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Grandes momentos da química Da A n t i g u i d ade até o séc u l o XVII, o est u d o d a m atér ia t i n ha caráter mági co. A revo l u ção c ient ífica c r i o u a q u í m i ca m o d erna. A part i r de en tão, os avanços foram m u i tos, pr i n c ipal mente n as i n dústr ias farmacê u t i ca e a l i m e n t íc i a. Aqu i, você vê a l g u n s epi sód i os dessa h i st ó r i a SÉCULO XVII Revolução científica Filósofos como o inglês Francis Bacon e o francês René Descartes defendem um novo método científico, baseado na lógica e na observação (capítulo 1). -·- 1858 1600 1778-1779 Conservação das massas A frase "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" é do francês Antoine Lavoisier. Esse fundamento é um dos mais importantes da química, base dos cálculos estequiométricos (capítulo 3). 8 • GE QUIMICA 2015 • Teoria atômica O inglês john Dalton lança as bases da teoria segundo a qual a matéria é composta de partículas, que ele chamou de átomos. A ide ia já havia sido proposta pelos gregos no século V a.c. (capítulo 1). 1811 Constante de Avogadro O italiano Amedeo Avogadro demonstra q ue um mesmo volume de gases sob temperatura constante contém um número igual de molécu las. O número de Avogadro é uma constante, que vale 6 .lo23 (capítulo 3). 1869 Tabela periódica O russo Dmitri Mendeleev divulga a tabela periód ica, que, com algumas alterações, permanece em uso até hoje (capítulo 1). Química orgânica O alemão Friedrich Kekulé descobre a valência do carbono e desvenda como os átomos deste elemento químico formam longas cadeias. Nasce a qu ímica orgânica (capítulo 6). 1883 lons O sueco Svante Arrhenius desenvolve sua teoria eletrol ítica, que explica a presença de íons em solução, e por q ue algumas soluções conduzem corrente elétrica. É o primeiro estudo de ácidos e bases (capítulo 2). Cinética e equilíbrio Os primeiros estudos sobre a velocidade das reações químicas (capítulo 2) são do holandês jacobus van't Hott. No mesmo ano, o francês Henry louis le Chate l ier explica como se altera o equi l íbrio químico de um sistema (capítulo 5). 1897 Aspirina O alemão Felix Hoftmann sintetiza pela primeira vez em laboratório o ácido salicílico, princípio ativo da aspirina. O feito marca o início da moderna indústria farmacêutica. 1895 Radiatividade Henri Becquerel descobre a radiatividade do urânio. Dois anos depois, a polonesa Mar i e Cu ri e confirma que outros elementos, além do urân io, podem apresentar radiatividade e, ao l iberar energia do núcleo, transmutar-se em elementos mais leves (capítulo 4). 1911 Modelo atômico Um grupo de cientistas l iderados por Ernest Ruthertord demonstra que o átomo é constituído de um núcleo positivo cercado de elétrons (capítulo 1). • \ • • e (__ .... - • Nêutron 1913 Novo modelo atômico O tísico dinamarquês Niels Bõh r propõe um novo modelo do átomo, em que os elétrons circulam por órbitas específicas, conforme sua energia (capítulo 1) . O tísico inglês ]ames Chadwick descobre o nêutron no núcleo dos átomos. 1942 Penicilina 1985 Fulerenos Pesquisadores da Un iversidade Rice, no Texas, nos Estados Un idos, obtêm a primeira molécula da família dos tu lere nos, cadeia tridimensional formada por 6o átomos de carbono ordenados em hexágonos e pentágonos, como uma bola de futebol. Os tulerenos são fundamentais na nanotecnologia. 2000 A penicilina, descoberta pelo escocês Alexander Fleming, em 1928, é isolada em laboratório. Até a síntese desse antibiótico, o homem não tinha defesa contra algumas bactérias. Um simples machucado podia matar. L , GLOSSARIO Aqui você encontra os principais conceitos abordados nesta edição A Anel benzênico Na química orgânica, cadeia fe chada de seis átomos de carbono unidos por ligações simples e duplas, intercaladas. Anfótera É a substância que pode assu mir caráter ácido ou básico, de pendendo da substância com que interage. Anodo Polo negativo de uma pilha, aquele no qual ocorre a oxidação. Anion Íon com mais elétrons do que prótons e, portanto, de carga elé trica negativa (recebe elétrons). 8 Balancear uma equação Significa encontrar a propor ' ção, em moi, entre a quantida de de reagentes e a de produtos. c Camada eletrônica ou nível de energia É a localização do elétron ao redor do núcleo do átomo. Ca- sem participar diretamente dela, ou seja, sem ser consumida. Cátion Íon com mais prótons do que elétrons e, portanto, de carga elétrica positiva (é aquele que doa elétrons). Catodo Polo positivo de uma pilha, aquele em que ocorre a redução de uma espécie química. Combustão Reação de uma substância com oxigênio do ar que libera ener gia. Entre os compostos orgâ nicos, a combustão é completa quando existe oxigênio sufi ciente para formar como pro dutos C02 e água. E incomple ta quando há pouco oxigênio, e o produto é CO e fuligem. Complexo ativado Numa reação química, estado de transição (de maior energia) en tre os reagentes e os produtos. Coeficiente Numa equação química, indica a quantidade de determinado composto molecular ou com posto iônico. Em 3H20, o coe ficiente é o número 3 e indica da camada é dividida em vá- três moléculas de água. rios subníveis. A camada mais externa que contém elétrons é chamada camada de valência. Cadeia saturada Ná química orgânica, sequência de átomos de carbonos unidos por ligações simples, apenas. Em oposição, insaturada é a cadeia em que os carbonos se unem por ligações duplas ou triplas. Catalisado r Substância que, adicionada a uma reação, aumenta sua velocidade 10 • Gf QUI MICA 2015 • Composto inorgânico É aquele que se enquadra nas funções inorgânicas: ácidos, bases, sais ou óxidos. Composto orgânico Aquele que contém átomos de carbono (C). Concentração É a quantidade de soluto em de terminada quantidade de solu ção, dada em partes por milhão ( ppm), em termos de volume, massa ou moi (C= msoluro /Vsolução OU ( ]= llsoluto/Vsolução). Configuração eletrônica É a distribuição dos elétrons pe los níveis e subníveis de energia. Constante de Avogadro É a quantidade de átomos, mo léculas ou íons que existem em 1 moi de determinada substân cia ou amostra. Vale, aproxima damente, 6 . 1023• Essa constan te também é chamada número de Avogadro. D Densidade É a relação entre a massa de uma solução qualquer e seu vo lume (dsolução = ffisolução/Vsolução). Dissociação iônica É o processo pelo qual os cá tions se separam dos ânions num composto iônico. E Elemento químico Conjunto de átomos que con têm o mesmo número de pró tons no núcleo, o que lhes con fere as mesmas propriedades químicas e físicas. Elementos representativos São aqueles que têm o último elétron num subnível s ou p. Elementos de transição São aqueles cujo último subní vel preenchido é dou f. Eletrólise Reação química gerada pela pas sagem de uma corrente elétrica. Eletrólito. Composto que, dissolvido em água, é bom condutor elétrico. Energia de ativação (Ea) Energia mínima necessária pa ra que uma reação se inicie. Entalpia (H) Total de energia contida nos reagentes e nos produ tos de uma reação. A varia ção de entalpia mede a varia ção de energia ao final da reação (�H = Hpwdutos - Hceagenres). Ental pia-padrão é a entalpia numa reação realizada em condições padrão - a 25 °C e 1 atm. Equilíbrio químico ou dinâmico Numa reação reversível, é a si tuação em que as reações direta e inversa ocorrem simultanea mente e à mesma velocidade. No caso de reações que envol vem íons, esse equilíbrio é cha mado equilíbrio iônico. Espécies quím icas Nome genérico que se dá às par tículas fundamentais da quími ca: átomos, íons ou moléculas. Estado fundamental Estado de um átomo em que os elétrons não são excitados por nenhuma forma de energia, co mo luz ou calor. F Famíl ias São as colunasverticais da ta bela periódica, também chama dasgrupos. Fase Porção de um sistema que apre senta propriedades físicas iguais. G Gases nobres ou raros Elementos estáveis, cujos áto mos não precisam se agrupar em moléculas ou compostos iônicos. Grau de pureza ou teor É, numa mistura, a porcentagem de determinada substância que participa de uma reação. Grupo funcional Átomo, ou conjunto de átomos, ligado a uma cadeia de carbonos, que define certas propriedades. H Hidrólise Reação em que os compostos são desdobrados quando inte ragem com a água. lndice ou atomicidade Indica o número de átomos de determinado elemento, numa substância ou num composto. Em H,O, a atomicidade do hi drogênio é 2, e a do oxigênio, l. Ionização Formação de cátions e ânions, a partir de uma molécula. lons Espécies que ganham ou perdem elétrons numa ligação química. lsóbaros Átomos de elementos quími cos diferentes que têm o mes mo número de massa (A). lsoeletrônicos Espécies químicas que têm o mesmo número de elétrons. lsótonos Átomos de elementos químicos distintos que têm diferentes números de massa (A), diversos números atômicos (Z), mas o mesmo número de nêutrons (n). Isótopos Átomos com mesmo número de prótons -portanto, de um mes mo elemento químico -, mas com diferente número de nêu trons. Dois isótopos apresen tam Z iguais e A diferentes. M Massa atômica (MA) Massa de um átomo (medida em unidades de massa, u). Massa molar (M) É a massa de um moi de átomos, moléculas ou íons, em gramas (g). É numericamente igual à massa atômica (para os átomos) e à massa molecular (para molé culas e compostos iônicos). Massa molecular (MM) Soma das massas atômicas (MA) dos elementos de um composto (medida em unida des de massa, u). Meia-vida Também chamada período de semidesintegração, é o tempo necessário para que se desinte gre metade dos átomos existen tes em qualquer quantidade de um radioisótopo. Molécula Estrutura formada por átomos que compartilham elétrons (unidos por ligações covalentes normais ou dativas). Moi Grandeza que indica a quanti dade de matéria. É o número de átomos, moléculas ou íons nu ma amostra (1 moi = 6 . 1023 áto mos, moléculas ou íons). N Número atômico Número de prótons no núcleo de um átomo (símbolo: Z) Número de massa Soma de prótons e nêutrons no núcleo de um átomo (símbolo: A) o Oxirredução Reação química em que ocorre transferência de elétrons entre as substâncias. p Períodos Linhas horizontais da tabela periódica. pH (potencial hidrogeniônico) É a medida da acidez ou basi cidade de uma solução, basea da na concentração de íons H'. Quanto mais alto o pH de uma substância, menor seu pOH (potencial hidroxiliônico, que mede a concentração de íons OH-). Polaridade Propriedade de uma molécula que apresenta um polo positivo e outro, negativo. A polaridade de uma molécula depende da forma como os elétrons se dis tribuem ao redor do núcleo, nos átomos que a compõem. Poli mero Macromolécula formada por reações em que uma pequena parte (o monômero) se repete centenas ou milhares de vezes. Potencial de ionização Energia necessária para reti rar um elétron de um átomo no estado gasoso e, assim, formar um cátion. Potencial-padrão de redução e de oxidação (E0red ou E•.,) Medida, em volts (V), da tendên cia que determinado material tem de sofrer oxidação ou re dução - ou seja, de doar ou de receber elétrons. Propriedades aperiódicas São aquelas que dependem do número atômico, mas não se re petem periodicamente na tabela. Propriedades periódicas São aquelas cujos valores va riam em função do número atô mico do elemento químico e se repetem com regularidade na tabela periódica. Q Quantidade de matéria (n) É a quantidade de moi numa amostra, dada pela proporção entre a massa da amostra (m, em gramas) e a massa molar das substâncias que a compõem (M, em gramas/moi): n =m/ M. R Radioatividade Fenômeno pelo qual o núcleo atômico de um elemento emi te radiação, de modo a adquirir estabilidade. Reação global Equação química que represen ta a reação total, sem indicação das etapas intermediárias. Reação química Combinação de substâncias ou compostos que resulta em ou tras substâncias mais simples ou mais complexas. Reação reversível É aquela em que os reagentes se transformam em produtos e os produtos voltam a reagir, for mando novamente os reagentes. Rendimento É a proporção entre a quantida de de produto que poderia se for mar, teoricamente, numa reação, e aquela que efetivamente se for ma, em porcentagem. Retículo cristal ino Aglomerado de íons. É a estru tura de uma substância iônica ou um composto iônico. 5 Sistema Qualquer porção de matéria se parada para estudo e análise. Solubi l idade Capacidade de uma substância de se dissolver em outra subs tância. Soluções São sistemas homogêneos (ou misturas homogêneas), ou seja, que apresentam aspecto uni forme. Toda solução contém um solvente (substância que dissolve) e um soluto (substân cia dissolvida). T Temperatura termodinâmica É a medida de agitação das mo léculas de um gás. v Volume molar Volume ocupado por 1 moi de uma substância no estado gaso so, dado em litros (L). Em CNTP (O •c, 1 atm), 1 moi de qualquer gás ocupa 22,4 L. GE QUIMICA 2015 • 11 NACHO DOCE/REUTERS SECA O calor forte e a falta de chuvas deixaram a capital paulista à beira de um colapso hídrico no verão de 2014 F oi o maior período de estiagem dos últimos 84 anos. Os tradicionais temporais que marcam o verão na região Sudeste foram substituídos em 2014 por dias muito quentes e secos, de persistente e irritante céu azul. A conse quência foi a redução drástica das reser vas de água que abastecem a região me tropolitana de São Paulo. A falta de chuvas e a evaporação acelerada fizeram os seis reservatórios que integram o sistema Can tareira, o principal da Grande São Paulo, perder mais de 60% do volume de água estocada. No início de abril, alguns muni cípios já estavam em racionamento. A crise tem a ver com São Pedro sim. Mas a emergência esconde um problema estrutural. Há mais de dez anos, o abas tecimento de água para a região mais in dustrializada e populosa do país dá sinais de esgotamento. Mas desde a construção do sistema Cantareira, nos anos 1970, não houve nenhuma grande obra. Desde então, a população dobrou de tamanho, mas o vo lume de água disponível continua o mes mo. A capital bebe cerca de 100 milhões de litros de água por hora - o suficiente para encher mais de 40 piscinas olímpicas nes se mesmo tempo. Uma das medidas emergenciais anun ciadas pelo governo é o aproveitamento do chamado volume morto, o restinho que se acumula no fundo das represas. Como essa água está abaixo das bombas nor malmente usadas, a Sabesp precisa fazer investimentos para novas bombas e novos equipamentos de tratamento. A água resi dual contém mais sedimentos e exige um tratamento diferenciado (sobre tratamento da água, veja o infográfico às págs. 14 e 15). Conteúdo deste capítulo • lnfográfico .................................................. 14 aula 1 • A física da qufmica ................................... 16 aula 2 Atomística .................................................. 22 aula 3 A tabela periódica . ................................... zB aula 4 • Ligações químicas ................................... 31 • Exercícios & Resumo ............................... 36 GE QUIMICA 2015 • 13 A estrutura da matéria lnfográfico I 11 [1 111�_.11 A física e a química tratam a água A águ a b r u ta- aque l a ret i rad a d e r i o s, lagos o u reservatór ios- é u m a m i st u ra de m o l éc ulas de H20 c o m o u t ras de m atér ia o rgân i ca, c o m o m i c ro rgan i s m o s e m i c ro a l gas, e de su bstâ n c i as i n o rgân i cas, c o m o grãos d e r o c h a. Pode tam bé mc o n ter po l ue n tes, c o m o pest i c i das e et l uentes i n d u st r i a i s . Essa ág u a b r u ta torna-se ág u a potável depo i s d e u m a sér ie de processos f ís i co s e qu í m i cos q u e separam a s i mpu rezas e equ i l i b ra m a ac i dez A AGUA, DE BRUTA A POTAVEL o Captação A água q ue entra numa estação de tratamento carrega poluentes não dissolvidos, como microrganismos e grãos de areia. Essa é a água bruta. f) Desinfecção e neutralização Assim q ue chega à estação, a água bruta recebe uma série de compostos químicos no geral, cloro, cal e sulfato de alumínio. Em reação com a água, o h ipoclorito de sódio (NaCIO), um composto iônico, l ibera o íon h ipoclorito (CIO-). Esse íon mata microrganismos ao atacar a membrana de suas célu las. Também chamada óxido de cálcio (CaO), a cal reage com a água e forma uma base, o h idróxido de cálcio (Ca(OHb). Essa base eleva o pH da água - ou seja, d iminu i sua acidez (capítulos). Lançado na água, o sulfato de alumínio (AI2(SOJ3) reage com o hidróxido de cálcio e forma o hidróxido de alumínio (AI(OH)3). Esse hidróxido se combina com as partícu las em suspensão na água por diferença de polaridade e as agrega em fi ocos (sobre polaridade, veja o capítulo 3). UNIVERSAL, MAS NEM TANTO A água é considerada solvente universal porque é capaz de dissolver uma imensa variedade de substâncias. Mas a dissolução só ocorre quando as moléculas H20 interagem com as da substância adicionada. E isso depende da polaridade das moléculas (veja polaridade no capítulo 3). As moléculas da água são polares e só dissolvem moléculas também polares, como as do etanol. As de óleo (não polares) permanecem separadas AGUA + ETANOL O ������ C> ... � ... .. <( .. O Moléculas de água interação Molécula de etanol H20 polar C,H,O O átomo de oxigênio (O) da molécula de água é mais eletronegativo que os dois átomos de h idrogênio (H). Isso faz com que a molécula fique como um ímã, com dois polos, um negativo (do lado do oxigênio) e outro positivo (do lado dos h idrogênios). O etanol só tem polaridade numa das extremidades da molécula, onde o oxigênio se liga ao h idrogênio. É nessa área que o oxigênio da água exerce o seu poder, interagindo com a molécula de etanol. Como resultado, o etanol se dissolve na água. AGUAtOLEO .. . . . . ' .. Molécula de óleo ..... ___ _ Moléculas de água H20 sem interação polar As moléculas de gordura são apoiares. Assim, não participam do jogo de atração com as moléculas da água. As duas substâncias permanecem separadas, e a mistura, com duas fases, é heterogênea. Capítulo_ 1 r=:�1 •- A - físi - ca __. L2.J da quimKa TUDO IGUAL·QUE·NEM Esteja no estado sólido, esteja no estado líquido ou gasoso, água é sempre água - uma combinação de átomos de hidrogênio e Óxigênio É tudo o que tem massa e ocupa espaço ou seja, tem volume. 16 • GE QUIMICA 2015 • De que o mundo é feito Praticamente tudo o que vemos, tocamos e sentimos pelo olfato ou pelo paladar são compostos químicos, ou uma mistura de diferentes compostos. Naturais ou sintetizados (produzidos em laboratório), todos os materiais � são genericamente chamados de matéria. Na física, a matéria é estudada como um cor po cujo comportamento é analisado sob deter- minadas forças ou certos campos de força. Por exemplo, como se comporta um veículo quando acelerado ou freado. Já a química estuda a matéria, sua estrutura e propriedades sob pontos de vista diferentes: .,.. sua composição, .,.. as transformações e .,.. a energia envolvida nessas transformações. ESTADOS DA MATÉRIA Tanto para a física quanto para a química, o estado físico de um material é fundamental para sua identifi cação. A matéria pode estar no estado sólido, líquido ou gasoso, dependendo do grau de agitação das partículas que a constituem e da intensidade de atração entre elas . .,.. No estado sólido, as partículas estão organizadas de maneira harmoniosa e sob alto grau de atração, mas agitam-se pouco. Por isso os sólidos têm forma e volume fixos . .,.. No estado líquido, a atração entre as partículas ainda é grande, mas seu grau de agitação aumenta um pouco. Não é possível manter as partículas orga nizadas. Daí que os líquidos têm volume constante, mas tomam a forma do recipiente que os contém . É a força aplicada sobre uma área, que pode alterar a distância entre as partículas do corpo e a intensidade com que elas se atraem. � É a medida do grau de � agitação das partículas, ou seja, uma temperatura maior determina maior agitação. .,.. No estado gasoso, a atração entre as partículas é mínima, e o grau de agitação é muito grande. Gases alteram seu volume conforme o recipiente que os contém. Todo material assume este ou aquele es tado físico, dependendo da pressão e da temperatura em que se encontra. Mas cada material reage de um modo diferente ao au mento ou à diminuição da temperatura ou da pressão. PROPRIEDADES GERAIS A química utiliza diversos conceitos da física para estudar a matéria. Um deles é a massa - a grandeza física que mede a quantidade de matéria existente num corpo -, que é medida mais co mumente em gramas (g) e seus múltiplos ou submúlti plos. Outro conceito da física usado na química é o volu me - a grandeza física que mede o espaço ocupado pela matéria -, que tem como unidades mais comuns o metro cúbico (m3) , o litro (L) e seus múltiplos ou submúltiplos. Veja no quadro Lembre-se, ao lado, os principais múl tiplos e submúltiplos do litro (L) e a relação entre L e metro cúbico (m3). Massa e volume são chamados propriedades gerais da matéria porque são comuns a todo tipo de matéria. Suas medidas ajudam, mas não são suficientes para identificar o tipo de matéria, ou seja, o tipo de material com que li damos. Isso depende de outras características e proprie dades que, ainda que sejam próprias da física, são mais específicas de cada tipo de material. Ciclo de transformações As mudanças dos estados da água Condensação Fusão LEMBRE·SE Conversão de unidades O vol ume pode ser apresentado tanto em l itros (L) q uanto em centímetros, metros ou q u i lômetros cúbicos. 1L 1ol cml 1 ml Hml 1 ooo L 1m3 1o"L 1 kml O cálculo do volume leva em conta três dimensões. Por exemplo: 1 km3 = 1000 m . 1ooo m .1000 m Então, 1 km3 = 11J9 m3 GE QUIMICA 2015 • 17 É a pressão exercida pela atmosfera terrestre ao nível do mar. Equivale a 760 milímetros de mercúrio {76o mmHg). MAIS LEVE QUE A AGUA No Mar Morto, a concentração de sais di luídos é tão alta que a densidade da água sobe de 1,03 kg/L para 1,24 kg/L . Parece pouco, mas isso é suficiente para sustentar uma pessoa sem nenhuma bóia 18 • GE QUI MICA 2015 • PROPRIEDADES ESPECIFICAS Cada tipo de material tem propriedades es pecíficas, que ajudam em sua identificação. Al gumas das principais propriedades específicas de um material são: .,. Ponto de fusão (PF): É a temperatura na qual ocorre a fusão durante o aquecimento (ou a solidificação durante o resfriamento) de um material submetido a uma pressão constante. .,. Ponto de ebulição (PE): É a temperatura na qual ocorre tanto a ebulição (durante o aquecimento) quanto a condensação/li quefação (durante o resfriamento) de um material submetido a pressão constante. Os pontos de fusão e ebulição de cada substân cia são determinados experimentalmente. Como a temperatura varia conforme a pressão, esses pontos são sempre definidos, por padrão, ao ní vel do mar, onde a pressão é de I atmosfera. Veja abaixo os pontos de fusão e de ebulição de al guns materiais. Estado físico a MATERIAL PF (em 'C) PE (em 'C) temperatura ambiente (25 •q Alcool etílico -117 'C 78 'C Líquido Oxigênio -218 'C -183 'C Gasoso Ferro 1535 'C 2 885 'C Sólido .,. Densidade: Outra propriedade específica da matéria - a relação entre a massa de um materiale o volume por ele ocupado. Ma tematicamente: d = ..!!!.. v A unidade adotada para a densidade pode ser grama por centímetro cúbico, grama por litro, ou quilograma por litro (g/cm3, g/L ou kg/L). Se o alumínio tem densidade de 2,7 g/cm3, en tão, cada centímetro cúbico de alumínio tem massa de 2,7 gramas. É a diferença de densidade que faz com que alguns materiais flutuem sobre outros. E isso ocorre também entre materiais de mesma na tu reza - a água, por exemplo. No estado líquido, a água tem densidade de 1 g/cm3• Já no estado . sólido, a densidade da água cai para 0,92 g/cm3• Por isso, pedaços de gelo boiam num copo com LEMBRE· SE O estado fís ico da matéria é defi nido pe la forma como as molécu las se agregam. Um corpo em estado só l ido tem as mo lécu las m u i to coesas e, portanto, forma defi n ida. Em outro co rpo, em estado l íqu i do, a força d e coesão entre as mo lécu las é menor. Por i sso, e le adqu i re o formato do rec ip iente. Por f im, u m corpo em estado gasoso tem as m olécu las livres. Em vista d i sso, os gases assumem todo o espaço d ispon ível, podendo ser compr im ido ou desco mpr im ido . Quando u m a su bstância m uda de estado físico, o q u e se al tera é a maneira como as m o lécu las se organizam. As m udanças de estado (tam bém chamadas m u danças de fase) são Fusão Vaporização ou evaporação Solidificação Condensação Sublimação Passagem do estado sólido para o líquido Passagem do estado líquido para o gasoso Passagem do estado líquido para o sólido Passagem do estado gasoso para o líquido Passagem do estado sólido para o gasoso, ou vice·versa DENSIDADE NA PRATICA U m balão de festa que se enche por sopro não permanece no alto devido à d i ferença de dens idade entre o ar soprado e o ar atmosférico, do exter ior do balão. O ar atmosférico é u m a m istura de gases c o m dens idade de 1,2 g/L. Já a m istu ra que sopramos pe la boca tem u ma boa p roporção de gases mais densos - princ ipa lmente o gás carbôn i co, que tem dens i dade de 1,8 g/L. Um balão cheio por meio de uma bomba de ar tam bém não permanece flutuando. Nesse caso, a densidade dos gases de dentro e de fora é a mesma. Mas a parede de borracha do balão é atraída para o solo pe la gravidade. Coisa bem d i ferente acontece com u m balão che io de gás hél io. Como tem dens idade m u i to menor que a do ar atmosférico (0,16 g/L), o balão vence até mesmo a gravidade e sobe. refrigerante. Já o ferro em barra (portanto, no estado sólido) tem densidade muito maior que a água, de 7,86 g/cm3• Por isso, afunda. .,.. Solubilidade É a quarta característica importante dos materiais - quanto o ma terial é capaz de se dissolver em água a determinada temperatura. Quanto maior é a solubilidade de uma substância, mais solúvel ela é. Pode-se medir a solubilida de de uma substância (soluto) em qual quer outra substância (solvente), mas a medida mais importante é em relação à água. (veja mais sobre soluções no capítulo 3, aula 3). O máximo de cloreto de sódio (sal de cozi nha) que se consegue dissolver em 100 g de água, a 20 °C, é 36 g. Além dessa proporção, acumulam-se grãos de sal no fundo do reci piente. Já de sacarose (açúcar) podem-se dis solver no mesmo volume de água, à mesma temperatura, 204 g. Isso significa que o açúcar é mais solúvel em água do que o sal. SUBSTANCIA E MISTURA As propriedades específicas só nos auxiliam a identificar um material se a amostra for com posta de uma única substância. Misturas de substâncias não têm suas características tabe ladas porque elas dependem da proporção em que seus componentes estão misturados. Nesse caso, os químicos e físicos só têm três atitudes a tomar: experimentar, observar e comparar. Uma substância é uma mistura composta de partículas de mesmo tipo (veja elementos químicos, átomos e moléculas na aula 2 deste capítulo). As substâncias têm comportamento muito característico: à medida que a tempera tura cai ou sobe, podem mudar de estado físico. Mas, durante essa mudança, a temperatura do material não se altera. Já numa mistura - um material formado por duas ou mais substân cias - , as mudanças de estado acontecem numa temperatura que se altera. Compare, nos gráfi cos ao lado, o comportamento de substâncias e de misturas, durante a mudança de estado. Algumas misturas se comportam como subs tâncias em uma das mudanças de estado, mas nunca nas duas. As que apresentam variação de temperatura no PE são chamadas misturas eutéticas. Aquelas para as quais a temperatura varia no PF são chamadas misturas azeotró picas. Os gráficos ao lado representam as mu danças de estado desses dois tipos de mistura. Mudanças de estado de uma substância Temperatura ('C) r Temperatura de Ebulição Temperatura de Fusão l L Tempo (minutos) ,.. s. Quando todo o material puro se transforma em vapor, a temperatura volta a se elevar. Se encontrar alguma barreira mais fria, o vapor se condensa (volta ao estado liquido). �o que ocorre com a tampa de uma panela durante o cozimento. J ,.. 4. Ao atingir o ponto de ebulição (PE), a subst�ncia começa a se transformar em vapor. Até que tudo esteja vaporizado, a temperatura não muda. Na água, essa temperatura é de 100 •c. >- J. Quando todo o material tiver passado para o estado liquido, a temperatura volta a se elevar. >- z. No PF começa o derretimento. Para a água, o PF é O •c. A temperatura se mantém constante enquanto houver algum material a ser derretido. >- 1. Para uma substancia sólida qualquer, a temperatura se eleva no decorrer do tempo até atingir a temperatura de fusão, no ponto de fusão (PF). Mudanças de estado de uma mistura ('C) l Temperatura Fim da ebulição f---, Inicio t������:j ::::::::----------1 {!1 Intervalo j. de ebuliç� Tempo (minutos) Intervalo de ebulição O mesmo ocorre na ebulição. A passagem de líquido para gasoso começa em determinada temperatura. Mas, de novo, como diferentes subst�ncias têm diferentes pontos de ebulição, a transformação da mistura só se conclui numa temperatura mais alta. Completada a vaporização, a temperatura volta a subir num ritmo mais acelerado. Intervalo de fusão A certa temperatura, a mistura começa a entrar em fusão. Mas, porque diferentes subst�ncias têm diferentes pontos de fusão, até toda a mistura derreter, a temperatura continua se elevando, ainda que de maneira mais suave. Misturas eutética e azeotrópica O Uma mistura eutética se comporta como subst�ncia apenas no ponto de fusão (PF) O Uma mistura azeotrópica se comporta como substância apenas no ponto de ebulição (PE) &E QUIMICA 2015 • 19 ta proporção entre a massa de um dos componentes de uma mistura e a massa total da mistura. Matematicamente: E!] Normalmente, essa fração é multiplicada por 100 e o grau de pureza da mistura, apresentado em porcentagem. t uma porção do sistema que apresenta as mesmas propriedades. Algumas fases são visíveis apenas por microscópio. to caso do sangue, do leite e da gelatina, que, a olho nu, parecem sistemas homogêneos, mas são, na verdade, heterogêneos. São misturas que apresentam apenas uma fase. 20 • GlQUIMICA20lS • CLASSIFICAÇAO DAS MISTURAS Na natureza, é muito raro encontrarmos substâncias com grau de pureza total. Quase tudo é mistura, mesmo quando ela não é facil mente percebida. É o caso do ar atmosférico. O ar é uma mistura de diversos gases, como ni trogênio, oxigênio e gases nobres. Se estiver poluído, o ar contém, ainda, boa concentração de outras substâncias, como par tículas de fuligem ou monóxido de carbono. O mesmo acontece com a água: na natureza, cos tuma carregar sais minerais. Nas torneiras das cidades brasileiras, ela vem misturada ao flúor, que ajuda a proteger os dentes contra as cáries. Na indústria, também é raro o uso de subs tâncias absolutamente puras. Os metais pre ciosos, como prata eouro, são extraídos mis turados a outras substâncias minerais e têm de ser purificados antes da fabricação de qual quer peça, como joias. Mas porque são muito moles, precisam ser combinados com outros metais, em ligas que permitem a moldagem das peças. Qualquer porção de matéria separada para estudo e análise chama-se sistema. A primei ra observação a ser feita na classificação de um sistema é se ele é homogêneo ou hetero gêneo. Sistema homogêneo é aquele em que existe uma única fase (são monofásicos ou unifásicos). Em oposição, sistema heterogêneo é aquele que apresenta mais de uma fase (são polifásicos). Todas as substâncias puras constituem sis temas homogêneos. A não ser quando estão em diferentes estados físicos ou em mudança de estado - aí, comportam-se como sistemas heterogêneos. Nas fotos ao lado, você confere alguns sistemas homogêneos e heterogêneos. As soluções também são sistemas homogê neos. É o caso de uma xícara de chá. (Veja mais sobre soluções no capítulo 3, aula 3.) EM RESUMO r7 HOMOGENEOS I (monofásicos) SISTEMAS l HETEROGENEOS f 4 (polifásicos) lp. MISTURAS HOMOGENEAS (soluções) SUBSTANCIAS PURAS MISTURAS HETEROGENEAS SUBSTANCIAS PURAS (em mudança de estado flsico) Homogêneo e heterogêneo A água no copo constitui um sistema homogêneo, porque tem uma única fase. A água é uma substância pura, e toda a porção dentro do copo tem as mesmas propriedades Um copo com água e óleo tem duas fases (duas partes com diferentes propriedades, como cor e densidade). O sistema é heterogêneo Uma só substância, mas heterogênea [li [4] Um copo com água e gelo, apesar de conter uma única substância, é um sistema heterogêneo. Há duas fases: uma de água no estado sólido, e outra de água no estado liquido A chaleira contém apenas água fervente. Mas o sistema dentro dela é heterogêneo, porque, ao entrar em ebulição, a água está passando do estado líquido para o gasoso VALE A PENA ANOTAR .,.. Todo sistema gasoso é homogêneo, não importa a quantidade deste ou daquele gás na mistura. .,.. Todo sistema sólido é heterogêneo. Uma exceção apenas: as ligas metálicas são misturas homogêneas. FOTOS: [1] DERCILIO, [l] MARTIN LEIGH, [l[TETRA IMAGES, [41 IlM KLEIN SEPARACÃO DE MISTURAS 0 Para separar misturas heterogêneaS, os métodos mais comuns são: .,. Filtração Util izada para mistu ras de fases líqu ida e sól ida ou sól ida e gasosa. A mistura atravessa um filtro que retém as fases sól idas e permite a passagem das fases líqu idas ou gasosas. t adotado nos aspiradores de pó e n uma estação de tratamento de água. .,. Decantação Reti ra da fase l íqu ida sól idos ou outros líq u idos imiscíve is (q u e não se mistu ram, como óleo e água}, pela diferença de densidade e ntre as fases. z. Passado o tempo, 1. A solução de água e barro é deixada em repouso as fases se separam: líquida (água) e sólida (terra) 3. Entornando o recipiente, separa-se a água da terra .,. Dissolução fracionada Separa duas ou mais fases sól idas, empregando um so lvente que dissolve apenas um dos sól idos da mistu ra. 1. Numa mistura de areia e sal é adicionada água, que dissolve o sal retida .,. Separação magnética 3.0 sal é separado pela evaporação da água Uti l izada q uando um dos sól idos da mistura é um metal que é atraído por ímãs. LIMALHA DEFERRO ENXOFRE 0 Para separar miStUraS homogêneaS, os métodos mais comuns são: .,. Evaporação Separa o sólido de uma mistu ra. t como se obtém o sal de cozinha da água do mar nas sali nas. .,. Destilação simples Separa sólidos dissolvidos em líqu idos, com base na diferença dos pontos de ebu l ição (PE} dos compostos da mistu ra. Quanto maior for essa diferença, mais eficiente será a separação. 1.A mistura é fervida \��-) .,. Liquefação fracionada 3. Em contato com as paredes mais frias do tubo, o vapor se condensa, e o líquido é separado Separa componentes de mistu ras gasosas. A mistura é comprimida e resfriada até que passe para o estado l íqu ido. A temperatura é então e levada lentamente. Os gases são separados, um a um, por desti lação fracionada. .,. Destilação fracionada Segue o pri ncípio da destilação simples, mas faz a separação de líqu idos miscíveis, como água e álcool, que têm pontos de ebu l ição muito próximos. to processo usado nas refinarias para separar os diferentes derivados do petróleo, como gasol ina e diesel. Fornalha Gasolina Querosene óleo diesel óleo combustlvel GE QUI MICA 2015 • 21 22 • GE QUIMICA 2015 • PURA ENERGIA LIBERADA O efeito luminoso da queima de fogos de artifício é causado pelo movimento de vaivém de elétrons em torno do núcleo A química dos átomos Tudo o que existe no Universo - as estrelas, como o Sol, as rochas, a água de rios e ocea nos e os seres vivos - é feito de matéria. E toda matéria é constituída de átomos. O átomo é uma unidade básica da matéria, formada por um núcleo rodeado por uma nuvem de partícu las. Ou seja, o átomo é como um tijolo da maté ria, mas contém partículas ainda menores. Esse conceito surgiu apenas no século XIX, com a criação dos primeiros modelos atômicos. Isso dependeu de uma grande mudança na forma como o mundo era observado e analisado. AQUI TEM HISTÓRIA Por volta do sécu lo V a.C., fi lósofos gregos já falavam em átomos. Para e les, um átomo era u ma partícu l a i nd iv i s ível . A pa lavra átom o s ign i fica, exatamente, "aq uele q u e não tem partes" Cada átomo, segundo os f i lósofos, t i nha características próprias, o que exp l i cava os vários t i pos de matéria. O método científico, passo a passo o o o o o o OBSERVAÇÃO O pesquisador observa um fenômeno do mundo natural · As fiares têm diferentes cores PROBLEMATIZAÇÃO Se não tem uma explicação para o fenômeno, ele monta um problema • O que dá a cada fiar uma cor? COLETA DE DADOS O pesquisador, então, busca tudo o que já se pensou sobre o assunto, em livros e discussões científicas · Alguns acham que a cor depende do tipo de solo em que a planta cresce, outros, que a cor é definida por puro acaso CONSTRUÇÃO DE UMA HIPÓTESE Aceitando ou rejeitando os dados coletados, ele formula uma possível explicação para o fenômeno - uma h ipótese · A cor de uma fiar depende apenas do tipo de solo TESTE DA HIPÓTESE Para verificar a validade da hipótese, o pesquisador faz uma série de experimentos · Cultiva fiares de mesma cor em diversos tipos de solo RESULTADOS Medindo e comparando os resultados de cada experimento, ele confirma se a hipótese é verdadeira ou falsa · A cor das fiares não variou entre um tipo de solo e outro NOVA PROBLEMATIZAÇÃO Se a hipótese original não se confirma, o pesquisador compara o fenômeno na natureza e o resultado de seus experimentos. Com isso, reformula o problema: ·A cor de uma fiar depende tanto do tipo de solo quanto da espécie da planta? Com o novo problema, ele volta a realizar o processo de coleta de dados e experimentação. E segue os procedimentos até encontrar uma resposta satisfatória MODELOS ATÔMICOS Toda ciência natural, como a química, a física e a biologia, tem sua atividade baseada no método cien tífico, isto é, uma série de etapas que precisam ser cumpridas rigorosamente, ao fim das quais é possível chegar a conclusões sólidas sobre o fenômeno estuda do. Criado no século XVII, por filósofos como Francis Bacon e Renê Descartes, o método científico consiste numa sequência de procedimentos absolutamente ló gícos. Veja o esquema ao lado. Quando um pesquisador confirma certa regularida de num fenômeno natural, ele pode generalizar uma ideia, na forma de uma lei científica ou de um conjun to de leis que constituem uma teoria. Para fenômenos que não podem ser observados nem medidos, a teoria é denominada modelo - uma analogía que permite a explicação do fenômeno. Foi o que aconteceu no século XVIII, quando se começou a questionar a estrutura dos átomos. Átomos são partículas minúsculas, impossíveis de serem vistas mesmo pelos equipamentos mais sofisti cados. Daí a necessidade de construir um modelo que explique a estrutura atômica. O modelo de Dalton O inglês John Dalton foi um dos pioneiros a pesqui sar os átomos de maneira científica, no início do século XIX. Ele analisou os resultados de experimentos reali zados por dois franceses - Antoine Laurent Lavoisier e Joseph Louis Proust. Essas experiências afastavam o caráter mágico das reações químicas e propu- nham uma explicação racional para o fenô meno. Dalton criou um modelo atômico, muito baseado no conceito grego antigo. Para o inglês, .,. o átomo é uma esfera maciça e indi visível; .,. toda matéria é formada por átomos, par tículas indivisíveis; .,. átomos de um mesmo elemento são iguais em massa e propriedades; átomos de elementos dife rentes têm distintas massa e propriedades; .,. os compostos são formados de átomos que se combinam em proporção simples. O modelo de Thomson Na segunda metade do século XIX, experimentos com gases que recebem descargas elétricas indicaram que o átomo continha partícu las com carga elétrica negativa. No fim do século, outro inglês, Joseph John Thom son, descobriu a primeira partícula su batômica - o elétron. Isso provou que o átomo não é indivisível, mas composto de partículas menores. Thomson propôs, en- tão, um novo modelo atômico, que foi apelidado de "pudim de passas" (veja ao lado). MACIÇO Para Dalton, o átomo era uma esfera indivisível PUDIM DE PASSAS Para Thomson, o átomo seria o pudim e teria carga positiva Cada elétron, com carga negativa, seria uma uva·passa incrustada GE QUIMICA 2015 • 23 O modelo Rutherford-Bõhr O modelo atômico aceito atualmente pela quí mica começou a ser esboçado por Ernest Ruther ford, no início do século XX. O pesquisador in glês bombardeou uma lâmina finíssima de ouro (com w-4 mm de espessura) com partículas alfa, emitidas por um material radioativo. Rutherford sabia que as partículas alfa têm carga elétrica po sitiva e, no experimento, constatou que a maioria das partículas alfa atravessava a lâmina de ouro sem sofrer nenhum desvio de trajetória. Mas al gumas delas se desviavam ou eram rebatidas de volta ao colidir com a lâmina de ouro. E, com base nessas observações, Rutherford chegou às seguintes conclusões: � se a maioria das partículas alfa atravessou a lâmina sem se desviar, os átomos da lâmina de ouro deviam ter grandes espaços vazios; � se algumas partículas alfa foram rebatidas, então os átomos da lâmina deviam apre sentar uma parte central muito pequena e densa - um núcleo; � por fim, se outra parte das partículas alfa (que têm carga positiva) sofreu algum des vio ao atravessar a lâmina, então o núcleo dos átomos de ouro deve ter carga positiva (lembre-se de que cargas iguais se repelem). Com essas hipóteses, Rutherford só precisou raciocinar: para equilibrar a carga elétrica posi tiva do núcleo, os vazios deviam ser povoados de elétrons, de carga negativa. Daí surgiu o modelo atômico de Rutherford, que foi aperfeiçoado pelo dinamarquês Niels Bõhr, poucos anos depois. Esse modelo lembra o formato do sistema solar, com o núcleo representando o Sol e os elétrons, os plane tas. Nos anos 1930, os nêutrons, sem carga elétrica, foram descobertos e incorporados ao modelo. Com a descoberta do nêutron, o átomo teve seu modelo completado. Hoje, são bem conhe cidas as propriedades fundamentais de cada uma dessas partículas. Próton (p) +1 Nêutron (n) o Elétron (e·) -1 24 • GE QUIMICA 2015 • 1 1 1 /1 840 O modelo Rutherford· ·Bohr descreve o átomo como um minúsculo sistema solar 1,67 10'24 1,67 10'24 9,1 . 10''8 Elemento químico é o conjunto de átomos quimicamente iguais ou seja, que têm o mesmo número de prótons Os únicos isótopos que recebem nomes especiais são os do hidrogênio. ,Ri � {;raiia aühidroiênio comum (Z = 1, A = 1); ,H ' ') deutério (Z = 1, A= 2l· Ji3 :+ ifíiia ou iriiJi-ia (Z= 1, A =3) ....... ....................... ........ .... ....... Diferenças e semelhanças São os prótons, no núcleo atômico, que de finem um elemento químico. Cada elemento químico tem um nome e é representado por um símbolo, que indica seu nome. Esse símbolo é composto de uma ou duas letras (sempre come çando com maiúscula e terminando com minús cula), que muitas vezes se referem ao nome do elemento em latim. Veja alguns exemplos: INDICA O NOME Hidrogênio H h idrogen ium Carbono c carbon ium Cálcio C a calei u m Sódio Na natr ium Fósforo p phosphorus Ouro Au aurum PRÓTONS E NÊUTRONS O número de prótons é chamado número atô mico (Z). Por exemplo: � para o átomo de ferro (Fe), que contém 26 prótons, Z = 26; � para o sódio (Na), com 11 prótons, Z = 11. A soma do número de prótons (p) e o núme ro de nêutrons (n) é o número de massa (A). O número de prótons é o mesmo que o número atômico. Então: A = Z + n A proporção entre o número de prótons e o de nêutrons define algumas semelhanças e dife renças entre os átomos: � ISOTOPOS São átomos com o mesmo número de prótons, mas com diferente número de nêutrons. Se têm o mesmo número de pró tons, esses átomos têm o mesmo número atômico Z e, portanto, são um mesmo ele mento, com propriedades químicas seme lhantes. Mas, devido à variação no número de nêutrons, suas propriedades físicas po dem diferir ligeiramente. Veja, como exem plo, os isótopos do cálcio (Ca): Isótopo 1 do cálcio Isótopo 2 do cálcio { 20 p Ca (Z = 20) 2o e· A = 41 n n { 20 p Ca (Z = 20) 20 e- A = 42 22 n Os isótopos de um elemento químico não re cebem nomes especiais. No exemplo dos isó topos de cálcio: 20Ca41 lê-se isótopo 41 do cálcio (cálcio-41) 20Ca42 lê-se isótopo 42 do cálcio (cálcio-42) � ISOBAROS São átomos de elementos químicos diferentes que têm o mesmo número de massa (A). Nesse caso, eles diferem tanto em suas propriedades químicas quanto nas físicas. O cálcio (Ca), por exemplo, é isóbaro do potássio (K). Veja: { 20 p Ca (Z = 20) 20 e- 20 n { 19 P K (Z = 19) 19 e- 21 n A = 40 A = 40 Repare que o número de prótons (Z) do cálcio é diferente do núme ro de prótons do potássio. Então eles são elementos químicos distintos. Ainda assim, têm o mesmo número de massa (A). A diferença está no número de nêutrons. � ISOTONOS São átomos de elementos químicos distintos que têm dife rentes número de massa (A) e número atômico (Z), mas apresentam o mesmo número de nêutrons (n). Nesse caso, a diferença está no núme ro de prótons. São isótonos: 5B11 e 6C12 (boro-H e carbono-12) 15P31 e 16S32 (fósforo-31 e enxofre-32) ELtTRONS O número de elétrons (e-) e a relação entre esse número e a quantidade de prótons, no núcleo, também definem propriedades químicas importan tes de um átomo. Íons são átomos que ganham ou perdem elétrons numa ligação química. A maioria dos átomos liga-se uns aos outros, a fim de al cançar a estabilidade. Se, numa ligação, um átomo cede elétrons, é um íon positivo; se recebe elétrons, é chamado íon negativo. Veja: � CATIONS É o nome que se dá aos íons positivos - ou seja, átomos que perderam elétrons e, portanto, têm mais cargas positivas (dadas pelos prótons). O total de elétrons cedidos é sempre igual ao total de cargas negativas perdidas. Veja, no exemplo abaixo, como um átomo neutro de cálcio se transforma num cátion: 20 p Ca (Z = 20) 20 e- átomo neutro (p = e-) � � perde � 2 e létrons P > e- � 20 p Ca (Z = 20) 18 e- 2 cargas positivas � � C a'' cátion de cálcio � ANIONS São átomos eletrizados negativamente - ou seja, com mais car gas negativas (elétrons) do que cargas positivas (prótons). Para que um átomo neutro se torne um ânion, ele tem de ganhar elétrons. O total de elétrons recebidos é sempre igual ao total de cargas negativas adquiridas.Veja como um átomo neutro de nitrogênio (N) se transfor- ma em ânion: N (Z = 7) 7 p � gan ha � N (Z = 7) 7 p � N3-7 e- 3 e létrons 1o e- átomo neutro (p = e-) � (e- > p) � 3 cargas negativas � �nion de n i trogênio Átomos neutros ou íons de elementos químicos diferentes podem apresentar o mesmo número de elétrons. Quando isso ocorre, dizemos que esses átomos são isoeletrônicos. VALE A PENA ANOTAR � C a é o átomo de cálcio � Ca" é como se representa o cátion bivalente de cálcio (com dois elétrons a menos) Esse tipo de notação vale para qualquer cátion. VALE A PENA ANOTAR � N é o átomo de nitrogênio � N'- é como se representa o ânion trivalente do nitrogênio (com três elétrons a mais) Esse tipo de notação vale para qualquer ânion. &E QUI MICA 2015 • 25 A ORGANIZAÇAO DOS ELtTRONS A região ocupada pela nuvem de elé trons, em torno do núcleo, chama-se ele trosfera. Em 1913, Niels Bõhr fez uma série de experimentos que resultaram nos seguintes postulados a respeito da ele trosfera: .,.. os elétrons se movimentam em trajetó rias circulares, chamadas camadas ou níveis de energia. Cada um desses ní veis tem um valor energético; .,.. quanto mais externo for o nível, mais energia ele tem; .,.. um elétron que absorve energia (elétri ca, luz, calor, por exemplo) salta de uma camada mais interna para outra mais externa; .,.. um elétron que volta à sua camada inter na original libera a energia recebida na forma de ondas eletromagnéticas. A ciência conhece sete níveis de ener gia, que podem abrigar até 112 elétrons. Por isso, dizemos que a eletrosfera se di vide em sete camadas eletrônicas, cada uma delas com o máximo possível de elé trons. Veja: 26 • GE QUI MICA 201S • CAMADA (nfvelde energia) K {1) L (2) M (3) N (4) 0 {5) P(6) Q (7) Número máximo de elétrons 8 18 32 32 18 2 CONFIGURAÇAO ELETRONICA Cada nível de energia da eletrosfera contém diversos subníveis, identificados pelas letras minúsculas s, p, d, f Cada subnível com porta um número máximo de elétrons. p d HOMERO MAJUMO DE ELtlRONS 6 10 14 pl-6 dl-10 f'-14 A forma como os elétrons se distribuem pelos subníveis é chamada configuração eletrônica. Veja a tabela abaixo e acompanhe o racio cínio para entender, passo a passo, como os elétrons se dispõem pelas camadas e subníveis: CONFIGURAçAO ELETRONICA Camadas K (1) L (2) M (3) N (4) O (s) P (6) Q (7) (nlveis) N• máximo 18 de elétrons 32 32 18 1S2 2S2 2p6 3S2 3P6 3d" 4s' 4P6 4d" 4114 ss' sp6 sd" sf14 6s'6p66d" 7S2 � I I I I l 'V � Cada subnlvel Acamadn A camada 2 A camada 3 tem três As camadas4 comporta um tem apenas comporta oito subníveis: s, p e d. Os e 5 comportam número máximo o subnlvel s, elétrons, em dois subníveis s e p já contêm 32 elétrons, de elétrons: onde cabem, subníveis, s e p. Oois oito elétrons. A camada S = 2 no máximo, elétrons lotam o comporta mais dez p = 6 dois elétrons subnlvel s. Os outros elétrons, no subnlvel d. d = 10 seis elétrons vão No total, o nlvel M f = 14 para o subnível p comporta 18 elétrons. .l.r---,r---r.