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Vitória Dantas - T83 Urologia - 1º Estágio Semiologia Urológica ● O rim se localiza na região lombar retroperitoneal, protegido pela 11ª e 12ª costelas e pela musculatura dorsal ○ Diante de algumas patologias (abscesso renal, por ex.), em crianças e mulheres magras (têm menor atuação hormonal e menor densidade muscular) é possível palpar o rim direito (que é mais baixo que o esquerdo → fígado empurra). ⇒ Não é possível palpar em homens, independentemente de serem magros ou gordos, porque amusculatura dificulta. ● O rim não tem terminações nervosas em seu sistema coletor, mas tem na cápsula renal, portanto, a dor só aparece em quadros de dilatação da cápsula renal ⇒ principais causas de dilatação: obstrução (retenção urinária – normalmente por cálculos renais) ou edema renal (causado por trauma, infecção ou inflamação – pielonefrite – congestão → edema → dilatação) ● Exame físico renal: palpação bimanual + giordano s/n. ● Exame físico vesical: palpação bimanual → só é palpável quando cheia. ○ Em casos de HPB sem complicações, o exame renal e vesical geralmente estão normais, sendo possível palpar o aumento da próstata pelo toque. ● Genitais externos: ○ pênis – o exame físico do penis obrigatoriamente tem que expor a glande (quando possível, retrair o prepúcio completamente) e verificar a posição do meato uretral que tem em média 0,8 - 1 cm do seu diâmetro. ○ bolsa escrotal – transiluminação = hidrocele (coloca uma luz atrás da bolsa escrotal e ele se ilumina); ■ Pode ser analisada mesmo com a ausência de testículos. ○ testículos – Sinal de Prehn avalia escroto agudo (positivo quando paciente refere alívio da dor ao elevar a bolsa escrotal → sugere orquiepididimite e afasta a suspeita de torção testicular, neste caso, a dor não passa de jeito nenhum) ■ O esquerdo é um pouco MAIS BAIXO que o esquerdo, mas, normalmente, possuem o MESMO TAMANHO. ○ epidídimos – localizam-se sobre a borda póstero-superior dos testículos e são facilmente perceptíveis entre os dedos polegar e indicador → Manobra de Chevassu Dor renal Dor lombar de origem osteomuscular Bem localizada e unilateral Às vezes difusa e bilateral Abrupta Insidiosa Sem posição de melhora ou piora Existem fatores atenuantes e agravantes Não é precedida por esforço físico Desencadeada e agravada por esforço físico Mais comum na faixa de 20-40a Mais comum na faixa de 40-50a Histórico de problema renal prévio (nefrolitíase, ex) Sem histórico prévio Vitória Dantas - T83 ○ canais deferentes – sempre realizar comparação entre ambos, na palpação só dá para diferenciar e sentir o ducto deferente, que é espesso e endurecido (por isso, faz-se a vasectomia pela bolsa escrotal). O seu segmento inferior do canal se continua na cauda do epidídimo e pode ser reconhecido como corda de chicote à palpação, em casos de TB urogenital, fica com aspecto de contas de rosário. ○ cordões espermáticos – VARICOCELE - é mais comum à esquerda pelo fato da veia testicular desembocar em 90º na veia renal esquerda e isso causar um maior grau de refluxo venoso quando associado a valvas incompetentes. Por outro lado, a veia renal direita desemboca, a 60º, direto na VCI, que tem um maior fluxo e dificulta o retorno venoso. → Principal causa de infertilidade masculina, pois aumenta a temperatura do testículo, que deveria ser mais baixa que a corporal, matando os espermatozoides. ● Genitais internos: ○ próstata: A partir dos 50 anos, a próstata tende a crescer, mas esse crescimento NÃO É UNIFORME e é LENTO (em média de 15 anos), então o paciente vai se