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0 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................. 4 2.1 Conceito de Direito Penal ..................................................................... 5 2.2 Caracteres de Direito Penal ................................................................. 5 2.3 Posição Enciclopédica.......................................................................... 6 2.4 Direito Penal Objeto e Direito Penal Subjetivo ..................................... 6 2.5 Direito Penal Comum e Direito Penal Especial .................................... 6 2.6 Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo ............................... 7 3 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL .................................................... 7 3.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ......................................... 7 3.2 Princípio da Legalidade ........................................................................ 8 3.3 Princípio da Intervenção Mínima ........................................................ 10 3.4 Princípio da Lesividade ...................................................................... 10 3.5 Princípio da Proporcionalidade ........................................................... 11 3.6 Princípio da Culpabilidade .................................................................. 12 3.7 Princípio da Fragmentariedade .......................................................... 13 3.8 Princípio da Subsidiariedade .............................................................. 13 3.9 Princípio da anterioridade ................................................................... 15 3.10 Princípio da Insignificância (ou da bagatela) ...................................... 15 3.11 Princípio da Extra Atividade da Lei Penal ........................................... 16 3.12 Princípio da Territorialidade ................................................................ 16 3.13 Princípio da Extraterritorialidade ........................................................ 16 4 APLICAÇÃO DA LEI PENAL ........................................................... 17 4.1 Lei Penal no Tempo ........................................................................... 17 4.2 Lei Penal no Espaço........................................................................... 20 2 5 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ................................................. 27 5.1 Interpretação quanto ao sujeito .......................................................... 27 5.2 Interpretação quanto ao modo ........................................................... 28 5.3 Interpretação quanto ao resultado ...................................................... 28 5.4 Interpretação sui generis .................................................................... 28 5.5 Interpretação conforme a Constituição ............................................... 28 5.6 Distinção entre interpretação extensiva e interpretação analógica .... 29 6 TÍTULO E CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS ............... 30 6.1 Crimes Comissivos, Omissivos Puros e Omissivos Impróprios .......... 30 6.2 Crimes Unissubjetivos e Plurissubjetivos ........................................... 31 6.3 Crime Doloso ...................................................................................... 31 6.4 Crime Culposo .................................................................................... 34 7 LEI Nº 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME .................................. 37 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 48 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma per- gunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser se- guida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Fonte: migalhas.com.br Esta apostila abrange o estudo da aplicação da Lei Penal, os Princípios que norteiam o Direito Penal, a Lei Penal no Tempo e no Espaço, e ao final quadro com- parativo, grifando as inovações trazidas pela Lei número 13.964/2019, referente as mudanças no Código Penal, alguns provenientes de um projeto do Governo denomi- nado de Pacote Anticrime. A Parte Geral do Código Penal subdivida em 08 títulos, dedica-se a estabelecer regras gerais do Direito Penal; corresponde aos Art. 1º até 120 do Código Penal, que tratam basicamente das formas de aplicação da Lei Penal. Buscando facilitar o estudo e compreensão da matéria, dividimos a Parte Geral do Código Penal, em dois títulos: Aplicação da Lei Penal e Título e Classificação das Infrações Penais. Dentro deste conteúdo é importante fazer uma abordagem sobre os Princípios que regem o direito Penal, fazendo um combo para que haja o entendimento do Direito Penal enquanto ciência que busca conhecer e explicar de forma sistemática o sentido e o alcance das normas jurídico-penais positivadas, e o conhecimento da Legislação Penal como conjunto de normas codificadas que tem o objetivo de determinar e regu- lamentar os atos considerados infrações penais, assim como definir as sanções cor- respondentes. Cezar Roberto Bitencourt assim conceitua o Direto Penal: 5 “O Direito Penal apresenta, por um lado, como um conjunto de normas jurídi- cas que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes- penas e medidas de segurança. Por outro lado, apresenta como um conjunto de valorações e princípios que orientam a pró- pria aplicação e interpretação das normas penais. Esse conjunto de normas, valorações e princípios, devidamente sistematizados, tem a finalidade de tor- nar possível a convivência humana, ganhando aplicação prática nos casos ocorrentes, observando rigorosos princípios de justiça.” (BITEN- COURT.2012.p.57 apud SILVA. 2018). O direito penal é enfatizado no ordenamento jurídico brasileiro por meio do Có- digo Penal criado através do Decreto-lei 2.848 de 07 se dezembro no ano de 1940. 2.1 Conceito de Direito Penal Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitrariamente, na legis- lação penal são definidos esses fatos graves, que passam a serem ilícitos penais (cri- mes e contravenções), estabelecendo-se as penas e as medidas de segurança apli- cáveis aos infratores dessas normas. O direito penal tem um caráter fragmentário, pois não encerra um sistema exa- ustivo de proteção aos bens jurídicos, mas apenas elege, conforme o critério do “me- recimento da pena”, determinados pontos essenciais. Pode-se dizer que o fim do direito penal é a proteção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patrimônio, etc.). DIREITO PENAL é, portanto, o conjunto de normas jurídicas que o Estado es- tabelece para combater o crime, através das penas e medidas de segurança. Não se pode deixar de reconhecer, ao menos em caráter secundário, que o direito penaltem uma aspiração ética: deseja evitar o cometimento de crimes que afetam de forma intolerável os bens jurídicos penalmente tutelados (é destinado à proteção dos bens jurídicos). 2.2 Caracteres de Direito Penal Diz-se que o direito penal é uma ciência cultural e normativa. É uma ciência cultural porque indaga o dever ser, traduzindo-se em regras de conduta que devem 6 ser observadas por todos no respeito aos mais relevantes interesses sociais. É tam- bém uma ciência normativa, pois seu objeto é o estudo da lei, da norma do direito positivo, como dado fundamental e indiscutível na sua observância obrigatória. O direito positivo é valorativo, finalista e sancionador. A norma penal é valorativa porque tutela os valores mais elevados da socie- dade, dispondo-os em uma escala hierárquica e valorando os fatos de acordo com a sua gravidade. Tem ainda a lei penal caráter finalista, porquanto visa à proteção de bens e interesses jurídicos merecedores da tutela mais eficiente que só podem ser eficaz- mente protegidos pela ameaça legal de aplicação de sanções de poder intimidativo maior, como a pena. Essa prevenção é a maior finalidade da lei penal. Afirma-se que se trata, também de um direito constitutivo porque possui um ilícito próprio, oriundo da tipicidade, uma sanção peculiar (pena), e institutos exclusi- vos como o sursis. 2.3 Posição Enciclopédica O direito penal pertence ao ramo do direito público. Destinado a viger nos limites territoriais como direito positivo de determinado país é o direito penal amo do direito público interno. 