---1.-- O número de elétrons existentes ' ' ' ' nesta camada 4 é 2 + 6 + 10 + 14 = 32 452 4P6 4dlo 4fl4 t t i Nível de energia Sub nível Número de elétrons no sub�ivel cada uma, em quatro subníveis: s, p, d ef. A energia de um elétron depende da camada e do sub nível que ele ocupa. Num átomo no estado fundamental (sem elétrons excitados por alguma forma de energia), os elétrons se distribuem em ordem crescente seguindo as diagonais do diagrama de Linus Pauling. Veja: / ls " A cada l inha horizontal estão /,,' ',, > ,, ' ;. .. . . . . . . . . . · · · · · · · · ' l istadas as camadas com seus < , ... 2s' ,/ 2p' ... , possíveis subníveis de energia: · : / ,' ,' , ' '• , • lS, 2S, 2p, 3 S, 3 P, 3d ... Jl � ' ' , ' ,' , ' ,,' .. '' ,' ,' 3s / 3p ,' 3d , './ , · , , · ... '• ,, · · ··· · · • Os elétrons não se distribuem ,_ ,...' ,-' ,' / ,...' ,' ...' , • seguindo essa ordem horizontal, < ,, 4s · /' 4p', ,' 4l /' 41 ' mas o zigue·zague mostrado pela • r./ , , , , , . , ' -' ,......-,-' ,...' ,...' ,-' ,/ ,-' ,· linha pontilhada azul: 1s, 2s, 2p, •, / ' Ss , ,', Sp /' . sei,/ 5( 3S, 3P, 4S, 3d, 4P, ss, 4d ... -�./ ,' ,' ,' ,' ,' ,�· -··· · · · · 11 _ , , , , , , •: ,, ' 6s· ,,' 6P .. , "' , &l J ,' / ,-·/ ,. , , , � •: ,,' 7s � , ' ' Jl',,' , , . , , , ZIGUE·ZAGUE NA PRÁTICA · , o subnível mais energético é sempre o último a receber elétrons na distribuição. Nem sempre esse subnlvel pertence à última camada O h i d rogênio neu tro (H) tem apenas u m p róton e u m elétron (não contém nêutrons) Então ... Esse e létron só pode estar na camada K (1); ... Corno essa camada tem apenas u m s u b n ível energético, a local ização do e létron tem de ser 1s' Para o sód io (Na), com 11 e létrons, o raciocínio é o mesmo: ... Os e létrons vão se d istr i bu i ndo pelas camadas e, em cada uma de las, pelos subn íveis, segu indo o z igue-zague de L i nus Pau l i ng: 1s', 2s', 2p6 e 3S' Os elétrons mais energizados estão do último subní vel. Mas preste atenção no zigue-zague: nem sempre o último subnível está na última camada. Essa é a camada de valência, que contém os elétrons que participam das ligações químicas. CAMADA DE VALlNCIA NA PRATICA Para o ferro (Z = 26): · Sub níveis : ls2 2s2 2p6 3s2 3 p6 4s2 3d6 · N iveis : K = 2 L = 8 M = 14 N = 2 • Subnível mais en ergético: 3d, com 6 elétrons · Camada de valência -+ 4 (4s) com 2 e létrons Para o bromo (Z = 35): · Sub níveis : ls2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p5 · N íveis : K = 2 L = 8 M = 18 N = 7 • Subnlvel mais energético: 4p, com 5 elétrons · Camada de valência -+ 4 (4s2 e 4p5) com 7 elétrons NIVEL ENERGtTICO NA PRATICA A química dos fogos de artifício Os fogos de artiflcio são fabricados bas icamente de pólvora combinada com sais de d i ferentes e lementos qu ím icos. A cor da luz produzida pe la explosão é determinada por esse e l emento o l ít io dá o verme lho; o cá lc io, o laranja; e o cobre, o azu l O p rocesso de produção das cores chama-se l u m inescência e ocorre q uando e létrons exc i tados pelo calo r da explosão da pó lvo ra l i beram essa energia de volta e retornam para o n ível menos energético do átomo. Veja o que acontece com os e létrons de um átomo quando e le p roduz luz co lor ida dos fogos 1. Imagine um átomo qualquer com seis elétrons. A distribuição normal desses elétrons é: IS', 2s', 2p' - ou seja, dois elétrons na camada K (1), que só tem o subnível s, e quatro outros elétrons na camada L (2), dois no subnível s e outros dois no subnlvel p. 2. Se o átomo recebe uma descarga de energia, como o calor da explosão da pólvora nos fogos de artifício, u m dos elétrons que ocupava o subnível mais energético salta para subnlveis mais energéticos ainda - neste caso, para um subnível da camada M (3). 3. Um elétron não pode acumular essa energia. Por isso, logo devolve a energia extra e retorna para o subnlvel energético original. A devolução dessa energia para o meio ambiente se dá na forma de luz colorida. O show pirotécnico acontece. VALE A PENA ANOTAR Atenção especial para os cátions, lons positivos que se formam pela perda de elétrons. Os elétrons perdidos são sempre aqueles da camada de valência, e não do último sub nível de distribuição. Então, para identificar os elétrons perdidos, é preciso: 1. distribuir os elétrons do átomo neutro, segundo as camadas e os subnlveis (em zigue-zague); 2. identificar a camada de valência e dela retirar os elétrons cedidos a outro átomo. GE QUIMICA 2015 • 27 BLOCOS DE MONTAR Na tabela periódica, cada elemento aparece com as informações fundamentais Cada elemento em seu lugar 28 • 51 QUIMICA 2015 • Aciência conhece 118 elementos químicos. Mas 26 deles não existem na natureza. São átomos extremamente instáveis e, por isso, só aparecem quando sintetizados emlaboratório (veja o cap. 4, aula 3). A descoberta dos elementos químicos foi feita paulatinamente. Até o fim do século XVII, conhe ciam-se apenas 14 deles; um século depois, eram 33. Com o advento da ciência moderna, no século XIX, 83 elementos foram identificados. Com uma lista desse tamanho, tornava-se cada vez mais ne cessário um sistema de organização que permi tisse trabalhar com os elementos. Houve várias tentativas (veja o quadro "Aqui tem história", na pág. ao lado). A classificação que prevaleceu foi a proposta pelo russo Dimitri Mendeleev. A TABELA DE MENDELEEV Em 1869, Mendeleev juntou as tentativas ante riores e dispôs os elementos conhecidos num qua dro com doze linhas (na horizontal) e oito colunas (na vertical). Na horizontal, os elementos obede ciam à ordem crescente de massa (dada pela soma do número de prótons e o de nêutrons). Na ver tical, apresentavam características semelhantes. Mendeleev atribuía as imperfeições da tabela a erros no cálculo das massas. Ele tinha tanta cer teza disso que deixou alguns espaços vagos na ta bela, para o encaixe de elementos ainda não des cobertos. Essas vagas foram, depois, realmente preenchidas (veja na tabela a seguir). Elementos conhecidos de Mendeleev H Elementos desconhecidos mas previstos por Mendeleev 1.01 H e LI 8e 8 c N o F 4.00 6.94 9.01 10.8 12.0 14.0 16.0 19.0 Ne Na Mg AI SI p s CI 20.2 23.0 24.3 27.0 28.1 31.0 32.1 35.5 Ar K C a Se TI v C r Mn F e Co Nl 40.0 39.1 40.1 45.0 47.9 50.9 52.0 54.9 55.9 58.9 58.7 cu Zn Ga Ge As Se Br 63.5 65.4 69.7 72.6 74.9 79.0 79.9 Kr Rb Sr v Zr Nb Mo Te Ru R h Pd 83.8 85.5 87.6 88.9 91.2 92.9 95·9 (99) 101 103 106 fô\ Cd I n S n Sb Te I 112 115 119 122 128 127 X e C e 8a La H f Ta w R e Os Ir Pt 131 133 137 139 179 181 184 180 194 192 195 Au Hg TI Pb 81 Po At 197 201 204 207 209 (210) (210) Rn F r R a A e Th Pa u (222) (223) (226) (227) 232 (231) 238 Mendeleev não acertou em tudo. Para ele, por exemplo, as propriedades químicas de um ele mento eram dadas pela massa, como imaginavam também seus contemporâneos. Hoje, sabe-se que o que caracteriza um elemento é o número de prótons, ou seja, o número atômico (Z). Por isso, a tabela periódica usada hoje é construída em função de Z. Seja como for, a ordem dos elemen tos não foi muito alterada, pois, na maior parte das vezes, a massa cresce conforme o número de prótons. Foi por isso que Mendeleev acertou na previsão dos elementos químicos desconhecidos à sua época. A disposição proposta por Mendeleev agrupa os elementos de acordo com características impor tantes dos átomos. Acompanhe, a seguir, a identi ficação dessas características. .,.. PERIODOS São as sete linhas horizontais. Todos os elementos de um mesmo período têm o mesmo número de camadas eletrônicas. Elemento Hidrogênio (H) Hélio (He) Elemento Lítio (JLi) Berilo (,Be) Boro (sB) Carbono (6C) N itrogênio (,N) Oxigênio (aO) Flúor (,O) Neônio (1oN) Uma camada K K Duas camadas K, L K, L K, L K, L K, L K, L K, L K, L Número de elétrons 1 Número de elétrons K = 2, L = 1 K = 2, L = 2 K = 2, L = 3 K = 2, L = 4 K = 2, L = 5 K = 2, L = 6 K = 2, L = 7 K = 2, L = 8 .,.. FAMILIAS OU GRUPOS Correspondem às colunas. Na nomenclatura re comendada pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac), as famílias são numeradas de 1 a 18. Os elementos de uma mesma família apresentam configurações eletrônicas semelhantes, o que lhes confere, também, propriedades químicas semelhantes. Por exemplo: todos os elementos da família do berilo (Be) têm distribuição eletrônica que apresenta como ca racterística nsl, em que .,.. n é o período em que se encontra o último subnível de energia. Esse número cresce conforme descemos pela coluna de uma mesma família; .,.. Mas a configuração eletrônica de todos os elementos da família do Be termina com dois elétrons sempre no subnível s; .,.. Isso significa que o berílio (Be) e todos os elementos abaixo dele têm dois elétrons na camada de valência. E esses elétrons estão sem pre no subnível s de energia. Veja: 4Be � 1s2 12Mg � 1s2 2oCa � 1s2 3sSr � 1s2 s6Ba � 1s2 ssRa � 1s2 2s2 ...... 3s2 .............. 4s2 ..................... Ss2 ........................... 6s2 .................................. 7s2 PROPRIEDADES PERIÓDICAS E APERIÓDICAS As propriedades periódicas são aquelas cujos valores crescem ou decrescem em função do número atômico e se repetem a cada grupo de elementos. São propriedades periódicas o raio atômico, o potencial de ionização e a afinidade eletrônica (veja na página 30). As propriedades aperiódicas são aquelas que também dependem do número atômico, mas não se repetem regularmente na tabela. Um exemplo de propriedade aperiódica é a massa atômica, pois ela sem pre cresce com o aumento do número atômico, mas não se repete nun ca entre todos os elementos. AQUI TEM HISTORIA U m a c lass i fi cação c ientífi ca se baseia em d i ferenças e seme l hanças. Foi i sso o que os q u ím icos começaram a procurar na relação de e lementos, p r i n c i pa lmente a part i r d o sécu l o XIX. Em 1817, o q u ím i co a lemão johann Wolfgang Dóbere i ner percebeu q u e, em a lguns g rupos de · t rês e lementos que apresentavam propriedades seme l hantes, a massa atôm ica (MA) de u m deles sem p re era a méd ia ar itmét ica d a massa atômica dos o u tros do i s . Dóbere i n e r o rganizou, en tão, g rupos d e três e l ementos na c hamada l e i d as tr íades. As t ríades logo caíram, po i s abrangiam um n ú m ero peq ueno de e l ementos. A lgu mas tr íades de Dóbere i n e r Cloro (CI) 35,5 Bromo (Br) 80 lodo (l) 127 Cálcio (Ca) 40 Estrôncio (Sr) 88 Bário (Ba) 137 MtDIA ARITMtriCA 80 = 127 + 35,5 2 88 = 137 + 40 2 Em 1863, o geó logo francês Alexand re-Ém i l e de Chanco u rto i s tomou por base um c i l i n d ro e traçou u m a c u rva h e l i co ida l (com a forma de u ma hé l ice) O c hamado parafuso te lú r ico d i v i d i a o c i l i n d ro em 16 fatias vert icais . Os e l ementos de p ro p ri ed ades seme lhantes caíam todos na mesma fatia. Os elementos dispostos no cilindro de Chancourtois, quando lidos na vertical, apresentavam as mesmas propriedades químicas. Os átomos de berilo (Be), magnésio (Mg) e cálcio (Ca), por exemplo, ligam-se a outros átomos da mesma maneira No mesmo ano, o q u ím i co i ng l ês Alexander Re ina Newland s co locou as massas atôm icas em ordem crescente e, com isso, organizou grupos de sete e l ementos . E l e reparou que as prop riedades se repetiam no o i tavo e lemento - ou seja, ele encontrou uma per iod i c idade, que foi chamada de lei das oitavas. Essa c lass i ficação apresentava e rros porq u e os valo res d as massas atômicas estavam errados. G E QUIMICA 2015 • 29 Capítulo_ 1 [2] 1 - Tab�fa . penod1ca 3 I I Grupos ou famílias 2 10 HIDROGÊNIO � um elemento especial, colocado em destaque na tabela porque apresenta algumas características dos metais e outras dos não metais. 11 12 1 3 14 15 16 17 18 2 •• TABELA PERIÓDICA 11 •••••• 3 11111 •••••• j 4 •••••••••••••••••• 5 •••••••••••••••••• ··�········ , ········ , ··� IIIIIIIIBI!II!IMIUI SERIE DOS LANTANIDEOS lll!lll!lllfllllllll!lllllllllll 11111111111········· 11 METAIS • Constituem a maior parte dos elementos; • Exceto o mercúrio (Hg), são sólidos em condições normais de temperatura e pressão; · Bons condutores de calor e eletricidade; • Maleáveis e dúcteis (podem ser transfor- mados em fios); · Geralmente apresentam quatro ou menos elétrons na camada de valência; • Formam cátions. 1111111111111111 1111111111111111 11 AMETAIS OU NÃO METAIS • Podem ser sólidos, líquidos ou gasosos; · Propriedades inversas às dos metais; · Têm, geralmente, quatro ou mais elétrons na camada de valência; · Formamânions. 1111111111111111 1111111111111111 11 SEMIMETAIS OU METALOIDES Propriedades entre as dos metais e as dos não metais: · Conduzem calor relativamente bem; · Conduzem eletricidade relativamente bem; • Nas condições normais de temperatura e pressão, são sólidos. ll!ll!!lll!ll!!l ll!l!lllll!l!!ll 11 GASES NOBRES OU RAROS Naturalmente estáveis - ou seja, existem na natureza na forma de átomos isolados, não combinados com outros. •••••••••••••••• •••••••••••••••• TAMANHO OU RAIO DO A TOMO O átomo não tem contorno nítido. Por isso, o conceito de raio atômico dá apenas uma ideia da distância média do núcleo à região de máxima probabilidade de se encontrarem os elétrons do nível de energia mais externo. Quanto mais camadas, maior o raio de um átomo. Entre átomos com o mesmo número de camadas, o tamanho é definido pelo número de prótons no núcleo (Z): quanto mais prótons tiver � um átomo, mais atraídos os elétrons serão e, portanto, menor I ........... I ser� o raio. O tamanho dos átomos cresce conforme a família e o t _.. t penodo em que ele se encatxa. POTENCIAL DE IONIZAÇÃO OU ENERGIA POTENCIAL � também uma propriedade periódica - a energia necessária para formar cátions, retirando um elétron de um átomo no estado gasoso. Quanto mais afastado do núcleo está o elétron, mais fácil é retirá-lo e, portanto, menor energia será necessária. ----. Então, quanto menor for o raio atômico, maior será a energia de t........... ionização. Na tabela periódica, o potencial de ionização cresce _.. no sentido inverso ao do raio do átomo. AFINIDADE ELETRÔNICA E ELETRONEGATIVIDADE Afinidade eletrônica é a energia l iberada quando um átomo isolado, no estado gasoso, captura um elétron_ Eletronegatividade é a capacidade de um átomo de se combinar com outros átomos atraindo seus elétrons. Para receber um elétron, um átomo precisa ter alguma eletronegatividade - uma força de atração exercida pelos prótons. Quanto menor é o raio de um átomo, maior é sua força de atração. Os átomos mais eletro negativos são os que têm as maiores afinidades eletrônicas. Os elementos de maior ----. afinidade eletrônica são os não metais. Os gases nobres, que são t '--I naturalmente estáveis, têm afinidade eletrônica nula. Por isso são - excluídos do esquema ao lado. ELEMENTOS REPRESENTATIVOS Têm o último elétron num subnível s ou p. FAMILIAS OU GRUPOS Metais alcalinos (coluna 1) Metais alcalino-terrosos (coluna 2) Família do boro (coluna 13) Família do carbono (coluna 14) Família do nitrogênio (coluna 15) Família dos calcogênios (coluna 16) Família dos halogênios (coluna 17) Família dos gases nobres (coluna 18) •• • • • • ••••• •• • ••••• •••••••••••••••••• 111!1111!1!1111111 11111111!!1!11!111 11!!11111111 •••••••••••••••• ·········I······ O último elétron está no subnivel ns' ns' ns2 np1 ns1 np2 ns1 np1 ns1 np� ns' np' ns' np' ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO o último subnível preenchido é nd ou nf. - ATENÇAO � O hidrogênio não se inclui em nenhum grupo. � n representa a última camada eletrônica do átomo, a camada de valência . • :;;: :5 :i :; O' = • � LUZES NOBRES Os gases raros são os únicos elementos químicos que existem na natureza como átomos isolados Como os átomos se casam Não confunda estabilidade química com estabilidade nuclear. É quimicamente estável o átomo - ou o grupo de átomos - que tem elétrons em número adequado para se manter energeticamente estável. A estabilidade nuclear tem relação com a energia de prótons e nêutrons, no núcleo (veja no capítulo 4, aula 3) A teoria do octeto funciona muito bem para os elementos representativos de cada família, mas não explica com perfeição todos os tipos de ligação química. As ligações que formam as substâncias metálicas, por exemplo, só são explicadas por teorias mais complexas, que não constituem conteúdo do ensino médio Dos 92 elementos encontrados na natu reza, a maioria não existe em sua forma isolada, de um único átomo. No geral, as substâncias são formadas por átomos combina dos com outros. O elemento oxigênio (0), por exemplo, está na água ligado ao hidrogênio (H) e, no gás carbônico, ligado ao carbono (C). Até o gás oxigênio da atmosfera é uma combinação de dois átomos desse elemento. Existe uma boa razão para isso: a configuração eletrônica da maioria dos átomos deixa-os instá veis. E, para alcançar a estabilidade quúnica, os átomos se interligam. TEORIA DO OCTETO Uma das explicações para as ligações intera tômicas está no modelo proposto por Gilbert Lewis em 1916. Lewis se baseou no único grupo de elementos que é encontrado na natureza em sua forma elementar (como um átomo isolado): os seis gases nobres, ou gases raros - hélio (He), neônio (Ne), argônio (Ar), criptônio (Kr), xenô nio (Xe) e radônio (Rn) -, todos pertencentes à família 18 da tabela periódica. Esses elementos são perfeitamente estáveis. Por isso, nunca se combinam com outros na natureza. O ponto em comum que Lewis encontrou entre os átomos dos gases nobres é que todos têm oito elétrons em seu nível de valência (a última camada de elétrons). O único que foge à regra é o hélio (He): os dois elétrons desse elemento completam a camada K (1). Daí sur giu a teoria do octeto, segundo a qual atinge a estabilidade o átomo que tiver em sua última camada oito elétrons. Daí o fato de os átomos se ligarem uns aos outros, para compartilhar, ceder ou receber elétrons. DISTRIBUIÇAO DOS ELtTRONS DOS GASES NOBRES Gases nobres ,H e 10Ne 8 ,sAr 8 ,6Kr 8 18 s�Xe 8 18 18 8 a6Rn 18 32 18 DOIS É BOM, OITO É MELHOR Com exceção do hélio (He), todos os gases nobres têm oito elétrons na camada de valência. Com esse número, esses átomos não precisam se combinar com nada. Para o He bastam dois elétrons para completar a camada K (1). LIGAÇÃO IONICA É um dos tipos de ligação química explica dos pela teoria do octeto. As ligações iônicas ocorrem entre átomos de eletronegatividade diferente - ou seja, um átomo que apresenta grande capacidade de atrair elétrons de outro, com capacidade menor. É o caso da ligação en tre metais e não metais. A ligação é firmada pela transferência de elé trons. E se chama ligação iônica porque trans forma átomos neutros em íons - cátions (que cederam elétrons) e ânions (que receberam elétrons). O resultado é um composto iônico. GE QUIMICA 2015 • 31 Capítulo_ F.l4 .. -_Lig-aço--es_. � qulmlcas TEORIA DO OCTETO NA PRATICA o sal de coz i n ha é o c l o reto d e sód io, u m com posto iôn ico formado da combinação de átomos de sód io (Na) com átomos de c loro (C I ) Veja como se dá essa l i gação .,.. No estado f u n damental, o Na tem, ao todo, 11 elétrons; .,.. o átomo de Cl, tam bé m n o estado fu ndamental, tem 17 elétrons no totaL Verifique a configu ração e letrôn ica de cada um d esses átomos: Configuração eletrônica Elétrons por camada uNa: 15' 25' 2p6 35' K (1) = 2, L (2) = 8, M (3) = 1 ,,CI: 1s' 25' 2p6 35' W K (1) = 2, L (2) = 8, M (3) = 7 A teoria d o octeto d i z: para serem estáveis, os átomos devem ter oito elétrons na última camada. Repare q u e: .,.. para o Na, é mais fác i l ceder o e létron da camada de val ênc ia, M (3), e f icar com os o i to da camada L (2); .,.. para o Cl, po r o u tro lado, é mais fác i l somar u m e l étron aos sete já existen tes na sua camada d e va lênc ia, M (3) Veja uNa: � 2S' 2p6 � Perde 1 elétron Camada: K = 2 e- L = 8 e- M = 1 e- Total de elétrons 11 Total de elétrons: 10 ,,CI: 2!, 2S' 2p6 3S' 3P5 Ganha 1 elétron ,,cl-� 2S2 2p6 3S2 3P6 Camada: K = 2 e- L = 8 e- M = 7 e- K = 2 e- L = 8 e- M = 8 e- Total de elétrons: 17 e- Total de elétrons: 18 e- .,.. Ao perder o ú n ico e létron q u e tem na camada de valê ncia, o átomo de Na ficou com o i to e l étrons na ú l t ima camada, L (2). .,.. De o ut ro lado, o átomo de Cl pegou o e létron ced i d o pe loNa e comp letou a camada d e val ênc ia, M (3), com o i to e létrons . .,.. A l i gação cr iou do i s íons: o Na, q u e cedeu u m e l étron, t ransformou se num cát ion (Na') O Cl, que recebeu um e létron, é agora um ân ion (C!-) Trata-se d e u m a l i gação iôn i ca. Com pare a configu ração eletrôn i ca fi nal dos do i s íons com a configu ração eletrôn i ca dos gases nob res (veja a tabela na página anterior) Observe que o cát ion Na' f icou com a d istr ibu ição eletrônica do neôn io (Ne), e o ânion c loreto (C!-), com a do argôn i o (Ar) Ou seja, os dois átomos ating i ram a estab i l idade de um gás nobre. 32 • GE QUIMICA 2015 • Ligações iônicas - ou seja, as que unem átomos na forma de cátions (com carga elétrica positiva) a ânions (com carga elétrica negativa) são muito fortes. E os íons unidos formam um aglomerado chamado retículo cristalino. Veja como é o retí culo cristalino do cloreto de sódio (NaCl): O flúor (F) e o alumínio (Al) podem formar um composto iônico chamado fluoreto de alumínio. Siga o raciocínio, passo a passo, para descobrir a fórmula desse composto: .,.. Primeiro, fazemos a configuração eletrônica de cada um dos átomos e verificamos o número de elétrons que cada um deles tem na camada de va lência: Configuração eletrônica Elétrons na camada de valência ,3AI: 152 25' 2p6 35' 3P' gF: 151 251 2p5 M (3) = 3 L (2) = 7 .,.. O Al tem apenas três elétrons na camada de va lência. É mais fácil para o átomo ceder esses três elétrons e ficar estável com os oito da camada anterior. Mas o F já tem sete elétrons na última camada. Precisa só de mais um para ficar está vel, com oito elétrons. .,.. Isso significa que são necessários três átomos de F para receber os três elétrons cedidos pelo Al. Ou seja, no composto fluoreto de alumínio, o Al tem de se ligar a três átomos de F . .,.. Ao ceder os elétrons, o Al se transforma no cá tion de valêr..cia 3+ (AP'). E cada átomo de F se transforma num ânion de valência -1 (F1-) • .,.. Então, a fórmula será AlF3• O índice 3, no pé da letra F de flúor, representa três átomos desse elemento. VALE A PENA ANOTAR Um átomo neutro e seu íon têm propriedades químicas muito d iferentes. Por exemplo: .,.. O sódio (Na) em contato com a pele causa queimaduras e reage com o ar e a água. _.... o cloro (CI) na forma de gás é altamente tóxico. .,.. Já o cloreto de sódio (NaCI), formado pelos íons de cloro e sódio, é nosso inofensivo sal de cozinha. LIGAÇAO COVALENTE É outro tipo de ligação explicada pela teoria dos octetos. Mas, ao contrário da ligação iônica, a ligação covalente ocorre com átomos que têm eletronegatividades próximas - por exemplo, entre dois não metais. Nesse caso, os átomos compartilham elétrons. Há dois tipos de ligação covalente: a normal e a dativa (ou coordenada). Numa ligação covalente normal, os átomos contribuem com o mesmo número de elétrons a serem compartilhados. Os compostos formados por esse tipo de ligação não contêm íons. São chamados moléculas. É assim que se formam algumas das substâncias mais im portantes para a vida, como a água e os gases hidrogênio e oxigênio. O número de elétrons compartilhados indica o número de ligações covalentes entre os átomos. Veja o caso do gás oxigênio (02) , forma do por dois átomos desse elemento (O): ._ O elemento químico O é um ametal (pertence à família 16, dos cal cogênios). Como os demais elementos dessa família, o O tem seis elétrons na camada de valência (veja a aula 3). Sua configuração eletrônica é ls2 2s2 2p\ em que L (2) = 6. ._ Com esses seis elétrons na camada L (2), cada átomo O precisa de mais dois elétrons para completar o octeto e ficar estável, com configuração semelhante à de um gás nobre, o neônio (Ne): ls2 2s2 2p6, em que L (2) = 8 . ._ Um átomo O pode receber esses dois elétrons de um metal, numa ligação iônica. Mas numa ligação com outro elemento não metal (ametal), a ligação será covalente . ._ Para que dois átomos O se unam, eles precisam compartilhar dois elétrons da camada de valência. Estabelecem-se, então, duas liga ções covalentes - uma ligação dupla. LIGAÇAO COVALENTE DATIVA Também chamada de ligação coordenada, ocorre quando um áto mo "empresta" um par de elétrons para outro. Só faz uma ligação covalente dativa o átomo que: ._ já tem todas as ligações covalentes normais necessárias para al cançar a estabilidade; ._ mantém na camada de valência ao menos um par de elétrons livres, não envolvidos em nenhuma ligação; ._ seja menos eletronegativo que o outro átomo (se for mais eletro negativo, ele será incapaz de emprestar elétrons). Note que a ligação covalente dativa é semelhante à ligação cova lente normal, já que, nos dois casos, temos envolvidos um par de elé trons. A diferença é que: ._ na covalente normal, cada átomo cede um elétron para formar o par compartilhado; ._ na dativa, os dois elétrons do par compartilhado saem de apenas um dos átomos. LIGAÇAO METALICA Como o nome indica, é a ligação química entre elementos classifi cados como metais. E não se explica pela teoria do octeto. Os metais também não formam moléculas. Essa ligação entre os átomos se dá com parte dos átomos perdendo os elétrons da camada de valência e formando cátions. Nos metais, muitos cátions estão envolvidos por uma quantidade enorme de elétrons livres - um mar de elétrons. Um metal se mantém sólido à temperatura ambiente (com exce ção do mercúrio, Hg) por causa da força de atração entre os elé trons livres e os cátions, que é muito intensa. LIGAÇAO COVALENTE NA PRATICA O gás h i d rogên io é formado por dois átomos desse e lemento. Veja como esses dois átomos se interl igam: ._ Cada átomo de (H) tem n ú mero atôm ico 1 (u m p róton) e, po rtan to, u m ú n ico e l étron 1H (Z=1) d istr i b u i ção e l et rôn ica 1s' ._ Nos do i s átomos, esse e l étron só pode estar na camada K (1) : 1S1 ._ Para fi carem estáve is, os átomos p rec isam comp letar a camada K, q u e d eve ter do i s e l étrons. Então, e l es com parti l ham seu ú n ico e l étron, n u m a l i gação cova l e n te . ._ Desse modo, cada átomo H fi ca com a con figu ração e l etrôn i ca 1s', i gual à d e um gás nob re, o hé l i o (He) G raficamente, é i sto o q u e acontece: 0 0 GX0 átomos isolados molécula de H, COVALENTE DATIVA NA PRATICA o ozôn io, composto de três átomos d e oxigên io (03), i nc l u i uma l i gação cova lente dativa. Veja na i l u stração abaixo: Fórmula eletrônica ou fórmula de lewis 0 o@ x @o o 0 0 X 0 O o o @ )( o o o 0 o @ x @o o o s � o o o o @> x o o o Fórmula estrutural Fórmula molecular 0 = 0-+ 0 o, O= S -+ 0 so, ATENÇAO Nem sempre a ligação covalente dativa é indicada por seta, mas por traço, como são indicadas as covalentes comuns Cátion Elétron livre &E QUIMICA 201S • 33 Substância Estado físico 34 • GE QUIMICA lOlS • PROPRIEDADES DAS SUBSTANCIAS As substâncias iônicas se caracterizam por: .,. Pontos de fusão e ebulição (PF e PE) muito elevados; .,. Estado fisico sólido à temperatura am biente (25 °C). São cristais duros; .,. Condutividade elétrica: não conduzem corrente elétrica em seu estado sólido, mas, sim, no estado líquido, ou quando dissolvidas em água. As substâncias moleculares têm como carac terísticas: .,. PE e PF baixos quando comparados aos das substâncias iônicas; .,. Estado fisico variável à temperatura ambien te (25 °C) ; .,. Condutividade elétrica: as substâncias moleculares (substâncias puras) não con duzem corrente elétrica em nenhum esta do físico. Mas, em solução aquosa em que se formam íons, são bons condutores de eletricidade; As características principais dos metais são: .,. PE e PF elevados; .,. Estado fisico: são sólidos à temperatura ambiente (25 °C), com exceção do mercúrio (Hg). Os metais são maleáveis, dúcteis (ca pazes de produzir fios), no geral brilhantes. .,. Condutividade elétricaalta. São também bons condutores de calor. EM RESUMO As propriedades de vários tipos de substância Compostos iônicos 'Compostos moleculares Metais NaCI c ao HCI H20 F e AI (cloreto (óxido de (ácido (água) (ferro) (alumínio) de sódio) cálcio, ou clorídrico) cal virgem) 801 2 614 ·114,8 o 1 538 660 1 413 2 8oo ·84,9 100 2 862 2 519 sólido sólido gás líquido sólido sólido FÓRMULAS Os compostos são representados por fórmu las. Existem fundamentalmente três tipos de fórmula: a química, a eletrônica e a estrutural, que representam os compostos iônicos e os moleculares. Não existem fórmulas para os metais puros nem para as ligas metálicas. Os metais puros são representados apenas pelo símbolo do elemento químico que o constitui: Fe para ferro, W para tun gstênio e Au para ouro puro (24 quilates). As ligas metálicas são representadas comumente pela por centagem de cada metal que a constitui. Por exem plo: o ouro 18 quilates tem 75% de ouro (Au) . VALE A PENA ANOTAR ligações entre átomos de diferentes metais co�stituem as ligas metálicas. Veja alguns exemplos de ligas: Liga metálica Ligação entre Utilização Aço Fe + C (ferro e carbono) Estruturas metálicas Latão Cu + Zn (cobre e zinco) Instrumentos musicais, bijuterias, torneiras Bronze Cu + Sn (cobre e estanho) Estátuas e sinos Ouro 18 Au + Ag +Cu (ouro, ]aias quilates prata e cobre) Fórmula química é a que indica o tipo e o número de átomos envolvidos numa ligação: H2S04 O composto Os índices indicam que o composto agrega hidrogênio leva dois átomos de hidrogênio (H) (H), enxofre (5) e para um átomo de enxofre (5) e oxigênio (O) quatro de oxigênio (O) Para descobrir a natureza de um composto e sua fórmula, é preciso: 1. Conhecer o número de elétrons em sua ca- mada de valência, lembrando que: .,.. Metais têm, geralmente, até quatro elétrons na camada de valência; .,.. Ametais têm de quatro a sete elétrons nessa camada. 2. Entender como esses elétrons participam da ligação atômica: Entre ametais, as ligações são sempre cova lentes. O número de elétrons que falta para o octeto de cada átomo é igual ao número de liga ções covalentes que cada átomo deve fazer. Num composto iônico, entre metais e ametais, os elétrons se combinam de outra maneira: .,.. Metais doam todos os elétrons da camada de valência e se transformam em cátions com valência (ou carga) 1+, 2+ ou 3+; .,.. Ametais recebem os elétrons que restam para completar o octeto e transformam-se em ânions com valência 3-, 2- ou 1-. 3. Por fim, a fórmula de um composto iônico deve igualar o número de elétrons cedidos ao número de elétrons recebidos entre os átomos: .,.. Se o cátion A tem valência x+, então precisa- rá se ligar a x átomos do elemento B; .,.. Se o ânion B tem valênciay-, então precisará de y átomos do elemento A. Veja à direita, no alto, uma forma prática de definir a fórmula de um composto iônico. A fónnula eletrônica, também chamada fór mula de Lewis, representa os elétrons da camada de valência de cada átomo e as ligações entre eles, sejam elas iônica, sejam covalentes (veja ao lado). A fórmula estrutural representa apenas os dois tipos de ligação covalente, as covalentes normais e as dativas. As ligações covalentes nor mais são indicadas por traços, e as dativas, por setas. Veja como uma molécula de água é repre sentada pelos três tipos de fórmula: Fórmula eletrônica H · · O · ·H Fórmula estrutural Fórmula molecular FÓRMULA DE COMPOSTO IONICO NA PRATICA Rac iocín io s i m p les para igualar o n ú mero d e e létron s ced idos e recebidos n u m com posto iôn ico Perceba q ue íons com cargas o postas (H e 1-, ou 3+ e 3-) se l i gam na proporção de um para um (1:1). Por exe m p l o, na l i gação entre os íons cá lc io (Ca'') e oxigê n i o (O'-), a fó rmu la do com posto é apenas cao, porq u e basta u m átomo de cada e lemento para garant i r a estab i l i dade . As fórmulas eletrônicas Para ligação iônica + • • - < · · · ·· · · ·· · O cloro {C I) fica com oito Na'\ + : c 1 : elétrons na camada de \ • • valência e carga r ' O sódio {Na) cede seu único elétron da última camada e fica com carga 1+ Para l igação covalente normal • • • • • Q l!:il Q • • l!:i] • 0 0 Atomode oxigênio (O) Cada átomo O tem seis elétrons na camada de valência Para l igação covalente dativa • • @ . • • ·o .- · s<LYo · • • <LY • • • A • • • . r O átomo de enxofre (S) compartilha um par de elétrons com um dos átomos de oxigênio (O) por ligação cova lente dativa ·······� ········� ... Os dois átomos compartilham dois elétrons em duas ligações covalentes Com este outro átomo O, o átomo S estabelece duas ligações covalentes normais 6E QUI MICA 1015 • 35 11 1 11 .._ ..... li Capítulo_ EXERCÍCIOS 1. (Uerj 2013) Observe o s d iagramas de mudança de fases das substân c ias p u ras A e B, su bmetidas às mesmas condições experi mentais. Substância A lO ·116 80 tempo(min) ·89 Substância B 10 75 90 tempo(min) I n d i q u e a su bstânc ia q u e se fu nd " e mais rap idamente . Nome ie, tam bém, o p rocesso mais adequad o para separar u m a m i stura homogênea contendo vol u mes iguais dessas substâncias, i n ic ial mente à tem peratu ra amb iente, j u st if icando sua resposta. RESOLUÇÃO Lembrando: para uma substância pura, durante qualquer mudança de fase, a temperatura se mantém constante. Observe a linha verde no gráfico para a substância A. A temperatura se estabiliza, uma primeira vez a - 116 °C, entre 20 e 35 minutos: então A se funde em 15 minutos. Agora, no gráfico para a substância B: a fusão ocorre a - 89 °C, entre 10 e 30 minutos, ou seja, 20 minutos. Portanto, a substância A se funde mais rapidamente. Para a segunda parte da questão, observe nos dois gráficos que à temperatura ambiente (por redor dos 20 °C}, as duas substâncias já se fundiram e, portanto, estão no estado líquido. Repare, também, que a temperatura continua a subir até atingir um novo patamar estável. Esse segundo patamar refere-se a uma nova m udança de fase: a passagem do estado líquido para o gasoso. O ponto de ebulição de A é 50 °(, e a de B, 118 oc_ Se, em uma mistura, uma substância se transforma em vapor a uma temperatura mais baixa que a outra, elas podem ser separadas por destilação fracionada. 2. (EspceX/Aman 2013) São dadas as segu intes af irmativas: I . joseph j. Thomson, em seu mode lo atô m ico, d escrevia o átomo como uma estrutura na qua l a carga positiva permanecia no centro, constitu indo o núc leo, enquanto as cargas negativas g i ravam em torno desse n ú cleo; 1 1 . U m átomo, no estado fu ndamental, q u e possu i 20 e létrons na sua e l etrosfera, ao perder dois e létrons, gerará u m cátio n biva l ente correspondente, com configu ração e letrôn i ca - segundo o d i agrama d e L inus Pau l i ng - igual a 1s2 2s2 2p6 352 3p6; 36 • GE QUI MICA 2015 • 1 1 1 . A afi n id ad e e l etrôn i ca (el etroaf in i dade) a u menta conforme o raio atôm ico d i m in u i . Dessa forma, devido ao seu menor raio atôm ico, o oxigê n i o (Z=B) possu i ma ior af i n idade e l etrôn ica do q u e o enxofre (Z=l6), ambos pertencentes à mesma fam íl i a d a Tabela Periód i ca; IV. O raio d e u m íon negativo (ân ion) é sempre menor q u e o raio do átomo que l he deu or igem. Das afirmações feitas, ut i l izando os dados aci m a, estão corretas apenas: a) l e l l . b) I e 1 1 1 . c ) 1 1 e 1 1 1 . d) I e IV. e) li e IV. RESOLUÇÃO Analisando cada uma das afirmações: I. O modelo descrito no enunciado não foi proposto por }oseph }. Thomson, mas por Ernest Rutherford. O modelo Thomson é o "pudim de passas": um corpo de carga positiva pontilhado de corpinhos menores (elétrons}, de carga negativa. A afirmação é incorreta. 11. Vamos, primeiro, recordar o diagrama de Pauling: Distribuindo os 20 elétrons do á to mo em seu estado funda m e n ta l (não excitado) pelos níveis de ener gia (camadas) e subníveis, temos a seguinte configuração eletrônica: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p64s2. Os dois elétrons que transformam o átomo em cátion têm de estar na camada de valência, aquela q ue participa das ligações químicas - neste caso, a camada 4S2• Portanto, a configuração do cátion bivalente é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 Correta. 111. A eletronegatividade é a capacidade de um átomo se ligar a outro cedendo elétrons. Os átomos mais eletronegativos são aqueles que têm maiores afinidades eletrônicas. Quanto menor é o raio de um átomo, maior a força dos prótons para atrair seus próprios elétrons e retirar elétrons de outro átomo. o oxigênio tem oito prótons no núcleo - seu número atômico (Z= 8}. Em seu estado fundamental, esse átomo tem, então, também 8 elétrons. Distribuindo esses elétrons pelo diagrama de Linus Pauling, temos: 1s2 2s2 2p4 - ou seja, os 8 elétrons distribuem-se por duas camadas (1 e 2). O enxofre, com Z= 16, tem configuração eletrônica 1s2 2s2 2p6 3S2 3P4 (três camadas, 1, 2 e 3). Então, o oxigênio tem raio menor e, portanto, tem maior eletronegatividade. Correta. IV. Um ânion é um átomo que ganhou elétrons. Seu raio, portanto, é sempre maior que o raio do átomo que lhe deu origem. Incorreta. Resposta: alternativa c 3. (UFU 2012, adaptada) A construção da tabela per iódica de Men de leev deu-se pela necessidade de sistematização dos e lementos q u ím i cos até então descobertos, em m eados do sécu lo XIX. Um mov imento constante de organ ização dos e lementos q u ímicos i m pu l s i o n o u trabal hos de vár ios estud iosos da época, n u m a tentativa d e estruturar a q u ím i ca e confer i r- lhe c ient if ic idade. Pe la anál i se da tabela per iódica, faça o que se pede. Expl i que a d iferença da energia potencial do l ít io e do f lúor, relac ionando-a com O· raio desses e lementos. RESOLUÇÃO A energia potencial é a energia necessária para retirar um elétron de um átomo de uma substância no estado gasoso. Essa energia é maior quanto maior for sua carga nuclear; ou seja, seu número de prótons (Z). Veja na figura 1 como a energia potencial varia na tabela periódica. Quanto maior a carga nuclear; mais os elétrons são atraídos pelo núcleo. Então, quanto mais prótons tiver um átomo, menor será seu raio. A figura 2 mostra como o raio dos elementos químicos cresce na tabela periódica. O lítio (Li) tem z = 3; o flúor (F) tem z = 9. O potencial de ionização do flúor é maior porque esse elemento tem mais prótons. Por isso também, seu raio é menor. 4. (UFRGS 2013) Na reu n ião da I U PAC, que celebrou o f im do Ano Inter nacional da Quím ica, os mais novos elementos foram oficialmente denomi nados d e f leróvio, em homenagem ao físico russo Georgiy Flerov, e de l ivermório, em homenagem ao Laboratório Livermore da Cal ifórn ia. Esses são os do is e lementos mais pesados da tabela periódica e são altamente radioativos. O fleróvio apresenta número atômico 114 e n ú mero de massa 289, e o l ivermório (L v) apresenta n úm ero atôm ico 116 e n ú mero d e massa 292. O n úm ero de nêutrons em cada átomo do e lemento f leróvio e o n úmero d e nêutrons e m cada átomo do e lemento l ivermório são, respectivamente, a) 114 e 116. b) 175 e 176. c) 189 e 192. d) 289 e 292. e) 403 e 408. RESOLUÇÃO t preciso apenas lembrar conceitos fundamentais de número atômico (Z = número de prótons) e número de massa (A = soma de prótons e nêutrons). Então A = z + N, ou seja, N = A - z O fleróvio tem A = 289 e z = 114. Então N = 175. O livermório (L v) tem A = 292 e Z = 116. Então N = 176. Resposta: alternativa b Capítulo_ ISTO É ESSENCIAL! SUBSTÃNCIA E MISTURA As s u bstâncias, q uando resfriadas ou aquecidas, m udam de estado físico. Du rante a mudança de estado, a temperatura do material não se altera. Já n u ma m istura, a temperatura m uda d u rante as m udanças de estado. As m isturas q u e têm variação de tem peratura no ponto d e ebu l ição são eutéticas. Aquelas para as q uais a temperatura varia no ponto de fusão são m isturas azeotrópicas. Misturas homogêneas são as q u e têm apenas uma fase. H eterogêneas são aq u e las q u e apresentam mais de u ma fase. MODELO ATOMICO Modelo de Dalton: o átomo é uma esfera maciça e i n d iv is ível . Mode lo de Thomson: o átomo é como u m pud im de passas, com os e létrons negativos incrustados no núc l eo positivo. Modelo Rutherford-Boh r: o átomo tem o n úcleo no centro, com os e létrons c i rcu lando em volta, como planetas de u m sistema solar. PROTONS, N �UTRONS E ELÉTRONS O n ú mero d e p róton s é chamado n ú mero atôm ico. A s o m a d o n úmero atôm ico c o m o número d e nêutrons resu l ta n o n ú mero d e massa (A). I sótopos são átomos de um mesmo elemento q u ím ico (mesmo Z), mas com d iferente número de nêutrons, e, portanto, d iferentes números de massa. A relação entre o número de pró tons e o de e létrons define as propriedades qu ímicas dos átomos. fons são átomos que ganham ou perdem elétrons. Cátions perdem e létrons, ân ions ganham. NIVEIS E SUBNIVEIS DE ENERGIA Os elétrons se mo v imentam em sete camadas ou n íveis de energia. Cada camada é d iv id ida em subn íveis de energia: s, p, d e f, cada u m deles com u m máximo d e e létrons. O d iagrama de Linus Pau l i ng def ine como os e létrons se d istri buem por essas camadas e subn íveis: ls2 2s2 2p6 3s2 3p6 4� 3dw ... LIGAÇOES ATOMICAS Teoria do octeto: os átomos se l igam buscando a estabi l idade: preencher a ú lt ima camada (de valênc ia) com o ito e l étrons. Ligações iôn icas u ne m íon s c o m carga pos itiva (cátio n s) a íons com carga negativa (ânions). Quanto mais e le tronegativo for u m átomo, maior será sua força de atração d e e l étrons d e outro átomo. Nas l igações covalentes, os átomos de eletronegatividade próxima comparti l ham elétrons. Ligação covalente dativa: os elétrons comparti l hados pertencem originalmente a apenas u m dos átomos. GE QUI MICA 2015 • 37 Capítulo_ 2 As Transformações CLIMA O último relatório do IPCC confirma: a ação do homem é a responsável pelo aquecimento global H á anos a ciência se preocupa com o aumento do aquecimento global. A temperatura média da Terra subiu quase 1 oc entre 1880, quando começaram as medições, e 2012. Os cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Cli máticas (IPCC) reforçaram, no relatório divulgado em setembro de 2013, o que já vem sendo dito há alguns anos: são as ati vidades humanas que liberam, na atmosfe ra, os gases do efeito estufa que estão pro vocando o fenômeno. Pesquisas com o gelo profundo da Antártida, que guarda molé culas da atmosfera de muitos anos atrás, mostram mais: a concentração de dióxido de carbono (C02) e metano (CH4) é hoje a maior dos últimos 800 mil anos. E essa con centração tem crescido exponencialmente a partir do início da era industrial, no final do século XIX. Somente no século XX, a at mosfera foi poluída por 40% mais de co2. O relatório do IPCC não traz exatamen te nenhuma novidade, mas reforça os aler tas para que os governos cheguem logo a um acordo sobre as políticas para comba ter o aquecimento. O único compromisso internacional para reduzir as emissões de gases do efeito estufa assinado até hoje foi o Protocolo de Kyoto, de 1992. Por falta de consenso, o protocolo jamais foi efetiva mente aplicado. Um novo protocolo está sendo preparado para 2021. Os alertas incluem a previsão de que, se a temperatura global média subir até 2 oc - o que é bem possível -, as mudanças climáticas serão catastróficas. Terras férteis se torna rão áridas, os verões e invernos serão muito mais rigorosos. Segundo o IPCC, os oceanos podem subir 82 centímetros até 2100 - o que deve provocar a erosão de costas litorâneas e deixar submersas ilhas de baixo relevo. Conteúdo deste capitulo • lnfográfico . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 aula 1 • Substâncias i norgânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 aula :z Reações quím icas . