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<p>2010 by Dilermando Miranda da Fonseca e Janaina Azevedo edição: 2010 reimpressão: 2011 Direitos de edição reservados à Editora UFV. PREFÁCIO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, apropriada e estocada, por qualquer forma ou meio, sem autorização do detentor dos seus Com cerca de 170 milhões de hectares ocupados por espécies de plantas forrageiras, direitos de edição. entre introduzidas (100 milhões) e nativas (70 milhões), diversos países, incluindo potências econômicas e tecnológicas como Japão, Inglaterra e Alemanha, caberiam neste imenso "pasto" Impresso no Brasil chamado Brasil. Para efeito de comparação, os EUA, com sua pujante indústria pecuária, possuem, neste início de século, cerca de 25 milhões de hectares sob pastagens cultivadas. Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e É certamente desnecessário ressaltar as magníficas condições climáticas reinantes sobre Classificação da Biblioteca Central da UFV a quase totalidade do território brasileiro e quanto isso se traduz em potencial para produção primária, especificamente a agropecuária. Com efeito, a expansão da atividade nos últimos 30 anos reflete não apenas a competitividade do setor,no contexto mundial, mas também a demanda Plantas forrageiras / Dilermando Miranda da Fonseca, Janaina Azevedo crescente por produção de alimento de alta qualidade e em grande quantidade para uma P713 Martuscello, Editores. MG Ed. UFV, 2010. população que, a despeito de algumas tendências de redução em nações desenvolvidas, ainda não 2010 parou de crescer globalmente. Nas duas últimas décadas têm aumentado as preocupações com a 537p. il. (algumas col.) 26cm. preservação dos ecossistemas naturais e da biodiversidade e com os possíveis efeitos da atividade humana sobre a sustentabilidade da produção de alimento no planeta, incluindo as questões Inclui bibliografia. relacionadas com mudanças climáticas. Estas teriam, em última análise, ambíguo papel de serem, ao mesmo tempo, efeito e causa de si próprias. E o debate persiste, como é efetivamente ISBN: 978-85-7269-370-7 salutar que assim o seja. Não obstante debate, todavia é certamente difícil combater a idéia de que há que se 1. Plantas forrageiras. I. Fonseca, Dilermando Miranda da, 1951- II. produzir alimento, em abundância, de qualidade, e a um custo (econômico, ambiental, Martuscello, Janaina Azevedo, III. Universidade Federal de biológico e social) baixo, cada vez mais baixo. Seria ideal que tal custo fosse "zero", mas, como em tudo que envolve componente biológico, existe o fator risco. Adversidades climáticas, turbulências econômicas e outros imprevistos são constantes fontes de incerteza e risco na CDD 22.ed. atividade agropecuária. E, se há risco, alguém tem de assumi-lo. Esse "alguém" é o pecuarista brasileiro com a sua controvertida, por vezes polêmica, operação pecuária. Capa A empresa pecuária brasileira é quase que exclusivamente baseada no "pasto", como Layout: José Roberto da Silva Lana e Miro Saraiva componente-chave do sistema de produção. Na verdade, esse componente pode ser considerado a Fotolito: Delta Design espinha dorsal do agronegócio da pecuária no Brasil, desde a sua origem como atividade Revisão linguística: Ângelo José Carvalho e Nelson Coeli econômica. Mesmo com as tendências ou esporádicas de valorização de outras "commodities" café, citros, soja e recentemente a as áreas de pastagem ainda Editoração eletrônica: José Roberto da Silva Lana ocupam posição de destaque como "cultura", entendida senão como opção digna de tecnificação, Impressão e acabamento: Divisão de Gráfica Universitária da UFV ao menos uma modalidade genuína de uso da terra. Isso se consolida paralelamente com a ascensão do Brasil como maior exportador mundial de carne, sendo a pecuária de corte brasileira virtualmente 100% dependente do recurso "pasto", reconhecido tecnicamente como poderosa Editora UFV alternativa de redução nos custos de produção. Edifício Francisco São José, s/n Pedidos Os avanços tecnológicos materializados e o aumento da base de conhecimento sobre Universidade Federal de Viçosa Tel. (0xx31) 3899-2234 pastagens e plantas forrageiras no Brasil nos últimos 20 anos podem ser consideradas nada 36570-000 Viçosa, MG, Brasil Tel./Fax (0xx31) 3899-3113 menos do que estupendos. Pesquisa científica de padrão internacional reboca o País a passos Caixa Postal 251 E-mail: editoravendas@ufv.br largos para assumir o que poderá vir a ser a liderança mundial em tecnologia de pastagens Tels. (0xx31) 3899-2220/3139 Livraria Virtual: www.livraria.ufv.br tropicais num futuro muito pouco distante. Espécies forrageiras antes pouco conhecidas e cuja E-mail: editora@ufv.br</p><p>Gênero Brachiaria 31 início da década de 1960. Entre 1968 e 1972 houve intensa importação de sementes da Austrália desse cultivar, estimulada por programas governamentais de incentivo à formação 2 de pastagens. Estabeleceu-se assim um extenso monocultivo nos cerrados brasileiros. A boa adaptação aos solos ácidos e pobres e a fácil multiplicação por sementes, associada à grande vantagem competitiva com invasoras e bom desempenho animal em comparação às pastagens nativas, explicam a rápida expansão desta braquiária nos trópicos. Com o monocultivo de milhões de hectares de B. decumbens, um cultivar rústico e apomítico (o embrião é clonal, ou seja, uma cópia exata da planta-mãe), começaram a aparecer problemas, como a cigarrinha-das-pastagens, que dizimou essas pastagens na Amazônia; a fotossensibilização, especialmente em bezerros desmamados em pasto de capim-braquiária; e extensas áreas de pastagens degradadas, associadas ao manejo indevido Gênero Brachiaria (superpastejo, não realização de adubações de manutenção ou subsolagem). Neste contexto, a liberação da B. brizantha Marandu em 1984 (NUNES et al., 1984), resistente às cigarrinhas, promoveu gradual substituição das áreas de B. decumbens e por sua vez constituiu novo monocultivo a partir de meados.da década de 1980 e que perdura até hoje. Cacilda Borges do Valle Manuel Cláudio Motta Macedo Segundo estudo realizado pela Scot Consultoria, relatado pelo Jornal dos Criadores Valeria Pacheco Batista Euclides (ANÔNIMO, 2004), em 2003 havia 174 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Liana Jank Brasil dos quais cerca de 100 milhões em áreas de cerrados. Os poucos cultivares Rosângela Maria Simeão Resende comerciais disponíveis de braquiária respondem por 85% das sementes de forrageiras comercializadas anualmente no Brasil Central (MACEDO, 2006) e por isso geram grande vulnerabilidade nos mais de 50 milhões de hectares cultivados com eles. Introdução A capacidade de suporte das pastagens nos cerrados foi praticamente triplicada com a introdução da braquiária: se as pastagens nativas eram utilizadas na base de três a quatro hectares por cabeça e as pastagens de capim-gordura ou jaraguá nos cerrados com 0,3 a 0,6 O gênero Brachiaria foi primeiramente descrito por Trinius (1834) como uma subdivisão de Panicum e depois elevado a gênero por Grisebach (1853). A taxonomia do cabeças por hectare, as braquiárias suportam em média 1 a 1,5 cabeça por hectare durante o ano. Fala-se mesmo que a braquiária foi um "divisor de águas" no Brasil Central Pecuário: gênero é até hoje controversa devido a ampla e contínua variação em características pecuária antes e após sua utilização. diferenciadoras utilizadas para delimitar espécies do e mesmo entre gêneros como Urochloa, Eriochloa e Panicum. O pequeno número de cultivares disponíveis e a baixa diversidade genética desses cultivares em uso representam grande risco a esse recurso genético. Dai a grande demanda e Brachiaria inclui cerca de 100 espécies, de origem principalmente tropical e subtropical africana. Sete dessas espécies B arrecta, B. brizantha, B. decumbens, B. urgência em desenvolver e selecionar novos genótipos visando a diversificação das áreas de pastagens nos trópicos. dictyoneura, B. humidicola, B. mutica e B. ruziziensis são muito utilizadas como plantas forrageiras na América Tropical (KELLER-GREIN et al., 1996). Umas poucas espécies Fontes de informações específicas e importantes sobre o gênero Brachiaria estão africanas, como B. plantaginea e provavelmente B. mutica, foram introduzidas durante o publicadas nos anais do 11° Simpósio sobre Manejo da Pastagem (PEIXOTO et al., 1994); período colonial, como cama para os escravos em navios negreiros (PARSONS, 1972; no livro "Brachiaria: biology, agronomy, and improvement" (MILES et al., 1996); no SENDULSKY, 1978) capítulo sobre Brachiaria, em "Recursos genéticos e melhoramento de plantas (PEREIRA et B. decumbens foi introduzida oficialmente no Brasil em 1952, no Instituto de al., 2001); no capítulo Brachiariagrasses, em "Warm-Season (C4) Grasses" (MILES et al., Pesquisa Agropecuária do Norte (IPEAN), em Belém, PA (SERRÃO; SIMÃO NETO, 2004); e no capítulo Breeding of apomictic grasses (VALLE; MILES, 2001), em "The 1971), com o nome de B. brizantha. A partir de 1965, ocorreram novas introduções dessa B. flowering of apomixis: from mechanisms to genetic engineering (CIMMYT; IRD; decumbens, que ficou conhecida como CV. IPEAN, juntamente com as primeiras introduções COMMISSION EUROPEAN). Informações sobre forrageiras tropicais com fotos e de B. brizantha e B. ruziziensis. Houve distribuição e multiplicação de B. decumbens por características agronômicas podem ser consultadas on-line em www.tropicalforages.info. estolões para outros estados brasileiros, uma vez que a produção de sementes na Região Informações mais antigas foram publicadas no "Encontro para discussão sobre capins do gênero Brachiaria" 1986, 1991). Norte era reduzida (PIZARRO et al., 1996). Outro ecótipo de B. decumbens, originário de Uganda, mas levado para a Austrália em 1930 e lá registrado como CV. Basilisk (MACKAY, 1982), foi introduzido pelo Instituto de Pesquisas Internacionais (IRI) em Matão, SP, no</p><p>32 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero 33 Para facilidade de abordagem, os itens origem e caracterização botânica serão coletados na África Ocidental e no sul da África Tropical, especialmente Zaire e Zâmbia. A apresentados a seguir para o conjunto de espécies do gênero seguidos de descrições e excelente base de dados "Tropical Forages" (2005) (www.tropicalforages.info) descreve B. ilustrações específicas de cada cultivar. brizantha como nativa de Botswana, Costa do Marfim, Etiópia, Ghana, Guiné, Quênia, Malawi, Namíbia, Nigéria, Serra Leoa, África do Sul, Tanzânia, Uganda, Zaire, Zâmbia, Zimbábue e todo o Sub-Saara Africano de 25°nS até e de 100 a 2.300 metros Origem, Distribuição e Adaptação acima do nível do mar. Depois de sua introdução em outros países, tornou-se naturalizada em todo o trópico úmido e subúmido. Espécies do gênero Brachiaria ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais de A segunda espécie em abrangência de distribuição é B. humidicola, encontrada na ambos os hemisférios. Já o centro de origem das principais espécies de valor agronômico concentra-se na África Etiópia, Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Zâmbia, Malawi e Swazilândia, mas pouco coletada na Nigéria, Sudão e África do Sul, onde é comum (mapa 4 em KELLER- A adaptação dessas espécies é ampla, abrangendo várzeas inundáveis, margens de GREIN et al., 1996). Ocorre normalmente nos locais mais úmidos ou de drenagem deficiente ou florestas pouco densas e até regiões semidesérticas, mas a ocorrência mais comum é em com inundação sazonal. Segundo o banco de dados Tropical Forages (2005), B. humidicola é vegetação de savana. Keller-Grein et al. (1996) compilaram as distribuições geográfica, nativa desde o sul do Sudão e Etiópia até o norte da África do Sul e Namíbia. Hoje é cultivada nos climática e edáfica apresentadas na Tabela 2.1. Segundo Bogdan (1977), há espécies países de clima tropical úmido da América Latina, ilhas do Pacífico e Sudeste Asiático, bem como reconhecidamente adaptadas a solos de baixa fertilidade e mal drenados. nas regiões costeiras do norte da Austrália. B. decumbens e B. ruziziensis apresentam distribuição muito mais restrita que as Tabela 2.1 Características geográficas, climáticas e edáficas de sítios de coleta de cinco primeiras, tendo sido coletadas no oeste do Quênia, Ruanda e Burundi. Faltam exemplares de espécies mais importantes de Brachiaria Uganda, local de origem do CV. Basilisk, além da Tanzânia e Zaire nas coleções mundiais de Latitude Altitude Precipitação Meses sem Espécie pH do braquiária. Estas espécies ocorrem em campos e margens de matas caducifólias. B. ruziziensis (m) anual (mm) chuva solo é mais exigente de fertilidade e ocorre em áreas de campos e áreas antropisadas. B. brizantha 80-2.310 590-2.770 0-7 4,0-8,0 B. decumbens foi coletada em pradarias do planalto de "Great Lakes", em Uganda. Foi introduzida na Austrália em 1930 e selecionada pela alta produtividade em testes em "South B. decumbens 840-2.290 870-1.900 0-5 4,9-7,0 Johnstone" entre 1956 e 1966. Segundo o "Tropical Forages" (2005) (www.tropicalforages.info), B. dictyoneura 200-2.000 680-1.320 2-8 5,5-7,0 é nativa da África Central e Oriental entre 500 e 2.300 m de altitude. Hoje é cultivada por toda a B. humidicola 560-2.375 600-2.800 2-7 4,0-7,0 América Tropical, Sudeste Asiático e Pacífico. o cultivar Basilisk continua sendo a B. ruziziensis mais utilizada na América do Sul. 590-1.940 890-1.710 3-4 5,0-6,8 Fonte: Adaptado de KELLER-GREIN et al., 1996. B. dictyoneura também está restrita a países do extremo Leste, como Tanzânia e Quênia, porém faltam exemplares do Sudão, Uganda, Tanzânia, Zâmbia e Moçambique nas coleções mundiais de braquiária. Esta espécie está pouco representada nas coleções de germoplasma e mereceria Entre as espécies de maior utilização como forrageiras, B. brizantha é sem dúvida maior atenção dos programas de seleção e melhoramento pelo potencial forrageiro que exibe. mais amplamente distribuída, ocorrendo em campos limpos ou com arbustos e em margem de