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<p>1</p><p>Módulo 1 - Elucidar mercado</p><p>O módulo 1 é destinado ao conhecimento sobre o mercado, de forma que o</p><p>profissional entenda do que se trata a perícia em cálculos trabalhistas, em que momentos</p><p>surgem as oportunidades e outras informações importantes sobre esse ramo de atuação.</p><p>Entendendo a perícia</p><p>A palavra perícia advém da expressão do latim Peritia, que significa</p><p>conhecimento adquirido pela experiência e experiência de fato (SÁ, 2005), por isso</p><p>muitas vezes o perito é simplesmente chamado de “Expert”.</p><p>Pode-se, de modo amplo, definir perícia como um meio de prova pela qual se</p><p>examinam e verificam fatos da causa, ou seja, possui como finalidade a apuração, o</p><p>esclarecimento e a evidenciação de certos fatos por meio de pesquisa e exame acerca da</p><p>verdade ou da realidade (MOURA, 2002). Está prevista no artigo 212 do Código Civil</p><p>Brasileiro como uma das formas de prova referente aos fatos narrados nos processos</p><p>jurídicos.</p><p>Em outras palavras, a perícia é um processo de exames realizado por um</p><p>profissional especializado e legalmente habilitado para desempenhar a função. Sempre</p><p>que o esclarecimento de um fato depender de conhecimento técnico e científico, o juiz</p><p>deverá valer-se de um especialista, ou seja, de um perito para atuar no processo, para</p><p>produzir as provas técnicas.</p><p>Neves Júnior et. el.(2011) mencionam que a perícia tem meios de cientificar e</p><p>elucidar o julgador, orientando-o em suas decisões, uma vez que não se pode esperar que</p><p>os magistrados sejam cientistas ou técnicos em quaisquer assuntos, visto que há matérias</p><p>que precisam de esclarecimento e certificação de profissionais merecedores de inteira fé,</p><p>nos aspectos técnicos, moral, científico e legal. Os autores observam ainda que a carga</p><p>que pesa sobre o Juiz é dividida com o Perito que o instrui com a certificação de causas e</p><p>fatos através das suas qualidades de especialista e requisitos de moralidade e honestidade.</p><p>Neste sentido o CPC, em seu art. 421, assim dispõe: “Quando a prova do fato</p><p>depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito” Assim,</p><p>o perito judicial é profissional auxiliar do juízo.</p><p>2</p><p>Como ocorre a demanda do perito em cálculos trabalhistas?</p><p>A Justiça do Trabalho é responsável por conciliar e julgar as ações judiciais entre</p><p>trabalhadores e empregadores e outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho.</p><p>Tais ações, ocorrem, em sua maioria, quando empregados ou empregadores, sentem-se</p><p>lesados. Grande parte dos casos ocorre na ocasião da rescisão contratual de trabalho,</p><p>quando não há um acordo pessoal ou coletivo acerca dos direitos que as leis que regem a</p><p>relação entre empregado e empregador. A partir deste sentimento de lesão, uma das partes</p><p>propõe litígio à outra parte (Neves Júnior et. el.).</p><p>No âmbito judicial, há uma crescente demanda de processos trabalhistas, que</p><p>resulta em uma perspectiva de mercado bastante rentável para os profissionais que atuam</p><p>como perito. Dados publicados pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), indicam que</p><p>nos cinco primeiros meses do ano de 2021, o Tribunal recebeu 22,7% de processos a mais</p><p>em relação ao mesmo período de 2020, indicando grandes possibilidades de nomeações</p><p>de profissionais para atuar como auxiliar do juízo.</p><p>Como mencionado acima, a demanda pelo perito ocorre sempre que o</p><p>esclarecimento de um fato depender de conhecimento técnico e científico. E nas varas do</p><p>trabalho isso não é diferente, ocorrendo essa demanda em dois principais momentos: na</p><p>fase inicial do processo (fase de conhecimento) ou fase de liquidação de sentença,</p><p>conforme veremos abaixo:</p><p>Segundo Schmitt (2009), a fase de conhecimento corresponde àquela em que as</p><p>partes apresentam suas provas para que o juiz, com base no que foi apresentado, possa</p><p>dar andamento ao processo. Assim, o juiz identifica se haverá a necessidade do intermédio</p><p>de um profissional técnico especialista na matéria. Nesse momento o perito em cálculos</p><p>trabalhistas poderá ser convocado para realizar perícias relacionadas à apuração de horas</p><p>extras, diferenças salariais, análise de diferenças de comissões, análise de plano de cargos</p><p>e salários, dentre outras.