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<p>ANATOMIA DOS RUMINANTES DOMÉSTICOS</p><p>HUGO PEREIRA GODINHO</p><p>Professor Titular (aposentado), ICB / UFMG</p><p>Professor Adjunto, PUC-MINAS / Belo Horizonte</p><p>FÁBIO MAURÍCIO CARDOSO</p><p>Professor Titular (aposentado), ICB / UFMG</p><p>Professor Adjunto, PUC-MINAS / Betim</p><p>ANTÔNIO CARLOS SANTANA CASTRO</p><p>Professor Adjunto, ICB / UFMG</p><p>BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS</p><p>2006</p><p>2</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>As disciplinas que envolvem o estudo da anatomia macroscópica dos animais</p><p>domésticos são geralmente aquelas que ocupam a maior carga horária dentro dos</p><p>cursos de Medicina Veterinária. Mesmo assim, essa carga horária tem sido</p><p>progressivamente reduzida, já que o desenvolvimento da ciência veterinária nos últimos</p><p>anos resultou em grande expansão da parte profissional do currículo em detrimento de</p><p>sua parte básica, na qual se insere o estudo da anatomia.</p><p>Na tentativa de adequar o ensino anatômico veterinário à carga horária que lhe</p><p>vem sendo atribuída – e sem prejuízo da formação básica do estudante de Medicina</p><p>Veterinária – elaboramos o presente texto, destinado a atender à rotina dos alunos nas</p><p>aulas práticas e, obviamente, sem a pretensão de substituir os tratados clássicos</p><p>existentes.</p><p>As semelhanças que existem nos vários sistemas orgânicos das diferentes</p><p>espécies domésticas permitem que uma delas possa ser utilizada como padrão para o</p><p>estudo anatômico. No presente texto, adotou-se como padrão o ruminante (bovino,</p><p>ovino e caprino), devido a sua facilidade de obtenção, seu baixo custo e, no caso do</p><p>ovino ou caprino, seu porte adequado para uso em laboratório. Aspectos comparativos</p><p>envolvendo aparelhos e sistemas das demais espécies domésticas devem ser</p><p>abordados em aulas teóricas e práticas suplementares.</p><p>À exceção do estudo dos ossos, articulações, sistema nervoso central e</p><p>tegumento comum, a matéria do presente texto está exposta sob o ponto de vista</p><p>topográfico. Para cada região do corpo animal a ser estudada, é apresentado o roteiro</p><p>de dissecação, seguido da descrição teórica das estruturas dissecadas. A nomenclatura</p><p>utilizada ao longo de todo o texto procurou seguir o mais estritamente possível aquela</p><p>indicada pela Nomenclatura Anatômica Veterinária (SCHALLER, 1999).</p><p>Somos gratos a todos que contribuíram de alguma forma para o</p><p>aperfeiçoamento deste texto, especialmente aos alunos de graduação para os quais ele</p><p>foi escrito. Agradecemos também aos colegas anatomistas veterinários que nos</p><p>honraram com suas críticas e sugestões.</p><p>Os Autores</p><p>3</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA VETERINÁRIA, 5</p><p>2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ESQUELETO, 7</p><p>3. OSSOS DO MEMBRO TORÁCICO, 10</p><p>4. OSSOS DO MEMBRO PELVINO, 14</p><p>5. COLUNA VERTEBRAL, COSTELAS, CARTILAGENS COSTAIS E</p><p>ESTERNO, 19</p><p>6. OSSOS DO CRÂNIO E OSSO HIÓIDE, 24</p><p>7. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ARTICULAÇÕES, 30</p><p>8. ARTICULAÇÕES, 34</p><p>9. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MÚSCULOS, 40</p><p>10. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS VASOS, 43</p><p>11. DISSECAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO, 47</p><p>12. MÚSCULOS DO MEMBRO TORÁCICO E ÁREAS ADJACENTES, 54</p><p>13. NERVOS DO MEMBRO TORÁCICO, 63</p><p>14. VASOS DO MEMBRO TORÁCICO, 67</p><p>15. DISSECAÇÃO DA PAREDE DO TÓRAX, 73</p><p>16. MÚSCULOS DA PAREDE DO TÓRAX, 75</p><p>17. NERVOS DA PAREDE DO TÓRAX, 78</p><p>18. VASOS DA PAREDE DO TÓRAX, 80</p><p>19. DISSECAÇÃO DA PAREDE DO ABDOME, 81</p><p>20. MÚSCULOS DA PAREDE DO ABDOME, 83</p><p>21. NERVOS DA PAREDE DO ABDOME, 85</p><p>22. VASOS DA PAREDE DO ABDOME, 86</p><p>23. DISSECAÇÃO DO MEMBRO PELVINO, 87</p><p>24. MÚSCULOS DO MEMBRO PELVINO, 93</p><p>25. NERVOS DO MEMBRO PELVINO, 100</p><p>26. VASOS DO MEMBRO PELVINO, 104</p><p>27. DISSECAÇÃO DA CABEÇA, 114</p><p>28. MÚSCULOS DA CABEÇA, 122</p><p>29. NERVOS DA CABEÇA, 126</p><p>30. VASOS DA CABEÇA, 135</p><p>31. DISSECAÇÃO DO PESCOÇO, 143</p><p>32. MÚSCULOS DO PESCOÇO, 145</p><p>33. NERVOS DO PESCOÇO, 149</p><p>34. VASOS DO PESCOÇO, 151</p><p>35. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO SISTEMA NERVOSO,155</p><p>36. SISTEMA NERVOSO CENTRAL, 158</p><p>37. OLHO, PÁLPEBRAS, TÚNICA CONJUNTIVA E APARELHO L ACRIMAL,</p><p>174</p><p>38. OUVIDO (ÓRGÃO VESTIBULOCOCLEAR), 178</p><p>39. CAVIDADE DA BOCA, 185</p><p>40. CAVIDADE NASAL E SEIOS PARANASAIS, 193</p><p>41. FARINGE, 196</p><p>42. LARINGE, 198</p><p>43. ESÔFAGO, TRAQUÉIA, TIREÓIDE, PARATIREÓIDES E TI MO, 201</p><p>44. DISSECAÇÃO DA CAVIDADE DO TÓRAX, 204</p><p>45. PLEURA, PULMÕES E BRÔNQUIOS, 206</p><p>4</p><p>46. PERICÁRDIO E CORAÇÃO, 210</p><p>47. NERVOS DA CAVIDADE DO TÓRAX, 213</p><p>48. VASOS DA CAVIDADE DO TÓRAX, 215</p><p>49. DISSECAÇÃO DA CAVIDADE DO ABDOME, 222</p><p>50. ESTÔMAGO, 225</p><p>51. INTESTINOS, 229</p><p>52. FÍGADO, VIAS BILIARES, PÂNCREAS E BAÇO, 232</p><p>53. RINS, URETERES E GLÂNDULAS ADRENAIS, 235</p><p>54. PERITÔNIO, 238</p><p>55. NERVOS DA CAVIDADE DO ABDOME, 241</p><p>56. VASOS DA CAVIDADE DO ABDOME, 243</p><p>57. DISSECAÇÃO DA CAVIDADE PELVINA E DOS ÓRGÃOS GEN ITAIS</p><p>EXTERNOS, 251</p><p>58. ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS, 253</p><p>59. ÚBERE, 257</p><p>60. ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINOS, 259</p><p>61. BEXIGA URINÁRIA E PARTE TERMINAL DOS URETERES, 267</p><p>62. PARTE PELVINA DO PERITÔNIO, 268</p><p>63. NERVOS DA CAVIDADE PELVINA, 269</p><p>64. VASOS DA CAVIDADE PELVINA, 271</p><p>65. TEGUMENTO COMUM, 274</p><p>66. BIBLIOGRAFIA, 277</p><p>5</p><p>1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA VETERINÁRIA</p><p>1.1 Objetivo</p><p>A Anatomia Veterinária tem como objetivo estudar a conformação e a estrutura</p><p>macroscópica do corpo dos animais domésticos. Estes compreendem as espécies que,</p><p>por seu valor econômico, científico ou afetivo, são criadas pelo homem. Em nosso</p><p>meio, as principais espécies domésticas, considerando-se apenas mamíferos, são o</p><p>bovino, o equino, o suíno, o ovino, o caprino, o canino e o felino.</p><p>1.2 Nomenclatura anatômica veterinária</p><p>Compreende o conjunto de nomes ou termos utilizados para designar todas as</p><p>estruturas anatômicas presentes no corpo dos animais domésticos. Foi elaborada por</p><p>um comitê internacional de anatomistas veterinários e seus princípios básicos são os</p><p>seguintes:</p><p>-Cada estrutura anatômica deve ser designada por um único termo.</p><p>-Os termos são escritos em Latim, mas os anatomistas de cada país podem</p><p>traduzi-los para sua respectiva língua.</p><p>-Os termos devem ser, preferencialmente, informativos e descritivos. Exemplo:</p><p>músculo flexor superficial dos dedos.</p><p>-Estruturas intimamente relacionadas do ponto de vista topográfico, isto é,</p><p>situadas junto uma da outra em determinada região do corpo, devem possuir nomes</p><p>semelhantes. Exemplo: artéria femoral, veia femoral e nervo femoral.</p><p>-Os termos derivados de nomes próprios (epônimos) devem ser abolidos.</p><p>Exemplo: tendão de Aquiles, substituído por tendão calcanear comum.</p><p>1.3 Divisão do corpo do animal</p><p>O corpo do animal pode ser dividido nas seguintes partes fundamentais: cabeça,</p><p>pescoço, tronco, membros e cauda. O tronco compreende o tórax e o abdome. Os</p><p>membros incluem um par de membros torácicos (anteriores) e um par de membros</p><p>pelvinos (posteriores). O membro torácico compõe-se de quatro partes ou segmentos:</p><p>ombro (cintura escapular), braço, antebraço e mão. O membro pelvino também</p><p>compreende quatro segmentos: quadril (cintura pelvina), coxa, perna e pé.</p><p>1.4 Planos do corpo do animal</p><p>São planos imaginários que tangenciam ou cortam o corpo do animal, facilitando a sua</p><p>delimitação no espaço. Os principais planos utilizados para os animais domésticos são</p><p>os seguintes:</p><p>-Plano cranial: plano vertical que tangencia o crânio do animal.</p><p>-Plano caudal: plano vertical que tangencia a cauda do animal.</p><p>-Planos transversais: planos verticais que cortam o corpo do animal</p><p>paralelamente aos planos cranial e caudal.</p><p>-Plano dorsal: plano horizontal que tangencia o dorso do animal.</p><p>-Plano ventral: plano horizontal que tangencia o ventre do animal.</p><p>-Planos laterais direito e esquerdo: planos verticais que tangenciam cada lado</p><p>do corpo do animal.</p><p>6</p><p>-Plano mediano: plano vertical que passa pelo meio do corpo do animal,</p><p>dividindo-o em metades direita e esquerda (antímeros direito e esquerdo).</p><p>1.5 Termos indicativos de posição e direção</p><p>São termos utilizados para indicar a posição e direção de uma determinada estrutura no</p><p>corpo do animal. Os mais importantes, baseados</p><p>Entre as duas fossas etmoidais dispõe-se uma</p><p>elevação mediana em forma de crista, denominada crista galli (crista de galo).</p><p>6.7 Aparelho hióide</p><p>O aparelho hióide é uma cadeia de segmentos ósseos que se situa na transição entre a</p><p>cabeça e o pescoço, prendendo-se dorsalmente ao osso temporal e ventralmente à</p><p>lingua e à laringe. Comumente, ao se preparar o esqueleto, o aparelho hióide acaba se</p><p>desarticulando, o que dificulta seu estudo. Assim, torna-se mais conveniente estudá-lo</p><p>em peças dissecadas, juntamente com a língua e a laringe. Ele compreende um</p><p>segmento ímpar, denominado basi-hióide, e os seguintes segmentos pares: tíreo-</p><p>hióides, cérato-hióides, epi-hióides e estilo-hióides.</p><p>O basi-hióide é uma barra óssea disposta transversalmente na base da língua.</p><p>De sua porção mediana projeta-se rostralmente uma pequena expansão, o processo</p><p>lingual. A cada lado do basi-hióide prendem-se dois segmentos: um dirigido</p><p>caudalmente, o tireo-hióide, que se articula com a cartilagem tireóidea da laringe; outro</p><p>dirigido dorsalmente, o cérato-hióide. Este último une-se a um pequeno segmento</p><p>angular, o epi-hióide, o qual está por sua vez unido a um longo segmento dirigido</p><p>dorsocaudalmente, o estilo-hióide, que se prende no processo estilóide do temporal.</p><p>29</p><p>7. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ARTICULAÇÕES</p><p>7.1 Considerações gerais</p><p>Articulações são os meios pelos quais os ossos (em alguns casos, cartilagens) estão</p><p>unidos para formar o esqueleto. Além de sua função de união, um tipo especial de</p><p>articulação – a articulação sinovial – é constituída de modo a permitir o movimento de</p><p>um osso em relação a outro.</p><p>O termo grego para articulação é artron, daí derivando os termos artrologia</p><p>(estudo das articulações), artrite (inflamação da articulação), artrose (degeneração da</p><p>articulação), etc.</p><p>7.2 Classificação das articulações</p><p>De acordo com a natureza do meio de união entre as superfícies articulares dos ossos,</p><p>as articulações são classificadas em três tipos fundamentais: fibrosas, cartilagíneas e</p><p>sinoviais.</p><p>7.2.1 Articulações fibrosas</p><p>São aquelas em que a união entre ossos (ou cartilagens) é feita por tecido conjuntivo</p><p>fibroso. Três tipos de articulações fibrosas são reconhecidos:</p><p>a) Suturas: articulações fibrosas entre ossos do crânio. De acordo com o</p><p>aspecto da linha de união entre os ossos envolvidos, as suturas classificam-se em</p><p>planas (linha de união mais ou menos retilínea, como na sutura internasal), escamosas</p><p>(linha de união com sobreposição de uma borda óssea sobre outra, como na sutura</p><p>entre a lâmina horizontal do palatino e a maxila) e serreadas (linha de união em zig-zag,</p><p>como na sutura interfrontal). Nos animais mais velhos ocorre um processo de</p><p>ossificação progressiva das suturas, fazendo com que desapareçam os limites entre os</p><p>ossos envolvidos.</p><p>b) Sindesmoses: articulações fibrosas entre partes do esqueleto fora do crânio.</p><p>Como exemplo, no ruminante, pode ser citada a união entre o corpo do rádio e o corpo</p><p>da ulna e as uniões entre cartilagens costais. Com a idade, as sindesmoses tendem</p><p>também a se ossificar.</p><p>c) Gonfose: união fibrosa entre a raiz do dente e seu alvéolo. Não se trata, a</p><p>rigor, de uma articulação, já que os dentes não são elementos do esqueleto.</p><p>7.2.2 Articulações cartilagíneas</p><p>São aquelas em que a união entre ossos é feita por tecido cartilaginoso. Segundo a</p><p>natureza histológica da cartilagem de união, classificam-se em dois tipos:</p><p>a) Sincondroses: articulações cartilagíneas em que ossos estão unidos por</p><p>cartilagem hialina. Exemplos: sincondrose intermandibular, sincondrose esfeno-</p><p>occipital. Com a idade, as sincondroses frequentemente se ossificam.</p><p>b) Sínfises: articulações cartilagíneas em que ossos estão unidos por cartilagem</p><p>fibrosa. Como exemplos, citam-se a sínfise pelvina e as uniões entre os corpos das</p><p>vértebras (discos intervertebrais). A sínfise pelvina tende a ossificar-se com a idade.</p><p>7.2.3 Articulações sinoviais</p><p>30</p><p>São aquelas em que a união entre ossos é feita por uma estrutura membranosa</p><p>denominada cápsula articular. A cápsula articular delimita uma cavidade, denominada</p><p>cavidade articular, que contém um líquido lubrificante, denominado líquido sinovial.</p><p>Além de unir dois ou mais elementos ósseos, as articulações sinoviais possibilitam o</p><p>deslocamento de um em relação a outro, resultando isto em movimento dos segmentos</p><p>corporais. Em uma articulação sinovial estão presentes quatro elementos essenciais:</p><p>cápsula articular, cavidade articular, líquido sinovial e cartilagens articulares.</p><p>A cápsula articular é constituída por duas camadas: uma externa, denominada</p><p>membrana fibrosa, e outra interna, denominada membrana sinovial. A membrana</p><p>fibrosa é resistente, formada por tecido conjuntivo denso. A membrana sinovial é lisa,</p><p>brilhante e reveste internamente toda a cápsula articular. Em determinados pontos, a</p><p>membrana sinovial forma expansões, as pregas e vilos sinoviais, que se projetam no</p><p>interior da cavidade articular. A cápsula articular recebe bastante vascularização e</p><p>inervação.</p><p>O líquido sinovial, produzido pela membrana sinovial, é um fluido claro,</p><p>transparente e dotado de viscosidade, devido à presença de mucinas; contém também</p><p>albumina, sais, gotículas lipídicas e resíduos celulares. Sua função primordial é</p><p>lubrificar as superfícies articulares, de modo a reduzir o atrito e o desgaste entre elas.</p><p>Admite-se também que desempenha função no transporte de nutrientes para as</p><p>cartilagens articulares, que são avasculares, bem como na remoção de seus</p><p>catabólitos.</p><p>As cartilagens articulares são finas camadas de cartilagem hialina que revestem</p><p>a superfícies de contacto de um osso com outro. Elas são desprovidas de</p><p>vascularização e de inervação, mantendo-se lubrificadas pelo líquido sinovial.</p><p>Na grande maioria das articulações sinoviais, a função de união da cápsula</p><p>articular é reforçada pela presença de faixas resistentes de tecido conjuntivo fibroso, os</p><p>ligamentos. Existem ligamentos extra-capsulares e ligamentos intra-capsulares. Os</p><p>ligamentos extra-capsulares, como o nome indica, dispõem-se externamente à cápsula</p><p>articular. Já os ligamentos intra-capsulares são aqueles situados na intimidade da</p><p>articulação, internamente à cápsula articular.</p><p>Em algumas articulações sinoviais encontram-se, internamente à cápsula</p><p>articular, estruturas fibrocartilaginosas bicôncavas denominadas meniscos e discos</p><p>articulares, interpostos entre duas superfícis articulares mais ou menos convexas. Para</p><p>eles, admitem-se duas funções principais: amortecer as pressões exercidas sobre a</p><p>articulação; possibilitar uma melhor adaptação ou congruência de uma superfície</p><p>articular em relação à outra, facilitando o deslizamento entre elas. Meniscos são</p><p>encontrados na articulação do joelho, enquanto disco articular ocorre na articulação</p><p>temporomandibular.</p><p>Também no interior de uma articulação sinovial podem ser encontrados</p><p>acúmulos de tecido adiposo, revestidos por membrana sinovial, formando coxins mais</p><p>ou menos desenvolvidos, a exemplo do corpo adiposo infrapatelar, presente na</p><p>articulação do joelho.</p><p>Em algumas articulações sinoviais, a borda de uma superfície articular côncava</p><p>pode apresentar-se guarnecida por um anel de fibrocartilagem, formando uma estrutura</p><p>denominada lábio articular. Como exemplos, citam-se o lábio glenoidal, na cavidade</p><p>glenóide da escápula, e o lábio acetabular, no acetábulo do quadril.</p><p>31</p><p>7.2.4 Principais movimentos executados nas articula ções sinoviais</p><p>A principal característica das articulações sinoviais é permitir a realização de</p><p>movimentos entre os ossos articulados. Esses movimentos podem se classificar como:</p><p>a) Movimentos angulares: diminuição ou aumento do ângulo entre dois ossos</p><p>articulados. No primeiro caso, ocorre flexão; no segundo caso, extensão. Quando o</p><p>osso se aproxima do plano mediano, ocorre adução; quando se afasta do plano</p><p>mediano, ocorre abdução.</p><p>b) Rotação: um osso gira em torno de seu próprio eixo.</p><p>Quando a rotação se faz</p><p>em direção ao plano mediano, tem-se uma pronação; quando se faz em sentido oposto,</p><p>tem-se uma supinação. Estes movimentos são algo limitados nos ruminantes, mas</p><p>rotação típica ocorre na articulação entre o atlas e o áxis.</p><p>c) Circundução: movimento complexo, resultante da combinação dos</p><p>movimentos de adução, extensão, abdução, flexão e rotação. O extremo distal do osso</p><p>que se desloca descreve um círculo e o corpo do osso um cone, cujo vértice é a própria</p><p>articulação. Nas grandes espécies domésticas, a exemplo do bovino, este movimento é</p><p>bastante limitado.</p><p>7.2.5 Classificação funcional das articulações sino viais</p><p>De acordo com os movimentos realizados entre os ossos envolvidos, as articulações</p><p>classificam-se em três tipos:</p><p>a) Uni-axiais: permitem apenas flexão e extensão, ocorrendo na grande maioria</p><p>das articulações entre ossos dos membros.</p><p>b) Bi-axiais: permitem flexão e extensão, adução e abdução. Um exemplo típico</p><p>é a articulação temporomandibular.</p><p>c) Tri-axiais: permitem flexão, extensão, adução, abdução, rotação e, resultando</p><p>da combinação de todos, circundução. Um exemplo típico é a articulação do quadril.</p><p>7.2.6 Classificação morfológica das articulações si noviais</p><p>De acordo com o número de ossos envolvidos, as articulações classificam-se em</p><p>simples (dois ossos articulados) e compostas (três ou mais ossos articulados). Ainda,</p><p>segundo a forma das superfícies articulares dos ossos envolviedos, as articulações</p><p>classificam-se nos seguintes tipos principais:</p><p>a) Plana: articulação em que as superfícies articulares são planas ou</p><p>ligeiramente curvas, permitindo apenas deslizamento de uma sobre a outra, em</p><p>qualquer direção. Exemplo: articulação entre os ossos do carpo.</p><p>b) Gínglimo: articulação que permite apenas movimentos angulares de flexão e</p><p>extensão, à maneira de dobradiça. O nome, no caso, não se refere à morfologia das</p><p>superfícies articulares, mas à aparência do movimento executado. Exemplo: articulação</p><p>do cotovelo.</p><p>c) Trocóide (cilindróide): articulação em que as superfícies articulares são</p><p>segmentos de cilindro, permitindo movimentos de rotação. Exemplo: articulação entre o</p><p>atlas e o dente do áxis.</p><p>d) Condilar: articulação em que uma superfície articular ovóide, o côndilo, se</p><p>aloja em uma cavidade de contorno elíptico. É do tipo bi-axial, permitindo flexão e</p><p>extensão, adução e abdução. Exemplo: articulação temporomandibular.</p><p>e) Esferóide: articulação em que uma das superfícies articulares é um segmento</p><p>de esfera e a oposta é uma concavidade de contorno circular na qual a primeira se</p><p>32</p><p>encaixa. É do tipo tri-axial, permitindo movimentos de flexão, extensão, adução,</p><p>abdução, rotação e circundução. Exemplos: articulação entre a cavidade glenóide da</p><p>escápula e a cabeça do úmero (ombro) e articulação entre o acetábulo do e a cabeça</p><p>do fêmur (quadril).</p><p>8. ARTICULAÇÕES</p><p>33</p><p>Neste capítulo, serão descritas as principais articulações encontradas nas diferentes</p><p>partes do corpo dos ruminantes.</p><p>8.1 Articulações do membro torácico</p><p>8.1.1 Articulação do ombro</p><p>É a articulação simples entre a cavidade glenóide da escápula e a cabeça do úmero. É</p><p>do tipo esferóide e tri-axial, permitindo movimentos de flexão, extensão, adução,</p><p>abdução, rotação e circundução. Os quatro últimos movimentos são, no entanto,</p><p>bastante limitados pela massa muscular adjacente. Nesta articulação, a união entre as</p><p>extremidades ósseas é mantida apenas pela cápsula articular e pelos músculos e</p><p>tendões que a cruzam, não existindo ligamentos. A borda da cavidade glenóide é</p><p>guarnecida por um anel de fibrocartilagem, o lábio glenoidal.</p><p>8.1.2 Articulação do cotovelo</p><p>Esta articulação composta envolve a tróclea e o capítulo do úmero, as duas superfícies</p><p>articulares da cabeça do rádio e a incisura troclear do olécrano. É do tipo gínglimo e</p><p>uni-axial, permitindo apenas movimentos de flexão e extensão. Além da cápsula</p><p>articular, as extremidades do úmero e do rádio são mantidas unidas por dois</p><p>ligamentos: ligamento colateral lateral, que se estende do epicôndilo lateral do úmero à</p><p>face lateral da cabeça do rádio, e ligamento colateral medial, que une o epicôndilo</p><p>medial do úmero à face medial da cabeça do rádio. A cabeça e o colo do rádio estão</p><p>por sua vez unidos à ulna por feixes de tecido conjuntivo fibroso, que se denominam em</p><p>conjunto membrana interóssea do antebraço. No bovino, este tecido conjuntivo</p><p>comumente se ossifica no adulto.</p><p>8.1.3 Articulação do carpo</p><p>É uma articulação composta que envolve a extremidade distal do rádio e da ulna, os</p><p>ossos do carpo e a base do osso metacárpico III + IV. Esses elementos estão</p><p>envolvidos por uma cápsula articular comum, que se prende proximalmente na</p><p>extremidade distal do rádio e da ulna e distalmente na base do metacárpico III + IV.</p><p>A articulação do carpo apresenta dois ligamentos colaterais: ligamento colateral</p><p>lateral, que se estende do processo estilóide da ulna à face lateral da base do</p><p>metacárpico III + IV; ligamento colateral medial, mais largo que o lateral, unindo a face</p><p>medial da extremidade distal do rádio à face medial da base do metacárpico III + IV. Na</p><p>face dorsal da articulação do carpo encontram-se vários ligamentos: ligamento</p><p>radiocárpico dorsal, unindo o rádio à fileira proximal dos ossos do carpo; ligamentos</p><p>intercárpicos dorsais, unindo entre si os ossos do carpo; ligamentos carpometacárpicos</p><p>dorsais, unindo os ossos da fileira distal do carpo ao metacárpico III + IV.</p><p>Correspondentemente, na face palmar do carpo existem os ligamentos radiocárpico</p><p>palmar, intercárpicos palmares e carpometacárpicos palmares, difíceis de serem</p><p>individualizados devido à grande espessura da cápsula articular nesta área. Finalmente,</p><p>existem vários ligamentos intercárpicos interósseos, que unem entre si as faces de</p><p>contacto dos ossos do carpo.</p><p>Considerada como um todo, a articulação do carpo funciona, nos ruminantes,</p><p>como um gínglimo e é uni-axial, permitindo apenas flexão e extensão. Entre os ossos</p><p>34</p><p>cárpicos e o metacárpico III + IV, no entanto, as articulações são planas, permitindo</p><p>ligeiro deslizamento de uma superfície sobre outra.</p><p>8.1.4 Articulação metacarpofalângica</p><p>É uma articulação composta que envolve as duas trócleas do osso metacárpico III + IV,</p><p>as superfícies articulares proximais das falanges proximais e os quatro ossos</p><p>sesamóides proximais. É do tipo gínglimo e uni-axial, permitindo apenas flexão e</p><p>extensão.</p><p>Nesta articulação existem inúmeros ligamentos , além do músculo interósseo,</p><p>que, nos ruminantes, é quase que exclusivamente tendíneo e funciona como um</p><p>ligamento, fazendo parte do sistema passivo de suporte do corpo do animal. Os</p><p>principais ligamentos a serem identificados nesta articulação são os seguintes:</p><p>ligamentos colaterais, unindo, a cada lado, a extremidade distal do metacárpico III + IV</p><p>à face abaxial da falange proximal; ligamentos sesamóideos colaterais, que unem cada</p><p>osso sesamóide proximal abaxial à face abaxial da falange proximal do mesmo lado;</p><p>ligamento intersesamóideo interdigital, que une entre si os dois ossos sesamóides</p><p>proximais axiais; ligamentos falangosesamóideos interdigitais, que unem a falange</p><p>proximal de cada dedo aos ossos sesamóides proximais do dedo oposto; ligamento</p><p>interdigital proximal, que une entre si as faces axiais das falanges proximais dos dedos</p><p>III e IV, cruzando o espaço interdigital..</p><p>8.1.5 Articulação interfalângica proximal</p><p>É a articulação entre as falanges proximal e média de cada dedo principal. É do tipo</p><p>gínglimo e uni-axial, permitindo movimentos de flexão e extensão. Seus ligamentos</p><p>principais são os ligamentos colaterais, que unem , a cada lado, a face abaxial da</p><p>falange proximal à face abaxial da falange média.</p><p>8.1.6 Articulação interfalângica distal</p><p>Envolve a extremidade distal da falange média, a extremidade proximal da falange</p><p>distal e o osso</p><p>sesamóide distal, estando parcialmente contida dentro do casco. É do</p><p>tipo gínglimo, uni-axial, mas seus movimentos de flexão e extensão são obviamente</p><p>limitados pela presença do casco. Esta articulação inclui vários ligamentos, destacando-</p><p>se entre eles: ligamento interdigital distal, que cruza o espaço interdigital, unindo a</p><p>falange média de cada dedo principal ao osso sesamóide distal do dedo oposto;</p><p>ligamentos colaterais, que unem, a cada lado, a face abaxial da falange média à face</p><p>parietal da falange distal.</p><p>8.2 Articulações do membro pelvino</p><p>8.2.1 Articulação sacro-ilíaca</p><p>É a articulação entre a face sacropelvina da asa do ílio e a asa do sacro. É do tipo</p><p>plana, mas no adulto suas superfícies articulares apresentam-se rugosas e sua</p><p>mobilidade é muito reduzida. Sua cápsula articular é reforçada, nos contornos ventral e</p><p>dorsal, por condensações de tecido conjuntivo fibroso, os ligamentos sacro-ilíaco</p><p>ventral e sacro-ilíaco dorsal, respectivamente.</p><p>35</p><p>O osso do quadril está também unido ao sacro e às primeiras vértebras</p><p>coccígeas pelo ligamento sacrotuberal. Este é uma extensa e resistente lâmina fibrosa,</p><p>de aspecto brilhante, que se prende dorsalmente no sacro e nas primeiras vértebras</p><p>coccígeas e ventralmente na espinha isquiádica e no túber isquiádico. O ligamento</p><p>sacrotuberal constitui grande parte da parede lateral da cavidade pelvina, mas</p><p>apresenta-se vasado junto à incisura isquiádica maior e junto à incisura isquiádica</p><p>menor, formando-se nestes dois pontos os forames isquiádicos maior e menor,</p><p>respectivamente.</p><p>Os pubes e ísquios estão unidos, no plano mediano, aos seus correspondentes</p><p>do lado oposto por meio de cartilagem fibrosa, constituindo esta união a sínfise pelvina.</p><p>Com a idade, a sínfise pelvina tende a ossificar-se.</p><p>8.2.2 Articulação do quadril</p><p>É a articulação entre o acetábulo do quadril e a cabeça do fêmur. Constitui uma típica</p><p>articulação esferóide e tri-axial, permitindo movimentos de flexão, extensão, adução,</p><p>abdução, rotação e circundução. Sua cápsula articular prende-se proximalmente na</p><p>borda do acetábulo e distalmente no colo do fêmur. Apresenta um ligamento</p><p>intracapsular, denominado ligamento da cabeça do fêmur, que se prende</p><p>proximalmente na fossa do acetábulo e distalmente na fóvea da cabeça do fêmur.</p><p>A borda do acetábulo é guarnecida por um espesso anel de fibrocartilagem,</p><p>denominado lábio acetabular. A porção do lábio acetabular que cruza a incisura do</p><p>acetábulo recebe o nome de ligamento transverso do acetábulo.</p><p>8.2.3 Articulação do joelho</p><p>É uma articulação composta que envolve a extremidade distal do fêmur, a patela e a</p><p>extremidade proximal da tíbia e da fíbula. Considerada como um todo, é do tipo</p><p>gínglimo e uni-axial, permitindo quase que exclusivamente flexão e extensão. Pode ser</p><p>dividida em duas porções: articulação femoropatelar e articulação femorotibial.</p><p>A articulação femoropatelar faz-se entre a tróclea do fêmur e a superfície</p><p>articular da patela. A patela está presa ao fêmur por dois ligamentos: ligamento</p><p>femoropatelar lateral, que se estende da borda lateral da patela até o epicôndilo lateral</p><p>do fêmur; ligamento femoropatelar medial, que une a borda medial da patela (ou a</p><p>cartilagem da patela) a uma área acima do epicôndilo medial do fêmur. Distalmente, a</p><p>patela prende-se à tuberosidade da tíbia por três potentes faixas fibrosas, os ligamentos</p><p>patelares lateral, intermédio e medial. Nos pequenos ruminantes, estes três ligamentos</p><p>encontram-se fundidos numa estrutura única, denominada apenas ligamento patelar.</p><p>A articulação femorotibial é aquela entre os côndilos do fêmur e os côndilos da</p><p>tíbia. Entre estas superfícies articulares interpõem-se dois discos de fibrocartilagem, os</p><p>meniscos lateral e medial, bem desenvolvidos e unidos à tíbia e ao fêmur por vários</p><p>ligamentos. Dois ligamentos extra-capsulares unem o fêmur à tíbia e fíbula: ligamento</p><p>colateral lateral, que se estende do epicôndilo lateral do fêmur à face lateral da cabeça</p><p>da fíbula; ligamento colateral medial, que une o epicôndilo medial do fêmur à face</p><p>medial da extremidade proximal da tíbia. Entre os ligamentos intra-capsulares, os mais</p><p>importantes são os seguintes: ligamento meniscofemoral, que se estende da face</p><p>caudal do menisco lateral ao côndilo medial do fêmur; ligamento cruzado cranial, que se</p><p>estende da eminência intercondilar da tíbia ao côndilo lateral do fêmur; ligamento</p><p>cruzado caudal, que cruza com o anterior, estendendo-se da incisura poplítea da tíbia à</p><p>fossa intercondilar do fêmur.</p><p>36</p><p>Distalmente à patela encontra-se um acúmulo de tecido adiposo, o corpo</p><p>adiposo infrapatelar, situado profundamente aos ligamentos patelares; nas peças</p><p>preparadas ele é geralmente retirado para visualização dos ligamentos intra-capsulares.</p><p>8.2.4 Articulação do tarso</p><p>É também uma articulação composta, funcionando em conjunto como um gínglimo e</p><p>permitindo movimentos quase que somente de flexão e extensão. A articulação do tarso</p><p>engloba a cóclea da tíbia, o osso maleolar, os ossos do tarso e a base do metatársico</p><p>III + IV. Todos esses elementos estão envolvidos por uma cápsula articular comum,</p><p>que se prende proximalmente na extremidade distal da tíbia e distalmente na base do</p><p>metatársico III + IV.</p><p>A cada lado da articulação do tarso dispõem-se dois ligamentos colaterais, um</p><p>longo e outro curto. Os ligamentos colaterais laterais longo e curto originam-se na face</p><p>lateral da extremidade distal da tíbia e no osso maleolar; o ligamento colateral lateral</p><p>longo estende-se distalmente até a base do metatársico III + IV, enquanto o ligamento</p><p>colateral lateral curto dirige-se para trás, indo inserir-se em sua maior parte no</p><p>calcâneo. Os ligamentos colaterais mediais longo e curto originam-se no maléolo</p><p>medial da tíbia; o ligamento colateral medial longo insere-se no osso centroquarto e o</p><p>ligamento colateral medial curto prende-se no tálus e calcâneo. Além destes, uma</p><p>espessa faixa fibrosa, o ligamento plantar longo do tarso, estende-se desde a face</p><p>plantar do calcâneo até a face plantar da base do metatársico III + IV, reforçando a</p><p>articulação em seu aspecto plantar.</p><p>Os demais ligamentos da articulação do tarso são numerosos, unindo entre si os</p><p>ossos do tarso e estes ao metatársico III + IV. Sua denominação baseia-se nos ossos</p><p>interligados e eles não precisam ser identificados.</p><p>8.2.5 Articulações metatarsofalângica e interfalâng icas</p><p>São semelhantes às correspondentes do membro torácico.</p><p>8.3 Articulações da cabeça</p><p>A única articulação sinovial presente na cabeça é a articulação temporomandibular,</p><p>entre a parte escamosa do temporal (tubérculo articular) e a cabeça da mandíbula.</p><p>Entre as duas superfícies articulares dispõe-se uma estrutura fibrocartilagínea, o disco</p><p>articular, cuja borda está aderida à cápsula articular. Esta última é reforçada por dois</p><p>ligamentos, um lateral e outro caudal, ambos pouco desenvolvidos. É uma articulação</p><p>do tipo condilar, bi-axial, permitindo movimentos de flexão, extensão e lateralidade. É</p><p>bastante móvel e tem grande importância nos processos de mastigação e ruminação.</p><p>As demais articulações entre ossos do crânio são, em sua maioria, suturas.</p><p>Estas são de vários tipos (plana, escamosa, serreada) e recebem seus nomes de</p><p>acordo com os dois ossos unidos: sutura frontonasal, sutura internasal, sutura</p><p>temporoparietal, etc. Sincondroses (uniões por cartilagem hialina) são encontradas</p><p>entre os corpos das mandíbulas (sincondrose intermandibular), entre a parte basilar do</p><p>occipital e o basi-esfenóide (sincondrose esfeno-occipital), e entre o basi-esfenóide e o</p><p>pré-esfenóide (sincondrose interesfenoidal). Tanto as suturas como as sincondroses</p><p>tendem a ossificar-se com o avançar da idade.</p><p>8.4 Articulações da coluna vertebral</p><p>37</p><p>Ao longo da coluna vertebral, os corpos de vértebras adjacentes estão unidos entre si</p><p>por discos de cartilagem fibrosa denominados discos intervertebrais. Cada disco</p><p>intervertebral é formado</p><p>por um anel periférico de cartilagem fibrosa e uma área central</p><p>de consistência mole, o núcleo pulposo. Este último é um remanescente da notocorda,</p><p>sendo constituído por tecido conjuntivo do tipo mucoso. Além dos discos intervertebrais,</p><p>a união entre os corpos vertebrais é reforçada pelos ligamentos longitudinais dorsal e</p><p>ventral. O ligamento longitudinal dorsal dispõe-se ao longo das faces dorsais dos</p><p>corpos das vértebras e discos intervertebrais, estendendo-se desde o áxis até o sacro.</p><p>O ligamento longitudinal ventral une as superfícies ventrais dos corpos vertebrais e</p><p>discos intervertebrais, estendendo-se da região torácica ao sacro; é particularmente</p><p>bem desenvolvido nas vértebras lombares.</p><p>Os arcos vertebrais estão unidos entre si por meio de articulações sinoviais que</p><p>envolvem os processos articulares caudais de uma vértebra e os processos articulares</p><p>craniais da vértebra subsequente.</p><p>Os processos espinhosos das vértebras estão unidos entre si pelos ligamentos</p><p>supra-espinhoso e interespinhosos. O ligamento supra-espinhoso une os ápices dos</p><p>processos espinhosos, estendendo-se ao longo de toda a coluna vertebral. Os</p><p>ligamentos interespinhosos são lâminas fibro-elásticas que unem cada processo</p><p>espinhoso ao subsequente, ocluindo os espaços entre eles.</p><p>O ligamento da nuca é um potente ligamento fibro-elástico, de coloração</p><p>amarelada, que se prende cranialmente na protuberância occipital externa e nos</p><p>processos espinhosos das vértebras cervicais e caudalmente nos processos</p><p>espinhosos das vértebras torácicas. Sua principal função é auxiliar na manutenção da</p><p>cabeça e do pescoço erectos. Ele é dividido em duas porções: funículo da nuca e</p><p>lâmina da nuca. O funículo da nuca é um cordão espesso que se estende</p><p>longitudinalmente da protuberância occipital externa até os processos espinhosos das</p><p>vértebras torácicas; ele desaparece nas vértebras lombares fundindo-se com o</p><p>ligamento supra-espinhoso. A lâmina da nuca é uma lâmina vertical que une o funículo</p><p>da nuca aos processos espinhosos das vértebras cervicais, exceto o atlas; dispõe-se no</p><p>plano mediano, separando os lados direito e esquerdo da musculatura dorsal do</p><p>pescoço.</p><p>As articulações intervertebrais permitem movimentos de flexão dorsal, flexão</p><p>ventral, flexão lateral e rotação. Entre uma vértebra e outra estes movimentos são</p><p>pequenos, mas de sua soma resultam movimentos consideráveis de um segmento da</p><p>coluna em relação a outro. As vértebras cervicais e coccígeas são as que se</p><p>movimentam mais livremente.</p><p>A articulação atlanto-occipital envolve os côndilos do occipital e as fóveas</p><p>articulares craniais do atlas. Morfologicamente, é do tipo condilar, mas na realidade</p><p>funciona como um gínglimo, permitindo quase que só flexão e extensão da cabeça;</p><p>pequenos movimentos de lateralidade podem, no entanto, ocorrer. As duas cápsulas</p><p>articulares são reforçadas pela presença das membranas atlanto-occipitais dorsal e</p><p>ventral, que unem, respectivamente, as bordas dorsal e ventral do forame magno aos</p><p>arcos dorsal e ventral do atlas. Além destas, há os ligamentos laterais, que se prendem</p><p>cranialmente nos processos jugulares do occipital e caudalmente nas bordas das asas</p><p>do atlas.</p><p>A articulação atlanto-axial envolve, de um lado, as fóveas articulares caudais e a</p><p>fóvea do dente do atlas e, de outro, os processos articulares craniais e o dente do áxis.</p><p>É uma típica articulação cilindróide, funcionando o dente do áxis como o eixo de rotação</p><p>do atlas e, por extensão, da cabeça. Além da cápsula articular, as superf'ícies</p><p>38</p><p>articulares são mantidas unidas por vários ligamentos, entre eles o ligamento atlanto-</p><p>axial dorsal, que se estende do tubérculo dorsal do atlas ao processo espinhoso do áxis</p><p>e o ligamento longitudinal do dente, que une a face dorsal do dente do áxis a uma área</p><p>rugosa na superfície dorsal do arco ventral do atlas.</p><p>8.5 Articulações costovertebrais</p><p>Compreendem duas articulações separadas: articulação da cabeça da costela e</p><p>articulação costotransversal. São ambas articulações sinoviais, dotadas de cápsula</p><p>articular e ligamentos. Na articulação da cabeça da costela encontram-se dois</p><p>ligamentos: radiado e intra-articular. O ligamento radiado estende-se do colo da costela</p><p>aos corpos de duas vértebras adjacentes e ao disco intervertebral. O ligamento intra-</p><p>articular une a cabeça da costela à face dorsal do corpo da vértebra correspondente.</p><p>Na articulação costotransversal, o processo transverso de cada vértebra está unido ao</p><p>tubérculo da costela pelo ligamento costotransversal, bem evidente.</p><p>Nas articulações costovertebrais, o movimento executado, quando as costelas</p><p>se expandem na inspiração, é o de rotação em torno de um eixo que passa pelo centro</p><p>da cabeça e pelo tubérculo da costela.</p><p>8.6 Articulações costocondrais, esternocostais e in teresternebrais</p><p>As costelas estão unidas às respectivas cartilagens costais por articulações fibrosas.</p><p>No bovino, no entanto, as articulações costocondrais das costelas II a XI são sinoviais.</p><p>Entre as cartilagens costais e o esterno, as articulações são também sinoviais, de modo</p><p>a permitir rotação das cartilagens quando as costelas se expandem. As últimas</p><p>cartilagens costais, por sua vez, estão unidas entre si por tecido fibro-elástico,</p><p>formando o arco costal.</p><p>As estérnebras estão unidas uma à outra por cartilagem hialina, constituindo</p><p>estas uniões as sincondroses interesternebrais, que tendem a se ossificar no adulto.</p><p>Entre o manúbrio e o corpo do esterno, no entanto, a articulação é do tipo sinovial.</p><p>39</p><p>9. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MÚSCULOS</p><p>9.1 Considerações gerais</p><p>Os músculos constituem a parte ativa do sistema locomotor, sendo os órgãos</p><p>responsáveis pelos movimentos que os animais são capazes de realizar. Tais</p><p>movimentos resultam da contração de células altamente especializadas, as fibras</p><p>musculares.</p><p>Baseando-se no tipo de fibras musculares que os formam, os músculos são</p><p>classificados, do ponto de vista morfológico e fisiológico, em três categorias: músculo</p><p>liso, músculo esquelético e músculo cardíaco.</p><p>O músculo liso é encontrado na parede de vísceras, na parede de vasos e em</p><p>alguns outros órgãos, como a pele (músculo eretor do pelo) e o bulbo do olho</p><p>(músculos ciliar e esfíncter da pupila). O movimento resultante de sua contração é lento</p><p>e de controle involuntário.</p><p>Os músculos esqueléticos são aqueles que, em sua grande maioria, se prendem</p><p>em partes do esqueleto, resultando de sua contração movimentos de porções mais ou</p><p>menos amplas do corpo. Sua contração, geralmente vigorosa e rápida, ocorre sob</p><p>controle voluntário.</p><p>O músculo cardíaco é um tipo especial de musculatura estriada encontrado na</p><p>parede do coração. Sua contração, rítmica e vigorosa, tem controle involuntário.</p><p>O termo grego para músculo é myos, daí se originando termos como miologia</p><p>(estudo dos músculos), miosite (inflamação do músculo), mialgia (dor muscular), etc. Já</p><p>o termo latino musculus provavelmente se originou do fato de a contração muscular</p><p>lembrar o correr de um camundongo (mus) sob a pele.</p><p>9.2 Músculos esqueléticos</p><p>9.2.1 Localização</p><p>Em sua grande maioria, os músculos esqueléticos apresentam-se bem individualizados,</p><p>dispondo-se ao longo do esqueleto e cruzando uma ou mais articulações. Da contração</p><p>destes músculos resulta o movimento dos segmentos ósseos nos quais se prendem.</p><p>Alguns músculos esqueléticos, no entanto, não se encontram diretamente ligados ao</p><p>esqueleto, mas são superficiais e estão presos à pele. São os chamados músculos</p><p>cutâneos e sua contração provoca, nesses casos, o movimento da própria pele. Há</p><p>ainda outros músculos esqueléticos que se encontram guarnecendo orifícios naturais</p><p>de vísceras, a exemplo do músculo orbicular da boca e o músculo esfíncter externo do</p><p>ânus.</p><p>9.2.2 Estrutura macroscópica</p><p>Em um músculo esquelético típico distinguem-se o ventre e os tendões. O ventre é a</p><p>parte média, carnosa, formada por feixes de fibras musculares, mantidos unidos por</p><p>tecido</p><p>conjutivo frouxo. Os tendões são as extremidades, formadas por tecido</p><p>conjuntivo denso, pelas quais o músculo se prende nos ossos ou cartilagens. Tendões</p><p>típicos apresentam-se como estruturas alongadas, algumas vezes cordonais, de</p><p>coloração esbranquiçada e muito resistentes. Em músculos largos e laminares, no</p><p>40</p><p>entanto, os tendões apresentam-se sob a forma de lâminas largas e finas, passando a</p><p>denominar-se então aponeuroses.</p><p>9.2.3 Origem e inserção</p><p>Considera-se como origem a extremidade proximal de um músculo e como inserção a</p><p>sua extremidade distal. Isto é válido para os músculos dos membros, mas em outras</p><p>regiões do corpo, como por exemplo no pescoço e no tronco, a determinação da</p><p>origem e da inserção de um músculo obedece a critérios puramente convencionais.</p><p>9.2.4 Bainhas sinoviais e bolsas sinoviais</p><p>Em determinados locais, especialmente nos membros, os tendões correm em estreito</p><p>contato com extensas superfícies ósseas. Nesses locais, formam-se então, em torno</p><p>dos tendões, estruturas saculares alongadas, as bainhas sinoviais, dotadas de uma</p><p>parede membranácea conjuntivo-sinovial e contendo em sua cavidade um líquido</p><p>semelhante ao líquido sinovial. Estas bainhas facilitam o deslizamento dos tendões pela</p><p>redução do atrito entre eles e as superfícies ósseas. Elas são bastante vascularizadas e</p><p>podem ocasionalmente inflamar-se, sendo a inflamação das bainhas sinoviais</p><p>denominada tenossinovite.</p><p>As bolsas sinoviais são também estruturas saculares de parede conjuntivo-</p><p>sinovial e contendo líquido do tipo sinovial, porém situadas entre um tendão e uma</p><p>saliência óssea ou entre a pele e uma saliência óssea. À semelhança das bainhas, as</p><p>bolsas sinoviais auxiliam nos movimentos pela diminuição do atrito entre as partes em</p><p>contato. A inflamação das bolsas sinoviais denomina-se bursite.</p><p>9.2.5 Fáscias</p><p>As fáscias são lâminas de tecido conjuntivo, de coloração esbranquiçada, que</p><p>envolvem os músculos, nas diferentes regiões do corpo. Elas funcionam como bainhas</p><p>para contenção dos músculos, mantendo-os em sua posição e assim tornando mais</p><p>eficiente a ação muscular. Distinguem-se uma fáscia superficial e uma fáscia profunda.</p><p>A fáscia superficial, também conhecida como tela subcutânea, é a camada de tecido</p><p>conjuntivo situada logo abaixo da pele, recobrindo em conjunto os músculos de uma</p><p>determinada região do corpo. Dependendo do estado nutricional do animal, nela se</p><p>acumula maior ou menor quantidade de tecido adiposo. Já a fáscia profunda</p><p>compreende lâminas conjuntivas mais densas e brilhantes que envolvem diretamente</p><p>os músculos, separando-os uns dos outros por meio de septos intermusculares. As</p><p>fáscias constituem meios pelos quais os nervos e vasos atingem os músculos.</p><p>9.2.6 Nomenclatura</p><p>Os músculos esqueléticos são denominados baseando-se em critérios variados, tais</p><p>como: sua posição no esqueleto (braquiocefálico, intercostais, peitorais, iliocostal, etc.);</p><p>sua forma (trapézio, rombóide, serrátil, deltóide, piriforme, etc.); direção de suas fibras</p><p>(reto, oblíquo, transverso, etc.); número de suas cabeças (bíceps, tríceps, quadríceps);</p><p>número de seus ventres (digástrico); ação que executa (flexor, extensor, adutor, tensor,</p><p>etc.).</p><p>9.2.7 Irrigação e inervação</p><p>41</p><p>Os músculos esqueléticos são irrigados por ramos provenientes de artérias que correm</p><p>em suas imediações, numa determinada região do corpo. Esses ramos arteriais utilizam</p><p>as fáscias e septos intermusculares para atingirem de modo eficiente os músculos,</p><p>ramificando-se profusamente no interior destes. O mesmo ocorre com o suprimento</p><p>nervoso, a cargo de nervos ou ramos de nervos específicos, nos quais se encontram</p><p>fibras nervosas tanto motoras como sensitivas. As fibras nervosas motoras são aquelas</p><p>encarregadas de levar às fibras musculares propriamente ditas o estímulo necessário</p><p>para a sua contração. As fibras nervosas sensitivas provêm de receptores situados no</p><p>interior dos músculos e tendões. Entre esses receptores, destacam-se os fusos</p><p>neuromusculares e fusos neurotendíneos, responsáveis pela informação sobre o grau</p><p>de contração muscular e de tensão dos tendões.</p><p>Tanto a irrigação como a inervação são essenciais para o funcionamento normal</p><p>dos músculos. A falta de irrigação leva obviamente à degeneração e morte de fibras</p><p>musculares. Já a privação do estímulo nervoso provoca perda de função e consequente</p><p>atrofia do músculo.</p><p>42</p><p>10. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS VASOS</p><p>10.1 Considerações gerais</p><p>Os vasos constituem parte do sistema cardiovascular ou circulatório, que tem como</p><p>órgão central o coração. O estudo particularizado do coração será feito com os órgãos</p><p>da cavidade do tórax, reservando-se o presente item para abordar aspectos gerais</p><p>sobre os vasos sanguíneos e o sistema linfático.</p><p>10.2 Vasos sanguíneos</p><p>Os vasos sanguíneos formam uma extensa rede tubular fechada, no interior da qual</p><p>circula o sangue para todas as partes do organismo. Eles são classificados, de acordo</p><p>com a constituição de sua parede e o sentido do fluxo do sangue em relação ao</p><p>coração, em artérias, capilares e veias.</p><p>10.2.1 Artérias</p><p>São os vasos encarregados de levar o sangue do coração para os órgãos e tecidos. No</p><p>animal vivo, as artérias apresentam parede de coloração amarelada, possuem pulsação</p><p>característica e, quando seccionadas, deixam o sangue sair em jatos rítmicos. No</p><p>cadáver, apresentam parede esbranquiçada, estão vazias e seu lume mantém-se</p><p>patente. De acordo com seu diâmetro e as características estruturais de sua parede,</p><p>elas podem ser classificadas em artérias de grande calibre, artérias de médio e</p><p>pequeno calibre e arteríolas.</p><p>As artérias de grande calibre caracterizam-se por possuir grande quantidade de</p><p>fibras elásticas em sua parede, daí advindo sua típica coloração amarelada e sua</p><p>denominação de artérias elásticas. A aorta, o tronco braquiocefálico e o tronco</p><p>pulmonar são exemplos de artérias deste tipo.</p><p>As artérias de médio e pequeno calibre possuem em sua parede, além de fibras</p><p>elásticas, uma grande quantidade fibras musculares lisas, sendo por isto denominadas</p><p>artérias musculares. Elas são as mais numerosas e as responsáveis pela distribuição</p><p>do sangue por todo o corpo.</p><p>As arteríolas são as últimas divisões das artérias, ocorrendo geralmente no</p><p>interior dos órgãos. Sua parede é constituída predominantemente por fibras musculares</p><p>lisas.</p><p>Em seu percurso, as artérias vão se ramificando progressivamene, de modo a</p><p>distribuir com eficiência o sangue necessário para os órgãos e tecidos. Existem vários</p><p>tipos de ramificação arterial: ramos terminais, quando os ramos emitidos por um tronco</p><p>arterial são as suas divisões finais, deixando o tronco arterial de existir como tal; ramos</p><p>colaterais, quando os ramos são emitidos sucessivamente por um tronco arterial,</p><p>continuando este o seu percurso após a emissão de cada ramo; ramos recorrentes,</p><p>quando os ramos são emitidos em sentido oposto ao do tronco arterial do qual se</p><p>originam, etc.</p><p>43</p><p>10.2.2 Capilares</p><p>Os capilares são vasos sanguíneos microscópicos ramificados a partir das arteríolas e</p><p>que formam extensas redes no interior dos órgãos e tecidos. Sua parede é uma</p><p>membrana semi-permeável, através da qual ocorre a passagem de oxigênio e</p><p>nutrientes do sangue para os tecidos e de gás carbônico e resíduos do metabolismo</p><p>dos tecidos para o sangue. A densidade de capilares varia de um órgão para outro,</p><p>sendo mais abundantes nos órgãos de atividade funcional mais intensa, como o rim, o</p><p>fígado e outros. Alguns órgãos e tecidos, no entanto, são desprovidos de capilares,</p><p>ocorrendo isto na epiderme, na córnea, na lente e nas cartilagens hialinas.</p><p>10.2.3 Veias</p><p>As veias são os vasos que transportam o sangue dos tecidos e órgãos para o coração.</p><p>O sistema venoso inicia-se com as vênulas, pequenos vasos que recolhem o sangue</p><p>das redes capilares. As vênulas confluem para formar as veias, que se tornam cada vez</p><p>mais calibrosas à medida que se aproximam do coração.</p><p>A parede das veias é mais</p><p>delgada que a das artérias correspondentes, sendo sua túnica média pobre fibras</p><p>musculares lisas e em tecido elástico. No animal vivo, as veias, ao serem seccionadas,</p><p>deixam fluir lentamente o sangue, cuja coloração mais escura contrasta com o</p><p>vermelho vivo do sangue arterial. No cadáver, as veias apresentam-se como vasos de</p><p>parede semi-transparente, colabadas e com restos de sangue coagulado em seu</p><p>interior.</p><p>Da superfície interna da parede das veias projetam-se, de espaço em espaço ao</p><p>longo de seu trajeto, delicadas pregas denominadas válvulas, formadas pelo endotélio.</p><p>Estas válvulas servem para auxiliar o retorno do sangue venoso ao coração. Para este</p><p>retorno, contribuem também a contração de músculos adjacentes às veias,</p><p>comprimindo-as, e a vis a tergo (força de trás) exercida pelo próprio fluxo sanguíneo.</p><p>10.2.4 Anastomoses</p><p>Denomina-se anastomose a união entre duas artérias ou entre duas veias.</p><p>Anastomoses arteriais são comumente encontradas nos membros, em vísceras e na</p><p>base do encéfalo. Tais anastomoses são importantes para garantir o fluxo de sangue</p><p>necessário para um determinado órgão ou região do corpo.</p><p>Existe um tipo especial de anastomose que se faz diretamente entre uma</p><p>arteríola e uma vênula, em situação pré-capilar. Este tipo de anastomose é encontrado,</p><p>por exemplo, na pele de certas regiões do corpo e nos intestinos. Trata-se de um</p><p>mecanismo de desvio de sangue da rede capilar, sendo acionado provavelmente</p><p>quando há necessidade de conservar energia.