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livro Introdução ao Grego Bíblico (19492)

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<p>Indaial – 2021</p><p>Introdução ao GreGo</p><p>BíBlIco</p><p>Prof. Marcelo Martins</p><p>1a Edição</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2021</p><p>Elaboração:</p><p>Prof. Marcelo Martins</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri</p><p>UNIASSELVI – Indaial.</p><p>Impresso por:</p><p>M386i</p><p>Martins, Marcelo</p><p>Introdução ao grego bíblico. / Marcelo Martins. – Indaial:</p><p>UNIASSELVI, 2021.</p><p>166 p.; il.</p><p>ISBN 978-65-5663-252-0</p><p>ISBN Digital 978-65-5663-250-6</p><p>1. Grego bíblico. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da</p><p>Vinci.</p><p>CDD 220</p><p>apresentação</p><p>Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Introdução ao Gre-</p><p>go Bíblico, elaborado para iniciantes no estudo da língua grega, mais especifi-</p><p>camente do grego bíblico ou do grego do Novo Testamento. O grego estudado</p><p>neste material não é o clássico nem o moderno; o grego do Novo Testamento é</p><p>conhecido como grego “Koiné”, que significa “comum” e indica que esse era</p><p>o grego falado nas casas, nas ruas, no dia a dia dos apóstolos e das pessoas da</p><p>época de Jesus. De acordo com Taylor (1960, p. 1), “o termo usado hoje em dia</p><p>pelos gramáticos, para descrever este grego é Koiné, que significa ‘comum’.</p><p>Isso não quer dizer que apenas o grego do Novo Testamento foi a linguagem</p><p>comum do povo comum, mas, sim, o grego comum a todo o povo”.</p><p>É importante fazer essa distinção entre o grego dos escritos clássicos e os</p><p>do Koiné porque Paulo não escreveu no mesmo estilo, ortografia e formas que De-</p><p>móstenes ou Homero (escritores do grego clássico). No entanto, isso não represen-</p><p>ta inferioridade na linguagem de Paulo, mas, sim, progresso (TAYLOR, 1990, p. 1).</p><p>Aprender a manejar a língua grega, ler e entender o Novo Testamento</p><p>grego não é algo insignificante. Os cristãos creem que foi Deus quem formou as</p><p>línguas, portanto, seguindo esse pensamento, Deus guiou o desenvolvimento</p><p>desse idioma (grego, assim como também o hebraico e aramaico) até que ser-</p><p>visse como veículo para a revelação da sua mensagem a nós, pois o Novo Tes-</p><p>tamento é a mensagem de Deus para a sua Igreja. Isso não significa que o grego</p><p>Koiné é uma “língua sagrada”, mas, sim, que agradou a Deus e foi usada para</p><p>revelar a sua Palavra no vernáculo grego, hebraico e aramaico. Jesus falou na</p><p>Galileia o mesmo grego que encontramos nos papiros do Egito e que Paulo es-</p><p>creveu em Corinto e usou na sua pregação em Roma (TAYLOR, 1960, p. 1). Esses</p><p>fatos são uma descoberta importantíssima dos nossos dias. São importantes por</p><p>si e por derrubar outras tantas teorias sobre o grego do Novo Testamento.</p><p>Sempre há perdas em uma tradução, pois é impossível conservar, nas pala-</p><p>vras traduzidas, o sentido exato do original. Por isso, conhecendo, lendo e entenden-</p><p>do a língua grega do Novo Testamento podemos confiar que temos em mãos uma</p><p>mensagem mais cristalina. Assim, haverá maior proteção do erro e entenderemos</p><p>com maior clareza e exatidão o que os escritores no Novo Testamento registraram.</p><p>Não há promessa, aqui, de que seja fácil o aprendizado dessa língua</p><p>(ou como qualquer outra língua), mas, certamente, todo esforço valerá a pena,</p><p>pois, mediante o conhecimento do grego, o Novo Testamento se tornará, para</p><p>você, verdadeira mina de riquezas em termos de conhecimento, portanto, são</p><p>válidos todo esforço, dedicação e tempo que você utilizará para isso.</p><p>Bons estudos!</p><p>Prof. Marcelo Martins</p><p>Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para</p><p>você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-</p><p>dades em nosso material.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é</p><p>o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um</p><p>formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.</p><p>O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-</p><p>mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui</p><p>para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.</p><p>Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,</p><p>apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-</p><p>de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.</p><p>Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para</p><p>apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-</p><p>to em questão.</p><p>Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas</p><p>institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa</p><p>continuar seus estudos com um material de qualidade.</p><p>Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de</p><p>Desempenho de Estudantes – ENADE.</p><p>Bons estudos!</p><p>NOTA</p><p>Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela</p><p>um novo conhecimento.</p><p>Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro</p><p>que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você</p><p>terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-</p><p>tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.</p><p>Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.</p><p>Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!</p><p>LEMBRETE</p><p>sumárIo</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ .... 1</p><p>TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ ................................................................................... 3</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3</p><p>2 ORIGEM DA LÍNGUA GREGA ...................................................................................................... 3</p><p>2.1 OS DIALETOS GREGOS ................................................................................................................ 4</p><p>3 O GREGO KOINÉ .............................................................................................................................. 6</p><p>4 ELEMENTOS VITAIS PARA O ESTUDO DO GREGO ............................................................. 7</p><p>4.1 DEDICAR TEMPO ......................................................................................................................... 7</p><p>4.2 TER DISCIPLINA .......................................................................................................................... 8</p><p>4.3 PERSEVERANÇA .......................................................................................................................... 8</p><p>4.4 PROPÓSITO .................................................................................................................................... 8</p><p>4.5 O NOVO TESTAMENTO NA LÍNGUA GREGA ..................................................................... 9</p><p>4.6 A GRAMÁTICA DO NOVO TESTAMENTO GREGO ........................................................... 10</p><p>4.7 O DICIONÁRIO (LÉXICO) ......................................................................................................... 11</p><p>4.8 DICIONÁRIO E GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA ............................................. 11</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ ............................................... 19</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19</p><p>2 A ORIGEM DO ALFABETO GREGO ...........................................................................................</p><p>da língua portuguesa (Quadro 3):</p><p>• O ponto final e a vírgula têm igual uso em grego que na língua portuguesa.</p><p>• Em grego, um ponto alto (˙) no texto pode equivaler aos sinais de dois pontos,</p><p>ponto e vírgula e, até mesmo, exclamação utilizados na língua portuguesa.</p><p>• O ponto e vírgula, no grego, equivale ao ponto de interrogação da língua portuguesa.</p><p>QUADRO 3 – PONTUAÇÃO GREGA</p><p>PONTUAÇÃO PORTUGUÊS GREGO</p><p>Vírgula , ,</p><p>Ponto . .</p><p>Ponto e vírgula ; ˙</p><p>Dois pontos : ˙</p><p>Exclamação ! ˙</p><p>Ponto de interrogação ? ;</p><p>FONTE: O autor</p><p>30</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>Outro sinal gráfico importante é o trema. Em algumas palavras, ele é usado nas</p><p>vogais ϊ e ϋ para indicar que elas deverão ser lidas separadamente, pois não são considera-</p><p>dos ditongos (FILHO, 2019b, p. 108).</p><p>IMPORTANTE</p><p>Há uma diferença importante entre o alfabeto grego e o alfabeto da língua</p><p>portuguesa: a letra ι (iota) não leva “pingo”, sendo usada de duas formas: adscrita,</p><p>ou seja, ao lado de outra letra, ou subscrita em uma vogal longa, como em α, η, ω,</p><p>como vimos anteriormente. Quando usada embaixo de uma vogal longa, o iota (ι)</p><p>não é pronunciada e caracteriza o caso dativo no singular, que indica que a palavra</p><p>é o objeto indireto do verbo, dentro de uma cláusula ou frase. Por exemplo, ἀλή-</p><p>θεια (aleteia – a verdade) e ἄνθρωπῳ (antropo – ao homem; FILHO, 2019b, p. 101).</p><p>Cenatti (2014) conta a seguinte curiosidade a respeito de pontuação, que</p><p>vale a pena ler para vermos a importância de um texto bem ou mal pontuado.</p><p>Como curiosidade, gostaríamos de inteirar que os sinais de pontuação</p><p>começaram a surgir no século IV da era comum. Até então, os textos</p><p>eram todos escritos com letras maiúsculas e com as palavras todas jun-</p><p>tas. Assim, quem lia tinha que interpretar o que estava escrito. Verifique</p><p>a dificuldade lendo a frase abaixo:</p><p>“IDESVOLTARÁSNÃOMORRERASNAGUERRA”</p><p>Observe agora a mesma frase com a correta pontuação e separação</p><p>entre as palavras:</p><p>“IDES! VOLTARÁS? NÃO, MORRERÁS NA GUERRA!”.</p><p>Esta frase está escrita em grego no local do Oráculo de Delfos (século VII</p><p>a.E.C.), na Grécia. É um dos lugares da Antiguidade em que se faziam pro-</p><p>fecias consideradas divinas. Perceba que poderíamos, com dificuldade, in-</p><p>terpretar a primeira escrita em letras maiúsculas: “Ides, voltarás, não mor-</p><p>rerás na guerra”. Porém, os linguistas entendem que o correto seria mesmo:</p><p>“Ides! Voltarás? Não, morrerás na guerra!” (CENATTI, 2014, p. 54).</p><p>5 GÊNERO E NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS</p><p>5.1 GÊNERO DAS PALAVRAS GREGAS</p><p>Na língua grega, geralmente, os substantivos do sexo masculino são mas-</p><p>culinos e os femininos são femininos. Todavia, essa não é uma regra fixa. Muitas</p><p>palavras não se encaixam nessas categorias, à semelhança do que acontece em</p><p>português, como sol, mar, lápis, que são masculinas, e luz, árvore e mesa, que são</p><p>femininas, mesmo sem ter nada relacionado a cada sexo.</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>31</p><p>Na língua grega, há uma terceira classificação: o gênero neutro. As pala-</p><p>vras neutras não são masculinas nem femininas.</p><p>Muitas vezes, o gênero da palavra é revelado por sua terminação, mas nem</p><p>sempre é assim. A única maneira segura para o acadêmico identificar o gênero de</p><p>uma palavra grega é observando o artigo usado com o seu nominativo singular.</p><p>Para localizar o artigo no dicionário, é necessário verificar a palavra, que é se-</p><p>guida pelo respectivo artigo – masculino, feminino ou neutro.</p><p>ATENCAO</p><p>Os artigos masculino, feminino e neutro são representados por:</p><p>• Masculino (no singular): ο.</p><p>• Feminino (no singular): η.</p><p>• Neutro (no singular): το.</p><p>Lembrando que essas três formas estão no chamado nominativo singular</p><p>(na continuidade dos estudos, você irá aprender esses casos no grego) e são aque-</p><p>les apresentados no dicionário.</p><p>Os artigos funcionam na língua grega realmente como adjetivos, portanto</p><p>sofrem flexão ou declinação como os substantivos. Por exemplo, o artigo acompanha</p><p>o substantivo no nominativo, o artigo acompanha o substantivo no genitivo etc., isso</p><p>significa que o estudante deve sempre declinar o artigo junto com o substantivo. Por</p><p>exemplo, ὁ λόγος (caso no nominativo) e τοῦ λόγου (caso no genitivo).</p><p>5.2 O NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS</p><p>Assim como no português, número se refere a singular ou plural. Isso pode ser</p><p>identificado por meio das terminações. No caso do português, as terminações revelam</p><p>somente se as palavras estão no singular ou no plural – como gato (singular) e gatos</p><p>(plural). Entretanto, no grego, as terminações revelam o número (singular ou plural) e</p><p>o caso das palavras – isto é, cada uma dessas funções é denominada de “caso”, se está</p><p>no nominativo, no genitivo, no dativo etc. (como você aprenderá mais adiante).</p><p>O número do substantivo (singular ou plural) corresponde ao número</p><p>do verbo com que o ele está sendo usado. Por exemplo: se o verbo estiver com a</p><p>32</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>terminação no singular, o substantivo tomará a terminação no singular; se estiver</p><p>com a terminação no plural, o substantivo tomará a terminação no plural.</p><p>Por que familiarização com o alfabeto grego?</p><p>Com dedicação e estudos diários, pelo menos meia hora por dia e um bom método de grego</p><p>clássico, é bem provável que você irá conseguir aprendê-lo. Contudo, para o falante de língua</p><p>portuguesa, que no caso utiliza o alfabeto latino, é necessário dedicar razoável atenção durante</p><p>o período inicial de aprendizagem. Observamos que mesmo os bons métodos disponíveis no</p><p>mercado introduzem muito rapidamente o alfabeto grego e logo passam às questões grama-</p><p>ticais, tais como casos, verbos, declinação de substantivos e tempos verbais – o que acaba por</p><p>desmotivar as pessoas que se propõem a estudar o grego, principalmente de forma autodidata.</p><p>Considerando que o período inicial de aprendizagem do grego é de extrema importância,</p><p>faz-se necessário realizar uma familiarização ao alfabeto a ser aprendido. Ela será funda-</p><p>mental para sustentar a aprendizagem futura. Nesse sentido, esta pequena obra tem por</p><p>objetivo tentar suprir tal deficiência inicial do aprendizado do grego clássico.</p><p>O método de familiarização que se propõe, aqui, parte da ideia de que o estudante já sabe</p><p>grego sem nunca o ter estudado. Sim, a língua portuguesa herdou uma grande quantidade</p><p>de radicais gregos de forma que falamos grego sem mesmo ter consciência disso.</p><p>Nesse momento inicial, é quando as pessoas devem se encantar pela aprendizagem. O</p><p>ser humano sente-se estimulado a aprender quando constata que já conhece um pouco</p><p>daquilo que está sendo ensinado.</p><p>Assim, ao procurar desenvolver a familiarização do aprendente com o alfabeto grego, ten-</p><p>taremos entusiasmá-lo a lançar fora os preconceitos e ideias do tipo: “grego é muito difícil”,</p><p>“parece que as letras estão de cabeça para baixo”, “não sou bom para aprender idiomas”.</p><p>O ponto inicial de familiarização ao alfabeto grego sempre será o alfabeto da língua por-</p><p>tuguesa. Ou seja, segue deforma geral em sentido contrário à maioria dos métodos de</p><p>aprendizagem da língua grega.</p><p>A proposta de aprendizagem se dará, dessa maneira, pelos seguintes motivos:</p><p>• O aprendente não deve sentir que um idioma externo está se impondo ao seu idioma</p><p>materno. Quando se parte do idioma materno para o idioma externo, a percepção é</p><p>de receptividade e não de imposição. Geralmente, as pessoas têm uma “natural” pre-</p><p>disposição contra aquilo que é imposto, do que vem de fora.</p><p>• O aprendente precisa ser estimulado a acreditar que já sabe parte daquilo que vai ser</p><p>ensinado, pois isso pode ser útil para prender sua atenção já que ele se sentirá apto a</p><p>tentar deduzir o que está sendo ensinado.</p><p>• É fácil associar uma letra do alfabeto português que se conhece a uma letra do alfa-</p><p>beto grego e vice-versa.</p><p>FONTE: Adaptado de CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutó-</p><p>rios para iniciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014. Disponível em: https://bit.ly/2UUccFo.</p><p>Acesso em: 22</p><p>dez. 2019.</p><p>INTERESSANTE</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>33</p><p>A seguir, há uma lista de palavras com a respectiva tradução para você memorizar.</p><p>Isso é importante para a aquisição de vocabulário grego e, ao mesmo tempo, memorização</p><p>de significados, bem como prática de leitura. Sugerimos que você escreva essas palavras em</p><p>locais que sejam mais práticos para ter à mão, a fim de, durante o dia, relembrá-las e praticá-las.</p><p>• Θεός = Deus.</p><p>• λόγος = palavra, verbo.</p><p>• ἀγάπη = amor.</p><p>• αδελφός = irmão.</p><p>• λαός = povo.</p><p>• ἱερόν = templo.</p><p>• υἱός = filho.</p><p>• δοῦλος = servo, escravo.</p><p>• διδάσκω = eu ensino.</p><p>• βαπτίζω = eu batizo, mergulho.</p><p>DICAS</p><p>34</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• No período clássico, o alfabeto grego possuía 17 consoantes e 7 vogais; ao</p><p>todo, 24 letras.</p><p>• Como em português, as letras do alfabeto grego se dividem em duas classes:</p><p>vogais e consoantes. No alfabeto grego, as vogais são: α (alfa), ε (épsilon), η</p><p>(êta), ι (iota), ο (õmicron), υ (upsilon) e ω (ômega).</p><p>• A língua portuguesa e a língua grega pertencem à mesma família de línguas.</p><p>Há, portanto, semelhança em suas estruturas gramaticais. Quem entende bem</p><p>a estrutura gramatical da língua portuguesa terá mais facilidade em aprender</p><p>a língua e a estrutura gramatical grega.</p><p>• Cada uma das letras do alfabeto grego, tanto no formato maiúsculo como minús-</p><p>culo, e ainda a transliteração das letras para o português e os sons de cada uma.</p><p>• Iota subscrito: vogais α, η e ω com um pequeno ι escrito embaixo da letra, o</p><p>qual é chamado de iota subscrito.</p><p>• A letra sigma apresenta duas formas minúsculas: a primeira (σ) é usada no</p><p>começo ou no meio das palavras e a segunda (ς) no final das palavras.</p><p>• A formação dos ditongos e como são empregados os acentos e a pontuação</p><p>na língua grega.</p><p>• Geralmente, os substantivos do sexo masculino são masculinos e os do femi-</p><p>nino são femininos. Há também uma terceira classificação – o gênero neutro.</p><p>As palavras neutras não são masculinas nem femininas.</p><p>•</p><p>• Assim como na língua portuguesa, número se refere a singular ou plural. En-</p><p>tretanto, as terminações revelam tanto o número (singular ou plural) quanto</p><p>o caso das palavras – isto é, se está no nominativo, no genitivo, no dativo etc.</p><p>• A familiarização da língua portuguesa com a grega, pelo fato de a língua</p><p>portuguesa ter muitos radicais de origem grega, o que pode facilitar o apren-</p><p>dizado do idioma.</p><p>35</p><p>1 O primeiro passo para a aprendizagem da Língua Grega (como também em</p><p>qualquer outra língua) é conhecer e se familiarizar com o alfabeto grego. Escre-</p><p>va o alfabeto grego em letras maiúsculas e minúsculas. Aproveite para fixar a</p><p>grafia de cada letra e pronunciar os respectivos sons de cada uma delas.</p><p>a) Letras maiúsculas:</p><p>b) Letras minúsculas:</p><p>2 Cada alfabeto possui uma determinada quantidade de letras, que normal-</p><p>mente são distribuídas em consoantes e vogais. Assinale a alternativa que</p><p>contém quantas letras compõem o alfabeto grego:</p><p>a) ( ) 24 letras – 17 consoantes e 7 vogais.</p><p>b) ( ) 23 letras – 17 consoantes e 6 vogais.</p><p>c) ( ) 26 letras – 19 consoantes e 7 vogais.</p><p>d) ( ) 27 letras – 20 consoantes e 7 vogais.</p><p>3 Como em português, as letras do alfabeto grego se dividem em duas clas-</p><p>ses: vogais e consoantes. Conhecer e assimilar cada uma é importante em</p><p>vários aspectos, como na utilização do dicionário. Com relação às vogais do</p><p>alfabeto grego, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron) e ω (ômega).</p><p>b) ( ) α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron), β ( beta) e ω (ômega).</p><p>c) ( ) α (alfa), ε (épsilon), η (êta), ι (iota), ο (õmicron), υ (upsilon) e ω (ômega).</p><p>d) ( ) α (alfa), ε (épsilon), ι (iota), ο (õmicron) e ω (ômega).</p><p>4 No estudo das letras do alfabeto grego, assim como em todas as línguas, encon-</p><p>tramos determinadas peculiaridades. Entretanto, são essas peculiaridades que,</p><p>muitas vezes, confundem e trazem dificuldades para alguns estudantes. Com</p><p>relação às letras do alfabeto grego, analise as sentenças a seguir:</p><p>I- O iota subscrito: vogais α, η e ω com um pequeno ι embaixo da letra são chama-</p><p>dos de iota subscrito. É muito comum encontrá-lo nas palavras em grego.</p><p>II- A letra sigma apresenta duas formas minúsculas: a primeira (σ) é usada</p><p>no começo ou no meio das palavras e a segunda (ς) no final das palavras.</p><p>III- A letra sigma apresenta três formas minúsculas: a primeira (σ) é usada no</p><p>começo; a segunda (ς) no final das palavras; e a terceira (ζ) no meio da frase.</p><p>IV- A letra π, quando usada entre duas vogais, muda seu formato, dessa for-</p><p>ma, perde o sentido da sua pronúncia.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>36</p><p>Agora, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.</p><p>c) ( ) As alternativas I e II estão corretas.</p><p>d) ( ) As alternativas III e IV estão corretas.</p><p>5 O conhecimento dos diversos aspectos gramaticais, ortográficos e funcio-</p><p>nais de uma língua é primordial para a assimilação mais aprofundada do</p><p>seu uso e funcionamento. Portanto, determinados aspectos do grego Koiné</p><p>serão extremamente relevantes para aqueles que avançarão nos seus estu-</p><p>dos. Sobre o exposto, leia as sentenças a seguir e classifique V para as sen-</p><p>tenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) Geralmente, os substantivos do sexo masculino são masculinos e os do</p><p>feminino são femininos. Há também uma terceira classificação – o gênero</p><p>neutro. As palavras neutras não são masculinas nem femininas.</p><p>( ) Assim como na língua portuguesa, na língua grega, número se refere a</p><p>singular ou plural. Entretanto, as terminações revelam tanto o número</p><p>(singular ou plural) quanto o caso das palavras – isto é, se está no nomi-</p><p>nativo, no genitivo, no dativo etc.</p><p>( ) Não existem ditongos na língua grega, diferentemente da língua portu-</p><p>guesa, que faz muito uso deles.</p><p>( ) Existe uma familiarização da língua portuguesa com a grega, pelo fato</p><p>de a língua portuguesa ter muitos radicais de origem grega, o que pode</p><p>facilitar o aprendizado do idioma.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) V – V – F – V.</p><p>b) ( ) V – F – V – V.</p><p>c) ( ) F – V – V – F.</p><p>d) ( ) F – F – V – V.</p><p>37</p><p>TÓPICO 3 —</p><p>UNIDADE 1</p><p>ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS</p><p>NO GREGO KOINÉ</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>ἐγὼ τὸ Ἄλφα καὶ τὸ Ὤ, ὁ πρῶτος καὶ ὁ ἔσχατος, ἡ ἀρχὴ καὶ τὸ τέλος.</p><p>Eu (sou) o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Ap. 22:13)</p><p>Agora que você já se familiarizou com o alfabeto e com algumas palavras</p><p>em grego, bem como com a sua pronúncia, veremos, a seguir, o artigo e o seu fun-</p><p>cionamento na língua grega. Em seguida, descreveremos o substantivo na língua</p><p>grega. Ao final deste tópico, observaremos o funcionamento das declinações.</p><p>Novamente, recorda-se, nesse momento, que é necessário manter o foco e a</p><p>dedicação nos estudos. Esta disciplina é diferente das demais, no sentido de exigir</p><p>um esforço diário e constante para obter, pelo menos, as noções básicas do grego</p><p>Koiné. São essas ações diárias e práticas que farão diferença no seu aprendizado.</p><p>2 O ARTIGO</p><p>Na língua grega, o uso do artigo adquire uma função muito peculiar, dife-</p><p>rente de outras línguas (GUILEY, 1993, p. 22). Tão variado é seu uso que se torna</p><p>difícil descobrir regras para definir sua função. Basicamente, o artigo serve para</p><p>definir ou identificar. É qual dedo apontando numa direção.</p><p>Na língua portuguesa, conforme Cegalla (2010, p. 153), “artigo é uma pa-</p><p>lavra que antepomos aos substantivos para dar aos seres um sentido determi-</p><p>nado ou indeterminado”. Como sabemos, em português, os artigos podem ser</p><p>definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um, uma, uns, umas).</p><p>No grego, há apenas um tipo de artigo, o definido. A falta do artigo é suprida</p><p>pelo emprego do número um. O fato de não haver regras fixas sobre o uso do artigo não</p><p>deve levar à conclusão de que a sua presença ou ausência não tem importância. Quando</p><p>uma pessoa grega usa o artigo, ela tem um motivo e,</p><p>quando deixa de usá-lo, também</p><p>o tem. O motivo está em sua mente, e não em regras gramaticais (GUILEY, 1993, p. 25).</p><p>De modo geral, a presença do artigo com o substantivo expressa identidade ou</p><p>distinção, enquanto a ausência do artigo expressa a qualidade do substantivo. Segundo</p><p>Guiley (1993, p. 22), no estudo do Novo Testamento, o acadêmico deve prestar atenção</p><p>ao uso do artigo até criar uma sensibilidade nessa parte importante da língua grega.</p><p>38</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>O uso do artigo grego não corresponde ao que é empregado em portu-</p><p>guês. O aluno descobrirá que, no Novo Testamento, há muitas passagens em que</p><p>o artigo é usado e, na tradução para o português, ele foi omitido, pois, se fosse</p><p>incluído, não faria bom senso (GUILEY, 1993, p. 23).</p><p>Em relação ao uso do artigo na língua grega, um guia geral, que pode ser útil,</p><p>é ter em mente que sua presença identifica ou distingue uma coisa ou uma pessoa das</p><p>demais, enquanto sua ausência faz sobressair a qualidade do substantivo.</p><p>Também podemos dizer que, com o uso do artigo, o substantivo é definido e, quando não</p><p>utilizado, pode ser definido ou indefinido.</p><p>NOTA</p><p>“Robertson declara que ‘o desenvolvimento do artigo grego é um dos fa-</p><p>tos mais interessantes na língua humana’. Era primitivo pronome demonstrativo</p><p>(ver At. 17:28) e sempre reteve um pouco de sua antiga força demonstrativa –</p><p>aponta, designa, separa e distingue” (TAYLOR, 1990, p. 194).</p><p>Nesse sentido, Taylor (1990) destaca que:</p><p>Embora não nos pareça, o grego sempre teve ideia definida quando</p><p>usava o artigo, e a conformidade das nossas versões do N. T. com o</p><p>original é essencial; e a falta da tradução do artigo, ou a tradução na</p><p>versão do artigo que não existia no grego, é a fraqueza mais notável</p><p>de quase todas as versões nas línguas modernas. O latim não tinha</p><p>artigo definido. Por isso as traduções da Vulgata, ou as por esta versão</p><p>influenciadas, são defeituosas na tradução do artigo grego. É essencial</p><p>esforçarmo-nos para alcançar o ponto de vista grego. Nunca devemos</p><p>falar de “omissão do artigo”. O grego não omitiu o que é diferente no</p><p>nosso idioma, mas escreveu segundo a sua própria índole. Se não há</p><p>artigo, é porque não lhe era natural usá-lo (TAYLOR, 1990, p. 195).</p><p>No Quadro 4, é possível observar os artigos gregos masculinos no singu-</p><p>lar e no plural (terminados em ο) e suas declinações.</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ</p><p>39</p><p>QUADRO 4 – ARTIGOS MASCULINOS</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo ὁ οἱ</p><p>Genitivo τοῦ τῶν</p><p>Ablativo τοῦ τῶν</p><p>Dativo τᾡ τοῖς</p><p>Instrumental τᾡ τοῖς</p><p>Locativo τᾡ τοῖς</p><p>Acusativo τόν τοῦς</p><p>Vocativo − −</p><p>FONTE: O autor</p><p>No Quadro 5, são apresentados os artigos femininos no singular e no plu-</p><p>ral (terminados em η) e suas declinações.</p><p>QUADRO 5 – ARTIGOS FEMININOS</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo ἡ αἱ</p><p>Genitivo τῆς τῶν</p><p>Ablativo τῆς τῶν</p><p>Dativo τᾑ ταῖς</p><p>Instrumental τᾑ ταῖς</p><p>Locativo τᾑ ταῖς</p><p>Acusativo τήν τάς</p><p>Vocativo − −</p><p>FONTE: O autor</p><p>No Quadro 6, podemos ver os artigos neutros no singular e no plural (ter-</p><p>minado em το) e suas declinações.</p><p>40</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 6 – ARTIGOS NEUTROS</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo τό τά</p><p>Genitivo τοῦ τῶν</p><p>Ablativo τοῦ τῶν</p><p>Dativo τᾡ τοῖς</p><p>Instrumental τᾡ τοῖς</p><p>Locativo τᾡ τοῖς</p><p>Acusativo τό τά</p><p>Vocativo − −</p><p>FONTE: O autor</p><p>No dicionário, a artigo aparece logo após a palavra. O caso do artigo sempre</p><p>corresponde ao caso do substantivo. Por exemplo: θεός, ὁ.</p><p>NOTA</p><p>3 O SUBSTANTIVO</p><p>Substantivo é a palavra pela qual nomeamos os seres em geral, bem como</p><p>ideias e coisas concretas e abstratas. Por exemplo, na frase: “a pessoa que crê em</p><p>Jesus Cristo tem a salvação eterna”, as palavras pessoa, Jesus Cristo e salvação</p><p>são substantivos, pois são os nomes que damos a coisas ou pessoas.</p><p>De acordo com Cegalla (2010, p. 128), os substantivos são palavras que</p><p>designam seres. Eles podem ser divididos em: comuns, próprios, concretos, abs-</p><p>tratos, simples, compostos, primitivos, derivados e coletivos.</p><p>Cada substantivo tem uma função específica na frase, conforme sua rela-</p><p>ção com outras palavras da frase. Como vimos, no idioma grego, cada uma des-</p><p>sas funções é denominada de “caso”. Os casos na língua grega são:</p><p>• Nominativo.</p><p>• Genitivo.</p><p>• Ablativo.</p><p>• Dativo.</p><p>• Instrumental.</p><p>• Locativo.</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ</p><p>41</p><p>• Acusativo.</p><p>• Vocativo.</p><p>A forma da palavra normalmente varia conforme o caso em que ela se en-</p><p>contra. Chama-se “declinação” ou “flexão” a mudança que as palavras sofrem em</p><p>relação aos casos vistos. Destaca-se que, na língua grega, todos os substantivos,</p><p>pronomes, adjetivos e particípios estão sujeitos às declinações ou flexões.</p><p>Diferentemente do grego, na língua portuguesa, embora os substantivos te-</p><p>nham funções nas frases e orações, não os denominamos como “casos”. Também, em</p><p>nossa língua, a forma da palavra não varia conforme a sua função. Às vezes, a função</p><p>requer uma preposição junto ao substantivo, mas a sua forma continua igual.</p><p>Como na língua grega a palavra se modifica de acordo com a sua função,</p><p>em uma frase, precisamos observar duas partes em cada palavra:</p><p>• A parte que não sofre alteração, que é chamada de “radical”.</p><p>• A parte que varia e revela o caso da palavra, que é chamada de “terminação”.</p><p>3.1 OS CASOS NA LÍNGUA GREGA</p><p>Diferentemente da língua portuguesa, que segue uma determinada</p><p>sequência na estrutura de uma sentença ou frase (sujeito + verbo + predicado),</p><p>isso não acontece no grego. Observe a seguinte frase: “O menino pegou o gato”.</p><p>• Sujeito: “o menino”.</p><p>• Verbo: “pegou”.</p><p>• Objeto direto: “o gato”.</p><p>Se fizermos uma inversão, isto é, “o gato pegou menino”, teremos uma</p><p>mudança nas funções das palavras, consequentemente, também alteramos o sen-</p><p>tido do texto e, em muitos casos, a frase pode até nem fazer sentido.</p><p>Essa é a diferença em relação à língua grega. No grego, a ordem das palavras não</p><p>muda o sentido da frase. Isso porque as palavras têm terminações que indicam qual é o</p><p>sujeito e quais são os objetos diretos e indiretos do verbo (FILHO, 2019b, p. 121).</p><p>42</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>Na língua grega, a ordem das palavras não muda o sentido da frase. As palavras</p><p>têm terminações que indicam qual é o sujeito e quais são os objetos diretos e indiretos do verbo.</p><p>NOTA</p><p>Graças aos casos da língua grega, esse idioma é um dos mais precisos que</p><p>existem, pois eles fornecem a informação da classe gramatical das palavras na ora-</p><p>ção. É como se fosse feita a análise sintática no próprio ato da escrita – ao olhar para</p><p>uma frase grega, de imediato, percebe-se a função de cada palavra, o que propor-</p><p>ciona vantagem singular ao estudo dessa língua (FERNANDES, 2020, p. 22).</p><p>Portanto, é preciso distinguir qual é o sujeito e quais são os objetos, direto</p><p>ou indireto, por meio dos chamados “casos da língua grega”. Vamos estudar cada</p><p>um deles em seguida.</p><p>No grego, os casos estão presentes em várias categorias de palavras, como</p><p>substantivos, adjetivos e até alguns modos verbais que são transformados em substantivos.</p><p>Eles irão determinar, por exemplo, a função do substantivo em determinada frase ou ora-</p><p>ção: sujeito, objeto direto, objeto indireto, posse e invocação ou chamamento. São muitas</p><p>as suas funções, mas essas são as mais básicas.</p><p>NOTA</p><p>3.1.1 Nominativo</p><p>O caso está no nominativo quando o sujeito do verbo está fazendo ou</p><p>recebendo a ação. No exemplo, “A mulher limpou o armário”, o substantivo “mu-</p><p>lher” é o sujeito do verbo, apontando quem fez a ação do verbo “limpou”. Então,</p><p>na língua grega, o caso estará no nominativo.</p><p>3.1.2 Genitivo</p><p>É o caso que indica posse, isto é, algo ou alguma coisa pertence a alguém ou</p><p>a algo. Como exemplo, podemos citar a frase: “O vento levou o lenço da menina”.</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ</p><p>43</p><p>Na língua grega, “menina” estará no caso genitivo, pois o lenço pertence</p><p>àquela menina, ou seja, é de propriedade da menina.</p><p>3.1.3 Ablativo</p><p>É o caso que indica “origem” ou “fonte” e, por isso, responde à pergunta:</p><p>“de onde?”. Observe o seguinte exemplo em português: “o jovem tirou o livro da</p><p>estante”. Na língua grega, a palavra “estante” estará no ablativo, pois indica a</p><p>“origem” ou “fonte” de onde o livro foi tirado.</p><p>3.1.4 Dativo</p><p>É o caso que indica o interesse pessoal, aproximando-se, mais ou menos, ao</p><p>objeto indireto da língua portuguesa, que faz uso das preposições “a” e “para” nessas</p><p>ocorrências. A ideia é de destinação: “a quem”, “para quem” ou “ao que” se dirige a</p><p>ação do verbo. Veja um exemplo: “Escrevi ao amigo”. A palavra “amigo”, nesse caso,</p><p>estará no dativo, pois revela quem tem interesse pessoal na ação do verbo.</p><p>3.1.5 Instrumental</p><p>Indica com o que a ação do verbo foi feita, daí o termo instrumental. Note</p><p>o exemplo no português: “o marceneiro pregou o prego com o martelo”. Aqui, fica</p><p>bem fácil compreender que a palavra “martelo” se refere ao instrumento usado</p><p>para fazer a ação do verbo. Assim, na língua grega, esse é um caso instrumental.</p><p>3.1.6 Locativo</p><p>Indica onde a ação do verbo foi feita, relacionada à ideia de local. Por</p><p>exemplo, na frase: “O príncipe se assenta no trono para julgar”, a palavra “trono”,</p><p>na língua grega, estará no locativo, pois responde à pergunta “onde?”</p><p>3.1.7 Acusativo</p><p>Apresenta semelhança com o objeto direto na língua portuguesa. No</p><p>exemplo: “A menina feriu a mão com a faca”, note que a ação do verbo “feriu”</p><p>atingiu a mão, ou seja, esta recebeu diretamente a ação do verbo. Dessa forma, em</p><p>grego, estará no caso acusativo.</p><p>44</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>3.1.8 Vocativo</p><p>Por ser bem específico, é mais fácil de identificar, assim como na língua</p><p>portuguesa. Refere-se a um chamamento ou invocação. No exemplo: “És indes-</p><p>culpável quando julgas, ó homem”, a expressão “ó homem” é um exemplo do</p><p>uso do vocativo também na língua grega. Entretanto, quando estudamos o Novo</p><p>Testamento, não encontramos muitos casos de vocativos.</p><p>Pode-se observar um resumo com os detalhes de cada um desses casos da</p><p>língua grega no Quadro 7.</p><p>QUADRO 7 – OS CASOS NA LÍNGUA GREGA</p><p>Caso Funções Exemplo em</p><p>português</p><p>Exemplo em</p><p>grego</p><p>Nominativo Sujeito do verbo, predicati-</p><p>vo do sujeito O homem ὁ ἄνθρωπος</p><p>Genitivo Posse, pertencimento Do homem τοῦ ἀνθρώπου</p><p>Ablativo Origem, fonte – “de onde?” Do homem τοῦ ἀνθρώπου</p><p>Dativo Objeto indireto – para quem,</p><p>a quem, interesse pessoal</p><p>Para o, ou ao</p><p>homem τᾡ ἀνθρώπῳ</p><p>Instrumental Instrumento, ideia do meio</p><p>– “com quê?”</p><p>Com o, ou pelo</p><p>homem τᾡ ἀνθρώπῳ</p><p>Locativo Ideia de lugar e tempo,</p><p>concreto – “onde?”</p><p>No, ou ao</p><p>homem τᾡ ἀνθρώπῳ</p><p>Acusativo Objeto direto, recebe a ação</p><p>do verbo O homem τὸν ἄνθρωπον</p><p>Vocativo Chamamento, invocação Ó homem ἄνθρωπε</p><p>FONTE: O autor</p><p>Observe o exemplo e a análise das palavras em grego “ὁ ἄνθρωπος ἄγει</p><p>τὸν υἱόν τᾡ ἱερῳ”, que significam “O homem leva o filho ao templo”.</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ</p><p>45</p><p>QUADRO 8 – ANÁLISE DE CASOS EM GREGO</p><p>Palavra em</p><p>grego</p><p>Classe gramatical</p><p>em português Caso em grego Função</p><p>ὁ ἄνθρωπος Artigo + substantivo Caso</p><p>nominativo</p><p>Trata-se do sujeito</p><p>da frase</p><p>τὸν υἱόν Artigo + substantivo Caso acusativo Trata-se do objeto</p><p>da frase</p><p>τᾡ ἱερῳ Artigo + substantivo Caso dativo Trata-se do objeto</p><p>indireto da frase</p><p>ἄγει Verbo, terceira pes-</p><p>soa – Presente do indicativo,</p><p>no singular</p><p>FONTE: O autor</p><p>4 AS DECLINAÇÕES EM GREGO</p><p>Há no grego três sistemas de declinação de substantivos (Quadro 9).