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MÓDULO 04 6. ELEMENTOS TÉCNICOS DA DATILOSCOPIA 6.1. Desenho Digital Desenho digital é a figura formada pelas cristas papilares da falangeta. 6.2. Dactilograma Dactilograma ou impressão digital é a reprodução do desenho digital em qualquer superfície. O vocábulo datilograma é formado por um hibridismo greco-latino: daktilos, que significa dedos e grama, que significa qualquer símbolo escrito ou impresso. 6.3. Elementos Constitutivos do Datilograma O datilograma é constituído pela impressão das cristas papilares da falangeta. Nas linhas impressas encontram-se os pontos característicos, que são as particularidades morfológicas que permitem distinguir, entre si, as impressões digitais e pequenas falhas correspondentes aos poros (aberturas dos canais sudoríparos). As linhas impressas do datilograma estão separadas por intervalos decorrentes dos sulcos interpapilares existentes no desenho digital. 6.3.1. Sistemas de Linhas É o conjunto de linhas que ocupam a mesma região, relativamente às linhas diretrizes e que, em geral, têm o mesmo desenvolvimento. Genericamente, o datilograma apresenta três tipos de sistemas de linhas: sistema basilar, sistema marginal e sistema nuclear. 6.3.1.1. Sistema Basilar É formado pelas linhas compreendidas entre a prega interfalangiana até a diretriz basilar. 6.3.1.2. Sistema Marginal É constituído pelas linhas mais externas situadas a partir da diretriz marginal. 6.3.1.3. Sistema Nuclear É formado pelas linhas situadas entre as diretrizes basilar e marginal. 6.3.2. Linhas Diretrizes São linhas que limitam os sistemas basilar e marginal, envolvendo total ou parcialmente as linhas que formam o núcleo. 6.3.2.1. Diretriz Basilar ou Inferior É o limite superior do sistema basilar. 6.3.2.2. Diretriz Marginal ou Superior É o limite inferior do sistema marginal. Observações: a) As linhas diretrizes são, obrigatoriamente, as que se encurvam no ponto de divergência. Não pode ser tomada como diretriz uma linha quebrada que forma um ângulo, nem os ramos de uma bifurcação que se abre para o núcleo, salvo se houver um curso paralelo entre a bifurcação e o ponto de divergência; b) As linhas diretrizes não são necessariamente linhas contínuas. Podem, ao contrário, ser formadas por sucessão de linhas curtas. Assim, cada segmento da diretriz basilar terá prosseguimento na linha imediatamente inferior, e cada segmento da diretriz marginal na linha imediatamente superior; c) Quando a linha diretriz basilar se bifurca, segue-se o ramo inferior procedente da bifurcação e, quando a linha diretriz marginal se bifurcação e quando a linha diretriz marginal se bifurca, segue-se o ramo superior procedente da bifurcação. d) Em virtude da variação do curso das linhas diretrizes, nos tipos bideltos não pode se dizer, de modo positivo, que tais desenhos apresentam somente os três sistemas de linhas como nos tipos monodeltos, porque o sistema nuclear, contornado pelas linhas diretrizes secundárias, está sempre sujeito a novas denominações, consoante os estudos de Olóriz. Assim, os verticilos, não raro, apresentam quatro ordens de linhas diretrizes: duas fundamentais, que são as mais afastadas do núcleo e, duas secundárias, que são as menos afastadas. 6.3.3. Delta Em datiloscopia, é o espaço triangular formado por três sistemas de linhas que, correndo paralelos, encurvam-se em direção oposta, deixando um espaço em branco, triangular, dotado ou não de referência. Considerado como resultante de formação do núcleo, o delta é a área compreendida entre o ponto de divergência das linhas diretrizes e o sistema nuclear. 6.3.4. Classificação dos Deltas Os deltas são classificados pela presença ou ausência de elementos que são frequentemente encontrados entre os três sistemas de linhas, tais como um ponto, uma linha, uma ponta de linha, etc. 1. Delta Ponto: caracterizado por um ponto; 2. Delta Ilhota: caracterizado por uma ilhota; 3. Delta Branco ou Ambíguo: caracterizado pela ausência do delta no datilograma; 4. Delta Angular: caracterizado por um ângulo; 5. Delta Trípode: caracterizado pelo encontro de três linhas em perfeito equilíbrio; 6. Delta Bifurcado: caracterizado por uma bifurcação; 7. Delta Ponta de Linha: caracterizado por uma ponta de linha; Ilustração de alguns destes deltas: 6.3.5. Pontos Característicos Os pontos característicos, também chamados de minúcias, são particularidades anatômicas próprias dos desenhos papilares que permitem distinguir, entre si, as impressões digitais. Exemplos: 7. O SISTEMA VUCETICH 7.1. Classificação dos Dactilogramas Como visto anteriormente, Vucetich idealizou quatro tipos fundamentais de desenhos digitais para o seu sistema, dando as seguintes classificações: Arco, Presilha Interna, Presilha Externa e Verticilo. Vucetich idealizou ainda uma subclassificação para cada tipo fundamental, a qual é utilizada nos arquivos do Instituto de Identificação do Estado de Mato Grosso do Sul. 7.1.1. Subclassificação do ARCO (1) OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 01 a) A “invasão” é caracterizada pela convergência, acentuadamente oblíqua de duas ou mais linhas próximas, consecutivas e unilaterais para outra. Linhas que findam suavemente em outra não configuram a invasão. b) A “tendência” à invasão se configura quando as linhas que a caracterizam terminam abruptamente em direção de outra. c) Para efeito de subclassificação da presilha como invadida, considera-se apenas as invasões que ocorrem no Ramo Externo da Presilha. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 2 São requisitos mínimos de uma presilha (válidos tanto para PRESILHA INTERNA (2) como EXTERNA (3): a) Delta e laçada, independentes entre si; b) Para que a laçada seja assim considerada é necessário que apresente perfeita inflexão; c) Inflexão é o encurvamento suficiente para que a laçada se complete; d) A linha imaginária paralela à prega interfalangiana traçada no nível do elemento que caracteriza o delta ou, na ausência daquele, no nível de um ponto imaginário no centro da região déltica. É chamada NÍVEL DO DELTA; e) A região compreendida entre as diretrizes basilar e marginal abaixo de uma linha que divide a laçada mais interna no sentido do desenvolvimento da mesma. É chamada de RAMO INTERNO DA PRESILHA; f) A região compreendida acima de uma linha imaginária que divide a laçada mais interna, no sentido do desenvolvimento da mesma até a diretriz marginal, é chamada de RAMO EXTERNO DA PRESILHA. g) Considera-se prejudicada a laçada que, em qualquer ponto de seu ramo interno acima do nível do delta, ou de sua inflexão, se liga: I. A uma ramificação do delta; II. A uma linha que se origina detrás do elemento que caracteriza o delta; III. A linha diretriz superior. h) Considera-se independente a laçada que se liga ao delta ou à diretriz basilar, se a ligação ocorrer no nível do delta ou inferior a ele; i) A laçada caracteriza por uma perfeita inflexão. Não constitui laçada uma linha que se dobre fortemente, formando ângulo; j) Na caracterização da presilha, fica prejudicada a laçada que apresenta um apêndice incidindo sobre sua inflexão; 7.1.3. Subclassificação da PRESILHA EXTERNA (3) OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 3 a) Nas presilhas ganchosas (interna e externa), a intensificação do grau de encurvamento de sua(s) laçada(s) pode transformá-la em verticilo. b) Enquanto a inflexão de sua(s) laçada(s) se mantiver inclinada para o delta ou, no máximo voltada para baixo, mesmo com linhas livres e curvas entre a inflexão da(s) laçada(s) e o delta, o dactilograma será classificado como presilha ganchosa. c) Quando, por força de um encurvamentomaior, a inflexão de sua(s) laçada(s) começar a voltar-se para o lado oposto, gerando um segundo delta, o dactilograma será classificado como verticilo. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 4 a) Assim como ocorre com as presilhas ganchosas, a presilha dupla (interna e externa) transforma-se em verticilo, quando houver intensificação do grau de encurvamento da presilha ganchosa. b) As presilhas duplas opostas são, por arbítrio, classificadas como Verticilo Sinuoso, uma vez que atendem à definição de verticilo. c) Depois das duas definições de presilha invadida, observar o seguinte: Raquete: Considera-se, ainda, presilha invadida (interna e externa), aquela cuja laçada central tem a conformação de uma raquete. Tolera- se, na formação da raquete, um alongamento máximo de quatro vezes a sua largura, levando-se em conta, nessas medidas, o espaço interpapilar mais as cristas. 7.1.4. Subclassificação do VERTICILO (4) 7.1.5. Anômalo (5) É o dactilograma normal que não se enquadra em nenhum dos quatro tipos fundamentais. É de classificação primária, pois não possui nenhuma subclassificação. 7.1.6. Cicatriz (6) É o dactilograma que apresenta marca permanente, motivada por corte, pústula, queimadura, esmagamento, etc., que impossibilita a sua classificação dentro dos quatro tipos fundamentais. É de classificação primária, pois não possui nenhuma subclassificação. 7.1.7. Amputação (7) É o tipo em que houve perda total ou parcial da falangeta, de modo a prejudicar a classificação do tipo fundamental. É de classificação primária, pois não possui nenhuma subclassificação. As anomalias, do ponto de vista da datiloscopia, são irregularidades ou falhas encontradas nas mãos e podem ser de dois tipos, a saber: a) Congênitas: os dedos das mãos e/ou as impressões digitais estão sujeitos a diversas anormalidades em seu desenvolvimento durante a fase embrionária, impedindo-os de assumirem suas formas características. b) Acidentais: são anormalidades adquiridas em virtude de acidente ou doença. 