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Lidando com dores crônicas - ebook para pacientes

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Ana Paula

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Prévia do material em texto

<p>Adrianna Loduca</p><p>Graduada em Psicologia pela PUC/SP</p><p>(1990), mestrado (1998) e doutorado</p><p>(2007) em Psicologia (Psicologia</p><p>Clínica) pela PUC/SP. Atualmente é</p><p>professora da Faculdade de Ciências</p><p>psicóloga clínica em clínica interdisci-</p><p>plinar, psicóloga colaboradora e</p><p>coordenadora da equipe de psicólogos</p><p>no Centro de Dor do Hospital das</p><p>Clínicas da Faculdade de Medicina da</p><p>Universidade de São Paulo, docente e</p><p>membro da equipe de organização do</p><p>curso de pós-graduação – Avaliação e</p><p>Tratamento Interdisciplinar de Dor do</p><p>Centro de Dor do Hospital das Clínicas</p><p>da Faculdade de Medicina da USP.</p><p>Sócia e diretora da empresa TAPSI</p><p>(Treinamento e Assistência Psicológica),</p><p>que presta atendimento assistencial</p><p>a pessoas com dores crônicas e cursos</p><p>e treinamentos para profissionais</p><p>da área da saúde sobre os temas</p><p>dor e psicologia.</p><p>Adrianna Loduca</p><p>Sabemos que conviver com dores</p><p>crônicas não é fácil, pode impac-</p><p>tar o seu dia a dia de forma inten-</p><p>sa e trazer sofrimento.</p><p>Este livro foi desenvolvido para</p><p>ajudá-lo a lidar com esta</p><p>experiência, te explicando como a</p><p>dor funciona no seu corpo e</p><p>fornecendo dicas de como você</p><p>pode se beneficiar mais do seu</p><p>tratamento. Ele te conduzirá a</p><p>uma jornada de autoconhecimen-</p><p>to e maior percepção de sua</p><p>situação clínica atual, permitindo</p><p>que você fortaleça suas estraté-</p><p>gias de enfrentamento e não se</p><p>sinta refém de suas dores.</p><p>Profissionais de saúde, familiares</p><p>e cuidadores também poderão</p><p>aprender com esta obra como</p><p>ajudar aqueles que sofrem com</p><p>dores crônicas, assim como</p><p>maneiras de melhorar a sua</p><p>própria qualidade de vida.</p><p>Boa leitura!</p><p>Apoio</p><p>LIDANDO MELHOR COM AS MINHAS</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)</p><p>21-57840 CDD-150</p><p>Índices para catálogo sistemático:</p><p>1. Psicologia 150:</p><p>Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129</p><p>Loduca, Adrianna</p><p>Lidando melhor com as minhas dores crônicas / Adrianna Loduca;</p><p>ilustração Mariana Eller Caetano. -- 1. ed. -- São Paulo : TAPSI -</p><p>Treinamento e Assistência Psicológica, 2021.</p><p>ISBN 978-65-993946-0-7</p><p>1. Psicologia I. Caetano, Mariana Eller. II. Título.</p><p>Autora:</p><p>Adrianna Loduca</p><p>Colaboradores</p><p>Barbara Maria Müller</p><p>Claudio Samuelian</p><p>Revisão:</p><p>Jorge Makssoudian</p><p>Ilustrações:</p><p>Mariana Eller Caetano</p><p>Diagramação e projeto gráfico:</p><p>Vogel Design</p><p>LIDANDO MELHOR COM AS MINHAS</p><p>LIDANDO MELHOR COM AS MINHAS</p><p>Dra. Adrianna Loduca</p><p>Copyright © 2021</p><p>por Adrianna Loduca</p><p>São Paulo • 2021</p><p>Apoio:</p><p>Todos os direitos reservados</p><p>e protegidos pela Lei nº 9.610, de</p><p>19/2/1998. Nenhuma parte deste</p><p>livro, sem autorização prévia da</p><p>autora, pode ser reproduzida ou</p><p>transmitida sejam quais forem os</p><p>meios empregados: eletrônicos,</p><p>mecânicos, fotográficos,</p><p>gravação ou quaisquer outros.</p><p>LIDANDO MELHOR COM AS MINHAS</p><p>1ª Edição</p><p>5</p><p>Agradecimentos</p><p>Agradecemos a indústria farmacêutica Libbs, que apoiou este projeto</p><p>e compartilha ideias semelhantes quando enfatiza a importância de olhar o</p><p>paciente por inteiro ao tratar de suas dores.</p><p>Também somos gratos a todos os pacientes que confiaram no nosso</p><p>trabalho, permitindo que nos baseássemos em suas narrativas para desen-</p><p>volver este livro. Obrigado por nos confidenciar as suas histórias, partilhar</p><p>as suas conquistas, dúvidas, medos e até mesmo frustrações e fracassos em</p><p>relação a tratamentos previamente realizados, nos revelando as suas neces-</p><p>sidades. Juntos desenvolvemos alternativas que os ajudaram a lidar com as</p><p>suas dores e que apresentamos aqui, para que outras pessoas que sofrem</p><p>com dores crônicas também possam se beneficiar.</p><p>Não podemos deixar de mencionar o apoio de diversos profissionais</p><p>da área da saúde e estudantes de Psicologia da Pontifícia Universidade</p><p>Católica de São Paulo (PUC-SP) que, de diferentes formas, contribuíram com</p><p>informações que foram agregadas a este livro, em especial a psicóloga Andrea</p><p>Souza e os estudantes Bruno Giorgetti e Carmela Pedicini (in memoriam).</p><p>Muito obrigada à Dra. Lin Tchia Yeng e ao Dr. Manoel Jacobsen Teixeira,</p><p>que sempre respeitaram e incentivaram os nossos projetos no Centro de Dor</p><p>do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São</p><p>Paulo (USP), em especial no Instituto de Ortopedia e Traumatologia.</p><p>Sumário</p><p>Carta paciente ................................................................................................. 9</p><p>Prefácio ...............................................................................................13</p><p>Capítulo um Dor crônica é um problema sério ..................................17</p><p>Capítulo dois O impacto da dor no meu cotidiano.............................25</p><p>Capítulo três O sentido da dor na minha vida.....................................65</p><p>Capítulo quatro Convívio com minhas dores crônicas ..........................73</p><p>Capítulo cinco Como funciona a dor no meu corpo.............................81</p><p>Capítulo seis Minhas fontes de motivação</p><p>para o manejo da dor ..................................................... 99</p><p>Capítulo sete Os hormônios da felicidade e as suas funções.........119</p><p>Capítulo oito O que faz o estresse, as emoções</p><p>e os sentimentos no meu corpo ..................................129</p><p>Capítulo nove Como posso cuidar melhor de mim............................153</p><p>Capítulo dez Como navegar pela internet .........................................173</p><p>Referências bibliográficas ..............................................................................183</p><p>9</p><p>carta paciente</p><p>Feliz! É como posso descrever o sentimento de ler “Lidando</p><p>melhor com minhas dores crônicas”. Parece que alguém leu meus</p><p>pensamentos como se entrasse no íntimo dos meus sentimentos,</p><p>para colocar em palavras cada um deles.</p><p>Não há bancos de escola ou faculdade que possam descrever</p><p>cada detalhe de nossa experiência. Eu, como paciente fibromiálgica</p><p>e dor crônica lombar, posso afirmar que os sentimentos aqui lidos</p><p>e relatados, tanto por Dolores como por Salvador, serão facilmente</p><p>identificados por todos os leitores.</p><p>Sentimentos de raiva e desamparo, cheios de incertezas,</p><p>pessoas perdidas e vítimas, para então começar a aceitar e a querer</p><p>aprender como enfrentar um monstro que vira amigo. Cada dica dada</p><p>será importante para reflexão, adoção e vivência dos leitores.</p><p>A autora Dra. Adrianna Loduca conheceu a dor crônica de perto,</p><p>ela relata isso. Então, consegue compreender cada minúsculo passo</p><p>e a dimensão do que nós vivemos, na busca por qualidade de vida,</p><p>compreensão, empatia e até mesmo para aderir aos tratamentos.</p><p>C o m p r e e n d e r</p><p>o que acontece com o</p><p>nosso corpo é tão impor-</p><p>tante quanto qualquer</p><p>outra forma de tratamento.</p><p>Essa compreensão nos ajuda</p><p>a buscar recursos e a assimilar</p><p>melhor aquilo que nosso “corpo</p><p>fala”. Apenas deixar de sentir dor é o</p><p>suficiente? É isso que nos motiva a seguir</p><p>o tratamento?</p><p>Ao interferir na vida, acreditamos que a dor</p><p>nos rouba o tempo, a alegria, a convivência, o emprego,</p><p>a família, os amigos, a vida. Mas, e então? Fazer o quê? Há</p><p>saídas? O que há para aprender com a dor e tudo o que ela envolve?</p><p>A vida deve continuar? Há algo que depende apenas de nós?</p><p>Só os profissionais têm as chaves dos segredos nas mãos?</p><p>Eu voltarei a ser como antes ou posso ser ainda melhor? São tantas as</p><p>perguntas, certo? Não vou dar um spoiler desta obra. Você precisa ler</p><p>para crer. Mas garanto que vai ser muito prazerosa e proveitosa a leitura.</p><p>Na minha experiência pessoal e trabalhando voluntariamente</p><p>há 14 anos com pacientes fibromiálgicos na Abrafibro - Associação</p><p>Brasileira dos Fibromiálgicos - que ajudei a fundar e sou presidente</p><p>atual, posso responder da seguinte forma a essas e tantas outras</p><p>perguntas: depende de você!</p><p>1 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>O quão generosa(o) e comprometida(o) você estiver consigo</p><p>por sua vida, melhores resultados poderá alcançar.</p><p>Este livro dará a você uma série de informações importantes</p><p>para esta caminhada. Outras, você irá descobrir ao longo de sua</p><p>própria jornada. Aproveite todas</p><p>uma nota de 0 a 5 para o quanto entende</p><p>que esta área está prejudicada, sendo 0 nenhum</p><p>prejuízo e 5 totalmente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Você tem sido específico para definir seus objetivos?</p><p>• Seus objetivos podem fazer diferença na sua vida?</p><p>• Suas metas podem ser avaliadas e alcançadas?</p><p>• Estabeleceu prazos para alcançar suas metas?</p><p>6 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>É fundamental</p><p>minimizar</p><p>o impacto</p><p>da dor no</p><p>seu dia a dia.</p><p>6 5</p><p>Capítulo TRÊS</p><p>O sentido da dor</p><p>na minha vida</p><p>Olá! Eu sou o Salvador. Sim, este é meu nome.</p><p>Estou aqui, como a Dolores, para contar a minha</p><p>trajetória e ensiná-lo a olhar para a sua situação</p><p>com outros olhos. Olhos que permitam encontrar</p><p>“uma luz no final do túnel”.</p><p>Hoje estou com 40 anos. Trabalhava na área de infor-</p><p>mática de uma multinacional conceituada de São</p><p>Paulo. Há cinco anos, comecei a ter dor na coluna</p><p>lombar e, desde que ela começou, minha vida foi</p><p>sofrendo mudanças radicais. Estava afastado do</p><p>trabalho há dois anos quando resolvi que precisava</p><p>buscar novas possibilidades de tratamento. Fui a</p><p>vários médicos, que me receitaram muitos remédios,</p><p>ficava dopado, mas a dor continuava lá. Conforme</p><p>eu não melhorava e questionava os meus médicos,</p><p>eles alegavam que o meu problema era estresse</p><p>ou talvez que eu não quisesse voltar a trabalhar.</p><p>SS</p><p>6 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Muitos me questionavam se estava processando a</p><p>empresa em que trabalhava e punham em dúvida</p><p>minha real condição clínica. Estava muito irritado</p><p>com toda essa situação e com pouca esperança</p><p>de me recuperar. É muito duro lidar com as limi-</p><p>tações e o sofrimento que dores fortes provocam</p><p>e ainda precisar provar para as pessoas que tudo</p><p>o que eu sentia era legítimo. Primeiro, achei que</p><p>pudesse estar com câncer, já que havia perdido um</p><p>tio com tumor na coluna, e foi um alívio quando os</p><p>médicos descartaram essa possibilidade. Cheguei,</p><p>eu mesmo, a questionar minha sanidade mental</p><p>e a me perguntar se eu não estaria criando tudo</p><p>aquilo! Mas a troco de que iria criar uma dor que</p><p>em nada havia melhorado a minha vida, muito</p><p>pelo contrário, já não me reconhecia mais! Sem</p><p>trabalhar, afastado de amigos, se é que posso</p><p>chamá-los de amigos, que somem quando mais</p><p>precisamos, contava apenas com o apoio da minha</p><p>esposa e tinha que lidar com o meu filho de 6 anos</p><p>que não conseguia entender o porquê de seu pai</p><p>ficar em casa, muitas vezes, queixando-se de dores</p><p>e sem disponibilidade para brincar com ele. Assim</p><p>estava há dois anos, quando iniciei o tratamento</p><p>com esta equipe multidisciplinar.</p><p>Um dos pontos que me chamou a atenção foi que,</p><p>conversando com a psicóloga, comecei a perceber</p><p>que extensão a dor havia ocupado na minha vida.</p><p>Ela me solicitou que imaginasse que eu poderia</p><p>dar uma forma para a minha dor, e em seguida</p><p>SS</p><p>Capítulo TRÊS 1 O sentido da dor na minha vida 6 7</p><p>me pediu para tentar desenhá-la. A princípio achei</p><p>engraçado, fora este não ser um dom meu, nunca</p><p>havia pensado na minha dor desta forma. Quando</p><p>deixei de lado o medo de não saber desenhar ou de</p><p>o desenho ficar esteticamente feio, eu fiz.</p><p>Eu desenhei um diabo</p><p>porque a dor me infernizava</p><p>s e m p r e . B a t i z e i e l a d e</p><p>maldita, pois refletia plena-</p><p>mente a minha irritação.</p><p>Meu desenho mostrava bem</p><p>a minha raiva por estar</p><p>me vendo na condição de</p><p>sofredor. Na época, acreditava</p><p>que apenas remédios e bloqueios (injeções de</p><p>anestesia/anestésico) poderiam melhorar minha</p><p>situação, o que me colocava em uma postura</p><p>passiva, aguardando que médicos, remédios ou</p><p>procedimentos, como infiltrações e bloqueios,</p><p>pudessem resolver o meu problema. Fiz o</p><p>desenho com lápis preto, pois para mim a dor</p><p>pesava e retirava o colorido da minha vida.</p><p>Qual é a cara da sua dor?</p><p>Pegue uma folha de papel e desenhe a sua também sem preo-</p><p>cupação artística. Lembre-se de que não existe certo ou errado e, se</p><p>precisar, feche os olhos e se concentre no seu desconforto, tentando</p><p>visualizar como poderia representá-lo. Depois de desenhar a dor,</p><p>respondi algumas perguntas sobre o meu desenho que vou comparti-</p><p>lhar aqui e convido você para responder sobre o seu também.</p><p>6 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Após você ter lido o inquérito de Salvador e ter dado as suas</p><p>respostas, vale refletir um pouco mais sobre o Retrato da Dor.</p><p>INQUÉRITO</p><p>igual à sua idade</p><p>superior ao tempo de</p><p>convívio com a dor</p><p>impacto emocional: tristeza; raiva; mágoa; desgosto; angústia;</p><p>preocupação; impotência; indiferença; culpa; dó; alívio; outros.</p><p>impacto físico: desconforto; dor; incômodo; queimação; limitação;</p><p>incapacidade; outros.</p><p>impacto socioeconômico: perda de status social; perda financeira;</p><p>inutilidade; improdutividade; outros.</p><p>igual ao tempo de convívio com a dor</p><p>inferior ao tempo de convívio com a dor</p><p>outros</p><p>ruim (convívio negativo)</p><p>aprendizado (vivência positiva)</p><p>sem associação positiva ou negativa (se acostumou)</p><p>outros</p><p>1. Dê um nome para a sua dor: Maldita.</p><p>Qual o motivo de escolher este nome? Sinto que ela só trouxe coisas ruins!</p><p>2. Quantos anos ela tem? 5 anos</p><p>3. O que você sente quando olha para ela?</p><p>(assinalar quantas alternativas forem necessárias)</p><p>4. Como é conviver com a dor?</p><p>5. Alguém ou algo pode ajudar a diminuir a sua dor?</p><p>Os médicos, os remédios e as agulhas! Não acho que outros profissionais possam me ajudar</p><p>Ao lado das respostas do Salvador, você pode marcar as suas!</p><p>Ou, se preferir, acesse o questionário digital no QR Code.</p><p>Capítulo TRÊS 1 O sentido da dor na minha vida 6 9</p><p>6. E você pode fazer alguma coisa?</p><p>Seguir com o tratamento indicado, embora não tenha certeza de que vá funcionar.</p><p>7. Teve algum momento na sua vida que tivesse sido igual</p><p>ou pior do que esta dor? Não precisa estar relacionado com</p><p>doença, pode ser qualquer coisa que se assemelhe ao seu</p><p>sofrimento atual.</p><p>igual pior nada se compara a esta dor</p><p>Fizemos um estudo em São Paulo que analisou o desenho</p><p>da dor de 150 pacientes, e os principais resultados obtidos foram</p><p>os seguintes:</p><p>• Os participantes fizeram desenhos que puderam ser classifi-</p><p>cados em oito categorias diferentes: cenas, animais, objetos,</p><p>elementos da natureza, partes ou corpo inteiro, figuras</p><p>geométricas, rabiscos e monstros. Salvador fez um monstro,</p><p>e você, o que desenhou? Se ainda não o fez, aproveite para</p><p>desenhar agora.</p><p>• A maioria das pessoas descreveu o convívio com a dor</p><p>como sendo horrível, assim como Salvador. E você, como</p><p>responderia?</p><p>• Mais da metade acreditava que os médicos e os remédios</p><p>poderiam diminuir suas dores, e, quando questionados sobre</p><p>seu papel no tratamento, eles revelaram o predomínio de</p><p>postura passiva, alegando não saber como poderiam ajudar no</p><p>tratamento. A resposta de Salvador não foi diferente, e a sua?</p><p>7 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>• Em relação a situações de sofrimento iguais ou piores que a</p><p>experiência de dor, observou-se que a proporção de pacientes</p><p>que associaram suas dores a eventos de impacto emocional</p><p>correspondeu à metade do total de pessoas que participaram</p><p>da pesquisa. Essas pessoas compararam o sofrimento de</p><p>suas dores à perda de entes queridos e a traições em relações</p><p>amorosas ou de trabalho, destacando a importância dos rela-</p><p>cionamentos na maneira como irão tolerar mais ou menos</p><p>situações de desconforto. Quanto ao impacto físico, desta-</p><p>cou-se a lembrança de outras dores e de doenças agudas ou</p><p>crônicas. Salvador disse que nada se comparava à dor dele. E</p><p>você, o que diria da sua experiência?</p><p>• Quanto às cores utilizadas nos desenhos, a maioria utilizou</p><p>poucas cores, prevalecendo o preto e o cinza, como no</p><p>desenho de Salvador. Você colocou outras cores no seu?</p><p>Se quiser saber mais a respeito de como as pessoas</p><p>com dor representam esta experiência, você pode</p><p>baixar pelo QR Code ao lado um e-book gratuito, que</p><p>a autora deste livro e a sua equipe desenvolveram com</p><p>base em diferentes retratos de dor, em pacientes com</p><p>vários diagnósticos,</p><p>denominadoRetratos de Dor48,49.</p><p>Capítulo TRÊS 1 O sentido da dor na minha vida 7 1</p><p>Após você checar o seu desenho e responder ao</p><p>inquérito, você acredita que a dor tem ocupado qual</p><p>papel na sua vida? Reflita e assinale a alternativa</p><p>que se ajuste melhor à sua situação atual:</p><p>Impedimento/bloqueio:</p><p>não me permite seguir com as atividades que desempenhava.</p><p>válvula de escape:</p><p>me ajuda a evitar atividades ou situações desagradáveis.</p><p>bode expiatório:</p><p>tenho descontado nela minha sensação de fracasso ou de</p><p>descontentamento com a minha vida, culpando-a por todos</p><p>os meus infortúnios.</p><p>alarme:</p><p>me fez olhar que preciso identificar e respeitar meus</p><p>limites e priorizar o autocuidado.</p><p>ganho de atenção:</p><p>permite que eu receba mais atenção e cuidado dos outros</p><p>sem precisar pedir.</p><p>outro sentido:</p><p>Qual? ___________________________________________________</p><p>7 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Eu, Salvador, diria que a minha dor, durante muito</p><p>tempo, serviu como um bloqueio para os meus</p><p>projetos. Só depois fui compreendendo que era</p><p>mais um alarme me avisando que precisava rever</p><p>meu ritmo de vida, escutar mais as minhas neces-</p><p>sidades e respeitar meus limites, assim como reco-</p><p>nhecer minhas emoções.</p><p>E você acha que o sentido da dor com o passar do tempo</p><p>foi mudando na sua vida?</p><p>SS</p><p>Como você tem convivido</p><p>com as suas dores?</p><p>7 3</p><p>Capítulo Quatro</p><p>CONVÍVIO COM</p><p>minhas DORES CRÔNICAS</p><p>Assim como é fundamental descobrir o sentido que a dor</p><p>adquiriu em sua vida, olhar para a maneira como você lida com ela</p><p>no seu dia a dia também é importante para saber o quanto sua identi-</p><p>dade pode estar sendo dominada pelo quadro álgico (dor).</p><p>A seguir, vamos apresentar</p><p>quatro padrões de convívio50 para</p><p>que você possa avaliar como vem</p><p>lidando com suas dores e checar se,</p><p>de algum modo, a sua experiência</p><p>se assemelha ou já se aproximou</p><p>de algum dos padrões descritos.</p><p>Salvador e Dolores também nos</p><p>ajudarão nesta tarefa comparti-</p><p>lhando suas experiências.</p><p>Dolores</p><p>SALVADOR</p><p>7 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>I. CAÓTICO</p><p>No padrão caótico, os pensa-</p><p>mentos são pessimistas e ganha</p><p>força a narrativa sobre o sofrimento</p><p>vivenciado. Ocorre a perda da iden-</p><p>tidade pessoal para o papel de</p><p>sofredor. Aguarda-se que os profis-</p><p>sionais de saúde, especialmente</p><p>o médico, curem a dor. O dia a dia</p><p>é voltado para os tratamentos, e a</p><p>consciência corporal se restringe à</p><p>região dolorida. O projeto de vida</p><p>torna-se a busca da cura da dor a</p><p>curto prazo.</p><p>Quando as dores começaram e eu vi que não</p><p>estavam passando com os remédios que eu tomava,</p><p>me senti totalmente refém desse sofrimento. Só</p><p>conseguia pensar nas dores insuportáveis e buscava</p><p>incessantemente alguém ou algo que eliminasse</p><p>estes desconfortos do meu corpo. Nada mais tinha</p><p>sentido na minha vida, me sentia presa à dor, como</p><p>se já não importasse mais quem eu era. Nada me</p><p>distraía, era como se eu tivesse perdido a minha</p><p>identidade e o meu “eu” tivesse se transformado na</p><p>própria dor.</p><p>D</p><p>“me senti</p><p>totalmente</p><p>refém desse</p><p>sofrimento.”</p><p>Não consigo pensar</p><p>em mais nada além da dor!</p><p>Eu sou só dor!</p><p>Dor Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor Dor</p><p>Do</p><p>r</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>7 5Capítulo Quatro 1 O CONVÍVIO COM AS DORES CRÔNICAS</p><p>“Era como se</p><p>eu e a dor</p><p>estivéssemos</p><p>grudadas.”</p><p>II. DEPENDÊNCIA</p><p>Quem está no padrão</p><p>de dependência, vê o quadro</p><p>álgico como uma ameaça à sua</p><p>identidade e um empecilho para</p><p>cumprir suas tarefas rotineiras.</p><p>O cotidiano e o projeto de vida</p><p>não se restringem a seguir com</p><p>o tratamento e à busca de cura,</p><p>a pessoa consegue retomar</p><p>interesses e atividades que não</p><p>estavam limitadas pela intensi-</p><p>dade da dor. Reconhece áreas de</p><p>tensão em seu corpo, bem como</p><p>as regiões doloridas, ampliando</p><p>sua consciência corporal em comparação ao padrão caótico. A</p><p>motivação para seguir com o ritmo de vida aumenta conforme</p><p>aparecem os resultados do tratamento. Porém, quando há piora do</p><p>quadro clínico, os pensamentos negativos retornam, diminuindo a</p><p>confiança na equipe e no tratamento.</p><p>Aos poucos pude perceber que, quando a minha</p><p>dor diminuía de intensidade, eu conseguia fazer</p><p>algumas atividades a que estava acostumada,</p><p>e isso me deixava menos triste. Mas logo a dor</p><p>aumentava de intensidade e me lembrava que eu</p><p>estava à disposição dela. Era como se eu e a dor</p><p>estivéssemos grudadas e, em alguns momentos, eu</p><p>conseguia seguir com a minha vida e, em outros, me</p><p>via paralisada em função dela.</p><p>r</p><p>fazer as coisas, mas, quando ela vem,</p><p>eu não posso fazer</p><p>mais nada!</p><p>D</p><p>7 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>III. REPULSA</p><p>Neste padrão de convívio</p><p>com a dor, se destaca o desprezo</p><p>à condição clínica, prevalece a</p><p>raiva por causa do sofrimento</p><p>e das limitações impostas pelo</p><p>quadro álgico, assim como</p><p>o cansaço de seguir por um</p><p>período prolongado convivendo</p><p>com dores. A mesma irritabili-</p><p>dade pode interferir nas relações</p><p>próximas e no relacionamento</p><p>com os profissionais de saúde.</p><p>Existe o desejo de resgatar, a qualquer custo, o ritmo de vida anterior,</p><p>sem levar em consideração possíveis restrições físicas atuais, o que</p><p>pode levar à piora do desconforto. Ainda é difícil seguir com</p><p>comportamentos de autocuidado. O projeto de vida é enfrentar</p><p>a dor, se mostrar mais forte do que ela, tentando superá-la de</p><p>qualquer maneira.</p><p>Quando comecei o tratamento com esta equipe,</p><p>estava no padrão repulsa: me mostrava bem irritado</p><p>com a minha situação, pouco tolerante para aceitar</p><p>minhas limitações temporárias e com dificuldade</p><p>de manter o autocuidado. Às vezes, percebia que</p><p>algo que estava fazendo podia piorar minhas dores,</p><p>mas não me importava e seguia em frente. Não</p><p>me conformava de ter que mudar meu ritmo de</p><p>vida, principalmente ter que focar em me cuidar,</p><p>Dor</p><p>Não suporto mais esta dor,</p><p>queria arrancá-la</p><p>de mim.</p><p>SS</p><p>7 7Capítulo Quatro 1 O CONVÍVIO COM AS DORES CRÔNICAS</p><p>parecia perda de tempo e de produtividade. Como</p><p>resultado de minhas atitudes e comportamentos,</p><p>as dores pioravam, o que aumentava a minha irri-</p><p>tabilidade. Em alguns momentos, descontei minha</p><p>raiva nas pessoas próximas, que queriam me</p><p>motivar a qualquer custo e, em outros, na própria</p><p>equipe que me assistia, dando pouca importância</p><p>para as orientações dos profissionais. Parecia que</p><p>eu queria provar para a equipe que não importava</p><p>o que dissessem, pois qualquer das alternativas</p><p>oferecidas jamais seria capaz de mudar a minha</p><p>situação e não poderia me ajudar a interromper</p><p>o ciclo da dor.</p><p>“Como</p><p>resultado</p><p>de minhas</p><p>atitudes,</p><p>as dores</p><p>pioravam.”</p><p>7 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>IV. INTEGRAÇÃO</p><p>Aqui a pessoa enxerga</p><p>que a dor está presente em seu</p><p>corpo, mas não representa o seu</p><p>“Eu”. Ela deixa de lado o papel</p><p>de doente e consegue retomar</p><p>papéis anteriores ou os adapta</p><p>para a sua nova realidade. Ter</p><p>autocuidado e maior consciência</p><p>corporal são pontos fortes que</p><p>a auxiliam a manejar o quadro</p><p>álgico. A pessoa assume uma</p><p>postura ativa em relação ao trata-</p><p>mento, se responsabilizando pela</p><p>sua saúde e bem-estar. Consegue</p><p>realizar mudanças no seu dia</p><p>a dia e construir uma nova forma de se relacionar e de pensar, pois</p><p>a dor já não é mais seu foco de atenção como acontece nos outros</p><p>padrões, e assim dá sequência ou estabelece novo projeto de vida.</p><p>Chegar no padrão de integração não foi fácil, mas,</p><p>à medida que pude lidar com minhas frustrações e</p><p>começar a dar um voto de confiança para a equipe e</p><p>para minha própria capacidade de poder contribuir</p><p>para o tratamento, minha motivação e meu compro-</p><p>metimento foram aumentando. Aos poucos pude</p><p>identificar que pequenas mudanças que comecei</p><p>a fazer no meu dia a dia, procurando investir mais</p><p>SS</p><p>Sinto que consigo lidar com</p><p>a dor de uma forma que ela</p><p>não me domina, mas sei que eu</p><p>preciso ficar atento e cuidar para</p><p>ela não aumentar de intensidade e</p><p>atrapalhar minha</p><p>vida de novo.</p><p>7 9Capítulo Quatro 1 O CONVÍVIO COM AS DORES CRÔNICAS</p><p>em qualidade de vida, foram ajudando a me manter</p><p>determinado e a não desanimar em momentos de</p><p>recaída, querendo desistir de tudo. Entendi que os</p><p>profissionais não eram meus inimigos e que, se eu</p><p>me aliasse a eles, meu tratamento seria mais efetivo.</p><p>Eu não acreditava que chegaria um dia que</p><p>voltaria a me sentir segura e dona de mim. Sim,</p><p>hoje posso dizer que o meu nome não reflete meu</p><p>convívio com a dor. Ela já não me domina mais</p><p>em muitos momentos, fazendo-me duvidar de</p><p>quem eu sou. Hoje me sinto mais segura de minha</p><p>força, cuido melhor de mim, e assim consegui sair</p><p>do papel de vítima e refém de minhas dores. Se</p><p>desenhasse hoje a minha dor, com certeza não</p><p>seria o meu rosto chorando que iria retratar, mas</p><p>sim um sino dentro do meu corpo me lembrando</p><p>de que preciso me cuidar. Aconselho você a rever</p><p>de tempos em tempos como representaria sua</p><p>dor, pois vai perceber que esta experiência não é</p><p>estática e que podem ocorrer mudanças que forta-</p><p>leçam e impeçam a dor “de dominar você”.</p><p>Você pode apresentar características presentes em mais</p><p>de um padrão ao mesmo tempo, mas preste atenção ao padrão</p><p>de convivência com a dor que se sobressaia e se aproxime mais</p><p>do seu momento.</p><p>Qual dos padrões você acha</p><p>que está mais próximo da</p><p>sua situação atual?