</p><p>QUADRO 9 – DECLINAÇÃO DE SUBSTANTIVOS</p><p>Declinação Tema</p><p>Primeira declinação Tem o tema em “α”, alfa</p><p>Segunda declinação Tem o tema em “ο”, ómicron</p><p>Terceira declinação Tem o tema em consoante</p><p>FONTE: O autor</p><p>4.1 A SEGUNDA DECLINAÇÃO</p><p>Embora iniciar pela segunda declinação, em vez da primeira, possa parecer</p><p>estranho, a segunda apresenta menos variações que as outras, sendo comumente en-</p><p>sinada em primeiro lugar. Suas variações são causadas principalmente pelo acento.</p><p>Quase todas as palavras na língua grega, quando escritas, são acentuadas. O</p><p>acento é colocado sobre a sílaba tônica. Entretanto, é importante destacar que, somente</p><p>uma das últimas três sílabas pode receber acento. Nesse sentido há três formas de acento:</p><p>• O acento grave, conforme já mencionado, apresenta o formato de “`”. Esta</p><p>forma pode aparecer somente sobre a última sílaba ou sobre monossílabos</p><p>tônicos e apenas quando a palavra que leva esse acento for seguida por outra.</p><p>• O acento circunflexo pode ter formato de acento circunflexo ou til (~). No</p><p>caso do acento circunflexo, ele pode ser usado somente sobre a última ou pe-</p><p>núltima sílaba e apenas se a vogal da sílaba for longa ou um ditongo longo.</p><p>46</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>Lembre-se de que as vogais longas são η e ω. Em alguns momentos, outras</p><p>vogais podem ser consideradas longas.</p><p>• O acento agudo (´) pode aparecer sobre qualquer das últimas três sílabas.</p><p>Nos substantivos, o acento pode permanecer sobre a mesma sílaba acentuada</p><p>no nominativo singular. É essa a forma que você, acadêmico, encontrará no dicionário.</p><p>Por isso, é necessário aprender a observar a posição do acento no nominativo singular.</p><p>Veremos, a seguir, alguns exemplos das declinações em artigos, observan-</p><p>do como elas ocorrem na prática.</p><p>4.1.1 Segunda declinação – acento agudo na penúltima</p><p>sílaba</p><p>Declinação de um substantivo da segunda declinação que tem acento</p><p>agudo sobre a penúltima sílaba.</p><p>QUADRO 10 – DECLINAÇÃO DE ACENTO AGUDO NA PENÚLTIMA SÍLABA</p><p>Caso Singular Tradução Plural Tradução</p><p>Nominativo ὁ λόγος a palavra οἱ λόγοι as palavras</p><p>Genitivo τοῦ λόγου de palavra τῶν λόγων de palavras</p><p>Ablativo τοῦ λόγου de palavra τῶν λόγων de palavras</p><p>Dativo τᾡ λόγῳ a ou para</p><p>palavra τοῖς λόγοις a ou para</p><p>palavras</p><p>Instrumental τᾡ λόγῳ com ou por</p><p>palavra τοῖς λόγοις com ou por</p><p>palavras</p><p>Locativo τᾡ λόγῳ em ou a uma</p><p>palavra τοῖς λόγοις em ou a</p><p>palavras</p><p>Acusativo τὸν λόγον uma palavra τοῦς λόγους palavras</p><p>Vocativo λόγε ó palavra λόγοι ó palavras</p><p>FONTE: O autor</p><p>Observe, no Quadro 10, que o acento no nominativo está sobre a penúlti-</p><p>ma sílaba e na forma aguda. O acento fica sobre a mesma sílaba pela declinação,</p><p>mudando somente quando obrigado. Na declinação da palavra “λόγος”, não há</p><p>motivo para o acento se deslocar, de modo que ele permanece sobre a penúltima</p><p>sílaba em toda a declinação.</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ</p><p>47</p><p>O acento do artigo nos casos do genitivo, do ablativo, do dativo, do ins-</p><p>trumental e do locativo, tanto no singular como no plural, é o circunflexo, por es-</p><p>tar sobre vogais longas ou ditongos longos. Já o acusativo singular e plural toma</p><p>a forma grave do acento. Os artigos nominativos singular e plural não têm acento,</p><p>mas levam a aspiração forte.</p><p>Quase todos os substantivos cujo nominativo singular terminam em “ος”</p><p>são masculinos, sendo todos da 2ª declinação. A declinação da palavra “λόγος”</p><p>é um exemplo de todos os substantivos da 2ª declinação que têm o acento agudo</p><p>sobre a penúltima sílaba no nominativo singular. É muito importante exercitar</p><p>isto para gravar bem cada um dos casos.</p><p>4.1.2 Segunda declinação – acento agudo na última</p><p>sílaba</p><p>Declinação de um substantivo da segunda declinação com o acento agudo</p><p>sobre a última sílaba (ἀδελφός).</p><p>A partir do exemplo que foi dado sobre a segunda declinação, faça o mesmo</p><p>com a palavra:</p><p>ὁ κόσμος (o mundo)</p><p>DICAS</p><p>Caso Singular Tradução Plural Tradução</p><p>Nominativo ὁ κόσμος</p><p>Genitivo</p><p>Ablativo</p><p>Dativo</p><p>Instrumental</p><p>Locativo</p><p>Acusativo</p><p>Vocativo</p><p>FONTE: O autor</p><p>48</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 11 – DECLINAÇÃO DE ACENTO AGUDO NA PENÚLTIMA SÍLABA</p><p>Caso Singular Tradução Plural Tradução</p><p>Nominativo ὁ ἀδελφός o irmão ὁι ἀδελφοί os irmãos</p><p>Genitivo τοῦ ἀδελφοῦ do irmão τῶν ἀδελφῶν dos irmãos</p><p>Ablativo τοῦ ἀδελφοῦ do irmão τῶν ἀδελφῶν dos irmãos</p><p>Dativo</p><p>τᾡ ἀδελφᾡ a ou para o</p><p>irmão τοῖς ἀδελφοῖς a ou para</p><p>irmãos</p><p>Instrumental τᾡ ἀδελφᾡ com ou por</p><p>irmão τοῖς ἀδελφοῖς com ou por</p><p>irmãos</p><p>Locativo τᾡ ἀδελφᾡ em ou a um</p><p>irmão τοῖς ἀδελφοῖς em ou a</p><p>irmãos</p><p>Acusativo τὸν ἀδελφόν um irmão τοῦς ἀδελφοῦς uns irmãos</p><p>Vocativo ἀδελφέ ó irmão ἀδελφοί ó irmãos</p><p>FONTE: O autor</p><p>Observe que o artigo é o mesmo. O artigo masculino sempre permanece o</p><p>mesmo para todas as palavras masculinas, independentemente de sua declinação.</p><p>As formas da flexão dos substantivos de segunda declinação são sempre as mesmas.</p><p>A única diferença entre a declinação de ο λόγος e ὁ ἀδελφός é a posição do acento.</p><p>A regra sobre o acento é: quando a última sílaba for acentuada e essa</p><p>vogal for breve, o acento será agudo. Ele se torna grave quando diante de ou-</p><p>tra palavra. Quando a última sílaba é uma vogal longa ou um ditongo longo, o</p><p>acento sobre ela é circunflexo. Essa modificação de acento é a única diferença na</p><p>declinação dessas duas classes de palavras da segunda declinação.</p><p>A partir do exemplo que foi dado sobre a segunda declinação, faça o mesmo</p><p>com a seguinte palavra:</p><p>ὁ θεός (o Deus)</p><p>DICAS</p><p>Caso Singular Tradução Plural Tradução</p><p>Nominativo ὁ θεός</p><p>Genitivo</p><p>Ablativo</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ</p><p>49</p><p>FONTE: O autor</p><p>O gênero da palavra é indicado pelo artigo, por isso é importante o estu-</p><p>dante decorar a flexão do artigo. No Quadro 12, é possível comparar o artigo dos</p><p>três gêneros (masculino, feminino e neutro).</p><p>QUADRO 12 – DECLINAÇÃO DO ARTIGO</p><p>SINGULAR MASCULINO FEMININO NEUTRO</p><p>Nominativo ὁ ἡ τό</p><p>Genitivo/ablativo τοῦ τῆς τοῦ</p><p>Dativo/instrumental/</p><p>locativo τᾡ τᾑ τᾡ</p><p>Acusativo τόν τήν τό</p><p>PLURAL</p><p>Nominativo οἱ αἱ τά</p><p>Genitivo/ablativo τῶν τῶν τῶν</p><p>Dativo/instrumental/</p><p>locativo τοῖς ταῖς τοῖς</p><p>Acusativo τοῦς τάς τά</p><p>FONTE: Guiley (1993, p. 58)</p><p>Na próxima unidade, serão abordadas as outras declinações e serão vistos</p><p>exemplos de como acontecem e são declinados.</p><p>Dativo</p><p>Instrumental</p><p>Locativo</p><p>Acusativo</p><p>Vocativo</p><p>50</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental</p><p>Rosa Rossi</p><p>O estudo de uma língua diferente da própria é um instrumento fundamental</p><p>na ativação de processos de comunicação de todos os tipos. O conhecimento de uma</p><p>língua estrangeira permite ampliar a própria dimensão cultural através da leitura de</p><p>textos na língua originária, a compreensão de emissões radiofônicas e televisivas de</p><p>outros países, a possibilidade de se comunicar com outras pessoas de forma escrita.</p><p>Esse processo elimina gradualmente a necessidade de definir “estrangeira”</p><p>uma língua, permitindo, ao mesmo tempo, dilatar as coordenadas espaciais de</p><p>quem se aplicou ao seu estudo.</p><p>Esse tipo de dimensão se oferece aos que enfrentam o estudo de uma língua para</p><p>a ativação de todas as habilidades linguísticas com vistas à aprendizagem completa.</p><p>Mas, às vezes, a aprendizagem pode ser restrita à ativação de uma habilidade: é o caso</p><p>dos cursos instrumentais. O objetivo de tais cursos é dirigido, geralmente, à aquisição</p><p>da capacidade de leitura de um texto, juntamente com a capacidade de acompanhar,</p><p>por exemplo, uma conferência sobre um assunto específico.</p><p>O estudo instrumental revela-se proveitoso em todas as circunstâncias em</p><p>que um estudante ou um profissional precisam pôr-se em contato com textos e</p><p>manuais em uma língua diferente da própria, mas básicos para sua atividade de</p><p>estudo ou trabalho, quando não há traduções devido à especificidade do assunto</p><p>e ao inevitável vínculo entre tradução/publicação/mercado [...].</p><p>Alguns exemplos podem evidenciar a importância histórico-cultural de</p><p>um curso instrumental de língua grega:</p><p>História gr. Ιστσρία; radical i.e. nid (cf. port. ver, it. vedere, fr. voire etc.). O sen-</p><p>tido originário do termo é “descrição, pesquisa” e remonta ao século</p><p>IV a.C., quando, devido às mudanças sociais e econômicas relativas à</p><p>estabilização da polis e ao tráfico comercial na área mediterrânea, di-</p><p>fundiu-se entre os gregos o costume de descrever lugares e povos. Nos</p><p>séculos seguintes, o termo assumiu o sentido que manteve no tempo,</p><p>com respeito à produção histórico-literária de Heródoto, Tucídides etc.</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ</p><p>51</p><p>Política Trata-se de um substantivo derivado diretamente do adjetivo grego</p><p>substantivado τὰ πολιτικά: ο θυε χονχερνε polis. Esse termo indi-</p><p>ca no grego clássico o conjunto de território e habitantes e não tem</p><p>um termo equivalente nas línguas modernas, em que o conceito de</p><p>cidade se desenvolveu de forma diferente. Por isso os termos das</p><p>línguas modernas indicativos de cidade derivaram do latim (civitas,</p><p>civitatis; uibs, uibis) enquanto do grego permaneceu o termo política</p><p>em uma acepção mais limitada e técnica, às vezes acompanhada de</p><p>depreciativos, devido às diferenças entre sociedades.</p><p>Meteorologia gr. Μετεωρολογία (τά μετέωρα): espaços, corpos, fenômenos</p><p>celestes) - estudo dos espaços, corpos, fenômenos celestes. A pre-</p><p>sença deste composto no dicionário grego revela a passagem, na</p><p>cultura grega, do mítico receio por tudo o que era desconhecido</p><p>e, por isso, relacionado com a presença divina, para a observação</p><p>racional dos fenômenos naturais. O termo logos, no sentido de</p><p>estudo, desenvolve o papel de sufixo em muitos termos de for-</p><p>mação análoga, tanto antiga como recente.</p><p>Física O substantivo é derivado do adjetivo grego (φυσικός, ἡ, ον) (perten-</p><p>cente à natureza) relacionado com o substantivo (φυσις, εως) = natu-</p><p>reza. O termo português para indicar o mesmo conceito derivou do</p><p>latim (patura, ae). O termo grego, entretanto, permaneceu, além do caso</p><p>analisado, em função de prefixo/sufixo nos termos específicos da lin-</p><p>guagem médica e biológica, que se formaram ao longo do tempo, com</p><p>relação ao desenvolvimento dos conhecimentos nessas áreas.</p><p>Cinema gr. κίνεμα, ατος = movimento (κίνηω = mover). O substantivo</p><p>foi adotado nos meados do século passado para indicar a novi-</p><p>dade representada pela projeção de imagens "em movimento".</p><p>Pediatria O substantivo é formado por dois termos gregos (παῖς, παιδός =</p><p>criança; ιατρός, οῦ = médico). Esse, assim como muitos outros ter-</p><p>mos da linguagem médica, é formado com base em uma ou mais</p><p>palavras gregas. As formações mais frequentes baseiam-se na união</p><p>de um termo que indica uma parte do corpo humano (καρδία, ας:</p><p>coração; ῆπαρ, ήπατος: fígado etc.) com um prefixo/sufixo.</p><p>Eco Alguns termos gregos estão presentes nas línguas modernas apenas</p><p>em função de prefixos ou sufixos. É o caso do termo grego que indica</p><p>casa (οῖκος, ου): já no dicionário grego encontra-se a palavra οἰκο-</p><p>νομία para indicar tudo o que se relaciona à administração da casa</p><p>e às normas que regulam sua vida (νόμος = norma, lei). Ao longo do</p><p>tempo, a acepção da palavra ampliou-se até designar uma disciplina</p><p>autônoma. O sentido de οῖκος, neste, bem como em outros compos-</p><p>tos, não é mais o de casa mas o sentido, translato, de habitat.</p><p>Os exemplos mostram que o aspecto mais importante da presença grega</p><p>nas línguas modernas é representado pelo léxico, cuja análise evidencia a eti-</p><p>mologia das palavras e sua origem indo-europeia, bem como a história do valor</p><p>52</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>semântico e da modificação ocorrida ao longo do tempo juntamente com as mo-</p><p>dalidades de assimilação nas línguas modernas.</p><p>FONTE: Adaptado de ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental.</p><p>Alfa, São Paulo, v. 39, p. 211-220, 1995. Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 12 fev. 2020.</p><p>Leia, memorize e pratique as seguintes palavras:</p><p>• θάνατος = morte.</p><p>• ἔργον = trabalho.</p><p>• κύριος = senhor.</p><p>• ἄνθρωπος = homem.</p><p>• φωνή = voz.</p><p>• ζωή = vida.</p><p>• ψυχή = alma.</p><p>• ἁμαρτία = pecado.</p><p>• καρδία = coração.</p><p>• σοφία = sabedoria.</p><p>IMPORTANTE</p><p>53</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• A presença do artigo na língua grega identifica ou distingue uma coisa ou</p><p>uma pessoa das demais, enquanto a ausência do artigo sobressai a qualidade</p><p>do substantivo. Também podemos dizer que, ao fazer uso do artigo, o subs-</p><p>tantivo é definido e, quando não utilizado, pode ser definido ou indefinido.</p><p>• Na língua grega, a ordem das palavras não muda o sentido da frase. As pa-</p><p>lavras têm terminações que indicam qual é o sujeito e quais são os objetos</p><p>diretos e indiretos do verbo.</p><p>• No grego, os casos estão presentes em várias categorias de palavras, como subs-</p><p>tantivos, adjetivos e até em alguns modos verbais que são transformados em</p><p>substantivos. Eles irão determinar, por exemplo, a função do substantivo em de-</p><p>terminada frase ou oração: sujeito, objeto direto, objeto indireto, posse e invoca-</p><p>ção ou chamamento. São muitas as suas funções, mas essas são as mais básicas.</p><p>• Os casos da língua grega são: nominativo, genitivo, ablativo, dativo, instru-</p><p>mental, locativo, acusativo, vocativo.</p><p>• O acento grave tem formato “`”. Esta forma pode aparecer somente sobre a</p><p>última sílaba ou sobre monossílabos tônicos, e somente quando a palavra que</p><p>leva este acento for seguida por outra.</p><p>• O acento circunflexo tem formato em acento circunflexo ou til (~). No caso do</p><p>acento circunflexo, ele pode ser colocado somente sobre a última ou penúl-</p><p>tima sílaba e apenas se a vogal da sílaba for longa ou for um ditongo longo.</p><p>Lembre-se de que as vogais longas são η e ω. Em alguns momentos, outras</p><p>vogais podem ser consideradas longas.</p><p>• O acento agudo pode aparecer sobre qualquer das últimas três sílabas.</p><p>• O gênero da palavra é indicado pelo artigo, por isso é importante o estudante</p><p>de grego decorar a flexão do artigo.</p><p>54</p><p>Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem</p><p>pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao</p><p>AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.</p><p>CHAMADA</p><p>• No grego, há três sistemas de declinação de substantivos, chamados de pri-</p><p>meira declinação, que tem o tema em α (alfa); de segunda declinação, que tem</p><p>o tema em ο (ómicron); e de terceira declinação, que tem o tema em consoante.</p><p>55</p><p>1 Preencha as colunas de acordo com os artigos correspondentes:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>Singular Masculino Feminino Neutro</p><p>Nominativo ὁ τό</p><p>Genitivo/Ablativo τῆς</p><p>Dativo/instrumental/locativo</p><p>Acusativo τήν τό</p><p>Plural Masculino Feminino Neutro</p><p>Nominativo αἱ</p><p>Genitivo/Ablativo τῶν τῶν</p><p>Dativo/instrumental/locativo ταῖς</p><p>Acusativo τοῦς τά</p><p>FONTE: O autor</p><p>2 Quase todas as palavras na língua grega, quando escritas, são acentuadas.</p><p>O acento é colocado sobre a sílaba tônica. Entretanto, é importante destacar</p><p>que, somente uma das últimas três sílabas pode receber acento.</p><p>I- O acento grave, conforme já mencionado, apresenta o formato de “`”. Esta</p><p>forma pode aparecer somente sobre a última sílaba ou sobre monossílabos</p><p>tônicos e apenas quando a palavra que leva esse acento for seguida por outra.</p><p>II- O acento analítico (¨), como o próprio nome indica, tem a função de mol-</p><p>dar aquela palavra de uma forma mais analisada, por isso seu uso não é</p><p>tão recorrente.</p><p>III- O acento circunflexo pode ter formato de acento circunflexo ou til (~). No</p><p>caso do acento circunflexo, ele pode ser usado somente sobre a última ou</p><p>penúltima sílaba e apenas se a vogal da sílaba for longa ou um ditongo longo.</p><p>IV- O acento agudo (´) pode aparecer sobre qualquer das últimas três sílabas.</p><p>Ele é bastante recorrente e seu uso é fácil de ser percebido.</p><p>Segundo o exposto, leia as sentenças e depois assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As alternativas I, II e IV estão corretas.</p><p>b) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.</p><p>c) ( ) As alternativas I e III estão corretas.</p><p>d) ( ) As alternativas II e III estão corretas.</p><p>56</p><p>3 Cada substantivo tem uma função específica na frase, conforme sua relação</p><p>com outras palavras da frase. Como vimos, no idioma grego, cada uma des-</p><p>sas funções é denominada de “caso”. Assinale a alternativa que indica quais</p><p>são esses casos da língua grega:</p><p>a) ( ) Nominativo; genitivo; ablativo; dativo; instrumental; locativo; acusativo</p><p>e vocativo.</p><p>b) ( ) Artigo; substantivo; verbo; advérbio; instrumental; locativo; acusativo e</p><p>vocativo.</p><p>c) ( ) Artigo; substantivo; verbo; advérbio; pronome; conjunção e interjeição.</p><p>d) ( ) Nominativo; genitivo; ablativo; dativo; pronome; conjunção e interjeição.</p><p>4 O artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para dar aos seres</p><p>um sentido determinado ou indeterminado. Como sabemos, em português, os</p><p>artigos podem ser definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um, uma, uns, umas).</p><p>Com relação ao uso do artigo na língua grega, analise as sentenças a seguir:</p><p>I- A presença do artigo na língua grega identifica ou distingue uma coisa ou</p><p>uma pessoa das demais, enquanto a ausência do artigo sobressai a quali-</p><p>dade do substantivo.</p><p>II- No grego, há apenas um tipo de artigo, o definido. A falta do artigo é su-</p><p>prida pelo emprego do número um.</p><p>III- Ao fazer uso do artigo, o substantivo é definido e, quando não utilizado,</p><p>pode ser definido ou indefinido.</p><p>IV- O fato de não haver regras fixas sobre o uso do artigo deve levar à conclu-</p><p>são de que a sua presença ou ausência não tem importância.</p><p>Agora, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) As alternativas II e IV estão corretas.</p><p>c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) As alternativas I e IV estão corretas.</p><p>5 Os substantivos são palavras que designam seres. Eles podem ser divididos</p><p>em: comuns, próprios, concretos, abstratos, simples, compostos, primitivos,</p><p>derivados e coletivos. Com relação aos substantivos na língua grega, classi-</p><p>fique em V para verdadeiro e F para falso:</p><p>( ) Nos substantivos, o acento pode permanecer sobre a mesma sílaba acen-</p><p>tuada no nominativo singular. É essa a forma que você, acadêmico, en-</p><p>contrará no dicionário.</p><p>( ) No grego, há três sistemas de declinação de substantivos, chamados de pri-</p><p>meira declinação, que tem o tema em α (alfa); de segunda declinação, que tem</p><p>o tema em ο (ómicron); e de terceira declinação, que tem o tema em consoante.</p><p>57</p><p>( ) Assim como no grego, na língua portuguesa, embora os substantivos te-</p><p>nham funções nas frases e orações, eles são denominados como casos.</p><p>( ) Na língua grega, a ordem das palavras não muda o sentido da frase. As</p><p>palavras têm terminações que indicam qual é o sujeito e quais são os ob-</p><p>jetos diretos e indiretos do verbo.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) V – V – V – F.</p><p>b) ( ) V – F – V – F.</p><p>c) ( ) F – V – F – V.</p><p>d) ( ) V – V – F – V.</p><p>58</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. ed. rev. São Paulo:</p><p>Editora Hagnos, 2002.</p><p>CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Com-</p><p>panhia Editora Nacional, 2010.</p><p>CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutórios para ini-</p><p>ciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014.</p><p>FILHO, J. G. Grego instrumental aplicado ao novo testamento. Curitiba: Inter-</p><p>saberes, 2019a.</p><p>FILHO, J. G. Grego instrumental. Curitiba: Intersaberes, 2019b.</p><p>GUILEY, P. C. Apostila do grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto Bíblico Ma-</p><p>ranata, 1993.</p><p>TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento grego. São Paulo: Editora Batis-</p><p>ta Regular, 1991.</p><p>TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento grego. 9. ed. Rio de</p><p>Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1990.</p><p>THE GREEK NEW TESTAMENT. The standard edition for translators and atu-</p><p>dentes. German Bible Society, 1988.</p><p>ROSA, E. B. KHAIRETE. Para aprender o grego antigo – A Grécia e sua língua.</p><p>Araraquara: FCL/ UNESP, 2015.</p><p>ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 9 out. 2020.</p><p>SOUSA, L. Gramática de grego Koiné. [2007?]. Disponível em: http://bit.ly/3md-</p><p>0C4s. Acesso em: 5 fev. 2020.</p><p>59</p><p>UNIDADE 2 —</p><p>ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS</p><p>DO GREGO KOINÉ</p><p>OBJETIVOS</p><p>DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• compreender algumas classes gramaticais do grego;</p><p>• conhecer o uso do adjetivo e do pronome no grego;</p><p>• inteirar-se das conjunções e dos advérbios na língua grega;</p><p>• familiarizar-se com as preposições e os numerais no grego;</p><p>• memorizar palavras gregas.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,</p><p>você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo</p><p>apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – ADJETIVO E PRONOME</p><p>TÓPICO 2 – ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO</p><p>TÓPICO 3 – NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos</p><p>em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá</p><p>melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>60</p><p>61</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Nesta unidade, vamos estudar as classes gramaticais do grego Koiné. O intuito</p><p>é observar, inicialmente, a parte elementar de cada uma das classes, a fim de propor-</p><p>cionar condições de desenvolver e aprofundar os conhecimentos de cada uma delas.</p><p>Assim, serão abordadas duas classes gramaticais do grego neste primei-</p><p>ro tópico: os adjetivos e os pronomes. Embora não sejam apresentados todos os</p><p>casos da língua grega, o propósito é trazer algo mais introdutório, mas que, ao</p><p>mesmo tempo, possa propiciar os primeiros passos no aprendizado da língua.</p><p>Com relação aos adjetivos, inicialmente, será apresentado o conceito de</p><p>adjetivo e algumas de suas aplicações. Em seguida, estudaremos como os adjeti-</p><p>vos declinam conforme a primeira, segunda e terceira declinações.</p><p>Por fim, veremos os pronomes na língua grega, destacando os pronomes</p><p>pessoal, demonstrativo, possessivo e interrogativo.</p><p>É muito importante observar e exercitar a escrita das palavras em grego.</p><p>Também é necessário estar atento às acentuações, pois, em alguns casos, elas são</p><p>parecidas, mas, com um olhar mais atento, é possível perceber a diferença.</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>ADJETIVO E PRONOME</p><p>λέγει αῦτῷ (ὁ) Ἰησοῦς, Ἐγώ εἰμι ἡ ὁδὸς καὶ ἡ ἀλήθεια καὶ ἡ ζωή.</p><p>“Respondeu Jesus, ‘Eu sou o caminho a verdade e a vida’” (João 14.6).</p><p>2 ADJETIVO</p><p>Normalmente, o adjetivo é compreendido como a palavra que indica qua-</p><p>lidade, estado, aspecto etc. de seres ou ideias nomeados pelo substantivo. Cegalla</p><p>(2010, p. 154) diz que “adjetivos são palavras que expressam as qualidades ou carac-</p><p>terísticas dos seres”. Para Cunha e Cintra (1985, p. 238), “o adjetivo é essencialmente</p><p>um modificador do substantivo”. O adjetivo é uma palavra variável que caracteriza</p><p>o substantivo (ou pronome), atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.</p><p>O substantivo e o adjetivo têm uma relação muito próxima. Em algumas</p><p>ocasiões, a mesma palavra pode ser substantivo ou adjetivo, dependendo da fra-</p><p>se. Como exemplos, podemos citar as seguintes frases:</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>62</p><p>• Um pobre sábio.</p><p>• Um sábio pobre.</p><p>Se analisarmos essas frases, perceberemos que, na primeira, “pobre” é</p><p>substantivo e “sábio”, adjetivo; na segunda, ocorre o inverso. Sobre esse aspecto:</p><p>ao contrário do que se dá com os verbos, as classes tradicionalmente</p><p>denominadas “substantivo” e “adjetivo” têm limites muito pouco cla-</p><p>ros. É fácil distinguir formalmente um substantivo de um verbo, ou</p><p>um adjetivo de um verbo; mas a separação entre substantivos e adjeti-</p><p>vos é tão pouco marcada que há razões para duvidar da existência de</p><p>duas classes distintas [...] um traço (de segunda ordem) que nos pode</p><p>servir para caracterizar os substantivos é a possibilidade de ocorrer</p><p>na função de núcleo de um Sintagma Nominal (PERINI, 2000, p. 22).</p><p>Cegalla (2010, p. 155) destaca que, quanto à formação, o adjetivo pode ser:</p><p>• Primitivo: o que não deriva de outra palavra (bom, forte, feliz etc.).</p><p>• Derivado: o que deriva de substantivos ou verbos (famoso, carnavalesco, amado etc.).</p><p>• Simples: o que é formado de um só elemento (brasileiro, escuro etc.).</p><p>• Composto: o que é formado de mais de um elemento (luso-brasileiro, casta-</p><p>nho-escuro etc.).</p><p>O adjetivo se flexiona e, por isso, varia em gênero (uniformes e biformes),</p><p>número (singular e plural) e grau. No estudo dos adjetivos, também encontramos:</p><p>• Os chamados adjetivos pátrios – que designam nacionalidade, ou lugar de</p><p>origem de alguém ou alguma coisa.</p><p>• Os adjetivos eruditos – que significam “relativo”, “próprio de”, “semelhante a” etc.</p><p>• As locuções adjetivas – expressão que equivale a um adjetivo, por exemplo,</p><p>“da noite” no sentido de “noturno(a)”.</p><p>Para Cunha e Cintra (1985, p. 238), “o adjetivo é essencialmente um modifi-</p><p>cador do substantivo”. É uma palavra variável que caracteriza o substantivo (ou pronome),</p><p>atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.</p><p>NOTA</p><p>Conforme Cegalla (2010, p. 154), “na frase, adjetivos exercem as funções</p><p>sintáticas de predicativo e adjunto adnominal”.</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME</p><p>63</p><p>Em relação à língua grega, o adjetivo concorda em gênero, número e caso</p><p>com o substantivo. Os adjetivos em grego são declinados da mesma forma que</p><p>os substantivos. Veja o exemplo: “ἐγώ εἰμι ὁ ποιμὴν ὁ καλός...” – em português:</p><p>“Eu sou o bom pastor...” (João 10:14).</p><p>Assim como o substantivo, o adjetivo também declina. No grego Koiné,</p><p>temos três classes de declinação: primeira, segunda e terceira declinações. De</p><p>acordo com Taylor (1990, p. 41), “a maioria dos adjetivos da declinação vogal (pri-</p><p>meira e segunda) tem três terminações: -ος (masc.), -η ou -α (fem.) e -ον (neut.).</p><p>Os adjetivos se declinam em gênero, número e caso”.</p><p>2.1 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A PRIMEIRA E</p><p>A SEGUNDA DECLINAÇÕES</p><p>Para facilitar a compreensão, antes de mostrar exemplos das declinações em gre-</p><p>go, destacamos alguns aspectos importantes para o entendimento do adjetivo grego.</p><p>No dicionário de grego, é possível encontrar adjetivos da seguinte forma:</p><p>• Καλός, -ή, -όν = bonito, bom, útil, sem defeito.</p><p>• σοφός, -ή, -όν = perito, sábio, erudito.</p><p>As formas encontradas no dicionário estão no nominativo singular.</p><p>DICAS</p><p>Analisando a forma apresentada no dicionário, deve-se ressaltar que a</p><p>palavra inteira (antes da vírgula) é a forma masculina (isto é, no masculino, a</p><p>escrita correta é apenas καλός), sendo apresentada, na sequência, entre vírgulas,</p><p>a terminação da forma feminina (isto é, a grafia correta da palavra na forma fe-</p><p>minina é καλή); por fim, o último elemento apresentado no dicionário se refere à</p><p>terminação do caso neutro da palavra, cuja grafia é καλόν.</p><p>Contudo, sempre existem exceções. Os adjetivos que têm a letra “ρ” ou uma</p><p>vogal (frequentemente “ι”) imediatamente antes da terminação “ο” do nominativo</p><p>masculino, apresentam terminação com “α” no nominativo feminino. Todos os outros</p><p>adjetivos terminam em “η”, em vez de “α”. Por exemplo: μικρός – μικρά – μικρόν.</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>64</p><p>O adjetivo feminino declina-se conforme a 1ª declinação; o masculino e o</p><p>neutro conforme a 2ª declinação.</p><p>NOTA</p><p>Os Quadros 1 a 3 apresentam as formas masculina, feminina e neutra de</p><p>declinação do adjetivo αγαθός (bom).</p><p>QUADRO 1 – FORMAS NO MASCULINO DO ADJETIVO BOM</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo αγαθός αγαθοί</p><p>Genitivo αγαθοῦ αγαθῶν</p><p>Ablativo αγαθοῦ αγαθῶν</p><p>Dativo αγαθᾡ αγαθοῖς</p><p>Instrumental αγαθᾡ αγαθοῖς</p><p>Locativo αγαθᾡ αγαθοῖς</p><p>Acusativo αγαθόν αγαθούς</p><p>Vocativo αγαθέ αγαθοί</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 2 – FORMAS NO FEMININO DO ADJETIVO BOM</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo αγαθή αγαθαί</p><p>Genitivo αγαθῆς αγαθῶν</p><p>Ablativo αγαθῆς αγαθῶν</p><p>Dativo αγαθᾑ αγαθαῖς</p><p>Instrumental αγαθᾑ αγαθαῖς</p><p>Locativo αγαθᾑ αγαθαῖς</p><p>Acusativo αγαθήν αγαθάς</p><p>Vocativo αγαθή αγαθαί</p><p>FONTE: O autor</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME</p><p>65</p><p>QUADRO 3 – FORMAS NO NEUTRO DO ADJETIVO BOM</p><p>FONTE: O autor</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo αγαθόν αγαθά</p><p>Genitivo αγαθοῦ αγαθῶν</p><p>Ablativo αγαθοῦ αγαθῶν</p><p>Dativo αγαθᾡ αγαθοῖς</p><p>Instrumental αγαθᾡ αγαθοῖς</p><p>Locativo αγαθᾡ αγαθοῖς</p><p>Acusativo Αγαθόν αγαθά</p><p>Vocativo αγαθόν Αγαθά</p><p>Outro exemplo parecido, mas com diferença de terminação no feminino,</p><p>pode ser visto na declinação do adjetivo μικρός (pequeno), conforme apresenta-</p><p>do nos Quadros 4 a 6.</p><p>QUADRO 4 – FORMAS NO MASCULINO DO ADJETIVO PEQUENO</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo μικρός μικροί</p><p>Genitivo μικροῦ μικρῶν</p><p>Ablativo μικροῦ μικρῶν</p><p>Dativo μικρᾡ μικροῖς</p><p>Instrumental μικρᾡ μικροῖς</p><p>Locativo μικρᾡ μικροῖς</p><p>Acusativo μικρόν μικρούς</p><p>Vocativo μικρέ μικροί</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 5 – FORMAS NO FEMININO DO ADJETIVO PEQUENO</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo μικρά μικραί</p><p>Genitivo μικρᾶς μικρῶν</p><p>Ablativo μικρᾶς μικρῶν</p><p>Dativo μικρᾷ μικραῖς</p><p>Instrumental μικρᾷ μικραῖς</p><p>Locativo μικρᾷ μικραῖς</p><p>Acusativo μικράν μικράς</p><p>Vocativo μικρά μικραί</p><p>FONTE: O autor</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>66</p><p>QUADRO 6 – FORMAS NO NEUTRO DO ADJETIVO PEQUENO</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo μικρόν μικρά</p><p>Genitivo μικροῦ μικρῶν</p><p>Ablativo μικροῦ μικρῶν</p><p>Dativo μικρᾡ μικροῖς</p><p>Instrumental μικρᾡ μικροῖς</p><p>Locativo μικρᾡ μικροῖς</p><p>Acusativo μικρόν μικρά</p><p>Vocativo μικρόν μικρά</p><p>FONTE: O autor</p><p>2.2 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A TERCEIRA</p><p>DECLINAÇÃO</p><p>No dicionário, os adjetivos da terceira declinação aparecerão da seguinte</p><p>forma: ἀληθής, -ές = verdadeiro, confiável, sincero.</p><p>Nessa classe de adjetivos, o masculino e o feminino usam a mesma forma. Nos</p><p>Quadros 7 e 8, podemos observar como é feita a declinação do adjetivo ἀληθής, -ές.</p><p>QUADRO 7 – FORMAS NO MASCULINO E NO FEMININO DO ADJETIVO VERDADEIRO</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo ἀληθής ἀληθεῖς</p><p>Genitivo ἀληθοῦς (-έος) ἀληθῶν</p><p>Ablativo ἀληθοῦς (-έος) ἀληθῶν</p><p>Dativo ἀληθεῖ ἀληθέσι</p><p>Instrumental ἀληθεῖ ἀληθέσι</p><p>Locativo ἀληθεῖ ἀληθέσι</p><p>Acusativo ἀληθῆ (-έα) ἀληθεῖς (-έας )</p><p>Vocativo − −</p><p>FONTE: O autor</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME</p><p>67</p><p>QUADRO 8 – FORMAS NO NEUTRO DO ADJETIVO VERDADEIRO</p><p>Caso Singular Plural</p><p>Nominativo ἀληθές ἀληθῆ (-έα)</p><p>Genitivo ἀληθοῦς ἀληθῶν</p><p>Ablativo ἀληθοῦς ἀληθῶν</p><p>Dativo ἀληθεῖ ἀληθέσι</p><p>Instrumental ἀληθεῖ ἀληθέσι</p><p>Locativo ἀληθεῖ ἀληθέσι</p><p>Acusativo ἀληθές ἀληθῆ</p><p>Vocativo</p><p>FONTE: O autor</p><p>Além dos adjetivos dessas classes, há alguns que não seguem exatamente</p><p>essas formas, apresentando grandes irregularidades.</p><p>NOTA</p><p>A seguir, vemos alguns exemplos do uso dos adjetivos empregados em frases:</p><p>• “οἱ μαθηταὶ οἱ ἀγαπητοὶ” – “Os discípulos amados”.</p><p>• “τὸν καλὸν λόγον” – “A bela palavra”.</p><p>• “τὸ τέκνον τὸ ἀγαπητὀν” – “O filho amado”.</p><p>• “ὡς καλὸς ἐστιν ὁ κύριος” – “Como é bom/belo o senhor”.</p><p>• “ὁ ἀγαθός δοῦλος” – “O bom servo”.</p><p>3 PRONOME</p><p>Primeiramente, é importante esclarecer o que são pronomes. De acordo</p><p>com Taylor (1990, p. 47), “pronome é toda palavra que substitui o nome, indican-</p><p>do-lhe a pessoa gramatical”. Conforme Cegalla (2010, p. 170), “pronomes são pa-</p><p>lavras que representam os nomes dos seres ou os determinam, indicando a pessoa</p><p>do discurso”. Por fim, na definição de Guiley (1993, p. 68), “pronomes são palavras</p><p>que substituem os substantivos na sentença, evitando a necessidade de repeti-los”.</p><p>Para exemplificar, na frase: “eu levo o cachorro e o guio” = “eu levo o ca-</p><p>chorro e guio o cachorro” – o pronome “o” substitui a palavra cachorro. Assim,</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>68</p><p>ao substituir algo na frase, o pronome evita que ocorra a sua repetição. Nesse</p><p>caso, o nome substituído pelo pronome é chamado de “antecedente”. Então, no</p><p>exemplo citado, cachorro é o antecedente de “o”.</p><p>Conforme Cegalla (2010, p. 170), “pronomes são palavras que representam os</p><p>nomes dos seres ou os determinam, indicando a pessoa do discurso”.</p><p>ATENCAO</p><p>Na língua portuguesa, há seis espécies ou classes de pronomes: pessoais,</p><p>possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Na língua</p><p>grega encontramos três classes a mais: os intensivos, os reflexivos e os recípro-</p><p>cos. Não abordaremos todos eles, porém serão destacados os mais utilizados.</p><p>É muito importante lembrar que o pronome sempre concorda com seu</p><p>antecedente em gênero e número.</p><p>3.1 PRONOME PESSOAL</p><p>Os pronomes pessoais “são palavras que substituem os nomes e represen-</p><p>tam pessoas do discurso” (CEGALLA, 2010, p. 170).</p><p>Os Quadros 9 a 12 apresentam a declinação dos pronomes da primeira</p><p>pessoa no singular (ἐγώ – eu) e no plural (ἡμεῖς – nós) e da segunda pessoa no</p><p>singular (σύ – tu) e no plural (ὑμεῖς – vós).</p><p>QUADRO 9 – PRONOME PESSOAL EU</p><p>Caso Singular Tradução</p><p>Nominativo ἐγώ eu</p><p>Genitivo ἐμοῦ (μου) de mim, meu</p><p>Ablativo ἐμοῦ (μου) de mim, meu</p><p>Dativo ἐμοί (μοι) a mim</p><p>Instrumental ἐμοί (μοι) a mim</p><p>Locativo ἐμοί (μοι) a mim</p><p>Acusativo ἐμέ (με) me</p><p>Vocativo − −</p><p>FONTE: O autor</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME</p><p>69</p><p>QUADRO 10 – PRONOME PESSOAL NÓS</p><p>Caso Singular Tradução</p><p>Nominativo ἡμεῖς nós</p><p>Genitivo ἡμῶν de mim, meu</p><p>Ablativo ἡμῶν de mim, meu</p><p>Dativo ἡμῖν a nós</p><p>Instrumental ἡμῖν a nós</p><p>Locativo ἡμῖν a nós</p><p>Acusativo ἡμᾶς Nos</p><p>Vocativo − −</p><p>QUADRO 11 – PRONOME PESSOAL TU</p><p>Caso Singular Tradução</p><p>Nominativo σύ tu</p><p>Genitivo σοῦ (σου) de ti, teu</p><p>Ablativo σοῦ (σου) de ti, teu</p><p>Dativo σοί (σοι) a ti</p><p>Instrumental σοί (σοι) a ti</p><p>Locativo σοί (σοι) a ti</p><p>Acusativo σέ (σε) te</p><p>Vocativo σύ ó tu</p><p>FONTE: O autor</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 12 – PRONOME PESSOAL VÓS</p><p>Caso Singular Tradução</p><p>Nominativo ὑμεῖς vós</p><p>Genitivo ὑμῶν de vós, vosso</p><p>Ablativo ὑμῶν de vós, vosso</p><p>Dativo ὑμῖν a vós</p><p>Instrumental ὑμῖν a vós</p><p>Locativo ὑμῖν a vós</p><p>Acusativo ὑμᾶς vos</p><p>Vocativo ὑμεῖς ó vós</p><p>FONTE: O autor</p><p>É importante ressaltar que, conforme afirma Guiley (1993, p. 44), “[...] não</p><p>há pronome pessoal da terceira pessoa. Usa-se o pronome intensivo αὐτός; ou, às</p><p>vezes emprega-se o artigo como se fosse pronome”.</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>70</p><p>Conforme Guiley (1993, p. 44), “propriamente, não há pronome pessoal da ter-</p><p>ceira pessoa. Usa-se o pronome intensivo αὐτός; ou, às vezes emprega-se o artigo como</p><p>se fosse pronome”.</p><p>ATENCAO</p><p>3.2 PRONOME DEMONSTRATIVO</p><p>“Pronomes demonstrativos são os que indicam o lugar, a posição ou a</p><p>identidade dos seres, relativamente às pessoas do discurso” (CEGALLA, 2010, p.</p><p>173). São usados para chamar atenção, com ênfase para uma pessoa ou um objeto.