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TRAUMA CRANIENCEFÁLICO EPIDEMIOLOGIA · 90% das mortes pré-hospitalares no trauma envolvem lesões cerebrais · 75% dos doentes com lesões cerebrais que recebem cuidados médicos são de traumas leves, 15% moderados e 10% graves -O objetivo principal do tratamento do doente com suspeita de TCE grave é prevenir lesão cerebral secundária ANATOMIA COURO CABELUDO · Devido a sua irrigação abundante, a laceração do couro cabeludo pode levar a choque hemorrágico CRÂNIO · Como sua base é irregular, quando o cérebro se desloca em seu interior(aceleração e desaceleração) ocorre lesões cerebrais · Fossa anterior do crânio aloja os lobos frontais, fossa média os lobos temporais e fossa posterior a porção inferior do tronco cerebral e o cerebelo MENINGES · As meninges revestem o cérebro sendo formadas por 3 camadas: dura-máter, aracnóide e pia-máter · Dura-máter é uma membrana resistente e fibrosa que adere firmemente a superfície interna do crânio. Em locais específicos a dura-máter se divide em 2 superfícies que envolvem grandes seios venosos que permitem a maior parte da drenagem venosa cerebral. Os seios bilaterais transversos e o sigmóide são maiores do lado direito, a laceração desses seios pode gerar hemorragia maciça. Já as artérias meningeas correm no espaço epidural(entre parte interna do crânio e a dura-máter), logo fraturas cranianas acima dessas artérias podem lacerá-las e resultar em hematoma epidural. A artéria meningea media que fica na fossa temporal é a mais lesada e seu hematoma em expansão provocado pela laceração pode levar a evolução rápida e morte. Hematomas epidurais também podem ser decorrente de seios durais e fratura da calota craniana, porem com evolução mais lenta · Aracnoide é fina e transparente. Como ela não está aderida a dura-máter há um espaço entre elas, o espaço subdural. As veias que vão da superfície do cérebro até o os seios venosos da dura-máter podem romper no espaço subdural no trauma, causando hematoma subdural · Pia-máter está firmemente aderida a superfície do cérebro. O LCR preenche o espaço entre aracnóide impermeável e a pia-máter, acolchoando o cérebro e a medula espinhal. Hemorragia nesse espaço, hemorragia subaracnóidea, é acompanhada de contusão cerebral ou trauma de grandes vasos na base do encéfalo ENCÉFALO · O encéfalo compreende o cérebro, cerebelo e tronco(mesencéfalo, ponte e bulbo) · Hemisfério esquerdo: contém os centros de linguagens · Lobo frontal: controla as funções de execução, emoções, funções motoras e área motora da fala · Lobo parietal: função sensorial e orientação espacial · Lobo temporal: funções de memória · Lobo occipital: visão · Mesencéfalo: conte o sistema ativador reticular responsável pelo estado de alerta · Bulbo: centro cardiorespiratório · Cerebelo: coordenação e equilíbrio SISTEMA VENTRICULAR · Sistema de espaços e aquedutos preenchidos por LCR. O LCR é produzido constantemente nos ventrículos é absorvido sobre a superfície do encéfalo COMPARTIMENTOS INTRACRANIANOS · O encéfalo é separado em regiões por divisórias de meninges bem resistentes · O tentório ou tenda do cerebelo divide a cavidade intracraniana em supratentorial e infratentorial. O mesencéfalo e o III nervo passa por uma abertura no tentorio, incisura da tenda do cerebelo. A região do cérebro que geralmente hérnia pela incisura da tenda do cerebelo é a parte medial do lobo temporal, conhecida com uncus. Isso pode causar midríase, pela compressão do III nervo. Pode comprimir também do trato corticoespinhal(piramidal) do mesencéfalo. O quadro seria: dilatação da pupila ipsilateral associado a hemiplegia contralateral FISIOLOGIA PRESSÃO INTRACRANIANA -A pressão