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 aula 3 óxidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . so aula 4 • Ci nética quím ica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . s:z • Exercícios & Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . s& 6E QUIMICA 2015 • 39 As transfor mações tnfográfico Você respira química A atmosfera d a Te rra é u m a m i st u ra d e gases. Fe n ô m e n o s at m osfé ri cos, como o a u m e n to d o efe i to estu fa e o b u raco n a camad a d e ozô n i o, são res u l tad o d a co m b i n ação d e fe n ô m e n o s f ís icos c o m os q u ím i cos REAÇÃO AÉREA O Radiação Os raios de sol se propagam por radiação - ou seja, na forma de ondas. t assim que a luz atravessa o espaço sideral. O Agitação Os restantes 70% da energia se espalham pela atmosfera, aquecendo as moléculas dos gases que compõem o ar. Essa energia aumenta a agitação das moléculas. Raios de sol 1% Outros gases, Composição do ar inclusive os do efeito estufa Dióxido de Carbono (C02) óxido N itroso (N20) f) Reflexão A atmosfera funciona como as paredes de vidro de uma estufa: refiete de volta para o espaço cerca de 30% da energia solar que aqu i chega. O Prisão do calor Ao bater no solo, no mar ou em qualquer objeto na superfície do planeta, a energia é refietida de volta para o ar e não consegue atravessar toda a atmosfera, de volta para o espaço sideral. Então, ela é absorvida pelas moléculas do ar - é o efeito estufa. Poucos gases absorvem a energia solar. junto a outros, os gases do efeito estufa integram bem menos de 1% do volume de gases atmosféricos. Os principais são dióxido de carbono (C02) e metano (CH4). São gases importantes para o surgimento e a manutenção da vida no planeta. Sem e les, a Terra teria uma temperatura mínima de - 18 oc. Mas o aumento de sua concentração tem efeitos danosos. O Pré-era industrial Antes da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVI I I, a concentração de C02 era de 0,027% ou seja, a cada 1 milhão de l itros de ar, apenas 270 eram C02• COMO OS CFCs DESTROEM A CAMADA DE OZONIO Os CFCs - compostos de carbono e flúor - interferem no ciclo natural do ozônio e d iminuem a concentração desse gás na atmosfera Processo natural Com o gás CFC As moléculas de oxigênio (O,) se combinam em moléculas de ozônio (03}, que voltam a se dividir em duas moléculas 02 1 num ciclo permanente. Uma molécula de CFC, como CFCI3 , é quebrada pelos raios u ltravioleta (UV) e l ibera um Cl. O Cl livre choca-se com uma molécula de ozônio e lhe rouba um átomo de oxigênio, formando o radical livre CIO. O CIO volta a bater num 03 , forma duas moléculas o, e libera um átomo Cl. (t Hoje A industrialização aumentou muito a emiss:lo de carbono, tanto pela queima de combustlveis fósseis quanto pelas queimadas e derrubadas de matas. Hoje, cada 1 milhão de litros de ar contém quase 400 l itros de C02• Os grandes centros urbanos podem ter temperatura. bem mais alta que a de regiões ao seu rédor. tom a escassez de vegetaç:io, as extensas . area.s cobertas de asfalto e éoncreto refletem para o a.r grande parte dos raios infravermelhos recebidos. do Sol. A poluiç:lo por partlculas de pô, fuligem e gases, como o monóxido de carbono (CO}, ajuda a reter o calor perto da superllcie. Esse CI quebra outra molécula 03. O ciclo se repete indefinidamente, e a camada de ozônio fica cada vez mais rala. 42 • GE QUIMICA 2015 • AZEDINHO A sensação ácida que o paladar percebe no vinagre vem dos íons H' l i berados pelo ácido acético Ãcidos1 bases e sais Podemos dizer que a química trabalha com a receita de tudo o que existe no mundo material: os tipos de átomos que com põem a matéria e suas possíveis combinações. E, assim como um livro de culinária é dividido entre pratos doces e salgados, a química tem duas partes fundamentais: as funções orgâ nicas e as inorgânicas. As funções orgânicas envolvem substâncias que têm o carbono (C) como elemento principal (veja o cap. 6). Já as funções inorgânicas são aquelas relativas às substâncias compostas pelos demais elemen tos e obtidas de recursos minerais. As funções inorgânicas são, por sua vez, classificadas de acordo com suas características e proprieda des, em ácidos, bases, sais e óxidos. Esta aula trata de ácidos, bases e sais. Sobre óxidos, veja a aula 3 deste capítulo. É o processo pelo qual os átomos de hidrogênio (H) interagem com a água e se separam da molécula, transformando-se · no cátion H' ÁCIDOS São substâncias moleculares. Uma das princi pais propriedades dos ácidos é que, quando puros, não conduzem eletricidade. Porém, quando es tão dissolvidos em água, formam íons - ou seja, so frem ionização. Isso faz com que a solução passe a conduzir eletricidade. Porque perde átomos de hi drogênio, o restante da molécula do ácido fica com carga negativa. A carga depende do número de hi drogênios ionizados: para um hidrogênio ionizado (H'), a carga adquirida pelo restante do grupo de átomos é (1-) , para dois hidrogênios ionizados (2 H'), a carga adquirida pelo restante do grupo de átomos é (2-). E assim por diante. Todos os ácidos formam íons H'. Esse cátion é o responsável pelas propriedades comuns aos áci dos, como o sabor azedo. No estômago, é a acidez do ácido clorídrico (HCl) que garante a digestão dos alimentos. Veja outros exemplos de ionização: � O ácido clorídrico (H C I) perde seu único H (que se transforma em cátion H). O restante da mo lécula passa a ser o ânion Cl1. � O ácido nítrico (HN03) forma um cátion H' e um ânion NO/- � O ácido sulfúrico (H2SO.) forma dois cátions H' e o ânion SOl- � O ácido fosfórico H3PO. forma três cátions H' e o ânion P0.3- BASES As bases são também conhecidas como hidróxi dos, e contêm sempre o ânion hidroxila - um áto mo de oxigênio ligado a um de hidrogênio, com carga negativa (OH-). É esse ânion que dá às bases sua ca racterística de adstringência - um sabor que "amar ra" a boca, como o caju verde. As bases são compos tos iônicos - ou seja, aqueles formados por ligações iônicas -, que se estabelecem entre metais e ametais. Num composto iônico, os átomos não se organizam em moléculas, mas em retículo cristalino. No estado sólido, as bases puras não conduzem eletricidade, pois os íons estão presos no retículo cristalino. E a eletricidade só seria conduzida se eles estivessem livres para se deslocar. Mas, quando dissolvidas em água, as bases sofrem dissociação iônica ou dissociação eletrolítica, e os íons do composto se separam: de um lado, o ânion OH-, de outro, o cátion que completava o composto. NA PRATICA A lguns exem p los d e d issoc iação i ôn i ca � O h i d róx ido d e magnés io (Mg(OH),), encontrado n o l e i te de magnés ia, m is turado à água se separa em u m cát ion Mg'' e do i s ân ions OH· . � o h i d róx ido d e sód io (NaOH), d i ssociado, l i bera o cát ion Na• e o ân ion O H-. INDICADORES ÁCIDO-BASE São substâncias usadas para identificar a na tureza de uma substância, porque mudam de cor quando combinadas a um ácido ou a uma base. Algumas dessas substâncias são produzi das em laboratório. A fenolftaleína, por exem plo, é incolor quando em contato com um áci do, mas fica vermelha se misturada a uma base. O azul de bromotimol é amarelo num ácido e azul numa base. Alguns extratos vegetais - de flores ou do repolho-roxo, por exemplo - são chamados in dicadores universais, porque mudam de co loração mesmo com uma pequena variação de acidez ou basicidade.' .. L . ' ... l: : : · I ; t .iA I ARCO-IJIIS Um indicador universal adquire diversas cores quando misturado a ácidos ou bases. Na sequência de tubos de ensaio, a cor muda de vermelho (meio mais ácido) para o verde (meio neutro) e, por fim, o violeta, o meio mais básico SAIS I Os sais podem ser obtidos por uma reação quí mica entre um ácido e uma base numa solução aquosa. Esse tipo de reação é chamada de neu tralização, em que as características do ácido são neutralizadas pela base, e vice-versa. O pro duto é sempre um sal e água. É fácil entender por que uma reação de neu tralização cria água. Acompanhe o raciocínio: � Em água, um ácido se dissocia em um ânion e cátions H'; � Também dissolvida em água, uma base se dissocia em um cátion e ânions OH-; � Quando essas duas soluções são combinadas, os cátions H' reagem com os ânions OH- for mando moléculas H20, a água. � O sal é a união dos ânions provenientes do ácido com os cátions originados da base. Como toda substância formada por cátions e ânions, os sais são compostos iônicos. Quando são dissolvidos em água, resultam numa solu ção que conduz eletricidade pelo mecanismo da dissociação iônica. VALE A PENA ANOTAR A diferença entre ionização e dissociação iônica é que, no primeiro processo, os íons são criados a partir de uma molécula neutra. No segundo, os íons já existem no composto iônico. Apenas são separados dele. GE QUIMICA 2015 • 43 Transmissão de eletricidade A condutividade elétrica depende da existência de íons na solução O Para NaCI cl- Na' Cl- Nahjl Na• (1- Na' Cl- H,O O sal de cozinha (NaCI) é um composto iônico. Sua estrutura é estável e neutra porque os íons estão "casados". Na água, os íons se soltam e, l ivres, trafegam de um polo a outro do fio elétrico. O Para sacarose Soluçâo I aquosa de sacarose I . - �--.� M M M M M H , O A sacarose é um composto molecular, sem íons. As moléculas (M) se separam, na água, mas mantêm todos os seus átomos. A sacarose não se ioniza. Sem íons na solução, não há eletricidade para trafegar entre os polos. 44 • GE QUIMICA 2015 • NA PRÁTICA O sal de coz i n h a, N aCI, pode ser obt ido da com b i n ação e ntre um ácido e uma base o ác ido c l or íd r i co (HC I ) e a soda cáust i ca ( h i d róx ido de sód io, NaOH) Veja .,. O com posto i ôn i co HC I, em água, se d i ssoc ia n u m cát ion H+ e num ân ion C l - ; .,. O o utro com p osto i ô n ico NaOH s e d i ssoc ia em Na• e OH- ; .,. O cát ion W se c o m b i na com o ân ion OH e forma mo lécu las d e água; .,. o cát ion N a• se u n e ao ân ion C I- é o sal de coz i n h a, NaCI SOLUÇÕES ELETROLÍTICAS São soluções que conduzem bem a eletrici dade. As substâncias dessas soluções são cha madas eletrólitos. A condutividade elétrica depende da existência de íons. Assim, é fácil entender que uma solução de compostos iôni cos conduza bem a eletricidade. Sais e bases são compostos iônicos que dão soluções eletrolíti cas. Quanto mais solúvel é uma base ou um sal, maior é sua capacidade de transmitir eletrici dade e maior é a condutividade da solução. Já a condutividade elétrica de compostos moleculares (que não contêm íons) depende da capacidade que as moléculas do composto têm de se ionizar em solução aquosa. É o caso dos ácidos. Todos os ácidos sofrem ionização. Então, todos têm condutividade elétrica quan do em solução. Os compostos moleculares que não se ionizam produzem soluções não eletro líticas. É o caso da sacarose. Veja, no infográfi co Transmissão de eletricidade, à esquerda, a diferença entre a condutividade de um com posto iônico e a de outra solução, de um com posto molecular, que não se ioniza. NOMENCLATURA E FÓRMULAS Nomear um sal e montar sua fórmula não é nada difícil. Mas requer bastante atenção. Vamos passo a passo. O nome de um sal... 1 . ... vem dos compostos que o originaram (um ácido e uma base). 2 • . . . começa pelo nome do ânion (vindo do ácido) seguido pelo nome do cátion (vin do da base). 3. O cátion mantém o nome do próprio ele mento químico. 4. O nome do ânion pode terminar em "eto", "ato" ou "ito". Isso depende do nome do ácido que deu origem ao ânion. DO ACIDO SAl O NOME DO SAL IDRICO ICO os o Veja alguns exemplos: _.correspondem a ânions terminados em ETO ATO ITO .,. Ácido sulfídrico (H2S) -+ íon sulfeto S2- .,. Ácido sulfúrico (H2S04) -+ íon sulfato SO� .,. Ácido sulfuroso (H2S03) -+ íon sulfito so�- NA PRÁTICA O c lo reto de sód io, p rod uz ido da comb inação de ác ido c l or ídr ico com h i d róx ido de sód io .,. O pr i me i ro nome, c lo reto, i n d ica q u e o C l - é o ân ion reti rado de u m ác ido (c lo ríd r ico) .,. A segu nda parte do nome, "de sód io" Na•, i n d ica q ue o sód io é o cátion da base. .,. Se a fórm u l a traz antes o cáti on e depo i s o ân ion, a fórm u l a do c l o reto d e sód io é NaCI .,. Na CI é um c lo reto, e não c l o rato ou c i o r i to, porq ue o ân ion sa iu de u m ác ido cu jo n o m e te rm ina em " ídr i co" A fórmula de um sal deve trazer a quantida de de átomos envolvidos. Nesse caso, segue-se a regra para a fórmula de qualquer composto iônico: analisa-se a configuração eletrônica de cada um dos elementos químicos do compos to e verifica-se a proporção entre eles (veja no capítulo 1, aula 4). Na1� 3 4 1 CaY�z 1 1 Fer�;y 1 1 EM RESUMO Substância H,SO, (ácido sulfúrico) Na OH (hidróxido de sódio) H,S03 (ácido sulfu roso) Na OH (hidróxido de sódio) o u Na3P04 ou CaS04 o u FeP04 Anlons . Cátions Sal (son (sulfato) H' Na,SO, (sulfato (OH-) Na' de sódio) (hidróxido) (sódio) (SOl-) H' (sulfito) Na,S03 (sulfito (OH-) Na' de sódio) (hidróxido) (sódio) A COR COMO TESTEMUNHA A reação de uma solução de nitrato de chumbo com outra, de iodeto de potássio, produz o amarelíssimo iodeto de chumbo Combinação química Você já viu, nas aulas anteriores, que: � As substâncias são formadas de átomos; � Esses átomos se juntam em moléculas ou num retículo cristalino; � Essa junção atômica se dá por meio de li gações químicas. Agora você vai ver que: � Quando as ligações químicas são quebra das, ocorre uma reação química; � Numa reação, as substâncias originais (cha madas reagentes) se recombinam e dão origem a outras substâncias (produtos). N uma reação química, a estrutura da ma téria é alterada. Mas ainda identificamos os átomos que compõem cada substância. Por exemplo, numa molécula de água, identifi camos perfeitamente os elementos químicos hidrogênio e oxigênio que a compõem. Uma reação ocorre quando as ligações quími cas se rompem. Isso se dá quando a quantidade de energia num sistema é alterada. Essa mudan ça pode acontecer por diversos meios, como a al teração da temperatura, a mistura de substâncias que funcionam como catalisadores, a incidência de luz ou a passagem de corrente elétrica (veja outros fatores que alteram a energia numa reação química na aula 4 deste capítulo). GE QUIMICA 2015 • 45 46 • 6E QUIMICA 2015 • BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES QUIMICAS Uma reação é representada como equação química. Assim como ocorre nas receitas de culinária, uma reação depende não apenas dos ingredientes (reagentes), mas também da pro porção em que esses ingredientes são empre gados. Veja o que ocorre com a reação dos ga ses oxigênio (Oz) e hidrogênio (H2), que resulta em água (HzO): Estado inicial Estado final 8 8 M1sturando os g H2 02 dOis gies �O e lançando uma faisca Gás hidrogênio PF = -259°C PE = -253°C Gás oxigênio PF = -218°C PE = -183°C Agua PF = 0°C PE = 100°C Repare que o produto da reação acima, (a água) tem propriedades muito diferentes das dos reagentes - estado físico, pontos de fusão (PF) e de ebulição (PE). Então houve uma rea ção química. Mas a natureza dos átomos não se alterou: o oxigênio continua sendo oxigênio,e o hidrogênio, hidrogênio. Assim como as equações matemáticas, as quantidades de um lado da equação devem ser iguais às quantidades do outro lado. Então, para escrever a equação de uma reação, é preciso: .,. Conhecer a fórmula dos reagentes; .,. Conhecer a fórmula dos produtos; e .,. Verificar se a quantidade de átomos de um lado da equação (dos reagentes) é igual à quan tidade de átomos do outro lado (dos produtos). Na reação que resulta em água, sabemos que a água é produto da reação dos gases hidro gênio e oxigênio. E conhecemos a fórmula de cada um dessas substâncias. Veja: Estado inicial Estado final 8 8 M1sturando os Q do1s gases H2 02 • H20 e lançando uma faisca Gás hidrogênio H, (2 átomos) Gás oxigênio + O, (2 átomos) Agua H,O (3 átomos) O índice é também chamado atomicidade porque indica o número de átomos de um composto. No entanto, repare: o número de átomos do produto (H20) é diferente do número de áto mos dos reagentes. Falta um átomo de oxigê nio. Para igualar esse número, temos de fazer o balanceamento da equação. Isso é feito acres centando-se coeficientes. O coeficiente não altera o número de átomos, mas de moléculas: + lndice = número de átomos Coeficiente = número de moléculas Repare que agora temos duas moléculas de hidrogênio (com dois átomos cada uma) e uma molécula de oxigênio (também com dois áto mos cada uma). O produto são duas moléculas de água. O número de átomos se mantém dos dois lados: quatro átomos de hidrogênio e dois átomos de oxigênio. No balanceamento de uma equação jamais se mexe nos índices - ou seja, jamais se altera o número de átomos. Fazer isso significa alterar a substância. Por exemplo: H20 é uma molécu la de água. Mas H202 é peróxido de hidrogênio, a água oxigenada. O balanceamento de uma equação explica muita coisa. Por exemplo, o metano (CH4), que contribui para o aquecimento global ao inten sificar o efeito estufa. Veja a reação referente a esse fenômeno químico: Uma molécula t Duas moléculas Uma molécula t Duas moléculas de metano de oxigênio -+ de dióxido de de água carbono ........ + • _.... + • • • CH4 + 20, _.... CO, 2H,O (1 C, 4 H), (4 0), (1C, 2 O), (4 H, 2 O) Note que: � O número de átomos de carbono e de hi drogênio permanece o mesmo, dos dois lados da equação (1 C) e (4 H); � O mesmo acontece com o oxigênio: os qua tro átomos existentes no início da reação se mantêm no produto; � Só que, no produto, os átomos de oxigênio se separam: dois deles compõem o dióxido de carbono (C02); os outros dois entram em duas moléculas de água (2 H20). BALANCEAMENTO NA PRATICA A lgumas d i cas para fazer o ba lanceamento de u ma eq u ação. Vamos ba lancear a segu i n te eq u ação C,H60 + etano i (2 C, 6 H, 1 0) o, oxigênio (2 0) -+ CO, + H,O d ióx ido de carbono água (1 C , 2 O) (2 H , 1 O) � Passo 1: comece o balanceamento pe los e lementos q u e aparecem apenas u ma vez d e cada lado da eq uação. N o caso, o h i d rogê n i o (H) e o carbono (C) � Passo 2: para ba lancear o carbono (C), q u e tem 2 átomos de u m lado, temos d e m u d a r o coefi c i ente do outro lado : � Passo 3: d e h i d rogê n i o (H), há se i s átomos de u m lado e apenas do is de outro . Para ba lancear, vamos d e novo a p l i car o coefic i en te adequado: � Passo 4: confer imos se o n ú mero d e átomos dos demai s e l ementos está igua l dos do is lados. Neste caso, temos três átom os d e oxigên io entre os reagentes e sete de les n o p ro d u to. En tão, temos d e alterar o coefi c i en te de um dos reagentes: C,HGO + 3 O, -+ 2 CO, + 3 H,O VALE A PENA ANOTAR Nas provas do E nem e do vestibular, os exercícios de balanceamento costumam fornecer no enunciado a fórmula de cada substância ou composto envolvido na reação. Mas, em alguns casos, os examinadores consideram esse dado como conhecido pelo aluno. Vale a pena, então, memorizar algumas fórmulas de compostos mais comuns. GE QUIMICA 2015 • 47 48 • GE QUI MICA 2015 • TIPOS DE REAÇÕES As reações podem ser classificadas por diferentes critérios. Alguns dos principais tipos são: � Reação de síntese ou adição Duas ou mais substâncias resultam num único produto. Genericamente: A + B ""* C São reações de síntese: H2 + Cb -+ 2 HCl 2 co + o2 -+ 2 co2 CaO + H20 -+ Ca(üH)2 SINTESE o potássio é sólido e tem estrutura cristalina. O cloro tem estrutura molecular. A combinação das duas substâncias provoca + Cl, (gasoso) 2 KCI(sólido) uma reação que sintetiza uma terceira substância, o cloreto de potássio. Esse cloreto é sólido e de estrutura cristalina, mas diferente da estrutura de qualquer um dos reagentes � Análise ou decomposição Nesse tipo de reação, um único composto se separa em substâncias mais simples quando é submetido a calor, cor rente elétrica ou luz. Genericamente: Dependendo do agente físico usado, a decomposição recebe nomes diferentes. Uma decomposição obtida por calor é chamada pirólise (piros = fogo e lise = quebra). A resultante da passagem de corrente elétrica é eletrólise, e a produzida por luz, fotólise. Constituem reações de decomposição: (NHJ2Cr207 -+ Cr203 + 4 H20 + N2 (pirólise) 2 H202 -+ 2 H20 + 02 (fotólise) 2 HgO(sólldo) � 2 Hg(llquido) + DECOMPOSIÇAO O óxido de mercúrio é um sólido de estrutura cristalina. O símbolo r:. sobre a seta, na figura ao lado, representa aquecimento. Se o óxido de mercúrio é aquecido, a substância se decompõe em seus elementos originais: O,(gasosol mercúrio e oxigênio � Deslocamento ou simples troca Uma substância simples reage com uma substância composta (constituída de vários elementos). Nessa re ação, a substância simples desloca (ou seja, substitui) um elemento da substância composta. Genericamente: A + BC -+ AC + B São reações de deslocamento: Cl2 + 2 KI -+ 2 KCl + 12 Zn + 2 AgN03 -+ Zn(N03)2 + 2 Ag Br2 + (NH.)2S -+ 2 NH.Br + S 2 Li (só l ido) + 2 H,O (I íquido) SIMPLES TROCA -+ 2 LiOH (aquoso) + H, (gasoso) Na reação entre o lítio e a água, os átomos de hidrogênio e oxigênio da água se separam. O lítio se combina com o oxigênio e com parte dos átomos de hidrogênio para formar o hidróxido de lítio, em solução aquosa. Outra parte dos átomos de hidrogênio se recombina de dois em dois, constituindo o gás hidrogênio � Dupla troca Íons de cargas iguais trocam de posição, produzindo ou tros dois compostos. Genericamente: AB + CD -+ AD + CB São reações de dupla troca: HN03 (aq) + KCN <•q) � KN03 Caq) + HCN Cg) 3 Ca(OH)2 Caq) + 2 FeC13 caq) � 3 CaC12 caq) + 2 Fe(OH)3 cs) H2SO• caq) + 2 NaOHcaq) � Na2SO• caq) + 2 H20 cl) 2 AgNo,(aquoso) + Na,CrO.(aquoso) -+ Ag,Cr04{sól ido) + 2 NaNO, {aquoso) DUPLA TROCA Todos os reagentes estão dissolvidos em água. Veja que o ânion de um composto se combina com o cátion de outro. Assim, a prata (Ag') se casa com o Cro;: E o sódio (Na'), com o NO;. Entre os produtos, um está no estado sólido EM RESUMO O BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES QUIMICAS · Quando o coefic i ente o u o í nd i ce forem igua is a 1, não é necessár io escrevê- los H O � / 2 átomos de h i d rogênio s ign ifica � 1 átomo d e oxigênio z · Quando o coefi c i ente for maior q ue 1, e l e é m u lt i p l icado pe lo í nd i ce dos e lementos para i n d icar o n ú mero de átomos: 2 . 2 = 4 átomos . .fi / d e h i drogê n i o 2H O � � s r g n t ca � 2 X l = 2 átomos de oxigênio OS TIPOS DE REAÇAO � S ín tese ou adi ção A + B -+ C � Anál ise ou decom posição A -+ B + C � Des locamento ou s i m ples troca A+ BC -+ AC + B � Du p la-troca AB + CO -+ AO + CB ATENÇÃO Nas equações químicas, os índices (g), (/) e (s) que aparecem ao pé de alguns compostos indicam o estado físico da substância - gasoso, líquido ou sólido, respectivamente. o índice (aq) significa solução aquosa. &E QUIMICA 2015 • 49 VERMELHO DE CORROSAO A ferrugem,que ataca as superfícies metálicas, e uma reação do ferro com o oxigênio e a água do ar, que resulta num hidróxido 50 • GEQUIMICA 201S • A força do oxigênio -Oxidas são substâncias binárias, aquelas formadas por dois elementos químicos. Um desses é, obrigatoriamente, o oxigênio (O). O outro elemento pode ser um metal ou um ametal. Num óxido, o oxigênio é sempre o ele mento mais eletronegativo. Quando se liga a um metal, o oxigênio esta belece uma ligação iônica. Se unido a um ame tal, a ligação é covalente (veja o capítulo 1, aula 4). Dessa forma, existem dois tipos de óxido: os iônicos e os moleculares. ÓXIDOS IONICOS Os metais usados no dia a dia são obtidos da purificação de minérios. E grande parte desses minérios é constituída de óxidos iônicos. Os óxidos iônicos são nomeados de acordo com o metal que se liga ao oxigênio. Isso signi fica que o número de átomos de oxigênio que compõem um óxido iônico não importa para o nome de um óxido iônico. Mas é claro que, na fórmula, esse número tem de ser balance ado com a valência do outro elemento. Veja os exemplos abaixo: NOME óxido de sódio Na,o 2 Na+ óxido de magnésio MgO 1 Mg>+ óxido de alumínio Ah03 2 All+ 1 1 LEMBRE· SE Numa l igação iôn ica, o oxigên io (O) sempre recebe dois e létrons e se transforma no ânion o'-. o número de átomos O depende da carga do cát ion que compõe o óxido iôn ico. Num óxido, o oxigênio é sempre o elemento mais eletronegativo (tem maior facilidade de receber elétrons). Mas, pela tabela periódica, o fiúor é o único elemento mais eletronegativo que o oxigênio. Por isso, não existem óxidos de fiúor. FOTOS: [l] IEAN GALLUP, [l] KEVIN WEBB/NHM PARA UMA COLHEITA MELHOR O óxido de cálcio, conhecido como cal virgem, é aplicado nos canteiros e áreas de cultivo para diminuir a acidez do solo A maioria dos óxidos iônicos tem uma pro priedade importante: reage com a água, for mando uma base, um hidróxido. Isso ocorre especialmente entre os óxidos de metais alca linos e os alcalino-terrosos (famílias 1 e 2 da tabela periódica). Veja: Na20 + H20 � 2 NaOH (óxido de sódio + água = hidróxido de sódio) CaO + H20 � Ca(OH)2 (óxido de cálcio + água = hidróxido de cálcio) Por essa propriedade, os óxidos iônicos po dem ser usados para neutralizar os ácidos, criando a partir deles um sal. ÓXIDOS MOLECULARES São aqueles que se formam da ligação entre o oxigênio e qualquer ametal. A única exceção é o flúor. Muitos óxidos moleculares são gaso sos. É o caso do gás carbônico (C02) e do mo nóxido de carbono (CO). Nos óxidos moleculares, o oxigênio pode se combinar em diversas proporções ao outro elemento químico. Por exemplo, existem seis óxidos de nitrogênio: NO, N02, N20, N203, N204 e N205. O número de átomos O varia para ba lancear o número de átomos N. Mas todas essas substâncias são óxidos. Para identificar o número de átomos que com põem um óxido molecular, usamos prefixos: Mono Di Tri letra Penta 4 Esses prefixos são usados tanto para indicar o número de átomos O quanto o de átomos do outro elemento químico do composto. Então, termos como "di", "tri" ou "tetra" podem apare cer duas vezes no nome de um óxido. Veja: NO MERO NOMERO DE NOME DO FORMULA DE ATOMOS DO ATOMOS O AMETAL COMPOSTO N,O 1 (mono) 2 N (di) Monóxido de d i nitrogênio NO, 2 (d i ) 1 N Dióxido de nitrogênio CO, 2 (di) 1 ( Dióxido de carbono N,04 4 (tetra) 2 N (di) Tetróxido de d in itrogênio P,05 s (penta) 2 P (d i ) Pentóxido de difósforo Repare que o prefixo "mono" não é usado para o ametal. Não dizemos dióxido de mono carbono, mas dióxido de carbono, apenas. OS ÓXIDOS E A ATMOSFERA Os óxidos moleculares podem reagir com a água e formar ácidos. A atmosfera é rica em umi dade. Assim, é fácil que ocorram reações que pro duzam ácidos. Em outras palavras, os óxidos mo leculares podem ser grandes agentes polui dores. Alguma proporção de óxidos moleculares na atmosfera é natural. O problema está no au mento dessa proporção, causado pelas ativida des humanas. É o caso do gás carbônico (dióxi do de carbono, C02). O excesso de C02 não tem como efeito ape nas o aumento do efeito estufa e as consequen tes alterações climáticas (veja o ínfográfico na pág. 40). Esse gás, ao reagir com a água, cria ácido carbônico. Outros óxidos produzem ou tros ácidos, como o sulfuroso e o sulfúrico. To dos esses ácidos juntos criam as chuvas ácidas, que afetam o solo, a vegetação e os mananciais, além de comprometer as estruturas de concre to e metal construídas pelo homem (veja mais sobre acidez no capítulo 4). Gl QUIMICA 2015 • 51 52 • GE QUI MICA 2015 • E, DE REPENTE, FEZ·SE A LUZ Quando você acende um fósforo, assiste a uma reação química desencadeada em altíssima velocidade Uma questão de ritmo As reações químicas ocorrem em diferen tes velocidades. Algumas, como o acen der de um fósforo, são instantâneas. Ou tras são mais lentas, como o metabolismo dos alimentos no organismo humano ou o apodre cimento de um alimento malconservado. Há, ainda, aquelas que levam dezenas ou centenas de milhões de anos para ocorrer, como a for mação da atmosfera terrestre ou do petróleo. A velocidade das reações depende de uma série de fatores. E a área da química que estuda essa velocidade e os fatores que nelas influem chama-se cinética química. RAPIDEZ DAS REAÇÕES Em física, na mecânica, a velocidade é a va riação do espaço percorrido por um móvel em determinado intervalo de tempo. Na química, o conceito de velocidade é um pouco diferen te: é a rapidez com que uma reação se realiza, sempre levando em conta a quantidade de rea gentes consumidos ou a de produtos formados. Essa quantidade pode ser expressa em massa, volume ou em moi. Pode, também, ser dada em termos de concentração (sobre concentração e mal, veja o capítulo 3). A regra geral é que, em toda reação, a quantidade de reagentes dimi nui, enquanto a quantidade dos produtos aumenta. Para a reação R -7 P, a concentração de R cai, enquanto a concentração de P sobe. Essa mudança nas concentrações não mantém o mesmo ritmo durante toda a reação. No início, a quantidade de R cai rapidamente e a de P sobe rapidamente. Com o passar do tempo, a variação segue mais lenta. Como regra geral, à medida que os reagentes são consumidos, a velocidade da reação diminui. Veja: [ P ] [ R ] A CURVA A concentração do produto P (em azul) cresce à medida que o reagente R (em vermelho) é éonsumido. As curvas aproximam-se gradualmente da paralela com o eixo do tempo. Isso indica que a transformação de R em P é cada vez mais lenta. O gráfico dá muitas informações importantes: .,.. A quantidade de substância P no início da reação é zero. Então essa substância é o pro duto, e R, o reagente; .,.. No início da reação, a concentração de P e a de R variam muito rapidamente; .,.. Depois, a concentração de ambas as substân cias varia num ritmo mais lento. TEORIA DAS COLISÕES Você sabe: uma reação química ocorre quando as ligações entre átomos ou íons dos reagentes se quebram e se rearranjam, formando novas substân cias, os produtos. Mas como e quando isso ocorre? Como sempre fazem quando querem entender um fenômeno impossível de ser visto diretamente, os químicos criaram um modelo para explicar o que ocorre durante uma reação química, com base no que é observado em experimentos. Esse modelo é a teoria das colisões. De acordo com essa tese, para que uma reação ocorra, as partículas dos reagentes devem colidir entre si numa determinada velocidade e com certa frequência. Numa substância qualquer, a cada segundo ocorrem bilhões de colisões entre átomos, íons ou moléculas. Mas poucas dessas colisões iniciam uma reação - ou seja, ocorre um número muito menor de colisões efetivas. Isso depende de dois fatores: a energia e a orientação do choque. A energia do choque é cinética - ou seja, aquelarelacionada à velo cidade das moléculas. É fácil de entender: se um carro colidir com um poste a 100 km/h, o estrago será maior do que se o choque se desse a 50 km/h. Assim também acontece com as moléculas e os íons: para que É importante a posição dos átomos na hora do choque. Uma orientação adequada é aquela que põe em contato direto os átomos que vão estabelecer as novas ligações . as ligações se quebrem, é preciso que a coli são tenha a energia cinética adequada. Quanto maior a energia, maior a velocidade da reação. Quanto maior o número de colisões, maior a possibilidade de conseguir a energia necessá ria para quebrar as ligações dos reagentes. Mas essa efetividade depende, ainda, de uma orien- � tação adequada. A teoria das colisões propõe também uma ex- plicação para o fato de que nem todas as r::olisões desencadeiam uma reação. Acompanhe: .,. Moléculas que se movem lentamente têm baixa energia cinética; .,. Ao se colidirem, as eletrosferas dessas moléculas não se interpene tram. Ao contrário, se repelem, por causa da carga dos elétrons. Assim, não há quebra de ligações nem formação de novas substâncias. Porém, para essa mesma reação, se a temperatura dos reagentes for elevada, a situação muda. Acompanhe: .,. Quanto mais alta a temperatura, maior é a agitação das moléculas; .,. Com velocidade maior, os átomos trombam com maior energia cinética; .,. Isso faz com que as eletrosferas se confundam, criando um complexo ativado - um estado de transição entre as substâncias originais (rea gentes) e a formação de novas substâncias (produtos). Veja: . + . __.... ·----·---· ____.. • + • 111 __.... ·------· ____.. • + • • __.... , . ____.. • • •. + +. ·---· + REAGENTES __.... COMPLEXO ATIVADO __.... PRODUTOS No complexo ativado, as ligações estão enfraquecidas, prestes a se rom per. Quando o sistema atinge a energia mínima necessária para rompê-las, a reação se completa com a formação de novas substâncias. Romper essa barreira energética significa atingir a energia de ativação (Ea) - aquela necessária para desencadear a reação. A energia de ativação é sempre maior que a energia original dos reagentes. Essa variação pode ser representada em gráfico. COLISÕES EFETIVAS NA PRÁTICA Para que a reação N03 1g1 + C0 1g1 � N0, 1g) + C0, 1g1 ocorra, três cond ições têm de ser satisfeitas: 1. Orientação correta A colisão pode ter energia suficiente, mas essa orientação não é adequada porque o choque se dará entre os átomos de oxigênio, que não reagem entre si. Neste caso, não ocorre a reação. 2. Energia suficiente Nesta segunda possibil idade, a orientação das partículas dos reagentes é adequada: o átomo C quebrará as l igações de NO, para roubar um átomo O. Mas a colisão ocorre numa velocidade mu ito baixa. Não há energia suficiente para provocar uma reação. + 3. Tudo certo A velocidade com que as partículas se chocam fornece energia suficiente para a quebra das ligações. E a orientação das partículas dos reagentes é adequada: o átomo C baterá num átomo O. Podemos então dizer que a energia de ativação é a energia mínima necessária para que uma reação seja desencadeada. &E QUIMICA 2015 • 53 1. As moléculas dos dois reagentes viajam a uma velocidade tal que dá ao conjunto a energia cinética adequada 2. Se no choque a energia superar a barreira da energia de ativação, os átomos, por um instante, confundirão seus elétrons, enfraquecendo as ligações 3. Reorganizados os átomos em novas substâncias, a energia do sistema volta a cair 54 • GE QUIMICA 2015 • Para a reação CO + N02 -+ C02 + NO, o gráfico de energia seria este: 3. Produtos Caminho da reação Entre duas reações que ocorram nas mesmas condições, a que tem menor energia de ativa ção (EJ se dará com maior rapidez, pois mais facilmente as moléculas atingirão a energia de ativação e, por consequência, o estado de com plexo ativado. Compare as reações mostradas nos dois gráficos abaixo: Produtos Caminho da reação Reagentes Produtos Caminho da reação ENERGIA E VELOCIDADE Pelo pico da curva em cada um dos gráficos percebe·se que a energia de ativação da reação li é mais alta que a energia de ativação da reação I . Isso significa que a barreira energética que os reagentes da reação li têm de ultrapassar para reagir entre si é mais alta. Então, a reação li é mais lenta do que a reação I. O QUE INFLUI NA VELOCIDADE: � Estado físico dos reagentes A velocidade das partículas de uma substância depende do esta do físico em que ela se encontra. A velocidade é baixa no estado sólido, cresce no estado líquido e atinge o máximo no estado gasoso. Quanto maior é a velocidade das partículas, maior é a energia do sistema e mais veloz é a reação, então as re ações com reagentes gasosos costumam ser as mais rápidas. NA PRÁTICA Quando m i s tu radas, as su bstânc ias c l o reto de sód io (NaC I ) e n it rato de p rata (AgN 03) fazem u ma reação de d u pla troca q u e res u l ta em d o i s p ro d u tos n i t rato de sód io (NaN03) e o prec ip i tado d e c l o reto de p rata (AgCI). Mas esse p rec i p i tado só aparece quando a reaçd.o se dá em uma so l u çd.o. Separados pela água e l ivres, os íons Ag• e C l co l i dem com boa ve loc idade, reagem e formam o prec i p i tado. já q uando os reagentes estão no estado só l i d o, os íon s estão p resos no retíc u l o cr ista l i n o do sal - a reação não oco rre. � Su perfície de contato Experimentalmen te se verifica que a velocidade de uma reação é tanto maior quanto maior for a superfície de contato entre as substâncias reagentes. Nesse sentido, sistemas gasosos e líquidos oferecem condições mais favoráveis que os sistemas sóli dos. Explica-se: uma reação acontece entre os átomos de uma substância. No estado sólido, só os átomos da superfície entrarão em contato com os da substância com que deveriam reagir. Assim, quanto mais pulverizado for o sólido, maior será a superfície de contato entre os áto mos e maior a velocidade da reação. NA PRÁTICA U m compri m ido de v i tam i na C co locado em água p rovoca efervescênc ia . I n te i ro, somente os átomos da s u perfíc ie ent rarão em contato com a águ a, e a reação vai ocorrendo l entamente à med ida q u e os átomos vão pau l at i namente sendo expostos. Se o com pr im ido for q uebrado em vários pedac i n hos, a reação oco rrerá mais rap i damente, po i s mais átomos serão expostos à água ao mesmo tempo. Daí, mais co l i sões oco rrem num mesmo i n tervalo de tem po, e maior é a ve loc i dade da reação. .,.. Temperatura Quanto mais alta a tempera tura, maior a velocidade da reação. Isso porque a temperatura tem relação direta com a veloci dade das partículas e, portanto, com a energia cinética do sistema. Quanto maior a tempera tura, maior é a energia cinética das moléculas e, portanto, maior será a probabilidade de um choque efetivo - aquele que ocorre com a ener gia suficiente e na orientação adequada. MARTYN F. CHILLMAID/SCIENCE PHOTO LIBRARY NA PRÁTICA A i n fl uênc ia da temperatu ra na ve locidade das reações tem várias ap l icações no d ia a d ia. Por exemp lo, o coz imento de fei jão (ou q ua lquer outro a l imento) em panela de pressão A pressão mais a l ta e l eva a temperatu ra no i n ter ior da pane la, e o fe ijão coz i nha mais ráp i do. No sent ido i nverso, a baixa temperatu ra no i nter ior de uma gelade i ra retarda o processo de apodrec i mento dos a l imentos. .,.. Concentração É a quantidade de reagentes, ou o número de moléculas de reagentes, exis tente em determinado volume (tema tratado mais detalhadamente no capítulo 3). Quanto maior é a concentração de um reagente, mais moléculas dessa substância existem em deter minado volume. Como a velocidade de uma reação depende do número de colisões efeti vas, então quanto mais próximas estiverem as moléculas, maiores serão as chances de ocor rer colisõesefetivas. Por isso, um aumento na concentração dos reagentes eleva a velocidade da reação. NA PRÁTICA Qualq ue r combustão depende da reação do combu stível com o ox igê n i o U ma pal ha de aço posta sobre u m a chama q u e i ma-se re lat ivamente ráp i do, porq u e o ar contém ce rta concentração de ox igê n i o. Mas a combustão será m u ito mais ve loz se for p rovocada num rec i p i ente fechado, q u e contenha apenas ox igê n i o A concentração de ox igê n i o no ar é menor do q u e n u m am b iente de ox igê n i o pu ro, é c l aro. CATALISADORES São substâncias químicas que aumentam a velocidade de uma reação sem participar dire tamente dela, ou seja, sem serem consumidas. Os catalisadores alteram o mecanismo de uma reação, baixando a barreira da energia de ativa ção. Ao final da reação, os catalisadores podem ser recuperados e reaproveitados. Veja no gráfico abaixo como uma reação tem a velocidade alterada com o emprego de um catalisador: i E, t t E, t Reagentes _______________ l __ _ _ llH _____________ _.______________________ _____ Produtos MÃOZINHA AMIGA Repare que as duas reações começam no mesmo patamar de energia. E veja a diferença de altura das duas curvas. Na reação não catalisada, os reagentes têm de alcançar uma energia de ativação muito mais alta do que na reação catalisada. Então, a velocidade da reação catalisada é maior. Os catalisadores não provocam uma reação, apenas a aceleram. E cada reação tem um cata lisador específico. Nos seres vivos, as enzimas, produzidas pelas células, fazem o papel de ca talisadores nas reações do metabolismo - as transformações que as substâncias sofrem no interior das células. Sem essas reações, as célu las não podem crescer nem se reproduzir nem exercer suas funções específicas. As enzimas aceleram o metabolismo, e sua carência leva a desordens metabólicas que causam doenças no fígado, nos rins ou nos músculos, por exemplo. OUTROS FATORES Outras condições podem acelerar a velocida de de uma reação, como a eletricidade e a luz. No meio natural, a reação entre os gases hidro gênio e oxigênio para formar água é muito len ta, pode levar anos. Mas, quando se passa uma corrente elétrica pelo sistema, a reação ocorre instantaneamente. Assim, a eletricidade influi na velocidade da reação. Mas não pode ser considerada um catalisador, porque não é uma substância química. É uma forma de energia que ajuda o sistema reacional a atingir a ener gia de ativação. O mesmo ocorre com a luz. GE QUIMICA 2015 • 55 11 2 11 ......... li Capítulo_ EXERCÍCIOS 1. (UTFPR 201o) A tabe la a seg u i r re lac iona a lgumas su bstânc ias q u ím icas e suas ap l i cações freq uentes no coti d iano. SUBSTÂNCIAS APLICAÇÕES Na OH Fab ri cação de sabão a part i r de ó l eos ou gor- d u ras. É conhec ido como soda cáustica. H3P04 I n d ú str ias de v id ro, de a l imentos, na ti ntu- raria e na fabri cação d e fosfatos e su pe rtos- fatos usados como ad u bos (fert i l izantes). É também ut i l izado na p rod u ção d e refr igeran- tes do t ipo "co la" . C aO Preparação da argamassa na construção c iv i l e d i m i n u i ção da acidez do solo na agr icu ltura. NaHC03 Fabr i cação de fermentos q u ím i cos, ant iác i - dos e exti ntores d e i ncênd io . Estas su bstânc ias, ordenadas d e c ima para baixo, pertencem, respectivamente, às fu n ções: a) base, sal, ác i do e óx ido . b) sal, base, ác ido e óxido. c) base, óxid o, ác ido e sal . d) ácido, base, sal e óxido. e) base, ác i d o, óxido e sal . RESOLUÇÃO Este é o tipo de questão que exige do estudante a memorização do significado de uma fórmula. Lembrando da aula, temos: • substâncias que contêm o ânion hidroxila (OW) são bases. É o caso de Na OH, hidróxido de sódio; · aquelas que contêm o íon H+ são ácidos. Na questão, H3PO�, ácido fosfórico; • substâncias formadas por apenas dois elemen tos químicos, tendo o oxigênio como ân ion, são óxidos. É o caso de CaO, óxido de cálcio, a cal; • e aquelas originadas da união de ânions provenientes de um ácido com os cátions provenientes de uma base são sais: NaHC031 "bicarbonato de sódio. Resposta: alternativa e 2. (UTFPR 2010) A s reações q u ím icas a segu i r rep resentam a for mação de ch uvas ác idas, cau sadas pe la presença de S031g1 na atmosfera e o ataque do p rod uto formado às fachadas e estátuas de mármore, cujo componente p r i nc ipa l é o CaC03. 56 • GE QUI MICA 2015 • SOJigl + H,OI,I -7 H,S04IaqJ H,S04iaqJ + CaC031s1 -7 CaC041s1 + H ,OI,I + CO,Igl Essas reações podem ser c lass if icadas, respectivamente, como de : a) anál ise e des locamento. b) s íntese e d u p la troca. c) des locamento e d u p l a troca. d) s íntese e decompos ição. e) anál ise e d u p la troca. RESOLUÇÃO Lembrando, as reações têm a seguinte classificação: · reação de síntese ou adição: duas ou mais substâncias resultam num único produto; • reação de análise ou decomposição: um único composto se separa em substâncias mais simples; • deslocamento ou simples troca: uma substância simples rea ge com uma substância composta produzindo o utros dois compostos; · dupla troca: íons de cargas iguais trocam de posição produzindo outros compostos. Retomando as reações propostas na questão, temos S031gl + H,01,1 -7 H,S041aqJ Síntese H,S04iaqJ + CaC031s1 -7 CaC041s1 + H,OI,I + CO,Igl Dupla troca Repare que na segunda reação, H,C03 deu origem a CO, e, também, a H,O. Ainda assim a reação é chamada de dupla troca. Resposta: alternativa b 3. (Uesc 2011) U m pal ito d e fósforo pode se acender, ao ser atri tado l i ge i ramente sobre u m a superfíc ie áspera, como u m a l ixa das caixas de fósforos, e entrar em combustão com em i ssão de l uz e de ca lor. U ma anál i se dessas observações perm i te af i rmar corretamente: a) A reação de combustão do pa l i to de fósforo é espon tânea porque possu i energ ia de ativação igua l a zero. b) A reação q u ím i ca mais ráp ida, entre d u as reações, é aq ue la que apresenta menor energ ia d e ativação. c) A reação de combustão do pal ito de fósforo é endotérm ica. d) A energ ia de ativação d eve ser m u ito grande para q u e a com bustão do pal ito de fósforo ocorra. e) O pal ito de fósforo só acende se a energia fornecida pelo atrito for menor q u e a energia de ativação. RESOLUÇÃO Lembrando que a energia de ativação é a energia mínima ne cessária para que uma reação seja desencadeada, analisamos cada proposição. a) Uma combustão espontânea tem energia de ativação zero. Mas o fósforo não se acende sozinho, espontaneamente. Precisa ser atritado. Incorreta. b) Quanto menor a energia de ativação, mais rápida é a reação. Correta. c) Reações endotérmicas são as que absorvem calor. Não é o caso do fósforo. Ao ser aceso, ele libera calor e luz, numa reação exotérmica. Incorreta. d) Quanto maior a energia de ativação, maior é a barreira energéti ca que a reação tem de vencer para ocorrer. Assim, se a energia de ativação for muito grande, o atrito não seria suficiente para dar início à combustão do palito de fósforo. Incorreta. e) O palito de fósforo só pode se acender com uma energia igual ou maior à energia de ativação. Você observa isso quando a lixa da caixa de fósforo já está gasta: o atrito, mais fraco, torna mais difícil a tingir a energia de ativação e, portanto, dificulta acender o fósforo. Incorreta. Resposta: alternativa b 4. (UFRN 2011, adaptado) o ác ido n ítr ico (HN03) é uma su bstânc ia d e i m portância econôm ica na i n d ústr ia e m u ito ut i l izada nos laboratór ios . Na p rod u ção d o ác i d o n ít r i co pe lo m étodo de Ostwald, a amônia a n i d ra (NH3) é oxidada a óxid o n ítr ico (NO) pe lo oxigê n i o (O,), a sso·c e s atm de p ressão, com a aj uda de catal i sadores de p lati na e rád io. O óx ido n ítrico (NO) se faz reag i r com o oxigên i o do ar para formar d ióx ido de n i trogên i o (NO,). Este é absorv ido em água, em p resença de oxigên io, formando o ácid o n ít r i co ( H N OJ. E m re lação ao p rocesso d e o btenção d o ác i d o n ít r i co, esc reva a e q u ação d a reação d o d ióx ido d e n itrogê n i o (NO,) c o m a água (H,O) e o oxigê n i o (O,) para fo rmar o ác ido n ítr ico (HN03). RESOLUÇÃO A reação em questão tem como reagentes: dióxido de nitrogênio (NO,); água (H,O) e o oxigênio (O,). E, como produto, ácido nítrico {HNO;). Desta forma, a equação não balanceada é: NO, + H,O + O, -7 HN03 Para balancear a reação, devemos acrescentar os coeficientes estequiométricos que manterá igual o número de á tomos de cada elemento, de ambos os lados da equação: • para 1 N de um lado, já temos 1 N do outro lado; • para 5 O que reagem, devemos ter 5 O como produto; · e para 2 H à esqu,erçia, devemos ter, também 2 H à direita. Aplicando' os coeficientes estequiométricos, temos: 2 NO, + 1 H,O + 1h O, -7 2 HN03 Resposta: 2 NO, + l H,O + � O, -+ 2 HN03 Capítulo_ ISTO É ESSENCIAL! ÁCIDOS, BASES E SAIS Acidos são substâncias mo lecu lares. D isso lv idos em água, sofrem ion ização e l i beram cátio n s W Bases ( h i d róxidos) são com postos iôn icos que contêm ân ions OH·. Em solução aquosa, as bases sofrem d i ssociação iôn i ca. Sais são com postos iôn icos q u e também sofrem d i sso c iação iôn i ca q uando d isso lv idos em água. Podem ser o bt idos da reação entre um ác ido e u ma base, no p rocesso de neutra l i zação. Acidos ... correspondem a terminados em ... íons terminados em [O RICO ETO ICO ATO os o ITO REAÇOES QUIMICAS Ocorrem q uando as l i gações q u ím icas de u ma s ubstânc ia são q ue b radas e os átomos se com bi nam em novas substâncias. Ti pos de reações: · Síntese: A + B -? C · Decomposi ção: A -? B + C (p i ró l i se, e letró l i se) · S i m p les troca: A + BC -7 AC + B • Dup la troca: AB + CO -7 AO + CB OXIDOS São compostos b inários em que o oxigênio é o e lemento mais e letronegativo. Oxidos iônicos: o oxigên io se l iga a um metal. A maioria reage com a água e fo rma u ma base. Oxidas moleculares: o oxigên io se une a u m ametal, em l igação covalente. Mu i tos são gases. Podem reag i r com a água e formar ácidos. úxidos molecu lares, como CO,, SO, e NO, , se transformam em ácido na atmosfera e contribuem para aumentar a acidez da chuva, de mares e solos. VELOCIDADE DAS REAÇ0ES É a rapidez com que uma reação ocorre, em razão dos produtos formados ou dos reagentes consumidos. Em geral, a quantidade de reagentes d im inu i enquanto a de produtos aumenta. Para ocorrer u ma reação, é p reciso que as partículas se choquem com velocidade suficientemente grande para gerar energia acima da energia de ativação, e na orientação adequada (os átomos que vão se combinar devem entrar em contato d i reto). Complexo ativado: estado i nte rmed iár io entre substâncias i n ic ia is e f i nais d e u ma reação. Catal isadores: su bstâncias qu ímicas que reduzem a energia de ativação e, assim, aceleram as reações. GE QUIMICA 2015 • 57 WILLIAM VOLCOV I BRAZIL PHOTO PRESS Números gerais mostram que a lei reduziu o número de acidentes nas estradas. Mas nem sempre a tendência se confirma estatísticas que pretendem avaliar eficácia da Lei Seca são dúbias. A olícia Rodoviária Federal registrou nas estradas federais uma redução de 43% nos acidentes causados pelo álcool, entre 2013 e 2014. No estado de São Paulo, o mais populoso do país, a queda geral se confirma. Em 2014 ocorreu menos acidentes nas es tradas estaduais do que em 2013 - 87 con tra 104. No entanto, no Carnaval de 2014 o número de ocorrências (causadas pelo álcool ou não) foi 12% superior ao regis trado no mesmo feriado do ano anterior. Acidentes com mortes tiveram alta ainda maior - 40%. O crescimento coincide com o afrouxamento na fiscalização. No Carna val de 2014, foram feitas apenas 70 ações contra 227 em 2013. Os analistas inferem disso que boa parte desses acidentes se deveu a embriaguez e que o cumprimento da Lei Seca ainda de pende mais de fiscalização e punição do que de consciência e bom senso. Uma pes quisa divulgada em 2013 pela Universida de Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que a maioria dos jovens começa a beber antes dos 15 anos. E, até os 25 anos, três a cada dez desses jovens já dirigiram alcoo lizados pelo menos uma vez na vida. A Lei Seca, que passou a valer em 2012, impondo tolerância zero ao álcool, é uma das mais rígidas do mundo. Além do óbvio sofri mento humano, os acidentes trazem altos custos para o país em atendimento médico -hospitalar e em perda da força de trabalho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que o mundo perde 500 bilhões de dó lares a cada ano com acidentes de trânsito - valor próximo ao Produto Interno Bruto de países como Noruega ou Bélgica. No Brasil, o custo é estimado em 15 bilhões anuais. Conteúdo deste capítulo • lnfográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6o aula 1 • Grandezas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 62 aula :z Cálculos estequiométricos . . . . . . . . . . . . .. . . . . 66 aula 3 Concentração de soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 • Exercícios & Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 GE QUIMICA 2015 • 59 Cálculos químicos lnfográfico I 11 11 1 .._ ..... 