</p><p>Como exemplos de pronomes demonstrativos, podemos citar: este, esse, aquele,</p><p>mesmo, mesma, tal, tais, semelhantes, próprio, isto, isso, o, a, os, as etc.</p><p>No grego Koiné, há dois pronomes que se destacam entre os demonstrativos:</p><p>• οὗτος: é usado para chamar atenção à pessoa ou ao objeto perto da pessoa</p><p>que fala. Corresponde à palavra “este(a)” em português (Quadros 13 e 14);</p><p>• ἐκεῖνος: é usado para chamar atenção à pessoa ou ao objeto relativamente</p><p>distante da pessoa que fala. Corresponde à palavra “aquele”.</p><p>QUADRO 13 – DECLINAÇÃO DO PRONOME DEMONSTRATIVO ESTE(A) NO SINGULAR</p><p>Caso Masculino Feminino Neutro</p><p>Nominativo οὗτος αὗτη τοῦτο</p><p>Genitivo τούτου ταύτης τούτου</p><p>Ablativo τούτου ταύτης τούτου</p><p>Dativo τούτῳ ταύτῃ τούτῳ</p><p>Instrumental τούτῳ ταύτῃ τούτῳ</p><p>Locativo τούτῳ ταύτῃ τούτῳ</p><p>Acusativo τοῦτον ταύτην τοῦτο</p><p>FONTE: O autor</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME</p><p>71</p><p>QUADRO 14 – DECLINAÇÃO DO PRONOME DEMONSTRATIVO ESTE(A) NO PLURAL</p><p>Caso Masculino Feminino Neutro</p><p>Nominativo οὗτοι αὗται ταῦτα</p><p>Genitivo τούτων ταύτων τούτων</p><p>Ablativo τούτων ταύτων τούτων</p><p>Dativo τούτοις ταύταις τούτοις</p><p>Instrumental τούτοις ταύταις τούτοις</p><p>Locativo τούτοις ταύταις τούτοις</p><p>Acusativo τούτους ταύτας ταῦτα</p><p>FONTE: O autor</p><p>A declinação de οὗτος é igual à de ἐκεῖνος, com exceção do acento. Em-</p><p>prega-se a 1ª declinação para o feminino e a 2ª para o masculino e o neutro.</p><p>3.3 PRONOME POSSESSIVO</p><p>Pronomes possessivos são aqueles que indicam posse às pessoas do discurso.</p><p>Alguns exemplos na língua portuguesa são: meu, minha, teu, tua, seu sua, nosso,</p><p>nossa, vosso e vossa. No grego Koiné, existem quatro pronomes possessivos: ἐμός</p><p>(meu, minha – Quadros 15 e 16), σός (teu, tua), ἡμέτερος (nosso, nossa) e ὑμέτερος</p><p>(vosso, vossa), que são declinados nos três gêneros e na primeira e segunda decli-</p><p>nações. Como visto anteriormente, o grego Koiné não tem pronome possessivo de</p><p>terceira pessoa, por isso, usa-se o pronome αὐτός no genitivo para</p><p>suprir essa “falta”.</p><p>No grego Koiné, encontramos quatro pronomes possessivos: ἐμός (meu, mi-</p><p>nha), σός (teu, tua), ἡμέτερος (nosso, nossa) e ὑμέτερος (vosso, vossa).</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>72</p><p>QUADRO 15 – DECLINAÇÃO DO PRONOME MEU/MINHA NO SINGULAR</p><p>Caso Masculino Feminino Neutro</p><p>Nominativo ἐμός ἐμέ ἐμόν</p><p>Genitivo ἐμοῦ ἐμῆς ἐμοῦ</p><p>Ablativo ἐμοῦ ἐμῇς ἐμοῦ</p><p>Dativo ἐμῷ ἐμῇ ἐμῷ</p><p>Instrumental ἐμῷ ἐμῇ ἐμῷ</p><p>Locativo ἐμῷ ἐμῇ ἐμῷ</p><p>Acusativo ἐμόν ἐμήν ἐμόν</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 16 – DECLINAÇÃO DO PRONOME MEU/MINHA NO PLURAL</p><p>Caso Masculino Feminino Neutro</p><p>Nominativo ἐμοί ἐμαί ἐμά</p><p>Genitivo ἐμῶν ἐμῶν ἐμῶν</p><p>Ablativo ἐμῶν ἐμῶν ἐμῶν</p><p>Dativo ἐμοῖς ἐμαῖς ἐμοῖς</p><p>Instrumental ἐμοῖς ἐμαῖς ἐμοῖς</p><p>Locativo ἐμοῖς ἐμαῖς ἐμοῖς</p><p>Acusativo ἐμούς ἐμάς ἐμά</p><p>FONTE: O autor</p><p>Dessa maneira, a declinação de σός, σή e σόν (isto é, teu, tua) segue o</p><p>mesmo sistema da declinação de ἐμός.</p><p>Como exemplo do emprego de pronome possessivo em uma frase, segue</p><p>um trecho do Novo Testamento: “ἡ κρίσις ἡ ἐμὴ δικαία ἐστιν” – em português:</p><p>“O meu juízo é justo” (João 5.30).</p><p>3.4 PRONOME INTERROGATIVO</p><p>Na língua portuguesa, os pronomes interrogativos são usados para a for-</p><p>mulação de perguntas diretas ou indiretas. São exemplos: que, quem, qual, quais,</p><p>quanto, quanta, quantos, quantas. No grego Koiné, os pronomes interrogativos são</p><p>τίς (masculino e feminino) e τί (neutro), sendo declinados conforme a terceira decli-</p><p>nação. Assim, tanto o masculino como o feminino usam as mesmas formas (τίς).</p><p>De acordo com Guiley (1993, p. 74), “em algumas situações, esse pronome</p><p>pode corresponder ao relativo e, em outras, tem a força de um advérbio”.</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME</p><p>73</p><p>No grego Koiné, os pronomes interrogativos são τίς e τί, declinados conforme</p><p>a terceira declinação. O masculino e o feminino usam as mesmas formas (τίς).</p><p>ATENCAO</p><p>QUADRO 17 – DECLINAÇÃO DOS PRONOMES INTERROGATIVOS NO SINGULAR</p><p>Caso Masc./Fem. Neutro</p><p>Nominativo τίς τί</p><p>Genitivo τίνος τίνος</p><p>Ablativo τίνος τίνος</p><p>Dativo τίνι τίνι</p><p>Instrumental τίνι τίνι</p><p>Locativo τίνι τίνι</p><p>Acusativo τίνα τί</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 18 – DECLINAÇÃO DOS PRONOMES INTERROGATIVOS NO PLURAL</p><p>Caso Masc./Fem. Neutro</p><p>Nominativo τίνες τίνα</p><p>Genitivo τίνων τίνων</p><p>Ablativo τίνων τίνων</p><p>Dativo τίσι τίσι</p><p>Instrumental τίσι τίσι</p><p>Locativo τίσι τίσι</p><p>Acusativo τίνας τίνα</p><p>FONTE: O autor</p><p>Para auxiliar na memorização do vocabulário, a seguir, reforçamos alguns</p><p>adjetivos vistos neste tópico:</p><p>• Καλός= bom, bonito.</p><p>• Αγαθός = bom.</p><p>• Κακός= mau, perverso.</p><p>NOTA</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>74</p><p>• Μικρός = pequeno.</p><p>• Αἰώνιος = eterno.</p><p>• Ἀληθεῖς = verdadeiro.</p><p>• Νεκρός = morto.</p><p>• Πιστός = fiel.</p><p>• Γλῶσσα = língua.</p><p>• Δόξα = glória.</p><p>O uso do adjetivo na posição atributiva ou predicativa</p><p>Os adjetivos se referem aos substantivos, em duas maneiras: (1) atributiva, ou (2) predicativa.</p><p>• Na frase: ὁ πιστὸς δοῦλος (o servo fiel), πιστὸς (fiel) é adjetivo atributivo, qualifica o</p><p>substantivo δοῦλος (servo), para descrever sem asseverar.</p><p>• Na frase: ὁ δοῦλος πιστὸς (o servo [é] fiel), o adjetivo predicativo πιστὸς (fiel) assevera</p><p>a fidelidade do substantivo δοῦλος (servo).</p><p>É importante compreender essa distinção entre os adjetivos atributivos e predicativos, no</p><p>grego: que o predicativo adiciona uma afirmação e o atributivo é uma descrição aderente.</p><p>Veja os seguintes exemplos da posição do adjetivo:</p><p>1. A posição atributiva do adjetivo:</p><p>• ὁ πιστὸς δοῦλος – o servo fiel.</p><p>• ὁ δοῦλος ὁ πιστὸςo – servo fiel.</p><p>Nota-se que o adjetivo segue imediatamente depois do artigo. Existe ainda outra ordem possí-</p><p>vel da posição atributiva, embora não seja muito usada no Novo Testamento: δοῦλος ὁ πιστὸς.</p><p>2. A posição predicativa do adjetivo:</p><p>• ὁ δοῦλος πιστὸς – o servo (é) fiel.</p><p>• πιστὸς ὁ δοῦλος – o servo (é) fiel.</p><p>Nota-se que o adjetivo não vem imediatamente depois do artigo, mas precede o artigo</p><p>ou segue o substantivo. Quando não há artigo na frase, o contexto tem que decidir se o</p><p>adjetivo é atributivo ou predicativo; por exemplo, πιστὸς δοῦλος pode ser ou atributivo</p><p>(um servo fiel) ou predicativo (um servo é fiel).</p><p>No Novo Testamento, ὃλος (inteiro) nunca toma a posição atributiva.</p><p>Deve-se formar o hábito de escrever o acento, quando se escreve a palavra grega, como</p><p>nós escrevemos os pontos nos is. É um erro esperar até depois de se escrever a sentença</p><p>toda para acentuarmos as palavras que a compõem.</p><p>Note que quando ε, ι ou ρ precedem a vogal final da raiz do adjetivo, o feminino termina em -α</p><p>no nominativo singular. Já no nom. gen. e abl. plural do feminino, o acento segue o masculino.</p><p>Alguns adjetivos têm apenas duas terminações, sendo idênticas as formas masculinas e</p><p>femininas. Por exemplo: ἄδικος, -ον (injusto – especialmente adjetivos compostos).</p><p>Frases preposicionais ou mesmo advérbios frequentemente se usam na preposição atri-</p><p>butiva, como adjetivos. Por exemplo, οἱ ἑν τᾡ πλοίω ἀπόςτολοι (os apóstolos no bote),</p><p>podendo o substantivo estar subentendido, τὰ ἐν τοῖς οὐπαρνοῖς (as coisas no céu).</p><p>IMPORTANTE</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME</p><p>75</p><p>O adjetivo é usado muitas vezes, em qualquer gênero, como um substantivo, geralmente,</p><p>com o artigo, mas, às vezes, sem ele. Por exemplo: οἱ δίκαιοι (os justos), τᾑ Τρίτᾑ (ao ter-</p><p>ceiro dia), ἑτέρα (outra [mulher]), ὁ πονηρός (o Maligno), τὰ ἀγαθά (as coisas boas).</p><p>O infinitivo (geralmente ativo) é empregado com adjetivos, de um modo complemen-</p><p>tar, e com substantivos e verbos, especialmente quando essas palavras significam poder,</p><p>capacidade, utilidade e adaptação. Por exemplo: δυνατὸς σώζειν (poderoso para salvar),</p><p>δύναμαι ἀκούειν (posso ouvir), ἐξουσία ἀποστέλλειν (autoridade para enviar).</p><p>FONTE: Adaptado de TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento Grego.</p><p>9. ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1990. p. 42-45.</p><p>76</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>• Adjetivos são palavras que expressam as qualidades ou características dos seres.</p><p>• O adjetivo é uma palavra variável que caracteriza o substantivo (ou prono-</p><p>me), atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.</p><p>• Quanto à formação, o adjetivo pode ser: primitivo, derivado, simples ou composto.</p><p>• De acordo com Taylor (1990, p. 41), “a maioria dos adjetivos da declinação</p><p>vogal (primeira e segunda) tem três terminações: -ος (masc.), -η ou -α (fem.) e</p><p>-ον (neut.). Os adjetivos se declinam em gênero, número e caso”.</p><p>• Os pronomes “são palavras que representam os nomes dos seres ou os deter-</p><p>minam, indicando a pessoa do discurso” (CEGALLA, 2010, p. 170).</p><p>• Na língua portuguesa, há seis espécies ou classes de pronomes: pessoais, pos-</p><p>sessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Na língua gre-</p><p>ga, encontramos três classes a mais: os intensivos, os reflexivos e os recíprocos.</p><p>• Os pronomes pessoais “são palavras que substituem os nomes e representam</p><p>pessoas do discurso” (CEGALLA, 2010, p. 170).</p><p>• O pronome demonstrativo é usado para chamar atenção, com ênfase para</p><p>uma pessoa ou um objeto. São exemplos de pronomes demonstrativos na lín-</p><p>gua portuguesa: este, esse, aquele, mesmo, mesma, tal, tais, semelhantes, pró-</p><p>prio, isto, isso, o, a, os, as etc.</p><p>• Pronomes possessivos são aqueles que indicam posse às pessoas do discurso,</p><p>podendo-se citar alguns exemplos na língua portuguesa: meu, minha, teu,</p><p>tua, seu sua, nosso, nossa, vosso e vossa.</p><p>• No grego Koiné, encontramos quatro pronomes possessivos: ἐμός (meu, mi-</p><p>nha), σός (teu, tua), ἡμέτερος (nosso, nossa) e ὑμέτερος (vosso, vossa).</p><p>• Exemplos de pronomes interrogativos são: que, quem, qual, quais, quanto, quan-</p><p>ta, quantos, quantas. No grego Koiné, os pronomes interrogativos são τίς e τί.</p><p>77</p><p>1 No grego Koiné, a maioria das terminações dos adjetivos são -ος (masc.),</p><p>-η ou -α (fem.) e -ον (neut.). Preencha o quadro, a seguir, empregando cor-</p><p>retamente a declinação da palavra κακός, conforme as formas masculina e</p><p>feminina no singular e no plural.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>Caso</p><p>DECLINAÇÃO NO</p><p>MASCULINO</p><p>DECLINAÇÃO NO</p><p>FEMININO</p><p>Singular Plural Singular Plural</p><p>Nominativo</p><p>Genitivo</p><p>Ablativo</p><p>Dativo</p><p>Instrumental</p><p>Locativo</p><p>Acusativo</p><p>Vocativo</p><p>FONTE: O autor</p><p>2 Analisando a disposição das palavras no dicionário grego, percebemos que</p><p>a primeira forma é a masculina, seguida pelas terminações na forma femi-</p><p>nina e, por fim, neutra. Pratique a escrita das palavras, a seguir, em grego:</p><p>a) Língua.</p><p>b) Bom.</p><p>c) Morto.</p><p>d) Deus.</p><p>e) Palavra.</p><p>f) Discípulos.</p><p>g) Amado.</p><p>78</p><p>h) Fiel.</p><p>i) Servo.</p><p>j) Justos.</p><p>3 Para o aprendizado de uma língua, é fundamental que o estudante conheça</p><p>as classes gramaticais e compreenda o uso de cada uma delas. Duas classes</p><p>de muita importância no funcionamento da língua são os adjetivos e os</p><p>pronomes. Analise as sentenças a seguir relacionadas ao uso dos adjetivos</p><p>e dos pronomes gregos:</p><p>I- Os pronomes são palavras que expressam as qualidades ou as caracterís-</p><p>ticas dos seres.</p><p>II- Exemplos de pronomes interrogativos são: que, quem, qual, quais, quan-</p><p>to, quanta, quantos, quantas. No grego Koiné, os pronomes interrogativos</p><p>são τίς e τί.</p><p>III- O adjetivo é uma palavra variável, que caracteriza o substantivo (ou pro-</p><p>nome), atribuindo-lhe qualidade, estado, aspecto etc.</p><p>IV- Os pronomes pessoais “são palavras que substituem os nomes e represen-</p><p>tam pessoas do discurso”.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a alternativa IV está correta.</p><p>c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) As alternativas I e III estão corretas.</p><p>4 De acordo com a grafia correta na língua grega, analise as palavras a seguir</p><p>e sua respectiva tradução, classificando V para as sentenças verdadeiras e F</p><p>para as falsas:</p><p>( ) Κακός = mau, perverso.</p><p>( ) Αἰώνιος = eterno.</p><p>( ) Ἀληθεῖς = mentira.</p><p>( ) Νεκρός = morto.</p><p>( ) Δόξα = porta.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – V – F – V – F.</p><p>b) ( ) F – F – V – V – V.</p><p>c) ( ) V – V – V – V – F.</p><p>d) ( ) F – V – F – V – V.</p><p>79</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Neste tópico, estudaremos especificamente dois aspectos gramaticais: ad-</p><p>vérbios e conjunções.</p><p>Inicialmente, vamos abordar os advérbios, recordando a classe de palavras</p><p>na língua portuguesa, sua definição e, na sequência, suas classes para, depois, che-</p><p>garmos ao uso dos advérbios no grego Koiné. Com relação aos advérbios na língua</p><p>grega, destacaremos alguns aspectos e exemplos da formação dos advérbios e suas</p><p>declinações, bem como exemplos do seu uso, especialmente no Novo Testamento.</p><p>Em um segundo momento, trataremos especificamente das conjunções. Se-</p><p>guindo o mesmo padrão adotado ao longo deste livro didático, primeiramente, va-</p><p>mos conceituar o que é conjunção na língua portuguesa e relembrar a diferença entre</p><p>conjunções coordenativas e subordinativas. Depois, focaremos nas conjunções na lín-</p><p>gua grega (com ênfase no grego Koiné), destacando alguns exemplos mais utilizados</p><p>no Novo Testamento e observando o seu significado e um pouco do seu uso.</p><p>TÓPICO 2 —</p><p>ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO</p><p>“οἱ δὲ εἶπαν, πἰστευσον ἐπὶ τὸν κύριον Ἰησοῦν καἰ σωθήσῃ σὺ καὶ ὁ οἶκός σου”.</p><p>“E eles disseram: Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua casa” (Atos 16:31).</p><p>2 ADVÉRBIO</p><p>O advérbio é, fundamentalmente, um modificador do verbo (CUNHA;</p><p>CINTRA, 1985, p. 529). De acordo com Guiley (1993, p. 75), trata-se de uma pa-</p><p>lavra indeclinável, empregada para modificar um verbo, um adjetivo ou outro</p><p>advérbio. Muitos dos advérbios são formados de adjetivos.</p><p>Para Cegalla (2010, p. 243), advérbio é uma palavra que modifica o sentido</p><p>do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio. A maioria dos advérbios modificam o</p><p>verbo, ao qual acrescentam uma circunstância, e apenas os de intensidade podem</p><p>modificar também adjetivos e advérbios. Tanto Cegalla (2010) como outros gramá-</p><p>ticos apontam que há várias classes de advérbios na língua portuguesa, como:</p><p>• Advérbios de afirmação: sim, certamente, realmente etc.</p><p>• Advérbios de dúvida: talvez, porventura, provavelmente etc.</p><p>• Advérbios de intensidade: muito, pouco, bastante, mais, menos, completa-</p><p>mente, bem, mal, demais, nada etc.</p><p>80</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>• Advérbios de lugar: abaixo, acima, aqui, ali, dentro, fora, perto, longe etc.</p><p>• Advérbios de modo: assim, depressa, calmamente (quase todos os advérbios</p><p>terminados em mente) etc.</p><p>• Advérbios de negação: não, tampouco.</p><p>• Advérbios de tempo: hoje, amanhã, agora, já, sempre, nunca, jamais, logo,</p><p>simultaneamente, imediatamente etc.</p><p>Há, também, os chamados advérbios interrogativos. As palavras que normal-</p><p>mente se referem a interrogações diretas e indiretas vinculadas às circunstâncias de</p><p>tempo, lugar, causa e modo. São palavras como: quando? Como? Por quê? Onde?</p><p>Outra observação importante é que, em geral, os advérbios que terminam em</p><p>“mente” derivam-se de adjetivos. Por exemplo: feroz (adjetivo) e ferozmente (advérbio).</p><p>Advérbio é uma palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do pró-</p><p>prio advérbio. A maioria dos advérbios modifica o verbo, ao qual acrescentam uma circuns-</p><p>tância. Só os advérbios de intensidade podem modificar também adjetivos e advérbios.</p><p>NOTA</p><p>2.1 ADVÉRBIOS GREGOS</p><p>Na língua grega, a identificação dos advérbios é feita por meio das suas</p><p>terminações. Geralmente, os advérbios que terminam em:</p><p>• “ως”: são de modo;</p><p>• “οτε”: são advérbios de tempo;</p><p>• “ου”: são advérbios de lugar;</p><p>• “ακις”: são chamados de “advérbios de frequência”, ou seja, respondem à</p><p>pergunta “quantas vezes?”.</p><p>A seguir, iremos explorar algumas dessas terminações nos respectivos</p><p>advérbios.</p><p>2.1.1 Classe de advérbios de acordo com sua terminação</p><p>Nos quadros a seguir, observaremos atentamente a parte final de cada</p><p>palavra em grego.</p><p>TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO</p><p>81</p><p>QUADRO 19 – ADVÉRBIOS TERMINADOS EM “Ω”</p><p>GREGO TRADUÇÃO</p><p>ἄνω em cima</p><p>κάτω em baixo</p><p>ἔξω fora</p><p>ἔσω dentro</p><p>ὀπίσω atrás</p><p>μηδέπω ainda não</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 20 – CLASSE DE ADVÉRBIOS QUE TERMINAM EM “ΟΤΕ”</p><p>GREGO TRADUÇÃO</p><p>πότε quando?</p><p>τότε então</p><p>ποτέ em algum lugar</p><p>ὅτε quando</p><p>ὁπότε quando</p><p>πάντότε sempre</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 21 – CLASSE DE ADVÉRBIOS QUE TERMINAM EM “ΟΥ”</p><p>GREGO TRADUÇÃO</p><p>ποῦ onde?</p><p>ὅπου onde</p><p>ὁμου junto, juntamente</p><p>οὐ não</p><p>FONTE: O autor</p><p>82</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 22 – ADVÉRBIOS QUE TERMINAM EM “ΘΕΝ”</p><p>GREGO TRADUÇÃO</p><p>ἄνωθεν de cima, outra vez</p><p>ἔξωθεν de fora</p><p>ἔσωθεν de dentro</p><p>ἔθεν daqui</p><p>FONTE: O autor</p><p>Assim como na língua portuguesa, no grego, o acréscimo de determina-</p><p>dos sufixos também transforma um adjetivo em advérbio. Para transformar um</p><p>adjetivo em advérbio, substitui-se a terminação “ῶν” do genitivo plural masculi-</p><p>no por “ως”. Alguns exemplos podem ser vistos no Quadro 23.</p><p>QUADRO 23 – TRANFORMAÇÃO DE ADJETIVOS EM ADVÉRBIOS</p><p>ADJETIVO TRADUÇÃO</p><p>GENITIVO</p><p>PLURAL</p><p>MASCULINO</p><p>ADVÉRBIO TRADUÇÃO</p><p>ἁγνός puro ἁγνῶν ἁγνῶς puramente</p><p>ἀνάξιος indigno ἀνάξίων ἀνάξίως indignamente</p><p>καλός bom καλῶν καλῶς bem</p><p>ταχύς rápido ταχέων ταχέως rapidamente</p><p>FONTE: Guiley (1993, p. 62)</p><p>Assim como na língua portuguesa, também no grego o acréscimo de determi-</p><p>nados sufixos transforma um adjetivo em advérbio.</p><p>ATENCAO</p><p>Há muitos advérbios que não apresentam nenhuma característica espe-</p><p>cial. Entre eles, destacamos alguns mais importantes no Quadro 24.</p><p>TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO</p><p>83</p><p>QUADRO 24 – ADVÉRBIOS QUE NÃO APRESENTAM CARACTERÍSTICA ESPECIAL</p><p>GREGO PORTUGUÊS</p><p>ἅμα junto, ao mesmo tempo</p><p>ἀμέν em verdade (amém)</p><p>ἄπαξ de uma só vez</p><p>ἄρτι agora, imediatamente</p><p>αὔριου amanhã</p><p>δεῦρο vem cá</p><p>ἐγγύς perto</p><p>εἶτα depois, em seguida</p><p>ἐκεῖ ali</p><p>ἐπαύριον amanhã</p><p>ἔπειτα depois</p><p>ἔτι ainda</p><p>ἐχθές ontem</p><p>ἤδη agora, já</p><p>λίαν muito</p><p>μᾶλλον mais (maior)</p><p>μή não</p><p>νῦν agora</p><p>οὐκέτι não mais</p><p>ὀψέ tarde</p><p>πάλιν outra vez</p><p>ναί sim</p><p>ὧδε aqui</p><p>ταχύ depressa</p><p>σήμερον hoje</p><p>σφόδρα extremamente</p><p>σχεδόν quase</p><p>πλήν somente</p><p>Πρῶτον primeiro</p><p>FONTE: O autor</p><p>2.2 O USO DO ADVÉRBIO NO GREGO</p><p>Os advérbios têm diversas</p><p>20</p><p>2.1 A REPRESENTAÇÃO DAS VOGAIS NO ALFABETO GREGO ........................................... 22</p><p>3 O ALFABETO GREGO ..................................................................................................................... 23</p><p>4 DITONGOS, ACENTOS E PONTUAÇÃO .................................................................................. 27</p><p>4.1 DITONGOS ................................................................................................................................... 27</p><p>4.1.1 Iota subscrito ........................................................................................................................ 28</p><p>4.1.2 Aspiração .............................................................................................................................. 28</p><p>4.2 ACENTOS ..................................................................................................................................... 28</p><p>4.3 PONTUAÇÃO .............................................................................................................................. 29</p><p>5 GÊNERO E NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS .................................................................. 30</p><p>5.1 GÊNERO DAS PALAVRAS GREGAS ...................................................................................... 30</p><p>5.2 O NÚMERO DAS PALAVRAS GREGAS .................................................................................. 31</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 34</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35</p><p>TÓPICO 3 — ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO GREGO KOINÉ ............................... 37</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37</p><p>2 O ARTIGO .......................................................................................................................................... 37</p><p>3 O SUBSTANTIVO ............................................................................................................................ 40</p><p>3.1 OS CASOS NA LÍNGUA GREGA ............................................................................................. 41</p><p>3.1.1 Nominativo .......................................................................................................................... 42</p><p>3.1.2 Genitivo ................................................................................................................................ 42</p><p>3.1.3 Ablativo ................................................................................................................................ 43</p><p>3.1.4 Dativo ................................................................................................................................... 43</p><p>3.1.5 Instrumental ........................................................................................................................ 43</p><p>3.1.6 Locativo ................................................................................................................................ 43</p><p>3.1.7 Acusativo ............................................................................................................................. 43</p><p>3.1.8 Vocativo ................................................................................................................................ 44</p><p>4 AS DECLINAÇÕES EM GREGO .................................................................................................. 45</p><p>4.1 A SEGUNDA DECLINAÇÃO..................................................................................................... 45</p><p>4.1.1 Segunda declinação – acento agudo na penúltima sílaba ............................................. 46</p><p>4.1.2 Segunda declinação – acento agudo na última sílaba .................................................... 47</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 50</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 53</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 55</p><p>REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 58</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ ................. 59</p><p>TÓPICO 1 — ADJETIVO E PRONOME .......................................................................................... 61</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61</p><p>2 ADJETIVO .......................................................................................................................................... 61</p><p>2.1 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A PRIMEIRA E A SEGUNDA</p><p>DECLINAÇÕES ............................................................................................................................ 63</p><p>2.2 ADJETIVOS QUE DECLINAM CONFORME A TERCEIRA DECLINAÇÃO ................... 66</p><p>3 PRONOME .......................................................................................................................................... 67</p><p>3.1 PRONOME PESSOAL ................................................................................................................. 68</p><p>3.2 PRONOME DEMONSTRATIVO ............................................................................................... 70</p><p>3.3 PRONOME POSSESSIVO ............................................................................................................ 71</p><p>3.4 PRONOME INTERROGATIVO .................................................................................................. 72</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 76</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 77</p><p>TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO .................................................................................... 79</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79</p><p>2 ADVÉRBIO ......................................................................................................................................... 79</p><p>2.1 ADVÉRBIOS GREGOS ................................................................................................................ 80</p><p>2.1.1 Classe de advérbios de acordo com sua terminação ...................................................... 80</p><p>2.2 O USO DO ADVÉRBIO NO GREGO ........................................................................................ 83</p><p>3 CONJUNÇÃO .................................................................................................................................... 84</p><p>3.1 CONJUNÇÕES GREGAS ........................................................................................................... 86</p><p>3.1.1 Conjunção pospositiva, causal ou ilativa: γάρ ................................................................ 87</p><p>3.1.2 Conjunção καί ...................................................................................................................... 87</p><p>3.1.3 Conjunção adversativa: ἀλλά ............................................................................................ 88</p><p>3.1.4 Conjunção adversativa: δἐ .................................................................................................. 88</p><p>3.1.5 Conjunção alternativa: ἤ ... ἤ ..............................................................................................</p><p>funções, não estando restritos ao seu uso mais</p><p>comum, que é modificar o sentido verbo; eles também podem ser usados para</p><p>modificar o sentido do adjetivo e, ainda, modificar o sentido de outro advérbio.</p><p>Vamos ver alguns exemplos a seguir:</p><p>84</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>• Usa-se o advérbio para modificar o sentido do verbo, como:</p><p>O “καλῶς επροφήτευσεν Ἠσαϊας περὶ ὑμῶν” – em português: “bem</p><p>profetizou Isaías acerca de vós” (Mar. 7:6).</p><p>O “τότε Ἡρώδης [...] ἐθυμώθη λίαν” – em português: “Então Herodes [...]</p><p>irritou-se muito” (Mt. 2:16).</p><p>• Usa-se o advérbio para modificar o sentido do adjetivo:</p><p>O “ἦν γὰρ πλούσιος σφόδρα” – em português: “porque era muito rico”</p><p>(Luc. 18:23).</p><p>O “εἰς ὄρος ὑψηλόν λίαν” – em português: “a um monte muito alto” (Mt. 4:8).</p><p>• Usa-se o advérbio para modificar o sentido do advérbio:</p><p>O “καὶ λίαν πρωί” – em português: “de manhã cedo” (Mar. 16:2).</p><p>O advérbio tem diversas funções. Eles não estão restritos no seu uso mais</p><p>comum que é modificar o sentido verbo. Também podem ser usados para modificar o</p><p>sentido do adjetivo, e ainda modificar o sentido de outro advérbio.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Determinados advérbios servem como prefixos, modificando o sentido da</p><p>palavra. Note alguns exemplos:</p><p>• Aqueles que significam “bom” ou “bem”: “ευ”.</p><p>O “εὐγενής”: bem-nascido, de uma família boa.</p><p>O “εὐλογία”: louvor, elogia, eloquência.</p><p>• Aqueles que expressam dificuldade: “δυσ”.</p><p>O “δυσνόητος”: difícil de entender.</p><p>• Aqueles que negam a ideia daquela palavra: “ἀν” e “ἀ” (de “ἀνευ”).</p><p>O “ἀνάξιος”: não digno (indigno).</p><p>O “ἄγαμος”: não casado (solteiro).</p><p>3 CONJUNÇÃO</p><p>A conjunção, no sentido gramatical, é uma palavra invariável que liga ora-</p><p>ções ou palavras da mesma oração (CEGALLA, 2010, p. 266). Segundo Taylor (1986,</p><p>p. 334), conjunções são palavras que ligam sentenças, cláusulas, frases e palavras. De</p><p>TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO</p><p>85</p><p>acordo com Cunha e Cintra (1985, p. 565), “são os vocábulos gramaticais que servem</p><p>para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração”.</p><p>Desse modo, as conjunções que relacionam termos ou orações de idêntica</p><p>função têm o nome de coordenativas e as que ligam duas orações – determinando</p><p>ou completando o sentido da outra – são chamadas de subordinativas.</p><p>As conjunções coordenativas podem ser:</p><p>• Aditivas – transmitem a ideia de adição: e, mas, ainda, bem como, nem etc.</p><p>• Adversativas – transmitem a ideia de contraste, oposição: mas, contudo, po-</p><p>rém, no entanto, entretanto, não obstante etc.</p><p>• Alternativas – transmitem a ideia de alternância: ou... ou, ora... ora, já... já,</p><p>quer... quer etc.</p><p>• Conclusivas – transmitem a ideia de conclusão: logo, portanto, pois, por isso etc.</p><p>• Explicativas – transmitem a ideia de explicação, um motivo: porque, por-</p><p>quanto, pois (antes do verbo).</p><p>Exemplos de orações coordenativas:</p><p>• O tempo e o vento não aguardam ninguém (conjunção “e”).</p><p>• Ouça primeiro e fale depois (conjunção “e”).</p><p>• Apetece cantar, mas ninguém canta (conjunção “mas”).</p><p>• Estudar ou trabalhar (conjunção “ou”).</p><p>• Dormi aqui, pois quero lhe mostrar o meu sítio (conjunção “pois”).</p><p>As conjunções subordinativas podem ser:</p><p>• Causais (porque, pois, como etc.).</p><p>• Comparativas (assim como, como, tal e qual etc.).</p><p>• Concessivas (embora, mesmo que, nem que etc.).</p><p>• Condicionais (se, a menos que, caso etc.).</p><p>• Conformativas (conforme, segundo etc.).</p><p>• Consecutivas (que, de sorte que, de maneira que etc.).</p><p>• Finais (para que, a fim de que etc.).</p><p>• Proporcionais (quanto mais, à medida que etc.).</p><p>• Temporais (quando, enquanto, agora que etc.).</p><p>• Integrantes (que, se etc.).</p><p>Exemplos de orações subordinativas:</p><p>• Pediram-me que definisse o time naquele momento (conjunção “que”).</p><p>• Não saberei nunca se foi ele, embora tenha quase certeza (conjunção “embora).</p><p>• Gérson encantou-se com minha irmã, desde que a conheceu (conjunção “des-</p><p>de que”).</p><p>86</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>De acordo com Cunha e Cintra (1985, p. 565), “conjunções são os vocábulos grama-</p><p>ticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração”.</p><p>ATENCAO</p><p>3.1 CONJUNÇÕES GREGAS</p><p>Compreender a significação e o uso de uma conjunção em um contexto é im-</p><p>portante para a interpretação de muitas frases e orações (GUILEY, 1993, p. 67). Como</p><p>é possível observar, a mesma conjunção pode se encaixar em mais de uma função.</p><p>Tendo em vista que a mesma conjunção tem várias possibilidades de classificação,</p><p>para a língua grega, serão apresentadas algumas das conjunções mais utilizadas e o</p><p>seu uso. Assim, destacaremos qual é a conjunção e seu uso no grego Koiné.</p><p>Conforme Godoi Filho (2019a, p. 57), na antiguidade, os gregos costumavam</p><p>iniciar sentenças com conjunções. No entanto, não é possível iniciar uma frase com</p><p>algumas delas, como δὲ, γὰρ e οὖν. Em alguns casos, no processo de tradução para</p><p>o português, essas conjunções passam a ser a primeira palavra na frase traduzida.</p><p>Conforme Godoi Filho (2019a, p. 57), na antiguidade, os gregos costumavam</p><p>iniciar sentenças com conjunções. No entanto, não é possível iniciar uma frase com algu-</p><p>mas delas, como δὲ, γὰρ e οὖν.</p><p>ATENCAO</p><p>No Quadro 25, pode ser visto um resumo das principais conjunções gregas.</p><p>QUADRO 25 – PRINCIPAIS CONJUNÇÕES GREGAS</p><p>TERMO GREGO TRADUÇÃO</p><p>καὶ e</p><p>τὲ e</p><p>ἀλλά mas (apenas contraste)</p><p>μέν...δὲ mas (contraste entre duas ações paralelas)</p><p>δὲ mas, e</p><p>γὰρ pois, porque</p><p>TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO</p><p>87</p><p>ἄρα pois, porque</p><p>οὖν portanto</p><p>ἤ ou</p><p>ὡς como</p><p>καθὼς como</p><p>εἰ se</p><p>ὅτε quando</p><p>ὅταν quando</p><p>ὅτι que, porque</p><p>οὐδὲ nem</p><p>καὶ...καὶ tanto... como</p><p>οὐ μόνον... ἀλλά καὶ não somente... mas também</p><p>οἰ μέν... οἰ δὲ alguns... outros</p><p>ὁ δὲ mas ele</p><p>ἡ δὲ mas ela</p><p>οἱ δὲ mas eles</p><p>αἱ δὲ mas elas</p><p>ἕως até</p><p>FONTE: Godoi Filho (2019a, p. 58-59)</p><p>A seguir, serão destacadas algumas conjunções e seus significados, além</p><p>da maneira como aparecem no Novo Testamento.</p><p>3.1.1 Conjunção pospositiva, causal ou ilativa: γάρ</p><p>Conjunção pospositiva, causal ou ilativa – como: pois, porque, ora, de</p><p>fato, aliás. Seu uso é sempre pospositivo (posto depois). Essa conjunção, no gre-</p><p>go, pode expressar explicação, razão, confirmação ou base.</p><p>Exemplo bíblico de seu uso: “αὐτὸς γὰρ σώσει τὸν λαὸν αὐτοῦ ἀπὸ τῶν</p><p>ἁμαρτιῶν αὐτῶν” – em português: “porque ele salvará o seu povo dos pecados</p><p>deles” (Mt. 1:21).</p><p>3.1.2 Conjunção καί</p><p>É a partícula que mais aparece no Novo Testamento e tem vários sentidos</p><p>em contextos diferentes – são representados por: e, também, outrossim; mesmo,</p><p>até, ora, sim, de fato –, como no sentido aditivo (também), no enfático (de fato,</p><p>mesmo, outrossim, sim) ou no aproximativo.</p><p>88</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>Segundo Taylor (1991, p. 106), uma das maiores faltas nas versões da língua</p><p>portuguesa é a frequente omissão de traduzir καί, por falta de imaginação histórica,</p><p>para perceber e verter no vernáculo sua evidente força variada e riquíssima no original.</p><p>Exemplo bíblico de seu uso: “καὶ γὰρ ἐγὼ ἄνθπωπός εἰμι ὑπὸ ἐξουςίαν”</p><p>– em português: “e eu também sou homem sob autoridade”.</p><p>3.1.3 Conjunção adversativa: ἀλλά</p><p>Conjunção adversativa: mas, porém, entretanto, contudo, ante, ainda</p><p>mais, pelo contrário. É uma adversativa forte. É quase sempre usada como con-</p><p>junção adversativa, ainda que também tenha outros usos. Em alguns casos, essa</p><p>conjunção, em certas sentenças, parece não ir além de “sim” no seu significado.</p><p>Exemplo bíblico do seu uso: “[...] ἀλλά ῥῦσαι ἡμᾶς ἀπὸ πονηροῦ” – em</p><p>português: “[...] mas livrai-nos do mal” (Mt. 6:13).</p><p>3.1.4 Conjunção adversativa: δἐ</p><p>Conjunção adversativa, às vezes, aproximativa: mas, também, ora, e. Essa</p><p>conjunção é considerada francamente adversativa, embora também seja vista</p><p>como aproximativa. Ainda pode ser considerada pospositiva. Quando inicia um</p><p>novo assunto, pode ser traduzida por “ora”.</p><p>Exemplo bíblico de seu uso: “Τοῦ δὲ Ἰησοῦ Χριστοῦ ἡ γένεσις οὕτως ἦν”</p><p>– em português: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo</p><p>foi assim” (Mat. 1:18).</p><p>3.1.5 Conjunção alternativa: ἤ ... ἤ</p><p>Conjunção alternativa: ou, ou... ou, ora... ora, quer... quer. Essas conjunções</p><p>exprimem alternância, possibilidade ou alternativa para a situação. Normalmente,</p><p>são de fácil identificação e compreensão.</p><p>Exemplo bíblico do seu uso: “Ὤστε ὅς ἂν ἐσθίῃ τὸν ἄρτον ἢ πίνῃ τὸ</p><p>ποτήριον τοῦ κυρίου ἀναξίως” – em português: “Portanto, qualquer que comer</p><p>este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente” (1 Cor. 11:27).</p><p>TÓPICO 2 — ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO</p><p>89</p><p>É importante para ampliar seu vocabulário em grego e, ao mesmo tempo,</p><p>memorizar os significados e praticar a leitura. Sugerimos que escreva as palavras, a seguir,</p><p>em locais que sejam mais práticos para se ter à mão, para que, durante o dia, possa rever,</p><p>relembrar e praticar.</p><p>DICAS</p><p>σήμερον hoje</p><p>μή não</p><p>ἔξω fora</p><p>πάντότε sempre</p><p>ταχέως rapidamente</p><p>γὰρ pois, porque</p><p>ἀλλά mas, porém,</p><p>entretanto</p><p>ἁγνός puro</p><p>ὄρος monte</p><p>οἶκός casa</p><p>FONTE: O autor</p><p>Preposições</p><p>A preposição é uma palavra indeclinável que tem a função de reforçar ou esclarecer a ideia</p><p>do caso. Originalmente era advérbio, mas, à medida que se relacionou com o substanti-</p><p>vo, tornou-se uma classe distinta do advérbio. Entretanto, seu antigo uso como advérbio</p><p>ainda permanece, uma vez que se encontram preposições em composição com verbos,</p><p>fortalecendo ou modificando o sentido.