</p><p>10.2.5 Redes admiráveis</p><p>Certas artérias, num determinado ponto de seu trajeto, dividem-se em dezenas de</p><p>ramúsculos de pequeno comprimento e calibre, os quais se anastomosam uns com os</p><p>outros de modo a formar redes e logo após reunem-se novamente para reconstituir o</p><p>tronco arterial. Esses arranjos arteriais são denominados redes admiráveis, sendo</p><p>encontrados em locais restritos do corpo, como na base do crânio (rede admirável</p><p>epidural rostral) e na órbita (rede admirável oftálmica). As redes admiráveis geralmente</p><p>44</p><p>estão contidas dentro de seios venosos e tem-se sugerido para elas uma possível</p><p>função termorregulatória.</p><p>10.2.6 Seios venosos</p><p>São cavidades mais ou menos amplas, revestidas internamente por endotélio, que se</p><p>dispõem no curso de determinadas veias. Alguns seios venosos podem conter artérias</p><p>ou mesmo redes admiráveis, como acontece na base do crânio, em que um seio</p><p>venoso, denominado seio cavernoso, envolve a rede admirável epidural rostral.</p><p>10.2.7 Circulação sistêmica, circulação pulmonar e circulação portal</p><p>A circulação sistêmica é aquela que se inicia no ventrículo esquerdo do coração, com o</p><p>sangue oxigenado (arterial). Do ventrículo esquerdo o sangue arterial sai através da</p><p>aorta e por meio dos ramos desta última (artérias distribuidoras) atinge os diferentes</p><p>órgãos e tecidos. Após suprir os tecidos, o sangue, agora hipoxigenado (venoso),</p><p>retorna ao coração por meio das veias cavas cranial e caudal, as quais desembocam</p><p>no átrio direito.</p><p>A circulação pulmonar é aquela que tem início no ventrículo direito do coração,</p><p>com o sangue hipoxigenado (venoso). Por meio do tronco pulmonar e das artérias</p><p>pulmonares, o sangue atinge a rede capilar dos pulmões. Após sofrer o processo da</p><p>hematose, o sangue, agora oxigenado (arterial), abandona os pulmões e chega, por</p><p>meio das veias pulmonares, ao átrio esquerdo.</p><p>A circulação portal ou sistema porta é um tipo especial de circulação em que um</p><p>tronco venoso se interpõe entre duas redes capilares. O principal sistema porta</p><p>presente nos mamíferos é o sistema porta-hepático. Neste sistema, a veia porta drena</p><p>o sangue de capilares do baço, do estômago e dos intestinos e penetra no fígado, onde</p><p>se ramifica em uma nova rede capilar.</p><p>10.3 Sistema linfático</p><p>O sistema linfático constitui um sistema complementar do sistema venoso na drenagem</p><p>dos líquidos teciduais. Nele circula a linfa, um fluido claro e transparente que transporta,</p><p>além de linfócitos e macrófagos, grandes moléculas protéicas que não conseguem ser</p><p>absorvidas pela rede capilar sanguínea. O sistema linfático compreende o tecido</p><p>linfático e os vasos linfáticos.</p><p>O tecido linfático pode ser encontrado na parede de alguns órgãos, constituindo</p><p>as chamadas formações linfáticas intra-parietais, a exemplo das tonsilas da faringe e</p><p>dos nódulos linfáticos da parede intestinal. Mas forma também estruturas ou órgãos</p><p>individualizados, a exemplo dos linfonodos, do timo e do baço.</p><p>Os linfonodos são estruturas de forma geralmente ovóide ou arredondada,</p><p>coloração parda e tamanho variável, intercaladas no trajeto dos vasos linfáticos. Além</p><p>de produzir linfócitos, os linfonodos encarregam-se de filtrar a linfa que para eles é</p><p>drenada. Denomina-se linfocentro um linfonodo ou grupo de linfonodos para onde</p><p>convergem os vasos linfáticos que drenam a linfa de uma determinada região do corpo.</p><p>Nos ruminantes, além dos linfonodos propriamente ditos, são também encontradas</p><p>pequenas estruturas de forma arredondada e coloração escura, os hemolinfonodos,</p><p>associados a vasos sanguíneos. Sua função ainda não está totalmente esclarecida,</p><p>admitindo-se a hipótese de funcionarem como “pequenos baços”.</p><p>45</p><p>Os vasos linfáticos resultam da confluência de capilares linfáticos. Estes últimos</p><p>possuem fundo cego e são mais amplos que os capilares sanguíneos. Além disto, sua</p><p>parede é mais permeável, permitindo a absorção de moléculas protéicas de maior</p><p>tamanho. Observados macroscopicamente, os vasos linfáticos possuem uma parede</p><p>extremamente delicada e apresentam, a espaços regulares, constrições que lhes dão</p><p>um aspecto de rosário. Estas constrições correspondem internamente à inserção de</p><p>minúsculas válvulas, que auxiliam na progressão da linfa. Os vasos linfáticos, que</p><p>geralmente correm em grupos, convergem para linfonodos, dos quais partem outros</p><p>vasos que confluem para formar vasos maiores, denominados troncos linfáticos. Estes</p><p>últimos são em número reduzido, drenando a linfa de extensas partes do corpo. A</p><p>maioria dos troncos linfáticos desemboca, direta ou indiretamente, em um grande ducto</p><p>linfático denominado ducto torácico, o qual lança a linfa no sistema venoso, mais</p><p>precisamente na veia jugular externa.</p><p>46</p><p>11. DISSECAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO</p><p>11.1 Dissecação da face lateral do ombro e do braço</p><p>11.1.1 Faça uma incisão longitudinal na pele ao longo da linha mediana ventral, desde o</p><p>meio do pescoço até o meio da parede do abdome. Em seguida, faça três incisões</p><p>verticais na pele. A primeira, desde o início da incisão mediana ventral até a linha</p><p>mediana dorsal, cruzando a face lateral do pescoço. A segunda, desde a incisão</p><p>mediana ventral até a face medial do cotovelo, cruzando a axila. A terceira, desde o fim</p><p>da incisão mediana ventral até a linha mediana dorsal, passando sobre a face lateral do</p><p>abdome. Por último, faça uma incisão contornando o cotovelo. Remova então a pele</p><p>desde a linha mediana ventral até a linha mediana dorsal. A pele do antebraço e da</p><p>mão não será removida nesta fase.</p><p>11.1.2 Identifique logo abaixo da pele, na fáscia superficial do ombro e do tórax, o</p><p>músculo cutâneo do tronco. Este é um músculo de forma laminar, cujas fibras se</p><p>estendem longitudinalmente da face lateral do ombro até a face lateral da pelve e da</p><p>coxa, cobrindo a parede do tórax e do abdome.</p><p>11.1.3 Localize, correndo superficialmente na face cranial do braço, em direção ao</p><p>pescoço, a veia cefálica. Esta veia é um vaso importante, utilizado para colheita de</p><p>sangue e injeção endovenosa de medicamentos em animais de pequeno porte.</p><p>11.1.4 Abduza o membro torácico e localize na região do peito, entre o esterno e a face</p><p>medial do braço, os músculos peitoral superficial e peitoral profundo. O peitoral</p><p>superficial estende-se transversalmente do esterno à face medial do braço. O peitoral</p><p>profundo está parcialmente coberto pelo peitoral superficial e estende-se obliquamente</p><p>do esterno à face medial do braço. Em</p><p>alguns animais, é necessário remover o tecido</p><p>conjuntivo-adiposo que recobre estes músculos.</p><p>11.1.5 Remova a porção exposta do músculo cutâneo do tronco e a fáscia superficial da</p><p>região do ombro.</p><p>11.1.6 Identifique, em sequência craniocaudal, os seguintes músculos que prendem o</p><p>membro torácico ao pescoço e ao tórax: braquiocefálico, omotransversal, trapézio e</p><p>grande dorsal. O braquiocefálico é um músculo longo e laminar, que se estende da face</p><p>cranial do braço até o pescoço e a cabeça, passando cranialmente à articulação do</p><p>ombro. O omotransversal, também longo e laminar, dirige-se igualmente para o</p><p>pescoço, penetrando de maneira oblíqua sob o braquiocefálico. O trapézio é um</p><p>músculo largo e laminar, de contorno aproximadamente triangular, que prende</p><p>dorsalmente a escápula ao pescoço e ao tórax. O grande dorsal, também largo e</p><p>laminar, estende-se obliquamente, em forma de leque, da face medial do braço à</p><p>parede dorsolateral do tórax. Se necessário, remova o tecido conjuntivo que recobre</p><p>estes músculos, tendo-se o cuidado de preservar a aponeurose do trapézio.</p><p>11.1.7 Localize a espinha da escápula. Cranialmente a ela, sob a aponeurose do</p><p>trapézio, identifique o músculo supra-espinhal, que se aloja na fossa supra-espinhal.</p><p>Caudalmente à espinha da escápula, identifique o músculo infra-espinhal, que ocupa a</p><p>fossa infra-espinhal. Verifique que a parte carnosa do músculo infra-espinhal está</p><p>47</p><p>parcialmente coberta pela aponeurose do músculo deltóide. Este último cruza a</p><p>articulação do ombro, apresentando-se dividido em duas partes: uma cranial e mais</p><p>curta, denominada parte acromial, e outra caudal e mais longa, denominada parte</p><p>escapular.</p><p>11.1.8 Identifique, ocupando o ângulo caudal formado entre a escápula e o úmero, o</p><p>músculo tríceps do braço. Na face lateral do braço aparecem duas de suas partes ou</p><p>cabeças: cabeça lateral e cabeça longa. A cabeça lateral é a menor e mais cranial. A</p><p>cabeça longa é a mais volumosa e mais caudal, apresentando-se aparentemente</p><p>subdividida por uma faixa tendínea. Caudalmente à cabeça longa do tríceps do braço,</p><p>na borda caudal do braço, identifique uma faixa muscular longa e estreita, o músculo</p><p>tensor da fáscia do antebraço.</p><p>11.1.9 Isole com cuidado a cabeça lateral do tríceps do braço e seccione-a</p><p>transversalmente em seu meio. Afaste os cotos da cabeça lateral do tríceps e localize,</p><p>profundamente a ela, o nervo radial. Disseque este nervo distalmente até sua divisão</p><p>em dois ramos: ramo superficial e ramo profundo. O ramo superficial é o mais fino e</p><p>dirige-se para a face cranial do antebraço. O ramo profundo é o mais calibroso e</p><p>penetra sob a musculatura do antebraço. Cranialmente ao nervo radial, junto à face</p><p>lateral do úmero, localize o músculo braquial. Caudalmente a esse nervo, identifique o</p><p>músculo ancôneo, pequeno e dirigido para o olécrano.</p><p>11.1.10 Localize o limite entre as partes acromial e escapular do músculo deltóide.</p><p>Seccione cada uma delas transversalmente em seu meio. Afaste os cotos da parte</p><p>escapular do deltóide e identifique, profundamente a ela, o nervo axilar, que se ramifica</p><p>nos músculos desta área. Localize, profundamente à parte distal do músculo infra-</p><p>espinhal, o pequeno músculo redondo menor.</p><p>11.2 Dissecação da axila</p><p>11.2.1 Neste item, serão seccionados os músculos que prendem o membro torácico ao</p><p>pescoço e ao tórax. Para isto, localize o acrômio e a partir dele trace uma linha</p><p>semicircular de cerca de 15,0 cm de raio, de modo a contornar a região do ombro,</p><p>desde músculo braquiocefálico até o músculo grande dorsal. Acompanhando esta linha,</p><p>seccione, em sequência craniocaudal, os músculos braquiocefálico, omotransversal,</p><p>trapézio e grande dorsal.</p><p>11.2.2 Delimite o músculo peitoral superficial e seccione-o transversalmente em seu</p><p>meio. Afaste os cotos do músculo peitoral superficial e observe, profundamente a ele, o</p><p>músculo peitoral profundo. Seccione também este último em seu meio.</p><p>11.2.3 Identifique, cranialmente à articulação do ombro e medialmente ao músculo</p><p>braquiocefálico, uma delgada fita muscular – que constitui o músculo subclávio – e uma</p><p>pequena artéria, denominada artéria cervical superficial. Disseque estas estruturas, que</p><p>estão comumente envolvidas em abundante tecido conjuntivo-adiposo.</p><p>11.2.4 Com o membro abduzido, observe a axila, que é o espaço entre a face medial do</p><p>braço e a parede do tórax. Verifique que a axila possui grande quantidade de tecido</p><p>conjuntivo-adiposo. Passe a remover com cuidado, evitando o uso de bisturi, esse</p><p>tecido. À medida que o tecido conjuntivo-adiposo é removido, aparecem três espessos</p><p>48</p><p>troncos nervosos – que são os troncos do plexo braquial – bem como dois vasos</p><p>calibrosos – que são a artéria e a veia axilares.</p><p>11.2.5 Seccione, em sequência craniocaudal, o músculo suclávio, a artéria cervical</p><p>superficial, a veia cefálica, os troncos nervosos do plexo braquial e a artéria e veia</p><p>axilares. A seccção dos troncos nervosos do plexo braquial e da artéria e veia axilares</p><p>deve ser feita mais próximo do pescoço e da parede do tórax.</p><p>11.2.6 Identifique, recobrindo a parede lateral do tórax e a parte caudal do pescoço, à</p><p>maneira de um leque, o músculo serrátil ventral, que vai se prender na face medial da</p><p>escápula. Seccione transversalmente este músculo, próximo à sua inserção na</p><p>escápula.</p><p>11.2.7 Após estas manobras, o membro fica preso ao tronco apenas pelo músculo</p><p>rombóide, situado profundamente ao trapézio. Seccione transversalmente o rombóide,</p><p>removendo finalmente o membro torácico.</p><p>11.2.8 Identifique, recobrindo a face medial da escápula, em sequência craniocaudal,</p><p>os músculos supra-espinhal, subescapular e redondo maior. O músculo supra-espinhal,</p><p>já visto na face lateral, recobre a borda cranial da escápula. O músculo subescapular</p><p>apresenta-se constituído por três faixas musculares que convergem para a extremidade</p><p>distal da escápula. O músculo redondo maior situa-se ao longo da borda caudal da</p><p>escápula, unido parcialmente ao músculo subescapular, mas sua extremidade distal</p><p>separa-se deste último para se prender no úmero.</p><p>11.2.9 Identifique, junto aos músculos da face medial da escápula, uma ou duas</p><p>pequenas estruturas discóides, de coloração parda – os linfonodos axilares.</p><p>11.2.10 Neste item, serão dissecados, na face medial da escápula, os troncos do plexo</p><p>braquial, dos quais se originam os nervos destinados ao membro torácico. Quanto ao</p><p>plexo braquial, é um plexo nervoso formado por nervos espinhais (C6, C7, C8 e T1),</p><p>que serão identificados posteriormente, na dissecação da parede do tórax. Os troncos</p><p>do plexo braquial foram seccionados ao se remover o membro. Eles são, em sentido</p><p>cranio caudal, o tronco dos nervos supra-escapular e subescapular cranial, o tronco dos</p><p>nervos subescapular caudal, toracodorsal, axilar e radial e o tronco dos nervos ulnar,</p><p>mediano e musculocutâneo. Os nervos de cada tronco serão dissecados e identificados</p><p>em seguida.</p><p>11.2.11 Disseque os nervos do primeiro tronco: supra-escapular e subescapular cranial.</p><p>O nervo supra-escapular, bastante calibroso, penetra no espaço entre os músculos</p><p>supra-espinhal e subescapular. O nervo subescapular cranial, bem mais delgado que o</p><p>supra-escapular, termina no músculo subescapular. Passe a dissecar agora os nervos</p><p>do segundo tronco: subescapular caudal, toracodorsal, axilar e radial. O nervo</p><p>subescapular caudal ramifica-se na parte caudal do músculo subescapular. O nervo</p><p>toracodorsal dirige-se caudalmente, terminando na face profunda do músculo grande</p><p>dorsal. O nervo axilar penetra no espaço entre os músculos subescapular e redondo</p><p>maior. O nervo radial é o mais calibroso de todos e dirige-se para a face medial do</p><p>braço, onde será dissecado. Quanto aos nervos do terceiro tronco (mediano,</p><p>musculocutâneo e ulnar), também serão</p><p>dissecados na face medial do braço.</p><p>49</p><p>11.2.12 Identifique agora, também seccionada, a artéria axilar, junto com a veia de</p><p>mesmo nome. Disseque a artéria axilar até sua bifurcação em dois ramos: artéria</p><p>braquial e artéria subescapular. A artéria braquial dirige-se distalmente para correr na</p><p>face medial do braço. A artéria subescapular dirige-se proximalmente, correndo na face</p><p>medial da escápula, entre os músculos subescapular e redondo maior. Observe que as</p><p>artérias braquial e subescapular estão acompanhadas de suas respectivas veias</p><p>homônimas.</p><p>11.2.13 Localize, junto à face profunda do músculo braquiocefálico, nos limites entre o</p><p>pescoço e o ombro, um grande linfonodo, denominado linfonodo cervical superficial,</p><p>situado cranialmente ao músculo supra-espinhal. Geralmente, este linfonodo está</p><p>recoberto por abundante tecido conjuntivo-adiposo. Ao se remover este tecido, deve-se</p><p>ter o cuidado de preservar a artéria cervical superficial e o coto do músculo subclávio.</p><p>11.3 Dissecação da face medial do braço</p><p>11.3.1 Localize as inserções dos músculos peitoral superficial e peitoral profundo na</p><p>face medial do braço. Afaste estes músculos cranialmente, de modo a expor a face</p><p>medial do braço.</p><p>11.3.2 Remova com cuidado a fáscia que recobre a face medial do braço e identifique,</p><p>em sequência craniocaudal, os seguintes músculos: bíceps do braço, coracobraquial,</p><p>cabeça medial do tríceps do braço, cabeça longa do tríceps do braço e tensor da fáscia</p><p>do antebraço. O bíceps do braço, potente e bem definido, estende-se ao longo da face</p><p>cranial do úmero. O coracobraquial, pequeno e triangular, estende-se até o terço médio</p><p>do corpo do úmero. A cabeça medial do tríceps do braço situa-se entre o corpo do</p><p>úmero e a cabeça longa. Esta última e o tensor da fáscia do antebraço já foram</p><p>identificados na face lateral do braço; reconheça-os agora na face medial.</p><p>11.3.3 Disseque distalmente, na face medial do braço, o nervo radial. Verifique que ele</p><p>emite ramos musculares para o tríceps do braço e em seguida penetra entre as</p><p>cabeças medial e longa deste músculo. Daí, ele passa à face lateral do braço, onde já</p><p>foi dissecado.</p><p>11.3.4 Passe a dissecar os nervos do terceiro tronco do plexo braquial: nervos</p><p>mediano, musculocutâneo e ulnar. Disseque inicialmente o nervo ulnar, que se separa</p><p>do tronco no terço proximal do braço e corre em direção ao olécrano, ao longo da borda</p><p>cranial da cabeça longa do tríceps. Interrompa a dissecação do nervo ulnar no cotovelo.</p><p>11.3.5 Disseque agora, partindo da porção inicial do terceiro tronco, o ramo muscular</p><p>proximal do nervo musculocutâneo, que se dirige cranialmente, atravessa o músculo</p><p>coracobraquial e termina no músculo bíceps do braço.</p><p>11.3.6 Continue dissecando distalmente, acompanhando a artéria braquial, o terceiro</p><p>tronco, agora contendo somente os nervos mediano e musculocutâneo. Verifique que,</p><p>no terço distal do braço, destaca-se do terceiro tronco o ramo muscular distal do nervo</p><p>musculocutâneo, que penetra no espaço entre o úmero e o músculo bíceps do braço.</p><p>Após esta separação, resta do terceiro tronco apenas o nervo mediano. Siga este</p><p>último até o nível do cotovelo.</p><p>50</p><p>11.3.7 Finalmente, acompanhe a artéria braquial até o cotovelo, observando os vários</p><p>ramos que ela emite na face medial do braço. A descrição destes ramos encontra-se no</p><p>item referente a artérias do membro torácico.</p><p>11.4 Dissecação do antebraço e da mão</p><p>11.4.1 Remova com cuidado o restante da pele do membro, até os cascos.</p><p>11.4.2 Disseque, correndo juntos na fáscia superficial da face cranial do antebraço, a</p><p>veia cefálica e o ramo superficial do nervo radial, até o nível do carpo. Ao dissecar</p><p>estas estruturas, tenha o cuidado de mantê-las presas na fáscia superficial.</p><p>11.4.3 Para estudar a distribuição do ramo superficial do nervo radial na mão, consulte</p><p>o item sobre nervos do membro torácico. Faça o mesmo para o estudo dos nervos</p><p>cutâneo cranial, cutâneo lateral, cutâneo medial e cutâneo caudal do antebraço. Estes</p><p>nervos são os responsáveis pela inervação sensitiva da pele do antebraço e foram</p><p>seccionados ao se remover a pele.</p><p>11.4.4 Remova a fáscia superficial da face medial do antebraço, de modo a expor os</p><p>músculos presentes nesta face.</p><p>11.4.5 Identifique, estendendo-se ao longo da face cranial do rádio, o músculo extensor</p><p>radial do carpo. Localize a inserção dos músculos bíceps do braço e braquial no terço</p><p>proximal do rádio.</p><p>11.4.6 Localize, cruzando obliquamente a face medial da articulação do cotovelo, uma</p><p>estreita cinta fibrosa, semelhante a um ligamento. Esta cinta fibrosa é o músculo</p><p>pronador redondo, que nos ruminantes é rudimentar, contendo muito pouca ou</p><p>nenhuma fibra muscular. Caudalmente ao pronador redondo e ao rádio, identifique um</p><p>músculo estreito, o flexor radial do carpo. Caudalmente ao flexor radial do carpo,</p><p>localize o músculo flexor ulnar do carpo, mais largo que o precedente.</p><p>11.4.7 Localize a artéria braquial e o nervo mediano passando profundamente ao</p><p>músculo pronador redondo. Seccione transversalmente, em seu meio, os músculos</p><p>pronador redondo e flexor radial do carpo. Afaste os cotos destes músculos e prossiga</p><p>a dissecação do nervo mediano e da artéria braquial. Verifique que a artéria braquial</p><p>emite ramos musculares e, logo em seguida, a artéria interóssea comum, que se</p><p>aprofunda na face medial do braço, dirigindo-se para o espaço interósseo proximal.</p><p>Após a emissão da artéria interóssea comum, a artéria braquial passa a chamar-se</p><p>artéria mediana. Esta última prossegue distalmente no antebraço, acompanhando o</p><p>nervo mediano.</p><p>11.4.8 Continue dissecando distalmente a artéria e o nervo medianos. No terço médio</p><p>do antebraço, a artéria mediana emite a artéria radial, que passa a correr paralela à</p><p>primeira, porém mais superficialmente. Acompanhe distalmente o nervo mediano e as</p><p>artérias mediana e radial até o nível do carpo.</p><p>11.4.9 Localize o nervo ulnar na face medial do cotovelo. Acompanhe-o distalmente no</p><p>antebraço, sob a borda caudal do músculo flexor ulnar do carpo, até próximo do carpo.</p><p>51</p><p>11.4.10 Seccione transversalmente o músculo flexor ulnar do carpo em seu meio e</p><p>localize, profundamente a ele, o músculo flexor superficial dos dedos. Observe que o</p><p>ventre do flexor superficial dos dedos está dividido em duas partes sobrepostas,</p><p>denominadas parte superficial e parte profunda. Afaste o músculo flexor superficial dos</p><p>dedos e flexor radial do carpo e identifique, profundamente a eles, o músculo flexor</p><p>profundo dos dedos, formado por várias cabeças.</p><p>11.4.11 Verifique, na face palmar do carpo, a presença de uma espessa cinta fibrosa</p><p>denominada retináculo flexor, que envolve os tendões dos músculos flexores,</p><p>mantendo-os contidos na face palmar do carpo. Faça uma incisão vertical no retináculo</p><p>flexor e exponha os tendões dos músculos flexor superficial dos dedos e flexor profundo</p><p>dos dedos, bem como as artérias mediana e radial e o nervo mediano.</p><p>11.4.12 Prossiga a dissecação, na face palmar do metacarpo, das artérias mediana e</p><p>radial e do nervo mediano. Verifique que, no terço médio ou no terço distal do</p><p>metacarpo, a artéria radial se une com a artéria mediana. Após esta anastomose,</p><p>continue a dissecar distalmente a artéria mediana, até o nível da articulação</p><p>metacarpofalângica. Neste ponto, a artéria mediana passa a chamar-se artéria digital</p><p>palmar comum III. Disseque esta última distalmente no espaço interdigital e verifique</p><p>sua bifurcação final em artérias digital palmar própria III axial e digital palmar própria IV</p><p>axial, que vão irrigar respectivamente os dedos III e IV.</p><p>11.4.13 Para estudar a distribuição do nervo ulnar e do nervo mediano na mão,</p><p>consulte o item referente a nervos do membro torácico.</p><p>11.4.14 Verifique, ao longo da face palmar do metacarpo, o tendão do flexor superficial</p><p>dos dedos e, profundamente a ele, o tendão do flexor profundo dos dedos. Localize,</p><p>profundamente ao tendão do flexor profundo dos dedos,</p><p>o músculo interósseo. Este</p><p>músculo, nos ruminantes, está reduzido quase que inteiramente a faixas ligamentosas</p><p>intimamente aderidas à face palmar do metacarpo e estendendo-se até a articulação</p><p>metacarpofalângica.</p><p>11.4.15 Disseque distalmente o tendão do flexor superficial dos dedos e verifique que,</p><p>na altura da articulação metacarpofalângica, ele se alarga e se divide em dois ramos,</p><p>um para cada dedo principal. Afaste o tendão do flexor superficial dos dedos e</p><p>verifique que o tendão do flexor profundo dos dedos também se divide, na altura da</p><p>articulação metacarpofalângica, em um ramo para cada dedo principal. Faça, na face</p><p>palmar de cada dedo principal, uma secção longitudinal no ramo do tendão do flexor</p><p>superficial dos dedos e verifique que ele forma um canal (manguito flexor) dentro do</p><p>qual corre o ramo do tendão do flexor profundo dos dedos.</p><p>11.4.16 Remova a fáscia superficial da face lateral do antebraço, para expor os</p><p>músculos presentes nesta face. Identifique inicialmente, ocupando a face cranial do</p><p>antebraço, o músculo extensor radial do carpo, bem volumoso e cujo tendão ultrapassa</p><p>a face dorsal do carpo para inserir-se na extremidade proximal do osso metacárpico III</p><p>+ IV. Localize, no terço distal do rádio, o músculo abdutor longo do polegar, dotado de</p><p>poucas fibras musculares e cujo tendão cruza obliquamente, em sentido lateromedial, o</p><p>tendão do músculo extensor radial do carpo.</p><p>52</p><p>7.4.17 Identifique agora os demais músculos da face lateral do antebraço. Eles estão</p><p>situados caudalmente ao extensor radial do carpo e são, em sentido craniocaudal, os</p><p>seguintes: extensor comum dos dedos, extensor lateral do dedo e ulnar lateral. Para</p><p>identificá-los com segurança, é necessário acompanhar seus tendões na face dorsal da</p><p>mão, até suas inserções. Assim, o músculo extensor comum dos dedos possui dois</p><p>tendões, um medial e outro lateral. O tendão medial vai se inserir no dedo III, enquanto</p><p>o tendão lateral se divide, na altura da articulação metacarpofalângica, em dois ramos,</p><p>um para o dedo III e o outro para o dedo IV. Já o tendão do músculo extensor lateral</p><p>do dedo dirige-se exclusivamente para o dedo IV. Quanto ao tendão do músculo ulnar</p><p>lateral, muito mais curto que os precedentes, insere-se no carpo e na base do osso</p><p>metacárpico III + IV.</p><p>11.4.18 Finalmente, retome a dissecação do ramo profundo do nervo radial. Verifique</p><p>que ele penetra no espaço entre os músculos braquial e extensor radial do carpo,</p><p>enviando ramos para inervação dos músculos extensores do carpo e dos dedos.</p><p>12. MÚSCULOS DO MEMBRO TORÁCICO E ÁREAS ADJACENTES</p><p>12.1 Cutâneo do tronco</p><p>53</p><p>É um extenso músculo de forma laminar, situado na tela subcutânea (fáscia superficial)</p><p>e que recobre o tronco, desde o ombro até a pelve. Suas fibras dirigem-se</p><p>principalmente em sentido craniocaudal. A contração destas fibras provoca um</p><p>movimento brusco (tremor) da pele sobrejacente. É inervado por ramos cutâneos dos</p><p>nervos intercostais, dos nervos espinhais lombares e sacrais e pelo nervo torácico</p><p>lateral. Da porção mais ventral do músculo cutâneo do tronco derivam, no macho, os</p><p>músculos prepucial cranial e prepucial caudal, os quais convergem para o prepúcio,</p><p>atuando respectivamente na protração e na retração do mesmo.</p><p>12.2 Peitoral superficial</p><p>Está situado na porção ventrocranial do tórax, apresentando-se constituído por duas</p><p>porções distintas: músculo peitoral descendente e músculo peitoral transverso. O</p><p>músculo peitoral descendente é o mais espesso dos dois. Origina-se no manúbrio do</p><p>esterno e possui dois ventres: um superficial, que se prende na fáscia do braço e na</p><p>cabeça e colo do rádio, e outro profundo, que se prende apenas na fáscia do braço. O</p><p>músculo peitoral transverso é uma lâmina muscular larga, pouco espessa e de</p><p>coloração mais clara que a do peitoral descendente. Origina-se ventralmente no</p><p>esterno, desde a primeira até a sexta cartilagem costal, cruza a axila e a face medial da</p><p>articulação do cotovelo e vai inserir-se na fáscia do antebraço. É irrigado pelas artérias</p><p>torácica externa e torácica interna.</p><p>Ação e inervação: Aduz o membro torácico. É inervado pelos nervos peitorais</p><p>craniais e intercostal V.</p><p>12.3 Peitoral profundo</p><p>É um músculo largo, potente, de contorno triangular, que abrange quase toda a área</p><p>lateroventral do tórax. Origina-se na face ventral do esterno, nas cartilagens costais das</p><p>costelas esternais (nos bovinos a partir da costela II e nos pequenos ruminantes a partir</p><p>da costela V) e na túnica flava do abdome. Insere-se nos tubérculos maior e menor do</p><p>úmero. É irrigado pelas artérias torácica externa, torácica interna e intercostais.</p><p>Ação e inervação: Aduz o membro torácico e traciona-o caudalmente. É</p><p>inervado pelos nervos peitorais caudais e intercostal V.</p><p>12.4 Braquiocefálico</p><p>É um músculo longo e delgado, que se estende desde a porção cranial do braço até a</p><p>cabeça, passando pela face lateral do pescoço. Uma discreta cinta fibrosa, denominada</p><p>intersecção clavicular (correspondente à clavícula), atravessa a estrutura do músculo na</p><p>altura da articulação do ombro e o divide em duas porções: músculo cleidobraquial e</p><p>músculo cleidocefálico. A intersecção clavicular está ausente nos pequenos ruminantes</p><p>e, neste caso, a articulação do ombro é usada como ponto de referência para delimitar</p><p>as duas porções. Nos bovinos, o músculo cleidobraquial insere-se na borda cranial do</p><p>úmero, logo distalmente à tuberosidade deltóidea. Nos pequenos ruminantes, ele</p><p>estende-se mais distalmente, indo inserir-se na face medial da cabeça e colo do rádio,</p><p>juntamente com a parte superficial do músculo peitoral descendente. O músculo</p><p>cleidocefálico, ao se aproximar da cabeça, subdivide-se em duas partes: parte occipital</p><p>e parte mastóidea. Nos bovinos esta subdivisão é mais definida que nos pequenos</p><p>ruminantes. A parte occipital insere-se no osso occipital e a parte mastóidea no osso</p><p>temporal. É irrigado pelas artérias torácica externa e cervical superficial.</p><p>54</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do ombro e inclina lateral e</p><p>ventralmente a cabeça e o pescoço. O músculo cleidobraquial é inervado pelo nervo</p><p>axilar; o músculo cleidocefálico, pelos nervos espinhais cervicais.</p><p>12.5 Omotransversal</p><p>É também um músculo longo e laminar, que se origina na asa do atlas (algumas vezes,</p><p>no processo transverso do áxis) e vai inserir-se na espinha da escápula. Estende-se na</p><p>face lateral do pescoço profundamente ao músculo cleidocefálico, ao qual está</p><p>parcialmente fundido, mas no terço distal do pescoço torna-se superficial, dispondo-se</p><p>entre o cleidocefálico ventralmente e a porção cervical do trapézio dorsalmente. É</p><p>irrigado pelas artérias vertebral e cervical superficial.</p><p>Ação e inervação: Traciona cranialmente o ombro. É inervado pelos nervos</p><p>espinhais cervicais.</p><p>12.6 Trapézio</p><p>É um músculo superficial, laminar e de contorno triangular, que prende a escápula ao</p><p>tórax e ao pescoço. Embora não se observe nenhuma linha nítida de demarcação, nele</p><p>se distinguem duas partes: cervical e torácica. A parte cervical do trapézio origina-se</p><p>por uma rafe fibrosa na linha mediana dorsal do pescoço. Nos bovinos estende-se da</p><p>costela I até o nível do áxis, enquanto nos pequenos ruminantes avança somente até o</p><p>terço médio do pescoço. Insere-se na espinha da escápula por uma curta aponeurose.</p><p>A parte torácica do trapézio é, nos bovinos, menos extensa que a parte cervical, porém</p><p>mais espessa. Nos pequenos ruminantes, ocorre o contrário, sendo a parte torácica</p><p>mais extensa que a parte cervical. Nos bovinos, origina-se no ligamento supra-espinhal</p><p>das seis ou sete primeiras vértebras torácicas. Nos ovinos e caprinos, sua origem</p><p>estende-se da segunda à décima-segunda vértebras torácicas. Insere-se no túber da</p><p>espinha da escápula. É irrigado pelas artérias intercostais e cervical superficial.</p><p>Ação e inervação: Atua elevando a escápula.</p><p>É inervado pelo nervo acessório</p><p>(XI nervo craniano).</p><p>12.7 Rombóide</p><p>Compreende dois músculos, rombóide cervical e rombóide torácico, ambos situados</p><p>profundamente ao trapézio. Originam-se no ligamento da nuca, desde o terço médio do</p><p>pescoço até os processos espinhosos das seis primeiras vértebras torácicas. Ambos</p><p>inserem-se na face medial da cartilagem da escápula. São irrigados pela artéria</p><p>subescapular.</p><p>Ação e inervação: Atua elevando a escápula. São inervados pelos nervos</p><p>espinhais cervicais VI e VII.</p><p>12.8 Grande dorsal</p><p>É um músculo laminar, de forma triangular, situado obliquamente na parede do tórax e</p><p>cujos feixes musculares convergem para a face medial do braço. Sua origem estende-</p><p>se da fáscia toracolombar até o terço médio das costelas IX a XII. Insere-se na</p><p>55</p><p>tuberosidade redonda maior do úmero, juntamente com o músculo redondo maior. É</p><p>irrigado pela artéria toracodorsal.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do ombro. É inervado pelo nervo</p><p>toracodorsal.</p><p>12.9 Serrátil ventral</p><p>É um músculo largo e potente, em forma de leque, que prende a escápula ao tórax e ao</p><p>pescoço. Seu nome deve-se ao contorno serreado de sua borda ventral. Origina-se na</p><p>porção dorsal da face medial da escápula e compreende duas partes, cervical e</p><p>torácica. A parte cervical insere-se nos processos costais das vértebras cervicais III a VI</p><p>e no processo transverso da vértebra cervical VI. A parte torácica insere-se na face</p><p>externa das nove primeiras costelas, descrevendo as suas digitações um arco de</p><p>concavidade dorsal. O limite entre as partes torácica e cervical do serrátil ventral é bem</p><p>nítido em sua borda ventral. Nesse ponto, as duas partes estão separadas de modo a</p><p>dar passagem aos ramos ventrais dos dois últimos nervos espinhais cervicais e do</p><p>primeiro nervo espinhal torácico para formar o plexo braquial. É irrigado pelas artérias</p><p>cervical profunda, intercostais dorsais e escapular dorsal.</p><p>Ação e inervação: Inclina lateralmente o pescoço, atuando também em sua</p><p>elevação. É inervado por nervos espinhais cervicais e pelos nervos torácico longo,</p><p>torácico lateral e intercostais.</p><p>12.10 Subclávio</p><p>É uma estreita e débil faixa muscular, situada cranialmente à articulação do ombro, em</p><p>meio a quantidade variável de tecido adiposo. Origina-se na primeira cartilagem costal e</p><p>insere-se na face profunda do músculo braquiocefálico. É irrigado pela artéria cervical</p><p>superficial , com a qual está intimamente relacionado.</p><p>Ação e inervação: Nos ruminantes, é um músculo rudimentar e sua ação é</p><p>reduzida, parecendo atuar mantendo o músculo braquiocefálico junto à face lateral do</p><p>pescoço. É inervado pelos nervos peitorais craniais.</p><p>12.11 Deltóide</p><p>O músculo deltóide dispõe-se verticalmente na face lateral da articulação do ombro,</p><p>apresentando-se dividido em duas partes: uma cranial e mais curta, denominada parte</p><p>acromial e outra caudal e mais longa, denominada parte escapular. A parte acromial</p><p>tem origem no acrômio e insere-se na tuberosidade deltóidea do úmero. A parte</p><p>escapular tem origem na espinha da escápula, por meio de uma aponeurose que cobre</p><p>o músculo infra-espinhal, e vai inserir-se na fáscia braquial, superficialmente à cabeça</p><p>lateral do tríceps do braço. É irrigado pela artéria circunflexa caudal do úmero.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do ombro. É inervado pelo nervo axilar.</p><p>12.12 Supra-espinhal</p><p>É um músculo bem desenvolvido que ocupa a fossa supra-espinhal da escápula.</p><p>Origina-se nesta fossa e na espinha da escápula e insere-se nos tubérculos maior e</p><p>menor do úmero. Sua inserção no tubérculo menor do úmero está coberta pela porção</p><p>cranial do músculo peitoral profundo. É irrigado pela artéria cervical superficial.</p><p>56</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do ombro. É inervado pelo nervo supra-</p><p>escapular.</p><p>12.13 Infra-espinhal</p><p>Também volumoso, ocupa a fossa infra-espinhal da escápula. Origina-se nesta fossa,</p><p>na cartilagem da escápula e na espinha da escápula. Insere-se na porção caudal do</p><p>tubérculo maior do úmero e numa área rugosa circular imediatamente distal a este</p><p>último. Sob seu tendão de inserção encontra-se uma bolsa sinovial bastante</p><p>desenvolvida. É irrigado pelas artérias cervical superficial e subescapular.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do ombro e atua como ligamento</p><p>colateral lateral da articulação do ombro. É inervado pelo nervo supra-escapular.</p><p>12.14 Redondo menor</p><p>É um músculo pequeno situado na borda caudal da escápula, dispondo-se entre os</p><p>músculos infra-espinhal e deltóide superficialmente e a cabeça longa do tríceps do</p><p>braço profundamente. Origina-se na metade distal da borda caudal da escápula. Insere-</p><p>se na face lateral da extremidade proximal do úmero, numa área situada logo</p><p>distalmente à inserção do músculo infra-espinhal. É irrigado pelas artérias subescapular</p><p>e circunflexa caudal do úmero.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do ombro. É inervado pelo nervo axilar.</p><p>12.15 Subescapular</p><p>Ocupa a fossa subescapular da escápula, apresentando-se formado por três faixas</p><p>musculares mais ou menos separadas e convergentes em sentido distal. Origina-se na</p><p>fossa subescapular e insere-se no tubérculo menor do úmero e área adjacente. É</p><p>irrigado pela artéria subescapular.</p><p>Ação e inervação: Aduz o braço e atua como ligamento colateral medial da</p><p>articulação do ombro. É inervado pelos nervos subescapulares cranial e caudal e pelo</p><p>nervo toracodorsal.</p><p>12.16 Redondo maior</p><p>É um músculo alongado, que se estende da face medial da escápula à face medial do</p><p>braço, cruzando caudalmente a articulação do ombro. Origina-se na borda caudal da</p><p>escápula e insere-se na tuberosidade redonda maior do úmero. É irrigado pela artéria</p><p>subescapular.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do ombro. É inervado pelos nervos</p><p>axilar e toracodorsal.</p><p>12.17 Bíceps do braço</p><p>É um músculo volumoso e bem definido, que se estende ao longo da face cranial do</p><p>braço, coberto parcialmente pelos músculos peitorais. Origina-se por um forte tendão</p><p>no tubérculo supraglenoidal da escápula. Este tendão corre no sulco intertubercular do</p><p>57</p><p>úmero, existindo sob ele uma bolsa sinovial desenvolvida. Insere-se na tuberosidade do</p><p>rádio. É irrigado pela artéria braquial.</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do ombro e flexiona a articulação do</p><p>cotovelo. É inervado pelo nervo musculocutâneo.</p><p>12.18 Coracobraquial</p><p>É um pequeno músculo situado na face medial da articulação do ombro. Origina-se no</p><p>processo coracóide da escápula e insere-se na face medial do colo e corpo do úmero.</p><p>Sua irrigação é feita pela artéria braquial.</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do ombro e atua na adução do</p><p>membro. É inervado pelo nervo musculocutâneo.</p><p>12.19 Braquial</p><p>É um músculo volumoso que ocupa o sulco do músculo braquial do úmero. Origina-se</p><p>na borda cranial do úmero e na metade proximal do sulco do músculo braquial. Sua</p><p>inserção ocorre na borda medial e na face caudal do rádio, um pouco distalmente à</p><p>tuberosidade do rádio, e ainda na borda medial da extremidade proximal da ulna. É</p><p>irrigado pela artéria braquial.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do cotovelo. É inervado pelos nervos</p><p>musculocutâneo e mediano.</p><p>12.20 Tríceps do braço</p><p>É o mais volumoso dos músculos do braço, possuindo três cabeças principais (longa,</p><p>lateral e medial) e uma cabeça acessória. A cabeça longa é a maior delas. Origina-se</p><p>na borda caudal da escápula, ocupa o ângulo formado entre a escápula e o úmero e</p><p>insere-se no túber do olécrano. A cabeça lateral está parcialmente coberta pelo</p><p>músculo deltóide; ela origina-se na face lateral do úmero, proximalmente à tuberosidade</p><p>deltóidea, e insere-se na face lateral do olécrano. A cabeça medial origina-se,</p><p>juntamente com a cabeça acessória, na face medial do úmero, logo distalmente à</p><p>cabeça e tubérculo menor deste osso; vai inserir-se na face medial do olécrano. É</p><p>irrigado pelas artérias subescapular e braquial.</p><p>Ação</p><p>nos planos, são os seguintes:</p><p>-Cranial: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o</p><p>plano cranial ou mais próxima desse plano. Na mão e no pé, o termo cranial é</p><p>substituído por dorsal. Na cabeça, é substituído por rostral.</p><p>-Caudal: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o</p><p>plano caudal ou mais próxima desse plano. Na mão o termo caudal é substituído por</p><p>palmar e no pé por plantar.</p><p>-Dorsal: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o</p><p>plano dorsal ou mais próxima desse plano.</p><p>-Ventral: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o</p><p>plano ventral ou mais próxima desse plano.</p><p>-Médio: indica uma estrutura em posição intermediária entre dorsal e ventral.</p><p>-Lateral: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o</p><p>plano lateral direito ou esquerdo ou mais próxima de um desses planos.</p><p>-Medial: indica uma estrutura ou face de estrutura que esteja voltada para o</p><p>plano mediano ou mais próxima desse plano.</p><p>-Intermédio: indica uma estrutura em posição intermediária entre lateral e</p><p>medial.</p><p>-Mediano: indica uma estrutura situada no plano mediano.</p><p>Além dos termos acima descritos, existem outros utilizados em áreas mais</p><p>restritas do corpo do animal. Assim, temos:</p><p>-Externo e interno: utilizados para estruturas cavitárias, indicam a sua face que</p><p>esteja voltada, respectivamente, para fora e para dentro.</p><p>-Superficial e profundo: indicam uma estrutura que esteja mais próxima ou mais</p><p>afastada, respectivamente, de uma determinada superfície.</p><p>-Proximal e distal: utilizados para os membros e órgãos apendiculares (por</p><p>exemplo, orelha e cauda), indicam uma estrutura que esteja mais próxima ou mais</p><p>afastada, respectivamente, da raiz do membro ou órgão.</p><p>-Axial e abaxial: utilizados para os dedos, indicam sua face que esteja voltada,</p><p>respectivamente, para dentro e para fora, tomando-se como referência o eixo do</p><p>membro.</p><p>-Superior e inferior: termos restritos a estruturas localizadas na cabeça, a</p><p>exemplo dos lábios e das pálpebras.</p><p>-Anterior e posterior: termos restritos a estruturas situadas no bulbo do olho e no</p><p>ouvido interno.</p><p>2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ESQUELETO</p><p>7</p><p>2.1 Considerações gerais</p><p>O esqueleto compreende o conjunto de ossos e cartilagens que formam o arcabouço</p><p>de sustentação do corpo animal. Na grande maioria dos vertebrados, as peças do</p><p>esqueleto situam-se mais ou menos profundamente no corpo, constituindo um típico</p><p>endo-esqueleto. Em alguns animais, porém, estruturas ósseas são também</p><p>encontradas revestindo externamente partes do corpo, formando assim um exo-</p><p>esqueleto, a exemplo da carapaça das tartarugas e do casco dos tatus.</p><p>Os ossos desempenham inúmeras funções no organismo, destacando-se como</p><p>mais importantes as seguintes:</p><p>-Sustentação do corpo do animal, possibilitando-lhe manter-se de pé e</p><p>caminhar.</p><p>-Formação de invólucros para proteção de órgãos vitais, como o encéfalo, a</p><p>medula espinhal, o coração e os pulmões.</p><p>-Formação de alavancas, nas quais se prendem os músculos. Estes, ao se</p><p>contrairem, provovam deslocamentos de peças ósseas, resultanto isto em movimento</p><p>de partes do corpo.</p><p>-Armazenamento de cálcio e fósforo para as necessidades do organismo.</p><p>-Contenção da medula óssea, importante tecido hemocitopoiético (formador de</p><p>células sanguíneas).</p><p>O termo grego para osso é osteon, daí derivando vários termos como osteologia</p><p>(estudo dos ossos), osteócito (célula do osso), osteomielite (inflamação da medula</p><p>óssea), etc.</p><p>2.2 Divisão do esqueleto</p><p>Conforme sua localização no corpo, o esqueleto pode ser dividido em esqueleto axial,</p><p>esqueleto apendicular e esqueleto visceral.</p><p>-Esqueleto axial: compreende os ossos que se dispõem ao longo do eixo</p><p>longitudinal do corpo, ou seja, os ossos do crânio, a coluna vertebral, as costelas e o</p><p>esterno.</p><p>-Esqueleto apendicular: compreende os ossos presentes nos membros torácicos</p><p>e pelvinos. A união entre o esqueleto apendicular e o esqueleto axial é feita por meio</p><p>das chamadas cinturas: cintura escapular (ombro) para o membro torácico e cintura</p><p>pelvina (quadril) para o membro pelvino.</p><p>-Esqueleto visceral: compreende ossos que se desenvolvem no interior de</p><p>determinadas vísceras, sem conexão com o restante do esqueleto. Nos animais</p><p>domésticos, são exemplos o osso do coração do bovino e o osso do pênis do cão.</p><p>2.3 Tipos de ossos</p><p>Os ossos podem ser classificados, quanto à sua forma, nos seguintes tipos: ossos</p><p>longos, ossos curtos, ossos planos e ossos irregulares. A estes acrescenta-se um tipo</p><p>especial, representado pelos ossos pneumáticos.</p><p>2.3.1 Ossos longos</p><p>8</p><p>São ossos em que a dimensão predominante é o comprimento. Possuem forma</p><p>aproximadamente cilíndrica ou colunar, ocorrendo tipicamente nos membros. Assim, no</p><p>membro torácico são ossos longos o úmero, o rádio, o metacárpico III + IV e as</p><p>falanges proximal e média; no membro pelvino, o fêmur, a tíbia, o metatársico III + IV e</p><p>as falanges proximal e média.</p><p>Em um osso longo distinguem-se uma parte média – o corpo ou diáfise – e duas</p><p>extremidades mais dilatadas – as epífises. Nos animais adultos, a diáfise é contínua</p><p>com as epífises. Porém, nos animais jovens, ainda em crescimento, esta continuidade</p><p>não ocorre, estando a diáfise separada de cada epífise por um disco de cartilagem</p><p>hialina, denominada cartilagem epifisal. Esta cartilagem constitui a zona por meio da</p><p>qual o osso cresce em comprimento. A região da diáfise adjacente à cartilagem epifisal</p><p>é mais larga e denomina-se metáfise.</p><p>A diáfise apresenta sua parede formada, na maior parte, por uma camada</p><p>espessa de osso compacto (substância compacta), que delimita uma cavidade</p><p>alongada, denominada cavidade medular. Esta cavidade é ocupada pela medula óssea,</p><p>a qual, dependendo da idade do animal, pode ser classificada como vermelha (de</p><p>função hemocitopoiética), amarela (rica em tecido adiposo) ou uma mistura de ambas.</p><p>As epífises e metáfises são formadas internamente por osso esponjoso</p><p>(substância esponjosa) e externamente por uma fina camada de osso compacto</p><p>(substância cortical). O osso esponjoso apresenta-se como uma malha de trabéculas</p><p>ósseas interligadas, cujos pequenos espaços são também preenchidos por medula</p><p>óssea. Nas superfícies articulares das epífises, o osso é ainda envolvido por uma fina</p><p>camada de cartilagem hialina, denominada cartilagem articular.</p><p>2.3.2 Ossos curtos</p><p>São ossos que possuem comprimento, largura e espessura mais ou menos</p><p>equivalentes. Apresentam-se formados externamente por uma camada de osso</p><p>compacto e internamente por osso esponjoso, não possuindo cavidade medular. São</p><p>classificados como ossos curtos os ossos do carpo, os ossos do tarso e os ossos</p><p>sesamóides.</p><p>2.3.3 Ossos planos</p><p>São ossos em que o comprimento e a largura predominam sobre a espessura,</p><p>apresentando um aspecto laminar. São constituídos por duas camadas de osso</p><p>compacto, separadas por uma fina camada de osso esponjoso contendo medula óssea.</p><p>São classificados como ossos planos a escápula e muitos dos ossos do crânio. Nestes</p><p>últimos, a camada de osso esponjoso recebe o nome especial de díploe.</p><p>2.3.4 Ossos irregulares</p><p>Como o nome indica, são ossos cuja forma não permite o seu enquadramento nos tipos</p><p>anteriores. São classificados como irregulares o osso do quadril, as vértebras e alguns</p><p>ossos do crânio. Sua estrutura é variável, podendo ser constituídos por osso esponjoso</p><p>envolvido por osso compacto ou ainda, dependendo da parte considerada, por osso</p><p>compacto apenas.</p><p>2.3.5 Ossos pneumáticos</p><p>9</p><p>São ossos em cuja espessura se formam cavidades revestidas por mucosa nas quais</p><p>circular o ar. Nos animais domésticos, alguns ossos do crânio são deste tipo e suas</p><p>cavidades são denominadas seios paranasais.</p><p>2.4 Acidentes ósseos</p><p>Os ossos não possuem superfície uniforme, podendo apresentar saliências,</p><p>depressões, áreas lisas e orifícios. Estes acidentes são melhor</p><p>e inervação: Flexiona a articulação do ombro e estende a articulação do</p><p>cotovelo, sendo esta última sua ação mais efetiva. É inervado pelo nervo radial.</p><p>12.21Tensor da fáscia do antebraço</p><p>É um músculo laminar que se estende na face caudal do braço, acompanhando a</p><p>cabeça longa do tríceps do braço. Origina-se no terço proximal da borda caudal da</p><p>escápula e insere-se na face medial do olécrano, juntamente com o tríceps do braço. É</p><p>irrigado pela artéria subescapular.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do ombro e estende a articulação do</p><p>cotovelo. É inervado pelo nervo radial.</p><p>12.22 Ancôneo</p><p>58</p><p>É um músculo pequeno, situado profundamente na face lateral do braço e coberto pela</p><p>cabeça lateral do tríceps do braço. Origina-se na face caudal da metade distal do úmero</p><p>e insere-se na face lateral do olécrano. É irrigado pela artéria subescapular.</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do cotovelo. É inervado pelo nervo</p><p>radial.</p><p>12.23 Pronador redondo</p><p>É um músculo pequeno e rudimentar, constituído quase que exclusivamente por fibras</p><p>tendíneas, que cruza obliquamente a face medial da articulação do cotovelo. Origina-</p><p>se no epicôndilo medial do úmero e insere-se no terço proximal da borda medial do</p><p>rádio. É irrigado pela artéria braquial.</p><p>Ação e inervação: Como é rudimentar, sua ação propriamente muscular é</p><p>bastante reduzida, servindo antes como auxiliar do ligamento colateral medial da</p><p>articulação do cotovelo. É inervado pelo nervo mediano.</p><p>12.24 Flexor radial do carpo</p><p>É um músculo estreito, de ventre muscular reduzido, situado na face medial do</p><p>antebraço, caudalmente à borda medial do rádio. Origina-se no epicôndilo medial do</p><p>úmero e insere-se na face palmar da base do osso metacárpico III + IV. É irrigado pela</p><p>artéria mediana.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do carpo. É inervado pelo nervo</p><p>mediano.</p><p>12.25 Flexor ulnar do carpo</p><p>É um músculo de ventre laminar, situado superficialmente na porção caudal da face</p><p>medial do antebraço. Origina-se no epicôndilo medial do úmero (cabeça umeral) e no</p><p>olécrano (cabeça ulnar) e insere-se no osso acessório do carpo. É irrigado pela artéria</p><p>mediana.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do carpo. É inervado pelo nervo</p><p>mediano.</p><p>12.26 Flexor superficial dos dedos</p><p>É um músculo fusiforme, situado profundamente ao músculo flexor ulnar do carpo e</p><p>cujo ventre está dividido em duas partes sobrepostas: parte superficial e parte</p><p>profunda. Origina-se, juntamente com a cabeça umeral do flexor ulnar do carpo, no</p><p>epicôndilo medial do úmero. No carpo, a parte profunda do flexor superficial dos dedos</p><p>está unida ao tendão do músculo flexor profundo dos dedos por uma faixa tendínea</p><p>curta mas bastante resistente, faixa esta que corresponde ao músculo interflexor</p><p>proximal. O tendão da parte superficial do flexor superficial dos dedos corre distalmente</p><p>próximo à pele, enquanto o tendão da parte profunda passa pelo canal cárpico</p><p>juntamente com o tendão do músculo flexor profundo dos dedos, ao qual está</p><p>novamente unido pelo músculo interflexor distal, este último formado por uma delicada</p><p>faixa de fibras musculares. No terço distal do metacarpo, os tendões das partes</p><p>superficial e profunda do flexor superficial dos dedos fundem-se em um único tendão.