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AD1 – 2020.2 
 
 
 
Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
Disciplina: Literatura Brasileira III 
 Coordenadora: Prof.ª Flávia Amparo 
 
 
Aluna Daniele Pivatelli Charles da Silva 
Matrícula 19213120214 
Polo Nova Iguaçu 
 
 
 
 
 
Questão 1 (3,5): Acesse a Unidade 2 na Plataforma virtual e assista ao vídeo “José de 
Alencar – O múltiplo”. Além disso, leia o fragmento destacado abaixo do romance O 
Guarani (1857), de José de Alencar. A partir da análise desses dois materiais, discuta 
sobre: 
 
a) O aspecto multifacetado dos romances de Alencar exposto pelo vídeo, 
fundamentando sua resposta com passagens das falas presentes nesse material; 
 
José de Alencar, considerado o pai do Romantismo Brasileiro, tinha um forte 
aspecto multifacetado em sua vida pública e em seus romances. O escritor atuou como 
político, jurista, cronista, autor de peças de teatro e de uma vasta obra, incluindo, além dos 
seus famosos romances, poemas, cartas, tratados jurídicos, discursos, dentre outros textos. 
Firme em seu propósito de construir uma identidade nacional da literatura, passou 
por variadas fases, escrevendo romances Indianistas, como Iracema; Urbanos, como Cinco 
Minutos; Históricos, como Alfarrábios; e Regionalistas, como O Gaúcho. 
Para Antonio Candido, havia “3 Alencares”: o dos Rapazes, o das Mocinhas e o 
dos Adultos. O primeiro Alencar seria o que retratou o heroísmo de Peri e Arnaldo 
Louredo (em O Guarani e O Sertanejo, respectivamente). O segundo nos trouxe mocinhas 
puras e valorosas, exemplos de comportamento, como em Diva. E o “terceiro Alencar”, 
presente em Senhora e Lucíola, é o que nos traz romances 
em que a mulher e o homem se defrontam num plano de igualdade, 
dotados de peso específico e capazes daquele amadurecimento interior 
inexistente nos outros bonecos e bonecas. (...) Esse terceiro escritor, 
“dos adultos”, apto a aprofundar problemas que escapam aos 
anteriores, consegue avançar na “exploração da alma” das 
personagens e no escrutínio do ambiente pelo qual elas se movimentam, 
mostrando como o dinheiro e os desníveis sociais contribuem para 
moldar os tipos humanos e os conflitos que se estabelecem entre eles.1 
 
 Em sua fase Indianista, procurou abordar diferentes momentos da formação da 
história e da cultura do povo brasileiro. Segundo Valéria Marco, no vídeo “José de 
Alencar – O múltiplo: para cada face do Brasil, Alencar construiu uma narrativa, uma 
história que trabalha cada tema de forma diferente. Ele tinha uma intenção programática 
de fundar a literatura brasileira e, assim, Ubirajara conta a história do passado, de um 
povo nativo sem contato com o colonizador; em Iracema, construiu encontros esporádicos 
entre os povos português e indígena; e em O Guarani, contou a história de um índio já 
adaptado e entregue ao colonizador, projetando um futuro miscigenado para o país. 
Para Valéria, é com O Guarani que temos uma literatura que mostra um processo 
de colonização e uma mescla do branco com o índio, para projetar um futuro miscigenado 
e viver o espaço nacional. 
 
 
b) O papel do Indianismo no projeto nacionalista do Romantismo brasileiro e de 
que maneira o trecho destacado abaixo de O Guarani evidencia a valorização da 
figura do índio na literatura romântica. 
 