acostumando a urinar mal, nem sempre a queixa principal será o sintoma urinário! ■ O crescimento CENTRAL gera mais sintomas porque OBSTRUI A URETRA PROSTÁTICA, enquanto o crescimento PERIFÉRICO (mais comum no CA de próstata) não se associa a sintomatologias tão evidentes. ● Portanto, o crescimento prostático NÃO É DIRETAMENTE PROPORCIONAL ao câncer de próstata ⇒ “o importante não é o tamanho, é o sintoma”; O toque retal analisa somente a parte posterior do órgão, por isso, é sempre importante realizar USG ou outro exame de imagem. ● Necessita de perguntas específicas para o paciente entender o que é “urinar mal” → IPSS (0 a 7 – leve; 8 a 19 – moderado; 20 a 35 – grave) ● Em caso de retenção urinária de origem prostática, no idoso, não é correto utilizar a sonda de alívio ou encaminhar para a emergência⇒ vai tirar um bexigoma, mas não vai impedir que outro se forme logo depois. Nesse caso, a conduta é colocar uma Sonda de Foley (sonda de demora) e encaminhar para o ambulatório de Urologia. ● Anúria é a incapacidade do paciente de PRODUZIR urina, se ele está com bexigoma, a urina está sendo produzida, mas está com RETENÇÃO URINÁRIA por obstrução. “Não tem como um paciente com bexigoma ter anúria”. ■ O toque retal normalmente não causa dor importante, sendo sugestiva, caso presente, de outras doenças. Por meio dele, também é possível palpar a região distal do reto (onde mais ocorrem lesões no CCR), sendo possível identificar irregularidades. Deve ser avaliada também a região perineal, se dor, criptite ou fissura anal. ○ vesículas seminais: não é possível alcançá-la pelo toque retal, deve-se fazer USG (ou RNM, como 2ª opção). Vitória Dantas - T83 Fisiologia da Micção e Bexiga Neurogênica ● Entender que micção = contração detrusora da bexiga; ○ Primeiro contrai a bexiga e depois abre o esfíncter. Centro de micção Inervação do trato urinário Função Suprapontino Alça do córtex para a ponte Influência inibitória voluntária Pontino Alça da ponte para o centro sacral Coordenação (sinergia) da micção + impedimento da dissinergia (inversão da ordem ou contração e abertura ao mesmo tempo) Medular (centro sacral) Alça do centro sacral para a bexiga Sistema parassimpático → NERVO PÉLVICO S2-S4 receptores Muscarínicos M3 Arco reflexo da micção: O parassimpático ativo pela via eferente contrai a bexiga, estimulando a micção. Durante o esvaziamento, o processo de micção mantém-se por meio do arco reflexo, através do nervo pélvico. Sistema simpático → NERVO HIPOGÁSTRICO T10-T12 receptores adrenérgicos beta-3 e alfa-1 O simpático ativo libera noradrenalina inibe a micção, diminui a contração detrusora da bexiga. O B3 inibe a contração da bexiga e o A1 contrai o esfíncter interno. Sistema somático → NERVO PUDENDO receptores nicotínicos Contração voluntária do esfíncter externo, pela liberação da acetil-CoA e ativação dos receptores. ● Resumindo: ○ Contração voluntária: centro suprapontino + sistema somático (nervo pudendo) ○ Contração involuntária: sistema simpático (nervo hipogástrico) ○ Liberação involuntária: centro sacral → sistema parassimpático (nervo pélvico) ○ Coordenação de tudo: centro pontino * Fluxo máximo normal da mulher: 20 ml/s; Fluxo máximo normal do homem: 15 ml/s ▪ Diminuição de fluxo máximo no homem, pode-se pensar em HPB, estenose uretra, etc. Fase Ação muscular Atuação neural Armazenamento vesical relaxamento da m. detrusora contração do esfíncter ext. Sistema simpático + somático Esvaziamento vesical contração da m. detrusora relaxamento do esfíncter ext./uretral Sistema parassimpático ● Disfunção vesical + patologia