</p><p>D</p><p>8 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Reconhece já</p><p>ter passado</p><p>OUTROSpor</p><p>VOCÊ</p><p>padrões</p><p>8 1</p><p>Capítulo Cinco</p><p>COMO FUNCIONA</p><p>A DOR NO MEU CORPO</p><p>A princípio, sentir dor é saudável,</p><p>pois indica que algo no organismo não</p><p>vai bem ou nos alerta para algum perigo,</p><p>como, por exemplo, quando encostamos</p><p>a mão em uma chapa quente: sentimos</p><p>dor e retiramos a mão rapidamente, o</p><p>que nos impede de queimá-la seriamente.</p><p>Essa dor que aparece de repente, com muita intensidade, mas que,</p><p>quando tratada, desaparece, costuma ser chamada de dor aguda, é</p><p>um sinal de alerta para o organismo. Se ela persiste por mais tempo</p><p>(um período superior a três meses), passa a ser considerada crônica.</p><p>Quando ela se cronifica, nosso cérebro continua a entender, de modo</p><p>inconsciente, que está sob ameaça ou em perigo, embora isto já não</p><p>faça mais sentido. Logo é necessário compreender o porquê de o</p><p>cérebro ter chegado a esta conclusão51. Atualmente vem crescendo o</p><p>número de estudos que evidenciam que, se confundirmos o cérebro,</p><p>ele pode conseguir diminuir a sensação dolorosa51.</p><p>88</p><p>se confundirmos</p><p>o cérebro, ele</p><p>pode conseguir</p><p>diminuir a sensação</p><p>dolorosa.</p><p>8 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Para você entender melhor o quanto o nosso cérebro tem</p><p>a ver com a sensibilidade e a tolerância à dor, em 1940 o neuro-</p><p>cirurgião canadense Wilder Penfield descobriu que quanto mais</p><p>cheia de nervos (inervada) é uma região do nosso corpo, maior</p><p>a sua representatividade no cérebro, desenvolvendo, assim, o</p><p>Homúnculo de Penfield51,52, a representação de um homenzinho</p><p>deformado e desproporcional, em que as áreas mais sensíveis são</p><p>maiores do que as menos sensíveis. Hoje sabemos que temos no</p><p>cérebro a representação de dois homúnculos, um sensorial e outro</p><p>motor. Veja a figura abaixo:</p><p>CÓrtex Motor</p><p>faringe</p><p>Língua</p><p>dedos</p><p>genitais mandíbula</p><p>lábios</p><p>face</p><p>olho</p><p>sob</p><p>ran</p><p>cel</p><p>ha</p><p>pes</p><p>co</p><p>çopol</p><p>ega</p><p>r</p><p>de</p><p>do</p><p>s</p><p>pu</p><p>nh</p><p>o</p><p>co</p><p>to</p><p>ve</p><p>lo</p><p>br</p><p>aç</p><p>o</p><p>om</p><p>br</p><p>o</p><p>tr</p><p>on</p><p>co</p><p>jo</p><p>el</p><p>ho</p><p>joelho</p><p>quadril</p><p>pescoço</p><p>cabeça</p><p>braço</p><p>cotovelo</p><p>antebraçomãodedospolegarolhonariz</p><p>facelábios</p><p>dentes</p><p>gengiva</p><p>língua</p><p>CÓrtex sensorial</p><p>HOMÚNCULOSHOHOMÚNMÚNCUCULLOSOS</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 8 3NOA DOR</p><p>Se por um lado a intensidade da dor sofrida depende da</p><p>inervação (estímulos de um conjunto de fibras nervosas) da região,</p><p>aumentando o sofrimento, por outro o entendimento do impacto que</p><p>ela provoca na vida também pode interferir na sua percepção. Por</p><p>exemplo, se uma pessoa leva uma picada de abelha no dedo irá doer,</p><p>mas se ela tocar em uma orquestra e levar a picada no dia em que</p><p>iria participar de um concerto, não podendo realizar a apresentação,</p><p>a tolerância (ou sua sensibilidade) ao desconforto da picada com</p><p>certeza se tornará maior. Assim, o sofrimento provocado pela dor</p><p>depende do contexto de vida de uma pessoa e do impacto no seu</p><p>dia a dia e pode levar ao aumento ou à diminuição da tolerância</p><p>ao desconforto físico.</p><p>Homúnculo sensorial</p><p>Responsável pela sensibilidade</p><p>tátil, de pressão ou da dor no</p><p>nosso corpo. Ele nos informa sobre</p><p>a postura, o estado dos nossos</p><p>órgãos e dos nossos músculos e</p><p>como estamos nos sentindo inter-</p><p>namente. Tudo isso torna esta área</p><p>vital para o nosso bem-estar, uma</p><p>vez que os lábios e as extremidades</p><p>são representados de forma mais</p><p>pronunciada, fazendo com que as</p><p>carícias, os beijos e os abraços se</p><p>tornem importantes em termos de</p><p>sensibilidade e para nossa estabili-</p><p>dade emocional.</p><p>Homúnculo motor</p><p>Colabora na execução dos</p><p>movimentos motores, e</p><p>assim a sua boca, os seus</p><p>olhos e, especialmente, as</p><p>suas mãos são enormes de-</p><p>vido à maior especificidade</p><p>na localização dos receptores</p><p>e dos nervos motores. Este</p><p>homúnculo desenvolve-se de</p><p>maneira diferente em cada</p><p>ser humano, pois depende</p><p>de quais partes do corpo são</p><p>mais usadas, aquelas que têm</p><p>mais habilidades motoras ou</p><p>que são mais treinadas.</p><p>8 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Inúmeras teorias já foram desenvol-</p><p>vidas na tentativa de explicar o porquê de o</p><p>fenômeno da dor crônica ser algo único53.</p><p>Há mais de 50 anos, Melzack e Wall (1965)54</p><p>desenvolveram a teoria de Controle da</p><p>Comporta, com o objetivo de explicar os</p><p>mecanismos de ação da medula espinal e</p><p>do cérebro para sinalizar a dor e a sua manu-</p><p>tenção, quando crônica.</p><p>A seguir, apresentaremos esta Teoria</p><p>da Comporta respondendo perguntas que</p><p>puderam esclarecer, ao longo desses anos,</p><p>dúvidas de Salvador, Dolores e de outras</p><p>pessoas que sofrem com dores crônicas.</p><p>1. Quais são os mecanismos de ação da dor?</p><p>A Teoria da Comporta afirma que a</p><p>sensação é interpretada como dolorosa quando</p><p>mensagens vindas de estimulações nocivas, que</p><p>causam danos, são enviadas ao cérebro por uma</p><p>rede de neurônios, como correntes elétricas.</p><p>Em termos simples, pode-se dizer que há dois</p><p>pontos no corpo que controlam a passagem</p><p>das mensagens de dor: um situa-se no dorso</p><p>da coluna enquanto o outro se encontra no</p><p>cérebro. Para facilitar a compreensão deste mecanismo, tente imaginar</p><p>que no dorso da coluna existe um portão. O portão permite a passagem</p><p>das mensagens de dor em maior ou menor quantidade, dependendo da</p><p>extensão de sua abertura.</p><p>D</p><p>“Foi muito</p><p>importante</p><p>quando entendi</p><p>como a dor</p><p>funcionava</p><p>dentro do</p><p>meu corpo!”</p><p>há dois</p><p>pontos no</p><p>corpo que</p><p>controlam</p><p>a passagem</p><p>das mensagens</p><p>de dor.</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 8 5</p><p>Portão do</p><p>cérebro</p><p>É uma dor latejante</p><p>e irritante!</p><p>emoçÃO</p><p>desconforto</p><p>FísicoInterpretação</p><p>da dor</p><p>cerebelo</p><p>POEU CORPO P</p><p>Portão da</p><p>Coluna</p><p>dor</p><p>Portão do</p><p>cérebro</p><p>emoçÃO</p><p>desconforto</p><p>FísicoInterpretação</p><p>da dor</p><p>estímulo nocivo</p><p>no pé</p><p>coluna</p><p>vertebral</p><p>cerebelo</p><p>TEORIA da</p><p>COMPORTA</p><p>TEORIA da</p><p>COMPORTA</p><p>A imagem abaixo mostra um cérebro visto pela lateral. Quando</p><p>a mensagem chega ao cérebro, ela chega ao segundo portão, onde</p><p>ele vai interpretar qual é o desconforto físico e a emoção provocada.</p><p>8 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>A intensidade da dor do indivíduo depende dos mecanismos de</p><p>ação destes portões; os impulsos de dor só chegam ao cérebro devido</p><p>à liberação de substâncias neuroquímicas denominadas neurotrans-</p><p>missores. São elas que permitem a passagem de vários tipos de</p><p>estímulo (como estímulos nocivos, no caso, que carregam mensagens</p><p>de dor) por uma sequência de neurônios, até chegarem ao cérebro,</p><p>facilitando, assim, a abertura do portão, como pode ser observado na</p><p>figura a seguir.</p><p>2. É possível controlar a dor,</p><p>diminuindo a abertura do portão?</p><p>As endorfinas são hormônios produ-</p><p>zidos pelo próprio corpo que costumam</p><p>ser armazenados e que geram bem-estar</p><p>e prazer. Podemos produzir endorfinas,</p><p>por exemplo, quando uma atividade física</p><p>é realizada, vivemos momentos de alegria</p><p>As endorfinas</p><p>funcionam como</p><p>bloqueadores da</p><p>sensação dolorosa.</p><p>RECEPTOR</p><p>Mensagem</p><p>portão aberto</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 8 7</p><p>em um passeio ou temos uma conversa agradável. Elas também</p><p>funcionam como bloqueadores da sensação dolorosa e, dependendo</p><p>da quantidade disponível no organismo, a sensação de dor experi-</p><p>mentada pelo indivíduo pode ser reduzida ou inibida, fechando o</p><p>portão como na figura abaixo:</p><p>Agora você já sabe que o seu próprio organismo dispõe de</p><p>recursos importantes no combate à dor, capazes de bloquear a</p><p>sensação dolorosa, parcialmente ou por completo, por meio da</p><p>ação de suas endorfinas. Estas substâncias químicas costumam ser</p><p>liberadas diante de situações de ameaça à integridade do nosso</p><p>corpo. É comum elas serem consumidas em condições de estresse,</p><p>tais como momentos de muita tristeza ou preocupações e no convívio</p><p>com processos dolorosos intensos.</p><p>RECEPTOR</p><p>Mensagem</p><p>portão bloqueado</p><p>pela endorfina</p><p>8 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>As endorfinas também poten-</p><p>cializam o efeito dos medicamentos. É</p><p>comum que, se você está com uma dor</p><p>crônica, sejam receitados não apenas</p><p>analgésicos, mas também medicamentos</p><p>que têm ação nos neurotransmissores e</p><p>ajudam a inibir a passagem dos estímulos</p><p>nocivos. Por isso que, muitas vezes, os</p><p>médicos receitam antidepressivos, neuro-</p><p>lépticos ou anticonvulsivantes no trata-</p><p>mento da dor.</p><p>3. Como a dor crônica interfere</p><p>na reserva de endorfinas?</p><p>A dor crônica coloca o corpo em estado de alerta constante,</p><p>facilitando situações de estresse — o que diminui a reserva de endor-</p><p>finas do organismo e leva à tensão muscular contínua, fatores que</p><p>contribuem para a manutenção do quadro de dor (falaremos mais</p><p>sobre estresse no capítulo oito). Em geral, o processo crônico compro-</p><p>mete a reserva de endorfinas, especialmente quando as pessoas que</p><p>sofrem com dores crônicas:</p><p>• Consomem ou já consumiram muitos medicamentos</p><p>sem orientação médica, ou, quando o fizeram,</p><p>não seguiram a prescrição feita.</p><p>• Apresentam tensão muscular constante.</p><p>• Têm pouco cuidado e conhecimento sobre opróprio corpo.</p><p>• Mostram-se ansiosas ou deprimidas</p><p>diante de seu sofrimento prolongado.</p><p>muitas vezes,</p><p>os médicos receitam</p><p>antidepressivos,</p><p>neurolépticos ou</p><p>anticonvulsivantes</p><p>no tratamento</p><p>da dor.</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 8 9</p><p>• Apresentam baixa autoestima.</p><p>• Já não sentem mais prazer ou deixam</p><p>de procurar por atividades que tragam</p><p>bem-estar — o único foco de interesse</p><p>é se livrar da dor.</p><p>Estes fatores são alguns dos que mais</p><p>contribuem, direta ou indiretamente, para</p><p>diminuir no organismo a produção e a reserva</p><p>de endorfinas (mais informações no capítulo</p><p>sete), o que, consequentemente, diminui sua</p><p>ação no alívio do processo doloroso.</p><p>4. Todo estímulo nocivo é doloroso em</p><p>igual intensidade para todas as pessoas?</p><p>Para responder a esta questão, apresentaremos dois conceitos</p><p>extremamente importantes no processo de percepção de dor, que</p><p>contribuem para tornar a dor de cada um singular. São eles:</p><p>Limiar de dor</p><p>Refere-se à intensidade do estímulo nocivo</p><p>que começa a ser identificado como dor. Em</p><p>geral esse limiar é igual para os seres humanos,</p><p>mas não significa que todas as pessoas irão se</p><p>queixar de dor quando ele for atingido.</p><p>IONA A DORU D</p><p>9 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICASASASNN</p><p>ebac,rodaerbossiaregseõtseuqsassearednopsersópA</p><p>dizer que muitas lacunas, especialmente sobre a segunda comporta</p><p>(no cérebro), permaneceram até que surgiu, há 12 anos, uma teoria</p><p>complementar à da Comporta, denominada Teoria da Neuromatriz</p><p>da Dor. A nova abordagem trouxe explicações mais claras sobre o</p><p>funcionamento da segunda comporta (representada aqui como</p><p>portão do cérebro, para facilitar a compreensão), assim como mostra</p><p>mais detalhes que esclarecem o porquê de a dor ser única para cada</p><p>pessoa. A dor é modulada pelo cérebro e a Neuromatriz (redes de</p><p>Tolerância à dor</p><p>Este termo explica por que algumas pessoas</p><p>sentem dor em uma dada situação e outras</p><p>não. A capacidade de manter autocontrole varia</p><p>de indivíduo para indivíduo devido à interfe-</p><p>rência de aspectos emocionais e ambientais,</p><p>tais como estrutura e dinâmica de personali-</p><p>dade, aspectos socioeconômicos e culturais,</p><p>história da dor (sintomas, perdas e ameaças) e o</p><p>sistema de crenças do indivíduo. Pessoas depri-</p><p>midas ou fatigadas toleram menos a dor, assim</p><p>como aquelas que estão ansiosas ou tensas.</p><p>A tensão provoca um aumento inconsciente</p><p>dos reflexos que, por sua vez, leva ao aumento</p><p>da tensão muscular e, consequentemente, ao</p><p>aumento do quadro de dor — constituindo-se</p><p>num círculo vicioso.</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 9 1</p><p>neurônios) é que dá o significado à experiência dolorosa. Portanto,</p><p>quando as mensagens chegam ao cérebro para serem interpretadas</p><p>como dor, teremos a ação de uma rede de neurônios que irá identi-</p><p>ficar a sensação, a emoção e a intensidade do estímulo nocivo, permi-</p><p>tindo que a pessoa tenha a percepção da dor. Vamos explicar um</p><p>pouco mais, pois isso não acontece de forma simples.</p><p>NE RO</p><p>matrizNNN RRROOO</p><p>rtrmmam tmatrmatriiizzz</p><p>corpo</p><p>celular</p><p>dendritos</p><p>Axônio</p><p>sinapses nervosas</p><p>A Neuromatriz da Dor pode ser definida como uma rede</p><p>composta por neurônios que se entrelaçam entre o tálamo e o córtex,</p><p>e entre o sistema límbico e o córtex, cuja distribuição espacial e</p><p>ligações sinápticas são inicialmente determinadas geneticamente,</p><p>mas, ao longo do tempo, também são definidas a partir de estímulos</p><p>sensoriais, formando o que se chama de Body Self, e que denomina-</p><p>remos em português de Núcleo do Eu55,56.</p><p>Ela dá significado à experiência dolorosa a partir de conexões</p><p>feitas, individualmente, e que são compostas por diversas memórias</p><p>9 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>físicas, psíquicas e sociais. As áreas do cérebro envolvidas na</p><p>Neuromatriz são extensas e incluem áreas cognitivas, emocionais</p><p>e sensoriais. As áreas cognitivas são responsáveis pelas memórias</p><p>de experiências passadas, significados e crenças atribuídas à dor e</p><p>ponderações que vão explicar como ela surgiu. Já a área emocional</p><p>busca o bom funcionamento do corpo e é composta pelo sistema</p><p>límbico (unidade responsável pelas emoções e pelos comporta-</p><p>mentos sociais) e mecanismos homeostáticos (mecanismos que</p><p>controlam temperatura corporal, pH, volume dos líquidos corporais,</p><p>pressão arterial, batimentos cardíacos e concentração de elementos</p><p>no sangue, que são as principais ferramentas utilizadas para manter</p><p>o equilíbrio fisiológico). O sistema sensorial abrange o perceber e</p><p>o sentir e onde é a dor, englobando sensações cutâneas, viscerais,</p><p>visuais, vestibulares e musculoesqueléticas55,56.</p><p>As três áreas citadas, combinadas com as metas,</p><p>história de vida e significado da dor para a pessoa</p><p>(Núcleo do Eu), contribuem para a percepção da</p><p>dor, bem como para seus mecanismos de ação, que</p><p>incluem os padrões de ação voluntária e involuntária,</p><p>estratégias de enfrentamento, comunicação social</p><p>e os mecanismos de regulação do estresse (nível de</p><p>cortisol, epinefrina, noradrenalina, citocina, endorfina)</p><p>e atividade do sistema imunológico55,56.</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 9 3</p><p>Este conjunto permite que a dor crônica sentida por cada</p><p>pessoa seja uma experiência única, que tem um sentido próprio</p><p>de acordo com a personalidade e a história de vida de cada um,</p><p>ou seja, todo este processo cria uma assinatura da dor no cérebro</p><p>que resulta da interação entre estímulos internos e externos ao</p><p>nosso corpo e que trazem como resultado a dor, sua sensação,</p><p>intensidade e significado na vida de cada um. Em outras palavras,</p><p>podemos compreender melhor a complexidade da Teoria da</p><p>Neuromatriz, com o seguinte exemplo:</p><p>Áreas</p><p>EmotivasÁreas</p><p>COGNIT</p><p>IVAS</p><p>SISTEM</p><p>A</p><p>Senso</p><p>riaL</p><p>Núcleo do Eu</p><p>ENTRADA Saída</p><p>DOR DOR</p><p>DOR</p><p>percepção Programaçãode ação</p><p>Programa deredução de estresse</p><p>9 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Quando as minhas dores estavam muito fortes e</p><p>não melhoravam, cheguei a pensar que</p><p>pudesse ter</p><p>um tumor na coluna. Na época até me lembrei de</p><p>um tio meu que sofreu com muitas dores na coluna</p><p>devido a um tumor na região lombar. Ele sofreu</p><p>muito e acabou falecendo um ano depois do diag-</p><p>nóstico. Quando imaginei que pudesse ter o mesmo</p><p>problema, parece que minhas dores pioraram e</p><p>comecei a ter muita angústia, meus batimentos</p><p>cardíacos ficaram acelerados e comecei a ter medo</p><p>de ter um infarto. Em consulta médica, foi descar-</p><p>tada a possibilidade de eu estar com câncer, e o</p><p>que eu imaginava ser um problema no coração foi</p><p>diagnosticado como ansiedade. Confesso que não</p><p>demorou muito, após ter recebido estes esclare-</p><p>cimentos, para as minhas dores se acalmarem um</p><p>pouco e o meu coração voltar a bater normal.</p><p>Quando Salvador se deparou</p><p>com dores fortes na coluna lombar,</p><p>esta sensação física acionou imedia-</p><p>tamente uma série de estímulos que</p><p>ele associou à lembrança de todo</p><p>sofrimento que um familiar próximo</p><p>passou em decorrência de câncer na</p><p>coluna. Isso o deixou mais apreensivo</p><p>em relação ao seu desconforto físico</p><p>e o levou a apresentar também taqui-</p><p>cardia, devido ao medo de poder estar vivenciando algo parecido.</p><p>Neste momento, a percepção de Salvador de que o que tinha pudesse</p><p>ser algo muito grave e que ameaçasse sua vida fez com que ele</p><p>SS</p><p>a maneira como ele</p><p>encarou a situação de</p><p>adoecimento foi afetada</p><p>pelas áreas cognitiva,</p><p>sensorial e emotiva, e</p><p>resultaram no aumento</p><p>da sua dor.</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 9 5</p><p>supervalorizasse a dor e apresentasse comportamentos dolorosos</p><p>acentuados. E, assim, procurou por diferentes médicos para ter um</p><p>diagnóstico. Deste modo, os mecanismos de regulação do estresse</p><p>foram acionados, ou seja, a maneira como ele encarou a situação de</p><p>adoecimento foi afetada pelas áreas cognitiva, sensorial e emotiva, e</p><p>resultaram no aumento da sua dor e no aparecimento da taquicardia</p><p>decorrente de seu medo de estar com uma doença mais grave que</p><p>pudesse levá-lo a óbito.</p><p>O Sistema Nervoso Central (SNC) é responsável por receber</p><p>e processar informações. Apesar de ser constituído de neurônios e</p><p>células da glia (células que nutrem os neurônios), são os neurônios</p><p>os responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos que podem</p><p>carregar mensagens de dor. A função dos neurônios pode ser</p><p>afetada por substâncias químicas, fatores ambientais ou asso-</p><p>ciados ao Núcleo do Eu (conforme a imagem abaixo).</p><p>NNNN</p><p>SSSAAAAAAAAAAAAAAAA = Substâncias Químicas</p><p>AAA = Fatores ambientais</p><p>= Núcleo do eu</p><p>neurotransmissores,</p><p>medicamentos, aminoácidos,</p><p>hormônios</p><p>estímulos mecânicos,</p><p>temperatura, interações</p><p>sociais, estressores</p><p>emoções/sentimentos,</p><p>pensamentos,</p><p>relacionamentos</p><p>9 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>É importante dizer que a estimulação contínua dos sistemas</p><p>de regulação do estresse pode provocar a liberação excessiva ou</p><p>prolongada de cortisol, que, por sua vez, tem efeito destrutivo</p><p>sobre os tecidos periféricos, tais como músculos, ossos e tecidos</p><p>nervosos, o que também pode levar à Sensibilização do SNC (Sistema</p><p>Nervoso Central). Quando a sensibilização central ocorre, a pessoa</p><p>sente dor em situações que não deveriam ser dolorosas, como um</p><p>simples aperto de mão.</p><p>Nesse sentido, o SNCestá ligado às emoções</p><p>e ao estresse e pode provocar alterações da</p><p>percepção da dor, reforçando a importância</p><p>de identificar o quanto uma pessoa que está</p><p>com dores crônicas está envolvida nesse</p><p>ciclo. Logo o processo crônico pode</p><p>promover mudanças na modulação</p><p>da dor, mas graças à capacidade de</p><p>neuroplasticidade do cérebro (possibili-</p><p>dade de fazer mudanças), as intervenções</p><p>terapêuticas também podem favorecer</p><p>alterações na modulação da dor, dimi-</p><p>nuindo a sensibilização e a transmissão</p><p>das mensagens de dor.</p><p>Capítulo cinco 1 COMO FUNCIONA A DOR NO MEU CORPO 9 7</p><p>Com base nessas descobertas, percebe-se que a dor, especial-</p><p>mente quando crônica, dificilmente responderá a um tratamento que</p><p>não tenha uma visão biopsicossocial (quando vê a saúde e a doença</p><p>considerando fatores: biológicos, psicológicos e sociais). Há três</p><p>considerações fundamentais intrínsecas a essa visão57:</p><p>1. A dor é um processo dinâmico</p><p>2. As experiências de dor são</p><p>exclusivas de cada indivíduo</p><p>3. Há diferença entre fatores que</p><p>contribuem e os que causam dor</p><p>9 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Você consegue</p><p>perceber a</p><p>diferença</p><p>entre o que</p><p>provoca</p><p>suas dores</p><p>e o Que as</p><p>influenciA?</p><p>9 9</p><p>Capítulo SEIS</p><p>Minhas fontes de motivação</p><p>para o manejo da dor</p><p>Um ponto-chave para que você se sinta comprometido com o</p><p>seu tratamento depende das expectativas geradas em relação à possi-</p><p>bilidade de cura ou de reabilitação. Alguns autores58-61 desenvolveram</p><p>etapas denominadas de estágios de prontidão para a mudança, que</p><p>ajudam a identificar a sua flexibilidade e motivação para se compro-</p><p>meter com o manejo das dores, indicando, por vezes, alguns fatores</p><p>que podem interferir na sua adesão ao tratamento.</p><p>Vamos apresentar estes estágios, com a ajuda de Dolores e</p><p>Salvador, para que você reconheça em que momento se encontra</p><p>agora, ou ainda que possa identificar o que pode estar dificultando</p><p>seu tratamento, para que procure assistência ou siga seu tratamento</p><p>com regularidade.</p><p>Antes de apresentá-los, responda às seguintes perguntas:</p><p>1 0 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Você está tratando a(s) sua(s) dor(es) neste momento?</p><p>Que tipo de tratamento está realizando (medicamentos,</p><p>bloqueios, infiltrações etc.)?</p><p>O seu tratamento é multidisciplinar? Se sim, quais profis-</p><p>sionais estão envolvidos além do médico (fisioterapeuta,</p><p>psicólogo, profissional de educação física, entre outros)?</p><p>Você já fez outros tratamentos?</p><p>Como foi(foram) a(s) sua(s) experiência(s)?</p><p>Depois de responder a essas questões, leia a descrição dos</p><p>estágios abaixo e tente reconhecer o que mais se assemelha ao seu</p><p>momento atual:</p><p>Estágio de pré-contemmplaçção: acredita que a dor é um problema que</p><p>só pode ser resolvido pelo médico e por meio de medicamentos ou</p><p>procedimentos cirúrgicos. Não reconhece que mudanças no estilo</p><p>de vida podem auxiliar no manejo da dor e não consegue entender</p><p>a importância que pode ter para o seu tratamento ser orientado</p><p>também por outros profissionais da área da saúde, como fisiotera-</p><p>peuta ou psicólogo.</p><p>Comecei o tratamento descrente de que pudesse</p><p>melhorar. Demorei para ficar um pouco esperan-</p><p>çoso. Minhas expectativas dirigiam-se a um remédio</p><p>ou uma intervenção que pudesse diminuir minhas</p><p>dores. Não acreditava que outros profissionais</p><p>pudessem colaborar para a minha melhora! Queria</p><p>que me operassem ou me dessem um medica-</p><p>mento que acabasse com o “inferno” que estava</p><p>sendo viver com dores tão fortes.</p><p>SS</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 0 1</p><p>Estágio de contemplaçção: reconhece que poderia beneficiar-se apren-</p><p>dendo estratégias de enfrentamento para o manejo das dores, mas</p><p>não sabe como fazê-lo e aguarda alguma evidência que prove isto para</p><p>se comprometer mais. Começa a perceber que talvez profissionais</p><p>de outras áreas da saúde também podem ajudá-lo e considera a</p><p>possibilidade de fazer mudanças comportamentais (em seu estilo</p><p>de vida) à medida que se vê mais ativo.</p><p>Quando comecei o tratamento, estava no estágio</p><p>de pré-contemplação. Coloquei muitas expectativas</p><p>no médico e nas condutas que ele sugeriu, especial-</p><p>mente no poder dos medicamentos. Lembro que,</p><p>quando ele falou sobre a importância de passar por</p><p>avaliação com o fisioterapeuta e o psicólogo, achei</p><p>que não tinha o menor sentido. Assim, segui os dois</p><p>primeiros meses só tomando medicamentos, mas</p><p>minhas dores não estavam melhorando muito. A</p><p>cada ligação ou troca de mensagens com o médico,</p><p>ele me questionava se eu já havia conversado com</p><p>o fisioterapeuta ou com o psicólogo. Em umas de</p><p>nossas conversas, entendi que precisava fortalecer</p><p>minha musculatura e que o meu emocional estava</p><p>bem abalado pelo convívio com dores muito fortes,</p><p>e assim entendo que entrei no estágio</p><p>de contem-</p><p>plação. Compreendi que, se eu não me tornasse</p><p>mais ativa fisicamente, se não tentasse retomar meu</p><p>ritmo de vida, dentro do possível, não favoreceria a</p><p>ação dos medicamentos. Estava consciente de que</p><p>o fisioterapeuta e o psicólogo talvez pudessem me</p><p>auxiliar a romper com o ciclo da dor e potencializar</p><p>a ação dos medicamentos.</p><p>D</p><p>1 0 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Estágio de preparaçãoo: está comprometido com o aprendizado de</p><p>estratégias para o manejo da dor, pois sabe que não existe um</p><p>remédio mágico ou um procedimento que elimine a dor de uma</p><p>vez. Assim, procura aplicar as orientações dadas pelos profis-</p><p>sionais sobre recursos próprios que pode utilizar para contribuir</p><p>para o seu tratamento.</p><p>Comecei a entender que tratar de minhas dores</p><p>crônicas implicava em maior comprometimento meu</p><p>em procurar seguir as recomendações dadas e, espe-</p><p>cialmente, fazer exercícios com regularidade em casa,</p><p>assim como buscar realizar pequenas metas no meu</p><p>cotidiano, como fazer um passeio no final de semana</p><p>com a minha esposa e meu filho. Percebi que o meu</p><p>corpo foi ficando mais forte e que o meu desânimo e</p><p>pessimismo foram desaparecendo. Passei a me sentir</p><p>mais confiante de que era possível viver com menos</p><p>dores. Sim, eu não era um caso perdido!</p><p>Estágio da ação: aprende com as dicas fornecidas por profissionais,</p><p>fortalecendo suas estratégias de enfrentamento da dor, assim como</p><p>realiza mudanças em seus comportamentos do dia a dia para diminuir</p><p>suas dores. Também busca outras estratégias que podem auxiliá-lo</p><p>e compartilha com os profissionais suas descobertas.</p><p>Fui aprendendo muito sobre o comportamento</p><p>das minhas dores e identificando elementos que</p><p>pioravam o meu quadro, que podem ser chamados</p><p>de estressores. Percebi que um dos estressores que</p><p>mais me atingia era a dificuldade de colocar limites</p><p>SS</p><p>D</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 0 3</p><p>e falar não para as solicitações familiares. Percebi o</p><p>quanto ajudar meus entes próximos me fazia bem</p><p>antes das dores e o quanto estava sendo difícil</p><p>seguir com o papel de apoiadora na família. Entendi</p><p>que aprender a respeitar os meus limites passava</p><p>por dizer não para pedidos familiares. No começo</p><p>ficava chateada, mas aos poucos descobri que</p><p>precisava que os outros gostassem de mim pelo</p><p>que eu sou e não pelo que eu fazia por eles. Notei</p><p>que, na verdade, meu medo de deixar de ser amada</p><p>não correspondia ao real, meus familiares estavam</p><p>ali, compreendi que eu gostava de me sentir impor-</p><p>tante para a família. Comecei a olhar mais para mim</p><p>e a fortalecer minha autoestima, o que me ajudou a</p><p>colocar limites e a me cuidar melhor. Também perdi</p><p>o medo de me sentir menos amada.