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O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUAS MODIFICAÇÕES 
 
Leonardo David Quintiliano
1
 
 
RESUMO 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 
consubstanciando típico exemplo de Constituição social, consagrou o direito social à 
aposentadoria como talvez um dos mais efetivos. De forma não muito comum no direito 
comparado, o sistema previdenciário brasileiro é fortemente constitucionalizado, o que 
reflete as pressões pré-constitucionais e a importância desse direito social. A inserção de 
requisitos para obtenção de aposentadoria no texto constitucional, contudo, explica 
porque esse tema talvez tenha sido o que sofreu o maior número de modificações ao 
longo dos 30 anos da Constituição de 1988. O modelo original, no entanto, distinguiu 
servidores públicos de trabalhadores privados, com regras mais favoráveis aos 
primeiros, o que resultou numa tendência de diminuição dessa diferença ao longo dos 30 
anos de Constituição brasileira. Além disso, três outros fatores contribuíram para uma 
sucessão de tentativas de reformas no sistema previdenciário: o aumento da longevidade 
dos cidadãos brasileiros, a diminuição da taxa de natalidade e o desequilíbrio atuarial do 
modelo, provocado sobretudo pela existência de altas aposentadorias no serviço público 
desacompanhadas da respectiva contribuição do servidor e do ente federativo. 
Considerando tais fatores, cumpre apresentar como se deram tais modificações no 
sistema previdenciário brasileiro, nos 30 anos da Constituição vigente. 
 
Sumário: Introdução. 1. A dualidade de regimes públicos de previdência 3. A instituição 
dos Regimes Próprios de Previdência pela EC n. 20/1998 e suas características 3. As 
modificações formais no Regime Geral de Previdência Social 4. Considerações finais 
 
 
 
 
 
1 Especialista em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Doutor em 
Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Professor de Direito 
Constitucional e Administrativo da Universidade Ibirapuera e da Escola Paulista de Direito. 
2 
 
 
INTRODUÇÃO 
A seguridade social encontra-se assim conceituada pela Constituição 
Federal: 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações 
de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar 
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Trata-se de direito social2, o qual, na lição de José Afonso da Silva, 
pode ser entendido como o conjunto de prestações positivas proporcionadas pelo 
Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que 
possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar 
a igualização de situações sociais desiguais
3. 
Como se depreende do artigo supra, a seguridade social compreende 
três espécies de direitos sociais, a saber, os relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social. 
A expressão “previdência” vem do latim e significa prever, antever 
algo. Foi adotada pela primeira vez pela Constituição de 1934. A partir da Constituição 
Federal de 1946 é que se inclui o adjetivo “social”4. Trata-se do segmento da seguridade 
social que objetiva estabelecer um sistema de proteção social para atender a 
contingências sociais e futuras, mediante contribuição.5 Distingue-se da assistência 
social por não se tratar de um programa de proteção gratuito, mas de espécie de seguro, 
com regras previstas em lei.6 
O sistema previdenciário pode ter natureza pública ou privada, 
conforme o gestor do fundo previdenciário ou responsabilidade pelo custeio e benefício. 
Há na previdência pública o chamado pacto entre gerações, aplicação do princípio da 
solidariedade, pelo que a geração atual mantém dois pactos - um com a geração 
presente, outro com a geração futura. As contribuições no sistema publico são 
 
 
2 Embora difundida no campo do Direito Constitucional, nem todos os autores concordam com a 
denominação Direito social. Sergio Pinto Martins, vg., critica a expressão atribuída a Cesarino Jr., no 
sentido de que seria o Direito Social campo intermediário entre o Direito Público e o Direito Privado. Cf. 
MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. 22. ed., Atlas, 2005, p. 46. 
3 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 11.ed. São Paulo: Malheiros, 1996, p. 
p. 277. 
4 Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social..., cit., p. 301. 
5 Ibid., p. 302 
6 Cf. TAVARES, Marcelo Leonardo. Comentários à reforma da previdência. TAVARES, Marcelo 
Leonardo (coord.). Rio de Janeiro: Impetus, 2004, p. 2. 
3 
 
 
arrecadadas para o pagamento do benefício de todos, daí falar-se em solidariedade, 
enquanto no sistema privado tem-se a capitalização individual, em que o benefício é 
pago pelo próprio contribuinte. A previdência privada tem natureza securitária, 
contratual. 
A Previdência Social é um seguro público que tem como função 
garantir que as fontes de renda do trabalhador e de sua família sejam mantidas quando 
ele perde a capacidade de trabalhar por algum tempo (doença, acidente, maternidade) ou 
permanentemente (morte, invalidez e velhice). Ela é responsável pelo pagamento de 
diversos benefícios do trabalhador brasileiro, tais como aposentadoria, salário-
maternidade, salário-família, auxílio-doença, auxílio-acidente e pensão por morte. 
Todos os trabalhadores registrados com carteira assinada são obrigatoriamente 
protegidos pela Previdência Social, e aqueles que não são registrados podem se filiar 
espontaneamente, como contribuintes individuais (caso dos trabalhadores autônomos e 
empresários) ou como contribuintes facultativos (caso dos estudantes, donas de casa 
etc.). 
Embora apresente também caráter contributivo (v.g, dela participa, em 
princípio, só quem contribua mensalmente), a Previdência Social tem alcance 
praticamente universal, assegurando o direito à sua filiação inclusive aos trabalhadores 
domésticos (artigo 201, § 12). A fim de atuar a justiça distributiva, trabalhadores rurais e 
aqueles que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, como o produtor 
rural, o pescador e garimpeiro também se encontram por ela protegidos (artigo 201, § 7º, 
inciso II). 
Já para aqueles que não auferem renda suficiente para participar da 
Previdência Social, ou mesmo àqueles que dela participam, mas se encontram em estado 
de vulnerabilidade econômica ou social, o sistema de Assistência Social oferece algum 
tipo de amparo, mediante auxílio financeiro, sem qualquer contrapartida, conforme 
prevê o artigo 203 da CRFB7. 
 
 
7 “Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição 
à seguridade social, e tem por objetivos: 
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à 
vida comunitária; 
4 
 
 
Diversamente de outros países, o sistema previdenciário brasileiro é 
fortemente constitucionalizado. O direito constitucional comparado apresenta 
basicamente três estruturas jurídico-previdenciárias: a que decorre de interpretações 
fundadas na concepção de dignidade humana ou socialidade,8 a que se fundamenta 
diretamente em normas de direitos sociais consagradas no texto constitucional, sem 
maior detalhamento, como se dá em Portugal,9 e a que não apenas se fundamenta, mas é 
amplamente detalhada no texto constitucional, modelo adotado pelo Brasil. 
A opção pela constitucionalização de regras de direitos sociais 
prestacionais deve considerar, porém, o caráter fortemente dinâmico e dependente da 
infraestruturasocial e econômica e, consequentemente, as constantes modificações 
formais que dessa necessidade advirão. 
A par das crises da economia e das finanças públicas, pressões 
político-sociais como as que buscam maior igualdade na previsão dos direitos sociais ou 
seu aumento por categoria específica, além de questões demográficas, como a taxa de 
natalidade e o aumento da expectativa de vida, bem como outros elementos atuariais que 
impactam os direitos previdenciários, exigem constantes adequações dessas regras, 
motivo pelo qual não parece recomendável sua previsão no texto constitucional. 
De qualquer modo, não foi essa a opção feita pelo constituinte de 
1988, o que talvez explique o fato de serem as normas relativas aos direitos sociais 
previdenciários aquelas que mais sofreram modificações formais ao longo desses trinta 
anos de Constituição. 
É o que passa a se analisar a seguir. 
 