2.4 Direito Penal Objeto e Direito Penal Subjetivo Denomina-se direito penal objetivo o conjunto de normas que regulam a ação estatal, definindo os crimes e cominando as respectivas sanções. Somente o Estado, na sua função de promover o bem comum e combater a criminalidade, tem o direito de estabelecer e aplicar essas sanções. É, pois, o único e exclusivo titular do “direito de punir” (jus puniendi) que constitui o que se denomina direito penal subjetivo. 2.5 Direito Penal Comum e Direito Penal Especial O direito penal comum se aplica a todas as pessoas e aos atos delitivos em geral. 7 O direito penal especial é dirigido a uma classe de indivíduos de acordo com sua qualidade especial, e a certos atos ilícitos particularizados. Pode-se falar em legislação penal comum em relação ao código penal, e em legislação penal especial como sendo as normas penais que não se encontram no referido estatuto. 2.6 Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo Direito penal substantivo (ou material) é representado pelas normas que de- finem as figuras penais, estabelecendo as sanções respectivas, bem como os princí- pios gerais a elas relativos (Código Penal, Lei das Contravenções penais, etc.). Direito penal adjetivo (ou formal) constitui-se de preceitos de aplicação do direito substantivo e de organização judiciária. 3 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Fonte:paineljur.com.br 3.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana Fundamentado na Constituição Federal em seu artigo 1°, III, pois trata-se fun- damento do Estado Democrático de Direito. 8 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; Condição Inerente ao ser humano, princípio máximo do Direito como um todo. Contudo todos os atos do judiciário devem observar essa premissa, ou seja, devem partir do princípio da dignidade da pessoa humana. A dignidade da pessoa humana, nada mais é que fazer o indivíduo se sentir inserido na sociedade. Isso implica no reconhecimento da superioridade humana frente aos demais seres e coisas e ao mesmo tempo na sua condição de estrita igualdade em relação aos demais seres humanos. Essa dupla projeção de superioridade/ igualdade a possui todo ser humano com independência de suas circunstâncias pessoais ou sociais mesmo que ainda que esteja privado da liberdade, seja de condição humilde, careça de instrução, ou ao contrário, que ostente riqueza ou poder, de suas capacidades físicas ou mentais e de sua própria conduta e que esteja impedido ou tenha defeitos psíquicos graves, seja pouco inteligente ou se trate de uma criança ou um lactante. “O Estado deve ser capaz de tratar os seus súditos com ferramentas dialógi- cas que possibilitem o confronto aberto, por meio da expansão da cultura, da educação e da informação completa, e que não utilize o Direito Penal como instrumento de opressão ideológica ou política de censura, que não incrimina a lesão a um bem jurídico, mas uma ideologia ou uma forma de pensar con- trária ao Estado, mesmo daquelas críticas que lhes sejam mais corrosivas e demolidoras, que naturalmente se desenvolvem no seio de uma sociedade multicultural e livre” (CORNACCHIA, 2007 apud PASSOS, p. 3, 2019). Nesse sentido, o princípio da dignidade da pessoa humana, visa proteger o ser humano sendo ele delinquente ou não, impondo limites no controle do exercício da atividade punitiva, revelam ter um conteúdo ético na medida em que resguardam a liberdade do homem com relação à preservação à dignidade humana, sendo inadmis- sível a aplicação do jus puniendi estatal com violação a esses princípios. 3.2 Princípio da Legalidade De acordo com o Princípio da Legalidade não há crime nem pena sem lei prévia - Nullum crimen, nulla poena sine lege praevia. Está previsto nos seguintes artigos: 9 Art. 1º do CP Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia comina- ção legal. Art. 5º, II, CF/88 II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Art. 5º XXXIX, CF/88 XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; ART. 9º, Convenção Americano Direitos Humanos Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tam- pouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. Art. 22, do Estatuto de Roma (Tribunal Penal Internacional) 1. Nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável, nos termos do presente Estatuto, a menos que a sua conduta constitua, no momento em que tiver lugar, um crime da competência do Tribunal. 2. A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será per- mitido o recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada. 10 3.3 Princípio da Intervenção Mínima Não há crime sem lei necessária, assim, o Direito Penal reserva-se apenas para a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em sociedade. Art.1º, III, CF Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; Art. 5º, caput. CF Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Desta maneira, em respeito à dignidade humana e aos direitos constitucionais previstos, a ação do Estado sobre o indivíduo deve ser mínima, além de que o Direito Penal não deve se tornar instrumento único de controle social. Devendo ser recorrido no momento em que as outras medidas falharem, a fim de garantir ao cidadão os direitosreservados constitucionalmente. Apesar deste princípio não estar expressamente inscrito na Constituição Fede- ral, a observação do Princípio da Intervenção Mínima é constituída como decorrência imediata do garantismo penal. A ação do Direito penal é subsidiária, é a "ultima ratio". 3.4 Princípio da Lesividade Se a ação do agente não ofende, coloca em risco, o bem jurídico alheio, este não será passível de punição, pois o Direito Penal se reserva à apenas intervir em 11 situações as quais há a exteriorização danosa ao direito de outra pessoa. Assim, a autolesão não pode ser punida uma vez que, não ultrapassa o âmbito do próprio agente. Possui íntima relação à Intervenção Mínima do Direito Penal, por também estar intrínseco ao direito à dignidade humana (art. 1º, III). O Princípio da Lesividade está previsto implicitamente no art.13, do CP. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é impu- tável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Aqui se afirmar que para haver crime necessita que haja resultado. Nulla necessitas sine injuria: Não há necessidade (crime) sem ofensa. Assim não é punível: - A tentativa frustrada de suicídio; - Os atos preparatórios para o delito; - Cogitações criminosas; - Atos que atacam ou ameaçam ideia religiosa ou moral. 3.5 Princípio da Proporcionalidade Tem o objetivo de coibir os excessos em condenações, a fim de evitar restrições desnecessárias ou abusivas e assim proteger os direitos do cidadão em face de even- tual arbítrio do poder Estatal. Busca a harmonia e equilíbrio em caso de conflito de direitos. “A proporcionalidade é uma máxima, um parâmetro valorativo que permite aferir a idoneidade de uma dada medida legislativa, administrativa ou judicial. Pelos critérios da proporcionalidade pode-se avaliar a adequação e a necessidade de certa medida, bem como, se outras menos gravosas aos interesses sociais não poderiam ser prati- cadas em substituição àquela empreendida pelo Poder Público.” 12 Não é um princípio explícito na CF de 88. 3.5 Princípio da Responsabilidade Pessoal ou da Transcendência da Pena Previsto no art. 5º, XLV, CF/88 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: “XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;” A pena será submetida apenas ao condenado pelo crime. A punibilidade, qualquer que seja a sua forma, estará extinta com a morte do condenado. O auxilio reclusão é uma medida criada afim de assegurar o mínimo de sustento aos dependentes do prisioneiro, pois sem este auxilio, os mesmos estariam "pagando" uma pena, indiretamente, por um crime que não cometeram. 3.6 Princípio da Culpabilidade Previsto no artigo 29 do Código Penal; este princípio faz com que antes da imputação de crime, deverá ser analisado se o agente agiu com dolo (intenção) ou com imprudência, negligencia ou imperícia (culpa), em casos que a lei prever como puníveis. Segundo a teoria do crime, só se configuram como infrações penais as condutas típicas, ilícitas e culpáveis, sendo que o não cumprimento de um desses quesitos ele- mentares impede que a conduta seja classificada como infração. Nulla actio sine culpa: Não há ação sem culpa, ou seja, para que haja pena, deve haver culpa (culpa aqui é em sentido amplo, não se confunde com crime cul- poso). 