</p><p>Após um pequeno trajeto, este tendão divide-se em dois ramos, um para cada dedo</p><p>principal. Ao passar pelos sesamóides proximais, cada ramo do tendão do flexor</p><p>59</p><p>superficial dos dedos une-se à parte superficial do músculo interósseo de modo a</p><p>formar um canal fibroso (manguito flexor), por onde passa o ramo correspondente do</p><p>tendão do flexor profundo dos dedos. Finalmente, cada ramo do tendão do flexor</p><p>superficial dos dedos vai inserir-se na face palmar da falange média. O músculo flexor</p><p>superficial dos dedos é irrigado pela artéria braquial.</p><p>Ação e inervação: Flexiona as articulações do carpo, metacarpofalângica e</p><p>interfalângica proximal. É inervado pelos nervos ulnar e mediano.</p><p>12.27 Flexor profundo dos dedos</p><p>É um músculo bem desenvolvido, situado junto à face caudal do rádio e coberto pelos</p><p>músculos flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos.</p><p>Possui geralmente quatro cabeças: uma cabeça radial, duas cabeças umerais e uma</p><p>cabeça ulnar. Na face palmar do carpo estas cabeças reunem-se em um tendão</p><p>comum, o qual passa no canal cárpico e se estende ao longo da face palmar do osso</p><p>metacárpico III + IV. Na altura da articulação metacarpofalângica, o tendão do flexor</p><p>profundo dos dedos divide-se em dois ramos, um para cada dedo principal. Cada ramo</p><p>passa então no manguito flexor formado pelos tendões dos músculos flexor superficial</p><p>dos dedos e interósseo e vai inserir-se na falange distal do dedo correspondente. A</p><p>cabeça radial do flexor profundo dos dedos é pequena e triangular. Origina-se na face</p><p>caudal do terço proximal do rádio. Seu ventre está aderido à face caudal do rádio e ela</p><p>continua-se por um delgado tendão, que se une aos tendões das outras cabeças na</p><p>altura do carpo. As cabeças umerais, geralmente duas, são as mais volumosas.</p><p>Originam-se numa área da extremidade distal do úmero, caudalmente ao epicôndilo</p><p>medial deste último. Na face palmar do carpo as cabeças umerais unem-se ao tendão</p><p>comum do músculo. A cabeça ulnar é também triangular e está situada na borda caudal</p><p>do antebraço, coberta parcialmente pelo músculo flexor ulnar do carpo. Origina-se na</p><p>face medial, na borda caudal e na face lateral da ulna, logo distalmente ao olécrano.</p><p>Seu longo tendão corre distalmente no antebraço entre as cabeças umerais e o</p><p>músculo ulnar lateral, unindo-se ao tendão comum na face palmar do carpo. É irrigado</p><p>pelas artérias braquial e interóssea comum.</p><p>Ação e inervação: Flexiona as articulações do carpo, metacarpofalângica e</p><p>interfalângicas proximal e distal. É inervado pelos nervos mediano e ulnar.</p><p>12.28 Ulnar lateral (extensor ulnar do carpo)</p><p>Situa-se no aspecto laterocaudal do antebraço. Origina-se na face lateral da</p><p>extremidade distal do úmero, caudalmente ao epicôndilo lateral. Sua porção carnosa é</p><p>laminar e continua-se por dois tendões que se inserem no osso acessório do carpo e na</p><p>base do osso metacárpico III + IV. Nos bovinos, insere-se ainda no osso metacárpico V.</p><p>É irrigado pela artéria interóssea comum e da artéria braquial.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do carpo. É inervado pelo ramo</p><p>profundo do nervo radial.</p><p>12.29 Extensor radial do carpo</p><p>Situa-se ao longo do aspecto craniolateral do antebraço. Origina-se no epicôndilo lateral</p><p>e na fossa radial do úmero. Seu tendão de inserção, após passar no sulco medial da</p><p>extremidade distal do rádio e na face dorsal do carpo, vai se prender na tuberosidade</p><p>60</p><p>metacárpica. É irrigado pela artéria circunflexa caudal do úmero, originada da artéria</p><p>subescapular.</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do carpo e flexiona a articulação do</p><p>cotovelo. É inervado pelo ramo profundo do nervo radial.</p><p>12.30 Abdutor longo do polegar</p><p>É um pequeno músculo que se situa na face lateral da extremidade distal do antebraço,</p><p>possuindo uma porção parcialmente carnosa e triangular e um tendão que cruza</p><p>obliquamente o tendão do músculo extensor radial do carpo e a articulação do carpo.</p><p>Origina-se na metade distal da face lateral da ulna e do rádio e insere-se na borda</p><p>medial da base do osso metacárpico III + IV. É irrigado pela artéria interóssea comum.</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do carpo. É inervado pelo ramo</p><p>profundo do nervo radial.</p><p>12.31 Extensor comum dos dedos</p><p>É um músculo longo, situado na face lateral do antebraço e que se estende desde o</p><p>cotovelo até as falanges distais dos dedos principais. Nos ruminantes, compreende dois</p><p>ventres, um medial e outro lateral, ambos originadas no epicôndilo lateral e área</p><p>adjacente do úmero, mas cada uma deles possuindo seu próprio tendão. Os tendões</p><p>dos dois ventres correm distalmente sobre a face dorsal do carpo e depois do</p><p>metacarpo. O tendão do ventre medial dirige-se para a face dorsal do dedo III, indo</p><p>inserir-se na falange média deste dedo. Já o tendão do ventre lateral, ao alcançar a</p><p>articulação metacarpofalângica, bifurca-se de modo a formar um ramo para cada dedo</p><p>principal, inserindo-se cada ramo na falange distal do dedo respectivo (dedo III e dedo</p><p>IV). É irrigado pela artéria interóssea comum.</p><p>Ação e inervação: Estende as articulações do carpo, metacarpofalângica e</p><p>interfalângicas proximal e distal dos dedos III e IV. É inervado pelo ramo profundo do</p><p>nervo radial.</p><p>12.32 Extensor lateral do dedo</p><p>É um músculo alongado, de contorno triangular, situado na face lateral do antebraço.</p><p>Origina-se no epicôndilo lateral e área adjacente do úmero. Seu tendão corre</p><p>distalmente no aspecto dorsolateral do carpo e do metacarpo. Ultrapassando a</p><p>extremidade distal do metacarpo, ele passa a correr sobre a face dorsal do dedo IV,</p><p>indo inserir-se nas falanges média e distal deste dedo. É irrigado pela artéria interóssea</p><p>comum.</p><p>Ação e inervação: Estende as articulações interfalângicas do dedo IV. É</p><p>inervado pelo ramo profundo do nervo radial.</p><p>12.33 Interósseo</p><p>Nos ruminantes, é um músculo único que, nos adultos, está constituído quase que</p><p>exclusivamente por tecido conjuntivo fibroso. Situa-se na face palmar do osso</p><p>metacárpico III + IV e envia prolongamentos à face dorsal dos dedos principais. Nos</p><p>bovinos, origina-se também no osso metacárpico V. Compreende duas partes,</p><p>61</p><p>superficial e profunda. A parte superficial do músculo interósseo, na extremidade distal</p><p>do osso metacárpico III e IV, forma juntamente com o tendão do músculo flexor</p><p>superficial dos dedos, os canais (manguitos flexores) que dão passagem aos tendões</p><p>do músculo flexor profundo dos dedos. A parte profunda do músculo interósseo</p><p>subdivide-se, na extremidade distal do osso metacárpico III e IV, em três porções:</p><p>lateral, intermédia e medial. As porções lateral e medial são menores que a intermédia</p><p>e dirigem-se para as faces abaxiais dos dedos principais, indo inserir-se nos ossos</p><p>sesamóides proximais abaxiais. Além disto, elas se continuam distalmente e vão se</p><p>fundir com o tendão do músculo extensor lateral do dedo (no dedo IV) e com o tendão</p><p>da parte medial do músculo extensor comum dos dedos (no dedo III). A porção</p><p>intermédia corre distalmente na face palmar do osso metacárpico III + IV, envia fibras</p><p>para os ossos sesamóides proximais axiais e atinge o espaço interdigital. Aqui, a</p><p>porção intermédia bifurca-se e termina unindo-se aos tendões da parte medial do</p><p>extensor comum dos dedos e do extensor lateral do dedo. É irrigado pela artéria radial.</p><p>Ação e inervação: Filogeneticamente, o músculo interósseo corresponde aos</p><p>músculos flexores da articulação metacarpofalângica. Com a evolução dos ruminantes,</p><p>ele sofreu uma adaptação funcional, passando suas partes a exercer o papel de</p><p>ligamentos e a participar do sistema passivo de suporte do animal. É inervado pelo</p><p>nervo radial.</p><p>13. NERVOS DO MEMBRO TORÁCICO</p><p>Os nervos que se destinam ao membro torácico originam-se do plexo braquial. Nos</p><p>caprinos e ovinos, este plexo é formado pelos ramos ventrais dos nervos espinhais</p><p>cervicais VI, VII e VIII e espinhal torácico I. Nos bovinos, além dos nervos citados, há</p><p>também contribuição do nervo espinhal torácico II. Os nervos que emergem do plexo</p><p>62</p><p>braquial formam inicialmente três troncos comuns, mas logo se separam, conforme</p><p>descrito a seguir.</p><p>13.1 Nervo supra-escapular</p><p>O nervo supra-escapular, cujas fibras derivam dos nervos espinhais cervicais VI e VII,</p><p>dirige-se para a face medial da escápula. Ele é bastante calibroso e passa entre os</p><p>músculos supra-espinhal e subescapular, inervando estes dois músculos e também o</p><p>músculo infra-espinhal.</p><p>13.2 Nervos subescapulares</p><p>Os nervos subescapulares, cranial e caudal, contêm fibras dos nervos espinhais</p><p>cervicais VI e VII. O nervo subescapular cranial deixa o plexo braquial formando um</p><p>tronco comum com o nervo supra-escapular e, separando-se deste último, penetra na</p><p>parte cranial do músculo subescapular. O nervo subescapular caudal, que acompanha</p><p>inicialmente o nervo toracodorsal ou o nervo axilar ou ambos, penetra na parte caudal</p><p>do músculo subescapular.</p><p>13.3 Nervos peitorais</p><p>Os nervos peitorais contêm fibras originadas principalmente dos nervos espinhais</p><p>cervicais VII e VIII. Apesar de haver variações de origem e trajeto, os nervos peitorais</p><p>podem ser divididos em peitorais craniais e peitorais caudais. No bovino e no caprino,</p><p>esses nervos comumente formam alças envolvendo a artéria braquial. Os nervos</p><p>peitorais craniais destinam-se principalmente ao músculo peitoral superficial. Os nervos</p><p>peitorais caudais inervam o músculo peitoral profundo e, algumas vezes, também a</p><p>parte caudal do músculo peitoral superficial.</p><p>13.4 Nervo radial</p><p>É o mais calibroso dos nervos originados do plexo braquial, derivando suas fibras dos</p><p>nervos espinhais cervicais VII e VIII e torácico I. Relaciona-se lateralmente com as</p><p>artérias subescapular e toracodorsal e medialmente com suas veias satélites. Ao atingir</p><p>o espaço compreendido entre o músculo redondo maior e as cabeças medial e longa do</p><p>tríceps do braço, ele emite vários ramos para essas cabeças e para o músculo tensor</p><p>da fáscia do antebraço. Em seguida, o nervo radial passa entre as cabeças medial e</p><p>acessória do tríceps do braço, para alcançar o sulco do músculo braquial. Neste</p><p>percurso, ele situa-se entre o músculo braquial e a cabeça lateral do tríceps do braço,</p><p>emitindo ramos para esta cabeça e para o músculo ancôneo. Nos bovinos, o nervo</p><p>radial também pode enviar ramo ao músculo braquial. Num ponto variável acima da</p><p>articulação do cotovelo, o nervo radial divide-se em ramos superficial e profundo.</p><p>O ramo superficial do nervo radial corre distalmente, cruzando a face lateral do</p><p>terço distal do músculo braquial e atingindo a face cranial do antebraço. Aqui, ele corre</p><p>na fáscia superficial do antebraço, relacionando-se inicialmente com a veia cefálica. Na</p><p>extremidade proximal do antebraço, emite o nervo cutâneo lateral do antebraço,</p><p>destinado à inervação da pele da face cranial do antebraço. Na metade distal do</p><p>antebraço, o ramo superficial do nervo radial corre associado à veia cefálica acessória</p><p>e, no carpo, situa-se lateralmente à veia digital dorsal comum III. Em seguida, o ramo</p><p>superficial do nervo radial divide-se em nervo digital dorsal comum II e nervo digital</p><p>63</p><p>dorsal comum III. O ponto dessa divisão é variável, podendo ocorrer no carpo, no</p><p>metacarpo ou na altura da articulação metacarpofalângica. O nervo digital dorsal</p><p>comum II é o ramo medial do ramo superficial do nervo radial; após um curto trajeto, ele</p><p>envia ao dedo II um pequeno ramo - o nervo digital dorsal próprio II, e continua-se na</p><p>face dorsal do dedo III como nervo digital dorsal próprio III abaxial. O nervo digital</p><p>dorsal comum III é o ramo lateral do ramo superficial do nervo radial; na altura da</p><p>articulação metacarpofalângica, ele divide-se em nervo digital dorsal próprio III axial e</p><p>nervo digital dorsal próprio IV axial, destinados respectivamente à inervação da face</p><p>dorsal dos dedos III e IV. O ramo superficial do nervo radial, ao longo de seu trajeto no</p><p>antebraço e na mão, envia também ramos para a pele e a fáscia dessas partes do</p><p>membro torácico.</p><p>O ramo profundo do nervo radial, na extremidade cranial do antebraço, passa</p><p>entre os músculos braquial e extensor radial do carpo, enviando ramos para este último</p><p>e, em alguns casos, também para o músculo braquial. O ramo profundo continua seu</p><p>trajeto passando agora entre o músculo extensor radial do carpo e o colo do rádio.</p><p>Finalmente, ele envia ramos aos músculos extensor comum dos dedos, extensor lateral</p><p>do dedo, abdutor longo do polegar e ulnar lateral.</p><p>13.5 Nervo axilar</p><p>O nervo axilar é formado por fibras dos nervos espinhais cervicais VI e VII no caprino e</p><p>no ovino</p><p>e dos nervos espinhais cervicais VII e VIII no bovino. Ele corre no espaço entre</p><p>os músculos subescapular, redondo maior e cabeça longa do tríceps do braço,</p><p>passando caudalmente à articulação do ombro. O nervo axilar envia ramos aos</p><p>músculos subescapular, redondo maior, redondo menor e deltóide. Um ramo do nervo</p><p>axilar dirige-se cranialmente, passando entre a parte acromial do deltóide e o tubérculo</p><p>maior do úmero, para penetrar na face profunda do músculo cleidobraquial, inervando-</p><p>o. O nervo axilar emite o nervo cutâneo cranial do antebraço, o qual emerge entre as</p><p>duas partes do músculo deltóide, cruza a extremidade distal do músculo cleidobraquial</p><p>e vai inervar a fáscia e a pele da face cranial do braço e do antebraço.</p><p>13.6 Nervo toracodorsal</p><p>O nervo toracodorsal é constituído por fibras provenientes dos nervos espinhais cervical</p><p>VIII e torácico I, no caprino e no ovino; no bovino, o nervo espinhal torácico II também</p><p>participa de sua formação. Dirige-se para a face profunda do músculo grande dorsal,</p><p>inervando-o, mas pode também enviar fibras aos músculos redondo maior e peitoral</p><p>profundo.</p><p>13.7 Nervo mediano</p><p>O nervo mediano é formado por fibras provenientes do nervo espinhal cervical VIII (e do</p><p>nervo espinhal torácico I, no bovino). Ele cruza a face medial da artéria axilar e forma a</p><p>alça axilar ao se juntar com o nervo musculocutâneo. Corre distalmente unido ao nervo</p><p>musculocutâneo na face medial do braço, caudalmente aos músculos coracobraquial e</p><p>bíceps do braço.</p><p>64</p><p>Na face medial da articulação do cotovelo, o nervo mediano, juntamente com a</p><p>artéria braquial, corre profundamente às inserções dos músculos braquiocefálico e</p><p>peitoral superficial. Aqui, ele emite um forte ramo destinado aos músculos pronador</p><p>redondo, flexor radial do carpo, flexor superficial dos dedos e cabeças umerais do</p><p>músculo flexor profundo dos dedos.</p><p>Na extremidade proximal do antebraço, o nervo mediano passa profundamente</p><p>ao músculo pronador redondo, em companhia da artéria braquial, emitindo nesse ponto</p><p>o nervo interósseo do antebraço. Este último dirige-se para a face caudal do rádio, onde</p><p>envia ramos à cabeça radial do músculo flexor profundo dos dedos e termina</p><p>ramificando-se na membrana interóssea do antebraço, a qual oblitera o espaço</p><p>interósseo proximal. O nervo mediano prossegue distalmente na face medial do</p><p>antebraço, profundamente ao músculo flexor radial do carpo, junto à artéria mediana.</p><p>Na metade distal do antebraço, o nervo e a artéria medianos tornam-se superficiais,</p><p>passando entre os tendões dos músculos flexor radial do carpo e flexor superficial dos</p><p>dedos. O nervo mediano, após passar na face palmar do carpo (canal cárpico), emite,</p><p>num ponto variável do metacarpo, os nervos digital palmar comum II, digital palmar</p><p>próprio III axial e digital palmar próprio IV axial. O nervo digital palmar comum II,</p><p>próximo da articulação metacarpofalângica, emite o pequeno nervo digital palmar</p><p>próprio II para o dedo II e se continua como nervo digital palmar próprio III abaxial. O</p><p>nervo digital palmar próprio III abaxial inerva as faces palmar e abaxial do dedo III. O</p><p>nervo digital palmar próprio III axial corre obliquamente na face medial do terço distal do</p><p>metacarpo, passa profundamente no espaço entre os dedos II e V para correr e</p><p>ramificar-se na face axial do dedo III. O nervo digital palmar próprio IV axial emite o</p><p>ramo comunicante com o ramo palmar do nervo ulnar, passa entre os dedos II e V e</p><p>ramifica-se na face axial do dedo IV. Durante seu trajeto, o nervo mediano envia ramos</p><p>para os músculos interflexores.</p><p>13.8 Nervo ulnar</p><p>O nervo ulnar tem a mesma origem do nervo mediano (nervo espinhal cervical VIII e, no</p><p>bovino, torácico I). Na axila, ele corre junto à artéria axilar, formando um tronco comum</p><p>com os nervos mediano e musculocutâneo. No terço médio do braço, separa-se destes</p><p>últimos e dirige-se caudalmente , cruzando a artéria braquial. Na face medial da cabeça</p><p>longa do tríceps do braço, emite o nervo cutâneo caudal do antebraço, destinado a</p><p>inervar a pele da face caudal do antebraço.</p><p>Na altura da articulação do cotovelo, o nervo ulnar passa profundamente entre</p><p>as cabeças umeral e ulnar do músculo flexor ulnar do carpo, enviando ramos para este</p><p>músculo, para o músculo flexor superficial dos dedos e para as cabeças umerais e ulnar</p><p>do músculo flexor profundo dos dedos.</p><p>O nervo ulnar continua distalmente correndo na borda caudal do antebraço,</p><p>entre os músculos ulnar lateral e flexor ulnar do carpo. No terço distal do antebraço, ele</p><p>divide-se em dois ramos: ramo palmar e ramo dorsal.</p><p>O ramo palmar do nervo ulnar aprofunda-se entre os tendões dos músculos</p><p>flexor ulnar do carpo e ulnar lateral e passa medialmente ao osso acessório do carpo,</p><p>emitindo distalmente a este último o ramo profundo para o músculo interósseo. O ramo</p><p>palmar continua distalmente no aspecto látero-palmar do metacarpo e, no terço distal</p><p>deste, une-se ao ramo comunicante proveniente do nervo mediano. O tronco formado</p><p>por esta união constitui o nervo digital palmar comum IV. Este último envia o pequeno</p><p>nervo digital palmar próprio V para o referido dedo e continua-se como nervo digital</p><p>palmar próprio IV abaxial.</p><p>65</p><p>O ramo dorsal do nervo ulnar cruza obliquamente o tendão do músculo ulnar</p><p>lateral e passa a correr no aspecto dorsolateral do metacarpo, convertendo-se no nervo</p><p>digital dorsal comum IV. Este último envia ramos à pele e fáscia desta região e, na</p><p>altura da articulação metacarpofalângica, fornece o pequeno nervo digital dorsal</p><p>próprio V para o dedo V e prossegue distalmente no dedo IV como nervo digital dorsal</p><p>próprio IV abaxial.</p><p>13.9 Nervo musculocutâneo</p><p>O nervo musculocutâneo origina-se dos nervos espinhais cervicais VI e VII nos caprinos</p><p>e ovinos e dos nervos espinhais cervicais VI, VII e VIII nos bovinos. Ele cruza a face</p><p>lateral da artéria axilar e une-se ao nervo mediano, constituindo esta união a chamada</p><p>alça axilar. Na extremidade proximal do braço, o nervo musculocutâneo emite um ramo,</p><p>denominado ramo muscular proximal, destinado aos músculos coracobraquial e bíceps</p><p>do braço. Distalmente, ele prossegue na face medial do braço ainda unido ao nervo</p><p>mediano. No terço distal do braço, ele finalmente separa-se do nervo mediano,</p><p>formando o ramo muscular distal para o músculo braquial e continuando-se como ramo</p><p>cutâneo medial do antebraço, que inerva a pele da face medial do antebraço.</p><p>14. VASOS DO MEMBRO TORÁCICO</p><p>14.1 Artérias</p><p>A principal artéria que irriga o membro torácico é a artéria axilar, continuação da artéria</p><p>subclávia proveniente da cavidade do tórax. O membro torácico é ainda irrigado em</p><p>parte, especialmente no ombro, pela artéria cervical superficial, originária também da</p><p>artéria subclávia.</p><p>14.1.1 Artéria cervical superficial</p><p>66</p><p>A artéria cervical superficial origina-se da artéria subclávia na entrada do tórax.</p><p>Atingindo a face lateral do pescoço, corre dorsalmente ao longo da borda cranial do</p><p>músculo supra-espinhal, passando profundamente aos músculos subclávio,</p><p>braquiocefálico, omotransversal e trapézio. Além de fornecer ramos aos músculos</p><p>acima citados e ao linfonodo cervical superficial, ela emite a artéria supra-escapular</p><p>(ramo supra-escapular, nos bovinos). Esta última é relativamente calibrosa e dirige-se</p><p>para a borda cranial do músculo supra-espinhal, onde se divide em dois ramos, lateral e</p><p>medial. O ramo lateral penetra na face craniolateral do músculo supra-espinhal, dirige-</p><p>se dorsalmente e aparece novamente na superfície desse músculo, ramificando-se na</p><p>fáscia e na pele próximas do ângulo cranial escápula. O ramo medial envia pequenos</p><p>ramos ao músculo peitoral profundo, ao músculo subescapular e à face medial da</p><p>articulação do ombro.</p><p>14.1.2 Artéria axilar</p><p>A artéria axilar inicia-se, como continuação da artéria subclávia, na borda cranial da</p><p>costela I. Daí, ela corre lateralmente, passa sobre o músculo peitoral</p><p>profundo e termina</p><p>na axila bifurcando-se em artérias subescapular e braquial. Antes desta bifurcação, a</p><p>artéria axilar emite os seguintes ramos:</p><p>a) Artéria torácica externa, que se origina próximo à costela I, corre</p><p>ventralmente e emite ramos para os músculos braquiocefálico, omotransversal, peitoral</p><p>superficial, peitoral profundo e subclávio;</p><p>b) Pequenos ramos musculares; que se originam próximo à bifurcação da artéria</p><p>axilar e irrigam os músculos coracobraquial e deltóide;</p><p>c) Nos bovinos, a artéria supra-escapular, que acompanha o nervo de mesmo</p><p>nome, irrigando os músculos supra-espinhal e subescapular.</p><p>14.1.3 Artéria subescapular</p><p>A artéria subescapular é a resultante proximal da bifurcação da artéria axilar. Corre</p><p>entre os músculos subescapular e redondo maior e termina na área adjacente ao</p><p>ângulo caudal da escápula. Durante seu trajeto, emite os seguintes ramos:</p><p>a) Artéria circunflexa caudal do úmero: Logo após originar-se da artéria</p><p>subescapular, penetra, juntamente com o nervo axilar, no espaço compreendido entre</p><p>os músculos redondo maior, cabeça longa do tríceps do braço e subescapular,</p><p>passando caudalmente à articulação do ombro. Aqui, a artéria circunflexa caudal do</p><p>úmero emite a artéria colateral radial e passa entre as cabeças longa e lateral do</p><p>tríceps do braço e, ao chegar à face profunda do músculo deltóide, divide-se em vários</p><p>ramos delgados que vascularizam as cabeças longa e lateral do tríceps do braço e os</p><p>músculos deltóide, redondo menor e infra-espinhal. A artéria colateral radial corre</p><p>distalmente no braço entre as cabeças lateral e longa do tríceps do braço.</p><p>Acompanhando o nervo radial, ela distribui-se naquelas cabeças, bem como no</p><p>músculo ancôneo e na extremidade proximal do músculo extensor radial do carpo. Dá</p><p>origem também à artéria nutrícia do úmero. Sua continuação distal no antebraço</p><p>constitui, nos ruminantes, a artéria antebraquial superficial cranial. Esta última, no</p><p>antebraço, divide-se nas artérias digitais dorsais comuns II e III, pouco calibrosas e que</p><p>suprem a face dorsal dos dedos.</p><p>b) Artéria toracodorsal: corre ao longo da face profunda dos músculos redondo</p><p>maior e grande dorsal. Distribui-se, juntamente com o nervo toracodorsal, na face</p><p>67</p><p>profunda do músculo grande dorsal, emitindo também ramos para o músculo redondo</p><p>maior e para os linfonodos axilares.</p><p>c) Artéria circunflexa da escápula: dirige-se cranialmente entre o músculo</p><p>subescapular e a cabeça longa do tríceps do braço, dividindo-se em dois ramos, medial</p><p>e lateral. O ramo medial irriga principalmente o músculo subescapular. O ramo lateral</p><p>dá origem à artéria nutrícia da escápula e ramifica-se no músculo infra-espinhal.</p><p>14.1.4 Artéria braquial</p><p>A artéria braquial é a resultante distal, mais calibrosa, da bifurcação da artéria axilar.</p><p>Ela percorre distalmente um trajeto retilíneo no braço, passando primeiro entre o</p><p>músculo coracobraquial e a cabeça medial do tríceps do braço e depois entre esta</p><p>última e o bíceps do braço. Na face medial do braço, acompanha os nervos</p><p>musculocutâneo, mediano e ulnar. Na face medial da articulação do cotovelo, a artéria</p><p>braquial, juntamente com o nervo mediano, passa profundamente ao músculo pronador</p><p>redondo. Um pouco distalmente à articulação do cotovelo, ela termina emitindo a artéria</p><p>interóssea comum e continuando-se como artéria mediana. No braço, a artéria braquial</p><p>dá origem aos seguintes ramos:</p><p>a) Artéria circunflexa cranial do úmero: É um pequeno ramo que se origina da</p><p>face cranial da artéria braquial e corre, juntamente com o ramo muscular proximal do</p><p>nervo musculocutâneo, através do músculo coracobraquial. Ela irriga este músculo e</p><p>termina penetrando no terço proximal do músculo bíceps do braço. Em alguns casos,</p><p>ela pode originar-se da artéria subescapular ou da artéria circunflexa caudal do úmero.</p><p>b) Artéria profunda do braço: É um curto ramo que se origina da face caudal da</p><p>artéria braquial e se distribui nas cabeças medial e longa do tríceps do braço.</p><p>c) Artéria colateral ulnar: Origina-se da face caudal da artéria braquial, no terço</p><p>distal do braço. Ela corre caudodistalmente em direção ao olécrano, fornece pequenos</p><p>ramos para a cabeça longa do tríceps do braço e para o peitoral superficial e ramifica-</p><p>se na fáscia e pele da face medial da articulação do cotovelo.</p><p>d) Artéria bicipital: É um curto ramo que se dirige cranialmente para penetrar no</p><p>terço distal do bíceps do braço.</p><p>e) Artéria transversa do cotovelo: Origina-se da artéria braquial na extremidade</p><p>distal do braço e passa entre o músculo bíceps do braço e a face cranial da articulação</p><p>do cotovelo. Aqui ela se divide em ramos proximal e distal. O ramo proximal atinge a</p><p>face profunda da cabeça lateral do músculo tríceps do braço, passando entre o úmero e</p><p>o músculo braquial. Ele fornece ramos para os músculos braquial, cabeça lateral do</p><p>tríceps do braço e extensor radial do carpo e anastomosa-se com a artéria colateral</p><p>radial. O ramo distal emerge sobre a origem do músculo extensor radial do carpo, irriga</p><p>este músculo e divide-se em dois ramos. Um destes ramos continua distalmente no</p><p>antebraço e ramifica-se nos músculos extensor radial do carpo e extensor comum dos</p><p>dedos e se anastomosa com a artéria recorrente interóssea. O outro ramo desce ao</p><p>longo do tendão de inserção do músculo braquial, anastomosa-se com um ramo da</p><p>artéria interóssea comum e finalmente termina no músculo extensor radial do carpo.</p><p>Após emitir a artéria transversa do cotovelo, a artéria braquial atinge a</p><p>extremidade proximal do antebraço, correndo juntamente com o nervo mediano. Neste</p><p>ponto, ambas as estruturas passam profundamente ao músculo pronador redondo e a</p><p>artéria braquial emite um forte ramo muscular, destinado aos músculos flexores do</p><p>carpo e dos dedos, e a artéria interóssea comum. Após a emissão desta última, a</p><p>artéria braquial continua-se como artéria mediana.</p><p>68</p><p>A artéria interóssea comum, logo após sua origem da artéria braquial, emite a</p><p>artéria interóssea caudal, que corre distalmente ao longo das cabeças umerais do</p><p>músculo flexor profundo dos dedos, enviando ramos para os músculos flexor radial do</p><p>carpo, flexor superficial dos dedos e as cabeças umerais do músculo flexor profundo</p><p>dos dedos. Atingindo o espaço interósseo proximal, a artéria interóssea comum emite</p><p>neste ponto as artérias nutrícias do rádio e da ulna e se continua como artéria</p><p>interóssea cranial. Esta última atravessa o espaço interósseo proximal e atinge a face</p><p>lateral do rádio. Daí, ela corre distalmente no sulco longitudinal que une o espaço</p><p>interósseo proximal ao espaço interósseo distal. Próximo ao meio do antebraço, a</p><p>artéria interóssea cranial emite um ramo muscular, que supre os músculos extensor</p><p>comum dos dedos, extensor radial do carpo e abdutor longo do polegar. Na metade</p><p>distal do antebraço, ela está coberta pelo músculo abdutor longo do polegar. No espaço</p><p>interósseo distal, a artéria interóssea cranial finalmente bifurca-se em ramo dorsal e</p><p>ramo palmar. O ramo dorsal corre na face dorsolateral do carpo, onde se distribui</p><p>enviando ramos à cápsula articular e à rede dorsal do carpo. Quanto ao ramo palmar,</p><p>ele atravessa o espaço interósseo distal e divide-se em ramo superficial e ramo</p><p>profundo. O ramo superficial envia ramos para a articulação do carpo, para os</p><p>músculos ulnar lateral, flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos e também</p><p>para o arco palmar proximal. O ramo profundo irriga a face palmar do carpo e</p><p>anastomosa-se com pequenos ramos da artéria radial, formando a rede palmar do</p><p>carpo, situada no canal cárpico.</p><p>14.1.5 Artéria mediana</p><p>A artéria mediana corre distalmente no antebraço, entre o músculo flexor radial do</p><p>carpo e a borda medial do rádio, acompanhando o nervo mediano. No terço médio do</p><p>antebraço, ela gradualmente cruza a face profunda do músculo flexor radial do carpo e</p><p>continua-se no canal cárpico, profundamente ao retináculo flexor. Próximo à articulação</p><p>metacarpofalângica, ela</p><p>se une a um ramo anastomótico que emerge do arco palmar</p><p>profundo e continua-se como artéria digital palmar comum III. Em seu percurso, a</p><p>artéria mediana fornece os seguintes ramos:</p><p>a) Ramos musculares: São alguns ramúsculos que se distribuem nos músculos</p><p>bíceps do braço, pronador redondo, extensor radial do carpo e terminam ramificando-se</p><p>na fáscia e pele da face medial do antebraço.</p><p>b) Artéria radial: Origina-se da artéria mediana no terço médio do antebraço e</p><p>corre distalmente no aspecto plantomedial do tarso, dispondo-se paralela e</p><p>cranialmente à artéria mediana. No carpo, a artéria radial fornece ramos para a rede</p><p>dorsal do carpo e, no terço distal do metacarpo, ela (a artéria radial) termina unindo-se</p><p>novamente à artéria mediana. A rede dorsal do carpo é uma delicada rede arterial</p><p>situada na face dorsal da articulação do carpo. Dela se origina a artéria metacárpica</p><p>dorsal III, que corre distalmente no sulco longitudinal dorsal do osso metacárpico III +</p><p>IV. Em seu curso ao longo deste osso, a artéria metacárpica dorsal III recebe o ramo</p><p>perfurante proximal e envia pequenos ramos aos tendões, bainhas sinoviais e ao</p><p>periósteo. Próximo à articulação metacarpofalângica, ela se une ao ramo perfurante</p><p>distal, que se origina do arco palmar profundo. Em seguida, ela desce sobre a face</p><p>dorsal da articulação metacarpofalângica como artéria digital dorsal comum III. No terço</p><p>médio das falanges proximais, esta última emite as artérias digitais dorsais próprias III e</p><p>IV axiais, que correm no espaço interdigital e se anastomosam com ramos da artéria</p><p>digital palmar comum III.</p><p>69</p><p>14.1.6 Artéria digital palmar comum III</p><p>É a continuação distal da artéria mediana a partir da articulação metacarpofalângica,</p><p>constituindo a mais calibrosa e, por conseguinte, a mais importante artéria da mão dos</p><p>ruminantes. Ela corre distalmente entre os dois paradígitos (dedos II e V) e, no nível do</p><p>terço médio das falanges proximais, emite a cada lado um ramo comunicante, o qual</p><p>corre transversalmente na face palmar da falange, sob os tendões flexores, para se unir</p><p>à artéria digital palmar própria abaxial do dedo correspondente. A artéria digital palmar</p><p>comum III continua distalmente correndo no espaço interdigital. Neste ponto, ela</p><p>comunica-se com a artéria digital dorsal comum III, emite um ramo para o coxim</p><p>interdigital e, depois de um curto trajeto, bifurca-se nas artérias digitais palmares</p><p>próprias III e IV axiais, uma para cada dedo principal. Cada uma destas emite um ramo</p><p>palmar, que supre a face palmar e o cório da falange distal. Além do ramo palmar,</p><p>envia também pequenos ramos à face axial do respectivo dedo e emite a artéria</p><p>coronal, que corre dorsalmente na falange média e se distribui na face dorsal do dedo.</p><p>As artérias digitais palmares próprias III e IV axiais finalmente penetram na falange</p><p>distal, onde formam o arco terminal, do qual partem inúmeros ramúsculos para o cório</p><p>do casco.</p><p>A irrigação dos dedos é complementada pelas delgadas artérias digitais</p><p>palmares comuns II e IV, que emergem do arco palmar superficial, situado no terço</p><p>distal do metacarpo. Próximo aos paradígitos, a artéria digital palmar comum II divide-</p><p>se em artérias digital palmar própria II e digital palmar própria III abaxial, enquanto a</p><p>artéria digital palmar comum IV dá origem às artérias digital palmar própria V e digital</p><p>palmar própria IV abaxial.</p><p>14.2 Veias</p><p>A drenagem venosa do membro torácico é feita por meio de um sistema superficial e</p><p>um sistema profundo. O sistema superficial é constituído pela veia cefálica e suas</p><p>tributárias, ao passo que o sistema profundo é representado pela veia axilar e suas</p><p>tributárias. Somente as veias do sistema profundo seguem as artérias correspondentes.</p><p>Os dois sistemas comunicam entre si por meio de ramos anastomóticos.</p><p>14.2.1 Veia cefálica</p><p>A veia cefálica origina-se da veia radial, na face medial do carpo. Ela dirige-se para a</p><p>face cranial do antebraço, recebendo, logo proximalmente ao carpo, a veia cefálica</p><p>acessória. Após correr na face cranial do antebraço, a veia cefálica atinge o terço distal</p><p>do braço e aí recebe a veia mediana do cotovelo, um ramo anastomótico proveniente</p><p>da veia braquial. Prosseguindo no braço, ela passa cranialmente ao músculo</p><p>braquiocefálico e, finalmente, dirige-se para o pescoço, desembocando na veia jugular</p><p>externa, que corre no sulco jugular, situado no aspecto lateroventral do pescoço.</p><p>14.2.2 Veia radial</p><p>A veia radial origina-se, no terço distal do metacarpo, da união dos ramos palmares</p><p>superficial e profundo. Ela então corre proximalmente no metacarpo, ao longo da borda</p><p>medial do músculo interósseo. Na altura do carpo ela dá origem à veia cefálica e,</p><p>depois de perfurar a fáscia profunda do antebraço, desemboca na veia mediana.</p><p>70</p><p>14.2.3 Veia cefálica acessória</p><p>A veia cefálica acessória é a continuação proximal, na face dorsal do carpo, da veia</p><p>digital dorsal comum III. Esta última, por sua vez, origina-se no espaço interdigital pela</p><p>união das veias digitais dorsais próprias III e IV, as quais provêm dos plexos da face</p><p>dorsal das falanges distais.</p><p>14.2.4 Veia digital dorsal comum III</p><p>A veia digital dorsal comum III, logo após sua formação no espaço interdigital, corre</p><p>proximalmente até atingir a articulação metacarpofalângica. Após cruzar</p><p>superficialmente a face dorsal desta articulação, ela inclina-se medialmente e passa a</p><p>correr no metacarpo junto aos tendões dos músculos extensores. Atingindo a face</p><p>dorsal do carpo, ela continua-se como veia cefálica acessória.</p><p>14.2.5 Veia axilar</p><p>É formada pela união das veias subescapular e braquial, na axila. Ela corre na região</p><p>axilar em direção à parede do tórax e se continua, ao passar pela costela I, como veia</p><p>subclávia. Durante seu trajeto, a veia axilar recebe as veias das regiões axilar e</p><p>escapular.</p><p>14.2.6 Veia braquial</p><p>É a continuação no braço da veia mediana, podendo ser dupla. Ela corre</p><p>proximalmente no braço, juntamente com a artéria braquial e os nervos mediano,</p><p>musculocutâneo e ulnar. Na porção proximal do braço, a veia braquial relaciona-se com</p><p>o nervo radial. A veia braquial comunica-se com a veia cefálica por meio da veia</p><p>mediana do cotovelo, já referida.</p><p>14.2.7 Veia mediana</p><p>A veia mediana acompanha o trajeto da artéria mediana, correndo proximalmente ao</p><p>longo do metacarpo, do carpo e da face medial do antebraço. Ela representa a</p><p>continuação, proximalmente à articulação metacarpofalângica, da veia digital palmar</p><p>comum III. Esta última drena a maior parte do sangue dos dois dedos principais,</p><p>resultando da união, no espaço interdigital, das veias digitais palmares próprias III e IV</p><p>axiais.</p><p>14.3 Linfáticos</p><p>Os vasos linfáticos do membro torácico são tributários de dois linfocentros: cervical</p><p>superficial e axilar. O linfocentro cervical superficial pertence ao pescoço, estando</p><p>descrito no item 12.23.2. Quanto ao linfocentro axilar, compõe-se de linfonodos</p><p>pequenos (0,5 - 1,0 cm nos pequenos ruminantes e 2,0 - 3,0 cm nos bovinos), ovóides</p><p>ou arredondados, achatados, situados na região axilar, em estreita relação com os</p><p>componentes do plexo braquial e a artéria e veia axilares. Há, comumente, dois</p><p>linfonodos axilares mais craniais, situados no extremo ventral da costela I, ventralmente</p><p>à origem da artéria axilar, e outro situado mais caudalmente, junto ao extremo distal do</p><p>71</p><p>músculo redondo maior, em relação com a artéria e veia toracodorsais. Os primeiros</p><p>são chamados linfonodos axilares da costela I e o segundo linfonodo axilar próprio.</p><p>Nos ovinos pode haver ainda, fazendo parte do linfocentro axilar, um ou mais</p><p>linfonodos cubitais (do cotovelo), situados no terço distal da face medial do braço, junto</p><p>à artéria e veia braquiais e ao nervo mediano.</p><p>Área de drenagem: Para os linfonodos axilares convergem vasos linfáticos</p><p>provenientes da face medial da escápula, do braço, do antebraço e da porção cranial</p><p>da parede do tórax. Seus vasos eferentes confluem</p><p>geralmente para os linfonodos</p><p>cervicais profundos caudais, mas podem também ir diretamente aos troncos traqueais</p><p>ou ainda ao ducto torácico.</p><p>72</p><p>15. DISSECAÇÃO DA PAREDE DO TÓRAX</p><p>15.1 Afaste ventralmente os cotos dos músculos peitoral superficial e peitoral profundo,</p><p>até a linha mediana ventral.</p><p>15.2 Localize, no limite entre as partes cervical e torácica do músculo serrátil ventral, as</p><p>raízes do plexo braquial. Disseque estas raízes, que são, em sentido craniocaudal, os</p><p>ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais C6, C7, C8 e o ramo ventral do nervo</p><p>espinhal torácico T1 (no bovino, também T2). Conforme já visto, do plexo braquial saem</p><p>os nervos que suprem o membro torácico.</p><p>15.3 Identifique, originando-se de C7 e C8 e correndo longitudinalmente sobre o</p><p>músculo serrátil ventral, o nervo torácico longo. Identifique também, se tiver sido</p><p>preservado, o nervo torácico lateral, que se origina de C8 e T1 e corre</p><p>longitudinalmente na porção ventral da parede do tórax para se distribuir numa ampla</p><p>área das paredes torácica e abdominal.</p><p>15.4 Identifique, na porção ventral do pescoço e prendendo-se na primeira costela, o</p><p>músculo escaleno ventral. Localize, correndo em sentido caudoventral sobre o escaleno</p><p>ventral, o nervo frênico, que vai penetrar na cavidade do tórax para inervar o músculo</p><p>diafragma.</p><p>15.5 Disseque, ventralmente às raízes do plexo braquial, a artéria e veia axilares, que</p><p>foram seccionadas ao se retirar o membro torácico.</p><p>15.6 Libere, em sentido caudocranial, as inserções do músculo serrátil ventral nas</p><p>costelas, até a costela V.</p><p>15.7 Localize os espaços intercostais, cada um deles preenchido por um músculo</p><p>intercostal externo. No espaço intercostal entre as costelas VI e VII, faça com cuidado</p><p>uma incisão vertical no músculo intercostal externo, ao longo da borda caudal da</p><p>costela VI. Afaste o intercostal externo e localize, profundamente a ele, o músculo</p><p>intercostal interno, cujas fibras têm direção contrária às do intercostal externo.</p><p>15.8 Localize, na porção dorsal da parede do tórax, os músculos serrátil dorsal cranial e</p><p>serrátil dorsal caudal. Ambos são formados por delgadas faixas musculares oblíquas,</p><p>que se prendem em série no terço dorsal das costelas III a VI (músculo serrátil dorsal</p><p>cranial) e das costelas X a XIII (músculo serrátil dorsal caudal).</p><p>15.9 Localize, estendendo-se longitudinalmente no espaço entre os processos</p><p>espinhosos das vértebras torácicas e a parte dorsal das costelas, os músculos</p><p>longíssimo e íliocostal. O longíssimo é um músculo extremamente longo e volumoso,</p><p>que se estende deste o ílio até o pescoço; sua porção torácica recebe a denominação</p><p>de longíssimo do tórax. O iliocostal situa-se ventralmente ao longíssimo, apresentando-</p><p>se formado por numerosos fascículos, cujos tendões, de aspecto brilhante, vão se</p><p>prendendo em série na parte dorsal de cada costela. Localize, dorsal e medialmente ao</p><p>longíssimo, o músculo espinhal, também alongado e que se dirige para o pescoço.</p><p>73</p><p>15.10 Passe a estudar agora a face interna da parede do tórax. Para isto, utilize uma</p><p>metade do tronco, sem as vísceras. Observe que esta face é revestida por uma</p><p>membrana serosa, de aspecto brilhante, a pleura costal. Note por transparência,</p><p>correndo juntos verticalmente ao longo da borda caudal de cada costela, a artéria</p><p>intercostal e o nervo intercostal. Remova a pleura do espaço intercostal V e disseque a</p><p>artéria e nervo intercostais neste espaço.</p><p>15.11 Identifique, disposto transversalmente na porção ventral da parede do tórax,</p><p>recobrindo a face interna do esterno e das cartilagens costais, o músculo transverso do</p><p>tórax. Disseque, penetrando entre este músculo e o esterno, a artéria e veia torácicas</p><p>internas.</p><p>15.12 Verifique a porção do músculo diafragma que está inserida na face interna da</p><p>parede do tórax. Este músculo separa a cavidade do tórax da cavidade do abdome e</p><p>será visto de maneira completa no estudo da cavidade do tórax.</p><p>74</p><p>16. MÚSCULOS DA PAREDE DO TÓRAX</p><p>16.1 Peitoral superficial, peitoral profundo e serr átil ventral.</p><p>Estes músculos estão descritos no item referente a músculos do membro torácico.</p><p>16.2 Reto do tórax</p><p>É um delgado músculo situado obliquamente no ângulo cranioventral da parede do</p><p>tórax. Sua presença é inconstante, podento faltar em muitos animais. Origina-se na</p><p>metade ventral da borda lateral da costela I e insere-se nas cartilagens costais II a V. É</p><p>irrigado pelas primeiras artérias intercostais.</p><p>Ação e inervação: Atua na inspiração. É inervado por ramos dos nervos</p><p>intercostais.</p><p>16.3 Intercostais externo e interno</p><p>Os músculos intercostais são lâminas musculares que ocupam os espaços intercostais.</p><p>Considerando a direção de suas fibras, podem-se identificar dois estratos musculares,</p><p>um externo e outro interno. Cada intercostal externo origina-se na borda caudal de uma</p><p>costela, dirige-se caudoventralmente e insere-se na borda cranial da costela seguinte.</p><p>Cada intercostal interno, situado profundamente ao primeiro, origina-se na borda cranial</p><p>de uma costela, dirige-se cranioventralmente para inserir-se na borda caudal da costela</p><p>precedente. São irrigados pelas artérias intercostais.</p><p>Ação e inervação: Os músculos intercostais externos atuam na inspiração e os</p><p>intecostais internos na expiração.São ambos inervados pelos nervos intercostais.</p><p>16.4 Serrátil dorsal cranial</p><p>É constituído por três ou quatro delgadas faixas musculares, dispostas obliquamente na</p><p>porção dorsal da parede do tórax, sobre os músculos iliocostal e longíssimo do tórax.</p><p>Origina-se na porção profunda da fáscia toracolombar e vai se inserir na porção dorsal</p><p>costelas IV a VI (até VIII, nos bovinos). Pode faltar em alguns animais. É irrigado pelas</p><p>artérias intercostais.</p><p>Ação e inervação: Atua na inspiração. É inervado por ramos dos nervos</p><p>intercostais.</p><p>16.5 Serrátil dorsal caudal</p><p>É também constituído por três ou quatro faixas musculares, dispostas em série na</p><p>porção dorsal das três ou quatro últimas costelas. Está coberto, em parte, pelo músculo</p><p>grande dorsal. Origina-se na lâmina profunda da fáscia toracolombar e insere-se na</p><p>porção dorsal das três ou quatro últimas costelas. É irrigado pelas artérias intercostais.</p><p>Ação e inervação: Atua na expiração. É inervado por ramos dos nervos</p><p>intercostais.</p><p>75</p><p>16.6 Retrator da costela</p><p>Este músculo ocupa o ângulo formado entre a última costela e a porção lombar da</p><p>coluna vertebral. Situa-se profundamente à última faixa do músculo serrátil dorsal</p><p>caudal, do qual não está muito nitidamente separado. Origina-se na lâmina profunda da</p><p>fáscia toracolombar e insere-se na parte dorsal da última costela. É irrigado pela artéria</p><p>costo-abdominal e pelas primeiras artérias lombares.</p><p>Ação e inervação: Atua na expiração. É inervado pelo nervo costo-abdominal e</p><p>pelo primeiro nervo espinhal lombar.</p><p>16.7 Transverso do tórax</p><p>É um músculo largo e laminar que recobre a face interna do esterno e das cartilagens</p><p>costais II a VII. Suas fibras têm disposição transversal, originam-se no ligamento do</p><p>esterno e inserem-se na face interna das articulações costocondrais. Nos pequenos</p><p>ruminantes, os músculos de ambos os antímeros unem-se no plano mediano, enquanto</p><p>nos bovinos tais fibras não atingem o referido plano. É irrigado pela artéria torácica</p><p>interna.</p><p>Ação e inervação: Atua na expiração. É inervado pelos nervos intercostais.</p><p>16.8 Diafragma</p><p>O diafragma é uma extensa lâmina musculotendínea que separa a cavidade do tórax da</p><p>cavidade do abdome. É formado por uma parte carnosa periférica e uma parte central</p><p>tendínea (centro tendíneo), apresentando uma face torácica convexa e uma face</p><p>abdominal côncava. A porção carnosa do diafragma é dividida em três partes: lombar,</p><p>costal e esternal. A parte lombar do diafragma consiste dois potentes feixes musculares</p><p>denominados pilares direito e esquerdo. O pilar direito insere-se</p><p>no ligamento</p><p>longitudinal ventral da coluna vertebral e, por meio deste, no corpo das quatro primeiras</p><p>vértebras lombares. O pilar esquerdo é menor e insere-se nas duas primeiras vértebras</p><p>lombares também por meio do ligamento longitudinal ventral. O pilar direito é alargado e</p><p>ultrapassa o plano mediano; apresenta-se fendido para dar passagem ao esôfago,</p><p>constituindo esta fenda o hiato esofágico. Um outro hiato, denominado hiato aórtico,</p><p>situa-se entre os pilares direito e esquerdo e dá passagem à artéria aorta, ao ducto</p><p>torácico e à porção inicial da veia ázigos esquerda. A parte costal do diafragma insere-</p><p>se nas costelas e na cartilagem costal VIII. A linha de inserção costal do diafragma</p><p>inicia-se no terço dorsal da última costela e dirige-se cranial e ventralmente quase em</p><p>linha reta, até alcançar a extremidade ventral da costela VIII e a respectiva cartilagem</p><p>costal. A parte esternal do diafragma insere-se na face dorsal da cartilagem xifóidea do</p><p>esterno. O centro tendíneo é a porção central, não carnosa, do diafragma. Ele possui</p><p>uma forma mais ou menos triangular e apresenta, aproximadamente em seu centro, um</p><p>orifício, o forame da veia cava, para a passagem da veia cava caudal. O diafragma é</p><p>irrigado pelas artérias frênica caudal e musculofrênica.</p><p>Ação e inervação: O diafragma é o principal músculo que atua na inspiração.</p><p>Sua contração faz reduzir a convexidade de sua face torácica, provocando aumento do</p><p>volume da cavidade do tórax e consequente expansão dos pulmões. É inervado pelo</p><p>nervo frênico.</p><p>16.9 Longíssimo e iliocostal</p><p>76</p><p>Estes dois músculos pertencem ao longo e potente grupo muscular denominado</p><p>músculo eretor da espinha, que se estende desde o sacro e o ílio até o crânio,</p><p>ocupando, a cada lado, o espaço entre os processos espinhosos e os processos</p><p>transversos das vértebras . São constituídos por fascículos que se dispõem em série,</p><p>ao longo da coluna vertebral. O músculo iliocostal é o mais ventral dos dois. Seus</p><p>fascículos originam-se nos processos transversos das primeiras vértebras lombares e</p><p>inserem-se em sequência na parte dorsal das costelas, atingindo até o processo</p><p>transverso da última vértebra cervical. O músculo longíssimo, mais dorsal e volumoso,</p><p>origina-se na crista ilíaca, na crista sacral mediana e no ligamento supra-espinhal. Seus</p><p>fascículos inserem-se nos processos transversos das vértebras lombares, vértebras</p><p>torácicas e quatro últimas vértebras cervicais, bem como na extremidade dorsal das</p><p>costelas. Este músculo recebe as denominações de longíssimo lombar, longíssimo do</p><p>tórax e longíssimo do pescoço, conforme a região da coluna vertebral com a qual se</p><p>relaciona. São irrigados pelas artérias lombares, intercostais dorsais e cervical</p><p>profunda.</p><p>Ação e inervação: Os componentes do músculo eretor da espinha atuam na</p><p>extensão da coluna vertebral. Eles são inervados pelos ramos dorsais dos nervos</p><p>espinhais, desde os lombares até os cervicais.</p><p>17. NERVOS DA PAREDE DO TÓRAX</p><p>77</p><p>17.1 Nervos intercostais</p><p>Os nervos intercostais são constituídos pelos ramos ventrais dos nervos espinhais</p><p>torácicos. Nos ruminantes, são em número de 13 pares, designados como T1, T2...T13,</p><p>de acordo com o segmento da medula espinhal de onde se originam.</p><p>Cada nervo espinhal torácico, logo após emergir do forame intervertebral,</p><p>divide-se em ramo dorsal e ramo ventral. O ramo dorsal dirige-se dorsolateralmente e</p><p>divide-se, por sua vez, em ramos medial e lateral. O ramo medial inerva a musculatura</p><p>epiaxial da região (músculos longíssimo do tórax e iliocostal). O ramo lateral emerge</p><p>entre os músculos longíssimo do tórax e iliocostal, corre sobre a fáscia toracolombar e</p><p>divide-se em ramos cutâneos dorsais lateral e medial, os quais inervam a fáscia e a</p><p>pele da região epiaxial. O ramo ventral é bem mais desenvolvido que o ramo dorsal e</p><p>constitui o nervo intercostal. Ele está unido ao tronco simpático por meio dos ramos</p><p>comunicantes. Nos bovinos, os ramos ventrais de T1 e T2 participam na formação do</p><p>plexo braquial. Já nos caprinos e ovinos, apenas o ramo ventral de T1 entra na</p><p>formação desse plexo.</p><p>Cada nervo intercostal corre ventralmente no espaço intercostal, associado à</p><p>artéria e veia intercostais, dispondo-se o feixe vasculonervoso junto à borda caudal de</p><p>cada costela. Em seu terço proximal, cada nervo intercostal corre entre os músculos</p><p>intercostais externo e interno, passando a ocupar depois uma posição mais junto à</p><p>pleura. Os nervos intercostais inervam os músculos intercostais, peitorais e transverso</p><p>do tórax. Os mais caudais inervam também a parte cranial dos músculos abdominais (</p><p>músculos reto, oblíquos e transverso do abdome). Além dos ramos musculares, os</p><p>nervos intercostais emitem também ramos cutâneos, dispostos em duas séries: ramos</p><p>cutâneos laterais e ramos cutâneos ventrais. Os ramos cutâneos laterais perfuram os</p><p>músculos intercostais externos, serrátil ventral e oblíquo externo do abdome, emergindo</p><p>em série no terço médio da parede lateral do tórax. Eles inervam o músculo cutâneo do</p><p>tronco, a fáscia e a pele da face lateral do tórax. Os ramos cutâneos ventrais alinham-</p><p>se no terço ventral da parede lateral do tórax, emergindo nos espaços entre as</p><p>cartilagens costais. Enviam ramos aos músculos peitorais e à porção cranioventral dos</p><p>músculos abdominais e terminam ramificando-se na pele da região. Alguns deles, os</p><p>mais craniais, unem-se com ramos colaterais do nervo torácico lateral. Da união do</p><p>ramo cutâneo ventral do nervo intercostal T3 com um ramo colateral do nervo torácico</p><p>lateral resulta a formação do nervo intercostobraquial, que se distribui na face</p><p>caudolateral da axila e do braço.