 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que 
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, 
conforme dispuser a lei”. 
8 Cf. NOVAIS, Jorge Reis. O direito fundamental à pensão de reforma em situação de emergência 
financeira. E-pública - Revista Eletrônica de Direito Público, n. º 1, 2014, p. 3. 
9 CAPÍTULO II - Direitos e deveres sociais - Artigo 63.º - 
Segurança social e solidariedade 
1. Todos têm direito à segurança social. 
2. Incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança social unificado e 
descentralizado, com a participação das associações sindicais, de outras organizações representativas dos 
trabalhadores e de associações representativas dos demais beneficiários. 
3. O sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice, invalidez, viuvez e orfandade, 
bem como no desemprego e em todas as outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência 
ou de capacidade para o trabalho. 
4. Todo o tempo de trabalho contribui, nos termos da lei, para o cálculo das pensões de velhice e 
invalidez, independentemente do sector de actividade em que tiver sido prestado. 
5 
 
 
1. A DUALIDADE DE REGIMES PÚBLICOS DE PREVIDÊNCIA 
Do mesmo modo como se verificava no sistema constitucional de 
1969, manteve o constituinte de 1988 a separação entre os regimes público e privado de 
aposentadoria. Na concepção original, o sistema privado é unificado, apresentando 
caráter contributivo e universal, sendo obrigatório para todos os trabalhadores que não 
sejam servidores públicos. 
Na redação original de 1988, os servidores públicos eram inativados, e 
não tecnicamente aposentados. Isso quer dizer que eles mantinham o vínculo com o 
Poder Público, mas a partir de determinada idade ou tempo de serviço eram dispensados 
do exercício do cargo, mantendo a remuneração percebida. 
Uma análise mais detalhada sobre a seguridade social do servidor 
público será feita em outro capítulo desta obra, razão pela qual o sistema privado de 
previdência social será melhor analisado neste tópico, com suas características e 
respectivas modificações formais e informais ao longo dos 30 anos de Constituição. 
Neste capítulo serão analisados alguns aspectos que permitem uma comparação entre 
ambos os sistemas. 
Com efeito, existe mais de um sistema previdenciário de natureza 
pública em vigor hoje no Brasil - o chamado Regime Geral da Previdência Social 
(RGPS) e os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). 
O Regime Geral da Previdência Social é instituído pela União Federal 
para proteção dos diversos trabalhadores, tais como os da iniciativa privada, autônomos, 
empregados domésticos, servidores públicos contratados sob o regime da CLT ou para 
exercício de cargo exclusivamente em comissão, ou cargos temporários, como os 
eletivos, ou cujo ente empregador não possua Regime Próprio de Previdência. 
Os Regimes Próprios de Previdência Social são instituídos pela União, 
Estados e Municípios em favor de seus respectivos servidores públicos que possuam 
vínculo efetivo com a Administração. 
A legislação sobre previdência é matéria de competência concorrente 
entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios. À União cabe a edição de normas 
gerais e a cada ente federativo em particular a edição de normas específicas (arts. 24, 
XII e 30,II). Isso significa que a concessão de um benefício deve observar tanto a regra 
geral prevista na Constituição Federal como a regra prevista na Constituição Estadual e 
Lei Orgânica, se for o caso. 
6 
 
 
Os RPPS estão previstos no art. 40 da Constituição Federal. Destina-
se, como já dissemos na introdução, à cobertura dos servidores públicos ocupantes de 
cargos efetivos em quaisquer dos entes federativos que possuam condições para manter 
um sistema próprio de previdência. 
O constituinte de 1988 apenas previu o Regime Geral de Previdência 
Social, que se manteria estruturado e organizado em uma autarquia previdenciária - o 
Instituto Nacional do Seguro Social. A despeito de sua autonomia derivada do regime 
autárquico, a complexidade e confusão da fonte de custeio, integrada pela receita do 
Tesouro Nacional, também permite relativizar a existência de um "Regime Geral de 
Previdência Social". 
Isso porque a crítica anteriormente feita à aposentadoria dos servidores 
públicos considerava a inexistência de um sistema centralizado de gestão dos recursos 
previdenciários, dotado de regras atuariais e autonomia financeira, algo que também se 
observa no RGPS. 
Ainda em abono da refutação dessa distinção absoluta entre ambos os 
regimes, cumpre observar que desde a criação Instituto de Previdência e Assistência dos 
Servidores do Estado – IPASE, pelo Decreto-lei nº 288, de 23 de fevereiro de 1938, 
tornaram-se contribuintes obrigatórios os funcionários civis efetivos, interinos, ou em 
comissão (art. 3º, "a"), aos quais se assegurou proventos de aposentadoria (art. 5º). A 
contribuição correspondente, escalonada por faixas salariais, variava entre 4 e 7% (art. 
22, a, b, c e d), e incidia sobre os vencimentos (art. 22, parágrafo único). 
Destarte, há que se relativizar a afirmação de que os servidores 
públicos nunca ou pouco contribuíram para o sistema previdenciário próprio. 
Concorreram eles, de fato, para a formação de seu fundo de aposentadoria conforme as 
alíquotas estabelecidas pelo legislador e incidentes sobre o valor total de seus 
vencimentos. E, quando se diz que concorreram apenas para as pensões, tal argumento 
não tem o valor de infirmar o fato de que aposentadorias e pensões nunca são benefícios 
contemporâneos, extinguindo-se uma, quando a outra tem início. 
A despeito dessa discussão em torno da existência de um efetivo 
sistema social de previdência, com autonomia financeira e atuarial, o constituinte 
derivado de 1998, pela EC n. 20/1998, tentou implementar as bases de sistemas de 
7 
 
 
previdência informados por tais critérios para os entes federativos e seus respectivos 
servidores públicos. 
2. A INSTITUIÇÃO DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA PELA EC 
N. 20/1998 E SUAS CARACTERÍSTICAS 
A alteração da redação do caput do artigo 40 bem demonstra a 
distinção promovida pela EC n. 20/1998: 
(Redação original) 
Art. 40. O servidor será aposentado: 
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando 
decorrentes de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença 
grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei, e proporcionais nos 
demais casos; 
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos 
proporcionais ao tempo de serviço; 
III - voluntariamente: 
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se mulher, 
com proventos integrais; 
b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magistério, se 
professor, e vinte e cinco,se professora, com proventos integrais; 
c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher, 
com proventos proporcionais a esse tempo; 
d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessenta, se 
mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço. 
 
(Redação dada pela EC n. 20/1998) 
Art. 40 - Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e 
fundações, é assegurado regime de previdência de caráter 
contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. 
Dentre as principais características da criação desse sistema, podem-se 
apontar a instituição do caráter contributivo, a exclusão dos servidores comissionados e 
temporários, a obrigatoriedade de instituição de regime próprio pelo ente estatal e a 
limitação e uniformidade das regras para todos os regimes. 
2.1. Caráter contributivo 
Antes do advento da EC n. 20/1998, o servidor da União, dos Estados, 
Distrito Federal e Municípios não contribuíam necessariamente para aposentadoria, mas 
para pensão. A aposentadoria consistia em mera inativação do servidor, que conservava 
sua remuneração, salvo as parcelas que recebia em função do serviço realizado (propter 
laborem) e que cessavam no caso de afastamento do servidor daquela atividade. Não 
havia qualquer comutatividade entre a contribuição e a remuneração da aposentadoria. 
A contribuição previdenciária repercutia nas pensões do servidor, destinada aos seus 
8 
 
 
dependentes. O pagamento dos inativos era feito direto pelo tesouro, constando da 
rubrica de folha de pagamento de pessoal, e não por um fundo previdenciário. 
Com a reforma de 1998 e a instituição de um regime dotado de 
equilíbrio atuarial, reforçado pela legislação infraconstitucional (especialmente a Lei 
9.717/98, que estabeleceu as diretrizes dos Regimes Próprios de Previdência), o caráter 
comutativo previsto no § 11 do artigo 201 passou a ser observado pelos Regimes 
Próprios por força do princípio da subsidiariedade estabelecido no § 12 do artigo 40 
com a nova redação: "Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos 
servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e 
critérios fixados para o regime geral de previdência social.". Em virtude dessa 
disposição, os servidores apenas devem contribuir sobre as parcelas remuneratórias que 
integrarão seus proventos de aposentadoria.10 
Outra inovação, que assegura o caráter autônomo do regime, é a 
obrigatoriedade de contribuição do ente federativo que remunera o servidor. 
2.2.Exclusão dos servidores comissionados e temporários 
Até a EC n. 20/1998, os servidores ocupantes de cargo exclusivamente 
em comissão e os temporários, bem como os agentes políticos ocupantes de cargo 
eletivo, poderiam se aposentar sem qualquer contribuição. 
Na prática, ocorreu uma verdadeira devassa nos cofres públicos de 
todos os entes federativos, muitos dos quais previam a possibilidade de o servidor 
ocupante exclusivamente de cargo em comissão ser aposentado sem um tempo mínimo 
de exercício do cargo público. Havia casos de deputados, vereadores ou secretários 
nomearem pessoas que já registravam 35 anos de contribuição na iniciativa privada 
apenas para se aposentarem no serviço público após um mês de trabalho, com proventos 
integrais. 
Para evitar abusos como esse e dado o caráter precário do vínculo de 
tais servidores com os entes públicos, optou-se por vinculá-los ao RGPS (art. 40, § 13). 
2.3. Obrigatoriedade de instituição de Regime Próprio 
A redação dada ao artigo 40 pela EC n. 20/1998 foi também infeliz, 
quiçá propositalmente. Evitaram os parlamentares prever expressamente que todos os 
 