intracraniana(PIC) elevada pode reduzir a perfusão cerebral -PIC normal = 10mmHg -PIC>20mmHg são associadas a piores resultados DOUTRINA DE MONRO-KELLIE É conceito que diz que o volume total intracraniano sempre permanece constante.Logo, em casos de aumento do volume intracraniano há um aumento da PIC para fazer com que o volume fique o mesmo já que o crânio é uma caixa rígida não expansível. Para isso o sangue venoso e o LCR podem ser comprimidos para fora do espaço intracraniano.Com isso deslocamento o volume e PIC ficam normais, no entanto ao atingir o limite de deslocamento do LCR e do sangue, há um aumento da PIC FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL PPC(pressão de perfusão cerebral) = PAM(pressão arterial média) – PIC -PAM entre 50-150 mmHg é auto-regulada para manter o FSC(fluxo sanguíneo cerebral) constante(auto-regulação) pressórica -Auto-regulação química: vasos cerebrais se contraem ou dilatam em respostas a PaO2 e PaCO2 · Dessa forma por haver lesões por hipotensão, hipoxemia, hipercapneia CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CRANIENCEFÁLICAS 1)GRAVIDADE DA LESÃO -O escore na Escala de Coma de Glasgow é usado como medida clinica da gravidade do TCE · TCE LEVE: 13-15 · TCE MODERADO: 9-12 · TCE GRAVE: 3-8 2)MORFOLOGIA O trauma craniencefálico pode incluir fraturas de crânio, lesões intracranianas(pode ser focais ou difusas) como contusões, hematomas, lesões difusas e inchaço resultando de edema e hiperemia FRATURA DE CRÂNIO · Fraturas no crânio podem ocorrer na calota ou na base do crânio · Base de crânio: necessita de TC com janela para osso para verificar. Sinais como equimose periorbital(guaxinim), equimose retroauricular(sinal de Battle), fístula liquórica através do nariz(rinorreia) ou do ouvido(otorreia) e disfunção do 7° e 8°(paralisia fácil e perda da audição) podem ocorrer imediatamente ou dias após o trauma. Casos mais graves podem atravessar o canal carotídeo lesando a carótida · Fratura de calota: para que ocorra necessita de uma alta energia. Ela pode comunicar o couro cabeludo e superfície cerebral se a dura-máter encontrar-se rota LESÕES CEREBRAIS DIFUSAS -Podem ser concussões leves a lesões hipóxicas isquêmica grave · As concussões são lesões citológicas que não são vistas na TC, com paciente apresentando distúrbio neurológico transitório que frequentemente inclui a perda de consciência · Lesões difusas graves resultam mais frequentemente de agressão hipóxica, isquêmica ao cérebro devido ao choque ou apneia após trauma. A TC pode ser inicialmente normal ou o cérebro aparece com edema difuso com perda distinção entre cinza e branco · Lesões por cisalhamento: impactos de alta velocidade ou desaceleração que produz hemorragias em pontilhados em todos hemisférios concentrando entra a substancia branca e cinza. É uma lesão cerebral grave LESÕES CEREBRAIS FOCAIS -Essas incluem: os hematomas epidurais, subdurais, intracerebrais e contusões · Hematomas epidurais: são mais raros, ocorrendo em 0,5% dos TCE. Tem forma biconvexa e geralmente acomete a região temporal pelo rompimento da artéria meningea media causada por uma fratura de crânio. Pode resultar também do rompimento de algum seio venoso que passa na dura-máter. O intervalo lúcido entre o momento da lesão e a apresentação clínica neurológica é sua forma clássica · Hematomas subdurais: são mais comuns que os epidurais. Eles ocorrem por dilaceração de vasos superficiais ou vasos em ponte do córtex cerebral. Na TC assume o contorno do cérebro, ou seja, é côncavo-convexo. Costuma ser muito mais grave do que o epidural devido a presença de lesão parenquimatosa concomitante · Contusões e hematomas intracerebrais: as contusões são comuns, ocorrendo em 30% dos