</p><p>Em composição com o verbo, a preposição pode:</p><p>1. Ter um sentido de localização. Exemplos: “βάλλω” (Eu jogo); “ἐκβάλλω” (Eu jogo fora).</p><p>2. Intensificar o sentido da ação do verbo. Exemplos: “ἐσθίω” (Eu como); “κατεσθίω” (Eu devoro).</p><p>3. Modificar completamente o sentido do verbo. Exemplos: “γινώσκω” (Eu conheço);</p><p>“ἀναγινώσκω” (Eu leio).</p><p>IMPORTANTE</p><p>90</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>Pode haver mais de uma preposição em composição com o verbo. Exemplo:</p><p>“συναντιλαμβάνεται” – “(O Espírito) ajuda” (Rom. 8:26).</p><p>Nem todas as preposições unem-se a verbos. Há sessenta preposições usadas no Novo</p><p>Testamento. Delas, dezoito aparecem com prefixos em combinação com verbos: uma é</p><p>“ἀμφί” (de ambos os lados), usada unicamente em composição.</p><p>Comumente, as preposições são classificadas conforme o número de casos com que funcio-</p><p>nam. A maior parte funciona com apenas um caso, algumas com dois casos e poucas com três.</p><p>Na tradução das preposições, não devemos nos limitar a uma só ideia. É possível que, ori-</p><p>ginalmente, cada preposição tenha tido apenas um só sentido. Contudo, com a evolução</p><p>do uso das preposições, as palavras começaram a representar outras ideias e o resultado,</p><p>às vezes, torna difícil determinar, com precisão, qual a ideia original da preposição. O que</p><p>é mais importante é o sentido, ou os sentidos que resultam do seu uso com o caso ou os</p><p>casos, nas frases. Com certas preposições, será impossível apresentar todas as variações de</p><p>tradução. Ao traduzir, o aluno terá de usar bom senso, para que a sua tradução faça sentido.</p><p>FONTE: Adaptado de GUILEY, P. C. Apostila do Grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto</p><p>Bíblico Maranata, 1993. p. 89.</p><p>91</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Advérbio é uma palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do</p><p>próprio advérbio. A maioria dos advérbios modifica o verbo, ao qual acres-</p><p>centa uma circunstância. Só os advérbios de intensidade podem modificar</p><p>também adjetivos e advérbios.</p><p>• Assim como na língua portuguesa, no grego, o acréscimo de determinados</p><p>sufixos transforma um adjetivo em advérbio. Para transformar um adjetivo em</p><p>advérbio, substitui-se a terminação “ῶν” do genitivo plural masculino por “ως”.</p><p>• Os advérbios têm várias classes: advérbios de afirmação, de dúvida, de inten-</p><p>sidade, de lugar, de negação e de tempo.</p><p>• Os advérbios têm diversas funções, não estando restritos ao seu uso mais co-</p><p>mum, que é modificar o sentido verbo. Também podem ser usados para mo-</p><p>dificar o sentido do adjetivo e, ainda, modificar o sentido de outro advérbio.</p><p>• Segundo Taylor (1986, p. 334), conjunções são palavras que ligam sentenças,</p><p>cláusulas, frases e palavras.</p><p>• As conjunções que relacionam termos ou orações de idêntica função têm o</p><p>nome de coordenativas, e aquelas que ligam duas orações, uma das quais</p><p>determina ou completa o sentido da outra são chamadas subordinativas.</p><p>• Conjunções “são os vocábulos gramaticais que servem para relacionar duas orações</p><p>ou dois termos semelhantes da mesma oração” (CUNHA; CINTRA, 1985, p. 565).</p><p>• Conforme Godoi Filho (2019a, p. 57), na antiguidade, os gregos costumavam</p><p>iniciar sentenças com conjunções. No entanto, não é possível iniciar uma frase</p><p>com algumas delas, como δὲ, γὰρ e οὖν.</p><p>92</p><p>1 Na prática de aprendizagem de uma nova língua, é importante para ampliar</p><p>o seu vocabulário. Traduza as palavras gregas, a seguir, para o português:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>GREGO PORTUGUÊS</p><p>ταχύ</p><p>ἤδη</p><p>λίαν</p><p>ὀψέ</p><p>μή</p><p>μᾶλλον</p><p>οὐκέτι</p><p>πλήν</p><p>ἐχθές</p><p>ναί</p><p>ὧδε</p><p>πάλιν</p><p>νῦν</p><p>FONTE: O autor</p><p>2 As conjunções desempenham uma função muito fundamental na cons-</p><p>trução das frases, pois fazem a sua conexão e dão sequência ao raciocínio</p><p>construído dentro de um texto. Sobre as conjunções, relacione as colunas</p><p>associando os itens gregos ao seu significado:</p><p>I- καί ( ) pois, porque, aliás.</p><p>II- ἀλλά ( ) quando.</p><p>III- γάρ ( ) mas, porém, entretanto.</p><p>IV- οὖν ( ) e, também, outrossim.</p><p>V- ὅτε ( ) portanto.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) I – III – II – V – IV.</p><p>b) ( ) IV – III – I – III – V.</p><p>c) ( ) V – I – IV – II – III.</p><p>d) ( ) III – V – II – I – IV.</p><p>93</p><p>3 Para ampliar o seu vocabulário, escreva as seguintes palavras em grego:</p><p>a) Puro</p><p>b) Monte</p><p>c) Pão</p><p>d) Senhor</p><p>e) Jesus Cristo</p><p>f) Mas</p><p>g) Rapidamente</p><p>h) Homem</p><p>i) Autoridade</p><p>j) Mal</p><p>94</p><p>95</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Seguindo o propósito de conhecer os aspectos gramaticais da língua gre-</p><p>ga de maneira introdutória, neste tópico, veremos dois aspectos gramaticais:</p><p>numeral e preposição.</p><p>Com relação aos numerais em grego, serão destacados os dez primeiros</p><p>números, tanto cardinais como ordinais, a fim de observarmos as semelhanças e</p><p>diferenças de alguns números, especialmente com a pronúncia e a formação das</p><p>nossas palavras em língua portuguesa. Também veremos os números que mais</p><p>aparecem no Novo Testamento.</p><p>Também estudaremos as preposições mais usadas na língua grega, especial-</p><p>mente aquelas que aparecem no Novo Testamento, tendo em vista o objetivo de nos</p><p>aproximarmos do grego Koiné. As preposições serão apresentadas, primeiramente</p><p>recordando o seu uso na língua na portuguesa e, em seguida, na língua grega. As-</p><p>sim, veremos certas preposições mais recorrentes utilizadas no Novo Testamento,</p><p>mostrando o formato que procura apresentar a preposição, com seus significados e</p><p>alguns exemplos do seu uso extraídos do Novo Testamento.</p><p>Entretanto, inicialmente, abordaremos os numerais e um pouco do seu</p><p>uso na língua grega (mais especificamente o grego Koiné, conforme tem sido a</p><p>ênfase do nosso material).</p><p>TÓPICO 3 —</p><p>NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>“ἐγὼ τὸ Ἄλφα καὶ τὸ Ὤ, ὁ πρῶτος καὶ ὁ ἔσχατος, ἡ ἀρχὴ καὶ τὸ τέλος”.</p><p>“Eu (sou) o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Apoc. 22:13).</p><p>2 NUMERAL</p><p>Numeral é uma palavra que exprime número, ordem numérica, múltiplo</p><p>ou fração (CEGALLA, 2010, p. 167). Os numerais são conhecidos como cardinais,</p><p>ordinais, multiplicativos ou fracionários. Os numerais cardinais na língua portu-</p><p>guesa são: um, dois, três, quatro, cinco, e assim por diante. Os numerais ordinais</p><p>são: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, e assim sucessivamente. Os nu-</p><p>merais multiplicativos são descritos como: dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo</p><p>etc. Já os fracionários são: meio ou metade, terço, quarto, quinto etc.</p><p>Com relação grego, conforme Godoi Filho (2019b, p. 60), “os numerais</p><p>podem ser usados como substantivos, adjetivos ou advérbios [...]. Essa classe gra-</p><p>96</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>matical é subdividida em duas categorias: cardinais (indicação de quantidade)</p><p>e ordinais (indicação de ordem)”. Os números cardinais são indeclináveis, com</p><p>exceção de 1 a 4 e depois de 200 em diante. Quando declinados, eles concordam</p><p>com os substantivos que os acompanham. Nos Quadros 26 e 27, serão apresenta-</p><p>dos os números cardinais e ordinais de um a dez.</p><p>Numeral é uma palavra que exprime número, ordem numérica, múltiplo ou</p><p>fração (CEGALLA, 2010, p. 167).</p><p>IMPORTANTE</p><p>QUADRO 26 – NUMERAIS CARDINAIS</p><p>GREGO PORTUGUÊS</p><p>εἷς um</p><p>δύο dois</p><p>τρεῖς três</p><p>τέσσαρες quatro</p><p>πέντε cinco</p><p>ἕξ seis</p><p>ἑπτά sete</p><p>ὀκτώ oito</p><p>ἐννέα nove</p><p>δέκα dez</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 27 – NUMERAIS ORDINAIS</p><p>GREGO PORTUGUÊS</p><p>πρῶτος primeiro</p><p>δεύτερος segundo</p><p>τρίτος terceiro</p><p>τέταρτος quarto</p><p>πέμπτος quinto</p><p>ἕκτος sexto</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>97</p><p>FONTE: O autor</p><p>Veja o exemplo do uso de um numeral no Novo Testamento em um versículo:</p><p>“... em verdade vos digo que um de vós me trairá” (Mt. 26:21).</p><p>“... Ἀμὴν λέγω ὑμῖν ὅτι εἷς ἐξ ἑμῶν παραδώσει με”.</p><p>Agora, veremos no Quadro 28 os exemplos de numerais que aparecem no</p><p>Novo Testamento e a quantidade de ocorrências.</p><p>QUADRO 28 – NUMERAIS USADOS NO NOVO TESTAMENTO</p><p>Numeral Tradução Número de</p><p>ocorrências</p><p>εἷς um 344</p><p>δεύτερος dois 135</p><p>τρεῖς três 68</p><p>τέσσαρες quatro 41</p><p>πέντε cinco 38</p><p>ἕξ seis 13</p><p>ἑπτά sete 88</p><p>ὀκτώ oito 8</p><p>δέκα dez 25</p><p>δώδεκα doze 75</p><p>εἴκοσι vinte 11</p><p>τριάκοντα trinta 11</p><p>τεσσαράκοντα quarenta 22</p><p>ὲχατόν cem 17</p><p>FONTE: Godoi Filho (2019b, p. 64)</p><p>ἕβδομος sétimo</p><p>ὄγδοος oitavo</p><p>ἔνατος nono</p><p>δέκατος décimo</p><p>98</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 29 – EXEMPLOS DE PREPOSIÇÕES</p><p>Antecedente Preposição Consequente</p><p>Vou a Roma.</p><p>Chegaram a tempo.</p><p>Todos saíram de casa.</p><p>Chorava com dor.</p><p>Estive com Pedro.</p><p>Concordo com você.</p><p>FONTE: O autor</p><p>Entre as preposições, estão as chamadas essenciais, também conhecidas</p><p>como preposições simples: a, ante, após, até, com contra, de, desde, em entre,</p><p>para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.</p><p>São alguns exemplos do uso de preposições as seguintes sentenças:</p><p>• Olhava para o monte.</p><p>• O garfo caiu sob a mesa.</p><p>• A luta contra o inimigo.</p><p>• Pulava de alegria.</p><p>• Esperamos por ele.</p><p>3 PREPOSIÇÃO</p><p>Outro tema importante, tanto na língua portuguesa como no grego, é a pre-</p><p>posição. Preposição é uma palavra invariável que liga um termo dependente a um</p><p>termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos (CEGALLA, 2010, p. 250).</p><p>Para Cunha e Cintra (1985, p. 542), “chamam-se preposições as palavras invariáveis</p><p>que relacionam dois termos de uma oração, de tal modo que o sentido do primeiro</p><p>(antecedente) é explicado ou completado pelo segundo (consequente)”. O Quadro</p><p>29 mostra exemplos para melhor compreensão do uso das preposições.</p><p>Com relação grego, conforme Godoi Filho (2019b, p. 60), “os numerais podem</p><p>ser usados como substantivos, adjetivos ou advérbios [...] Essa classe gramatical é subdividida</p><p>em duas categorias: cardinais (indicação de quantidade) e ordinais (indicação de ordem)”.</p><p>ATENCAO</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>99</p><p>São chamadas de preposições essenciais ou preposições simples: a, ante,</p><p>após, até, com contra, de, desde, em entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.</p><p>ATENCAO</p><p>São chamadas de preposições acidentais: segundo, conforme, afora, exceto,</p><p>fora, menos, não obstante, senão, mediante, durante, consoante, visto, como etc.</p><p>ATENCAO</p><p>Por fim, as locuções prepositivas são expressões com a função das preposi-</p><p>ções. Como são muitas, podemos citar apenas alguns exemplos: apesar de, abaixo</p><p>de, a fim de, além de, em frente de, em lugar de, ao lado de, diante de, por entre,</p><p>perto de, a despeito de, a favor de, até a, sob pena de, através de, não obstante etc.</p><p>Existem também as preposições acidentais. São elas: segundo, conforme,</p><p>afora, exceto, fora, menos, não obstante, senão, mediante, durante, consoante,</p><p>visto, como etc. Elas funcionam como preposições em determinados momentos.</p><p>Alguns exemplos do seu uso são:</p><p>• Ela dormiu durante a palestra.</p><p>• José se vestia conforme a moda e a época.</p><p>• Eles tiveram como recompensa o troféu.</p><p>3.1 PREPOSIÇÕES GREGAS</p><p>Depois de recordarmos as preposições da língua portuguesa, vamos es-</p><p>tudar algumas preposições na língua grega, a qual adota o uso de todos os casos</p><p>do português, exceto o nominativo. Cada preposição pode adotar de um a três</p><p>casos (GODOI FILHO, 2019b, p. 52). Os Quadros 30 a 32 exemplificam o uso das</p><p>preposições com os devidos casos.</p><p>100</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 30 – PREPOSIÇÕES QUE EMPREGAM APENAS UM CASO</p><p>Preposição Tradução</p><p>Acusativo</p><p>είς a, para (para dentro de)</p><p>πρὸς a, para (em direção a)</p><p>ἀνὰ para cima</p><p>Genitivo</p><p>ἐκ de (de dentro de)</p><p>ἀπὸ de (da direção de)</p><p>ἄχρι</p><p>ἄχρις</p><p>até (tempo ou lugar)</p><p>Obs.: antecedem lugar</p><p>ἔως até (tempo ou lugar)</p><p>ἔμπροσθεν diante de, perante, na presença de</p><p>ἐνώπιον diante de, perante</p><p>ἔνεκα por causa, por que, por amor a</p><p>ἔξω fora de</p><p>ἔξωθεν fora de</p><p>ὀπίσω depois de, atrás de (tempo ou lugar)</p><p>πέραν além de, para além de</p><p>πρὸ antes de (tempo ou lugar)</p><p>χωρὶς sem, à parte</p><p>Dativo</p><p>ἐν em</p><p>σὺν com</p><p>FONTE: Godoi Filho (2019b, p. 52-54)</p><p>Na língua grega, as preposições adotam todos os casos, exceto o nominativo.</p><p>Cada preposição pode adotar de um a três casos (GODOI FILHO, 2019b, p. 52).</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>101</p><p>QUADRO 31 – PREPOSIÇÕES QUE EMPREGAM DOIS CASOS</p><p>Preposição Significado (acusativo) Significado (genitivo)</p><p>διὰ por causa de por (tempo ou lugar) através de</p><p>κατὰ conforme contra</p><p>μετὰ depois de com, entre</p><p>περὶ sobre, cerca de sobre</p><p>ὑπερ acima de em prol de</p><p>ὑπὸ sob por</p><p>FONTE: Godoi Filho (2019b, p. 54)</p><p>QUADRO 32 – PREPOSIÇÕES QUE EMPREGAM TRÊS CASOS</p><p>Preposição Sentido geral Significado</p><p>(acusativo)</p><p>Significado</p><p>(genitivo)</p><p>Significado</p><p>(dativo)</p><p>ἐπί sobre sobre, contra,</p><p>para</p><p>em, sobre, na</p><p>presença de,</p><p>nos dias de</p><p>Sobre, a, em</p><p>παρὰ ao lado de</p><p>para o lado</p><p>de, ao lado</p><p>de, contra</p><p>de, ao lado de ao lado de</p><p>FONTE: Godoi Filho (2019b, p. 55)</p><p>A seguir, vamos relacionar o uso de algumas preposições, seus significados</p><p>e como elas aparecem no Novo Testamento.</p><p>3.1.1 Preposição: διά</p><p>Significado: por, durante, mediante, depois de, por causa de, a favor de,</p><p>portanto, por esta razão. Essa preposição aparece no Novo Testamento em torno de</p><p>600 vezes. Quando usada com os casos no genitivo e no acusativo, tem o sentido de</p><p>“por”, “em”, “durante”, “através”. A seguir, vemos alguns exemplos desses casos:</p><p>• “Ἐισέλθατε διὰ τῆς στενῆς πύλης” – em português: “Entrai pela porta es-</p><p>treita” (Mat. 7:13).</p><p>• “...καὶ διὰ τριῶν ἡμερῶν οἰκοδομῆσαι” – em português: “e reedificá-lo em</p><p>três dias (durante três dias)” (Mat. 26:61).</p><p>Quando usada com o caso no acusativo o sentido mais usado é “por causa</p><p>de”. Exemplo:</p><p>• “καὶ ἔσεσθε μισούμενοι ὑπὸ πάντων διὰ τὸ ὀνομά μου” – em português: “E</p><p>sereis aborrecidos por todos por (por causa de) amor do meu nome” (Mar. 13:13).</p><p>102</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>3.1.2 Preposição: ἀνά</p><p>Significado: para cima, no meio de, de volta, de novo, outra vez. Aparece</p><p>poucas vezes sozinha no Novo Testamento, geralmente é empregada de maneira</p><p>composta. Usada com o caso acusativo e, normalmente, no sentido distributivo.</p><p>Também pode funcionar como advérbio ou preposição. Veja um exemplo:</p><p>• “ἦλθεν αὐτοῦ ὁ ἐχθρὸς καὶ ἐπέσπειρεν ξιξάνια ἀνά μέσον” – em portu-</p><p>guês: “Veio o seu inimigo e semeou joio no meio” (Mat. 13:25).</p><p>3.1.3 Preposição: μετά</p><p>Significado: com, para com, contra, depois de, além de. Essa preposição</p><p>aparece mais de 400 vezes no Novo Testamento. É usada com o genitivo e o acu-</p><p>sativo. Quando em composição com uma palavra, apresenta a ideia de associa-</p><p>ção, de chamar ou, ainda, transformar. Vamos observar como é usada:</p><p>• “ἦν μετὰ τῶν θηρίων” – em português: “estava com as feras” (Marc. 1:13).</p><p>• “μετὰ δυνάμεως καὶ δόξης πολλῆς” – em português: “com poder e muita</p><p>glória” (Mat. 24:30).</p><p>• “μετὰ δὲ τὸ δεύτερον καταπέτασμα” – em português: “além da segunda</p><p>cortina” (Hb 9:3).</p><p>3.1.4 Preposição: ἐπί</p><p>Significado: sobre, em, perante,</p><p>para com, ao longo de, por causa de, entre</p><p>outros. Essa preposição é usada no Novo Testamento mais de 800 vezes. Quando</p><p>usada com o genitivo, indica parcial superimposição; com o acusativo, movimen-</p><p>to que tem como alvo superimposição; e, quando usada com o locativo, superim-</p><p>posição. Observe alguns exemplos:</p><p>• “καθάπερ Μωΰσῆς ἐτίθει κάλυμμα ἐπὶ τὸ πρόσωπον” – em português:</p><p>“como Moisés, que punha um véu sobre a sua face” (2 Cor. 3:13).</p><p>• “ὂν καταστήσει ὁ κύριος ἐπί τῆς θεραπείας αὐτοῦ” – em português: “o qual</p><p>o senhor estabelecerá sobre os seus domésticos” (Luc.12:42).</p><p>• “ἐπὶ τῷ ῥήματί σου χαλάσω τὰ δίκτυα” – em português: “sobre a tua (em</p><p>virtude da) palavra lançarei as redes” (Luc. 5:5).</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>103</p><p>3.1.5 Preposição: εἰς</p><p>Significado: em, dentro, entre, para, para dentro, para o meio de, entre outros.</p><p>De acordo com Taylor (1990), “[o contrário de ἐκ], derivada de ἐν, que veio afinal assu-</p><p>mir, em tempos modernos, todas as funções da preposição mais velha, é usada 2000 ve-</p><p>zes no Novo Testamento, e sempre com o acusativo”. Se há qualquer distinção entre εἰς</p><p>e ἐν, reside na ideia de movimento que aparece muitas vezes com “εἰς”, enquanto “ἐν”</p><p>apresenta a ideia de posição fixa. Veja os exemplos de seu uso no Novo Testamento:</p><p>• “ἀπὸ τῆς ἀπλότητος τῆς εἰς τὸν Χριστόν” – em português: “da simplicidade</p><p>que há em Cristo” (2 Cor. 11:31).</p><p>• “ἀνέβη εἰς τὸ ὄρος” – em português: “subiu ao monte” (Mt. 5.1).</p><p>• “... εἰσελθόντος δὲ αὐτοῦ εἰς καφαρναούμ” – em português: “e, entrando</p><p>Jesus em Cafarnaum” (Mt. 8:5).</p><p>• “δύναμις γὰρ θεοῦ ἐστὶν εἰς σωτηρίαν” – em português: “é poder de Deus</p><p>para salvação” (Rom. 1:16).</p><p>3.1.6 Preposição: κατά</p><p>Significado: para baixo, embaixo, sobre, para baixo, por, contra etc. Essa</p><p>palavra é usada mais de 400 vezes no Novo Testamento, com o genitivo, acusativo e</p><p>ablativo. Quando utilizada com um verbo, fortalece a ação do verbo. Por exemplo:</p><p>• “καὶ ὥρμησεν ἡ ἀνέλη κατὰ τοῦ κρημνοῦ” – em português: “e a manada se</p><p>precipitou por um despenhadeiro” (Mar. 5:13).</p><p>3.1.7 Preposição: περί</p><p>Significado: ao redor, em todos os lados, ao redor de, acerca de, concer-</p><p>nente a etc. Essa preposição é encontrada mais de 300 vezes no Novo Testamento.</p><p>Sua ideia principal é “ao redor de”. Entretanto, quando o sentido não está relacio-</p><p>nado ao locativo, traz a ideia de “concernente a”, “a respeito de”, “em referência”.</p><p>Pode ser usada com o genitivo e o locativo. Por exemplo:</p><p>• “καὶ ξώνην δερματίνην περί τὴν ὀσφὺν αὐτοῦ” – em português: “e com um</p><p>cinto de couro em redor de seus lombos” (Mar. 1:6).</p><p>3.1.8 Preposição: παρά</p><p>Significado: ao lado de, da parte de, por, perto de, junto de, com, diante de,</p><p>na presença de, para o lado de, entre outros. Essa preposição encontra-se em torno</p><p>de 200 vezes no Novo Testamento. Apresenta função com os três casos: ablativo,</p><p>104</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>3.1.9 Preposição: πρός</p><p>Significado: perto, face a face, junto a, com, por, em direção a, contra etc.</p><p>Essa preposição aparece mais de 700 vezes no Novo Testamento. Mais comumen-</p><p>te usada com o locativo e o acusativo, e um único caso no ablativo. Tem a ideia</p><p>fundamental de “perto”. Podemos citar como exemplos:</p><p>• “καὶ ὁ λὀγος ἦν πρὸς τὸν θεόν” – em português: “e a palavra estava face a</p><p>face com Deus” (Jo. 1:1).</p><p>• “σκλνρὸν σοι πρὸς κέντρα λακτίξειν” – em português: “Duro é para ti recal-</p><p>citrar contra os aguilhões” (At. 9:5).</p><p>3.1.10 Preposição: ὑπό</p><p>Significado: debaixo de, sob, por meio de, por etc. Essa preposição é vista mais</p><p>de 200 vezes no Novo Testamento. O seu uso é realizado nos casos acusativo e ablativo.</p><p>Com outras palavras, seu sentido comumente é “embaixo de”. Por exemplo: “πάντας</p><p>ὑφ’ ἁμαρτίαν εἶναι” – em português: “todos estão debaixo do pecado” (Rom. 3:9).</p><p>acusativo e dativo. Conforme Taylor (1990, p. 275), παρά e πρός são preposições de</p><p>ideias etimológicas gêmeas, παρά significando “ao lado de” e πρός em justaposi-</p><p>ção “face a face” (ἀντι, face a face em oposição e substituição). É muito comum em</p><p>palavras compostas no grego, sendo uma das mais conhecidas e citadas παράκλη-</p><p>τος (termo que se refere ao Espírito Santo, Consolador, Advogado).</p><p>Vamos ver alguns exemplos do seu uso no Novo Testamento:</p><p>• “καὶ ἰδοὺ δύο τυφλοὶ καθήμενοι παρὰ τὴν ὁδὀν” – em português: “E eis que</p><p>dois cegos, assentados junto do caminho” (Mat. 20:30).</p><p>• “ὅτι παρ’ ὑμῖν μένει” – em português: “porque (ele) habita convosco” (João 14:17).</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>105</p><p>Pratique seu vocabulário e memorize a grafia e a tradução das seguintes pa-</p><p>lavras gregas:</p><p>DICAS</p><p>GREGO PORTUGUÊS</p><p>εἰς em, dentro</p><p>ἡμέρα dia</p><p>πρόσωπον rosto, face</p><p>ἐπί sobre, perante</p><p>μετά com, além de</p><p>δύναμις poder</p><p>ὄρος monte</p><p>σωτηρία salvação</p><p>ὁδός caminho</p><p>Κατά para baixo, por</p><p>FONTE: O autor</p><p>106</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Estrutura e Formação das Palavras</p><p>Maria Helena de Moura Neves</p><p>Quanto à estrutura, apenas um termo da NGB está na gramática incipien-</p><p>te grega: tema, transliterado do grego (thêma, “o que é colocado”, “o que é depo-</p><p>sitado”; na gramática, “forma primária”).</p><p>Quanto à formação, acontece que a etimologia grega não se reduziu a um siste-</p><p>ma o processo de formação de palavras. AD chega a uma diferença entre radical e ter-</p><p>minação, mas não tem um termo técnico para raiz ou radical. Ele sabe que as alterações</p><p>não são caprichosas e desligadas, mas – pode-se verificar – não há, entre os gregos, uma</p><p>preocupação de análise mórfica; pelo contrário, o movimento é o inverso.</p><p>Ainda nesse campo, também não se encontra, na gramática grega, uma</p><p>apresentação que contemple os processos em si: derivação, composição ou hi-</p><p>bridismo, relacionados na NGB. Por outro lado, semelhantemente ao que ocorre</p><p>nesse documento, as indicações de subclassificações do tipo de primitivo ou deri-</p><p>vado se fazem lá, dentro do estudo das diversas classes de palavras.</p><p>Exatamente por isso, a flexão das palavras, vista no geral (a consideração de</p><p>palavras variáveis e palavras invariáveis), constitui uma verdadeira chave de entrada</p><p>para a consideração dos termos e de sua subclassificação, na gramática grega incipiente.</p><p>Se a filosofia se fixou nessa questão mais para verificar a existência de declinação (de</p><p>ptôsis, “caso”), que tinha grande importância na organização da proposição lógica,</p><p>já nos estoicos se levantam quadros de flexão como paradigmas, e, paralelamente,</p><p>levantam-se os desvios e irregularidades que o uso determinou. Os gramáticos gregos</p><p>fixam-se fortemente na flexão de cada classe (distinguindo categorias “com” ou “sem”</p><p>flexões), e apresentam um feixe das categorias gramaticais aplicáveis às diversas partes</p><p>do discurso da língua grega, com isso, organizando as formas em um sistema de flexão</p><p>que fornece um padrão. Entretanto, quando a referência à flexão aparece nas definições</p><p>das diversas classes, em geral, o que está em questão é, mesmo, a flexão casual; por</p><p>exemplo, verifica-se que, no advérbio, a definição registra explicitamente o termo</p><p>ákliton que significa “sem flexões”, “invariável”, “não ligado à indicação de casos”.</p><p>Classificação das palavras (e flexão)</p><p>Nesse amplo compartimento, pode-se dizer que uma teoria das partes do dis-</p><p>curso chegou a ser bastante completa e claramente construída na gramática grega. As</p><p>denominações das classes vêm, no geral, por tradução latina, embora nem sempre haja</p><p>correspondência exata de conceito ou de sua aplicação. É o que se pode dizer, muito es-</p><p>pecialmente, da denominação portuguesa para substantivo (hypárktikos, “que subsiste</p><p>por si”, ligado a hýparxis, “existência”; latim: substantivus), termo que, na gramática gre-</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>107</p><p>ga, não designa classe de palavras. O termo grego que nomeia a classe correspondente</p><p>a substantivo é ónoma, “nome”, mas, de certo modo, a aplicação do termo é semelhante.</p><p>Para Platão, os nomes buscam imitar a essência das coisas (mímesis), e, em DT, o trata-</p><p>mento da categoria nome recorre a ousía (“aquilo que é”, a “essência”), enquanto AD</p><p>fala em poiótes, “qualidade”. Descartados os compromissos filosóficos, fica o substanti-</p><p>vo (comum) como o nome que dá uma descrição daquilo que é nomeado.</p><p>No caso do termo artigo (em Aristóteles, estoicos e gramáticos, árthron, “articu-</p><p>lação”; latim: articulus, “articulação”), que é um elemento gramatical de que a língua la-</p><p>tina não dispunha, vê-se que, no português, o conceito se altera e a aplicação se restrin-</p><p>ge. Em DT – portanto, já na gramática alexandrina –, e também em AD, entre os artigos</p><p>ficava não somente o artigo propriamente dito, referido como “(artigo) que se coloca</p><p>antes” (árthron protaktikón), mas também o pronome relativo, referido como “(artigo)</p><p>que se coloca depois” (árthron hypotaktikón). É o que mostro no estudo dos pronomes.</p><p>Contudo, na grande maioria dos casos de denominação das classes de</p><p>palavras, diferentemente do que ocorre com o termo artigo, a denominação se</p><p>mantém (por tradução latina), e o conceito, ou a abrangência, é alterado.</p><p>No caso do adjetivo (em DT: epítheton, “que é acrescentado”, “que faz</p><p>atribuição”; latim: adiectivum), há grande diferença na partição de campo dos diversos</p><p>estudiosos. Em primeiro lugar, não se tratava de uma classe à parte, conforme</p><p>demonstra o próprio modo de denominação encontrado, no qual epítheton vem como</p><p>adjunto nominal: ónoma epítheton, nome adjetivo. Além disso, nem sempre os epítheta</p><p>se incluíram entre os nomes. Inicialmente, pela possibilidade de os elementos, assim</p><p>denominados, funcionarem como predicado, eles se incluíam entre os verbos (entre</p><p>os rhémata, em Platão e Aristóteles), depois passaram a ser classificados como nomes.</p><p>DT os incluiu entre as vinte e quatro espécies (eíde) nocionais dos nomes, e AD</p><p>também os incluiu entre os vinte tipos de nomes que distinguiu.</p><p>No caso do numeral (arithmetikón; latim: numerale), do mesmo modo, não</p><p>se postulava uma classe à parte. DT e AD o colocaram entre as diferentes sub-</p><p>classes nocionais dos nomes, dando exemplos apenas de cardinais, que seriam os</p><p>numerais por excelência. O (nome) ordinal (em DT e em AD: taktikón, “referente</p><p>ao alinhamento”; latim: ordinale) é outra das subclasses.</p><p>No caso do pronome (em DT e em AD: antonymía, denominação que traz o</p><p>prefixo anti, “no lugar de”; latim: pronomen, com o prefixo pro-, correspondente ao</p><p>grego -anti), o campo recoberto era bem diferente do que hoje se entende na organi-</p><p>zação da gramática. O manual de DT inclui entre os pronomes apenas aqueles que</p><p>ele subclassifica como primitivos e derivados, que são, respectivamente, os pessoais</p><p>(prósopoi) e os que chamamos possessivos, os quais, porém, não recebem essa de-</p><p>nominação, mas são chamados bipessoais (diprósopoi) porque encerram a ideia de</p><p>possuidor e de possuído. AD faz essa mesma classificação, mas alarga o domínio dos</p><p>pronomes, não chegando a abrigar os nossos pronomes relativos, que deixa entre os</p><p>“artigos antepostos”. Ele põe como subclasses dos nomes as outras palavras que hoje</p><p>108</p><p>UNIDADE 2 — ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>se consideram pronomes. Em DT, o termo relativo (anaphorikón, “de relação”, “relati-</p><p>vo”; latim: relativum) era usado para designar uma subclasse dos nomes.</p><p>No caso da preposição (em DT e em AD: próthesis, “palavra que se coloca</p><p>antes, em composição ou em construção”; latim: praepositio), a classe incluía os</p><p>prefixos, e o significado do termo grego explica esse fato.</p><p>No caso da conjunção (desde Aristóteles: sýndesmos; “união”, “vínculo”;</p><p>latim: coniunctio), inicialmente, ficam abrangidas coisas muito diferentes (conjun-</p><p>ções, preposições, pronomes). Com os estoicos, já não se incluem os pronomes,</p><p>mas tudo o que é indeclinável, com a definição feita pela função: ligar as outras</p><p>partes do discurso. Esse é também o caráter acentuado em DT, que ainda insiste</p><p>no valor de tal elemento na ordenação do pensamento. AD também faz indicação</p><p>da “ordem” (táxis), mas põe a seu lado a “força” (dýnamis), o que poderia querer</p><p>lembrar, já na definição, a subordinação ao lado da coordenação.</p><p>No caso do advérbio (nos estoicos, em DT e em AD: epírrhema, “ao lado</p><p>do/sobre o verbo”; latim: adverbium), a denominação traz o mesmo prefixo epí</p><p>(“sobre”) que está em epítheton, “adjetivo”. Ou seja, o termo epírrhema é um cor-</p><p>respondente do termo epítheton, no sentido de que epítheton está para “nome”</p><p>assim como epírrhema está para “verbo”. AD diz claramente que o advérbio é uma</p><p>espécie de adjetivo do verbo e deve vir após a preposição, que se liga ao nome.</p><p>Resta observar o caso do termo verbo (nos filósofos e nos gramáticos: rhêma,</p><p>“o que se diz”, “predicado”; latim: verbum). Essa denominação grega e a denominação</p><p>portuguesa para verbo fazem conceituação análoga, mas não idêntica, já que a denomi-</p><p>nação de uma função (então vista a partir da lógica), como a de “predicado”, representa</p><p>um deslizamento de domínio, se tomada para denominar uma classe gramatical.</p><p>Saindo das denominações daquelas que, hoje, se consideram “classes de</p><p>palavras”, vamos a outras denominações, seja para subclassificação (principalmente</p><p>na classe dos nomes, onómata), seja para flexão (principalmente na classe dos verbos,</p><p>rhémata). Verifica-se que, na denominação das subclassificações, bem como na das</p><p>flexões, há uma maioria de traduções (geralmente latinas), cerca de trinta e cinco, nas</p><p>quais, em geral, se mantém (em um sentido amplo) o conceito (muitas vezes mudando</p><p>a aplicação do termo) e se altera a forma. A gramática grega incipiente não só classificou</p><p>minuciosamente as partes do discurso como também desenvolveu bastante o estudo</p><p>das flexões, uma característica da gramática emergente que deve ser destacada:</p><p>Quando examina as indicações de gênero, número, caso, tempo, modo, voz</p><p>e pessoa (tà parepómena, “os acessórios”), aí, então, é que a gramática se move</p><p>entre os fatos que poderíamos considerar mais especificamente gramati-</p><p>cais. Os filósofos naturalmente notaram esses fatos e teorizaram sobre eles,</p><p>vinculando-os, sempre, porém, a um sistema filosófico. Notaram o geral, e</p><p>apenas ocasionalmente, vendo aquilo que era evidente no exercício da lin-</p><p>guagem, e sem um interesse específico. Os gramáticos, por sua vez, tinham</p><p>de ter sua atenção despertada em particular para esses fatos, porque neles</p><p>especialmente o criticismo encontrava as discrepâncias de uso em relação à</p><p>linguagem dos poetas, e ainda porque eles facilmente se poderiam organizar</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO</p><p>109</p><p>em uma codificação empírica. Necessariamente essas indicações implicam</p><p>entidades morfológicas, ou, mais ainda, morfossintáticas, e, assim, elas são as</p><p>considerações formais por excelência no exame linguístico. Sua consideração</p><p>leva forçosamente a uma caracterização e sistematização de formas. Assim,</p><p>foi esse exame que mais diretamente instituiu paradigmas, o ponto básico</p><p>da organização gramatical, nos moldes em que ela surgiu. Como nos outros</p><p>aspectos, porém, o que a gramática pôs em um quadro prático, concreto e</p><p>manipulável se apoiou na pesquisa espontânea e ocasional que estava dispo-</p><p>nível no material da filosofia (NEVES, 2005, p. 133-134).</p><p>Entretanto, às flexões, o estudioso só pode chegar pelas subclassificações,</p><p>e é o que aqui se faz. Os comentários se iniciam pelos termos introduzidos por</p><p>tradução ou por transliteração das denominações gregas. A denominação por ter-</p><p>mos novos será vista mais adiante, uma discriminação que se justifica pelo fato de</p><p>que o foco, neste estudo, é exatamente o modo, ou seja, o tipo de denominação.</p><p>A primeira indicação refere-se às duas espécies principais de nomes em DT: o</p><p>(nome) primitivo (protótypon, “que é o primeiro”; latim: primitivum) e o (nome) deri-</p><p>vado (parágogon, termo relacionado com o verbo parágo, “conduzir para outro lado”,</p><p>“derivar”; latim: derivatum), sendo os nomes derivados subclassificados, depois, em</p><p>sete subespécies. Do mesmo modo, em DT também os pronomes podem ser pri-</p><p>mitivos (que são os pessoais)</p><p>e derivados (que são os possessivos), denominações</p><p>e conceituações que não são mantidas em nossa gramática. Cabe observar que, em</p><p>princípio, a derivação não teria de ser considerada classe por classe, mas, sim, no</p><p>geral das formas da língua, independentemente de sua categorização no sistema. Na</p><p>verdade, a indicação, que também a NGB faz, de uma subclassificação em primitivo</p><p>e derivado, separadamente, para as diversas classes, perde a oportunidade de consi-</p><p>derar a formação das palavras como um processo independente de sua classificação.</p><p>FONTE: Adaptado de NEVES, M. H. de M. O legado grego na terminologia gramatical brasileira.</p><p>Alfa, rev. lingüíst. (São José Rio Preto), v. 55, n. 2, 2011. Disponível em: https://bit.ly/2Je4u6k.</p><p>Acesso em: 10 nov. 2020.</p><p>110</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem</p><p>pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao</p><p>AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.</p><p>CHAMADA</p><p>• São chamadas de preposições essenciais ou preposições simples: a, ante, após,</p><p>até, com contra, de, desde, em entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.</p><p>• São chamadas de preposições acidentais: segundo, conforme, afora, exceto,</p><p>fora, menos, não obstante, senão, mediante, durante, consoante, visto, como etc.</p><p>• Numeral é uma palavra que exprime número, ordem numérica, múltiplo ou</p><p>fração. Os numerais são conhecidos como cardinais, ordinais, multiplicativos</p><p>ou fracionários.</p><p>• Conforme Godoi Filho (2019b, p. 60), “os numerais podem ser usados como subs-</p><p>tantivos, adjetivos ou advérbios [...]. Essa classe gramatical é subdividida em duas</p><p>categorias: cardinais (indicação de quantidade) e ordinais (indicação de ordem)”.</p><p>• Para Cunha e Cintra (1985, p. 542), “chamam-se preposições as palavras invari-</p><p>áveis que relacionam dois termos de uma oração, de tal modo que o sentido do</p><p>primeiro (antecedente) é explicado ou completado pelo segundo (consequente).</p><p>• Na língua grega, as preposições adotam todos os casos, menos o nominativo.</p><p>Cada preposição pode adotar de um a três casos (GODOI FILHO, 2019b, p. 52).</p><p>• Os numerais mais usados no Novo Testamento são: εἷς (um); δεύτερος (dois);</p><p>τρεῖς (três); ἑπτά (dez); e δώδεκα (doze).</p><p>• Algumas das preposições que mais aparecem no Novo Testamento são: διά,</p><p>ὑπό, πρός, παρά, εἰς, περί, ἐπί, μετά, κατά, ἀνά.</p><p>111</p><p>1 Na prática de aprendizagem de uma nova língua, é importante para am-</p><p>pliar o seu vocabulário. Traduza as palavras do grego para o português:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>GREGO PORTUGUÊS</p><p>σωτηρίαν</p><p>ἀπλότητος</p><p>ἀνά</p><p>ἑπτά</p><p>ἕκτος</p><p>πέμπτος</p><p>τέσσαρες</p><p>ἕβδομος</p><p>ἄχρι</p><p>περὶ</p><p>FONTE: O autor</p><p>2 O estudo dos numerais e das preposições também envolve a classe gramatical</p><p>das palavras gregas. As preposições demandam muito mais conteúdo, porém é</p><p>de extrema importância conhecer os numerais. Com relação a essas duas classes</p><p>gramaticais, associe os itens em português com as respectivas palavras em grego:</p><p>I- Conforme. ( ) μετά</p><p>II- Dois. ( ) δέκα.</p><p>III- Dez. ( ) ἀνά.</p><p>IV- Com, para com. ( ) κατά.</p><p>V- Para cima, no meio de. ( ) δεύτερος.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – I – IV – III – II.</p><p>b) ( ) II – IV – I – III – V.</p><p>c) ( ) IV – III – V – I – II.</p><p>d) ( ) III – V – II – I – IV.</p><p>3 Para ampliar o seu vocabulário, escreva as seguintes palavras em grego:</p><p>a) Décimo</p><p>b) Um</p><p>112</p><p>c) Dentro</p><p>d) Seis</p><p>e) Quarto</p><p>f) Salvação</p><p>g) Sobre</p><p>h) Sete</p><p>i) Terceiro</p><p>j) Caminho</p><p>4 Depois de conhecer um pouco mais a respeito de numerais e preposições gregos,</p><p>agora você já consegue diferenciá-los e identificar certas características próprias de</p><p>cada um. A respeito dessas duas classes gramaticais, analise as sentenças a seguir:</p><p>I- São exemplos de numerais cardinais em grego: τρίτος e πρῶτος.