 
10
 Cf. RE 463.348, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 14-2-2006, 1ª T, DJ de 7-4-2006. 
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=368516&idDocumento=&codigoClasse=437&numero=463348&siglaRecurso=&classe=RE
9 
 
 
entes federativos seriam obrigados a instituir um regime de previdência, em obediência 
ao que dispôs o indigitado dispositivo, sob pena de filiação obrigatória de seus 
servidores ao RGPS. 
Pelo texto, todos os entes federativos deveriam criar um Regime de 
Previdência, observados os critérios ali previstos, e não apenas manterem o pagamento 
de servidores inativos. 
Ocorreu que, mesmo após a promulgação da EC n. 20/1998, muitos 
Estados e Municípios nada fizeram. A regulamentação feita pela Lei 9.717/98, porém, 
previu que, em caso de descumprimento desse dever, os entes federativos seriam 
"punidos" com a suspensão de empréstimos, transferências voluntárias, vedação de 
celebração de acordos, contratos, convênios, ajustes com a União ou participação de 
entidades federais. 
A diminuição de receita que o descumprimento acarreta não comoveu 
todos os entes federativos. Mesmo podendo celebrar convênios ou adesão a regimes 
próprios instituídos por outros entes federativos, muitos Municípios não criaram seu 
regime previdenciário. Previra o legislador, no entanto, que, nesses casos, os respectivos 
servidores são filiados obrigatórios do RGPS, mesmo se efetivos. A princípio, tal 
solução afronta a garantia prevista no artigo 40, caput, uma vez que o RGPS não 
assegura as mesmas vantagens previstas no artigo 40 da CRFB-88.11 
2.4. Limitação e uniformidade das regras para todos os Regimes 
Além de prever a criação de regimes, adotou o constituinte derivado de 
1998 normas gerais que devem conferir certa uniformidade a todos os sistemas, 
limitando significativamente a autonomia dos entes federativos. Entre tais regras, 
destacam-se: a) critérios de cálculos dos proventos, b) aposentadoria voluntária integral, 
compulsória proporcional e por invalidez, proporcional ou integral, a depender da 
natureza da invalidez, c) limite dos proventos, d) comutatividade entre benefícios e base 
de contribuição, e) vedação de acúmulo de aposentadorias, f) uniformidade das pensões 
por morte, g) garantia de preservação do valor real dos benefícios, h) contagem 
recíproca de tempo de contribuição e tempo de serviço e compensação entre os regimes, 
 
 
11 É o que diz o art. 12 da Lei 8.213/91: "O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, 
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, 
são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados 
por regime próprio de previdência social." 
10 
 
 
i) vedação de tempo de contribuição fictício, j) instituição de regime de previdência 
complementar e aplicação dos mesmos limites previstos para o RGPS, l) vedação de 
mais de um regime próprio ou unidade gestora do respectivo regime por ente estatal. 
Facultou-se, no entanto, a cada ente a adoção de regras para 
aposentadoria especial, em caso de servidores portadores de deficiência, que exerçam 
atividades de risco ou cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que 
prejudiquem a saúde ou a integridade física. 
3. AS MODIFICAÇÕES FORMAIS NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA 
SOCIAL 
A previdência social foi regulamentada da seguinte forma pelo 
constituinte de 1988: 
Art. 201. Os planos de previdência social, mediante contribuição, 
atenderão, nos termos da lei, a: 
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluídos os 
resultantes de acidentes do trabalho, velhice e reclusão; 
II - ajuda à manutenção dos dependentes dos segurados de baixa renda; 
III - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
IV - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
V - pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou 
companheiro e dependentes, obedecido o disposto no § 5º e no art. 202. 
§1º Qualquer pessoa poderáparticipar dos benefícios da previdência 
social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários. 
§2º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em 
caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. 
§3º Todos os salários de contribuição considerados no cálculo de 
benefício serão corrigidos monetariamente. 
§4º Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão 
incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e 
conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. 
§5º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o 
rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário 
mínimo. 
§6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o 
valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. 
§7º A previdência social manterá seguro coletivo, de caráter 
complementar e facultativo, custeado por contribuições adicionais. 
§8º- É vedado subvenção ou auxílio do Poder Público às entidades de 
previdência privada com fins lucrativos. 
As regras para aposentadoria também foram constitucionalizadas, da 
seguinte forma: 
Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o 
benefício sobre a média dos trinta e seis últimos salários de contribuição, 
corrigidos monetariamente mês a mês, e comprovada a regularidade dos 
reajustes dos salários de contribuição de modo a preservar seus valores 
reais e obedecidas as seguintes condições: 
I - aos sessenta e cinco anos de idade, para o homem, e aos sessenta, 
para a mulher, reduzido em cinco anos o limite de idade para os 
trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas 
11 
 
 
atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor 
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal; 
II - após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à 
mulher, ou em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições 
especiais, que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em 
lei; 
III - após trinta anos, ao professor, e, após vinte e cinco, à professora, por 
efetivo exercício de função de magistério. 
§1º - É facultada aposentadoria proporcional, após trinta anos de trabalho, 
ao homem, e, após vinte e cinco, à mulher. 
§2º - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do 
tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, 
rural e urbana, hipótese em que os diversos sistemas de previdência social 
se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. 
Tais regras foram modificadas em 1998, pela EC n. 20/1998. A seguir, 
analisam-se as características do regime geral de previdência social adotadas pelo 
constituinte de 1988 com as mencionadas alterações. 
3.1. Caráter contributivo em regime de repartição simples 
A CRFB-88 adotou um sistema previdenciário de caráter contributivo, 
em regime de repartição simples.12 Com efeito, os sistemas de previdência podem se 
estruturar de formas diversas, relacionadas à própria concepção econômica do Estado. 
Estados socialistas, v.g., tendem a adotar um sistema não contributivo, como se dá no 
Brasil com a Assistência Social. Uma concepção liberal, por outro lado, preferirá um 
sistema contributivo em regime de capitalização, com contribuição definida, com pouco 
ou inexistente caráter solidário e prevalência da individualidade. Já um modelo típico de 
Constituições sociais tende a adotar o modelo de repartição simples, com benefício 
definido e grande solidariedade.13 
O regime de repartição se mostra assaz dependente da solidariedade e 
é um mecanismo eficiente na diminuição da desigualdade social. Por ele, todos 
colaboram para o benefício de todos. Embora não se possa considerar a solidariedade 
um princípio normativo, mas uma característica que se expressa por e no limite das 
normas constitucionais e infraconstitucionais que conformam o sistema previdenciário, 
 
 
12 Nos regimes de repartição simples, há um compromisso transgeracional: quem está trabalhando suporta 
os beneficiários atuais. Cf. WEINTRAUB, Arthur Bragança de Vasconcellos. Coexistência do regime de 
repartição com o regime de capitalização. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São 
Paulo, São Paulo, v. 97, 2002, p. 211. 
13 Cf. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Primeiras lições de previdência complementar. São Paulo: LTr, 
1996, p. 212. 
12 
 
 
observa-se sua manifestação em decisões e argumentos jurisprudenciais e doutrinários, a 
justificar a existência, v.g., de contribuições sem benefícios correspondentes. É o que 
ocorre com o segurado aposentado que permanece trabalhando, o qual é obrigado a 
continuar o recolhimento da contribuição previdenciária, sem ter direito a novos 
benefícios, como reconheceu o STF no julgamento do RE 661.256.14 
Há, contudo, elementos sobressalentes no regime de repartição que 
oneram demais o Estado, como o a existência de benefício definido, o qual gera um 
dever de pagar um valor mínimo, ao contrário do sistema de capitalização, em que a 
contribuição mínima é definida e o benefício dependerá de variantes demográficas e de 
condições individuais. 
Por tal razão, os sistemas de previdência tendem a adotar elementos 
dos regimes de capitalização na medida em que as condições demográficas 
(especialmente o aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade) 
afetem o equilíbrio atuarial e financeiro do sistema. 
Os trabalhadores em geral, em consequência do caráter contributivo da 
previdência, são obrigados a contribuir com seu custeio. A Constituição não previu as 
alíquotas de contribuição, tampouco a respectiva base de cálculo. Em decorrência da 
previsão de competência concorrente entre União e Estados para legislar sobre 
previdência social (art. 22, XII), cada Estado poderia disciplinar as regras atinentes aos 
seus servidores e até mesmo ditar regras gerais vinculantes de seus Municípios, como a 
criação de um sistema único de previdência no âmbito estadual, incluindo-se-lhes. 
Os valores das alíquotas e bases de cálculo da contribuição 
foram definidas em normas infraconstitucionais. 
A Emenda Constitucional n. 20/1998 modificou a redação do caput 
do artigo 201, mas manteve o caráter contributivo do sistema, passando a vigorar com o 
seguinte texto: 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime 
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios 
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da 
lei, a: 
 
