere > leer > ler). Na passagem para o português, o ditongo ae pode sofrer as seguintes modificações: • passar a i (aequale > igual); • transformar-se em ê (aestivu > estio), quando pretônico; • passar a é (caelu > céu), quando tônico. Quanto ao ditongo au, ele se torna ou (tauru > touro) ou o (auricula > orelha), transformação esta já atestada no latim vulgar. Consonantismo Consonantismo é o nome dado às transformações das consoantes. Elas podem ser iniciais, mediais e finais. Normalmente, as consoantes iniciais não sofrem modificação na passagem do latim para o português. As consoantes mediais estão sujeitas a frequentes modificações ou quedas. A este propósito pode-se formular o seguinte princípio: as consoantes mediais surdas latinas, quando intervocálicas, sonorizam-se em português nas suas homorgânicas (lupu(m) > lobo), e as sonoras, geralmente, caem (legere > leer > ler) (COUTINHO, 1976). As consoantes são finais, em português, porque tinham posição idêntica no latim, ou porque posteriormente se deu a queda de algum fonema final. Os grupos de duas consoantes iguais são chamados de consoantes geminadas. Na passagem para o português, haverá uma redução dessas duas consoantes a uma consoante simples (attonitu(m) > tonto), não sofrendo sonorização, quando for surda, nem apócope, quando for sonora. Síncope Supressão de fonema no interior de uma palavra. Contração 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 33/49 Redução de duas ou mais vogais contíguas a uma só vogal. Saiba mais Sonorização ou vozeamento é um processo fonético no qual uma consoante surda passa a ser consoante sonora ou vozeada. Podemos exemplificar a sonorização no processo evolutivo do latim para o português em caecu > cego, e cattu > gato. Em ambos os casos, temos o c surdo evoluindo para g sonoro. A redução dos casos e declinações Você deve ter notado que as palavras latinas estão todas em acusativo, caso que corresponde à função sintática do objeto direto. Isso acontece porque foi a partir desse caso que aconteceu a evolução e, por isso, dizemos que o acusativo é o caso lexicogênico do português. É também por isso que nosso plural é marcado pela desinência -s que é também a desinência do acusativo plural latino. No latimvulgar, houve uma redução tanto dos casos como das declinações. Os seis casos do latim clássico — nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo e ablativo — foram reduzidos a três: nominativo, acusativo e genitivo-dativo. Tendo o nominativo absorvido o vocativo, o acusativo se confundido com o ablativo, e o genitivo se unido ao dativo. Isso ocorreu devido à ambiguidade existente entre as desinências casuais que podiam representar mais de um caso, inclusive em declinações diferentes e, além disso, aconteceu o aumento do emprego das preposições. Comentário Na passagem para as línguas neolatinas, esses três casos foram reduzidos a apenas um. Em português é o acusativo, que, sofrendo a apócope do -m no singular, gerou um morfema zero (mensam > mesa) e estabelecendo a permanência do -s no plural, sistematizou a desinência de plural portuguesa (mensas > mesas). Apócope Supressão de um fonema no final da palavra. O sermo uulgaris já não utilizava também as cinco declinações, mas apenas as três primeiras. Isso aconteceu em decorrência de uma tendência, já existente no latim clássico, de confundir a quarta com a segunda declinação, como notamos na palavra domus, -us, 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 34/49 originalmente de quarta, mas que também podia figurar como de segunda, domum, -i. Havia vocábulo de quinta declinação, como plebes, -ei, que aparecia, esporadicamente, também na terceira declinação (plebs, -is). Essa tendência generalizou-se no latim vulgar, causando o desaparecimento da quarta declinação, cujas palavras migraram para a segunda, e da quinta declinação, que teve os substantivos absorvidos pela terceira, como no exemplo dado (plebs), ou pela primeira, caso de dies, -ei, que aparece em latim vulgar com a forma dia, -ae. Foram esses três grupos de declinações que evoluíram até o português. Temos, portanto, substantivos de vogal temática -a-, associados, em sua maioria, à primeira declinação latina, podendo ser femininos, como mesa, de mensa, ou masculinos, como poeta, de poeta. Vocábulos de vogal temática -o-, vindos, em grande parte, da segunda declinação, como discípulo, de discipulo. As palavras de vogal temática -e- provêm da terceira declinação latina, como nave, de navi. É preciso lembrar, contudo, que a maioria dos consonânticos da terceira declinação, na passagem para o português, tornaram-se sonânticos, incluindo-se em um dos temas já existentes. É o caso, por exemplo, de dente de dentem ou integridade de integritatem, ou corpo de corpus, acusativo neutro semelhante ao nominativo de segunda declinação. Os substantivos em português