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Hipertensão Arterial – parte II MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA HA Nos casos típicos, a hipertensão é um distúrbio assintomático quando tratada. Mas a hipertensão grave e não tratada pode desencadear sintomas, geralmente relacionados com os efeitos crônicos da hipertensão em outros sistemas do corpo, como rins, coração, olhos e vasos sanguíneos. - ATEROSCLEROSE Hipertensão é um fator de risco importante para aterosclerose, uma vez que promove e/ou acelera a formação e a ruptura potencial das placas. Predispõe a todos os principais distúrbios cardiovasculares ateroscleróticos, assim como cardiopatia coronariana, insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico (AVE) e doença arterial periférica. - ARTERIOSCLEROSE HIALINA Parede vascular espessada e eosinofílica. Redução do lúmen. Ocorre um extravasamento de componentes do plasma. - ARTERIOSCLEROSE HIPERPLÁSICA Hipertensão grave. Parede vascular em casca de cebola. Redução do lúmen. Aumento das células musculares lisas e da membrana basal. - HIPERTROFIA CORAÇÃO A elevação da pressão arterial aumenta a carga de trabalho imposta ao ventrículo esquerdo, com essa sobrecarga do coração acaba se remodelando e sofrendo uma hipertrofia. É um fator de risco importante para cardiopatia coronariana, arritmias cardíacas, morte súbita e insuficiência cardíaca congestiva, porque o coração não consegue bombear sangue com eficiência. - INSUFICIENCIA RENAL A hipertensão crônica provoca nefrosclerose, uma causa comum de doença renal crônica. A lesão dos rins é causada por vários mecanismos. Um dos principais mecanismos pelos quais a hipertensão causa danos aos rins é por redução da perfusão (hipoperfusão) dos glomérulos. Em seguida, essa hipoperfusão causa glomerulosclerose e fibrose tubulointersticial. - RETINOPATIA HIPERTENSIVA Acomete a retina por uma série de alterações da microcirculação. Os olhos de um paciente hipertenso inicialmente têm tônus vasomotor exagerado, que causa estreitamento arteriolar generalizado. À medida que a hipertensão persiste, as alterações arterioscleróticas pioram e incluem hiperplasia da média da artéria, espessamento da íntima e degeneração hialina. Essas alterações crônicas podem causar entalhes arteriovenosos (AV) mais graves e cegueira. TRATAMENTO TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO - TABAGISMO . Forte evidência corrobora o conceito que o tabagismo altera o balanço do SNA e especificamente, a exposição à fumaça do cigarro leva a uma ativação do SN simpático. A nicotina diminui a biodisponibilidade do óxido nítrico, eliminando assim o seu efeito tônico nos vasos. - PADRÃO ALIMENTAR A dieta DASH em que existe maior consumo de frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura e cereais integrais, além de consumo moderado de oleaginosas e redução no consumo de gorduras, doces e bebidas com açúcar e carnes vermelhas. - Lesão de órgãos- alvo (LOA): são as complicações cardíacas, encefálicas, vasculares periféricas, renais e retinianas associadas à hipertensão arterial. A associação da dieta DASH com restrição de sódio resultou em redução na PA sistólica (PAS) de 11,5 mmHg nos indivíduos hipertensos e 7,1 mmHg nos normotensos, em comparação com a dieta com alto teor de sódio. - SÓDIO DA DIETA Dados epidemiológicos mostram que a ingestão de sódio se associa diretamente à elevação da PA, e ensaios clínicos randomizados caracterizaram o efeito hipotensor da restrição de sódio. - POTÁSSIO Participação ativa dos potenciais de ação. Regulação da polarização celular através da bomba de sódio-potássio. Está ligada a redução da pressão arterial e a diminuição do risco cardiovascular. - LATICÍNIOS Estudos de coorte sugerem que o consumo de laticínios apresenta associação inversa ao risco de doenças. Alguns ensaios clínicos randomizados sugerem efeito hipotensor modesto, em especial, os realizados com laticínios pobres em gordura e com proteínas do. Cabe ressaltar que as diretrizes alimentares preconizam consumo de laticínios com baixo teor de gorduras. - CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS Há relação linear entre consumo de bebidas alcoólicas e PA, e o consumo abusivo estão associados a maior prevalência de HÁ. - PERDA DE PESO Há uma relação praticamente linear entre PA e índices de obesidade. A adiposidade corporal excessiva, especialmente a visceral, é um fator de risco importante para a elevação da PA, que pode ser responsável por 65 a 75% dos casos de HA. A perda ponderal reduz a PA, mesmo sem alcançar o peso corporal desejável. O peso corporal deve ser controlado para a manutenção de IMC < 25 kg/m2 - ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO A prática regular de AF diminui a incidência de HA.458 Além disso, os hipertensos que alcançam as recomendações de prática de AF para a saúde apresentam uma redução de 27 a 50% no risco de mortalidade, mas níveis menores também apresentam efeito benéfico. - RESPIRAÇÃO LENTA A respiração lenta ou guiada requer redução da frequência respiratória para menos de 6 a 10 respirações/minuto durante 15-20 minutos/dia para promover a redução na PA casual. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO A proteção cardiovascular (CV) consiste no objetivo primordial do tratamento anti-hipertensivo. Tendo o objetivo de reduzir desfechos CV e mortalidade associados à hipertensão arterial (HA). A maioria dos pacientes hipertensos necessitará de fármacos em adição às modificações do estilo de vida para alcançar a meta pressórica. - DIURÉTICOS (DIU) O mecanismo da ação anti-hipertensiva dos DIU relacionase inicialmente a diminuição do volume circulante e do volume extracelular. Após quatro a seis semanas, o volume circulante praticamente normaliza-se, e ocorre redução da resistência vascular periférica (RVP). Deve-se dar preferência aos DIU tiazídicos em doses baixas, pois são mais suaves e com maior tempo de ação. Os DIU de alça são melhores para as condições s clínicas com retenção de sódio e água, como a insuficiência renal e situações de edema. Os (espironolactona e amilorida) costumam ser utilizados em associação aos tiazídicos ou DIU de alça. - BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO (BCC) Esta classe de medicamentos bloqueia os canais de cálcio na membrana das células musculares lisas das arteríolas, reduz a disponibilidade de cálcio no interior das células dificultando a contração muscular e, consequentemente, diminui a RVP por vasodilatação. Di- exercem efeito vasodilatador predominante, com mínima interferência na FC e na função sistólica. - têm menor efeito vasodilatador e agem na musculatura e no sistema de condução cardíacos. Por isso, reduzem a FC. - INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA (IECA) Têm como ação principal a inibição da enzima conversora de angiotensina I, responsável a um só tempo pela transformação de angiotensina I em angiotensina II (vasoconstritora) e pela redução da degradação da bradicinina (vasodilatadora). - BLOQUEADORES DOS RECEPTORES AT1 DA ANGIOTENSINA II Os BRA antagonizam a ação da angiotensina II pelo bloqueio específico dos receptores AT1, responsáveis pelas ações próprias da angiotensina II (vasoconstrição, estímulo da proliferação celular e da liberação de aldosterona). - BETABLOQUEADORES (BB) Os BB têm aç diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Não seletivos – bloqueiam os receptores adrenérgicos beta-1 (miocárdio) e beta-2(músculo liso, pulmões, vasos sanguíneos e outros órgãos). Cardiosseletivos – bloqueiam preferencialmente os receptores beta-1 adrenérgicos. Com ação vasodilatadora – manifesta-se por antagonismo ao receptor alfa-1 periférico e por produção de óxido nítrico. - SIMPATOLÍTICOS DE AÇÃO CENTRAL - - . . - ALFABLOQUEADORES - - Promovem maior redução pressórica quando na posição ortostática e na taquicardia reflexa. - VASODILATADORES DIRETOS da RVP. - INIBIDORES DIRETOS DA RENINA angiotensina II. HIPERTROFIA CARDÍACA É um mecanismo adaptativo do coração em resposta ao aumento da sua atividade/sobrecarga funcional. Ocorre o aumento no tamanho dos cardiomiócitos, logo isso aumenta o tamanho e o peso do coração. A hipertensão não tratada é motivo de lesão frequente no órgão com subsequente adesão de tecido fibroso. HIPERTROFIA CARDÍACA FISIOLÓGICA Mecanismo adaptativo do coração, em resposta a um aumento de sua atividade ou de sobrecarga funcional. Aumento de massa cardíaca devido ao crescimento dos miócitos (aumento do número de sarcômeros). Função cardíaca normal, ou melhor. Está muito associada a prática regular de exercícios que envolvem maior esforço, assim surge essas adaptações cardiovasculares para suprir as necessidades. HIPERTROFIA CARDÍACA PATOLÓGICA O tecido muscular cardíaco sofre adesão de tecido fibroso, causando menor capacidade de contratilidade cardíaca por falta de elasticidade das fibras musculares. Disfunção cardíaca. Está muito associada coma HA, porque resulta de uma adaptação do miocárdio frente à sobrecarga de pressão na tentativa de reduzir o estresse proporcionado nas paredes da câmara ventricular. TIPOS DE HIPERTROFIA CARDÍACA - CONCENTRICA Surge em decorrência de sobrecarga de pressão ou aumento da resistência