matas. Segundo Boonman (1993), espécies de Brachiaria são componentes comuns e de Outras duas forrageiras de uso mais restrito e específico, B. mutica B. arrecta, originam- grande valor na vegetação natural do Leste Africano. Porém, pastagens cultivadas são, se do Oeste Africano e são forrageiras de grande aceitabilidade pelos animais e extremamente essencialmente, inexistentes nos sistemas de produção animal da Africa. Fora do continente bem adaptadas a solos alagados e férteis, características essas de grande interesse aos programas africano, no entanto, B. brizantha é a forrageira tropical de maior utilização para produção de melhoramento de forrageiras. Por não haver diversidade genética disponível, não possuem animal em termos de área cultivada (MILES; VALLE, 1996), totalizando, só nos cerrados cultivares desenvolvidos e a baixa produção de sementes limita sua ampla utilização. Estas duas brasileiros, cerca de 40 milhões de hectares (JANK et al., 2005). espécies não serão discutidas neste capítulo devido à menor importância em relação às demais. Há espécimes em herbário e, ou, acessos nas coleções provenientes da Etiópia, Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Zâmbia, Malawi, Swazilândia e norte da África do Sul. Aparece ainda nos países do Golfo da Guiné, como Nigéria onde Classificação Botânica foi amplamente coletada e em Camarões (mapa 1 em KELLER-GREIN et al., 1996) Segundo este citando Renvoize, especialista em Brachiaria do "Royal Botanical Brachiaria, pertence a um grupo de gêneros com limites ainda indefinidos incluindo Garden" em Kew, na Inglaterra, há locais de origem desta espécie que nunca foram Urochloa, Eriochloa e Panicum. As principais características que identificam o</p><p>34 Valle, Macedo, Euclides, Jank Resende Gênero Brachiaria 35 dentro da tribo são as espiguetas ovais a oblongas, arranjadas em racemos Renvoize et al. (1996) realizaram uma revisão taxonômica envolvendo 97 espécies com a gluma inferior adjacente à raque, ou seja, em posição adaxial (ROYAL BOTANICAL distribuídas por todo o táxon e identificaram nove grupos, considerando a associação de GARDENS, não publicado, citado por RENVOIZE et al. 1996) (Figura 2.1). características morfológicas mais significativas. Os autores descreveram cada um dos grupos Gramíneas do Brachiaria realizam fotossíntese do tipo C4 pelo ciclo PEP-CK e as espécies que os subdivididas por continente de origem. As espécies de maior (Fosfoenolpiruvato carboxilase), característica esta particular a um pequeno grupo de gêneros, importância agronômica para o Brasil estão em dois grupos, sendo o primeiro constituído por que incluem Urochola e Panicum 1986). B. decumbens, B. brizantha e B. ruziziensis, espécies próximas e passíveis de cruzamento. B. humidicola situou-se em outro grupo que inclui B. dictyoneura e B. jubata, com A B D características morfológicas semelhantes. Esses autores discutiram ainda os argumentos apresentados por Webster (1987) e Morrone e Zuloaga (1992) para reclassificar Brachiaria como Esses gêneros sempre foram diferenciados pela posição reversa (adaxial) da espigueta em Brachiaria, porém quando estas são pediceladas ou bisseriadas como em algumas espécies de Urochloa, não é tão fácil reconhecer este Assim, Webster (1987) considerou a espécie-tipo, B. eruciformis, e usou a desarticulação do flósculo superior acima das glumas, separando-o do restante da espigueta, como o argumento para colocar todas as outras espécies de Brachiaria que desarticulam abaixo da gluma inferior, como B. brizantha B. decumbens Urochloa. Além disso, considerou a presença de mucro (protuberância) na espigueta superior, que ocorre na espécie-tipo de Urochloa e em algumas poucas espécies de menor relevância de Brachiaria, como argumento para reunir estes Morrone e Zuloaga (1992) seguiram B. ruziziensis a orientação de Webster e passaram todas as espécies sul-americanas de Brachiaria a B. humidicola Urochloa, mesmo quando as espécies de maior expressão não exibem o mucro. F Recentemente, Torres-Gonzalez e Morton (2005) realizaram um estudo filogenético com base em polimorfismo de sequências básicas de nucleotídeos na região espaçadora interna transcrita de RNA nuclear ribossomal, mas não lograram separar Brachiaria de Urochloa. A análise cladística sugeriu que esses dois gêneros formam um complexo parafilético com Eriochloa e Melinis e concluíram que espécies de todos esses gêneros pertencem aos mesmos grupos monofiléticos. Morrone e Zuloaga (1992) consideraram a importância comercial de P. maximum e a necessidade de mais evidências, para não reclassificá-lo, mas não usaram o mesmo B. humidicola argumento para Brachiaria de volume e área de pastagem bem mais expressiva e B. dictyoneura transferiram a maioria das espécies para Em resumo, todos esses relatos sugerem a necessidade de novos estudos sistemáticos a fim de elucidar a relação e os limites entre esses gêneros, já que a taxonomia atual não oferece uma solução satisfatória para o problema de identidade genérica e das espécies componentes. Veldkamp (1996), S. Renvoize (comunicação pessoal, 2006) e J. Valls (comunicação pessoal, 2006) sugerem que o uso corrente do nome genérico Brachiaria seja conservado, pois as evidências até aqui apresentadas para transferir algumas espécies de Figura 2.1 Inflorescências das espécies forrageiras de Brachiaria: A) B. brizantha Brachiaria para outros gêneros não são conclusivas. Devido ao interesse da comunidade com espiguetas unisseriadas; B) B. decumbens com espiguetas bisseriadas: C) B. diretamente envolvida com forrageiras às implicações sobre toda uma legislação de sementes humidicola com espiguetas alternas; D) B. ruziziensis com espiguetas bisseriadas a ser afetada por tais mudanças, há consenso em aguardar mais dados, quem sabe até com e densamente pilosas; E) racemos de B. humidicola CV. Tupi (esquerda) com auxílio da biotecnologia e citogenética, antes de precipitadamente transferir espécies ou criar pelos longos e claros e CV. Comum (direita) glabra; e F) B. dictyoneura novos gêneros com espiguetas bisseriadas em racemos curtos e numerosos.</p><p>36 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 37 Cultivares de Brachiaria de Maior Importância Econômica são equidistantes, sésseis, secundifloros, retos e firmes, passando a encurvados por ocasião da maturação e queda das espiguetas, de 7 a 10 cm de comprimento, chegando a 20 cm em B. brizantha CV. Marandu plantas muito vigorosas. Raque dos ramos estreita, em torno de 1 mm de largura, côncava, verde, passando a estramínea (amarelada) na maturidade, papiloso-ciliada nas margens. Espiguetas oblongas a elíptico-oblongas, obtusas ou subagudas, túrgidas, com 5 a 5,5 mm de Origem comprimento por 2 a 2,5 mm de largura, esparsamente pilosas no ápice. Primeira gluma envolvendo a base da espigueta e alcançando quase a metade do seu comprimento, 13-nervada, capim-marandu (IRI BRA000591 (registro no SCPA Sistema Cooperativo de glabra, em geral com as extremidades das nervuras anastomosadas. Segunda gluma um pouco Pesquisa Agropecuária); CIAT 6294: CPI 81408; ILCA 16550), também conhecido como mais curta que o lema estéril, esparsamente pilosa no terço apical, 7-nervada, arroxeada junto braquiarão ou brizantão, descende diretamente de acesso introduzido em 1967 na região de ao Flósculo basal com flor masculina, com três anteras alaranjadas bem desenvolvidas. Ibirarema no Estado de São Paulo, proveniente da Estação Experimental de Pastagens em Flósculo apical com flor hermafrodita, elíptico-oblongo, verde pálido passando a Marandellas, hoje Marondera, da antiga Rodésia, hoje (NUNES et 1984). Em Anteras alaranjadas e estigmas roxos. Cariopse elíptico-oblonga, comprimida dorsiventralmente, 1976, esse acesso passou a integrar a coleção de forrageiras do Instituto de Pesquisas IRI em com embrião ocupando dois terços de seu comprimento. o florescimento é intenso e concentrado Matão, SP, que em 1978 o repassou ao Centro de Pesquisas Agropecuárias dos Cerrado no final do verão (fevereiro-março). Embrapa Cerrados em Planaltina, DF, e ao Centro Nacional de Pesquisas de Gado de Corte Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS. Nestes centros recebeu respectivamente Características diferenciadoras: plantas robustas com tendência ao intenso os registros CPAC 3099 e G-127/78. Nesta mesma época foi enviada ainda ao Centro de perfilhamento nos nós superiores dos colmos presença de pelos na porção apical Pesquisas do Tropico Úmido Embrapa Amazônia Oriental (CPATU 20) e ao Centro dos entrenós, bainhas pilosas e lâminas largas e longas com pubescência apenas na face Internacional de Agricultura Tropical sob o código BRA000591. Esse acesso foi novamente ventral, glabras na face dorsal e com margens não cortantes; raque sem pigmentação introduzido em coleções com números distintos (CPAC 3132 e CNPGC 142/80) e no CIAT, sob arroxeada e espiguetas ciliadas no ápice (VALLS, M.; SENDULSKI, documento três registros: CIAT 6294 IRI 822, CIAT 6297 = G 127/78 e 6378 = CPATU 78071 (J. para lançamento, 1983). M.Valls documento preparado para o lançamento do CV. Marandu, 1983). o cultivar foi lançado no Brasil em 1984 pela Embrapa Gado de Corte e Embrapa Cerrados e, segundo Macedo (2006), responde por cerca de 80% das pastagens em alguns estados da região Norte. como Acre, Rondônia e Pará, e por cerca de 50% das pastagens cultivadas no Brasil. Caracterização morfológica Planta cespitosa, muito robusta, de 1,5 a 2,5 m de altura, com colmos iniciais prostrados, mas produzindo perfilhos que surgem cada vez mais eretos ao longo do crescimento da touceira (Figura 2.2). Rizomas muito curtos e encurvados, cobertos por catáfilos. Colmos eretos, frequentemente com perfilhamento nos nós superiores. Nós salientes, de con verde-amarelada, glabrescentes. Bainhas pilosas, densamente pilosas na base e com nas margens, geralmente mais longas que os entrenós, escondendo os nós. Lígulas inicialmente membranosas e ciliadas da metade para Lâminas linear-lanceoladas, com ápice agudo, arredondadas e carenadas na até 2 cm de largura e 50 cm de comprimento, esparsamente pubescentes na face ventral e glabras na face dorsal, com margens levemente engrossadas e pouco ásperas, numerosas nervuras finas bem definidas e nervura central muito evidente. Inflorescência com até 40 cm de comprimento, com 4 a 6 racemos (ramos), mas apenas um ou dois racemos nas inflorescências surgidas de perfilhos emergentes dos nós superiores dos colmos floríferos. Eixo da inflorescência pubescente, com pelos mais longos abaixo dos pontos de inserção dos racemos. Ao longo do eixo os racemos Figura 2.2 B. brizantha CV. Marandu em franco florescimento e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e deglumadas.</p><p>B. brizantha CV. La Libertad Origem o cultivar La Libertad (CIAT 26646, MG-4) é derivado de um ecótipo de origem desconhecida da África Tropical e foi introduzido na Colômbia em 1955, procedente de Trinidad pelo então Instituto Colombiano Agropecuário (ICA), hoje CORPOICA (CUESTA MUÑOZ; PÉREZ BONNA, 1987). Já em 1966, este acesso foi selecionado por sua adaptação e boa produtividade em dois centros experimentais ICA Palmira e ICA La Libertad. Nesta mesma época, B. brizantha e B. decumbens se destacaram pela adaptação, precocidade, cobertura do solo, produção de forragem e resistência à seca em ensaios conduzidos na Estação Experimental Llano Grande; a partir de 1970 foram intensificadas as avaliações em diferentes localidades dos Piedmontes Llanero e Amazônico, visando ao lançamento do CV. La Libertad, que ocorreu em 1987 na Colômbia. Não houve grande expansão na época devido à falta de promoção e à baixa produção de sementes. Esse capim ganhou maior espaço quando começou a ser multiplicado no Brasil e liberado com o nome de MG-4, conquistando um sucesso moderado na década de 1990. Caracterização morfológica Figura 2.3 B. brizantha CV. La libertad e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e Gramínea cespitosa de touceira vigorosa, com altura entre 0,8 e 1,5 m e rizomas deglumadas. horizontais curtos, duros e curvos, cobertos por escamas glabras, de amarelada ou roxa (Figura 2.3). Colmos vigorosos, eretos ou semieretos, com escassa ramificação e de verde-intensa. Nós proeminentes, glabros, de verde ou amarelo-clara e pouco radicantes. B. brizantha CV. Xaraés A bainha das folhas é glabra, mais curta que os entrenós, de verde-intensa e arroxeada na base. A lígula apresenta um bordo ciliado de con branca, com aproximadamente 2 mm de comprimento. Folhas linear-lanceoladas, arredondadas na base e em forma de quilha na Origem extremidade superior, de 16 a 40 cm de comprimento e 10 a 20 mm de largura, de con verde o capim-xaraés (CIAT 26110, BRA004308) deriva de acesso coletado na região de intensa a clara, glabras com margens denteadas, mais ásperas de um lado do que do outro. Cibitoke, no Burundi, entre 1984 e 1985. o acesso original foi importado pelo CIAT Nervuras numerosas e finas, sendo a nervura central de con clara. Entrenós planos, de cor na Colômbia, entre 1985 e 1986, junto com uma grande coleção de ecótipos, na forma de verde-intensa e roxos no ápice. A inflorescência é uma panícula racemosa de 10 a 20 cm de plântulas por cultivo de meristemas, com vistas a evitar a entrada de patógenos africanos. comprimento, com dois a oito racemos unilaterais, retos. em forma de racemo. Ramos laterais No Brasil, o acesso foi recebido novamente como plântulas em tubos de ensaio, juntamente de 3 a 10 cm de comprimento. Raque estriada, de roxa e verde, com cílios laterais de 2 a com uma grande coleção de genótipos, conforme acordo firmado entre Embrapa e CIAT. A 4 mm de comprimento. Espiguetas oblongas a elíptico-oblongas com aproximadamente 6 mm quarentena foi realizada na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN) de comprimento e 2 a 2,5 mm de largura, de con roxa no ápice e pilosidade branca no ápice (CUESTA MUÑOZ; PÉREZ BONNA, 1987). o florescimento ocorre no verão (fevereiro a onde recebeu o código BRA 004308 e códigos de campo B178 (Embrapa Gado de Corte) e CPAC 3555 (Embrapa Cerrados). Introduzido pela Embrapa em chegou a Embrapa março). Algumas características desse cultivar o diferenciam do CV. Marandu, como a ausência Gado de Corte em 1987 e foi avaliado pelos pesquisadores de forragicultura e pastagem em de pelos na porção apical dos entrenós, as bainhas glabras com margens denticuladas e a Campo Grande e da Embrapa Cerrados por mais de dez anos. Foi registrado no Serviço raque estriada de con arroxeada e verde. Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento e lançado comercialmente em 2003 com o nome de origem tupi-guarani Xaraés, em homenagem ao conjunto formado por ecossistemas pantaneiros do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e aos povos que o habitavam (VALLE et al., 2004a). No Brasil, há dois outros registros de cultivares semelhantes, feitos por firmas</p><p>40 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiario 41 particulares, sob nomes de MG-5 Vitória e Toledo. mas a Embrapa garante a identidade e ILCA-13372). o acesso foi recebido juntamente com uma grande coleção de genótipos, importada origem e mantém sementes genéticas apenas da Xaraés do CIAT (Cáli, Colômbia) sob o número CIAT 16125. conforme acordo firmado com a A quarentena foi realizada na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde recebeu o código BRA002844 (registro no SCPA) e códigos de campo GC930/87-B112 (Embrapa Gado Caracterização morfológica de Corte) e CPAC 3341 (Embrapa Cerrados). Este ecótipo vem sendo avaliado nestes dois o capim-xaraés é uma planta cespitosa, podendo enraizar nos nós basais; altura centros desde 1988, em rede nacional de ensaios, e sob pastejo em dois locais distintos desde média de 1,5 m; colmos verdes de 6 mm de diâmetro, pouco ramificados; brácteas arroxeadas 2001. A liberação deste cultivar ocorreu em 2007. na brotação basal. Bainhas com pelos claros, rijos, ralos, densos apenas nas bordas: lâmina com até 64 cm de comprimento e 3 cm de largura, com pilosidade curta na face superior, Caracterização morfológica bordos hialinos ou arroxeados, ásperos (cortantes). Inflorescência racemosa, com 40 a 50 cm de comprimento e eixo de 14 cm de comprimento, com sete ramos (racemos) quase é uma planta cespitosa, com altura de 0,85 a 1.1 m e colmos verdes de 4 horizontais, com pelos junto às ramificações; ramo basal de 12 cm de comprimento. mm de diâmetro, ramificados. Bainhas com pelos claros, pouco densos; articulação clara; lâmina Espiguetas unisseriadas e arroxeadas no ápice, em número médio de 44, com pelos longos, com até 45 cm de comprimento e 1,8 cm de largura, áspera na face superior, sem pelos, bordas claros e translúcidos na parte apical (Figura 2.4). o florescimento é ocorrendo em hialinas muito ásperas (cortantes). Inflorescência com eixo de 19 cm de comprimento, com 12 meados do outono (maio) ramos (racemos) quase horizontais, com pelos longos claros; ramo basal de 12 cm de comprimento. Espiguetas em número médio de 48 no racemo basal, sem pelos, arroxeadas no ápice (Figura 2.5). florescimento é precoce e ocorre no início do verão (janeiro-fevereiro). Figura 2.4 - B. brizantha CV Xaraés: inflorescências, área de pastagem e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e B. brizantha CV. Piata Origem deriva de uma planta coletada na região de Welega na Etiópia em Figura 2.5 B. brizantha CV. em franco florescimento e detalhe das espiguetas e cariopses colaboração com o International Livestock Center for Africa ILCA (número de registro no com glumas e deglumadas.</p><p>Gênero Brachiario 43 42 Valle, Euclides, Jank e Resende B. decumbens CV. Basilisk textura e coloração ao lema, plana, engrossada nos bordos, com margens brilhosas, curvadas e convexas. Cariopses ovaladas e pálidas, 3 mm de comprimento e 1,7 mm de largura, pálidas (SENDULSKI, 1978) (Figura 2.6). o florescimento ocorre em dias longos de verão (janeiro- Origem fevereiro) com maturação e colheita no cacho a partir de fevereiro-março. o cultivar Basilisk é provavelmente a gramínea mais conhecida e cultivada em toda a região tropical. É derivado de sementes levadas de Uganda para a onde recebeu o registro CPI 1694 em 1930 (KELLER-GREIN et 1996). Inicialmente foi propagado por mudas na Autrália até que se determinou que a dormência das sementes podia ser quebrada por escarificação com ácido sulfúrico (GROF, 1968). A partir de então iniciaram-se os cultivos comerciais e o cultivar teve grande expansão, inclusive no Brasil no final da década de 1960. Foi aprovado para liberação na Austrália em 1966 e registrado em 1973 (ORAM, 1990: STÜR et al., 1996). Recebeu registros em várias CIAT 606; ILCA 10871: BRA001058: GC 141/79. A primeira introdução oficial dessa forrageira no Brasil foi no início da década de em SP. conforme relatado no início deste A grande expansão ocorreu entre 1968 e 1975 com a abertura dos cerrados subsidiada por programas governamentais de formação de pastagens como o PROPASTO e o CONDEPE. Caracterização morfológica o cultivar Basilisk é uma planta altura de 0,3 a 1 m: colmos geniculados, ramificados, radicantes nos nós. Rizomas pequenos e duros. Colmos glabros a hirsutos. Nós glabros e escuros. Entrenós inferiores geralmente muito curtos (1 a 2 cm), angulosos, tornando-se mais compridos em direção ao ápice da planta. Bainhas estriadas. densamente papiloso-pilosas entre as nervuras, mais longas que os margem superior papiloso- ciliada inferior lígula de bordo densamente ciliado, com 1 mm de comprimento: lâmina linear lanceolada, de base arredondada e ponta acuminada. com 10 a 25 cm de 1,5 cm de largura papiloso-pilosa nas duas faces. Inflorescência em panícula racemosa com eixo de 4 a 20 cm de comprimento com dois a cinco racemos eretos Figura 2.6 B. decumbens Basilisk em florescimento e detalhe das espiguetas e cariopses e solitários. Raque principal estriada. finamente denticulada nos ângulos, com pelos longos com glumas e deglumadas. dispersos, mais densos perto dos ramos: eixo principal geralmente terminando em ponta estéril além da inserção do último ramo. Racemos com 2 a 12 cm de comprimento, densamente pilosos na base. raque de 2 mm. plana, papiloso-ciliada nas margens, hirsuta na B. humidicola CV. Tully Comum face ventral ao longo da inserção das espiguetas e glabra na face dorsal. Espiguetas bisseriadas. túrgidas de 4 a 5 mm de comprimento e 2 mm Origem de largura e esparsamente pilosas no Primeira gluma envolvendo a base da espigueta, ovalada, aguda, alcançando mais de um terço do comprimento da espigueta. 9-11-nervada. A seleção deste cultivar registrada sob número CPI 16707 foi feita a partir do Segunda gluma ovalada, pouco mais curta do que o lema inferior, 7-nervada. glabra a germoplasma introduzido na Austrália em 1952 (ORAM 1990) proveniente da Estação esparsamente pilosa no ápice. Flósculo inferior masculino com anteras bem desenvolvidas. Experimental Rietondale. em África do Foi inicialmente avaliado em solos Flósculo superior hermafrodita com 4 mm de comprimento e 2 mm de largura. plano-convexo. bem drenados e não ofereceu vantagem sobre B. decumbens Basilisk. Este acesso foi Lema ovalado, acuminado. amarelado e finamente estriado. Pálea semelhante em depois enviado a Fiji e Papua Nova Guiné e acabou sendo reintroduzido na região chamada</p><p>44 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 45 Tully, no norte de Queensland, Austrália, em Foi lançado comercialmente na Austrália em 1980 como CV Tully e ficou também conhecido como Coronivia ou Koronivia. acesso foi intercambiado entre diversas instituições de pesquisa no mundo tropical e recebeu registros em várias instituições: CIAT 679 e 6705; BRA002208. Na Colômbia foi introduzido em 1973 e avaliado em diferentes ecossistemas (PEREZ; LASCANO, 1992). No Brasil é conhecido apenas como B. humidicola comum e tem grande utilização nos solos mal drenados e em várzeas. Substituiu a B. decumbens em grandes áreas na Amazônia. que desapareceu em consequência de severos ataques por cigarrinhas-das-pastagens na década de 1980. Caracterização morfológica A B. humidicola comum é uma planta perene, com estolões longos, duros, roxos, fortemente radicantes nos nós e ramificando em novas plantas; rizomas de dois tipos: curtos, Figura 2.7 B. humidicola CV. Tully ou Comum e detalhe das espiguetas e cariopses com firmes e com catáfilos glabros e coriáceos, e longos, finos e com nós originando novas plantas. glumas e deglumadas. Colmos decumbentes, radicantes nos nós, basais e logo erguidos até 1 m de altura, com nós escuros e glabros; entrenós de 8 a 10 cm de comprimento, glabros, verde-claros, cilíndricos e ocos; bainhas de 5 a 9 cm de comprimento, estriadas, mais curtas que os entrenós e glabras; B. humidicola CV. Llanero lígula densamente ciliada, com 0,5 mm de comprimento; lâminas lineares, com ápice acuminado, 10 a 30 cm de comprimento e 0,5 a 1,0 cm de largura, margens claras, grossas, Origem às vezes com pelos denticulados; lâminas dos estolões lanceoladas, de 2 a 12 cm de comprimento e 0,8 a 1,2 de largura; inflorescência terminal. racemosa, de 8 a 10 cm de comprimento; eixo o cultivar Llanero deriva de sementes originalmente coletadas de um ecótipo na Zâmbia estriado, glabro, finamente pubescente na base dos ramos; base do último ramo coberta com em 1971, levado à Austrália e registrado como CPI 59610 (KELLER-GREIN et al., 1996). Foi bráctea curta, grossa, de 1 mm de comprimento, acuminada; um a quatro ramos solitários, de 3 introduzida na Colômbia pelo CIAT em recebeu o registro CIAT 6133 e, após múltiplas e a 5 cm de comprimento; raque com menos de 1 mm de largura, finamente denticulada e glabra; extensas avaliações em ensaios regionais, foi liberada como B. dictyoneura CV. Llanero pelo espiguetas oblongo-elípticas, de 5 mm de comprimento e 2 mm de largura, bisseriadas e alternas Instituto Colombiano Agropecuário (hoje CORPOICA) em 1987 (INSTITUTO COLOMBIANO na raque, verde-pálidas com manchas arroxeadas; gluma inferior do comprimento da espigueta, AGROPECUÁRIO ICA, 1987). Este ecótipo foi reclassificado como B. humidicola oblonga, adaxial, glabra, 9-11-nervada, ápice obtuso; gluma superior do comprimento da espigueta, (RENVOIZE et al., 1996). No Brasil recebeu o registro BRA001449. ovada, menos larga que a gluma inferior, 7-9-nervada, membranácea. Flósculo inferior masculino, com anteras bem desenvolvidas, lema ovoide, semelhante à gluma superior, pálea hialina, do comprimento da lema e bordos rijos. Flósculo superior hermafrodita, com 3,5 mm de comprimento Caracterização morfológica e 2 mm de largura, plano-convexo, rugoso. Lema crustáceo, ovalado, acuminado, esbranquiçado, Planta perene, estolonífera, de 0,40 a 0,90 cm de altura; estolões longos, duros, de finamente rugoso. Pálea semelhante em textura e coloração ao lema, de dorso plano, arroxeada, com bainhas das folhas nos estolões mais curtas que os entrenós e pilosidade proeminentemente engrossada nas bordas, com bordos involutos, lustrosos, lisos. curvados e curta, de cor branca, tanto nas bainhas como nos nós dos lâminas nos estolões convexos. Cariopses ovoides, 2/3 do comprimento da espigueta, 2 mm de comprimento e 1,5 lanceoladas, de 4 a 6 cm de comprimento e 0,8 de largura. Lâminas nos colmos eretos mm de largura, pálidas (Figura 2.7) (SENDULSKI, 1978; MORRONE; 1992; linear-lanceoladas, eretas, glabras, de cor arroxeada e um dos bordos denticulado, de 20 a PEREZ; LASCANO, 1992). florescimento é concentrado e ocorre no início do verão 40 cm de comprimento e 8 mm de largura. Nervuras numerosas e finas, com nervura (dezembro-janeiro). central proeminente. Colmos e bainhas das folhas de con verde com manchas arroxeadas. Colmos florais eretos e lisos; a inflorescência é uma panícula racemosa com três a quatro racemos de 4 a 6 cm de comprimento, com 10 a 22 espiguetas alternadas sobre uma raque de cor roxa e verde, ciliada e em forma de zigue-zague. Espiguetas oblongo-elípticas, de cor roxo- escura ou verde-opaca, de 6 a 7 mm de comprimento e 2,5 mm de largura. Gluma inferior com nervuras longitudinais paralelas e gluma superior membranosa e de verde-clara, com</p><p>46 Valle, Macedo, Jank e Resende Gênero 47 intensa pilosidade, orientada ao ápice (Figura 2.8) (INSTITUTO COLOMBIANO AGROPECUÁRIO. 1987). florescimento ocorre no início do verão (dezembro-janeiro). média de 21 cm, chegando a 100 cm em população densa; estolões geniculados, e subcilíndricos (levemente achatados), com 1 a 2 mm de diâmetro e com nós castanhos ou arroxeados ou esverdeados e entrenós de 4 a 15 cm. colmos ascendentes verdes, com 2 mm de diâmetro, pouco ramificados; bainha com bordos denso-pilosos; lígula densamente pilosa, com pelos claros translúcidos com 0,7 mm de comprimento; lâminas lanceoladas com 14 cm (4 a 16 cm) de comprimento e 1,0 cm de largura (média), ou lineares (as verticais) com até 40 cm de comprimento e 0,5 a 0,8 cm largura, com ápice agudo enrijecido, glabras em ambas as faces, com fina rugosidade nas nervuras na face dorsal, bordas hialinas ou arroxeadas. geralmente serrilhadas (ásperas do ápice para a base). Inflorescência com eixo de 7 a 16 cm de comprimento, 0,3 a 0,5 mm de diâmetro e secção trianguloso-acanalada com pelos muito curtos, claros, com 3 ou 4 racemos, geralmente em posição unilateral, em ângulo decrescente em direção ao ápice, de a em relação ao eixo; o racemo apical quase no segmento apical semiarqueado; e racemo basal de 5 a 7 cm de Espiguetas em duas fileiras alternadas unilaterais, em número médio de 17 (11 a 27) no racemo basal, elípticas, com 5 cm de comprimento e 1,8 a 2,0 mm de diâmetro maior, de con arroxeado- púrpura (imatura) no 1/3 a 2/3 apical, com tufo de pelos de 3 a 5 mm de comprimento, hialinos (claros translúcidos), com base subtuberculada, ao redor da base da espigueta e atingindo 3/4 desta, saindo do pedicelo e da raque; gluma-I glabra, gluma-II e lema-I com densos pelos hialinos na faixa marginal. Anteras amarelado-esbranquicadas em ambos os Figura 2.8 B. humidicola Llanero e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e flósculos, estigmas arroxeados. A pilosidade das espiguetas, macia ao tato. e a coloração amarelada das anteras a distinguem facilmente da B. humidicola comum (Figura 2.9). Florescimento intenso e concentrado no início do verão B. humidicola CV. Tupi Origem o capim-tupi é derivado de plantas coletadas na região de Makamba. no Burundi. pelo CIAT, em colaboração com o International Livestock Center for África ILCA (número de registro no ILCA-13079). A forrageira original foi recebida juntamente com uma grande coleção de genótipos, importada do CIAT (Cáli, Colômbia) sob o número CIAT 26149, conforme acordo firmado com a A quarentena foi realizada na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde recebeu o código BRA005118 (registro no SCPA) e códigos de campo GC 824/87 H16 (Embrapa Gado de Corte) e CPAC 3341 (Embrapa Cerrados). Este ecótipo vem sendo avaliado nestes dois centros desde em rede nacional de ensaios, e, sob pastejo, em dois locais distintos desde 2004. Caracterização morfológica O cultivar Tupi é tetraploide cromossomos) em contraste com a B. humidicola comum, que é hexaploide modo de reprodução é por apomixia, Figura 2.9 B. CV. Tupi em franco florescimento e detalhe das espiguetas e cariopses com apenas 13% de sexualidade. o capim-tupi é uma planta perene, estolonífera, com altura com glumas e deglumadas.