 
14 RE 661.256, rel. p/ o ac. min. Dias Toffoli, j. 27-10-2016, P, DJE de 28-9-2017. 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13687555
13 
 
 
Em virtude do caráter contributivo, a filiação à previdência social 
deveria pressupor um sinalagma: contribui-se para ter direito a benefícios e, em sentido 
contrário, somente quem contribui tem direito a benefícios. 
Sob outro prisma, no tributário, as contribuições previdenciárias têm 
natureza jurídica das espécies tributárias chamadas “contribuições sociais”15, as quais 
possuem vinculação direta e destinação específica (equilíbrio atuarial).16 
Ocorre que a lei de benefícios da previdência social previu, com 
algumas alterações sucessivas desde 1991, a regra do artigo 18, § 2º: 
§ 2º - O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS 
que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não 
fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do 
exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação 
profissional, quando empregado. 
Em sua redação original, porém, o mesmo dispositivo previa o 
pagamento dos "pecúlios", que consistia na devolução dos valores pagos por segurados 
aposentados que viessem a trabalhar e contribuir parao RGPS.17 Tal dispositivo garantia 
o pagamento de um benefício em contrapartida da contribuição efetuada, mantendo uma 
harmonia com o caráter contributivo constitucionalmente expresso. Logo em 1994, 
porém, o benefício foi revogado, tomando o dispositivo a forma citada anteriormente, 
atualmente em vigor. 
A referida norma infraconstitucional impunha, como se pode ver, a 
contribuição sem benefício. A divisão do sistema brasileiro previdenciário em sistema 
de custeio e de benefícios, o que decorre do artigo 195 da CRFB-88, de certo modo 
autoriza a existência de "custeadores" não "beneficiários". 
Ocorre que após a reforma de 1998 foi acrescido o § 11 ao artigo 201, 
com a seguinte redação: 
 
 
15 Cf. sobre o tema, especialmente antes da vigência da CF-88: LACOMBE, Américo Masset. 
Contribuição Previdenciária: natureza jurídica. Revista Jurídica Lemi, Parte Especial, jul. 1982, p. 47-61. 
16 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 23.ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 387. 
17 O pecúlio era disciplinado pelo artigo 81 da Lei 8.213/1991 e dizia: 
Art. 81. Serão devidos pecúlios: 
(...) 
II - ao segurado aposentado por idade ou por tempo de serviço pelo Regime Geral de Previdência Social 
que voltar a exercer atividade abrangida pelo mesmo, quando dela se afastar; (Revogado pela Lei nº 
8.870, de 1994) 
 
14 
 
 
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão 
incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e 
conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. 
A regra citada, conforme trecho em destaque, deixa clara a intenção do 
constituinte de assegurar a observância máxima do caráter contributivo estrito ao 
empregado. Vale dizer, o sistema é solidário no que toca à pluralidade de agentes de 
custeio, mas não no que toca aos empregados beneficiários, os quais devem apenas 
contribuir se tiverem a repercussão em benefícios. 
Levada a questão ao Supremo Tribunal Federal, no entanto, entendeu a 
Corte que o artigo 18, § 2º, da Lei federal n. 8.213/1991 é constitucional, em 
observância ao caráter solidário e distributivo do sistema previdenciário brasileiro, 
contrariando a afirmação e interpretação acima.18 O relator original do processo, 
Ministro Roberto Barroso, bem sintetizou no seu voto o pensamento ora defendido: 
"inexiste comutatividade estrita entre contribuição e benefício, em razão do caráter 
solidário do sistema. De outra parte, não é legítima a cobrança de contribuição sem 
oferta de qualquer benefício real, em razão do caráter contributivo do sistema". 
Com base nessa e na premissa de que não há previsão expressa de 
irrenunciabilidade e de irreversibilidade de aposentadoria, entendeu o relator pela 
possibilidade de "desaposentação", termo que passou a ser empregado para se referir ao 
pedido de cancelamento da aposentadoria anterior para obtenção de uma nova 
aposentadoria, computando-se o tempo de contribuição posterior a ela, quando o 
segurado voltou a trabalhar depois de aposentado. 
O Ministro Dias Toffoli, porém, amparando-se em outros argumentos, 
entre os quais os princípios implícitos da solidariedade e da distributividade, bem como 
na previsão, a nosso ver inconstitucional, de irrenunciabilidade e de irreversibilidade dos 
benefícios, expressamente prevista no artigo 181-B do Regulamento da Previdência 
Social (porquanto invadem matéria reservada à lei, nos termos do artigo 5º, II, da 
CRFB-88), entendeu que a "desaposentação" seria igualmente inconstitucional, por falta 
de amparo legal. 
Observe-se, porém, que no caso dos servidores públicos, duas 
distinções se verificam: primeiro, os servidores em fruição dos benefícios continuam a 
 
 
18 RE 661.256, rel. p/ o ac. min. Dias Toffoli, j. 27-10-2016, DJE de 28-9-2017, Tema 503. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13687555
15 
 
 
contribuir para o sistema; segundo, os mesmos servidores, se optam por permanecer em 
atividade, percebem, na forma de abono, o mesmo valor da contribuição previdenciária 
descontada mensalmente. 
3.2. O princípio implícito da solidariedade 
A CRFB-88 não previu expressamente o princípio da solidariedade 
como norma regente do sistema de previdência social, o qual foi construído 
jurisprudencial e doutrinariamente. 
De fato, o princípio da solidariedade decorre da própria natureza da 
aposentadoria como direito social, enquanto visa a promover uma justiça distributiva, 
diminuir desigualdades sociais e garantir o mínimo existencial. Nesse sentido, o caráter 
solidário da previdência impõe a cotização coletiva em prol dos menos favorecidos.19 
Os artigos 194 e 195 da CRFB-88 sinalizam para a solidariedade no 
custeio da previdência social. 
Quanto a esse pretenso princípio, ao contrário do que prevê o artigo 40 
da CRFB-88, em relação ao regime previdenciário do servidor público, as regras 
constitucionais do regime geral de previdência não o preveem expressamente, apenas a 
contributividade. Ora, se há dois sistemas previdenciários na Constituição, um prevendo 
a solidariedade e o outro não, forçoso é concluir – de modo axiomático - que o que não 
prevê a solidariedade não lhe imprime a mesma força, posto que se a reconheça 
implicitamente, dado o princípio fundamental hermenêutico de que a Constituição não 
contém expressões inúteis. 
Ademais, há que se ressaltar que os próprios artigos da Lei 8.212/1991 
que arrolam os princípios informadores da seguridade social (artigo 1º) e da previdência 
social (artigo 3º) não mencionam o princípio da solidariedade. Se não a mencionam, 
mas fazem referência expressa aos demais, é porque a solidariedade não projeta sobre o 
sistema previdenciário a mesma normatividade. 
Assim, conquanto a estrutura de financiamento da seguridade social se 
assente na solidariedade, o caráter contributivo - expresso que é - projeta maior 
normatividade ao sistema de benefícios. Vale dizer, em caso de lacunas no sistema de 
 