11 O hálito denuncia A em br iaguez e a ressaca são resu l ta d o d a i n toxi cação d o o rgan i s m o p o r eta n o I . Esse á l c o o l cai n a co rre n te sangu ínea e passa p e l o s p u l m ões, o n d e part i c i pa d as tro cas gasosas. É aí q u e o bafô m etro i d e n t i fi ca no h á l i to de u m m otor i sta a p ro po rção de á l c o o l ex i ste n te no o rgan i s m o O É álcool na veia As moléculas de álcool (etano!) não são digeridas. Parte delas passa direto para o sangue, através da mucosa da boca, do estômago e, principalmente, dos intestinos. f) Uma dose, duas doses ... A concentração de álcool que passa para o sangue é proporcional à quantidade ingerida e ao teor alcoólico da bebida. A concentração média de etano! em diferentes tipos de bebida (% sobre volume) e Máximo e Mínimo O Bafômetro em ação Os bafômetros acusam o álcool no hálito por diversas reações químicas. No caso dos aparelhos descartáveis, o ar passa e reage com dicromato de potássio (K2Cr 207) e ácido sulfúrico (H2SOJ O K2Cr207 tem uma cor alaranjada. + K2Cr207 Dicromato de potásio H250� Acido sulfúrico () Um certo ar de bêbado Os gases expirados pelo motorista reagem com as su bstâncias dos tubos. O etano i se transforma em acetalde ido, e o dicromato de potássio, em sulfato de cromo 1 1 1 - Cr2(SOJ3• O tubo muda de cor. COM ETANOL: A COR DO TUBO MUDA PARA VERDE SEM ETANO L: A COR DO TUBO ESTA ALARANJADA ���-----�--- E - fe - it - os ____________________ __ _ A q uantidade exagerada de álcool no sangue intoxica os neurônios. A pessoa tem a percepção alterada e perde a coordenação motora. Por isso trança as pernas, enxerga dobrado, fala de maneira arrastada e tem as reações retardadas. O etano i também in ibe a produção do hormônio AOH, que retém água no organismo, dando in ício a um processo de desidratação. CILADA ATÔMICA Isto é uma roda de 48 átomos de ferro (picos amarelos) sobre uma superfície de cobre. As ondas azuis, no centro, são elétrons de átomos de cobre, presos na armadilha 62 • GEQUIMICA 1015 • Pequeno1 pequeno mesmo Aquantidade de uma substância no organis mo humano costuma ser dada em miligra mas (mg) ou em mililitros (mL). Mas, para medir grandezas como massa e volume de cor pos minúsculos, como átomos e moléculas, os químicos precisam de padrões especiais. O con juntode átomos na imagem acima, por exemplo, mede alguns nanômetros. Um nanômetro é um bilionésimo de metro (10-9 m, ou 0,000000001 metro). Isso é muito pequeno, mesmo: você chega a um nanômetro se dividir l milímetro em l milhão de partes e separar apenas uma. A química tem também padrões especiais para medir quantidades no mundo atômico - o nú mero de átomos e moléculas de uma amostra e a massa de cada uma dessas partículas de matéria. O PADRÃO MASSA ATÔMICA Um átomo é tão pequeno que no ponto final desta frase existem milhões deles. A maior parte da massa de um átomo está no núcleo. Por isso, quando falamos em massa do átomo, consideramos apenas a massa de prótons e nêutrons. Mas essa medida é absurdamente pequena para ser expressa em qualquer padrão usado no dia a dia, como o grama (g). Em química, o padrão para expressar a massa dos átomos é a unidade de massa atômica (u). Uma unidade de massa atômica foi definida tomando por base o áto mo de carbono-12 - o isótopo de carbono que tem número de massa igual a 12. Ao átomo de C-12 foi atribuída arbitrariamente massa atômi ca (MA) de 12 unidades de massa atômica (12 u). Então, uma unidade de massa atômica equivale a 1/12 massa atômica do carbono-12. LEMBRE-SE ATOMO DE CARBONO ·ll (dividido em 12 partes iguais) Atomo de hidrogênio Unidade de massa atômica � 1/ll da massa do núcleo do C·ll Unidade de massa atômica O número de massa (A) é o total de partículas que definem a massa a um átomo - prótons e nêutrons no núcleo (veja o capítulo 1, aula 2). A massa atômica (MA) é a medida dessa massa. A MASSA ATÔMICA MEDIDA Como o nome diz, o padrão unidade de massa atômica (u) é usado para medir a MA dos átomos. O átomo do hidrogênio (H), o mais leve de todos os elementos, tem massa de 1 u - ou seja, sua MA é _l vezes a massa de um átomo de carbono-12. 12 O hidrogênio, que tem apenas um próton, tem MA = 1 u. Podemos comparar a massa de todos os átomos à do hidrogênio, Então, por exemplo, a massa atômica do alumínio (AI) é 27 u. Isso significa que são necessários 27 átomos H para chegar à massa de um átomo Ai. Portanto, um átomo AI tem MA = 27 u. A massa atômica de cada elemento foi medida experimentalmente em laboratório. E esse dado é fornecido nas tabelas periódicas mais comple tas. No geral, aparecem com valores arredondados. Número atômico: o AI tem Z = 13 l 13 27 ..._ __ Massa atômica: o valor exato é 26,9815 ... Mas costuma ser arredondado para 27 ------ Símbolo do elemento qu ímico alumínio AI Alumínio ----- Nome do elemento MASSA MOLECULAR É a massa de todos os átomos que formam uma molécula. Para descobrir a massa mole cular (MM) de uma substância, basta, então, somar a massa atômica (MA) dos elementos que a constituem. O gás hidrogênio (H2), por exemplo, leva dois átomos de hidrogênio. A MM do gás hidrogênio é 2 u, a soma da MA de cada átomo. NA PRATICA Veja como é fác i l cal cu la r a MM: MM da água (H,O): pe la tabe la per iód i ca, sabemos q u e MA d e H = 1 u e MA de O = 16 u . Se a mo lécu la de água tem d o i s átomos H e u m átomo O, a MM da águ a é 18 u Veja: �� 2 . 1 u + 1 . 16u 18 u MMágua = 18 U MM da sacarose: dadas a fórm u l a da sacarose e a massa atôm ica dos e lementos q u ím i cos q ue i n tegram essa mo lécu la (H = 1 u, C = 12 u e O = 16 u), temos q u e u m a mo lécu la de sacarose é 342 vezes mais pesada que a u n idade de massa atôm ica. ,c12,H 22P 111 / ""' � 12 . 12 u + 22 . 1 u + 11 . 16 u 342 u MMsacarose = 342 U MM do sulfato de alumínio: a fórmula desse su l fato mostra que a su bstância é composta de três ân ions su l fato e do is cáti ons al u m ín i o. Esses três íons contêm três átomos de enxofre (5) e 12 átomos de oxigên io (O) A MA de cada e lemento q u ím ico é: Para AI, MA = 27 u Para 5, MA = 32 u Para O, MA = 16 u . � �(�� 2 . 27 u + 3 . 32 u + 12 . 16 u 342 u M M sulfato de alumln;o = 342 U VALE A PENA ANOTAR Não confunda massa atômica (MA) com número de massa (A): .,.. A = número de prótons + número de nêutrons .,.. MA = massa do átomo GE QUI MICA 2015 • 63 O MOL Contar o número de átomos, moléculas ou íons de uma substância é tarefa impossível a olho nu. Apenas microscópios eletrônicos, de varredura, conseguem captar alguma imagem dos átomos, como a da foto no início desta aula. Para calcular quantos átomos, moléculas ou íons existem em determinado volume de uma substância, a química usa a grandeza chama da moi (pela regra oficial, não existe plural de moi: 1 moi, 2 moi, 3 moi etc.) Moi mede simplesmente a quantidade de matéria. E tem o mesmo papel que a palavra dúzia. Assim como uma dúzia contém 12 uni dades, um moi contém cerca de 6 . 1023 unida des. Assim como a dúzia pode ser usada para bananas, ovos ou parafusos, a unidade moi é empregada para medir o número de átomos, íons ou moléculas. O moi foi adotado para todos os átomos e substâncias também com base nos átomos de C-12. Por medição direta, os químicos desco briram que 12 gramas de C-12 contêm 6,02 . 1023 átomos - valor que arredondamos para 6 . 1023• Daí surgiu o padrão chamado constante de Avogadro: 1 moi = número de átomos em 12 gramas de C-12 = 6 . 1023 átomos. Esse número padrão foi adotado para contar o número de qualquer tipo de partícula: áto mos, moléculas ou íons: .,.. 1 moi de moléculas são 6 . 1023 moléculas .,.. l moi de átomos são 6 . 1023 átomos .,.. l moi de íons são 6 . 1023 íons NA PRATICA Podemos calcu lar q uantos átomos exi stem em 1 moi de determi nada s ubstância. É como cal cu lar o número de patas em um rebanho: se cada boi ou vaca tem quatro patas e se o rebanho tem 8o reses, o número de patas é 320 Ap l icando o mesmo raciocín io para contar os átomos de 1 mo i d e água: .,.. A fórm ula da água: H,O; .,.. 1 mo i de água equ ivale a 6 . 1023 mo lécu las H,O; .,.. U ma molécu la de água contém do i s átomos H e u m átomo O; Então 1 moi de água contém: .,.. 1 moi de átomos O: 6 . 10'3 átomos .,.. 2 moi de átomos H : 2. 6 . 10'3 .,.. No total, 1 moi de molécu las de H,O contém (12 + 6) . 10'3 átomos 64 • GE QUIMICA 2015 • MASSA MOLAR A massa molar (M) é a massa de 1 moi de áto mos, moléculas ou íons, dada em gramas. Se co nhecemos a massa atômica (MA) de um elemen to químico, podemos calcular a massa molar, ou seja, a massa de 1 moi de átomos desse elemento. É o mesmo que calcular o preço de uma dúzia de barras de chocolate, sabendo-se quanto custa apenas uma delas. NA PRATICA Para o carbono-12 (C-12): .,.. Sabemos que 1 mo i de átomos C-12 = 6 . 10'3 átomos; .,.. E sabemos q u e 1 mo i de c-12 tem massa de 12 g; .,.. Na l i nguagem da qu ím ica, a massa molar do c-12 é 12 g/mol . Para o ferro (Fe): .,.. 1 mo i de F e contém 6 . 10'3 átomos; .,.. Os átomos F e têm MA = 56 u; .,.. Então a massa mo lar (M) do F e = 56 g/mo l . O mesmo é válido para as moléculas de uma substância composta: a massa molar, aquela de 1 moi de moléculas, corresponde à massa mo lecular. NA PRATICA Qual é a massa molar da água? .,.. Fórm u la da água H,O; .,.. A massa de uma molécu la (MM) de água é a soma da massa atôm ica dos do is átomos H e do ú n i co átomo O; .,.. Para H, MA = 1; para O, MA = 16; .,.. A fórm u la da água contém do is átomos H e u m átomo O. Então a massa molecu lar MM = 18 u; .,.. Mas 1 mo i de água contém 6 . 10'3 mo lécu las; .,.. Então a massa molar (M) da água é 18 g;mo l ou seja, 1 mo i de mo lécu las de água tem massa de 18 gramas . E q uantos átomos exi stem nesses 18 g ramas, ou seja, e m 1 mo i de água? .,.. Pela fórmu la, cada molécu la H, O tem 3 átomos; .,.. Então cada mo i de molécu las contém 3 . 6 . 10'3 átomos; .,.. Em 1 moi de água existem 18 . 10'3 átomos. VALEA PENA ANOTAR A massa molar é numericamente igual à massa molecular (MM) ou à massa atômica (MA). Só o que muda é a unidade:para MM, a unidade é u (unidades); para a massa molar (M), a un idade é g/mol (grama por moi) . A equivalência entre massa atômica, massa molecular e a massa em gramas de uma substância é muito útil para comparações. NA PRÁTICA Com parando d oi s s i s temas, u m com gás carbôn i co (CO,) e o u tro com gás etano (C,H6): S istema I Pela i l u stração, sabemos que os do i s s i stemas contêm se is mo lécu las. A figu ra tam bém mostra que cada molécu la de CO, tem três átomos, e cada mo lécu la de C,H6, o i to átomos. Ainda que o n úmero de molécu las em cada s i stema seja igual, os e lementos q u ím icos e o nú mero de átomos dessas molécu las são d i ferentes. Então, a massa do Sistema I não é igual à massa do Si stema 1 1 . Cal c u lando a massa molar (em gramas) de cada u m desses s i stemas � Da tabela per iód i ca temos q u e C = 1 2 u , H = 1 u e O = 1 6 u; � MM de CO, = 12 u + 2 . 16 u = 44 u; � MM de C,H6 = 2 . 12 u + 6 . 1 u = 30 u; Com esses dados podemos montar a tabela Quantidade Massa de matéria molecular (moi) (u) 1 moi de CO, 1 mol de C,H6 44 30 44 6 . 1023 3 . 6 . 1023 30 6 . 1023 8 . 6 . 1023 Com esses conceitos, podemos, também, cal cular a massa de um único átomo ou de uma única molécula. Sabemos que 6 . 1023 moléculas de água têm massa de 18 gramas. Então, qual a massa de uma molécula? Basta montar uma regra de três: Massa molar Molécu las ç18 gramas d e H,O (1 mo i ) -- 6 . 1023 l x gramas d e H,O -- 1 x = 18 g 1 6 . 1023 molécu las Fazendo as contas e arredondando o resulta do, temos que uma molécula de água tem massa de 3 o w-'3 grama, que equivale a 0,00000000000000000000003 grama Podemos definir uma fórmula para auxiliar nos cálculos de quantidade de matéria (n) , por uma simples regra de proporção (regrinha de três): l moi tem sua massa molar. Então n mo! têm massa m. Veja: 1 moi corresponde a massa molar (M) n moi corresponde a massa (g) Resolvendo a regra de t rês: massa (g) n (mo i) = ----"'� M (glmo l ) NA PRÁTICA N u m laboratór io há do i s frascos em u m de les há 1,8 g de gl icose, e em outro, 1,8 g de água. Em q ual dos do i s há maior n úmero de mo lécu las? (Dados H ,O = 18 gim o i e C6H,06 = 180 gim o i ) Acompanhe o rac ioc ín io : n = 0,1 moi de mo lécu las I C H O - 1,8g I d I é I P 6 n 6 n - 180glmo l n = 0,01 mo e mo cu as Ora, 0,01 mo i é menos q u e 0,1 mo i de molécu las. En tão, há mais mo lécu las em 1,8 g de água q u e em 1,8 g de gl icose EM RESUMO � 18 u é a massa molecular (MM) da água, isto é, quantas vezes a molécula de água é mais pesada em relação a u; � 18 g é a massa molar da água, isto é, a massa que contém 6 . 10'3 moléculas de água; � a massa de uma molécula de água é 3 . lO - ll g. GE QUI MICA 2015 • 65 66 • GE QUI MICA 2015 • IH, DESMONTOU! Uma reação química é como um bolo: a receita não dá certo se a proporção entre os ingredientes não for seguida à risca A proporção entre reagentes e produtos E stequiometria ou cálculo estequiométri co são os cálculos feitos para determinar as quantidades dos reagentes e produtos numa reação química. Do mesmo modo como, para fazer um bolo, precisamos de uma receita que traga a quantidade de farinha, leite, ovos e açúcar, precisamos saber quanto de reagen te usamos para certa quantidade de produto. Uma equação em que essas proporções estão corretas é uma equação balanceada (veja o capítulo 2, aula 2). Observe a equação abaixo: 2 COcgl + 1 02 (g) -+ 2 co2 (g) A equação está balanceada, pois a quantidade de átomos nos reagentes é igual ao número deles no produto: dois átomos de carbono (C) e quatro átomos de oxigênio (0). A equação dá a receita da reação: a cada duas moléculas de monóxido de carbono (CO) que reagem com uma molécula de gás oxigênio (02) formam-se duas moléculas de dióxido de carbono (C02). Porém, na prática, é impossível trabalhar apenas com uma ou duas moléculas. É aí que entra a grandeza quantidade de matéria, o moi. Lembrando: 1 moi é uma por ção de átomos ou moléculas - aproximadamente 6 . 1023 átomos ou moléculas. Na equação da reação de síntese do dióxido de carbono, mantendo a proporção do número de moléculas, dada pelos coeficientes, podemos dizer que "2 moi de CO reagem com 1 moi de 02 para formar 2 moi de C02"· Perceba que não se fala mais em moléculas, isoladamente, mas em moi de moléculas. Mas a proporção se mantém. Então concluímos que, numa equação balan ceada, os coeficientes dão a proporção, em moi, das substâncias empregadas. MOL E MASSA Além de relacionar mol à quantidade de molé culas ou átomos, podemos também associá-lo à massa de uma substância, por meio da massa mo lar (veja a aula 1 deste capítulo). Observe: EQUIVALlNCIA ENTRE MOL, MOLECULAS E MASSA 2 (0 111 + 1 o, 111 -+ 2 C021gl Em moi 2 moi de CO reagem com l mol de o, produzindo 2 moi de co, Em 2 . 6 . 1023 6 . 1023 moléculas produzindo 2 . 6 . 1Qll moléculas moléculas de CO reagem com de 02 moléculas de co, Em massa 2 . 28 g de co reagem com 32 g de o, produzindo 2 . 44 g de co, QUANTIDADE DE UM GÁS Lembrando: todo e qualquer gás tem características especiais: .,.. ocupa todo o volume disponível e é facilmente comprimido; .,.. expande-se com o aumento da temperatura; .,.. quanto mais comprimido estiver, maior será a pressão. Por essas características, a quantidade de um gás qualquer num reci piente varia, dependendo de seu volume, sua temperatura e da pres são à qual está submetido. Esses fatores são as variáveis de estado de um gás. A medida de quantidade de um gás depende, então, de conhe cermos essas variáveis: .,.. Volume é o espaço ocupado pelas partículas do gás. Depende da tem peratura e da pressão do sistema. As unidades de volume mais comuns são litro (L), metro cúbico (m3) e seus submúltiplos. .,.. A pressão é resultado do choque das moléculas de um gás com as pa redes do recipiente que o contém. A pressão sobe quando a tempera tura sobe, ou quando o volume diminui. A unidade mais utilizada em química para medir a pressão de um gás é atmosfera (atm). .,.. A temperatura termodinâmica é a medida da energia cinética das partículas do gás. Quanto maior é a temperatura de um gás, mais agita das ficam as partículas. Se a temperatura sobe, a pressão também sobe, e maior será a pressão exercida sobre as paredes do recipiente. A temperatura termodinâmica é geralmente medida em Kelvin (K) e, assim como a escala Celsius (°C), é centígrada (dividida em 100 gTaus). Zero Kelvin (O K) corresponde a -273 °C. Para transformar a tempera tura de Celsius (°C) para Kelvin (K): T = t + 273, em que t é a temperatura em °C, e T, a temperatura em Kelvin. Um gás ocupa certo volume a determinada temperatura n mol Se o gás for comprimido (aumento de pressão), o volume se reduz VOLUME MOLAR DE UM GÁS - n mol Se a temperatura subir, a pressão também aumenta É o volume ocupado por 1 moi de um gás nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP): a O oc e 1 atm. Nessas condições, qual quer gás ocupa um volume de 22,4 L. Fixado isso, podemos estabelecer a equivalência entre moi e volume. Veja na tabela a seguir essa equiva lência na reação entre o monóxido de carbono (CO) e o oxigênio gasoso (02) que produz dióxido de carbono (C02). MASSA MOLAR NA PRÁTICA A formação da amôn ia oco rre segu ndo a reação Sabendo q u e 2,8 g de n i trogê n i o gasoso reagem com a q uant idade adeq uada de h i d rogên io gasoso para formar amôn ia, cal c u l e a massa do gás h i d rogê n io consum ida nessa reação . Passo a passo, a so lução 1. Ver i fi camos se a eq uação q u ím ica está ba lanceada com parando o n ú mero de átomos dos do i s lados da eq uação em N, + 3 H, -+ 2 N H3 temos 2 átomos N e 6 átomos H nos reagentes e também no p ro d u to En tão, a e q u ação está ba lan ceada. 1. Mantendo a proporçãoda eq u ação e s u bs t i t u i ndo a grandeza, de n ú mero d e átomos para mo i, sabemos que 1 mo i d e N, reage com 3 mo i de H, para formar 2 mo i de NH3 . 3. Mas o exerc íc io u t i l i za a g rand eza massa. Prec isamos, en tão, da eq u ival ênc ia e n tre a massa mo la r de cada reagente e p roduto. Aí vem novo passo a passo: ... Consu ltando a tabe la per iód i ca, descob r imos a massa atô m i ca dos áto mos N (MA = 14 u) e H (MA = 1 u); 4. Mantendo a proporção ac ima (coefic ientes) em moi e cons iderando a i n formação de que 2,8 g do gás n i trogên io (N,) reagem de mane i ra correta para prod uzi r amônia, temos: ... O gás n i trogên io (N,) tem d o i s átomos N. E n tão, sua massa mo lecu la r (MM) = 28 u. Como a massa mo lar é n u mer icamente igua l à MM, temos que a massa molar de N, = 28 g/mo l; ... O mesmo rac ioc ín io para o h i d rogê n i o (H,) MA = 1 u; então, H , tem MM = 2 u. En tão, M = 2g/mo l e 3 H, = 6 g. 5. Agora podemos ver i fi car a re l ação ped ida no e n u n c iado, em g ramas, pe la regra d e t rês: N, + 3 H, -+ 2 N H3 1 moi + 3 moi -+ 2 m o i 28 g d e N, reagem com 6 g de H, 2,8 g d e N, reagem com m g de H, Daí q ue m = � 28 En tão, m = 0,6 g de h i d rogê n i o Para p rod u z i r a m ô n i a a part i r d e 2,8 g ramas d o gás n i t rogê n i o ( N ,), p rec i samos de 0,6 g rama do gás n i trogê n i o (N,) GE QUIMICA 201S • 67 68 • GE QUIMICA 2015 • EQUIVAUNCIA ENTRE MOL E VOLUME + Em mo i 2 moi de CO reagem com Em volume (CNTP) 2 . 22,4 L de CO reagem com NA PRÁTICA Uma das s ubstâncias p resen tes no gás de coz i n ha é o pro pano . D u rante a q u e i m a do p ro pano, o gás oxigê n i o (O,) é consu m ido e oco rre a p rod u ção de d ióx ido de carbono (CO,) e vapor d e águ a Cons i d erando a q ue i m a d e 8,8 g de p ro pano (C3Hs), ca l c u l e a q uant idade, em mo i, de ox igê n i o consu m i d o. .,. Escrevemos a equação q u e representa a reação descr ita: C3Hs + O, � CO, + H,O .,. Ba lanceamos a eq u ação C3Hs + 5 O, � 3 CO, + 4 H,O .,. Ut i l izando as p roporções em moi e sua equ iva lênc ia em massa, montamos a regra de três: C3Hs + 5 O, � 3 CO, + 4 H,O 1 moi 5 mo i 3 mo i 4 mo i 44 g d e C3Hs reagem com 5 mo i de O, 8,8 g de C3Hs reagem com n rnol de o, 5 . 8,8 = 44 . n � n = 1 moi de oxigên io (O,) A que ima de 8,8 g de pro pano (C3Hs) exige 1 moi de oxigên io (O,) Essa é a e q u ival ênc ia das su bstânc ias em massa e moi. Mas, se mant ivermos a proporção en tre p ro d u tos e reagen tes, podemos com parar 1 mo i de o, produzindo 2 moi de co, 22,4 L de o, produzindo 2 . 22,4 L de co, q u alq uer med i da. Por exe m p l o, o vo l u m e d e co, formado em CNTP. Lem brando em CNTP, 1 mo i de q u a l q uer gás ocupa 22,4 L Então, 3 mo i de CO, ocu parão 3 . 22,4 L = 67,2 L Para descobr i r o vo l ume V d e CO, p rod uz ido C3Hs + 5 O, � 3 CO, + 4 H,O 44 g 3 . 22,4 L 8,8 g V (L) 67,2 ' 8,8 = 44 ' v V = 67.2 . 8,8 � V = 13,44 L 44 O vol u m e de CO, p rod uz ido na q ue i m a de 8,8 g p ro pano é d e 13,44 L . PUREZA DOS REAGENTES O grau de pureza é uma medida relacio nada a misturas. O grau de pureza de uma substância - esteja ela no estado líquido, só lido ou gasoso - indica a porcentagem dessa substância que efetivamente interessa numa reação, quando essa substância está numa mistura. Grau de pureza é o mesmo que teor. Para as transformações químicas, o grau de pureza é muito importante. No motor dos au tomóveis, a queima da gasolina é uma reação entre a gasolina e as moléculas de oxigênio (02) do ar atmosférico. Porém, o ar não con tém só oxigênio. Na verdade, esse gás corres- DEPENDE PRA QUt O grau de pureza desejável para um material depende do uso que se fará dele. O latão é uma liga metálica que tem uma pureza de apenas 30% de zinco. Os restantes 70% são de cobre ponde a menos de 20% de qualquer volume de ar atmosférico. E 78% desse volume é de nitrogênio (N2). Só que o N2 não entra na queima da gasolina. O que interessa é só o oxigênio. Então, dizemos que o grau de pureza do ar em relação ao oxigênio é de 20%. NA PRÁTICA Cons i de re a reação FeS + 2 HCI � FeCI, + H,S. Qual é a massa de c loreto de ferro li (FeCI , ) obtida q uando 1 100 g de su l feto de ferro li (FeS) de 8o% de pu reza reagem com excesso de ácido c loríd rico (HCI)' Pr i m e i ro, uma observação: a exp ressão "em excesso", no e n u nc iado, s i g n i fi ca q u e nem todo HCI vai ser u t i l izado na reação e será s u fi c i en te para q u e todo FeS reaja. O e n u nc iado fornece a eq uação já ba lanceada. Também é i n formado o grau de pu reza de FeS - 8o% - e a massa dessa su bstânc ia que en tra na reação ( 1 100 g). I sso s i gn i fica q u e o FeS está m i sturado a o u tras su bstânc ias de tal modo q u e, dos 1 100 g de FeS, apenas 8o% são rea l mente FeS. É só essa q uant i dade de FeS q u e reage com o ác ido c lor ídr ico (HC I ) Vamos, en tão, ca lcu lar a massa de FeS m,.s = 80% de 1 100 g mFeS = 880 g Na tabe l a per iód i ca, consu l tamos a massa atôm ica de cada e lemento envo lv ido na reação q u ím i ca e encontramos a massa mo lar. E, pe la regra de três, a massa n ecessár ia: FeS + 2 HCI � FeCI, + H ,S 1 mo i 2 mo i 1 mo i 1 mo i 88 g de FeS prod uzem 127 g de FeCI, 88o g de FeS prod uzem m g de FeCI, 88 . m = 88o . 127 m= 1 270 g Essa é a massa de FeCI, q u e será p rod uz ida pe la reação entre HC I e 1 100 g de FeS com 8o% d e pu reza. RENDIMENTO DE UMA REAÇÃO Teoricamente, todas as reações têm 100% de rendimento - ou seja, toda quantidade de reagentes se transforma em produtos. Foi isso o que consideramos em todos os cálculos feitos até aqui, nesta aula. Po rém, na prática, as reações sempre apresentam alguma perda. Nem todo reagente é consumido, portanto, nem todo produto é formado. Quando o rendimento de uma reação é diferente de 100%, a quantidade de produ to é menor que a esperada. O rendimento de uma reação depende de vários fatores, que, por sua vez, dependem das condições em que a reação é realizada. Preste atenção: o cálculo do rendimento de uma reação segue o mesmo raciocínio que fizemos para encontrar o produto da reação de um reagente com grau de pureza inferior a 100%. A diferença é que a medida do grau de pureza é feita antes dos cálculos estequio métricos. Já a medida do rendimento é feita depois dos cálculos estequiométricos. NA PRÁTICA Queimando-se 30 g de carbono pu ro, com rend imento de go%, q ual é a massa de d ióxido de carbono (CO,) obtida, conforme a equação C + O, � CO, ? O enu nc iado i n forma a eq u ação, e e l a já está ba lanceada. O e n u nc iado também afi rma q u e o rend i m e n to da reação é i n fe r io r a 100%. E n tão, a massa do produto também será menor d o q u e a esperada Vam os calcu lar a massa do prod uto se a reação t ivesse 100% de ren d i mento: C + O, � CO, 1 mo i 1 mo i 1 mo i 12 g 32 g 44 g Montamos a regra d e três para a q uant idade de carbono p u ro envo lv ida na reação: 12 g de C prod uzem 44 g de CO, 30 g de C prod uzem m g de CO, 12 m = 30 . 44 m = no g de CO, En tão, u m a reação com 100% de rend i mento p rod uz i r ia no g de CO,. Mas a reação tem rend i mento de go% Então é só ca l cu la r go% de no g . Ass i m, a reação de 30 g de C com go% de ren d i mento res u lta em apenas 99 g de CO, GE QUIMICA 2015 • 69 CHUAAA ... A água é o solvente un iversal porque nela se dissolve quase tudo. O gás oxigênio, do ar, é uma das exceções. Por isso um mergulho levanta tantas bolhas 70 • GE QUIMICA 2015 • O que se dissolve em quê Recordando: as misturas podem ser homo gêneas ou heterogêneas, dependendo do número de fases que apresentam. Com uma única fase, homogênea; com mais de uma, heterogênea.As misturas homogêneas também são chamadas de soluções, e seus componentes, de solutos e solventes. O soluto é aquele cujas partículas se distribuem homogeneamente pelo solvente no processo da dissolução (sobre soluções, veja o capítulo 1, aula 1). A concentra ção de uma solução indica a quantidade de soluto distribuída numa solução. DISSOLUÇÃO Para que um soluto se dissolva num solven te, é preciso que suas partículas (moléculas ou íons) interajam. Veja o que ocorre quando se dissolve sal de cozinha em água: A água é um composto molecular. Os átomos que formam a molécula da água, o hidrogênio (H) e o oxigênio (O), têm diferentes graus de eletronegatividade: o átomo O é muito eletro negativo (tem maior poder de atrair elétrons), enquanto o átomo H é pouco eletronegativo . (menor poder de atração). Na molécula, o áto mo O e os dois átomos H estão ligados - ou seja, compartilham elétrons. Se o átomo O atrai os elétrons com maior intensidade, os elétrons fi cam mais próximos a esse átomo. Isso cria uma polaridade na molécula. Uma molécula polar é aquela em que os elétrons não estão distri buídos de forma igual entre os átomos. Esse tipo de molécula tem um polo positivo (H, com menos elétrons perto) e um polo negativo (O, com mais elétrons perto). Já o cloreto de sódio (NaCl) é um composto iônico que no estado sólido tem os íons Na• e c!- organizados em retículo cristalino. Esse re tículo se mantém unido porque os íons se atra em devido a suas cargas opostas (sobre íons, moléculas e eletronegatividade, veja o capítulo 1, aula 4). + + A molécula da água é polar: os elétrons são todos compartilhados entre os átomos de hidrogênio e oxigênio. Mas ficam mais próximos do oxigênio O cloreto de sódio (NaCI) se dissolve em água porque as moléculas da água (H20) interagem com os íons do sal (Na• e C! -) por meio de seus dois polos: o polo negativo (O) interage com os íons positivos Na+, e o polv positivo (H) interage com os íons negativos (C]-). Como resultado des se puxa de cá, puxa de lá, a água consegue separar os íons do sal, intrometendo suas moléculas en tre os íons. A solução fica saturada - sobra soluto sem ser dissolvido - quando as moléculas de água não são suficientes para separar os íons do sal. ADEUS, RETICULO O sal se dissolve quando as ligações iônicas do sal são quebradas pelas moléculas de água NaC11,1 � Na• + Cl· 1. Enquanto não se dissolve, o sal permanece com os íons Na· e c1· unidos no retículo cristalino z. Quando as moléculas de água entram em contato com o retículo cristali no, o átomo de oxigênio atrai o íon positivo Na· e ... 3 . . . . os átomos de hidrogênio atraem o íon negativo cl- Toda dissolução envolve a interação entre as partículas do soluto e do solvente. Mas, aten ção: nessa interação não há compartilhamento de elétrons, apenas aproximação. A dissolução por polaridade não ocorre apenas entre molé culas e íons, mas também entre dois tipos de molécula. O açúcar, por exemplo, não é um composto iônico, mas molecular, e também se dissolve em água. Isso porque as moléculas de açúcar, assim como as de água, também são po lares. Assim, todas elas interagem. Se não há interação, a dissolução é mínima ou praticamente não ocorre. O gás oxigênio (02), por exemplo, dissolve-se muito pouco em água. É que as moléculas formadas por átomos iguais (como 02) não apresentam diferença de eletronegatividade. Por quê? Ora, porque os dois átomos são do mesmo elemento químico. Sem diferença de eletronegatividade não há a formação de polos. Resultado: a solubilidade do oxigênio em água é muito pequena. A interação entre as partículas não é o único fator que define se uma substância é ou não so lúvel em outra. Tanto é que nem todo compos to iônico é solúvel em água, mas esses outros fatores não são estudados no ensino médio. SOLUBILIDADE A água tem moléculas que interagem com um imenso número de substâncias. Por isso é chamada solvente universal - o mais impor tante para o estudo de solubilidade. Esses da dos são obtidos experimentalmente, e com eles podemos construir gráficos chamados curvas de solubilidade. A curva de solubilidade indica a quantidade máxima de uma substância capaz de se dissol ver em 100 gramas de água, a uma dada tempe ratura. Veja o gráfico: "' " "" . .. "' "' ""' "O "" � § ., -·v -29 "" "' "' ""' o ., u ;:g :g Si 140 110 100 80 60 40 lO lO 40 60 Bo temperatura ('C) UNS MAIS, OUTROS MENOS O gráfico mostra a curva de solubil idade de quatro sais. Repare que o coeficiente de solubil idade é dado em gramas da substância a cada 100 gramas de água. Perceba, também, que, para três desses sais, a solubil idade aumenta conforme a temperatura se eleva - algumas vezes, muito rapidamente, como no caso do sal KN03. Mas, para um desses sais, o Ce,(SO,h, quanto mais quente fica a água, mais difícil é sua d issolução. ATENÇÃO Alguns autores chamam de solvente a substância que participa da solução em maior quantidade; para outros, solvente é a substância que se encontra no mesmo estado físico da solução, independentemente da quantidade. A água, porém, é sempre considerada solvente. E, quando se fala em solução, sem especificar o solvente, subentende-se solução aquosa. GE QUIMICA 2015 • 71 ATENÇÃO Nas expressões químicas, a concentração em moi! L é indicada por dois colchetes [ ] ATENÇÃO O cálcu lo da concentração só é possível porque, numa solução, a distribuição do soluto pela solução é sempre homogênea e, portanto, proporcional ao volume 72 • GE QUIMICA 2015 • CONCENTRAÇÃO Concentração de uma solução é a quantida de de soluto distribuída numa determinada quantidade de solução. Pela concentração con seguimos determinar quanto do soluto existe em determinado volume ou determinada massa de uma solução. Assim como a solubilidade, a concentração também é uma proporção: concentração = ----'g:J..:u:.:a:.:..n:..:.ti:,::d.=a,=.de.:....::.de-=-=-so:.:l,=.ut.:..:o:...._ __ q uantidade de solução Essas quantidades de soluto e solução po dem ser expressas em massa, volume ou em quantidade de matéria. Concentração comum {g!L} É uma forma muito usual de expressar a con centração (C) de uma solução: a relação entre a massa de soluto e o volume da solução: C = massa de soluto (em gramas) volume de solução (em l itros) C = mso/uto vsolução Uma solução de ácido clorídrico (HCI) com concentração de 30 g/L é uma solução em que para cada litro tem-se 30 g de H C I. NA PRATICA Uma solução de hidróxido de sódio tem concentração de 40 g/L. Qual seria a quantidade em massa de soluto presente em 100 mL dessa solução? Pe lo en u n c i ado, sabemos q ue: � C = 40 g/L � Vsoluç�o = 100 mL (qu e corresponde a 0,1 L). Usando a fórmu la, podemos cal c u lar q ual a massa d e so l uto presente ne la C = msoluto v solução /L msoluto 40 g = --L -+ msoluto = 4g 0,1 Ou seja, se em 1 l i t ro de sol u ção existem 40 gramas de h i d róxido de sód io, em 100 mL exist irão 4 gramas. Importante: concentração de uma solução não é o mesmo que densidade de uma solução. Ambas as medidas são uma relação entre mas sa e volume. Mas veja a diferença: � Concentração é a massa de soluto em uma solução; � Densidade é a massa de determinado volu me de solução, dada pela expressão: d = massa de solução un idades: g/ml, g/L, kg/L volume de sol ução NA PRATICA Uma solução de Na C/ com densidade 1 200 g/L e concentração de 120 g/L é uma solução em que: � A cada l i tro de s o l u ção existem 120 gramas do so l u to NaC I (concentração); � Cada l i tro de so l u ção (so lvente + so l u to) tem massa d e 1 200 g (dens i dade) Concentração em quantidade de matéria (mol/LJ É a relação entre a quantidade de matéria (mÓI) e o volume em litros da solução. Sua representa ção pode ser dada pela fórmula do soluto entre colchetes ou apenas por um par de colchetesfechado. (Lembre-se de que utilizamos a letra n para representar quantidade de matéria.) [ l = quantidade de matéria (moi) vol ume de solução (em l itros) [ ] = n (mol) V (em l itros) NA PRATICA Se uma solução de hidróxido de sódio {NaOH) tem concentração de 1,2 moi/L, qual é a quantidade de matéria do soluto em 300 mL dessa solução? Sabemos pe lo e n u n c iado que : � [ NaOH] = 1,2 mo i!L � Vsoluç�o = 300 m L (q ue corresponde a 0,3 L). Pela fórm u la da concentração em q u ant idade d e matér ia, temos q ue: 1,2 moi/L = nsoluto -+ nsoluto = 0,36 mo i 0,3 L Então, se 1 l i tro da so l u ção contém 1,2 mo i de NaOH, em 300 m L temos 0,36 mo i dessa matéria. Também podemos utilizar a massa molar para relacionar a concentração comum, em g/L, com a concentração em quantidade de matéria, em moljL. NA PRÁTICA Para a mesma s o l u ção de NaOH com concentração de 1,2 mo i!L � Pe la tabela per ió d i ca, sabemos q u e a massa mo la r (M) dessa base é de 40 g;mol (Na = 23 u , O = 16 u e H = 1 u ) ; � Sabemos tam bém q u e a q u ant idade de u rna s u bstânc ia, em mo i, é igua l à massa da su bstânc ia d i v i d i da por s u a massa mo lar: n = ___m_ M Então, podemos estabelecer a reação: n = � -+ 1,2 mo i = � g/mol -+ m= 48 g Descobr imos, ass i m, q u e 1,2 mo i d e NaOH tem 48 g de massa . En tão, a concentração de NaOH na so l u ção é C = 48 g/L. Esse tipo de cálculo da concentração ainda permite prever a concentração de íons presen tes em uma solução. NA PRÁTICA Uma solução foi preparada dissolvendo·se 0,4 moi de cloreto de alumínio (A/C/3) em água suficiente para totalizar 1 /itro de solução. Qual é a concentração em moi!L dos íons presentes na solução? Aco m panhe o rac ioc ín io: � O e n u nc iado nos i n fo rma a concent ração: [AICI3] = 0,4 mo i/L � O com posto AIC I3 tem um íon pos i t ivo Al3' (cátion ) e três íons negativos cl- (ân ions) . � Sabemos q u e a água separa esses íons segu ndo s u a po lar idade: A IC I 3 -+ Al3' + 3 c l - . � Ou seja, para cada mo i de A IC I 3 d isso lv ido haverá a formação de 1 mo i de íons All' e três mo i d e íon s c l -, d i str i b u ídos h omogeneamente pe la so l u ção. E n tão, podemos d izer q u e [AI 3'] = 0,4 mo i/L e [C I-] = 1,2 mo i!L Concentração em porcentagem de massa É a concentração que relaciona massa de so luto por massa de solução (m/m). Geralmente, é dada em porcentagem, ou a massa de soluto contida em 100 gramas de solução. % em massa = massa de soluto (em gramas) massa de solução (em gramas) NA PRATICA Uma so l u ção de h i d róx ido de sód io (NaOH) a 5% é aque la q ue ap resen ta, a cada 100 g d e s o l u ção, 5 gramas de NaOH. Ou a cada 1 q u i l o (1 ooo gramas) d e so l ução, so gramas d e Na OH . N ote q u e em 100 g d e so l u ção existem 95 g de so lvente : H idróxido de sód i o 5% (m/m) soluto solvente so lução sg gsg 1oog Concentração em partes por milhão (ppm) É uma medida utilizada quando a solução tem uma quantidade muito pequena de soluto. Pode ser expressa em massa ou em volume. em massa 1 mg de soluto ou 1 g de soluto I 1 kg de solução 106 g de sol ução 1 ppm \ 1 cm3 de soluto 1 L de soluto em volume 1 m3 de sol ução ou 106 L de sol ução NA PRATICA Nos c remes denta i s há, aproxi madamente, 1 500 p p m d e fl úo r sob a forma de íon s fl u o reto. A relação "partes por m i l h ão" se dá en tre as grandezas de massa: a cada 1 m i l hão de m i l ig ramas de creme dental (106 mg, ou 1 kg), existem 1 500 mg de fl uoreto. FLOOR VERSUS CARIE A adição de flúor nas • pastas dentais é pequena, mas suficiente para combater as bactérias que corroem os dentes GE QUIMICA 2015 • 73 SEM GELO, POR FAVOR Quanto mais água se acrescenta, mais diluldo fica o suco de laranja 74 • G( QUIMICA 2015 • Proporções corretas Em laboratório, para realização de experi mentos, os químicos nem sempre utilizam substâncias puras, mas dissolvidas em soluções aquosas. Em solução, a superfície de contato entre os reagentes é maior - o que faz com que a reação ocorra mais rapidamente, e a observação dos fenômenos químicos fica mais fácil. Nesta aula veremos os vários procedimentos realiza dos em laboratório: desde a preparação, a dilui ção até a mistura de diversas soluções. PREPARO DE UMA SOLUÇÃO Qualquer solução antes de co meçar a ser preparada precisa ter definidos o volume e a concentra ção. O preparo de 250 mililitros de uma solução de sulfato de níquel [NiSO.] = 0,1 mol/L segue os se guintes passos: � Cálculo da quantidade de soluto necessária para a solução: � Volume da solução: 250 mL; � Concentração: 0,1 mol/L Sabemos que [ ] = _!!:.__ Então: v n = 0,1 mol/L . 0,25 L n = 0,025 moi de Niso. (Lembre-se de que o volume (V) se refere ao volume da solução, e não apenas da água.) � Consultando a tabela periódica, sabemos que 1 moi de NiS04 tem MM = 155 g/mol. Então, pela regra de três, descobri mos a massa de 0,025 moi: 1 moi - 155 g 0,025 moi - m g m = 0,025 . 155 = 3,9 g 1 Temos as medidas exatas da solução a ser pre parada: 250 mL de solução com 3,9 g de NiSO •. DILUIÇÃO E CONCENTRAÇÃO Lidamos com o conceito de concentração comumente no dia a dia. Um café forte é aquele em que a água tem alta concentração das subs tâncias contidas no pó. Um refresco aguado é aquele em que a quantidade de polpa de fruta é pouca em comparação à quantidade de água - ou seja, a polpa está muito diluída. De modo geral, pode-se dizer que: � Diluir uma solução significa acrescentar sol vente à solução. Isso aumenta o volume final da solução, mas a quantidade de soluto per manece inalterada. Daí, a concentração da solução é menor; � Concentrar uma solução significa diminuir a quantidade de solvente. Nesse caso, o volu me da solução diminui, mas a quantidade de soluto permanece constante, o que resulta no aumento da concentração. O aumento na concentração pode ser feito pela evaporação do solvente. Repare que, nos dois processos - de diluição e concentração -, só se altera o volume da solu ção. A quantidade de soluto permanece cons tante. Assim, podemos estabelecer algumas relações entre dois momentos de uma mesma solução que sofre um processo de concentra ção ou diluição. Acompanhe: � Considere uma solução com concentração inicial C, (dado em g/L) e volume inicial V, (dado em L). � Sabemos que a concentração é a massa do so luto dividida pelo volume da solução, então: C,= mi/V, -+ m, = C, . V, Se a concentração inicial da solução for altera da, teremos: C2= mjV2 e, portanto, m2 = C2 . V2, em que c2 é a concentração final e v2, o volume final. � Mas sabemos que a massa do soluto não se altera. Se m, = m2 -+ C, . V, = C2 . V2 Ou seja, numa solução cuja concentração é aumentada ou diminuída, a concentração e o volume são inversamente proporcionais: se o volume da solução sobe, a concentração desce; se o volume da solução desce, a concentração se eleva. O raciocínio é válido para concentrações medidas em quantidade de matéria ([ ], em mol/L). A quantidade de matéria não se altera, e a concentração é inversamente proporcional ao volume: [ ], . V, = [ l2 . V2 DI LU IÇAO NA PRÁTICA A 100 mL de uma solução de hidróxido de sódio {Na OH) 0,3 moi!L adicionamos 400 mL de água. Qual é a concentração da nova solução? � o e n u nc iado dá os valo res i n i c ia i s da so l ução [NaOH] , = 0,3 mo iiL e V, = 0,1 L (100 m L) Queremos descobr i r o va lor d e [ NaOH], � Se recebeu ma is águ a, a so l ução fo i d i l u ída. � Para encont rar [NaOH],, é prec i so, p r i m e i ro, descob r i r o vo l ume fi nal da so l ução (V,) a soma do vo l u m e i n ic ia l (V, = 100 m L) com a água ad ic i onada (400 m L) é V, = 100 m L + 400 m L = 500 m L (0,5 L) � Sabemos q u e [ ] , v, = [ ] , v, En tão: 0,30,1 = [ N aOH], . 0,5 [NaOH] , = o,o6 mo I/L A concentração da s o l u ção fi nal de h i d róx ido d e sód io será de o,o6 mo I/L MISTURA SEM REAÇÃO Quando se misturam duas soluções, a con centração e o volume finais dependem do fato de ocorrer, ou não, alguma reação química en tre os componentes das soluções misturadas. Na mistura de soluções em que não há rea ção química entre os componentes, o volume e a concentração dos solutos na solução final são diferentes dos valores originais. Se as soluções misturadas (a, b, c ... ) têm mes mo soluto e mesmo solvente, a quantidade de matéria da solução resultante (nF) é a soma da quantidade de matéria dos solutos das soluções iniciais (n., nb, nc .. .). Matematicamente: nF = na + nb + nc + .. . E o volume final é a soma dos volumes de cada uma das soluções originais: (VF = v. + vb + Vc + ... ) Já para as soluções com solutos diferentes, no caso de misturas sem reação química, ape nas o volume se altera - o que, por sua vez, altera a concentração. O raciocínio é claro: a quantidade de matéria permanece a mesma, tanto para a substância A quanto para a B. Sobe apenas o volume. NA PRÁTICA Qual é a concentração final de uma solução preparada pela adição de Bo mL de uma solução de KOH o,s moi/L a 20 mL de uma solução de mesmo soluto, de concentração 1,2 moi/L? [S1] = [KOH] = 0,5 mo I/L; V, = o,o8 L [S,] = [KOH] = 1,2 mo l/1; V, = 0,02 L � Sabemos q u e n = [ ] . v . Então: n1 = 0,5 mo li L . o,o8 L = 0,04 moi n , = 1,2 mo iiL 0,02 L = 0,024 moi � Sabemos, tam bém, q u e o vo l u m e fi nal é a soma dos d o i s vo lu mes i n i c ia is : V, + V, = 0,08 + 0,02 --) V, = 0,1 L � Se as d u as so l uções têm o mesmo s o l u to, a q uant idade d e matér ia fi na l é a soma das q u ant idades i n i c ia i s de maté r ia n ,= na + nb n, = 0,04 + 0,024 = 0,064 mo i � E a concentração fi na l é a relação en tre o vo l u m e e a q uant i dade de matér ia fi na i s: [KOH] = .o..f = 0,064 Vf 0,1 [KOH] = 0,64 mo I/L MISTURA COM REAÇÃO Em alguns casos, na mistura de duas solu ções, os componentes de uma reagem com os componentes da outra, formando novas subs- · tâncias. Para determinar a quantidade final de cada uma dessas substâncias é preciso analisar os cálculos estequiométricos da reação. NA PRATICA Numa mistura de solução de nitrato de prata (AgN031aq1} com outra solução, de cloreto de sódio (NaCI1aqb}, ocorre a precipitação do cloreto de prata (AgCI1,1 , de M = 143 g/mol), segundo a equação AgN03raqJ + NaCiraqJ + AgCirsJ + NaN03raqJ Num béquer misturaram-se 200 mL de solução DA moi/L de AgN03 e 400 mL de solução de Na CI de concentração 0,2 moi/L. Determine a massa do precipitado. Perceba q u e só é poss ível saber a massa do prec i p i tado se for conhec ida a q u a n tidade d e cada so l u to. Para i sso, fazemos o cá l c u l o esteq u i ométr ico: � Pr ime i ro, cal c u l amos a q u ant i dade de matér ia d e cada so l uto nas s o l u ções i n i c ia is : Para a sol u ção de AgN03: [AgN 03] = 0,4 moi/L V = 0,2 L [ ] = n I V n= [ ] V = 0,4 . 0,2 = o,o8 mo i Para a solução de NaC I : [ N aC I ] = 0,2 mo I/L V= OA L [ ] = n I V n= [ ] . v = 0,2 . 0,4 = o,o8 mo i � Sabendo q uanto d e cada so l uto reag i u, fazemos o cál c u l o esteq u i o m étr i co: AgN03(aq) + NaCI(aq) + AgCI(s) + NaN03(aq) 1mol 1mo l 1mo l 1mo l Mantendo a p roporção, temos q ue: o,o8 moi + o,o8 moi + o,o8 moi + o,o8 moi A q uant idade de AgCI prec ip i tado é o,o8 moi � Por fi m, cal c u l amos a massa desse prec i p i tado pe la relação n = .!Jl M 0,08 = lll + = 11,44 g 143 A massa do prec i p itado é d e 11,44 gramas. &E QUIMICA 2015 • 75 11 3 11 .......... 11 Capítulo_ EXERCÍCIOS 1. (EspceX/Aman 2014) Considerando a equação não balanceada da reação d e combustão do gás butano descr ita por C4H1o{gJ + 0,1g1 � C0,1g� + H,01g1, a 1 atm e 2ÇC (cond ições padrão) e o comportamento desses como gases i d ea is, o vo l u me de gás carbôn ico prod uz ido pe la c o m b u stão c o m p l eta do conte ú d o d e u ma botija d e gás contendo 174,0 g de butano é: a) 1000,4 L b) 198,3 L c) 345,6 L d) 294,0 L e) 701,1 L (Dados: massas atôm icas: C = 12 u; O = 16 u e H = 1 u; vol u me m o lar nas cond ições padrão: 24,5 L . mol-1 ) RESOLUÇÃO Primeiro, vamos identificar os compostos na reação: • C4H1o é o butano; • CO, é o dióxido de carbono. Depois, como indicado no enunciado, a equação não está ba lan ceada. Vam os balanceá-/a, acrescentando os coeficientes estequiométricos: C4H1o{gJ + O,lgJ � CO,IgJ + H,OigJ � Lembrando: os coeficientes indicam a proporção, em moi, das substâncias empregadas. Então, pela equação balanceada, sa bemos que para cada moi de C4H1o são produzidos 4 moi de co,. Mas o enunciado pede o volume de co, formado por 174 g de C4Hlo· Precisamos, então, descobrir a quantos moi de C4H1o equivalem esses 174 g. Com as massas atômicas fornecidas, encontramos a massa m olar do b utano, e portanto a massa empregada na reação. Para C4H,0 : • 4 C = 4 . 12 = 48 u � massa de C = 48 g • 10 H = 10 . 1 = 10 u � massa de H = 10 g Portanto, cada moi de butano tem massa de 58 g (58 g/mol). A equação balanceada indica apenas a proporção entre reagentes e produtos. A questão refere-se a uma reação de 174 gramas de butano. Precisamos, então, saber a quantos moi correspondem 174 g1amas. Simples regrinha de três: S sB g - 1 m oi ( 174 g - x moi � X = 3 moi de C4H,o Então foram usados 3 mo i de C4H,0. Se a proporção, pela equação balanceada era de 1 mo/ de butano resultam em 4 mo/ de dióxido de carbono, então 3 moi de butano produzem 12 moi de CO,. 76 • GE QUIMICA 2015 • Sabemos que, na condição padrão, 1 moi de qualquer gás ocupa 24,5 L (dado do enunciado). Nova regrinha de três: 5 1 moi CO, - 24,5 L ( 12 mo/ de CO, - x L � X = 294 L Assim, o volume de CO, produzido por 174 g de C4H,o é de 294 L. Resposta: alternativa d 2. (EspceX/Aman 2014, adaptada) Reações conhec idas pe lo nome d e Term i ta são c o m um ente u t i l izadas e m granadas i n ce n d iá r ias para destru ição de artefatos, como peças d e mortei ro, por ati ng i r tem peratu ras altíss i m as devido à i ntensa q uantidade d e calor l i berada e p o r prod uz i r ferro metá l i co na a l m a das peças, i n ut i l izando-as. U m a reação d e Term i ta m u ito comu m envolve a m istu ra entre a lumín io metál ico e óxido de ferro 1 1 1, na proporção adequada, e gera como prod utos o ferro metá l i co e o óx ido d e al u m ín io, a l é m d e calor, conforme m ostra a equação da reação: 2AI1s1 + Fe,031s1 � 2Fe1s1 + AI,031sl+ ca lor Reação de Term i ta Cons iderando q u e para a i nu t i l ização d e u m a peça d e morte i ro seja necessária a prod ução de 336 g d e ferro metá l i co na a lma d a peça e ad m it i n d o-se o a l u m ín i o c o m o reagente l i m i tante e o ren d i mento d a reação de 100% e m relação ao a l u m ín i o, a proporção em porcentagem d e massa d e al u m ín i o metál ico q u e d eve compo r 900 g da m i stura d e term i ta sup racitada (al u m ín i o metál i co e óxido de ferro 1 1 1 ) n u ma granada i ncend iár ia, v isando à i n ut i l i zação d esta peça d e morte i ro, é de a) 3% b) 18% C) 32% d) 43% e) 56% (Dados: massas atô m i cas: AI = 27 u; Fe = 56 u e O = 16 u) RESOLUÇÃO: Primeiro, vamos compreender bem o enunciado: • Termita é a mistura dos reagentes alumínio metálico (2 AI) e óxido de ferro 111 (Fe,03). • Se a reação tem rendimento de 100% em relação ao alumínio, então todo o reagente alumínio (AI) é consumido para a produção de 336 g de ferro metálico (2 F e), um dos produtos da reação. O enunciado já fornece a reação balanceada, que indica a pro porção, em moi, das substâncias. Então, podemos relacioná-las com a massa molar e encontrar a massa de alumínio consumida.A massa de AI é calculada pela massa molar dessa substância: Se AI = 27 u, então 2 AI = 54 u Calculamos, agora, a relação entre a massa de AI empregada e a de Fe produzida, seguindo a proporção dada pela equação balanceada. Pela regrinha de três: 2Alrs1 + Fe,03rsJ � 2FersJ + AI,03rsJ + calor 5 2 . 