TCE graves. Costuma afetar o lobo frontal e temporal. Elas podem evoluir em período de horas ou dias para um hematoma intracebral ou uma contusão coalescente com efeito de massa, ocorrendo em 20% das contusões confirmadas por TC. Dessa forma, pacientes com contusão deve ser submetido a TC repetidas nas 24h após a primeira TC para avaliar se houve mudança no padrão da contusão QUANDO FAZER TC NO TCE LEVE? · Suspeita de lesão de base de crânio · Suspeita de fratura exposta ou afundamento · 3 ou mais episódios de vômitos · >65 anos · Uso de anticoagulante · Perda de consciência por mais 5 minutos · Amnésia retrógada por mais de 30 minutos · Mecanismo de trauma importante · Cefaleia grave · Déficit dememória de curto prazo · Intoxicação por álcool ou drogas · Deficiência neurológica focal atribuível ao cérebro · Escore na ECG menor do que 15 até 2h após o trauma TRATAMENTO DO TCE LEVE(13-15 ECG) -TCE leve é definido por um escore de 13 a 15 na ECG após reanimação.A história clássica desses doentes é uma perda transitória da consciência devido a uma concussão após um TCE -Paciente com TCE leve está consciente e falando, podendo referir historia de desorientação, amnésia ou perda momentânea da consciência. Nunca atribua a alteração do nível de consciência a outros fatores (álcool, droga) até que a lesão cerebral tenha sido excluída -Na TCE leve apenas 3% apresenta piora para disfunção grave · Se o doente apresentar alteração na TC ou permanecer sintomático, ele deve ser hospitalizado e um neurocirurgião deve ser consultado · Se estiver assintomático, acordado e alerta, neurologicamente normal, poderá ser observado por algumas horas, reexaminado e receber alta com segurança. O doente que recebe alta deve ficar com acompanhante por 24h, sendo orientados de acordo com um protocolo de instruções e trazer a emergência de volta se aparecer cefaléia, declínio do estado mental ou déficit neurológico focal. TRATAMENTO DO TCE MODERADO(9-12) -10-20% piora e entram em coma -No geral chegam confusos ou sonolento, e podem apresentar déficit focal como hemiparesia TRATAMENTO DO TCE GRAVE -Não são capazes de obedecer a ordens simples mesmo após estabilização cardiopulmonar -Transferência imediata e consulta neurocirúrgica AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E REANIMAÇÃO VIA AÉREA E VENTILAÇÃO · A parada respiratória transitória e a hipóxia são comuns em doentes com lesão cerebral grave e pode gerar lesões cerebrais secundárias · Intubação endotraqueal deve ser realizado em pacientes comatosos · Ventilação é feito com oxigênio 100% até que seja colhido a sua gasometria para fazer o ajuste da FiO2 · Oximetria é útil, pois devemos alcançar saturações > 98% · PCO2 alvo é de aproximadamente 35mmHg · A hiperventilação deve ser reservada para casos de herniação ou lesão grave com deterioração neurológica CIRCULAÇÃO · A hipotensão so é por causa cerebral em estágios terminais ou em insuficiência medular · Devemos imediatamente reanimar o volemia do paciente · fonte da hipotensão deve ser procurada e tratada 50 a 69 anos: PAS => 100 mmHg 15 a 49 anos e maior que 70: PAS => 110 mmHg AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA · Ao estabilizar o estado cardiopulmonar do paciente deve realizar avaliação neurológica : Escala de Coma de Glasgow, resposta pupilar ao estimulo luminoso e a ocorrência de déficit neurológico localizado OBS: deve sempre fazer avaliação neurológica antes da administração de relaxantes musculares e sedativos. São recomendados em casos que a agitação do paciente coloque ele em risco ou quando é necessário para realizar uma intubação segura ANESTÉSICOS, ANALGÉSICOS E SEDATIVOS · Uso excessivo dessas drogas podem atrasar o