Os escritores do Romantismo no Brasil tinham por projeto desenvolver uma 
literatura nacional. Se na Europa o Romantismo exaltava e idealizava o herói medieval, no 
Brasil era o habitante nativo que ganhava destaque como o “Bom Selvagem” na nossa 
literatura, como símbolo nacional e fundador da nação que acabava de conquistar sua 
Independência da Metrópole. Para reafirmar a identidade brasileira, era preciso retratar 
“um povo” que não fosse exatamente o português. Para isso, a fase Indianista exalta o 
herói local: o índio. Retratado não como ele realmente era, mas um índio idealizado pelo 
imaginário europeu, amigo do colonizador (como percebemos no trecho “tomou à cinta as 
pistolas que tinha recebido de sua senhora”). 
Peri, o protagonista de O Guarani, de José de Alencar, é um exemplo dessa figura 
nativa idealizada. Como se pode depreender do texto abaixo, ele era atento (“não deixava 
de lançar o olhar ao redor de si”), valente (“Foi um momento de luta terrível entre o 
espírito e a matéria, entre a força da vontade e o poder da natureza. [...] Lutava debalde 
com a fraqueza que se apoderava dele”), destemido (“Deixou-se cair como uma 
pedra do alto da árvore; as duas flechas que partiam, uma cravou-se-lhe no ombro, a outra 
rogando-lhe pelos cabelos mudou de direção.”), forte, ágil (“Seguiu rapidamente pelos 
ramos das árvores, atravessou o rio sobre essa ponte aérea, e conseguiu, escondido pelas 
 
1 MARTINS, Eduardo Vieira. Dez estudos (e uma pequena bibliografia) para conhecer José de Alencar. 
Disponível em < https://fflch.usp.br/sites/fflch.usp.br/files/2017-11/Jose%CC%81%20de%20Alencar.pdf>. 
Acesso em 11 de set de 2020. 
https://fflch.usp.br/sites/fflch.usp.br/files/2017-11/Jose%CC%81%20de%20Alencar.pdf
folhas, colocar-se perpendicularmente ao lagar onde ainda se fazia sentir a oscilação dos 
arbustos.”), habilidoso, puro e não pouparia esforços para salvar sua amada Ceci (“mas 
Cecília corria um perigo, e portanto não refletiu, não calculou”). 
Conforme se observa no vídeo “José de Alencar – O múltiplo”, Peri era um herói 
que superou o heroico português, pai de Ceci. Peri domina o saber da natureza (como 
conhecer a planta que lhe devolverá a vida) e realiza proezas como dominar uma onça, 
enfrentar cobras, derrotar uma tribo envenenando a si mesmo e arrancar uma palmeira do 
chão para salvar Ceci e a si próprio de um dilúvio – façanhas de um herói indígena 
idealizado e imaginário. 
 
 
 
 
Questão 2 (3,5): Conforme aponta Antonio Candido em “Literatura de dois gumes”, 
uma boa parte das manifestações literárias produzidas no Brasil no século XVIII 
apresentava uma dupla perspectiva a partir do entrelaçamento, tanto na prosa quanto na 
poesia, de dois polos considerados bastante antagônicos. Explique o que significam 
esses “dois gumes” na literatura oitocentista brasileira e de que forma esse viés 
antagônico se faz presente no trecho de O Uraguai (1769), de Basílio da Gama, 
destacado abaixo, retirando do poema fragmentos que fundamentem a discussão. 
 
