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<p>1</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR</p><p>E DA TRABALHADORA</p><p>Toxicologia ocupacional</p><p>2</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>3</p><p>SUMÁRIO</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA ............................................... 4</p><p>1. TOXICOLOGIA OCUPACIONAL ................................................................................................................ 5</p><p>1.1 Noções conceituais de toxicologia ocupacional relacionadas a perigo, risco, efeitos tóxicos e</p><p>agente tóxico. ............................................................................................................................................. 5</p><p>1.2 Testes de avaliação de toxicidade aguda e crônica. ............................................................................ 6</p><p>1.3 Fases da intoxicação ............................................................................................................................. 7</p><p>1.4 Limite de tolerância e limite de exposição ocupacional. .................................................................... 8</p><p>1.5 Classificações quanto à intoxicação. .................................................................................................. 10</p><p>1.6 Vias de penetração de um agente tóxico. .......................................................................................... 11</p><p>1.7 Absorção e distribuição pelo organismo............................................................................................ 12</p><p>1.8 Dose, efeito e resposta e relações dose-efeito e dose-resposta. ..................................................... 13</p><p>1.9 Exposição ocupacional e efeitos......................................................................................................... 14</p><p>1.10 Limite de tolerância; limite de exposição ocupacional. .................................................................. 15</p><p>1.11 Toxicocinética e toxicodinâmica. ..................................................................................................... 15</p><p>1.12 Controle da exposição e monitoramento biológico da exposição ocupacional: Indicadores</p><p>biológicos. ................................................................................................................................................. 17</p><p>1.12.1. Avaliação de toxicidade. Condições para manifestação da toxicidade. Dose letal e</p><p>concentração letal. ................................................................................................................................... 18</p><p>1.12.2 Efeitos mutagênicos e carcinogênicos. ......................................................................................... 20</p><p>1.13 Classificação dos agentes tóxicos quanto à ação tóxica. Substâncias sensibilizantes. Gases e</p><p>vapores irritantes e asfixiantes. ............................................................................................................... 22</p><p>1.14 Classificação dos contaminantes no ar. 3.14.1 Particulados sólidos. 3.14.2 Sensibilizantes e seus</p><p>efeitos para a saúde humana. .................................................................................................................. 23</p><p>QUESTÕES PROPOSTAS ............................................................................................................................ 25</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>4</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>TEMA DO DIA</p><p>Toxicologia ocupacional</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>5</p><p>1. TOXICOLOGIA OCUPACIONAL</p><p>A toxicologia ocupacional é uma disciplina que estuda os efeitos adversos à saúde associados à</p><p>exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos no ambiente de trabalho. O objetivo principal da</p><p>toxicologia ocupacional é compreender como substâncias tóxicas presentes nos locais de trabalho podem</p><p>afetar a saúde dos trabalhadores e desenvolver estratégias para prevenir, minimizar ou controlar esses riscos.</p><p>1.1 Noções conceituais de toxicologia ocupacional relacionadas a perigo, risco, efeitos tóxicos e agente</p><p>tóxico.</p><p>O perigo refere-se à capacidade inerente de um agente causar dano. Em toxicologia ocupacional, o</p><p>perigo está relacionado à toxicidade de uma substância química que pode estar presente no ambiente de</p><p>trabalho. Um agente perigoso tem o potencial de causar efeitos adversos à saúde.</p><p>O risco é a probabilidade de ocorrência de um evento adverso (dano à saúde) combinado com a</p><p>gravidade desse evento. Em toxicologia ocupacional, o risco é avaliado considerando a exposição dos</p><p>trabalhadores a agentes tóxicos. Risco é uma função tanto da toxicidade do agente quanto da exposição.</p><p>Ao analisar estas definições, pode-se verificar que perigo é um conceito qualitativo, enquanto risco é</p><p>um conceito quantitativo.</p><p>Os efeitos tóxicos são as alterações adversas na saúde causadas pela exposição a agentes tóxicos.</p><p>Esses efeitos podem ser agudos (ocorrendo imediatamente após a exposição) ou crônicos (desenvolvendo-se</p><p>ao longo do tempo com exposições repetidas).</p><p>Por seu turno, agente tóxico ou toxicante é a entidade química capaz de causar dano a um organismo</p><p>afetando seriamente uma função ou causando a morte. Este conceito está ligado às características qualitativas</p><p>e quantitativas da substância química.</p><p>A exposição conjunta a agentes tóxicos pode desencadear interações entre eles, alterando a</p><p>intensidade dos efeitos tóxicos. Esses efeitos podem ser aditivos, sinérgicos, antagônicos ou potencializantes.</p><p>Os efeitos tóxicos quando duas ou mais substâncias químicas são administradas simultaneamente</p><p>podem ser aditivos ou sinérgicos. Será aditivo quando ocorre a soma dos efeitos de cada agente de forma</p><p>isolada. Por outro lado, será sinérgico quando os efeitos da exposição simultânea são maiores do que a simples</p><p>soma dos efeitos de cada uma das substâncias isoladamente.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>6</p><p>Temos ainda o fenômeno da potencialização que ocorre quando uma substância sem efeito tóxico é</p><p>adicionada a outra substância química tóxica e o resultado é um efeito muito mais tóxico.</p><p>Por fim temos o antagonismo que ocorre quando uma substância, chamada antagonista, bloqueia ou</p><p>reduz a atividade de outra substância, conhecida como agonista, em relação a um determinado efeito</p><p>biológico. Existem diferentes formas de antagonismo, sendo as mais comuns:</p><p>− Antagonismo Receptorial ou Competitivo: Ocorre quando o antagonista compete com o agonista</p><p>pelos mesmos receptores celulares. Ambos os compostos se ligam ao receptor, mas apenas um deles</p><p>(geralmente o mais potente) desencadeia a resposta biológica. O antagonista, ao ocupar os receptores,</p><p>impede a ação do agonista, resultando em uma diminuição da resposta biológica.</p><p>− Antagonismo Não Competitivo: Neste tipo de antagonismo, o antagonista se liga a locais diferentes</p><p>do receptor em comparação com o agonista. Isso não impede diretamente a ligação do agonista, mas altera a</p><p>conformação do receptor de uma maneira que reduz sua capacidade de resposta ao agonista.</p><p>− Antagonismo Funcional ou Fisiológico: Refere-se a situações em que dois agentes, atuando em</p><p>diferentes alvos ou processos biológicos, produzem efeitos opostos. Isso pode resultar em uma neutralização</p><p>ou redução dos efeitos globais de ambos os agentes quando administrados simultaneamente.</p><p>− Antagonismo Químico: Envolve a reação química entre o antagonista e o agonista, resultando na</p><p>formação de um produto inativo. Esse tipo de antagonismo ocorre principalmente em reações químicas que</p><p>ocorrem fora do sistema biológico.