13 O princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da responsabilidade penal (Nilo Batista, 1990, p 103 apud). Atenção: Não há previsão da culpabilidade na CF/88, mas ele está implícito no princípio da dignidade humana. Não se pode num Estado democrático de direito transformar a punição mais gra- vosa que o ordenamento jurídico pode impor em simples relação de causalidade, sem que exista vontade ou previsibilidade do agente. O Artigo 18 do Código Penal expressa a diferença entre dolo e Culpa: Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- lo; Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negli- gência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. O principal objetivo do princípio da Culpabilidade é o afastamento da responsabili- dade objetiva. 3.7 Princípio da Fragmentariedade Fragmento é parte de um todo. Isso significa que o Direito Penal, visto como fragmentário, somente poderá se ocupar de bens jurídicos relevantes. Ademais, ape- nas as condutas mais graves, consideradas socialmente intoleráveis e endereçadas a bens efetivamente valiosos, é que podem ser objeto de criminalização. Para ser mais claro, entende-se que o princípio da fragmentariedade por não poder proibir e punir todas as condutas ilícitas dos indivíduos, o princípio fragmenta, escolhe atos mais lesivos para punição. Pois o Direito Penal alcança apenas algumas delas. 3.8 Princípio da Subsidiariedade O Direito Penal é subsidiário, quando mais ramos do direito, não conseguem intervir em todas as condutas, o Direito Penal é chamado para impor uma pena priva- tiva de liberdade. O princípio da subsidiariedade também é conhecido como o princípio 14 da necessidade penal, pois é necessário que se utilize o direito penal para proibir determinada conduta, ou se dispõe sobre um outro ramo do direito para conseguir proibir a conduta, mediante aplicação de sanções como multa, ou indenização. Vale salientar que o fato de se estar protegendo o bem jurídico com outro ramo do Direito, não significa que o mesmo seja menos importante do que o de relação penal. Muitas vezes um bem jurídico importante como a vida, pode ser protegido por outro ramo do direito que não seja o penal, não necessitando de criminalizar uma conduta. Tem-se como exemplo, um acidente de trânsito, cujo o motorista do veículo ultrapassa o sinal vermelho atingindo um carro que vem em direção contrária provo- cando a morte do ocupante. Para que se evite tal prática, antes mesmo de ser acionado o Direito Penal para inibir tal conduta, uma multa poderá diminuir acontecimentos como esse. Salvo em caso de homicídio culposo, lesão corporal culposa no trânsito, o direito penal intervém para punir o resultado e não a ação de avançar o sinal vermelho. A simples conduta do agente de ultrapassar o sinal vermelho poderá ser inibida com a uma multa pecuniária, onde o indivíduo deverá pagar por essas ações que o Estado deseja evitar. Observa-se que o bem jurídico que o Código de Trânsito irá tutelar é entre outras coisas a vida e a integridade corporal, que são extremamente importantes. Nesse caso o direito penal intervirá no momento que apenas uma multa não será capaz de evitar tais transgressões ao bem jurídico. Contudo o Direito Penal acaba sendo reser- vado quando para situações que o agente age dolosamente, ou seja, com a vontade de provocar o feito, em algumas circunstancias excepcionalmente o direito penal será utilizado quando houver dano de forma culposa, como homicídios culposos, lesões corporais culposas e em outras situações culposas bastante graves, mas via de regra será evitado ao máximo a utilização do direito penal e deixar que os demais ramos do direito evitem as condutas indesejadas. O direito penal será utilizado como remédio extremo. 15 3.9 Princípio da anterioridadeO princípio da anterioridade parte do pressuposto de que não basta que haja uma lei que prevendo a conduta criminosa, é necessário de que essa Lei seja prévia, a conduta praticada pelo agente no fato concreto, ou seja, se o indivíduo praticar hoje uma conduta que não está descrita na Lei como crime e no dia seguinte, aquela con- duta é reconhecida pela sociedade como conduta criminosa, esse sujeito que praticou tal ato, não poderá ser acusado e punido por essa conduta, isso porque a Lei penal não poderá retroagir em desfavor do réu, isso também é aplicado no caso de aumento de pena, o que significa que no ato praticado pelo agente, a pena era de 2 anos, ele foi enquadrado nessa lei específica com o prazo específico de 2 anos, e por ventura a mesma conduta considerada como crime, passa a ter a cominação legal, esse indi- víduo não poderá ter a pena aumentada. A lei só terá validade a partir da data de sua vigência. Todavia, quanto a retroa- tividade da lei, existe uma exceção, que é quando a Lei retroage em benefício do réu, ou seja, mesmo que o agente tenha cometido um crime com a cominação legal de 2 anos, e um tempo depois o agente ainda não tenha cumprido toda sua pena, o legis- lador entenda que o mesmo ato praticado anteriormente, passa a ter sua pena dimi- nuída para tal ato praticado para pena privativa de liberdade de 1 ano, o indivíduo será beneficiado, tendo sua pena diminuída. Ou também quando se deixa de ser conside- rada como crime, conhecida como abolitio criminis. A abolitio criminis se trata de uma das formas de extinção da punibilidade da pena. Ocorre quando em momento anterior havia lei penalizando determinada con- duta e, com o advento de nova lei, a mesma deixou de ser considerada crime. 3.10 Princípio da Insignificância (ou da bagatela) Relacionado o axioma mínima non cura praeter, enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetam muito infimamente a um bem jurídicopenal. A irrele- vante lesão do bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, devendo- se excluir a tipicidade em caso de danos de pouca importância. 16 “A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da consideração conglobada da norma: toda ordem normativa persegue uma finalidade, tem um sentido, que é a ga- rantia jurídica para possibilitar uma coexistência que evite a guerra civil (a guerra de todos contra todos). A insignificância só pode surgir à luz da finali- dade geral que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma em parti- cular, e que nos indica que essas hipóteses estão excluídas de seu âmbito de proibição, o que não pode ser estabelecido à luz de sua consideração isolada”. (Zaffaroni e Pierangeli) 3.11 Princípio da Extra Atividade da Lei Penal A lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar a regular fatos ocorri- dos durante a vigência ou retroagir para alcançar aqueles que aconteceram anterior- mente à sua entrada em vigor. Essa possibilidade que é dada a lei penal de se movi- mentar no tempo é chamada de extra atividade. A regra geral é a da irretroatividade in pejus; a exceção é a retroatividade in mellius. 3.12 Princípio da Territorialidade O C.P. determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. O Brasil não adotou uma teoria absoluta da territorialidade, mas sim uma teoria conhe- cida como temperada, haja vista que o Estado, mesmo sendo soberano, em determi- nadas situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, em virtude de con- venções, tratados e regras de direito internacional. 3.13 Princípio da Extraterritorialidade Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja regra geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem infrações dentro do território nacional, incluídos aqui os casos considerados fictamente como sua extensão, o princípio da extraterritoriali- dade se preocupa com a aplicação da lei brasileira além de nossas fronteiras, em países estrangeiros. 