</p><p>A segunda fase em que o perito poderá ser convocado é na fase de execução, sendo</p><p>esta a fase onde o intermédio do perito em cálculos trabalhistas é mais solicitado. Trata-</p><p>se do momento da liquidação dos cálculos (SCHMITT, 2009), onde as partes apresentam</p><p>os valores apurados, mas não há um acordo, demandando o trabalho do expert. Assim, o</p><p>3</p><p>juiz nomeia o perito e o trabalho pericial traz o valor justo que cada trabalhador deverá</p><p>receber ao final do processo (SILVA e PELEGRINI, 2017).</p><p>Quem pode ser perito judicial em cálculos trabalhistas?</p><p>Quais são os profissionais que estão aptos a serem nomeados como perito judicial</p><p>e atuarem na fase de conhecimento e realizar a liquidação de sentença trabalhista?</p><p>Essa é uma pergunta muito comum, e apesar de ser um tema polêmico, atualmente</p><p>os tribunais entendem que não se trata de uma área exclusiva de contadores, podendo</p><p>também a essa função ser desempenhada por outros profissionais, sendo mais comuns os</p><p>contadores, administradores e economistas.</p><p>Cabe destacar que o código de o artigo 145 do Código de Processo Civil (Lei nº</p><p>5.869 de 11/01/1973 ), traz a seguinte regulamentação:</p><p>$ 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,</p><p>devidamente inscritos no órgão de classe competente.</p><p>$ 2º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão</p><p>opinar mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos.</p><p>Assim, para ser perito judicial trabalhista, com foco em cálculos, você precisa</p><p>estar legalmente habilitado, ou seja, devidamente registrado no conselho de classe (CRC,</p><p>CRA, OAB, etc.) e possuir expertise sobre o assunto.</p><p>Importante: Não é necessário fazer concurso para atuar como perito judicial</p><p>trabalhista.</p><p>Das vedações ao encargo pericial</p><p>A resolução CSJT Nº 247, além de instituir no âmbito da Justiça do Trabalho, o</p><p>Sistema Eletrônico de Assistência Judiciária - Sistema AJ/JT, traz as vedações ao encargo</p><p>pericial, conforme descrito abaixo:</p><p>Art. 17. É vedado o exercício do encargo de perito, tradutor ou intérprete ao</p><p>profissional ou órgão:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/CPC-Lei-n-5.869-de-11-de-Janeiro-de-1973#art-145_par-1</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/CPC-Lei-n-5.869-de-11-de-Janeiro-de-1973#art-145_par-1</p><p>4</p><p>I - que incida nas hipóteses legais de impedimento ou de suspeição previstas no</p><p>Capítulo II do CPC;</p><p>II - que tenha servido como assistente técnico de qualquer das partes, nos 3 (três)</p><p>anos anteriores;</p><p>III - que seja (ou tenha dirigente que seja) cônjuge, companheiro ou parente, em</p><p>linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de magistrado, de</p><p>advogado com atuação no processo ou de servidor do juízo em que tramita a causa,</p><p>devendo declarar, se for o caso, o seu impedimento ou a sua suspeição;</p><p>IV – que seja detentor de cargo, emprego ou função pública, exceto nas hipóteses</p><p>do inci so I do § 3º do art. 95 do CPC. (O referido artigo trata de servidores do</p><p>poder judiciário).</p><p>Conforme mencionado no item I, o capítulo II do CPC, traz as hipóteses legais de</p><p>impedimento ou de suspeição e que também precisam ser observadas pelo perito.</p><p>Importante mencionar que, na verdade, o CPC menciona tais situações como de</p><p>impedimento e suspeição para os juízes. Entretanto, no art. 148 é mencionado que tais</p><p>motivos também são aplicados aos auxiliares da justiça, situação em que o perito se</p><p>enquadra.