</p><p>1.2 Testes de avaliação de toxicidade aguda e crônica1.</p><p>A toxicidade aguda</p><p>é caracterizada quando os efeitos adversos ocorrem logo após uma única</p><p>exposição ou múltiplas no período de 24 horas. Seus testes buscam determinar a dose letal mediana (DL50),</p><p>que é a dose que causa a morte em 50% dos organismos testados.</p><p>1 Buschinelli, José Tarcísio Penteado. Toxicologia ocupacional [Texto] / José Tarcísio Penteado Buschinelli. – São</p><p>Paulo: Fundacentro, 2020. p.178.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>7</p><p>A toxicidade aguda de uma substância química é determinada pelo parâmetro Dose Letal 50 (DL50 –</p><p>dose letal para 50% da população exposta), quando a substância é administrada por via oral ou injetada. Para</p><p>gases ou vapores inalados, é usada a Concentração Letal 50 (CL50 – concentração letal para 50% da população</p><p>exposta). Os dois parâmetros são obtidos experimentalmente em animais de laboratório. Ou seja:</p><p>− Dose letal 50 (DL50): é a dose que levou à morte metade (50%) da população de animais de laboratório</p><p>submetida à administração daquela dose.</p><p>− Concentração Letal 50 (CL50): Tem o mesmo conceito de DL50, mas é definido para a concentração</p><p>média da substância no ar ambiente inaladas por animais de laboratórios, variando de acordo com a espécie</p><p>do animal e o tempo de exposição.</p><p>A toxicidade crônica está relacionada aos efeitos adversos que se desenvolvem ao longo de um período</p><p>prolongado de exposição, geralmente durante meses ou anos. Seus testes visam avaliar os efeitos em órgãos</p><p>e sistemas após exposições repetidas. Temos os seguintes testes:</p><p>− Testes de carcinogenicidade: Avaliam a capacidade de uma substância causar câncer.</p><p>− Testes de toxicidade reprodutiva: Avaliam os efeitos sobre a reprodução.</p><p>− Estudos de desenvolvimento: Avaliam os efeitos sobre o desenvolvimento fetal.</p><p>− Estudos de toxicidade subcrônica: Avaliam os efeitos após exposições mais curtas, mas repetidas.</p><p>1.3 Fases da intoxicação</p><p>A intoxicação, segundo a toxicologia, geralmente é descrita em fases distintas, considerando o</p><p>processo que ocorre no organismo após a exposição a uma substância tóxica. Essas fases podem variar</p><p>dependendo da substância, da via de exposição e da dose. Aqui estão as fases comuns em uma intoxicação:</p><p>- Fase de exposição: Nesta fase, a pessoa entra em contato com a substância tóxica. A exposição pode ocorrer</p><p>por diferentes vias, como inalação, ingestão, absorção cutânea ou injeção.</p><p>- Fase toxicocinética: Nesta fase ocorre a absorção, a distribuição, o armazenamento, a biotransformação e a</p><p>eliminação dos agentes tóxicos absorvidos.</p><p>- Fase toxicodinâmica: fase em que há interação entre a substância biodisponível e os sítios de ação,</p><p>específicos ou não, dos órgãos-alvo, e alterações fisiopatológicas consequentes.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>8</p><p>- Fase clínica: fase do aparecimento dos efeitos nocivos do agente tóxico por meio de sinais e sintomas clínicos</p><p>e/ou laboratoriais.</p><p>Essas fases ocorrem de maneira simultânea, podendo haver predomínio de uma ou outra dependendo</p><p>da dinâmica da exposição, se por única aplicação intravenosa, por exposição via ingestão diária de um</p><p>alimento contaminado ou exposição diária de algumas horas por via pulmonar.</p><p>1.4 Limite de tolerância e limite de exposição ocupacional.</p><p>Na toxicologia ocupacional, o "Limite de Tolerância" e o "Limite de Exposição Ocupacional" referem-</p><p>se a padrões estabelecidos para proteger os trabalhadores contra os efeitos adversos à saúde decorrentes da</p><p>exposição a substâncias químicas no ambiente de trabalho. Embora esses termos sejam frequentemente</p><p>usados de maneira intercambiável, eles podem ter nuances específicas dependendo do contexto regulatório.</p><p>Vou explicar ambos:</p><p>O Limite de Tolerância (LT) é uma medida estabelecida por agências reguladoras de saúde ocupacional e</p><p>segurança do trabalho para determinadas substâncias químicas. Representa a concentração máxima</p><p>permitida de uma substância no ar durante um determinado período, geralmente uma jornada de trabalho</p><p>diária ou semanal, sem que sejam esperados efeitos adversos à saúde do trabalhador. Ultrapassar o Limite de</p><p>Tolerância implica riscos à saúde e pode resultar em danos, doenças ocupacionais ou efeitos adversos.</p><p>EXPOSIÇÃO</p><p>• Via de introdução, frequência, duração, propriedades,</p><p>dose e suscetibilidade individual</p><p>TOXICOCINÉTICA</p><p>• Absorção, disribuição, armazenamento,</p><p>biotransformação e excreção</p><p>TOXODINÂMICA</p><p>• Interação da substância e os sítios de ação</p><p>FASE CLÍNICA</p><p>• Evidências dos efeitos nocivos através de sinais clínicos</p><p>e alterações patólogicas</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>9</p><p>Por sua vez, o termo Limite de Exposição Ocupacional (LEO) é muitas vezes utilizado de forma intercambiável</p><p>com Limite de Tolerância, mas em alguns contextos, pode se referir a uma abordagem mais abrangente.</p><p>As normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego utilizam o termo Limite de</p><p>Tolerância, mas na ausência de previsão de LT para algum agente nocivo, a NR 9 orienta que sejam utilizados</p><p>aqueles previstos pela American Conference of Governmental Industrial Higyenists - ACGIH2.</p><p>A ACGIH utiliza o termo Threshold Limit Value (TLV) que tem o mesmo significado que o nosso LT com</p><p>a diferença de que os TLVs são para 8 horas/dia, 40 horas/semana e o LT brasileiro foi calculado para 8 horas</p><p>diárias e 48 horas semanais3. Os TLVs da ACGIH são os seguintes:</p><p>− TLV-TWA (Threshold Limit Value - Time-Weighted Average - Valor Limite-Média Ponderada no</p><p>Tempo): Representa a média ponderada no tempo da exposição permitida durante uma jornada de trabalho.</p><p>− TLV-STEL (Threshold Limit Value - Short-Term Exposure Limit - Limite de exposição de curta</p><p>duração): Indica a concentração máxima permitida durante um curto período, geralmente 15 minutos, e não</p><p>deve ser ultrapassada em nenhum momento durante o trabalho.</p><p>− TLV-C (Threshold Limit Value – Ceiling - Limite de exposição valor teto): É a concentração máxima</p><p>permitida que não pode ser ultrapassada em momento algum durante a jornada de trabalho. Normalmente é</p><p>indicado para substâncias de alta toxicidade e baixo limite de exposição. É o equivalente ao valor teto da NR</p><p>15. As substâncias que tem TLV C não têm TLV TWA nem TLV STEL.</p><p>É importante observar que esses limites são estabelecidos com base nas evidências científicas</p><p>disponíveis sobre os efeitos à saúde das substâncias químicas em questão. A aplicação desses padrões visa</p><p>proteger a saúde dos trabalhadores e criar ambientes de trabalho mais seguros. As agências reguladoras,</p><p>como a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) nos Estados Unidos, estabelecem e monitoram</p><p>esses limites para garantir a segurança ocupacional.</p><p>A NR 15 trata das atividades e operações insalubres, estabelecendo critérios e limites de exposição a</p><p>agentes físicos, químicos e biológicos que podem causar danos à saúde dos trabalhadores. Na NR 15, são</p><p>mencionados os Limites de Tolerância (LT) e critérios relacionados à exposição ocupacional.</p><p>2 Item 9.6.1.1, NR 9.</p><p>3 Os LTs foram estabelecidos antes da redução da jornada semanal para 44hs e não foram atualizados desde então.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>10</p><p>A NR 15 estabelece os Limites de Tolerância para diversos agentes químicos presentes nos ambientes</p><p>de trabalho, como poeiras minerais, fumos metálicos, vapores orgânicos, entre outros. Esses limites são</p><p>definidos com base em estudos e critérios técnicos e representam as concentrações máximas permitidas</p><p>dessas substâncias no ar durante a jornada de trabalho.