neurológica = bexiga neurogênica ● Diagnóstico da bexiga neurogênica: ○ ESTUDO URODINÂMICO – padrão ouro, avalia a pressão detrusora (pressão vesical - pressão abdominal), diferencia de outras patologias (HPB, AVC…) e a causa da disfunção (contrações involuntárias ou bexiga de baixa complacência) Vitória Dantas - T83 ○ Urofluxometria – realiza-se antes da urodinâmica e avalia possíveis obstruções (fluxo normal na mulher é 20ml/s e no homem é 15ml/s). A ↓ do fluxo pode ser sugestivo de HPB ou estenose de uretra. ● Complacência da bexiga: capacidade da pressão vesical se manter normal e constante mesmo com o aumento do volume urinário armazenado, isso é definido pelo conceito de vesicoelasticidade da parede da bexiga. Centro Apresentação clínica Sinais e sintomas Achados urodinâmicos Parassimpático excessivamenteativado Fase de enchimento →Hiperatividade detrusora sintomas irritativos: incontinência de urgência (sintoma absoluto), polaciúria, noctúria, incontinência ● ↑ sensibilidade vesical; ● ↓complacência vesical; ● ↑capacidade cistométrica; ● detrusor hiperativo ● Mecanismo de fechamento uretral incompetente. Simpático excessivamente ativado ou Centro pontino desregulado (dissinergia - contrai a bexiga, mas não libera o esfíncter) Fase de esvaziamento → Hipoatividade detrusora retenção urinária por não contração: hidronefrose, IRA, ITU, bexigoma ● detrusor acontrátil ou hipoativo; ● dissinergia detrusor-esfincteriana; ● obstrução funcional por distúrbio de relaxamento do esfíncter uretral; ● obstrução infravesical. Clínica USG Urodinâmico Lesão suprapontina (A) não pegou a coluna ↑Sintomas de armazenamento volume pós-residual insignificante hiperatividade detrusora Lesão espinal (infrapontina e suprasacral - B) lesão a nível das vértebras cervicais e torácicas Sintomas de armazenamento e enchimento ↑VPR hiperatividade detrusora com dissinergia vesicoesfincteriana Lesão sacral ou infrasacral (C) lesão a nível das vértebras lombares ↑Sintomas de esvaziamento ↑↑VPR hipocontratilidade ou acontratilidade detrusora ● Causas: ○ Mielomeningocele: previne com ác. fólico; ○ Trauma raquimedular: Vitória Dantas - T83 ■ na fase aguda 2 a 6 semanas: hipoatividade (nos primeiros dias, sonda vesical, depois que melhorar da uremia faz o cateterismo intermitente limpo; sempre tratar primeiro a uremia); Lesão do nervo pudendo. ● Apresentação de dor + escape de urina indicam obstrução da sonda vesical. ■ na fase tardia: hiperatividade ○ AVC ■ na fase aguda: arreflexia detrusora (choque cerebral) ■ na fase tardia: hiperatividade (com contrações detrusoras não inibidas, urgência de incontinência, polaciúria) ○ Neuropatias (em maioria, causam bexigoma): hipoatividade ■ Esclerose múltipla, parkinson, Diabetes, HTLV Lesões suprapontinas Lesões raqui Lesões sacrais Achado urodinâmico fase tardia = bexiga hiperativa hiperatividade + esfíncter com pressão aumentada = discinesia bexiga hipoativa/arreflexa + esfíncter normal ou relaxado = hipocontratilidade ou acontratilidade detrusora Clínica incontinência hidronefrose bexigoma ● Disreflexia autonômica (EMERGÊNCIA): distensão excessiva da bexiga em pacientes neurológicos, com desordem SIMPÁTICA agressiva, gerando uma DESCARGA ADRENÉRGICA ⇒ pico hipertensivo, bradicardia e sudorese; ○ TRATAMENTO: NIFEDIPINA OU NPS ● Tratamentos: ○ Hiperatividade: (bexiga espástica, urge-incontinência, sintomas irritativos) – terapia comportamental + fisio do assoalho pélvico + tto farmacológico + neuromodulação; ■ anti-muscarínicos e anticolinérgicos (estes bloqueiam a ação da acetilcolina); (Oxibutinina, tolterodina, solifenacina