</p><p>Dessa forma, segue abaixo, as situações de impedimento e suspeição, conforme</p><p>os artigos 144 e 145 do CPC:</p><p>Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no</p><p>processo:</p><p>I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,</p><p>funcionou</p><p>como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;</p><p>II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;</p><p>III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro</p><p>do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,</p><p>consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;</p><p>IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou</p><p>parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,</p><p>inclusive;</p><p>V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica</p><p>parte no processo;</p><p>5</p><p>VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das</p><p>partes;</p><p>VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de</p><p>emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;</p><p>VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,</p><p>companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o</p><p>terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;</p><p>IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.</p><p>Art. 145. Há suspeição do juiz :</p><p>I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;</p><p>II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou</p><p>depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto</p><p>da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;</p><p>III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou</p><p>companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;</p><p>IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.</p><p>§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade</p><p>de decl arar suas razões.</p><p>§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:</p><p>I - houver sido provocada por quem a alega;</p><p>II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do</p><p>arguido.</p><p>Dos deveres e direitos do perito</p><p>O perito deve seguir seus direitos e deveres para a realização da perícia. Após a</p><p>nomeação ser feita pelo juiz, e, antes mesmo de aceitá-la o profissional precisa ter plena</p><p>sabedoria de seus direitos e obrigações.</p><p>Sobre os deveres a Resolução CSJT Nº 247/0219, regulamenta em seu artigo 19,</p><p>regulamenta o seguinte:</p><p>6</p><p>Art. 19. São deveres dos profissionais e dos órgãos cadastrados nos termos desta</p><p>Resolução:</p><p>I – atuar com diligência;</p><p>II – cumprir os deveres previstos em lei;</p><p>III – observar o sigilo devido nos processos em segredo de justiça;</p><p>IV – observar, rigorosamente, a data e os horários designados para a realização</p><p>das perícias e dos atos técnicos ou científicos;</p><p>V – apresentar os laudos periciais e/ou complementares no prazo legal ou em outro</p><p>fixado pelo magistrado;</p><p>VI – manter seus dados cadastrais e informações correlatas atualizados;</p><p>VII – providenciar a imediata devolução dos autos judiciais quando determinado</p><p>pelo magistrado;</p><p>VIII – cumprir as determinações do magistrado quanto ao trabalho a ser</p><p>desenvolvido;</p><p>IX – nas perícias: a) responder fielmente aos quesitos, bem como prestar</p><p>esclarecimentos complementares que se fizerem necessários; b) identificar-se ao</p><p>periciando ou à pessoa que acompanhará a perícia, informando os procedimentos</p><p>técnicos que serão adotados na atividade pericial; c) devolver ao periciando ou à</p><p>pessoa que acompanhará a perícia toda a documentação utilizada.</p><p>Em relação aos direitos do perito judicial, o Código de Ética Profissional e</p><p>Disciplinar do Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República Federativa do</p><p>Brasil) menciona os seguintes:</p><p>• É direito do Perito Judicial e do Assistente Técnico exercer sua nomeação</p><p>ou indicação sem ser discriminado por questões de religião, etnia, sexo, nacionalidade,</p><p>cor, orientação sexual, idade, condição social, opinião política, ou de qualquer outra</p><p>natureza.</p><p>• O Perito Judicial e os Assistentes Técnicos, para o desempenho da sua</p><p>função podem e deve utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas,</p><p>obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte ou de</p><p>repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos e fotografias e</p><p>quaisquer outras peças que julgue necessário.</p><p>7</p><p>• No caso de recusa da exibição, entrega de documentos ou qualquer</p><p>dificuldade oposta ao bom desempenho do trabalho pericial, o Perito Judicial deve</p><p>comunicar o fato ao Juiz, mediante petição, para que este tome as medidas administrativas</p><p>e legais que o caso requerer.