17 4 APLICAÇÃO DA LEI PENAL Fonte: br.freepik.com 4.1 Lei Penal no Tempo Em regra, aplica-se a lei penal vigente ao tempo da prática do fato criminoso. Quer-se dizer que a lei penal produzirá efeitos, em regra, no período da sua vigência, de acordo com a lei vigente na época do fato. Exceção à regra supracitada ocorre nos casos de extra-atividade da lei penal, em que abrange a retroatividade da lei mais benéfica e sua ultra-atividade. Em síntese: “O fenômeno jurídico pelo qual a lei regula todas as situações ocorridas durante seu período de vida, isto é, de vigência, denomina-se ativi- dade. A atividade da lei é a regra. Quando a lei regula situações fora de seu período de vigência, ocorre a chamada extra-atividade, que é a exceção” (CA- PEZ, 2007. P. 54, Apud Carvalho, 2019). Três são os fundamentais princípios aplicados no instituto da eficácia da lei penal no tempo: a) legalidade, no sentido de anterioridade; b) irretroatividade e c) re- troatividade da lei mais benigna. Segundo o princípio da Legalidade, não há infração ou sanção penal sem lei anterior, isto é, sem lei prévia. Esse desdobramento do princípio da legalidade traduz a ideia da anterioridade penal, segundo o qual para a aplicação da lei penal, exige-se lei anterior tipificando o crime e prevento a sua sanção. O segundo princípio constitucional (irretroatividade), descrito no art. 5º, XL da CF, dispõe que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, impondo-se, https://br.freepik.com/ 18 assim, a irretroatividade da lei penal, salvo quando a lei nova seja benéfica ao acu- sado. Destarte, nas palavras de Luiz Flávio Gomes e Valério de Oliveira Mazzuoli “qualquer que seja o aspecto disciplinado do Direito penal incriminador (que cuida do âmbito do proibido e do castigo), sendo a lei nova prejudicial ao agente, não pode haver retroatividade” (apud NAGIMA, 2019). Por fim, quanto à retroatividade da lei mais benigna: “é indispensável investigar qual a que se apresenta mais favorável ao indivíduo tido como infrator. A lei anterior, quando for mais favorável, terá ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de vigên- cia da lei nova, apesar de já estar revogada. O inverso também é verdadeiro, isto é, quando a lei posterior foi mais benéfica, retroagirá para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência” (BITENCOURT, 2007. P. 162, apud NAGIMA, 2019). O Supremo Tribunal Federal tem adotado entendimento literal do princípio: “A lei nova é lex in melius e por isso deve retroagir, por força do disposto no art. 5º, inc. XL, da Constituição: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar”. Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tam- pouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. Art. 2º CP: Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de con- siderar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenató- ria transitada em julgado. Art. 3º CP: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. Art. 4º CP: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Atenção: Dessa forma a lei é aplicada aos fatos praticados durantesua vigên- cia. 19 Extra atividade - A Lei nova mais benéfica retroage, de forma que será apli- cada aos fatos criminosos praticados antes de sua entrada em vigor. Ultra – atividade - A Lei mais benéfica, quando revogada, continua a reger os fatos praticados durante sua vigência. Abolitio criminis – Lei nova passa a não mais considerar a conduta como cri- minosa. (descriminalização da conduta). Continuidade típico – normativa – Em alguns casos, embora a lei nova revo- gue um determinado artigo que previa um tipo penal, a conduta pode continuar sendo considerada crime (não há abolitio criminis): - Quando a Lei nova simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal. - Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta está prevista como crime em outro tipo penal. Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu – Prevalece o entendimento de que não é possível combinar as duas Leis. Deve ser aplicada a Lei que, no todo, seja mais benéfica (teoria da ponderação unitária). Competência para a aplicação da Lei nova mais benéfica: - Processo ainda em curso – Compete ao juízo que está conduzindo o processo. - Processo já transitado em julgado – Compete ao Juízo da execução penal. Leis excepcionais e temporárias – Continuam a reger os fatos praticados durante sua vigência, mesmo após expirado o prazo de vigência ou mesmo após o fim das cir- cunstâncias que determinaram a edição da lei. Atenção: Se houver superveniência de lei abolitiva expressamente revogando a cri- minalização prevista na lei temporária ou excepcional, ela não mais produzirá efeitos. Tempo do crime – Considera-se praticado o delito no momento conduta (Ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do resultado (adoção da teoria da ATIVI- DADE). Crimes continuados e permanentes – Consideram-se como sendo praticados enquanto não cessa a continuidade ou permanência. Consequência: se neste período (em que o crime está sendo praticado) sobrevier lei nova, mais grave, ela será aplicada. 20 4.2 Lei Penal no Espaço Trata do lugar onde o crime é praticado, servindo como parâmetro para soluci- onar situações em que um crime inicia sua execução em um determinado território e a consumação dar-se em outro. Para esclarecer estas possíveis situações o Direito Penal utiliza-se de alguns dos já mencionados, quais sejam: - Princípio da Territorialidade: Previsto no artigo 5º, §§ 1º e 2º do Código Penal Brasileiro: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. “§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território na- cional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a ser- viço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aero- naves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- mar. § 2º - É também aplicável à lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando- se àquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo cor- respondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, art. 5°)”. Fazendo uma análise simples do artigo acima, o Princípio da Territorialidade afirma que a lei penal somente pode ser aplicada no espaço (território) do Estado que a criou, não atendendo à nacionalidade do sujeito ativo ou passivo do delito ou o titular do bem jurídico lesado. Para este princípio, os países devem aplicar as suas leis aos crimes cometidos dentro de seu território jurídico. Este critério não é absoluto. Para tanto, o Brasil adotou o Princípio da Territoriali- dade Temperada, que diz: “A lei penal brasileira aplica-se, em regra, ao crime praticado em seu território, porém 21 a lei estrangeira será aplicada em crimes praticados em parte ou total em nosso terri- tório, quando assim exigirem tratados e convenções internacionais (Intraterritoriali- dade/de fora para dentro)” (CARVALHO, 2019). É importante analisar as situações de extensões do território nacional, uma vez que o alto-mar não está sujeito a qualquer soberania dos Estados, vejamos: A. Princípio do Pavilhão ou da Bandeira: As embarcações e aeronaves são exten- sões do território do país em que estiverem registradas (bandeira). Os navios e aero- naves de guerra são extensões do território nacional. Assim, os crimes cometidos no interior deles terão aplicação das leis dos respectivos países. Isto não se aplica aos delitos praticados fora das embarcações pelos tripulantes. Neste caso estarão sujeitos à jurisdição penal do Estado em cujo território se encontram. B. Navios e Aeronaves Públicas ou Privadas: Os navios oficiais (chefe de Es- tado/representantes diplomáticos) são considerados extensões do território nacional (mesmo comando do Princípio do Pavilhão). Já aos navios privados (mercantes ou de propriedade privada) em mar de território estrangeiro aplica-se a lei do país estran- geiro em alto-mar, e em mar territorial brasileira, a lei brasileira é a aplicável. Casos em que a legislação brasileira não tem incidência: 1. Imunidades Diplomáticas: Não pode ser preso nem processado sem autorização de seu país. As sedes diplomáticas não são extensões do território do país, mas são invioláveis (embaixador, corpo técnico da embaixada, familiares do agente diplomá- tico, chefes de Estado Estrangeiro que visitam o país, os empregados particulares não gozam de imunidade); 2. Imunidades dos Parlamentares: Garantia dos parlamentares para o exercício de suas funções. Previstas no artigo 53 da Constituição Federal: “Os Deputados e Sena- dores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. A imunidade é irrenunciável, entretanto, não alcança os parlamentares licenci- ados para ocupar outro cargo. Seguem os tipos de imunidades previstas para os Parlamentares: 22 a) Imunidade Material ou Inviolabilidade Parlamentar: Os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente nos crimes de opinião (verbi gratia, injúria, difama- ção, calúnia, entre outros), quando praticados no exercício de suas funções (art. 53, caput da Constituição Federal). Nélson Hungria (1979) entende que nas suas opini- ões, palavras ou votos jamais se poderão identificar, por parte do parlamentar, quais- quer dos chamados crimes de opinião ou crimes da palavra, como os crimes contra a honra, incitamento a crime, apologia de criminoso e vilipêndio oral a culto religioso, pois a imunidade material exclui o crime nos casos admitidos (Apud Carvalho, 2019). O fato típico deixa de ser crime porque a Constituição Federal afasta no caso concreto a incidência da norma penal (excludente da antijuridicidade da conduta típica). A Invi- olabilidade, por opiniões, palavras e votos abrange os parlamentares federais (art. 53, CF 88), os deputados estaduais (art. 27, § 1º, CF 