Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Júlia Morbeck – @med.morbeck Incontinência Urinária • INCONTINÊNCIA URINÁRIA: perda involuntária de urina (uretral ou extrauretral – fístula vesivaginal). • INCONTINÊNCIA URINÁRIA AOS ESFORÇOS (IUE): perda involuntária de urina associada a qualquer esforço físico, sendo os mais comuns o riso e a tosse. • INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE URGÊNCIA (IUU): perda involuntária de urina acompanhada ou precedida imediatamente por uma sensação de necessidade iminente de urinar. • INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA (IUM): perda urinária em que tanto o componente de esforço quanto o de urgência estão associados. • BEXIGA HIPERATIVA: é um quadro associado a sintomas de urgência urinária, podendo haver, ou não, um quadro de incontinência associado; as principais manifestações são o aumento de frequência urinária e a noctúria (aumento de micções durante à noite). • HIPERATIVIDADE DO DETRUSOR: quando a incontinência urinária de urgência é demonstrada em um teste urodinâmico pela presença de contrações involuntárias do detrusor. Sinônimo mais antigo: instabilidade do detrusor. • INCONTINÊNCIA URINÁRIA FUNCIONAL: refere-se aos casos em que a paciente não consegue chegar ao banheiro por limitações físicas, psicológicas ou mentais. • BEXIGA NEUROGÊNICA: em pacientes com lesões nervosas, há uma perda da capacidade de reconhecer o enchimento vesical e, consequentemente, de realizar o esvaziamento. Nesses casos, pode haver incontinência urinária por transbordamento, quando a capacidade volumétrica da bexiga chega ao seu máximo. Parto vaginal: estiramento do assoalho pélvico. QUADRO CLÍNICO SINTOMA IUU IUE Urgência Sim Não Aumento de frequência Sim Não Perda com esforços Não Sim Volume de perda urinária em cada episódio Grande Pequeno Consegue chegar ao banheiro quando apresenta urgência Frequentemente não Sim Acorda à noite para urinar Sim Não DIAGNÓSTICO Anamnese • Número de micções; • Absorventes usados por dia; • Perda urinária aos esforços; • Consegue chegar até o banheiro; • Quantidade de líquido que ingere; • Uso de diuréticos e medicações; • Patologias descompensadas (DM2, ICC); • Consumo excessivo de café e álcool; • Radioterapia – pode causar fibrose dos tecidos e ligamentos; • Lesões em assoalho pélvico; • Tabagismo; • Tosse crônica; • Ritmo intestinal. TERMOS TÉCNICOS ASSOCIADOS • Noctúria: É a vontade e necessidade de urinar que obriga uma pessoa a se levantar após ter se deitado para dormir. • Nictúria: É a inversão do hábito urinário normal, onde uma pessoa urina mais e em maior quantidade durante a noite que durante o dia. • Enurese: perda involuntária da urina. • Polaciúria: aumento da frequência (>8) • Poliúria: aumento do volume. • Sensação de esvaziamento incompleto: sensação de que ainda restou urina. • Urgência miccional: desejo repentino que pode ou não provocar perda urinária. • Hesitação: dificuldade em iniciar a micção mesmo com vontade. • Disúria: dor ou desconforto ao urinar. • Hematúria: presença de sangue na urina. • Retenção Urinária: impossibilidade em urinar mesmo após esforço miccional. DIÁRIO MICCIONAL: A paciente deve fazer um registro, por ao menos três dias, sobre o volume de líquido ingerido, número de micções diárias e número de perdas involuntárias com os horários específicos. EXAME FÍSICO • Exame ginecológico; • Avaliar perda objetiva de urina – Manobra de Valsalva; • Atrofia vaginal; 2 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Prolapsos; • Reflexo bulbocavernoso – cotonete estimula o lábio externo – avalia lesão nervosa. • Reflexo anocutâneo - avalia lesão nervosa. ESTUDO URODINÂMICO ↠ Estudo do armazenamento e esvaziamento vesical. INDICAÇÕES • Suspeita de obstrução infravesical; • Recidiva pós tratamento cirúrgico; • Doença neurológica associada (bexiga neurogênica); • Sintomas de hiperatividade sem melhora com tratamento clínico; • Sintomas atípicos de incontinência urinária; Urofluxometria ↠ Paciente com a bexiga cheia faz xixi em um recipiente que fica em cima da balança. ↠ Avalia o fluxo urinário da paciente. • Fluxo máximo: 15ml/s – 40 ml/s. • Volume urinado: 150ml – 500ml. • Resíduo pós miccional até 20% do urinado. • Morfologia da curva (sinusoide). Cistometria ↠ Bexiga vazia, a paciente deita na maca e vai ser introduzido duas sondas, uma vesical e outra retal ou vaginal (pressão abdominal). A sonda vesical possui duas vias, uma via você consegue infundir soro. ↠ A paciente pode ficar em uma cadeira ou em pé, nesse momento irá fazer a infusão de solução salina (avalia a fase de enchimento vesical), pedindo para a paciente fazer manobra de valsava e vendo se a paciente tem alguma perda urinária. No enchimento vesical pode-se avaliar: hiperatividade detrusora e incontinência urinária ao esforço. • Capacidade cistométrica máxima: 350 - 550ml. Quando há perda urinária com a manobra de Valsalva, deve-se avaliar a chamada pressão de perda, pressão intravesical que leva à perda de urina. Se a pressão for inferior à 60 cm H2O, caracteriza-se um defeito esfincteriano intrínseco; já se a pressão de perda for superior à 90 cm H2O, sugere hipermobilidade do colo vesical. Em alguns casos, pode haver diagnóstico de perda urinária aos esforços apenas no estudo urodinâmico, configurando uma incontinência urinária aos esforços urodinâmica. 3 Júlia Morbeck – @med.morbeck Estudo miccional ↠ A paciente senta no vaso e faz xixi. Avalia possíveis alterações vesicais de esvaziamento. Detrusor estável – Incontinência urinária de esforço. Incontinência urinária mista Fluxo máximo diminuído (11ml/s). Alteração do esvaziamento vesical. Baixa pressão no músculo detrusor. HIPOCONTRATILIDADE DO DETRUSOR. Fluxo máximo diminuído (5ml/s). Músculo detrusor se eleva bastante. OBSTRUÇÃO INFRAVESICAL. Exame normal 4 Júlia Morbeck – @med.morbeck EXAMES COMPLEMENTARES • Sumário de urina e urocultura – afastar quadros infecciosos; • USG de rins e vias urinárias. TRATAMENTO Bexiga hiperativa • Perda de peso, cessar tabagismo; • Tratar constipação; • Redução da ingesta hídrica, principalmente, 2h antes de deitar; • Treinamento vesical (meta: intervalo miccional de 4 horas); • Fisioterapia pélvica: melhorar o trofismo da musculatura; • FARMCOLÓGICO: estrogênios tópicos, anticolinérgicos (oxibutinina, darifenacina), toxina botulínica – cistoscópico. INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO • Retirar os fatores de risco modificáveis; • Pressário e cones vaginais; • Os exercícios terapêuticos para o assoalho pélvico, também chamados de exercícios de Kegel, promovem o fortalecimento da musculatura pélvica com séries de poucas repetições e aumento progressivo de força. • FARMACOLÓGICO: estrogênios tópicos. Atualmente, a recomendação é para aquelas mulheres que iniciaram quadro de incontinência após a menopausa, com sintomas leves a moderados e sem prolapsos genitais importantes. O estrogênio parece melhorar o trofismo local, aumentando o turgor e a vascularização uretral. Além disso, o uso de estrogênio aumenta a população de lactobacilos vaginais, diminuindo o risco de infecções de trato urinário, que podem levar à incontinência. Doenças da próstata fibroelástica, 20-30g, atravessada pela uretra. ↠ Dividida em 3 regiões: • Zona central ou periuretral; • Zona de transição; • Zona periférica. HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA ↠ Prevalência aumenta com a idade; ETIOLOGIA: envelhecimento, síndrome metabólica, genética. Quadro clínico SINTOMAS OBSTRUTIVOS SINTOMAS IRRITATIVOS: relacionados a bexiga (está menor e mais rígida) Sintomas de esvaziamento Urgência Hesitância Jato fraco ou afilado IntermitênciaGotejamento terminal Polaciúria Noctúria Incontinência de urgência 5 Júlia Morbeck – @med.morbeck SINTOMAS PÓS-MICCIONAIS Esvaziamento incompleto Gotejamento pós-miccional ESCORE INTERNACIONAL DE SINTOMAS PROSTÁTICOS (IPSS) ↠ 7 perguntas básicas relacionadas a frequência q os pacientes sentem alguns sintomas. A resposta varia da pontuação 0-5 pontos. • Leves: IPSS de 0 a 7 • Moderados: IPSS de 8 a 19 • Graves: IPSS de 20 a 35 COMPLICAÇÕES: retenção urinária aguda, infecção