</p><p>Estágio de manutenção: sente-se capaz de ter autocontrole quando</p><p>apresenta quadro álgico e não vê mais sua qualidade de vida ou seus</p><p>relacionamentos interpessoais afetados pela dor. Segue sua vida</p><p>procurando realizar seus sonhos ou alcançar metas que estabeleceu.</p><p>Foi muito bom quando comecei a perceber que as</p><p>minhas dores já não ocupavam o papel central no</p><p>meu cotidiano, pelo contrário, passaram a fazer</p><p>parte dos bastidores. Eu me vi retomando as rédeas</p><p>da condução da minha vida, as dores já não me</p><p>dominavam mais, e isto me fez muito bem. Hoje</p><p>não sinto falta da Dolores de antes das dores, me</p><p>vejo diferente, mais forte e segura das minhas ações</p><p>D</p><p>1 0 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>e, especialmente, consciente e atenta às minhas</p><p>necessidades. Passei a me colocar em primeiro</p><p>lugar nas minhas prioridades e não sinto culpa ou</p><p>me julgo egoísta por isto.</p><p>Estágio de recaída: quando vem uma recaída, durante o tratamento, a</p><p>sensação de fracasso logo aparece. É importante entender que a piora</p><p>não é sinônimo de derrota, mas requer a necessidade de refletir sobre</p><p>o que pode ter interferido ou piorado a intensidade da dor. É preciso</p><p>identificar elementos que podem ter funcionado como obstáculos</p><p>e buscar estratégias que o ajudem a lidar com esses entraves.</p><p>Lembro de momentos em que estava mais calmo,</p><p>com menos dor, e de repente tudo piorava. Me</p><p>batia um desespero e uma quase certeza de que o</p><p>meu caso não tinha solução. Pensava em desistir</p><p>do tratamento, mas aí me lembrava que já tinha</p><p>vivido períodos melhores e, se tinha sido capaz de</p><p>superar a dor mais de uma vez, também era capaz</p><p>de fazê-lo conseguir de novo. Pude entender que</p><p>reconhecer o que poderia ter auxiliado a piorar</p><p>minhas dores me ajudou a ficar mais seguro e a</p><p>tentar evitar novas recaídas.</p><p>Estágio de descréditoo: não acha que há possibilidade de melhora,</p><p>sobretudo por ter passado por diversos tratamentos malsucedidos</p><p>— algumas vezes até sentiu piora da intensidade de seu quadro</p><p>álgico com alguns procedimentos realizados. Neste sentido, fica</p><p>SS</p><p>D</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 0 5</p><p>a ambiguidade entre a busca de uma nova alternativa para</p><p>superar a dor e o descrédito de que qualquer orientação</p><p>oferecida possa, de fato, ajudar.</p><p>Eu lembro que quando busquei o tratamento</p><p>com esta equipe foi porque estava cansado de</p><p>continuar convivendo com tanta dor. Confesso que,</p><p>quando cheguei para a primeira consulta com o</p><p>médico, estava bem desanimado e desconfiado se</p><p>realmente iria me ajudar, já que colecionava tantos</p><p>tratamentos malsucedidos. Queria muito ter espe-</p><p>ranças de que poderia me desvencilhar da dor,</p><p>mas não me sentia animado com esta perspectiva!</p><p>Ouvia as explicações que o doutor dava para as</p><p>condutas que estava propondo para o meu trata-</p><p>mento e só pensava: mais do mesmo! Por que seria</p><p>diferente agora? Confesso que nos primeiros 30 dias</p><p>quase desisti de tudo e só não o fiz porque as dores</p><p>eram tão fortes que estavam me enlouquecendo. Eu</p><p>precisava fazer algo, já que minha vida tinha perdido</p><p>o propósito. Acredito que entendo bem a expressão</p><p>“chegar no fundo do poço”, pois visitei esse lugar!</p><p>SS</p><p>Assim como Dolores e Salvador,</p><p>você identifica se já passou por</p><p>alguns dos estágios mencionados?</p><p>Qual estágio reflete o</p><p>seu momento atual?</p><p>1 0 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>o que pode</p><p>estar ajudando</p><p>ou atrapalhando</p><p>você a confiar</p><p>no tratament0?</p><p>você Reconhece</p><p>indicado</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 0 7</p><p>Certamente, além de você iden-</p><p>tificar como estão suas expectativas</p><p>em relação ao tratamento, é impor-</p><p>tante que se sinta seguro com o diag-</p><p>nóstico e a conduta recebidos, pois um</p><p>outro ponto fundamental para a sua</p><p>efetividade é confiar nos profissionais</p><p>de saúde que cuidam de você. Se não</p><p>está confiante sobre as recomendações recebidas, ouvir uma segunda</p><p>opinião pode auxiliá-lo a definir o seu comprometimento.</p><p>Precisamos mencionar que você também tem uma posição</p><p>especial para se manter motivado a se tratar e não permitir que a</p><p>dor o torne refém da condição de sofredor. Sim, você tem um papel</p><p>importante no seu processo de reabilitação ou cura da dor e para isso</p><p>precisa identificar quais são suas fontes de motivação, pois são elas</p><p>que fazem, em certas situações, você escolher, iniciar e manter deter-</p><p>minadas ações.</p><p>A motivação é um impulso interno que leva uma pessoa à ação</p><p>e envolve fenômenos emocionais, biológicos e sociais. É um processo</p><p>responsável por iniciar, direcionar e manter comportamentos rela-</p><p>cionados ao cumprimento de determinados objetivos ou sonhos</p><p>pessoais ou profissionais. Tem como componentes a:</p><p>A motivação é</p><p>um impulso interno</p><p>que leva uma pessoa</p><p>à ação e envolve</p><p>fenômenos emocionais,</p><p>biológicos e sociais.</p><p>1 0 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS1 0</p><p>ativação: esforço inicial para começar uma ação ou</p><p>assumir um determinado comportamento.</p><p>Sigo ou não sigo com este trata-</p><p>mento? Vou seguir, pois acho que</p><p>pode, de fato, me ajudar!</p><p>persistência: foco que você coloca para alcançar seus</p><p>objetivos, procurando superar os vários obstáculos que</p><p>surgem em seu caminho.</p><p>Sei que minhas dores, que estavam</p><p>mais amenas, aumentaram de inten-</p><p>sidade,</p><p>mas preciso identificar o que</p><p>pode ter colaborado para esta piora,</p><p>pois continuo querendo melhorar, e</p><p>esta recaída não vai me impedir.</p><p>intensidade: energia que você dedica para alcançar</p><p>seu objetivo. A intensidade pode variar de pessoa</p><p>para pessoa e de objetivo para objetivo.</p><p>Acredito que posso alcançar a meta</p><p>de diminuir minhas dores e vou me</p><p>empenhar muito para isto!</p><p>SS</p><p>SS</p><p>D</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 0 9</p><p>eu não</p><p>vou fazer</p><p>eu não</p><p>consigo fazer</p><p>eu</p><p>consigo</p><p>fazer</p><p>eu vou</p><p>fazer</p><p>SIM,</p><p>eu fiz!</p><p>eu quero</p><p>fazer</p><p>como</p><p>eu faço?</p><p>eu vou</p><p>tentar</p><p>fazer</p><p>2</p><p>1</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>6</p><p>7</p><p>8</p><p>a o manejn</p><p>Você deve refletir sobre a sua motivação na</p><p>vida, em especial, o seu comprometimento com</p><p>o tratamento ou com o desejo de não permitir</p><p>que a dor o torne prisioneiro dela.</p><p>A seguir, Salvador mostra como foi</p><p>lidando em diferentes períodos com o</p><p>seu compromisso com o tratamento .</p><p>1 1 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Quando iniciei o tratamento, muitas vezes me vi assim.</p><p>Eu estava frustrado, irritado e tenho certeza de que você</p><p>também já deve ter sentido isso. Percebi que, além de raiva,</p><p>tinha receio de criar expectativas e me decepcionar novamente.</p><p>Aqui eu notei</p><p>que meu medo</p><p>de não dar certo era</p><p>grande e que, muitas</p><p>vezes, falava que não</p><p>conseguia, mas na</p><p>verdade não sabia o</p><p>que fazer!</p><p>Entendi que, se</p><p>pretendia seguir</p><p>com o tratamento,</p><p>precisava me compro-</p><p>meter e buscar energia</p><p>para seguir em frente</p><p>com as condutas</p><p>indicadas.</p><p>Força de vontade é muito importante, mas também</p><p>precisamos de informações/orientações para podermos nos</p><p>cuidar melhor. Se não sabe como fazer, pergunte aos profissionais</p><p>primeiro como pode entender melhor o que tem. Quando conhe-</p><p>cemos melhor o que está ocorrendo dentro do nosso corpo, o</p><p>autocuidado se torna mais forte e eficiente.</p><p>eu não</p><p>vou fazer</p><p>eu não</p><p>consigo fa</p><p>1</p><p>nã</p><p>fazer</p><p>eu não</p><p>consigo fazer</p><p>eu quero</p><p>2</p><p>eu quero</p><p>fazer 3</p><p>como</p><p>eu faço?</p><p>4</p><p>5</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 1 1</p><p>O interesse (empenho) em tentar fazer vem</p><p>mais fácil quando temos mais projetos na</p><p>nossa vida além de manejar a dor. Foque em</p><p>pequenas metas para a sua vida e verá que,</p><p>quando conquistar algo, sua energia para lidar com a</p><p>dor também aumenta.</p><p>Quando nos sentimos mais autoconfiantes e iden-</p><p>tificamos que somos capazes de alcançar deter-</p><p>minadas metas, apesar da dor, nos tornamos mais</p><p>ativos e prontos para agir!</p><p>Neste momento, estava em plena ação, procu-</p><p>rando fazer adaptações no meu dia a dia e</p><p>observando se as mudanças estavam me</p><p>ajudando a neutralizar a dor.</p><p>A sensação de conseguir</p><p>fazer algo em que não acredi-</p><p>tava aumentou muito o ânimo</p><p>e a confiança de que estava no</p><p>caminho certo e de que deixaria de</p><p>me sentir sem saída.</p><p>eu vou</p><p>tentar</p><p>fazer 5</p><p>eu</p><p>consigo</p><p>fazer</p><p>6</p><p>eu vou</p><p>fazer</p><p>7</p><p>SIM,</p><p>eu fiz!</p><p>8</p><p>1 1 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Assim como Salvador, entendemos</p><p>que o convívio com a dor tem seus altos</p><p>e baixos. Como vimos no relato dele, nos</p><p>momentos de ânimo temos que aproveitar</p><p>esta energia para nos sentirmos mais auto-</p><p>confiantes e determinados. Nos momentos</p><p>difíceis, precisamos reconhecer que a raiva,</p><p>a tristeza ou a sensação de frustração virão, e</p><p>é importante permitir que elas se expressem,</p><p>mas não devemos deixar que estas emoções</p><p>negativas nos dominem e paralisem nossas ações. Quando sentir que</p><p>está difícil se manter motivado, tente recordar quais são suas fontes</p><p>de motivação e focar em suas metas e projeto de vida para estimular</p><p>hormônios que nos forneçam ânimo para seguir em frente (mais</p><p>detalhes no próximo capítulo).</p><p>Você consegue identificar quanto esforço exige de si para</p><p>começar a agir? Percebe a sua persistência para alcançar seus</p><p>objetivos? O quanto dedica a sua energia para as suas conquistas?</p><p>Quando notamos que a nossa motivação está baixa, é importante</p><p>descobrir meios que possam contribuir para aumentá-la.</p><p>Dolores vai contar um pouco para nós como percebeu sua</p><p>motivação ao longo de seu tratamento.</p><p>Não é novidade para vocês que uma das grandes</p><p>fontes de motivação na minha vida é o relaciona-</p><p>mento com os meus familiares. Na verdade, hoje</p><p>tenho mais clareza de que o que me animava,</p><p>muitas vezes, era a possibilidade de despertar o</p><p>sentimento de gratidão nas pessoas com quem eu</p><p>me importo. Aos poucos, pude perceber depois que</p><p>D</p><p>Nos momentos</p><p>difíceis, precisamos</p><p>reconhecer que a</p><p>raiva, a tristeza</p><p>ou a sensação de</p><p>frustração virão,</p><p>e é importante</p><p>permitir que elas</p><p>se expressem.</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 1 3</p><p>as dores se agravaram porque este impulso que me</p><p>conduzia para agir no dia a dia estava equivocado.</p><p>Claro que gostar da minha família e querer vê-los</p><p>bem é uma motivação importante, mas não da</p><p>maneira como eu me estimulava. Notei que, quando</p><p>não eram gratos pelas minhas ações ou não reco-</p><p>nheciam os meus sacrifícios para satisfazê-los, eu</p><p>ficava triste ou irritada e me sentia injustiçada.</p><p>É preciso observar o quanto nos sentimos motivados, como</p><p>Dolores, por fatores externos (ambientais), que vêm do local em que</p><p>estamos inseridos ou o quanto, nestas circunstâncias, esperamos</p><p>receber algum tipo de gratificação (prêmios, elogios, prestígio ou</p><p>poder) por assumirmos determinados comportamentos. Nossa</p><p>motivação também pode ser estimulada por necessidades pessoais</p><p>(internas), quando procuramos alcançar desejos de autorrealização e</p><p>crescimento pessoal ou mesmo o prazer que podemos ter ao realizar</p><p>uma determinada atividade. A motivação interna está relacionada aos</p><p>nossos propósitos e à nossa identidade. Vamos ver o que Salvador</p><p>tem para nos contar sobre isto.</p><p>Se tem uma coisa que eu sempre fiz na minha vida,</p><p>mesmo antes de as dores aparecerem, foi olhar para</p><p>as minhas necessidades, e posso dizer que, para</p><p>mim, adquirir segurança financeira foi sempre um</p><p>dos meus maiores estímulos para seguir na vida.</p><p>Quando as dores vieram, ainda não tinha atingido</p><p>a minha meta financeira e fiquei muito mal por isso.</p><p>Percebi que a minha autoestima estava muito rela-</p><p>cionada às minhas conquistas profissionais. Foi um</p><p>baque, pois me senti derrotado e com muita raiva</p><p>SS</p><p>1 1 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>de a dor ter atrapalhado meu projeto de vida! Eu</p><p>me perguntava se fazia sentido dispor de energia</p><p>para determinadas ações e depois chegar ao final</p><p>da corrida e perder o fôlego antes de atravessar a</p><p>linha de chegada. Pude perceber que não podemos</p><p>apostar todas as nossas fichas em um único</p><p>caminho, pois podemos não conseguir percorrê-lo</p><p>por inúmeros motivos e, com certeza, vamos sentir</p><p>que perdemos o chão. Comecei a rever na minha</p><p>vida o que mais poderia motivar minhas ações e</p><p>percebi que tinha outros fatores que havia deixado</p><p>de lado, mas que também eram importantes e que</p><p>não tinham relação direta com sucesso, poder e</p><p>prestígio: eram coisas que me faziam sentir</p><p>realizado como pessoa ou profissional e me davam</p><p>a sensação de prazer.</p><p>Sim, Salvador, o nosso maior ou menor</p><p>engajamento depende do que nos traz a sensação</p><p>agradável de alegria e satisfação (prazer). Podemos</p><p>olhar para o que estimula a nossa motivação de</p><p>distintos modos, mas ainda hoje se destacam cinco</p><p>necessidades básicas62:</p><p>SS</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 1 5</p><p>Pirâmide das</p><p>BásicasNECESSIDADESNEECECESSSSIIDAADDEESS</p><p>555</p><p>FISIOLÓGICAS</p><p>Ar, água, comida,</p><p>exercício, sono,</p><p>repouso e saúde.</p><p>Emprego, moradia,</p><p>estabilidade na vida,</p><p>proteção.</p><p>Poder, reconhecimento,</p><p>prestígio e autoestima.</p><p>Desenvolvimento, criatividade,</p><p>autonomia, realização e autocontrole.</p><p>Relacionar-se com pessoas</p><p>(família, amigos), se sentir</p><p>querido, pertencer a um grupo,</p><p>se sentir incluído e respeitado.</p><p>1.</p><p>segurança2.</p><p>SOCIAL</p><p>estima</p><p>autorrealização</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>de motivaçã 1 1 5ação pa 1nte açã 1</p><p>1 1 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Embora muitos autores critiquem a pirâmide da motivação por</p><p>ela estabelecer uma hierarquia</p><p>entre as necessidades (na base ficam</p><p>as fisiológicas e no topo as de autorrealização), todos reconhecem</p><p>que os elementos apontados são fundamentais na existência do ser</p><p>humano e no grau de satisfação com a própria vida.</p><p>Entendemos que estes elementos devem ser vistos de acordo</p><p>com o repertório de preferências pessoais de cada um. Como você</p><p>distribuiria as suas prioridades? Dolores fez a distribuição dela.</p><p>Quando parei para pensar em quais eram as coisas</p><p>que mais me animavam, vi que estar bem com a</p><p>minha família e ter amigos para mim sempre ficou</p><p>em primeiro lugar! Depois pude perceber que</p><p>devemos também olhar para nós mesmos e não</p><p>esperar que apenas os outros façam isso!</p><p>Sim, Dolores, autoestima e autocuidado são fundamentais e</p><p>devem ser priorizados por nós!</p><p>D</p><p>1</p><p>2 3</p><p>4</p><p>5</p><p>FIS</p><p>IO</p><p>LÓ</p><p>GI</p><p>CA</p><p>S</p><p>se</p><p>gu</p><p>ra</p><p>nç</p><p>a</p><p>est</p><p>im</p><p>a</p><p>au</p><p>to</p><p>rr</p><p>ea</p><p>liz</p><p>aç</p><p>ão</p><p>SO</p><p>CI</p><p>AL</p><p>PRIORIDADES da Dolores</p><p>Capítulo SEIS 1 Minhas fontes de motivação para o manejo da dor 1 1 7</p><p>NOS DIAS</p><p>ATUAIS,</p><p>precisamos lidar</p><p>cada vez mais</p><p>com tarefas que</p><p>exigem criatividade,</p><p>imaginação</p><p>e reflexão !</p><p>1 1 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>AUTONOMIA</p><p>assumir o</p><p>comando de</p><p>sua própria</p><p>vida.</p><p>fazer</p><p>atividades que</p><p>sirvam a algo</p><p>maior do que</p><p>nós mesmos.</p><p>aprimorar-se</p><p>continuamente</p><p>naquilo que</p><p>realmente</p><p>importa e que</p><p>está em sintonia</p><p>com os seus</p><p>valores.</p><p>PILARES DA</p><p>MOTIVAÇÃOMOTIVAÇÃOMMMMMMOOOOTTTTTTIIIIIIIIIVVVVVVAAVVVVVVVVVAAAAAAÇÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO</p><p>Domínio Propósito</p><p>Todos esses pontos são importantes para desenvolvermos</p><p>objetivos na nossa vida, mas devemos lembrar que a motivação oscila</p><p>e exige de nós um exercício constante para nos mantermos motivados.</p><p>Quando buscamos ficar motivados, estamos na verdade</p><p>querendo sair de um estado de desânimo, letargia ou de procrasti-</p><p>nação. É importante lembrar que podemos apresentar pensamentos</p><p>que impedem nossas ações e nos conduzem ao conformismo.</p><p>Para preservarmos nossa motivação,</p><p>devemos cuidar de três pilares63:</p><p>Você consegue identificar o quanto tem conseguido preservar</p><p>estes pilares em sua vida desde que começou a sentir suas dores?</p><p>1 1 9</p><p>Capítulo Sete</p><p>Os hormônios da felicidade</p><p>e suas funções</p><p>Vamos discutir alguns conceitos neste capítulo que foram</p><p>fundamentais para que Dolores e Salvador entendessem como</p><p>estava a qualidade de suas vidas na época que seguiam em</p><p>tratamento e que os ajudaram a se sentir mais fortalecidos para</p><p>lidar e manejar suas dores.</p><p>Na atualidade, fala-se muito dos</p><p>hormônios da felicidade64 e do quanto</p><p>eles podem equilibrar ou desequili-</p><p>brar nossa vida emocional e ocasionar</p><p>problemas de saúde. Os chamados</p><p>hormônios da felicidade são neurotrans-</p><p>missores (substâncias químicas que</p><p>modulam reações corporais) capazes de</p><p>gerar sensações como alegria, recom-</p><p>pensa e bem-estar. Além de provocarem</p><p>estas sensações, eles podem afetar</p><p>uma ampla variedade de funções</p><p>frequência</p><p>cardíaca</p><p>sono</p><p>apetite</p><p>intensidade</p><p>de dor</p><p>1 2 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>corporais, incluindo frequência cardíaca, sono, apetite e inten-</p><p>sidade de dor. Todos eles são produzidos pelo próprio corpo</p><p>e liberados em situações específicas, como, por exemplo, na</p><p>prática de esportes, durante a meditação e na vivência de dores</p><p>intensas. Entre os hormônios da felicidade mais importantes</p><p>estão a serotonina, a endorfina, a dopamina e a ocitocina.</p><p>Eu não tinha ideia do quanto situações que me</p><p>deixavam com mal-estar podiam interferir nas</p><p>minhas emoções e na minha saúde. Hoje, entendo</p><p>que às vezes minha irritabilidade, falta de paciência,</p><p>dificuldade de me concentrar e fadiga também</p><p>tinham relação a outros fatores que, além da dor,</p><p>me estressavam.</p><p>A seguir, vamos falar um pouco sobre o</p><p>papel de cada hormônio da felicidade para que</p><p>você possa avaliar o quanto eles estão presentes</p><p>e balanceados no seu dia a dia e de que maneira</p><p>pode aumentar suas produções:</p><p>SS</p><p>Você também, como Salvador,</p><p>percebe que existem outras</p><p>situações que provocam</p><p>desconforto?</p><p>Capítulo sete 1 Os hormônios da felic idade e as suas funções 1 2 1</p><p>Serotonina: é encontrada principalmente no Sistema</p><p>Nervoso Central (SNC), trato gastrointestinal e plaquetas</p><p>sanguíneas. Você sabia que a maior parte da seroto-</p><p>nina (90%) utilizada pelo nosso corpo é produzida no</p><p>intestino? Ela ajuda a equilibrar o humor, o apetite, o</p><p>sono, a memória, a aprendizagem e regula a temperatura</p><p>do nosso corpo. Além disso, colobora com funções fisio-</p><p>lógicas importantes, como os movimentos peristálticos</p><p>(movimentos no intestino), a manutenção da circulação</p><p>sanguínea e a integridade cardiovascular. A falta de sero-</p><p>tonina pode causar irritabilidade, mau humor, agres-</p><p>sividade, pensamentos negativos, ataques de raiva ou</p><p>de choro, diminuição da libido, assim como tremores,</p><p>contrações espontâneas de músculos, náuseas e</p><p>diarreia. O nível reduzido de serotonina pode contribuir</p><p>para crises de enxaqueca e aumentar a vontade de comer</p><p>doces e massas. É interessante comentar que a seroto-</p><p>nina é produzida a partir do triptofano, um aminoácido</p><p>essencial que participa de diversas funções metabólicas</p><p>no organismo, mas que não conseguimos produzir. Ele é</p><p>encontrado em diversos alimentos, como banana, nozes,</p><p>castanhas, leguminosas (lentilha, soja), semente de</p><p>abóbora, linhaça, aveia, arroz integral, chocolate amargo,</p><p>queijo, tofu, entre outros. Fazer meditação, praticar exer-</p><p>cícios, ter momentos de lazer e ouvir música também</p><p>podem estimular a produção de serotonina.</p><p>1 2 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Dopamina: é conhecida por sua participação no sistema</p><p>de recompensa do nosso cérebro, pois é o neuro-</p><p>transmissor ativado quando se tem uma experiência</p><p>prazerosa. Sua função é levar informações para outras</p><p>células do corpo. A dopamina pode ser estimulada por</p><p>recompensas naturais, como a ingestão de alimentos</p><p>saborosos e a prática de sexo, mas sua liberação é</p><p>interrompida quando vem a saciedade (satisfação</p><p>completa). Quando ingerimos drogas, lícitas ou não, elas</p><p>podem acelerar a liberação de dopamina no nosso corpo</p><p>e armar curtos-circuitos que bloqueiam a saciedade</p><p>natural e, assim, se mantêm picos elevados de dopamina</p><p>liberados no corpo até esgotar sua produção. Isto provoca</p><p>dependência das drogas, já que o sistema de recom-</p><p>pensa existente no cérebro é ativado continuamente</p><p>e sugere a ingestão de mais substâncias psicoativas,</p><p>uma vez que motiva a busca pelo prazer. A dopamina</p><p>também atua no controle de movimentos, aprendizado,</p><p>cognição e memória. Você sabia que quando recebe um</p><p>elogio seu organismo pode descarregar dopamina, o que</p><p>causa em você a sensação de bem-estar? A deficiência</p><p>de dopamina pode levar a cãibras musculares, espasmos</p><p>(contração muscular involuntária) ou tremores, dores</p><p>e rigidez nos músculos, perda de equilíbrio, prisão de</p><p>ventre, entre outros sintomas. Já quando os níveis estão</p><p>altos, relaciona-se a comportamentos compulsivos que</p><p>geram sensação de prazer, e isso pode incluir desde o</p><p>abuso do álcool até o uso excessivo do celular ou trico-</p><p>tilomania (o desejo recorrente e irresistível de arrancar</p><p>pelos do corpo). A dopamina é produzida a partir do</p><p>Capítulo sete 1 Os hormônios da felic idade e as suas funções 1 2 3</p><p>aminoácido tirosina, que pode ser obtido nos seguintes</p><p>alimentos: produtos de origem animal, amêndoas,</p><p>maçãs, abacate, banana, beterraba, cacau, café, vegetais</p><p>de folhas verdes e diversos tipos de grãos, entre outros.</p><p>A prática de exercício físico intenso e regular várias vezes</p><p>por semana também estimula sua produção, assim como</p><p>ouvir música e ter um sono de qualidade.</p><p>ENDORFIna: age como um poderoso analgésico,</p><p>sendo liberada pelo organismo em situações de dor</p><p>e estresse. Atua em células nervosas específicas que</p><p>nos fazem sentir menos desconforto. Além disso, ela</p><p>ajuda a controlar a resposta do corpo ao estresse. Ela é</p><p>produzida a partir de uma glândula chamada hipófise</p><p>e é liberada para o sangue com outros hormônios que</p><p>estimulam o crescimento, a produção</p><p>de adrenalina e o</p><p>cortisol. Ou seja, ela acalma e anima ao mesmo tempo. A</p><p>baixa produção de endorfina no organismo pode causar</p><p>alterações de humor, dores no corpo, irritabilidade e</p><p>ansiedade constante. O consumo de chocolate amargo</p><p>adarebilémébmatalE.oãçudorpausalumitseatnemipe</p><p>quando a pessoa realiza pelo menos 30 minutos de exer-</p><p>cícios físicos aeróbicos, como corrida (pelo menos uma</p><p>vez por semana), andar de bicicleta, fazer caminhada</p><p>ou dançar. Uma outra maneira é estar com os amigos</p><p>contando histórias, relembrando momentos felizes</p><p>ou até mesmo assistindo a filmes ou espetáculos de</p><p>comédia, o que garante momentos de alegria. Sorrir</p><p>é tão benéfico que existe uma forma de terapia alterna-</p><p>tiva, chamada de terapia do riso, que tem como objetivo</p><p>1 2 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>promover o bem-estar mental e emocional por meio</p><p>do riso. Outra forma de estimular o hormônio é manter,</p><p>quando está em um relacionamento amoroso, contato</p><p>sexual satisfatório e regular.</p><p>OCITOCIna: tem ligação com a redução de ansiedade e</p><p>sentimentos de calma e segurança, o que a fez ser clas-</p><p>sificada como o “hormônio do amor”. Muitas pesquisas</p><p>também indicam a ligação entre a ocitocina e a saúde</p><p>sexual, potencializando o desejo sexual feminino e o</p><p>orgasmo masculino. Outros estudos apontam que pode</p><p>diminuir a memória de experiências ruins. É produzida</p><p>pelo hipotálamo – uma área do cérebro que controla o</p><p>humor e o apetite – e é armazenada na glândula pitui-</p><p>tária. As pessoas que têm níveis reduzidos de ocitocina</p><p>sofrem mais dificuldades ao executar tarefas que exigem</p><p>empatia, apresentando dificuldade de ser generosos e</p><p>ter compaixão com os outros. Sua produção é estimu-</p><p>lada no relacionamento interpessoal e, em especial</p><p>ao contato físico, na forma de abraços, massagem,</p><p>cafuné, carinhos e beijos. O contato físico com outras</p><p>pessoas pode ajudar a reduzir o estresse, diminuir</p><p>a pressão arterial, reduzindo o risco de doenças</p><p>cardíacas e ansiedade. Outras técnicas que ajudam</p><p>na redução de estresse podem ser dormir bem, praticar</p><p>a gratidão, presentear pessoas, compartilhar refeições,</p><p>meditar e fazer imersão em água quente.</p><p>Capítulo sete 1 Os hormônios da felic idade e as suas funções 1 2 5</p><p>MELATONIna: é um hormônio naturalmente</p><p>produzido pelo corpo e liberado pelo organismo</p><p>ao escurecer para preparar o organismo para</p><p>dormir. Uma das principais funções é regular o</p><p>relógio biológico do corpo, informando ao cérebro</p><p>quando é hora de dormir e quando é hora de</p><p>acordar. O descanso adequado traz benefícios</p><p>para a memória, reparação do DNA, recuperação</p><p>de órgãos e músculos, produção de hormônios</p><p>e combate a inflamações. A melatonina também</p><p>tem auxiliado no tratamento de alguns tipos espe-</p><p>cíficos de enxaqueca. Ela pode ser encontrada nos</p><p>seguintes alimentos: leite, cereja, kiwi, abacaxi,</p><p>grão-de-bico, casca de uva, banana, entre outros.</p><p>A sua produção é reduzida com o envelhecimento e</p><p>inibida com a luz, inclusive a luz artificial.</p><p>Conhecer as funções dos hormônios da felici-</p><p>dade me fez refletir sobre o meu dia a dia e, assim,</p><p>percebi que podia fazer pequenas coisas que esti-</p><p>mulariam a produção desses hormônios, ajudando</p><p>a melhorar o meu bem-estar. Aprendi que, quando</p><p>se abraça alguém por 20 (ou mais) segundos, a</p><p>produção de ocitocina é aumentada. Então passei</p><p>a abraçar meus familiares mais tempo e notei que a</p><p>minha sensação de bem-estar ficou maior. Comecei</p><p>a aproveitar mais os abraços, que antes duravam</p><p>três segundos.</p><p>Isto mesmo, Dolores, é muito bom quando aprendemos</p><p>algo, colocamos em prática e podemos aproveitar essa dica no</p><p>nosso cotidiano.</p><p>D</p><p>1 2 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>E você? Tem dado abraços</p><p>de pelo menos 20 segundos?