88) e, nos limites da circunscrição de seu Município, os vereadores (art. 29, VIII, CF 88). b) Imunidade Formal: Imunidade que garante a quem está no exercício de mandato eletivo a impossibilidade de ser ou permanecer preso ou ser processado sem autori- zação de sua Casa Legislativa respectiva. Veja o que diz a Constituição Federal: Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Foro Privilegiado: § 1º - Os Deputados e Sena- dores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Su- premo Tribunal Federal (não alcança a causa de natureza civil). Prisão: § 2º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso,os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (nos crimes afiançáveis jamais serão presos, nos inafiançáveis somente presos em flagrante delito). Processo: § 3º - Recebida à denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocor- rido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, 23 que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação; § 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora; § 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 8º -Estas imunidades persistem no estado de sítio, somente 2/3 dos membros da respectiva casa suspendem. c) Imunidade para servir como Testemunha: § 6º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles recebe- ram informações. 2. Princípio da Extraterritorialidade: Princípio que possibilita a aplicação da lei penal brasileira a fatos criminosos ocorridos em territórios de outros Estados. Encontra-se previsto no artigo 7º do Código Penal: Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie- dade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 24 seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar ex- tinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra bra- sileiro fora do Brasil, se reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Fernando Capez (2006) assim explica o princípio da extraterritorialidade: consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos fora do Brasil. A jurisdição é territorial, na medida em que não pode ser exercida no território de outro Estado, salvo em vir- tude de regra permissiva, emanada do direito internacional costumeiro ou convencio- nal. Em respeito ao princípio da soberania, um país não pode impor regras jurisdicio- nais a outro. (Apud CARVALHO, 2019). O Princípio da Extraterritorialidade apresenta os seguintes tipos: A) Incondicionada: A lei brasileira será aplicada, ainda que o agente seja absolvido ou condenado no exterior, ou seja, não se subordina a qualquer condição. São os previstos no artigo 7º, inciso I, a, b, c e d do Código Penal. B) Condicionada: São as hipóteses previstas no inciso II e § 3º. Para a lei brasileira ser aplicada nestes casos faz-se necessário que satisfaça os requisitos previstos no artigo 7º, § 2º, a, b e § 3º: Para a aplicação do Princípio da Extraterritorialidade são necessários os seguintes princípios: 1º) Princípio da Nacionalidade ou Personalidade Ativa (art. 7º, II, b, CP): A lei do Estado do autor do crime é aplicada em qualquer lugar que o crime tenha ocorrido, ou seja, a lei brasileira é aplicada em razão da nacionalidade do autor do crime (sujeito ativo); 2º) Princípio da Nacionalidade ou Personalidade Passiva (art. 7º, § 3º, CP): A lei 25 brasileira é aplicada ao crime praticado por estrangeiro contra brasileiro. Importa a nacionalidade do sujeito passivo; 3º) Princípio da Defesa Real ou Proteção (art. 7º, I, a, b, c): Importa à nacionalidade do bem jurídico. Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido fora do Brasil, que afete interesse nacional; 4º) Princípio da Justiça Universal ou da Universalidade da Justiça Cosmopo- lita (art. 7º, I, d, II, CP): Direito de todos os países em punir qualquer crime; 5º) Princípio da Representação (art. 7º, II, c, CP): A lei brasileira será aplicada aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas, desde que não sejam julgados no local do crime. Atenção: Desse modo aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacio- nal (princípio da territorialidade mitigada ou temperada, pois há exceções): Território nacional – Espaço em que o Estado exerce sua soberania política. O ter- ritório brasileiro compreende: - O Mar territorial; - O espaço aéreo (Teoria da absoluta soberania do país subjacente); - O subsolo Território nacional por extensão - Os navios e aeronaves públicos, onde quer que se encontrem - Os navios e aeronaves particulares, que se encontre em alto-mar ou no espaço aé- reo. Extraterritorialidade – Aplicação da lei penal brasileira a um crime praticado fora do território nacional. Extraterritorialidade Incondicionada – Aplica-se aos crimes cometidos: - Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República - Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estadas, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. - Contra a administração pública, por quem está a seu serviço. 26 - De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil Obs: Estas hipóteses dispensam outras condições, bastando que tenha sido o crime cometido contra estes bens jurídicos. Obs: Será aplicada a lei brasileira ainda que o agente já tenha sido condenado ou absolvido no exterior. Obs: Caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena cumprida no exterior será abatida na pena a ser cumprida no Brasil (Detração Penal) Extraterritorialidade Condicionada – Aplica-se aos crimes: - Que por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir - Praticados por brasileiros - Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Condições: - Entrar o agente no território nacional. - Ser o fato punível também no país em que foi praticado. - Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição - Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena. - Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. EXTRATERRIORIALIDADE HIPER-CONDICIONADA – ÚNICA HIPÓTESE: Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. Condições: Mesma condições da extraterritorialidade condicionada + Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição Haver requisição do MJ Lugar do crime – Considera-se praticado ocrime no lugar em que ocorreu a conduta (ação ou omissão), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (adoção da teoria da UBIQUIDADE). 27 5 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Fonte: slideplayer A interpretação é medida necessária para que compreendamos o verdadeiro sentido da norma e seu alcance. Na interpretação, há lei para regular o caso em concreto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo normativo sua vontade e seu alcance para que possa regular o fato jurídico. 5.1 Interpretação quanto ao sujeito Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela própria lei (exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser considerado funcionário público para fins penais); Doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista por meio de sua doutrina; Juris- prudencial- é o significado da lei dado pelos Tribunais (exemplo: súmulas) Ressalte- se que a Exposição dos Motivos do Código Penal configura uma interpretação doutri- nária, pois foi elaborada pelos doutos que criaram o Código, ao passo que a Exposi- ção de Motivos do Código de Processo Penal é autêntica ou legislativa, pois foi criada por lei. 28 5.2 Interpretação quanto ao modo Gramatical, filológica ou literal- considera o sentido literal das palavras; Teleológica- se refere à intenção objetivada pela lei (exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, mesmo que a lei se refira apenas ao aparelho); histórica- indaga a origem da lei; Sistemática- interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais do direito; Progressiva ou evolutiva- busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência. 5.3 Interpretação quanto ao resultado Declarativa ou declaratória- é aquela em que a letra da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis dizer, sem restringir ou estender seu sentido; restritiva- a interpretação reduz o alcance das palavras da lei para corresponder à intenção do legislador; Extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para corresponder à sua vontade. 5.4 Interpretação sui generis A interpretação sui generis pode ser exofórica ou endofórica. Exofórica- o significado da norma interpretativa não está no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo); Endofórica- o texto normativo interpretado empresta o sentido de outros textos do pró- prio ordenamento jurídico (muito usada nas normas penais em branco). 