terminados no singular em consoante antecedida de vogal que fazem o plural em -es devem ser consideradas como temáticos, pois a vogal temática -e-, ausente no singular, aparece no plural. É o caso de mulher, de muliere, ou de cônsul, de consule. Contudo, esses Substantivos de vogal temática -a- Vocábulos de vogal temática -o- Palavras de vogal temática -e- 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 35/49 nomes eram consonânticos, em latim, constituindo -e uma desinência de caso. Na formação do léxico português, por influência de outras línguas, como as indígenas, acrescentou-se outro grupo de atemáticos, alheio ao latim, constituído de palavras oxítonas, como jabuti ou Pará. Com isso, percebemos que os substantivos em língua portuguesa, excetuando-se as oxítonas, agrupam-se da mesma forma do latim vulgar, anexando-se aos três grupos de temas -a, -o, -e, inclusive palavras de outras origens, como alface, proveniente do árabe. Noções de caso e gênero neutro Vimos que os casos desapareceram do latim vulgar para o português. Mas observe as frases a seguir: 1. Eu gosto de estudar. 2. A sabedoria me guia. 3. Traga um bom livro para mim. Perceberam que eu, me e mim são todos pronomes pessoais de primeira pessoa que mudam de forma de acordo com a função sintática que exercem na oração (sujeito, objeto direto, objeto indireto)? É exatamente isso que o caso latino faz. Mas, então, existe caso em português? Há a sobrevivência da noção de caso nos pronomes pessoais, mas chamamos isso de pronome reto e oblíquo. Saiba mais Outra noção que não desapareceu completamente do português, embora só em alguns pronomes e, por isso, não pode ser considerado como um aspecto morfológico de nossa língua, é a noção de gênero neutro. Nos pronomes demonstrativos, temos, por exemplo, o emprego de aquele para o masculino, aquela para o feminino. E aquilo é o quê? Sobrevivência do neutro latino. Formação das palavras Sabemos que as palavras se compõem de morfemas, partes menores que possuem significado gramatical ou semântico. Assim, temos, normalmente, um morfema lexical, também chamado de radical, a ele podem-se juntar afixos de flexão, como as desinências de gênero, 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 36/49 número, pessoa, tempo e modo, ou afixos de derivação, como os prefixos ou os sufixos. Vamos ver como ficaria a divisão de algumas palavras para ficar mais claro? PREF RAD demarcavam de marc pedrinhas - pedr abnegação ab neg bondade - bom REF - prefixo; RAD - radical; VT - vogal temática; DG - desistência de gênero para nomes; DN - desinência de número para nomes; DMT - desinência modo temporal para verbos; DNP - desinência número-pessoal para verbos; SUF - sufixo. Já vimos que a grande maioria dos vocábulos em nossa língua veio diretamente da evolução de palavras do latim vulgar e já compreendemos como aconteceram as transformações dos morfemas lexicais por meio dos metaplasmos. Cabe ressaltar também que a estrutura verbal em português é praticamente igual à da língua latina, tendo havido apenas a união da terceira conjugação com a segunda. Assim, das quatro conjugações latinas — amare (primeira), vendēre (segunda), dicĕre (terceira), audire (quarta) —, temos apenas três em português — amar (primeria), vender e dizer (segunda), ouvir (terceira). Quanto aos prefixos e sufixos que vieram do latim e são usados para formar novas palavras em português ao serem unidos ao radical, precisaremos falar um pouco mais. Os pre�xos A maioria dos prefixos usados em português eram preposições latinas. Muitas delas usadas também como prefixos no próprio latim. Exemplo: As preposições latinas ab (a, abs), ex e de possuem uma mesma tradução: de. Em latim, possuem valores semânticos diferentes: 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 37/49 ab é usado para indicar o ponto de partida das proximidades de algum lugar (Venio a portu – venho do porto); ex indica a saída do interior de algum lugar (Venio ex schola – venho da escola); enquanto de traz a ideia de movimento de cima para baixo (cadere de muro – cair do muro). Enquanto preposições, as duas primeiras não vieram para o português, apenas a terceira preposição traz a noção generalizada de lugar. Observe agora estas três palavras: abster, expulsar e decair. Perceba que quando são usadas como prefixo, em português, elas mantêm as noções das preposições latinas. Abster é ter algo afastado, algo que já estava fora; expulsar é tirar algo que estava dentro; enquanto decair mantém o significado de movimento de cima para baixo. Trazemos, agora, um quadro com alguns prefixos e seus significados: PORTUGUÊS LATIM NOÇÃO a, ad ad aproximação em, en, in, e in para dentro im, in, i in negação, privaç o ob oposição per per movimento atra re re movimento para trás sobre super posição superio Quadro: prefixos latinos e seus correspondentes