</p><p>O Anexo nº 11 da NR 15 trata sobre a exposição de trabalhadores a agentes químicos cuja nocividade</p><p>se dá com aferição quantitativa, havendo, portanto, aos olhos da Norma, um limite seguro de exposição, que,</p><p>se ultrapassado, caracterizará a insalubridade. O Anexo nº 12 trata sobre exposição</p><p>a poeiras minerais e</p><p>apresenta limites de tolerância que, se ultrapassados, caracterizam a atividade como insalubre.</p><p>O Quadro 1 do Anexo nº 11 traz a listagem dos agentes químicos com aferição quantitativa e seus</p><p>respectivos limites de tolerância, sendo que esses valores são válidos para absorção apenas por via</p><p>respiratória. Por óbvio, estamos falando da concentração de substâncias químicas dispersas no ar. Assim, o</p><p>Anexo trata de gases, vapores e aerodispersoides.</p><p>Há referência sobre a aplicação dos limites de tolerância estabelecidos no Quadro às jornadas de 48h</p><p>semanais. Contudo, com a promulgação da Constituição de 1988, tem-se a limitação do trabalho semanal em</p><p>44h (art. 7º, XIII, CF/88), devendo ser essa a jornada de referência.</p><p>O limite de tolerância de algumas substâncias é assinalado como Valor Teto. Isso significa que este</p><p>limite de tolerância não pode ser ultrapassado em momento algum da jornada de trabalho. Outra informação</p><p>importante é se a substância pode ser absorvida pela pele e, portanto, exige o uso de luvas adequadas na</p><p>manipulação.</p><p>Recomendamos a leitura dos anexos 11 e 12 da NR 15 para melhor compreensão do assunto.</p><p>1.5 Classificações quanto à intoxicação.</p><p>As intoxicações às substâncias químicas podem ser agudas e crônicas e poderão se manifestar de</p><p>forma leve, moderada ou grave.</p><p>A intoxicação aguda ocorre quando uma pessoa é exposta a uma quantidade significativa de uma substância</p><p>tóxica em um período curto de tempo. Os efeitos podem surgir de imediato ou no decorrer de alguns dias, no</p><p>máximo duas semanas, dependendo do princípio ativo. A depender da quantidade de produto absorvida, a</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>11</p><p>intoxicação pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave. Um exemplo de intoxicação aguda é a inalação</p><p>de grande quantidade de amônia (NH₃) ou cloro (Cl₂) em caso de vazamento em um ambiente industrial. A</p><p>exposição aguda a altas concentrações desses gases pode resultar em danos imediatos aos sistemas</p><p>respiratório e cardiovascular.</p><p>A intoxicação crônica ocorre quando uma pessoa é exposta repetidamente a uma substância tóxica ao longo</p><p>de um período prolongado, geralmente meses ou anos. Essa exposição contínua, mesmo a níveis</p><p>relativamente baixos, pode levar ao acúmulo da substância no organismo, resultando em efeitos adversos à</p><p>saúde ao longo do tempo. Os efeitos da intoxicação crônica podem ser persistentes e progressivos, muitas</p><p>vezes manifestando-se gradualmente. Um exemplo é a exposição crônica ao chumbo. O acúmulo gradual de</p><p>chumbo no organismo, mesmo em concentrações relativamente baixas, ao longo do tempo pode resultar em</p><p>danos neurológicos, anemia, danos renais, hipertensão, efeitos sobre o desenvolvimento fetal (em mulheres</p><p>grávidas expostas), entre outros.</p><p>1.6 Vias de penetração de um agente tóxico.</p><p>Os agentes tóxicos podem penetrar no organismo humano por várias vias, sendo as principais a</p><p>respiratória (inalação), a gastrointestinal (digestiva) e a dérmica (absorção cutânea). Temos ainda a injeção,</p><p>que no entanto não iremos abordar neste curso. Cada via de penetração possui características específicas e</p><p>pode estar associada a diferentes riscos ocupacionais.</p><p>A via respiratória é a mais importante via de penetração dos agentes químicos no organismo humano,</p><p>isto porque o volume de ar inalado pelo trabalhador é muito grande e a grande maioria dos contaminantes</p><p>químicos está disperso no ambiente na forma de poeiras, gases e vapores. Por esse motivo e os Limites de</p><p>Tolerância (LT) apresentados para agentes químicos levam em consideração a concentração desses agentes</p><p>no ambiente (ppm e mg/m3), exatamente por ser o ingresso por via respiratória o mais importante.</p><p>A Via dérmica (pele) é uma excelente barreira para o ingresso de substâncias químicas no organismo,</p><p>entretanto algumas substâncias têm a capacidade de agir na superfície da pele produzindo irritações, outras</p><p>podem se combinar com proteínas da pele provocando um efeito chamado de sensibilização (efeitos locais) e</p><p>outras podem ainda se difundir através da pele atingindo o sangue e produzirem efeitos tóxicos mais</p><p>importantes (efeitos sistêmicos). No Anexo 11 da NR 15 a absorção pela pele é indicada através de um sinal</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>12</p><p>(+) o que significa que medidas para evitar o contato com a pele devem ser adotadas para todas as substâncias</p><p>que apresentarem essa indicação.</p><p>A via gastrointestinal é uma via secundária de ingresso no organismo humano, pois dificilmente</p><p>alguém ingere um produto químico voluntariamente, mas de forma acidental. A ingestão de um agente</p><p>químico muitas vezes ocorre por maus hábitos alimentares (não lavar as mãos antes das refeições, ou antes</p><p>de fumar, por exemplo) ou quando uma parte do produto inalado se deposita no trato respiratório podendo</p><p>ser deglutida ingressando no trato digestivo.</p><p>1.7 Absorção e distribuição pelo organismo.</p><p>A absorção e distribuição são fases da toxicocinética de agentes químicos tóxicos, desempenhando</p><p>papéis cruciais na determinação dos efeitos adversos à saúde decorrentes da exposição a substâncias</p><p>potencialmente prejudiciais. Essas fases delineiam a trajetória dos agentes tóxicos no corpo humano, desde o</p><p>ponto inicial de contato até sua disseminação por diferentes tecidos e órgãos.</p><p>A absorção refere-se à entrada do agente químico no organismo. Esta pode ocorrer por diversas vias,</p><p>sendo as principais a respiratória (inalação), a gastroinstestinal (digestiva) e a dérmica (cutânea). A inalação</p><p>envolve a entrada de vapores, gases ou partículas suspensas no ar pelos pulmões, enquanto a ingestão ocorre</p><p>pela entrada de substâncias contaminadas através do trato gastrointestinal. A absorção cutânea refere-se à</p><p>entrada através da pele, uma via muitas vezes negligenciada. Fatores como a solubilidade da substância, o</p><p>tamanho das partículas, a área de superfície disponível para absorção e a concentração da substância</p><p>influenciam significativamente esse processo.</p><p>Uma vez absorvido, o agente tóxico entra na corrente sanguínea, dando início à fase de distribuição.</p><p>Esta etapa é caracterizada pela dispersão do agente químico pelo corpo, levando-o a diferentes tecidos e</p><p>órgãos. O transporte ocorre predominantemente pelo sistema circulatório, que atua como uma rede</p><p>intrincada conectando todos os sistemas do corpo. A distribuição é influenciada por fatores como a</p><p>solubilidade da substância em lipídios e água, a afinidade por tecidos específicos e as características do sistema</p><p>circulatório.</p><p>Barreiras naturais, como a barreira hematoencefálica que protege o sistema nervoso central, e a</p><p>barreira placentária que protege o feto durante a gravidez, podem modular a disseminação do agente tóxico.</p><p>A afinidade de certas substâncias por órgãos específicos pode resultar em danos concentrados nesses locais,</p><p>tornando a distribuição um aspecto chave na toxicidade dos agentes.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>13</p><p>Um exemplo ilustrativo desse processo é a absorção e distribuição de chumbo no organismo humano.