27 g 2 . 56 g l mA, 336 g � mA1 = 162g Essa quantidade de alumínio está contida em 900 g de termita , ou seja, esses 900 g se referem a 100% da quantidade de termita utilizada. Já a quantidade de alumínio contida nesta mistura é calculada por nova regra de proporção: 900 g (mistura) - 100% 162 g (alumínio) - p � p = 18% Assim, descobrimos que em 900 g de termita temos 18% de alumínio. Resposta: alternativa b 3. (UFU 2012, adaptada) A jad e íte, também chamada d e s i l i cato de alu m ín i o e sód io (NaAIS i ,06) é um m ineral m u ito ut i l izado por artesãos para a confecção de peças d e ornamentação e decoração, como jo ias e estatuetas. O n ú m ero d e mo i d e s i l íc io p resente e m u ma estatueta, com massa igual a 1.414 gramas, composta basicamente por jad e íte, é a) 28 m ols. b) 14 mo l s. c) 3,5 m ol s. d) 7 m ols. (Dadas as m assas atôm i cas: Na = 23 u; AI = 27 u; S i = 28 u; O = 16 u ) RESOLUÇAO Vamos, primeiro, lembrar que o conceito de moi pode ser usado tanto para moléculas de uma substância quanto para os átomos de cada elemento químico que compõe essa substância. Analisando a fórmula química dajadeíte (NaA/Si,06), observamos que em cada moi do composto (NaAISi,06) há 2 moi de átomos de si/feio (Si,). Com a fórmula química e as massas atômicas forneci das, tam bém calculamos a massa molar de jadefte: Massa m olar (NaAISi,06) = 23 + 21 + (28 . 2) + (16 . 6} = 202 gim o/ Assim, encontramos que a massa de 1 moi de jadeíte tem massa de 202 g. O enunciado do exercício diz que a estatueta é composta ba sicamen te de jadeíte. Então, podemos concluir que da massa de 1 414 g, tudo é jadeíte. E, como o silício é parte dessa substância, podemos encontrar a relação entre a massa de jadeíte e o número de moi do silício por regrinha de três: 202 g de jadeíte - 2 mais de Si 1414 g - n n = 14 mais Portanto, a cada 1 414 g de jadeíte, temos 14 moi de silício. Resposta: alternativa b Capítulo_ ISTO É ESSENCIAL! G RANDEZAS E UN IDADES Massa atômica (MA1 é a m assa do átomo, med ida e m u n idade de massa atôm ica (u). U ma u n idade de massa atôm ica vale 1/12 massa do carbono-12. Massa molecular (MM) é a soma da massa de todos os átomos q u e formam a molécu la, dada em u n idade de massa (u). Moi é a u n idade de medida para q uantidade de matéria. Um mo i equ iva le a 6 . 10'3 átomos, íons ou molécu las. Massa molar (M} é a massa de u m mo i de átomos, molécu las ou íons, d ada em gramas. CALCULOS ESTEQUIOMtTRICOS N u ma e q u ação balanceada, os coef ic ientes i n d icam a proporção, em moi, das su bstâncias empregadas. A quantidade de um gás depende das variáveis de estado: volume, tem peratura e p ressão. Essas três variáve is estão relac ionad as: a lterando-se u ma, alteram-se as d e mais . Temperatura termodinâmica é a med ida da energia c i nét ica das partícu las do gás, geral mente medida em Kelvin (K = oc + 273). Volume molar de um gás é o volume ocupado por um moi de gás em CNTP: 22,4 L . G rau de pureza ou teor é a porcentagem de d eterm i n ad a su bstânc ia p resente n u m a m istura. O rendimento de u ma reação pode ser menor q u e 100%: nem todo reagente reage, nem todo p roduto esperado é prod uz ido . SOLUÇÕES Di lu i r u ma solução s ign ifica acrescentar solvente à so l ução. Isso a u m enta o vo l u me fi nal, mas a q uantidad e de sol uto permanece a mesma. Daí, a concentração da so l ução ca i . Concentrar u m a so l ução é d i m i n u i r a q uant idade de solven te: o vo l ume da so lução cai, m as a q uantidade de so l u to perman ece constante. Por conseq uênc ia, a concentração aumenta. A curva de solubilidade i n d i ca a q u antidade de u ma substânc ia capaz de se d issolver e m 100 gramas d e água, a dada tem peratu ra. Concentração é a q uantidade de sol uto d istri bu ída em determ i nada q uantidade de solu ção. t sempre uma proporção e pode ser dada em d iversas u n idades, como partes por m i l hão (ppm); em massa de sol uto por volume de solução (g/L); ou em q uantidade de matéria por volume de solução (moi/L). E m misturas d e soluções sem reação entre solventes e solutos, o volume e a concentração final são d ife rentes dos valores or ig inais. Para soluções de m esmos so l uto e so lvente, nr = n. + nb + n, ... . Para o vo lume, V r = v. + Vb + v, .. . E, para sol uções com solutos d iferentes, alteram-se o vo l ume e a concentração. • GE QUIMICA 2015 • 77 PETROBRÁS I DIVULGAÇÃO O leilão do maior campo de exploração de petróleo do pré-sal acirra críticas� mas aproxima o Brasil da autossuficiência Em outubro de 2013, o governo federal leiloou o Campo de Libra, o maior de exploração do petróleo do pré-sal, na Bacia de Santos. A oferta única foi apresen tada por um consórcio entre quatro grandes empresas petrolíferas estrangeiras e a Pe trobras. O Campo de Libra, descoberto em 2010, ocupa 1,5 mil quilômetros quadrados, de onde se espera retirar até 12 bilhões de barris de óleo. E, pelo sistema de partilha adotado na política do pré-sal, a União ficará com cerca de 80% da produção. O modelo de produção do pré-sal re cebe críticas de todos os lados. Há os que consideram a participação das multina cionais uma privatização dos recursos na turais brasileiros. Há os que alegam que o modelo é estatizante e afasta investidores estrangeiros. Por fim, há os que duvidam da capacidade tecnológica do Brasil para arcar com as operações de exploração. A exploração do pré-sal tem importância estratégica para o Brasil. Grande parcela da energia consumida no país vem de fontes renováveis, como a eletricidade das hidre létricas e o etano! da cana-de-açúcar. O pe tróleo, porém, ainda representa mais de 40% da matriz. Caso as expectativas do pré-sal se confirmem - reservas de 50 bilhões de bar ris -, o Brasil se tornará um dos dez maiores produtores mundiais, com peso para intervir na regulação do mercado internacional. Internamente, o país consolidará a au tossuficiência. Hoje, o petróleo produzido no Brasil é do tipo pesado, bom para a pro dução de asfalto e óleos combustíveis. Esse é exportado. Para refinar gasolina e diesel, é usado um petróleo mais leve, que o Brasil importa. O Campo de Libra, como os demais da camada do pré-sal, contém o óleo leve. Daí que poderemos ser autossuficientes. Conteúdo deste capítulo • lnfográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . So aula 1 • Termoquímica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sz aula z Reações de oxirredução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 aula 3 Energia nuclear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 • Exercícios & Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 GE QUI MICA 1015 • 79 Matéria e energia lnfográfico I -I' I ....___.- Petróleo� preferência internacional S i m, a q u e i m a d e c o m b u stíve i s fósse i s te m efe i tos p rej u d i c i a i s ao p l aneta. A i n d a ass i m, o petró l eo d eve c o n t i n u ar m ove n d o o m u n d o p o r, pe lo m e n os, m a i s a l g u m as d écadas. A razão para essa p referê n c i a é u m a só: o petró l e o é extre m a m e n te ve rsát i l e tem a l to val o r e n e rgét ico QUEREMOS PETRÓLEO O consumo mundial de derivados de petróleo cresce e deve continuar crescendo. Confira no gráfico ao lado: entre 1971 e 2030, o consumo mundial de energia triplicará. Os combustíveis fósseis continuarãorespondendo pela maior parte do total de energia, mas numa proporção cada vez menor. De outro lado, as fontes consideradas mais l impas - como nuclear, eólica e hidráulica crescem em participação. • ENERGIA NO MUNDO Matriz de energia primária no mundo, em bi lhões de teps * • Combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) Outras fontes (nuclear, hidráulica, eólica, solar, térmica, biomassa) 20 15 lO 1971 2004 2030** • tep; tonelada equivalente de petróleo. ta massa do material que, em combust:o, gera a mesma quantidade de energia que o petróleo • **Estimativa Fonte: AI E/ World USO DA ENERGIA De toda energia produzida no mundo, de todas as fontes, a maior parte é destinada à própria geração de energia - ou seja, para a transformação de um tipo de energia em outros tipos. As termelétricas, por exemplo, geram eletricidade com energia de várias fontes: petróleo, carvão mineral e lenha (que contém energia química). Por outro lado, a eletricidade pode também ser gerada pela força das águas de um rio (energia mecânica). NA INTIMIDADE DO MOTOR A combustão transforma a energia química dos combustfveis em energia térmica e, depois, em energia cinética O inicio de tudo A gasolina é uma mistura de hidrocarbonetos, compostos de carbono e hidrogênio. No motor, as moléculas se misturam com o ar. f) Explosão Uma faísca fornece energia para a combustão. Os átomos de carbono e hidrogênio dos hidrocarbonetos se rearranjam em dióxido de carbono e água, na forma de vapor. Essa reação é exotérmica - libera calor. 8 Expansão O calor l iberado aumenta a temperatura e, com isso, os gases se expandem. Essa expansão empurra .. · • os pistões do motor, que, por sua vez� · põem em movimento os eixos das rodas. É esse mesmo calor que faz com que o n itrogênio se agrupe com o oxigênio, formando óxidos que provocam a chuva ácida (veja o infográfico na pág. 96). � ., ,. MATA EXOTÉRMICA Toda queimada é uma reação de combustão: o oxigênio se combina com a matéria orgânica e produz gases, como co,, e libera muita energia na forma de calor Da matéri� a energia Toda transformação da matéria envolve uma transferência de energia - ou seja, toda reação química libera ou absorve energia do ambiente, geralmente na forma de calor. É o calor liberado na queima do gás buta no que cozinha os nossos alimentos. É também o calor liberado na combustão do álcool ou da gasolina que movimenta os veículos. Mesmo para qualquer ser vivo, a energia das reações químicas é importante: o metabolismo dos alimentos - uma cadeia de reações químicas - fornece a energia para manter o funcionamento das células. A parte da química que estuda essas transferências de energia é a termoquímica. 82 • 6E QUIMICA 2015 • EXOTÉRMICAS E ENDOTÉRMICAS Existem dois tipos de reações químicas: as que fornecem calor ao ambiente e as que con somem calor do ambiente. ... Reações exotérmicas liberam calor. É o que ocorre, por exemplo, nas reações de com bustão de qualquer material. Veja a equação que representa a queima do etano!: C2H60(Il + 3 02cg) � 2 C02cg) + 3 H20(g) + calor ... Reações endotérmicas absorvem calor. É uma reação endotérmica a fotossíntese, rea lizada pelos vegetais: 6 C02(g) + 6 H20(I) + calor � C6Ht206Caq) + 6 02(g) VALE A PENA ANOTAR Na equação de uma reação exotérmica, o calor é somado aos produtos, pois ele foi gerado pela reação e l iberado para o ambiente. Já na equação de uma reação endotérmica, o calor é somado aos reagentes, pois é consumido como um deles, ao ser absorvido do ambiente. A lei da conservação de energia diz que num sistema isolado a energia se mantém constante. Isso significa que toda energia que parece ter desaparecido terá apenas se transformado de química em outro tipo de energia, como elétrica, térmica, mecânica. NA PRÁTICA A combustão do etano I é uma reação exotérmica, I i bera calor. Veja: C,HGOIII + 3 O,lg) -+ 2 C0,1g1 + 3 H,01g1 + calor H, > Hp -+ à H < o A fotossín tese é uma reação endotérmica.: 6 co,1g) + 6 H,0111 + calor -+ C6Hn061aql + 6 O,lgl H, < Hp -+ àH > o ENTALPIA Energia é a capacidade de produzir traba lho. A energia pode assumir diferentes formas, como química (das ligações entre os átomos e moléculas), térmica (calor) ou nuclear (das partículas do núcleo dos átomos). No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de medida da energia é o joule (J). A energia não pode ser criada nem destruída, apenas transfonnada de um tipo em outro. Toda substância guarda certa quantidade de energia química, que se transforma em calor quando rea ge. O total de energia armazenada nos reagentes e nos produtos de uma reação chama-se entalpia (H), medida em quilojoule (kJ). Numa reação química, a entalpia dos pro dutos e a dos reagentes varia. E a variação de entalpia é representada por 6H, e seu cálculo é simples: 6H = Hp - H. , em que • 6H é a variação de entalpia; • Hp é a entalpia dos produtos; • H. é a entalpia dos reagentes. Uma reação pode ser exotérmica ou endo térmica. Numa reação exotérmica - aquela que libera calor -, a entalpia dos produtos (Hp) é menor que a dos reagentes (H,). Se Hp < H,, l:IH < O. Inversamente, numa reação endotér mica, a entalpia dos produtos (Hp) é maior que a dos reagentes (H,). Se HP > H,, l:IH > O. Entenda bem: a energia química fica ar mazenada nas ligações entre os átomos dos reagentes. Quando ocorre a reação, essas liga ções se rompem e os átomos se reorganizam em novos compostos. Se a energia necessária para manter as novas ligações é menor do que aquela que mantinha as ligações dos reagentes, a diferença é liberada como calor. Se, ao contrário, a energia necessária para manter as novas ligações é maior, então a re ação absorve calor do ambiente. Esse calor ab sorvido será armazenado nos produtos sob a forma de energia química. COMO VARIA A ENTALPIA Em laboratório é possível medir a energia ab sorvida ou liberada numa reação. A quantidade de calor envolvida numa reação é descrita numa equação termoquímica. A equação da reação que transforma os gases hidrogênio e cloro em ácido clorídrico é: H2Cgl + Cbcg) -+ 2 HCicgJ l:IH = -185 kJ (25 °C, 1 atm) Repare que a equação fornece os dados mais importantes da reação: .,.. O estado físico das substâncias - gasoso (g); .,.. Temperatura (25 oc ) e pressão (1 atm) sob as quais a reação ocorre; .,.. A proporção entre reagentes e produtos: um moi de H2 reage com 1 moi de Cl2 para formar 2 mol de HCI; .,.. A variação de energia para essa reação espe cífica, que produz 2 moi de HCI, é =185 kJ. Para 1 mol de H C I, l:IH = -92,5 kJ. .,.. Se a variação de entalpia dessa reação é ne gativa (t.H < 0), então a energia foi liberada como calor. Portanto, a reação é exotérmica. VALE A PENA ANOTAR .,.. A quantidade de calor liberado ou absorvido é proporcional à estequiometria da reação. Na produção de 2 moi de HCI, o calor l iberado vale, aproximadamente, 185 kL então, para a produção de 4 mal de HCI, essa quantidade é duas vezes maior != 370 kJ). .,.. A quantidade de energia armazenada numa substância depende de seu estado físico. O estado gasoso é o de maior entalpia, e o sólido, o de menor. HCI em estado gasoso armazena mais energia do que no estado líquido porque as partículas têm maior energia cinética. .,.. A pressão e a temperatura em que uma reação ocorre também importam. Um gás comprimido ou aquecido tem mais energia do que um sob temperatura e pressão normais. Sempre que ocorre uma mudança do estado físico, a energia armazenada no sistema se alte ra e, consequentemente, a entalpia das substân cias. Veja: .,.. sólido -+ líquido -+ gasoso .,.. H, < H1 < Hg .,.. Então essas transições são endotérmicas. Inversamente, quando a temperatura cai: .,.. gasoso -+ líquido -+ sólido .,.. Hg > H1 > H, .,.. Essas transições são exotérmicas. EM RESUMOSublimação (endotérmica) Fusão (endotérmica) 'l- SÓLIDO LIQUIDO Vaporização (endotérmica) GASOSO t�------�1 t�----� Solidificação (exotérmica) Liquefação (exotérmica) Sublimação (exotérmica) GE QUIMICA 2015 • 83 A variação da entalpia é representada em dia gramas de entalpia. Veja o diagrama para uma reação exotérmica e outra, endotérmica: liH = - 18S kJ 2 HCI 1,1 HP - - - - - - - - ------ Caminho da reação (tempo) HP 2 H l 111 - - - - - - "' ·a. � H,lgl + 1 , 1,1 liH = + 52 kJ H, H,lgl+ 1, 111 -+ 2 Hl lgl Caminho da reação (tempo) ENTALPIA VAI, ENTALPIA VEM A primeira reação é exotérmica, e a segunda, endotérmica. Nos diagramas, a medida de entalpia está indicada no eixo vertical. O ponto H, é a medida de entalpia dos reagentes. Repare que essa entalpia permanece constante enquanto a reação não tem início. Quando a reação se completa, a entalpia dos produtos (Hp) está num ponto diferente, no eixo vertical - acima ou abaixo do ponto H,. lsso significa que a entalpia variou. A diferença de altura entre as duas retas indica a medida da variação de entalpia (àH) de cada uma das reações, e o sentido dessa variação mostra se a reação é exotérmica ou endotérmica. COMBUSTÃO Toda combustão é uma reação na qual um combustível reage com o oxigênio (Oz), que é um comburente, liberando energia - ou seja, toda combustão é uma reação exotérmica. A combustão completa de uma substância orgânica (que contém carbono) ocorre quando, na reação com o oxigênio do ar, forma-se gás carbônico (COz) e água (HzO). A respiração é uma combustão completa: o oxigênio inalado "queima" os alimentos, liberando energia para o organismo (veja mais no capítulo 6). Quando há pouco oxigênio, ocorre a combus tão incompleta, cujo produto é o monóxido de carbono (CO). A combustão incompleta libera menos calor que a completa e gera o poluente CO e fuligem. Numa combustão incompleta, uma mesma quantidade de combustível produz menos energia. Veja: .,. Combustão completa: CH4Cgl + 2 Ozcg) -+ COzcgl + 2 HzOcgl L\H = - 802 kJ/mol .,. Combustão incompleta: CH4Cg) + 3/2 Ozcg) -+ COcgl + 2 HzOcgl L\H = - 520 kJ/mol 84 • GE QUIMICA 2015 • uma bomba é uma reação exotérmica que l ibera muita energia instantaneamente As condições-padrão são. temperatura de 25 "C e pressão de 1 atmosfera (atm) É nessas condições que são definidas a entalpia de qualquer substância e a entalpia padrão de qualquer reação. O expoente zero sobre o H, em H' ou !JH', significa que a entalpia e sua variação foram calculadas nessas condições. Sabendo-se a quantidade de calor liberada por diferentes combustíveis, pode-se comparar o valor energético de cada um deles - ou seja, quanta energia cada um rende no motor de um veículo, por exemplo. ENTALPIA-PADRÃO Em laboratório, consegue-se medir apenas a variação de energia de uma reação. Para fazer previsões quanto ao calor liberado ou absorvi do de uma reação - e, daí, definir a energia quí mica de cada substância -, os químicos criaram um padrão e, a partir dele, uma escala relativa - a entalpia-padrão (H0). Numa reação de combustão, falamos em entalpia-padrão de combustão. Nas reações que formam uma substância composta a partir de substâncias simples, falamos em entalpia -padrão de formação. A entalpia-padrão é sempre dada para a substância em seu estado físico mais comum nas condições-padrão. Por convenção, as substâncias simples (compostas de um único elemento químico, como Ccs), Oz(g), H2(g) e Fecsl) têm entalpia zero. ENTALPIA DE FORMAÇÃO Os gases hidrogênio (H2) e oxigênio (Oz) são substâncias simples e, por isso, têm entalpia padrão zero. Mas, ao reagir, os dois gases pro duzem água. Essa é uma reação exotérmica: L\H0 = - 286 kJ Como a água é o único produto formado pela reação, podemos dizer que toda a entalpia está nas moléculas de água. Esse valor é chamado entalpia-padrão de formação (AH0r). O valor da entalpia-padrão de formação é sempre cal culado para um moi da substância produzida. Todas as substâncias têm a entalpia de forma ção medida em laboratório. Veja a de alguns: ENTALPIA·PADRÃO DE FORMAÇÃO Substância IIH't (kJ/mol) Li H - 90,5 BeH, - 19,3 B,H6 1� 35,6 CH4 1� - 74,8 NH3 1g1 - 46,1 H,O - 285,3 H F1� - 271,1 O grafite é um alótropo do carbono - ou seja, uma dentre várias substâncias compostas apenas de átomos de carbono. Outro alótropo do carbono é o diamante. A diferença entre eles é a conformação geométrica em que os átomos se organizam. NA PRÁTICA Não é p rec iso decorar o valo r da en ta l p i a-pad rão de formação de n e n h u m a su bstân cia . Nas p rovas, os valo res são fornec idos no e n u nc iado. Mas é prec iso saber traba l h a r com esses valo res. Veja: Qua l é o calo r envolv ido na obtenção de gás h id rogên io pe la reação entre água e gás metano� Dados: A eq uação: CH, 1g1 + H,01g1 � C01g1 + 3 H, 1g1 liH1° dos com postos: • CH,1g1 = - 75 kJ/mo l · H ,01g1 = - 286 kJ/mo l • C01g1 = - 108 kJ/mo l � A en ta l p ia d o s reagentes é a s o m a da en ta lp ia da água e a do metano: H, = - 286 - 75 = - 361 � A ental p i a dos produtos é a soma da en ta l p i a do CO e a do gás h i d rogên io : Hp = -108 + o = -108 A variação de en tal p i a é liH = Hp - H , E n tão, n esta reação, liH = -108 - (-361) = 253 kj O valo r da en tal p ia é pos it ivo . Portan to, a reação é endoté rm ica. LEI DE HESS Em 1840, o russo Germain Henri Hess mediu o calor de várias reações e verificou que a quan tidade de calor liberada numa reação não de pende de seu caminho, mas somente dos estados inicial e final da reação. Hess enunciou sua lei: "A variação de energia térmica num processo químico depende somente das propriedades das substâncias nos estados inicial e final. Essa va riação é a mesma, não importando se o processo se realiza em um ou em diversos estágios." NA PRÁTICA O d ióxido de carbono (CO,) pode ser gerado da combustão do carbono grafite, por d uas reações d isti ntas. Veja início fim combustão Cgrafite + O, lgl completa - CO,Igl � / combustão combustão incompleta �/ completa co1g1 + 112 o,1g1 estado intermediário � Caminho 1: o CO, pode se formar por combustão comp leta do grafite C 1,1 + 0, 1g1 -+ CO, lgl liH = - 393 kj/mol � Caminho 2: o CO, pode se formar, também, por duas etapas de combustão: Etapa I : C 1,1 + 1h O, lgl -+ CO lgl liH, = - no kj/mol (combustão i n comp leta) Etapa 1 1 : CO lgl + 1h 0, 181 -+ C0, 18l liH, = - 283 kJ/mol (com bustão comp leta) O rganizando e somando as equações do cam inho 2: Etapa 1: C (grafite! + 1/2 O,lgl -+ COigl liH, = - 1 10 kj/mo l Etapa 1 1 : C01g1 + 1/2 0,181 -+ C0,1g1 liH, = -283 kj/mo l A soma das equações, passo a passo: � E l i m i namos substânc ias que foram formadas na etapa 1 e consum idas na etapa 2 - o CO; � Somamos o nú mero de m olécu las das substânc ias restantes: 1h O, + 1h O, = 1 O,; � Somamos, tam bém, as variações de entalp ia das d uas etapas liH = -110 - 283 = - 393 kJ/mol � A equação que resu lta da soma é o que se chama reação global - u ma equação que represen ta a reação d i reta, sem as etapas i n termed iárias Etapa 1 : C (grafite! + 1/2 O,lgl -+ 0igl liH, = - 1 10 kj/mo l Etapa 1 1 : 01g1 + 1/2 0,1g1 -+ C0,1g1 liH , = -283 kj/mo l Reação global: Clgrafite) + O,lgl -+ CO,Igl liH = -393 kj/mo l Compare o res u l tado dessa soma com a reação de combustão completa do carbono (cam i n h o 1). E confi rme a le i de Hess: � A reação g lobal é a reação do cam i n ho 1; � A soma das variações de entalp ia das duas etapas do cam i n ho 2 (liH, e liH,) é igual à variação de ental p ia da reação g lobal . A le i de H ess num d iagrama de enta l pia dessa reação: ... � - 110 � - 393 C {graHte) + '/, O,{g) LIH , = - 110 kj/mol co1,, + '/, o,1,, - -LI: =� �93� LIH , = - 283 kJ/mol, .. , . . . _ , l C0,1,, - - - - - - - - - - - � -- Caminho da reação DIRETO OU COM ESCALAS O diagrama mostra a variação de entalpia de duas reações que, em sequência, produzem CO,. A reação 2 ocorre entre o co produzido na primeira reação com o,, resultando em CO,, numa combustão completa. A soma das duas variações de entalpia é a variação de entalpia da reação global: 11H = 11H, + 11H, = - 393 kj/mol GE QUI MICA 2015 • 85 ATENÇÃO t comum que as equações químicas tragam coeficientes em frações. t o que acontece na equação da formação da água aqui apresentada, em que 1 H, reage com 112 O,. Meio O, não significa meia molécula, mas meio moi de moléculas de oxigênio (3 . 10'1 moléculas). As frações são necessárias quando se calcula a entalpia-padrão (sempre para um moi) de uma substância formada. MÚSCULOS AQUECIDOS A energia para os movimentos vem da queima de substâncias do organismo 86 • GE QUIMICA 2015 • A MATEMÁTICA DAS REAÇÕES Ao calcular a variação de entalpia pela lei de Hess, comparamos duas ou mais reações quími cas. Nesse caso, é comum que precisemos somar as equações. Essa soma segue as regras para a soma de equações matemáticas. E, assim como na matemática, em química pode-se usar uma série de truques para resolver a conta: multipli car, dividir ou inverter as equações para obter os coeficientes estequiométricos necessários. Entenda, a seguir, a lógica dessa soma. NA PRÁTICA A formação do metano é uma reação m u ito lenta e envolve u ma série de reações secundárias. A variação de enta lp ia (liH) de cada uma dessas reações é dada abaixo • I . C fgran + 0,1&1 -+ CO,IgJ 1 1 . H,1g1 + 1/2 0,1g1 -+ H,01,1 1 1 1 . CH41g1 + 2 0,1&1 -+ CO,Igl + 2 H,O(I) liH = -393 kJ/mol liH = -285,5 kj/mol liH = -889,5 kJ/mol Para ca lcu lar a variação total de enta lp ia nessas reações, somamos as equações. A soma nos l eva ao essenc ia l • a reação global . Passo a passo• .,.. Queremos res u m i r as três equações na equação da reação g loba l . Para i sso, precisamos e l im i nar as etapas intermed iárias - os prod utos de u ma reação que são os reagentes da reação segui nte. Repare que, no nosso exem plo, três substâncias aparecem em d i ferentes equações• • 0, ( 1 , 1 1 e 1 1 1 ) • CO, ( I e 1 1 1 ) • H,O ( l i e 1 1 1 ) .,.. Mas a q uantidade da água (H,O) não é a mesma a reação l i produz u m mo i de água; a reação 1 1 1 p roduz 2 moi . Para igualar essas quant idades, mu l ti p l i camos a equação li por 2. A variação de ental p i a é dada para cada moi. Então, se dob rarmos a q uantidade de moi n essa equação, teremos de dobrar, tam bém, a variação de enta lp ia Ficamos com 1 1 . 2 H, + O, � 2 H,O liH = - 571 kj .,.. O q u e procuramos é a reação global de formação do metano CH4. Mas, nas eq uações fornecidas, o metano aparece na equação 1 1 1 como reagente, e não como p rod uto. Podemos i nverter o sentido da equação. Como a equação é i nvertida, o fl uxo de energia também tem de ser i nvertido, de exotérm ica para endotérmica. Trocamos o s i nal de li H. F icamos ass im• 1 1 1 . CO, + 2 H,O � CH4 + 2 O, liH = 889,5 kj .,.. Agora é só somar• e l im i nar o que fo i p roduzido n u ma etapa e consu mido numa etapa segu i n te. t: fác i l ident i ficar, dos dois lados da equação .,.. Na equação I existe 1 O, Na li existe outro O,. Então temos 2 O, reagentes. Em 1 1 1 temos os mesmos 2 O,, agora como produto. Cancelamos todos os O,. .,.. Em I temos CO, como produto o mesmo CO, aparece em 1 1 1, agora como reagente. Cancelamos. .,.. Em l i temos 2 H,O como produto Em 1 1 1 os mesmos 2 H,O aparecem como reagentes. Cortamos. Quando não se tem mais nenhum termo a cortar, chegamos à reação global C1grat1 + 2 H,,&l � CH•I&I I . c (gral) + .D1fgJ -+ re, (g) 1 1 . 2H2 (gJ + �I -+ �111 1 1 1 .0,1&1 + ���� -+ CH• I&I + p.6,1&1 C (gran + 2 H, lgl Falta apenas calcu lar a variação de ental p ia da reação global. A le i de Hess d iz q u e, não importa o cam in ho, a formação de uma s u bstânc ia sem pre vai l i berar ou absorver a mesma q uantidade de energia. Então, liH dessa reação global é a soma da li H de cada u ma das reações parc ia is• liH = - 393 - 571 + 889,5 = -74,5 kJ A reação global da formação de metano e a variação de enta lp ia dessa reação são, então C1grat1 + 2 H,l&l � CH•I&I liH = -74,5 kj ATENÇÃO Na soma de equações químicas, podemos multipl icar, dividir ou inverter as equações para obter os coeficientes estequiométricos necessários. Mas não se esqueça de que: .,.. Ao inverter uma equação, o sinal algébrico de sua li H também é invertido; .,.. Se a equação tiver os coeficientes multipl icados ou divididos, li H deve ser multipl icado ou dividido pelo mesmo valor; .,.. Na soma, quando substâncias iguais em reações diferentes estão de lados opostos, podemos cancelá-las (ou simpl ificá-las, caso seus coeficientes sejam diferentes). Pilhas e baterias são dispositivos de mesma natureza. A diferença é que a bateria reúne uma série de pilhas. Espécie química é a expressão genérica a átomos, íons e moléculas. Capítulo_ Aula_ 4 2 PORTABILIDADE Os celulares funcionam graças a uma bateria, que transforma a energia química em energia elétrica Nliniusinas elétricas Aenergia elétrica que abastece a maioria das residências no Brasil vem das usinas hidrelétricas, por meio de fios. Mas a ele tricidade pode ser gerada e usada sem os fios de transmissão, em pilhas e baterias. Esses dispositivos, que transformam energia quími ca em energia elétrica, são fundamentais para tecnologias utilizadas em celulares, notebooks e aparelhos de MP3. OXIRREDUÇÃO As pilhas e baterias convertem em energia elétrica a energia química de substâncias em seu interior, por meio de uma reação de mor redução ou de oxidação-redução, em que espécies químicas transferem elétrons de uns para outros. Nas reações por transferência de elétrons, a espécie química que doa elétrons é o agente redutor, que sofre oxidação. A espé- cie que recebe elétrons é o agente oxidante (espécie que sofre redução e gera a oxidação da outra espécie). Mantenha em mente: QUEM DA, QUEM TIRA A substância A perde elétrons e, portanto, é oxi· dada por um agente oxidante (B). A substância B, por outro lado, sofre re· dução porque recebe os elétrons cedidos por A, que é o agente redutor. GE QUIMICA 2015 • 87 AQUI TEM HISTÓRIA A pr ime i ra p i l ha foi desenvolv ida pe lo ital iano Alessand ro Volta, em 1800. E le emp i lhou d iscos de metais variados (como p rata e z i nco) entremeados com fel tro embeb ido em água salgada. E descobr iu q u e a to rre gerava e l etr i c i dade. Anos depo is, o i ng lês Freder ic Dan i e l l aperfe içoou a engen hoca de Vo l ta e cr iou a p r ime i ra p i l h a efi c iente. Mas até h oje as p i l has func ionam com os pr inc íp ios descobertos por Vol ta. COISA OE MUSEU A pilha de Volta intercalava placas de diferentes metais com feltro embebido em uma solução 88 • GEQUIMICA1015 • Acompanhe o raciocínio no exemplo a seguir de uma reação de oxirredução do zinco metáli co (na placa) e uma solução de sulfato de cobre: R 8 Cu504 lÂMINA DE ZINCO (CINZA) (•"'' ,-, L " tzn1,1 CuS04(aq) APOS CERTO TEMPO A SOLUÇÃO FICA INCOLOR NA SUPERFÍCIE DO ZINCO DEPOSITA-SE UM MHAl AVERMELHADO (Cu1,1) .,.. Na placa, os átomos de zinco (Zn) estão uni dos por ligações metálicas. .,.. Já no sulfato de cobre (CuS04), que é um sal, os átomos se mantêm coesos por ligações iônicas (sobre os tipos de ligação atômica, veja o capítulo 1). O sulfato de cobre está dis solvido em água (H20). .,.. Em solução, as moléculas H20 separam os íons do CuS04: de um lado, os cátions de cobre (Cu2•), de outro, os ânions de sulfato (SOl"). .,.. Agora entra o zinco: a reação entre Zn e o sul fato de cobre libera na solução de íons Zn2• • .,..O cobre metálico fica depositado sobre a pla ca de zinco. A equação química que repre senta esse processo é: Zn + Cu2• -+ Zn2• + Cu .,.. Nessa reação, o zinco transferiu elétrons para o íon Cu2•• O zinco, então, que doou elé trons, sofreu oxidação, e o íon cobre, que re cebeu elétrons, sofreu redução. Daí o nome reação de oxirredução. Essa reação pode ser entendida em duas eta pas sequenciais: .,.. Oxidação do Zn, que doa dois elétrons e se transforma num cátion: Zn -+ Zn2• + 2 e- .,. Redução do cátion Cu2+, que recebe os dois elétrons cedidos por Zn: Cu2• + 2 e- -+ Cu VALE A PENA ANOTAR Oxidação Redução Perda de elétrons Ganho de elétrons Agente oxidante Recebe e létrons Agente redutor Fornece elétrons PILHAS Você viu: na reação entre a placa de zinco e o sulfato de cobre, o zinco se oxida ao doar elétrons aos cátions de cobre soltos na solução. Por sua vez, os cátions de cobre que recebem os elétrons do zinco se depositam como cobre metálico na superfície da placa de zinco. Uma pilha nada mais é do que um dispositivo em que essa transferência de elétrons ocorre de maneira ordenada, ao longo de um fio, que conecta os dois metais. O inglês John Frederic Daniell construiu uma pilha eficiente. Veja: A PILHA DE DANIELL 6 fio condutor ponte sal in<� (} � � . . . . O Uma barra de · zinco foi mergulhada numa solução . de sulfato de zinco, carregada de íons de zinco. Esse é o eletrodo de zinco. O Outra barra, de cobre, foi mergulhada numa solução de sulfato de cobre, que contém íons de cobre. Esse é o eletrodo de cobre. {) Como o zinco tem maior tendência a se oxidar (a perder elétrons), a barra solta na solução íons Zn"- Ficam na placa os elétrons que foram abandonados (e·). O zinco sofre oxidação e se torna o polo negativo da pilha, ou anodo. 6 Um fio condutor faz com que os elétrons cedidos pelo zinco cheguem à barra de cobre. Se o fio passar por uma lâmpada elétrica, ela se acenderá. O Os elétrons que chegam à barra de cobre se unem aos íons Cu'' da solução, reduzindo-os e transformando-os em cobre metálico. o eletrodo em que ocorre a redução é o catodo, ou polo positivo. (} Um tubo contendo uma solução de sal une as cubas com as duas soluções. Essa ponte salina tem a finalidade de neutralizar as duas soluções em torno dos eletrodos - ou seja, equil ibrar o excesso de íons de zinco, de um lado, e a falta de íons de cobre, de outro lado. 6Com o tempo, a lâmina de zinco oxidada sofre corrosão e perde massa. No catodo, por outro lado, a redução faz com que cada vez mais cobre metálico se prenda à superfície da barra, que ganha massa. POTÊNCIA DE UMA PILHA A potência de uma pilha é a facilidade com que ocorre a transferência de elétrons de um eletrodo a outro. Os químicos construíram uma escala de potenciais-padrão de redução e de oxidação (E0red ou E00J, que são medidos em volts (V). A escala é baseada no hidrogênio, a que foi atribuído potencial-padrão zero. Todas as substâncias são comparadas ao hidrogênio. Ao comparar duas espécies, a de maior E0,,d re cebe elétrons, e a de menor doa elétrons. Forte poder Forma oxidada Forma reduzida Fraco poder oxidante o,(g) + 2 H,01Q + 4 e· Cu"(aq) + 2 e· Sn''raqJ + 2 e· Pb''raqJ + 2 e· Ni''raqJ + 2 e· Fraco poder oxidante Cd"raqJ + 2 e· Entenda a tabela: 4 OH-raqJ cu1,1 Sn"laqJ 0,40 V redutor 0,34 v 0,15 v - 0,13 v - 0,26 v Forte poder - 0,40 V redutor .,.. Todo material com E0red negativo tem menor potencial que o hidrogênio de sofrer redução. São espécies químicas que tendem a doar elé trons ao íon H' . .,.. Os materiais com E0red positivo têm maior po tencial que o hidrogênio de sofrer redução. Tendem a receber elétrons de H2• .,.. O potencial de oxidação de um material tem o mesmo valor que seu potencial de redução, só que com o sinal invertido. Por exemplo: Potenc ial de redução: Zn ,.1aqJ + 2 e· � Zn1,1 E�ed = - 0,76 V Potencial de oxidação: Zn1,1 � Zn''raqJ + 2 e· Eg, = + 0,76 V Quanto maior for a diferença de potencial de redução de duas espécies químicas, maior será a capacidade dessas substâncias de doar e re ceber elétrons em uma pilha. Para calcular essa diferença de potencial (llE), somamos o poten cial de redução da espécie que sofre redução ao potencial de oxidação da espécie que sofreu oxidação. No caso do zinco e do cobre: Anodo: Zn1,1 � Z n''raqJ + f-é Catodo: Cu,.raqJ + � � CUrsJ E�, = + 0,76 V E�ed = + 0,34 V Reação global: ZnrsJ + CU''raqJ � Zn,.laqJ + CUrsJ M = (�, + E�ed ) = 1,10 V ESPONTANEIDADE DA REAÇÃO É bom lembrar que todas as pilhas funcio nam por reações espontâneas e apresentam sempre um llE positivo (llE > O). Veja como se avalia a espontaneidade de uma reação: Fluxo de elétrons Como escrever a equação global de uma pilha: .,.. Escreva a semirreação no sentido da redução e copie o valor de E0,,d; .,.. Escreva a semirreação no sentido da oxida ção e inverta o sinal do valor de E0,,d; .,.. Se necessário, multiplique as equações para igualar o número de elétrons cedidos ao nú mero de elétrons recebidos; .,.. O valor do potencial-padrão dos eletrodos não deve ser multiplicado, pois não depende da quantidade de elétrons doados ou recebidos; .,.. Por fim, some as equações para obter a rea ção global. NA PRÁTICA Monte a eq uação da p i l ha formada por e letrodos de cobre (Cu ) e prata (Ag), dados os potenc ia i s-pad rão d e red ução abaixo Cu''raqJ + 2 e· � Cu 1s1 Ered = + 0,34 V Ag' laqJ + e· � Ag 1s1 Ered = + o,8o V .,.. Das d u as s u bstânc ias, Cu''1aqJ tem o menor potenc ia l d e red u ção - sofre ox idação. Já Ag'1aqJ tem maior potenc ia l d e red u ção - sofre red ução. .,.. A semirreação do cobre no sent ido da oxidação é CU1s1 � Cu''raqJ + 2 e· Eox = - 0,34 V .,.. A semi rreação da p rata no sent ido da red u ção é Ag'laqJ + e· � Ag rsJ Ered = + 0,80 V .,.. M u l t i p l icamos a reação de red ução da p rata por 2 para igua lar o n ú mero d e e l étrons receb idos ao nú mero de e létrons doados : 2 Ag• laqJ + 2 e· � 2 Ag rsJ .,.. Somando as equações 2 Ag'(aq) + �- � 2 Ag(s) CUrsJ � Cu''raqJ + �- Ered = + 0,80 V E�, = + o,8o V E�ed = - 0,34 V 2 Ag'laql + CU1s1 � Cu''raqJ + 2Ag1s1 llE = (E�, + E;.�d ) = 0,46 V Essa é a equação da reação g loba l ped ida GE QUI MICA 2015 • 89 DIAGNÓSTICO PRECISO Esta imagem de um coração, obtida por tomografia computadorizada, é assim detalhada graças ao desenvolvimento das tecnologias da medicina nuclear Transformações no núcleo Ocampo de estudo da química não se de dica ao estudo do núcleo dos átomos, apenas ao dos elétrons, responsáveis pelas ligações atômicas. Mas conhecer o com portamento básico das subpartículas nuclea res - prótons e nêutrons - é importante para algumas áreas da química. Por exemplo, para a produção de substâncias que, injetadas no organismo humano, permitam o diagnóstico por imagem. Para fabricar tais medicamentos, os químicos e bioquímicas precisam conhecer um pouco de física nuclear. ESTABILIDADE NUCLEAR Comece se perguntando: como é possível que os prótons permaneçam unidos no núcleo, uma vez que todos têm carga positiva e, por tanto, deveriam se repelir? Em primeiro lugar, o núcleo está sujeito a um grande número de forças, muitas delas ainda pouco conhecidas. Ainda assim, podemos dizer que a estabilidade 90 • GE QUIMICA 2015 • do núcleo é dada pelo equilíbrio entre o nú mero de prótons e o de nêutrons. Quanto mais prótons existirem, mais nêutrons serão neces sários para manter o núcleo inteiro. No entan to, se a quantidade de prótons aumenta muito, a força de repulsão entre eles fica tão intensa que quantidade nenhuma de nêutrons é capaz de mantê-los unidos. Na natureza, a desintegração do núcleo ocor re com átomos que tenham mais de 83 prótons. Na tabela periódica, a partir do elemento de número atômico 85 (Z = 84), todos os núcleos são instáveis. Além disso,praticamente todos os elementos químicos têm algum isótopo radio ativo - aquele em que o número de nêutrons é muito maior que o de prótons. Na natureza tudo busca a estabilidade. Assim também os núcleos instáveis sofrem alterações espontâneas em sua constituição, em busca de estabilidade. Para isso, os núcleos emitem par tículas ou energia. VALE A PENA ANOTAR Existem núcleos instáveis mesmo com Z < 84, pois não é somente o número de prótons que determina a instabilidade do núcleo, mas também a relação entre esse número e o de nêutrons. Os chamados isótopos pesados de um elemento químico são aqueles que contêm mais nêutrons que o tipo mais comum de isótopo desse elemento. EMISSÕES RADIOATIVAS A energia e as partículas emitidas por um núcleo instável são genericamente chamadas de radiação, e os isótopos que a emitem são de nominados radionuclídeos, ou radioisótopos. Existem três tipos de radiação. Partículas alfa (2a4} São emissões nucleares constituídas de par tículas que contêm dois prótons e dois nêu trons. Representamos essa partícula pela letra grega ex . O radionuclídeo que emite uma partí cula ex tem seu número atômico (Z) diminuído em duas unidades e seu número de massa (A) diminuído em quatro unidades. Número de prótons (número atômico = Z) Número de prótons + nêutron (número de massa = A) Lembre-se: um elemento químico é identifi cado por seu número de prótons (veja o capítu lo 1, aula 1). Então, se um elemento emite uma partícula alfa - e, portanto, perde dois prótons -, ele se transforma em outro, com número atômico (Z) duas unidades menor. Quando isso acontece, dizemos que o elemento sofreu de caimento radioativo. Genericamente: � 9 G2 G I (Z - 2)y (A - •) I O elemento ... quando ... l ibera dois l . .. se transforma radioativo X, sofre prótons no elemento V, com número decaimento... e dois com Z menor em atômico Z nêutrons e... duas un idades e número de massa A ... NA PRÁTICA e A menor em quatro unidades. O el emento q u í m i co rád io ( Ra), com 88 p róto n s, faz parte do grupo de e lementos rad ioativos . Quando sofre decai mento, t ransforma-se no e lemento radôn io (Rn) Veja a• 2 Partículas beta (_�f3°J Elétrons, prótons e nêutrons são formados pela combina�ão de outras partículas ainda menores, os quarks. E importante saber que os quarks existem para compreender outro tipo de emissão radioativa, a radiação beta (/3). Assim como a radiação ex, a f3 também é emitida quando um núcleo instável se rearranja para ficar estável. Só que, neste caso, são os quarks dentro de um nêutron que se recombinam. O nêutron desapa rece, transformado em próton, elétron e antineu trino (outra subpartícula atômica, não estudada no ensino médio). Genericamente: nêutron � próton + elétron + antineutrino É claro que o núcleo de um átomo não contém elétrons. No entanto, os elétrons podem surgir da recombinação dos quarks. Esse elétron e o neutrino resultantes dessa transformação são liberados do núcleo e recebem o nome de radiação f3 · As partícu las beta são indicadas assim: O número de prótons aumenta Mas o número de massa permanece o mesmo A radiação f3 transforma um nêutron em próton. Então, o número atômico Z do novo núcleo fica maior. Por outro lado, o número de massa A (a soma de prótons e nêutrons) não se altera. Genericamente: , Lro�, ,x, 1�;, , c�; �: ,, y l ·.: "'"'f"m' ., químico X, com sofre nêutron, elemento V, com um número atômico decaimento... mas ganha próton (Z + 1) a mais, z e número um próton e... mas mesmo número de massa A... de massa A. NA PRÁTICA O e l emento Césio (Cs) em ite uma partícu l a f3 e se transforma em Bário (Ba) Mas o nú mero de massa (A) permanece o mesmo. aaRa"6 � ,ex• + a& Rn"' 55Cs'37 � _, f3° + s6Ba'37 Repare que o radônio (Rn) também tem Z > 83. Então ele também é radioativo e deve decair para outro elemento, e assim por diante, até Repare que nem o Césio (Cs), nem o bário (Ba) têm Z > 83. No entanto, como esses que se chegue a um elemento quím ico de núcleo estável. isótopos têm mais nêutrons do que prótons no núcleo, ambos são radioativos. GE QUIMICA 2015 • 91 A meia-vida (ou período de semidesintegração) de um radioisótopo é o tempo necessário para a desintegração de metade dos átomos existentes em qualquer quantidade desse isótopo. Indica-se meia vida por tv, . ATENÇÃO Meia-vida refere-se à quantidade do material radioativo que permanece intacto. O restante do material, produto do decaimento, não desaparece, apenas não é mais o elemento químico original. 92 • GE QUIMICA 2015 • Raios gama (0y0) Não são partículas, mas ondas eletromag néticas (semelhantes às da luz). Essas ondas são emitidas pelo núcleo imediatamente após a saída de partículas a ou f3· Ao emitir ondas eletromagnéticas, o núcleo não altera suas par tículas, apenas o nível de energia. NA PRATICA O elemento Ba, recém-formado, l i bera raios gama, mas não altera seu número atômico nem seu número de massa. Apenas fica mais estável em termos de energia. MEIA-VIDA Uma amostra radioativa sempre diminui de massa com o passar do tempo, pois parte dos átomos se desintegra, transformando-se em átomos de outros elementos. Quanto maior o tempo transcorrido do início de uma reação nu clear, menor a quantidade de átomos originais que permanecem intactos. Essa redução sofrida pela amostra é indicada por meia-vida. A meia vida de um radioisótopo não depende de sua quantidade inicial. A meia-vida do radônio-222 (Rn222) é de 3,8 dias. Isso significa que, a cada 3,8 dias, qual quer massa desse radioisótopo cai pela meta de. Assim, se a massa inicial for de 10 gramas de Rn222, depois de 3,8 dias teremos apenas 5 gramas desse isótopo na amostra. Passando -se mais 3,8 dias, a quantidade cairá, novamen te, pela metade: restarão apenas 2,5 gramas, e assim por diante. Cada elemento químico tem um período es pecífico de semidesintegração. O esquema a se guir mostra como a massa de uma amostra de elemento radioativo qualquer cai na proporção de sua meia-vida. Considere que: .,.. m 0 é a massa inicial da amostra radioativa; .,.. t,1, é o período de meia-vida do elemento: 100% amostra inicial • mo 50% 25% 12,5% 6,25% ---7 • ---7 • ---7 • ---7 • . . . mo -2- mo -4- mo -8- mo 16 A MEIA·VIDA EM GRAFICO "@; 1.2 1 0.8 � 0.6 "' � 0-4 0.2 VAI SUMINDO, SUMINDO, SUMINDO ... O gráfico "massa por tempo" mostra o ritmo de decaimento radioativo de um radionuclídeo qualquer. Veja que a massa inicial era de 1 kg. Passados cerca de doze anos, essa massa cai so% - resta apenas o,s kg. Basta ler esse trecho do gráfico para concluir que a meia-vida desse elemento químico é de cerca de doze anos. NA PRATICA A meia-vida do césio-137 (Cs'37) é de 30 anos. Se tivermos 12 gramas desse e lemento, após quanto tempo sua massa será red uzida para 0,75 grama? .,.. Para o Cs137, t"' = 30 anos. .,.. Então, a cada 30 anos, a q uantidade de césio cairá pe la metade 12g 1 1/z ) 6g 30 anos t l/1 ) 3g 30 anos luz ) 1,5g 30 anos l uz ) o,75g 30 anos Portanto, serão necessários 120 anos - ou 4 meias vidas - para que os 12 g de Cs137 se reduzam a 0,75 g. TIPOS DE REAÇÃO NUCLEAR A transformação de um elemento químico em outro é chamada transmutação. Pela radioati vidade, um átomo pode transmutar-se em outro, de maneira natural, pela emissão espontânea de partículas alfa ou beta. Mas um átomo pode sofrer transmutação, ain da, pela ação de um agente externo - por exem plo, ao ser bombardeado com outras partículas, em laboratório. Essas são as chamadas reações nucleares artificiais. Ernest Rutherford realizou a primeira trans mutação artificial, em 1919, ao bombardear átomos de nitrogênio com partículas a e obter átomos de oxigênio mais um próton solto. Foi a primeira vez que se "fabricou" um elemento químico a partir de outro, em laboratório.Veja a reação dessa transmutação: Os nêutrons são os agentes de transmutação mais utilizados, pois são as únicas partículas atômicas que não têm carga elétrica. Assim, não são repelidos pelos prótons (positivos) do núcleo do átomo bombardeado. Existem outros dois tipos de reação nuclear: a fissão e a fusão. Fissão nuclear Se um isótopo pesado de determinado ele mento químico é bombardeado com nêutrons de alta energia, esse isótopo pode se quebrar em núcleos menores. É o que se chama fissão nuclear. A fissão nuclear foi conseguida em laboratório, pela primeira vez, em 1938, na Alemanha, quando uma amostra de urânio foi bombardeada por nêutrons. Numa fissão nuclear ocorre uma reação em cadeia. No caso do urânio: .,.. um nêutron atinge um núcleo do isótopo U235; .,.. o choque quebra o núcleo em dois núcleos menores (com menor número de massa A); .,.. ao ser fragmentado, o núcleo original emite dois ou três nêutrons; .,.. esses nêutrons de novo se chocarão com ou- A velocidade em que a reação em cadeia ocorre faz toda a diferença. Se ela não for con trolada, a reação libera toda a energia num cur tíssimo período. É a bomba atômica. Mas, se a reação for controlada, a energia é liberada aos poucos. É o que ocorre nas usinas nucleares, que geram eletricidade, como a de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Fusão nuclear Outro modo de transmutar um elemento quí mico em outro é fundindo seus núcleos. A fu são nuclear é um processo inverso ao da fissão. Nele, núcleos menores se unem e formam nú cleos maiores. A reação de fusão também libera imensa quantidade de energia. É a fusão nuclear que gera a energia das es trelas, como o Sol: núcleos de hidrogênio se fundem e formam o hélio, liberando nêutrons e energia na forma de vários tipos de radiação, como luz visível e calor. A fusão do hidrogênio em hélio é a principal fusão nuclear do Sol (veja no infográfico abaixo). Mas não é a única. As estrelas são as usinas criadoras de todos os ele- tros núcleos; mentos químicos existentes na natureza . .,.. daí a grande quantidade de energia liberada na fissão nuclear. FUSAO ESTELAR FISSAO NUCLEAR ' I o 1. Um nêutron é 2. 