</p><p>Esperamos que as dicas dadas aqui e que</p><p>ajudaram você Dolores e Salvador também</p><p>contribuam para o nosso leitor melhorar sua</p><p>qualidade de vida e romper com o ciclo de</p><p>dor, como vocês conseguiram.</p><p>Capítulo sete 1 Os hormônios da felic idade e as suas funções 1 2 7</p><p>Química da</p><p>FELICIDADEFFEELIICCIIDAADEE</p><p>Serotonina endorfina</p><p>• Contemplar a natureza</p><p>• Ser agradecido, praticar</p><p>a gratidão</p><p>• Relembrar momentos</p><p>especiais</p><p>• Rir e se divertir com pessoas</p><p>especiais</p><p>• Cantar e dançar</p><p>• Ter um passatempo</p><p>prazeroso</p><p>DOPAMINA</p><p>MELATONINA</p><p>OCITOCINA</p><p>• Exercitar-se diariamente</p><p>• Dormir de 7 a 9 horas</p><p>• Comemorar conquistas diárias</p><p>• Evitar luzes fortes e o uso de aparelhos eletrônicos</p><p>à noite (celular, tablet, tv)</p><p>• Buscar o silêncio, desligar fontes de barulho à noite</p><p>• Evitar fracionar o sono</p><p>• Abraçar alguém</p><p>• Meditar</p><p>• Praticar atos de generosidade</p><p>1 2 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>acha que</p><p>Está sofrendo</p><p>com o ?</p><p>VOCÊ</p><p>estresse</p><p>1 2 9</p><p>Capítulo OITO</p><p>O que faz o estresse, as emoções e</p><p>os sentimentos no meu corpo</p><p>A OMSclassificou o estressecomo a maior epidemia</p><p>do século XXI, dizendo que 90% da população mundial</p><p>sofre consequências em função dele, especialmente</p><p>aspectos negativos, que podem ameaçar a saúde e a pro-</p><p>dutividade. Só no Brasil, 70% da população sofre com</p><p>estresse e quase 30% chega a ter níveis elevados. Apesar</p><p>da alta frequência, nem sempre</p><p>os sintomas são facilmente per-</p><p>cebidos e devidamente cuidados</p><p>como mereceriam.</p><p>Diversas pesquisas relacionam as dores crônicas</p><p>a situações de estresse e a quadros de ansiedade e de</p><p>depressão que, como já mencionamos, afetam bastante</p><p>a nossa população.</p><p>Só no Brasil,</p><p>70% da população</p><p>sofre com estresse.</p><p>1 3 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Mas, afinal,</p><p>como podemos definir estresse</p><p>e correlacioná-lo à dor?</p><p>O estresse corresponde a</p><p>uma reação do organismo frente</p><p>a situações difíceis ou excitantes,</p><p>podendo se manifestar por meio de</p><p>sintomas físicos ou psicológicos.</p><p>Este processo de adaptação pode</p><p>afetar o organismo de várias formas</p><p>e seus sintomas podem variar de</p><p>pessoa para pessoa dependendo tanto da personalidade</p><p>quanto do estado de saúde. Ele é um sinal de alerta para</p><p>o organismo diante de uma ameaça, uma reação natural</p><p>preparatória de prontidão para a defesa do nosso corpo</p><p>no confronto a essa ameaça.</p><p>A pessoa que fica submetida a situações de</p><p>estresse crônico (contínuo) pode chegar à fadiga e</p><p>à exaustão, portanto sofrerá alterações que podem</p><p>provocar problemas físicos ou psicológicos.</p><p>O estresse crônico é a resposta à pressão</p><p>emocional sofrida durante um período prolongado</p><p>de tempo no qual a pessoa percebe que tem pouco ou</p><p>nenhum controle, como quando sentimos dor faz um</p><p>tempo e não conseguimos controlar a sua intensidade,</p><p>que se mantém alta.</p><p>O estresse é</p><p>um sinal de</p><p>alerta para</p><p>o organismo</p><p>diante de</p><p>uma ameaça.</p><p>1 3 L</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 3 1</p><p>irritabilidade depressão hipoglicemia</p><p>problemas digestivos fadiga dores articulares</p><p>e musculares</p><p>alergias vertigem baixa imunidade</p><p>cefaleia ansiedade funções mentais e</p><p>cognitivas ruins</p><p>atchimm!</p><p>SINTOMAS do ESTRESSEE RE EESTRESSE</p><p>1 3 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Como funciona o estresse no nosso organismo?</p><p>Nosso corpo sempre procura se manter em homeostase, ou</p><p>seja, em equilíbrio. Essa condição é alcançada quando tudo é consi-</p><p>derado natural dentro do organismo, como estar com a frequência</p><p>cardíaca normalizada, temperatura de 36,5°C etc. Qualquer coisa</p><p>que cause a alteração desses fatores é considerada estresse. Por</p><p>exemplo: quando tomamos um susto temos o aumento dos bati-</p><p>mentos cardíacos e da produção de suor, entre outros sintomas.</p><p>Os hormônios de resposta a</p><p>situações de estresse são adrenalina</p><p>(que nos dá motivação) e cortisol</p><p>(para enfrentar situações de perigo).</p><p>Quando estes hormônios agem sob</p><p>condições de estresse temporário, isto</p><p>pode ser saudável para o organismo,</p><p>pois nos sentimos cheios de vigor e</p><p>energia. Se o estresse, entretanto, começa a ter efeitos desproporcio-</p><p>nais e fora de hora, ele não está mais em um nível regular e pode se</p><p>tornar um problema. Possivelmente, a pessoa pode vir a adoecer, pois</p><p>o corpo pode entrar</p><p>em crise por permanecer em estado de alerta por</p><p>um período prolongado.</p><p>Quando uma pessoa tem dores crônicas, ela pode ficar em</p><p>estado de alerta, hipervigilante, com receio de voltar a sentir uma</p><p>dor forte. Desse modo, pode contrair o corpo como tentativa de se</p><p>defender, no aguardo de que possa impedir a dor de aumentar ou</p><p>reaparecer e, assim, pode entrar em um processo de estresse crônico.</p><p>Situações em que as pessoas têm um nível muito baixo de</p><p>estresse também não são saudáveis, pois pode-se encarar uma</p><p>Situações em que</p><p>as pessoas têm um</p><p>nível muito baixo</p><p>de estresse também</p><p>não são saudáveis.</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 3 3</p><p>situação de perigo e não se preocupar nem em tentar fugir, colocan-</p><p>do-se em risco da mesma forma. Assim, podemos concluir que as</p><p>pessoas precisam ter uma quantidade equilibrada de estresse,</p><p>não sendo de mais nem de menos, mas, infelizmente, não é o que</p><p>acontece com todo mundo. Veja na figura abaixo como o estresse é</p><p>acionado no corpo.</p><p>Pensando sobre isso, precisamos primeiro comentar que</p><p>a vida atual é repleta de estressores (gatilhos para acionar o</p><p>estresse). Estamos sujeitos a mudanças constantes que vêm</p><p>desde informações e comunicações globais, a diversas pressões</p><p>no ambiente de trabalho e sociais, muitas vezes acirradas pelas</p><p>redes digitais, além da imposição da naturalidade de seguirmos</p><p>em ritmo acelerado — espera-se (como referido no capítulo dois)</p><p>que as pessoas façam mil coisas ao mesmo tempo (multitarefas),</p><p>reduzindo o tempo disponível para lazer e descanso.</p><p>Fatores</p><p>estressores</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>O hipotálamo estimula a</p><p>liberação de hormônios</p><p>pela hipófise.</p><p>Esses hormônios</p><p>estimulam as glândulas</p><p>suprarrenais.</p><p>As glândulas</p><p>suprarrenais fabricam</p><p>cortisol e adrenalina,</p><p>os “hormônios do</p><p>estresse”.</p><p>Os hormônios liberados</p><p>preparam o corpo para enfrentar</p><p>a situação de tensão.</p><p>1 3 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Você já se viu chateado porque ainda não teve tempo de ler</p><p>seus e-mails, de responder a inúmeras mensagens no seu WhatsApp,</p><p>ou costuma se criticar quando não encontra tempo para interagir nas</p><p>diversas redes sociais de que faz parte?</p><p>Pude perceber que sempre me cobrei muito para dar</p><p>conta das tarefas no trabalho, que eram inúmeras, e</p><p>me sentia na obrigação de atender a todas as solici-</p><p>tações ao mesmo tempo. Quando vieram as dores,</p><p>já não conseguia me concentrar da mesma forma e</p><p>ter a mesma efetividade. Foi durante o tratamento</p><p>que pude notar o quanto não era saudável o ritmo</p><p>que eu mesmo me impunha para me sentir compe-</p><p>tente e reconhecido pela minha chefia. Isto sem falar</p><p>na minha dificuldade de participar dos inúmeros</p><p>grupos de WhatsApp em que fui sendo incluído por</p><p>amigos, familiares e colegas de trabalho. Queria ser</p><p>legal, mas percebi que essa demanda me cansava</p><p>muito. Às vezes, à noite, só queria relaxar e me via</p><p>com muita dor e repleto de obrigações sociais e</p><p>de trabalho. Sentia-me totalmente exausto! Vivia</p><p>estressado e entendi que precisava criar um espaço</p><p>de autocuidado. Necessitava estabelecer priori-</p><p>dades para serem realizadas no meu cotidiano. Vivia</p><p>no piloto automático, tentando dar conta de tudo,</p><p>agia sem pensar. Já não sei mais se ficava ansioso</p><p>pelo ritmo acelerado em função de diversas obriga-</p><p>ções ou por causa das dores intensas que sentia e</p><p>que achava que não era capaz de controlar.</p><p>SS</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 3 5</p><p>Salvador disse que não sentia que</p><p>pudesse dar conta de suas demandas,</p><p>ou seja, estava duvidando de sua própria</p><p>capacidade. Para uma pessoa lidar com</p><p>os desafios que surgem em sua vida,</p><p>de modo positivo, precisa de seu senso</p><p>de autoeficácia, em outras palavras, da</p><p>confiança na capacidade pessoal para organizar e executar certas</p><p>ações. O senso de autoeficácia influencia o esforço e o tempo</p><p>que vamos dedicar para alcançar nossos objetivos e como vamos</p><p>nos organizar para solucionar nossos problemas. Logo, sentir</p><p>que não consegue lidar com o que está ocorrendo pode ser mais</p><p>estressante do que a própria situação. Pode-se perceber pelo que</p><p>descrevemos aqui que essa crença é um dos fatores determinantes</p><p>do nível de ansiedade, de autoconfiança e do desempenho de</p><p>tarefas e atividades65.</p><p>Como podemos fortalecer nossa autoeficácia?</p><p>A autoeficácia depende da resiliência de cada pessoa,</p><p>ou seja, da capacidade de a pessoa resolver problemas ou se</p><p>adaptar, superar traumas, tragédias, ameaças ou outros motivos</p><p>significativos de estresse66.</p><p>Diante de uma situação de ameaça, o organismo precisa</p><p>identificar fatores de risco (aqueles que ameaçam romper com</p><p>nosso equilíbrio físico ou psicológico) e fatores de proteção</p><p>(aqueles capazes de nos proteger de seus efeitos negativos),</p><p>que podem sinalizar o quanto a pessoa está vulnerável ou não</p><p>àquela ameaça e, assim, buscar estratégias (recursos de enfren-</p><p>tamento) para lidar com a situação67. Ao que tudo indica, pessoas</p><p>Situações em que</p><p>as pessoas têm um</p><p>nível muito baixo</p><p>de estresse também</p><p>não são saudáveis.</p><p>1 3 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>resilientes percebem com rapidez estressores que podem prejudi-</p><p>cá-las e buscam meios que as protejam da ameaça, apresentando</p><p>respostas adaptativas mais criativas, por isso dificilmente desen-</p><p>volvem doenças associadas ao estresse crônico. Normalmente, as</p><p>pessoas que são mais resilientes se mostram mais autoconfiantes</p><p>e com o senso de autoeficácia fortalecido, além de apresentar</p><p>bom suporte social, podendo contar com relacionamentos que</p><p>oferecem apoio quando necessário.</p><p>Depois de ler sobre isto,</p><p>o que você diria sobre a sua</p><p>autoeficácia e resiliência?</p><p>Devemos lembrar que existem outros elementos que também</p><p>interferem na maneira como o nosso cérebro vai interpretar uma</p><p>ameaça e a forma como irá reagir e se adaptar a novas situações. Isto</p><p>depende, em parte, do repertório de experiências adquiridas durante</p><p>a vida, especialmente na nossa primeira infância, que irão predeter-</p><p>minar como o nosso cérebro e o nosso corpo responderão a estres-</p><p>sores e quais serão as alterações biológicas que poderão levar a</p><p>desfechos positivos ou negativos68.</p><p>Um bom exemplo para você entender melhor como as</p><p>alterações biológicas podem provocar dor é compreender como</p><p>os hormônios do estresse podem levar à dor. Como causam</p><p>tensão muscular, uma pessoa em situação de alarme pode ter</p><p>seus músculos tão tensionados a ponto de sentir dores ou ter</p><p>espasmos musculares, principalmente nos músculos das costas e</p><p>do pescoço, que são mais sensíveis aos efeitos do estresse, ainda</p><p>mais se o evento estressor lembrar algo com que esta pessoa tinha</p><p>dificuldade de lidar no passado.</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 3 7</p><p>Como isto ocorre? A tensão muscular reduz a circulação</p><p>sanguínea para os tecidos. Desta maneira, a quantidade de oxigênio e</p><p>nutrientes que deveriam chegar até eles fica menor, sendo insuficiente</p><p>para eliminar os resíduos ácidos dos tecidos. O acúmulo desses ácidos</p><p>pode causar fadiga e dor, além de dificultar o processo de busca de</p><p>equilíbrio do organismo. Assim, sem a devida atenção, pode se iniciar</p><p>um círculo vicioso: o estresse causa tensão muscular, levando à dor,</p><p>que por sua vez aumenta a tensão muscular, que aumenta ainda mais</p><p>o estresse e intensifica a dor, e assim por diante.</p><p>vulnerabilidade</p><p>resiliência</p><p>fatores de</p><p>proteçãofatores de</p><p>risco</p><p>1 3 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Nesse sentido, é importante iden-</p><p>tificar a maneira como cada um de nós</p><p>interpreta as situações estressantes,</p><p>pois esta avaliação pode nos conduzir a</p><p>respostas positivas ou negativas69,70.</p><p>Um outro ponto que devemos ressaltar é que a nossa memória</p><p>não interfere apenas no momento que estamos sob ameaça:</p><p>relembrar uma experiência estressante depois que ela termina</p><p>pode ativar reações no organismo similares à experiência real. Isso</p><p>pode manter</p><p>as oportunidades que conquistar ou</p><p>que a vida lhe oferecer para ser ainda melhor.</p><p>Como voluntária há tantos anos, faço um pedido muito espe-</p><p>cial: compartilhe suas experiências e fontes confiáveis de informação,</p><p>como este livro.</p><p>Haverá sempre alguém ansioso como você está ou já esteve,</p><p>buscando respostas... uma luz! Ajude-os!</p><p>Dra. Adrianna Loduca, em nome dos pacientes com dores</p><p>crônicas agradeço o prazer que me trouxe ao ler sua obra. Vá adiante</p><p>com seu projeto! Sua obra é maravilhosa, interessante e que aborda</p><p>com respeito nossos sentimentos.</p><p>Ajudará muitos, como nós, a perceber e reconhecer as portas de</p><p>saída em meio ao labirinto. Gosto de pensar que todos, pacientes ou</p><p>não, somos como borboleta que, para voar, precisam “metamorfar”.</p><p>Acreditem! Podemos voar!</p><p>Sandra Santos</p><p>Fundadora e presidente Abrafibro</p><p>Associação Brasileira dos Fibromiálgicos</p><p>CARTA PACIENTE 1 ADRIANNA LODUCA 1 1</p><p>Esta experiência</p><p>me deu muita bagagem</p><p>para voltar para o</p><p>Brasil e entender</p><p>que os mecanismos</p><p>de ação da dor eram</p><p>mais complexos [...]</p><p>Adrianna Loduca</p><p>1 3</p><p>PREFÁCIO</p><p>Quero começar contando um pouco sobre</p><p>a minha trajetória profissional para ajudá-lo(a) a</p><p>compreender como surgiu a ideia deste livro.</p><p>Sou psicóloga e há 28 anos atendo pessoas que</p><p>convivem com dores crônicas junto com profissionais</p><p>de outras áreas da saúde: médicos, fisioterapeutas,</p><p>nutricionistas, enfermeiros, profissionais de educação</p><p>física, entre outros.</p><p>Quando comecei a trabalhar nesta área, em 1992,</p><p>a maior parte dos textos científicos sobre psicologia na</p><p>área da dor eram internacionais, não havia literatura</p><p>nacional que discorresse sobre o papel do psicólogo no</p><p>tratamento de dores crônicas.</p><p>1 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Tive a oportunidade, em 1994, de fazer um treina-</p><p>mento em um Programa Interdisciplinar de Dor chamado</p><p>Pain Management Programme (PMP) no Walton Centre</p><p>Hospital (reconhecido pela Associação Internacional para</p><p>Estudos da Dor), em Liverpool (Inglaterra), com o objetivo</p><p>de aprender mais sobre como ajudar os pacientes com</p><p>dores crônicas que, na época, atendia no Serviço de Terapia</p><p>da Dor e Medicina Paliativa da Santa Casa de Misericórdia</p><p>de São Paulo. Lembro-me que, naquele período, sentia-me</p><p>despreparada para auxiliar o paciente a lidar com o papel</p><p>de sofredor, quando muitos sentiam-se reféns do quadro</p><p>álgico (dor). Durante quatro meses, participei de reuniões</p><p>de equipe e de grupos psicoeducativos do PMP (misto de</p><p>aulas e atividades práticas sobre temas relacionados ao</p><p>manejo da dor) desenvolvidos para que as pessoas que</p><p>sofriam com dores crônicas aprendessem a lidar melhor</p><p>com esta condição e, de fato, ao término dos grupos, era</p><p>notória a mudança. Elas se sentiam menos vítimas de suas</p><p>dores, com mais estima e conhecedoras de recursos que</p><p>elas próprias dispunham para o manejo delas.</p><p>PREFÁCIO 1 ADRIANNA LODUCA 1 5</p><p>Resumindo, esta experiência me deu muita bagagem</p><p>para voltar ao Brasil e entender que os mecanismos de ação da</p><p>dor eram mais complexos e que, neste processo, o cérebro e os</p><p>aspectos psicossociais tinham papéis fundamentais para manter,</p><p>piorar ou amenizar as dores de uma pessoa.</p><p>Você agora deve estar pensando que estou dizendo isso</p><p>porque nunca senti o que você está sentindo. Eu posso dizer que</p><p>sim, também já tive dores crônicas. Fui tratada de lombalgia (dor</p><p>nas costas) e nevralgia do trigêmeo (dor em um nervo localizado</p><p>na face), e estas experiências, aliadas ao conhecimento adquirido</p><p>na Inglaterra e à possibilidade de ter sido cuidada por uma equipe</p><p>multidisciplinar, me propiciaram amadurecimentos que me</p><p>ajudaram a me empoderar da minha saúde de outra maneira.</p><p>Com o passar dos anos, fui deixando de trabalhar</p><p>sozinha e novos psicólogos começaram a compartilhar dos</p><p>conhecimentos que vinham construindo e a integrar a equipe</p><p>multidisciplinar da qual eu fazia parte, assim como outros</p><p>ingressaram em outras equipes pelo Brasil.</p><p>Hoje conto com um grupo de psicólogos, partilhamos</p><p>experiências, e eles me auxiliam na construção de</p><p>novas ferramentas nacionais para melhorar a</p><p>assistência e a educação na área da dor.</p><p>1 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Nosso projeto de educação em dor chama-se TRANSFORMAdor</p><p>e já desenvolvemos um livro para auxiliar profissionais de saúde na escolha de</p><p>condutas terapêuticas mais efetivas para as necessidades e o momento de</p><p>cada paciente (e-book Dores Crônicas: como melhorar a adesão ao</p><p>tratamento). Este é o segundo livro do projeto e é dirigido a você que</p><p>sofre com dores crônicas! Queremos ajudá-lo a se empoderar de sua</p><p>saúde e bem-estar. Esperamos que aprecie a leitura, pois sabemos</p><p>que não é fácil conviver com dores.</p><p>Adrianna Loduca</p><p>Adriannnnnnaa</p><p>Lododucucaa</p><p>COMO MELHORA</p><p>R A ADESÃO</p><p>AO TRATAM</p><p>ENTO</p><p>Pular int</p><p>rodução</p><p>Baixe o e-book</p><p>COMO MELHORAR A ADESÃO</p><p>AO TRATAMENTO</p><p>Adrianna</p><p>Loduca</p><p>COMO MELHORA</p><p>R A AD</p><p>ESÃO</p><p>AO TRA</p><p>TAMENTO</p><p>Pular intr</p><p>odução</p><p>1 7</p><p>Capítulo Um</p><p>DOR CRÔNICA</p><p>É UM PROBLEMA SÉRIO</p><p>Este livro foi feito para você, que vem sofrendo com dores</p><p>crônicas e não sabe mais o que fazer, ou porque nunca procurou</p><p>assistência especializada ou porque já passou por vários tratamentos</p><p>sem sucesso.</p><p>Compreendemos que não é fácil conviver com dores por</p><p>um longo período. Normalmente, quando recebemos pessoas</p><p>que sofrem com dores, encaminhadas por médicos ou outros</p><p>profissionais da área da saúde, notamos que, infelizmente, elas</p><p>já vêm lidando há anos com esse</p><p>desconforto pelo corpo e se sentem</p><p>cansadas, frustradas ou com receio</p><p>de que não vão conseguir melhorar.</p><p>Aqui não há receitas ou passos</p><p>genéricos de como se deve agir, mas</p><p>este é um convite para que você faça</p><p>reflexões que têm como objetivo</p><p>Queremos que você</p><p>saiba mais sobre o seu</p><p>problema e encontre</p><p>alternativas que levem</p><p>à reabilitação e,</p><p>se possível, ao alívio</p><p>de suas dores.</p><p>1 711</p><p>1 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>auxiliar a encontrar o seu próprio caminho. Queremos que você saiba</p><p>mais sobre o seu problema e encontre alternativas que levem à reabi-</p><p>litação e, se possível, ao alívio de suas dores.</p><p>Todo mundo já sentiu alguma</p><p>dor, mas não podemos garantir</p><p>que o sofrimento vivenciado é igual</p><p>para todos. A experiência de dor é</p><p>única, e a maneira como cada um a</p><p>descreve é exclusiva e subjetiva.</p><p>Em nosso trabalho, criamos dois personagens, Salvador</p><p>e Dolores, ambos baseados nas histórias reais de centenas de</p><p>pessoas que tiveram dores crônicas e que tivemos a oportunidade</p><p>de atender ao longo desses anos. Queremos agradecer a cada uma</p><p>delas que nos confidenciaram suas histórias e confiaram no nosso</p><p>trabalho e, assim, nos permitiram também aprender e desenvolver</p><p>novos conhecimentos.</p><p>Ao longo do livro, discutiremos temas importantes para que</p><p>você lide melhor com as suas dores, que, em conjunto com os</p><p>depoimentos de nossos personagens, ajudarão você a olhar para</p><p>o seu problema com outros olhos. Você conhecerá as histórias,</p><p>as dúvidas e os caminhos que Salvador e Dolores seguiram</p><p>até conseguir se libertar da sensação de impotência que a dor</p><p>provocou no dia a dia deles.</p><p>Primeiro, você conhecerá nossa personagem Dolores, que vai</p><p>auxiliá-lo a perceber o quanto a dor interferiu em diferentes áreas de</p><p>sua vida; e depois Salvador, que contará a maneira como estava convi-</p><p>vendo com sua dor crônica e de como foi compreendendo o sentido</p><p>dela no seu cotidiano. Depois, falaremos sobre os mecanismos de</p><p>A experiência de dor é</p><p>única, e a maneira como</p><p>cada um a descreve é</p><p>exclusiva e subjetiva.</p><p>Capítulo um 1 DOR CRÔNICA É UM PROBLEMA SÉRIO 1 9</p><p>ação da dor para que você conheça e identifique estressores (fatores</p><p>que desencadeiam estresse) que podem aumentar, provocar ou</p><p>diminuir a intensidade das suas dores. A seguir, Dolores e Salvador</p><p>contarão como encontraram fontes de motivação para seguir com</p><p>os tratamentos indicados. Você também aprenderá sobre o papel do</p><p>estresse e de suas emoções e sentimentos para a busca de bem-estar</p><p>a reação de estresse “ativada”, mesmo que o motor do</p><p>problema não esteja mais presente. Isso faz com que a experiência</p><p>seja percebida como mais angustiante do que realmente era quando</p><p>aconteceu. Assim, prevenir que “ruminemos” momentos negativos</p><p>pode evitar que o estresse seja ativado de modo contínuo.</p><p>CÍ</p><p>RCULO</p><p>VICIOSO</p><p>CCÍÍ</p><p>RCUULLOO</p><p>VVIICIOSO</p><p>ES</p><p>TR</p><p>ESS</p><p>E</p><p>D O R</p><p>TENSÃO</p><p>MUSCULAR</p><p>Tanto o estresse</p><p>como a própria dor</p><p>exigem que você</p><p>encontre estratégias.</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 3 9</p><p>Lembro-me que, em algumas ocasiões, durante</p><p>o meu tratamento, quando me recordava de</p><p>momentos de crises de dor, eu me sentia mal, era</p><p>como se acordasse as minhas dores! Descobri,</p><p>depois, que ficar pensando em experiências</p><p>negativas podia despertar no meu corpo memórias</p><p>que reativavam reações de alarme e de perigo e,</p><p>dependendo da quantidade de vezes que fizesse</p><p>isto, poderia estimular o estresse de modo contínuo.</p><p>Você já notou se, às vezes,</p><p>fica preso a lembranças negativas,</p><p>especialmente memórias</p><p>desagradáveis associadas à dor?</p><p>Se costuma fazer isto, uma forma de romper com este hábito</p><p>é reconhecer que recursos de enfrentamento você tem utilizado para</p><p>lidar com situações que o desafiam.</p><p>Tanto o estresse como a própria dor exigem que você</p><p>encontre estratégias, denominadas de enfrentamento (coping),</p><p>para poder lidar com as mudanças no cotidiano impostas por estas</p><p>condições. Podemos definir enfrentamento como as habilidades</p><p>cognitivas (ideias, fantasias e pensamentos) e comportamentais</p><p>que utilizamos para lidar com qualquer evento que possa nos</p><p>ameaçar física ou mentalmente.</p><p>D</p><p>1 4 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Dependendo dos recursos de enfrentamento utilizados,</p><p>podemos tentar remover, atenuar ou melhorar os efeitos do estressor,</p><p>tentando lidar diretamente com a situação geradora de estresse</p><p>(enfrentamento ativo) ou podemos nos sentir mais vulneráveis</p><p>procurando “evitar” lidar com o problema ou com a tensão causada</p><p>por ele (enfrentamento passivo)71. O enfrentamento ativo é definido</p><p>pela resposta que uma pessoa dá utilizando recursos que procuram</p><p>minimizar o dano que uma determinada situação pode provocar72.</p><p>Normalmente, quando o nosso corpo busca retomar o equilíbrio,</p><p>juntamente com os seus recursos de enfrentamento (cognitivos e</p><p>comportamentais), ocorrem alterações no corpo (processos infla-</p><p>matórios, metabólicos e neuromodulatórios) que interagem umas</p><p>com as outras, para promover a adaptação e a saúde do organismo.</p><p>Este mecanismo de adaptação é chamado de alostase e costuma ser</p><p>ligado e desligado de forma eficiente frente aos desafios. Parece que,</p><p>quando uma pessoa adoece, ocorre uma falha neste sistema, como se</p><p>ele ficasse ligado o tempo todo dizendo que o corpo está em alarme, o</p><p>que pode levar o organismo à exaustão, provocando os mais variados</p><p>problemas de saúde, dentre eles, as dores crônicas73.</p><p>ESTRATégias de</p><p>ENFREN–</p><p>TAMENTO</p><p>EENFRENFREN––</p><p>ATA EMEN OTO</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 4 1</p><p>Lembram quando eu falei que,</p><p>quando minhas dores começaram</p><p>fortes, fiquei com medo de estar</p><p>com câncer como o meu tio?</p><p>Então, eu fui ao médico checar o</p><p>que eu tinha para poder resolver</p><p>a situação.</p><p>No exemplo de Salvador, notamos que ele estava com uma</p><p>desconfiança que só poderia ser resolvida por um profissional da área</p><p>médica e, assim, ele foi a uma consulta. Em outras palavras, podemos</p><p>dizer que ele enfrentou ativamente seu medo ao procurar o médico</p><p>para descobrir se sua suspeita estava correta ou não.</p><p>O enfrentamento passivo é aquele em que a pessoa evita ou</p><p>foge para não lidar com o estressor ou ainda paralisa, não respon-</p><p>dendo ao desafio e, deste modo, não consegue manter a homeos-</p><p>tase do organismo com eficiência. Aqui a falha não é por sobrecarga,</p><p>mas pela ausência de resposta apropriada diante da ameaça, que</p><p>permanece por um período superior ao desejado, fragilizando o</p><p>organismo. Isso provoca a liberação em excesso de cortisol, o que, por</p><p>sua vez, pode baixar a imunidade e também acarretar adoecimentos.</p><p>Eu tinha muito medo de agulha e, quando ia fazer</p><p>infiltração para diminuir a dor, me sentia tão mal</p><p>que preferia, em algumas ocasiões, ficar com</p><p>crise de dor. Sempre que eu precisava de uma</p><p>infiltração, eu começava a rezar e só parava após</p><p>o procedimento, pois tinha esperança que Deus</p><p>aliviaria meu sofrimento.</p><p>QUIMIO-QUIMIO-</p><p>D</p><p>1 4 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>A atitude que Dolores teve foi um enfrentamento passivo,</p><p>ou seja, ela focava a sua atenção em outra coisa que não a dor</p><p>nem o medo do procedimento para que não precisasse encarar</p><p>o medo que estava sentindo.</p><p>Você avalia que tem utilizado mais estratégias</p><p>de enfrentamento ativas ou passivas?</p><p>Até aqui falamos sobre como o estresse, o senso de eficácia,</p><p>a capacidade de resiliência e os recursos de enfrentamento podem</p><p>interferir na intensidade e na maneira como você lida com suas</p><p>dores, mas não podemos esquecer que tanto Dolores quanto</p><p>Salvador dizem que suas emoções também influenciaram suas</p><p>reações. Portanto, temos que considerar também o papel das</p><p>emoções e dos sentimentos neste processo. E se você acredita que</p><p>com você as coisas funcionariam diferente, já que é muito racional</p><p>e não liga para as emoções, está muito enganado, pois todos nós</p><p>temos dois sistemas de tomada de decisão: um deles mais auto-</p><p>mático e emocional e o outro mais racional e lógico. Muitas vezes</p><p>nem nos damos conta, mas tomamos decisões considerando</p><p>nossas emoções. Por exemplo: se você estiver em uma floresta e</p><p>uma onça aparecer, por mais racional que você acredite ser, irá</p><p>tentar fugir imediatamente, porque o medo o fará reagir instintiva-</p><p>mente e, se for tentar pensar nas alternativas e possibilidades de</p><p>fuga, a onça já terá atacado.