para a ejeção. Adição dos sarcômeros em paralelo. Faz com que o ventrículo tenha suas paredes mais grossas, mas não o aumento o diâmetro da câmera. - EXCENTRICA Surge em decorrência da sobrecarga de volume. Adição dos sarcômeros em série. É caracterizada por uma parede cardíaca delgada e dilatação ventricular (aumentando o diâmetro da câmara). HIPERTROFIA E HA Sua importância se dá pela significativa associação desse processo adaptativo á mortalidade em pacientes hipertensos, e ao maior risco de desenvolvimento de doenças coronarianas, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e outras complicações cardiovasculares. INSUFICIENCIA CARDÍACA E HIPERTENSÃO - -carga). - ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS A sobrecarga mecânica imposta cronicamente ao coração pela HAS determina uma adaptação miocárdica que resulta em hipertrofia da massa muscular. Vários mecanismos de adaptação tendem a manter e preservar as funções do coração, pelo menos durante a fase inicial da doença. Entretanto, na dependência da magnitude de sua estimulação, eles apresentam efeitos secundários que, a longo prazo, se mostram extremamente adversos. -ADAPTAÇÕES DO CORAÇÃO Estimulação adrenérgica: são ativados mecanismos adaptativos neuro-humorais que resultam em aumento da estimulação adrenérgica do coração, com efeitos sobre a frequência cardíaca e a contratilidade miocárdica. Os efeitos tóxicos das catecolaminas sobre o coração aumentam o risco de arritmias cardíacas e de morte súbita. Sistema renina-angiotensina-aldosterona: ocorre ativação desse sistema, resultando em expansão de volume e aumento da sobrecarga imposta ao coração. Oxigênio: o aumento excessivo da pós-carga ventricular decorrente da vasoconstricção periférica, bem como a elevação da frequência cardíaca, promovem aumento do consumo de oxigênio miocárdico e do trabalho cardíaco, além de contribuir para redução do fluxo sanguíneo miocárdico. Fluxo coronariano: em condições de repouso pode ser normal, mas em condições de estimulação fisiológica ou farmacológica determinante de vasodilatação coronariana máxima, verifica-se que a reserva de fluxo coronariano está reduzida. Disfunção endotelial: A síntese de óxido nítrico e de seu precursor , a L-arginina, pelo endotélio vascular coronariano e pelo endotélio dos miócitos, encontra-se reduzida em hipertensos. Deposição de colágeno e a fibrose ventricular: fatores que concorrem no sentido de piorar o desempenho sistólico e diastólico do ventrículo esquerdo e que, desse modo, influenciam o desenvolvimento de insuficiência cardíaca em pacientes hipertenso. Em síntese, a insuficiência cardíaca pode ocorrer na história natural de pacientes com hipertensão, como resultado da atuação de um amplo conjunto de mecanismos adaptativos desencadeados pelo aumento persistente da pós-carga ventricular, resultando em disfunção diastólica ou sistólica. O SISTEMA IMUNE E SUA INFLUÊNCIA NA PRESSÃO ARTERIAL (PA) 1) Ang-II produz inflamação e EROs que levam ao estresse oxidativo. O estresse oxidativo desencadeia o início do processo inflamatório por estimular a permeabilidade vascular, através do aumento na secreção de prostaglandinas e do Vascular Endothelial Growth Factor (VEGF). 2) Os estágios seguintes, representados pela adesão, migração e quimiotaxia das células inflamatórias na vasculatura, também são determinados pela produção de EROs. 3) O fenômeno se amplifica com a invasão da parede vascular por células infamatórias (fenômeno possibilitado pelo aumento da permeabilidade vascular), ricas em NADPH oxidase (a principal produtora do ânion superóxido nos tecidos vasculares), intensificando o estresse oxidativo local. 4) Ao final do processo, os mecanismos de reparo tissular também são afetados pelo estresse oxidativo. Tanto a Ang II como a aldosterona estimulam a hiperplasia, hipertrofia e apoptose, bem como o desenvolvimento de fibrose vascular. 5) A consequente proliferação celular e a deposição de proteínas de matriz, sobretudo colágeno e fibronectina, produzem o remodelamento vascular associado à rigidez. “ Ang II e a aldosterona, em associação com mediadores inflamatórios são capazes de estimular o crescimento e a proliferação das células musculares lisas vasculares, contribuindo para a hipertrofia vascular característica da hipertensão ” LINFÓCITO T – regulation Uma vez que o sistema imune e suas ações inflamatórias influenciem no aumento da PA, quando suprimido pelos T-reg a pressão tem então uma decaída. Logo, os T-reg reduzem a influência do sistema imune sobre a PA, por reduzir o estresse oxidativo e, consequentemente, o dano tecidual.