0 U236 3. Essa lançado contra é pesado fissão deixa o núcleo de demais para se sobrando um átomo de manter inteiro, três outros urânio·235 (U'31). e logo se nêutrons, que O núcleo desintegra em de novo são absorve o dois núcleos lançados com nêutron e menores, de alta energia o átomo se bário (Ba) e transforma no criptônio (Kr) isótopo u''' 4. Se esses nêutrons se chocam com outro átomo de U'll, a reação voltará a ocorrer. A cada etapa da reação, é l iberada imensa quantidade de energia na forma de calor J 1. o combustível principal do Sol é o hidrogênio, na forma de dois isótopos, um de número de massa A = 2 (com um nêutron), outro de A = 3 (dois nêutrons) �-- 2. Quando se chocam, esses núcleos se fundem, criando um núcleo de hélio (H e), com A= 4 (dois prótons e dois 1._ nêutrons) 3. A fusão lança um nêutron, que continua se chocando aos núcleos de hélio. E o hélio se choca com outros ,H' + ,H' -+ ,H e• + ,n' + energia núcleos, dando origem a núcleos mais pesados A energia para que dois núcleos atômicos se fundam é muito maior do que a exigida para a divisão nuclear. É que para juntar os prótons é preciso vencer a força de repulsão entre eles. Por isso, a fusão ocorre apenas em ambientes de temperaturas extremamente altas, na casa dos milhões de graus Celsius. Os pesquisadores ainda não desenvolveram um processo econo micamente viável e seguro de gerar energia pela fusão nuclear. VALE A PENA ANOTAR Não existe na natureza nenhum elemento químico estável com número atômico acima de 92. Mas vários podem ser fabricados em laboratório, a partir de bombardeamentos. Todos esses átomos superpesados se mantêm inteiros por pouquíssimo tempo. E logo decaem para outros, mais leves. GE QUI MICA 201S • 93 11 4 11 L'==� li Capítulo_ EXERCÍCIOS 1. (Unesp 2014) I n s u mo essenc ial na i n d ú str ia de t intas, o d ióx ido de titân io só l i do p u r o (TiO,) pode ser obt ido a part i r de m i nér ios com teor aprox imado d e 70% e m T iO, q u e, após moagem, é sub metido à segui nte seq uênc ia d e etapas: I . aq uec imento com carvão só l i do l!Hreaçao = +550 kj . m o i·' 1 1 . reação d o t itân io metá l ico com c lo ro mo lecu lar gasoso Ti1s1 + 2CI ,Isl -7 TiC I 4111 l!Hreaçao = -804 kj . mo i·' 1 1 1. reação do cloreto de titânio l íqu ido com oxigênio molecular gasoso TiC I4111 + 0,181 -7 TiO,,,! + 2CI ,,81 l!Hreaçao = -140 kj . mo i·' Cons iderando as etapas I e li do processo, é correto afi rmar q u e a reação para p rod ução d e 1 moi d e T iC I4111 a part i r de T i0,1,1 é a) exotérm ica, ocorrendo l i beração d e 1 354 k). b) exotérm ica, ocorrendo l i be ração de 254 kj . c) endotérmica, ocorrendo absorção de 254 kj . d) endotérm i ca, ocorrendo absorção de 1 354 k) . e) exotérm ica, ocorrendo l i be ração de 804 k). RESOLUÇÃO Podemos observar que estas duas etapas (I e 11) em sequência produzem Ti C!, e, desta forma, podemos utilizar a Lei de Hess (a variação de entalpia (tJH) é sempre a mesma, não importando se o processo de formação ou decomposição de uma substância é direto ou em diversos estágios). Assim, TiO,tsJ + Ctsl -7 Ti�O,tgl tJH, = +550 kj . mo/·' � 2Cf,tsl -7 Ti C!,(/) llHu = -804 kj . mo/·' TiO,tsJ + CrsJ + 2 CI,tsl -7 CO,tgJ + Ti C!,(/) tJH = tJH, + flHu tJH = +550 - 804 = -254k} O valor negativo da variação de entalpia indica que a entalpia dos produtos é menor do que a entalpia dos reagentes. Isso ocorre numa reação exotérmica, aquela que libera calor. Resposta: alternativa b 2. (úece 2014) Norma lmente, u m a reação q u ím ica l i bera ou absor ve calor. Esse processo é representado no segu i n te d i agrama, considerando u m a reação específ ica. Energia - - - - - -I :8�3 �:a�(��:l�erado) H,olll - - - - - - - - - - - - - - - 94 • GEQUIMICA 2015 • Com relação a esse processo, ass ina le a equação q u ím ica correta. a) H,181 + lf20,1g1 -7 H,0111 - 68,3 kcal b) H,0111 - 68,3 kcal -7 H,1g1 + lf20,1g1 c) H,0111 -7 H,1g1 + 1120,1g1 + 68,3 kcal d) H,1g1 + 1120,181 -7 H,0111 + 68,3 kcal RESOLUÇÃO A questão exige, apenas, que se leia com atenção os dados apre sentados no diagrama. Nele percebe-se que os reagentes são o gás hidrogênio (H,) e o gás oxigênio (O,) e que o produto é a água. Desta forma, a reação básica, já balanceada, é: H,lgl + 1h O,lgl -7 H,0111 Outro dado que se tira diretamente do diagrama é que essa reação libera calor (68,3 kcal). Se ocorre liberação de calor, essa é uma reação exotérmica, na qual a entalpia dos produtos é menor que a dos reagentes. Logo, a quantidade de calor deve aparecer do lado direito da equação química, como energia liberada: H,181 + 1120,181 -7 H,0111 + 68,3 kcal Resposta: alternativa d 3. (Fuvest 2013, adaptada) A matriz energética b rasi l e i ra é cons titu ída, pr inc i pa lmente, por us i nas h i d re l étri cas, te rmelétr icas, n u c leares e eó l i cas, e tam bé m por c o m bu stíve i s fósse i s (por exem p l o, petróleo, gaso l ina e ó leo d i esel ) e combustíve is reno váveis (por exem p lo, etano I e b iod iese l ) . A ental p ia de combustão do metano gasoso, pri nc i pal compo nente do gás natu ral, corr ig ida para 25"C, é -213 kcal/mo l e a do etano l l íq u i d o, à mesma tem peratu ra, é -327 kcal/mo l . Calcu le a energia l i berada na combustão de um grama de metano e na combustão de um grama de etano l . Com base nesses valores, qual dos combustíveis é mais vantajoso sob o ponto de vista ener gético� justif ique. (Dados: massa molar (g/mol): CH4 = 16; C,H60 = 46} RESOLUÇÃO Vamos, primeiro, trabalhar com o metano. O enunciado informa que a entalpia de combustão do metano (CHJ gasoso é -213 kcal/mol. E já fornece a massa molar desse combustível (16g/mol). Então, podemos estabelecer a relação: 1 mo/ de CH, (16 g) 213 kcal liberadas Para descobrir a quantidade de energia liberada na combustão de 1 g de metano, basta fazer a regrinha de três para a entalpia: 16g CH, - 213 kca/ liberadas 1g CH, - HcH, HcH4 = 13,31 kcal liberadas Para o etano/, o raciocínio é o mesmo. A entalpia de combustão do etano/ (C,H60) líquido é de - 327 kcal/mol, e sua massa molar é 46 g/mol. Novamente, estabelecemos a relação: 1 mal de C,H60 (46 g) - 327 kcal liberadas E descobrimos a quantidade de energia liberada na combustão de 1 g de etano/ (entalpia), também pela proporção: 46g C,H60 - 327 kcal liberadas 1g C,H60 - Hc,H6o Hc,H6o = 1,11 kcal liberadas Comparando a quantidade de energia liberada pelos dois combus· tíveis, verificamos que o poder calorífico do metano (13,31 kcal/g) é maior que o do etano/ (7,11 kcal/g). Portanto, o combustível mais vantajoso sob o ponto de vista energético é o metano, porque sua queima libera mais energia. 4. (Mackenzie 2o11)A Unesco, em conjunto com a lupac, decid iu institu i r, em 2011, o Ano I nternacional da Química, tendo como meta promover, em âmbito mund ial, o conhecimento e a educação quím ica em todos os n íveis. Além da celebração dos i números benefícios da Química para a humanidade, o ano de 2011 também coincide com o centésimo aniversário do recebimento do prêmio Nobel de Química por Marie Cu ri e, celebrando a contribu ição das mu lheres à ciência. Mar i e Cu ri e e seu marido Pierre Cu ri e descobriram, em 1898, 0 elemento qu ím ico rad ioativo polôn io, de número atômico 84, que foi batizado com esse nome em homenagem a Polônia, pátria de origem de Marie Cu ri e. O elemento quím ico polônio tem 25 isótopos conhecidos, com números de massa que variam de 194 a 218. o Po-210 é o isótopo natural mais comum, com um período de meia-vida de 134,8 d ias, e sua reação de decaimento produz o chumbo (Pb-206). O decaimento do Po-210 a Pb-206 é corretamente expresso pela equação (Dados: n ú mero atôm ico (Z) Po = 84 e Pb = 82) a) noPO � >o6Pb + a b) ,8,�Po � ,�Pb + [3 c) ��Po � ,��Pb + a + [3 d) 21�4Po � ��Pb + a e) 'li�Po � '��Pb + [3 210 206 RESOLUÇÃO Primeiro, vamos relembrar como o elemento químico é represen· tado com seus números atômico e de massa: Número de massa (A) NúmeroatOmico (ZJ Símbolo Químico Desta forma a representação do polônio e do chumbo, utilizando as informações do enunciado são, respectivamente, s4Po e s,Pb 210 206 Analisando agora a variação no número de massa e no número atômico dos dois elementos, reparamos que, no decaimento: · o número atômico cai em duas unidades. Isso significa que o polônio emitiu dois prótons; · a massa atômica cai em quatro unidades. Então, juntamen te com os dois prótons, foram emitidos, também, dois nêutrons. Desta forma, a representação correta do decaimento é s4Po � 2 a+ s,Pb 210 4 206 Resposta: alternativa d 11 4 11 1.:====:::!.1 11 Capítulo_ ISTO É ESSENCIAL! LIBERAÇÃO E ABSORÇÃO DE CALOR As reações exo· térmicas I iberam calor, e as endotérmicas absorvem calor. A mudança de estado de u ma substância pode ser endotérm ica ou exotérmica: Sublimação (endotérmica) Fusão (endotérmica) '1- SOLIDO LIQUIDO Vaporização (endotérmica) 'l- GASOSO t�----�1 t�----� Solidificação (exotérmica) Liquefação (exotérmica) Sublimação (exotérmica) VARIAÇÃO DE ENTALPIA (AH ) É a q uant idade d e e n e rg i a envo lv ida n u ma reação, med ida e m q u i· l ojou l e ( kj ). N u m a reação exotér m ica, a enta l p i a dos p ro d u tos (HP) é m e n o r q u e a d o s reagentes (H,) e li H < o. N u ma reação endotérm ica, a enta lp ia d os p rod utos (H P) é maior q u e o dos reagentes (H,) e liH > o. Toda su bstânc ia e toda reação têm u ma entalpia·padrão (H•), med ida a 25 °( e 1 atm. Lei de Hess: a var iação de e ntal p ia (AH) é s e m p re a mesma, não im portando se o p rocesso de fo rmação ou decomposição de uma substância é d i reto ou em d iversos estágios. OXIRREDUÇÃO Oxidação t a perda de elétrons Redução t o ganho de elétrons Agente oxidante Espécie química que recebe elétrons Agente redutor Espécie química que doa elétrons O potencial de redução e de oxidação (E•,.d ou E" •• ) mede, e m volts (V), a ten d ênc ia d e u m material d e sofrer ox idação ou red u ção. REAÇÕES NUCLEARES Radiação alfa (a) : Z d i m i n u i e m duas u n idades, e A, em q uatro un idades. Radiação beta ([3): Z cresce em u m a u n idade, m as A não se altera. Radiação gama (y) : não altera partícu las do núcleo, apenas seu n ível energético. Meia·vida (t,J tem po necessário para a des integração d e metade dos rad io i sótopos de uma amostra. GE QUIMICA 2015 • 95 ROD SALM / TH E NATURE CONSERVANCY I AFP PHOTO M4·1!'Jt§;i.M O excesso de gás carbônico nos oceanos aumenta a acidez da água e compromete a flora e a fauna marinhas O crescimento na concentração de dió xido de carbono (C02) na atmosfe ra, além de provocar o aquecimento global, tem outra consequência danosa ao meio ambiente: a acidificação dos mares. Segundo os estudos mais recentes, essa concentração é a maior desde o final da úl tima era glacial, há 21 mil anos. Os estudos mostram, ainda, que 40% desse crescimen to ocorreu a partir da Era Industrial, no sé culo XIX. A saturação tem efeitos nefastos para toda a flora e fauna marinhas. Os oceanos são esponjas naturais da at mosfera. Calcula-se que a cada dia, cerca de 24 milhões de toneladas de co2 atmosférico se dissolvam nas águas marinhas. Isso limita o aquecimento global. Mas C02 demais reduz o pH dos mares, aumentando sua acidez (veja sobre pH à pág. 110). A queda registrada no pH é de apenas 0,1 ponto, mas isso já é o sufi ciente para que a acidez fique 26% mais alta. Essa interferência abala ecossistemas in teiros, ameaçando a biodiversidade e dese quilibrando as teias alimentares marinhas, principalmente daquelas de águas rasas, como os corais de zonas tropicais. Um dos efeitos do C02 em excesso é a redução da população de microalgas que liberam nu trientes e cálcio para os corais, provocando a diminuição da concentração de carbona tos de cálcio, essenciais para a formação e manutenção de conchas e esqueletos de moluscos e crustáceos. Sem as microalgas, as colônias morrem. A Grande Barreira de Corais, na Austrália, já mostra sinais da agressão, com a morte em massa de algu mas espécies. Um coral morto significa me nos alimento para peixes, moluscos e crus táceos do hábitat. Na ponta final das teias alimentares, os mares reduzem o estoque disponível para a pesca. Conteúdo deste capitulo • I nfográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . gS aula 1 • Equilíbrio químico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1oo aula 2 Deslocamento do equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . 103 aula 3 Equilíbrio iônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1o6 aula 4 pH e pOH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 • Exercícios & Resum0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 GE QUIMICA 2015 • 97 Equilíbrio químico lnfográfico A acidez do meio U m dos i n d icado res d e p o l u i ção am b i e ntal é o n íve l d e ac i d ez da água. O au m e nto d a ac i d ez o c o r re q u a n d o h á u m deseq u i l íb r i o nas reações e n tre a ág u a e o u t ras s u bstâ n c i as . É ass i m q u e c h u vas e r ios ficam mais ác i d os ATÉ CERTA DOSE É NATURAL A água da chuva já é um pouco ácida. O problema é quando essa acidez aumenta muito 1 A água no ar A água pura é composta apenas de moléculas H,O, e tem pH = 7, ou seja, é neutra (veja a aula 4 deste capítulo). Mas a água da atmosfera não é pu ra. As moléculasH20 se combinam com o dióxido de carbono (C02). 3 Essa reação produz ácido carbônico (H2C03). lt O ácido carbônico se ioniza e l ibera um íon hidrogênio (H'). O pH da água diminui e a chuva fica ligeiramente ácida. Normal. FUMAÇA VENENOSA A chuva ácida é causada por substâncias liberadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis O PROCESSO DO NITROGENIO = Na atmosfera O NO reage com o oxigênio (02), formando dióxido de nitrogênio (N02). Esse gás, misturado com ful igem e poei ra, é que dá ao céu azul o tom marrom, comum nas grandes cidades. o Nos carros O calor l iberado pela explosão no motor dos automóveis fornece a energia necessária para a formação de NO e N02• Esse gás é liberado pelo escapamento. PROCESSO DO ENXOFRE = HN03 o o Nas nuvens Outro vilão O N01 sofre novas O nitrogênio tem lá sua parte de reações e se culpa, mas o maior responsável transforma em ácido pela chuva ácida é o enxofre (S). nítrico (HN03). Esse A reação da gasolina e do diesel ácido eleva a acidez com o oxigênio, no motor, gera da água que cairá na dióxido e trióxido de enxofre forma de chuva. (S01 e S031 respectivamente), que são liberados pelo escapamento dos veículos. 0 Fábrica de ácido o sol que sobe para a atmosfera reage com as moléculas de água (H10}, formando ácido sulfuroso (H1S03}. O S01 reage também com o 021 produzindo trióxido de enxofre (S03}. Esse trióxido, por sua vez, combina-se com a água e cria o ácido sulfúrico (H1SOJ, que é muito forte. H2S04 H2S03 0 Efeito corrosivo O H1S04 reage com o mármore (CaC03) e provoca a corrosão de fachadas e monumentos feitos desse material. ESPUMANTEQuando uma garrafa de refrigerante ou de champanhe é aberta, uma reação química é deflagrada e forma gás carbônico. O gás escapa, criando a espuma Nem tudo o que vai volta Existem dois tipos de reação: as reversí veis e as irreversíveis. Uma reação ir reversível é aquela que não pode ser feita no sentido inverso. Por exemplo, a com bustão: na queima de uma folha de papel ou de gasolina, a substância original deixa de existir e é impossível recuperar o papel ou o combustível do produto da reação, co2 e cinzas. Uma reação reversível é aquela em que os reagentes se transformam em produ tos e esses produtos voltam a se transformar nm; substâncias originais, os reagentes. Um exemplo de reação reversível é a formação de gás carbônico quando se abre uma garrafa de refrigerante. O que define se uma reação é reversível ou irreversível tem a ver com o equilíbrio químico, ou equilíbrio dinâmico. Numa reação reversível, os elementos A e B reagem para formar C e D. Essa é a chama da reação direta: A + B � C + D 100 • GEQUIMICA 2015 • No sentido contrário, os produtos C e D reagem para formar novamente A e B, numa reação inversa: C + D � A + B Representamos essa situação de reversibi lidade assim: A + B � C + D SITUAÇÃO DE EQUILÍBRIO Considere uma reação reversível que ocor re num sistema fechado (um recipiente que não permita que nenhuma substância saia nem entre). No início da reação existirão ape nas moléculas dos reagentes colidindo entre si até obter energia suficiente para formar os produtos, na reação direta. Desde o momen to em que surgem moléculas dos produtos no sistema, estas também entram em colisão, até obter energia para formar novamente os re agentes, na reação inversa. Ocorrem, então, duas reações simultaneamente. Quebra do equilíbrio Ao abrir uma garrafa de refrigerante você provoca várias reações A reação mais notável é a de formação do ác ido carbônico (H,CO,), que se decompõe em água (H,O) e gás carbônico (CO,). Com a garrafa fechada, e em temperatura constante, essa reação reversível permanece em equi l íbrio: o H,CO, se forma e, ao mesmo tempo, se decompõe. Quando a garrafa é aberta, a pressão no interior cai o que altera a velocidade das duas reações. O líquido borbulha. Mantenha em mente: a concentração dos rea gentes influencia na velocidade da reação (veja o capítulo 2, aula 4). No início da reação direta, quando temos apenas moléculas dos reagentes, a velocidade de formação dos produtos é a máxi ma. Isso porque existem muitas moléculas para colidir e se transformar em produtos. À medida que os reagentes se transformam em produtos, a quantidade de reagentes cai e, por consequên cia, cai também a velocidade da reação direta. Por outro lado, a velocidade da reação inver sa é nula no início da reação, pois não há mo léculas de produtos. Mas, à medida que os pro dutos se formam, sua concentração aumenta, e também a velocidade da reação. Em algum momento desse processo de vai vém, a velocidade das reações direta e inversa se iguala. As reações continuam acontecendo, nos dois sentidos, mas a concentração de produtos e reagentes não mais se altera. Essa é a situação de equih'brio químico ou equihbrio dinâmi co. É como se fosse um jogo de cabo de guerra, em que as forças aplicadas de cada um dos lados são iguais, mas opostas, se anulando. Num gráfico, a variação na concentração das substâncias de uma reação qualquer fica assim: I[ i o u reagentes produtos Tempo TANTO DE UM, TANTO DE OUTRO Veja no eixo da concentração: no início, há bem mais reagentes do que produtos. Mas, a partir de certo momento, a velocidade da reação direta é a mesma que a da reação inversa (Vd = V,). A partir de então, as concentrações de reagentes e produtos se mantêm constantes. Para essa mesma reação genérica, o gráfico das velocidades das reações direta e inversa é: Velocidade da reação direta / Equilíbrio Qulmico / v, = v, ��--------�-- �Velocidade da reação inversa Tempo JUNTINHAS Repare como a velocidade das reações varia no decorrer do tempo. No início, quando há apenas reagentes, a reação direta ocorre em alta velocidade. Nesse mesmo momento, a reação inversa ainda é muito lenta, pois praticamente não há produtos para reagir. Mas à medida que a reação ocorre, a velocidade da reação di reta se reduz e a da reação inversa cresce. Em certo momento, as velocidades se igualam (Vd = V;). É o equilíbrio químico. Se os dois gráficos forem comparados, o mo mento em que a concentração de cada substân cia se estabiliza coincide com o momento em que a velocidade das duas reações se iguala. EQUILIBR/0 QUI MICO NA PRATICA A reação de decompos ição do N,041gJ em N0,1g)é reversível N,041g1 � 2 N0,1g1 O gás N,04 é i n co lo r; o gás NO, tem cor castanho· avermelhada. N u m s istema iso lado, à medida q u e as moléculas de N,04 se col idem e reagem, a cor vai se a lterando pe lo aumento gradual na concentração de NO,. Em determinado momento, a cor não se altera mais, pois o s istema entra em eq u i l íbr io. N,O, Isl 0 Num sistema fechado existem apenas moléculas de N,O, -------- N,O,Igl - 2 N,Oigl J, As moléculas de N,O, começam a reagir entre si e, aos poucos, surgem moléculas de NO,. A cor começa a se alterar N,O,I� �2 N,OigJ t A certa altura, existem tantas moléculas de N,O, quanto de NO,. A reação alcança o equilíbrio químico e a cor se estabiliza Num gráfico, a concentração de cada uma das duas substâncias nessa reação reversível é ass im representada: o ... � � 8 )\o, '\ I �o, I O No início da reação, a concentração de N,O, é a máxima. Não há nenhuma molécula de NO,. v I Ko """' � o Tempo O As moléculas de N,O, começam a reagir, e sua concentração cai. Por outro lado, a concentracão de NO, sobe. O Quando a reação entra em equilíbrio, as concentrações de N,O, e NO, permanecem constantes GE QUI MICA lOlS • 101 LEMBRE· SE Lembre-se de que os colchetes são indicação de concentração. Por exemplo, [A] é a concentração da substância A. ATENÇÃO No cálculo de uma constante de equilíbrio, consideram-se as concentrações em moi/ L sempre da situação de equil íbrio. 102 • GE QUIMICA 2015 • CONSTANTE DE EQUILIBRIO Nadécada de 1860, os cientistas noruegue ses Cato Guldberg e Peter Waage verificaram que, para qualquer reação reversível, o equilí brio químico apresenta uma regularidade. Eles criaram a lei de ação das massas, que define uma constante de equilíbrio (K.:) em termos de concentração. A lei diz que, em uma reação reversível, mantida constante a temperatura, a razão entre as concentrações de produtos e reagentes elevadas a seus coeficientes este quiométricos é constante. Considere a seguinte reação reversível: a A + b B � c C + d D .,._ A e B reagem para formar C e D; .,._ Ao mesmo tempo, C e D reagem para for mar A e B; .,._ As letras a, b, c e d são os coeficientes es tequiométricos da reação (o número que indica a quantidade de moi de cada subs tância participante da reação). A constante de equilíbrio para a reação a A + b B � c C + d D é dada pela expressão: K = [C]< [D)d c [A]a [B]b O valor da constante de equilíbrio é especí fico para cada reação e depende da temperatu ra. No entanto, não depende da concentração inicial de reagentes. Para diferentes concentra ções, os valores foram calculados experimen talmente em laboratório. NA PRATICA A tabe la abaixo mostra os resu l tados de d iversos exper imentos com a reação reversível entre N,O, e NO, todos real izados à temperatu ra de 100 oe: [N,O,) [N,O,) 1 o 0,100 0,120 0,040 0,360 2 0,100 0,100 0,160 0,070 0,366 0,100 o 0,071 0,014 0,360 Veja na col una Concentrações iniciais q u e: .,._ No experimento 1, o rec ip iente conti nha 0,100 moi/L de N,O, e nada de NO,; .,._ No exper imento 2, o rec i p iente contém 0,100 mo I/L de NO, e 0,100 mo I/L de N,O,; .,._ No exper imento 3, o rec i p iente conti nha somente 0,100 mo I/L de NO,. Após determinado tempo, a co loração do gás estab i l izou-se dentro de cada rec ip iente, i nd icando que o s i stema entrou em eq u i l íbr io A co l una Concentrações n o equilíbrio mostra q uanto de NO, e de N,O, existia no momento em que o eq u i l íbr io foi a lcançado. Repare que as concentrações no equ i l íb rio d i ferem de u m experimento a outro, dependendo da concentração i n i cia l de reagentes. Agora observe a col una Razão de concentrações no equilíbrio Veja que os valores são m u ito próximos, praticamente iguais em todos os experi mentos. Esse valo r que se mantém é a constante de eq u i l íbr io da reação N,O, � 2 NO,. [C] ' [D]d Se K = --- , [A]• [B]b Temos que, para N,0,1g1 � 2 N0,1g1 [NO ]' K = --'- = 0 36 a 1oo °C ' [N,O.] ' Repare que, na razão que define K,, o numerador traz os produtos, e o denominador, os reagentes. Então, quanto mais produtos a reação formar, maior será sua K.,. Se o valor da constante de equilíbrio foi maior que 1, a reação direta é favorecida - ou seja, ocorre mais espontaneamente. Se o valor da constante for menor que 1, então a reação mais espontânea é a reação inversa. Para reforçar: .,._ K, > 1 -+ reação direta é favorecida; .,._ K, < 1 -+ reação inversa é favorecida. Se a reação N204 � N02 apresenta K, = 0,36, que é menor que 1, então a reação favorecida é a inversa, de N02 para N204. NA PRATICA Veja o que ocorre na reação de formação do sol a partir da reação en tre SO, e O,, a u ma temperatura de 25 oe: 2 SO,Igl + O, lg) � 2 SOllg) K = [SOl]' c [S02P [02) 9,9 10'5 O resu l tado, maior que 1, i nd ica que a reação favorec ida é a d i reta, de SO, para SOl. Equilibra de ctí equilibra de lá - E um bibelô: um galo azul que se torna rosado quando ameaça chover. Por trás dessa aparente mágica está um fenômeno químico muito simples, que envolve a concentração de substâncias que participam de uma reação. No caso, essas substâncias são um sal, que recobre a peça, e a água existente na forma de vapor, no ar. O sal, quando está seco, é azul. Mas, quando hidratado, muda de cor: Composto azul + H20(g) � Composto rosa O aumento na concentração de um dos reagentes (no caso, H20) provo ca o deslocamento do equilíbrio da reação: aumenta a produção de com posto rosa, e, por isso, o galinho acusa a proximidade da chuva. PRINCÍPIO DE LE CHATELIER Entre o fim do século XIX e início do XX, o francês Henry Le Chatelier notou que sistemas em equilíbrio podem ser influenciados por alguma ação externa. O princípio de Le Chatelier diz que: "Sempre que uma ação externa é exercida sobre um sistema em equilíbrio, o sistema tende a se reajustar, deslocando-se no sentido de minimizar a ação exercida e restabelecer o equilíbrio". Trocando em miúdos: uma reação química reversível que esteja em equilíbrio tende a pêr manecer nesse estado. No caso de falta de equi líbrio, a reação se altera, a fim de alcançá-lo. O deslocamento do equilíbrio pode ser provo cado por mudanças na concentração de produ tos ou de reagentes, ou por mudanças na tempe ratura ou na pressão. Em qualquer uma dessas alterações, o sistema responde imediatamente, aumentando ou diminuindo a velocidade da reação direta ou da inversa. Essa resposta do sistema é o deslocamento de equih'brio. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO Considere um sistema fechado em equilí brio, sob temperatura constante, em que ocor re a seguinte reação reversível: A2 + B2 � 2 AB A constante de equilíbrio Kc é dada por: K = [AB]2 , em que c [A2J . [B2J .... A2 e B2 são reagentes e .... AB é o produto. A adição de A2 (reagente) aumenta o valor do denominador. Então, para manter Kc constante, a concentração do produto AB (no numerador) deve também se elevar. O sistema se encarrega disso e restabelece o equilíbrio, agora com uma concentração maior de AB. Quando isso aconte ce, dizemos que a reação direta é favorecida e o equilíbrio é deslocado para a direita. É isso o que ocorre com o galinho da chuva. No senti do inverso: se reduzirmos a quantidade de rea gente A2, parte do produto AB vai se decompor, produzindo mais A2 e restabelecendo Kc. Isso significa que a reação inversa é favorecida e o equilíbrio é deslocado para a esquerda. O mesmo se dá quando alteramos a quan tidade de produto: para quantidade maior de AB, o valor do numerador sobe e a reação in versa é favorecida, com maior produção dos reagentes A2 e B2• Para quantidade menor de AB e Kc constante, a reação direta é favorecida, com deslocamento para a direita. Em qualquer um dos casos, a concentração de equilíbrio de cada substância difere da concentração origi nal. No entanto, no equilíbrio, Kc se mantém, se a temperatura for constante. &E QUI MICA 2015 • 103 ATENÇÃO A quantidade de calor trocada por um sistema pode ser medida em calorias: Hal = 4,2 J 104 • GE QUI MICA 2015 • NA PRATICA Veja o q u e acontece q uando na reação de s íntese da amôn ia (NH3) ad ic ionamos certa quantidade d e N, a u m s i stema i n i c ia lmente em eq u i l íbr io e sob temperatu ra constante. A reação reversível é N, lgl + 3 H, lgJ � 2 N H3 1gJ Equil íbrio inicial o H, o 1,0 N, ' Restabelecendo o ' ' equillbrio ' ' ['..__ ' - :,......- ' ' f.- / N2 adicionado ao equilíbrio : neste ponto -,- Novo equillbrio ' ' ' restabelecido ' ' ' ' ' ' H : NH ' ' N, ' ' ' ' ' ' ' TEMPO Aa faixa amare la mostra a concentração i n i c ia l de eq u i l íb r io dos reagentes e do p rod uto: .,. [H,] = 3,0 mo i/L .,. [ N H3) = 2,0 mo i/L .,. [N ,] = 0,5 mo i/L No momento t, acrescenta-se N, no rec ip iente. A concentração de N, se e leva de 0,5 para 1,5 mo I/L. I med iatamente há alteração na concentração das ou tras duas substâncias a de H, cai e a de N H3 sobe. Essa al teração provoca, também, m udança na concentração de N,, que volta a cai r u m pouco. Se a concentração de N H3 sobe, então a reação d i reta foi favorec ida houve des l ocamento do equ i l íbr io para a d i re ita. Tudo em busca do novo ponto de equ i l íbrio. Depo i s de a l g u m tem po, a part i r de t,, as reações d i reta e i nversavo l tam a se eq u i l i b rar, agora com as n ovas concentrações: .,. [H,] = 2,4 moi/L .,. ( N H3) = 2,3 mo i!L .,. [N,] = 1,3 mo i/L Podemos confi rmar q u e a a l te ração nas concentrações não afetou o K,, s u bsti tu i ndo os valo res conhec i dos na eq uação d e eq u i l íb r io. Para o eq u i l íb r i o (Ko), com as concentrações i n i c ia i s K - ( N H3)' " - (N,] [ H,p Ko = (2,0)' 0,5 . (3,0)3 K _ 4,0 C1 - 13,5 Ko == 0,29 A constante de eq u i l íb r io com as novas concentrações (Kn}, depo i s do acrésc i m o de N,: K = (2,3)' C2 1,3 . (2,4)3 K = 5 . 3 C2 17,9 Confi rmado as concentrações se altera ram, mas o e q u i l íbr io permaneceu o mesmo. A INFLUENCIA DE OUTROS FATORES As condições a que uma reação está subme tida envolve outros fatores, como temperatura, pressão e a presença de um catalisador. Veja como um sistema se comporta sob a influência de cada um desses fatores. .,. Temperatura Mantenha em mente: as rea ções reversíveis envolvem sempre duas rea ções simultâneas: a reação direta e a inversa . Uma delas é endotérmica, e a outra, exotér mica. Um aumento da temperatura aumenta a energia disponível no sistema. Em resposta, o sistema absorverá mais energia - ou seja, as reações que absorvem energia (as endotér micas) serão aceleradas, ou favorecidas. Um decréscimo de temperatura causa o efeito contrário: para compensar a queda de energia no sistema, a reação exotérmica é favorecida. NA PRATICA Na reação de H, com N,, que resu l ta em amônia (NH3) 3 H,1g1 + N,1g1 exotérmica 2 N H31g1 l'IH = - 22 kcal endotérmica .,. Se a temperatu ra s u b i r, a reação endotérm ica será favorec ida c resce a p rod u ção d e H, e N, . .,. Se a temperatura ca i r, a reação exotérm ica se rá favorecida: a umenta a p rodução de N H3. A temperatura é o único fator que pode alterar o valor da constante de equilíbrio. É fáci l entender por que, analisando a in fluência da temperatura sobre a reação entre nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2) que resulta em amônia (NH3). Retomando, a constante de equilíbrio dessa reação é dada por: Acompanhe o raciocínio: � Aumento da temperatura -+ reação endo térmica se acelera -+ aumenta a produção de H2 e N2 -+ Kc diminui; � Queda de temperatura -+ reação exotérmica favorecida -+ aumenta a produção de NH3 -+ Kc sobe. � A pressão sobre um sistema com substâncias no estado gasoso, se alterada, pode afetar o equilíbrio químico. Mas não tem praticamen te nenhum efeito sobre a constante de equilí brio. De acordo com o princípio de Le Chate lier, qualquer alteração no equilíbrio provoca uma mudança no sistema para minimizar a ação aplicada. Assim, se houver aumento de pressão, o sistema responde tentando dimi nuí-la: favorece a reação de menor volume. Se houver diminuição, o sistema tenta aumentá -la, favorecendo a reação de maior volume. Mas a constante permanece a mesma. NA PRATICA Cons iderando, mais u m a vez, a reação d e produção da amôn ia, temos 3 H,181 + N,181 3 moi 1 mol (3V) (lV) E:xotérmica endotérmica 2 N H3181 2 moi (2V) llH = - 22 kcal Nessa reação, 3 mo i de h i d rogên io reagem com 1 mo i d e n i trogên io para formar 2 mo i d e amôn ia. Em termos de vol u me molar (V), os gases reagentes ocu pam 4 V, e o gás res u l tante ocupa apenas 2V Se a p ressão aumentar, o s i stema terá o equ i l íbr io des locado no sent ido do menor vo lu me, a d i re ita a reação d i reta será favoreci da, p rod uz indo mais do produto que ocupa vo l u m e menor. Se, ao contrár io, a p ressão sobre o s i stema for reduzida, a reação se des locará para a esquerda. A reação i nversa será favorec ida e c rescerá a p rod u ção de reagentes, q u e ocupam mais volu m e. De novo, a a lteração da pressão é m i n i m izada. Em todos os casos, Kc permanece constante. � Catalisadores jamais deslocam o equilíbrio - ou seja, não alteram o estado final de equi líbrio. Apenas aumentam a velocidade da reação direta e da inversa. A única consequên cia da aplicação de um catalisador sobre uma reação é fazer com que o sistema alcance o ponto de equilíbrio mais rapidamente. TUDO NUM ÚNICO DIAGRAMA Um diagrama de entalpia fornece todas as informações necessárias sobre o comportamento de uma reação reversível. Acompanhe no diagrama abaixo, considerando que o sistema está em equilíbrio: r �--�-� - ------ � 1 A 111 + B ,,,� c ,,, • - - - - - - - - - � = - - � - - - -� - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - � : A ,,, + B (g) , �-Reagente j - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - � -- - - - - - - - Gi] c ,,, Produto _..,_ __ .._ ___ _ _ _ � 1. A reação direta é A + 8 + C Esta é uma reação exotérmica, pois a entalpia dos produtos é menor que a dos reagentes.( Lembre-se: llH = Hp - H,, então llH = 10 - 25 e 4H = - 15 kJ.) Um aumento na temperatura do sistema não favoreceria essa reação porque o equilíbrio seria deslocado para a esquerda. O valor de K, diminuiria. 1. A reação inversa é C + A + 8. f uma reação endotérmica e absorve a mesma quantidade de energia liberada pela reação direta. Então, 4H = + 15 kl Uma redução na temperatura do sistema não favoreceria essa reação porque deslocaria o equi l íbrio para a direita. O valor de K, aumentaria. 3. Sabemos que a maior curva de energia de ativação (E,) se refere à reação não catalisada porque existe uma segunda curva, abaixo, que mostra que a energia de ativação pode ser menor. 4. A curva mais baixa se refere, então, à reação catalisada. O catalisado r não altera o valor da constante de equi l íbrio (K.). No entanto, como a reação catalisada acontece mais rapidamente, o ponto de equilíbrio é atingido mais rapidamente. s. A adição de A ou de 8 provocaria um deslocamento para a direita e a formação de maior quantidade de C. No sentido contrário, a adição de C provocaria um deslocamento para a esquerda e a formação de maior quantidade de A e 8. 6. Analisando a equação da reação, percebemos que o volume dos reagentes é maior que o do produto (2 V e 1 V, respectivamente). Então, se houver diminuição da pressão, o equilíbrio do sistema será deslocado para a esquerda, pois o volume dos gases reagentes é maior. O aumento da pressão deslocaria para a direita, pois o volume gasoso dos produtos é menor. EM RESUMO Adição de reagente Adição de produto Retirada de reagente Aumento da pressão Diminuição de pressão Aumento da temperatura Diminuição da temperatura Adição de catalisador No sentido dos produtos � No sentido dos reagentes t No sentido dos reagentes t- No sentido da contração do volume = menor número de moi No sentido da expansão do volume = maior número de moi No sentido da reação endotérmica = absorve calor No sentido da reação exotérmica = libera calor Não desloca o equilíbrio GE QUIMICA 2015 • 105 AQUARIO AMEAÇADO Os corais são especialmente vulneráveis à mudança no nível de acidez dos oceanos. A extinção de um banco de corais compromete toda uma comunidade Enquanto isso1 entre os íons ... 106 • GE QUIMICA 2015 • As regras do equilíbrio químico valem tam bém para as reações reversíveis que envol vem íons e compostos iônicos, como bases e ácidos. É o caso da dissolução de um eletró lito ABcsl em água, em que ocorre a separação dos íons em entidades químicas A\aq) e s-caq) (veja capítulo 3). A reação reversível acontece também quando um ácido e uma base são dis solvidos em água e formam íons, no processo de ionização. O equilíbrio químico de reações que envolvem íons chama-se equilíbrio iônico. E sua constante de equilíbrio é a constante de ionização. Os fundamentos desse equilíbrio e dessa constante são semelhantes aos do equilí brio e da constante para compostos moleculares · (veja na aula 2) - só com algumas particularida des para ácidos e bases. As reações com compostos iônicos geralmente acontecem em presença da água. A natureza está repletade reações reversíveis entre compostos iônicos, com seus próprios pontos de equilíbrio. Quando algum fator é alterado, o equilíbrio é des locado. É o que ocorre no aumento da acidez dos oceanos, que afeta diretamente corais e, com isso, coloca em risco a fauna que depende da proteção desses bancos. A reação entre o dióxido de carbo no (C02) e as moléculas de água (H20) libera íons H+, responsáveis pelo aumento da acidez: Quanto mais dióxido de carbono, maior a acidez da água. A água já tem, naturalmente, algum grau de acidez. No entanto, o aumento Para os ácidos, a constante de ionização pode ser chamada de constante ácida (KJ. na concentração de C02 na atmosfera eleva também a concentração desse gás nas águas superficiais do planeta. O equilíbrio é desloca do pela maior concentração de reagentes ou de produtos. Nesse caso, o aumento de concentra ção de co2 desloca o equilíbrio para a direita. A reação de ionização aumenta e, então, sobe o nível de acidez da água. COMO OS MARES FICAM MAIS ACIDOS ácido se dissocia e forma um lon de bicarbOnato EQUILÍBRIO DE ÁCIDOS A ionização não se dá da mesma maneira para todos os ácidos (sobre ácidos e bases, veja capí tulo 2, aula 1). Eles podem ter maior ou menor capacidade de reagir com a água e formar íons. Os ácidos fortes são aqueles com grande ca pacidade de interagir com a água. Mais de 50% de suas moléculas sofrem ionização. Os ácidos fracos interagem menos com a água e, por con sequência, menos de 5% de suas moléculas io nizam quando em contato com solução aquosa. Essa porcentagem de moléculas que interagem é chamada de grau de ionização (a) e é direta mente associada à força de um ácido: .. Ácidos fortes: a � 50% .. Ácidos moderados: 5% < a < 50% .. Ácidos fracos: a � 5% Todo ácido tem sua constante de ioniza ção, calculada para determinada temperatura. Considere uma reação de ionização genérica, expressa assim: HAcaq) � H'caqJ + A·caq) A relação que define Ka é: Repare que a, b e c são os coeficientes este quiométricos da equação e valem l na reação apresentada. Essa é a expressão da constante química que você viu na aula 2. A única dife rença é que, na maioria das vezes, os ácidos liberam apenas um íon H' - são monoácidos. Então, não haverá na expressão de K. nenhum valor elevado a qualquer potência. Se o ácido for forte (se tiver grande tendência a se dissociar em íons), o valor de K será alto, já que o numerador será maior que � denomi nador. Se o ácido for fraco, o valor do denomi nador será maior que o denominador. Então, o valor de K. será baixo. Assim como ocorre com as constantes quími cas em geral, a constante de equilíbrio iônico também é definida experimentalmente. E cos tuma ser fornecida no enunciado das questões das provas. Tanto a constante de ionização (KJ quanto o grau de ionização (a) variam com a temperatura. NA PRÁTICA A eq u ação d e ion ização do ác ido c l o r íd r i co é HC I laql � H+ laql + C I- laql A constante ácida dessa su bstânc ia é dada por [H+] . [C I ·] K = ...:......,,.'----:,..,--.:... a [ HC I ] O ác ido c l o r íd r ico é um ác ido fo rte, com a " go% Porq ue e le tem grande capac idade d e se i on izar, o eq u i l íb r i o é a l cançado q u ando a concentração dos íons H ' e c l- é ma io r q u e a concent ração de ác ido não ion izado ( H CI ) Ass i m, o n u me rador é ma ior q u e o denom i nador e, por conseq uênc ia, Ka é ma ior a 1 (Ka > 1) Fazendo o mesmo rac ioc ín io para u ma ác ido fraco, como o c ian íd r ico (HCN ), q ue tem a < 5%, a eq uação d e ion ização d o ác ido c ian ídr i co é HCN � H' + CN- [H ' ] . [CN·] E sua K. é dada por: K. = --,,..,-:� [HCN] Como o ác ido c ian íd r ico tem baixo grau de i on ização, o e q u i l íbr io oco rre q u ando a concent ração do HCN não i on izado é ma ior q u e a concent ração de í o n s H' e CN-. Nesse caso, o denom i nador é ma ior q u e o n u merador. En tão, o va lor de K. é menor q u e 1 (Ka < 1). 6EQUIMICA201S . 107 Para as bases, a constante de ionização pode ser também chamada de constante básica ou constante de basicidade (K j. 108 • GE QUI MICA 2015 • EQUILÍBRIO DE BASES Para as bases, o raciocínio é similar: quanto mais íons OH- existirem numa solução, mais forte a base é. Como as bases contêm íons, sua constante de equilíbrio também é chamada constante de ionização. NA PRÁTICA A i on ização do h i d róx ido d e amôn ia K = [OH-IaqJ] [N H4iaqJ] = 1,8 . lo-s m o I/L (25 oq b [NH40HiaqJ] Perceba q u e esse Kb< 1. Em equ i l íbr io, a so lução tem menor concentração de íon s OH- e NH4 e maior concentração da base não ion izada ( N H40H) Quanto maior a concentração de íons, maior o valor de Ki (K. ou Kb). Conhecendo os valores das constantes de ionização de dois eletrólitos, podemos comparar suas forças em soluções de mesma concentração. NA PRÁTICA Cons i dere d uas s o l u ções 0,1 mo I/L dos ác idos benzo i co e barb i tú r i co a 25 oc E m qua l de las há ma ior concentração do íon H'' Dados Ácido benzo ico: Ka = 6,5 lo-s Ác ido barb i tú r i co Ka = 1,0 . lo-s (am bos a 25 oc) Para os do i s ác idos, Ka < 1. E n tão, a concentração de íons é menor q u e a de ác ido não ion izado. Daí q u e os do i s ác idos são f racos. Para saber qua l das so l u ções tem ma ior concentração d e íons, basta com parar seus K •. Confi ra o ácido benzoico l i bera mais íons ( Ka = 6,5 . lo-s) E l e é o ác ido mais forte. É possível relacionar as constantes de ioni zação (K. ou Kb) a outras medidas, como o grau de ionização e a concentração das soluções: • Constante e grau de ionização K. = [ ] • a2 (para ácidos) e Kb = [ ] . a2 (para bases), em que: .,.. K. é a constante de ionização do ácido; .,.. Kb é a constante de ionização da base; .,.. [ ] é a concentração do ácido ou da base; .,.. a é o grau de ionização. • Concentração e grao de ionização [H'] = [ ] . a (para ácidos) e [oH-] = [ ] . a (para bases), em que .,.. [H'] é a concentração de íons H'; .,.. [OH-] é a concentração de íons OH-; .,.. [ ] é a concentração do ácido ou da base; .,.. a é o grau de ionização. Lembre-se: todos os valores são definidos para determinada temperatura - no geral, 25 oc. DESLOCAMENTO Todos os conceitos sobre deslocamento de equilíbrio químico, estudados na aula 2 deste capítulo, valem também para os equilíbrios iô nicos, em fase aquosa. NA PRÁTICA Veja o q u e acontece com o des locamento do eq u i l íb r io i ô n i co e nt re o CO, atmosfér ico e a água de mares, que aumenta a ac idez da água t.H < O .,.. O aumento da concentração de co, des l oca o eq u i l íbr io para a d i re i ta, aumentando a concentração de H' e, po rtanto, a acidez da água. .,.. A ental p ia é menor que zero (LIH < o). E n tão, a reação d i reta é exotérm ica. A red u ção da temperatura favorece essa reação - mais íons H' são l i berados. Por isso, os mares mais fr ios tendem a ser mais ác idos . .,.. O eq u i l íbr io também pode ser afetado pe la p ressão sobre o gás q u e part i c i pa da reação. Um aumento de pressão des loca o eq u i l íbr io para a d i rei ta, neste caso, o lado q u e não tem nen h u m gás. O acréscimo de íons numa solução aquosa também pode interferir no equilíbrio. Veja: .,.. Numa solução de hidróxido de amônia, te mos o seguinte equilíbrio estabelecido: NH40Hcaql � NH4'C•ql + OH-caqJ .,.. Se adicionarmos o sal cloreto de amônia (NH4Cl) a essa solução, o sal se dissolve rá, estabelecendo seu próprio equilíbrio: NH4ClcaqJ + NH4\aql + CI-caql .,.. Os dois equilíbrios têm um íon em comum (NH4'). Aumentando a concentração desse íon, o equilíbrio da primeira reação se deslo ca para a esquerda. .,.. Se houver um íon comum entre os dois equilíbrios (como ocorre neste caso), o des locamento do primeiro afeta o segundo. A alcalinidade (basicidade)do hidróxido de amônio cai devido à redução de íons OH- e ao aumento da concentração da base não io nizada. A base se torna ainda mais fraca. DEPENDE DO pH Só em solos ácidos nascem hortênsias azuis. Se o solo for alcalino, as flores brotam rosadas As cores da acidez N a aula anterior, discutimos que molécu las de ácidos, como as do ácido clorídri co (HCl), ou de bases, como as da amô nia (NH3), têm a capacidade de interagir com as moléculas de água e formar íons. Quanto maior a capacidade de interação, mais íons são formados e mais forte é o eletrólito. Agora vamos ver que também as moléculas da água interagem entre si. Nessa interação, uma molécula de água se divide nos íons H• e OH-, no processo chamado auto ionização da água. E esse conceito é importante para entender outro con ceito muito usado no dia a dia - o de pH. O QUE É pH A concentração de íons H• numa solução de fine seu grau de acidez. Essa concentração é medida pelo pH, o potencial hidrogeniônico. Quanto mais H• uma solução tem, maior é sua acidez. Quanto menos H+, mais básica é a solução. O pH é o índice que mede a acidez ou a basicidade de uma solução. O pH segue uma escala de zero a 14, na qual: .,.. O � pH < 7 - soluções ácidas; .,.. pH = 7 - soluções neutras; .,.. 7 < pH � 14 - soluções básicas (ou alcalinas). GE QUI MICA 2015 • 109 É toda substância que pode assumir caráter ácido ou básico, dependendo da substância com que interage. Considera-se 25 'C a temperatura-padrão para todas as medições referentes ao pH. Caso um texto (como o desta aula) ou uma questão de prova não traga explicitamente o dado, esta é a temperatura que deve ser considerada. 110 • Gf QUI MICA 2015 • PRODUTO IONICO DA ÁGUA A água é o solvente universal, aquele em que praticamente todas as substâncias se dissol vem. Por isso, a escala de pH tem como base as concentrações dos ions H• e OH" na água pura. E daí a importância de entender a autoioniza ção da água. A água é neutra porque [H•] = [OH} A água é anfótera: dependendo da substância com que reage, ela doa íons H• ou recebe íons OH-. Isso significa que a água realiza sua própria ioniza ção. A equação química dessa auto ionização é: O caráter ácido ou básico de uma solução tem relação direta com a concentração de solutos no volume total da solução. E toda reação tem uma constante de equilíbrio - um ponto em que as reações direta e inversa se equilibram e as concentrações se estabilizam. A constante de equilíbrio da água (K) é dada pelo produto iônico, a multiplicação das concentrações de íons H• e OH-: Kw = [H•] . [oH-], em que .,.. Kw é a constante de equilíbrio da água (a le tra w vem de water, água em inglês); .,.. [H•] é a concentração de íons hidrogênio; .,.. [oH-] é a concentração de íons hidroxila. O valor de Kw é conhecido experimentalmen te: à temperatura de 25 °C, Kw = I0-14• Esse é um valor muito pequeno - 0,00000000000001 -, o que indica que a reação de autoionização da água não é fácil de ocorrer. A cada vez que libera um íon H+, a molécula H20 libera também um íon OH-. Portanto, na água pura, [W] = [OH-] Agora acompanhe o raciocínio: • Sabe-se que Kw = 10-14 • E sabe-se que Kw = [H•] . [oH-] • Então [H•] = [OH-] = w-7 mol/L .,.. Uma concentração de w-7 mol/L significa que, na água pura, a cada lO milhões de moléculas H20, apenas uma libera um íon H· e um oH-; .,.. A concentração de OH- é igual à concen tração de H•; .,.. Como [H•] define a acidez, e [OH-], a ba- . sicidade, se [H•] = [OH-], a água é neutra. A água pura é neutra. Mas a adição de um ácido faz com que [H•] aumente. Como efeito dessa alteração em [H•], o equilíbrio se deslo ca e [OH-] diminui. Assim, define-se: um meio ácido é aquele que tem [H•] > I0-7 moljL e [OH-] < w-7moljL. Por outro lado, com a adição de uma base à água pura, [OH-] cresce. O deslocamento do equilíbrio faz com que [H•] caia. Assim, defini mos: um meio básico ou alcalino é aquele que tem [oH-] > w-7 moljL e [H•] < w-' mol/L. O TRUQUE DA ESCALA pH Até agora, nestas aulas, a natureza ácida ou bási ca de uma solução foi indicada em termos de con centração. Mas você deve ter reparado que esses valores podem ser muito menores que 1 (por isso são dados como potências negativas de base lO). Para facilitar a vida dos pesquisadores, o bioquímica sueco Soren Peter Lauritz Soren sen teve uma ótima ideia: dispensar a base 10 e trabalhar apenas com os expoentes - ou seja, com logaritmos (veja o quadro Lembre-se, na página ao lado). Ele foi o criador dos conceitos de pH (potencial hidrogeniônico) e pOH (po tencial hidroxiliônico). A definição: pH = - log [H•] e pOH = - log [OH-] ATENÇÃO Preste atenção na escala de pH: os valores maiores indicam soluções mais básicas. Os menores, soluções mais ácidas. Neutro (j) 8 o z :::; <( :;:: lO <( V'> 11 ;;;: ::;: 12 13 14 ESCALA DE pH _J Acido muriático lcloridricol I Acido de baterias J-i Suco de limão Refrigerantes à base de cola Vinagre Bananas, tomates Café Urina humana leite Agua destilada - Aguado mar - Bicarbonato de sódio Pasta dental leite de magnésia Amoniaco Alvejante LEMBRE-SE A notação científica usa as potências de base 10 para indicar grandezas muito altas ou muito pequenas: • 107 = 10 . 