</p><p>A exposição ao chumbo pode ocorrer por inalação de poeira em ambientes industriais, ingestão de água ou</p><p>alimentos contaminados, ou contato cutâneo direto. Após a absorção, o chumbo é distribuído pelo sistema</p><p>circulatório, tendo uma afinidade particular por ossos, onde pode se acumular ao longo do tempo. Essa</p><p>acumulação progressiva pode levar a danos neurológicos, anemia, danos renais e outros efeitos adversos à</p><p>saúde.</p><p>1.8 Dose, efeito e resposta e relações dose-efeito e dose-resposta.</p><p>A dose é um parâmetro fundamental que quantifica a quantidade de uma substância tóxica</p><p>administrada ou absorvida pelo organismo. Pode ser expressa de várias maneiras, como quantidade total,</p><p>concentração em um determinado fluido biológico</p><p>ou concentração em um tecido específico. A relação entre</p><p>a dose e o efeito é frequentemente descrita pela expressão "a diferença entre o remédio e o veneno é a</p><p>dose", indicando que a toxicidade de uma substância está relacionada à quantidade administrada.</p><p>O efeito é a resposta biológica observada após a exposição a uma determinada dose de uma</p><p>substância tóxica. Esses efeitos podem ser agudos, manifestando-se imediatamente após uma única</p><p>exposição, ou crônicos, desenvolvendo-se ao longo do tempo com exposições repetidas. Os efeitos podem</p><p>variar desde sintomas leves, como irritação ocular, até efeitos mais graves, como danos a órgãos vitais.</p><p>A resposta é a manifestação clínica ou fisiológica observada após a exposição a uma determinada dose</p><p>e é uma medida mais abrangente dos efeitos tóxicos. Pode incluir uma variedade de alterações, desde</p><p>mudanças bioquímicas em nível celular até sintomas visíveis em todo o organismo. A compreensão da</p><p>resposta é crucial para avaliar a gravidade dos efeitos tóxicos e para a tomada de decisões em saúde</p><p>ocupacional e ambiental.</p><p>As relações dose-efeito e dose-resposta são conceitos fundamentais que descrevem a correlação</p><p>entre a quantidade de uma substância tóxica administrada e a resposta biológica observada.</p><p>A relação Dose-Efeito refere-se à relação quantitativa entre a dose de uma substância e o efeito</p><p>produzido. Geralmente, é representada graficamente, mostrando como a intensidade do efeito varia com</p><p>diferentes doses. Pode ser linear, não linear ou seguir padrões mais complexos, dependendo das</p><p>características específicas da substância.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>14</p><p>A relação Dose-Resposta amplia a análise, considerando não apenas a intensidade do efeito, mas</p><p>também a probabilidade de ocorrência do efeito em diferentes doses. Permite avaliar a variabilidade na</p><p>resposta entre indivíduos e populações e ajuda na determinação de limites de exposição ocupacional e</p><p>ambiental para proteger a saúde pública.</p><p>1.9 Exposição ocupacional e efeitos.</p><p>A exposição ocupacional a agentes tóxicos é uma preocupação premente em diversos setores</p><p>industriais, representando uma ameaça significativa à saúde dos trabalhadores. A natureza variada desses</p><p>agentes pode resultar em uma gama diversificada de efeitos adversos à saúde, dependendo da intensidade e</p><p>duração da exposição, bem como das características individuais do trabalhador.</p><p>- Efeitos Respiratórios: Um dos impactos mais comuns da exposição ocupacional envolve o sistema</p><p>respiratório. A inalação de vapores químicos, poeiras e partículas pode levar à irritação das vias respiratórias,</p><p>desencadeando condições como asma ocupacional e doenças pulmonares ocupacionais. Em casos extremos,</p><p>a exposição prolongada pode resultar em fibrose pulmonar, comprometendo a função respiratória. Exemplo:</p><p>- Efeitos Dermatológicos: A pele, sendo uma das principais barreiras do corpo, é frequentemente afetada pela</p><p>exposição ocupacional. Dermatites de contato, irritações cutâneas e sensibilização alérgica são comuns</p><p>quando há contato direto com substâncias tóxicas. Além disso, trabalhadores expostos a produtos químicos</p><p>corrosivos podem enfrentar queimaduras químicas, agravando ainda mais os riscos à saúde.</p><p>- Efeitos Neurológicos: Danos ao sistema nervoso central e distúrbios neuromusculares podem resultar da</p><p>exposição a agentes neurotóxicos presentes em muitos ambientes ocupacionais. Esses efeitos podem se</p><p>manifestar gradualmente, contribuindo para declínios cognitivos e impactos na saúde mental dos</p><p>trabalhadores.</p><p>- Efeitos Reprodutivos: A exposição ocupacional também está associada a efeitos sobre a saúde reprodutiva.</p><p>Problemas de fertilidade, complicações na gravidez e efeitos adversos sobre o desenvolvimento fetal podem</p><p>surgir devido à exposição a substâncias tóxicas específicas, exigindo uma atenção especial à saúde reprodutiva</p><p>no ambiente de trabalho.</p><p>- Efeitos Cancerígenos: A exposição a agentes carcinogênicos pode aumentar significativamente o risco de</p><p>câncer ocupacional. Trabalhadores expostos a substâncias como asbestos, benzina, formaldeído e metais</p><p>pesados enfrentam um aumento considerável na incidência de câncer em diferentes órgãos.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>15</p><p>- Efeitos Hepáticos e Renais: Danos ao fígado e rins estão entre os efeitos sistêmicos associados à exposição</p><p>ocupacional. Agentes hepatotóxicos e nefrotóxicos presentes em ambientes de trabalho podem contribuir</p><p>para doenças hepáticas e renais, impactando a saúde global do trabalhador.</p><p>1.10 Limite de tolerância; limite de exposição ocupacional.</p><p>Já foi tratado no ponto 1.4</p><p>1.11 Toxicocinética e toxicodinâmica4.</p><p>Há dois tipos de substâncias: as que não têm absorção, exercendo efeitos no local de contato, como</p><p>pele e mucosas de olhos, nasal, vias aéreas (efeitos locais); e as que são absorvidas e distribuídas pelo</p><p>organismo após este contato, podendo afetar a fisiologia do organismo (efeitos sistêmicos).</p><p>Os efeitos sistêmicos em geral afetam um ou dois órgãos (ou sistemas), os chamados órgãos-alvo,</p><p>embora não necessariamente sejam atingidos por uma maior concentração do toxicante. Os órgãos-alvo</p><p>atacados com mais frequência pelos xenobióticos são sistema nervoso – tanto o central, quanto o periférico</p><p>– fígado, rins, pulmão, sistema hematopoiético, sistema cardiocirculatório e pele. Músculos, ossos e</p><p>ligamentos raramente são alvos de toxicantes. Por isso, é possível afirmar que os agentes tóxicos sistêmicos</p><p>provocam efeitos deletérios ao organismo em locais distantes ao de contato inicial.</p><p>Os efeitos sistêmicos nocivos aparecem nos órgãos-alvo após uma cadeia muito complexa de eventos</p><p>e, para ser estudados, podem ser desdobrados de forma didática em fases: exposição, toxicocinética,</p><p>toxicodinâmica e clínica.</p><p>A fase de exposição é objeto de estudo da Higiene do Trabalho e não trataremos neste ponto e a fase</p><p>clínica da Medicina do Trabalho. Vamos nos concentrar nas outras duas.</p><p>A fase toxicocinética é quando ocorre a absorção, a distribuição, o armazenamento, a</p><p>biotransformação e a eliminação das substâncias absorvidas. A absorção ocorre quando o xenobiótico atinge</p><p>a corrente sanguínea. As principais vias de absorção são: gastrointestinal, respiratória e dérmica. A via</p><p>4 Buschinelli, José Tarcísio Penteado. Toxicologia ocupacional – São Paulo: Fundacentro, 2020. p.139-173.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>16</p><p>respiratória é a mais importante para a a Toxicologia Ocupacional, pois a maior parte dos toxicantes presentes</p><p>nos locais de trabalho são absorvidos por ela, como os gases, os vapores de líquidos voláteis e as partículas</p><p>sólidas ou líquidas dispersas no ar.</p><p>Uma vez absorvido e tendo atingido a corrente sanguínea, o toxicante pode ser transportado para</p><p>todo o organismo, e se acumular em tecidos onde encontrar maior afinidade que nem sempre é o órgão-alvo.