</p><p>O ramo ventral do último nervo espinhal torácico (T13) constitui o nervo costo-</p><p>abdominal, que corre na borda caudal da última costela e inerva os músculos oblíquos</p><p>e transverso do abdome, além de emitir ramos cutâneos semelhantes aos dos nervos</p><p>intercostais.</p><p>17.2 Nervo torácico longo</p><p>O nervo torácico longo origina-se dos nervos espinhais cervicais C7 e C8 e corre</p><p>longitudinalmente sobre a face lateral do músculo serrátil ventral, onde se distribui. No</p><p>caprino, inerva também a parte cervical deste músculo.</p><p>17.3 Nervo torácico lateral</p><p>78</p><p>O nervo torácico lateral origina-se dos nervos espinhais cervical C8 e torácico Tl. Corre</p><p>caudalmente na parede ventrolateral do tórax e apresenta conexões com os ramos</p><p>cutâneos ventrais dos nervos intercostais. Inerva a fáscia, o músculo cutâneo e a pele</p><p>da parede lateroventral do tórax e do abdome, chegando até o flanco.</p><p>18. VASOS DA PAREDE DO TÓRAX</p><p>79</p><p>18.1 Artérias</p><p>18.l..1 Artéria torácica externa: Descrita no item referente a artérias do membro</p><p>torácico.</p><p>18.1.2 Tronco costocervical: Descrito no item referente a artérias da cavidade do</p><p>tórax.</p><p>18.1.3 Artéria torácica interna : Descrita no item referente a artérias da cavidade do</p><p>tórax.</p><p>18.1.4 Artérias intercostais dorsais: Descritas no item referente a artérias da</p><p>cavidade do tórax.</p><p>18.1.5 Artéria costo-abdominal: Descrita no item referente a artérias da cavidade do</p><p>tórax.</p><p>18.2 Veias</p><p>18.2.1 Veia ázigos esquerda: Descrita no item referente a veias da parede do tórax.</p><p>18.2.2 Veia costocervical: Descrita no item referente a veias da parede do tórax.</p><p>18.2.3 Veia torácica interna: Descrita no item referente a veias da parede do tórax.</p><p>18.2.4 Veia ázigos direita: Descrita no item referente a veias da parede do tórax.</p><p>18.3 Linfáticos</p><p>18.3.1 Linfocentro axilar: Descrito no item referente a linfáticos do membro torácico.</p><p>18.3.2 Linfocentros torácico dorsal e torácico vent ral: Descritos no item referente a</p><p>linfáticos da cavidade do tórax.</p><p>19. DISSECAÇÃO DA PAREDE DO ABDOME</p><p>80</p><p>19.1 Remova a pele da parede do abdome, desde a linha mediana dorsal até a linha</p><p>mediana ventral, tendo-se o cuidado de contornar o úbere nas fêmeas e o prepúcio nos</p><p>machos. Observe o músculo cutâneo do tronco, recobrindo a parede do tórax e do</p><p>abdome.</p><p>19.2 Localize, correndo longitudinalmente na parte ventral da parede do abdome, sob o</p><p>músculo cutâneo do tronco, a artéria e veia epigástricas craniais superficiais. Em</p><p>fêmeas que estão em lactação, a veia epigástrica cranial superficial, também conhecida</p><p>como veia subcutânea abdominal, apresenta-se mais calibrosa e com um trajeto</p><p>caracteristicamente sinuoso (varicoso).</p><p>19.3 Remova o músculo cutâneo do tronco e observe o músculo grande dorsal</p><p>(seccionado) prendendo-se na fáscia toracolombar e nas últimas costelas.</p><p>19.4 Identifique, recobrindo a parte caudal da parede do tórax e a parede do abdome, o</p><p>músculo oblíquo externo do abdome. Este é um músculo largo e laminar, formado por</p><p>uma parte carnosa e uma parte aponeurótica. A parte carnosa se dispõe obliquamente</p><p>em sentido caudoventral, estendendo-se desde as costelas até a metade da parede do</p><p>abdome; sua inserção nas costelas apresenta um contorno serreado, relacionando-se à</p><p>maneira de uma engrenagem com o músculo serrátil ventral. A parte aponeurótica é</p><p>uma lâmina conjuntiva resistente e brilhante, que se estende caudoventralmente na</p><p>parede do abdome, até a linha mediana ventral. Observe que tanto a parte carnosa</p><p>como a parte aponeurótica do oblíquo externo do abdome estão recobertas por uma</p><p>membrana de coloração amarelada, rica em tecido elástico. Esta membrana denomina-</p><p>se túnica flava do abdome e não deve ser removida.</p><p>19.5 Localize, na parte ventral da parede do abdome, o músculo reto do abdome, que</p><p>se estende longitudinalmente desde o esterno até o pube, podendo ser visto por</p><p>transparência através da túnica flava e da aponeurose do oblíquo externo do abdome.</p><p>Note que o reto do abdome é formado por vários ventres, separados entre si por faixas</p><p>conjuntivas transversais, denominadas intersecções tendíneas.</p><p>19.6 Libere das costelas o oblíquo externo do abdome. Seccione dorsalmente sua parte</p><p>carnosa e caudalmente sua parte aponeurótica. Afaste o oblíquo externo do abdome</p><p>em sentido caudoventral e identifique, profundamente a ele, o músculo oblíquo interno</p><p>do abdome, também constituído de parte carnosa e parte aponeurótica. Observe que a</p><p>parte carnosa do oblíquo interno do abdome dispõe-se obliquamente em sentido</p><p>cranioventral, portanto contrário ao do oblíquo externo do abdome.</p><p>19.7 Acompanhe a parte aponeurótica do oblíquo interno do abdome e verifique que ela</p><p>se funde ventralmente com a parte aponeurótica do oblíquo externo do abdome. Estas</p><p>duas partes aponeuróticas fundidas formam uma potente lâmina conjuntiva,</p><p>denominada lâmina externa da bainha do reto, que envolve externamente o músculo</p><p>reto do abdome.</p><p>19.8 Seccione dorsalmente a parte carnosa do oblíquo interno do abdome e rebata-a</p><p>ventralmente. Identifique, profundamente ao oblíquo interno do abdome, o músculo</p><p>transverso do abdome, também constituído de parte carnosa e parte aponeurótica. A</p><p>parte carnosa do transverso do abdome dispõe-se verticalmente. Sua parte</p><p>81</p><p>aponeurótica estende-se ventralmente e passa internamente ao reto do abdome,</p><p>constituindo assim a lâmina interna da bainha do reto.</p><p>19.9 Localize, correndo sobre a parte dorsal do transverso do abdome, próximo ao</p><p>túber coxal, o ramo cranial da artéria circunflexa profunda do ílio, com sua veia</p><p>correspondente. Localize também, correndo verticalmente sobre o músculo transverso</p><p>do abdome, os ramos ventrais dos últimos nervos espinhais torácicos (nervos</p><p>intercostais) e os ramos ventrais dos primeiros nervos espinhais lombares.</p><p>19.10 Afaste lateralmente o músculo reto do abdome e localize, correndo</p><p>longitudinalmente em sua face profunda, a artéria epigástrica cranial, com sua veia</p><p>correspondente.</p><p>19.11 Note que as partes aponeuróticas dos músculos da parede do abdome se</p><p>encontram com as correspondentes do lado oposto na linha mediana ventral, aí</p><p>formando uma faixa esbranquiçada de tecido conjuntivo denso, denominada linha alba.</p><p>A linha alba é pouco vascularizada e representa um dos locais de eleição para incisões</p><p>na parede do abdome.</p><p>19.12 Em uma metade de tronco sem as vísceras, identifique, revestindo internamente</p><p>a parede do abdome, uma membrana serosa, a lâmina parietal do peritônio.</p><p>19.13 Localize, na extremidade caudoventral da parede do abdome (região inguinal),</p><p>uma passagem denominada canal inguinal. Este canal está presente em ambos os</p><p>sexos, mas é mais desenvolvido nos machos, onde dá passagem às estruturas que</p><p>formam o cordão espermático (ducto deferente, artéria e veia testiculares, músculo</p><p>cremáster, etc).</p><p>20. MÚSCULOS DA PAREDE DO ABDOME</p><p>20.1 Oblíquo externo do abdome</p><p>82</p><p>É o mais superficial dos músculos da parede do abdome. É largo e laminar,</p><p>estendendo-se sobre a parede do abdome e a parte caudal da parede do tórax.</p><p>Apresenta uma parte carnosa e uma parte aponeurótica. A parte carnosa origina-se nas</p><p>sete últimas costelas, na fáscia toracolombar e no túber coxal e estende-se</p><p>obliquamente até a metade da parede abdominal. A parte aponeurótica é uma lâmina</p><p>conjuntiva larga e resistente que se estende ventrocaudalmente na parede do abdome.</p><p>Apresenta-se revestida externamente pela túnica flava do abdome, uma fáscia de</p><p>coloração amarelada devido à riqueza de fibras elásticas. Na porção ventral da parede</p><p>do abdome a parte aponeurótica do oblíquo externo do abdome funde-se com a parte</p><p>aponeurótica do oblíquo interno do abdome, formando ambas uma forte lâmina</p><p>conjuntiva que envolve externamente o músculo reto do abdome (lâmina externa da</p><p>bainha do reto). Na face profunda desta lâmina prendem-se as intersecções tendíneas</p><p>deste último músculo. As aponeuroses fundidas dos dois oblíquos encontram-se com</p><p>as correspondentes do lado oposto na linha alba e caudalmente inserem-se no tendão</p><p>prepúbico. É irrigado pelas últimas artérias intercostais e pelo ramo cranial da artéria</p><p>circunflexa profunda do ílio.</p><p>Inervação: É inervado por ramos dos cinco últimos nervos intercostais, pelo</p><p>nervo costo-abdominal e pelos dois primeiros nervos espinhais lombares.</p><p>20.2 Oblíquo interno do abdome</p><p>Também largo e laminar, situa-se profundamente ao oblíquo externo do abdome.</p><p>Origina-se no túber coxal e na porção profunda da fáscia toracolombar. Insere-se,</p><p>juntamente com o oblíquo externo do abdome, na linha alba e no tendão prepúbico.</p><p>Sua parte carnosa tem a forma aproximada de um leque, com os feixes musculares</p><p>dispostos obliquamente em sentido cranioventral, estendendo-se aproximadamente até</p><p>o meio da parede do abdome. Nos pequenos ruminantes, parte do músculo oblíquo</p><p>interno do abdome destaca-se do restante e insere-se na borda caudal da última</p><p>costela. A parte aponeurótica do oblíquo interno do abdome estende-se ventralmente,</p><p>fundindo-se com a parte aponeurótica do oblíquo externo do abdome de modo a formar</p><p>uma forte lâmina conjuntiva, a lâmina externa da bainha do reto, que envolve</p><p>externamente o músculo reto do abdome. É irrigado pela artéria costo-abdominal, pela</p><p>artéria circunflexa profunda do ílio e pela artéria epigástrica cranial superficial.</p><p>Inervação: Nervo costo-abdominal e dois primeiros nervos espinhais lombares.</p><p>20.3 Transverso do abdome</p><p>Igualmente largo e laminar, constitui a camada muscular mais profunda da parede do</p><p>abdome, apresentando-se também constituído por uma parte carnosa e uma parte</p><p>aponeurótica. Origina-se nos processos transversos das vértebras lombares e na face</p><p>interna do arco costal. Os feixes musculares de sua parte carnosa dispõem-se</p><p>verticalmente, sendo assim perpendiculares aos do músculo reto do abdome. Sua parte</p><p>aponeurótica estende-se ventralmente e passa profundamente ao músculo reto do</p><p>abdome, formando desta maneira a lâmina interna da bainha do reto, até inserir-se na</p><p>linha alba. É irrigado por ramos pelas artérias circunflexa profunda do ílio</p><p>e epigástrica</p><p>cranial superficial.</p><p>Inervação: Últimos nervos intercostais, nervo costo-abdominal e dois primeiros</p><p>nervos espinhais lombares.</p><p>20.4 Reto do abdome</p><p>83</p><p>É um músculo longo e laminar que se estende longitudinalmente na parede ventral do</p><p>abdome, desde o esterno até o pube. O músculo reto do abdome direito está separado</p><p>do esquerdo pela linha alba, uma larga faixa conjuntiva formada pelas aponeuroses</p><p>fundidas dos músculos oblíquos externo e interno do abdome. O reto do abdome é um</p><p>típico músculo poligástrico, apresentando-se seus ventres separados entre si por cinco</p><p>intersecções tendíneas dispostas transversalmente. Está envolvido externamente pela</p><p>lâmina externa da bainha do reto, formada pelas aponeuroses fundidas dos músculos</p><p>oblíquos externo e interno do abdome. Internamente, é revestido pela lâmina interna da</p><p>bainha do reto, formada pela aponeurose do músculo transverso do abdome. É irrigado</p><p>pela artéria epigástrica cranial.</p><p>Inervação: Últimos nervos intercostais, nervo costo-abdominal e três primeiros</p><p>nervos espinhais lombares.</p><p>20.5 Ação dos músculos abdominais</p><p>Os músculos abdominais dão à parede do abdome a resistência e o tônus necessários</p><p>para a sustentação das vísceras abdominais. Além disto, a contração destes músculos</p><p>exerce pressão sobre as vísceras abdominais durante a micção, a defecação, o parto e</p><p>a expiração forçada.</p><p>20.6 Canal inguinal</p><p>O canal inguinal é uma passagem situada na extremidade caudoventral da parede do</p><p>abdome (região inguinal). Está presente em ambos os sexos, sendo porém mais</p><p>desenvolvido nos machos. Nos ruminantes, o canal inguinal apresenta-se mais como</p><p>uma fenda, formada na extremidade caudoventral dos músculos oblíquo externo e</p><p>oblíquo interno do abdome. Sua abertura externa constitui o ânulo inguinal superficial e</p><p>sua abertura interna o ânulo inguinal profundo, sendo relativamente curta a distância</p><p>entre os dois ânulos. O ânulo inguinal superficial está situado na aponeurose do</p><p>músculo oblíquo externo do abdome, imediatamente cranial à inserção desta</p><p>aponeurose no tendão prepúbico. Já o ânulo inguinal profundo é delimitado</p><p>cranialmente pela borda caudal do músculo oblíquo interno do abdome e caudalmente</p><p>pelo ligamento inguinal. Este último, por sua vez, é uma faixa de tecido conjuntivo</p><p>denso que se estende do túber coxal à eminência iliopúbica, na entrada da cavidade</p><p>pelvina.</p><p>O canal inguinal é atravessado pela artéria e veia pudendas externas, por vasos</p><p>linfáticos e por nervos, em ambos os sexos. Nos machos, dá passagem também ao</p><p>funículo espermático, acompanhado da túnica vaginal (derivada do peritônio) e do</p><p>músculo cremáster (derivado do músculo oblíquo interno do abdome).</p><p>21. NERVOS DA PAREDE DO ABDOME</p><p>Além dos ramos ventrais dos últimos nervos intercostais, a parede do abdome é</p><p>inervada pelos ramos ventrais dos nervos espinhais lombares L1 a L4.</p><p>21.1 Nervo ílio-hipogástrico</p><p>84</p><p>É constituído pelo ramo ventral do primeiro nervo espinhal lombar (L1). Ele passa entre</p><p>os músculos quadrado lombar e psoas maior e divide-se em dois ramos, superficial e</p><p>profundo. O ramo superficial atravessa os músculos da parede abdominal, envia</p><p>ramúsculos aos musculos transverso do abdome e oblíquo externo do abdome e</p><p>distribui-se na pele da região do flanco (fossa paralombar) como ramo cutâneo lateral.</p><p>O ramo profundo dirige-se caudoventralmente entre o peritônio e o músculo transverso</p><p>do abdome, passa próximo ao ânulo inguinal interno e envia ramos para os músculos</p><p>transverso do abdome e oblíquo interno do abdome e para a porção caudal do músculo</p><p>reto do abdome. Prossegue ventralmente como ramo cutâneo ventral, o qual se distribui</p><p>na pele da região do prepúcio e do escroto no macho e na pele da mama na fêmea.</p><p>21.2 Nervo ílio-inguinal</p><p>É constituído pelo ramo ventral do nervo espinhal L2. Em alguns casos, ele pode</p><p>receber um ramo comunicante do ramo ventral de L1. Envia, por sua vez, um ramo</p><p>comunicante ao ramo ventral de L3. O nervo ílio-inguinal, em seu trajeto pela parede do</p><p>abdome, comporta-se de modo semelhante ao nervo ílio-hipogástrico, correndo paralela</p><p>e caudalmente a este último.</p><p>21.3 Nervo genitofemoral</p><p>É formado pelo ramo ventral do nervo espinhal lombar L3, mas recebe também fibras</p><p>dos ramos ventrais de L2 e L4. Dirige-se caudoventralmente e fornece um ramo para o</p><p>músculo oblíquo interno do abdome. Em seu curso em direção ao canal inguinal, cruza</p><p>o nervo cutâneo lateral da coxa e a artéria e veia circunflexas profundas do ílio. Ele</p><p>acompanha a artéria e veia pudendas externas e divide-se em dois ramos, que</p><p>atravessam o canal inguinal. Um destes ramos distribui-se na pele do prepúcio e do</p><p>escroto no macho e na pele da mama na fêmea. O outro ramo, além de inervar estas</p><p>estruturas, distribui-se também, no caso de machos, no músculo cremáster e na túnica</p><p>vaginal.</p><p>21.4 Nervo costo-abdominal: Descrito no item referente a nervos da parede do tórax.</p><p>21.5 Nervo torácico lateral: Descrito no item referente a nervos da parede do tórax.</p><p>22. VASOS DA PAREDE DO ABDOME</p><p>22.1 Artérias</p><p>22.l.1 Artérias epigástrica cranial e epigástrica c ranial superficial: Descritas no</p><p>item referente a artérias da cavidade do tórax.</p><p>85</p><p>22.1.2 Artéria circunflexa profunda do ílio: Descrita no item referente a artérias do</p><p>membro pelvino.</p><p>22.1.3 Artéria costo-abdominal: Descrita no item referente a artérias da cavidade do</p><p>tórax.</p><p>22.2 Veias</p><p>22.2.1 Veia epigástrica cranial superficial ( veia subcutânea abdominal): Descrita</p><p>no item referente a veias da cavidade do tórax.</p><p>22.3 Linfáticos</p><p>22.3.1 Linfocentro inguinofemoral: Descrito no item referente a linfáticos do membro</p><p>pelvino.</p><p>86</p><p>23. DISSECAÇÃO DO MEMBRO PELVINO</p><p>23.1 Dissecação da região glútea</p><p>23.1.1 Faça uma incisão transversal na pele da perna, logo abaixo do joelho,</p><p>contornando-a inteiramente. Faça uma incisão vertical na pele da face medial da coxa e</p><p>da perna, desde a raiz do membro até alcançar a primeira incisão. Remova a pele até a</p><p>linha mediana dorsal, tendo-se o cuidado de contornar a raiz da cauda, o ânus e os</p><p>órgãos genitais externos.</p><p>23.1.2 Remova a fáscia superfícial da região glútea, juntamente com a porção mais</p><p>caudal do músculo cutâneo do tronco.</p><p>23.1.3 Identifique, em sentido craniocaudal, os seguintes músculos situados</p><p>superficialmente na região glútea: tensor da fáscia lata, glúteo médio e glúteo</p><p>superficial. O tensor da fáscia lata tem contorno triangular e estende-se verticalmente</p><p>do túber coxal à borda cranial da coxa, estando preso distalmente em uma lâmina</p><p>conjuntiva forte e brilhante, denominada fáscia lata. O glúteo médio é o mais volumoso</p><p>dos três, dispondo-se obliquamente no meio da região glútea. O glúteo superficial, de</p><p>aspecto mais laminar, recobre a parte caudal do glúteo médio. Distalmente, na altura do</p><p>trocânter maior do fêmur, o glúteo superficial se funde com o músculo bíceps femoral,</p><p>constituindo os dois uma única massa muscular denominada músculo gluteobíceps.</p><p>23.1.4 Seccione transversalmente o gluteobíceps desde o trocânter maior do fêmur até</p><p>o túber isquiádico. Afaste dorsalmente a parte proximal (glúteo superficial) do</p><p>gluteobíceps. Isole o glúteo médio e seccione-o transversalmente em seu meio. Afaste</p><p>ao máximo os cotos do glúteo médio e observe, profundamente a ele, o músculo glúteo</p><p>acessório, ao qual o glúteo médio está parcialmente fundido.</p><p>23.1.5 Observe, profundamente aos músculos glúteos, uma lâmina conjuntiva fibrosa e</p><p>brilhante, o ligamento sacrotuberal, que se estende do sacro ao osso do quadril.</p><p>Localize e disseque, correndo sobre o ligamento sacrotuberal em direção à coxa, o</p><p>nervo isquiádico, que é o nervo mais calibroso do corpo, apresentando-se aqui como</p><p>uma larga fita esbranquiçada.</p><p>23.1.6 Disseque, separando-se da porção inicial do nervo isquiádico, o nervo glúteo</p><p>cranial, que se dirige cranialmente, atravessa o músculo glúteo acessório e termina</p><p>no</p><p>músculo tensor da fáscia lata, inervando-o. Um pouco mais distalmente, disseque,</p><p>separando-se também do nervo isquiádico, o nervo glúteo caudal, que se dirige</p><p>caudalmente para inervar os músculos glúteos.</p><p>23.1.7 Localize e disseque, sobre a porção mais caudal do ligamento sacrotuberal,</p><p>próximo ao túber isquiádico, a artéria glútea caudal e o linfonodo isquiádico, este último</p><p>pouco desenvolvido.</p><p>23.1.8 Localize, profundamente ao nervo isquiádico, o músculo glúteo profundo, cujos</p><p>feixes musculares dispõem-se à maneira de leque.</p><p>87</p><p>23.2 Dissecação da face lateral da coxa</p><p>23.2.1 Remova a fáscia superficial da face lateral da coxa, tendo-se o cuidado de</p><p>preservar a fáscia lata, já identificada. Verifique que na borda caudal da fáscia lata está</p><p>preso o músculo bíceps femoral. Este último, conforme já referido, está fundido</p><p>proximalmente com o glúteo superficial, formando ambos o músculo gluteobíceps.</p><p>23.2.2 Observe a extensão e o volume do bíceps femoral, que ocupa boa parte da face</p><p>lateral da coxa. Verifique que ele apresenta uma parte cranial, mais larga e cujos feixes</p><p>musculares dirigem-se obliquamente em sentido craniodistal, e uma parte caudal, mais</p><p>estreita e com os feixes musculares dirigidos verticalmente.</p><p>23.2.3 Localize, formando o contorno caudal da coxa, os músculos semitendíneo e</p><p>semimembranáceo. O músculo semitendíneo situa-se imediatamente caudal à parte</p><p>caudal do bíceps femoral. O músculo semimembranáceo dispõe-se caudal e</p><p>medialmente ao semitendíneo, encurvando-se para a face medial da coxa.</p><p>23.2.4 Seccione verticalmente a inserção do bíceps femoral na fáscia lata. Seccione</p><p>transversalmente, próximo à articulação do joelho, o bíceps femoral e afaste sua massa</p><p>muscular caudalmente. Localize, profundamente ao bíceps femoral, o nervo isquiádico.</p><p>Continue dissecando distalmente o nervo isquiádico e verifique que ele emite, no terço</p><p>proximal da coxa, ramos calibrosos para os músculos bíceps femoral, semitendíneo e</p><p>semimembranáceo. No terço distal da coxa, verifique a divisão final do nervo isquiádico</p><p>em dois nervos também calibrosos: nervo fibular comum, o mais lateral, e nervo tibial, o</p><p>mais medial, ambos dirigindo-se para a perna. Observe que da porção final do nervo</p><p>isquiádico origina-se também um delgado nervo, denominado nervo cutâneo lateral da</p><p>sura, destinado à pele da face caudal da perna.</p><p>23.2.5 Localize, vindo da perna e penetrando no espaço entre os músculos bíceps</p><p>femoral e semitendíneo, uma calibrosa veia, denominada veia safena lateral. Esta veia</p><p>é importante, pois pode ser utilizada para colheita de sangue e injeção endovenosa de</p><p>medicamentos, em animais de pequeno porte.</p><p>23.2.6 Localize, emergindo da musculatura profunda da coxa, a artéria circunflexa</p><p>medial do fêmur, cujos ramos se distribuem nos músculos adjacentes. A artéria</p><p>circunflexa medial do fêmur é continuação da artéria femoral profunda, que será</p><p>dissecada na face medial da coxa.</p><p>23.2.7 Localize, junto à veia safena lateral e à terminação do nervo isquiádico, o</p><p>linfonodo poplíteo, bem desenvolvido e que pode estar envolto em quantidade variável</p><p>de tecido adiposo.</p><p>23.2.8 Afaste cranialmente a fáscia lata e localize, sob ela, o músculo vasto lateral. Este</p><p>último faz parte do grupo muscular denominado quadríceps femoral. Seccione</p><p>transversalmente em seu meio o músculo vasto lateral. Afaste seus cotos e identifique,</p><p>profundamente a ele, dois músculos: reto femoral, o mais cranial, e vasto intermédio, o</p><p>mais caudal. Estes dois músculos são também componentes do quadríceps femoral. O</p><p>quarto componente do quadríceps femoral é o músculo vasto medial, que será visto na</p><p>face medial da coxa.</p><p>88</p><p>23.2.9 Localize, profundamente na coxa, o músculo adutor, situado entre o vasto</p><p>intermédio cranialmente e o semimembranáceo caudalmente.</p><p>23.3 Dissecação da face medial da coxa</p><p>23.3.1 Afaste ao máximo a parte caudal da parede do abdome da face medial da coxa,</p><p>de modo a expor a raiz do membro pelvino.</p><p>23.3.2 Localize, na borda cranial da coxa, o músculo tensor da fáscia lata e a fáscia</p><p>lata, que também aparecem na face medial da coxa. Disseque, correndo juntos</p><p>verticalmente sobre a face medial do tensor da fáscia lata, o ramo caudal da artéria</p><p>circunflexa profunda do ílio e o nervo cutâneo lateral da coxa.</p><p>23.3.3 Identifique, imediatamente cranial ao músculo tensor da fáscia lata, um grande</p><p>linfonodo, denominado o linfonodo subilíaco, que pode estar envolto em quantidade</p><p>variável de tecido adiposo.</p><p>23.3.4 Remova a fáscia superficial da face medial da coxa, de modo a expor os</p><p>músculos presentes nesta face. Localize, em sentido craniocaudal, a partir do músculo</p><p>tensor da fáscia lata, os seguintes músculos: vasto medial, sartório e grácil. O vasto</p><p>medial tem aspecto laminar e recobre parcialmente o músculo reto femoral; ambos</p><p>pertencem ao grupo quadríceps femoral. O sartório apresenta-se como uma faixa</p><p>muscular longa e estreita, disposta verticalmente mais ou menos no meio da face</p><p>medial da coxa; sua extremidade proximal, junto à raiz do membro, está dividida em</p><p>duas cabeças, cranial e caudal. O grácil é largo, laminar e recobre parcialmente o</p><p>músculo semimembranáceo, que também aparece na face medial da coxa.</p><p>23.3.5 Localize na raiz do membro, emergindo da cavidade abdominal e passando entre</p><p>as cabeças cranial e caudal do músculo sartório, três estruturas bem calibrosas: o</p><p>nervo femoral, a artéria femoral e a veia femoral.</p><p>23.3.6 Libere a cabeça caudal do sartório e afaste este músculo cranialmente. Disseque</p><p>o nervo femoral em seu curto trajeto até penetrar na extremidade proximal do grupo</p><p>quadríceps femoral, o qual inerva. Verifique que o nervo femoral, antes de penetrar no</p><p>quadríceps femoral, emide um delgado ramo, denominado nervo safeno, que passa a</p><p>acompanhar a artéria e veia femorais na face medial da coxa.</p><p>23.3.7 Com o sartório afastado cranialmente, disseque, profundamente a ele, a artéria</p><p>e veia femorais correndo na face medial da coxa. Verifique que, no terço médio da</p><p>coxa, a artéria femoral emite um delgado ramo, a artéria safena, que passa a</p><p>acompanhar o nervo safeno distalmente na coxa. Continue dissecando a artéria e veia</p><p>femorais até a extremidade distal da coxa.</p><p>23.3.8 Seccione transversalmente em seu meio o músculo grácil e afaste seus cotos.</p><p>Verifique, chegando à face profunda da parte proximal do grácil, o nervo obturatório.</p><p>23.3.9 Localize, caudalmente ao sartório, os músculos pectíneo, adutor e</p><p>semimembranáceo. O músculo pectíneo é pequeno e triangular, situando-se entre o</p><p>sartório cranialmente e o adutor caudalmente. Os músculos adutor e</p><p>89</p><p>semimembranáceo já foram identificados na face lateral da coxa; reconheça-os agora</p><p>na face medial.</p><p>23.3.10 Localize na raiz do membro, emergindo da cavidade abdominal e correndo</p><p>caudalmente até penetrar sob o músculo pectíneo, a artéria femoral profunda, com sua</p><p>veia correspondente. A artéria femoral profunda continua-se, sob a musculatura da face</p><p>medial da coxa, como artéria circunflexa medial do fêmur. Esta última emerge na face</p><p>lateral da coxa, onde já foi identificada.</p><p>23.3.11 Localize, na porção cranial da raiz do membro, o músculo iliopsoas, disposto</p><p>obliquamente em sentido caudodistal, passando profundamente às cabeças do sartório.</p><p>23.4 Dissecação da perna e do pé</p><p>23.4.1 Remova com cuidado o restante da pele do membro pelvino, até os cascos.</p><p>23.4.2 Localize, na face lateral da perna, a veia safena lateral. Disseque esta veia</p><p>distalmente e verifique que ela é formada, no terço médio da perna, pela união de dois</p><p>ramos, um cranial e outro caudal.</p><p>23.4.3 Afaste cranialmente o coto distal do músculo bíceps femoral juntamente com sua</p><p>aponeurose. Localize o nervo fibular comum e disseque-o correndo obliquamente sobre</p><p>os músculos da face lateral da perna, até sua penetração entre eles.</p><p>23.4.4 Remova com cuidado a fáscia superficial da face lateral da perna e passe a</p><p>identificar os músculos</p><p>vistos em ossos</p><p>preparados, dos quais foram removidas as estruturas moles que os envolvem.</p><p>As saliências ósseas podem ser articulares ou não. As saliências articulares</p><p>denominam-se cabeça, côndilo, capítulo, tróclea, dente, etc. As saliências não</p><p>articulares, nas quais se prendem tendões ou ligamentos, recebem também diferentes</p><p>nomes, como túber, tubérculo, tuberosidade, trocânter, processo, epicôndilo, etc.</p><p>Quando lineares, as saliências denominam-se linha, crista, espinha, etc.</p><p>As depressões na superfície óssea, articulares ou não, são designadas como</p><p>cavidade, fossa, fóvea, etc. Já os termos fissura, incisura, sulco, colo e arco designam</p><p>fendas e reentrâncias na superfície de um osso.</p><p>As áreas lisas na superfície óssea são designadas como asa, tábula, ramo,</p><p>lâmina, etc.</p><p>Um orifício na superfície do osso é denominado forame; quando o forame dá</p><p>passagem a uma artéria, denomina-se forame nutrício. A continuação de um forame no</p><p>interior do osso, até emergir em outra face, é comumente denominada canal.</p><p>2.5 Periósteo e endósteo</p><p>O periósteo é uma membrana formada por tecido conjuntivo que reveste externamente</p><p>os ossos, exceto nas superfícies articulares. Ele é constituído por uma camada externa</p><p>mais fibrosa e uma camada interna mais celularizada. Esta última camada tem</p><p>capacidade osteogênica, contribuindo para o crescimento do osso em espessura. O</p><p>periósteo é dotado de abundante inervação sensitiva, sendo particularmente sensível a</p><p>estímulos dolorosos. O endósteo é uma delgada membrana conjuntiva que reveste</p><p>internamente a parede da cavidade medular dos ossos longos.</p><p>2.6 Vascularização e inervação dos ossos</p><p>A irrigação dos ossos provém de artérias do periósteo, de artérias das articulações e da</p><p>artéria nutrícia. As artérias do periósteo irrigam tanto o próprio periósteo como o osso</p><p>compacto subjacente, principalmente da diáfise. Os vasos provenientes das</p><p>articulações irrigam as extremidades ósseas ou epífises. Já artéria nutrícia penetra no</p><p>forame nutrício do osso, localizado mais comumente na diáfise, atravessa a substância</p><p>compacta e distribui-se na medula óssea e no próprio osso compacto da diáfise.</p><p>Os nervos atingem os ossos acompanhando os vasos sanguíneos. Eles contêm</p><p>tanto fibras sensitivas como vasomotoras. Os impulsos sensitivos são principalmente</p><p>dolorosos.</p><p>3. OSSOS DO MEMBRO TORÁCICO</p><p>3.1 Introdução</p><p>10</p><p>O membro torácico é formado pelos seguintes segmentos ou partes, com suas</p><p>respectivas bases ósseas:</p><p>-Ombro (cintura escapular): um único osso, a escápula.</p><p>-Braço: um único osso, o úmero.</p><p>-Antebraço: dois ossos, rádio e ulna.</p><p>-Mão: ossos do carpo, do metacarpo e dos dedos (falanges e ossos</p><p>sesamóides).</p><p>3.2 Escápula</p><p>A escápula constitui a base óssea do ombro. É um osso plano, de forma triangular, com</p><p>sua parte mais estreita voltada distalmente (para baixo). Ela está presa proximalmente</p><p>ao pescoço e ao tórax por meio de músculos; distalmente, articula-se com o úmero.</p><p>A face lateral da escápula caracteriza-se por apresentar uma longa saliência em</p><p>forma de crista, disposta verticalmente e denominada espinha da escápula. A espinha</p><p>da escápula apresenta, aproximadamente em seu meio, uma dilatação rugosa, o túber</p><p>da espinha da escápula; distalmente, ela termina em uma projeção ponteaguda,</p><p>denominada acrômio. A área da escápula situada cranialmente à espinha denomina-se</p><p>fossa supra-espinhal; a área situada caudalmente à espinha constitui a fossa infra-</p><p>espinhal.</p><p>A face medial (costal) da escápula é lisa e ligeiramente côncava. Nela situa-se</p><p>uma depressão rasa, denominada fossa subescapular, mais acentuada no terço distal</p><p>do osso.</p><p>A extremidade distal da escápula é estreita e apresenta uma cavidade articular</p><p>de contorno arredondado, denominada cavidade glenóide, destinada à articulação com</p><p>a cabeça do úmero. No contorno cranial da extremidade distal, logo acima da cavidade</p><p>glenóide, encontra-se uma saliência rugosa, denominada tubérculo supraglenoidal. Do</p><p>tubérculo supraglenoidal projeta-se medialmente uma pequena saliência, o processo</p><p>coracóide.</p><p>O forame nutrício da escápula situa-se mais comumente no terço distal do osso,</p><p>próximo à sua borda caudal.</p><p>Presa à borda dorsal da escápula encontra-se uma lâmina de cartilagem hialina,</p><p>em forma de meia lua, denominada cartilagem da escápula; em ossos preparados esta</p><p>cartilagem costuma estar ausente.</p><p>3.3 Úmero</p><p>O úmero constitui a base óssea do braço, articulando-se proximalmente com a</p><p>escápula e distalmente com o rádio e a ulna. É um osso longo, nele se distinguindo a</p><p>extremidade proximal, o corpo e a extremidade distal.</p><p>A extremidade proximal do úmero possui uma ampla saliência articular convexa,</p><p>de contorno arredondado e voltada caudalmente – a cabeça do úmero – destinada a se</p><p>articular com a cavidade glenóide da escápula. Junto à cabeça do úmero encontram-se</p><p>duas saliências voltadas para cima: uma lateral e mais volumosa, denominada</p><p>tubérculo maior; outra medial e menos volumosa, denominada tubérculo menor. Entre</p><p>os tubérculos maior e menor situa-se um sulco profundo, denominado sulco</p><p>intertubercular. Logo abaixo do tubérculo maior encontra-se uma área rugosa circular,</p><p>denominada face do músculo infra-espinhal. A transição entre a cabeça e o corpo do</p><p>úmero denomina-se colo, apresentando-se este melhor definido na face caudal da</p><p>extremidade proximal.</p><p>11</p><p>O corpo (diáfise) do úmero é aproximadamente cilíndrico. Sua face lateral</p><p>apresenta uma depressão larga e lisa, de conformação espiralada, denominada sulco</p><p>do músculo braquial. Este sulco é limitado cranialmente por uma crista também</p><p>espiralada, denominada crista do úmero. Em sua porção proximal, a crista do úmero</p><p>forma uma saliência rugosa, denominada tuberosidade deltóidea. Na face medial do</p><p>corpo encontra-se uma outra saliência rugosa, a tuberosidade redonda maior. O forame</p><p>nutrício situa-se no terço médio do corpo.</p><p>A extremidade distal do úmero é caracterizada pela presença de uma saliência</p><p>articular denominada côndilo, no qual se distinguem duas superfícies articulares:</p><p>capítulo e tróclea. O capítulo é a superfície articular mais estreita e lateral; a tróclea é a</p><p>superfície articular mais larga e medial. Na face cranial da extremidade distal, logo</p><p>acima da tróclea, encontra-se uma depressão rasa e rugosa, denominada fossa radial.</p><p>Já na face caudal encontra-se uma depressão bem mais profunda, denominada fossa</p><p>do olécrano. Em cada lado da extremidade distal encontra-se uma pequena elevação</p><p>rugosa denominada epicôndilo, sendo o epicôndilo lateral mais desenvolvido que o</p><p>epicôndilo medial.</p><p>3.4 Rádio e ulna</p><p>O rádio e a ulna constituem a base óssea do antebraço, estando parcialmente fundidos</p><p>nos ruminantes.</p><p>O rádio é o mais volumoso e o mais cranial dos dois ossos. Articula-se</p><p>proximalmente com o úmero, distalmente com o carpo e caudalmente com a ulna. Nele</p><p>distinguem-se as seguintes partes: cabeça , corpo e tróclea.</p><p>A cabeça é a extremidade proximal do rádio e apresenta duas superfícies</p><p>articulares ligeiramente côncavas, uma medial e outra lateral, destinadas a se</p><p>articularem respectivamente com a tróclea e o capítulo do úmero. As duas superfícies</p><p>articulares estão separadas por uma pequena depressão não articular, a fóvea da</p><p>cabeça do rádio. No contorno craniomedial da cabeça situa-se uma discreta saliência</p><p>rugosa, a tuberosidade do rádio.</p><p>O corpo do rádio é robusto, apresentando-se algo achatado no sentido</p><p>craniocaudal. Sua face cranial é lisa e plana. Já sua face caudal apresenta-se</p><p>percorrida por sulcos mais ou menos desenvolvidos e está fundida ao corpo da ulna,</p><p>exceto em dois pontos onde permanecem espaços: espaço interósseo proximal e</p><p>espaço interósseo distal. No espaço interósseo proximal situa-se comumente o forame</p><p>nutrício do rádio.</p><p>A tróclea constitui a extremidade distal do rádio. Possui três superfícies</p><p>articulares dispostas obliquamente e destinadas à articulação com os ossos do carpo.</p><p>A ulna é o menor</p><p>encontrados nesta face. Localize inicialmente a cabeça lateral</p><p>do músculo gastrocnêmio, um volumoso músculo que forma o contorno caudal da</p><p>perna, indo inserir-se no calcâneo por meio de um forte tendão, denominado tendão</p><p>calcanear comum. Verifique que à cabeça lateral do gastrocnêmio se incorpora uma</p><p>faixa muscular débil e estreita, que constitui o músculo sóleo, pouco desenvolvido nos</p><p>ruminantes.</p><p>23.4.5 Localize, cranialmente ao sóleo e ao tendão calcanear comum, o músculo flexor</p><p>profundo dos dedos, disposto ao longo da face caudal da tíbia. Identifique, cranialmente</p><p>ao flexor profundo dos dedos, o músculo extensor lateral do dedo, dotado de ventre</p><p>longo e estreito, e o músculo fibular longo, dotado de ventre aproximadamente</p><p>triangular. Verifique que o nervo fibular comum penetra entre o extensor lateral do dedo</p><p>e o fibular longo.</p><p>23.4.6 Localize, cranialmente ao fibular longo, o músculo fibular terceiro, bem volumoso</p><p>e disposto ao longo da borda cranial da perna. Afaste o fibular terceiro e localize,</p><p>profundamente a ele, o músculo extensor longo dos dedos. Este último corresponde ao</p><p>extensor comum dos dedos do membro torácico e possui também dois tendões, um</p><p>medial e outro lateral. Verifique que os tendões dos músculos fibular terceiro e extensor</p><p>longo dos dedos estão contidos, na face dorsal do tarso, por uma espessa cinta fibrosa</p><p>transversal, denominada retináculo proximal dos extensores. Seccione verticalmente</p><p>este retináculo e identifique, no sentido mediolateral, os seguintes tendões: tendão do</p><p>fibular terceiro, tendão medial do extensor longo dos dedos e tendão lateral do extensor</p><p>longo dos dedos.</p><p>90</p><p>23.4.7 Localize, comprimido entre a face lateral da tíbia e o fibular terceiro, o músculo</p><p>tibial cranial, que se encontra em sua maior parte oculto pelos músculos fibular terceiro</p><p>e extensor longo dos dedos.</p><p>23.4.8 Disseque o nervo fibular comum penetrando entre os músculos fibular longo e</p><p>extensor lateral do dedo. Verifique que ele emite ramos para a musculatura cranial e</p><p>lateral da perna e em seguida se divide em nervos fibular superficial e fibular profundo,</p><p>os quais prosseguem distalmente na perna para se distribuirem no pé.</p><p>23.4.9 Para estudar a distribuição dos nervos fibular superficial e fibular profundo no pé,</p><p>consulte o capítulo sobre nervos do membro pelvino.</p><p>23.4.10 Seccione a cabeça lateral do músculo gastrocnêmio junto à sua origem. Afaste</p><p>seus cotos, de modo a visualizar o músculo flexor superficial dos dedos. O ventre do</p><p>flexor superficial dos dedos está envolvido pelas cabeças lateral e medial do</p><p>gastrocnêmio e seu tendão vai constituir, juntamente com o tendão do gastrocnêmio, o</p><p>tendão calcanear comum.</p><p>23.4.11 Localize, penetrando entre as cabeças lateral e medial do gastrocnêmio, o</p><p>nervo tibial. Este nervo emite ramos para a musculatura caudal e medial da perna e</p><p>prossegue distalmente na perna para se distribuir no pé.</p><p>23.4.12 Passe para a face medial da perna. Remova a fáscia superficial desta face e</p><p>localize inicialmente a cabeça medial do músculo gastrocnêmio. Cranialmente à cabeça</p><p>medial do gastrocnêmio, volte a identificar o músculo flexor profundo dos dedos,</p><p>disposto junto à face caudal da tíbia. Verifique que o flexor profundo dos dedos é</p><p>composto de três partes, que são denominadas, em sentido craniocaudal, músculo</p><p>flexor medial dos dedos, músculo flexor lateral dos dedos e músculo tibial caudal. A</p><p>mais volumosa e carnosa dessas partes é o músculo flexor lateral dos dedos.</p><p>23.4.13 Para estudar a distribuição do nervo tibial no pé, consulte o item referente a</p><p>nervos do membro pelvino.</p><p>23.4.14 Localize o músculo poplíteo, situado na face caudal da extremidade proximal da</p><p>tíbia, proximalmente ao músculo flexor profundo dos dedos.</p><p>23.4.15 Localize, penetrando entre as cabeças lateral e medial do gastrocnêmio, a</p><p>artéria poplítea, que é a continuação direta da artéria femoral na face caudal do joelho.</p><p>O trajeto da artéria poplítea é curto e ela, após emitir um ramo insignificante (artéria</p><p>tibial caudal), continua-se como artéria tibial cranial. Esta logo penetra sob o músculo</p><p>poplíteo para passar à face lateral da perna, onde será dissecada.</p><p>23.4.16 Volte à face lateral da perna. Localize, correndo sobre a face cranial da tíbia, a</p><p>artéria tibial cranial. Disseque-a distalmente e verifique que, na face dorsal do tarso, ela</p><p>passa sob o retináculo proximal dos extensores. Neste ponto, a artéria tibial cranial</p><p>passa a denominar-se artéria dorsal do pé. Disseque a artéria dorsal do pé até esta</p><p>atingir a face dorsal do metatarso, quando então se continua como artéria metatársica</p><p>dorsal III.</p><p>91</p><p>23.4.17 Para estudar a distribuição da artéria dorsal do pé, consulte o item referente a</p><p>artérias do membro pelvino.</p><p>23.4.18 Localize na face dorsal do metatarso, em sentido lateromedial, os seguintes</p><p>tendões: tendão do extensor lateral do dedo, que se dirige para o dedo IV; tendão</p><p>lateral do extensor longo dos dedos, que se divide na altura da articulação</p><p>metatarsofalângica em dois ramos, um para cada dedo principal (dedos III e IV); tendão</p><p>medial do extensor longo dos dedos, que se dirige para o dedo III. Localize no terço</p><p>proximal do metatarso, profundamente ao tendão lateral do extensor longo dos dedos, o</p><p>pequeno e débil músculo extensor curto dos dedos.</p><p>23.4.19 Localize na face plantar do metatarso, em sentido caudocranial, os seguintes</p><p>tendões: tendão do flexor superficial dos dedos, tendão do flexor profundo dos dedos e</p><p>tendão do músculo interósseo, este último intimamente aderido à face caudal do</p><p>metatarso. Como se pode observar, a disposição destes tendões é em tudo semelhante</p><p>à encontrada no membro torácico.</p><p>24. MÚSCULOS DO MEMBRO PELVINO</p><p>24.1 Tensor da fáscia lata</p><p>92</p><p>É um músculo de forma triangular que se origina no túber coxal e se insere distalmente</p><p>na fáscia lata e, por meio desta, na patela. É irrigado pela artéria circunflexa profunda</p><p>do ílio.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do quadril e tensiona a fáscia lata. É</p><p>inervado pelo nervo glúteo cranial.</p><p>24.2 Glúteo superficial</p><p>Nos ruminantes, este músculo está fundido ao músculo bíceps femoral de modo a</p><p>formar o músculo gluteobíceps, que será descrito mais adiante.</p><p>24.3 Glúteo médio</p><p>É um músculo volumoso que ocupa a face lateral da pelve, constituindo a maior parte</p><p>da massa muscular da região glútea. Origina-se na face glútea e nos túberes sacral e</p><p>coxal do ílio, bem como no ligamento sacrotuberal. Insere-se no trocânter maior do</p><p>fêmur. Sua porção profunda, de aspecto mais tendíneo, recebe a denominação de</p><p>músculo glúteo acessório. É irrigado pelas artérias glútea cranial e glútea caudal.</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do quadril. É inervado pelos nervos</p><p>glúteo cranial e glúteo caudal.</p><p>24.4 Glúteo profundo</p><p>É um músculo de forma aproximadamente triangular, com os feixes musculares</p><p>dispostos à semelhança de leque, situado profundamente ao músculo glúteo acessório</p><p>e ao nervo isquiádico. Origina-se no corpo do ílio, na espinha isquiádica e no ligamento</p><p>sacrotuberal e insere-se no trocânter maior do fêmur. É irrigado pela artéria glútea</p><p>caudal.</p><p>Ação e inervação: Abduz a articulação do quadril. É inervado pelo nervo glúteo</p><p>caudal.</p><p>24.5 Gluteobíceps (glúteo superficial + bíceps femo ral)</p><p>É um músculo volumoso e longo, cuja porção carnosa estende-se desde a região glútea</p><p>até a face lateral da coxa e joelho. É formado pelos músculos glúteo superficial e bíceps</p><p>femoral, fundidos na altura do trocânter maior do fêmur. Origina-se na crista sacral</p><p>mediana, no ligamento sacrotuberal e no túber isquiádico. Insere-se cranialmente na</p><p>fáscia lata e distalmente, por meio de uma larga aponeurose, na patela, no ligamento</p><p>patelar lateral, na crista da tíbia e no túber do calcâneo (participando da formação do</p><p>tendão calcanear comum). Na face lateral da coxa, apresenta-se</p><p>parcialmente dividido</p><p>em duas partes, cranial e caudal. Na parte cranial, os feixes musculares estão</p><p>dispostos obliquamente em sentido craniodistal. Na parte caudal, os feixes musculares</p><p>dispõem-se mais ou menos verticalmente. É irrigado pelas artérias glútea caudal,</p><p>circunflexa medial do fêmur e caudal do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Com o membro apoiado no solo, estende as articulações do</p><p>quadril, joelho e tarso; com o membro livre, flexiona a articulação do joelho. É inervado</p><p>pelo pelo nervo glúeto caudal e pelo nervo isquiádico.</p><p>24.6 Semitendíneo</p><p>93</p><p>É um músculo longo e potente que se origina no túber isquiádico e se estende</p><p>distalmente na face caudal da coxa, interpondo-se entre os músculos bíceps femoral e</p><p>semimembranáceo. No terço médio da coxa, inclina-se medialmente, passando a</p><p>situar-se profundamente ao músculo bíceps femoral. Insere-se na tuberosidade da tíbia</p><p>e, por uma aponeurose, no tendão calcanear comum. É irrigado pela artéria circunflexa</p><p>medial do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Com o membro apoiado no solo, estende as articulações do</p><p>quadril, joelho e tarso; com o membro livre, flexiona a articulação do joelho. É inervado</p><p>pelo nervo isquiádico.</p><p>24.7 Semimembranáceo</p><p>É um músculo longo e potente situado no contorno caudomedial da coxa, medialmente</p><p>ao músculo semimembranáceo. Origina-se na face ventral do ísquio, no arco isquiádico</p><p>e no túber isquiádico. Insere-se no epicôndilo medial do fêmur, no côndilo medial do</p><p>fêmur e no côndilo medial da tíbia. É irrigado pela artéria circunflexa medial do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Estende e aduz a articulação do quadril. É inervado pelo</p><p>nervo isquiádico.</p><p>24.8 Quadríceps femoral (vasto lateral, vasto inter médio, reto femoral e vasto</p><p>medial)</p><p>Os músculos da face cranial da coxa constituem um potente grupo muscular</p><p>denominado quadríceps femoral, que inclui o vasto lateral, o vasto intermédio, o reto</p><p>femoral e o vasto medial. O músculo reto femoral origina-se no corpo do ílio, enquanto</p><p>os demais originam-se na parte proximal do fêmur. Todos os quatro se inserem na</p><p>patela. O vasto lateral é o maior dos componentes do quadríceps femoral. Origina-se</p><p>no trocânter maior do fêmur e seu ventre é recoberto pela fáscia lata. O reto femoral é</p><p>também bastante desenvolvido e seus dois tendões de origem combinam-se num</p><p>ventre único, que se estende distalmente entre os ventres dos músculos vasto lateral e</p><p>vasto medial. O vasto intermédio dispõe-se ao longo da face cranial do fêmur e sua</p><p>borda caudal está parcialmente fundida ao músculo pectíneo. O vasto medial, de forma</p><p>mais laminar, situa-se na face medial da coxa. O grupo quadríceps femoral é irrigado</p><p>pela artéria femoral.</p><p>Ação e inervação: Estende a articulação do joelho. É inervado pelo nervo</p><p>femoral.</p><p>24.9 Sartório</p><p>É um músculo superficial longo e estreito que se estende longitudinalmente na face</p><p>medial da coxa. Apresenta duas cabeças, uma cranial e outra caudal. A cabeça cranial</p><p>origina-se na fáscia que recobre o músculo iliopsoas, junto à raiz do membro; a cabeça</p><p>caudal origina-se no corpo do ílio, logo dorsalmente ao acetábulo. Insere-se,</p><p>juntamente com o músculo grácil, na fáscia da face medial da perna. É irrigado pela</p><p>artéria femoral.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do quadril. É inervado pelo nervo</p><p>safeno.</p><p>24.10 Iliopsoas</p><p>94</p><p>É formado pela fusão dos músculos ilíaco e psoas maior. O músculo ilíaco origina-se na</p><p>face sacropelvina da asa do ílio e na face ventral do corpo do ílio. O músculo psoas</p><p>maior, proveniente da região sublombar, origina-se nos processos transversos das</p><p>vértebras lombares. Os dois músculos se juntam distalmente e vão inserir-se no</p><p>trocânter menor do fêmur. Devido a isto, são considerados como formando um único</p><p>músculo, denominado iliopsoas. É irrigado pelas artérias circunflexa profunda do ílio e</p><p>femoral.</p><p>Ação e inervação: Flexiona a articulação do quadril. É inervado pelos nervos</p><p>espinhais lombares e pelo nervo femoral.</p><p>24.11 Pectíneo</p><p>É um músculo de forma aproximadamente triangular, que se origina na borda cranial do</p><p>pube, na eminência iliopúbica e no tendão prepúbico, indo inserir-se na face caudal do</p><p>corpo do fêmur. Está parcialmente fundido aos musculos vasto medial, adutor e grácil.</p><p>É irrigado pela artéria circunflexa medial do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Aduz a coxa. É inervado pelo nervo obturatório.</p><p>24.12 Adutor</p><p>É um músculo volumoso, de forma aproximadamente triangular, disposto entre os</p><p>músculos pectíneo e semimembranáceo. Origina-se na face ventral do ísquio e do pube</p><p>e insere-se, juntamente com o músculo pectíneo, na face caudal do fêmur. É irrigado</p><p>pela artéria circunflexa medial do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Aduz a coxa. É inervado pelo nervo obturatório.</p><p>24.13 Grácil</p><p>É um músculo superficial largo e laminar, que recobre a parte caudal da face medial da</p><p>coxa. Origina-se na sínfise pelvina e insere-se, juntamente com o músculo sartório, na</p><p>fáscia da face medial da perna. É irrigado pela artéria circunflexa medial do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Aduz a coxa. É inervado por ramos do nervo obturatório.</p><p>24.14 Obturador externo</p><p>É um músculo que se origina na face ventral do osso do quadril, em torno do forame</p><p>obturado e vai inserir-se na fossa trocantérica do fêmur. Ele oclui, desta forma, o</p><p>forame obturado. Uma parte de suas fibras provém da face interna do assoalho da</p><p>pelve óssea e atravessa o forame obturado para juntar-se ao restante do músculo.</p><p>Essa parte denomina-se parte intra-pelvina do músculo obturador externo, já que nos</p><p>ruminantes não há um verdadeiro músculo obturador interno. É irrigado pela artéria</p><p>circunflexa medial do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Aduz a coxa e auxilia em sua rotação lateral. É inervado pelo</p><p>nervo obturatório.</p><p>24.15 Gêmeo</p><p>É um músculo único nos ruminantes domésticos, estando sua origem intimamente</p><p>unida à borda distal do músculo glúteo profundo. Origina-se na face lateral do ísquio e</p><p>95</p><p>insere-se na fossa trocantérica, juntamente com o músculo obturador externo. É</p><p>irrigado pela artéria glútea caudal.</p><p>Ação e inervação: Supina a articulação do quadril. É inervado pelo nervo glúteo</p><p>caudal.</p><p>24.16 Quadrado femoral</p><p>É um músculo pequeno e profundo, disposto entre o músculo gêmeo proximalmente e o</p><p>músculo obturador externo distalmente. Origina-se na face ventral do túber isquiádico e</p><p>insere-se no trocânter menor do fêmur. É irrigado pelas artérias glútea caudal e</p><p>circunflexa medial do fêmur.</p><p>Ação e inervação: Supina a articulação do quadril. É inervado pelo nervo</p><p>obturatório.</p><p>24.17 Tibial cranial</p><p>Ocupa a face lateral da tíbia, estando parcialmente coberto pelos músculos fibular</p><p>terceiro e extensor longo dos dedos. Origina-se na tuberosidade e no côndilo lateral da</p><p>tíbia. Sua porção carnosa restringe-se ao terço proximal do músculo, sendo o restante</p><p>formado por um longo e delgado tendão, que passa sob o retináculo proximal dos</p><p>extensores. Profundamente a esse retináculo, o tendão do tibial cranial desvia-se</p><p>medialmente, perfura o tendão de inserção do músculo fibular terceiro e vai inserir-se</p><p>na extremidade proximal do osso metatársico III + IV. É irrigado pela artéria tibial</p><p>cranial.</p><p>Ação: Flexiona a articulação do tarso. É inervado pelo nervo fibular comum.</p><p>24.18 Fibular terceiro</p><p>É o mais superficial dos músculos da face craniolateral da perna, apresentando-se</p><p>bastante desenvolvido nos ruminantes domésticos. Origina-se, juntamente com o</p><p>músculo extensor longo dos dedos, na fossa extensora do fêmur. Seu tendão de origem</p><p>corre no sulco extensor da tíbia, entre os músculos tibial cranial profundamente e fibular</p><p>longo, cranialmente. Seu tendão de inserção passa na face cranial da extremidade</p><p>distal da tíbia, sob o retináculo proximal dos extensores e vai inserir-se na extremidade</p><p>proximal do osso metatársico III + IV, cranialmente ao tendão do músculo tibial cranial.