</p><p>48 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero 49 B. ruziziensis Kennedy rugoso, lema finamente estriado, convexo. pálea semelhante ao lema em textura e cor. bordos involutos, lisos e lustrosos. Cariopses de contorno oblongo, 3,5 mm de comprimento Origem e 1,6 mm de largura, embrião com 3/4 do tamanho da cariopse (SENDULSKI, MORRONE: ZULOAGA, 1992). Florescimento sincronizado e concentrado no final do Essa forrageira é amplamente cultivada nos países A espécie é indígena do verão (Figura 2.10). vale Ruzi, no Zaire e Burundi, e ficou conhecida como ruziziensis, capim-congo ou capim-ruzi e, em inglês, "Congo signalgrass" e "Kennedy ruzigrass" (MAASS, 1996). Sementes obtidas do "Institut national pour l'étude agronomique du Congo Belge" (INEAC), em Rubona, foram multiplicadas na Estação Experimental Kitale, no Quênia, no início da década de 1960 1969; 1993) e depois distribuídas a vários locais na África Continental e Madagascar. Essa forrageira, oriunda da estação agronômica de Lac Alastra em Madagascar, recebeu em 1961 na Austrália o registro CPI onde foi liberada em 1966 como "ruzigrass" comum 1969) e ficou conhecida como CV. Kennedy RIVEROS, 1990), apesar de esse nome não constar no documento de liberação (KELLER-GREIN et al., 1996). No Brasil, recebeu registro BRA000281 e na Colômbia Caracterização morfológica B. ruziziensis é uma planta perene, de 1 m de altura. com rizomas curtos. robustos e globosos. Colmos geniculados, decumbentes. radicantes nos nós inferiores. Nós comprimidos. de escura e glabros. Entrenós de 7 a 13 cm de comprimento, glabros a pilosos na porção apical. Lígula densamente ciliada. de 1 mm de altura. Bainha mais longa que os nós. estriada. densamente papiloso-pubescente. Lâmina linear-lanceolada. de 10 a 30 cm de comprimento e 10 a 15 mm de largura, esparsamente pilosa a densamente pubescente em ambas as faces de Figura 2.10 B. ruziziensis CV. Kennedy em florescimento e detalhe das espiguetas e cariopses base subereta e ápice largamente atenuado, bordas cartilaginosas. suavemente onduladas. com glumas e deglumadas. numerosas nervuras e nervura central evidente. Inflorescência em panícula com racemos bilaterais, terminais, de 15 a 25 cm de comprimento com três a sete (podendo chegar a nove) ramificações primárias, ascendentes. arqueadas, alternas distantes entre terminando em uma Caracterização Citogenética e Modo de Reprodução espigueta rudimentar. Eixo da inflorescência anguloso (triquetrous), densamente piloso entre os ângulos e perto da inserção dos ramos. Os ramos são de 4 a 10 cm de comprimento com o número básico de cromossomos para o gênero foi estabelecido por Darlington raque alada. de 5 mm de largura, envolvendo a base da espigueta, glabra, ocasionalmente com e Wylie (1955) como = 7 ou 9. Apesar da predominância de plantas tetraploides, foi pelos no dorso e densamente papilosa-ciliada nas margens; pelos longos de até 2 mm. brancos observada grande variação no nível de ploidia (penta, hexa e heptaploides) entre espécies e lustrosos. Espiguetas bisseriadas ao longo da raque, oblongas, de ápice agudo e base e entre acessos da mesma espécie 1996: MENDES-BONATO et 2002) Um novo número básico de cromossomos para o gênero foi recentemente atenuada, túrgidas, de 5 mm de comprimento e 2 mm de largura, com longos pelos brancos no descrito, - 6 (RISSO-PASCOTTO et al., o qual foi observado em cinco acessos ápice e nas Gluma inferior adaxial. subaguda, metade do tamanho da espigueta, de B. dictyoneura cromossomos) e três de B. humidicola (2n 7x = 42 glabra, 11-nervada. reticulada. Gluma superior membranácea. ovalada. ápice agudo, pilosa no cromossomos (BOLDRINI et 2006; ADAMOWSKI et al., 2007). A poliploidia acarreta ápice e nas laterais, 7-nervada. Segmento de ráquila alongado entre a gluma inferior e superior. alguns problemas comuns na divisão meiótica, como a ocorrência de cromossomos Flósculo inferior masculino. lema semelhante à gluma superior em forma. tamanho e textura. assincronia nas divisões intermediárias e formação de micronúcleos e de pálea hialina. elíptica, do tamanho do lema. Flósculo superior hermafrodita. oblongo, plano- políades em vez de tétrades ao final da divisão. Essas irregularidades podem afetar, em 3,6 a 4 mm de comprimento e 1,6 a 1,9 mm de largura, endurecido, finamente maior ou menor intensidade. a viabilidade polínica e a capacidade de formação de</p><p>50 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 51 sementes. Daí a grande importância dos estudos de citogenética neste gênero com vistas a identificar potenciais genitores e antecipar problemas nos híbridos. anormais ou não identificáveis completam a classificação dos ovários estudados. Na Tabela 2.2 é apresentada a análise citogenética e do modo de reprodução dos cultivares Associado à poliploidia, em Brachiaria, observa-se a prevalência da reprodução de braquiária discutidas neste capítulo. assexuada por apomixia formação da semente sem que ocorra a fusão de gameta masculino e feminino na constituição do A sequência de eventos na formação do saco embrionário de uma planta megagametogênese determinará o modo de reprodução e. Tabela 2.2 Níveis de ploidia e modo de reprodução dos cultivares de Brachiaria consequentemente, a natureza da progênie resultante. Na parte masculina. a Modo de reprodução microsporogênese determinará a fertilidade do pólen e, assim, sua contribuição na Ploidia Espécie Cultivar % de % de SE constituição genética da progênie. (x = 9) Classificação meióticos apospóricos A megagametogênese em Brachiaria pode ocorrer de duas maneiras. A primeira é por via sexual, em que uma meiose regular da célula-mãe da megáspora (CMM) resulta Marandu 4x 9 82 numa tétrade de células reduzidas. Apenas uma destas, na região micropilar do sofre La Libertad 4x 3 97 três resultando num saco embrionário meiótico do tipo Polygonum. Os núcleos se apomítica B. brizantha diferenciam em uma célula-ovo; duas células sinérgidas, de vida dois núcleos Xaraés 5x 52 apomítica polares e três células antípodas. A célula-ovo, uma vez fecundada. se transforma em 4x 11 78 apomítica embrião, e os núcleos polares, fecundados, formarão o endosperma da semente. A segunda é por via assexual, na qual o saco embrionário apospórico se desenvolve a partir de uma célula B. decumbens Basilisk 4x 22 71 apomítica somática (2n) no nucelo (tecido que circunda a CMM) por duas mitoses sucessivas e após a degeneração das quatro células reduzidas da meiose. Os quatro núcleos resultantes se Tully 6x 24 53 apomítica diferenciam em uma célula-ovo, duas sinérgidas e um núcleo polar. Apenas o núcleo polar é B. humidicola Llanero 6x 44 50 apomítica fecundado e a célula-ovo, não reduzida, dará origem ao embrião por partenogênese. Mais de Tupi 4x 13 74 uma célula somática pode iniciar desenvolvimento e resultar em sacos múltiplos dentro do apomítica ovário. B. ruziziensis Kennedy 2x 100 0 sexual Além do exame microscópico dos ovários, é possível inferir sobre o modo de = sacos embrionários; apomíticos pois SE meióticos 0. reprodução pelo teste de progênies. Sementes distribuídas em linhas exibindo homogeneidade fenotípica indicam a presença de apomixia, enquanto a sexualidade produz fenótipos segregantes. Valle e Savidan (1996) relataram um estudo comparando teste de Caracterização Agronômica progênie e o exame microscópico de sacos embrionários e encontraram boa concordância entre determinações para plantas sexuais e para as apomíticas de baixa sexualidade. O teste Entre os cultivares de B. brizantha, o Marandu é ainda o mais utilizado no de progênie apresentou problemas na determinação de plantas apomíticas facultativas com estabelecimento de pastagens e sobre o qual se têm mais informações. Fonseca et al (2006), alta sexualidade, cujas progênies segregaram fenotipicamente quase como uma planta após avaliação de 348 trabalhos publicados na Seção Forragicultura de três periódicos Para uma determinação mais precoce do modo de reprodução, estão sendo buscados atestaram que essa forrageira foi aquela que recebeu maior número de pontos ou seja, B. brizantha Marandu é de fato uma das plantas mais estudas no Brasil. marcadores moleculares para a apomixia. Em P. maximum. Ebina et al. (2005) encontraram marcadores AFLP e RAPD que cossegregam com aposporia. Estes marcadores podem ser de O cultivar Marandu apresenta elevada produção de massa seca e boa distribuição da grande valia na seleção assistida por marcadores e também na clonagem do gene da produção ao longo do ano. Em canteiros sob cortes produziu de 10 a 12.000 de aposporia. massa seca (MS) sem adubação de manutenção. Valle et al. (2001b) obtiveram dados comparativos entre Xaraés, Marandu, B. humidicola Comum e CV. Tupi A apomixia em Brachiaria portanto, do tipo Panicum e normalmente num ensaio em parcelas, sob cortes. por dois anos, em Latossolo Vermelho e em Neossolos facultativa, isto é, sacos embrionários meióticos são encontrados em frequencias Quartzarênicos (Tabela 2.3). variáveis entre os sacos apospóricos simples e múltiplos. Acessos classificados como sexuais apresentam apenas sacos meióticos ou estéreis. Outros tipos de sacos. como</p><p>52 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Brachiaria 53 Tabela 2.3 Produtividade média por corte de cultivares de Brachiaria em dois tipos de Tabela 2.4 Cont. solo de cerrados Produção Local Espécie Observações Referência Forrageiras ano MST MSF MSV %F L:C REB B. decumbens 11 a 25 média 18 com Simão Neto e Serrão Basilisk estacionalidade (1974) Belém, PA B. humidicola 19 acentuada Xaraés 1.506 987 1.368 66,8 3,8:1 4,0 B. ruziziensis 14 a 22 CV. 1.399 821 1.274 59,8 2,8:1 3,1 B. humidicola níveis de fertilidade Dias Filho (1983) Marandu* 1.199 608 Basilisk variação em 4 anos sob Relatório. 987 50,5 (1985) 2,9:1 2,9 pastejo B. decumbens* 1.321 558 1.086 45,5 2,0:1 B. ruziziensis 4 17 média de 3 anos Thomas e Andrade (1984) 2,6 Planaltina, B. ruziziensis Humidicola comum* 881 328 645 38,4 3,6:1 2,6 queda do 1° para o 3° B. humidicola Tupi 1.248 ano 487 1.009 39,5 2,1:1 2,9 Basilisk DMS 176 99 153 1,1 0,7 Campo Grande, MS Marandu 8 até 20 0,2 boa resposta a Nunes et al. (1984) adubação MST massa seca total; MSF massa seca foliar: MSV massa seca de folhas + colmos verdes; %F Marandu Máx.: 2,3 4,1 porcentagem de folhas: L:C - relação lâmina:colmo: REB = rebrotação sete dias após o corte; e DMS diferença mínima significativa pelo teste de Mín.: 1,0a 2,9 La Libertad Cultivares testemunhas. Máx.: 4,1 12 semanas de Florestas tropicais Mín.: 2,0 Citado em: Fonte: Adaptado de VALLE et al. 2001b. crescimento. sazonais da América Basilisk Máx.: 2,4 4,1 Argel Keller-Grein Máx. Chuvas Central 2,0 2,7 (1996) Seca B. humidicola 5,0 Os autores observaram diferenças significativas 0,05) entre os novos cultivares Mín.: 2,4 3,0 de B. brizantha e o CV. Marandu para todas as características avaliadas com exceção da CV. Llanero Máx.: 4,5 relação lâmina:colmo entre CV. e CV. Marandu, e entre a Tupi e Humidicola comum. Mín. 2,3 3,3 A porcentagem de folhas entre as B. humidicola também não diferiu significativamente. Os Marandu Máx.: 2,0 4,0 12 semanas de dois novos cultivares de B. brizantha foram superiores ao cultivar Marandu, e o cultivar Tupi 0,5 0,9 também foi mais produtivo do que o Comum, justificando-se a liberação desses genótipos La Libertad Máx.: 1,9 Máx. Chuvas Citado em: Mín.: 0.7 Mín. Seca Pizarro et al. 1996 com vista a diversificar as pastagens cultivadas com Brachiaria. Savanas Basilisk Máx.: 1,2 3,2 Outras informações sobre os cultivares de braquiária sob cortes foram apresentadas Colombianas Mín.: 0,2 1,4 por Valle et al. (2001a) e podem ser observadas na Tabela 2.4. A variação nos valores Llanero Máx.: 0,7 4,0 obtidos diz respeito a regime de cortes. fertilidade natural ou corrigida do solo, reposta a 0,4 2,3 clima e outros fatores bióticos e abióticos. B. Máx.: 2,4 5,3 Mín.: 0,3 1,0 La Libertad Máx. 5,6 Tabela 2.4 Produção de massa seca das cultivares comerciais de Brachiaria sob cortes. em diversos locais Basilisk Máx.: 8,6 Mín.: 3,8 Produção CV. Llanero Máx.: 6,8 Local Espécie Observações Referência 3,0 Marandu Máx.: 8,6 B. decumbens 9,3 83% no verão e 17% Pedreira e Mattos (1981) Mín.: 4,1 IPEAN no inverno La Libertad Máx.: 12 semanas de B. ruziziensis 10.8 88% no verão e Mín. 3,2 crescimento. Citado em: Nova SP B. decumbens 12% no inverno Basilisk 8,6 Chuvas Ndikumana e Leeuw 14,5 Savanas Africanas Mín.: Mín. Seca (1996) CV. Basilisk Llanero Máx.: 6,8 3,0 4,1 1,6</p><p>54 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 55 Reunindo as informações disponíveis em folders. folhetos e apresenta- Tabela 2.5 Cont. se na