10 . 10 . 10 . 10 . 10 . 10 = 10 000 000 • 10·7 = 1 : 10 : 10 : 10 : 10 : 10 : 10 : 10 = 0,0000001 Mas, nos cálculos com tais valores, o logaritmo é bem mais orático. Logaritmo é a operação matemática que indica o expoente de determinada potência: 1ogb a = c � b' = a Mantenha em mente: • Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados de uma igualdade, sem alterá-la: se a = b . c � log a = log (b . c) • Uma das propriedades dos logaritmos diz que: log (b . c) = log b + log c Aplicando essas definições e propriedades à expressão matemática do produto iônico, temos: • Sabemos que K. = 1o·'• Então log K. = - 14 • Sabemos também que K. = [H'] . [OH·] Então log K. = log [H'] + log [OH·] ... -14 = log [H'] + log [OH·] Se, na água pura, [H'] = [OH"], então -14 = 1 . log [H'] Onde se conclui que log [H'] = - 14/1 ... log [H'] = -7 (E também log [OH·] = - 7) Por definição, pH = - log [H'] Então, para a água pura, pH = pOH = - (- 7) = 7 O pH DE SOLUÇÕES AQUOSAS Mantenha em mente: para qualquer solução aquosa, pH + pOH = 14. Para uma solução ácida, [H'] > I0-7 moljL e [OH-] < w-7 moljL. Então, para uma solução ácida, pH < 7 e pOH > 7 Do mesmo modo, para uma solução básica, [H'] < w-7moljL e [OH-] > w-7moljL Então, para uma solução básica, pH > 7 e pOH < 7 NA PRÁTICA Qua l é o val o r do p H e do pOH d e u ma s o l u ção aq uosa de ác ido c l or íd r i co (HC I ) de concentração o,o1 mo i/L7 (H C I é um ác ido m u i to fo rte. Podemos cons iderar a = 100%) • Tomamos a eq u ação de d i s soc iação iôn i ca do HC I , em água HCI � H' + C l· • Cal cu I amos a concentração d e íon s H' nessa so l u ção [ H') = [ ) . a ( [ ) = concentração i n i c ia l do so l uto, em mo i/L) [ H ') = 0,01 . 100 I 100 = 10·' mo I/L • Transformamos, agora, a concentração em p H : p H = - l o g [H') pH = - log 10·' = 2 Se para q ua l que r so l ução aquosa p H + pOH = 14, en tão pOH = 14 - 2 --> pOH = 12 Em gráfico, a variação da acidez do pH e do pOH da água é assim representada: pH 14 13 12 11 10 Adição de 9 ácido 8 pOH pH 14 A �; ·� 11 10 9 8 14 �; A. 11 � 10 9 8 pOH 14 13 12 11 Adição de 10 base 9 8 COMO A ACIDEZ VARIA O diagrama da esquerda mostra o que ocorre quando um ácido é adicionado a uma solução aquosa. O da direita, o que acontece quando a substância adicionada é uma base. Em cada um dos gráficos, a escala de pH está à esquerda, e a escala de pOH, à direita. Repare que no centro das escalas pH = pOH = l Esses são os valores para a água pura. O primeiro gráfico mostra que, adicionado um ácido, o pH cai e o pOH sobe:a acidez fica maior. No segundo gráfico, acrescentada uma base à solução, o pH sobe e o pOH cai: a solução fica mais alcalina. EM RESUMO pH = - log [H'] pOH = - log [OH·] Para qualquer solução, pH + pOH = 14 Solução ácida � pH < 7 Solução básica � pH > 7 Agua pura � pH = 7 GE QUIMICA 2015 • 111 11 5 11 t..======.�ll Capítulo_ EXERCÍCIOS 1. (Unesp 2013 - adaptada) Leia a notícia pub l icada em janeiro de 2013. China volta a registrar níveis alarmantes de poluição atmosférica. Névoa voltou a encobrir céu de c idades ch inesas, como a capital Pequim. Governo chinês emitiu alerta à população para os próximos dias. (p.globo.com) O carvão m i neral é a pri nc i pal fonte de po lu ição do ar na Ch i na. Diariamente, o país que ima m i l hões de tone ladas de carvão para produzir energ ia e létrica, aqu ecer as casas e preparar a l imentos. Além do carvão, o aumento do número de carros movidos a gasol i na tem papel s ign ificativo no agravamento da polu ição atmosférica. Entre as substâncias q u e poluem o ar da Ch ina estão o S02 e com postos relac ionados. Cons idere as equações segu intes: (1) 2S02Igl + 02 "F 2S03Igl (2) S03Igl + H201g1 "F H2S0•1g1 Escreva a equação q u ím ica q ue expressa a constante d e e q u i l í br io para a reação (1). RESOLUÇÃO Lembrando: a constante de equilíbrio é a proporção entre as concen trações dos produtos e reagentes de uma reação, elevados a seus co eficientes estequiométricos.A expressão matemática da constante é: [C] ' [D] d K - -:-,...:.�:-: ' - [A] • [B] b Analisando a reação (1): 2S02Igl + 02 "F 2S03Igl · O reagente 50, tem coeficiente 2; · O outro reagente (O,) tem coeficiente 1; • E o produto (503} tem coeficiente 2. Substituindo esses valores na expressão da constante de equi líbrio, temos K _ [S03)2 c - [S02]2 [02] 2. (UFSC 2013, adaptada) A efervescência observada em comprim idos hidrossol úveis de v itamina C (ác ido ascórbico) é provocada, pr inci palmente, pela presença de bicarbonato de sódio. Quando d issolvido em água, uma fração dos íons b icarbonato reage para formar ácido carbônico (reação 1), que se decompõe rapidamente para gerar C02 gasoso (reação 1 1), que é pouco sol úvel e l i berado a partir da sol ução na forma de pequenas bolhas de gás. As reações são: Reação 1 : HC03- + H20 "F H2C03 + OH Reação 1 1 : H2C03 "F H20 + C021g1 Cons iderando as informações aci ma, ass inale a(s) proposição(ões) corretas(s). 112 • GE QUIMICA 2015 • a. Se o compri m i d o efervescente for d i sso lv ido e m meio ác ido, haverá produção d e maiores q uant idades de ácido carbôn ico. b. A efervescência será menos efetiva se o compr im ido d e v i ta m i n a C for d i sso lv ido em água a 35"C do q u e a 25°C, já q ue e m tem peraturas maiores a so l u b i l idade d o C02 aumenta. c. O ácido carbônico é um ácido forte, que se d issocia parcialmente e m água e apresenta dois h i d rogên ios ion izáveis . d. A d isso lução do comprimido efervescente em uma sol ução com pH maior que 8,o favorecerá a d i ssociação do íon b i carbonato. RESOLUÇÃO As duas reações acontecem em sequência: o produto da reação I é o reagente da reação 11. Analisando as afirmações: a. Um meio ácido tem maior concentração de W e, portanto, o equilíbrio é deslocado para a direita, favorecendo a reação direta, ou seja, a produção de H2C03. Na reação n o aumento da concentração do H2C03 (reagente) desloca o equilíbrio tam bém para a direita C021gb favorecendo a reação direta. Correta. b. Para ocorrer uma reação, é preciso que as partículas se choquem na orientação adequada e com velocidade suficiente para gerar energia superior à energia de ativação (E.). Aumentar a tempera tura resulta em aumentara movimento das partículas. Com mais energia cinética, a reação tende a ser mais rápida, e a efervescência será mais efetiva em temperaturas maiores. Incorreta. c. O ácido carbônico é um ácido fraco, pois interage menos com a água e só se ioniza parcialmente. Incorreta. d. Lembrando: na escala de pH, os valores maiores que 7 indicam soluções mais básicas (alcalinas, aquelas nas quais a concen tração de OH- é maior que a concentração de W). A dissolução do comprimido efervescente da reação I, nas condições da questão (pH maior que BpL temos uma grande quantidade de OH-(produto) - o que favorece a reação inversa. Incorreta. Resposta: a única alternativa correta é a 3. (Fuvest 2013, adaptada) A u ma d eterm inad a tem peratu ra, as su bstâncias H I, H2 e l2 estão no estado gasoso. A essa temperatu ra, o eq u i l íbr io entre as três su bstânc ias foi estudado, e m rec i p ien tes fechados, parti n do-se de u ma m i stura eq u i m olar d e H2 e 1 2 (exper i mento A) ou somente d e H I (exper imento B). � + lz � 2 Hl Oxlsaan!e de eqoilll>rio =- K, Hl t, Pela anál i se dos do is gráficos, pode-se concl u i r q u e a) no experimento B, a s concentrações das su bstâncias (H I , H2 e l 2} são igua is no i nstante t1. b) n o experimento A, a ve loc idade de formação de H I aumenta com o tem po. c) no exper imento B, a q uantidade de matér ia (em mo ls) de H I aumenta até q u e o eq u i l íbr io seja at i ng ido . d) n o exper imento A, o valo r d a constante d e e q u i l íbr io (K1) é maior d o q ue 1. RESOLUÇÃO Uma mistura equimolar é aquela que contém o mesmo número de moléculas das substâncias que a compõem. Repare que as reações apresentadas na questão são reversíveis. A primeira é a reação direta, a segunda, indireta. A curva dos gráficos representa a variação na concentração de reagentes e produtos, ao longo do tempo, em cada uma das reações. Repare que, a partir de certo momento, as curvas ficam paralelas - ou seja, a concentração de reagentes e produtos se mantém constante. As reações direta e indireta continuam acon tecendo, mas a velocidade da reação direta se iguala à da reação inversa. Por isso, as concentrações não mais se alteram. As reações atingiram o equilíbrio químico. Expelimeneo A H2 + 'z � 2 Hl Constanle de e<fJilibriio = K, A concentração do produto é maior que a dos [Produto) > [Reagentes) reagentes: Tempo &penn.n�G B i c � 2HI�� · � Constanle de equilíbrío = Kz o Hl [Reagente] ()--F='----- [Produtos] < [Reagente] (Produtos] <t;;;:::�=====- Tempo [H I] > [H2 + /2] A concentração dos produtos é menor que a do reagente: [H2 + /2] < H/ Vamos, agora, analisar cada uma das afirmações: a) No experimento 8, percebemos que a concentração de H2 é igual à de /2 (nos produtos). Mas a concentração de H/ é maior que ambas. Assim, em t, : {H I] > [H2] = [12J . Então a afirmação é falsa. b) A concentração das substâncias inclui na velocidade da reação. No início da reação não há moléculas de H/, por isso a velocidade é nula (reação ainda não começou). A medida que moléculas de H/ são formadas, sua concentração aumenta e também a velocidade com que elas se formam. Ao atingir o equilíbrio químico a sua concentração se torna constante e também a sua velocidade. Lembre-se que o equilíbrio químico se estabelece quando a reação da velocidade direta se iguala à velocidade da reação indireta. Falsa. c) Segundo nossa análise da curva do gráfico do experimento 8, a concentração de H/ diminui. Portanto, a quantidade de matéria de H/ se reduz até que o equilíbrio seja atingido. Falsa. d) Já vimos que, no experimento A, a concentração do produto é maior que a dos reagentes: {H/] > [H2 + /2] A constante de equilíbrio dessa reação é: K _ [Produtos] > , _ 1 [Reagentes) Afirmação verdadeira. Resposta: alternativa d Capítulo_ ISTO É ESSENCIAL! EQUILIBRIOQUIMICO Uma reação reversível é aquela em q u e os reagentes se transformam em prod utos, que voltam a se transformar nos reagentes. Na reação direta, os reagentes A e B formam C e D. Na reação i nversa, C e D formam novamente A e B. Uma reação reversíve l atinge o equi l íbrio químicoq uando as reações d i reta e inversa conti nuam acontecendo na mesma velocidade, nos dois sentidos, mas a concen tração de prod utos e reagentes não se a lte ra. CONSTANTE DE EQUILIBRIO Em uma reação reversível, mantida constante a tem peratura, a razão entre as concentrações de produtos e reagentes el evados a seus coef ic ientes estequ iométricos é constante. Para a reação aA + bB -+ cc + dD, a constante d e e q u i l íbr io (K,) é dada por: [C)' [D)d K, = [A]• [B] b DESLOCAMENTO DO EQUILIBRIO Uma reação qu ímica reversível q u e esteja em eq u i l íbr io tende a perma necer nesse estado. No caso de falta de equ i l íbr io, a reação se altera, a f im de al cançá-lo, favorecendo a reação d i reta ou a i nd i reta: · A ad i ção de reagentes favorece a reação d i reta; a adição de produto, a reação i nversa; · O aumento da pressão desloca o eq u i l íbrio no senti do de menor vol ume gasoso (menor nú mero de moi); a red ução, desloca no sentido de maior vol ume gasoso (maior número de moi ); · O aumento de temperatura desloca no sentido da reação endotérmica; a red ução des loca no sentido da reação exotérmica; • Catal isadores não deslocam o equ i l íbrio. EQUILIBRIO IONICO É o e q u i l íbr io de reações q ue envolvem íons e com postos i ô n i cos. A constante de eq u i l íbr io d esses compostos é a constante d e ion ização (K., K b ou K;). - [H'] . [A-] K. - [HA] Ka = [ ] . a ' [W) e [OH-) = [ ] . a ACIDEZ E pH pH = - log [H'] e pOH = - log [OH-] · Para qua lquer so lução aquosa, pH + pOH = 14 · Para solução ácida: [H') > 10-7 mo I/L, [OH-) < 1o-7 moi/L (pH < 7 e pOH > 7) · Para solução bási ca, [W) < 10-7 moi/L e [OH-) > 10-7 moi/L (pH > 7 e pOH < 7) GEQUIMICA2015 . 113 --- · . .. --- .... . TRENT PENNY-THE A N N I STON STA R / AP PHOTO .. A obesidade afeta meio bilhão de pessoas no mundo. Na maioria dos casos1 a causa são maus hábitos de vida • E uma incoerência, mas é uma realida- de: grande parte da população mun dial não tem alimento em qualidade nem quantidade suficientes para se manter saudável. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existem mais de 800 milhões de desnutridos ou subnutridos. De outro lado, uma proporção ainda maior da popula ção mundial é supernutrida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,5 bi lhão de pessoas com mais de 20 anos de ida de estejam com o peso acima do ideal. Desse total, 500 milhões são obesos. O indicador mais utilizado para avaliar o peso de uma pessoa é o índice de massa corporal (IMC), que divide o peso da pessoa, em quilos, por sua estatura elevada ao quadrado. Conside ra-se sobrepeso resultados para o IMC entre 25 e 29,9. De 30 para cima é obesidade. A obesidade já é considerada pandemia porque se espalha por todo o mundo. E não há como atribuir a culpa ao metabolismo de cada um. Os distúrbios hormonais são apontados como causa de apenas 5% dos casos. Nos restantes 95%, o excesso de peso se deve aos maus hábitos de vida. O primeiro mau hábito, a alimentação ina dequada, vem da facilidade com que se consomem alimentos industrializados, com altos teores de gordura e açúcar. Essas substâncias são essenciais para o funcio namento do organismo, mas, em excesso, acumulam-se como pneuzinhos (veja o in fográfico na próxima página). No Brasil, a última pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde mostra que um quarto da população come carne gordurosa regu larmente, e apenas 33% têm o hábito de fa zer exercícios físicos. Resultado: metade da população está acima do peso ideal. Conteúdo deste capítulo • l nfográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 116 aula 1 • Com postos orgânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 aula 2 Propriedades físicas dos com postos orgânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 aula 3 Reações orgânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 • Exercícios & Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 GE QUIMICA 2015 • 115 Química orgânica lnfográfico HABITOS POUCO SAUDAVEIS A pesquisa Vigitel, do Min istério da Saúde, é feita por telefone com a população adulta (idade acima dos 18 anos) de todas as capitais e do Distrito Federal. Ao longo dos anos, a pesquisa vem registrando um número cada vez maior de brasileiros acima do peso ideal. A maior parte dessa população peca em calorias demais e atividade ffsica de menos. % DA POPULAçAO QUE CONSOME REGULARMENTE Carne Refrigerantes Frutas e gordurosa verduras NO TEMPO LIVRE. .. não se exercitam na medida recomendada COMO RESULTADO.M (Porçao diaria) assistem à TV mais de 3 horas/dia 51% 17% estão com estão excesso de peso obesos Usina viva Os n u tr ie ntes, obt idos dos al i m e ntos, parti c i pam d e uma cad e i a d e reações n o o rgan i m o. A lgu m as dessas reações resu l tam e m com postos o rgân icos mais c o m p l exos, q u e const ituem os tecid os. Outras desmancham os com postos e, ass i m, l i beram e n erg ia para manter os p rocessos v i ta is COMO VOCÊ ENGORDA Carboidratos e gorduras são os principais combustíveis do organismo. Mas, se abusar, a balança acusa t) Queima Aquele bolinho inocente Você come um pedaço de bolo. Os glicídeos (carboidratos, como a farinha e o açúcar) reagem com o oxigênio das célu las e l iberam energia muito rápido. Secos, molhados & engordurados A energia que não é consumida vai para o estoque: os carboidratos se transformam em l ipídeos (gordura) e são armazenados como reserva energética. O Acúmulo Depois do bolo, você faz uma atividade física. O corpo busca energia, primeiro, nos carboidratos. Na falta destes, apela para a reserva: a gordura é queimada e l ibera energia. Mas, se você come o bolo e não faz exercício, sobram carboidratos no organismo. O estoque de energia, a gordura, só cresce. Pronto, engordou. É assim que se evita engordar. E DA QUÍMICA SE FAZ O CORPO Os carboidratos e as gorduras são feitos, fundamentalmente, de carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio. Esses são os principais elementos dos compostos orgânicos. E estão presentes, também, em todas as células e proteínas do seu corpo. Mas existem outros elementos que, na forma de íons, são essenciais para o bom funcionamento do organismo Manganês e cobre O manganês (dos cereais integrais) engloba enzimas responsáveis pelo desenvolvimento e pela reprodução das células e, portanto, pelo crescimento e pela manutenção dos tecidos. Como o cobre (das nozes), o manganês é antioxidante: l iga-se aos radicais livres (moléculas instáveis l iberadas por algumas reações), evitando que elas ataquem as cél u las. Zinco e cobalto O zinco (de frangos, peixes e carnes em geral) é polivalente: participa do controle dos músculos e da atividade de várias enzimas. É fundamental, ainda, para o sistema imunológico. o cobalto (da sardinha e do amendoim) auxilia no metabolismo das proteínas. Flúor Os dentes são feitos basicamente de fosfato de cálcio (fósforo, cálcio e oxigênio). O flúor acrescentado à água tratada aumenta a DEPOSITO DE CARBONO Tudo o que é vivo numa floresta - seja vegetal, seja animal - tem o organismo construído de átomos de carbono, fundamentalmente O sueco jdns jakob Berzelius esquematizou a ideia de que só seres vivos sintetizavam compostos de carbono na chamada teoria da força vital. 118 • GEQUIMICA201S • Os compostos da vida Em 1828, contrariando todas as expectati vas, o alemão Friederich Wõhler conse guiu sintetizar um composto orgânico em laboratório. Mais significativo ainda é que a ureia sintética foi obtida de cianato de amônia, uma substância mineral. Até então, acreditava se que os compostos orgânicos - aqueles que contêm carbono (C) - eram produzidas só por seres vivos. Desde a realização de Wõhler, mui tos outroscompostos foram sintetizados em la boratório, e a química orgânica deixou de ser a química dos seres vivos para se tornar o ramo que estuda os compostos de carbono. O ELEMENTO QUÍMICO CARBONO O carbono merece um ramo inteiro da quími- · ca. Esse elemento químico tem algumas caracte rísticas que lhe conferem propriedades únicas. .,. Um átomo de carbono tem quatro elétrons em sua camada de valência e, por isso, para completar o octeto (oito elétrons na última camada), precisa fazer quatro ligações co valentes com outros átomos. Essas ligações podem ser simples, duplas ou triplas. Veja: I I - c - - c = = c = - c -I A 0 0 A Os quatro Dois elétrons Quatro Um elétron elétrons em ligação elétrons, aos em ligação fazem cova lente pares, em covalente quatro simples e duas ligações simples e três ligações outros dois covalentes em ligação covalentes em ligação duplas covalente simples covalente dupla tripla Essa versatilidade na forma de compartilhar seus quatro elétrons per mite que o carbono estabeleça grande variedade de ligações. .,. Os carbonos podem se unir e formar longas cadeias, eventualmente incluindo átomos de outros elementos: I I I - c - c - c - 1 I I I I I - C - C - N - C - I - C - I I I I - ( - ( = ( - ( - ( - 1 I I I - I - ( - - (- Além do carbono, os elementos químicos que mais aparecem nos com postos químicos são: hidrogênio (H), oxigênio (0), nitrogênio (N) e en xofre (S). Todos esses elementos são ametais que fazem ligações cova lentes entre si e com o carbono. Por isso, são raros os compostos iônicos entre as substâncias orgânicas. A maioria é molecular (sobre ligações iônicas e moleculares, veja capítulo 1, aula 4). REPRESENTAÇÃO Os compostos orgânicos podem ser representados de muitas manei ras. A tabela abaixo traz algumas delas. ::s: Molecular s Butano C4Hlo Meti lp ropano C4Hlo Ciclobutano C4Hs Ácido C4H&02 but-2-enoico Benzeno 4H& Estrutural H H H H I I I I H -c -c -c -c -H I I I I H H H H H I H-C-H � I � H-C-C-C-H I I I H H H � � H - c--c - H I I H - c-- c - H I I H H � � � #o H-C-C=C-C H H H 'OH H I / c � H-C C-H 11 I H-C C-H ' c -r I H Estrutural Bastão S impl ificada HlC-CH, -CH, -HlC /V A CH3 I H3C - CH - CH3 H,C --CH, D I I H,c -- cH, H,C -CH=CH-COOH çO /'\./"oH o / CH "> CH CH 11 I @ CH CH ' cH ""' Não se preocupe com o nome desses com postos por enquanto. Mas repare nas carac terísticas e nas limitações de cada fórmula. Acompanhe na tabela: .,. Uma mesma fórmula molecular pode indicar diversos compostos. Butano e metilpropano, por exemplo, têm como fórmula C4H10, mas são substâncias diferentes, com proprie· dades particulares. Isso confunde a identi ficação do composto. Por isso, as fórmulas moleculares não costumam ser utilizadas na química orgânica. .,. A fórmula estrutural também é pouco uti lizada porque estruturas maiores são muito difíceis de visualizar. .,. As fórmulas mais utilizadas são a estrutural simplificada e a bastão. Repare que na fór mula bastão a cadeia carbônica é mostrada como um zigue-zague, e os átomos de hidro gênio da cadeia costumam ser omitidos. Os demais átomos devem estar sempre explíci tos, como no exemplo abaixo CH, OH HO Estradiol Uma cadeia de carbono pode ser aberta ou fechada. Na cadeia aberta, os átomos de car bono organizam-se em linha (como no exem plo do butano, na tabela). Na cadeia fechada, esses átomos se fecham num anel, ou um ciclo. Este é o caso do ciclobutano. Cadeia principal é aquela que contém o maior número de átomos de carbono entre as extremidades. Muitas vezes, essa cadeia carrega outros átomos, "pendurados" como enfeites de árvore de Natal. Esses grupos de átomos extras são as ramificações (R). É importante conhe cer as principais ramificações porque são esses grupos de átomos que definem a natureza do composto. Veja uma cadeia ramificada: Cadeia Principal Ramificações Gl QUI MICA 2015 • 119 VALE A PENA ANOTAR Quando o composto tem uma cadeia de carbono fechada, o nome deve começar pela palavra "ciclo". Por exemplo: ciclobutano, ciclopentano, ciclopropano. 120 • GE QUIMICA 1015 • NOMENCLATURA A nomenclatura dos compostos orgânicos segue um princípio rígido: cada composto or gânico tem o próprio nome, e esse deve ser de duzido da fórmula estrutural do composto. O inverso também deve ser verdadeiro: a estru tura deve indicar o nome exato do composto. A lista de regras adotadas sobre esse princípio básico, para definição de nomes dos compos tos, é muito longa. Por isso, no ensino médio, estudamos compostos cujos nomes seguem uma regra mais simples, básica: todo nome de composto orgânico é dado por PREFIXO + INFIXO + SUFIXO .,.. Prefixo indica o número de átomos de car bono da cadeia principal; .,.. Infixo indica o tipo de ligação existente entre carbonos da cadeia principal- simples, dupla ou tripla; .,.. Sufixo indica a função orgânica à qual o composto pertence. Veja cada um desses elementos, abaixo: PREFIXO (número de C) SUFIXO (função orgânica) l C - M ET AN (l igação simp les) O - h idrocarboneto 2 C - ET EN (uma ligação dupla) OL - álcool 3 C - PROP IN (uma l igação tripla) ÚICO - ácido carboxíl ico 4 C - BUT D IEN (duas ligações AL - aldeído 5 C - PENT duplas) ONA - cetona 6 C - HEX DI IN (duas l igações 7 C - HEPT triplas) 8 C - OCT 9 C - NON lO C - DEC As ramificações também recebem nomes de acordo com o número de átomos de carbono que contêm. Nesse caso, ao prefixo que indi ca o número de carbonos da cadeia principal adiciona-se o sufixo il: Número Exemplo de C na Prefixo de cadeia cadeia secundária 1 C 2 ( 3 ( Met Et - CH, - CH3 Prop - CH, - CHr CHJ Número de C Prefixo + nas cadeias sufixo (cadeia secundárias secundária) 1 + i l = metil + il = etil + i l = propi l NA PRÁTICA .,.. Pelas regras de nomenc latu ra, o metano · tem um carbono na cade ia pr inc i pal (p refixo met); · o carbono faz l i gações s im ples ( in fixo an); · o composto é u m h id rocarboneto (su fixo o) Então, sua fórmu l a estrutura l é H I H - C-H I H .,.. Pelas mesmas regras, o etano I · tem do is carbonos na cadeia p r i nc ipal (p refixo et); · os carbonos fazem l igações s imples ( in fixo an); · o composto é u m álcool (sufixo o/) Então, sua fórm u l a estrutural é: H H I I H - C - C-0-H I I H H O grupo-OH é característico dos álcoois Ou, na forma estrutural s i m p l ificada: CH3 - CH, - OH .,.. Podemos também deduz ir o nome de u m com posto a partir de s u a fórmula estrutura l . Para a fó rmu la: o I o grupo -c- é característico das cetonas · São três carbonos, então prefixo prop; · todos os carbonos são u n idos por l igações s imp l es ( i n fixo an); · para descobrir o sufixo, é preciso recon hecer na fórmu la os grupos atômicos que defi nem a função do com posto (veja na aula 3) Neste caso, a dup la l i gação do carbono com o oxigên io caracteriza a fu nção cetona (sufixo o na) Então, o com posto é prop 1 an 1 o na : propanona. HIDROCARBONETOS São compostos formados apenas de carbono (C) e de hidrogênio (H). Com exceção do meta no, eles se formam sob condições de alta pres são e temperatura e sofrem combustão facil mente. Por isso, são importantes combustíveis dos séculos XX e XXI. O gás natural é metano. O petróleo e o carvão mineral são misturas de hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos são divi didos em diversas classes de compostos, segun do o tipo de cadeia formada e de ligações entre os carbonos. Veja a tabela na página ao lado. Hidrocarboneto Fórmula Exemplo geral Alcanos (cadeia aberta - só CnH2n•2 Hf: - CH2 - CH3 Prop/an/o ligações simples entre C) Alcenos (cadeia aberta - uma C,H'" H,C-HC- CHJ Prop/en/o ligação dupla entre C) Alei nos (cadeia aberta -uma CnHln-2 HC� C- CH3 Prop/in/o ligação dupla entre C) compostos Alcadienos (cadeiaaberta -formados C, H'".' H,C= CH - CH = CH, Buta-1, 3/dien/O apenas por duas ligações duplas entre C) carbono e Cicloalcanos ou ciclanos H2C-CH2 hidrogênio (cadeia fechada- só ligações C, H'" I I Ciclo/but/an/o simples entre carbonos) H2C-CH2 Cicloalcenos ou ciclenos HC = CH (cadeia fechada - uma ligação C, H'".' I I Ciclo/but/en/o dupla entre carbonos, no anel) H2C-CH, Aromáticos @ Benzeno O benzeno - também chamado anel benzênico ou aromático - é uma cadeia de seis átomos de carbono unidos por ligações simples e duplas, intercaladas. O anel pode ser representado de duas formas: O<- l igação dupla <--l igação simples @ POSIÇÕES NUMERADAS O círculo indica que os seis átomos de carbono são unidos por l igações simples e duplas, alternadamente Para definir a posição de insaturações, grupos funcionais e ramifica ções, recorremos a números, que passam a integrar o nome do com posto. Para numerar a cadeia principal, seguimos a regra: • Caso exista um grupo funcional, começar a numeração pelo car bono da extremidade mais próxima dele; • Na ausência de um grupo funcional, começar na extremidade mais próxima de uma insaturação (ligação dupla ou tripla); • E, se houver apenas ramificações, iniciar pela extremidade mais próxima de uma delas. NA PRÁTICA Considere a segui nte fórm u la estrutural : CH3 I CH3 - CH, - CH, - CH - CH - CH, - CH3 I CH3 A cade ia p r i n c i pal contém sete carbonos. E não existem nem gru po func iona l, nem i n satu ração, apenas d uas rami fi cações (CH3 , met i I ) @ramificação CH3 - CH, - CH, - CH - CH - CH, - CH3 �ramificação O carbono mais próxi mo de u ma ram if icação é o carbono de CH3, à d i re ita CH3 7 6 5 4 1 3 2 1 CH3 - CH, - CH, - CH - CH - CH, - CH3 I CH3 O n o me do composto é defi n ido po r · n ú mero de carbonos na cade ia p r i n c i pal sete. P refixo hept · todas as l i gações são s i m p les . In fixo a n · a fu nção orgân ica é h i d rocarboneto. Su fixo o · ex istem d uas ram i ficações. P re fixo di · as ram i fi cações estão nas pos ições 3 e 4 E n tão, o nome do composto é 3,4-d i meti l h eptano (C9H20) Características dos compostos Amaneira como os átomos de hidrogênio e carbono se unem dá origem a vários com postos orgânicos. Um composto pode, ain da, conter átomos de outros elementos, como oxigênio e nitrogênio. É o caso da molécula do analgésico paracetamol. Paracetamol (analgésico) Então, dependendo dos elementos químicos presentes, bem como da forma como esses ele mentos se ligam, os compostos orgânicos apre sentam diversas funções orgânicas. A função orgânica de um composto define suas propriedades químicas (e algumas físicas) - do mesmo modo como se definem as funções ácido, base, sal ou óxido, em química inorgâni ca. Na orgânica, as funções são definidas pelos grupos funcionais - determinados grupos de átomos que se ligam de maneira bem específica à cadeia principal. FUNÇÕES OXIGENADAS Contêm átomos de oxigênio (O). Podem ser classificadas em várias famílias: .,.. Álcoois A característica comum a esses com postos é ter uma hidroxila (OH) ligada a um carbono saturado, ou seja, com quatro liga ções simples (veja mais na aula 3 deste capítu lo). Observe: Cada traço ao redor do carbono indica uma l igação simples. Este é um carbono saturado I C - OH I Uma das ligações simples do carbono é com o radical hidroxila (OH) GE QUIMICA 2015 • 121 ATENÇÃO Perceba que nos álcoois e fenóis o oxigênio está preso à cadeia de carbonos, mas não no meio dela. Nos éteres, o oxigênio interrompe a cadeia 122 • GE QUIMICA lOlS • Pertencem ao grupo funcional dos álcoois o etano!, o metano! e a glicerina. • Metanol (CH3 - OH) O carbono saturado faz uma ligação simples com OH e outras três com três átomos de hidrogênio (H). • Etanol (CH3 - CH2 - OH) A partir da es querda, o primeiro átomo de carbono faz três ligações com três átomos de hidrogênio (H) e uma ligação com outro átomo de carbono. Este, por sua vez, liga-se a dois átomos de hidrogê nio (H) e a uma hidroxila (OH) • Glicerina (ou glicerol, C3HsOJ) Também chamado propan-1,2,3-triol (prop, por ter três carbonos, an, pelas ligações simples, e 1, 2, 3 - trio/ porque as três hidroxilas estão em dife rentes átomos de carbono). H I H - C - OH I H - C - OH I H - C - OH I H Glicerina .,... Fenóis É outra função oxigenada. Apresen tam uma hidroxila (OH) ligada a um anel benzênico. Os fenóis são usados na fabrica ção de medicamentos e de polímeros (veja a aula 3 deste capítulo). HIDROXIBENZENO Também chamado feno I comum, tem apenas um radical h idroxila (OH) ligado ao anel benzênico .,... É teres Compostos com um átomo de oxigênio (O) entre os átomos de carbono. Genericamen te, os éteres podem ser assim representados: R e R' são cadeias de carbono. São éteres os seguintes compostos: H3C - O - CH, - CH3 Metoxietano H3C - CH, - 0 - CH, - CH3 Etoxietano .,... Aldeídos e cetonas Têm um oxigênio ligado a um carbono por dupla ligação (C=O, gru po carbonila). A carbonila na extremidade da cadeia caracteriza os aldeídos. No meio da ca deia, caracteriza a função cetona. Carbonila o 11 -c - Cetonas o 11 R-CO-R ou R - C - R Aldeídos #"o R-C ' H Benzaldeído (ingrediente do aroma de amêndoas) Acetofenona (pistache) ALDEIDO E CETONA O benzaldeído (à esq.) é um aldeído que entra como ingrediente do aroma de amêndoas. A acetofenona é uma função cetona e está presente nos grãos de pistache ... Ácidos carboxílicos Têm o grupo funcio nal carboxila - um átomo de carbono da extremidade da cadeia ligado a um oxigênio por dupla ligação e, ao mesmo tempo, a uma hidroxila (COOU). Comparados com os de mais compostos orgânicos, estes são os áci dos mais fortes, porque o hidrogênio ligado à carboxila se ioniza. Genericamente, esses compostos são representados assim: COOH é o grupo funcional carboxila e R, uma cadeia de carbono. o 11 c H / 'oH ACIDO METANOICO Também chamado ácido fórmico, porque foi inicialmente isolado de formigas .,. Ésteres São obtidos da reação entre ácidos carboxílicos e ál coois (veja reação de esteríficação, na aula 3). Nessa reação, a hidroxila (OH) do grupo carboxila é substituída pela cadeia carbônica do álcool e ocorre formação de água. Veja: o ; R - C ' oH Acido Acido carboxílico (ácido acético) + + o ; + H - O - R1 -----. R - C + H 20 Alcool Alcool ----+- (etanol) ' 0 - R 1 Éster Éster t Agua (acetato de etila) o ; CH3- C + H O ' 2 O - CH2- CH3 PRODUÇAO DE UM tSTER O acetato de etila resulta da reação de um ácido com um álcool O grupo funcional característico dos ésteres é: ;O R- C ' o - R' Os ésteres têm várias aplicações: como solventes, polímeros, medicamentos, sabões, mas são usados principalmente na indús tria alimentícia como flavorizantes, que dão sabor aos alimentos. o �o� Butanoato de etila Flavorizante de abacaxi SABOR ABACAXI O butanoato de etila é um flavorizante para doces FUNÇÕES NITROGENADAS São compostos que contêm nitrogênio. .,. Aminas Derivados da amônia em que áto mos de hidrogênio são substituídos por cadeias de carbono. São classificadas como aminas primárias (quando apenas um dos hidrogênios é substituído), secun dárias (dois hidrogênios substituídos) ou terciárias (três hidrogênios substituídos). FORMULA GERAL FORMULA GERAL FORMULA GERAL R - N - R' R - NH2 R- NH - R' I R" amina primária amina secundária amina terciária As aminas têm um comportamento si milar ao da amônia e, assim como ela, são substâncias básicas. Podem se formar da decomposição de material orgânico. São aminas, por exemplo, que dão o mau chei ro característico de carnes e peixes podres. Daí seus nomes sugestivos, como putresci na e cadaverina. � H2N NH2 1,5·pentanod iam i na Cadaverina .,. Amidas Derivadas de ácidos carboxílicos em que a hidroxila (OH) é substituída pelogrupo amino (NH,), ou pelo nitrogênio (N) ligado a uma ou dÜas cadeias de carbono. FORMULA GERAL FORMULA GERAL FORMULA GERAL o o o 11 11 11 R-C- N - R' R- C - NH2 R-C - N H -R' I R" amida primária amida secundária amida terciária A função amida é a função presente na ligação peptídica para formação das proteí nas (veja na aula 3 deste capítulo). Compostos orgânicos podem apresentar mais de uma função - ou seja, mais de um grupo característico de átomos. As proprie dades de cada um dependem da interação entre todos os grupos funcionais existentes em cada molécula. GE QUI MICA 2015 • 123 124 • GE QUI MICA 2015 • DIFERENTES COMO AGUA E OLEO O petróleo não se dissolve no mar porque as moléculas que o constituem são apoiares, e as da água, polares O que mantém as moléculas unidas Os vários grupos de átomos presentes nos compostos orgânicos determinam pro priedades diferentes para cada um deles. Vamos, agora, juntar vários pontos que já co nhecemos: � A maioria dos compostos orgânicos são mo léculas, formadas por ligações covalentes; � Nas moléculas, sejam elas orgânicas, sejam inorgânicas, os átomos comparti lham elétrons para tornar-se estáveis se gundo a regra do octeto; � Esse compartilhamento pode ser desigual, como no caso da água: o oxigênio é um átomo muito mais eletronegativo que o hidrogênio, e atrai os elétrons com maior força - formando um dipolo. Esse tipo de . molécula é chamada molécula polar (veja no capítulo 3, aula 2). Portanto, podemos determinar a polarida de também dos compostos orgânicos, sempre pensando na diferença de eletronegatividade dos átomos. POLARIDADE Nas cadeias de carbono, os átomos se unem por ligações covalentes. Se os átomos de carbo no dividem igualmente seus elétrons, não exis te diferença de eletronegatividade de um lado ou de outro da cadeia. O mesmo acontece com cadeias de carbono e hidrogênio. Esses elementos têm eletronegati vidades muito próximas. Portanto, o comparti lhamento de elétrons entre seus átomos é bem equilibrado. Daí, os hidrocarbonetos, que só contêm carbonos e hidrogênios, são sempre substâncias apoiares. Mas um composto orgânico, em que exista outro elemento químico além do carbono e do hidrogênio, pode ser polar. Só depende do tamanho da cadeia principal e da eletronegati vidade dos grupos funcionais "pendurados" na cadeia principal. Nas funções oxigenadas e nitrogenadas, as ligações entre o carbono e os átomos de oxigênio ou nitrogênio são desiguais, pois a eletronegati vidade do carbono e dos dois outros elementos é muito diversa. Além disso, as funções oxigena das ou nitrogenadas podem, ainda, conter hidro gênios ligados a outros oxigênios ou nitrogênio. Nesse caso, também há diferença de eletronega tividade e, portanto, forma-se um dipolo - literal mente, dois polos, um positivo, outro negativo. Então, os compostos de funções oxigenadas e nitrogenadas têm sempre uma parte apo Iar (a cadeia carbônica que apresenta apenas átomos de carbono ligados a átomos de hidro gênio) e uma parte polar, em que há a forma ção de um dipolo. No entanto, as moléculas orgânicas apresen tam sempre um equilíbrio de forças: aquelas que têm um dipolo mas a parte apoiar é peque na (contendo de um a quatro átomos de carbo no, apenas) são predominantemente polares. Veja dois exemplos de moléculas desse tipo: H H I I H - c - c - lo H I I I polar H H apoiar ---.-/ Molécula polar H I w:l70 H - C - C I '- o-H H polar apoiar Molécula polar Se a cadeia de carbono é grande (com mais de quatro átomos), mesmo que a molécula apresente um dipolo, dizemos que ela é predo minantemente apoiar. É o que acontece com os óleos essenciais, usados nas indústrias ali mentícia e farmacêutica: geraniol carvona CARVONA O dipolo está na "POLARIDADE E SOLUBILIDADE Já vimos na química inorgânica: � Para que um composto qualquer se dissol va em outro, é preciso que haja algum tipo de interação entre soluto e solvente; � Na dissolução de compostos iônicos em água, a interação ocorre entre os íons do composto e os dipolos da água (veja no ca pítulo 3, aula 3); � Também para os compostos moleculares, para que haja dissolução, tem de haver interação entre as moléculas do solvente (água) e do soluto. Moléculas polares inte ragem com moléculas polares, e moléculas apoiares, com moléculas apoiares. A regra geral: semelhante dissolve semelhante. Tudo isso é válido também para os compos tos orgânicos. Os hidrocarbonetos são sempre apoiares e, por isso, sempre insolúveis em água. Molé culas predominantemente apoiares como os óleos e as gorduras também são insolúveis em água. Já o etano!, o ácido acético e os açúcares, como a glicose e a frutose, são compostos pre dominantemente polares - o que lhes garante grande solubilidade em água. Na dissolução, os grupamentos polares interagem com as molé culas da água e, assim, o composto se dissolve. Veja abaixo os grupamentos polares de dois compostos: H, �o c I H - C - OH I HO - C - H I H - C - OH I H - C - OH I CH,OH Glicose CH,OH I C = O I OH - C - H I H - C - OH I H - C - OH I CH,OH Frutose De outro lado, a vitamina A (retino!) e a vi tamina D (calciferol) são moléculas predomi nantemente apoiares e, portanto, pouco solú veis em água. Mas são solúveis em gorduras, que são predominantemente apoiares. Veja: H,C � � OH GERANIOL O dipolo está na função álcool (C - OH). Mas a cadeia de carbonos função cetona (C=O). Mas, de novo, VITAMINA A As moléculas de retino/ contêm grande número de é muito grande. Molécula predominantemente apoiar é grande o número de átomos carbonos. Por isso, apesar de terem uma região de dipolo, são de carbono. Então, a molécula é predominantemente apoiares. Assim, só se dissolvem bem em predominantemente apoiar solventes também apoiares, como as gorduras ORGANICA EM BOTIJÃO Os botijões usados nas cozinhas contêm gás l iquefeito de petróleo (GLP), uma mistura dos hidrocarbonetos butano e propano GE QUIMICA 2015 • 125 VALE A PENA ANOTAR o que mantém a água no estado sólido ou líquido são pontes de hidrogênio. Uma única molécula pode atrair até quatro outras moléculas. Veja: ATENÇÃO Ligações interatômicas são as que ocorrem entre os átomos para formar uma substância. Forças i ntermoleculares são as interações que ocorrem entre as moléculas, que põem a substância no estado sólido ou líquido. 126 • GE QUIMICA 2015 • FORÇAS INTERMOLECULARES São as forças de atração entre uma molécula e sua vizinha. A alteração do estado físico de uma substância depende da intensificação ou destruição dessas forças. No estado sólido, as moléculas estão mais próximas. Por isso, apre sentam interações intensas. No estado líquido, mais afastadas, as moléculas interagem mais fracamente. No estado gasoso, essas forças sim plesmente não existem. Quanto mais intensas são essas interações, mais difícil é mudar o estado físico de um mate rial, porque a destruição das forças intermolecu lares exige mais energia. Daí, podemos concluir que, quanto mais intensas forem as forças in termoleculares, mais altos serão o ponto de fusão (PF) e o ponto de ebulição (PE). Comparadas às ligações covalentes e iônicas, que unem os átomos, as forças intermolecu lares são fracas. Essas forças surgem devido à diferença de polaridade das moléculas e são diferentes para moléculas polares e apoiares. .,.. As moléculas apoiares interagem pelas forças de London ou forças de Van der Waals, as mais fracas de todas. São substân cias que apresentam os menores pontos de fusão e de ebulição entre os compostos or gânicos. Mas, quanto maior a cadeia carbô nica, maior a molécula e, também, maior a interação entre elas. Isso significa que entre as moléculas apoiares, o PF e o PE sobem à medida que a molécula cresce. Confira na ta bela abaixo. COMPOSTO FORMULA P.F. (•C) P.E. (•C) Metano CH, -183 -162 EtanoCH3CH3 -172 - 88,5 Propano CH3CH,CH3 -187 - 42 Butano CH3(CH,),CH3 -138 o Pentano CH3(CH,h(H3 -130 36 Hexano CH3(CH,),CH3 - 95 6g Heptano CH3(CH.ls(H3 - 90,5 g8 .,.. Já as moléculas polares podem interagir por meio de dois tipos de força: os dipolos per manentes e as pontes de hidrogênio (ou . ligações de hidrogênio). Cetonas, aldeídos, éteres e ésteres não fazem pontes de hidro- gênio. Suas moléculas interagem por dipolos permanentes. As pontes de hidrogênio se formam apenas quando, na molécula, um hidrogênio se liga ao flúor, ao oxigênio ou ao nitrogênio (F, O, N). As pontes aparecem nos álcoois, fenóis, ácidos carboxílicos, aminas e amidas. R - O - H álcool R - N - H I H amina fenol o o 11 R - C - OH ácido carboxílico li R - C - N - H I H amida PONTES DE HIDROGÊNIO Todos esses compostos orgânicos contêm um átomo de hidrogênio ligado ao oxigênio ou ao nitrogênio As pontes de hidrogênio são mais poderosas que os dipolos permanentes. Por isso, os com postos que contêm ligações de hidrogênio entre suas moléculas têm maiores PF e PE, se compa rados com os que interagem apenas por dipolos ou por forças de London. Nesse caso, também, quanto maior a molécula (quanto maior for a massa molar da substância), mais altos serão os PF e PE das substâncias. Veja na tabela abaixo: COMPOSTO 1 CH3 - O - CH3 2 CH3 - CH, - OH FUNÇÃO MASSA MOLAR PF (•() PE (•C) éter 46 g/mol -140 -24 álcool 46 g/mol -ll5 78,3 3 CH3 - CH, - O - CH, - CH3 éter 74 g/mol -n6 34,6 4 CH3 - CH, - CH, - CH, - OH álcool 74 g/mol -go ll7,7 A MASSA FAZ DIFERENÇA Entre compostos cujas moléculas têm massas molares próximas, têm PF e PE mais altos aqueles com força intermolecular mais intensa. Na tabela, entre os compostos 1 e 2, ou entre 3 e 4, a força intermolecular é maior nos compostos 2 e 4 devido às pontes de hidrogênio. Por outro lado, entre compostos com mesmo tipo de interação intermolecular, quanto maior é a massa molar, mais altos são os PF e PE. Compare os PF e PE dos compostos 1 e 3 ou 2 e 4. _ Reasões orgamcas UMA AJUDINHA NA PIA Sabões e detergentes el iminam a gordura porque forçam a interação entre as moléculas de gordura e as da água Carbono por todos os lados São tantos os tipos de reações que envol vem compostos orgânicos, que as cadeias de carbono são praticamente onipresentes no nosso dia a dia. Existem desses compostos nos alimentos industrializados, nos frascos de xampu, no próprio xampu, no revestimento antiaderente das panelas, nas garrafas de refri gerante e na estrutura dos automóveis. Esta aula apresenta apenas algumas das mais importantes reações orgânicas: a hidrogena ção, a esterificação, a saponificação e as rea ções de polimerização. É importante que você aprenda a reconhecer as principais caracterís ticas desses compostos e reações, bem como sua estrutura básica. HIDROGENAÇÃO CATALÍTICA É a reação usada na produção de margarina com óleos vegetais. A reação ocorre pela adi ção de uma molécula de H2 a uma molécula de composto orgânico que faz uma ligação dupla ou tripla (chamadas insaturações). Veja: 1. A molécula de eteno tem uma dupla ligação entre os átomos de carbono 2. Cada átomo da molécula H, liga·se a um dos carbonos do eteno H H I I N i � H - C - C -H I I 3 O símbolo N i indica que foi usado níquel como catalisado r. E o símbolo f1 informa que a reação aconteceu sob aquecimento H H etano 0 4. Com a entrada dos átomos de hidrogênio, os carbonos trocam a ligação dupla por simples Essa é uma reação muito lenta e, por isso, preci sa ser catalisada. Os catalisadores mais utilizados são o níquel (como na reação acima) e o paládio. As gorduras e os óleos - como aqueles com que se fabrica a margarina - são triglicerídeos, triésteres do glicerol (ou glicerina). Ésteres são compostos formados de álcoois e ácidos car- GE QUIMICA lOIS • 127 boxílicos (veja na aula 2 e mais adiante, nesta aula). No caso dos óleos usados na produção de margarina, o álcool é o glicerol, e o ácido car boxílico, um ácido graxo. Abaixo você vê um exemplo de um triglicerídeo. Dependendo da cadeia lateral, o triglicerídeo é saturado (con tém apenas ligações simples) ou insaturado (apresenta ligações duplas). Triglicerídeos o � CH,- 0 O CH - 0� CH,- 0� glicerina + 3 ácidos graxos SATURADA Cada zigue·zague representa uma cadeia de carbonos de um ácido graxo, que se liga à molécula de glicerina. O triglicerídeo é saturado porque todas as ligações entre os carbonos dessa cadeia são simples. o � CH,- 0 O CH - 0� I � CH2- 0 - MONOINSATURADO Este triglicerideo tem duas cadeias com ligações simples e uma delas com uma l igação dupla. E monoinsaturado. � CH,- 0 O -CH - 0� CH,- 0� POLHNSATURADO Este trigl icerideo é poiHnsaturado porque tem mais de uma cadeia de carbonos com ligações duplas. As gorduras são saturadas, e os óleos, insatura dos. Essa diferença na estrutura faz com que as gorduras tenham uma consistência muito mais firme que a dos óleos. Na fabricação da margari na, os óleos são total ou parcialmente hidrogena dos, dependendo da consistência desejada. A gordura saturada é mais prejudicial ao or ganismo. É ela que se acumula nas artérias e au menta o risco de doenças cardiovasculares. Esse tipo de gordura é próprio das carnes. Já as gor duras insaturadas aumentam o colesterol bom (HDL). A maioria dos óleos vegetais é consti tuída de triglicerídeos insaturados. O azeite de oliva é um óleo monoinsaturado. Já os óleos de canola e girassol são poli-insaturados. 