urinária e prostatite, litíase vesical, falência do detrusor, insuficiência renal aguda pós-renal ou crônica (hidronefrose bilateral), hematúria. Anamnese e Toque retal Toque retal: características da próstata (fibroelástica, sulco interlobular), nódulos endurecidos (característico do CA de próstata). PSA (> 60 anos: normal é menor que 4ng/ml). PSA > 40 anos, US prostática, biópsia prostática. Se interfere na qualidade de vida, porém não tem sinal de gravidade → medicamento para dilatar a uretra. Se interfere na qualidade de vida e tem sinais de gravidade → Ressecção Transuretral da Próstata (RTU da próstata) – sangramento (suspender AAS e SVF+irrigação). CÂNCER DA PRÓSTATA ↠ Tumor sólido e maligno mais frequente nos homens. O rastreamento inicia-se em >40 anos com fator de risco ou >45 anos sem fator de risco. ↠ A maior parte dos pacientes é assintomático, por isso, a maioria descobre durante o rastreio. ↠ Nos casos sintomáticos as principais manifestações clínicas incluem: • Disúria • Hematúria • Retenção urinária • Incontinência urinária • Hematospermia • Disfunção erétil • Perda de peso • Fraqueza ↠ Nos casos em que há lesão metastática, fazem parte dos sintomas: • Dor óssea • Fraturas patológicas • Perda de peso e anemia • Paresia e/ou parestesia de membros inferiores (secundárias à compressão medular por metástases ósseas da coluna vertebral) Ciatalgia bilateral em homens com mais de 60 anos de idade é altamente sugestiva de câncer de próstata. Os principais sinais relacionados ao câncer de próstata são: as alterações da glândula ao toque retal e o aumento dos níveis de PSA. Toque retal ↠ Cerca de 65 a 75% dos tumores de próstata podem ser detectados através desse método. 6 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ As principais manifestações do tumor maligno de próstata ao toque retal incluem: • Nódulos endurados • Irregularidades da superfície prostática • Assimetria prostática ↠ Os tumores que geralmente não podem ser detectados ao toque incluem: • Lesões muito pequenas • Lesões profundas, fora da zona periférica da próstata As posições do paciente para este exame são as seguintes: • Posição de Sims ou lateral esquerda, mantendo- se o membro inferior em semi-extensão e o superior flexionado. • Posição genupeitoral é a mais adequada, preferida pela maioria dos examinadores. • Posição de decúbito supino, na qual o paciente fica semissentado com as pernas flexionadas. O examinador passa o antebraço por baixo da coxa do paciente; esta posição é indicada em especial nos enfermos em condições gerais precárias. Deve-se usar luva descartável e gel lubrificante. As características semiológicas a analisar são o tamanho, a consistência, a superfície, os contornos, o sulco mediano e a mobilidade da próstata. A próstata normal é palpável na parede anterior do reto como uma estrutura em formato de coração (pirâmide invertida, maçã, pera), com a base voltada para cima e o vértice para baixo. Em condições normais, a próstata tem o tamanho de uma noz grande, é regular, simétrica, depressível, apresenta superfície lisa, consistência elástica, lembrando borracha, contornos precisos e é discretamente móvel. Antígeno Prostático Específico (PSA) ↠ A dosagem de PSA sérico é o principal recurso laboratorial utilizado para o diagnóstico de câncer de próstata. O PSA é um marcador específico para afecções prostáticas. No entanto, ele não é um marcador específico para câncer. Afinal, condições benignas como HPB, prostatites e até mesmo a ejaculação, também podem aumentar os níveis de PSA. ↠ Quanto maiores os níveis de PSA, maior a chance de ser um tumor maligno da próstata. Biópsia transretal ↠ A confirmação diagnóstica do câncer de próstata é realizada através da biópsia transretal guiada por ultrassom ou ressonância magnética. 7 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ A biópsia está indicada sempre que existirem alterações no toque retal ou quando os níveis de PSA forem maiores ou iguais a 4ng/ml. A BIÓPSIA PROSTÁTICA DEVE SER CONSIDERADA NAS SEGUINTES SITUAÇÕES: • Toque retal alterado • PSA = 4ng/ml • Densidade de PSA > 0,15ng/ml/cm3 de próstata • Relação PSA livre/PSA total < 10-15% • Velocidade de PSA > 0,75ng/mL/ano ITU na infância ↠ É uma doença que acomete principalmente o sexo feminino podendo chegar a 20:1 casos, embora, do período neonatal até os seis meses de idade pode haver predominância no sexo masculino. ↠ A urina e o trato urinário são normalmente estéreis. O períneo e a zona uretral de neonatos e lactentes estão colonizados por: Escherichia coli, Enterobacteriaceae e Enterococus sp além de que o prepúcio de meninos não circuncidados é um reservatório para várias espécies de Proteus. QUADRO CLÍNICO • Recém-nascidos e lactentes: febre sem foco aparente, vômitos, diarreia, icterícia persistente, recusa alimentar, irritabilidade, quadro de septicemia. • Pré-escolares: urina fétida, dor abdominal, disúria, polaciúria, incontinência, urgência miccional, febre. • Escolares: sintomas miccionais descritos acima, enurese secundária, além de dor lombar e febre nos casos de pielonefrite • Adolescentes: disúria, polaciúria, urgência miccional. Nos casos de pielonefrite dor lombar e febre. A incidência de pielonefrite é maior em crianças menores de um ano e diminui gradativamente quando se aproxima da idade escolar podendo, porém, ocorrer em qualquer idade (BRESOLIN et al., 2016). ANAMNESE • Sintomas urinários: disúria, polaciúria, alteração na aparência e no odor da urina. • Sintomas gerais: febre, vômitos, dor abdominal, diarreia, inapetência. • Surtos prévios de ITU. • Alterações em USG pré-natal. • Malformações. • Distúrbios neurológicos. • Hábitos intestinais. tem o controle do esfíncter, porém apresenta incontinência urinária. EXAME FÍSICO • O crescimento ponderoestatural e o desenvolvimento neuropsicomotor. • A percussão lombar (punho-percussão) pode evidenciar forte reação dolorosa (Giordano positivo). • A palpação abdominal das lojas renais pode demonstrar aumento do volume renal (hidronefrose). • A persistência de bexiga palpável após a micção sugere processo obstrutivo ou disfunção do trato urinário inferior. • É importante a observação do jato urinário para avaliar a continuidade, o volume e a força de expulsão. • O exame da genitália externa avalia a aparência e a localização do meato da uretra, o hímen e a sinéquia de pequenos lábios nas meninas, e estreitamentos do prepúcio que dificultam ou impedem a exposição do meato uretral nos meninos. EXAMES laboratoriais A coleta adequada de urina é de extrema importância para um correto diagnóstico e abordagem clínica. Deve ser realizada por cateterismo vesical ou punção suprapúbica (PSP) nas crianças sem controle esfincteriano. Outro método possível é o “clean catch”. Após 25 minutos de ingestão de líquidos (25ml/kg) o lactente é seguro pelas axilas e recebe estímulos na região sacral e suprapúbica para estimular a micção e coletar o jato intermediário. ↠ A coleta por saco coletor só deve ser utilizada para descartar diagnóstico (se negativa) se o quadro clínico for leve e a demora no diagnósticonão piorar a evolução do paciente (se positivo, o exame precisa ser repetido por método invasivo). Nas crianças com controle esfincteriano podemos utilizar jato intermediário. ↠ A urocultura segue sendo o padrão ouro para diagnóstico de ITU. • Sedimento urinário sugestivo de ITU: acima de 5-10 leucócitos por campo de grande aumento, nitrito positivo, esterase leucocitária positiva, presença de bactérias. • Urocultura: na amostra obtida por PSP qualquer contagem de colônias; por cateterismo vesical acima de 1000UFC/ml, jato intermediário acima de 50 a 100 mil UFC/ml. INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO: idade inferior a dois meses, pacientes criticamente doentes ou com risco de não adesão ao tratamento. O objetivo da profilaxia é reduzir os episódios recorrentes de pielonefrite e a formação ou piora de cicatrizes renais. 