</p><p>Por exemplo, o chumbo inorgânico tem uma grande afinidade pelo tecido ósseo, tanto que mais de 90% do</p><p>metal acaba depositado em ossos compactos. Apesar disso, ele não exerce qualquer efeito neste tecido, que</p><p>é, portanto, um sítio inerte. Uma quantidade muito pequena se distribui no tecido hematopoiético da medula</p><p>óssea e pode se ligar a enzimas que participam da síntese da hemoglobina, as quais, uma vez ligadas ao</p><p>chumbo, têm sua atividade inibida, desencadeando um dos efeitos nocivos desta intoxicação que é a anemia.</p><p>A biotransformação é a modificação da estrutura química que alguns xenobióticos sofrem dentro do</p><p>organismo. Essas reações são normalmente catalisadas por enzimas presentes em alguns locais do organismo</p><p>e em geral modificam substâncias orgânicas. Este processo pode aumentar ou diminuir a toxicidade da</p><p>molécula absorvida. Muitas vezes, a molécula do xenobiótico original não possui efeito nocivo</p><p>na dose</p><p>absorvida, enquanto seu metabólito sim.</p><p>A eliminação (ou excreção) de xenobióticos ocorre geralmente com estes em formas hidrossolúveis</p><p>modificados pela biotransformação. As vias mais importantes das formas hidrossolúveis são a renal e a</p><p>gastrointestinal, esta última excretando as substâncias ingeridas e não absorvidas e as eliminadas pela bile. A</p><p>sudorese e a descamação cutânea também exercem seu papel, mas muito pequeno. A via pulmonar elimina</p><p>os gases e os vapores, que podem ser excretados no ar exalado.</p><p>Para uma melhor compreensão vamos apresentar a toxicocinética do benzeno: A absorção do</p><p>benzeno pelo corpo pode ocorrer através da inalação, do contato dérmico e da ingestão. Após a absorção, o</p><p>benzeno é metabolizado principalmente no fígado (metabolismo primário), com subsequente metabolização</p><p>na medula óssea (metabolismo secundário). O benzeno é excretado pela via metabólica do ácido mucônico e</p><p>do fenol, seguida de excreção urinária dos conjugados (sulfatos ou glucuronatos). Estima-se que a maior parte</p><p>dos metabólitos seja excretada pela urina em até 48h após a exposição. A absorção varia entre 10% a 50%</p><p>dependendo da dose, do metabolismo e da quantidade de gordura presente no organismo. Na sua forma</p><p>inalterada, o benzeno é eliminado através do ar expirado e em torno de 0,1%, apenas, é eliminado na urina5.</p><p>A fase toxicodinâmica é quando ocorre a interação entre a substância biodisponível e os sítios de</p><p>ação, específicos ou não, dos órgãos--alvo, e alterações fisiopatológicas consequentes. Vamos utilizar a</p><p>5 SANTOS, M. V. C. DOS . et al.. Aspectos toxicológicos do benzeno, biomarcadores de exposição e conflitos de</p><p>interesses. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 42, p. e13s, 2017.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>17</p><p>toxicodinâmica do benzeno como exemplo: O benzeno é metabolizado no fígado para formar metabólitos</p><p>reativos, como o epóxido de benzeno. Esses metabólitos podem interagir com proteínas e células,</p><p>especialmente na medula óssea, onde ocorre a hematopoiese (produção de células do sangue). O epóxido de</p><p>benzeno pode se ligar covalentemente ao DNA e proteínas, causando danos ao material genético e</p><p>interrompendo processos celulares normais. O principal efeito tóxico do benzeno é a indução de lesões na</p><p>medula óssea, o que pode resultar em anemia, leucopenia e trombocitopenia. A exposição crônica ao benzeno</p><p>está associada ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças hematológicas, incluindo leucemia</p><p>mieloide aguda.</p><p>1.12 Controle da exposição e monitoramento biológico da exposição ocupacional: Indicadores biológicos.</p><p>Indicadores biológicos ou biomarcadores refere-se a substâncias ou medidas biológicas mensuráveis</p><p>que são utilizadas para avaliar a exposição de um indivíduo a agentes químicos tóxicos no ambiente de</p><p>trabalho. Esses indicadores são componentes biológicos específicos que podem ser detectados, quantificados</p><p>e analisados para fornecer informações sobre a absorção, metabolismo e eliminação de substâncias tóxicas.</p><p>Os biomarcadores podem ser encontrados em diferentes fluidos biológicos, como sangue, urina,</p><p>cabelo, saliva e tecidos, e sua presença ou concentração pode refletir a exposição recente ou acumulada a</p><p>agentes tóxicos. Esses indicadores biológicos desempenham um papel crucial no monitoramento da saúde</p><p>ocupacional, permitindo a identificação de exposições passadas ou atuais, bem como avaliações da eficácia</p><p>das medidas de controle e prevenção.</p><p>Exemplos comuns de indicadores biológicos incluem a dosagem de metais pesados no sangue, a</p><p>concentração de substâncias químicas específicas na urina, ou a detecção de produtos de biotransformação</p><p>de compostos químicos em amostras biológicas. A escolha do biomarcador adequado muitas vezes depende</p><p>da natureza do agente tóxico e das características específicas da exposição ocupacional.</p><p>Ao utilizar indicadores biológicos, os profissionais de saúde ocupacional podem realizar avaliações</p><p>mais precisas da exposição individual, identificar grupos de trabalhadores em risco, implementar intervenções</p><p>preventivas e monitorar a eficácia das medidas de controle adotadas nas empresas.</p><p>Existem três tipos de biomarcadores: de dose interna, de efeito e de susceptibilidade. Os</p><p>biomarcadores de dose interna e de efeito são de ampla utilização em Toxicologia Ocupacional, mas os de</p><p>susceptibilidade não são utilizados por questões éticas, pois detectam indivíduos mais susceptíveis de serem</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>18</p><p>afetados por um xenobiótico, e a determinação de um indicador deste tipo em um candidato a emprego, por</p><p>exemplo, caracteriza discriminação, visto que os ambientes de trabalho devem ser saudáveis para todos,</p><p>inclusive para os susceptíveis.</p><p>Os indicadores biológicos de exposição (IBEx) ou de dose interna avaliam a quantidade de agente</p><p>químico que penetrou no organismo e foi efetivamente absorvida (dose interna) e permite estimar a</p><p>concentração ambiental do agente a que o trabalhador foi exposto a partir da concentração do biomarcador.</p><p>Para que seja possível avaliar a concentração ambiental a que o trabalhador está exposto por via respiratória</p><p>a partir da concentração em meio biológico, deve existir uma estreita correlação entre ambos. Ou seja, a</p><p>condição básica para um indicador biológico é que a concentração deste (a própria substância ou um dos seus</p><p>metabólitos) em meio biológico (sangue, urina, por exemplo) deve ter boa correlação com a concentração</p><p>ambiental da substância.</p><p>O Anexo I da NR 7 (PCMSO) denominado “Monitoração da Exposição Ocupacional a Agentes Químicos”</p><p>relaciona no Quadro 1 os Indicadores Biológicos de Exposição Excessiva (IBE/EE). Os IBE/EE são indicadores</p><p>que não têm caráter de diagnóstico ou significado clínico. Avaliam a absorção dos agentes por todas as vias</p><p>de exposição e indicam, quando alterados, após descartadas outras causas não ocupacionais que justifiquem</p><p>o achado, a possibilidade de exposição acima dos limites de exposição ocupacional. As amostras devem ser</p><p>colhidas nas jornadas de trabalho em que o trabalhador efetivamente estiver exposto ao agente a ser</p><p>monitorado. Um desses indicadores é o Ácido trans-transmucônico (TTMA) na urina para o monitoramento</p><p>da exposição ao benzeno.</p><p>O Quadro 2 do mesmo anexo relaciona os Indicadores Biológicos de Exposição com Significado Clínico</p><p>(IBE/SC). Estes, por sua vez, evidenciam disfunções orgânicas e efeitos adversos à saúde. É o caso do indicador</p><p>chumbo no sangue para monitoramento da exposição ao chumbo e seus compostos inorgânicos.