ou darifenacina); contraindicado para glaucoma de âng. agudo, com efeitos colaterais de ressecamento. ■ agonistas adrenérgico B3 (Mirabegron 50mg 1x/dia) - tem menos efeitos colaterais, mas é mais caro. ■ botox - 1ª linha pós-tratamento não medicamentoso, impede a secreção da acetil-coa e a contração da bexiga; podem causar retenção urinária, hematúria e ITU; Precisa de reaplicação com 6 meses! ■ neuromodulação – pode ser periférica (nervo tibial posterior, que estimula a região sacral); sacral (implante de dispositivo em S3, com estímulos sacrais diretos, pode causar choques, risco de infecção e não pode realizar RNM); ampliação da bexiga (em casos de dissinergia, atrofia ou baixa complacência - pega um segmento do intestino e acopla à bexiga) ■ FINASTERIDA, DEXMEDETOMIDINA OU BETANECOL NÃO TRATAM HIPERATIVIDADE DETRUSORA Vitória Dantas - T83 ○ Hipoatividade (hipo/a/rreflexia, bexigoma, dissinergia) – cateterismo intermitente ■ Sonda de 3 vias em caso de pacientes com hematúria → coágulos podem obstruir a sonda. Vitória Dantas - T83 Incontinência Urinária de Esforço Feminino ● Conceito: fraqueza da musculatura do assoalho pélvico feminino (45-60a), com perda de urina aos esforços, por vezes associada a abaulamento vaginal (sensação de massa) → quando aumenta a pressão vesical, o esfíncter não aguenta a pressão da bexiga e vaza a urina. Normalmente acontece secundariamente a cirurgias no assoalho pélvico. ● Classificação: Incontinência de esforço puro; Incontinência de urgência – devido à bexiga neurogênica; Incontinência mista – paciente com incontinência de esforço e hiperatividade detrusora (causa comum: HTLV) ○ Para realizar essa classificação, precisa de exame complementar. O urodinâmico é quem avalia a hiperatividade detrusora com perdas. ■ Pressão de perda urinária muito baixa sugere deficiência esfincteriana intrínseca e sugere uma IUE mais grave. ● Fatores de risco: idade, etnia (↑caucasianas), aumento crônico da pressão intrabdominal (obesidade. constipação crônica e gravidez); pneumopatas (tosse crônica/DPOC); histórico de cirurgias pélvicas; multiparidade (↑partos vaginais); menopausa (↓estrogênio); histórico familiar. ● Diagnóstico: Eminentemente clínico → exame físico em posição ginecológica – stress test, Valsava, tosse → avaliar se há perda miccional ou prolapso de órgão pélvico (se tiver prolapso, sempre avaliar a perda com o prolapso reduzido); avaliar níveis de estrogênio, EAS, Estudo Urodinâmico (padrão ouro se sintomas irritativos, presença de incontinência de urgência ou incontinência mista), USG ○ O prolapso mascara a incontinência, pois comprime a uretra (incontinência obscura/oculta), primeiro reduz o prolapso, depois pede para a paciente tossir; Se isso não for avaliado e for feita somente a cirurgia de prolapso, a paciente pode apresentar a IUE pós-operatória. ● Fatores de risco para POP: menopausa, multiparidade, tabagismo, cirurgias pélvicas prévias - histerectomia ○ Nos casos de prolapso com sintomas moderados-graves, a cirurgia dele e da IUE devem ser feitas concomitantemente ● Tratamento: conservador (perda leve) ou cirúrgico (pacientes com muita perda urinária mesmo com pouco esforço); ambos, se incontinência mista. ○ Sling retropúbico/transobturatório de uretra média: padrão ouro - Uso de Fita de polipropileno, que é utilizado para elevar a uretra, aumentando o tônus da região – tem riscos de perfuração, usado só em casos mais graves; ○ CIRURGIA DE BURCH: Colposuspensão, feito em pacientes com hipermobilidade uretral (visualizado quando pede-se para tossir) → Liga o ligamento