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Biorreatores Estudo de Caso Professor Me. Raphael Augusto Ferreira Gatti 2 Unicesumar estudo de caso ACADEMIA GOVERNADOR DUMMER A academia Governador Dummer é o mais antigo internato particular nos Estados Unidos, tendo sido fundada em 1763 e localizada no município em Byfield, Massachusetts. A estação de tratamento de efluentes (ETE) foi originalmente cons- truída na década de 1960, passando por uma recuperação em 1990. Apesar dos reparos da ETE, não foi o suficiente para atender a legislação da licença sob a qual opera. A escola precisou aumentar a capacidade da ETE para atender a qualidade de descarga requerida. Contudo, a escola enfrentou dificulda- des na construção, devido às zonas úmidas que ficam ao redor da ETE, não podendo aumentar o tamanho físico da estação. O sistema anterior ao biorreator à membrana submerso era um pequeno sistema convencional de tratamento construída no início 1960. O sistema consistia em um tanque de passagem, tanque de equalização, tanque de aeração, tanque cla- rificador (tratamento secundário), tanque de contato com cloro (mistura rápida) e filtro de areia. O cloro já não era usado em 1990, sendo trocado por raios UV como módulos de desinfecção. Porém, esse sistema não apresentava altas remoções de matéria orgânica, ou seja, no final, o efluente apresentava má qualidade. Foram realizadas avaliações de capacidade de tratamento de cada unidade existente, para verificar se poderiam utilizar as unidades existentes no local, pois não teria como aumentar a estação, já que a área apresentava zonas úmidas de preservação no entorno da ETE. Logo, determinou-se que o tanque de aeração era capaz de tratar 42 m³/d, apresentando efluente com limite de concentração de ni- trogênio amoniacal em 1,0 mg/L. O clarificador apresentava capacidade de 114 m³/d. Os dados armazenados do sistema apresentavam um fluxo com média anual global de 151 a 227 m³/d (durante o período de férias) e de 303 a 379 m3/d (no período letivo). Unicesumar 3 estudo de caso O sistema biorreator à membrana (MBR) submerso foi o que apresentou melhor alternativa de utilização neste caso. Esse sistema é a junção de lodos ativados (biorreatores que são formados por três etapas: decantador primário - irá realizar a sedimentação da matéria orgânica maior; reator reacional - tanque com aeração intensa, onde estão localizados os microrganismos que vão degradar a matéria or- gânica; e decantador secundário - em que será realizado outra sedimentação da matéria orgânica restante, apresentando bomba de recirculação que fará parte do efluente retornar para o reator reacional) com processo de separação física (micro, nano e ultrafiltração), como pode ser observado na figura a seguir. Figura 1 - Sistema utilizado na Academia Governador Dummy. Fonte: Bernal, Gottberg e Mack, 2005. 4 Unicesumar estudo de caso Uma das vantagens da utilização de biorreator à membrana é que aumenta a con- centração de microrganismos no sistema, o que vai por fim, melhorar a qualidade do efluente na saída do sistema, podendo então, se adequar de acordo com a le- gislação ambiental do local. A ETE foi construída no limite do terreno, por conta da presença de zonas úmidas. Por falta de espaço na localização terreno, qualquer sistema de tratamento conven- cional seria difícil de se manter, além de apresentar valores altos de manutenção. Então, por meio de estudos da área, localização e do efluente, determinou-se que a melhor alternativa era converter o sistema já existente em um sistema MBR sub- merso. Permitindo o uso contínuo dos tanques já existentes, apresentando somente uma reconfiguração do fluxo. No ano de 2000, instalou-se um biorreator com vazão de 379 m³/d. Esse novo sistema de tratamento, permitiu a Academia diminuísse ligeiramente a ETE, desati- vando o tanque de clarificação, e