 
19 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 15. 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 22. 
16 
 
 
benefícios, a interpretação e integração normativa deve prestigiar o princípio expresso 
da contributividade em detrimento do princípio da solidariedade. 
3.3. Universalidade de cobertura 
Segundo o artigo 201 da CRFB-88, a previdência social oferece 
cobertura universal para todas as situações que podem impossibilitar qualquer indivíduo 
de auferir renda, a saber, eventos de doença, gravidez, invalidez, morte, velhice, 
desemprego involuntário e reclusão. Inseriu-se após o evento "morte" um aposto inócuo, 
para reforçar que haveria cobertura desses eventos mesmo quando decorrentes de 
acidente de serviço. Tratou-se de má técnica legislativa e de preocupação de reforçar 
tais eventos de maneira notoriamente desnecessária, uma vez que os acidentes de 
serviço já gozam ou gozariam, como é de se supor, de maior proteção que outras 
adversidades, dada a responsabilidade do empregador. Assim, se houvesse a necessidade 
de algum reforço, este seria para contemplar as hipóteses que não se enquadrassem em 
acidente de serviço. Sabendo, porém, dos interesses e vaidades que contaminam 
inclusive a redação legislativa, não causa tanta estranheza a presença de expressões 
completamente inúteis no texto constitucional. Felizmente, o poder constituinte 
reformador corrigiu a redação, retirando do texto, após a Emenda Constitucional nº 
20/1998, o referido aposto. De qualquer modo, assentou no § 10 do artigo 201 que a lei 
disciplinaria a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida 
concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado. 
Além dessa correção, o constituinte alterou o termo "velhice" pelo 
termo "idadeavançada", o que provavelmente se deu por estilos eufemísticos de 
linguagem, preocupação de quem, mais preso à semântica das palavras que à realidade 
que as suporta, busca projetar nos textos técnicos inquietações de seus destinatários que 
não as tem. A despeito da modificação, outros dispositivos constitucionais mantêm o 
emprego do termo "velhice". São, portanto, sinônimos. 
A par da cobertura acima indicada, preocupou-se o constituinte, em 
sua redação original, com a proteção à maternidade, com os dependentes dos segurados 
de baixa renda e dos segurados falecidos, prevendo o benefício da pensão por morte. 
O constituinte derivado de 1988, porém, retirou o alcance original 
dado à proteção aos dependentes dos segurados de baixa renda, limitando-o ao salário-
família (prestação paga ao segurado por número de filhos, atualmente de valor irrisório, 
17 
 
 
que, em decorrência, descumpre a finalidade prevista no dispositivo constitucional) e ao 
auxílio-reclusão. 
Buscou a alteração promover os princípios da seletividade e 
distributividade da previdência social (art. 194, III, da CRFB-88). Com a modificação, 
apenas segurados de baixa renda, definidos pelo legislador, farão jus a tais benefícios. 
Questão que chegou ao judiciário foi qual renda deve ser objeto de 
aferição, a do segurado recluso ou de seus dependentes. Pela interpretação literal do 
texto, tanto se pode ler que o auxílio-reclusão é devido ao segurado que tiver baixa 
renda, quanto ao dependente de baixa renda do segurado. O STF adotou a primeira 
interpretação no julgamento do RE 587.36520. No mesmo julgado, o Ministro Cesar 
Peluso adotou outra posição, a nosso ver mais coerente. É que, em sendo possível ambas 
as interpretações, o critério da necessidade e a aplicação dos princípios da seletividade e 
distributividade devem prevalecer. Nesse sentido, ainda que o segurado tenha baixa 
renda, sendo beneficiários do auxílio-reclusão seus dependentes, não é razoável que 
estes percebam o benefício se dele não necessitarem. Essa seria a solução mais lógica e 
consentânea com os fins da proteção constitucional aos mais pobres, por meio da 
seguridade social. Com o entendimento majoritário contrário do STF, porém, apenas 
uma nova modificação formal, ou uma interpretação evolutiva pode corrigir tal 
distorção. 
Já a pensão por morte também foi prevista constitucionalmente como 
proteção aos dependentes de ambos os sexos, na qualidade de cônjuge ou de 
companheiro. 
O conceito de companheiro, seus dependentes e divisão do benefício 
deram ensejo à conformação das lacunas deixadas pelo constituinte por parte do 
Supremo Tribunal Federal. 
No julgamento do MS 33.008, decidiu o STF ser possível o 
reconhecimento da condição de companheiro, mesmo que ele ainda esteja casado. No 
RE 590.779, uma pressão por mutação constitucional não se verificou, recusando o 
 
 
20 Rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 25-3-2009, P, DJE de 8-5-2009, Tema 89 da Repercussão Geral. 
18 
 
 
colegiado a equiparação da concubina à companheira. Outros julgados mais recentes do 
STF mantiveram o mesmo entendimento.21 
Ainda na vigência da redação original, discutiu-se a autoaplicabilidade 
do direito, que dependia, em certo grau, de conformação do legislador. O STF conferiu 
entendimento perigoso para a questão. No julgamento do RE 285.276, o Ministro 
Roberto Barroso manteve o entendimento da Corte pela autoaplicabilidade do inciso V 
do artigo 201, antes da vigência da Lei 8.213/91, que concretizou o comando 
constitucional. Pela lógica empregada, entendeu o STF que normas de eficácia limitada 
podem retroagir a eficácia conferida por lei.22 
3.4. Princípio da isonomia de tratamento entre os segurados 
O princípio da igualdade é um princípio implícito do Estado de Direito 
e garantido expressamente no artigo 5º da CRFB-88. Desse modo, a isonomia de 
tratamento entre os segurados deve ser a regra, apenas podendo ser violado em 
confronto com outros princípios, como o da seletividade e distributividade, entre outras 
normas e fins que busquem assegurar uma igualdade material. 
No que toca ao tratamento diverso entre segurados, além da adoção de 
critérios diferenciados por força do gênero e da renda, também previu o constituinte 
derivado a quebra da isonomia em virtude da prejudicialidade à saúde ou condição de 
deficiência (art. 201, §1º). 
O objetivo desta última norma, como reconheceu o STF, é proteger 
quem efetivamente é exposto a agente nocivo, não aquele que tem o potencial de 
exposição, mas cuja utilização de equipamento de proteção individual é plenamente 
eficaz a anular tal exposição.23 
3.5. Valor mínimo dos benefícios 
Um dos elementos regentes da teoria dos direitos sociais e que talvez 
informe qualquer Estado social é a garantia, pelo Poder Público, de um mínimo 
existencial. Consectário do princípio da dignidade da pessoa humana, a ideia de um 
 
 
21 Cf. MS 33.555, rel. min. Cármen Lúcia, j. 6-10-2015, 2ª T, DJE de 9-11-2015 e MS 33.008, rel. min. 
Roberto Barroso, j. 3-5-2016, 1ª T, DJE de 14-9-2016 
22 RE 285.276 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 17-3-2015, 1ª T, DJE de 31-3-2015. 
23 Cf. ARE 664.335, rel. min. Luiz Fux, j. 4-12-2014, P, DJE de 12-2-2015, Tema 555 da Repercussão 
Geral. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=9730746
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11650872
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=8134040
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7734901
19 
 
 
mínimo existencial pressupõe a prestação e o fornecimento pelo Estado de condições 
mínimas para que um ser humano possa viver no meio em que ele se insere. 
Nesse sentido, sobretudo nas sociedades cada vez mais urbanizadas, 
globalizadas e interdependentes, a garantia de uma renda mínima que possibilite a 
sobrevivência dos cidadãos é inexorável. No caso da aposentadoria, o caráter securitário 
que também informa o sistema deve impedir que o benefício seja desvalorizado a tal 
ponto que todos os valores contribuídos pelo segurado quando em plena capacidade e 
atividade laboral não o amparem nos momentos de impossibilidade de manutenção da 
atividade ou mesmo de fruição dos benefícios, de forma voluntária. 
Por tal razão, o constituinte originário previu a garantia de um valor 
mínimo de aposentadoria, adotando o § 5º, depois readequado para o atual § 2º: 
"Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho 
do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo." 
A referida garantia gerou controvérsias. Em primeiro lugar, há 
benefícios previdenciários que são pagos em caráter percentual sobre o salário. É o caso 
do auxílio-acidente, pago no importe de 50% do salário-benefício. Alguém que já 
perceba salário no valor do salário mínimo, poderia então perceber auxílio-acidente em 
valor inferior? Segundo o STF, não. No RE 597.022, assentou-se que o valor de 
quaisquer benefícios pagos pela previdência que substituam o salário ou rendimento do 
segurado não podem ser inferiores ao salário mínimo, independentemente de sua 
natureza.24 
3.6. Preservação do valor real dos benefícios 
Além de assegurar um valor mínimo dos benefícios, também é 
importante assegurar a atualização monetária dos valores das bases de contribuição, bem 
como a atualização proporcional dos benefícios, na hora de se calcular o valor final dos 
proventos, como prevê o § 2º original do mesmo artigo, renumerado para o § 4º: "§ 2 º - 
É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter 
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei." 
O artigo 58 do ADCT previa a revisão dos benefícios previdenciários 
expressa em salários mínimos até a implantação do plano de custeio e benefícios da24 RE 597.022 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 27-10-2009, 1ª T, DJE de 20-11-2009. 
 