</p><p>• O Perito Judicial tem direito de requerer a prorrogação do prazo estipulado</p><p>pelo Juiz para apresentação do Laudo Pericial, quando a perícia judicial necessitar de um</p><p>conjunto de procedimentos técnicos ou científicos, tais como pesquisas, diligências,</p><p>levantamento de dados e documentos, análises, cálculos, e outros, que possam</p><p>comprometer o compromisso assumido.</p><p>• O Perito Judicial tem resguardado o seu direito ao sigilo profissional,</p><p>mesmo em depoimento judicial, sobre o que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe</p><p>recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou por nomeação ou</p><p>indicação como Assistente Técnico. Parágrafo Único. O sigilo profissional é inerente a</p><p>profissão, impondo-se o seu respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra ou em</p><p>defesa própria, porém sempre restrito ao interesse da causa.</p><p>• O Perito Judicial poderá publicar relatório, parecer ou trabalho técnico</p><p>profissional, assinado e sob sua responsabilidade, desde que não seja difamatório ou</p><p>vazado em termos que possam provocar ou entreter debates sobre serviço a seu cargo,</p><p>respeitado o sigilo de justiça e sem mencionar o nome das partes.</p><p>• É direito do Perito Judicial evitar qualquer interferência que possa</p><p>constrangê-lo em seu trabalho, não admitindo, em nenhuma hipótese, subordinar sua</p><p>apreciação a qualquer fato, pessoa, situação ou efeito que possa comprometer sua</p><p>independência, denunciando a quem de direito a eventual ocorrência desta situação</p><p>descrita.</p><p>Honorários – Perito Judicial Trabalhista</p><p>Como os honorários periciais são deferidos na justiça trabalhista e quem é</p><p>responsável por pagá-los? Quanto tempo vou demorar para recebê-los?</p><p>Em primeiro lugar é preciso esclarecer que o perito judicial, que é nomeado para</p><p>auxiliar o juízo, não possui um salário fixo, ele recebe os honorários por trabalho</p><p>realizado, por laudo emitido. Dessa forma, a depender da quantidade de perícias</p><p>8</p><p>executadas, ao final do mês o perito tem a oportunidade de alcançar uma renda</p><p>significativa</p><p>Diferente de outras esferas da justiça, onde o perito é intimado a apresentar um</p><p>orçamento antes de realizar a perícia, na justiça trabalhista ocorre um pouco diferente. O</p><p>profissional é designado, realiza a perícia e somente no momento da apresentação do</p><p>laudo o profissional faz a requisição dos valores referentes aos honorários periciais.</p><p>Ele tem a oportunidade de demonstrar quantas horas o trabalho demandou e</p><p>porque está solicitando aquele valor. Caso tenham ocorrido outros gastos como</p><p>deslocamento, alimentação etc., esses também deverão ser considerados na elaboração</p><p>dos honorários.</p><p>No momento da homologação do laudo pericial o juízo determina o valor a ser</p><p>pago referente aos honorários. Cabe destacar que o magistrado leva em consideração o</p><p>valor solicitado pelo perito, mas não significa que irá atendê-lo por completo. Já existe</p><p>uma média de honorários estabelecida nos tribunais, de acordo com a região e com a</p><p>complexidade do trabalho desenvolvido.</p><p>Com base na solicitação do perito, bem como nos critérios estabelecidos pela</p><p>Resolução n° 247 do CSJT (Conselho Superior da Justiça do Trabalho), quais sejam: a</p><p>complexidade da matéria, o nível de especialização, o grau de zelo do profissional, o lugar</p><p>e o tempo exigidos para a prestação de serviço e as peculiaridades regionais, no momento</p><p>da homologação do laudo, o juiz determina o valor que deverá ser pago pelo trabalho</p><p>realizado.</p><p>Cabe também ao juiz determinar quem será responsável pelo pagamento dos</p><p>honorários. De acordo com a Lei nº 13.467, de 2017 (Lei da Reforma Trabalhista), a</p><p>reponsabilidade de pagar o perito é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia,</p><p>ainda que beneficiária da justiça gratuita. Ou seja, a parte que “perder”, que não possuir</p><p>a razão sobre o objeto analisado.</p><p>O prazo de recebimento dos honorários é muito relativo. Um perito judicial</p><p>trabalhista pode ser remunerado em alguns meses, mas em alguns casos pode demorar</p><p>anos, visto que em geral os honorários são quitados após o autor receber a verba que</p><p>possui direito.