</p><p>É irrigado pela artéria tibial cranial.</p><p>Ação: Flexiona a articulação do tarso.</p><p>É inervado pelo nervo fibular comum.</p><p>24.19 Extensor longo dos dedos</p><p>Este músculo corresponde ao músculo extensor comum dos dedos do membro</p><p>torácico. Assim como este último, compreende dois ventres, um lateral e outro medial,</p><p>ambos originados na fossa extensora do fêmur. Cada ventre possui um tendão próprio</p><p>e os dois tendões, lateral e medial, correm na face cranial da extremidade distal da tíbia</p><p>e na face dorsal do tarso, estando neste ponto contidos pelo retináculo proximal dos</p><p>extensores. Após correrem na face dorsal do metatarso, os dois tendões apresentam o</p><p>seguinte destino: o tendão lateral divide-se, na articulação metatarsofalângica, em dois</p><p>96</p><p>ramos, cada um deles indo inserir-se na falange distal de cada dedo principal (dedos III</p><p>e IV); o tendão medial dirige-se para o dedo III, inserindo-se na falange média deste</p><p>dedo. É irrigado pela artéria tibial cranial.</p><p>Ação: Estende as articulações metatarsofalângica e interfalângicas dos dedos III</p><p>e IV; flexiona a articulação do tarso. É inervado pelo nervo fibular comum.</p><p>24.20 Fibular longo</p><p>Situa-se superficialmente na face lateral da perna. Seu ventre apresenta forma</p><p>triangular e origina-se no ligamento colateral lateral da articulação do joelho e no</p><p>côndilo lateral da tíbia. Seu tendão de inserção corre na face lateral da pena, cruza</p><p>superficialmente o tendão do músculo extensor lateral do dedo e, na extremidade distal</p><p>da tíbia, curva-se caudodistalmente, passando na face lateral do tarso. Neste ponto, o</p><p>tendão do fibular longo relaciona-se profundamente com o ligamento colateral lateral da</p><p>articulação do tarso, alojando-se em um sulco do osso centroquarto. Em seguida, o</p><p>tendão corre na face plantar do tarso, entre o osso centroquarto e o osso metatársico III</p><p>+ IV, e vai inserir-se no osso társico I. É irrigado pela artéria tibial cranial.</p><p>Ação: Flexiona a articulação do tarso. É inervado pelo nervo fibular comum.</p><p>24.21 Extensor lateral do dedo</p><p>É um músculo longo, situado entre o músculo fibular longo cranialmente e o músculo</p><p>flexor profundo dos dedos caudalmente. Origina-se no ligamento colateral lateral da</p><p>articulação do joelho, na cabeça da fíbula e no côndilo lateral da tíbia. Seu tendão de</p><p>inserção ocupa um sulco na face lateral da extremidade distal da tíbia, percorre a face</p><p>dorsolateral do osso metatársico III + IV e vai inserir-se na face dorsal da falange média</p><p>do dedo IV. É irrigado pela artéria tibial cranial.</p><p>Ação: Estende as articulações interfalângicas do dedo IV. É inervado pelo nervo</p><p>fibular comum.</p><p>24.22 Extensor curto dos dedos</p><p>É um pequeno músculo que se origina na face dorsal do osso tálus e se prende</p><p>distalmente no tendão do músculo extensor longo dos dedos, na altura do terço</p><p>proximal do metatarso. É irrigado pela artéria metatársica dorsal III.</p><p>Ação e inervação: Auxilia o músculo extensor longo dos dedos. É inervado pelo</p><p>nervo fibular comum.</p><p>24.23 Gastrocnêmio</p><p>É o mais volumoso dos músculos da perna, apresentando duas cabeças, uma medial e</p><p>outra lateral. A cabeça medial origina-se no epicôndilo medial do fêmur e área</p><p>adjacente. A cabeça lateral origina-se no epicôndilo lateral do fêmur e área adjacente.</p><p>As duas cabeças fundem-se, próximo às suas origens, numa massa muscular única. O</p><p>ventre do músculo gastrocnêmio envolve lateral e medialmente o músculo flexor</p><p>superficial dos dedos. Seu tendão de inserção é único, envolve o tendão do músculo</p><p>flexor superficial dos dedos e vai inserir-se no túber do calcâneo. Os tendões dos</p><p>músculos gastrocnêmio e flexor superficial dos dedos, juntamente com as aponeuroses</p><p>97</p><p>dos músculos bíceps femoral e semitendíneo, constituem o tendão calcanear comum</p><p>(conhecido popularmente como tendão de Aquiles). É irrigado pela artéria caudal do</p><p>fêmur.</p><p>Ação: Flexiona a articulação do joelho e estende a articulação do tarso. É</p><p>inervado pelo nervo tibial.</p><p>24.24 Flexor superficial dos dedos</p><p>É um músculo relativamente volumoso, que se origina na fossa supracondilar do fêmur</p><p>e tem seu ventre envolvido de ambos lados pelo músculo gastrocnêmio. Seu tendão de</p><p>inserção participa na formação do tendão calcanear comum e passa sobre o túber do</p><p>calcâneo, no qual se prende lateralmente. Entre o túber do calcâneo e o tendão do</p><p>flexor superficial dos dedos dispõe-se uma bem desenvolvida bolsa sinovial,</p><p>denominada bolsa calcanear. Distalmente no pé, suas inserções, bem como suas</p><p>relações com os tendões dos músculos flexor profundo dos dedos e interósseo, são</p><p>semelhantes às observadas no membro torácico. É irrigado pela artéria caudal do</p><p>fêmur.</p><p>Ação: Flexiona a articulação do joelho; estende a articulação do tarso; flexiona</p><p>as articulações interfalângicas dos dedos principais (dedos III e IV). É inervado pelo</p><p>nervo tibial.</p><p>24.25 Sóleo</p><p>É uma débil faixa muscular que se origina na cabeça da fíbula e se dirige</p><p>caudodistalmente para fundir-se à cabeça lateral do músculo gastrocnêmio. O conjunto</p><p>formado pelas duas cabeças do gastrocnêmio e o sóleo recebe o nome de músculo</p><p>tríceps da sura. É irrigado pela artéria tibial caudal.</p><p>Ação: Auxilia o músculo gastrocnêmio na extensão da articulação do tarso. É</p><p>inervado pelo nervo tibial.</p><p>24.26 Flexor profundo dos dedos</p><p>Nos ruminantes, o músculo flexor profundo dos dedos apresenta-se constituído por três</p><p>partes, que se denominam isoladamente músculos flexor medial dos dedos, flexor</p><p>lateral dos dedos e tibial caudal. O músculo flexor medial dos dedos é a parte mais</p><p>cranial; o músculo tibial caudal é a parte mais caudal, apresentando um ventre bastante</p><p>reduzido; o músculo flexor lateral dos dedos é a parte de ventre mais volumoso, situada</p><p>entre as duas primeiras. Todas as três partes originam-se no côndilo lateral da tíbia e</p><p>na cabeça da fíbula. Os tendões de inserção do tibial caudal e do flexor lateral dos</p><p>dedos fundem-se na altura do tarso e correm distalmente no sulco do calcâneo. Já o</p><p>tendão do músculo flexor medial dos dedos passa no sulco maleolar, curva-se plantar e</p><p>distalmente e acaba unindo-se, na face plantar do tarso, com o tendão comum dos dois</p><p>primeiros. O tendão comum do músculo flexor profundo dos dedos comporta-se, na</p><p>face plantar do metatarso e das falanges, da mesma maneira que o tendão do flexor</p><p>profundo dos dedos do membro torácico. As três partes do flexor profundo dos dedos</p><p>são irrigadas pela artéria tibial caudal.</p><p>Ação: Flexiona a articulação metatarsofalângica e as articulações interfalângicas</p><p>dos dedos principais; estende a articulação do tarso. É inervado pelo nervo tibial.</p><p>24.27 Poplíteo</p><p>98</p><p>É um músculo de ventre triangular que ocupa a face caudal da tíbia. Origina-se na</p><p>fossa poplítea do fêmur e insere-se na metade proximal da face caudal do corpo da</p><p>tíbia, dispondo-se suas fibras obliquamente no sentido lateromedial. É irrigado por pelas</p><p>artérias tibial cranial e tibial caudal.</p><p>Ação: Flexiona a articulação do joelho. É inervado pelo nervo tibial.</p><p>25. NERVOS DO MEMBRO PELVINO</p><p>Os nervos que vão para o membro pelvino são originados do plexo lombossacral. Este</p><p>plexo é constituído pelos ramos ventrais dos nervos espinhais lombares L1 a L6 e dos</p><p>nervos espinhais sacrais S1 a S4.</p><p>25.1 Nervo cutâneo lateral da coxa</p><p>É formado pelo ramo ventral do nervo L4, podendo também receber fibras dos ramos</p><p>ventrais dos nervos L3 e L5. O nervo cutâneo lateral da coxa corre inicialmente junto ao</p><p>99</p><p>músculo iliopsoas e depois atinge a face medial do músculo tensor da fáscia lata, onde</p><p>corre distalmente para se distribuir no aspecto craniolateral da coxa, até a região do</p><p>joelho.</p><p>25.2 Nervo femoral</p><p>É formado pelo ramo ventral do nervo L5, com contribuições dos ramos ventrais dos</p><p>nervos L4 e L6. Logo após sua origem, o nervo femoral corre sob o músculo psoas</p><p>maior e acompanha distalmente a artéria e veia femorais. Atingindo a raiz do membro</p><p>pelvino, na face medial da coxa, o nervo femoral logo penetra no quadríceps</p><p>femoral,</p><p>inervando os quatro componentes deste grupo muscular. Antes de penetrar no</p><p>quadríceps femoral, o nervo femoral emite o nervo safeno. Este último acompanha</p><p>distalmente a artéria e veia femorais, coberto pelo músculo sartório. Envia ramos aos</p><p>músculos sartório e pectíneo e prossegue distalmente, agora acompanhando a artéria</p><p>safena, para se distribuir na pele da face medial da perna.</p><p>25.3 Nervo obturatório</p><p>É formado por fibras provenientes dos ramos ventrais dos nervos L5 e L6. Corre</p><p>inicialmente na face medial do corpo do ílio, em direção à borda cranial do forame</p><p>obturado. Após atravessar este forame, envia ramos para os músculos obturador</p><p>externo, adutor, pectíneo e grácil.</p><p>25.4 Nervo glúteo cranial</p><p>É um pequeno nervo constituído principalmente por fibras provenientes dos ramos</p><p>ventrais dos nervos L6 e S1. Emerge do forame isquiádico maior juntamente com o</p><p>nervo isquiádico e divide-se em vários ramos que se distribuem nos músculos glúteo</p><p>médio, glúteo profundo e tensor da fáscia lata.</p><p>25.5 Nervo isquiádico</p><p>É o maior dos nervos derivados do plexo lombossacral e de todo o corpo, sendo</p><p>formado pelos ramos ventrais dos nervos L6, S1 e S2. Emerge da cavidade pelvina</p><p>através do forame isquiádico maior e corre profundamente na face lateral da pelve</p><p>(região glútea), passando inicialmente sobre o ligamento sacrotuberal e depois sobre os</p><p>músculos glúteo profundo e gêmeo. Neste ponto, o nervo isquiádico apresenta-se</p><p>bastante largo, achatado e está coberto pelos músculos glúteo acessório, glúteo médio</p><p>e bíceps femoral (gluteobíceps). Após passar sobre o músculo gêmeo, ele corre</p><p>distalmente na coxa, relacionando-se superficialmente com o músculo bíceps femoral e</p><p>profundamente com os músculos quadrado femoral, adutor, semitendíneo e</p><p>semimembranáceo. Na região glútea, o nervo isquiádico fornece pequenos ramos para</p><p>os músculos gêmeo e quadrado femoral e, na altura da articulação do quadril, ele emite</p><p>um grande ramo muscular para os músculos bíceps femoral, semitendíneo e</p><p>semimembranáceo. No terço distal da coxa, ele emite o nervo cutâneo lateral da sura,</p><p>que corre distalmente junto com a veia safena lateral e distribui-se na pele do aspecto</p><p>laterocaudal da perna e do tarso. Um pouco distalmente à origem do nervo cutâneo</p><p>lateral da sura, o nervo isquiádico termina dividindo-se em nervo fibular comum e nervo</p><p>tibial.</p><p>100</p><p>25.6 Nervo glúteo caudal</p><p>Origina-se dos ramos ventrais dos nervos S1 e S2. Emerge do forame isquiádico maior</p><p>juntamente com o nervo isquiádico e divide-se em vários ramos que inervam os</p><p>músculos glúteo superficial (gluteobíceps) e glúteo médio.</p><p>25.7 Nervo cutâneo caudal da coxa</p><p>É um pequeno nervo que se origina da borda dorsal do nervo isquiádico e corre</p><p>caudalmente na face lateral do ligamento sacrotuberal. Na altura do forame isquiádico</p><p>menor, ele divide-se em dois ramos, um medial e outro lateral. O ramo medial atravessa</p><p>o forame isquiádico menor e une-se ao nervo pudendo. O ramo lateral pode unir-se ao</p><p>ramo cutâneo proximal do nervo pudendo ou pode atravessar o músculo bíceps femoral</p><p>e inervar a pele próximo à área de inervação do ramo cutâneo proximal do nervo</p><p>pudendo.</p><p>25.8 Nervo pudendo</p><p>É formado pelo ramo ventral do nervo S3, com contribuições dos ramos ventrais dos</p><p>nervos S2 e S4. Seu trajeto e área de distribuição serão descritos no item referente a</p><p>nervos da cavidade pelvina.</p><p>25.9 Nervo fibular comum</p><p>O nervo fibular comum, logo após originar-se do nervo isquiádico, corre distalmente sob</p><p>a porção distal do músculo bíceps femoral, relacionando-se profundamente com a</p><p>cabeça lateral do músculo gastrocnêmio. Próximo ao côndilo lateral do fêmur, fornece</p><p>um longo e delgado ramo para o músculo fibular longo. O nervo fibular comum então</p><p>penetra no espaço entre os músculos fibular longo e extensor longo dos dedos,</p><p>emitindo nesse ponto os nervos fibular superficial e fibular profundo, bem como vários</p><p>ramos para os músculos fibular longo, tibial cranial, fibular terceiro, extensor longo dos</p><p>dedos e extensor lateral do dedo.</p><p>25.10 Nervo fibular superficial</p><p>É a maior das duas divisões principais do nervo fibular comum. Ele corre distalmente e,</p><p>cerca do meio da perna, cruza gradualmente a face profunda do músculo fibular longo e</p><p>aparece superficialmente no sulco formado entre o músculo fibular terceiro</p><p>cranialmente e os músculos fibular longo e extensor longo dos dedos caudalmente. Na</p><p>altura do tarso, ele corre medialmente à veia safena lateral. Atingindo o metatarso, o</p><p>nervo fibular superficial emite o nervo digital dorsal comum IV. Este último, na altura da</p><p>articulação metatarsofalângica, emite o nervo digital dorsal próprio V para o dedo V e</p><p>continua-se na face dorsal do dedo IV como nervo digital dorsal próprio IV abaxial. O</p><p>nervo fibular superficial prossegue distalmente no metatarso, correndo junto aos</p><p>tendões dos músculos extensores e emitindo vários filetes para a fáscia e a pele da</p><p>face dorsal do metatarso. No terço médio do metatarso ele emite o nervo digital dorsal</p><p>comum II e continua-se como nervo digital dorsal comum III. O nervo digital dorsal</p><p>comum II, cerca da articulação metatarsofalângica, emite o nervo digital dorsal próprio II</p><p>para o dedo II e continua-se na face dorsal do dedo III como nervo digital dorsal próprio</p><p>III abaxial. O nervo digital dorsal comum III, por sua vez, recebe o nervo metatársico</p><p>101</p><p>dorsal III proveniente do nervo fibular profundo e logo em seguida divide-se em nervos</p><p>digitais dorsais próprios III e IV axiais, cada um para o dedo principal respectivo.</p><p>25.11 Nervo fibular profundo</p><p>Corre profundamente no sulco formado entre os músculos fibular longo e extensor</p><p>lateral do dedo. Depois, prossegue distalmente ao longo do músculo extensor longo dos</p><p>dedos e passa sob o retináculo proximal dos extensores. Na face dorsal do tarso, o</p><p>nervo fibular profundo emite um minúsculo ramo para o músculo extensor curto dos</p><p>dedos e, atingindo o metatarso, passa a denominar-se nervo metatársico dorsal III.</p><p>Próximo à articulação metatarsofalângica, este último emerge entre os tendões do</p><p>músculo extensor longo dos dedos e une-se ao nervo digital dorsal comum III.</p><p>25.12 Nervo tibial</p><p>Após sua origem do nervo isquiádico, o nervo tibial emite ramos para os músculos</p><p>gastrocnêmio e flexor superficial dos dedos. Ele então penetra entre as cabeças medial</p><p>e lateral do gastrocnêmio e envia ramos para os músculos poplíteo, sóleo e flexor</p><p>profundo dos dedos. O nervo tibial prossegue no terço distal da perna, situando-se</p><p>cranialmente ao tendão calcanear comum. Na altura do túber do calcâneo, ele</p><p>finalmente divide-se em nervo plantar medial e nervo plantar lateral.</p><p>25.13 Nervo plantar medial</p><p>Corre distalmente ao longo do aspecto plantomedial do tarso, sendo parcialmente</p><p>coberto pela borda medial do ligamento plantar longo da articulação do tarso. Próximo à</p><p>articulação metatarsofalângica, emite o nervo digital plantar comum II e continua-se</p><p>como nervo digital plantar comum III. O nervo digital plantar comum II emite o pequeno</p><p>nervo digital plantar próprio II para o dedo II e continua-se como nervo digital plantar</p><p>próprio III abaxial. O nervo digital plantar comum III passa entre os dedos II e V</p><p>(paradígitos) e, atingindo o espaço interdigital, divide-se em nervos digitais plantares</p><p>próprios III e IV axiais, um para cada dedo principal. Estes últimos recebem ramos</p><p>comunicantes do nervo metatársico dorsal III.</p><p>25.14 Nervo plantar lateral</p><p>Após originar-se do nervo tibial, corre em direção à borda lateral do pé, passando</p><p>profundamente ao ligamento plantar longo da articulação do tarso. O nervo plantar</p><p>lateral corre inicialmente ao longo da borda lateral do ligamento plantar longo e depois</p><p>no sulco formado entre os tendões dos músculos flexores superficial e profundo dos</p><p>dedos e o músculo interósseo. Na extremidade proximal do metatarso, ele emite o ramo</p><p>profundo para o músculo interósseo e continua-se como nervo digital</p><p>plantar comum IV.</p><p>Este último, atingindo a extremidade distal do metatarso, emite o pequeno nervo digital</p><p>plantar próprio V e continua-se como nervo digital plantar próprio IV abaxial.</p><p>102</p><p>26. VASOS DO MEMBRO PELVINO</p><p>26.1 Artérias</p><p>26.1.1 Artéria ilíaca externa</p><p>A artéria ilíaca externa origina-se da artéria aorta abdominal, ventralmente ao corpo da</p><p>quinta ou sexta vértebra lombar. Ela corre ventrocaudalmente na face interna da parede</p><p>do abdome, imediatamente cranial ao corpo do ílio, emitindo neste trajeto a artéria</p><p>circunflexa profunda do ílio. Atingindo a raiz do membro pelvino, ela emite, junto à</p><p>borda cranial do pube, a artéria femoral profunda e continua-se na face medial da coxa</p><p>como artéria femoral.</p><p>103</p><p>26.1.2 Artéria circunflexa profunda do ílio</p><p>Origina-se da artéria ilíaca externa próximo ao corpo do ílio e logo se divide em dois</p><p>ramos, um cranial e outro caudal. O ramo cranial passa cranialmente ao corpo do ílio e</p><p>emite vários ramos que irrigam os músculos sublombares, longíssimo lombar, glúteo</p><p>médio, tensor da fáscia lata e a pele adjacente. Prossegue cranialmente no ângulo</p><p>caudodorsal da parede do abdome, correndo entre os músculos oblíquo interno do</p><p>abdome e transverso do abdome, irrigando-os e também ao músculo oblíquo externo</p><p>do abdome. O ramo caudal dirige-se ventralmente, emitindo ramos para os músculos</p><p>oblíquo externo, oblíquo interno e transverso do abdome. Atravessa a parede</p><p>abdominal e passa a correr na face medial do músculo tensor da fáscia lata,</p><p>acompanhando distalmente o nervo cutâneo lateral da coxa. Ele irriga os músculos</p><p>tensor da fáscia lata e cutâneo do tronco, bem como a pele do aspecto craniomedial da</p><p>coxa.</p><p>26.1.3 Artéria femoral profunda</p><p>Origina-se da artéria ilíaca externa junto à borda cranial do pube, na raiz do membro</p><p>pelvino. Dirige-se caudalmente na raiz do membro, correndo ventralmente ao pube. A</p><p>artéria femoral profunda logo emite o tronco pudendo-epigástrico e continua-se como</p><p>artéria circunflexa medial do fêmur</p><p>26.1.4 Tronco pudendo-epigástrico</p><p>Este tronco, após um curto trajeto, dá origem às artérias epigástrica caudal e pudenda</p><p>externa. Nos bovinos e ovinos, ele também origina a pequena artéria abdominal caudal,</p><p>que se distribui na parede caudal do abdome. Nos bovinos e caprinos, um outro</p><p>pequeno ramo, a artéria cremastérica, destinada ao músculo cremáster, é igualmente</p><p>emitido pelo tronco pudendo-epigástrico. A artéria epigástrica caudal dirige-se</p><p>cranialmente na parede ventral do abdome, emitindo ramos para os músculos oblíquo</p><p>interno, reto e transverso do abdome. Quanto à artéria pudenda externa, ela deixa a</p><p>cavidade abdominal passando através do canal inguinal. Emergindo deste canal,</p><p>fornece um ramo para os linfonodos inguinais superficiais, ramos para as mamas</p><p>caudais na fêmea ou para o escroto no macho - e continua-se na parede do abdome</p><p>como artéria epigástrica caudal superficial. Esta última fornece ramos para as mamas</p><p>craniais na fêmea ou para o escroto e prepúcio no macho e termina ramificando-se na</p><p>parte caudal da parede do abdome.</p><p>26.1.5 Artéria circunflexa medial do fêmur</p><p>É a continuação da artéria femoral profunda após esta emitir o tronco pudendo-</p><p>epigástrico, na raiz do membro pelvino. A artéria circunflexa medial do fêmur penetra</p><p>sob o músculo pectíneo, vascularizando este músculo e atinge a porção caudolateral da</p><p>coxa, onde emite ramos para os músculos adutor, semitendíneo e bíceps femoral. Alem</p><p>disto, fornece vários ramúsculos para o linfonodo poplíteo. Dela também origina-se o</p><p>ramo obturatório, que irriga o músculo obturador externo e finalmente anastomosa-se</p><p>com a artéria obturatória, esta última um ramo da artéria pudenda interna.</p><p>26.1.6 Artéria femoral</p><p>104</p><p>É a principal artéria responsável pela irrigação do membro pelvino. Corre distalmente na</p><p>face medial da coxa, como continuação da artéria ilíaca externa após esta emitir a</p><p>artéria femoral profunda. Ao atingir a inserção do músculo pectíneo, ela gradualmente</p><p>se dirige para a face caudal do fêmur e, caudalmente ao joelho, penetra entre as</p><p>cabeças medial e lateral do músculo gastrocnêmio, continuando-se partir desse ponto</p><p>como artéria poplítea. Em seu trajeto, a artéria femoral emite os seguintes ramos</p><p>principais:</p><p>a) Artéria circunflexa lateral do fêmur: Origina-se do trecho inicial da artéria</p><p>femoral e dirige-se craniodistalmente para logo penetrar na musculatura do grupo</p><p>quadríceps femoral, acompanhando o nervo femoral.</p><p>b) Artéria safena: Origina-se da artéria femoral no terço médio da coxa e corre</p><p>distalmente na fáscia superficial, acompanhando o nervo safeno. Na perna, a artéria</p><p>safena gradualmente dirige-se para seu aspecto caudal e, no tarso, um pouco</p><p>distalmente ao túber do calcâneo, ela divide-se em artérias plantar lateral e plantar</p><p>medial. A artéria plantar lateral desce no aspecto plantolateral do metatarso e, próximo</p><p>à articulação metatarsofalângica, converte-se na artéria digital plantar comum IV. Esta</p><p>última emite a artéria digital plantar própria V para o dedo V e continua-se na face</p><p>plantar do dedo IV como artéria digital plantar própria IV abaxial. A artéria plantar</p><p>medial desce no aspecto plantomedial do metatarso e, próximo da articulação</p><p>metatarsofalângica, divide-se nas artérias digital plantar comum II e digital plantar</p><p>comum III. A artéria digital plantar comum II emite a pequena artéria digital plantar</p><p>própria II para o dedo II e continua-se na face plantar do dedo III como artéria digital</p><p>plantar própria III abaxial A artéria digital plantar comum III passa entre os paradígitos</p><p>(dedos II e V), atinge o espaço interdigital, anastomosa-se com a artéria digital dorsal</p><p>comum III e termina bifurcando-se nas artérias digitais plantares próprias III e IV axiais.</p><p>c) Artéria descendente do joelho: Origina-se da artéria femoral no terço distal da</p><p>coxa, emite pequenos ramos para os músculos sartório, vasto medial,</p><p>semimembranáceo e vasto intermédio e termina ramificando-se na face medial da</p><p>articulação do joelho.</p><p>d)Artéria nutrícia do fêmur: Origina-se da artéria femoral, um pouco</p><p>proximalmente ao epicôndilo medial do fêmur e penetra no forame nutrício desse osso.</p><p>e) Artéria caudal do fêmur: Nos ruminantes, compreende vários ramos que</p><p>partem da borda caudal da artéria femoral, na extremidade distal da coxa, caudalmente</p><p>à articulação do joelho. Distribui-se nos músculos da face caudal da coxa e da perna.</p><p>Constituem os ultimos ramos da artéria femoral, que após sua emissão passa a</p><p>denominar-se artéria poplítea.</p><p>26.1.7 Artéria poplítea</p><p>É a continuação da artéria femoral, após a emissão da artéria caudal do fêmur. A</p><p>artéria poplítea constitui um curto tronco que corre na face caudal da articulação do</p><p>joelho e logo se divide em dois ramos de calibre desigual, as artérias tibial cranial e</p><p>tibial caudal.</p><p>26.1.8 Artéria tibial caudal</p><p>É o menor dos dois ramos terminais da artéria poplítea. Corre distalmente entre os</p><p>côndilos do fêmur e atinge o aspecto caudal do músculo poplíteo. Irriga este último, o</p><p>músculo flexor superficial dos dedos e as partes do músculo flexor profundo dos dedos.</p><p>105</p><p>26.1.9 Artérias tibial cranial e dorsal do pé</p><p>A artéria tibial cranial é a continuação direta, na perna, da artéria poplítea. Passa</p><p>profundamente ao músculo poplíteo, fornecendo ramos para este músculo, como</p><p>também para o músculo flexor profundo dos dedos. Gradualmente a artéria tibial cranial</p><p>atinge a borda caudolateral da tíbia, perfura a membrana interóssea da perna e</p><p>continua-se na face cranial da tíbia.</p><p>A artéria tibial cranial prossegue distalmente na face dorsal do tarso, passando</p><p>sob o retináculo proximal dos extensores. A partir desse ponto, passa a denominar-se</p><p>artéria dorsal do pé. Esta última fornece ramos para a rede társica dorsal, bem como</p><p>para a cápsula da articulação do tarso. Na altura da articulação intertársica, a artéria</p><p>dorsal do pé emite o ramo perfurante proximal, o qual atravessa a articulação</p><p>tarsometatársica para se unir ao arco plantar profundo proximal. Após emitir o ramo</p><p>perfurante proximal, a artéria dorsal do pé continua-se, já na face dorsal do metatarso,</p><p>como artéria metatársica dorsal III. No metatarso, esta última fornece alguns</p><p>ramúsculos para o músculo extensor curto dos dedos. Um pouco proximalmente à</p><p>articulação metatarsofalângica, a artéria metatársica dorsal III recebe o ramo perfurante</p><p>distal, proveniente do arco plantar profundo distal e continua-se como artéria digital</p><p>dorsal comum III. Esta última, atingindo o espaço interdigital, anastomosa-se com a</p><p>artéria digital plantar comum III, que finalmente se divide em artérias digitais plantares</p><p>próprias III e IV axiais, conforme já descrito.</p><p>26.2 Veias</p><p>Como no membro torácico, a drenagem venosa do membro pelvino é feita por veias</p><p>superficiais e veias profundas, interligadas por ramos anastomóticos.</p><p>26.2.1 Veia safena lateral</p><p>É o mais calibroso dos troncos venosos superficiais do membro pelvino e sua posição</p><p>subcutânea faz com que seja um dos sítios de eleição para punções e injeções</p><p>endovenosas, especialmente nos pequenos ruminantes. Ela é formada pela união de</p><p>dois ramos - ramo cranial e ramo caudal - no terço distal da face lateral da perna, no</p><p>espaço entre o músculo flexor profundo dos dedos e o tendão calcanear comum. Segue</p><p>proximalmente ao longo da borda caudal do músculo gastrocnêmio e penetra entre os</p><p>músculos bíceps femoral e semitendíneo. Passa a correr, então, profundamente na</p><p>face lateral da coxa, relacionando-se com o linfonodo poplíteo, os nervos tibial, fibular</p><p>comum e cutâneo lateral da sura e os musculos bíceps femoral, semitendíneo e adutor,</p><p>dos quais recebe vários e calibrosos ramos. Após receber esses ramos, a veia safena</p><p>lateral passa a denominar-se veia circunflexa medial do fêmur, a qual mergulha entre os</p><p>musculos adutor e semimembranáceo, acompanhando os ramos terminais da artéria</p><p>circunflexa medial do fêmur.</p><p>O ramo cranial da veia safena lateral é formado, no terço distal do metatarso,</p><p>pela união das veias digitais dorsais comuns III e IV. Corre proximalmente em direção</p><p>ao tarso, acompanhando o nervo fibular superficial, lateralmente aos tendões dos</p><p>músculos extensores dos dedos. Na face dorsal do tarso, ele recebe um calibroso ramo</p><p>anastomótico da veia dorsal do pé, além de ramos da rede társica dorsal. Um pouco</p><p>mais proximalmente, anastomosa-se ainda com o ramo superficial da veia tibial cranial,</p><p>bem desenvolvido nos bovinos e inconstante nos pequenos ruminantes. Ultrapassando</p><p>106</p><p>proximalmente o tarso, o ramo cranial dirige-se obliquamente em sentido caudal, para</p><p>unir-se ao ramo caudal e formar a veia safena lateral.</p><p>A veia digital dorsal comum III forma-se, no espaço interdigital, pela união das</p><p>veias digitais dorsais próprias III e IV axiais. Corre proximalmente no espaço interdigital,</p><p>onde se anastomosa com a veia interdigital (proveniente da veia digital plantar comum</p><p>III) e, um pouco mais proximalmente, com a veia metatársica dorsal III. Atingindo o</p><p>terço distal do metatarso, ela une-se à veia digital dorsal comum IV. As veias digitais</p><p>dorsais próprias III e IV axiais representam a continuação proximal das veias coronais</p><p>dos dedos III e IV.</p><p>A veia digital dorsal comum IV origina-se do arco plantar profundo distal, situado</p><p>profundamente ao músculo interósseo, na face caudal do extremo distal do metatarso.</p><p>Comumente, apresenta-se como uma continuação direta da veia digital plantar comum</p><p>IV, oriunda do mesmo arco. Após um curto trajeto em direção à face dorsal do</p><p>metatarso, une-se com a veia digital dorsal comum III para formar o ramo cranial da</p><p>veia safena lateral.</p><p>O ramo caudal da veia safena lateral origina-se no aspecto plantolateral da</p><p>extremidade proximal do metatarso, a partir do arco plantar profundo, situado</p><p>profundamente ao músculo interósseo. Aparece, porém, tanto nos bovinos como nos</p><p>pequenos ruminantes, como uma continuação da veia metatársica plantar IV, tributária</p><p>do referido arco. Corre inicialmente na face lateral do calcâneo e, em seguida, junto à</p><p>face caudal da extremidade distal da tíbia e ao tendão do flexor profundo dos dedos.</p><p>Nesta altura, emite o ramo anastomótico com a veia safena medial, bem desenvolvido</p><p>nos bovinos mas pouco evidente nos pequenos ruminantes. Um pouco mais</p><p>proximalmente, termina unindo-se ao ramo cranial para formar a veia safena lateral.</p><p>26.2.2 Veia safena medial</p><p>Dispõe-se subcutaneamente na face medial da perna e da coxa, correndo juntamente</p><p>com a artéria e o nervo safenos. É formada pela união das veias plantar lateral e plantar</p><p>medial, na depressão existente entre a túber do calcâneo e o tendão do músculo flexor</p><p>profundo dos dedos. Segue proximalmente na face medial da perna, entre o tendão</p><p>calcanear comum e a borda caudal do músculo flexor profundo dos dedos e, atingindo</p><p>a face medial da coxa, passa a correr sobre a aponeurose do músculo grácil. No terço</p><p>médio da coxa, aprofunda-se entre o músculo grácil e o músculo sartório, indo</p><p>desembocar na veia femoral.</p><p>A veia plantar medial corre na face plantomedial ao tarso, sobre o sustentáculo</p><p>do tálus, juntamente com o nervo plantar medial, sendo formada pela união de dois</p><p>ramos, profundo e superficial. O ramo profundo provém do arco plantar profundo,</p><p>emergindo dorsalmente ao extremo proximal do músculo interósseo. O ramo superficial</p><p>origina-se do arco plantar profundo distal e corre proximalmente, junto com o nervo</p><p>plantar medial, entre o músculo interósseo e os tendões dos músculos flexores dos</p><p>dedos. A veia plantar lateral origina-se do arco plantar profundo, juntamente com o</p><p>ramo caudal da veia safena lateral. Corre na face caudal do tarso, associada ao nervo</p><p>plantar lateral.</p><p>26.2.3 Veias circunflexa medial do fêmur e femoral profund a</p><p>A veia circunflexa medial do fêmur é a continuação direta da veia safena lateral nos</p><p>planos profundos da coxa. Ela mergulha entre os músculos adutor e semitendíneo,</p><p>juntamente com ramos da artéria homônima, passando em seguida entre os músculos</p><p>107</p><p>pectíneo e iliopsoas. Após receber a veia pudendo-epigástrica, continua-se como veia</p><p>femoral profunda, a qual corre em direção cranial, ventralmente ao pube, até juntar-se</p><p>com a veia femoral para formar a veia ilíaca externa.</p><p>26.2.4 Veia femoral</p><p>Corre na face medial da coxa, ao lado da artéria homônima. Origina-se, como</p><p>continuação direta da veia poplítea, na face caudal da extremidade distal do fêmur.</p><p>Corre proximalmente, passando no sulco formado entre os músculos vasto medial,</p><p>adutor e pectíneo e coberta pelo músculo sartório. Após um curto trajeto sobre a face</p><p>medial do músculo iliopsoas, junta-se à veia femoral profunda para formar a veia ilíaca</p><p>externa, na raiz do membro pelvino. São suas tributárias as seguintes veias, todas elas</p><p>satélites dos ramos da artéria femoral: veias circunflexa lateral do fêmur, safena medial,</p><p>descendente do joelho e caudais do fêmur.</p><p>26.2.5 Veia poplítea</p><p>Localiza-se caudalmente à articulação do joelho, sendo formada pela união das veias</p><p>tibial cranial e tibial caudal. Como a artéria homônima, seu trajeto é curto. Recebe veias</p><p>provenientes da articulação do joelho e logo se junta às veias caudais do fêmur para se</p><p>continuar proximalmente como veia femoral.</p><p>26.2.6 Veias tibiais cranial e caudal</p><p>A veia tibial caudal, como a artéria homônima, é pouco desenvolvida e corre na face</p><p>caudal do músculo poplíteo. A veia tibial cranial, geralmente dupla, acompanha a artéria</p><p>tibial cranial e o nervo fibular profundo, ao longo do aspecto craniolateral da tíbia,</p><p>profundamente aos músculos extensores dos dedos. Nos bovinos, ela emite, no terço</p><p>distal da perna, um ramo anastomótico que vai se juntar ao ramo cranial da veia safena</p><p>lateral. Atingindo a extremidade proximal da perna, desvia-se para a face caudal da</p><p>tíbia, onde passa a correr profundamente ao músculo poplíteo. Emergindo</p><p>deste último,</p><p>une-se à veia tibial caudal para formar a veia poplítea.</p><p>26.2.7 Veia dorsal do pé</p><p>É um curto tronco venoso, restrito à face dorsal do tarso, onde corre profundamente</p><p>aos tendões dos músculos extensores dos dedos. Continua-se proximalmente como</p><p>veia tibial cranial e distalmente como veia metatársica dorsal III. Emite um ramo</p><p>anastomótico bem desenvolvido para o ramo cranial da veia safena lateral e comunica-</p><p>se com o arco plantar profundo por meio da veia társica perfurante.</p><p>26.2.8 Veia metatársica dorsal III</p><p>Representa a continuação distal da veia dorsal do pé, após a emissão da veia társica</p><p>perfurante. Usualmente dupla, corre na face dorsal do osso metatársico III + IV,</p><p>profundamente aos tendões dos músculos extensores dos dedos. Emite o ramo</p><p>perfurante distal, que atravessa o canal distal do metatarso e termina no arco plantar</p><p>profundo distal. No espaço interdigital, a veia metatársica dorsal III anastomosa-se com</p><p>a veia digital dorsal comum III.</p><p>108</p><p>26.2.9 Arco plantar profundo</p><p>É formado, nos ruminantes domésticos, pela anastomose entre a veia plantar lateral e o</p><p>ramo profundo da veia plantar medial. Dispõe-se transversalmente na extremidade</p><p>proximal da face plantar do osso metatársico III + IV, profundamente ao músculo</p><p>interósseo. Para o arco plantar profundo confluem as veias metatársicas plantares II, III</p><p>e IV e a veia társica perfurante, esta proveniente da veia dorsal do pé.</p><p>As veias metatársicas plantares II, III e IV originam-se do arco plantar profundo</p><p>distal e seguem paralelamente na face plantar do osso metatársico III + IV,</p><p>profundamente ao músculo interósseo, até desembocarem no arco plantar profundo.</p><p>Das três veias metatársicas plantares, a medial (II) e a lateral (IV) são bem</p><p>desenvolvidas, enquanto a intermédia (III) apresenta-se bastante reduzida.</p><p>26.2.10 Arco plantar profundo distal</p><p>Está situado na extremidade distal da face plantar do osso metatársico III + IV,</p><p>profundamente ao músculo interósseo. Dá origem às veias metatársicas plantares II, III</p><p>e IV e ao ramo superficial da veia plantar medial, que seguem proximalmente no</p><p>metatarso. Recebe, por outro lado, as veias digitais plantares comuns II, III e IV,</p><p>provenientes dos dedos e o ramo perfurante distal, oriundo da veia metatársica dorsal</p><p>III.</p><p>26.2.11 Veias digitais plantares</p><p>A veia digital plantar comum II corre na face abaxial do dedo III, sendo formada pela</p><p>união das veias digital plantar própria III abaxial e digital dorsal própria III abaxial.</p><p>Recebe ainda, antes de desembocar no arco plantar profundo distal, as veias digital</p><p>plantar própria II e digital dorsal própria II.</p><p>A veia digital plantar comum III corre no espaço interdigital, sendo formada pela</p><p>união das veias digitais plantares próprias III e IV axiais. Antes de desembocar no arco</p><p>plantar profundo distal, comunica-se com a veia digital dorsal comum III por meio da</p><p>veia interdigital.</p><p>A veia digital plantar comum IV é formada pela união das veias digital plantar</p><p>própria IV abaxial e digital dorsal própria IV abaxial. Corre na face abaxial do dedo IV,</p><p>desembocando no arco plantar profundo distal. Antes de sua desembocadura, recebe</p><p>ainda as veias digital dorsal própria V e digital plantar própria V. As veias digitais</p><p>plantares comunicam-se com as veias digitais dorsais por vários ramos anastomóticos,</p><p>que correm transversalmente na face plantar das falanges proximal e média.</p><p>26.3 Linfáticos</p><p>A linfa da pelve e do membro pelvino é drenada para linfonodos que podem ser</p><p>agrupados nos seguintes linfocentros: iliossacral, iliofemoral, inguinofemoral, isquiádico</p><p>e poplíteo.</p><p>26.3.1 Linfocentro iliossacral</p><p>Compreende os linfonodos agrupados em torno da terminação da aorta abdominal e da</p><p>origem da veia cava caudal, como também aqueles situados ao longo dos ramos</p><p>109</p><p>principais desses vasos: ilíaca externa, ilíaca interna, sacral mediana e circunflexa</p><p>profunda do ílio.</p><p>26.3.2 Linfonodos ilíacos mediais</p><p>Localizam-se junto à porção terminal da aorta abdominal e porção inicial da veia cava</p><p>caudal, em relação com a origem das artérias ilíacas externa e interna. Ocorrem em</p><p>numero variável (três a cinco nos pequenos ruminantes e seis a oito nos bovinos) e</p><p>apresentam-se geralmente alongados, podendo seu comprimento atingir até 5,0 cm nos</p><p>bovinos e 3,0 cm nos pequenos ruminantes. Seus vasos aferentes provêm da região</p><p>sublombar, dos rins, da glândula adrenal, da parede da cavidade pelvina e das vísceras</p><p>da cavidade pelvina. Para eles confluem também os linfáticos do testículo e do</p><p>epidídimo (por meio do funículo espermático) e, principalmente, os vasos eferentes dos</p><p>demais linfonodos da pelve e do membro pelvino. Os linfonodos ilíacos mediais</p><p>funcionam, assim, como um centro de convergência direta ou indireta da linfa de quase</p><p>toda a metade caudal do corpo do animal. Seus vasos eferentes confluem para formar</p><p>o tronco lombar, que será descrito no item referente a linfáticos da cavidade abdominal.</p><p>26.3.3 Linfonodos ilíacos laterais</p><p>Ocorrem, em número de um ou dois, junto à bifurcação da artéria circunflexa profunda</p><p>do ílio, na face ventral do músculo psoas maior e medialmente à origem do músculo</p><p>tensor da fáscia lata. São pouco desenvolvidos nos bovinos, medindo o maior deles</p><p>cerca de 1,5 - 2,5 cm de diâmetro. Nos pequenos ruminantes normalmente não</p><p>existem. Sua área de drenagem abrange a porção caudodorsal da parede do abdome,</p><p>o peritônio, a face medial da coxa e planos profundo da região glútea. Para eles</p><p>confluem também os vasos linfáticos provenientes dos linfonodos subilíaco e coxal.</p><p>Seus vasos eferentes desembocam em parte nos linfonodos ilíacos mediais e em parte</p><p>no tronco lombar.</p><p>26.3.4 Linfonodos hipogástricos</p><p>Situam-se na parede lateral da cavidade pelvina, ao longo do trajeto da artéria ilíaca</p><p>interna e de seus ramos, na face medial do ligamento sacrotuberal. São pequenos,</p><p>achatados e seu número é muito variável, sendo de um a oito nos bovinos e geralmente</p><p>dois ou três nos pequenos ruminantes. Em alguns casos, podem estar ausentes.</p><p>Recebem linfáticos provenientes da parede da cavidade pelvina, dos órgãos genitais</p><p>internos masculinos e femininos, da bexiga, da vulva, da cauda e ainda dos linfonodos</p><p>isquiádicos e poplíteo. Seus vasos eferentes drenam para os linfonodos ilíacos mediais.</p><p>26.3.5 Linfonodos sacrais</p><p>Constituem um grupo ímpar de linfonodos situados junto à origem da artéria sacral</p><p>mediana, em estreita relação com os linfonodos ilíacos mediais, com os quais podem</p><p>se confundir. Seus vasos aferentes provêm da parede dorsal da cavidade pelvina e</p><p>seus vasos eferentes drenam para os linfonodos ilíacos mediais. Ao linfocentro</p><p>iliossacral pertencem também os linfonodos anorretais, localizados lateral e</p><p>dorsalmente à porção terminal do reto, em situação retroperitoneal. São pequenos e</p><p>pouco numerosos, podendo faltar nos pequenos ruminantes. Drenam o reto e o ânus e</p><p>seus vasos eferentes convergem para os linfonodos ilíacos mediais.</p><p>110</p><p>26.3.6 Linfocentro iliofemoral (inguinal profundo)</p><p>Compreende os linfonodos iliofemorais (inguinais profundos), situados na região</p><p>inguinal, ao longo do trajeto das artérias ilíaca externa e femoral. Nos bovinos, estão</p><p>comumente reduzidos a apenas um, bem desenvolvido (5,0-6,0 cm de comprimento) e</p><p>situado junto à artéria ilíaca externa, caudalmente ao ponto de origem da artéria</p><p>circunflexa profunda do ílio. Nos pequenos ruminantes sua presença é inconstante.</p><p>Para os linfonodos iliofemorais confluem vasos linfáticos dos planos profundos do</p><p>membro pelvino, diretamente ou por intermédio do linfonodo poplíteo. Seus vasos</p><p>eferentes vão em parte aos linfonodos ilíacos mediais e em parte diretamente ao tronco</p><p>lombar. Nos bovinos, o linfocentro iliofemoral inclui também o linfonodo epigástrico,</p><p>situado ao longo do trajeto da artéria epigástrica caudal, entre o peritônio e o tendão</p><p>prepúbico. É pequeno, inconstante e, quando presente, drena a linfa da parede ventral</p><p>da cavidade abdominal, inclusive o peritônio. Seus vasos eferentes dirigem-se para o</p><p>linfonodo iliofemoral.</p><p>26.3.7 Linfocentro inguinofemoral (inguinal superfi cial)</p><p>Neste linfocentro, também conhecido como linfocentro inguinal superficial, estão</p><p>incluídos o linfonodo subilíaco e os linfonodos mamários ou escrotais, responsáveis</p><p>pela drenagem linfática de grande parte da parede abdominal, do membro pelvino, do</p><p>períneo e dos órgãos genitais externos.</p><p>26.3.8 Linfonodo subilíaco</p><p>Está situado lateralmente à aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome,</p><p>imediatamente cranial ao músculo tensor da fáscia lata. É bem desenvolvido nos</p><p>ruminantes domésticos e, devido à sua localização superficial, facilmente palpável</p><p>através da pele. Sua forma é alongada, medindo cerca de 3,0-4,0 cm de comprimento</p><p>nos pequenos ruminantes e 6,0-12,0 cm nos bovinos. Sua área de drenagem é muito</p><p>ampla, abrangendo a parte caudal da parede torácica, as paredes lateral e ventral do</p><p>abdome, as regiões glútea e lateral da coxa, as faces cranial e lateral da perna e o</p><p>prepúcio. Seus vasos eferentes correm na face medial do músculo tensor da fáscia lata,</p><p>junto ao ramo caudal da artéria circunflexa profunda do ílio, e penetram na cavidade</p><p>abdominal, onde desembocam, em sua maioria, nos linfonodos ilíacos mediais.</p><p>26.3.9 Linfonodos mamários e escrotais</p><p>Estes linfonodos, também denominados genericamente inguinais superficiais, estão,</p><p>conforme seu nome indica, em estreita relação com a mama na fêmea e com o escroto</p><p>no macho.</p><p>Os linfonodos mamários estão situados, nos ruminantes, junto ao ângulo</p><p>dorsocaudal do corpo da mama, no extremo ventral do períneo e em relação com os</p><p>ramos mamários da artéria pudenda externa. São comumente em número de dois a</p><p>cada lado, de forma arredondada ou discóide e relativamente bem desenvolvidos,</p><p>alcançando o maior deles cerca de 1,5-2,0 cm de diâmetro nos pequenos ruminantes e</p><p>4,0-6,0 cm nos bovinos. Seus vasos aferentes provêm principalmente da úbere, da</p><p>vulva, do períneo e da face medial da coxa. Seus vasos eferentes, reunidos em dois ou</p><p>três troncos, drenam, na maioria dos casos, para os linfonodos ilíacos mediais.</p><p>111</p><p>Os linfonodos escrotais são os correspondentes no macho dos linfonodos</p><p>mamários. Situam-se dorsolateralmente à flexura sigmóidea do pênis, caudalmente ao</p><p>funículo espermático e em relação com os ramos escrotais da artéria pudenda externa.</p><p>Ocorrem geralmente em número de dois a cada lado do pênis, tendo uma forma</p><p>alongada ou ovóide nos pequenos ruminantes e ovóide ou reniforme nos bovinos. Suas</p><p>dimensões são variáveis, alcançando o maior deles cerca de 3,0-6,0 cm nos bovinos e</p><p>2,0-2,5 nos pequenos ruminantes. Sua área de drenagem abrange o pênis, o escroto, o</p><p>prepúcio, o períneo e a face medial da coxa e perna. Seus vasos eferentes penetram</p><p>na cavidade abdominal através do canal inguinal e vão desembocar nos linfonodos</p><p>ilíacos mediais.</p><p>O linfocentro inguinofemoral compreende ainda, nos bovinos, alguns pequenos</p><p>linfonodos de pouca importância ou inconstantes, como os linfonodos coxal, coxal</p><p>acessório e da fossa paralombar. O linfonodo coxal situa-se na face profunda do</p><p>músculo tensor da fáscia lata, entre este último e a extremidade proximal do músculo</p><p>quadríceps. Drena os músculos tensor da fáscia lata e quadríceps femoral e seus vasos</p><p>eferentes vão aos linfonodos ilíacos mediais. O linfonodo coxal acessório é inconstante;</p><p>quando presente, situa-se na face lateral do músculo tensor da fáscia lata. Drena a pele</p><p>adjacente e seus vasos eferentes confluem para o linfonodo subilíaco. O linfonodo da</p><p>fossa paralombar, como indica o nome, localiza-se subcutaneamente na fossa</p><p>paralombar, caudalmente à última costela. Seus vasos aferentes provêm da pele da</p><p>parte caudal do tórax e da fossa paralombar; seus vasos eferentes vão, em sua</p><p>maioria, ao linfonodo subilíaco.</p><p>26.3.10 Linfocentro isquiádico</p><p>Compreende os linfonodos isquiádicos, tuberal e glúteo, situados nos planos profundos</p><p>da face lateral da pelve.</p><p>26.3.11 Linfonodos isquiádicos</p><p>Ocorrem em número de um ou dois, situando-se entre a face profunda do músculo</p><p>gluteobíceps e a face lateral do ligamento sacrotuberal, relacionando-se com os ramos</p><p>da artéria glútea caudal. Apresentam-se arredondados ou ovóides, achatados, com</p><p>diâmetro de 2,0-3,0 cm nos bovinos e 1,0-1,5 cm nos pequenos ruminantes. Para eles</p><p>confluem vasos linfáticos provenientes do reto, ânus, vulva, raiz do pênis, glândula</p><p>bulbo-uretral, próstata, pele e musculatura da cauda, região glútea e face lateral da</p><p>coxa, como também do linfonodo poplíteo. Seus vasos eferentes confluem para os</p><p>linfonodos hipogástricos.</p><p>26.3.12 Linfonodo tuberal</p><p>É pouco desenvolvido e inconstante. Quando presente, localiza-se medialmente ao</p><p>túber isquiádico, em meio a tecido adiposo e em posição relativamente superficial. Seus</p><p>vasos aferentes provêm da cauda, reto, ânus, vulva e região perineal; seus vasos</p><p>eferentes drenam para os linfonodos hipogástricos.</p><p>26.3.13 Linfonodo glúteo</p><p>Ocorre apenas nos bovinos, na face lateral do ligamento sacrotuberal, nas imediações</p><p>do forame isquiádico maior e do nervo isquiádico. Recebe vasos linfáticos da</p><p>112</p><p>musculatura glútea e seus vasos eferentes vão aos linfonodos hipogástricos e ilíacos</p><p>mediais.</p><p>26.3.14 Linfocentro poplíteo</p><p>É constituído, nos ruminantes domésticos, por um único e bem desenvolvido linfonodo –</p><p>o linfonodo poplíteo – situado no terço distal da face lateral da coxa, entre a parte</p><p>caudal do músculo bíceps femoral e o músculo semitendíneo, em estreita relação com</p><p>a veia safena lateral e os nervos tibial, fibular comum e cutâneo lateral da sura.</p><p>Apresenta-se geralmente arredondado ou ovóide, com um comprimento de 3,0-4,5 cm</p><p>nos bovinos e 2,0-2,5 cm nos pequenos ruminantes. Sua área de drenagem</p><p>compreende as regiões lateral e caudal da perna e, principalmente, o tarso, o metatarso</p><p>e os dedos. Seus vasos eferentes confluem tanto para os linfonodos ilíacos mediais</p><p>como para os linfonodos isquiádicos.</p><p>27. DISSECAÇÃO DA CABEÇA</p><p>27.1 Dissecação da face</p><p>27.1.1 A dissecação da face deve ser feita em uma hemicabeça, acompanhada da</p><p>respectiva metade do pescoço. Inicie a tarefa removendo toda a pele do pescoço e da</p><p>cabeça, tendo-se o cuidado de contornar a base da orelha, a base do chifre, a órbita, os</p><p>lábios e a narina.</p><p>27.1.2 Identifique logo abaixo da pele, na fáscia que recobre a face e a parte cranial do</p><p>pescoço, uma fina camada muscular, o músculo cutâneo da face.</p><p>27.1.3 Remova com cuidado a fáscia que recobre a face e a parte cranial do pescoço,</p><p>juntamente com o músculo cutâneo da face.</p><p>27.1.4 Localize, logo atrás do ramo da mandíbula e junto à base da orelha, a glândula</p><p>parótida, de coloração mais escura e formada por lóbulos bem compactados. A parótida</p><p>é uma das glândulas salivares maiores. Identifique, na borda rostral da parótida e</p><p>parcialmente coberto por ela, o linfonodo parotídico, bem desenvolvido.</p><p>27.1.5 Identifique, rostralmente à parótida e recobrindo a face lateral do ramo da</p><p>mandíbula e a face lateral da maxila, uma potente massa muscular – o músculo</p><p>masséter – caracterizado pelo aspecto brilhante de sua superfície.</p><p>113</p><p>27.1.6 Identifique e disseque, emergindo da borda rostral da glândula parótida e</p><p>correndo em sentido rostral sobre o músculo masséter, as seguintes estruturas: mais</p><p>dorsalmente, a artéria transversa da face e o ramo bucal dorsal do nervo facial; mais</p><p>ventralmente, o ramo bucal ventral do nervo facial e o ducto parotídico. Os ramos bucal</p><p>dorsal e bucal ventral do nervo facial inervam músculos da face, exceto o masséter.</p><p>27.1.7 Identifique e disseque, correndo obliquamente na face até contornar a borda</p><p>ventral do corpo da mandíbula, uma veia calibrosa – a veia facial.</p><p>27.1.8 Identifique os seguintes músculos da face: elevador nasolabial, laminar e</p><p>disposto obliquamente na região lateral do nariz; malar, também de aspecto</p><p>laminar e</p><p>disposto verticalmente sobre o osso lacrimal, abaixo da pálpebra inferior; zigomático,</p><p>uma faixa muscular estreita que se estende obliquamente desde o osso zigomático até</p><p>as imediações dos lábios.</p><p>27.1.9 Identifique, disposto logo à frente do masséter e formando a parede da</p><p>bochecha, o músculo bucinador, cujos feixes musculares dispõem-se mais ou menos</p><p>verticalmente. Identifique, ventralmente ao bucinador e parcialmente fundido com ele, o</p><p>músculo depressor do lábio inferior, cujos feixes musculares se dispõem</p><p>longitudinalmente sobre o corpo da mandíbula.</p><p>27.1.10 Identifique, somente no bovino e no caprino, a inserção na face da parte</p><p>mandibular do músculo esternocefálico, proveniente do pescoço.</p><p>27.1.11 Seccione e afaste dorsalmente o músculo elevador nasolabial. Profundamente</p><p>a ele, localize três pequenos músculos, dispostos mais ou menos em leque: levantador</p><p>do lábio superior, o mais dorsal; depressor do lábio superior, o mais ventral; canino, o</p><p>menor dos três, situando-se entre os dois primeiros.</p><p>27.1.12 Acompanhe o trajeto da veia facial na face. Verifique que ela recebe, logo</p><p>acima do lábio superior, duas veias provenientes da região nasal: veia lateral do nariz</p><p>(a mais ventra) e veia dorsal do nariz (a mais dorsal, podendo ser dupla). Após receber</p><p>estas duas veias, a veia facial continua-se em direção ao canto medial do olho como</p><p>veia angular do olho.</p><p>27.1.13 Somente no bovino, localize, correndo junto à veia facial, a artéria facial.</p><p>Disseque a artéria facial rostralmente e observe que ela emite as artérias labial inferior</p><p>e labial superior, que se dirigem para os respectivos lábio</p><p>27.1.14 Seccione, próximo à sua origem no túber facial, os músculos levantador do</p><p>lábio superior, canino e depressor do lábio superior. Afaste estes músculos e localize,</p><p>emergindo do forame infra-orbital, o nervo infraorbital, formado por vários ramos</p><p>divergentes. Este nervo é sensitivo e constitui a continuação do nervo maxilar, que é</p><p>uma das divisões do nervo trigêmeo.