8 Júlia Morbeck – @med.morbeck PROFILAXIA ESTÁ INDICADA NAS SEGUINTES SITUAÇÕES: crianças com alterações na US (antenatal ou atual); ITU febril com PCR positiva; RVU graus 4 ou 5; uropatias obstrutivas. EXAMES DE IMAGEM ↠ O foco da investigação complementar tem como base descartar malformações do trato urinário que possam implicar em piores desfechos no futuro. Os principais exames incluem ultrassonografia dos rins e bexiga (US), uretrocistografia miccional (UCM) e cintilografia renal com ácido dimercaptosuccínico-tecnécio-99 (DMSA). A maioria das diretrizes concorda na indicação da US como avaliação inicial nos menores de dois anos apresentando pielonefrite. Os demais exames serão solicitados em situações específica. CINTILOGRAFIA RENAL COM DMSA: deverá ser realizado após quatro a seis meses do episódio inicial de ITU. Exame padrão ouro na detecção da cicatriz renal e deve ser realizado em todos os lactentes com ITU febril, crianças que apresentaram quadro clínico de pielonefrite. anormalidade estrutural da junção uretero- vesical. Síndrome nefrítica ↠ A síndrome nefrítica (SNi) é uma condição clínica caracterizada pela associação de edema, hipertensão arterial (HA) e hematúria. Frequentemente, observa-se associação de proteinúria e, em algumas situações, ocorre perda da função renal. GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-ESTREPTOCÓCICA • Processo inflamatório de origem imunológica; • Em geral, a doença manifesta-se após infecção por EBHGA. • 1 a 2 semanas após a infecção estreptocócica de vias aéreas superiores (faringoamigdalite). • 3 a 6 semanas após a infecção estreptocócica de pele (impetigo). HIPERTENSÃO ARTERIAL NA INFÂNCIA Considera-se Hipertensão Arterial na Infância e Adolescência, valores de pressão arterial sistólica e/ou diastólica iguais ou superiores ao Percentil 95 para sexo, idade e percentil da altura em três ou mais ocasiões diferentes. EXAMES LABORATORIAIS • Urina I: dismorfismo eritrocitário, hematúria (pode persistir por 1 ou 2 anos), cilindro hemático, proteinúria. • Hemograma; • Creatinina sérica; • Eletrólitos séricos; • Complemento total e frações; • ASLO, anti-DNase Fluxograma de manejo inicial da ITU febril em menores de 2 anos. 9 Júlia Morbeck – @med.morbeck Nos exames laboratoriais séricos, habitualmente encontra-se uma anemia normocítica e normocrômica por hemodiluição, piora das escórias nitrogenadas e CONSUMO DAS FRAÇÕES C3 E CH50 DO COMPLEMENTO. O exame de urina revela hematúria de padrão glomerular – com PRESENÇA DE DISMORFISMO ERITROCITÁRIO E CILINDROS HEMÁTICOS – associada, frequentemente, à proteinúria subnefrótica (< 3,5g/dia) e leucocitúria. Durante o curso natural da doença, a normalização do débito urinário ocorre na primeira semana, a hipertensão resolve-se nas duas primeiras semanas e a função renal normaliza-se ao longo de um mês. Os níveis de complemento voltam aos valores normais em até oito semanas, e a hematúria microscópica pode persistir nos exames de urina por até seis meses a um ano. Prurigo estrófulo: depois de picada de inseto. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Neoplasia; ITU; Nefrolitíase; Trauma; Lúpus. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EDEMA PERI-ORBITAL: trauma, chagoma, celulite, hipotireoidismo, ofidismo. INDICAÇÕES DE BIÓPSIA RENAL • Oligúria/anúria >72 horas; • Hematúria macroscópica > 4 semanas; • Função renal alterada > 4 semanas; • Hipertensão arterial prolongada > 4 semanas; • Complemento baixo > 8 semanas; • Proteinúria nefrótica > 4 semanas. CONDUTA • Restrição hídrica e salina (dieta hipossódica); • ATB para erradicar – prevenir recorrências (Penicilina Benzatina, dose única, IM). • Diurético de alça – furosemida. • Repouso relativo. • Nifedipino/anlodipino/hidralazina – SN. Sistema urinário INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO em relação a idade. Sintomas associados, aspectos da urina, hematúria, recorrente, comorbidades, medicamentos em uso, parceiros, sexo anal. SINTOMATOLOGIAS DA DOENÇA DO TRATO URINÁRIO • Cistite x Pielonefrite • Nefrolitíase e Ureterolitíase – cólica nefrética • Prostatite: dor ao toque retal, dor em base de pênis EXAME FÍSICO: dor suprapúbica (cistite), Giordano positivo (pielonefrite – mal estado geral, calafrio, febre e dor lombar). EXAMES LABORATORIAIS • ITU: urina tipo I, urocultura. • Pielonefrite: hemograma (leucócito com desvio à esquerda), bastões, urina tipo I, urocultura. • IRA e DRC: creatinina, ureia. EXAMES DE IMAGEM ITU • USG: anormalidades estruturais do trato urinário. • Ureterocistografia: padrão-ouro para RVU. • Cintilografia renal: avalia complicações – 4 a 6 meses após (avalia função, anatomia, presença de cicatriz). Litíase renal e ureteral • TC sem contraste: avalia o tipo e o local do cálculo (padrão-ouro). • Raio-x: consegue visualizar cálculos radiopacos (cálcio, estruvita). • US de vias urinárias e renais: visualiza presença e localização do cálculo. • Urografia excretora: com contraste de bário. Presença e localização de cálculos radiotransparentes. Pielonefrite • TC com contraste: avalia morfologia, fluxo e obstruções. • Cintilografia renal (crianças). Injúria Renal Aguda • US de vias urinárias e renais: avalia morfologia e obstrução (pode estar normal ou aumentado – hidronefrose). Insuficiência Renal Crônica • US de vias urinárias e renais: avalia morfologia dos rins e vias urinárias (rim diminuído e não consegue diferenciar córtex e medula). Puberdade • Transição da infância para a vida adulta; • Ativação Hipófise-Hipotálamo-Gônada: caracteres sexuais secundários, aceleração da VC, alterações a composição corporal, maturação sexual. 10 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Estágios de Tanner. MENINAS • Entre 8 e 13 anos. • Primeiro sinal de puberdade: broto mamário (telarca). • Entre II e III (IO 11 anos): estirão (8-10cm/ano). • Menarca: estágio IV. • Tempo telarca-menarca ~ 2 anos. MENINOS • Entre 9 e 14 anos. • Primeiro sinal de puberdade: aumento do volume testicular (4ml). • A partir do estágio III (IO 13 anos): estirão (10-12cm/ano). • Final da puberdade: mudança de voz, barba e 1ª ejaculação. CÁLCULO ALTURA-ALVO HIPOSPÁDIA • Anomalia congênita comum no sexo masculino. • Localização anormal do meato uretral na região ventral do pênis, curvatura peniana ventral (chordee) e má distribuição do prepúcio (capuchão). • Classificação: distal, peniana, proximal. • Tratamento cirúrgico, a partir de 6 meses. CRIPTOQUIRDIA • Não localização do testículo na bolsa testicular. • Anomalia genitourinária mais comum nos meninos. • Classificação: testículos retráteis, deslizantes, ascendentes e ectópicos. FIMOSE • Dificuldade de expor a glande (prepúcio não pode ser retraído). 11 Júlia Morbeck – @med.morbeck Classificação KAYABA Fimose fisiológica (96%) – protege a glande e a uretra contra o contato com fezes. COMPLICAÇÕES:balanopostite (inflamação da glande e do prepúcio); parafimose (prepúcio não consegue voltar – anel de constricção); balonamento (urina acumula dentro do prepúcio); ITU de repetição. • Não fazer exercício no pênis. • Após 1 ano de idade pode precisar de tratamento – clínico: corticoide tópico; cirúrgico (após 3 anos): postectomia – reduz a infecção. Assistência pré-natal ↠ Objetivo de redução da mortalidade materna e perinatal. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Sinais de presunção • Atraso menstrual até 14 dias; • Náuseas e vômitos; • Aumento da sensibilidade álgica mamária; • Polaciúria; • Cloasma gravídico: manchas provocadas pelo aumento da produção de melanina circundando parte da testa, ao redor do nariz, bochecha e lábio superior. • Linha nigra: pigmentação da linha alba. • Tubérculo de Montgomery: hipertrofia das glândulas sebáceas nas aréolas. • Sinal de Hunter: hiperpigmentação da aréola primária e aparecimento da aréola secundária com limites imprecisos. • Rede de Haller: aumento da vascularização venosa na mama. Sinais de probabilidade • Atraso menstrual de mais de 14 dias; • Sinal de Goodel: amolecimento do tecido uterino – na gravidez os tecidos ficam mais congestos, mais umedecidos. • Sinal de Hegar: amolecimento do istmo uterino (durante o toque bimanual, a sensação é semelhante à separação do corpo da cérvice). • Sinal de Kluge: coloração violácea da vagina, entre 8 e 12 semanas. • Sinal de Jacquemier (Chadwick): coloração violácea do meato urinário e da vulva, entre 8 e 12 semanas. • Sinal de Piskacek: assimetria uterina a palpação (no local onde implantou o zigoto). • Sinal de Nobile-Budin: quando o útero aumenta de tamanho ele ocupa o fundo de saco –percepção pelo toque do preenchimento do fundo de saco pelo útero gravídico (útero se torna globoso). • Sinal de Osiander: percepção do pulso da artéria vaginal ao toque vaginal. • Aumento do volume uterino: o útero aumenta de tamanho em cerca de 1 cm por semana após quatro semanas de gestação. Sinais de certeza • Ausculta dos batimentos cardiofetais com o estetoscópio de Pinard (a partir de 20 semanas) ou o sonar (a partir de 10 a 12 semanas); • Sinal de puzos: (rechaço fetal intrauterino): durante o exame bimanual, um discreto impulso no útero, por meio do fundo de saco anterior, deslocará o feto no líquido amniótico para longe do dedo do examinador. A tendência do retorno do feto faz com que ele seja novamente palpável. • Percepção de partes e movimentos fetais pelo examinador: por meio da palpação abdominal, é possível perceber movimentos do feto a partir de 18 a 20 semanas. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Hormônio Gonadotrofina Coriônica Humana; • Acima de 25 mUI/ml considera reagente; • Valores duplicam a cada 48 horas (até 30 dias). • Nível de hCG se estabiliza em torno da 8ª e 10ª semana de gestação. 12 Júlia Morbeck – @med.morbeck PRIMEIRA CONSULTA Anamnese • Informações demográficas e sociais; • Antecedentes pessoais e familiares; • Antecedentes obstétricos e ginecológicos; HISTÓRIA GINECOLÓGICA ✓ Idade da paciente na menarca. ✓ Regularidade ou não do ciclo menstrual e a quantidade e frequência do fluxo são de grande valia tanto no que diz respeito à confiabilidade da data da última menstruação (DUM) como para o cálculo da data provável do parto (DPP). ✓ Cirurgias ginecológicas pregressas. ✓ Início da atividade sexual, sua frequência e o número de parceiros. ✓ Doenças sexualmente transmissíveis (DST). ✓ Aceitação ou não da gravidez, tanto por parte da mulher como de seu parceiro e da família, principalmente se a gestante for adolescente. ✓ É imprescindível o reconhecimento daquelas mulheres que contam com fraca rede de suporte social. HISTÓRIA OBSTÉTRICA ✓ Evolução dos partos anteriores. ✓ Evolução das gestações anteriores, até certo ponto, poderá repetir-se na gestação atual. ✓ Gestação anterior ectópica, com natimorto, mal-formado ou gestação após tratamento de infertilidade, é supervalorizada. ✓ Abortamentos, é imprescindível obter as seguintes informações: espontâneos ou induzidos, em quais idades gestacionais ocorreram, se foram seguidos ou não de curetagem e se apresentaram algum tipo de complicação. As perdas gestacionais de repetição devem ser exaustivamente investigadas, preferencialmente fora do período de gravidez, para que seja instituída a terapêutica adequada. ✓ O tempo decorrido entre o último parto e a gestação atual se constitui no intervalo interpartal – quando de 10 anos ou mais, a atividade do organismo feminino equivale a uma estreia funcional. ✓ Gestações pregressas, deve-se perguntar sobre a idade gestacional à interrupção e a respeito do tipo de parto. • História obstétrica atual – datar a menstruação, sangramento. Exame físico EXAME FÍSICO GERAL Mucosa: muitas vezes indicam a presença de anemia. Varizes: justificam a orientação para o uso de meias elásticas com finalidade compressiva e de repouso. Peso: a gestante deve ser estimulada a ganhar 10 a 12kg durante a gravidez. Glândula tireoide: apresenta aumento fisiológico. Nos casos duvidosos devem ser solicitados exames complementares. Mamas: à inspeção, a aréola se encontra mais escura do que fora da gestação, apresentando ao redor a aréola secundária menos pigmentada, de limites imprecisos, o que constitui o sinal de Hunter. A palpação está dificultada na gestação, porém os nódulos encontrados devem ser investigados.. EXAME OBSTÉTRICO Mensuração da altura uterina: medida pela fita métrica. O útero cresce em média 4cm por mês. Nessas condições, na 40ª semana de gestação terá uma altura média de 34cm.. É importante que a bexiga esteja vazia para não ocorrer distorção de sua medida, a qual pode aumentar em 3cm quando a bexiga está cheia. Palpação uterina: a palpação obstétrica é recurso de extremo valor e tempo obrigatório no exame da grávida. A palpação uterina tem por finalidade reconhecer o feto, sua apresentação, situação e posição. A técnica de palpação segue as manobras de Leopold (em especial, a partir da 28ª semana): ✓ PRIMEIRA MANOBRA: palpar o fundo do útero, que é a parte mais superior, e avaliar qual parte fetal ocupa aquele espaço. Se for a cabeça palparemos algo mais dura e arredondada), se for o polo pélvico, a sensação é de uma massa nodular, diagnosticamos a situação fetal (SANAR) ✓ SEGUNDA MANOBRA: as mãos do examinador vão para as laterais do abdome materno, e exercem pressão de cada lado. A pressão é suave, mas profunda. De um lado, deveremos sentir algo firme e resistente, esse será o dorso (e é provável que seja lá o melhor foco de ausculta dos batimentos cardíacos fetais), do outro lado deveremos palpar várias partes pequenas, irregulares e móveis, são os membros fetais. Assim, 13 Júlia Morbeck – @med.morbeck daremos o diagnóstico de orientação fetal (dorso à direita, esquerda, anterior ou posterior) (SANAR) ✓ TERCEIRA MANOBRA: utiliza-se o polegar e os dedos de uma das mãos a parte inferior do abdome materno exatamente acima da sínfise pubiana. O objetivo é procurar o polo fetal que se insinua em direção a pelve. Serve para o diagnóstico da apresentação fetal SANAR) ✓ QUARTA MANOBRA: o examinador coloca-se de frente para os pés da mãe e, com as extremidades de seus três primeiros dedos de cada mão, exerce pressão profunda na direção do eixo da entrada da pelve. A quarta manobra, então, procura determinar o grau de penetração da apresentação na pelve e seu grau de flexão (SANAR) Ausculta fetal: os batimentos cardiofetais (BCF) podem ser percebidos pelo estetoscópio de Pinard por volta de 18 a 22 semanas de gestação, pelo sonar entre 10 e 12 semanas e pele US entre 6 e 7 semanas. Os BCF oscilam entre 120 e 160 batimentos por minuto e, em média, 140 batimentos por minuto. EXAME GINECOLÓGICOAparelho genital externo, exame especular, toque. Sinais vitais (pulso, pressão arterial, temperatura, frequência respiratória). Antropometria. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ↠ A gestação é considerada de risco se houver condições clínicas ou obstétricas que possam comprometer a saúde ou colocar em risco a vida da mãe, do feto ou de ambos. • Doenças crônicas; • Abortamento habitual; • Gemelaridade; SINAIS DE ALARME – ENCAMINHAR PAR A EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA • Síndromes hemorrágicas; • Suspeita de pré-eclâmpsia; • Trabalho de parto prematuro; • Abdome agudo; • Oligodrâmnio; • Anemia grave; • Vômitos refratários. FRQUÊNCIA DAS CONSULTAS Mínimo 6 consultas de pré-natal. A OMS não recomenda nenhuma US. SUPLEMENTAÇÃO • Suplementação do ferro, como profilaxia – 40mg de ferro elementar, a partir da 20ª semana (prevenir anemia). Pode causar intolerância gástrica. • Folato – 0,4 mg desde o período da pré- concepção até a 12ª semana. Existem estudos q relatam os benefícios do uso do folato até o final da gestação. VACINAÇÃO • RECOMENDADAS: dTpa – 20º semana, hepatite B, influenza, SARS-Cov2. • SITUAÇÕES ESPECIAIS: hepatite A, meningocócica, pneumocócica, febre amarela. • CONTRAINDICADAS: tríplice viral, varicela, HPV. Não pode usar vacinas com vírus vivo ou atenuado. ULTRASSONOGRAFIA Exame não obrigatório pelo MS para risco habitual, caso faça uma é preconizado que seja feito o morfológico do 2º trimestre. • Obstétrico transvaginal; • Morfológico do I trimestre – 11ª semana até 13 semanas e 6 dias; • Morfológico do II trimestre – 20 e 24 semanas, avalia a espessura do colo uterino; • Obstétrico do III trimestre. 