</p><p>II- Preposições essenciais ou preposições simples: a, ante, após, até, com con-</p><p>tra, de, desde, em entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.</p><p>III- A preposição é uma palavra indeclinável que tem a função de reforçar ou</p><p>esclarecer a ideia do caso.</p><p>IV- Alguns exemplos dos numerais ordinais na língua grega são: δέκατος e</p><p>πέμπτος.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a alternativa IV está correta.</p><p>c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) As alternativas I e III estão corretas.</p><p>5 O processo de memorização das palavras gregas contribui grandemente para o</p><p>aprendizado, pois, além de aumentar o vocabulário do estudante, torna as pala-</p><p>vras cada vez mais familiares para ele. Como você já está memorizando algumas</p><p>palavras na língua grega, analise as palavras em grego e a tradução atribuída, a</p><p>seguir, classificando V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) δύναμις = poder.</p><p>( ) εἰς= para baixo, fora.</p><p>( ) ὁδός= caminho.</p><p>( ) ἐννέα = oitavo.</p><p>( ) ἕκτος = sexto.</p><p>113</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – V – F – V.</p><p>b) ( ) F – F – V – V – V.</p><p>c) ( ) V – V – V – V – F.</p><p>d) ( ) F – V – F – V – V.</p><p>114</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. ed. rev. São Paulo:</p><p>Editora Hagnos, 2002.</p><p>CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutórios para ini-</p><p>ciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014.</p><p>FERNANDES, M. Gramática de grego Koinê. Disponível em: https://bit.ly/3md-</p><p>0C4s. Acesso em: 5 fev. de 2020.</p><p>CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Com-</p><p>panhia Editora Nacional, 2010.</p><p>CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 2.</p><p>ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira S. A., 1985.</p><p>GODOI FILHO, J. Grego instrumental aplicado ao Novo Testamento. Curitiba:</p><p>Intersaberes, 2019a.</p><p>GODOI FILHO, J. Grego instrumental. Curitiba: Intersaberes, 2019b.</p><p>GUILEY, P. C. Apostila do grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto Bíblico Ma-</p><p>ranata, 1993.</p><p>PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. 4. ed. São Paulo: Editora Áti-</p><p>ca, 2000.</p><p>ROSA, E. B. Khairete. Para aprender o grego antigo – A Grécia e sua língua. Ara-</p><p>raquara: FCL/ UNESP, 2015.</p><p>ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 9 out. 2020.</p><p>TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de</p><p>Janeiro: JUERP – Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1990.</p><p>TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. São Paulo: Editora Ba-</p><p>tista Regular, 1991.</p><p>THE GREEK NEW TESTAMENT. The standard edition for translators and stu-</p><p>dents. German Bible Society, 1988.</p><p>115</p><p>UNIDADE 3 —</p><p>ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO</p><p>NO GREGO KOINÉ</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• analisar o verbo e seus componentes;</p><p>• compreender os verbos do grego Koiné;</p><p>• conhecer alguns tempos verbais no grego Koiné;</p><p>• destacar alguns aspectos do processo de tradução;</p><p>• memorizar e traduzir palavras gregas.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,</p><p>você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo</p><p>apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO</p><p>GREGO KOINÉ</p><p>TÓPICO 2 – O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO,</p><p>PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO</p><p>TÓPICO 3 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO NO GREGO</p><p>KOINÉ</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos</p><p>em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá</p><p>melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>116</p><p>117</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Nesta unidade, vamos iniciar o estudo sobre os verbos no grego Koiné. Na de-</p><p>finição de Cegalla (2010, p. 182), o verbo é “uma palavra que exprime ação, estado, fato</p><p>ou fenômeno”, e “palavra indispensável na organização do período”. Conforme Taylor</p><p>(1990, p. 8), “o verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pes-</p><p>soa”. De acordo com Godoi Filho</p><p>(2019b, p. 80), “os verbos compõem a classe grama-</p><p>tical que indica as ações expressas em uma sentença e o tempo em que elas ocorrem”.</p><p>Neste tópico, trabalharemos dois aspectos referentes ao verbo: análise do verbo</p><p>e de alguns aspectos importantes para a sua compreensão, especialmente na língua</p><p>grega; e o uso do tempo presente nos verbos em grego. Estudaremos alguns aspectos</p><p>apresentando exemplos de conjugação no tempo presente dos modos na língua grega.</p><p>Novamente, é importante reforçar que, como se trata de uma introdução</p><p>aos estudos do grego Koiné, não serão apresentados, de forma exaustiva, todos os</p><p>aspectos do verbo, pois isso demandaria muito mais espaço para conteúdo nesse</p><p>primeiro momento. Assim, serão destacados alguns aspectos mais elementares,</p><p>que servirão de base para estudos posteriores nessa área.</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO</p><p>PRESENTE NO GREGO KOINÉ</p><p>Ἐγώ εἰμι ὁ ποιμὴν ὁ καλός. ὁ ποιμὴν ὁ καλός τὴν φυχὴν αὐτοῦ</p><p>τίθησιν ὑπὲρ τῶν προβάτων.</p><p>“Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11).</p><p>Para Cegalla (2010, p. 182), “verbo é uma palavra que exprime ação, estado,</p><p>fato ou fenômeno” e “palavra indispensável na organização do período”. Conforme Taylor</p><p>(1990, p. 8), “o verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pessoa”. De</p><p>acordo com Godoi Filho (2019b, p. 80), “os verbos compõem a classe gramatical que indica</p><p>as ações expressas em uma sentença e o tempo em que elas ocorrem”.</p><p>UNI</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>118</p><p>2 ANÁLISE DO VERBO</p><p>Assim como na língua portuguesa, encontramos os seguintes elementos</p><p>que fazem parte da estrutura dos verbos no grego Koiné: modo; tempo; voz; pes-</p><p>soa; e número. No processo de análise de qualquer verbo do Novo Testamento,</p><p>é muito importante compreendermos o funcionamento de cada um desses ele-</p><p>mentos, além da necessidade de conhecer a forma como o verbo se apresenta no</p><p>dicionário. Vamos observar, de forma sucinta, cada um desses elementos.</p><p>2.1 MODO</p><p>De acordo com Taylor (1990, p. 8), “o modo indica a maneira de afirmação,</p><p>como é feita”. Cegalla (2010, p. 183) mostra que os verbos indicam as diferentes</p><p>maneiras de um fato se realizar: indicativo, imperativo e subjuntivo. Além desses</p><p>modos, existem as formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio e particípio.</p><p>Para Guiley (1993, p. 7), “o modo do verbo indica a atitude mental da pes-</p><p>soa que fala (ou escreve), com referência à realidade da ação do verbo”.</p><p>Há, no grego, quatro modos verbais, os quais serão explanados a seguir.</p><p>2.1.1 Indicativo</p><p>Indicativo é o modo que serve para declarar positivamente um fato certo,</p><p>positivo. A intenção do interlocutor é declarar a realidade de um fato, conforme</p><p>atesta Guiley (1993, p. 7): “a pessoa que fala estas palavras está declarando um</p><p>fato como real. Ao modo não importa se a declaração é verdadeira ou falsa. Im-</p><p>porta somente a declaração do fato”.</p><p>Os tempos encontrados no modo indicativo são seis no total: presente,</p><p>imperfeito, futuro, aoristo, perfeito e mais-que-perfeito.</p><p>São elementos que fazem parte da estrutura dos verbos: modo; tempo; voz;</p><p>pessoa; e número.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ</p><p>119</p><p>2.1.2 Subjuntivo</p><p>O modo subjuntivo expressa um fato possível, duvidoso ou hipotético. É</p><p>o modo da “probabilidade”, que não diz que a ação do verbo seja um fato agora,</p><p>mas que poderá se tornar um fato sobre certas condições prováveis. No grego, há</p><p>três tempos verbais no subjuntivo: presente, aoristo e perfeito.</p><p>2.1.3 Optativo</p><p>É um modo que, embora não temos na língua portuguesa, aparece na lín-</p><p>gua grega. É o modo da probabilidade remota, ou seja, na mente da pessoa que</p><p>fala, há pouca possibilidade de que a ação do verbo se realize, somente se fortes</p><p>contingências forem superadas. De acordo com Guiley (1993, p. 8), é usado para</p><p>expressar desejos cuja realização é duvidosa por causa de dificuldades no cami-</p><p>nho. Esse modo é indicado pelo uso de palavras como “oxalá” e “tomara que”</p><p>em português. Cabe também destacar que o seu uso no Novo Testamento é muito</p><p>raro, aparece poucas vezes: segundo Guiley (1993, p. 8), é visto apenas 67 vezes e</p><p>somente nos tempos presente e aoristo.</p><p>O modo optativo expressa um desejo na oração principal de determinado</p><p>período – no português, é traduzido pelo pretérito imperfeito do subjuntivo ou futuro pre-</p><p>térito. Por exemplo: “eu poderia”. Durante o período Helenístico, esse modo verbal foi gra-</p><p>dualmente substituído pelo subjuntivo (SOARES, 2011; GODOI FILHO, 2019b, p. 134).</p><p>NOTA</p><p>2.1.4 Imperativo</p><p>Exprime ordem ou pedido, proibição ou, até mesmo, conselho. É consi-</p><p>derado o mais fraco dos modos, no sentido de que expressa apenas a vontade da</p><p>pessoa, isto é, somente que tal é o desejo ou o intento do interlocutor. É muito</p><p>usado em súplicas, proibições e ordens. No caso do modo no imperativo, há so-</p><p>mente dois tempos verbais: presente e aoristo.</p><p>Além desses quatro modos verbais (indicativo, subjuntivo, optativo e im-</p><p>perativo), há duas formas nominais na língua grega: o infinitivo e o particípio.</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>120</p><p>Há quatro modos verbais no grego: indicativo; subjuntivo; optativo; e</p><p>imperativo. Há também duas formas nominais: infinitivo e particípio.</p><p>DICAS</p><p>2.2 TEMPO</p><p>O tempo do verbo em grego é o aspecto mais importante. Conforme Taylor (1990,</p><p>p. 8), “o tempo expressa o estado ou qualidade de ação do verbo”. No estudo do grego,</p><p>é fundamental identificar o tempo e compreender o seu significado, bem como fazer a</p><p>interpretação correta. Os tempos verbais do grego expressam principalmente o estado da</p><p>ação: se está em andamento, se já foi concluída etc. (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).</p><p>Há duas ideias básicas na aplicação do tempo no verbo em grego: a pri-</p><p>meira responde à pergunta “quando?”; e a segunda refere-se ao tipo de ação e</p><p>responde à pergunta “como?”.</p><p>O autor Guiley (1993) destaca que na língua grega no uso do verbo o que</p><p>é chamado de “Aktionsart” (palavra alemã que significa “tipo de ação”). Há três</p><p>tipos de aktionsart no verbo:</p><p>• Linear – identifica ação em progresso, ação continuada, habitual, repetida, cos-</p><p>tumeira. Tempos: presente, imperfeito e, às vezes, futuro apresentam ação linear.</p><p>• Pontilear – identifica ação como um ponto. Não diz nada com referência à</p><p>continuidade; somente que houve a ação. O tempo aoristo e, às vezes, o futu-</p><p>ro, apresentam ação pontilear.</p><p>• O aktionsart dos tempos perfeito e mais-que-perfeito une as duas ideias e apre-</p><p>senta ação feita no passado com resultados que permanecem até o presente.</p><p>É importante distinguir entre tempo e aktionsart. No modo indicativo, as duas</p><p>ideias estão presentes nos verbos, enquanto, nos outros modos do verbo, há</p><p>somente aktionsart.</p><p>De acordo com Taylor (1990, p. 13), “somente no modo indicativo é que os</p><p>tempos indicam tempo. A principal ideia dos tempos gregos é a ‘qualidade de ação’,</p><p>o estado da ação do verbo”. Os tempos do verbo são divididos em duas classes:</p><p>• Perfeito, presente e futuro: são chamados de tempos primários.</p><p>• Imperfeito, aoristo e mais-que-perfeito: são chamados de tempos secundários</p><p>ou tempos “históricos” – que trata do passado.</p><p>Para Godoi Filho (2019b):</p><p>TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ</p><p>121</p><p>O grego apresenta três aspectos verbais: o durativo, o pontilear e o</p><p>resultante. O aspecto durativo se refere a uma ação que está aconte-</p><p>cendo. O aspecto pontilear expressa uma ação sem que se se determine</p><p>a maneira como é realizada ou a duração do processo verbal. No caso</p><p>de uma ação concebida no passado, trata-se de uma ação já concluída.</p><p>O aspecto resultante, por sua vez, corresponde a uma ação realizada</p><p>no passado, mas que ainda persiste no presente, exprimindo, pois, o</p><p>resultado de uma ação verbal (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).</p><p>Cabe destacar também que nem todos os tempos verbais estão presentes na</p><p>língua grega. Godoi Filho (2019b, p. 135) apresenta</p><p>informações sobre essas diferenças:</p><p>• Modo indicativo: presente, futuro, aoristos 1 e 2, perfeito, pretéritos imper-</p><p>feito e mais-que-perfeito.</p><p>• Modo subjuntivo: presente, aoristos 1 e 2 e perfeito.</p><p>• Modo imperativo: presente e aoristos 1 e 2.</p><p>• Modo optativo: presente, aoristos 1 e 2, futuro e pretérito perfeito.</p><p>Os tempos verbais do grego expressam principalmente o estado da ação: se</p><p>está em andamento, se já foi concluída etc. (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).</p><p>UNI</p><p>2.3 VOZ</p><p>Para Taylor (1990, p. 8), “a voz do verbo diz como a ação do mesmo se relacio-</p><p>na com o sujeito”. Na língua portuguesa, conforme Cegalla (2010, p. 184), “os verbos</p><p>se classificam em: 1. Ativos; 2. Passivos; 3. Reflexivos”. São conhecidos também como</p><p>voz ativa, voz passiva e voz reflexiva dos verbos. Godoi Filho destaca que:</p><p>Na língua grega, há três vozes verbais: ativa, passiva e média. A voz</p><p>média é usada nos verbos depoentes (verbos com terminação em</p><p>ομαι). Por exemplo: ἔρχομαι, em português ficaria “vou”, “venho”.</p><p>São verbos que utilizam a voz média, mas que mantêm o mesmo sen-</p><p>tido da voz ativa. Em síntese, no português, a voz média sempre será</p><p>traduzida como voz ativa (GODOI FILHO, 2019b, p. 135).</p><p>Assim, a voz média representa o sujeito agindo com referência a si mes-</p><p>mo, diretamente sobre si (média direta): λούω (eu lavo); λούομαι (eu me lavo);</p><p>agindo para si ou com vantagem para si, de qualquer maneira: ἀγοράζω (eu com-</p><p>pro); ἀγοράζομαι (eu compro para mim; TAYLOR, 1993, p. 22).</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>122</p><p>2.4 NÚMERO E PESSOA</p><p>O número e a pessoa na flexão do verbo se referem a: primeira, segunda e</p><p>terceira pessoa do singular (eu, tu, ele/a) e do plural (nós, vós, eles/as). Segundo</p><p>Taylor (1990, p. 8), “as terminações pessoas indicam os diferentes sujeitos, como</p><p>eu, tu, ele, ou ela, nós, vós, eles ou elas. Estas terminações pessoais são restos de</p><p>antigos pronomes e são inseparáveis do verbo”. Da mesma forma que na língua</p><p>portuguesa, as terminações em grego mostram quem faz a ação.</p><p>Dessa maneira, ao nos referirmos ao número, estamos indicando a flexão dos</p><p>verbos em singular ou plural. Por outro lado, quando se fala em pessoa, a referência é</p><p>sobre 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular (eu, tu, ele/a) e do plural (nós, vós, eles/as).</p><p>3 CONJUGAÇÕES</p><p>As línguas portuguesa e grega têm semelhança na estrutura gramatical, ain-</p><p>da que, em algumas situações, apresentem suas diferenças e suas especificidades.</p><p>Algumas semelhanças são as mesmas classes de palavras, como substantivos, adjeti-</p><p>vos, verbos etc., que têm as mesmas funções nas frases. Em relação aos verbos e suas</p><p>conjugações, as semelhanças também são evidentes, porém, com algumas diferenças.</p><p>Na língua portuguesa, há três classes de verbos. Cada conjugação se ca-</p><p>racteriza por uma vogal temática.</p><p>• Primeira conjugação: verbos cuja forma infinitiva terminam em “ar”; por</p><p>exemplo: cant -ar.</p><p>• Segunda conjugação: verbos cuja forma infinitiva terminam em “er”; por</p><p>exemplo: faz -er.</p><p>• Terceira conjugação: verbos cuja forma infinitiva terminam em “ir”; por exem-</p><p>plo: part -ir.</p><p>Na língua grega, há somente duas classes de verbos, estando divididas em:</p><p>• Verbos que terminam em “ω” (ômega) – esta classe é chamada de “ômega”,</p><p>pelo fato de a forma do verbo, na primeira pessoa do singular no presente do</p><p>indicativo ativo, terminar com a letra ômega. A maioria dos verbos em grego</p><p>pertence a essa classe.</p><p>• Verbos que terminam em “μ/ι” (mu/iota) – esta classe é chamada de “mu/</p><p>iota”, pelo fato de a forma do verbo, na primeira pessoa do singular no pre-</p><p>sente do indicativo ativo, terminar com mu/iota.</p><p>A conjugação segue o mesmo formato da conjugação dos verbos em por-</p><p>tuguês. Há formas singulares e plurais: há formas para 1ª, 2ª e 3ª pessoas. Com</p><p>pequenas alterações nas formas, indica-se o tempo da ação do verbo, ou seja, se é</p><p>TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ</p><p>123</p><p>presente, passado ou futuro. Dessa maneira, também indica se a ação do verbo é</p><p>um fato, uma possibilidade, um desejo ou uma ordem.</p><p>O Quadro 1 exemplifica a conjugação do verbo falar na língua grega. Para</p><p>observarmos como se forma o verbo, temos o radical, a vogal temática e a termi-</p><p>nação pessoal. Você notará a semelhança no formato com a língua portuguesa.</p><p>QUADRO 1 – ESTRUTURA DO VERBO NO GREGO</p><p>PESSOA CONJUGAÇÃO</p><p>NO GREGO RADICAL VOGAL</p><p>TEMÁTICA</p><p>TERM.</p><p>PESSOA TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª pessoa λέγω λεγ ω ω Falo</p><p>2ª pessoa λέγεις λεγ ε ις Falas</p><p>3ª pessoa λέγει λεγ ε ι Fala</p><p>Plural</p><p>1ª pessoa λέγομεν λεγ ο μεν Falamos</p><p>2ª pessoa λέγετε λεγ ε τε Falais</p><p>3ª pessoa λέγουσι λεγ ο υσι Falam</p><p>FONTE: O autor</p><p>4 TEMPO PRESENTE</p><p>O tempo presente emprega a primeira parte principal do verbo. Ele apresenta</p><p>ação progressiva, continuada, costumeira ou repetida. Apenas no modo indicativo</p><p>há o sentido de tempo que responde à pergunta “quando?” (GUILEY, 1993, p. 18).</p><p>A seguir, veremos exemplos das conjugações na língua grega. É importante</p><p>observar e praticar as conjugações para assimilar o formato, as pessoas do verbo e as</p><p>terminações. Vamos apresentar as conjugações na voz ativa e também na voz média</p><p>e passiva. Empregam-se as formas ativas quando é o sujeito que faz a ação do verbo.</p><p>As formas passivas são empregadas quando o sujeito recebe a ação do verbo.</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>124</p><p>O tempo presente emprega a primeira parte principal do verbo. Ele apresenta</p><p>ação progressiva, continuada, costumeira ou repetida. Apenas no modo indicativo há o</p><p>sentido de tempo que responde à pergunta “quando?” (GUILEY, 1993, p. 18).</p><p>NOTA</p><p>4.1 PRESENTE DO INDICATIVO</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω (eu jogo).</p><p>QUADRO 2 – PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª βάλλω Eu jogo</p><p>2ª βάλλεις Tu jogas</p><p>3ª βάλλει Ele joga</p><p>Plural</p><p>1ª βάλλομεν Nós jogamos</p><p>2ª βάλλετε Vós jogais</p><p>3ª βάλλουσι Eles jogam</p><p>FONTE: O autor</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz média – βάλλω.</p><p>QUADRO 3 – PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ MÉDIA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª βάλλομαι Jogo para mim</p><p>2ª βάλλῃ Jogas para ti</p><p>3ª βάλλεται Joga para si</p><p>Plural</p><p>1ª βαλλόμεθα Jogamos para nós</p><p>2ª βάλλεσθε Jogais para vós</p><p>3ª βάλλονται Jogam para eles</p><p>FONTE: O autor</p><p>TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ</p><p>125</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz passiva – βάλλω.</p><p>QUADRO 4 – PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª βάλλομαι Eu sou jogado</p><p>2ª βάλλῃ Tu és jogado</p><p>3ª βάλλεται Ele é jogado</p><p>Plural</p><p>1ª βαλλόμεθα Nós somos jogados</p><p>2ª βάλλεσθε Vós sois jogados</p><p>3ª βάλλονται Eles são jogados</p><p>FONTE: O autor</p><p>4.2 PRESENTE DO SUBJUNTIVO</p><p>A diferença entre as formas do indicativo e do subjuntivo reside apenas</p><p>na vogal temática. A vogal temática usada no indicativo é ε/ο; a vogal temática</p><p>usada no subjuntivo é η/ω.</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω.</p><p>QUADRO 5 – PRESENTE DO SUBJUNTIVO NA VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª βάλλω que eu jogue</p><p>2ª βάλλῃς que tu jogues</p><p>3ª βάλλῃ que ele jogue</p><p>Plural</p><p>1ª βάλλωμεν que nós joguemos</p><p>2ª βάλλητε que vós jogais</p><p>3ª βάλλωσι que eles joguem</p><p>FONTE: O autor</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz média e passiva – βάλλω.</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>126</p><p>QUADRO 6 – PRESENTE DO SUBJUNTIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª βάλλωμαι seja jogado</p><p>2ª βάλλῃ sejas jogado</p><p>3ª Βάλληται seja jogado</p><p>Plural</p><p>1ª βάλλώμεθα sejamos jogados</p><p>2ª βάλλησθε sejais jogados</p><p>3ª βάλλωνται sejam jogados</p><p>FONTE: O autor</p><p>4.3 PRESENTE DO IMPERATIVO</p><p>O modo imperativo expressa a vontade ou desejo da pessoa que fala. Na língua</p><p>grega, não há formas para a 1ª pessoa, tanto no singular como no plural no imperativo.</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω.</p><p>QUADRO 7 – PRESENTE DO IMPERATIVO NA VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª – –</p><p>2ª βάλλε joga (tu)</p><p>3ª βάλλέτω jogue (você)</p><p>Plural</p><p>1ª – –</p><p>2ª βάλλετε</p><p>jogai (vós)</p><p>3ª βάλλέτωσαν joguem (vocês)</p><p>FONTE: O autor</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz média e passiva – βάλλω.</p><p>TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ</p><p>127</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 8 – PRESENTE DO IMPERATIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª – –</p><p>2ª βάλλου sê tu jogado</p><p>3ª βαλλέσθω que ele seja jogado</p><p>Plural</p><p>1ª – –</p><p>2ª βάλλεσθε sede vós jogados</p><p>3ª βαλλέσθωσαν que eles sejam jogados</p><p>4.4 PRESENTE DO OPTATIVO</p><p>O uso do modo optativo no Novo Testamento grego é muito limitado –</p><p>como já mencionamos que não existe este modo na língua portuguesa. Conforme</p><p>Godoi Filho (2019b, p. 95), “aos poucos, durante o Período Helenístico esse modo</p><p>sofreu um processo de simplificação e foi sendo substituído pelo subjuntivo [...]. No</p><p>Novo Testamento, esse modo aparece apenas 68 vezes no presente e no aoristo”.</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz ativa – βάλλω.</p><p>QUADRO 9 – PRESENTE DO OPTATIVO NA VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª βάλλοιμι jogaria</p><p>2ª βάλλοις jogarias</p><p>3ª βάλλοι jogaria</p><p>Plural</p><p>1ª βάλλοιμεν soltaríamos</p><p>2ª βάλλοιτε soltaríeis</p><p>3ª βάλλοιεν soltariam</p><p>FONTE: O autor</p><p>Conjugação do verbo jogar na voz média e passiva – βάλλω.</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>128</p><p>QUADRO 10 – PRESENTE DO OPTATIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVA</p><p>FONTE: O autor</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª βαλλοίμην jogaria para mim</p><p>2ª βάλλοιο jogarias para ti</p><p>3ª βάλλοιτο jogaria para si</p><p>Plural</p><p>1ª βαλλοίμεθα jogaríamos para nós</p><p>2ª βάλλοισθε jogaríeis para vós</p><p>3ª βάλλοιντο jogariam para eles</p><p>Pratique a memorização de vocabulário com alguns exemplos a seguir:</p><p>• βάλλω = eu jogo.</p><p>• πέμπω = eu envio.</p><p>• σωζώ = eu salvo.</p><p>• κηρύσσω = eu prego, eu proclamo.</p><p>• κρίνω = eu julgo.</p><p>• βαπτίζω = eu batizo.</p><p>• μένω = eu fico.</p><p>• λέγω = eu digo/falo.</p><p>• ἐσθίω = eu como.</p><p>• κράζω = eu grito.</p><p>DICAS</p><p>O legado grego na terminologia gramatical brasileira</p><p>A última classe, com referência a subclassificações e/ou flexões, é o  verbo  (rhêma). É</p><p>especialmente nessa classe que a existência de flexões constitui peça determinante da</p><p>conceituação. AD insiste no fato de que, no caso do verbo, é uma mesma palavra que, alterando-</p><p>se, adapta-se aos tempos, às pessoas e a todas as ideias que lhe são acessórias, enquanto o</p><p>advérbio, que também pode indicar tempo, não o faz por mudança de forma. Desse modo, o</p><p>que está em questão não é puramente o fato de a palavra fazer todas essas indicações, mas, sim,</p><p>o fato de ser próprio dela essa alteração da forma para expressar as diferenças: especificamente,</p><p>as diferenças de tempo e as diferenças entre atividade ou passividade (voz).</p><p>INTERESSANTE</p><p>TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO GREGO KOINÉ</p><p>129</p><p>Há, pois, grande número de termos designadores de subespecificações de formas verbais.</p><p>O primeiro termo a comentar é conjugação (em DT e em AD: syzygía” união sob o mes-</p><p>mo jugo”; latim: coniugatio). Por outro lado, esse termo designador de sistematização e</p><p>exercitação metalinguística não era do interesse dos filósofos.</p><p>As lições gregas especificam o tempo verbal (chrónos; latim: tempus) considerando-o na sua</p><p>ligação temporal com a elocução (exatamente a categoria linguística “tempo”), mas também</p><p>incluem no exame das flexões verbais da língua grega muitas indicações que correspondem ao</p><p>que denominamos, nos estudos linguísticos, como aspecto verbal. Já Aristóteles tratou do tem-</p><p>po nos verbos observando distinções na forma verbal em correspondência com distinções na</p><p>relação temporal com a elocução. Quanto aos estoicos, a sua preocupação peculiar de definir</p><p>as relações de causalidade e os modos de conclusão lhes proporcionou motivo para definir mui-</p><p>to especialmente essas relações, e, por aí, levou à distinção quádrupla em dois tempos verbais</p><p>considerados “determinados” (presente e passado), com dois valores aspectuais em cada um</p><p>(durativo e completado). DT altera a classificação dos estoicos especialmente quanto à separa-</p><p>ção operada entre presente (que fica sem distinções aspectuais) e passado (que tem indicados</p><p>quatro valores aspectuais), e quanto à inclusão do futuro. De AD, há a dizer que existem informa-</p><p>ções fragmentadas de sua doutrina sobre os tempos. A recolha geral da correspondência das</p><p>denominações dos três tempos verbais de nossa NGB pode ser resumida como a seguir. Veri-</p><p>fica-se uma correspondência com o quadro da gramática grega, tanto nos tempos como nas</p><p>denominações: presente (em Aristóteles: he páronta; nos estoicos e em DT: enestós, particípio</p><p>presente de enístemi, “estabelecer-se em”, “tomar consistência”; latim: praesens); pretérito (nos</p><p>estoicos: paroichoménos, “que passou”, particípio presente de paroíchomai, “ser passado”, “ter</p><p>transcorrido”; em DT:  paralelytós,  “que passou”, particípio presente de  parérchomai, “passar</p><p>além”, “transcorrer”; latim: praeteritum); futuro (nos estoicos e em DT: méllon, “que está por vir”,</p><p>particípio presente de méllo, “estar a ponto de”, “estar para”; latim: futurum).</p><p>Também no caso do  modo  verbal (em DT e em AD:  énklisis, “inclinação”; em AD,</p><p>também  diáthesis (tês psykhês), “disposição” (da alma);  latim:  modus), os filósofos não</p><p>trabalharam com o conceito gramatical da categoria, prendendo-se ao valor lógico ou retórico</p><p>das frases. Os gramáticos, por sua vez, assentaram-se nas formas gramaticais, e não nos tipos</p><p>de frases, para a indicação dos modos. Nesse campo, nossa Nomenclatura gramatical abriga</p><p>correspondência (exata ou não) com denominação grega nos casos do imperativo (prostaktiké,</p><p>ligado ao verbo  prostásso, “comandar”; latim:  imperativus) e do  subjuntivo  (em DT e em</p><p>AD: hypotaktiké, “posto sob”, “que serve para limitar”; ligado ao verbo hypotásso, “subordinar”,</p><p>“sujeitar uma coisa à outra”; latim: subiunctivus). Outra correspondência que fica evidente é a</p><p>do termo particípio, que, entretanto, como mostrei, não se colocava entre os modos do verbo,</p><p>mas constituía uma das oito classes gramaticais em DT e em AD (metoché, “participação”,</p><p>ligado ao verbo metéxo: “participar de”; latim: participium).</p><p>Quanto à voz  verbal os estoicos fazem uma tripartição, que reflete o sistema grego de três</p><p>vozes, mas que não tem base propriamente gramatical, dirigindo-se mais às predicações do que</p><p>aos verbos. Os gramáticos, por sua vez, partem das alterações das formas verbais na expressão</p><p>da voz, prendendo-se ao conceito de “disposição” (em DT e em AD: diáthesis; latim: vox), a qual é</p><p>ativa (energetiké) ou passiva (pathetiké), desaparecendo o conceito de “neutro”, para a categoria</p><p>voz. As três vozes da língua grega se classificam, assim, em ativa  (enérgeia, “força de ação”;</p><p>latim: activa), passiva (páthos, “aquilo que se experimenta”; latim: passiva) e média (mesótes, “o</p><p>que está no meio”, inexistente na língua latina), com correspondência absoluta dos dois primeiros</p><p>termos com aqueles que nomeiam as duas vozes da língua portuguesa.</p><p>Ainda nesta seção dedicada às classes de palavras, suas subclassificações e flexões, chega-se</p><p>a um compartimento de termos da nossa NGB que devem ser destacados como diferentes,</p><p>tanto na forma como no conceito, das designações dadas pelas primeiras gramáticas gregas.</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>130</p><p>Novamente, parte-se da classe do nome (ónoma), tão ampla e diversificada nas propostas originárias.</p><p>Destacam-se os termos próprio (em DT e em AD: kýrion, “aplicado a uma pessoa”; latim: proprium)</p><p>e comum  (em DT e em AD: prosegorikón, “que serve para chamar ou saudar”, “que nomeia”,</p><p>“apelativo”; latim: “commune”); prosegoría, “nome apelativo”. Em grego, chama-se, pois, “apelativo”</p><p>ao nome que verdadeiramente nomeia, ao nome “por natureza”, já que o nome próprio se institui</p><p>necessariamente “por convenção”, posição que bem lembra a querela filosófica entre analogia e</p><p>anomalia, e que não está refletida exatamente nos termos portugueses (e latinos).</p><p>Na classe dos pronomes, merece novo comentário o termo possessivo (já no latim:</p><p>possessivum),</p><p>com que denominamos aqueles que os gramáticos gregos denominavam  parágogoi,</p><p>“derivados” (termo ligado a forma), ou  diprósopoi, “bipessoais” (termo ligado a função),</p><p>denominações que não carregam a noção de “posse” e que são muito bem aplicadas.</p><p>Outros casos de denominações diferentes em relação ao grego estão no campo</p><p>dos  modos  verbais, outro setor de grande ligação com o pensamento filosófico, nos</p><p>estudos gregos. Não corresponde à designação grega (e é fiel à denominação latina) o</p><p>termo  indicativo  (em DT e em AD: horistiké, “que serve para delimitar”, “definitório”; ligado</p><p>a horismós, “definição”; latim: indicativus). Um pouco diferente é o caso do termo infinitivo,</p><p>de base latina, mas não exatamente correspondente à tradução latina do grego (em DT e em</p><p>AD: aparemphatikós/aparémphatos” indefinido (quanto a pessoa, número e modo)”; ligado ao</p><p>verbo paremphaíno, “fazer ver”, “pôr em evidência”, “reproduzir (uma imagem)”; latim: infinitus),</p><p>considerado um dos cinco modos verbais pela maioria dos gramáticos gregos.</p><p>Quanto à denominação dos tempos verbais, em vários casos, mudam os nomes e também a</p><p>aplicação do conceito. Lembre-se, especialmente, que termos com imperfeito, perfeito e mais-</p><p>-que-perfeito, que hoje se indicam como denominações de “tempos”, aparecem com</p><p>denominação e também conceituação ligada mais a aspecto, na gramática grega, que mostra</p><p>uma sensível compreensão das duas categorias, uma distinção metodológica que é facilitada</p><p>pelo modo de expressão flexional dos verbos gregos: imperfeito (em DT e em AD: paratátikós,</p><p>“que continua incompleto”; latim: imperfectum); perfeito  (em DT e em AD: parakeímenos,</p><p>“colocado lado a lado”, daí, “que está presente”; latim: perfectum); mais-que-perfeito (em DT</p><p>e em AD: hypersyntélikos, “completado no passado”; latim: plus quam perfectum). Dos três,</p><p>o termo grego correspondente a “imperfeito” é o que está mais próximo da conceituação do</p><p>tempo verbal assim denominado em português.</p><p>Entre os termos relativos às vozes verbais, merece menção a aplicação do termo reflexi-</p><p>vo  (em DT e em AD: antipeponthóta, “inverso”, “recíproco”, ligado ao verbo antipáscho,</p><p>“sofrer em troca”, “experimentar igualmente”), hoje destacado da noção de reciprocidade.</p><p>Finalmente, chega-se à consideração de termos totalmente novos, que, no geral, correspon-</p><p>dem a seções ou a entidades da gramática que, como já observei, não mereceram interesse</p><p>na gramática emergente, ou ainda não poderiam ter sido tratadas, no ponto de evolução</p><p>do pensamento gramatical em que se instituiu a gramática no Ocidente. São, por exem-</p><p>plo, denominações desse elenco, na NGB (apresentadas pela ordem): morfologia; (nome)</p><p>concreto, abstrato; coordenativa, coordenação; subordinativa, subordinação; (numeral)</p><p>multiplicativo, fracionário; sintaxe, e todos os termos ligado a esse componente da gra-</p><p>mática, exceto sujeito e predicado, que são termos traduzidos: sujeito (hypokeímenon);</p><p>predicado (rhêma).</p><p>FONTE: NEVES, M. H. de M. O legado grego na terminologia gramatical brasileira. Alfa, rev. lin-</p><p>guíst. v. 55, n. 2, São Paulo, 2011. Disponível em: https://bit.ly/377y5rQ. Acesso em: 25 jun. 2020.</p><p>131</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• “Verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno” e é “pa-</p><p>lavra indispensável na organização do período” (CEGALLA, 2010, p. 182).</p><p>“O verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pessoa”</p><p>(TAYLOR, 1990, p. 8).</p><p>• Assim como na língua portuguesa, encontramos os seguintes elementos que</p><p>fazem parte da estrutura dos verbos no grego Koiné: modo; tempo; voz; pes-</p><p>soa; e número.</p><p>• Há quatro modos verbais no grego: indicativo, subjuntivo, optativo e impera-</p><p>tivo. Há também duas formas nominais: infinitivo e particípio.</p><p>• Os tempos verbais do grego expressam principalmente o estado da ação: se</p><p>está em andamento, se já foi concluída etc. (GODOI FILHO, 2019b, p. 81).</p><p>• Na língua grega, há três vozes verbais: ativa, passiva e média. A voz média é</p><p>usada nos verbos depoentes (verbos com terminação em ομαι).</p><p>• Na língua grega, há somente duas classes de verbos: os verbos que terminam</p><p>em “ω” (ômega); os verbos que terminam em “μ/ι” (mu/iota).</p><p>• O tempo presente emprega a primeira parte principal do verbo. Ele apresen-</p><p>ta ação progressiva, continuada, costumeira ou repetida. Somente no modo</p><p>indicativo há o sentido de tempo, no sentido de responder à pergunta “quan-</p><p>do?” (GUILEY, 1993, p. 18).</p><p>• A diferença entre as formas do indicativo e do subjuntivo reside apenas na</p><p>vogal temática. A vogal temática usada no indicativo é ε/ο; a vogal temática</p><p>usada no subjuntivo é η/ω.</p><p>• O uso do modo optativo no Novo Testamento grego é muito limitado. Não</p><p>existe esse modo na língua portuguesa. No Novo Testamento, ele aparece</p><p>apenas 68 vezes no presente e no aoristo.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>132</p><p>1 Conforme tem sido observado, o verbo é uma palavra que exprime ação,</p><p>estado, fato ou fenômeno, sendo indispensável na organização do período.</p><p>Diante do exposto, preencha os quadros, a seguir, empregando corretamen-</p><p>te a conjugação do verbo λέγω (falar) no presente do indicativo na voz</p><p>ativa e, em seguida, na voz média e passiva:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λέγω</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>Plural</p><p>1ª</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>FONTE: O autor</p><p>PRESENTE DO INDICATIVO NA VOZ MÉDIA E PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λέγομαι</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>Plural</p><p>1ª</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>FONTE: O autor</p><p>2 O processo de construção de frases é o segundo passo para o desenvolvi-</p><p>mento da construção do texto em uma determinada língua. Por isso, essa</p><p>prática é tão necessária e importante. Escreva as seguintes frases em grego:</p><p>a) Eu jogo.</p><p>b) Eu grito.</p><p>133</p><p>c) Eu batizo.</p><p>d) Eu como.</p><p>e) Eu julgo.</p><p>f) Eu salvo.</p><p>g) Eu envio.</p><p>h) Eu proclamo.</p><p>i) Eu fico.</p><p>j) Eu digo.</p><p>3 Conhecer os verbos, sua estrutura, como são formados e conjugados possi-</p><p>bilita ao estudante da língua um avanço bem grande nos estudos. Analise</p><p>as sentenças a seguir relacionadas aos verbos em grego:</p><p>I- Há quatro modos verbais no grego: indicativo, subjuntivo, optativo e im-</p><p>perativo. Há também duas formas nominais: infinitivo e particípio.</p><p>II- O verbo afirma ação (inclusive o estado) e tem tempo, modo, voz e pessoa.</p><p>III- No grego Koiné, encontramos os seguintes elementos que fazem parte da</p><p>estrutura dos verbos: modo; tempo; voz; pessoa; e número.