8.1. Anquilose (01) É a anomalia congênita ou acidental que consiste na falta de articulação parcial ou total dos dedos, de modo a prejudicar as impressões digitais ou a sua coleta. 8.2. Sindactilia (02) É a anomalia congênita que consiste na presença de dedos ligados entre si, parcial ou totalmente. 8.3. Adactilia (03) É a anomalia congênita que consiste na ausência total dos dedos de uma ou ambas as mãos. 8.4. Ectrodactilia (04) É a anomalia congênita que se caracteriza pelo número de dedos inferior ao normal. 8.5. Polidactilia (05) É a anomalia congênita que se caracteriza pela presença de dedos em número superior ao normal. 8.6. Microdactilia (06) É a Anomalia congênita que consiste na presença de dedo(s) anormalmente pequeno(s). 8.7. Macrodactilia (07) É a Anomalia congênita que consiste na presença de dedo(s) anormalmente grande(s). 8.8. Hiperfalangia (08) É a Anomalia congênita que consiste no número de falanges superior ao normal. 8.9. Outras Anomalias (09) O desenvolvimento das formas das linhas papilares, na fase embrionária, foi alterado por motivos traumáticos, aparecendo na forma de ilhota turbilhão, linhas fragmentadas, semelhantes à cicatriz ou que resultem no estreitamento das cristas papilares no campo digital. 9. CONTAGEM DE LINHAS Consiste na contagem de todas as cristas papilares atingidas pela linha de Galton, tendo como partida a diretriz basilar, ou seja, a partir do delta e tangenciando o seu curso rumo o ponto de chegada, que será a laçada ou linha curva mais interna. Este é o posicionamento correto para se utilizar a lupa e o direcionamento da linha de Galton. Para que se proceda a CONTAGEM DE LINHAS, inicia-se a mesma a partir da primeira linha após o delta até o ápice da laçada (presilha), ou da linha curva (verticilo) situada no centro do núcleo (padrão usado pelo II/MS). 10. ELEMENTOS ESSENCIAIS NA DEFINIÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO 10.1. Grau de Encurvamento 10.4. Grupos de Linhas Esgotados os recursos de subclassificação previstos na respectiva chave, prossegue-se o desdobramento dos maços utilizando-se a contagem das linhas das presilhas e dos verticilos. Este processo recai inicialmente no polegar direito, efetuando-se a separação pelo número exato de linhas. Em seguida prossegue-se à contagem de linhas dos demais dedos, a partir do indicador direito, agrupando-se as diferentes contagens correspondentes a cada dedo de acordo com o critério abaixo: • Perícia papiloscópica Conjunto de técnicas e procedimentos utilizados na busca e exame de impressões papilares com o objetivo de estabelecer a identidade de quem as produziu. Objetivo - Tem como objetivo a avaliação do valor probante dos vestígios papilares e o esclarecimento do papel destes na cena do crime. • Papilograma - é a impressão que apresenta campo de observação suficiente para que sejam examinados seus elementos classificadores. É dividido em Datilograma, Quirograma e Podograma. 11 - FRAGMENTO DE IMPRESSÃO PAPILAR É a impressão cujo desenho se reproduziu de forma incompleta. 11.1 - IMPRESSÃO QUESTIONADA • impressão de autoria desconhecida, cuja identidade se pretende estabelecer; • impressões apostas em documentos em que seja suscitada dúvida quanto à identidade do autor; • impressões encontradas em locais de crime. 11.2 - IMPRESSÃO PADRÃO De autoria conhecida, cuja identidade não está sendo objeto de questionamento. Serve de base de comparação com a impressão questionada. PADRÃO DE EXCLUSÃO Impressões das vítimas ou outras pessoas fora do rol de suspeitos. 11.3 - PADRÃO DE CONFIRMAÇÃO Impressões de suspeitos. 11.4 - TIPOS DE IMPRESSÃO PAPILAR • visíveis – são impressões visíveis a olho nu geralmente impregnadas de substâncias corantes; • latentes – são impressões impregnadas de suor ou elementos oleosos excretados pela pele de forma a se tornar visível mediante o emprego de reveladores; • modeladas - são impressões em formato tridimensional encontradas em suportes moldáveis. 11.5 - SUPORTE É a superfície onde a impressão papilar se encontra. • Suporte primário – é a superfície onde originalmente se encontra uma impressão. • Suporte secundário - aquele preparado para receber a impressão transportada do suporte primário (original). 12. CHAVE DE CLASSIFICAÇÃO E SUBCLASSIFICAÇÃO BIBLIOGRAFIA 01- Apostila do Curso de Especialização em Identificação Civil e Criminal. Ministério da Justiça. Departamento de Polícia Federal. Academia Nacional de Polícia. 02- Identificação Papiloscópica. Ministério da Justiça. Departamento de Polícia Federal. Instituto Nacional de Identificação - 1987 03- Aperfeiçoamento em Perícia Papiloscópica. Policia Civil do Distrito Federal. Academia de Policia Civil. 04- Compendio elaborado pelos peritos papiloscopistas Edson Saifert da Silva e Marcos Caetano da Silva. Perícia Papiloscópica- -Campo Grande-MS: ACADEPOL: 2002. 05- ARAÚJO. Marcos Elias Cláudio e Luiz Pasquali, Datiloscopia – A determinação dos dedos, LabPAM, Brasília 1ª edição 2006.