</p><p>Diariamente a nossa mente e o nosso corpo passam por</p><p>diversas emoções e sentimentos, de muitos nem nos damos conta,</p><p>mas todos podem afetar a qualidade de nossa saúde.</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 4 3</p><p>Você sabe a diferença entre</p><p>sentimentos e emoções?</p><p>As emoções são caracterizadas prin-</p><p>cipalmente por ser bastante imediatas; são</p><p>o sistema de alarme e sobrevivência do</p><p>organismo. As emoções básicas (alegria,</p><p>raiva, surpresa, medo, nojo e tristeza)</p><p>sempre nos estimulam a fazer algo ou a</p><p>deixar de fazer. Por exemplo, quando você</p><p>fica triste, se distancia das pessoas e pode preferir se isolar e ficar</p><p>conectado ao seu sofrimento. Uma vez que tenha entendido</p><p>o que aconteceu e por que se sentiu de um jeito ou de outro,</p><p>estamos falando de sentimentos e não mais de emoções, e neste</p><p>caso o ficar triste se modifica para o sentimento de tristeza. Isto</p><p>quer dizer que, para identificar um sentimento, é necessário</p><p>pensar sobre o que aconteceu, sobre o que deixou você triste. É</p><p>preciso refletir a respeito de como isso afetou o seu comporta-</p><p>mento e, assim, reconhecer sua tristeza para depois descobrir o</p><p>que se pode fazer para lidar com esse desconforto.</p><p>Além das emoções básicas, que estão presentes em todos,</p><p>existem também algumas emoções secundárias, como, por</p><p>exemplo, culpa, vergonha, ciúme, entre outras, que são influen-</p><p>ciadas pela cultura/ambiente com o qual convivemos.</p><p>Considerando que as emoções surgem e desaparecem</p><p>rapidamente, são os nossos sentimentos os responsáveis por</p><p>averiguar nossas emoções e nos manter motivados. O sentimento</p><p>seria o que “fica” da emoção, ele pode se desenvolver aos poucos</p><p>e se modificar, ficando presente por dias, semanas, meses ou anos.</p><p>Tanto os sentimentos quanto as emoções podem ser avaliados</p><p>como positivos (trazer bem-estar) ou negativos (quando</p><p>emoções básicas:</p><p>alegria, raiva,</p><p>surpresa, medo,</p><p>nojo e tristeza.</p><p>1 4 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>provocam sensações desagradáveis). Ambas as experiências</p><p>são importantes, pois quando positivas diminuem estresse e</p><p>ansiedade, e se negativas</p><p>podem levar ao nosso autoconheci-</p><p>mento, à superação e a mudanças de comportamento, já que</p><p>nos fazem refletir e aprender com a situação desconfortável.</p><p>Lembro-me de uma sessão com um fisioterapeuta</p><p>em que me queixei de que estava com muita dor</p><p>fazendo um determinado exercício, mas ele disse</p><p>que eu estava fazendo corpo mole e que devia</p><p>seguir com a sequência orientada. Na época me</p><p>senti desafiado e com raiva. Fiz tudo, mas fiquei</p><p>com muita dor depois. Fiquei com mais dores por</p><p>um bom tempo e passei a detestar fisioterapeutas.</p><p>Então, quando um médico me indicava, eu dizia:</p><p>“Já fiz e não ajudou em nada!” Foi só depois de um</p><p>tempo, quando me perguntaram por quê, falava</p><p>com tanta irritação sobre o trabalho da fisiote-</p><p>rapia que pude me dar conta de que na realidade</p><p>generalizei uma experiência infeliz. Percebi que ter</p><p>engolido a minha raiva me fez ficar com ela mais</p><p>tempo e estava me fazendo mal e me impedindo</p><p>de me tratar adequadamente. Quando voltei a fazer</p><p>fisioterapia, percebi o quanto estava sendo bom</p><p>para o meu corpo e para diminuir minhas dores.</p><p>É, Salvador, não é fácil administrar nossas emoções, mas,</p><p>quando percebemos e aprendemos algo com aquilo que parecia</p><p>só fazer mal, nos sentimos mais fortalecidos e disponíveis para</p><p>novos aprendizados.</p><p>SS</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 4 5</p><p>o QUE LHE CAUSA</p><p>MEDO ALEGRIA</p><p>SABE DIZER</p><p>,</p><p>TRISTEZANOJO</p><p>VOCÊ</p><p>RAIVA</p><p>OUSURPRESA</p><p>,</p><p>, ,</p><p>1 4 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>MEDO ALEGRIA NOJO</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 4 7</p><p>tristeza RAIVA SURPRESA</p><p>1 4 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Quando conseguimos expressar o</p><p>que sentimos em voz alta, a intensidade do</p><p>mal-estar que essa emoção pode estar provo-</p><p>cando diminui. Isso ocorre porque, dando voz</p><p>às emoções, nossa amígdala cerebral (impor-</p><p>tante centro regulador das respostas emocio-</p><p>nais e de conteúdos emocionais das nossas</p><p>memórias) reduz a sua atividade, o que</p><p>diminui, por sua vez, a reação emocional74.</p><p>Além disso, saber expressar os sentimentos</p><p>aumenta a confiança e a capacidade para enfrentar momentos e</p><p>situações difíceis75, nos deixando mais preparados para lidar com</p><p>acontecimentos inesperados, como conviver com dores crônicas.</p><p>Ainda que não seja uma tarefa simples, investir tempo em</p><p>expressar seus sentimentos melhora a qualidade de suas relações</p><p>interpessoais. É um esforço que requer um trabalho introspectivo</p><p>constante e uma aceitação completa de si mesmo, ou seja, que você</p><p>se sinta autoconfiante e com boa autoestima. E por falar em relação</p><p>com outras pessoas, a solidão já pode ser considerada como a maior</p><p>ameaça à saúde pública no mundo, pois diversos estudos afirmam</p><p>sobre a importância de estarmos conectados aos outros para a nossa</p><p>qualidade de vida, sensação de bem-estar e felicidade, como o estudo</p><p>de Harvard citado no capítulo dois, que trazia a mensagem de que as</p><p>boas relações nos mantêm mais felizes e saudáveis.</p><p>Se uma pessoa está focada nas preocupações, na raiva,</p><p>na tristeza ou em qualquer outra emoção que tenha alto grau de</p><p>estresse, apresentará menor capacidade de atenção diante do que</p><p>lhe é dito. Neste sentido, quando você se sente assim, terá mais difi-</p><p>culdade para aprender, assim como compreender orientações, o que,</p><p>Saber expressar</p><p>os sentimentos</p><p>aumenta a</p><p>confiança e</p><p>a capacidade</p><p>para enfrentar</p><p>momentos e</p><p>situações difíceis.</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 4 9</p><p>por sua vez, pode atrapalhar o seu empenho com o tratamento, como</p><p>ocorreu com o Salvador. Percebemos também que pode prejudicar</p><p>suas relações interpessoais. Salvador evitou por um período conhecer</p><p>profissionais que poderiam ajudá-lo por compará-los, sem conhecê-</p><p>-los, com o profissional com quem se desentendeu.</p><p>Você já generalizou alguma situação desagradável</p><p>que o impediu de aproveitar outros momentos?</p><p>Um aspecto importante de ser averiguado e que pode fazer</p><p>uma pessoa deixar de compartilhar momentos agradáveis é a possi-</p><p>bilidade de ter perdido a capacidade de sentir prazer. Nesta situação,</p><p>o cérebro se desconecta para não sentir, para não sofrer — é como se</p><p>ele ficasse anestesiado. Chamamos isto de anedonia. Se esse estado</p><p>se tornar crônico e se prolongar no tempo, nossas estruturas cerebrais</p><p>sofrem mudanças e isso afeta nossos julgamentos, pensamentos e</p><p>emoções. Note o que ocorre:</p><p>O lóbulo frontal, relacionado com a tomada de decisões, se reduz.</p><p>Os gânglios basais, relacionados ao movimento, ficam afetados,</p><p>até o ponto em que nos levantarmos da cama exige um</p><p>grande esforço.</p><p>O hipocampo, relacionado às emoções e à memória, também</p><p>perde volume. É comum que tenhamos falhas de lembranças e que</p><p>fiquemos obcecados por pensamentos negativos.</p><p>O que descrevemos aqui mostra como nosso corpo e nossa mente</p><p>formam uma unidade que interage constantemente, o que evidencia</p><p>a importância de termos um olhar mais amplo para a busca de saúde.</p><p>1 5 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>É importante percebermos como situações estressantes interferem no</p><p>nosso dia a dia e identificarmos se elas podem estar atrapalhando nossa</p><p>motivação e compromisso com o tratamento para o manejo de nossas</p><p>dores. É fundamental que nos perguntemos se estamos usando nossas</p><p>melhores ferramentas (recursos de enfrentamento) para acionarmos</p><p>mais os hormônios da felicidade e podermos, assim, ser mais resilientes</p><p>para lidar com os problemas que surgem na vida.</p><p>Eu sabia que passava por estresse no dia a dia,</p><p>afinal, quem não passa, mas não tinha ideia de que</p><p>a maneira como eu lidava com as situações que</p><p>me incomodavam podia afetar a minha saúde e,</p><p>inclusive, interferir nas minhas dores. Percebi que,</p><p>muitas vezes, evitava olhar para aquilo que me era</p><p>muito desconfortável como se magicamente, se eu</p><p>não olhasse, pudessem fazer com que os problemas</p><p>desaparecessem. Me irritava que fatos no meu</p><p>entorno mexessem com as minhas emoções, acre-</p><p>ditava que o melhor era não sentir nada. Poderia</p><p>cair o mundo lá fora e eu gostaria de não ter</p><p>nenhum tipo de reação emocional, queria me anes-</p><p>tesiar. Sei que não é fácil encarar de frente nossas</p><p>dificuldades, ainda mais quando elas mexem muito</p><p>com a gente emocionalmente, mas percebi que</p><p>tem feridas que, se não cuidamos, não cicatrizam, e</p><p>podem infeccionar e gerar problemas maiores.</p><p>D</p><p>Capítulo OITO 1 O que faz o estresse, as emoções e os sentimentos no meu corpo 1 5 1</p><p>É verdade, Dolores, refletir sobre nossa capacidade de</p><p>gerenciar os problemas requer reconhecer nossas habilidades</p><p>cognitivas (como armazenamos aquilo que aprendemos), pensa-</p><p>mentos e nomear nossos sentimentos e emoções, tarefa que não é</p><p>simples, mas fundamental para o nosso empoderamento (exercer</p><p>poder sobre nós mesmos).</p><p>Para você refletir</p><p>• Quais os recursos que você já utilizou para lidar com as</p><p>situações estressantes na sua vida? As estratégias que</p><p>utilizou nesses momentos foram satisfatórias?</p><p>• É capaz de responder a situações estressantes e às pressões</p><p>diárias com flexibilidade, habilidade e serenidade?</p><p>• Em diferentes momentos que já passou, você notou o</p><p>que dava forças para enfrentar as dificuldades (fatores</p><p>de proteção)?</p><p>• Também é capaz de identificar o que considera que</p><p>ameaçava a sua integridade física e/ou psicológica (fatores</p><p>de risco) e deixava ou deixa você se sentindo vulnerável?</p><p>Certamente que, para lidar com estressores ou experiências</p><p>negativas que nos conduzem a emoções e sentimentos desagradá-</p><p>veis, precisamos fortalecer nossa autoestima e senso de eficácia.</p><p>Assim, tanto nosso enfrentamento quanto nossas emoções e senti-</p><p>mentos têm um papel fundamental na motivação para seguir com</p><p>o tratamento ou no empenho em melhorar a qualidade de vida.</p><p>Portanto, nos próximos capítulos, daremos dicas do que você pode</p><p>fazer para se cuidar melhor e de que maneira pode pesquisar com</p><p>mais segurança sobre informações na internet que o beneficiem</p><p>para</p><p>o manejo de suas dores e a retomada de bem-estar.</p><p>1 5 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>É muito</p><p>importante</p><p>entender a dinâmica</p><p>e o impacto das</p><p>emoções</p><p>no seu corpo.</p><p>1 5 3</p><p>Capítulo NOVE</p><p>COMO POSSO CUIDAR</p><p>MELHOR DE MIM</p><p>Reservamos este capítulo para discutir algumas atividades que</p><p>irão ajudá-lo a cuidar melhor de si mesmo, se conhecer mais ou</p><p>até mesmo tirar um tempinho para você. Queremos que fortaleça</p><p>o seu autocuidado fazendo ações que promovam o seu conforto</p><p>físico e psicológico.</p><p>Todas as sugestões de atividade</p><p>e de dicas aqui selecionadas</p><p>foram utilizadas com bons</p><p>resultados por centenas de</p><p>pessoas com dores crônicas</p><p>que, como Salvador e Dolores,</p><p>conseguiram romper com o</p><p>papel de sofredores e recupe-</p><p>raram o bem-estar e o rumo</p><p>de suas vidas.</p><p>1 5 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>EXERCÍCIOS DE AUTOCONHECIMENTO:</p><p>Atividade da pizza</p><p>Imagine que você irá dividir uma pizza em fatias e o tamanho</p><p>de cada fatia deve ser de acordo com o tempo que gasta com diferentes</p><p>áreas da sua vida hoje. Depois, faça uma outra pizza, e nesta você deve</p><p>colocar as fatias de acordo com o tempo que gostaria de dedicar para</p><p>cada área. Este exercício contribui para que você perceba o quanto</p><p>está próximo ou não daquilo que deseja conquistar. Caso não esteja</p><p>perto do que gostaria, o importante é não desanimar, mas verificar quais</p><p>são os obstáculos que impedem você ou avaliar se está criando expec-</p><p>tativas muito altas que não deixam alcançar o que almeja. Por exemplo,</p><p>quanto tempo utiliza com: trabalho, saúde (tratamento, exames etc.),</p><p>lazer (passeios, distrações etc.), família, amigos, estudos, sono etc.</p><p>Vamos mostrar as pizzas que Salvador preencheu enquanto</p><p>estava em tratamento e ele vai falar um pouco sobre a atividade.</p><p>Lembro que, quando fiz este exercício, percebi que</p><p>muito do meu tempo estava dedicado a lidar com</p><p>as minhas dores e que o trabalho também ocupava</p><p>bastante a minha atenção. Percebi que minhas</p><p>melhores horas eram quando estava dormindo, pois</p><p>conseguia me desligar das dores e, infelizmente,</p><p>sobrava pouca energia para ficar com a minha esposa</p><p>e meu filho. Na minha pizza ideal, mudei comple-</p><p>tamente esta distribuição, mas notei depois que</p><p>esqueci algo que aprendi com os profissionais que</p><p>me trataram, a importância do autocuidado. Sim,</p><p>devemos reservar um pedaço da pizza para o nosso</p><p>autocuidado e eu deixei isto completamente de fora.</p><p>Se tivesse feito esta atividade no final do tratamento,</p><p>acredito que teria lembrado deste pedaço.</p><p>SS</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 5 5</p><p>Como é Hoje</p><p>Saúde</p><p>Saúde/</p><p>tratamentosSono</p><p>Sono</p><p>Família</p><p>Família/</p><p>AmigosTrabalho</p><p>Trabalho</p><p>Como eu gostaria que fosse</p><p>Como é Hoje Como eu gostaria que fosse</p><p>1 5 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Qualidades Gosta0-5 0-5 0-5 0-5Quer</p><p>(Vontade)</p><p>Precisa</p><p>(Necessidade)</p><p>Quem sou eu?</p><p>Preencha os quadros a seguir descrevendo cinco quali-</p><p>dades e defeitos, coisas que você gosta e não gosta, o que você quer</p><p>e não quer (relacionado à vontade) e o que acha que precisa e não</p><p>precisa (associado à necessidade). Depois dê uma nota de 0 a 5 para</p><p>o quanto cada item colocado está presente na sua vida. É importante</p><p>identificar se aquilo que importa para você está acontecendo no seu</p><p>dia a dia e se o que o aborrece ocorre com menos frequência, isto</p><p>diz muito do quanto podemos estar satisfeitos ou frustrados com as</p><p>nossas próprias expectativas.</p><p>Este exercício nos ajuda a refletir sobre aspectos pessoais que</p><p>normalmente não damos atenção, perceber o quanto nos conhecemos</p><p>e estamos satisfeitos conosco, além de mostrar o que gostaríamos que</p><p>fosse diferente. Cada item permite que avaliemos aspectos diferentes</p><p>sobre nós.</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 5 7</p><p>Não gosta0-5 0-5 0-5 0-5Não quer Não precisaDefeitos</p><p>Lista de incômodos</p><p>Descreva até 20 situações que incomodam você no dia a dia.</p><p>Entenda por incômodo experiências que aborreçam, preocupam ou que</p><p>deixem você com medo ou raiva. Procure dar uma nota de 0 a 100 para o</p><p>quanto cada situação perturba você. Exemplo:</p><p>Eu tenho medo de barata 100%</p><p>Eu me preocupo com a minha saúde 80%</p><p>Fazer uma lista de incômodos é uma maneira de identificarmos</p><p>pensamentos negativos que podem estar interferindo na nossa</p><p>maneira de pensar e no nosso humor. Podemos perceber se aquilo que</p><p>nos incomoda mais são situações que fogem do nosso controle ou que</p><p>1 5 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>podemos manejar. É uma boa atividade para percebermos nossas vulne-</p><p>rabilidades e o quanto acreditamos na nossa capacidade de lidar com</p><p>esses estressores. Se sua lista tem muitos eventos que incomodam e você</p><p>identifica que não consegue lidar com eles, isso reforça a importância</p><p>de buscar a ajuda de um psicólogo que pode auxiliá-lo a fortalecer o seu</p><p>enfrentamento e autoconfiança, assim como ensinar técnicas que contri-</p><p>buam para você lidar com estressores.</p><p>Linha da vida</p><p>Em uma folha de papel, faça uma linha horizontal ou vertical e</p><p>coloque nela eventos que marcaram você da primeira infância até hoje.</p><p>Imagine que será feito um filme sobre a sua história e que você vai sele-</p><p>cionar cenas que possam descrever sua biografia. Esta atividade nos</p><p>ajuda a verificar como contamos a nossa história e que momentos</p><p>nos marcaram. Podemos identificar se os eventos foram mais positivos</p><p>ou negativos e se mencionamos mais momentos de qual fase do nosso</p><p>ciclo de vida (infância, adolescência, vida adulta ou terceira idade). Claro</p><p>que, quando formos verificar a frequência das fases, temos que levar em</p><p>consideração a faixa etária em que estamos. Muitas vezes ficamos presos</p><p>a memórias do passado e deixamos de dar importância ao momento</p><p>presente, o que dificulta seguir ou desenvolver nosso projeto de vida.</p><p>A seguir você pode ver a linha da vida de Dolores e os seus comen-</p><p>tários sobre o exercício:</p><p>Fazer a linha da minha vida, colocando eventos que</p><p>me marcaram enquanto estava com dor, não foi fácil.</p><p>Percebi que, fora colocar o meu casamento e os meus</p><p>filhos e ter ganhado um concurso quando menina, só</p><p>falei de dor e tratamento. Acho que, se fosse feito um</p><p>filme da minha vida naquela época, seria bem sem</p><p>graça, pois daria ênfase à dor e ao tratamento!</p><p>D</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 5 9</p><p>Nasci Hoje estou bem,</p><p>cuidando mais de</p><p>mim e refazendo</p><p>o meu projeto</p><p>de vida.</p><p>Casei-me</p><p>com 20 anos</p><p>Ganhei concurso</p><p>de tabuada na</p><p>eescola com 8 anos 1ºfilho</p><p>2ºfilho</p><p>Comecei a</p><p>ter dores</p><p>As dores pioraram e me</p><p>afastei do trabalho</p><p>Muitos tratamentos</p><p>até começar a melhorar</p><p>> ></p><p>Liberação de hormônios da felicidade</p><p>Muitas das ações que estimulam a liberação dos nossos</p><p>hormônios da felicidade são fáceis de serem realizadas e foram</p><p>mencionadas no capítulo sete, como ficar exposto ao Sol, praticar</p><p>exercícios físicos (que devem ser realizados sob orientação de um</p><p>fisioterapia ou profissional de educação física para que você não</p><p>pratique nada que possa prejudicar sua condição clínica), cultivar</p><p>relações interpessoais e fazer meditação. Existem vários tipos dife-</p><p>rentes de técnicas de meditação (mindfulness, exercícios de respiração</p><p>profunda, exercícios de imaginação ativa,</p><p>relaxamento muscular progressivo etc.), e</p><p>inclusive há a oferta de muitos aplicativos</p><p>para celular com essas modalidades, você</p><p>pode testá-los e ver aquele ao qual você se</p><p>adapta melhor.</p><p>Também podemos utilizar outras</p><p>alternativas na nossa busca pela liberação</p><p>dos hormônios da felicidade. Aqui vamos</p><p>destacar algumas alternativas simples</p><p>Muitas das ações</p><p>que estimulam</p><p>a liberação dos</p><p>nossos hormônios</p><p>da felicidade são</p><p>fáceis de serem</p><p>realizadas e foram</p><p>mencionadas no</p><p>capítulo sete.</p><p>1 6 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>que consideramos que foram extremamente benéficas para nossos</p><p>pacientes e que temos certeza de que você poderá utilizar, perce-</p><p>bendo rapidamente os benefícios na sua saúde.</p><p>Praticar a gratidão</p><p>Na atualidade, muitos estudos</p><p>na área da neurociência</p><p>têm revelado que,</p><p>quando nos sentimos gratos, liberamos</p><p>o neurotransmissor dopamina e, como</p><p>dito no capítulo sete, consequentemente</p><p>ativamos o sistema de recompensa do</p><p>cérebro, o que gera uma sensação de</p><p>bem-estar e prazer no corpo. Ser grato é</p><p>uma forma de reconhecer e agradecer</p><p>a outra pessoa por um gesto ou palavra</p><p>que nos ajudou num momento em que</p><p>precisávamos. Logo, manter o hábito</p><p>de agradecer pelas coisas boas da vida, mesmo as mais simples e</p><p>banais, pode nos ajudar a manter nosso bem-estar. Praticar o agrade-</p><p>cimento é um exercício diário que não é fácil já que, em meio à rotina,</p><p>dificilmente paramos para prestar atenção nos “pequenos” gestos.</p><p>Por exemplo: quando o outro nos sorri em um momento que não</p><p>estamos bem e nos pergunta se precisamos de algo, isso é um gesto</p><p>de gentileza, especialmente quando ninguém mais nem nos olhou.</p><p>Mas, ao invés de nos sentirmos gratos, muitas vezes respondemos de</p><p>mau jeito porque estamos com dor e não nos atentamos que aquele</p><p>gesto pode não eliminar a dor, mas nos acalenta em uma situação em</p><p>que nos sentimos tão vulneráveis!</p><p>Tente observar se no dia a dia você reconhece e se sente</p><p>grato quando os outros o ajudam de alguma forma. Existem muitas</p><p>Praticar o</p><p>agradecimento é</p><p>um exercício diário</p><p>que não é fácil</p><p>já que, em meio à</p><p>rotina, dificilmente</p><p>paramos para</p><p>prestar atenção</p><p>nos “pequenos”</p><p>gestos.</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 6 1</p><p>sugestões de listas de gratidão em livros e na internet, mas, cuidado,</p><p>o agradecimento que ocorre apenas por uma formalidade ou quase</p><p>como uma resposta automática, quando realmente não sentimos,</p><p>não mexe com o nosso sistema de recompensa!</p><p>Ter um animal de estimação</p><p>A presença de um animal de</p><p>estimação (pet), além de reduzir o cortisol,</p><p>hormônio responsável pelo estresse, aumenta</p><p>os níveis de ocitocina, dopamina e serotonina</p><p>no sangue. Diminui também a ansiedade e o</p><p>sentimento de solidão, além de aumentar e</p><p>prolongar a sensação de bem-estar.</p><p>Quando estamos com nosso animal de estimação, sentimos</p><p>que estamos acompanhados e até mesmo que temos apoio. Cuidar</p><p>dele mantém a nossa mente ativa e exige comprometimento e</p><p>responsabilidade, já que temos que, além de dar carinho, alimentá-lo</p><p>e dar condições de higiene e conforto. Um outro aspecto interessante</p><p>é que, além do pet nos fazer companhia, dependendo do animal,</p><p>também podemos sair para passear e isto nos ajuda a socializar</p><p>mais, já que ir ao parque ou andar na rua permite conversar com</p><p>outras pessoas que tenham pets ou que os apreciem.</p><p>Abraços de 20 segundos ou mais</p><p>Os abraços demonstram carinho e afeto e promovem</p><p>um contato bem próximo nosso com a outra pessoa. Quando um</p><p>abraço não dura apenas três segundos, nos permite identificar os</p><p>batimentos cardíacos e o ritmo da respiração do outro. Pode ser</p><p>tanto um momento de entrega agradável ou de desconforto, se nós,</p><p>o outro ou ambos ficamos desconfortáveis ou tensos nesse encontro.</p><p>Quando estamos</p><p>com nosso animal</p><p>de estimação,</p><p>sentimos</p><p>que estamos</p><p>acompanhados.</p><p>1 6 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Assim, quando se fala dos benefícios do</p><p>abraço, ele ocorre quando as duas pessoas</p><p>têm a intenção de se abraçar, buscando a</p><p>sensação de aconchego. Vale ressaltar que</p><p>este bem-estar não tem nenhuma relação</p><p>com um contato íntimo que provoca</p><p>excitação sexual, mas sim com tranquilidade</p><p>e conforto. Dito isto, o ato de abraçar após o</p><p>20º segundo provoca no cérebro muitas reações bioquímicas, e dentre</p><p>elas a mais importante é a liberação de ocitocina, que ajuda relaxar e</p><p>controlar nossos medos e ansiedades.</p><p>Os abraços contribuem também para diminuir nossa tristeza e</p><p>para regular a nossa pressão arterial. Alguns estudos também dizem</p><p>que colaboram para a produção de serotonina e de dopamina.</p><p>Um ponto que não podemos deixar de mencionar é que é um</p><p>remédio natural e sem contraindicações, que alivia a tensão, reduz o</p><p>estresse e pode aumentar a nossa autoestima, além de ser gratuito!</p><p>Eu já comentei que sempre gostei de abraçar, mas</p><p>depois que meus abraços ficaram mais longos, eu</p><p>notei que realmente eles me davam a sensação de</p><p>mais conforto.</p><p>Se quando a Dolores mencionou lá trás sobre o abraço prolon-</p><p>gado você ainda não havia testado, que tal experimentar agora?</p><p>o ato de abraçar</p><p>após o 20o</p><p>segundo provoca</p><p>no cérebro</p><p>muitas reações</p><p>bioquímicas.</p><p>D</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 6 3</p><p>Pertencer a um grupo e passar mais</p><p>tempo com as pessoas de que gostamos</p><p>O sentimento de “pertencer” é fundamental para nós, e</p><p>significa que precisamos nos sentir como parte de um lugar ou de um</p><p>grupo de pessoas. Quando sentimos que fazemos parte de um grupo,</p><p>nos sentimos bem e satisfeitos pelo simples fato de estarmos</p><p>cercados de pessoas que compartilham, de algum modo, algo em</p><p>comum conosco. Da mesma forma, estar próximo de pessoas de que</p><p>gostamos também é essencial na nossa vida. Procure reservar um</p><p>tempo no mês ou na semana, dependendo da sua disponibilidade,</p><p>para encontrar amigos e socializar com eles, e tente nessas conversas</p><p>falar sobre seus sonhos, convicções e ambições, pois isso ajuda a</p><p>refletir sobre como tem encaminhado a sua vida e rever seus planos.</p><p>Busque também oportunidades, durante o</p><p>dia, para estar com sua família, quando você</p><p>sente que tem um bom relacionamento com</p><p>os seus familiares, pois o acolhimento que ela</p><p>pode proporcionar é renovador e auxilia no</p><p>fortalecimento da nossa autoconfiança.</p><p>HIGIENE DO SONO</p><p>Ter um sono de qualidade se tornou quase que uma regra</p><p>para a saúde. Em especial, para quem sofre com dores crônicas este é um</p><p>ponto muito importante que deve ser cuidado para, inclusive, diminuir</p><p>essas dores. Hoje, como já dissemos, muitos estudos relacionam distúr-</p><p>bios do sono a quadros de adoecimento. Na internet, existem muitas dicas</p><p>e aplicativos para ajudar com técnicas de relaxamento para melhorar a</p><p>qualidade do sono. Aqui reunimos alguns aspectos importantes que você</p><p>deve checar para manter a higiene de seu sono: procure deitar e levantar</p><p>estar próximo de</p><p>pessoas de que</p><p>gostamos também</p><p>é essencial na</p><p>nossa vida.</p><p>1 6 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>nos mesmos horários, evite dormir ao longo do</p><p>dia, faça atividade física pela manhã ou à tarde,</p><p>evite bebidas com cafeína (café, chá preto, chá</p><p>mate, refrigerante e energético, por exemplo)</p><p>à noite, procure comer alimentos leves no</p><p>jantar, evite o consumo de bebidas alcoólicas,</p><p>escureça o ambiente durante a noite para não</p><p>atrapalhar a produção da melatonina, crie um ambiente aconchegante</p><p>para dormir e faça atividades relaxantes à noite (como ler, tomar um</p><p>banho morno ou meditar).</p><p>Um outro ponto que deve ser mencionado é que, se você tem</p><p>dificuldade para dormir porque ao deitar fica pensando nas tarefas</p><p>que terá que realizar no próximo dia, um bom exercício para esvaziar</p><p>a mente antes de dormir é fazer uma lista do que pretende fazer no</p><p>dia seguinte, organizando por prioridades ou, mesmo se tem muitas</p><p>preocupações na cabeça, faça uma lista colocando todos os pensa-</p><p>mentos, sem censura, que estão incomodando para poder dormir</p><p>com a mente descansada. Se esta segunda lista é muito secreta, após</p><p>fazê-la, guarde-a ou rasgue para que ninguém leia suas preocupações!