reconhecimento da progressão da lesão cerebral, prejudicar a respiração · Use agentes de curta duração e facilmente reversíveis na dose mais baixa para realizar alívio da dor e sedação leve · Narcóticos podem ser usados para analgesia e revertidos com naxolona · Benzodiazepina IV de curta ação(midazolam) pode ser utilizado para sedação e revertido com flumazenil TC DE CRÂNIO · TCE moderado e grave deve pedir TC após a estabilização cardiopulmonar · Repetir TC toda vez que ocorrer alteração do estado clinico do paciente e dentro das 24h rotineiramente em casos de contusões intraparenquimatosas, doentes que usam anticoagulante, >65 anos e em hemorragias intracraniana com mais 10ml · Os achados mais importantes são: hematoma, contusões, desvio de linha media, obliteração das cisternas da base · Desvio a partir de 5mm é necessário cirurgia para evacuar coagulo ou contusão causadora do desvio TRATAMENTO CLÍNICO DO TCE O objetivo principal é prevenir lesões secundárias em um cérebro já lesado. O principio é oferecer um ambiente ótimo para recuperação para o neurônio recuperar sua função normal LÍQUIDOS INTRAVENOSOS · Uso padrão para reanimar em casos de hipovolemia CORREÇÃO DA ANTICOAGULAÇÃO HIPERVENTILAÇÃO · Normocapnia é preferível na maioria dos doentes · A hiperventilação age reduzindo a PaCO2 e produzindo vasoconstricção cerebral, podendo gerar isquemia cerebral · Já a hipercarbia( PaCO2 > 45) promoverá vasodilatação e aumentará a PIC · Curtos períodos de hiperventilação podem ser necessário para tratar déficit neurológico agudo enquanto outras medidas são iniciadas · Hiperventilação reduz a PIC em doentes que estão deteriorando com hematoma até que a descompressão seja realizada MANITOL · O manitol é um diurético osmótico potente usado para baixar a PIC · Usa-se 20% de manitol · Não deve ser utilizada em pacientes hipotensos pq a PIC não abaixa em situações de hipovolemia · Deterioração neurológica aguda( midriase, hemiparesia, perda de consciência) é um forte indicativo de uso de manitol SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA · Utilizada para reduzir a PIC · É preferível em pacientes hipotensos, já que não age como diurético BARBITÚRICOS · É recomendada para PIC elevada refratária ao tratamento clinico e cirúrgico ANTICONVULSIVANTES · 3 fatores ligados a alta incidência de epilepsia tardia: convulsões durante a primeira semana do TCE, hematoma intracraniano, fratura com afundamento de crânio · As convulsões agudas podem ser controladas com anticonvulsivantes quando necessário. As convulsões devem ser controladas, pois podem causar lesões cerebrais secundárias · Fenitoína(hidantal) é o agente de escolha na fase aguda · Convulsoes prolongadas podemos utilizar diazepam TRATAMENTO CIRÚRGICO LESÕES DE COURO CABELUDO, FRATURAS COM AFUNDAMENTO LESÕES INTRACRANIANA COM EFEITO DE MASSA · Devem ser tratadas por um neurocirurgião · A craniotomia de emergência so deve ser realizada por um não neurocirurgião em casos excepcionais em locais distante do centro neurocirúrgico em que o paciente esta se deteriorando rapidamente. Porém mesmo assim não é recomendado pelo comitê de trauma FERIMENTOS CRANIENCEFÁLICOS PENETRANTES · TC deve ser realizada · Antibioticoterapia profilática é recomendada em trauma penetrantes, fistula liquorica e fratura exposta · Objetos prenetantes que ficam exteriorizados não devem ser retirados até que seja excluído lesão vascular e tratamento neurocirúrgico estabelecido MORTE ENCEFÁLICA · Coma barbitúrico, hipotermia podem simular morte encefálica CRITÉRIOS DE MORTE ENCEFÁLICA RESUMO image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png image10.png image11.png image12.png image13.png image14.png image1.png image2.png