Tabela 2.5 um resumo relativo das características dos diferentes cultivares, Espécie Atributos positivos Atributos negativos considerando as variações de ecossistemas e metodologias de Estabelecimento mais rápido e maior produtividade do que a Comum e Llanero. boa cobertura do Hospedeira de solo e domínio sobre invasoras. adaptação a solos de Tabela Resumo das características agronômicas de maior relevância dos cultivares de B humidicola apesar de não mostrar danos severos e baixa fertilidade e mal drenados. boa resposta a Ca e Tupi ocorrência de dormência nas sementes por Brachiaria de maior importância econômica P até 45% de saturação por bases. valor nutritivo cerca de oito meses. superior ao da CV. Comum e boa capacidade de Espécie Atributos positivos consórcio com Arachis Atributos negativos Fácil estabelecimento. resistência às cigarrinhas mais Estabelecimento rápido e grande crescimento no Baixa adaptação a solos mal drenados e de comuns em pastagens. alta resposta à aplicação de início da estação chuvosa. compatibilidade com Baixa adaptação a solos mal drenados, ácidos baixa fertilidade. rebrotação B. brizantha fertilizantes. boa cobertura do solo com domínio leguminosas, florescimento concentrado e alta de fertilidade. alta suscetibilidade às necessidade de reposição de nutrientes para B. ruziziensis Marandu sobre bom desenvolvimento sob sombra. produção de sementes. alternativa para plantic cigarrinhas comuns em pastagens e à mancha persistência a longo prazo e suscetibilidade à CV. Kennedy boa qualidade forrageira e alta produção de e de direto pela rapidez de qualidade da foliar baixa competição com mancha foliar (Rhizoctonia) e sementes. massa seca e facilidade de dessecação por invasoras e haixa tolerância à podridão de herbicidas. Facilidade de boa adaptação a Brachiaria Menor produtividade do que Marandu e solos arenosos e de média fertilidade. rebrotação brizantha menor resistência às cigarrinhas mais comuns Fonte: Adaptado de VALLE et 2001a, complementado por CUESTA MUNOZ; PÉREZ ICA. rápida e boa compatibilidade com leguminosas por em pastagens e baixa produção de sementes. La Libertad ser menos competitivo que o valor nutritivo médio. Fácil estabelecimento. alta produtividade especialmente de folhas. alta capacidade de suporte. Tolerância às cigarrinhas mais comuns em Brachiaria enraizamento nos nós proporcionando boa cobertura Resultado de Pesquisa com Brachiaria média adaptação a solos mal brizantha do solo com domínio sobre invasoras. rebrotação drenados e de baixa fertilidade e. por ter Xaraés rápida, boa resposta à aplicação de fertilizantes. florescimento tardio, suscetibilidade à mela- florescimento tardio prolongando qualidade da A liberação de um cultivar é um processo demorado, que exige a participação de das-sementes (Claviceps sucata). forragem até o outono e boa qualidade forrageira. equipe multidisciplinar e pluri-institucionalidade para que o produto final contenha as Fácil alta produtividade recomendações de uso e possa ser adotado em larga escala, como normalmente tem especialmente de folhas no período seco. Suscetibilidade ao carvão das sementes florescimento precoce e alta taxa de acontecido com os novos cultivares de forrageiras tropicais no Brasil. O esquema de Brachiaria (Ustilago operta). moderadamente resistente brizantha crescimento e acúmulo de forragem sob pastejo. à ferrugem causada por Puccinia levis desenvolvimento de um novo cultivar segue etapas com diferentes objetivos. resistência às cigarrinhas mais comuns em panici-sanguinalis e média adaptação a solos pastagens, alta resposta à aplicação de fertilizantes e drenados Inicialmente é preciso reunir diversidade de tipos numa coleção de germoplasma a fim boa qualidade forrageira de avaliar características básicas de interesse. Depois de realizar estudos básicos, é possível Suscetibilidade às Fácil estabelecimento. boa adaptação a solos ácidos planejar as atividades de cruzamentos, com genitores selecionados visando solucionar baixa adaptação a solos mal drenados. B. decumbens e pobres. alta produtividade sobre uso intensivo. suscetibilidade à podridão foliar problemas específicos nos cultivares existentes. Avaliações com cortes em parcelas pequenas Basilisk desenvolvimento sob sombra e boa qualidade pode provocar fotossensibilização hepatógena forrageira auxiliam na comparação agronômica quando o número de exemplares em estudo é grande. erradicação pelo acúmulo de sementes viáveis no solo. Para um ensaio regional de adaptação ou fase 2. quando se estuda o efeito do animal sobre o Crescimento estolonífero com grande capacidade de Estabelecimento lento. baixa digestibilidade pasto, já é necessário trabalhar com subcoleções de acessos, entre 20 para o primeiro caso ou enraizamento nos nós. proporcionando boa da massa seca. baixa concentração de N Ca cobertura do solo e domínio sobre invasoras. 10 para a fase 2. Na fase final de pré-lançamento, quando se avalia o efeito do pasto sobre o na forragem. hospedeira de B. adaptação a solos de baixa adaptação a suscetibilidade à ferrugem foliar (Puccinia desempenho não se trabalha com mais de três ou quatro acessos, seja pelo custo da Comum solos mal drenados. baixa exigência em P e Ca levis var e dormência das tolerância à cigarrinha-das-pastagens e boa experimentação, seja pela quantidade de trabalho e amostragem envolvidos. Considerando-se sementes por cerca de oito meses. ocorrência capacidade de consórcio com Arachis pintoi de "cara inchada" em em dois anos por etapa e a necessidade de multiplicação de sementes entre cada fase, o prazo de (amendoim forrageiro). suplementação com avaliação de um novo cultivar dura entre seis e dez anos e envolve toda uma gama de ensaios Boa adaptação a solos de baixa fertilidade. boa adaptação a solos mal drenados. melhor valor Estabelecimento lento. ocorrência de de apoio para verificar a resposta a fatores bióticos e abióticos. B. humidicola nutritivo do que B. comum boa dormência nas sementes por cerca de oito Llanero capacidade de consórcio com Arachis pintoi meses. menor enraizamento dos estolões do Como se pode observar, é necessário um investimento de médio a longo prazo, (amendoim forrageiro) e Pueraria phaseoloides que humidicola comum e menor produção de sementes envolvendo equipe diversificada, mas os resultados e recomendações têm alcançado grande impacto na produção animal tropical. Continua..</p><p>57 56 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria Estabelecimento e adaptação edáfica c) em solos textura média (15% a 35% de argila), para acima de 12 e d) em solos arenosos 15% de argila), para acima de 15 Em geral os cultivares de B. brizantha são recomendados para solos de média O potássio deve estar na faixa de 50 a 60 Com relação a micronutrientes, fertilidade e respondem muito bem a adubações com fósforo. Em ensaio realizado na recomenda-se a aplicação de 40 a 50 .ario de uma fórmula de FTE que contenha zinco, Embrapa Gado de Corte em Latossolo Vermelho comparando-se a resposta de cultivares e cobre, boro e molibdênio, para um período residual de três a quatro anos. acessos promissores de Brachiaria spp. à calagem e adubação fosfatada, testaram-se dois níveis de saturação por bases : 35-40% e 50-60% e três níveis de fósforo no solo: fertilidade natural; = 3 a 5 mg P2 5 a 10 (Mehlich-1). Foram Semeadura realizados seis cortes para avaliação entre 2003 e 2005 e os resultados preliminares (Figura Em climas com estação chuvosa no verão, como a Região Centro-Oeste, a 2.11) demonstram grande diversidade de resposta entre os genótipos. semeadura deverá ser realizada de meados de outubro até fevereiro, sendo a época ideal o Todos os cultivares no gráfico foram altamente responsivos ao P, ressaltando-se que período de 15 de novembro a 15 de janeiro. Em regiões onde a estação de chuvas se os Xaraés e possuem alta taxa de crescimento em fertilidade do solo mais elevada, prolonga, a semeadura pode ser feita até o final de março. quando comparados a outros cultivares de B. brizantha (VALLE et al., 2004a). Até B. humidicola Tupi mostrou-se responsivo ao P nos níveis menores de saturação por bases, O preparo de solo é o mesmo utilizado para a formação de outras pastagens, isto é, com produtividade inclusive superior à do cultivar Marandu. Recomenda-se, portanto, a aração e gradagem, quando necessário. aplicação de calcário suficiente para elevar a saturação por bases do solo ao mínimo de A recomendação de semeadura é de 2,5 a 4 de sementes puras viáveis (SPV), Adaptam-se bem a solos arenosos. Para sistemas de recria e engorda, recomendam-se dependendo do tamanho da semente, para ótimas condições de preparo de solo, temperatura, aplicações de 75 de nitrogênio e que na fórmula de adubação, ou em aplicação umidade e época, além de baixa infestação por plantas daninhas e semeadura com técnica e isolada, sejam incluídos 30 .ano de enxofre. equipamentos adequados. Na falta de qualquer dessas condições, deve-se aumentar a quantidade de sementes para 5 a 6 kg.ha de SPV. 10 50 60% SB A semeadura pode ser a lanço seguida de incorporação com uma grade niveladora ou 9 em linha, recomendando-se o máximo de 20 cm de espaçamento e a profundidade de 2 a 6 8 cm. Em ambos os casos é recomendável passar um rolo compactador para favorecer a 7 germinação, principalmente em solos de textura meio arenosa. 6 5 Adaptação a estresse hídrico 4 3 Nos últimos dez anos têm-se notícias cada vez mais frequentes sobre a síndrome da morte do capim-marandu, especialmente em áreas da Amazônia Legal. Um zoneamento de 2 risco edáfico e potencial de morte foi realizado para o Estado do Acre (VALENTIN et 1 2000), onde a ocorrência de solos com impedimento de drenagem são comuns e os relatos 0 mais sérios. Marandu Arapoty B6 Xaraés Tupi Média capim-marandu mostrou-se pouco adaptado a solos mal drenados, condições essas Figura 2.11 Avaliação de massa seca total (MST) de acessos promissores de Brachiaria, na que favorecem a podridão de raízes causadas por fungos oportunistas e redução de fase de manutenção (fevereiro de 2005), sob dois níveis de saturação por bases crescimento. Grandes áreas de pastagens de Marandu nas regiões Norte e Centro-Oeste já (SB). foram perdidas, e os diagnósticos indicam problemas de estresse hídrico (especialmente Fonte: MACEDO, 2006. excesso de água em solos com má drenagem), mau manejo das pastagens e ocorrência de pragas e, ou, doenças associadas. Em recente workshop realizado em Cuiabá "Morte do as diversas causas do problema e suas inter-relações foram abordadas A adubação fosfatada deverá elevar os teores de fósforo no solo em Mehlich-1 (BARBOSA, 2006; DIAS FILHO, 2006), e as características da síndrome sugerem para os seguintes níveis: claramente que a solução está na substituição por outras gramíneas ao a) em solos muito argilosos 60% de argila), para acima de 4 encharcamento e resistentes aos patógenos envolvidos. b) em solos argilosos (35% a 60% de argila), para acima de 6</p><p>58 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 59 A tolerância relativa ao alagamento do solo de vários ecótipos de Brachiaria spp. foi espécie de cigarrinha típica da pertencente ao gênero Acredita- comparada ao cultivar Marandu em ensaios conduzidos em ambiente semicontrolado (DIAS se que ao longo destes mais de 20 anos, desde o lançamento dessa as FILHO, 2002; DIAS FILHO; QUEIROZ, 2003). Foram avaliados 15 acessos de Brachiaria monoculturas estabelecidas com o capim-marandu tenham desalojado as espécies de spp., entre os quais apenas um, o mostrou-se menos tolerante ao excesso de cigarrinhas típicas de pastagens, favorecendo as do gênero Mahanarva. Espécies desse água no solo do que o capim-marandu. Três acessos de B. brizantha: Arapoty, outra B. gênero são maiores e apresentam elevada capacidade de dano. (2006) alerta para a brizantha e uma B. ruziziensis foram selecionados como os mais promissores. As plantas necessidade premente em avaliar gramíneas forrageiras alternativas ao capim-marandu foram cultivadas em vasos, sob condições de solo alagado (lâmina d'água a 3 cm acima do visando à resistência a esse gênero a fim de reestabelecer o equilíbrio nas pastagens. Este nível do solo) e bem drenado, durante 15 dias, em delineamento inteiramente casualizado autor não descarta a possibilidade de quebra de resistência do Marandu a Deois com cinco repetições. O alagamento reduziu significativamente a produção de massa seca flavopicta, mas estudos confirmando essa possibilidade ainda estão pendentes. total e a taxa de crescimento relativo em todos acessos, principalmente nos cultivares Já o Xaraés foi avaliado, em várias ocasiões, quanto à resistência às cigarrinhas- Marandu e Xaraés. Todos os acessos tiveram alocação relativa de biomassa para as raízes, das-pastagens Notozulia entreriana e Deois flavopicta por meio de características, como bem como taxa de alongamento foliar reduzida pelo alagamento. Os dois cultivares percentual de sobrevivência de ninfas e duração do período ninfal, mostrando produziram raízes adventícias em resposta ao alagamento. A fotossíntese líquida e a consistentemente, altos níveis de sobrevivência e curtos períodos ninfais, caracterizando-o, condutância estomática foram mais intensamente reduzidas pelo alagamento do solo no portanto, como adequado ao desenvolvimento do inseto. Com a espécie D. flavopicta, cultivar Xaraés. Os acessos diferiram quanto à tolerância relativa ao alagamento do solo e os conduziram-se testes complementares, comparando-se preferência de alimentação, taxa de Xaraés e foram classificados como intermediários em tolerância ao alagamento, excreção e intensidade de danos. O percentual médio de sobrevivência no cultivar Xaraés foi comparativamente ao Marandu, que é muito sensível (DIAS FILHO, 2002). de 68%, superior ao constatado no Marandu (45%), porém, inferior aos 76% de B. Outro estudo (MATTOS et al., 2005) também mostrou que o capim-marandu foi o decumbens Basilisk. Adicionalmente, foram monitorados os níveis populacionais em mais prejudicado quanto