</p><p>Sempre pensava no dormir como uma maneira de</p><p>escapar da dor, e aprendi depois o quanto o sono</p><p>é sagrado para mantermos a nossa saúde. Hoje,</p><p>respeito mais a minha hora de descanso, tentando</p><p>evitar, por pelo menos uma hora antes de dormir,</p><p>mexer no computador ou no celular. É engraçado</p><p>como tudo na vida é uma questão de se acostumar,</p><p>e nada melhor do que se acostumar criando bons</p><p>hábitos, como os cuidados com a higiene do sono.</p><p>escureça o</p><p>ambiente durante</p><p>a noite para</p><p>não atrapalhar</p><p>a produção da</p><p>melatonina.</p><p>SS</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 6 5</p><p>É verdade, Salvador, e esperamos que o nosso leitor</p><p>possa perceber isso assim como você, a Dolores</p><p>e muitos outros pacientes que se beneficiaram</p><p>quando passaram</p><p>a cuidar da hora de dormir.</p><p>O PAPEL DO NOSSO INTESTINO</p><p>Na última década, a ciência tem apelidado o nosso intestino</p><p>de segundo cérebro. Descobriu-se que este órgão tem muito mais</p><p>funções do que a digestão de alimentos e a absorção de nutrientes</p><p>e água. Identificou-se, como já mencionamos no capítulo sete, que</p><p>os neurônios intestinais produzem mais de 90% da produção de sero-</p><p>tonina utilizada pelo nosso organismo. Além disso, nosso intestino</p><p>carrega cerca de 100 trilhões de bactérias, quantidade dez vezes</p><p>superior ao número de células do corpo, formando a nossa micro-</p><p>biota ou flora intestinal. Hoje se sabe que a nossa microbiota tem um</p><p>papel decisivo na manutenção da saúde, pois auxilia na digestão dos</p><p>alimentos e nos protege de infecções. Também se tem conhecimento</p><p>de alguns fatores que desequilibram a</p><p>nossa flora intestinal, como a alimen-</p><p>tação muito rica em gordura, o estresse</p><p>crônico e/ou o uso exagerado de anti-</p><p>bióticos, que podem provocar processos</p><p>inflamatórios que nos levam, no dia</p><p>a dia, a termos dores, diarreia, consti-</p><p>pação, falta de concentração e pode nos</p><p>deixar literalmente “enfezados”, de mau</p><p>humor. Alguns quadros de adoecimento,</p><p>como alergias, crises de enxaqueca,</p><p>Alguns quadros de</p><p>adoecimento, como</p><p>alergias, crises</p><p>de enxaqueca,</p><p>depressão, diabetes,</p><p>lúpus e dores</p><p>articulares, têm sido</p><p>correlacionados com</p><p>a disbiose intestinal.</p><p>1 6 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>depressão, diabetes, lúpus e dores articulares, têm sido correlacio-</p><p>nados com a disbiose intestinal, ou seja, com o desequilíbrio da flora</p><p>bacteriana intestinal, quando existe a redução da capacidade de</p><p>absorção dos nutrientes e a carência de vitaminas.</p><p>Hoje é possível regular e melhorar a microbiota por meio da</p><p>alimentação e do uso de probióticos. Se você mantiver uma alimen-</p><p>tação balanceada, com menos industrializados e principalmente</p><p>mais vegetais e fibras, consegue otimizar as proporções das bactérias,</p><p>tendo uma melhora visível no funcionamento do intestino e, por</p><p>consequência, um equilíbrio para todo o organismo.</p><p>Eu não tinha ideia que o que eu comia pudesse</p><p>interferir não apenas com o meu bem-estar geral,</p><p>mas que também influenciasse nas minhas dores.</p><p>Recebi várias dicas e orientações de que comia</p><p>muitos alimentos que não me ajudavam, podiam</p><p>atrapalhar o funcionamento do meu intestino e</p><p>provocar inflamações pelo meu corpo. Só quando</p><p>passei a me sentir muito mal mesmo comecei a</p><p>tentar mudar. Foi devagar e iniciei tentando identi-</p><p>ficar aquilo que eu ingeria e me fazia me sentir pior,</p><p>com a ajuda de um nutricionista. Esses foram os</p><p>primeiros alimentos que comecei a tentar substi-</p><p>tuir. Quando consegui cuidar melhor do que comia</p><p>diariamente, me senti muito melhor e percebi que</p><p>também ajudou a acalmar as dores que sentia.</p><p>Quero dizer que não foi fácil mudar minha alimen-</p><p>tação e que ainda hoje, às vezes, tenho dificuldade.</p><p>D</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 6 7</p><p>Tem razão, Dolores, mudar não é fácil, mesmo que</p><p>tenhamos consciência que pode nos fazer bem, mas</p><p>também é verdade que, quando fazemos um esforço e</p><p>reconhecemos um pequeno benefício, isto nos anima</p><p>a seguir em frente. O que acha de tentar fazer como</p><p>Dolores e cuidar da sua alimentação?</p><p>a importância do</p><p>SAUDÁVEL</p><p>sistema nervoso</p><p>centraL</p><p>microbiota intestinal</p><p>normal</p><p>disbiose intestinal</p><p>(desequilíbrio)</p><p>predomínio de</p><p>bactérias benéficas</p><p>DOENTE/</p><p>eSTRESSado</p><p>INTESTINOININ ESTES ITI ONO</p><p>aumento de</p><p>bactérias patogênicas</p><p>1 6 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>COMO DESENVOLVER NOSSO PROJETO DE VIDA</p><p>Quando nós encontramos algo que dê sentido à nossa vida,</p><p>isto nos faz seguir em frente e nos mantêm motivados. Buscar e achar</p><p>motivações para a vida parece ter ligação direta com o fortalecimento</p><p>do nosso sistema imunológico.</p><p>Para estabelecer nosso projeto de vida pessoal ou profissional,</p><p>precisamos identificar nossos propósitos na vida, e para isso necessi-</p><p>tamos refletir sobre algumas questões:</p><p>Quem somos?</p><p>E quem queremos ser?</p><p>Qual é o nosso papel no mundo?</p><p>E qual papel queremos ter?</p><p>São estas questões que preenchem a nossa narrativa quando</p><p>contamos para o outro a nossa história, pois falamos sobre nossos</p><p>potenciais, frustrações e aspirações, nossos sonhos e realizações, e se</p><p>não falamos, estamos deixando de alimentar a nossa essência.</p><p>Vivemos em um mundo de mudanças velozes, que valoriza</p><p>o imediatismo, conquistas materiais, produtividade e rapidez que</p><p>leva à realização das tarefas no piloto automático, como já citado</p><p>no capítulo dois, um círculo vicioso sem que questionemos – e, às</p><p>vezes, sem saber – por que estamos fazendo algo. Simplesmente,</p><p>montamos listas de tarefas e as seguimos, o que pode resultar em</p><p>uma existência vazia de significado e, por consequência, de satis-</p><p>fação e momentos felizes.</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 6 9</p><p>Vamos montar o seu mural de projeto</p><p>de vida com os seguintes passos:</p><p>Passo 1: O que você gosta de fazer? Se você não consegue encontrar</p><p>atividades que poderia fazer hoje, tente lembrar se em algum</p><p>momento gostou de algo e o que fez você abandonar isso. O que</p><p>você escreveu são coisas que faz ou pode vir a fazer? Ou o que o</p><p>impede de realizar?</p><p>Passo 2: Lembra-se da pirâmide que pedimos para você montar no</p><p>capítulo seis? Olhe o que colocou como prioridades. Devemos levar</p><p>em conta as nossas prioridades no nosso projeto de vida.</p><p>Passo 3: Faça uma lista de suas habilidades. Procure se recordar de</p><p>como avaliou o seu senso de eficácia no capítulo oito. São recursos</p><p>importantes para que você organize o seu projeto.</p><p>Passo 4: Escreva três objetivos que quer alcançar no prazo de 1 ano e</p><p>três que você quer conquistar entre 5 e 10 anos. Quando estabelecemos</p><p>alguns objetivos, criamos foco e isto contribui para nos organizarmos e</p><p>dirigirmos nossa energia para procurar realizar nossas metas.</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>entre 5 e 10 anosem 1 ano</p><p>1 7 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Passo 5: Reflita sobre os itens abaixo para cada um dos objetivos que</p><p>está definindo, a fim de verificar se:</p><p>• Eles têm aquilo que você ama;</p><p>• Eles correspondem a necessidades suas ou do mundo;</p><p>• Eles valorizam suas habilidades;</p><p>• Há a possibilidade de inseri-los na vida, preservando sua</p><p>autonomia com as suas escolhas;</p><p>• Eles desafiam você a continuar querendo se aprimorar e o</p><p>fazem sentir feliz com suas conquistas.</p><p>Passo 6: Verifique o que precisa para seguir suas metas e avalie se elas</p><p>fazem você sentir que encontrou a sua razão de ser no mundo.</p><p>Nesta jornada, mais importante que</p><p>alcançar nossos objetivos é o nosso percurso,</p><p>o nosso processo de transformação no</p><p>decorrer da nossa vida.</p><p>Precisamos resgatar nossos sonhos e as atividades que nos</p><p>trazem alegria e satisfação. É importante que tenhamos orgulho do</p><p>que fazemos e, para isto, nossas ações têm que fazer a diferença para</p><p>nós mesmos e para aqueles que nos importam ou para a comunidade,</p><p>país ou para o mundo.</p><p>Capítulo nove 1 COMO POSSO CUIDAR MELHOR DE MIM 1 7 1</p><p>que tenhamos</p><p>do que</p><p>fazemos!</p><p>É IMPORTANTE</p><p>orgulho</p><p>1 7 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Todas as sugestões aqui</p><p>podem ajudar você, assim como</p><p>existem inúmeras outras, muitas</p><p>das quais você pode encontrar na</p><p>internet e que podem contribuir</p><p>para que você se veja por inteiro.</p><p>No próximo capítulo, você encontrará dicas de como</p><p>pode utilizar a navegação na internet para contribuir</p><p>com o seu autoconhecimento, autocuidado e promoção de</p><p>saúde de maneira geral.</p><p>Precisamos resgatar</p><p>nossos sonhos e as</p><p>atividades que nos</p><p>trazem alegria e</p><p>satisfação.</p><p>1 7 2 L</p><p>1 7 3</p><p>Capítulo DEZ</p><p>Como navegar pela internet</p><p>Nosso livro está chegando ao final e, nesta última parte,</p><p>falaremos um pouco sobre o uso da internet no nosso dia a dia.</p><p>Na última década, navegar pela internet, especialmente pelo</p><p>celular, aumentou muito. Ela faz parte do nosso cotidiano como</p><p>ferramenta de apoio para trabalho, estudo, compras e acesso a</p><p>informações sobre inúmeros assuntos,</p><p>incluindo sobre dor e possi-</p><p>bilidades de tratamento.</p><p>Da mesma forma que estamos</p><p>mais conectados, multiplicaram-se</p><p>a oferta de conteúdos e aplica-</p><p>tivos disponíveis, o que gera muita</p><p>dúvida sobre como pesquisarmos</p><p>para obter as melhores informações</p><p>considerando a quantidade dispo-</p><p>nível, mas sobretudo a dificuldade</p><p>para averiguarmos a qualidade dos</p><p>conteúdos que são transmitidos.</p><p>estamos mais conectados,</p><p>multiplicaram-se</p><p>a oferta de conteúdos</p><p>e aplicativos disponíveis,</p><p>o que gera muita dúvida</p><p>sobre como pesquisarmos</p><p>para obter as melhores</p><p>informações.</p><p>1 7 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Nos últimos anos, temos tido uma invasão de notícias</p><p>falsas, as famosas “Fake News”, que se espalham rapidamente,</p><p>sobretudo nas redes sociais. Foi realizado um estudo mundial em</p><p>2019, que mostrou que os brasileiros, dentre outras populações,</p><p>são os que mais acreditam em notícias falsas, mas também são</p><p>os que mais se preocupam com a existência delas embora ainda</p><p>saibam pouco como evitá-las76.</p><p>Nós somos constantemente bombardeados por boatos</p><p>e desinformação em diferentes segmentos (política, saúde,</p><p>educação, meio ambiente etc.), e as próprias tecnologias</p><p>digitais com seus algoritmos entregam conteúdos seletivos, ou</p><p>melhor, diferentes para grupos específicos, fazendo com que</p><p>nós não tenhamos acesso às mesmas informações. Inclusive, se</p><p>pesquisarmos na internet utilizando os mesmos termos sobre</p><p>os assuntos, podemos obter resultados distintos de acordo</p><p>com a análise que a ferramenta de busca faz do nosso perfil de</p><p>usuário na internet, o que reforça o comportamento natural,</p><p>que já temos, de nos agruparmos com pessoas que comparti-</p><p>lhem de ideias semelhantes às nossas.</p><p>PODE SER</p><p>FAKE</p><p>NEWS!</p><p>cuidado!</p><p>!</p><p>Capítulo DEZ 1 Como navegar pela internet 1 7 5</p><p>Nós somos</p><p>constantemente</p><p>bombardeados por</p><p>boatos e desinformação</p><p>em diferentes</p><p>segmentos.</p><p>Diante do alto número de</p><p>conteúdos que nos são apresen-</p><p>tados, dentre os processos mentais</p><p>que utilizamos para tomada de</p><p>decisão, nós quase que automatica-</p><p>mente descartamos as informações</p><p>que não nos interessam e/ou com as</p><p>quais não concordamos.</p><p>Além disso, um outro ponto que devemos considerar é que,</p><p>assim como existem notícias falsas que circulam pelos mais diversos</p><p>meios de comunicação, também temos visto que os apelos às</p><p>emoções e às crenças pessoais têm tido mais destaque do que os</p><p>fatos em si, o que tem sido chamado de pós-verdade. O termo foi</p><p>criado em 1992 por Steve Tesich, ao escrever uma matéria jornalística</p><p>sobre alguns crimes cometidos pelo governo americano. De acordo</p><p>com o autor, a pós-verdade “é um sentimento coletivo que não só</p><p>permite que informações de caráter duvidoso circulem, como também</p><p>as incentiva, desde que tragam alguma espécie de alívio moral e ético</p><p>aos sujeitos. No seu estado de descrença, o sujeito precisa se agarrar</p><p>a algo em que possa acreditar cegamente”77. Desse modo, quando a</p><p>pessoa acredita em algo já define que está certo e não se importa com</p><p>a veracidade dos fatos/acontecimentos — fica com a versão que mais</p><p>lhe convém e compartilha como se fosse verdade, o que vai criando</p><p>múltiplas “verdades e realidades”.</p><p>Certamente esses pontos levantados não querem</p><p>dizer que a internet não seja um poderoso recurso</p><p>que pode trazer inúmeras contribuições, mas</p><p>temos que ter cautela em relação aos conteúdos</p><p>que obtemos ao navegar nela.</p><p>1 7 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Pensando nesses aspectos e depois de termos identificado</p><p>as principais dificuldades que Salvador, Dolores e outros pacientes</p><p>nossos tiveram quando foram pesquisar sobre dor na internet e</p><p>dos benefícios que puderam obter quando aprenderam a checar</p><p>a acurácia das informações obtidas, organizamos aqui algumas</p><p>dicas. Por informações com acurácia entende-se aquelas que</p><p>são confiáveis, trazem dados relevantes, explicações precisas e</p><p>análises nas quais podemos nos basear para entender melhor</p><p>sobre um determinado assunto. Dito isto, quando formos navegar</p><p>na internet, é importante:</p><p>ler todo o conteúdo disponibilizado</p><p>O título é escrito de modo a chamar a atenção, mas pode</p><p>ser apenas um apelo para que você foque na notícia. Porém, ao ler o</p><p>texto inteiro, você identifica que a ideia sugerida no título não é o</p><p>que imaginava a princípio.</p><p>Capítulo DEZ 1 Como navegar pela internet 1 7 7</p><p>checar a fonte</p><p>da informação</p><p>Quem escreveu o conteúdo? Investigue</p><p>se o profissional é confiável (veja sua</p><p>formação e área de atuação), observe</p><p>se ele tem domínio sobre o conteúdo e</p><p>até mesmo habilidade técnica para falar</p><p>sobre o tema. Imagine que está lendo</p><p>um texto sobre dor que traz novidades</p><p>polêmicas sobre tratamentos novos,</p><p>e, quando vai checar, o profissional</p><p>descobre que ele não entende sobre o</p><p>tema. Verifique se o autor do texto é</p><p>um profissional da área da saúde; se</p><p>for, investigue se tem domínio sobre o tema abordado. Às vezes, o</p><p>autor pode ser um jornalista, então, neste caso, precisamos ficar</p><p>atentos se ele traz uma fonte confiável ou se entrevistou um profis-</p><p>sional capacitado na área. Também pode acontecer de lermos</p><p>algo que, na verdade, foi publicado em um blog de alguém que</p><p>gosta de escrever sobre assuntos que chamam a atenção sem se</p><p>preocupar com a veracidade dos fatos.</p><p>o autor pode ser</p><p>um jornalista,</p><p>então, neste caso,</p><p>precisamos ficar</p><p>atentos se ele traz</p><p>uma fonte confiável</p><p>ou se entrevistou</p><p>um profissional</p><p>capacitado na área.</p><p>1 7 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>procurar sobre a notícia</p><p>em uma ferramenta de busca</p><p>Utilizar o Google (ou outra ferramenta de busca) é uma opção</p><p>simples para checar se a notícia é verdadeira, pois podemos ver se</p><p>outros sites também reproduziram a mesma matéria, confirmando</p><p>seu conteúdo. Para saber se estes sites são confiáveis, verifique</p><p>se eles citam a fonte de onde retiraram a notícia. Se ela vier de</p><p>algum estudo ou artigo publicado, é importante checar se o</p><p>artigo existe.</p><p>Ajuda muito a descobrir a qualidade do</p><p>conteúdo se você verificar alguns dados</p><p>e fatos citados no texto em uma ferramenta</p><p>de busca e observar se mais fontes</p><p>citaram aquelas informações.</p><p>observar a data</p><p>de publicação</p><p>Quanto mais atualizada a informação,</p><p>maiores as chances de estar correta.</p><p>Não é que toda informação antiga seja</p><p>falsa, mas todas as coisas nesse mundo</p><p>estão em constante transformação,</p><p>portanto uma informação pode ficar</p><p>desatualizada rapidamente.</p><p>Capítulo DEZ 1 Como navegar pela internet 1 7 9</p><p>questionar sobre quem enviou a mensagem</p><p>Todo mundo tem um amigo ou familiar que compartilha</p><p>tudo que recebe sem ver e sem se preocupar com a veracidade das</p><p>informações, então é importante identificar quem são aqueles</p><p>em que você pode confiar, pois só compartilham algo quando tem</p><p>certeza de que o conteúdo está correto.</p><p>utilizar a ferramenta do Ministério da Saúde</p><p>que verifica as informações sobre saúde</p><p>Sempre que a notícia for relacionada à saúde, é possível contar</p><p>com um serviço do Ministério que verifica as informações sobre</p><p>esse assunto compartilhadas na internet. É possível você enviar</p><p>para eles uma notícia para que verifiquem a qualidade daquele</p><p>conteúdo. Isto pode ser feito pelo WhatsApp ou pelo site.</p><p>WhatsApp: (61) 99289-4640</p><p>www.saude.gov.br/fakenews</p><p>1 8 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>verificar a linguagem do texto</p><p>O texto é fácil de entender? Muitas vezes, textos com palavras</p><p>muito complicadas são escritos para não serem entendidos mesmo</p><p>ou para serem mal compreendidos. Desconfie de conteúdos assim!</p><p>Em pesquisa realizada pelos</p><p>autores, verificou-se que 90,8% das</p><p>pessoas que têm dores crônicas abor-</p><p>dadas (174 participantes) afirmaram já</p><p>ter pesquisado sobre dor na internet.</p><p>Destas, 94,2% utilizaram ferramentas</p><p>de busca, por exemplo o Google, para</p><p>realizar a pesquisa. Os locais mais pesquisados segundo os entre-</p><p>vistados (84,2%) foram sites ou portais de saúde como UOL Saúde,</p><p>G1 Ciência e Saúde, R7 Saúde, Minha Vida, Tua Saúde, entre outros.</p><p>Além de ferramentas de</p><p>busca, 58% utilizaram o Facebook e 48,6%</p><p>o YouTube para pesquisar sobre dor na internet.</p><p>É importante mencionar que 92,6% afirmaram que as</p><p>informações obtidas trouxeram benefícios: proporcionaram</p><p>mais informações ou conhecimentos sobre os sintomas ou o</p><p>diagnóstico (73,8%); mais informações</p><p>sobre tipos de tratamento (63,8%);</p><p>esclareceram dúvidas sobre sintomas</p><p>(59,2%); indicaram tratamento não</p><p>medicamentoso (53,8%) e permitiram o</p><p>encontro com pessoas com problemas</p><p>semelhantes (53,8%), entre outros.</p><p>Muitas vezes textos</p><p>com palavras muito</p><p>complicadas são</p><p>escritos para não</p><p>serem entendidos.</p><p>90,8% das pessoas</p><p>que têm dores</p><p>crônicas abordadas</p><p>afirmaram já ter</p><p>pesquisado sobre</p><p>dor na internet.</p><p>Capítulo DEZ 1 Como navegar pela internet 1 8 1</p><p>Os pesquisados também afirmaram</p><p>que voltariam a utilizar a internet</p><p>para buscar conteúdos sobre</p><p>dor crônica (92%).</p><p>Esta modesta investigação sinaliza o quanto o uso da internet</p><p>facilita e democratiza o acesso à informação sobre saúde, permi-</p><p>tindo que as pessoas tenham acesso a especialistas, possam</p><p>sanar dúvidas, formular questões para discutir com os profissionais de</p><p>saúde sobre o seu problema e até mesmo compartilhar suas experiên-</p><p>cias com outras pessoas que sofrem com problemas semelhantes.</p><p>Um único ponto que deve ser destacado é que, para que</p><p>você tenha acesso a informações de qualidade acerca de sua</p><p>condição, que auxiliem no seu tratamento e manejo da dor,</p><p>é fundamental que navegue levando em consideração as dicas</p><p>aqui apontadas.</p><p>1 8 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>O mais importante, quando se está</p><p>sofrendo devido a dores crônicas, é tentar</p><p>se desvencilhar da sensação de perder</p><p>para a dor, pois isso pode vitimizá-lo e</p><p>aprisioná-lo a esta experiência. Também</p><p>não é aconselhável que você acredite que</p><p>precisa vencer o quadro álgico a qualquer</p><p>custo, negando suas vulnerabilidades, o</p><p>que pode te colocar em situações de risco.</p><p>É fundamental que você tente aprender com a sua expe-</p><p>riência de convívio com suas dores, transformando esta vivência</p><p>em aprendizados que possam fortalecer seu autocuidado, autoes-</p><p>tima e melhorar a sua qualidade de vida.</p><p>Esperamos que tenha apreciado a leitura e que este livro</p><p>contribua, de algum modo, para que você consiga manejar suas</p><p>dores e sofrimento.</p><p>VENCEdorVENCEdorVENCEdor</p><p>perdeDORperdeDORNEM</p><p>NEM</p><p>TRANSFORMAdorTRANSFORMAdorTTTTTTTRRRRRRRAARRRRRRRRAAAAAAAAANNNNNNNSSNNNNSSSSSSSFFFFFFFOOOOOOORRRRRRRRMRRMMMMMMMAAAAAAAAAdddddddddooooooorrrrrrr</p><p>É IMPORTANTE tentAr</p><p>se desvencilhar da</p><p>sensação de perder</p><p>para a dor, pois isso</p><p>pode vitimizá-lo e</p><p>aprisioná-lo a esta</p><p>experiência.</p><p>1 8 3</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>1. Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, et al.</p><p>The revised International Association for the Study of Pain defi-</p><p>nition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain.</p><p>2020;161(9):1976–82.</p><p>2. Enright A, Goucke R. The Global Burden of Pain: The Tip of the</p><p>Iceberg? Anesth Analg. 2016;123(3):529–30.</p><p>3. Organization WH. Global Burden of Disease Study 2017. 2017;1–7.</p><p>4. Frenkel L, Swartz L. Chronic pain as a human rights issue: setting</p><p>an agenda for preventative action. Glob Health Action [Internet].</p><p>2017;10(1). Available from: https://doi.org/10.1080/16549716.2017.</p><p>1348691.</p><p>5. Souza JB De, Grossmann E, Perissinotti DiMN, Oliveira Junior</p><p>JO De, Fonseca PRB Da, Posso IDP. Prevalence of Chronic Pain,</p><p>Treatments, Perception, and Interference on Life Activities: Brazilian</p><p>Population-Based Survey. Pain Res Manag. 2017;2017.</p><p>6. 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Vol. 2019. Reuters Institute for the</p><p>Study of Journalism; 2019.</p><p>77. da Mota LRA, Ferreira CCG, da Costa Neto HAA, Falbo AR, de Barros</p><p>Lorena S. Is doctor-patient relationship influenced by health online</p><p>information? Rev Assoc Med Bras. 2018;64(8):692–9.</p><p>Este livro foi composto pela Vogel Design,</p><p>na fonte Source Sans Pro e impresso no</p><p>papel couchê, no verão de 2021.</p><p>ESPECIALISTA</p><p>EM HEALTHCARE</p><p>50</p><p>90</p><p>95</p><p>-</p><p>m</p><p>ar</p><p>/2</p><p>02</p><p>1</p><p>Este livro foi feito para você,</p><p>que vem sofrendo com dores</p><p>crônicas e não sabe mais o que</p><p>fazer, ou porque nunca procurou</p><p>assistência especializada ou</p><p>porque já passou por vários trata-</p><p>mentos sem sucesso.</p><p>Aqui não há receitas ou passos</p><p>genéricos de como se deve agir,</p><p>mas este é um convite para que</p><p>você faça reflexões que têm como</p><p>objetivo auxiliar a encontrar o seu</p><p>próprio caminho.</p><p>Compreendemos</p><p>que não é fácil</p><p>conviver com</p><p>dores por um</p><p>longo período.</p><p>Dor Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor Dor</p><p>Do</p><p>r</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>Dor</p><p>ISBN: 978-65-993946-0-7</p><p>e de que maneira os hormônios da felicidade e a qualidade dos rela-</p><p>cionamentos que mantém podem auxiliá-lo a se sentir saudável e</p><p>satisfeito com a sua vida. Ferramentas que podem contribuir com a</p><p>melhora de sua qualidade de vida também serão discutidas. E, por</p><p>fim, falaremos sobre como você pode se beneficiar da navegação pela</p><p>internet na busca de informações a respeito do seu problema e as</p><p>possibilidades de tratamento.</p><p>É indiscutível que tratar de dores crônicas requer um olhar mais</p><p>amplo, que necessita, muitas vezes, de cuidados multidisciplinares e,</p><p>dentre eles, os de aspecto psicológico, assunto deste material.</p><p>A dor crônica é um fenômeno complexo que não apresenta</p><p>apenas uma causa, mas várias, que, muitas vezes, são difíceis de ser</p><p>identificadas. O sucesso do tratamento depende da realização de um</p><p>diagnóstico preciso, da escolha dos medicamentos e das condutas</p><p>SALVADORDolores</p><p>2 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>terapêuticas mais adequadas para cada situação (acupuntura, sessões</p><p>de fisioterapia, sessões de psicoterapia, reeducação alimentar, entre</p><p>outras possibilidades terapêuticas). Outra parte que também contribui</p><p>para a melhora ou a piora de uma dor diz respeito à pessoa dispor</p><p>de recursos próprios de enfrentamento (são os esforços, cognitivos</p><p>e comportamentais, que cada um utiliza para lidar com situações</p><p>estressantes), mostrando-se mais ativo e comprometido com o seu</p><p>tratamento e autocuidado.</p><p>Como você descreve as suas dores?</p><p>Uma sensação tão intensa tem se tornado um desafio para</p><p>ser descrito e definido! A primeira definição surgiu em 1979 pela</p><p>Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP), e nos últimos</p><p>anos têm ocorrido muitas tentativas de redefinição. Recentemente</p><p>(2020)1 amu“arap9791edoãçinifedausauolumroferPSAIairpórpa,</p><p>experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou seme-</p><p>lhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”, ou</p><p>seja, uma experiência associada a uma lesão existente ou que pode</p><p>surgir na pele, no músculo, no nervo ou na articulação de órgãos ou</p><p>partes do corpo. Se por um lado tem sido complicado para a área</p><p>da saúde chegar a um consenso para definir o conceito de dor, por</p><p>outro é indiscutível que ela, especial-</p><p>mente quando crônica, é um problema</p><p>de saúde pública.</p><p>Com certeza, não é fácil lidar com</p><p>dores, ainda mais quando perduram por</p><p>um período superior a três meses e não</p><p>diminuem com o uso de medicamentos.</p><p>As dores crônicas não são sintomas ou</p><p>As dores crônicas</p><p>não são sintomas</p><p>ou sinais de alerta</p><p>da presença de alguma</p><p>doença, mas são</p><p>entendidas como</p><p>a própria doença.</p><p>Capítulo um 1 DOR CRÔNICA É UM PROBLEMA SÉRIO 2 1</p><p>sinais de alerta da presença de alguma doença, mas são entendidas</p><p>como a própria doença.</p><p>A dor pode surgir em qualquer parte do corpo e, de acordo</p><p>com o diagnóstico definido, o tratamento pode mudar, já que existem</p><p>diferentes tipos de dor.</p><p>Você sabe o seu diagnóstico?</p><p>Você entende o porquê de tomar</p><p>determinados medicamentos ou</p><p>a necessidade de seguir, em algumas</p><p>circunstâncias, em tratamento</p><p>com profissionais de diferentes</p><p>áreas da saúde?</p><p>A dor crônica, mundialmente, tem provocado significativo</p><p>impacto biopsicossocial, econômico e está entre as principais causas</p><p>de incapacidade relacionada ao trabalho. Ela é o maior motivo de</p><p>procura por assistência médica e a cada ano 1 entre 10 pacientes</p><p>é diagnosticado com dores crônicas no mundo2-4. Infelizmente,</p><p>na América Latina não temos dados claros de sua prevalência na</p><p>população, mas no Brasil estudos recentes apontam que ela afeta</p><p>entre 40% e 76% dos brasileiros5,6.</p><p>2 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>As dores crônicas podem provocar impactos no cotidiano de</p><p>uma pessoa nas áreas7-11:</p><p>Psicológica: pode causar ansiedade, depressão,</p><p>raiva e pensamentos pessimistas.</p><p>Física: pode reduzir os movimentos,</p><p>provocar alteração no sono e</p><p>fadiga (cansaço muscular).</p><p>Social: afastamento do trabalho, diminuição</p><p>do lazer, problemas econômicos,</p><p>aumento de dependência de outros e</p><p>conflitos nas relações interpessoais.