</p><p>1.12.1. Avaliação de toxicidade. Condições para manifestação da toxicidade. Dose letal e concentração</p><p>letal. 6</p><p>A avaliação da toxicidade consiste em um conceito amplo com vistas a caracterizar de forma</p><p>qualitativa e quantitativa o potencial perigo que determinado agente representa quando o trabalhador entra</p><p>6 Buschinelli, José Tarcísio Penteado. Toxicologia ocupacional – São Paulo: Fundacentro, 2020. p.177-200.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>19</p><p>em contato com ele. Para avaliar a toxicidade de uma substância, são realizados estudos de toxicidade aguda,</p><p>subaguda, crônica, teratogênica e embriotoxicidade, além de estudos especiais.</p><p>A toxicidade aguda é caracterizada quando os efeitos adversos ocorrem logo após uma única</p><p>exposição ou múltiplas no período de 24 horas. A dose única é utilizada para determinar a potência no caso</p><p>de ingestão acidental ou intencional e as doses múltiplas para avaliar os efeitos cumulativos. Geralmente a via</p><p>oral é a de eleição, mas outras vias também podem ser escolhidas. Mediante este estudo, é possível</p><p>caracterizar a relação dose-resposta e estipular a DL50 ou a CL50</p><p>O estudo de toxicidade subaguda é feito com administrações repetidas de uma substância, servindo</p><p>de ajuda para</p><p>o estabelecimento das doses que serão utilizadas nos estudos subcrônicos. O protocolo típico é</p><p>administrar três a quadro diferentes doses da substância química, que são misturadas aos alimentos.</p><p>O estudo de toxicidade subcrônica dura pelo menos 21 dias, mas o mais comum é 90 dias. Seu objetivo</p><p>é estabelecer os níveis em que não se observam os efeitos tóxicos (NOAEL), identificar e caracterizar os órgãos</p><p>afetados e a severidade após exposições repetidas. Igualmente se observa se o efeito tóxico ocorre ou não em</p><p>virtude de acúmulo da substância. Também se pode verificar se os efeitos são reversíveis.</p><p>O estudo de toxicidade crônica visa a determinar o efeito tóxico após exposições prolongadas a doses</p><p>cumulativas e observar o potencial carcinogênico, desde que escolhida a dose certa da substância química.</p><p>Em relação aos testes de toxicidade subcrônica, apresenta a vantagem de prever efeitos mutagênicos e</p><p>carcinogênicos, além de investigar os efeitos embriofetotóxicos. Os mesmos protocolos utilizados no estudo</p><p>de toxicidade subcrônica são realizados na toxicidade crônica, mas o tempo de estudo deve ser superior a três</p><p>meses.</p><p>A toxicidade aguda entre as diferentes substâncias químicas é determinada pelo parâmetro Dose</p><p>Letal 50 (DL50 – dose letal para 50% da população exposta), quando a substância é administrada por via oral</p><p>ou injetada. Para gases ou vapores inalados, é usada a Concentração Letal 50 (CL50 – concentração letal para</p><p>50% da população exposta). Os dois parâmetros são obtidos experimentalmente em animais de laboratório.</p><p>As características de exposição e o conjunto dos efeitos tóxicos se unem costumeiramente por uma</p><p>relação denominada dose-resposta. Em doses baixas, não há efeito observado, entretanto, há uma dose em</p><p>que os primeiros efeitos aparecem e, à medida que há o aumento da dose, haverá o aumento do efeito.</p><p>Por meio de estudos de toxicidade subcrônica ou crônica, pode ser obtida a dose “nenhum efeito</p><p>adverso observado”, do inglês Non Observed Adverse Effect Level (NOAEL), ou seja, os indivíduos, mediante</p><p>processo de homeostasia, quando expostos a determinadas quantidades da substância química, adaptam-se</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>20</p><p>às alterações do meio, mantendo a função normal do organismo sem que seja observado um efeito tóxico. À</p><p>medida que a capacidade de adaptação é rompida, aparecem os primeiros efeitos adversos, o que chamamos</p><p>de dose Lowest Observed Adverse Effect Level (LOAEL – menor efeito adverso observado), que é a menor</p><p>dose em que se inicia o efeito adverso.</p><p>A partir do NOAEL, podem-se estabelecer níveis de exposição que não provoquem efeitos adversos.</p><p>Esses limites são estabelecidos usando o NOAEL menos uma margem de segurança, baseada em um fator de</p><p>incerteza, podendo ser para a exposição ambiental a substâncias presentes no ar, na água, nos alimentos e</p><p>em ambientes de trabalho.</p><p>A elaboração de um Limite de Exposição Ocupacional (LEO) segue os mesmos princípios se utilizando</p><p>do descritor toxicológico NOAEL com uma margem de segurança dado pelo fator de segurança, também</p><p>denominado fator de proteção ou de incerteza. Normalmente, o fator de segurança para a elaboração de</p><p>limites ocupacionais é menor que os utilizados para a população em geral nos limites estabelecidos para meio</p><p>ambiente, alimentos, água etc.</p><p>1.12.2 Efeitos mutagênicos e carcinogênicos.</p><p>Os efeitos mutagênicos referem-se à capacidade de uma substância química induzir mutações</p><p>genéticas em células vivas. Uma mutação é uma alteração no material genético (DNA) que pode ser</p><p>transmitida para as gerações futuras de células. Os agentes mutagênicos podem agir de várias maneiras,</p><p>interferindo no processo de replicação do DNA ou induzindo danos diretos ao material genético. A ocorrência</p><p>de mutações pode resultar em alterações no funcionamento normal das células, podendo ter implicações no</p><p>desenvolvimento de doenças genéticas ou no surgimento de câncer.</p><p>Substâncias mutagênicas podem causar danos diretos à estrutura do DNA, como quebras de fita ou</p><p>modificações nas bases nitrogenadas. Um clastogênio, por exemplo, é um agente mutagênico que perturba</p><p>os processos normais relacionados ao DNA ou causa diretamente quebras de fitas de DNA, causando a</p><p>deleção, inserção ou rearranjo de seções inteiras do cromossomo.</p><p>Algumas substâncias podem interferir no processo de replicação do DNA, levando a erros na cópia</p><p>das informações genéticas. Um exemplo de substâncias mutagênicas é óleos de Corte Contendo Aminas</p><p>Aromáticas utilizados em usinagem.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>21</p><p>De outra banda, os efeitos carcinogênicos estão associados ao desenvolvimento de câncer, uma</p><p>doença caracterizada pelo crescimento descontrolado e invasivo de células. As substâncias carcinogênicas</p><p>podem desencadear ou promover o processo carcinogênico, resultando na formação de tumores malignos. A</p><p>carcinogênese é um fenômeno complexo que envolve a acumulação de mutações genéticas ao longo do</p><p>tempo, levando à transformação de células normais em células cancerosas. Um exemplo de substâncias</p><p>carcinogênicas é cromo hexavalente utilizados na indústria de cromo e suas ligas, fabricação de aço inoxidável</p><p>e indústria de galvanização.</p><p>As substâncias carcinogênicas podem ser classificadas de acordo com critérios estabelecidos por</p><p>organizações de saúde e regulatórias. Uma das classificações mais reconhecidas é a adotada pela Agência</p><p>Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), que é parte da Organização Mundial da Saúde (OMS). A IARC</p><p>classifica as substâncias com base em evidências científicas quanto à sua capacidade de causar câncer em</p><p>seres humanos. As categorias de classificação da IARC são as seguintes:</p><p>− Grupo 1: O agente é carcinogênico a humanos. Quando há evidências suficientes de que o agente é</p><p>carcinogênico para humanos;</p><p>− Grupo 2A: O agente provavelmente é carcinogênico a humanos. Quando existem evidências</p><p>suficientes de que o agente é carcinogênico para animais e evidências limitadas ou insuficientes de que ele é</p><p>carcinogênico para humanos;</p><p>− Grupo 2B: O agente é possivelmente carcinogênico a humanos. Quando existem evidências limitadas</p><p>de que o agente é carcinogênico para humanos e evidências insuficientes de que ele é carcinogênico para</p><p>animais ou quando não há evidências suficientes em ambos os casos, mas há dados relevantes de que ele</p><p>possa ser carcinogênico;</p><p>− Grupo 3: O agente não é classificado como carcinogênico a humanos. Quando as evidências não são</p><p>adequadas para afirmar que aquele agente é carcinogênico para humanos e animais ou quando o agente não</p><p>se encaixa em nenhum outro grupo;</p><p>− Grupo 4: O agente provavelmente não é carcinogênico. Quando faltam evidências de que o agente é</p><p>carcinogênico para humanos ou animais.