</p><p>27.1.15 No ovino e no caprino, disseque a artéria transversa da face correndo sobre o</p><p>músculo masséter. Verifique que, próximo à borda rostral do masséter, ela se divide em</p><p>em dois ramos, as artérias labial superior e labial inferior, cada uma delas dirigindo-se</p><p>114</p><p>para o respectivo lábio. No bovino, a artéria transversa da face é bem menos</p><p>desenvolvida e termina ramificando-se no músculo masséter.</p><p>27.1.16 Seccione transversalmente os músculos rostrais da orelha e localize</p><p>profundamente a eles, o nervo auriculopalpebral, que emerge na borda dorsal da</p><p>parótida e corre em sentido rostrodorsal. O nervo auriculopalpebral é também um ramo</p><p>do nervo facial e destina-se à inervação dos músculos da orelha e das pálpebras.</p><p>27.1.17 Localize e disseque, emergindo também na borda dorsal da parótida e correndo</p><p>próximo ao nervo auriculopalpebral, a artéria temporal superficial.</p><p>27.1.18 Localize, emergindo na borda rostral da glândula parótida, dorsalmente ao</p><p>ramo bucal dorsal do nervo facial, o ramo transverso da face do nervo auriculotemporal</p><p>(ramo do nervo trigêmeo). Esse ramo inerva a pele da face e costuma anastomosar-se</p><p>com o ramo bucal dorsal do nervo facial.</p><p>27.1.19 No bovino, localize e disseque, emergindo no contorno dorsolateral da órbita e</p><p>dirigindo-se caudalmente para a base do chifre, o ramo zigomaticotemporal. Este ramo,</p><p>proveniente do nervo oftálmico (ramo do trigêmeo), é conhecido na prática veterinária</p><p>como nervo cornual, sendo seu bloqueio por anestesia local importante nas cirurgias de</p><p>descorna.</p><p>27.1.20 Localize, sob a borda ventral da mandíbula ou do músculo masséter, a união da</p><p>veia facial com a veia lingual, formando a veia linguofacial. Disseque a veia linguofacial</p><p>caudalmente até sua união com a veia maxilar, que emerge na borda ventral da</p><p>parótida. Da união das veias linguofacial e maxilar resulta a veia jugular externa, que</p><p>corre caudalmente no pescoço e é a principal veia responsável pela drenagem do</p><p>sangue da cabeça e pescoço.</p><p>27.1.21 Localize, no ângulo entre as veias linguofacial e jugular externa, a glândula</p><p>mandibular e os linfonodos mandibulares. A glândula mandibular, também uma das</p><p>glândulas salivares maiores, apresenta lóbulos mais claros e menos compactados que</p><p>os da glândula parótida. Os linfonodos mandibulares, geralmente em número de dois,</p><p>são pequenos e ovóides.</p><p>27.2 Dissecação da região retrofaríngea</p><p>27.2.1 A dissecação desta região é feita na face medial da hemicabeça. Inicialmente,</p><p>identifique, seccionados sagitalmente, o osso occipital, o atlas, o áxis, o esôfago, a</p><p>traquéia, a laringe e a faringe. A região retrofaríngea compreende o espaço situado</p><p>entre a faringe, a base do crânio e a face ventral do atlas. Nela se encontra o linfonodo</p><p>retrofaríngeo medial, bem desenvolvido, imerso em uma quantidade variável de tecido</p><p>adiposo. Remova esse linfonodo, juntamente com o tecido adiposo, de modo a melhor</p><p>expor as estruturas que serão dissecadas. Remova também o músculo longo do</p><p>pescoço, que se encontra aplicado contra a face ventral das primeiras vértebras</p><p>cervicais.</p><p>27.2.2 Localize, correndo dorsalmente ao esôfago, um espesso feixe vasculonervoso,</p><p>formado pelo tronco vagossimpático (resultante da união do nervo vago com o tronco</p><p>simpático) e a artéria carótida comum. Isole o tronco vagossimpático da artéria carótida</p><p>115</p><p>comum e disseque-o em sentindo cranial. Note o ponto em que o tronco simpático</p><p>separa-se do nervo vago. O tronco simpático é o mais delgado e ventral dos dois.</p><p>Continue a dissecação em sentido cranial do tronco simpático e, próximo à base do</p><p>crânio, verifique que ele forma uma dilatação ovóide, o gânglio cervical cranial. Observe</p><p>que a extremidade cranial deste gânglio continua-se com um nervo, denominado nervo</p><p>carótico interno, o qual penetra na cavidade craniana. Verifique também que da</p><p>extremidade caudal do gânglio cervical cranial parte um pequeno ramo, o nervo carótico</p><p>externo, que se dirige ventralmente, terminando na parede da artéria carótida comum.</p><p>27.2.3 Disseque agora em sentido cranial o nervo vago, até sua emergência do crânio.</p><p>Note que o nervo vago emite na região retrofaríngea dois ramos, o ramo faríngeo e o</p><p>nervo laríngeo cranial. O ramo faríngeo é o mais cranial dos dois, partindo do nervo</p><p>vago nas proximidades do gânglio cervical cranial. Siga o ramo faríngeo distalmente até</p><p>sua penetração na musculatura da faringe e da porção cranial do esôfago. Verifique a</p><p>origem do nervo laríngeo cranial e acompanhe-o até sua penetração na face lateral da</p><p>laringe, em companhia da pequena artéria laríngea cranial, originada da artéria carótida</p><p>comum.</p><p>27.2.4 Identifique, emergindo do crânio logo cranialmente ao gânglio cervical cranial, o</p><p>nervo glossofaríngeo, o qual corre ventrocranialmente em direção à parede dorsal da</p><p>faringe, onde penetra. Um pequeno ramo deste nervo, o ramo do seio carótico, dirige-</p><p>se para a origem da artéria occipital da artéria carótida comum.</p><p>27.2.5 Localize e disseque os nervos acessório e hipoglosso, os quais emergem do</p><p>crânio intimamente associados ao nervo vago. Verifique que o nervo acessório encurva-</p><p>se caudodorsalmente em direção à face lateral do pescoço. Já o nervo hipoglosso</p><p>encurva-se cranioventralmente, passando lateralmente ao nervo vago e à artéria</p><p>carótida comum, em direção à base da língua.</p><p>27.2.6 Disseque agora, na extremidade cranial do pescoço, a artéria carótida comum.</p><p>Verifique que ela emite nessa região, em sequência caudocranial, as artérias tireóidea</p><p>cranial e laríngea cranial, que se dirigem respectivamente para a glândula tireóidea e</p><p>para a laringe. Na região retrofaríngea, observe que a artéria carótida comum termina</p><p>emitindo os seguintes ramos: tronco linguofacial (nos bovinos) ou artéria lingual (nos</p><p>pequenos ruminantes), artéria occipital e artéria carótida externa. O tronco linguofacial</p><p>(ou artéria lingual) dirige-se rostroventralmente para irrigar a língua e a face. A artéria</p><p>occipital</p><p>dirige-se dorsalmente para a porção caudal da base do crânio. A artéria</p><p>carótida externa é a mais calibrosa das três e dirige-se dorsorrostralmente, como</p><p>continuação direta da artéria carótida comum.</p><p>27.3 Dissecação da região intermandibular</p><p>27.3.1 A dissecação dessa região requer a remoção do corpo e parte do ramo da</p><p>mandíbula. Para isto, seccione, o mais rente possível ao osso, as estruturas que se</p><p>prendem tanto na face lateral como na face medial da mandíbula, desde o lábio inferior</p><p>até a base da orelha. Serre o ramo da mandíbula em seu terço médio e termine a</p><p>remoção do osso, deixando presa ao crânio apenas a parte mais dorsal do ramo.</p><p>27.3.2 Na face medial da mandíbula, observe o nervo e a artéria alveolares inferiores</p><p>penetrando no forame da mandíbula. O nervo alveolar inferior é um ramo do nervo</p><p>116</p><p>mandibular, este último proveniente do nervo trigêmeo. Na face lateral da mandíbula,</p><p>observe a emergência, no forame mentual, do nervo e da artéria mentuais</p><p>(continuações do nervo e da artéria alveolares inferiores). O nervo e a artéria mentuais</p><p>foram seccionados ao se remover o osso, o mesmo acontecendo com o nervo e a</p><p>artéria alveolares mandibulares.</p><p>27.3.3 Separe o músculo masséter rostralmente do músculo bucinador e rebata o</p><p>primeiro dorsalmente. Identifique, profundamente ao músculo masséter, as glândulas</p><p>bucais dorsais, a veia profunda da face e o nervo bucal, este último um ramo do nervo</p><p>mandibular, por sua vez originado do nervo trigêmeo. A veia profunda da face</p><p>desemboca rostralmente na veia facial. Disseque rostralmente o nervo bucal até sua</p><p>penetração no músculo bucinador; esse nervo é, no entanto, sensitivo e distribui-se na</p><p>mucosa da bochecha.</p><p>27.3.4 Identifique, na região intermandibular, o músculo milo-hióideo e o ventre rostral</p><p>do músculo digástrico, cujas inserções na face medial da mandíbula foram previamente</p><p>seccionadas. O músculo milo-hióideo é laminar, suas fibras dispõem-se</p><p>transversalmente e compõem, com as fibras do músculo homônimo do lado oposto, a</p><p>camada muscular mais superficial da região intermandibular. O ventre rostral do</p><p>músculo digástrico é alongado e insere-se na face medial do corpo da mandíbula,</p><p>cruzando lateralmente as fibras do músculo milo-hióideo.</p><p>27.3.5 Identifique o potente músculo pterigóideo medial, cujas fibras dirigem-se</p><p>obliquamente em sentido ventrocaudal, para se inserir na face medial da mandíbula.</p><p>Com a retirada desta última, sua inserção foi seccionada.</p><p>27.3.6 Observe, cruzando obliquamente a face lateral do músculo pterigóideo medial, o</p><p>delgado nervo milo-hióideo. Disseque proximalmente este nervo até sua origem do</p><p>nervo alveolar inferior. Note que este último está seccionado; sua penetração no forame</p><p>da mandíbula já foi vista.</p><p>27.3.7 Disseque, rostralmente, o nervo milo-hióideo. Observe seus rarnos para o ventre</p><p>rostral do músculo digástrico e para o músculo milo-hióideo.</p><p>27.3.8 Localize agora o nervo lingual, um calibroso ramo do nervo mandibular e,</p><p>portanto, do nervo trigêmeo. Para isto, seccione o nervo milo-hióideo e afaste</p><p>lateralmente a inserção mandibular do músculo milo-hióideo. Disseque rostralmente o</p><p>nervo lingual junto à face lateral da raiz da língua. Verifique que, antes de penetrar na</p><p>base da língua, o nervo lingual emite um ramo, o nervo sublingual, o qual prossegue</p><p>rostralmente. O nervo lingual é sensitivo e inerva a mucosa da língua, enquanto o nervo</p><p>sublingual distribui-se na mucosa do assoalho da cavidade da boca.</p><p>27.3.9 Identifique a glândula mandibular e localize o seu ducto excretor. Este último</p><p>corre em sentido rostral, acompanhando inicialmente o nervo lingual e depois o nervo</p><p>sublingual. O ducto mandibular desemboca na cavidade da boca sob a carúncula</p><p>sublingual, estrutura que será vista no estudo da referida cavidade.</p><p>27.3.10 Identifique a glândula sublingual, a terceira das glândulas salivares maiores,</p><p>situada ao longo da face lateral da língua, medialmente ao nervo sublingual e ao ducto</p><p>117</p><p>mandibular. A sua divisão em partes monostomática e polistomática, tal como descrita</p><p>no item sobre glândulas salivares, não precisa ser observada.</p><p>27.3.11 Observe, originando-se da borda ventral do nervo lingual, filetes nervosos que</p><p>se conectam a minúsculos gânglios, denominados gânglios mandibulares. Estes</p><p>últimos, em número variável, pertencem à parte parassimpática do sistema nervoso</p><p>autônomo e estão situados no espaço entre o nervo lingual e o ducto mandibular. Deles</p><p>partem fibras pós-ganglionares que vão inervar as glândulas mandibular e sublingual.</p><p>27.3.12 Rebata dorsalmente o músculo pterigóideo medial. Identifique, profundamente</p><p>a ele, o osso estilo-hióide do aparelho hióide, o tendão intermédio do músculo digástrico</p><p>e o ventre caudal deste último.</p><p>27.3.13 Identifique o nervo hipoglosso e a artéria lingual correndo em sentido rostral</p><p>profundamente ao ventre caudal do músculo digástrico. Disseque-os até penetrarem na</p><p>base da língua. O nervo hipoglosso é o nervo motor para a musculatura da língua.</p><p>27.4 Dissecação da região infratemporal</p><p>27.4.1 Esta região situa-se caudalmente à maxila e ventralmente ao arco zigomático.</p><p>Inicialmente, remova o tecido conjuntivo que recobre as estruturas aí encontradas.</p><p>Remova também a porção remanescente do ramo da mandíbula, juntamente com a</p><p>inserção do músculo temporal.</p><p>27.4.2 Localize a origem da artéria carótida externa a partir da artéria carótida comum,</p><p>ambas já vistas na região retrofaríngea. Disseque a artéria carótida externa</p><p>profundamente à glândula parótida. Verifique que, nesta região, a artéria carótida</p><p>externa emite a artéria auricular caudal, o ramo massetérico e a artéria temporal</p><p>superficial. A artéria auricular caudal dirige-se dorsocaudalmente para a face caudal da</p><p>orelha. O ramo massetérico, destinado ao músculo masséter, foi seccionado quando se</p><p>retirou a mandíbula. A artéria temporal superficial dirige-se dorsalmente,</p><p>acompanhando o nervo auriculopalpebral, já identificado na dissecação da face.</p><p>27.4.3 Identifique, correndo dorsorrostralmente na região infratemporal, a artéria</p><p>maxilar, que é a continuação direta da artéria carótida externa após esta última emitir a</p><p>artéria temporal superficial. Note, originando-se ventralmente da artéria maxilar, a</p><p>artéria alveolar inferior, que foi seccionada ao se retirar a mandíbula.</p><p>27.4.4 Identifique, cruzando profundamente a artéria maxilar, o nervo mandibular, que é</p><p>uma das três divisões do nervo trigêmeo. Disseque os ramos principais do nervo</p><p>mandibular: nervos bucal, lingual, alveolar inferior e auriculotemporal. Os três primeiros</p><p>já foram identificados. Quanto ao nervo auriculotemporal, origina-se da borda caudal do</p><p>nervo mandibular e dirige-se para a face, onde seu ramo cutâneo (ramo transverso da</p><p>face) já foi identificado.</p><p>27.4.5 Observe, junto à emergência do nervo mandibular no forame oval, uma discreta</p><p>dilatação, o gânglio ótico, pertencente ao parassimpático craniano e de onde partem</p><p>fibras pós-ganglionares para a glândula parótida.</p><p>27.5 Dissecação da órbita</p><p>118</p><p>27.5.1 A dissecação das estruturas da órbita deve ser precedida por uma revisão da</p><p>órbita óssea. Feito isso, remova cuidadosamente da hemicabeça o encéfalo e a dura-</p><p>máter. Preserve, no entanto, a saída dos nervos cranianos.</p><p>27.5.2 Afaste lateralmente a orelha e remova as estruturas moles (músculos, periósteo)</p><p>que recobrem dorsal e lateralmente a face externa do crânio. Com o auxílio de uma</p><p>serra, faça uma incisão óssea oblíqua na parede dorsolateral do crânio, rostralmente à</p><p>parte petrosa do osso temporal. Faça uma segunda incisão óssea segundo um plano</p><p>transversal que passe pela fossa etmoidal, até a borda dorsal da órbita óssea,</p><p>atravessando o seio frontal. Seccione também o processo frontal do osso zigomático.</p><p>Libere as inserções das pálpebras em todo o contorno da borda da órbita. Finalmente,</p><p>remova a parede óssea serrada, até o forame orbitorredondo.</p><p>27.5.3 Identifique, no aspecto dorsolateral</p><p>e mais caudal dos dois ossos do antebraço, caracterizando-se</p><p>por apresentar uma extremidade proximal bem mais desenvolvida que o restante do</p><p>osso.</p><p>A extremidade proximal da ulna denomina-se olécrano. Este se apresenta como</p><p>uma grande saliência que se projeta para cima e para trás a partir do corpo do osso. A</p><p>extremidade livre do olécrano forma um tubérculo arredondado, denominado túber do</p><p>olécrano. Cranialmente, o olécrano forma uma projeção ponteaguda, denominada</p><p>processo ancôneo. Logo abaixo do processo ancôneo encontra-se uma reentrância de</p><p>perfil semilunar, a incisura troclear.</p><p>O corpo da ulna é longo, delgado e está fundido ao corpo do rádio, exceto nos</p><p>espaços interósseos proximal e distal, já mencionados.</p><p>12</p><p>A extremidade distal da ulna está igualmente fundida à extremidade distal do</p><p>rádio e termina formando uma saliência ponteaguda, o processo estilóide.</p><p>3.5 Carpo</p><p>O carpo é um conjunto de ossos curtos que se interpõe entre o rádio e a ulna</p><p>proximalmente e o metacarpo distalmente. Nos ruminantes, o carpo é composto de</p><p>seis ossos, articulados entre si e dispostos em duas fileiras, uma proximal e outra distal.</p><p>A fileira proximal articula-se com a extremidade distal do rádio e da ulna. A fileira distal</p><p>articula-se com o metacarpo.</p><p>A fileira proximal do carpo compreende quatro ossos, que se denominam, no</p><p>sentido mediolateral: osso radial do carpo, osso intermédio do carpo, osso ulnar do</p><p>carpo e osso acessório do carpo, este último de forma globosa e projetado para trás. A</p><p>fileira distal do carpo compõe-se de dois ossos, que são, também no sentido</p><p>mediolateral: osso cárpico II + III e o osso cárpico IV. O osso cárpico I não ocorre nos</p><p>ruminantes.</p><p>A face dorsal do carpo é ligeiramente convexa e a face palmar ligeiramente</p><p>côncava, constituindo esta concavidade o sulco do carpo.</p><p>3.6 Metacarpo</p><p>O metacarpo dos ruminantes compreende apenas um osso completamente</p><p>desenvolvido – o metacárpico III + IV – formado pela fusão dos ossos metacárpico III e</p><p>metacárpico IV no período fetal. Além deste, o bovino possui também um osso</p><p>metacárpico rudimentar, pequeno e ponteagudo, o metacárpico V, articulado à face</p><p>lateral da extremidade proximal do metacárpico III + IV.</p><p>O metacárpico III + IV é um osso longo, no qual se distinguem três partes: base,</p><p>corpo e cabeça.</p><p>A base é a extremidade proximal do metacárpico III + IV e apresenta duas</p><p>superfícies articulares ligeiramente côncavas, destinadas à articulação com a fileira</p><p>distal dos ossos do carpo. No contorno dorsomedial da base encontra-se uma saliência</p><p>discreta, a tuberosidade metacárpica.</p><p>O corpo do metacárpico III + IV é longo e ligeiramente achatado no sentido</p><p>dorsopalmar. Sua face dorsal apresenta-se percorrida no meio por uma depressão</p><p>linear, o sulco longitudinal dorsal. Na extremidade distal deste sulco encontra-se um</p><p>orifício, denominado canal distal do metacarpo, destinado à passagem de vasos</p><p>sanguíneos. Um outro orifício menor, o canal proximal do metacarpo, pode ou não estar</p><p>presente na extremidade proximal do sulco. A face palmar do corpo do metacárpico III +</p><p>IV apresenta-se percorrida pelo sulco longitudinal palmar, mais discreto que o dorsal, e</p><p>nela se abrem os canais proximal e distal do metacarpo.</p><p>A cabeça constitui a extremidade distal do metacárpico III + IV e articula-se com</p><p>as falanges proximais dos dois dedos principais do ruminante. Apresenta duas</p><p>saliências articulares, as trócleas medial e lateral, separadas entre si por uma fenda</p><p>profunda, denominada incisura intertroclear.</p><p>3.7 Falanges</p><p>Os ruminantes domésticos possuem quatro dedos na mão. Destes, o dedo III e o dedo</p><p>IV são completamente desenvolvidos, apóiam-se no solo e possuem, cada um, três</p><p>falanges (proximal, média e distal) e três ossos sesamóides (dois proximais e um</p><p>13</p><p>distal). Os dedos II e V, situados na face palmar da mão, são rudimentares e possuem</p><p>um ou dois pequenos ossos que não se articulam com o restante do esqueleto.</p><p>A falange proximal é um osso longo, apresentando base, corpo e cabeça. A</p><p>base é a extremidade proximal, mais larga e dotada de duas superfícies articulares</p><p>côncavas para articulação com a tróclea correspondente do osso metacárpico III + IV.</p><p>Em sua face palmar salientam-se dois tubérculos, separados por um sulco. O corpo</p><p>apresenta quatro faces: axial, abaxial, dorsal e palmar. A cabeça é a extremidade distal,</p><p>apresentando uma tróclea para articulação com a base da falange média.</p><p>A falange média, embora mais curta que a proximal, também é um osso longo.</p><p>Sua base possui duas superfícies articulares côncavas para articulação com a tróclea</p><p>da falange proximal. Apresenta também na face palmar dois tubérculos, mais</p><p>desenvolvidos que os da falange proximal, especialmente os abaxiais. A cabeça é</p><p>constituída por uma tróclea semelhante àquela da falange proximal, para articulação</p><p>com a falange distal.</p><p>A falange distal difere bastante das duas precedentes por sua forma irregular.</p><p>Apresenta quatro faces: solear, abaxial, axial e proximal. A face solear é aquela que se</p><p>apóia no solo por meio do casco; é mais ou menos lisa, de perfil lanceolado, com sua</p><p>extremidade aguda voltada para frente e ligeiramente para dentro. A face abaxial ou</p><p>parietal é aquela voltada para fora, apresentando-se convexa e dotada de vários</p><p>forames, alguns deles bem desenvolvidos. A face axial é aquela voltada para dentro;</p><p>apresenta-se ligeiramente côncava e possui igualmente vários forames. A face proximal</p><p>ou articular é aquela que se articula com a tróclea da falange média, sendo formada por</p><p>duas superfícies articulares côncavas.</p><p>3.8 Ossos sesamóides</p><p>Os sesamóides proximais, em número de quatro, são pequenos ossos ovóides</p><p>dispostos em uma fileira transversal junto à face palmar da articulação entre o</p><p>metacárpico III + IV e as falanges proximais dos dedos III e IV. O sesamóide distal</p><p>(também conhecido como osso navicular) é um pequeno osso alongado em sentido</p><p>transversal, situado na face palmar da articulação entre a falange média e a falange</p><p>distal de cada dedo.</p><p>4. OSSOS DO MEMBRO PELVINO</p><p>4.1 Introdução</p><p>O membro pelvino compreende os seguintes segmentos, com suas respectivas bases</p><p>ósseas:</p><p>-Quadril (cintura pelvina): osso do quadril, formado por ílio, pube e ísquio.</p><p>-Coxa: um único osso, o fêmur.</p><p>14</p><p>-Perna: dois ossos, tíbia e fíbula, esta última rudimentar.</p><p>-Pé: ossos do tarso, do metatarso e dos dedos (falanges e ossos sesamóides)</p><p>4.2 Osso do quadril</p><p>Cada osso do quadril é composto de três ossos – ílio, pube e ísquio – que no animal</p><p>adulto estão fundidos entre si de modo a formar uma peça inteiriça, articulada</p><p>proximalmente com a coluna vertebral e distalmente com o fêmur. Os dois ossos do</p><p>quadril constituem as paredes laterais e ventral da cavidade pelvina e estão unidos um</p><p>ao outro na linha mediana ventral por cartilagem fibrosa (sínfise pelvina).</p><p>4.2.1 Ílio</p><p>É o maior dos ossos que formam o quadril, estando voltado para frente e para cima.</p><p>Possui forma aproximadamente triangular, nele se distinguindo uma porção dorsal mais</p><p>larga – a asa – e uma porção ventral mais estreita – o corpo.</p><p>A asa do ílio tem seu eixo maior disposto transversalmente e apresenta duas</p><p>faces: face glútea e face sacropelvina. A face glútea é aquela voltada para cima e para</p><p>fora. É côncava e está percorrida por uma elevação linear denominada linha glútea,</p><p>pouco evidente em animais jovens. A face sacropelvina é aquela voltada para baixo e</p><p>para dentro. É convexa e apresenta uma área rugosa para articulação com o sacro</p><p>(parte da coluna vertebral). A extremidade lateral da asa do ílio forma uma saliência</p><p>volumosa denominada túber coxal; a extremidade medial constitui outra saliência, o</p><p>túber sacral. Entre o túber coxal e o túber sacral estende-se uma borda denominada</p><p>crista ilíaca.</p><p>O corpo do ílio dirige-se para baixo e para trás, terminando em uma cavidade</p><p>articular ampla e profunda, de contorno arredondado, denominada</p><p>da órbita, a glândula lacrimal, bem</p><p>desenvolvida e de forma aproximadamente discóide. Seus ductos excretores,</p><p>minúsculos, não precisam ser identificados.</p><p>27.5.4 Verifique que, na região desprovida de osso, a órbita é delimitada por uma</p><p>espessa membrana fibrosa, denominada periórbita.</p><p>27.5.5 Observe, emergindo no contorno dorsolateral da periórbita, o ramo</p><p>zigomaticotemporal do nervo oftálmico, este último uma das divisões principais do nervo</p><p>trigêmeo. O ramo zigomaticotemporal provém do interior da órbita, perfura a periórbita e</p><p>encurva-se caudalmente, correndo em direção à base do chifre, onde se divide em</p><p>vários ramos, denominados ramos cornuais, já referidos.</p><p>27.5.6 Remova cuidadosamente a periórbita. Localize, provindo do vértice da órbita e</p><p>correndo rostralmente até penetrar no músculo oblíquo dorsal, o delgado nervo troclear.</p><p>O músculo oblíquo dorsal é o mais medial dos músculos presentes no aspecto dorsal</p><p>do bulbo do olho; próximo à borda da órbita, ele encurva-se em sentido lateral,</p><p>passando sobre uma pequena tróclea de cartilagem.</p><p>27.5.7 Identifique os músculos reto dorsal e elevador da pálpebra superior, situados</p><p>lateralmente ao músculo oblíquo dorsal, na face dorsal da órbita. O músculo elevador</p><p>da pálpebra superior é uma estreita e delicada faixa muscular disposta sobre o músculo</p><p>reto dorsal e, como o nome indica, insere-se rostralmente na pálpebra superior.</p><p>Seccione em seu terço médio estes dois músculos. Note, penetrando em suas faces</p><p>profundas e próximo às suas origens, o ramo dorsal do nervo oculomotor.</p><p>27.5.8 Identifique, correndo profundamente ao músculo reto dorsal, a artéria oftálmica</p><p>externa, que é a principal artéria da órbita e provém da artéria maxilar. Note que ela</p><p>forma, em seu trajeto, uma rede, denominada rede admirável oftálmica, pouco</p><p>desenvolvida.</p><p>27.5.9 Remova, com cuidado, o tecido adiposo sob o músculo reto dorsal e descubra,</p><p>profundamente, o músculo retrator do bulbo, cujas fibras partem do vértice da órbita</p><p>para se prenderem no equador do bulbo do olho.</p><p>119</p><p>27.5.10 Identifique, correndo medialmente à artéria oftálmica externa, o nervo</p><p>nasociliar, que é o mais medial e o maior dos ramos do nervo oftálmico. Disseque-o</p><p>rostralmente e note sua divisão em dois ramos: nervo etmoidal e nervo infratroclear. O</p><p>nervo etmoidal encurva-se medialmente e penetra no forame etmoidal, enquanto o</p><p>nervo infratroclear é a continuação rostral do nervo nasociliar no aspecto medial da</p><p>órbita.</p><p>27.5.11 Afaste lateralmente o bulbo do olho e identifique, prendendo-se em seu</p><p>contorno medial, o músculo reto medial. Descubra o ramo do nervo oculomotor que</p><p>chega na face lateral deste músculo.</p><p>27.5.12 Localize, no aspecto medial da órbita, a glândula da terceira pálpebra e sua</p><p>respectiva cartilagem, situadas entre o músculo reto medial e a parede medial da órbita.</p><p>A referida glândula tem formato ovóide, apresentando-se bem menor que a glândula</p><p>lacrimal, já vista.</p><p>27.5.13 Passe a dissecar agora as faces lateral e ventral da órbita. Identifique os</p><p>músculos oblíquo ventral, reto lateral e reto ventral. O músculo oblíquo ventral cruza</p><p>obliquamente a face ventral da órbita, indo inserir-se no contorno lateral do bulbo do</p><p>olho. Os músculos reto lateral e reto ventral dispõem-se respectivamente nos contornos</p><p>lateral e ventral do bulbo do olho.</p><p>27.5.14 Localize, correndo rostralmente entre os músculos reto lateral e reto ventral, o</p><p>ramo ventral do nervo oculomotor. Siga este último até sua penetração no músculo</p><p>oblíquo ventral.</p><p>27.5.15 Seccione o músculo reto lateral em seu terço médio. Afaste seus cotos</p><p>lateralmente e procure o gânglio ciliar, o qual se apresenta como um pequeno nódulo</p><p>junto ao ramo ventral do nervo oculomotor. Disseque os delgados nervos ciliares curtos,</p><p>que partem do gânglio ciliar e penetram no bulho ao olho. Estes nervos contêm fibras</p><p>pós-ganglionares do parassimpático para os músculos ciliar e esfíncter da pupila.</p><p>27.5.16 Verifique a penetração do nervo abducente na face profunda do músculo reto</p><p>lateral, próximo à origem deste, e no músculo retrator do bulbo. Identifique finalmente,</p><p>envolvido pelo músculo retrator do bulbo e em meio a tecido adiposo, o nervo óptico,</p><p>que se apresenta como um espesso e algo sinuoso cilindro esbranquiçado.</p><p>120</p><p>28. MÚSCULOS DA CABEÇA</p><p>28.1 Cutâneo da face</p><p>Constitui uma tênue lâmina muscular situada na fáscia superficial que recobre a face e</p><p>a parte cranial do pescoço. Seus feixes musculares dispõem-se predominantemente em</p><p>sentido caudorrostral, indo inserir-se rostralmente na comissura labial. Na região da</p><p>parótida, os feixes musculares do cutâneo da face associam-se aos do músculo</p><p>parótido-auricular, tornando-se difícil a separação entre eles.</p><p>Ação: Movimenta a pele da face e pescoço. É inervado por ramos do nervo</p><p>facial.</p><p>28.2 Masséter</p><p>Apresenta-se como uma potente massa muscular, de forma aproximadamente</p><p>quadrangular, que ocupa uma grande extensão da face, desde a crista facial e o arco</p><p>zigomático até as bordas ventral e caudal do corpo da mandíbula. O aspecto metálico</p><p>de sua superfície deve-se à disposição de sua parte tendínea. O músculo masséter</p><p>pode ser dividido em duas porções: superficial e profunda. A porção superficial origina-</p><p>se no túber facial e suas fibras dirigem-se em sentido rostrocaudal, indo prender-se no</p><p>ângulo e na borda caudal do ramo da mandíbula. A porção profunda é constituída por</p><p>fibras que se originam na crista facial e no arco zigomático e se estendem em sentido</p><p>caudoventral, indo inserir-se na face lateral do ramo da mandíbula. É irrigado pela</p><p>artéria transversa da face e, nos bovinos, pela artéria facial. Além destas, recebe ainda</p><p>o ramo massetérico proveniente da artéria carótida externa.</p><p>Ação e inervação: Eleva e traciona a mandíbula rostral e lateralmente, sendo um</p><p>dos principais músculos que atuam na mastigação e na ruminação. É inervado pelo</p><p>nervo massetérico, um dos ramos do nervo mandibular, este último proveniente do</p><p>nervo trigêmeo.</p><p>121</p><p>28.3 Zigomático</p><p>É uma faixa muscular estreita que se origina na fáscia massetérica, junto ao arco</p><p>zigomático, e dirige-se rostroventralmente para se inserir na comissura labial,</p><p>dorsalmente à inserção do músculo cutâneo da face. É irrigado pelas artérias</p><p>transversa da face e malar.</p><p>Ação: Retrai e eleva a comissura labial. É inervado por ramos do nervo facial.</p><p>28.4 Depressor do lábio inferior</p><p>Origina-se na parede da bochecha, parcialmente fundido ao músculo bucinador, e suas</p><p>fibras dispõem-se longitudinalmente próximo à borda ventral do corpo da mandíbula,</p><p>indo inserir-se no lábio inferior e na pele do mento (queixo).</p><p>Ação: Retrai e abaixa o lábio inferior e a pele do mento. É inervado por ramos</p><p>do nervo facial.</p><p>28.5 Bucinador</p><p>Constitui o principal elemento muscular da parede da bochecha, ocupando os dois</p><p>terços caudais do espaço entre a maxila e a mandíbula. É composto de duas partes:</p><p>superficial e profunda. A parte superficial (parte bucal) é formada por uma delgada</p><p>camada de fibras que se dispõem verticalmente, apresentando-se misturadas</p><p>caudalmente com fibras do músculo depressor do lábio inferior e rostralmente com</p><p>fibras do músculo orbicular da boca. A parte profunda (parte molar) constitui a principal</p><p>porção do músculo e tem suas fibras dispostas longitudinalmente junto à mucosa da</p><p>bochecha. Rostralmente, suas fibras prendem-se na comissura labial e caudalmente no</p><p>ramo da mandíbula.</p><p>Ação: Retrai a comissura labial e mantém tensa a parede da bochecha, durante</p><p>a mastigação. A paralisia do músculo bucinador, conforme pode ocorrer em casos de</p><p>lesão do nervo facial, produz um quadro clínico típico, caracterizado pela flacidez da</p><p>bochecha e consequente acúmulo de alimento no vestíbulo da boca, no lado</p><p>correspondente da lesão. É inervado por ramos do nervo facial.</p><p>28.6 Orbicular da boca</p><p>Contorna a cavidade da boca, na estrutura</p><p>dos lábios. Suas fibras derivam</p><p>principalmente da parte profunda do músculo bucinador. Não é muito desenvolvido nos</p><p>ruminantes.</p><p>Ação: Contrai os lábios, fechando a boca. É inervado por ramos do nervo facial.</p><p>28.7 Elevador nasolabial</p><p>É um músculo laminar, cujas fibras se estendem obliquamente em sentido rostroventral</p><p>sobre a parede lateral do nariz. Origina-se na pele e na fáscia da região dorsal do nariz</p><p>e prende-se lateralmente à narina e ao lábio superior.</p><p>Ação: Eleva a narina e o lábio superior. É inervado por ramos do nervo facial.</p><p>122</p><p>28.8 Levantador do lábio superior, canino e depress or do lábio superior</p><p>São três pequenos músculos alongados situados na região lateral do nariz e que se</p><p>originam em comum no túber facial e área adjacente da maxila. O levantador do lábio</p><p>superior é o mais dorsal dos três e insere-se por vários tendões no plano nasolabial</p><p>(bovinos) ou no plano nasal (ovinos e caprinos). O canino ocupa uma posição média e</p><p>insere-se também por vários tendões na parede lateral da narina. O depressor do lábio</p><p>superior é o mais ventral deles e insere-se no lábio superior.</p><p>Ação: O canino atua na dilatação da narina; o levantador do lábio superior eleva</p><p>o plano nasolabial (focinho) e o lábio superior; o depressor do lábio superior retrai e</p><p>abaixa o lábio superior e a parte ventral da narina. São inervados por ramos do nervo</p><p>facial.</p><p>28.9 Orbicular do olho</p><p>Contorna a órbita, situando-se na espessura das pálpebras superior e inferior.</p><p>Ação: Atua no fechamento das pálpebras. É inervado por ramos do nervo facial.</p><p>28.10 Frontal</p><p>É um músculo laminar que se estende sobre a face dorsal do osso frontal, em cujo</p><p>periósteo se insere.</p><p>Ação: Eleva a pálpebra superior. É inervado por ramos do nervo facial.</p><p>28.11 Malar</p><p>Também laminar, recobre os ossos lacrimal e zigomático, estendendo-se verticalmente</p><p>desde a pálpebra inferior até a porção superficial do músculo bucinador.</p><p>Ação: Abaixa a pálpebra inferior. É inervado por ramos do nervo facial.</p><p>28.12 Músculos auriculares</p><p>São os músculos responsáveis pela movimentação da orelha. De acordo com sua</p><p>posição topográfica, estão agrupados em músculos auriculares rostrais, auriculares</p><p>caudais, auriculares dorsais e auriculares ventrais. O estudo particularizado de cada um</p><p>destes grupos musculares será feito no item referente ao órgão vestibulococlear</p><p>(ouvido).</p><p>28.13 Temporal</p><p>Constitui, ao lado do masséter, um dos principais músculos da mastigação. É bastante</p><p>volumoso e ocupa toda a fossa temporal. Suas fibras originam-se na parede dessa</p><p>fossa e dirigem-se rostroventralmente para se prender no processo coronóide do ramo</p><p>da mandíbula. É irrigado pela artéria temporal profunda.</p><p>Ação e inervação: Atua na mastigação, elevando e retraindo a mandíbula. É</p><p>inervado pelo nervo temporal profundo, que é ramo do nervo mandibular, proveniente</p><p>do trigêmeo.</p><p>28.14 Pterigóideo medial</p><p>123</p><p>Origina-se por meio de duas porções, separadas entre si pelo músculo pterigóideo</p><p>lateral. A porção rostral origina-se na lâmina perpendicular do osso palatino e a porção</p><p>caudal no osso basi-esfenóide, próximo ao forame oval. As duas porções unem-se para</p><p>se inserir na face medial do ramo da mandíbula. É irrigado pelos ramos pterigóideos da</p><p>artéria maxilar.</p><p>Ação e inervação: Atua na elevação da mandíbula e, agindo de um só lado,</p><p>produz movimento de lateralidade da mesma. É inervado pelo nervo pterigóideo medial,</p><p>que é ramo do nervo mandibular.</p><p>28.15 Pterigóideo lateral</p><p>É menor que o precedente, originando-se na fossa pterigopalatina e no osso basi-</p><p>esfenóide. Suas fibras dirigem-se caudalmente e vão se inserir na face medial do</p><p>processo condilar da mandíbula e no disco da articulação temporomandibular.</p><p>Ação e inervação: Atua tracionando rostralmente a mandíbula; agindo</p><p>unilateralmente, também movimenta a mandíbula lateralmente. É inervado pelo nervo</p><p>pterigóideo lateral.</p><p>28.16 Digástrico</p><p>Como o indica o nome, este músculo possui dois ventres, um rostral e outro caudal,</p><p>interligados por um forte tendão intermédio. O ventre rostral é o maior dos dois e</p><p>insere-se rostralmente na face medial e borda ventral do corpo da mandíbula. O ventre</p><p>caudal origina-se caudalmente no processo jugular do occipital.</p><p>Ação e inervação: Atua no abaixamento da mandíbula, abrindo a boca. O</p><p>músculo digástrico caracteriza-se por receber uma dupla inervação motora, devido ao</p><p>fato de seus dois ventres terem origem de diferentes arcos branquiais. Assim, o ventre</p><p>rostral é inervado pelo nervo milo-hióideo, que é um ramo do nervo mandibular, por sua</p><p>vez proveniente do nervo trigêmeo, enquanto o ventre caudal é inervado por um ramo</p><p>do nervo facial.</p><p>124</p><p>29. NERVOS DA CABEÇA</p><p>29.1 Considerações gerais sobre nervos cranianos</p><p>Como em todos os mamíferos, existem doze pares de nervos cranianos nos</p><p>ruminantes. Eles originam-se no encéfalo e são numerados na seguinte ordem, em</p><p>sentido rostrocaudal: I - nervo olfatório; II - nervo óptico; III - nervo oculomotor; IV -</p><p>nervo troclear; V - nervo trigêmeo; VI - nervo abducente; VII - nervo facial; VIII - nervo</p><p>vestibulococlear; IX - nervo glossofaríngeo; X - nervo vago; XI - nervo acessório; XII -</p><p>nervo hipoglosso. A esses doze pares clássicos devem ser acrescentados os nervos</p><p>terminais (provenientes da cavidade nasal) e o nervo vomeronasal (proveniente do</p><p>órgão vomeronasal), ambos associados ao nervo olfatório.</p><p>O local de emergência dos nervos cranianos da cavidade do crânio foi durante</p><p>muito tempo um dos critérios principais utilizados para a sua classificação. Hoje,</p><p>entretanto, outros critérios morfológicos são também considerados, tais como a sua</p><p>origem real (em núcleos de substância cinzenta do encéfalo), a sua origem aparente</p><p>(na superfície do encéfalo) e as características funcionais e embriológicas das</p><p>estruturas por eles inervadas. Alguns nervos cranianos, como o olfatório, o óptico e o</p><p>vestibulococlear, são puramente sensitivos, enquanto os demais são nervos mistos,</p><p>possuindo fibras sensitivas e fibras motoras em composições que variam de nervo para</p><p>nervo.</p><p>Os nervos cranianos são os responsáveis pela inervação das estruturas da</p><p>cabeça, mas alguns deles estendem-se até o pescoço, como o nervo acessório, e até</p><p>mesmo as vísceras do tórax e do abdome, como o nervo vago.</p><p>29.2 Nervo olfatório</p><p>É o nervo responsável por transmitir os estímulos olfatórios da cavidade nasal até o</p><p>encéfalo. Suas fibras partem das células olfatórias, situadas na mucosa olfatória da</p><p>cavidade nasal, e reunem-se em feixes que atravessam a lâmina crivosa do etmóide e</p><p>terminam no bulbo olfatório, situado na extremidade rostral do encéfalo.</p><p>29.3 Nervo óptico</p><p>125</p><p>É o nervo responsável pela condução dos estímulos visuais até o encéfalo. Suas fibras</p><p>originam-se na retina e atravessam a área crivosa da esclera, situada no quadrante</p><p>inferolateral do bulbo do olho. Aí elas se reunem num nervo compacto e volumoso, que</p><p>passa a ser envolvido por prolongamentos das meninges encefálicas. O segmento</p><p>orbital do nervo óptico é algo sinuoso e dirige-se caudalmente para o forame óptico,</p><p>situado no vértice da órbita. Neste trajeto, ele apresenta-se envolvido pelo músculo</p><p>retrator do bulbo do olho, mas separado deste último por abundante tecido adiposo.</p><p>Antes de penetrar no forame óptico, ele passa entre os músculos retrator do bulbo e</p><p>reto medial. Penetrando no forame óptico, percorre o canal óptico e penetra na</p><p>cavidade craniana, onde se encontra-se com seu homólogo do lado oposto formando o</p><p>quiasma óptico, situado na base do encéfalo.</p><p>29.4 Nervo oculomotor</p><p>O nervo oculomotor deixa a cavidade do crânio passando pela parte dorsal do forame</p><p>orbitorredondo. Neste ponto, ele divide-se em dois ramos, dorsal e ventral. O ramo</p><p>dorsal é o menor dos dois e penetra no músculo reto dorsal, inervando-o e também ao</p><p>músculo elevador da pálpebra superior. O ramo</p><p>ventral corre inicialmente entre os</p><p>músculos retrator do bulbo e reto dorsal e curva-se ventralmente, passando entre o</p><p>nervo óptico e o músculo retrator do bulbo. Ele aparece então profundamente ao</p><p>músculo reto ventral, emitindo vários ramúsculos para este músculo e um forte ramo</p><p>para o músculo reto medial. Neste ponto, o ramo ventral do nervo oculomotor está</p><p>associado ao gânglio ciliar. Em seguida, ele corre rostralmente e recebe um ramo</p><p>comunicante do nervo maxilar, junto à borda lateral do músculo reto ventral; termina</p><p>ramificando-se no músculo oblíquo ventral.</p><p>29.5 Gânglio ciliar</p><p>O gânglio ciliar, pertencente ao parassimpático craniano, está intimamente unido ao</p><p>ramo ventral do nervo oculomotor. Em alguns ovinos, no entanto, ele pode ser</p><p>encontrado separado do referido ramo. As fibras pré-ganglionares chegam até o</p><p>gânglio ciliar por meio do nervo oculomotor. Do gânglio partem os nervos ciliares curtos,</p><p>em número variável e que penetram na esclera após correr ao longo do nervo óptico.</p><p>Os nervos ciliares curtos contêm fibras pós-ganglionares destinadas aos músculos ciliar</p><p>e esfíncter da pupila.</p><p>29.6 Nervo troclear</p><p>O nervo troclear emerge da cavidade craniana pela porção dorsal do forame</p><p>orbitorredondo. No vértice da órbita, ele cruza dorsalmente o nervo oculomotor e a</p><p>inserção dos músculos reto dorsal e elevador da pálpebra superior. Alguns filetes do</p><p>nervo oftálmico juntam-se a ele antes de sua penetração no músculo oblíquo dorsal. O</p><p>nervo troclear inerva somente este músculo.</p><p>29.7 Nervo trigêmeo</p><p>126</p><p>O nervo trigêmeo é o mais calibroso dos nervos cranianos, possuindo tanto fibras</p><p>sensitivas como fibras motoras. Ele se divide, a partir do gânglio trigeminal, em três</p><p>grandes ramos: mandibular, maxilar e oftálmico.</p><p>29.8 Nervo mandibular</p><p>O nervo mandibular origina-se do aspecto ventral do gânglio trigeminal e emerge da</p><p>cavidade craniana através do forame oval. Após um curto trajeto, ele é envolvido pelo</p><p>gânglio ótico e emite os seguintes ramos:</p><p>a) Nervo bucal: É o nervo sensitivo para a mucosa da bochecha. Ele emerge do</p><p>nervo mandibular, recebe ramos do gânglio ótico e passa através do músculo</p><p>pterigóideo lateral. Após fornecer um ramo para o músculo temporal, cruza a artéria</p><p>maxilar e passa entre o músculo temporal lateralmente e os músculos pterigóideos</p><p>medialmente. Aqui, ele envia alguns delgados ramos que terminam nas glândulas</p><p>bucais. O nervo bucal aparece na face lateral do músculo bucinador, acompanhado da</p><p>artéria e veia bucais e cruza medialmente o ducto parotídico, para o qual fornece um</p><p>feixe de fibras. Estas fibras seguem retrogradamente o ducto e terminam na glândula</p><p>parótida. Finalmente, o nervo bucal atravessa o músculo bucinador e distribui-se na</p><p>mucosa da bochecha.</p><p>b) Nervo massetérico: É o nervo motor para o músculo masséter. Ele atinge a</p><p>face profunda desse músculo depois de atravessar a incisura mandibular. Logo após</p><p>sua origem, emite o nervo temporal profundo para o músculo temporal.</p><p>c) Nervos para os músculos pterigóideos lateral e medial, tensor do véu palatino</p><p>e tensor do tímpano: O nervo para o pterigóideo lateral origina-se próximo ao nervo</p><p>bucal e penetra no referido músculo após um curto trajeto. O nervo para o pterigóideo</p><p>medial atravessa o gânglio ótico e penetra na borda caudal do referido músculo. O</p><p>nervo para o tensor do tímpano é um pequeno ramo que se origina da borda caudal do</p><p>nervo mandibular, atravessa o gânglio ótico e corre caudalmente na face lateral da tuba</p><p>auditiva. Ele penetra no ouvido médio e termina no músculo tensor do tímpano. O nervo</p><p>para o tensor do véu palatino origina-se do nervo para o tensor do tímpano.</p><p>d) Nervo auriculotemporal: Origina-se do nervo mandibular e contorna a borda</p><p>caudal do ramo da mandíbula. Ao atingir a face profunda da glândula parótida, ele</p><p>emite alguns ramos que penetram na glândula e divide-se em ramo transverso da face</p><p>e nervos auriculares rostrais. O ramo transverso da face emerge entre a glândula</p><p>parótida e o músculo masséter e divide-se geralmente em dois ramos que correm junto</p><p>à artéria transversa da face e inervam a pele da face. Um desses ramos une-se ao</p><p>ramo bucal dorsal do nervo facial. Os nervos auriculares rostrais correm dorsalmente na</p><p>face profunda da glândula parótida. Um deles une-se ao nervo auriculopalpebral; os</p><p>demais distribuem-se na pele da região temporal.</p><p>e) Nervo lingual: Este nervo, após originar-se do nervo mandibular, corre</p><p>inicialmente entre os musculos temporal e pterigóideo medial. Depois, ele passa entre</p><p>este último e a mandíbula. O nervo corda do tímpano, proveniente do nervo facial, une-</p><p>se ao nervo lingual neste ponto. Na borda ventral do músculo pterigóideo medial, o</p><p>nervo lingual curva-se ventralmente e passa entre os músculos milo-hióideo e</p><p>hioglosso. Aqui ele emite delgados ramos para os gânglios mandibulares e o nervo</p><p>sublingual. Este último corre rostralmente na face lateral da glândula sublingual e</p><p>distribui-se na mucosa do assoalho da cavidade da bocal. Na altura da glândula</p><p>sublingual, o nervo lingual divide-se em vários ramos, que passam entre os músculos</p><p>estiloglosso e genioglosso para penetrar na língua e distribuir-se na mucosa dos dois</p><p>terços rostrais desse órgão.</p><p>127</p><p>f) Nervo alveolar inferior: Próximo à sua origem do nervo mandibular, o nervo</p><p>alveolar inferior emite o nervo milo-hióideo e corre em direção rostroventral,</p><p>acompanhando a artéria alveolar inferior. O nervo e a artéria alveolares inferiores</p><p>penetram no forame da mandíbula e, ao correr no canal da mandíbula, o nervo alveolar</p><p>inferior emite os ramos alveolares inferiores caudal e médio, para os dentes molares.</p><p>Antes de deixar o canal da mandíbula, ele fornece também o ramo alveolar inferior</p><p>rostral, destinado à inervação dos dentes incisivos. O nervo alveolar inferior finalmente</p><p>emerge no forame mentual como nervo mentual, o qual se distribui na pele do mento</p><p>(queixo).</p><p>O nervo milo-hióideo corre rostroventralmente no sulco milo-hióideo da</p><p>mandíbula e relaciona-se medialmente com a porção tendínea do músculo temporal e</p><p>depois com o músculo pterigóideo medial. Próximo à borda rostral deste último, ele</p><p>envia ramos para o ventre rostral do músculo digástrico e para o músculo milo-hióideo.</p><p>Nos caprinos, ele fornece ainda um ramo que passa lateralmente para unir-se ao ramo</p><p>bucal ventral do nervo facial. Depois, o nervo milo-hióideo corre rostralmente entre os</p><p>músculos digástrico e milo-hióideo, atravessa este último e termina na pele da região</p><p>intermandibular.</p><p>29.9 Gânglio ótico</p><p>É um gânglio bem desenvolvido nos ruminantes. Situa-se junto à face rostromedial do</p><p>nervo mandibular, próximo à emergência deste no forame oval. Ele é achatado,</p><p>irregular e está unido à origem do nervo bucal por dois ramos relativamente calibrosos.</p><p>O gânglio ótico une-se também ao nervo mandibular por meio de ramos delgados</p><p>bastante numerosos. O gânglio ótico pertence ao parassimpático craniano e recebe</p><p>fibras pré-ganglionares do nervo petroso menor, proveniente do nervo glossofaríngeo.</p><p>Dele partem fibras pós-ganglionares que passam para os nervos auriculotemporal e</p><p>bucal e através destes alcançam a glândula parótida.</p><p>29.10 Gânglios mandibulares</p><p>São gânglios minúsculos, em número de 1 a 6, também pertencentes ao</p><p>parassimpático craniano e localizados numa área limitada dorsalmente pelo nervo</p><p>lingual, caudalmente pelo músculo pterigóideo medial e ventralmente pelo ducto</p><p>mandibular. Em alguns animais, os gânglios podem aparecer fundidos entre si,</p><p>constituindo uma estrutura ganglionar relativamente grande. A maioria dos gânglios</p><p>mandibulares está ligada ao nervo lingual por meio de ramos comunicantes. Estes</p><p>últimos são formados por fibras pré-ganglionares provenientes do nervo facial e que</p><p>alcançam o nervo lingual por meio do nervo corda do tímpano. Dos gânglios</p><p>mandibulares partem vários ramos glandulares, constituídos por fibras pós-ganglionares</p><p>e que correm ao longo do ducto mandibular para atingir</p><p>as glândulas sublingual e</p><p>mandibular</p><p>29.11 Nervo maxilar</p><p>O nervo maxilar origina-se do aspecto ventral do gânglio trigeminal e abandona a</p><p>cavidade do crânio pelo forame orbitorredondo. Ele cruza a fossa pterigopalatina, onde</p><p>se relaciona dorsalmente com o músculo pterigóideo lateral e a porção cranial do</p><p>músculo pterigóideo medial, antes de penetrar no forame maxilar. Na fossa</p><p>pterigopalatina, o nervo maxilar emite os seguintes ramos:</p><p>128</p><p>a) Ramo zigomaticofacial: Origina-se do nervo maxilar próximo ao forame</p><p>orbitorredondo e dirige-se para a face lateral da órbita, onde aparece ao lado do ramo</p><p>zigomaticotemporal do nervo oftálmico. Depois de cruzar obliquamente o músculo reto</p><p>lateral, ele atinge a borda ventral da órbita e ramifica-se na pálpebra inferior.</p><p>b) Ramo zigomaticofacial acessório: Emerge do nervo maxilar rostralmente ao</p><p>ramo zigomaticofacial e corre paralelamente este último na órbita para distribuir-se</p><p>também na pálpebra inferior.</p><p>c) Ramo comunicante: O nervo maxilar envia um ramo comunicante ao nervo</p><p>oculomotor. Este ramo é bastante desenvolvido nos ovinos e algumas de suas fibras</p><p>chegam a alcançar o gânglio ciliar.</p><p>d) Ramo malar: É um delgado ramo que se origina do nervo maxilar um pouco</p><p>antes deste penetrar no forame maxilar. Ele acompanha a artéria malar e distribui-se no</p><p>músculo oblíquo ventral e na área adjacente ao canto medial do olho.</p><p>e) Nervo pterigopalatino: Após sua origem do nervo maxilar, o nervo</p><p>pterigopalatino corre na fossa pterigopalatina, medialmente à artéria maxilar. Ele divide-</p><p>se em nervo nasal caudal e nervo palatino maior, próximo ao músculo pterigóideo</p><p>medial. O nervo nasal caudal penetra no forame esfenopalatino e, ao atingir a cavidade</p><p>nasal, divide-se em três ou quatro ramos que se distribuem nas conchas etmoidais, na</p><p>concha nasal ventral e no septo nasal. Um de seus ramos corre no assoalho da</p><p>cavidade nasal, onde se distribui. O nervo palatino maior corre ventralmente e, na altura</p><p>do túber maxilar, emite o nervo palatino menor, que se distribui no palato mole. O nervo</p><p>palatino maior penetra no forame palatino caudal e atinge a face ventral do palato</p><p>ósseo. Aqui, ele corre no sulco palatino maior juntamente com a artéria palatina maior.</p><p>Envia ramos para a mucosa do palato e gengivas e termina no pulvino dental.</p><p>f) Nervo infra-orbital: É a continuação do nervo maxilar no canal infra-orbital. Ao</p><p>correr neste canal, ele fornece os ramos alveolares superiores caudais e médios para</p><p>os dentes molares e premolares superiores. Os ramos alveolares superiores rostrais</p><p>não existem nos ruminantes, em virtude da ausência de dentes incisivos superiores</p><p>nestas espécies. O nervo infra-orbital emerge na face através do forame infra-orbital e,</p><p>na região nasal lateral, divide-se em ramos nasais externos, nasais internos e</p><p>nasolabiais para a pele e a mucosa da região.</p><p>29.12 Gânglios pterigopalatinos</p><p>São quatro a oito pequenos gânglios do parassimpático craniano situados na fossa</p><p>pterigopalatina, entre a periórbita e o nervo nasal caudal. Eles estão unidos aos nervos</p><p>maxilar e nasal caudal por inúmeros ramúsculos. Enviam também fibras para a</p><p>periórbita. Os gânglios pterigopalatinos recebem fibras pré-ganglionares provenientes</p><p>do nervo facial por meio do nervo do canal pterigóideo. Deles partem fibras pós-</p><p>ganglionares destinadas à glândula lacrimal.