</p><p>Assistente técnico e sua importância</p><p>9</p><p>O assistente técnico também é um perito, ou seja, um profissional que possui</p><p>expertise, conhecimento sobre determinado assunto, e que auxilia as partes (autor ou</p><p>réu) no processo trabalhista.</p><p>De acordo com o art. 466. do CPC, § 1º, os assistentes técnicos são de confiança</p><p>da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. Isso significa dizer que o</p><p>assistente técnico é uma pessoa escolhida pelas partes, não havendo exigências em relação</p><p>à formação.</p><p>Diferente do perito judicial, que precisa ser imparcial, o assistente técnico,</p><p>respeitando os limites da legalidade, defende os interesses do seu cliente. Geralmente o</p><p>contato é realizado por intermédio dos advogados trabalhistas, desenvolvendo cálculos</p><p>para a estimativa das verbas na petição inicial e para os cálculos na liquidação de</p><p>sentença.</p><p>Outra função muito importante desempenhada pelo assistente técnico é o</p><p>acompanhamento do trabalho do perito do juízo, caso seja deferida a prova pericial no</p><p>decorrer do processo. A sua função neste caso é de acompanhar o desenrolar da prova</p><p>pericial, apresentar sugestões, criticar o laudo do perito nomeado e apresentar as</p><p>hipóteses possíveis, desde que técnica e juridicamente sustentáveis.</p><p>Um bom assistente técnico, aliado às possibilidades de interpretação da</p><p>sentença, respeitando os limites da técnica e da lei, poderá reduzir ou aumentar os</p><p>cálculos demasiadamente. Além disso, um parecer técnico bem formulado pode elucidar</p><p>pontos obscuros durante a atuação do perito judicial. Assim, é imprescindível a atuação</p><p>do mesmo defendendo o ponto de vista das partes.</p><p>Honorários do assistente técnico</p><p>Quando se trata da atuação do assistente técnico, os valores dos honorário são</p><p>acordados entre as partes, bem como a forma de pagamento. Geralmente os pagamentos</p><p>são realizados à vista, ou com 50% no fechamento do contrato e 50% no momento da</p><p>entrega do cálculo.</p><p>10</p><p>Apesar de normalmente o contato ser realizado por intermédio do advogado</p><p>trabalhista quem realiza, de fato, o pagamento dos serviços é a empresa ou o empregado.</p><p>Neste ponto, o próprio CPC menciona o seguinte:</p><p>Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver</p><p>indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada</p><p>quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes.</p><p>Para precificação dos honorários o assistente técnico precisa levar em</p><p>consideração diversos aspectos, como por exemplo, a complexidade dos cálculos, o</p><p>tempo que o trabalho irá demandar, a localização geográfica, experiência, dentre outros.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, Diário</p><p>Oficial da União, mar. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-</p><p>2018/2015/lei/l13105.htm . Acesso em: 25 nov. 2020b</p><p>MOURA, Ril. Perícia contábil: judicial e extrajudicial: teoria e prática. Rio de Janeiro: Freitas</p><p>Bastos, 2002.</p><p>NEVES JÚNIOR, Idalberto José das; CAVALCANTI, André Luiz Cordeiro; RIBEIRO,</p><p>Elisangela Batista; SILVA, Moacenira Cardoso da. Perícia Contábil na Justiça do Trabalho:</p><p>estudo sobre a qualidade e relevância do trabalho do perito contador, a partir da opinião</p><p>de juízes que atuam na primeira instância da Justiça do Trabalho. XXXV Encontro ANPAD,</p><p>2011.</p><p>RESOLUÇÃO CSJT Nº 247, DE 25 DE OUTUBRO DE 2019, que institui no âmbito da Justiça</p><p>do Trabalho o Sistema Eletrônico de Assistência Judiciária, destinado ao cadastro e</p><p>gerenciamento de peritos...e dá outras providências.</p><p>SÁ, Antônio. Perícia contábil. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>SCHMITT, Guilherme. Weber. Perícia contábil em uma ação trabalhista. 2009.Disponível em:</p><p><http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis291336.pdf>.</p><p>SILVA, Irene Caires da; PELEGRÍNI, Mari Ângela. A Perícia Contábil No Processo Do</p><p>Trabalho. Presidente Prudente, 2016.</p><p>SOUZA, Nauro de Jesus Rocha; NEVES JÚNIOR, Idalberto José. Sobreviver de Honorários</p><p>Periciais? O Que Dizem os Peritos Contadores? VI Congresso Brasileiro de Contabilidade e</p><p>Governança, 2020.</p>