</p><p>É importante notar que a classificação da IARC é baseada em avaliações de risco e pode ser revisada à</p><p>medida que novas evidências científicas se tornam disponíveis. Outras organizações, como a Agência de</p><p>Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e a União Europeia (UE), também têm critérios e sistemas de</p><p>classificação para substâncias carcinogênicas. As classificações podem variar ligeiramente entre essas</p><p>organizações, mas geralmente seguem uma abordagem semelhante com base na avaliação de riscos para a</p><p>saúde humana.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>22</p><p>1.13 Classificação dos agentes tóxicos quanto à ação tóxica. Substâncias sensibilizantes. Gases e vapores</p><p>irritantes e asfixiantes.</p><p>Os agentes tóxicos podem ser classificados quanto à sua ação tóxica com base nos efeitos específicos</p><p>que exercem no organismo. Essa classificação leva em consideração a natureza da toxicidade e os sistemas</p><p>biológicos afetados. Abaixo estão algumas das principais categorias de classificação dos agentes tóxicos</p><p>quanto à ação tóxica:</p><p>− Neurotóxicos: Afetam o sistema nervoso, podendo causar danos aos neurônios e prejudicar funções</p><p>cognitivas e motoras. Exemplos: Chumbo, mercúrio, pesticidas organofosforados.</p><p>− Hepatotóxicos: Causam danos ao fígado, interferindo nas funções metabólicas e prejudicando a</p><p>detoxificação de substâncias. Exemplos: Álcool em excesso, acetaminofeno em doses elevadas, aflatoxinas.</p><p>− Nefrotóxicos: Danificam os rins, interferindo na filtração e excreção de substâncias, podendo levar a</p><p>problemas renais. Exemplos: Medicamentos como alguns antibióticos, metais pesados.</p><p>− Cardiotóxicos: Afetam o sistema cardiovascular, podendo levar a arritmias, insuficiência cardíaca e</p><p>outros problemas cardíacos. Exemplos: Certos medicamentos para quimioterapia, metais pesados.</p><p>− Pulmonotóxicos: Causam danos aos pulmões, prejudicando a função respiratória e podendo levar a</p><p>doenças pulmonares. Exemplos: Amianto, poeira de sílica, vapores químicos.</p><p>− Dermatotóxicos: Provocam danos à pele, causando irritações, alergias ou dermatites. Exemplos:</p><p>Certos produtos químicos industriais, plantas venenosas.</p><p>− Carcinogênicos: Podem causar câncer, promovendo o crescimento descontrolado de células.</p><p>Exemplos: Amianto, benzeno, formaldeído.</p><p>− Mutagênicos: Induzem mutações no material genético, podendo levar a danos genéticos e aumento</p><p>do risco de câncer. Exemplos: Radiações ionizantes, certos produtos químicos industriais.</p><p>− Teratogênicos: Causam malformações em fetos durante a gravidez. Exemplos: Talidomida, alguns</p><p>medicamentos anticonvulsivantes.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>23</p><p>− Imunotóxicos: Suprimem ou modulam a função do sistema imunológico. Exemplos: Certos</p><p>medicamentos imunossupressores, pesticidas.</p><p>1.14 Classificação dos contaminantes no ar. 3.14.1 Particulados sólidos. 3.14.2 Sensibilizantes e seus</p><p>efeitos para a saúde humana.</p><p>Os contaminantes presentes no ar podem ser classificados em gases, vapores e particulados. Os gases</p><p>e vapores são formados por moléculas das substâncias dispersas no ar. Os particulados são partículas sólidas</p><p>ou líquidas de tamanhos inferiores a 100 µm presentes no ar. Também são conhecidos como aerodispersóides.</p><p>Os particulados líquidos são constituídos de gotículas de líquidos dispersos no ar, podendo ser névoas</p><p>ou neblinas. Névoas são geradas diretamente do líquido por uma ação mecânica (borrifamento,</p><p>borbulhamento) e podem conter as substâncias dissolvidas neste líquido. Neblinas são formadas por</p><p>condensação de vapores em gotículas de líquidos e não contêm as substâncias dissolvidas no líquido que as</p><p>gerou;</p><p>Os particulados sólidos são poeiras e fumos. Poeiras são definidas como particulados sólidos em</p><p>suspensão no ar obtidos por pulverização mecânica de um material originalmente em estado sólido. Fumos</p><p>são misturas de particulados muito finos, fumaça e até gases e vapores, liberados ao ar como resultado de</p><p>uma transformação química decorrente de reações químicas, de aquecimento ou de uma explosão, mas o</p><p>termo se aplica mais para as partículas sólidas da mistura. Os fumos metálicos são particulados sólidos</p><p>formados pela evaporação de metais fundidos e pela oxidação destes pelo oxigênio do ar, seguida da</p><p>condensação pelo resfriamento ao encontrar temperaturas mais baixas na atmosfera, são produzidos em</p><p>processos de soldagem.</p><p>Os particulados, sejam eles sólidos ou líquidos, são divididos em:</p><p>− Particulado inalável: fração de material particulado suspenso no ar constituída por partículas de</p><p>diâmetro aerodinâmico menor que 100 μm, capaz de entrar pelas narinas e pela boca, penetrando no trato</p><p>respiratório durante a inalação.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>24</p><p>− Particulado torácico: fração de material particulado suspenso no ar constituída por partículas de</p><p>diâmetro aerodinâmico menor que 25 μm, capaz de passar pela laringe, entrar pelas vias aéreas superiores e</p><p>penetrar nas vias aéreas dos pulmões.</p><p>− Particulado respirável: fração de material particulado suspenso no ar constituída por partículas de</p><p>diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm, capaz de penetrar além dos bronquíolos terminais e se depositar</p><p>na região de troca de gases dos pulmões, causando efeito adverso nesse local.</p><p>− Particulado total: material particulado total suspenso no ar coletado. A coleta de particulado total</p><p>deve ser utilizada somente quando não houver indicação específica para coleta de particulado inalável,</p><p>torácico ou respirável.</p><p>PARTICULADOS</p><p>A ACGIH criou uma categoria genérica de particulada denominada Particles not otherwise specified</p><p>(PNOS) - partículas não especificadas de outra forma. Para ser classificado como PNOS, o material particulado</p><p>deve ter as seguintes características: a) não possuir um TLV definido; b) ser insolúvel ou pouco solúvel na água</p><p>(ou preferencialmente no fluido pulmonar, se esta informação estiver disponível); c) ter baixa toxicidade, isto</p><p>é, não ser citotóxico, genotóxico ou quimicamente reativo com o tecido pulmonar, não ser emissor de radiação</p><p>TOTAL</p><p>INALÁVEL</p><p>TORÁCICO</p><p>RESPIRÁVEL</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>25</p><p>ionizante, não ser sensibilizante, não causar efeitos tóxicos além de inflamação ou mecanismo de sobrecarga</p><p>pulmonar. O TLV para o PNOS é 3 mg/m3.</p><p>Os sensibilizantes são substâncias que têm a capacidade de desencadear respostas alérgicas ou de</p><p>hipersensibilidade em indivíduos expostos. Essas reações alérgicas ocorrem quando o sistema imunológico do</p><p>corpo reage de maneira exagerada a substâncias geralmente inofensivas.</p><p>A sensibilização é um processo pelo qual o sistema imunológico de uma pessoa se torna hipersensível</p><p>a uma substância específica após exposição prévia. Em outras palavras, a exposição inicial a uma substância</p><p>sensibilizante desencadeia uma resposta imunológica que pode resultar em uma reação alérgica quando a</p><p>pessoa é exposta novamente a essa substância.