Embora muitos digam que a literatura brasileira se formou a partir da soma das 
culturas portuguesa, indígena e africana, Candido atenta para o equívoco desta afirmação. 
A literatura na Colônia foi importada da Metrópole. A língua oficial e utilizada na 
literatura era a do dominador (Portugal), bem como seus valores e ideologias. Segundo 
Candido, a literatura portuguesa foi um instrumento de dominação e imposição da cultura 
do colonizador sobre os colonizados, havendo, até mesmo proibição do uso da língua 
local e da participação dos “brancos” nas manifestações culturais que não fossem 
europeias. 
No entanto, a literatura e demais manifestações artísticas produzidas no Brasil, 
recebiam influência da natureza e costumes locais. A literatura portuguesa foi adaptando-
se ao processo de colonização e miscigenação desta sociedade que se formava no Novo 
Mundo. Assim, se por um lado (gume) a literatura feita no Brasil era uma forma de 
reafirmar a autoridade e imposição do dominador europeu, por outro, acabava por 
distinguir uma nova sociedade, começando a traçar uma identidade brasileira. Nas 
palavras de Antonio Candido: 
Portanto, o que houve não foi fusão prévia para formar uma literatura, 
mas modificação do universo de uma literatura já existente, importada 
com a conquista e submetida ao processo geral de colonização e 
ajustamento ao Novo Mundo. 
No poema Uraguai, por exemplo, Basílio da Gama narra a lutapela posse de 
terras na região do Uraguai, pela assinatura do tratado de Madri – que preconizava que 
terras ocupadas por jesuítas passassem de Espanha a Portugal. Exaltando a política 
portuguesa e a atuação do Marquês de Pombal, Basílio critica duramente os jesuítas, 
colocando um padre como o vilão de sua história. 
Todavia, se por um lado era elogiada a atuação e dominação de Portugal, por 
outro, era exaltada a figura do índio e a natureza local. Como poeta árcade, Basílio dá 
relevo ao ambiente bucólico brasileiro. Não estamos aqui diante do índio do 
Romantismo, idealizado num projeto nacionalista, mas, ao desenvolver seu enredo em 
torno de uma aldeia indígena e costumes locais, Basílio já começa a desenhar traços do 
Brasil em sua obra (o segundo gume, apontado por Candido), descrevendo cenários 
locais e costumes, numa clara adaptação da literatura ao meio, como se destaca no trecho 
a seguir, em que o índio Cacambo põe fogo no acampamento inimigo a pedido do 
espírito do amigo morto, que o visitou em sonho: 
 
E o índio afortunado a praia oposta 
Tocou sem ser sentido. Aqui se aparta 
Da margem guarnecida e mansamente 
Pelo silêncio vai da noite escura 
Buscando a parte donde vinha o vento. 
Lá, como é uso do país, roçando 
Dous lenhos entre si, desperta a chama, 
Que já se ateia nas ligeiras palhas, 
E velozmente se propaga 
 
 
 
Questão 3 (3,0): Na apresentação do tema central de seu livro, Darcy Ribeiro, na 
Introdução de O povo brasileiro (página 19 a 26), discute as matrizes étnicas de nossa 
construção enquanto povo. A partir da leitura desse material proposto na Unidade 1, 
explique de que forma os grandes abismos sociais existentes hoje no país se relacionam 
com o processo de formação da identidade do povo brasileiro teorizado por Ribeiro. 
Fundamente essa relação com trechos retirados da Introdução da obra destacada. 
 
Na Introdução de O povo brasileiro, Ribeiro demonstra que a estratificação social 
presente no país é resultado da história de sua formação. Como ele diz, nosso povo surgiu 
do entrechoque do invasor e dominador português com os povos escravizados e 
constantemente explorados e subjugados – índios e negros africanos. 
Embora dessa confluência de diferentes povos (que ainda receberam, mais tarde 
imigrante de diferentes países) tenha surgido um novo povo, com uma unidade nacional, 
nunca houve, aqui, igualdade e uniformidade. Lembremos que tal unidade foi alcançada 
com o uso da força e violência, com a imposição do dominador e uma forte repressão a 
qualquer luta por uma sociedade mais justa. A repressão social e de classes esteve 
presente no país desde o início da sua formação – e daqui nunca se ausentou. Como bem 
alude Darcy Ribeiro: 
Subjacente à uniformidade cultural brasileira, esconde-se uma 
profunda distância social, gerada pelo tipo de estratificação que o 
próprio processo de formação nacional produziu. O antagonismo 
classista que corresponde a toda estratificação social aqui se exacerba, 
para opor uma estreitíssima camada privilegiada ao grosso da 
população, fazendo as distâncias sociais mais intransponíveis que as 
diferenças raciais. 
 