ao crescimento aéreo e desenvolvimento da planta quando parcelas estabelecidas no campo. comparado a B. decumbens e B. humidicola, sob condições de excesso de água no solo. Os Nos testes complementares como o de preferência de alimentação conduzidos com resultados obtidos até aqui demonstram haver variabilidade para a tolerância a esse estresse a cigarrinha D. flavopicta, verificou-se que o Xaraés não se caracterizou como menos entre e dentro de espécies de braquiária. Dias Filho (2006) comenta que, embora variações ou mais preferido do que outros 11 acessos (VALLE et al., 2004a). Quanto à taxa de na tolerância ao alagamento normalmente se devam a adaptações anatômicas e bioquímicas excreção desses mesmos 11 acessos, a média do grupo, considerando-se 15 repetições, foi complexas, no caso dos acessos testados, a variação na intensidade de tolerância poderia de 1,436 + 0,346 mg. A taxa média do Xaraés foi de 1,722 mg, portanto acima da estar relacionada a adaptações metabólicas, uma vez que os acessos são morfologicamente média do grupo, sugerindo não possuir compostos que limitem a alimentação do inseto. semelhantes. Em todos os acessos testados, a produção de raízes foi excessivamente afetada, Conclui-se que, na falta de hospedeiro mais adequado, a cigarrinha se alimentará o que poderia intensificar os efeitos nocivos do alagamento, causando perda de vigor e atraso normalmente nesse cultivar. ou falha na recuperação quando a situação crônica de anoxia já não existisse. Com o desenvolvimento das pesquisas nesta área, espera-se num futuro próximo identificar Na avaliação dos danos causados por adultos dessa cigarrinha, a redução média na genótipos que, além das qualidades que consolidaram os cultivares hoje disponíveis, também produção de massa seca no grupo de gramíneas avaliadas foi de 96,55+ 2,49%. A redução apresentem maior tolerância ao estresse hídrico, pois existe variabilidade para esta observada no CV. Xaraés foi de 94,6%, ou seja, esteve próxima da média do grupo, não se característica no germoplasma desse gênero. caracterizando, portanto, como mais tolerante. Apesar desse padrão de resposta em condições controladas, as observações quanto aos níveis populacionais conduzidas em diversos locais, avaliando-se massas de espumas Pragas e doenças (contendo ninfas), constataram índices consistentemente baixos no cultivar Xaraés. Também o monitoramento de níveis populacionais de adultos de cigarrinhas, entre 1996 e 1999, em Uma revisão compreensiva dos principais problemas fitossanitários das braquiárias ensaios com animais, resultou em índices mais baixos no CV. Nos levantamentos de foi apresentada por et al. (1996) e mais recentemente das doenças por Fernandes et número de massas de espuma conduzidos durante quatro períodos de infestação, de 1992 a al. (2004). Algumas informações mais relevantes e atuais, especialmente em referência aos 1996, nas parcelas de avaliação com cortes, o valor constatado no CV. Xaraés sempre esteve novos cultivares serão apresentadas a seguir. no terço inferior entre os observados para os 138 acessos avaliados neste campo (VALÉRIO O capim-marandu é resistente às principais espécies de cigarrinhas-das-pastagens et al., 2001). pertencentes aos gêneros Notozulia, Deois e Aeneolamia. Com exceção da Região Norte Apesar das baixas populações de consistentemente observadas no brasileira, este capim se constitui na melhor alternativa de gramínea forrageira resistente às Xaraés nas áreas experimentais, este cultivar não apresentou nível de resistência desejável a cigarrinhas-das-pastagens. Nessa região, onde- foram estabelecidas extensas monoculturas essa praga, no que se refere a quaisquer dos mecanismos de resistência avaliados (antibiose, com essa forrageira, têm-se registrado altos níveis populacionais e danos ocasionados por</p><p>61 60 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria não preferência e Tal fato limita sua utilização extensiva em áreas com histórico Conforme relatado por Valle et al. (2001a), o desempenho animal em pastagens de de problemas com cigarrinhas. Brachiaria spp. foi amplamente discutido por Zimmer et al. (1988), Vieira e Vieira (1991), Leite e Euclides (1994) e Lascano e Euclides (1996). De maneira geral e sem adubações de O capim-xaraés é especialmente suscetível à mela-das-sementes causada por reposição, essas pastagens, implantadas em solos fracos, suportam de 0,7 a 1,2 e Claviceps sulcata, por ter florescimento tardio e esse fungo manifestar-se em épocas de noites frias. O CV. Marandu também pode apresentar contaminação por mela. mais comum apresentam baixa produtividade, em torno de 300 peso corporal, e dificilmente em latitudes maiores, quando as noites ficam mais longas e frias. expressarão seus potenciais produtivos. Em contraste, o capim-marandu, em pastagem implantada em Dourados, MS, em um Latossolo Roxo após lavoura de soja, proporcionou O cultivar apresentou resistência às cigarrinhas-das-pastagens por determinar ganho de peso animal de 485 .ano e, em pastagem implantada num Inceptissolo, em menor sobrevivência de ninfas das espécies Notozulia entreriana e Deois flavopicta em Guápiles, Costa Rica, 700 de peso corporal et al., 1995) ensaios sob condições controladas em casa de vegetação. Teste com Mahanarva estão sendo iniciados, mas a princípio não parece haver fonte de resistência a esse gênero entre os Além da queda na fertilidade do solo, que é um dos fatores mais importantes para a acessos testados. Em observações quanto aos níveis populacionais em condições de campo, não sustentabilidade da produção, há problemas de manejo inadequado; esses fatores juntos constatou-se, nesse cultivar, baixa infestação e danos moderados ao ataque do adulto das fazem com que o complexo solo-planta entre em processo de degradação já a partir do segundo cigarrinhas mais comuns em pastagens. ano. Pastos de B. decumbens, em cerrados, sem o uso de adubações podem Os cultivares de B. humidicola e B. ruziziensis mostraram-se sempre bons suportar de 1,0 a 1,5 sob lotação contínua, mas esta taxa apresenta sensíveis hospedeiros para as espécies de cigarrinhas comuns em pastagens. Estes apresentam maiores decréscimos com o tempo. danos, enquanto aqueles geralmente mostram danos apenas quando as populações de adultos Bianchin (1991) observou que pastagem de B. brizantha CV. Marandu, implantada são muito O Tupi apresentou baixa resistência (antibiose) às cigarrinhas-das- em um Latossolo Vermelho-escuro, sem nenhuma correção, apresentou problemas de pastagens por propiciar alta sobrevivência de ninfas das espécies Notozulia entreriana e rebrotação após quatro anos de uso, principalmente na taxa de lotação mais alta. A redução Deois flavopicta, em ensaios sob condições controladas em casa de vegetação. Neste cultivar na ano do primeiro para o sexto ano de pastejo foi de 415 para 225 kg de peso constatou-se, em condições de campo, infestações moderadas e danos leves. corporal. Portanto, em solos pobres, o capim-marandu não persiste, e a degradação da pastagem Os cultivares e Tupi mostraram-se moderadamente resistentes à ferrugem pode ser muito causada por Puccinia levis var. panici-sanguinalis. O cultivar apresentou suscetibilidade a uma doença fúngica nas sementes, causada por Ustilago operta, um fungo A saturação por bases trocáveis e os teores de fósforo, como já mencionados, são as causador de carvão (VERZIGNASSI et al.. 2001). A ocorrência está estreitamente principais variáveis diretamente relacionadas com a produtividade (MACEDO, 1995). Assim, relacionada às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do fungo (alta uma das opções disponíveis para a recuperação de pastagens degradadas é o uso da calagem pluviosidade e umidade relativa durante o florescimento). O mostrou-se, e adubação. Dentro desse enfoque, foi estabelecido um experimento em que as pastagens também, tolerante a fungos foliares e de raiz. receberam duas doses de calcário e adubo: 1.500 e 3.000 kg de calcário dolomítico e 400 e da fórmula 0-16-18 mais 50 de micronutrientes, respectivamente, para as doses de fertilizante 1 e 2 (DF,). Os acréscimos nas taxas de lotação observados para Produção animal todas as da DF, para a refletiram aumentos nas disponibilidades de forragem (Tabela 2.6). Os incrementos nos ganhos de peso individuais observados foram, provavelmente, Forrageiras do gênero Brachiaria são mais frequentemente utilizadas como resultado da melhoria na qualidade desses pastos. Independentemente da dose de adubo, o pastagens permanentes sob lotação contínua. A boa adaptação a solos ácidos e pouco férteis apresentou maior ganho de peso por área do que as pastagens de braquiárias, e alta produtividade do Basilisk fomentou a produção animal extensiva em todo o trópico reflexo do seu maior valor alimentício, uma vez que as taxas de lotação foram semelhantes desde a década de 1980. Com a expansão das cigarrinhas-das-pastagens B. decumbens foi sendo substituída pelo capim-marandu e por B. humidicola. A pouca tradição em recuperar entre as três gramíneas (EUCLIDES et al., 1997). pastagens e realizar adubações de manutenção resultou, depois de mais de 20 anos, em Independentemente da houve decréscimo nas taxas de lotação, do primeiro grandes áreas de pastagens degradadas e em degradação hoje no Brasil Central Pecuário e para o terceiro ciclo de pastejo, tanto na dose DF, quanto em DF, (Tabela 2.7). Os teores de mais recentemente na síndrome da morte do capim-marandu na Amazônia Legal P no solo decresceram de 5,3 e 7,2 para 3,5 e 4,6 nos piquetes adubados (MACEDO, 2006). com DF, e DF respectivamente, do primeiro para o terceiro ano após a fertilização. Isso O cultivar Marandu e. mais recentemente, o são também usados em sistemas pode explicar o declínio gradual da disponibilidade de forragem neste período e a consequente mais intensivos visando à engorda de animais, seja em pastos utilizados em lotação redução na taxa de lotação ao longo do tempo (EUCLIDES et al., 1997). intermitente com reposição de nutrientes, seja de engorda no pasto com suplementação no cocho MEDEIROS, 2005).</p><p>62 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 63 Tabela 2.6 Médias dos ganhos de peso por animal por dia e por área e taxas de lotação (TL) Corroborando estudos realizados em solos da região dos cerrados, este trabalho em pastagens de P. maximum Tanzânia, B. brizantha Marandu e demonstrou que a saturação por bases trocáveis e os teores de fósforo são fatores diretamente decumbens Basilisk. de acordo com as doses de adubo (média de três anos) relacionados à produtividade das pastagens e à sua sustentabilidade. Uma vez feitas estas a produtividade é altamente dependente da adubação nitrogenada (MACEDO, Dose 1 (DF 1)* Gramíneas Dose 2 (DF 2)** 1995). Em termos de valor nutritivo, análises realizadas para verificar a digestibilidade da Tanzânia 430 2,99 490 515 3,61 660 massa seca in vitro ou in vivo das plantas jovens e maduras constataram pouca diferença Marandu 340 entre as braquiárias e apresentaram valores iguais ou mesmo superiores aos observados em 2,97 400 435 3,63 600 outras espécies de gramíneas tropicais como P. maximum. Os valores de digestibilidade entre Basilisk 330 2,88 380 420 3,60 600 as braquiárias têm variado de 60% a 70% nas plantas jovens e de 50% a 60% em plantas Dose 1.500 de calcário 400 da fórmula 0-16-18 e 50 de micronutrientes. maduras. Esses valores são superiores à média de 55% encontrada por Minson (1990), em Dose 2 3.000 de calcário 800 da fórmula 0-16-18 e 50 de uma revisão na literatura mundial, para gramíneas tropicais. Fonte: EUCLIDES et al. 1997, 1998. Tabela 2.8 Médias de produtividade em pastagens recuperadas de P. maximum CV. Tabela 2.7 Médias das taxas de lotação em P. maximum B. brizantha Tanzânia, B. brizantha Marandu e B. decumbens Basilisk, de acordo Marandu e B. decumbens Basilisk. de acordo com as doses de adubo com as doses de adubo Ano 1 Ano 2 Cultivares Ano 3 Dose Dose 2** Cultivares Dose 1 Dose 2 Dose 1 Dose 2 Dose 1 Dose 2 ano ano 2° ano ano de novilhos de 250 kg.ha .ano de peso corporal Tanzânia 3,89 4,72 3,35 496 3,74 2,16 Tanzânia 439 433 490 546 594 2,69 Marandu 3,65 4,68 Marandu 354 3,15 309 338 570 391 463 3,71 2,12 2,89 3,32 Basilisk 444 379 339 496 412 493 3,81 4,69 3,71 2,17 2,81 Dose DF 1.500 de calcário dolomítico. 400 da fórmula 0-16-18 e 50 de micronutrientes. * Dose 400 da fórmula 0-20-20 e 50 de micronutrientes; anualmente. 50 de N. Dose 3.000 de calcário dolomítico. 