</p><p>Alguns dos principais efeitos associados a substâncias sensibilizantes são os seguintes:</p><p>− Dermatite de Contato. Sintomas: Coceira, vermelhidão, inchaço e erupções cutâneas. Áreas Afetadas:</p><p>Pode ocorrer em áreas de contato direto com a substância sensibilizante. Exemplos: Isocianatos, metais</p><p>(níquel, cromo), detergentes.</p><p>− Rinite Alérgica. Sintomas: Congestão nasal, espirros, coriza, coceira no nariz e olhos. Exemplos: Pólen,</p><p>poeira, enzimas presentes em ambientes industriais.</p><p>− Asma Ocupacional. Sintomas: Sibilos, falta de ar, tosse e aperto no peito. Desencadeadores: Alérgenos</p><p>presentes no ambiente de trabalho, como poeira, fumaça, enzimas.</p><p>− Reações Cutâneas Graves. Sintomas: Além da dermatite de contato, podem ocorrer reações cutâneas</p><p>graves, incluindo bolhas e descamação. Exemplos: Exposição a produtos químicos fortes, como alguns</p><p>solventes.</p><p>− Anafilaxia. Sintomas: Reação sistêmica grave, incluindo inchaço, dificuldade respiratória, queda da</p><p>pressão arterial, podendo levar ao choque. Exemplos: Certos medicamentos, alimentos ou produtos químicos.</p><p>QUESTÕES PROPOSTAS</p><p>01 - Ano: 2011 Banca: FGV Órgão: PC-RJ Prova: FGV - 2011 - PC-RJ - Perito Legista – Toxicologia. Em relação às bases</p><p>conceituais da Toxicologia, assinale a afirmativa correta.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>26</p><p>A) A Toxicologia investiga aspectos legais decorrentes dos danos orgânicos causados por agentes biológicos.</p><p>B) A Toxicologia estuda a relação entre o agente químico e a reação tóxica causada por este agente no organismo.</p><p>C) A Toxicologia não estuda possíveis interações tóxicas dos medicamentos com o organismo vivo.</p><p>D) A Toxicologia estabelece que a dose letal média (DL50) elevada de um agente químico é indício de alta toxicidade,</p><p>portanto, insegura para o organismo.</p><p>E) A Toxicologia estabelece que o</p><p>antídoto é necessariamente provido de atividade biológica intrínseca.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Esse estudo é afeito à medicina legal/forense.</p><p>b) Certo.</p><p>c) A toxicologia estuda as interações tóxicas dos medicamentos com o organismo vivo.</p><p>d) Um DL50 elevado significa que a substância é mais segura.</p><p>e) Nem sempre o antídoto precisa ter atividade intrínseca, a exemplo do carvão ativado, que funciona a</p><p>partir da sua propriedade adsortiva.</p><p>GABARITO: B</p><p>02 - Ano: 2006 Banca: ESAF Órgão: MTE Prova: ESAF - 2006 - MTE - Auditor Fiscal do Trabalho - Prova 3</p><p>OBS: QUESTÃO FOI ANULADA PELA BANCA ORGANIZADORA, contudo, vale muito estudar as assertivas de</p><p>modo a sedimentar conhecimento sobre o tema, logo, analise as proposições abaixo e diga quais são CERTAS</p><p>ou ERRADAS:</p><p>I. Concentração Letal Média (CL50) é a concentração derivada estatisticamente, de um agente químico na</p><p>água, com a qual se espera causar a morte de 50% dos organismos de uma dada população sob condições</p><p>experimentais definidas.</p><p>II. A farmacocinética pode ser definida como o processo de absorção, distribuição, biotransformação e</p><p>eliminação de um fármaco no organismo.</p><p>III. Efeito sinergístico representa qualquer efeito produzido pela exposição simultânea a dois agentes</p><p>químicos, que seja menor do que a simples soma dos seus efeitos quando em exposições isoladas.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>27</p><p>IV. O termo clastógeno é usado para designar qualquer substância com a capacidade de produzir quebra</p><p>cromossômica.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. CL50 diz respeito à concentração de uma substância no AR.</p><p>b) Perfeito.</p><p>c) Exatamente.</p><p>d) Certo.</p><p>03 - Ano: 2011 Banca: FGV Órgão: PC-RJ Prova: FGV - 2011 - PC-RJ - Perito Legista - Toxicologia</p><p>Assinale a alternativa que completa o fragmento a seguir:</p><p>Os agentes tóxicos sistêmicos são substâncias que:</p><p>A) provocam lesões no local de contato com o indivíduo.</p><p>B) provocam efeitos deletérios ao organismo em locais distantes ao de contato inicial.</p><p>C) uma vez inaladas, causam asfixia.</p><p>D) causam modificações genéticas.</p><p>E) induzem a formação de tumores.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>É possível afirmar que os agentes tóxicos sistêmicos são substâncias que ) provocam efeitos deletérios ao</p><p>organismo em locais distantes ao de contato inicial.</p><p>GABARITO: LETRA B.</p><p>04 - Ano: 2014 Banca: IADES Órgão: EBSERH Prova: IADES - 2014 - EBSERH - Nível Médio - Técnico em</p><p>Anatomia e Necropsia. Para determinar a presença de drogas ilícitas e fármacos no organismo, fragmentos</p><p>de órgãos são coletados e encaminhados para</p><p>A) exames hematológicos.</p><p>B) laboratório de análises clínicas.</p><p>C) exames anatomopatológicos.</p><p>D) exames citogenéticos.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>28</p><p>E) exames toxicológicos.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>GABARITO: LETRA E</p><p>05 - Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Petrobras Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - Petrobras -</p><p>Ênfase 10: Projetos, Construção e Montagem – Mecânica. Com relação a meio ambiente do trabalho, julgue</p><p>o item seguinte.</p><p>A poeira, para qualquer diâmetro aerodinâmico, possui duas classificações, em função da região de deposição</p><p>no trato respiratório: fração de particulado inalável e fração de particulado torácico.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>Conforme lecionado, há 3 (TRÊS) CLASSIFICAÇÕES.</p><p>Fração de particulado Inalável (<100 µm), localização Extratorácica – Penetração pelo nariz e boca.</p><p>Fração de particulado Torácico (<25 µm), localização Torácica (pulmonar) - Penetração além da laringe.</p><p>Fração de particulado Respirável (<10 µm), localização Alveolar - Penetração além dos Bronquíolos.</p><p>Fonte: SANTOS, A. M. dos Anjos. O tamanho das partículas de poeira suspensas no ar dos ambientes de</p><p>trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO, São Paulo, 2001.</p><p>ERRADO.</p><p>06 - Ano: 2013 Banca: FUNDATEC Órgão: CEEERS (modificada).</p><p>De acordo com a publicação da ACGIH (AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL</p><p>HYGIENISTS) – Limites de exposição ocupacional (TLVs) para substâncias químicas e agentes físicos & índices</p><p>biológicos de exposição (BEIs) – os carcinogênicos são classificados em cinco categorias. O “Carcinogênico</p><p>Humano Confirmado” é categoria</p><p>A) 1.</p><p>B) A2.</p><p>C) A3.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA</p><p>TRABALHADORA</p><p>29</p><p>D) 2B.</p><p>E) 4.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>As categorias de classificação da IARC são as seguintes:</p><p>− Grupo 1: O agente é carcinogênico a humanos. Quando há evidências suficientes de que o</p><p>agente é carcinogênico para humanos;</p><p>− Grupo 2A: O agente provavelmente é carcinogênico a humanos. Quando existem evidências</p><p>suficientes de que o agente é carcinogênico para animais e evidências limitadas ou insuficientes de que</p><p>ele é carcinogênico para humanos;</p><p>− Grupo 2B: O agente é possivelmente carcinogênico a humanos. Quando existem evidências</p><p>limitadas de que o agente é carcinogênico para humanos e evidências insuficientes de que ele é</p><p>carcinogênico para animais ou quando não há evidências suficientes em ambos os casos, mas há dados</p><p>relevantes de que ele possa ser carcinogênico;</p><p>− Grupo 3: O agente não é classificado como carcinogênico a humanos. Quando as evidências não</p><p>são adequadas para afirmar que aquele agente é carcinogênico para humanos e animais ou quando o</p><p>agente não se encaixa em nenhum outro grupo;</p><p>− Grupo 4: O agente provavelmente não é carcinogênico. Quando faltam evidências de que o</p><p>agente é carcinogênico para humanos ou animais.</p><p>GABARITO: LETRA A</p>

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