5.5 Interpretação conforme a Constituição A Constituição Federal informa e conforma as normas hierarquicamente inferio- res. Esta é uma importante forma de interpretação no Estado Democrático de Direito. 29 5.6 Distinção entre interpretação extensiva e interpretação analógica Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados de forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses, funcionando como uma analogia in malan partem admitida pela lei. Rogério Greco fala em interpretação extensiva em sentido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva em sentido estrito e interpretação analógica. Ana- logia: Analogia não é forma de interpretação, mas de integração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca do tema, ou ainda em caso da Lei não tratar do tema em específico o magistrado irá recorrer ao instituto. São pressupostos da analogia: cer- teza de que sua aplicação será favorável ao réu; existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador) (Apud Carvalho, 2019). Irretroatividade da Lei Penal Dita o Código Penal em seu artigo 2º: Art. 2. “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença conde- natória”. O parágrafo único do artigo trata da exceção à regra da irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de benefício ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos decididos por sentença condenatória transitada em julgado Benefício do réu. Frise-se, todavia, que tal regra restringe-se somente às nor- mas penais. 30 6 TÍTULO E CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS Fonte: canalcienciascriminais 6.1 Crimes Comissivos, Omissivos Puros e Omissivos Impróprios Crimes comissivos são os que exigem, segundo o tipo penal objetivo, em prin- cípio, uma atividade positiva do agente, um fazer. No furto (art. 155) o subtrair; no rapto (art. 219) o raptar etc. Crimes omissivos (ou omissivos puros) são os que objetivamente são descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado natura- lístico. Para a existência do crime basta que o autor se omita quando deve agir. Fala-se também em crimes de conduta mista, em que no tipo penal se inscreve uma fase inicial comissiva, de fazer, de movimento, e uma final de omissão, de não fazer o devido. Nos crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão, ou comissivos - omissivos), a omissão consiste na transgressão do dever jurídico de impedir o resul- tado, praticando-se o crime que, abstratamente, é comissivo. A omissão é forma ou meio de se alcançar um resultado (no crime doloso). Nos crimes omissivos impróprios a lei descreve uma conduta de fazer, mas o agente se nega a cumprir o dever de agir. 31 Não havendo obrigação jurídica de agir para evitar o resultado, não se pode falar em crime comissivo por omissão. 6.2 Crimes Unissubjetivos e Plurissubjetivos Crime unissubjetivo (monossubjetivo, unilateral) é aquele que pode ser prati- cado por uma só pessoa, embora nada impeça a co-autoria ou participação. Crime plurissubjetivo (coletivo, de concurso necessário) é aquele que, por sua conceituação típica, exige dois ou mais agentes para a prática da conduta criminosa. Essas condutas podem ser paralelas, como no crime de quadrilha ou bando (art. 288), em que a atividade de todos tem o mesmo objetivo, um fim único; convergentes, como nos crimes bilaterais, em que é possível que uma delas não seja culpável e que tem como exemplo a bigamia (art. 235); ou divergentes, em que as ações são dirigidas de uns contra outros, como na rixa (art. 137). 6.3 Crime Doloso Teorias sobre o Dolo Três são as teorias que procuram estabelecer o conteúdo do dolo: a da von- tade, a da representação e a do assentimento. Para a teoria da vontade, age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. Para a teoria da representação, o dolo é a simples previsão do resultado. Em- bora não se negue a existência da vontade na ação, o que importa para essa posição é a consciência de que a conduta provocará o resultado. Para a teoria do assentimento (ou do consentimento) faz parte do dolo a previ- são do resultado a que o agente adere, não sendo necessário que ele o queira. Como será visto, o CP brasileiro adotou a teoria da vontade quanto ao dolo direto e a teoria de assentimento ao conceituar o dolo eventual. 32 Conceito e elementos do dolo Ao se examinar a conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalista, é ela um comportamento voluntário (não reflexo) e que o conteúdo da vontade é o seu fim. Nessa concepção, a vontade é o componente subjetivo da conduta, faz parte dela e dela é inseparável. A vontade é querer alguma coisa e o dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal. Assim, pode-se definir o dolo como a consciência e a vontade na realização da conduta típica, ou a vontade da ação orientada para a realização do tipo. São elementos do dolo, portanto: - a consciência - conhecimento do fato - que constitui a ação típica; e - à vontade - elemento volitivo de realizar este fato. O dolo inclui não só o objetivo que o agente pretende alcançar, mas também os meios empregados e as consequências secundárias de sua atuação. Há duas fa- ses na conduta: uma interna eoutra externa. A interna opera-se no pensamento do autor (e se não passa disso é penalmente indiferente), e consiste em: - Propor-se a um fim (matar um inimigo, por exemplo); - Selecionar os meios para realizar essa finalidade (escolher um explosivo, por exemplo); e - Considerar os efeitos concomitantes que se unem ao fim pretendido (a des- truição da casa do inimigo, a morte de outras pessoas que estejam com ele etc.). A segunda fase consiste em exteriorizar a conduta, numa atividade em que se utilizam os meios selecionados conforme a normal e usual capacidade humana de previsão. Caso o sujeito pratique a conduta nessas condições, age com dolo e a ele se podem atribuir o fato e suas consequências diretas (morte do inimigo e de outras pessoas, a demolição da casa, o perigo para os transeuntes, etc.). Dolo no código penal Reza o art. 18, inciso I, do CP: “Diz-se o crime: doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.” Como resultado deve-se entender a lesão ou perigo de lesão de um bem jurídico. 33 Na primeira parte do dispositivo a lei refere-se ao agente que quer o resultado. É o que se denomina dolo direto; o agente realiza a conduta com o fim de obter o resultado. Na segunda parte do inciso em estudo, a lei trata do dolo eventual. Nessa hi- pótese, a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado; o que ele quer é algo diverso, mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo o risco de causá-lo. Age também com dolo eventual o agente que, na dúvida a respeito de um dos elementos do tipo, se arrisca em concretizá-lo. Elementos subjetivos do tipo Distingue a doutrina várias espécies de elementos subjetivos do tipo. A primeira delas relaciona-se com a finalidade última do agente, ou seja, a meta que o agente deseja obter com a prática da conduta inscrita no núcleo do tipo e des- crita no verbo principal do tipo penal. É o fim especial da conduta que está inscrito no próprio tipo. A segunda espécie de elemento subjetivo do tipo é a que se refere a uma ten- dência especial da ação, própria de certos crimes contra os costumes. Constitui também elemento subjetivo do tipo o estado de consciência do agente a respeito de determinada circunstância inscrita em certas descrições legais. Por fim, há elementos subjetivos ligados ao momento especial de ânimo do agente. Espécies de dolo Distingue-se na doutrina o dolo direto ou determinado do dolo indireto ou inde- terminado. No primeiro, o agente quer determinado resultado, como a morte da vítima, por exemplo, no homicídio. No segundo, o conteúdo do dolo não é preciso, definido. Neste caso, poderá existir, o dolo alternativo, em que o agente quer, entre dois ou mais resultados (matar ou ferir, por exemplo), qualquer deles ou o dolo eventual. 34 Refere-se ainda a doutrina ao dolo de dano, em que o agente quer ou assume o risco de causar lesão efetiva e ao dolo de perigo, em que o autor da conduta quer apenas o perigo. Distinção da doutrina tradicional é aquela que separa as espécies de dolo em dolo genérico e dolo específico. Dolo genérico é a vontade de realizar o fato descritivo na lei, em seu núcleo. Dolo específico é a vontade de realizar o fato com um fim es- pecial. Foi visto, entretanto, que a distinção é falha, pois o que existe são os elementos subjetivos do tipo. Fala-se por fim em dolo geral. Existe este nos casos em que o agente, supondo ter conseguido o resultado pretendido, pratica nova ação que, esta sim, vem a resultar no evento. 