14 Júlia Morbeck – @med.morbeck EXAMES Colpocitologia oncótica • Indicado para vagina, sexualmente ativas (25-64 anos). • Rastrear CA de colo uterino. • Anual e, após 2 coletas normais, trienal. • Classificação histológica brasileira: alterações benignas, atopias de significado indeterminado, AIS, carcinoma invasor (alterações celulares- precisa BIÓPSIA. Cada alteração e o tipo de paciente (idade) tem uma conduta diferente. Em qualquer idade gestacional pode coletar. Pode realizar biópsia. • Epitélio escamoso estratificado – ectocérvice. • Epitélio glandular – endocérvice. HPV, geralmente infecta a junção – JEG. DURANTE A COLETA • Não pode ter relação sexual, nem usar creme vaginal nas últimas 48 horas. • Não pode estar no período fértil. • Introduz em 45º e vira (horizontaliza). • Ectocérvice: espátula de Ayre. • Endocérvice (180º): escova endocervical. • Colocar a lâmina dentro do álcool. Corrimento vaginal e úlcera vaginal Sinusorragia: sangramento após a relação sexual. Abordagem da pessoa com vida sexual ativa: • Questionar sobre práticas sexuais; 15 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Utilização de preservativos, número de parceiros. • Identificar fatores de risco para IST’s; • Educação em saúde/ Medidas de prevenção/ Aconselhamento; • Escuta ativa, ambiente acolhedor, diálogo. Os 5P’s • Partners (parcerias e orientação sexual); • Practives (formas de contato sexual); • Protection from STIs (uso de preservativo, imunização); • Past history of STIs (testagem prévia para ISTs, ISTs tratadas, histórico da parceria); • Pregnancy intention (avaliar uso de métodos contraceptivos). Notificação compulsória das ISTs no Brasil • Aids; • Sífilis congênita; • Hepatite B e C; • HIV em gestante e criança exposta; • Hepatites virais (inclusão das hepatites A, D e E). • Sífilis em gestantes; • Sífilis adquirida; EXAME GINECOLÓGICO ↠ À inspeção, em repouso, examinam-se a vulva, o períneo e o ânus (PORTO & PORTO, 8ª ed.). • Inspeção estática: monte de Vênus, introito vaginal, pilificação (compatível com a idade), lesão, simetria dos lábios, cicatriz. • Inspeção dinâmica: Manobra de Valsalva ou tossir – aumenta a pressão intra-abdominal para avaliar prolapsos, perda urinária, secreção. • Exame especular: introdução do espéculo a 45º para fugir da uretra. Esse exame avalia paredes vaginais, mucosas, secreção (cor, odor, homogênea, fluida), colo do útero (lesões, coloração, orifício com secreção ou não). Paciente com indicação coleta-se o preventivo. Avalia o colo do útero, fundo de saco e paredes. Paciente que esteja apresentando alguma infecção, o ideal é que se faça o tratamento e, posteriormente coleta-se a citologia. • Toque vaginal: Após a retirada do espéculo realiza-se uma exploração vaginal e pélvica introduzindo-se o dedo indicador e médio de uma das mãos na vagina e, com a outra mão palpando-se profundamente a região inferior do abdome. É o chamado “toque bimanual” ou vaginal combinado. O procedimento deve ser realizado com as mãos enluvadas, com os dedos que serão introduzidos na vagina lubrificados e com técnica correta. O toque vaginal avalia a consistência, mobilidade do cólon, dor. Toque retal não é feito de rotina. Exame especular e toque vaginal somente é feito após penetração vaginal. VULVOVAGINITES As infecções do trato reprodutivo são divididas em: • Infecção endógena: candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana. • Infecções iatrogênicas: infecções pós-aborto, pós-parto. • IST: tricomoníase, infecção por C. trachomatis e N. gonorrhoeae. • Causas não infecciosas: fisiológico, vaginose citolítica, vaginite atrófica, presença de corpo estranho. A infecção vaginal pode ser caracterizada por corrimento e/ou prurido e/ou alteração de odor. Daí a necessidade de indagar sobre: • Consistência, cor e alterações no odor do corrimento; • Presença de prurido; e/ou 16 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Irritação local. A investigação da história clínica deve ser minuciosa, abrangendo informações sobre: • Comportamentos e práticas sexuais; • Data da última menstruação; • Práticas de higiene vaginal e uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos; • Outros possíveis agentes irritantes locais. CANDIDÍASE • Agente etiológico: Candida albicans. • Inflamação vulvaginal + presença de espécies de Candida. • A identificação de Candida vulvovaginal sozinha não é indicativo de doença, logo, paciente sem quadro clínico NÃO TRATA. • Não é considerada IST, nem doença oportunista. • Prevalência mais alta no menacme – elevado nível de estrogênio. • Hiperemia intensa na vulva e no colo uterino, corrimento aderido no cólon do útero, prurido vaginal, ressecamento. Ressecamento na região intercrural. ↠ Clinicamente, a paciente pode referir os seguintes sinais e sintomas diante de uma CVV clássica: prurido, ardência, corrimento geralmente grumoso, sem odor, dispareunia de introito vaginal e disúria externa. Os sinais característicos são eritema e fissura vulvares, corrimento grumoso, com placas de cor branca aderidas à parede vaginal, edema vulvar, escoriações e lesões satélites, por vezes pustulosas pelo ato de coçar. VAGINOSE BACTERIANA • É a mais frequente patologia do trato genital inferior feminino. • Aumenta risco de aquisição de IST (incluindo HIV) devido a um desequilíbrio da microbiota vaginal. • Corrimento típico, acinzentado, com bolhas. • Odor desagradável com piora após o coito e no período menstrual. Recomenda-se que sempre que possível utilize exames para fechar o diagnóstico. Apresentado pelos critérios de Amsel (contemplar 3 dos 4 critérios). Precisa ter fita de pH e microscópio a disposição. ✓ Corrimento vaginal homogêneo; ✓ pH> 4,5; ✓ Presença de clue cells ✓ Teste de Whiff positivo (odor fétido das aminas com adição de hidróxido de potássio a 10%). • Não tem inflamação importante, corrimento em grande abundância com odor característico, mais fluido. • Patógeno mais associado é a Gardinerela, no entanto outros patógenos podemestar envolvidos. TRICOMONÍASE • É a vulvovaginite menos frequente nos dias atuais. • Causada por um protozoário flagelado unicelular, o Trichomonas vaginalis. • Corrimento vaginal intenso, amarelo-esverdeado, muito bolhoso e espumoso, odor fétido (na maioria dos casos, lembrando peixe), inflamação. • Também podem ocorrer edema vulvar e sintomas urinários, como disúria. • Colo uterino de aspecto tigroide. ↠ No exame especular, percebem-se microulcerações que dão ao colo uterino um aspecto de morango ou framboesa (teste de Schiller “onçoide” ou “tigroide”). VULVOVAGINITE AGENTE ETIOLÓGICO CORRIMENTO ODOR pH AMINAS MICROSCOPIA Candidíase C. albicans Branco grumoso Não característico Menor que 4 Negativo Hifas e esporos Tricomoníase T. vaginalis Abundante, amarelo esverdeado Fétido Maior que 4,5 Positivo Protozoários flagelados móveis Vaginose bacteriana G. vaginalis Acinzentado, homogêneo, cremoso ou fluído Fétido Maior que 4,5 Positivo Clue cells, ausência de lactobacilos ÚLCERAS GENITAIS ↠ As úlceras genitais representam síndrome clínica, sendo muitas vezes causadas por IST, e se manifestam como lesões 17 Júlia Morbeck – @med.morbeck ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia regional (BRASIL, 2022). ✓ Infecções: sífilis, herpes perioral e genital, cancroide, linfogranuloma venereo e donovanose. ✓ Outras patologias: dermatoses bolhosas, lesões traumáticas, lesões malignas. HERPES GENITAL • Herpes vírus simplex. • Os HSV tipos 1 e 2 pertencem à família Herpesviridae Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais (BRASIL, 2022). • Vesículas sobre base eritematosa, dolorosas. • Período de incubação médio de 6 dias. ↠ O quadro local na primoinfecção costuma ser bastante sintomático e, na maioria das vezes, é acompanhado de manifestações gerais, podendo cursar com febre, mal-estar, mialgia e disúria, com ou sem retenção urinária. Em especial, nas mulheres, pode simular quadro de infeção urinária baixa. A linfadenomegalia inguinal dolorosa bilateral está presente em 50% dos casos. ↠ O quadro clínico das recorrências é menos intenso que o observado na primo-infecção e pode ser precedido de sintomas prodrômicos característicos, como prurido leve ou sensação de “queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital. SÍFILIS • Treponema Pallidum. ↠ A sífilis primária, também conhecida como “cancro duro”, ocorre após o