por conta que o sistema MBR apresentava maior qualidade de efluente em relação ao sistema antigo, foi desativado a unidade de filtração. O sistema MBR aumentou com sucesso a capacidade de tratamento da ETE, permitindo que a academia cumprisse as concentrações mínimas da legisla- ção pertinente. O sistema MBR submerso não necessitou nenhuma nova infraestrutura. Além disso da descontinuação da filtragem terciária. Outras modificações o sistema passou, como: o tanque de areia se transformou em unidade de decantação, sendo este aerado, para evitar a sedimentação nesta unidade. A atualização total do sistema inclui: remoção e trituração de sólidos (moedor de sólidos grosseiros); após passava por um parafuso sem fim associado a uma tela de contenção, a fim de remover quaisquer material pequeno (sólido, fibra) que possa comprometer as unidades posterioras; adequada medição da vazão do efluente (Calha Parshall); desinfecção por UV (que operavam em paralelo, o que fornecia desinfecção antes descarga); o sistema MBR foi empregado no tanque aerado, com aeradores para favorecer o crescimento microbiano e a digestão biológica; e estrutura de automação, que mo- nitora o sistema 24 horas por. Unicesumar 5 estudo de caso Houve também modificações nas tubulações, equipamentos elétricos, instrumen- tos, controles e melhorias na drenagem do local, abastecimento de água potável, paisagismo e pavimento. O sistema apresenta o seguinte fluxograma (Figura 2). Moedor: • Trituração de sólidos grosseiros. Parafuso sem �m com tela: • Retenção e recolhimen- to dos sólidos; • Descarte em caçambas. Calha Parshall: • Medição da vazão. Câmera de grão celular: • A aeração mantém os sólidos em suspensão. Decantador: • Sedimentação do sólido pesado, mas por apre- sentar aeração, evita a sedimentação do sólido suspenso. MBR submerso com aeração: • Foram adicionados duas placas de membrana; • A entrada de ar, ser ve para favorecer a biodigestão. Figura 2 - Fluxograma do sistema MBR. Fonte: Elaborado pelo autor. O lodo gerado no sistema é bombeado para o tanque de descarte e uma vez por mês, a lama é transportada por caminhão para fora do local (em comparação com o tratamento antigo, em que a geração de lodo era de 12 kg/d e apresentando uma descarga de lodo no rio de 4 kg/d. O novo sistema apresenta a mesma quantidade de lodo produzida por dia (12 kg), mas com uma descarga muito menor, de apenas. Com a implantação do novo sistema de tratamento na escola, notou-se a dife- rença entre os sistemas, em que o novo sistema mostra-se mais eficiente, como pode ser observado pela tabela que apresenta comparação dos dois sistemas, onde pode ser observado os valores das concentrações do sistema antigo e MBR. 6 Unicesumar estudo de caso Tabela 1 - Comparação dos sistemas. Parâmetro Sistema antigo (mg/L) Sistema novo (m) DBO 25 0,7 Sólidos suspensos totais 30 2,5 Nitrogênio amoniacal 6 2 Fonte: elaborado pelo autor. Pela tabela anterior, pode-se perceber que o efluente na saída do sistema MBR, apresenta concentração abaixo dos valores limites, com valores inferiores a: 2 mg/L para matéria orgânica em termos de DBO, DQO; 1 mg/L de nitrogênio amoniacal; 10 colônias/amostra de 100 mL de unidades de coliformes fecais; e uma redução de 22% na geração de lodo. Após a desinfecção por ultravioleta, a academia pode lançar o efluente de forma segura no rio local. Desde o início da utilização do sistema, no ano de 2000, as concentrações apresentaram melhores resultados, uma ótima taxa de fluxo, fácil limpeza do difusor de ar e altos níveis de oxigênio. Unicesumar 7 estudo de caso REFERÊNCIA BERNAL, R.; GOTTBERG, A. V.; MACK, B. Using membrane bioreactors for wastewater treatment for small communities. 2005. Disponível em: <https://www.suezwater- technologies.com/...Cust/.../TP1037EN.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2018.