6.4 Crime Culposo Conceito de culpa Tem-se conceituado na doutrina o crime culposo como a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado. São assim, elementos do crime culposo: a A conduta; b A inobservância do dever de cuidado objetivo; c O resultado lesivo involuntário; d A previsibilidade; e e A tipicidade. Conduta Enquanto nos crimes dolosos a vontade está dirigida à realização de resultados objetivos ilícitos, os tipos culposos ocupam-se não com o fim da conduta, mas com as consequências antissociais que a conduta vai produzir; no crime culposo o que im- porta não é o fim do agente (que é normalmente lícito), mas o modo e a forma impró- pria com que atua. Os tipos culposos proíbem assim condutas em decorrência da 35 forma de atuar do agente para um fim proposto e não pelo fim em si. O elemento decisivo da ilicitude do fato culposo reside não propriamente no resultado lesivo cau- sado pelo agente, mas no desvalor da ação que praticou. A conduta culposa é, por- tanto, elemento do fato típico. Dever de cuidado objetivo A cada homem, na comunidade social, incumbe o dever de praticar os atos da vida com as cautelas necessárias para que o seu atuar não resulte dano a bens jurí- dicos alheios. Assim, se o agente não observa estes cuidados indispensáveis, cau- sando com isso dano a um bem jurídico alheio, responderá por ele. É a inobservância do cuidado objeto exigível do agente que torna a conduta antijurídica. Resultado Em si mesma, a inobservância do dever de cuidado não constitui conduta típica porque é necessário outro elemento do tipo culposo: o resultado. Só haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao cuidado resultar lesão a um bem jurídico. Se, apesar da ação descuidada do agente, não houver resultado lesivo, não haverá crime culposo. O resultado não deixa de ser um “componente de azar” da conduta humana no crime culposo. Não existindo resultado, não se responsabilizará por crime culposo o agente que observou o cuidado necessário, ressalvada a hipótese em que a conduta constituir, por si mesma, um ilícito penal. Não haverá crime culposo mesmo que a conduta contrarie os cuidados objeti- vos e se verifica que o resultado se produziria da mesma forma, independentemente da ação descuidada do agente. Assim, se alguém se atira sob as rodas do veículo que é dirigido pelo motorista na contramão de direção, não se pode imputar a este o re- sultado (morte do suicida). Trata-se, no caso, de mero caso fortuito. Evidentemente, deve haver no crime culposo, como me todo fato típico, a rela- ção de causalidade entre a ação e o resultado, obedecendo-se ao que dispõe a lei brasileira no art. 13 do CP 36 Previsibilidade O tipo culposo é diverso do doloso. Há na conduta não uma vontade dirigida à realização do tipo, mas apenas um conhecimento potencial de sua concretização, vale dizer, uma possibilidade de conhecimento de que o resultado lesivo pode ocorrer. Esse aspecto subjetivo da culpa é a possibilidade de conhecer o perigo que a conduta descuidada do sujeito cria para os bens jurídicos alheios, e a possibilidade de prever o resultado conforme o conhecimento do agente. A essa possibilidade de conheci- mento e previsão dá-se o nome de previsibilidade. A previsibilidade é a possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições me que o sujeito se encontrava. A condição mínima de culpa em sentido estrito é a previsibilidade; ela não existe se o resultado vai além da previsão. Diz-se que estão fora do tipo penal dos delitos culposos os resultados que estão fora da previsibilidade objetiva de um homem razoável, não sendo culposo o ato quando o resultado só teria sido evitado por pessoa extremamente prudente Princípio direito risco tolerado - Há comportamentos perigosos imprescindíveis, que não podem ser evitados e, portanto, não podem ser tidos como ilícitos (médico que realiza uma cirurgia em circunstâncias precárias podendo causar a morte do pa- ciente). A previsibilidade também está sujeita ao princípio da confiança. O dever obje- tivo de cuidado é dirigido a todos, de comportarem-se adequadamente, não se po- dendo exigir que as pessoasajam desconfiando do comportamento dos seus seme- lhantes. Tipicidade Nos crimes culposos a ação não está descrita como nos crimes dolosos. São normalmente tipos abertos que necessitam de complementação de uma norma de caráter geral, que se encontra fora do tipo, e mesmo de elementos do tipo doloso correspondente. 37 Modalidades de Culpa As modalidades de culpa, ou formas de manifestação da falta do cuidado obje- tivo estão discriminadas no art. 18, inc. II: imprudência, negligência ou imperícia. A imprudência é uma atitude em que o agente atua com precipitação, inconsi- deração, com afoiteza, sem cautelas, não usando de seus poderes inibidores. A negligência é inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental. A imperícia é a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos no exercício de arte ou profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou deve saber. 7 LEI Nº 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME Fonte: abcdoabc.com.br Conhecida como pacote anticrime a Lei número 13.964/2019 Aperfeiçoa a le- gislação penal. Segue abaixo quadro comparativo com as principais alterações no Código Pe- nal Brasileiro: 38 Da Legítima defesa: Artigo 25 do Código Penal antes da Lei nº 13.964/2019. Parágrafo único incluído pela Lei nº 13.964/2019 Art. 25 - Entende-se em legítima de- fesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os requisi- tos previstos no caput deste artigo, con- sidera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de cri- mes.” (NR) Da Pena de Multa - Conversão da Multa e revogação: Artigo 51 do Código Penal Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019. Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, apli- cando-do-se-lhe as normas da legis- lação relativa à dívida ativa da Fa- zenda Pública, inclusive no que con- cerne às causas interruptivas e sus- pensivas da prescrição. Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada pe- rante o juiz da execução penal e será con- siderada dívida de valor, aplicáveis as nor- mas relativas à dívida ativa da Fazenda Pú- blica, inclusive no que concerne às causas in- terruptivas e suspensivas da prescrição Limite das Penas: Artigo 75 Código Penal Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. “Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art25p http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art75.0 39 § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (anos), de- vem elas ser unificadas para atender o limite máximo deste artigo. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. Do Livramento condicional - Requisitos do livramento condicional: Artigo 83 do Código Penal Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019. Art. 83 - O juiz poderá conceder livra- mento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reinci- dente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III – comprovado comportamento sa- tisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência medi- ante trabalho honesto; IV – tenha reparado, salvo efetiva im- possibilidade de fazê-lo, o dano cau- sado pela infração; Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime do- loso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o conde- nado for reincidente em crime doloso; III - comprovado: a) bom comportamento durante a execu- ção da pena; b) não cometimento de falta grave nos úl- timos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover a própria subsis- tência mediante trabalho honesto; IV – tenha reparado, salvo efetiva impossi- bilidade de fazê-lo, o dano causado pela in- fração; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art75%C2%A71.0 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art83iii.0 40 V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e dro- gas afins, tráfico de pessoas e terro- rismo, se o apenado não for reinci- dente específico em crimes dessa na- tureza. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com vio- lência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará tam- bém subordinada à constatação de condições pessoais que façam presu- mir que o liberado não voltará a delin- qüir. V - Cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hedi- ondo, prática de tortura, tráfico ilícito de en- torpecentes e drogas afins, tráfico de pes- soas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa na- tureza. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do li- vramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que fa- çam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. Dos efeitos da condenação: Art. 91 do Código Penal Incluído pela Lei nº 13.964/2019 Art. 91 - São efeitos da condena- ção: I - tornar certa a obrigação de in- denizar o dano causado pelo crime; II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; “Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infra- ções às quais a lei comine pena máxima supe- rior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser de- cretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendi- mento lícito. § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art91a 41 b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que cons- titua proveito auferido pelo agente com a prática do fato cri- minoso. § 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equiva- lentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se locali- zarem no exterior. § 2o Na hipótese do § 1o, as me- didas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equiva- lentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda. I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indi- reto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e II - Transferidos a terceiros a título gratuito oumediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. § 2º O condenado poderá demonstrar a inexis- tência da incompatibilidade ou a procedência lí- cita do patrimônio. § 3º A perda prevista neste artigo deverá ser re- querida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve de- clarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não po- nham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.” Causas impeditivas da prescrição: Artigo 116 do Código Penal Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019 42 Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro; Parágrafo único: Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro pro- cesso, questão de que dependa o reconhe- cimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no ex- terior; III - na pendência de embargos de decla- ração ou de recursos aos Tribunais Su- periores, quando inadmissíveis; e IV - enquanto não cumprido ou não res- cindido o acordo de não persecução pe- nal. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescri- ção não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Do Roubo: Artigo 157 do Código Penal Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega vi- olência contra pessoa ou grave ameaça, Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega vi- olência contra pessoa ou grave ameaça, 43 a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de trans- porte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo auto- motor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exte- rior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liber- dade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, con- junta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explo- sivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 3º Se da violência resulta a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de trans- porte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo auto- motor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exte- rior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liber- dade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, con- junta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. VII- se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proi- bido, aplica-se em dobro a pena pre- vista no caput deste artigo. 44 I – lesão corporal grave, a pena é de re- clusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompi- mento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 3º Se da violência resulta I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Do Estelionato: Artigo 171 do Código Penal Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019 Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, in- duzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer ou- tro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez con- tos de réis. § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, in- duzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer ou- tro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez con- tos de réis. § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 45 Disposição de coisa alheia como pró- pria I - vende, permuta, dá em paga- mento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - vende, permuta, dá em paga- mento ou em garantia coisa própria ina- lienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a ter- ceiro, mediante pagamento em presta- ções, silenciando sobre qualquer des- sas circunstâncias; Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Fraude na entrega de coisa IV - defrauda substância, quali- dade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para recebimento de inde- nização ou valor de seguro V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o pró- prio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sa- cado, ou lhe frustra o pagamento. Disposição de coisa alheiacomo própria I - vende, permuta, dá em paga- mento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - vende, permuta, dá em paga- mento ou em garantia coisa própria ina- lienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, si- lenciando sobre qualquer dessas cir- cunstâncias; Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Fraude na entrega de coisa IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entre- gar a alguém; Fraude para recebimento de inde- nização ou valor de seguro V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conse- quências da lesão ou doença, com o in- tuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de che- que VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sa- cado, ou lhe frustra o pagamento. 46 § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detri- mento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assis- tência social ou beneficência. Estelionato contra idoso § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detri- mento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assis- tência social ou beneficência. Estelionato contra idoso § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. § 5º Somente se procede mediante repre- sentação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indi- reta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Dos Crimes contra a Administração Pública Crimes Praticados por funcionários Públicos contra a Administração em Geral. Artigo 316 do Código Penal Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019 Art. 316 - Exigir, para si ou para ou- trem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as- sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. ... Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, di- reta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em ra- zão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 47 Vetos do presidente ao “pacote anticrime” – Parágrafos que seriam inclusos nos artigos do Código Penal. Art. 121, §2º, II, do Código Penal: tornava qualificado o homicídio cometido com o emprego de arma de uso restrito ou proibido. A norma foi vetada pelo receio de agra- var as penas nos crimes cometidos por agentes de segurança pública em conflitos armados. Art. 141, § 2º, do Código Penal: previa-se que, se qualquer crime contra a honra fosse cometido por redes sociais na internet, aplicar-se-ia o triplo da pena. O veto fundamentou-se na suposta desproporcionalidade da causa de aumento de pena. 48 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, A.V. Aplicação da Lei Penal. São Paulo, 2019. CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal, São Paulo: Saraiva, 1997. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, Dec.Lei nº 3.689 de 03-10-1941. planalto.gov.br DELMANTO, Roberto. Código penal. Rio de Janeiro: Renovar, 2009. FRANCO, Alberto Silva e outros. Leis Penais Especiais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. GRECO Fº, Vicente. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2010. MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. v.4, São Paulo: Bookseller, 1997 NAGIMA, I.M.S. Da Lei Penal no Tempo. Revista Jus Navigandi, Teresina, 2019. NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 1997. SILVA, O.C. A Lei Penal no Espaço. 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