contato sexual com o indivíduo infectado. O período de incubação é de dez a 90 dias (média de três semanas). ↠ A primeira manifestação é caracterizada por úlcera, geralmente única, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais do tegumento), indolor, com base endurecida e fundo limpo, rica em treponemas. • Duração entre duas e seis semanas. • Resolução espontânea. • Pode ter sintomas sistêmicos: alopecia, sifilides papulosas, condiloma plano. Lesões sem dor – LSD: linfogranuloma venereo, sífilis e donovanose. CRANCOIDE • Haemophilus ducreyi. ↠ Denomina-se também cancro mole, cancro venéreo ou cancro de Ducrey. O período de incubação é geralmente de três a cinco dias, podendo se estender por até duas semanas. O risco de infecção em uma relação sexual é de 80%, mais frequente em homens. • Lesões dolorosas, múltiplas, borda irregular, apresentando contornos eritemato-edematosos, e fundo heterogêneo. • Linfadenopatia inguinal que fistuliza por orifício único. • Período de incubação é geralmente de 3-14 dias. • A cicatrização pode ser desfigurante. LINFOGRANULOMA VENEREO • Clamydia trachomatis. • Pápula, pústula ou exulceração indolor. • Linfadenopatia inguinal e/ou femoral com fistulização por orifícios múltiplos 1 a 6 semanas após inoculação. • A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital. 18 Júlia Morbeck – @med.morbeck DONOVANOSE • Klebsiella granulomatis. ↠ O quadro clínico inicia-se com ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. A ulceração evolui lenta e progressivamente, podendo tornar-se vegetante ou úlcero- vegetante. As lesões costumam ser múltiplas, sendo frequente a configuração em “espelho” nas bordas cutâneas e/ou mucosas. ↠ Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não ocorre adenite, embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais (BRASIL, 2022). • Não ocorre adenite. Diagnóstico de úlceras genitais A etiologia das úlceras genitais é determinada pela associação de sinais e sintomas clínicos, histórico de exposição ao risco e resultados de testes diagnósticos. A microscopia é única opção de teste laboratorial existente no SUS para auxiliar no diagnóstico etiológico das úlceras genitais e está disponível para detecção de Haemophilus ducreyi e Treponema pallidum. A pesquisa direta do Treponema pallidum por microscopia pode ser feita de três formas: imunofluorescência direta, técnica com material corado e campo escuro, sendo este último o mais comumente utilizado no SUS. Para os demais patógenos, isto é, HSV-1 e HSV-2, Chlamydia trachomatis, sorovariantes (L1, L2, L2a, L2b e L3) e Klebsiella granulomatis, o diagnóstico se dará pela exclusão de caso de sífilis (Treponema pallidum) e cancroide (Haemophilus ducreyi), associado ao histórico de exposição ao risco, sinais e sintomas clínicos (BRASIL, 2022). NAAT ou cultura para herpes genital HSV-1 e HSV-2, sorologia para HSV-1 e HSV-2: repetir sorologia após 12 semanas. Nódulo mamário Drenagem para linfonodos axilares. COMPLICAÇÃO DA MASTECTOMIA: escápula alada. HISTÓRIA CLÍNICA • Nódulos mamários: localização, tamanho, dor, consistência, tempo de evolução, sinais flogísticos associados; • Dor: caracterizar a dor, fator de melhora ou piora, toma medicação; • Derrame papilar: secreção da mama, de uma mama só ou das duas mamas, características da secreção, sai somente quando faz a expressão? (aumento da prolactina?) Algumas medicações podem aumentar a prolactina, por exemplo: domperidona em uso crônico, anticoncepcionais orais. • Antecedentes ginecológicos e obstétricos (se já teve filho, tempo da amamentação, complicação durante a amamentação; Fator protetor do CA de mama – amamentação de no mínimo 12 meses. A puberdade aparece com “TPM” (mnemônico) – telarca, pubarca, menarca. • Antecedentes familiares: focando no 1º grau (mutação do gene e idade do diagnóstico menor que 50 anos); • Hábitos de vida. EXAME FÍSICO • Inspeção estática: volume, forma, simetria, pele, papilas (classificação de Tanner – adolescentes). • Inspeção dinâmica: posição sentada, contração da musculatura e manobras – entrelaçar as mãos e puxar, apoiar as mãos na cintura e fazer movimento para frente e para trás. 19 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Palpação das axilas e fossas claviculares: posição sentada, mão contralateral (supraclaviculares, infraclaviculares e axilares). • Palpação do tecido mamário: decúbito dorsal, técnica de Velpeau (mão espalmada), técnica de Bloodgood (dedilhados). PALPAÇÃO DO TECIDO MAMÁRIO: pode colocar as descrições pelos quadrantes ou em horas (em geral, quando possui mais de um nódulo). Localização, forma, superfície, diâmetro, consistência, aderência e dor. • Expressão papilar. EVOLUÇÃO NORMAL: Mamas simétricas, de médio volume, pendentes, sem lesões de pele, papilas evertidas, sem alterações à inspeção dinâmica. Sem linfonodomegaliasou nodulações à palpação. Descarga papilar negativa bilateralmente. Nódulos no QSE são mais comuns, bem como possuem uma maior tendência a disseminar para a cadeia linfática axilar. EXAMES COMPLEMENTARES Ultrassonografia • Indicação: gravidez/puerpério, traumas, inflamações, complementação, acompanhamento, diferenciação, monitoramento, mastalgia, descarga papilar, etc. • Limitações: microcalcificações, lesões nodulares menores que 5 mm ou profundas, avaliação de mamas lipossubstituídas, operador-dependente. USG não é utilizado como exame de rastreio. Mamografia BENIGNIDADE MALIGNIDADE Diâmetro laterolateral > craniocaudal Diâmetro craniocaldal > laterolateral Ecogenicidade homogênea Hipoecogenicidade e textura heterogênea Bordas bem delimitadas Margens irregulares Pseudocápsula ecogênica fina Presença de sombra acústica posterior Sombras laterais à lesão/ Reforço acústico Contornos microlobulares MAMOGRAFIA: detecção precoce do câncer de mama; recomendações de rastreio, incidências craniocaudal e mediolateral oblíqua. MS: 50 a 69 anos fazer a mamografia de forma bienal (a cada 2 anos). Sociedade Brasileira de Mastologia: a partir dos 40 anos anualmente. ↠ Sinais radiológicos de malignidade: • Diretos: nódulos, microcalcificações e densidades assimétricas focais ou difusas. • Indiretos: distorções parenquimatosas, dilatação ductal isolada, espessamento cutâneo, retração da pele e/ou complexo aréolo-papilar e linfonodopatia axilar. NÓDULO MUITO DENSO E DE CONTORNO ESPICULADO TEM GRANDE POSSIBILIDADE DE REPRESENTAR UM CÂNCER. a mamografia não fecha diagnóstico. autoexame (atualmente só é utilizado para mulher conhecer o seu corpo e poder reconhecer alguma alteração, no entanto não é indicado para rastreio do CA de mama, visto que o autoexame só detecta nódulos maiores, já indicando certa malignidade), exame clínico das mamas e mamografia. BIRADS ↠ Brest Imaging Report Data Sistem; • Forma de universalizar a linguagem, no entanto não leva em consideração fatores pessoais da paciente. • BIRADS 0: mamografia inconclusiva, precisa complementar com algum outro exame – ex. a mulher não conseguiu terminar o exame por causa da dor. • BIRADS 1: normal, manter o seguimento anual ou bienal, conforme a literatura. • BIRADS 2: achado normal, alguma calcificação benigna, manter o seguimento como recomendado. • BIRADS 3: achados provavelmente benignos, com chance de 2% de malignização, fazer o acompanhamento semestral. NÃO PRECISA BIOPSIAR, somente acompanhamento mais próximo. • BIRADS 4: necessita de avaliação histológica. Os achados são divididos em A, B e C, sendo respectivamente, baixa, intermediária e moderada suspeita. • BIRADS 5: altamente suspeito, avaliação histológica. • BIRADS 6: malignidade comprovada. BIÓPSIA: punção aspirativa por agulha fina guiada por ultrassom (PAF); biópsia por agulha grossa – nódulo denso (core biopsy); mamotomia. Extrofia de bexiga O complexo extrofia-epispádia (CEE) é um espectro de malformação congênita rara que pode afetar os sistemas gênito- urinário, gastro-intestinal e músculo-esquelético comprometendo desde a parede abdominal anterior até a musculatura do assoalho pélvico e os ossos da pelve. ↠ As três apresentações mais comuns do CEE são a extrofia clássica de bexiga (ECB), epispádia e a extrofia em cloaca (EC). • A epispádia é a forma menos severa deste espectro de mal-formação. Trata-se de uma abertura dorsal da uretra, com algum grau de diástase dos ramos púbicos. • A extrofia clássica de bexiga é a forma mais comum de CEE, ocorrendo em torno de 1:10.000 e 1: 50.000 20 Júlia Morbeck – @med.morbeck nascidos vivos, afetando o sexo masculino duas vezes mais. A extrofia clássica caracteriza-se por uma diástase dos ramos púbicos, defeito da formação da parede abdominal anterior, na região infra-umbilical e exposição da bexiga aberta e a uretra igualmente aberta ou epispádica. • A extrofia em cloaca é a forma mais grave de CEE, com o cecum (indgut) apresentando-se aberto entre duas hemi-bexigas, além da possibilidade de outras mal-formações associadas como sistema nervoso central e outras mal-formações ósseas e espinhais. Esta apresentação é igualmente muito rara, ocorrendo aproximadamente 1:200.000 nascidos vivos. A cloaca é uma estrutura sacular, situada caudalmente no embrião e representa o final comum ao tubo digestivo e trato gênito-urinário. É coberta anteriormente pela membrana cloacal que se inicia desde o cordão umbilical superiormente. A partir da 4ª semana embrionária esta cloaca é dividida em bexiga anterior e reto posteriormente a partir do crescimento do septo uro-retal. Desde o início desta divisão da cloaca, a membrana cloacal começa a involuir e o tecido mesenquimal adjacente inicia um processo de migração sobre esta membrana. Esta migração mesenquimal promove a formação da parede abdominal anterior infra-umbilical, com todas as estruturas musculares e esqueléticas que migram para a linha média, cobrindo as estruturas pélvicas. ↠ Postularam que a falta de migração do mesênquima sobre a membrana cloacal impede o desenvolvimento da parede abdominal inferior, explicando o defeito muscular e ósseo característico do CEE além da exposição da bexiga. No entanto, a membrana cloacal é uma estrutura frágil e rompe-se com o desenvolvimento do feto, ocasionando a extrofia da bexiga. Dependendo da fase embrionária que ocorre esta falta de migração do mesênquima teremos os diferentes tipos de apresentação do CEE. ↠ Se esta ruptura da membrana cloacal ocorrer anterior à divisão da cloaca teremos então a extrofia em cloaca. Se a ruptura da membrana cloacal acontecer mais tardiamente, após a separação completa de reto e bexiga, o feto terá extrofia de bexiga e epispádia DIAGNÓSTICO ANTENATAL: A Extrofia vesical pode ser diagnosticada através de ultrassonografia antenatal entre a 15ª e 32ª segunda semana de gestação. Achados na US: • bexiga permanentemente vazia; • posicionamento muito baixo do cordão umbilical; • ramos púbicos muito largos; • massa abdominal inferior que aumenta em tamanho ao longo da gestação; • genitália muito pequena. PÓS-NATAL: O diagnóstico clínico é direto, feito ao nascimento através da inspeção do recém-nascido. Varicocele ↠ A varicocele é definida como a dilatação das veias de drenagem dos testículos e está associada a alterações de função testicular. ↠ Cerca de 85 a 90% dos casos de varicocele são unilaterais acometendo o testículo esquerdo, sendo extremamente raro a varicocele direita de forma isolada. A predominância do lado esquerdo é explicada pela anatomia do sistema de drenagem venosa testicular. A veia testicular a esquerda é longa e drena para a veia renal esquerda, enquanto a veia testicular a direita drena diretamente para a veia cava. Esta anatomia venosa contribui para uma alta pressão hidrostática sobre a drenagem testicular esquerda. A varicocele pode afetar a espermatogênese e as funções das células de Leyding pelo aumento da temperatura testicular, pressão venosa aumentada, hipóxia, estresse oxidativo, 21 Júlia Morbeck – @med.morbeck descontrole hormonal, e o refluxo de metabolitos tóxicos provenientes da adrenal ou mesmo da veia renal. APRESENTAÇÃO CLÍNICA ↠ A presença de varicocele em crianças e adolescentes é observada como um aumento do volume escrotal, indolor, notado ao exame físico de rotina, pelos pais ou pelo próprio paciente. É menos frequente na fase pré-puberal. ↠ A base do diagnóstico da varicocele permanece sendo o exame físico adequado. Este deve ser feito com o paciente em posição ortostática, uma vez que o decúbito pode mascarar a dilatação venosa. ↠ No adolescente, o diagnóstico de varicocele é habitualmente feito duranteexame físico de rotina, uma vez que, dificilmente nessa faixa etária, o paciente terá como queixa a infertilidade. Geralmente o aumento de volume da bolsa escrotal reduz ou desaparece em posição supina, caso permaneça evidente nesta posição, devemos nos atentar para uma compressão venosa extrínseca sugerindo uma investigação mais cuidadosa. ↠ A varicocele é classificada através do exame físico, e foi descrita inicialmente por Dubin e Amelar 18 e mais tarde atualizada pela Organização Mundial da Saúde. AVALIAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COM VARICOCELE ↠ Geralmente, a correção da varicocele em adolescentes é indicada em situações de assimetria testicular, e menos frequentemente por desconforto local. A avaliação da fertilidade nesta faixa etária é difícil e controversa. Embora a correção da varicocele resulte em possibilidade de alcançar uma melhora no crescimento testicular a melhora na contagem de espermatozoides, o impacto final na fertilidade destes jovens ainda não é bem conhecido. INDICAÇÕES AO TRATAMENTO CIRÚRGICO ↠ A Sociedade Americana de Urologia e a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva demonstram em suas diretrizes as indicações de tratamento de varicocele em indivíduos adultos, entretanto essas indicações não contemplam a varicocele na infância e adolescência. Não sendo indicado tratamento de pacientes com parâmetros seminais normais ou mesmo varicocele subclínica. IMPORTANTE • O diagnóstico da varicocele na criança e adolescente é eminentemente clínico baseado no exame físico; • Recomenda-se seguimento anual nos casos de varicocele com volume testicular normal • A decisão de tratar a criança/adolescente com varicocele é controversa, e a maioria dos autores leva em consideração nesta decisão a presença de assimetria testicular. Tratar cirurgicamente todos os casos é inapropriado. • O acompanhamento conjunto entre pediatra e urologista deve ser encorajado após o diagnóstico da varicocele. Violência sexual contra crianças e adolescentes ↠ Define-se abuso ou violência sexual na infância e adolescência como a situação em que a criança, ou o adolescente, é usada para satisfação sexual de um adulto ou adolescente mais velho, (responsável por ela ou que possua algum vínculo familiar ou de relacionamento, atual ou anterior), incluindo desde a prática de carícias, manipulação de genitália, mama ou ânus, exploração sexual, voyeurismo, pornografia, exibicionismo, até o ato sexual, com ou sem penetração, sendo a violência sempre presumida em menores de 14 anos. CLASSIFICAÇÃO • Violência sexual intrafamiliar ou incestuosa (crônica): qualquer relação de caráter sexual entre um adulto e uma criança ou um adolescente, ou entre um adolescente e uma criança, quando existe um laço familiar ou relação de responsabilidade. • Violência sexual extrafamiliar (aguda): o abusador é, na maioria das vezes, alguém que as crianças e/ou adolescente conhece e em quem confia. Eventualmente, o autor da agressão pode ser uma pessoa totalmente desconhecida. • Violência sexual sem contato físico: assédio sexual; pornografia ou pela internet. • Violência sexual com contato físico: carícias nos órgãos sexuais, tentativa de relações sexuais, masturbação, sexo oral. 22 Júlia Morbeck – @med.morbeck MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Transtornos em pele, mucosas e tegumento • Contusões e abrasões, principalmente em face, lábios, nádegas, braços e dorso. • Lesões que reproduzam a forma do objeto agressor (fivelas, cintos, dedos, mordedura). • Equimoses e hematomas no tronco, dorso e nádegas, indicando datas diferentes da agressão. • Queimaduras em dorso e genitais, com marcas do objeto (cigarro, p. ex.). • Síndrome da “orelha de lata”: equimose unilateral, edema cerebral ipsolateral e hemorragia