</p><p>IV- Na língua grega, há três vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva. A voz</p><p>média é usada nos verbos depoentes (verbos com terminação em ομαι).</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.</p><p>d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.</p><p>4 Analise as palavras a seguir e as respectivas traduções, assinalando V para</p><p>verdadeiro e F para falso:</p><p>( ) βάλλει = ele joga</p><p>( ) λέγω = eu digo/falo</p><p>( ) σωζώ = eu salvo</p><p>( ) βάλλε = joga (tu)</p><p>( ) κρίνω = eu envio</p><p>134</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) F – V – F – V – F.</p><p>b) ( ) F – V – V – V – V.</p><p>c) ( ) V – V – V – V – F.</p><p>d) ( ) F – V – F – V – V.</p><p>135</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Neste tópico, serão abordados alguns tempos do verbo, exceto o tempo</p><p>presente, já foi visto anteriormente. Veremos também os verbos do grego nos</p><p>tempos: imperfeito, futuro, aoristo e perfeito.</p><p>É importante lembrar que apresentaremos a parte básica desses tempos e suas</p><p>conjugações, no sentido de poder proporcionar um primeiro contato com os tempos e</p><p>a assimilação dessas informações para estudos futuros. Há uma gama muito maior e</p><p>mais ampla de conteúdo, principalmente na temática dos verbos na língua grega, que</p><p>demanda um estudo específico e mais amplo para abordar todos os seus aspectos.</p><p>Inicialmente, trabalharemos o tempo imperfeito, seguido do tempo futuro e do</p><p>aoristo (que se trata de uma novidade, pois não temos esse tempo verbal na língua por-</p><p>tuguesa), e, por fim,</p><p>88</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 91</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 92</p><p>TÓPICO 3 — NUMERAL E PREPOSIÇÃO ..................................................................................... 95</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95</p><p>2 NUMERAL ......................................................................................................................................... 95</p><p>3 PREPOSIÇÃO ..................................................................................................................................... 98</p><p>3.1 PREPOSIÇÕES GREGAS ............................................................................................................ 99</p><p>3.1.1 Preposição: διά ................................................................................................................... 101</p><p>3.1.2 Preposição: ἀνά.................................................................................................................. 102</p><p>3.1.3 Preposição: μετά ................................................................................................................ 102</p><p>3.1.4 Preposição: ἐπί ................................................................................................................... 102</p><p>3.1.5 Preposição: εἰς .................................................................................................................... 103</p><p>3.1.6 Preposição: κατά ................................................................................................................ 103</p><p>3.1.7 Preposição: περί ................................................................................................................. 103</p><p>3.1.8 Preposição: παρά ............................................................................................................... 103</p><p>3.1.9 Preposição: πρός ................................................................................................................ 104</p><p>3.1.10 Preposição: ὑπό ................................................................................................................ 104</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 106</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 110</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 111</p><p>REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 114</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ ........................ 115</p><p>TÓPICO 1 — ANÁLISE DO VERBO E USO DO TEMPO PRESENTE NO</p><p>GREGO KOINÉ ......................................................................................................... 117</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 117</p><p>2 ANÁLISE DO VERBO .................................................................................................................. 118</p><p>2.1 MODO ......................................................................................................................................... 118</p><p>2.1.1 Indicativo ............................................................................................................................ 118</p><p>2.1.2 Subjuntivo .......................................................................................................................... 119</p><p>2.1.3 Optativo ............................................................................................................................. 119</p><p>2.1.4 Imperativo .......................................................................................................................... 119</p><p>2.2 TEMPO ......................................................................................................................................... 120</p><p>2.3 VOZ .............................................................................................................................................. 121</p><p>2.4 NÚMERO E PESSOA ................................................................................................................. 122</p><p>3 CONJUGAÇÕES .............................................................................................................................. 122</p><p>4 TEMPO PRESENTE ........................................................................................................................ 123</p><p>4.1 PRESENTE DO INDICATIVO .................................................................................................. 124</p><p>4.2 PRESENTE DO SUBJUNTIVO .................................................................................................. 125</p><p>4.3 PRESENTE DO IMPERATIVO .................................................................................................. 126</p><p>4.4 PRESENTE DO OPTATIVO ...................................................................................................... 127</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 131</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 132</p><p>TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO</p><p>E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO GREGO ......................................... 135</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 135</p><p>2 O TEMPO IMPERFEITO ............................................................................................................... 135</p><p>3 TEMPO FUTURO ........................................................................................................................... 137</p><p>4 TEMPO AORISTO........................................................................................................................... 138</p><p>5 O TEMPO PERFEITO ..................................................................................................................... 142</p><p>6 O TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO ...................................................................... 144</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 148</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 149</p><p>TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ ..... 151</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 151</p><p>2 TRADUÇÃO .................................................................................................................................... 151</p><p>3 EXERCITANDO A TRADUÇÃO ................................................................................................. 152</p><p>4 O USO DO LÉXIGO GREGO ANALÍTICO ............................................................................... 154</p><p>5 ANÁLISE MORFOLÓGICA DE TEXTOS BÍBLICOS ............................................................ 156</p><p>5.1 EXEMPLOS DE TEXTOS BÍBLICOS E ANÁLISES MORFOLÓGICAS .............................. 156</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 159</p><p>RESUMO</p><p>o tempo perfeito. Depois realizaremos uma síntese sobre o signifi-</p><p>cado de cada um desses tempos e do seu uso no grego, apresentando alguns exemplos</p><p>de conjugações, a fim de que você, acadêmico, possa assimilar a forma de cada um.</p><p>Para o aprendizado de uma língua como o grego Koiné, a prática de exer-</p><p>cícios e atividades é fundamental para conhecer cada uma das terminações ou</p><p>os elementos prefixais, ou, ainda, a raiz de cada verbo. Por isso, recomendamos</p><p>que o estudante, depois de conhecer uma conjugação, faça o mesmo com outros</p><p>verbos nos mesmos tempos verbais, para facilitar o seu aprendizado.</p><p>TÓPICO 2 —</p><p>O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO,</p><p>AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-</p><p>-PERFEITO DO GREGO</p><p>“Δεῦτε πρός με πάντες οἱ κοπιῶντες καὶ πεφορτισμένοι, κἀγὼ ἀναπαύσω ὑμᾶς”.</p><p>“Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt. 11:28).</p><p>2 O TEMPO IMPERFEITO</p><p>O tempo imperfeito, ou pretérito imperfeito, refere-se a um fato que acon-</p><p>teceu no passado – nesse sentido, corresponde ao emprego realizado no portu-</p><p>guês. O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progres-</p><p>siva, continuada ou repetida. Diferentemente da língua portuguesa, o tempo</p><p>imperfeito no verbo grego existe somente no modo indicativo.</p><p>136</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>Assim, os tempos que expressam o passado no modo indicativo são chama-</p><p>dos de “tempos históricos”. A ideia de tempo passado está somente no modo indi-</p><p>cativo dos verbos no imperfeito, aoristo e mais-que-perfeito. O que marca o sinal</p><p>do tempo no imperfeito é o acréscimo da letra “ε” no início da palavra, que aparece</p><p>antes do radical do verbo. Isso ocorre por se tratar de uma vogal que sempre levará</p><p>uma aspiração – seguindo a regra das palavras gregas que começam por vogal, isto</p><p>é, toda palavra grega que começa com uma vogal leva o sinal de aspiração.</p><p>O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progressiva,</p><p>continuada ou repetida. Diferentemente da língua portuguesa, o tempo imperfeito no ver-</p><p>bo grego existe somente no modo indicativo.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Desse modo, o exemplo do verbo “λέγω” (falo, digo), a seguir, mostra</p><p>como é feita a conjugação do imperfeito do indicativo nas vozes ativa, média e</p><p>passiva (Quadros 11 e 12).</p><p>QUADRO 11 – TEMPO IMPERFEITO DO INDICATIVO – VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἔλεγον Eu falava</p><p>2ª ἔλεγες Tu falavas</p><p>3ª ἔλεγε Ele falava</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλέγομεν Nós falávamos</p><p>2ª ἐλέγετε Vós faláveis</p><p>3ª ἔλεγον Eles falavam</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 12 – TEMPO IMPERFEITO DO INDICATIVO – VOZES MÉDIA E PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἐλέγομην Eu era falado</p><p>2ª ἐλέγου Tu eras falado</p><p>3ª ἐλέγετο Ele era falado</p><p>TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO</p><p>GREGO</p><p>137</p><p>FONTE: O autor</p><p>3 TEMPO FUTURO</p><p>Com relação ao tempo futuro, somente os modos indicativo e optativo</p><p>têm as formas do futuro. No entanto, a forma do optativo é muito rara, não sendo</p><p>encontrada, por exemplo, no Novo Testamento. Assim, apresentaremos somente</p><p>a forma do indicativo.</p><p>A diferença que marca o presente e o futuro, tanto na voz média como na</p><p>voz ativa, é que o futuro tem a letra “σ”, a qual aparece entre o radical e a vogal</p><p>temática. É possível notar que há uma diferença entre a voz média e a voz pas-</p><p>siva, por isso faremos a conjugação das três vozes. Os Quadros 13 a 15 mostram,</p><p>como exemplo, a conjugação do verbo “λύω” (solto).</p><p>Com relação ao tempo futuro, somente os modos indicativo e optativo têm</p><p>as formas do futuro. No entanto, a forma do optativo é muito rara, não sendo encontrada,</p><p>por exemplo, no Novo Testamento.</p><p>NOTA</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλέγόμεθα Nós éramos falados</p><p>2ª ἐλέγεσθε Vós éreis falados</p><p>3ª ἐλέγοντο Eles eram falados</p><p>QUADRO 13 – TEMPO FUTURO DO INDICATIVO – VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λύσω Eu soltarei</p><p>2ª λύσεις Tu soltarás</p><p>3ª λύσει Ele soltará</p><p>Plural</p><p>1ª λύσομεν Nós soltaremos</p><p>2ª λύσετε Vós soltareis</p><p>3ª λύσουσι(ν) Eles soltarão</p><p>FONTE: O autor</p><p>138</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 14 – TEMPO FUTURO DO INDICATIVO – VOZ MÉDIA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λύσομαι Soltarei para mim</p><p>2ª λύσῃ Soltarás para ti</p><p>3ª λύσεται Soltará para si</p><p>Plural</p><p>1ª λυσόμεθα Soltaremos para nós</p><p>2ª λύσεσθε Soltareis para vós</p><p>3ª λύσονται Soltarão para eles</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 15 – TEMPO FUTURO DO INDICATIVO – VOZ PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λυθήσομαι Serei solto</p><p>2ª λύθησῃ Serás solto</p><p>3ª λυθήσεται Será solto</p><p>Plural</p><p>1ª λυθησόμεθα Seremos soltos</p><p>2ª Λυθήσεσθε Sereis soltos</p><p>3ª λυθήσονται Serão soltos</p><p>FONTE: O autor</p><p>4 TEMPO AORISTO</p><p>Não encontrado na língua portuguesa, o tempo aoristo é peculiar do</p><p>grego, pois nenhuma outra língua tem uma forma de “tempo” que pode ser</p><p>comparada. Daí a dificuldade de compreensão e assimilação por parte de muitas</p><p>pessoas. Entretanto, por ser uma forma específica do grego, e considerada por</p><p>muitos estudiosos a sua mais importante forma verbal, precisamos de foco para</p><p>buscar um entendimento do seu uso e fazer uma boa tradução.</p><p>O tempo aoristo é muito usado na língua grega. A palavra aoristo signi-</p><p>fica “sem limites”. Esse tempo verbal não diz que a ação está em progresso nem</p><p>que ele tenha terminado, mas simplesmente que há ou houve a ação. Em outras</p><p>palavras, não existe uma relação de tempo com o propósito de mostrar o “quan-</p><p>do”. Conforme Guiley (1993, p. 26), “somente no modo Indicativo tem o Aoristo</p><p>o sentido de tempo, e mesmo ali esse aspecto é secundário, e, como Imperfeito,</p><p>indicado pelo 'aumento' (ε) prefixado ao radical do verbo”.</p><p>TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO</p><p>GREGO</p><p>139</p><p>Para diferenciar essa ação do aoristo de outros tempos verbais é utilizada</p><p>a palavra “pontiliar”. De acordo com Taylor,</p><p>Já notamos que a ideia fundamental dos tempos é qualidade de ação, e não</p><p>tempo, no sentido cronológico. O tempo presente expressa ação linear ou</p><p>durativa. O tempo aoristo expressa ação na sua forma mais simples – in-</p><p>definida; não distingue entre ação completa e ação incompleta; apenas</p><p>considera a ação do verbo como um ponto, e é por isto chamada de pon-</p><p>tilear, ἔχω, eu tenho, estou possuindo; ἔσχον, eu obtive, adquiri, ganhei</p><p>posse de. Esta qualidade de ação (pontilear) é isenta da ideia de tempo.</p><p>Porém, tempo insere no aoristo do indicativo em virtude do aumento,</p><p>que indica tempo passado. Portanto, o aoristo do indicativo indica ação</p><p>pontilear em tempo passado, e o imperfeito do indicativo indica ação</p><p>durativa, também em tempo passado (TAYLOR, 1990, p. 64-65).</p><p>O tempo aoristo é muito usado na língua grega. A palavra aoristo significa</p><p>“sem limites”. Esse tempo verbal não diz que a ação está em progresso nem que ele tenha</p><p>terminado, mas simplesmente que há ou houve a ação.</p><p>UNI</p><p>Podemos dizer que a grande diferença entre o sentido do tempo imperfei-</p><p>to e do aoristo está relacionada com o fato de que o primeiro apresenta uma ação</p><p>durativa ou linear no passado, enquanto o segundo mostra uma ação pontilear.</p><p>Nesse tempo verbal, existem duas formas: primeiro aoristo e segundo aoris-</p><p>to – ressalta-se que não são necessariamente dois tempos diferentes, mas, sim, duas</p><p>formas do mesmo tempo. Em geral, o verbo que usa o primeiro aoristo não usa o</p><p>segundo. Entretanto, alguns podem usar as duas formas. Isso não altera o sentido,</p><p>somente o formato. Para resumir esse tema, vamos tratar apenas dos aspectos do</p><p>uso do primeiro aoristo, que apresenta o infixo “σ” entre o radical do verbo e a</p><p>vogal temática, de forma parecida com o tempo futuro, porém com o prefixo “α”</p><p>como vogal temática, diferentemente do futuro cujas vogais temáticas são “ε/ο”.</p><p>Podemos dizer que a grande diferença entre o sentido do tempo imperfeito e</p><p>do aoristo está relacionada com o fato de que o imperfeito apresenta uma ação durativa ou</p><p>linear no passado, enquanto o aoristo mostra</p><p>uma ação pontilear.</p><p>NOTA</p><p>140</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 16 – TEMPO AORISTO DO INDICATIVO – VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἔλυσα Soltei</p><p>2ª ἔλυσας Soltaste</p><p>3ª ἔλυσε Soltou</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλύσαμεν Soltamos</p><p>2ª ἐλύσατε Soltastes</p><p>3ª ἔλυσαν Soltaram</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 17 – TEMPO AORISTO DO INDICATIVO – VOZ MÉDIA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἐλυσάμην Soltei para mim</p><p>2ª ἐλύσω Soltaste para ti</p><p>3ª ἐλύσατο Soltou para si</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλύσαμεθα Soltamos para nós</p><p>2ª ἐλύσασθε Soltastes para vós</p><p>3ª ἐλύσαντο Soltaram para eles</p><p>FONTE: O autor</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 18 – TEMPO AORISTO DO INDICATIVO – VOZ PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἐλύθην Fui solto</p><p>2ª ἐλύθης Foste solto</p><p>3ª ἐλύθη Foi solto</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλύθημεν Fomos soltos</p><p>2ª ἐλύθητε Fostes soltos</p><p>3ª ἐλύθησαν Foram soltos</p><p>Como exemplos do uso do aoristo no modo indicativo, podemos observar</p><p>o verbo λύω (solto) nos Quadros 16 a 18.</p><p>TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO</p><p>GREGO</p><p>141</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 19 – TEMPO AORISTO DO SUBJUNTIVO – VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λύσω Solte</p><p>2ª λύσῃς Soltes</p><p>3ª λύσῃ Solte</p><p>Plural</p><p>1ª λύσωμεν Soltemos</p><p>2ª λύσητε Solteis</p><p>3ª λύσωσι Soltem</p><p>QUADRO 20 – TEMPO AORISTO DO SUBJUNTIVO – VOZ MÉDIA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λύσωμαι Solte para mim</p><p>2ª λύσῃ Soltes para ti</p><p>3ª λύσηται Solte para si</p><p>Plural</p><p>1ª λυσώμεθα Soltemos para nós</p><p>2ª λύσησθε Solteis para vós</p><p>3ª λύσωνται Soltem para eles</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 21 – TEMPO AORISTO DO SUBJUNTIVO – VOZ PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª Λύθῶ Seja solto</p><p>2ª λύθῇς Sejas solto</p><p>3ª λύθῇ Seja solto</p><p>Plural</p><p>1ª λυθῶμεν Sejamos soltos</p><p>2ª λύθῆτε Sejais soltos</p><p>3ª λύθῶσι Sejam soltos</p><p>FONTE: O autor</p><p>Já o mesmo verbo (λύω – solto) nas formas do tempo aoristo no modo</p><p>subjuntivo pode ser visto nos Quadros 19 a 21.</p><p>142</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>O tempo perfeito, assim como o aoristo, é mais difícil de expressar na língua</p><p>portuguesa, no sentido de que o pretérito perfeito do português não traduz tudo o que o</p><p>perfeito significa em grego. Mesmo assim, normalmente, emprega-se o tempo pretérito</p><p>perfeito português para fazer a tradução do grego.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Vale a pena conhecer o funcionamento desses verbos que foram empre-</p><p>gados no texto bíblico, pois eles não foram utilizados por acaso, mas com um</p><p>propósito; entretanto, só veremos isso se conhecermos melhor a língua grega.</p><p>Para exemplificar, vamos observar alguns exemplos de conjugação do</p><p>verbo λὐω (soltar) no modo indicativo do tempo perfeito (Quadros 22 e 23).</p><p>5 O TEMPO PERFEITO</p><p>O tempo perfeito, assim como o aoristo, é mais difícil de expressar na lín-</p><p>gua portuguesa, no sentido de que o pretérito perfeito do português não traduz</p><p>tudo o que o perfeito significa em grego. Mesmo assim, normalmente, emprega-</p><p>-se o tempo pretérito perfeito português para fazer a tradução do grego.</p><p>É importante ressaltar, novamente, que, no grego, o “como” da ação do</p><p>verbo é mais importante do que o “quando”. Conforme Guiley (1993), o perfeito</p><p>destaca que a ação do verbo está completa e que seu resultado permanece. Há</p><p>duas formas do tempo perfeito: o primeiro perfeito e o segundo perfeito. Assim</p><p>como no caso do aoristo, não são dois tempos diferentes, mas duas formas do</p><p>mesmo tempo. Há uma semelhança entre a estrutura do perfeito e do aoristo,</p><p>pois os ambos empregam prefixos e infixos, porém de forma diferente.</p><p>O perfeito usa o prefixo “λε”, que é chamado de “reduplicação”. Essa</p><p>reduplicação é um dos sinais do perfeito e aparece tanto no modo subjuntivo</p><p>como no indicativo. No entanto, somente os verbos que começam por consoante</p><p>formam o perfeito com reduplicação. Assim, os verbos que começam por vogal</p><p>não podem fazer reduplicação.</p><p>O tempo perfeito, na língua grega, mostra que a ação de um verbo está</p><p>plenamente completa e que o seu resultado permanece. Especialmente quando</p><p>usado no modo indicativo, essa ideia fica muito clara, ou seja, uma ação que foi</p><p>feita no passado está completa e seu resultado permanece. Guiley (1993) cita o</p><p>seguinte exemplo para ilustrar o tempo perfeito: o tempo usado para dizer que</p><p>Jesus Cristo ressuscitou na passagem de 1 Cor. 15:3 está no perfeito do indicativo.</p><p>A ideia presente no texto é que Cristo ressuscitou em um determinado momento</p><p>do passado, e o resultado da sua ressurreição permanece até hoje, isto é, Ele vive.</p><p>TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO</p><p>GREGO</p><p>143</p><p>QUADRO 22 – TEMPO PERFEITO – VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λέλυκα (tenho) soltado</p><p>2ª λέλυκας (tens) soltado</p><p>3ª λέλυκε (tem) soltado</p><p>Plural</p><p>1ª λελύκαμεν (temos) soltado</p><p>2ª λελύκατε (tendes) soltado</p><p>3ª λελύκασι (têm) soltado</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 23 – TEMPO PERFEITO – VOZ MÉDIA E PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λέλυμαι tenho sido solto</p><p>2ª λέλυσαι tens sido solto</p><p>3ª λέλυται tem sido solto</p><p>Plural</p><p>1ª λελύμεθα temos sido soltos</p><p>2ª λέλυσθε tendes sido soltos</p><p>3ª λέλυνται têm sido soltos</p><p>FONTE: O autor</p><p>A seguir, veremos a conjugação do mesmo verbo (λὐω – soltar) no modo</p><p>subjuntivo do tempo perfeito (Quadros 24 e 25).</p><p>QUADRO 24 – TEMPO PERFEITO – VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λελύκω Tenha soltado</p><p>2ª λελύκῃς Tenhas soltado</p><p>3ª Λελύκῃ Tenha soltado</p><p>Plural</p><p>1ª λελύκωμεν Tenhamos soltado</p><p>2ª λελύκητε Tenhais soltado</p><p>3ª λελύκωσι Tenham soltado</p><p>FONTE: O autor</p><p>144</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 25 – TEMPO PERFEITO – VOZ MÉDIA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª λέλυμένος Esteja solto</p><p>2ª λέλυμένος Estejas solto</p><p>3ª λέλυμένος Esteja solto</p><p>Plural</p><p>1ª λελυμένοι Estejamos soltos</p><p>2ª λελυμένοι Estejais soltos</p><p>3ª λελυμένοι Estejam soltos</p><p>FONTE: O autor</p><p>6 O TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO</p><p>Esse tempo existe somente no modo indicativo. Diferentemente do perfei-</p><p>to, suas formas diferem em alguns aspectos, como:</p><p>• tem o aumento do “ε” como prefixo ao radical reduplicado do verbo;</p><p>• o ditongo “ει” é usado como vogal temática na voz ativa, em vez da vogal “α”;</p><p>• no caso do médio e passivo, não há “ει”.</p><p>As terminações pessoais ligam-se diretamente ao radical do verbo. Contu-</p><p>do, conservam-se o aumento do prefixo e a reduplicação.</p><p>Como exemplo, vamos conferir a conjugação do verbo “λύω” (soltar) no</p><p>modo indicativo na voz ativa do tempo pretérito mais-que-perfeito (Quadro 26).</p><p>QUADRO 26 – TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO – VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἐλελύκειν Soltara</p><p>2ª ἐλελύκεις Soltaras</p><p>3ª ἐλελύκει Soltara</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλελύκειμεν Soltáramos</p><p>2ª ἐλελύκειτε Soltáreis</p><p>3ª ἐλελύκεισαν Soltaram</p><p>FONTE: O autor</p><p>A seguir, veremos o exemplo do mesmo verbo (“λύω” – soltar) no modo</p><p>indicativo na voz média-passiva.</p><p>TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO</p><p>GREGO</p><p>145</p><p>QUADRO 27 –TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO – VOZ MÉDIA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἐλελύμην Soltara para mim</p><p>2ª ἐλέλυσο Soltaras para ti</p><p>3ª ἐλέλυτο Soltara para si</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλελύμεθα Soltáramos para nós</p><p>2ª ἐλέλυσθε Soltáreis para vós</p><p>3ª ἐλέλυντο Soltaram para eles</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 28 – TEMPO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO – VOZ PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἐλελύμην Tivera sido solto</p><p>2ª ἐλέλυσο Tiveras sido solto</p><p>3ª ἐλέλυτο Tivera sido solto</p><p>Plural</p><p>1ª ἐλελύμεθα Tivéramos sido soltos</p><p>2ª ἐλέλυσθε Tivéreis sido soltos</p><p>3ª ἐλέλυντο Tiveram sido soltos</p><p>FONTE: O autor</p><p>Amplie o seu vocabulário e estude a conjugação dos seguintes verbos:</p><p>• δοκέω = eu penso.</p><p>• ναός = templo, santuário.</p><p>• μετανοέω = eu me arrependo.</p><p>• σωτηρία = salvação.</p><p>• ὁμολογέω = eu confesso, concordo com.</p><p>• φιλέω = eu amo, gosto.</p><p>• ὁραω = eu vejo.</p><p>• μακάριος = feliz, bem aventurado.</p><p>• φωνέω = eu chamo, falo alto.</p><p>• ἐπιθυμία = desejo.</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>146</p><p>UNIDADE</p><p>3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>Como se forma o verbo</p><p>Assim como no português, o verbo grego é composto, entre outros, por uma raiz e uma</p><p>terminação de acordo com a pessoa e o número (singular ou plural).</p><p>A raiz é a parte do verbo que transmite o significado básico, a essência da palavra. A raiz</p><p>normalmente não muda (embora isso possa e vá acontecer, é menos comum), o que</p><p>muda, em geral, é a terminação do verbo, assim como no português. Veja o exemplo (em</p><p>português) do verbo falar (inf.) no tempo presente, modo indicativo (o modo indicativo</p><p>expressa um fato, uma certeza):</p><p>• Eu falo.</p><p>• Tu falas.</p><p>• Ele/Ela fala.</p><p>• Nós falamos.</p><p>• Vós falais.</p><p>• Eles/Elas falam.</p><p>No caso desse verbo, “fal” é a raiz e tudo que aparece depois são as terminações pessoais.</p><p>Como saber a raiz de um verbo?</p><p>Uma das maneiras de se saber a raiz de um verbo é, caso ele seja regular, vermos sua finali-</p><p>zação no infinitivo. Falar está no infinitivo. A terminação é em “ar”. Assim, para praticamente</p><p>todos os verbos regulares terminados em “ar”, basta retirar a parte final do verbo (“ar”), e</p><p>acrescentar a terminação de acordo com a pessoa e o número. No tempo presente, as</p><p>terminações que substituem o “ar” são:</p><p>• 1ª pessoa do singular: eu → “o”;</p><p>• 2ª pessoa do singular: tu → “as”;</p><p>• 3ª pessoa do singular: ele/ela → “a”;</p><p>• 1ª pessoa do plural: nós → “amos”;</p><p>• 2ª pessoa do plural: vós → “ais”;</p><p>• 3ª pessoa do plural: eles/elas → “am”.</p><p>Em grego, ocorre algo muito semelhante.</p><p>O tempo presente, em grego, denota uma ação contínua, incompleta. Por exemplo, o verbo</p><p>λέγω significa “eu estou falando”, e não “eu falo”. Essa é uma particularidade muito interessante</p><p>do grego. Você até pode traduzir o tempo presente em grego pelo mesmo presente do portu-</p><p>guês. Na maioria das vezes, não causará problemas de alteração do sentido do texto como um</p><p>todo. No entanto, uma tradução para o presente trará uma perda de essência e, algumas vezes,</p><p>de significado. O melhor é traduzir usando o presente contínuo ou o nosso gerúndio.</p><p>No dicionário em português, encontramos o significado de um verbo através do verbo no infinitivo.</p><p>Suponhamos que eu não saiba o significado do verbo “falamos”. Eu não vou achar “falamos” no</p><p>dicionário, porque ele é a conjugação de um verbo; eu preciso procurar pelo infinitivo de “falamos”,</p><p>que é “falar”. Embora, em grego, o verbo também tenha seu infinitivo, um verbo grego sempre será</p><p>encontrado no dicionário através da conjugação da primeira pessoa do singular.</p><p>Quais são as terminações pessoais em grego para o tempo presente do indicativo (que</p><p>expressa uma certeza, um fato) no caso ativo?</p><p>INTERESSANTE</p><p>TÓPICO 2 — O USO DOS TEMPOS NO IMPERFEITO, FUTURO, AORISTO, PERFEITO E PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO DO</p><p>GREGO</p><p>147</p><p>• 1ª pessoa do singular: λέγω → eu estou falando (observação: é assim que a palavra</p><p>estará no dicionário);</p><p>• 2ª pessoa do singular: λέγεις → tu estás falando;</p><p>• 3ª pessoa do singular: λέγει → ele/ela está falando;</p><p>• 1ª pessoa do plural: λέγομεν → nós estamos falando;</p><p>• 2ª pessoa do plural: λέγετε → vós estais falando;</p><p>• 3ª pessoa do plural: λέγουσι (ν) → eles/elas estão falando;</p><p>• infinitivo: λέγειν (falar).</p><p>Percebeu que a raiz do verbo não mudou? Sempre ficou “λέγ”. Após a raiz, acrescentamos a</p><p>terminação pessoal para o presente do modo indicativo no caso ativo. Isso funcionará para</p><p>a grande maioria dos verbos gregos na mesma situação.</p><p>O que você precisa decorar? Para o presente do indicativo no caso ativo, ou seja, o presente</p><p>da língua portuguesa (com gerúndio), basta decorar essas terminações:</p><p>• ω – o;</p><p>• εις – eis;</p><p>• ει – ei;</p><p>• ομεν – omen;</p><p>• ετε – ete;</p><p>• ουσι (ν) – usi(n).</p><p>FONTE: ZIMMERMANN, W. Grego Koiné – Lição 3: Verbos (introdução e tempo presente).</p><p>WillBlog. 2020. Disponível em: https://bit.ly/392vyyC. Acesso em: 15 jul. 2020.</p><p>148</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progressiva,</p><p>continuada ou repetida. Diferentemente da língua portuguesa, o tempo im-</p><p>perfeito existe somente no modo indicativo na língua grega.</p><p>• Com relação ao tempo futuro, somente os modos indicativo e optativo têm as</p><p>formas do futuro. No entanto, a forma do optativo é muito rara, não sendo</p><p>encontrada, por exemplo, no Novo Testamento.</p><p>• O aoristo é muito usado na língua grega. A palavra aoristo significa “sem</p><p>limites”. Esse tempo verbal não diz que a ação está em progresso nem que</p><p>tenha terminado, mas, simplesmente, que há ou houve a ação.</p><p>• Podemos dizer que a grande diferença entre o sentido do tempo imperfeito e</p><p>do aoristo está relacionada ao fato de que o imperfeito apresenta uma ação du-</p><p>rativa ou linear no passado, enquanto o aoristo apresenta uma ação pontilear.</p><p>• O tempo perfeito, assim como o aoristo, é mais difícil de expressar na língua</p><p>portuguesa, no sentido de que o pretérito perfeito do português não traduz</p><p>tudo o que o perfeito significa em grego. Mesmo assim, normalmente, empre-</p><p>ga-se o tempo pretérito perfeito do português para fazer a tradução do grego.</p><p>• O tempo mais-que-perfeito difere do tempo perfeito, em: apresenta o aumen-</p><p>to do “ε” como prefixo ao radical reduplicado do verbo; o ditongo “ει” é usa-</p><p>do como vogal temática na voz ativa, em vez da vogal “α”; no caso do médio</p><p>e do passivo, não há “ει”; as terminações pessoais ligam-se diretamente ao</p><p>radical do verbo.</p><p>149</p><p>1 Conforme tem sido observado, o verbo é uma palavra que exprime ação,</p><p>estado, fato ou fenômeno, e palavra indispensável na organização do perí-</p><p>odo. Diante do exposto, preencha os quadros, a seguir, empregando corre-</p><p>tamente a conjugação do verbo ἀκούω (ouvir) no aoristo do indicativo na</p><p>voz ativa, na voz média e na voz passiva, respectivamente:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>AORISTO DO INDICATIVO NA VOZ ATIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἔκουσα οuvi</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>Plural</p><p>1ª</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>FONTE: O autor</p><p>AORISTO DO INDICATIVO NA VOZ MÉDIA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἠκουσάμην οuvi para mim</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>Plural</p><p>1ª</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>FONTE: O autor</p><p>AORISTO DO INDICATIVO NA VOZ PASSIVA</p><p>PESSOA VERBO NO GREGO TRADUÇÃO</p><p>Singular</p><p>1ª ἠκούσθην Fui ouvido</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>150</p><p>Plural</p><p>1ª</p><p>2ª</p><p>3ª</p><p>FONTE: O autor</p><p>2 Os tempos verbais são fundamentais na construção e na estruturação de</p><p>uma frase. Por isso, conhecer e saber identificar esses tempos contribui mui-</p><p>to para entender textos de outra língua e fazer a correta tradução. Pensando</p><p>especialmente na língua grega, analise as sentenças a seguir:</p><p>I- A palavra “aoristo” significa “sem limites”. O aoristo é um tempo verbal</p><p>muito usado na língua grega.</p><p>II- O tempo perfeito, assim como o aoristo, é expressado da mesma forma na</p><p>língua portuguesa.</p><p>III- O pretérito imperfeito do indicativo expressa uma ação durativa, progres-</p><p>siva, continuada ou repetida.</p><p>IV- Somente os modos indicativo e optativo têm as formas do futuro na lín-</p><p>gua grega.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença II está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.</p><p>d) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.</p><p>3 Analise cada palavra e sua tradução, e assinale V para verdadeiro e F para falso:</p><p>( ) ὁραω = eu vejo.</p><p>( ) ἐπιθυμία = salvação.</p><p>( ) μετανοέω = eu me arrependo.</p><p>( ) λύω = eu solto.</p><p>( ) ὁμολογέω = eu percebo.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) F – V – F – V – F.</p><p>b) ( ) V – F – V – V – F.</p><p>c) ( ) V – V – V – V – F.</p><p>d) ( ) F – V – F – V – V.</p><p>151</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Depois de termos percorrido um bom caminho nos estudos introdutórios</p><p>da língua grega (Koiné) – especialmente a sua parte estrutural –, chegamos ao</p><p>término desta unidade e do livro. Conforme já anunciado desde o princípio dos</p><p>nossos estudos, trata-se de uma introdução aos conhecimentos do idioma. Entre-</p><p>tanto, é a partir da introdução que novos conhecimentos e aprendizados podem</p><p>ser feitos. Portanto, esses componentes elementares da língua grega já abordados</p><p>servirão de alicerce para futuras construções.</p><p>Ressalta-se, nesse momento, a importância de visitar constantemente esses</p><p>elementos básicos, pois é justamente com a prática de leitura, estudo e memoriza-</p><p>ção de cada componente que vamos ter condições de prosseguir a aprendizagem</p><p>de novos temas. Diferentemente de uma língua que está em uso e que a pessoa</p><p>pode praticar de diversas formas, para facilitar a assimilação por parte do estu-</p><p>dante, o grego Koiné não tem essas vantagens – por isso a importância de visitar</p><p>e revisitar constantemente o material (e outros mais) para um bom aprendizado.</p><p>Neste último tópico da nossa unidade e do livro, o enfoque será a tradu-</p><p>ção. Inicialmente, vamos ver um pouco sobre o conceito de tradução. Em seguida,</p><p>serão mostradas algumas traduções simples de termos (alguns até para nos adap-</p><p>tarmos com o processo), depois, a importância do léxico analítico no processo de</p><p>tradução do estudante e, por fim, alguns exemplos de versículos traduzidos e a</p><p>análise morfológica das palavras.</p><p>TÓPICO 3 —</p><p>ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA</p><p>TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ</p><p>...καὶ ἰδου ἐγὼ μεθ’ ὑμῶν εἰμι πάσας τὰς ἡμέρας ἕως τῆς συντελείας τοῦ αἰῶνος.</p><p>“...e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mat. 28:20).</p><p>2 TRADUÇÃO</p><p>A tradução de uma língua para outra é sempre um processo que exige bas-</p><p>tante conhecimento, cuidado e atenção. Anteriormente, o vocábulo latino traducere</p><p>significava levar e conduzir, mas, desmembrando a palavra, deveria ser: ducere (con-</p><p>duzir) mais tra (além). Hoje em dia, o sentido é muito mais abrangente e carrega di-</p><p>versos significados, como explicar, revelar, manifestar, explanar etc. O sentido pres-</p><p>supõe o ato de transferir, de passar algo de um lado para o outro. Para Paz (2012, p. 9):</p><p>152</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>Aprender a falar é aprender a traduzir: quando uma criança pergunta</p><p>à sua mãe o significado desta ou daquela palavra, o que realmente</p><p>pede é que traduza para a sua linguagem a palavra desconhecida. A</p><p>tradução dentro de uma língua não é, nesse sentido, essencialmente</p><p>diferente da tradução entre duas línguas, e a história de todos os po-</p><p>vos repete a experiência infantil.