http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=606042&pgI=1&pgF=100000
20 
 
 
seguridade social. Tais planos foram instituídos mediante as Leis 8.212/1991 e 
8.213/1991, a partir dos quais restou assegurado um critério de reajustamento 
inflacionário dos benefícios. 
3.7. Equilíbrio financeiro e atuarial 
A previsão de equilíbrio financeiro e atuarial foi incluída no artigo 201 
pelo constituinte derivado de 1998. A norma ostenta a natureza de princípio, atuando 
como diretriz aos poderes constituídos quando da regulamentação dos sistemas de 
previdência. Sua previsão expressa oferece um contraponto ao princípio da 
solidariedade e invocação de direitos subjetivos decorrentes do caráter contributivo do 
sistema. Visto sob esse prisma, o próprio princípio da contributividade, a par do 
princípio da segurança jurídica (direito adquirido e ato jurídico perfeito), podem ser 
relativizados na busca pela preservação do referido equilíbrio. 
Albergado na mesma norma pode se inserir o fator previdenciário 
previsto no § 7º do artigo 29 da Lei 8.213/91. Segundo esse artigo, o cálculo do 
benefício será feito multiplicando-se a média aritmética simples dos maiores salários-
de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, 
multiplicada pelo fator previdenciário. Este é calculado considerando-se a idade, a 
expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar. 
Também na busca do equilíbrio atuarial, a Lei federal 13183/2015 
criou uma alternativa à incidência do fator previdenciário, consistente em sua opção, a 
critério do segurado, pela soma de seu tempo de contribuição à idade. Assim, embora a 
Constituição estabeleça, como se verá a seguir, a possibilidade de se aposentar por 
tempo de contribuição ou por idade, para efeito de cálculo do benefício a referida lei 
conjuga os dois critérios atuariais. Assim, se a CRFB-88 exige 65 anos de idade ou 35 
anos de contribuição para o homem se aposentar, o benefício será menor quando o 
segurado for jovem, mas tiver muito tempo de contribuição, como se dá com a pessoa 
que começou a trabalhar com 15 anos de idade e, aos 50 anos, já possui 35 de 
contribuição. Pela aplicação do fator previdenciário, o cálculo do benefício, que 
considera também a idade, resultaria em valores menores. Com a nova regra facultativa, 
o segurado pode optar por receber o benefício calculado pela média aritmética simples 
de sua base de contribuição devidamente corrigida, se tiver, no mínimo, 95 pontos, 
sendo cada ponto atribuído a cada ano de contribuição ou ano de vida. 
3.8. Filiação obrigatória e universal 
21 
 
 
Segundo a redação original (art. 201, § 1º), qualquer pessoa poderá 
participar da previdência social, mediante o pagamento da contribuição, na forma dos 
regulamentos dos planos previdenciários. 
A redação foi alterada pelo constituinte derivado de 1998, que adotou 
a disposição no § 5º: "É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na 
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de 
previdência.". 
A redação original da CRFB-88 não previu a obrigatoriedade de 
filiação, algo que foi previsto pelo legislador ordinário e, posteriormente, pelo 
constituinte derivado de 1998. 
Em que pese à previsão geral de filiação obrigatória, o constituinte 
previu igualmente as hipóteses de filiação facultativa e filiação vedada. 
 O § 7º da redação original, nesse sentido, já implicitamente previa a 
criação de seguro coletivo a ser mantido pela previdência social, de caráter facultativo e 
complementar, o que dava ensejo à possibilidade de filiação facultativa à Previdência 
Social. 
Esse seguro coletivo apoia-se na ideia de aumento de fontes de custeio 
para a previdência, fortalecendo seu equilíbrio atuarial, por um lado, e universalidade 
cobertura, por outro, atendendo pessoas sem renda formal ou às donas de casa. 
A EC n. 20/1998 modificou o § 7º, prevendo no § 5º a situação de 
filiados facultativos e filiados vedados. A citada norma do § 5º prevê a possibilidade de 
filiação facultativa ao RGPS, sem, contudo, detalhá-la. Como filiação vedada, o referido 
dispositivo coloca os servidores que pertencem a regime próprio de previdência. 
A Constituição prevê a obrigatoriedade universal de filiação e também 
uma obrigatoriedade específica: o servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em 
comissão, bem como de outro cargo temporário ou de emprego público (art. 40, § 13). 
O antigo § 7º foi também melhor detalhado nos atuais §§ 12 e 13, que 
previram a criação do sistema especial de inclusão previdenciária, voltados às pessoas 
de baixa renda, ou sem renda própria, como os trabalhadores domésticos, especialmente 
as mulheres. Devido à característica inclusiva e social, previu o constituinte de 1998 
alíquotas e carências diferenciadas para tais segurados. 
3.9. Contribuição previdenciária e aposentadoria com base em ganhos eventuais 
22 
 
 
Optou o constituinte por assegurar constitucionalmente o direito do 
trabalhador à repercussão no benefício previdenciário dos ganhos eventuais. Dentre 
esses ganhos, pode-se citar a própria gratificação natalina (13º salário) que é paga na 
forma de abono anual, conforme artigo 40 da Lei federal n. 8.213/191, o qual 
regulamenta o §6º do artigo 201. 
Esse foi um dos dispositivos mais acionados perante o STF. De um 
lado, muitas empresas, alegando que o segurado, por não haver repercussão em 
benefícios futuros certos descontos a título de contribuição previdenciária incidente na 
folha de pagamento de seus empregados, pretendiam a isenção de tal recolhimento. 
No julgamento do RE 565.160, v.g., tal discussão voltou à tona, 
entendendo a corte que os adicionais de periculosidade e insalubridade, as gorjetas, os 
prêmios, os adicionais noturnos, as ajudas de custo e diárias de viagem (excedentes a 
50% do salário recebido), bem como as comissões e quaisquer outras parcelas pagas 
habitualmente, devem integrar a base de cálculo de recolhimento previdenciário, à luz 
do que dispõe o novo § 11 do artigo 201. No julgamento do RE 569.441, veio à baila a 
incidência de contribuição sobre a participação nos lucros, posicionando-se 
afirmativamente o tribunal acerca de sua incidência.25 Já no RE 478.410, o STF 
entendeu que o pagamento de vale-transporte em dinheiro, afastada sua natureza 
salarial, não deve sofrer o desconto previdenciário.26 
O mesmo princípio comutativo foi empregado pelo STF para declarar 
a inconstitucionalidade de incidência da contribuição previdenciária sobre a vantagem 
decorrente do exercício de cargo em comissão não incorporável na remuneração do 
cargo de natureza efetiva27. 
Em regra, o STF reconheceu dois requisitos implícitos para aferir a 
constitucionalidade da incidência de contribuição previdenciária face ao que dispõe o 
aludido § 11: a natureza salarial, não indenizatória do valor percebido, e sua 
habitualidade. 
3.10. Cálculo dos proventos 
 
 
25 RE 596.441. Rel. p/ o ac. min. Ricardo Lewandowski, j. 29-10-2008, DJE de 29-10-2009. 
26 RE 478.410, rel. min. Eros Grau, j. 10-3-2010, DJE de 14-5-2010. 
27 RE 463.348, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 14-2-2006, 1ª T, DJ de 7-4-2006. 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13413144
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7708707
http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=611071
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=368516&idDocumento=&codigoClasse=437&numero=463348&siglaRecurso=&classe=RE
23 
 
 
A redação original da CRFB-88 disciplinava também o cálculo dos 
proventos: 
Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o 
benefício sobre a média dos trinta e seis últimos saláriosde contribuição, 
corrigidos monetariamente mês a mês, e comprovada a regularidade dos 
reajustes dos salários de contribuição de modo a preservar seus valores 
reais e obedecidas as seguintes condições: 
Na vigência dessa regra, discutiu-se a constitucionalidade do fator 
previdenciário, uma vez que, tendo a Constituição disciplinado a forma de cálculo e não 
fazendo qualquer menção à inserção de fatores como a expectativa de vida, sua adoção 
pelo legislador seria inconstitucional. 
A EC n. 20/1998, porém, retirou tal previsão da Constituição, 
remetendo ao legislador a regulamentação dos critérios de cálculos. Por tal razão, no 
julgamento do ARE 648.195, reafirmou-se o entendimento de que, não havendo mais 
disciplina constitucional acerca dos critérios de cálculos, o fator previdenciário é 
constitucional.28 
3.11. Regras de aposentadoria 
A CRFB-88 previu aposentadoria integral, proporcional e especial, 
fixando regras para o cálculo dos benefícios. 
A EC n. 20/1998, revogou a hipótese de aposentadoria proporcional, 
alterou os critérios para obtenção de aposentadoria integral sem modificação substancial 
dos requisitos para sua obtenção, tal como fez com a previdência do setor público. 
3.11.1.Aposentadoria integral 
Assegurou o constituinte de 1998 a aposentadoria com proventos 
integrais com requisitos alternativos e quantitativamente diferenciados por gênero. 
Assim, o homem pode se aposentar com 65 e a mulher com 60 anos de idade, ou 
respectivamente com 35 e 30 anos de trabalho. 
A Proposta de Emenda à Constituição 33/95, que resultou na EC n. 
20/1998, recebeu substitutivo no Senado, durante sua tramitação, tentou prever a 
cumulatividade dos requisitos idade e tempo de contribuição, como se deu com as regras 
para o servidor público. Na votação final na Câmara, porém, prevaleceu a 
alternatividade dos requisitos idade e tempo de contribuição. 
 