retiniana. • Fácies de boxeador, por traumatismo facial. Transtornos musculoesqueléticos • Fraturas múltiplas: ossos longos em diferentes estágios de consolidação, secundárias à torção com sacudidelas violentas, com rápida aceleração- desaceleração. • Faturas de costelas em menores de 2 anos. • Fraturas de crânio ou traumatismo craniano por choque direto ou sacudidas vigorosas concomitantes com edema cerebral, hematoma subdural e hemorragia retiniana, podendo também se manifestar por convulsões, vômitos, cianose, apneia e alterações de déficit motor. • Hematoma subperiosteal de diferentes estágios (síndrome da criança espancada). Transtornos geniturinários • Lesões na área genital e no períneo: observar presença de dor, sangramento, infecções, corrimento, hematomas, cicatrizes, irritações, erosões, assaduras, fissuras anais, hemorroidas, pregas anais rotas ou afrouxamento do esfíncter anal, diminuição do tecido ou ausência himenal, enurese, infecções urinárias de repetição sem etiologia definida. Transtornos psicológicos • Aversão ao contato físico, apatia ou avidez afetiva. • Retardo psicomotor sem etiologia definida, com melhora quando a criança se separa da família (hospitalização). • Transtorno do sono ou da alimentação. • Episódios de medo e pânico. • Isolamento e depressão. • Conduta agressiva e irritabilidade. • Choro fácil sem motivo aparente. • Comportamento regressivo. • Comportamento autodestrutivo. • Comportamento submisso. • Desenho ou brincadeiras que sugerem violência. • Baixo nível de desempenho escolar. • Fugas, mentiras, furto. • Tentativa de suicídio. ATENDIMENTO O acolhimento e a escuta qualificada são elementos importantes para uma atenção humanizada às pessoas em situação de violência sexual. Anamnese • Sintomas associados? • Rotina da criança – com quem mora? • Chorosa? • Escola, tempo de tela, lazer. • Com quem fica durante o dia? • Como é a relação com os familiares? Exame físico Nos casos de violência, todos os dados obtidos a respeito da vítima devem ser cuidadosamente registrados no prontuário, uma vez que a justiça pode solicitar cópia da documentação da unidade de saúde. O profissional deve realizar a anamnese e o exame físico de forma cuidadosa. No caso de crianças, o exame deverá ser realizado, se possível, na presença do responsável. Os(as) adolescentes e as crianças maiores devem ser orientados previamente sobre todos os procedimentos que serão realizados. • Medidas antropométricas. • Estágios de Tanner (puberdade). • Verificar presença de queimaduras, hematomas, arranhões, mordidas, avaliar cavidade oral. • Exame do abdômen. • Exame da genitália – lesão, fissura, sangramento, secreções, hímen, características da verruga. Lesão de fundo de saco pode sangrar e causar peritonite. Sempre utilizar luvas. Caso necessário, sedar a criança para a avalição – se ela se sente constrangida e não deixa o médico vê. Exames complementares • Sumário de urina (hematúria). • Hemograma. • Sorologias –depois de 6 meses repetir. coletar pelos, coletar ectocérvice (em caso de penetração), beta-Hcg, cultura da orofaringe e anal, US de abdome – pode ser utilizado em caso de lacerações e hímem perfurado. não se aplica em todos os casos. Tem que avaliar o tempo do abuso, menor que 3 dias faz a profilaxia e a anticoncepção de emergência. 23 Júlia Morbeck – @med.morbeck Notificação • Ficha de notificação compulsória (SINAN). • Orientar a importância da denúncia. • Acompanhamento psicológico e serviço social. Importância do prontuário médico: descrever como o paciente relatou, características das lesões. A notificação deve ser feita em caso de SUSPEITAS. Possui necessidade de afastar a criança por conta da recidiva? PODE FAZER A INTERNAÇÃO. • Notifica. • Faz a denúncia ao Ministério Público. • Aciona o Conselho Tutelar. Técnicas de amamentação e pega correta ALEITAMENTO MATERNO ↠ Os primeiros 1000 dias (período da gestação + 2 anos da criança). • Janelade oportunidades. • Programação metabólica. • Crecimento e desenvolvimento. • Prevenção de doenças. ↠ Leite materno: o primeiro alimento, mas não é “só” alimento. • Nutrientes equilibrados. • Compostos imunologicamente ativos. • Desenvolvimento cognitivo. • Benefícios maternos. • Criação de vínculo afetivo. • Econômico. ↠ Recomendado pelo menos até os 2 anos de idade, exclusivo até os 6 meses, com livre demanda. • Fatores de insucesso para o aleitamento materno: • Oferecer complementos. • Iniciar sólidos antes dos 6 meses. • Mamadeira/chupeta. • Fumar; bebida alcoólica; drogas. • Medicações. • Palpites. RN ganha peso bem (pode perder 7 a 10% do peso na primeira semana), a termo, urinando bem – NÃO PRECISA ACORDAR PARA MAMAR. Deve-se acordar o RN nos seguintes casos: hipoglicemia, prematuro e baixo ganho de peso. Deve acordar entre 3-4 horas para amamentar. Não é obrigatório administrar água junto com a fórmula – avaliar ressecamento das fezes e diminuição do volume urinário. Em casos de fissuras, o que fazer? • Avaliar a amamentação. • Pode usar o próprio leite. • Laser em caso de muitas fissuras. • Pode mamar no peito, só é contraindicado no caso de presença de pus. • Ordenha. • Em caso de sangue deve continuar amamentando. O sangue é irritativo para o TGI do bebê, logo, se ele apresentar quadro de vômito deve-se suspender a amamentação na mama acometida. Contraindica o aleitamento • HIV; • HTLV. • Medicamentos que contraindicam. • Galactosemia. Técnica da amamentação POSICIONAMENTO DA MÃE • Posição confortável para a mãe. • Pés apoiados. • Costas encostadas. POSICIONAMENTO DA CRIANÇA • Barriga com barriga; cabeça e coluna do bebê alinhadas. PEGA • Segurar a mama em C. • Passar o bico na lateral da boca do bebê – REFLEXO DE BUSCA. • Abriu a boca introduz o peito. • Queixo encostado. • Nariz livre. • Bochecha cheia. • Lábios para fora. 24 Júlia Morbeck – @med.morbeck Forma inadequada • Pega só o bico. • Faz barulho. • Bochecha para dentro. • Dor na amamentação. • Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama. Mãe que está perto de voltar ao trabalho • Orientar a começar a ordenha 15 dias antes de voltar a trabalhar. • Ordenhar por 20 a 30 minutos cada mama. • Guardar no congelador (dura de 30 dias até 3 meses – varia de literatura). • Descongelar na geladeira ou na temperatura ambiente (por último banho maria com fogo desligado). • Leite não pode ficar na porta do freezer ou geladeira. • Na geladeira o leite dura 12 horas. • No freezer/congelador dura 15 dias (até 3 meses). Como fazer a coleta? • Saco coletor estéril ou vaso de vidro esterelizado. • Mãos higienizadas. • Cabelos presos. • Massagear da base para a aréola. • Corpo inclinado para frente. • Movimento de pertar e soltar acima da aréola. • Desprezar o primeiro jato. Como oferecer o leite? • Na colher dosadora. • Na seringa. • No copinho. Se a paciente está amamentando e descobre que está grávida? ELA PODE AMAMENTAR, NORMALMENTE. • Até final da gestação: lactogestação. • Amamentar 2 ao mesmo tempo: tandem. • O leite tem mais sódio e menos carboidrato, isso pode fazer com que o bebê para de mamar. Candidíase no peito • A paciente pode sentir fisgada, pele lisa e brilhante. • O antifúngico tópico passa na mama e no bebê por 14 dias. • Se não resolver, indica o antifúngico oral. Posições para amamentar • Tradicional/normal. 25 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Cavalinho ou sentada. • Tradicional invertida • Jogador americado. • Deitada. O leite pode mudar de cor? ↠ Sim. Pode ser devido a alimentação, medicação ou lesão. Dor de cabeça e amamentação. Qual remédio usar? • Uso compatível com amamentação. • Uso criterioso na amamentação. • Uso contra indicado durante a amamentação. • SITE: e-lactancia.org. Amamentação e álcool ↠ Pode beber, porém precisa ver o peso da mãe, respeitar o número de horas após a bebida para o álcool ter tempo de ser eliminado do corpo e a quantidade de bebida ingerida. Existe uma tabela para avaliar esses parêmtros. ↠ O ideal é não beber. Quando não é possível amamentar. O que fazer? • Deve usar fórmulas infantis: de partida, de seguimento; de primeira infância. A partir de 1 ano de idade pode dar leite de vaca integral.
Compartilhar