</p><p>Nesse momento, o propósito será exemplificar como é feito o processo de</p><p>tradução, para que você, acadêmico, possa vislumbrar algumas dicas.</p><p>Ao definirem “tradução”, os dicionários escamoteiam prudentemente</p><p>o aspecto e limitam-se a dizer que traduzir é passar para outra língua.</p><p>A comparação mais óbvia é fornecida pela etimologia: em latim, tra-</p><p>ducere é levar alguém pela mão para o outro lado, para outro lugar.</p><p>O sujeito do verbo é o tradutor, o objeto direto, o autor do original a</p><p>quem o tradutor introduz em um ambiente novo [...]. Mas a imagem</p><p>pode ser entendida também de outra maneira, considerando-se que é</p><p>ao leitor que o tradutor pega pela mão para levá-lo para outro meio</p><p>linguístico que não o seu (RONAI, 1976, p. 3-4).</p><p>Godoi Filho (2019b) apresenta algumas sugestões importantes para o tra-</p><p>balho de tradução específica do grego para o português. Tomaremos por base</p><p>suas orientações:</p><p>• Não faça tradução definitiva do texto grego antes de analisar todas as pala-</p><p>vras em grego.</p><p>• Traduza o texto respeitando suas cláusulas, que são delimitadas por vírgulas,</p><p>pontos, dois-pontos, conjunções etc.</p><p>• A princípio, faça uma tradução literal, mesmo que ela não faça muito sentido</p><p>em português.</p><p>O vocábulo latino traducere significava levar e conduzir, mas, desmembrando</p><p>a palavra, deveria ser: ducere (conduzir) mais tra (além). Hoje em dia, o sentido é muito mais</p><p>abrangente e carrega diversos significados, como explicar, revelar, manifestar, explanar etc.</p><p>NOTA</p><p>3 EXERCITANDO A TRADUÇÃO</p><p>No exercício da tradução, iniciaremos com a prática de ler e interpretar</p><p>termos e expressões em grego. Veremos alguns exemplos para a familiarização</p><p>com esse processo.</p><p>TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ</p><p>153</p><p>Nos Quadros 29 a 32, vamos observar as diferenças de tradução de al-</p><p>gumas palavras, como substantivos no plural e no singular; pronomes e verbos;</p><p>conjugação do verbo juntamente com o pronome etc.</p><p>QUADRO 29 – EXEMPLOS DE ARTIGO E SUBSTANTIVO NO SINGULAR E NO PLURAL</p><p>Palavras gregas Tradução</p><p>ἡ διδᾶσκαλος a professora</p><p>ὁ διδάσκαλος o professor</p><p>ὁ μαθητής o aluno</p><p>ἡ μαθητρία a aluna</p><p>οἱ μαθηταί os alunos</p><p>αἱ μαθητρίαι as alunas</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 30 – EXEMPLOS DE PRONOMES E VERBOS</p><p>Palavras gregas Tradução</p><p>ἐγὼ εἰμί eu sou (ou estou)</p><p>σὺ εῖ tu és/você é</p><p>ἡμεῖς ἐσμεν nós somos</p><p>ὑμεῖς ἑστε vós sois/vocês são (estão)</p><p>αὐτός ἐστιν ele é</p><p>αὐτοί εἰσιν eles são</p><p>αὐτό ἐστιν isso é</p><p>αὐτή ἐστιν elas são</p><p>αὐταί εἰσιν essas coisas são (estão)</p><p>FONTE: O autor</p><p>QUADRO 31 – EXEMPLOS DE CONJUGAÇÃO DO VERBO JUNTAMENTE COM O PRONOME</p><p>Palavras gregas Tradução</p><p>ἐγὼ μανθάνω eu aprendo (eu estou aprendendo)</p><p>σὺ μανθάνεις tu aprendes</p><p>αὐτός μανθάνει ele aprende</p><p>αὐτή μανθάνει ela aprende</p><p>αὐτό μανθάνει “isso” aprende</p><p>ἠμεῖς μανθάνομεν nós aprendemos</p><p>ὑμεις μανθάνετε vós aprendeis</p><p>154</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 32 – EXEMPLOS DE TRADUÇÃO DE FRASES COM PRONOME, VERBO E SUBSTANTIVO</p><p>Palavras gregas Tradução</p><p>ἐγὼ διδάσκαλος εἰμί eu sou professor</p><p>ἡμεῖς μαθηταί ἐσμεν nós somos alunos</p><p>αὐτή μαθητρίαι ἐστιν elas são alunas</p><p>ὑμεῖς διδάσκετε ἑστε vós estais ensinando/</p><p>vocês estão ensinando</p><p>FONTE: O autor</p><p>No Quadro 33, veremos outros exemplos de frases traduzidas.</p><p>QUADRO 33 – EXEMPLOS DE TRADUÇÃO DE FRASES EM CONTEXTOS DISTINTOS</p><p>Palavras gregas Tradução</p><p>καλόν σοί ἀστιν εἰσελθεῖν εἰς</p><p>ζωήν</p><p>É bom para ti entrares na vida</p><p>σύ λέγεις ὅτι βασιλεύς εἰμι Tu dizes que sou rei</p><p>ἐγίνωσκε τί ἐστιν ἐν ἀνθρώπῳ Sabia o que está no homem</p><p>τί με λέγεις ἀγαθόν Por que me chamas bom?</p><p>ἄνθρωπός τις εἶχεν δύο υἱούς Um certo homem tinha dois filhos</p><p>Τὰ ῥήματα ἃ ἐγὼ εἶπον ὑμῖν</p><p>πνεῦμά ἐστιν καὶ ζωή ἐστιν</p><p>As palavras que eu vos disse são</p><p>espírito e são vida</p><p>Οὐκέτι εἰμὶ ἄξιος κληθῆναι υἱός</p><p>σου</p><p>Já não sou digno de ser chamado</p><p>um filho teu</p><p>FONTE: O autor</p><p>4 O USO DO LÉXIGO GREGO ANALÍTICO</p><p>Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário</p><p>analítico, pois ele apresenta o significado das palavras e os casos em que elas</p><p>estão. Por exemplo, para um verbo, o dicionário mostrará em que modo, tempo,</p><p>voz e pessoa está esse verbo, o que facilita muito para a compreensão da palavra</p><p>e, principalmente, o entendimento exato do seu funcionamento dentro da frase.</p><p>ἀυτοί μανθάνουσιν eles aprendem</p><p>ἀυταί μανθάνουσιν elas aprendem</p><p>ἀυτά μανθάνουσιν “essas coisas” aprendem</p><p>FONTE: O autor</p><p>TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ</p><p>155</p><p>FIGURA 1 – LÉXICO GREGO ANALÍTICO</p><p>FONTE: . Acesso em: 15 set. 2020.</p><p>QUADRO 34 – EXEMPLO DE TEXTO NO LÉXICO ANALÍTICO (MAT. 1:1)</p><p>Βίβλος γενέσςως Ἰησοῦς Χριστοῦ ὑιοῦ Δαυὶδ ὑιοῦ Ἀβραάμ</p><p>N-NF-S N-GF-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S N-GM-S</p><p>Tradução: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”</p><p>FONTE: O autor</p><p>As siglas que aparecem embaixo das palavras gregas, apresentadas no</p><p>exemplo do Quadro 34, são abreviações da morfologia de cada palavra – por</p><p>exemplo, se é singular ou plural etc.</p><p>Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário (léxico)</p><p>analítico, o qual apresenta o significado das palavras e os casos em que elas estão.</p><p>DICAS</p><p>Como exemplo de uma análise morfológica (Quadro 35), vamos utilizar a frase:</p><p>“Οὕτως γὰρ ἠγάπησεν ὁ θεὸς τὸν κόσμον” (“Porque [assim] Deus amou o mundo”).</p><p>Normalmente, o texto bíblico, nesses dicionários léxicos (Figura 1), tem</p><p>embaixo algumas siglas, que são simplificações, que apontam exatamente o que</p><p>é aquela palavra e sua função (Quadro 34).</p><p>156</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 35 – EXEMPLO E ANÁLISE MORFOLÓGICA DE FRASE</p><p>Palavra</p><p>grega Análise morfológica Tradução</p><p>Οὕτως adjetivo, advérbio Porque</p><p>γὰρ conjunção subordinativa assim</p><p>ἠγάπησεν verbo, indicativo, aoristo, ativo – terceira pessoa,</p><p>singular Amou</p><p>ὁ artigo definido, nominativo,</p><p>masculino, singular o</p><p>θεὸς substantivo, nominativo, masculino, singular Deus</p><p>τὸν artigo definido, acusativo, masculino, singular o</p><p>Κόσμον substantivo, acusativo, masculino, singular mundo</p><p>FONTE: O autor</p><p>5 ANÁLISE MORFOLÓGICA DE TEXTOS BÍBLICOS</p><p>A seguir, serão apresentados alguns textos bíblicos (versículos) e sua aná-</p><p>lise morfológica, seguida da respectiva tradução do texto.</p><p>5.1 EXEMPLOS DE TEXTOS BÍBLICOS E ANÁLISES</p><p>MORFOLÓGICAS</p><p>O Quadro 36 apresenta a análise morfológica da frase retirada de João</p><p>(3:35): “ὁ πατήρ ἀγαπᾷ τὸν υἱόν, καὶ πάντα δέδωκεν έν τῇ χειρὶ αὐτοῡ” (“O pai</p><p>ama o filho e todas as coisas deu na/à mão dele”).</p><p>QUADRO 36 – ANÁLISE MORFOLÓGICA DA FRASE DE JOÃO (3:35)</p><p>Palavra grega Análise morfológica Tradução</p><p>ὁ Artigo, masculino, singular, nominativo o</p><p>πατήρ Substantivo, masculino, singular, nominativo pai</p><p>ἀγαπᾷ Verbo, 3ª pessoa, singular, presente, indicativo ama</p><p>τὸν Artigo, masculino, singular, acusativo o</p><p>υἱόν Substantivo, masculino, singular, acusativo filho</p><p>καὶ Conjunção e</p><p>πάντα Adjetivo masculino, singular, acusativo,</p><p>ou adjetivo neutro, plural, nominativo,</p><p>singular</p><p>todas as</p><p>coisas</p><p>δέδωκεν Verbo, 3ª pessoa, singular, perfeito, indica-</p><p>tivo, ativo</p><p>deu/</p><p>entregou</p><p>TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ</p><p>157</p><p>έν Preposição, usada no caso dativo em</p><p>τῇ Artigo, feminino, singular, dativo à</p><p>χειρὶ Substantivo, feminino, singular, dativo mão</p><p>αὐτοῡ Pronome pessoal, masculino, singular,</p><p>genitivo</p><p>dele</p><p>FONTE: O autor</p><p>O Quadro 37 apresenta a análise morfológica da frase retirada de João</p><p>(14:6): “λέγει αὑτῷ [ὁ] Ἰησοῦς, Εγώ είμι ἡ ὁδὸς καὶ ἡ ἀλήθεια καὶ ζωή: οὑδεὶς</p><p>ἔρχεται πρὸς τὸν πατέρα εἰ μὴ δι’ ἐμοῦ” (“Disse a ele Jesus: Eu sou o caminho, a</p><p>verdade e a vida, ninguém vem (vem por si) para o pai se não através de mim”).</p><p>QUADRO 37 – ANÁLISE MORFOLÓGICA DA FRASE DE JOÃO (14:6)</p><p>Palavra grega Análise Tradução</p><p>λέγει Verbo, 3ª pessoa, singular, presente, indicati-</p><p>vo, ativo</p><p>disse</p><p>αὑτῷ Pronome pessoal, masculino, 3ª pessoa, sin-</p><p>gular, dativo</p><p>a ele</p><p>ὁ Artigo, masculino, singular, nominativo o</p><p>Ἰησοῦς Substantivo, masculino, singular, nominativo Jesus</p><p>Εγώ Pronome pessoa, 1ª pessoa, singular, nominativo eu</p><p>είμι Verbo, 1ª pessoa, singular, presente, indicativo,</p><p>ativo</p><p>sou</p><p>ἡ Artigo, feminino, singular, nominativo a</p><p>ὁδὸς Substantivo, feminino, singular, nominativo caminho</p><p>καὶ Conjunção e</p><p>ἀλήθεια Substantivo, singular, feminino, nominativo verdade</p><p>ζωή Substantivo, singular, feminino, nominativo vida</p><p>οὑδεὶς Adjetivo, masculino, singular, nominativo ninguém</p><p>ἔρχεται Verbo, 3ª pessoa, singular, presente, indicativo,</p><p>médio</p><p>vem</p><p>πρὸς Preposição, acusativo a, para</p><p>τὸν Artigo, masculino, singular, nominativo o</p><p>πατέρα Substantivo, masculino, singular, acusativo pai</p><p>εἰ Conjunção se</p><p>μὴ Advérbio de negação não</p><p>δι’ Preposição, genitivo por, através de</p><p>ἐμοῦ Pronome, 1ª pessoa, singular, genitivo de mim</p><p>FONTE: O autor</p><p>158</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>Memorize as seguintes palavras gregas e seus significados:</p><p>• μανθάνω: eu aprendo.</p><p>• διδάσκαλος: professor.</p><p>• τὰ ῥήματα: as palavras.</p><p>• ὁ μαθητής: o aluno.</p><p>• πατήρ: pai.</p><p>• χειρός: mão</p><p>• ὁδὸς: caminho.</p><p>• οὑδεὶς: ninguém.</p><p>• ἠγάπησεν: amou.</p><p>• οὕτως: assim.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 3 — ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA TRADUÇÃO DO GREGO KOINÉ</p><p>159</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Como se descobre o significado das palavras?</p><p>Roy B. Zuck</p><p>Existem quatro fatores que determinam o significado de uma palavra: a</p><p>etimologia, o emprego, os sinônimos e antônimos e o contexto.</p><p>Etimologia diz respeito à origem e à evolução das palavras. Os alvos da etimolo-</p><p>gia são: recuperar o sentido elementar da palavra em questão e descobrir como evoluiu.</p><p>Às vezes, os elementos de uma palavra composta ajudam a revelar seu</p><p>significado. Pode-se ver isso no caso da palavra “hipopótamo”, que deriva da de</p><p>duas palavras gregas: hippos – “cavalo” – e potamos – “rio”. Logo, esse animal é</p><p>uma espécie de cavalo de rio. A palavra grega ekklesia, que é normalmente tradu-</p><p>zida como “igreja”, vem de ek (“para fora”) e kalein (“chamar ou convocar”). Por</p><p>isso, no Novo Testamento, passou a significar aqueles que eram chamados a sair</p><p>do grupo dos ímpios para integrar um conjunto de crentes. O sentido de original</p><p>de ekklesia era o de uma congregação de cidadãos gregos convocados por um</p><p>apregoador público para tratarem de assuntos comunitários.</p><p>O termo grego makrothymia, cuja tradução é “paciência” ou “longanimidade”,</p><p>é formado por makros – “longo” – e thymia – “sentimento”. Na combinação dessas duas</p><p>palavras, o “s” caiu e o significado é o de um sentimento de longa duração, ou seja,</p><p>controlar os próprios sentimentos por muito tempo. “Paciência” é uma boa tradução.</p><p>No século XVIII, Johann Ernesti (1707-1781) advertiu contra o uso da eti-</p><p>mologia como método confiável. Ele escreveu o seguinte:</p><p>O emprego oscilante das palavras, que ocorre em todos os idiomas, dá mar-</p><p>gem a alterações frequentes de sentido. São poucas as palavras em qualquer</p><p>língua que sempre conservam [seu] significado elementar. Portanto, o intér-</p><p>prete precisa tomar muito cuidado para não incorrer numa exegese etimo-</p><p>lógica precipitada, que normalmente engana muito (ERNESTI, 1837, p. 50).</p><p>Pode acontecer de uma palavra que sofreu uma evolução assumir um sen-</p><p>tido totalmente diferente do original. A derivação a partir do radical de uma pala-</p><p>vra quase nunca serve para se chegar ao seu sentido, pois os significados mudam.</p><p>Por exemplo, o sentido etimológico de entusiasmo é o de “estar possuído por um</p><p>deus”. Evidentemente, o sentido, hoje, é bem diferente do original, formado pe-</p><p>los elementos em e deus. A palavra “adeus” deriva de “Deus o acompanhe!”, mas</p><p>poucos têm esse sentido em mente quando dizem “adeus” para alguém.</p><p>O verbo comprar origina-se do latim comparare, mas os sentidos de “comprar”</p><p>e “comparar”, hoje, são obviamente muito diferentes. Só é possível entender a cono-</p><p>160</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>tação atual porque o bom comprador compara os produtos antes de adquiri-los. “Tra-</p><p>tante”, no falar de antigamente, não passava de “pessoa que trata de negócios”, mas</p><p>o caráter desonesto de alguns negociantes (“tratadores”) ocasionou a degeneração</p><p>sentido. “Libertino” não passava de “filho de escravo liberto”. “Caderno”, do latim</p><p>quaternum, já não designa a folha de papel dobrada em quatro; nem “secretário”,</p><p>o “confidente”, “depositário de segredos”. “Pedagogo” está longe de ser o antigo</p><p>“escravo que conduzia crianças à escola”. Diante de frases como “Da imbecilidade de</p><p>sua natureza não desconfiava, porque conhecia suas forças”, “o povo italiano é um</p><p>povo hipócrita” e “sinto muito nojo pelo mal que lhe sucedeu”, certamente ficaríamos</p><p>estupefatos, não soubéssemos se tratasse de frases arcaicas, impraticáveis na lingua-</p><p>gem moderna. Imbecilidade nada mais designava do que a “fraqueza”, sentido latino,</p><p>etimológico; hipócrita, em sua etimologia, é “aquele que é ator por natureza, dado a</p><p>exibições espetaculares”, e nojo, transposto para os dias atuais, daria “pesar” ou até</p><p>“luto”. Os significados dessas palavras mudaram bastante com o passar do tempo.</p><p>O significado original do termo grego eirene era paz, antônimo de guerra;</p><p>depois, veio a significar paz interior ou tranquilidade; depois, bem-estar e, no</p><p>Novo Testamento, é comumente empregado em referência a um bom relaciona-</p><p>mento com Deus. É evidente, então, que “a etimologia da palavra não diz respeito</p><p>a seu significado, mas à sua história”.</p><p>Às vezes, uma palavra adquire sentido completamente diferente daquele dos</p><p>elementos que a compõem. A palavra santelmo (“chama azul que, nas tempestades,</p><p>principalmente aparece no topo dos mastros dos navios, por causa da eletricidade”)</p><p>tem significado diferente do original: “Santo Elmo” (santo invocado nessas ocasiões),</p><p>em que “Elmo” entra em lugar de “Ermo”, alteração de “Erasmo”. Quando uma pes-</p><p>soa veste um pulôver, é bem provável que não associe o nome do agasalho com o ato</p><p>de puxar ou mover alguma</p><p>coisa sobre outra. Contudo, no original inglês pull over,</p><p>que deu origem ao termo, o sentido literal é esse. “Fidalgo” pouco tem que ver com</p><p>“filho d’algo”, e “embora” só vagamente lembra “em boa hora”.</p><p>Na Bíblia, uma palavra não deve ser explicada à luz de sua etimologia em</p><p>nossa língua, o que equivaleria a colocar nas Escrituras o que ali não se encontra.</p><p>Por exemplo, a palavra bíblica santo não deriva de saudável. Em termos etimológi-</p><p>cos, as palavras hebraica e grega para “santo” não significam saúde espiritual. Da</p><p>mesma foram, o termo grego dynamis (“força”) também não significa dinamite.</p><p>Afirmar que Paulo estava pensando em dinamite, quando escreveu em Romanos</p><p>1.16: “pois não me envergonho do evangelho, porque é a dinamite de Deus para</p><p>a salvação de todo aquele que crê...”, é fazer uma “etimologia reversa”. “Dinami-</p><p>te” não se enquadra bem com o que Paulo quis dizer, pois “a dinamite explode e</p><p>arrasa as coisas, fende rochas, abre buracos, destrói o que está a seu redor”. Con-</p><p>tudo, o sentido de dynamis é o de força espiritual dinâmica, ativa, viva.</p><p>ZUCK, B. R. A Interpretação Bíblica – meios de descobrir a verdade da Bíblia. São Paulo: Socie-</p><p>dade Religiosa Edições Vida Nova, 1991. p. 114-119.</p><p>161</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem</p><p>pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao</p><p>AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.</p><p>CHAMADA</p><p>• O vocábulo latino traducere significava levar e conduzir, mas, desmembrando</p><p>a palavra, deveria ser: ducere (conduzir) e tra (além). Hoje em dia, o sentido é</p><p>muito mais abrangente e carrega diversos significados, como explicar, reve-</p><p>lar, manifestar, explanar etc.</p><p>• Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário (léxico)</p><p>analítico, que apresenta o significado das palavras e os casos em que elas estão.</p><p>• Godoi Filho (2019b) apresenta algumas sugestões importantes para realizar o</p><p>trabalho de tradução específica do grego para o português: não fazer nenhu-</p><p>ma tradução definitiva do texto grego antes de analisar todas as palavras em</p><p>grego; traduzir o texto respeitando suas cláusulas, que são delimitadas por</p><p>vírgulas, pontos, dois-pontos, conjunções etc.; a princípio, fazer uma tradu-</p><p>ção literal, mesmo que não faça muito sentido em português.</p><p>• Existem quatro fatores que determinam o significado de uma palavra: a eti-</p><p>mologia, o emprego, os sinônimos e antônimos e o contexto.</p><p>• Traduzir textos bíblicos exige bastante atenção, conhecimento, cuidado, apli-</p><p>cação correta do conhecimento morfológico da língua, entre outros fatores</p><p>que também são fundamentais.</p><p>162</p><p>1 O aprendizado de toda língua é feito passo a passo. Diversos fatores são im-</p><p>portantes para alcançar o domínio completo da língua. Um deles é a tradu-</p><p>ção. Para isso, é necessário ler os textos e procurar compreender as palavras</p><p>e as frases que são apresentadas. Sendo assim, traduza os seguintes termos</p><p>do grego para o português:</p><p>a) αὐτή μαθητρίαι ἐστιν</p><p>b) ὁ πατήρ ἀγαπᾷ τὸν υἱόν</p><p>c) Ἰησοῦς Χριστοῦ ὑιοῦ Δαυὶδ</p><p>d) ἐγίνωσκε τί ἐστιν ἐν ἀνθρώπῳ</p><p>e) ἀυτοί μανθάνουσιν</p><p>f) ἡμεῖς μαθηταί ἐσμεν</p><p>2 Fazer a tradução de uma língua (no nosso caso, do grego para o português)</p><p>é um exercício primordial para a assimilação tanto das palavras como da</p><p>estrutura das frases no texto. Nesse sentido, analise as frases em grego e</p><p>relacione com suas respectivas traduções:</p><p>I- ἀυτοί μανθάνουσιν ( ) Eu sou o caminho.</p><p>II- Εγώ είμι ἡ ὁδὸς ( ) Eles aprendem.</p><p>III- ἐγὼ διδάσκαλος εἰμί ( ) A verdade e vida.</p><p>IV- ἡ ἀλήθεια καὶ ζωή ( ) O pai ama o filho.</p><p>V- ὁ πατήρ ἀγαπᾷ τὸν υἱόν ( ) Eu sou professor.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) I – III – II – IV – V.</p><p>b) ( ) II – I – IV– V – III.</p><p>c) ( ) I – IV – II – V – III.</p><p>d) ( ) III – II – I – IV – V.</p><p>3 Escreva as seguintes palavras em grego:</p><p>a) Jesus Cristo.</p><p>b) Filho.</p><p>c) Não.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>163</p><p>d) O aluno.</p><p>e) Pai.</p><p>f) Amou o mundo.</p><p>g) Ninguém.</p><p>h) Entregou/deu.</p><p>i) Vida.</p><p>j) Caminho.</p><p>4 Sem dúvida, o processo de traduzir um texto de uma língua para outra</p><p>exige bastante conhecimento de ambas as línguas. O desafio é maior ainda</p><p>quando estamos diante de uma língua que não está mais em uso. Sobre o</p><p>processo de tradução da língua grega, leia e analise as sentenças a seguir:</p><p>I- O vocábulo latino traducere significava levar e conduzir. Hoje em dia, o</p><p>sentido é muito mais abrangente e carrega diversos significados, como</p><p>explicar, revelar, manifestar, explanar etc.</p><p>II- Para traduzir textos bíblicos, é sempre bom ter em mãos um dicionário (léxico)</p><p>analítico, que apresenta o significado das palavras e os casos que elas estão.</p><p>III- Existem quatro fatores que determinam o significado de uma palavra: a</p><p>etimologia, o emprego, os sinônimos e antônimos e o contexto.</p><p>IV- O processo de tradução é algo simples, não exige muito conhecimento,</p><p>principalmente porque, hoje em dia, as facilidades da internet ajudam na</p><p>sua realização.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.</p><p>b) ( ) Somente a sentença IV está correta.</p><p>c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.</p><p>d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.</p><p>5 Como vimos, é importante memorizar algumas palavras na língua grega. Assim,</p><p>analise cada palavra e sua tradução, e assinale V para verdadeiro e F para falso:</p><p>( ) χειρός = mão.</p><p>( ) ὑιοῦ = pai.</p><p>( ) τὰ ῥήματα = as palavras.</p><p>( ) πρὸς = a, para.</p><p>164</p><p>UNIDADE 3 — ESTUDO DO VERBO E TRADUÇÃO NO GREGO KOINÉ</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) V – F – V – V.</p><p>b) ( ) F – F – V – V.</p><p>c) ( ) V – V – V – V.</p><p>d) ( ) F – V – F – V.</p><p>165</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Ed. Rev. São Paulo:</p><p>Editora Hagnos, 2002.</p><p>CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Com-</p><p>panhia Editora Nacional, 2010.</p><p>CENATTI, M. J. O alfabeto grego clássico: alguns estudos introdutórios para ini-</p><p>ciantes. São Paulo: Editora Ixtlan, 2014.</p><p>CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo.</p><p>2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.</p><p>DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988.</p><p>FERNANDES, M. Gramática de Grego Koinê. Disponível em: http://bit.ly/3md-</p><p>0C4s. Acesso em: 5 fev. 2020.</p><p>GINGRICH, F. W. Léxico no Novo Testamento Grego/Português. São Paulo: So-</p><p>ciedade Religiosa Edições Vida Nova, 1983.</p><p>GODOI FILHO, J. Grego instrumental aplicado ao Novo Testamento. Curitiba:</p><p>Intersaberes, 2019a.</p><p>GODOI FILHO, J. Grego instrumental. Curitiba: Intersaberes, 2019b.</p><p>GUILEY, P. C. Apostila do Grego Koiné. Marilândia do Sul: Instituto Bíblico</p><p>Maranata, 1993.</p><p>MOLTON, H. K. Léxico grego analítico. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007.</p><p>PAZ, O. Traducción: literatura y literalidad. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel</p><p>de Cervantes, 2012.</p><p>PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. 4. ed. São Paulo: Editora Ática, 2000.</p><p>RIENECKER, F.; ROGERS, C. Chave linguística do Novo Testamento Grego.</p><p>São Paulo: Edições Vida Nova, 1985.</p><p>RÓNAI, P. A tradução vivida. Rio de Janeiro: Educom, 1976.</p><p>ROSA, E. B. Khairete. Para aprender o grego antigo – A Grécia e sua língua. Ara-</p><p>raquara: FCL/ UNESP, 2015.</p><p>166</p><p>ROSSI, R. Importância e funcionalidade de um curso de grego instrumental.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/39cHS1e. Acesso em: 9 out. 2020.</p><p>SAYÃO, L. A. T. (Trad.). Novo Testamento trilíngue. São Paulo: Vida Nova, 1998.</p><p>TAYLOR, W. C. Introdução ao estudo do Novo Testamento Grego. 9. ed. Rio de</p><p>Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1990.</p><p>TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro: Junta de</p><p>Educação Religiosa e Publicações, 1986.</p><p>THE GREEK NEW TESTAMENT. The standard edition for translators and stu-</p><p>dents. German Bible Society, 1988.</p><p>ZUCK, B. R. A interpretação bíblica – meios de descobrir a verdade da Bíblia.</p><p>São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1991.</p><p>DO TÓPICO 3................................................................................................................... 161</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 162</p><p>REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 165</p><p>1</p><p>UNIDADE 1 —</p><p>ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS</p><p>ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• conhecer a língua grega;</p><p>• compreender a origem do grego Koiné;</p><p>• verificar alguns elementos necessários para o estudo do grego;</p><p>• familiarizar-se com o alfabeto grego;</p><p>• constatar alguns aspectos estruturais do grego Koiné;</p><p>• memorizar as primeiras palavras gregas;</p><p>• conhecer o uso do artigo e do substantivo no grego Koiné.</p><p>2</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,</p><p>você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo</p><p>apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – ORIGEM DO GREGO KOINÉ</p><p>TÓPICO 2 – ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>TÓPICO 3 – ARTIGO, SUBSTANTIVO E CASOS NO</p><p>GREGO KOINÉ</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos</p><p>em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá</p><p>melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>3</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>UNIDADE 1</p><p>ORIGEM DO GREGO KOINÉ</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>λέγει αῦτᾠ (ὁ) Ἰησοῦς, Ἐγώ εἰμι ἡ ὁδὸς καὶ ἡ ἀλήθεια καὶ ἡ ζωή.</p><p>(Respondeu Jesus, “Eu sou o caminho a verdade e a vida”.)</p><p>O estudo de uma nova língua é sempre algo muito desafiador. Mais desa-</p><p>fiador ainda é estudar uma língua antiga, pois qual motivo nos move? No nosso</p><p>caso, acadêmico de Teologia, a nossa motivação tem um fundamento bem seguro:</p><p>queremos conhecer melhor os textos originais das Escrituras Sagradas. De certa for-</p><p>ma, o conhecimento da língua em que tais textos foram escritos assegura o acesso</p><p>às fontes sem a intermediação de tradutores ou, pelo menos, possibilita o confronto</p><p>da tradução com o original, permitindo que sejam sanadas possíveis dúvidas. De</p><p>fato, é muito bom procurar na própria fonte aquilo que os autores bíblicos puderam</p><p>escrever. Essa é a motivação principal para se estudar o grego antigo.</p><p>Tal estudo traz como acréscimo o aprofundamento no conhecimento da</p><p>língua portuguesa, pois, para nós, a língua grega é uma língua muito diferente,</p><p>com isso, o seu estudo nos leva a uma maior consciência dos fenômenos linguís-</p><p>ticos do português. Outro fator ainda é que grande número de palavras de nossa</p><p>língua é de origem grega ou é formada a partir de radicais gregos e, por essa ra-</p><p>zão, seu conhecimento aperfeiçoa o domínio do léxico. Dessa maneira, é possível</p><p>perceber quantas coisas boas e importantes trarão para você esse conhecimento</p><p>introdutório, básico da língua grega, mais especificamente o grego Koiné.</p><p>Inicialmente, queremos incentivá-lo com as palavras do apóstolo Paulo ao</p><p>jovem ministro Timóteo: “persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (A BÍ-</p><p>BLIA SAGRADA, 1 Timóteo 4:13). Portanto, inicie, mas, principalmente, persista</p><p>nessa caminhada, lendo, exercitando bastante e, quem sabe, posteriormente, até</p><p>ensinando todo o conhecimento adquirido a outras pessoas.</p><p>2 ORIGEM DA LÍNGUA GREGA</p><p>A língua grega é falada na Grécia, no Chipre e nas comunidades da diáspora e,</p><p>atualmente, é chamado de grego moderno. Contudo, a língua estudada nas universi-</p><p>dades é o grego antigo, falado na Grécia entre os anos de 800 a 330 a.C. O grego antigo</p><p>era composto de vários dialetos, sendo os principais o ático, o jônico, o dórico, o eólico</p><p>e o árcado-cipriota (ROSA, 2015, p. 3). No período helenístico, usou-se um grego de</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>4</p><p>comunicação universal, chamado Koiné, ou “comum”, em que foram escritos o Novo</p><p>Testamento e a Septuaginta, que é a tradução grega do Velho Testamento. Alguns au-</p><p>tores concordam que os principais períodos da língua grega podem ser resumidos em:</p><p>• Grego micênico: 1500 a 1100 a.C. (textos 1400 a 1200 a.C.).</p><p>• Grego arcaico (incluindo Homero e Hesíodo): 800 a 600 a.C.</p><p>• Grego clássico: 600 a 300 a.C.</p><p>• Grego helenístico (incluindo grego do Novo Testamento): Koiné (300 a.C. a</p><p>300 d.C.).</p><p>• Grego Oriental: 300 a 1600 d.C.</p><p>• Grego bizantino: 300 a 1100 d.C.</p><p>• Grego Medieval: 1100 a 1600 d.C.</p><p>• Grego moderno: 1600 d.C. até os dias atuais.</p><p>É interessante observar que a formação do povo grego ocorreu por uma mis-</p><p>tura de invasores que vieram da região norte, com alguns povos que já habitavam</p><p>aquela região (hoje Grécia). Segundo Rosa (2015, p. 3), esses povos eram chamados</p><p>de pelasgos e a língua que eles falavam era denominada de proto-grego. Há alguns</p><p>resquícios dela no grego posterior. Desse modo, a chegada de povos provenientes</p><p>da região dos Balcãs, a noroeste da Europa, chamados de indo-europeus, fez surgir</p><p>o povo grego e, a partir disso, foram desenvolvidos os dialetos que formaram a</p><p>língua grega. A língua falada por tais invasores foi denominada de indo-europeu</p><p>e, embora seja uma língua hipotética, teria dado origem a línguas como o grego, o</p><p>latim e o sânscrito, entre outras. Os linguistas chegaram ao indo-europeu por meio</p><p>de estudos comparativos de diversas línguas ocidentais, tendo encontrado uma</p><p>base comum para palavras e estruturas sintáticas (ROSA, 2015, p. 3).</p><p>2.1 OS DIALETOS GREGOS</p><p>De acordo com uma determinada teoria, os indo-europeus não chegaram à</p><p>Grécia de uma só vez. Para os defensores dessa teoria foram ondas sucessivas de tribos</p><p>que vieram do Norte, por volta de 2000 a.C., na seguinte sequência: mínios, aqueus,</p><p>jônios, eólios e dórios. Cada conjunto de tribo, ao chegar, conquistava e forçava os habi-</p><p>tantes nativos (os pelasgos) à emigração ou à assimilação, dando origem a agrupamen-</p><p>tos populacionais que falavam uma variante diferente do grego, um “dialeto” (ROSA,</p><p>2015, p. 4). Por essa razão, a Grécia antiga transformou-se em uma verdadeira colcha</p><p>de retalhos de dialetos. Entretanto, nos anos mais recentes, a importância de ondas</p><p>sucessivas de tribos como explicação da diferenciação dialetal que existia em tempos</p><p>históricos é minimizada e procura-se explicar essa situação pela diferenciação dialetal</p><p>ocorrida já em território grego. Dessa forma, o eólico e o dórico não corresponderiam a</p><p>ondas de tribos eólicas e dóricas que chegaram depois, mas a um processo de diferen-</p><p>ciação a partir das formas dialetais já existentes na Grécia.</p><p>A fim de compreender um pouco mais essas variações dialetais, destaca-</p><p>mos os grupos de dialetos que são encontrados historicamente:</p><p>TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ</p><p>5</p><p>• Jônico-ático – falado na Ásia, nas ilhas e na Eubeia; o ático seria o “jônico da Ática”.</p><p>• Arcado-cipriota – arcádio, cipriota e panfílio.</p><p>• Eólico – falado na Ásia (lésbio), tessálio e beócio.</p><p>• Grupo ocidental (grego do noroeste e dórico):</p><p>O Grego do Noroeste: focídeo (Delfos), lócrio, etólio e eleu.</p><p>O Dórico: lacônio, argólido, coríntio (Corinto, Siracusa), megárico, cre-</p><p>tense, ródio; dórico de Tera e cirenaico (ROSA, 2015, p. 4).</p><p>Na Grécia antiga, não havia uma língua nacional. Todos os dialetos são igual-</p><p>mente importantes, do ponto de vista linguístico (ROSA, 2015, p. 5).</p><p>ATENCAO</p><p>FIGURA 1 – DIALETOS DA GRÉCIA ANTIGA</p><p>FONTE: . Acesso em: 28 jan. 2020.</p><p>A partir do período Helenístico (330 a.C.), a língua grega se espalhou por</p><p>grande parte do Mediterrâneo, tornando-se uma língua franca. Nesse período foi</p><p>realizada a primeira tradução bíblica do Antigo Testamento: a Septuaginta (LXX).</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>6</p><p>Septuaginta é a designação dada para a mais antiga tradução em grego do</p><p>texto hebreu do Antigo Testamento (escrito em hebraico), feita para uso da comunidade de</p><p>judeus do Egito no final do século III a.C. e no início do II a.C. A palavra “septuaginta” vem de</p><p>“setenta” em grego. De acordo com a tradição,</p><p>essa tradução foi feita por 70 (ou 72, depen-</p><p>dendo da versão da história) sábios judeus na cidade de Alexandria, no norte do Egito. Por</p><p>isso, a tradução ficou conhecida como a septuaginta, ou LXX (70 em numeração romana).</p><p>NOTA</p><p>Em meados do primeiro século depois de Cristo, começaram a ser produzidos os</p><p>manuscritos do Novo Testamento, compostos, em sua maioria, em grego Koiné (FILHO,</p><p>2019a, p. 12). A Septuaginta (LXX) foi muito usada pelos cristãos no primeiro século.</p><p>3 O GREGO KOINÉ</p><p>A história relata que, Alexandre, o Grande, que viveu entre 356 e 323 a.C.,</p><p>foi quem espalhou a língua e a cultura grega por todo o império grego. Esse proces-</p><p>so ficou conhecido como “helenismo”. Nesse período, a língua e a cultura grega se</p><p>expandiram por todo o Mediterrâneo como língua franca (ROSA, 2015, p. 7).</p><p>De acordo com Rosa (2015, p. 7), devido às conquistas de Alexandre, ocorreu</p><p>a difusão da cultura grega por toda a bacia do Mediterrâneo, dando origem a um</p><p>novo dialeto cuja função seria se tornar uma espécie de língua internacional comum</p><p>(grego Koiné) a todos. Por meio desse contato do grego clássico com as demais cul-</p><p>turas e línguas da época, surgiu então o grego Koiné. O “dialeto” Koiné, daquela</p><p>época, pode ser comparado à língua inglesa atualmente. Segundo Filho (2019a, p. 13),</p><p>o grego koinê não apresentava tantas diferenças com relação ao</p><p>grego clássico, embora tenha gerado três novas subdivisões: o koi-</p><p>nê vernacular (popular), o koinê literário e o koinê bíblico. Como é</p><p>possível deduzir, o koinê vernacular estava relacionado ao grego</p><p>vulgar, falado no dia a dia. Já o koinê literário, como o próprio nome</p><p>indica, era utilizado na composição de textos eruditos. O koinê bí-</p><p>blico, por sua vez, constituía a linguagem utilizada na tradução da</p><p>Septuaginta (LXX) e na composição do Novo Testamento. Era uma</p><p>forma intermediária entre as duas primeiras formas mencionadas.</p><p>TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ</p><p>7</p><p>Os dois usos – Koiné e Koinê – são considerados corretos.</p><p>NOTA</p><p>Embora a base do Koiné tenha sido o ático foram eliminados os traços dia-</p><p>letais (“aticismos”) muito específicos, de modo a ser uma linguagem padrão de uso</p><p>universal (ROSA, 2015, p. 7). O Koiné bíblico é mais generalizado e completo entre</p><p>as variantes do Koiné helenístico, podendo ser considerado, portanto, uma simpli-</p><p>ficação do grego clássico (ALEXANDRE JÚNIOR, 2003, apud FILHO, 2019b, p. 13).</p><p>Comum ou Koinê: compreendido entre 330 a.E.C. até 330 da E.C. Tem iní-</p><p>cio com a expansão do Império Macedônico de Alexandre Magno, que aca-</p><p>bou por difundir o idioma e a cultura grega por todos os territórios por ele</p><p>conquistados – sobretudo no Oriente e até mesmo em parte da Índia. Aos</p><p>poucos, uma nova forma de civilização surgiu, a chamada de helenística,</p><p>com predominância do idioma grego. Os grandes centros da cultura hele-</p><p>nística eram as cidades de Alexandria, Pérgamo e Antioquia. Mesmo com</p><p>a posterior dominação romana, o grego comum continuou a ser usado por</p><p>toda a parte oriental do Império Romano como uma espécie de língua fran-</p><p>ca, sendo provavelmente mais importante em sua época do que o inglês é</p><p>hoje como língua universal. Cabe ainda citar que, ao contrário do que mui-</p><p>tas pessoas pensam, todo o Novo Testamento foi escrito em grego comum</p><p>(koinê), havendo, na atualidade, uma boa demanda pela aprendizagem</p><p>dessa evolução do grego clássico para fins de exegese bíblica e outros estu-</p><p>dos relacionados aos Evangelhos (CENATTI, 2014, p. 10).</p><p>4 ELEMENTOS VITAIS PARA O ESTUDO DO GREGO</p><p>Para o bom desenvolvimento no estudo da língua grega (ou o estudo de</p><p>qualquer língua), é imprescindível ter uma atitude correta, além de materiais que</p><p>possam auxiliar o estudante no seu processo de aprendizagem. Pensando nisso,</p><p>destacaremos, na sequência, algumas atitudes que são extremamente pertinentes</p><p>e necessárias, para que progredir no conhecimento e na aprendizagem da língua.</p><p>Posteriormente, daremos algumas sugestões em termos de materiais.</p><p>4.1 DEDICAR TEMPO</p><p>A pessoa que pretende conhecer e se aprofundar nessa língua necessita dedicar</p><p>tempo no processo. O nosso material é introdutório, mas fornecerá vários elementos para</p><p>o aprendizado e o desenvolvimento de alguns conhecimentos introdutórios do grego.</p><p>Todavia, o êxito na compreensão do idioma depende muito da dedicação e do empenho</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>8</p><p>do estudante, além da continuidade dos estudos após o término da disciplina, portanto,</p><p>quem pretende ter um bom domínio dessa língua deve prosseguir se dedicando e se</p><p>aprimorando. Nesse ponto, é importante ressaltar que não existe “mistério” ou “segre-</p><p>do” – o que existe é dedicação. É isso que fará toda a diferença, seja no aprendizado de</p><p>uma língua ou em qualquer outra atividade que uma pessoa desenvolva.