 
28 ARE 648.195 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 13-12-2011, 2ª T, DJE de 14-2-2012. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=1733107
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=1733107
24 
 
 
A integralidade proporciona ao segurado auferir o melhor benefício 
possível, o mais próximo de sua base de contribuição. A legislação de custeio, no caso a 
Lei federal n. 8.212/1991, define os critérios de aferição da base de cálculo e as 
respectivas alíquotas. Em termos genéricos, a base de cálculo da contribuição 
previdenciária inclui os ganhos habituais do empregado. A média aritmética desses 
ganhos habituais, designados pela legislação infraconstitucional de "salários de 
contribuição", devidamente corrigidos e multiplicados pelo fator previdenciário, quando 
for o caso, constituem o paradigma da integralidade. Assim, esse produto representará o 
valor inicial do benefício, quando integrais. 
Há, contudo, a previsão de aposentadoria proporcional, hipótese em 
que o segurado perceberá o valor correspondente à respectiva proporcionalidade, 
incidente sobre o paradigma referido. 
Conquanto a aposentadoria integral tenha se mantido após a EC n. 
20/1998, esta modificou o critério "tempo de trabalho", por tempo de contribuição. A 
regra original privilegiava o trabalho exercido, independentemente de ter havido ou não 
contribuição. Esse critério evidenciava o caráter social da previdência, em detrimento do 
equilíbrio financeiro-atuarial, paradigma revisto pelo constituinte derivado. 
Com a modificação para tempo de contribuição, o constituinte 
precisou adotar regras de transição, para não prejudicar desproporcionalmente quem se 
beneficiaria da regra anterior. Para tanto, a EC n. 20/1998 previu o seguinte art. 4º: 
"observado o disposto no art. 40, § 10, da Constituição Federal, o tempo de serviço 
considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que a lei 
discipline a matéria, será contado como tempo de contribuição." 
No curso do processo legislativo da EC n. 20/1998, como visto, previa 
a proposta original que os requisitos tempo de idade e tempo de contribuição seriam 
cumulativos, e não alternativos, como ocorre com os servidores públicos. Por isso, a EC 
n. 20/1998 trazia o artigo 9º, com uma regra de transição de 53 anos para homem e 48 
para mulheres, mais 35 e 30 anos respectivamente. Como a cumulatividade dos 
requisitos idade e tempo de contribuição não foi aprovada na votação da PEC 33/1995 e, 
pelo processo de votação com destaque, o artigo 9º, que continha um §1º com regras de 
transição para aposentadoria proporcional que ainda tinham sentido mesmo sem a 
aprovação da cumulatividade, manteve-se com o caput desprovido de qualquer eficácia 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#art40%C2%A710
25 
 
 
prática, uma vez que prevê uma regra de transição pior que a regra prevista no novo 
texto constitucional. Ironias do processo legislativo brasileiro. 
3.11.2. Aposentadoria proporcional 
A Constituição de 1988, em sua redação original, previu a 
aposentadoria proporcional aos 30 ou 25 anos de trabalho, respectivamente. O texto foi 
pouco elucidativo, quiçá por já haver uma prática consolidada acerca da aposentadoria 
proporcional. A primeira lacuna diz respeito ao cálculo da proporcionalidade, uma vez 
que o texto não fala se a aposentadoria é proporcional à idade, ou proporcional ao tempo 
de serviço. Cumpre lembrar que o fator previdenciário atuava uma espécie de 
proporcionalidade por idade. Pela regulamentação já existente, presumir-se-ia ser a 
proporcionalidade aferida relativamente ao tempo de serviço. Outra dúvida é se haveria 
apenas a aposentadoria aos 30 anos e aos 35 anos, no caso do homem, v.g., ou se haveria 
uma gradação entre 30 anos e 35 anos, podendo o segurado homem se aposentar aos 30, 
31, 32...ou 35 anos. Também a regra prevista na legislação infraconstitucional 
assegurava a gradação. 
A EC n. 20/1998 revogou a possibilidade de aposentadoria 
proporcional, mas criou, como já referido, no artigo 9º, § 1º, uma regra de transição para 
a proporcionalidade, segundo a qual restou assegurado a quem se filiara ao regime geral 
de previdência social até 16/12/1998, a aposentadoria proporcional ao tempo de 
contribuição, mediante o cumprimento de um período adicional de contribuição 
equivalente a quarenta por cento do tempo que, em 16.12.1998, faltaria para atingir os 
30 ou 25 anos, respectivamente no caso de homem ou de mulher. 
3.11.3. Aposentadoria especial 
A Constituição previu aposentadoria especial por idade, com redução 
de 5 anos para quem exerce atividade de economia familiar. A ideia é atender pessoas 
que trabalham em atividades do setor primário, como pequeno produtor ou trabalhador, 
como quem atua no extrativismo mineral e vegetal, na agropecuária ou pesca. Em regra, 
tais segurados apresentam trabalho mais desgastante e, por histórico social, econômico e 
cultural, iniciam o labor muito cedo, juntamente com os pais. Tal condição justifica a 
diminuição de idade para se aposentarem. 
26 
 
 
Já os professores que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo 
exercício nas funções do magistério também fazem jus a uma aposentadoria especial, 
com diminuição de 5 anos no requisito tempo de contribuição. 
Nesse tema, discutiu-se se o § 8º, que prevê a referida regra especial, 
ao impor o exercício ininterrupto, contemplaria a hipótese de readaptação do professor. 
No julgamento da ADI 3772, entendeu o STF que o tempo em que o segurado se 
encontra afastado ou é readaptado por necessidade de saúde, deve ser considerado como 
de atividade de magistério para os fins de aposentadoria, entendendo o colegiado que a 
atividade docente não se circunscreve apenas às atividades em sala de aula.29 
No entanto, os limites de exercício da atividade pedagógica também 
devem ser limitados. No RE 1.039.644, o STF delimitou o cômputo de tempo de serviçoem atividades de direção, coordenação e assessoramento pedagógico realizado por 
professores, desde que efetuados em estabelecimentos de educação infantil ou de ensino 
fundamental e médio, como previa a literalidade da norma constitucional.30 
3.11.4. Reversibilidade da aposentadoria e ato jurídico perfeito 
Além da já discutida desaposentação, já havia o Supremo Tribunal 
Federal se pronunciado sobre a possibilidade de o segurado reverter sua aposentadoria 
integral, a fim de obter maior benefício com a aposentadoria proporcional. 
Isso ocorreu na transição de 1988 a 1991, quando foi criada a 
regulamentação dos sistemas de custeio e de benefícios da previdência social. Àquela 
altura, quem se aposentasse com proventos proporcionais antes da edição das Leis 8.212 
e 8.213 faria jus a um benefício algumas vezes superior a quem se aposentasse 
integralmente com a aplicação das novas regras previstas pela Lei federal 8.213/91. 
Casos como esse chegaram ao STF, pleiteando a reversibilidade da 
aposentadoria integral, com renúncia do tempo posterior, para o fim de obter 
aposentadoria proporcional com proventos maiores. No julgamento do RE 352.391, em 
2006, a Corte entendeu pela impossibilidade de tal recurso, uma vez que o ato de 
 