de Cooper no pectíneo e vai elevando, suspendendo toda a região; ○ INJEÇÃO SUBURETRAL: Não é muito usado, sem muitos bons resultados – Injeta uma substância ao redor da uretra para aumentar a pressão nessa área. Vitória Dantas - T83 HPB ● Tamanho NÃO É diretamente proporcional à gravidade. ○ HPB acomete mais as zonas de transição e central. Hiperplasia da central causa mais sintomatologias que da zona de transição. ● Se o paciente não conseguir responder às perguntas do IPSS, faz-se a urofluxometria (Normal: 10 – 15 ml/s; Leves: < 15; Moderado: 10 - 5; Graves: < 5 ) e depois a urodinâmica, esta ajuda a diferenciar se o problema está na próstata (esvaziamento) ou na bexiga (AVC, por exemplo). Grau Clínica Tratamento Segmento Leve (IPSS 0 – 7) a bexiga compensa sem sofrimento detrusor - Acompanhamento de 6 meses a 1 ano Moderado (IPSS 8 – 19) a bexiga compensa, mas tem o sofrimento; Normalmente, inicia o tto medicamentoso somente acima de 10 pontos. <40 g: alfa-bloqueador (doxazosina) Primeiro reavalia com 3 meses, depois em 6m-1a >40 g: alfa-bloqueador (doxasozina) + bloqueador da 5-alfa-redutase (finasterida) Grave (IPSS 20 – 35) espessamento da parede vesical⇒ perda da capacidade de esvaziamento e de contração; Presença de sintomas obstrutivos e/ou irritativos; As cirurgias retiram a zona central e deixam somente a zona de transição. <80g: ressecção transuretral (RTU) - padrão ouro Pós-op: sonda por 3-5d >80g: cirurgia aberta - prostatectomia aberta transvesical Pós-op: sonda por 15d + citostomia por 15d ● Tto moderado é medicamento,cirúrgico se não responder. Tto grave é cirúrgico, medicamento se for contraindicado. ● Outras indicações de cirurgia: IPSS moderado a grave sem resposta ao tratamento clínico, história de rua, infecção urinária de repetição, hematúria recorrente, litíase vesical, lesão do TU superior (hidronefrose, Insuficiência Renal). ● Alfa-bloqueadores: ○ Doxazosina: dose única diária e baixo custo → não seletivos ○ Tansulosina e alfuzosina → urosseletivos, causam menos hipotensão postural. ● Normalmente, os níveis de testosterona (células de Leydig) e de DHT (adrenal) estão normais. ○ A hiperplasia acontece principalmente porque houve a perda da capacidade de apoptose. ● Diagnósticos diferenciais: Câncer de próstata e de bexiga, cálculos vesicais, cistites, bexiga neurogênica, estenose de uretra, sequelas de neuropatia ○ Cistite actínica e uretrite não são. ● Apesar da RTU de próstata ser padrão ouro para tto da HPB nos últimos 30 anos a prostatectomia aberta ainda é a modalidade terapêutica com melhor resultado a longo prazo no que diz respeito a melhora dos sintomas, fluxo urinário e menor taxa de intervenção ● São complicações da HPB a hematúria macroscópica, infecções urinárias recorrentes, insuficiência renal pós-renal ou litíase Vitória Dantas - T83 Litíase Urinária ● Clínica típica: Cólica nefrética (dor em flanco e abdome, continua + náuseas, vômitos, sudorese, taquicardia e hipertensão), dor referida (inguinal, testículo, grandes lábios, uretra), dor descendo (sendo expulso), disúria, polaciúria, hematúria, piócitos. ○ Início em flanco com irradiação para fossa ilíaca ipsilateral. ○ Disúria e polaciúria são sintomas relacionados a cálculos a nível de JUV, com proximidade vesical. ● Epidemiologia típica: homens entre 20-40 anos, história familiar, desidratação, pouca atividade física, dieta rica em cálcio… ● Cálculos até 0,7 cm normalmente não necessitam de intervenção, realiza-se tratamento sintomático (analgésico + antiemético + hidratação); ○ Pode mandar para casa com Doxazosina e retorno