800 da fórmula 0-16-18 e 50 de micronutrientes Dose 2 (DF2) 800 da fórmula 0-20-20 e 50 de micronutrientes; e. 50 de N. de 200 kg de peso Aplicação 2.000 de calcário e 500 de gesso. Fonte: EUCLIDES et 1997. Fonte: EUCLIDES et al., 2001. Considerando esses resultados como consequência de queda de fertilidade do solo e A Tabela compilada e apresentada por Valle et al., (2001a), reúne informações de de compactação superficial, procedeu-se à recuperação das envolvendo valor nutritivo de diferentes cultivares e ecótipos de Brachiaria cultivados em regiões tropicais subsolagen e adubação de manutenção (EUCLIDES et al., 2001) com N, P K e diversas e mostra a faixa de valores encontrados de proteína bruta e digestibilidade nas folhas. micronutrientes. Em resposta aos tratamentos e independentemente da as taxas de lotação e os ganhos de peso por animal e por área foram maiores nos piquetes adubados com Resultados do desempenho animal em pastagens de B. brizantha La Libertad e B. Observou-se a mesma tendência do ciclo anterior, ou seja, taxas de lotação semelhantes humidicola Llanero foram obtidos na Colômbia pelo CORPOICA (antigo Instituto entre as gramíneas e maiores produções por animal e por área na pastagem de Tanzânia Colombiano Agropecuário). O valor nutritivo do La Libertad foi considerado de médio a quando comparadas com as de braquiárias (Tabela 2.8). A menor produção de segundo ano bom e o do Llanero, apenas médio. também foi consequência de chuvas abaixo do normal em Campo Grande, MS. Cuesta e Pérez Bonna (1987) relataram variações de 7% a 15% de proteína Apesar da sensível melhoria na saturação por bases no terceiro ano. após a bruta e digestibilidade entre 65% e 72% em rebrotação de 15 a 60 dias no La Libertad aplicação de calcário e gesso em julho do segundo ano. a correção de P e aplicação anual de cultivado nas savanas colombianas. Em lotação contínua, taxas de lotação de 1,5 50 de N não foram suficientes para manter os teores de saturação por bases que na seca e de 2,5 nas águas resultaram em ganhos diários de 100 a 650 atingiram valores inferiores a muito baixos para essas exceto para B. respectivamente. Pastos consorciados com kudzu tropical, em pastejo alternado e taxa de Consequentemente houve queda na produção de forragem e na capacidade de lotação fixa de 3 produziram ganhos diários de 472 e 518 na seca e suporte dessas pastagens (EUCLIDES et 2001). chuva, respectivamente, o que resultaria em produções de 184 kg de peso por animal e 552</p><p>64 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Brachiaria 65 Já pastos do cutivar Llanero apresentaram teores de proteína entre 6% e 8% e micronutrientes. Foram feitas capinas manuais para controle de invasoras e adubações de digestibilidade entre 55% e 60% no período das águas, mas atingiu níveis muito baixos de PB manutenção anuais com 200 da fórmula 0-20-20 e 110 de ureia. O método de (3% a 4%) e de digestibilidade (45% a 50%) no período da seca. Quando associado à leguminosa pastejo utilizado foi o alternado, com 28 dias de utilização e 28 dias de descanso, onde cada Centrosema acutifolium, foram obtidos ganhos de peso de 400 a 600 dia e, sob piquete foi pastejado por quatro novilhos de sobreano. Animais reguladores foram colocados lotação intermitente e com taxa de lotação de 3 a 6 os ganhos variaram entre e removidos de cada piquete de acordo com a quantidade de forragem disponível, 400 e 500 Nas savanas colombianas, pastos consorciados de Llanero com assegurando um mesmo resíduo após o pastejo de 2.500 de massa seca entre os kudzu tropical e taxa de lotação fixa de 3 alcançaram 179 kg de peso por animal tratamentos e possibilitando a determinação da capacidade de suporte e a estimativa da e 538 de peso corporal. produção por área (EUCLIDES et al., 2005). Em três anos de avaliação, foram observadas diferenças significativas (P < 0,05) entre os três cultivares testados. Durante o período das Tabela 2.9 Teores de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da massa seca (DIVMS) águas, os animais em pasto de capins marandu e apresentaram ganhos de peso médios foliar em diferentes espécies de Brachiaria diários superiores aos dos animais em pastagem de capim-xaraés. Já no período seco do ano a produção animal foi semelhante entre os cultivares (Tabela 2.10); no entanto, o capim- Espécie Acesso (n) PB DIVMS Tipos de forragem xaraés suportou maior número de animais quando comparado aos capins marandu e Referência tanto no período seco quanto no das águas. B. 52 66 Folhas avaliadas a Vallejos, 1988 B. decumbens 26 (9-20) 71 (59-82) cada 6 semanas. B. humidicola 21 (9-17) 68 (54-75) (Costa Rica) Tabela 2.10 Médias de ganho de peso por novilhos de 300 kg e taxa de lotação, durante os B. ruziziensis 8 (10-20) 71 (67-75) períodos seco e das águas, e ganho de peso por em três cultivares de B. B. brizantha 150 60 (46-68) Última folha M.J.Fisher. dados média de três ciclos de pastejo B. decumbens 32 66 (59-70) expandida não B. ruziziensis 14 64 (55-69) (Colômbia) Período Seco Período das Águas Produtividade Cultivares B. brizantha 260 65 (51-70) Folhas avaliadas a Miles e nov.ha decumbens 44 65 (61-69) cada 6 semanas. C.E.Lascano, B. ruziziensis 12 67 (64-72) (Colômbia) dados não Xaraés 0,2866 0,349b 5,19b 715b B. humidicola 55 66 (60-70) Folhas avaliadas a G. Keller-Grein e cada 6 semanas. C.E.Lascano dados Marandu 0,312b 1,97b (Colômbia) não Médias, na mesma coluna e dentro de período do ano, seguidas da mesma letra não difem entre si 0,01) B. brizantha 3 55 (53-57)3 Folhas com 4 6 Hughes et pelo teste de B. decumbens 3 (12-15) 63 semanas 2000 Fonte: VALLE et 2004a; EUCLIDES et al., 2005. B. ruziziensis 3 15 (14-15) 66 (Brasil) B. humidicola 3 (8-12) 56 Amplitude de variação entre parênteses; Citados em Lascano e Euclides (1996) Fonte: Valle et al. 2001a: Apesar de menor ganho individual no houve uma compensação na in vitro de Matéria Orgânica (DIVMO). capacidade de suporte desse pasto, resultando em maior produtividade anual. As disponibilidades de massa seca total (MST) e de massa verde seca (MVS) podem explicar Mais recentemente, avaliações conduzidas na Embrapa Gado de Corte visando essas diferenças, uma vez que os valores nutritivos foram semelhantes (P > 0,05) entre os identificar cultivares de B. brizantha com comprovado desempenho animal, para os cultivares (Tabela 2.11). Mesmo durante o período crítico, a disponibilidade de massa seca diferentes ecossistemas e variados sistemas de produção resultaram na liberação do CV. foi sempre superior a 3.000 e as quantidades de MVS foram altas, sugerindo que a Xaraés e no lançamento do CV. Resultados preliminares com a B. humidicola CV. Tupi quantidade de forragem disponível foi suficiente para não limitar o consumo pelo animal. sob pastejo também demonstram sua superioridade em relação a B. humidicola CV. Comum, Independentemente do cultivar. durante o período das águas, as características que apesar dos altos níveis populacionais de cigarrinhas-das-pastagens observados em 2005- refletem o valor nutritivo foram maiores <0,05) do que as observadas durante o período 2006, em Campo Grande, MS. seco (Tabela 2.11); observou-se, ainda, que a variabilidade dos valores nutritivos foi pequena Euclides et al. (2005) compararam os cultivares Xaraés, e Marandu em entre os cultivares, nos dois períodos. Estes resultados evidenciaram que tanto a proteína Latossolo Vermelho distrófico, de textura argilosa, pH ácido, baixa saturação por bases e alta quanto a digestibilidade desses cultivares são altas para gramíneas do gênero Brachiaria concentração de alumínio. Após o preparo do solo, foram aplicadas 5 de calcário cultivadas nos cerrados. Houve decréscimo na qualidade dessas gramíneas durante o período dolomítico (PRNT = 75%), 400 kg.ha de adubo da fórmula 0-20-20 e 36 de seco, mas a proteína bruta, que é o maior fator limitante das espécies de Brachiaria,</p><p>66 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero 67 permaneceu acima do limite crítico de 7%, considerado mínimo para a manutenção da O cultivar Tupi apresentou tempo de estabelecimento inferior do solo atividade microbiana ruminal. superior à comum, resultando em menor incidência de invasoras. Foi observada a presença de cigarrinha-das-pastagens em ambos os cultivares avaliados, porém sem danos significativos até o momento. Os níveis de infestação e de danos nas pastagens estão sendo Tabela 2.11 Disponibilidade de massa seca total (MST), de massa verde seca (MVS), monitorados mensalmente. Durante o primeiro período avaliado (junho de 2004 a maio de porcentagens de lâmina foliar (LF), proteína bruta (PB), digestibilidade in 2005), o cultivar Tupi apresentou maior disponibilidade de forragem e de folhas, vitro da matéria orgânica (DVIMO), fibra em detergente neutro (FDN) e repercutindo em maior capacidade de suporte e desempenho animal (Tabela 2.12) (M. lignina em ácido sulfúrico (Lig-S) de três cultivares de B. brizantha, nos GONTIJO; R. BARBOSA, dados não publicados). períodos seco e das águas O valor desse novo cultivar necessita ser comprovado durante o segundo ano em Característica Período das Águas Período Seco pastejo, bem como deve ser avaliado seu desempenho em outras regiões do País. Essa Xaraés Marandu Xaraés Marandu forrageira foi utilizada na implantação de um ensaio no Acre e em outro na região da mata MST atlântica no sul da Bahia em 2007. MVS 3,0b 1,7b LF (%) 20b PB (%) Tabela 2.12 Taxa de lotação (TL), ganho médio diário (GMD) e ganho por área (GA) no DIVMO (%) primeiro ano de avaliação dos de B. humidicola em Campo Grande, FDN (%) MS Lignina (%) 2,5b 2,5b 3,1a TL GMD GA Médias. na mesma linha e dentro de período do seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo Cultivar teste de Tukey Fonte: EUCLIDES et al., 2005. Tupi 2,15 0,462 725,0 Comum 1,79 0,418 530,0 O cultivar Xaraés, lançado pela Embrapa em 2002, e o lançado em 2007. representam novas opções para a diversificação de pastagens no Brasil tropical. O CV. 0,0025 0,3273 0,0240 Xaraés, a despeito de sua moderada resistência à proporciona CV 3,35 10,99 10,74 desempenho animal semelhante ao do cultivar Marandu, porém possui vantagens Probabilidade de significância pelo teste F; de variação. importantes como maior produção de forragem e mais rápida rebrotação após o pastejo, Fonte: M. GONTIJO: R. BARBOSA, dados não publicados garantindo capacidade de suporte durante o período chuvoso e, consequentemente, maior produtividade anual (VALLE et al., 2004a). Além disso, o florescimento tardio (outono) resulta em maior valor nutritivo por mais tempo durante o período chuvoso e sua Melhoramento genético boa adaptação a solos de cerrados de fertilidade média, somada à boa resposta à adubação, faz dessa forrageira excelente alternativa aos extensos monocultivos do Marandu hoje O cenário da agropecuária moderna diante de pressões ecológicas, fundiárias e até existentes. Já o CV. nos dois anos de avaliação, destacou-se pela elevada taxa de mercadológicas é de utilização sustentável dos recursos naturais, com otimização dos crescimento foliar, maior disponibilidade de folhas sob pastejo e bom valor nutritivo. Apesar insumos e retornos financeiros. Neste contexto, as pastagens, que sempre foram relegadas a dos ganhos de peso diários semelhantes entre os cultivares Marandu e este produziu, um plano secundário e normalmente ocupando solos de menor fertilidade, vêm merecendo em média, 45 kg.ha de peso corporal a mais do que aquele crescente interesse e competindo com a agricultura por insumos e tecnologias. A intensificação dessa atividade pressupõe o desenvolvimento de cultivares de forrageiras com Outro ensaio em andamento na Embrapa Gado de Corte avalia a B. humidicola CV. melhor desenvolvimento e eficiência na utilização dos insumos, daí a grande demanda por Tupi comparada à humidicola Comum, em uma área de 15 ha, com solo classificado variedades e, ou, cultivares melhorados e adaptados aos diversos ecossistemas pastoris do como Laterita Hidromórfica e caracterizado por apresentar textura argilosa, pH ácido, baixa saturação de bases e alta concentração de alumínio. A área experimental para avaliação da humidicola CV. Tupi sob pastejo foi implantada em outubro de 2003. A entrada dos animais A seleção a partir da variabilidade natural em coleções tem sido o principal método de experimentais ocorreu em meados de maio de 2004, e a partir de 03.06.2004 tiveram início melhoramento utilizado para forrageiras tropicais no Brasil. Para muitas espécies nativas e as pesagens dos animais e amostragem nos pastos a cada 28 dias. Na implantação, foi exóticas, este processo continua válido e deverá ser responsável pela obtenção, a curto prazo, realizada a calagem e adubação de semeadura com 400 da fórmula NPK de cultivares superiores (SAVIDAN; VALLE, 1999). Este método, apesar de simples e rápido, é finito, visto que se baseia apenas na avaliação da capacidade adaptativa de plantas</p><p>68 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 69 coletadas na natureza. Problemas como a acelerada destruição dos habitats das plantas Rhizoctonia e menos persistente em solos ácidos, pobres e mal drenados; o La Libertad é forrageiras, especialmente das gramíneas africanas de grande impacto na produção animal menos produtivo e suscetível às cigarrinhas comuns em pastagens, além de apresentar baixa brasileira, como as forrageiras dos gêneros Panicum e Brachiaria, com consequente perda de produção de sementes; B. humidicola comum é bem-adaptada a condições de solos mal variabilidade natural, ou restrições ao livre acesso ao germoplasma pelas leis de proteção de drenados, mas apresenta menor valor nutritivo e é apenas tolerante a cigarrinhas-das- cultivares, indicam que o melhoramento de forrageiras via recombinação genética passará a pastagens; B. ruziziensis, única espécie sexual, mas diploide, entre essas, apresenta o melhor se constituir na melhor opção na geração de novos cultivares. valor nutritivo, porém é suscetível à cigarrinha-das-pastagens e não persiste em solos ácidos Os critérios de mérito para plantas forrageiras são complexos e demorados em ser nem tolera longos períodos secos (MILES; VALLE, 1996; MILES et al., 2004). determinados, pois é necessário considerar a intricada relação solo-planta-animal, da pressão A avaliação agronômica de acessos do banco de germoplasma descortinou uma de seleção sob pastejo depende a identificação de características forrageiras importantes, variabilidade significativa, permitindo a seleção de ecótipos promissores e potenciais parentais como o perfilhamento, a capacidade de competição e ressemeadura natural, a rebrotação e a apomíticos tanto no Brasil quanto na Colômbia (VALLE; MILES, 2001; MILES et al., 2004). persistência da planta, bem como o consumo e transformação da forrageira em produto O programa de melhoramento da Embrapa Gado de Corte foi iniciado, com o objetivo de obter animal para consumo humano. Dessa forma, o objetivo com o melhoramento não se restringe híbridos persistentes, por intermédio de cruzamentos interespecíficos, que reúnam em obter uma planta mais produtiva, mas em conseguir maior eficiência na transformação características desejáveis de dois ou mais progenitores agronomicamente promissores, como desta em produto animal. adaptação a solos ácidos, alta produtividade, bom valor nutritivo e, principalmente, resistência Apenas a partir da década de 1980 é que foram iniciados no Brasil os primeiros à Para isso, tem sido usado o cruzamento interespecífico, cruzando- programas de melhoramento per se: Brachiaria e Panicum na