</p><p>4.2 TER DISCIPLINA</p><p>Um outro elemento vital nesse processo de aprendizagem da língua grega</p><p>é a disciplina. Para tudo aquilo que uma pessoa, de fato, pretende alcançar, ela</p><p>precisa de disciplina. Um instrumentista não aprende a tocar seu instrumento do</p><p>dia para a noite; ele passa horas e dias treinando para que possa alcançar o seu</p><p>objetivo com perfeição. Um atleta não chega a lugar algum se não for disciplina-</p><p>do e não se dedicar aos treinamentos diariamente. Da mesma forma, uma pessoa</p><p>não aprenderá uma língua sem “suar a camisa” por meio de muita disciplina.</p><p>Portanto, estabelecer um horário, dia e tempo para estudar grego será funda-</p><p>mental nesse processo. O planejamento é importante, mas a execução é essencial.</p><p>Planeje e seja disciplinado, pois, no final, você verá que valeu a pena.</p><p>4.3 PERSEVERANÇA</p><p>Como dizia um amigo nosso, “muitas pessoas têm muita iniciativa e pouco ‘aca-</p><p>bativa’”. Sabe-se que a palavra “acabativa” não existe no português, mas essa era a forma</p><p>com que meu amigo brincava sobre a falta de perseverança das pessoas. Muitas pessoas</p><p>têm iniciativa, mas não levam adiante seus empreendimentos pela falta de perseverança.</p><p>Ao estudar uma língua, é comum se deparar com várias dificuldades e o estudante pode</p><p>pensar em desistir, mas é, nesse momento, que deve entrar a perseverança, isto é, manter-</p><p>-se firme naquilo que se quer alcançar. Faz-se, então, necessário transpor os obstáculos, os</p><p>desânimos e olhar adiante, para, desse modo, chegar ao alvo pretendido.</p><p>4.4 PROPÓSITO</p><p>Destaca-se também a importância de se ter um propósito bem claro, ao dedi-</p><p>car-se no estudo do grego. Para o estudante de Teologia, já existe um propósito que está</p><p>implícito: conhecer a língua original em que foi escrito o Novo Testamento. De fato, faz</p><p>muita diferença quando podemos ler os textos escritos na língua original. Alguém fez a</p><p>seguinte comparação sobre a diferença entre ler o texto em português e lê-lo em grego</p><p>(a língua de origem do Novo Testamento): há algum tempo, a imagem dos televisores</p><p>eram em preto e branco, porém, quando surgiram os televisores em cores, todas as</p><p>pessoas ficaram maravilhadas com a riqueza dos detalhes e das imagens que podiam</p><p>contemplar. Da mesma maneira, ler o Novo Testamento em português é como ver TV</p><p>em preto e branco, e ler em grego é como ver em cores – não há, aqui, qualquer sentido</p><p>de menosprezo com a língua portuguesa, mas somente é feita uma comparação quanto</p><p>TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ</p><p>9</p><p>à possibilidade de leitura de um texto no original). Por isso, vale a pena manter-se firme</p><p>no propósito de estudar essa língua. Somados às atitudes, também é imprescindível</p><p>ter acesso a alguns materiais (ferramentas) para auxiliar o estudante a apropriar-se dos</p><p>conhecimentos. Alguns exemplos desses materiais serão vistos na sequência – ressalta-</p><p>-se que são exemplos, ou seja, se você já tiver acesso a materiais similares, eles poderão</p><p>ser utilizados da mesma forma. Lembrando que, aqui, serão dadas algumas sugestões</p><p>básicas, isto é, materiais elementares, porém existem muitos outros conteúdos mais</p><p>específicos, como sobre concordâncias, léxicos, livros de análise, entre outros, que po-</p><p>derão somar e ser</p><p>muito úteis no processo de aprendizagem.</p><p>4.5 O NOVO TESTAMENTO NA LÍNGUA GREGA</p><p>Ter acesso a materiais em grego ajudará muito a praticar a leitura e se fa-</p><p>miliarizar com o formato das letras. Ao mesmo tempo, você poderá fazer compa-</p><p>rações e praticar a pronúncia das palavras. A seguir, apresentamos, como exem-</p><p>plos, a capa de um Novo Testamento em grego (Figura 2) e a primeira página do</p><p>livro de Mateus no grego Koiné (Figuras 3).</p><p>FIGURA 2 – O NOVO TESTAMENTO GREGO</p><p>FONTE: . Acesso em: 28 out. 2020.</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>10</p><p>FIGURA 3 – O EVANGELHO DE MATEUS</p><p>FONTE: O autor</p><p>4.6 A GRAMÁTICA DO NOVO TESTAMENTO GREGO</p><p>A gramática é uma ferramenta preciosa no estudo da língua grega. Ela</p><p>irá auxiliá-lo em diversos aspectos do seu estudo. A Figura 4 apresenta uma das</p><p>gramáticas que tem sido usada por muitos estudantes da língua grega no Brasil.</p><p>FIGURA 4 – GRAMÁTICA DO NOVO TESTAMENTO GREGO</p><p>FONTE: O autor</p><p>TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ</p><p>11</p><p>4.7 O DICIONÁRIO (LÉXICO)</p><p>O dicionário é de fundamental importância para o estudante fazer o exercício</p><p>de busca e assimilação das palavras. Ele irá ajudá-lo a esclarecer dúvidas e habilitará</p><p>o estudante a encontrar o que precisa, em termos de significados nas pesquisas.</p><p>FIGURA 5 – DICIONÁRIO GREGO</p><p>FONTE: . Acesso em: 18 jan. 2020.</p><p>4.8 DICIONÁRIO E GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA</p><p>Nota-se que uma das grandes dificuldades que os estudantes encontram</p><p>nos estudos de grego está relacionada ao fato de terem muita dificuldade nas ques-</p><p>tões gramaticais do idioma. Essas dificuldades, geralmente, decorrem de não terem</p><p>um bom domínio da gramática na língua portuguesa. Por isso, é necessário que o</p><p>estudante de grego tenha em mãos uma boa gramática da língua portuguesa.</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>12</p><p>FIGURA 6 – GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA</p><p>FONTE: . Acesso em: 3 jan. 2020.</p><p>Conforme mencionado, hoje em dia, existem diversos tipos de materiais</p><p>disponíveis para o estudante da língua grega aprofundar seus estudos. Alguns,</p><p>já citados, são exemplos, mas existem diversos materiais disponíveis para aqui-</p><p>sição ou, até mesmo, para leitura diretamente na internet. Além disso, há vários</p><p>mecanismos na internet que podem ser muito úteis no processo de aprendizado.</p><p>Na Biblioteca Virtual da UNIASSELVI, você encontrará alguns livros sobre a lín-</p><p>gua grega – não deixe de verificá-los. No YouTube, também é possível encontrar vários</p><p>vídeos explicativos sobre o grego, alguns ensinando o aprendizado do grego passo a passo.</p><p>Aproveite e utilize essas facilidades que estão ao seu alcance.</p><p>DICAS</p><p>O estudo das línguas bíblicas: descartável ou essencial?</p><p>Para quê estudar hebraico e grego? Já temos muitas traduções, muitas delas bem-feitas.</p><p>Temos programas eletrônicos que fazem as análises gramaticais dos textos – já está tudo</p><p>prontinho para nós. Será que acrescenta algo eu fazer o meu próprio trabalho de tradu-</p><p>ção? Será que todas as horas dedicadas ao estudo dessas línguas, de fato, contribuem para</p><p>o aprofundamento do fazer teológico?</p><p>INTERESSANTE</p><p>TÓPICO 1 — ORIGEM DO GREGO KOINÉ</p><p>13</p><p>Se olharmos a tendência curricular de várias instituições luteranas de formação teológica, tanto</p><p>do Brasil como de outros países, poderíamos interpretá-la como respondendo não a essas per-</p><p>guntas. O tempo de investimento previsto no currículo para o estudo e o uso dessas línguas é tão</p><p>pouco que dá a entender que essas instituições, e, por extensão, as igrejas às quais pertencem, já</p><p>não acreditam que o conhecimento das línguas bíblicas contribua para um fazer teológico mais</p><p>profundo e consistente. Quando esse assunto é abordado, vários argumentos são apresentados</p><p>para justificar o corte do tempo investido no ensino e no estudo das línguas bíblicas: implica um</p><p>custo muito alto para pouco rendimento, pois poucos(as) obreiros(as) usam essas línguas no seu</p><p>trabalho cotidiano; para aprender bem uma língua, são necessárias muitas horas de prática e es-</p><p>tudo, o que implicaria um aumento na grade curricular, que, por sua vez, aumentaria o tempo de</p><p>estudo e, com isso, o custo dos estudos; poucas pessoas realmente têm interesse em aprender</p><p>hebraico e grego; além dos argumentos apresentados anteriormente.</p><p>Eu quero, neste artigo, apresentar alguns argumentos e exemplos que se contrapõem ao</p><p>exposto, pois eu acredito que o conhecimento de, pelo menos, hebraico e grego, conti-</p><p>nua sendo crucial para um fazer teológico mais profundo, mais consistente, mais autôno-</p><p>mo e mais contextualizado. Como eu sou professora de hebraico, muito do que apresento</p><p>de comentários, exemplos e sugestões refere-se ao estudo do hebraico, porém uma boa</p><p>parte do que vale em relação ao hebraico também diz respeito ao grego.</p><p>Primeiramente, apresento argumentos baseados no nosso legado da Reforma de Martim</p><p>Lutero. Ao olharmos para Lutero e as origens do luteranismo, damo-nos conta de que as</p><p>descobertas teológicas centrais do pensamento de Lutero são fruto do seu estudo das</p><p>línguas originais da Bíblia, especialmente do hebraico. Por exemplo, a compreensão de</p><p>Lutero sobre a justiça de Deus que reveste o ser humano tem a ver com a sua descoberta</p><p>do sentido causativo dos troncos hif’il e hof’al de vários verbos.</p><p>As formas causativas, isto é, as formas do Hif’il e Hof’al, do verbo em</p><p>hebraico, levaram Lutero à convicção de que as Escrituras Sagradas</p><p>devem ser, em muitos casos, interpretadas causativamente, isto é,</p><p>como algo induzido por Deus. Para aqueles que não tiveram o prazer</p><p>de aprender Hebraico, quero dar um exemplo dessa forma verbal: “eu</p><p>bati” é um indicativo, “fui atingida” é a voz passiva, “permiti bater” é</p><p>o causativo. Siegfried Raeder, que em três volumes cuidadosamente</p><p>analisou o uso que Lutero fez da língua hebraica, de 1509 até 1521,</p><p>aponta corretamente para o fato de que, com este uso [do causativo],</p><p>a pré-condição formal da compreensão da Reforma sobre a justiça de</p><p>Deus foi estabelecida. Sendo que as formas do causativo transferem a</p><p>causa para o centro, o Deus atuante é consequentemente transferido</p><p>para o ponto central da teologia (JUNGHANS, 1992, p. 11).</p><p>A Reforma fundamenta-se nas descobertas feitas por Lutero pela maneira humanista com</p><p>a qual ele releu a Bíblia, isto é, usando as línguas originais para ajudar na interpretação da</p><p>Bíblia e dos outros escritos. Lutero considerou o grego e o hebraico “[...] as bainhas onde</p><p>está o facão do Espírito (Santo). Eles são o armário onde está esta pedra preciosa (= Evan-</p><p>gelho). Eles são o vaso onde está esta bebida (= Evangelho). Elas são a despensa onde está</p><p>este alimento (= Evangelho)” (WEIMARER, apud BAESKE, 1986, p. 78).</p><p>O Pastor Albérico Baeske afirma que, no entendimento de Lutero, não era possível encon-</p><p>trar o Evangelho sem essas línguas.</p><p>Elas são expressão da liberdade e da encarnação de Deus. Por um</p><p>lado, documentam a comparência de Deus junto à humanidade e,</p><p>por outro, a sua não disponibilidade para o bel-prazer dela. Por isso</p><p>Lutero chamou o grego e o hebraico de “línguas santas” – santas por</p><p>causa das Escrituras Sagradas. E ligou o amor ao Evangelho e a sua</p><p>presença ao amor e à preservação destas [...] (BAESKE, 1986, p. 78-79).</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>14</p><p>Já que amamos tanto o Evangelho, é preciso que nós nos exercitemos</p><p>duramente nas (mencionadas) línguas [...] se perdemos as (essas) lín-</p><p>guas – do qual Deus nos guarde – não só perderemos o Evangelho [...].</p><p>Por conseguinte, não permanecendo as (essas) línguas, desaparecerá,</p><p>no fim, também o Evangelho (WEIMARER apud BAESKE, 1986, p. 79).</p><p>Para Lutero, não é possível fazer teologia sem filologia, isto é, sem o estudo e o uso dessas</p><p>línguas (e do latim). Lutero lecionava o Antigo Testamento. Ele fazia parte da primeira ge-</p><p>ração daqueles eruditos que reintroduziram o grego e o hebraico em adição ao latim no</p><p>labor exegético. Portanto, estudar essas línguas</p><p>faz parte do nosso ser luterano. Pergunto:</p><p>com a maioria das grandes instituições teológicas luteranas cortando as horas dadas para</p><p>essas línguas, o que acontece com a nossa herança luterana? Lutero estava sendo muito</p><p>radical? Basta o que outros poucos especialistas têm a nos dizer? E como fica o sacerdó-</p><p>cio de todos os crentes nessa situação?</p><p>Há a necessidade de estudar a Bíblia nas línguas originais, pois isso nos</p><p>leva de volta para as raízes da fé bíblica [...]. O uso das línguas também é</p><p>importante para pastores e outros, pois capacita muitos a participarem</p><p>do trabalho da exegese e da interpretação bíblica. Essa é uma tarefa que</p><p>não devia ser deixada para aqueles que lecionam em seminários teo-</p><p>lógicos ou estão envolvidos na pesquisa teológica. A tarefa da exegese</p><p>pertence à Igreja como um todo. Mesmo estudantes sem as línguas bíbli-</p><p>cas têm percebido questões no texto que são significativas, avanços na</p><p>interpretação de passagens bíblicas ou a integração de conceitos gerais</p><p>dependem, em grande parte, daquilo que é dado nas línguas originais</p><p>(JOHNSON apud HARMAN, 1991, p. 94).</p><p>Isso foi dito por um estudioso da Igreja Reformada dos tempos atuais. É verdade que Lutero</p><p>limitaria este todo dizendo que “traduzir não é a habilidade de todo homem [...]. É necessário</p><p>ter um coração correto, devoto, honesto, sincero, temeroso a Deus, Cristão, capacitado, infor-</p><p>mado e com vivência”. Não é necessário ser um pesquisador especialista ou doutor. É neces-</p><p>sário, sim, conhecer o pensamento hebreu e grego, bem como o da língua para a qual se está</p><p>traduzindo, tão bem que seja possível transpor uma expressão em hebraico para um linguajar</p><p>que um cidadão brasileiro, por exemplo, possa entender. Isso, sim, entre outras qualidades, é</p><p>necessário para um(a) bom(boa) tradutor(a) e um(a) bom(boa) teólogo(a). Portanto, se quiser-</p><p>mos fazer jus à nossa herança luterana, deveríamos, pelo menos nas instituições de formação</p><p>teológica, dar mais atenção às línguas, tanto as bíblicas como o vernáculo.</p><p>Primeiramente, para que estudantes sintam que é importante estudar essas línguas, elas devem</p><p>ser exigidas no decorrer de todo o estudo da teologia. Obviamente, em aulas de exegese deve ser</p><p>exigida a tradução do original como parte do trabalho. Em outras disciplinas, deve ser incentivado,</p><p>encorajado e elogiado o uso das línguas nas pesquisas de termos e de conceitos. Nos trabalhos</p><p>de conclusão na área de Bíblia, deve ser exigido que se comprove o conhecimento das línguas.</p><p>Em segundo lugar, a Igreja deve incentivar seus obreiros e suas obreiras a usarem as lín-</p><p>guas bíblicas no seu trabalho. Como pode fazer isso? Ela pode incentivar os sínodos e</p><p>as comunidades a disponibilizarem tempo para que obreiros(as) possam se reunir para</p><p>trabalhar juntos os textos do mês nas línguas originais. Poderia oferecer espaços e tempo</p><p>(pago) para que os(as) obreiros(as) pudessem reaprender essas línguas. Obreiros(as) que já</p><p>sabem as línguas devem ser encorajados(as) e incentivados(as) a usar esse conhecimento</p><p>criativamente no seu trabalho pessoal e também em momentos oportunos com grupos</p><p>na comunidade, através de canto ou de outras maneiras.</p><p>FONTE: Adaptado de KRAHN, M. A. W. O estudo das línguas bíblicas: descartável ou essen-</p><p>cial? Estudos Teológicos, v. 46, n. 1, p. 7-21, 2006. Disponível em: https://bit.ly/39a0EGi.</p><p>Acesso em: 14 jan. 2020.</p><p>15</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>• As origens da língua grega remontam ao grego micênico, período de 1500 a</p><p>1100 a.C.</p><p>• O Novo Testamento e a tradução do Velho Testamento do hebraico para o</p><p>grego (Septuaginta) foram escritos em grego Koiné.</p><p>• Anteriormente, existiam vários dialetos gregos: jônico-ático, arcado-cipriota,</p><p>eólico e do grupo ocidental (grego do noroeste e dórico).</p><p>• A Septuaginta é a designação dada para a mais antiga tradução em grego do</p><p>texto hebreu do Antigo Testamento, feita para uso da comunidade de judeus</p><p>do Egito no final do século III a.C. e no II a.C.</p><p>• Por meio do contato do grego clássico com as demais culturas e línguas da</p><p>época, surgiu então o grego Koiné (comum). Embora a base de Koiné tenha</p><p>sido o ático, foram eliminados os traços dialetais muito específicos (“aticis-</p><p>mos”), de modo a ser uma linguagem padrão de uso universal.</p><p>• Para avançar no estudo da língua grega, algumas atitudes são imprescindí-</p><p>veis: dedicar tempo; ter disciplina; perseverança; e propósito.</p><p>• Os materiais elementares para o estudo do grego Koiné são: o Novo Testamento</p><p>Grego, o dicionário grego-português/português-grego, uma gramática do Novo</p><p>Testamento Grego e uma boa gramática da Língua Portuguesa. No entanto, exis-</p><p>tem muitos outros materiais, como concordâncias, léxicos, livros de análise, entre</p><p>outros, que poderão somar e ser muito úteis no processo de aprendizagem.</p><p>• É importante a Igreja incentivar seus obreiros e suas obreiras a usarem as</p><p>línguas bíblicas nos seus estudos e trabalho, pois, conforme Martinho Lutero,</p><p>“há a necessidade de estudar a Bíblia nas línguas originais, pois isso nos leva</p><p>de volta para as raízes da fé bíblica [...]”.</p><p>16</p><p>1 A tradução mais antiga do texto hebreu do Antigo Testamento (escrito em</p><p>hebraico) foi feita para uso da comunidade de judeus do Egito no final do</p><p>século III a.C. e no início do século II a.C. Como é chamada a tradução do</p><p>Antigo Testamento para a versão da língua grega?</p><p>a) ( ) Vulgata.</p><p>b) ( ) Septuaginta.</p><p>c) ( ) Torá.</p><p>d) ( ) Koiné.</p><p>2 É interessante observar que a formação do povo grego ocorreu por uma mis-</p><p>tura de invasores que vieram da região norte, com alguns povos que já ha-</p><p>bitavam aquela região (hoje Grécia). Da mesma forma, é importante saber</p><p>alguns aspectos da origem da língua grega. Analise as sentenças a seguir:</p><p>I- Devido ao contato do grego clássico com as demais culturas e línguas da</p><p>época, surgiu então o grego Koiné (“comum”). A base do Koiné foi o ático.</p><p>II- As origens da língua grega se dão na época de Alexandre, o Grande, por</p><p>volta de 500 a 400 a.C.</p><p>III- Existiram vários dialetos gregos, por exemplo: jônico-ático, arcado-ciprio-</p><p>ta, eólico e do grupo ocidental (grego do noroeste e dórico).</p><p>IV- O grego Koiné apresentava muitas diferenças com relação ao grego clássico.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As alternativas I e III estão corretas.</p><p>b) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.</p><p>c) ( ) As alternativas II, III e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) As alternativas II e III estão corretas.</p><p>3 O estudo de uma língua requer alguns elementos por parte do estudante,</p><p>para que haja uma boa aprendizagem. Para o estudante da língua grega,</p><p>existem alguns elementos que são fundamentais para o processo de apren-</p><p>dizagem. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) Alguns elementos fundamentais para o aprendizado da língua grega são:</p><p>ter um professor de origem grega, dispor de tempo para visitar a Grécia</p><p>e falar inglês.</p><p>( ) Algumas atitudes são imprescindíveis para o estudante de grego avançar</p><p>no conhecimento dessa língua: dedicar tempo, ter disciplina, perseveran-</p><p>ça e propósito.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>17</p><p>( ) Os materiais elementares para o estudo do grego Koiné são: o Novo Testa-</p><p>mento Grego, o dicionário grego-português/português-grego, uma gramáti-</p><p>ca do Novo Testamento Grego e uma boa gramática da Língua Portuguesa.</p><p>( ) Existem muitos materiais, como concordâncias, léxicos, livros de análise,</p><p>entre outros, que poderão somar e ser muito úteis no processo de apren-</p><p>dizagem da língua grega.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) F – V – V – V.</p><p>b) ( ) V – V – F – V.</p><p>c) ( ) F – V – V – F.</p><p>d) ( ) V – F – V – F.</p><p>4 Ter acesso a materiais em grego ajudará muito a praticar a leitura e se fami-</p><p>liarizar com o formato das letras. Outra vantagem é que você poderá fazer</p><p>comparações e praticar a pronúncia das palavras. Assinale a alternativa so-</p><p>bre qual dos materiais na sequência é uma boa sugestão nesse sentido:</p><p>a) ( ) Leitura de vários livros.</p><p>b) ( ) Dicionário</p><p>do Novo Testamento Grego.</p><p>c) ( ) Sites de internet.</p><p>d) ( ) Dicionários modernos.</p><p>5 Embora a base do Grego Koiné tenha sido o ático, foram eliminados os traços dia-</p><p>letais (“aticismos”) muito específicos, de modo a ser uma linguagem padrão de</p><p>uso universal. Assinale a alternativa que contém o significado da palavra Koiné:</p><p>a) ( ) Erudito.</p><p>b) ( ) Comum.</p><p>c) ( ) Intelectual.</p><p>d) ( ) Acadêmico.</p><p>18</p><p>19</p><p>TÓPICO 2 —</p><p>UNIDADE 1</p><p>ASPECTOS ESTRUTURAIS DO</p><p>GREGO KOINÉ</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Τὰ ἑλληνικὰ γράμματα</p><p>(O alfabeto grego)</p><p>As palavras são compostas de sons em combinação e, para que sejam es-</p><p>critas, empregam-se símbolos que representam esses sons. Esses símbolos são</p><p>chamados de “letras”. Para aprender uma determinada língua, é necessário</p><p>aprender a pronunciar e escrever suas letras. No caso da língua grega, algumas</p><p>correspondem (parecidas) às da língua portuguesa, mas outras são totalmente</p><p>diferentes. O estudante de grego precisa aprender a maneira de formar e escrever</p><p>as letras gregas, o nome de cada letra e saber a pronúncia delas.</p><p>O alfabeto grego tem 24 letras. Como em português, elas se dividem em</p><p>duas classes: vogais e consoantes. Em português, as vogais são: a, e, i, o, u. As</p><p>demais letras são as consoantes. No alfabeto grego, as vogais são: “α” (alfa), “ε”</p><p>(épsilon), “η” (êta), “ι” (iota), “ο” (õmicron), “υ” (upsilon) e “ω” (ômega).</p><p>É importante memorizar bem o nome de cada letra e praticar a sua escrita,</p><p>a tal ponto que a pessoa possa formar cada letra com facilidade e nomeá-la sem</p><p>hesitar. Da mesma forma, é necessário aprender as letras em ordem, pois isso será</p><p>muito útil durante o uso de um dicionário.</p><p>Conhecendo as letras gregas e sabendo como pronunciá-las, você já pode</p><p>se arriscar e tentar fazer a leitura do Novo Testamento. Logicamente, não vai en-</p><p>tender tudo o que estiver lendo, mas o objetivo será treinar os olhos e os ouvidos</p><p>quanto às letras e aos sons do grego e suas combinações em palavras.</p><p>As palavras são formadas por unidades sonoras, compostas por uma ou</p><p>mais letras, chamadas de sílabas. Seu som é unitário, ou seja, é emitido de uma só</p><p>vez. Uma sílaba pode ser formada por letras que soam sozinhas ou que se asso-</p><p>ciam a outras, podendo haver junção de duas ou mais letras (GUILEY, 1993, p. 8).</p><p>A língua portuguesa e a língua grega pertencem à mesma família de lín-</p><p>guas. Há, portanto, semelhança na estrutura gramatical de ambas. Quem entende</p><p>bem a estrutura gramatical da língua portuguesa terá mais facilidade em aprender</p><p>20</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>a língua e a estrutura gramatical grega. Nas duas línguas, as ideias são expressas</p><p>pela ordem e pela relação das palavras que compõem a frase. Para manejar uma</p><p>língua, é necessário saber a função de cada palavra dentro da frase ou sentença.</p><p>No decorrer deste tópico serão apresentadas várias informações a respeito</p><p>do alfabeto grego. Em seguida, veremos os primeiros aspectos estruturais da lín-</p><p>gua grega: ditongos, acentos, pontuação, gênero e número das palavras gregas.</p><p>2 A ORIGEM DO ALFABETO GREGO</p><p>As variantes locais do alfabeto grego foram empregadas na Grécia antiga</p><p>durante os períodos clássicos arcaicos e iniciais, até que foram substituídas pelo</p><p>clássico alfabeto de 24 letras, que é o padrão hoje, por volta de 400 a.C. Todas as</p><p>formas de alfabeto grego foram originalmente criadas com base no inventário</p><p>compartilhado dos 22 símbolos do alfabeto fenício (ROSA, 2015, p. 10).</p><p>O sistema conhecido como alfabeto grego, com 24 letras, foi originalmente</p><p>a variante regional das cidades jônicas da Ásia Menor. Ele foi adotado oficial-</p><p>mente em Atenas em 403 d.C. e, na maior parte do mundo grego, em meados do</p><p>século IV a.C. (ROSA, 2015, p. 10).</p><p>Nos primórdios da cultura grega, podem ser citadas a civilização minoica,</p><p>que se desenvolveu na ilha de Creta (de 3100 a 1100 a.C.) e a civilização micênica,</p><p>no Peloponeso (1600a 1100 a.C.), que desenvolveram um sistema de escrita linear,</p><p>chamadas, respectivamente, Linear A e Linear B. Posteriormente, os gregos aper-</p><p>feiçoaram uma forma de escrita que deu origem ao alfabeto ocidental, derivada</p><p>da escrita dos fenícios. Heródoto, na obra História, V, 58, explica a origem e a</p><p>denominação das letras gregas, chamadas inicialmente de phoinikeia grámmata,</p><p>letras fenícias (ROSA, 2015, p. 15).</p><p>De acordo com Alexandre Júnior (2003), o alfabeto grego tem praticamen-</p><p>te 30 séculos de existência, visto que foi criado por volta do século VIII a.C. Para</p><p>criar seu sistema de escrita, os gregos antigos adaptaram o alfabeto consonantal</p><p>fenício, acrescentando um elemento novo: as vogais. Assim, o alfabeto grego aca-</p><p>bou influenciando outros sistemas de escrita que combinam consoantes e vogais</p><p>como o alfabeto latino (ALEXANDRE JÚNIOR, 2003, apud FILHO, 2019b, p. 26).</p><p>Na Figura 7, você pode observar uma representação da origem de diversas lín-</p><p>guas (inclusive o grego), oriundas do proto-indo-europeu.</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>21</p><p>FIGURA 7 – PROTO-INDO-EUROPEU</p><p>FONTE: . Acesso em: 14 jan. 2020.</p><p>22</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>2.1 A REPRESENTAÇÃO DAS VOGAIS NO ALFABETO</p><p>GREGO</p><p>Um ponto a ser destacado é que, além de indicar a origem fenícia do al-</p><p>fabeto grego, houve uma adaptação na forma das letras. A maioria das letras</p><p>do alfabeto fenício foram usadas no alfabeto grego para representar sons seme-</p><p>lhantes que havia no grego, mas algumas adaptações foram necessárias e a mais</p><p>significativa delas foi a representação das vogais.</p><p>De acordo com Rosa (2015, p. 15), a língua fenícia possuía uma série de con-</p><p>soantes guturais inexistentes na língua grega. Dessa maneira, as letras fenícias que</p><p>representavam essas consoantes foram utilizadas pelos gregos para a representação</p><p>das vogais e, por isso, a escrita grega é considerada o primeiro alfabeto existente.</p><p>A escrita grega é considerada o primeiro alfabeto existente (ROSA, 2015, p. 15).</p><p>NOTA</p><p>A Figura 8 mostra as adaptações que foram feitas da língua fenícia para a</p><p>língua grega.</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>23</p><p>FIGURA 8 – ADAPTAÇÕES DO FENÍCIO PARA O GREGO</p><p>FONTE: . Acesso em: 18 jan. 2020.</p><p>No período clássico, o alfabeto grego possuía 17 consoantes e 7 vogais, to-</p><p>talizando 24 letras.</p><p>NOTA</p><p>3 O ALFABETO GREGO</p><p>Você sabia que a palavra utilizada na língua portuguesa alfabeto deriva das</p><p>duas primeiras letras gregas: alfa e beta. Bem interessante, não acha? No decorrer</p><p>dos estudos de grego, você irá perceber que existem muitas palavras na língua</p><p>portuguesa cuja raiz procede da língua grega. Há estudos nas nossas gramáticas</p><p>nessa área que são denominadas de palavras com origem em radicais gregos.</p><p>Os primeiros manuscritos em grego do Novo Testamento foram feitos so-</p><p>mente em letras maiúsculas; posteriormente, convencionou-se utilizar as letras</p><p>minúsculas – e até hoje assim ainda o são. De acordo com Sousa ([2007?], p. 4), os</p><p>24</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>primeiros manuscritos do Novo Testamento grego que foram escritos em letras</p><p>maiúsculas são chamados Unciais. Modernamente, porém, convencionou-se usar</p><p>as letras minúsculas nos textos que são atualmente publicados, por isso o aluno</p><p>deve se preocupar inicialmente na memorização deles.</p><p>Na Figura 9, são apresentados diversos aspectos do alfabeto grego, sendo</p><p>que, na coluna denominada Maiúscula, é representado o formato da letra maiúscula</p><p>em grego; na coluna Minúscula, o formato da letra minúscula em grego; na coluna</p><p>Nome, o nome de cada letra; na coluna Transliteração, como a letra foi transliterado;</p><p>na coluna Valor latim, como é a letra no formato latino; na coluna Palavra grega, há o</p><p>exemplo da palavra escrita em grego; e, na coluna Tradução, a tradução para o por-</p><p>tuguês. Ao visualizar a imagem, aproveite para memorizar algumas palavras gregas.</p><p>FIGURA 9 – ASPECTOS DO ALFABETO</p><p>GREGO</p><p>FONTE: . Acesso em: 2 fev. 2020.</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>25</p><p>Tradução e transliteração</p><p>A tradução e a transliteração são dois processos distintos. No processo da tradução, é</p><p>fornecido o significado de determinada palavra pertencente a outra língua. Por exemplo:</p><p>κόσμος (em grego) significa “mundo” em português. Já na transliteração substitui-se os</p><p>caracteres de determinado alfabeto pelos de outro – por exemplo, para transliterar a pa-</p><p>lavra κόσμος para o alfabeto latino, os caracteres gregos da palavra são substituídos pelos</p><p>latinos. Assim, κόσμος se transforma em cosmos (FILHO, 2019b, p. 101).</p><p>NOTA</p><p>A Figura 10 apresenta as letras gregas em maiúsculo, seguidas do formato</p><p>minúsculo e, embaixo, o nome de cada letra. É importante, nesse momento, praticar a</p><p>escrita para se familiarizar com a língua. Então, não perca tempo, escreva e reescreva</p><p>várias vezes o alfabeto grego para memorizá-lo e se acostumar com cada letra.</p><p>FIGURA 10 – ALFABETO GREGO</p><p>FONTE: . Acesso em: 28 jan. 2020.</p><p>Para facilitar a assimilação do alfabeto grego, observe e pratique o nome e</p><p>a pronúncia das letras gregas conforme mostra o Quadro 1.</p><p>26</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 1 – ALFABETO GREGO</p><p>Maiúscula Nome Minúscula Pronúncia</p><p>Α Alfa α a, como na palavra “gato”</p><p>Β Beta β b, como na palavra “boi”</p><p>Γ Gama γ g, como na palavra “gado”</p><p>∆ Delta δ d, como na palavra “dedo”</p><p>Ε Épsilon ε e, como na palavra “pé”</p><p>Ζ Zeta ζ z, como na palavra “zebra”</p><p>Η Eta η e, como na palavra “vê</p><p>Θ Teta θ th, como na palavra inglesa “thank”</p><p>Ι Iota ι i, como na palavra “mim”</p><p>Κ Capa κ c, como na palavra “cor”</p><p>Λ Lambda λ l, como na palavra “letra”</p><p>Μ Mu μ m, como na palavra “mato”</p><p>Ν Nu ν n, como na palavra “nada”</p><p>Ξ Xi ou Ksi ξ x, como na palavra “fixo”</p><p>Ο Ómicron ο ó, como na palavra “pó”</p><p>Π Pi π p, como na palavra “pai”</p><p>Ρ Ró ρ r, como na palavra “rato”</p><p>Σ Sigma σ,ζ s, como na palavra “sim”</p><p>Τ Tau τ t, como na palavra “tudo”</p><p>Υ Úpsilon υ u, como na palavra francesa “tu”</p><p>Φ Fi φ f, como na palavra “faca”</p><p>Χ Qui χ c, como na palavra “eco” ou ch na</p><p>palavra alemã “ich”</p><p>Ψ Psi ψ ps, como na palavra “pseudo”</p><p>Ω Omega ω o, como na palavra “dono”</p><p>FONTE: O autor</p><p>Observe que a letra Sigma tem duas formas minúsculas: a primeira (σ) é usada</p><p>no início ou no meio da palavra e a segunda (ς) no final da palavra. Outra observação im-</p><p>portante é que, no caso das letras Qui (χ) e Psi (ψ), não há um correspondente no alfabeto</p><p>latino, mas seus sons podem ser pronunciados no português. As grafias desses sons são</p><p>formadas pela junção de determinadas letras, como é possível observar nas palavras quei-</p><p>jo e psiquiatra. Já no caso da letra Xi ou Ksi, seu som pode ser representado em português</p><p>pela letra “x”, como na pronúncia da palavra “léxico”.</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>27</p><p>Para reforçar o que foi mencionado anteriormente, é importante que, nesse pro-</p><p>cesso de aprendizado do alfabeto da língua grega, o estudante aprenda, primeiramente,</p><p>as letras minúsculas e as escreva repetidas vezes até reconhecer todo o alfabeto inteiro.</p><p>4 DITONGOS, ACENTOS E PONTUAÇÃO</p><p>4.1 DITONGOS</p><p>Como observado anteriormente, em português, as vogais são a, e, i, o, u.</p><p>As demais são consoantes. No alfabeto grego, as vogais são α (alfa), ε (épsilon), η</p><p>(êta), ι (iota), ο (õmicron), υ (upsilon) e ω (ômega).</p><p>As vogais η e ω são chamadas de vogais longas; as demais podem ser</p><p>breves ou longas.</p><p>NOTA</p><p>Assim como no português, existe também a formação dos ditongos na</p><p>língua grega. Os ditongos são a fusão de dois sons vogais em um só. A pronúncia</p><p>dos ditongos em grego é apresentada no Quadro 2.</p><p>Vamos praticar um pouco? Leia as palavras em grego Koiné e depois transcreva</p><p>para o português conforme o exemplo a seguir:</p><p>διά - κο - νος = diáconos</p><p>• διά - βο - λος = ..........................................................</p><p>• γι - νώ - σκω = ..................................................................</p><p>• Πά - σχα = ............................................................................</p><p>• λό - γος = ..............................................................................</p><p>• πνεύ - μα = ...........................................................................</p><p>• ἄν - θρω - πος = ...................................................................</p><p>• προ - φή - της = .....................................................................</p><p>• Χρί - στος = ...........................................................................</p><p>DICAS</p><p>28</p><p>UNIDADE 1 — ORIGEM E ALGUNS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>QUADRO 2 – DITONGOS E SUA PRONÚNCIA</p><p>Ditongos PronúnciaMaiúsculas Minúsculas</p><p>ΑΙ αι Pronuncia-se “ai”, como na palavra “pai”</p><p>ΑΥ αυ Pronuncia-se “au”, como na palavra “audaz”</p><p>ΕΙ ει Pronuncia-se “ei”, como na palavra “sei”</p><p>ΕΥ ευ Pronuncia-se “eu”, como na palavra “neutro”,</p><p>ou como “u” em “duro”</p><p>ΟΙ οι Pronuncia-se “oi”, como na palavra “boi”</p><p>ΟΥ ου Pronuncia-se “u”, como na palavra “tu”</p><p>ΗΥ ηυ Pronuncia-se “eu”, como na palavra “neutro”</p><p>ΥΙ υι Pronuncia-se “ui”, como na palavra “fui”</p><p>FONTE: O autor</p><p>4.1.1 Iota subscrito</p><p>Frequentemente, encontram-se as vogais α, η e ω com um pequeno iota (ι)</p><p>escrito embaixo. Ele é chamado de iota subscrito e o fato de estar ligado a uma vogal</p><p>a torna também em um ditongo. Entretanto, o iota não altera a pronúncia das vogais,</p><p>então ᾳ, ῃ e ῳ são pronunciados como a, e, o – ou seja, como vogais simples.</p><p>Quando a letra γ (gama) vem imediatamente antes de κ, γ, χ ou ζ, ela tem</p><p>um som nasal. Por exemplo, a palavra ἄγκυρα terá a pronúncia “ancura” e a pa-</p><p>lavra ἄγγελος será pronunciada “anguelos”.</p><p>4.1.2 Aspiração</p><p>Toda vogal que inicia uma palavra tem uma aspiração que se coloca em cima</p><p>da letra. Há duas formas de aspiração: branda (leve) e áspera (forte). A aspiração bran-</p><p>da é indicada pelo sinal (’), escrito sobre a vogal inicial (no caso de ditongo, sobre a</p><p>segunda vogal), e não afeta a pronúncia da palavra. Por outro lado, a aspiração áspera</p><p>indicada pelo sinal (‘) e colocada sobre a vogal inicial da palavra tem o valor de “h”,</p><p>como na palavra em inglês “head”. É importante lembrar que, no grego, todas as pala-</p><p>vras que começam com as letras ρ (rô) e υ (upsilon) sempre levam a aspiração áspera.</p><p>4.2 ACENTOS</p><p>Em relação à acentuação de palavras gregas, alguns aspectos devem estar</p><p>bem claros, como os acentos que indicam apenas a sílaba tônica (forte). De acordo</p><p>com Taylor (1990, p. 6), alguns aspectos devem calar bem na mente do aluno – a</p><p>seguir, destacamos os mais importantes:</p><p>TÓPICO 2 — ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GREGO KOINÉ</p><p>29</p><p>• Há três acentos: o agudo (΄), o grave (`), e o circunflexo (^) e (~).</p><p>• O acento se coloca em cima da sílaba acentuada e, no caso de cair sobre um</p><p>ditongo, é sempre escrito sobre a segunda vogal do ditongo.</p><p>• A posição do acento é determinada pela última sílaba:</p><p>O Se a última sílaba for longa, o acento deve cair na última ou na penúl-</p><p>tima sílaba.</p><p>O Se a última sílaba for breve, o acento pode cair na antepenúltima, na</p><p>penúltima ou na última, porém nunca antes da antepenúltima.</p><p>• O acento de verbos geralmente é tão distante da última sílaba quanto possí-</p><p>vel; por isso, é chamado de regressivo.</p><p>• O acento de substantivos geralmente segue o acento do nominativo tanto</p><p>quanto for possível.</p><p>• Os acentos agudo e grave são colocados depois da aspiração; o circunflexo em cima.</p><p>• Uma palavra enclítica é aquela pronunciada como se fosse parte da palavra</p><p>anterior e não leva acento.</p><p>• Uma palavra proclítica perde seu acento na palavra sucessora.</p><p>• Quando letras maiúsculas são acentuadas, a aspiração e o acento são coloca-</p><p>dos antes, e não em cima da letra.</p><p>4.3 PONTUAÇÃO</p><p>A pontuação em uma língua é extremamente necessária e importante. Ela es-</p><p>clarece o sentido de uma frase, tirando dúvidas e dissipando qualquer confusão. Com</p><p>isso em mente, veremos, a seguir, algumas informações sobre a pontuação utilizada</p><p>nos textos gregos e sua relação com a pontuação</p>

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