É importante lembrar que neste processo, os africanos foram trazidos contra sua 
vontade, escravizados, tratados com extrema violência e supressão de identidade e, após a 
abolição da escravidão, deixados à míngua, às margens da sociedade, com raríssima 
chance de ascensão social. Assim, o distanciamento social criado naquela época perdura 
até os dias de hoje entre as classes dominantes, subordinadas e oprimidas. 
Seja nos tempos do Império ou na atualidade, as classes dominantes vivem o 
pavor de perderem seus privilégios em prol de uma democratização social. Naqueles 
tempos ou agora, a pequena parcela elitizada no Brasil teme qualquer política igualitária 
que alce as classes pobres e marginalizadas, preferindo o uso da violência ou a 
implementação de ditaduras – o que, inclusive, estamos vivenciando neste exato 
momento da nossa história, em que uma parcela privilegiada não só aplaude desmandos e 
decisões antidemocráticas do atual governo, como pede, vergonhosamente, pela 
intervenção militar. Como bem disse Ribeiro: 
A estratificação social separa e opõe, assim, os brasileiros ricos e 
remediados dos pobres, e todos eles dos miseráveis, mais do que 
corresponde habitualmente a esses antagonismos. Nesse plano, as 
relações de classes chegam a ser tão infranqueáveis que obliteram toda 
comunicação propriamente humana entre a massa do povo e a minoria 
privilegiada, que a vê e a ignora, a trata e a maltrata, a explora e a 
deplora, como se esta fosse uma conduta natural. A façanha que 
representou o processo de fusão racial e cultural é negada, desse modo, 
no nível aparentemente mais fluido das relações sociais, opondo à 
unidade de um denominador cultural comum, com que se identifica um 
povo de 160 milhões de habitantes, a dilaceração desse mesmo povo 
por uma estratificação classista de nítido colorido racial e do tipo mais 
cruamente desigualitário que se possa conceber. 
 O espantoso é que os brasileiros, orgulhosos de sua tão proclamada, 
como falsa, "democracia racial", raramente percebem os profundos 
abismos que aqui separam os estratos sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
 
ALENCAR, José de. O Guarani. Rio de Janeiro, 1857. Disponível em 
<http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/o_guarani.pdf>. Acesso em 11 
de set de 2020. 
CANDIDO, Antonio. A Literatura de dois gumes. MG, 1969. Disponível em: 
<https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/1099981/mod_resource/content/1/A%
20literatura%20de%20dois%20gumes%20-%20Antonio%20Candido.pdf> Acesso em 11 
de set de 2020. 
CECIERJ, Fundação. Literatura Brasileira III - VOL1 - Canal CECIERJ. Disponível 
em: <https://canal.cecierj.edu.br/recurso/13785>. Acesso em 11 de set de 2020. 
GAMA, Basílio da. O Uraguai. 1769. Disponível em: 
<https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/1099982/mod_resource/content/1/O%
20Uraguai%20-%20Bas%C3%ADlio%20da%20Gama.pdf> Acesso em 11 de set de 2020. 
GOMES, Lucas. O Uraguai, de Basílio da Gama. Passeiweb.com - Seu portal de estudos 
na Internet. Disponível em: <https://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_uraguai/>. 
Acesso em 11 de set de 2020. 
Indianismo - Escola literária indianista - Literatura. InfoEscola. Disponível em: 
<https://www.infoescola.com/literatura/indianismo/>. Acesso em 11 de set de 2020. 
MARTINS, Eduardo Vieira. DEZ ESTUDOS (E UMA PEQUENA BIBLIOGRAFIA) 
PARA CONHECER JOSÉ DE ALENCAR. PDF Download grátis. Disponível em: 
<http://docplayer.com.br/35180457-Dez-estudos-e-uma-pequena-bibliografia-para-
conhecer-jose-de-alencar.html>. Acesso em 11 de set de 2020. 
Mestres da literatura: ‘José de Alencar - O múltiplo’. Youtube. Disponível em 
<https://www.youtube.com/watch?time_continue=1479&v=zncQ4LDKhBo&feature=em
b_logo>. Acesso em 11 de set de 2020. 
Nascimento de José de Alencar. FFLCH. Disponível em: 
<https://www.fflch.usp.br/566>. Acesso em 12 de set de 2020. 
Romantismo: o indianismo como projeto de nacionalidade. MultiRio. Disponível em: 
<http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/brasil-monarquico/92-
governo-pessoal-de-d-pedro-ii/8959-romantismo-o-indianismo-como-projeto-de-
nacionalidade>. Acesso em 11 de set de 2020. 
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1479&v=zncQ4LDKhBo&feature=emb_logo
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1479&v=zncQ4LDKhBo&feature=emb_logo

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