se muita dor, febre ou parar de urinar ○ Litotripsia com ondas de choque extracopórea (LOCE): ondas de choque dissolvem cálculo em poeira, resolve a maioria dos intrarrenais ou na JUP, entre 0,7 e 2cm, com densidade menor que 1000. ○ Nefrolitotomia percutânea: para cálculos > 2cm em pelve renal ou não resolvidos pela LOCE ○ Nefrolitotomia aberta (anafrótica): em casos de refratariedade aos outros métodos; e cálculos de difícil anatomia (cálculo coraliforme, por ex.) ○ Cistoureterolitotomia: para cálculos ureterais, contraindicado se infecções ● Tratamento se (1) Infecção associada e (2) IRA pós-renal: analgesia + antibioticoterapia + desobstrução imediatamente com cateter duplo J ou nefrostomia percutânea. Internar, principalmente se for idoso. ○ A maioria dos cálculos são de oxalato de cálcio. Pode-se pensar em estruvita quando tem a associação com ITU (a ITU acontece primeiro). ○ Em casos de repetição: Primeiro trata-se a ITU por sete dias, depois a litíase vesical + antibioticoterapia profilática de recorrências. Vitória Dantas - T83 Câncer de Próstata ● São, em maioria, assintomáticos, pois tem maior incidência na zona periférica; Rastreamento a partir dos 50 anos (45, se fator de risco) com toque retal + PSA; ○ Fatores de risco: >65 anos, afrodescendentes, histórico familiar, má qualidade de vida, mutações BRCA-1 e BRCA-2, altos níveis de IGF-1. HPB não é fator de risco! ● Indicações de biópsia: ○ PSA total >10; ○ PSA total entre 2,5 – 10 + 1 ou mais dos seguintes fatores: ■ Relação PSA total/livre abaixo de 10%; ■ Cinética do PSA demonstrando um aumento de 0,75 em dois anos consecutivos; ■ Densidade prostática >15%; ○ Toque alterado (independentemente se USG, RNM, exame da NASA normal, se o toque for alterado, pede a biópsia, e se der normal, pede para repetir); Tumor neuroendócrino de próstata não altera PSA, por exemplo. ● Repetir biópsia se: toque alterado, PSA crescente e/ou persistentemente elevado, ASAP (pode solicitar só a imunohistoquímica) ou PIN D’AMIGO risco de metástase Critérios Tratamento risco baixo PSA <10 + Gleason 6 + CT1-2a → Vigilância ativa (acompanhar, se o tumor aumentar trata) → Braquiterapia → Prostatectomia radical (resposta de muita questão) →Radioterapia externa → HIFU → Crioterapia risco intermediário PSA 10-20 ou GS 7 ou cT2b → Prostatectomia radical + LND estendida → Radioterapia externa + hormonioterapia (HTX) risco alto - localizado PSA > 20 GS > 7 ou cT2c → Prostatectomia radical + LND estendida → Radioterapia externa + hormonioterapia risco alto - localmente avançado N+ - apresenta acometimento linfonodal -, independentemente do PSA, do Gleason ou do tamanho do tumor T3-T4 (que já ultrapassou a cápsula) ou tem linfonodo regional acometido (cN1) Terapia multimodal: → cirurgia (prostatectomia radical com linfadenectomia estendida) + terapia adjuvante (radioterapia ou hormonioterapia) → Radioterapia externa + hormonioterapia (por 3 anos)⇒ Se o paciente não quiser operar ou se o cirurgião achar que o risco não compensa. Plus - Com metástase Não é feito prostatectomia, porque o paciente está com doença a distância e não tem como curar. Professor ressalta que o paciente não é paliativo! Nas questões, normalmente aparece com uma cintilografia óssea mostrando a metástase no Esqueleto Axial. DESTILBENOL → agonista estrógeno não-esteróide → O tratamento é feito com a supressão da testosterona/androgênios ou inibição da ação de androgênios circulantes, porque a testosterona alimenta a doença⇒ (orquiectomia bilateral ou castração química com análogos LHRH (declínio em 2 a 4 semanas) ou