Embrapa Gado de Corte; se plantas sexuais com outras apomíticas e estudando-se o modo de reprodução nas progênies capim-elefante na Embrapa Gado de Leite e Instituto Pernambucano de Agropecuária; e (VALLE; SAVIDAN, 1996; SAVIDAN; VALLE, 1999). Paspalum e Andropogon, na Embrapa Pecuária Sudeste. Híbridos sexuais promissores podem ser reaproveitados em novos cruzamentos, As principais limitações inerentes ao melhoramento de forrageiras tropicais enquanto híbridos apomíticos podem ser imediatamente incorporados a avaliações apresentadas em Pereira et al. (2001) são: 1) dificuldade de acesso ao germoplasma, visto agronômicas para identificação de novos cultivares. Os cruzamentos são feitos em casa de que a maioria das espécies de gramíneas importantes é exótica, com exceção do vegetação com plantas sexuais em vasos, e o pólen apomítico é trazido de inflorescências 2) pequeno conhecimento sobre a variabilidade da maioria das espécies leguminosas nativas colhidas no campo. As sementes obtidas são germinadas individualmente e quando as que apresentam bom potencial forrageiro; 3) elevado número de espécies apresentando alta plantas florescem, o modo de reprodução é determinado por intermédio de análises dos complexidade de estrutura reprodutiva (alogamia, autogamia, propagação vegetativa, ovários clarificados e microscopia com contraste de interferência. Este é um processo apomixia) e níveis de ploidia (diploides, triploides, tetraploides e hexaploides); 4) pequeno moroso, que exige infraestrutura e pessoal capacitado, por isso o interesse em identificar estoque de informações básicas sobre a biologia e a genética de forrageiras a serem marcadores moleculares para a detecção precoce e segura desta característica no melhoradas (modo de reprodução, localização de genes, estudos sobre herança das principais melhoramento de gramíneas apomíticas. características de interesse etc.); 5) necessidade de adaptação das metodologias de Ao explorar a apomixia existente no complexo B. brizanthalB. decumbens por meio melhoramento e técnicas experimentais para muitas das espécies; 6) baixo nível de de B. ruziziensis sexual, tetraploidizada artificialmente, viabilizou-se a produção de híbridos domesticação das espécies, dificultando os procedimentos de melhoramento e a adaptação para avaliação de características agronômicas, ao mesmo tempo que se aos agrossistemas; 7) presença de autoesterilidade, impossibilitando a autofecundação em estudou a herança da apomixia, que em Brachiaria é simples e dominante sobre a muitas espécies; 8) sensibilidade ao fotoperíodo e isolamento reprodutivo temporal, sexualidade (VALLE; SAVIDAN, 1996; SAVIDAN; VALLE, 1999). Num estudo dificultando a recombinação de muitos genótipos; 9) deficiência na produção de sementes envolvendo híbridos pré-selecionados utilizou-se um índice visando facilitar a seleção de (deiscência, baixa viabilidade, florescimento indeterminado); e 10) demora na obtenção de genótipos superiores com base em diversos caracteres de importância agronômica (VALLE novos cultivares decorrente da necessidade de avaliação com animais e persistência. et al., 2004b). O experimento em campo foi instalado num desenho em látice com duas A estratégia para o melhoramento de forrageiras deve conter as seguintes fases: repetições e sete blocos, envolvendo 45 híbridos e duas testemunhas, Marandu e identificação das características importantes a serem melhoradas; escolha da metodologia Basilisk. Caraterísticas quantitativas e qualitativas foram utilizadas, e coeficientes, adequada para avaliação da forrageira; identificação de fontes de variação genética dentro do atribuídos. dependendo da importância relativa da característica para a produção animal. As germoplasma disponível; escolha e recombinação dos progenitores; seleção dos segregantes su- características herdabilidade individual no sentido amplo, repetibilidade individual e valores periores; comparação das forrageiras melhoradas com um padrão existente; avaliação do com- médios de produção para os 47 genótipos e para cada característica mostraram valores altos portamento animal e desenvolvimento da planta sob pastejo; e distribuição de novos cultivares. refletindo a boa sensibilidade para seleção de genótipos superiores, além do potencial de vários desses genótipos como futuros cultivares. A combinação de caracteres num índice de No programa de melhoramento de Brachiaria, algumas deficiências dos cultivares seleção mostrou-se viável e importante por permitir uma ponderação conjunta de fatores de hoje utilizados comercialmente são reconhecidas: B. decumbens Basilisk é suscetível à seleção. Com base nos valores obtidos, foi possível identificar híbridos sexuais superiores cigarrinha-das-pastagens; B. brizantha Marandu é resistente ao inseto, mas suscetível a</p><p>70 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Brachiaria 71 para integrarem novos cruzamentos no programa de seleção recorrente recíproca, bem como interessantes para o estudo de diversidade e na identificação de genótipos (fingerprinting). híbridos apomíticos para alocação em ensaios regionais visando avaliar a interação Estudou-se ainda a transferibilidade de marcadores microssatélites (SSR) de gramíneas, genótipos-ambientes. como arroz, trigo e milho, para braquiária na esperança de poupar trabalho em desenvolver No programa de melhoramento de braquiária no CIAT (Colômbia), seis ciclos de os próprios para Brachiaria (ARRUDA et al., 2006). Foram testados 60 pares de primers, seleção recorrente para resistência à cigarrinha-das-pastagens típicas do país, em populações sendo 50 de milho, cinco de arroz e cinco de trigo, em seis acessos de B. brizantha, B. sintéticas, mostraram progressos significativos (MILES et al., 1996). A seleção foi baseada decumbens e B. humidicola, dois de B. ruziziensis e um de P. maximum, pertencentes ao na sobrevivência de ninfas em plantas infestadas artificialmente em casa de vegetação. No banco de germoplasma da Embrapa Gado de Corte. Os resultados corroboraram a hipótese caso da sobrevivência de ninfas de Aeneolamia varia em genótipos selecionados, constatou- de transferibilidade, pois 13 pares de primers de milho, quatro de trigo e quatro de arroz se queda de 55,6% para 7%, do segundo ao sexto ciclo de recombinação, respectivamente. amplificaram possíveis regiões microssatélites para pelo menos um genótipo de Brachiaria, Parentais sexuais com altos níveis de resistência às três principais espécies de cigarrinhas- e oito pares de primers de milho, cinco de trigo e dois de arroz amplificaram no acesso de P. das-pastagens colombianas foram obtidos, mas, segundo os autores, resta avaliar se essa maximum. Dos pares de primers transferidos, apenas um, desenvolvido originalmente para resistência será expressa em cruzamentos com genitores apomíticos suscetíveis e se haverá trigo, gerou bandas polimórficas entre acessos de brizantha e B. decumbens. Os demais algum tipo de reação cruzada com outros gêneros de cigarrinha-das-pastagens. foram monomórficos tanto dentro quanto entre as espécies estudadas, talvez devido à Dentro do melhoramento tradicional, como no exemplo citado anteriormente, um metodologia utilizada para separação das bandas. Uma vez que novas análises necessitariam dos objetivos centrais consiste em corrigir deficiências nos cultivares existentes quanto a ser realizadas para que esses microssatélites pudessem ser utilizados em análises genéticas, características de interesse agronômico. Rotineiramente, este aprimoramento é feito por meio decidiu-se por construir banco de microssatélites para Brachiaria, já visando seu de cruzamentos dos cultivares comerciais com linhagens que possuem as características mapeamento e aproveitando a oportunidade de colaboração em projeto Unicamp-Embrapa desejadas. Esse processo que envolve a introgressão de genes de interesse, embora efetivo, é (JUNGMANN et al., 2005). O objetivo principal é desenvolver e caracterizar marcadores relativamente lento, uma vez que envolve várias gerações de cruzamentos e uma seleção microssatélites em cinco espécies de Brachiaria, visando primeiramente o germoplasma de B. fenotípica altamente criteriosa para a identificação de genótipo-elite. Ao realizar os brizantha para realizar estudos de divergência genética, mapeamento de características de cruzamentos, genes indesejáveis ligados às características de interesse podem ser também importância agronômica e seleção assistida por marcadores moleculares. Além disso, este introduzidos e necessitam ser eliminados através de gerações de seleção. projeto deverá promover avanços em direção a estudos de variabilidade genética, mapeamento genético, identificação de híbridos obtidos por cruzamentos inter e Embora a base genética de algumas características de interesse em forrageiras seja intraespecíficos e caracterização individual de acessos (DNA fingerprinting), visando conhecida, pode-se dizer que para a maioria dos caracteres de maior importância, a herança aplicação no controle de pureza varietal para comercialização de sementes forrageiras. genética é complexa, pouco conhecida e frequentemente poligênica. Apesar disso, o Bibliotecas enriquecidas com microssatélites foram construídas para as cinco espécies: B. melhoramento tem proporcionado aumento contínuo da produtividade das plantas cultivadas. brizantha, B. decumbens, B. dictyoneura, B. humidicola e B. ruziziensis, a partir de DNAs Entretanto, ganhos adicionais exigirão, cada vez mais, melhor conhecimento da biologia das genômicos, e no momento os microssatélites estão sendo caracterizados (JUNGMANN et espécies, bem como da resposta à seleção ao nível genotípico (SOUZA, 2001). al., 2005). Uma série de exemplos ilustra o uso da biotecnologia para amplificar e tornar mais Recentemente iniciaram-se os estudos envolvendo o germoplasma de B. humidicola eficientes os programas de melhoramento. Metodologias de biologia molecular e celular têm na Embrapa Gado de Corte, com vistas a estimar a variabilidade genética da coleção sido amplamente utilizadas em grandes culturas seja para a conservação in situ e ex situ de morfologicamente bastante semelhante. Marcadores RAPD foram utilizados em 58 acessos recursos genéticos; no estudo da organização e da evolução de genomas; no isolamento e na do Banco de Germoplasma, originários de diferentes localidades da África (SALGADO et caracterização de genes que codificam características específicas; e na comparação da al., 2006). Dentre estes, apenas um acesso apresenta modo de reprodução sexuada e é variabilidade inter e intraespecíficas, para citar somente algumas vantagens. Programas de tetraploide. Os demais acessos são apomíticos e apresentam diferentes níveis de ploidia, melhoramento de forrageiras de clima temperado, como alfafa e na Europa e nos principalmente tetra e hexaploides. Um total de 100 bandas foi obtido com o uso de 10 Estados Unidos já utilizam essas estratégias na obtenção de variedades, enquanto forrageiras primers previamente selecionados e 99% das bandas foram polimórficas. A similaridade tropicais ainda carecem de estudos básicos vão desde a definição do tamanho de genoma genética variou de 0,14 a 0,97, evidenciando alta variabilidade genética neste grupo de até o estabelecimento de protocolos de extração de DNA e escolha de marcadores acessos, diferentemente do que foi encontrado por análises morfológicas. Os resultados das moleculares eficientes. análises de agrupamento pelos métodos de Tocher e UPGMA foram muito similares e não No caso das braquiárias, estudos com marcadores moleculares foram iniciados, mostraram relação com o local de origem dos acessos na África ou com o seu nível de primeiramente utilizando marcadores RAPD com o objetivo tanto de determinar a natureza ploidia. híbrida das progênies, uma vez que a emasculação não é praticada nos cruzamentos, quanto Esses resultados, associados aos conhecimentos já existentes sobre a citogenética, e de identificar marcadores para a apomixia (BONATO et al., 2002a,b). Como marcadores caracterizações morfológica e agronômica de B. humidicola, serão de suma importância no dominantes, RAPD não foram robustos suficientes no estudo da apomixia, mas são muito programa de melhoramento recém-iniciado com essa espécie. Cruzamentos artificiais</p><p>72 Valle, Macedo, Euclides, Jank e Resende Gênero Brachiaria 73 intraespecíficos resultaram numa população segregante tanto para modo de reprodução CHIARI, L.; SALGADO, L. R.; VALLE, C.B, do; JUNGMANN, L.; VALLE, J.V.R. do; LEGUIZAMON, quanto para caracteres agronômicos. Marcadores RAPD serão utilizados inicialmente na G.O.C. Estimativa da variabilidade genética em acessos de Brachiaria humidicola utilizando marcadores RAPD. identificação dos híbridos e das plantas resultantes de autopolinização, mas poderão auxiliar Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2006. no prelo. (Boletim de Pesquisa). ainda na escolha dos genitores divergentes para hibridações futuras. Esta população será CLAYTON, D.; RENVOIZE, S. A. Genera Graminum. Her majesty's Stationery Office, London, UK. 389 p. 1986. utilizada ainda para estudos sobre o mecanismo da apomixia em projeto em colaboração com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que visa identificar os mecanismos de CUESTA P.A.; PÉREZ BONNA, R.A. Pasto La Libertad Brachiaria brizantha (Hochst.) Stapf. Villavicencio: ICA,1987.16 p. (ICA. Boletin Técnico, 150). regulação temporal e espacial e determinação da função de algumas sequências expressas já isoladas, na formação do gametófito feminino (RODRIGUES et 2003). Além disso, DARLINGTON, C.D.; WYLIE, A.P. Chromosome atlas of flowering plants. Allen and Unwin, London, UK. 1955. pretende-se desenvolver marcadores citológicos (FISH e GISH) e moleculares para DIAS FILHO, M. B. Limitações e potencial de B. humidicola para o trópico úmido brasileiro. Belém: determinação precoce do modo de reprodução em plantas, além de aperfeiçoar as técnicas de 1983. 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