em português. Os su�xos Os sufixos podemser usados para formar: • Verbos, como alegrar, com a união do sufixo -ar, do latim -are, ao adjetivo alegre; • Advérbios, como antigamente (adjetivo antigo + sufixo -mente); 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 38/49 • Substantivos, como muralha (muro + alha do latim alia), trazendo a ideia de grandeza; • Adjetivos, como risonho (riso + nho do latim -neu), indicando qualidade. Confira um quadro de sufixos latinos que vieram para o português: PORTUGUÊS LATIM NOÇÃO -cho -sculu diminutivo -do (a) -tu ação, cargo -nça -ntia estado, qualidad -ão -one agente, grandez -ão, -ano -anu qualidade, orige -ção -tione ação, resultado -inho -inu diminutivo Quadro: sufixos latinos e seus correspondentes em português. Resumindo Podemos concluir que a combinação desses elementos mórficos é que faz a riqueza do nosso léxico. Mão na massa Questão 1 A respeito do método histórico-comparativo, podemos afirmar que: A Ajudou os linguistas e filólogos a descobrirem a origem dos povos antigos. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 39/49 Parabéns! A alternativa B está correta. Os linguistas e filólogos usaram o método histórico-comparativo para identificar a origem das línguas antigas. Comparando o grego, o latim, o sânscrito e o hitita, conseguiram chegar a uma língua comum que as havia gerado, que chamaram de indo-europeu. O mesmo método foi usado para chegar ao latim vulgar por meio da comparação das línguas neolatinas. Questão 2 Assinale a única alternativa em que todas as palavras apresentam um prefixo latino. B Foi fundamental para a descoberta do indo-europeu. C Por meio da comparação das línguas modernas, descobriu que o inglês veio do latim. D Ajudou linguistas a identificarem que todas as palavras do português vieram do latim. E Por causa do céltico, o latim evolui. A perseguir, retomar, agrupar B procurar, morar, indicar C guiar, demitir, produzir D gritar, beber, indagar 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 40/49 Parabéns! A alternativa A está correta. Os prefixos per-, re- e a- são de origem latina. Nas outras alternativas, podemos destacar, pelo menos, uma palavra sem prefixo: morar, guiar, gritar, dormir. Questão 3 Síncope é a queda de um fonema no interior de um vocábulo. Sabemos que, na evolução das palavras do latim para o português, existiram muitos metaplasmos por subtração, como é o caso da síncope. Assinale a alternativa em que podemos confirmar esse processo evolutivo. Parabéns! A alternativa D está correta. Na evolução de ovicula para ovelha, aconteceu a síncope ou metaplasmo por subtração ou queda do fonema -u-. Nas outras palavras das demais alternativas, houve transposição ou alteração dos fonemas, mas nenhuma queda. E comer, refazer, dormir A pectu > peito B folia > folha C strictu > estrictu > estrectu > estreito D ovicula > ovecula > ovecla > ovelha E semper > sempre 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 41/49 Questão 4 Qual das alternativas a seguir relaciona corretamente o sufixo latino ao seu significado na formação da palavra? Parabéns! A alternativa E está correta. Em casarão, o sufixo -ão indica aumento; em fogacho, o sufixo -cho mostra o diminutivo; em capitão, temos a indicação de cargo; em barquinho, de diminutivo. Apenas em criação, o sufixo -ão, determina uma ação. Questão 5 De acordo com o desenvolvimento linguístico evolutivo do latim para o português, podemos afirmar sobre os Romances que: A casarão - cargo B fogacho - aumento C capitão - diminutivo D barquinho - aumento E criação - ação A É a transição entre o latim e as línguas neolatinas. B É um outro nome dado para as línguas neolatinas. C São composições literária dos povos latinos. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 42/49 Parabéns! A alternativa A está correta. Romances ou Romanços é o nome dado ao processo de modificações que o latim sofreu de forma diferente em cada uma das regiões onde houve evolução, mas que ainda não tinha características precisas que configurassem uma nova língua, sendo, portanto, a transição entre o latim e as línguas neolatinas. Questão 6 Os casos latinos identificavam as funções sintáticas das palavras na oração, por meio de uma terminação morfológica. Sabemos que, na evolução para o português, as terminações de caso desapareceram e a posição das palavras passou a ser fundamental para determinar a função sintática. Contudo, podemos observar reminiscência dos casos latinos no seguinte exemplo: Parabéns! A alternativa C está correta. D É a denominação dada aos substratos linguísticos. E São os livros escritos pelos autores depois da queda do Império Romano. A Precisamos de alegria para viver. B Os homens devem amar o próximo. C Eu me dei um presente. D Os livros transmitem conhecimento. E Hoje está um lindo dia. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 43/49 O pronome de primeira pessoa possui uma forma como sujeito (eu) e uma forma diferente na posição de objeto (me), a alteração de forma, em função da mudança de função sintática, mostra a sobrevivência na noção de caso latino em português. Teoria na prática As palavras que vieram do latim sofreram várias evoluções, mas não foram aleatórias. Existe um padrão para as transformações ocorridas tanto nas vogais como nas consoantes. Observe as alterações no exemplo a seguir: aequalitate > aequalitate > iqualitate > igualidade > igualdade Neste exemplo, vemos a tendência à monotongação, ou seja, houve a redução do ditongo ae a uma simples vogal i. Também vemos que houve a sonorização de todas as consoantes surdas: o q e o t viraram, respectivamente, g e d. Finalmente, temos a síncope ou queda do -i interno. Podemos, ainda, oferecer outro exemplo. Veja as etapas evolutivas de aetate para idade: aetate > itate > idade. Por fim, lembramos que uma palavra latina pode não ter vindo direto do latim para o português. Ela pode dar uma passadinha por outra língua. Quer ver? Você, certamente, costuma usar muito a palavra deletar, e vai dizer que ela veio do inglês delete. Mas o que você talvez não saiba é que delete veio do verbo delere (apagar, destruir) em latim. Ela foi para o inglês e de lá veio para o português, formando um verbo com o sufixo também latino -ar. _black 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 44/49 A in�uência do latim no português Assista agora a um vídeo em que são comentadas e exemplificadas as contribuições do latim para o português. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A língua latina deu origem a várias línguas faladas atualmente. Dentre as opções a seguir, assinale aquela que apresenta apenas línguas que vieram do latim. A Francês e Alemão. B Inglês e Romeno. C Italiano e Português. D Sardo e Russo. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 45/49 Parabéns! A alternativa C está correta. Ao todo, o latim gerou nove línguas faladas ainda hoje, o português, o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o rético ou reto romano, o italiano, o sardo e o romeno, e uma já extinta, o dálmata ou dalmático. Questão 2 A respeito da palavra criação, proveniente decriatione, podemos afirmar que: Parabéns! A alternativa E está correta. Conforme os quadros de prefixos e sufixos, o único que pode ser identificado é o sufixo -ção, do sufixo latino -tione. E Rético e Japonês. A Não tem radical. B Não é de origem latina. C Possui o prefixo grego -cri. D Possui prefixo e sufixo latinos. E Possui o sufixo latino -ção 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 46/49 Considerações �nais Você começou a conhecer um pouco mais das origens da língua portuguesa, podendo interpretar melhor os significados presentes na formação das palavras de origem grega e latina. Esse é um conhecimento importante, não apenas para você se expressar melhor em português, mas para analisar e explicar os processos dessa língua. Os profissionais que lidam, de algum modo, com a expressão verbal, compondo textos ou expressando-se oralmente diante de um público ou cliente, ao dominarem melhor os processos e significados do português, terão sua capacidade de expressão e precisão na mensagem a ser transmitida extremamente ampliada. Aproveite! Podcast Ouça agora um podcast que apresenta uma síntese do conteúdo. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 47/49 Explore + Leia os seguintes artigos: Um estudo sobre a origem da língua portuguesa: do latim à contemporaneidade, contexto poético e social, de Cristiane Boas e Elizete Hunhoff, publicado pela UNEMT, para aprofundar suas reflexões sobre o tema. Helenismos no Léxico da Língua Portuguesa, de Brian Silva, publicado na revista Anagrama, da USP, para uma breve abordagem da influência do grego no léxico português. Do grego antigo ao português contemporâneo: o sortilégio da língua e a epifania da cultura, de Luís Cardoso, publicado na revista Millenium. Assista aos seguintes vídeos no YouTube: O que o grego tem a ver com o português?, da BBC News Brasil, abordando, de forma interessante e divertida, a influência grega na nossa língua. Latim! Cadê você?, da TV Cultura, que debate a atualidade do latim com o professor Alexandre Hasegawa e o escritor Ignácio de Loyola Brandão. Referências COUTINHO, I. de L. Gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976. TAJRA, A. Glossário: o que você quer saber de economia? In: Estadão, São Paulo, 25 jun. 2021. Consultado na Internet em: 06 jul. 2021. 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 48/49 Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema 19/08/2024, 12:30 Contribuições do latim e do grego ao português https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02940/index.html?brand=estacio# 49/49 javascript:CriaPDF()