</p><p>29.13 Nervo oftálmico</p><p>O nervo oftálmico, uma das três divisões principais do nervo trigêmeo, é o nervo</p><p>sensitivo que supre o bulbo do olho, a túnica conjuntiva, a mucosa nasal, o seio frontal,</p><p>a pálpebra superior, a pele das regiões frontal e temporal e o chifre. Ele origina-se do</p><p>gânglio trigeminal por um tronco comum como o nervo maxilar. Emerge da cavidade</p><p>craniana pelo forame orbitorredondo e imediatamente divide-se nos seguintes ramos:</p><p>a) Ramo zigomaticotemporal: É o mais lateral dos ramos do nervo oftálmico,</p><p>podendo apresentar-se constituído por dois fascículos, principalmente em bovinos e</p><p>129</p><p>caprinos. Ele corre na face dorsolateral da órbita, passando sobre a artéria oftálmica</p><p>externa. Próximo à glândula lacrimal, ele encurva-se lateral e caudalmente em</p><p>companhia da veia oftálmica externa dorsal e perfura a periórbita. Atravessa então o</p><p>corpo adiposo extraperiorbital e passa a correr na região frontal, sob o músculo fronto-</p><p>escular, onde emite ramos para a pele da região temporal. Termina distribuindo-se,</p><p>como ramos cornuais, nas partes lateral e caudal da base do chifre. Conforme já</p><p>referido, na prática veterinária os ramos cornuais são conhecidos, em conjunto, como</p><p>nervo cornual.</p><p>b) Nervo lacrimal: Origina-se do ramo zigomaticotemporal, na maioria dos</p><p>casos, antes desse ramo atravessar a periórbita. Ele corre rostralmente na órbita e</p><p>distribui-se na glândula lacrimal em companhia da artéria lacrimal. Alguns de seus</p><p>ramos atingem a pele da pálpebra superior.</p><p>c) Nervo frontal: Sua origem é variável, derivando mais frequentemente do</p><p>tronco do nervo oftálmico. Ele corre rostralmente na órbita, sobre a musculatura do</p><p>bulbo do olho, para distribuir-se na pele da pálpebra superior.</p><p>d) Ramo do seio frontal: É um delgado ramo que corre sobre o músculo reto</p><p>dorsal para depois penetrar num pequeno forame da parede medial da órbita, por onde</p><p>alcança o seio frontal.</p><p>e) Ramos musculares: São vários ramos emitidos pelo ramo oftálmico para a</p><p>musculatura do bulbo do olho e contendo fibras provavelmente proprioceptivas.</p><p>f) Nervo nasociliar: É o ramo mais medial do nervo oftálmico. Ele penetra entre</p><p>os músculos retrator do bulbo e reto dorsal, para depois passar entre os músculos</p><p>oblíquo dorsal e reto medial. Neste ponto, emite dois ou três nervos ciliares longos, os</p><p>quais contêm fibras sensitivas provenientes do bulbo do olho (córnea, esclera e</p><p>corióide) e fibras pós-ganglionares simpáticas para o músculo dilatador da pupila. O</p><p>nervo nasociliar termina dividindo-se em nervos etmoidal e infratroclear. O nervo</p><p>etmoidal penetra no forame etmoidal juntamente com a artéria de mesmo nome e</p><p>atinge a fossa etmoidal. Depois de atravessar a lâmina crivosa do etmóide, ele alcança</p><p>a cavidade nasal, distribuindo-se em sua porção dorsal, inclusive na concha nasal</p><p>dorsal. O nervo infratroclear é a continuação do nervo nasociliar, dirigindo-se</p><p>rostrodorsalmente junto à parede medial da órbita. Antes de abandonar a órbita, ele</p><p>divide-se em vários ramos, alguns dos quais se distribuem na pálpebra superior. A</p><p>maioria desses ramos, no entanto, curva-se caudalmente na borda da órbita e distribui-</p><p>se na pele da região frontal bem como na base do chifre.</p><p>29.14 Nervo abducente</p><p>O nervo abducente atinge a órbita passando pela parte medial do forame</p><p>orbitorredondo. No vértice da órbita, ele passa entre os nervos oftálmico e maxilar, sob</p><p>a rede admirável oftálmica. Aí divide-se em dois ramos, que inervam os músculos</p><p>retrator do bulbo e reto lateral.</p><p>29.15 Nervo facial</p><p>É o nervo responsável pela inervação dos músculos da face, exceto o músculo</p><p>masséter. Após emergir da cavidade craniana pelo forame estilomastóideo, o nervo</p><p>facial emite os seguintes ramos:</p><p>a) Nervo auricular caudal: Origina-se da borda dorsal do nervo facial e dirige-se</p><p>dorsalmente, coberto pela glândula parótida. Distribui-se nos músculos auriculares</p><p>130</p><p>caudais. Nos caprinos, ele pode receber um ramo comunicante do nervo</p><p>auriculopalpebral.</p><p>b) Ramo auricular interno: Logo após sua origem do nervo facial, divide-se em</p><p>dois ou três ramos. Estes correm dorsalmente, penetram na cartilagem da orelha e</p><p>distribuem-se na pele de sua face interna.</p><p>c) Ramos digástrico e estilo-hióideo: Nos caprinos e ovinos, cada um desses</p><p>emerge separadamente do nervo facial. Nos bovinos, no entanto, emergem por um</p><p>tronco comum. Eles inervam, respectivamente, o ventre caudal do músculo digástrico e</p><p>o músculo estilo-hióideo. O ramo digástrico, nos bovinos, corre na face lateral do</p><p>músculo occípito-hióideo antes de penetrar no ventre caudal do digástrico; nos</p><p>caprinos, ele</p><p>corre na intimidade do occípito-hióideo. Nos ovinos, seu trajeto é variável,</p><p>podendo correr tanto na face lateral quanto no interior do músculo occípito-hióideo. O</p><p>ramo estilo-hióideo corre na face caudal da artéria auricular caudal e penetra no</p><p>músculo estilo-hióideo.</p><p>d) Nervo auriculopalpebral: Origina-se do nervo facial no interior da glândula</p><p>parótida e corre dorsalmente sob esta glândula, aí relacionando-se com o linfonodo</p><p>parotídico. Fornece de um a quatro ramos auriculares rostrais para a musculatura</p><p>rostral da orelha e, ultrapassando o arco zigomático, continua-se como ramo</p><p>zigomático. O nervo auriculopalpebral pode receber um ramo comunicante do nervo</p><p>auriculotemporal. O ramo zigomático dirige-se para o ângulo lateral do olho, enviando</p><p>no trajeto um ramo que se une ao ramo zigomaticotemporal do nervo oftálmico para</p><p>distribuir-se na porção lateral da base do chifre. Finalmente, o ramo zigomático</p><p>ramifica-se nos músculos frontal e orbicular do olho.</p><p>e) Ramo bucal dorsal: Origina-se do nervo facial também no interior da glândula</p><p>parótida e tem aproximadamente a mesma disposição nas três espécies de ruminantes</p><p>tem a domésticos. Apenas suas relações com o linfonodo parotídico são variáveis,</p><p>podendo passar na face lateral ou na borda ventral deste último. Após passar pelo</p><p>linfonodo parotídico, o ramo bucal dorsal aparece na borda rostral da glândula parótida</p><p>e cruza a face lateral do músculo masséter. Aqui, ele recebe alguns ramúsculos do</p><p>ramo transverso da face do nervo auriculotemporal. Próximo à borda rostral do</p><p>masséter, recebe o ramo comunicante do ramo bucal ventral e alguns ramos</p><p>provenientes do nervo bucal, formando um plexo. Deste plexo partem filetes que vão</p><p>inervar os musculos cutâneo da face , zigomático e bucinador. O ramo bucal dorsal</p><p>deixa o plexo, cruza o ducto parotídico e a veia facial e curva-se em direção rostral ,</p><p>passando profundamente ao músculo zigomático, fornecendo neste ponto ramos para</p><p>esse músculo e para o músculo malar. Finalmente, atinge a região nasal lateral e</p><p>distribui-se nos músculos orbicular da boca, depressor do lábio superior, canino,</p><p>elevador do lábio superior e elevador nasolabial.</p><p>f) Ramo bucal ventral: Igualmente originado do nervo facial no interior da</p><p>glândula parótida, apresenta-se menor nos bovinos que nos ovinos e caprinos. Nos</p><p>caprinos e bovinos, ele corre ao longo da borda ventral do músculo masséter, enquanto</p><p>nos ovinos seu curso situa-se mais dorsalmente na superfície do referido músculo. O</p><p>ramo bucal ventral dirige-se rostralmente, passando sobre a veia facial e o ducto</p><p>parotídico. Neste ponto, ele recebe um delgado ramo do nervo milo-hióideo, o que é</p><p>mais frequente nos caprinos. Após emitir o ramo comunicante com o ramo bucal dorsal,</p><p>ele continua-se ao longo do músculo depressor do lábio inferior, no qual se ramifica.</p><p>Envia também ramos ao músculo bucinador.</p><p>29.16 Nervo vestibulococlear</p><p>131</p><p>É o nervo craniano responsável pela transmissão dos sentidos da audição e equilíbrio</p><p>deste ouvido interno até encéfalo. Suas fibras partem da cóclea (fibras para audição) e</p><p>dos canais semicirculares, utrículo e sáculo (fibras para equilíbrio) do ouvido interno e</p><p>terminam no tronco encefálico.</p><p>29.17 Nervo glossofaríngeo</p><p>O nervo glossofaríngeo é sensitivo para a mucosa da língua e da faringe e motor para o</p><p>músculo estilofaríngeo caudal, contendo ainda fibras pré-ganglionares parassimpáticas</p><p>para a glândula parótida. Ele abandona a cavidade craniana através do forame jugular,</p><p>em companhia dos nervos vago e acessório, e passa a correr na face medial da bula</p><p>timpânica. O nervo glossofaríngeo possui dois gânglios, um proximal e outro distal, os</p><p>quais contêm os corpos celulares de suas fibras sensitivas. O gânglio proximal localiza-</p><p>se no trajeto do nervo pelo forame jugular, enquanto o gânglio distal aparece como uma</p><p>dilatação do tronco do nervo junto à parede da bula timpânica. Do gânglio distal origina-</p><p>se o nervo timpânico, constituído por fibras pré-ganglionares parassimpáticas e que</p><p>corre em direção ao ouvido médio, passando num canalículo entre as partes timpânica</p><p>e petrosa do osso temporal. Na cavidade timpânica, ele se une ao nervo</p><p>caroticotimpânico do nervo carótico interno, formando o plexo carótico. Deste plexo</p><p>emerge o nervo petroso menor que, depois de um complicado percurso, atinge o</p><p>gânglio ótico, de onde partem as fibras pós-ganglionares parassimpáticas para a</p><p>glândula parótida.</p><p>Na borda ventral da bula timpânica, o nervo glossofaríngeo passa lateralmente</p><p>ao nervo carótico interno e emite os ramo faríngeo e o ramo do seio carótico.</p><p>Frequentemente, o ramo do seio carótico é o primeiro a abandonar o tronco do</p><p>glossofaríngico; ele dirige-se para o seio carótico, situado na origem da artéria occipital</p><p>da artéria carótida comum. O ramo faríngeo do nervo glossofaríngeo une-se com o</p><p>ramo faríngeo do nervo vago e com fibras simpáticas do gânglio cervical cranial para</p><p>constituir o plexo faríngeo. Deste plexo partem fibras que inervam a musculatura e a</p><p>mucosa da faringe e do palato mole, exceto o músculo tensor do véu palatino. O nervo</p><p>glossofaríngeo emite ainda um pequeno ramo para o músculo estilofaríngeo caudal e,</p><p>depois de um curto trajeto, penetra na parede da faringe. Aqui ele apresenta uma suave</p><p>dilatação que corresponde ao gânglio laterofaríngeo. Emite ramúsculos para a mucosa</p><p>da faringe e para a tonsila palatina e penetra finalmente na língua. Ele se distribui no</p><p>terço caudal da língua, fornecendo fibras sensitivas para os botões gustativos situados</p><p>na mucosa dessa parte do órgão.</p><p>29.18 Nervo vago</p><p>O nervo vago é constituído por fibras sensitivas e motoras, bem como fibras pré-</p><p>ganglionares parassimpáticas. Distribui-se numa grande área da cabeça e do pescoço,</p><p>inervando também vísceras do tórax e do abdome. Ele deixa a cavidade craniana</p><p>através do forame jugular, juntamente com os nervos glossofaríngeo e acessório. No</p><p>forame jugular, ele apresenta o gânglio proximal, onde se situam os corpos celulares de</p><p>suas fibras sensitivas. Ele prossegue correndo na face medial da bula timpânica e</p><p>distalmente une-se ao tronco simpático na região retrofaríngea, constituindo o tronco</p><p>vagossimpático. O trajeto subsequente do nervo vago, bem como seus ramos e</p><p>132</p><p>distribuição, serão descritos nos itens referentes a nervos das cavidades do tórax e do</p><p>abdome. Na cabeça e na região retrofaríngica o nervo vago emite os seguintes ramos:</p><p>a) Ramo auricular: Origina-se do gânglio proximal do vago e une-se ao nervo</p><p>facial no canal facial. Suas fibras são sensitivas e constituem a maior parte do ramo</p><p>auricular interno do nervo facial.</p><p>b) Ramo faríngeo: É o principal nervo motor para a musculatura da faringe e do</p><p>palato mole. Ele divide-se em dois ramos. O primeiro ramo une-se com o ramo faríngeo</p><p>do nervo glossofaríngeo para constituir o plexo faríngeo. O segundo ramo denomina-se</p><p>ramo esofágico. Este último corre caudalmente na face lateral da faringe e envia</p><p>numerosos ramúsculos para os músculos tireofaríngeo e cricofaríngeo. Na maioria dos</p><p>casos, seus ramos unem-se ao nervo laríngeo caudal, próximo aos dois primeiros anéis</p><p>traqueais. Na parede da faringe, ele apresenta conexões com ramos do nervo laríngeo</p><p>cranial. Nos bovinos, algumas de suas fibras terminam na glândula tireóidea.</p><p>c) Nervo laríngeo cranial: Origina-se do nervo vago na altura do atlas e, antes de</p><p>atingir a laringe, divide-se em ramos externo e interno. O ramo externo inerva os</p><p>músculos cricotireóideo e tireofaríngeo. O ramo interno corre para a laringe juntamente</p><p>com a artéria laríngea cranial. Ele penetra no forame tireóideo e dirige-se caudalmente,</p><p>passando medialmente à lâmina tireóidea e sobre o músculo crico-aritenóideo dorsal.</p><p>Distribui-se na mucosa da laringe e, frequentemente, comunica-se com ramos do nervo</p><p>laríngeo caudal. No ponto de origem do nervo laríngeo cranial do nervo vago existe, em</p><p>outras espécies, o gânglio distal. Nos ruminantes domésticos, no entanto,</p><p>esse gânglio</p><p>não se apresenta visível macroscopicamente.</p><p>d) Nervo laríngeo caudal: Este nervo representa a continuação do nervo laríngeo</p><p>recorrente, o qual é emitido pelo nervo vago na cavidade do tórax. Sua origem nessa</p><p>cavidade e seu trajeto no pescoço serão descritos nas regiões respectivas. O nervo</p><p>laríngeo caudal penetra na laringe ao longo da face medial da lâmina tireóidea e inerva</p><p>os músculos intrínsecos da laringe, exceto o músculo cricotireóideo.</p><p>29.19 Nervo acessório</p><p>O nervo acessório emerge da cavidade do crânio através do forame jugular, juntamente</p><p>com os nervos vago e glossofaríngeo. Corre caudalmente na região retrofaríngea, junto</p><p>à face lateral do nervo vago, passando ambos logo caudalmente ao gânglio cervical</p><p>cranial. O nervo acessório passa em seguida medialmente à artéria occipital e divide-se</p><p>em dois ramos, interno e externo. O ramo interno incorpora-se ao nervo vago e o ramo</p><p>externo, que é o mais desenvolvido, prossegue caudalmente cruzando o músculo</p><p>occípito-hióideo. Na altura do atlas, o ramo externo passa lateralmente ao músculo reto</p><p>ventral da cabeça e segue, acompanhando um ramo da artéria occipital, para o</p><p>músculo esternomastóideo. Troca fibras com o ramo ventral do segundo nervo cervical</p><p>e logo divide-se em dois ramos, dorsal e ventral. O ramo dorsal dirige-se</p><p>caudodorsalmente, passando entre os musculos cleidocefálico e omotransversal e</p><p>atinge a face profunda do músculo trapézio, no qual se distribui. O ramo ventral corre</p><p>obliquamente em direção caudoventral, distribuindo-se nos músculos esternocefálico e</p><p>cleidocefálico.</p><p>29.20 Nervo hipoglosso</p><p>O nervo hipoglosso é o nervo motor para a musculatura da língua. Ele emerge da</p><p>cavidade do crânio através dos canais do hipoglosso e corre caudalmente,</p><p>acompanhando os nervos vago e acessório. Encurva-se rostralmente e penetra na</p><p>133</p><p>língua passando entre os músculos estiloglosso e genioglosso. Durante seu percurso, o</p><p>nervo hipoglosso emite ramos para os músculos tireo-hióideo, estiloglosso e genio-</p><p>hióideo. Ao atingir a língua, ele termina formando ramos linguais, que vão suprir a</p><p>musculatura intrínseca desse órgão.</p><p>30. VASOS DA CABEÇA</p><p>30.1 Artérias</p><p>A principal artéria responsável pela irrigação da cabeça é a artéria carótida comum. Ela</p><p>termina da região retrofaríngea emitindo o tronco linguofacial (nos bovinos) ou a artéria</p><p>lingual (nos pequenos ruminantes) e a artéria occipital, para se continuar como artéria</p><p>carótida externa.</p><p>30.1.1 Tronco linguofacial</p><p>Origina-se do aspecto ventral da artéria carótida comum e dirige-se rostroventralmente,</p><p>passando medialmente ao ventre caudal do músculo digástrico. Divide-se em dois</p><p>ramos: artéria lingual e artéria facial. Estas duas artérias podem originar-se</p><p>separadamente; nesse caso, a artéria lingual origina-se da artéria carótida comum e a</p><p>artéria facial da artéria carótida externa. Nos caprinos e ovinos não existe a artéria</p><p>facial, sendo sua área de irrigação suprida pela artéria transversa da face. Nestas</p><p>espécies, portanto, não se forma o tronco linguofacial e a artéria lingual origina-se da</p><p>artéria carótida comum.</p><p>30.l.2 Artéria lingual</p><p>Corre em sentido rostroventral, passando junto à borda ventral do osso estilo-hióide, e</p><p>acompanha o nervo hipoglosso em direção à base da língua. Emite ramos para a</p><p>glândula mandibular e a artéria sublingual, a qual corre ventralmente à glândula</p><p>sublingual e irriga, além desta glândula, os músculos da região intermandibular (milo-</p><p>hióideo, genio-hióideo e genioglosso). Após emitir a artéria sublingual, a artéria lingual</p><p>continua-se como artéria profunda da língua, penetrando juntamente com o nervo</p><p>hipoglosso na musculatura do órgão, onde se distribui.</p><p>30.l.3 Artéria facial</p><p>Presente nos bovinos, corre rostroventralmente, passando inicialmente entre o tendão</p><p>intermédio do músculo digástrico e a face medial do músculo pterigóideo medial e</p><p>depois entre a face medial do ventre rostral do músculo digástrico e a glândula</p><p>mandibular, para a qual emite um ramo. Em seguida, a artéria facial contorna a borda</p><p>ventral da mandíbula, próximo ao ângulo desta, para associar-se ao ramo bucal ventral</p><p>do nervo facial, à veia facial e ao ducto parotídico. Ao contornar a borda ventral da</p><p>mandíbula, a artéria facial dá origem à artéria submentual, que se dirige rostralmente</p><p>para suprir o músculo milo-hióideo e a pele da região intermandibular.</p><p>Atingindo a face lateral da mandíbula, a artéria facial emite a artéria labial</p><p>inferior superficial, que corre junto à borda ventral do músculo depressor do lábio</p><p>inferior em companhia do ramo bucal ventral do nervo facial. Em seguida, a artéria</p><p>facial curva-se em direção dorsorrostral, correndo num sulco limitado caudalmente pela</p><p>borda rostral do músculo masséter e rostralmente pelo músculo bucinador. Neste ponto,</p><p>134</p><p>ela dá origem à artéria labial inferior profunda, que penetra no músculo bucinador e</p><p>corre rostralmente até atingir o lábio inferior, onde se distribui.</p><p>Juntamente com sua veia satélite e o ramo bucal dorsal do nervo facial, a artéria</p><p>facial prossegue rostralmente, acompanhando a borda dorsal do músculo bucinador e</p><p>coberta pelo músculo zigomático. Emite a artéria labial superior e continua-se como</p><p>artéria lateral rostral do nariz. A artéria labial superior dirige-se rostroventralmente,</p><p>penetrando entre os músculos depressor do lábio superior e orbicular da boca. Em seu</p><p>percurso emite um pequeno ramo, a artéria angular da boca, que corre profundamente</p><p>à porção rostral do músculo bucinador para se distribuir, como o nome indica, no ângulo</p><p>da boca. A artéria lateral rostral do nariz é pouco desenvolvida, corre sobre o músculo</p><p>depressor do lábio superior e emite vários ramos, que se distribuem na parte rostral da</p><p>face lateral do nariz. Emite ainda um pequeno ramo que se dirige para a face profunda</p><p>do músculo depressor do lábio superior e termina anastomosando-se com um ramo da</p><p>artéria infra-orbital.</p><p>30.1.4 Artéria occipital</p><p>A artéria occipital origina-se do aspecto dorsomedial da artéria carótida comum, na</p><p>região retrofaríngea. Logo após sua origem, ela emite rostralmente, apenas nos</p><p>bovinos, a delgada artéria palatina ascendente, que se distribui na faringe e no palato</p><p>mole. Nos ovinos e caprinos, a artéria palatina ascendente origina-se diretamente da</p><p>artéria carótida comum. A artéria occipital dirige-se dorsalmente, emitindo em sentido</p><p>caudal um ou dois ramos musculares. Aproximando-se da parte caudal da base do</p><p>crânio, ela passa medialmente ao processo jugular do osso occipital. Nesse ponto, ela</p><p>emite a artéria carótida interna e em seguida divide-se em seus ramos terminais: ramo</p><p>occipital, artéria meníngea média e artéria condilar.</p><p>A artéria carótida interna é delgada e dirige-se rostrodorsalmente para o forame</p><p>jugular. Conforme já referido, nos ruminantes adultos seu segmento extracraniano</p><p>torna-se obliterado, convertendo-se em um cordão fibroso.</p><p>O ramo occipital dirige-se dorsalmente, contorna caudalmente o processo</p><p>jugular e distribui-se na musculatura da nuca e caudal da orelha.</p><p>A artéria meníngea média dirige-se medialmente e penetra na cavidade craniana</p><p>através do forame jugular, para se distribuir principalmente na dura-máter encefálica.</p><p>A artéria condilar, que é o mais calibroso dos ramos da artéria occipital,</p><p>atravessa o canal do hipoglosso do osso occipital e penetra na cavidade craniana, onde</p><p>se anastomosa com um ramo da artéria vertebral para formar, apenas nos bovinos, a</p><p>rede admirável epidural caudal.</p><p>30.1.5 Seio carótico</p><p>O seio carótico é uma pequena dilatação existente na terminação da artéria carótida</p><p>comum ou, como é mais frequente nos ruminantes, na origem da artéria occipital. Nele</p><p>está contido o glômus carótico, quimioceptor que atua na regulação da pressão arterial.</p><p>Nos caprinos e ovinos, o glômus carótico é de dimensões microscópicas. Nos bovinos,</p><p>ele é mais desenvolvido, medindo cerca de 3,0 mm, em média. Sua inervação é dada</p><p>pelo</p><p>ramo do seio carótico, proveniente do nervo glossofaríngeo, recebendo também</p><p>fibras do gânglio cervical cranial.</p><p>135</p><p>30.1.6 Artéria carótida externa</p><p>A artéria carótida externa é a continuação da artéria carótida comum após a emissão do</p><p>tronco linguofacial e da artéria occipital. Ela dirige-se dorsalmente, passando entre o</p><p>ventre caudal do músculo digástrico e o extremo caudal do osso estilo-hióide. Em</p><p>seguida, curva-se rostralmente e atinge a região infratemporal, onde se continua, após</p><p>a emissão da artéria temporal superficial, como artéria maxilar. Em seu trajeto a artéria</p><p>carótida externa emite a artéria auricular caudal e o ramo massetérico, este último</p><p>destinado ao ramo masséter.</p><p>30.l.7 Artéria auricular caudal</p><p>Origina-se do aspecto caudal da artéria carótida externa, próximo do ângulo do osso</p><p>estilo-hióide. Dirige-se dorsocaudalmente, correndo profundamente à glândula parótida.</p><p>Emite vários ramos parotídicos, a artéria estilomastóidea e atinge a face caudal da</p><p>orelha, onde se distribui. Quanto à artéria estilomastóidea, penetra no forame</p><p>estilomastóide e distribui-se no ouvido médio.</p><p>30.l.8 Artéria temporal superficial</p><p>Origina-se do aspecto dorsal da artéria carótida externa, sendo o ultimo ramo emitido</p><p>por esta última. Dirige-se dorsalmente, correndo profundamente a glândula parótida e</p><p>ao linfonodo parotídico. Neste ponto, emite vários ramos glandulares, a artéria</p><p>transversa da face e a artéria auricular rostral.</p><p>A artéria transversa da face emerge da borda rostral da artéria temporal</p><p>superficial e atinge a face lateral do músculo masséter, juntamente com o ramo bucal</p><p>dorsal do nervo facial. Nos bovinos ela é reduzida, restringindo-se o seu percurso à</p><p>porção caudal do referido músculo. Já nos caprinos e ovinos a artéria transversa da</p><p>face é bastante desenvolvida, distribuindo-se na área que, nos bovinos, é suprida pela</p><p>artéria facial. Corre rostralmente na face lateral do músculo masséter, emite vários</p><p>pequenos ramos para este e termina dividindo-se, na borda rostral do músculo</p><p>masséter, nas artérias labial inferior e labial superior, cujo percurso e distribuição são</p><p>semelhantes aos de suas homônimas nos bovinos.</p><p>A artéria auricular rostral origina-se da face caudal da artéria temporal superficial</p><p>e corre em sentido dorsocaudal, profundamente à glândula parótida e ao linfonodo</p><p>parotídico. Nos bovinos ela emite, neste ponto, o ramo meníngeo, que penetra na</p><p>cavidade craniana através do canal temporal e distribui-se na dura-máter. Emergindo</p><p>do extremo dorsal da glândula parótida, a artéria auricular rostral atinge a base da</p><p>orelha, dando origem a ramos que suprem os musculos auriculares rostrais e ao ramo</p><p>auricular medial.</p><p>Após emitir a artéria auricular rostral, a artéria temporal superficial prossegue</p><p>dorsorrostralmente, ainda coberta pela glândula parótida. Emergindo desta, passa a</p><p>correr, juntamente com o nervo auriculopalpebral, profundamente ao músculo</p><p>zigomático-auricular. Cruza o arco zigomático, emitindo neste ponto um pequeno ramo</p><p>para o músculo temporal. Termina em seguida dando origem aos seguintes ramos:</p><p>artéria palpebral superior lateral e artéria palpebral inferior lateral, que irrigam</p><p>respectivametne as pálpebras superior e inferior; ramo lacrimal, que penetra na</p><p>cavidade da órbita e atinge a glândula lacrimal; artéria cornual, que corre</p><p>136</p><p>dorsocaudalmente, acompanhando o ramo zigomaticotemporal (nervo cornual) e atinge</p><p>a base do chifre, irrigando este e as áreas adjacentes.</p><p>30.l.9 Artéria maxilar</p><p>A artéria maxilar é a continuação da artéria carótida externa depois da emissão da</p><p>artéria temporal superficial. Dirige-se rostrodorsalmente e penetra na fossa</p><p>pterigopalatina, situando-se medialmente ao ramo da mandíbula e lateralmente aos</p><p>musculos pterigóideos lateral e medial. Nesta altura, é cruzada medialmente pelos</p><p>nervos alveolar inferior, lingual, bucal e milo-hióideo. Próximo ao forame orbitorredondo,</p><p>a artéria maxilar curva-se em sentido rostral, acompanhada do nervo homônimo.</p><p>Termina dividindo-se, na fossa pterigopalatina, nas artérias infra-orbital e palatina</p><p>descendente. Em seu percurso, a artéria maxilar emite os seguintes ramos:</p><p>a) Ramos pterigóideos: São pequenos ramos, geralmente em número de dois,</p><p>que se originam do aspecto ventral da artéria maxilar e se distribuem nos músculos</p><p>pterigóideos medial e lateral.</p><p>b) Artéria alveolar inferior: É um ramo mais calibroso que se origina do aspecto</p><p>ventral da artéria maxilar e corre rostroventralmente na face lateral do músculo</p><p>pterigóideo medial. Penetra, juntamente com o nervo homônimo, no forame da</p><p>mandíbula. Percorre todo o canal da mandíbula, emitindo ao longo de seu percurso os</p><p>ramos dentais. Próximo à extremidade rostral do corpo da mandíbula, emerge do osso</p><p>através do forame mentual como artéria mentual, que se distribui no lábio inferior e</p><p>região do mento (queixo).</p><p>c) Artéria temporal profunda (no bovino, artéria temporal profunda caudal):</p><p>Origina-se do aspecto dorsal da artéria maxilar e corre dorsalmente para penetrar no</p><p>músculo temporal, onde se distribui. Emite ainda um pequeno ramo para o músculo</p><p>pterigóideo medial.</p><p>d) Artéria bucal: Origina-se do aspecto ventral da artéria maxilar e corre</p><p>rostralmente, acompanhando o nervo bucal. Emite vários ramos para os músculos</p><p>pterigóideos e atinge a face lateral da maxila, correndo profundamente ao músculo</p><p>masséter. Distribui-se neste último, na porção caudal do músculo bucinador e nas</p><p>glândulas bucais dorsais. No bovino, a artéria bucal emite também a artéria temporal</p><p>profunda rostral, para o músculo temporal.</p><p>e) Ramo caudal à rede admirável epidural rostral: Origina-se do aspecto dorsal</p><p>da artéria maxilar, na altura da origem da artéria bucal. Penetra no forame oval e, na</p><p>base do crânio, ramifica-se profusamente para formar a rede admirável epidural rostral.</p><p>f) Ramos rostrais à rede admirável epidural rostral: Originam-se do aspecto</p><p>medial da artéria maxilar, próximo ao forame orbitorredondo. Penetram neste forame e</p><p>atingem a base do crânio, onde se integram à rede admirável epidural rostral</p><p>g) Artéria oftálmica externa: Origina-se do aspecto dorsal da artéria maxilar, na</p><p>altura do forame orbitorredondo. Dirige-se dorsalmente e, depois de um curto trajeto,</p><p>penetra na órbita pelo forame orbitorredondo, juntamente com o nervo oftálmico. Passa</p><p>entre os músculos reto lateral e retrator do bulbo do olho e, neste ponto, ramifica-se de</p><p>modo a formar a rede admirável oftálmica, que está envolvida por um seio venoso. Da</p><p>rede admirável oftálmica partem vários ramos para os músculos do bulbo do olho, a</p><p>artéria lacrimal e a artéria supra-orbital. A artéria lacrimal corre rostralmente até atingir</p><p>a glândula lacrimal, onde se distribui. A artéria supra-orbital dirige-se medialmente e</p><p>emite em seu percurso a artéria etmoidal externa e as artérias conjuntivais anteriores. A</p><p>artéria etmoidal externa penetra na cavidade craniana através do forame etmoidal e</p><p>termina distribuindo-se nas conchas etmoidais da cavidade nasal. As artérias</p><p>137</p><p>conjuntivais anteriores, como o nome indica, irrigam a conjuntiva do bulbo do olho.</p><p>Após emitir as artérias conjuntivais anteriores, a artéria supra-orbital penetra no canal</p><p>supra-orbital e termina distribuindo-se na mucosa do seio frontal e na pele da região</p><p>supra-orbital</p><p>30.l.10 Artéria infra-orbital</p><p>É o ramo dorsal resultante da bifurcação da artéria maxilar na fossa pterigopalatina.</p><p>Dirige-se rostrodorsalmente e logo penetra no forame maxilar, emitindo antes a artéria</p><p>malar. Prossegue rostralmente no canal infra-orbital, emitindo em seu percurso os</p><p>ramos dentais para os dentes pré-molares e molares superiores. Emerge na face,</p><p>juntamente com o nervo infra-orbital, através do forame infra-orbital, correndo</p><p>profundamente aos músculos levantador do lábio superior, canino e depressor do lábio</p><p>superior. Distribui-se nestes músculos e na face lateral das narinas.</p><p>A artéria malar, que pode também</p><p>se originar diretamente da artéria maxilar,</p><p>dirige-se dorsalmente e penetra na órbita, correndo firmemente aderida à sua parede</p><p>ventromedial. Emite ramos para a terceira pálpebra e para o músculo oblíquo ventral e</p><p>alcança o canto medial do olho, onde se divide nos seguintes ramos: artéria angular do</p><p>olho (bovino), artéria dorsal do nariz (bovino e ovino), artéria palpebral superior medial</p><p>(ovino e caprino), artéria palpebral inferior medial (bovino, ovino e caprino) e artéria</p><p>lateral caudal do nariz (bovino, ovino e caprino).</p><p>30.l.11 Artéria palatina descendente</p><p>É o ramo ventral resultante da bifurcação da arteria maxilar. Dirige-se</p><p>rostroventralmente e, após um pequeno percurso, divide-se nas artérias esfenopalatina</p><p>e palatina maior. A artéria esfenopalatina é a mais calibrosa das duas, curva-se</p><p>medialmente e penetra na cavidade nasal através do forame esfenopalatino. Na</p><p>cavidade nasal, divide-se em vários ramos, que irrigam principalmente a parte caudal</p><p>da concha nasal ventral e o septo nasal. A artéria palatina maior dirige-se rostralmente</p><p>e, após emitir a artéria palatina menor, penetra no forame palatino caudal. Prossegue</p><p>rostralmente no canal palatino maior e, emergindo deste, corre no sulco palatino maior</p><p>da lâmina horizontal do osso palatino. Atingindo a parte rostral da fissura palatina,</p><p>penetra na cavidade nasal. A artéria palatina maior irriga a mucosa do palato duro, o</p><p>pulvino dental e a mucosa do assoalho da cavidade nasal. A artéria palatina menor</p><p>dirige-se para o palato mole, onde se distribui.</p><p>30.2 Veias</p><p>30.2.1 Veia linguofacial</p><p>É formada pela união das veias lingual e facial no terço caudal da borda ventral da</p><p>mandíbula. Corre caudalmente numa pequena extensão, passando entre o músculo</p><p>digástrico e a glândula e os linfonodos mandibulares, até o ângulo da mandíbula, onde</p><p>se une à veia maxilar para formar a veia jugular externa.</p><p>30.2.2 Veia lingual</p><p>138</p><p>Corre ao longo da borda ventral do músculo estiloglosso, medialmente ao músculo milo-</p><p>hióideo. Próximo ao ângulo da mandíbula, curva-se dorsolateralmente para se unir à</p><p>veia facial. Suas principais tributárias são a veia profunda da lingua, que drena a</p><p>musculatura da lingua, e a veia sublingual, que acompanha a artéria de mesmo nome.</p><p>30.2.3 Veia facial</p><p>É formada pela união das veias angular do olho e dorsais do nariz, na face dorsolateral</p><p>do nariz. Dirige-se caudoventralmente, associando-se ao ducto parotídico e, nos</p><p>bovinos, à artéria facial. Ao contornar a borda ventral da mandíbula, une-se à veia</p><p>lingual para formar a veia linguofacial. Ao logo de seu trajeto, a veia facial recebe as</p><p>seguintes tributárias</p><p>a)Veia angular do olho: Corre obliquamente em sentido rostroventral no</p><p>contorno dorsolateral do nariz. Anastomosa-se dorsalmente com a veia supra-orbital,</p><p>que emerge através do forame supra-orbital. Para a veia angular do olho convergem as</p><p>veias palpebral superior medial e palpebral inferior medial.</p><p>b)Veias dorsais do nariz: Correm em sentido caudal no contorno dorsolateral do</p><p>nariz, unindo-se à veia angular do olho para formar a veia facial.</p><p>c)Veia lateral do nariz: Corre em sentido caudal na face lateral do nariz e</p><p>alcança a veia facial um pouco acima do túber facial. Em alguns casos pode ser dupla.</p><p>d)Veias labiais superiores: Drenam o lábio superior, acompanhando a artéria de</p><p>mesmo nome.</p><p>e)Veia profunda da face: É uma calibrosa veia que corre na face profunda do</p><p>músculo masséter, acompanhando o nervo bucal. Origina-se na face caudal da veia</p><p>facial e termina unindo-se à veia maxilar na fossa pterigopalatina. Suas principais</p><p>tributárias são as veias infra-orbital e palatina descendente, satélites das artérias</p><p>homônimas.</p><p>f)Veias labiais inferiores: Acompanham a artéria de mesmo nome, chegando à</p><p>face cranial da veia facial.</p><p>g)Veia submentual: Satélite da artéria homônima, ocorrendo apenas nos</p><p>bovinos.</p><p>30.2.4 Veia maxilar</p><p>Forma-se na fossa pterigopalatina, como continuação da veia profunda da face. Corre</p><p>junto à artéria maxilar, recebendo em seu percurso as seguintes tributárias:</p><p>a)Veias pterigóideas: Drenam os músculos pterigóideos lateral e medial.</p><p>b)Veia massetérica: Drena o músculo masséter.</p><p>c)Veia temporal profunda: Drena o músculo temporal, desembocando na veia</p><p>maxilar próximo à terminação desta. Anastomosa-se com um ramo da veia supra-orbital</p><p>e recebe também ramos da glândula lacrimal</p><p>d)Veia alveolar inferior: Corre junto à artéria de mesmo nome, passando pelo</p><p>canal da mandíbula.</p><p>e)Veias palatinas: Drenam o palato, onde formam um extenso plexo,</p><p>denominado plexo palatino, semelhante a um corpo cavernoso.</p><p>f)Veia temporal superficial: Corre junto à artéria de mesmo nome e recebe, ao</p><p>longo de seu percurso, várias veias: veia oftálmica externa, veia cornual, veia palpebral</p><p>superior lateral, veia palpebral inferior lateral, veia transversa da face e veia auricular</p><p>rostral, todas satélites de artérias homônimas.</p><p>139</p><p>30.2.5 Veia auricular caudal</p><p>É a última tributária da veia maxilar antes de esta unir-se à veia linguofacial para formar</p><p>a veia jugular externa. Além de drenar estruturas da face caudal da orelha, ela recebe</p><p>ainda a veia estilomastóidea e vários ramos da glândula parótida.</p><p>30.3 Linfáticos</p><p>Os vasos linfáticos da cabeça drenam para linfonodos que se agrupam em três</p><p>linfocentros: parotídico, mandibular e retrofaríngeo.</p><p>30.3.1 Linfocentro parotídico</p><p>Nos ruminantes, é formado por um único e bem desenvolvido linfonodo – o linfonodo</p><p>parotídico – situado logo caudalmente ao músculo masséter e parcialmente coberto</p><p>pela glândula parótida. Tem forma alongada ou ovóide, apresentando caudalmente uma</p><p>reentrância ou hilo. Nos pequenos ruminantes, mede cerca de 2,0 cm de comprimento</p><p>e cerca de 1,2-1,5 cm de largura; no bovino, seu comprimento alcança 8,0 cm e sua</p><p>largura 3,0 cm.</p><p>Área de drenagem: Face, plano nasolabial, cavidade nasal, lábios, orelha,</p><p>pálpebras, glândula lacrimal, glândula parótida e base do chifre. Seus vasos eferentes</p><p>drenam para os linfonodos retrofaríngeos laterais.</p><p>30.3.2 Linfocentro mandibular</p><p>Compreende os linfonodos mandibulares, geralmente em número de dois, situados</p><p>caudoventralmente ao ângulo da mandíbula, em estreita relação com a glândula</p><p>mandibular, o tronco linguofacial e a veia linguofacial. São alongados ou ovóides,</p><p>medindo o maior deles 1,5-2,0 cm de comprimento e 0,8-1,0 cm de largura nos</p><p>pequenos ruminantes e cerca de 4,0 cm de comprimento e 3,0 cm de largura no bovino.</p><p>Hemolinfonodos são comumente encontrados em seu entorno.</p><p>Área de drenagem: Lábios, plano nasolabial, bochechas, cavidade nasal,</p><p>cavidade da boca, região intermandibular, glândulas parótida, mandibular e sublingual.</p><p>Seus vasos eferentes drenam para os linfonodos retrofaríngeos laterais.</p><p>30.3.3 Linfocentro retrofaríngeo</p><p>Compreende os linfonodos retrofarígeos laterais e mediais</p><p>Os linfonodos retrofaríngeos laterais, em número de dois ou três, situam-se</p><p>caudalmente à expansão dorsal da glândula mandibular e ventralmente ao processo</p><p>paracondilar do occipital e à asa do atlas. Um deles é mais desenvolvido, atingindo um</p><p>comprimento de cerca de 2,0 cm nos pequenos ruminantes e 4,5 cm no bovino. Sua</p><p>área de drenagem inclui as glândulas parótida e mandibular, o extremo cranial da face</p><p>lateral do pescoço, a nuca, a parte cervical do timo e a língua. Para eles convergem</p><p>ainda os vasos linfáticos provenientes dos linfonodos parotídico, mandibulares e</p><p>retrofaríngeos mediais. Desta forma, os linfonodos retrofaríngeos laterais polarizam a</p><p>drenagem linfática de toda a cabeça. Seus vasos eferentes confluem para formar o</p><p>tronco traqueal.</p><p>140</p><p>Os linfonodos retrofaríngeos mediais, geralmente em número de dois, situam-se</p><p>dorsocaudalmente à musculatura da faringe, imersos em quantidade variável de tecido</p><p>adiposo.Têm forma ovóide e seu comprimento médio é de 2,0-2,5 cm nos pequenos</p><p>ruminantes e 5,0-7,0 cm no bovino. Sua área de drenagem compreende a faringe,</p><p>glândulas salivares, assoalho da cavidade da boca, parte caudal da cavidade nasal,</p><p>seios maxilar e palatino, palato duro e palato mole. Seus vasos eferentes confluem para</p><p>os linfonodos retrofaríngeos laterais.</p><p>31. DISSECAÇÃO DO PESCOÇO</p><p>141</p><p>31.1 Se a pele do pescoço não tiver sido retirada juntamente com a pele da face, retire-</p><p>a agora, desde a linha mediana ventral até a linha mediana dorsal.</p><p>31.2 Remova a fáscia superficial do pescoço. Localize, estendendo-se ao longo da face</p><p>lateral do pescoço, uma larga faixa muscular, o músculo cleidocefálico. Este músculo</p><p>constitui a parte cervical do músculo braquiocefálico, estendendo-se do ombro até a</p><p>cabeça. Localize também, dorsalmente ao cleidocefálico, a parte cervical do músculo</p><p>trapézio, que é mais desenvolvida e avança mais cranialmente no bovino do que nos</p><p>pequenos ruminantes.</p><p>31.3 Os músculos profundos da face lateral do pescoço, embora descritos no presente</p><p>texto, não serão dissecados individualmente. Assim, afaste lateralmente esses</p><p>músculos em conjunto, de modo a se observar profundamente a eles, no plano</p><p>mediano, o ligamento da nuca. Este potente ligamento, que se estende desde a face</p><p>caudal do crânio (protuberância occipital externa) até as vértebras torácicas, contém</p><p>grande quantidade de fibras elásticas, que lhe conferem a característica cor amarelada.</p><p>A descrição pormenorizada deste ligamento encontra-se no item referente a</p><p>articulações da coluna vertebral.</p><p>31.4 Localize, ao longo da face ventral do pescoço, ventralmente ao músculo</p><p>cleidocefálico, o músculo esternocefálico, uma longa e estreita faixa muscular que,</p><p>como o nome indica, estende-se do esterno até a cabeça.</p><p>31.5 Identifique, correndo superficialmente ao longo da face lateral do pescoço, entre o</p><p>músculo cleidocefálico dorsalmente e o músculo esternocefálico ventralmente, a veia</p><p>jugular externa. Esta calibrosa veia, que constitui a principal via de drenagem do</p><p>sangue da cabeça e pescoço, tem grande importância na prática veterinária, já que</p><p>constitui um dos locais de eleição para colheita de sangue e injeção endovenosa de</p><p>medicamentos.</p><p>31.6 Localize, salientando-se na face ventral do pescoço, na transição com a cabeça, a</p><p>laringe, cuja parede é formada por cartilagens. Verifique que a laringe se continua</p><p>caudalmente, na face ventral do pescoço, com um longo tubo semi-rígido, a traquéia,</p><p>que tem parede formada por anéis de cartilagem. Localize, dorsalmente à laringe e à</p><p>traquéia, o esôfago, um longo tubo de parede muscular. O estudo pormenorizado</p><p>destes órgãos será feito nos capítulos referentes a vísceras da cabeça e do pescoço.</p><p>31.7 Identifique, estendendo-se ao longo da superfície ventrolateral da traquéia, duas</p><p>faixas musculares longas e finas, que são os músculos esternotireóideo e esterno-</p><p>hióideo. O esternotireóideo é o mais lateral, estendendo-se do esterno até a cartilagem</p><p>tireóidea da laringe. O esterno-hióideo é o mais medial, estendendo-se do esterno ao</p><p>osso basi-hióide (parte do aparelho hióide). Identifique também o músculo omo-hióideo,</p><p>que se estende obliquamente desde a face lateral do pescoço até o osso basi-hióide,</p><p>passando profundamente a veia jugular externa.</p><p>31.8 Localize, ao lado da parte cranial da traquéia, imediatamente caudal à laringe, a</p><p>glândula tireóide, de forma alongada ou ovóide e com uma característica coloração</p><p>marron-escuro.</p><p>142</p><p>31.9 Afaste o músculo esternocefálico e identifique, profundamente a ele, a artéria</p><p>carótida comum e o tronco vagossimpático, que correm intimamente associados ao</p><p>longo do pescoço. A artéria carótida comum, bem calibrosa, é a principal artéria</p><p>responsável pela irrigação do pescoço e da cabeça. O tronco vagossimpático é um</p><p>tronco nervoso formado pela união do nervo vago com o tronco simpático (parte do</p><p>sistema nervoso autônomo).</p><p>31.10 Localize e disseque, correndo sobre a superfície dorsolateral da traquéia, um</p><p>delgado nervo, o nervo laríngico caudal, destinado à musculatura da laringe. O nervo</p><p>laríngico caudal é a continuação do nervo laríngico recorrente, originado do nervo vago</p><p>na cavidade do tórax.</p><p>31.11 Verifique, ao lado da traquéia, a presença do timo, um órgão linfóide que em</p><p>animais adultos aparece como massas descontínuas de aspecto glandular e coloração</p><p>pálida.</p><p>32. MÚSCULOS DO PESCOÇO</p><p>32.1 Cleidocefálico, omotransversal, trapézio e rom bóide</p><p>143</p><p>Estes músculos já foram descritos no item referente a músculos do membro torácico.</p><p>32.2 Esplênio</p><p>É um músculo largo e laminar, que constitui a segunda camada muscular da face lateral</p><p>do pescoço. Origina-se nos processos espinhosos das três ou quatro primeiras</p><p>vértebras torácicas e na parte funicular do ligamento da nuca. Insere-se no osso</p><p>occipital junto com o músculo cleido-occipital, no osso temporal junto com o músculo</p><p>longíssimo da cabeça, na asa do atlas e nos processos transversos das vértebras</p><p>cervicais II, III e IV. É irrigado pela artéria cervical profunda.</p><p>Ação e inervação: Estende e inclina lateralmente o pescoço. É inervado pelos</p><p>ramos dorsais dos nervos espinhais cervicais, exceto C1 e C2.</p><p>32.3 Longíssimo da cabeça</p><p>Este músculo consiste de duas porções, que são mais ou menos distintas nos</p><p>ruminantes domésticos. A porção lateral, mais curta, insere-se na asa do atlas,</p><p>constituindo para alguns autores o músculo longíssimo do atlas. A porção medial, mais</p><p>longa, insere-se no osso temporal. As duas porções originam-se nos processos</p><p>transversos das duas primeiras vértebras torácicas e nos processos articulares das</p><p>quatro ou cinco últimas vértebras cervicais. É irrigado pelas artérias cervical profunda e</p><p>vertebral.</p><p>Ação e inervação: Sua ação assemelha-se à do músculo esplênio. É inervado</p><p>pelos ramos dorsais dos últimos nervos espinhais cervicais e primeiro nervo espinhal</p><p>torácico.</p><p>32.4 Longíssimo do pescoço</p><p>É um músculo predominantemente tendíneo, situado profundamente à parte cervical do</p><p>músculo serrátil ventral. Origina-se nos processos transversos das sete primeiras</p><p>vértebras torácicas. Insere-se nos processos transversos da terceira à sétima vértebras</p><p>cervicais. É irrigado pelas artérias cervical profunda e vertebral.</p><p>Ação e inervação: As mesmas do músculo longíssimo da cabeça.</p><p>32.5 Semispinhal da cabeça</p><p>É o maior dos músculos da região, constituindo a camada muscular mais profunda do</p><p>pescoço. Origina-se nos processos transversos das oito primeiras (bovino) ou seis</p><p>primeiras (pequenos ruminantes) vértebras torácicas e nos processos articulares das</p><p>cinco últimas vértebras cervicais. Alguns de seus fascículos têm origem no ligamento</p><p>da nuca. Insere-se no osso occipital. É irrigado pelas artérias cervical profunda e</p><p>vertebral.</p><p>Ação e inervação: Sua ação é semelhante à do músculo esplênio. É inervado</p><p>pelos ramos dorsais dos quatro últimos nervos espinhais cervicais e primeiros nervos</p><p>espinhais torácicos.</p><p>32.6 Reto dorsal maior da cabeça</p><p>144</p><p>É um músculo pequeno, que se estende desde o processo espinhoso do áxis até o</p><p>osso occipital. É irrigado pela artéria occipital.</p><p>Ação e inervação: Auxilia na elevação da cabeça. É inervado pelo ramo dorsal</p><p>do primeiro nervo espinhal cervical (C1).</p><p>32.7 Reto dorsal menor da cabeça</p><p>Situa-se profundamente ao reto dorsal maior da cabeça, estando parcialmente fundido</p><p>a ele nos bovinos. Origina-se no arco dorsal do atlas e insere-se no osso occipital. É</p><p>irrigado pela artéria occipital.</p><p>Ação e inervação: As mesmas do músculo reto dorsal maior da cabeça.</p><p>32.8 Oblíquo cranial da cabeça</p><p>É um músculo curto, situado entre o atlas e o osso occipital, profundamente às</p><p>aponeuroses dos músculos cleidocefálico e esplênio. Origina-se na asa do atlas e</p><p>insere-se no processo jugular do occipital. É irrigado pela artéria vertebral.</p><p>Ação e inervação: Estende a cabeça. É inervado pelo primeiro nervo espinhal</p><p>cervical</p><p>(C1).</p><p>32.9 Oblíquo caudal da cabeça</p><p>É um músculo relativamente bem desenvolvido, que ocupa a face dorsal do atlas e do</p><p>áxis. É inteiramente carnoso e suas fibras dirigem-se craniolateralmente. Origina-se no</p><p>processo espinhoso e no processo articular caudal do áxis e insere-se na face dorsal da</p><p>asa do atlas. É irrigado pelas artérias vertebral e occipital.</p><p>Ação e inervação: Produz rotação do atlas sobre o dente do áxis, causando</p><p>indiretamente rotação da cabeça. É inervado pelos ramos dorsais do primeiro e</p><p>segundo nervos espinhais cervicais.</p><p>32.10 Esternocefálico</p><p>É um músculo longo que, nos bovinos e caprinos, apresenta-se dividido em parte</p><p>mandibular e parte mastóidea. Nos ovinos, compreende somente a parte mastóidea.</p><p>Ambas as partes do músculo esternocefálico originam-se no manúbrio do esterno. A</p><p>parte mandibular, nos bovinos, insere-se na fáscia que recobre o músculo masséter e</p><p>também na mandíbula. Nos caprinos, a inserção desta parte dá-se um pouco mais</p><p>dorsalmente, no osso zigomático. A parte mastóidea, nos bovinos, caprinos e ovinos,</p><p>insere-se, juntamente com o músculo longo da cabeça, no osso temporal. É irrigado</p><p>pela artéria carótida comum.</p><p>Ação e inervação: Atuando unilateralmente, inclina a cabeça e o pescoço para o</p><p>lado correspondente; quando os músculos dos dois lados atuam simultaneamente,</p><p>abaixam a cabeça e o pescoço. É inervado pelo ramo ventral do nervo acessório.</p><p>32.11 Esternotireóideo e esterno-hióideo</p><p>Constituem duas estreitas fitas musculares que se estendem do esterno até a região</p><p>laríngea. Apresentam-se fundidos até o terço médio do pescoço, onde os dois músculos</p><p>então se separam. O músculo esterno-hióideo, mais medial, corre ventralmente à</p><p>traquéia e à laringe e vai inserir-se no osso basi-hióide. Já o músculo esterno-tireóideo</p><p>145</p><p>passa lateralmente à metade cranial da traquéia, indo inserir-se na cartilagem tireóidea</p><p>da laringe. São irrigados pela rtéria carótida comum.</p><p>Ação e inervação: Retraem o osso hióide, a língua e a laringe. São inervados</p><p>por ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais.</p><p>32.12 Escalenos</p><p>Compreendem três músculos: escaleno dorsal, escaleno médio e escaleno ventral. O</p><p>escaleno dorsal, que falta nos ovinos, tem aspecto laminar e se estende dos processos</p><p>transversos da quarta à sexta vértebras cervicais até a terceira e quarta costelas. O</p><p>escaleno médio estende-se dos processos transversos da sexta e sétima vértebras</p><p>cervicais à parte dorsal da primeira costela. O escaleno ventral é o mais volumoso,</p><p>estendendo-se dos processos transversos da terceira à sexta vértebras cervicais até a</p><p>parte ventral da primeira costela. São irrigados pela artéria vertebral e pelas primeiras</p><p>artérias intercostais dorsais.</p><p>Ação e inervação: Flexionam o pescoço e atuam na inspiração. São inervados</p><p>por ramos ventrais dos últimos nervos espinhais cervicais.</p><p>32.13 Intertransversais do pescoço</p><p>São feixes musculares que se prendem nos processos transversos e costais das</p><p>vértebras cervicais.Distingue-se entre eles uma porção maior, denominada músculo</p><p>intertransversal longo, que se prende nos processos costais da sexta à terceira</p><p>vértebras cervicais e na borda caudal da asa do atlas, situando-se entre o músculo</p><p>longo da cabeça ventralmente e o músculo escaleno ventral dorsalmente. São irrigados</p><p>pela artéria vertebral.</p><p>Ação e inervação: Inclinam a cabeça e o pescoço lateralmente. São inervados</p><p>por ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais.</p><p>32.14 Longo da cabeça</p><p>Origina-se nos processos costais da sexta à terceira vértebras cervicais e dirige-se</p><p>cranialmente, relacionando-se ventralmente com o músculo intertransversal longo. Na</p><p>altura da asa do atlas, seu tendão funde-se com o da parte mastóidea do</p><p>esternocefálico, indo inserir-se no osso temporal. É irrigado pela artéria carótida</p><p>comum.</p><p>Ação e inervação: Flexiona ventralmente a cabeça e o pescoço. É inervado</p><p>pelos ramos ventrais dos seis primeiros nervos espinhais cervicais.</p><p>32.15 Longo do pescoço</p><p>É constituído por vários feixes carnosos, que se estendem sucessivamente desde a</p><p>sexta vértebra torácica até o atlas. Sua porção torácica consta de feixes mais ou menos</p><p>isolados, que se originam no aspecto ventrolateral dos corpos vertebrais e se inserem</p><p>nos processos transversos da sexta e sétima vértebras cervicais. Os feixes da porção</p><p>cervical não são tão distintos; originam-se no corpo e no processo transverso de cada</p><p>146</p><p>vértebra cervical e terminam na crista ventral da vértebra precedente. Os últimos feixes</p><p>são tendíneos e inserem-se no tubérculo ventral do atlas. É irrigado pela artéria</p><p>carótida comum.</p><p>Ação e inervação: Flexiona ventralmente o pescoço e a cabeça. É inervado pelo</p><p>ramo ventral do sétimo nervo espinhal cervical.</p><p>32.16 Omo-hióideo</p><p>É um músculo pouco desenvolvido, de aspecto laminar, que se dispõe obliquamente na</p><p>extremidade cranial do pescoço. Origina-se nos processos transversos da segunda e</p><p>terceira vértebras cervicais por meio de uma curta aponeurose. Insere-se-se no osso</p><p>basi-hióide, juntamente com o músculo esterno-hióideo.</p><p>Ação e inervação: Auxilia os músculos hióideos na retração da língua. É</p><p>inervado pelo ramo ventral do primeiro nervo espinhal cervical.</p><p>33. NERVOS DO PESCOÇO</p><p>33.1 Nervos espinhais cervicais</p><p>Existem oito pares de nervos espinhais cervicais. Após emergir da coluna vertebral</p><p>através do forame respectivo, cada nervo espinhal cervical divide-se em um ramo</p><p>dorsal e um ramo ventral. Cada ramo dorsal divide-se por sua vez em um ramo medial</p><p>147</p><p>e um ramo lateral, os quais inervam os músculos e a pele da região dorsal do pescoço.</p><p>Já o ramo ventral distribui-se nos músculos e na pele das regiões lateral e ventral do</p><p>pescoço.</p><p>O primeiro nervo espinhal cervical (C1) geralmente não possui ramos cutâneos.