</p><p>Tais impactos comprometem, de forma global, a vida dos que</p><p>sofrem com dores crônicas e provocam muitas repercussões ruins,</p><p>como: incertezas, medos, desespero, desinteresse, depressão, raiva,</p><p>preocupações, sensação de inutilidade, entre outras.</p><p>Capítulo um 1 DOR CRÔNICA É UM PROBLEMA SÉRIO 2 3</p><p>você avalia</p><p>o impacto</p><p>da dor na</p><p>sua ?</p><p>Como</p><p>vida</p><p>?</p><p>2 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>+</p><p>A dor pode ATRAPALHAR:</p><p>TRATAMENTO Você:</p><p>PROJETO</p><p>de vida</p><p>espiritualidade sono</p><p>sexualidadeFAMÍLIa autoimagem</p><p>atividade</p><p>física</p><p>lazer</p><p>Apoio Social</p><p>trabalho</p><p>ATRAPALHARATRAPALHAR</p><p>equipe multi /</p><p>interdisciplinar</p><p>MÉDICO, DENTISTA,</p><p>FISIOTERAPEUTA,</p><p>PSICÓLOGO E OUTROS</p><p>diagnóstico tratamento</p><p>mais indicado</p><p>MUDANÇAS NO</p><p>ESTILO DE VIDA</p><p>E AUTOCUIDADO</p><p>juntos tratam</p><p>de dores crônicas</p><p>++</p><p>o impacto da</p><p>e TraTamento</p><p>DOROR</p><p>dores crônicas</p><p>atingem</p><p>dos brasileiros</p><p>a</p><p>se tem duração</p><p>de mais de</p><p>é dor crônica</p><p>Pode afetar</p><p>parte do corpo</p><p>2 5</p><p>Capítulo Dois</p><p>O IMPACTO DA DOR</p><p>NO MEU COTIDIANO</p><p>Olá, meu nome é Dolores, e por muito tempo achei</p><p>que minha mãe tinha previsto que chegaria um dia</p><p>que eu teria tanta dor pelo corpo e tamanho sofri-</p><p>mento que chamar Dolores seria o mais natural.</p><p>Hoje tenho 55 anos e posso dizer que conheci o que</p><p>era ter dor crônica há muito tempo. Por tantas vezes</p><p>me perguntei como era não sentir dor, pois esta</p><p>sensação se perdeu nas minhas memórias depois</p><p>de tantos anos de sofrimento. Um dia acordei e as</p><p>dores lá estavam, insuportáveis, já não adiantava</p><p>mais tomar comprimidos e usar pomadas. Essas</p><p>dores estavam me impedindo de trabalhar e de</p><p>seguir com a minha rotina. Eu me perguntava o</p><p>que estava acontecendo com o meu corpo e não</p><p>conseguia encontrar respostas.</p><p>22</p><p>D</p><p>2 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Uma amiga me falou que existiam especialistas que</p><p>tratavam de dores crônicas, e eu não tinha ideia de</p><p>que existiam profissionais que faziam isso. Mas fez</p><p>muita diferença! Com eles, descobri que tinha fibro-</p><p>mialgia e aprendi que, para tratar a dor, muitas vezes</p><p>era preciso olhar e cuidar melhor de mim em várias</p><p>áreas da minha vida, era importante entender mais</p><p>sobre os mecanismos de ação da dor, que existem</p><p>diferentes especialidades médicas que tratam de</p><p>dores crônicas e que você precisa saber um pouco</p><p>mais sobre o seu problema para entender qual é</p><p>o médico de dor que deve procurar. Além disso,</p><p>pude descobrir que outros profissionais da</p><p>área da saúde também ajudam nesse processo,</p><p>como fisioterapeuta, profissional de educação</p><p>física, nutricionista, odontologista, enfermeiro e</p><p>psicólogo. Todos esses profissionais podem nos</p><p>auxiliar no manejo das dores.</p><p>A dor prolongada pode estar interferindo na sua vida</p><p>em muitas áreas e pode afetar seus pensamentos,</p><p>emoções e comportamentos, podendo, inclusive,</p><p>torná-lo refém de seu sofrimento. Vou comparti-</p><p>lhar com você aquilo que aprendi e que me ajudou</p><p>a mudar a maneira de lidar com as dores. Talvez</p><p>minha experiência possa ajudar. Para começar,</p><p>responda para si mesmo esta questão:</p><p>D</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 2 7</p><p>Como era a sua vida antes</p><p>de aparecer esta(s) dor(es)?</p><p>Se está com dificuldade de responder, não se</p><p>preocupe. Também foi difícil para eu pensar nisso,</p><p>até que conheci um questionário que me ajudou</p><p>a lembrar da minha vida antes da dor. Para ajudar</p><p>você, responda ao mesmo questionário que</p><p>preenchi quando comecei o meu tratamento.</p><p>IMPACTO PSICOSSOCIAL DA DOR (IPD)</p><p>Este questionário foi desenvolvido para que você possa</p><p>compreender de que forma a dor afetou sua vida. Por gentileza,</p><p>procure responder da forma mais sincera, pois, apesar de não existir</p><p>uma pontuação para as respostas, as perguntas auxiliarão a refletir</p><p>sobre as áreas que foram mais afetadas pela dor.</p><p>Quais áreas da sua vida foram mais afetadas pela dor?</p><p>Assinalar até três:</p><p>Trabalho</p><p>Atividade física</p><p>Espiritualidade/religião</p><p>LazerFamília</p><p>Autoimagem Apoio social</p><p>Sono</p><p>Sexualidade</p><p>Projeto de vida</p><p>Quais áreas da sua vida são mais importantes para você?</p><p>Assinalar até três:</p><p>Trabalho</p><p>Atividade física</p><p>Espiritualidade/religião</p><p>LazerFamília</p><p>Autoimagem Apoio social</p><p>Sono</p><p>Sexualidade</p><p>Projeto de vida</p><p>D</p><p>2 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Quando respondi ao questionário, percebi que</p><p>minha dor me atrapalhava em duas das três áreas</p><p>que considerava mais relevantes no meu dia a</p><p>dia. E foi assim que comecei a entender o quanto</p><p>esse desconforto estava me prejudicando. Esse</p><p>questionário segue com perguntas sobre cada</p><p>uma das áreas referidas abordando como eu as</p><p>via antes e depois da dor. Fiquei assustada, pois</p><p>percebi que respondia rapidamente o depois</p><p>da dor, mas que, muitas vezes, hesitava em falar</p><p>sobre o meu cotidiano antes de ela surgir. Pude</p><p>perceber que estar com dores constantes e por</p><p>um período prolongado teve consequências em</p><p>diversas áreas da minha vida de modo diferente.</p><p>Notei também que meus pensamentos estavam</p><p>totalmente focados na minha trajetória de sofri-</p><p>mento e percebi que ser sofredora estava fazendo</p><p>parte da minha identidade.</p><p>trabalho</p><p>trabalho</p><p>SONO</p><p>vida socialvida social</p><p>Família</p><p>Áreas de Maior Impacto Áreas mais importantes</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 2 9</p><p>Se quiser responder ao questionário</p><p>inteiro, como Dolores, acesse o QR Code ou</p><p>preencha abaixo. Responder ao IPD pode</p><p>ajudá-lo a identificar, de fato, o quanto a dor</p><p>impactou no seu dia a dia.</p><p>Assim como a Dolores mencionou, quando estamos com dor,</p><p>além de ter que lidar com esse desconforto, que é desagradável,</p><p>temos que administrar as limitações impostas por ela, e isso gera</p><p>diversos sofrimentos12. Alguns se sentem mal por não conseguir seguir</p><p>com a sua vida no mesmo ritmo de antes, outros se culpam por não</p><p>dar conta de ser produtivos ou “multitarefa” (quando nos vemos</p><p>obrigados a responder às mais variadas exigências, em diversas áreas,</p><p>ao mesmo tempo). Esta forte pressão para cumprir com altas expec-</p><p>tativas vem de nós mesmos, de familiares e da sociedade como um</p><p>todo. O não cumprimento pode gerar sentimento de culpa e, quando</p><p>Quais áreas da sua vida foram mais afetadas pela dor?</p><p>Assinalar até três:</p><p>Trabalho</p><p>Atividade física</p><p>Espiritualidade/religião</p><p>LazerFamília</p><p>Autoimagem Apoio social</p><p>Sono</p><p>Sexualidade</p><p>Projeto de vida</p><p>Quais áreas da sua vida são mais importantes para você?</p><p>Assinalar até três:</p><p>Trabalho</p><p>Atividade física</p><p>Espiritualidade/religião</p><p>LazerFamília</p><p>Autoimagem Apoio social</p><p>Sono</p><p>Sexualidade</p><p>Projeto de vida</p><p>quanto a dor impactou</p><p>no seu dia a dia</p><p>também pode ser feito</p><p>por aqui</p><p>3 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>aliado à busca pelo perfeccionismo,</p><p>resulta em baixa satisfação com a vida</p><p>e pouca realização pessoal. Devemos</p><p>lembrar que querer fazer muitas coisas</p><p>ao mesmo tempo aumenta a chance de</p><p>cometermos erros, embora tenhamos a</p><p>falsa impressão de que estamos dando</p><p>conta de duas ou mais atividades!</p><p>Vivemos em uma sociedade que</p><p>valoriza pessoas bem-sucedidas, especialmente financeiramente,</p><p>e, sob esta referência, uma pessoa com dores pode se desvalorizar,</p><p>o que, por sua vez, interfere na sua autoestima assim como pode</p><p>afetar o humor. Também é comum que a pessoa se sinta ansiosa</p><p>ou deprimida ou oscile entre momentos que provoquem traços</p><p>de ansiedade e de depressão. Você já notou se seu humor está</p><p>diferente depois do aparecimento das dores?</p><p>Um ponto a ser destacado é que a dor pode provocar altera-</p><p>ções de humor, assim como oscilações de humor também podem</p><p>interferir na percepção da dor. É comum, além disso, a presença</p><p>de traços de ansiedade e/ou depressão quando a pessoa está com</p><p>dores crônicas e não segue nenhum tratamento ou quando segue</p><p>e não percebe melhora expressiva.</p><p>SMOaodnuges,euqéodatlasserresaetnatropmiodadmU</p><p>(Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país mais ansioso do</p><p>mundo e está em quarto lugar quando se refere à depressão13, ou</p><p>seja, os brasileiros que sofrem desses transtornos de humor podem</p><p>ficar mais vulneráveis à piora ou à manutenção de quadros de dor,</p><p>uma vez que fatores psicológicos podem alterar a sensibilidade</p><p>do sistema nervoso central, resultando em dores mais intensas14,</p><p>a dor pode provocar</p><p>alterações de</p><p>humor, assim</p><p>como oscilações</p><p>de humor também</p><p>podem interferir na</p><p>percepção da dor.</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 1</p><p>o que reforça a importância de conhecermos melhor esse processo</p><p>dentro do nosso corpo.</p><p>Nas próximas páginas, com o auxílio da Dolores, vamos</p><p>discutir sobre algumas áreas da nossa vida que são importantes</p><p>para o nosso bem-estar e que podem ter sido afetadas pelo</p><p>impacto da dor.</p><p>PROJETO</p><p>de vida espiritualidade</p><p>sono</p><p>sexualidade FAMÍLIa</p><p>autoimagem</p><p>atividade</p><p>física</p><p>lazer</p><p>Apoio Social</p><p>trabalho</p><p>A dor pode ATRAPALHAR:ATRAPALHARATRAPALHAR</p><p>3 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>O trabalho é imposto para nós como uma condição</p><p>necessária, algo natural, inerente a nossa subsis-</p><p>tência, em que todos na sociedade desenvolvem</p><p>algum tipo de atividade, enquanto aquele que nada</p><p>faz é visto como alguém improdutivo, que está fadado à alienação</p><p>(condenado à indiferença) e costuma ser desvalorizado socialmente.</p><p>Muito embora a palavra “trabalho” esteja comumente associada às</p><p>pessoas que fazem alguma atividade profissional regular e remune-</p><p>rada, hoje temos a legitimação de trabalhos voluntários, que não</p><p>envolvem salário, espaço que também pode ser considerado para as</p><p>pessoas que fazem atividades do lar, que não têm em troca ganho</p><p>financeiro. Ao mesmo tempo que o trabalho nos traz status e reflete</p><p>nosso papel na sociedade, ele pode, pela cobrança de alta perfor-</p><p>mance nossa ou da instituição, se tornar uma sobrecarga. A inci-</p><p>dência maior de estresse no ambiente de trabalho pode acentuar</p><p>a intensidade de dor ou a cronificação deste processo15,16. Devemos</p><p>considerar também que os estudos podem sobrecarregar a pessoa</p><p>que está com dores a querer cumprir com as suas obrigações e ativi-</p><p>dades com rigor, sem mencionar a possível dificuldade de assimilar</p><p>conhecimentos devido à intensidade de dor ou efeitos colaterais de</p><p>alguns medicamentos.</p><p>trabalho</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 3</p><p>Eu trabalhava em banco e tinha um ritmo acelerado,</p><p>mas quando minhas dores ficaram muito fortes</p><p>precisei me afastar do emprego. Tive vários afasta-</p><p>mentos pelo INSS, e quando retornava ao trabalho</p><p>rapidamente tudo o que tinha melhorado desapa-</p><p>recia e precisava solicitar novo afastamento para</p><p>me tratar. Na época, estava com 32 anos e ninguém</p><p>pensaria em aposentar por invalidez. Fiquei mais</p><p>dez anos trabalhando no banco, acumulando</p><p>afastamentos, até não dar mais para voltar. Hoje</p><p>me pergunto se valeu a pena ter me forçado tanto</p><p>tempo em permanecer em um trabalho que não me</p><p>fazia feliz e me conformo pensando que precisava</p><p>do dinheiro. Às vezes, o que fazemos não é tão</p><p>agradável quanto gostaríamos devido ao ritmo</p><p>exigido, outras vezes pela atividade, mas percebo</p><p>hoje que o que mais me afetava era o ambiente e</p><p>a relação com os meus colegas, pois havia muita</p><p>competição, “puxadas de tapete” e fofocas. Notei</p><p>que as relações no trabalho eram bem superficiais,</p><p>pois quando ficava ruim e me afastava ninguém se</p><p>preocupava em me telefonar ou me visitar. Logo</p><p>entendi que enquanto era útil, era bem tratada</p><p>pelos colegas e pela chefia, mas depois que passei a</p><p>ter restrições de movimentos não havia mais solida-</p><p>riedade, é como se pudesse ler em suas mentes: “Se</p><p>vira, já tivemos que fazer a sua parte enquanto você</p><p>descansava em casa”.</p><p>D</p><p>3 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Procure identificar se suas</p><p>dores se acentuaram ou pioraram</p><p>devido a questões ligadas à sua</p><p>atividade ocupacional.</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende</p><p>que esta área está prejudicada no seu dia a</p><p>dia, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 totalmente</p><p>prejudicada.</p><p>Para você refletir</p><p>• A dor atrapalha ou impede você de trabalhar?</p><p>• Você</p><p>se pressiona ou se sente pressio-</p><p>nado pelos outros para melhorar o seu</p><p>desempenho?</p><p>• Estava satisfeito com as suas condições e/ou</p><p>relações no trabalho?</p><p>• Se sente improdutivo e se deprecia por não</p><p>estar cumprindo com suas tarefas?</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 5</p><p>Entendemos rede de apoio social como as relações</p><p>que podem ser fonte de suporte (círculo de</p><p>amizades, colegas de trabalho, membros de comu-</p><p>nidade ou igreja, vizinhos, outras pessoas com quem você conviva),</p><p>que podem interferir de forma positiva ou negativa no seu processo</p><p>de melhora. O apoio social é uma das chaves para o enfrentamento</p><p>positivo da dor crônica. Portanto, a qualidade das relações sociais que</p><p>estabelecemos são fatores importantes17. É fundamental que você</p><p>avalie a qualidade dos relacionamentos que mantém no seu dia a dia,</p><p>assim como da sua interação com os profissionais da área de saúde,</p><p>caso esteja fazendo tratamento. Deve-se lembrar que, atualmente, a</p><p>rede de apoio social é comumente confundida com as redes sociais</p><p>da internet (Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp, entre outras).</p><p>Claro que essa realidade traz novos caminhos de relacionamento pelo</p><p>meio digital, mas não necessariamente promovem benefícios seme-</p><p>lhantes à qualidade de relacionamentos desenvolvidos presencial-</p><p>mente e, dificilmente, podem ser ponderados como apoio efetivo na</p><p>vida das pessoas. A dor pode atrapalhar o desempenho de atividades</p><p>sociais valorizadas pelas pessoas que o cercam ou por você mesmo</p><p>e impedir de alcançar o grau de engajamento social que esperam ou</p><p>que você desejaria atingir, provocando sofrimento e, assim, podendo</p><p>aumentar a intensidade do quadro álgico (quadro de dor).</p><p>É comum que pessoas que estão com dores crônicas, quando</p><p>em um contexto social, sofram pressão para se comportar de determi-</p><p>nada maneira e acabem se sentindo inferiores e apresentando receios</p><p>diante dos outros. Muitos se sentem confortáveis apenas em casa,</p><p>retraindo-se cada vez mais, buscando isolamento social por sentirem</p><p>falta de acolhimento dos outros para sua situação atual18.</p><p>Apoio Social</p><p>3 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Você já vivenciou ou</p><p>está passando por um</p><p>momento semelhante?</p><p>Existem estudos que têm mostrado que, quando a pessoa com</p><p>dores crônicas se sente excluída ou pouco compreendida por pessoas</p><p>próximas, a solidão é vivenciada de modo negativo e torna-se um</p><p>fator que pode prever maior intensidade de dor18.</p><p>Quando encontramos com alguém na rua que</p><p>não vemos há muito tempo, é comum que surja</p><p>a pergunta: O que você tem feito? As pessoas</p><p>esperam respostas que falem sobre o seu status</p><p>social e produtividade. Quando eu respondia que</p><p>estava me tratando de dores crônicas, percebia a</p><p>cara de surpresa e a expressão de pena do outro. E</p><p>aí vinha outra pergunta: Faz tempo? Já melhorou?</p><p>Dependendo do momento do encontro, era difícil</p><p>responder, pois passei por vários tratamentos malsu-</p><p>cedidos, e quando falava que não estava melho-</p><p>rando e que já havia passado por vários médicos,</p><p>rapidamente o outro disfarçava, dava uma desculpa</p><p>e logo se despedia, mas sempre com um comentário</p><p>de “incentivo”: “Tudo vai melhorar, se mantenha</p><p>animada, pois pensamentos negativos não ajudam!”.</p><p>Ou ainda partiam para dar conselhos, dicas ou indicar</p><p>profissionais que conheciam ou tinham um familiar</p><p>que também estava com dores, mas que agora</p><p>estava bem e que eu deveria procurar esse novo</p><p>caminho. Nossa, quantas frases como essas escutei.</p><p>Ficava muito irritada com conselhos quando não</p><p>estava solicitando nada disso! Eu pensava: será que</p><p>acham que assim estão me ajudando? Mas não dizia</p><p>nada, meus lábios procuravam esboçar um sorriso</p><p>D</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 7</p><p>contido e torcia para não encontrar de novo com</p><p>aquelas pessoas. Acho que assim fui me afastando</p><p>do convívio social com a plena convicção de que os</p><p>outros não me entendiam.</p><p>Assim como Dolores, outras pessoas que têm dor mencionam</p><p>que nem sempre se sentem compreendidas. A qualidade dos relacio-</p><p>namentos é um dos aspectos muito importantes para o bem-estar de</p><p>uma pessoa. Um estudo realizado em Harvard acompanhou, durante</p><p>75 anos, a vida de 724 indivíduos, ano após ano, avaliando o trabalho, a</p><p>vida doméstica e a saúde, e concluiu que os participantes que viveram</p><p>mais tempo e com mais qualidade de vida foram os que se apoiaram nas</p><p>relações com a família, com os amigos ou com a comunidade.</p><p>Avalie a qualidade dos seus</p><p>relacionamentos sociais.</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta área</p><p>está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 totalmente</p><p>prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Você acha que a dor tem atrapalhado a sua vida social?</p><p>• Sente falta de compreensão e/ou apoio das pessoas com</p><p>quem convive?</p><p>• Já ficou chateado com comentários de incentivo dos outros</p><p>ou se sentiu criticado por eles?</p><p>• Acha que o apoio de pessoas próximas é fundamental para</p><p>motivá-lo a lidar com as suas dores?</p><p>3 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Hoje todo mundo sabe que fazer atividade física</p><p>traz bem-estar físico e mental, além de satis-</p><p>fação com a própria vida. Podemos dizer que os</p><p>confortos e as facilidades da vida moderna têm</p><p>feito do sedentarismo (falta, ausência ou diminuição de atividades</p><p>físicas ou esportivas) a doença do século. É comum as pessoas terem</p><p>um gasto calórico reduzido semanalmente pela ausência de exercí-</p><p>cios, o que acarreta perda de flexibilidade articular e compromete o</p><p>funcionamento de vários órgãos, assim como é uma das principais</p><p>causas de diferentes doenças, como diabetes, obesidade, aumento</p><p>do colesterol e infarto do miocárdio. A prática de exercícios pode</p><p>evitar doenças crônicas como também melhorar o humor, diminuir</p><p>dores com a liberação de endorfina, ajudar na memória e nas funções</p><p>cerebrais, melhorar a qualidade do sono e trazer benefícios na perfor-</p><p>mance sexual e no prazer, entre outros ganhos.</p><p>É importante identificar se, antes da dor, você já fazia regular-</p><p>mente alguma atividade física ou se permanecia mais sedentário,</p><p>usando desculpas como falta de tempo, que fazer exercício é chato ou</p><p>difícil, ou ainda que não praticava com medo de adquirir lesões.</p><p>As atividades físicas para uma pessoa que sofre de dores</p><p>crônicas podem levar, de diversas maneiras (seja por ação/liberação</p><p>de neurotransmissores, por relaxamento muscular ou diminuição de</p><p>processos inflamatórios), ao alívio da intensidade da dor, quando</p><p>realizadas de modo adequado e sob orientação profissional19.</p><p>Deve-se tomar cuidado, pois, às vezes, ao sentir dor, a pessoa, por</p><p>medo, reduz a prática de exercícios, podendo provocar um ciclo de</p><p>desuso de funções corporais, e assim começa a sentir o seu corpo</p><p>cada vez mais incapacitado20.</p><p>atividade</p><p>física</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 9</p><p>Você já vivenciou ou</p><p>está sentindo este medo?</p><p>O medo de movimentar o corpo, denominado cinesiofobia,</p><p>é quando a pessoa apresenta medo irracional de sofrer lesões por</p><p>acreditar que seu corpo é extremamente frágil. Assim, a expectativa da</p><p>dor pode ser mais devastadora que a dor real, levando a pessoa a não</p><p>realizar atividades que foram indicadas21.</p><p>Nunca fui de fazer atividade física com regularidade.</p><p>Na verdade, não tinha jeito para nenhum esporte,</p><p>e fazer exercício sempre me pareceu difícil e chato.</p><p>Quando vieram as dores e procurei tratamento,</p><p>todo médico me dizia que precisava fazer fisiote-</p><p>rapia, que isso iria ajudar a diminuir o meu descon-</p><p>forto, mas eu não conseguia entender por que não</p><p>me davam logo um remédio que tirasse aquelas</p><p>dores. Como fazer exercício poderia melhorar</p><p>minhas dores quando nem podia me mexer direito</p><p>que meu corpo já reclamava? Nas primeiras sessões</p><p>de fisioterapia, senti muito desconforto, mas segui</p><p>fazendo, pois precisava acreditar que, de algum</p><p>modo, todo aquele esforço seria recompensando</p><p>com a diminuição da intensidade das minhas dores.</p><p>Confesso que não foi fácil seguir as orientações, mas</p><p>aos poucos comecei a sentir alívio, que ainda não</p><p>durava muito. Com o tempo fui percebendo que</p><p>ficava mais períodos com menos dor e, aos poucos,</p><p>minhas dores estavam diferentes, mais amenas.</p><p>D</p><p>4 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Existem pessoas que, diferentemente de Dolores, gostam e se</p><p>comprometem com a prática de exercícios, às vezes até exageram</p><p>correndo o risco de se lesionar. Quando essas pessoas ficam com dor,</p><p>sofrem, pois têm que limitar seus movimentos. Nestas circunstâncias,</p><p>é fundamental compreender que atividades ou esforços físicos podem</p><p>prejudicá-lo dadas as suas condições físicas atuais e respeitar a neces-</p><p>sidade de autocuidado até o momento de poder, gradativamente,</p><p>retomar seu dinamismo (ritmo de atividades físicas) sob orientação</p><p>de profissionais ou de desenvolver novas possibilidades caso o ritmo</p><p>anterior não seja mais viável em função de comprometimento físico.</p><p>Você é daqueles que gostam e valorizam</p><p>fazer exercícios ou é mais parecido com Dolores,</p><p>que tinha uma vida mais sedentária?</p><p>Avalie sobre como a atividade física ocupava espaço na sua</p><p>rotina e de que maneira isso acontece hoje. Dê uma nota de</p><p>0 a 5 para o quanto entende que esta área está prejudicada,</p><p>sendo 0 nenhum prejuízo e 5 totalmente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Antes de estar com dores, você fazia exercícios ou praticava</p><p>algum esporte?</p><p>• Acredita que fazer atividades físicas pode auxiliá-lo a</p><p>diminuir suas dores?</p><p>• Percebe que desenvolveu medo do movimento (cinesio-</p><p>fobia) depois que suas dores surgiram?</p><p>• Fazer exercícios traz a você sensação de bem-estar?</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 1</p><p>Para começar, você precisa saber que espi-</p><p>ritualidade e religião não estão, necessaria-</p><p>mente, ligadas. Espiritualidade tem a ver com</p><p>o propósito e o sentido que a pessoa encontra para a sua vida, ou seja,</p><p>vai variar de acordo com as crenças e os valores de cada um. Algumas</p><p>pessoas encontram essa conexão com a religião ou com o divino,</p><p>enquanto outras associam à convivência com pessoas queridas,</p><p>à arte, à natureza etc. Nos últimos anos, estudos têm evidenciado</p><p>que a espiritualidade pode favorecer o tratamento da dor crônica,</p><p>pois proporciona experiências emocionais positivas na medida em</p><p>que pode elevar a presença de mediadores químicos no corpo que</p><p>diminuem a percepção da dor, como serotonina, GABA (conhecido</p><p>como calmante natural) e dopamina. Além disso, ela pode melhorar o</p><p>humor e reduzir a tensão muscular, que, muitas vezes, é responsável</p><p>pela manutenção ou piora do sofrimento e do quadro álgico22.</p><p>Quanto à religião, ela pode ser uma fonte de inspiração para</p><p>a espiritualidade. Também existem pesquisas22-24 que mostram que</p><p>a atividade religiosa pode ter papel ativo na redução do estresse do</p><p>paciente e, assim, obter maiores indicadores de saúde mental —</p><p>sabe-se que o índice de estresse pode aumentar em consequência da</p><p>dor como também quando elevado pode ser um potencializador dela.</p><p>Tanto a espiritualidade quanto seguir alguma religião podem</p><p>auxiliá-lo a lidar com suas dores de modo positivo, mas você deve</p><p>ter cuidado, pois, se está compreendendo que o seu sofrimento</p><p>pode ser um “castigo divino” ou faz parte do seu “destino”, ou até</p><p>mesmo que não precisa procurar tratamento pois “Deus irá curá-lo”,</p><p>está assumindo a postura de resignação, aceitando a condição atual</p><p>de modo passivo e, deste modo não contribuirá para a sua melhora.</p><p>Mesmo que siga todas as orientações dadas por profissionais,</p><p>espiritualidade</p><p>4 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>é fundamental acreditar no seu próprio poder de melhora para</p><p>alcançar resultados mais satisfatórios com o tratamento.</p><p>Sou católica, mas nunca fui muito praticante.</p><p>Quando as dores começaram, primeiro me revoltei</p><p>com Deus, pois não entendia o motivo pelo qual</p><p>estava sendo punida. Entendia que aquelas dores</p><p>só poderiam ser um castigo divino. Então comecei</p><p>a rezar muito e a frequentar missas esperando ser</p><p>perdoada. Com o tempo, percebi que a minha</p><p>fé não podia ficar associada à possibilidade de</p><p>melhora, mas sim à vontade de me conectar com</p><p>Deus e encontrar paz dentro de mim, e assim</p><p>passei a rezar em busca de bem-estar. Notei que</p><p>quando modifiquei minhas expectativas, passei a</p><p>ficar menos estressada e mais confiante de que eu</p><p>poderia manejar minhas dores com a ajuda de Deus</p><p>e do tratamento, desde que me mantivesse ativa e</p><p>cuidando melhor de mim.</p><p>Dolores percebeu que a religião poderia contribuir para o seu</p><p>bem-estar quando pôde se conectar à sua fé com expectativas dife-</p><p>rentes. É importante que você saiba que a espiritualidade ou a religião</p><p>podem funcionar como elementos que ajudam a efetividade do trata-</p><p>mento, pois, quando esta conexão traz experiências positivas, estas</p><p>promovem bem-estar e impedem que você entre em um ciclo vicioso</p><p>em que situações de estresse podem manter ou aumentar a intensi-</p><p>dade de suas dores.</p><p>D</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 3</p><p>Avalie sobre como a espiritualidade/religião</p><p>tem espaço na sua rotina hoje.</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta</p><p>área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 total-</p><p>mente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Você identifica algum sentido para a sua vida</p><p>(espiritualidade)?</p><p>• Percebe se ter fé e seguir alguma religião auxilia você a</p><p>diminuir suas dores ou sofrimento?</p><p>• Acredita que sentir dor faça parte do seu destino?</p><p>• Você acha que sua dor pode ser um castigo?</p><p>4 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>A família representa a união entre pessoas que possuem</p><p>laços sanguíneos, de convivência e baseados no</p><p>afeto. Ela é compreendida como a primeira instituição</p><p>responsável pela socialização dos indivíduos. Ao longo</p><p>dos anos, o significado de família vem sendo alterado e novos tipos de</p><p>família têm surgido além da família nuclear (formada por pai, mãe e</p><p>filhos) e da extensa (que inclui parentes próximos).