 
29
 ADI 3772/DF, rel. min. Carlos Brito, rel. p/ acórdão Min. Ricardo Lewandowski, j. 29-10-2008, 
DJ 26-3-2009. 
30 RE 1.039.644 RG, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 13-10-
2017, P, DJE de 13-11-2017, Tema 965 de Repercussão Geral. 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14027801
27 
 
 
aposentadoria estaria abrangido pela proteção do ato jurídico perfeito. Entendeu, ainda, 
o colegiado, que o princípio tempus regit actum aplicava-se ao caso, impedindo que o 
segurado pudesse invocar proteção anterior.31 
Esse julgamento do STF apresentou dois equívocos. Em primeiro 
lugar, invocou o relator a proteção do ato jurídico perfeito, garantia individual contra 
leis retroativas, em face do cidadão em uma relação sinalagmática, posto que legalmente 
prevista. Não há qualquer norma constitucional ou legal, até o momento, proibindo a 
reversão, desistência ou renúncia de benefícios estatais, tampouco prevendo sua 
obrigatoriedade de aceite. 
Ora, ninguém é obrigado a se aposentar. Ainda que o segurado 
preencha todos os requisitos, se ele não manifestar sua vontade de se aposentar, o 
benefício não lhe é concedido automaticamente. Sendo, portanto, um ato que depende 
da manifestação de vontade do beneficiário, não havendo regra vedando sua desistência, 
prevalece o regime da autonomia da vontade na manutenção ou não da concessão de seu 
benefício. O segundo equívoco da decisão é desconsiderar que, no caso, o interessado 
possuía dois direitos adquiridos em tempos diversos, exercitáveis a qualquer tempo: o 
direito à aposentadoria proporcional, adquirido em 1988, e o direito à aposentadoria 
integral, adquirido em 1993. Ambos os direitos, por serem adquiridos, não sofrem a 
incidência de decadência, tampouco de prescrição, salvo as prestações deles decorrentes, 
que devem observar a prescrição quinquenal. Logo, em sendo exercitáveis a qualquer 
tempo, faria jus o segurado à incidência do benefício mais vantajoso. Se a 
regulamentação foi incoerente, conferindo melhor aposentadoria a quem tem menos 
tempo de serviço, sem uma regra de transição razoável que assegurasse essa condição, 
impunha-se ao poder público a razoabilidade na concessão do benefício mais vantajoso 
ao segurado. O fato de o segurado ter efetuado o pedido de aposentadoria integral não 
pode servir de presunção formal de que ele pretendia se aposentar integralmente, ainda 
que mais desvantajoso fosse o benefício. Os segurados não se importam pela regra ou 
regime de concessão. Buscam otimizar seu bem estar, seu patrimônio e exercer a opção 
mais vantajosa. É nítido e elementar que o segurado não foi orientado na solicitação e 
 
 
31 RE 352.391 AgR, rel. min. Carlos Velloso, j. 6-12-2005, 2ª 
T, DJ de 3-2-2006. 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=339877
28 
 
 
influenciado pelo comportamento omisso da Administração. Não se pode exigir de 
qualquer cidadão comum a presunção de que uma regra de aposentadoria com requisitos 
mais difíceis possa ser menos vantajosa que a regra mais fácil. Se assim o fez a 
Administração, o ato viola princípios implícitos decorrentes do princípio 
macroestruturante do Estado de direito, entre os quais a razoabilidade. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O modelo raro de constitucionalização de regras previdenciárias no 
Brasil traz a necessidade de modificações formais e até mesmo informais na 
Constituição. Isso explica a dimensão das reformas constitucionais, as quais, se não tão 
grandes em número, destacam-se por sua extensão e pela adoção de normas 
independentes no corpo da própria emenda constitucional, assegurando o direito 
adquirido e regras de transição. 
O caráter mais técnico e objetivo do tema, bem como os interesses 
políticos em jogo, que acabam interessando e mobilizando a população e a imprensa em 
qualquer alteração do texto no curso do processo legislativo, podem explicar a ausência 
de interpretações evolutivas do STF ou mesmo mutações constitucionais no tema. Isso 
não impediu um grande número de questionamentos judiciais, especialmente no tocante 
à busca pela preservação de critérios mais benéficos para os servidores públicos. 
No campo das modificações formais, destacam-se a tendência de 
convergência dos regimes público e privado, refletindo uma cobrança social por maior 
equidade de tratamento entre trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada. A 
autorização de criação de previdência complementar pelos entes públicos e consequente 
limitação dos benefícios ao mesmo valor previsto para o RGPS sinalizam esse objetivo. 
Outra tendência verificada é a busca por um reequilíbrio do Estado 
social e da atuação do mecanismo de solidariedade. Inicialmente pensado de forma a 
fomentar maior distribuição de renda, pela universalidade de fontes de custeio, 
garantindo aposentadorias ordinárias a trabalhadores com até 45 anos de idade, no caso 
de mulher que tenha trabalhado desde os 15 anos, o sistema se mostrou insustentável, 
face às novas características demográficas da sociedade brasileira e mundial 
contemporâneas, o que levou a uma ligeira inclinação para o sistema de capitalização, 
como se verificou no Chile, que inclusive foi citado no parecer da Câmara dos 
29 
 
 
Deputados que aprovou o substitutivo apresentado pelo Senado à PEC 33/1995, que 
viria a se tornar a EC n. 20/1998. 
Às portas de uma nova reforma da previdência, com alterações nos 
requisitos para obtenção do benefício, especialmente no aumento da idade, em face da 
longevidade e mediante a adoção de cláusulas dinâmicas, que acompanhem a constante 
e progressiva alteração desses elementos, com a tentativa de estabelecimento de uma 
igualdade formal de tratamento entre os gêneros, ou mesmo diante de normas que 
afetem o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e outros princípios ínsitos ao Estado de 
direito, podem certamente provocar o reconhecimento, pelo STF, de ocorrência de 
mutações constitucionais, ou acarretar uma interpretação evolutiva da Corte 
constitucional brasileira. 
 
FONTES 
1. Referências bibliográficas 
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previdenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. 
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Malheiros, 1996. 
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Marcelo Leonardo (coord.). Rio de Janeiro: Impetus, 2004. 
WEINTRAUB, Arthur Bragança de Vasconcellos. Coexistência do regime de repartição 
com o regime de capitalização. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de 
São Paulo, São Paulo, v. 97, 2002, p. 211-7. 
2. Jurisprudência citada 
30 
 
 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 243.415, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 14-12-
1999, 1ª T, DJ de 11-2-2000. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 463.348, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 14-2-
2006, 1ª T, DJ de 7-4-2006. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 352.391, AgR, rel. min. Carlos Velloso, j. 6-12-
2005, 2ª T, DJ de 3-2-2006. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. ADI 3772/DF, rel. min. Carlos Brito, rel. p/ acórdão 
Min. Ricardo Lewandowski, j. 29-10-2008, DJ 26-3-2009. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 590.779, rel. min. Marco Aurélio, j. 10-2-2009, 1ª 
T, DJE de 27-3-2009. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 587.365, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 25-3-
2009, P, DJE de 8-5-2009, Tema 89 de Repercussão Geral. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 597.022 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 27-10-
2009, 1ª T, DJE de 20-11-2009. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 478.410, rel. min. Eros Grau, j. 10-3-2010, 
P, DJE de 14-5-2010. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. ARE 648.195 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, 
j. 13-12-2011, 2ª T, DJEde 14-2-2012. 
RE 569.441, rel. p/ o ac. min. Teori Zavascki, j. 30-10-2014, P, DJE de 10-2-2015, 
Tema 344 de Repercussão Geral. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. ARE 664.335, rel. min. Luiz Fux, j. 4-12-2014, 
P, DJE de 12-2-2015, Tema 555 de Repercussão Geral. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 285.276 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 17-3-
2015, 1ª T, DJE de 31-3-2015. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. MS 33.555, rel. min. Cármen Lúcia, j. 6-10-2015, 2ª 
T, DJE de 9-11-2015. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. MS 33.008, rel. min. Roberto Barroso, j. 3-5-2016, 
1ª T, DJE de 14-9-2016. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 565.160, rel. min. Marco Aurélio, j. 29-3-2017, 
P, DJE de 23-8-2017, Tema 20 de Repercussão Geral. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 661.256, rel. p/ o ac. min. Dias Toffoli, j. 27-10-
2016, P, DJE de 28-9-2017. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. RE 1.039.644 RG, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 
13-10-2017, P, DJE de 13-11-2017, Tema 965 de Repercussão Geral. 
 
 
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http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=368516&idDocumento=&codigoClasse=437&numero=463348&siglaRecurso=&classe=RE
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http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=9730746
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11650872
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