</p><p>Seu ramo dorsal atravessa o forame vertebral lateral do atlas e inerva os músculos</p><p>retos e oblíquos da cabeça e a pele adjacente da região. Seu ramo ventral dirige-se</p><p>ventralmente e passa pelo forame alar do atlas. Ele recebe um ramo comunicante do</p><p>gânglio cervical cranial e termina ramificando-se nos músculos esterno-hióideo,</p><p>esternotireóideo e omo-hióideo. Antes de dividir-se em ramos musculares, o ramo</p><p>ventral de C1 emite um delgado ramo que se une com um ramo do nervo hipoglosso,</p><p>constituindo esta união a alça cervical.</p><p>O segundo nervo espinhal cervical (C2) é bem maior que o primeiro. Após</p><p>atravessar o forame vertebral lateral do áxis, ele divide-se em ramos dorsal e ventral. O</p><p>ramo dorsal inerva o músculo oblíquo caudal da cabeça e a pele da região. O ramo</p><p>ventral é o maior dos dois, comunica-se com o nervo acessório e distribui-se na pele da</p><p>região. Um de seus ramos cutâneos, denominado nervo auricular magno, dirige-se</p><p>cranialmente para a pele da face caudal da orelha, onde se distribui.</p><p>O terceiro e quarto nervos espinhais cervicais (C3 e C4)) não apresentam</p><p>característica especial relevante. Os ramos ventrais do quinto e sexto nervos espinhais</p><p>cervicais (C5 e C6)) formam as raízes do nervo frênico, responsável pela inervação do</p><p>músculo diafragma. Já os ramos ventrais do sexto, sétimo e oitavo nervos espinhais</p><p>cervicais (C6, C7 e C8) destacam-se por participarem na formação do plexo braquial.</p><p>Deste último, conforme já estudado, originam-se os nervos destinados ao membro</p><p>torácico.</p><p>33.2 Nervo vago e parte cervical do tronco simpátic o</p><p>Na região retrofaríngea, o nervo vago une-se ao tronco simpático, formando o tronco</p><p>vagossimpático, o qual corre no pescoço associado à artéria carótida comum. Próximo</p><p>à entrada do tórax, os dois componentes do tronco vagossimpático novamente se</p><p>separam, dirigindo-se o tronco simpático caudodorsalmente e o nervo vago</p><p>caudoventralmente.</p><p>A parte cervical do tronco simpático compreende apenas três gânglios (cervical</p><p>cranial, cervical médio e cervical caudal) e um longo ramo interganglionar.</p><p>O gânglio cervical cranial</p><p>acetábulo e</p><p>destinada à articulação com a cabeça do fêmur. A borda dorsal do corpo forma com a</p><p>asa uma ampla reentrância denominada incisura isquiádica maior, que se continua</p><p>caudalmente com uma crista cortante denominada espinha isquiádica.</p><p>4.2.2 Pube</p><p>É o menor e mais ventral dos ossos do quadril, formando a parte cranial do assoalho da</p><p>cavidade pelvina. É composto de dois ramos, cranial e caudal.</p><p>O ramo cranial é a parte maior do pube, dirigida para frente e para fora, de</p><p>modo a se fundir com o corpo do ílio e formar parte do acetábulo. Seu limite com o</p><p>corpo do ílio, na borda cranial do osso do quadril, é marcado pela presença de uma</p><p>pequena saliência denominada eminência iliopúbica.</p><p>O ramo caudal é a parte menor do pube, dirigida para trás para se fundir com o</p><p>ísquio. Ele está unido ao seu correspondente do lado oposto por cartilagem fibrosa,</p><p>constituindo esta união a parte cranial (sínfise púbica) da sínfise pelvina. Em animais</p><p>mais velhos, esta sínfise costuma estar completamente ossificada.</p><p>4.2.3 Ísquio</p><p>É o mais caudal dos ossos que formam o quadril, podendo se distiguir nele três partes:</p><p>corpo, tábula e ramo.</p><p>O corpo é a parte do ísquio que se dirige para frente, de modo a se fundir com o</p><p>corpo do ílio e contribuir para a formação do acetábulo.</p><p>15</p><p>A tábula é a parte mais larga e plana do ísquio, dirigida trás e para cima. Sua</p><p>extremidade caudal forma uma saliência volumosa, de contorno aproximadamente</p><p>triangular, denominada túber isquiádico. Entre este último e a espinha isquiádica, o</p><p>ísquio forma uma reentrância, a incisura isquiádica menor. Caudalmente, as tábulas</p><p>dos dois ísquios delimitam em conjunto uma outra reentrância, o arco isquiádico. Este</p><p>arco tende a ser mais aberto nas fêmeas e mais fechado nos machos.</p><p>O ramo é a parte menor e mais medial do ísquio, dirigindo-se para frente de</p><p>modo a se fundir com o ramo caudal do pube. Está unido ao seu correspondente do</p><p>lado oposto por cartilagem fibrosa, formando esta união a parte caudal (sínfise</p><p>isquiádica) da sínfise pelvina.</p><p>A cada lado da sínfise pelvina, o ísquio delimita, juntamente com o pube, um</p><p>amplo oríficio de contorno arredondado – o forame obturado – que recebe este nome</p><p>pelo fato de estar ocluído por músculos. Há uma tendência de o forame obturado ser</p><p>mais circular nas fêmeas e mais ovóide nos machos.</p><p>4.2.4 Acetábulo</p><p>É a cavidade articular do osso do quadril, formada conjuntamente pelo ílio, pube e</p><p>ísquio e destinada à articulação com a cabeça do fêmur. O acetábulo está voltado para</p><p>baixo e para fora, apresentando um típico contorno circular. Em seu interior encontra-</p><p>se, além da superfície articular propriamente dita, uma depressão não-articular</p><p>denominada fossa do acetábulo. A borda do acetábulo é espessa e apresenta-se</p><p>interrompida, no contorno caudomedial, por uma pronunciada incisura, denominada</p><p>incisura do acetábulo. Apenas no bovino encontra-se também uma segunda incisura,</p><p>mais discreta e situada cranialmente à primeira.</p><p>4.3 Fêmur</p><p>Constitui a base óssea da coxa. Articula-se proximalmente com o osso do quadril –</p><p>mais especificamente com o acetábulo – e distalmente com a tíbia e a patela. É um</p><p>típico osso longo, apresentando extremidade proximal, corpo e extremidade distal.</p><p>A extremidade proximal do fêmur é caracterizada pela presença de uma</p><p>saliência articular esférica – a cabeça do fêmur – voltada medialmente e destinada à</p><p>articulação com o acetábulo do quadril. Aproximadamente no centro da cabeça</p><p>encontra-se uma pequena depressão não-articular, a fóvea da cabeça do fêmur. A</p><p>cabeça está unida ao corpo do fêmur por um prolongamento mais estreito, o colo do</p><p>fêmur, bem marcado medialmente. Lateralmente à cabeça do fêmur encontra-se uma</p><p>volumosa saliência de face lateral rugosa – o trocânter maior – que se projeta para</p><p>cima, ultrapassando a altura da cabeça. O trocânter maior continua-se, na face caudal</p><p>da extremidade proximal, com uma crista espessa disposta obliquamente, denominada</p><p>crista intertrocantérica. Esta crista vai terminar em uma pequena saliência rugosa – o</p><p>trocânter menor. A crista intertrocantérica delimita, juntamente com o trocânter maior,</p><p>uma depressão profunda, a fossa trocantérica.</p><p>O corpo do fêmur é cilíndrico. Sua face lateral apresenta, próximo à extremidade</p><p>distal, uma depressão irregular, denominada fossa supracondilar. Sua face caudal</p><p>caracteriza-se pela presença de rugosidades bem marcadas e nela se encontra</p><p>geralmente o forame nutrício.</p><p>A extremidade distal do fêmur caracteriza-se por possuir três saliências</p><p>articulares: a tróclea e dois côndilos, um lateral e outro medial. A tróclea está voltada</p><p>cranialmente e destina-se à articulação com a patela. É uma grande saliência articular</p><p>16</p><p>em forma de polia, apresentando duas cristas separadas por um sulco. Os côndilos</p><p>lateral e medial são duas saliências articulares globosas, voltadas caudalmente e</p><p>destinadas à articulação com a tíbia. Estão separados um do outro por uma depressão</p><p>profunda, a fossa intercondilar. Logo acima do côndilo medial encontra-se uma</p><p>saliência rugosa, o epicôndilo medial; da mesma forma, acima do côndilo lateral</p><p>encontra-se o epicôndilo lateral, porém menor que o medial.</p><p>4.4 Patela</p><p>A patela é um osso curto que se articula com a tróclea do fêmur, salientando-se na face</p><p>cranial do joelho. Tem forma aproximadamente triangular, com o vértice voltado para</p><p>baixo. Sua face cranial é convexa e rugosa; sua face caudal apresenta duas superfícies</p><p>articulares para a tróclea do fêmur. No ângulo medial da patela prende-se uma</p><p>cartilagem, denominada cartilagem patelar, nem sempre presente em ossos</p><p>preparados.</p><p>4.5 Tíbia e fíbula</p><p>Constituem a base óssea da perna. Nos ruminantes, porém, somente a tíbia é um osso</p><p>completamente desenvolvido, dotado de extremidade proximal, corpo e extremidade</p><p>distal.</p><p>A extremidade proximal da tíbia é dilatada e de contorno aproximadamente</p><p>triangular. Apresenta duas superfícies articulares, os côndilos lateral e medial,</p><p>destinados à articulação com os côndilos correspondentes do fêmur. Separando os dois</p><p>côndilos, aproximadamente no centro da extremidade proximal, encontra-se uma</p><p>saliência voltada para cima – a eminência intercondilar – dotada de dois tubérculos, dos</p><p>quais o medial é o mais alto. No ângulo cranial da extremidade proximal destaca-se</p><p>uma grande saliência rugosa, denominada tuberosidade da tíbia, que se prolonga</p><p>distalmente como uma crista no corpo do osso. Entre a tuberosidade da tíbia e o</p><p>côndilo lateral encontra-se uma reentrância, o sulco extensor. Outra reentrância, a</p><p>incisura poplítea, é encontrada na face caudal da extremidade proximal, entre os dois</p><p>côndilos.</p><p>O corpo da tíbia é largo e de contorno triangular em seu terço proximal;</p><p>distalmente, ele se torna mais estreito e de contorno quadrangular. Sua face caudal</p><p>caracteriza-se pela presença de rugosidades dispostas obliquamente e pela presença</p><p>do forame nutrício. Sua borda cranial é bem destacada, prolongando-se proximalmente,</p><p>em forma de crista, até a tuberosidade da tíbia.</p><p>A extremidade distal da tíbia apresenta uma superfície articular côncava</p><p>denominada cóclea, destinada à articulação com o osso tálus do tarso. A cóclea é</p><p>formada por dois sulcos, separados por uma crista. Medialmente, a cóclea é limitada</p><p>por uma projeção ponteaguda, denominada maléolo medial. Lateralmente, seu limite é</p><p>constituído por um osso separado, denominado osso maleolar (maléolo lateral), que na</p><p>realidade é a extremidade distal da fíbula.</p><p>A fíbula dos ruminantes é um osso incompleto, estando no adulto reduzido a</p><p>duas extremidades, uma proximal e outra distal, unidas entre si por um cordão fibroso,</p><p>que não aparece no esqueleto. A extremidade proximal, denominada cabeça da fíbula,</p><p>apresenta-se como uma pequena projeção ponteaguda, unida ao côndilo lateral da</p><p>tíbia. A extremidade distal é o osso maleolar (maléolo lateral), de contorno</p><p>aproximadamente retangular e formando o limite lateral da cóclea</p><p>já foi visto na região retrofaríngea. Ele é bem</p><p>desenvolvido, medindo nos bovinos aproximadamente l2,0 mm de comprimento por 8,0</p><p>mm de largura. Dele originam-se os seguintes nervos: carótico interno, carótico externo</p><p>e ramos laringofaríngeo.</p><p>O nervo carótico interno prolonga-se da extremidade cranial do gânglio cervical</p><p>cranial em direção à base do crânio. Corre na parede medial da bula timpânica,</p><p>atravessa o forame jugular e, na base do ouvido interno, forma o plexo carótico interno.</p><p>Deste plexo originam-se os ramos caroticotimpânicos para o nervo timpânico do nervo</p><p>glossofaríngeo e um ou dois ramos para o nervo petroso maior do nervo facial. O nervo</p><p>petroso maior origina-se do nervo facial no ouvido interno e forma, juntamente com os</p><p>ramos do plexo carótico interno, o nervo do canal pterigóideo. O plexo carótico interno</p><p>fornece ainda ramos que vão se unir ao gânglio trigeminal, ao nervo abducente e aos</p><p>vasos sanguíneos destinados à hipófise. Nos ruminantes, do nervo carótico interno</p><p>origina-se também o nervo jugular, o qual termina unindo-se ao nervo hipoglosso.</p><p>O nervo carótico externo origina-se da extremidade caudal do gânglio cervical</p><p>cranial e distribui-se na parede das porções final da artéria carótida comum e inicial da</p><p>148</p><p>artéria carótida externa. Já os ramos laringofaríngeos entram na formação do plexo</p><p>faríngeo e associam-se ao ramo esofágico.</p><p>O gânglio cervical cranial emite um ramo comunicante para o primeiro nervo</p><p>espinhal cervical, sendo esse o único ramo comunicante para nervos espinhais emitido</p><p>pelo referido gânglio, nos animais domésticos.</p><p>O gânglio cervical médio, pouco desenvolvido, localiza-se no ponto em que o</p><p>tronco simpático bifurca-se para formar os ramos cranial e caudal da alça subclávia,</p><p>ocorrendo esta bifurcação na extremidade distal do pescoço, na entrada do tórax. Ele</p><p>está unido ao gânglio cervical cranial por um longo ramo interganglionar, o qual é, na</p><p>realidade, a parte do tronco simpático que se une ao nervo vago para constituir o tronco</p><p>vagossimpático. Já os ramos cranial e caudal da alça subclávia unem o gânglio cervical</p><p>médio ao gânglio cervicotorácico, contornando a artéria subclávia.</p><p>O gânglio cervical caudal apresenta-se fundido com os dois primeiros gânglios</p><p>torácicos, formando o gânglio cervicotorácico (gânglio estrelado), o qual será descrito</p><p>na parte torácica do tronco simpático.</p><p>34. VASOS DO PESCOÇO</p><p>34.1 Artérias</p><p>34.1.1 Artéria carótida comum</p><p>As artérias carótidas comuns, uma a cada lado, são as responsáveis pela irrigação da</p><p>cabeça e de grande parte do pescoço. Elas resultam da bifurcação do tronco bicarótico</p><p>149</p><p>logo após a origem deste último do tronco braquiocefálico, na entrada do tórax. Cada</p><p>artéria carótida comum corre na face ventral do pescoço, lateralmente à traquéia e em</p><p>íntima associação com o tronco vagossimpático. Está separada da veia jugular externa</p><p>pela borda dorsal do músculo esternocefálico. Em seu trajeto pelo pescoço, a artéria</p><p>carótida comum emite os seguintes ramos:</p><p>a) Ramos musculares: Além de irrigar os músculos da região ventral do</p><p>pescoço, estes ramos suprem a traquéia, o timo e o esôfago.</p><p>b) Artéria tireóidea caudal: Ocorre nos ovinos, sendo inconstante nos caprinos e</p><p>bovinos. Penetra na porção mais caudal da glândula tireóide, irrigando-a.</p><p>c)Artéria tireóidea cranial: Origina-se do aspecto ventral da artéria carótida</p><p>comum, próximo da glândula tireóide. Distribui-se nesta glândula e na parte caudal da</p><p>laringe (ramo laríngeo caudal) e da faringe (ramo faríngeo).</p><p>d)Artéria laríngea cranial: Origina-se do contorno medial da artéria carótida</p><p>comum, próximo da ramificação final desta última. É pouco desenvolvida e acompanha</p><p>o nervo laríngeo cranial, distribuindo-se na mucosa da laringe.</p><p>e)Artéria faríngea ascendente: Origina-se da artéria carótida comum muito</p><p>próximo da origem da artéria laríngea cranial, às vezes formando um tronco comum</p><p>com esta última. Dirige-se medialmente e distribui-se na parede da faringe, emitindo,</p><p>nos bovinos, ramos tonsilares e ramos palatinos. Ela pode originar-se também da</p><p>artéria occipital.</p><p>34.1.2 Artéria vertebral</p><p>A artéria vertebral apresenta-se bem desenvolvida nos ruminantes, mas sua</p><p>participação no suprimento sanguíneo da cabeça é bastante reduzido. Ela constitui a</p><p>continuação direta do tronco costocervical, após a emissão por este último da artéria</p><p>cervical profunda. Corre em sentido cranial, acompanhada de sua veia satélite e do</p><p>nervo vertebral, passando através dos forames transversos da sexta até a terceira</p><p>vértebras cervicais. Em seu percurso, emite numerosos ramos para os músculos da</p><p>região cervical lateral e também ramos espinhais. Estes últimos penetram nos forames</p><p>intervertebrais para formar as artérias espinhais dorsal e ventral, que suprem a medula</p><p>espinhal. Próximo ao forame intervertebral entre a terceira vértebra cervical e o áxis, a</p><p>artéria vertebral emite um ramo muscular calibroso e curva-se medialmente, penetrando</p><p>no canal vertebral. Ela prossegue cranialmente no assoalho do canal vertebral,</p><p>anastomosando-se com ramos de sua correspondente do lado oposto. Na altura do</p><p>atlas, emite um ramo relativamente desenvolvido, o ramo descendente, o qual emerge</p><p>através do forame vertebral lateral da referida vértebra e se anastomosa com um ramo</p><p>da artéria occipital para se distribuir nos músculos oblíquo caudal da cabeça, retos</p><p>dorsais maior e menor da cabeça, semispinhal da cabeça e esplênio.</p><p>Nos bovinos, após a emissão do ramo descendente, a artéria vertebral</p><p>anatomosa-se com a artéria condilar (ramo da artéria occipital) para formar, sobre a</p><p>parte basilar do occipital, a rede admirável epidural caudal. Desta rede partem finos</p><p>ramos que se dirigem rostralmente e se comunicam com a rede admirável epidural</p><p>rostral. Nos caprinos e ovinos, embora a artéria vertebral se anastomose com ramos da</p><p>artéria occipital, não forma a rede admirável epidural caudal nem se comunica com a</p><p>rede admirável epidural rostral.</p><p>34.1.3 Artérias escapular dorsal e cervical profund a</p><p>Estão descritas no item referente a artérias da cavidade do tórax.</p><p>150</p><p>34.1.4 Artéria cervical superficial</p><p>Está descrita no item referente a artérias do membro torácico.</p><p>34.2 Veias</p><p>A drenagem venosa da cabeça e do pescoço é feita, a cada lado, pelas veias jugular</p><p>interna, jugular externa e vertebral.</p><p>34.2.1 Veia jugular interna</p><p>A veia jugular interna ocorre em cerca de 75,0 % dos casos nos bovinos e falta</p><p>geralmente nos caprinos e ovinos. Quando presente, ela corre na face ventral do</p><p>pescoço, junto à artéria carótida comum. Une-se à veia jugular externa próximo à</p><p>entrada do tórax. Para a veia jugular interna confluem as veias tireóidea cranial,</p><p>occipital e laríngicas cranial e caudal. Recebe ainda numerosos pequenos ramos do</p><p>esôfago, da traquéia, do timo e dos músculos cervicais ventrais. Nos casos em que a</p><p>veia jugular interna está ausente, suas tributárias vão diretamente à veia jugular</p><p>externa, desembocando nesta última na altura da junção laringotraqueal.</p><p>34.2.2 Veia jugular externa</p><p>Constitui a principal veia responsável pela drenagem venosa da cabeça. É formada pela</p><p>união das veias linguofacial e maxilar, próximo ao ângulo da mandíbula. Corre</p><p>caudalmente no sulco jugular, em posição subcutânea. Está separada da artéria</p><p>carótida comum e do tronco vagossimpático pela borda dorsal do músculo</p><p>esternocefálico. Em seu trajeto pelo pescoço, a veia jugular externa recebe um número</p><p>variável de pequenos ramos provenientes dos músculos cervicais, da traquéia e do</p><p>esôfago. Próximo à entrada do tórax, ela recebe as veias jugular interna (quando</p><p>presente), cefálica e cervical superficial. Termina unindo-se com a veia homóloga do</p><p>lado oposto para formar o tronco bijugular, que logo desemboca na veia cava cranial.</p><p>34.2.3 Veia vertebral</p><p>É satélite da artéria homônima, correndo caudalmente no pescoço através dos forames</p><p>transversais</p><p>da tíbia.</p><p>17</p><p>4.6 Tarso</p><p>O tarso é um conjunto de ossos curtos interposto entre a tíbia e a fíbula proximalmente</p><p>e o metatarso distalmente. Nos ruminantes, compõe-se de cinco ossos, dispostos em</p><p>duas fileiras, proximal e distal. A fileira proximal compreende os ossos tálus e calcâneo;</p><p>a fileira distal, os ossos centroquarto, társico II + III e társico I.</p><p>O tálus é um osso volumoso, de contorno aproximadamente quadrangular e</p><p>caracterizado pela presença de duas trócleas, uma proximal e outra distal. A tróclea</p><p>proximal articula-se com a cóclea da tíbia e a tróclea distal com o osso centroquarto.</p><p>O calcâneo é o maior dos ossos do tarso, dispondo-se lateral e plantarmente ao</p><p>tálus. Ele se destaca do conjunto por formar uma grande saliência alongada que se</p><p>projeta para cima e para trás. O ápice desta saliência constitui o túber do calcâneo. Na</p><p>face medial do calcâneo encontra-se outra saliência menor, denominada sustentáculo</p><p>do tálus.</p><p>O osso centroquarto, resultante da fusão do osso central do tarso com o osso</p><p>társico IV, é o maior da fileira distal, estendendo-se de um lado a outro do tarso, de</p><p>modo a articular-se com todos os demais ossos do conjunto. O osso társico II + III,</p><p>resultante da fusão dos ossos társico II e társico III, é o segundo em tamanho da fileira</p><p>distal, situando-se no contorno dorsomedial do tarso. O osso társico I, o menor de</p><p>todos, localiza-se no contorno medioplantar do tarso.</p><p>4.7 Metatarso</p><p>Acompanhando o que ocorre com o metacarpo, o metatarso dos ruminantes</p><p>compreende apenas um osso completamente desenvolvido, o metatársico III + IV,</p><p>resultante da fusão dos ossos metatársico III e metatársico IV no período fetal.</p><p>O osso metatársico III + IV assemelha-se bastante ao metacárpico III + IV,</p><p>sendo porém um pouco mais longo e mais estreito. É formado por base, corpo e</p><p>cabeça.</p><p>A base é a extremidade proximal dilatada do metatársico III + IV. Tem contorno</p><p>aproximadamente quadrangular e apresenta quatro superfícies articulares mais o</p><p>menos planas para articulação com os ossos da fileira distal do tarso.</p><p>O corpo do metatársico III + IV também apresenta contorno mais ou menos</p><p>quadrangular. Sua face dorsal é percorrida no meio por uma depressão linear, o sulco</p><p>longitudinal dorsal, bem acentuado. O mesmo ocorre em sua face plantar, percorrida</p><p>pelo sulco longitudinal plantar. Na extremidade distal de ambos os sulcos encontra-se</p><p>um orifício, o canal distal do metatarso. Quanto ao canal proximal do metatarso, está</p><p>ausente na maioria dos casos.</p><p>A cabeça é a extremidade distal do metatársico III + IV, apresentando-se</p><p>formada por duas trócleas, separadas pela incisura intertroclear. Cada tróclea se</p><p>articula com a falange proximal do dedo correspondente.</p><p>Nos ruminantes, pode ocorrer, junto à face plantar da base do metatársico III +</p><p>IV, um pequeno osso discóide, denominado osso sesamóide do metatarso, difícil de ser</p><p>preservado nos esqueletos.</p><p>4.7 Falanges e ossos sesamóides</p><p>As falanges e ossos sesamóides do membro pelvino são semelhantes aos</p><p>correspondentes do membro torácico.</p><p>18</p><p>5. COLUNA VERTEBRAL, COSTELAS, CARTILAGENS COSTAIS E ESTERNO</p><p>5.1 Introdução</p><p>A coluna vertebral constitui o eixo longitudinal de sustentação do corpo do animal,</p><p>sendo formada por uma cadeia de ossos ímpares e irregulares – as vértebras –</p><p>situadas no plano mediano desde o crânio até a cauda. Ela é subdividida em cinco</p><p>regiões, de acordo com a parte do corpo que sustenta: cervical, tóracica, lombar, sacral</p><p>e coccígea (caudal).</p><p>As vértebras são unidades independentes, exceto na região sacral, onde se</p><p>encontram fundidas para formar o osso sacro. O número de vértebras é variável</p><p>conforme a espécie, exceto na região cervical, cujo número (sete) é constante em todos</p><p>19</p><p>os mamíferos domésticos. A Tabela 1 indica o número de vértebras de cada região da</p><p>coluna, nos ruminantes.</p><p>Tabela 1. Número de vértebras, por região, dos ruminantes</p><p>Espécie Cervicais Torácicas Lombares Sacrais Coccígea</p><p>s</p><p>Bovino 7 13 6 5 18-20</p><p>Caprino 7 13 6 4 11-13</p><p>Ovino 7 13 6-7 4 16-24</p><p>Cada vértebra é formada basicamente por um corpo e um arco.</p><p>O corpo é a parte ventral da vértebra, apresentando-se como uma massa</p><p>compacta de forma mais ou menos cilíndrica. Possui uma extremidade cranial convexa</p><p>– a cabeça da vértebra – e uma extremidade caudal côncava – a fossa da vértebra. O</p><p>corpo de uma vértebra está unido ao corpo da vértebra seguinte por um disco de</p><p>cartilagem fibrosa denominado disco intervertebral.</p><p>O arco é a parte da vértebra que se dispõe dorsalmente ao corpo, delimitando</p><p>com este uma ampla abertura, o forame vertebral. O conjunto de forames vertebrais em</p><p>sequência constitui o canal vertebral, que aloja e protege a medula espinhal. O canal</p><p>vertebral se comunica com o exterior, a cada lado, por meio de oríficios denominados</p><p>forames intervertebrais, cada um deles delimitado pelo corpo e arco de uma vértebra e</p><p>o corpo e arco da vértebra seguinte. Os forames intervertebrais dão passagem aos</p><p>nervos espinhais.</p><p>As vértebras apresentam várias saliências, denominadas processos. Entre</p><p>estes, os mais importantes são os seguintes: processo espinhoso, ímpar e voltado para</p><p>cima; processos transversos, pares e voltados um para cada lado; processos</p><p>articulares craniais e caudais, também pares e destinados a articularem cada vértebra</p><p>com a precedente e a seguinte.</p><p>5.2 Vértebras cervicais</p><p>5.2.1 Atlas</p><p>O atlas é a primeira das sete vértebras cervicais. É uma vértebra atípica, desprovida de</p><p>corpo e de processo espinhoso. É composto basicamente por dois arcos oponentes, um</p><p>dorsal e outro ventral, e duas asas, uma a cada lado.</p><p>O arco dorsal tem parede mais fina e apresenta em sua superfície dorsal uma</p><p>saliência rugosa mediana, o tubérculo dorsal do atlas. O arco ventral tem parede mais</p><p>espessa e possui em sua superfície ventral outra saliência, o tubérculo ventral do atlas.</p><p>Na superfície dorsal do arco ventral, junto à sua borda caudal, encontram-se duas</p><p>superfícies articulares ligeiramente côncavas, destinadas à articulação com o dente do</p><p>áxis (segunda vértebra cervical).</p><p>Cranialmente, o atlas apresenta duas superfícies articulares côncavas, as</p><p>fóveas articulares craniais, para articulação com os côndilos do osso occipital</p><p>(pertencente ao crânio). Caudalmente, encontram-se duas superfícies articulares</p><p>planas, as fóveas articulares caudais, para articulação com o áxis.</p><p>A asa, que corresponde ao processo transverso das demais vértebras, é uma</p><p>larga expansão horizontal que se projeta a cada lado do atlas. Na face dorsal da asa,</p><p>próximo à sua borda cranial, observa-se uma pequena depressão, na qual se abrem</p><p>dois orifícios: um dirigido para dentro, denominado forame vertebral lateral; outro</p><p>20</p><p>dirigido para fora, denominado forame alar. Na face ventral da asa encontra-se uma</p><p>depressão maior, a fossa do atlas, na qual se abre o forame alar.</p><p>5.2.2 Áxis</p><p>O áxis é a segunda e a mais longa das vértebras cervicais. Sua principal característica</p><p>é a presença, na extremidade cranial do corpo, de uma saliência articular mediana, de</p><p>forma hemicilíndrica, denominada dente do áxis. O processo espinhoso é bastante</p><p>desenvolvido, com a forma de uma crista alta e espessa. Os processos transversos são</p><p>ponteagudos e estão voltados caudalmente. Os processos articulares craniais situam-</p><p>se um a cada lado da base do dente, apresentando-se como expansões de superfície</p><p>articular voltada cranialmente. Os processos articulares caudais projetam-se</p><p>caudalmente da borda caudal do arco.</p><p>O áxis possui, a cada lado, dois forames: um bem desenvolvido – forame</p><p>vertebral lateral – situado próximo à borda cranial do arco; outro bem menor – forame</p><p>transversal – situado na base do processo transverso. Em alguns casos, o forame</p><p>transversal está ausente.</p><p>5.2.3 Terceira à sétima vértebras cervicais</p><p>As cinco últimas vértebras cervicais apresentam</p><p>aproximadamente as mesmas</p><p>características A sexta e a sétima vértebras possuem algumas peculiaridades, sem</p><p>contudo fugir ao padrão da região.</p><p>A terceira, quarta e quinta vértebras cervicais são aproximadamente cubóides e</p><p>seus corpos diminuem de comprimento à medida que se distanciam na coluna.</p><p>Possuem um processo espinhoso bem saliente e inclinado cranialmente. Os processos</p><p>transversos estão divididos em duas partes: parte dorsal, mais curta e voltada para trás;</p><p>parte ventral, mais longa e voltada para baixo e para frente. Na base de cada processo</p><p>transverso encontra-se o forame transversal, bem amplo. Os processos articulares</p><p>craniais e caudais são bem desenvolvidos, projetando-se respectivamente da borda</p><p>cranial e da borda caudal do arco.</p><p>A sexta vértebra cervical diferecia-se das precedentes por apresentar a parte</p><p>ventral do processo transverso sob a forma de uma larga lâmina voltada ventralmente,</p><p>dando ao conjunto o aspecto de uma sela.</p><p>A sétima vértebra cervical caracteriza-se por seu processo espinhoso bem mais</p><p>alto que o das vértebras precedentes e por não apresentar a parte ventral do processo</p><p>transverso e nem o forame transversal. Por outro lado, ela apresenta, a cada lado da</p><p>fossa da vértebra, uma pequena superfície articular côncava, a fóvea costal, destinada</p><p>à articulação com a cabeça da primeira costela.</p><p>5.3 Vértebras torácicas</p><p>As vértebras torácicas caracterizam-se por apresentar processos espinhosos longos e</p><p>inclinados caudalmente, sendo os mais altos os da terceira e quarta vértebras. Além</p><p>disto, possuem pequenas superfícies articulares côncavas, as fóveas costais,</p><p>destinadas à articulação com as costelas. Existem, a cada lado da vértebra, três fóveas</p><p>costais: fóvea costal cranial, junto à cabeça da vértebra; fóvea costal caudal, junto à</p><p>fossa da vértebra; fóvea costal do processo transverso, no processo transverso, que é</p><p>bastante curto.</p><p>21</p><p>Na maioria das vértebras torácicas, os processos articulares craniais e os</p><p>processos articulares caudais estão reduzidos a simples facetas articulares planas,</p><p>situadas respectivamente junto à borda cranial e à borda caudal do arco da vértebra.</p><p>No bovino, além da série de forames intervertebrais formados entre uma</p><p>vértebra e a vértebra seguinte, cada vértebra torácica possui um forame próprio,</p><p>denominado forame vertebral lateral, situado caudalmente ao processo transverso.</p><p>5.4 Vértebras lombares</p><p>As vértebras lombares caracterizam-se por apresentar processos transversos longos,</p><p>laminares, dispostos horizontalmente e ligeiramente encurvados em sentido cranial.</p><p>Seus processos espinhosos apresentam-se como lâminas quadrangulares, dispostas</p><p>verticalmente.</p><p>Os processos articulares craniais são tuberosos e suas facetas articulares são</p><p>côncavas e voltadas medialmente. Já os processos articulares caudais possuem,</p><p>conforme o esperado, facetas articulares convexas.</p><p>Como nas vértebras torácicas, as primeiras vértebras lombares do bovino</p><p>podem também apresentar, além da série de forames intervertebrais, um forame</p><p>vertebral lateral.</p><p>5.5 Sacro</p><p>O sacro é formado pela fusão das vértebras sacrais e constitui o teto da cavidade</p><p>pelvina. Ele articula-se cranialmente com a última vértebra lombar, caudalmente com a</p><p>primeira vértebra coccígea e distalmente com o osso do quadril. Entre a extremidade</p><p>cranial do sacro e a extremidade caudal da última vértebra lombar permanece</p><p>dorsalmente um amplo espaço, denominado espaço interarcual lombossacral. Este</p><p>espaço é um importante local para introdução de agulhas dentro do canal vertebral,</p><p>com a finalidade de punção do líquor ou aplicação de anestésicos.</p><p>A face dorsal do sacro é bastante irregular. Assim, no plano mediano os</p><p>processos espinhosos das vértebras sacrais estão fundidos de modo a formar uma</p><p>crista alta e espessa, denominada crista sacral mediana. A cada lado da base da crista</p><p>sacral mediana encontra-se uma crista bem mais discreta e irregular, denominada crista</p><p>sacral intermédia, resultante da fusão dos processos articulares das vértebras sacrais.</p><p>A borda lateral do sacro constitui a crista sacral lateral, resultante da fusão dos</p><p>processos transversos das vértebras sacrais. Na face dorsal do sacro são encontrados,</p><p>a cada lado da crista sacral mediana e parcialmente cobertos pela crista sacral</p><p>intermédia, orifícios denominados forames sacrais dorsais.</p><p>A face ventral ou pelvina do sacro é lisa, apresentando-se cruzada por discretas</p><p>linhas transversais, que indicam os limites dos corpos das vértebras sacrais. Nela se</p><p>encontram duas séries de orifícios, os forames sacrais pelvinos, mais amplos que os</p><p>forames sacrais dorsais.</p><p>A extremidade cranial do sacro denomina-se base e apresenta, em seu contorno</p><p>ventral, uma discreta saliência abaulada, denominada promontório sacral. A cada lado</p><p>da base, o sacro forma uma expansão volumosa, de contorno aproximadamente</p><p>triangular, denominada asa do sacro e que se articula com o ílio (osso do quadril).</p><p>5.6 Vértebras coccígeas (caudais)</p><p>22</p><p>As vértebras coccígeas formam a base óssea da cauda. À medida que se distanciam</p><p>na cauda, elas diminuem progressivamente de tamanho, devido à redução de seus</p><p>processos espinhosos e transversos.</p><p>As cinco ou seis primeiras vértebras coccígeas possuem corpo e arco. Da face</p><p>ventral do corpo projetam-se duas expansões discretas, os processos hemais. Estes</p><p>últimos delimitam um sulco, no qual passa uma artéria cuja pulsação pode ser sentida</p><p>pela palpação da face ventral da cauda. As últimas vértebras coccígeas estão reduzidas</p><p>a simples ossos de forma cilíndrica.</p><p>5.7 Costelas e cartilagens costais</p><p>As costelas formam o arcabouço lateral da parede do tórax e dão proteção aos órgãos</p><p>da cavidade torácica e parte dos órgãos abdominais. Articulam-se dorsalmente com as</p><p>vértebras torácicas e ventralmente com as cartilagens costais. Os ruminantes possuem</p><p>treze pares de costelas, podendo em alguns casos ocorrer quatorze pares. As três</p><p>primeiras costelas são aproximadamente retas, enquanto as restantes apresentam-se</p><p>ligeiramente curvas.</p><p>As oito primeiras costelas prendem-se ventralmente ao esterno por meio de</p><p>peças cartilaginosas denominadas cartilagens costais; são por isto denominadas</p><p>costelas verdadeiras ou esternais. Já costelas restantes são chamadas falsas ou</p><p>asternais, pelo fato de suas cartilagens costais não se prenderem diretamente ao</p><p>esterno, mas se unirem uma à outra de modo a formar o arco costal.</p><p>Em cada costela distinguem-se duas partes principais: cabeça e corpo. A</p><p>cabeça é a extremidade dorsal da costela, apresentando-se como uma saliência</p><p>globosa, dotada de duas pequenas superfícies articulares convexas, destinadas à</p><p>articulação com as fóveas costal caudal e costal cranial de vértebras torácicas</p><p>adjacentes. Está unida ao corpo por uma porção estreitada denominada colo. No ponto</p><p>de união entre o colo e o corpo encontra-se uma saliência, o tubérculo da costela,</p><p>dotado de uma pequena superfície articular côncava para articulação com a fóvea</p><p>costal do processo transverso da vértebra torácica correspondente.</p><p>O corpo é a parte longa da costela. Apresenta duas faces, lateral e medial, e</p><p>duas bordas, cranial e caudal. A face lateral é lisa e convexa. A face medial é côncava</p><p>e apresenta, ao longo da borda caudal, um sulco, denominado sulco costal. Neste sulco</p><p>correm a artéria, a veia e o nervo intercostais. Os espaços entre os corpos de costelas</p><p>são denominados espaços intercostais.</p><p>As cartilagens costais são peças de cartilagem hialina que fazem a ligação das</p><p>extremidades ventrais das costelas esternais com o esterno. Nas costelas asternais, as</p><p>cartilagens costais terminam em ponta e estão unidas umas às outras de modo a</p><p>formar o arco costal. As cartilagens costais apresentam-se ossificadas em animais</p><p>velhos.</p><p>5.8 Esterno</p><p>O esterno é uma placa óssea alongada que constitui a parede ventral do tórax. Ele é</p><p>formado por sete segmentos denominados estérnebras, as quais estão unidas entre</p><p>si</p><p>por cartilagen hialina.</p><p>No esterno distinguem-se três porções: manúbrio, corpo e processo xifóide. O</p><p>manúbrio é a estérnebra mais cranial, apresentando-se achatado laterolateralmente. O</p><p>corpo é a porção média do esterno, sendo formado por cinco estérnebras achatadas</p><p>dorsoventralmente e cuja largura aumenta em sentido caudal. O processo xifóide é a</p><p>23</p><p>estérnebra mais caudal, de forma aproximadamente triangular e também achatado</p><p>dorsoventralmente. Na extremidade caudal do processo xifóide prende-se uma</p><p>cartilagem laminar de contorno arredondado, a cartilagem xifóidea.</p><p>6. OSSOS DO CRÂNIO E OSSO HIÓIDE</p><p>6.1 Introdução</p><p>O crânio constitui o invólucro ósseo que envolve e protege o encéfalo, formando</p><p>também cavidades para alojar tanto órgãos dos sentidos como vísceras dos aparelhos</p><p>digestório e respiratório.</p><p>Os ossos do crânio são, em sua maioria, ossos planos, apresentando-se</p><p>constituídos por duas lâminas de osso compacto, lâmina externa e lâmina interna,</p><p>separadas por uma camada de osso esponjoso, denominada díploe. A união entre os</p><p>ossos do crânio é feita predominantemente por articulações fibrosas denominadas</p><p>suturas. Em animais mais velhos, boa parte das suturas apresenta-se ossificada,</p><p>resultando isto no desaparecimento da linha de união entre um osso e outro.</p><p>No presente texto, os ossos do crânio serão estudados em conjunto, abordando</p><p>apenas os acidentes ósseos considerados relevantes. Com finalidade didática, o estudo</p><p>24</p><p>será feito considerando-se no crânio as seguintes faces: dorsal, caudal, lateral e</p><p>ventral.</p><p>6.2.Face dorsal do crânio</p><p>Nesta face situam-se dois ossos pares: frontais e nasais.</p><p>Os ossos frontais são os mais extensos do crânio e formam a parede dorsal da</p><p>cavidade craniana. Estão unidos um ao outro no plano mediano e cada um deles forma,</p><p>em seu ângulo caudolateral, uma expansão ponteaguda denominada processo cornual,</p><p>que constitui a base óssea do chifre ou corno. Entre os dois processos cornuais, no</p><p>plano mediano, encontra-se uma elevação discreta, denominada protuberância</p><p>intercornual. Em animais de raças mochas, obviamente, os processos cornuais estão</p><p>ausentes.</p><p>Cada osso frontal forma o contorno dorsal da órbita óssea e dele se projeta para</p><p>baixo uma expansão laminar – o processo zigomático do frontal – que vai se unir a</p><p>outra expansão laminar em sentido oposto – o processo frontal do zigomatico. Estes</p><p>dois processos unidos formam o contorno caudal da órbita óssea. A face dorsal de</p><p>cada frontal é percorrida longitudinalmente por uma depressão linear, o sulco supra-</p><p>orbital, que vai terminar caudalmente em um orifício, o forame supra-orbital. Este</p><p>forame se continua no interior do osso como canal supra-orbital, que vai se abrir na</p><p>órbita óssea.</p><p>O interior do osso frontal possui uma extensa e complexa cavidade, o seio</p><p>frontal, o qual se prolonga inclusive dentro de cada processo cornual.</p><p>Os ossos nasais são alongados e formam parte da parede dorsal da cavidade</p><p>nasal. Estão unidos um ao outro no plano mediano e cada um deles apresenta a</p><p>extremidade rostral dividida em dois ramos ponteagudos. Lateralmente, cada osso</p><p>nasal está unido aos ossos maxilar e lacrimal e caudalmente ao osso frontal.</p><p>6.3 Face caudal do crânio</p><p>Esta face é formada dorsalmente pelos ossos frontais e parietais e ventralmente pelo</p><p>osso occipital. Em animais mais velhos, as suturas entre estes ossos estão</p><p>frequentemente ossificadas, tornando os limites entre eles imprecisos.</p><p>Aproximadamente no centro da face caudal localiza-se uma saliência rugosa,</p><p>denominada protuberância occipital externa. Ventralmente, encontra-se uma ampla</p><p>abertura arredondada, o forame magno, que dá passagem à medula espinhal. A cada</p><p>lado do forame magno situa-se uma saliência articular convexa, de contorno ovóide,</p><p>denominada côndilo do occipital. Os dois côndilos do occipital articulam-se caudalmente</p><p>com o atlas. Lateralmente a cada côndilo encontra-se uma saliência ponteaguda,</p><p>dirigida ventralmente, o processo paracondilar (jugular).</p><p>6.4 Face lateral do crânio</p><p>Na face lateral do crânio encontram-se os ossos da face, a órbita óssea, a mandíbula e</p><p>a parede lateral da cavidade craniana.</p><p>6.4.1 Ossos da face</p><p>A face tem como base óssea a maxila (osso maxilar), o incisivo, o zigomático, o lacrimal</p><p>e o nasal, este último já descrito.</p><p>25</p><p>A maxila é o maior dos ossos da face, apresentando um contorno</p><p>aproximadamente quadrangular. Está unida dorsalmente aos ossos nasal, lacrimal e</p><p>zigomatíco; rostralmente, une-se ao osso incisivo. Apresenta em sua porção média uma</p><p>elevação linear, a crista facial, que termina ventralmente em uma saliência rugosa, o</p><p>túber facial. Rostralmente ao túber facial encontra-se um amplo orifício, o forame infra-</p><p>orbital. A borda ventral da maxila denomina-se borda alveolar, pois nela se encontram</p><p>os alvéolos para implantação dos dentes pré-molares e molares superiores. No interior</p><p>da maxila encontra-se uma cavidade irregular, denominada seio maxilar.</p><p>O osso incisivo situa-se rostralmente à maxila, formando a extremidade rostral</p><p>do palato ósseo. Não apresenta alvéolos dentários, pois os ruminantes não possuem</p><p>dentes incisivos superiores.</p><p>O osso zigomático situa-se caudodorsalmene à maxila, formando o contorno</p><p>ventral da órbita óssea. De sua porção caudal projetam-se duas expansões: processo</p><p>frontal do zigomático, que se dirige para cima para se unir ao processo zigomático do</p><p>frontal; processo temporal do zigomático, que se dirige para trás para se unir ao</p><p>processo zigomático do temporal, formando com este o arco zigomático.</p><p>O osso lacrimal é pequeno e está intercalado entre os ossos nasal e frontal</p><p>dorsalmente e os ossos maxilar e zigomático ventralmente. Forma o contorno rostral da</p><p>órbita óssea e nele se encontra um orifício, o forame lacrimal. Este forame constitui o</p><p>início do canal nasolacrimal, que percorre o interior dos ossos lacrimal e maxilar e vai</p><p>se abrir na cavidade nasal.</p><p>6.4.2 Órbita óssea</p><p>É uma cavidade de contorno circular, situada a cada lado do crânio e destinada a alojar</p><p>o bulbo do olho e seus anexos. A parede medial da órbita óssea é lisa e nela são</p><p>encontrados três orifícios: forame orbitorredondo, o maior e o mais ventral; forame</p><p>óptico, situado um pouco acima e à frente do forame orbitorredondo; forame etmoidal, o</p><p>menor e mais dorsal. Na parede dorsal encontra-se um quarto orifício, a abertura do</p><p>canal supra-orbital. A parede ventral é incompleta, destacando-se nela uma expansão</p><p>globosa e oca, de parede extremamente fina, denominada bula lacrimal, formada a</p><p>partir dos ossos maxilar e lacrimal. A parede lateral também é incompleta, formada</p><p>apenas pelos processos zigomático do frontal e frontal do zigomático.</p><p>6.4.3 Mandíbula</p><p>As mandíbulas, uma a cada lado, estão unidas uma à outra no plano mediano, na</p><p>região do queixo ou mento, por meio de cartilagem hialina. Em cada mandíbula</p><p>distinguem-se duas partes principais, o corpo e o ramo.</p><p>O corpo da mandíbula é a sua parte horizontal, dirigida para frente. Sua face</p><p>externa é lisa e apresenta, próximo à extremidade rostral, um ou dois orifícios,</p><p>denominados forames mentuais. Sua face interna, também lisa, não possui acidentes</p><p>relevantes. Na borda dorsal do corpo da mandíbula encontram-se os alvéolos para</p><p>implantação dos dentes inferiores. Rostralmente encontram-se os alvéolos para os</p><p>dentes incisivos e caudalmente os alvéolos para os dentes pré-molares e molares. O</p><p>trecho sem alvéolos da borda dorsal denomina-se borda interalveolar. O corpo termina</p><p>caudalmente no ângulo da mandíbula, de contorno arredondado.</p><p>O ramo da mandíbula é a sua parte vertical, dirigida para cima partir do ângulo.</p><p>A extremidade dorsal do ramo está dividida por uma reentrância, a incisura mandibular,</p><p>em dois processos: um cranial, alto e ponteagudo, denominado processo coronóide;</p><p>26</p><p>outro caudal, baixo e abaulado, denominado processo condilar. No processo condilar</p><p>encontra-se uma superfície articular convexa, denominada cabeça da mandíbula,</p><p>destinada à articulação com o osso temporal. A face lateral do ramo é mais ou menos</p><p>plana, apresentando rugosidades causadas pela inserção do músculo masséter. A face</p><p>medial é ligeiramente côncava e nela se encontra um orifício bem desenvolvido, o</p><p>forame mandibular.</p><p>6.4.4 Parede lateral da cavidade craniana</p><p>Nesta parede se encontram os ossos frontal, parietal e temporal. Estes três ossos</p><p>formam o contorno de uma extensa depressão denominada fossa temporal, situada</p><p>logo atrás da órbita óssea. O contorno dorsal da fossa temporal é formado pelos ossos</p><p>frontal e parietal, enquanto o contorno ventral é formada pelo osso temporal.</p><p>O osso temporal compreende três partes: escamosa, timpânica e petrosa.</p><p>A parte escamosa do temporal é a porção deste osso que forma o contorno</p><p>ventral da fossa temporal. Da borda lateral da parte escamosa projeta-se para frente</p><p>uma expansão achatada dorsoventralmente, o processo zigomático do temporal, que</p><p>vai se unir com o processo temporal do zigomático para formar uma barra óssea</p><p>encurvada, o arco zigomático. Na face ventral da raiz do processo zigomático do</p><p>temporal encontra-se uma superfície articular ligeiramente convexa e ovóide,</p><p>denominada tubérculo articular, destinado à articulação com a cabeça da mandíbula</p><p>A parte timpânica do temporal situa-se ventralmente à parte escamosa, logo à</p><p>frente do processo paracondilar do occipital. Nela se localiza a abertura de um canal</p><p>cilíndrico – o meato acústico externo – que se prolonga para dentro na parede do</p><p>crânio. Ventralmente ao meato acústico externo encontra-se uma saliência mais ou</p><p>menos globosa e oca – a bula timpânica. Da borda rostral da bula timpânica se projeta</p><p>uma expansão ponteaguda, dirigida para frente e para baixo, denominada processo</p><p>muscular.</p><p>A parte petrosa do temporal tem a sua maior parte oculta pela parte timpânica.</p><p>Assim, ela deve ser vista em um crânio serrado, onde se pode observar a superfície</p><p>interna da parede craniana. Aí, a parte petrosa aparece como uma massa óssea de</p><p>contorno mais ou menos ovalado e de coloração mais clara, apresentando</p><p>aproximadamente em seu centro um orifício, denominado meato acústico interno.</p><p>Externamente, poucas estruturas da parte petrosa podem ser observadas, destacando-</p><p>se entre elas o processo estilóide e o forame estilomastóideo. O processo estilóide é</p><p>uma pequena projeção cilíndrica, alojada no fundo de uma depressão situada ao lado</p><p>da bula timpânica; nele se prende o aparelho hióide, a ser visto posteriormente. O</p><p>forame estilomastóideo é um orifício situado logo atrás do processo estilóide; ele</p><p>constitui a abertura externa de um canal denominado canal facial.</p><p>6.5 Face ventral do crânio</p><p>A face ventral do crânio apresenta-se claramente dividida em uma porção rostral mais</p><p>lisa e uma porção caudal mais acidentada, com inúmeras saliências, depressões e</p><p>forames.</p><p>A porção rostral da face ventral do crânio é constituída pelo palato ósseo. Este</p><p>se apresenta como uma larga superfície de contorno aproximadamente retangular,</p><p>ligeiramente côncava e limitada, a cada lado, pelos dentes pré-molares e molares</p><p>superiores. A extremidade rostral do palato ósseo é formada pelos ossos incisivos, os</p><p>quais, como já foi mencionado, não apresentam alvéolos dentários. Entre os dois</p><p>27</p><p>incisivos, no plano mediano, situa-se uma pequena fenda, denominada fissura</p><p>interincisiva. Entre cada incisivo e a maxila do mesmo lado encontra-se uma fenda</p><p>maior, denominada fissura palatina. O restante do palato ósseo é formado rostralmente</p><p>pelas maxilas e caudalmente pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos, ambos os</p><p>ossos unidos entre si no plano mediano por uma sutura mais ou menos retilínea. Na</p><p>parte caudal do palato ósseo encontram-se dois orifícios, os forames palatinos maiores.</p><p>Cada um destes forames se continua rostralmente com uma discreta depressão linear,</p><p>o sulco palatino maior.</p><p>A porção caudal da face ventral do crânio, conforme já mencionado, é bastante</p><p>acidentada e dela só serão abordados os acidentes ósseos mais relevantes. Logo atrás</p><p>do palato ósseo encontram-se duas lâminas verticais, mais ou menos paralelas, as</p><p>lâminas perpendiculares dos ossos palatinos. Na face medial de cada lâmina</p><p>perpendicular do palatino está preso um osso alongado, disposto em diagonal,</p><p>denominado osso pterigóide. O espaço entre as lâminas perpendiculares dos palatinos</p><p>constitui a abertura caudal (coanas) da cavidade nasal. Entre cada lâmina perpendicular</p><p>do palatino e a extremidade caudal da maxila do mesmo lado localiza-se uma</p><p>depressão, a fossa pterigopalatina.</p><p>No meio da porção caudal da face ventral do crânio encontra-se o assoalho da</p><p>cavidade craniana. Este assoalho é formado, em sentido caudorrostral, por três ossos:</p><p>parte basilar do occipital, basi-esfenóide e pré-esfenóide. A parte basilar do occipital</p><p>estende-se dos côndilos do occipital até os tubérculos musculares, duas saliências de</p><p>aspecto tuberoso situadas no limite com o osso basi-esfenóide. Lateralmente a cada</p><p>tubérculo muscular e rostralmente à bula timpânica encontra-se, já no osso basi-</p><p>esfenóide, um orifício amplo, de contorno ovóide e por isto mesmo denominado forame</p><p>oval. Lateralmente a cada côndilo do occipital situa-se uma depressão, a fossa condilar,</p><p>na qual se encontram um ou dois orifícios, os canais do nervo hipoglosso.</p><p>O osso basi-esfenóide está unido à parte basilar do occipital exatamente nos</p><p>tubérculos musculares, sendo a união entre os dois ossos feita por cartilagem hialina.</p><p>Rostralmente, o basi-esfenóide está unido, também por cartilagem hialina, ao osso pré-</p><p>esfenóide. Em animais mais velhos, estas uniões cartilaginosas tendem a se ossificar,</p><p>desaparecendo o limite entre os ossos envolvidos. O osso pré-esfenóide, quando visto</p><p>ventralmente, apresenta-se em sua maior parte coberto pelo osso vômer. Este é um</p><p>osso alongado, de paredes finas, que se estende para frente de modo a constituir parte</p><p>do septo nasal, no interior da cavidade nasal.</p><p>6.6 Cavidade craniana</p><p>É a cavidade na qual estão alojados o encéfalo e suas meninges. Seu estudo deve ser</p><p>feito em crânios serrados, tanto no plano mediano como transversalmente. Apresenta,</p><p>para descrição, parede dorsal ou teto, paredes laterais, parede caudal, parede ventral</p><p>ou assoalho e parede rostral. Estas paredes possuem uma superfície interna bastante</p><p>irregular, em decorrência das impressões causadas pelas estruturas encefálicas</p><p>contidas na cavidade.</p><p>A parede dorsal ou teto é formada pelos ossos frontais. Ela apresenta no plano</p><p>mediano uma crista longitudinal, denominada crista sagital interna, mais saliente em</p><p>sua porção rostral.</p><p>Cada parede lateral é formada pelos ossos temporal e parietal e por expansões</p><p>(asas) dos ossos basi-esfenóide e pré-esfenóide. Na parede lateral salienta-se a parte</p><p>petrosa do osso temporal, geralmente de coloração mais clara, na qual se encontra um</p><p>orifício, o meato acústico interno.</p><p>28</p><p>A parede caudal é constituída pelos ossos parietais e occipital. Ventralmente,</p><p>esta parede é interrompida pelo forame magno, ampla abertura destinada à passagem</p><p>da medula espinhal.</p><p>A parede ventral ou assoalho é formada, em sentido caudorrostral, pela parte</p><p>basilar do osso occipital e pelos ossos basi-esfenóide e pré-esfenóide. Nela situam-se,</p><p>também em sentido caudorrostral, os forames oval, orbitorredondo e óptico, já vistos ao</p><p>se estudar a superfície externa do crânio. Na porção mediana do osso basi-esfenóide</p><p>encontra-se uma depressão rasa, a sela túrcica ou fossa hipofisária, destinada a alojar</p><p>a glândula hipófise.</p><p>A parede rostral, que separa a cavidade craniana da cavidade nasal, é formada</p><p>pelo osso etmóide. Nesta parede encontram-se duas depressões de contorno ovóide,</p><p>uma a cada lado, denominadas fossas etmoidais. O fundo de cada fossa etmoidal é</p><p>formado por uma lâmina perfurada por inúmeros orifícios, denominada lâmina</p><p>cribiforme (crivosa) do etmóide.</p>

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