128 • GE QUIMICA 2015 • ESTERIFICAÇÃO É o produto da reação entre um ácido carboxílico e um álcool: Ácido carboxílico t Alcool o 1/ CH - C + 3 \ OH És ter + Água A reação inversa - éster + água � ácido carboxílico + álcool - chama se hidrólise ácida dos ésteres, porque só ocorre em meio de pH < 7. Outro tipo de reação dos ésteres é a transesterificação. Nela, o ál cool que deu origem ao éster é substituído por outro tipo de álcool. O processo da transesterificação é utilizado, por exemplo, na produção do biodiesel com óleos vegetais. o 1 1 o 1 1 O- C - R + 3 H3C - OH OH + 3 R - C - O - CH 3 o 1 1 O - C - R Oleo vegetal ou animal (Ésteres de glicerina) SAPONIFICAÇÃO Alcool metílico G l icerina indústria de cosméticos, farmacêutica e al imentos És teres metílicos dos ácidos graxos t. BIODIESEL Também chamada de hidrólise básica de ésteres, a reação de sapo nificação é a que produz o sabão. Nela, forma-se um sal orgânico ou de ácido carboxílico. Para fabricar sabão, empregam-se óleos ou gorduras e hidróxido de sódio. Veja: H H I I H-C-0-0C-(CH )-CH H-C - OH I 2 14 3 I H-y -O-OC-(CHl)ii;-CH3 + 3NaOH-. H-y -OH +3 CH3- (CHl)ii;- COO-Na+ H-C -O-OC-(CH2)ii;-CH3 H-C -OH I I H H Tripalmitil·glicerol é uma gordura, triglicerídeo saturado Hidróxido de sódio é um reagente na produção de sabão Glicerol é um álcool, um dos produtos da reação de saponificação Palmitato de sódio é um sal orgânico que tem uma extremidade polar e outra apoiar. Este é o sabão NA PRATICA A característica de ter u ma extrem idade polar e outra apoiar dá ao pal m i tato de sódio u ma p rop riedade i m portante é e le que poss ib i l ita d i ssolver a gord u ra em água. Por s i só, a água não remove gordu ras porque suas molécu las são polares, e as de ó leo, apoiares. (Lembre-se, q uanto à polaridade, iguais atraem iguais u m composto po lar d i ssolve só com postos polares, e um apoiar só d i sso lve compostos apoiares.) O sabão, no entanto, por sua estrutura, consegue "jogar nos do is t imes". A cadeia de carbono é apoiar. Por isso, interage bem com o óleo e a gordura, que também são apoiares A extremidade da cadeia é polar. Assim, i nterage com a água, que também é polar Quando se lava uma peça de rou pa, gotas m ic roscópicas de gord u ra são envolvidas pelasmo lécu las do sabão e formam estrutu ras chamadas micelas. Numa micela, a ponta apoiar da cadeia do sabão i n terage com o ó leo, e a extrem idade polar, com a água. A gord u ra é, ass im, arrancada da su perf íc ie e baia solta, na água. A roupa f ica l i mpa Agua �T� ' Oleo � ······ Sabão MC.l \, POLIMERIZAÇÃO A palavra polímero já descreve que tipo de composto é este: poli (muitos) / meros (partes). Os polímeros são macromoléculas formadas por reações em que uma pequena parte (o monôme ro) se repete centenas ou milhares de vezes. 1111 unidade monomérica O polietileno, por exemplo, o plástico mais popular do mundo, é fabricado pela reação de polimerização do monômero etileno. Veja: H H \ I n c = c etileno (ou eteno) I \ H H Os polímeros costumam ser representados assim: H H H H H H H H H H H H I ' { ' 1 } 1 I I 1 { 1 1 } 1 I c-e c-e c -c-c-e c- e c-e I I I I I I I I I I I I H H H H H H H H H H H H v H H Tudo o que está dentro dos { 1 1 J parênteses é o monômero C 1 - C 1 A letra n indica o número de vezes que H H n < esse monômero se polietileno repetirá numa molécula polimerizada • Este é um polímero de adição, pois um composto originalmente insa turado torna-se saturado. Esse tipo de reação cria muitos polímeros co muns no dia a dia, como isopor e borracha sintética. Veja alguns desses polímeros, seus monômeros e sua representação. NOME DO POLIMERO MONOMERO REPRESENTAÇAO DO POLI MERO Polietileno H2C = CH2 -f CHl- CHih;-(plásticos) Eteno (etileno) H CI \ I JH,J�l Policio reto de vini la C = C (PVC) I \ H H Cloreto de vini la H ©J JH:2:l \ Poliestireno C = C (isopor) I \ H H Vini l benzeno (estireno) Outros polímeros são formados por condensação. Nesse caso, no pro cesso de união de muitas moléculas são eliminadas moléculas pequenas, como a da água. É o caso dos poliésteres, como o PET, e das poliamidas, como o náilon. É, também, o que acontece na formação das proteínas. As proteínas são polímeros naturais. Seus monômeros são aminoáci dos e eles são unidos por ligação peptídica - aquela em que um grupo car boxila se liga a um grupo amina. Veja a estrutura de um aminoácido: o 1 1 Cadeia lateral R - CH - COH Grupo carboxila I N H2 Grupo amina Quando dois aminoácidos reagem, o grupo carboxila de um se liga ao grupo amina do outro. Dessa combinação, escapa uma molécula H20. Duas moléculas de aminoácidos juntas formam um dipeptídeo. A junção de vá rias delas forma a macro molécula proteica, chamada polipeptídeo. Veja: O � ... ... ... H : R' Oipeptídeo QR' 11 1 � - 1 I 1 1 I NH2CH -C -�OH o + H N-CH -C02H - H20 + NH2-CH C- N H CH - C02H I · - � / I R � R ligação peptldica GE QUI MICA 2015 • 129 Capítulo_ EXERCÍCIOS 1. (Espcex /Aman 2014, adaptada) O besouro bom barde i ro (Bra chynus crep ta ns) poss u i u m a a r m a q u ím i ca extremam ente poderosa. Quando n ecessár io, e l e gera u ma reação q u ím i ca em seu abdômen, l i b e rando uma su bstânc i a d e n o m i nada d e p-benzoq u i nona ( o u 1,4-benzoq u i n ona) na fo rma d e u m I íq u i d o quente e i rr i tante, c o m em i ssão de u m r u í d o semel hante a u m a pequena exp losão, d a n d o o rigem a o seu nome pecu l iar. o=\:)= o Fórmula estrutural da p-benzoqu inona Acerca dessa substância qu ímica, são feitas as seguintes afirmativas: I. Sua fó rm u la mo lecu lar é C6H402. 11. Ela pertence à função feno I. Das afi rmativas fe itas está(ão) correta(s) apenas: a) 1 b) l i c ) I e l i d) N e n h u m a afi rmação está correta. RESOLUÇÃO A questão exige que você tenha memorizado algumas regras de representação e função de cadeias carbônicas. Analisando cada uma das afirmações: 1. a representa ção estrutural bastão, como a apresentada na questão, os á tomos de H são n orma lmente omitidos. Se co locássemos os hidrogênios n o diagrama, eles estariam n os seguintes pontos: H H I I c c o ==<C?= o c c I I H H Pela representação, podemos deduzir a fórmula m olecular, simplesmente contando o n úmero de átomos: · Seis carbonos: C6; · Qua tro H: H4; · Dois O: Oi Então a fórmula molecular geral é C6H40]. Afirmação correta. 130 • GE QUIMICA 2015 • 11. Existem, ainda, duas ligações duplas do C com O (grupo car bonila). cetona cetona Como essas ligações in terrompem a cadeia de C, a função é cetona. A afirmação está incorreta. Resposta: alternativa a 2. (UEL 2014, adaptada) A gasol i na é uma mistura de vários compostos. Sua qual idade é medida em octanas, que def inem sua capacidade de ser compri m ida com o ar, sem detonar, apenas em contato com uma faísca e létrica p rod uzida pelas velas existentes nos motores de veícu los. Sabe-se que o heptano apresenta octanagem o (zero) e o 2,2,4-tr imeti l pentano ( isoctano) tem octanagem 100. Ass i m, u ma gasol i na com octanagem 8o é como se fosse u ma m istu ra de 8o% de isoctano e 20% de heptano. Com base nos dados apresentados e nos conhecimentos sobre h id rocarbonetos, responda: quais são as fórmu las estruturais s impl ificadas dos compostos orgânicos citados? RESOLUÇÃO Os compostos orgânicos citados no enunciado são o heptano e o 2,2,4-trimetilpentano. A través dos nomes temos as seguintes informações da cadeia principal. • Para o heptano: Prefixo: hept = 7 á tomos de carbono In fixo: an = ligações simples entre os átomos de carbono. Sufixo: o = hidroca rboneto (composto formado apenas por á tomos de carbono e hidrogênio). Portan to, a representação estrutural será: H3C - CH2 - CH2 - CH2 - CH2 - CH2 - CH2 - CH3 · Para o 2,2,4-trimeti/pentano Prefixo: pent = 5 á tomos de carbono In fixo: an = ligações simples en tre os á tomos de carbono. Sufixo: o = hidrocarboneto (composto formado apenas por á tomos de carbono e h idrogênio). A informação 2,2,4-trimeti/ indica que há 3 radicais meti/ (CH3), dois na posição 2 e um na posição 4. Sabemos que as posições são definidas sempre da esquerda para a direita. Porta n to, a representação estru tural é: CH3 1 1 2 3 4 5 H3C - C - CH2 - CH - CH3 3. I I CH3 CH3 (Unesp 2014, adaptada) Segundo a Organ ização Mundia l da Saúde (OMS), atual mente ce rca de s% da popu lação m u n d ial sofre de depressão. U m a das su bstânc ias envo lv idas nesses d i stú rb ios é o neu rotransm issor seroton i na, p rod uz ido no metabo l i smo hu - mano a part i r do tr i ptofano. O processo metabó l i co responsável pe la formação de seroton i na envolve a reação q u ím ica g lobal representada pela equação não balanceada fornec ida a segu i r. - triptofano H �) HO� NH1 serotonina A reação de conversão de tr i ptofano em seroton ina ocorre em d uas etapas metabó l i cas d i st i n tas. Com re lação a essas d uas s ubstânc ias e ao processo metaból ico em que elas estão envol · v idas, é correto af i rmar que a ) uma das etapas da conversão do tr i ptofano em seroton i na envolve a e l im i nação de um g rupo am ina. b) a seroton i na apresenta função álcool . c) uma das etapas da conversão do tr i ptofano em seroto n i na envo lve a e l im inação de um grupo carbox í l i co . d) apenas a seroton i na apresenta anel aromático. RESOLUÇÃO Analisando cada uma das alternativas: a) O composto pertence à função nitrogenada. Repare que dos dois lados da equação aparecem HN e NH, . Então não ocorre a eliminação de um grupo amina. Afirmação incorreta. - HO triptofano b) Repare na fórmula do produto da reação: em um dos anéis ben· zênicos, o C faz uma ligação simples com a hidroxila (OH). Então a serotonina contém a função feno/, e não álcool. Afirmação incorreta. Fenol �'"' serotonina c) Uma das etapas da conversão do triptofano em serotonina envolve a eliminação de um grupo carboxílico (COOH). Repare que esse grupo some na reação. A afirmação está correta. triptofano serotonina d) O triptofano e a serotonina apresentam anéis aromáticos.Portanto, a afirmação está incorreta. Anel aromático Ov� NH1 j o c -<" triptofano 'oH Resposta: alternativa c Anel aromático - .,0-L,, serotonina Capítulo_ ISTO É ESSENCIAL! COM POSTOS ORGÃNICOS contêm uma cadeia pr inc ipal de átomos de carbono un idos por l i gação covalente s imp les, d u p la ou tr ip la a ametais - na maior ia das vezes, h i d rogên io, oxigên io, n i trogên io e enxofre. As cadeias podem ser abertas ou fechadas e ter ram i f icações. NOMENCLATURA Todo composto tem o nome for· mado por pref ixo ( núme ro de carbonos na cadeia princ ipal) + in fixo (ti po de l igações na cadeia) + sufixo (função orgânica do composto). PREFIXO (número de C) 1 C - MET 2 C - ET 3 C - PROP 4 C - BUT 5 C - PENT 6 C - HEX 7 C - HEPT 8 C - OCT 9 C - NON 10 C - DEC IN FIXO (tipo de ligação) AN (l igação s imples) EN (uma ligação dupla) IN (uma ligação tripla) DIEN (duas l igações duplas) DIIN (duas l igações triplas) SUFIXO (função orgânica) O - hidrocarboneto OL - álcool ÓICO - ácido carboxíl ico AL - aldeído ONA - cetona As ram if icações são nomeadas de acordo com o nú· mero de átomos de carbono que contêm. Número Exemplo de C na Prefixo de cadeia cadeia secundária 1 C 2 C 3 ( Met Et Número de C Prefixo + nas cadeias sufixo (cadeia secundárias secundária) 1 + il = metil + il = etil + i l = propil FUNÇÕES ORGÃNICAS Grupos funcionais são con· j u ntos de átomos q u e se l i gam de mane i ra bem específica à cadeia pr inc ipal, defi n i ndo uma função. Hidrocarbonetos contêm apenas átomos de carbo· no e h id rogên io . São d iv id idos em várias c lasses, de acordo com o t ipo de cadeia de carbono e o de l i gações - s imp les, d up las ou tr i p las. Pertencem às funções oxigenadas compostos com gru pos de átomos de ox igên io : á lcoo is, fenó i s, éteres, ác idos carbox í l i cos, ésteres, a lde ídos e cetonas. Campos· tos de funções n itrogenadas contêm n i trogên io : am inas e amidas. GE QUIMICA 2015 • 131 CAPÍTULO 1 1. (Mackenzie 2012, adaptada) Durante a rea l ização de uma au la prática a respeito da separação de misturas, o professor trouxe aos alunos três frascos A, B e C, contendo as seguintes m isturas binárias: A: l íqu ida homogênea, cujos pontos de ebu l ição d iferem em 25 oc. B: só l ida heterogênea, composta de nafta l i na (naftaleno) moída e areia. C: só l i do-l í qu ida homogênea, composta de NaCI e água. Dados: a naftal i na é um só l ido q u e sofre sub l imação; P E água = 100 o c; PE NaCI = 1 400 °( Assi nale a alternativa que contém, respectivamente, os processos ut i l izados para a separação i nequ ívoca dos componentes das m i stu ras A, B e C. a) dest i lação s imp l es, s ub l imação e f i l t ração. b) evaporação, catação e dest i lação frac ionada. c) desti lação fracionada, separação magnética e destilação simples. d) dest i lação frac ionada, sub l imação e dest i lação s imp les. e) dest i lação s imp l es, evaporação e dest i lação frac ionada. 2. (UEPG 2012, adaptada) Um e lemento qu ím ico em seu estado fundamental apresenta a d istr i b u i ção e letrôn ica abaixo : - n ível 1 (K) : comp leto; - n ível 2 ( L): comp leto; - n ível 3 (M): 4 e létrons . Com relação a esse e lemento, ass inale o que for correto: a) Possu i n úmero atôm ico igua l a 14. b) Encontra-se no tercei ro período da tabela per iód i ca. c) Pertence à famí l i a do carbono. d) É um metal com e levada e letronegativ idade. e) _Nessa mesma fam í l ia, pode-se encontrar o e lemento germâ n i a (Z=32) 3. (Fuvest 2012) Na obra O Poço do Visconde, de Monteiro Loba to, há o segu i nte d iálogo entre o Visconde de Sabugosa e a boneca Emíl ia: - Senhora Emília, explique-me o que é hidrocarboneto. A atrapalhadeira não se atrapalhou e respondeu: -São misturinhas de uma coisa chamada hidrogênio com outra 132 • GE QUIMICA 2015 • coisa chamada carbono. Os carocinhos de um se ligam a os carocinhos de outro. Nesse trecho, a personagem Emíl ia usa o vocabu lário informal que a caracteriza. Buscando-se uma term inologia mais adequada ao vocabu lário ut i l izado em Química, devem-se su bst i tu i r as expres sões "mistur inhas", "co isa" e "caroci n hos", respectivamente, por: a) compostos, e lemento, átomos. b) m isturas, su bstânc ia, mo lécu las. c) su bstâncias compostas, mo lécu la, íons. d) m isturas, su bstância, átomos. e) compostos, íon, mo lécu las. 4. (ITA 2009) Num exper imento, um estudante verif icou ser a mesma a temperatu ra de fusão de várias amostras de um mesmo material no estado só l ido e também que esta temperatu ra se manteve constante até a fusão comp leta. Cons idere que o material só l ido tenha s ido c lass i f icado como: I . Substânc ia s imples pura IL Substânc ia composta pura I IL Mistura homogênea eutética IV. Mistura heterogênea Então, das c lass i f icações acima, está(ão) e rrada(s) a) apenas I e 1 1 . b ) apenas l i e 1 1 1 . c) apenas 1 1 1 . d) apenas 1 1 1 e IV. e) apenas IV. CAPÍTULO 2 S. (Udesc 2012) O le i te de magnésia é uma suspensão de Mg(OH), 1,1 em água. Esta suspensão d isso lve-se com a ad i ção de HC 11aql gerando uma so lução f ina l aq uosa i nco lor que contém c loreto de magnésio. As fu nções qu ím icas das su bstâncias Mg(OH),, HCI e c loreto de magnési o, respectivamente, são: a) óxido, ácido e base b) óxido, ácido e sal c) base, ácido e óxido d) sal , ác ido e óx ido e) base, ácido e sal 6. (Fuvest 2012) Observa-se que uma sol ução aq uosa satu rada de HC I l i be ra uma s u bstânc ia gasosa. Uma estudante de q u ím i ca proc u ro u representar, por me io de uma f igu ra, os t ipos de part ícu las q ue predom inam nas fases aq uosa e gasosa desse s i stema - sem representar as partícu las de água. A f igura com a representação mais adequada ser ia ® ® fase b) ® ® fase gasosa gasosa fase @ @ fase aquosa 0 ® aquosa c) @0 d) ®]) @0 fase @:(0 fase gasosa gasosa ® ® fase @ ® fase ® @ aquosa ® @ aquosa e) ® ® ® fase ® gasosa � · fase @@ aquosa 7. (PUC-RJ 2013, adaptada) Para a reação entre duas su bstânc ias mo lecu lares em estado gasoso, cons iderando a teoria das co l i sões, o aumento da velocidade da reação causada pela presença de um cata l i sador é devido: a) ao aumento i n stantâneo da temperatu ra que ace l e ra a agi tação das mo lécu las. b) ao aumento da taxa de col isão entre os reagentes, porém preser vando a energia necessária para que a col isão gere prod utos. c) à d im i n u i ção da energ ia de ativação para que a co l i são entre as molécu las, no i n íc io da reação, gere prod u tos. d) ao aumento da energ ia de ativação que é a d iferença entre a energ ia f ina l dos reagentes e dos p rodu tos. e) à d im i n u i ção do calor l i berado na reação. 8. (Espcex 2013) A água oxigenada ou so lução aquosa de peróx ido de h i d rogên i o H,O, é uma espéc ie bastante ut i l izada no d ia a d ia, na des i n fecção de l entes de contato e fer imentos. A sua decomposição produz oxigên io gasoso e pode ser acelerada por a lguns fatores, como o i ncremento da temperatu ra e a ad i ção de catal i sadores. Um estudo exper imental da ci nét ica da reação de decomposição da água oxigenada fo i real izado alterando-se fato res como a temperatu ra e o emprego de cata l i sadores, segu indo as cond i ções exper imenta is l istadas na tabela a segu i r: Tempo de Condição Duração da Temperatura Reação no Catalisador Experimental Experimento (t) (•q 1 t, 60 ausente 2 t, 75 ausente 3 tl go presente 4 t4 90 ausente Anal isando os dados fo rnec idos, ass i na le a alte rnat iva correta que i n d ica a o rdem crescente dos tempos de d u ração dos ex per imentos. a) t, < t, < t3 < t4 b) tl < t4 < t, < t, c) tl < t, < t, < t4 d) t4 < t, < tl < t, e) t, < t3 < t4 < t, 9. (Ufop 2010, adaptada) Cons idere o gráf ico a segu i r,que mostra a variação de energia de uma reação q ue ocorre na ausência e na p resença de catal i sado r. Produtos Caminho de reação a) Qual das d uas c u rvas refere-se à reação não cata l i sada� b) Qual é a função do cata l i sador nesse processo� 10. (Mackenzie 2009) Na Terra, há do i s gases no ar atmosfé r ico que, em consequênc ia de descargas e létricas em tempestades (raios), podem reag i r fo rmando monóx ido de n itrogên io e d ióxido de n itrogên io . As fó rmu las dos reagentes e dos produtos da reação c i tada são, respectivamente a) H, e O,; N, e N,O. b) O, e N,O; N, e NO,. c) N, e 0,; NO e NO,. d) O, e N,; N,O e NO,. e) N, e H,; N,O e N,04. GEQUIMICA2015 . 133 11 s 11 .......... li Simulado_ 11. (Udesc 2009) A água pu ra e o ácido c loríd r ico puro são péss imos cond utores de corrente e létr ica. Exp l i q ue como uma so l u ção d i l u ída de ácido c lor ídr ico em água pode ser boa condutora de corrente e létr ica. 12. (Uemg 2010) O modelo a segu i r representa o estado in ic ial de um sistema em q u e átomos de um mesmo e lemento q u ím ico são representados por esferas de mesma cor, e átomos de e lementos químicos d istintos são representados por esferas de cores d iferentes. Ass ina le a alternativa que corresponde ao modelo correto para o sistema f inal, após uma reação qu ím ica envolvendo as molécu las representadas no s istema i n ic ia l , ac ima descr ito . b) � CAPÍTULO 3 13. (UFF 2012) "Na natu reza nada se cr ia, nada se perde, tudo se transfo rma" é a def i n i ção do q u ím ico francês Anto i n e Lavo i s ier (1743-1794) para sua teor ia de conservação da matéria. E le descobr iu q ue a combustão de uma matér ia só acontece com o.oxigên io, contrar iando a teor ia do a lemão Stah l . O háb i to de sempre pesar na balança tudo o que anal i sava levou Lavo is ie r a des.:obr i r que a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos de uma reação e, ass im, a cr iar a Lei de Conservação das Massas. Cons id ere a reação não balanceada a segu i r: C6H n061sl + 0,1&1 -7 CO,Igl + H,0111 Com base nos ens i namentos de Lavo is ie r, pode-se af i rmar que para reagi r com 25,0 g de g l i cose (Dados (g/mol) : C = 12; H = 1; O = 16} 134 • GE QUIMICA 2015 • a) são necessárias 15,0 g de co,. b) são prod uz idas 36,7 g de H,O. c) são necessárias 32,0 g de O,. d) são produz idas 44,0 g de CO,. e) são necessárias 26,7 g de O,. 14. (UFRGS 2012) Um exper imento cláss ico em au las p ráticas de q u ím ica consi ste em mergu l har past i l has de zi nco em sol ução de ácido clo ríd rico. Por meio desse proced imento, pode-se observar a formação de pequenas bolhas, devido à l i beração de h id rogên io gasoso, conforme representado na reação aj ustada abaixo. Zn + 2 HCI -7 ZnC I, + H, Ao real izar esse experimento, um aluno submeteu 2 g de past i l has de zi nco a um tratamento com ácido c lorídr ico em excesso. Com base nesses dados, é correto af i rmar q ue, no experimento real i zado pelo al uno, as bol has formadas l i beraram uma q uantidade de gás h i d rogên i o de, aproximadamente, (Dado (em g/mo l) : Zn = 65} a) 0,01 moi. b) 0,02 moi. c) 0,03 mo i . d) o,o6 moi. e) 0,10 mo i . 15. (Enem 2011) "O peróxido de h i d rogên io é comumente ut i l izado como antisséptico e alvejante. Também pode ser empregado em traba lhos de restau ração de quad ros enegrec idos e no c larea mento de dentes. Na presença de so l uções ácidas de oxidantes, como o permanganato de potáss io, este óx ido decompõe-se, conforme a equação a segu i r: 5H,O,Iaql + 2 K M n 04faql + 3 H,5041aql -7 5 O,lgl + 2 M n S 04iaql + K,S04iaql + 8 H,O(I) " Fonte.· ROCHA-FILHO, R. C R.; SILVA, R. R. I n trodução aos Cálculos da Química. São Paulo: McGraw-Hill, 1992. De acordo com a esteq u iometr ia da reação descr i ta, a quanti dade de permanganato de potáss io ( K M n04} necessár ia para reag i r comp letamente com 20,0 mL de uma so l ução 0,1 mo i/L de peróx ido de h i d rogên io (H,O,) é igual a a) 2,0 . 10° mo i b) 2,0 . 10 3 mo i c ) 8,o . 10·' moi d) 8,0 . 10 4 moi e) 5,0 . 10 3 mo i 16. (UEG 2011) Cons idere que a 100 mL de uma so lução aq uosa de s u l fato de cobre com uma concentração igua l a 40 g/L foram ad ic ionados 400 mL de água dest i lada. Nesse caso, cada L da nova so l u ção apresentará uma massa, em g, igual a : a) 2 b) 4 c) 8 d) 10 17. (UFG 2012) A equação a segu i r ind ica a obtenção do etano! (C,HGO) pe la fermentação da sacarose (C,,H,O,). Por este processo, para cada 1 026 gramas de sacarose, obtém-se uma massa de etano! de: a) 132 g b) 138 g c) 176 g d) 528 g e) 552 g Dados: M do c = 12 g/mol M do H = 1 g/mo l M do O = 16 g/mo l 18. (UFPR 2010) Du rante a temporada de verão, um veran i sta i nte ressado em qu ím ica fez uma anál ise da água da P raia Mansa de Caiobá. Pôs para evaporar ao ar l ivre 200 ml de água dessa praia, e o material só l ido resu l tante e le colocou no forno de sua casa, l i gado a 180 •c, por algumas horas. Ao pesar o material resu l tan te, ele encontrou 6 gramas de só l ido como resu ltado. Supondo que o mater ia l encontrado pe lo veran i sta era NaCI (59 g/mo l), ass i na le a alternat iva que apresenta a concentração desse sal na água do mar, em mo I/L. a) o,s b) 1. c) 3,4. d) 0,2. e) 0,1. CAPÍTULO 4 20. (UFRR) 2008) Desde a pré-h istória, q uando aprendeu a manipular o fogo para coz i n har seus al imentos e se aq uecer, o homem vem percebendo sua dependência cada vez maior das várias formas de ene rgia. A energia é importante para uso i ndustr ial e doméstico, nos transportes etc. Existem reações q u ím icas que ocorrem com l i beração ou absorção de energia, sob a forma de calo r, denomi nadas, respectivamente, exotérm icas e e ndotérmicas. Observe o gráf ico a segu i r e ass i nale a alternativa correta: entalpia (H) A H, 1------,-�- - - - - - - - - - - - - - - - - 4H H, - - - - - - - ' ' B caminho da reação a) O gráf ico representa uma reação endotérmica. b) O gráf ico representa uma reação exotérm ica. c) A ental p ia dos reagentes é igual à dos prod utos. d) A ental p ia dos prod utos é maior que a dos reagentes. e) A variação de ental p ia é maior q ue zero. 21. (CFTSC 2008) Observe as equações termoqu ím icas: I) H,O(I) � H2fgl + 1h 0,181 1 1) CH4181 + O, lgl � CO,Igl + 2 H,O(g) 1 1 1) H+laql + OH-Iaql � H,O(I) IV) CaOigJ Ca1s1 + 3 H,lgl L'.H = + 68,3 k cal L'.H = - 210, 8 kcal t.H = - 13,8 kcal L'.H = + 20,2 kcal 19. São exotérm icas as reações i n d i cadas nas equações: (PUC-MG 2009) Cons idere o d iagrama energético de u ma reação a) li e 1 1 1 . b) I e 1 1 . c) I e IV. d) li e IV. e) I, li e I V. a segu i r: Energia Caminho da reação O valo r representado por A corresponde: a) à energia de ativação da reação. b) à enta lp ia da reação. c) à entropia da reação. d) à veloc idade da reação. 22. (PUC-RJ 2013) A uma so l u ção aq uosa d e s u l fato d e cobre de coloração azu l i n troduz-se um prego de ferro. Após a lguns m i nu tos, nota-se na parte externa do prego co loração averme lhada, i n d i cando q u e ocorreu uma reação. Os potenc i ai s-pad rão de red ução do cobre e do ferro são i nd i cados abaixo: Cu" (aq) + 2 e· � Cu (s) E0 = + 0,34 V Fe3' (aq) + 3 e· � F e (s) E0 = - 0,44 V Sobre a espontaneidade deste fenômeno, é correto a) o íon Cu'' sofrer oxidação. b) o íon Fe3' sofrer redução. c) o cobre metál i co (Cu0) vai transfer i r e létrons ao íon ferro (Fe3'). d) o íon Cu'' ser o agente oxidante. e) a d i ferença de potenc ial-pad rão da p i l h a que se forma ser + 0,38 v. GE QUIMICA 20JS • 135 11 s 11 ..._ ..... li Simulado_ 23. (PUC-RS 2006) Uma i mportante ap l i cação dos calores d e d isso l ução são as compressas de e me rgênc ia, u sadas como p ri m e i ro socorro em contusões sofr idas, por exe m p l o, d u rante p ráti cas esportivas.Exem p los de su bstânc ias q u e podem ser u t i l izadas são CaCI , 1,1 e N H4N031,1, cuja d i sso l ução em águ a é rep resentada, respectivamente, pelas equações termoqu ím i cas: CaCI , 1,1 --) CaC 1 ,1aqJ t�H = - 82,7 kJ/mol N H4N031,1 -7 N H4N03taqJ tiH = + 26,3 kj/mol Com base nessas equações termoq uímicas, é correto afirmar que a) a compressa d e CaCI, é fr ia, pois a reação ocorre com absorção de calor. b) a com pressa d e N H4N03 é quente, u ma vez q u e a reação ocorre com l i be ração de calo r. c) a com pressa d e CaCI, é q uente, já q u e a reação é exotérm ica. d) a compressa de N H4N03 é fr ia, v i sto q u e a reação é exotérmica. e) o efeito té rm ico p rod uz ido em am bas é o mesmo. 24. (UCS 2012) A d escoberta da bater ia de l ít io v iab i l izou o uso de marca-passos card íacos, poss i b i l i tand o o p ro longamento d a v i d a h u mana. Entre a s vantagens q u e a s bater ias de l ít io ofe re cem estão o seu pequeno tamanho, a baixa massa e o e l evado conteúdo energético. Cons ide rando as semi rreações de redução representadas abaixo, ass i na le a alternat iva correta. Li+ (aqJ + 1e· -7 LitsJ E0 = -3,05 V Zn2+ (aqJ + 2e· -7 ZntsJ P = -0,76 V a) O z inco metá l i co é oxidado espontaneamente, em presença do íon l ít i o. b) O l ít i o m e tá l i co é u m agente red u to r ma is fo rte d o q u e o z i nco m etál ico. c) O l ít io metá l i co é um agente ox idante mais fo rte do que o z i nco metá l ico . d) O íon l ít io e o z i nco metá l ico, em so lução e l etrol ítica, formam u ma cé l u la galvân i ca. e) O íon l ít io sofre red ução, em p resença do z i nco metál i co. 25. (PUC·RJ 2008) O trabalho produz ido por uma p i l ha é p roporcional à d i ferença d e potencia l (dd p) nela desenvolv ida q uando se u n e u m a m ei a-p i l ha onde a reação de red u ção ocorre espontanea mente (catodo) com outra meia-p i l ha onde a reação de oxidação ocorre espontaneamente (anodo). Ag --) Ag+ + e E = - o,8o V Cu -7 Cu2+ + 2e E = - 0,34 V Cd --) Cd'+ + 2e E = + 0,40 V F e --) Fe2+ + 2e E = + 0,44 V Zn --) Zn'+ + 2e E = + 0,76 V 136 • GE QUI MICA 2015 • Com base nas sem i rreações anter iores, co locadas no sent ido da oxidação, e em seus respectivos potenc ia is, ass i nale a opção q u e i n d ica os metais que produz i rão maior valor de d iferença d e potenc ia l q uando comb i nados para formar u m a p i l ha. a) Cobre como catodo e p rata como anodo. b) P rata como catodo e z i nco como anodo. c) Z i nco como catodo e cád m io como anodo. d) Cád m i o como catodo e cobre como anodo. e) Ferro como catodo e z i nco como anodo. 26. (PUC·RJ 2013) O gráf ico abaixo se refere ao deca imento espon tâneo d e u ma amostra de um dado i sótopo rad ioativo, com a absci ssa i n d icando o tem po, em anos, e a ordenada i n d icando a massa, em gramas, do i sótopo: Part indo de 180 g d e uma amostra d esse i sótopo rad i oativo, o que restará de la, em gramas, após do is anos é aproxi madamente igual a: a) 5,6 b) 11 c) 22 d) 45 e) go 27. (UEPG 2013) Com relação aos processos de fusão e f issão nuc lear, ass i nale o q u e for correto: a) Fusão n u c l ear cons iste na j u n ção de n ú c l eos peq uenos for m an d o n ú cleos maiores e l i berando u m a grande q uant idade d e energia. b) F issão nuc l ear é o p rocesso de queb ra de n ú cleos grandes em n úcleos menores, l i berando grande q uant idad e de energia. c) A fusão n u c l ear ex ige g rand e q uant idade de e nerg ia para ocorre r. d) o processo de fi ssão n uc lear é aproveitado pe lo homem para a geração de energ ia e l étr ica a parti r da energia n u clear em us i nas termonuc leares. e) O processo de fusão n uc lear ocorre natura lmente no so l, onde a tem peratu ra é suf ic ientemente alta para que ocorra a fusão dos átomos de h i d rogên io formando átomos mais pesados. 28. (IFSP 2011) Com parando os i sótopos '3Na, não radioativo, e '4Na, rad ioativo, pod e-se afirmar q u e I . ambos têm o mesmo n ú m ero d e prótons; 1 1 . o sód i o-23, não radioativo, tem n úcleo estável; e o sódio-24, rad ioativo, tem n úc leo i n stável; 1 1 1 . o sód i o-24 apresenta em seu núc leo um nêutron a mais. É correto o q u e se afi rma em a) I , apenas. b) 1 1, apenas. c) 1 1 1, apenas. d) I e 1 1, apenas. e) I, 1 1 e 1 1 1 . CAPÍTULO 5 29. (PUC·SP 2008} Nos m otores dos automóveis, ocorre a reação entre o n itrogên io (N,) e o oxigên io (O,), formando o óxido n ítr i co (NO), um i mportante po l uente atmosférico. A equação q u e representa a reação é: N 2 (g) + 0 2 (g) ,. 2 NO (g) O gráfico a segu i r mostra a relação entre a constante de equ i l íbrio Kc e a temperatura do sistema. v-/ I I o 1000 2000 Temperatura (K) A respeito da reação de formação d o óxido n ítr ico, foram fe itas as seguintes afirmações: I . Trata-se de um p rocesso exotérmico. 1 1 . Em temperatu ras i nfer iores a 500 K, a ut i l ização d e um cata l i sado r proporc iona u m maior ren d i m ento de formação d e óxido n ítrico (NO). 1 1 1 . No e q u i l íbr io, a 1 ooo K, a concentração d e NO é menor do q u e as concentrações d e N, e O,. IV. Aumentar a pressão do sistema não altera a concentração dos gases p resentes no eq u i l íbr io . Estão corretas as afi rmações a} l e l l . b) I e 1 1 1 . c ) 1 1 1 e IV. d) 1 1 e 1 1 1 . e) I e IV. 30. (Fatec 2012) Para que uma transformação qu ím ica esteja em estado de eq u i l íbr io d inâm ico, é necessário, entre outros fatores, q u e a) o s reagentes e prod utos sejam i n co lores. b) os reagentes e produtos estejam em estados fís icos d i ferentes. c) haja l i be ração de calo r do s i stema para o amb iente. d) haja coexistênc ia de reagentes e prod utos no s i stema. e) as concentrações dos p rod utos aumentem com o tem po. 31. (UFSJ 2012) Abaixo são fornec idas as constantes d e eq u i l íbr io para algu ns ácidos, a 25 ·e: Acido K a Acético 1,8 X 10-5 C lo roso 1,1 X 10-1 C ianíd r ico 4,0 X 10-10 F l u o ríd r ico 6,7 X 10'4 H i poc loroso 3,2 X 10'8 Considerando so luções aquosas contendo a mesma concentração d esses ácidos, a ordenação correta d e suas forças é a) c loroso > f l uorídr ico > acético > h i poc lo roso > c ianíd rico. b) c ianíd rico > h i poc loroso > acético > f l uor ídr ico > c lo roso. c) f l uorídrico > c ianídr ico > h i poc loroso > acéti co > c loroso. d) f l uoríd r ico = c ianíd rico = h i poc loroso = acético = c lo roso, po i s são monoácidos. 32. (Unicamp 2013) C o m o u m q u ím ico d escreve a ce rveja' " U m l íqu ido amare lo, homogêneo enq uanto a garrafa está fechada e uma mistura heterogênea q uando a garrafa é aberta. Constitu i-se de mais de 8 ooo substâncias, entre e las o d ióx ido de carbon o, o etano l e a água. Apresenta u m pH entre 4,0 e 4,5 e possu i u m teor d e etano I e m torno d e 4,5% (v /V)." Sob a perspectiva d o q u ím i co, a cerveja: a) apresenta u ma ú n ica fase e n quanto a garrafa está fechada, tem u m caráter l i ge i ramente básico e contém cerca de 45 gramas d e álcool etíl ico por l itro do p rod uto. b) apresenta d u as fases logo após a garrafa ser aberta, tem um caráter ác ido e contém cerca d e 45 mL d e á lcoo l etíl ico por l itro d e prod uto. c) apresenta u ma ú n i ca fase l ogo após a garrafa ser aberta, tem um caráter l ige i ramente ácido e contém cerca d e 45 gramas de á lcool etí l ico por l i tro de p rod uto. d) apresenta d uas fases q uando a garrafa está fechada, tem um caráter l ige i ramente básico e contém 45 mL de á lcool etí l i co por 100 m l d e prod uto. GE QUI MICA 2015 • 137 11 s 11 ._ ..... li Simulado_ 33. (Udesc 2012) Cons idere a segui nte reação em eq u i l íb r io: N,04 (g) ,. 2 NO, (g) t.H = + 58 kj Ass inalea alternat iva i ncorreta. a) A d i m i n u i ção da temperatura des l ocará o e q u i l íb r io para a d i re ita. b) A ad ição de N,04 (g) des locará o e q u i l íbr io para a d i re i ta. c) O aumento do vol u m e des locará o eq u i l íb r io para a d i re ita. d) A ad i ção de NO, (g) des locará o eq u i l íb r io para a esque rda. e) O aumento d a p ressão total des locará o eq u i l íb r i o para a esquerda. 34. (FGV 2012) A prod u ção d e s u ínos gera uma q u ant idade m u i to grande e controlada d e d ejetos, q u e vêm sendo empregados em bioconversores para geração de gás metano (CHJ O metano, por sua vez, pode ser ut i l izado para a obtenção d e gás H, . Em u ma reação denom i nada reforma, o metano reage com vapor d'água na p resença de um catal isador, formando h i d rogê n i o e d ióx ido de carbono, d e acordo com o e q u i l íb r io: CH4 (g) + H, O (g) ,. 3 H, (g) + CO, (g) L'.H > O · O deslocamento do e q u i l íb r io no sent ido da fo rmação do H, é favorec ido por : I . aumento da pressão; l i . ad i ção do cata l i sador; 1 1 1 . aumento da tem peratu ra. É correto apenas o q u e se afi rma e m a) l . b) l e l l . c) l l . d) l l e l l l . e) l l l . 35. (Espcex 2012) U m a so lução aq uosa à temperatu ra d e 25 oc apre senta um potenc ia l h i d rogen iôn ico (pH) igual a 6 (se i s) . A con centração em m o i/L d e íons OH ,_ e seu potencial h i d roxi l i ôn i co (pOH) nesta so lução são, respectivamente: a) 10·6 , 8 b) 10-a , 8 c) 10·7, 7 d) 10-s , g e) 10·10 , 4 CAPÍTULO 6 36. (UFTM 2012, adaptada) Al imentos como abacate, azeite e salmão, por conterem e levado teor de gord u ra insatu rada, são i n d icados para c o n s u m o h u mano, pois contr i buem para red uz i r os n íve is d e LDL ("co lesterol r u i m") e manter os n íve is d e HDL ("co lesterol bom"). Nas f igu ras, são apresentadas as estrutu ras dos ácidos o le i co e esteárico. 138 • G E QUIMICA 2015 • o OH ácido oleico o OH ácido esteárico A part i r das estrutu ras d estes ácidos, é correto af i rmar q u e a) a molécu la d e ácido ole ico apresenta maior n úmero de átomos de h i d rogên io . b) o ácido esteárico apresenta a função álcoo l . c) o ácido o l e ico pode ser i n d i cado na al i mentação h u m ana, por reduz i r os n íve is de LDL. d) o ácido esteárico é u ma substância predominantemente polar. e) o ácido o le ico é u m a su bstânc ia h i d rosso l úve l . 37. (Fatec 2012) A fórmu la estrutu ral abaixo representa o antraceno, su bstânc ia i m portante como m atér ia-p r ima para a o bten ção de corantes. Exami nando essa fórm u l a, nota-se q u e o n ú m ero de átomos de carbono na mo lécu la do antraceno é a) 3. b) 10. c) 14. d) 18. e) 25. 38. (UCS 2012) No sécu lo V a.C., H i póc rates, méd ico grego, escreveu que um p rod uto da casca do salgue i ro a l iv iava dores e d i m i n u ía a febre. Esse mesmo prod uto, u m pó ácido, é menc ionado i n c l u s i ve em textos das c iv i l izações antigas do O riente Méd io, da Suméria, do Egito e da Assíria. Os nativos amer icanos usavam-no tam bém contra dores de cabeça, febre, reu matismo e tremores. Esse med icamento é um p recu rsor da asp i r i na, cuja estrutura q u ím i ca está representada abaixo. As funções o rgânicas p resentes na estrutu ra da asp i ri na, ac i m a representada, são a) ác ido carboxí l i co e éster. b) álcool e éter. c) am ina e .am ida. d) amina e éter. e) ami noác ido e á lcool . 39. (Espcex 2013) A tabela abaixo cr ia uma v incu lação de u ma ordem com a fórm u l a estrutu ral do com posto o rgânico, bem como o seu uso ou característica: Ordem 1 2 3 4 5 Composto orgânico H I H , "" c � "' o ' C C H 11 I c c H "' ' c � ' H I H H - C �o ' H �o H C - C J ' 0 - CH,- CH3 H3C - C �o 'oH �o H3C - C ' N H, Uso ou característica Prod ução de des infetantes e med icamentos Conservante Essênc ia de maçã Componente do v i nagre Matéria-p r ima para produção de p lástico A alternativa correta que relaciona a ordem com o grupo funcional de cada com posto o rgân ico é: a) 1 - feno I; 2 - a lde ído; 3 - éter; 4 - álcool; s - n i trocom posto. b) 1 - álcoo l; 2 - feno I; 3 - cetona; 4 - éster; s - amida. c) 1 - fenol; 2 - á lcoo l; 3 - éter; 4 - ácido carboxí l i co; s - n i trocom posto. d) 1 - álcoo l; 2 - cetona; 3 - éster; 4 - aldeído; s - ami na. e) 1 - feno I; 2 - aldeído; 3 - és ter; 4 - ácido carboxí l ico; 5 - amida. 40. (FGV 2012) A i nd ústria de a l imentos ut i l iza vários t ipos de agentes flavorizantes para dar sabor e aroma a balas e gomas de mascar. En tre os mais e m pregados, estão os sabores de cane la e de anis . o �,_N-/ I - flavorizante de canela 1 1 - flavorizante de anis A fórm u la m o lecu la r da s u bstânc ia I , q u e apresenta sabor d e cane la, é a) C9Hs0. b) C9H90. c) CsH60. d) CsH70. e) CsHsO. RESPOSTAS CAPÍTULO 1 1. Uma mistu ra b inária é aquela que envolve apenas dois componen tes. O p rocesso adeq uado para separação d esses com ponentes depende do estado físico de cada um de les, e tam bém do t ipo de m i stura formada - se ho mogênea ou heterogênea. Mistura A- Homogênea de dois l íq u i dos, cujos pontos de ebu l ição são p róx imos. Deve ser separada por desti lação fracionada. Mistura B - Uma m istu ra de sól idos pode ser separada por i n úme ros p rocessos. Neste caso, o e n u nciado i n forma q ue a naftal i na é u m só l ido q u e s u b l i ma. E a are ia, sabe-se, é u m sól i do q u e não sofre s u b l i mação nem evaporação. Como os g rãos de areia são m u i to peq u e n os, não podemos propor u m a catação. Como ne nhum de les é metal, não podemos p ropor a separação magnética. O ú n ico p rocesso efetivo de separação é por sublimação. Mistura C - M istu ra homogênea de só l ido d i sso lv ido em l íq u ido (uma so lução), q uando os pontos d e ebu l i ção (PE) das d u as subs tâncias são m u i to d i st intos, pode ser separada por desti lação simples. É este o caso. Resposta: d 2. Com os dados do e n u nciado, d ef in i mos a d istr ibu ição e letrôn i ca do e lemento: 1s' 2s' 2P6 3S' 3 P' Agora, é só anal isar cada u ma das propos ições: a. Pela d istri bu i ção e letrôn ica, conclu ímos que o átomo desse ele mento apresenta 14 e létrons. Sabendo que em átomos neutros o n ú mero de e l étrons é igual ao n ú m ero de p rótons, podemos afi rmar que este e l emento poss u i 14 p rótons. Verdadeira. b. O n úm e ro d e camadas e letrôn i cas d e u m átomo corresponde ao seu período na tabela per iód i ca. Ass i m, se o e l emento em q u estão tem 3 camadas e l etrô n i cas - K (1), L (2) e M (3), então e l e está no te rcei ro período da tabe la. Verdadei ra. c. Lem bre-se d e q u e todos os e lementos d e u ma mesma fam íl ia apresenta u m mesmo n ú mero d e e l étrons na ú l t ima camada. Pela d istri bu ição, vê-se que o e lemento apresenta 4 e létrons em sua camada d e valênc ia (a ú lt ima camada, M). A lém d i sso, este é um e lemento rep resentativo (seu s u b n ível ma is ene rgético é p). Logo, podemos conc l u i r q u e se encontra na famí l i a do carbono, fam í l ia 14. Verdadei ra. d . Pela posição da família 14 na tabela(veja abaixo), os seus elementos têm baixa e letronegatividade. Falsa. 18 ---.-- 13 14 15 16 17 H e ... 8 c N o F Ne - ·- - ...... - - AI Si p 5 Cl Ar �·-· .. � ·�" ·-M - �� Ge � �� Br t<� �- In Sn Sb Te I X e ... - - ·- - - n Pb Bi Po At Rn ... - - - .... - A L v '-"""'- """"' GE QUI MICA 2015 • 139 11 s 11 ..... __. - Simulado_ e. Conhecendo o n ú m e ro atôm ico d o germân ia fazemos sua d istri bu i ção e l etrôn i ca: Ge = 1s' 2 s' 2p6 3S ' 3P6 4S' 3d'0 4P' Observe q u e a camada de valênc ia (4) apresen ta a mesma configuração e letrôn ica dacamada de valência do e lemento do exercício (a camada 3, naq ue le caso): ambas contêm quatro elétrons. Então ambos pertencem à mesma famíl ia. Verdadeira. Resposta: Estão corretas as proposições a, b, c e e. 3. Devemos su bstitu i r: - misturinhas por com postos; - coisa por e lemen to q u ímico; - carocinhos por átomos; Então teremos: "São compostos dos elementos q u ím icos h idrogê n io e carbono. Os átomos de um se l i gam aos átomos de outro." Resposta: a 4. Uma substância s imp les é aquela formada por um ú n ico elemento qu ím ico. Por exemplo, o gás oxigên i o (O,). Substância com posta é a formada por mais de u m e lemento q u ím ico - a água (H,O). Tanto su bstânc ias s i m p l es q uanto compostas podem ser p u ras. Para su bstâncias puras, a temperatura não se altera d u rante q ualquer mudança de estado. Então, as afirmações I e 1 1 estão corretas. Algumas m i sturas homogêneas (so l uções) se com portam como substâncias puras em um dos pontos de mudança de estad o - fusão ou ebu l i ção. As eutéticas alteram a tem peratura no intervalo de ebu l ição, mas não no ponto de fusão. A afi rmação 1 1 1 tam bém está correta. A ú n ica afi rmação incorreta é a IV: m i sturas heterogêneas sempre apresentam m udança de temperatura no i n tervalo das mudanças de estado, tanto de ebu l i ção q uanto de fusão. Resposta: e CAPÍTU LO 2 S. Toda substância i norgân ica q u e tem h i d rox i la (OH ) é u m h i d róxi do. E h i d róxido é s i n ô n i m o de base. Então, Mg(OH), é u ma base. HCI é um ácido: em so l ução, se d i ssocia em íons H' e CJ·. Por f im, o c loreto de magnésio é u m sal. o própr io nome da substânc ia, com a terminação "eto" já i nd i ca essa classif icação. A lém d i sso, o e n unciado do prob lema i n forma q ue o c loreto de magnésio é resu ltante da reação entre uma base e u m ácido . E esse t i po de reaçao sempre resu l ta e m u m sa l e água. Resposta: e 6. A su bstânc ia H C I é o ácido c lorídr i co. O e n u nc iado d iz que esse ácido foi d i sso lv ido e m água. Como todo áci d o, na água o HCI se ion iza em cátions H' e ânions c l -. Mas longe da água as molécu las 140 • GE QUIMICA 2015 • HCI não se alteram - ou seja, no estado gasoso o ácido permanece i n tacto. Então, este é um sistema heterogêneo - apresenta HC I nas formas gasosa e ion izada (no estado l íqu i d o). A representa ção q u e mais se ade q ua à descrição das d uas fases do s istema é CE@ �-� fase � gasosa � ® -� fase �® . @ aquosa Resposta: c 7. moléculas íons O catal i sador é uma substância q u e acelera a reação q u ím ica ao d i m i nu i r a energia de ativação - aque la necessária para o i n ício da reação. Com u ma barrei ra energética menor, é mais fác i l a reação ser deflagrada. Resposta: c 8. U ma reação pode ser ace lerada por aumento da tem peratura o u pe la presença de u m catal isador. Anal i sando a s co lu nas Tempe ratura e Catalisador, na tabela, ver if icamos que : Exper imento 1 : ocorreu sob a tem peratu ra mais baixa de todas e sem nenhum cata l i sador. Portanto, de todos os experimentos, esta reação foi a q u e precisou de mais tempo. Experimento 2: não foi u sado nenhum cata l i sador, mas a tem pe ratura foi e levada. Em relação ao experi mento 1, a velocidade da reação é maior, e o tempo para ela ocorrer, menor. Experim ento 3: a reação ocorre na mesma tem peratu ra de 4. A pr incíp io, ambas teriam a mesma velocidade. Mas no exper imento 3 existe um catal i sador, q u e acelera a reação. Exper imento 4: a tem peratura é mais alta q ue nos exper i men tos 1 e 2. Então, a velocidade da reação é maior, e o tempo de reação, m e n o r que naq ue les do i s experi m entos. No entanto, como não tem catal i sador n e n h u m, a velocidade é menor q u e a do experimento 3. O rgan izand o o tem po de d u ração de cada exper i m en to, e m ordem crescente, temos, então: b) t3 < t. < t, < t, Resposta: b 9. As d uas respostas dependem só de você saber o q u e faz u m cata l i sador. Veja: · A ação de um cata l i sador é baixar a energia de ativação , ou seja, red uz i r a .energia necessária para o i n íc io da reação e, ass i m, fazer com q u e e la ocorra mais rap idamente. (Esta é a resposta para o item b da q uestão). · O gráf ico mostra d uas cu rvas. U ma com energ ia de ativação de 100 kJ e outra, de so kJ . A reação não catal isada é aq ue la em q u e a barre i ra energética é mais alta: c u rva I. (Resposta para o ite m a) 10. A questão p ropõe d u as reações: 1. Gás X + gás Y = monóxido de n itrogên io 2. Gás X + gás Y = d ióxido de n i trogê n i o P e l o nome das su bstâncias p roduz idas, ded uzem-se fac i l mente os elementos q u ím icos envo lvidos na reação: n itrogên io (N) e oxi gên io (O). Na atmosfera, esses e lementos não permanecem como átomos soltos, mas formam molécu las N, (gás X) e o, (gás Y). As fó rmu las dos com postos dos p rod utos das reações também são ded uz id as de seus nomes: · monóxido de n i trogê n i o (um oxigên io só): NO ·d ióx ido de n i trogên i o (do i s oxigên ios): NO, Então, as fórm u las dos reagentes e dos p rod utos são N,, O,, NO e NO,. A questão não pede, mas é fác i l descob r i r as eq uações balance adas d as d uas reações: N, + O, � 2 NO N, + 2 O, � 2 NO, Resposta: c 11. A água p u ra e o ácido c loríd r ico são su bstânc ias mo lecu lares, ou seja, formadas por l i gações cova lentes. Ao contrár io das su bstânc ias i ôn i cas, as su bstânc ias mo lecu lares não têm carga e, sem carga, os e létrons não trafegam pelo s i stema. Substâncias moleculares são, então, péssimas condutoras de e l etri cidade. Mas, q uando colocado e m água, o ác ido c lo ríd r ico sofre ion ização e cede para a água um H': HCI + H,O = cl - + H30+. A molécula de água (H,O) é neutra (não tem carga e létri ca). Mas, com o acrésc imo de um íon H', fica com carga posit iva, um íon. A p resença dos íons C l - e H30+ na so lução torna-a boa cond utora d e e l etr ic i dade. 12. Em toda e q ua lquer reação q u ím ica, todos os átomos do s i stema i n i c ia l d evem estar p resentes no s i stema fi na l . E les apenas se reagrupam na formação de novas su bstâncias. Basta saber d i sso para ident i f i car a alternativa correta: Alternativa a: d esapareceram os átomos rep resentados pelas esferas p retas. E há u m n ú mero maior de esfe ras b rancas do q u e no m o d e l o do s istema, antes da reação. Errada. Alternat iva b: há mais esferas b rancas q u e no s i stema i n i c ia l . Errada. Alternativa c: aparecem esferas c i nzas. I m possíve l . Numa reação q u ím ica os átomos de u ma su bstânc ia não se transformam em átomos d e outra su bstânc ia. Apenas se rearranjam. Errada. Alternativa d: O modelo do s istema no estado in i cial está represen tado corretamente: se is esferas b rancas e se is p retas. Correta. Resposta: d CAPÍTUlO 3 13. O pr ime i ro passo é balancear a equação. ·Aj u stamos, p r i m e i ro, o n ú m ero de áto m o s de carbono (C) e h i d rogên i o (H), q ue aparecem u ma ú n ica vez de cada Jado: C6H,06 + O, -7 6 CO, + 6 H ,O ·Agora podemos aj ustar o n ú m ero d e átomos de oxigên io (O): C6H,06 + 6 O, -7 6 CO, + 6 H,O O enunciado oferece a massa molar de cada e lemento qu ímico, en tão, encontramos a massa molar dos reagentes e dos produtos: • Para C6H,06: 6 . 12 + 12 . 1 + 6 . 16 = 180 g • Para 0,: 2 . 16 = 32 g • Para CO,: 12 + 2 . 16 = 44 g • Para H,O: 2 . 1 + 16 = 18 g E, por f im, o cál cu lo esteq u iométrico nos dá a m assa para o nú mero d e mo i d e cada mo lécu la, na equação balanceada: C6H,06 1 mo l 180 g 25 g + 6 O, -7 6 CO, + 6 H ,O 6 mo i 6 mo i 6 mo i 6 . 3 2 g 6 . 44 g 6 . 18 g ml m, Se temos a massa de uma su bstância, encontramos a das demais por regra d e três: ml = 25 . 6 . 32 /180