antiandrogênicos - já diminui desde o início, sem haver flare up) Gleason (Grau de diferenciação histológica) ISUP 6 1 7 = 3+4 2 7 = 4+3 3 8 4 9-10 5 Vitória Dantas - T83 ● Vigilância ativa → Acompanhamento de 6/6 meses com toque, PSA, USG e biópsia. Indicado para: ○ T1/2a; ○ PSA < 10; ○ ISUP 2: gleason 7 (3+4); ○ Até 3 fragmentos positivos; ○ No fragmento, tem que ter < 50% de acometimento na biópsia. ● Paciente com dor em esqueleto axial → solicitar cintilografia óssea para buscarmetástase; ● Aumentar a ingesta de selênio, vitamina E ou licopenos (tomate) não é fator de risco nem protetor para o CA de próstata; ○ O uso de 5-alfa-redutase diminuiu o número de casos com CA, mas quando surgiu, foi um quadro mais grave → portanto, não é usado de maneira profilática ● Recidiva bioquímica: PSA >= 0,1 ou 3 elevações consecutivas do PSA. Vitória Dantas - T83 ITU ● Principal agente etiológico: E. coli ● Mais comum em: mulheres, idosos (hpb inatividade da musculatura detrusora ↑resíduo miccional e perda da capacidade de causar polaciúria) ○ É mais comum uma mulher ter infecção urinária do que homens em virtude de a uretra da mulher ser retilínea e curta (2-3cm), e fica na entrada do intróito vaginal; enquanto a uretra do homem tem 25cm e o óstio uretral fica longe do ânus; O uso de estrogênio tópico ou VO ajudam na prevenção de ITU em mulheres pós-menopausa. ● É a principal causa de Febre Sem Sinais Localizatórios em crianças de 2 meses a 2 anos ○ 90% dos pacientes com ITU apresenta trato urinário normal, porém em infecções abaixo de 5 anos de idade, é importante fazer avaliação da criança de malformações, principalmente na 1ª infância → Avaliação de vias urinárias por USG e radiografia; ○ De 8 a 12 semanas: a via principal é a hematogênica; após os 3 meses a via é a ascendente (colonização uretral); Em meninos, pode ter associação com fimose ● Indicações para estudo radiológico: Persistência bacteriana; Crianças; Pielonefrite aguda + cistite (risco maior de se ter refluxo vesicoureteral); Antecedente de doença urológica prévia (como cálculos e malformações); ITU + hematúria (pode ter associação com doença neoplásica, mesmo QUE SEJA UMA HEMATÚRIA SEM OUTROS SINTOMAS); Prostatismo em homem (a estase pode causa ITU) ● Sempre colher exames (Urocultura + Antibiograma; >100.000 col/ml) primeiro, depois iniciar tratamento empírico(se tiver sintoma, fornece o antibiótico). Obtendo boa resposta e o antibiótico sendo sensível, orientar quanto a precaução de outros episódios. ● Lesão medular cursa com bexiga neurogênica, causando ITU por resíduo pós-miccional ○ Geralmente esses pacientes precisam de sondagem permanente ou cateter intermitente aumenta risco de infecção; 40% dos lesados medulares falecem por sepse urinária. Apresentação de bacteriúria Clínica Tratamento ITU baixa ou cistite (+ comum) polaciúria, dor em baixo ventre e disúria aminoglicosídeo, cefalosporina 3ª geração, quinolonas ITU alta ou pielonefrite aguda febre e queda do estado geral (sintomas sistêmicos) aminoglicosídeo, cefalosporina 3ª geração, quinolonas, de preferência EV → urgência (evolui para sepse em 72h) Assintomática (+ comum em idosos) bexiga do idoso → atrofia da musculatura detrusora aminoglicosídeo, cefalosporina 3ª geração, quinolonas trata somente: gestante (pelo risco de parto prematuro → avaliação trimestral) pielonefrite aguda e diabéticos. (não trata idosos) ITU recorrente - Reinfecção (90%) bactérias diferentes - Persistência bacteriana (10%) mesmo agente, tratamento incorreto, anomalias vesicoureterais, corpo estranho, focos crônicos renais ou prostáticos