</p><p>Estudos25-27 com pessoas com dores crônicas evidenciam que</p><p>a qualidade do relacionamento entre quem está com dor e seus</p><p>familiares interfere na maneira como ele vai lidar com o sofrimento</p><p>e no seu compromisso com o tratamento. Os familiares podem</p><p>ser acolhedores e o apoiarem, considerando suas dificuldades e</p><p>necessidades, ou serem críticos e cobrarem a melhora do adoeci-</p><p>mento e o desempenho de papéis sociais que deixou de assumir</p><p>em função da doença/dor. Há famílias que superprotegem, fazendo</p><p>pela pessoa que está com dor atividades que ela poderia realizar,</p><p>o que pode reforçar a sensação de improdutividade ou estimular a</p><p>sensação de vitimização pela dor. Outros reforçam a sensação de</p><p>desamparo, mostrando-se indiferentes ou tendo atitudes de rejeição</p><p>à sua condição atual e ao sofrimento associado. Também deve-se</p><p>ponderar se o papel que a pessoa que está com dor sempre ocupou</p><p>no ambiente familiar modificou-se muito em função do adoeci-</p><p>mento, podendo gerar tensão nas relações em casa.</p><p>Minha família sempre teve um papel importante</p><p>na minha vida. Meus pais, irmãos, marido e filhos</p><p>continuamente foram minhas preocupações e moti-</p><p>vações para viver. Sempre ocupei o papel de dar</p><p>bons conselhos e ser aquela que zelava pela família,</p><p>procurando mediar os problemas. Quando vieram</p><p>FAMÍLIa</p><p>D</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 5</p><p>as minhas dores, sinto que todos perderam o chão,</p><p>pois eu, Dolores, aquela que estava sempre disposta</p><p>a ajudar quando alguém precisasse, desabei! No</p><p>começo escondi o meu sofrimento e minhas limi-</p><p>tações, mas como não passava ficou impossível</p><p>ignorar que já não podia mais dar conta do papel</p><p>que todos esperavam. Me senti mal, envergonhada</p><p>e fracassada quando percebi que já não podia agir</p><p>como antes. Aos poucos, entendi que precisava</p><p>respeitar meus limites e que meus familiares neces-</p><p>sitavam entender que a situação havia mudado</p><p>e que</p><p>todos precisavam rever suas posições na</p><p>família. Hoje percebo que não sabia valorizar</p><p>minhas necessidades, os outros sempre estavam</p><p>em primeiro lugar.</p><p>É importante que você se lembre que, assim como a dor</p><p>interfere na sua vida, ela também traz reflexos para o cotidiano</p><p>daqueles que convivem com você. O sofrimento causado pela dor é</p><p>singular, mas, quando convivemos no ambiente familiar, nossos fami-</p><p>liares compartilham da nossa experiência. Por vezes o apoio deles</p><p>pode nos ajudar (ser funcional), incentivando e motivando para não</p><p>nos tornarmos reféns da dor, mas há momentos, por outo lado, em</p><p>que podemos sentir falta de acolhimento e entendimento por parte</p><p>de nossos entes queridos em relação ao que estamos vivenciando</p><p>e sentir que eles não conseguem oferecer o apoio de que realmente</p><p>necessitamos28,29. Muitos estudos mostram que o ambiente familiar</p><p>é o primeiro espaço de aprendizado de como iremos expressar dor e</p><p>sofrimento, depois vêm o reforço social e a influência da cultura, que</p><p>pode reconhecer ou não o que estamos sentindo.</p><p>D</p><p>4 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Minha família tinha uma imagem de mim de que</p><p>eu jamais precisaria de auxílio, me viam como uma</p><p>supermulher! Atualmente percebo o quanto querer</p><p>corresponder a esta expectativa interferiu no meu</p><p>autocuidado e enfraqueceu minha autoestima.</p><p>E você, como vê a relação com a sua família</p><p>antes e depois que começou a ter dores?</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta</p><p>área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5</p><p>totalmente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• O quanto a sua família é importante para você?</p><p>• A dor provocou impacto na sua vida familiar?</p><p>• A atitude da sua família tem ajudado você a manejar a dor?</p><p>• Você acha que seus familiares compreendem a sua situação?</p><p>D</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 7</p><p>Falar sobre sexualidade, normalmente, é visto como</p><p>um assunto delicado e complexo. Embora a sexuali-</p><p>dade seja uma condição humana que é construída</p><p>durante toda a vida de uma pessoa, é comum que</p><p>fiquemos pouco à vontade para falar sobre este tema. Para começar,</p><p>não é fácil conceituá-la, já que envolve mais do que as características</p><p>dos sistemas genitais masculino e feminino e dos mecanismos de</p><p>reprodução, como o ato sexual. Segundo a Organização Mundial da</p><p>Saúde (OMS)30, a sexualidade é um dos pilares da qualidade de vida:</p><p>A sexualidade é um aspecto central do ser humano</p><p>ao longo da vida e abrange sexo, papéis e identidade</p><p>de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer,</p><p>intimidade e reprodução. A sexualidade é vivenciada</p><p>e expressa por meio de pensamentos, fantasias, desejos,</p><p>crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas,</p><p>papéis e relacionamentos. Embora a sexualidade</p><p>possa incluir todas essas dimensões, nem todas são</p><p>sempre vivenciadas ou expressas, uma vez que ela</p><p>é influenciada pela interação de fatores biológicos,</p><p>psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais,</p><p>éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais.</p><p>Logo, a sexualidade não é sinônimo de relação sexual e não</p><p>se limita à ocorrência ou não de orgasmo. É muito mais que isso, é</p><p>a energia que nos motiva a encontrar amor, contato e intimidade, e</p><p>se expressa na forma de sentir, nos nossos movimentos, e de como</p><p>tocamos e somos tocados. A sexualidade influencia nossos pensa-</p><p>mentos, sentimentos, ações e interações e, portanto, a nossa saúde</p><p>física e mental.</p><p>sexualidade</p><p>4 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>É um conceito que está baseado na atração sexual e na afeti-</p><p>vidade compartilhada entre as pessoas, e é muito comum logo ser</p><p>associada a sexo (o termo “sexo” refere-se ou aos órgãos genitais ou</p><p>ao ato sexual). Todavia, existem muitos outros elementos que podem</p><p>mobilizar esta energia, como referido pela OMS.</p><p>A sexualidade é relativa e pessoal, visto que o que pode ser</p><p>considerado prazeroso para alguns pode não ser para outros. Além</p><p>disso, ela se desenvolve de acordo com as experiências de cada</p><p>pessoa. Além dos fatores biológicos (anatômicos, fisiológicos etc.),</p><p>a sexualidade de uma pessoa pode ser fortemente afetada pelo</p><p>ambiente sociocultural e religioso em que ela está inserida31.</p><p>Muitas pessoas que têm dores crônicas dizem que a vida</p><p>sexual ficou prejudicada devido à dor: medo de que a prática de</p><p>sexo possa exacerbar o desconforto físico, reclamações sobre os</p><p>efeitos colaterais das medicações tomadas, que podem diminuir</p><p>a libido, dificuldades na performance e nas posições realizadas</p><p>durante o ato sexual, entre outras insatisfações. Em outros casos, o</p><p>relacionamento afetivo já estava desgastado por outros fatores, e a</p><p>dor ou a medicação são vistas como bode expiatório, ou seja, como</p><p>justificativas para evitar o relacionamento sexual ou o contato mais</p><p>íntimo com o parceiro(a)32,33.</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 9</p><p>Quando começaram as dores, comecei a ficar com</p><p>medo de fazer sexo com o meu marido, pois acredi-</p><p>tava que só ia piorar o que estava sentindo. Alguns</p><p>remédios diminuíram a minha libido. Lembro que</p><p>algumas vezes só fiz sexo para agradar o meu</p><p>marido, já que não fazíamos mais com a mesma</p><p>frequência. Voltar a ter vontade de ter relação sexual</p><p>foi uma das últimas coisas que recuperei com o</p><p>progresso do tratamento.</p><p>É certo que muitas pessoas como a Dolores percebem que a</p><p>vida sexual foi prejudicada com as dores, mas o que não sabem é que</p><p>diferentes estudos comprovaram que a prática de atividade sexual</p><p>regular pode levar ao alívio parcial ou completo da dor, especial-</p><p>mente de cefaleias e enxaquecas, dentre outros benefícios para a</p><p>saúde da pessoa.</p><p>E você, como vai esta área na sua vida?</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta</p><p>área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5</p><p>totalmente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Você tinha uma vida sexual satisfatória antes da dor?</p><p>• Percebeu se suas dores pioram quando tem relações sexuais?</p><p>• Sente que a dor afetou sua sexualidade de forma mais ampla?</p><p>• Consegue notar benefícios na troca de carinho e outras inti-</p><p>midades para o alívio de suas dores?</p><p>D</p><p>5 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>O sono é essencial à saúde porque repara, regenera</p><p>e revigora o organismo. Extensos períodos de</p><p>privação desse descanso podem aumentar o risco</p><p>de problemas no coração, obesidade, câncer, diabetes, depressão</p><p>ou queixas relacionadas à dor. A boa qualidade do sono pode ser</p><p>um grande aliado no tratamento da dor crônica ou, quando ruim,</p><p>pode prejudicar, estimulando ou intensificando a dor. Estudos</p><p>clínicos e experimentais, tanto em humanos como em animais,</p><p>confirmam a associação entre a redução da eficiência do sono e</p><p>manifestações dolorosas: o sono torna-se fragmentado, obser-</p><p>va-se aumento no número de despertares, assim como dificuldade</p><p>para dormir ou acordar34,35.</p><p>Como está a qualidade do seu sono?</p><p>Você identifica algumas das</p><p>dificuldades aqui mencionadas?</p><p>Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED),</p><p>aproximadamente 50% dos pacientes com dor crônica relatam</p><p>algum problema de sono, como dificuldade para dormir e para</p><p>despertar, sendo que estes problemas estão intimamente associados</p><p>à gravidade da dor36. Um estudo mais recente34 atualizou estes dados</p><p>afirmando que os problemas de sono estão presentes em 67% a 88%</p><p>dos pacientes com dor crônica e, em pelo menos 50% das pessoas, a</p><p>insônia aparece como o distúrbio do sono mais diagnosticado.</p><p>Tanto a dor pode prejudicar a qualidade do</p><p>sono quanto o sono pode intensificar a dor,</p><p>logo o tratamento deve enfocar não apenas no</p><p>alívio da dor, mas também nos distúrbios do sono.</p><p>sono</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 1</p><p>Deve-se levar em conta a influência de fatores emocionais, a</p><p>disfunção respiratória, a limitação motora, o condicionamento físico e</p><p>o uso de medicamentos que alteram o padrão do sono. Nos distúrbios</p><p>do sono,</p><p>além da sonolência diurna, outras manifestações devem ser</p><p>levadas em conta, como a fadiga, os distúrbios de humor e as dificul-</p><p>dades de raciocínio37.</p><p>Nunca dormi 8 horas como costumam dizer que é</p><p>bom, pois a noite era o momento que tinha para ver</p><p>televisão e me distrair um pouco e, muitas vezes,</p><p>dormia tarde porque ficava entretida jogando no</p><p>celular ou olhando meu Facebook e Instagram.</p><p>Quando as dores vieram, tudo piorou, pois não</p><p>tinha mais posição na cama que fosse confor-</p><p>tável, e pegar no sono ficou ainda mais difícil.</p><p>Passei a dormir menos de 5 horas por noite e me</p><p>levantar ficou muito difícil. Sempre acordava com a</p><p>sensação de que precisava ter dormido mais. Meu</p><p>corpo vivia dolorido, cansado e pesado, e me sentia</p><p>sem energia nenhuma para seguir com o meu dia.</p><p>Quando comecei a tomar medicamento para ajudar</p><p>no sono, pude entender o que os médicos diziam</p><p>sobre a importância de dormir bem, pois a falta</p><p>de energia e o cansaço constante começaram a</p><p>diminuir e passei a me sentir mais disposta.</p><p>D</p><p>5 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Verificar o quanto o seu sono tem qualidade é fundamental,</p><p>pois hoje se sabe o quanto distúrbios do sono podem prejudicar a</p><p>saúde, inclusive atrapalhando a nossa capacidade de memorizar e de</p><p>aprender38. Uma pessoa com privação de sono não consegue focar a</p><p>atenção de forma ideal e, portanto, não pode aprender com eficiência.</p><p>Além disso, o próprio sono tem um papel na consolidação da</p><p>memória, o que é essencial para o aprendizado de novas informações.</p><p>Você precisa melhorar a qualidade do seu sono?</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta</p><p>área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5</p><p>totalmente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Quando você vai dormir: é sempre no mesmo horário, o</p><p>ambiente é quieto, com pouca luz e bem ventilado?</p><p>• Apresenta dificuldade para dormir ou não consegue ter</p><p>um sono contínuo?</p><p>• Seu sono geralmente é reparador, ou seja, acorda com</p><p>energia?</p><p>• Faz uso de medicamentos para facilitar o sono com orien-</p><p>tação médica?</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 3</p><p>Lazer é a prática de alguma atividade durante um</p><p>determinado tempo do dia que funciona como estra-</p><p>tégia para distração ou relaxamento e que permite a</p><p>descarga de nossas tensões, proporcionando prazer e estimulando</p><p>a nossa motivação. Essas atividades podem ser desde ler um livro,</p><p>assistir à televisão, ouvir uma música, dançar, correr, jogar boliche,</p><p>praticar tênis, andar de bicicleta, fazer caminhada, nadar, fazer</p><p>ginástica, praticar lutas, participar de jogos, ir ao cinema/teatro,</p><p>viajar... Enfim, qualquer atividade que tenha como fim promover</p><p>bem-estar pode ser incluída aqui.</p><p>Logo, quando optamos por uma prática de lazer, optamos, na</p><p>verdade, por experiências que sejam agradáveis, adequadas ao tempo</p><p>livre e ao interesse pessoal, que podem estar associadas, ou não, a</p><p>ganhos para a nossa saúde física e funcional. Ou seja: atividades de</p><p>lazer podem trazer benefícios biológicos e aumentar a nossa parti-</p><p>cipação e interação social, o que, certamente, também pode levar a</p><p>resultados na manutenção da saúde e da qualidade de vida.</p><p>Vários estudos39-42 demonstram que pessoas que</p><p>sofrem com dores crônicas e que têm práticas de</p><p>lazer apresentam vários benefícios: aumento</p><p>da força muscular, diminuição de dor,</p><p>melhora do humor, diminuição da perda</p><p>óssea e aumento da capacidade funcional.</p><p>lazer</p><p>5 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Nos atendimentos, muitas vezes, nossos pacientes dizem que</p><p>ficam tão focados em tratar da dor que não têm tempo para atividades</p><p>de lazer, e assim deixam de utilizar um caminho que pode beneficiá-</p><p>-los também em relação à dor. Sabemos que não é fácil encontrar</p><p>ações que nos distraiam da dor ou que nos divirtam quando ela</p><p>está forte, mas, se fizermos um esforço e nos dedicarmos a procurar,</p><p>podemos, aos poucos, romper com o ciclo dor-desânimo-dor.</p><p>Sempre gostei muito de sair com meus familiares</p><p>nos finais de semana para nos divertir, mas quando</p><p>as dores vieram já não conseguia mais. Não tinha</p><p>disposição, nada me distraía e nem me achava boa</p><p>companhia, já que tinha dor em qualquer posição.</p><p>Fui deixando de fazer coisas que me traziam</p><p>bem-estar, como ouvir música e assistir à televisão,</p><p>e percebi que justificava pela dor, mas na verdade</p><p>era muito mais o meu humor. Em alguns momentos</p><p>me sentia triste e em outros revoltada. Conforme</p><p>iniciei o tratamento, os profissionais falavam sobre a</p><p>importância de fazer atividades que me distraíssem</p><p>da dor e me trouxessem bem-estar. Diziam que não</p><p>precisava retomar tudo de uma vez e que também</p><p>poderia encontrar outras formas de me distrair,</p><p>caso o que quisesse fazer, no momento, não fosse</p><p>possível devido às dores. Assim, aos poucos fui</p><p>retomando algumas atividades e descobrindo</p><p>novas, e percebi que me ajudavam a ficar menos</p><p>desanimada e a ter mais energia para lidar com as</p><p>minhas dores, que ainda eram muito fortes.</p><p>D</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 5</p><p>Como anda o seu lazer?</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta</p><p>área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5</p><p>totalmente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Você praticava atividades de lazer antes da dor? Ainda pratica?</p><p>• Percebe se no seu tempo livre busca fazer algo que seja</p><p>agradável para você?</p><p>• Já notou se as atividades de lazer que pratica funcionam</p><p>como válvula de escape para quando está tenso?</p><p>• Considera importante reservar um tempo para realizar ativi-</p><p>dades de lazer?</p><p>5 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>A autoimagem se refere à percepçãoque a pessoa</p><p>tem sobre si mesma nos diversos papéis que</p><p>ela exerce. Dependendo de como a pessoa se</p><p>vê, ela irá desenvolver seu autoconceito e, consequentemente, sua</p><p>autoestima. Assim, a forma como eu me vejo (autoimagem) e a forma</p><p>como eu me percebo (autoconceito) influenciam diretamente o nível</p><p>de o quanto eu me aprecio (autoestima).</p><p>A autoestima pode ser entendida como uma avaliação positiva</p><p>ou negativa que uma pessoa faz de si mesma. Estar com boa autoes-</p><p>tima significa se amar e se aceitar reconhecendo suas próprias</p><p>fraquezas e defeitos.</p><p>Pensando nisto, tente responder:</p><p>Como você se vê (autoimagem)?</p><p>Qual é a ideia que você faz de si mesmo (autoconceito)?</p><p>O quanto você se valoriza pelo que é (autoestima)?</p><p>Saiba que a autoimagem, o autoconceito e a autoestima nos</p><p>auxiliam a nos sentir seguros e confiantes em nossas habilidades e</p><p>competências, permitindo que fiquemos mais flexíveis para lidar com</p><p>mudanças e dificuldades, assim como nos ajudam a manter relações</p><p>mais saudáveis com os demais. Neste sentido, nossa autoestima</p><p>pode interferir também na percepção de dor. Estudos43,44 mostram</p><p>que pessoas que se sentem inseguras apresentam pouca credibili-</p><p>dade em suas próprias capacidades de lidar com a dor (ou seja, baixo</p><p>senso de eficácia — mais detalhes no capítulo oito) e, assim, acabam</p><p>permitindo que ela tome o controle de suas vidas — sentem-se prisio-</p><p>neiras desse desconforto ou impotentes para diminuir a sua condição</p><p>de sofredores. Algumas pessoas têm necessidade de se mostrar tão</p><p>autoimagem</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 7</p><p>fortes que negam suas fragilidades e, por vezes, desrespeitam suas</p><p>limitações atuais, brigando contra a dor a qualquer custo, o que pode</p><p>aumentar sua intensidade e gerar crises de dor.</p><p>Engordei 20 quilos depois que começaram as dores</p><p>e infinitos tratamentos sem sucesso. De início,</p><p>comia doces para aliviar meu mal-estar por sentir</p><p>muitas dores e não ver perspectiva de melhora,</p><p>mas com o tempo passei a comer por desânimo e</p><p>ansiedade de ver minha vida totalmente diferente,</p><p>na verdade prejudicada devido a essas dores que</p><p>pareciam incontroláveis. Percebi que, além de não</p><p>estar contente com a minha aparência, comecei a</p><p>ficar mais retraída e sem paciência com meus fami-</p><p>liares e amigos. Entrei em um círculo vicioso, pois</p><p>passei a comer para aliviar meu sofrimento ora</p><p>devido às dores fortes e ora devido à minha insatis-</p><p>fação comigo mesma e com o meu corpo. É como</p><p>se nada pudesse fazer eu me sentir bem. Mesmo</p><p>os chocolates que passei a comer sem controle</p><p>me davam a sensação de bem-estar por pouco</p><p>tempo, logo vinha a culpa e a raiva pela minha falta</p><p>de autocuidado. Acredito que, muitas vezes, o fato</p><p>de não estar bem comigo mesma não só afetou o</p><p>meu relacionamento com pessoas com quem eu</p><p>me importava como também me fez perceber que a</p><p>falta de autoestima parecia uma bomba-relógio que</p><p>facilitava eu me sentir incapaz de poder manejar</p><p>minhas dores, e isto dificultava a minha adesão com</p><p>o tratamento. Quando comecei a lidar com esse</p><p>meu lado “sabotador”, pude aos poucos perceber</p><p>que eu também estava atrapalhando a possibili-</p><p>dade de sucesso do meu tratamento.</p><p>D</p><p>5 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>Como você avalia que está a sua autoimagem,</p><p>seu autoconceito e sua autoestima?</p><p>Acredita que isto pode estar interferindo na maneira</p><p>como vem lidando com suas dores ou de como tem se</p><p>comprometido com o seu tratamento?</p><p>Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta</p><p>área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5</p><p>totalmente prejudicada.</p><p>( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )</p><p>Para você refletir</p><p>• Você valoriza suas conquistas e tenta aprender</p><p>com suas derrotas?</p><p>• Evita se comparar com os outros?</p><p>• Reconhece seus defeitos e qualidades?</p><p>• Tem tentado se transformar em uma pessoa melhor?</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 9</p><p>Projeto de vida é o plano que uma pessoa traça</p><p>para seguir na vida. Ele é um esquema vital que se</p><p>encaixa na ordem de prioridades, valores e expecta-</p><p>tivas para ser realizado ao longo de sua existência. Está vinculado à</p><p>busca de felicidade e autorrealização, uma vez que inclui planos para</p><p>promover bem-estar e trazer para a pessoa a consciência daquilo que</p><p>ela quer e luta para conseguir.</p><p>Você tem objetivos definidos</p><p>e claros para a sua vida?</p><p>Acredita que pode realizá-los? A dor crônica pode interferir na</p><p>vida de uma pessoa funcionando como um bloqueio que interrompe</p><p>ou desorganiza o projeto de vida estabelecido. Quando ela ocupa um</p><p>papel tão central no dia a dia, os esforços e a motivação se dirigem</p><p>para a busca da cura, transformando-se no único ou no maior projeto</p><p>pessoal. Outras vezes, a pessoa tem dificuldades para seguir com</p><p>suas metas, pois seu quadro álgico (dor) impede ou dificulta a reali-</p><p>zação desses planos, e a sensação de fracasso ou de irritabilidade</p><p>passa a ser mais frequente. Há também aqueles que estão com dor e</p><p>percebem que nunca investiram em um projeto de vida claro ou bem</p><p>definido, mesmo antes da dor. Desse modo, fica mais difícil buscar</p><p>outras fontes de motivação que não seja se livrar dela a qualquer</p><p>custo, pois passam a vê-la como um grande inimigo a ser combatido.</p><p>Não se trata de vencer a dor ou perder para ela, mas é</p><p>preciso transformá-la em uma experiência que aumente seus</p><p>conhecimentos sobre você mesmo, que permita identificar suas</p><p>prioridades e avaliar o quanto investe nelas no seu dia a dia ou se</p><p>seus planos são aqueles que nunca realizou ou que não acredita</p><p>que possa colocá-los em ação45.</p><p>PROJETO</p><p>de vida</p><p>6 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>É comum que nos dediquemos à busca de uma vida confor-</p><p>tável cujas conquistas materiais permitam que os outros reconheçam</p><p>nosso sucesso e, muitas vezes, este é um dos fatores que podem</p><p>aumentar ou diminuir nossa autoestima. Uma pessoa com uma boa</p><p>autoestima é impulsionada a pensar com mais clareza e se mostra</p><p>capaz de utilizar recursos próprios para progredir e alcançar o que</p><p>almeja fazendo planejamentos mais eficientes.</p><p>Nos últimos anos, tem crescido o número de estudos na área</p><p>da Psicologia evidenciando que não existe receita para a felicidade</p><p>e que esses momentos são consequência de realizações de planos</p><p>pessoais. Falaremos um pouco mais adiante, no capítulo seis, sobre</p><p>nossas fontes de motivação e do quanto elas podem contribuir para</p><p>a nossa sensação de bem-estar e realização do nosso projeto de vida.</p><p>Vamos ver o que a Dolores tem a dizer sobre o seu projeto de vida.</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 6 1</p><p>D</p><p>Percebi que, fora pagar minhas despesas e me</p><p>dedicar às necessidades da minha família, nunca</p><p>organizei, de fato, um projeto de vida. Acho que,</p><p>quando as dores vieram, ficou mais claro isto para</p><p>mim. Me senti frustrada e impotente, já que não</p><p>estava recebendo financeiramente como antes</p><p>e não tinha força nem disposição para continuar</p><p>cuidando de meus familiares como fazia. Fiquei com</p><p>muita raiva da dor que me colocou nesta posição</p><p>de impotência, mas aos poucos pude perceber</p><p>que eu não olhava para as minhas próprias neces-</p><p>sidades muito antes de começar a sentir dores e</p><p>que as minhas fontes de motivação estavam mais</p><p>centradas fora de mim, o que aumentava a minha</p><p>insatisfação comigo depois que adoeci. Lembro-me</p><p>de ter sido questionada sobre minhas prioridades</p><p>na vida e, fora querer ficar sem dor, não conseguia</p><p>identificar mais nada que naquela fase me impul-</p><p>sionasse no meu cotidiano. Me sentia frustrada, e as</p><p>limitações físicas representavam a minha sensação</p><p>de fracasso na vida.</p><p>O depoimento de Dolores reforça a importância de que</p><p>toda pessoa saiba o que realmente quer e o que a satisfaz, pois</p><p>a falta de clareza pode provocar insatisfação consigo mesma,</p><p>mal-estar e tristeza e, sobretudo, a sensação de não estar conse-</p><p>guindo aproveitar o tempo que tem, vinculando muito este apro-</p><p>veitamento à produtividade.</p><p>Quando uma pessoa desenvolve um projeto pessoal, o</p><p>mais importante é que ele tenha objetivos claros e possíveis de ser</p><p>D</p><p>6 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS</p><p>alcançados, mas, principalmente, que seja um desafio, que faça a</p><p>pessoa olhar para a frente e que traga benefícios para o seu desenvol-</p><p>vimento pessoal.</p><p>Existem situações que podem bloquear ou atrapalhar a reali-</p><p>zação de nosso projeto. Como já citado, a falta de objetivos claros ou</p><p>de levantamento de nossas prioridades pode atrapalhar os planos</p><p>estabelecidos, mas isso também ocorre quando a pessoa percebe</p><p>que em um determinado momento do seu ciclo de vida não realizou</p><p>o que planejou ou o que sonhou para aquela fase. Outro ponto a ser</p><p>considerado é a possibilidade de atrito entre as pessoas quando o</p><p>projeto de uma cruza com o de outra e eles não são compatíveis — as</p><p>diferenças, muitas vezes, são difíceis de ser conciliadas. Todos esses</p><p>entraves exigem a necessidade de reavaliar o projeto e fazer ajustes</p><p>que permitam novos planejamentos ou adaptações aos que foram</p><p>estabelecidos anteriormente.</p><p>Devemos lembrar que não são apenas esses os motivos que</p><p>podem impedir você de desenvolver o seu projeto de vida, mas o</p><p>ser humano tem uma tendência a procrastinar diante de tarefas. A</p><p>procrastinação46,47 é o ato de atrasar ou mesmo de adiar uma ou mais</p><p>tarefas, é uma força que nos impede de seguir adiante com o que foi</p><p>proposto ou planejado. Existem muitos estudos focados na procras-</p><p>tinação que têm mostrado que, quando uma pessoa procrastina, ela</p><p>passa à frente tarefas em detrimento daquilo que realmente deveria</p><p>fazer, podendo, assim, justificar a falta de tempo e esconder de si</p><p>mesma que está evitando a tarefa.</p><p>É comum quando alguém está procrastinando não ter controle</p><p>das tarefas, adiar decisões importantes, deixar para fazer sempre</p><p>para a última hora e, no geral, isso provoca a sensação de culpa, gera</p><p>estresse, desmotivação e falta de confiança no seu potencial. Se você</p><p>Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 6 3</p><p>se vê procrastinando muito, identifique se não está com medo de</p><p>fracassar ou de receber críticas, ou, ainda, de ter sucesso.</p><p>Reconhecer nossos verdadeiros propósitos, ou seja, aquilo que</p><p>nos move na vida, é o primeiro passo fundamental para nos manter</p><p>motivados em seguir com nossos planejamentos.</p><p>Dê</p>

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